MARTINHO LUTERO - A BIOGRAFIA FAMÍLIA PATERNA SEUS PAIS: Hans (mineiro, que nascera no campo) e (Margareta) Margarida Lutero. Estes, após o casamento saíram da cidade de seus pais chamada Moera, para morarem em Eisleben. Nesta cidade começa a história do Reformador. O jovem casal é descrito como sendo de estatura média e pele morena. 10 de Novembro de 1483, Nasce-lhes um menino na cidade de Eisleben, estado da Turingia, na Alemanha. No dia seguinte, 11 de Novembro de 1483 - Dia de São Martinho, o menino foi levado ao santo batismo e em homenagem ao santo do dia recebeu o nome MARTINHO (Marthin Luther, em alemão) Em 1484 a sua família mudou-se para Mansfeld onde seu pai pretendia trabalhar nas minas de carvão. Seus pais rogavam a Deus para que Deus concedesse que Martinho vivesse vida pura e honesta. Por isso a disciplina neste lar era rigorosa. Vigoravam os dez mandamentos e não o amor. LUTERO NA ESCOLA Quando tinha quatro anos e meio foi matriculado na escola primária. Nesta, além do ensino secular, aprendia diligentemente os Dez Mandamentos o Credo e o Pai Nosso. Já no ensino religioso prático lhe era ensinado a adorar o papa como um santo. Cantavam-se hinos religiosos e pregavam-se o fogo e os tormentos do inferno. Lutero conheceu Jesus como juiz severo e cheio de raiva. Devia alcançar a graça por meio de obras, mas, sentindo ser impossível tanta penitencia foi encaminhado a rogar e invocar á Virgem Maria. Aos seis anos de idade, Lutero já falava fluentemente o latim. Já com 14 anos (1497), com objetivo de estudar em escola melhor, viajou para Magdeburgo, deixando sua família. Para o seu sustento dependia das dádivas dos caridosos. Nesta cidade freqüentou o ginásio no melhor colégio, no entanto, o papismo também imperava lá. O colégio era gratuito, mas os alunos precisavam cuidar de sua própria alimentação. Para alimentar-se o colégio os mandava mendigar, pois desta forma eram ensinados a serem humildes e faziam com que os ricos deixassem de ser gananciosos. Lutero optou em cantar diante das casas dos ricos para receber doações. Estudou um ano em Magdeburgo e a falta de recursos obrigou-o a abandonar os estudos por algum tempo. Após isto, em 1498, matriculou-se no Colégio de Eisenach, cidade onde residiam muitos parentes de sua mãe e o Conrado Lutero (parente próximo), sacristãos da igreja. Estes não o ajudaram e Lutero novamente passou a cantar e orar diante das casas para receber donativos. Em uma destas casas encontrou Dona Úrsula Cotta, senhora piedosa, esposa do comerciante Kuns Cotta. Esta sentia simpatia pelos cânticos e fervorosas orações de Lutero. Certo dia esta lhe convidou á mesa, assim seu sustento estava garantido e ele podia dedicar-se ao estudo. Nesta casa Lutero também aprendeu a tocar alaúde. Por ocasião da visita do professor Trutvetter, da Universidade de Erfurt, coube a Lutero proferir a mensagem festiva. Este professor, vendo os dons de Lutero, orientou o reitor de Eisenach e amigo do estudante Lutero, Sr. Trebonius, a encaminhar Lutero a Erfurt e ainda pessoalmente colocou-se á disposição de Lutero. LUTERO NA UNIVERSIDADE Após 4 anos concluiu seus estudos em Eisenach e em 1501 Ingressou na famosa Universidade de Erfurt, uma das melhores da época. O desejo do pai era ver o filho Martinho advogado e desejava que defendesse os pobres. A situação financeira do pai já estava tranqüila, mas era necessário receber bolsa para estudar nesta Universidade. Em toda a sua vida teve o lema: “Orar com assiduidade, já é estudar mais que a metade”. E em 1502 já se tornou Bacharel em Artes. Na biblioteca desta Universidade de Erfurt Lutero encontrou o livro nunca antas visto por ele: A Bíblia em língua latina. A história que o fascinou foi a de Samuel e sua mãe, Ana. Seu desejo era de que Deus fizesse dele um piedoso Samuel. Gostava muito de ler a Bíblia, mas era criticado pelos seus mestres, pois estes afirmavam que era da Bíblia que os doutores extraiam as verdades. Seria mais proveitoso ler os Livros destes doutores. Meses após adoeceu por má alimentação e muito esforço intelectual, vindo a sentir sua morte, preocupou-se com a vida eterna. Neste