Faculdade de Engenharia Química de Lorena FAENQUIL FA E N Q U IL Departamento de Engenharia Química DEQUI QUÍMICA ORGÂNICA II A N O TA Ç Õ E S D E A U L A S Profª Drª Jayne Carlos de Souza Barboza e Professor MSc Carlos Roberto de Oliveira Almeida 2003/2004 Química Orgânica II Por Profª Drª Jayne Carlos de Souza Barbosa (jayne@dequi.faenquil.br) e Prof. MSc Carlos Roberto de Oliveira Almeida (croa@dequi.faenquil.br) Digitação e Edição Darcisa Miguel (darcisa@bol.com.br) e Gerson P. dos Santos (oldfriend@uol.com.br) Diagramação, Edição de Arte, Capa e Produção Gráfica Gerson P. dos Santos Revisão de Texto Prof. MSc Carlos Roberto de Oliveira Almeida ÍNDICE Capítulo 1 HALETOS DE ACILA....................................................3 Processos de obtenção ...............................................................3 Propriedades Químicas..............................................................12 Capítulo 2 ANIDRIDOS.................................................................48 Métodos de obtenção.................................................................48 Propriedades Químicas..............................................................55 Capítulo 3 ÉSTERES.......................... Erro! Indicador não definido. Métodos de obtenção....................... Erro! Indicador não definido. Propriedades Químicas dos ÉsteresErro! Indicador não definido. Noções de Síntese Orgânica ........... Erro! Indicador não definido. Acetato de Amila............................... Erro! Indicador não definido. Síntese do Ftalato de Dimetila ........ Erro! Indicador não definido. Capítulo 4 AMIDAS............................. Erro! Indicador não definido. Processos de obtenção ................... Erro! Indicador não definido. Propriedades Químicas das AmidasErro! Indicador não definido. Noções de Síntese Orgânica ........... Erro! Indicador não definido. Benzamida......................................... Erro! Indicador não definido. Capítulo 5 AMINAS............................. Erro! Indicador não definido. Métodos de obtenção....................... Erro! Indicador não definido. Propriedade das aminas .................. Erro! Indicador não definido. Aminas Aromáticas (Aril Aminas) ... Erro! Indicador não definido. Alquilação ......................................... Erro! Indicador não definido. Teste de Hinsberg ............................ Erro! Indicador não definido. Noções de Síntese Orgânica ........... Erro! Indicador não definido. Síntese da 2, 4, 6 Tribromo Anilina . Erro! Indicador não definido. Capítulo 6 FENÓIS ............................. Erro! Indicador não definido. Substituição no anel......................... Erro! Indicador não definido. Fenóis – Obtenção e Propriedades Erro! Indicador não definido. Capítulo 7 SAIS DE DIAZÔNIO / AZO COMPOSTOS .............Erro! Indicador não definido. Propriedades Químicas.................... Erro! Indicador não definido. Reações de copulação..................... Erro! Indicador não definido. Capítulo 8 ÁCIDOS SULFÔNICOS ALIFÁTICOSErro! Indicador não definido. Métodos de obtenção....................... Erro! Indicador não definido. Propriedades físicas ........................ Erro! Indicador não definido. Propriedades químicas .................... Erro! Indicador não definido. Ácidos Sulfônicos Aromáticos........ Erro! Indicador não definido. Propriedades Físicas ....................... Erro! Indicador não definido. Propriedades Químicas.................... Erro! Indicador não definido. Capítulo 9 HIDROXI E CETOÁCIDOS Erro! Indicador não definido. Hidroxiácidos Alifáticos................... Erro! Indicador não definido. Hidroxiácidos Aromáticos ............... Erro! Indicador não definido. Aldoácidos ........................................ Erro! Indicador não definido. α Cetoácidos ..................................... Erro! Indicador não definido. β-Cetoácidos ..................................... Erro! Indicador não definido. Métodos de obtenção....................... Erro! Indicador não definido. Lactonas............................................ Erro! Indicador não definido. Referências Bibliográficas 1 - BARBOSA, Luiz Cláudio de Almeida. Química Orgânica. Editora UFV. Viçosa, 2000. 2 - BRESLOW, Ronald. Mecanismos de Racciones Orgánicas. Barcelona. Editorial Reverté S/A, 1.978. 3 - CAMPOS, Marcello M. Fundamentos de Química Orgânica. São Paulo. Editora Edgard Blücher, 1.997. 4 - DURST, H. D. Química Orgânica Experimental. Barcelona. Editorial Reverté S/A, 1.985. 5 - GONÇALVES, Daniel; WAL, Eduardo, ALMEIDA, Roberto P. Química Orgânica Experimental. Rio de Janeiro. Editora McGraw Hill, 1.988. 6 - HENDRICKSON, James B., CRAM, Donald J. Organic Chemistry. Tóquio. Editora McGraw Hill KogerKushe, 1.980. 7 - MORRISON, Robert T. e BOYD, Robert N. Química Orgânica. Lisboa. Fundação Calouste Gulbenkian, 1.995. 8 - QUINOÁ, Emílio e RIGUERA, Ricardo. Questões e Exercícios de Química Orgânica. São Paulo. Makron Books do Brasil Editora Ltda, 1996. 9 - REUSCH, Willian H. Química Orgânica. São Paulo. Editora McGraw Hill, 1.979. 