XXIV Ibero-americana Conferência dos Ministros da Educação. Cidade do México, em 28 de agosto de 2014. Planopara Ibero-americano ograma de A lfabetização e l Desarrollo A prendizagem ao longo Modernización da Vida 2015-2021 la Educación ico-Profesional © Organización de Estados Iberoamericanos para la Educación, la Ciencia y la Cultura (OEI) Bravo Murillo, 38 28015 Madrid www.oei.es Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 1. Apresentação do projeto Durante o desenvolvimento do Plano Ibero-americano de Alfabetização e Educação Básica de Pessoas Jovens e Adultas 2007-2015 (PIA), e apesar dos avanços realizados, continua vigente o objetivo de melhorar os níveis de alfabetismo e oferecer alternativas de continuidade de estudos e aprendizagem ao longo da vida na Ibero-América. Por esta razão, e atendendo aos mandatos da XXIII Conferência Ibero-americana de Ministros da Educação, assim como da XXIII Cúpula Ibero-americana de Chefes de Estado e de Governo celebrada no Panamá em 2013, os representantes dos países presentes na XII reunião do Comitê Intergovernamental do PIA, realizada na cidade do México em 18 de junho de 2014, decidiram reformular o Plano considerando o Programa “Metas Educativas 2021: a educação que queremos para a geração dos Bicentenários”. A apresentação do Plano Ibero-americano de Alfabetizaçao e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 na XXIV Ibero-americana de Ministros da Educação, a ser celebrada no dia 28 de agosto de 2014 na cidade do México, coincide com a importância da Campanha Nacional de Alfabetização e Erradicação do Atraso Escolar 2014-2018 naquele país, que representa um impulso e uma inspiração para as ações educacionais previstas no PIA 2015-2021. 2. Plano Ibero-americano de Alfabetização e Educação Básica de Jovens e Adultos (PIA) 2007-2015 Na XVI Cúpula Ibero-americana de Chefes de Estado e de Governo (Montevidéu, 2006), foi aprovado o início da implementação do PIA. Em 2006, na América Ibérica existiam mais de 34 milhões de adultos analfabetos e 110 milhões de jovens e adultos -40% da população da América Latina- que, em plena idade ativa, não tinham finalizado os estudos de nível fundamental. Para os jovens e adultos, a possibilidade de completar os estudos escolares que não tiveram oportunidade de concluir, por meio de ofertas que respondam a suas necessidades e vinculem esse processo a ofertas de formação para o trabalho, constitui a oportunidade de melhorar suas expectativas de desenvolvimento pessoal e social. No ano de 2013, a atualização dos dados evidencia que na maioria dos países persiste a tendência de redução das taxas de analfabetismo, o que comprova os efeitos positivos das diferentes ações que estão se desenvolvendo em cada um deles, com políticas sustentáveis e investimentos que possibilitam atender à população jovem e adulta. Por sua vez, sugere o compromisso de criar novas estratégias que permitam dar respostas às necessidades de educação das pessoas jovens e adultas atendendo à diversidade de sujeitos 3 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 e às competências requeridas para adquirir conhecimentos e habilidades demandas por sociedades cada vez mais complexas. O compromisso com a educação de pessoas jovens e adultas reforça a necessidade de abordar a educação da população desde a primeira infância, com políticas de Estado que garantam o acesso, a permanência e a conclusão dos distintos níveis educacionais da educação regular, e que ampliem as ofertas de propostas formais, não formais e de educação técnico-profissional. O PIA contribuiu para impulsionar políticas de combate ao analfabetismo e de educação de pessoas jovens e adultas nos países da região ibero-americana. Desta forma, no que se refere às ofertas de continuidade educativa, atualmente os países colocam à disposição de pessoas jovens e adultas uma diversidade de propostas educativas para completar a educação básica como primeiro objetivo, tal como enunciado como meta do PIA, assim como de ensino médio e de educação para o trabalho, ensino técnico-profissional e inserção laboral por meio de diferentes modalidades (presencial, semipresencial e a distância) que buscam adequar-se às demandas dos sujeitos da Educação de Pessoas Jovens e Adultas (EPJA). Em relação às linhas de ação regionais o PIA possibilitou a realização, entre os anos 2008 e 2013, de reuniões, seminários, oficinas, encontros, estágios, intercâmbios de experiências em parceria com outras instituições e organismos; a abertura de Cátedras e a implementação de cursos de formação, realização de estudos e pesquisas, além de assistências técnicas aos países para a implementação de programas, avaliações e elaboração de materiais e metodologias inovadoras na educação de pessoas jovens e adultas. Este conjunto de atividades contribuiu para o fortalecimento de equipes técnicas responsáveis pela EPJA nos países, para o debate sobre a educação das pessoas com escolaridade incompleta e sobre as condições para a aprendizagem ao longo da vida. A avaliação externa do PIA apresentada no ano de 2013 permite constatar que o Plano tem um elevado nível de pertinência quanto à adequação entre o fenômeno estrutural do analfabetismo e o atraso escolar identificado e a solução proposta. Foi atingido um elevado nível de apropriação pelas autoridades nacionais dos esforços do PIA em apoiar seus programas, possibilitando que surgissem novos temas de interesse, articulação com a educação não formal, melhor preparação dos facilitadores, assumindo assim o passo da alfabetização com um conceito mais ambicioso, como é o da aprendizagem ao longo da vida. Apesar de os indicadores incorporados no desenho inicial do PIA apresentaram algumas debilidades para poder pronunciar-se sobre sua eficácia com elevado grau de certeza, em termos gerais pode-se avaliar positivamente a eficácia no nível de produtos como os “planos de universalização da alfabetização”, patrocinados e