A VOZ DO PASTOR EVANGÉLICO Um estudo comparativo

Anuncio
CEFAC
CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA
CLÍNICA
VOZ
A VOZ DO PASTOR EVANGÉLICO
Um estudo comparativo
Monografia de conclusão do Curso
de Especialização em Voz
Orientadora: Mirian Goldenberg
BEATRIZ MARIANO DE LIMA
RIO DE JANEIRO
2001
RESUMO
Este estudo teve como objetivo levantar o comportamento vocal
do pastor evangélico através: de um breve histórico das religiões evangélicas,
de suas origens, do abuso vocal e mau uso da voz. Também pretendeu-se
analisar a transferência do uso da voz falada projetada para a cantada, a
importância do uso da oratória e homilética e da contribuição da atuação do
fonoaudiólogo na saúde vocal do pastor.
Buscou-se comparar o uso da voz de pastores de diferentes
religiões evangélicas, bem como suas queixas através de análise de um
questionário.
O pastor, no passado, usava a voz para pregar as verdades
bíblicas ao ar livre (no campo) ou tendas, onde era preciso uma maior projeção
vocal tanto para o sermão (pregação) como para conduzir o canto religioso
com os fiéis, resultando o mau uso da voz.
Hoje, mesmo com a existência do microfone, ele também usa a
voz com o mesmo objetivo do passado, utilizando ao máximo a voz, elevando a
intensidade e a altura tonal com gritos ou até mesmo choros, em algumas
Igrejas, enfatizando o estado emocional de seus fiéis.
Como resultado de tal abuso vocal surge o estresse e as
patologias laríngeas sendo importante o papel do otorrinolaringologista e do
fonoaudiólogo na saúde vocal do pastor.
Com este estudo, pretende-se contribuir para o atendimento
fonoaudiológico, em uma abordagem direcionada para as necessidades do uso
da voz do pastor, não somente no tratamento, como também na prevenção
através de orientação vocal.
ABSTRACT
This study had as the aim to relate the evangelic preacher’s vocal
behavior through: a brief report of evangelic.religions, their origins, the vocal
abuse, and the bad use of the voice. It also intendend to analyse the
transference of the use of the spoken voice projected to the sung one. The
importance of the use of the Oratory and homiletics, and of the contribuition of
the phonoaudiologist’s action in the preacher’s vocal health.
Besides, through this study, it was searched for comparing the use
of the preacher’s voices of different evangelic religions as well as, their
complaints through the analysis of a quizz.
In the past, the preacher used the voice to preach the biblical
thruths outdoor (in the field) or in tents, where it was needed a great vocal
projection as to the sermon – preaching – as to conduct the religious song with
the believers, resulting in the bad use of the voice.
Nowadays, even with the existence of the microphone, he also
uses the voice with the same objective of the past, using his voice as much as
he can, raising the intensity and the tonal height with clamors or even crying; in
some churches, emphasizing the emotional feeling of their believers.
As the result of such vocal abuse, the stress and the laryngeal
pathologies appear being important
the otorrinolaringologist and the
phonoaudiologist’s role in the preacher’s vocal health.
Through this study, the intention is to contribute to the phonologic
assistance in a directional approach to the need of the use of the preacher’s
voice, not only in the treatment, but also in the prevention, through the vocal
orientation.
Dedico a Mirian Goldenberg, minha
orientadora e mestra e a Silvia M.
Rebelo Pinho, minha mestra.
AGRADECIMENTOS
A Deus pela inteligência e oportunidade.
Aos pastores: Reverendo José Mário Gonçalves, Reverendo
Flávio Eduardo Heringer e Reverendo Gustavo Adolfo Mariano de Lima que me
orientaram na pesquisa da literatura teológica.
Aos pastores que permitiram ser entrevistados e analisadas as
suas vozes.
A minha irmã Ana Cristina M.L.S. de Magalhães na digitação
desta monografia.
Ao meu pai Cacildo de Lima pela revisão do texto apresentado.
“Ouve-se a voz do Senhor sobre as
águas; troveja o Deus da glória; o
Senhor está sobre as muitas águas.
A voz do Senhor é poderosa; a voz do
Senhor é cheia da majestade.
A voz do Senhor quebra os cedros; sim,
o Senhor despedaça os cedros do
Líbano.”
Salmos 29:3-5
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................... 10
BREVE HISTÓRICO DAS RELIGIÕES PROTESTANTES,
EVANGÉLICAS NO BRASIL E NO MUNDO ....................................... 14
MAU USO DA VOZ E TRANSFERÊNCIA DA VOZ FALADA
PROJETADA PARA A VOZ CANTADA ............................................... 18
A IMPORTÂNCIA DA ORATÓDIA E HOMILÉTICA PARA
O PASTOR EVANGÉLICO .................................................................. 25
ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO E DO
OTORRINOLARINGOLOGISTA NA SAÚDE DO PASTOR
EVANGÉLICO ...................................................................................... 34
PESQUISA PRÁTICA .......................................................................... 37
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................... 47
ANEXO .................................................................................................49
INTRODUÇÃO
A voz é um dom do Criador, Deus.
É através da voz que demonstramos doçura, amor à lei, a defesa,
o bem estar com a vida, a tristeza, o entusiasmo, a alegria, a paz e tudo o que
há no interior do ser humano.
No adulto a voz expressa a personalidade, mais que as palavras
que ele fala, como se fala é o que interessa. As emoções dão cor à voz.
É comum, no Brasil, a intensa atuação do Pastor Evangélico em
todas as classes sociais. Sua função é cativar e conduzir as pessoas a crerem
e seguirem, as verdades bíblicas, baseadas na fé em Jesus Cristo, Filho de
Deus. Para que isto seja alcançado, muitos deles usam a voz como meio de
persuasão, com gritos, com o objetivo de expulsar demônios ou curas físicas
das pessoas e outros usam para enfatizar as verdades que são ministradas ou
no cantar os cânticos espirituais, durante os cultos, que fazem parte da liturgia,
que é a ordem do culto a Deus.
Além da voz, usam a emoção para converterem as pessoas, à fé
que eles têm e ministram, pregam.
Tem crescido muito a influência deste profissional na sociedade
brasileira, aumentando consideravelmente o número de religiões evangélicas,
protestantes, existentes neste País.
A
presente
pesquisa
tem
como
objetivo
verificar
o
comportamento vocal dos pastores, ou seja, a maneira como eles usam a voz,
10
partindo de um breve histórico da origem das religiões protestantes, tentando
expor as atribuições deste profissional como profissional da voz.
É com grande interesse que escolhi este estudo, tenho observado
como o pastor evangélico tem usado a sua voz, com esforço, em diferentes
Igrejas, durante os sermões e quando cantam, aumentando a incidência
daqueles que apresentam queixas, pois ao terminarem as ministrações se
sentem cansados de falar, ou se queixam que estão sem voz, ou estão com a
garganta seca e ardendo.
Dentro desta atribuição profissional, ele não somente ministra nos
cultos como: no ensino, como conselheiro espiritual e administrador da Igreja
ou seja governa eclesiasticamente. Percebe-se que a voz está ativa em todas
as atribuições.
Frente ao mau uso da voz, ou seja, o abuso vocal ou esforço
vocal, que promovem conseqüências anatomofuncionais ou patológicas, que
partem deles, tendo dificultado o exercício desta profissão com eficácia, será
importante que o(a) fonoaudiólogo(a) atue com o uso da homilética (técnica da
pregação) e da oratória, com suas características próprias, direcionadas para o
pastor
evangélico.
