efeito da endogamia sobre a produção de leite na raça ovina

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NOTA BREVE
EFEITO DA ENDOGAMIA SOBRE A PRODUÇÃO DE LEITE NA
RAÇA OVINA ALTAMURANA
EFECTO DE LA ENDOGAMIA SOBRE LA PRODUCCIÓN LACTEA EN LA RAZA OVINA
ALTAMURANA
Dario, C. e G. Bufano
Dipartimento di Sanità e Benessere Animale. Università degli Studi di Bari. Str. Prov.le per Casamassima
Km 3. 70010 Valenzano. Italia. E-mail: c.dario@veterinaria.uniba.it
PALAVRAS CHAVE ADICIONAIS
PALABRAS CLAVE ADICIONALES
Inbreeding. Depressão de endogamia. Altamurana. Raça em extinção.
Inbreeding. Depresión consanguínea. Altamurana. Raza minoritaria.
RESUMO
Para avaliar o efeito da endogamia sobre a
produção de leite em ovinos, foram utilizadas 78
ovelhas da raça Altamurana distribuídaos em 2
grupos (inbred e noninbred), segundo o coeficiente de consanguinidade. A análise dos dados
obtidos, demonstrou que a endogamia apresentou
influência negativa nas produções médias de
leite, bem como nas durações médias das
lactações, porém na análise comparativa dos
resultados, observou-se diferença estatisticamente significativa (p<0,01) entre os grupos
estudados, apenas para a avaliação da duração
das lactações.
RESUMEN
Se analizó el efecto de la endogamia sobre la
producción de leche a partir de los resultados de
218 lactaciones (desde la primera a la tercera
lactación) de 78 ovejas de raza Altamurana. Los
animales se dividieron en dos grupos (inbred y
noninbred) en función de su coeficiente de consanguinidad. El análisis de los resultados indica
que la endogamia influye negativamente la pro-
ducción de leche y la duración de la lactación, sin
embargo, sólo existen diferencias estadísticamente significativas (p<0,01) entre los dos
grupos con respecto a la duración de la lactación.
INTRODUÇÃO
O aumento da consanguinidade
produz um fenómeno chamado depressão de endogamia que se manifesta
por diminuição geral das performances
médias dos indivíduos consanguíneos,
devido ao estado de homozigose de
muitos genes que tem um pequeno
efeito negados sobre os caracteres
quantitativos.
Muitos pesquisadores estudaram os
efeitos da endogamia sobre diferentes
características nos ovinos: peso vivo,
crescimento de lã, taxa de alcance da
maturidade, parâmetros reprodutivos
e a redução da resistência aos parasitas
(Terrill et al., 1948; Ercanbrack e
Arch. Zootec. 52: 401-404. 2003.
DARIO Y BUFANO
Knight, 1983; Boujenane e Chami,
1997; Analla et al., 1999; Dario et al.,
2002), porém, ainda não foi avaliado,
o efeito da consangüinidade sobre a
produção de leite nos ovinos.
A pesquisa foi realizada em uma
fazenda na região sul da Itália, utilizando-se ovelhas de raça Altamurana
que actualmente risca de extinguir-se,
pela presença apenas, de aproximadamente 200 indivíduos, segundo Bufano
et al. (1996).
A competição com as raças exóticas e o declínio da produção de lã para
colchão, causou esta dramática redução
dos rebanhos desta raça autóctona, que
apresenta característica importantes
para a produtividade tais como:
resistência à algumas doenças ambientais, principalmente, mastitis e
babesiosis (Dario et al., 1991; Dario et
al., 1996). Não existe neste momento
alguma iniciativa a fim recuperar a
ovelha Altamurana e a acção selectiva
é finalizada somente à protecção do
património genético.
O objectivo do presente trabalho
foi avaliar o efeito de endogamia sobre
a produção de leite e a duração da
lactação em ovelhas da raça Altamurana. O trabalho faz parte de uma
pesquisa mais vasta que tem como
objectivo a caracterização de esta raça.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada utilizando-se 78 ovelhas de raça Altamurana,
as quais foram mantidas no sistema de
criação tradicional da região, que prevê
paste todo o dia e retorno ao ovil a
tarde, durante o triénio 1996-99,
incluindo-se no total 218 lactações
(desde a primeira até a terceira
lactação).
Foram analisadas informações de
genealogia até a 5º geração, para que
fosse determinado o nível médio de
endogamia. O coeficiente de endogamia (F) foi calculado manualmente
para cada animal utilizando-se a fórmula desenvolvida por Wright (1923):
F= Σ [(1/2)n+n'+1](1+Fn )
Todos os animais foram distribuídos
em 2 grupos: inbred e nonimbred. No
primeiro grupo foram incluídas 40
ovelhas que apresentavam um coeficiente de endogamia F>0, e no segundo os 38 indivíduos que não eram ligados por laços sanguíneos entre si (F=0).