momento foi consolado e encorajado por um velho sacerdote. Em 1503, para descansar o intelecto, viajou para a casa de seus pais. No caminho acidentouse: cravou seu espadim (usado pelos universitários) na coxa. Foi levado de volta a Erfurt, mas com a dificuldade de estancar o sangue, sentiu ânsia da morte e implorou a ajuda de Maria. Em 1505 tornou-se Mestre em Artes. Isto lhe dava o direito de lecionar filosofia. Assim lecionou sobre a moral de Aristóteles, filosofia grega. Logo em seguida o seu melhor amigo morreu. Isto intrigava muito o jovem Lutero, pois não conhecia Deus como ele realmente é, mas só o conhecia como vingativo a castigador. Em maio de 1505 começou a estudar direito. Sofrendo enfermidade, viajou para casa até restabelecer a sua saúde. No dia 2 de julho deste ano, ao voltar a pé para a Universidade, perto de Erfurt, desencadeou-se uma terrível tempestade. Um raio caiu ao seu lado e fortes trovoadas o amedrontavam. Lançando-se ao chão invocou a Santa Ana (padroeira dos mineiros) dizendo: “Ajuda-me, e eu te prometo que, logo a seguir, me tornarei um monge”. Pensava ser esta a forma de reconciliar-se com Deus e sentir paz na alma. Fiel em cumprir sua promessa a Santa Ana, no dia 15-07-1505 convidou os seus amigos para um encontro. Cantando e tocando música ninguém desconfiava o que se passava no interior do colega Lutero. Antes dos amigos se despedirem ele falou sobre a sua decisão e lhes distribuiu seus livros de direito. Na noite de 17 de julho seus amigos o acompanharam chorando, até à porta do Convento dos Agostinianos, onde seria monge. Seu pai ficou chocado e negava o consentimento para tal passo do filho. Seu pai não consentia com os frades ociosos, mas Lutero pediu o consentimento para esta decisão. SUA FORMAÇAO TEOLÓGICA A decisão de tornar-se monge partiu principalmente do voto feito no dia do temporal. A vida monástica era uma opção de segurança e fuga do mundo. Havia nove mosteiros em Erfurt. Lutero ingressou na ordem dos Agostinianos, fundada no século XIII na Itália. Neste, Lutero fez parte da ala dos observantes - vida regrada e rígida. O Noviço Lutero O noviço tinha de fazer os trabalhos mais humildes como varrer o pátio e limpar as privadas. Como noviço não estudava, apenas trabalhava. No Convento Lutero dedicava sete horas diárias para a oração. Rezavam 25 Pai Nosso e 25 “Ave Maria”, em horas intercaladas. Não havia horas de descanso e sono consecutivas, tudo para quebrar o orgulho. Teve de mendigar, usando um capuz na cabeça. Passado um ano fez seu voto de pobreza, castidade e obediência. Passada esta fase passou a ter privilégios como: ter seu quarto (sela), ter cama, mesa e cadeira. Agora passou a estudar as Escrituras, os “Pais da Igreja” (Teólogos importantes do passado), e os filósofos pagãos, e ainda línguas como grego e hebraico. Lutero Torna-se monge Em 27 de Fevereiro de 1507, Lutero foi ordenado monge. A sua primeira missa foi no dia 02 de maio. Seu pai veio junto com mais vinte cavaleiros, dando de presente uma quantia de dinheiro (20 florins). No momento do banquete Lutero pediu perdão ao pai por não ter seguido a carreira de direito e assim ter transgredido o quarto mandamento. O pai não queria perdoar, mas depois concedeu o perdão. Como monge Lutero escolheu para si 21 santos dos quais venerava três em cada dia. A CIDADE DE WITTEMBERG Cidade com 3.000 habitantes que em 1502 tornou-se a cidade residencial do Eleitor Frederico, o Sábio. Nela havia um convento Agostiniano e este poderia ser o corpo docente de uma universidade. Assim em 18 de outubro de 1502 foi fundada a Universidade de Wittemberg. O reitor era Poklich e o deão acadêmico Staupitz, amigo de Lutero. Em 1508 Lutero foi convidado para ser professor, lecionando Filosofia e Ética de Aristóteles. Haviam assim sete professores, entre eles Felipe Melanchthon. Os outros cinco também foram aliados de Lutero no movimento da Reforma. Esta Universidade é considerada a Primeira Universidade Teológica Luterana. Em Wittemberg, Lutero tornou-se pregador da capela de madeira ao lado do convento. Quando esta tornou-se pequena, foi convidado a usar a catedral