ARGENTINA ANTITRUSTE Histórico Em 1910 sancionou-se a lei 11.210, que regulava a situação antimonopólica na Argentina. Entretanto, pelas inúmeras críticas a esta, a mesma foi substituída em 1946 pela Lei nº 12.906 que perseguia os mesmos objetivos. Com as mudanças no panorama ideológico da legislação comparada, entre outras razões, chegou-se houve novamente alteração para a Lei 22.262 que inicia o caminho de uma legislação de defesa da concorrência como atualmente conhecemos. Entretanto, tal Lei não cumpriu com os fins pretendidos, dentre várias razões o fato de que o procedimento tinha caráter prevalecente administrativo. A Lei em vigor A lei 25.145, seguindo a lei anterior, adota tendência européia posterior ao Tratado de Roma de 1957, visando restringir de forma não absoluta e repreender o abuso de posições dominantes ou acordos restritivos da concorrência. Desta forma, prevalece o controle do exercício do poder econômico, baseando-se no conceito de posição de domínio no mercado, pois se verificou que a partir de estruturas concorrênciais perfeitas criavam-se sistemas absolutamente monopolísticos. Analisando a lei de defesa da concorrência no ordenamento jurídico argentino, Horácio Fargosi1 considera que a lei atual a pesar de conter normas de tipo repressivo não detém as características absolutas que neste aspecto detinha, por exemplo, a lei 12.906 que justificaram a inclusão desta última no direito penal especial. Fargosi faz referência, ainda, ao fato de que Rafael Bielsa enquadrava o sistema no poder de policia comercial. Tal enquadramento, como abaixo comentaremos causa discussões no sistema de competência jurisdicional. A nova lei, apesar de guardar semelhanças com a anterior, foi considerada por Fargosi, entre outros doutrinadores, como contendo melhoras no sentido de perseguir condutas unilaterais predatórias. O artigo 1° da mesma, estabelece uma anti-jurisdicidade que configura uma infração à ordem jurídica considerada em sua plenitude à margem de proibições legais expressas. Entretanto, os atos não serão considerados nulos. O artigo 2º da lei assim define os atos que são considerados praticas anti-concorrênciais: 1 FARGOSI, Horacio, Breves anotaciones sobre la nueva ley de Defesa da concorrência., ADLA 1999-D, 3942 “ARTICULO 2º — Las siguientes conductas, entre otras, en la medida que configuren las hipótesis del artículo 1º, constituyen prácticas restrictivas de la competencia: a) Fijar, concertar o manipular en forma directa o indirecta el precio de venta, o compra de bienes o servicios al que se ofrecen o demanden en el mercado, así como intercambiar información con el mismo objeto o efecto; b) Establecer obligaciones de producir, procesar, distribuir, comprar o comercializar sólo una cantidad restringida o limitada de bienes, o prestar un número, volumen o frecuencia restringido o limitado de servicios; c) Repartir en forma horizontal zonas, mercados, clientes y fuentes de aprovisionamiento; d) Concertar o coordinar posturas en las licitaciones o concursos; e) Concertar la limitación o control del desarrollo técnico o las inversiones destinadas a la producción o comercialización de bienes y servicios; f) Impedir, dificultar u obstaculizar a terceras personas la entrada o permanencia en un mercado o excluirlas de éste; g) Fijar, imponer o practicar, directa o indirectamente, en acuerdo con competidores o individualmente, de cualquier forma precios y condiciones de compra o de venta de bienes, de prestación de servicios o de producción; h) Regular mercados de bienes o servicios, mediante acuerdos para limitar o controlar la investigación y el desarrollo tecnológico, la producción de bienes o prestación de servicios, o para dificultar inversiones destinadas a la producción de bienes o servicios o su distribución; i) Subordinar la venta de un bien a la adquisición de otro o a la utilización de un servicio, o subordinar la prestación de un servicio a la utilización de otro o a la adquisición de un bien; j) Sujetar la compra o venta a la condición de no usar, adquirir, vender o abastecer bienes o servicios producidos, procesados, distribuidos o comercializados por un tercero; k) Imponer condiciones discriminatorias para la adquisición o enajenación de bienes o servicios sin razones fundadas en los usos y costumbres comerciales; l) Negarse injustificadamente a satisfacer pedidos concretos, para la compra o venta de bienes o servicios, efectuados en las condiciones vigentes en el mercado de que se trate; ll) Suspender la provisión de un servicio monopólico dominante en el mercado a un prestatario de servicios públicos