TÍTULO: ROTURA PREMATURA DE MEMBRANAS

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INSTITUTO DE PERINATOLOGIA DA BAHIA - IPERBA
PROTOCOLO - OBS – 039
DATA: 30/03/2006 PÁG: 1 / 5
TÍTULO: ROTURA PREMATURA DE MEMBRANAS
1. CONCEITO
É quando as membranas ovulares se rompem antes de iniciado o trabalho de parto.
Período de latência: tempo que transcorre entre a rotura das membranas e o parto.
De acordo com a idade gestacional no momento de sua ocorrência podemos classificá-la em:
- RPM, a termo: de 37 a 42 semanas.
- RPM, pré-termo: de 20 a 22 semanas a 36 semanas e 6 dias.
- RPM, extremamente precoce: menos de 20 a 22 semanas.
2 . DIAGNÓSTICO
Em 80% dos casos, a rotura é franca e o escoamento de líquido amniótico pode ser visualizado.
2.1. ANAMNESE
- Relato de perda de líquido via vaginal, de quantidade variável, “escorrendo pelas pernas” (tentar
quantificar em valores a quantidade de líquido perdida).
- Duração da queixa: há quanto tempo se iniciaram as perdas e se continuam.
- Características do líquido: cor e odor característico (água sanitária, esperma) ou odor fétido
(infecção).
- História de febre pensando na possibilidade de infecção ovular, se presente, afastar outras
causas de hipertermia.
- Data da última menstruação normal, US de 1º trimestre, tentando confirmar a idade gestacional.
2.2.EXAME FÍSICO
- Inspeção abdominal: observar alterações do volume uterino, caso o útero menor que o esperado
para a idade gestacional, favorece o diagnóstico.
- Inspeção vulvar: visualização do líquido fluindo através da vulva, podendo ser auxiliada pela
manobra de Valsalva e de Tarnier (elevação da apresentação pela palpação abdominal e
compressão do fundo uterino).
2.3. EXAME ESPECULAR
- Visualização direta do líquido amniótico no fundo-de-saco.
- As manobras supracitadas podem auxiliar a visualização do líquido amniótico fluindo através do
colo uterino.
- Afastar a possibilidade de prolapso de cordão.
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- Observar presença de dilatação cervical.
- Colher amostra de líquido amniótico para métodos diagnósticos, cultura e GRAM.
2.4. MÉTODOS DIAGNÓSTICOS
- Medida do pH vaginal (Teste de Nitrazina): utilizar fita de pH; o pH normal da vagina se situa
entre 3,8 e 4,5, o pH > = 6,0 sugere a presença de líquido amniótico na vagina (falso positivos
na evidência de sangue na vagina, muco cervical, anti-sépticos).
- Cristalização do conteúdo vaginal: espalhar o líquido colhido na vagina em uma lâmina e secar
(não cobrir com lamínula), observar ao microscópio a presença de arborização, o líquido
amniótico é o único líquido com poder de cristalização na gravidez.
OBSERVAÇÕES: nos casos com dificuldade diagnóstica, o líquido colhido pode ser utilizado
para a pesquisa de células orangiófilas através da coloração com azul do Nilo
a 0,1%(confirma o diagnóstico em gestações a partir de 32 semanas).
2.4.1. TOQUE VAGINAL
Não recomendado, pode levar a ascensão de microorganismos do trato genital até a cavidade
amniótica. Reservado para os casos onde a melhor conduta será o término da gravidez ou na
presença de contrações efetivas. Sempre lavar bem as mãos, e utilizar luvas estéreis.
2.4.2. EXAMES COMPLEMENTARES
- Leucograma, Sumário de Urina, PCR e VHS (rastrear processo infeccioso).
- Ultra-sonografia Obstétrica: confirmar a idade gestacional, aferir o ILA. A oligodrâmnia não faz
o diagnóstico de rotura prematura de membranas, porém a sua presença associada á história
de perda de líquido via vaginal nas últimas duas semanas é um forte indicio diagnóstico.
3. CONDUTA
- Internamento, exceto nos casos especiais nos quais se possa acompanhar ambulatorialmente.
