1. Fontes do Direito Internacional Público.

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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
PROF. MARIO DRUMOND
2009
1
PRIMEIRA PARTE
INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
PERSONALIDADE JURÍDICA INTERNACIONAL
SUJEITOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
TEORIAS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
________________________________________________________________________________
1. SUJEITOS DE DIRETO INTERNACIONAL PÚBLICO.
Nota explicativa: o Direito Internacional Público, em pouquíssimas palavras,
compreende o estudo do Estado na esfera internacional. Há, nesse sentido, dois marcos
referenciais fundamentais para a compreensão da disciplina: o próprio Estado e a chamada
comunidade internacional (ou sociedade internacional).
1.1. Características do Estado e características da comunidade internacional.
 Características do Estado:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
centralização de poder;
organização vertical;
existência de hierarquia das normas;
obediência obrigatória às leis;
jurisdição obrigatória;
existência de representação parlamentar; e
subordinação dos súditos ao próprio Estado.
 Características da comunidade internacional:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
descentralização de poder;
organização horizontal;
inexistência de hierarquia das normas;
obediência às leis decorre do consentimento;
jurisdição facultativa;
inexistência de representação parlamentar; e
coordenação/cooperação entre os Estados.
1.2. Caráter jurídico do Direito Internacional Público.
O Direito Internacional Público compreende um sistema jurídico autônomo,
destinado a disciplinar as relações entre os Estados, entre as organizações internacionais e, ainda,
entre aqueles e estas. Há, nesse sentido, três combinações possíveis de relações jurídicas entre os
sujeitos de Direito Internacional Público:
Estado ↔ Estado
Organização Internacional ↔ Organização Internacional
Estado ↔ Organização Internacional
2
Ademais, o Direito Internacional Público deve ser interpretado como fruto do
consentimento; ou seja, trata-se de ramo do Direito Público que se materializa única e
exclusivamente por meio da vontade dos sujeitos possuidores de personalidade jurídica
internacional.
► PACTA SUNT SERVANDA: A noção de consentimento está fundamentalmente
vinculada ao princípio pacta sunt servanda, de inspiração romana, segundo o qual aquilo que foi
acordado deve ser cumprido. Trata-se de princípio orientado muito mais por valores éticos
abstratos que por normas jurídicas concretas.
1.3. Desenvolvimento histórico do Direito Internacional Público.
 1o tratado internacional registrado na História: Tratado de Paz celebrado entre Hatusil
III, rei dos hititas, e Ramsés II, faraó egípcio da XIXa dinastia (assinado em algum momento entre
1280 e 1272 a.C). O referido tratado pôs fim às guerras entre os dois povos, estabelecendo aliança
contra inimigos comuns e disciplinando as respectivas relações de comércio, migração e extradição.
 Os tratados, na origem, fundamentavam-se no costume. As grandes navegações iniciadas
no séc. XV, resultantes da expansão dos impérios europeus (principalmente Espanha e Portugal),
tornaram mais complexas as relações entre os Estados. Por mais ou menos duzentos anos, os
tratados celebrados são quase sempre bilaterais. Somente no séc. XVII começam a surgir os
primeiros tratados multilaterais e, no mesmo período, verifica-se a constitucionalização dos
Estados europeus, fenômeno que dá origem à inserção dos parlamentos no contexto do Direito
Internacional Público. Consolida-se, assim, o vínculo formal entre o Direito Internacional Público e
o Direito Constitucional.
1.4. Cronograma histórico simplificado do Direito Internacional.
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14942
2006
Notas: (1) Tratado de Paz celebrado entre os hititas e os egípcios.
(2) Tratado de Tordesilhas, celebrado entre Espanha e Portugal.
1.5. Teorias do Direito Internacional Público.
▪ DUALISMO. Conceito: “Coexistência de dois princípios ou posições
contrárias, opostas.”1
TEORIAS DUALISTAS (Carl Heinrich Triepel, ALEMANHA; Dionisio
Anzilotti, ITÁLIA): a ordem internacional e a ordem interna
compreendem sistemas autônomos e distintos, o que significa dizer que a
validade e a eficácia de uma lei vigente em determinado Estado não estão
condicionadas às regras ou aos costumes adotados pela comunidade
internacional.
▪ MONISMO. Conceito: “Doutrina filosófica segundo a qual o
conjunto das coisas pode ser reduzido à unidade.”2
1
2
Fonte: Dicionário Aurélio.
Fonte: Dicionário Aurélio.
3
TEORIAS MONISTAS (duas correntes):
1a corrente monista (Hans Kelsen): unidade da ordem
jurídica com a supremacia do Direito Internacional Público, ficando o
ordenamento jurídico de cada Estado numa posição hierárquica inferior
às leis internacionais;
2a corrente monista (durante o período da Guerra Fria:
União Soviética e aliados; atualmente: Bolívia, Coréia do Norte, Cuba e
Venezuela): unidade da ordem jurídica com a supremacia do
ordenamento jurídico de cada Estado, sendo facultativa a adoção das leis
internacionais.
“o monismo sustenta que o Direito Internacional e o Direito Interno são dois ramos de um único
sistema, defendendo uns o primado do primeiro, e outros, a primazia do segundo. Se uma norma de
Direito Interno for de encontro ao Direito Internacional, será aquela nula (Kelsen), ou constitui o
Estado em infração (Verdross). Há aqueles que entendem, dentro do monismo, que o Direito
Interno deve prevalecer, porque o Direito das Gentes é parte do Direito do Estado, uma
conseqüência de suas leis.
Os monistas partem do princípio de que todos os Direitos emanam de uma só fonte, daí ser a
consciência jurídica uma só. São seus defensores Kelsen, Verdross e, dando prioridade ao Estado,
Wenzel.
Partilhamos da idéia de que o Direito é um somente, sendo-nos mais simpática a teoria monista com
prevalência do Direito Internacional.”
2. ESTADOS.
Nota explicativa: para efeito didático, são dois os sujeitos de Direito Internacional
Público: (1) os Estados; e (2) as organizações internacionais. Estes sujeitos (entes,
entidades, pessoas jurídicas) possuem personalidade jurídica internacional, uma
característica que produz três capacidades, a saber:
1a: capacidade para celebrar tratados;
2a: capacidade para usufruir de privilégios e imunidades; e
3a: capacidade para patrocinar reclamações internacionais.
2.1. Estado (perspectiva interna).
 Conceito: realidade política construída por força da combinação dos elementos (a)
população, (b) território e (c) governo soberano.
 Conceito de Thomas HOBBES3: “Uma grande multidão institui a uma pessoa,
mediante pactos recíprocos uns com os outros, para em nome de cada um como autora, poder usar a
força e os recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurar a paz e a defesa
comum”4 (grifei).
3
Conceito instrumental de Estado; em outras palavras, o Estado como meio.
HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. São Paulo: Martin Claret,
2001, p. 131.
4
4
 Conceito de Georg HEGEL5: “O Estado, como realidade em ato da vontade
substancial, realidade que esta adquire na consciência particular de si universalizada, é o racional
em si e para si: esta unidade substancial é um fim próprio absoluto, imóvel, nele a liberdade obtém
o seu valor supremo, e assim este último fim possui um direito soberano perante os indivíduos que
em serem membros do Estado têm o seu mais elevado dever”6 (grifei).
2.2. Estado (perspectiva externa).
 Conceito: sujeito central do Direito Internacional Público, entidade possuidora de
personalidade jurídica internacional.
 Conceito de Francisco REZEK: “O Estado, sujeito originário de direito internacional
público, ostenta três elementos conjugados: uma base territorial, uma comunidade humana
estabelecida sobre essa área, e uma forma de governo não-subordinado a qualquer autoridade
exterior”7 (grifei).
2.3. Território.
 Conceito: área sobre a qual o Estado exerce sua jurisdição, incluídos o limite terrestre, o
mar territorial (no caso dos Estados banhados pelo mar) e o espaço aéreo.
2.4. População.
 Conceito: total de indivíduos domiciliados no território do Estado.
 Conceito de Francisco REZEK: “População do Estado soberano é o conjunto das
pessoas instaladas em caráter permanente sobre seu território: uma vasta maioria de súditos locais, e
um contingente minoritário – em número proporcional variável, conforme o país – de estrangeiros
residentes.”8
3. GOVERNO.
Nota explicativa: a idéia de “governo soberano” traduz uma dimensão binária,
integrada pela noção de governo e pelo conceito de soberania. Inicialmente, devemos
analisar o significado da noção de governo, fundamental para o estudo do Direito
Internacional Público, especialmente no que diz respeito à análise do tema relacionado ao
reconhecimento de Estado e de governo.
3.1. Governo.
 Conceito: a organização política e administrativa do Estado.
(aula 10/8/09) Elementos centrais: político (representação, questão ideológica, processo decisório) e
administrativo (a pergunta embutida é “como fazer”, a idéia de Poder Executivo encontra-se aí)
Governo é um elemento do Estado,
5
Conceito finalístico de Estado; em outras palavras, o Estado como fim.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Princípios da filosofia do direito. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 217.
7
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 163.
8
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 179.
6
5
 Conceito de Manoel Gonçalves FERREIRA FILHO: “O complexo de estruturas e
funções centrais e superiores, em que se exerce no Estado o máximo poder político, atribuído
conforme as normas da Constituição.”9
 Conceito de Herman FINER: “O exercício da autoridade dos homens sobre os
homens.”10
Ainda de acordo com Herman FINER (Universidade de Chicago, maio de 1949), governo
é a combinação de dois elementos: (1) elemento político e (2) elemento administrativo; no
mesmo sentido e vinte anos depois, outro FINER (Samuel, Universidade de Manchester, dezembro
de 1969), haveria de confirmar tal entendimento, ao afirmar que “o governo, no sentido de processo
de governar, se compõe de dois elementos – escolher uma linha de ação e executá-la.”11 Assim, a
“linha de ação” é o elemento político (conteúdo da ação: “o que fazer”) e a correspondente
“execução” representa o elemento administrativo (forma da ação: “como fazer”).
3.2. Reconhecimento de Estado e de governo.
(1) reconhecimento de Estado: manifestação unilateral do Estado (declaração), expressa ou tácita,
no sentido de admitir a existência de outro Estado.
O que acontece no âmbito da Comunidade Int qdo surge um novo Estado Soberano? Os outros
Estados o reconhecem, unilateralmente, de forma tácita, como a abertura de embaixadas
Reconhecimento expresso: MANIFESTAÇÃO POR NOTA OU DOC FORMAL
Ex. Timor-Leste era dependente da Indonésia quando ficou independente
(2) reconhecimento de governo: manifestação unilateral do Estado (declaração), expressa ou
tácita, no sentido de admitir a legitimidade da ordem política vigente em determinado Estado.
De que maneira a Comunidade Int reage qdo aparece um novo Governo, qdo ocorre uma guerra?
O governo do Irã foi reeleito sob fortes denúncias de corrupção e não deixou de ser um Estado
na Com. Int. na 1ª. semana de agosto de 2009 (os EUA) reconheceu o “novo governo” do Irã. O
Br também reconheceu o novo governo do Irã, de forma tácita de reconhecimento de governo
pode ser como o Governo Lula fez em declaração televisiva dizendo que houve vencedor como
em um jogo de futebol.
- Existem 2 mecanismos de reconhecimento de um Estado e de um Governo: expresso ou tácito.
Qdo o reconhecimento é expresso, para não gerar dúvida, é gerada uma “nota internacional”.
- Reconhecimento tácito de um Estado: O Estado silencia, embaixadas, manutenção das relações
comerciais, dos tratados
- Reconhecimento expresso: nota internacional, voto em reuniões das Org Int
ADERIR= A ENTRADA DE UM ESTADO EM UMA ORG INT
DENUNCIAR = SAIR UNILATERALMENTE DE UMA ORGANIZAÇÃO INT
AB-ROGAÇÃO= SAÍDA DE VÁRIOS OU TODOS PAÍSES DE UMA ORG. INT
HONDURAS sofreu um golpe de Estado em julho de 2009, (houve uma ruptura institucional)
mas não deixou de fazer parte da Comunidade Int.
Três Exemplos Clássicos: golpe de Estado, revolução e guerra
De que maneira a Comunidade Int reage a um golpe de Estado? A maioria dos países não
reconhece o novo governo de Honduras, por exemplo, mas não interferem pelo princípio de
soberania.
Artigo 18,CF = forma do federalismo do Estado Br
9
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 75.
FINER, Herman. Theory and practice of modern government. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1960, p. 04.
11
FINER, Samuel Edward. Governo comparado. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1981, p. 22.
10
6
- repartição vertical de poder: União é = Estados + DF +Municípios
União não é sinônimo de Estado
*A União é quem representa o Br na comunidade Int.*
Hoje existe a possibilidade de Agente internacional celebrar contratos com um não-agente
Int? A tendência é que as relações Int. se regionalizem, então é possível, contudo o Estado
dá aval para o seu membro federado celebra algum contrato.
Os EUA não assinaram o protocolo de Kyoto, contudo a Califórnia assumiu o que propõe o
protocolo de Kyoto, assinando o tratado.
4. ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS.
Nota explicativa: as organizações internacionais são, para todos os efeitos, sujeitos
de Direito Internacional Público. Entretanto, ao contrário dos Estados, as organizações
internacionais representam um fenômeno recente do Direito Internacional Público, na
medida em que surgiram no final do séc. 19 (considerada a primeira organização
internacional, a Universal Postal Union – UPU, ou “União Postal Universal”, estabelecida
em 1874, é atualmente integrada por 191 Estados-membros). Entretanto, a doutrina indica
1919 como marco inicial da participação das organizações internacionais na comunidade
internacional, ano de fundação da Sociedade das Nações – SDN (também conhecida como
“Liga das Nações”), a qual seria extinta de fato em 1939 e extinta de direito em 1946.
4.1. Organizações internacionais.
 Conceito: organizações possuidoras de personalidade jurídica de Direito Internacional
Público, formadas pela associação de Estados.
 Conceito de Ian BROWNLIE: “Associação permanente de Estados, que prossegue
fins lícitos, dotada de órgãos próprios.”12
OBS:
- O que é uma organização internacional? É uma associação formal de Estados
“é permanente, formal (a natureza jurídica é CONSTITUTIVA (doc que dá origem à Org
Int.), um ex. no Mercosul temos o Tratado, Carta da ONU deu origem à ONU, Constituição é
o nome do documento que deu origem à OIT);
- Existem tribunais internacionais que também se constituem em Org. Int. autônoma;
- Alguns órgãos não são Org. Int., mas sim órgãos próprios.
4.2. Elementos constitutivos:
(1) elemento material (agrupamento de Estados); e (2) elemento formal (personalidade jurídica
internacional).
4.3. Características, estrutura organizacional e processo decisório no âmbito das
organizações internacionais.
 Características:
(1) competência para celebrar tratados;
(2) personalidade jurídica autônoma e derivada;
(3) multiplicidade de membros;
12
BROWNLIE, Ian. Princípios de direito internacional público. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1997, p. 709.
7
(4) duração permanente;
(5) estatuto próprio;
(6) sede própria (acordo-sede, tratado bilateral: “país de acolhimento”).
 Estrutura organizacional:
(1) assembléia geral (sempre);
(2) secretaria (sempre);
(3) conselho permanente (em alguns casos; ex.: Conselho de Segurança da
ONU).
 Processo decisório:
(1)
(2)
(3)
(4)
método deliberativo;
voto unitário em assembléia geral;
aplicabilidade eventual do princípio majoritário;
atos revestidos de formalidade (ex.: Resoluções da ONU).
4.4. Outros sujeitos.
 Indivíduo. O indivíduo não possui personalidade jurídica de Direito
Internacional Público. Por outro lado, pode-se afirmar que o individuo é destinatário de normas de
Direito Internacional Público. Todavia, conforme assinala Fernando Gamboa SERAZZI, “já se
reconhece ao indivíduo a titularidade de certos direitos e obrigações internacionais e,
excepcionalmente e com bastante limitação, capacidade para fazer valer tais direitos”13 perante
algumas organizações internacionais. Nas palavras de Carolina Ghinato DAOUD, “a classificação
da doutrina quanto ao tema, no século XX não é uniforme; entretanto, é possível dividi-la em dois
grandes grupos: os que negam e os que afirma ser o homem sujeito de Direito Internacional.”14
 Organizações não-governamentais (ONG’s). “A sigla ONG corresponde a
organização não-governamental — uma expressão que admite muitas interpretações. A definição
textual (ou seja, aquilo que não é do governo) é tão ampla que abrange qualquer organização de
natureza não-estatal. Em âmbito mundial, a expressão surgiu pela primeira vez na Organização das
Nações Unidas (ONU) após a Segunda Guerra Mundial, com o uso da denominação em inglês
“Non-Governmental Organizations (NGOs)” para designar organizações supranacionais e
internacionais que não foram estabelecidas por acordos governamentais. Do ponto de vista formal,
uma ONG é constituída pela vontade autônoma de mulheres e homens, que se reúnem com a
finalidade de promover objetivos comuns de forma não lucrativa. Nossa legislação prevê quatro
formatos institucionais para a constituição de uma organização sem fins lucrativos, com essas
características – associação, fundação, organização religiosa e partido político. Por não ter
objetivos confessionais ou eleitorais, juridicamente toda ONG é uma associação civil ou uma
fundação privada. No entanto, nem toda associação civil ou fundação é uma ONG. Entre clubes
recreativos, hospitais e universidades privadas, asilos, associações de bairro, creches, fundações e
institutos empresariais, associações de produtores rurais, associações comerciais, clubes de futebol,
associações civis de benefício mútuo, etc. e ONG’s, temos objetivos e atuações bastante distintos,
às vezes, até opostos.”15
13
SERAZZI, Fernando Gamboa. Tratado de derecho internacional público. Santiago de Chile: Lexis Nexis, 2003,p.
303.
14
DAOUD, Carolina Ghinato. In O indivíduo como pessoa de Direito Internacional Público e a Corte Internacional
Penal (http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1637).
15
Fonte: Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais – ABONG (www.abong.org.br).
8
As organizações não-governamentais (ONG’s) não possuem personalidade jurídica de
Direito Internacional Público, razão pela qual não celebram tratados. Contudo, é inegável a
importância de determinadas ONG’s no cenário internacional, tais como o Greenpeace e a WWF.
 Empresas transnacionais. As empresas transnacionais (ou empresas
multinacionais) são empresas comerciais (possuem finalidade lucrativa) que exercem suas
atividades não apenas nos Estados de origem, mas igualmente em territórios estrangeiros. Empresas
como a Kodak, Pfizer, Shell, Toshiba, e Adidas, são empresas transnacionais. Assim como as
ONG’s, as empresas transnacionais não possuem personalidade jurídica de Direito Internacional
Público.
 Casos especiais.
(a) Santa Sé: sediada em Roma, a Santa
Sé (nome oficial: Estado da Cidade do Vaticano) é a cúpula de governo da Igreja Católica; a Santa
Sé possui personalidade jurídica de Direito Internacional Público (por força de razões históricas). A
Santa Sé integra mais de 30 organizações internacionais e mantém relações diplomáticas com mais
de 150 Estados. O embaixador da Santa Sé nos Estados estrangeiros recebe o título de “núncio” (do
latim nuntiu), palavra que significa “Embaixador do Papa.” A Nunciatura Apostólica (nuntiatus
apostolicu) é a residência do núncio; ou seja, a residência do Embaixador do Papa.
(b) Micro-Estados: os micro-Estados
possuem personalidade jurídica de Direito Internacional Público. Entretanto, parcela das
competências dos micro-Estados é transferida a outros Estados soberanos (via de regra um Estado
vizinho), tais como a emissão de moeda e a segurança de fronteiras. Alguns exemplos: (1) Mônaco,
(2) Liechtenstein, (3) São Marinho e (4) Andorra.
5. PERSONALIDADE JURÍDICA INTERNACIONAL.
Nota explicativa: a maioria dos autores fala em “personalidade jurídica
internacional” (ao invés de apenas “personalidade internacional”) para descrever o status
jurídico inerente aos sujeitos de Direito Internacional Público (Estados e organizações
internacionais).
5.1. Personalidade jurídica internacional.
 Conceito: característica jurídica fundamental dos sujeitos de Direito
Internacional Público, qualidade que confere aos Estados e às organizações internacionais
(1) capacidade para celebrar tratados; (2) capacidade para usufruir de privilégios e
imunidades; e (3) capacidade para patrocinar reclamações internacionais.
A personalidade jurídica internacional é original (ou originária), no caso dos Estados; e
derivada (ou não-originária), quando falamos das organizações internacionais. Na primeira
hipótese, a personalidade jurídica internacional decorre do próprio surgimento do Estado; na
segunda hipótese, a personalidade jurídica internacional emana das organizações internacionais, as
quais não se confundem com os Estados-membros (Estados que se associam para instituir as
organizações internacionais).
9
De acordo com Jorge Bacelar GOUVEIA, a personalidade jurídica internacional deve
ser interpretada como um dos três elementos da subjetividade internacional16:
(1) personalidade jurídica internacional: “A personalidade
jurídica internacional é a susceptibilidade para ser
destinatário de normas e princípios de Direito Internacional,
dos quais diretamente decorre a oportunidade para a
titularidade de direitos (situações jurídicas ativas) ou para se
ficar adstrito a deveres (situações jurídicas passivas).”
(2) capacidade jurídica internacional: “A capacidade
jurídica internacional afere-se pelo conjunto dos direitos e
dos deveres que podem estar inscritos na esfera jurídicointernacional da entidade em causa, também se diferenciando
entre uma dimensão de titularidade e uma dimensão de
exercício dos mesmos.”
(3) pessoa jurídica internacional: “A pessoa jurídica
internacional significa que, numa entidade singular
(ESTADO) ou coletiva (Org. Int.), se junta a susceptibilidade
para ser titular de direitos e destinatário de deveres (...).”
QUESTÕES:
1-A teoria dualista defende a tese segundo a qual a ordem internacional e a ordem interna
compreendem sistemas dependentes e distintos, o que significa dizer que a validade e a eficácia de
uma lei vigente em determinado Estado não estão condicionadas às regras ou aos costumes
adotados pela comunidade internacional.
FALSO
JUSTIFICAR: A ordem Internacional e a ordem interna compreendem sistemas autônomos e
distintos
2- Para os teóricos da primeira corrente Monista, o DIP deve ser interpretado na perspectiva da
fragmentação da ordem jurídica
FALSO
JUSTIFICAR: Teoria Monista
Para Hans Kelsem o DIP deve possuir uma ordem jurídica hierarquizada, na qual os Estados
apresentam posições hierárquica diferenciada
3- Para os teóricos da 2ª. corrente Monista, o DIP compreende uma realidade unitária caracterizada
pela Supremacia do ordenamento jurídico de cada Estado, sendo facultativa a adoção das leis
internacionais.
VERDADEIRO
JUSTIFICATIVA:
Segundo o pensamento da segunda corrente Monista
TEORIAS MONISTAS (duas correntes):
1a corrente monista (Hans Kelsen): unidade da ordem jurídica com a
supremacia do Direito Internacional Público, ficando o ordenamento jurídico de cada Estado numa
posição hierárquica inferior às leis internacionais;
16
GOUVEIA, Jorge Bacelar. Manual de direito internacional público. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 353.
10
2a corrente monista (durante o período da Guerra Fria: União Soviética e
aliados; atualmente: Bolívia, Coréia do Norte, Cuba e Venezuela): unidade da ordem jurídica com a
supremacia do ordenamento jurídico de cada Estado, sendo facultativa a adoção das leis
internacionais.
