Ministério do Projeto Raquel

Anuncio
Ministério do Projeto Raquel
Um manual de consulta pós-aborto para Padres e Líderes do Projeto Raquel
Comissão para o Clero, Vida Consagrada e Vocações
Comissão para as Atividades Pró-Vida
Conferência Norte Americana de Bispos Católicos
Edição 2009
Ministério do Projeto Raquel
Um manual de consulta pós-aborto para Padres e Líderes do Projeto Raquel
Edição 2009
Comissão para o Clero, Vida Consagrada e Vocações
Comissão para Atividades Pró-Vida
Conferência Norte Americana de Bispos Católicos
Conferência Norte Americana de Bispos Católicos
Washington, D.C.
O documento Ministério do Projeto Raquel : um manual de consulta pós-aborto para Padres e
Líderes do Projeto Raquel foi desenvolvido como um material de consulta pela Comissão para o
Clero, Vida Consagrada e Vocações e pela Comissão para Atividades Pró-Vida da Conferência
Norte Americana de Bispos Católicos (USCCB1). Ele foi revisado pelos presidentes da comissão,
Cardeal Seán O‘Malley e o Cardeal Justin Rigali, respectivamente, e teve sua publicação
autorizada pelo signatário.
Mons. David J. Malloy, STD
Secretário Geral, USCCB
Copyright © 2009 United States Conference of Catholic Bishops, Washington, DC. O texto deste
manual pode ser reproduzido em sua totalidade ou em partes sem alterações pelas dioceses e
seminários católicos sem autorização, incluindo-se nestas reproduções a seguinte nota:
―reproduzido [extraído] do Project Rachel Ministry: A Post-Abortion Resource Manual for Priests
and Project Rachel Leaders, copyright © 2009, United States Conference of Catholic Bishops,
Washington, D.C. Todos os direitos reservados‖.
1
Committee on Clergy, Consecrated Life and Vocations of the United States Conference of Catholic Bishops
Índice
Os Papas Falam às Mulheres que Sofreram Abortos ....................................................................... vii
Prefácio ........................................................................................................................................... viii
Seção Um: Mães
Como Compreender as Conseqüências do Aborto para a Mãe da Criança Abortada ....................... 3
A Mulher que Acaba de Abortar ........................................................................................................ 7
Como Ministrar a Mães que Sofrem com o Aborto .......................................................................... 9
O Sacramento da Reconciliação .......................................................................................... 10
O Papel do Sacerdote no Aconselhamento e Cura Pós-Aborto ........................................... 12
A mulher que Abortou Recentemente e o Papel do Sacerdote ............................................. 23
O Papel do Sacerdote Junto a Quem Abortou Depois de Receber um Diagnóstico
Pré-natal Desfavorável ............................................................................................ 24
Seção Dois: Pais
Como Compreender as Consequências do Aborto para o Pai da Criança Abortada .................. 27
Reações Psicológicas e Comportamentais Comuns observadas em Pais de Crianças
Abortadas ............................................................................................................. 29
Como Ministrar a Homens Feridos Pelo Aborto ......................................................................... 33
O Sacramento da Reconciliação .......................................................................................... 33
O Papel do Padre no Ministério para Homens Feridos pelo Aborto .................................. 33
Seção Três: Outras Pessoas Feridas pelo Aborto
Como Compreender as Feridas Causadas em Outras Pessoas Pelo Aborto ................................ 39
Avós .................................................................................................................................. 39
Sobreviventes de Aborto e Irmãos de Crianças Abortadas ............................................. 40
Outros Familiares e Amigos ............................................................................................ 41
Prestadores de Serviços de Aborto .................................................................................. 42
Seção Quatro: A Paróquia
Como Comunicar na Paróquia a Esperança e a Cura ................................................................. 45
Homilias Eficazes Sobre a Reconciliação e a Cura Após o Aborto ................................ 45
Ligação da Paróquia com o Ministério do Projeto Raquel ou com
o Ministério de Cura Pós-Aborto ............................................................................. 46
Seção Cinco: A Diocese
Projeto Raquel e Programas Relacionados: O Compromisso Diocesano com A Cura
Pós-Aborto ....................................................................................................................... 55
Apresentação .................................................................................................................... 55
Como Começar (ou Fortalecer) um Ministério do Projeto Raquel na Sua Diocese ........... 56
Como Lançar e Promover o Ministério do Projeto Raquel ................................................. 61
Serviços de Cura Adicionais: Missas e Retiros ............................................................... 62
Seção Seis: A Perspectiva Canônica sobre o Aborto ............................................................... 67
Seção Sete: Fontes Recomendadas ........................................................................................... 73
Apêndices
Apêndice A:
O Papel do Sacerdote junto Àqueles em Risco de Abortar Devido a um Diagnóstico
Pré-Natal Desfavorável .................................................................................................... 83
Apêndice B
Levantando o Problema de Perda por Aborto Anterior na Preparação para o Casamento .............. 86
Apêndice C
Como Abençoar um Monumento para Crianças Não-nascidas que Perderam Suas Vidas por
Meio de Aborto ................................................................................................................ 87
Apêndice D
Hora Santa pela Vida ................................................................................................................... 91
Agradecimentos ........................................................................................................................... 95
―Eis o que diz o Senhor:
Ouve-se em Ramá uma voz,
Lamentos e amargos soluços.
É Raquel que chora os filhos,
Recusando ser consolada: porque já não existem‖.
Eis o que diz o Senhor:
Cessa de gemer, enxuga tuas lágrimas!
Tuas penas terão a recompensa - oráculo do Senhor,
Voltarão (teus filhos) da terra inimiga
Desponta em teu futuro a esperança - oráculo do Senhor.
Teus filhos voltarão à sua terra,
Jeremias 31, 15-17
Minha filha, saiba que Meu Coração é a própria misericórdia.
Deste mar de misericórdia, graças jorram sobre toda a terra.
Nenhuma alma que se aproximou de Mim jamais partiu sem consolo.
Todas as misérias são eliminadas pela profundidade da Minha misericórdia,
E toda graça salvífica e santificante jorra desta fonte...
...O céu e a terra despareceriam no nada
antes que eu deixasse uma alma que confia sem o abraço da Minha misericórdia.
Diário de Santa Maria Faustina Kowalska, 1777
Os Papas Falam às Mulheres que Sofreram Abortos • vii
Os Papas Falam às Mulheres
que Sofreram Abortos
A Igreja está a par dos numerosos fatores que podem ter influído sobre a vossa decisão, e não
duvida que, em muitos casos, se tratou de uma decisão difícil, talvez dramática. Provavelmente a
ferida no vosso espírito ainda não está sarada. Na realidade, aquilo que aconteceu, foi e
permanece profundamente injusto. Mas não vos deixeis cair no desânimo, nem percais a
esperança. Sabei, antes, compreender o que se verificou e interpretai-o em toda a sua verdade. Se
não o fizestes ainda, abri-vos com humildade e confiança ao arrependimento: o Pai de toda a
misericórdia espera-vos para vos oferecer o seu perdão e a sua paz no sacramento da
Reconciliação. Dar-vos-eis conta de que nada está perdido, e podereis pedir perdão também ao
vosso filho que agora vive no Senhor. Ajudadas pelo conselho e pela solidariedade de pessoas
amigas e competentes, podereis contar-vos, com o vosso doloroso testemunho, entre os mais
eloqüentes defensores do direito de todos à vida. Através do vosso compromisso a favor da vida,
coroado eventualmente com o nascimento de novos filhos e exercido através do acolhimento e
atenção a quem está mais carecido de solidariedade, sereis artífices de um novo modo de olhar a
vida do homem.
Papa João Paulo II, Evangelium Vitae
2
(O Evangelho da Vida), n° 99 (1995)
A Igreja, a exemplo do seu Divino Mestre, tem sempre diante de si as pessoas concretas,
sobretudo as mais débeis e inocentes, que são vítimas das injustiças e dos pecados, e também
aqueles outros homens e mulheres, que tendo realizado tais actos se mancharam de culpas e levam
consigo as feridas interiores, procurando a paz e a possibilidade de uma recuperação.
A Igreja tem o dever primário de se aproximar destas pessoas com amor e delicadeza, com
solicitude e atenção materna, para anunciar a proximidade misericordiosa de Deus em Jesus
Cristo. De facto é Ele, como ensinam os Padres, o verdadeiro Bom Samaritano, que se fez nosso
próximo, que derrama o óleo e o vinho sobre as nossas chagas e que nos conduz à estalagem, a
Igreja, na qual nos faz curar, confiando-nos aos seus ministros e pagando pessoal e
antecipadamente pela nossa cura.
Discurso do Papa Bento XVI, por ocasião do Congresso Internacional "O óleo sobre as feridas".
Uma resposta às chagas do aborto e do divórcio‖
(5 de abril de 2008), www.vatican.va
2
Papa João Paulo II, Evangelium Vitae (O Evangelho da Vida) (Washington, DC: United States Conference of
Catholic Bishops [USCCB], 1995).
viii • Prefácio
Prefácio
Em sua homilia por ocasião da Festa de São Pedro e São Paulo de 2009, o Papa Bento XVI
sobriamente advertiu que ―sem a cura das almas, sem a cura do homem em seu interior não há
salvação para a humanidade‖ 3. Assim, são essenciais à missão da Igreja as atividades pastorais e
apostólicas que atraem mulheres e homens que carregam o peso do pecado do aborto para mais
perto do coração misericordioso de Deus. Não é exagero dizer que o ministério da Igreja para cura
e reconciliação após o aborto está no coração da missão da Igreja neste momento de sua história.
Muitos santos maravilharam-se com a misericórdia de Deus. O Cura d‘Ars, São João Vianney, o
padroeiro dos padres, cuja memória é recordada neste Ano Sacerdotal, compreendeu bem este
grande tesouro de Deus. Em sua ―Carta para a Proclamação do Ano Sacerdotal‖ o Papa Bento diz
que ―no seu tempo, o Cura d‘Ars soube transformar o coração e a vida de muitas pessoas, porque
conseguiu fazer-lhes sentir o amor misericordioso do Senhor. Também hoje é urgente igual anúncio
e testemunho da verdade do Amor: Deus caritas est‖.
São João Vianney costumava dizer, e o Papa Bento o repetiu em sua Carta, que ―O sacerdócio é o
amor do Coração de Jesus‖ e que ―sem o padre, a morte e a paixão de Nosso Senhor não teriam
servido para nada. É o padre que continua a obra da Redenção sobre a terra‖.
Desta forma, os padres desempenham papel central no ministério pós-aborto. Por meio do
Sacramento da Reconciliação, somente eles podem trazer o amor incondicional e a misericórdia de
Cristo àqueles feridos pelo pecado. Pelo sacramento e a orientação pastoral, os padres auxiliam a
restauração da saúde espiritual, emocional e mental das pessoas feridas pelo pecado do aborto e as
auxiliam no caminho da conversão e da cura. Os bispos Católicos dos Estados Unidos, em seu
primeiro Plano Pastoral para Atividades Pró-Vida (1975) ― o qual foi desenvolvido em resposta à
legalização do aborto em todo o país ― comprometeu ―os recursos pastorais da Igreja‖ às
―necessidades específicas... daqueles que fizeram ou participaram de um aborto‖ (n° 6). Os bispos
ressaltaram neste documento que ―é importante compreender que a misericórdia de Deus está
sempre disponível e sem limites, que a vida cristã pode ser restaurada e renovada por meio dos
sacramentos, e que a união com Deus pode ser alcançada apesar dos problemas da existência
humana‖ (n° 24).
O Projeto Raquel ― uma rede de cura no coração da Igreja ― foi fundado em 1984 por Vicky
Thorn, a então diretora diocesana pró-vida da Arquidiocese de Milwaukee. Como um ministério
diocesano, o Projeto Raquel é uma rede de sacerdotes, conselheiros e leigos especialmente
treinados que oferecem uma resposta em equipe para cuidar daqueles que sofrem as conseqüências
do aborto. De acordo com os recursos de cada diocese, pode haver grupos de apoio e retiros, além
do cuidado individualizado. Mais de 150 dioceses têm ministérios de
3
Exceto quando especificado, todas as citações de papas foram retiradas do website www.vatican.va.
ix • Prefácio
programas pós-aborto, geralmente chamados do Projeto Raquel. O ministério se expandiu pelo
Canadá, América latina, Austrália, Nova Zelândia, Europa e Ásia.
A primeira edição do Ministério Pós-Aborto: um Manual de Consulta para Sacerdotes foi
publicado em 1999. Um novo material nesta edição revisada trata do impacto espiritual, emocional
e psicológico do aborto sobre os pais de crianças abortadas, sobre os avós dessas crianças e em
outras pessoas envolvidas na decisão de abortar ou magoadas pela perda da criança, como por
exemplo outros membros da família, incluindo irmãos.
Uma nova seção (Cinco) propõe um modelo de ministério diocesano pós-aborto e inclui
orientações detalhadas sobre como desenvolver e fortalecer o ministério diocesano.
Atualizações periódicas manterão os líderes do Projeto Raquel informados sobre as melhores
práticas nos treinamentos dos padres, conselheiros, membros de equipe e voluntários, bem como
sobre a divulgação das conseqüências do aborto e a oportunidade de encontrar a paz de Deus.
Temos profunda esperança de que a distribuição deste manual de consulta em cada diocese dos
Estados Unidos a todos os ministros ordenados, bem como aos consagrados e leigos envolvidos no
ministério pós-aborto, irá assegurar que a misericórdia de Cristo seja proclamada e esteja
disponível àqueles feridos espiritualmente e emocionalmente pela participação em um aborto.
Neste Ano Sacerdotal, façamos nossa a oração de São Cláudio La Colombière, SJ, diretor espiritual
de Santa Margarida Maria:
Senhor, eis aqui uma alma que está no mundo para mostrar a vossa admirável
misericórdia.
Glorifiquem-vos outros,
Patenteando a força de vossa graça pela sua fidelidade e constância;
Quanto a mim, glorificar-vos-ei
Dando a conhecer a vossa infinita bondade para com os pecadores,
Proclamando que nada é capaz de esgotá-la,
E que não há recaída, por mais torpe e ignominiosa que seja,
Que deva levar um pecador a desesperar do perdão.
Se tenho-vos gravemente ofendido, ó meu adorável Redentor,
Não me deixes fazer ultraje ainda pior
De pensar que a bondade do vosso Coração não basta para me perdoar. AMÉM.4
Cardeal Seán O‘Malley
Presidente
Comissão USCCB para o Clero,
Vida Consagrada e Vocações
4
Cardeal Justin Rigali
Presidente
Comissão USCCB para
Atividades Pró-Vida
St. Claude de la Colombière, SJ, The Spiritual Direction of St. Claude de la Colombière, trans. and arranged by
Mother Mary Philip, IBVM (San Francisco: Ignatius Press, 1998).
Seção Um
Mães
Pág. 3
Como Compreender as Conseqüências do Aborto
para a Mãe da Criança Abortada
Em média, são praticados mais de 3.000 abortos diariamente nos Estados Unidos. Desde 1973, mais de 50
milhões de crianças foram mortas pelo aborto. Embora algumas de suas mães dizem ter traumas
relativamente leves após o aborto, nenhuma fica completamente ilesa. Para muitas a experiência é
destruidora, causando graves e duradouros traumas emocionais, psicológicos e espirituais. Cada perda
gerada pelo aborto pode gerar também impactos no pai da criança, nos avós e irmãos, assim como aos
amigos da mãe e até ao seu futuro esposo e filhos.
“Tudo que eu li sobre aborto antes de
vivenciá-lo me dava a impressão de
Evidências de traumas pós-aborto que duram décadas, que antes
que as mulheres não sofrem de
eram meras suposições, hoje podem ser comprovadas por psicólogos,
depressão ou arrependimento depois...
conselheiros profissionais, pesquisadores acadêmicos e pessoas
Eu esperava me sentir aliviada.
envolvidas no ministério pós-aborto. Citações de artigos publicados
em importantes jornais, que medem disfunções pós-aborto, podem
De onde tiraram isso?
ser encontradas na seção ―Recursos‖ deste manual.
Eu nunca mais serei a mesma.”
É importante lembrar que o aborto não começou no caso Roe versus
Wade. Aquela decisão somente fez com que o aborto fosse legalizado
nos Estados Unidos. Os sacerdotes encontram muitas mulheres mais velhas que cometeram aborto durante a
Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial. Essas mulheres podem ficar inquietas com a aproximação
da morte. Em casos assim, é bom que se diga ―não há nada que Deus não perdoe, nem adultério, nem
aborto...‖ e cite outros pecados. Mencionando o aborto você dá permissão para que ela alivie sua alma.
O significado e o impacto de um aborto podem mudar no decorrer da vida de uma mulher. É impossível
prever quando os problemas relacionados ao aborto levarão uma mulher a procurar ajuda. Algumas mulheres
procuram o Projeto Raquel ou outros programas quase imediatamente após o aborto. Geralmente elas estão
muito perturbadas, mas dizem estar ―apáticas‖.
Algumas mulheres procuram orientação e o Sacramento da reconciliação quando estão prontas a se tornarem
mães ou quando estão vivendo uma nova gravidez.
Outras mulheres podem confrontar a perda quando enfrentam infertilidade, uma perda de gravidez
subseqüente, uma doença grave ou a morte de alguém próximo, especialmente outra criança.
Outras podem não reconhecer a perda até que seus amigos estejam se tornando avós, ou alcançam a velhice
ou até mesmo quando estão se preparando para morrer. É importante ter consciência de que mulheres prestes
a morrer podem estar carregando um grande fardo pelo envolvimento em um aborto, um fardo difícil de
confrontar e de confessar.
É impossível a uma mulher esquecer-se de uma gravidez, apesar de poder passar por um processo de
negação da quantidade de abortos que já realizou. Pesquisas mostram que as mulheres carregam células de
cada gestação, aparentemente pelo resto de suas vidas.
Atualmente é sabido que eventos traumáticos podem causar danos emocionais consideráveis e superar a
capacidade de uma pessoa lidar com as pressões da vida. O aborto é freqüentemente descrito por homens e
mulheres como uma perda traumática; como resultado, podem ocorrer mágoas prolongadas e mal-resolvidas,
além de outros problemas pós-traumáticos. A utilização do termo ―trauma pós-aborto‖ não tem a finalidade
de rotular ou estimular uma estigmatização, mas sim de tornar conhecida a dificuldade da cura após um
aborto e de afirmar o sofrimento que ele causa. Esta perda traumática também pode ser vivenciada por pais,
avós
Pág. 4
e outros membros da família. Mágoa e perda requerem reflexão, diálogo, tempo, compaixão e educação para
que a cura seja possível.
É normal que fique uma mágoa após um aborto. É a mágoa de uma mãe que perdeu a criança de uma forma
traumática e antinatural. Algumas mulheres, especialmente as mais jovens, podem buscar ajuda pelo que ―os
outros fizeram‖ e podem não estar prontas para tomar consciência de sua mágoa e da perda de um filho. Dar
a essas pessoas uma oportunidade de conversar com um padre ou conselheiro compassivos e informados do
Projeto Raquel pode ser uma porta para que elas se abram a trabalhar seus sentimentos com relação ao
aborto. É sempre importante que o padre ou conselheiro identifique o estágio em que a mulher que praticou
o aborto realmente está, e não tratá-la de acordo com o estágio que se acredita que ela deveria estar.
Com os milhões de abortos que têm sido realizados ao longo de tantos anos, fica cada vez mais evidente que
muitas pessoas já passaram por alguma experiência de aborto
“Se não fosse pelo Projeto Raquel eu
ou ao menos conhecem uma companheira, membro da família
ainda estaria chorando todos os dias.
ou amiga que tenha passado por isso. As conseqüências
Minha Decisão era o primeiro
psicológicas pós-aborto agora são conhecidas pelo mundo. O
pensamento que me vinha à cabeça
mito de que as conseqüências do aborto são resultados da
quando eu acordava pela manhã.
―culpa católica‖ ou das propagandas pró-vida são falaciosas.
Minha Decisão me lembrava que,
Muitos homens e mulheres sem fé têm reconhecido a difícil e
apesar de poder prosseguir com minha
dolorosa perda de seus filhos por meio do aborto. Sua mágoa e
rotina diária, eu não tinha o direito de
sofrimento não são frutos de uma religião. Isso pode ser
me divertir com filmes engraçados ou
mostrado pela angústia vivenciada pelas mulheres no Japão,
momentos especiais com a minha
onde os católicos representam cerca de 0,4% da população e a
família. Minha Decisão literalmente
maior parte da população é budista. Mesmo na ausência de
eliminou o meu sorriso. Eu não
―propagandas‖ pró-vida sua necessidade de perdão e
merecia sorrir. Eu havia cometido um
reconciliação com suas crianças não-nascidas foi grande nas
ato imperdoável.”
últimas décadas e continua sendo.
Os apoiadores do aborto nos Estados Unidos tentaram ignorar a verdade do impacto negativo que o aborto
tem na vida das mulheres, mas hoje eles também começam a perceber que algumas mulheres de fato
necessitam de ajuda após um aborto.
Cada mulher exibe seu próprio conjunto de sintomas de culpa. Seguem exemplos de algumas das
manifestações comumente identificadas:
Culpa e vergonha
Mágoa que ela não consegue compartilhar
Depressão e baixa auto-estima, às vezes ao ponto de se tornar uma suicida
Isolamento e/ou rejeição ao companheiro/cônjuge, família e amigos
Medo de que Deus irá puni-la, ou de que a está punindo, por ter cometido um ―pecado
imperdoável‖.
Transtornos alimentares, comportamentos de autopunição tais como cortes (ferir-se
voluntariamente)
Disfunções sexuais, hipersexualidade ou perda de interesse sexual; problemas com intimidade
Problemas em estabelecer laços emocionais com os outros filhos ou filhos posteriores, inclusive
sendo super protetora, emocionalmente distante, indisponível ou agressiva
Raiva desmotivada e profunda de si mesma, do companheiro/cônjuge, da família, dos amigos, da
pessoa que viabilizou o aborto e até mesmo de Deus
Problemas para dormir, incluindo pesadelos relacionados ao aborto, flashbacks ou a ―escuta‖ de
sons de um bebê chorando
Dependência de álcool e drogas utilizadas como automedicação
Pág. 5
Desejo te ter um bebê ―substituto‖, uma nova gravidez em seguida com grande risco de aborto
subseqüente
Reações de angústia ou depressão no aniversário da data do aborto ou da data anteriormente prevista
para o parto
Irritabilidade ou isolamento em conversas sobre bebês ou aborto
Envolvimento em movimentos pró-escolha ou um envolvimento doentio ou desequilibrado no
movimento pró-vida
Comportamento workaholic
Estresse e medo podem ter um papel importante na decisão de realizar o aborto. Algumas mulheres
relataram estar em um estado alterado no momento da decisão e durante o aborto. Isoladas, amedrontadas e
desacreditadas de que podem e devem pedir a ajuda daqueles que as amam, muitas mulheres tomam a
decisão de abortar sem consultar outras pessoas. Na clínica de aborto, seus medos podem ser reforçados
quando são incentivadas a tomar uma decisão imediata. É freqüente que haja pouca ou nenhuma discussão
sobre alternativas, tempo insuficiente de orientação, pressão para abortar logo e informações insuficientes e
imprecisas sobre os riscos físicos e psicológicos que envolvem o aborto.
Quando as mulheres estão grávidas e assustadas o instinto de autopreservação toma conta. A gravidez pode
ser vista como um problema que ameaça toda a vida, e mulheres grávidas que se sentem assim farão
qualquer coisa para escapar do problema. É neste contexto que muitas mulheres procuram o aborto. Mais
tarde, quando a realidade se acomoda, elas podem ficar confusas e até mesmo horrorizadas de terem
praticado um aborto. Mulheres que vivenciam este tipo de reação de estresse podem ser mais propícias a
abortar gestações subseqüentes. Cerca de um a cada dois abortos realizados atualmente são de pessoas que já
abortaram anteriormente.
Evidências científicas de que o aborto é um estressor traumático com resultados adversos aumentou
intensamente na última década. Dados de dois dos estudos científicos mais conhecidos (Ferguisson et al.,
2006, 2008) demonstraram que o aborto aumenta significativamente os riscos de doenças mentais em jovens
mulheres:
27% das mulheres que cometeram aborto apresentam idéias suicidas, uma taxa quatro vezes maior
que as mulheres que nunca engravidaram e mais de três vezes maior que as mulheres que deram à
luz.
Houve um aumento de 61% dos riscos de pensamentos suicidas associados ao aborto.
Houve um aumento de 31% do risco de forte depressão associada ao aborto.
42% das jovens mulheres que abortaram relataram forte depressão na faixa dos vinte e cinco anos de
idade.
Outros estudos rigorosamente científicos de larga escala mostram aumento de riscos semelhantes para
mulheres adultas:
Mulheres com histórico de aborto têm aproximadamente três vezes mais chances de apresentar
depressões significativas em comparação com as que nunca abortaram (Pedersen 2008).
A taxa de suicídio é aproximadamente seis vezes maior entre as mulheres que abortaram em
comparação com as que deram à luz (Gissler et al. 1996, 2005).
O risco de suicídio é 154% mais alto entre as mulheres que abortaram em comparação com as que
deram à luz (Reardon et al. 2002).
O aborto aumenta as chances de desenvolvimento de transtorno bipolar em 167% e de forte
depressão em 45% (Coleman et al. 2009b).
Pág. 6
Considerando as pesquisas acima mencionadas, recomenda-se aos padres, conselheiros ou membros do
Projeto Raquel que investiguem os sentimentos pós-aborto da mulher; possíveis comportamentos de altorisco; sentimentos de desolação, vergonha ou pensamentos suicidas; e seu quadro geral. Esteja atento a
comentários de que ela ―quer estar com seu bebê‖: isto pode indicar intenção de suicídio. Neste caso, é
necessário encaminhá-la imediatamente a um profissional de saúde mental.
Um dos maiores presentes que se pode dar a uma mulher que cometeu um aborto é escutá-la
compassivamente, fazer perguntas com sensibilidade, mostrando compreensão da dor que o aborto pode
causar, e construir um relacionamento que seja canal de esperança e transformação. Não há maior presente
para uma pessoa traumatizada e isolada que luta entre sentimentos de auto-aversão, angústia, tristeza e
culpa. Fazendo isso, você estará seguindo os passos do Divino Taumaturgo e transmitindo Seu amor e Sua
misericórdia.
Pág. 7
A Mulher que
Acaba de Abortar
“Eu tive tanta dor: vergonha,
culpa e medo de que Deus me
odeie. Eu ainda choro todas as
noites e penso no meu bebê...
Como Deus poderá me
perdoar?”
Durante muitos anos as mulheres que haviam abortado há pouco
tempo hesitavam em procurar o Projeto Raquel em busca de ajuda.
Algumas estavam em processo de negação, outras estavam
emocionalmente apáticas e outras poderiam até estar se sentindo
aliviadas. Atualmente é mais freqüente que essas mulheres procurem
ajuda dias após o aborto. Esta atitude pode ser muito benéfica e
impedir anos de sofrimento.
Para algumas mulheres, o trauma do aborto pode não aflorar nos primeiros meses ou até mesmo anos. Para
outras, pode vir à tona na data anteriormente prevista para o parto.
Não é raro que a mulher tente engravidar novamente num período de um ano após o aborto. Esta gravidez
apressada pode ser uma tentativa de desfazer o traumático aborto, recriando as circunstâncias que levaram
ao aborto na esperança de tomar a decisão de manter a criança. Lamentavelmente este cenário muitas vezes
termina com um novo aborto e sentimentos de fracasso ainda maiores. Se a mulher que procurar a sua ajuda
mencionar o desejo de uma nova gravidez para substituir a outra, informe-a de que é um desejo normal, mas
que ela precisa se concentrar primeiro em curar seus próprios sentimentos de angústia e perda antes de
pensar em engravidar novamente. Outras mulheres podem se sentir pressionadas a engravidar como forma
de se sentirem amadas e seguras em seu relacionamento. Muito frequentemente esta gravidez apressada
resulta em outro aborto e na perda de seu relacionamento. Pode haver também mecanismos
biológicos/hormonais em jogo que influenciam o desejo destas mulheres de engravidar novamente.
A mulher que acaba de abortar pode estar em um estado de choque fisiológico, psicológico e espiritual. O
choque é uma reação comum após uma experiência
“Posso dizer com sinceridade que meu consolo mais
traumática. Mesmo que a mulher comece a se
profundo como sacerdote tem sido auxiliar mulheres
angustiar, o choque pode bloquear sentimentos de
que abortaram em seu desejo pela misericórdia de
tristeza e depressão. Apatia emocional faz parte do
Deus. Por quê? A salvação das almas é o trabalho de
choque. Algumas mulheres em choque não
Deus e Sua principal preocupação e, portanto, o
expressam muito seus sentimentos; outras ficam
trabalho do sacerdote e sua principal preocupação. O
cheias de arrependimento e dor emocional. Com o
Pai da Misericórdia está implorando a seus
tempo o choque pode diminuir e as defesas podem
sacerdotes, por meio dos quais Ele atua de forma tão
baixar, colocando algumas mulheres em contato
peculiar, que auxiliem as incontáveis almas que estão
com fortes emoções negativas não sentidas até
perdidas por causa do aborto e procuram bons
então. Algumas mulheres experimentam culpa,
pastores para as levarem para casa.”
ansiedade, tristeza e angústia quando chega a data
anteriormente prevista para o nascimento da criança
abortada ou quando uma irmã ou amiga engravida. É importante notar que uma mulher que abortou há
pouco tempo e está em estado de choque ou apatia emocional (caracterizado, por exemplo, por uma
fisionomia apagada ou inexpressiva) provavelmente não será capaz de processar o que está acontecendo.