10 - SAUNDERS J., WILLIAM H. Reações Iônicas Alifáticas. São Paulo. Editora Edgard Blücher, 1.979. 11 - SOARES, Bluma G. e outros. Química Orgânica: Teoria e Técnicas de Purificação, Identificação de Compostos Orgânicos. Rio de Janeiro. Editora Guanabara, 1.988. 12 - SOLOMONS, T. W. Grahan. Química Orgânica 1. Rio de Janeiro. Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda, 1.996. 13 - SOLOMONS, Graham & FRYHLE, Graig. Química Orgânica. LTC Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda. Rio de Janeiro, 2001. 14 - STEWART, Ross. A Investigação das Reações Orgânicas. São Paulo. Editora Edgard Blücher Ltda, 1.968. 1 15 - STOCK, Leon M. Reações de Substituição Aromáticas. São Paulo. Editora Edgard Blücher Ltda, 1.968. 2 CAPÍTULO 1 HALETOS DE ACILA Processos de obtenção 1) Reação de ácidos orgânicos com tricloreto de fósforo ou pentacloreto de fósforo A reação com tricloreto de fósforo leva à formação de ácido fosforoso e do haleto de ácido correspondente. O 3 O C R + PCl3 3 R C OH H3PO3 C O Pcl2 O H Cl O R + Cl C P + Cl R Cl + Cl OH O Cl R + C O Pcl2 R C HOPCl2 + Cl O H O R HO C P + O H Cl R C O O H POHCl + Cl Cl O Cl R + C O POHCl R C + P(OH)2 Cl Cl O O R H HO C P + O H Cl R C O O H P (OH)2 + Cl HO 3 O Cl R + C O P(OH)2 R C P(OH)3 + Cl O H3PO3 H PCl5 2 P C l + PCl6 5 PCl4 Cl O Cl C R PCl4 + R C O P OH Cl O P C l PCl5 6 H Cl Cl + Cl Cl R C O O P + Cl R C + Cl O H PCl4 Cl Cl Cl Cl Cl HO HO P HO ∆ Cl P Cl + Cl Cl Cl Cl H O P Cl O PCl3 + H Cl H + Cl H C l Representar a reação do ácido butanóico com o tricloreto de fósforo indicando as etapas do mecanismo: 4 O C C C Cl C P + OH Cl C C C C O O H PCl2 + Cl Cl O Cl C + C C C O PCl2 C C C C HO + PCl2 Cl O O C C C H HO C OH P + OH Cl C C C C O P C C C O O H P C C O Cl + C C C C Cl H O C P(OH) 2 Cl + Cl O Cl Cl OH C + Cl HO C P + OH OH C C C C O O H P(OH)2 + Cl Cl O C l C + C C C O O H P(OH)2 C C C C + P(OH)3 Cl H3PO3 Reação global: O 3C C C C O + OH PCl3 3C C C C + H3PO3 Cl Representar as etapas do processo que permitem obter cloreto de metil propanoila: O C C C Cl C 5 Cl O C C C P + Cl C C C O C O H C C PCl2 + Cl Cl OH C O C C C O C O H PCl2 Cl C POHCl2 + Cl C HO O C C C P + Cl C C C O C O H POHCl + Cl Cl OH Cl O C C C O C O H POHCl Cl + C C C + P(OH) 2 Cl Cl C O C C HO C P + OH OH C C C O C O H P(OH)2 + Cl Cl C O C C C O C O H P(OH)2 + Cl C C C + Cl P(OH)3 H3PO3 C Representar as etapas do mecanismo da reação do ácido propanóico com PCl5. PCl6 2 PCl5 + PCl4 O C C C + PCl4 C C C O O H PCl4 OH 6 PCl6 Cl + PCl5 O C C C O O H PCl4 Cl + C C C + HO PCl4 Cl Cl Cl HO HO P P Cl Cl + Cl Cl Cl Cl HO + H + H + O PCl3 + Cl PCl3 HCl O C C C O + PC l 5 OH C C C + Cl PC l 3 + HC l O 2) Reação do ácido carboxílico com cloreto de tionila (SOCl2) Nesse processo forma-se o haleto de acila correspondente, SO2 e HCl, ambos gasosos. A 1ª etapa é um ataque nucleófilo do oxigênio da hidroxila do ácido ao enxofre, formando-se um intermediário instável. O R C Cl + O Cl Sδ+ O R C O O O S Cl Cl H H A fase seguinte é a eliminação da base Cl , que irá atacar o 7 carbono da carbonila da estrutura formando o haleto de acila I correspondente, HCl e SO2. O O R C O O S Cl + R C + Cl HOSOCl Cl H I H O S O HCl + SO2 Cl A reação do ácido propanóico com cloreto de tionila leva a formação de um haleto de acila. Represente as etapas dessa reação. Cl O C C C O Cl C S + C C O O H S OH O C C O O H S Cl O O C Cl + Cl C C C + HO SOCl Cl Cl H O S O HCl + SO2 Cl Numa experiência misturamos 1000g de ácido acético com quantidade suficiente de SOCl2. Pede-se: a) A massa de SOCl2 necessária; b) A massa de haleto de acila obtida; 8 c) Os volumes de HCl e SO2 obtidos, nas CNTP. O O C C C SOCl2 + C + Cl OH 60g 119g 78,5g 36,5g 64g 1000g 1983,33g 1308,33g 608,33g 1066,66g Haleto de acetila SOCl2 necessário VHCl (C) SO2 + HCl 36,5g 22,4L 608,33g 373,33L VSO2 = VHCl VSO2 = 373,33L nHCl = nSO2 3) Reação de Ésteres e Sais de Ácidos Carboxílicos com PCl3 O mecanismo destas preparações é o mesmo do primeiro método. A reação de sais com PCl3 é utilizada para obter haletos de acila α, β insaturados. Já a reação com ésteres é utilizada para obter qualquer tipo de haleto de acila. As reações gerais são as seguintes: O Sais R C H C H O C + R + PCl3 O Na O Ésteres R C H C Cl O C + PCl3 O C H R C R Cl Representar as etapas da reação do PCl3 com: a) Penteno 2 ato de sódio; b) Butanoato de Etila. O C C C C C P + O Na C Cl Cl C C C C Cl O O PCl2 + Cl Na+ 9 Cl C C C C C O PCl 2 + Cl C C C C C O PCl 2 O O O C C C C C + Na OPCl 2 Cl _ O Cl O C C C C C P + Cl C C C C - + PO Na + Cl C O O Na O Na Cl Simplificando as etapas posteriores: O Na O C C C C C O PO Na + Cl C C C C C + P Na O + O Na - + O Na O C C C C C Cl Cl - - + P + O Na + O Na C C C C C O O Na P + Cl O - Cl + + O Na Na + O Na O C C C C C O O Na P (ONa)2 + Cl C C C C + + P C Cl O Na - + O Na + Na3 PO3 -3 4) Reação de cloretos de acila com HF, HI, HBr Nessas reações ocorre um ataque nucleofílico da base fluoreto, brometo ou iodeto ao carbono da carbonila. 