Espanha e o Vice-Reinado do Rio da Prata: a consolidação do Comércio Livre no triênio 1787-1789 Manoel Lelo Bellotto Universidade Estadual Paulista São Paulo - Brasil O tema Comércio Livre constitui peça importante na análise histórica das relações entre Espanha e América nos momentos que antecederam ao processo de emancipação das colônias hispano-americanas. Para compreensão da aplicação da sistemática do comércio livre e para percepção dos problemas decorrentes, optou-se por proceder à análise do documento normativo do sistema, isto é, o Reglamento y Aranceles Reales para el Comercio Libre de España a Indias, de 12 de outubro de 1778, e pela demonstração, a partir de dados concretos levantados no Archivo General de Indias, de Sevilla, da prática resultante. A ordenação dos referidos dados, no entanto, restringiu-se ao movimento comercial no sentido América-Espanha, isto é, entre os portos de Buenos Aires e Montevidéo e os portos espanhóis habilitados ao comércio livre pelo Regulamento de 1778, no triênio 1787-1789. Destina-se o presente artigo a registrar a implantação do comércio livre entre portos de América e de Espanha, habilitados pelo Reglamento y Aranceles Reales para el Comercio Libre de España a Indias, de 12 de outubro de 1778, nos anos de 1787, 1788 e 1789. Foram fixados, na América, os portos de Buenos Aires e de Montevidéo; na Espanha, todos aqueles visitados pelas embarcações procedentes de tais portos, com registro de comércio livre. Elegeu-se o período de 1787 a 1789 para a realização do presente estudo porque, embora tenha sido regulamentada em outubro de 1778, a instituição do comércio livre iniciou sua consolidação somente a partir do término da guerra de 1779 a 1783, entre Espanha e Inglaterra.1 Deve-se considerar, ainda, que a documentação existente no Archivo General de Indias, de Sevilla, referente às relações comerciais entre Espanha e suas colônias americanas durante a vigência do Regulamento de 1778, tem por marco primeiro o ano de 1787.2 Explica-se, assim, o balizamento cronológico inicial do presente trabalho. A definição do mencionado período resul1 Klein, Herbert S.: “Structure and profitability of royal finance in the Vice-royalty of the Rio de la Plata in 1790”. Hispanic American Historical Review. T. 53, n.º 3. Durham, aug. 1973, pág. 441. 2 Archivo General de Indias, Indiferente General, 2441 e 2442. Tomo LIII, 1, 1996 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) 53 http://estudiosamericanos.revistas.csic.es 2 MANOEL LELO BELLOTTO tou, ainda, da opção científica frente a um núcleo documental denso: tratase do registro das relações comerciais entre os portos platinos e os habilitados de Espanha, durante os anos supra referidos, em que não ocorrem omissões de dados essenciais do referido tráfico. Cumpre dizer, ainda, que o presente estudo, ao averiguar a implantação do disposto no Regulamento de 1778 entre portos habilitados de Espanha e América, caracteriza-se por uma abordagem unilateral do processo, por estar restrito à análise das embarcações e mercadorias que, de Montevidéo, demandavam os portos espanhóis. Não se procedeu, portanto, por opção metodológica, ao estudo do giro mercantil completo. Cabe, finalmente, esclarecer o aparente conflito entre o uso freqüente, no texto, da expressão portos platinos e o exclusivo registro de Montevidéo, como porto exportador. A expressão refere-se, obviamente, aos portos de Buenos Aires e Montevidéo. Hoje, em função da situação política caracterizada pelas repúblicas autônomas da Argentina e do Uruguai, certamente causa estranheza a referência única a ambos os portos, como se apenas a um se reportasse. No entanto, e usando de uma liberdade de linguagem, a nosso ver justificada, é possível evidenciar o caráter de “complexo portuário” aos serviços prestados pelos dois portos à unidade política e administrativa representada pelo então Vice-Reinado do Prata. Acresçam-se, por outro lado, as dificuldades de acesso ao porto de Buenos Aires, pelo Rio da Prata, ainda presente na década de ‘80 do século XVIII, período de que se ocupa este estudo. Tais dificuldades eram resultado, por um lado, das limitações técnicas das embarcações de longo curso em uso na época, a dependerem exclusivamente do regime de ventos para seu deslocamento; por outro lado, das condições especialíssimas do estuário do Prata, no trecho entre Montevidéo e Buenos Aires. Montevidéo, além de ser um porto seguro para as embarcações de maior porte, ensejava a querena de navios em ponto ideal para tal operação, na Ilha das Gaivotas, defronte da cidade.3 Aos riscos que o leito do Rio da Prata oferecia à navegação, representados pelos incontáveis bancos de areia e inúmeros e traiçoeiros canais, a exigirem o concurso de práticos hábeis e adestrados, há de se acrescentar o inconveniente dos “ventos contrários”. Trata-se do pampeiro, vento procedente das regiões meridionais da Argentina, que traspassa todo o estuário platino e, através do Uruguai, chega a alcançar o sul do Brasil, sob o nome de minuano. 3 AGI, Buenos Aires, 17. “Instrucción que deben observar los Capitanes Pilotos...destinados al puerto de Montevideo.” Madrid, 5 de dezembro de 1767. 