impulsionados pelo PIA. 4 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 A avaliação externa do PIA também mostrou que se avançou significativamente no sentido de garantir recursos financeiros estáveis nos países, de tal forma que a maioria dos países da região assume seu compromisso com a educação de jovens e adultos. Apesar de não ter-se alcançado o objetivo que enunciava que “a alfabetização na região seja universal”, pode-se afirmar que existe “mais alfabetização” que antes da adoção do Plano. No que se refere à “continuidade de estudos”, houve avanços para uma parte da população, mas nem todos têm no momento essa oportunidade. A avaliação também demonstrou um desempenho adequado de atividades devido à capacidade e experiência das equipes técnicas do PIA, sua proximidade e estreita colaboração com os quadros dos ministérios dos países, o esforço e qualidade profissional dos facilitadores e a adequação dos procedimentos de gestão em cada país a partir de suas próprias necessidades. No que se refere à sustentabilidade, a avaliação externa do PIA identificou a importância de contar com novos esforços de financiamento por parte dos principais parceiros, com vistas a fortalecer a continuidade dos efeitos para os quais o Plano contribuiu. Os países ibero-americanos tem consciência da necessidade de suas contribuições à educação de adultos. A contribuição do PIA à geração de políticas de estado na matéria é, sem dúvida, um fator importante que contribuirá para a sustentabilidade dos objetivos do Plano 2015/2021. O Estudo sobre transversalidade de gênero e perspectiva de etnia no PIA (2013) também aporta sugestões ao PIA. Os programas e projetos que estão sendo implementados nos países foram incorporando o enfoque de gênero na formulação e execução dos mesmos, propõem ações concretas dirigidas a contar com uma maior participação de mulheres nos programas e, sobretudo, que possam concluí-los. Quanto à perspectiva de etnia, o Estudo revela a necessidade de aprofundar as estratégias de combate ao analfabetismo em todos os países, variável imprescindível em contextos de diversidade cultural. Outra realidade na região é a tendência de uma maior inclusão de jovens em programas criados originalmente para atender à população adulta. Em 2010, 11 milhões de adolescentes encontravam-se excluídos do sistema educacional formal, e destes, um numeroso grupo nunca ingressou ao sistema educacional regular sendo, por tanto, a grande maioria analfabeta. Por outro lado, um desafio relevante é atender às pessoas idosas. Do total de pessoas com 60 anos ou mais, estima-se que pouco mais da metade afirma não saber ler nem escrever (CEPAL, 2005). A situação é mais grave entre as mulheres (estima-se que em torno de 70% das mulheres com 60 anos ou mais sejam analfabetas). Os integrantes desta faixa etária precisam não apenas aprender a ler, escrever, completar a educação básica e capacitar-se para o trabalho, mas também demandam programas de aprendizagens 5 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 específicas, diferentes das oportunidades de educação destinadas a cidadãos jovens e adultos. Responder a essas necessidades das pessoas idosas é um desafio que os programas educacionais têm que resolver e enfrentar. Cabe destacar que um dos âmbitos no qual se produz uma estreita vinculação entre os processos de formação e o entorno social é o relativo à conexão que existe entre a educação e o emprego, conexão esta que em parte levou à convicção de que a educação básica é apenas um primeiro passo no processo contínuo de aprendizagem ao longo da vida e ao gradativo desaparecimento das antes rígidas fronteiras entre a formação geral e a especializada (Miradas, 2012). Os avanços e a diversificação das novas tecnologias da informação e comunicação, e o seu uso em diversos aspectos da vida cotidiana, fazem necessária a sua incorporação na oferta curricular, propiciando seu conhecimento e uso pertinente nos processos de ensino-aprendizagem, considerando sempre as características do contexto e as demandas das pessoas jovens e adultos. Também é necessário continuar apoiando os esforços dos países para melhorar os níveis de alfabetização e conseguir que as pessoas alfabetizadas tenham acesso a programas de educação básica. Ademais, é necessário incorporar, sustentar e criar condições para que aprendam e continuem sua formação por meio do acesso a programas educativos que respondam às exigências de conhecimentos e de habilidades requeridas para o seu próprio desenvolvimento para as comunidades, nos níveis médio, superior, técnico-profissional e outras ofertas que possibilitem o acesso à educação permanente e à aprendizagem ao longo da vida. Para dar respostas às demandas da educação de jovens e adultos no atual contexto da região, propõe-se que o Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da vida 2015-2021, recomende políticas educacionais que: ª Promovam contextos letrados que estimulem o uso da leitura e da escrita nas línguas existentes no entorno especifico e motivem a construção de novas aprendizagens. ª Propiciem elementos educativos que melhorem suas formas de participação nos ambitos pessoal, familiar e comunitário. ª Reconheçam e validem as aprendizagens adquiridas pelas pessoas nos diferentes contextos em que transcorrem suas vidas. ª Estabeleçam sistemas de acompanhamento baseados em registros sistemáticos e confiáveis de informação que permitam monitorar os avanços alcançados nos distintos programas e ofertas educativas. ª Permitam a integração das pessoas jovens e adultas a atividades produtivas e ao mercado de trabalho. 