Será
de
otorrinolaringologista no aparelho
grande
importância
a
atuação
do
fonador, objetivando a prevenção e o
tratamento das patologias da voz, disfonias, que são consequências da falta do
conhecimento, por parte do pastor, minimizando os danos vocais. Já para os
reitores de seminários ou faculdades teológicas, será de informação para que
se conscientizem que os pastores são profissionais da voz e que precisam
estar informados quanto ao funcionamento do aparelho fonador, usando a voz
de forma a prevenir as patologias ou distúrbios que possam causá-la.
11
Será importante que o pastor saiba da necessidade de cuidar da
saúde vocal, para que ele possa exercer a profissão sem desconforto na voz,
usando a técnica apropriada para o momento do discurso (pregação) e do
canto, usando-a com maior duração, usando o microfone independente da
acústica do local e sendo também para aqueles que ainda forem estudantes de
teologia a pretendentes a entrarem nesta carreira profissional, já podendo usar
desde o início tais técnicas.
Este estudo constará de discussão teórica com um breve histórico
das religiões evangélicas no mundo e no Brasil, quanto ao mau uso da voz e a
transferência da voz falada projetada para a voz cantada, quanto a importância
da oratória e homilética para o pastor, quanto o perfil do culto evangélico
Presbiteriano e a importância do fonoaudiólogo e otorrinolaringologista na
saúde de tal profissional da voz em estudo. Por fim, será relatado um estudo
comparativo das vozes de quatro pastores evangélicos, sendo três da Igreja
Presbiteriana do Brasil e um da Igreja Comunidade Sara a Nossa Terra, na
cidade de Vitória e no Estado do Espírito Santo, com a aplicação de
questionário e entrevista e análise perceptiva e auditiva das vozes, através de
gravação para medir as proporções que representam a normalidade vocal ou
indicam presença ou não de patologia laríngea.
É de grande necessidade, na voz projetada, a ação do suporte
respiratório juntamente com tipo de respiração abdominal, pois é na respiração
que se apoia a produção da voz, principalmente para a projeção.
Por mais que o pastor queira usar a sua voz com todo o potencial
que ela tem, ele deve se lembrar que deve se usar a voz com moderação, pois
12
como Salomão dizia “palavras agradáveis são como favo de mel, doces para a
alma e medicina para o corpo”. (Provérbios 16:24).
13
BREVE HISTÓRICO DAS RELIGIÕES
PROTESTANTES,
EVANGÉLICAS, NO MUNDO E NO BRASIL
A reforma religiosa despertou grande atenção no período de 1453
a 1648, donde surgiram as religiões protestantes, evangélicas, iniciada na
Alemanha e espalhando-se por todo o norte da Europa, que resultaram em
Igrejas nacionais, que não obedeciam e nem eram fiéis à Roma. A filosofia
escolástica , unida à filosofia grega, deu lugar à teologia bíblica protestante. Os
sacramentos e as obras deram terreno para a justificação pela fé somente. A
Bíblia tornou-se a norma. A autoridade da Igreja Romana foi substituída pela
autoridade da Bíblia, de livre leitura a qualquer um. O crente seria agora o
próprio sacerdote e o mentor de sua vida religiosa, em comunhão com Deus,
depois de aceitar Seu Filho como seu salvador pela fé.
Nesta época começou surgir na Europa o espírito nacionalista
mais como um movimento popular do que de reis. A chama deste movimento
foi com o ex-monge e professor da Universidade de Wittemberg Martinho
Lutero, em 31 de outubro de 1517.
Houve divisão de vários alemães em ramos reformados e
romanos. Os príncipes meridionais foram dirigidos pela Áustria e aderiram a
Roma e os do norte se tornaram seguidores de Lutero. Desde então ficaram
conhecidos como protestantes e as doutrinas que defendiam também ficaram
reconhecidas como religião protestante.
14
Martinho Lutero desenvolveu um sistema de Governo eclesiástico,
com a existência do pastor como líder espiritual, sem invalidar a condição
espiritual do crente como sacerdote de si mesmo. A Reforma deu ênfase à
religião pessoal, espiritual diferente da religião formalista.
As
Igrejas Nacionais assumiram diferentes formas como:
Episcopal, na Inglaterra; Presbiteriana, na Escócia e na Suíça. Foi passando o
tempo e surgiram outros movimentos com o nome de puritanos em 1654, que
era um grupo radical na Inglaterra, sendo uma parte da Igreja Presbiteriana e
outro grupo independente ou Congregacionais. De tal movimento surgiram as
Igrejas Presbiterianas, Congregacionais e Batistas, na Inglaterra. Em 1739,
João Wesley deu um testemunho do Espírito Santo como conhecimento
pessoal interior e seus seguidores foram chamados de Metodistas.
Com a expansão da Reforma, outros reformadores europeus
seguiram para a América do Norte onde construíram o 1º Templo Luterano em
1638. Sucessivamente surgiram as Igrejas Presbiterianas, Metodistas, Batistas
e outras. No início do século XIX surgiu a Igreja Assembléia de Deus, na
América do Norte, com muitas reuniões de oração e avivamentos espirituais,
sendo um movimento Pentecostal, devido a doutrina ter como base os dons
espirituais e o batismo do Espírito Santo. Como resultado, a religião se
expandiu por toda a América do Norte e Europa. Este movimento enfatizava
também o falar em outras línguas segundo inspiração Divina, como sinal do
batismo do Espírito Santo.
No Brasil, deu-se início no século XVIII, com a imigração
européia, decorrente
da expansão norte americana. Os ramos da Igreja
Protestante são chamados de denominações protestantes, que são as
15
evangélicas como: Anglicanas, que são as Episcopais e Metodistas, Luteranas,
que são ligadas a Alemanha e Estados Unidos, Reformadoras, que são as
Presbiterianas e Congregacionais, Reformados Europeus, Batistas, Menonitas,
Adventistas e Pentecostais, que são as Igrejas Assembléias de Deus,
Evangelho Quadrangular e outras.
As
primeiras
igrejas
a
entrarem
no
Brasil
foram:
1º)
Congregacionais (1855), 2º) Presbiterianas (1857), Metodistas (1876) e Batistas
(1881).
Na década de 1970, houve o aumento do fluxo destas
denominações estrangeiras para o Brasil, surgindo: Igreja do Nazareno,
Presbiteriana Unida, Maranata, Reformada Batista Brasileira, Batista da
Revelação e outras.
As Pentecostais tiveram origem com pastores e elementos das
Igrejas originais, com o governo eclesiástico, não Pentecostais.
Quanto à formação acadêmica dos pastores, no Brasil, no século
XX, foram criadas escolas como: Escola Pequena de Teologia, voltada para o
ministério pastoral, o Instituto de Educação Cristã, voltado para o ministério
catequético e o Instituto Pastoral, voltado para a prática pastoral e comunitária.
Todos estes cursos formavam pastores e profissionais da arte de falar
eclesiasticamente. Hoje existem Seminários Teológicos e Faculdades de
Teologia, que são independentes, específicos para cada denominação ou ramo
de Igrejas Evangélicas.
O pastor é o sacerdote protestante, guardião ou mentor espiritual
(segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa). Sua atribuição
principal é governar eclesiasticamente, a Igreja. Como pregador da Bíblia, usa
16
de meios para convencer seus ouvintes de seus pecados e levá-los ao
arrependimento, para aceitação da salvação da alma após a morte, através de
um ambiente emocional com choros, desmaios, ataques histéricos etc, que são
características daqueles que são do ramo das Igrejas Pentecostais.
Nas Igrejas Tradicionais Reformadas, o pastor usa da razão, sem
relevância quanto ao estado emocional, como meio de persuasão, levando os
ouvintes a ter fé baseada no conhecimento da Bíblia.
