Leucemia Mieloide Crônica: diagnóstico, fisiopatologia e fatores

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Leucemia Mieloide Crônica:
diagnóstico, fisiopatologia e
fatores prognósticos
Maria de Lourdes Chauffaille
Unifesp, Grupo Fleury
Agenda:
•
•
•
•
•
•
Definição Incidência
Clínica
Exames diagnósticos
Fisiopatologia
História natural
Fatores prognósticos
LMC
Definição:
Doença clonal de célula precursora pluripotente,
caracterizada por proliferação mieloide e pela
t(9;22) (Ph), que resulta na fusão dos genes BCR e
ABL com consequente expressão aumentada da
oncoproteína tirosinoquinase
LMC
Incidência:
• 1 a 2 casos/100.000 habitantes/ano
• 15-20% das leucemias em adultos
• Idade mediana ~50 anos
LMC
Clínica:
– Fadiga
– Anorexia
– Desconforto abdominal
– Perda de peso
– Sudorese
– Febre
– 20% são assintomáticos
LMC
Manifestações mais raras:
- sangramentos
- trombose
- artrite gotosa
- priapismo
- hemorragia retiniana
- úlcera gástrica
LMC
• História Clínica
• Exame Físico completo
LMC
• Exame Físico
– Palidez
– Esplenomegalia
• tamanho médio = 5,8cm do RCE
• 15% sem esplenomegalia
- Hepatomegalia em 10 a 20%
LMC
Manifestações de transformação:
- Linfonodomegalia
- Cefaleia, dor óssea, artralgias, dor no baço
LMC
Diagnóstico:
Baseia-se na demonstração da presença de
cromossomo Philadelphia diante de quadro de
leucocitose não explicada e persistente
LMC
• Exames diagnósticos:
– Hemograma
– Mielograma
– Biópsia de medula óssea
– Cariótipo
– FISH BCR/ABL1
– PCR BCR/ABL1
– HLA se considerar o TCTH
LMC
• Hemograma:
– Leucócitos = 155.800/μL (15.900 a 600.000)
– Hb = 10,5 g/dL (5,9 a 16)
– Plaquetas = 376.000/μL (50.000 a 1.600.000)
– Eosinófilos = 4,14% (0-27)
– Basófilos = 3,19% (0 -29)
– Blastos (SP) = 2,3% (0 -16)
( 3 casos > 25% , ou seja, em CB)
LMC
Mielograma
• Mielograma:
LMC
• Mielograma:
Medula hipercelular, relação G:E 20:1.
Série Granulocítica: intensamente hiperplasiada,
com predomínio de células maduras, discreta
eosinofilia e basofilia;
Série megacariocítica: normocelular com alguns
elementos hipolobulados.
Biópsia de Medula óssea
LMC
Cariótipo de material aspirado de MO deve ser
feito ao diagnóstico
- Demonstra o Philadelphia
- Alterações adicionais
- Outras anomalias
Cariótipo:
LMC
9q34.1
22q11.2
BCR/
ABL
ABL/
BCR
ABL
BCR
LMC
t(9;22)(q34.1;q11.2)
> 90%
translocações variantes
< 5%
Ph + adicionais
< 5%
Ph -
< 5%
LMC
Chauffaille et al, 1999
LMC
t(9;22)(q34.1;q11.2)
90%
translocações variantes/ outras < 5%
ausência da translocação
< 5%
LMC
FISH
LMC
BCR/ABL1 DF
BCR/ABL1 E ABL1/BCR
LMC
• FISH pode ser feita em MO ou SP
• 1 a 10% de falso positivo, a depender do tipo
e sonda usada
LMC
• RT-PCR
– Reação em cadeia da polimerase por
transcriptase reversa
– Método molecular
– Qualitativo – diagnóstico
– Quantitativo - monitoramento
LMC
b3a2
b2a2
RT-PCR
LMC
Alberto, 2003
LMC
• Rq-PCR (quantitativo) feito de SP ou MO
