Decreto-Lei n.º 28/2016, de 23 de Junho

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Julho 2016
Decreto-Lei n.º 28/2016, de 23 de Junho
Decreto-Lei n.º 28/2016, de 23 de Junho, que procede à quarta alteração ao Decreto-Lei
n.º 118/2013, de 20 de Agosto, relativo à melhoria do desempenho energético dos edifícios,
e que transpôs a Diretiva n.º 2010/31/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19
de Maio de 2010.
Foi publicado, no passado dia 23 de Junho de 2016 e com entrada em vigor fixada para o
dia seguinte, o Decreto-Lei n.º 28/2016, pelo qual o Governo procedeu à quarta alteração
ao Decreto-Lei n.º 118/2013, de 20 de Agosto, relativo à melhoria do desempenho energético
dos edifícios, e que transpôs a Diretiva n.º 2010/31/UE do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 19 de Maio de 2010.
Esta quarta alteração surge com o principal objectivo de suprir as incorreções verificadas
na transposição da referida Diretiva pelo Decreto-Lei alterado e na sua redação em vigor,
e nomeadamente detetadas no parecer fundamentado da Comissão Europeia, dirigido à
República Portuguesa, em 10 de Dezembro de 2015, no qual este órgão mantém dúvidas
a respeito do sentido e alcance de alguns dos conceitos empregues no Decreto -Lei n.º
118/2013, de 20 de Agosto, na sua redacção mais recente.
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Principais pontos de intervenção do diploma:
I. “…no que se refere ao conceito de viabilidade económica como base para a justificação
do cumprimento da aplicação dos requisitos mínimos de desempenho energético nas
intervenções junto dos edifícios ((definido na anteriormente vigente alínea ggg) do n.º
2 do regime jurídico, revogada pelo presente diploma)], cumpre salientar que a viabilidade económica necessária para o cumprimento dos requisitos mínimos de desempenho
energético não deve estar associada a uma mera faculdade do investidor, estando
antes explicitamente interligada com os estudos que suportam os níveis ótimos de
rentabilidade, nomeadamente, aqueles que Portugal já desenvolveu e foram notificados à Comissão, tendo os respetivos resultados sido incorporados nas respetivas
peças legislativas entretanto publicadas como requisitos mínimos a serem cumpridos”
(preâmbulo);
II. ”Artigos 29.º, 42.º e 44.ª: Ainda no espírito da Diretiva n.º 2010/31/UE, a aplicação
de requisitos técnicos na instalação de novos sistemas técnicos e na substituição ou
renovação dos existentes é extensível a todo o tipo de intervenção, não se restringindo
apenas às grandes intervenções, o que fica clarificado pelo presente decreto–lei”
(preâmbulo);
III. Artigo 16.º, n.º 2:“…melhorar a redação que enquadra a definição relativa aos
edifícios com necessidades quase nulas de energia, de forma a tornar explícita a
prevalência da prioridade de redução das necessidades de energia dos edifícios sobre
o recurso a energia proveniente de fontes renováveis, independentemente do seu local
de produção, destinada a suprir ou atenuar significativamente essas necessidades”
(preâmbulo);
IV. Vejam-se, então, as alterações na especialidade, comparando-se o regime anterior
com o regime novo.
1. Artigo 2.ª: Conceito de viabilidade económica como base para a justificação do cumprimento
da aplicação dos requisitos mínimos de desempenho energético nas intervenções junto
dos edifícios:
1.1. Até agora, a alínea ggg) do artigo 2.º definia “…«Inviabilidade de ordem técnica,
funcional e ou económica», [enquanto] a inviabilidade, justificada de forma adequada
pelo autor do projeto, da aplicação ou do estabelecimento dos requisitos mínimos de
desempenho energético em edifícios existentes, sujeitos a intervenção na respetiva envolvente que determine a alteração estrutural ou funcional das características do respetivo
projeto original, sempre que nenhuma das opções possíveis para aplicar ou estabelecer
aqueles requisitos seja técnica, funcional e ou economicamente viável, nomeadamente,
por impossibilidade de passagem de infraestruturas técnicas ou criação de zonas para
esse efeito, conflitos com a aplicação de requisitos estabelecidos em outra legislação
aplicável, inexistência de zonas técnicas ou locais para acomodar sistemas técnicos e
ou existência de uma taxa interna de retorno ou um valor de retorno do capital investido
negativo, relativamente ao valor atual líquido no momento da intervenção”;
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1.2. Este conceito desaparece com o presente diploma de alteração, bem como as
referências ao mesmo feitas nas normas do diploma relativas aos edifícios existentes,
pelo que, a partir de agora, nenhum proprietário se pode considerar desonerado de cumprir
a aplicação dos requisitos mínimos de desempenho energético nas intervenções junto
dos edifícios com base na inviabilidade económica que tal aplicação acarrete para as
mesmas intervenções, ainda que prove essa inviabilidade.
2. Alínea q) do artigo 2.º, sobre definição de edifício devoluto:
2.1. Na redação anterior, apenas se considerava edifício devoluto o que se enquadrasse na definição que da categoria dá o D.L. 159/2006;
2.2. Após esta última alteração, passa também a dever considerar-se edifício devoluto, para
os efeitos do regime da certificação energética, o “…como tal declarado pela Direção-Geral
do Tesouro e Finanças (DGTF) no âmbito das respetivas atribuições”.