o de interés público; m) Enajenar bienes o prestar servicios a precios inferiores a su costo, sin razones fundadas en los usos y costumbres comerciales con la finalidad de desplazar la competencia en el mercado o de producir daños en la imagen o en el patrimonio o en el valor de las marcas de sus proveedores de bienes o servicios.” A interpretação de tais normas, de acordo com interpretação, doutrinária não deve dar-se restritivamente, tendo em vista que as práticas monopolísticas e abusivas são contrárias ao bem estar. Far-se-á uma análise dos efeitos econômicos negativos à comunidade e utilizando-se de enfoque racional, um profundo estudo do caso verificará o equilíbrio de um ato visando maior eficiência econômica. Contudo, não há definição legal do que é bem estar social ou interesse econômico geral, sendo tais conceitos indeterminados. Assim, os atos ainda que abusivos deverão ser ponderados em face dos possíveis benefícios ou prejuízos que poderão advir destes. Tal é a interpretação do tribunal competente. Entre as políticas de defesa da concorrência, podemos classificá-las em dois grandes grupos conforme os instrumentos utilizados: as políticas de comportamento e as estruturais. No primeiro grupo encontramos todas as políticas focalizadas na retenção de atos, condutas e todo o comportamento restritivo que implique em abuso de posição dominante nos mercados. No segundo grupo, as dirigidas às estruturas encarregadas de implementar as condutas e comportamentos ou praticar abusos. No que se refere ao conceito de acordos e práticas proibidas, a maior questão a ser verificada pelas autoridades, de acordo com Fargosi, é o de determinar quando existe um acordo entre empresas que seja submisso à punição legal. Isto porque, ainda consoante o referido doutrinador, a uniformidade comportamental pode derivar também de condições objetivas do mercado o que, havendo repressão, estaria restringindo de forma não desejada o mercado e a livre iniciativa. A nova lei em seu artigo 16 foi alterada para se adaptar às características da economia nacional e particularmente a privatização de empresas e no capítulo III a lei veio tratar sobre as concentrações e fusões tendendo a prever operações que implicam em mudanças substanciais e permanentes na estruturas das empresas pertinentes. Houve preocupação específica também com o tratamento das operações de joint ventures. No artigo 6º a lei define como concentração econômica: “a) la fusión entre empresas; b) la transferencia de fondos de comercio; c) la adquisición de la propiedad o cualquier derecho sobre acciones o participaciones de capital o títulos de deuda que den cualquier tipo de derecho a ser convertidos en acciones o participaciones de capital o a tener cualquier tipo de influencia en las decisiones de la persona que los emita cuanto tal adquisición otorgue al adquirente el control de, o la influencia sustancial sobre la misma; d) cualquier otro acuerdo o acto que transfiera en forma fáctica o jurídica a una persona o grupo económico los activos de una empresa o le otorgue influencia determinante en la adopción de decisiones de administración ordinaria o extraordinaria de una empresa. “ O artigo 8º da lei obriga a notificação das operações de concentração econômica em face do Tribunal de Defesa da Concorrência, previamente ou no prazo de uma semana do acordo sempre que o volume do negócio total do conjunto de empresas afetadas supere a soma de $ 200 milhões de pesos no país, quando implicarem na participação de empresas ou grupos de empresas com participação igual ou superior a 25% do mercado relevante, de una parte substancial do mesmo, ou quando o volume de negócios total a nível mundial, do conjunto de empresas afetadas supere 2.500.000.000 pesos. O Decreto 89/01 regulamentando a lei conceituou como empresa afetada: a) a empresa que se tem seu controle adquirido; e b) a empresa que adquire dito controle. A regulamentação ainda considerou que o prazo de uma semana inicia-se: a) Nas fusões na assinatura do contrato definitivo. b) Nas transferências de fundos de comércio no dia em que se assina o documento de venda no Registro Público de Comercio. c) Nas aquisições da propriedade ou de qualquer direito sobre ações ou participações, no dia em que se aperfeiçoará a aquisição de tais direitos de acordo com respectivo contrato. d) Nos demais casos, no dia em que aperfeiçoar a operação em questão em conformidade com as leis argentinas. A notificação deverá ser feita por todas as partes intervenientes na operação. O artigo 10 da Lei estabelece as operações eximidas de notificação: “a) las