• Pode haver falso positivo (RNA de má
qualidade) e falso negativo (contaminação)
• Resultado deve ser emitido em conformidade
com a escala internacional
(Escala internacional: garante comparação entre
laboratórios)
Cromossomo Ph
Exon a2 ...a11
1a
ABL
2
3
4
5
6
b1 b2
BCR
e1
b2a2
b3a2
p210
b2a3
b3a3
2 3 4 5 6 7 8
e1
e1
e1
e1
9 10 11 12
e13
13
7
e14
9
10 11
b3 b4 b5
c1c2 c3
14
17 18 19
15
a2
16
a11
a2
e14
e13
8
a3
a11
a11
a3
a11
20 21 22 23
Cromossomo Ph
Exon a2 ...a11
1a
ABL1
2
3
4
5
6
b1 b2
e1
2 3 4 5 6 7 8
9 10 11 12
13
m-bcr
p190
8
e1
a2
e1a3
e1
a3
e1
e2
10 11
c1c2 c3
14
17 18 19
a11
a11
a2
9
b3 b4 b5
15
M-bcr
e1a2
e2a2
7
a11
16
20 21 22 23
Cromossomo Ph
Exon a2 ...a11
1a
ABL1
2
3
4
5
6
b1 b2
e1
2 3 4 5 6 7 8
9 10 11 12
13
7
8
9
10 11
b3 b4 b5
c1c2 c3
14
17 18 19
15
16
20 21 22 23
μ-bcr
p230
e19a2
e1 e19
a2
a11
Cromossomo Ph
• p190 = contem 426 a 436 aa do bcr
5vz mais atividade tirosinoquinase
associada a leucemia aguda
maior potencial transformante
• p210 = contem 902 a 927 aa do bcr
associada a leucemia crônica
• p230 = 1082 aa do bcr associada a
leucemia com curso indolente
Cromossomo Ph
P210 BCR/ABL proteína híbrida
proteína tirosino quinase constitutivamente ativada
Função na leucemogênese
Impede resposta a controles normais
Libera a célula para a ação de citocinas para crescimento
Altera a adesão celular
Altera apoptose
Membrana celular
citoplasma
SH
SH2
SH1
P
SH
SH2
SH1
P
núcleo
DNA
Membrana celular
P210
RAC
P42
P38
MAPK
NF-Κβ
JNK/SAPK
CCM
Y177 STK
SH2
Cb
Grb
SH1 PPD
Sbc
F-actina
Crk F-actina
paxilina
m-SOS
PI(3)K
JAK
RAS GTP
adesão
STAT-1,5
apoptose
transformação
proliferação
mitocôndria
núcleo
FAK
citoplasma
BCR/ABL
cFos,cJun,cMyc
Bcl 2,ciclina D e E
DNAPKcs= < reparo
p53
LMC
• Exames complementares:
– Bioquímica
– Sorologias
– Demais exames gerais
– (HLA)
LMC
• Diagnóstico diferencial
– Outras neoplasias mieloproliferativas
– Síndromes mielodisplásicas
– SMD/NMP
– Reação leucemóide
– Cada vez mais raro LMC Ph- BCR/ABL-
LMC
História natural da doença:
Fase Crônica
Fase Acelerada
Fase Blástica
LMC
4anos
250
FA
3-6m
CB
Número de células
200
GB, Hb,Plq,Eo/Ba,blastos
3-9m
150
100
50
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
12 13 14 15 16
tempo
Fase acelerada pela OMS:
– Alterações cromossômicas clonais
– Blastos 10-19% no SP ou MO
– Basofilia ≥ 20% no SP
– Trombocitopenia < 100.000/μL (Não relacionada a tratamento)
– Trombocitose > 1.000.000/ μL
– Aumento do baço
(Não responsiva a tratamento)
– Leucometria
LMC
• Crise blástica:
LMC
OMS
IBMTR
Blastos > 20% SP ou MO
Blastos ≥ 30% no SP e/ou MO
Proliferação blastos extra MO
Infiltrado extra MO de blastos
Grandes agrupamentos de blastos na
MO pela BMO
LMC
Ph
30%
Rota menor
70%
Rota maior
+19
i(17q),+19
+8
+Ph
i(17q),+Ph
i(17q),+19,+Ph
+Ph,+19
+Ph,+8,+19
+Ph,+8
+8,+i(17q)
+Ph,+8,+i(17q)
+Ph,+8,i(17q),+19
i(17q)
+8,+19
+8,i(17q),+19
LMC
• Feito o diagnóstico
– Qual o prognóstico?