do Castelo de Wittemberg. Nesta, mais tarde, fixou as 95 teses. Depois de um ano professor, Lutero foi transferido a Erfurt onde continuou estudos de Teologia e em 1509 tornou-se Bacharel em Bíblia. Os seus professores de Erfurt davam ênfase na teologia nominalista, dando ênfase no livre arbítrio. LUTERO VIAJA A ROMA Nestes anos (1510 ou 1511) Lutero viajou para Roma em uma missão de sua ordem. Nunca antes saíra da Alemanha. Sua alegria era imensa em poder ver o “vigário de Cristo” (papa) e toda a “cidade santa” (Roma). Nesta viagem levou um show de cultura e abriu seus horizontes. Sua viagem durou cinco meses, ficando quatro semanas em Roma. Ao ver a cidade beijo u devotadamente o chão que não se sentia digno de pisar. Iniciou a penitência de subir os degraus da escada “santa”, rezou dez missas e viu muitos do monumentos considerados sagrados, mas não conseguiu realizar o sonho de rezar a missa na Igreja São João de Latrão, por causa da fila. A escada santa é a - que Jesus subiu no palácio de Pôncio Pilatos para ser julgado. Existe a crença, de que esta escada tenha sido transportada pelos anjos de Jerusalém a Roma. Diante de tantos objetos sagrados surgiram inúmeras dúvidas ao devoto frade Lutero. A imoralidade reinante na cidade santa, entre os sacerdotes, o decepcionou. Lutero convenceu-se do provérbio reinante na época: “Se existe inferno, Roma foi construída sobre ele”. Sua viagem a Roma o deu autoridade para falar contra os abusos pois dizia “falo do que vi. LUTERO TORNA-SE DOUTOR Em maio de 1512 voltou definitivamente para Witternberg. Agora, porém não devia continuar lecionando filosofia, mas faria parte da teologia. Para tanto era necessário o grau de doutor. Julgando-o habilitado para tal, a igreja lhe concedeu, em 19 de Outubro de 1512, o capelo e o anel, conferindo o grau de Doutor. Neste momento teve que jurar que iria investigar, ensinar e defender as Sagradas Escrituras. Recebeu nome ação permanente para a cátedra (disciplina) de ensinos bíblicos naquela universidade. Sempre via o conflito das verdades evangélicas com o Deus vingativo e punidor que era anunciado. Foi quando estudou a epístola aos Romanos que suas convicções aumentaram. Estudou acuradamente o texto de Romanos 1.17: “o justo viverá por fé” e assim foi conhecendo a graça de Deus revelada em Crista, em quem temos plena redenção. Lutero, investigando as Escrituras passava de luz para luz. Seu conceito de salvação pela graça e justificação progredia gradualmente. A justificação pela fé, obscurecida pelos interesses papistas, foi redescoberta. A cada novo texto Lutero ia redescobrindo os grandes temas teológicos e doutrinários. A Bíblia lhe era única fonte de doutrina e fé, sendo apenas a Bíblia autoridade para interpretar-se a si mesma. A diferença entre lei e evangelho foi apontada. Também pecado e graça passaram a ser vistos da forma bíblica. AS INDULGENCIAS As indulgências foram o principal pontapé para iniciar o Movimento da Reforma. Estas tinham sua origem nas tribos pagãs e germânicas e foram reavivadas na época das cruzadas, quando recebia indulgência plena (toda a vida) aquele que lutasse. O sacramento da penitência consistia em contrição, confissão e absolvição. Na absolvição as penas eternas eram anuladas, restando as penas temporais impostas pela igreja. Destas o confessor podia livrar-se através da indulgência. A indulgência era o real perdão das penas impostas pela igreja na confissão. Pagava-se uma soma estipulada para cada tipo de pecado. Mais tarde a indulgência foi estendida também aos castigos impostos por Deus. Sendo que as obras de penitência não cumpridas em vida deveriam ser expiadas no purgatório. Também podia ser adquirida a indulgência pelos mortos. Toda esta prática desconsiderava Cristo e sua completa obra salvadora. As indulgências traziam dois males maiores: 1.Pobreza; 2. Imoralidade. AS 95 TESES Lutero redigiu 95 afirmações doutrinárias contra os abusos da igreja. Tencionando discuti-las com pessoas cultas, as redigiu em latim. Seu objetivo era discuti-las com todos os teólogos. Como introdução ás suas teses, ele colocou que os que não poderiam