- Fatores decisivos:
a) PRESENÇA DE TRABALHO DE PARTO
b) INFECÇÃO OVULAR
c) SOFRIMENTO FETAL
d) IDADE GESTACIONAL
3.1. TRABALHO DE PARTO
- Deixar evoluir o trabalho de parto;
- Manipular o menos possível (evitar toques repetidos);
- Avaliar freqüência cardíaca e temperatura materna;
- Ausculta de batimentos cardíacos fetais a cada 30 minutos;
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- Se pode tentar uma inibição temporária em casos seletivos com a finalidade de se promover a
aceleração da maturação pulmonar fetal com o uso de corticosteróides ou tentar transferência
da paciente para unidade com UTI neonatal.
3.2. INFECÇÃO OVULAR
- Antecipação do parto, preferencialmente por via baixa.
- São critérios formulados por Gibbs para o diagnóstico da corioamnionite: freqüência cardíaca
materna superior a 100 bpm, temperatura superior a 37.2º C, taquicardia fetal, dor ou
desconforto uterino persistentes, fluxo vaginal com odor fétido, leucograma superior a 20.000
leucócitos por mm3 com presença de formas jovens (bastam 3 deles para se fazer o
diagnóstico).
3.3. SOFRIMENTO FETAL
- Antecipação do parto, preferencialmente por via baixa.
- Avaliação do bem estar fetal através de: ausculta de BCF, Perfil Biofísico Fetal e
cardiotocografia alterada.
- Na vigência de oligodrâmnia acentuada, pensar na possibilidade de interrupção.
3.4. IDADE GESTACIONAL
3.4.1. SUPERIOR A 34 SEMANAS
Antecipação do parto com a finalidade de evitar complicações infecciosas maternas e
neonatais. Nesta idade gestacional, o risco de corioamnionite é 8 vezes maior com a
conduta conservadora e 90% dos fetos já possuem maturidade pulmonar.
- Via vaginal é a de escolha.
- Indução: seguir protocolo específico.
3.4.2. ENTRE 24 A 34 SEMANAS
Conduta expectante: aqui o maior risco é a prematuridade.
- Internamento;
- Repouso no leito;
- Aceleração da maturação pulmonar fetal: protocolo específico;
- Antibiótico – estearato de eritromicina 500mg IV cada 8 horas, 10 dias consecutivos;
- Rastrear infecção materna;
- Rastrear sofrimento fetal;
- Parto na vigência de: sinais de infecção materna, sofrimento fetal, ILA bastante
reduzido e em gestação superior a 34 semanas.
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3.4.2.1. RASTREANDO A INFECÇÃO MATERNA
- Temperatura a cada 6 horas;
- Freqüência cardíaca materna cada 6 horas;
- Pesquisar sensibilidade uterina diariamente;
- Dinâmica e tono uterino diariamente;
- Observar diariamente características do líquido amniótico: cor, odor, presença de
mecônio;
- Leucograma, PCR e VHS a cada 48 horas: quando da primeira alteração, repetir com
24 horas, aumento de 50% é significativo para infecção.
- Atenção: a utilização do corticóide com a finalidade de aceleração da maturação
pulmonar fetal, pode provocar uma leucocitose por até 7 dias, porém não existe a
presença de formas jovens (desvio para a esquerda).
3.4.2.2. VIGIANDO O BEM ESTAR FETAL
- Ausculta diária de batimentos cardíacos fetais;
- Mobilograma diário;
- CTG (cardiotocografia) diária (a partir de 28 semanas);
- Mensuração do ILA semanalmente em gestações até 28 semanas e a cada 3 dias nas
superiores a 28 semanas;
3.4.3. MENOS DE 24 SEMANAS
- Conduta expectante, prognóstico fetal reservado.
- Parto na vigência de infecção materna e óbito fetal intra-uterino.
4. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
Não se aplica
5. ANEXOS
Não se aplica
Elaborado por
Dr. Omar Ismail Darze CRM 7417
Coordenação de Ensino e Pesquisa
Editado por
Luciana Branco
CRA-BA N. º 6593
Aprovado por
Dra. Dolores F. Fernandez
Coordenação Médica
Data
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