54 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) Anuario de Estudios Americanos http://estudiosamericanos.revistas.csic.es A CONSOLIDAÇAO DO COMÉRCIO LIVRE, 1787-1789 3 Tão temido era e tal a sua ação de retardamento da navegação, a reter por meses as embarcações que se introduzissem no Rio da Prata, como testemunha o governador de Montevidéo em 1768,4 que esta cidade foi eleita para porto escoador da produção do Vice-Reinado do Prata, sem prejuízo da atuação econômica e da individualidade portuária de Buenos Aires. Efetivamente, tal ocorreu. A aplicação do esquema de liberdade comercial, representado pelo Regulamento de 1778, ensejou a Buenos Aires, pelo menos até o ano de 1795, viver um fértil período de amplo desenvolvimento no comércio internacional, tornando-se o porto platino, em decorrência desse fato, importante fonte de rendas tributárias para a Coroa Espanhola.5 A ligação fluvial entre Buenos Aires e Montevidéo era operada por embarcações menores, que transportavam toda a sorte de mercadoria. Havia, ainda, uma variante dessa ligação. Tratava-se da conecção fluvial entre Buenos Aires e a cidade de Colônia, na margem esquerda do Prata, e desta, por terra, a Montevidéo. O tempo médio gasto em ambos os trajetos era, respectivamente, de 5 e 3 dias. Movimento de embarcações com registro de Comércio Livre Transcreve-se, em apêndice, o quadro geral do movimento de embarcações com registro de comércio livre que, saindo do porto de Montevidéo nos anos de 1787,1788 e 1789, demandaram os portos habilitados da Metrópole.6 Foi adotado, por critério, relacionar as embarcações que deixaram o Prata, desde a primeira que saiu do porto de Montevidéo no ano de 1787, até a última que o fez no de 1789. Como balizas cronológica, portanto, não foram consideradas as datas de chegada aos portos de destino. O referido quadro geral tem, ademais, uma outra característica a ressaltar. Cada embarcação tem sua rota devidamente devassada, isto é, rastreia-se-lhe a viagem completa: do seu porto de origem —sempre o de Montevidéo— ao de destino, registrando-se os portos intermediários, onde atracou para a descarga parcial de mercadorias. 4 AGI, Papeles de Correos, Montevideo, 185. Ofício de 29 de agosto de 1768, de don Agustín de la Roza, governador de Montevideo. 5 Klein, H.: “Structure and profitability...”, pág. 441. 6 Os dados para a composição do quadro geral foram extraídos de documentação existente no. AGI, Indiferente General, 2441 a 2446. Tomo LIII, 1, 1996 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) 55 http://estudiosamericanos.revistas.csic.es 4 MANOEL LELO BELLOTTO Finalmente, cumpre justificar a minúcia de dados de que tal quadro se acha composto. Nomeia-se a embarcação, caracteriza-se o seu tipo, e as outras indicaçóes ordinarias; em seguida, transcreve-se o calendário da viagem, com data de saída do porto de Montevidéo, nomes dos portos de destino e datas de entrada. Tal levantamento visa ao preenchimento de fichas técnicas das embarcações que, em todos os tempos, realizaram a travessia do Atlântico.7 A análise dos quadros transcritos em apêndice suscita algumas considerações O total de embarcações que realizaram a travessia atlântica, no período, foi de 108, predominando o ano de 1787, com 44 barcos. A fragata e o bergantim foram os tipos de embarcação que maior número de viagens realizaram: 27 cada um, de um total de 108. Há de se considerar, ainda, as 18 travessias operadas por fragatas-correio e as 7 realizadas por paquebotes, navio muito semelhante à fragata e que pelo desenho de perfil longo e pela superestrutura isenta de construções dispensáveis, tornou-se um barco predominantemente veloz, bastante adequado, portanto, para as longas viagens transoceânicas. Se as travessias transatlânticas efetuadas por fragatas-correio e paquebotes forem somadas às realizadas pelas fragatas, emerge este tipo de embarcação como a detentora da supremacia na navegação atlântica. Transcreve-se a seguir, como dado complementar, quadro contendo os tipos de embarcação empregados na rota platina e o número de viagens realizadas. TIPO DE EMBARCAÇÃO 1787 1788 1789 TOTAL fragata bergantim fragata-correio saetia polaca paquebote urca 09 12 06 09 03 05 — 10 03 06 03 04 01 01 08 12 06 06 03 01 — 27 27 18 18 10 07 01 TOTAL 44 28 36 108 7 Tarefa coordenada pela Comissão Internacional de História Marítima. 56 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) Anuario de Estudios Americanos http://estudiosamericanos.revistas.csic.es 5 A CONSOLIDAÇAO DO COMÉRCIO LIVRE, 1787-1789 Cabe finalmente, ainda na análise dos diferentes tipos de embarcação empregados no comércio hispano-americano, uma referência à tese esposada por Valentín Vázquez de Prada, em trabalho divulgado no Anuario de Estudios Americanos.8 Referido Autor faz alusão a navios que denomina de tipo cantábrico e de tipo mediterrâneo; classifica, entre os primeiros, fragatas e bergantins e, entre os segundos, saetias e polacas. Os dados do quadro a seguir transcrito mostram a procedência da afirmação de Vázquez de Prada: houve, efetivamente, uma predominância de fragatas, fragatascorreio e bergantins nos portos de Vigo, La Coruña e Santander. Irrisória foi ai a presença de saetias e polacas, tão numerosas, em contrapartida, em Málaga e Barcelona. A situação de Cádiz, no entanto, foi singular. Por se encontrar, geográfica e historicamente, no ponto de convergência das duas linhas marítimas —a vertente catalã e a vertente biscaína— teve seu porto freqüentado eqüitativamente pelas