Existe uso do canto congregacional, da Igreja, que é quando ele
canta antes ou depois dos sermões, se extendendo, por vezes, ao apelo, que é
um convite, aos ouvintes a seguirem o que foi ministrado. Todos os atos do
culto são realizados, na maioria, com intensidade da voz forte, mesmo com o
uso de microfone, com poucas pausas para respirar durante a fala, gerando o
esforço vocal, devido ao mau uso da voz.
17
MAU USO DA VOZ E TRANSFERÊNCIA DA
VOZ FALADA PROJETADA PARA A VOZ CANTADA
Existem grandes variações na emissão vocal, apresentando em
uma mesma pessoa de vários aspectos como: a voz como instrumento, na
expressividade da voz nas circunstâncias e na intenção.
A voz como instrumento pode ser cantada, falada, gritada, alta,
baixa, etc...
Na expressividade da voz demonstra-se o estado emocional da
pessoa, Le Huche & . Allali (1999).
A voz utilizada
nas circunstâncias e o papel que a pessoa
desempenha, é outra forma que se realiza a produção vocal, como a voz do
pastor. A intenção que ele tem e o tipo de ação que ele realiza permite ter o
comportamento vocal como a voz projetada ou direcionada, nas pregações.
A voz projetada, segundo Le Huche & Allali (1999), é aquela em
que a pessoa age sobre a outra, pois o pastor a utiliza nas pregações, na
Igreja. Ele se apresenta não somente falando, pregando um sermão, mas
cantando hinos ou cânticos espirituais, afirma Spurgeon (século XIX). Este
comportamento é precedido da intenção de atuar sobre a Igreja, se orientando
durante a pregação com o olhar, com o objetivo de convencer o outro do que
está sendo pregado e de captar as reações da Igreja.
O desconhecimento do aparelho fonador e suas funções e
limitações, por parte do pastor, tem desencadeado o mau uso da voz e
consequentemente o abuso vocal.
18
Tal abuso é definido como ataque vocal brusco, levando o contato
excessivo e intenso dos processos vocais, com posição elevada da laringe,
resultando em um trauma mecânico nas pregas vocais, pois é uma região com
muito tecido rígido e pouco frouxo, a mucosa se torna danificada (machucada)
e entre as duas pregas vocais, levando ao sofrimento do epitélio. A repetição
deste processo causa a ulceração na região, que são as úlceras de contato, ou
seja o contato excessivo nas duas cartilagens aritenóides posteriores e
aproximando bruscamente uma contra outra (Boone e Plante, 1994).
Se este traumatismo for devido a inflamação local, como rinites ou
refluxo gastroesofágico, a cicatrização pode formar um granuloma de contato,
que é uma bolsa granulada (Boone e Plante, 1994) localizada no processo
vocal da cartilagem aritenóidea ou parede lateral da glote posterior, contendo
capilares proliferados com fibroblastos, fibras colágenas e leucócitos, podendo
ser uni ou bilaterais (Colton e Casper, 1996). A voz do pastor pode não
apresentar alteração até mostrar sinais de fadiga precoce, soporosidade e
rouquidão
A tosse e o pigarro excessivo são sintomas bem como a dor ao
deglutir à fonação. A tosse é um reflexo que consiste em uma explosão de ar
em pressão elevada para expulsar qualquer objeto estranho, que passar pela
laringe. O pigarro pode ser resultado do acúmulo de muco quando sobe para
as pregas vocais na fonação.
A laringe inteira e as estruturas supra glóticas, Von Lendem e
Isshiski (1965) relatam que estão ativas na tosse, havendo abertura glótica e
em seguida o fechamento glótico, firme e prolongado, em grandes pressões
pulmonares que se juntam finalizando a fase expulsiva.
19
Não só o trauma posterior que causa danos na mucosa, mas
também o excesso de contato com as bordas anteriores causando os pólipos
vocais e nódulos vocais.
Os pólipos vocais, que se desenvolvem na porção anterior das
pregas vocais, pequenos ou grandes, sésseis ou pediculares, unilaterais ou
bilaterais e localizados na camada superficial da lâmina própria (Colton e
Casper, 1996).
Os nódulos vocais, na maioria são bilaterais, devido assimetria da
movimentação das pregas vocais ou até unilaterais, dependendo de como se
deu o trauma, é localizado no terço médio e podem ser gelatinosos ou firmes. A
incidência maior é em mulheres, porém em homens que cantam e são tenores
(com tessitura mais aguda) pode ocorrer, pois quanto mais alta a frequência
utilizada por eles que cantam, maior a chance de aparecerem nódulos.
O abuso vocal decorrente de horas de trabalho, de pregações que
o pastor faz por semana junto com outras atividades pastorais, como ministrar
aulas e contar histórias para crianças, resulta no estresse prejudicando o uso
da voz. Para Duarte (1997) o pastor é verdadeiramente um atleta da voz.
O comportamento abusivo da voz, para Colton & Casper (1996),
é decorrente da intensidade excessiva e prolongada podendo levar a qualidade
vocal: soprosa, rouca, áspera, quebras na voz, pitch agravado, fadiga vocal,
redução da extensão dinâmica da voz, padrão respiratório inadequado e
síndromes tensionais musculo-esqueléticas. Os pastores, no Brasil, não são
treinados para esta atividade vocal, que requer energia para a projeção vocal,
para Le Huche & Allali (1999), com objetivo de agir no outro (Igreja), pois a
20
convicção é a determinação na projeção vocal, resultando em aumento da
intensidade vocal e elevação da altura vocal.
O aumento da intensidade vocal é a primeira demonstração da
força da energia de convicção. Se a energia for mau controlada, grita-se. No
grito, utiliza-se o mecanismo de abaixamento costal e a flexão do tronco para
produzir o sopro fonatório. A intensidade vocal é excessiva resultando o
estresse vocal. Outra forma de utilizar a energia de convicção é a elevação da
altura vocal.
Na altura vocal a voz torna-se aguda. Há pastores que usam tanto
a intensidade forte como a altura aguda, tornando assim um aumento
combinado do excesso de energia da convicção. Outras vezes este aumento
pode ser traduzido pela aceleração do fluxo verbal com fala rápida e falta de
precisão articulatória, tornando-se a fala incompreensível.
Outro excesso de energia é quando a precisão articulatória é
mantida mas a flexibilidade da articulação é tensa e o ritmo irregular.
O que importa é o nível de energia na emissão que atua e a
eficiência com que essa energia é utilizada, através do estilo pessoal de cada
pastor.
Existe a tendência do pastor e de qualquer falante, em fazer
ajustes compensatórios, prejudicado mais a voz. Como ele não somente fala,
mas também canta nos cultos, apresenta dificuldade em mudar os parâmetros
vocais, como a frequência e a intensidade.
A medida em que a intensidade aumenta há o aumento da
pressão de ar, com a vibração das pregas vocais mais rápida, elevando a
frequência e tensionando-as.
21
Frequentemente o pastor, precisa, logo após a pregação cantar
cânticos espirituais e para que isso se realize, sem danificar o aparelho
fonador, é necessário que ele saiba transferir o uso da voz falada para a voz
cantada. No canto congregacional que é aquele que o pastor projeta a voz
cantando, tem intenção em atingir a Igreja conduzindo-a para o cantar. Para
que essa transferência ocorra ele terá que ajustá-la nos parâmetros onde há
diferença do uso entre as vozes com: na respiração, na fonação, no volume, na
articulação de fonemas e pausas.