discuti-las pessoalmente, poderiam fazê-lo por escrito. Sua intenção era fazer o bem á igreja que estava invadida por desastrosas aberrações religiosas. Ele tinha a seu favor a Palavra de Deus e por isso esperava o apoio do papa. Entretanto a cúria papal não pretendia voltar atrás, mas este ato de Lutero estremeceu a igreja e o mundo. O Efeito das Teses de Lutero Em 14 dias toda a Alemanha conhecia as teses e em um mês elas eram conhecidas em quase toda a cristandade. As teses logo foram traduzidas a vários idiomas. Muitos exclamavam alegres pela obra de Deus através de Lutero. Já os amigos de Lutero o aconselhavam a voltar atrás para não ser vítima do poder papal. Entretanto, Lutero, com coragem assegurava. “Se esta obra vem de homens, perecerá; mas se é de Deus, não podereis destrui-la”. Em outras palavras: Se a obra não é de Deus, perecerá, mas se for de Deus, continuará para sempre. Seu primeiro confronto ocorreu com a sua própria ordem. Reuniram-se em 26 de abril de 1518 em Heidelberg para debater sobre o movimento. Neste debate Lutero defendeu sua teologia e alcançou novos convertidos. Não foi proibido de pregar e falar em nome da ordem, mas, pelo contrário, os agostinianos o apoiaram. O grande e poderoso adversário do monge Lutero deveria ser o papa Leão X. No inicio, o papa não deu muita importância ao movimento, pensando que haveria de morrer em breve. Julgou que a revolta de Lutero era simples inveja entre monges. Quando sentiu que muitos piedosos se aliavam a Lutero, convocou-o para vir a Roma e deu o prazo de sessenta dias para responder ás suas “heresias”. Caso Lutero tivesse obedecido, dificilmente teria escapado da morte ou prisão. LUTERO É EXCOMUNGADO O Dr. Eck foi ao papa persuadi-lo para excomungar Lutero. Em 1520 isto aconteceu. Seus escritos foram queimados á fogueira e Lutero foi intimado a retratar-se no prazo de sessenta dias para evitar a consequência da excomunhão (o excomungado era um “fora da lei” - não havia nenhuma proteção civil ou religiosa para ele) Eck exibia a bula da excomunhão por toda a Alemanha. Em Erfurt, os estudantes a rasgaram. Lutero então escreveu o panfleto com o título: “Contra a bula do anticristo”. Quando Lutero ficou sabendo que seus livros foram queimados, afixou um anúncio no quadro: “Quem tiver zelo pelas verdades evangélicas deverá comparecer no dia 10 de dezembro (1520), as 9 horas, na Igreja Santa Cruz, do lado de fora do muro da cidade, onde serão queimados os livros ateus do papismo”. Queimou também ali a bula que o acusava de 41 erros e advertiu a todos que ali estavam: “se vocês não renunciarem de todo o coração ao reino do papa, não poderão ser salvos”. Esta data é conhecida como a data oficial do rompimento de Lutero com Roma. (10 de Dezembro de 1520) Em 03 de Janeiro de 1521, apareceu nova bula de excomunhão sobre Lutero e seus seguidores, mas novamente Lutero foi protegido das conseqüências. LUTERO O CONFESSOR O Imperador Carlos V, em 1521 convocou esta Dieta para a cidade de Worms. No dia 26 de Março, Lutero recebeu a intimação para se apresentar à Dieta. Os amigos o alertavam, temendo que tivesse o destino de João Huss (fogueira). Lutero afirmava que ia a Worms em nome de Jesus, mesmo que tivesse lá tantos demônios como telhas no telhado. Lutero em Worms No dia 16 de abril de 1521, Lutero chegou á cidade de Worms e uma grande comitiva e cavaleiros já haviam se juntado a ele pelo caminho. Muitos deram a sua manifestação de apoio e votos de bênçãos de Deus. Lutero dizia: “Deus está comigo”. Os aliados do papa instavam junto ao imperador para que decretasse a morte de Lutero, como acontecera a Huss. Lutero passou a noite vigiando e orando, fortalecendo-se para o difícil compromisso diante do imperador e o império. Lutero na Dieta de Worms Numerosa era a aglomeração do povo na espera da entrada de Lutero na Dieta. Ansiavam por uma corajosa confissão. Para segurança, Lutero foi conduzido pelo jardim dos fundos do edifício e ao entrar um general ainda o encorajou: “Se o teu intento é justo, prossegue em nome de Deus; ele não vai te abandonar”. Estima-se em cinco mil o número de pessoas que estavam