4- Carl Heinrich Triepel e Dionísio Anzilotti são autores vinculados às teorias monistas.
FALSO
JUSTIFICATIVA: são autores vinculados às TEORIAS DUALISTAS (Carl Heinrich Triepel,
ALEMANHA; Dionisio Anzilotti, ITÁLIA)
OBS:
Unasul: em maio de 2008 nasce bloco político dos países sul-americanos
→Tratado assinado por 12 países da América do Sul confere personalidade jurídica internacional
para o subcontinente. Trocando em miúdos, a América do Sul ganha status de organização
internacional, reconhecida na ONU (Organização das Nações Unidas) e capaz de negociar com outros
países, blocos de países e instâncias multilaterais.
- Poder Constituinte Supranacional é o poder que cria uma Constituição, na qual cada Estado
cede uma parcela de sua soberania para que uma Constituição comunitária seja criada. O
titular deste Poder não é o povo, mas o cidadão universal.
NACIONALIDADE:
 É um vínculo (elo) entre determinado Estado (país) entre um indivíduo
 A natureza do vínculo: jurídico-político
→1947 Declaração universal do direito dos homens
 Todos tem direito a uma nacionalidade
 Natureza jurídica da nacionalidade: direito subjetivo público
→Art. 12 CF
NATOS
ORIGINÁRIA
a)Jus soli = nascidos em território
brasileiro
b)Jus sanguinis=nascidos no estrangeiro
de pai ou mãe brasileiros desde que um
esteja a serviço do Br
NATURALIZADOS
DERIVADA/ADQUIRIDA
a) destinatários (critério linguístico): estrangeiros de língua
portuguesa
- critério temporal: 1 ano ininterrupto (é objetivo)
-requisito moral: idoneidade moral (é subjetivo)
*Competência da União (Art. 21CF) reconhece ou não a
idoneidade por meio do Ministério da Justiça – ato
administrativo
*Princípio da Discricionariedade = conveniência e
oportunidade
b)destinatários: todos os outros estrangeiros
- critério temporal objetivo: 15 anos
- critério processual: sem condenação penal (é objetiva é
prova documental)
- critério volitivo: requerer a nacionalidade
c)Jus sanguinis=nascidos no estrangeiro,
desde que registrado em repartição
competente OU optem
“não confundir os destinatários da norma Constitucional (estrangeiros) com os pré-requisitos
necessárias à concessão da nacionalidade”
-1-Pressupostos definidores da nacionalidade
11
- indica domicílio de nacionalidade
*Onde se nasceu? Territorialidade
Jus soli
2-Quais são as ancestralidades? Jus sanguinis (critério por sangue)
- APÁTRIDA = sem pátria
- APATRIA = condição jurídica de ser apátrida
NACIONALIDADE
“Art. 12. São brasileiros:
I – natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não
estejam a serviço de seu país; (hipótese de jus soli)
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
da República Federativa do Brasil; (Jus sanguinis=nascidos no estrangeiro)
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente (o registro de nascimento é um serviço CONSULAR – atua como se
cartório fosse, quem efetua é o consulado)
OU venham a residir na República Federativa do Brasil E optem, em qualquer tempo, depois de atingida a
maioridade, pela nacionalidade brasileira; (chamado direito de opção, o titular do direito é quem nasceu)
(hipótese= Jus sanguinis – em questão de dupla nacionalidade pelo menos terá o jus sanguinis, mas o jus
soli somente pode ocorrer uma vez (ninguém nasce em dois lugares ao mesmo tempo)
II – naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto E idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de
quinze anos ininterruptos E sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, SALVO os casos previstos nesta Constituição.
§ 2º – A LEI NÃO poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, SALVO nos casos
previstos nesta Constituição.
§ 3º – São privativos de brasileiro nato os cargos:
I – de Presidente e Vice-Presidente da República;
II – de Presidente da Câmara dos Deputados;
III – de Presidente do Senado Federal;
IV – de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V – da carreira diplomática;
VI – de oficial das Forças Armadas.
VII – de Ministro de Estado da Defesa
§ 4º – Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional; (BR naturalizado)
II – adquirir outra nacionalidade, SALVO no casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro,
como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
CURIOSIDADES:
- Lei 6815/1980 = sobre o estrangeiro, visto, permanência
- Um dos princípios do Dir Int. é o da “Reciprocidade”
12
SEGUNDA PARTE
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
O ARTIGO 38 DO ESTATUTO DA CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA
TRATADOS, COSTUMES E PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO
JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL, DOUTRINA E EQÜIDADE
OUTRAS FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
________________________________________________________________________________
1. FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO.
Nota explicativa: para efeito de compreensão didática das fontes do Direito
Internacional Público, deve-se ter em mente o disposto no artigo 38 do Estatuto da Corte
Internacional de Justiça – CIJ (principal tribunal internacional do mundo). Há que se
ressaltar, no entanto, que as fontes do Direito Internacional Público não se limitam àquelas
citadas no artigo 38.
- Função: julgar conflitos
- a CIJ julga quem? Jurisdição sobre Estados
- Geralmente julga conflitos territoriais – julga conflitos entre Países
- CIJ ou TRIBUNAL INTERNACIONAL DE JUSTIÇA ou Haia
a) ato ilícito por ação ou omissão
b) imputabilidade
c) ocorrência de dano a partir do ato ilícito
- AS 3 FONTES + IMPORTANTES DO DIR. INTERNACIONAL, não são só essas fontes
“Artigo 38.
1. A Corte, cuja função é decidir em conformidade com o direito
internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará:
a. As convenções (TRATADOS) internacionais, quer gerais
(PROTOCOLO DE KIOTO), quer especiais, que estabeleçam regras
expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;(TRATADOS)
b. O costume internacional, como prova de uma prática geral aceita
como direito;(COSTUMES, CONSUETUDINÁRIO)
c. Os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações
civilizadas (QUEM É CIVILIZADA);
d. Com ressalva das disposições do artigo 59, as decisões judiciais e a
doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes nações, como
meio auxiliar para a determinação das regras de direito (significa
instrumentos de interpretações: decisões judiciais ou jurisprudências do
próprio tribunal ou dos países + doutrina) .
- regras de direito: tratados, costumes e princípio geral do direito
2. A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir
uma questão ex aequo et Bono (o que é equilibrado é bom = equidade),
se as partes assim convierem.” (a CIJ pode utilizar o princípio de
Equidade desde que as partes assim convencionem).
Ver o conceito de equidade de Aristótesles: p.18
13
Da leitura do artigo 38, poderíamos imaginar a existência de uma “hierarquia das normas”
internacionais. Em verdade, não há, no domínio do Direito Internacional Público, hierarquia
normativa de qualquer tipo. Entretanto, a moderna doutrina aponta a supremacia do Princípio jus
cogens em relação ao conjunto de normas, convencionais ou consuetudinárias, que integram a
ordem jurídica internacional. O artigo 38 não é taxativo, mas apenas uma referência indicativa de
fontes do Direito Internacional Público. O termo “decisões judiciais” se refere à jurisprudência
internacional; a infeliz expressão “nações civilizadas” deve ser compreendida como sinônimo de
Estados. Por fim, “decidir uma questão ex aequo et bono” significa que a CIJ poderá valer-se da
eqüidade em seus julgamentos, desde que haja concordância das partes em conflito em relação à
adoção de tal método.
*FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
1- Tratados = fonte formal
2- Costumes = fonte informal
3- Princípios Gerais de Direito = são os princípios mais gerais como cumprir pagamento
- Onde está o Direito? = a fonte é a origem
As fontes estão listadas no Art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (CIJ)
-TPI = TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL = foi criado pelo Instituto de Roma, só julga pessoa
física, mas o ambiente de cometimento de crimes podem levar à “responsabilidade
internacional”.
- Autor: Antônio Casesse
QUESTÃO: O Tribunal Penal Internacional tem competência para julgar pessoas
a) acusadas de crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio, ocorridos a partir
da entrada em vigor do Estatuto de Roma, em 2002.
b) acusadas de crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio, ocorridos a partir da
entrada em vigor do Estatuto de Roma, em 1998.
c) acusadas de crimes de guerra, contra a humanidade, genocídio e terrorismo.
d) e Estados acusados de crimes de guerra, contra a humanidade, genocídio e terrorismo.
e) e Estados acusados de crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio
2-O denominado "Sistema ONU" de proteção dos direitos humanos inclui
a) o Conselho de Direitos Humanos e o Tribunal Penal Internacional.
b) o Conselho de Direitos Humanos, os altos comissários, os relatores especiais, os
comitês criados pelos tratados internacionais e o Tribunal Penal Internacional.
c) a Corte Interamericana de Direitos Humanos, a Corte Européia de Direitos Humanos e a
Corte Africana de Direitos Humanos.
d) o Conselho de Direitos Humanos, os altos comissários, os relatores especiais, os comitês
criados pelos tratados internacionais e a Corte Internacional de Justiça.
e) o Conselho de Direitos Humanos, Corte Internacional de Justiça e o Tribunal Penal
Internacional.
2. TRATADOS.
- É pacto, aplica-se o princípio Pacta Sunt Servanda (o que foi pactuado deve ser cumprido); é
elemento constitutivo de uma norma jurídica, muitas vezes a norma incorpora o princípio geral do
direito.
- Tratado é dever-ser = existe para ser cumprido, mas não significa que irá ser cumprido;
- É norma jurídica = direitos e obrigações para as partes signatárias; as partes serão sempre sujeitos
internacionais
14
- É ato jurídico = alguém tem de assinar o texto
→ Nesse sentido, o tratado possui, também, natureza binária: é ao mesmo tempo ato jurídico (ato
de vontade de assinar o tratado, é a celebração do doc.), e norma jurídica. (as duas dimensões
que se completam)
→ esses dois itens são de natureza binária = é ao mesmo tempo norma e ato ( a assinatura do
Executivo gera a norma que se efetivará após a chancela (referendo) do Congresso Nacional no
caso do Brasil)
- É acordo formal, pacto, ajuste formal, sempre por escrito (não existe tratado verbal)
Nota explicativa: o tratado é a fonte mais importante do Direito Internacional
Público. Independentemente da expressão utilizada (“tratado”, “tratado internacional”,
“convenção”, “protocolo”, “acordo”, “constituição”, “carta”, “estatuto”, “concordata”), o
termo “tratado” (e todas as demais expressões congêneres) se refere àquele pacto celebrado
por escrito entre sujeitos possuidores de personalidade jurídica internacional (Estados e
organizações internacionais).
RECEPÇÃO DE TRATADOS
→DE que maneira o Direito Brasileiro recepciona/internaliza o Tratado? De que maneira o
ordenamento jurídico integra o Tratado Internacional?
- Regras constitucionais expressas ou tácitas exprimem, definem o modelo de recepção de
tratados
Doutrina da transformação
Doutrina da incorporação
A Cf Br. adota a doutrina da transformação
- Ex. Alemanha, EUA, Portugal
- outros países: Angola, Chile, Guatemala, Polônia,
Suíça, Uruguai
- Corrente teórica do Dualismo:
- Corrente teórica Monista:
- RECEPÇÃO NÃO AUTOMÁTICA: o Tratado O
tratado
entra
em
vigor
para entrar em vigor precisa da manifestação AUTOMATICAMENTE
definitiva do Congresso Nacional
- inexigibilidade de atos de Dir. Interno
-exigência de atos de Direito Interno
- DECRETO = ato de direito interno, ato do poder
Executivo que dá publicidade aos Tratados
.
- Teória Monista – no universo existe uma única ordem jurídica
a) Autor: Hans Kelsen
2.1.
Tratado.
É norma jurídica e também é fonte formal.
 Conceito. “O tratado designa qualquer acordo concluído entre dois ou mais sujeitos de
direito internacional, destinado a produzir efeitos de direito e regulado pelo direito internacional.”17
17
DAILLIER, Patrick (Nguyen Quoc Dinh e Alain Pellet). Direito Internacional Público. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2003, p. 120.
15
 Conceito de Francisco REZEK: “Tratado é todo acordo formal concluído entre sujeitos
de direito internacional público, e destinado a produzir efeitos jurídicos.”18
 Conceito fixado pela CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O DIREITO DOS
TRATADOS de 1969 (artigo 2o): “Um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e
regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais
instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica.”
2.2 Características fundamentais dos tratados.
(1) Multiplicidade de partes (duas ou mais partes signatárias):
● tratados bilaterais (exatamente duas partes signatárias);
● tratados multilaterais (três ou mais partes signatárias).
(2) Personalidade jurídica de Direito Internacional Público dos pactuantes:
● Estados soberanos;
● Organizações internacionais.
(3) Formalidade: o tratado é um acordo rigorosamente formal. Em outras palavras, todo e
qualquer tratado será necessariamente celebrado por escrito. O tratado, portanto, possui natureza
formal e documental. O tratado tem natureza documental.
(4) Produção de efeitos jurídicos: todo e qualquer tratado produzirá necessariamente
efeitos jurídicos para os pactuantes (partes signatárias). Nesse sentido, o tratado possui, também,
natureza binária: é ao mesmo tempo ato jurídico e norma jurídica.
Norma jurídica = preceito legal de conduta que gera impacto sobre todos
(5) Modelo estruturado:
● Preâmbulo (sempre):
introdução;
● Dispositivo (sempre):
conteúdo; figuram as normas jurídicas; parte operativa
● Anexos (eventualmente): detalhamento.
(6) Aplicabilidade do princípio pacta sunt servanda: o tratado é, acima de tudo, um
pacto. Por isso mesmo, a todo e qualquer tratado aplica-se o princípio pacta sunt servanda (“o que
foi pactuado deverá ser cumprido”). O tratado compreende, dessa forma, a combinação de normas
jurídicas concretas (direitos e obrigações das partes signatárias) com valores éticos abstratos (boa-fé
e expectativa de realização do acordo).
(7) Aplicabilidade do princípio do consentimento: a noção de consentimento (anuência,
aprovação, permissão) é essencial a todo e qualquer tratado. É absolutamente nulo, por exemplo, o
tratado no qual um dos Estados pactuantes tenha sofrido coação por ameaça ou por emprego da
força.
(8) Regência do Direito Internacional Público: sendo ao mesmo tempo ato jurídico e
norma jurídica, o tratado deverá estar amparado por alguma ordem jurídica. Sabendo-se que a
jurisdição da sociedade internacional é facultativa, e tendo em vista a inaplicabilidade do princípio
18
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 14.
16
da subordinação na esfera desta mesma sociedade internacional, o tratado será sempre regido, por
conseqüência, pelo Direito Internacional Público. (NÃO ao princípio da subordinação)
Ex. O Tratado de Assunção é o criador do Mercosul em 1991 com 4 partes signatários: Brasil,
Argentina, Paraguai e Uruguai
→ Qualquer proposta tem de ser por consenso.
→ O ato de criação (que cria) de um tratado é denominado CELEBRAÇÃO
*Fenômenos de alteração, de modificação um (bloco), de um Tratado
→ DENÚNCIA é a saída unilateral de um Estado, por ex. O Brasil soberanamente quer sair do
Tratado
→ADESÃO = entrada de um Estado (adere ao tratado ou ao estatuto);
→AB-ROGAÇÃO = significa a saída de todos os membros ao mesmo tempo, ou seja, extinção de
um tratado por vontade comum de todos os signatários
2.3. Gênese, validade e extinção dos tratados.
A compreensão da gênese (formação) dos tratados pressupõe, como ponto de partida, a idéia
de que a representatividade exterior destinada à negociação e à celebração de tratados é
característica comum de todo e qualquer sujeito possuidor de personalidade jurídica internacional,
razão pela qual é importante identificar a titularidade e o limite da representatividade exterior.
2.4. Representatividade exterior.
▪ chefe de Estado (mandatário): representatividade exterior originária e
ampla (negociação e celebração);
▪ chefe de governo (mandatário): representatividade exterior originária
e ampla (negociação e celebração);
▪ ministro de Estado responsável pelas relações exteriores
(plenipotenciário): representatividade exterior derivada e ampla
(negociação e celebração).
▪ chefe de missão diplomática (plenipotenciário): representatividade
exterior derivada e limitada (negociação apenas).
2.5. Gênese: negociação bilateral ou multilateral (coletiva).
A fase de negociação representa fundamentalmente o início da gênese dos tratados. É nesta
fase que os futuros signatários negociam os termos dos tratados, os quais serão celebrados após
negociações bilaterais ou multilaterais (coletivas).
● negociação bilateral: ocorre normalmente no território de uma das signatárias. A
inexistência de relacionamento diplomático permanente entre os pactuantes não impede a
celebração do tratado bilateral. Neste caso, uma das partes enviará para o território da outra
parte uma delegação ad hoc.
● negociação multilateral (coletiva): ocorre normalmente na esfera de uma conferência
diplomática internacional. A convocação deste tipo de conferência ocorre por iniciativa dos
Estados soberanos e das organizações internacionais e, eventualmente, por iniciativa de
algum Estado soberano que, mesmo não sendo um dos signatários, possui interesse na
matéria a ser pactuada.
2.6. Validade.
17
A idéia de que o tratado é um acordo significa que este tipo de pacto produz efeitos jurídicos
para as partes signatárias, sendo ao mesmo tempo ato jurídico válido e norma jurídica igualmente
válida para os pactuantes. São três as condições fundamentais de validade do tratado:
(1a) competência dos signatários; (2a) objeto lícito e possível; e (3a) consentimento obrigatório.
;2.7. Extinção.
No que diz respeito à extinção do tratado, é importante observar, inicialmente, as espécies de
vigência deste tipo de acordo: (1) tratado estático (vigência perpétua); e (2) tratado dinâmico
(vigência por tempo indeterminado e por tempo determinado).
● Extinção pela vontade comum: dá-se o nome de ab-rogação à revogação resultante da
vontade comum dos pactuantes. A ab-rogação é (1) predeterminada (quando o texto do tratado
prevê o fim da vigência); ou (2) superveniente (quando a revogação decorre da vontade das partes,
mesmo inexistindo previsão nesse sentido no texto do tratado vigente).
● Extinção pela vontade unilateral: dá-se o nome de denúncia (ato unilateral) à revogação
resultante da vontade de um dos pactuantes em retirar-se do tratado. A comunicação da denúncia é
um ato formal materializado por meio de notificação (carta ou instrumento), independentemente da
existência ou inexistência de previsão expressa no texto do tratado para este tipo de revogação.
2.8. Causas motivadoras da extinção. A extinção do tratado ocorrerá por ab-rogação ou por
denúncia. É importante observar que a extinção poderá ocorrer em função de três hipóteses:
(1a) fim da vontade de permanecer pactuando;
(2a) impossibilidade de execução do pactuado;
(3a) alteração fundamental das circunstâncias.
3. COSTUMES.
Nota explicativa: o costume é a fonte mais antiga do Direito Internacional Público,
fenômeno jurídico anterior a qualquer noção de acordo internacional celebrado por escrito:
trata-se de verdadeira fonte do Direito Internacional Público. O costume, a depender do grau
de sua aceitação pelos membros da comunidade internacional, é muitas vezes consolidado
nos textos dos tratados bilaterais e multilaterais.
3.1. Costume internacional.
 Conceito: “Prática geral aceita como direito” (Estatuto da CIJ: art. 38, 1, “b” O costume
internacional, como prova de uma prática geral aceita como direito).
 Conceito de Francisco REZEK: “A repetição, ao longo do tempo, de um certo modo
de proceder ante determinado quadro de fato.”19
3.2. Elementos constitutivos do costume internacional.
(a) elemento material ( o corpus ): a repetição da conduta (“cumpriment
o repetido de atos denominados precedentes”20);
19
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 122.
DAILLIER, Patrick (Nguyen Quoc Dinh e Alain Pellet). Direito Internacional Público. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2003, p. 329.
20
18
(b) elemento psicológico ( o animus ): a idéia de justiça (“convicção dos
sujeitos de direito de que o cumprimento de tais atos é obrigatório porque
o direito o exige”21).
3.3. Abrangência do costume internacional.
(a) universal: costume internacional reconhecido por toda a comunidade
internacional;
(b) regional: costume internacional reconhecido na esfera específica de
determinadas regiões;
(c) local: costume internacional reconhecido apenas no âmbito de
determinadas localidades.
4. PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO.
Nota explicativa: os princípios gerais de direito representam a fonte mais
“universal” do Direito Internacional Público. Para efeito de classificação, podemos
posicionar os princípios gerais de direito em três grandes categorias: (1) princípios gerais
de direito específicos do Direito Internacional Público; (2) princípios gerais de direito
comuns ao Direito Internacional Público e aos ordenamentos jurídicos internos; e (3)
princípios gerais de direito consagrados pela jurisprudência internacional.
 Conceito: princípios que traduzem regras jurídicas universalmente aceitas pelos sujeitos
de Direito Internacional Público.
4.1. Princípios gerais de direito específicos do Direito Internacional Público.
▪ princípio da não-agressão;
▪ princípio da autodeterminação dos povos; (constante na CF, art 4º., III)
▪ princípio do desarmamento;
▪ princípio da solução pacífica dos litígios entre Estados; (constante na CF, art 4º., VII)
▪ princípio da coexistência pacífica.
4.2. Princípios gerais de direito comuns ao Direito Internacional Público e aos ordenamentos
jurídicos internos.
▪ princípio pacta sunt servanda;
▪ princípio lex posterior derogat priori; (O princípio cronológico lex posterior derogat
legi priori, se refere ao início da vigência das leis. Para normas gerais, de mesmo nível hierárquico
estabelecidas em diferentes ocasiões, tem validade a norma editada em último lugar. O critério lex
posterior derogat legi priori significa que se duas normas são antinômicas e do mesmo nível, a
mais recente deverá prevalecer sobre a mais antiga.)
▪ princípio nemo plus juris.
21
DAILLIER, Patrick (Nguyen Quoc Dinh e Alain Pellet). Direito Internacional Público. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2003, p. 329.
19
5. JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL, DOUTRINA E EQÜIDADE.
Nota explicativa: a jurisprudência internacional (“decisões judiciais”) e a
doutrina representam um “meio auxiliar para a determinação das regras de direito”
internacional, nos termos do disposto no artigo 38 do Estatuto da CIJ (1, “d”). Em outras
palavras, são instrumentos de interpretação do Direito Internacional Público vigente. No
que se refere à eqüidade, trata-se de “um modo de aplicar o sentimento ideal de justiça aos
casos concretos”22 (grifo original).
5.1. Jurisprudência internacional (“decisões judiciais”).
 Conceito: conjunto de decisões arbitrais proferidas no âmbito da sociedade
internacional, desde os tempos mais antigos, e decisões proferidas pelos tribunais internacionais,
tais como as sentenças da CIJ.
5.2. Doutrina.
 Conceito: opinião (livros, teses, pareceres) dos especialistas em Direito Internacional
Público.
O provimento da prova da substância do Direito Internacional Público é uma das principais
funções da doutrina, além da influência que esta exerce sobre o desenvolvimento qualitativo do
ordenamento jurídico internacional.
5.3. Eqüidade.
 Conceito: do latim aequitate, a eqüidade é um método de raciocínio jurídico, mecanismo
de análise amparado pela combinação da noção de igualdade com a idéia de moderação (a eqüidade
não é norma jurídica).