Na respiração, na voz falada ele irá coordenar a entrada e saída
de ar de acordo com a emoção e as frases, sendo que a inspiração é lenta e
expiração rápida e pela boca, tendo que rapidamente transferir para voz
cantada, em que a saída e entrada de ar são programadas conforme as notas
musicais, com inspiração rápida e pela boca e expiração com maior
movimentação dos pulmões. Para Pinho (1998), a função respiratória
adequada é o alicerce no qual se apoia a produção vocal.
Menaldi e Col. (1992) afirmam que a voz que se fala é diferente
da que se canta e esta está na duração e extensão do som. No canto há
diferenças com intervalos determinados e se utiliza até de duas oitavas,
enquanto que na voz falada se utiliza até uma oitava.
Na fonação, que é o som produzido pela laringe, ocorrem na voz
falada ciclos de vibração das pregas vocais, com abertura maior que o
fechamento e na voz cantada os tais ciclos de vibração têm o fechamento
maior do que a abertura.
Com relação ao volume, o pastor, que não usa ou que usa o
microfone, precisa de projeção vocal, na voz falada, durante o discurso, ela se
22
mantém constante, pois a intensidade é que transmite a emoção. Na voz
cantada o volume é inconstante, com variações, necessitando de maior
projeção. Menalti (1992) cita Corut (1983) afirmando que o volume sonoro
depende de: a constituição neuromuscular, da técnica utilizada e da pressão
subglótica, exigindo adaptação dos mecanismos respiratórios.
Para Bush (1982), para se manter um ótimo controle da voz,
falada e cantada é preciso ter habilidade para usar as cavidades de
ressonância.
As cavidades de ressonância correspondem a cavidade oral,
considerada como ressonador principal que são: os lábios, a língua, palato
mole, a úvula, os dentes, a cavidade nasal, os seios paranasais e a faringe que
são as cavidades supra-glóticas. A ressonância tem conexão com a articulação
das vogais, embora as consoantes da voz sejam ressonadas, a qualidade é
vocal. Durante a fala as cavidades oral e faríngea passam por variedade de
alterações na forma e elasticidade, o que contribui para a mudança na “cor do
tom” (ressonância), para Greene, (1989). Na voz falada projetada é preciso
que se abra mais a boca usando os sons mais agudos e extensos e na voz
cantada a boca deve estar sempre bem aberta
reduzindo ao máximo os
obstáculos para a saída do som.
Na articulação dos fonemas e o uso das pausas, ele terá que
transmitir a mensagem com articulação precisa e quando cantar, a mensagem
será musical, com vogais produzindo o som com maior duração, ou seja, mais
longas e as consoantes apoiando a qualidade da voz. As pausas no discurso
são individuais, automáticas e no canto são programadas, treinadas.
23
Aqueles que usam muito a voz, são propensos a adquirir tais
comportamentos vocais, continuando o uso da voz no período de irritação da
laringe, usando mais esforço vocal, com a finalidade de usar a voz o máximo
que podem e assim aumentando o abuso.
Uma boa técnica de prática prolongada, de som natural ou de
treinamento sistemático, permitirá que o pastor realize a transferência da voz
falada para cantada, evitando forçar a voz, adquirindo uma voz mais potente
com melhor articulação na fala.
A atenção do pastor é captada pela atividade de olhar para Igreja
e depois para a mensagem. Não é possível direcionar a atenção para o ato da
projeção em si mesmo de forma contínua sendo artificial. É possível desviar
alguns segundos para regular os sinais de dificuldade que possam surgir, mas
o excesso do controle técnico, o pastor, pode perder a naturalidade com a falta
de espontaneidade.
A solução para que se reduza ou elimine tal abuso é o uso da
oratória e homilética que será de importância para este profissional.
24
A IMPORTÂNCIA DA ORATÓRIA E HOMILÉTICA
PARA O PASTOR EVANGÉLICO
A oratória é a arte de falar em público, é a primeira e mais alta
regra de falar, segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
Sua origem foi na Grécia, com Corax, grego, siciliano,
considerado fundador e criador da oratória.
Não se pode negar o peso da palavra e da voz no relacionamento
humano, seu uso caracteriza quem fala e o que pensa.
A principal aspiração é dominar os argumentos contrários e a
persuasão, contribuindo com o conhecimento harmonioso e social.
A comunicação integral é a palavra, voz e o corpo. Existem
discursos que têm a força mais na expressão do que na intensão.
A história geral demonstra que os homens que tem feito a história,
são os homens que sabiam falar, exprimir uma mensagem e podiam compelir
pessoas a agir em consequência do efeito que o produziam sobre ele.
O que é um pregador? É um cristão como qualquer outro cristão.
“É um enviado, um chamado por Deus para pregar”, segundo Jones, 1986.
Em geral o traço central do culto evangélico é a pregação, onde o
ponto de partida é um texto bíblico, selecionado pelo pregador, em que juntam
o emocional com o didático.
Biblicamente, o conceito de pregação é aquele processo único o
qual Deus, mediante Seu mensageiro escolhido, se introduz na família humana
e coloca as pessoas perante si, face a face.
25
No Velho Testamento o pregador era o profeta, derivado do
grego, prophetes e é tradução livre do hebraico nabhi que significa alguém que
é chamado por Deus, que tem uma vocação.
No novo testamento o pregador é um apóstolo enviado de Deus,
no grego apostalmenos, segundo Koller (1997).
Os pregadores são pessoas que falam tão bem ou tão
terrivelmente mal como qualquer outra, são tão bem ou mal informadas sobre
as coisas do mundo. A pregação é exercida pela Igreja. Pregação é um termo
genérico que abrange evangelização, fala missionária, ensino religioso, ofícios
casuais (batizados, casamentos, sepultamentos), programas cristãos no rádio
ou TV.
O pregador, é um cristão como qualquer outro cristão, só que é
um “enviado”, um chamado por Deus para pregar. É a pessoa que segura o
leme no culto a Deus, para Jones (1986), que é pastor.
A função do pregador é ser advogado de uma causa, com
eternidades pesando na balança. Ele não pode ser objetivo ou emocionalmente
desligado, deve ter eloquência do coração, não somente no preparo dos
sermões, mas também do seu coração (sentimento, alma). Para o pregador
(pastor) a palavra do homem não se transforma na palavra de Deus por ser
proclamada em alta voz ou com entonação piedosa.
Os primeiros pregadores, da época da Reforma Religiosa
Protestante, pregavam ao ar livre ou em tendas. A pregação ao ar livre impedia
do pregador ouvir sua voz, onde o som se perdia.
Os homens se matavam forçados a gritar até rebentarem os
vasos sanguíneos , para Spurgeon (1980). Aqueles que pregavam sob tendas
26
eram ruins, pois a voz sob a lona era amortecida e o esforço para falar
aumentava grandemente. O material da tenda agia como manta molhada para
a voz, onde reduzia a ressonância e impedia que a voz fosse projetada, com
esforço no opressivo ar gerado numa tenda, era mais provável que o pregador
fosse morto do que ouvido. O uso da pregação em tenda era mais comum em
Londres, pois era de fácil transferência de um lugar para outro, por os
pregadores não se fixarem em um só lugar (eram missionários).
A boa comunicação para o pregador (pastor) requer dignidade,
vivacidade e projeção da sua voz, para Koller (1997). Para que isso ocorra é
preciso que ele faça uso da homilética.
A homilética é a ciência que se ocupa com a pregação cristã. O
termo vem da palavra he homilia, do verbo homilein que significa “relacionarse, conversar”. No Novo Testamento Bíblico significa he homilia o estar juntos,
o relacionar-se, o termo era usado para denominar a prédica. A homilética faz
parte da Teologia prática. Pregar é artesanato e artesanato se aprende
praticando.