adquisiciones de empresas de las cuales el comprador ya posea más del 50% (cincuenta por ciento) de las acciones; b) las adquisiciones de bonos, debentures, acciones sin derecho a voto o títulos de deuda de empresas; c) las adquisiciones de única empresa por parte de una única empresa extranjera que no posea previamente activos o acciones de otras empresas en la Argentina;(25) d) adquisiciones de empresas liquidadas (que no hayan registrado actividad en el país en el último año). e) aquellas adquisiciones o transferencias que no superen, cada una de ellas, respectivamente, los $ 20.000.000 (veinte millones de pesos) salvo que en el plazo de doce meses anteriores se hubieran efectuado operaciones que en conjunto superen dicho importe, o el de $ 60.000.000 (sesenta millones de pesos) en los últimos treinta y seis meses, siempre que en ambos casos se trate del mismo mercado. “ O Decreto 89/01 ainda regulamenta incluindo novas isenções: “No se considerarán incluidos dentro de los actos que requieren notificación a los efectos de este Artículo 8° las transferencias de bienes a título gratuito que se hagan a favor de: a) el ESTADO NACIONAL o sus dependencias, Provincias, Municipalidades y la Ciudad Autónoma de Buenos Aires y b) herederos forzosos, sea por actos entre vivos o por causa de muerte.” Assim, a lei isenta, entre outras operações àquelas que não alcançam limite mínimo de valor. Contudo, nas operações não isentas de tal apresentação, a notificação deverá incluir informação detalhada, de acordo com o artigo 11 da Lei e pela resolução nº 40/01. A Secretaria de Defesa da Concorrência e do Consumidor será parte interessada na defesa do interesse público nos procedimentos em face ao Tribunal podendo: a) Poderá denunciar diretamente para iniciar o procedimento; e b) No caso de denúncias apresentadas por qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada e nos casos em que o procedimento houver sido iniciado de oficio, correrá o processo em vista da relação dos fatos e da fundamentação do procedimento. O procedimento sancionador consta de três fases consecutivas sendo possível correr em caráter confidencial quando a publicidade puder se prejudicial aos interesses. Visando determinar se uma operação está sujeita ao controle prévio previsto no artigo 8º da lei, o Tribunal comporta mecanismo consultivo, de caráter voluntário, devendo o Tribunal emitir opinião no prazo de 10 dias. Esta solicitação de opinião consultiva suspende o prazo de uma semana para a notificação da operação de concentração. Uma cópia da notificação de uma operação deverá ser remitida à Secretaria de Defesa da Concorrência e do Consumidor para que esta tome conhecimento da notificação e possa se manifestar se considerar oportuno; tal fato não tem efeito suspensivo sobre o prazo outorgado ao Tribunal para se pronunciar. O artigo 51 da lei 25.156, mantém a ação de ressarcimento de danos e prejuízos conforme as normas de direito comum e se procede em face ao juiz competente em face de tal matéria. Ainda, a nova lei garantiu maior independência ao Tribunal Nacional de Defesa da concorrência, não obstante ser este autarquia do Ministério de Economia e Obras e Serviços Públicos (antes a lei 22.262 determinava que a nomeação dar-se-ia pelo Ministro da Economia e por um prazo menor) e assim integrante da administração central, sendo suas decisões revisáveis pelo Poder Judicial. As resoluções do são apeláveis à Câmara Nacional de Apelações Comerciais. A escolha de tal câmara deu-se em face da penal o que é discutível tendo em vista o caráter sancionador das decisões, verificando-se a preferência do aspecto comercial ao penal. Casos No setor de supermercados, verifica-se que algumas das práticas que são consideradas destorcidas, incluindo a emissão de notas de débitos unilaterais, alteração de condições pactuadas de forma unilateral, afetando as marcas comerciais com determinadas políticas de ofertas2. No caso Visa v. Mastercard o Tribunal entendeu que a exigência de exclusividade de marcas aos bancos emissores não seria considerada como prática antijurídica como atualmente praticada, tendo em vista que as normas na Argentina diferem de outros países nos quais tal pratica foi considerada antimonopolística. Bibliografía FARGOSI, Horacio, Breves anotaciones sobre la nueva ley de Defesa da concorrência., ADLA 1999-D, 3942 __________________, © Copyright 2004 Legalmania.com l All rights reserved. SOLDANO, Arquímedes e LANOSA, Walter M. , Estudio de mercados (Normas legales aplicables), © La Ley S.A. 2004 1995-D, 1481 2 http://www.mecon.gov.ar/secdef/basehome/cbpc.pdf