nas ante-salas e arredores do edifício. Assim Lutero estava diante dos poderosos. Apenas duas perguntas lhe foram dirigidas: 1. Reconheces os livros ali expostos como sendo teus? 2. Estás disposto a desmentir o seu conteúdo ou confirmas ser fiel ao mesmo? Lutero afirmou a sua autoria, mas para desmenti-los ou não ele pediu um tempo para pensar, já que o assunto envolvia fé, salvação e Palavra de Deus. O imperador lhe concedeu um prazo de 24 horas. No dia 18 vieram buscá-lo. Sendo interrogado sobre a disposição em revogar seus escritos, Lutero, com humildade, alegria e firmeza expôs de forma vibrante que em tudo que ensinara e escrevera buscava a salvação dos cristãos. Ele desafiou: “Se falei mal, dá testemunho do mal” e pediu que o convencesse através da Escritura. Se isto fosse possível ele se retrataria do erro e seria o primeiro a queimar os livros. Amigos o cumprimentaram na saída cheios de alegria e entusiasmo. Lutero vibrante dizia que Jesus Cristo também se lembrasse dele na hora derradeira. Na hospedaria entrou animado e exclamou: “Eu venci, eu venci”. Muitos foram ganhos ao evangelho através da corajosa confissão de Lutero. Já o imperador exclamou: “Este não fará de mim um herege”, pois temia ser injusto com Lutero. Muitos ainda foram e tentaram induzir Lutero a se retratar ou fazer concessões, mas ele confirmava firme e inabalável insistindo que o convencessem pelas Escrituras. A Volta de Lutero No dia 26 de abril (1521) Lutero deixou Worms, após ter recebido do Imperador um novo salvo-conduto, válido por 21 dias. Na sua viagem de volta visitou parentes e pregou em diversos lugares. No dia 04 de maio, seguindo viagem de Mohra, em estreita estrada da floresta da Turingia, irromperam cavaleiros armados, cercaram a carruagem e ordenaram sob ameaças que parassem e puxaram Lutero para fora. Fizeram a carruagem seguir. A Lutero vestiram de cavaleiro e o conduziram pela mata afora. Quase meia-noite chegaram ao castelo de Wartburgo. LUTERO NO EXILIO Foi o príncipe-Eleitor Frederico, O Sábio que, prevendo que algo grave pudesse acontecer a Lutero, tomara providência de pôr Lutero á salvo no castelo. Como Frederico previra, alguns dias após, no dia 26 de maio apareceu o decreto imperial, conhecido como “Edito de Worms”. Este documento considerava proscrito a Lutero e todos os que lhe dessem abrigo; O inesperado desaparecimento de Lutero trouxe agitação em toda a Alemanha. Os amigos estavam tristes e os adversários se alegravam, espalhando que o diabo o levara. Na corte papal havia júbilo. Entretanto, bem protegido em um Castelo, Lutero continuava fiel á sua fé e ao seu intento. O papa imediatamente voltou à sua luta por poder e intrigou os reis Carlos V e Francisco I. Isto impediu colocar em prática o Edito de Worms. Lutero em Wartburgo Enquanto a cristandade andava triste e aflita, Lutero estava seguro atrás dos muros do castelo de Wartburgo. Ficou ali durante 10 meses com a identidade de cavaleiro George (Jorge). Usava vestes de cavaleiro e deixou crescer sua barba. No inicio agia como verdadeiro cavaleiro, mas a angustiante situação da igreja o fazia refletir sempre. Não tardou ele começou a escrever sermões sobre os evangelhos de cada domingo, fez exposição sobre o “Magnificat” e escreveu muitas cartas, mas a obra principal foi a tradução do Novo Testamento para a língua alemã, isto em apenas onze semanas. Aos 21 de dezembro de 1522 (um ano após) o Novo Testamento já estava á venda 240 vezes mais barato do que aquele que os monges copiavam à mão. Lutero permaneceu em Wartburgo de 4 de maio de 1521 até 2 de março de 1522. LUTERO DE VOLTA A WITTEMBERG Ao saber do que se passava na cristandade, Lutero tentou acalmar a situação através de escritos, porém em vão. A pedido do povo, deixou o castelo de Wartbugo e foi a Wittemberg acalmar o radicalismo e atrevimento. Esta resolução de Lutero foi contrária à vontade do Eleitor. Em 6 de março de 1522, Lutero chegou em Witternberg onde foi recebido com alegria por amigos. Na primeira semana pregou contra os entusiastas, contra a desordem e o fanatismo, instruindo o povo sobre a prática cristã. Enfatizou os frutos