Pressioná-la a isso seria contraproducente. Ela pode tentar cooperar e fazer o que um padre ou conselheiro
recomendar. Pode entrar no que é chamado ―pseudo-recuperação‖; e, quando entrar em um estágio de
angústia mais profundo, pode pensar que existe algo inerentemente errado com ela porque as questões não
resolvidas voltaram. Ela pode não procurar ajuda, mas recorrer a mecanismos de recuperação prejudiciais,
tais como álcool e drogas, ou até mesmo ter pensamentos suicidas.
Pág. 8
É importante que você compreenda o estágio em que ela se encontra e escute suas preocupações. Elas
podem se referir ao terrível procedimento do aborto, coerção de seus pais ou do companheiro para realizar o
aborto, falta de apoio durante o aborto, o fim de um relacionamento com seu companheiro, ou a solidão de
não poder falar com mais ninguém sobre o aborto; ou, se ela contou a alguém, esta pessoa pode ter dito a ela
que foi uma boa escolha. Até mesmo uma questão
aparentemente pequena pode magoá-la naquele momento se
“No meu trabalho no projeto Raquel eu
ela for muito jovem. . Ela só pode lidar com questões com
encontrei homens e mulheres que se
as quais ela se sente segura. Além disso, ela pode estar te
sentiam aprisionados pela vergonha e
testando para ver se você se importa, se você realmente
solidão. Eles lutavam contra a depressão e
quer escutá-la e se você a compreende. Siga os sinais de
até pensamentos suicidas. Por meio do
quais são os assuntos sobre os quais ela se sente mais à
Ministério de cura de Jesus, expresso em
vontade para discutir. Se ela falar do bebê você também
meu sacerdócio, tenho tido a oportunidade
pode. Se ela não falar, não toque no assunto naquele
de trazer essas pessoas solitárias à
momento. Deus traz toda a verdade à tona no momento em
reconciliação com Deus e consigo
que a mulher estiver pronta para lidar com ela.
mesmas. O ministério do Projeto Raquel
oferece uma saída da escuridão à luz, e
Se ela falar sobre preocupações médicas relacionadas ao
tem sido profundamente gratificante para
aborto deve-se orientá-la a visitar um médico ou uma
mim fazer parte deste trabalho. Uma vez
unidade de pronto atendimento. Alterações hormonais
que os padres são os „médicos de almas‟,
podem fazer com que ela se sinta vulnerável, chore, fique
quero incentivar meus companheiros
com raiva e se sinta perturbada. Grande falta de sono e
padres a utilizarem os dons que recebemos
alimentação deficiente após o aborto modem facilitar o
em nossa ordenação para trazer uma cura
aparecimento de sintomas psicóticos e pensamentos
fundamental àqueles que foram feridos
suicidas.
pelo aborto”. Padre Jim Stock,
Arquidiocese de Washington DC.
Se ela não estiver pronta para falar diretamente sobre a
experiência do aborto ― e menos ainda sobre o que isso significa pra ela neste momento ― informe as
maneiras para que ela permaneça em contato com a rede do Projeto Raquel para cuidados adicionais assim
que ela estiver pronta. Quando o dia anteriormente previsto para o parto da criança abortada passar pode ser
que a mulher se sinta mais aberta à sua orientação. Pode ser que ela realmente não retorne, ou pode ser que
volte a pedir ajuda quando não mais puder suportar a angústia e a tristeza. Uma atenção especial neste
momento do processo facilita que ela peça ajuda em um momento posterior.
Pág. 9
Como Ministrar a Mães que
Sofrem com o Aborto
Não existe um perfil único para as mulheres que procuraram um padre em busca de cura pós-aborto. Ela
pode se identificar como católica, mas ter pouca formação sobre assuntos de fé. Pode demonstrar um
comportamento exageradamente piedoso ou escrupuloso, ou ainda estar fortemente envolvida em atividades
da Igreja como forma de expiação do aborto. Pode ser que ela participe da Missa regularmente e dê uma
educação católica aos filhos. Ou pode ser que ela não tenha pisado em uma igreja desde o dia em que
abortou. Ela pode ser muito jovem, muito velha ou ter qualquer idade. Ela pode ser aquela mulher agressiva
que critica o pároco quando ele prega sobre o aborto.
Pode ser que ela nunca tenha confessado o aborto que fez ou o tenha confessado diversas vezes. Em
qualquer caso, ela certamente acredita ter cometido um pecado grave. Ela teme rejeição por parte da Igreja,
mas ao mesmo tempo deseja desesperadamente a cura e a reconciliação com Deus.
Ela precisa saber, desde o princípio, que existe esperança, existe cura e existe a promessa de ajuda e
reconciliação por parte da Igreja, que se preocupa com ela.
Uma mulher que cometeu aborto pode procurar um padre a qualquer momento. Ela pode procurá-lo no
confessionário ou receber indicação de um amigo ou do ministro de cura pós-aborto local. Pode ser que ela
entenda que possui uma profunda ferida espiritual que somente a misericórdia e o amor de Deus podem
curar. Por outro lado, pode ser que ela sinta que cometeu ―o pecado imperdoável‖ e tema a condenação de
Deus (que ela pensa ser merecido).
Seu estilo de vida pode ter levado a um caminho prejudicial a ela. De fato, pode ser que ela jamais tenha
experimentado uma verdadeira saúde espiritual ou emocional. Nas palavras de uma mulher,
O aborto era quase inevitável no meu estilo de vida. Eu não tinha compromissos sérios, não via nenhum
problema em ter relações sexuais sem estar casada e quando descobri que estava grávida acho que não vi
nenhum problema em fazer um aborto.
A mulher que cometeu um aborto pode procurar o padre com
perguntas, e as respostas a estas perguntas são indispensáveis
para dar início à sua jornada de cura. Ela pode perguntar
―Deus pode me perdoar? Meu filho pode me perdoar? Será
que conseguirei me perdoar? A Igreja me rejeitará quando eu
confessar este pecado? Onde está meu bebê? Será que esta dor
horrível passará um dia? A cura é possível?‖.
Na verdade ela tem grande necessidade de compaixão e
cuidados pastorais. O padre pode ter somente um encontro ou
trabalhar com ela por um período maior, na maioria das vezes
em conjunto com o ministro diocesano do Projeto Raquel.
Seja como for a atuação do ministério, Deus escolheu a
pessoa do sacerdote para ser Seu instrumento de auxilio a ela.
“Conversar com mulheres que foram
afetadas pelo aborto me ajudou a
compreender que a desolação
espiritual que elas vivenciam é
impressionante. Muitas sentem que
cometeram um pecado imperdoável e
que estão destinadas ao inferno, ou que
merecem estar no corredor da morte.
Geralmente sofrem esta desolação
espiritual em silêncio, envergonhadas
demais e se sentindo indignas de
buscar uma reconciliação com Deus.”
Mons. Robert Panke,
Arquidiocese de Washington, D.C.
Considerando-se o sentimento de vergonha que muitas
mulheres carregam após a experiência do aborto, elas podem ter uma relutância compreensível em procurar
o padre de sua própria paróquia. Isso é particularmente observado nas mulheres que participam ativamente
das atividades da paróquia. O Projeto Raquel pode encaminhar, de forma confidencial, homens e mulheres a
padres treinados que não sejam de sua paróquia. Os padres não devem sentir-se decepcionados ou pensar
que falharam caso as mulheres da paróquia não os procurem diretamente. Seu ministério de cura pode
alcançar muitas pessoas, as quais eles nem imaginam que se beneficiaram de suas ações.
Pág. 10
As informações que se seguem auxiliarão os sacerdotes a ministrar àqueles que sofrem por causa do aborto,
tanto por meio do Sacramento da Reconciliação quanto pelo aconselhamento pastoral, geralmente em
parceria com o ministro diocesano local do Projeto Raquel.
O Sacramento da Reconciliação
Ao celebrar o sacramento da Penitência, o sacerdote cumpre o ministério do Bom Pastor, que busca a ovelha
perdida; do Bom Samaritano, que cura as feridas; do Pai, que espera o filho pródigo e o acolhe ao voltar; do
justo juiz, que não faz acepção de pessoa e cujo julgamento é justo e misericordioso ao mesmo tempo. Em
suma, o sacerdote é o sinal e o instrumento do amor misericordioso de Deus para com o pecador.
Catecismo da Igreja Católica, n° 1465
Deus conta também conosco, com a nossa disponibilidade e fidelidade para realizar os seus prodígios nos
corações. Na celebração deste sacramento, talvez mais do que noutros, é importante que os fiéis tenham uma
experiência viva do rosto de Cristo, o Bom Pastor...
Cada um dos nossos encontros com um fiel que nos pede para se confessar, mesmo de forma um pouco
superficial porque não motivado nem preparado adequadamente, pode ser sempre, pela graça surpreendente
de Deus, aquele «local» junto do sicômoro onde Jesus levantou os olhos para Zaqueu. Para nós, é impossível
medir quanto tenham penetrado os olhos de Cristo no íntimo do publicano de Jericó. Sabemos, porém, que
aqueles são os mesmos olhos que fixam cada um dos nossos penitentes. No sacramento da Reconciliação,
somos instrumentos dum encontro sobrenatural com leis próprias, que devemos apenas respeitar e
favorecer...
O mesmo se dá em cada encontro sacramental. Não devemos pensar que é o pecador, com o seu caminho
autônomo de conversão, que merece a misericórdia. Ao contrário, é a misericórdia a impeli-lo pela estrada
da conversão. O homem, por si mesmo, nada pode; e nada merece. A confissão, antes de ser um caminho do
homem para Deus, é a chegada de Deus à casa do homem.
Assim, em cada confissão, podemos encontrar-nos com os mais diversos tipos de pessoas. Duma coisa
devemos estar certos: antes do nosso convite e mesmo antes das nossas palavras sacramentais, os irmãos que
pedem o nosso ministério estão já envolvidos por uma misericórdia que neles opera a partir de dentro. Oxalá
consigamos, através das nossas palavras e do nosso ânimo de pastores, sempre solícitos por cada uma das
pessoas, capazes de intuir os seus problemas e de acompanhar com delicadeza o seu caminho dando-lhes
confiança na bondade de Deus, ser colaboradores também da misericórdia que acolhe e do amor que salva.
João Paulo II, Carta aos Sacerdotes por ocasião da Quinta-Feira Santa de 2002,
www.vatican.com.va
Recentes pesquisas indicam que muitas mulheres que fizeram abortos procuram os padres pela primeira vez
no Sacramento da Reconciliação durante os horários regulares de confissão. Se isto acontecer,
recomendamos o seguinte:
Destaque sua coragem e humildade, sua esperança e confiança em buscar o sacramento.
Gentilmente pergunte a ela se é a primeira vez que confessa este pecado. É provável que ela já tenha
buscado vários confessores, alguns dos quais podem ter reforçado sua culpa ou seu sentimento de
vergonha inadvertidamente.
Pág. 11
Ela também pode sentir que seu pecado é maior que a misericórdia de Deus, então, transmita a
certeza do grande amor, misericórdia e compaixão de Deus por cada um de nós, independente de
quais são os nossos pecados.
Não negue a gravidade do pecado do aborto. Isto não só seria incorreto como negaria a realidade de
sua experiência pós-aborto.
Deixe-a falar. Ela precisa contar o que não teve a oportunidade de contar antes: a estória do aborto, o
sofrimento que veio depois e seus piores medos. Diga a ela que estas reações são normais. Muitas
mulheres – por muitos anos – sentem-se incapazes de lidar com as conseqüências do aborto. Muitas
compartilham o mesmo sofrimento e os mesmos temores que ela.
Pergunte quando foi (ou foram) o(s) aborto(s). Mulheres que abortaram há pouco tempo precisam de
cuidados especiais. Por favor, consulte a seção ―A Mulher que Abortou Recentemente e o Papel do
Sacerdote‖, na página 23.
Saiba que ela pode pensar que foi excomungada. Por favor consulte a Seção Seis, A Perspectiva
Canônica sobre o Aborto‖, na página 67, para obter uma explicação detalhada a esse respeito.
Escolha uma penitência apropriada para facilitar sua cura e a aceitação do perdão de Deus. Quando
escolher uma penitência, lembre-se de que ela já pode ter sofrido por muitos anos. A penitência deve
ser de afirmação da vida. Lembre-se de que ela pode ser, frequentemente, escrupulosa, portanto,
escolha uma penitência que tenha um final definido e parâmetros claros. Se você sugerir que ela
participe da Missa diariamente, por exemplo, ela pode temer que, se perder um dia de Missa, jamais
obterá o perdão de Deus. Em seguida apresentamos alguns bons exemplos de penitência:
Pedir que reze (um Terço, um Terço da Divina Misericórdia, ou um determinado número de
orações específicas) por outras pessoas envolvidas na perda que este aborto causou. É
interessante ter no confessionário folhetos com instruções sobre como rezar o Rosário e o
Terço da Divina Misericórdia para entregar á penitente quando a penitência for uma destas
devoções.
Sugerir que ela ofereça uma Missa de meio de semana pela criança abortada e/ou pela cura
da família.
Convidá-la a ler, rezar e meditar uma ou mais dessas passagens da Escritura, mergulhando
na estória para escutar a voz de Deus:
Lucas 13, 11-13 (mulher encurvada)
Lucas 8, 43-48, Mateus 9,20-22, ou Marcos 5, 25-34 (mulher hemorroíssa)
Lucas 7, 36-50 (mulher que lava os pés de Jesus com suas lágrimas)
João 4, 7-42 (mulher samaritana no poço)
João 8, 2-11 (mulher pega em adultério)
Salmo 51 (oração de arrependimento)
Salmo 103 (louvor à misericórdia de Deus)
Considere ainda a possibilidade de convidá-la a ser o Bom Samaritano das pessoas a quem encontrar pelas
próximas três semanas, ou voluntária em uma distribuição de sopas, ou ainda participar em outras atividades
dirigidas que possam ajudá-la a tirar o foco de si mesma e fazer a diferença na vida de outras pessoas.
Fazendo isto ela aumentará seu sentimento de autoestima como filha de Deus. Ações de ajuda direta a
outras pessoas, combinadas com orações e leitura das Escrituras, são muito benéficas.
Pág. 12
Para obter uma discussão detalhada sobre o fim da censura de excomunhão, leia a Seção Seis, ― A
Perspectiva Canônica Sobre o Aborto‖, que começa na página 67. Nas situações em que uma penitente está
sujeito a esta penalidade, a maioria dos bispos diocesanos concedem a padres de sua diocese a faculdade de
retirar a censura de excomunhão. Em caso de dúvida, é melhor confirmar com a diocese.
Há restrições de tempo nos horários regulares para a confissão, mas um apoio extra à penitente pode ser
importante para seu processo de cura. Entretanto, é essencial manter a integridade do selo da confissão.
Sacerdotes que atuam no ministério pós-aborto têm oferecido as seguintes questões a serem consideradas:
É importante deixar claro que o Sacramento da
Reconciliação é suficiente para trazer o perdão dos
pecados e a plenitude da misericórdia de Deus.
Você também pode sugerir que a angústia e a dor ―
muitas vezes não identificadas ― associadas a
abortos passados podem ser a fonte do profundo
sofrimento emocional e espiritual e que, por este
motivo, apoio e aconselhamento adicionais podem ser
muito benéficos.
Se a mulher disser que já confessou seu(s) aborto(s)
várias vezes, pode ser importante para ela entender o
motivo de não estar aceitando o perdão e a
misericórdia de Deus.
"Eu não sei como agradecer.
Finalmente fui capaz de começar a me
sentir completa. O Sacramento da
Reconciliação foi um momento
extremamente libertador para mim.
Tanto quanto me lembro de quase
todos os detalhes daquele dia horrível
14 anos atrás, lembro-me daquelas
palavras de perdão que absolveram
todos os meus pecados. Eu continuo
repetindo aquela frase na minha mente,
e isso quase me leva às lágrimas. Mas
são, finalmente, lágrimas de limpeza,
de cura, ao invés de lágrimas de
profunda tristeza. Sou capaz de ver
Deus em minha vida, e isso me faz
sorrir. Eu me sinto digna de fazer parte
do povo de Deus e de ser a melhor mãe
para meus três filhos. Espero que eles
nunca conheçam ou sintam a dor que
senti por tanto tempo."
Você pode se oferecer para o aconselhamento
pastoral em outro momento. Pode também incentivála a trabalhar com outro padre da paróquia ou da rede
Projeto Raquel, se você não estiver disponível para
aconselhamento pastoral ou direção espiritual. Seria
importante explicar que, devido às proteções
asseguradas a todos os penitentes sob o selo da confissão, ela é quem deve tomar a iniciativa de
procurá-lo para marcar um horário, mesmo que seja logo após o momento da confissão. O meio
mais adequado para facilitar uma indicação seria dar-lhe o nome e telefone de outra instituição ou
pessoa. Cartões de visita e folhetos sobre o Projeto Raquel ou outros serviços relacionados são itens
importantes para se ter à mão ou no confessionário.
Você pode dar a ela um folheto de oração para ajudá-la no processo de cura. Folhetos da oração
"Confie na Misericórdia de Deus" podem ser encontrado na Secretaria de Atividades Pró-Vida (ver a
seção "Fontes Recomendadas" deste manual). Você também pode dar-lhe uma cópia das tocantes
palavras do Papa João Paulo II às mulheres que tiveram abortos, cujo texto está incluído neste
manual na página vii.
O Papel do Sacerdote no
Aconselhamento e Cura Pós-Aborto
Tanto antes quanto depois da reconciliação sacramental, um sacerdote do ministério Projeto Raquel pode ser
de grande utilidade ajudando as mulheres em suas jornadas de cura do sofrimento pós-aborto para uma vida
nova em Cristo. A orientação espiritual prevista neste ministério difere pouco do ministério sacerdotal de
levar almas para Cristo. Não se trata de aconselhamento profissional, nem precisa envolver a direção
Pág. 13
espiritual em si, a menos que o padre seja especialmente treinado nestas áreas. As recomendações a seguir
foram oferecidas por padres experientes em orientação espiritual breve a mulheres que acabam de abortar.
O Ambiente Pastoral
Antes que a mulher chegue para sua primeira visita de orientação espiritual, peça ao Espírito Santo a
sabedoria para guiá-la no processo de cura.
É recomendável que a sala utilizada para o atendimento esteja disposta de forma que a pessoa possa se
sentar entre você e a porta. É prudente que a porta fique entreaberta, mas de forma que não haja qualquer
possibilidade de que a conversa seja ouvida do corredor. Se sua porta já é de vidro, esta precaução não é
necessária. Mantenha uma caixa de lenços de papel ao alcance dela. A mulher precisa estar à vontade para
chorar e sentir que não está deixando-o desconfortável com a conversa. Algumas estórias são tão dolorosas e
assustadoras que podem até levar você às lágrimas. É importante que você saiba reconhecer seus próprios
sentimentos e seja capaz de partilhá-los com a pessoa que busca sua ajuda. O padre ou conselheiro pode ser
um modelo de franqueza e abertura, e isto pode ter um impacto positivo bastante considerável.
É fundamental explicar aos funcionários da paróquia sobre a natureza altamente confidencial dessas visitas
para evitar possíveis violações de confidencialidade. Quando uma pessoa telefona para marcar hora e
menciona a um funcionário que indicaram a ela o Projeto Raquel, ou que ela viu um anúncio do Projeto
Raquel no informativo da paróquia, esta informação deve ser tratada com muita discrição. Além disso, não
se deve presumir que todas as pessoas que perguntam sobre o Projeto Raquel estiveram envolvidas em um
aborto.
Tempo de Duração e Indicação de Outros Profissionais
A mulher que cometeu um aborto geralmente terá um ou mais encontros com você durante o processo de
cura para aconselhamento e orientação espiritual de curto prazo. Inicialmente os encontros podem ser
realizados uma vez por semana ou várias vezes ao mês, passando para uma vez ao mês até que cheguem ao
fim.
Não hesite em indicar ajuda de outros. Se você acha que o progresso está muito lento ou suspeita de
problemas mais profundos (como doenças mentais, vícios, transtornos alimentares, abuso sexual ou certos
problemas de relacionamento), você pode encaminhá-la a um terapeuta da rede Projeto Raquel ou algum que
compreenda bem os profundos impactos negativos do aborto em uma mulher, bem como as complicações
adicionais em sua vida. Se você indicar a uma mulher um profissional de saúde mental que não seja da rede
Projeto Raquel, assegure-se de conhecer muito bem sua linha de pensamento e suas abordagens de
tratamento. Indicá-la um terapeuta mal informado que acredite no direito ao aborto, seja ambivalente ou não
tenha valores semelhantes aos do Projeto pode ser desastroso.
Limites
A questão dos limites no ministério é delicada nos dias atuais. Sendo um sacerdote em seções de orientação,
é você quem deve estabelecer os limites. Neste momento, talvez mais do que nunca, isto precisa estar bem
claro para você.
O ministério pós-aborto é um ministério sem qualquer contato físico. Muitas das mulheres que serão
orientadas por você foram repetidamente feridas por homens. Algumas carregam feridas de abusos sexuais,
além das feridas do aborto.
Se durante uma orientação a uma mulher menor de idade ou jovem adulta ela revelar que já foi vítima de
abuso sexual quando menor, você pode ser obrigado a denunciar esses abusos nos termos da lei estadual. O
serviço diocesano de proteção das crianças e adolescentes do seu estado pode informá-lo sobre as
providências aplicáveis.
Pág. 14
Algumas mulheres podem ser sedutoras, acreditando que sua sexualidade é tudo o que têm, numa tentativa
de saber se você é confiável ou de sabotar mais um relacionamento entre tantos outros. Algumas mulheres
podem sentir necessidade de testar você para ver se você é mesmo quem diz ser. Esta advertência não é para
assustá-lo, mas sim para que você tenha consciência disso e possa exercer melhor seu ministério.
Tenha em mente que, sendo um homem, você é um protetor inato. Seu instinto protetor pode ser ativado
quando se deparar com uma mulher ferida e possivelmente carente. Reconheça isso a respeito de si mesmo e
esteja atento às suas próprias reações. Você não é nem o salvador nem o ―cavaleiro da armadura brilhante‖.
Um experiente padre do Projeto Raquel desenvolveu as seguintes regras sobre os limites:
Quando ela chegar, seria rude não cumprimentá-la com um aperto de mão. Este é um sinal de boasvindas esperado socialmente.
É melhor simplesmente deixar a pessoa chorar ao invés de se aproximar para confortá-la com um
toque não mão ou dizer ―está tudo bem‖. A pessoa que está chorando pode estranhar o toque ou
pensar que suas lágrimas estão deixando você desconfortável. O ato de chorar é muito terapeutico e
não deve ser interrompido.
Este não é um ministério de abraços. É fácil demais para ela receber mensagens de modo confuso.
Se ela quiser dar um abraço após uma seção de orientação, recuse de forma discreta ou apenas diga
―desculpe, não é nada pessoal, mas é que não aceito abraços quando estou ministrando‖, ou então
―este é na verdade um trabalho de Deus. Agradeça a Ele‖.
Quando você estiver celebrando o Sacramento da Reconciliação, se tem o costume de colocar suas
mãos na cabeça do penitente deve sempre perguntar antes se não há problema em fazer isso. O toque
na cabeça pode estar associado a um abuso sexual sofrido no passado, tanto para mulheres como
para homens. É uma atitude respeitosa perguntar antes e dar-lhes a opção.
Por fim, ao terminar o processo de orientação, somente então você pode decidir aceitar um abraço.
Você deve usar sua sabedoria pastoral para tomar esta decisão.
As mulheres realmente agradecem e precisam que você lhes dê um limite claramente estabelecido. Pode ser
que você seja, para muitas mulheres, a primeira figura do sexo masculino que não irá julgá-las ou magoá-las.
Elas estimam profundamente seu respeito por elas. Pode ser que, pela primeira vez, elas consigam olhar para
si mesmas como pessoas dignas de respeito e não mais como pessoas usadas por outros.
Algumas mulheres dizem que preferem quando o padre usa sua clérgima ou hábito religioso para estas
sessões. Isto sinaliza que você é um padre in persona Christi.
O Primeiro Encontro
Destaque a coragem que ela teve de buscar a cura, reconhecendo quão difícil pode ser falar sobre decisões
que podem trazer sentimentos de cupla e vergonha, e quão difícil é revelar as dolorosas consequências
emocionais e comportamentais de se fazer escolhas erradas.
Estabeleça uma atmosfera de segurança (ver ―O Ambiente Pastoral‖ acima). É importante informá-la de que
parte da cura passa por contar sua própria estória e não uma versão melhorada. Isso não é fácil. Ao contrário,
é doloroso. Pode ser extenuante narrar episódios traumáticos, então é importante deixar claro que ela pode
interromper a narração a qualquer tempo que ela desejar. Isso dá à mulher um senso de controle sobre os
próprios sentimentos.
Pág. 15
Ouça atentamente suas preocupações e sua estória para identificar em que ponto do processo de cura ela se
encontra. Algumas mulheres começam o processo sozinhas, instintivamente. Outras podem ter tido
experiências ruins em tentativas anteriores de buscar a cura.
Se a única maneira de você se familiarizar com ela é por meio do aconselhamento pós-aborto, deixe-a segura
de que você não irá cumprimentá-la em público a menos que ela o cumprimente primeiro.
O Processo
Para a mulher que fez um aborto, o processo básico de cura do trauma do aborto envolve
1. A auto-honestidade
2. Reconhecer e se reconectar com seu filho falecido
3. Entregar essa criança a Deus
4. Dar e aceitar o perdão
5. Reconciliação e compromisso de uma vida nova
Explicar este processo à ela e conseguir seu apoio é importante, e é o ponto de partida mais eficaz.
De todas as etapas, o perdão é o mais crítico. Quando ela escolhe perdoar aqueles que a feriram no processo
de sua decisão de abortar, torna-se possível para ela acreditar que Deus pode perdoá-la, que seu bebê pode
perdoá-la e que ela pode perdoar a si mesma. Note que ela pode perdoar os outros sem a participação ou
conhecimento deles.
A reconciliação está relacionada ao perdão, mas isso envolve a restauração de um relacionamento que está
profundamente ferido. A reconciliação é necessária em sua relação com Deus, com seu bebê, e com ela
mesma.
A Certeza da Misericórdia de Deus
Desde o início, faça com que ela tenha certeza do amor e da misericórdia de Deus. Ela pode estar mais
focada no julgamento de Deus. Você pode dizer a ela que a Igreja tem estado na vanguarda da cura pósaborto ao longo de décadas. Continue transmitindo esta certeza durante todo o processo.
Convide-a e incentive-a a fazer uma oração dando a Deus permissão para curá-la. Pode ser tão simples como
―Meu Deus, eu te dou permissão para me curar. Eu acredito em você e quero seu amor‖. Explique que
muitas vezes nos sentimos tão indignos do amor e da misericórdia de Deus que não deixamos que nos
alcancem. Você pode usar a imagem da pintura que mostra Jesus batendo à porta, lembrando que não há
maçaneta do lado em que Ele está. Deus sempre respeita nosso livre arbítrio, mas assim que nos abrirmos a
Ele, Ele nos guiará no processo de cura. A oração é o que abrirá esta porta.
No século passado, Jesus pediu a Santa Faustina (Maria Faustina Kowalska, 1905-1938) que espalhasse a
mensagem da misericórdia divina. Santa Faustina recebeu a imagem da divina misericórdia (os braços
abertos e Seu coração jorrando amor e graça) e o Terço da Divina Misericórdia. Ela também recebeu muitas
belas mensagens sobre o amor imenso que Deus tem por cada um de nós, as quais ela registrou em seu
Diário5. Você pode compartilhar algumas passagens do Diário de Santa Faustina, tais como:
Eu quero derramar Minha vida divina nas almas humanas e santificá-las, se elas simplesmente
estiverem dispostas a aceitar a Minha graça. Os maiores pecadores poderão atingir uma grande
santidade, se simplesmente confiariem em Minha misericórdia. (Diário, 1784)
5
Veja Diary of St. Maria Faustina Kowalska: Divine Mercy in My Soul (Stockbridge, MA : Marian Press, 1987).
Pág. 16
Quanto maior a miséria de uma alma, maior o seu direito à Minha misericórdia; [exorto] todas as
almas à confiança no insondável abismo da Minha misericórdia, porque eu quero salvá-las todas.
(Diário, 1182)
Ao Recontar Sua História
Ela precisa contar sua história, com toda a sua dor, e você precisa ser um ouvinte compassivo. Ela pode ter
uma infinidade de sentimentos, mas provavelmente dor profunda, vergonha e culpa estarão no topo da lista.