10 O O O R C + R F C Cl R C Cl + F Cl F O O R + HI C R C + HCl I Cl Alguns autores sugerem o seguinte mecanismo: HF H + F O R C OH + H R C Cl Cl OH OH R C OH + F R C Cl R C Cl + Cl F F OH R C O + Cl HCl + R C F F Qual o produto formado na reação do cloreto de hexanoila com HBr? O rendimento dessa reação é alto ou baixo? + H Br H + Br O O C C C C C C δ+ + Br C C C C C C Cl Cl Br O C C C C C C + Cl Br 11 + Cl + H H Cl 5) Reações de cloreto de Benzoila com ácidos orgânicos Os dois reagentes não são voláteis, por isto esse processo tem interesse quando o haleto de acila formado for volátil. O C6H5 C O + R C O C6H5 Cl O C + OH R C OH Cl volátil; maior rendimento. Explique como se prepara cloreto de formila através desse processo. O H ácido fórmico C OH O C6H5 C O + H Cl O C6H5 C OH C O + H C OH Cl PROPRIEDADES QUÍMICAS 1) Hidrólise e Alcóolise Tanto a hidrólise quanto a alcoólise envolvem três etapas: 1ª etapa: ataque nucleofílico do oxigênio da água ou do álcool ao Carbono da Carbonila. 2ª etapa: eliminação da base cloreto. 3ª etapa: A base cloreto retira um próton do oxigênio do ácido. Obs: Esta é uma reação SN2 12 O O H R C O + R C OH2 H Cl Cl O O O R C R OH2 C Cl + HCl + R C OH OH2 Cl Qual o produto final formado na reação do cloreto de acetila com etanol? O O H H3C C H O + H3C C H2 Cl C O CH3 C H2 Cl CH3 O O H H3 C C H3 C O C H2 Cl C + O CH3 C Cl C H O HCl + H3 C C O C C acetato de etila Obs: A reação de cloretos de acilas aromáticos com água ou álcool ocorre por um processo SN1, porque o cátion carbonium formado estabiliza-se por ressonância. Por isso a 1ª etapa da hidrólise ou alcoólise de um haleto de acila aromático é a formação do cátion carbonium. 13 O C C C C H2O Cl O C C O C C C C C C C C C C C O C C C C C C C O C C O C C + Cl C C Complete a equação química entre o cloreto de benzila e a água. O C O H2O Cl C O + Cl O H C + O C OH2 H O C O + Cl HCl C + OH2 OH ácido benzóico Explique como podemos obter: a) benzoato de butila; b) butanoato de isopropila. a) O C butanol O C + Cl Cl 14 O C O + O H C C C C C O H C C C C C C O O C O H C C C C + Cl C HCl + O C C b) A reação do cloreto de butanoila com isopropanol ocorre segundo um mecanismo SN2: O O C C C C + HO C C R C O H Cl C C Cl C C O C R C O H Cl C C R C + O C H C C C R Cl C O C + O H C Cl HCl + C R C O C C C C Exercício: A alcoólise do cloreto de paranitrobenzoila é rápida enquanto que a alcoólise do cloreto parametil benzoila é lenta. Explique. R O H Cl C O NO2 -I 15 O grupo NO2 é eletroatraente (efeito –I), o que causa uma diminuição da densidade eletrônica do carbono de carbonila, que passa a atrair com mais intensidade o oxigênio do álcool: reação rápida. Também devido à maior estabilidade do estado de transição, o que torna a reação mais rápida (Moura Campos). R O H Cl C CH3 O +I Já o grupo metil é eletronrepelente (efeito +I), esse efeito causará um aumento de densidade eletrônica da carbonila, que não atrairá com tanta intensidade o oxigênio do álcool: reação lenta. 2) Reação com água oxigenada Nesse caso formam-se compostos chamados perácidos, que são mais reativos que os ácidos comuns, e por isso mesmo utilizados em sínteses orgânicas. H O H C O O O R + C O OH R Cl OH R C O H OH + Cl Cl O HCl + R C O OH Perácido Como podemos obter parácido butanóico através da reação do H2O2 com um haleto de acila? 16 H O O C C C C + O OH C C C C O Cl H OH Cl O O C C C C O H OH + Cl C C C C + HCl O OH 3) Reações do benzeno em presença de AlCl3 A 1ª etapa é a formação da espécie eletrófila: O O O R C Cl + AlCl3 R C Cl AlCl3 R C + AlCl4 A 2ª etapa: ataque eletrofílico ao benzeno, com formação de um cátion que é estabilizado por ressonância. O R O + C C H R A 3ª etapa: eliminação do cátion H+ e formação de um estrutura aromática e estável. O O C R C R H + H + 4ª etapa: Recuperação do catalisador + H + AlCl4 HCl + AlCl3 A butil fenil cetona tem por fórmula: 17 O C C C C Explique sua síntese. C O O C C C C C + AlCl3 C C C + AlCl4 C C Cl AlCl3 Cl O C C C C C O C C C C C C H + C + C C + O C C C C H C HCl C O C AlCl4 H O + C C C C + H + AlCl3 4) Redução com H2/Pd 1ª etapa: Cisão heterolítica do hidrogênio H Pd ∆ H H + + H 2ª etapa: Ataque nucleófilo do ânion hidreto formado: O O R C O + H R C Cl H R C + Cl H Cl H + + Cl HCl 18 Alguns autores sugerem que a primeira etapa deste mecanismo seria uma adição eletrofílica do H : OH O R C + H R C Cl Cl Segue-se um ataque nucleofílico da base H Obs: se utilizarmos hidrogênio em excesso obteremos como produto final um álcool. OH O R C + Pd ∆ H H R CH2 H A redução do cloreto do 2 metil pentanoila com H2/Pd leva à formação de uma mistura contendo álcool e um aldeído. Identifique-os: H Pd ∆ H H+ + H C C C C C + δ Cl O - δ O - δ - + H C C C C C C C Cl H O C C C C C + Cl H C + Cl + H HCl 19 OH O C C C C C + H C C C C CH 2 H H C C 2 metil-pentanol 1 Obs: O melhor método para obter aldeídos é a síntese ReissertFischer. Trata-se da reação de um haleto de acila com cianeto de potássio e quinolina. H + CN K N R C N R Cl C H N CN Cl R H2O O + H N C Cl CN C O O O R + CN N C OH O + R C +NH3 H O 2 carboxi quinolina aldeído H Como podemos sintetizar hexanal