O IRÃ É UM POVO DE PAZ O Irã é um povo de Paz

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O IRÃ É UM POVO DE PAZ
Paulo Timm – Organizador
INDICE
O Irã é um povo de Paz – Paulo Timm – 20 JAN. 2012
Nova dança da moda: Bombardear o Irã - Pepe Escobar
Um americano em Teerão , quarenta dias que transformaram Medio
Oriente - José Luis Alvez
As razões do Irã – Beto Almeida
Cientificos Y Pensadores
Guerra dos EUA e Israel contra o Irã já começou =
r Redação, com agências
internacionais - de Teerã, Washington, Londres e Havana
O Acordo Brasil – Turquia – Irã – Stephen Kinzer
A Guerra Economica dos EUA Contra o Irã – Pepe Escobar
Contra o Irã e os Direitos Humanos - Saeed Kamali Dehghan
The Iranian Threat – Noam Chomski
Guerra contra o Irã poderia acabar com a vida na Terra –
Quem bate os tambores de guerra contra o Irã - Terry Jones
O Irã é um povo de Paz
O filme iraniano 'A Separação', de Asghar Farhadi, ganhou, no domingo ,
dia 14 de janeiro (2012) o Globo de Ouro de melhor filme de fala não
inglesa. O Diretor, muito celebrado nos Estados Unidos, onde se realizou a
escolha , cauteloso, em todas as suas entrevistas, tem apenas reiterado : O
Irã é um povo de paz.
Tem razão Farhadi em insistir neste ponto realçando que o Irã tem um povo
e que este povo quer a paz. Seu país tem sido visto no Ocidente apenas
como o país dos Ayatolás radicais que impuseram, em 1979, a Lei Islâmica
e que, supostamente, agora, estariam tentando construir a bomba atômica.
Os Estados Unidos, umbilicalmente aliados de Israel, arqui-inimigo dos
muçulmanos, por causa da questão com os palestinos, não aceitam a
rebeldia iraniana e ameaçam atacar militarmente o Irã. A situação vem se
deteriorando há tempo e já há quem diga que a guerra é inevitável.
“A situação no Oriente Médio aproxima-se rapidamente do ponto
crítico e o início do conflito já aparece nas cartas. Isso, em resumo,
foi o que disse Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de
Segurança Nacional da Rússia (e ex-diretor do FSB, a organização
que sucedeu a KGB) em entrevista à imprensa russa.”
(http://blogs.rediff.com/mkbhadrakumar/2012/01/13/russia-sees-middle-east-drifting-to-war/)
Para a autoridade russa, é Israel que está empurrando os Estados Unidos
para a guerra, embora ressalte que este país não tolera perder o controle
sobre o mundo inteiro , destacando as manobras na tentativa de aumentar
seu controle na Ásia. O ataque deverá começar pela Síria, através do turcos.
Uma das razões, aliás, da ofensiva atual contra o Presidente da Síria é o
fato de ele recusar-se a acompanhar o Ocidente contra o Irã. Tal como
ocorreu na Líbia, a OTAN será acionada para assegurar uma área de
exclusão militar na Síria e daí atingir o Irã.
Do ponto de vista militar, o estopim da crise poderia ser a alegada
ocupação pelo Irá do estreito de Ormuz, por onde passa grande parte do
petróleo destinado ao Ocidente. O Irã poderia, até, pela dificuldade de
manobras de grandes porta-aviões americanos na área, principais projeções
do poder bélico deste país no planeta, controlar o Estreito por algum tempo,
impondo algumas derrotas à marinha americana. A opinião é de Mahdi
Darius Nazemroaya, Global Research, no recente artigo “Geopolítica do
Estreito de Ormuz :Marinha dos EUA pode ser derrotada pelo Irã no Golfo
Persa?” :
Não há qualquer dúvida entre os especialistas de que o formidável poder naval
dos EUA resulta muito reduzido, pela geografia e pelas capacidades militares
nos iranianos, no caso de combate no Golfo Persa e, de fato, em grandes partes
também do Golfo de Omã. Longe de águas abertas, como no Oceano Índico ou
no Oceano Pacífico, os EUA teriam de combater sob condições extremas, sem a
garantia de suficiente tempo de resposta e, mais importante, ficarão
impedidos de combater de distância (considerada militarmente) segura.
Setores inteiros das defesas navais dos EUA, concebidos para combates navais
em águas abertas e grandes distâncias entre os combatentes, são
absolutamente imprestáveis, nas condições de combate no Golfo Persa.
(http://redecastorphoto.blogspot.com/2012/01/geopolitica-do-estreito-de-ormuz.html[NTs]. )
Alguém já disse que a guerra é como a fama, ou um grande acidente. Nunca vem
de uma hora para outra, por uma única causa. No Irã, há tempos as palavras já
foram gastas no esforço diplomático e , pelo menos, desde 2002, já
desbordaram para as preliminares bélicas. Mas os americanos sabem, desde
esta data, quando deflagraram a “Operação Millenium”, que não será fácil
dominar o Irã:
Depois de terminada a operação Millennium Challenge 2002, a operação foi
oficialmente apresentada como simulação de guerra contra o Iraque de
Saddam Hussein. De fato, sempre se tratou do Irã. [5] Os EUA já tinham as
avaliações necessárias para a invasão do Iraque, por EUA e Grã-Bretanha,
que aconteceria pouco depois. E, detalhe importante, o Iraque jamais teve
força naval que exigisse empenho total da Marinha dos EUA.
“A Operação Millennium Challenge 2002 foi, sim, simulação de guerra contra
o Irã (na simulação chamado de “Red” [Vermelho] e apresentado como estado
“bandido” [orig. rogue] do Oriente Médio no Golfo Persa). Só o Irã tem todas
as características de território e forças militares apresentadas como de “Red”
– dos botes-patrulha armados com mísseis até as unidades de motociclistas.
Aquela simulação monstro foi feita porque Washington planejava atacar o Irã
imediatamente depois de invadir o Iraque em 2003.”
(cit.acima)
Mas se o discreto apelo à paz de Asghar Farhadi faz sentido, ele deve ser
lido também nas entrelinhas. JorgeLuis Borges sempre nos ensinou que as
entrelinhas falam mais do que o texto escrito. E Robert Kennedy, em sua
notável interpretação do irado telegrama de Kruschev, na Crise dos
Mísseis, em 1961, também interpretou nas suas entrelinhas um paradoxal
apelo à paz. Disse ele, na Casa Branca, ao lado do irmão Presidente, quase
nos últimos minutos da iminente declaração da Guerra Nuclear que poderia
nos ter reduzido a pó: “Mas ele não falou em guerra. Este telegrama é para
o público interno dele, não para nós...” . Fez-se a paz... O Diretor de
“Separação” não fala nas autoridades de seu país. Nem que elas são
pacíficas. Fala que o povo iraniano é de paz. Brilhante!
Os governos são passageiros, uma nação é eterna. Jamais devemos
confundir o Governo com os seus respectivos povos.
Os ocidentais confundem muito o Irã com os árabes, em razão da confissão
muçulmana na região. Historicamente, porém, os iranianos se constituem
como um povo de tradições muito mais profundas na História. Descendem
eles dos persas que construíram na Antiguidade um dos impérios mais
duradouros na região. Importante lembrar que quando Alexandre, o Grande
desatou de só um golpe de espada o famoso Nó Górdio, que miticamente
representava uma barreira à ocupação da Pérsia, ele promoveu, por vários
meios, inclusive pelo seu casamento com a filha de um chefe tribal, a
helenização daquele império. Depois de Alexandre, a Pérsia nunca mais
foi a mesma... Em contraposição, séculos mais tarde, os herdeiros dos
gregos no Mediterrâneo, os romanos, jamais conseguiram helenizar o povo
hebreu, do qual descendem os árabes. A resistência hebréia talvez tenha
pesado na própria condenação de Cristo, no ano 33. E, pouco tempo depois,
na rebelião dos anos 60, os romanos desataram a mais cruel repressão aos
hebreus, chegando a destruir seu famoso templo, cujo única parede ainda
está lá de pé, testemunhando o “Choque de Civilizações”daquela época.
A Pérsia, o Irã, é outra coisa. Não é o mundo árabe, igualmente respeitável.
Aliás, só em 1935 tomou o nome Irã, sendo, até aquela data denominado
Pérsia.
Um insuspeito jornalista americano, Stephen Kinzer, vem tentando explicar
isto há muito tempo em várias reportagens, entrevistas e um livro : “Os
Homens do Xá – O Golpe no Irã e as Origens do Terrorismo no Oriente
Médio”:
“A história iraniana foi sendo construída
em torno de um conjunto de características
muito próprias, de importância fundamental
para assegurar a individualidade
do Irão na região em que se insere. A sua
evolução tem sido marcada pela tentativa
de assimilar o Islão, introduzido no país
pelos conquistadores árabes, com a herança
e a grandeza da antiga Pérsia, no que Kinzer
considera um «esforço continuado e frequentemente
frustrante». Fortemente
influenciados pela tradição xiita, os iranianos
interiorizaram um sentimento de
martírio colectivo, acompanhado pela
busca de uma liderança justa, factores que
desempenharam um papel fundamental
na sua evolução, em especial em momentos
de crise”
O moderno estado do Irã teve suas preliminares no ano de 1905, quando
separou a Igreja do Estado e deu os primeiros passos para sua delimitação
de fronteiras. As duas Grandes Guerras, retardaram, porém, este processo
mergulhando-o em incontáveis desencontros com os ingleses,
“protetores”da região e os soviéticos, cobiçosos de abocanhar o norte do
país, rico em mineiras. No pós-guerra, com o desabrochar do nacionalismo
que levaria aos princípios de auto-determinação dos povos e intangibilidade
das fronteiras herdadas do período colonial, ambos sustentados pelas
Nações Unidas, o Irã acabou consolidando-se como um Estado secular
moderno e rico, e teve no líder Mussadegh, um dos principais expoentes
mundiais. Desde 1943, no Acordo de Teerã, o país já havia sido
reconhecido como independente e teve suas fronteiras definidas, embora a
União Soviética se tenha retirado das mesmas só três anos depois, não sem
promessas dos iranianos quanto ao fornecimento de petróleo. Mas, em
1951, começaram as querelas com a Inglaterra em decorrência da
nacionalização do petróleo, pelo Primeiro Ministro Mussadegh, que acabou
deposto por um golpe arquitetado por britânicos e a CIA americana, que
colocou em seu lugar, em 1953, um sucessor da dinastia Pahlevi, o famoso
Xá da Pérsia, Rehza Pahlevi.
“ Defendendo que «o
Irão é a melhor pessoa para governar a sua
casa», Mohamed Mossadegh liderou , grande
parte desse processo, transformando-se
num actor fundamental para a expressão
das correntes nacionalistas. Como primeiro-ministro, Mossadegh manteve a inflexibilidade,
continuando a enfrentar os interesses
da Grã-Bretanha, consumando um
choque que conduziu à total paralisação da
exportação do petróleo iraniano.”
(Kinzer, Stephen, cit)
Pahlevi, não obstante à testa de um regime tirano e bárbaro , famoso pela
repressão e torturas infligidas aos opositores, prosseguiu os esforços de
modernização e desenvolvimento do país, sempre aliado incondicional dos
americanos na região e carregando sobre seu Governo a sombra de ter sido
imposto por um golpe. Tal incidente, com reflexos no trauma de uma
população sucessivamente colonizada durante séculos, primeiro pelos
árabes, depois pelos turcos, depois sob “Protetorado” da bandeira inglesa,
deixou marcas profundas nos corações iranianos, que jamais perdoariam os
Estados Unidos pelo feito contra Mussadegh. É este ambiente que cria as
condições para a Revolta dos Ayatolás, em 1979, que não tem,
curiosamente, nenhuma relação com o processo de autodeterminação do
povo iraniano desde 1909, nem com a secularização e desenvolvimento em
curso no país durante três quartas partes do Século XX. Como assinala
Kinzer, em seu livro:
Na verdade, ao alterar por
completo a evolução dos acontecimentos
em Teerão, a intervenção de 1953 condicionou
o equilíbrio de forças na região e
a formação das alianças durante a Guerra
Fria. A sua influência na história recente
do Irão, quando conjugada com a importância
geoestratégica do país, evidencia
uma série de ligações entre algumas situações
marcantes para a evolução da cena
internacional até aos nossos dias. O golpe,
pondo fim a uma democracia em construção,
possibilitou a instauração de um
regime despótico, que só seria derrubado
pela força, ajudando a criar condições para
o florescimento da Revolução Islâmica.
Por estas e outras razões Kinzer e vários outros analistas consideram o Irã
um país relativamente ocidentalizado, embora sob um regime arbitrário do
Islam, mas com uma cultura, instituições e uma sociedade , desde muito
tempo, muito próximas da cultura européia. Para todos estes autores é um
erro brutal (outro!) dos Estados Unidos atacar militarmente o Irã, aí
envolvendo outro país muçulmano, a Turquia, igualmente secularizado,
com riscos de uma revertério interno a favor de radicais religiosos,
sepultando de vez com a última alternativa de se construir pontes com o
mundo muçulmano. Ressalte-se, ademais, que apesar do caráter ditatorial
do regime dos Ayatolás, repudiado hoje por grande parte da população
iraniana, especialmente a letrada e ampla classe média daquele país, tal
regime não se assemelha em nada com outros regime arbitrários da região,
como o Arábia Saudita e do Iemem, aliados dos Estados Unidos. Não se
tem notícia de que o regime iraniano seja um regime corrupto e
economicamente retrógrado, nem que esteja apenas militarizando o país,
como faz a Coréia do Norte, na tentativa de se eternizar pelas armas na
região. O país vem se modernizando econômica e socialmente. Uma idéia
dos avanços tecnológicos no país pode ser medido pelo fato de que o país
se prepara para lançar seu primeiro cosmonauta aos cosmos ainda neste ano
(2012) como conseqüência de um vigoroso programa aeroespacial.
Ostentando o Irã indicadores de renda e desenvolvimento semelhantes aos
do Brasil, mas com alto nível de escolaridade e alfabetização (82%) de seus
70 milhões de habitantes, que têm no farsi a língua materna , dos quais 4/5
persas, dois milhões de refugiados e o restantes de outras nacionalidades e
idiomas -azerbaijano de 12 milhões), curdo (5,6 milhões), gilaki e
mazandarani (3 milhões cada), luri (2,3 milhões), árabe khuzistani (2,2)
turcomeno (2 milhões) e baktiari (1 milhão).
“O farsi é um idioma muito conhecido no Afeganistão (86%), no Azerbaijão (20%), no
Paquistão (15%), no Iraque (5%) e em outras nações vizinhas, e teve um grande
prestígio no passado, quando não havia sequer um único grande poeta, comerciante ou
pessoa viajada do Oriente Médio e da Turquia que não sabia se expressar em farsi.
Também foi o principal veículo de comunicação entre os povos do Sul da Ásia (Índia,
Paquistão e Bangladesh) antes do Império Britânico anexar aquela região.
Quase toda pessoa que vive no Irão é bilíngue ou poliglota, desde pequena. Fala-se
muito (além do persa, para os que não são persas) o árabe clássico, por ser a língua do
Alcorão e a linguagem oficial nos países vizinhos a sul e leste do Irão. Também há
quem conheça o turco, comummente ouvido no noroeste. No passado, o russo e o
francês tiveram grande penetração na elite urbana, ainda o francês sendo conhecido
por intelectuais, e actualmente não é pequeno o número de iranianos que dominam o
inglês, língua que desperta enorme interesse nos jovens estudantes e nos homens de
negócio. O inglês é o idioma da Internet, da indústria cultural de massa, do turismo, do
mundo das finanças, das publicações proibidas e livres de censura que chegam de
países do estrangeiro... é natural que seja cada vez mais estudado em escolas e
faculdades de todo o globo, e no Irão não é diferente”
‫رانیا یاﺳـــﻼم یﺟﻣﮭور‬
(Jomhuri-ye Eslami-ye Iran)
República Islâmica do Irão / Irã
Bandeira
Brasão de armas
Lema: Esteqlāl, āzādī, jomhūrī-ye eslāmī
(Persa: "Independência, Liberdade, (a) República Islâmica")
Hino nacional: Soroud-e Melli-e Jomhouri-e Eslami-e Iran
Gentílico: Iraniano
Área
- Total
- Água (%)
População
1 648 195 km² (18.º)
0,7%
- Estimativa de 2005
- Densidade
68 467 413 hab. (18.º)
42 hab./km² (158.º)
PIB (base PPC)
- Total
Estimativa de 2009
US$ 830 058 mil milhões
(17.º)
US$ 11 202 (73.º)
- Per capita
Indicadores sociais
- IDH (2010)
- Esper. de vida
- Mort. infantil
- Alfabetização
0,710 (70.º) – elevado[1]
71,0 anos (109.º)
30,6/mil nasc. (119.º)
82,4% (113.º)
A premiação, enfim, de um filme iranaiano pelo Globo de Ouro, apenas
demonstra o alto nível cultural de um povo milenar que jamais deveria ter
sido molestado, quer pelos britânicos e americanos, em seu processo de
auto-determinação política e econômica, quer pelos russos, da antiga
URSS, em suas fronteiras. O ataque ao Irã será mais um crime contra a
humanidade perpetrado em nome da segurança ocidental cujos resultandos
acarretarão, ao final, mais insegurança ao mundo inteiro.
Os fatos apontados não implicam de nenhuma forma defesa do regime
vigente no Irã. E aqui, a cautela do Diretor do filme premiado não deixa
dúvidas, nem exige interpretações. Ele é cauteloso. Porque sabe que o
regime de seu país é arbitrário e pode penalizá-lo duramente por qualquer
deslize. Uma nota do Governo do Irã já deixou claro que este está
insatisfeito com a repercussão do filme no exterior. Considera que o tema
do filme é doméstico . Outro Diretor Premiado Jafar Panahi, também
premiado, por “Balão Branco”, está condenado a não fazer filme no Irã por
20 anos e Farhadi sabe dos riscos que corre. Não deseja, como sugeriu Jafar
recentemente, ao se deixar filmar por um terceiro cineasta, ficar na situação
daquelas duas cabeleireiras desocupadas que, sem ter o que fazer, cortam
uma o cabelo da outra...
Lembremo-nos, pois, das palavras de Farhadi: O POVO IRANIANO É UM
POVO DE PAZ. E quando dobrarem os sinos daquela longínqua região do
mundo, em pesar pelos mortos pelas bombas ocidentais, não perguntem,
como nos falava o grande poeta J. Dohne, citado por Hemingway num
romance imortal que lhe tomou o nome, por quem eles dobram, lembre-se:
Eles dobrarão pelo pacífico povo iraniano.
Nova dança da moda: bombardear
o Irã
9/11/2011, Pepe Escobar, Asia Times Online
http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/MK11Ak01.html
Preparem-se para uma chuva de informes de “inteligência”, no
formato de imagens de satélites nas quais todos os modelos de
armazém fotografados em território iraniano serão freneticamente
descritos como segmentos de linha de montagens de bombas
atômicas. (Lembram a famosa “instalação atômica secreta”
localizada na Síria, há alguns anos? Era uma fábrica de tecidos.)
Preparem-se para uma chuva de diagramas mal desenhados e
imagens de objetos de ar sempre muito suspeito, ou dos
contêineres onde teriam sido escondidos, todos capazes de atingir a
Europa em 45 minutos.
Preparem-se para uma chuva de “especialistas” nos canais Fox, CNN
e BBC, empenhados em dissecação sem fim de todas aquelas mal
traçadas linhas travestidas como se fossem “provas”. Por exemplo,
o ex-inspetor de armas da ONU, David Albright, agora empregado
do Institute for Science and International Security (ISIS), já
conseguiu escapar do mundo das almas mortas e já voltou à
telinha, exibindo suas credenciais de “bombardear o Irã”, acrescidas
de diagramas e inteligência de satélite.
Esqueçam o Iraque. Fora de moda, tãããããão 2003. O novo groove
está aí. É guerra contra o Irã já.
Virar japonês
Para começar, convoquem algum senso comum.
Se o Irã estivesse construindo uma bomba atômica, teria de ter
desviado urânio para essa finalidade. O relatório divulgado essa
semana pela Agência Internacional de Energia Atômica
[International Atomic Energy Agency (IAEA)] – por mais
politicamente enviesado que seja – nega absolutamente qualquer
desvio de urânio.
Se o Irã estivesse desenvolvendo uma bomba atômica, os
inspetores da ONU a serviço da IAEA teriam sido expulsos do país.
OK. Em 2002 o Iraque não tinha programa de armas nucleares. E,
mesmo assim, foi chocado e apavorado. O mesmo argumento vale
também para o Irã.
Teerã deve ter feito, isso sim – se merecem algum crédito as
informações de inteligência super enviesadas usadas para o relatório
da IAEA – muitos experimentos e simulações em computador. Todo
o mundo faz – inclusive países que desistiram da bomba, como o
Brasil e a África do Sul.
O Corpo dos Guardas Islâmicos Revolucionários [ing. Islamic
Revolutionary Guards Corps (IRGC)] – encarregado do programa
nuclear civil – quer, sim, com certeza, uma força de contenção.
Quer dizer: eles querem poder construir uma bomba nuclear, para o
caso de virem a enfrentar ameaça confirmada e inequívoca de
mudança de regime induzida, mais provavelmente, por ataque
militar ou invasão pelos EUA.
Há muitas dúvidas sobre a competência – ou a imparcialidade – do
novo presidente da Agência Internacional de Energia Atômica, o
submisso Yukya Amano, japonês. A melhor resposta sobre isso está
num telegrama Wikivazado, de 2010[1][1].
Quanto à origem de muito do que tem sido apresentado pela IAEA
como inteligência “confiável”, até o New York Times já foi obrigado
a noticiar que “parte daquelas informações foram enviadas à IAEA
por EUA, Israel e Europa”. Gareth Porter já destruiu definitivamente
a credibilidade daquele relatório[2][2].
Além do mais, preparem-se para pressão máxima contra a CIA, para
que desminta o crucial 2007 National Intelligence Estimate (NIE),
que estabeleceu – de forma irrefutável – que Teerã encerrou seu
programa nuclear para armas atômicas há muito tempo, em 2003.
Tudo isso encaixa-se perfeitamente com os latidos dos cães de
guerra, que já começaram a latir.
Os fantoches europeus podem ser incompetentes até para vencer
uma guerra na Líbia (só conseguiram, depois que o Pentágono
assumiu o comando da inteligência via satélites).
Podem ser incompetentes até para dar solução ao desastre
financeiro da Europa. Mas França, Alemanha e UK já começaram a
latir – exigindo sanções mais duras contra o Irã.
Nos EUA, Democratas e Republicanos juntos exigem não só
sanções; os Republicanos pirados (evidente oxímoro) clamam por
nova versão da Operação Choque e Pavor.