A prédica é um sistema de comunicação. O ouvinte espera que o
pregador confirme, em suas convicções fundamentais valores e lhe transmita,
no nome de Deus, força para sobreviver em meio às dificuldades do cotidiano.
A oratória do pastor, segundo Velasques Filho (1990), deve
traduzir entusiasmo e convicção. Ele deve falar como alguém que vive o que
prega e que tem certeza que sua fala é verdadeira, com coerência das idéias,
contendo introdução, desenvolvimento e conclusão. O conteúdo da pregação
deve ser Cristo, ou seja, Cristo deve ser o conteúdo da prédica. A fonte da
pregação é a Bíblia.
27
Kirst (1985) afirma que Lutero enfoca, que um bom pregador
(pastor) deve ter as seguintes qualidades e virtudes: saber ensinar direito e
corretamente, ter boa mente, falar bem articulado, ter boa voz, ter boa
memória, saber parar de falar, deve estar certo do que fala e ser aplicado,
investir na sua tarefa, no corpo e na vida, nos bens, honra e deve saber
suportar o desprezo dos outros.
É agradável falar de modo que seja ouvido mas não berrar
incessantemente. Spurgeon (1980) relata as seguintes qualificações para os
pregadores, pastores: ter boa voz, naturalidade nos modos, domínio próprio,
bom conhecimento da Bíblia, ter capacidade de adaptar-se a qualquer grupo de
ouvintes, ter boa capacidade de ilustrar, ter zelo, ter prudência, ter bom senso,
ter coração grande e amoroso, ter crença sincera em tudo o que diz, ter inteira
dependência do Espírito Santo para sucesso, andar em íntima comunhão com
Deus pela oração e ter comportamento coerente diante dos homens, por um
viver santo (separado para Deus).
O principal da pregação é o sermão, as posturas, atitudes e
gestos são questões que tem prejudicado a mente de muitos, dificultando o
sucesso das pregações, por exemplo: um homem talentoso pode Ter atitudes
que não condizem ao que ele prega. As posturas e atitudes são uma pequena
parte da vestimenta de um discurso.
A postura do pastor deve ser natural, não deve ser do tipo
grosseiro sim de natureza educada. Deve usar o senso comum e não dificultar
o seu falar inclinando-se para frente sobre a Bíblia ou o púlpito. A cabeça deve
estar mantida modesta e decentemente ereta em seu estado e posição natural,
28
não permanecendo imóvel e nem em movimento lançando-se para os lados e
sim para frente direto para o meio do auditório.
Spurgeon (1980) ainda diz quanto aos movimentos corporais do
pastor, durante as pregações, que nunca devem ser excessivos, a energia
física nunca é o poder de Deus para a salvação da alma. Os movimentos no
púlpito devem ser expressivos e apropriados. A gesticulação e a postura
podem falar poderosamente, tendo cuidado ao fazê-las, pois os movimentos e
a entonação juntos podem contradizer o significado das palavras. O rosto e os
olhos são importantes na movimentação apropriada.
Na movimentação como em tudo mais, seja a moderação do
pastor conhecida diante dos homens. A arte é fria somente a natureza tem
calor, para Spurgeon (1980). O mentor do pastor é o Espírito Santo, o
pensamento dos ouvintes devem estar centralizados no assunto da pregação e
não no pregador.
O bom sermão deve ser espontâneo e de ordem mais prática.
Não deve ser muito breve, durando entre 30 e 50 minutos, porque a fala menor
é interpretada como falta de entusiasmo. A função do culto evangélico é de
serviço a dominação cultural. A linguagem deve ser distinta daquela que utiliza
no cotidiano. As pessoas vão ao culto para ouvir o que o pregador fala e este
usa a voz para atingi-las.
A voz é a adaptação de parte do aparelho digestivo e respiratório
na qual revela como estamos, se apressados, se em momentos excitantes e se
calmos ou convictos.
O homem é dotado de voz excelente, mas destituído de mente
bem informada e de coração fervoroso será “uma voz que clama no deserto”,
29
Evangelho de Mateus capítulo 3 e versículo 3. A voz do pastor é de secundária
importância, para Spurgeon (1980). A qualidade excelente da voz contribui
grandemente para conduzir ao resultado que o pregador espera produzir.
Hábitos que Spurgeon (1980) cita para que os pastores evitem
durante a pregação: pigarrear, usar voz metálica, ter fala inarticulada, falar pela
garganta, falar fanhoso, falar alto e sem clareza, gritar vigorosamente; falar
nem muito devagar nem muito depressa, forçar a voz ao máximo na pregação
e berrar desnecessariamente.
Spurgeon (1980) ainda sugere que os pastores devem falar de
maneira clara e bem definida, respirar sem que os ouvintes percebam que
respirou, economizar o volume da voz, variar a intensidade da voz, não ter
medo das tonalidades baixas que serão tão ouvidas como os gritos, modular os
tons da voz, alterando a tonalidade com frequências e variação de intensidade
do som constantemente. Ele compara a voz a um tambor, se ele for batido em
um mesmo lugar a pele dele gastará logo e se abrirá, mas se variar o local dos
golpes usando a superfície inteira da pele de percussão duraria mais, e assim é
a voz humana, se usar o mesmo tom acabará um “buraco” na garganta, na
parte exercitada, na produção da voz. Ele crê que não há uma pessoa em dez
mil que empregue a sua voz natural frente ao público e isto se observa no
púlpito.
A forma com que se fala, uso da voz, deve estar ao máximo em
harmonia com os métodos de pensamento e com sua personalidade.
O pastor deve esforçar-se para educar a voz, ou seja, usar todos
os meios para aperfeiçoar a voz, com disciplina até dominarem a própria voz
como instrumento do trabalho. Spurgeon (1980) comenta que o pastor que tiver
30
ampla caixa toráxica deve fazer o que puder para usá-la, não usando as mãos
metidas nos bolsos contraindo os pulmões, não abaixando a cabeça sobre o
peito, não usando gravatas apertadas, aperfeiçoando ao máximo os foles
(pulmões) e tubos sonoros (garganta).
É de uso comum na liturgia do culto, o pastor fazer o uso do apelo
após a pregação. O apelo é a forma de consolidar o que foi pregado
(transmitido), que é um instrumento para animar, instruir, aprovar ou corrigir e
advertir ou repreender. O apelo consiste em as pessoas irem a frente ou
levantar uma das mãos como forma de assumir uma tomada de posição,
compromisso, perante Deus e os homens. É com muita frequência, nos últimos
dez anos, que os pastores tem realizado tal ato. A apresentação da verdade
bíblica deve ser compreensiva para iluminar a mente, estimular emoções, a
vontade e ganhar o homem integral.
Já Polito (1995) afirma que o uso correto da voz depende de: uma
boa respiração, do bom funcionamento do aparelho fonador, da colocação da
voz, que para aqueles que usam o microfone deve ser sem esforço e
confortável, da boa pronúncia das palavras, do ajuste do volume e de dar
ênfase às palavras, dando inflexão ao que tem valor na mensagem
comunicada. Como atributos do orador, ele considera a credibilidade, a
emoção e o conhecimento, no qual este último está relacionado com a
credibilidade e a conduta.
A falta de conduta exemplar tira a credibilidade do pastor, que é o
orador.
Para Bellussi (1992), a voz do orador tem extensão de quase
duas oitavas, quase como um grito.
31
O pastor, como orador, é aquele que faz da profissão de maior
importância e excelência, tendo que ser rico em pensamentos possuindo todo
o tesouro da eloqüência.
Spurgeon (1980) aconselha aos pastores que devam ser
corajosos, perseverem, e Deus, a natureza e a prática os ajudarão, na
caminhada na vocação no uso das vozes.