através da síntese de ReissertFischer? N quinolina 20 + CN H K N N CN C δ O C C C C C C + δ C C C C C O Cl − Cl H + Cl N C C C C C H N C C C C C C CN C CN O O H 2O + H N C O + C C C C C C OH + NH3 H O hexanal 2 carboxi quinolina O Obs: A transformação do grupo “CN” no grupo C ocorre OH em meio a uma solução aquosa ácida (HCl). + +H R C N R C NH OH2 R B C NH + OH2 R C NH2 OH R C NH2 OH Há autores que sugerem que primeiro ocorre a protonação e em seguida o rompimento da ligação: 21 R C NH + H O H R C NH 2 B H B + R C NH OH R C OH NH2 R C OH NH2 OH O R C NH2 + B R C amida + HB (pode ser neutralizado) NH2 OH O O R C + OH2 R C NH2 NH2 OH2 O R O C + NH3 + R (pode ser neutralizado) NH2 OH2 C ácido orgânico OH Esquematize a hidrólise em meio ácido do cianeto de isopropila. C C C C N + H C C C NH + OH2 C 1º C OH2 C C C NH 3º + B 2º C OH C C C NH2 C OH C C NH2 B C 22 C O C + HB (pode ser neutralizado) C NH2 C C C O C C C NH2 O C C + OH2 OH2 NH2 C C C O C O C + OH2 NH2 C + NH3 (pode ser neutralizado) C OH C C 5) Reação com Diazometano H2C N N H2C N N C H2 N O O R C + H2C N N R C Cl N Cl R O H C C N N + Cl R O H C C O N N N2 + R C CH H H H O R R C C C O CH R C C O "cetenas" (migração) Exemplo: Reação de hidrólise das cetenas: 23 H R C C O + OH2 R C C O OH2 H H O R C C O R C C OH OH2 H B + água cetena +R ácido éster OH amidas + NH3 A reação do cloreto de propanoila com azometano forma uma cetena. Represente as reações dessa cetena com: a) H2O; b) Propanol 2; c) NH3. δ− O C C C δ+ Cl O + C H2 N N C C C Cl H2 C N N Ver a seqüência proposta na página 23! Reações da cetena formada (etil cetena: C C C C O ): a) H2O 24 O C C C δ C O + OH2 C C C C O C C C C OH2 OH2 Β H O C C C ácido butanóico C OH H b) Propanol 2 C C C C H O + O C O C C C C O C C C C C C C O H C C C C C C O H C O C O C C C C butanoato de isopropila H B pode ser uma molécula de álcool 25 c) NH3 H O O C C C C O + NH3 C C C C C C C C NH3 NH3 B (pode ser o NH3) H O C C C C NH2 H Os haletos de acila reagem com etóxido de sódio, amoníaco, aminas e acetato de sódio seguindo o mecanismo tradicional. 1) Etóxido de sódio H3C C H2 O C C + Na O O R C O + O Na+ Cl C C R C O R _ + + Na Cl C O Cl C C Éster 2) Amoníaco (NH3) O O R C O + NH3 R C NH3 Cl R C + Cl NH3 Cl O R C + HCl (pode ser neutralizado) NH2 amida 3) Amina (R NH2) 26 O O R C Cl O + N H2 R R C N H2 R R + Cl C N H2 Cl R O HCl + R C N H amida substituída R O 4) Acetato de sódio H3C C O + Na O O O R C O C + CH3 R C O C CH3 O Cl Cl + Na O R C + O H3C + Na Cl C - anidrido O Exercícios Obtenção de Haletos de Acila Explique a reação do PCl3 com butanoato de Etila. Cl O C C C C P + O C C Cl C C C Cl C O PCl2 + Cl O C C C O O C C C C O PCl2 + Cl O C C C C C C Cl +C PCl2 27 Cl O C C C C P + O Cl C O C C C C C C Cl C O P O C C O Cl C C C C O P O C C C C O C C C C C C C C C + P O C C Cl 2 Cl C O O P + C C C C O C O + Cl O C + Cl C C Cl C C O PO O C C C C 2 + Cl O C C C C O O P O C C C 2 + Cl C C C C + P O C C 3 Cl C Representar as equações, com os respectivos nomes, que envolvem as seguintes espécies químicas. A) Cloreto de Benzoila e etóxido de sódio. O O C Cl + O + Na C C C O C C Cl O + C + Na O C Cl C benzoato de etila B) Cloreto de acetila e acetato de sódio. 28 O H3C O O C CH3 + C Cl H3C O O C O C CH3 Cl + Na anidrido acético O H3C C O O + + Na C Cl CH3 C) Cloreto de 2 metil butanoila e amoníaco. O O C C C C + NH3 C C C C C Cl NH3 Cl C O C C C O C + Cl HCl + C C C amida C NH3 NH2 C C 2 metil butanoamida D) Cloreto de 2 etil pentanoila e dietil amina. C O C C C C C + N H C Cl C O C C C C C C C C C Cl C N C H C C C O O C C C C C C C Cl HCl + C C C H N C C C C N , N - dietil 2 etil pentanoamida C C C C C C C N C 9) Reações de Brometos de acila com agentes nucleófilos Uma reação química irá ocorrer com facilidade quando formar bases ou ácidos fracos. Nas reações de brometos de acila, forma-se a base :Br29 que é uma base fraquíssima. Por isso os brometos de acila dão reações fáceis e quantitativas, sendo usados para obter amidas, ácidos, ésteres, anidridos e amidas substituídas em laboratório. O O R C + Nu R C Nu Br Br O R O C Nu R C + Br Nu Br Composto orgânico formado Nu NH3 amida OH2 ácido HOR éster O C anidrido R O H2N amida substituída R Qual o produto formado na hidrólise do brometo de hexanodiíla? O O O C C + OH2 C C C Br OH2 C C Br C OH2 C + 2 Br C C O C C C O O C + OH2 C Br Br OH2 C C OH2 30 O C C OH C + 2HBr C O C C OH ácido hexanodióico Explique a seguinte transformação: H2 C O H2 C AlCl 3 ∆ C Cl 1 hidrindona R O O R C C O C Cl + AlCl3 R C C C Cl AlCl3 O R C C C + AlCl4 C C C C Mecanismo tradicional O C + +H C O + H + - A lCl 4 HCl + A lCl 3 Idem para as seguintes transformações: 31 O C 1) C C AlCl3 C ∆ Cl O α tetralona O C C C AlCl3 ∆ C Cl C C C C Cl AlCl3 O O C C C C + AlCl4 C C C C + +H C C C C O O + H + AlCl4 AlCl3 + HCl O O O C C 2) + O 1) PCl 3 AlCl 3 2) AlCl 3 rend. 85% rend. 100% O C C HO ácido α Benzoil benzóico O anidrido ftálico O antraquinona O O O C C C O + AlCl3 O AlCl3 C C C O O O O AlCl3 32 O O C C H + C O C AlCl3 O AlCl3 O O O O C C + C O H + AlCl3 C O