embarcações de ambos os tipos. TIPO DE CÁDIZ BARCELONA LA CORUÑA MÁLAGA SANTANDER VIGO EMBARCAÇÃO PALMA DE TOTAL MALLORCA fragata bergantim fragata-correio saetia polaca paquebote urca 18 11 — 10 08 04 01 02 17 — 15 09 03 — 02 01 18 01 — — — 02 05 — 06 02 03 — 04 04 — — — 01 — 02 01 — — — — — — 01 — — — — — 30 40 18 32 19 11 01 TOTAL 52 46 22 18 09 03 01 151 Tem sido aceita por procedente a afirmação de que os critérios adotados pela Coroa de Espanha para a habilitação de portos de comércio livre na Península, não consideraram, fundamentalmente, a atuação e a realidade econômica das cidades cabeça de região, eventualmente contidas e reprimidas pelo sistema do exclusivo até então vigente, embora já atenuado por medidas de liberalização da economia comercial, adotadas no decorrer do século. Teria prevalecido sim, naquela iniciativa, uma “doutrina” geográfica. Visava-se, com isto, ao fortalecimento da economia de zonas da 8 Vázquez de Prada, Valentín: “Las rutas comerciales entre España y América”. Anuario de Estudios Americanos, Sevilla, 1968, T. XXV, págs.197-241. Tomo LIII, 1, 1996 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) 57 http://estudiosamericanos.revistas.csic.es 6 MANOEL LELO BELLOTTO metrópole, até então consideradas periféricas.9 Dai ter a Coroa espanhola pontilhado, com absoluta regularidade, as costas litorâneas de Espanha —a cantábrica, a atlântica e a mediterrânea— de portos habilitados. O exame do quadro geral do movimento de embarcações com registro de comércio livre, na vertente platina, permite, ademais das considerações acima expressadas, algumas outras constatações. Cádiz continuou a desfrutar a condição de grande porto do comércio hispano-americano. Múltiplas razões explicam essa predominância. Entre outras, deve-se destacar: a da existência, em Cádiz, de uma infraestrutura portuária que, desde há séculos, funcionava e buscava seu contínuo aprimoramento; a de natureza histórica, que reconhecia naquela cidade o porto da América; a referente à situação geográfica de Cádiz, ponto de convergência da Espanha mediterrânea e da Espanha cantábrica; a dos interesses de uma poderosa burguesia, solidamente consolidada naquela cidade; finalmente, a da presença de inúmeros e importantes organismos oficiais que, por estarem sediados naquela cidade, promoviam e facilitavam o trato comercial. Outra constatação refere-se à crescente importância portuária de Barcelona no Mediterrâneo espanhol. Seu crescimento como tal, no transcurso da segunda metade do século XVIII, já foi colocado de manifesto por Pierre Vilar.10 Foi essa importância e esse crescimento, respaldados em dados estatísticos trabalhados pelo historiador francês, que permitem amparar a afirmação de Vázquez de Prada de que, por ocasião da publicação do Regulamento de 1778, a navegação atlântica havia passado às mãos dos catalães.11 É possível, ainda, uma terceira constatação. A despeito da política de estímulo da economia espanhola, posta em prática pela Coroa, habilitando portos ao comércio livre, vários destes não chegaram a se transformar em reais e dinâmicos núcleos de tráfico comercial. Alguns destes portos, inclusive, não chegaram a ter sequer uma das 151 atacações verificadas na rota platina do comércio livre, durante os três anos de que trata o presente estudo. Para ilustrar as constatações supra, transcreve-se, a seguir, quadro em que se fixa o número de atracações, para descarga, de embarcações com 9 Ibídem, pág. 228. 10 Vilar, Pierre: La Catalogne, v. 3, pág. 338 e segts. Vázquez de Prada, V.: “Las rutas comerciales...”, pág. 229. 11 Vázquez de Prada, V.: “Las rutas comerciales...”, pág. 230. 58 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) Anuario de Estudios Americanos http://estudiosamericanos.revistas.csic.es 7 A CONSOLIDAÇAO DO COMÉRCIO LIVRE, 1787-1789 registro de comércio livre, em portos habilitados da Espanha, nos anos de 1787 a 1789, da carreira platina. PORTO 1787 1788 1789 TOTAL Cádiz Barcelona La Coruña Málaga Santander Vigo Palma de Mallorca 16 23 08 09 04 02 — 15 09 07 04 03 01 — 21 14 07 05 02 — 01 52 46 22 18 09 03 01 TOTAL 62 39 50 151 Mercadorias, Valores e Tributos Variadíssima foi a gama de mercadorias, com destino à Espanha, transportadas pelas embarcações de comércio livre procedentes dos portos platinos. Embora o couro, a prata e ouro, como adiante se verá, tenham sido responsáveis, em conjunto, por 95% do valor de todos os gêneros conduzidos e por 98% dos direitos de entrada recolhidos aos cofres da Coroa e de organismos oficiais da Espanha, a natureza e a quantidade das demais mercadorias arroladas nos registros das embarcações que operaram na rota platina do comércio livre, refletem a intensa e dinâmica atividade de produção e comercialização regional. A análise do movimento de mercadorias transportadas pelas 108 embarcações que deixaram o porto de Montevidéo no triênio 1787-1789, com registro de comércio livre, conforme dados extraídos de documentação existente no Archivo General de Indias, de Sevilla,12 sugere ponderações preliminares. Deve ser considerado, em primeiro lugar, que as embarcações com registro de comércio livre serviram, prioritariamente, para o transporte de gêneros por conta e risco de particulares. Houve a predominância esmagadora de tais remessas em relação àquelas de interesse, ou por conta e risco, da Coroa ou de organismos oficiais, os Ministérios em particular. 