O culto a Deus protestante é variável no que se refere a liturgia,
que é um ritual. Cada denominação (religião evangélica), tem a sua liturgia que
se diferem, porém com um mesmo objetivo. Como exemplo de liturgia
protestante reformada (tradicional) cito a liturgia da Igreja Presbiteriana do
Brasil, que em linhas gerais consta dos seguintes momentos de culto:
-
1) Adoração: oração, leitura Bíblica e hino espiritual.
-
2) Confissão: leitura Bíblica, hino espiritual e oração.
-
3) Louvor e Gratidão: cânticos de louvor, ofertório e oração.
-
4) Proclamação: leitura Bíblica, sermão, hino espiritual e
oração final com a Benção Apostólica (dos apóstolos de
Jesus).
A Proclamação é onde tem a pregação da Bíblia. Considero que
em cada momento o pastor deva usar a voz projetada de formas
diferentes. Na adoração e na confissão é o momento em que ele está
reconhecendo que não é nada em atitude de rendição a Deus, usando
gestos,
elevando as mãos para o céu, com uma voz mais suave,
embora use a voz cantada também, levando a Igreja a adorar e
confessar os seus pecados. No momento do louvor é o momento de
engrandecer, elogiar e agradecer a Deus por tudo que ele é e faz. A voz,
32
fisionomia e os movimentos corporais são com palmas, expressando
alegria interior e até mesmo com gestos de mãos para cima em atitude
também de rendição a Deus, também com o uso da voz cantada.
Na proclamação, é o momento do sermão em que ele usa a voz
projetada falada, onde a intensidade vocal e a altura tonal, variam
dependendo do tema a ser pregado no sermão, onde é comum o pastor
usar gestos para enfatizar os pontos centrais da mensagem bíblica,
porém com mais uso da razão do que da emoção. Ao final ele abençoa a
Igreja com mãos levantadas elevando o tom e a intensidade vocal.
Considerando que as patologias de voz, conseqüentes do mau
uso vocal, resultam no abuso vocal, é de relevância a atuação do
fonoaudiólogo e do otorrinolaringologista na saúde de tal profissional,
contribuindo com a produção efetiva da voz do mesmo.
33
ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO E DO
OTORRINOLARINGOLOGISTA NA SAÚDE DO PASTOR
EVANGÉLICO
É de grande importância a atuação do otorrinolaringologista e do
fonoaudiólogo na saúde vocal do pastor, pois ambos devem atuar de forma
inter-disciplinar, conscientes que estão tratando de um profissional da voz, com
dificuldades para usá-la profissionalmente e com poucas informações sobre o
cuidado do instrumento de trabalho, a voz.
O otorrinolaringologista, que é o médico, trata com uma conduta
medicamentosa, cirúrgica e preventiva, caso o pastor não apresente algum
sintoma orgânico-funcional do aparelho fonador. Ele procede de acordo com
cada caso, através da consulta e do exame da laringe do quadro clínico e do
aparelho fonador, com anamnese detalhada para orientar o exame, analisando
fatores específicos do aparelho fonador paralelamente às atribuições clínicas
gerais como: diabetes mellitus, hipertensão arterial, diminuição da capacidade
ventilatória
pulmonar,
insuficiência
cardíaca,
distúrbios
metabólicos,
endócrinos, alérgicos, imunológicos, neurológicos, inflamatórios, infecciosos,
digestivos, etc., afirma Bompet e Sarvat (1998).
É também importante conhecer o grau de auto-percepção com
relação a voz, disfonia. A coleta histórica vocal do pastor e seu cotidiano é
muito importante para a decisão do diagnóstico e para conduta do tratamento.
34
O papel do otorrinolaringologista é também de fazer com que
seja normal a clínica ou cirurgia da laringe examinada, visando melhor a sua
fisiologia com correção de sua morfologia. É importante que o laudo do exame
da laringe contenha as condições das pregas vocais com seu aspecto ,
imobilidade, características, simetria e amplitude da mucosa e caso haja fenda
glótica deve relatar quanto sua extensão, formato e local. A conclusão deve
ser esclarecida para o pastor contendo a conduta, seja ele cirúrgica,
medicamentosa ou fonoterápica.
O papel do fonoaudiólogo é de restabelecer, ou reabilitar, o uso
total de todo o potencial do aparelho fonador.
É de grande necessidade a inter-relação entre o fonoaudiólogo e
o laringologista, com mútua confiança do conhecimento técnico-científico e
conduta profissional para Bompet e Sarvat (1998), já que estarão frente a um
profissional da voz.
O
fonoaudiólogo
tratará
com uma
conduta
baseada
no
diagnóstico do otorrinolaringologista e na avaliação da voz, no comportamento
vocal do pastor e com uma anamnese detalhada dos parâmetros vocais, mas
caso o pastor não possua patologia vocal ,cabe também prevenir com
orientações sobre higiene vocal e fonoterapia para aperfeiçoamento do uso da
voz.
Outro atributo do otorrinolaringologista e do fonoaudiólogo é em
acompanhar periodicamente o pastor, objetivando a prevenção de possíveis
patologias laríngeas e, se assim acontecer, tratá-las tão logo surjam.
35
É imprescindível que o fonoaudiólogo use além de uma
anamnese detalhada, de orientações sobre higiene vocal e de um
planejamento terapêutico, incluindo o objetivo, métodos selecionados para
cada caso, oratória, período de tratamento e prognóstico.
Quanto aos métodos selecionados será de necessidade que a
abordagem seja direcionada para o uso da voz projetada, treinando o pastor
quanto o tipo de respiração (abdominal), intensidade vocal, altura tonal,
ressonância, articulação e velocidade da fala a ser utilizada nas pregações
usando as transferências da voz falada projetada para a cantada, durante a
liturgia do culto, que será preciso ter a técnica apropriada que no sermão será
a oratória (homilética). Outro aspecto importante é dar informação para o
pastor de dados da evolução do seu caso no período da fonoterapia, por parte
do fonoaudiólogo, para que se faça revisões otorrinolaringológicas, se
necessário, das condições laríngeas e da saúde como um todo.
36
PESQUISA PRÁTICA
APRESENTAÇÃO DOS CASOS
Foi realizada uma entrevista juntamente com a aplicação de um
questionário, com 4 pastores sendo 1 da Igreja Comunidade Sara Nossa Terra
e 3 da Igreja Presbiteriana do Brasil, no Estado do Espírito Santo, na cidade de
Vitória. Foi também realizada uma gravação com microfone unidirecional
(AIWA) dos fonemas /s/ e /z/ sustentados isoladamente para se ter as medidas
diagnósticas da proporção s/z, objetivando diagnosticar presença ou não de
hipercinesia ou indicação de presença de patologia laríngea ou fenda glótica
(Pinho cita Boone & McFarlane, 1998).
J.P.
É pastor evangélico, com 44 anos de idade, da Comunidade Sara
Nossa Terra, casado, com 3 filhos formado no curso superior de Teologia, mas
antes de ser pastor era empresário.
Quanto ao estilo de vida, antes de entrar para religião era
alcoólatra, mas hoje tem uma vida que dorme 6 horas por noite, se alimenta de
tudo porém evitando carnes.
O tempo que exerce a profissão de pastor é de 13 anos.
Atualmente está recém operado de um pólipo vocal em tratamento
fonoaudiológico. A voz após as pregações está quase normal . Realiza em
média 5 pregações por semana, nos cultos, sendo dois de libertação de
espíritos malígnos que duram 45 minutos, dois de doutrina e seminário com 1
37
horas e meia e um de adoração. Tem costume de fazer apelo (consolidar as
pregações) e ministrar louvor (canto) antes e depois das pregações.