OH O O O C C + PCl3 C C OH Cl O O O O C C + AlCl3 C O Cl C Cl A lCl 3 O 33 O O C C + + AlCl4 +H C C O O + AlCl4 + H HCl + AlCl3 10) Reação com aromáticos A 1ª etapa da reação de um haleto de acila com um composto aromático qualquer é a formação de um cátion, com o auxílio de ácido de Lewis (AlCl3, FeCl3, BF3) A reação do cloreto de acetila com benzeno é lenta, com etil benzeno é rápida, enquanto que com o nitro benzeno a reação é muito lenta. Em qualquer dos três casos a etapa inicial dessas reações é a formação do cátion carbonium. O O O C C + AlCl3 C C Cl C C + AlCl4 Cl O O C C O + C C C C H + L +H acetofenona 34 C C C C C C H O C + C C C C O O NO2 NO2 O O C + +H MR NO2 + C C C 1 etil 2 acetil Benzeno O + H + C C ML C 1 nitro 3 acetil Benzeno H Existem grupos de átomos que aumentam a velocidade das reações (ativantes orto-para), enquanto que existem outros grupos de átomos que diminuem a velocidade (desativantes meta e desativantes o, p). Ativantes o, p NH2 CH3 (alquil) OH OCH3 O Desativantes m: NO2 SO3H C H O C CN C R OH O Desativantes o, p: halogênios por exemplo: CH 3 CH 3 CH 3 CH 3 CH 3 O O O O O δ− δ− 1) δ− 35 O O O N O O N O O N O N 2) O O N NO 2 δ+ δ+ δ+ Em (I) um cátion A+ irá se ligar nos carbonos nas posições o, p porque estes têm uma densidade eletrônica maior. Em (II) um cátion A+ terá a possibilidade de se ligar nos carbonos da posição meta. Obs: Os halogênios deveriam ser ativantes o, p porque as formas canônicas de um haleto orgânico aromático são as seguintes: Cl Cl Cl Cl + Cl δ − δ δ − − Os halogênios por serem muito eletronegativos, não cedem seus elétrons com facilidade para a ressonância. Por isso as posições o, p não ficam com densidade eletrônica elevada, não atraindo com intensidade o reagente E+: a velocidade de reação é pequena, nas posições o, p. Exemplo: A reação do fenol com cloreto de acetila forma dois produtos isômeros. Quais são e qual se forma em maior quantidade? 36 OH OH O 1) δ− δ− C + 33% CH3 p - acetil fenol δ− C probabilidade : 2/3 o p CH3 O probabilidade : 1/3 OH 66% o - acetil fenol 2) CH3 C O A reação do isopentil benzeno com cloreto de acetila forma 10% de um orto derivado e 90% do para derivado. Porque isso ocorre? C C C C C C C C C 1) C O + C 90% CH3 C CH3 O C C C C C 10% 2) C CH3 O O grupo isopentil é muito volumoso e dificulta o acesso do reagente eletrofílico aos carbonos da posição orto: difícil a reação, pouco produto. 11) Halogenação de Brometos de acila 37 Reação de Hell-Volhard-Zelinsky Os hidrogênios dos carbonos vizinhos ao carbono da carbonila são chamados de hidrogênios ácidos, pois devido à eletronegatividade do oxigênio ou de outros grupos, estão fracamente ligados ao carbono α. Dissolvendo-se bromo, um solvente polar, ele se dissocia segundo a equação: Br + Br Br + Br A base brometo formada retira com facilidade o hidrogênio ácido do brometo de acila dando origem a HBr e a um ânion de carbono. R O H α C H C + Br R H C O C + HBr Br Br A última etapa é a adição do cátion Br (bromônio) ao ânion carbonium. R O H C + C R + Br H C O C Br Br Br Explique a transformação do ácido pentanóico no brometo de α bromo pentanoila. O 3 C C C C O C + PBr3 3 C C C C C OH C C C Cα H C O Br + + H3PO3 Br Br HBr + C C C C C O Br 38 O C C C C C O + Br C C C C Br C Br Br 12) Compostos de Grignard Os haletos de acila ao reagirem com compostos de Grignard dão origem às cetonas correspondentes. δ+ MgCl O MgCl C Cl C C O R C Cl + δ− C C R C C R O Mg Cl C Cl C C O Mg Cl Cl + R C C C C + δ OMgCl R C C C O + C Cl R C C C + MgCl 2 C C Identifique a cetona formada na reação do cloreto de acetila com cloreto de propil magnésio, dissolvido em éter. 39 O Mg Cl O Mg Cl O C C + Mg Cl C C Cl C C + Cl Cl O C C C C C C C C C C MgCl C + O Cl Mg Cl2 + C C C C C Pentanona 2 C C C Obs: Se utilizarmos excesso do composto de Grignard e fizermos a hidrólise do composto obtido, formar-se-á um ácool terciário. O O Mg Cl + C C + Mg Cl C C C C C C C C C C C C C − δ δ C + HOH OH C C C C C C + Mg (OH) C l cloreto monobásico de magnésio C C 4 metil heptanol 4 40 13) reação do Fosgênio (COCl2) 1) Com álcool O Cl C O + O H C C O H O C Cl Cl C C C Cl O H C C + Cl Cl O C O C C + HCl Cl O O C O C C + O H C C Cl Cl C O C O H C C O C O C O C HO C C C + Cl HCl + C C O C O C C dietil carbonato 2) Com amina O Cl O C + N H2 R Cl Cl C O N H2 R Cl C N H2 R + Cl Cl O O Cl C N H2 R NH3 + + Cl R + N H2 R R Cl NH3+ C N H R + R NH3 Cl 41 O Cl O C O N H C N R R + R + Cl Cl NH2 + R C R NH3 N R + NH3 Cl + NH3 Isocianato Æ Os isocianatos são utilizados em sínteses orgânicas para obter amidas derivadas do ácido carbônico ou ainda ésteres dessas amidas. O R N C O + N H2 R R N C N H2 R B O R N H C N H R N, N' dialquil carbamida Æ Os isocianatos também reagem com álcoois dando origem a compostos genericamente chamados “carbamatos de éster” Estes compostos também recebem o nome de “uretanos”. O R N C O + O H R R N C O O H R R N H Β C O R uretanos A reação do fosgênio com propil amina leva à formação de um isocianato. Represente os mecanismos desse isocianato com: a) propanol 2; b) dietil