Andreia Carlos Clínica Medicir Rua da Malva Rosa, 24, Mem Martins Tel.: 21 920 3573 www.medicir.net Dietas de emagrecimento com ou sem Hidratos de Carbono? Existem vários tipos de dietas de emagrecimento, que variam em quantidade de macronutrientes (proteínas, hidratos de carbono, lípidos), sendo as que mais se destacam, as dietas ricas em Hidratos de Carbono (HC) ou as dietas pobres em HC. A evidência científica tem demonstrado efeitos positivos com os dois tipos de dieta, ou seja, é possível perder peso com as duas, o que torna o tema em questão bastante controverso. Estudos recentes sugerem que uma dieta rica em proteínas e pobre em gordura providencia benefícios a nível nutricional e metabólico, idênticos aos de uma dieta rica em HC. Assim como dietas pobres em HC demonstraram ser mais eficazes do que as dietas pobres em gordura na redução de indicadores inflamatórios e de gordura saturada em circulação. No entanto, é preciso ter em conta que estes estudos foram feitos com indivíduos que apresentam a Síndrome Metabólica (um conjunto de patologias, nomeadamente perturbações do metabolismo da glicose e resistência à insulina, excesso de peso, obesidade abdominal, dislipidemia e hipertensão arterial), ou seja, são indivíduos que respondem de maneira diferente aos HC, transformando-os mais rapidamente em gordura. Para o auxiliar na escolha do tipo de dieta que deve fazer, tome nota: O mais importante é conseguir manter um peso saudável. Se seguir um plano alimentar equilibrado do ponto de vista nutricional e se conseguir manter as recomendações que lhe foram propostas, então conseguirá controlar a perda de peso a longo prazo. O efeito “yô-yô”, ou seja, a perda e o ganho de peso frequentes vão dificultando cada vez mais a manutenção de um peso saudável. Procure evidência científica acerca da informação que ouve, lê ou que vê no seu dia-a-dia. Os “mitos” sobre o que engorda ou não engorda espalham-se rapidamente sem base de sustentação credível. Se for diabético ou tiver excesso de peso associado a resistência à insulina, para perder peso, uma dieta pobre em Hidratos de Carbono de elevado índice glicémico pode ser uma boa escolha. Se, por outro lado, for saudável e estiver simplesmente a tentar manter um peso saudável, uma dieta moderada em gordura e controlada em calorias é a melhor opção. Faça testes anuais ao seu perfil lipídico (colesterol, triglicéridos, etc.) e outros indicadores de risco. Tenha em conta a qualidade dos alimentos que consumir, pois uma dieta rica em Hidratos de Carbono como vegetais, legumes ou fibras, não vai ter os mesmos efeitos negativos que uma dieta rica em Hidratos de Carbono de índice glicémico elevado. Em contrapartida, as últimas recomendações da Autoridade de Segurança Alimentar Europeia, recomendam o consumo de 45 a 60% de Hidratos de Carbono, incluindo alimentos ricos em amido (batata, massa) e de 20 a 35% de Gorduras. Assim, podemos afirmar com segurança que as directrizes gerais de alimentação aconselham um consumo moderado e equilibrado de alimentos ricos em Hidratos de Carbono, Gordura e Proteína. Maio de 2010 Referências: Santos, A. C., Lopes, C., Barros, H. (2004). Prevalência da Síndrome Metabólica na Cidade do Porto. Revista Portuguesa de Cardiologia, 23 (1): 45-52. http://blog.nutritiondata.com/dieting_weight_loss_blog/2008/01/what-kind-of-di.html; http://blog.nutritiondata.com/ndblog/2007/12/dietary-dogma-t.html; Bradley, U., Spence, M., Courtney, C. H., McKinley, M. C., Ennis, C. N., McCance, D. R., McEneny, J., Bell, P. M., Young, I. S. & Hunter, S. J. (2009). Low-fat versus low-carbohydrate weight reduction diets: effects on weight loss, insulin resistance, and cardiovascular risk: a randomized control trial. Diabetes, 58(12): 24741-8. McLaughlin, T., Carter, S., Lamendola, C., Abbasi, F., Yee, G., Schaaf, P., Basina, M. & Reaven, G. (2006). Effects of moderate variations in macronutrient composition on weight loss and reduction in cardiovascular disease risk in obese, insulin-resistant adults. American Journal of Clinical Nutrition, 84(4): 813-21. Sampaio, H. A. C., Yhang, B. C. S., Sabry, M. O. D., Almeida, P. C. Índice glicémico e carga glicémica de dietas consumidas por índividuos obesos. (2007). Revista de Nutrição, 20 (6): 615-624. http://www.efsa.europa.eu/en/press/news/nda100326.htm