Após o culto a voz tem continuada normal e somente quando ele
força que sente cansada.
Durante a semana realiza aconselhamento pastoral. Tem tentado
usar a técnica que tem aprendido com a fonoaudióloga, não tendo tempo para
fazer repouso vocal.
Como resultado da gravação, obtivemos a proporção s/c com 0,7.
E.P.
E pastor evangélico da Igreja Presbiteriana do Brasil, com 43
anos de idade, sendo que 18 anos exerce a profissão de pastor e líder de
louvor (da música), casado, pai de três filhas e avô de dois netos, que residem
com ele. Antes de ser pastor foi vendedor durante 7 anos.
Quanto ao estilo de vida, ele dorme 7 horas por noite, se alimenta
mais de carne e poucos legumes e frutas, porém bebe muito líquido.
Suas queixas quanto à voz é de cefaléia após o uso da voz e
mudança da voz quando fala muito. Após a pregação sente também que a voz
está fraca e com cansaço. Realiza aproximadamente 6 pregações com uso do
microfone por semana com duração de 30 minutos cada. Tem feito apelo após
as pregações, cantando antes e depois da pregação. Após o culto a voz tem
falhado com sensação de queimação e dor na garganta.
Exerce o ensino, aconselhamento e direção do louvor (canto), não
usando nenhuma técnica vocal por não conhecer e não faz repouso vocal.
38
Nega patologia neurológica, porém é alérgico a poeira, tem
gastrite e já teve laringite de repetição.
Como resultado da gravação da voz obteve na proporção s/z= 0,8
F.H.
Pastor evangélico da Igreja Presbiteriana do Brasil, com 28 anos
de idade e 5 anos eu exerce a profissão de pastor, porém trabalhou como
técnico de eletricidade 3 anos antes de ser pastor. Hoje casado com 2 filhos.
Quanto ao estilo de vida, dorme 5 horas por noite, bebe muito
gelado e muito líquido com alimentação com muita massa.
Ao término da pregação a voz , com uso de microfone, está
normal, mas ao término do culto sente a voz cansada. Realiza 7 pregações por
semana e também atua no ensino (doutrina), aconselhamento e ventriloquia
quando a pregação é direcionada para crianças. As pregações duram em
média 25 minutos e após delas faz apelo (consolidação da pregação) e canta
antes e depois de cada pregação na direção da música. Não faz repouso vocal
e não usa nenhuma técnica vocal.
Nega qualquer doença que tenha prejudicado a voz. Como
resultado da gravação, obteve na proporção s/z = 0,8.
G.A.
Pastor evangélico da Igreja Presbiteriana do Brasil, com 37 anos
de idade, casado, pai de 2 filhos, com tempo de profissão de pastor de 9 anos,
porém antes era universitário do curso de economia.
39
Além de pregar nos cultos ele ensina no Seminário de Teologia,
realiza aconselhamento espiritual e participa ativamente dos cultos em toda
liturgia (cânticos e orações).
O que tem prejudicado a voz é o estado emocional, as condições
climáticas, a aparelhagem de som, o espaço físico local, o número de ouvintes,
a extensão do tema da pregação bem como o seu objetivo (se é ensino ou
exposição).
Ao término da pregação a voz está falhando e após o culto a voz
está mais fraca e sem muito volume, então ele procura não falar muito. A
duração de cada sermão é de aproximadamente 30 minutos. Não utiliza
nenhuma técnica vocal embora seja ministro de cânticos espirituais durante o
culto. Usa a técnica do apelo não sendo muito demorada com longas
argumentações (após a pregação do sermão).
Quanto as patologias que prejudicam a voz foi sinusite, faringite,
laringite e alergia a poeira.
Referente ao resultado da gravação obteve na proporção s/z=0,6.
ANÁLISE:
Dos pastores analisados, um deles foi recém operado de um
pólipo vocal.
Quanto à queixa do estado da voz após a pregação, dois deles
sentem a voz normal, e os outros sentem a voz estar cansada, fraca e
falhando, mas após o culto, todos relataram que percebem o cansaço vocal,
sendo que três sentem a voz fraca e cansada. Um sente dor e queimação na
garganta, seguida de cefaléia. Pude observar que os quatro pastores cantam e
40
após as pregações, com o uso do apelo após as mesmas, demonstrando assim
o uso também da voz cantada.
Creio que o desgaste vocal se deve nos momentos finais, após a
pregação do sermão, ou seja, ao término do culto, onde eles já usaram da forte
intensidade vocal e da altura (freqüência) tonal, finalizando com o ponto central
do sermão, para persuadir a Igreja. O aumento da intensidade vocal transmite
a energia de convicção, havendo o aumento de pressão subglótica e a
elevação da altura tornando a voz mais aguda. Este comportamento vocal é
realizado repetidas vezes que com o tempo surge o stress vocal, causando as
patologias da voz.
Com relação às patologias que interferem na voz, dois deles
relataram ter tido faringite, laringite e alergia a poeira, sendo que um deles
relatou que o que também interfere na voz é aparelhagem de som e o estado
emocional. Após as pregações somente um faz repouso vocal. Nenhum deles
usa técnica vocal para a pregação ou o canto por falta de conhecimento do
assunto.
Quanto aos resultados das gravações das vozes, dois pastores
apresentaram as proporções de s/z abaixo de 0,8, indicando presença de
hipercinesia e os outros dois apresentaram o resultado de 0,8, sendo
considerados como padrões dentro da normalidade, pois somente valores
abaixo de 0,8 que podem representar hipercinesia .
Observei também que aqueles que obtiveram valores que
indicaram a presença de hipersinesia foram: o que teve pólipo vocal e o que
relatou da importâcia do estado emocional como fator que prejudica uma
41
melhor produção da voz. Donde se conclui que ambos estão usando as suas
vozes com abuso devido ao mau uso.
42
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por conhecer pastores evangélicos, de diversas religiões, por eu
ter tratado da voz de pastores que foram encaminhados para mim e também
por já ter ido a várias Igrejas para participar dos cultos e ouvir seus sermões,
analisando como ele utilizavam as suas vozes, senti a necessidade de realizar
um estudo aprofundado sobre a voz do pastor evangélico, já que ele é um
profissional da voz.
Meu objetivo, a princípio, foi pesquisar os fatores que levaram os
pastores atuarem na profissão com suas vozes através de suas origens
históricas com pastores, do uso inadequado de suas vozes, tanto quando
pregavam, como quando cantavam com a Igreja, da prática ou não da oratória
e homilética (técnica da pregação) da importância de cuidarem de suas vozes
com os profissionais de saúde que no caso são o(a) otorrinolaringologista e
o(a) fonoaufiólogo(a). Em constatação ao que encontrei na teoria, pude
analisar, através de uma entrevista questionários relacionados com as queixas
que eles têm e como percebiam as suas vozes ao término das pregações e do
culto e os seus desempenhos profissionais no decorrer da semana e também
de uma gravação com utilização de um microfone unidirecional (AIWA) para
análise perceptivo auditiva com a
emissão das consoantes /s/ e /z/ para
avaliação da proporção s/z.
Descobri que alguns pastores atuam emocionalmente nas
pregações, para atingirem seus objetivos nos fiéis, pois conforme a homilética,
o bom sermão deve ser aquele que foi pregado com naturalidade, transmitindo
43
o que ele sente, crê e pratica, sem reprimir as emoções e sentimentos do outro.
É importante também que seja usada a razão sem eliminar a emoção, para
aqueles que são tradicionais, de Igrejas originais, menos emotivos,
independente de qual sejam as religiões todos usam mal a voz cometendo
abusos que danificam o aparelho fonador. Os pastores nos seminários
teológicos não recebem nenhuma informação quanto à saúde vocal e muito
menos quanto à técnica vocal apropriada para tal exercício. O principal é atingir
o espiritual (a fé) deixando a voz para segundo plano.