6 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 ª Desenvolvam programas que favoreçam a formação de educadores e facilitadores para todos os níveis de educação formal e não formal e para as distintas modalidades de educação de adultos, com perspectiva da diversidade, interculturalidade, gênero, tolerância e a inclusão de jovens e adultos em condições de vulnerabilidade. ª Incorporem o uso das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) como recurso educativo que, por uma parte, apoia o acesso aos programas de EPJA propondo metodologias inovadoras e, por outra, oferece oportunidades de melhorar e ampliar conhecimentos e favorecer a continuidade de estudos e de aprendizagem ao longo da vida. Na X Reunião do Comitê Intergovernamental (Santo Domingo, 25 de junho de 2013) os delegados acordaram a revisão do PIA com o propósito de ir mais além da alfabetização e da educação básica das pessoas jovens e adultas, incluindo a continuidade do ensino médio e da educação técnico-profissional, na perspectiva da educação permanente e da aprendizagem ao longo de toda a vida, enfrentando estes desafios por meio dos programas dirigidos à população jovem e adulta. Ademais, os Ministros e representantes dos países ibero-americanos, reunidos na cidade de Panamá no dia 12 de setembro de 2013, na XXIII Conferência Ibero-americana de Educação, convocada no marco da XXIII Cúpula Ibero-americana de Chefes de Estado e de Governo se comprometeram com: Reconhecer os avanços que foram produzidos nestes anos no processo de alfabetização das pessoas jovens e adultas […] e renovar o apoio ao Programa Ibero-americano de Alfabetização e Educação Básica de Jovens e Adultos (PIA) com a finalidade de conseguir atingir seus objetivos básicos nos dois anos finais de vigência (20142015). Ainda, encomendar à Unidade Técnica do PIA a realização da avaliação e posterior redação de uma proposta de reformulação do Programa para a fase de 2015 a 2021, em função dos eixos estabelecidos nas Metas educativas 2021 e com a finalidade de que seja aprovada pela Conferência Ibero-americana de Ministros de Educação e elevada posteriormente à Cúpula de Chefes de Estado e de Governo. Durante a XII Reunião do Comitê Intergovernamental do PIA, celebrada no dia 18 de junho de 2014 na cidade do México D.F, a Unidade Coordenadora levou à consideração dos 18 países participantes1 o documento de reformulação do PIA, aprovado na ocasião para apresentação na XXIV Conferência Ibero-americana de Ministros da Educação, a celebrar-se no mês de agosto de 2014 no México. Argentina, Brasil, Chile, Colombia, Costa Rica, Cuba, Ecuador, El Salvador, España, Guatemala, Honduras, México, Nicaragua, Paraguay, Perú, Portugal, República Dominicana y Uruguay. 1 7 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 3. Descrição do Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 O Plano contempla os avanços alcançados a partir da implementação do PIA (20072015) e do início da implementação, no ano de 2010, do Programa «Metas Educativas 2021: a educação que queremos para a geração dos Bicentenários». As Metas Educativas 2021 compreendem uma educação que se inicia na primeira infância e engloba as distintas etapas da vida das pessoas e, para tanto, é necessário alcançar a equidade educacional e superar toda forma de discriminação na educação. Dentre os desafios que tanto o PIA como as Metas Educativas sugerem, e que o Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida toma como pontos de referência, encontram-se: ª Consolidar a alfabetização com programas inclusivos de educação básica. ª Entender a alfabetização como um ato contínuo, na qual se manifestam diferentes níveis e graus de habilidade. ª Ampliar a oferta de ensino médio para jovens e adultos que não tiveram acesso ou que optaram por abandonar o ensino médio regular. ª Associar a educação ao trabalho produtivo e a pequenas e medias empresas, por meio de uma educação que enfatiza a formação integral dos trabalhadores e que oferece as ferramentas para a implementação de modelos alternativos de produção e geração de renda, no marco de um trabalho decente como propõe a Organização Internacional do Trabalho (OIT). ª Aumentar o percentual de participação e acesso equitativo de grupos vulneráveis em seus direitos a programas de alfabetização e educação de jovens e adultos (mulheres, afrodescendentes, indígenas, idosos, migrantes ou refugiados, pessoas com deficiência, privados de liberdade, em situação de pobreza urbana, etc.). ª Contar com currículos e itinerários de formação pertinentes que atendam às diferentes demandas e situações dos participantes, reconhecendo a presença de pessoas que precisam de uma atenção diferenciada. Especialmente importante é a diferenciação em função da etnia, da idade, do habitat, do gênero, de forma a alcançar aprendizagens significativas e socialmente válidas. ª Prolongar a formação docente para a área específica de educação de jovens e adultos. ª Promover enfoques educativos para jovens e adultos, no marco de uma educação contextualizada, crítica e transformadora. ª Introduzir as TIC nos programas de educação, contribuindo para melhorar a qualidade e a equidade educativa. 8 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 A proposta demanda analise das ações nacionais, que empenham as autoridades dos países no desenvolvimento de programas de alfabetização, de ensino fundamental e médio para jovens e adultos, bem como estimular a sua inserção na educação técnicoprofissional, com modalidades flexíveis que adotem distintas metodologias, oferecendo oportunidades de programas presenciais, semipresenciais e a distância; e ações regionais, voltadas ao fortalecimento das políticas educacionais dirigidas a pessoas jovens e adultas de cada país, mediante a cooperação e a solidariedade entre os países iberoamericanos e o apoio das instituições multilaterais do espaço ibero-americano para o desenvolvimento de assistências técnicas, estudos, difusão de práticas e ações inovadoras relacionadas à educação de pessoas jovens e adultas. 