Ela pode ter de recontar sua história mais de uma vez. Na primeira vez ela pode minimizar ou excluir
algumas partes, até que ela tenha plena confiança em você. Enquanto fala, pode ser que ela arrisque um
pouco mais e conte, talvez, de abortos múltiplos ou relacionamentos passados. Quando uma pessoa, cheia de
vergonha, confidencia a outra um trauma assim, passa por uma experiência ao mesmo tempo poderosa e
humilhante. Ao final do encontro seria realmente bom e apropriado agradecer a essa pessoa pela coragem e
confiança em compartilhar tudo isso com você.
Para Dissipar a Raiva
A raiva é um sentimento certamente desconfortável, mas também um sentimento legítimo. Quando a raiva é
colocada para fora, ela pode ser prejudicial à própria pessoa ou aos outros. Quando a raiva é expressa como
a profunda dor que ela realmente é, o alívio e a cura tornam-se possíveis. Você precisa permitir à mulher que
cometeu um aborto que sinta raiva de quem a traiu de alguma forma durante a decisão e o ato de abortar.
Este pode ser o pai do bebê, seus pais, amigos ou pessoas da clínica de aborto. Pode ser que ela sinta que não
tem o direito de ter raiva, pode ter perdido o controle de sua raiva, ou pode estar em algum estágio
intermediário. Lembre-a de que a raiva é um sentimento legítimo e que, se não resolvido, pode levar à
depressão ou algo pior.
Sugira que ela escreva para aqueles de quem ela tem raiva, pois, ao escrever, ela pode ser capaz de alcançar
a verdade em seu coração. As cartas não serão enviadas. Ela é livre para dizer tudo o que precisa dizer.
Depois de terminar cada uma, ela deve deixá-las de lado e depois lê-las novamente. Muitas vezes, ao realizar
este processo, atinge-se uma introspecção profunda. Se ela quer partilhar as cartas com você, peça que as
leia para você. Dar voz à raiva e à dor pode ajudar muito a cura. Para alguns sacerdotes e conselheiros,
escutar expressões de raiva pode ser irritante e desconfortável. Se este for o seu caso, esta seria uma boa área
para auto-exploração e oração.
Incentive-a a fazer algo simbólico com as cartas: destruir, enterrar, queimar, etc. Explique a ela que,
independentemente do que ela decidir, a ação pode ser uma forma simbólica de abandonar a raiva para que
ela agora possa buscar o perdão para essas pessoas. Se ela não perdoar, ela estará presa a esses antigos
relacionamentos, que podem ter um impacto sobre seus relacionamentos futuros.
Como Perdoar os Outros
Explique que ela pode ter de pedir a Deus a graça de perdoar os outros. O perdão é difícil. Convide-a a orar
por aqueles que a machucaram e que ela está tentando perdoar. Uma oração de grande ajuda é ―Meu Deus,
que a Sua vontade seja feita na vida de _______‖. Você também pode se oferecer para celebrar uma Missa
pela cura de todos os envolvidos neste aborto.
Entendimento do que é o Aborto e Aceitação de que foi a Morte de seu Filho
Em nosso mundo, os que defendem o direito ao aborto têm conspirado para convencer nossa cultura de que
• Uma gravidez indesejada não é realmente "humana"
• O direito da mulher de estar livre de tudo o que é indesejável é moralmente certo e justificável
Pág. 17
• O que será abortado é "apenas tecido", ou é tão pequeno ou de aparência tão estranha que não pode ser
humano. A mulher que cometeu um aborto pode ter aceitado essas "informações" para racionalizar sua
decisão, e assim continua negando que o feto seja humano e, mais ainda, seu "filho". O padre/conselheiro
pode auxiliar a mulher a romper com essa negação perguntando amigavelmente a ela sobre o que ela
acreditava haver abortado.
É extremamente doloroso reconhecer que o aborto é uma experiência de morte. Essa experiência pode ser
tão terrível que algumas mulheres nunca contam sobre o aborto para outras pessoas. Elas vivem suas vidas
cercadas pelo medo e pela vergonha. É papel do sacerdote/conselheiro apresentar a esperança de que a cura
é possível. Reconciliação e cura, no entanto, estão abertos apenas à mulher que reconhece o que o aborto
realmente é, e o fato de que ela participou deste evento de morte.
Quando termina a fase de negação e a mulher tem o padre/conselheiro para ajudá-la, as comportas
emocionais se abrem e dão vazão à dor, à tristeza e às lágrimas. Isso pode ser precedido ou interrompido por
períodos de silêncio, enquanto ela processa o que está sentindo e percebendo. Incentive-a a aceitar esses
sentimentos, convide-a a partilhá-los com você, e garanta que você estará orando silenciosamente para que
Nosso Senhor tome conta dela. Isto pode ocorrer em apenas um visita ou durante várias visitas que tenham
apenas uma abertura parcial dos sentimentos.
Luto pelo filho perdido
Sofrer pela criança abortada pode evocar sentimentos traumáticos e reações negativas para aquelas cujos
abortos são recentes, especialmente as adolescentes e outras que não estão emocionalmente maduras ou
preparadas para lidar com o trauma do aborto. Essas mulheres podem não estar prontas a aceitar a realidade
de que desempenharam papel fundamental na morte de seus filhos. Construir uma relação de confiança e
transparência com você é um resquisito básico; revelações traumáticas só deverão ocorrer quando essa
relação for suficientemente forte e a mulher estiver pronta e disposta a contar. Por favor, consulte a seção ―A
mulher que abortou recentemente e o papel do Sacerdote‖, na página 23.
A mulher que realizou um aborto e está pronta para revelar seus sentimentos, partilhar sua história e aceitar a
realidade da morte de seu filho deve ser incentivada a viver o luto por seu(s) filho(s) abortado(s). É
importante respeitar sua bagagem cultural e incentivá-la a viver o luto de forma culturalmente adequado a
ela. Saiba que quando você começa a trabalhar o assunto, ela pode não se lembrar ou não se sentir bem em
dizer quantos abortos já fez. Pode ser que ela se lembre vívidamente de um ou conte apenas um a você como
forma de teste, mas os outros podem estar inacessíveis, vagamente lembrados, ou propositadamente retidos
por serem demasiado vergonhosos. Quando ela começar a chorar especificamente por seu filho, Deus pode
revelar a ela quantas outras crianças ela perdeu, ou pode ser que ela simplesmente deixe escapar que houve
mais casos. Quando as pessoas têm traumas múltiplos, estas memórias traumáticas são frequentemente
armazenadas em uma parte do cérebro de difícil acesso. Essa é a natureza do trauma, ou seja, tentativas de
dominar os sentimentos que causavam opressão por uma alternância entre revivescência dolorosa (parcial ou
total) e rejeição/negação, com períodos intermitentes de sentimentos ou comportamentos extremos.
Ela pode querer saber o que aconteceu com seu filho ou filhos. Leia para ela ou recomende-a a leitura do
parágrafo 99 da Evangelium Vitae (O Evangelho da Vida), no qual o Papa João Paulo II garantiu às
mulheres que nada está definitivamente perdido, e que seu filho está vivendo no Senhor (ver texto incluído
na página vii).
O Sexo da criança
Delicadamente, pergunte se ela tem algum sentimento sobre o sexo do bebê. Não podemos chorar por quem
não conhecemos. Uma ―criança‖ de forma geral não é o mesmo que ―meu filho‖ ou ―minha filha‖.
Pode ser que ela diga que sabe o sexo da criança, mas pode ser que diga: ―Não sei, mas se ela tivesse
nascido estaria com dezoito anos agora‖. Destaque o fato de ela ter instintivamente usado o pronome
feminino.
Pág. 18
Ela também pode dizer que não faz idéia. Incentive-a reservar um tempo para silenciar e rezar para tomar
consciência do sexo do filho. Também é possível que uma mulher tenha abortado filhos gêmeos e não saiba.
Você deve levantar esta possibilidade com ela caso ela continue alternando o sexo da criança quando ela se
refere ao bebê.
O nome da criança
Caso ela se sinta razoavelmente segura sobre o sexo do(s) bebê(s), sugira que ela dê um nome a cada um e
que se refira a cada um pelo nome. Este é um enorme presente para ela. Dar nome a uma criança é um
privilégio único para os pais. Escolher um nome dá à criança uma identidade pessoal concreta e ajuda a
formação de um vínculo espiritual e emocional com o filho. Lembre-a de Jeremias 1, 5: ―Antes que no seio
fosses formado eu já te conhecia, / antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado‖.
Como Iniciar uma Nova Relação com a Criança
Incentive-a a escrever uma carta para seu filho (ou filhos) abortado, dizendo tudo o que seu coração de mãe
desejar. Ela pode explicar sobre as circunstâncias do aborto (seus medos, as pressões, a falta de apoio, a
desinformação, sua falta de confiança nos outros, seu desejo desesperado de manter o namorado etc.). Ela
pode expressar o amor por sua criança, compartilhar a tristeza pelo que fez e pedir perdão ao bebê. Isso não
é uma tarefa fácil, e ela deve ser estimulada a investir algum tempo nisso. Normalmente, cada frase é
entremeada de lágrimas. Ela pode precisar colocar a carta de lado e continuar mais tarde. Quando ela voltar
a escrevê-la, convide-a a ler em voz alta para você, caso ela queira. Também pode ser útil, após a leitura
desta carta especial, que ela feche os olhos e reflita em silêncio o que ela acredita que seu filho diria em
resposta. Isto pode ser muito poderoso e restaurador. Algumas mulheres também escrevem poemas ou
músicas para seus filhos.
Como Entregar a Criança a Deus
O Pe. Robert Sears, SJ, antigo colaborador do Instituto de Estudos Pastorais na Loyola University, sugere a
seguinte alternativa: convide a mulher, em uma oração imaginativa, de acordo com a contemplação inaciana,
a colocar o bebê junto a Jesus ou Nossa Senhora. Ela deve pedir-lhes para cuidar de seu filho, e deve falar
dos desejos de seu coração a Jesus e a seu filho. É confortante à mulher saber que seu filho está em um lugar
seguro. Isso resolve a sua necessidade de assumir a responsabilidade espiritual pela criança.
Incentive-a a desenvolver uma nova relação com seu filho à luz da Comunhão dos Santos. Esta criança pode
ser um poderoso intercessor para ela e sua família. Ela sempre será a mãe da criança, o aborto não encerrou
esta relação. Ajude-a a perceber, como João Paulo II indicou, que seu filho está "vivendo no Senhor" e
entregue à misericórdia de nosso Pai Celestial.
Celebrar a Memória da Criança
Incentive-a a encontrar uma maneira especial e significativa de celebrar a memória do seu filho. Existem
muitas maneiras criativas de se fazer isso, cada mulher pode inventar seu modo.
Uma vez que ela nunca teve um funeral para seu filho, você pode se oferecer para celebrar uma missa em
memória da criança. Pode ser uma missa privativa ou uma missa diária com uma intenção especial. Inclua
orações de cura para todos os envolvidos. Se esta for uma missa privativa, ela pode incorporar leituras e
músicas que tenham algum significado pessoal, contanto que sejam adequadas à uma missa.
A compra ou confecção de um objeto também pode ser uma opção para recordar a criança: um medalhão ou
um colar que ela vai usar, uma árvore ou planta para o jardim, uma estátua (como, por exemplo, um anjo
comuma criança) ou uma peça de arte ou bordado que simbolize a criança ou sua própria cura. Se ela decidir
Pág. 19
plantar uma árvore, explique que, se por algum motivo ela morrer, este não é um "sinal de Deus" e que ela
pode substituí-la por outra planta para que sirva como um memorial.
Enfrentar a Raiva de Deus
Fale com ela sobre seu relacionamento com Deus. Ela pode estar muito brava com Ele por ―deixá-la ficar
grávida‖ ou ―não impedir o aborto‖. Se ela estiver com raiva de Deus, diga a ela que é compreensível.
Lembre-a de que no Antigo Testamento as pessoas falavam abertamente com Deus quando estavam
chateadas com Ele. Assegure-a de que Deus não irá puni-la por sua raiva e incentive-a a ser honesta e aberta
ao compartilhar seus sentimentos com Deus. Esse tipo de oração de purgação será mais bem realizado
quando ela estiver sozinha, em um lugar isolado, ou até mesmo em um carro, onde ninguém poderá ouvi-la.
Convide-a a gritar com Deus, expressar toda a sua dor e dizer o que ela tem a dizer. Verbalizar essa dor é
muito mais eficaz do que simplesmente pensar sobre ela ou intelectualizá-la. Ela saberá que terminou
quando se sentir emocionalmente esgotada. Um profundo sentimento de paz seguirá esta descarga de
emoções. Ela também poderia escrever uma carta a Deus, mas isso pode não ser tão eficaz como apresentar
verbalmente sua dor ou raiva. Como ela vai manifestar a sua raiva depende da personalidade e das
características individuais.
Algumas mulheres que têm dificuldade em se reconciliar com Deus podem primeiro aprofundar a sua
relação com Nossa Senhora, como um primeiro passo no desenvolvimento de uma relação de confiança
amorosa em Deus. Esteja ciente de que, embora para muitas mulheres este possa ser um excelente primeiro
passo em direção à confiança em Deus, há outras que também encontram dificuldades em desenvolver uma
relação com Maria pelo fato de que suas mães eram emocionalmente secas com elas ou, talvez, não as
protegeram de abusos sofridos em casa por estarem lidando com seus próprios conflitos emocionais.
Muitas mulheres podem sentir-se indignas do amor e do perdão de Deus. É importante falar muitas vezes
sobre a misericórdia abundante e o amor terno de Deus. Um padre costumava dizer às mulheres que não
existe sequer um de nós que não tenha abortado a vontade de Deus em algum momento de nossas vidas. Esta
é a base do pecado.
“Quantas vezes eu pedi perdão a Deus,
mas eu ainda o mantinha longe do
único cantinho escuro do qual eu tinha
tanta vergonha — aquele em que eu
permiti que tanta dor crescesse por três
décadas. No Projeto Raquel, percebi o
quanto eu fugia do amor de Deus —
quanta misericórdia Ele tem por cada
um de nós. Deus foi me fazendo cada
dia mais forte. Eu me sinto bem comigo
mesma pela primeira vez em 32 anos.
Pela primeira vez nos últimos sete
anos, eu parei completamente de tomar
medicação para ansiedade. E a parte
maravilhosa de todas essas mudanças é
que elas estão vindo de dentro de mim.
Se Deus me perdoou, quem sou eu para
me condenar e não me perdoar?”
Perdoar a Si Mesma
A mulher que abortou precisa caminhar para a aceitação do
perdão que Deus quer derramar sobre ela ou que já derramou
caso tenha buscado o sacramento da Reconciliação. Uma
mulher que tenha uma história de abuso pode ter dificuldades
nesta etapa do processo. Em sua visão, ela deixou de ser vítima
e virou agressora. O padre/conselheiro pode precisar ajudá-la a
resolver esses traumas anteriores, a fim de ajudá-la a resolver o
trauma do aborto. Outra opção apropriada seria o
encaminhamento a um profissional de saúde mental por meio
do Ministério do Projeto Raquel.
Caso ela tenha feito um estudo bíblico ou outra instrução
religiosa na qual tenha aprendido que perdoar a si mesmo não é
possível, a mulher pode ficar confusa e sua cura pode ser
bloqueada. Para que esteja verdadeiramente livre para aceitar o
perdão de Deus, ela deve deixar de lado a vergonha e a autorecriminação. É preciso afirmar que a culpa é um sentimento
valioso e útil para corrigir o comportamento errado, mas
também é preciso explicar que a vergonha é contraproducente e auto-prejudicial. Pensamentos
fundamentados na vergonha levam a crer que "eu sou ruim porque eu errei e sou culpado." A misericórdia
divina proclama que não há pecado maior que Seu amor, e que é Sua vontade que ela aceite Seu perdão e
Pág. 20
perdoe a si mesma. A leitura das Escrituras pode ajudar na compreensão desta verdade. Por exemplo,
Marcos 11,25 diz: "Quando fordes orar, perdoe aquele contra quem tiver uma reclamação, para que vosso
Pai celeste, por sua vez, vos perdoe as vossas ofensas". Isto pode levar algum tempo e prática. Pode ser
conveniente explicar que quando continuamos a nos condenar duramente depois de termos pedido perdão a
Deus estamos caminhando ao lado do pecado do orgulho. Nós presumimos que sabemos mais do que Deus e
colocamos limites em seu amor e misericórdia infinitos. A oração de S. Cláudio de la Colombière conclui
com este pensamento consolador:
Nenhum pecador, não importa o quão grandes sejam suas ofensas, deve ter motivo para pensar que não terá
perdão. Se eu tiver gravemente ofendido a Ti, Meu Senhor, não me deixes te ofender ainda mais por pensar que
não sois bom o suficiente para me perdoar.
Em sua "Carta de Proclamação de um Ano Sacerdotal", em 16 de junho de 2009, o Papa Bento XVI citou
São João Maria Vianney diversas vezes como o modelo de padre confessor e apóstolo da misericórdia
divina:
―Não é o pecador que regressa a Deus para implorar Seu perdão, mas o próprio Deus que corre atrás do pecador
e o faz voltar a Ele.‖ ―Este bom Salvador é tão cheio de amor que nos procura por toda partes.‖
Todos nós, sacerdotes, deveríamos sentir que nos tocam pessoalmente estas palavras que ele [o Cura d‘Ars]
colocava na boca de Cristo: ―Encarregarei os meus ministros de anunciar aos pecadores que estou sempre pronto
a recebê-los, que a minha misericórdia é infinita‖. De São João Maria Vianney, nós, sacerdotes, podemos
aprender não só uma inexaurível confiança no sacramento da Penitência que nos instigue a colocá-lo no centro
das nossas preocupações pastorais, mas também o método do ―diálogo de salvação‖ que nele se deve realizar. O
Cura d‘Ars tinha maneiras diversas de comportar-se segundo os vários penitentes. Quem vinha ao seu
confessionário atraído por uma íntima e humilde necessidade do perdão de Deus, encontrava nele o
encorajamento para mergulhar na ―torrente da misericórdia divina‖ que, no seu ímpeto, tudo arrasta e depura. E
se aparecia alguém angustiado com o pensamento da sua debilidade e inconstância, temeroso por futuras quedas,
o Cura d‘Ars revelava-lhe o mistério do amor de Deus com um discurso de comovente beleza: ―O bom Deus
sabe tudo. Ainda antes de vos confessardes, já sabe que voltareis a pecar e todavia perdoa-vos. Como é grande o
amor do nosso Deus, que vai até ao ponto de esquecer voluntariamente o futuro, só para poder perdoar-nos!‖.
Se a mulher parece incapaz de aceitar o perdão, sugira o exercício proposto a seguir. Seu objetivo é o autoperdão. Nos casos em que o aborto aconteceu anos antes, explique que o aborto segmenta a percepção da
mulher sobre si mesma. A mulher que cometeu o aborto se distancia da mulher que está aqui hoje em busca
de cura. Ela precisa pensar em quem era a mulher que cometeu o aborto e olhar para ela com compaixão,
como Deus a vê. O que aconteceu com ela na juventude que a levou a se envolver em situações de relação
sexual? Quais foram as circunstâncias de sua gravidez? Por que ela realizou o aborto? Talvez ela tenha feito
mais de um aborto. Como isso aconteceu? Depois de pensar sobre isso, sugira que ela escreva uma carta
para a mulher que cometeu o aborto e inclua nela todas as suas observações e percepções. Sugira que ela
conclua a carta escrevendo que perdoa esta mulher, ou que está tentando fazê-lo com a graça de Deus e a
ajuda de seu confessor ou diretor espiritual. Outro método é fazer com que ela escreva uma carta de perdão a
um amigo ou familiar para despertar os sentimentos envolvidos neste processo. Algumas mulheres
cresceram em famílias que incentivavam o rancor e viviam a falta de perdão. Famílias com casos de vícios
ou abusos muitas vezes acabam ferindo seus membros devido a esses problemas. Incentive-a a continuar
orando pela graça de poder perdoar a si mesma. Para alguns, este é um processo bastante lento; para outros,
pode ajudar a alcançar o perdão e a libertação.
Pág. 21
O Pai da Criança
Também aqui é importante que você escute a mulher descrever o pai da criança abortada. Muitas vezes,
coerção, pressão ou sutil persuasão influenciaram em grande parte sua decisão de abortar. O Padre Sears
sugere que você ore com ela pelo pai da criança abortada, pedindo que ele receba o dom do arrependimento
e o perdão de Deus. O aborto não recai apenas sobre a mãe, mas também sobre o relacionamento mãe, pai e
filho. É preciso orar pela reconciliação de todos os envolvidos. (Para obter mais informações sobre o
sofrimento dos homens em decorrência do aborto, veja a Seção II do presente manual, a partir da página 25.)
Falar em Público
Se a mulher diz que quer falar publicamente sobre o aborto, primeiro avalie quanto tempo se passou desde
que ela foi curada. Em segundo lugar, identifique sua motivação para fazê-lo. Talvez seja necessário
perguntar: ―Por que você quer fazer isso?‖ Se é uma tentativa de compensar o que ela fez, desencoraje-a de
falar publicamente. Ela ainda não está curada se ainda estiver
“Hoje, graças ao Projeto Raquel, eu
tentando "compensar" o aborto. Em terceiro lugar, descubra se
sou uma pessoa diferente.
está se sentindo pressionada a falar, por outras pessoas ou por
Experimentar o poder do perdão é algo
situações da comunidade (por vezes, comunidades, igrejas ou
que eu não consigo expressar em
grupos necessitam de um palestrante para abordar o tema ou
palavras. Eu realmente me sinto mais
mesmo testemunhar em uma audiência pública). Em quarto
leve. Meus ombros não estão mais
lugar, ela deve responder às seguintes perguntas: quem pode
pesados. O poder do perdão é capaz de
acabar atingido pela exposição pública da estória do aborto?
mudar uma vida. Eu sempre me
Os envolvidos sabem que o aborto será tornado público? Os
arrependerei da minha decisão e vou
envolvidos se opõem à exposição da estória? É sempre contracontinuar a levar meu segredo comigo.
indicado que uma mulher que não esteja totalmente curada do
Isso tornou-se uma parte de quem sou,
trauma do aborto apresente sua história ou testemunho em
mas já não define quem sou. Hoje, sou
público.
mãe, esposa e estudante de direito no
terceiro ano. Pretendo, em minha
Se ela tem outros filhos, é preciso muita cautela. Pode ser que
carreira jurídica, trabalhar com
eles não falem honestamente sobre como se sentem porque
crianças e retribuir ao Projeto Raquel,
não querem magoá-la. informações sobre o aborto também
ajudando as mulheres que estão
podem ser difíceis para uma criança, e isso pode desencadear
sofrendo em silêncio com suas
culpa por terem sobrevivido. A criança pode ser insultada
decisões.”
pelos amigos, caso eles ouçam a mãe da criança falar sobre o
aborto. A criança também pode não querer que seu passado ou
de sua mãe se torne conhecido. Isso pode ser um grande
problema, especialmente para os adolescentes.
A mulher que fez um aborto muitas vezes compartilha melhor sua estória de forma particular ou anônima.
Algumas mulheres escutam outras falando publicamente sobre o aborto e acreditam que devem fazer o
mesmo para serem curadas. Dissipe esta idéia e incentive a mulher a ir com calma, refletir e orar antes de
tomar uma decisão. Deus quer que ela seja livre para viver a vida que Ele a convida a viver.
Um padre costumava pedir às mulheres que escrevessem uma carta anônima contando suas estórias, que
poderiam ser publicadas no boletim da Paróquia. Sempre que ele publicava uma dessas cartas anônimas,
várias outras pessoas o procuvam para buscar a cura.
Pág. 22
Se ela decidir falar publicamente na televisão ou escrever um blog, recomende que não inclua as palavras
"Projeto Raquel" nem seu próprio nome. As mulheres que lerem podem erroneamente pensar que também
terão de ir a público. O nome "Projeto Raquel" pode ser falado, mas não deve aparecer na tela quando
associado a alguém que está contando sua história pessoal.
Questões em Curso e Oportunidades
A mulher que atravessa um processo de cura pós-aborto ainda pode às vezes sentir-se tentada a acreditar que
não foi perdoada por Deus. Ela pode ouvir uma vozinha dizendo: ―Que pessoa horrível você é‖. Esta não é a
voz de Deus, mas uma tentação ao desespero. Incentive-a a responder com uma oração. Uma oração
simples, como ―Jesus, tem misericórdia de mim‖ ou ―Senhor, ajuda-me‖, vai mantê-la na presença de Deus
nesses momentos de tentação. Esta pessoa também pode ter lutado toda a sua vida contra uma baixa autoestima, e o aborto apenas confirmou quão desajustada ela realmente é e sempre será. Lembre-a de que todo
mundo faz escolhas ruins às vezes e que ela se arrependeu, abraçou o perdão de Deus e agora tem a
oportunidade de viver uma vida mais saudável.
Pode haver momentos em que algo vai lembrá-la de seu filho e ela vai se sentir muito triste. Isso pode
ocorrer em uma formatura, casamento ou o nascimento do filho de um irmão ou de seus próprios filhos ou
netos, por exemplo. Essa tristeza não significa que ela não está curada. Pelo contrário, é um sinal de que seu
coração de mãe foi restaurado quando Deus a curou. É muito natural sentir-se triste de vez em quando,
quando perdemos um ente querido. Mesmo que tenhamos passado pela dor e alcançado a cura, estamos
ainda na terra e, na nossa humanidade, sentimos saudades de nossos entes queridos.
Novas circunstâncias da vida podem causar a reabertura da ferida causada pelo aborto (por exemplo, um
nascimento, um aborto espontâneo, a menopausa, nunca ter se casado, nunca ter tido filhos, ou ver seus
amigos se tornarem pais ou avós). Incentive-a a encontrar alguém para conversar quando isso acontecer.
Pode ser um momento oportuno para voltar-se para o Ministério Projeto Raquel.
Incentive-a a permanecer fiel na oração e nos sacramentos. Pode ser adequado ensiná-la a oferecer seu
sofrimento como um sacrifício em união a Cristo na cruz. Você pode sugerir que ela medite sobre as
palavras de Santa Francisca Xavier Cabrini:
Por que, querida filha, você perde tempo com tristeza quando o tempo é tão precioso para a salvação dos pobres
pecadores? Livre-se de sua melancolia imediatamente. Não pense mais sobre si mesma. Não se entregue a tantas
reflexões inúteis e perigosas. Olhe sempre à frente, sem nunca olhar para trás. Mantenha o olhar fixo no cume da
perfeição, onde Cristo espera por você...
Carregue a sua cruz, mas com alegria, minha filha. Lembre-se que Jesus te ama muito. E, em troca de tanto
amor, não se perca em tantos desejos, mas aceite com serenidade as circunstâncias da vida.6
Incentive-a a continuar o seu crescimento espiritual por meio da adoração eucarística, da leitura das
Escrituras e dos clássicos espirituais, rezando o Rosário e o Terço da Divina Misericórdia, assistindo a
programas católicos, ouvindo rádios católicas, participando de retiros, e, se possivel, recebendo orientação
espiritual pessoal. Incentive-a a pedir a outros que orem por ela em sua igreja ou grupo de estudo bíblico.
Pode ser que ela pense que agora tem muito mais energia e que já não precisa trabalhar a dor do aborto, que
foi libertada. Incentive-a a colocar sua energia de afirmação da vida para trabalhar de maneira positiva. Um
ótimo lugar para começar seria amar o seu cônjuge e filhos de uma maneira nova e melhor, envolvendo-se
em diversos ministérios da paróquia, ajudando uma vizinha idosa ou participando de alguma atividade em
favor da vida.
6
―Letter to a Sister in 1885,‖ in Voices of the Saints: A Year of Readings, edited by Bert Ghezzi (Chicago: Loyola Press, 2009), 702.
Pág. 23
Caso você detecte comportamentos disfuncionais, discuta-os e
encaminhe-a a um terapeuta da rede Projeto Raquel ou um que
seja conhecido como conhecedor do impacto profundamente
negativo do aborto sobre as mulheres e suas famílias.
O encerramento do seu relacionamento com a mulher que
esteve sob sua orientação é tão importante quanto a maneira
como você começou seu trabalho com ela. Converse sobre a
questão do encerramento desta jornada de cura com
antecedência. Ajude-a a perceber que os problemas foram
identificados e tratados, que ela enfrentou com honestidade sua
experiência de aborto, que o trabalho de luto foi iniciado e,
talvez, concluído, que ela tem trabalhado com seriedade o
perdão, e que agora deve começar a reconciliar tudo o que
aconteceu, com sua vida atual. Ela continua sendo mãe, mesmo
de seu filho não nascido, esperando o encontro no Último Dia.
Agradeça-a por permitir que você fosse seu companheiro nesta
jornada de cura, e faça-a saber que estará disponível no futuro,
caso ela decida trabalhar mais alguma questão relacionada ao
aborto, ou se surgirem outras questões (se você estiver disposto
e disponível para isso).
"Eu terminei a reconciliação pósaborto oferecida pelo Projeto Raquel
há dois meses.
Não consigo encontrar palavras para
descrever como essa experiência foi
maravilhosa. Fui ajudada a dissipar
toda negação, raiva, mentiras, teimosia
e lágrimas que estavam em meu
coração. Dizer a você que eu pequei é
fácil mas eu entristeci o meu Deus, e
estava tão certa de que ele tinha virado
as costas para mim! Como eu estava
errada!