Equidade não é norma, não é fonte! Equidade = igualdade + proporcionalidade
Os estudos sobre a eqüidade são antigos e encontraram em Aristóteles profundas reflexões
sobre o tema. Para o filósofo grego, a eqüidade deve ser compreendida na perspectiva da
proporcionalidade. Trata-se da igualdade proporcional aristotélica: “Se as pessoas não forem
iguais, elas não terão uma participação igual nas coisas, mas isto é a origem de querelas e queixas
(quando pessoas iguais têm e recebem quinhões desiguais, ou pessoas desiguais recebem quinhões
iguais).”23
6. OUTRAS FONTES.
Nota explicativa: as fontes do Direito Internacional Público não se limitam aos
tratados, aos costumes e aos princípios gerais de direito. As “normas imperativas de Direito
Internacional” ( jus cogens ) e os atos unilaterais (atos unilaterais dos Estados e atos
unilaterais das organizações internacionais) são do mesmo modo fontes do Direito
Internacional Público (independentemente do silêncio do artigo 38 do Estatuto da CIJ).
22
André Gonçalves Pereira e Fausto de Quadros, citados por Jorge Miranda (MIRANDA, Jorge. Curso de direito
internacional público. Estoril: Princípia, 2006. p. 44.
23
ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. 3a ed. Brasília: Universidade de Brasília, 1992, p. 96.
20
6.1. “Normas imperativas de Direito Internacional” ( jus cogens ).
 Conceito de jus cogens: o direito imperativo; o direito que obriga.
Na esfera específica do Direito Internacional Público, deve-se interpretar o princípio jus
cogens como o conjunto de normas que objetivamente impõem direitos e obrigações aos Estados e
às organizações internacionais. O princípio jus cogens foi disciplinado formalmente em 1969, ano
de celebração da CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O DIREITO DOS TRATADOS. O art. 53
do referido tratado determina que:
“ARTIGO 53.
TRATADO EM CONFLITO COM UMA NORMA IMPERATIVA
DE DIREITO INTERNACIONAL GERAL (JUS COGENS)
É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma
norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente
Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é
uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos
Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é
permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito
Internacional geral da mesma natureza” (grifei).
O mesmo princípio foi consolidado no texto da CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE
DIREITOS DOS TRATADOS ENTRE ESTADOS E ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
OU ENTRE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS (1986). As “normas imperativas de
Direito Internacional” são fundamentalmente normas proibitivas. Alguns exemplos:
(1) proibição do genocídio;
(2) proibição da escravidão;
(3) proibição da segregação racial;
(4) proibição da tortura.
6.2. Atos unilaterais.
 Conceito: “ato imputável a um único sujeito de direito internacional.”24
(1) Atos unilaterais dos Estados:
(a) notificação;
(b) reconhecimento;
(c) protesto;
(d) renúncia;
(e) promessa.
(2) Atos unilaterais das organizações internacionais.
(a) decisões;
24
DAILLIER, Patrick (Nguyen Quoc Dinh e Alain Pellet). Direito Internacional Público. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2003, p. 368.
21
(b) recomendações.
TERCEIRA PARTE
SOBERANIA E JURISDIÇÃO
PRIVILÉGIOS E IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS E CONSULARES
NACIONALIDADE: ARTIGO 12 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO
ASILO POLÍTICO
________________________________________________________________________________
1. SOBERANIA E JURISDIÇÃO.
Nota explicativa: qualquer conceito razoável de Estado pressupõe a idéia de que o
fenômeno estatal é uma realidade integrada por três elementos: (1) território; (2) população;
e (3) governo. Surge, porém, no domínio doutrinário, dúvida quanto à existência (ou
inexistência) de um quarto elemento: a soberania. A maioria dos autores interpreta a
soberania não como um quarto elemento autônomo, e sim como uma qualificadora do
elemento governo (daí a expressão “governo soberano”). A jurisdição, por outro lado, pode
ser interpretada como o limite do exercício da soberania; ou, em termos mais amplos, o
poder estatal de proclamar o direito nos limites da sua soberania.
1.1. Soberania.
 Conceito: o conjunto de poderes que sustentam o Estado.
 Conceito do Dicionário de política: “(...) o poder de mando de última instância numa
sociedade política”; (...) “a racionalização jurídica do poder (...).”25
1.2. Perspectivas interna e externa da soberania.
(1) perspectiva interna: o supremo poder ( suprema potestas ) do Estado sobre o
território e a população.
(2) perspectiva externa: a materialização política da igualdade, fenômeno que
coloca o Estado no mesmo plano (horizontal) dos demais Estados soberanos.
1.3. Soberania internacional.
A idéia de soberania internacional (decorrente da perspectiva externa do conceito
de soberania) é fundamental para a compreensão do Estado como sujeito possuidor de
personalidade jurídica internacional e, por isso mesmo, sujeito de direitos e deveres na esfera da
comunidade internacional. Comum, nesse sentido, é a expressão “Estado soberano”, fórmula que
enfatiza a soberania do Estado, traço que consagra o princípio basilar da igualdade entre Estados.
Nas palavras de Jorge Bacelar GOUVEIA, a soberania internacional produz duas categorias de
situações jurídicas para o Estado:
25
BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; Gianfranco PASQUINO. Dicionário de política. Vol. 2, 12a ed. Brasília:
Universidade de Brasília, São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2003, p. 1179.
22
“─ direitos: a não sujeição orgânica dos Estados a outros sujeitos; a
presunção de regularidade dos respectivos atos; a sua autonomia constitucional na respectiva
organização política;
─ deveres: o respeito pelo Direito Internacional; a proibição de
ingerência em assuntos internos; a proibição do uso da força, salvo em legítima defesa; o dever de
cooperação internacional.”26
1.4. Jurisdição estatal.
 Conceito: o poder do Estado relacionado ao cumprimento de suas competências.
 Conceito de Fernando Gamboa SERAZZI: “A jurisdição é um termo que se refere aos
poderes que um Estado exerce sobre pessoas, bens ou atos.”27
 Conceito de Santiago BENADAVA: “A administração da justiça civil e criminal pelos
tribunais do Estado.”28
1.5. Características da jurisdição estatal.
▪ generalidade: o poder do Estado em relação ao cumprimento de suas
competências compreende todas as áreas de atuação do poder público;
▪ exclusividade: o Estado não possui concorrência de outros Estados
soberanos, o que significa dizer que o exercício das competências estatais
é privativo do próprio Estado.
1.6. Imunidade à jurisdição estatal.
A imunidade à jurisdição estatal compreende a idéia de que os representantes de
determinado Estado soberano junto ao governo de outro Estado soberano não serão submetidos, via
de regra, à jurisdição deste Estado. A imunidade à jurisdição estatal é ampla em relação às missões
diplomáticas e limitada no caso das missões consulares. A imunidade à jurisdição estatal é
essencialmente processual; ou seja, é irrelevante, por exemplo, se o embaixador norueguês no Brasil
tenha cometido um homicídio ou uma lesão corporal, ou se estes crimes deram-se na modalidade
culposa ou dolosa. Em ambos os casos, o referido diplomata não será processado criminalmente
junto ao Poder Judiciário brasileiro.
1.7. Renúncia à imunidade jurisdicional.
A renúncia à imunidade jurisdicional é uma prerrogativa do “Estado acreditante”
(Estado de origem dos representantes diplomáticos e consulares). Por outro lado, os membros da
missão diplomática e os membros da missão consular não poderão, por iniciativa própria, renunciar
à imunidade jurisdicional.
Trata-se, portanto, de prerrogativa estatal. Entretanto, os representantes estrangeiros
devem respeitar as leis vigentes no âmbito territorial do “Estado acreditado” (Estado de destino dos
representantes diplomáticos e consulares), nos termos do art. 41, 1, da Convenção de Viena sobre
26
GOUVEIA, Jorge Bacelar. Manual de direito internacional público. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 371.
SERAZZI, Fernando Gamboa. Tratado de derecho internacional público. Santiago de Chile: Lexis Nexis, 2003, p.
220.
28
BENADAVA, Santiago. Derecho internacional público. Santiago de Chile: Lexis Nexis, 2004, p. 239.
27
23
Relações Diplomáticas (Decreto no 56.435, de 08.06.65), e do art. 55, 1, da Convenção de Viena
sobre Relações Consulares (Decreto no 61.078, de 26.07.67).
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas
“Art. 41.
1. Sem prejuízo de seus privilégios e imunidades todas as pessoas que
gozem desses privilégios e imunidades deverão respeitar as leis e os
regulamentos do Estado acreditado. Têm também o dever de não se
imiscuir nos assuntos internos do referido Estado.”
Convenção de Viena sobre Relações Consulares
“Art. 55.
1. Sem prejuízo de seus privilégios e imunidades todas as pessoas que se
beneficiem desses privilégios e imunidades deverão respeitar as leis e
regulamentos do Estado receptor. Terão igualmente o dever de não se
imiscuir nos assuntos internos do referido Estado.”
1.8. Serviços diplomáticos e serviços consulares (órgãos do Estado nas relações
internacionais).
Na esfera das relações internacionais, caracterizadas essencialmente pela relação
estabelecida entre Estados no âmbito da comunidade internacional, estes se fazem representar nos
territórios estrangeiros por meio de serviços diplomáticos e de serviços consulares. De acordo
com Francisco REZEK, “o diplomata representa o Estado de origem junto à soberania local, e para
o trato bilateral dos assuntos de Estado.”29 Por outro lado, “o cônsul representa o Estado de origem
para o fim de cuidar, no território onde atue, de interesses privados (...).”30
1.9. Convenções de Viena sobre privilégios e imunidades.
A questão relacionada aos privilégios e às imunidades foi disciplinada por duas
convenções celebradas em Viena (Áustria) na década de 60. A Convenção de Viena sobre Relações
Diplomáticas foi celebrada em 1961 e promulgada no Brasil em 1965 (Decreto n o 56.435, de 08 de
junho de 1965); a Convenção de Viena sobre Relações Consulares foi celebrada em 1963 e
promulgada no Brasil em 1967 (Decreto no 61.078, de 26 de julho de 1967).
Deve-se observar, ainda, que os serviços diplomáticos e os serviços consulares
possuem natureza distinta, embora alguns países tenham unificado as duas carreiras, tal como
ocorre no Brasil.
1.10. Privilégios e imunidades diplomáticas.
Na esfera da missão diplomática, os membros do quadro diplomático propriamente
dito (ex.: embaixadores) e os membros do quadro administrativo e técnico (ex.: tradutores e
contadores) possuem ampla imunidade penal, civil e tributária. Além disso, tais indivíduos são
fisicamente invioláveis e em hipótese alguma serão obrigados a depor como testemunhas. A
referida imunidade estende-se aos respectivos familiares, desde que estes sejam dependentes. Já os
29
30
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 170.
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 170.
24
locais da missão diplomática são igualmente invioláveis, bem como as residências dos membros do
quadro diplomático e dos membros do quadro administrativo e técnico. A regra é a mesma para os
respectivos arquivos e documentos.
1.11. Privilégios e imunidades consulares.
Os privilégios e imunidades consulares são muito semelhantes àqueles inerentes à
missão diplomática. Entretanto, tais privilégios e imunidades limitam-se aos atos de ofício
praticados pelos cônsules e pelos funcionários consulares, razão pela qual os respectivos familiares
não haverão de possuir quaisquer prerrogativas, inclusive no que se refere à inviolabilidade das
residências. Por outro lado, os locais destinados ao serviço consular são invioláveis, mas na exata
medida da utilização funcional desses espaços (ex.: escritórios de trabalho). Os arquivos e
documentos são do mesmo modo invioláveis.
2. NACIONALIDADE: ARTIGO 12 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
Nota explicativa: o conceito de nacionalidade possui grande relevância para o
Direito Internacional Público, principalmente no contexto da imensa circulação de
indivíduos entre países, um dos fenômenos evidentes do processo de globalização. No
Brasil, a nacionalidade é matéria constitucional, ao passo que o chamado “regime jurídico
do estrangeiro” foi disciplinado pela “Lei dos Estrangeiros” (Lei no 6.815, de 19 de agosto
de 1980).
2.1. Nacionalidade.
 Conceito: o elo de ligação entre determinado indivíduo e determinado Estado,
normalmente definido em função do país de nascimento.
 Conceito de Santiago BENADAVA: “vínculo jurídico e político que liga uma pessoa a
determinado Estado em virtude do qual a pessoa assume perante o Estado obrigações de lealdade e
fidelidade, comprometendo-se o Estado a protegê-la.”31
2.2. Estrangeiros.
 Conceito: aqueles indivíduos que não são nacionais de determinado Estado.
 Conceito do Dicionário Aurélio: “Indivíduo que não é natural do país onde mora ou se
encontra.”32
2.3. Condição jurídica do estrangeiro.
Os critérios que determinam a entrada, a permanência e a saída de estrangeiros do
território do Estado dependem rigorosamente do poder discricionário de cada Estado soberano.
Desde os tempos das mais antigas civilizações, a circulação de estrangeiros entre os países sempre
marcou a história dos povos.
31
BENADAVA, Santiago. Derecho internacional público. Santiago de Chile: Lexis Nexis, 2004, p. 183.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI. Versão 3.0. Lexikon
Informática Ltda., 1999.
32
25
No Brasil, o assunto é disciplinado pela Lei dos Estrangeiros (Lei no 6.815, de 19 de
agosto de 1980). Dispõe o art. 1o do mencionado diploma legal: “Art. 1o Em tempo de paz,
qualquer estrangeiro poderá, satisfeitas as condições desta Lei, entrar e permanecer no Brasil e dele
sair, resguardados os interesses nacionais.”
2.4. Deportação, expulsão e extradição.
A deportação, a expulsão e a extradição são as três espécies do gênero exclusão do
estrangeiro do território nacional. As três hipóteses estão disciplinadas no texto da Lei no
6.815/80.
2.5. Conceitos.
(1) Deportação33: “A deportação é a forma de exclusão motivada pela entrada irregular ou
pela permanência também irregular de estrangeiro em território nacional.”
Exemplo1: chinês que entra clandestinamente no Brasil com a finalidade
de procurar emprego.
Exemplo2: chinês que entra no Brasil com visto de turista e, tempos
depois, é flagrado trabalhando como vendedor ambulante.
(2) Expulsão34: “A expulsão é a forma de exclusão motivada, via de regra, pela prática de
crime doloso em território nacional, cujo autor é estrangeiro.”
Exemplo: nigeriano condenado pela prática do crime de tráfico de
drogas.
(c) Extradição35: “Extradição é a entrega, por um Estado a outro, e a pedido deste, de
indivíduo que em seu território deva responder a processo penal ou cumprir pena.”36
Exemplo: mediante pedido formal do governo da Bélgica, cidadão belga
que figura como réu em processo penal perante algum tribunal de
Bruxelas é extraditado do Brasil para aquele país.
2.6. Asilo político (“direito de asilo”).
 Conceito de asilo político: o amparo estatal a estrangeiro perseguido, via de regra, em
seu país de origem.
A “concessão de asilo político” constitui um dos princípios pelos quais o Brasil reger-se-á
nas suas relações internacionais (CF: artigo 4o, inciso X). O crime político, a convicção religiosa e o
33
34
35
36
A deportação ocorre por iniciativa das autoridades locais.
A expulsão ocorre por iniciativa das autoridades locais.
A extradição não ocorre por iniciativa das autoridades locais.
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 200.
26
racismo, notadamente o primeiro, são exemplos de causas motivadoras da concessão de asilo
político. A “concessão de asilo político”, entretanto, exclui aqueles fatos ilícitos (crimes) previstos
na legislação penal comum.
2.7. Artigo 14 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
“Artigo 14.
1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de
beneficiar de asilo em outros países.
2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo
realmente existente por crime de direito comum ou por atividades
contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.”37
2.8. Convenções Interamericanas de 1954.
O artigo I da CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE ASILO TERRITORIAL
(1954) estabelece que “todo Estado tem direito, no exercício de sua soberania, de admitir dentro de
seu território as pessoas que julgar conveniente, sem que, pelo exercício desse direito, nenhum
outro Estado possa fazer qualquer reclamação.”38
Em sentido análogo, o artigo II da CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE ASILO
DIPLOMÁTICO (1954) afirma que “todo Estado tem o direito de conceder asilo, mas não se acha
obrigado a concedê-lo, nem a declarar por que o nega.”39 As citadas convenções foram celebradas
no âmbito da Organização dos Estados Americanos – OEA. São duas as espécies, portanto, de asilo
político:
(1) asilo territorial: “concede-o o Estado àquele estrangeiro que,
havendo cruzado a fronteira, colocou-se no âmbito espacial de sua
soberania, e aí requereu o benefício.”40
(2) asilo diplomático: “essa modalidade significa apenas um estágio
provisório, uma ponte para o asilo territorial, a consumar-se no solo
daquele mesmo país cuja embaixada acolheu o fugitivo, ou
eventualmente no solo de um terceiro país que o aceite.”41
2.9. Pressupostos para a concessão do asilo político.
(1) criminalidade política (os crimes imputados ao estrangeiro fugitivo
devem possuir natureza política);
(2) estado de urgência (a perseguição política ao estrangeiro fugitivo
deve ser atual); e
37
Fonte: < http://www.unhchr.ch/udhr/lang/por.htm >.
Fonte: < http://www.oas.org/juridico/portuguese/treaties/A-47.htm >.
39
Fonte: < http://www.oas.org/juridico/portuguese/treaties/A-46.htm >.
40
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 218.
41
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 219.
38
27
(3) missão diplomática como local de destino da fuga (excluídos,
portanto, os consulados).
QUARTA PARTE
RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL E CONFLITOS INTERNACIONAIS
MEIOS PACÍFICOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS INTERNACIONAIS
DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
________________________________________________________________________________
1. RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL E CONFLITOS INTERNACIONAIS.
Nota explicativa: os Estados e as organizações internacionais são sujeitos de Direito
Internacional Público, razão pela qual são possuidores de personalidade jurídica
internacional. Eventualmente, atentarão contra a ordem jurídica internacional. A prática de
atos ilícitos no ambiente internacional é fenômeno antigo e representa tema fundamental do
Direito Internacional Público. Importante ressaltar, entretanto, que a idéia de “ato ilícito”
tem sentido amplo, abrangendo toda e qualquer ramificação do Direito Internacional
Público.
Assim, quando um Estado (ou até mesmo uma organização internacional) pratica um
ato ilícito, tal ato deve ser entendido como uma violação da ordem jurídica internacional,
integrada fundamentalmente por normas jurídicas escritas (tratados) e consuetudinárias
(costumes internacionais). Nesse sentido, podemos afirmar que os atos ilícitos internacionais
possuem imenso potencial para produzir os chamados “conflitos internacionais”, embates
travados entre os sujeitos de Direito Internacional Público.
1.1. Responsabilidade internacional.
 Conceito: “O Estado responsável pela prática de um ato ilícito segundo o direito
internacional deve ao Estado a que tal ato tenha causado dano uma reparação adequada.”42
1.2. Elementos essenciais da responsabilidade internacional.
(1o) o ato ilícito: conduta contrária às normas de Direito Internacional
Público;
(2o) a imputabilidade: a responsabilidade pelo ato ilícito só poderá ser
atribuída aos sujeitos de Direito Internacional Público; e
(3o) o dano: prejuízo material (econômico) ou imaterial (moral)
decorrente da prática de ato ilícito.
1.3. Conflitos internacionais (litígios internacionais).
 Conceito: “Uma disputa é um desacordo sobre uma questão de direito ou de fato, um
conflito de pontos de vista legais ou de interesses entre dois sujeitos.”43
42
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 261.
28
De acordo com Fernando Gamboa SERAZZI, é possível extrair do conceito supracitado
duas espécies44 de conflitos internacionais:
▪ conflitos de ordem jurídica: conflitos apoiados num desacordo sobre
uma questão de direito (aplicação ou interpretação);
▪ conflitos de ordem política: conflitos fundamentados na modificação
do direito existente (a pretensão das partes, conseqüentemente, não se
encontra amparada em argumentos legais).
1.4. Meios pacíficos de solução dos conflitos internacionais.
► PRIMEIRA HIPÓTESE. Meios diplomáticos:
▪ entendimento direto: negociação direta entre os litigantes, sem
qualquer tipo de intervenção de terceiros;
▪ bons ofícios: negociação direta entre as partes em conflito facilitada
pela ação amistosa de um terceiro (sujeito de Direito Internacional
Público), o qual limita-se a aproximar os litigantes, oferecendo aos
mesmos um campo neutro de negociação;
▪ sistema de consultas: entendimento direto entre as partes previamente
programado, sem qualquer tipo de intervenção de terceiros (trata-se de
previsão, via de regra prevista nos tratados, de encontros periódicos entre
os sujeitos de Direito Internacional Público);
▪ mediação: ação de um terceiro no processo de negociação entre as
partes em conflito (ao contrário do que ocorre nos bons ofícios, aqui o
terceiro propõe uma solução para o conflito);
▪ conciliação: espécie de mediação caracterizada pela pluralidade de
conciliadores (comissão de conciliação), os quais apresentam aos
litigantes uma solução para o conflito;
► SEGUNDA HIPÓTESE. Meios políticos:
▪ A solução dos litígios internacionais, por meios políticos, ocorre na
esfera das organizações internacionais, tais como a Organização das
Nações Unidas (ONU), a Organização dos Estados Americanos (OEA) e
a Liga dos Estados Árabes. A via política para a solução dos conflitos
43
Corte Permanente de Justiça Internacional, Caso Mavrommatis (The Mavrommatis Palestine Concessions), 1924,
Série A, no 2, p. 11.
44
SERAZZI, Fernando Gamboa. Tratado de derecho internacional público. Santiago de Chile: Lexis Nexis, 2003, p.
575.
29
internacionais ocorre na hipótese de conflitos mais graves, normalmente
associados a questões compreendendo ameaça à paz.
► TERCEIRA HIPÓTESE. Meios jurisdicionais:
▪ arbitragem (jurisdição provisória): via jurisdicional de solução
pacífica de conflitos internacionais, cabendo às partes a escolha do
árbitro, a descrição da matéria conflituosa e a delimitação do direito
aplicável. Os litigantes que optarem pela arbitragem deverão,
preliminarmente, celebrar um compromisso arbitral, tratado no qual as
partes comprometem-se a cumprir fielmente a sentença arbitral, sendo
esta obrigatória e irrecorrível;
▪ solução judiciária (jurisdição permanente): via jurisdicional de
solução pacífica de conflitos internacionais, cabendo às partes a decisão
de submeterem-se à autoridade dos tribunais internacionais. Os acórdãos
(decisões) das cortes internacionais, tais como a Corte Internacional de
Justiça e a Corte de Justiça das Comunidades Européias, são igualmente
obrigatórios e irrecorríveis.
2. DIRETO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO – DIH.
Nota explicativa: o Direito Internacional Humanitário (DIH) compreende o
“conjunto de normas internacionais que tem por objetivo proteger as pessoas que não
participam ou deixaram de participar das hostilidades e restringir os meios e métodos de
guerra.”45 As normas de DIH encontram-se fixadas em diversos tratados. Mediante o
processo de adesão, os Estados se comprometem a respeitar e fazer cumprir tais normas.
Ademais, o DIH tem origem também no costume internacional, fenômeno resultante da
repetição de certas condutas, as quais devem ser respeitadas em razão da convicção, por
parte dos Estados, de que representam comportamentos e procedimentos justos e necessários
à manutenção da juridicidade que deve nortear as relações inerentes ao funcionamento
equilibrado da comunidade internacional.