amina; c) água. 42 O Cl C O + N H2 Cl C C C Cl C N H2 C C C Cl O Cl + C N H2 C C C + N H2 C C C C C C NH3] Cl Cl O N C C C C + N H2 H C C O H3 N C C C C + Cl C Cl Cl + O C N C C C + Cl HCl C C C N C NH3] Cl C C Isocianato de propila O a) C C C N C O + O H C C C C C N + C O H C C C O C C C N O C O H C C C C C C N C C C C N H C O C C Β b) C C C C carbamato de N-Propil Isopropila C N C C C O + N H C C C N H C C C C C N O C C C N H C O C C C C N H C C C C C C N N, N dietil N' Propil carbamida B O c) C C C N C O + OH2 C C C N C OH2 43 O C C C N C O OH2 C C C N H ácido N-Propil metanóico C OH B Obs: Por um processo semelhante pode obter-se o isotiocianato de fenila. Esse composto reage facilmente com amoníaco, dando origem à fenil tiouréia. S Ph N C S + NH 3 Ph N C Ph S N C NH 3 NH3 B S Ph N H C NH2 A reação da anilina com cloreto de acetila leva à formação da acetanilida. O O N + H2 C CH3 N H2 Cl C CH3 Cl O O N H2 + Cl C HCl + N H C CH3 CH3 A acetanilida e seus derivados têm propriedades analgésicas e antipiréticas. 44 Exercícios 1) Identifique com mecanismos, os produtos formados nas reações orgânicas: a - ácido 2 metil butanóico e PBr3; b - ácido 3 isopropil pentanodióico e PCl3; c - ácido metil propanóico e PCl5; d - ácido 3 metil butanodióico e PCl5; e - metil propanoato de sódio e PCl3; f - pentanodiato de potássio e PCl3; g - butanodiato de etila e PCl3; h - tereftalato de butila e PCl3; 2) A reação do ácido tereftálico (benzeno dicarboxílico 1,4) com cloreto de tionila (SOCl2) forma vários produtos. Identifique-os, com mecanismos. 3) A hidrólise do cloreto de acetila forma um HX e um ácido orgânico. Para a preparação de 750 L de solução 7,5 N contendo este ácido orgânico, pede-se: a - o mecanismo; b - as massas das espécies envolvidas. 4) A alcoólise do brometo de pentanodiila com etanol origina um ácido halogenídrico e um éster, com E=92%. Para a obtenção de 1000 L deste éster (d = 1,078 g/mL), pede-se: a - o mecanismo; b - as massas das espécies envolvidas. 5) Explique porque a alcoólise do cloreto de p-nitro benzoila é rápida enquanto a alcoólise do cloreto de p-metil benzoila é lenta. 6) 1500 L de benzeno (d = 0,854 g/mL) foram postos a reagir com cloreto de benzoila /AlCl3, originando um HX e uma cetona aromática. Com R = 85%, pede-se: a - o mecanismo; b - as massas das espécies envolvidas. 7) A reação do iodeto de 3 hidroxi pentanodiila com excesso de H2 / Pt forma um triálcool com E = 82%. Para a fabricação de 2000 L deste álcool (d = 1,065 g/mL), pede-se: 45 a - o mecanismo; b - as massas das espécies envolvidas. 8) Identifique, com procedimentos: mecanismos, os compostos formados nos a - iodeto de pentanoila e etóxido de sódio; b - iodeto de butanodiila e excesso de NH3; c - fluoreto de metil propanoila e anilina (fenil amina). 9) Num certo procedimento foram colocados a reagir 500 L de solução 2M de cloreto de pentanoila com 400 L de solução 3N de acetato de sódio, havendo formação de 2 produtos. Pede-se: a - o mecanismo; b - a massa do reagente em excesso e a N da solução em relação a esta espécie; c - as massas das espécies envolvidas. 10) A reação “Hell-Volhard-Zelinsky” ocorre entre um haleto de acila e Br2. Identifique, com mecanismos, as espécies formadas na reação do brometo de hexanodiila com excesso de Br2. 11) Ao reagirmos 500 Kg de fluoreto de propanoila com fluoreto de etil magnésio obtemos um sal e uma cetona com R = 93%. Pede-se: a - o mecanismo; b - as massas das espécies envolvidas. 12) A reação do fosgênio (COCl2, 94% de pureza) com excesso de propanol 1 forma um HX e um éster, com E = 79%. Para a obtenção de 700 Kg deste éster, pede-se: a - o mecanismo; b - as massas das espécies envolvidas. 13) O álcool comum é uma mistura azeotrópica contendo 96% de etanol e 4% de água, em volume. Pois bem, uma certa indústria colocou a reagir 3000 L de cloreto de pentanodiila (d = 1,140 g / mL) com 3000 L desse álcool hidratado. Supondo-se que toda a água presente neste álcool tenha sido consumida, pede-se: a - os mecanismos; b - a massa do reagente em excesso; c - as massas das espécies envolvidas. dados: d do etanol = 0,854 g/mL; d da água = 0,9983 g/mL 46 14) Identifique, com mecanismos, os produtos formados na reação entre as seguintes espécies: a - fenol e cloreto de acetila/AlCl3 (proporção 1:1 e em excesso); b - ácido benzóico e brometo de acetila /FeBr3 (proporção 1:1 e em excesso). 15) NO 2 NO 2 NO 2 O CH 3 CH 2 CCI Cl 2 /A lCl 3 A lCl 3 Cl O O Com relação à seqüência de procedimentos acima representados, pede-se: a) os mecanismos; b) Para a preparação de 5000 L do produto final (massa específica 1,075 g/mL), calcule as massas de todas as espécies envolvidas. (E da 1ª etapa = 91%; E da 2ª etapa = 96%); c) a massa total de AlCl3 necessária (utilizada na proporção de 0,005% em relação às massas dos reagentes na 1ª etapa e 0,003% na 2ª etapa). Fonte de consulta: Quinoá, Emílio e Riguera, Ricardo. Questões e Exercícios de Química Orgânica. Makron Books do Brasil Editora Ltda. S. Paulo, 1996. 