12 AGI, Indiferente General, 2441 a 2446. Tomo LIII, 1, 1996 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) 59 http://estudiosamericanos.revistas.csic.es 8 MANOEL LELO BELLOTTO A documentação pesquisada mostra que, além de algumas partidas de prata e ouro, de responsabilidade oficial, e do registro, ainda em prata e ouro, das cajas de soldadas,13 apenas em duas embarcações, das 108 que deixaram o porto de Montevidéo no período em estudo, houve carga por conta e risco da Coroa: uma partida de pele e lã de vicunha registrada na fragata-correio “El Águila”, de propriedade da Coroa, arribada ao porto de La Coruña no dia 15 de setembro de 1787; uma partida constante de pele e lã de vicunha, tabaco e bálsamo, registrada na urca “S.Amalia”, igualmente de propriedade da Coroa, chegada ao porto de Cádiz em 23 de julho de 1788. Deve-se dar relevo, ainda, como há pouco foi referido, à enorme variedade de gêneros americanos exportados para a Espanha. Os artigos, a seguir relacionados, serão agrupados segundo sua natureza. Produtos de origem mineral Prata; ouro; cobre; estanho; pedras preciosas; cobre granalla;14 diamante rosa;15 piedra lipís;16 plancha de asta.17 Produtos de origem animal Couro em cabelo; couro curtido; tarjetas de couro; corachas;18 zaleas;19 baquetas;20 pellones;21 solas; sebos; lã de: carneiro, vicunha, guanaco, do Chile; cerdas; pele de: carneiro, tigre, veado, cisne, coelho, vicunha, guanaco, alpaca, pássaros, leão marinho, lobo marinho, zorrillo,22 chinchilla,23 13 Soldada: soldo, salário, estipêndio ou remuneração pagos à tripulação de um navio. 14 O metal reduzido a grãos miúdos. 15 Diamante talhado em facetas, por cima; por baixo, apresenta superfície achatada ou por lapidar. 16 Pedra-lipes; nome vulgar do vitríolo azul (sulfato de cobre). 17 Lâmina de metal, com haste, à guisa de arma. Hasta. Ferro de passar. 18 Saco de couro para o transporte de tabaco, cacau etc. 19 Couro de ovelha ou de carneiro, curtido de forma a conservar a lã. 20 Couro de novilha curtido. 21 Pelegos. 22 Mamífero da América do Sul, semelhante a uma pequena raposa. 23 Mamífero roedor da América do Sul, mais propriamente dos Andes; sua pele é muito apreciada para agasalhos. 60 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) Anuario de Estudios Americanos http://estudiosamericanos.revistas.csic.es A CONSOLIDAÇAO DO COMÉRCIO LIVRE, 1787-1789 9 guia-pies ou guiapies ou guillapies (couros e peles);24 velas de: sebo, espermacete de baleia; plumeiros ou penachos; plumas de avestruz; crina de cavalo; manteiga; queijo; azeite de lobo marinho; gordura de: porco, baleia, lobo marinho; carne salgada; línguas salgadas de vaca; carnazas;25 fresadas;26 hastes de touro; pesuñas de novillo;27 coyundas de toro;28 intestinos.29 Produtos de origem vegetal Tabaco; trigo; farinha; algodão com sementes; cacau Guaiaquil; cacau de Mojos; chocolate em pasta; cascarilla;30 orejones de durazno;31 caña;32 hierva;33 erva do Paraguai; pastilhas de cheiro; quina; vinho de Tubela; vinho de Tucumán; contrahierba;34 erva de culén;35 higuerilla;36 canchalagua;37 calaguala;38 bejuquillo;39 palo bobo;40 palo santo;41 madeira de Urunday;42 sassafrás; caoba;43 bálsamo; cedro. 24 Trata-se de expressão controvertida. Tanto pode significar ou tapete de couro ou pele; ou estribo do mesmo material, no qual o cavaleiro firma o pé; ou, ainda, segundo acepção catalã, couro ou pele do guilla (pequena raposa). 25 Sebo. 26 Espécie de alimento, com ingredientes de origem animal. 27 Dedos, cobertos por unhas, de animais de patas fendidas. 28 Correia forte e larga, com que se atam os bois à canga. 29 Tripas. 30 Casca de uma árvore da América, da família das Euforbiáceas, amarga, aromática e medicinal. Espécie de quina branca e fina. Casca de cacau tostada, de cuja infusão se faz bebida a ser tomada quente. 31 Pedaços de pêssego, secos ao sol. 32 Nome genérico, extensivo a várias plantas gramíneas. Parte da bota que cobre a perna. 33 Referência provável à erva-mate. 34 Planta da América Meridional, usada em medicina como contra-veneno. 35 Leguminosa natural do Chile. A bebida resultante da Infusão de suas folhas é tomada para as enfermidades do estômago. 36 Figueira, árvore da família das moráceas. Figueira-do-inferno, planta tóxica e medicinal. Rícino. 37 Planta americana, da família das Gencianáceas, usada em medicina. 38 Planta medicinal, originária do Perú. 39 Ipecacuanha. Planta medicinal da família das Rubiáceas, própria da América Meridional, cuja raiz é muito usada como emética, tônica e purgante. 40 Trata-se, provavelmente, de vegetal empregado em farmácia, para fins medicinais. 41 Madeira do guaiacó, árvore medicinal da América Tropical, da família das Zigofiláceas. 42 Árvore terebintácea, da Argentina, de madeira cor vermelho-escuro, empregada na construção de navios e móveis. 43 Árvore da América, da família das Meliáceas. Sua madeira era empregada, sobretudo, na construção de móveis. 