2.1. Direito Internacional Humanitário – DIH.
 Conceito: o conjunto de normas jurídicas internacionais
consuetudinárias) destinadas a disciplinar os conflitos armados.
(convencionais
e
2.2 Normas essenciais do DIH.
“(1) Distinguir entre os objetivos militares e os civis. Somente podem ser atacados os objetivos
militares;
(2) Recolher e dar assistência aos feridos aos doentes e aos náufragos, sem discriminação alguma;
(3) Tratar com humanidade os adversários que se rendem ou são capturados, assim como os
prisioneiros e os detidos, os quais não devem ser atacados ou maltratados;
45
Fonte: www.icrc.org.
30
(4) Respeitar os civis e seus bens;
(5) Não causar sofrimentos ou danos excessivos;
(6) Não atacar o pessoal médico ou sanitário nem suas instalações e permitir que eles façam seu
trabalho;
(7) Não colocar obstáculos ao pessoal da Cruz Vermelha no desempenho de suas funções.”46
2.3. Origem e evolução do DIH.
O DIH é um ramo especifico do Direito Internacional Público. A evolução das normas de
DIH tem relação direta com a progressiva complexidade das formas de combate, especialmente no
que diz respeito aos efeitos danosos impostos às populações civis. Até 1864, ano de celebração do
primeiro tratado sobre conflitos armados internacionais (Convenção de Genebra para aliviar a
sorte dos militares feridos dos exércitos em campanha), os Estados envolvidos em um determinado
conflito limitavam-se a estabelecer acordos destinados a proteger as vítimas de guerra no contexto
específico dos conflitos em curso. Nesse sentido, os acordos pactuados possuíam alcance limitado e,
por isso mesmo, não ostentavam o traço de universalidade que atualmente caracterizar o DIH.
2.4. Convenções de Genebra.
2.4.1. Convenção de Genebra de 1864 (marco inicial do direito humanitário).
▪ proteção aos médicos e às pessoas envolvidas nos trabalhos de socorro;
tratamento, pelos beligerantes, dos feridos e enfermos; imunidade dos
hospitais e dos veículos utilizados no transporte hospitalar contra
quaisquer ataques.
2.4.2. Convenções de Genebra de 1949 (quatro convenções sobre o conflito armado
internacional):
▪ I Convenção de Genebra (proteção aos feridos e doentes das Forças
Armadas em campanha);
▪ II Convenção de Genebra (proteção aos feridos, doentes e náufragos das
Forças Armadas no mar);
▪ III Convenção de Genebra (proteção aos prisioneiros de guerra);
▪ IV Convenção de Genebra (proteção à população civil).
2.4.3. Protocolos adicionais às Convenções de Genebra de 1977:
(a) Protocolo I (reforço à proteção das vítimas de conflitos armados
internacionais e ampliação da definição dos mesmos às guerras de
libertação nacional);
46
Fonte: www.icrc.org.
31
(b) Protocolo II (reforço à proteção das pessoas afetadas por conflitos
armados internos: complemento ao art. 3o comum às quatro Convenções
de Genebra).
2.5. Artigo 3o (comum às quatro Convenções de Genebra).
“Artigo 3o.
Em caso de conflito armado de caráter não-internacional que ocorra em
territórios de uma das Altas Partes Contratantes, cada uma das Partes em
conflito deverá aplicar, pelo menos, as seguintes disposições:
1. As pessoas que não tomarem parte diretamente nas hostilidades,
incluindo os membros das forças armadas que tiverem deposto as armas e
as pessoas que ficarem fora de combate por enfermidade, ferimento,
detenção ou qualquer outra razão, devem em todas circunstâncias ser
tratadas com humanidade, sem qualquer discriminação desfavorável
baseada em raça, cor, religião ou crença, sexo, nascimento ou fortuna, ou
qualquer outro critério análogo. Para esse efeito, são e continuam a ser
proibidos, sempre e em toda parte, com relação às pessoas acima
mencionadas:
a. atentados à vida e a integridade física, particularmente homicídio sob
todas as formas, mutilações , tratamentos cruéis, torturas e suplícios;
b. tomadas de reféns;
c. ofensas à dignidade das pessoas, especialmente os tratamentos
humilhantes e degradantes;
d. condenações proferidas e execuções efetuadas sem julgamento prévio
realizado por um tribunal regularmente constituído, que ofereça todas as
garantias judiciais reconhecidas como indispensáveis pelos povos
civilizados.
2. Os feridos e enfermos serão recolhidos e tratados.
Um organismo humanitário imparcial, tal como o Comitê Internacional
da Cruz Vermelha, poderá oferecer seus serviços às Partes em conflito.
As Partes em conflito deverão empenhar-se, por outro lado, em colocar
em vigor por meio de acordos especiais todas ou parte das demais
disposições da presente Convenção. A aplicação das disposições
anteriores não afeta o estatuto jurídico das Partes em conflito.”47
2.6. Universalidade do DIH.
A validade do DIH é reconhecida por virtualmente todos os membros da comunidade
internacional. Atualmente, 189 Estados figuram como partes signatárias das Convenções de
Genebra. Há, nesse sentido, a marca da universalidade como traço essencial do DIH
47
Fonte: www.icrc.org.
32
contemporâneo, fenômeno que certamente contribui para a própria legitimação do DIH como
elemento fundamental para a consolidação do DIH no universo normativo construído pelo Direito
Internacional Público ao longo da história.
3. DIRETOS HUMANOS.
Até a fundação da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945, não havia, na esfera do
Direito Internacional Público, “preocupação consciente e organizada sobre o tema dos direitos
humanos.”48 O tema recebeu tratamento especial em 1948, com a aprovação da Declaração
Universal dos Direitos do Homem no âmbito da Assembléia Geral da ONU. Deve-se observar,
entretanto, que a referida Declaração não é um tratado: trata-se de uma Resolução da mencionada
Assembléia Geral.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
Preâmbulo
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana
e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos do homem resultaram em atos bárbaros
que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens
gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da
necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum,
Considerando ser essencial que os direitos do homem sejam protegidos pelo império da lei, para
que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,
Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos
fundamentais do homem, na dignidade e no valor de pessoa humana e na igualdade de direitos do
homem e da mulher, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em
uma liberdade mais ampla,
Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com as
Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do homem e a
observância desses direitos e liberdades,
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta
importância para o pleno cumprimento desse compromisso, agora portanto
A ASSEMBLÉIA GERAL proclama
A PRESENTE DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM como o ideal
comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e
cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da
educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas
48
REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 210.
33
progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua
observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados Membros, quanto entre
os povos dos territórios sob sua jurisdição.
Artigo I. Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Artigo II.
1 - Todo homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra
condição.
2 - Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou
internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território
independente, sob tutela, sem Governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de
soberania.
Artigo III. Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo IV. Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos
serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo V. Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante.
Artigo VI. Todo homem tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa
perante a lei.
Artigo VII. Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da
lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente
Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo VIII. Todo homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio
efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela
constituição ou pela lei.
Artigo IX. Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo X. Todo homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte
de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento
de qualquer acusação criminal contra ele.
Artigo XI.
1. Todo homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua
culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham
sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
34
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam
delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que
aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Artigo XII. Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou
na sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo homem tem direito à proteção
da lei contra tais interferências ou ataques.
Artigo XIII.
1. Todo homem tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada
Estado.
2. Todo homem tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.
Artigo XIV.
1. Todo homem, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de
direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Artigo XV.
1. Todo homem tem direito a uma nacionalidade.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de
nacionalidade.
Artigo XVI.
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião,
têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao
casamento, sua duração e sua dissolução.
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e
do Estado.
Artigo XVII.
1. Todo homem tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
Artigo XVIII. Todo homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este
direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou
crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em particular.
35
Artigo XIX. Todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a
liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias
por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
Artigo XX.
1. Todo homem tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo XXI.
1. Todo homem tem o direito de tomar parte no Governo de seu país diretamente ou por intermédio
de representantes livremente escolhidos.
2. Todo homem tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
3. A vontade do povo será a base da autoridade do Governo; esta vontade será expressa em eleições
periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que
assegure a liberdade de voto.
Artigo XXII. Todo homem, como membro da sociedade, tem direito à segurança social, à
realização pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e
recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade
e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
Artigo XXIII.
1.Todo homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis
de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Todo homem, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
3. Todo homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure,
assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se
acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus
interesses.
Artigo XXIV. Todo homem tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas
de trabalho e a férias remuneradas periódicas.
Artigo XXV.
1. Todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e
bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
36
indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou
outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças,
nascidas dentro ou fora do matrimônio gozarão da mesma proteção social.
Artigo XXVI.
1. Todo homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares
e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será
acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do
fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais. A instrução
promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou
religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus
filhos.
Artigo XXVII.
1. Todo homem tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as
artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios.
2. Todo homem tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer
produção científica literária ou artística da qual seja autor.
Artigo XXVIII. Todo homem tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e
liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.
Artigo XXIX.
1. Todo homem tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de
sua personalidade é possível.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo homem estará sujeito apenas às limitações
determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito
dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e
do bem-estar de uma sociedade democrática.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos
objetivos e princípios das Nações Unidas.
Artigo XXX. Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o
reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou
praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui
estabelecidos.
37
QUINTA PARTE
DIREITO INTERNACIONAL DA ECONOMIA
SISTEMA MULTILATERAL DE COMÉRCIO
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO
DIREITO DE INTEGRAÇÃO
DIREITO DO MERCOSUL
________________________________________________________________________________
1. DIREITO INTERNACIONAL DA ECONOMIA.
Nota explicativa: o “Direito Internacional da Economia” (ou “Direito Econômico
Internacional”) é o ramo do Direito Internacional Público que disciplina “as atividades de
produção e de troca de bens e serviços, abrangendo simultaneamente bens e de serviços
intelectuais.”49 O Direito Econômico Internacional é um fenômeno antigo, mas passou a
encontrar maior rigor acadêmico depois da Segunda Guerra Mundial. Superado o conflito
armado, vencedores e vencidos se depararam com três grandes problemas: (1) os
desequilíbrios impostos pela interrupção dos pagamentos das dívidas externas; (2) a
devastação econômica das nações destruídas pela guerra; e (3) a racionalização das relações
comerciais mediante a celebração de tratados multilaterais.
Nesse contexto, surge em 1947 o GATT (General Agreement on Tariffs and Trade:
“Acordo Geral de Tarifas e Comércio”), tratado multilateral que deu início ao processo de
liberalização do comércio entre países. O GATT foi o embrião da Organização Mundial de
Comércio – OMC (fundada em 01.01.95), organização internacional sediada em Genebra e
atualmente integrada por 153 países.50 Os acordos (tratados) celebrados no âmbito da OMC
englobam bens, serviços e propriedade intelectual, estabelecendo os princípios da
liberalização do comércio, bem como as exceções permitidas.
Estes acordos materializam os compromissos assumidos pelos membros da
organização, notadamente no que diz respeito à redução de tarifas e outros obstáculos ao
comércio e, ainda, à abertura dos mercados de serviços.
1.1. Funções da OMC.
1. administrar os acordos comerciais;
2. promover negociações comerciais;
3. resolver disputas comerciais;
4. supervisionar as políticas comerciais nacionais;
49
DAILLIER, Patrick (Nguyen Quoc Dinh e Alain Pellet). Direito Internacional Público. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2003, p. 1058.
50
Informação atualizada em 31.10.2008.
38
5. fornecer assistência técnica em matéria de comércio e cursos de
formação para os países em desenvolvimento;
6. estabelecer relações formais de cooperação com outras organizações
internacionais.
1.2 Sistema multilateral de comércio: princípios.
1. Comércio sem discriminações: (a) cláusula da nação mais
favorecida: em virtude dos acordos da OMC, os países não podem
estabelecer discriminações na esfera do sistema multilateral de comércio.
Nesse sentido, se um país concede a outro país uma vantagem especial
(por exemplo, a redução de uma tarifa aplicável a um determinado
produto), este mesmo país deverá garantir tal vantagem para todos os
demais membros da OMC. Este princípio é conhecido como o “trato da
nação mais favorecida”; (b) trato nacional: tratamento igual para
mercadorias nacionais e estrangeiras. As mercadorias importadas e as
mercadorias produzidas no mercado interno (mercadorias nacionais)
devem receber o mesmo tratamento. O mesmo vale para os serviços
estrangeiros e os serviços nacionais, para os direitos autorais e para as
patentes, e para as marcas de fábrica e de comércio. O princípio do “trato
nacional”, em síntese, significa que um país deve dar às mercadorias
estrangeiras o mesmo tratamento dado às mercadorias nacionais.
2. Liberalização do comércio: a redução de obstáculos ao comércio é
um dos meios mais evidentes para promover a atividade comercial. A
liberalização do comércio é um processo que deve ocorrer de maneira
gradual e por intermédio de negociações. São exemplos de obstáculos as
tarifas alfandegárias: as proibições de importações (por tipos de produtos
e por quantidades de produtos); a burocracia administrativa; as políticas
cambiais.
3. Previsibilidade comercial: muitas vezes, a promessa de não aumentar
um obstáculo ao comércio pode ser tão ou mais importante que a
eliminação de um obstáculo preexistente, já que a promessa permite às
empresas uma visão mais clara de suas oportunidades futuras. Por meio
da previsibilidade, da estabilidade e da transparência, os investimentos
são estimulados, postos de trabalho são criados e os consumidores se
beneficiam da competição entre as empresas.
4. Estímulo à competição leal: a OMC é descrita algumas vezes como
uma instituição de “livre comércio”, expressão inadequada para explicar
a real dinâmica da organização, tendo em vista a possibilidade de
aplicação eventual de determinadas restrições e proteções no âmbito do
sistema multilateral de comércio da OMC, mas tão-somente em situações
específicas (por exemplo, proteção ao meio ambiente). O sistema da
OMC, na verdade, pode ser caracterizado como um modelo que fomenta
uma competição livre, leal e sem distorções, um padrão facilitador de
condições eqüitativas de comércio.
39
5. Promoção do desenvolvimento e da reforma econômica: o sistema
da OMC tem por meta contribuir para o desenvolvimento econômico de
seus membros. Todavia, para os países em desenvolvimento, exatamente
por motivos de ordem econômica, faz-se imperativa uma flexibilidade
quanto ao tempo necessário para que estes possam efetivamente cumprir
os acordos (tratados) do sistema.
2. DIREITO DE INTEGRAÇÃO.
Nota explicativa: o chamado “Direito de Integração” é o ramo do Direito
Internacional Público que disciplina o processo de integração, o qual deve ser compreendido
na perspectiva da noção de integração regional. Nesse sentido, pode-se definir o processo de
integração como aquele movimento promovido pelos Estados soberanos, mediante a
celebração de tratados, destinado a extinguir os obstáculos impeditivos da livre circulação de
bens, pessoas, mercadorias e capitais.
2.1. Características do processo de integração.
(1) integração motivada primariamente por razões econômicas;
(2) pluralidade de Estados soberanos e ampliação como meta;
(3) tratados como base jurídica;
(4) livre circulação de bens, pessoas, mercadorias e capitais (“quatro
liberdades”);
(5) diminuição do grau de soberania dos Estados soberanos (“soberania
compartilhada”);
(6) progressividade do processo (construção gradual de etapas).
2.2. Etapas da integração econômica.
(1a) zona de preferências tarifárias: trata-se de um acordo entre
Estados, mediante o qual estes se comprometem a conferir vantagens
tarifárias mútuas (tratamento preferencial em comparação ao tratamento
dado a terceiros países) por meio da concessão de descontos tarifários no
âmbito do comércio recíproco. A zona preferências tarifárias representa
um grau ainda superficial de integração, um “primeiro passo” da
integração, razão pela qual alguns autores não a consideram uma etapa
propriamente dita;
(2a) zona de livre comércio: os Estados integrantes do bloco concordam
em suprimir as tarifas alfandegárias e outras barreiras ou restrições
quantitativas ao comércio recíproco de bens e mercadorias, preservando,
porém, a autonomia e a independência no que diz respeito ao comércio
com terceiros. Para se chegar à etapa da zona de livre comércio, os países
fixam prazos, condições e mecanismos de desoneração tarifária. Ainda
durante esta etapa, os países devem criar meios (por exemplo,
40
“certificados de origem”) para evitar o ingresso de bens e mercadorias de
outras origens, evitando-se, assim, a triangulação comercial;
(3a) união aduaneira: processo pelo qual os Estados integrantes do
bloco, além da liberalização comercial por intermédio da desoneração
tarifária, decidem garantir a terceiros países uma “tarifa externa comum”
por meio de uma política tarifária homogênea (“política tarifária
comum”). Uma união aduaneira perfeita deve eliminar por completo as
tarifas alfandegárias entre os Estados-membros, estabelecer tarifas
uniformes sobre as importações oriundas do exterior do bloco e, ainda,
distribuir os ganhos decorrentes dos ingressos alfandegários de acordo
com fórmulas previamente acordadas;
(4a) mercado comum: nesta etapa, os membros que integram a já
formada união aduaneira podem decidir pela livre circulação de pessoas,
serviços e capitais sem discriminações ou restrições, estabelecendo-se,
por conseguinte, a livre circulação dos fatores produtivos. No mercado
comum, não há alfândegas internas e inexistem barreiras tarifarias entre
os Estados-membros. Os países do bloco instituem uma política
comercial comum, a qual exigirá a unificação e a harmonização das
legislações nacionais. As normas unificadas e harmonizadas deverão
garantir a supressão das barreiras que impedem o livre exercício das
“quatro liberdades”, bem como facilitar a coordenação das políticas
macroeconômicas e o estabelecimento de regras comuns aplicáveis aos
Estados-membros e às pessoas físicas e jurídicas instaladas nos territórios
dos países integrantes do bloco;
(5a) união econômica: a união econômica se materializa quando os
Estados que formaram um mercado comum decidem incorporar a
harmonização das políticas econômicas nacionais, dentre as quais as
políticas monetárias, financeiras, fiscais e industriais, com a finalidade de
eliminar as discriminações que possam resultar das disparidades entre as
políticas econômicas nacionais dos Estados integrantes do bloco. O
ajuste de uma política monetária comum, resultado da integração de
todas as atividades econômicas na esfera da união econômica, impõe a
criação de um banco central comum e, finalmente, a adoção de uma
moeda comum;
(6a) integração econômica completa: esta etapa representa o nível mais
elevado do processo de integração. A integração econômica completa se
consolida quando os países que formam o bloco estabelecem uma
autoridade supranacional cujas decisões vinculam todos os Estados
integrantes do bloco. Alguns autores afirmam que esta etapa supera a
própria noção de integração: surge, assim, uma verdadeira unificação de
Estados, fenômeno que sugere o desaparecimento das unidades
nacionais.
3. DIREITO DO MERCOSUL.
Nota explicativa: o Tratado de Assunção foi celebrado entre a República da
Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a República
41
Oriental do Uruguai em 26 de março de 1991, os quatro países que deram origem ao
MERCOSUL. O citado tratado multilateral foi promulgado no Brasil no mesmo ano
(Decreto no 350, de 21 de novembro de 1991). O chamado “Direito do MERCOSUL” é o
conjunto normativo (tratados e outras normas) que define a estrutura e que disciplina o
funcionamento do bloco latino-americano. Merecem destaque, além do próprio Tratado de
Assunção (1991), o Protocolo de Ouro Preto (1994), o Protocolo de Ushuaia (1998) e o Protocolo
de Olivos (2002).
3.1. Tratado de Assunção (1991).
TRATADO PARA A CONSTITUIÇÃO DE UM MERCADO COMUM ENTRE A REPÚBLICA
ARGENTINA, A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, A REPÚBLICA DO PARAGUAI E A
REPÚBLICA ORIENTAL DO URUGUAI
A República Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a República Oriental do
Uruguai, doravante denominados “Estados Partes”.
Considerando que a ampliação das atuais dimensões de seus mercados nacionais, através da integração
constitui condição fundamental para acelerar seus processos de desenvolvimento econômico com justiça
social;
Entendendo que esse objetivo deve ser alcançado mediante o aproveitamento mais eficaz dos recursos
disponíveis a preservação do meio ambiente, melhoramento das interconexões físicas a coordenação de
políticas macroeconômica da complementação dos diferentes setores da economia, com base nos princípios
de gradualidade, flexibilidade e equilíbrio.
Tendo em conta a evolução dos acontecimentos internacionais, em especial a consolidação de grandes
espaços econômicos e a importância de lograr uma adequada inserção internacional para seus países;
Expressando que este processo de integração constitui uma resposta adequada a tais acontecimentos;
Conscientes de que o presente Tratado deve ser considerado como um novo avanço no esforço tendente ao
desenvolvimento progressivo da integração da América Latina, conforme o objetivo do Tratado de
Montevidéu de 1980;
Convencidos da necessidade de promover o desenvolvimento científico e tecnológico dos Estados Partes e
de modernizar suas economias para ampliar a oferta e a qualidade dos bens de serviços disponíveis, a fim de
melhorar as condições de vida de seus habitantes;
Reafirmando sua vontade política de deixar estabelecidas as bases para uma união cada vez mais estreita
entre seus povos, com a finalidade de alcançar os objetivos supramencionados;
Acordam:
CAPÍTULO I
Propósito, Princípios e Instrumentos
ARTIGO 1
Os Estados Partes decidem constituir um Mercado Comum, que deverá estar estabelecido a 31 de dezembro
de 1994, e que se denominará Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). Este Mercado Comum implica:
42
A livre circulação de bens serviços e fatores produtivos entre os países, através, entre outros, da eliminação
dos direitos alfandegários e restrições não-tarifárias á circulação de mercadorias e de qualquer outra medida
de efeito equivalente;
O estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política comercial comum em relação a
terceiros Estados ou agrupamentos de Estados e a coordenação de posições em foros econômico-comerciais
regionais e internacionais;
A coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados Partes - de comércio exterior,
agrícola, industrial, fiscal, monetária, cambial e de capitais, de serviços, alfandegária, de transportes e
comunicações e outras que se acordem, a fim de assegurar condições adequadas de concorrência entre os
Estados Partes; e
O compromisso dos Estados Partes de harmonizar suas legislações, nas áreas pertinentes, para lograr o
fortalecimento do processo de integração.
ARTIGO 2
O Mercado Comum estará fundado na reciprocidade de direitos e obrigações entre os Estados Partes.
ARTIGO 3
Durante o período de transição, que se estenderá desde a entrada em vigor do presente Tratado até 31 de
dezembro de 1994, e a fim de facilitar a constituição do Mercado Comum, os Estados Partes adotam um
Regime Geral de Origem, um Sistema de Solução de Controvérsias e Cláusulas de Salvaguarda, que constam
como Anexos II, III e IV ao presente Tratado.
ARTIGO 4
Nas relações com terceiros países, os Estados Partes assegurarão condições eqüitativas de comércio. Para tal
fim, aplicarão suas legislações nacionais, para inibir importações cujos preços estejam influenciados por
subsídios, dumping qualquer outra prática desleal. Paralelamente, os Estados Partes coordenarão suas
respectivas políticas nacionais com o objetivo de elaborar normas comuns sobre concorrência comercial.