Nunca é pouco repetir como funcionam as coisas em Washington. O
governo de Benjamin Netanyahu em Israel diz ao poderoso AIPAC
(American Israel Public Affairs Committee) o que fazer; e o AIPAC
transmite as ordens ao Congresso dos EUA.
Por isso a Comissão de Relações Exteriores da Câmara de
Deputados dos EUA já está analisando um projeto de lei a ser
apresentado pelos dois partidos e que, de fato, é declaração de
guerra ao Irã.
Nos termos da lei em discussão, nem o presidente Barack Obama,
nem a secretária de Estado Hillary Clinton, nem, de fato, nenhum
diplomata dos EUA, poderá manter qualquer tipo de contato ou
relação diplomática com o Irã – a menos que Obama obtenha, “das
comissões apropriadas do Congresso”, uma declaração de que não
falar com o Irã implicaria “ameaça extraordinária a interesses vitais
da segurança dos EUA.”
“Comissões apropriadas do Congresso” é exatamente a Comissão de
Relações Exteriores da Câmara de Deputados dos EUA, que recebe
ordens de marcha marcial diretamente de Bibi, em Israel, via o
AIPAC, em Washington.
Tentem dizer a qualquer daqueles hiper-Israel-acima-de-tudo no
Congresso dos EUA quais são as reais consequências imediatas de
atacar o Irã: o Irã, em minutos, fechará o Estreito de Hormuz, com
o que serão cortados 6 milhões de barris de petróleo, da economia
mundial (que já está em recessão no norte industrializado), o que
elevará o preço do barril de petróleo para 300, 400 dólares. De nada
adiantará: eles não sabem juntar lé com cré.
Preparem-se. E nenhum passo fora da agenda
Começam a aparecer boatos de que o Corpo dos Guardas
Revolucionários Islâmicos (IRGC) teria dito, segundo a agência de
notícias Fars, que bastam quatro mísseis iranianos para deter Israel.
Esse mísseis talvez sejam – e talvez não sejam – os mísseis
nucleares cruzadores soviéticos Kh-55 da Ucrânia e da Bielorrússia,
com alcance máximo de 2.500 km, e que o Irã talvez tenha
comprado, há anos, no mercado negro.
O IRGC, claro, mantém-se em silêncio. O que só faz aumentar o
nevoeiro da (pré)guerra –, porque ninguém sabe coisa alguma
sobre a qualidade das defesas do Irã.
Segredo que todos conhecem em Washington é que a ‘mudança de
regime’ no Irã é jogo de guerra que já vem sendo jogado desde, no
mínimo, 2004.
Ainda se aplica o mapa do caminho favorito dos neoconservadores,
de 2002; os alvos são Iraque, Síria, Líbano, Irã, Somália e Sudão –
pontos chaves do “arco de instabilidade” inventado pelo Pentágono.
Imaginem esses PhDs em matanças e guerras examinando o
tabuleiro de xadrez. O Iraque já está devidamente chocado e
apavorado (apesar de os EUA estarem sendo chutados de lá). A
Síria é jogo duro demais para os incompetentes da OTAN. O Líbano
(o Hezbollah) só será derrotado se a Síria cair antes. A Líbia foi
vitória (esqueçam que a guerra civil na Líbia que durará muito
tempo). A Somália pode ser contida com Uganda e aviões-robôs
tripulados à distância, os drones. E o Sudão do Sul já está no saco.
O que deixa aberta – para os adeptos linha dura da doutrina da
Dominação de Pleno Espectro –, a tentação sedutora de um ataque
bem-sucedido contra o Irã, como o ápice de um movimento radical
de destruição, que redistribuiria todas as cartas, do Oriente Médio à
Ásia Central. O “arco de instabilidade” estaria, afinal,
desestabilizado.
Como fazer? É simples – do ponto de vista dos dedicados servidores
da morte e da guerra. Basta convencer Obama de que, em vez de
infernizar-lhe a vida, os conservadores beijarão o chão que ele pisa
e o canonizarão como o salvador ressuscitador da economia dos
EUA... se Obama concordar com, só, começar mais uma guerra.
Alguém aí está interessado em Occupy Irã – literalmente?
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Esta mensagem foi verificada pelo E-mail Protegido Terra.
Atualizado em 31/12/1969
[1][1]“New UN chief is 'director general of all states, but in
agreement with us” [Novo diretor da IAEA-ONU é ‘diretor geral de
todos os estados’, mas em acordo conosco] – 16/10/2009,
Telegrama CONFIDENCIAL VIENNA 000478, WikiLeaks, em
Guardian, UK, 2/12/2010 (http://www.guardian.co.uk/world/usembassy-cables-documents/230076?CMP=twt_gu) (trechos que o
Guardian assinala como “mais importantes”):
“O novo diretor geral designado da IAEA, Yukiya Amano, em
reunião com o embaixador, agradeceu o apoio dos EUA a sua
candidatura e muito enfatizou que apoia todos os objetivos
estratégicos dos EUA na condução da Agência. Amano disse
ao Embaixador em várias ocasiões que terá de fazer
concessões ao G-77 que, acertadamente, exige que aja de
modo justo e independente, mas que concorda enfaticamente
com os EUA e jogará conosco em todas as decisões
estratégicas chaves, desde a indicação do pessoal de alto
nível, até o modo como manobrar o chamado programa
nuclear do Irã [itálicos no telegrama original].
3. (SBU) Amano partilhou com o embaixador Davies sua
posição pública sobre o papel da Agência Internacional de
Energia Atômica e a contribuição a Agência nas questões
globais cruciais da proliferação [de armas atômicas],
segurança, energia, saúde humana e administração da água.
Mais sincero, Amano observou a importância de manter uma
certa “ambiguidade construtiva” sobre seus planos, até, pelo
menos, que ele assuma o posto que hoje é de ElBaradei, o
que acontecerá em dezembro [fim do excerto] [NTs].
[2][2]9/11/2011, Gareth Porter, “IAEA's "Soviet Nuclear Scientist"
Never Worked on Weapons” [Os ‘cientistas nucleares soviéticos’ da
IAEA jamais trabalharam em programas de armas”], IPS News, em
http://ipsnews.net/news.asp?idnews=105776(em inglês).
RELAÇÕES INTERNACIONAIS DEZEMBRO : 2007 16 [ pp. 189-192 ]
189
RECENSÃO
Um americano
em Teerão
quarenta dias
que transformaram
o Médio Oriente
José Luís Alves
STEPHEN KINZER
Os Homens do Xá
– O Golpe no Irão
e as Origens
do Terrorismo
no Médio Oriente
Lisboa,
Tinta-da-China,
2007, 352 páginas
O
s Homens do Xá, de Stephen Kinzer,
revela os pormenores da Operação
Ajax, uma das primeiras acções que a
Agência Central de Inteligência dos EUA,
a CIA, organizou no exterior. O livro, no
entanto, não se limita a relatar o golpe que
derrubou o Governo liderado por Mohamed
Mossadegh, procurando retratar os
principais episódios da história iraniana
e encontrar ligações entre os acontecimentos
de 1953, o aparecimento do
terrorismo no Médio Oriente e o seu desenvolvimento
até aos nossos dias.
A história iraniana foi sendo construída
em torno de um conjunto de características
muito próprias, de importância fundamental
para assegurar a individualidade
do Irão na região em que se insere. A sua
evolução tem sido marcada pela tentativa
de assimilar o Islão, introduzido no país
pelos conquistadores árabes, com a herança
e a grandeza da antiga Pérsia, no que Kinzer
considera um «esforço continuado e frequentemente
frustrante». Fortemente
influenciados pela tradição xiita, os iranianos
interiorizaram um sentimento de
martírio colectivo, acompanhado pela
busca de uma liderança justa, factores que
desempenharam um papel fundamental
na sua evolução, em especial em momentos
de crise. Devido à sua estratégica localização,
controlando rotas comerciais e
recursos naturais de considerável importância,
o Irão cedo se transformou num
alvo apetecível. As sucessivas intervenções
de potências externas condicionaram decisivamente
o seu relacionamento com o
exterior, mas, frequentemente, determinaram
também a evolução das relações de
poder no seu interior. Para ilustrar estas
situações, Kinzer traça uma breve retrospectiva
da história iraniana, justificando o
crescimento do nacionalismo com as sucessivas
agressões externas, mas salientando
a total incapacidade do poder instalado em
Teerão, com os governantes mais preocupados
com a sua realização pessoal do que
com a resolução dos problemas colectivos.
UM CONFRONTO INEVITÁVEL?
O interesse das principais potências ganhou
novos contornos com a descoberta de vastos
campos petrolíferos, e, durante a primeira
metade do século XX, a soberania iraniana
foi sendo consideravelmente limitada
pela ingerência externa. Controlando os
recursos petrolíferos iranianos através da
Anglo-Iranian Oil Company, a Grã-Bretanha
arrecadava a quase totalidade dos lucros,
desenvolvendo um relacionamento tipicamente
colonial com o Irão, enquanto proporcionava
condições de vida miseráveis à
população local, vista apenas como mão-de-obra barata. Stephen Kinzer relata as
diversas modalidades que os britânicos utilizaram
para manobrar o poder em Teerão
de acordo com os seus interesses, concluindo
que essa postura, agravada por uma
total intransigência negocial, contribuiu
decisivamente para desenvolver um consenso
nacional em torno da nacionalização
da indústria petrolífera. Defendendo que «o
Irão é a melhor pessoa para governar a sua
casa», Mohamed Mossadegh liderou grande
parte desse processo, transformando-se
num actor fundamental para a expressão
das correntes nacionalistas. Como primeiro-ministro, Mossadegh manteve a inflexibilidade,
continuando a enfrentar os interesses
da Grã-Bretanha, consumando um
choque que conduziu à total paralisação da
exportação do petróleo iraniano.
Inicialmente, a incapacidade das partes
para ultrapassar o impasse preocupava o
Governo norte-americano, mas Harry
Truman procurou evitar a confrontação
directa entre o Irão e o Ocidente, nunca
demonstrando grande interesse em corresponder
aos apelos britânicos para uma
acção mais dura contra Teerão. Segundo
Kintzer, a situação alterou-se com a chegada
de Dwight Eisenhower à Casa
Branca, pois a nova Administração norte-americana, focada na contenção da URSS
e temendo a possibilidade de os comunistas
tomarem o poder no Irão, demonstrou
maior abertura para corresponder
aos desejos de Winston Churchill. Com
todos os homens que iriam assegurar o
poder absoluto ao xá Mohamed Reza nos
seus postos, estavam reunidas as condições
para provocar uma mudança política
em Teerão. Aproveitando a rede de agentes
que anteriormente servia os interesses
da Grã-Bretanha, a CIA trabalhou activamente
para o derrube do Governo,
provocando a desestabilização do país e
organizando as forças que levariam a cabo
o golpe, uma acção que Kinzer descreve
com todos os pormenores. Kermit Roosevelt,
neto do antigo Presidente dos EUA,
preparou e dirigiu as operações no terreno,
e, apesar do fracasso inicial, contrariou
as ordens para abandonar Teerão
e assegurou o afastamento de Mossadegh
numa segunda tentativa. Este sucesso
transformou o Irão num aliado fulcral
para a estratégia norte-americana na
região, mas ligou os EUA ao afastamento
de um governo popular e à sua substituição
por uma ditadura que governaria o
país durante um quarto de século.
SEMENTES DE VIOLÊNCIA
Procurando estabelecer a ligação entre o
golpe organizado pela CIA no Irão e o surgimento
de um sentimento antiamericano
na região, Stephen Kinzer defende que
esta acção esteve na origem do desenvolvimento
do terrorismo no Médio Oriente,
sendo possível traçar «uma linha que vai
da Operação Ajax, passa pelo regime
RELAÇÕES INTERNACIONAIS DEZEMBRO : 2007 16 190
opressivo do xá e pela Revolução Islâmica
e desemboca no fogo que consumiu o
World Trade Center em Nova York». Será,
por certo, uma linha um pouco ténue, que
quase se esbate por completo em certos
pontos, mas que não deixa de merecer um
olhar atento. Na verdade, ao alterar por
completo a evolução dos acontecimentos
em Teerão, a intervenção de 1953 condicionou
o equilíbrio de forças na região e
a formação das alianças durante a Guerra
Fria. A sua influência na história recente
do Irão, quando conjugada com a importância
geoestratégica do país, evidencia
uma série de ligações entre algumas situações
marcantes para a evolução da cena
internacional até aos nossos dias. O golpe,
pondo fim a uma democracia em construção,
possibilitou a instauração de um
regime despótico, que só seria derrubado
pela força, ajudando a criar condições para
o florescimento da Revolução Islâmica.
Esteve presente na ocupação da Embaixada
norte-americana em Teerão, inspirada
pelos receios de que os EUA, repetindo a
manobra de 1953, organizassem um novo
regresso do xá, um episódio decisivo para
congelar o relacionamento entre os dois
países. A mudança de regime em Teerão
alterou profundamente o equilíbrio regional,
influenciando a invasão do Afeganistão
pela URSS e forçando a aproximação entre
os EUA e o Iraque, enquanto a ameaça de
exportação do modelo de Khomeini, consubstanciada
no apoio a alguns dos grupos
mais radicais, passou a condicionar
os desenvolvimentos em todo o Médio
Oriente. Mas, mesmo tendo em conta o
terrorismo de Estado organizado a partir
de Teerão, com a capacidade para alimentar
a escalada da violência que abarca,
o elo final, associando a Operação Ajax e
o 11 de Setembro, não é muito justificado
por Kinzer. Existe, na verdade, uma linha
mais directa e evidente, que liga os atentados
aos mujahidines afegãos, noutro episódio
em que a necessidade de travar a
expansão soviética condicionou as opções
da política externa norte-americana para
a região.
O RENDER DA GUARDA
Mohamed Mossadegh, que se tinha afirmado
como uma voz importante a nível
internacional denunciando um sistema
colonial em declínio, «esperava vir a saber
se os Estados Unidos estavam verdadeiramente
do lado dos oprimidos ou eram
um mero joguete nas mãos dos vis ingleses
», mas o seu afastamento transformou-se num importante marco no processo
de substituição da Grã-Bretanha como
potência dominante na região. Os desenvolvimentos
subsequentes evidenciaram
o papel que os EUA pretendiam desempenhar,
bem como as modalidades a que
estariam dispostos a recorrer para atingir
os seus objectivos, e a imagem dos norteamericanos
na região foi abalada mesmo
antes de ser conhecida a decisiva acção da
CIA na organização e preparação do golpe.
Para grande parte dos iranianos, o afastamento
de Mossadegh despertou um profundo
sentimento de desencanto com os
governantes norte-americanos, consagrado
na fórmula do «Grande Satanás», mas a
propagação do antiamericanismo no
Médio Oriente não pode ser dissociada do
conjunto das políticas dos EUA para a
região na segunda metade do século XX.
Um americano em Teerão: quarenta dias que transformaram o Médio Oriente José Luís Alves 191
O posicionamento face à questão palestiniana
e a aliança com Israel contribuíram
decisivamente para desenvolver esse sentimento,
em especial nos países árabes,
bem como uma postura neocolonialista e
o continuado apoio a regimes repressivos.
Se os britânicos eram «odiados e objecto
de desconfiança quase em toda a parte»,
a crescente importância dos EUA na definição
da política regional só poderia atrair
os mesmos sentimentos, em especial se
baseada em princípios e acções semelhantes.
Stephen Kinzer, no entanto, não
se concentra nessa transição ou nas suas
consequências, preferindo evidenciar os
diferentes rumos que democratas e republicanos
imprimiam à política externa
norte-americana. Não valoriza o acordo
entre os EUA e a Arábia Saudita, repartindo
equitativamente os lucros da exploração
petrolífera, publicitado no momento
em que os britânicos recusavam igual concessão
aos iranianos, e os norte-americanos
parecem empurrados para uma posição
de liderança a que não ambicionavam.
No entanto, o modelo da Operação Ajax,
utilizando todo o tipo de meios ilícitos
para desestabilizar um país e derrubar um
governo em funções, seria repetido em
diversas partes do globo, em especial na
América Latina, e quase sempre justificado
com a mesma necessidade de conter
a expansão soviética. Essas réplicas,
que nem sempre foram bem sucedidas,
estão directamente ligadas ao sucesso
obtido com o golpe no Irão, pelo que os
seus efeitos ultrapassam largamente a
região e a época em que ocorreram.
RELAÇÕES INTERNACIONAIS DEZEMBRO : 2007 16
192RELAÇÕES INTERNACIONAIS DEZEMBRO : 2007 16 [ pp. 189-192 ] 189
Colunistas| 06/05/2011 | Copyleft
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DEBATE ABERTO
As razões do Irã
Construiu-se uma sofisticada imagem negativa do Irã mundialmente, que serve para justificar todas as sanções
aplicadas pela ONU contra o país, sob a manipulação das grandes potências que, com a Revolução Islâmica de
1979, perderam os privilégios que tinham sobre as riquezas energéticas iranianas.
Beto Almeida
Acabo de chegar do Irã integrando uma delegação de jornalistas e blogueiros. Uma constatação é
imediata: construiu-se uma sofisticada e complexa imagem negativa do Irã mundialmente, que serve
para justificar todas as sanções aplicadas pela ONU contra o país, sob a evidente manipulação das
grandes potências que, com a Revolução Islâmica de 1979, perderam os privilégios que tinham sobre as
vastas riquezas energéticas iranianas.
Sabemos, o fluxo da informação mundial está sob controle dos conglomerados de mídia dos países
imperiais, que atuam sob coordenação de interesses com a indústria bélica e petroleira. A suposta
“Guerra contra o Terror” já construiu um orçamento de 1,2 trilhão de dólares nos EUA. Bin Laden
cumpriu o seu papel, vivo ou “morto”.
É neste mundo que o Irã se encontra. Tem razões para se defender. É o principal alvo dos interesses
norte-americanos na região. Sobretudo por seu processo de desenvolvimento independente. A
nacionalização do petróleo produziu enormes efeitos a partir do uso de suas receitas para diversificar o
processo produtivo. O Irã, que foi obrigado a enfrentar uma guerra que não declarou contra um Iraque
apoiado pelos EUA, e que sofreu sanções de cunho econômico da ONU, teve que aprender a caminhar
com suas próprias pernas. Hoje possuiu uma indústria de defesa avançada, fabrica seus próprios
submarinos. O Brasil, desarmado, os compra lá fora.
O Irã possui um moderno programa aeroespacial e prepara-se para lançar seu primeiro cosmonauta ao
cosmos em 2012. No Brasil não há previsão para tal, mas há sabotagens dos EUA contra o programa
espacial brasileiro. Lá há uma agricultura bastante avançada, apesar do deserto. Ferrovias cortam o
país. Realizam avançadas pesquisas em biotecnologia e na área de células troncos. Ou seja, é um país
em franco desenvolvimento, que os inimigos querem sabotar e apresentar como um país das trevas.
Falamos de direitos humanos também, claro, num largo diálogo com o vice ministro de Relações
Exteriores, Behrooz Kamalvandi . “Tanto o Irã como o Brasil precisam se corrigir em matéria de direitos
humanos. Mas, quem mais precisa se corrigir são os EUA, os que mais agridem os direitos humanos no
mundo”, disse ele, ao mesmo tempo em que ressaltava a importância de países como Brasil e Irã
estarem juntos nesta conjuntura mundial sombria. Sim, lá todas as mulheres usam os véus. Mas, não
vimos crianças abandonadas nas ruas pedindo esmolas.
Jornalista, Membro da Junta Diretiva da Telesur.
Científicos y pensadores
Algacel 1058-1111
Abu Hamed ibn Mohammad al-Gazzali, es más conocido en Europa con su nombre
latinizado, Algacel, y en Irán con el título de Hoyyat ol-Eslam, o su nombre verdadero
de Gazzalí. Nació en Tus, cerca de la actual Mashad. De niño estudió en su ciudad natal
y de joven se fue a Neyshabur hasta que en el año 1087 marchó a Bagdad
permaneciendo allí diez años como director de la escuela Nezamiyeh de aquella ciudad,
por orden del mismo ministro selyúcida Nezam al-Molk. Fue en esta escuela donde su
fama como sabio creció y se difundió por la región, hasta que, en el año 1091, tuvo una
revolución interna y marchó a la Meca de peregrinación dejando a su hermano el puesto
de maestro.
Después de su peregrinación marchó a Siria donde se enclaustró en una mezquita
aljama. Más tarde fue a Jerusalén y de allí a Egipto, desde donde hizo su penúltimo
viaje, ya a su tierra natal, Tus, y allí estableció una orden sufí o tariqa donde también se
dedicó a la enseñanza, a escribir y a la contemplación. Así permaneció 9 años, siendo
también visitado por los eruditos, sabios y ulemas de la época, hasta que en 1105 aceptó
ser director y de nuevo profesor de la escuela Nezamiyeh de Neyshabur. Permaneció allí
4 años y finalmente regresó a Tus para el resto de sus días meditando y en
contemplación y donde no permitió que se le molestase, rechazando la proposición del
sultán selyúcida Sanyar para ser director y maestro en la escuela Nezamiyeh. Allí
murió en el 1111.
Algacel era musulmán sunní, de la escuela shafeí, tenía tendencias al misticismo
ascético en el que dejó una honda impronta que fue luego seguida por sabios del
renombre de Sohravardi y Abdul Qader Gilani.
La obra de Algacel es muy abundante y ha sido calculada en unas 130, otros calculan
70, prácticamente todas sobre filosofía y religión. Aquí mencionaremos las más
destacadas que son: "Ihiya al-Ulum al-Din" que escribió en árabe y luego él mismo
resumió y tradujo al persa con el título de"Kimiya-ye-Sa'dat" (La Alquimia de la
felicidad); Al-Basit, sobre la doctrina shafeí; "Tahafut al-Falasifa" (Destrucción de los
filósofos) en la que ataca encarnizadamente a los filósofos en general y a Avicena en
particular, y obra que fue refutada más tarde línea a línea por Averroes en su obra
"Tahafut al-Tahafut" (Destrucción de la Destrucción); "Mustazhari" donde Algacel
refuta a los esotéricos o batiníes.
Aljuarizmi 783-850
Abu Abdullah Mohammad ibn Musa Aljuarizmi, trascrito siempre como Alkhwarizmi,
es decir, el joresmio, nació en Joresmia, Asia Central y fue uno de los primeros grandes
matemáticos de la temprana época 'abbasí. Muy poca cosa se conoce de su vida. Se sabe
que entró al servicio del califa al-Ma'mun, hijo de Harun al-Rashid, allá por el año 820
en la biblioteca califal de Dar al-Hikma (la Casa de la Sabiduría) en Bagdad. El califa le
encargo una misión científica en la India, y, a su regreso, allá por el año 830, escribe su
famoso tratado de álgebra.