do Espírito, amor, paciência... Embora desgostoso com a situação, mantia-se calmo sem esbravejar de ira. Os fanáticos, entre eles, Carlstadt, deixaram a cidade. Lutero consentiu que os crucifixos continuassem na igreja e ensinou os fiéis que não os adorassem. Foi em 1522 quando alguns seguidores começaram a usar o nome de “luterano” para se identificarem. Lutero lhes rogou que não fizessem isso, e escreveu: “Vamos abolir todos os nomes de partidos, e chamar-nos cristãos, segundo o nome daquele cujos ensinos sustentamos... Mantenho a única doutrina universal de Cristo, que é nosso único Mestre”. No dia 29 de outubro de 1525 foi realizado o primeiro culto totalmente em língua alemã, inclusive os cânticos, na igreja de Wittemberg. Uma nova ordem de culto, onde haviam sido abolidos todos os acréscimos humanos, também era usada nos cultos. Nas suas reformas conservava tudo o que podia ser harmonizado com a Bíblia, eliminando apenas o que era contrário. Para que a obra da reconstrução da igreja pudesse prosseguir, Deus permitiu que os adversários tivessem problemas entre eles próprios. Constantes impasses entre o papa e o imperador levaram a nunca executar o Edito de Worms, ou seja, nunca puderam cumprir a excomunhão de Lutero. AS DIETAS DE ESPIRA Em 1526 realizou-se a primeira Dieta de Espira. Nesta Dieta se estabeleceu que em cada território “tal o rei, tal a religião”. A religião do rei era a religião do povo, tolerando assim a reforma em alguns territórios. Em 1529 houve a segunda Dieta de Espira (15 de março), presidida pelo duque Fernando. As resoluções foram: liberdade de culto aos católicos; dai por diante nenhum súdito católico poderia abraçar o luteranismo. O objetivo era acabar lentamente com a Reforma. Diante desta resolução os príncipes evangélicos protestaram. Assim, á partir de 19 de abril de 1529 os evangélicos passaram a ser chamados de protestantes. Estes então apelaram a outro concilio geral da igreja. A CONFISAO DE AUGSBURGO Em 1530 o Imperador Carlos V, convocou uma Dieta para a cidade de Augsburgo. Na convocação sugeriu que deveriam ser esquecidos os aborrecimentos e as opiniões deveriam ser ouvidas em espírito de tolerância e bondade, mas o verdadeiro objetivo era acabar com o luteranismo. O Príncipe, João, O Constante, encarregou os teólogos a elaborarem um resumo da fé evangélica. Deveriam colocar os pontos doutrinários em que o movimento evangélico divergia da doutrina e do culto católico. Este documento é conhecido como Artigos de Torgau por terem sido apresentados nesta cidade. Lutero ainda era considerado proscrito (fora da lei) e não pôde ir para Augsburgo, mas seus amigos Felipe Melanchthon, Justo Jonas, João Agrícola e Espalatino foram defender a fé evangélica. Quando chegaram à Augsburgo, estava circulando um livro escrito pelo Dr. Eck apontando quatrocentos erros doutrinários de Lutero. Isto exigiu que os “Artigos de Torgau”, que tratavam mais dos abusos da igreja católica, fossem rescritos e ampliados. Melanchthon, valendo-se também dos “Artigos de Schwabach”, escritos por Lutero em 1529, elaborou o documento com 28 artigos onde expõe em 21 artigos a doutrina evangélica e em 7 artigos revoga a doutrina católica, todos com fartas referências bíblicas. No dia 15 de junho, dia anterior a “corpus christi”, iniciou a esperada Dieta. Lutero estava em Coburgo e passava três horas por dia em oração (o, orando pelos que em Augsburgo defendiam a fé evangélica). No dia 25 de junho de 1530, ás 15h, estava tudo pronto para a leitura do documento. Estavam lá o Dr. Bruck, com a versão latina e o Dr. Bater, com a versão alemã. O Imperador pediu que fosse lida a versão latina, mas o Príncipe João alegou que em solo alemão o lógico seria ler em língua alemã. O Imperador concordou e o Dr. Baier com voz forte e clara, leu para que o povo do, lado de fora também pudesse compreender. Muitos passaram a ver os reformadores com outros olhos, vendo neles uma volta as Escrituras. Esta confissão logo foi traduzida para outras línguas. Hoje temos esta confissão em duas versões no Livro de Concórdia, conhecida como a Confissão de Augsburo, para refutar