Dentre as questões, a primeira foi como eles poderão usar a
técnica vocal na pregação, estando emocionalmente e espiritualmente
evoluídos na mensagem com o uso da razão (consciência), tendo que
convencer a Igreja atuando na área espiritual? A Segunda foi como que eles
iriam fazer o apelo (convite) após a pregação, para os fiéis assumirem o
compromisso de seguir o que foi pregado, sem usar os gritos nas ministrações
de curas e libertações demoníacas? Quanto a resposta da primeira pergunta
creio que além da técnica utilizada de aquecimento e desaquecimento vocal
antes e após o culto ou da atividade profissional, bem como higiene vocal, será
de importância que o pastor use da razão para convencer a Igreja da Verdade
que ele prega no sermão, não anulando o estado emocional, na Verdade
Bíblica que ele crê está escrito que o culto a Deus deve ser racional (Romanos
cap. 12 versículo 1), sendo racional ele deverá se esforçar para Ter condições
de usar o conhecimento não somente de Deus mas do que Ele criou, que é o
seu próprio corpo com suas funções e cuidados.
Com relação a resposta da segunda pergunta, penso que a voz
do pastor deve ser firme pois quando ele está à frente da Igreja (no púlpito) é o
44
mesmo que o ator em cena, pois ele deve usar a sua voz conforme o seu papel
junto com a expressão corporal. Quando o pastor estiver no apelo, que é uma
técnica de persuasão, ele deve ter uma entonação mais mansa, suave, porque
o apelo é um convite baseado na mensagem pregada, ninguém faz um convite
com agressividade ou gritando.
Já quando ele for ministrar libertação de espíritos malígnos ou
curas, a entonação vocal deve ser incisiva também sem gritos com tom vocal
mediano indicando ordem, sem aumentar a intensidade, e com expressão
corporal compatível com tal ato, por exemplo impor as mãos sobre a pessoa.
O estado emocional deve ser equilibrado com a articulação da fala precisa,
lembrando que quando Cristo expulsava o demônio das pessoas ou curava-as,
Ele não gritava, já que os pastores são homens chamados por Deus para tais
atribuições também, ele deve se lembrar que a voz de Deus é poderosa, cheia
de majestade e fazendo tremer o deserto (Salmos 29, versículo 4-5).
Pretendo, com este estudo, realizar uma pesquisa de campo, com
maior número de pastores evangélicos de diferentes denominações, publicar
artigos de revistas evangélicas e de saúde, ministrar palestras para pastores e
no futuro incluir no currículo acadêmico dos Seminários Teológicos uma
disciplina relacionada com o uso adequado e cuidado da voz profissional do
pastor.
É importante que seja utilizada uma técnica baseada em uma
abordagem referente ao uso da voz projetada, tanto para a fala como para o
canto, reduzindo assim o aparecimento de patologias laríngeas e contribuir
para direcionar a terapia fonoaudiológica no tratamento da voz do pastor,
45
fazendo com que ele consiga automatizar mecanismos do aparelho fonador na
prática da pregação da Palavra.
É bom que o pastor evangélico prossiga para alcançar uma voz
que seja como “a voz que clama no deserto” como a do pregador João Batista
(Evangelho de Mateus 3:3).
46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEHLAU, M.; REHDER, M.I. – Higiene Vocal para o canto Coral. Rio de
Janeiro, Livraria e Editora Reinverter Ltda., 1997. 44p.
BOONE, DANIEL R. – Sua voz está traindo você?. Porto Alegre, Artes
Médicas, 1996. 197p.
BOONE, R.D.; PLANTE, E. – Comunicação Humana e seus distúrbios.
Porto Alegre, Artes Médicas, 1994. 402p.
BOMPET, R. & SARVAT, M.A. – Importância do trabalho integrado na área de
voz.
In. Pinho, S.M.R. Fundamentos em Fonoaudiologia R.J.
Guanabara Koogan, 1998. P.44-8.
CAINS, EARLEE – O cristianismo através dos séculos. São Paulo, Editora
Vida Nova, 1984 – 84p. 233p.
COLTON, R.H.; CASPER, J.K. – Compreendendo os problemas de voz.
Porto Alegre, Artes Médicas, 1996. 386p.
DUARTE, N. – Você pode falar melhor. Rio de Janeiro, JUERP, 1997. 145p.
FERRO, G.;MAYRINK, L; AZEVEDO,R. – Perfil vocal dos pastores evangélicos
das Igrejas: Batistas, Unida, Universal e Presbiteriana. In: BEHLAU. M.
S., Laringologia e Voz Hoje - Temas do IV Congresso Brasileiro de
Laringologia e Voz, Rio de Janeiro, Revinter Ltda, 1998. P. 345-7.
GREENE, M.C.L. – Distúrbios da voz. São Paulo, Manole Ltda., 1989. P.645p.
47
HUCHE, FRANÇOIS LE & ALLALI, ANDRÉ. – A Voz. Porto Alegre, Artes
Médicas Sul Ltda., 1999. 274p.
HURLBUT, Jesse Lyman. – História da Igreja Cristã. São Paulo, Vida, 1998.
255p.
JONES, Martyn Lloyd. – Pregação e pregadores. São Paulo, Fiel da Missão
Evangélica Literária, 1986. 207p.
KIRST, Nelson. – Rudimentos de Homilética. São Paulo, 1985. 175p.
KOLLER, Charles W. – Pregação expositiva sem anotações. São Paulo,
Mundo Cristão, 1997. 132p.
MENALDI, J. – La voz normal. capítulo 5, Buenos Aires, Médica
Panamericana, 1992.p. 182-4.
MENDONÇA, A G.& FILHO, P. V. – Introdução ao protestantismo no Brasil.
São Paulo, Loyola, 1990. P. 11-197.
PINHO, S. M. R. – Fundamentos em Fonoaudiologia, PARTE I, Rio de
Janeiro, Guanabara Koogan, 1998. 128p.
PLATON & ARISTÓTELES & CICERON & QUINTILIANO. – El arte de hablar
bien y convencer. Madrid, Planeta Mexicana S.A, 1998. 95p.
POLITO, R. – Como se tornar um bom orador e se relacionar bem com a
imprensa, São Paulo, Saraiva, 1998. 239p.
SPURGEON, C. H. – Lições para meus alunos, VOLUME I -São Paulo,
Publicações Evangélicas Selecionadas, 1980. 152p.
SPURGEON, C. H. – Lições para meus alunos, VOLUME II, São
Paulo, Publicações Evangélicas Selecionadas, 1980. 164p
48
ANEXO
QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA SOBRE A VOZ DO PASTOR
EVANGÉLICO
NOME:
IGREJA A QUE PERTENCE:
IDADE:
QUANTO TEMPO EXERCE O PASTORADO:
ESTADO CIVIL:
PROFISSÃO ANTERIOR:
1) Como é a sua voz ao término de cada pregação?
2) Quantas pregações realiza por semana?
3) Qual a duração de cada pregação?
4) Faz apelo?
5) Canta durante o culto?
6) Como sente a sua voz após o término do culto? Faz repouso na voz?
7) Tem outra atividade que utiliza a voz além de pregar nos cultos, como por
exemplo: ensino, aconselhamento, etc.?
8) Tem ou teve alguma doença que prejudicou o uso da voz nas atividades
pastorais? Qual?
9) Quantas horas de sono?
10)Como é a alimentação?
11)Tem conhecimento ou usa alguma técnica para a voz?
49
Descargar