Muchas de sus obras han sido traducidas a lenguas europeas y entre éstas cabe destacar
"Al-mujtasar fi hisab al-jabr wa-l muqabila". El original árabe se ha perdido pero se
conserva su traducción latina. De otros de sus libros sólo se conserva el título. Algunas
de sus obras fueron traducidas en Toledo
Estatua de Aljuarizmi frente a la Facultad de matemáticas en Teherán.
Aljuarizmi es el padre del álgebra y fue el que introdujo el sistema decimal y el cero,
expuesto en su obra que fue traducida al latín como "Algoritmi de numero indorum",
que puede fácilmente deducirse provenía de las matemáticas indias. También descubrió
un método que es hoy en día uno de los más antiguos para solucionar ecuaciones de
segundo grado. Asimismo escribió sobre astronomía y geografía. En astronomía su obra
más conocida fue sus"Tablas astronómicas" basadas en la astronomía india.
Fue el matemático más grande de su tiempo. Nuestras palabras "guarismo" y
"algoritmo"derivan de su nombre y la palabra árabe "álgebra" viene de "al-jabr", palabra
que puede verse en el título de su libro donde expone estas nuevas matemáticas.
Avicena 980-1037
Avicena es el nombre latino del sabio persa Abu Ali Ibn Sina. Nació en Afshaneh, cerca
de Bujara, provincia que se encuentra actualmente en Uzbekistán. Fue un niño prodigio
y a corta edad recitaba de memoria el Corán y las obras de los clásicos. Supo
aprovechar las ventajas que le daba el haber nacido en el seno de una familia
acomodada y cercana a la Administración de los Samaníes pues su padre era valí del
sultán. Primero estudió filosofía, derecho, matemáticas y en particular, la geometría de
Euclides. Antes de los 20 años tenía conocimientos avanzados de medicina, de tal
manera que curó al emir samaní Nuh ibn Mansur que ya estaba desahuciado por
médicos ancianos de reputada fama, y que lo recompensó poniendo a su disposición la
biblioteca de la corte.
Una de las imágenes más conocidas de Avicena
Avicena supo aprovechar la oportunidad y se empapó allí de todo el saber de la época
que tuvo tiempo de estudiar y leer. Mas aquel ambiente propicio samaní estaba
destinado a durar poco tiempo. Los turcos gaznavíes no tardaron en llegar con el sultán
Mahmud de Ghazni a la cabeza, y, en el año 999, la benefactora y mecenas dinastía
samaní es derrocada y suplantada por la gaznaví procedente de Asia Central.
Se cuenta que el sultán Mahmud, enterado de la presencia de sabios e ilustres eruditos
en la corte samaní, no quiso ser menos y quiso también verse rodeado de los más sabios
y doctos de la época. Para ello, mandó llamar a su presencia a Avicena y a su amigo y
compañero Abu Reihan Biruní. Éste último accedió y acudió al nuevo sultán, pero
Avicena salió huyendo no solo de Bujara sino de Asia Central y encaminó sus pasos
hacia la meseta iraní. Aquí llega la parte legendaria de la vida de Avicena ya que poco
se sabe de este periplo del que se cuentan muchas historias y leyendas, y la parte de la
que tenemos seguridad es cuando nos lo encontramos, primero en la corte de un
príncipe buyí de Qazvin, donde no encontró apoyo ninguno, y luego ya como visir de
Hamadán bajo el mandato del príncipe buyí Shams al-Dawla. Pero este cargo político le
trajo más perjuicios que beneficios y tras la muerte del príncipe y protector tuvo que
salir huyendo de los cuantiosos enemigos que se había creado en Hamadán.
Avicena acabó bajo la protección del príncipe buyí 'Ala al-Dawla de Isfahán, y bajo su
mecenazgo vivió y trabajó los últimos 14 años de su vida. Murió relativamente joven,
con 58 años y está enterrado en Hamadán donde podemos visitar su mausoleo.
Mausoleo de Avicena en Hamadán.
Avicena fue uno de los grandes sabios que ha visto nacer la Humanidad. Nos han
llegado de él algo más de cien obras y su saber abarcaba prácticamente todos los
campos de las ciencias y letras de aquella época. A continuación haremos un breve
esbozo de los tres campos en los que más fama mereció.
El Avicena filósofo. El terreno en el que más destacaba, junto al de la medicina, era el
de la filosofía. Este sabio persa tuvo el gran mérito de sistematizar la filosofía
racionalista aristotélica de tal forma que se pudiese adaptar a la fe musulmana, algo que
hizo mezclando dos pensamientos tan dispares como el de Aristóteles y Platón. Su
filosofía y su visión del mundo está impregnada, pues, de aristotelismo, neoplatonismo
y por supuesto del Islam que él profesaba. No obstante, se muestra más aristotélico que
platónico, pero a la vez no sigue ni obedece al estagirita en todo, creando con los
elementos platónicos e islámicos una nueva filosofía a la que él denominó hikmat almashriqi (filosofía oriental) a la que el filósofo alude en el prólogo de su "Kitab alShifa." La filosofía aviceniana gira alrededor de varios ejes como son el conocimiento
de Dios y de la existencia, la discriminación entre ser y esencia, lo posible y lo
obligado, la contingencia del ser, la teoría del conocimiento, la razón, la Resurrección y
el Juicio Final. Es obvio que toda esta temática la retomó Avicena de los griegos, pero
él le otorgó una dimensión islámica, la incorporó en el pensamiento musulmán.
Avicena vivió en un período en que las ideas y la doctrina ismailí estaban en Persia en
auge. Se cuenta incluso que su padre y uno de sus hermanos eran ismailíes. Tanto es así
que hay similitudes fundamentales entre el pensamiento ismailí y el aviceniano, y, si
bien él nunca quiso adherirse a las filas de estos shiíes septimanos, sí parece ser que era
shií duodecimano, hecho que podría estar corroborado por la calurosa acogida y
mecenazgo de los buyíes shiíes de Persia, como muy acertadamente señala Henry
Corbin.
Avicena nos cuenta cómo leyó más de 40 veces la "Metafísica" de Aristóteles sin llegar
a comprenderla, hasta que le compró a un vendedor ambulante un comentario a la
Metafísica escrito por Alfarabi. Fue entonces cuando Avicena vio la luz y pudo
comprender la obra del estagirita, que ya tenía memorizada. De todas formas, aunque en
un principio se puede decir que la filosofía aviceniana estaba muy marcada por el
pensamiento de Alfarabi, pronto lo superó con su obra enciclopédica.
El pensamiento peripatético aviceniano pasó a la Edad Media europea a partir del siglo
XII cuando se tradujeron parte de sus obras al latín e influyó profundamente en
filósofos occidentales como Juan de Escoto y Tomás de Aquino, o lo que es lo mismo,
dejó una honda impronta en la escolástica latina.
Entre las obras filosóficas de Avicena caben destacar "Kitab al-Insaf" (El libro del
juicio imparcial); "Kitab al-Shifa" (El libro de la curación) que fue traducida al latín con
el título de "Sufficientia" y es una especie de pequeña enciclopedia científica que no
trata sobre medicina, aunque su título lo parezca. Es tan extensa que él mismo la
resumió en otro título, "Niyat"(La salvación.); "Daneshname-ye-Alai" (El libro del
saber de Alaí), la primera obra filosófica en persa. Además de estos libros tiene multitud
de tratados sobre lógica, cosmogonía y metafísica.
El Avicena médico. Su rango en la medicina medieval no tiene parangón, es
considerado el padre de la medicina europea y su obra no fue superada en Occidente
hasta el Renacimiento europeo.
Entre sus descubrimientos médicos cabe destacar el carácter contagioso de la
tuberculosis y el peligro que supone las aguas estacadas y putrefactas como agentes
patológicos. Avicena supuso también acertadamente que había un fuerte vínculo o
relación entre muchas enfermedades y la mente, lo que hoy día se expresaría como la
influencia del estado de ánimo en las enfermedades. Fue el primer médico en hacer una
descripción de la meningitis así como de la estructura del ojo, incluyendo el nervio
óptico. Hizo también numerosos descubrimiento en otros campos médicos como el de la
ginecología y la anatomía, descubrimientos estos que fueron incluidos en su "Canon de
Medicina".
Entre sus obras médicas cabe destacar su mencionado "Canon de Medicina" (Qanun fil-Tibb) una obra enciclopédica donde expone todos los conocimientos médicos de su
época y más de 700 tratamientos para diferentes enfermedades. El libro fue traducido al
latín sólo 100 años después de la muerte del sabio persa por Gerardo de Cremona, y fue
libro de texto de medicina en las universidades europeas siendo la gran referencia
médica hasta el siglo XVII.
El Avicena esotérico. La mayor parte de sus obras esotéricas fueron escritas al final de
su vida; Tratado de "Hayy ibn Yaqzan", donde describe un viaje realizado en compañía
de un ángel; "Tratado del pájaro", una obra mística que atrajo la atención de un poeta de
la talla de 'Attar de Neyshabur; "Salaman y Absal''; La "Casida evidente" que es un
tratado sobre el alma. Escribió también varias exégesis coránicas.
Biruni 973-1048
Abu Reihan Biruni, también conocido en Occidente como Albiruni, nació en Jiva
(Joresmia), ciudad situada hoy en Uzbekistán. Debido a su gran talento, desde joven se
incorporó a la corte de los reyes de entonces. Fue durante siete años uno de los sabios
de la corte de Ma'mun Jarezmshah, tributario de los Samaníes, donde se ocupaba de la
diplomacia. Antes de pasar al servicio de los Gaznavíes, Biruni estuvo en la corte del
rey literato Qabus ibn Voshmgir, que reinaba en su pequeño reino de Gorgán, y fue a él
a quien le dedicó su obra de "Athar al-Baqiyah" en 999. Entre los años 1009 y 1016
Biruni regresa a Joresmia, fue entonces cuando se incorporó a la corte de Ma'mun
Jarezmshah, y, poco después, se produjo una revuelta popular, fue el rey asesinado y el
sultán Mahmud conquistó la región con la excusa de quererse vengar del asesinato de
aquel monarca. Biruni, fue testigo directo y presencial de aquellos acontecimientos que,
junto a la caída de los Samaníes cambiaron el rumbo de la historia de Persia. Los relató
con todo lujo de detalles en una obra que tituló "La historia de Joresmia", hoy perdida,
pero de la que quedan varios capítulos que son citados textualmente por el historiador
persa del siglo XI Beihaqi.
Estatua de Biruni en Tashkent, Uzbekistán
De cómo Biruni se incorporó a la corte del sultán Mahmud de Ghazni, varias son las
historias que se han tejido a su alrededor. Una de ellas cuenta que poco antes de que el
sultán Mahmud conquistase Joresmia, enterado de que los reyes persas siempre se
hallaban rodeados de los sabios de la época, no quiso ser menos y mandó a llamar a
Biruni y a su amigo Avicena a través de una misiva dirigida a Ma'mun Jarezmshah en la
que le solicitaba (o sea le exigía) que aquellos sabios se dirigieran a su corte. Ma'mun
Jarezmshah avisó a los sabios entre los que se encontraba Biruni, les comunicó el
contenido de la misiva y les dijo que aquel que se quisiera escapar que lo hiciera antes
de que el mensajero los viese con él para no ser atacado por el sultán Mahmud por
desobediencia. Biruni prefirió irse con el sultán Mahmud donde pasó el resto de sus
días. Otra versión dice que cuando el sultán Mahmud conquistó la región, Biruni y su
maestro fueron detenidos acusados de pertenecer a la secta cármata, su maestro fue
muerto, pero cuando se disponían a ejecutar a Biruni alguien le dijo al sultán que aquel
hombre era el Imán de su tiempo en astrología y que ningún rey podría poner a otra
persona en su lugar, y fue de esta manera cómo se incorporó a la corte gaznavi. Sea de
ello como fuere, se sabe que Biruni marchó a Ghazni con el sultán Mahmud allá por el
año 1017.
Biruni gozó de la estimación tanto del sultán como de su príncipe heredero Mas'ud.
Biruni acompañó al sultán a muchas de las expediciones militares que éste hizo a la
India. Fue mediante estas expediciones cómo entró el Islam en la India y se difundió allí
la lengua y cultura persas. Biruni supo aprovechar la situación que el destino le brindaba
y aprendió sánscrito y se empapó del saber indio sin prejuicios religiosos de ninguna
clase juntándose con los gurus, sacerdotes y filósofos indios. Hay que tener en cuenta la
extremada rareza que supone aprender sánscrito para un musulmán, y más de la Edad
Media, de hecho era muy extraño ver a un musulmán árabe que por ejemplo supiera
persa. Había persas y turcos que sabían árabe porque era la lengua del Corán y además
porque era lingua franca de los musulmanes, pero era extraño encontrar un árabe que
supiera persa o turco, por esta regla de tres, podemos deducir que encontrar un
musulmán que se pusiese, como lo hizo Biruni, a aprender un idioma lejano que nada
tenía que ver con el Islam era algo imposible.
Sello conmemorativo del milenario del nacimiento de Biruni.
Biruni fue una de las personalidades enciclopédicas de la época, era versado en
matemáticas, astronomía-astrología, historia, física, filosofía, y farmacia. Más que
original o innovador en sus planteamientos se puede decir que era un minucioso
observador que seguía un método muy similar a lo que hoy llamamos el método
científico o experimental (observación, medida, comparación). Intentó medir por
ejemplo la velocidad de la luz, y, aunque no lo consiguió, sí pudo afirmar que "es
inmensa si la comparamos a la del sonido". Escribió más de 100 obras sobre diferente
temática, sobre todo científica. El terreno científico en el que más destacó fue el de las
matemáticas entre cuyas aportaciones cabe destacar la regla de tres, las ecuaciones
algebraicas y los números irracionales, amén de aportaciones en el terreno de la
geometría, de la que se valió en gran parte de los conocimientos indios.
Adquiría la ingente información no sólo de las obras que leía sino también a través de
las conversaciones y debates que mantenía con diferentes personas (sabios, ulemas,
maestros...) así, por ejemplo, la información de los calendarios de los sogdianos y de los
zoroastrianos fue escuchada por Biruni mayormente por boca de los lugareños y
zoroastras. Hay que tener presente que en la época de Biruni había aún muchos templos
de fuego zoroastrianos en funcionamiento, sobre todo en los pueblos y aldeas, si bien la
mayoría de la población era ya musulmana.
Entre sus numerosas obras cabe destacar "El Astrolabio", una de las descripciones más
precisas de este instrumento, El "Canon de Mas'ud" (Qanun al-Mas'udi), escrito para el
sultán gaznavi Mas'ud, hijo del sultán Mahmud, que trata sobre astronomía en un
lenguaje muy sencillo y accesible, donde, curiosamente, Biruni plantea la posibilidad de
la rotación terrestre alrededor del sol como explicación plausible del movimiento
errante de los planetas; en ella dice que la tierra es redonda; describió la Vía Láctea a la
que se refirió con el nombre persa de kahkeshan. El sultán Mas'ud quiso recompensarle
por esta obra con un elefante cargado de plata, mas el sabio rehusó diciendo, "esto me
impedirá trabajar y bien saben los sabios que la plata se va mientras que la ciencia
permanece y jamás cambiaré la sabiduría perenne por la efímera."
En humanidades, su obra más conocida es "Tahqiq ma li-l Hind", (Investigación de lo
que hay en la India) la primera descripción de este país hecha por un musulmán y
redactada de forma muy erudita y sistemática. En ella el autor nos describe las
costumbres, las creencias, tradiciones, y supersticiones de los indios valiéndose entre
otras cosas, de sus conocimientos de sánscrito. En ella cita Biruni muchas obras
concretas en griego y sánscrito por lo que tiene la rigurosidad de un historiador
moderno y presta mucha atención al Bhavagad Gita, el célebre capítulo de la epopeya
india del Mahabharata. Hay que tener en cuenta que la India era hasta aquel entonces un
terreno virgen y desconocido para los musulmanes, por lo que el trabajo de Biruni tenía
un doble mérito, dar a conocer la India al mundo islámico y poder meterse de lleno y sin
prejuicios en sus ideas y forma de pensar, tan dispar y diferente del Islam. Biruni hizo
una investigación rigurosa sobre la India, miraba a los indios como gentes con una
cultura y religión diferentes y no como infieles a los que había que convertir o eliminar,
en definitiva, era el polo opuesto de Mahmud que sólo pensaba en destruir templos
indios y budistas y en declararle la guerra a los indios. Mientras así obraba el sultán,
Biruni se hacía amigo de ellos para sacarles información. Biruni decía que todo aquel
que quisiera discutir con los indios sobre ciencia, lógica o religión debía primero
conocer bien su forma de pensar, sus maneras y su filosofía, y que era por ello que
decidió escribir aquella obra. Afirmaba que la había redactado como si fuese un
observador imparcial, agregando a la misma todos los matices que fuesen necesarios.
Esta obra ha sido y es muy estudiada por los estudiosos occidentales de la India, y aún
hoy, cuando ya se han hecho profundas investigaciones, sigue siendo una fuente valiosa
de información de la India del año 1000 y una de las fuentes antiguas más dignas de
crédito. Biruni nos describe una India brahmánica en pugna continua con los budistas,
una India pura poco antes de ser islamizada y de entrar la cultura persa de lleno en ella,
y es ésta otra de las razones por las cuales esta obra tiene mucha importancia. Además
de este libro también tradujo del sánscrito varias obras de la literatura india.
Otra de sus grandes obras fue "Athar al-Baqiya", publicada en 1878 en Londres. En ella
habla de las costumbres de los antiguos joresmios y de los persas, del Nowruz o año
nuevo persa y de los calendarios. También escribió un pequeño diccionario de joremioárabe dejándonos pues la fuente más importante que hoy en día tenemos para el
conocimiento del léxico de esta lengua irania muerta.
El profesor Sachau nos dice que de sus escritos se pueden deducir muchas de las ideas
y creencias de Biruni, así, por ejemplo, nos dice que era por supuesto musulmán, con
tendencias al shiísmo, no era fanático, la verdad tenía para él una posición primordial y
la anteponía ante todo, detestaba a los árabes por haber hecho desaparecer la gloria de
los Sasánidas y amaba profundamente cualquier cosa o persona que de alguna manera
tuviese que ver con lo persa o lo iranio. Biruni ya gozaba de gran fama y reputación
durante su vida. Entre sus amigos se contaba nada menos que el gran Avicena, con el
que mantenía también debates de gran talla científica.
Se dice que Biruni nunca dejaba de estudiar y escribir, y que solamente descansaba en
la fiesta de año nuevo (Nowruz) y del equinoccio de otoño (Mehregan). En su haber se
cuenta poco más de 100 obras, la mayoría perdidas.
Sobre su muerte, hay una historia muy difundida que cuenta que Biruni, en su lecho de
muerte, le preguntó a uno de sus amigos presentes sobre un problema matemático del
que debatieron hacía tiempo. El amigo le respondió que era un momento muy
inoportuno aquel para hacer semejantes cuestiones cuando la vida se estaba acabando, a
lo que el sabio persa replicó: "Mejor es morirse sabiendo la solución que morir
ignorándola." El amigo accedió a resolver aquella ecuación, tras lo cual murió.
Borzuyeh s. VI
Borzuyeh fue un médico que vivió en la época sasánida durante el reinado de Josrov
Anushiravan, quien reinó entre los años 530 hasta su muerte en 579. De su vida no se
sabe mucho y ha sido entretejida con leyendas de todo tipo en la literatura persa de la
era islámica.
Su padre era militar y su madre pertenecía a una familia sacerdotal, por lo que el niño
Borzuyeh pudo tener una educación bastante buena, empezando a estudiar medicina a la
edad de 7 años y llegando a ser el mayor médico de Persia en su momento.
Borzuyeh además de médico era un sabio típico. Tradujo del sánscrito al pahlavi (persa
medio o sasánida) el "Panchatantra", las célebres fábulas del indio Bidpay, junto con
otras muchas obras, y trajo a Persia el ajedrez que luego se difundiría por todo el
mundo. El "Panchatantra" fue titulado en la traducción como "Calila y Dimna". Ibn
Moqaffa', que tradujo la traducción de Borzuyeh al árabe, nos cuenta que Borzuyeh
escribió su propia biografía. Una parte de esta biografía fue incluida en el prólogo de la
traducción de Ibn Moqaffa, ambas obras se han perdido, tanto la pahlavi como su
traducción al árabe, pero se conserva la traducción que se hizo a lenguas romances
posteriormente.
En el siglo X, Zakaria Razi nos dice que Borzuyeh registró por escrito sus
observaciones en una obra que luego fue traducida al árabe.
Hallaj 858-922
Huseyn b. Mansur b. Hallaj, nació en Beida, provincia de Fars. Fue uno de los mayores
místicos del Islam. Al parecer su padre era escardador de lana y de ahí viene su apellido
de "Hallaj". De niño fue a Juzestán con su padre y a la edad de 13 años ya sabía el
Corán de memoria. De joven marchó a Basora, luego a Bagdad y a la Meca para
cumplir con su deber religioso de la peregrinación. Estuvo luego de ciudad en ciudad
hasta que fue apresado por sus ideas religiosas en el año 913, permaneciendo 9 años en
prisión. El visir abbasí Hamid b. Abbas lo condenó a recibir mil latigazos. Se cuenta
que luego le cortaron las manos y los pies, lo quemaron y luego arrojaron las cenizas al
Tigris. También se cuenta que tras su muerte le cortaron la cabeza y la colgaron en uno
de los puentes de Bagdad. No obstante, lo más probable fue que fuese crucificado y
quemado. No dejó de repetir hasta su muerte el clamor de "ana al-Haqq" que quiere
decir "yo soy la Verdad" (o también se puede interpretar como "yo soy Dios"), frase con
la que el místico querría referir su unión con Dios, algo totalmente herético para la
ortodoxia.
Hallaj, fuente de inspiración para la literatura y los iluministas. Fot. de http://www.imagesonline.bl.uk/british library-store
A Hallaj se le atribuyen numerosas obras: "Amr al-Sheytan", "Al-Towhid", "Al-Jawhar
al-akbar", "Tavasin" publicada en París, etc.
Personalidad extraña y polémica, mucho se ha discutido y hablado de este personaje
peculiar que ha sido la fuente de inspiración de numerosos poetas, sufíes y místicos a lo
largo de mil años. Su muerte es puesta como ejemplo del Martirio por antonomasia y en
el sufismo representa el símbolo de la valentía. 'Attar de Neyshabur (siglo XIII) le
dedicó un episodio sobrecogedor en su "Tazkarat al-Ulia" (Biografía de los santos). Hay
quienes le creen un santo, otros dicen que obraba milagros y otros le creen un mentiroso
prestidigitador, un charlatán, o sea, un personaje polémico en toda regla.