Graças a este auxílio as muralhas
vieram abaixo e deram lugar à
compaixão, ao perdão, graça, fé e
amor.
Agradeço ao Projeto Raquel, pois com
certeza foi uma bênção e mudou a
minha vida!"
A mulher que Abortou Recentemente e
o Papel do Sacerdote
Se a mulher se aproxima de você durante o Sacramento da Reconciliação com uma recente experiência de
aborto, é fundamental lembrar que ela ainda não pode compreender todas as conseqüências do seu pecado.
Identifique em que ponto ela está, e confie que a graça do sacramento vai ajudá-la a passar pelo processo de
cura. Muitas mulheres falam da incrível graça trazida pela primeira confissão, dando-lhes coragem para
continuar o processo de cura.
Fale sobre sua coragem em se aproximar do sacramento. Ela muitas vezes vai colocar o pecado do aborto no
meio de outros, na esperança de disfarçar e se livrar dele. Detenha-se no aborto, faça as perguntas que você
precisar para determinar a culpabilidade. Diga-lhe que há ajuda disponível para processar esta perda quando
ela estiver pronta. Explique que há uma ferida espiritual, cuidada no sacramento da Reconciliação, e uma
ferida humana de uma mãe que perdeu um filho de uma forma traumática e antinatural. Acrescente que em
algum momento ela vai precisar resolver esta parte da questão. O Projeto Raquel disponibiliza conselheiros
profissionais, diretores espirituais, pessoal treinado e outros que podem ajudar no processo. É aconselhável
ter no confessionário cartões com informações e contatos para que ela possa levar com ela. Assegure a ela o
amor e a misericórdia de Deus e escolha uma adequada penitência, mas que tenha um término definido.
Como mencionado anteriormente, estas mulheres podem se tornar muito escrupulosas.
Se uma mulher continua voltando para confessar o aborto, é sinal de que ela ainda não concluiu a fase
humana de seu luto, e seria prudente discutir isso com ela. Ela não pode sentir o perdão de Deus quando está
cheia de tristeza e culpa. Você pode gentilmente explicar isso a ela e ajudá-la a encontrar alguém por meio
do Projeto Raquel que possa ser uma companhia até o fim da jornada.
A mulher que abortou há pouco tempo pode não ser ainda capaz de abraçar a verdade sobre a perda de seu
filho. Pode ser que você não seja capaz de conduzi-la através das etapas de orientação espiritual pós-aborto
descritas sob o título ―O Papel do Sacerdote no Aconselhamento e Cura Pós-Aborto‖ (página 12), uma vez
que elas abordam a situação das mulheres que são emocionalmente mais maduras e cujos abortos são menos
recentes. Levantar rápido demais a questão de seu filho morto pode levá-la a depressão, confusão emocional,
ou pensamentos suicidas.
Pág. 24
O Papel do Sacerdote
Junto a Quem Abortou Depois de Receber
um Diagnóstico Pré-natal Desfavorável
Não há absolutamente nenhuma controvérsia sobre a devastação psicológica causada pelo aborto de uma
criança "desejada", especialmente com uma anomalia fetal. A literatura científica é universal em afirmar o
trauma do aborto nessas circunstâncias.
Mulheres (ou casais), que sucumbiram à persuasão médica para acabar com a vida de sua criança com
deficiência vivenciam um complexo conjunto de sentimentos, incluindo raiva (de si mesmas, de Deus e de
outros), descrença, ambivalência em relação ao médico, mágoa de que Deus as abandonou em um momento
de necessidade, confusão sobre a decisão de abortar, e ondas de choque de apatia emocional. É claro que o
que aconteceu foi errado, mas ternura é a chave para ajudar essas mães (ou casais).
Considere a possibilidade de oferecer uma oração pelo bebê para ajudar a mãe a alcançar o encerramento do
processo. Ela pode não saber onde o corpo da criança foi enterrado, se foi enterrado ou se foi eliminado
como lixo hospitalar. Em muitas destas circunstâncias, a gravidez foi desejada. Ela e o pai do bebê podem
ter vivido em um estado de terror e sofrimento em todo o processo de diagnóstico. Ofereça-se para falar com
o casal e falar sobre como os homens geralmente passam pelo processo de luto de forma diferente das
mulheres. Converse com o pai quando a mulher não estiver presente e pergunte como ele está se sentindo.
Se ela estiver presente, ele pode cobrir seus sentimentos e se concentrar apenas em proteger e cuidar dela.
Reservadamente, um homem pode falar com outro homem e estar disposto a reconhecer sua perda.
Você pode ser chamado a estar pastoralmente presente em uma situação desconfortável. À luz da crescente
quantidade de testes já disponíveis para determinar a saúde do nascituro, você pode se deparar com pais que
foram pegos em situações arrasadoras e que tomaran decisões trágicas.
Claramente, nas histórias das Escrituras que relatam situações de Jesus com as mulheres, sua resposta era
sempre terna; ele as curava e as convidava para uma nova vida. Ninguém sai ganhando quando a nossa
resposta é dura ou preconceituosa. Isso pode afastar as pessoas da Igreja, ao invés de chamá-las à conversão.
Muitas vezes, casais cujos médicos recomendaram o aborto devido a um grave diagnóstico pré-natal
procuram o conselho de seu pastor antes de decidir abortar ou levar a gravidez adiante. Sugestões sobre
como aconselhar esses casais são apresentadas no Apêndice A deste manual, a partir da página 83, que
também apresenta recursos úteis para todos os pais de crianças com deficiências fatais ou graves.
Seção dois
PAIS
Pág. 27
Como Compreender as Consequências do Aborto
para o Pai da Criança Abortada
Quando as pessoas pensam em aborto, pensam como uma questão da mulher. Mas, obviamente, a gravidez
ocorre com o envolvimento entre uma mulher e um homem. O aborto pode ter um impacto profundo sobre o
pai da criança abortada. Quando as pessoas pensam sobre o papel dos homens no aborto, geralmente
parecem pensar sobre o estereótipo do homem que obrigou o aborto ou que abandonou a mãe de seu filho.
Isso é apenas um dos muitos papéis possíveis que os pais podem ter tido na decisão de abortar. O impacto do
aborto sobre o pai depende, em grande parte, do papel que desempenhou. Observe que alguns homens
estiveram envolvidos em abortos múltiplos, cada um em uma situação diferente. Devido a isso, o
sacerdote/conselheiro deve ser sensível a estes múltiplos cenários e incentivar o homem a falar sobre o
aborto, ou sobre cada aborto, em detalhes, incluindo as circunstâncias anteriores ao aborto. Algumas das
diferentes situações de envolvimento e algumas das diferentes reações dos homens estão descritas abaixo.
O pai que foi terminantemente contra o aborto e tentou impedi-lo
Este homem tentou impedir o aborto, talvez oferecendo-se para criar o filho ou para casar-se com a
companheira, caso ainda não fosse casado. Ele recebeu bem a paternidade, estava animado e se preparando
para se tornar pai. Pode ser que ele tenha uma resposta imediata e avassaladora à perda de seu filho. É difícil
para ele separar os sentimentos que está vivenciando — que incluem tristeza, culpa, raiva e um sentimento
de impotência masculina — porque ele foi incapaz de proteger sua companheira ou seu filho. Se eles agora
estão separados, pode ser que ele faça repetidos contatos com a companheira para tentar entender por que o
aborto ocorreu ou fazer um esforço para salvar o relacionamento e ter "algo" que sobrou após a perda de seu
filho. Este é um exemplo de um "vínculo de trauma", que pode persistir ao longo de toda a vida. Mas isso
não significa que ele deva se reaproximar da mãe de seu filho abortado. Pode ser necessário incentivá-lo a
cessar as tentativas de manter contato com ela ou parar de fantasiar sobre uma reconciliação. Este
comportamento de alguns homens que se sentem compelidos a se reconciliar com a companheira sexual
pode ser visto como perseguição ou levar à violência, em alguns casos.
O pai que se opôs ao aborto, mas não se esforçou muito para evitá-lo
Este pai pode ter inicialmente sido contra o aborto, mas depois deixou de expressar sua posição ou a força de
seus sentimentos. Ele também pode ter uma reação imediata de tristeza, mágoa, raiva e a sensação de não ser
capaz de proteger aqueles a quem ele deve proteger. Ele pode sentir raiva, mas não uma raiva plena ou as
emoções fortes acima mencionadas.
O pai que primeiro apoiou a decisão de abortar e depois mudou de idéia, mas cuja companheira levou
o aborto adiante
Ele pode sentir-se profundamente responsável porque concordou inicialmente com o aborto. Esta situação
parece acontecer com mais freqüência dentro de casamentos e pode se tornar um problema que interfere na
confiança básica do casal e na intimidade do relacionamento. É comum que os sentimentos piorem e
resultem em distanciamento. Pode ser que ele não diga nada durante décadas, mas secretamente sinta
mágoas da esposa. O assunto se torna o ―assunto proibido‖ entre eles no casamento.
Pág. 28
O pai que parecia ser neutro com relação ao aborto
Ele parecia apoiar qualquer que fosse a decisão da mulher, embora possa ter sido secretamente contra o
aborto, mas sentiu-se pressionado pela sociedade a apoiar a decisão de abortar. Ou ele pode ter achado a
decisão conveniente para si naquele momento de sua vida.
Incapaz de articular o que realmente sente, pode reagir com tristeza, mágoa, raiva ou um sentimento de não
ser capaz de proteger aqueles a quem deve proteger. O homem que realmente concordou com o aborto ou
que ficou neutro pode não sentir nenhuma reação até anos mais tarde. Às vezes, o aborto surge à meia idade
— em uma conversão religiosa, um tratamento psicoterápico ou tratamento de dependência química, ou
quando ele é pai novamente. O tempo não cura todas as feridas, mas pode trazer a visão de existem feridas e
que precisam de cura.
O pai que abandonou a mulher em face da gravidez
O homem que abandonou sua companheira e filho pode não se sentir incomodado pelo aborto ou pode, mais
tarde, se sentir incomodado apenas pelo fato de que ele não conseguiu apoiar a mulher. Este homem pode ter
tido várias experiências de aborto em situações semelhante. Ele pode ter problemas significativos de
responsabilidade pré-aborto, baixa auto-estima, medo da dependência, sentimentos de abandono da família
de origem ou uma personalidade narcisista.
O pai que forçou a decisão de abortar ou ameaçou retirar o apoio se o aborto não fosse realizado
O homem que forçou a decisão de abortar pode ter tido muitas perdas decorrentes de aborto em sua vida,
assim como muitos relacionamentos fracassados em seu passado. A mulher que é forçada a uma decisão de
abortar pode ter uma reação adversa imediata, a qual pode não se sentir confortável em verbalizar por medo
de ataques ou de maus tratos. Qualquer sentimento que a mulher tenha pode ser considerado irrelevante para
este tipo de homem, que pouco se importa e tem barreiras emocionais e problemas de controle. O aborto é
visto como uma "liberdade" para um homem assim. Ele pode apenas friamente dizer "vire a página" se ela
tentar falar sobre seus sentimentos negativos. O incômodo da mulher pode frustrá-lo e ele pode encarar isto
como "permissão" suficiente para terminar o relacionamento e seguir em frente.
O pai que só foi avisado sobre o aborto depois que ele ocorreu
Ele pode reagir com dor e confusão por sua companheira não ter discutido o assunto e ter tomado uma
decisão unilateral. Às vezes, ele descobre muito depois, por meio dela ou de outra pessoa. Ele pode
experimentar muitas emoções conflitantes, lutando com a fragilidade de seu relacionamento, falta de
confiança, tristeza, além de raiva e sentimentos de vingança. Sentimentos ambiguos são muito comuns
nestes casos, o que pode contribuir para a instabilidade ou dissolução do relacionamento.
O pai que nunca teve certeza de que ocorreu um aborto, mas que, ao ouvir uma descrição das
consequências do aborto nas mulheres, reconhece os sintomas de uma ex-companheira
Este homem se questiona se foi responsável pela concepção de uma criança, mas ele não pode ter cereza de
que a gravidez ocorreu. Isso pode levar a muitas perguntas não respondidas e sentimentos conflitantes.
Pág. 29
Se acontecer algo que tenha impacto sobre sua capacidade de ter filhos no futuro, como um câncer de
testículo, ele pode sentir que sua única chance de paternidade biológica foi extinta para sempre. Se ele já não
é capaz de ter filhos, incentive-o a considerar a adoção.
O homem cuja esposa teve uma experiência de aborto com outra pessoa antes de seu casamento
Este homem pode estar envolvido nas emoções confusas de sua esposa relacionadas ao aborto anterior. Ele
pode não ter sido informado sobre o aborto antes de se casarem e pode estar confuso com a aflição de sua
companheira e muito preocupado com seu bem-estar. Ele também pode sentir falta de confiança se ela optou
por não divulgar essas informações importantes antes de se casarem. Alguns homens relatam que se sentem
manipulados e sentem dificuldades em respeitar a companheira. O perdão é fundamental neste cenário, mas
não é uma simples declaração, nem um processo simples. Ele pode se perguntar "o que mais ela escondeu de
mim"?
Reações Psicológicas e Comportamentais Comuns
observadas em Pais de Crianças Abortadas
Pais de crianças abortadas podem experimentar algumas das seguintes reações ao aborto de uma
companheira:
Raiva ou Ira
A raiva pode ser internalizada (ligada à falta de comunicação e depressão) ou externada (evidenciada por
uma atitude agressiva com os outros). A expressão da ira ou raiva pode tomar a forma de xingamentos,
comunicação desrespeitosa, gritos, críticas etc. Quando colocada para fora, a raiva ou ira pode desencadear
um impulso de agredir alguém fisicamente, incluindo a namorada/esposa envolvida na perda causada pelo
aborto.
Prejuízo da Auto-Imagem Masculina
De muitas maneiras, os homens se sentem responsáveis por aqueles que amam, e parte dessa
responsabilidade é protegê-los do perigo. Depois de um aborto, os homens podem sentir que falharam em
sua obrigação de proteger sua companheira sexual ou filho. Essa reação pode ser psicologicamente
desmoralizante e sexualmente incapacitante, o que pode levar os homens a se consumirem neste sentimento
e a terem uma sensação de impotência.
Impotência
Uma perda causada por um aborto pode interferir nas funções sexuais de ambos os companheiros, incluindo
a frequência das relações sexuais, tipos de comportamentos sexuais e dificuldades de excitação. Para os
homens, a impotência é um problema significativo, em e por si mesmo, que ocorre naturalmente com a idade
ou como resultado de condições médicas. A perda da potência sexual tem um impacto sobre o homem em
sua essência e prejudica seu senso de auto-estima e sua identidade.
Grave Preocupação com a Companheira e seu Bem-estar
A preocupação com a companheira pode levar um homem a buscar informações sobre as consequências do
aborto para as mulheres. Ele pode tentar incentivá-la a procurar ajuda profissional por causa dos sintomas
que ele considera estarem presentes como resultado do aborto.
Pág. 30
Se ela se recusar, alguns homens podem ficar irritados e exigir que ela procure ajuda. Ele terá de ser
conduzido a ver que a cura do aborto ocorre como um processo e que ela pode estar resistente — não porque
não o ame, mas porque está assustada de ter que enfrentar seus próprios medos e o trauma/tragédia que
experimentou. O homem precisa saber que, até que ela esteja pronta para fazer o luto necessário para a cura,
o melhor que ele pode fazer é ser paciente e compreensivo.
Incapacidade de se Comunicar com Sua Companheira Sobre suas Experiências
A comunicação pode ser rompida após um aborto. Mulheres e homens respondem à dor de maneiras
diferentes. Por exemplo, um companheiro pode estar numa luta interior sem o conhecimento do outro.
Algumas expressões que dificultam a comunicação podem acabar sendo utilizados, tais como: "Por que você
não supera logo isso?". Obviamente, tais atitudes são contraproducentes e tendem a aumentar o conflito ao
invés de diminuí-lo.
Uso e Abuso de Produtos Químicos (Consumo Excessivo de Álcool ou Drogas)
Este é um mecanismo comum de enfrentamento utilizado por muitos homens. Alguns procuram a ajuda dos
Alcoólicos Anônimos ou outros programas de tratamento. Se alguém está trabalhando com um homem no
Quinto Passo do programa (no qual o homem revela em detalhes seus defeitos e os erros do passado), a
questão do aborto deve ser levantada. Sem o enfrentamento do problema, a recuperação pode ser
prejudicada.
Comportamentos de Risco
Condução de automóveis ou motocicletas em alta velocidade, pára-quedismo, rapel e asa delta podem ser
produtos de frustração e raiva associados a luto não resolvido de uma experiência de aborto. Pais que se
opunham ao aborto podem ameaçar ou de fato tentar suicídio.
Angústia e Tristeza
As reações emocionais dos homens podem pegá-los de surpresa. Em nossa cultura, os homens podem ter
dificuldade em articular seus sentimentos. Isso geralmente é reprovado pela sociedade, principalmente
quando os sentimentos experimentados incluem a vulnerabilidade trazida pela dor e a tristeza. Os homens
não se preparam para este tipo de sentimento e normalmente têm dificuldades de lidar com eles, pois
geralmente não têm amigos próximos com quem possam partilhar e têm vergonha de procurar
aconselhamento ou outras formas de ajuda. Para alguns homens, o sofrimento pode assumir a forma de
doenças psicossomáticas.
Pensamentos Obsessivos sobre a Criança Abortada
Alguns homens descrevem os pensamentos intrusivos sobre a criança abortada como indesejados ou até
mesmo torturantes. Eles podem surpreender-se olhando compulsivamente para bebês e para pais com seus
filhos. Pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos podem se tornar um problema se não forem
resolvidos e tratados.
Pesadelos nos quais Alguém ou Algo Vulnerável está Sendo Ameaçado
Os pesadelos podem representar cenas de pais e filhos, contendo elementos de perigo e de resgate de uma
criança, ou de uma tentativa frustrada de impedir a morte da criança. Os pesadelos são muitas vezes sobre
animais ameaçadores de grande porte, como um tubarão ou leão, que está ameaçando um animal ou pessoa
menores e vulneráveis, e não há nada que o homem possa fazer no sonho para proteger este ser vulnerável.
O homem pode despertar suando frio e com uma sensação de desgraça iminente sobre ele. Sentimentos de
impotência, incapacidade e limitação pessoal são comuns.
Pág. 31
Desejo de ter Outra Criança e Comportamento Subseqüente para Tentar Alcançar esse Objetivo
O desejo de uma gravidez de substituição não é incomum nem para homens, nem para mulheres. É uma
maneira de desfazer o trauma do aborto. Querer voltar a engravidar a companheira que abortou pode tornarse quase uma obsessão. Este desejo também pode se expandir para a fecundação de outra mulher. Se surgir
infertilidade, o homem pode acreditar que está sendo punido por seu envolvimento passado em um aborto.
Ideação Suicida (Pensar em Cometer Suicídio)
Em alguns casos, jovens do ensino médio ou em idade universitária que se envolveram em um aborto podem
tentar ou de fato cometer suicídio. Normalmente, apenas um amigo próximo fica sabendo do aborto,
enquanto que a família não toma conhecimento. Há relatos de pactos de suicídio, às vezes bem sucedidos, às
vezes não, por parte de casais que estavam desesperançados após um aborto.
Maus Tratos Emocionais e/ou Agressão Física ao Cônjuge
Parece haver uma predisposição dos indivíduos com histórico de aborto para encontrar companheiros com a
mesma história. A nova companheira do homem pode lembrá-lo da mulher que abortou seu filho contra sua
vontade, e ele pode recordá-la do antigo namorado, que insistiu que ela fizesse um aborto. Essa
predisposição pode ser uma tentativa de assegurar algum controle ou domínio sobre uma experiência de
aborto passado, sem que o homem ou a mulher tenham consciência dessa necessidade.
Quando a comunicação se deteriora dramaticamente, a honestidade torna-se impossível, o respeito pelos
sentimentos do outro é perdido e a relação fica sob risco de fracasso. Neste ponto, não é difícil entender que
as frustrações e os problemas de controle possam colidir e explodir em forma de agressão física ou
emocional. Para muitos, esta espiral descendente termina com o divórcio.
Ativismo Pró-vida
O homem pode sentir que estará redimindo seu envolvimento num aborto caso se torne ativo em trabalhos
pró-vida e lute para salvar os outros deste erro. Esta atitude deve ser desestimulada, a menos que ele já tenha
resolvido suas próprias dificuldades relacionadas ao aborto. Um trabalho pró-vida pode ser bom, contanto
que não haja uma necessidade doentia ou desequilibrada. As mesmas questões levantadas para a mulher na
seção anterior são aplicáveis aos homens que se envolveram em um aborto e querem "ir a público" ou
tornar-se ativos no movimento pró-vida.
Observações Adicionais
Alguns homens relatam sofrer grande ansiedade quando sua companheira engravida novamente e continuam
ansiosos até que o bebê nasça. Alguns deles descrevem-se como pais excessivamente protetores, com tanto
medo de que algo aconteça aos filhos que sua preocupação se torna prejudicial ao desenvolvimento normal
da criança. Alguns se dizem emocionalmente invasivos na vida de seus filhos, outros emocionalmente
distantes, mas superprotetores. Alguns homens relatam tornar-se o principal guardião da criança, afastando
a mãe e tendo reações exageradas às ocorrências normais da infância. Por exemplo, um resfriado ou
minúsculo corte poderia acabar em uma visita à sala de emergência de um hospital.
Pág. 32
Muito raramente, o homem pode agir de formas socialmente destrutivas: colocar fogo na igreja, cometer
assassinato ou suicídio ou atacar uma clínica de aborto.
Alguns homens se envolvem em ver pornografia e se tornam viciados em sexo após uma perda causada por
aborto. No mundinho fechado destes homens, isso proporciona alívio e aparentemente cobre a angústia com
a busca do prazer. O resultado, porém, é redução da auto-estima, depressão devido à incapacidade de parar e
aumento de comportamentos de risco, que podem fugir do controle e ter consequências avassaladoras.
Quando os homens estão prontos para identificar a questão mais profunda que os incomoda depois de um
aborto, identificam a perda de paternidade.
Vincent Rue, PhD e investigador pioneiro no campo da relação dos homens com o aborto, observou que ―
homens ficam de luto pelo aborto, mas são mais propensos a negar sua dor ou internalizar seus sentimentos
de perda, em vez de expressá-los abertamente... Quando os homens expressam sua dor, tentam fazê-lo das
formas 'masculinas' culturalmente aceitas, ou seja, com raiva, agressividade, controle. Geralmente os
homens sofrem sozinhos após o aborto. Por causa disso, seus pedidos de ajuda podem muitas vezes passar
despercebidos e ignorados por aqueles que os rodeiam‖. Dr. Rue acrescenta: ―Um homem que se sente
culpado e atormentado não ama nem aceita amor tão facilmente. Sua preocupação com a companheira, sua
negação de si mesmo e seus sentimentos implacáveis de vazio pós-aborto podem até mesmo anular a melhor
das intenções. Seu sentimento de culpa pode impedi-lo de buscar apoio, compaixão ou afeto. Ele acaba
‗esquecendo‘ como retribuir estes sentimentos‖ (Rue e Tellefsen 1996).
Pág. 33
COMO MINISTRAR A HOMENS
FERIDOS PELO ABORTO
Algumas vezes, o homem que se envolveu em um aborto faz contato com um orientador, como, por
exemplo, um conselheiro do Projeto Raquel, sob o pretexto de procurar apoio para a companheira ou de
tentar entender o processo pelo qual a companheira está passando. Se ele está em busca de materiais a
respeito do pós-aborto, pergunte se é para ele mesmo ou para a companheira. Se for para a companheira,
pergunte: ―Você é o pai?‖. É difícil para ele falar sobre isso, mas é fundamental ter consciência de que os
homens podem sofrer após uma perda por aborto. Você pode perguntar: ―Como eu posso ajudar você?‖.
Também seria útil identificar se esta é a sua primeira experiência de aborto. Escutá-lo e afirmar a
paternidade dele pode ajudar bastante.
O SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO
Leia as páginas 9 a 24 sobre ―Ministrando para Mães que Sofrem com o Aborto‖. Boa parte do material
daquela seção servirá para os homens também. Para ajudar a entender a profundidade do amor de Deus e
Sua prontidão em perdoar pecadores arrependidos, a Parábola do Filho Pródigo (Lc 15, 11-32) é
particularmente benéfica para os homens meditarem.
O PAPEL DO PADRE NO MINISTÉRIO
PARA HOMENS FERIDOS PELO ABORTO
Os homens podem se beneficiar dos mesmos passos básicos de cura que estão descritos na seção anterior
sobre aconselhamento a mulheres, começando com ―O processo‖, na página 15.
O primeiro passo crucial na cura começa com o pai ―pós-aborto‖ contando a sua história. O Padre Martin
Pable, OFM Cap., em seu livro Cura para sua alma: Um guia para pais após um aborto7 sugere áreas que
devem ser exploradas. Se o pai fornecer uma versão resumida da experiência do aborto, estas questões
podem ser levantadas para ajudá-lo a compartilhar sua história de forma mais completa:
Qual era a sua idade e seu estado matrimonial na época?
O que o levou a decidir pelo aborto?
Qual foi a sua participação nesta decisão?
Você pagou pelo aborto?
Você acompanhou sua companheira até a clínica de aborto?
Como você se sentiu depois e o que você fez?
Em que sentido, se é que houve algum, o aborto afetou a sua percepção de si mesmo? E a
sua vida de lá pra cá?
Como o aborto afetou seu relacionamento com a mulher?
Como o aborto afetou seu relacionamento com Deus e a sua prática religiosa?
7
Healing for Your Soul: A Guide for Post-Abortion Fathers
Pág. 34
Os homens que escolhem fazer esse ―inventário moral sem medo‖, como dizem nos Alcoólicos Anônimos,
contam que é como se um enorme peso fosse retirado de seus ombros.
O pai também deve ser encorajado a dar nome ao seu filho, assim a criança torna-se uma pessoa para ele, e
não uma criança genérica e abstrata. Pais são pais para sempre, mesmo se a criança morreu antes do parto.
O pai ―pós-aborto‖ precisa entender que Deus está pronto para perdoá-lo por meio do Sacramento da
Reconciliação e que ele precisa aceitar o perdão de Deus. Os Evangelhos estão repletos de trechos em que
Jesus perdoa pecadores. Além da Parábola do Filho Pródigo e de várias passagens de Jesus perdoando
mulheres arrependidas, Jesus disse ao homem paralítico: ―Meu filho, coragem! Teus pecados te são
perdoados‖ (Mt, 9,2). O padre Pable também remete os homens a uma passagem do Profeta Miquéias: ―Qual
é o Deus como vós, que apaga a iniqüidade e perdoa o pecado... jogai nossos pecados nas profundezas do
mar‖ (7, 18-19).
É importante que o pai ―pós-aborto‖ peça perdão à mãe da criança, se suas palavras ou ações (ou silêncio
inércia) contribuíram para a decisão dela de abortar o bebê. Se eles forem casados, a sua humildade e
benevolência em pedir perdão podem aproximá-los emocionalmente e fortalecer o laço matrimonial. Se a
mãe do filho abortado não faz mais parte da vida dele, expressar remorso e pedir perdão fica mais
complicado. Ela pode não aceitar a entrada dele em sua vida, especialmente se ela estiver casada e a família
dela desconhecer o fato do aborto. Independente de este contato ser aconselhável ou não, o pai pode oferecer
Missas e orações pela cura da mãe.
O homem que se opôs à decisão do aborto deve ser aconselhado a perdoar sinceramente a mãe de seu filho.
O homem que coagiu sua parceira sexual a praticar um aborto precisa perdoar a si mesmo também.
É importante lembrar que um homem que se envolveu em um aborto pode ter problemas com o seu próprio
pai, como, por exemplo, abandono por divórcio ou morte. Ele pode estar sofrendo profundamente e é
importante ajudá-lo a entender este processo de luto. Os homens têm dificuldade de entender e aceitar os
sentimentos de luto; querem consertá-lo, mas não conseguem.
O pai ―pós-aborto‖ deve pedir o perdão de seu filho, escrevendo-lhe uma carta, caso se sinta inclinado a
fazer isso. Uma expressão tão tangível de sua paternidade pode ajudar a tornar seu filho ou filha mais reais
para ele, de forma que ele poderá começar a sentir-se confortado ao perceber que a alma inocente de seu
filho está morando com o Senhor.
O homem que se opôs ao aborto e tentou interrompê-lo pode ter dificuldades em controlar sua raiva. Você
pode sugerir meios físicos para descarregar parte dessa emoção: por exemplo, correr, malhar ou qualquer
outra coisa que exija esforço físico. Ele não deve ser incentivado a bater em coisas, mesmo em objetos
inanimados, ou derrubar objetos quando está sozinho. Às vezes os homens acham mais fácil falar sobre seus
sentimentos quando compartilham trabalho lado a lado. Se houver qualquer indício de que o homem tem
uma inclinação a agir com violência contra alguém envolvido no aborto, é importante manter todos a salvos.
A raiva pode estar direcionada a outros ou a ele mesmo e ambas as situações podem ser muito perigosas. A
prevenção de comportamentos violentos ou suicidas deve ser a primeira preocupação dos
padres/conselheiros. Perguntas diretas quanto à sua intenção de machucar a si mesmo ou a outros devem ser
feitas quando estiverem falando sobre raiva ou fúria. Pode ser que este precise ser o foco por algum tempo
até que seu autocontrole e sua segurança estejam mais bem regulados e mantidos. Com o tempo, ele também
terá que perdoar a todos os envolvidos no aborto.