44 Tecido para vestuário comprido, feito regularmente de peles. Tomo LIII, 1, 1996 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) 61 http://estudiosamericanos.revistas.csic.es 10 MANOEL LELO BELLOTTO Outros produtos Mesas de madeira do Paraguai; roupas; livros; luvas de pele; paños de pellón;44 alfombras de lana;45 grana de Santiago;46 chaxaes.47 Cabe registrar, ademais, que na carga transportada pelo bergantim “S.Jayme”, de propriedade particular, com arribadas em Cádiz e Barcelona, respectivamente nos dias 7 de janeiro e 17 de março de 1788, constava, com valor estipulado, 1 esclavo negro. Tal situação ocorreria, igualmente, com a fragata de guerra “N. Señora de la Ó”, de propriedade da Coroa, que no dia 20 de junho de 1789 atracou em Cádiz, ao registrar, junto à mercadoria transportada, 1 esclavo y 2 negros, também com valor fixado. Pelo inusitado, vale referir que a fragata-correio “La Cantabria”, da Coroa, chegada ao porto de La Coruña em 16 de junho de 1788, transportava para a Espanha 7 caxones con huesos de un animal extraordinario. Finalmente, cumpre destacar as colossais transferências de metais preciosos, por meio do registro como carga de partidas de ouro e prata. Estes metais eram transportados ou em pasta, isto é, fundidos mas não trabalhados, ou já lavrados ou, ainda, cunhados ou amoedados. Movimento Geral de Mercadorias A Prata, o Ouro e o Couro O resultado da pesquisa referente ao movimento de mercadorias permite constatações concretas a respeito do valor dos gêneros americanos, da sua importância econômica no conjunto dos produtos objeto de importação, e dos direitos recolhidos, à guisa de tributação, pela Coroa espanhola e demais organismos oficiais. O valor total das mercadorias transportadas pelas embarcações com registro de comércio livre, dos portos platinos para os habilitados de Espanha, no triênio 1787-1789, alcançou a expressiva soma de 325.189.910 reales de vellón(rv), recolhendo o total de 12.422.605 rv de direitos de entrada, incidentes sobre os vários gêneros, nos termos do 45 Tapetes de lã, coloridos e com desenhos. 46 Semente miúda de vários vegetais. Cochinilla. Quermes. Excrescência vermelha formada por inseto sobre folhas de um tipo de ca.rvalho. Tecido fino. 47 Significa, eventualmente, um tipo de chapéu. 62 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) Anuario de Estudios Americanos http://estudiosamericanos.revistas.csic.es A CONSOLIDAÇAO DO COMÉRCIO LIVRE, 1787-1789 11 Regulamento de 1778. A prata, o ouro e o couro desfrutaram de indiscutível relevância, nesse contexto. A soma dos valores dos três produtos, no triênio, totalizou 310.572.729 rv, que correspondem a 95% do valor total das mercadorias registradas e transportadas. A tributação incidente sobre os três produtos, consubstanciada nos direitos de entrada, alcançou níveis ainda maiores do que o valor em relação ao total. Os três gêneros recolheram, no triênio, a soma de 12.148.527 rv de direitos, correspondentes a 98% do total de direitos pagos por todos os gêneros. Tais dados permitem constatar que, à exceção dos três produtos “nobres” acima referidos, coube aos demais gêneros, exportados não poucas vezes em quantidades significativas, as modestas cifras de 14.617.181 rv de valor e 274.078 rv de direitos de entrada. Tais dados ensejam a reflexão de que a dimensão econômica do implantado sistema do comércio livre se justificaria, como teria se justificado, pelo trato exclusivo da prata, do ouro e do couro. A prata foi o gênero de maior relevância e predomínio nos registros das embarcações dedicadas ao comércio livre. No triênio 1787/1789 foi responsável por 186.940.272 rv de valor, que correspondem a 57% do total, e por 8.113.294 rv de direitos de entrada, equivalentes a 65% do global. Esteve presente nos registros de 43 das 44 embarcações que deixaram o porto de Montevidéo no ano de 1787; nos das 28 de 1788; nos de 33 das 36 de 1789. Em 1787 alcançou o valor de 60.167.101 rv, dos quais 51.763.151 por conta de particulares. Em 1788 tal valor ascendeu a 62.925.928 rv, dos quais 56.145.819 da responsabilidade de particulares. Maior ainda foi o valor em 1789, que totalizou 63.847.243 rv, dos quais 51.279.647 de particulares. Recolheu nesses três anos, por direitos de entrada, respectivamente, as quantias de 2.612.963, 2.914.835 e 2.585.496 rv. O couro ocupou o 2.o lugar, em termos de importância, entre os gêneros americanos exportados pelos portos platinos. No triênio 1787-1789 foi responsável por 66.413.487 rv de valor, que correspondem a 20% do total, e por 3.187.138 rv de direitos de entrada, equivalentes a 26% do global. Esteve presente nos registros de 41 das 44 embarcações que deixaram o porto de Montevidéo no ano de 1787; nos das 28 de 1788; nos de 33 das 36 de 1789. Em 1787 alcançou o valor de 19.555.770 rv; em 1788, 23.988.659; em 1789, 22.869.058 rv. Recolheu nesses três anos, por direitos de entrada, respectivamente, as quantias de 939.353, 1.200.943 e Tomo LIII, 1, 1996 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) 63 http://estudiosamericanos.revistas.csic.es 12 MANOEL LELO BELLOTTO 1.146.842 rv. No triênio foram exportadas 1.189.579 peças de couro em cabelo, com o peso de 27.594.345 libras, correspondendo 364.998 peças com 7.703.954 libras de peso ao ano de 1787; 406.631 peças com 10.043.492 libras de peso ao de 1788; 417.950 peças com 9.846.899 libras de peso ao ano de 1789. Tais cifras demonstram, de forma eloqüente, a importância cada vez maior que Buenos Aires e, por extensão, toda a região platina assumiam como o principal centro produtor e exportador de couros na América Ibérica colonial. Jaime Vicens Vives, ao denominar Buenos Aires, com absoluta propriedade, “a metrópole