Algacel justificaba aquellas sus palabras diciendo que eran proferidas impulsadas por la
gran intensidad del amor verdadero y su gran éxtasis. Otros, al contrario de Algacel, se
basaban en estas mismas palabras de Hallaj para decir de él que era un infiel y que por
ello merecía la cárcel en la que estuvo confinado varios años.
Mollah Sadra
Sadr al-Din Mohammad b. Ibrahim Shirazi, más conocido simplemente como Mollah
Sadra, fue uno de los más insignes filósofos del Islam y el mayor teólogo shií del siglo
XVII. No se conoce mucho de su vida, que ha sido ensombrecida por su colosal obra.
Se sabe que nació en Shiraz aproximadamente en 1574. Su padre era un hombre rico e
influyente que se preocupó mucho por darle una buena educación y enseñanza a su hijo.
Tras la muerte de su padre, marchó a Isfahán para completar sus conocimientos con
Sheij Baha�i. Poco más tarde tuvo como maestro a Mir Damad con quien estudió
filosofía y teología. También fue aleccionado en filosofía por Mir Fendereski, pasando
pues un tiempo en la ciudad de Qom, donde tuvo que permanecer oculto al parecer por
haber sido declarado anatema por algunos ulemas que veían sus opiniones como
herejías y demasiado osadas, como por ejemplo la insistencia de Mollah Sadra en la
unidad de la existencia (wahdat al-wuŷud) de Ibn Arabi, la aceptación del hecho de
amar a la Belleza, su negación de la resurrección corporal, su negación del carácter
eterno del infierno, su división del cielo o paraíso en varias partes etc. ideas éstas que no
son más que un botón de muestra de las opiniones teosóficas que causaron más de un
problema al filósofo de Shiraz.
No está muy claro cuántos años permaneció apartado, probablemente se podría hacer
una estimación de entre 9 y 11 años, período que supone una importancia vital pues
durante el mismo fue cuando sufrió una revolución en su interior y en su pensamiento,
se afianzó en él un espíritu místico que tuvo revelaciones, "me fueron desvelados
misterios 'decía en su "Asfar arba'e" que no se podían desvelar con argumentos." Tras
terminar aquel periodo de reclusión, Shah Abbas II le ordenó regresar a Shiraz donde
trabajó como profesor de filosofía en la madrasa de Allah Verdi Jan. Viajó en seis
ocasiones a la Meca. Murió en Basora, durante su séptimo viaje de peregrinación en el
año 1640.
Mollah Sadra escribió más de 40 obras entre las que cabe destacar, "Asfar arba'a" la
más conocida de todas y de la que se han hecho múltiples comentarios y exégesis.
Según algunos fue escrita en 1616; "Al-mabda wa al-mu'ad" escrita con el mismo estilo
que la anterior; "Al-shawahid al-rububiya" que algunos son de la opinión que es su
última obra.
Mollah Sadra es mayormente conocido en la literatura shií como el desgranador de la
filosofía de la luz de Sohravardí, que conocía con profundidad, en detrimento de la
filosofía peripatética, a la que atacó con diversos argumentos. Mollah Sadra intentaba
hacer cuadrar sus ideas, que en muchas ocasiones rozaba lo que muchos ulemas podrían
considerar como herejía, con los hadices del profeta y la sharia o ley islámica, como por
ejemplo en su obra "Sharh Usul al-Kafi." La filosofía de Mollah Sadra posee varias
dimensiones. Por un lado, sus teorías y aportaciones tienen un matiz sufí e impregnado
de la filosofía de la luz de Sohravardí, y, por otro lado, se acerca a la filosofía
peripatética. Su filosofía gira alrededor de la unidad de la existencia (wahdat al-wuŷud)
y del "movimiento de la esencia". Ello no quiere decir que no haya sido creador de
nuevos planteamientos en la filosofía, lo que quiere decir es que estas dos cuestiones
juegan un papel primordial en su teoría de la filosofía. Al parecer, Mollah Sadra tomó el
planteamiento de la "unidad de la existencia", de la que sufíes y místicos habían hecho
su tema principal, de las obras de Ibn Arabi. Ni que decir tiene que el ambiente sociopolítico safaví no era el más adecuado para la difusión o simplemente la exposición de
semejantes ideas, que podían causar la ira de los más conservadores y ser declarado
apóstata. En su "Asfar arba'a" Mollah Sadra admite la 'unidad de la existencia' y se hace
eco a la vez de la "multiplicidad de la existencia" con la perífrasis de "unidad en la
multiplicidad y multiplicidad en la unidad" lo que es ilustrado diciendo que si se pone
un espejo delante del sol, en una primera mirada veremos muchas luces pero que si
miramos con más detenimiento nos percataremos de que la luz es sólo una. El
pensamiento de Mollah Sadra, que supone un punto y aparte en la filosofía del Islam
shií, tuvo un gran auge tras su muerte creándose lo que se denominó la "Escuela de
Isfahán".
Nasir al-Din Tusí 1200-1273
Nasir al-Din Ŷa�far b. Hasan Tusí nació en Jahrud (o quizás en Tus, cerca de la actual
Mashad), un pueblo cercano a Qom. Estudió con su padre y con su tío materno, de lo
cual se desprende que nació en el seno de una familia culta, todo un lujo en aquel
tiempo. De joven marchó a Tus y allí completó sus conocimientos con los más
afamados sabios de su época, y fue allí donde se hizo célebre, siendo por tanto el
motivo que se le conozca por el gentilicio de Tusí.
Los ismailíes de Qohestán le atrajeron, y, bajo la protección y mecenazgo del
gobernador ismailí Abdul Rahim, Nasir al-Din escribió “Ajlaq-e-Naserí”, una de las
obras clásicas de la literatura persa. Más tarde fue a la fortaleza de Alamut donde se
puso al servicio de Rokn al-Din Joshshah, el último gobernador ismailí. No obstante, el
mecenazgo ismailí no iba a durar mucho pues los mongoles llamaban a las puertas de
Persia, y éstos no tardaron en conquistar la fortaleza de Alamut —el cuartel general de
los ismailíes— pieza clave para una caída en serie del resto de las fortalezas.
Sello conmemorativo de Nasir al-Din Tusi
Aquí comienza una nueva etapa en la vida del sabio persa poniéndose al servicio como
ministro del conquistador mongol Hulagu bajo cuyos auspicios construyó en 1258 el
observatorio de Maraqeh del que hoy no queda más que el recuerdo. En él se elaboraron
las célebres "Tablas iljaníes" (Ziŷ-e-iljâni) así denominadas por la dinastía Iljani para la
cual servía.
Nasir al-Din Tusí escribió numerosas obras de temática diversa; "Tahrir Eqlides" sobre
geometría euclidiana; "Tahrir majesti" sobre astronomía ptolemaica; "Sharh-e-esharat-eEbn-e-Sina" sobre filosofía aviceniana; "Asas al-Eqtebas" sobre lógica; "Me'yar alash'ar" sobre métrica; "Zij-e-iljani"; "Usaf al-Ashraf" sobre sufismo; "Ajlaq-e-naseri";
"Tajrid al-kalam ya tajrid al-e'teqad" una apología del shiísmo septimano o ismailí.
La contribución a la cultura de la Humanidad de Nasir al-Din Tusí no se circunscribe
solamente al hecho de haber redactado una serie de obras de gran valor científico sino
también a otro hecho no menos importante como el de salvar una gran cantidad de
libros de una quema casi segura. En efecto, en el siglo XIII Persia sufrió las peores
devastaciones de su historia a manos de tártaros y mongoles, peores que las que sufriera
15 siglos antes con la conquista de Alejandro Magno. El mismo año que comienza Nasir
al-Din a construir su observatorio, cae Bagdad y el califato abbasí, algo que supuso una
conmoción en el mundo islámico. La capital abbasí es saqueada y muchos libros
destruidos, pero Nasir al-Din salvó muchas obras llevándoselas al observatorio, que
enriqueció, y lo mismo hizo con la biblioteca de los ismailíes cuando Alamut cayó en
manos de los mongoles. Se calcula que llegó a reunir unos 400.000 libros. Por otra
parte, utilizó su gran influencia como ministro para salvar a numerosos sabios que de
otra manera hubiesen perecido a hierro de los tártaros.
Muhammad ibn Zakaria Razi
Mohammad Ibn Zakaria Razi, piedra angular de Avicena y el médico por antonomasia.
Su nombre es un gentilicio de la ciudad de Rei (la Rages del libro de Tobías, en el
Antiguo Testamento), cuyas ruinas pueden verse hoy al sur de Teherán. Es también
conocido en Occidente con el nombre latinizado de Rhazes.
Los datos fiables que de su vida tenemos son bastantes escasos. Sabemos que antes de
ser médico se dedicó a la alquimia. A este respecto, nos cuenta el polígrafo Abu Reihan
Biruni que el joven alquimista se entregó a la alquimia hasta el punto que sus ojos
enfermaron y hubo de recurrir a un médico, quien le curó con un tratamiento por el que
le cobró la friolera de quinientas monedas del noble metal que Razi tanto buscaba por
medios alquímicos. Y dicen que el médico le dijo orgulloso de su ciencia y de los
beneficios que le reportaba: "Esto es alquimia y no lo que tú buscas". Según Biruni, este
dicho causó una honda impresión a Razi y desde entonces abandonó la búsqueda de la
piedra filosofal para dedicarse a la medicina.
Se ignora si la historia que nos cuenta Biruni tiene algo de veraz o si no es más que
otras de las tantas infundadas que se han tejido alrededor de Razi, que siempre han
afectado en mayor o menor medida a los grandes personajes de la historia y que más
que aclarar lo que han hecho es enturbiar aún más la biografía de un personaje del que
sabemos bien poco. Sea como fuere, lo que sí tenemos claro de su vida es que nació en
Rei (al sur de la actual Teherán) allá por el año 865. Vivió hasta su madurez en la
misma ciudad y en ella fue donde aprendió filosofía, matemáticas, astronomía, música,
y seguramente fue en ese mismo período cuando se interesó por la alquimia. Por último,
se dedicó a la medicina a raíz del episodio que nos cuenta Biruni, y sabemos que estudió
en Rei y Bagdad. Dicen que el célebre médico Ali ibn Rabbn al-Tabari fue su profesor
de medicina, sin embargo, ello no es posible ya que éste fue secretario del secesionista
persa Maziar ibn Qaran hasta que le dieron captura y muerte en el año 838. Sabemos
que el supuesto maestro de Razi se marchó a Bagdad tras quedarse sin patrón, pero,
teniendo en cuenta la diferencia de fechas y añadiéndole a esto el hecho de que tanto
Biruni como otros historiadores nos dicen que Razi comenzó en su edad adulta al
estudio de la medicina no resulta congruente creer que Ali Rabbn Al-Tabari fuese
profesor de Razi a los 90 o 100 años.
Sea como fuere, lo cierto es que su fama como médico se difundió siendo él
relativamente joven pues el gobernador samani de Rei, Abu Saleh Mansur ibn Ishaq, le
nombró director del hospital de la misma ciudad, y poco después, parece ser que en el
año 900, se marchó a Bagdad y allí fue durante varios años (no se sabe cuantos
exactamente) regente del hospital de la ciudad califal que a él mismo le fue encargada
su construcción. Cuentan que para saber cuál era la ubicación ideal en cuanto a higiene
hizo colgar unos pedazos de carne en diferentes puntos de Bagdad y construyó el
hospital en aquel lugar donde la carne se había podrido menos.
Seguramente, al ser el mejor médico de la época, fue muy solicitado en la corte del
califa, por gobernadores y pudientes en general, pero se sabe que no estuvo muchos
años en Bagdad ya que regresó a su ciudad natal para volver a ejercer como médico el
resto de su vida. Debido a la manipulación que había hecho durante su vida de las
sustancias químicas, a la vejez se quedó ciego por glaucoma y, poco después, murió,
según Biruni, en el año 925, en su ciudad natal.
Hasta la aparición de Avicena, Razi es indiscutiblemente el mejor médico que ha visto
el mundo islámico, no en vano, se ganó el sobrenombre de Yalinus al-‘arab (el Galeno
árabe). Dentro de la medicina, en lo que más destacó fue en sus estudios sobre la viruela
y el sarampión. Hizo muchos descubrimientos y observaciones originales en medicina.
Por ejemplo, observó que los enfermos que se recuperaban de una enfermedad eran
inmunes a la misma un tiempo largo (principio de inmunidad); se interesó más por la
prevención que por la curación y afirmaba que una buena higiene y una buena
alimentación son las bases de la buena salud, asertos que aunque hoy nos puedan
parecer de lo más corrientes no eran tan evidentes en una época en que se desconocían
las bacterias. Afirmaba que la atención psíquica del enfermo era primordial, algo que es
fundamental en la medicina moderna. Rechazó la idea tan extendida entonces de que se
podía diagnosticar una enfermedad tan solo mirando la orina del enfermo. Instruía a sus
alumnos en la medicina tanto teórica como práctica, haciendo más hincapié en ésta
última y los “licenciaba” después de que aquellos redactaban una tesis sobre un tema
concreto y hacían el Juramento de Hipócrates.
En lo que se refiere a su forma de pensar, era ante todo un racionalista, incluso en una
ciencia como la alquimia que se daba a tantas divagaciones misteriosas y cuyo
vocabulario sólo entendían los iniciados. Razi rechazaba de plano las interpretaciones
esotéricas que de ella se daba y tenía una clara tendencia a tener una visión racionalista
de los fenómenos naturales, y ello se extiende incluso en el plano religioso y filosófico.
Razi fue un autor polifacético. Su carrera y pensamiento puede ser inscrito en, por lo
menos, dos de los grandes movimientos que prevalecen diacrónicamente o a veces
simultáneamente en la medicina islámica. Por un lado, se enmarca como figura tardía en
la época de las grandes traducciones. Si bien no es propiamente Razi un traductor, sí
comparte un espíritu investigador con los principales traductores del siglo IX, e incluso,
su pensamiento participa de la misma aproximación a la filosofía que protagonizan
traductores del momento. Por otro lado, Razi es un médico innovador que ejerce su
profesión de forma manifiesta y comprometida abriendo así la puerta para que sus
discípulos entren correctamente en el ámbito de la aplicación práctica del saber médico.
Este compromiso une a Razi con Avicena.
Según Biruni el número de sus obras sólo de medicina asciende a 56 entre grandes y
pequeñas. La más importante de todas ellas es "Kitab al-Hawi" que fue considerada a
partir del siglo X la obra médica más importante del momento. Está dividida en diez
libros. El primero es de anatomía; el segundo habla de los humores; el tercero es
bastante importante y trata de alimentos y medicamentos; el cuarto y quinto de higiene
y cosmética; el sexto del régimen alimenticio durante el viaje; el séptimo de cirugía; el
octavo de venenos; el noveno de enfermedades en general y el décimo de fiebres. La
obra es definida como un cuerpo de medicina práctica, una condensación de opiniones
de todos los médicos anteriores y contemporáneos a Razi. Éste además utiliza su
experiencia práctica para comentarlas. Como su redacción es póstuma, su análisis
presenta ciertas características. Entre otras, la propia proporción inusitadamente amplia
o una línea de exposición un tanto desbaratada que le confieren una identidad un poco
paradójica. No fue ésta una obra en la que Razi se sentó a escribir de una manera
metódica, sino que fue después de su muerte y por orden del gobernador de Rei, que sus
alumnos reunieron los apuntes en los que su maestro había registrado sistemáticamente
los cuadros clínicos con los que se había encontrado, con su respectivo tratamiento. Por
el volumen de la obra y su índole experimental (en el sentido de recopiladora de
experiencias) es donde radica su importancia y también porque en ella se reúnen todas
las experiencias personales de Razi con sus pacientes, procedimiento que se da en
mucha menor medida en el resto de sus obras.
" Kitab al-Hawi" es una obra enciclopédica cuyo manuscrito árabe, que originalmente
constaba de treinta tomos, no nos ha llegado íntegro a nuestros días. En árabe se
conservan aproximadamente la mitad, aunque, afortunadamente, se conserva la
traducción latina de 25 tomos cuyo título, "Liber Continens" (en realidad una buena
traducción al latín de su titulo original en árabe, es decir, el Libro que Contiene). Esta
traducción data del año 1279 y fue patrocinada por Carlos, rey de Nápoles y Sicilia y
fue realizada por un judío llamado Farach Ben Salim, traductor de otras obras médicas.
Con este mismo título latino se convirtió pronto en un libro de texto clásico y se
reimprimió numerosas veces, sobre todo desde el año 1486 en adelante, hubo incluso
una quinta edición en Venecia en el año 1542.
Otra de su famosas obras médicas es "Kitab al-Mansuri" o "Tibb al-Mansuri", es un
libro que resume brevemente los planteamientos básicos del "Kitab al-Hawi". Fue así
titulada porque se la dedicó al gobernador Samaní de Rei, Mansur ibn Ishaq. Si bien es
mucho más reducida que al-Hawi, sí fue una obra de considerable valor en su época.
"Kitab al-Mansuri" fue redactado en diez partes (yuz') y traducido al latín y publicado
en varias ocasiones durante la Edad Media. Esta obra fue traducida al latín bajo el título
de "Liber ad Almansorem", que, junto al "Canon" de Avicena fueron puestos como
textos en el programa de los universitarios.
Además de estas obras de Razi se publicaron varios tratados suyos también en latín,
muchos de ellos traducidos por el afamado Gerardo de Cremona, el traductor por
antonomasia de las principales obras médicas del momento. La publicación de estas
obras fue cuantiosa, sobre todo después de inventarse la imprenta de tipos móviles.
Entre ellas citaremos las siguientes:
El "Kitab al-Shukuk" (el Libro de las dudas) también hay que clasificarla como una de
sus obras importantes. Es una relación de las objeciones que hace Razi a Galeno, y es
muy representativa porque en ese tipo de obras se ve cómo no siempre la palabra de los
Antiguos eran dogma de fe y que había científicos como Razi que ponían en tela de
juicio los veredictos galénicos en cuestiones médicas y denigraba al sacrosanto
Aristóteles en cuestiones filosóficas.
Otra obra también relevante es "Man la yahzah at-tabib" (Quién no llama al médico),
que era más conocida cómo "Tibb al-fuqara" (La Medicina de los pobres) ya que en ella
se prescribían tratamientos sencillos que no requerían la asistencia de un médico.
"Al-yudari wa-l-hasba"; es una monografía acerca de la viruela y el sarampión. Es una
joya de la literatura médica islámica que parece que fue la primera de su género. En ella
el autor hace el primer estudio clínico de la viruela distinguiéndola del sarampión. No
en vano, fue en estas dos enfermedades donde Razi llegó a tener más autoridad entre los
médicos de la Edad Media. Razi propone que la enfermedad surge en los niños porque
estos no han evacuado la sangre impura de su madre poco después de nacer, dando así
más importancia a cuestiones fisiológicas y alejándose de aspectos relacionados con el
contagio y las epidemias. Por otro lado, esta obra fue traducida al latín y se imprimió
unas cuarenta veces entre 1498 y 1866, y posteriormente fue traducida a varias lenguas
modernas, el inglés entre ellas (1848). Esta obra culminó aún más la fama del autor
hasta reconocerse no sólo como uno de los mayores científicos del Islam sino de la
Cristiandad.
Otras obras médicas de menos relevancia que las arriba citadas fue "Bar' as-Sa'a" donde
se prescribían cortos tratamientos; "Al-fajir fi-l-tibb", "Daf' ul-muzar al-aqzia", "AlMadjal al-Sagir", "Al-Fusul fi-l-tibb", también conocida como "Al-murshid".
En cuanto a las obras de alquimia que Biruni le atribuye a Razi, citaremos las
siguientes: "Al-Madjal at-Ta'limi" "Ilal al-Ma'din"; "Isbat al-Sina'a"; "Kitab al-Hayar";
":Kitab at-Tadbir"; "Kitab al-Iksir"; "Kitab 'araf al-Sina'a"; "Kitab at-Tartib"; "Kitab alawahid"; "Kitab al-Sirr" y "Kitab Sirr al-Hukama". Como alquimista, cabe destacar su
originalidad al decir que no sólo se debería obtener oro de metales innobles como el
plomo o el hierro, sino que también, por la misma regla de tres, se debería poder obtener
diamantes y rubíes de otros cristales más innobles como el cuarzo. Afirmaba que todas
las sustancias eran de origen vegetal animal o mineral. Fue el primero en describir la
forma en que se debía elaborar el alcohol y el ácido sulfúrico. A Razi, sabio de espíritu
práctico, no le interesaba el aspecto misterioso ni esotérico de la alquimia sino su
carácter de ciencia química. Tanto es así que parecía más un químico que un alquimista
pues conocía muy bien productos químicos diversos como la glicerina y la sosa, y de las
descripciones que nos hace se desprende que poseía un laboratorio muy bien
pertrechado. Obviamente, nunca consiguió oro, pero no perdía el tiempo ya que por
serendipidad obtenía diversas sustancias químicas de las cuales hacía una minuciosa
descripción de sus propiedades, algunas de estas sustancias las utilizó luego en
medicina. Razi representa el apogeo de la alquimia islámica.
Terminamos con algunas afirmaciones de Razi sobre medicina: 'Quien vive en la
vecindad de los mares o lagos de agua corrompida, no se libra de tener delicados los
intestinos y la vista. [...] Y que pase por los ojos una varita de oro puro, mojada en agua
de rosas mezclada con algo de nardo indio preparado con zumo de agraz, por la mañana
y por la noche, después de que el paciente haya bañado sus ojos inclinándose sobre
vapor de agua dulce."Si el sabio es capaz de curar sin medicamentos, habrá alcanzado
la felicidad."
Sohravardí 1155-1191
Shahab al-Din Sohravardí nació en Sohravard, un pueblo cerca de Zanyan. Es llamado
también "Sheij al-Ishraq", y "Sheij Maqtul" (sheij asesinado), por haber muerto de esta
manera, ejecutado por Saladino. En su juventud estudió con el célebre ulema Fajr al-Din
Razí. Luego estudió en Maraqeh, Isfahán y Diyarbakir (actualmente en Turquía) para
acabar en Alepo donde fue calurosamente recibido en la corte del príncipe ayubí alMalik al-Zahir, hijo de Saladino. Pero esta cercanía a la corte fue para él fatal. Los
alfaquíes y ulemas comenzaron a desacreditarlo y acabaron declarándole infiel y
anatema. Fue muerto en 1191, en Alepo, a manos del hijo de Saladino y por orden de
éste último.
El pensamiento místico de Sohravardi ha dado la vuelta al mundo y se ha expuesto en muchos idiomas
Su vida era ascética, se mortificaba y no prestaba atención alguna a los placeres del
mundo. A veces vestía harapos, y otras se colocaba una estameña a modo de los sufíes.