47 CAPÍTULO 2 ANIDRIDOS Métodos de obtenção 1) Ácidos e P2O5 A fase inicial dessa desidratação é um ataque nucleófilo do oxigênio da hidroxila ao átomo de fósforo. Forma-se um cátion acílio que irá reagir com outra molécula de ácido: forma-se uma estrutura que perde um próton dando origem ao anidrido. O O O O O O R C O + P O H O P O O R C O H P O O P O O O R C O O O O + R C + O H C O HO R R C O H + + P +H O O R O O P C H2O P R C O C R O O O O -H P P2O5 + H2O O Explique como podemos obter anidrido butanóico através desse processo. O O O O O O C C C + C O H P O O P O C C C C O H P O O P O ácido butanóico 48 O O O C C C C + O H C O C C C C C C C C C C O H C C C + C -H O C O C C C C anidrido butanóico Represente a reação de desidratação do ácido pentanodióico (glutárico). O O O C O C P C C C OH P + O O H P O O P O O O C O O C O O C C OH C OH O O O C C C C C C C C + C OH OH C C C O O -H O C C C O anidrido pentanodióico (glutárico) 2) Ácidos com Anidrido Acético É uma reação de dupla troca entre o ácido orgânico e o anidrido acético. Tem interesse prático quando o anidrido obtido tiver ponto de ebulição maior que o ácido acético porque com aquecimento o ácido acético destila. 49 O C O C O + HO C C O R C O C C O H O C R C O C OH + O O R C C C C O C O O O O C C C C O + OH R C O Repete-se o processo, com a formação de outro mol de ácido acético e um mol do anidrido. O R C O R C O Num laboratório temos ácido benzóico e ácido acético. Explicar como podemos obter: a) Anidrido Benzóico; b) Anidrido Acético Sugestão: 1º - obter anidrido acético com P2O5 2º - obter o anidrido benzóico através de reação do ácido benzóico com anidrido acético. Ácido Acético 50 O O C C + O H P O O O O P C C O H O P O O O O P O O O O C C O O O O + C C O H + C C C C O H C -H C C C O C C anidrido acético O C OH + O O C C C O C O O veja + mecanismo na pág. 46 2C C C C OH ácido acético O O anidrido benzóico 3) Reação de Haletos de Acila com Piridina e água (ou H2S) O O N C + R N O C Cl R N C + O + OH2 + N R R Cl Cl N O C R O + -H (HCl) C OH2 R C OH 51 R O N O C C + OH + O R O C O H C R N R O O + -H R C O C R + Cl N H Tendo como produtos iniciais piridina, H2O e um haleto de acila, explicar a obtenção do anidrido pentanóico. O O N C + C C C N C C C C Cl O N C C cloreto de pentanoila Cl piridina C O C C C C + OH2 N + C C C C C OH2 O + -H C C C C C ácido pentanóico + Cl N OH H O C C C C C O N + C C C C C N O H 52 O O + + C C C C -H C C C C C OH C C C C anidrido pentanóico C O C C C C C C O O 4) Reação de haleto de acila com sais orgânicos A reação ocorre a temperatura ambiente. O R C C + + + R R O + Na Cl Na O O O O O C O C R R C O C R + Cl Cl + Cl Na Cl - Represente as etapas da reação do cloreto de hexanodiila com: a) Piridina e H2O; b) Acetato de Sódio O C C C C O Cl C C N N O a) C C C N + Cl C O C Cl + N C Cl O O C C C O C C C N + OH2 N + C C C OH2 C O N C C N 53 O -H O + C C C C O C C C C C C C C C C Cl C C O anidrido hexanodióico O + Cl C O C O C + O O C -H OH N b) C C OH C C O C C O + Na O C O C O O C C C C O C O + Na + Na Cl + - C C Cl O 2 Na Cl + C O C O O C C C C C O O C C 5) Ceteno com ácidos Este é o principal método utilizado para obter anidridos mistos. O O H2 C δ C O O O + O + O H C R H2C C H O H C R H 3C C O C R 1º β β Utilizando-se do ceteno como produto inicial, representar a reação da obtenção do anidrido 2-metil butano acético. 54 C O H2C C O + C O H O C C H2C H C B B O H O C C C 1º C O H3C C O O C C C C C C C Propriedades Químicas Reações de hidrólise, alcoólise e a amonólise. Todas essas reações ocorrem segundo mecanismos semelhantes, havendo formação de ácidos, ésteres e amidas. a) Hidrólise O O R δ+ C C OH2 R C OH2 O R R O + O 2R O OH2 C OH C O R C O O R C O 55 b) Alcoólise O O O R R O H C O + R C C O H R R R C O H O O R C O O R O R C O O C + O éster R R C R OH ácido carboxílico c) Amonólise O O O R R NH3 R C C + O R C NH3 NH3 NH3 O C O R C O O R C O O NH4 C + O O R R + C R C O NH4 O NH2 sal de amônia amida d) Aminólise O O R O R R C C C O + N H2 R N H2 O R C R O R C N H2 O R O R C O 56 O R C O N H R + R C OH amida substituída e) Reação com Éter (R O R / AlCl3) O 1) R C R C O O + R C R C O R O A l Cl 3 O C A lCl3 O + O O R O O 2) R C + R O C R R C O O R A l Cl 3 R R C + O éster R R f) Reação com aromáticos (AlCl3) O O 1) R R C C O R C R C + AlCl3 O O O R AlCl3 C O AlCl3 + O O R C O 2) + C R O C R O H C R +H cetona aromática g) Anidrido Acético e Ácido Salicílico Serve para obter o Ácido Acetil Salicílico. A primeira etapa é um ataque nucleofílico do oxigênio da hidroxila ao carbono da carbonila. A segunda etapa é a eliminação da base acetato. A terceira etapa é a formação do ácido acético e do AAS. 57 O O C C OH O H + O OH O C CH3 C CH3 O H O C CH3 O O O O C CH3 O C C OH OH O O H C O C CH3 AAS C O O H3C O C H3C C O OH Obs: O AAS é um sólido e o ácido acético um líquido. Por destilação separa-se o ácido acético e obtém-se o AAS, sólido, que tem aspecto branco cristalino. Se o produto utilizado inicialmente fosse o benzeno, quais as etapas necessárias para sintetizar o AAS? Um processo semelhante é utilizado para transformar a morfina