do couro”,48 fixou a cifra de 150.000 peças de couro exportadas anualmente pelos portos platinos para a Espanha. Tal número refere-se, grosso modo, ao terceiro quartel do século XVIII. Verifica-se, assim, que a cifra estabelecida por Vicens Vives está, de longe, superada pela exportação anual dessa pele, no triênio a que se refere o presente estudo. Esta realidade reflete, de um lado, o desenvolvimento das atividades de produção e comercialização do couro, na região em análise; mostra, por outro lado, o estímulo à exportação, ensejado pelo maior número de embarcações nos portos platino, como decorrência do instituto do comércio livre. Tais afirmações estão corroboradas, de resto, pelos resultados a que tivemos a oportunidade de chegar, quando do estudo da instituição do Correio Marítimo entre Espanha e suas colônias americanas, na segunda metade do século XVIII.49 Naquela oportunidade verificamos que, no período de 1768 a 1778, 55 fragatas-correio, empregadas no sistema, foram responsáveis pelo transporte de 425.250 peças de couro em cabelo para a Espanha, embarcadas no porto de Montevidéo. Significativa demonstração do que acima se afirmou, é constatar o fato de que 102 embarcações, com registro de comércio livre, transportaram do mesmo porto de Montevidéo para os habilitados de Espanha, no triênio 1787-1789, 1.189.579 peças de couro em cabelo. O ouro ocupou o terceiro lugar na pauta de exportação dos produtos americanos, na vertente platina. No triênio 1787-1789, o ouro foi responsável por 57.218.970 rv de valor, que correspondem a 18% do total, e por 848.095 rv de direitos de entrada, equivalentes a 7% do global. Esteve presente no registro de 19 das 44 embarcações que deixaram o porto de Montevidéo no ano de 1787; no de 18 das 28 de 1788; no de 14 das 36 de 48 Vicens Vives, Jaime: Historia Economica de España. Barcelona, 1967, pág. 496. 49 Bellotto, Manoel Lelo: Correio Marítimo Hispano-Americano. A Carreira de Buenos Aires (1767-1779). Assis, 1971, pág. 245. 64 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) Anuario de Estudios Americanos http://estudiosamericanos.revistas.csic.es A CONSOLIDAÇAO DO COMÉRCIO LIVRE, 1787-1789 13 1789. Em 1787 alcançou o valor de 18.499.815 rv, dos quais 18.339.815 por conta de particulares. Em 1788 tal valor ascendeu a 19.452.524 rv, dos quais 18.852.793 de responsabilidade de particulares. Em 1789 o valor totalizou 19.266.631 rv, dos quais 19.226.631 por conta de particulares. Recolheu nesses três anos, por direitos de entrada, respectivamente, as quantias de 276.025, 283.525 e 288.545 rv. Demais produtos que ocuparam posição de destaque na pauta de exportação, pela freqüência com que apareceram nos róis de embarque e pelos valores consignados, foram as peles, de um modo geral, o sebo e as lãs, a de carneiro em particular. Em relação a este último gênero, cumpre ressaltar a preocupação das autoridades metropolitanas, sediadas no Prata, em criar condições para a colocação, na Espanha, de um produto colonial que pudesse, ao menos, ombrear-se à importância de que desfrutava, na pauta das exportações, o couro. A lã platina era abundante, de baixo custo e excelente qualidade, de amplo consumo no mercado europeu. Nesse sentido, expressiva foi a correspondência mantida ao início do último quartel do século XVIII entre o Administrador dos Correios de Buenos Aires e seus superiores na Metrópole, oportunidade em que foram sugeridas medidas de estímulo à produção e comercialização da lã.50 Cumpre afirmar, finalmente, que no triênio 1787-1789, o ano de 1788 foi o mais favorável ao movimento de mercadorias, aquele em que foram alcançados os maiores índices de valores transportados e de direitos de entrada, superando ampliamente os anos de 1789, ao qual coube o segundo lugar, e o de 1787, o de mais fraca realização. No ano de 1788 foram transportadas mercadorias no valor de 115.145.936 rv, que correspondem a 35,4% do valor total do triênio, e arrecadados 4.433.813 rv de direitos de entrada, que equivalem a 35,7% do total dos tributos amealhados nos anos de 1787 a 1789 pela Coroa de Espanha. 50 AGI, Indiferente General, 484. Ofício de 23 de dezembro de 1775 aos diretores gerais da Renda dos Correios. Tomo LIII, 1, 1996 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) 65 http://estudiosamericanos.revistas.csic.es (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) http://estudiosamericanos.revistas.csic.es Apêndice ANO 1787 MOVIMENTO DE EMBARCAÇÕES N.º Embarcação Nome Tipo Capitão Calendário da Viagem Propriedade Saída de Entrada Montevideo 1 N.S. de Gracia bergantim Antonio Tutzó mesmo 20.01.87 Barcelona 09.07.87 2 N.S. del Carmen paquebote Luiz Mestre mesmo 20.01.87 Barcelona 12.07.87 mesmo 03.02.87 Coruña 04.05.87 Entrada 3 El Infante D. Fernando fragata Pedro Posadas 4 La Princesa Jacinto de Vargas Coroa Machuca 13.02.87 Coruña 5 N.S. del Buen Suceso fragata y S. Francisco de Paula Gil Vochy mesmo 23.02.87 Cádiz 18.07.87 6 El Valeroso Alejandro fragata Manuel de Algorri mesmo 01.03.87 Cádiz 05.07.87 7 S. Joaquim y S. Antonio polaca Joseph Mascaró mesmo 20.03.87 Málaga 28.06.87 8 El Dulce Nombre de María Y S. Cayetano bergantim Pablo Jover mesmo 23.03.87 Cádiz 06.07.87 9 N.S. del Socorro bergantim Thomas Rives mesmo 12.04.87 Santander 11.07.87 10 S. Jayme Y Animas bergantim Juan Pablo Bru mesmo 25.04.87 Cádiz 