3.1. Princípios que regem o Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 1. Garantir o direito à educação das pessoas jovens e adultas O direito à educação de pessoas jovens e adultas implica, por parte dos Estados, um maior compromisso para garantir seu pleno cumprimento, com igualdade de oportunidades para todas as pessoas, independentemente da idade, da etnia, do sexo, das capacidades e áreas geográficas nas quais habitam, que será cumprido se a oferta educativa estiver disponível, for acessível, pertinente e se responde e dialoga com as especificidades e os contextos dos educandos, o que requer debates e desenvolvimento de melhores políticas públicas de EPJA. 2. Respeito à diversidade de critérios, de estratégias, de meios e de métodos. Diferentes modos e enfoques da EPJA são assumidos nos contextos e culturas que caracterizam os países e a região ibero-americana, reconhecendo a igualdade de direitos e a riqueza da diversidade humana. Aprecia-se o esforço que realizam os países desenvolvendo ofertas que, focadas em uma educação transformadora e para o desenvolvimento da cidadania, respeitam e valorizam o conhecimento prévio dos que aprendem, bem como as necessidades, os interesses e as expectativas de educandos e de educadores, e as condições específicas da cultura dos contextos locais. 3. Respeito à soberania educacional, apoiando as políticas públicas de educação de cada país. O Plano tem origem nos próprios países e, portanto, nutre-se da ampla experiência da região em matéria de educação para pessoas jovens e adultas, ao mesmo tempo em que respeita a soberania dos países da Ibero-América para identificar e desenvolver estratégias próprias de educação e aprendizagem das pessoas jovens e adultas. 4. Impulso à cooperação e à articulação O Plano é uma estratégia regional compartilhada por todos os países da região, que inte- 9 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 gra e articula as diferentes práticas de educação de pessoas jovens e adultas e possibilita a sinergia de esforços e de ações articuladas em nível local, nacional e regional. 5. Instauração de políticas educacionais integrais. A articulação de políticas de educação de pessoas jovens e adultas recorre à participação corresponsável dos distintos setores e atores no planejamento e execução das mesmas, assumindo que as necessidades da população surgem a partir de situações especificas ou contextos específicos. Implicam na necessidade de que os distintos níveis, modalidades e promotores de processos educativos desenvolvam ações articuladas e integradas, partindo do princípio fundamental da aprendizagem e da educação ao longo da vida. 6. Atenção à multiculturalidade e interculturalidade O Plano reconhece a diversidade de grupos com os quais se desenvolvem as práticas educativas com jovens e adultos e, portanto, o desafio de pensar em conteúdos, metodologias e materiais que respondam a essa diversidade e expectativas. A EPJA tenta abordar o desafio de diminuir as assimetrias e construir as condições da multiculturalidade, para convertê-las em interculturalidade. 7. Ampliação da participação social Garantir o direito à educação demanda um esforço coletivo participativo das pessoas, das comunidades e das instituições locais, nacionais e internacionais. O Plano aborda a coordenação e a articulação de esforços de governos nacionais e locais, de ONG, instituições de educação superior e da sociedade civil, bem como, de organismos internacionais, somando esforços humanos, técnicos e econômicos. Com isso conseguir-se-á potencializar a soma de diferentes recursos dentro da diversidade de estratégias nacionais no âmbito da educação de pessoas jovens e adultas. 8. Sustentabilidade do Plano A sustentabilidade do Plano provém da vontade política dos Chefes de Estado e de Governos ibero-americanos para melhorar os níveis de alfabetização e oferecer alternativas de continuidade educativa e aprendizagem ao longo da vida. 3.2 Objetivos Objetivo Geral Oferecer à população jovem e adulta da região oportunidades de aprendizagem ao longo da vida que permitam dar continuidade às ações de alfabetização por meio de uma oferta educacional de qualidade que facilite trajetórias educativas e de formação para a vida produtiva e laboral. Objetivo específico 1. Aumentar a taxa de alfabetização nos países ibero-americanos. Espera-se que os países ibero-americanos contem com planos nacionais que permitam alfabetizar toda a população que for preciso com estratégias de estímulo para que tal po10 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 pulação continue seus estudos por meio de modalidades educativas formais, não formais e de espaços de aprendizagem informais. A meta é atingir taxas de alfabetização nos países da região Ibero-americana, até o ano de 2021, acima de 95%. A alfabetização é o primeiro passo para a educação e a aprendizagem ao longo da vida, com programas liderados por cada Estado e organizados em planos nacionais que assegurem seu desenvolvimento efetivo, a coordenação das ações e o acompanhamento e a avaliação das atividades e dos resultados em nível nacional. Objetivo específico 2. Articular o Plano com estratégias para a prevenção do abandono escolar no ensino fundamental e no ensino médio de cada país, com vistas a impedir o surgimento de novos grupos de analfabetos. A ampliação do nível educacional das pessoas jovens e adultas é meta factível se existirem estratégias que garantam que todos os alunos e alunas cursem pelo menos 12 anos de educação. Isso supõe estratégias de prevenção do abandono escolar na no ensino fundamental, em primeiro lugar e, ao mesmo tempo, melhorar os níveis de acesso e finalização do ensino médio, o qual deverá ser assumido de maneira generalizada em todos os países. Nas instâncias de educação de pessoas jovens e adultas, sugere-se estabelecer com os outros níveis do sistema educacional regular vínculos e sinergias e iniciar medidas de coordenação para a prevenção do abandono escolar dos meninos e meninas, contribuindo assim, por um lado, para encontrar medidas que evitem a deserção escolar e com isso, prevenir o analfabetismo e melhorar os níveis de alfabetização da população e, por