ARTIGO 5
Durante o período de transição, os principais instrumentos para a constituição do Mercado Comum são:
a) Um Programa de Liberação Comercial, que consistirá em redução tarifárias progressivas, lineares e
automáticas, acompanhadas das eliminações de restrições não tarifárias ou medidas de efeito equivalente,
assim como de outras restrições ao comércio entre os Estados Partes, para chegar a 31 de dezembro de 1994
com tarifa zero, sem barreiras não tarifárias sobre a totalidade do universo tarifário (Anexo I);
b) A coordenação de políticas macroeconômicas que se realizará gradualmente e de forma convergente com
os programas de desgravação tarifária e eliminação de restrições não tarifárias, indicados na letra anterior;
c) Uma tarifa externa comum, que incentiva a competitividade externa dos Estados Partes;
d) A adoção de acordos setoriais, com o fim de otimizar a utilização e mobilidade dos fatores de produção e
alcançar escalas operativas eficientes.
ARTIGO 6
Os Estados Partes reconhecem diferenças pontuais de ritmo para a República do Paraguai e para a República
Oriental do Uruguai, que constam no Programa de Liberação Comercial (Anexo I).
ARTIGO 7
43
Em matéria de impostos, taxas e outros gravames internos, os produtos originários do território de um Estado
Parte gozarão, nos outros Estados Partes, do mesmo tratamento que se aplique ao produto nacional.
ARTIGO 8
Os Estados Partes se comprometem a preservar os compromissos assumidos até a data de celebração do
presente Tratado, inclusive os Acordos firmados no âmbito da Associação Latino-Americana de Integração,
e a coordenar suas posições nas negociações comerciais externas que empreendam durante o período de
transição. Para tanto:
a) Evitarão afetar os interesses dos Estados Partes nas negociações comerciais que realizem entre si até 31 de
dezembro de 1994;
b) Evitarão afetar os interesses dos demais Estados Partes ou os objetivos do Mercado Comum nos Acordos
que celebrarem com outros países membros da Associação Latino-Americana de Integração durante o
período de transição;
c) Realizarão consultas entre si sempre que negociem esquemas amplos de desgravação tarifárias, tendentes
á formação de zonas de livre comércio com os demais países membros da Associação Latino-Americana de
Integração;
d) Estenderão automaticamente aos demais Estados Partes qualquer vantagem, favor, franquia, imunidade ou
privilégio que concedam a um produto originário de ou destinado a terceiros países não membros da
Associação Latino-Americana de Integração.
CAPÍTULO II
Estrutura Orgânica
ARTIGO 9
A administração e execução do presente Tratado e dos Acordos específicos e decisões que se adotem no
quadro jurídico que o mesmo estabelece durante o período de transição estarão a cargo dos seguintes órgãos:
a) Conselho do Mercado Comum;
b) Grupo do Mercado Comum.
ARTIGO 10
O Conselho é o órgão superior do Mercado Comum, correspondendo-lhe a condução política do mesmo e a
tomada de decisões para assegurar o cumprimento dos objetivos e prazos estabelecidos para a constituição
definitiva do Mercado Comum.
ARTIGO 11
O Conselho estará integrado pelos Ministros de Relações Exteriores e os Ministros de Economia dos Estados
Partes.Reunir-se-á quantas vezes estime oportuno, e, pelo menos uma vez ao ano, o fará com a participação
dos Presidentes dos Estados Partes.
ARTIGO 12
A Presidência do Conselho se exercerá por rotação dos Estados Partes e em ordem alfabética, por períodos
de seis meses. As reuniões do Conselho serão coordenadas pelos Ministérios de Relações Exteriores e
poderão ser convidados a delas participar outros Ministros ou autoridades de nível Ministerial.
ARTIGO 13
44
O Grupo Mercado Comum é o órgão executivo do Mercado Comum e será coordenado pelos Ministérios das
Relações Exteriores. O Grupo Mercado Comum terá faculdade de iniciativa. Suas funções serão as seguintes:
- velar pelo cumprimento do Tratado;
- tomar as providências necessárias ao cumprimento das decisões adotadas pelo Conselho;
- propor medidas concretas tendentes á aplicação do Programa de Liberação Comercial, á coordenação de
política macroeconômica e á negociação de Acordos frente a terceiros;
- fixar programas de trabalho que assegurem avanços para o estabelecimento do Mercado Comum.
O Grupo Mercado Comum poderá constituir os Subgrupos de Trabalho que forem necessários para o
cumprimento de seus objetivos. Contará inicialmente com os Subgrupos mencionados no Anexo V. O Grupo
Mercado Comum estabelecerá; seu regime interno no prazo de 60 dias de sua instalação.
ARTIGO 14
O Grupo Mercado Comum estará integrado por quatro membros titulares e quatro membros alternos por
país, que representem os seguintes órgãos públicos:
- Ministério das Relações Exteriores;
- Ministério da Economia seus equivalentes (áreas de indústria, comércio exterior e ou coordenação
econômica);
- Banco Central.
Ao elaborar e propor medidas concretas no desenvolvimento de seus trabalhos, até 31 de dezembro de 1994,
o Grupo Mercado Comum poderá convocar, quando julgar conveniente, representantes de outros órgãos da
Administração Pública e do setor privado.
ARTIGO 15
O Grupo Mercado Comum contará com uma Secretaria Administrativa cujas principais funções consistirão
na guarda de documentos e comunicações de atividades do mesmo. Terá sua sede na cidade de Montevidéu.
ARTIGO 16
Durante o período de transição, as decisões do Conselho do Mercado Comum e do Grupo Mercado Comum
serão tomadas por consenso e com a presença de todos os Estados Partes.
ARTIGO 17
Os idiomas oficiais do Mercado Comum serão o português e o espanhol e a versão oficial dos documentos de
trabalho será a do idioma do país sede de cada reunião.
ARTIGO 18
Antes do estabelecimento do Mercado Comum, a 31 de dezembro de 1994, os Estados Partes convocarão
uma reunião extraordinária com o objetivo de determinar a estrutura institucional definitiva dos órgãos de
administração do Mercado Comum, assim como as atribuições específica de cada um deles e seu sistema de
tomada de decisões.
CAPÍTULO III
Vigência
45
ARTIGO 19
O presente Tratado terá duração indefinida e entrará em vigor 30 dias após a data do depósito do terceiro
instrumento de ratificação. Os instrumentos de ratificação serão depositados ante o Governo da República do
Paraguai, que comunicará a data do depósito aos Governos dos demais Estados Partes.
O Governo da República do Paraguai notificará; ao Governo de cada um dos demais Estados Partes a data de
entrada em vigor do presente Tratado.
CAPÍTULO IV
Adesão
ARTIGO 20
O presente Tratado estará aberto à adesão (PROCEDIMENTO DE ENTRADA AO MERCOSUL), mediante
negociação, dos demais países membros da Associação Latino-Americana de Integração, cujas solicitações
poderão ser examinadas pelos Estados Partes depois de cinco anos de vigência deste Tratado. Não obstante,
poderão ser consideradas antes do referido prazo as solicitações apresentadas por países membros da
Associação Latino-Americana de Integração que não façam parte de esquemas de integração subregional ou
de uma associação extra-regional. A aprovação das solicitações será objeto de decisão unânime dos Estados
Partes.
CAPÍTULO V
Denúncia
ARTIGO 21
O Estado Parte que desejar desvincular-se do presente Tratado deverá; comunicar essa intenção aos demais
Estados Partes de maneira expressa e formal, efetuando no prazo de sessenta (60) dias a entrega do
documento de denúncia ao Ministério das Relações Exteriores da República do Paraguai, que o distribuirá;
aos demais Estados Partes.
ARTIGO 22
Formalizada a denúncia (PROCEDIMENTO DE SAÍDA DA ORG DO MERCOSUL), cessarão para o
Estado denunciante os direitos e obrigações que correspondam a sua condição de Estado Parte, mantendo-se
os referentes ao programa de liberação do presente Tratado e outros aspectos que os Estados Partes, juntos
com o Estado denunciante, acordem no prazo de sessenta (60) dias após a formalização da denúncia. Esses
direitos e obrigações do Estado denunciante continuarão em vigor por um período de dois (2) anos a partir da
data da mencionada formalização.
CAPÍTULO VI
Disposições Gerais
ARTIGO 23
O presente Tratado se chamará “Tratado de Assunção”.
ARTIGO 24
Com o objetivo de facilitar a implementação do Mercado Comum, estabelecer-se-á Comissão Parlamentar
Conjunta do MERCOSUL. Os Poderes Executivos dos Estados Partes manterão seus respectivos Poderes
Legislativos informados sobre a evolução do Mercado Comum objeto do presente Tratado.
46
Feito na cidade de Assunção, aos 26 dias do mês março de mil novecentos e noventa e um, em um original,
nos idiomas português e espanhol, sendo ambos os textos igualmente autênticos. O Governo da República do
Paraguai será o depositário do presente Tratado e enviará cópia devidamente autenticada do mesmo aos
Governos dos demais Estados Partes signatários e aderentes.
**********************************
3.2. Protocolo de Ouro Preto (1994).
PROTOCOLO DE OURO PRETO
PROTOCOLO ADICIONAL AO TRATADO DE ASSUNÇÃO
SOBRE A ESTRUTURA INSTITUCIONAL DO MERCOSUL
A República Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a República Oriental do
Uruguai, doravante denominados "Estados Partes",
Em cumprimento ao disposto no artigo 18 do Tratado de Assunção, de 26 de março de 1991;
Conscientes da importância dos avanços alcançados e da implementação da união aduaneira como etapa para
a construção do mercado comum;
Reafirmando os princípios e objetivos do Tratado de Assunção e atentos para a necessidade de uma
consideração especial para países e regiões menos desenvolvidos do Mercosul;
Atentos para a dinâmica implícita em todo processo de integração e para a conseqüente necessidade de
adaptar a estrutura institucional do Mercosul às mudanças ocorridas;
Reconhecendo o destacado trabalho desenvolvido pelos órgãos existentes durante o período de transição,
Acordam:
Capítulo I
Estrutura do Mercosul
Artigo 1
A estrutura institucional do Mercosul contará com os seguintes órgãos:
I. O Conselho do Mercado Comum (CMC);
II. O Grupo Mercado Comum (GMC);
III. A Comissão de Comércio do Mercosul (CCM);
IV. A Comissão Parlamentar Conjunta (CPC);
V. O Foro Consultivo Econômico-Social (FCES);
VI. A Secretaria Administrativa do Mercosul (SAM).
Parágrafo único. Poderão ser criados, nos termos do presente Protocolo, os órgãos auxiliares que se fizerem
necessários à consecução dos objetivos do processo de integração.
Artigo 2
São órgãos com capacidade decisória, de natureza intergovernamental, o Conselho do Mercado Comum, o
Grupo Mercado Comum e a Comissão de Comércio do Mercosul.
Seção I
47
Do Conselho do Mercado Comum
Artigo 3
O Conselho do Mercado Comum é o órgão superior do Mercosul ao qual incumbe a condução política do
processo de integração e a tomada de decisões para assegurar o cumprimento dos objetivos estabelecidos
pelo Tratado de Assunção e para lograr a constituição final do mercado comum.
Artigo 4
O Conselho do Mercado Comum será integrado pelos Ministros das Relações Exteriores; e pelos Ministros
da Economia, ou seus equivalentes, dos Estados Partes.
Artigo 5
A Presidência do Conselho do Mercado Comum será exercida por rotação dos Estados Partes, em ordem
alfabética, pelo período de seis meses.
Artigo 6
O Conselho do Mercado Comum reunir-se-á quantas vezes estime oportuno, devendo fazê-lo pelo menos
uma vez por semestre com a participação dos Presidentes dos Estados Partes.
Artigo 7
As reuniões do Conselho do Mercado Comum serão coordenadas pelos Ministérios das Relações Exteriores
e poderão ser convidados a delas participar outros Ministros ou autoridades de nível ministerial.
Artigo 8
São funções e atribuições do Conselho do Mercado Comum:
I. Velar pelo cumprimento do Tratado de Assunção, de seus Protocolos e dos acordos firmados em seu
âmbito;
II. Formular políticas e promover as ações necessárias à conformação do mercado comum;
III. Exercer a titularidade da personalidade jurídica do Mercosul.
IV. Negociar e assinar acordos em nome do Mercosul com terceiros países, grupos de países e organizações
internacionais. Estas funções podem ser delegadas ao Grupo Mercado Comum por mandato expresso, nas
condições estipuladas no inciso VII do artigo 14;
V. Manifestar-se sobre as propostas que lhe sejam elevadas pelo Grupo Mercado Comum;
VI. Criar reuniões de ministros e pronunciar-se sobre os acordos que lhe sejam remetidos pelas mesmas;
VII. Criar os órgãos que estime pertinentes, assim como modificá-los ou extingui-los;
VIII. Esclarecer, quando estime necessário, o conteúdo e o alcance de suas Decisões;
IX. Designar o Diretor da Secretaria Administrativa do Mercosul.
X. Adotar Decisões em matéria financeira e orçamentária;
XI. Homologar o Regimento Interno do Grupo Mercado Comum.
Artigo 9
O Conselho do Mercado Comum manifestar-se-á mediante Decisões, as quais serão obrigatórias para os
Estados Partes.
Seção II
Do Grupo Mercado Comum
Artigo 10
48
O Grupo Mercado Comum é o órgão executivo do Mercosul.
Artigo 11
O Grupo Mercado Comum será integrado por quatro membros titulares e quatro membros alternos por país,
designados pelos respectivos Governos, dentre os quais devem constar necessariamente representantes dos
Ministérios das Relações Exteriores, dos Ministérios da Economia (ou equivalentes) e dos Bancos Centrais.
O Grupo Mercado Comum será coordenado pelos Ministérios das Relações Exteriores.
Artigo 12
Ao elaborar e propor medidas concretas no desenvolvimento de seus trabalhos, o Grupo Mercado Comum
poderá convocar, quando julgar conveniente, representantes de outros órgãos da Administração Pública ou
da estrutura institucional do Mercosul.
Artigo 13
O Grupo Mercado Comum reunir-se-á de forma ordinária ou extraordinária, quantas vezes se fizerem
necessárias, nas condições estipuladas por seu Regimento Interno.
Artigo 14
São funções e atribuições do Grupo Mercado Comum:
I. Velar, nos limites de suas competências, pelo cumprimento do Tratado de Assunção, de seus Protocolos e
dos acordos firmados em seu âmbito;
II. Propor projetos de Decisão ao Conselho do Mercado Comum;
III. Tomar as medidas necessárias ao cumprimento das Decisões adotadas pelo Conselho do Mercado
Comum;
IV. Fixar programas de trabalho que assegurem avanços para o estabelecimento do mercado comum;
V. Criar, modificar ou extinguir órgãos tais como subgrupos de trabalho e reuniões especializadas, para o
cumprimento de seus objetivos;
VI. Manifestar-se sobre as propostas ou recomendações que lhe forem submetidas pelos demais órgãos do
Mercosul no âmbito de suas competências;
VII. Negociar, com a participação de representantes de todos os Estados Partes, por delegação expressa do
Conselho do Mercado Comum e dentro dos limites estabelecidos em mandatos específicos concedidos para
esse fim, acordos em nome do Mercosul com terceiros países, grupos de países e organismos internacionais.
O Grupo Mercado Comum, quando dispuser de mandato para tal fim, procederá à assinatura dos
mencionados acordos. O Grupo Mercado Comum, quando autorizado pelo Conselho do Mercado Comum,
poderá delegar os referidos poderes à Comissão de Comércio do Mercosul;
VIII. Aprovar o orçamento e a prestação de contas anual apresentada pela Secretaria Administrativa do
Mercosul;
IX. Adotar Resoluções em matéria financeira e orçamentária, com base nas orientações emanadas do
Conselho do Mercado Comum;
X. Submeter ao Conselho do Mercado Comum seu Regimento Interno;
XI. Organizar as reuniões do Conselho do Mercado Comum e preparar os relatórios e estudos que este lhe
solicitar;
XII. Eleger o Diretor da Secretaria Administrativa do Mercosul;
XIII. Supervisionar as atividades da Secretaria Administrativa do Mercosul;
XIV. Homologar os Regimentos Internos da Comissão de Comércio e do Foro Consultivo EconômicoSocial.
Artigo 15
O Grupo Mercado Comum manifestar-se-á mediante Resoluções, as quais serão obrigatórias para os Estados
Partes.
49
Seção III
Da Comissão de Comércio do Mercosul
Artigo 16
À Comissão de Comércio do Mercosul, órgão encarregado de assistir o Grupo Mercado Comum, compete
velar pela aplicação dos instrumentos de política comercial comum acordados pelos Estados Partes para o
funcionamento da união aduaneira, bem como acompanhar e revisar os temas e matérias relacionados com as
políticas comerciais comuns, com o comércio intra-Mercosul e com terceiros países.
Artigo 17
A Comissão de Comércio do Mercosul será integrada por quatro membros titulares e quatro membros
alternos por Estado Parte e será coordenada pelos Ministérios das Relações Exteriores.
Artigo 18
A Comissão de Comércio do Mercosul reunir-se-á pelo menos uma vez por mês ou sempre que solicitado
pelo Grupo Mercado Comum ou por qualquer dos Estados Partes.
Artigo 19
São funções e atribuições da Comissão de Comércio do Mercosul:
I. Velar pela aplicação dos instrumentos comuns de política comercial intra-Mercosul e com terceiros países,
organismos internacionais e acordos de comércio;
II. Considerar e pronunciar-se sobre as solicitações apresentadas pelos Estados Partes com respeito à
aplicação e ao cumprimento da tarifa externa comum e dos demais instrumentos de política comercial
comum;
III. Acompanhar a aplicação dos instrumentos de política comercial comum nos Estados Partes;
IV. Analisar a evolução dos instrumentos de política comercial comum para o funcionamento da união
aduaneira e formular Propostas a respeito ao Grupo Mercado Comum;
V. Tomar as decisões vinculadas à administração e à aplicação da tarifa externa comum e dos instrumentos
de política comercial comum acordados pelos Estados Partes;
VI. Informar ao Grupo Mercado Comum sobre a evolução e a aplicação dos instrumentos de política
comercial comum, sobre o trâmite das solicitações recebidas e sobre as decisões adotadas a respeito delas;
VII. Propor ao Grupo Mercado Comum novas normas ou modificações às normas existentes referentes à
matéria comercial e aduaneira do Mercosul;
VIII. Propor a revisão das alíquotas tarifárias de itens específicos da tarifa externa comum, inclusive para
contemplar casos referentes a novas atividades produtivas no âmbito do Mercosul;
IX. Estabelecer os comitês técnicos necessários ao adequado cumprimento de suas funções, bem como
dirigir e supervisionar as atividades dos mesmos;
X. Desempenhar as tarefas vinculadas à política comercial comum que lhe solicite o Grupo Mercado
Comum;
XI. Adotar o Regimento Interno, que submeterá ao Grupo Mercado Comum para sua homologação.
Artigo 20
A Comissão de Comércio do Mercosul manifestar-se-á mediante Diretrizes ou Propostas. As Diretrizes serão
obrigatórias para os Estados Partes.
Artigo 21
Além das funções e atribuições estabelecidas nos artigos 16 e 19 do presente Protocolo, caberá à Comissão
de Comércio do Mercosul considerar reclamações apresentadas pelas Seções Nacionais da Comissão de
Comércio do Mercosul, originadas pelos Estados Partes ou em demandas de particulares - pessoas físicas ou
50
jurídicas -, relacionadas com as situações previstas nos artigos 1 ou 25 do Protocolo de Brasília, quando
estiverem em sua área de competência.
Parágrafo primeiro. O exame das referidas reclamações no âmbito da Comissão de Comércio do Mercosul
não obstará a ação do Estado Parte que efetuou a reclamação ao amparo do Protocolo de Brasília para
Solução de Controvérsias.
Parágrafo segundo. As reclamações originadas nos casos estabelecidos no presente artigo obedecerão o
procedimento previsto no Anexo deste Protocolo.
Seção IV
Da Comissão Parlamentar Conjunta
Artigo 22
A Comissão Parlamentar Conjunta é o órgão representativo dos Parlamentos dos Estados Partes no âmbito
do Mercosul.
Artigo 23
A Comissão Parlamentar Conjunta será integrada por igual número de parlamentares representantes dos
Estados Partes.
Artigo 24
Os integrantes da Comissão Parlamentar Conjunta serão designados pelos respectivos Parlamentos nacionais,
de acordo com seus procedimentos internos.
Artigo 25
A Comissão Parlamentar Conjunta procurará acelerar os procedimentos internos correspondentes nos
Estados Partes para a pronta entrada em vigor das normas emanadas dos órgãos do Mercosul previstos no
Artigo 2 deste Protocolo. Da mesma forma, coadjuvará na harmonização de legislações, tal como requerido
pelo avanço do processo de integração. Quando necessário, o Conselho do Mercado Comum solicitará à
Comissão Parlamentar Conjunta o exame de temas prioritários.
Artigo 26
A Comissão Parlamentar Conjunta encaminhará, por intermédio do Grupo Mercado Comum,
Recomendações ao Conselho do Mercado Comum.
Artigo 27
A Comissão Parlamentar Conjunta adotará o seu Regimento Interno.
Seção V
Do Foro Consultivo Econômico-Social
Artigo 28
O Foro Consultivo Econômico-Social é o órgão de representação dos setores econômicos e sociais e será
integrado por igual número de representantes de cada Estado Parte.
Artigo 29
O Foro Consultivo Econômico-Social terá função consultiva e manifestar-se-á mediante Recomendações ao
Grupo Mercado Comum.
51
Artigo 30
O Foro Consultivo Econômico-Social submeterá seu Regimento Interno ao Grupo Mercado Comum, para
homologação.
Seção VI
Da Secretaria Administrativa do Mercosul
Artigo 31
O Mercosul contará com uma Secretaria Administrativa como órgão de apoio operacional. A Secretaria
Administrativa do Mercosul será responsável pela prestação de serviços aos demais órgãos do Mercosul e
terá sede permanente na cidade de Montevidéu.
Artigo 32
A Secretaria Administrativa do Mercosul desempenhará as seguintes atividades:
I. Servir como arquivo oficial da documentação do Mercosul;
II. Realizar a publicação e a difusão das decisões adotadas no âmbito do Mercosul. Nesse contexto, lhe
corresponderá:
i) Realizar, em coordenação com os Estados Partes, as traduções autênticas para os idiomas espanhol e
português de todas as decisões adotadas pelos órgãos da estrutura institucional do Mercosul, conforme
previsto no artigo 39;
ii) Editar o Boletim Oficial do Mercosul;
III. Organizar os aspectos logísticos das reuniões do Conselho do Mercado Comum, do Grupo Mercado
Comum e da Comissão de Comércio do Mercosul e, dentro de suas possibilidades, dos demais órgãos do
Mercosul, quando as mesmas forem realizadas em sua sede permanente. No que se refere às reuniões
realizadas fora de sua sede permanente, a Secretaria Administrativa do Mercosul fornecerá apoio ao Estado
que sediar o evento;
IV. Informar regularmente os Estados Partes sobre as medidas implementadas por cada país para incorporar
em seu ordenamento jurídico as normas emanadas dos órgãos do Mercosul previstos no Artigo 2 deste
Protocolo;
V. Registrar as listas nacionais dos árbitros e especialistas, bem como desempenhar outras tarefas
determinadas pelo Protocolo de Brasília, de 17 de dezembro de 1991;
VI. Desempenhar as tarefas que lhe sejam solicitadas pelo Conselho do Mercado Comum, pelo Grupo
Mercado Comum e pela Comissão do Comércio do Mercosul;
VII. Elaborar seu projeto de orçamento e, uma vez aprovado pelo Grupo Mercado Comum, praticar todos os
atos necessários à sua correta execução;
VIII. Apresentar anualmente ao Grupo Mercado Comum a sua prestação de contas, bem como relatório sobre
suas atividades.