Ele também pode experimentar a ―impotência humana‖, o sentimento de que ele é incapaz de proteger
aqueles confiados aos seus cuidados. Ele pode ter raiva de Deus e será útil lembrá-lo de que Deus Pai
também testemunhou a morte de seu Filho inocente e que o Pai fica de luto conosco. Convide-o a trabalhar
os problemas espirituais de sua vida, se ele parecer disposto a isto. A consolação e a graça do Sacramento da
Reconciliação podem ser de grande ajuda.
Pág. 35
Se o homem se envolveu em mais de um aborto, pode ser que ele se esforce para trabalhar um deles, mas
negue a necessidade de trabalhar os outros. Ao ajudar um homem a passar por isso, você precisa ajudá-lo
a separar cada aborto, o papel que ele desempenhou em cada um e quais sentimentos ele continua
carregando e por quê.
O homem ―pós-aborto‖ também pode mandar celebrar uma Missa por seu filho e pela cura de todos os
que se machucaram com este aborto. As esposas às vezes se oferecem para adotar espiritualmente os filhos
abortados de seus maridos, e os maridos podem se oferecer para adotar espiritualmente os filhos abortados
de suas esposas. Isto pode trazer muita paz ao relacionamento.
SEÇÃO TRÊS
Outras Pessoas
Feridas pelo Aborto
Pág. 39
Como Compreender as Feridas Causadas
em Outras Pessoas Pelo Aborto
Abortos podem ter conseqüências sérias e duradouras para os entes queridos da mãe e do pai da
criança abortada. Independente do fato desses membros da família ou amigos terem influenciado na decisão
de abortar ou cooperado de alguma forma para que ele
“Como padres, nós
ocorresse, o relacionamento que eles tinham com os pais ―pósdesempenhamos
um papel essencial na
aborto‖ pode mudar significativamente. A intimidade e a
cura
das
ovelhas
de nosso rebanho. É
confiança podem ficar abaladas. A família e os amigos podem
por
meio
de
nossa
participação ativa,
sofrer ao observar a dor e o arrependimento aparentemente
sacrificial
e
orante
na jornada de cura
inconsoláveis da mãe e do pai após a realização do aborto, dor
daqueles
feridos
e
em
sofrimento por
que eles não têm poder para aliviar. Eles podem estar bravos,
causa do aborto que Deus permite que
desapontados ou dando apoio, mas independente de sua atitude
mais uma alma experimente sua
em relação ao aborto, o luto dos pais enfraquecerá todo o seu
misericórdia.”
relacionamento. Os avós da criança abortada podem ficar de
Padre Dan Leary,
luto pela morte de seu neto e arrepender-se de sua conduta e da
Arquidiocese de Washington, D.C.
conduta de seu filho ou filha tanto quanto os pais da criança
abortada.
Avós
Os avós podem sofrer ao saberem do aborto e da perda de seu neto. Suas reações geralmente correspondem
ao seu envolvimento na decisão de abortar. Os pais da mãe que passa por um aborto podem ter forçado o
aborto, podem não ter ficado nem sabendo até que ele já tivesse acontecido ou podem ter se posicionado
contrários ao aborto, mas apoiado qualquer decisão que sua filha escolhesse.
Alguns dos sintomas que podem ser apresentados pelos avós são:
- Luto ou tristeza por terem perdido um neto
- Raiva de sua filha por ter engravidado ou por ter feito o aborto
- Raiva do(a) companheiro(a) de sua filha ou filho ou dos pais do(a) companheiro(a)
- Preocupação com seu filho, querendo solucionar os problemas emocionais/comportamentais dele ou
dela
- Culpa, particularmente se eles forçaram a decisão ou se eles não perceberam os sinais da gravidez.
Ocasionalmente haverá circunstâncias trágicas onde os pais presenciarão seus filhos desenvolvendo
dependência química, reações psicóticas graves, distúrbios alimentares, estilos de vida perigosos e até
mesmo cometendo suicídio. Estes pais precisam de muito apoio e ajuda para enfrentar sua dor e testemunhar
os conflitos de sua filha ou filho.
O aborto pode fazer parte da história da família com a mãe, uma tia, a avó ou algum outro parente próximo
também tendo feito um aborto. Isso pode causar o que é descrito como uma ferida de geração, e devem ser
feitas orações especificamente para curar estas feridas. Um aborto recente na família pode despertar uma dor
não resolvida em outros membros da família, relacionada às suas próprias perdas com um aborto.
Pág. 40
Como Ministrar aos Avós
Apesar de ambos os avós serem afetados com o aborto, geralmente é a avó da criança abortada que
procurará ajuda. Ouça a história dela. Explique a ela que mães cujas filhas perderam um filho pelo aborto às
vezes precisam processar este fato antes mesmo que suas filhas estejam prontas para fazer isso.
Neste momento, convide a avó a colocar em ordem seus sentimentos e lidar com seu luto e raiva. Sugira a
ela que escreva uma carta para a filha dela uma carta que nunca será entregue e que, de fato, ela destruirá
quando estiver pronta para isso. Nesta carta ela pode expressar todos os seus sentimentos de raiva,
desapontamento e tristeza.
Convide-a a fazer luto por seu neto e a escrever uma carta para ele, dizendo todas as coisas que seu coração
de avó quiser dizer. Incentive-a a fazer ou comprar algo como uma lembrança pela criança perdida.
Ninguém mais precisa saber disso. Se ela foi responsável por forçar sua filha a fazer um aborto, ela precisará
pedir perdão no Sacramento da Reconciliação e também diretamente à filha dela. Sugira a ela que
encomende uma Missa na intenção de seu neto, dos pais da criança e da cura da família.
Quando a filha dela estiver pronta para buscar a própria cura, ela poderá estar presente, pois já terá
começado a lidar com seus próprios problemas e sentimentos.
Os avôs – assim como os pais de crianças abortadas – experimentam reações diferentes após o aborto de
suas filhas ou do envolvimento de seus filhos com um aborto, dependendo do papel que desempenharam na
decisão.
Se o avô é a favor da vida, se foi contra o aborto ou ainda se não soube do fato até ele acontecer, ele pode
sofrer com sentimentos ambivalentes em relação à sua própria filho e a seu companheiro. O avô pode
continuar a se perguntar por que seu filho não pediu ajuda a ele ou não seguiu seu conselho. Este avô pode
se beneficiar com os mesmos passos detalhados na seção ―Ministrando para homens feridos pelo aborto‖
(que começa na página 33): discutir sua história, buscar o perdão, dar um nome ao neto ou neta e orar pela
cura de todos os envolvidos na decisão do aborto. Um avô que é a favor da vida pode devotar muita energia
nos esforços para acabar com o aborto. O trabalho a favor da vida pode ser bom, desde que não haja uma
necessidade doente ou desequilibrada de se envolver.
Por outro lado, o avô que forçou o aborto de sua filha porque a gravidez era uma vergonha para ele, pode ter
muita dificuldade em lidar com a perda. Ele pode ficar propenso ao narcisismo, tendendo habitualmente a
exercer seu poder sobre os outros, fazendo com que se sujeitem aos seus desejos. Ele pode sentir-se incapaz
de pedir perdão à sua filha e até mesmo de dar o primeiro passo para a cura. Com o paciente apoio dos
membros de sua família, buscando a verdadeira reconciliação entre eles, e ainda com a graça de Deus, até
mesmo esses avôs podem encontrar a humildade necessária para pedir perdão e para perdoar também.
Sobreviventes de Aborto e Irmãos
de Crianças Abortadas
As pessoas que sobreviveram a uma tentativa de aborto quando estavam no útero, podem sofrer com
questões profundas durante suas vidas. Eles podem ter baixa auto-estima e podem tentar suicídio.
Algumas pessoas podem ter perdido um irmão gêmeo em um procedimento de aborto que falhou e podem
carregar feridas psicológicas profundas por esta perda. Alguns indivíduos podem ter perdido muitos irmãos
por meio de aborto. Quando lhes for permitido, essas pessoas sentirão um profundo luto por seus irmãos
perdidos. Isto está ficando mais comum agora, com a gravidez por fertilização in vitro (FIV), onde um grupo
de crianças sobrevive à implantação e outras são ―seletivamente eliminadas‖ para aumentar as chances de
sobrevivência dos outros irmãos.
Pág. 41
Aqueles que perderam irmãos em abortos estão mais propensos a praticarem abortos.
As crianças sobreviventes de gestação prematuras ou tardias em uma família podem apresentar uma
síndrome de sobrevivente similar às que ocorrem com crianças que perderam irmãos com câncer ou por
morte acidental. Elas podem sofrer por serem ―filhos substitutos‖ ou ―filhos escolhidos‖. Estas crianças
geralmente sofrem expectativas impossíveis de serem alcançadas. Elas podem ser materializadas pelos pais,
pressionadas a serem ―a reposição‖ e não crianças únicas por si mesmas.
Muitas vezes elas experimentam uma falta de vínculo com sua mãe ou que o relacionamento com sua mãe
mudou após o aborto. Às vezes um pai ferido, num momento de raiva, dirá algo como ―Eu deveria ter
abortado você, ao invés do outro‖.
Algumas crianças percebem que está faltando alguém no sistema da família. Por conversas ouvidas ou
intuição, as crianças podem surpreendentemente perceber uma perda familiar.
Como Ministrar a Sobreviventes de Aborto e Irmãos
Estas feridas profundas precisam ser exploradas e curadas. Pode haver raiva em relação à mãe que tentou
abortá-los ou defesa ao direito dela de decidir abortá-los. O irmão gêmeo ou o irmão que sobreviveu pode
sentir culpa por ter sobrevivido e o outro não.
Escute-os e tome conhecimento da dor que eles sentem. Ter alguém com quem conversar ajuda muito.
Confirme a eles o quanto Deus queria que eles existissem. Encoraje-os a perdoar seus pais e a todos os
envolvidos na decisão do aborto. Eles podem participar de uma Missa por seus irmãos perdidos e pela cura
de seus pais. Explique a eles que na Comunhão dos Santos nós ainda estamos espiritualmente conectados
aos familiares falecidos e que eles são intercessores poderosos por nós. Convide-os a escrever uma carta
para a criança perdida e dizer tudo que eles têm carregado em seus corações. Incentive-os a ter uma
lembrança de seu familiar perdido.
Outros Familiares
e Amigos
Tias e tios da criança abortada podem ter conhecimento do aborto. Eles podem querer saber como ajudar na
cura da mãe, além de terem sua própria necessidade de luto pela criança perdida. Eles precisam trabalhar
seus próprios sentimentos, que podem incluir tristeza, raiva e culpa, se eles souberam da gravidez e não
tentaram impedir o aborto. Até mesmo primos da criança abortada às vezes estão cientes de que está
faltando alguém na família. O luto parece ser mais forte naqueles que têm idade mais próxima à da criança
perdida.
Muitas vezes os amigos do casal que espera um filho são consultados e inseridos na rede da decisão do
aborto. Eles podem apoiar ou rejeitar, mas serão os primeiros a observar mudanças no comportamento de
seus amigos. Eles podem procurar ajuda para entenderem o que aconteceu com seus amigos.
Como Ministrar a Outros Familiares e Amigos
Parentes e amigos podem ter descoberto sobre o aborto tanto antes de ele acontecer quanto depois. Eles
carregam tristeza e preocupação pelos pais da criança, assim como um sentimento de perda da criança.
Encoraje-os a rezar pelos pais e a continuar amando os pais incondicionalmente enquanto eles estão se
curando. Isso torna possível que a pessoa que estava envolvida no aborto esteja apta a falar sobre ele sem o
medo da condenação e do julgamento.
Pág. 42
Se eles ficaram sabendo do aborto por uma terceira pessoa, incentive-os a respeitar o sigilo, mesmo no
ímpeto em ajudar na cura dos pais.
Rezar pelos machucados pelo aborto pode ser a ajuda mais eficaz. Embora familiares e amigos não possam
forçar a cura em uma pessoa que não está pronta, eles podem casualmente compartilhar informações sobre
curas pós-aborto e indicar os recursos locais de forma sutil, ou até mesmo informar que acabaram de ler algo
sobre o sofrimento após um aborto e como eles não se deram conta de como um aborto pode causar feridas
emocionais.
Familiares e amigos podem ser convidados para uma Missa na intenção da cura de todos os envolvidos.
Convide-os também a escrever uma carta para a criança perdida e dizer tudo o que querem dizer. Estas
crianças perdidas, como membros da Comunhão dos Santos, podem ser intercessores poderosos para seus
pais, irmãos e para o resto da família.
Prestadores de Serviços de Aborto
Promotores do aborto – incluindo médicos, enfermeiras, recepcionistas e funcionários passam por muito
estresse em seu emprego. Seminários sobre como lidar com o estresse são freqüentemente oferecidos em
seus encontros anuais. Muitos promotores do aborto sofrem com o alcoolismo, divórcio e acidentes. Muitos
que trabalham na área têm suas próprias histórias de aborto.
Como Ministrar aos Prestadores de Serviços de Aborto
Se promotores do aborto procurarem por ajuda, pode ser, em primeiro lugar, por ter abortado seu próprio
filho. Eles devem ser recebidos com delicadeza. Responda apenas aos problemas que eles trouxerem. Esta
resposta não deve ser conduzida de modo a falar sobre o trabalho como promotor do aborto. Muitas vezes o
envolvimento com abortos é uma maneira de lutar com suas próprias experiências abortivas. Na medida em
que curam suas perdas, a realidade de seu envolvimento diário na tragédia do aborto cai sobre eles e eles
geralmente abandonam o trabalho com o aborto. O maior presente que podemos oferecer é o amor
incondicional para aqueles que procuram ajuda e o reconhecimento de que o aborto deixou profundas
cicatrizes em suas vidas.
A Sociedade dos Centuriões da América foi fundada pelo Dr. Philip Ney como um grupo de apoio para expromotores do aborto. (Para obter mais informações, veja a seção ―Recursos Recomendados‖).
SEÇÃO QUATRO
A Paróquia
Pág. 45
Como Comunicar a Esperança
e a Cura na Paróquia
Alguns passos práticos podem ser dados para criar uma atmosfera paroquial que estimule mulheres e
homens que estão sofrendo devido a abortos a procurarem a cura e a reconciliação, ajudar os paroquianos a
oferecerem compaixão e apoio para aqueles que experimentaram o aborto e criar um melhor entendimento
do ensinamento da Igreja sobre o aborto, o qual encoraja e apóia a reconciliação e a cura. Estes passos
incluem:
- Homilias eficientes sobre a reconciliação e a cura após o aborto
- Conexão da paróquia com o Projeto Raquel da Diocese ou com o ministério pós-aborto
- Memoriais para as crianças que morreram antes do nascimento ou na infância
- Orações e intercessões
Homilias Eficazes Sobre a Reconciliação
e a Cura Após o Aborto
“Meu envolvimento no Ministério
Projeto Raquel me ajudou a continuar
pregando insistentemente contra o
aborto, mas também a tentar alcançar,
em cada homilia pró-vida, aqueles que
fizeram abortos, encorajando-os a se
encontrarem com Deus, que tanto os
ama. Esta é uma mensagem que
precisa ser ouvida com freqüência”.
Muitas mulheres e homens perceberam sua necessidade de
reconciliação e cura após um aborto após escutarem uma
homilia paroquial sobre o assunto. Este pode ser um dos meios
mais eficientes para alcançar mulheres e homens na paróquia.
Enquanto você se prepara para pregar sobre a cura pós-aborto,
reze ao Espírito Santo e esteja aberto às sugestões do Espírito.
Decida como usar as leituras do dia para falar sobre o amor, o
perdão e a misericórdia de Deus, ou outro tópico que você
queira destacar. Use as leituras como o início e o fim de sua
Mons. Robert Panke,
homilia, para que faça sentido para a congregação que Deus
Arquidiocese de Washington, D.C.
queria falar sobre isso hoje. Certifique-se de que sua
mensagem seja apropriada à idade da audiência. Seja especialmente cuidadoso com as crianças e não
presuma que os idosos não precisam ouvir sobre o aborto.
Você pode começar pedindo àqueles da congregação que já experimentaram o aborto que rezem por você,
para que você possa falar verdadeiramente sobre a experiência deles. Reconheça que qualquer discussão
sobre aborto pode provocar emoções profundas. Hoje em dia, quase todo mundo conhece alguém que já foi
afetado por um aborto. Além de mães que já fizeram aborto, muitas outras pessoas podem ter se envolvido
com um aborto. Convide-os também a procurar reconciliação e cura e diga-os onde encontrar ajuda.
Fale da dor das mulheres que já fizeram abortos. Leia seções de testemunhos escritos por mulheres em
―Com suas próprias palavras‖ no site da USCCB (www.hopeafterabortion.org) ou em livros como Um
Caminho Para a Esperança, Mulheres Católicas e Aborto8 e O Plano de Jericó9. (Veja a seção ―Recursos
Recomendados‖ deste manual.) Pode ser que você conheça mulheres que permitiriam que você usasse os
testemunhos delas anonimamente.
8
9
A Path to Hope, Catholic Women and Abortion.
The Jericho Plan.
Pág. 46
Fale sobre a dor experimentada também pelos pais, avós, irmãos, tios, primos e amigos. Novamente,
testemunhos anônimos podem ser úteis.
Compartilhe o amor compassivo e misericordioso de Deus. Explique a doutrina pós-aborto da Igreja e
descreva as palavras de Deus Pai às mulheres que fizeram um aborto (Evangelium Vitae, nº 99; veja a página
vii). Você pode mencionar a devoção à misericórdia divina, o oceano inesgotável da misericórdia de Deus,
que ele quer derramar sobre nós, e nossa tradicional resposta: ―Jesus, eu confio em vós‖.
Convide as pessoas a rezarem por aqueles que eles sabem que fizeram abortos ou encoraje-os a ―adotar
espiritualmente‖, por meio da oração, alguém que tenha feito um aborto e que precisa de cura. Enfatize o uso
do Terço da Divina Misericórdia para esta finalidade.
Convide seus paroquianos que estão lidando com um aborto cometido e que procuram uma cura, a
telefonarem a você na semana seguinte. Alguns ligarão. Após se encontrar com eles, você pode conduzi-los
ao Ministério Projeto Raquel.
Se alguém sair durante sua homilia quando você estiver falando sobre as conseqüências do aborto, confie
que Deus tocou esta pessoa de maneira profunda e a chamou para a cura. Quando você falar sobre este
assunto, você estará dizendo que a Igreja se importa e que a cura é possível. Esta é uma mensagem profunda
e libertadora para alguém preso à dor do aborto.
Não tenha medo de mencionar o perdão de Deus e a cura para abortos em feriados, quando famílias inteiras
se reúnem e membros não praticantes também podem ir à Missa. As pessoas querem saber que é seguro ir
até lá. Elas querem colocar seus pecados de aborto para fora.
Se, após falar sobre o aborto, você encontrar um paroquiano bravo, não fique na defensiva e não discuta com
ele ou ela. Ao contrário, diga: ―Você se alterou muito com este assunto. Não quer compartilhar um pouco
comigo para que eu possa entender seus sentimentos melhor?‖. Ouça em silêncio, faça contato visual e
quando eles terminarem, simplesmente agradeça-os por compartilharem. Diga que você ficaria feliz em
conversar com eles novamente, se eles quiserem. A raiva deles não é dirigida a você pessoalmente. A raiva é
sinal de alguma ferida pessoal intensa ou ela surge em defesa de alguém que eles amam. Ao escutar, você
permite que eles dêem vazão aos seus sentimentos, abrindo espaço para a graça de Deus agir. Muitas pessoas
podem não ser pró-vida pelo convencimento, mas sim pelo amor.
Ligação da Paróquia com
o Ministério do Projeto Raquel ou com
o Ministério de Cura Pós-Aborto
Listagem dos Recursos da Paróquia
Coloque uma lista dos números de telefone do ministério pós-aborto da diocese na lista de recursos de sua
paróquia. Você também pode ter um telefone e um recurso diferente para as pessoas que precisam de ajuda
com gravidez, como um centro pró-vida de ajuda a gestantes. As mesmas informações podem ser colocadas
no diretório de telefones e na página da internet de sua paróquia. Na capa do jornal paroquial, considere
também colocar permanentemente a listagem com estes mesmos números de telefone.
O Jornal Paroquial
O jornal paroquial é provavelmente o veículo mais subestimado na promoção da mensagem do amor e da
misericórdia de Deus para com mulheres e homens que sofrem por uma experiência com aborto. Muitas
mulheres dizem ter chegado até o Ministério do Projeto Raquel após lerem sobre ele no informativo
paroquial. Uma mulher que ligou para o Projeto Raquel disse ―Quando eu vi este assunto pela terceira vez
no informativo, eu percebi que vocês estavam falando sério sobre isso‖. A mulher que fez um aborto não é a
Pág. 47
única beneficiária. Todos os envolvidos em uma decisão sobre o aborto podem aprender sobre os cuidados
da Igreja quando lêem a mensagem.Ocasionalmente, você pode colocar avisos sobre a cura pós-aborto no
jornal paroquial. Aí estão incluídos anúncios da diocese sobre eventos do Projeto Raquel, treinamentos,
missas, serviços de oração e programas de conscientização e alerta.
Aqui estão alguns exemplos de anúncios:
- A dor e o arrependimento de um aborto não precisam durar a vida toda. Ligue para o Projeto Raquel
para um encaminhamento confidencial a quem pode te ajudar: (número do telefone).
- Confie na misericórdia do amor de Deus. Você conhece alguém que está carregando o luto e o
arrependimento de um aborto? Compartilhe com ele a Boa Nova do amor misericordioso de Deus.
Ligue para o Projeto Raquel para um encaminhamento confidencial a quem pode te ajudar: (número do
telefone).
- Uma palavra do papa João Paulo II para aqueles que sofrem por causa do aborto: ―Não ceda ao
desânimo e não perca a esperança... O Pai da misericórdia está pronto para te dar o perdão e a paz no
Sacramento da Reconciliação‖ (Evangelium Vitae, nº 99). Ligue para o Projeto Raquel para um
encaminhamento confidencial para um padre e/ou conselheiro que podem te ajudar: (número de
telefone).
- Você tem sentido vergonha, noites sem dormir, culpa ou outra emoção negativa após um aborto? Você
não está só. Qualquer mulher ou homem que tenha se envolvido em um aborto está convidado a entrar
em contato com o Projeto Raquel, um ministério de cura pós-aborto. Uma equipe treinada e que não faz
julgamentos pode encaminhar você aos que podem ajudar. Todos os contatos são confidenciais. Tome
coragem e ligue pra nós ou envie um email (número o telefone e endereço de email).
Inserções no Jornal
Ocasionalmente, considere colocar um anúncio especial no seu jornal paroquial, tal como um destes:
Um texto relevante do Evangelium Vitae nº 99 do Papa João Paulo II (reimpresso neste manual na
página vii)
Uma carta anônima de um paroquiano (ou mesmo de um não-paroquiano) explicando sobre seu/sua
jornada de cura, a qual pode ajudar a abrandar o medo de outras pessoas e encorajá-las a buscar a
reconciliação
Um encarte descrevendo o ministério pós-aborto do Projeto Raquel na sua diocese, o encarte Projeto
Raquel: No coração da Igreja10, ou Como falar com uma amiga que fez um aborto11 (veja a seção
―Recursos Recomendados‖) ou um encarte feito pela sua diocese
Uma mensagem do padre que fale sobre as dolorosas conseqüências do aborto e a disponibilidade de
ajuda pastoral e do Sacramento da Reconciliação.
10
11
Project Rachel: In the Heart of the Church
How to Talk to a Friend Who‟s Had an Abortion
Pág. 48
Santinhos
Estes podem ser colocados nos bancos antes das Missas dominicais. Os santinhos também podem ser
distribuídos por paroquianos que os deixam em locais públicos, onde as pessoas possam achá-los, como
banheiros ou lavanderias. Menos evidentes que os encartes, os santinhos também podem ser deixados no
confessionário e entregues discretamente às pessoas. Os dizeres podem ser simples:
Sofrendo após um aborto?
Para obter tratamento confidencial, ligue para o Projeto Raquel
(código de área e número do telefone)
Para homens e mulheres
Para preservar a inocência das suas crianças, os santinhos podem perguntar: ―Procurando paz depois de uma
gravidez perdida?‖. Os santinhos podem ser impressos em português em um dos lados e espanhol no outro
(ou francês ou outro idioma apropriado), dependendo da comunidade local. Entre em contato com o seu
ministério diocesano do Projeto Raquel para verificar se eles podem fornecer estes cartões ou para obter a
logomarca e informações para que você mesmo possa imprimi-los.
É importante ter os santinhos disponíveis nas reuniões paroquiais e diocesanas que ocorrem junto com
encontros de preparação para o matrimônio, encontros de adultos e encontros das crianças em preparação
para os sacramentos. Estas ocasiões podem aumentar a percepção da necessidade de reconciliação com
Deus. Os palestrantes podem chamar a atenção para o material, falando que talvez eles conheçam alguém,
um parente ou uma amiga, que poderiam se beneficiar dessas informações, e que eles podem ficar à vontade
para pegar um cartão ou um encarte (as pessoas ficam naturalmente relutantes em pegar este material, pois
acham que os outros pensarão que é para elas próprias). Os santinhos ou encartes podem ser incluídos em
pacotes de informação distribuídos em conjunto com materiais de preparação para o matrimônio,
treinamentos de planejamento familiar natural, catequese de adultos e cursos preparatórios para outros
sacramentos.
Estante de Livros e Quadro de Avisos
O quadro de avisos da paróquia é outra ferramenta para alcançar homens e mulheres que praticaram aborto.
Informações do Projeto Raquel, panfletos e cartazes devem ser disponibilizados regularmente e a estante de
livros deve sempre incluir encartes e recursos educacionais relacionados à cura após um aborto. ―Quadros de
avisos‖ na página da internet da paróquia podem ser utilizados da mesma forma.
Memoriais para Crianças que Morreram antes
do Nascimento ou na Infância
Uma maneira de promover a presença da paróquia como uma comunidade de cura é estabelecendo um
memorial para as crianças que morreram antes do nascimento. Um local de lembrança para os pais que
perderam um filho antes do nascimento ou durante a infância pode ser uma forma de grande consolo.
Desde 1992, os conselhos locais dos Cavaleiros de Columbus têm erguido centenas de memoriais em
terrenos de igrejas por todo o país. Você pode perguntar ao seu conselho local se eles têm um monumento na
sua cidade ou se eles poderiam construir este projeto na sua paróquia. É importante trabalhar em conjunto
com o escritório diocesano do Projeto Raquel para desenvolver este memorial. Às vezes as melhores
intenções podem levar a um memorial com palavras ou imagens que na verdade machucam aqueles que
estão sofrendo com a perda de um filho, especialmente por um aborto.
Pág. 49
Algumas possibilidades para um memorial (esta é uma área para usar a criatividade):
Um jardim na área da paróquia
Um monumento ou estátua de Nossa Senhora no cemitério da paróquia ou na sua área
Um nicho ou cantinho na igreja dedicado à memória dessas crianças
Um ―Quarto da Lembrança‖, que proporciona um lugar para rezar, e um ―Livro da Lembrança‖, no
qual os pais podem escrever os nomes dos seus filhos que morreram antes do nascimento ou durante
a infância
Um ―Cobertor da Lembrança‖ (veja a seção Recursos). Qualquer um pode ser convidado a fazer um
retalho por uma criança que eles conheceram, que morreu em um aborto ou de outra forma. As
costureiras locais podem fazer os retalhos. A coberta pode ser exposta no vestíbulo da igreja ou no
hall da paróquia. Os retalhos podem incluir o primeiro nome da criança e a data da morte, se for
conhecida. Pequenos símbolos da nova vida – a Cruz, uma flor, folhas, uma borboleta ou um
carneirinho, por exemplo – podem ser bordados em cada retalho.
Um serviço de oração para dedicação de memoriais a crianças que perderam suas vidas por meio de um
aborto foi reimpresso no Apêndice C deste manual.
Como em todos os aspectos do aconselhamento pós-aborto, os memoriais e dedicações devem tomar
cuidado para não violarem o sigilo, de forma que as pessoas que participam não fiquem rotuladas de ―pósaborto‖. Para evitar isso, estas oportunidades de cura e lembrança podem ser noticiadas para pais, familiares
e amigos que perderam um filho por aborto natural, natimorto ou outro tipo de perda, e para membros da
paróquia que queiram se unir a eles por meio da oração e da solidariedade.