outro lado, planejar uma correta e oportuna oferta de educação de pessoas jovens e adultas em função da evolução das taxas de deserção e abandono escolar. Objetivo específico 3. Aumentar o número de pessoas jovens e adultas da região Iberoamericana que têm acesso a programas de educação de jovens e adultos em todos os níveis e distintas modalidades e que egressam dos mesmos. Conseguir que as pessoas jovens e adultas da região ibero-americana, sujeitos da EPJA, tenham acesso a outros níveis e modalidades educativas exige formular propostas que permitam dar respostas às múltiplas necessidades de conhecimentos e habilidades dos mesmos e aos contextos heterogêneos da região. Faz-se necessário aumentar o número e a qualidade dos programas, explorando alternativas presenciais, semipresenciais, à distância, formais e não formais de educação básica, de ensino médio e de formação técnica que ofereçam os meios necessários a todas as pessoas jovens e adultas que desejem continuar sua educação e formação, garantindo as condições para a presença de mulheres, população in11 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 dígena, afrodescendentes, pessoas com deficiência, migrantes, refugiados, idosos e pessoas privadas de liberdade. Objetivo específico 4. Desenvolver sistemas de reconhecimento, credenciamento, avaliação e certificação de aprendizagem. A avaliação, o reconhecimento, a validação e a acreditação de todos os resultados da aprendizagem são práticas que tornam visível e valorizam o amplo leque de competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) que as pessoas têm obtido em diversos contextos, mediante distintos meios e em diferentes etapas de sua vida. As pessoas jovens e adultas ao longo da vida adquirem variadas competências por meio de formação e capacitação que recebem em espaços formais, não formais e informais, as quais geralmente não são registradas nem certificadas e, portanto, não podem demonstrar suas capacidades e aprendizagens. Ademais, a informação relacionada com ofertas de formação que podem ser de interesse das pessoas não está acessível aos potenciais interessados, portanto, não são aproveitadas totalmente. Faz-se necessário contar com políticas que avaliem e reconheçam as diversas aprendizagens e possibilitem certifica-las e credenciá-las para facilitar a reinserção e/ou continuidade de suas trajetórias educativas a jovens e adultos que se encontram fora do sistema educacional, oferecendo a possibilidade de concluir seus estudos, por uma parte, e por outra, oferecer alternativas de educação e formação para continuar aprendendo ao longa da vida. Objetivo específico 5. Melhorar a qualidade das ofertas educativas para pessoas jovens e adultas nos países Ibero-americanos. A educação de pessoas jovens e adultas requer em todo momento levar em consideração os propósitos da mesma e os sujeitos. É importante reconhecer que as pessoas que buscam os programas de EPJA ingressam com determinadas competências, expectativas e responsabilidades que demandam uma perspectiva holística, na qual o acesso às ofertas educativas esteja vinculado ao trabalho, à saúde, ao acesso a serviços básicos, à aprendizagem em família, ao desenvolvimento humano e sua preparação para viver com dignidade a etapa da velhice, entre outros. Estes desafios baseiam-se no direito de todos a uma educação de qualidade que precisa atender as desvantagens dos grupos mais marginalizados da sociedade, que são os que geralmente se encontram dentro do grupo de pessoas com baixos níveis de alfabetização. 12 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 Portanto, espera-se que os países desenvolvam currículos e itinerários de formação pertinentes, de acordo com as diferentes demandas e situações dos participantes da EPJA. Ademais, que sejam modulares e flexíveis, com uma duração suficiente para assegurar uma aprendizagem eficaz, com ênfase nas aprendizagens significativas e socialmente válidas. Além do mais, as distintas ofertas educativas precisam de recursos educativos adequados aos níveis e as necessidades dos sujeitos que estudam e aprendem, o que significa elaborar e colocar à disposição dos educadores e educandos materiais pertinentes para conceber ambientes de aprendizagens e abordar a realidade e necessidades de diferentes grupos. Caso se pretenda garantir uma educação intercultural bilíngue de qualidade para pessoas pertencentes a minorias étnicas e povos indígenas, deve-se assegurar que as mesmas tenham acesso a livros e materiais educativo que garantam uma educação intercultural bilíngue. Igualmente, a qualidade da EPJA requer de quem assumir o papel de educador determinadas competências para trabalhar com pessoas jovens e adultas e, que ao mesmo tempo, provêm de distintas realidades sociais, culturais e étnicas. Espera-se que os países contem com programas de formação para educadores cujas propostas pedagógicas levem em conta aos sujeitos da EPJA. Objetivo específico 6. Aumentar a cooperação técnica e financeira com diferentes atores em matéria de educação e aprendizagem ao longo da vida. Com a riqueza e a diversidade de estratégias existentes e factíveis de adoção por cada Estado, os países ibero-americanos voltam-se a uma mesma meta compartilhada por todos: melhorar os níveis de alfabetização de todas as pessoas e assegurar o acesso a uma educação permanente que possibilite aprender ao longo da vida. O Plano articulará os diversos planos nacionais em um marco regional mais amplo com vistas a que os governos dos países da região aumentem seu orçamento em matéria de educação de adultos, assim como a soma de esforços e a solidariedade entre os países para atingir tais resultados. Entretanto, o Plano fomentará a criação e fortalecimento de redes ibero-americanas de educação de pessoas jovens e adultas; a assinatura de acordos e a realização de projetos nos quais participam diferentes organismos e atores, cujo objetivo seja melhorar os níveis de alfabetização