Artigo 33
A Secretaria Administrativa do Mercosul estará a cargo de um Diretor, o qual será nacional de um dos
Estados Partes. Será eleito pelo Grupo Mercado Comum, em bases rotativas, prévia consulta aos Estados
Partes, e designado pelo Conselho do Mercado Comum. Terá mandato de dois anos, vedada a reeleição.
Capítulo II
Personalidade Jurídica
Artigo 34
O Mercosul terá personalidade jurídica de Direito Internacional.
52
Artigo 35
O Mercosul poderá, no uso de suas atribuições, praticar todos os atos necessários à realização de seus
objetivos, em especial contratar, adquirir ou alienar bens móveis e imóveis, comparecer em juízo, conservar
fundos e fazer transferências.
Artigo 36
O Mercosul celebrará acordos de sede.
Capítulo III
Sistema de Tomada de Decisões
Artigo 37
As decisões dos órgãos do Mercosul serão tomadas por consenso e com a presença de todos os Estados
Partes.
Capítulo IV
Aplicação Interna das Normas Emanadas dos Órgãos do Mercosul
Artigo 38
Os Estados Partes comprometem-se a adotar todas as medidas necessárias para assegurar, em seus
respectivos territórios, o cumprimento das normas emanadas dos órgãos do Mercosul previstos no artigo 2
deste Protocolo.
Parágrafo único. Os Estados Partes informarão à Secretaria Administrativa do Mercosul as medidas
adotadas para esse fim.
Artigo 39
Serão publicados no Boletim Oficial do Mercosul, em sua íntegra, nos idiomas espanhol e português, o teor
das Decisões do Conselho do Mercado Comum, das Resoluções do Grupo Mercado Comum, das Diretrizes
da Comissão de Comércio do Mercosul e dos Laudos Arbitrais de solução de controvérsias, bem como de
quaisquer atos aos quais o Conselho do Mercado Comum ou o Grupo Mercado Comum entendam necessário
atribuir publicidade oficial.
Artigo 40
A fim de garantir a vigência simultânea nos Estados Partes das normas emanadas dos órgãos do Mercosul
previstos no Artigo 2 deste Protocolo, deverá ser observado o seguinte procedimento:
i) Uma vez aprovada a norma, os Estados Partes adotarão as medidas necessárias para a sua incorporação ao
ordenamento jurídico nacional e comunicarão as mesmas à Secretaria Administrativa do Mercosul;
ii) Quando todos os Estados Partes tiverem informado sua incorporação aos respectivos ordenamentos
jurídicos internos, a Secretaria Administrativa do Mercosul comunicará o fato a cada Estado Parte;
iii) As normas entrarão em vigor simultaneamente nos Estados Partes 30 dias após a data da comunicação
efetuada pela Secretaria Administrativa do Mercosul, nos termos do item anterior. Com esse objetivo, os
Estados Partes, dentro do prazo acima, darão publicidade do início da vigência das referidas normas por
intermédio de seus respectivos diários oficiais.
Capítulo V
Fontes Jurídicas do Mercosul
Artigo 41
53
As fontes jurídicas do Mercosul são:
I. O Tratado de Assunção, seus protocolos e os instrumentos adicionais ou complementares;
II. Os acordos celebrados no âmbito do Tratado de Assunção e seus protocolos;
III. As Decisões do Conselho do Mercado Comum, as Resoluções do Grupo Mercado Comum e as Diretrizes
da Comissão de Comércio do Mercosul, adotadas desde a entrada em vigor do Tratado de Assunção.
Artigo 42
As normas emanadas dos órgãos do Mercosul previstos no Artigo 2 deste Protocolo terão caráter obrigatório
e deverão, quando necessário, ser incorporadas aos ordenamentos jurídicos nacionais mediante os
procedimentos previstos pela legislação de cada país.
Capítulo VI
Sistema de Solução de Controvérsias
(Protocolo de Olivos do Mercosul)
Artigo 43
As controvérsias que surgirem entre os Estados Partes sobre a interpretação, a aplicação ou o não
cumprimento das disposições contidas no Tratado de Assunção, dos acordos celebrados no âmbito do
mesmo, bem como das Decisões do Conselho do Mercado Comum, das Resoluções do Grupo Mercado
Comum e das Diretrizes da Comissão de Comércio do Mercosul, serão submetidas aos procedimentos de
solução estabelecidos no Protocolo de Brasília, de 17 de dezembro de 1991.
Parágrafo único. Ficam também incorporadas aos Artigos 19 e 25 do Protocolo de Brasília as Diretrizes da
Comissão de Comércio do Mercosul.
Artigo 44
Antes de culminar o processo de convergência da tarifa externa comum, os Estados Partes efetuarão uma
revisão do atual sistema de solução de controvérsias do Mercosul, com vistas à adoção do sistema
permanente a que se referem o item 3 do Anexo III do Tratado de Assunção e o artigo 34 do Protocolo de
Brasília.
Capítulo VII
Orçamento
Artigo 45
A Secretaria Administrativa do Mercosul contará com orçamento para cobrir seus gastos de funcionamento e
aqueles que determine o Grupo Mercado Comum. Tal orçamento será financiado, em partes iguais, por
contribuições dos Estados Partes.
Capítulo VIII
Idiomas
Artigo 46
Os idiomas oficiais do Mercosul são o espanhol e o português. A versão oficial dos documentos de trabalho
será a do idioma do país sede de cada reunião.
Capítulo IX
Revisão
Artigo 47
54
Os Estados Partes convocarão, quando julgarem oportuno, conferência diplomática com o objetivo de revisar
a estrutura institucional do Mercosul estabelecida pelo presente Protocolo, assim como as atribuições
específicas de cada um de seus órgãos.
Capítulo X
Vigência
Artigo 48
O presente Protocolo, parte integrante do Tratado de Assunção, terá duração indefinida e entrará em vigor 30
dias após a data do depósito do terceiro instrumento de ratificação. O presente Protocolo e seus instrumentos
de ratificação serão depositados ante o Governo da República do Paraguai.
Artigo 49
O Governo da República do Paraguai notificará aos Governos dos demais Estados Partes a data do depósito
dos instrumentos de ratificação e da entrada em vigor do presente Protocolo.
Artigo 50
Em matéria de adesão ou denúncia, regerão como um todo, para o presente Protocolo, as normas
estabelecidas pelo Tratado de Assunção. A adesão ou denúncia ao Tratado de Assunção ou ao presente
Protocolo significam, ipso iure, a adesão ou denúncia ao presente Protocolo e ao Tratado de Assunção.
Capítulo XI
Disposição Transitória
Artigo 51
A estrutura institucional prevista no Tratado de Assunção, de 26 de março de 1991, assim como seus órgãos,
será mantida até a data de entrada em vigor do presente Protocolo.
Capítulo XII
Disposições Gerais
Artigo 52
O presente Protocolo chamar-se-á "Protocolo de Ouro Preto".
Artigo 53
Ficam revogadas todas as disposições do Tratado de Assunção, de 26 de março de 1991, que conflitem com
os termos do presente Protocolo e com o teor das Decisões aprovadas pelo Conselho do Mercado Comum
durante o período de transição.
Feito na cidade de Ouro Preto, República Federativa do Brasil, aos dezessete dias do mês de dezembro de
mil novecentos e noventa e quatro, em um original, nos idiomas português e espanhol, sendo ambos os textos
igualmente autênticos. O Governo da República do Paraguai enviará cópia devidamente autenticada do
presente Protocolo aos Governos dos demais Estados Partes.
**********************************
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3.3. Protocolo de Olivos (2002).
PROTOCOLO DE OLIVOS
PARA A SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS NO MERCOSUL
A República Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a República Oriental do
Uruguai, doravante denominados "Estados Partes”;
TENDO EM CONTA o Tratado de Assunção, o Protocolo de Brasília e o Protocolo de Ouro Preto;
RECONHECENDO que a evolução do processo de integração no âmbito do Mercosul requer o
aperfeiçoamento do sistema de solução de controvérsias;
CONSIDERANDO a necessidade de garantir a correta interpretação, aplicação e cumprimento dos
instrumentos fundamentais do processo de integração e do conjunto normativo do Mercosul, de forma
consistente e sistemática;
CONVENCIDOS da conveniência de efetuar modificações específicas no sistema de solução de
controvérsias de maneira a consolidar a segurança jurídica no âmbito do Mercosul;
ACORDARAM o seguinte:
CAPÍTULO I
CONTROVÉRSIAS ENTRE ESTADOS PARTES
Artigo 1
Âmbito de aplicação
1. As controvérsias que surjam entre os Estados Partes sobre a interpretação, a aplicação ou o não
cumprimento do Tratado de Assunção, do Protocolo de Ouro Preto, dos protocolos e acordos celebrados no
marco do Tratado de Assunção, das Decisões do Conselho do Mercado Comum, das Resoluções do Grupo
Mercado Comum e das Diretrizes da Comissão de Comércio do Mercosul serão submetidas aos
procedimentos estabelecidos no presente Protocolo.
2. As controvérsias compreendidas no âmbito de aplicação do presente Protocolo que possam também ser
submetidas ao sistema de solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio ou de outros
esquemas preferenciais de comércio de que sejam parte individualmente os Estados Partes do Mercosul
poderão submeter-se a um ou outro foro, à escolha da parte demandante. Sem prejuízo disso, as partes na
controvérsia poderão, de comum acordo, definir o foro. Uma vez iniciado um procedimento de solução de
controvérsias de acordo com o parágrafo anterior, nenhuma das partes poderá recorrer a mecanismos de
solução de controvérsias estabelecidos nos outros foros com relação a um mesmo objeto, definido nos termos
do artigo 14 deste Protocolo. Não obstante, no marco do estabelecido neste numeral, o Conselho do Mercado
Comum regulamentará os aspectos relativos à opção de foro.
CAPÍTULO II
MECANISMOS RELATIVOS A ASPECTOS TÉCNICOS
Artigo 2
Estabelecimento dos mecanismos
1.Quando se considere necessário, poderão ser estabelecidos mecanismos expeditos para resolver
divergências entre Estados Partes sobre aspectos técnicos regulados em instrumentos de políticas comerciais
comuns.
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2. As regras de funcionamento, o alcance desses mecanismos e a natureza dos pronunciamentos a serem
emitidos nos mesmos serão definidos e aprovados por Decisão do Conselho do Mercado Comum.
CAPÍTULO III
OPINIÕES CONSULTIVAS
Artigo 3
Regime de solicitação
O Conselho do Mercado Comum poderá estabelecer mecanismos relativos à solicitação de opiniões
consultivas ao Tribunal Permanente de Revisão definindo seu alcance e seus procedimentos.
CAPÍTULO IV
NEGOCIAÇÕES DIRETAS
Artigo 4
Negociações
Os Estados Partes numa controvérsia procurarão resolvê-la, antes de tudo, mediante negociações diretas.
Artigo 5
Procedimento e prazo
1. As negociações diretas não poderão, salvo acordo entre as partes na controvérsia, exceder um prazo de
quinze (15) dias a partir da data em que uma delas comunicou à outra a decisão de iniciar a controvérsia.
2. Os Estados partes em uma controvérsia informarão ao Grupo Mercado Comum, por intermédio da
Secretaria Administrativa do Mercosul, sobre as gestões que se realizarem durante as negociações e os
resultados das mesmas.
CAPÍTULO V
INTERVENÇÃO DO GRUPO MERCADO COMUM
Artigo 6
Procedimento opcional ante o GMC
1. Se mediante as negociações diretas não se alcançar um acordo ou se a controvérsia for solucionada apenas
parcialmente, qualquer dos Estados partes na controvérsia poderá iniciar diretamente o procedimento arbitral
previsto no Capítulo VI.
2. Sem prejuízo do estabelecido no numeral anterior, os Estados partes na controvérsia poderão, de comum
acordo, submetê-la à consideração do Grupo Mercado Comum.
i) Nesse caso, o Grupo Mercado Comum avaliará a situação, dando oportunidade às partes na controvérsia
para que exponham suas respectivas posições, requerendo, quando considere necessário, o assessoramento de
especialistas selecionados da lista referida no artigo 43 do presente Protocolo.
ii) Os gastos relativos a esse assessoramento serão custeados em montantes iguais pelos Estados partes na
controvérsia ou na proporção que determine o Grupo Mercado Comum.
3. A controvérsia também poderá ser levada à consideração do Grupo Mercado Comum se outro Estado, que
não seja parte na controvérsia, solicitar, justificadamente, tal procedimento ao término das negociações
diretas. Nesse caso, o procedimento arbitral iniciado pelo Estado Parte demandante não será interrompido,
salvo acordo entre os Estados partes na controvérsia.
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Artigo 7
Atribuições do GMC
1. Se a controvérsia for submetida ao Grupo Mercado Comum pelos Estados partes na controvérsia, este
formulará recomendações que, se possível, deverão ser expressas e detalhadas, visando à solução da
divergência.
2. Se a controvérsia for levada à consideração do Grupo Mercado Comum a pedido de um Estado que dela
não é parte, o Grupo Mercado Comum poderá formular comentários ou recomendações a respeito.
Artigo 8
Prazo para intervenção e pronunciamento do GMC
O procedimento descrito no presente Capítulo não poderá estender-se por um prazo superior a trinta (30),
dias a partir da data da reunião em que a controvérsia foi submetida à consideração do Grupo Mercado
Comum.
CAPÍTULO VI
PROCEDIMENTO ARBITRAL AD HOC
Artigo 9
Início da etapa arbitral
1. Quando não tiver sido possível solucionar a controvérsia mediante a aplicação dos procedimentos
referidos nos Capítulos IV e V, qualquer dos Estados partes na controvérsia poderá comunicar à Secretaria
Administrativa do Mercosul sua decisão de recorrer ao procedimento arbitral estabelecido no presente
Capítulo.
2. A Secretaria Administrativa do Mercosul notificará, de imediato, a comunicação ao outro ou aos outros
Estados envolvidos na controvérsia e ao Grupo Mercado Comum.
3. A Secretaria Administrativa do Mercosul se encarregará das gestões administrativas que lhe sejam
requeridas para a tramitação dos procedimentos.
Artigo 10
Composição do Tribunal Arbitral Ad Hoc
1. O procedimento arbitral tramitará ante um Tribunal Ad Hoc composto de três (3) árbitros.
2. Os árbitros serão designados da seguinte maneira:
i) Cada Estado parte na controvérsia designará um (1) árbitro titular da lista prevista no artigo 11.1, no prazo
de quinze (15) dias, contado a partir da data em que a Secretaria Administrativa do Mercosul tenha
comunicado aos Estados partes na controvérsia a decisão de um deles de recorrer à arbitragem.
Simultaneamente, designará da mesma lista, um (1) árbitro suplente para substituir o árbitro titular em caso
de incapacidade ou excusa deste em qualquer etapa do procedimento arbitral.
ii) Se um dos Estados partes na controvérsia não tiver nomeado seus árbitros no prazo indicado no numeral 2
(i), eles serão designados por sorteio pela Secretaria Administrativa do Mercosul em um prazo de dois (2)
dias, contado a partir do vencimento daquele prazo, dentre os árbitros desse Estado da lista prevista no artigo
11.1.
3. O árbitro Presidente será designado da seguinte forma:
i) Os Estados partes na controvérsia designarão, de comum acordo, o terceiro árbitro, que presidirá o
Tribunal Arbitral Ad Hoc, da lista prevista no artigo 11.2 (iii), em um prazo de quinze (15) dias, contado a
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partir da data em que a Secretaria Administrativa do Mercosul tenha comunicado aos Estados partes na
controvérsia a decisão de um deles de recorrer à arbitragem. Simultaneamente, designarão da mesma lista,
um árbitro suplente para substituir o árbitro titular em caso de incapacidade ou excusa deste em qualquer
etapa do procedimento arbitral. O Presidente e seu suplente não poderão ser nacionais dos Estados partes na
controvérsia.
ii) Se não houver acordo entre os Estados partes na controvérsia para escolher o terceiro árbitro dentro do
prazo indicado, a Secretaria Administrativa do Mercosul, a pedido de qualquer um deles, procederá a sua
designação por sorteio da lista do artigo 11.2 (iii), excluindo do mesmo os nacionais dos Estados partes na
controvérsia.
iii) Os designados para atuar como terceiros árbitros deverão responder, em um prazo máximo de três (3)
dias, contado a partir da notificação de sua designação, sobre sua aceitação para atuar em uma controvérsia.
4. A Secretaria Administrativa do Mercosul notificará os árbitros de sua designação.
Artigo 11
Listas de árbitros
1. Cada Estado Parte designará doze (12) árbitros, que integrarão uma lista que ficará registrada na Secretaria
Administrativa do Mercosul. A designação dos árbitros, juntamente com o curriculum vitae detalhado de
cada um deles, será notificada simultaneamente aos demais Estados Partes e à Secretaria Administrativa do
Mercosul.
i) Cada Estado Parte poderá solicitar esclarecimentos sobre as pessoas designadas pelos outros Estados
Partes para integrar a lista referida no parágrafo anterior, dentro do prazo de trinta (30) dias, contado a partir
de tal notificação.
ii) A Secretaria Administrativa do Mercosul notificará aos Estados Partes a lista consolidada de árbitros do
Mercosul, bem como suas sucessivas modificações.
2. Cada Estado Parte proporá, ademais, quatro (4) candidatos para integrar a lista de terceiros árbitros. Pelo
menos um dos árbitros indicados por cada Estado Parte para esta lista não será nacional de nenhum dos
Estados Partes do Mercosul.
i) A lista deverá ser notificada aos demais Estados Partes, por intermédio da Presidência Pro Tempore,
acompanhada pelo curriculum vitae de cada um dos candidatos propostos.
ii) Cada Estado Parte poderá solicitar esclarecimentos sobre as pessoas propostas pelos demais Estados
Partes ou apresentar objeções justificadas aos candidatos indicados, conforme os critérios estabelecidos no
artigo 35, dentro do prazo de trinta (30) dias, contado a partir da notificação dessas propostas. As objeções
deverão ser comunicadas por intermédio da Presidência Pro Tempore ao Estado Parte proponente. Se, em um
prazo que não poderá exceder a trinta (30) dias contado da notificação, não se chegar a uma solução,
prevalecerá a objeção.
iii) A lista consolidada de terceiros árbitros, bem como suas sucessivas modificações, acompanhadas do
curriculum vitae dos árbitros, será comunicada pela Presidência Pro Tempore à Secretaria Administrativa do
Mercosul, que a registrará e notificará aos Estados Partes.
Artigo 12
Representantes e assessores
Os Estados partes na controvérsia designarão seus representantes ante o Tribunal Arbitral Ad Hoc e poderão
ainda designar assessores para a defesa de seus direitos.
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Artigo 13
Unificação de representação
Se dois ou mais Estados Partes sustentarem a mesma posição na controvérsia, poderão unificar sua
representação ante o Tribunal Arbitral e designarão um árbitro de comum acordo, no prazo estabelecido no
artigo 10.2(i).
Artigo 14
Objeto da controvérsia
1. O objeto das controvérsias ficará determinado pelos textos de apresentação e de resposta apresentados ante
o Tribunal Arbitral Ad Hoc, não podendo ser ampliado posteriormente.
2. As alegações que as partes apresentem nos textos mencionados no numeral anterior se basearão nas
questões que foram consideradas nas etapas prévias, contempladas no presente Protocolo e no Anexo ao
Protocolo de Ouro Preto.
3. Os Estados partes na controvérsia informarão ao Tribunal Arbitral Ad Hoc, nos textos mencionados no
numeral 1 do presente artigo, sobre as instâncias cumpridas com anterioridade ao procedimento arbitral e
farão uma exposição dos fundamentos de fato e de direito de suas respectivas posições.
Artigo 15
Medidas provisórias
1. O Tribunal Arbitral Ad Hoc poderá, por solicitação da parte interessada, e na medida em que existam
presunções fundamentadas de que a manutenção da situação poderá ocasionar danos graves e irreparáveis a
uma das partes na controvérsia, ditar as medidas provisórias que considere apropriadas para prevenir tais
danos.
2. O Tribunal poderá, a qualquer momento, tornar sem efeito tais medidas.
3. Caso o laudo seja objeto de recurso de revisão, as medidas provisórias que não tenham sido deixadas sem
efeito antes da emissão do mesmo se manterão até o tratamento do tema na primeira reunião do Tribunal
Permanente de Revisão, que deverá resolver sobre sua manutenção ou extinção.
Artigo 16
Laudo arbitral
O Tribunal Arbitral Ad Hoc emitirá o laudo num prazo de sessenta (60) dias, prorrogáveis por decisão do
Tribunal por um prazo máximo de trinta (30) dias, contado a partir da comunicação efetuada pela Secretaria
Administrativa do Mercosul às partes e aos demais árbitros, informando a aceitação pelo árbitro Presidente
de sua designação.
CAPÍTULO VII
PROCEDIMENTO DE REVISÃO
Artigo 17
Recurso de revisão
1. Qualquer das partes na controvérsia poderá apresenta um recurso de revisão do laudo do Tribunal Arbitral
Ad Hoc aoTribunal Permanente de Revisão, em prazo não superior a quinze (15) dias a partir da notificação
do mesmo.
2. O recurso estará limitado a questões de direito tratadas na controvérsia e às interpretações jurídicas
desenvolvidas no laudo do Tribunal Arbitral Ad Hoc.
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3. Os laudos dos Tribunais Ad Hoc emitidos com base nos princípios ex aequo et bono não serão suscetíveis
de recurso de revisão.
4. A Secretaria Administrativa do Mercosul estará encarregada das gestões administrativas que lhe sejam
encomendadas para o trâmite dos procedimentos e manterá informados os Estados partes na controvérsia e o
Grupo Mercado Comum.
Artigo 18
Composição do Tribunal Permanente de Revisão
1. O Tribunal Permanente de Revisão será integrado por cinco (5) árbitros.
2. Cada Estado Parte do Mercosul designará um (1) árbitro e seu suplente por um período de dois (2) anos,
renovável por no máximo dois períodos consecutivos.
3. O quinto árbitro, que será designado por um período de três (3) anos não renovável, salvo acordo em
contrário dos Estados Partes, será escolhido, por unanimidade dos Estados Partes, da lista referida neste
numeral, pelo menos três (3) meses antes da expiração do mandato do quinto árbitro em exercício. Este
árbitro terá a nacionalidade de algum dos Estados Partes do Mercosul, sem prejuízo do disposto no numeral
4 deste Artigo. Não havendo unanimidade, a designação se fará por sorteio que realizará a Secretaria
Administrativa do Mercosul, dentre os integrantes dessa lista, dentro dos dois (2) dias seguintes ao
vencimento do referido prazo. A lista para a designação do quinto árbitro conformar-se-á com oito (8)
integrantes. Cada Estado Parte proporá dois (2) integrantes que deverão ser nacionais dos países do
Mercosul.
4. Os Estados Partes, de comum acordo, poderão definir outros critérios para a designação do quinto árbitro.
5. Pelo menos três (3) meses antes do término do mandato dos árbitros, os Estados Partes deverão
manifestar-se a respeito de sua renovação ou propor novos candidatos.
6. Caso expire o mandato de um árbitro que esteja atuando em uma controvérsia, este deverá permanecer em
função até sua conclusão.