Iranólogos e islamólogos de la talla de H. Corbin, Ritter y P. Kraus han escrito sobre su
vida sin lograr esclarecer los detalles más ambiguos. El sabio persa del siglo XII-XIII
Shahrezurí escribió también una biografía, pero sin esclarecer tampoco esos detalles,
que deja tras un velo de incertidumbre.
Sohravardí realizó una obra monumental en el pensamiento islámico que aún no ha
sido suficientemente valorada. Construyó un edificio filosófico que explica en su gran
obra "Hikmat al-Ishraq" (La filosofía de las luces) construido sobre los cimientos de las
antiguas creencias zoroastrianas de Persia. En efecto, esta es la interpretación que da el
sabio francés Henry Corbin quien afirma que Sohravardí era un peripatético que luego
se dio cuenta de las pruebas que le presentaba Dios, para edificar su doctrina de la luz
en base a las antiguas creencias de su nación. La luz, a la que él llamaba "jorreh" (el
khwarnah del Avesta), era la aureola divina que cubría a los reyes sasánidas. A pesar de
la herejía que aquellas ideas iluministas podrían suponer para las mentalidades de la
época, y que de hecho chocaron a los emires ayubíes, no pretendía Sohravardí crear una
doctrina que fuese antiislámica o que violase los preceptos del Islam, lo que con ella
quería era encuadrar las antiguas creencias dentro del molde de las enseñanzas
musulmanas, hacerlas compatibles, en un intento de sacralizar las antiguas doctrinas de
la luz. Afirmaba que Salman al-Farsi (Salman el Persa), el primer persa que se convirtió
al Islam, era el vínculo de unión entre el mazdeísmo y el Islam. El Sohravardí
peripatético que basa sus argumentos en la lógica y la razón humanas pasa a ser el
Sohravardí ishraqí o iluminista que cree que a través de la iluminación, del ishraq, se
puede llegar al conocimiento del mundo más que a través de la vía argumental. Mas ello
no quiere decir que él rechace la vía argumentativa aristotélica, sino que la integra como
una de las etapas que se debe atravesar antes de ser "'iluminado". El mismo Sohravardí
nos dice en el prólogo de su "Hikmat al-Ishraq" que su obra no está escrita para aquellos
que buscan pruebas argumentales. Se desprende y se distingue así Sohravardí de los
filósofos que le precedieron dirigiendo su filosofía hacia unos nuevos derroteros sufíes.
Sohravardí afirma que todas las almas, antes de unirse al cuerpo terrenal, moraban en
cuerpos angélicos y que, una vez, se unían al cuerpo terrenal, el alma o su núcleo
principal se dividía en dos, una mitad se quedaba en el cielo y la otra en el cuerpo, y que
era ésa la razón por la cual todas las almas se encuentran tristes y que recuperan la
alegría y la felicidad cuando se unen con su mitad celestial. Su angeología, que forma el
núcleo de su filosofía, tiene una atracción particular. El conocimiento del Mundo
Celestial, las diferentes etapas o grados existentes entre este mundo de sombras y la Luz
Sublime son temas tocados en su angeología. Aquí, el ángel es guardián del mundo y
también una herramienta y medio de la sapiencia divina a la vez que es algo a lo que el
ser humano quiere llegar durante toda su vida terrena. Es curioso cómo ya en esta parte,
Sohravardí, además de utilizar terminología coránica para referirse a los ángeles emplea
también términos mazdeos del Irán antiguo. Esto no le trajo más que problemas en su
vida personal pues como se ha dicho, los ulemas y alfaquíes pensaron que en realidad él
era un filósofo o sacerdote zoroastriano o que estaba inclinado hacia el mazdeísmo. Pero
bajo el punto de vista de Sohravardí, y esto era algo que dejaba muy en claro, la luz y
las tinieblas no son la luz y las tinieblas de los zoroastrianos, "jamás hay que pensar
decía que cuando utilizamos los términos luz y tinieblas son los mismos de los infieles
magos o los ateos maniqueos." Por otro lado Sohravardí afirma que el número de
ángeles supera la cifra que podamos contar; que al principio de la larga cadena de
rangos se encuentra los ángeles que están junto a Dios, siendo el superior Bahman o
Nur al-A'azam (la Gran Luminaria), usando pues Bahman, uno de los amesha spentas o
arcángeles de la angeología zoroastriana.
El punto de vista de la filosofía de la luz, en lo que se refiere a la muerte y a la
resurrección, es que tras la muerte el alma tendrá una situación directamente relacionada
con la santidad y sabiduría que tuvo o practicó en el mundo terrenal. Según Sohravardi,
hay tres tipos de almas, siendo la superior la de los sufíes y santos, que una vez
separadas del cuerpo llegan tan alto que traspasan la situación en la que se encuentran
los ángeles.
A pesar de su corta vida, Sohravardí nos ha dejado un legado de 49 obras, mayormente
en árabe, aunque también escribía en persa. Aunque no destacó como poeta, escribió
también algo en verso, obviamente, sobre temática filosófico-religiosa. Ni que decir
tiene que la obra de Sohravardí ha sido bien recibida y aplaudida por los shiíes,
especialmente los persas, de quienes tenemos los mejores comentarios y exégesis desde
Shahrezurí (siglo XII-XIII) hasta llegar a la cumbre de las exégesis de Sohravardí con
Mollah Sadra, Mir Damad y su discípulo Sadr al-Din Shirazí (siglo XVII).
Literatos
Ali Shariati 1933-1977
Ali Shariati nació en Mazinan, cerca de Sabzevar. Cursó la escuela primaria en la
ciudad de Mashad, capital de Jorasán. Su padre, Mohammad Taqi Shariati hombre
culto, religioso y exegeta del Corán, le guió y le instruyó en los primeros pasos del
estudio del Islam. A los 18 años de edad empezó a compaginar sus actividades
estudiantiles con la de profesor esporádico. En 1957 se casó y fruto de su matrimonio
son tres hijas y un hijo.
Después de graduarse en literatura persa por la universidad de Mashad en 1960, cursó
estudios en Francia y se doctoró en sociología por la Universidad de la Sorbona. A su
regreso a Irán fue detenido en la frontera acusado de haber participado en actividades
subversivas contra la política del gobierno iraní. Liberado en 1965, comenzó sus
actividades docentes en la Universidad de Mashad. En calidad de sociólogo del Islam,
comenzó a explicar la problemática de las sociedades musulmanas a la luz de los
principios del Islam, asuntos éstos que debatía con sus propios estudiantes. No tardó
mucho en ganar popularidad entre los estudiantes universitarios y entre las diferentes
clases sociales. Es por esta razón que el régimen de los Pahlavi le cesó de sus
actividades y le prohibió que continuase dando clases en la universidad. Tras aquello
fue a Teherán donde el doctor Shariati continuó su carrera como brillante orador. Sus
lecturas y discursos en el Instituto Ershad de Enseñanza Religiosa de Teherán atrajeron
a 6000 estudiantes universitarios durante el verano a los que hay que sumar los varios
miles de personas que acudían a escuchar, procedentes de diferentes estratos sociales.
De la edición de su primera obra se vendieron 60.000 ejemplares, a pesar de la
interferencia de las autoridades gubernamentales. Finalmente, la policía irrumpió en el
Instituto donde impartía sus clases, arrestó a multitud de alumnos y seguidores y dio fin
a sus actividades. Shariati fue recluido en prisión por segunda vez donde permaneció 18
meses, en las peores condiciones penitenciarias. La opinión pública internacional y las
protestas de diversos estamentos obligaron a las autoridades del régimen del sha a
liberarlo el 20 de marzo de 1975. Aunque liberado, fue sometido a un estrecho cerco de
vigilancia por los agentes de Seguridad, que le impedían mantener contacto con sus
estudiantes y por supuesto publicar sus obras. Bajo aquellas condiciones, el doctor
Shariati decide emigrar de Irán en 1977. Marchó a Gran Bretaña donde murió tres
semanas más tarde por causas aún no aclaradas.
A pesar de su corta vida la obra del doctor Shariati es ingente. "Autoedificación
revolucionaria", "Abuzar", "Peregrinación", "Shiísmo"', "Shiísmo alaví y shiísmo
safaví", "Historia de la civilización", "Kavir", "Islamología", "¿Qué se debe hacer?",
"La mujer", "Visión del mundo e ideología", "Ali", "Reconocimiento de la identidad
persa-islámica", "El método del conocimiento del Islam", "Fátima es Fátima"...
Attar 1145-1221
'Attar de Neyshabur, poeta y uno de los grandes místicos que ha visto nacer Persia.
Nació en Neyshabur en 1145. Su seudónimo de 'Attar (vendedor de perfumes y
farmacopea) le viene porque su padre se dedicaba a ese oficio y el poeta siguió en su
juventud los pasos de su padre. Mas a este joven, que estaba destinado para tareas más
importantes, le sobrevino una revolución interna y de su pluma comenzó a manar todos
sus pensamientos e inquietudes místicas en forma de versos.
Sobre cómo decidió entrar en la senda mística, varias son las versiones que se han
contado, todas ellas muy probablemente apócrifas. Una de ellas, muy conocida y
contada por el poeta Ŷâmí, dice que en cierta ocasión 'Attar estaba afanado en su
farmacia atendiendo a sus clientes. Un derviche entró pidiendo limosna insistentemente
y él no le dio nada.
"Eh señor, ¿cómo morirás? " le preguntó el derviche.
"Igual que tú. " respondió 'Attar.
"¿Puedes morir igual que yo? "Y, tras decir esto, se recostó en el suelo, puso su cuenco
de limosnas bajo la cabeza y expiró musitando el nombre de Dios. 'Attar quedó tan
impresionado que lo abandonó todo.
'Attar se puso a viajar para así visitar a los sheij o pir de su época. Viajó desde la Meca
hasta Transoxiana, y durante su periplo conoció a numerosos sabios en "erfân" o mística
islámica. 'Attar nunca fue panegirista de nadie, al contrario de muchos poetas célebres.
A este respecto él mismo decía:
Por siempre el saber será lo único loado en mis versos
Y en el centro de mi alma lo único importante será esto
Murió en 1221, según se cuenta, asesinado por los mongoles. Su mausoleo puede hoy
admirarse en la ciudad de Neyshabur, muy cerca de la tumba de Omar Jayyam.
Tumba de ‘Attar en Neyshabur.
'Attar escribió numerosas obras entre las que cabe destacar: "Tazkarat al-Ulia"
(Biografía de los santos) una obra escrita en una prosa sencilla y muy extensa donde
cuenta la vida de muchos santos del Islam; "Manteq al-Teyr" (El lenguaje de los
pájaros) una de las obras cumbres de la literatura mística y sufí a nivel mundial, escrita
en verso y en donde el autor expone en forma de fábula alegórica los niveles que tiene
que atravesar el místico hasta llegar al conocimiento de sí mismo; "Asrar Nameh" (El
libro de los secretos); "Mosibat Nameh" (El libro de la calamidad); "Elohi Nameh" (El
libro divino)...
Casi toda la obra de 'Attar está escrita en verso. El místico de Neyshabur expresa con
pasión y ardor los más elevados conceptos místicos, escogiendo para ello palabras y
términos sencillos y exentos de todo aparato superfluo ya que para él es más importante
el contenido que la forma.
Todos los poetas y escritores persas se refieren a Attar como un grande entre los
grandes. Moulavi decía los siguiente sobre él y Sanai Gaznavi: 'Attar era espíritu y
Sanai sus dos ojos // nosotros vamos a la zaga de Attar y Sanai'. O este otro verso con el
que unas cuantas palabras en forma de alegoría nos dice claramente lo que pensaba de
'Attar un gigante como Moulavi: 'Attar deambuló por la siete ciudades del Amor // y
nosotros aun estamos en el rincón de un callejón.
Ali Akbar Dehjoda
El insigne lexicógrafo y escritor Ali Akbar Dehjoda nació en Teherán alrededor del año
1878. Su padre era un terrateniente de Qazvin que se afincó en la capital. Cuando
Dehjoda no tenía más que 10 años de edad su padre murió, y su madre y una persona
llamada Mirza Yusef Jan se hicieron cargo del niño. Pero dos años después su tutor
también muere y los bienes del padre de Dehjoda pasan a ser heredados por los hijos de
Mirza Yusef Jan. Entonces, uno de los antiguos amigos de la familia de su padre y
reputado sabio de la época, Sheij Gholam Huseyn Borujerdi, se hace cargo de la
educación y de la enseñanza de Dehjoda, a quien se le cede una habitáculo para vivir en
la madrasa o seminario de Sheij Hadi, en Teherán. Allí aprendió, entre otras disciplinas,
la lengua árabe y teología. Dehjoda siempre decía que todo lo que sabía se lo debía a
aquel hombre sabio. Cuando se abrió en Teherán la Escuela de Estudios Políticos,
Dehjoda pasó a ser uno de sus primeros alumnos y allí se familiarizó además con las
nuevas ciencias y con el francés. Siendo todavía alumno, sus conocimientos de literatura
persa eran ya tan extensos que el profesor de esta materia le encargaba las clases en su
ausencia. Por otro lado, al estar la casa de Dehjoda junto a la del ayatolá Sheij Hadi
Najm Abadi, sacaba partido a esta vecindad del que aprendía como si de un mayor se
tratase, a pesar de su juventud. Por esta época empezó a aprender francés. Tras terminar
de estudiar en aquella academia llegó a ser funcionario del Ministerio de Asuntos
Exteriores. En 1902, cuando contaba con 24 años de edad, el recién nombrado
embajador de Persia en los Balcanes se llevó consigo a Dehjoda. Allí permaneció dos
años y medio, residiendo en Viena, donde perfeccionó su francés y adquirió nuevos
conocimientos.
Su regreso a Persia coincidió con las primeras insurrecciones que desembocarían poco
después en la denominada Revolución Constitucional. Dehjoda no tardó en ver que el
nuevo movimiento constitucionalista encajaba con sus ideas progresistas y liberales y
veía en él el único camino de progreso para su país. Una vez hubo regresado a Persia, le
dieron un empleo como traductor de francés de un ingeniero belga. Los que conocían a
Dehjoda no tardaron en percatarse de su talento escribiendo, algo que se evidenciaba en
las cartas administrativas que redactaba. En 1907, con la colaboración de otros
intelectuales de la época, edita el periódico Sur-e-Esrafil, que llegó a ser una de las
publicaciones periódicas más importantes de la época constitucional. Con la
incorporación de Dehjoda a esta publicación comenzaba su militancia política.
Sur-e-Esrafil era una publicación semanal y empezó a publicarse 9 meses después de
proclamarse la Constitución. Sur-e-Esrafil constituía el arma intelectual más afilada que
esgrimían los constitucionalistas, con una tirada de 24.000 ejemplares semanales, nada
despreciable para la época. La parte más popular de aquella publicación era la sección
de humor, Charand-o-Parand, que escribía el mismo Dehjoda con el seudónimo de
Dejó, cuyo estilo no tenía precedentes, tanto en el estilo periodístico como literario, y
por ello ha pasado a la historia de la literatura persa. Su estilo cómico y desenfadado
hizo que fuera el primer periódico iraní de masas pues lo leía todo el que sabía leer. El
pueblo, además de pasar un buen rato leyendo en un lenguaje además de cómico
accesible, se enteraba de primera mano de la problemática que estaba viviendo su país
en aquellos días tan turbulentos. En la sección de Charand-o-Parand, Dehjoda criticaba
y censuraba la política más candente caricaturizándola en sus artículos, a la vez que
exaltaba los principios de la Constitución. No en vano, la publicación fue clausurada en
cinco ocasiones, sus oficinas fueron saqueadas una vez, y, tres días después de su cierre
definitivo fue cuando fue cañoneado el edificio del Parlamento por el sha.
Tras este grave acontecimiento, muchos liberales y constitucionalistas, entre los que
además de Dehjoda se encontraban Vaez Isfahani, Taqizadeh y otras personalidades del
momento, salieron del edificio, y, tras ocultarse en una casa que se hallaba cerca, se
dirigieron a la embajada de Gran Bretaña para pedir refugio político, donde
permanecieron casi un mes, hasta que Mohammad Ali Shah les sacó con argucias y los
envió al exilio. Dehjoda se fue a Estambul, donde al poco se marchó a Francia. En
París, uno de sus amigos más allegados era el gran crítico y ensayista Mohammad
Qazvini. Después de su estancia en Francia, marchó a Suiza y allí publicó otros tres
números de Sur-e-Esrafil con ayuda del literato Abul Hasan Jan Pirnia, números que
envió a Persia con muchas dificultades. Después de Suiza se marchó a Estambul en
1910 y allí, en colaboración con otros intelectuales y con la ayuda económica de los
iraníes residentes fundó el periódico en lengua persa "Sorush", que tuvo una vida de 15
números. Después de que los combatientes por la Constitución se apoderasen de
Teherán y fuese depuesto Mohammad Ali Shah, Dehjoda fue elegido diputado del
Parlamento por Teherán y Kermán, por lo que regresó sin demora a Persia a petición de
los altos cargos del nuevo gobierno.
Entre los años 1914 y 1918 Dehjoda permaneció oculto en una aldea de Chahar Mahal
va Bajtiari, y tras terminar la I Guerra Mundial regresó de nuevo a la capital. Sin
embargo, abandonó sus actividades políticas y empezó a dedicarse más al estudio de la
literatura. Ello no obvió que a la vuelta a Teherán se ocupase de varios cargos públicos
políticos, siendo el último de ellos la dirección de la Escuela de Estudios Políticos,
cargo del que fue depuesto cuando Reza Jan da su golpe de estado en 1921 y cae la
dinastía Qajar. A partir de entonces, dedicará el resto de su fecunda vida al estudio, a la
investigación y a la redacción de obras. Murió en 1936 y fue enterrado en Rei al sur de
Teherán.
Su diccionario
La obra más importante de este ilustre personaje fue, sin lugar a dudas, su diccionario
enciclopédico. De hecho, todo el mundo asocia en Irán su nombre a su diccionario,
ensombreciendo el resto de su personalidad y de su obra. Muchos son los que afirman
que el único iraní que ha hecho un servicio similar a la lengua persa ha sido el poeta
épico Ferdousi (Siglo X-XI). Este diccionario se ha convertido en la Autoridad por
antonomasia en la lengua persa y es usado como referente y como una especie de
DRAE en la lengua castellana. En el diccionario, además de las palabras vienen
registrados todas las toponimias de Irán y los nombres de las principales personalidades
del mundo y de Irán. En la entrada de cada palabra viene primero el significado, su uso
pragmático, su pronunciación y numerosos ejemplos en verso y prosa tomados de la
literatura. Dehjoda invirtió 50 años de su vida en redactarlo y según él decía, ni un sólo
día dejó de escribir las fichas del diccionario, a excepción de cuatro días, dos de ellos
por la muerte de su madre y los otros dos porque se encontraba enfermo. En 1935
Dehjoda regaló al Parlamento los millones de fichas que había escrito del diccionario.
Éste aprobó una ley para imprimir aquel valiosísimo legado además de fundar una
institución a la que se le puso su nombre, que gestionaría aquella ingente labor y
continuaría la obra de Dehjoda, institución que todavía existe. Dehjoda pudo completar
durante su vida 4.200 páginas. Ahora el diccionario tiene unas 26.000, que se han
editado en 50 volúmenes. El Instituto Dehjoda, además de la labor de ir añadiendo y
enmendando continuamente el diccionario y de tener el monopolio de su impresión y
edición, ha pasado en fecha reciente toda la obra a un solo CD, pasando de esta forma
esta extensa obra a la Era de la Informática. Este instituto también imparte cursos de
lengua persa a extranjeros.
Las 26.000 páginas del Diccionario de Dehkhoda han sido vertidas a un sólo CD.
Su otra obra
Debido al carácter monumental de su diccionario, el resto de su obra ha quedado en un
discreto segundo plano. Después de su diccionario, su obra más importante es "Amsalo-hekam", que es una recopilación en cuatro volúmenes de todos los dichos, máximas y
refranes existentes en la lengua persa, que pudo recopilar. En ella podemos también
encontrar hadices (tradiciones orales del Profeta), aleyas coránicas y numerosos poemas
que se usan en persa a modo de refrán.
Por otra parte, Dehjoda también tradujo del francés al persa algunas obras, pero
ninguna de ellas ha sido todavía publicada. Tradujo “Grandeza y decadencia de Roma' y
"El espíritu de la Ley", ambas de Montesquieu.
Dehjoda también escribió un diccionario francés-persa, pero tampoco ha sido editado.
También escribió otras obras menores como una biografía de Abu Reihan Biruni y una
edición anotada del Diván de Naser Josrov.
Ferdousi 932-1025
He consolidado con versos un alto palacio
Que no será derribado por lluvias ni tormentas
Mucho me he esforzado en estos treinta años
Pues he revivido el persa con la lengua persa
No moriré pues desde ahora viviré por siempre
Pues he diseminado, de la palabra la simiente
Con este sencillo verso expresa Abul Qasem Ferdousi el esfuerzo que le supuso escribir
su gran obra, el Shahnameh (El Libro de los Reyes), mediante la cual revivió la lengua
persa literaria del país.
Abul Qasem Ferdousi nació entre los años 932 y 941 en Tus, cerca de la actual
Mashad, en el Jorasán. Ferdousi, cuyo nombre es un seudónimo de la palabra
persa"ferdous" (paraíso), era de origen noble pues pertenecía a una familia de
terratenientes (dehqân) cuyas tierras le aportaba buenos ingresos. De la vida de este
poeta es poca cosa lo que se sabe. No obstante, sabemos que casi toda su vida
permaneció en su provincia de origen, Jorasán, que en entonces se llamaba Jorasân-eBozorg' (el Gran Jorasán) y abarcaba todo lo que es hoy la actual provincia oriental de
Irán, Jorasán y que llegaba en su extremo norte a Samarcanda y Bujara (Uzbekistán
actual), parte de Tayikistán y la parte oeste de Afganistán. Así pues, se movió en el
interior de su extensa provincia viajando entre Balj, Ghazni y los territorios situados al
norte del río Oxus.
n la Persia del siglo X, los persas, a pesar de haberse convertido mayoritariamente al
Islam, no habían perdido ni su lengua, ni sus costumbres ancestrales llegando a ser pues,
un caso de excepción particular por cuanto se islamizaron, pero no se arabizaron. Entre
las diferentes capas de la población de aquel entonces la de los "dehqans" era la que más
guardaba las antiguas tradiciones orales. Éstos conservaban los antiguos mitos y
leyendas persas que se había transmitido mediante la literatura de origen real donde se
narraba las historias, hazañas y leyendas de los reyes del pasado. Estos mitos y leyendas
también habían llegado a la posteridad del siglo X de generación en generación, siendo
los "dehqans" unas de las capas de la población que más fiel recuerdo guardaba de ellos.