29.08.87 11 La Cantabria fragatacorreio Antonio Coroa Albuerne 30.04.87 Coruña 12 S. Antonio de Pádua fragata Antonio Gulibart mesmo 05.05.87 Málaga 21.08.87 Barcelona 18.09.87 13 S. Francisco de Paula saetia Francisco Soler mesmo 08.05.87 Málaga 31.07.87 Barcelona 09.09.87 14 S. Antonio de Pádua paquebote Bartholomé Roitag mesmo 19.05.87 Cádiz 16.09.87 Málaga 24.10.87 mesmo ? Vigo 15.09.87 16 S. Antonio Y S. Pablo paquebote Pablo Aymerich mesmo 05.06.87 Cádiz 14.09.87 17 La Venzedora Buenaventura 08.06.87 Marcó del Pont Vigo 18.01.88 fragatacorreio 15 N.S. de la Concepción fragata fragata Juan Antonio Juan Antonio Fernández del Villar Tomo LIII, 1, 1996 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) Entrada 30.04.87 Barcelona 25.07.87 Barcelona 28.09.87 13.07.87 Barcelona 13.11.87 Barcelona 21.12.87 67 http://estudiosamericanos.revistas.csic.es 16 MANOEL LELO BELLOTTO N.º Embarcação Nome Tipo Capitão Calendário da Viagem Propriedade Saída de Entrada Montevideo Entrada 18 S. Antonio Abad paquebote Gabriel Puig mesmo 11.06.87 Málaga 17.09.87 19 La Concepción Y S. Joseph saetia Antonio Luiz Martinez (*) mesmo 15.06.87 Málaga 22.09.87 20 El Águila fragatacorreio Juan Fuso Coroa 23.06.87 Coruña 15.09.87 21 El Tártaro fragata Francisco Antonio mesmo de Belausteguí 27.07.87 Cádiz 24.10.87 22 N. S. del Carmen polaca Estevan Guisart mesmo 30.07.87 Cádiz 25.10.87 Barcelona 12.11.87 Ramón Batlla mesmo 02.08.87 Cádiz 20.10.87 Barcelona 19.12.87 23 La Virgen del Carmen saetia Barcelona 01.10.87 24 N. S. de la Merced bergantim Jayme Moré mesmo 03.08.87 Santander 26.10.87 25 S. Christoval saetia Christoval Cerda mesmo 06.08.87 Cádiz 19.12.87 26 S. Buenaventura (alias) fragata El Conde de Cifuentes Antonio Durán y Prats mesmo 06.08.87 Cádiz 02.11.87 27 La Purificación de N. Señora polaca Buenaventura Masoni mesmo 09.08.87 Cádiz 20.12.87 28 S. Francisco de Asis saetia Jayme Roitg mesmo 16.08.87 Coruña 30.10.87 29 N. S. del Carmen paquebote Josef Elers mesmo 22.08.87 Cádiz 04.01.88 30 La Infanta fragatacorreio Coroa Gonzales 25.08.87 Coruña 31 La Resolución bergantim Josef de la Calleja mesmo 27.08.87 Barcelona 19.12.87 Juan Antonio Entrada Barcelona 19.12.87 Barcelona ?.03.88 26.10.87 32 S. Quirze y S. Julita saetia Juan Bofill mesmo 04.09.87 Barcelona 18.02.88 33 S. Juan Bauptista saetia Feliciano Carnesoltas mesmo 07.09.87 Cádiz Barcelona 12.02.88 31.03.88 34 Jesus María y Joseph saetia Jayme Lacort mesmo 11.09.87 Málaga ? Barcelona 13.02.88 35 N. S. de los Dolores bergantim Francisco Oliver mesmo 12.09.87 Santander 11.12.87 36 La Santísima Trinidad bergantim Monserrat Sagarra mesmo y N. S. de Monserrat 20.09.87 Cádiz 07.01.88 Barcelona 17.03.88 37 La Esperanza bergantim Juan Sintes mesmo 06.10.87 Málaga 10.02.88 Barcelona 10.03.88 38 El Patagón fragatacorreio Coroa 09.10.87 Coruña 39 S. Jayme bergantim Jaime Gual mesmo 19.10.87 Cádiz 07.01.88 Ignácio Perez 01.01.88 68 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) Barcelona 17.03.88 Anuario de Estudios Americanos http://estudiosamericanos.revistas.csic.es 17 A CONSOLIDAÇAO DO COMÉRCIO LIVRE, 1787-1789 N.º Embarcação Nome Calendário da Viagem Tipo Capitão Propriedade Saída de Entrada Montevideo 40 N. S. de la Merced saetia Josef Fabregas mesmo 06.11.87 Barcelona 06.03.88 41 N. S. del Carmen bergantim Luys Barriga mesmo 07.11.87 Barcelona 03.03.88 42 N. S. de la Merced fragata Geronimo Soliveras mesmo 13.11.87 43 La Diligencia fragata correio Manuel Coroa Fernandez Trelles 08.12.87 Coruña 25.02.88 17.12.87 Málaga 14.04.88 44 S. Joseph y las Animas bergantim Joseph Soler mesmo Entrada Entrada Santander 02.06.88 Barcelona 20.05.88 (*) N.º 19. O Capitão no trecho Málaga - Barcelona foi Antonio Parera MOVIMENTO DE EMBARCAÇÕES ANO: 1788 Nº Embarcação Nome Tipo Calendário da Viagem Capitão Propriedade Saída de Entrada Montevideo 01 S. Pedro y S. Antonio saetia de Padua Juan Puig mesmo 03.01.88 Barcelona 12.05.88 02 La Princesa fragatacorreio Francisco Abello Coroa 15.01.88 Coruña 04.04.88 03 El Terrible fragata Felipe Diaz Thenorio mesmo 24.01.88 Cádiz 20.06.88 04 La Condesa de Benavente bergantim Jayme Morro mesmo 07.02.88 Cádiz 12.08.88 05 S. Pedro y S. Pablo fragata mesmo 01.03.88 Santander 14.07.88 Josef Antonio de Aguirre 06 El Santo de la Victoria bergantim Francisco Fernandez Buenaventura 15.03.88 Marcó del Pont Vigo 09.06.88 07 El Rey fragatacorreio Francisco de Llano Coroa 16.03.88 Coruña 16.06.88 08 S. Amália urca Juan Antonio Amiont Coroa 21.03.88 Cádiz 23.07.88 09 La Perla de la Habana fragata Juan Angel de Urgarte Francisco de Sierra 09.05.88 Coruña 01.12.88 10 La Cantabria Luis Antonio de Musquiz Coroa 12.05.88 Coruña 16.07.88 fragatacorreio Tomo LIII, 1, 1996 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) Entrada Entrada Barcelona 20.10.88 69 http://estudiosamericanos.revistas.csic.es 18 MANOEL LELO BELLOTTO Nº Embarcação Nome Tipo Capitão Calendário da Viagem Propriedade Saída de Entrada Montevideo Entrada mesmo 16.05.88 Cádiz 29.09.88 Málaga 30.11.88 Entrada 11 N. S. las Mercedes paquebote Francisco Jova 12 La Esperanza fragata Juan de Ballivián Manuel de Vergareche 21.05.88 Santander 09.09.88 13 N.S. del Buen Viage fragata Ramon Plá mesmo 29.05.88 Cádiz 16.09.88 14 N.S. del Buen Viage polaca Jayme Roger mesmo 29.05.88 Cádiz 14.09.88 Barcelona 21.11.88 15 N.S. del Viñet saetia Sebastián