Orações e Intercessões
Orações e intercessões pela cura de todos os machucados pelo aborto são fundamentais. Aproveite a
oportunidade de incluir regularmente uma intenção pela cura pós-aborto na Oração dos Fiéis:
Exemplos de Textos para a Oração dos Fiéis
Pelos pais que perderam um filho por meio do aborto
Para que seus corações se abram à misericórdia de Deus:
Para que eles tenham a graça do arrependimento, da confissão
E do abraço de cura do Pai,
Rezemos ao Senhor:
Pelos pais tomados pelo luto e pelo remorso
Pela perda de um filho devido a aborto:
Que Jesus o Bom Pastor,
Tão rico em misericórdia e compaixão,
Cure seus corações doloridos,
Rezemos ao Senhor:
Por aqueles que são perseguidos pela lembrança de um aborto,
Que eles recebam a graça
De procurar a cura em Cristo,
Rezemos ao Senhor:
Pág. 50
Por todos os corações feridos pelo pecado do aborto:
Que Deus os conforte e cure
Com o bálsamo de sua misericórdia,
Rezemos ao Senhor:
Por todos aqueles que ajudam os pais que praticaram um aborto:
Que Deus os recompense por serem testemunhas de Sua divina misericórdia
Os fortaleça e lhes dê palavras de sabedoria para levar as almas perdidas de volta para Ele,
Rezemos ao Senhor:
Pelas crianças que morrem por aborto em nosso país:
Que suas mães, pais e outros familiares
Procurem a misericórdia, a paz e o abraço amoroso de Cristo,
Rezemos ao Senhor:
Considere a possibilidade de oferecer uma Hora Santa ou uma Missa na intenção de todos os que tem feridas
devidas a aborto (Uma “Hora Santa pela Vida” está impressa no Apêndice D deste manual).
Reze o ―Rosário Raquel”, que inclui meditações e intercessões para pessoas envolvidas em abortos. (Veja a
seção ―Recursos Recomendados‖ deste manual).
Distribua folhetos de orações com uma oração de cura, como a oração abaixo:
Pai eterno,
Fonte de todo amor e misericórdia,
Que por amor a nós mandou Seu Filho,
E permitiu que sangue e água
Jorrassem de seu lado para purificar-nos de nossos pecados
E restaurar a inocência perdida.
Ouça o choro de cada mulher que lamenta
A perda de seu filho por aborto.
Perdoe o pecado dela, restaure-a para Sua graça
E retire o terror de seu coração
Com sua paz que vai além de todo entendimento.
Pela intercessão
Da Virgem Maria,
Mãe de toda doçura e nossa Mãe,
Aumente sua fé em Vós.
Dê a ela consolo para acreditar
Que seu filho agora vive com o Senhor.
Pág. 51
Pedimos-vos isto por Cristo nosso Senhor,
Que venceu o pecado e a morte,
E que vive e reina convosco,
Na unidade do Espírito Santo,
Um só Deus por todos os séculos. Amém.
Mons. James Moroney
(Veja www.hopeafterabortion.com/hope.cfm?sel=G84D; este cartão de oração pode ser adquirido no
USCCB Secretariado de Atividades Pró-Vida dos EUA: ligue 866-582-0943).
SEÇÃO CINCO:
A DIOCESE
Pág. 55
O PROJETO RAQUEL E PROGRAMAS RELACIONADOS:
O COMPROMISSO DIOCESANO
COM A CURA PÓS-ABORTO
A Igreja oferece reconciliação, bem como cuidados espirituais e psicológicos para aqueles
que sofrem com as conseqüências do aborto, primeiramente por meio de programas
diocesanos, na maioria das vezes chamados de Projeto Raquel...
Todos os programas apresentados pela Igreja e organizações e agências católicas devem
ter conhecimento para onde direcionar aqueles que precisam de cura pós-aborto12.
Hoje, mais do que nunca, a Igreja é chamada a proclamar que todas as vidas humanas são sagradas e que o
aborto tira a vida de um indivíduo único que foi criado com amor por Deus. Ao mesmo tempo, a Igreja
oferece cuidado pastoral eficaz para aqueles que experimentaram a perda pelo aborto.
Apresentação
O Projeto Raquel é o ministério de cura pós-aborto da Igreja Católica nos Estados Unidos (e agora em
diversos países) e está em atividade sob alguma forma na maioria das dioceses com o nome Projeto Raquel
ou outro similar. O ministério Projeto Raquel é uma rede de cura composta de pessoas especialmente
treinadas, que pode incluir padres, diáconos, freiras, leigos e voluntários, profissionais de saúde mental,
diretores espirituais, mentores, capelães e outros, como
“O Projeto Raquel me deu a
profissionais da área médica. Estas pessoas, geralmente
capacidade de me afastar de uma vida
trabalhando em equipe, proporcionam cuidados diretos para
de desespero e culpa e começar uma
mulheres, homens e adolescentes que foram atingidos por uma
nova vida de esperança e perdão. Uma
perda devida a aborto, permitindo-lhes sentir o luto,
experiência única... Eu nunca mais
desenvolver um relacionamento pessoal com Cristo e se
serei a mesma.”
unirem novamente à Igreja por meio do Sacramento da
Reconciliação.
Cada diocese controla e opera o ministério do Projeto Raquel sob a supervisão de seu bispo ou arcebispo.
Embora algumas dioceses possam se basear em diferentes estruturas, a linha de ação do Projeto Raquel
geralmente inclui uma linha telefônica exclusiva, atendida pelo pessoal do Projeto Raquel ou por
voluntários, assim como um diretor ou coordenador diocesano do Projeto Raquel que supervisiona os
servidores diocesanos e os voluntários treinados, que respondem às ligações e encaminham as pessoas para
padres, profissionais de saúde mental e vários membros da equipe da rede do Projeto Raquel.
Os padres são o centro do ministério Projeto Raquel, provendo cuidados espirituais por meio do Sacramento
da Reconciliação e direção espiritual permanente, quando possível. Aconselhamento compassivo e bem
treinado também é oferecido pelos padres, profissionais da saúde mental e outros da rede.
Um ministério Projeto Raquel diocesano pode optar por oferecer programas adicionais de ajuda, como
grupos de apoio, dias de oração e reflexão ou retiros, ampliando os elementos centrais do Projeto Raquel.
12
USCCB, Pastoral Plan for Pro-Life Activities: A Campaign in Support of Life (Washington, DC: USCCB, 2001), 2223.
Pág. 56
Grupos de apoio e retiros podem beneficiar alguns homens e mulheres por meio da legitimação de suas
perdas e seu luto de uma forma comunitária.
Como Começar (ou Fortalecer) um Ministério do
Projeto Raquel na Sua Diocese
Primeiros passos
Assim como em qualquer programa de ação diocesano, é importante ter o apoio da diocese e dos líderes
principais, ao mesmo tempo em que se prepara a base logística para o ministério.
Permissão: Obter permissão e apoio do seu bispo para estabelecer um ministério Projeto Raquel
Apoio de oração: Estabelecer uma rede de intercessores que rezarão pelo sucesso do ministério, assim
como por aqueles que oferecerão ajuda e por aqueles que precisam de ajuda.
Apoio de pessoal: Conseguir o apoio e o engajamento de outras pessoas envolvidas em programas
similares e complementares na sua região e daqueles que podem se voluntariar para ajudar. Estes
podem estar em centros de cuidados para gestantes, conselheiros, obras de caridade católicas, pessoas
do serviço social, funcionários de hospitais católicos, capelães e outros.
Liderança: Para gerenciar e coordenar o ministério, escolha um diretor que tem conhecimento e
comprometimento com o ministério de cura. É essencial descartar pessoas que possam estar lidando
com seus próprios problemas de cura após um aborto.
Localização: Escolha um local na diocese onde os funcionários, voluntários e os telefonistas ficarão
alojados. Pode ser no escritório da pastoral familiar, escritório pró-vida na diocese, em uma agência de
aconselhamento da diocese ou talvez em um convento.
Organização do atendimento telefônico: Prepare a linha telefônica exclusiva com funcionários ou
voluntários que forem treinados para responder perguntas sobre o ministério, que devotamente
escutarão com gentileza e compaixão às pessoas que ligam para obter ajuda e que farão os
encaminhamentos apropriados. Uma linha telefônica atendida apenas pelo Projeto Raquel é muito
importante. A mesma linha não deve ser atendida por outros programas, como de assistência a crises
na gravidez. Pessoas que passaram por um aborto podem, sem querer, ser afastadas por uma
mensagem genérica que visa aconselhar uma pessoa que está longe de fazer um aborto. Elas já estão
sofrendo por terem tomado a decisão errada.
Os telefonemas iniciais são geralmente breves, mas às vezes podem ser longos, requerendo uma atenção
concentrada. O funcionário pode ser um empregado com outras responsabilidades, ciente de que estas
ligações requerem a prioridade adequada. Quando o ministério começa, o volume de ligações não é
exagerado. As ligações aumentarão gradualmente, dependendo do nível de conhecimento do público e da
propaganda do ministério. Não é necessário fornecer uma cobertura telefônica 24 horas. O número do
Projeto Raquel é uma linha de indicação, e não de soluções emergenciais. Se os atendentes atenderem a
telefonemas à noite, podem acabar em situações difíceis, caso a pessoa seja suicida, ameaçadora ou
sexualmente oferecida. Também atender a telefonemas em casa pode levar à assustar funcionários e
voluntários, pode ser prejudicial à vida familiar e causar sofrimento à pessoa que está ligando, ao escutar a
voz de crianças ou outras distrações.
Pág. 57
Muitas vezes é levantada a questão sobre se o ministério deve fornecer uma linha de serviço 24 horas. A
menos que um público extraordinário tenha surgido, isto geralmente não deve ser feito. O objetivo do
ministério é fornecer encaminhamento e não um cuidado de emergência. Informações de emergência, como
uma linha para prevenção de suicídios, podem ser fornecidas em mensagens gravadas e disponibilizadas fora
do horário de atendimento.
Como Desenvolver o Interesse Por Meio de Programas de Conscientização
Oferecer um ou mais programas de conscientização pós-aborto do Projeto Raquel pode ser um meio muito
eficiente para atrair tanto voluntários quanto pessoas procurando por ajuda.
Um programa de conscientização pós-aborto é um esforço educacional e útil que inclui informações sobre a
biologia da gestação e do aborto, os sintomas experimentados por mulheres depois de um aborto, o impacto
do aborto em outros membros da família incluindo os homens, o processo de cura e as necessidades
particulares das pessoas que abortaram recentemente em comparação com homens e mulheres que sofreram
os impactos de um aborto há muito tempo. O programa pode incluir um testemunho de alguém que
vivenciou o aborto ou um vídeo sobre algo similar. O programa deve encerrar com uma explicação sobre os
recursos atuais para homens e mulheres após um aborto, ou programas e recursos que estão sendo
planejados.
O programa de conscientização pós-aborto serve a muitos propósitos e públicos. Aqueles que se envolveram
em um aborto geralmente não sabem onde procurar ajuda. Um programa de conscientização pode informálos sobre a ajuda disponível e, se eles participarem, pode também garantir a sensação de segurança que eles
precisam antes de se aproximarem de estranhos para pedir ajuda por uma situação que eles consideram
muito vergonhosa.
Familiares e amigos daqueles que sofrem com as conseqüências de um aborto podem obter maior
conhecimento sobre a experiência do aborto, ficar a par do ministério de cura pós-aborto da Igreja e adquirir
informações e materiais para compartilhar com amigos ou familiares que abortaram, ou casualmente levar o
material onde possa ser encontrado por quem precisa.
Boa parte do público em geral não tem noção do sofrimento emocional e espiritual que ocorre após um
aborto. A realidade desta experiência pode mudar os corações dos que são a favor do aborto, uma vez que
eles pensam que o aborto pode ser uma ―boa opção‖ para a mulher que tem uma gravidez indesejada. Por
meio de um programa de conscientização, os participantes podem aprender que existem pelo menos 3
vítimas em um aborto: a mão, o pai e a criança. Enquanto a criança está agora ―vivendo no Senhor‖
(Evangelium Vitae, nº 99), os pais dela são confiados a nós, para que ajudemos a guiá-los ao Deus que cura.
É um grande privilégio que Deus confie em nós para sermos mensageiros de Sua misericórdia, trazendo
almas feridas para a cura e a graça por meio da reconciliação.
Conhecer a experiência pós-aborto de homens e mulheres pode também suavizar os corações de uma
minoria de defensores pró-vida que às vezes julga com severidade as mulheres que passaram por um aborto.
Um programa de conscientização sobre o aborto é também uma ferramenta eficiente para alcançar
profissionais de saúde mental, padres e outros líderes comunitários.
Finalmente, a mídia precisa ser educada sobre como o aborto machuca mulheres, homens e adolescentes.
Uma vez que eles adquiram esse conhecimento, alguns podem ajudar escrevendo histórias, intermediando
entrevistas e criando peças de opinião que exploram as conseqüências do aborto, dando ao ministério
publicidade gratuita.
Ao planejar um programa de conscientização:
Pág. 58
Escolha uma localização central que seja acessível ao maior número de pessoas possível.
Geralmente uma paróquia funciona bem.
Faça ampla propaganda dentro da comunidade que você quer que participe do programa.
Você pode fazer o programa de conscientização após uma ―Missa de Esperança e Cura‖,
celebrada pela cura daqueles que experimentaram uma perda de gravidez ou após uma oração
por aqueles que sofrem por causa de um aborto ou outra perda infantil. (Veja informações sobre
―Manhã ou Tarde de Recordação e Intercessão‖ na seção ―Recursos Recomendados‖). Esta
combinação pode atrair um grupo maior, especialmente aqueles que estão dispostos a interceder
pelo ministério.
Você pode oferecer programas de conscientização adicionais durante o ano em diferentes locais
da diocese. Isto continuará gerando mais voluntários e mais gente procurando ajuda.
No programa de conscientização, distribua um formulário aos participantes para que se inscrevam para se
tornarem parte do Projeto Raquel em várias funções, desde apoio de oração até conselheiro profissional.
Após o programa, o diretor do ministério deve encontrar-se individualmente com todos os possíveis
voluntários, para verificar se eles possuem aptidão para o papel que desejam desempenhar, se respeitam os
ensinamentos da Igreja em todos os aspectos morais e se podem responder apropriadamente às necessidades
espirituais, emocionais, psicológicas e/ou físicas de mulheres e homens após um aborto. Uma preocupação
especial é detectar indivíduos com as melhores intenções, mas que podem estar sofrendo com seus próprios
problemas de cura ou com a necessidade de ser ―cura‖ para outros.
Como Triar Conselheiros e Terapeutas Profissionais
O diretor/coordenador do Projeto Raquel deve contatar pessoalmente cada um dos profissionais de saúde
mental para averiguar a existência de licença profissional, credenciamento adequado, detalhes do processo
de encaminhamento e custos, incluindo a disponibilidade deles em oferecer serviços profissionais por um
baixo valor e, em alguns casos, ocasionalmente oferecer uma ou duas sessões gratuitas. Também é
importante descobrir se o profissional de saúde mental está de acordo com os ensinamentos da Igreja, por
exemplo, quanto à contracepção e a atividade sexual fora do casamento.
Isto é importante porque um terapeuta que não está familiarizado com os ensinamentos da Igreja ou que
discorda de alguns ou de todos, pode causar graves problemas para as mulheres ou homens encaminhados a
ele. Não se pode presumir que alguém que trabalhe para uma agência da Igreja, serviço social ou programa
de aconselhamento seja católico, conheça os ensinamentos da Igreja e esteja de acordo com esses
ensinamentos. Mesmo aqueles que trabalham em agências, hospitais, asilos, escolas e programas católicos
devem ser cuidadosamente investigados.
Pode surgir a questão sobre como lidar com encaminhamentos para pessoas sem recursos financeiros para
aconselhamento profissional. Em algumas dioceses, o escritório estabeleceu um fundo que pagará por certo
número de sessões para aqueles que precisam. Algumas vezes, uma sessão com valor reduzido também pode
ser arranjada. O dinheiro pode vir de coleta de fundos, doações privadas, conselhos dos Cavaleiros de
Columbus, grupos de mulheres católicas e pastorais paroquiais relativas à vida.
Como Triar Voluntários e Funcionários
No mundo de hoje, onde uma a cada três mulheres com menos de quarenta e cinco anos já fez um aborto, é
importante assegurar-se com uma razoável certeza sobre as experiências vividas por aqueles envolvidos no
voluntariado ou como funcionários do ministério. Esta é uma questão de segurança e reforço dos limites para
todos os que estão envolvidos. Por exemplo, a pessoa que atende ao telefone não deve ser colocada em uma
situação que pode ser perigosa para sua saúde mental, nem a pessoa que está telefonando deve ser colocada
em risco por alguém que talvez não esteja curado ou tenha problemas de limites. Se alguém já passou por
Pág. 59
uma gravidez perdida, nós devemos ter certeza de que ela já passou pelo processo de cura antes de permitir
que ela preste serviços. A supervisão apropriada deve ser feita pelo diretor.
Abaixo se encontra uma lista de perguntas de discernimento para pessoas que estão interessadas em
trabalhar como voluntárias ou que atenderão às ligações telefônicas do Projeto Raquel:
Por que eu me sinto chamada a trabalhar nesta área?
Qual é a minha história?
- Eu já tive uma gravidez de risco?
- A minha filha ou alguém que eu amo já passou por uma gravidez fora do casamento? A
gravidez resultou em nascimento, adoção ou aborto?
- Eu já passei por uma gravidez perdida?
- Eu já fiz um aborto?
- Minha mãe tentou me abortar?
- Eu perdi um membro da família por meio do aborto (um irmão, sobrinha ou sobrinho, por
exemplo)?
- Alguém que eu conheço já foi atingido por uma experiência com o aborto (uma tia, avó,
amiga, irmão, prima, mãe, esposa)?
- Eu já sofri a perda de uma criança por meio de um aborto espontâneo, natimorto ou gravidez
ectópica?
- Eu já sofri com a infertilidade?
- Eu já passei pelo luto dessas experiências ou eu mantive meu luto sob controle ocupando-me
com atividades?
- Se eu já fiz um aborto, eu já me envolvi em um programa de cura pós-aborto? Essa questão
ainda me incomoda às vezes?
- Por que eu quero me envolver nisso? Eu estou ―me justificando por alguma coisa‖? Eu quero
consertar alguém?
Outras perguntas para reflexão:
Quando uma mulher faz um aborto, eu acho que é ...
Uma mulher decide abortar porque...
Quais são meus limites para ajudar alguém? Há pessoas com as quais eu acho impossível
lidar? O que elas têm que me incomoda tanto?
Quando eu penso em alguém por quem eu teria dificuldade em sentir compaixão, eu penso
em... Por que?
Se uma mulher fez vários abortos, em imagino que...
Pág. 60
Quando eu penso em conversar com um homem envolvido em um aborto, eu...
Quando eu penso em conversar com um prestador de serviços de aborto que veio lidar com
sua própria perda através de um aborto, eu sinto vontade de...
Quando eu penso em conversar com uma mãe que forçou a própria filha a fazer um aborto,
eu...
Para processar as histórias e as emoções pelas quais eu passarei ao fazer este trabalho, meus
meios de lidar com elas será...
Eu tenho um diretor espiritual?
Quais habilidades profissionais ou treinamentos eu tenho que seriam úteis?
Estas são perguntas inicialmente para uma reflexão pessoal, mas também para discussão. Se estas perguntas
forem respondidas por escrito, o diretor/coordenador do Projeto Raquel deve tratá-las como extremamente
sigilosas. O diretor/coordenador do Projeto Raquel tem a obrigação de manter todos neste processo em
segurança e não pode presumir que todos os que desejam ajudar estão aptos a fazê-lo.
Treinamento Diocesano
O treinamento para platéias específicas deve seguir os programas gerais de conscientização mencionados
acima. Pense em treinamentos especializados para padres (de preferência todos os padres da diocese, tanto
das ordens diocesanas quanto congregações), seminaristas, diáconos, diretores espirituais, funcionários de
casas de retiros, religiosos e religiosas, profissionais de saúde metal, obras de caridade católicas e
funcionários do serviço social, capelães e conselheiros de escolas e faculdades, capelães de hospitais,
cuidadores de idosos, trabalhadores de asilos, profissionais médicos, voluntários e funcionários de centros de
gravidez pró-vida, clérigos de outras denominações religiosas e quaisquer outros voluntários que trabalham
com mulheres que tiveram gravidez indesejada ou de risco.
Em dioceses com ministérios do Projeto Raquel ativos, cerca de 10% dos padres decide se envolver na rede
de encaminhamento do Projeto Raquel. O ideal, entretanto, é que todos os padres sejam treinados, pois todos
possivelmente ouvirão confissões de pessoas que participaram de aborto. Todos os padres precisam saber
como ser eficazes em ajudar mulheres e homens pós-aborto durante o Sacramento da Reconciliação e eles
precisam saber como encaminhar as pessoas para receberem apoio permanente do Projeto Raquel.
Uma vez que o Projeto Raquel estiver estabelecido na diocese, chegarão ligações de pessoas de todas as
crenças. Assim, é importante que clérigos de outras denominações religiosas estejam preparados e
disponíveis para estas pessoas. O Projeto Raquel é um poderoso ministério de evangelização, mas o papel
dos funcionários e voluntários do Projeto Raquel não é converter mulheres e homens que fizeram um aborto.
Transmitir delicadamente o poder do amor de Deus e a mensagem de esperança é uma maravilhosa
oportunidade para evangelizar sem fazer proselitismo. É Deus quem moverá o indivíduo pela jornada da fé.
Como Manter Sob Sigilo a Lista de Padres
A lista de padres e outros clérigos do ministério Projeto Raquel deve permanecer confidencial. Apenas o
diretor, o bispo (e outros que ele julgar necessário) e aqueles que fazem encaminhamentos diretos devem ter
acesso à lista. Isto é aconselhável por muitas razões:
Os padres ficam mais propensos a participarem do ministério se eles souberem que podem
optar por aceitar (ou rejeitar) os encaminhamentos. Às vezes é preciso um padre pedir que
não sejam feitos encaminhamentos a ele por certo período, ele pode estar doente ou
mudando de paróquia ou pode simplesmente ter muitos compromissos naquele momento;
Pág. 61
Se todos sabem que o padre ―fulano de tal‖ é um padre do Projeto Raquel, os funcionários
da paróquia e os paroquianos podem presumir que toda mulher que vai conversar com o
padre fez um aborto, e assim eles podem, sem querer, romper o sigilo ou até fazer fofoca;
Se um padre da lista não for bom para receber encaminhamentos, os funcionários do
Projeto Raquel podem, sem alarde, parar de mandar pessoas a ele, sem que todos fiquem
sabendo disso. Se os nomes são de conhecimento público, é quase impossível tirar um
nome da lista sem que sejam feitas presunções pouco caridosas;
Algumas vezes, católicos leigos não entendem o valor do Ministério do Projeto Raquel e
podem criticar o padre por participar dele;
Os defensores do aborto podem usar uma lista de padres que tenha sido publicada para
garantir às mulheres católicas que não há problemas em abortar, porque a Igreja já sabe
que isto vai acontecer e tem até uma lista de padres que podem ―oferecer o perdão‖
depois. Isto já aconteceu mais de uma vez.
Manter Todas as Outras Listas Sigilosas
A lista de outros colaboradores também deve ser mantida confidencial. De novo, isso permite que
voluntários e profissionais atuem apropriadamente. Se alguém da lista se tornar inconveniente, o nome dele
ou dela pode ser confidencialmente removido sem conhecimento público.
Como Lançar e Promover
o Ministério do Projeto Raquel
Uma vez que padres, profissionais e voluntários sejam treinados e o ministério esteja pronto para funcionar,
ofereça uma missa especial para rezar por aqueles atingidos por aborto e para anunciar publicamente que
esta ajuda está disponível. O ideal é que o bispo celebre esta missa e pregue sobre o amor e o desejo de Deus
de curar as feridas do aborto. Esta é uma oportunidade de convidar pessoas de fora da diocese e convidar a
imprensa. A mídia está geralmente muito interessada neste ministério porque ele vai contra o que eles
esperam da Igreja. A mídia presume que a Igreja condena tanto o pecado quanto o pecador e fica surpresa
que a Igreja ofereça ajuda pastoral para aqueles que sofreram os impactos do aborto.
Como Promover o Ministério do Projeto Raquel
Fazer o anúncio público deste ministério é crucial para seu sucesso. Sem uma publicidade robusta o
ministério não vai desabrochar. E mais importante, aqueles que precisam muito de uma cura e reconciliação
com Deus podem continuar a viver na alienação e no desespero, sem saber do perdão e da graça que Jesus
torna possível por meio de Sua Igreja. Os padres diocesanos devem ser estimulados a pregar sobre o amor e
a misericórdia de Deus e a falar sobre a presença do Projeto Raquel na diocese. No começo do ministério,
será útil se o bispo fizer um pronunciamento público, anunciando o ministério e explicando como ele
funciona e quais serviços serão oferecidos. O jornal católico local pode entrevistar o bispo, diretor e/ou um
padre envolvido no Ministério do Projeto Raquel para promover o trabalho. Estações de rádio e televisão
locais também podem querer transmitir histórias sobre o lançamento do Projeto Raquel.
Um relações-públicas da diocese com bom trânsito com a imprensa deve estar preparado para transmitir a
mensagem de esperança e de cura do Projeto Raquel e explicar como o ministério funciona. Esta pessoa, de
preferência uma mulher, deve estar apta a mostrar que a opinião profética e forte da Igreja contra o aborto
não é incompatível com o braço pastoral de ajuda àqueles que foram envolvidos pelo aborto para que
encontrem cura e paz.
Anúncios no rádio podem ir ao ar à noite (quando os custos de propaganda são mais baixos) e ainda atingir
muitas pessoas que tiveram uma perda por meio do aborto, por causa da freqüente dificuldade de dormir que
Pág. 62
elas têm. Em algumas regiões, os anúncios no rádio podem estar disponíveis a um preço razoável e, em
alguns casos, podem ser doados como um serviço público. Os anúncios podem ser baixados do site
Esperança Após o Aborto da USCCB, que apóia o ministério Projeto Raquel, em
www.hopeafterabortion.org. Clique em ―Jubilee Program‖ e no link ―radio listen‖.
Pequenos anúncios são relativamente baratos para serem colocados em jornais comunitários e guias de
compras locais.
Como Prosseguir com o Ministério
Continue educando os participantes da rede e a comunidade ao redor por meio de material impresso e
reuniões de treinamento de vez em quando.
Ofereça treinamento ocasional para pessoas novas para que a rede continue a se expandir. Mesmo aqueles
que não fazem parte da lista oficial de encaminhamentos podem ser beneficiados pelo treinamento, pois
assim eles podem recomendar com conhecimento de causa o Projeto Raquel para pessoas que elas
encontrem nas suas próprias áreas de ministério.
Continue fazendo propaganda no jornal de domingo e na mídia comum e católica local. Encoraje os
coordenadores pró-vida da paróquia a exibir materiais do Projeto Raquel na paróquia e a distribuir
informações sobre o Projeto Raquel na comunidade.
Procure a mídia com freqüência e mostre-se disponível para divulgar histórias sobre o crescimento do
ministério.
Proclamando o amor misericordioso de Deus de forma eficaz e incansável, servindo os Seus filhos feridos
com competência e compaixão e permanecendo fiel na oração, o Ministério do Projeto Raquel da diocese vai
crescer e florescer.
Serviços de Cura Adicionais:
Missas e Retiros
Missa da Esperança e da Cura
Uma ou duas vezes ao ano, a diocese ou a paróquia podem planejar uma ―Missa da Esperança e da Cura‖
para todos que perderam filhos pequenos. Todos os materiais promocionais devem deixar claro que a missa
será oferecida por qualquer um que foi atingido pela perda de um filho, seja por aborto espontâneo,
natimorto, gravidez ectópica, morte infantil precoce ou aborto provocado. Se o evento se focar apenas no
aborto, poucas pessoas comparecerão. Mas se todas essas perdas forem incluídas, muitos virão. Materiais
sobre aborto espontâneo, perda de um filho e cura pós-aborto podem ser colocados à disposição na saída da
Igreja para que as pessoas levem para casa.
Algumas sugestões para as missas seriam:
Coloque uma cesta com papel e caneta na entrada para que as pessoas escrevam os nomes
das crianças pelas quais elas estão ali (ou talvez elas possam escrever ―o filho da milha
filha‖). Os papéis devem ficar na cesta e serão levados ao altar no ofertório;
A homilia deve enfatizar o luto e a cura. A história da morte e ressurreição de Lázaro pode
ser usada como ponto de partida, mas muitas outras histórias das Escrituras podem ser
usadas. É importante falar sobre a misericórdia infinita de Deus e sobre o poder dos
sacramentos.
Faça alguma coisa que as pessoas possam levar para casa no final da missa, como
Pág. 63
lembrança – um santinho com uma oração, um pequeno crucifixo, uma vela em um vidro ou
talvez uma bonita flor, que poderá ser mostrada sem que outros perguntem o que ela
significa.
Como Trabalhar com Modelos de Retiros
Vários modelos de retiros cura pós-aborto são oferecidos em programas diocesanos ou independente dos
escritórios diocesanos. Ministérios Raquel Vineyard, Entering Canaan, Terra do Leite e do Mel e Ministério
de Cura Bethesda tem sido eficazes para trabalharem em colaboração conosco ou como parte do escritório
diocesano do Projeto Raquel.
Em alguns casos, a experiência de retiro é o primeiro passo que uma mulher ou um homem podem dar na
jornada de cura. Em muitos casos, os participantes do retiro são encaminhados após um trabalho inicial com
um membro da equipe do Projeto Raquel, como um funcionário, um padre ou um conselheiro. Algumas
mulheres e homens podem precisar de ajuda imediata e não podem esperar pelo próximo retiro para
receberem ajuda. Outros podem querer começar com um padre confessor antes de qualquer coisa. O objetivo
do Projeto Raquel é oferecer a mulheres e homens uma ajuda competente e um cuidado holístico quando
eles precisarem. Aconselhamento individual espiritual ou psicológico, retiros, dias de reflexão e missas de
cura pós-aborto, são todos parte da abordagem da equipe para se chegar à cura.