em heroína. O HO heroína O H2 O C CH2 + O CH3 CH3 C CH3 C O O N HO C H3C O O H3C C N O CH3 O morfina + 2H3C C OH h) Aminólise Anidridos aromáticos reagem facilmente com aminas primárias ou 58 secundárias, formando as amidas correspondentes. O O O C O C O H2 N + O R O C N H2 O R C N H2 R O O O O metil O O + C N H C O O O C OH R O C O ácido benzóico (sólido) N - metil benzamida i) Reação do Furano com anidrido Acético em presença de BF3. A primeira etapa é a geração do cátion, que irá causar um ataque eletrofílico ao furano, que é um composto aromático. O O O H3C C C H3C C O C BF3 BF3 + O C H3C O C O H H H + O O O ácido de Lewis C C + BF3 O C C CH3 O C CH3 O + H + C O CH3 O O H + H3C O C BF3 + O BF3 H3C C OH 59 O ácido fenil metanóico dá origem, em certas condições, ao anidrido benzóico, que reage com a etil, propil amina, dando origem a uma amida disubstituída. Explique essa transformação. O O O P C O O O C + O H P O O O H P O O O O O P O O O C -H C + C O C O H anidrido benzóico O O C O C C C C O C C N H C C C + N C O C C O C O C C C NH C C C O O C + C + OH C O ácido benzóico O N N - Etil N - Propil Benzamida C C C C C Exercícios 1) Represente com mecanismos , a desidratação do ácido 3 metil pentanóico, em presença de P2O5. 2) Idem para o ácido 3 metil pentanodióico. 3) Sob certas condições, anidrido acético reage com ácido hexanóico originando um novo ácido e um novo anidrido. Represente, com mecanismos, esta transformação. 60 4) Ao reagirmos brometo de butanoila/piridina com água, obtemos um anidrido e HX. Para a obtenção de 2,5 ton. deste anidrido, supondo-se E = 91%, pede-se: a - o mecanismo; b - as massas das espécies envolvidas. 5) Numa certa preparação colocamos a reagir propanoato de potássio e brometo de pentanoila, havendo a formação de um sal e de um anidrido assimétrico. Para o aproveitamento de 50 tambores contendo solução aquosa a 25% em massa (d = 1,19 g/mL) de propanoato de sódio, pede-se, supondo-se E = 74%: a - o mecanismo; b - as massas das espécies envolvidas. 6) Ao reagirmos a butil cetena com ácido butanóico, obtemos um anidrido assimétrico, com R = 86%. Para a obtenção de 50 tambores contendo uma solução etérea a 18% em massa (d = 1,11 g/mL) desse anidrido, pede-se: a - o mecanismo; b - a massa de butil cetena necessária; c - A massa de ácido butanóico necessária (5% maior que a teoricamente necessária). 7) Represente, com mecanismos, as reações do anidrido 2,3 dietil pentanóico e do anidrido 2,3 dietil pentanodióico com: a - água (hidrólise); b - butanol 1 (alcoólise); c - amoníaco ( amonólise); d - benzil amina (aminólise). 8) Represente, com mecanismos, os produtos formados quando colocamos a reagir o éter comum com anidrido benzóico (fenil metanóico/ BCl3.) 9) Ao reagirmos o benzeno com excesso de anidrido propanóico/AlCl3 obtemos dois produtos. Identifique-os, com mecanismos. 10) Identifique, com mecanismos, os produtos formados na reação do anidrido butanóico/FeBr3 com o “FURANO”. 61 NOÇÕES DE SÍNTESE ORGÂNICA ANIDRIDO SUCCÍNICO 1) Reagentes ácido succínico – 20,0 g anidrido acético – 30,0 mL 2) Substâncias complementares éter etílico 3) Técnica Em um balão de 250 ml colocar 20,0 g de ácido succínico e 30,0 mL de anidrido acético. Ligar um refrigerante de refluxo e aquecer durante 1 hora. Esfriar e colocar em geladeira durante 12 horas. Filtrar em buchner. Lavar com éter e dessecar em estufa entre 100/150°C. Recristalizar, utilizando uma mistura de álcool/água. 4) Reação O O O C CH2 HO CH2 C H3C C H2C O + OH H3C O C calor O + 2H3C H2C O O C C OH C O 5) Rendimento do processo 70/75% 6) Constantes Físicas Cristais com forma de prismas orto rômbicos; PF = 119,6°C; PE = 261°C; pouco solúvel em éter etílico e água; solúvel em clorofórmio, tetracloreto de carbono e álcool etílico. 62 Questões propostas 1) Represente o mecanismo deste procedimento. 2) Existe reagente em excesso? Quanto? 3) Quais as massas de produtos obtidas neste procedimento? 4) Quais as massas de reagentes necessárias para produzir 750 kg de anidrido succínico, dentro das proporções estequiométricas? 5) Quais as massas de reagentes necessárias para produzir 750 kg de anidrido succínico, dentro das proporções do processo? 6) Qual a finalidade do refrigerante de refluxo? 7) Qual o tempo provável da reação? 8) Por que se coloca em geladeira por 12 horas? 9) De que modo o anidrido succínico é separado? 10) Para que serve a lavagem com éter? 11) Como podemos fazer uma avaliação do grau de pureza do anidrido succínico produzido? 12) O C + C O C AlCl3 , CS2 Conc. H2SO4 HOOC O O Anidrido Ftálico O O α − benz oy lbenz óic acid 85% anthr aquinone 100 % Durante um certo procedimento envolvendo as seqüências acima, um engenheiro químico verificou o surgimento de 500 kg do ácido alfa benzoil benzóico. Pede-se então: a- os mecanismos; b – a massa de antraquinona obtida; c – as massas dos reagentes necessários (grau de pureza do benzeno = 97%; do anidrido ftálico = 95%). Fonte de Consulta: Hendrickson, James B e CRAM, Donald J. Organic Chemistry. McGraw Hill KogaKusha Ltda. Tokyo, 1980 63