a confissão evangélica. Este documento católico foi apresentado no dia 3 de agosto (1530) e é conhecido como Refutação. Respondendo a este documento, Melanchthon escreveu uma excelente defesa da confissão conhecida como Apologia. Esta, o Imperador não aceitou e nem permitiu que fosse lida, declarando o assunto encerrado. Os evangélicos receberam o prazo até 15 de abril de 1531 para voltar á igreja católica ou o Edito de Worms seria posto em prática (Todos proscritos, perderiam seus bens e a fogueira seria o seu fim). Os luteranos se uniram e criaram a “Liga de Esmalcalde” - uma associação que os defendia diante da igreja católica e do império. Para combater a Liga de Esmalcalde, os católicos criaram a “Liga de Nüremberga”, em 1539. Carlos V sentia-se forte para exterminar de vez com o luteranismo, mas neste momento os turcos entraram na história e estavam ameaçando o reino diante das portas de Viena. Assim o imperador se viu na obrigação de conceder tolerância aos príncipes evangélicos para receber deles o apoio contra os turcos. Esta tolerância valeria até o próximo concilio. Em 23 de julho de 1532 foi então assinado o documento “Paz de Nuremberga”. Todos os que aceitavam a Confissão de Augsburgo passaram a ter liberdade de culto. Em 1537 foi convocado este concilio para a cidade de Mântua, na Itália. Lutero preparou nova e brilhante confissão de fé. Este documento, ele apresentou aos evangélicos em Esmalcalde. Este documento existe sob o nome “Artigos de Esmalcalde”. O concilio de Mântua, convocado para exterminar os luteranos, não se realizou e a Reforma se alastrava e consolidava por toda a parte. Em 1538 os Artigos de Esmalcalde foram publicados, definindo claramente as diferenças entre a Teologia da Reforma e a Teologia Católica Romana. IMPORTANTES OBRAS DE LUTERO A Bíblia Sagrada Já haviam traduções da Bíblia em língua alemã, mas seu custo era altíssimo. Em 1521, no exílio em Wartburgo, Lutero traduziu o Novo Testamento e, um ano após estava á venda por 240 vezes mais barato do que os textos copiados pelos monges. Várias edições se esgotaram no mesmo ano. E em menos de dez anos já haviam esgotado 58 edições. Já a Bíblia completa, após longos anos de estudo da equipe liderada por Lutero, foi publicada pela primeiro vez em língua alemã no ano de 1534. Esta versão bíblica era popular e teve sua influência marcante na unidade da língua alemã. Para Melachthon, “a tradução da Bíblia foi uma das maiores maravilhas que Deus realizou por intermédio de Lutero, antes do fim do mundo. Os Catecismos Diante da ignorância espiritual que reinava entre os lideres e liderados, Lutero escreveu o Catecismo Menor para servir de base doutrinária para a família e o Catecismo Maior para os pastores. O Hinário Em 1524 foi lançado o primeiro Hinário Luterano contendo oito cânticos. Quatro eram da autoria de Lutero. No mesmo ano a segunda edição já tinha 32 hinos e 24 eram da autoria de Lutero. Da totalidade de seus hinos, Lutero discorre sobre temas como: pecado, arrependimento, graça, fé, redenção, santificação, palavra de Deus, batismo, santa ceia, morte e eternidade. A Oração Lutero declara que as maiores vitórias do evangelho foram alcançadas de joelhos. Na oração estava o seu segredo, sua coragem e força pela causa do evangelho. Ele se reconhecia um frágil instrumento, mas não perdeu uma só batalha espiritual. Escreve o teólogo católico na sua biografia de Lutero: “Todos os católicos, têm, além disso, alguma coisa muito importante a aprender com Lutero: a verdadeira oração. Lutero considerava as fraquezas humanas grandes bênçãos, pois o levavam á oração. Quando escreve sobre seu modelo de oração ele a dispõe em quatro partes: 1. Uma doutrina - o que Deus quer lhe ensinar; 2. Ação de graças; 3. Confissão; 4. Pedidos. SUA VIDA FAMILIAR Casamento de Lutero De acordo com a doutrina católica, não é permitido aos monges, freiras e padres casarem. Lutero, no entanto, provou a falsa fundamentação desta doutrina. Com relação a si mesmo ele dizia: “Meus pensamentos não estão voltados ao casamento, pois, diariamente, espero a morte, temendo ser executado como herege”. Seus amigos