e favorecer a aprendizagem das pessoas jovens e adultas, promovendo a igualdade de gênero, trabalhos com povos indígenas, afrodescendentes, idosos, pessoas com deficiências e outros atores da EPJA. 13 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 Objetivo específico 7. Contar com estudos e sistematizações regionais sobre Educação de Pessoas Jovens e Adultas. É visto como imprescindível a produção e a difusão do conhecimento, com a finalidade de orientar políticas e programas adequados, específicos e sensíveis às particularidades de cada país e da região Ibero-americana e avançar em matéria educacional. A diversidade cultural e de contextos dos países ibero-americanos, bem como a diversidade de sujeitos que se pretende atender, precisa abordar a EPJA com estratégias inovadoras para dar respostas às necessidades educacional e de formação das pessoas jovens e adultas em cada país. Cada uma destas experiências singulares, entre elas as que promovem a atenção a mulheres, a povos indígenas e a afrodescendentes, podem oferecer elementos e dicas para trabalhar de maneira mais ampla e com uma perspectiva regional, razão pela qual estudá-las e divulgá-las é um compromisso que deve ser empreendido por este Plano. Também os alfabetizadores e educadores de pessoas jovens e adultas constituem um dos atores chave para sustentar iniciativas e garantir a permanência e a continuidade das pessoas que participam dos programas de alfabetização e de outros níveis educativos de EPJA. Portanto, contar com um estudo sobre o perfil e a situação dos educadores de pessoas jovens e adultas (alfabetizadores, promotores, facilitadores, monitores, etc.) possibilitará promover ações concretas e operacionais que possibilitem melhorar a qualidade e o alcance da formação dos mesmos e, com isso, melhorar a qualidade da educação de pessoas jovens e adultas. Objetivo específico 8. Comunicar e difundir as ações realizadas para a educação de pessoas jovens e adultas com o propósito de fortalecer seu desenvolvimento e presença na política pública na região. A partir do Plano serão divulgadas ações nacionais e regionais dirigidas a governos, organismos internacionais, agências de cooperação, organizações não- governamentais, comunidades locais e setor privado; ademais, serão promovidas campanhas de difusão e promoção dos programas de educação de pessoas jovens e adultas, buscando-se chegar a todos os atores e sujeitos da EPJA. Propõe-se, também, dar visibilidade ao conjunto de estratégias implementadas pelos países ao desenvolver os planos e programas de educação de jovens e adultos, e aos resultados que decorrem das atividades. 14 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 3.3. Coordenação e Gestão do Plano As Conferências Ibero-americanas de Educação serão o espaço político e institucional no qual serão apresentados e debatidos anualmente os avanços deste Plano, cujas conclusões chegarão às Cúpulas de Chefes de Estado e de Governo. Estas Conferências darão a orientação política e estratégica do Plano, a partir da informação sobre seus avanços e seus resultados, apresentados pela Unidade Coordenadora. Comitê Intergovernamental. Órgão político do Programa do qual participa um representante de cada país Ibero-americano. Sua atividade está relacionada com a informação, com a análise e com os informes periódicos sobre os avanços do Plano. Unidade Coordenadora. Órgão de coordenação interinstitucional integrado pela SEGIB e pela OEI. A Unidade Coordenadora é a responsável por acompanhar as linhas de ação do Plano e apresentar informes de resultados ao Comitê Intergovernamental. Secretaria Técnica. A coordenação técnica do Plano está a cargo da OEI, tendo como objetivo impulsionar e realizar o acompanhamento técnico das atividades propostas pela Unidade Coordenadora e os acordos das reuniões do Comitê Intergovernamental. É a instância responsável por garantir a operacionalização das ações apresentadas no marco do Plano, apoiando tecnicamente à Unidade Coordenadora e ao Comitê Intergovernamental. 3.4. Monitoramento e Avaliação do Plano O monitoramento do Plano estará a cargo da Unidade Coordenadora. A avaliação do mesmo deverá contar com um sistema de indicadores que serão elaborados pela Secretaria Técnica a partir dos objetivos específicos, 3.5. Custos e Estrutura de Financiamento Colocar em funcionamento o Plano implica não apenas maiores recursos financeiros, mas também o uso mais eficiente dos meios econômicos e humanos disponíveis em nível local, nacional e regional. Requerem-se mais iniciativas e esforços criativos para fazer bom uso dos recursos disponíveis existentes e para mobilizar novos recursos em nível nacional e internacional. Universalizar a alfabetização e oferecer propostas para a continuidade educativa e aprendizagem ao longo da vida tem custos fixos e variáveis em função da população atendida em cada nível, da variedade de ofertas educativas para pessoas jovens e adultas e dos recursos disponíveis para as mesmas. 15 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 O Projeto Metas Educativas 2021 também sugere a necessidade de assegurar que entre 30% e 70% das pessoas recém-alfabetizadas continuem cursando estudos equivalentes ao ensino fundamental. Naturalmente, esta formação contínua é mais cara, já que requer o acesso e permanência dos recém alfabetizados no sistema educacional formal ou, alternativamente, em programas não formais. No início, os programas de formação continuada para recém alfabetizados envolveriam uma quantidade de recursos relativamente menor. Para incorporar a estes programas 5% dos recém alfabetizados até 2015 (pouco mais de 1,6 milhões de pessoas na região), os custos estimados dificilmente superariam os 410 milhões de dólares. Entretanto, o aumento do custo deste tipo de programa seria significativo até 2021, já que para cobrir uma média regional de aproximadamente 46% dos beneficiários de programas de alfabetização, seriam