– Quanto tempo vai permanecer em FC?
LMC
• Fatores prognósticos:
Variáveis associadas com a duração da fase crônica e
sobrevida:
–
–
–
–
–
–
Porcentagem de blastos no SP
Tamanho do baço
Idade
Contagem de plaquetas
Contagem de eosinófilos
Contagem de basófilos
LMC
Escores de prognóstico:
• Sokal (et al, 1984)- BU e HU
• Hasford (et al, 1996) – TMO
• Braga (et al, 1996) - HU
• Euro (Hasford et al, 1998) – IFN
• outros
LMC
• Sokal et al 1984:
Exp 0,0116 x (idade - 43,4) + (baço* – 7,51) +
0,188 x [(plaquetometria : 700)2 – 0,563] + 0,0887
x (blastos – 2,10)
• idade em anos
* baço em cm abaixo do RCE
Calculado antes de tratamento
LMC
• Definição de risco:
Baixo = 0,8 (i. é,estimativa de 90% sbv em 2a)
Intermediário = 0,8- 1,2
Alto - > 1,2
(estimativa de 65% sbv em 2ª)
http://www.icsg.unibo.it/rrcalc.asp
Sokal
LMC
• Hasford et al 1998:
0,666 quando idade >50 + (0,042 x baço) +
1,0956 qdo plaq > 1500 x 109/L + (0,0584 x
blastos) + 0,20399 qdo basofilos > 3% + (0,0413
x eosinofilos) x 100
LMC
• Definição de risco:
Baixo ≤ 780
Intermediário 781 – 1480
Alto > 1480
http://www.icsg.unibo.it/rrcalc.asp
LMC
Sokal
Hasford
UNIFESP
MS
Alto risco
42
(42%)
66
(66,7%)
4
(5,1%)
11
(10,9%)
Risco
Intermediário
32
(32%)
12
(12,1%)
26
(33,3%)
38
(37,6%)
Baixo Risco
26
(26%)
21
(21,2%)
48
(61,5%)
52
(51,5%)
100
99
78
101
n
LMC
Probabilidade de sobrevida
Probabilidade de sobrevida de 1300 pacientes com LMC categorizados
ao diagnóstico de acordo com o escore prognóstico Euro (Hasford et al, 1998)
1,0
Baixo risco: sbv =100m
Intermediário: sbv = 69m
Alto risco: sbv = 45m
0,6
0,3
0,0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Anos após diagnóstico
Goldman,2001
LMC
• EUTOS
Tamanho do baço (em cm abaixo do RCE) e
número de basófilos em %
Se ≤ 87 = baixo risco; se > 87 alto risco
Prevê a RCC e sobrevida livre de progressão em
pacientes em uso de MI como primeira linha
LMC
• Indiscutivelmente, muito se avançou na LMC,
mas progressos em farmacogenômica, no
perfil de expressão gênica e no
sequenciamento de todo o genoma, entre
outros, em curso, ainda contribuirão para
identificar a base da falha molecular e, esperase, proporcionem uma abordagem
personalizada para o tratamento.
LMC
Referências:
Sokal et al, Blood 1984, 63: 789-99
Hasford et al, 1998, 90:850-58
Hasford et al, Blood 2012
Jabbour &Kantarjian AJH 2012,87:1038-45
Hoffman et al, Blood 2012
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