Ferdousi supo aprovechar esta circunstancia, y saber hacer uso del trabajo de otros
poetas que una generación antes que la suya empezaron a escribir obras épicas que, o se
perdieron o no fueron finalizadas, como es el caso del poeta zoroastriano Daqiqi. De
alguna manera Ferdousi tomaba el relevo de Daqiqi, bardo de la corte samaní, que fue
asesinado por un esclavo turco poco después de empezar su obra épica de la cual
escribió unos 1000 versos, que Ferdousi incorporó en su Shahnameh.
Al desconocerse su vida, muchas son las hipótesis surgidas para justificar el inicio de un
trabajo tan laborioso como poner en verso los antiguos mitos del pasado. Se ha llegado
a decir que lo hizo para conseguir una dote para su única hija cuando la obra fuese
presentada a los reyes samaníes, algo incongruente si tenemos en cuenta que Ferdousi
era terrateniente y no necesitaba de ese dinero, además de los años que iba a tardar en
componerla. Sea como fuere, el trabajo en el que se vio imbuido era de tal magnitud que
descuidó sus quehaceres como terrateniente y finalmente se vio obligado a vender
muchas de sus tierras.
Ferdousi tuvo muy mala suerte. Cuando el Shahnameh, estuvo terminado allá por el
año 1010, la dinastía Samaní había sido derrocada por la Gaznaví, una dinastía ésta que
nada tenía que ver ni en origen ni en lengua con la anterior. En efecto, la samaní era una
dinastía de raigambre persa, orgullosa de su pasado sasánida, de su lengua y cultura
persas, en definitiva, de su "iranidad", defensora de lo persa y mecenas de una pléyade
de sabios y poetas que devolvieron a Persia sus antiguas dotes literarias y su puesto en
la escena de la historia; Ferdousi comenzó su larga obra en este propicio ambiente. Mas
los Gaznavíes eran todo lo contrario; turcos de Asia Central, de habla y cultura turca, y,
cuando Ferdousi apareció en la corte del gran sultán Mahmud de Ghazni, no fue bien
recibido. En efecto, el Shahnameh es una épica persa, y como tal se alaba a los reyes
persas del pasado, y, su héroe persa Rostam (algo parecido a lo que puede ser el Cid
Campeador) es ejemplo de caballerosidad, heroicidad y valor. Se cuenta que el sultán
Mahmud de Ghazni, ofendido por el carácter épico de la obra en la que él no se podía
ver reflejado debido a su humilde origen y distinta procedencia, en la que para más
colmo, los turanios (turcos de Asia Central) quedaban en mal lugar en la obra, le
comentó a Ferdousi que "como Rostam, tengo mil en mi ejército".
Sea de ello como fuere, las fuentes, que son muchas y contradictorias, también relatan
que el sultán le prometió a Ferdousi un dinar (moneda de oro) por cada verso, que, al ser
60.000 quedaría retribuido con creces aquella labor de 30 años. Mas cuando llegó la
hora de pagar, el sultán gaznaví le dio un dirham (moneda de plata) por cada verso, y,
ofendido, salió del palacio y se cuenta que en un acto de desprecio por parte del poeta
de Tus, dio todo el dinero a un vendedor ambulante. Ferdousi no se conformó con ello y
le dedicó al sultán unos versos burlescos en los que se hacía alusión a su origen humilde
(era descendiente de un cocinero de la corte samaní), he aquí una muestra:
Chon andar tabarash bozorgi nabud
nayarast name bozorgan shonud
(Como no había grandeza en su linaje
No soportó oír el nombre de los grandes)
Otra historia, que hace referencia a la diferencia confesional entre Ferdousi y el sultán
Mahmud, relata que Ferdousi era apoyado por el ministro de Mahmud, Ahmad ibn
Hassan Meymandi. Los enemigos de Meymandi propagaron rumores en los que se
“acusaba” a Ferdousi de ser shií, algo que era cierto. Mahmud, musulmán sunní,
corrobora la acusación hecha por los enemigos de su ministro que añaden también que
un "herético shií" no debe cobrar más de 20.000 dirhams. El relato sigue contando que
Ferdousi le dio el dinero a un vendedor ambulante que vendía cerveza en la puerta de un
baño público (hammam).
Se cuenta que Ferdousi, temeroso de la reacción del sultán al enterarse de los versos
satíricos, emprendió la huida y se dirigió a Herat, para partir unos meses después hacia
Tus y de allí a Mazandarán. En ésta última provincia fue donde encontró a un mecenas
para su obra en el rey local de la región, Shariyar, alguien idóneo pues era persa y de
abolengo persa. Aunque este rey, cuando leyó las sátiras que el poeta de Tus le había
dedicado a Mahmud, temeroso de ser atacado y borrado del mapa como hizo con los
Samaníes, le instó a Ferdousi que suprimiera aquellos versos.
En fin, hay otra historia que cuenta que el sultán Mahmud, arrepentido por su
comportamiento con Ferdousi, ordenó que se le pagase la suma prometida al poeta, pero
cuando los agentes del rey llegaron a Tus estaban sacándolo de su casa en un ataúd para
ser enterrado; ya era demasiado tarde.
Se desconoce la fecha exacta en la que murió Ferdousi, aunque se calcula que fue entre
los años 1020 y 1025.
El Libro de los Reyes o Shahnâmeh
Como ya hemos mencionado, el Shahnâmeh es la epopeya nacional de Persia y una de
las obras clásicas de la literatura mundial. El Libro de los Reyes nos narra el pasado
glorioso del Irán antiguo haciendo especial hincapié en la historia de los Sasánidas y
perdiéndose en el pasado llegando a confundirse los reyes legendarios con los
Aqueménidas
Para escribirla, Ferdousi se basó en numerosas fuentes como son por ejemplo los
Jodainâmeh ("Libros de los señores", que los árabes denominaban "Seyr al-muluk") y
las tradiciones y mitos orales. En este sentido, Ferdousi no fue original a la hora de
ocurrírsele aquella idea ya que otros antes que él ya la habían empezado. Así, por
ejemplo, Abu Mansur Abdul Razzâq, gobernador de Tus, escribió a principios del siglo
X una épica en prosa que aunque no se ha conservado, sí existía en la época de
Ferdousi, el cual se sabe que hizo uso de ella. Por otra parte, está el malogrado Daqiqi
que murió cuando ya había escrito unos 1000 versos de su épica, versos que Ferdousi
incluyó en su obra citando su procedencia.
Manuscrito iluminado del Shâhnâmeh, del siglo XVI. Museo Reza Abbasi
Se notaba pues, ya en una época tan temprana como principios del siglo X, que había un
ambiente cultural propicio para la redacción y compilación de una epopeya irania, que
hasta entonces habían sido de alguna manera proscritas por los árabes que las
consideraban poco menos que opuestas al Islam.
Una de las características en la que destaca el Shahnameh es su estilo. La lengua usada
es persa casi puro, con muy pocos préstamos del árabe. Algo que se puede decir, por un
lado, que el poeta persa hizo a propósito, pero, por otra parte también se puede afirmar
que aquel era el estilo usado en el período samaní, como lo demuestran la multitud de
textos y obras conservadas de la época que podemos leer en un persa genuino poco
mezclado con el árabe aún.
Otra particularidad es su extensión. En efecto, el Shâhnâmeh, con sus 60.000 versos, es
la segunda epopeya más larga de la Humanidad después del Mahabharata de la India.
Después del Shahnameh, muchos fueron los que en los siglos siguientes quisieron
emular al poeta de Tus. Surgió en la literatura persa una literatura épica, más bien
"ferdousiana" por cuanto todos intentaban versificar al estilo de Ferdousi, pero ninguno
llegó no sólo a superar el estilo del Shâhnâmeh sino que ni siquiera lo pudo igualar,
aunque en estos intentos sí que surgieron poetas épicos de calidad.
Además de la lengua persa genuina usada, otro de los factores que diferencian la épica
de Ferdousi es la originalidad de su epopeya. Todas las historias del Shâhnâmeh son
historias genuinas tomadas de la historia del Irán antiguo, no hay hazañas ni historias
prestadas de otras epopeyas de pueblos vecinos como pueda verse en otros casos.
El Shâhnâmeh sigue teniendo lectores entre los persas después de mil años, que se
siguen enorgulleciendo de su épica. El libro además se sigue recitando como una
cantinela en los "zurjâneh" o (casas de la fuerza) "especies de gimnasios tradicionales"
al son de un tambor mientras los asistentes hacen gimnasia con movimientos
acompasados. Los persas ven esta obra el símbolo de su identidad nacional y muchos
son los intelectuales que consideran el Libro de los Reyes, la epopeya más valiosa e
importante escrita en la historia de la Humanidad, y un monumento eterno al saber y a
la capacidad creativa del ser humano.
Tumba cenotafio de Ferdousi junto a las ruinas de Tus, cerca de Mashad. Fot. de www.mpifr-bonn.com
Hafez 1325-1389
Jâŷeh Shams al-Din Mohammad Baha al-Din, más conocido simplemente como Hafez,
nació en Shiraz en 1325. De su vida no es mucho lo que se sabe, y lo poco que se ha
llegado a conocer ha sido a través de las alusiones a la misma en su única obra y a algún
que otro relato más o menos cercano a su época. De joven aprendió con afamados
maestros como Qovam al-Din Abdullah los conocimientos de su época. Hafez era muy
devoto y sabía el Corán de memoria, de ahí el sobrenombre de Hafez (memorizador).
Fue panegirista del rey Abu Eshaq Inŷu (de la dinastía Inŷu) y de Shah Shoŷa' (de la
dinastía de los Mozaffaríes).
Hafez, al contrario que célebre predecesor Sa'dí, no viajó nunca debido al parecer al
miedo que le tenía a los mares y caminos. De tal guisa que fue invitado una vez por el
sultán Ahmad Jaŷeh de Bagdad para que le visitase en su corte y él se negó a ir, a pesar
de lo cerca que se encuentra Bagdad de Shiraz. En otra ocasión, otro rey de la India le
invitó a su corte. El poeta de Shiraz emprendió el viaje, pero cuando llegó y vio las
aguas embravecidas del golfo Pérsico volvió sobre sus pasos.
Hafez murió en 1389 en Shiraz, donde se encuentra su tumba, que es lugar más que de
visita, de peregrinación.
Tumba de Hafez en Shiraz. Fot. de http://mikulastik.net/ir/
El poeta de Shiraz solamente tiene una obra, el conocido como"Divân-e-Hâfez" (Diván
de Hafez). Sin embargo, es considerado por muchos el mayor genio poético que ha visto
nacer Persia y su rango literario es como el que pueda tener Homero, Shakespeare,
Cervantes etc. Hafez llevó la poesía en lengua persa a su máxima cumbre, y, aunque
muchos son los que le han querido imitar, nadie lo ha conseguido ni siquiera con éxito
relativo y su poesía permanece ahí, como un reto insuperable que desafía el gran talento
poético de los persas. La temática de su Diván es principalmente mística. En sus
poemas sufíes la belleza del Amado se esconde tras la descripción de la hermosura
femenina, el vino representa el éxtasis del iniciado, la unión o separación de la amada
terrenal no es más que esa Unión o Separación del Amado, de Dios, y la taberna es el
templo donde se adora a Dios. No obstante, no faltan quienes piensan que las
expresiones de Hafez no son para nada alegóricas, que cuando habla de las mujeres se
refiere a las mujeres de carne y hueso, que el vino, tema tan tabú entre los musulmanes,
es vino de uva de verdad, y que la taberna es esa misma en la que se sirve vino y que
nada tiene que ver con la mezquita o cualquier templo religioso. Estas opiniones tan
dispares son debidas a la naturaleza y carácter de muchos de los poemas de Hafez. En
muchos de sus versos, se ve claramente cómo Hafez se refiere sin lugar a dudas a una
amada de carne y hueso, o bien al vino tinto etc., mas en el verso siguiente del mismo
poema, cambia de súbito y esa misma amada es ahora el Amado con mayúsculas, y ese
vino se convierte, milagrosamente, en el símbolo del éxtasis místico. Hafez usaba de
estas artes para criticar también en este mismo Diván a los políticos de la época,
cubriendo sus palabras con el disfraz de la ambigüedad, teniendo de esta manera a veces
su poesía un carácter social y comprometido. Así, se puede decir que Hafez ha
entretejido sus versos de tal manera que todos sus poemas pueden tener el significado
que a cada cual le guste, cada una de sus composiciones es como un cubo con varias
caras, es como una cábala que tiene su interpretación esotérica y exotérica. En palabras
de Jorramshahi, «la poesía de Hafez no es sólo una amalgama de rimas y metros sino
una compleja arquitectura de pensamientos». La perfección de sus poemas llega ser de
índole matemático y las palabras están tan bien dispuestas y escogidas que no se puede
cambiar de lugar y/o suprimir sin que afecte el significado global del poema.
Hafez en otras ocasiones se muestra sin ambages criticando abiertamente a aquellos
que envidian su talento poético y a aquellos derviches o sufíes que no eran más que
parásitos de la sociedad y que enmascaraban de ascetismo su mendicidad. Esta
elasticidad de interpretación de sus versos ha hecho que su Diván guste a todo el
mundo, religiosos y no religiosos, porque cada uno ve lo que quiere ver. Su Diván, que
no falta, junto al Corán, en casa de ningún iraní, es también usado para hacer
bibliomancia, como se hacía con la Eneida y con la Biblia, y acierta casi siempre debido
precisamente esa libre interpretación. Los persas, abren el Diván al azar mientras
susurran entre labios una cancioncilla que dice:
Ey hâfez-e-shirâzi
Oh Hafez de Shiraz
bar man nazar andâzi
échame una mirada
man tâleb-e-yek râzam
to kâshef-e-har fâli
estoy buscando un secreto
y tú lo adivinas todo
qasam be shâje-ye-nabâtat
por tu dulce lengua
qasam be qorâni ke dar sine dâri
por el Corán que has memorizado
in fâl-e-marâ bogshâi
adivíname este mi augurio
Esta costumbre está muy arraigada entre los persas y a lo largo del tiempo ha surgido en
Irán varias modalidades de hacer bibliomancia con los versos de Hafez. Una de las más
curiosas es aquella en la que se usa un canario adiestrado que con su pico saca un
poema de Hafez al azar, práctica usada por muchos mendigos.
Haremos mención a continuación de las características de la poesía, que son la mejor
muestra para conocer su talento poético y su personalidad. Hafez no era humilde y era
consciente de su genialidad:
Nadie como Hafez desveló el rostro del pensamiento
ni los cabellos de la palabra con la pluma peinar
o este otro verso donde deja ver que era envidiado por algunos de sus contemporáneos:
Poeta de fútiles versos,
¿por qué envidias a Hafez?
que es un don de Dios la buena versificación
que seducen los pensamientos
En su poesía también se puede ver a un Hafez enemigo de la hipocresía y del
fariseísmo. Detestaba el puritanismo, o mejor dicho, a aquellos que se las daban de
puritanos sin serlo, él prefería a aquellos que pecaban en público a quienes lo hacían en
privado:
Mantenme apartado de los hipócritas
que de los tesoros del mundo, una gran copa, me basta
El cielo y el paraíso es recompensa de las buenas obras
a mí, pobre e indiferente, un templo mazdeo, me basta
o este otro poema:
Por idolatrar al vino he perdido la reputación
si bien es mejor que tener al ego idolatrado
Con premura nos iremos de esta congregación a la taberna
que desoír un sermón fariseo es de cumplimiento obligado
¡Hafez! No beses sino los labios de la copa y el copero
que besar las manos de los que venden virtud es un grave pecado
aunque beber vino tinto con capa de asceta no está bien
no me recrimines, que es mi forma del fariseísmo rehuir
Colócame una copa en la mano para así
quitarme de encima la estameña de color morado
y aunque gano mala reputación según los sensatos
yo no quiero ni la fama ni el ser bien nombrado
Dame vino, ¿hasta cuando ser jactancioso?
mil desprecios sean para el ego fracasado
Hafez pensaba que hay muchos caminos para llegar a Dios, rasgo común que caracteriza
el pensamiento místico. Dios se encontraba en todas partes y lo mismo podía verlo en
una taberna, en un pireo o en una mezquita, o en los tres a la vez:
Sobrios y borrachos, todos buscan el amor
todas son sus moradas, mezquitas y templos zoroastrianos
o este otro:
No mires la asamblea sufí, no mires la taberna te digo
que Dios es testigo que allá donde Él esté yo le sigo
o este otro:
La luz divina veo en la taberna de los mazdeos
fíjate qué extraño, la luz que veo y dónde la veo
No me vendas devoción tú que a La Meca peregrinas
que tú ves la Morada y yo veo la Morada Divina
Para Hafez Dios es más misericordioso que justiciero, esta es una idea predominante
entre los sufíes y los místicos que cuando se refieren a Dios lo nombran como el
Bienamado (Ŷânân), el Amigo (Dûst). Hafez confía en que a Dios le sobrará
misericordia como para perdonarle los pecados que ha cometido en esta vida repleta de
tentaciones, espera de Dios que actúe según su grandeza y su clemencia:
En la taberna una voz dijo desde el rincón
bebe vino, que los pecados obtienen perdón
Que la bondad divina actúe en consecuencia
que Sorush nos envíe sus mensajes de Clemencia
La Misericordia de Dios es mayor que nuestros pecados
silencio, ¿qué sabes tú lo que se halla al otro lado?
o este:
No temo del Día del Juicio por tener un negro historial
que cien historiales Él me perdona con su desbordante piedad
También hay en algunos poemas de Hafez similitudes con la poesía de Omar Jayyam,
aunque de ninguna manera es un elemento predominante:
Levántate y en una copa de oro vino estimulante vierte
antes que nuestros cráneos sean receptáculos de muerte
Esparce tus gritos de júbilo a este cielo abovedado
que es nuestra última parada el Valle de los Callados
o este otro verso:
busca menos los arcanos, háblame del trovador y del vino
que no hubo quien mediante la filosofía los misterios desvelara
El poeta de Shiraz compuso las más bellas alegorías místicas en lengua persa, en los
versos que compuso de esta guisa podemos ver multitud de alusiones a la estameña o
manto sufí (jerqeh), al anciano o guía zoroastriano (pir-e-moghân) a la taberna que él
llama jarâbât o meykadê, a la asamblea sufí o Jâneqâh, etcétera. Sin embargo, su
misticismo es muy particular y no se asemeja al de ningún poeta o pensador persa
anterior a él. En efecto, muchos después de él copiaron sus imágenes y alegorías, pero
ningún autor antes de él compuso versos donde el sufí despreciase de alguna manera los
propios valores sufíes y cambiase su manto por una copa de vino con el que recuperaba
la cordura:
Anoche a la taberna fue el asceta solitario
blandió una copa y dejó a un lado su rosario
El sufí de la orden, ayer rompedor de copas
con un trago de vino es de nuevo cuerdo y sabio
o este:
¡Hafez!, si el día de tu muerte agarras una copa
de la taberna irás directo al cielo cogido de la mano
o esta:
¡Eh sufí!, ven que las copas son de cristal transparente
para que así puedas ver la nitidez del vino ardiente
Pregúntale los misterios del más allá a los ebrios
que a ellos no acceden el asceta penitente
Hafez es devoto de una copa de vino, ¡oh brisa nocturna!,
díselo al insulso sheij, que del vino soy sirviente
o este otro:
No soy yo un asceta, amigo de arrepentimientos y sermones
dirígete a mi con una copa de vino de dulce amargor
¡Hafez!, adorar al vino es una obra pía
levántate y sé del vino adorador
O estos otros versos donde vemos que cambia su manto por el vino:
Los sufíes pudieron recuperar
las prendas que por el vino empeñaron
pero mi capa en la taberna confiscaron
y no la pude desempeñar
Una estameña mil pecados me cubría
que por mor del vino y del coplista
tuve que empeñar como garantía
dejando mi zonnâr a la vista
“Zonnar” era una prenda que llevaron cristianos, judíos y zoroastrianos para ser
distinguidos de los musulmanes. Eran llevadas en períodos de intolerancia por parte del
gobernador de turno. Nótese la sutileza de Hafez en este verso y todo el significado que
éste encierra.
Hafez se quiere ver libre y no vive a la espera de una recompensa divina:
El cielo y el paraíso es recompensa de las buenas obras
a mí, pobre e indiferente, un templo mazdeo, me basta
La amada está conmigo, ¿qué más quiero?
la riqueza de la compañía de ese alma gemela, me basta
Por tu Munificencia, oh Dios, no me mandes al paraíso
que de todo el universo, tan sólo tus arrabales, me bastan
Para terminar, exponemos uno de los poemas más místicamente platónicos de Hafez y
que puede servir como muestra para ilustrar las ideas del poeta de Shiraz.
Es mi cuerpo polvoriento
un velo para la faz de mi alma
dichoso sea el momento
y el día en que ese velo caiga
No es esta jaula donde se merece vivir
para alguien con este mi canto
que al Rezván quiero partir
que ave soy de esos campos
De mi partida y mi venida
el porqué yo no adivino
qué dolor qué pena la mía
qué ignorante soy de mi destino
Cómo podré dar vueltas
alrededor del Mundo de la Santidad
si mi alma se halla envuelta
en este cuerpo material
No te debes de extrañar
si la sangre de mi corazón
desprende olor de pasión
pues se apiada de las gacelas de Jotán
No te fijes en mi ropa
no te fijes en sus brocados
que dentro ardo como la estopa
y el interior de mi pecho se ha quemado
Ven y haz desaparecer ante mi
la existencia de Hafez
que mientras Tú estés
que «yo soy yo» nadie escuchará de mi
El maravilloso poeta Hafez es capaz después de 600 años de embriagar a cualquiera con
el vino de su palabra. Ha embrujado a lo largo de todos estos siglos, primero a las
generaciones de los persas que lo han leído y aprendido sus versos de memoria, y luego
a los extranjeros que aprendieron la lengua persa. Si Irán sólo tuviese un poeta y éste
fuese Hafez, sólo por él valdría la pena y el esfuerzo de aprender persa.
Joaquín Rodríguez Vargas
Ibn Moqaffa' 721-757
Abu Mohammad Abdullah ibn Moqaffa', nombre musulmán de Ruzbeh, un zoroastriano
convertido al Islam cuyo padre ya trabajaba en la Administración omeya. No se conoce
mucho de su vida. Se sabe que estuvo un tiempo al servicio de Davud b. Yusuf,
gobernador omeya de Iraq, y cuando fue derrocada esta dinastía, pasó a ser funcionario
de administración abbasí al servicio de Isa b. Ali, y luego de Ismail b. Ali. Murió
ejecutado acusado de zandiq (apóstata, hereje).