Coll mesmo 03.06.88 Cádiz 21.09.88 Málaga 24.12.88 16 El Peregrino fragata Francisco Ignácio Inglesa, 02.07.88 Galarraga fretada pela Cia. de Filipinas Cádiz 23.09.88 17 S. Francisco de Paula polaca Cristobal Carsi mesmo 03.07.88 Cádiz 07.10.88 Barcelona 09.12.88 18 S. Antonio de Pádua polaca Antonio Carsi mesmo 07.07.88 Cádiz 07.10.88 Barcelona 06.12.88 19 El Águila fragata-correio Manuel de Abona Coroa 29.07.88 11.10.88 20 La Purísima Concepción polaca Ramon Ruiz mesmo 06.08.88 Málaga 11.12.88 21 N.S. del Rosario fragata Salvador Vidal mesmo 08.08.88 Málaga 11.12.88 Cádiz 08.01.89 22 La Peregrina fragata Charles Sloper Inglesa da 13.08.88 Cia. de Bristol. Trecho Mont. Santander da Cia. de Filipinas Santander 11.11.88 23 La Menorca fragata Josef de Bustamante y Gayon mesmo 16.08.88 Cádiz 05.12.88 24 La Infanta fragatacorreio Manuel Coroa Fernández Trelles 08.10.88 Coruña 16.12.88 25 S. Cayetano saetia Miguel Mauri mesmo 29.11.88 Cádiz 26.02.89 Barcelona 20.03.89 26 N.S. del Carmen bergantim Jacinto Lloret mesmo 25.11.88 Cádiz 09.04.89 Barcelona 05.06.89 27 La Princesa fragatacorreio Jacinto Vargas Machuca Coroa 28.11.88 Coruña 09.02.89 28 N.S. del Buensuceso y S. Francisco de Paula fragata Bartolome de Luiz Francisco Soria Santa Cruz Navarro 23.12.88 Cádiz 02.05.89 70 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) Barcelona 06.12.88 Coruña Barcelona 26.02.89 Anuario de Estudios Americanos http://estudiosamericanos.revistas.csic.es 19 A CONSOLIDAÇAO DO COMÉRCIO LIVRE, 1787-1789 ANO: 1789 MOVIMENTO DE EMBARCAÇÕES Nº Embarcação Nome 01 El Patriarca S. Josef Tipo Capitão Calendário da Viagem Propriedade paquebote Manuel de Garay Manuel de Vergareche Saída de Entrada Montevideo 05.01.89 Santander 19.04.89 Entrada 02 S. Antonio y S. Pablo polaca Pablo Aymerich mesmo 09.01.89 Cádiz 09.04.89 03 N. S. del Carmen fragata Domingo Urtetegui Josef Caveases 24.01.89 Cádiz 21.05.89 04 El Rey fragatacorreio Francisco de Llano Coroa 02.02.89 Coruña 09.05.89 05 N.S. del Rosario bergantim Francisco Buznego Martin Bunéo 21.02.89 Cádiz 25.06.89 06 N.S. de las Mercedes fragata Antonio Josef del Corro mesmo 09.03.89 Cádiz 26.07.89 07 N.S. del Rosario saetia Miguel Granell mesmo 14.03.89 Cádiz 13.07.89 08 La Corona bergantim Lucas de Begoña Real Cia S. Fernando de Sevilla 20.03.89 Cádiz 19.07.89 09 El Pizarro fragatacorreio Josef Suarez Coroa Quiros 25.03.89 Coruña 10 N.S. de la Ó fragata de guerra Miguel Fernandes de Azevedo Coroa 28.03.89 Cádiz 20.06.89 04.04.89 Cádiz 16.07.89 Barcelona 24.08.89 11 N.S. de la Misericordia polaca y S. Bárbara Salvador Andrew mesmo Barcelona 28.05.89 Palma de Mallorca 05.09.89 Barcelona 31.08.89 17.06.89 12 S. Josef y Animas bergantim Josef Soler mesmo 18.04.89 Cádiz 11.08.89 Barcelona 23.09.89 13 La Purísima Concepción y S. Josef saetia mesmo 23.04.89 Cádiz 15.08.89 Barcelona 07.10.89 14 El Pinzón bergantim- Juan Fuso correio Coroa 27.04.89 Coruña 08.07.89 15 El Favorito fragata Pedro Francisco Noel mesmo 18.05.89 Cádiz 29.08.89 16 S. Juan Bauptista saetia Feliciano Carnesoltas mesmo 23.05.89 Cádiz 01.10.89 Barcelona 12.11.89 17 N.S. de Gracia bergantim Jayme Tutzó mesmo 26.05.89 Cádiz 01.10.89 Barcelona 18.12.89 18 El Águila fragatacorreio Francisco Abello Coroa 10.06.89 Coruña 22.08.89 19 S.Juan Bauptista saetia Mariano Llauguer 17.06.89 Cádiz 26.10.89 Antonio Parera mesmo Tomo LIII, 1, 1996 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) Entrada Barcelona 25.01.90 71 http://estudiosamericanos.revistas.csic.es 20 MANOEL LELO BELLOTTO Nº Embarcação Nome Tipo Calendário da Viagem Capitão Propriedade Saída de Entrada Montevideo 20 El Conde de Cifuentes fragata Manuel Antonio de Somarriva Vicente de la Torre 07.07.89 Cádiz 24.10.89 21 S. Francisco de Paula polaca Francisco Marxuach mesmo 17.07.89 Cádiz 04.10.89 22 La Elisabet fragata (inglesa) Francisco Xavier fretada pela de Zubízar Real Cia. de Filipinas 19.08.89 Cádiz 03.12.89 23 La Infanta fragatacorreio Juan Antonio Gonzalez Coroa 21.08.89 Coruña 11.11.89 24 N. S. de Monserrate bergantim Francisco Mas mesmo 30.08.89 Barcelona 21.12.89 25 La Dichosa fragata Ignacio Corallo 09.09.89 Cádiz 27.01.90 26 S. Francisco de Paula bergantim Francisco Rafuls mesmo 16.09.89 Cádiz 14.01.90 Málaga 05.02.90 27 N.S. de Monserrate bergantim Andres Fontanales mesmo 30.09.89 Málaga 06.02.90 Barcelona 09.04.90 28 El Colón fragatacorreio 29 El Valeroso Alejandro fragata Francisco de Paula Enriquez Manuel Coroa 08.10.89 Fernandes Trelles Francisco Francisco de 09.10.89 Casimiro de Xado Xado y Castilho Entrada Barcelona 07.11.89 Coruña 05.12.89 Cádiz 26.03.90 30 N. S. del Carmen bergantim Luiz Barriga mesmo 17.10.89 Málaga 09.04.90 31 S. Joseph bergantim Joseph Coll mesmo 23.10.89 Barcelona 06.04.90 32 S. Andres Avelino bergantim Geronimo Matas y Vinals mesmo 23.10.89 Barcelona 12.04.90 33 La Vella Americana bergantim Manuel de Basabe Parraga y Barandiaram 06.11.89 Santander 02.03.90 34 N. S . del Viñet saetia mesmo 28.11.89 Cádiz 17.04.90 Buenaventura Ros mesmo 13.12.89 Málaga 09.05.90 35 N. S. de la Asumpción saetia 36 La Princesa Sebastián Coll fragata-correio Pedro del Barco Coroa 72 (c) Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España (by-nc) Entrada 17.12.89 Barcelona 26.04.90 Málaga 11.06.90 Coruña 01.03.90 Anuario de Estudios Americanos http://estudiosamericanos.revistas.csic.es