O coeficiente médio de endogamia
do grupo inbred foi de 12,39 p.100,
variando de 0,78 p.100 a 31,25 p.100.
As produções de leite e as durações
das lactações examinadas, se referiram
exclusivamente ao leite mungido a
partir do dia seguinte, daquele em que
Tabela I. Produções médias de leite (l±e.s.) em função da ordem de lactação, entre os
parênteses o numero das observações. (Producciones de leche (l±e.s.) en función del orden de
lactación, entre los paréntesis el número de las observaciones).
Grupos
Inbred
Noninbred
1a
2a
3a
Todas
0,54 ± 0,04 (40)
0,60 ± 0,04 (38)
0,6 ± 0,05 (37)
0,71 ± 0,05 (35)
0,69 ± 0,05 (35)
0,83 ± 0,05 (33)
0,61 ± 0,03 (112)
0,64 ± 0,02 (106)
Archivos de zootecnia vol. 52, núm. 199, p. 402.
EFEITO DA ENDOGAMIA NA RAÇA OVINA ALTAMURANA
Tabela II. Duracões médias das lactações (d±e.s.) em funação da ordem de lactação.
(Duraciones medias de las lactaciones (d ±e.s.) en función del orden de la lactación).
Inbred
Noninbred
AB
1a
2a
3a
Todas
91 ± 3,9
119 ± 3,6
97 ± 4,1
137 ± 3,6
113 ± 4,1
148 ± 3,7
96A ± 2,9
134B ± 2,4
valores com letras distintas indicam diferençia estatística p<0,01.
ovelhas incluída do grupo inbred foram
aproximadamente 5 p.100 inferiores
ao outro grupo avaliado (0,61 l vs 0,64
l resp.).
No detalhe, evidenciou-se que as
diferenças das produções, apesar de
ser consideradas de baixa magnitude,
aumentaram com o progredir da ordem
de lactação. No entanto tais diferenças
não foram significativas para a análise
estatística.
Até o período das durações das
lactações (tabela II) diferiram significativamente entre si (p<0,01); de fato
as durações média das lactações das
ovelhas inbred eram 38 dias mais curtas, quando comparadas àquela das
ovelhas non-inbred (96 vs 134 dias
respectivamente). Com relação a este
parâmetro foi também observado que
foram removidos os cordeiros das mães
(30 dias ±3) .
As análises foram conduzidas usando-se o procedimento GLM (General
Linear Models) do pacote estatístico
SAS (SAS, 1995) e foi utilizado um
modelo estatístico que incluía os efeitos
da categoria de ordem de lactação e de
nível do inbreeding.
Os meios foram avaliados e as
diferenças estatísticas foram comparadas para o t-test.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao observar-se as produções médias
de leite dos dois grupos à comparação,
transcritas na tabela I, pôde-se constatar que as produções de leite das
Tabela III. Coeficentes de regressão relativos as produções de leite (l±e.s.) e as duracões das
lactações (d±e.s.) subdivididos em funação da ordem de lactação. (Coeficientes de regresión
relativos a las producciones de leche (l ±e.s.) y a las lactaciones (d±e.s.) en función del orden de
lactación).
Produção
Duração
1a
2a
3a
Todas
-0,002 ± 0,001*
-1,079 ± 0,198**
-0,004 ± 0,001**
-1,708 ± 0,207**
-0,005 ± 0,001**
-1,534 ± 0,182**
-0,004 ± 0,001**
-1,428 ± 0,142**
*p<0,05; ** p<0,01.
Archivos de zootecnia vol. 52, núm. 199, p. 403.
DARIO Y BUFANO
as diferenças aumentaram com o
progredir da ordem da lactação. Estas
diferenças não apresentaram diferenças
estatisticamente significativas, provavelmente pelo baixo número de
indivíduos estudados.
Na tabela III sao transcritas os
coeficientes de regressão relativos as
produções de leite e as durações das
lactações. Todas e dois as caracteristícas avaliadas resultam ser influenciadas negativamente da aumento de
coeficiente de endogamia (p<0,01).
Com base nos resultados dos
estudos realizados, concluiu-se que a
depressão por endogamia nos ovinos
de raça Altamurana apresentou influencia de maior intensidade na duração da
fase de lactação do que na produção
diária de leite, determinando, de fato,
uma perda considerável de leite durante toda a lactação. Este trabalho liga-se
ao outros trabalhos realizados sobre a
ovelhas Altamurana para ampliar os
conhecimentos sobre a esta raça que,
como todas as raças autóctones,
constitui um patrimônio genético único e uma fonte de variabilidade
incontestável que andaria recuperado
e valorizado.
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Recibido: 12-9-02. Aceptado: 31-3-03.
Archivos de zootecnia vol. 52, núm. 199, p. 404.
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