necessários em torno de 9,2 bilhões de dólares. Dada a relevância de se financiar os objetivos do Plano, a Secretaria Técnica e a Unidade Coordenadora deverão atualizar o estudo de custos previamente realizado. A implementação do Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da vida 2015-2021 requer um estudo de custos que englobe a implementação de programas de alfabetização, de ensino fundamental, de ensino médio e educação técnicoprofissional para pessoas jovens e adultas, sob o paradigma da aprendizagem ao longo da vida. Como referência, parte-se da estrutura de custos para cada um destes níveis educacionais realizados para as Metas Educativas 2021. O custo para a implementação de programas para todos os níveis da educação de pessoas jovens e adultas em distintas modalidades está sujeito a um conjunto de variáveis que respondem à situação educacional de cada país: infraestrutura e equipamentos disponíveis, recursos humanos capacitados para desenvolver programas de EPJA em todos os níveis, número de pessoas jovens e adultas que demandam estes programas, fluxo de estudantes, tempo de duração de cada programa, entre outros. A estrutura financeira do Plano estará composta por distintas contribuições. Em primeiro lugar, a procedente dos Estados, como primeiros responsáveis pela educação das pessoas jovens e adultas no marco de suas políticas nacionais. Quando estes recursos não forem suficientes, buscar-se-á complementá-los com recursos procedentes da cooperação internacional. A gestão do financiamento interno é uma atividade própria das autoridades de cada país, bem como a busca de recursos de cooperação internacional, atividade esta na qual a OEI e a SEGIB prestarão sua mais ampla colaboração. Cabe destacar que nos distintos informes regionais os países informam entre as fontes de financiamento, além do financiamento público e da cooperação internacional, financiamento proveniente do setor privado e da sociedade civil. 16 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 4. México: Campanha Nacional de Alfabetização e Erradicação do Atraso Educacional 2014-2018 O Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida encontra um bom exemplo de desenho, implementação, coordenação, precisão e sistema de financiamento na Campanha Nacional de Alfabetização e Erradicação do Atraso Educacional, impulsionada pela Secretaria de Educação Pública do México por meio do Instituto Nacional para a Educação de Jovens e Adultos (INEA). Esta é a razão de sua incorporação como modelo nesta seção, realizada com base no Documento Guia da Campanha Nacional de Alfabetização e Erradicação do Atraso Educacional 2014-2018, INEA, México, 2014. Antecedentes O desenvolvimento de programas de alfabetização e continuidade educativa dentro das políticas de educação para pessoas jovens e adultas evidencia os compromissos dos Estados com a educação e a aprendizagem de pessoas jovens e adultas ao longo da vida. Neste contexto, o México inicia a implementação da Campanha Nacional de Alfabetização e Erradicação do Atraso Educacional 2014-2018, que entende que educar é uma responsabilidade compartilhada entre governo, setor produtivo e sociedade. O Estado e aqueles que impulsionam a Campanha estão convencidos de que a aprendizagem incrementa as capacidades das pessoas que recebem o conhecimento, outorgando-lhes sentido de pertencimento e integrando-os de maneira melhor à sua comunidade. Por isso, a Campanha Nacional de Alfabetização e Erradicação do Atraso Educacional não é um programa de governo, mas é parte de uma visão de país, é um projeto nacional. A Campanha assume orientações e compromissos internacionais, entre elas: a iniciativa Educação para Todos de UNESCO - Foro Mundial de Educação para Todos (Dakar, 2000)que tem dentre suas metas atender às necessidades de aprendizagem de todos os jovens e adultos e aumentar no ano de 2015 os níveis de alfabetização dos adultos em 50%-; os objetivos propostos no Plano ibero-americano de alfabetização e educação básica de pessoas jovens e adultas, 2007-2015; e no Projeto Metas Educativas 2021: desenvolver planos nacionais de universalização da alfabetização que contemplem a continuidade educacional até completar a educação básica, antes de 2015; financiar suficientemente e de maneira a alfabetização e a educação básica de adultos, e articular um Plano com estratégias para a prevenção do fracasso e do abandono escolar no ensino fundamental de cada país, com a finalidade de prevenir o analfabetismo No México, o atraso educacional afeta mais de 31 milhões de pessoas, considerando-se uma população total de 120 milhões. Dos que se encontram atrasados, 6% são analfabe17 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 tos, enquanto 11,8% não terminaram o ensino fundamental e 19,8% não concluíram o ensino médio (ver gráfico 1). Gráfico 1. Total de pessoas com atraso educacional e matrícula do ciclo escolar 2013-2014 Matrícula escolar educação básica, média superior e superior Milhões de pessoas Atraso educativo Fontes: *Estimativa com base no Censo Geral de População e Moradia, 2010. ** Estatística educativa, SEP, ciclo escolar 2013-2014, preliminar. Com a Campanha Nacional de Alfabetização e Erradicação do Atraso Educacional, o Governo assume o compromisso de melhorar os níveis de alfabetismo de todas aquelas pessoas que se encontram nesta situação e também, ao mesmo tempo, contribuir para frear o possível crescimento do atraso educacional, que, segundo estimativas, como pode ser observado no gráfico 2, levaria a ampliar o número de pessoas nestas condições. Gráfico 2. Projeção do crescimento anual do atraso educativo e abandono escolar 20102025 Estimativa Prognóstico Milhares de pessoas Milhões de pessoas Rezago em educação básica sem campanha 18 Fontes: Rezago Educativo: INEA com base às projecções de abandono da SEP e as projecções de população de CONAPO e informação do Censo Geral de População e Moradia, 2010. Abandono Escolar: Formato 911 e projecções da Secretaria de Educação Pública (2012). Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 4.1. Perfil da População Analfabeta O Censo Geral de População e Moradia 2010 registrou 5.393.665 pessoas em condição de analfabetismo, representando 6,9% da população de 15 anos ou mais. Destas, 3,3 milhões de pessoas são mulheres e 2,1 milhões homens. Em sua maioria, as pessoas analfabetas falam espanhol (3,9 milhões de pessoas) e 1,5 milhões de pessoas falam alguma língua indígena. O analfabetismo indígena representa 27% do analfabetismo total. Em contraste, a população indígena maior de 15 anos representa somente 6,9%. Na população indígena, o analfabetismo se acentua por condição de gênero: 1 em cada 3 mulheres indígenas é analfabeta, enquanto que na população de fala espanhola, é de 1 em cada 16 mulheres (ver Quadro 1). Quadro 1. Perfil da população analfabeta em % Sexo Língua Zonas Mulheres Homens Espanhol Indígena Urbana Rural 61% 39% 73% 27% 49.7% 50.3% Assim, do total de pessoas analfabetas, 64% está em idade produtiva (15-64 anos) e 36% é maior de 65 anos de idade; 35% está ocupada, enquanto 65% está desocupada. Se for levada em consideração a renda total das pessoas com baixo nível de alfabetização, os dados indicam que 70% não tem renda e 20% recebe menos de dois salários mínimos e somente 10% tem renda superior a dois salários mínimos. Sobre o lugar de residência do maior percentual de pessoas analfabetas, 7 de cada 10 residem em 9 estados do país (Veracruz, Chiapas, México, Oaxaca, Puebla, Guerrero, Guanajuato, Michoacán e Jalisco). Esses Estados terão atenção prioritária no contexto da Campanha Nacional de Alfabetização e Erradicação do Atraso Escolar 2014-2018. 4.2. Objetivos da Campanha colar 2014-2018 Nacional de Alfabetização e Erradicação do Atraso Es- A Campanha pretende alcançar fundamentalmente quatro objetivos até o final do ano de 2018: 1. Reduzir o índice de analfabetismo do ano de 2010 em 50%, passando de 6,9% a 3,4% até o final do ano de 2018. 2. Dar continuidade educativa para reduzir o analfabetismo funcional conseguindo a conclusão do ensino fundamental por 2,2 milhões de pessoas. 19 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 3. Diminuir de 38,5% para 33,1% o índice de atraso educacional, conseguindo a conclusão do ensino médio por 3,1 milhões de pessoas. 4. Aumentar a atenção com a finalidade de passar da contenção à redução do atraso educacional. Do total de pessoas analfabetas, a Campanha, entre os anos 2014-2018, projeta alcançar um total de 3.847.450 pessoas, atingindo diferentes faixas etárias: De 15 a 29 anos: 440.144 De 30 a 49 anos: 1.256.960 De 50 a 69 anos: 1.695.699 De 70 a 79 anos: 454.649. No gráfico 3 pode-se verificar as projeções do índice de analfabetismo 2010-2018, sem Campanha e com Campanha, e as metas por nível educativo até 2018. Gráfico 3. Projeções do índice de analfabetismo 2010-2018, % de população acima de 15 anos. Redução de 50% no Índice de Analfabetismo População a Alfabetizar: 2,225,000 Sem Campanha Com Campanha Contemplam a dinâmica populacional, assim como a incorporação anual dos níveis de deserção e não cobertura do sistema escolarizado de ensino fundamental. 4.3. Estratégia Operacional para a Implementação da Campanha A partir da concepção da Campanha e das metas que se pretendem atingir, o início da mesma precisa estabelecer determinados passos e estratégias, os quais possibilitarão ir tomando decisões oportunas e acertadas. As estratégias se iniciam no planejamento e se encerram com a acreditação dos conhecimentos. 20 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 1. Planejamento • Definição de metas anuais por Estado, município e localidade. • Estratégia de atenção por microrregião. 2. Cadastro de identificação • Localização georreferenciada de população identificada • Levantamento por meio de censo em colônias e localidades com incidência de analfabetismo. 3. Recrutamento • 530 mil bolsista, instrutores comunitários, vocais, promotores de saúde, promotores indígenas, professores aposentados, empregados públicos, etc. • 300 mil Assessores Educativos • 170 mil promotores, capacitadores, organizadores regionais, etc. 4. Capacitação • Esquema de capacitação por figura solidária. 5. Alfabetização por tipo de localidade 6. Acreditação de estudos • Promotores de Saúde apoiam na aplicação de exames nos Centros de Saúde e IMSS Oportunidades. • Aplicador Bilíngue em brigadas para localidades indígenas. No marco da Campanha, o INEA levará a cabo estratégias transversais por meio de programas já instrumentalizados pelo Governo Federal, tais como: • Programa de Instrutores Comunitários do Conselho Nacional de Fomento Educacional (CONAFE). • Programa Oportunidades da Secretaria de Desenvolvimento Social (SEDESOL). • Programa IMSS- Oportunidades do Instituto Mexicano de Seguro Social. 4.4. Acordos Estratégicos e Mobilização Social Para a implementação da Campanha, estabeleceram-se alianças e acordos estratégicos com um conjunto de instituições dos setores educacional público e social, que ª têm por objetivo: ª Auxiliar no planejamento e identificação da população analfabeta. 21 Plano Ibero-americano de Alfabetização e Aprendizagem ao longo da Vida 2015-2021 ª Promover a integração de estudantes de ensino médio e superior na Campanha. Entregar a relação de estudantes de ensino médio e superior que participarão ª como assessores educativos. Conceder espaços para o funcionamento dos círculos de estudos, privilegiando ª espaços educativos. Coordenar-se com os municípios e órgãos político-administrativos para o apoio à Campanha. 4.5. Financiamento Os custos da Campanha têm sido cuidadosamente definidos, o que outorga ao projeto rigor e compromisso. Desta forma, não somente são asseguradas as condições básicas para sua viabilidade, mas também envia-se uma mensagem social enérgica da vontade do Governo mexicano e da SEP de cumprir seus objetivos no tempo estabelecido. 22