Se você for adicionar um modelo de retiro no seu ministério, aqui vão algumas considerações:
Defina cuidadosamente o relacionamento entre a diocese e o programa de retiros. É um
encaminhamento externo para uma entidade independente ou é um ministério desenvolvido
pela diocese? Ao trabalhar com modelos de retiros que operam de forma independente da
diocese, certifique-se de que os contratos e os assuntos relacionados a seguros foram
devidamente analisados e aprovados pelo advogado da diocese;
A equipe de retiros deve ser competente em suas áreas específicas (mediadores, conselheiros,
padres) e devem ser analisados como qualquer outro voluntário ou funcionário do Projeto
Raquel (veja ―Escolhendo Conselheiros e Terapeutas Profissionais‖ e ―Escolhendo
Voluntários e Funcionários‖, na página 58);
Os participantes do retiro também devem ser triados. Qualquer um que revele pensamentos
suicidas, uso de substâncias ilícitas ou um aparente problema psicológico que se mostre
perturbador, deve ser convencido a adiar sua ida ao retiro. Ao perguntar sobre as medicações
que são tomadas para depressão ou ansiedade pode-se ter um sinal da intensidade de qualquer
distúrbio psicológico;
Um protocolo de procedimentos deve estar disponível caso algum participante precise de
cuidados médicos ou de saúde mental durante ou após o retiro. Para o caso de um membro da
família precisar ser contatado, as informações de contato pertinentes devem ser fornecidas por
cada participante com antecedência;
Os padres que participam do retiro devem, de preferência, ser da diocese local. Eles estão
cobertos pelas apólices de seguro da diocese e estão familiarizados com os recursos locais e
práticas comuns da diocese. Por exemplo, padres da diocese local podem ajudar uma mulher a
entrar em contato com o tribunal se ela precisar pedir uma anulação. Se um padre participante
for de fora da diocese, os procedimentos apropriados devem ser seguidos para que ele possa
obter permissão da diocese onde está ocorrendo o retiro;
Se o Santíssimo Sacramento ficará exposto, a permissão diocesana apropriada e os
procedimentos devem ser seguidos. Certifique-se de coordenar com o escritório diocesano
qualquer dúvida em termos de liturgia;
Uma lista impressa de recursos para acompanhamento com informações de contato deve ser
colocada à disposição de todos os participantes ao final do retiro.
Seção Seis
A Perspectiva
Canônica sobre o
Aborto
Pág. 67
A Perspectiva Canônica sobre
o Aborto
É comumente presumido que a Igreja excomunga todos os católicos que tenham realizado um aborto bemsucedido. No entanto, provavelmente em muitíssimos casos, circunstâncias atenuantes evitam que o
indivíduo traga incorra na censura de excomunhão. A tragédia do aborto provoca questões distintas a
respeito da responsabilidade pessoal daquele que realiza um aborto bem-sucedido: um pecado foi cometido?
Se sim, o cometimento de tal pecado foi tal que também resultou na incorrência de uma pena?
Um pecado é uma ofensa proposital e deliberada contra a vontade de Deus: uma palavra, um ato ou um
desejo estimulado contra a Lei de Deus. Objetivamente, o aborto é um pecado mortal, um ato gravemente
contrário à lei moral.
Um crime, comumente mencionado como ―delito‖ na lei da Igreja, é uma violação externa da lei da Igreja
ou da norma formalmente estabelecida por uma autoridade eclesiástica que tenha poder legislativo (cf. cc.
1311, 1315). Pode ser uma surpresa para muitas pessoas, mas na verdade poucos pecados foram
estabelecidos pela Igreja como sendo também crimes. Mas entre esses poucos pecados que são crimes, o
aborto está claramente incluído entre os mais graves (c. 1398).
Caminhando lado a lado com o crime está a realidade de uma pena, que é a punição estabelecida pela lei da
Igreja que pode ser aplicada ao católico que comete um crime. Essa penalidade serve para motivar a pessoa a
retornar ao modo de vida da Igreja, a reparar a injustiça cometida através do ato e permitir reparação por
algum escândalo causado por ele (cf. c. 1341). De acordo com o Código de Direito Canônico13, texto chave
da legislação da Igreja, tanto a pessoa que cometeu o aborto bem-sucedido quanto o cúmplice cuja
cooperação positiva foi necessária para um aborto bem-sucedido, ficam sujeitos à pena automática (latae
sententiae) da excomunhão (cf. cc. 1398; 1329 §2; 1314). Na verdade, a excomunhão é a condenação que
deveria ser vista como uma penalidade medicinal, significando que propósito é primeiramente promover o
arrependimento e reconciliação daquele que cometeu o ato (cf. c. 1312 §1, 1º). Deste modo, a excomunhão
pode ser aplicada apenas até que o ofensor aceite a graça da cura de Deus e se arrependa, momento no qual a
excomunhão deve ser retirada no Sacramento da Reconciliação ou por outros meios legítimos. Em outras
palavras, a Igreja estabeleceu a excomunhão como uma pena nos casos de aborto para dar testemunho da
gravidade da ofensa, algo que não é percebido pela sociedade secular, e para ajudar na melhora daquele que
cometeu ou cooperou com o aborto. Não significa uma marca permanente a ser carregada pelo ofensor.
Alguns termos precisam de explicação. Aborto é o assassinato direto e intencional de um embrião ou feto
por qualquer meio e a qualquer momento a partir da concepção. Realizar significa alcançar, obter, induzir ou
causar diretamente e intencionalmente por meios de ação física ou moral. Conseqüentemente, a pessoa que
participa ativamente do ato abortivo realiza o aborto. Bem- sucedido significa que a meta foi alcançada, não
simplesmente desejada, planejada, frustrada e/ou tentada. Deste modo, enquanto o desejo, intenção, e/ou
tentativa de aborto seriam pecados graves, eles, por si só, não constituem o crime do aborto.
Então podemos dizer que todos os Católicos que realizam um aborto ou que cooperam positivamente com
um em seu sentido estritamente legal estão automaticamente excomungados? Não necessariamente. Isso
deve-se ao fato de que, para que um crime seja cometido, a lei da Igreja requer que os perpetradores do ato
tenham agido de forma gravemente responsável. Ou seja, eles precisam ter cometido o ato com completa e
13
Ver Código de Direito Canônico, Edição Latin-Inglês (Washington, DC: Canon Law Society of America, 1998).
Pág. 68
intencional vontade de causar mal e violar a lei. Dessa forma, assim como a lei civil considera circunstâncias
atenuantes que removem ou reduzem a responsabilidade, o mesmo acontece com a lei da Igreja.
Deste modo, as circunstâncias abaixo, entre outras listadas em c. 1323, podem fazer com que uma pessoa
nunca esteja sujeita a penalidade por ter parte em um aborto bem-sucedido, mesmo que o ato cometido
por ele ou ela possa ainda assim ser considerado pecado grave e certamente e objetivamente errado:
1.
Aquele que ―habitualmente falta com o uso da razão‖ (tais pessoas normalmente são julgadas
incapazes de cometer uma ofensa contra a lei, uma vez que não têm a capacidade de optar por agir
de forma contrária à lei) (c. 1322).
2.
Aquele ―que ainda não completou o décimo sexto ano de idade‖ (c. 1323).
3.
Aquele que, sem culpa alguma, não sabia da violação da lei ou preceito da Igreja (mesmo sabendo
que o aborto é um pecado sério/mortal; no entanto, a Lei da Igreja presume que católicos conhecem
a lei a qual estão sujeitos) (cf. c. 15 §2).
4.
Aquele que agiu sob compulsão por força física ou em virtude de um mero acidente que não poderia
ser previsto ou evitado, caso previsto (cf. c. 1323). No entanto, há uma diferença entre agir sob
compulsão de força física e agir por medo severo. Aquele que age por medo severo ainda está sujeito
a sofrer a imposição de uma penalidade, já que o ato do aborto é intrinsecamente mau (medo severo
é uma resposta interna de uma pessoa à factível ameaça de um grave mal a ser imposto por outra
pessoa). Veja c. 1324 §1, 5º).
Ainda, as seguintes pessoas não estão automaticamente sujeitas a uma penalidade por ter parte em um aborto
bem-sucedido, embora uma penalidade menor ainda possa ser imposta como resultado de um processo da
Igreja (cf. c. 1324):
1.
Aquele com ―apenas uso imperfeito da razão‖ (c. 1324).
2.
Aquele ―que faltou com o uso da razão por embriaguez ou outro culpável semelhante‖ distúrbio
mental.
3.
Aquele que agiu sob considerável ―calor passional, o qual não precedeu e obstruiu ponderação de
mente e consentimento da vontade‖, desde que ―o calor passional por si só não tenha sido
voluntariamente‖ instigado ou alimentado (c. 1324).
4.
―Um menor que já tenha completado dezesseis anos‖ (c. 1324), mas que ainda não tenha dezoito
anos de idade.
5.
Uma pessoa que tenha sido forçada por meio de ―medo severo, mesmo que relativamente severo‖ (c.
1324).
6.
Aquele que sem culpa alguma não estava ciente ―de que a penalidade estava ligada a uma lei ou
preceito‖ (c. 1324).
Assim, para que uma pessoa seja automaticamente excomungada ela deve ter tido parte em um aborto bem
sucedido ou ter contribuído positivamente em um aborto bem sucedido e
1.
Ter gozado de uso pleno da razão
2.
Ter pelo menos dezoito anos de idade
3.
Não ter sido ignorante ao fato de que a Lei da Igreja inclui a penalidade de excomunhão ao crime do
aborto (isto é diferente de simplesmente saber que o aborto é um pecado grave e mortal; a Lei da
Pág. 69
Igreja presume que Católicos não desconhecem a Lei à qual estão sujeitos: veja c. 15 §2)
4.
Tenha sido capaz de exercer o seu livre arbítrio e não tenha agido sob medo severo, calor passional,
embriaguez inadvertida, ou qualquer outro distúrbio mental.
A censura de excomunhão pode ser removida usando-se a fórmula encontrada no Apêndice I do Rito de
Penitência (cf. cc. 1354-1357), à qual a Lei se refere como um ―superior eclesiástico‖ de uma diocese (o
bispo nomeia para governar a diocese). Além disso, a maioria dos bispos diocesanos tem concedido esse
direito aos padres de suas dioceses. Em caso de dúvida, é melhor buscar informação junto à corte de justiça
diocesana.
Finalmente, vejamos o que significa ser excomungado. A penalidade da excomunhão proíbe um membro
da Igreja de (cf. c. 1331):
1.
Ter qualquer participação ministerial na celebração do sacrifício da Eucaristia ou outra cerimônia de
adoração [pública]‖ (c. 1331)
2.
―Celebrar os sacramentos ou sacramentais e receber os sacramentos‖
3.
Ocupar ―qualquer escritório, ministério ou função, ou realizar atos de controle‖ (c. 1331).
Por favor, note cuidadosamente, entretanto, que uma pessoa excomungada, apesar de estar de fora da vida
sacramental da Igreja e não estar apta a exercer atividade ministerial dentro da Igreja, permanece um
membro da Igreja
permanece católica. Além disso, uma pessoa excomungada não está proibida de
participar da Missa ou de outros atos públicos de adoração, nem de atos particulares de oração e devoção.
Na verdade, esses atos deveriam ser motivados para que a pessoa excomungada arrependa-se, mude a sua
vida e auxilie na reparação da injustiça e escândalo causados pelo ato do aborto.
As questões resumidas acima sobre a Lei da Igreja são complexas, principalmente aquelas a respeito daquele
que age como cúmplice de um ato de aborto e que trouxe para si a pena pelo ato do aborto. Caso você tenha
alguma dúvida sobre aborto e a lei canônica, contate um canonista na sua diocese ou um padre que possa
assisti-lo de maneira confidencial.
Seção Sete
FONTES
RECOMENDADAS
Pág. 73
Folhetos
Burrin, Angela M. After Abortion: God Offers Forgiveness, Healing and Hope, 2nd ed. Ijamsville, MD: The
Word Among Us Partners, 2010.
Este folheto contém sete meditações Escriturais guiadas para ajudar mulheres que estão sofrendo as conseqüências
do aborto a experimentarem mais profundamente o amor misericordioso de Deus. A partir de 2010 estará
disponível por meio do The Word Among Us Partners: www.waupartners.org.
Coyle, C. T., PhD. Men and Abortion: Finding Healing, Restoring Hope. New Haven, CT: Knights of
Columbus, 2009.
Custa U$1.00 cada, com descontos para compras em grande quantidade. Ligue para 203-752-4574, ou visite
Knigths of Columbus Catholic Information em www.kofc.org/un/eb/en/about/contact/cis_contact.html.
Kupferman, Fr. Larry. A Rachel Rosary. Totowa, NJ: Catholic Book Publishing, 1994.
Uma fonte de orações individuais ou para grupos.
Pable, Martin, OFM Cap. Healing for Your Soul: A Guide for Post-Abortion Fathers. Milwaukee, WI:
National Office of Post-Abortion Reconciliation and Healing, 2007.
Este folheto foi planejado para que seja colocado, nas paróquias, em locais onde homens possam pegá-los. É uma
delicada introdução à cura pós-aborto para pais, escrita por um padre psicólogo com muitos anos de experiência
no ministério de cura pós-aborto e perícia no desenvolvimento espiritual do homem. Disponível individualmente
ou em grandes quantidades: U$4.00 cada, incluindo frete e manejo, proveniente de menandabortion@yahoo.com.
Para mais informações ou para fazer um pedido, ligue para National Office of Post-Abortion Reconciliation and
Healing no 800-5WE-CARE.
Thatcher, Brian, MD, and Pe. Frank Pavone. Rachel, Weep No More. Stockbridge, MA: Marian Press, 2003.
Estórias de aborto, os obstáculos à cura, o efeito do aborto nos outros e a cura pela misericórdia divina.
Livros
Brennan, Jane. Motherhood Interrupted: Stories of Healing and Hope After Abortion. Centennial, CO:
Xlibris Corp., 2008.
A autora, uma conselheira profissional pós-aborto que tem dedicado seu ofício a ajudar aqueles que sofrem as
conseqüências do aborto, apresenta quinze estórias de aborto e cura.
Burke, Kevin, David Wemhoff, and Marvin Stockwell. Redeeming a Father‘s Heart: Men Share Powerful
Stories of Abortion Recovery. Bloomington, IN: AuthorHouse, 2007.
Uma coleção de estórias de homens que participaram de abortos e sua recuperação.
Burke, Kevin, et al. Sharing the Heart of Christ. Staten Island, NY: Priests for Life, 2009.
Escrito pelos fundadores dos retiros pós-aborto Rachel's Vineyard e Pe. Frank Pavone, este livro discute o trauma
do aborto, a metodologia do Rachel's Vineyard, e dicas para conselheiros e clérigos envolvidos no ministério pósaborto.
Burke, Theresa. Forbidden Grief. Springfield, IL: Acorn Books, 2002.
Lida com o chamado ―reordenamento traumático‖ uma vez que se refere a mulheres lidando com a perda causada
pelo aborto.
Coyle, C. T., PhD. Men and Abortion: A Path to Healing. Lewiston, NY: Life Cycle Books, 1999.
Pág. 74
Fonte para compreender as feridas de um homem após o aborto, bem como o processo para ajudá-lo a
curar-se.
Dillon, Fr., John J. A Path to Hope. Totowa, NJ: Catholic Book Publishing, 1990.
Um livro prático sobre como ajudar aqueles que sofrem com as conseqüências do aborto, incluindo sugestões de
orações, escritas por um padre que tem trabalhado no ministério pós-aborto.
Gray, Kathleen, and Anne Lassance. Grieving Reproductive Loss: The Healing Process. Amityville, NY:
Baywood Publishing Co., 2002.
Livro extremamente útil para aqueles que ajudam mulheres que já tiveram perdas reprodutivas, incluindo o
aborto. Este livro relativamente pequeno é uma leitura fácil e fornece sugestões concretas para o clero,
orientadores para o luto e profissionais de saúde mental; escrito por especialistas no campo do luto.
Horak, Barbara. Real Abortion Stories: The Hurting and the Healing. El Paso, TX: Strive for the Best
Publishing, 2007.
Quatorze estórias sobre mulheres e uma sobre um homem relatando suas dificuldades após envolvimento em
aborto e como eles eventualmente encontraram a paz.
Kirk, Peggy. You Aren‘t Alone: The Voices of Abortion. Nevada City, CA: Blue Dolphin Publishing, Inc.,
2003.
Um conselheiro de matrimônio e família apresenta doze estórias das conseqüências e cura pós-aborto, além de
uma seção de fontes onde encontrar ajuda para aqueles que estão considerando um aborto, riscos médicos
relacionados ao aborto e capítulos sobre contraceptivos.
Maestri, Fr. William F. Do Not Lose Hope. Staten Island, NY: Alba House, 2000.
Uma série de oito pequenas reflexões sobre as experiências vividas por mulheres lutando após o aborto,
vinculadas às palavras do Papa João Paulo II no parágrafo 99 do Evangelium Vitae (O Evangelho da Vida). O
autor, um padre, escreve a partir de sua própria experiência como pastor que tem aconselhado mulheres após um
aborto.
Mannion, Fr. Michael T. Abortion and Healing: A Cry to Be Whole, 2nd ed. Kansas City, MO: Rowman and
Littlefield/Sheed and Ward, 1986.
Este livro provê uma visão geral da cura pós-aborto, escrita por um padre pioneiro no campo do
ministério pós-aborto.
Mannion, Fr. Michael, ed. Post-Abortion Aftermath. Lanham, MD: Rowman and Littlefield, 1994.
Compilação de ensaios apresentados por especialistas sobre as conseqüências do aborto em uma
conferência em Washington D.C, em 1995. Este é um livro que traz uma visão geral, com um capítulo
sobre o Projeto Raquel e um capítulo sobre a cura sacramental.
Nykiel, Connie. No One Told Me I Could Cry: A Teen‘s Guide to Hope and Healing After Abortion.
Lewiston, NY: Life Cycle Books, 2001.
Este livro tem como alvo adolescentes e jovens adultas que tenham abortado. Pode ser adquirido em maior
quantidade por meio de sacerdotes de universidades e sacerdotes da juventude e deixados em lugares nos quais as
pessoas possam vê-lo, com um bilhete que diga ―Para seus amigos. Por favor mantenha em circulação‖. Nenhum
outro livro tem como alvo jovens mulheres que tenham vivenciado recentemente a perda por um aborto enquanto
não é psicologicamente madura o suficiente para processar tudo o que está acontecendo.
Pág. 75
Reardon, David C. Aborted Women, Silent No More. Chicago: Loyola Press, 1987.
Uma visão geral de anos de pesquisa sobre a experiência do aborto. Dr. Reardon é considerado um dos
especialistas mundiais no campo.
Reardon, David C., PhD. The Jericho Plan: Breaking Down the Walls Which Prevent Post-Abortion Healing.
Springfield, IL: Acorn Books, 1996.
Um recurso curto e conciso desenvolvido para ajudar os clérigos na pregação sobre o emocionalmente pesado
problema do aborto.
Reardon, David C., PhD. Victim and Victors: Speaking Out About Their Pregnancies, Abortion, and
Children Resulting from Sexual Assault. Springfield, IL: Acorn Books, 2000.
Estórias pessoais das diferentes escolhas de mulheres após conceber uma criança fruto de abuso sexual.
Ring-Cassidy, Elizabeth, and Ian Gentles. Women‘s Health after Abortion: The Medical and Psychological
Evidence, 2nd ed. Toronto, Ontario: deVeber Institute, 2003.
Baseado em 500 artigos de jornais dos últimos vinte anos, tratando problemas que se seguem a partir do aborto.
Excelente para qualquer pessoa procurando uma visão geral de pesquisas e edições. Escrito por uma psicóloga e
especialista em bioética. Também disponível online em deveber.org/womens-heatlh-after-abortion.
Riols, Noreen. My Unknown Child. Colorado Springs: Multnomah Books, 1999.
A dolorosa e lindamente escrita história de uma mulher e sua jornada desde o vazio e arrependimento após um
aborto recomendado por médicos, até à paz e cura por meio de Jesus Cristo.
Shostak, A., and G. McLouth. 1984. Men and Abortion: Lessons, Losses, and Love. New York, NY: Praeger.
Tendo acompanhado a namorada em seu aborto, o sociólogo Shostak ficou comovido com a experiência. Isso o
levou a coletar dados de 1.000 homens em trinta clínicas de aborto em dezoito estados. Ele ficou surpreso ao
descobrir que outros ―homens da sala de espera‖ sentiam-se excluídos, queriam ter aconselhamento na clínica, e
estavam soterrados por suas próprias reações emocionais negativas ao aborto. Este trabalho permanece o único
livro acadêmico sobre o assunto.
Stanford-Rue, Susan. Will I Cry Tomorrow? Healing Post-Abortion Trauma. Ada, MI: Revell, 1993.
Descreve a conseqüência pessoal do aborto vivenciada pela Dra. Starford-Rue e a possível cura de longo prazo.
Brochuras e Artigos
Disponível no USCCB Secretariat of Pro-Life Activities (telefone: 866-582-0943). Para descrições, por favor
recorra ao catálogo do Secretariat em www.usccb.org/prolife/materials/index.shtml.
After the Abortion, poor Sr. Paula Vinegar (Item #9901-VAN)
Divine Mercy in My Soul, por Theresa Bonopartis (Item #0001-BON)
“The Hollow Men”: Male Grief and Trauma Following Abortion, por Vincent M. Rue, Ph.D. (Item #0846)
How to Talk to a Friend Who‟s Had an Abortion (Item #0120)
Neither Do I Condemn You (Item #9906)
Project Rachel: In the Heart of the Church (Item #0748)
A Special Word to Women Who Have Had an Abortion, por E. Joanne Angelo, MD (Item #9701-ANG)
Pág. 76
Panfletos
Disponíveis em www.lifecyclebooks.com:
Do You Know Someone?
The Fear I Felt
Forgotten Fathers
Hope and Healing
The Pain That Follows
Secret Sorrow
Cartões de Oração
Disponível no USCCB Secretariat of Pro-Life Activities (telefone: 866-582-0943). Para obter descrições, por
favor recorra ao catálogo do Secretariat em www.usccb.org/prolife/materials/index.shtml.
DVDs
Disponíveis em www.lifecyclebooks.com:
Dear Children (―Queridas Crianças‖)
Beyond Regret
Páginas na Internet
www.hopeafterabortion.org—USCCB Secretariat of Pro-Life Activities, apóia o Project Rachel Ministry
www.noparh.org—National Office of Post-Abortion Reconciliation and Healing (NOPARH)
www.menandabortion.info—―Reclaiming Fatherhood,‖ an educational outreach of NOPARH
www.afterabortion.org—The Elliot Institute
www.bethesdahealing.org—The Bethesda Healing Ministry
www.postabortionhelp.org - Rede Lumina
www.rachelsvineyard.org— Retiro Rachel‘s Vineyard
www.prolifejoes.com— Um centro de informação pré e pós-aborto para homens.
Manhã ou Tarde de Lembrança Orante e Intercessão
Este serviço de oração – constituído de conversas, testemunhos, Adoração Eucarística, Missa, oração
intercessora, e oportunidade para confissão – foi desenvolvido pelas Sisters of Life e Theresa Bonopartis
para a arquidiocese de Nova Iorque. Tem sido transmitida na Basílica do Santuário Nacional da Imaculada
Conceição em Washington D.C.; como parte da Vigília pela Vida 22 de Janeiro, e replicada em muitas
dioceses pelo país. Todas as conversas, testemunhos e textos de orações e hinos estão disponíveis com
Theresa Bonopartis (fundadora do ministério de cura pós-aborto Lumina) no 877-586-4621 ou
lumina@postabortionhelp.org.
Pág. 77
Grupo de Apoio para Antigos Provedores de Abortos
A Society of Centurions of America foi fundada pelo Dr. Philip Ney. Provedores de aborto podem ser
encaminhados à Society of Centurions para apoio contínuo. Sua Diretora, a Sra. Joan Appleton, uma exenfermeira facilitadora de abortos, pode ser contatada pelo telefone 651-771-1500 (Pro-Life Action
Ministres) ou por correio em P.O. Box 75368, St. Paul, MN 55175.
Santuários Memoriais e Locais
Os Marian Fathers of the Immaculate Conception no National Shrine of the Divine Mercy em Stockbridge,
MA, têm um Santuário dos Santos Inocentes no qual você pode homenagear uma criança. É possível criar
um monumento eterno para uma criança em uma parede de telhas de vidro (3 por 5‖ por U$200 ou 6 por 5‖
por U$400), em uma prateleira de velas (U$100), ou no Livro de Santos Inocentes (U$25). A construção do
novo santuário foi concluída em 2010; no entanto, novos monumentos estão sendo criados agora. Ligue para
800-671-2020 ou visite memorialsonedenhill.org.
As pessoas amadas das crianças homenageadas são lembrados diariamente na Santa Missa, no Terço pela
Vida, e na Novena Perpétua para a Divina Misericórdia no Santuário Nacional da Divina Misericórdia assim
como em missas especiais em 12 de Dezembro (na Festa de Nossa Senhora de Guadalupe), em 28 de
Dezembro (a Festa dos Santos Inocentes), e no terceiro sábado de Julho.
O Monumento Nacional dos Não-Nascidos em Chattanooga, TN, oferece placas com nome de crianças
falecidas (U$35). Visite www.memorialfortheunborn.org. Apesar de um lindo cenário, este não é um site
católico.
Artigos em Jornais Científicos
Buchanan, M., and C. Robbins. 1990. ―Early Adult Psychological Consequences for Males of Adolescent
Pregnancy and Its Resolution.‖ Journal of Youth and Adolescence 19 (4): 413-424.
Calhoun, B. C., and N. J. Hoeldtke. 2003. ―The Perinatal Hospice.‖ Journal of Biblical Ethics in Medicine 9
(1): 20-23.
Coleman, P. K., et al. 2002a. ―History of Induced Abortion in Relation to Substance Use During Subsequent
Pregnancies Carried to Term.‖ American Journal of Obstetrics and Gynecology 187:1673-1678.
Coleman, P. K., et al. 2002b. ―State-Funded Abortions vs. Deliveries: A Comparison of Outpatient Mental
Health Claims over Four Years.‖ American Journal of Orthopsychiatry 72:141-152.
Coleman, P. K., et al. 2002c. ―The Quality of the Caregiving Environment and Child Development
Outcomes Associated with Maternal History of Abortion Using the NLSY.‖ Journal of Child Psychology and
Psychiatry and Allied Disciplines 43:743-758.
Coleman, P. K., et al. 2005a. ―Associations Between Voluntary and Involuntary Forms of Perinatal Loss and
Child Maltreatment Among Low-Income Mothers.‖ Acta Paediatrica 94.
Coleman, P. K., et al. 2005b. ―Substance Use Among Pregnant Women in the Context of Previous
Reproductive Loss and Desire for Current Pregnancy.‖ British Journal of Health Psychology 10:255-268.
Pág. 78
Coleman, P. K., et al. 2006. “Resolution of Unwanted Pregnancy During Adolescence Through Abortion
Versus Childbirth: Individual and Family Predictors and Consequences.‖ Journal of Youth and Adolescence
35 (6) (December): 903-911.
Coleman, P. K., et al. 2007. ―Induced Abortion and Child-Directed Aggression Among Mothers of
Maltreated Children.‖ Internet Journal of Pediatrics and Neonatology 6 (2).
Coleman, P. K., et al. 2008. ―Predictors and Correlates of Abortion in the Fragile Families and Well-Being
Study: Paternal Behavior, Substance Use, and Partner Violence.‖ International Journal of Health Addiction
(December 31).
Coleman, P. K., et al. 2009a. ―Induced Abortion and Intimate Relationship Quality in the Chicago Health
and Social Life Survey.‖ Public Health 123 (4) (April): 331-338.
Coleman, P. K., et al. 2009b. ―Induced Abortion and Anxiety, Mood, and Substance Abuse Disorders:
Isolating the Effects of Abortion in the National Comorbidity Survey.‖ Journal of Psychiatric Research
43:770-776; www.rachelsvineyard.org/PDF/Articles/Coleman%20et%20al._JPR.pdf.
Coleman, P. K., V. M. Rue, and C. Coyle. 2009. ―Induced Abortion and Quality of Intimate Relationships:
Analysis of Male and Female Data from the Chicago Health and Social Life Survey.‖ Public Health:1-8.
Cougle, J. 2003. ―Depression Associated with Abortion and Childbirth: A Long-Term Analysis of the NLSY
Cohort.‖ Medical Science Monitor 9:CR105-112.
Cougle, J., et al. 2005. ―Generalized Anxiety Associated with Unintended Pregnancy: A Cohort Study of the
1995 National Survey of Family Growth.‖ Journal of Anxiety Disorders 19:137-142.
Cougle, J., et al. 2001. ―Psychiatric Admissions Following Abortion and Childbirth: A Record-Based Study
of Low-Income Women.‖ Archives of Women‘s Mental Health 3 (4) Supp. 2: 47.