3. Alínea r) do artigo 2.º, definição de “edifício em ruínas”:
3.1. Até agora, era considerado “«Edifício em ruínas», o edifício existente com tal degradação
da sua envolvente que, para efeitos do presente diploma, fica prejudicada, total ou parcialmente, a sua utilização para o fim a que se destina, tal como comprovado por declaração
da câmara municipal respetiva ou pelo perito qualificado, cumprindo a este proceder ao
respectivo registo no SCE”;
3.2. Com a presente alteração, passa a prever-se, em linha com o que sucede na alínea
anterior, a competência da Direção-Geral do Tesouro e Finanças para, nomeadamente
no âmbito do património imobiliário público, declarar o estado de ruína de edifícios.
4. Alínea gg) do artigo 2.º, definição de “grande intervenção”:
4.1. Nos termos da redação anterior, considerava-se “«Grande intervenção», a intervenção
em edifício em que se verifique que: (i) o custo da obra relacionada com a envolvente
ou com os sistemas técnicos seja superior a 25 % do valor da totalidade do edifício,
compreendido, quando haja frações, como o conjunto destas, com exclusão do valor
do terreno em que este está implantado; e ou (ii) tratando -se de ampliação, o custo
da parte ampliada exceda em 25 % o valor do edifício existente (da área interior útil
de pavimento, no caso de edifícios de comércio e serviços) respeitante à totalidade do
edifício, devendo ser considerado, para determinação do valor do edifício, o custo de
construção da habitação por metro quadrado, fixado anualmente para as diferentes
zonas do país, por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da
energia e do ordenamento do território”;
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4.2. Após a presente alteração, o custo de referência para se aferir da qualificação
como “grande intervenção” deixa de ser, alternativamente, o das obras ou com a envolvente, ou com os sistemas técnicos, podendo ser a cumulação das duas áreas de
intervenção, porque se passa a utilizar “e/ou”, em vez de “ou”.
5. Artigo 4.º: edifícios excluídos da exigência de certificação energética:
5.1. Até agora, nos termos da alínea c) do artigo 4.º, não careciam de obter certificação energética os armazéns em que a presença humana não fosse significativa
porque, cumulativamente, não ocorresse por mais de 2 horas/dia e não representasse uma ocupação superior a 0,025 pessoas/m2;
5.2. Agora, na nova alínea d) do artigo 4.º introduzida pela alteração em comentário,
os índices em função dos quais se define a “ocupação significativa” deixam de ser de
verificação cumulativa, bastando que ocorram alternativamente ou um ou outro para
que a ocupação significativa dos armazéns se tenha por verificada.
6. N.º 2 do artigo 15.º: validade do certificado do Sistema de Certificação Energética dos
Edifícios:
6.1. Os prazos anteriormente vigentes mantêm-se; mas
6.2. Ressalva-se agora a possibilidade de atualização do certificado dentro do prazo
de validade.
7. N.º 2 do artigo 16.º: edifícios com necessidades quase nulas de energia:
7.1. Até agora, este preceito qualificava como edifícios com necessidades quase nulas
de energia os que tivessem “…um elevado desempenho energético, determinado nos
termos do presente diploma, nomeadamente em resultado de energia proveniente de
fontes renováveis, designadamente a produzida no local ou nas proximidades”.
7.2. Com a alteração em comentário:
a) Por um lado, passa a exigir-se, em linha com a Diretiva, que o desempenho
seja não apenas “elevado”, mas sim “muito elevado”; e
b) Essa elevação passa a ter-se por verificada não apenas “…em resultado
de energia proveniente de fontes renováveis, designadamente a produzida no
local ou nas proximidades”, mas sim, e de forma mais categórica, mediante a
antecedente verificação de que “…as necessidades de energia quase nulas ou
muito reduzidas são em larga medida satisfeitas com recurso a energia proveniente de
fontes renováveis, designadamente a produzida no local ou nas proximidades”,
deixando assim de se exigir apenas uma imputação indefinida do muito elevado
desempenho à presença das fontes renováveis, para se passar a exigir uma
imputação direta de um resultado concreto de diminutas ou nulas necessidades
energéticas à presença dessas fontes renováveis.
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8. No artigo 18.º, alteram-se os entes públicos destinatários da taxa de registo.
9. Acrescenta-se aos artigos 22.º e 32.º, preambulares aos Regulamentos de Desempenho
Energéticos de Habitação e de Comércio e Serviços, uma norma programática (novo n.º
2), nos termos da qual “— Os requisitos mínimos referidos no número anterior são estabelecidos de forma a alcançar níveis óptimos de rentabilidade e revistos periodicamente
em função dos resultados da análise de custo ótimo realizada para os edifícios (…), com
intervalos não superiores a cinco anos”.
10. No n.º 1 do artigo 29.º - edifícios de habitação -, assim como nos artigos 42.º e 44.º comércio e serviços -, a aplicação de requisitos técnicos na instalação de novos sistemas
técnicos e na substituição ou renovação dos existentes é extensível a todo o tipo de intervenção,
não se restringindo apenas às grandes intervenções.
11. As demais alterações traduzem-se apenas em melhorias formais de redação.
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