o aconselhavam provar a doutrina na prática, entrando no estado matrimonial. Também seu pai revelava este desejo. Finalmente, em 13 de julho de 1525 Lutero convidou seus amigos e na presença deles casou-se com Catarina de Bora. Lutero estava com a idade de 42 anos e Catarina com 26. Catarina faleceu seis anos após a morte de Lutero. A Educação dos Filhos Neste casamento tiveram seis filhos. Estes foram educados segundo os padrões de disciplina baseados no temor a Deus. Lutero era amável e não se esquecia de escrever aos filhos em longas ausências e lhes trazia lembrancinhas na chegada. Em se tratando de disciplina era intransigente. Era diligente no estudo do catecismo, dos 10 Mandamentos e orava com eles o Pai Nosso e o Credo Apostólico. Sobre a esposa Lutero deixou escritas lindas declarações sobre sua fé, piedade e amor. Seus Filhos Johannes (João) Nasceu em 07 de Junho de 1526 e faleceu em 28 de Outubro de 1575 Elizabeth (Isabel) Nasceu em 10 de Dezembro de 1527 e faleceu em 03 de Agosto de 1528 Magdalena (Madalena) Nasceu em 04 de Maio de 1529 e faleceu em 20 de Setembro 1542 Martin (Martinho) Nasceu em 07 de Novembro 1531 e faleceu em 03 de Março de 1565 Paul (Paulo) Nasceu em 28 de Janeiro de 1533 e faleceu em 08 de Março de 1593 Margarethe (Margarida) Nasceu em 17 de Dezembro de 1534 e faleceu em 1570 Lutero e Seus Pais O relacionamento de Lutero com seus pais sempre foi de grande estima e respeito. Houve a falta de consentimento do pai com relação á decisão do filho entrar no mosteiro, mas houve reconciliação. Seu pai faleceu em 30 de maio de 1530, quando Lutero estava no castelo de Coburgo, na véspera da Dieta de Augsburgo. No dia 30 de junho do ano seguinte, 1531, faleceu também sua mãe. Lutero em suas cartas onde menciona a perda dos pais sempre se consola com - versículos bíblicos. ÚLTIMOS DIAS DE VIDA A última aula Dia 18 de novembro de 1545 foi sua última aula. Sua fraqueza física o animava a entregar-se cada vez mais a Deus com fé e abnegação. Em meados de janeiro proferiu sua última mensagem na Igreja do Paço de Wlttemberg. Entretanto, entre todos os Seus sermões, o último foi proferido no dia 14 de fevereiro de 1546, quatro dias antes da morte. A Viagem Após isto, ele ainda empreendeu uma viagem. Os condes Mansfeld o convidaram a vir a Eisleben para apaziguar a contenda entre os condes e os seus súditos (os condes eram luteranos). Em 23 de janeiro de 1546 Lutero viajou com a companhia de Seus três filhos: Nesta Viagem, com péssimas Condições de saúde, no rigor do inverno ainda pregou diversas vezes. Seu objetivo de apaziguar os condes fora alcançado. A Morte Em 17 de Fevereiro, já não podia mais sair e ficou em repouso. Suas orações eram fervorosas e de entrega total a Deus. Repetiu por diversas vezes as palavras bíblicas: “Em tuas mãos entrego o meu espírito; tu me remiste, Senhor; meu Deus fiel”. Ainda outros textos chaves faziam parte de suas recitações. (João 3.16) Em 18 de fevereiro de 1546, entre duas e três horas da madrugada, o fiel servo foi chamado pelo seu Deus. O Sepultamento No dia 19 o corpo foi Colocado em um caixão de estanho e o cortejo seguiu para Eisleben, Halle e no dia 22 chegou a Wittemberg. A viúva e seus quatro filho seguiam’ o cortejo, após eles os parentes, seguidos pelos professores, estudantes e amigos. A mensagem fúnebre foi proferida pelo Dr. Bugenhagem e o texto bíblico base foi Apocalipse 14.6-7. Filipe Melanchthon também proferiu uma alocução em língua latina. A oração foi dirigida por Justo Jonas. O corpo foi sepultado junto ao púlpito da Igreja do Castelo de Wittemberg. Na porta desta igreja foram pregadas as 95 teses 28 anos antes e nela muitas mensagens evangélicas foram proferidas pelo Dr. Martinho Lutero. BIBLIOGRAFIA HASSE, Martinho Lutero. Frei Martinho, O Restaurador da Verdade. Porto Alegre, Concórdia, 1984. JUST, Gustav. Deus despertou Lutero. Gastão Thomé, Tr.. Porto Alegre, Concórdia, 1984. Lutero, Martinho. Enciclopédia Histórico-Teológica. Walter A . Elwell, ed. São Paulo, Vida Nova, 1990. Vol.2. PAULOS, Victor. Lutero, 1983. servo de Deus. Francisco Simões, Tr. Porto Alegre, Concórdia,