Coyle, C. T. 2006. ―Men and Abortion: A Review of Empirical Reports Concerning the Impact of Abortion
on Men.‖ Internet Journal of Mental Health 3 (2).
Fergusson, D. M., et al. 2006. ―Abortion in Young Women and Subsequent Mental Health.‖ Journal of Child
Psychology and Psychiatry 47:16-24.
Fergusson, D. M., et al. 2008. ―Abortion and Mental Health Disorders: Evidence from a Thirty-Year
Longitudinal Study.‖ British Journal of Psychiatry 193:444-451.
Gissler, M., et al. 1996. ―Suicides After Pregnancy in Finland, 1987-1994: Register Linkage Study.‖ British
Medical Journal 313:1431-1434.
Gissler, M., et al. 2005. ―Injury Deaths, Suicides and Homicides Associated with Pregnancy, Finland 19872000.‖ European Journal of Public Health 15:459-463.
Kersting, A., et al. 2007. ―Complicated Grief After Traumatic Loss.‖ European Archives of Psychiatry and
Clinical Neuroscience 257: 437-443.
Pág. 79
Pedersen, W. 2007. ―Childbirth, Abortion and Subsequent Substance Use in Young Women: A PopulationBased Longitudinal Study.‖ Addiction 102:1971-1978.
Pedersen, W. 2008. ―Abortion and Depression: A Population-Based Longitudinal Study of Young Women.‖
Scandinavian Journal of Public Health 36:424-428.
Reardon, D. C. 2006. ―Relative Treatment Rates for Sleep Disorders Following Abortion and Childbirth: A
Prospective Record-Based Study.‖ Sleep 29:105-106.
Reardon, D. C., et al. 2002. ―Deaths Associated with Delivery and Abortion Among California Medicaid
Patients: A Record Linkage Study.‖ Southern Medical Journal 95:834-841.
Reardon, D. C., et al. 2003. ―Psychiatric Admissions of Low-Income Women Following Abortion and
Childbirth.‖ Canadian Medical Association Journal 168:1253-1256.
Reardon, D. C., et al. 2004. ―Substance Use Associated with Prior History of Abortion and Unintended
Birth: A National Cross-Sectional Cohort Study.‖ American Journal of Drug and Alcohol Abuse 26:369-383.
Rees, D. I., and J. J. Sabia. 2007. ―The Relationship Between Abortion and Depression: New Evidence from
the Fragile Families and Child Wellbeing Study.‖ Medical Science Monitor 13 (10) (October): CR430-436.
Rue, V. M. 1985. ―Abortion in Relationship Context.‖ International Review of Natural Family Planning
9:95-121.
Rue, V. M. 1998. ―Postabortion Counseling.‖ British Journal of Sexual Medicine (January/February).
Rue, V. M. 2004. ―Induced Abortion and Traumatic Stress: A Preliminary Comparison of American and
Russian Women.‖ Medical Science Monitor 10:SR5-16.
Rue, V. M., and C. Tellefsen. 1996. ―The Effects of Abortion on Men.‖ Ethics and Medics 21:3-4.
Speckhard, A. C., and V. M. Rue. 1992. ―Postabortion Syndrome: An Emerging Public Health Concern.‖
Journal of Social Issues 48 (3):95-119.
Speckhard, A. C., and V. M. Rue. 1993. ―Complicated Mourning: Dynamics of Impacted Post Abortion
Grief.‖ Journal of Prenatal and Perinatal Psychology and Health 8:5-32.
Swingle, H. M., et al. 2009. ―Abortion and the Risk of Subsequent Preterm Birth.‖ Journal of Reproductive
Medicine 54:95-108.
Apêndices
Pág. 83
Apêndice A
O Papel do Sacerdote junto Àqueles
em Risco de Abortar Devido a um
Diagnóstico Pré-Natal Desfavorável
Hoje em dia, quase toda mulher grávida é exposta a uma série de testes diagnósticos com o intuito de
descobrir problemas com o bebê ou com a gravidez. Um diagnóstico problemático normalmente fará com
que o médico recomende a interrupção da gravidez. O médico pode acreditar honestamente que é ―mais
fácil‖ ou menos arriscado interromper a gravidez no início. Ele pode declarar que é mais compassivo ―deixar
o bebê morrer agora‖. Ele irá garantir aos pais que ninguém precisa saber. No entanto, na realidade,
freqüentemente o seu conselho pode ser motivado pelo medo de ser processado por tratamento inadequado
ou ―wrongful life‖14 no qual os pais pedem ao plano de saúde indenização vitalícia, alegando que o médico
falhou em alertá-los a respeito da extensão das limitações da criança.
Trabalhando em conjunto com o escritório Projeto Raquel da sua diocese e o escritório de defesa da vida,
sugere-se que seja desenvolvida uma lista de pais que tenham sofrido uma perda infantil precoce,
completado uma gravidez com diagnóstico desfavorável, ou estejam cuidando de uma criança com
necessidades especiais. Esses pais podem ser recursos valiosos para outros pais que estejam enfrentando a
angústia de um diagnóstico desfavorável e sendo pressionados a abortar. É, também, sábio, ter à mão
informações de contatos de obstetras pró-vida, bem como especialistas em gravidez de alto risco.
Conselho aos Padres
Mary Kellet, católica e mãe de onze, que fundou Prenatal Parters for Life após sua filha mais nova ter sido
diagnosticada in utero com síndrome de Edwards, oferece este conselho para padres ao aconselhar pais:
Encerrar a vida de uma criança por indução precoce é um aborto. Toda mãe sente o luto pela
perda da criança que ela abortou. Então, ela sofre pelo desconhecido e pelo ―e se‖. Ao
permitir que Deus decida pelo destino de sua criança, uma mãe cura-se de maneira mais
completa, e, ao final, depois que a dor passa, ela está alegre. Não há arrependimentos.
Conduzir a criança até que seja a sua hora não prejudica a família ou traz dor à criança ainda
não nascida. O que isso faz é ensinar a virtude da paciência e confiança em Deus.
Quando um casal busca por respostas em sua tristeza, é crucial fazer a coisa certa ao
aconselhá-los a amar aquela criança pelo tempo que Deus desejar. Tais pais buscam o amor
de Deus e a verdade de Deus e a vontade de Deus. Os padres são pilares que tornam o
mundo forte. Seja firme em favor da vida.
14
Wrongful life é o nome dado, nos EUA, a uma ação judicial em que alguém é processado por não haver conseguido
impedir o nascimento de uma criança com deficiência grave.
Pág. 84
Respostas Úteis
Pais que receberam um diagnóstico pré-natal desfavorável dão as seguintes sugestões como conselhos úteis
para a aceitação da situação com a confiança em Deus:
•
Deus lhe dará todas as graças que você precisar.
▪
Eu ouço a sua dor. Deus ouve a sua dor. Deus te ama e chama todos os seus filhos a abraçarem a
santidade de toda vida humana desde a concepção à morte natural. Ele estará com você e nunca sairá
do seu lado.
•
Você está unido a Cristo durante o seu sofrimento.
•
Deus escolheu você para ser a mãe dessa criança especial.
•
Vá até Nossa Senhora. Ela conhece sua dor e a abrigará com seu manto.
•
Dê um nome ao seu bebê, converse com ele e ame o seu bebê como qualquer mãe o faria.
Crie lembranças maravilhosas desse momento especial enquanto ele ou ela ainda está vivo e
protegido no seu ventre.
•
Lembre-se de que Deus pode e faz milagres. Não tenha medo de pedir, e não tenha medo de confiar.
•
Toda vida é criada por Deus e tem um propósito.
•
Esses bebês especiais trazem consigo muitas graças e dons espirituais.
•
Se o seu bebê não sobreviver até o nascimento, existe o Batismo por desejo.
•
Não importa o quanto o seu bebê viva, ele será o seu filho por toda a eternidade.
Respostas Prejudiciais
Pais também ofereceram sugestões sobre o que não dizer (coisas que podem causar confusão e direcionar
uma mulher a encerrar a sua gravidez):
•
Só você sabe o que é melhor para você e sua família.
•
Isto é entre você e Deus.
•
Você precisa pensar na sua própria saúde.
•
Isso deve ser difícil para o seu corpo.
•
O que você acha que é a melhor coisa a se fazer?
•
Isso é um assunto complicado.
•
Siga a sua própria consciência.
•
Estou preocupado com a sua saúde mental.
•
Ouça os médicos e faça o que você acha que o seu coração te pede para fazer.
•
Se a sua escolha for feita com amor, não pode estar errada.
Pág. 85
Recursos Adicionais
Você pode, ainda, recomendar aos pais que visitem as seguintes páginas na internet:
morninglightministry.org
Morning Light Ministry é um ministério católico para mães e pais que tenham vivenciado a morte de
seu bebê por gravidez ectópica, aborto natural, natimorto ou morte infantil até um ano de idade. Esse
ministério também acolhe pais sofredores de outras denominações cristãs, de outras crenças, ou de
nenhuma religião que estejam lutando com a noção de fé.
A seção do site The Hope in Turnmoil traz informações e apoio para aqueles que estão lutando com
diagnósticos pré-natais desfavoráveis.
Morning Light Ministry oferece ajuda via telefone no Canadá e Estados Unidos. Toda a ajuda
telefônica é fornecida por pais desolados que foram treinados ao longo de muitos meses.
www.benotafraid.net
Benotafraid.net é um recurso online para pais que tenham recebido uma diagnóstico pré-natal
desfavorável. As histórias das famílias, os artigos e links desse site são apresentados como um
recurso para aqueles que possam estar tendo que escolher entre encerrar uma gravidez ou continuar
com ela apesar do diagnóstico. As famílias do benotafraid.net enfrentaram as mesmas decisões e
optaram por não encerrar a gravidez. Ao compartilhar as suas experiências, elas encorajam aqueles
que podem estar com medo de continuar.
www.childrensmemorial.org/depts/fetalhealth/overview.aspx
O Institute for Fetal Health em Chicago é um recurso nacional dos EUA. Ele fornece a oportunidade
de falar com especialistas mundiais e obter boas informações sobre anomalias e estratégias de
tratamento. A página do Instituto declara: ―Ao usar uma abordagem multidisciplinar, o Institute for
Fetal Health fornece consulta pré-natal e planejamento de cuidado pediátrico para mulheres
grávidas identificadas como gestantes de bebês com deficiências ou problemas médicos‖. Os pais
podem recorrer diretamente, ou seus médicos podem fazer o contato.
www.prenatalpartnersforlife.org
Este site, desenvolvido por Mary Kellet, oferece apoio, informação e estímulo para levar até o fim a
gravidez com diagnóstico pré-natal desfavorável, bem como apoio para criar uma criança com
necessidades especiais após o nascimento. Pais cujos filhos tenham sido recentemente
diagnosticados com alguma deficiência são colocados em contato com pais de crianças com
deficiências semelhantes para que os pais experientes possam oferecer apoio, informação e
conselhos sobre como cuidar de seus filhos até o dia em que Deus os chamar de volta ao lar.
www.elizabethministry.com/prenatal.html
Elizabeth Ministry International oferece a famílias que tenham recebido diagnóstico pré-natal
desfavorável, apoio espiritual e compassivo por meio de orientação por meio de companheiros
mentores, desenvolvimento de acompanhamento pré-natal, presença no trabalho de parto, serviço de
memorial e sepultamento, retiros, oração, bênçãos, grupos de apoio, encaminhamento a assistência
comunitária e uma extensa lista de recursos adicionais.
Informações sobre abrigos perinatais podem ser encontradas nos seguintes sites:
www.choicesmc.org/pages/pregnant/perinatal.php
www.aaplog.org/PositionsAndPapers/PerinatalHospice.aspx?fileID=1
www.perinatalhospice.org
Pág. 86
Apêndice B
Levantando o Problema de Perda por Aborto Anterior
na Preparação para o Casamento
A questão de histórias sexuais deveria ser trazida à tona nos programas de preparação para o casamento
como parte do processo. Os casais precisam ser encorajados a serem honestos uns com os outros desde o
início para criar uma base firme de comunicação no casamento. Se há algo que incomoda a ambos os
cônjuges (por exemplo, muitos parceiros sexuais passados, ou uma experiência de aborto), é melhor ficar
sabendo a respeito antes do casamento, enquanto o discernimento ainda pode ocorrer.
O casal deveria, individualmente, ser convidado a discutir suas histórias sexuais. Existe um mito de que o
que está no passado deve ficar no passado; no entanto, histórias sexuais entram no casamento, quer isso seja
falado quer não. Este é, simplesmente, um convite a ser honesto. É escolha deles aceitar o convite, mas pelo
menos ele foi feito.
O padre ou diácono pode dizer, ―Relacionamentos íntimos (sexuais) passados tornam-se parte de nossa
história. Às vezes DST's podem ter sido contraídas, e o seu companheiro tem o direito de saber a respeito
disso por causa de uma possível ameaça à saúde e à prole. Feridas íntimas como abuso sexual passado e
abortos podem interferir no estabelecimento de uma intimidade sexual saudável. Mesmo que você não tenha
pensado nisto há muito tempo, é importante que você compartilhe essas informações com seu
companheiro‖.
Levantar essas questões pode ser muito benéfico para o casal. Um companheiro sem histórico de aborto
pode ter dificuldades em compreender um esposa que tenha passado por isso. Caso algum ou ambos os
companheiros tenham tido perdas por meio do aborto com outras pessoas, eles precisam estar cientes sobre
como isso pode interferir no casamento, especialmente se eles ainda não estiverem curados. Uma
desconfiança profunda pode vir à tona no relacionamento. Por exemplo, um homem pode ter estado
envolvido em muitos abortos. A sua noiva precisa saber as circunstâncias porque caso ele tenha forçado
esses abortos, a mesma reação pode acontecer quando a gravidez acontecer no relacionamento deles.
Quando a confiança é compartilhada, o companheiro pode ajudar o processo de cura ao oferecer-se para
adotar espiritualmente a criança ou crianças falecidas.
Para padres que realizam preparação para casamentos, é aconselhável encontrar-se com cada parte do casal
separadamente após reunir-se com eles juntos. Isso permite que haja tempo para discussão e aconselhamento
e, em muitos casos, confissão.
Pág. 87
Apêndice C
Como Abençoar um Monumento
para Crianças Não-nascidas que
Perderam Suas Vidas por Meio de Aborto
Nota: Esta cerimônia pode ser adaptada para incluir crianças falecidas por meio de aborto natural, natimorto,
ou no início da infância, caso deseje-se um enfoque mais abrangente.
Saudação
Quando todos estiverem reunidos, o padre ou diácono os saúda conforme o seguinte, ou com outras palavras
cabíveis.
(Book of Blessings, no. 1423)
A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo,
doador de vida e conquistador da morte,
esteja com vocês.
T: Bendito seja Deus, que nos reuniu no amor de Cristo.
Usando as seguintes palavras ou semelhantes, o padre ou diácono prepara os presentes para a celebração:
Irmãos e irmãs em Cristo:
No início da criação, o Espírito de Deus soprou sobre as águas
e, do caos, trouxe a beleza.
Então, Deus pegou o solo da terra
e com Seu sopro colocou vida em nossos seres.
Mas desde o tempo de Caim, em nossa fraqueza humana,
nós temos pecado contra o maravilhoso dom da vida.
Possa este monumento servir como lembrança de todas as crianças
que morreram no ventre de suas mães.
Possa este tornar-se um lugar para que sejam honrada a sua lembrança e sentida a dor pelas suas
perdas.
Que todos possamos confiar na misericórdia de Deus,
e que aqueles que participaram do aborto
encontrem a cura e a misericórdia do Deus Todo Poderoso.
Que estejamos determinados a encorajar e dar forças
àquelas que estão grávidas e carentes
e àquelas que necessitam de cura.
Por meio da intercessão de Maria, Mãe de Toda a Vida,
possamos todos respeitar, defender e proteger a vida em
todos os seus estágios.
Pág. 88
Leitura da Palavra de Deus
Uma leitura apropriada pode ser retirada a partir do Lectionary for Funerals for Children Who Died Before
Baptism, no Order of Christian Funerals, capítulo 15.
Homilia
Intercessões
O padre ou diácono apresenta as intercessões:
Cristo Senhor apagou nossos pecados ao morrer na Cruz
e venceu a morte ao levantar-se do sepulcro.
Possamos então encomendar essas crianças aos seus cuidados
e depositar a nossa fé em Sua misericórdia.
Outra pessoa conduz as intercessões:
Por todas as crianças que morreram por aborto,
e especialmente pelas crianças de [diocese, cidade].
Que elas possam descansar protegidas
nos braços amorosos do Senhor.
Rezemos ao Senhor:
T: Senhor, escutai a nossa prece.
Pelos pais dessas crianças,
que Deus conduza seus corações ao arrependimento
e, com coragem, possam eles ser reconduzidos à Sua paz,
Rezemos ao Senhor:
T: Senhor, escutai a nossa prece.
Pelo médicos e todos os profissionais da saúde,
que, por nosso paciente e amoroso exemplo,
sejam convertidos a amar a vida
e a praticar suas profissões com a verdadeira dignidade,
Rezemos ao Senhor:
T: Senhor, escutai a nossa prece.
Para que cresça o respeito pela vida humana
e a proclamação clara do Evangelho da Vida.
Que possamos defender as vidas dos menores e mais frágeis
Seguindo o exemplo de Jesus Cristo,
Rezemos ao Senhor:
T: Senhor, escutai a nossa prece.
Pág. 89
Por todas as crianças não-nascidas,
especialmente aquelas seguras nos ventres de suas mães,
que possamos guardá-las como o presente mais valioso de Deus,
Rezemos ao Senhor:
T: Senhor, escutai a nossa prece.
O padre ou diácono conclui as intercessões convidando todos a rezarem o Pai Nosso:
Deus escuta as nossas preces,
e, assim, ousamos dizer:
Pai Nosso...
Concluindo a Oração e Abençoando o Monumento
(baseado no Order of Christian Funerals, no. 15)
Senhor Deus,
sempre amoroso e terno,
entregamos ao Seu amor esses pequenos,
trazidos à vida por tão pouco tempo.
Envolva-os com o Seu amor.
Nós rezamos por todos os responsáveis pela morte dessas crianças.
Dê a eles a graça do verdadeiro arrependimento,
e conforte-os com generosa porção de Sua misericórdia.
Abençoe esse monumento +
que ele seja para nós sinal
da necessidade que temos de Sua graça.
Pai Celeste,
transforme nosso egoísmo e pecado
e faça-nos buscar o Seu amor.
Ajude-nos a seguir o Evangelho da Vida,
a repudiar o pecado, o egoísmo e a morte,
e a viver como Seus filhos.
Pedimos em nome de Nosso Senhor, Jesus Cristo.
T: Amém.
Pág. 90
Bênção dos Presentes
(Book of Blessings, nos. 1753-1754)
O padre ou diácono reza:
Que a paz do Senhor,
que está acima de todo entendimento,
mantenha nossos corações e mentes
no conhecimento e no amor de Deus
e Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.
T: Amém.
E então ele abençoa todos os presentes.
Que o Deus Todo-Poderoso os abençoe,
em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
T: Amém.
Esta cerimônia pode ser encerrada com um salmo apropriado ou outra canção.
Pág. 91
Apêndice D
Hora Santa pela Vida
Procissão
Após todos estarem em ordem, um padre ou diácono, usando a veste sacerdotal ou véu
umeral, traz o Santíssimo ao altar para Adoração em um ostensório. Ele pode ser
acompanhado por acólitos com velas. Uma canção apropriada pode ser cantada (ex: “O
Salutaris Hostia”). O Santíssimo é colocado no altar. O presidente da celebração, então,
ajoelha-se diante do altar e incensa o Santíssimo Sacramento. Termina-se a canção de
abertura, seguida por um momento de oração silenciosa.
Oração Inicial
Ó Deus,
Que adorna a criação com esplendor e beleza,
e molda a vida humana à sua imagem e semelhança,
desperte em cada coração
reverência pela obra de suas mãos,
e renove dentre Seu povo
a disposição para nutrir e sustentar
o Seu precioso dom da vida.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho,
que vive e reina convosco na unidade do Espírito Santo,
Deus, para todo o sempre.
T: Amém.
Liturgia da Palavra
Primeira Leitura
Leitura do Livro do Gênesis
1:24-31a
E disse Deus:
―Produza a terra seres vivos segundo a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais
selvagens segundo a sua espécie‖.
E assim foi. Deus, pois, fez os animais selvagens segundo as suas espécies, e os animais
domésticos segundo as suas espécies, e todos os répteis da terra segundo as suas espécies. E
viu Deus que isso era bom. E disse Deus: ―Façamos o homem à nossa imagem e
semelhança; que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais
domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra‖.
Pág. 92
Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e mulher .
Deus os abençoou: ―Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos; enchei a terra e submetei-a.
Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se
arrastam sobre a terra‖. Deus disse: ―Eis que vos dou toda a erva que dá semente sobre a
terra, e todas as árvores frutíferas que contém em si mesmas a sua semente para que vos
sirvam de alimento. E a todos os animais da terra, a todas as aves do céu, a tudo que se
arrasta sobre a terra, eu dou toda a erva verde como alimento‖. E assim se fez.
Deus contemplou toda a sua obra e viu que tudo era bom. Sobreveio a tarde e depois a
manhã: foi o sexto dia.
Todos: Graças a Deus.
Salmo Responsorial
Salmo 139:1b-3, 13-14b, 23-24
Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!
— Senhor, vós me sondais e conheceis, sabeis quando me sento ou me levanto; de longe
penetrais meus pensamentos, percebeis quando me deito e quando eu ando, os meus
caminhos vos são todos conhecidos.
Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!
— Fostes vós que me formastes as entranhas, e no seio de minha mãe vós me tecestes. Eu
vos louvo e vos dou graças, ó Senhor, porque de modo admirável me formastes! Que
prodígio e maravilha as vossas obras!
Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!
— Senhor, sondai-me, conhecei meu coração, examinai-me e provai meus pensamentos!
Vede bem se não estou no meu caminho e conduzi-me no caminho para a vida!
Aclamação ao Evangelho
T: Aleluia, aleluia.
Jo 6,51
Eu sou o pão vivo que desci do céu. Quem comer deste pão, viverá eternamente. E o pão
que eu hei de dar é a minha carne para a salvação do mundo.
T: Aleluia, aleluia.
Evangelho
Pág. 93
Proclamação do Evangelho segundo Mateus.
18, 1-5, 10, 12-14
Naquele tempo, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: ―Quem é o maior no
Reino dos Céus?‖ Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles e disse: ―Em verdade
vos digo, se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino
dos Céus. Quem se faz pequeno como esta criança, este é o maior no Reino dos Céus. E
quem recebe em meu nome uma criança como esta é a mim que recebe. Não desprezeis
nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que os seus anjos nos céus veem sem cessar a
face do meu Pai que está nos céus. Que vos parece? Se um homem tem cem ovelhas, e uma
delas se perde, não deixa ele as noventa e nove nas montanhas, para procurar aquela que se
perdeu? Em verdade vos digo, se ele a encontrar, ficará mais feliz com ela, do que com as
noventa e nove que não se perderam. Do mesmo modo, o Pai que está nos céus não deseja
que se perca nenhum desses pequeninos‖.
Palavra da Salvação.
Todos: Glória a vós, Senhor.
Homilia
Oração Silenciosa ou Recitação do Terço
O Pai Nosso
O ministro responsável então canta ou diz:
Agora ofereçamos juntos a oração que nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou.
Todos: Pai Nosso...
Benção
Ao final do Pai Nosso, o ministro responsável vai ao altar, fax uma genuflexão e ajoelha-se. Ao ajoelhar-se,
“Tantum Ergo” ou outra canção apropriada é cantada e ele incensa o Santíssimo Sacramento. Após o
término do hino, ele levanta-se e canta ou diz:
Oremos:
Após um breve momento de silêncio, o ministro responsável continua:
(Holy Communion and Worship of the Eucharist Outside Mass, no. 98)
Senhor Jesus Cristo,
que nos destes a Eucaristia
como memorial do seu sofrimento e morte.
Que a Adoração do sacramento do Seu Corpo e Sangue
nos ajude a experimentar a salvação que venceste por nós
e a paz do reino
onde reinas com o Pai e o Espírito Santo,
um só Deus para todo o sempre.
Pág. 94
Todos: Amém.
Após a oração, o ministro responsável veste o véu umeral, ajoelha-se e toma o ostensório.
(Os presentes devem ajoelhar-se.) Ele faz o Sinal da Cruz com o ostensório sobre os
presentes, em silêncio.
O ministro responsável remove o véu umeral e ajoelha-se novamente em frente ao altar para
conduzir os reunidos à Ladainhas. Cada aclamação é repetida por todos juntos.
Bendito seja Deus.
Bendito seja o Seu Santo Nome.
Bendito seja Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Bendito seja o nome de Jesus.
Bendito seja o Seu Sacratíssimo Coração.
Bendito seja o Seu Preciosíssimo Sangue.
Bendito seja Jesus no Santíssimo Sacramento do Altar.
Bendito seja o Espírito Santo Paráclito.
Bendito seja a grande Mãe de Deus, Maria Santíssima.
Bendita seja a sua Santa e Imaculada Conceição.
Bendita seja a sua gloriosa Assunção.
Bendita seja o nome de Maria, Virgem e Mãe.
Bendito seja São José o seu castíssimo esposo.
Bendito seja Deus nos Seus anjos e nos Seus santos.
Reposição
Após a Ladainha, o religioso responsável retira o Santíssimo Sacramento do ostensório e o devolve à
sacristia. Depois disso, um hino é cantado (ex: “Holy God We Praise Thy Name”), e o religioso responsável,
bem como os fiéis, fazem a referência e saem.
Pág. 95
Agradecimentos
A Secretaria para o Clero, Vida Consagrada e Vocações do USCCB e a Secretaria para Atividades Pró-Vida
do USCCB desejam expressar sua gratidão aos seguintes:
•
Reverendo James E. Connell, JCD, da Arquidiocese de Milwaukee, e Monsenhor Ronny E. Jenkins,
STL, JCD, da Associate General Secretary, USCCB, pela discussão sobre a lei canônica; Fr. Robert Sears,
SJ, PhD, ex-participante do Institute of Pastoral Studies, da Loyola University, Chicago, pelo seu
discernimento sobre aconselhamento e orações de cura interior.
•
Vicki Thorn, fundadora do Projeto Raquel e diretora do National Office of Post- Abortion
Reconciliation and Healing (NOPARH), Milwaukee, Wisconsin, pela consultoria e contribuições dadas ao
manual.
•
Vincent M. Rue, PhD, do Institute for Pregnancy Loss, Jacksonville, Florida, por sua consultoria e
contribuições ao manual.
•
Todos os padres ativos no ministério pós-aborto, por toda a sabedoria que adquiriram e
compartilharam.
•
Às mulheres e homens que caminharam pela jornada de cura e ensinaram outros por meio de suas
experiências.
Os textos da Sagrada Escritura presentes neste trabalho foram retirados da New American Bible with Revised
New Testament and Revised Psalms © 1991, 1986, 1970 pelo Confraternity of Christian Doctrine,
Washington, D.C., e são utilizados com permissão do detentor dos direitos autorais. Todos os direitos
reservados. Nenhuma parte da New American Bible pode ser reproduzida, sob qualquer meio, sem a
permissão, por escrito, do detentor dos direitos autorais.
Trechos do Catecismo da Igreja Católica segunda edição, direitos autorais © 2000, Libreria Editrice
Vaticana – United States Conference of Catholic Bishops, Washington, D.C., usados com permissão. Todos
os direitos reservados.
Citações do Code of Canon Law: Latin-English Edition: New English Translation (Codex Iuris Canonici
[CIC]) copyright 1998, Canon Law Society of America, Washington, DC. Usadas com permissão. Todos os
direitos reservados.
Trechos do Evangelium Viate, papa João Paulo II, copyright © 1995, Libreria Editrice Vaticana (LEV),
Vatican City; trechos de “Oil on the Wounds: A Response to the Ills of Abortion and Divorce”, do Papa
Bento XVI, direcionado a um Congresso Internacional, copyright © 2008, LEV; trechos da ―Letter
Proclaiming a Year for Priests,‖ copyright © 2009, LEV‖, do Papa Bento XVI; trechos da Homily on the
Feast of Sts. Peter and Paul, copyright © 2009, LEV do papa Bento XVI; trechos da Letter to Priests on Holy
Thursday, copyright © 2002, LEV do Papa João Paulo II. Usados com permissão. Todos os direitos
reservados.
Trechos da tradução em Inglês da Holy Communion and Worship of the Eucharist Outside Mass © 1974,
International Committee on English in the Liturgy, Inc. (ICEL); trechos da tradução em Inglês do Book of
Blessings © 1988, ICEL. Todos os direitos reservados.
Citações do Diary of St. Maria Faustina Kowalska: Divine Mercy in My Soul são reeditadas com a
permissão dos Marian Fathers of the Immaculate Conception, Stockbridge, MA 01263. Copyright © 1987.
A cópia da imagem de Robert Skemp‘s “Divine Mercy” é cortesia dos Marian Fathers of the Immaculate
Conception, Stockbridge, MA 01263. Todos os direitos reservados.
Descargar