7. Aplica-se, no que couber, aos procedimentos descritos neste artigo o disposto no artigo 11.2.
Artigo 19
Disponibilidade permanente
Os integrantes do Tribunal Permanente de Revisão, uma vez que aceitem sua designação, deverão estar
disponíveis permanentemente para atuar quando convocados.
Artigo 20
Funcionamento do Tribunal
1. Quando a controvérsia envolver dois Estados Partes, o Tribunal estará integrado por três (3) árbitros. Dois
(2) árbitros serão nacionais de cada Estado parte na controvérsia e o terceiro, que exercerá a Presidência, será
designado mediante sorteio a ser realizado pelo Diretor da Secretaria Administrativa do Mercosul, entre os
árbitros restantes que não sejam nacionais dos Estados partes na controvérsia. A designação do Presidente
dar-se-á no dia seguinte à interposição do recurso de revisão, data a partir da qual estará constituído o
Tribunal para todos os efeitos.
2. Quando a controvérsia envolver mais de dois Estados Partes, o Tribunal Permanente de Revisão estará
integrado pelos cinco (5) árbitros.
3. Os Estados Partes, de comum acordo, poderão definir outros critérios para o funcionamento do Tribunal
estabelecido neste artigo.
61
Artigo 21
Contestação do recurso de revisão e prazo para o laudo
1. A outra parte na controvérsia terá direito a contestar o recurso de revisão interposto, dentro do prazo de
quinze (15) dias de notificada a apresentação de tal recurso.
2. O Tribunal Permanente de Revisão pronunciar-se-á sobre o recurso em um prazo máximo de trinta (30)
dias, contado a partir da apresentação da contestação a que faz referência o numeral anterior ou do
vencimento do prazo para a referida apresentação, conforme o caso. Por decisão do Tribunal, o prazo de
trinta (30) dias poderá ser prorrogado por mais quinze (15) dias.
Artigo 22
Alcance do pronunciamento
1. O Tribunal Permanente de Revisão poderá confirmar, modificar ou revogar a fundamentação jurídica e as
decisões do Tribunal Arbitral Ad Hoc.
2. O laudo do Tribunal Permanente de Revisão será definitivo e prevalecerá sobre o laudo do Tribunal
Arbitral Ad Hoc.
Artigo 23
Acesso direto ao Tribunal Permanente de Revisão
1. As partes na controvérsia, culminado o procedimento estabelecido nos artigos 4 e 5 deste Protocolo,
poderão acordar expressamente submeter-se diretamente e em única instância ao Tribunal Permanente de
Revisão, caso em que este terá as mesmas competências que um Tribunal Arbitral Ad Hoc, aplicando-se, no
que corresponda, os Artigos 9, 12, 13, 14, 15 e 16 do presente Protocolo.
2. Nessas condições, os laudos do Tribunal Permanente de Revisão serão obrigatórios para os Estados partes
na controvérsia a partir do recebimento da respectiva notificação, não estarão sujeitos a recursos de revisão e
terão, com relação às partes, força de coisa julgada.
Artigo 24
Medidas excepcionais e de urgência
O Conselho do Mercado Comum poderá estabelecer procedimentos especiais para atender casos
excepcionais de urgência que possam ocasionar danos irreparáveis às Partes.
CAPÍTULOS VIII
LAUDOS ARBITRAIS
Artigo 25
Adoção dos laudos
Os laudos do Tribunal Arbitral Ad Hoc e os do Tribunal Permanente de Revisão serão adotados por maioria,
serão fundamentados e assinados pelo Presidente e pelos demais árbitros. Os árbitros não poderão
fundamentar votos em dissidência e deverão manter a confidencialidade da votação. As deliberações também
serão confidenciais e assim permanecerão em todo o momento.
Artigo 26
Obrigatoriedade dos laudos
1. Os laudos dos Tribunais Arbitrais Ad Hoc são obrigatórios para os Estados partes na controvérsia a partir
de sua notificação e terão, em relação a eles, força de coisa julgada se, transcorrido o prazo previsto no artigo
17.1 para interpor recurso de revisão, este não tenha sido interposto.
62
2. Os laudos do Tribunal Permanente de Revisão são inapeláveis, obrigatórios para os Estados partes na
controvérsia a partir de sua notificação e terão, com relação a eles, força de coisa julgada.
Artigo 27
Obrigatoriedade do cumprimento dos laudos
Os laudos deverão ser cumpridos na forma e com o alcance com que foram emitidos. A adoção de medidas
compensatórias nos termos deste Protocolo não exime o Estado parte de sua obrigação de cumprir o laudo.
Artigo 28
Recurso de esclarecimento
1. Qualquer dos Estados partes na controvérsia poderá solicitar um esclarecimento do laudo do Tribunal
Arbitral Ad Hoc ou do Tribunal Permanente de Revisão e sobre a forma com que deverá cumprir-se o laudo,
dentro de quinze (15) dias subseqüentes à sua notificação.
2. O Tribunal respectivo se expedirá sobre o recurso nos quinze (15) dias subseqüentes à apresentação da
referida solicitação e poderá outorgar um prazo adicional para o cumprimento do laudo.
Artigo 29
Prazo e modalidade de cumprimento
1. Os laudos do Tribunal Ad Hoc ou os do Tribunal Permanente de Revisão, conforme o caso, deverão ser
cumpridos no prazo que os respectivos Tribunais estabelecerem. Se não for estabelecido um prazo, os laudos
deverão ser cumpridos no prazo de trinta (30) dias seguintes à data de sua notificação.
2. Caso um Estado parte interponha recurso de revisão, o cumprimento do laudo do Tribunal Arbitral Ad
Hoc será suspenso durante o trâmite do mesmo.
3. O Estado parte obrigado a cumprir o laudo informará à outra parte na controvérsia, assim como ao Grupo
Mercado Comum, por intermédio da Secretaria Administrativa do Mercosul, sobre as medidas que adotará
para cumprir o laudo, dentro dos quinze (15) dia contados desde sua notificação.
Artigo 30
Divergências sobre o cumprimento do laudo
1. Caso o Estado beneficiado pelo laudo entenda que as medidas adotadas não dão cumprimendo ao mesmo,
terá um prazo de trinta (30) dias, a partir da adoção das mesmas, para levar a situação à consideração do
Tribunal Arbitral Ad Hoc ou do Tribunal Permanente de Revisão, conforme o caso.
2. O Tribunal respectivo terá um prazo de trinta (30) dias a partir da data que tomou conhecimento da
situação para dirimir as questões referidas no numeral anterior.
3. Caso não seja possível a convocação do Tribunal Arbitral Ad Hoc que conheceu do caso, outro será
conformado com o ou os suplentes necessários mencionados nos artigos 10.2 e 10.3.
CAPÍTULO IX
MEDIDAS COMPENSATÓRIAS
Artigo 31
Faculdade de aplicar medidas compensatórias
1. Se um Estado parte na controvérsia não cumprir total ou parcialmente o laudo do Tribunal Arbitral, a outra
parte na controvérsia terá a faculdade, dentro do prazo de um (1) ano, contado a partir do dia seguinte ao
término do prazo referido no artigo 29.1, e independentemente de recorrer aos procedimentos do artigo 30,
de iniciar a aplicação de medidas compensatórias temporárias, tais como a suspensão de concessões ou
outras obrigações equivalentes, com vistas a obter o cumprimento do laudo.
63
2. O Estado Parte beneficiado pelo laudo procurará, em primeiro lugar, suspender as concessões ou
obrigações equivalentes no mesmo setor ou setores afetados. Caso considere impraticável ou ineficaz a
suspensão no mesmo setor, poderá suspender concessões ou obrigações em outro setor, devendo indicar as
razões que fundamentam essa decisão.
3. As medidas compensatórias a serem tomadas deverão ser informadas formalmente pelo Estado Parte que
as aplicará, com uma antecedência mínima de quinze (15) dias, ao Estado Parte que deve cumprir o laudo.
Artigo 32
Faculdade de questionar medidas compensatórias
1. Caso o Estado Parte beneficiado pelo laudo aplique medidas compensatórias por considerar insuficiente o
cumprimento do mesmo, mas o Estado Parte obrigado a cumprir o laudo considerar que as medidas adotadas
são satisfatórias, este último terá um prazo de quinze (15) dias, contado a partir da notificação prevista no
artigo 31.3, para levar esta situação à consideração do Tribunal Arbitral Ad Hoc ou do Tribunal Permanente
de Revisão, conforme o caso, o qual terá um prazo de trinta (30) dias desde a sua constituição para se
pronunciar sobre o assunto.
2. Caso o Estado Parte obrigado a cumprir o laudo considere excessivas as medidas compensatórias
aplicadas, poderá solicitar, até quinze (15) dias depois da aplicação dessas medidas, que o Tribunal Ad Hoc
ou o Tribunal Permanente de Revisão, conforme corresponda, se pronuncie a respeito, em um prazo não
superior a (trinta) 30 dias, contado a partir da sua constituição.
i) O Tribunal pronunciar-se-á sobre as medidas compensatórias adotadas. Avaliará, conforme o caso, a
fundamentação apresentada para aplicá-las em um setor distinto daquele afetado, assim como sua
proporcionalidade com relação às conseqüências derivadas do não cumprimento do laudo.
ii) Ao analisar a proporcionalidade, o Tribunal deverá levar em consideração, entre outros elementos, o
volume e/ou o valor de comércio no setor afetado, bem como qualquer outro prejuízo ou fator que tenha
incidido na determinação do nível ou montante das medidas compensatórias.
3. O Estado Parte que aplicou as medidas deverá adequá-las à decisão do Tribunal em um prazo máximo de
dez (10) dias, salvo se o Tribunal estabelecer outro prazo.
CAPÍTULO X
DISPOSIÇÕES COMUNS AOS CAPÍTULOS VI E VII
Artigo 33
Jurisdição dos tribunais
Os Estados Partes declaram reconhecer como obrigatória, ipso facto e sem necessidade de acordo especial, a
jurisdição dos Tribunais Arbitrais Ad Hoc que em cada caso se constituam para conhecer e resolver as
controvérsias a que se refere o presente Protocolo, bem como a jurisdição do Tribunal Permanente de
Revisão para conhecer e resolver as controvérsias conforme as competências que lhe confere o presente
Protocolo.
Artigo 34
Direito aplicável
1. Os Tribunais Arbitrais Ad Hoc e o Tribunal Permanente de Revisão decidirão a controvérsia com base no
Tratado de Assunção, no Protocolo de Ouro Preto, nos protocolos e acordos celebrados no marco do Tratado
de Assunção, nas Decisões do Conselho do Mercado Comum, nas Resoluções do Grupo Mercado Comum e
nas Diretrizes da Comissão de Comércio do Mercosul, bem como nos princípios e disposições de Direito
Internacional aplicáveis à matéria.
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2. A presente disposição não restringe a faculdade dos Tribunais Arbitrais Ad Hoc ou a do Tribunal
Permanente de Revisão, quando atue como instância direta e única conforme o disposto no artigo 23, de
decidir a controvérsia ex aequo et bono, se as partes assim acordarem.
Artigo 35
Qualificação dos árbitros
1. Os árbitros dos Tribunais Arbitrais Ad Hoc e os do Tribunal Permanente de Revisão deverão ser juristas
de reconhecida competência nas matérias que possam ser objeto das controvérsias e ter conhecimento do
conjunto normativo do Mercosul.
2. Os árbitros deverão observar a necessária imparcialidade e independência funcional da Administração
Pública Central ou direta dos Estados Partes e não ter interesses de índole alguma na controvérsia. Serão
designados em função de sua objetividade, confiabilidade e bom senso.
Artigo 36
Custos
1. Os gastos e honorários ocasionados pela atividade dos árbitros serão custeados pelo país que os designe e
os gastos e honorários do Presidente do Tribunal Arbitral Ad Hoc serão custeados em partes iguais pelos
Estados partes na controvérsia, a menos que o Tribunal decida distribuí-los em proporção distinta.
2. Os gastos e honorários ocasionados pela atividade dos árbitros do Tribunal Permanente de Revisão serão
custeados em partes iguais pelos Estados partes na controvérsia, a menos que o Tribunal decida distribuí-los
em proporção distinta.
3. Os gastos a que se referem os incisos anteriores poderão ser pagos por intermédio da Secretaria
Administrativa do Mercosul. Os pagamentos poderão ser realizados por intermédio de um Fundo Especial
que poderá ser criado pelos Estados Partes ao depositar as contribuições relativas ao orçamento da Secretaria
Administrativa do Mercosul, conforme o artigo 45 do Protocolo de Ouro Preto, ou no momento de iniciar os
procedimentos previstos nos Capítulos VI ou VII do presente Protocolo. O Fundo será administrado pela
Secretaria Administrativa do Mercosul, a qual deverá anualmente prestar contas aos Estados Partes sobre sua
utilização.
Artigo 37
Honorários e demais gastos
Os honorários, gastos de transporte, hospedagem, diárias e outros gastos dos árbitros serão determinados
pelo Grupo Mercado Comum.
Artigo 38
Sede
A sede do Tribunal Arbitral Permanente de Revisão será a cidade de Assunção. Não obstante, por razões
fundamentadas, o Tribunal poderá reunir-se, excepcionalmente, em outras cidades do Mercosul. Os
Tribunais Arbitrais Ad Hoc poderão reunir-se em qualquer cidade dos Estados Partes do Mercosul.
CAPÍTULO XI
RECLAMAÇÕES DE PARTICULARES
Artigo 39
Âmbito de aplicação
O procedimento estabelecido no presente Capítulo aplicar-se-á às reclamações efetuadas por particulares
(pessoas físicas ou jurídicas) em razão da sanção ou aplicação, por qualquer dos Estados Partes, de medidas
legais ou administrativas de efeito restritivo, discriminatórias ou de concorrência desleal, em violação do
Tratado de Assunção, do Protocolo de Ouro Preto, dos protocolos e acordos celebrados no marco do Tratado
65
de Assunção, das Decisões do Conselho do Mercado Comum, das Resoluções do Grupo Mercado Comum e
das Diretrizes da Comissão de Comércio do Mercosul.
Artigo 40
Início do trâmite
1. Os particulares afetados formalizarão as reclamações ante a Seção Nacional do Grupo Mercado Comum
do Estado Parte onde tenham sua residência habitual ou a sede de seus negócios.
2. Os particulares deverão fornecer elementos que permitam determinar a veracidade da violação e a
existência ou ameaça de um prejuízo, para que a reclamação seja admitida pela Seção Nacional e para que
seja avaliada pelo Grupo Mercado Comum e pelo grupo de especialistas, se for convocado.
Artigo 41
Procedimento
1. A menos que a reclamação se refira a uma questão que tenha motivado o início de um procedimento de
Solução de Controvérsias de acordo com os Capítulos IV a VII deste Protocolo, a Seção Nacional do Grupo
Mercado Comum que tenha admitido a reclamação conforme o artigo 40 do presente Capítulo deverá
entabular consultas com a Seção Nacional do Grupo Mercado Comum do Estado Parte a que se atribui a
violação, a fim de buscar, mediante as consultas, uma solução imediata à questão levantada. Tais consultas
se darão por concluídas automaticamente e sem mais trâmites se a questão não tiver sido resolvida em um
prazo de quinze (15) dias contado a partir da comunicação da reclamação ao Estado Parte a que se atribui a
violação, salvo se as partes decidirem outro prazo.
2. Finalizadas as consultas, sem que se tenha alcançado uma solução, a Seção Nacional do Grupo Mercado
Comum elevará a reclamação sem mais trâmite ao Grupo Mercado Comum.
Artigo 42
Intervenção do Grupo Mercado Comum
1. Recebida a reclamação, o Grupo Mercado Comum avaliará os requisitos estabelecidos no artigo 40.2,
sobre os quais se baseou sua admissão pela Seção Nacional, na primeira reunião subseqüente ao seu
recebimento. Se concluir que não estão reunidos os requisitos necessários para dar-lhe curso, rejeitará a
reclamação sem mais trâmite, devendo pronunciar-se por consenso.
2. Se o Grupo Mercado Comum não rejeitar a reclamação, esta considerar-se-á admitida. Neste caso, o
Grupo Mercado Comum procederá de imediato à convocação de um grupo de especialistas que deverá emitir
um parecer sobre sua procedência, no prazo improrrogável de trinta (30) dias contado a partir da sua
designação.
3. Nesse prazo, o grupo de especialistas dará oportunidade ao particular reclamante e aos Estados envolvidos
na reclamação de serem ouvidos e de apresentarem seus argumentos, em audiência conjunta.
Artigo 43
Grupo de especialistas
1. O grupo de especialistas a que faz referência o artigo 42.2 será composto de três (3) membros designados
pelo Grupo Mercado Comum ou, na falta de acordo sobre um ou mais especialistas, estes serão escolhidos
por votação que os Estados Partes realizarão dentre os integrantes de uma lista de vinte e quatro (24)
especialistas. A Secretaria Administrativa do Mercosul comunicará ao Grupo Mercado Comum o nome do
especialista ou dos especialistas que tiverem recebido o maior número de votos. Neste último caso, e salvo se
o Grupo Mercado Comum decidir de outra maneira, um (1) dos especialistas designados não poderá ser
nacional do Estado contra o qual foi formulada a reclamação, nem do Estado no qual o particular formalizou
sua reclamação, nos termos do artigo 40.
66
2. Com o fim de constituir a lista dos especialistas, cada um dos Estados Partes designará seis (6) pessoas de
reconhecida competência nas questões que possam ser objeto de reclamação. Esta lista ficará registrada na
Secretaria Administrativa do Mercosul.
3. Os gastos derivados da atuação do grupo de especialistas serão custeados na proporção que determinar o
Grupo Mercado Comum ou, na falta de acordo, em montantes iguais pelas partes diretamente envolvidas na
reclamação.
Artigo 44
Parecer do grupo de especialistas
1. O grupo de especialistas elevará seu parecer ao Grupo Mercado Comum.
i) Se, em parecer unânime, se verificar a procedência da reclamação formulada contra um Estado Parte,
qualquer outro Estado Parte poderá requerer-lhe a adoção de medidas corretivas ou a anulação das medidas
questionadas. Se o requerimento não prosperar num prazo de quinze (15) dias, o Estado Parte que o efetuou
poderá recorrer diretamente ao procedimento arbitral, nas condições estabelecidas no Capítulo VI do
presente Protocolo.
ii) Recebido um parecer que considere improcedente a reclamação por unanimidade, o Grupo Mercado
Comum imediatamente dará por concluída a mesma no âmbito do presente Capítulo.
iii) Caso o grupo de especialistas não alcance unanimidade para emitir um parecer, elevará suas distintas
conclusões ao Grupo Mercado Comum que, imediatamente, dará por concluída a reclamação no âmbito do
presente Capítulo.
2. A conclusão da reclamação por parte do Grupo Mercado Comum, nos termos das alíneas (ii) e (iii) do
numeral anterior, não impedirá que o Estado Parte reclamante dê início aos procedimentos previstos nos
Capítulos IV a VI do presente Protocolo.
CAPÍTULO XII
DISPOSIÇÕES GERAIS
Artigo 45
Acordo ou desistência
Em qualquer fase dos procedimentos, a parte que apresentou a controvérsia ou a reclamação poderá desistir
das mesmas, ou as partes envolvidas no caso poderão chegar a um acordo dando-se por concluída a
controvérsia ou a reclamação, em ambos os casos. As desistências e acordos deverão ser comunicados por
intermédio da Secretaria Administrativa do Mercosul ao Grupo Mercado Comum, ou ao Tribunal que
corresponda, conforme o caso.
Artigo 46
Confidencialidade
1. Todos os documentos apresentados no âmbito dos procedimentos previstos neste Protocolo são de caráter
reservado às partes na controvérsia, à exceção dos laudos arbitrais.
2. A critério da Seção Nacional do Grupo Mercado Comum de cada Estado Parte e quando isso seja
necessário para a elaboração das posições a serem apresentadas ante o Tribunal, esses documentos poderão
ser dados a conhecer, exclusivamente, aos setores com interesse na questão.
3. Não obstante o estabelecido no numeral 1, o Conselho do Mercado Comum regulamentará a modalidade
de divulgação dos textos e apresentações relativos a controvérsias já concluídas.
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Artigo 47
Regulamentação
O Conselho do Mercado Comum aprovará a regulamentação do presente Protocolo no prazo de sessenta (60)
dias a partir de sua entrada em vigência.
Artigo 48
Prazos
1. Todos os prazos estabelecidos no presente Protocolo são peremptórios e serão contados por dias corridos a
partir do dia seguinte ao ato ou fato a que se referem. Não obstante, se o vencimento do prazo para
apresentar um texto ou cumprir uma diligência não ocorrer em dia útil na sede da Secretaria Administrativa
do Mercosul, a apresentação do texto ou cumprimento da diligência poderão ser feitos no primeiro dia útil
imediatamente posterior a essa data.
2. Não obstante o estabelecido no numeral anterior, todos os prazos previstos no presente Protocolo poderão
ser modificados de comum acordo pelas partes na controvérsia. Os prazos previstos para os procedimentos
tramitados ante os Tribunais Arbitrais Ad Hoc e ante o Tribunal Permanente de Revisão poderão ser
modificados quando as partes na controvérsia o solicitem ao respectivo Tribunal e este o conceda.
CAPÍTULO XIII
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Artigo 49
Notificações iniciais
Os Estados Partes realizarão as primeiras designações e notificações previstas nos artigos 11, 18 e 43.2 em
um prazo de trinta (30) dias, contado a partir da entrada em vigor do presente Protocolo.
Artigo 50
Controvérsias em trâmite
As controvérsias em trâmite iniciadas de acordo com o regime do Protocolo de Brasília continuarão a ser
regidas exclusivamente pelo mesmo até sua total conclusão.
Artigo 51
Regras de procedimento
1. O Tribunal Permanente de Revisão adotará suas próprias regras de procedimento no prazo de trinta (30)
dias, contado a partir de sua constituição, as quais deverão ser aprovadas pelo Conselho do Mercado
Comum.
2. Os Tribunais Arbitrais Ad Hoc adotarão suas próprias regras de procedimento, tomando como referência
as Regras Modelos a serem aprovadas pelo Conselho do Mercado Comum.
3. As regras mencionadas nos numerais precedentes deste artigo garantirão que cada uma das partes na
controvérsia tenha plena oportunidade de ser ouvida e de apresentar seus argumentos e assegurarão que os
processos se realizem de forma expedita.
CAPÍTULO XIV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Artigo 52
Vigência e depósito
1. O presente Protocolo, parte integrante do Tratado de Assunção, entrará em vigor no trigésimo dia a partir
da data em que tenha sido depositado o quarto instrumento de ratificação.
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2. A República do Paraguai será depositária do presente Protocolo e dos instrumentos de ratificação e
notificará aos demais Estados Partes a data de depósito desses instrumentos, enviando cópia devidamente
autenticada deste Protocolo ao demais Estados Partes.
Artigo 53
Revisão do sistema
Antes de culminar o processo de convergência da tarifa externa comum, os Estados Partes efetuarão uma
revisão do atual sistema de solução de controvérsias, com vistas à adoção do Sistema Permanente de Solução
de Controvérsias para o Mercado Comum a que se refere o numeral 3 do Anexo III do Tratado de Assunção.
Artigo 54
Adesão ou denúncia ipso jure
A adesão ao Tratado de Assunção significará ipso jure a adesão ao presente Protocolo. A denúncia do
presente Protocolo significará ipso jure a denúncia do Tratado de Assunção.