Ibn Moqaffa' es muy conocido en la literatura árabe y persa por haber sido el primer
traductor del pahlavi (persa medio o sasánida) al árabe. Tradujo muchas obras de las
que sólo nos ha llegado el título, como por ejemplo el "Calila y Dimna", que tradujo
Borzuyeh del sánscrito al pahlavi en el siglo VI. Esta obra se propagó por Europa siglos
más tarde y la primera versión al castellano se redactó en el siglo XIII bajo los auspicios
del entonces infante, Alfonso X el Sabio; "Jodai Nameh" libro de los reyes o señores,
que tradujo al árabe como "Seir al-muluk"; escribió "Al-adab al-kabir"; "Al-Adab alSaqir", donde Ibn Muqaffa' da una nueva dimensión a la palabra árabe "adab"
(literatura, maneras, costumbres, ética) más ampliada; "Mazdak Nameh" (Libro de
Mazdak).
Se le atribuyen también la traducción del pahlavi al árabe del "Organon" de Aristóteles.
Además de traductor fue el creador de una nueva prosa literaria en lengua árabe, algo
con mucho mérito si tenemos en cuenta que no era el árabe su lengua materna
Ŷalal Al Ahmad
Ŷalal Al Ahmad, uno de los grandes escritores y pensadores iraníes del siglo XX, nació
el 22 de noviembre de 1923 en Teherán, en el seno de una familia tradicional y
religiosa. Después de terminar sus estudios de literatura persa trabaja como profesor de
bachillerato de literatura. En 1944 ingresa en las filas del Tudeh, el partido comunista de
Irán, y tres años después se da de baja del mismo. A partir de entonces será detractor del
comunismo. Fue en este periodo del Tudeh cuando publica su primera novela "Did-obaz did" (Visión y revisión). Ŷalal Al Ahmad además de escribir novelas también
escribía artículos y monografías de temática social que tendrían gran repercusión
después en el mundo intelectual, sobre todo en los años 60 y 70. Como articulista
también destacó en temáticas como la etnología. También escribió libros de viajes como
"Jasi dar miqat" y "Karname-ye-seh saleh" (Informe de tres años). Además tradujo al
persa numerosas obras extranjeras. Quizás la faceta mejor conocida de Ŷalal Al Ahmad
sea su estilo al escribir. Su prosa, comprimida, permisiva y a la vez nerviosa y litigante
es una de sus facetas más conocidas por el público iraní. Ŷalal Al Ahmad murió el 8 de
septiembre de 1969.
Ŷalal Al Ahmad es uno de los escritores iraníes contemporáneos que, inspirado por
autores de la talla de Sadeq Hedayat y Sadeq Chubak, fue también artífice de la nueva
prosa persa del siglo XX utilizada por los novelistas. En palabras de Abdul Ali
Dastgheyb, llegó a tal nivel que su prosa es colocada a la altura de la de Sadeq Hedayat
y los escritos clásicos persas. No obstante, su estilo se encuentra justo en el polo
opuesto del de Hedayat, es decir, al contrario que este, que analiza el fuero interno de
los personajes y es una prosa intimista, la de Ŷalal Al Ahmad es un estilo al que se
puede calificar de extrovertido, que ya se puede divisar en otros autores
contemporáneos pero que en Ŷalal Al Ahmad podemos ver su culminación. Es por ello
que el papel del estilo de Ŷalal Al Ahmad en la novela iraní es el más palpable después
del de Sadeq Hedayat.
Ŷalal Al Ahmad acercó en todo lo posible su estilo al habla cotidiana hasta tal punto
que en muchos de sus relatos o ensayos, el lector parece que está escuchando a alguien
que le habla informal y coloquialmente. Entre sus novelas esto es más evidente en
"Modir-e-madreseh", (El director de escuela), para muchos, el mejor de sus relatos, en
el que el autor narra las experiencias del director de una escuela, y utiliza para su relato
palabras cotidianas y un lenguaje desenfadado carente de todo aparato literario
pomposo. Así pues, su prosa está cargada de palabras cotidianas, muchas veces
vulgares, refranes en boga, indirectas, en definitiva, posee todos los elementos del
lenguaje de la calle.
Entre los iraníes, Ŷalal Al Ahmad es una de las figuras más destacadas a partir de los
años sesenta en el panorama intelectual y cultural del país. Junto a su faceta como
literato subyacen, o mejor dicho, conviven otras que giran alrededor de su carácter
como ideólogo que trae a colación la problemática social y política del momento. Otro
pensador contemporáneo suyo, Reza Barahani, considera su prosa mejor aún que la de
Sadeq Hedayat e incluso va más allá pues afirma que es la mejor prosa persa del siglo
XX. Otros, como el profesor Nadushan, son de la opinión que Ŷalal Al Ahmad más que
escritor era un polemicista. Su esposa, Simin Daneshvar, también una de las grandes
escritoras del Irán actual, ha adjetivado su estilo al escribir como prosa telegráfica,
sensible, precisa, ruda, íntima, purificadora... El célebre crítico y novelista Mir Sadeqi
afirma que su forma de escribir era nerviosa, breve, recortada y a la vez elocuente. A
pesar de la disparidad de adjetivos utilizados a la hora de describir su prosa, sin
embargo, todos los críticos están de acuerdo en un punto y es que Ŷalal Al Ahmad tiene
un estilo propio al escribir, una impronta particular que lo distingue del resto, y su estilo
abierto y sin tapujos ha hecho que su fama haya aumentado aún más en la generación
actual de Irán.
En palabras de profesor Nadushan, durante los 25 años de sus andaduras literarias Ŷalal
Al Ahmad ha sido un escritor político y contestatario. Ideológicamente hablando, era
una persona inquieta e inestable. Pasa del materialismo y del comunismo más
exacerbado y critica duramente el Islam, para luego renegar del primero y refugiarse en
el segundo y proclamar que la religión de Mohammad es la única vía de liberación. Es
obvio que todos estos cambios de ideología se reflejaban en sus obras. "Si se exprimen
sus relatos sale el jugo de sus teorías políticas, sociales y religiosas." (Mir Sadeqi).
Todos los escritos de Ŷalal Al Ahmad, desde los artículos hasta las obras, sean largas o
cortas, tienen como objetivo poner en evidencia alguna tara social, criticar algún aspecto
de la sociedad o de la política imperantes en el país o en el mundo. Es este un factor que
le ha marcado pues Ŷalal Al Ahmad anteponía el contenido a la forma y en todas sus
obras y artículos él siempre conserva un mismo tono: el de la protesta y la denuncia.
Todas ellas crean en sus obras un ambiente cargado de ira y rebeldía que como no podía
ser de otra manera ha dejado su impronta en su estilo.
Como hemos dicho, todos los cambios de ideología son palpables en su obra. El lector
avispado pronto se percata a través de la lectura de éstas de que Ŷalal Al Ahmad está
buscando algo, de que no deja de experimentar y probar. Lo más evidente y palpable y
que se nota en una primera lectura es el uso de la primera persona, yo'. Es por ello que
en todas sus obras las ideas del autor son expresadas mediante el uso del yo, o del
narrador del relato y ello hace que los personajes no tengan rasgos y carácter
individuales y todos ellos reflejen su pensamiento, desde el analfabeto hasta el culto o el
intelectual, todos ellos tienen una misma visión de las cosas; la visión del propio autor.
El interior de estos personajes no se exterioriza nunca y esto hace de Ŷalal Al Ahmad
un escritor extrovertido que además no tiene ganas de hacer una descripción ni de los
sentimientos de sus personajes, ni de sus interioridades psíquicas. Así, por ejemplo, el
director de la escuela en "Modir-e-madreseh" "no tiene pasado personal, ni vida
familiar, ni aficiones, ni intereses, ni ilusiones." (Mir Sadeqi). Quizá sea debido al
objetivo de Ŷalal Al Ahmad, la crítica social, el motivo por el cual él no se puede
entretener en hacer descripciones de las psiquis de los héroes y villanos de sus relatos.
Sea de ello como fuere, la prosa y el estilo de Ŷalal Al Ahmad es un salto sin
precedentes cualitativo y cuantitativo en la prosa en lengua persa.
En fin, a pesar de que Ŷalal Al Ahmad ha bebido de las fuentes literarias del intimista e
introvertido Sadeq Hedayat, su estilo es completamente su polo opuesto. Ŷalal Al
Ahmad era de la opinión de que en una sociedad atrasada e inmadura se debe gritar con
más violencia, más rápido y sin tapujos.
Entre sus obras cabe destacar la aludida "Modir-e-madreseh", "Sar gozasht-e-kanduha"
(La aventura de los panales) donde las abejas son una metáfora del pueblo y la miel del
petróleo, "Gharbzadegi" (Occidentalitis) que, como se puede deducir de su título, se
trata una amarga y dura crítica a la occidentalización del país, "Dar jedmat va jianat-eroushanfekran" (Sobre el servicio y la traición de los intelectuales) más dura y crítica
que la anterior, "Nun va al-qalam", "Jasi dar miqat" (Una brizna de paja en la
peregrinación) es su libro de viajes a la peregrinación a la Meca, "Zan-e-ziadi" (Mujer
de más) y "Panŷ dastan" (Cinco relatos).
Omar Jayyam 1044-1123
Matemático, astrónomo, médico y poeta. Nacido en Neyshabur, en el siglo XI, en fecha
incierta, y muerto muy probablemente en el año 1123. De su juventud, poco es lo que se
sabe. Sus contemporáneos lo colocaban al mismo nivel que Avicena en conocimientos
de filosofía y una autoridad en astronomía. Le encargaban arduas tareas como la
construcción de observatorios, recomposición del calendario y cosas por el estilo, que
realizó con gran éxito. Se sabe que viajó a Samarcanda, Balj, Herat, Isfahán y la Meca.
Se cuenta que era de fuerte carácter, muy criticado y rechazado por los estrictos ulemas
y el pueblo llano debido a su postura frente al hecho religioso, pues dudaba de la
Resurrección, del Juicio Final y era de la opinión que había que disfrutar de los placeres
de la vida.
Fitzgerald (1809-1883). Fue el primero en traducir los Robaiyat a una lengua occidental. Fot.de www.todayinliterature.com
No es menester hablar mucho de Omar Jayyam pues de él ha corrido ríos de tinta en
Occidente, y sus versos nihilistas, los Robayyat, han sido traducidos a muchas lenguas
europeas. Curiosamente, en Persia, siempre ha sido conocido más como astrónomo y
matemático, y los persas siempre dicen que es el "poeta persa de los occidentales". Ello
no quiere decir ni mucho menos que en Irán no sea apreciado su genio literario, lo que
ocurre es que su versos nihilistas han causado a lo largo de muchos siglos cierta repulsa
en una sociedad de por sí religiosa. Sea de ello como fuere, hay algunos eruditos persas
(y occidentales) que han querido ver en los versos de Omar Jayyam una obra mística y
que todas esas alusiones al vino, a la buena vida y las mujeres no son más que
simbología o alegoría sufí, como de hecho ya existen en otras obras de reconocida
naturaleza mística. Es cuestión de opiniones. Sea cierto o no, la verdad es que la fama
como poeta persa subió desde que el británico Fitzgerald hiciese la primera versión
inglesa de sus versos a finales del siglo XIX, que fueron de un éxito rotundo, saltando la
fama de Jayyam allende las fronteras de Persia.
El carácter incrédulo de los Robayyat ha hecho que éste haya sido muy falseado ya que
después, a todo aquel que en Persia se le ocurría un verso algo herético, se lo atribuía a
Jayyam para no verse comprometido. Los especialistas han intentado dilucidar con más
o menos éxito qué versos eran realmente del astrónomo de Neyshabur, pero en la
mayoría de los casos, esto ha supuesto una tarea imposible.
La obra casi íntegra de Omar Jayyam es de índole científico, a excepción de su
"Robayyat" y un libro llamado el "Nowruz Nameh" (que trata sobre el origen de la
fiesta persa del año nuevo).
Omar Jayyam murió en Neyshabur más o menos en el año 1123. Su tumba se encuentra
en dicha ciudad, cerca de la de ‘Attar.
Mausoleo de Omar Jayyam en su ciudad natal, Neysahbur, a diez minutos caminando de la del místico ‘Attar. Fot. de
www.aprcwsis05ir
Mahmud Doulatabadi
Mahmud Doulatabadi es uno de los escritores vivos más importantes de Irán. Nació en
Sabzevar en 1940. Su más tierna infancia, pues, la pasó durante la II Guerra Mundial en
la que Irán se vio implicada, además de ocupada por los Aliados. El resultado de todo
esto fueron varias hambrunas y períodos de pobreza y escasez entre la población de los
que no se libró el escritor.
En su juventud Mahmud Doulatabadi ejerce varios oficios, todos ellos humildes.
Trabaja en la tierra, de pastor, de recadero de un zapatero, en un taller ayudando a su
hermano y a su padre, de ayudante de barbero... el mundo de todos los oficios que
ejerció en su juventud se reflejará luego en su obra. Más tarde marchará a Mashad para
poco después irse a Teherán donde trabajará como tipógrafo, acomodador de cine,
reclamador de obras de teatro, delegado de un periódico... A su llegada a la capital
comenzó viviendo en la indigencia teniendo que pernoctar en las calles o allí donde
podía.
En el Teherán de los años sesenta en cuando Mahmud Doulatabadi conoce el teatro, que
estudia durante un año. Se convierte en el primero de la clase. Trabaja como actor en
varias obras teatrales tras lo cual sube de escalón y pasa a formar parte de la directiva de
programación, cuya permanencia es breve pues al joven Mahmud Doulatabadi no le
agrada y se marcha a formar parte del Grupo de Arte Nacional, con lo que comienza una
etapa de su vida muy fructífera.
Trabaja como actor de teatro de numerosas obras durante la década de los sesenta. En
1974 es invitado por un director teatral a interpretar el papel principal en una obra de M.
Gorki, "En las profundidades." Esta es su última obra de teatro ya que después es
detenido por la policía y encarcelado. Desde 1961 hasta 1974 Mahmud Doulatabadi
alternaba el teatro con su labor de escritor. Durante su encarcelamiento deja de escribir.
En 1962 publica su primera obra, "Tah-e-shab" (El fondo de la noche). En 1968 publica
una recopilación de relatos a la que tituló "Layeh haye biabani" (Los sustratos del
desierto). "Safar"(El viaje), su primera novela extensa. "Avsane-ye-Baba Sobhan" (La
historia de Baba Sobhan), trata sobre la humilde vida de una familia de aldeanos,
narración muy basada sobre todo en los diálogos de los personajes, escritos en el
dialecto particular de Jorasán. "Pashiru", muy diferente de la anterior, "Gavareban". En
1974 publica "Mard" (El hombre), que trata sobre un joven que se va convirtiendo en
hombre. Luego publica "Aqil Aqil", "Az jam-e-chanbar", "Didar-e-baluch" que no es
una novela sino un relato de un viaje que hizo a Baluchistán. "Ŷa-ye-jali-e-Saluch" (El
lugar vacío de Saluch), "Ruz ha-ye-separi shode-ye-mardom-e-saljorde" (Los días
pasados de la gente anciana) ambas novelas consideradas como grandes obras por
muchos.
"Kaleydar", la obra más larga de literatura persa del siglo XX. Está escrita en diez
volúmenes (3000 páginas). En esta extensa novela Mahmud Doulatabadi elogia el
trabajo, la vida y la naturaleza. La novela gira alrededor de la lucha que mantienen los
súbditos contra su gobierno despótico y sus agentes. En ella podemos leer cómo unos
funcionarios intentar violan a la mujer de Gol Mohammad, el protagonista, y que éste
para defender su honor los mata. Luego es delatado y encarcelado, pero al poco tiempo
logra huir. Su familia se rebela contra la autoridad del Gobierno, y el mismo fugitivo
también se levanta para apoyar a los desprotegidos y desheredados. El mismo autor
revela que no cree que podrá volver a reunir las fuerzas y el coraje suficientes para
hacer algo más completo que Kaleydar. Invirtió 15 años de su vida en escribirla y en
ella intervienen más de sesenta personajes minuciosamente descritos para poder recrear
la vida rural y sus ancestrales costumbres. Esta obra le consagra definitivamente como
uno de los escritores iraníes más importes del siglo XX. "Soluk" es una de sus últimas
obras y ya se han publicado tres ediciones.
En todas las obras de Mahmud Doulatabadi se reflejan la pobreza, la vida del
vagabundo, y los problemas que acucian a los campesinos. También en ella se le da un
valor especial a los recuerdos que guarda de su padre y una gran devoción por el
escritor, Sadeq Hedayat, que se suicidó en 1951.
En su obra Mahmud Doulatabadi se muestra esperanzado de la vida, aunque ello no
quita que muestre su hastío, derivado de la ruda y dura vida que había llevado en su
niñez y primera juventud. Su realismo hace que se ocupe más bien del exterior de los
personajes que de su interior, a veces esto lo lleva hasta el extremo de parecer que los
personajes de sus narraciones carecen de vida interior. La temática de sus obras gira
alrededor de dos ejes; el campo y la ciudad, o según sus palabras"tienen dos vetas, la
campestre y la ciudadana".
Mahmud Doulatabadi utiliza en sus obras un lenguaje local, de la zona, muchas veces
cotidiano, quizás con la intención de otorgarle más realismo y naturalidad a los diálogos
y escenas. En algunas ocasiones abusa del uso de estos regionalismos y hay que añadirle
a la obra un glosario. Los personajes de sus novelas son casi todos aldeanos que se
afanan por ganarse el pan y que son presentados como héroes y personas valientes que
saben afrentar la dureza de ganarse el sustento. Son presentados como pobres, no como
miserables. Otros escritores antes que Mahmud Doulatabadi ya abarcaron en algunas de
sus obras la problemática de la población rural, pero nunca con la extensión y
profundidad de Mahmud Doulatabadi.
Mehdi Ajavan Sales
Mehdi Ajavan Sales, uno de los más importantes poetas contemporáneos, nació en
Mashad en 1929. Primero se aficionó a la música pero chocó con la oposición de su
padre. Compuso su primer poema a los 17 años. Por estos días un viejo maestro de la
Academia Literaria de Mashad le puso el sobrenombre de Omid (esperanza) que ya
llevó el resto de su vida.
Cursó sus estudios primarios y secundarios en su ciudad natal. En 1947 terminó sus
estudios de formación profesional en la rama de herrería, tras lo cual comenzó a trabajar
en este oficio. Más tarde se marchó a Teherán donde estudió magisterio y comenzó a
ejercer de profesor en las ciudades de alrededor como Varamin y Karim Abad. Estuvo
varias veces en la cárcel y en una ocasión fue deportado a Kashán. Se casó en 1950 con
su prima, Iran Ajavan Sales.
En 1951 publicó "Arganun", su primera recopilación de poemas. Este mismo año es
nombrado director de la página literaria de la revista "Los jóvenes demócratas", de corte
militante político, cargo que le ayudó a conocer a otros talentos literarios de la época.
En 1953, tras el golpe de estado de Mohammad Reza y la caída del doctor Mosaddeq,
fue de nuevo encarcelado acusado de participar en actividades políticas.
Tras ser liberado en 1957 se puso a trabajar en la radio y poco más tarde en la
televisión de Juzestán. En 1974 regresó a Teherán y esta vez ingresó en Radiotelevisión
Nacional.
En 1977 comenzó a impartir clases de poesía del período samaní y moderno en varias
facultades de Teherán, y dos años más tarde, tras la caída de los Pahlavi, trabaja en el
Instituto de Publicaciones y Enseñanza de la Revolución Islámica. En 1981 se retiró de
todos sus cargos estatales. En 1990 salió por primera y última vez al extranjero, invitado
por la Casa Cultural de Alemania para participar en un ciclo de poesía. Durante este
viaje, que duró varios meses, visitó Gran Bretaña, Dinamarca, Suecia, Noruega y
Francia. En septiembre de este mismo año murió en un hospital de Teherán y fue
enterrado en Tus (cerca de Mashad), junto a la tumba de poeta épico Ferdousi.
Tumba de Ajavan Sales, junto al mausoleo del poeta épico Ferdousi.
Mehdi Ajavan Sales es sin duda uno de los grandes autores de la moderna poesía persa,
llamada en Irán poesía nimai por haber sido Nima Yushij su primer exponente. El estilo
poético de Mehdi Ajavan Sales, es, la mayor parte de las veces, épico, vinculado a la
antigua mitología persa e inspirado en el "Libro de los reyes" de Ferdousi.
Desde su primera juventud también escribió versos sobre la situación política del
momento en un lenguaje figurado y metafórico, siendo el mejor ejemplo conocido su
poema "Zemestán" (Invierno) donde metafóricamente alude a la presión y tiranía de los
Pahlavi. Otro poema conocido suyo es "Ajar-e-Shahnameh" (El final del Libro de los
Reyes), publicado en 1959, donde el poeta expresa su desesperanza por la situación
social.
Mehdi Ajavan Sales no solo destacaba como poeta. También ha ejercido como escritor,
traductor y crítico, faceta ésta última en la que destacó como uno de los primeros
críticos que desgranaron la poesía moderna o nimai.
Mohammad Ali Ŷamalzadeh 1895-1997
Ŷamalzadeh, uno de los más grandes escritores iraníes del siglo XX, nació a finales del
siglo XIX en Isfahán, según él mismo, el 24 de enero de 1892, aunque la fecha es
discutida. Su padre fue el reputado clérigo Vaez Isfahani, célebre en la historia del Irán
contemporáneo por su lucha a favor de la Constitución de 1906. Podemos suponer que
Ŷamalzadeh pudo tener una educación muy selecta, que fue luego complementada con
estudios en extranjero. A los 17 años marcha a Beirut y después de un tiempo se va a
París donde estudia Derecho. Después se marcha a Alemania donde permanecerá 15
años. Allí pasa a ser funcionario de la Embajada de Irán en Berlín, se une a un grupo de
nacionalistas persas, mientras también escribía artículos para la revista literaria en persa
Kaveh y es en esta revista donde publica su primer relato, "Farsi shekar ast" (El persa es
azúcar) que luego formará parte de "Yeki bud yeki nabud" (Érase una vez). En 1932 se
marcha a Génova, Suiza, y allí comienza a trabajar en la Oficinal Internacional del
Trabajo. En 1979, tras el regreso del ayatolá Jomeini regresó a Irán y simpatizó con los
cambios del nuevo gobierno islámico. Murió longevo en Suiza con más de cien años.
Su primera obra, que fue además su obra maestra, "Yeki bud yeki nabud" fue publicada
en 1921 y supone un punto y aparte en la historia de la literatura persa. Por este libro
Ŷamalzadeh es considerado el iniciador de la prosa realista persa. Se podría decir que
Ŷamalzadeh hizo en prosa lo que Nima Yushij hizo en poesía; remover los cimientos de
la prosa y el estilo que los persas llevaban escribiendo durante más de mil años.