Artigo 55
Derrogação
1. O presente Protocolo derroga, a partir de sua entrada em vigência, o Protocolo de Brasília para a Solução
de Controvérsias, adotado em 17 de dezembro de 1991 e o Regulamento do Protocolo de Brasília, aprovado
pela Decisão CMC 17/98.
2. Não obstante, enquanto as controvérsias iniciadas sob o regime do Protocolo de Brasília não estejam
concluídas totalmente e até se completarem os procedimentos previstos no artigo 49, continuará sendo
aplicado, no que corresponda, o Protocolo de Brasília e seu Regulamento.
3. As referências ao Protocolo de Brasília que figuram no Protocolo de Ouro Preto e seu Anexo, entendem-se
remetidas, no que corresponda, ao presente Protocolo.
Artigo 56
Idiomas
Serão idiomas oficiais em todos os procedimentos previstos no presente Protocolo o português e o espanhol.
Feito na cidade de Olivos, Província de Buenos Aires, República Argentina aos dezoito dias do mês de
fevereiro de dois mil e dois, em um original, nos idiomas português e espanhol, sendo ambos os textos
igualmente autênticos.
**********************************
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3.4. Protocolo de Ushuaia (1998).
PROTOCOLO DE USHUAIA
SOBRE COMPROMISSO DEMOCRÁTICO NO MERCOSUL,
BOLÍVIA E CHILE
A República Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a República Oriental do
Uruguai, Estados Partes do MERCOSUL, assim como a República da Bolívia e a República de Chile,
doravante denominados Estados Partes do presente Protocolo,
REAFIRMANDO os princípios e objetivos do Tratado de Assunção e seus Protocolos, assim como os dos
Acordos de Integração celebrados entre o MERCOSUL e a República da Bolívia e entre o MERCOSUL e a
República do Chile;
REITERANDO o que expressa a Declaração Presidencial de las Leñas, de 27 de junho de 1992, no sentido
de que a plena vigência das instituições democráticas é condição indispensável para a existência e o
desenvolvimento do MERCOSUL;
RATIFICANDO a Declaração Presidencial sobre Compromisso Democrático no MERCOSUL e o
Protocolo de Adesão àquela Declaração por parte da República da Bolívia e da República do Chile;
ACORDAM O SEGUINTE:
ARTIGO 1
A plena vigência das instituições democráticas é condição essencial para o desenvolvimento dos processos
de integração entre os Estados Partes do presente Protocolo.
ARTIGO 2
O presente Protocolo se aplicará às relações que decorram dos respectivos Acordos de Integração vigentes
entre os Estados Partes do presente protocolo, no caso de ruptura da ordem democrática em algum deles.
ARTIGO 3
Toda ruptura da ordem democrática em um dos Estados Partes do presente Protocolo implicará a aplicação
dos procedimentos previstos nos artigos seguintes.
ARTIGO 4
No caso de ruptura da ordem democrática em um Estado Parte do presente Protocolo, os demais Estados
Partes promoverão as consultas pertinentes entre si e com o Estado afetado.
ARTIGO 5
Quando as consultas mencionadas no artigo anterior resultarem infrutíferas, os demais Estados Partes do
presente Protocolo, no âmbito específico dos Acordos de Integração vigentes entre eles, considerarão a
natureza e o alcance das medidas a serem aplicadas, levando em conta a gravidade da situação existente. Tais
medidas compreenderão desde a suspensão do direito de participar nos diferentes órgãos dos respectivos
processos de integração até a suspensão dos direitos e obrigações resultantes destes processos.
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ARTIGO 6
As medidas previstas no artigo 5 precedente serão adotadas por consenso pelos Estados Partes do presente
Protocolo, conforme o caso e em conformidade com os Acordos de Integração vigentes entre eles, e
comunicadas ao Estado afetado, que não participará do processo decisório pertinente. Tais medidas entrarão
em vigor na data em que se faça a comunicação respectiva.
ARTIGO 7
As medidas a que se refere o artigo 5 aplicadas ao Estado Parte afetado cessarão a partir da data da
comunicação a tal Estado da concordância dos Estados que adotaram tais medidas de que se verificou o
pleno restabelecimento da ordem democrática, que deverá ocorrer tão logo o restabelecimento seja efetivo.
ARTIGO 8
O presente Protocolo é parte integrante do Tratado de Assunção e dos respectivos Acordos de Integração
celebrados entre o MERCOSUL e a República da Bolívia e entre o MERCOSUL e a República do Chile.
ARTIGO 9
O presente Protocolo se aplicará aos Acordos de Integração que venham a ser no futuro celebrados entre o
MERCOSUL e a Bolívia, o MERCOSUL e o Chile e entre os seis Estados Partes deste Protocolo, do que se
deverá fazer menção expressa em tais instrumentos.
ARTIGO 10
O presente Protocolo entrará em vigor para os Estados Partes do MERCOSUL trinta dias depois da data do
depósito do quarto instrumento de ratificação junto ajo Governo da República do Paraguai.
O presente Protocolo entrará em vigor para os Estados Partes do MERCOSUL e a República da Bolívia ou a
República do Chile, conforme, o caso, trinta dias depois que a Secretaria Geral da ALADI tenha informado
às cinco Partes Signatárias correspondentes que nelas se cumpriram os procedimentos internos para sua
incorporação aos respectivos ordenamentos jurídicos nacionais.
Feito na Cidade de Ushuaia, República Argentina, no dia vinte e quatro do mês de julho do ano de mil
novecentos e noventa e oito, em três originais nos idiomas Espanhol e Português, sendo ambos os textos
igualmente autênticos.
71
SEXTA PARTE
PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL
________________________________________________________________________________
► PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL (de acordo com a formulação proposta por
PHILIPPE SANDS):
(1) soberania sobre os recursos naturais e a responsabilidade de não causar dano ao meio ambiente de
outros Estados ou às áreas além da jurisdição nacional:
● princípio binário: soberania e responsabilidade;
● limitação da dimensão da soberania;
● “recursos naturais”: vivos e não-vivos (Shrimp-Turtle Case, 1998: tartarugas marinhas integram o
conceito de “recursos naturais”).
(2) princípio da ação preventiva:
● antecipação e prevenção de danos ambientais para efeito de proteção;
● padrões de produção heterogêneos: países desenvolvidos vs. países em desenvolvimento;
● art. 23 (VI) da CF/88: “É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas”.
(3) cooperação:
● lógica da boa vizinhança: boa-fé e transparência entre Estados;
● Acidente de Chernobyl: Chernobyl, Ucrânia, 26.04.86: alerta internacional efetuado depois de
vários dias; elementos radiativos atingindo países da Europa Oriental e da Escandinávia e, ainda, parcela do
território inglês;
● art. 4o (IX) da CF/88: “cooperação entre os povos para o progresso da humanidade”.
(4) desenvolvimento sustentável (sustentabilidade):
● núcleo vital do Direito Ambiental: objetivo final da proteção ambiental;
● princípio binário: necessidade e limitação (“needs and limitations”);
● lógica dos meios e dos fins;
● QUATRO ELEMENTOS:
(1) eqüidade intergeracional;
(2) uso sustentável;
(3) eqüidade intrageracional;
(4) integração.
72
(1) eqüidade intergeracional:
▬ a questão das “gerações futuras”: questão filosófica da posteridade;
▬ antagonismo entre o “hoje” e o “amanhã”;
▬ ausência de elo tangível entre presente e futuro: “responsabilidade moral”.
(2) uso sustentável:
▬ Declaração de Estocolmo, 1972: fragmentação do princípio;
▬ ações baseadas na prudência, na racionalidade, na sabedoria e na apropriabilidade;
▬ aspecto instrumental: o uso sustentável como meio de materialização da sustentabilidade.
(3) eqüidade intrageracional:
▬ paradigmas: “preocupações presentes” e “gerações contemporâneas”;
▬ o gerenciamento dos recursos naturais deve levar em consideração as necessidades de outros
sujeitos;
▬ equilíbrio entre desenvolvimento socioeconômico e proteção ambiental.
(4) integração:
▬ incorporação das preocupações ambientais à esfera do desenvolvimento;
▬ confirmação do aspecto transversal da questão ambiental;
▬ fenômeno da resistência (ou incompatibilidade): produção vs. meio ambiente.
(5) princípio da precaução:
● antecipação combinada com a incerteza científica: “antecipação ambiental”;
● lógica da “evidência mínima” em oposição à idéia de certeza;
● validez da noção de probabilidade: as “possibilidades” representam a base do princípio, e não os
fatos.
(6) princípio do poluidor-pagador:
● o agente poluidor (pessoas físicas e pessoas jurídicas) deve “pagar o preço” de suas atividades
danosas ao meio ambiente;
● custos de produção: prevenção, controle e reparação;
● internalização dos custos da poluição (internalização dos efeitos externos).
(7) princípio da responsabilidade comum, porém diferenciada:
● princípio inspirado na eqüidade: dicotomia Norte-Sul;
● princípio binário: patrimônio comum e tratamento diferenciado;
● Protocolo de Kyoto (art. 10): “prioridades, objetivos e circunstâncias” específicas de
desenvolvimento.
73
SÉTIMA PARTE
JURISPRUDÊNCIA DO STF EM MATÉRIA DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
________________________________________________________________________________
● Tema: nacionalidade.
RE 264848 / TO - TOCANTINS
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator: Min. CARLOS BRITTO
Julgamento: 29/06/2005
Órgão Julgador: Primeira Turma
Publicação
DJ 14-10-2005 PP-00012
EMENT VOL-02209-3 PP-00489
RTJ VOL-00196-01 PP-000325
Parte(s)
RECTE.(S) : ESTADO DO TOCANTINS
ADV.(A/S) : PGE-TO - JOSUÉ PEREIRA DE AMORIM
RECDO.(A/S) : MARIA EUGÊNIA ADAMOGLU JELINCIC DE MENDONÇA
ADV.(A/S) : LUCIANO AYRES DA SILVA
ADV.(A/S) : MARIA DE LOURDES M. DE OLIVEIRA
Ementa
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONCURSO PÚBLICO. ESTRANGEIRO.
NATURALIZAÇÃO. REQUERIMENTO FORMALIZADO ANTES DA POSSE NO
CARGO EXITOSAMENTE DISPUTADO MEDIANTE CONCURSO PÚBLICO.
INEXISTÊNCIA DE OFENSA À ALÍNEA "B" DO INCISO II DO ARTIGO 12 DA MAGNA
CARTA. O requerimento de aquisição da nacionalidade brasileira, previsto na alínea "b" do
inciso II do art. 12 da Carta de Outubro, é suficiente para viabilizar a posse no cargo
triunfalmente disputado mediante concurso público. Isto quando a pessoa requerente contar
com quinze anos ininterruptos de residência fixa no Brasil, sem condenação penal. A Portaria
de formal reconhecimento da naturalização, expedida pelo Ministro de Estado da Justiça, é de
caráter meramente declaratório. Pelo que seus efeitos hão de retroagir à data do requerimento
do interessado. Recurso extraordinário a que se nega provimento.
74
● Tema: imunidade de jurisdição.
RE-AgR 222368 / PE - PERNAMBUCO
AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Julgamento: 30/04/2002
Órgão Julgador: Segunda Turma
Publicação
DJ 14-02-2003 PP-00070
EMENT VOL-02098-02 PP-00344
Parte(s)
AGTE. : CONSULADO GERAL DO JAPÃO
ADVDOS. : JOSÉ SARAIVA E OUTROS
AGDO. : ESPÓLIO DE IRACY RIBEIRO DE LIMA
ADVDA. : ROSANA CAPITULINO DA SILVA CABRAL
Ementa
EMENTA: IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO - RECLAMAÇÃO TRABALHISTA LITÍGIO ENTRE ESTADO ESTRANGEIRO E EMPREGADO BRASILEIRO EVOLUÇÃO DO TEMA NA DOUTRINA, NA LEGISLAÇÃO COMPARADA E NA
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: DA IMUNIDADE
JURISDICIONAL ABSOLUTA À IMUNIDADE JURISDICIONAL MERAMENTE
RELATIVA - RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO CONHECIDO. OS ESTADOS
ESTRANGEIROS NÃO DISPÕEM DE IMUNIDADE DE JURISDIÇ ÃO, PERANTE
O PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO, NAS CAUSAS DE NATUREZA
TRABALHISTA, POIS ESSA PRERROGATIVA DE DIREITO INTERNACIONAL
PÚBLICO TEM CARÁTER MERAMENTE RELATIVO.
O Estado estrangeiro não dispõe de imunidade de jurisdição, perante órgãos do Poder
Judiciário brasileiro, quando se tratar de causa de natureza trabalhista. Doutrina. Precedentes
do STF (RTJ 133/159 e RTJ 161/643-644). - Privilégios diplomáticos não podem ser
invocados, em processos trabalhistas, para coonestar o enriquecimento sem causa de Estados
estrangeiros, em inaceitável detrimento de trabalhadores residentes em território brasileiro,
sob pena de essa prática consagrar censurável desvio ético-jurídico, incompatível com o
princípio da boa-fé e inconciliável com os grandes postulados do direito internacional. O
PRIVILÉGIO RESULTANTE DA IMUNIDADE DE EXECUÇÃO NÃO INIBE A
JUSTIÇA BRASILEIRA DE EXERCER JURISDIÇÃO NOS PROCESSOS DE
CONHECIMENTO INSTAURADOS CONTRA ESTADOS ESTRANGEIROS. - A
imunidade de jurisdição, de um lado, e a imunidade de execução, de outro, constituem
categorias autônomas, juridicamente inconfundíveis, pois - ainda que guardem estreitas
relações entre si - traduzem realidades independentes e distintas, assim reconhecidas quer no
plano conceitual, quer, ainda, no âmbito de desenvolvimento das próprias relações
internacionais. A eventual impossibilidade jurídica de ulterior realização prática do título
judicial condenatório, em decorrência da prerrogativa da imunidade de execução, não se
revela suficiente para obstar, só por si, a instauração, perante Tribunais brasileiros, de
processos de conhecimento contra Estados estrangeiros, notadamente quando se tratar de
litígio de natureza trabalhista. Doutrina. Precedentes.
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● Tema: extradição.
● Ext. 557 / RFA – REPUBLICA FEDERAL DA ALEMANHA
EXTRADIÇÃO
Relator: Min. SEPÚLVEDA PERTENCE
Julgamento: 21/10/1992
Publicação: DJ 20-11-1992 PP-21611
Órgão Julgador: Tribunal Pleno
EMENT VOL-01685-01, p. 129
Ementa:
EXTRADIÇÃO: CONCORRÊNCIA DE TODOS OS SEUS PRESSUPOSTOS E AUSÊNCIA DE CAUSA
IMPEDITIVA, DADO QUE NÃO OBSTAM A EXTRADIÇÃO DO ESTRANGEIRO NEM O CASAMENTO COM
BRASILEIRO, NEM A PATERNIDADE DE FILHO BRASILEIRO MENOR.
● Ext. 1104 / UK- REINO UNIDO DA GRÃ-BRETANHA E DA IRLANDA DO NORTE
EXTRADIÇÃO
Relator: Min. CEZAR PELUSO
Julgamento: 14/04/2008
Publicação: DJe-092 DIVULG 21-05-08 PUBLIC 23-05-08
Órgão Julgador: Tribunal Pleno
EMENT VOL-02320-01, p. 32
Ementa:
EMENTA: EXTRADIÇÃO. Passiva. Pena. Prisão perpétua. Inadmissibilidade. Necessidade de comutação para pena
privativa de liberdade por prazo não superior a 30 (trinta) anos. Concessão com essa ressalva. Interpretação do art. 5°,
XLVII, "b", da CF. Precedentes. Só se defere pedido de extradição para cumprimento de pena de prisão perpétua, se o
Estado requerente se comprometa a comutar essa pena por privativa de liberdade, por prazo ou tempo não superior a 30
(trinta) anos.
● HC 87219 / DF - DISTRITO FEDERAL
HABEAS CORPUS
Relator: Min. CEZAR PELUSO
Julgamento: 14/06/2006
Publicação: DJ 04-08-06 PP-00026
Órgão Julgador: Tribunal Pleno
EMENT VOL-02240-03 PP-00484 (LEXSTF v. 28, n. 333, 2006, p. 444-450)
Ementa:
EMENTAS: 1. EXTRADIÇÃO. Passiva. Admissibilidade. Extraditando. Brasileiro naturalizado. Naturalização
posterior aos fatos que, como crimes comuns, motivaram o pedido. Aplicação do art. 5º, LI, da CF, e art. 77, I, da Lei nº
6.815/80. Pode ser extraditado o brasileiro naturalizado que adquiriu a nacionalidade após a prática do crime comum
que fundamenta o pedido de extradição. 2. EXTRADIÇÃO. Passiva. Pedido formulado pelo Governo Austríaco. Falta
de tratado específico. Irrelevância. Promessa formalizada de reciprocidade. Processo válido. HC denegado. Aplicação
do art. 76 da Lei nº 6.815/80. Precedentes. Sem tratado específico, poderá ser concedida extradição quando o governo
requerente prometer ao Brasil a reciprocidade.
● Ext. 774 / IT – ITÁLIA
EXTRADIÇÃO
Relatora: Min. ELLEN GRACIE
Julgamento: 31/10/2001
Publicação: :DJ 14-12-01 PP-24
Órgão Julgador: Tribunal Pleno
EMENT VOL-02053-01 PP-00123
Ementa:
EMENTA: Extradição. Governo da Itália. Presença dos requisitos do art. 80 da Lei nº 6.815/80 e do art. XI, 1 e 2 do
Tratado de Extradição firmado entre a Itália e o Brasil em 17.10.89. Alegações da defesa repelidas. O fato de o
extraditando estar respondendo a processos no Brasil não é causa impeditiva da extradição (...).
76
QUESTÕES
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
www.pciconcursos.com.br PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃO X
CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE CARGOS DE TB SUBSTITUTO maio/2005 FCC
49. A imunidade de jurisdição consiste:
I) na faculdade dos agentes diplomáticos de não comparecer em qualquer juízo do país
onde esteja acreditado para prestar testemunho de fatos que sejam do seu conhecimento;
II) em não facultar ao agente diplomático à jurisdição do Estado em que esteja acreditado,
na qualidade de autor;
III) em que o agente diplomático que exerce outra profissão, simultaneamente com a função
diplomática, possa ser acionado, nos Tribunais do país onde esteja acreditado, quanto aos
compromissos assumidos pelo exercício da outra função que tenha desempenhado;
IV) impedir que o agente diplomático seja acionado para responder às ações reais sobre
imóveis por ele adquiridos no território em que esteja acreditado.
Assinale a resposta;
a) todas as alternativas estão corretas; .
b) apenas as alternativas II e IV estão incorretas;
c) apenas a afirmativa II está incorreta;
d) apenas a afirmativa I está incorreta;
e) apenas a afirmativa III está incorreta.
50. No tocante aos tratados é possível afirmar:
I) a licitude ou ilicitude do objeto não é elemento para sua validade. É necessário, apenas,
que os agentes que representam os Estados convenentes tenham capacidade e estejam
habilitados a celebrá-Ios;
II) os representantes de um Estado, para adoção ou autenticação do texto de um tratado,
ou para expressar o consentimento do Estado, deverão demonstrar a sua capacidade,
através da apresentação dos plenos poderes, que somente poderá ser dispensada em se
tratando do Chefe de Estado ou do Chanceler (Ministro das Relações Internacionais no Br);
III) a ratificação é da essência do tratado, não podendo ser dispensada por vontade das
partes;
IV) a denúncia é causa de extinção quando admitida expressa ou tacitamente pelo próprio
tratado.
Escolha a opção correta:
a) todas as afirmativas estão corretas;
b) apenas a afirmativa III está incorreta;
c) apenas as afirmativas I e III estão incorretas;
d) apenas a afirmativa II está correta;
e) apenas as afirmativas I e II estão corretas.
Fonte
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Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional - D-004.388-2002
DECRETO No. 4.388, DE 25 DE SETEMBRO DE 2002
Capítulo I
Criação do Tribunal
OBS: 1º. Tribunal Permanente no mundo, para julgar determinados crimes
Artigo 1º
O Tribunal
É criado, pelo presente instrumento, um Tribunal Penal Internacional ("o Tribunal"). O Tribunal
será uma instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas (físicas) responsáveis pelos
crimes de maior gravidade com alcance internacional, de acordo com o presente Estatuto, e será
complementar às jurisdições penais nacionais. A competência e o funcionamento do Tribunal regerse-ão pelo presente Estatuto.
OBS: complementar às jurisdições penais nacionais = Princípio da Complementaridade: só julga
qdo não houve julgamento no país de origem, ou ainda, se o julgamento tiver sido uma farsa
Artigo 4º
Regime Jurídico e Poderes do Tribunal
1. O Tribunal terá personalidade jurídica internacional (característico de Org. Int.)
Possuirá, igualmente, a capacidade jurídica necessária ao desempenho das suas funções
e à prossecução dos seus objetivos.
obs.dji.grau.4: Poder; Regime Jurídico; Tribunal
2. O Tribunal poderá exercer os seus poderes e funções nos termos do presente Estatuto,
no território de qualquer Estado Parte e, por acordo especial, no território de qualquer
outro
Artigo 5º
Crimes da Competência do Tribunal
1. A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a comunidade
internacional no seu conjunto. Nos termos do presente Estatuto, o Tribunal terá competência
para julgar os seguintes crimes:
(são imprescritíveis)
a) O crime de genocídio;
b) Crimes contra a humanidade; (qdo não haviam definido genocídio existencial: ex. Judeus)
c) Crimes de guerra; (convenção de Genebra)
d) O crime de agressão. (um país invade o outro)
2. O Tribunal poderá exercer a sua competência em relação ao crime de agressão desde
que, nos termos dos artigos 121 e 123, seja aprovada uma disposição em que se defina
(falta regulamentação) o crime e se enunciem as condições em que o Tribunal terá
competência relativamente a este crime. Tal disposição deve ser compatível com as
disposições pertinentes da Carta das Nações Unidas.
obs.dji.grau.1:
TPI
Artigo 121, Alterações e Artigo 123, Revisão do Estatuto - Cláusulas Finais -
78
Artigo 89
Entrega de Pessoas ao Tribunal
1. O Tribunal poderá dirigir um pedido de detenção e entrega de uma pessoa, instruído com os
documentos comprovativos referidos no artigo 91, a qualquer Estado em cujo território essa pessoa
se possa encontrar, e solicitar a cooperação desse Estado na detenção e entrega da pessoa em causa.
Os Estados Partes darão satisfação aos pedidos de detenção e de entrega em conformidade com o
presente Capítulo e com os procedimentos previstos nos respectivos direitos internos.
OBS: O BR. Não extradita brasileiro
Art.5, LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
Artigo 102
Termos Usados para os Fins do Presente Estatuto:
a) Por "entrega", entende-se a entrega de uma pessoa por um Estado ao Tribunal nos termos do
presente Estatuto.
b) Por "extradição", entende-se a entrega de uma pessoa por um Estado a outro Estado conforme
previsto em um tratado, em uma convenção ou no direito interno.
Artigo 120
Reservas (nenhum país é obrigado a aderir o TPI)
Não são admitidas reservas a este Estatuto.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
79
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e
cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
Art. 21. Compete à União: (A REPRESENTANTE EXTERNA DO ESTADO BR É A UNIÃO)
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;
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