Como todos los renovadores e innovadores, la publicación de "Yeki bud yeki
nabud"levantó ampollas en el mundo literario iraní y el joven Ŷamalzadeh se ganó
muchos detractores, algo que al parecer le desanimó bastante pues de hecho tardó
mucho en volver a coger la pluma. En palabras del historiador de la literatura persa,
Yahya Arianpoor, "El joven escritor se había atrevido por primera vez, en contra de las
costumbres y de la tradición, a expresarse en la lengua coloquial, la que se usa en las
calles y en los bazares, con su terminología y su fraseología, y describir las situaciones,
los ánimos y los personajes tal como son. Sin embargo, los lectores inteligentes y
entendidos veían que algo nuevo estaba a punto de ocurrir en la literatura de Irán."
Es menester apuntar que Ŷamalzadeh no fue el primero que escribió con este estilo. A
finales del siglo XIX y principios del XX nos podemos encontrar con otras obras como
"El libro de viajes de Ibhahim Ali Big" de Zin al-Abedin Maraghei o "Charand-oparand"(de Dehjoda), escritas en un estilo coloquial e informal. Pero Ŷamalzadeh
perfecciona bastante esta nueva práctica. "Yeki bud yeki nabud" es una colección de
relatos cortos donde el autor expone los problemas de la sociedad de entonces, pero lo
hace a través de unos relatos de naturaleza jocosa y divertida. La obra sigue teniendo
hoy sus lectores pues no ha pasado de moda. El lector se encuentra en esta obra y en las
que escribió el resto de su vida, con un narrador que cuenta las escenas en primera
persona, como un espectador, de una forma cómica y satírica, como si de un recuerdo se
tratase.
El resto de sus obras, que nunca llegaron a alcanzar la fama de la primera, en la que el
mismo Ŷamalzadeh se inspiró, fueron, "Sargozasht-e-Amu Hoseynali" (La vida del tío
Huseyn Ali) (1942), Sar-o-tah-e-yek karbas (La cabeza y el fondo de un saco) (1944),
"Talj-o-shirin" (Amargo y dulce) (1955), "Shahkar" (La obra maestra) (1958), "Gueir az
Joda hichkas nabud" (No había nadie excepto Dios) (1961)
También tradujo al persa obras occidentales como "El avaro", de Moliere, y "Guillermo
Tell", de Schiller, y escribió unos 200 artículos.
Muchos han criticado a Ŷamalzadeh por haber repetido el mismo fondo y las mismas
cuestiones en sus diversos libros, y que éstos sólo sacan a relucir cuestiones del pasado.
Quizás esta crítica no sea en vano habida cuenta de que Ŷamalzadeh se marchó muy
joven del país y ya no volvió a vivir más en él, excepto un período tras el triunfo de la
Revolución Islámica. Es por ello que en ninguna de sus obras se reflejan los problemas
de la sociedad moderna de Irán, por lo menos la relacionada con la II Guerra Mundial
en adelante. Ŷamalzadeh es considerado en Irán el "padre del relato corto"
Rumí
Ŷalal al-Din Mohammad Rumí, también conocido por Moulaví o simplemente Rumí
(Bizantino, en árabe y persa), es, junto a 'Attar el mayor poeta místico nacido en Persia.
Su rango como sufí llegó a tal punto que también es llamado Moulanâ (nuestro señor,
en árabe).
La imagen más conocida de Moulana.
Nació en Balj (actualmente en Afganistán) en 1207. El sobrenombre de Rumí es debido
a que pasó la mayor parte de su vida y murió en la ciudad de Konya (en la actual
Turquía), pero él siempre se consideró a sí mismo un persa jorasaní. Su padre, Baha alDin Valad, era un gran maestro y orador, respetado por el pueblo incluso por el sultán
Mohammad Jarezmshah. Baha al-Din y su familia se marchó de Persia cuando Rumí no
era más que un niño. Permanecieron un tiempo en Samarcanda, tras lo cual se dirigieron
a la Meca de peregrinación. Se cuenta que durante este viaje, al pasar por Neyshabur, el
ya anciano Attar fue a ver a Baha al-Din y le regaló una copia de su "Asrar Nameh"
(Libro de los secretos), y que, cuando vio al entonces niño Moulaví dijo: "Dentro de
poco este muchacho hará arder a los ardientes del mundo." De regreso de la Meca,
pasaron por Siria y acabaron estableciéndose en Asia Menor. Allí se casó Rumí
tomando por esposa a Gouhar Jatun, y, cuatro años después, marcharon padre hijo y
familia a Konya por expreso deseo del sultán selyúcida de Rum. Cuando el sustituto de
su padre murió en el 1240, Rumí lo sustituyó en la cofradía y allí se dedicó a la
instrucción, enseñanza y guía de los fieles hasta que cinco años después aparecía en
Konya Shams Tabrizi. La vida de Rumí cambió de forma radical tras conocer a este
gran y efusivo derviche. Su nombre real era Mohammad b. Ali b. Malekdad y se sabe
que murió en 1247. Como su nombre indica, era natural de Tabriz. Llegó a Konya en
1244 y al año siguiente se marchó a Damasco causándole a Rumí un gran trastorno y
sumiéndose éste en una melancolía por la partida del amigo. Cuando supo Rumí que
Shams Tabrizi se encontraba en Damasco, comenzó a escribirle cartas y poemas y a
enviarle mensajes. Poco más tarde, envió Rumí a Damasco a su propio hijo Sultán
Valad acompañado de varios amigos, para que lo buscasen y le invitasen a regresar a
Konya. Shams Tabrizi aceptó y se presentó en Konya acompañado de Sultán Valad.
Pero esta nueva estancia no duró mucho pues se vio enfrentado a los prejuicios de la
gente teniendo que salir de la ciudad al año siguiente con destino incierto. Rumí hizo
todo lo posible por encontrarlo. Llegó incluso a viajar en dos ocasiones a Damasco, mas
su búsqueda fue en vano. La llama y la pasión por la amistad de Shams Tabrizi y la
melancolía que por él sentía, le inspiró para escribir una de las más maravillosas y
extensas obras místicas de la literatura persa, el "Divan-e-Shams-e-Tabrizi" (el
Poemario de Shams Tabrizi), escrito en versos monorrimos (gazal). Shams Tabrizi, al
que Rumí tenía como ejemplo de hombre perfecto, le hizo desatender sus ocupaciones
en la cofradía sufí, algo a lo que el propio Rumí hace referencia en sus poemas.
Escena del Divan de Shams-e-Tabrizi. Fot. de classes.bnf.fr
Años más tarde, Rumí compuso el Masnavi, su segundo libro y la obra cumbre de su
vida. Rumí murió en 1273. Todos en Konya asistieron a su entierro, grandes y
pequeños, musulmanes, cristianos y judíos. Su mausoleo se encuentra en dicha ciudad y
su cofradía o tariqa sigue hoy en funcionamiento, se trata de la orden de los Derviches
Danzantes que bailan dando vueltas hasta entrar en trance.
Moulana es tenido por los literatos y poetas persas y por los orientalistas como uno de
los grandes poetas de Persia, tiene un rango especial y cada uno lo elogia desde un
punto de vista diferente. Es conocido entre persas y no persas como uno de los místicos
más importantes de la Humanidad, poeta de gran talento, filósofo agudo y elogiado por
cada una de sus cualidades personales. Su posición en el mundo de la poesía es tan alto
que algunos le consideran el mayor poeta del mundo, otros el mayor poeta de Persia, y
otros, uno de los 4 ó 5 poetas persas más grandes. Su tumba en Turquía es un centro de
peregrinación muy importante y a ella acuden religiosos de todo el mundo islámico.
El Masnaví (Dístico), tal como reza su título es una obra escrita en versos pareados. Se
trata de su obra cumbre, de tal manera que se le llama también el "Corán en lengua
persa". Lo que más llama la atención de ella es su variedad temática y la cantidad de
alegorías que utiliza Rumí para expresar su sentir místico. Ello hace que tras el lenguaje
sencillo (a veces casi coloquial) del Masnaví, se esconda una multiplicidad de
acepciones que dan pie a varias interpretaciones, algo muy característico de las obras
sufíes. En el Masnaví nos encontramos con "historia sagrada", aleyas coránicas,
tradiciones o dichos del Profeta, todo ello narrado de tal manera que destila misticismo.
También podemos encontrar historias de naturaleza obscena, algo que sorprende sobre
todo a los occidentales. Algunas de sus historias están tomadas de "Calila y Dimna", y
otras de las obras del poeta Nezami de Ganjeh, Attar e incluso de Avicena.
La otra obra, el "Divan-e-Shams-e-Tabrizi" (el Poemario de Shams Tabrizi), también
llamado "Divan-e-Kabir" (Gran Poemario). Otras obras más pequeñas son Robayyat
(cuartetas) y "Fihi ma fihi", en prosa.
Mausoleo de Rumi en Konya, Turquía.
Naser Josrov 1003-1088
Poeta, filósofo, escritor, Naser Josrov es una de las grandes figuras no sólo en la historia
de la literatura persa sino del pensamiento religioso islámico.
Nació en Qobadian, cerca de Balj (actualmente en Afganistán) cuando la dinastía
gaznaví tenía sólo 4 años de edad. Su nacimiento en una familia acomodada y cuyos
miembros eran altos funcionarios de la Administración, hizo que muy joven aún se
incorporase a trabajar como funcionario al servicio de la Administración gaznaví. Ello
no quitó que desde su primera juventud iniciase sus estudios en todas las ramas del
saber de aquella época y pronto las dominase con maestría. En cuanto a las ciencias, lo
que se estudiaba en aquel entonces era el Almagesto de Ptolomeo, la Geometría de
Euclides, medicina, música, aritmética, astronomía y filosofía. Estudió también
profundamente retórica y teosofía. Todos estos eran conocimientos que se ven
reflejados en su extensa obra y de los cuales incluso Naser Josrov a veces se jacta.
De joven se incorporó a trabajar bajo los auspicios del gobernador de Balj, y pronto
ascendió en la escala hasta llegar a servir al sultán Mahmud y a su hijo Mas'ud, algo que
cuenta él mismo en su Safarnameh (Libro de Viajes). A los 43 años tuvo un sueño
revelador que le hizo abandonarlo todo e iniciar su peregrinación a la Meca llevándose
consigo a su hermano Abu Sa'id y a un sirviente indio. Este viaje duró siete años y
durante el mismo Naser Josrov visitó cuatro veces la Meca. Recorrió casi toda Persia,
Armenia, Asia Menor, Alepo, Trípoli, Siria, Palestina, la península Arábiga, Egipto,
Qayrawan, Nubia y Sudán. Fue en el Egipto de los Fatimíes donde Naser Josrov
permaneció más tiempo, unos tres años. Fue entonces cuando entró al servicio del califa
fatimí al-Mustansir y cuando se convirtió al shiísmo septimano o ismailismo, algo que
marcaría su vida intelectual y religiosa, y que además le inspiró para la redacción de
libros y divanes (poemarios) que serían obras cumbres en la literatura persa en general y
del pensamiento septimano en particular. Se inició en esta doctrina y pasó todos los
grados hasta llegar al rango de Hojjat, convirtiéndose pues, en uno de los doce hojjats
del ismailismo. Debido a que era persa, al-Mustansir le envió a Persia para difundir la
doctrina ismailí en Jorasán y conseguir adeptos a la causa fatimí.
Así hizo y cuando llegó a Balj tuvo una vida ascética a la vez que se dedicaba a
propagar la fe por todo el Gran Jorasán. La predicación de su doctrina y el discutir con
los ulemas sunníes no hizo sino causarle problemas de tal manera que finalmente tuvo
que huir de Balj. Hay que tener en cuenta que el pueblo de Jorasán sentía una aversión
hacia los shiíes en general y a los ismailíes en particular, por lo que cabría pensar que si
Naser Josrov pudo salvar, a pesar de todo, la vida, ello era debido al respeto que por él
sentía la población debido a su sabiduría. Naser Josrov huyó a Mazandarán donde
permaneció un tiempo y luego marchó a Neyshabur. Sin embargo, no pudo soportar
mucho tiempo la presión de los sunníes y se marchó al lejano pueblo de Yamkan, en
Badajshán (una región montañosa situada entre Afganistán y Tayikistán). Allí estableció
el pensador de Balj su cuartel general y reinició su afán de propagar el ismailismo. Si
bien no se sabe la fecha exacta en que llegó a Badajshan, sí se puede desprender de
algunos de sus poemas que permaneció los últimos 15 años de su vida. Curiosamente
allí fue donde tuvo cierto éxito ya que consiguió convertir a bastante gente al shiísmo
septimano y todavía hoy, en Badajshan y la zona adyacente como Juqand y Qaratkin
siguen existiendo ismailíes.
En los poemas que escribió durante su exilio en Badajshan se refleja la pena del poeta
por la lejanía de su tierra natal y lo vemos lleno de melancolía. Durante su vejez en
aquella región oriental, las cosas empeoraron pues se formó una revuelta contra él;
todos lo tenían como su enemigo, desde el califa abbasí hasta el jan turco de Kashgar.
Los alfaquíes sunníes, los agentes abbasíes y el común de las gentes veían en él a un
renegado, un apóstata, un qármata y un mu’tazilí, y no dejaban de maldecirle en lo alto
de los púlpitos. Naser Josrov, que amaba en extremo su tierra natal, Jorasán, deseaba
con todas sus fuerzas regresar, pero allí también se le tenía por un renegado por lo que
tuvo que morir en Yamkan, donde se encuentra hoy su tumba. Su muerte acaeció allá
por el año 1088, aunque hay discrepancias.
Obra
Naser Josrov escribió tanto en prosa como en verso. Entre sus obras en verso cabe
destacar: "Divân-e-Ash'âr" (Poemario) que contiene más de 12.000 casidas además de
otros tipos de versos, y cuya temática es filosófica y religiosa-moral.
ntre sus obras en prosa la más conocida es el "Safarnameh" (Libro de Viajes) traducido
a varias lenguas europeas. En ella el autor narra en un lenguaje muy sencillo todo lo
acontecido durante su viaje de siete años. Otra obra importante en prosa es "Zâd alMosâferin" (La provisión de los viajeros), que contiene sentencias de carácter moral,
religioso y filosófico. En ella el autor pretende demostrar sus ideas ismailíes y él mismo
se jactaba de ellas mencionándolas muy a menudo en sus poemas. "Ŷame' alHekmateyn" (La conjunción de las Dos Sabidurías), traducida al francés por H. Corbin.
La obra fue escrita por petición del emir de Badajshan, como el mismo poeta comenta
en el prólogo. La obra también es una apología del ismailismo.
Naser Josrov escribió otras obras que no se han mencionado en esta breve exposición.
Otras muchas son también las que se le atribuyen y además otras muchas son
mencionadas por otros escritores, de las cuales no hay ni rastro.
Naser Josrov fue un gran poeta y además una de las luminarias del pensamiento shií
ismailí. Su estilo, sin ser enrevesado, no deja de ser genial, y éste se asemeja más al del
periodo de finales de los Samaníes y principios de los Gaznavíes, es decir, tiene un
estilo algo arcaico. Su obra adquiere nuevos matices y una nueva temática tras su
conversión al ismailismo y en ella es latente las intenciones proselitistas de Naser
Josrov. Este hecho le da a Naser Josrov más mérito si cabe por cuanto él fue capaz de
versificar algo tan complejo como lo es la argumentación y la apología religiosa. A este
respecto se puede afirmar que Naser Josrov se aleja de los convencionalismos de otros
poetas que cantaban al amor, a la naturaleza, es decir, al mundo externo, mientras que el
poeta jorasaní escribía y versificaba completamente acerca de una temática, religiosa,
lógica, argumental, en definitiva, una temática de naturaleza racional y apologética.
Nima Yushij
Uno de los poetas más importantes del panorama literario del Irán del siglo XX,
principalmente, por haber sido el fundador de la poesía moderna persa, llamada en Irán
precisamente poesía "nimai" o simplemente "she'r-e-no" (nueva poesía).
Ali Esfandiari, más conocido con su seudónimo de Nima Yushij, nació en la aldea de
Yush, en Mazandarán en 1897 en el seno de una familia de noble abolengo. Aprendió a
leer y a escribir con el mollah de su aldea. En Teherán completó sus estudios superiores
en la Escuela de San Luís. En dicha escuela un profesor le guió en sus primeras
andanzas poéticas. Al principio componía versos siguiendo los patrones de la poesía
clásica, para poco después seguir su propio camino, completamente innovador y sin
precedentes en la poesía persa, pues introdujo la poesía blanca, carente de rima y de
metro. Nima era de la opinión que el metro y la rima no forman parte de la esencia de la
Poesía, postura ésta que no impedía que Nima fuese un acérrimo defensor de la poesía
clásica persa. Nima alternó la composición de poemas modernos con otros al estilo
clásico. En 1921 compone "El cuento descolorido" que es publicado en una revista
literaria en el susodicho estilo moderno cuya ruptura de moldes le valen las críticas,
ataques y burlas de los literatos de la época. No obstante, otros poetas y escritores, la
mayoría jóvenes, aplaudieron la iniciativa del poeta de Mazandarán, entre estos se
encontraban Mehdi Ajavan Sales y Sohrab Sepehri.En 1922 publica "El cuento" y en
1924 "La familia del soldado". Nima murió en 1958 dejando un rastro en la literatura
persa seguido por muchos.
Rudakí 858-941
El olor del arroyo Mulian viene a mí
bu-ye-ŷu-ye Mulian âyad hami
El recuerdo del amigo viene a mí
yâd-e-yâr-e-mehrabân âyad hami
Los guijarros del Amu Daria y su rigidez
rig-e-Amu o doroshtiha-ye-u
Se me antoja como seda bajo mis pies zir-e-pâyam parniân âyad hami
Oh Bujara regocíjate y vive una larga vida
ey bojârâ shâd bâsh o dir zéi
Que el emir de tu vida, invitado viene a ti
mir-e-zei to mihmân âyad hami
[...]
Este fragmento forma parte de uno de los panegíricos más bellos de la temprana poesía
persa del siglo X. Este verso lo compuso Rudakí para persuadir a Nasr II a que
abandonase Herat y regresase a Bujara. Se cuenta que cuando el rey samaní lo escuchó,
se emocionó de tal modo que le regaló 10.000 dinares al poeta, se montó en el caballo
que más a mano tenía y salió galopando hacia Bujara.
Abu Abdullah Ŷa'far b. Mohammad, más conocido como Rudakí, llamado así por
haber nacido en Rudak, una aldea cerca de Samarcanda, es el primer gran poeta de la
literatura persa. Él es el "Berceo" de la literatura persa y como Homero para los griegos,
es el "padre de la poesía persa". Merced a su gran talento poético se mereció ponerse al
servicio de la corte samaní como panegirista del rey Nasr II (914-943). Ciego, muy
probablemente de nacimiento, su habilidad tocando el laúd al que acompañaba con sus
poemas hacía las delicias del serrallo al que podía acceder gracias a su ceguera.
Mausoleo de Rudaki en Tayikistán, donde también es poeta nacional. Téngase en cuenta que Irán, Afganistán y Tayikistán
comparten lengua y literatura.
Se le atribuye la composición de más de 100.000 versos aunque ni siquiera mil han
llegado hasta nuestros días. Además también tradujo del árabe las famosas fábulas de
origen indio "Calila y Dimna" que luego llegarían a la literatura española y que serían la
fuente de inspiración de poetas como Samaniego. Lamentablemente, esta traducción al
persa de "Calila y Dimna" también se ha perdido y de ella quedan sólo unos cuantos
fragmentos dispersos. También se le atribuye la versificación de un libro llamado
"Sandbâd Nâmeh"(El libro de Simbad), que no se ha conservado, y la invención del
verso robâ'í (cuarteta) tan conocido en Occidente por ser el usado por Omar Jayyam.
Su estilo es sencillo, con pocas palabras árabes, sin que ello merme un ápice de su
genialidad. Sus poemas son optimistas y en ellos se canta a la belleza y a la alegría de la
vida, además de loar a los emires y reyes samaníes. Sin embargo, al final de su vida el
tono de sus poemas cambia radicalmente y se vuelve aciago y triste, se lamenta por la
juventud pasada, por la decrepitud y la vejez que se avecina.
Sello conmemorativo de Rudaki de 1964.
Rudaki tuvo una vida dichosa viviendo en la opulencia de la corte samaní. Sin
embargo, de los poemas que se han conservado se desprende que murió en la indigencia
y en la penuria, expulsado de la corte del rey al que había servido tantos años. Murió
allá por el año 941 en un lugar sin determinar de Jorasán.
Sadeq Hedayat 1903-1951
Para muchos, el escritor iraní más importante del siglo XX. Sadeq Hedayat nació en
1903 en Teherán. Su familia pertenecía a la aristocracia y muchos de sus miembros
habían sido destacados políticos e intelectuales del siglo XIX. Así, su padre, Hedayat
Qoli Jan Hedayat (E�tezad al-Molk) era hijo del político Ŷa�far Qoli Jan Hedayat.
También su madre, Azra, era una mujer de alta alcurnia cuyo padre era otro personaje
de la política, Hoseyn Qoli Jan (Mojber al-Douleh). Los padres de Sadeq Hedayat eran
descendientes ambos de Reza Qoli Jan Hedayat, uno de los literatos más importantes
del siglo XIX, que también ejerció algunos cargos públicos.
Sadeq Hedayat ingresó en la escuela primaria en 1908. En 1918 comienza sus estudios
secundarios en el Instituto Politécnico de Teherán, más conocido como Dar al-Fonun,
en su época, símbolo de la modernidad, pero al año siguiente lo abandona para seguir
estudiando en la escuela de San Luís, donde conoce la lengua y literatura francesas. En
1925 termina sus estudios secundarios y al año siguiente marcha a Bélgica con una
beca. Allí comenzó a estudiar en una universidad pero pronto se fue a París por no
adaptarse al clima.
En 1928 hizo su primera tentativa de suicidio en un río de París, intento frustrado por
unos barqueros que lo rescataron. En 1930 regresa a Irán y comienza a trabajar en el
Banco Nacional. Fue en estos días cuando se formó el Grupo de los Cuatro, formado
por Bozorg Alavi, Mas'ud Farzad, Moŷtaba Minovi y Sadeq Hedayat. En 1932 se
marcha a Isfahán, dimite de su empleo en el banco y comienza a trabajar en la Oficina
General de Comercio, empleo del que dimite en 1934 para trabajar en el Ministerio de
Asuntos Exteriores. En 1935 es investigado por las Fuerzas del Orden por algunas cosas
que escribió en su obra "Vagh vagh sahab" (Guau guau amo). En 1936 viaja a la India
donde aprendió pahlavi (persa medio o sasánida) con un sacerdote zoroastriano; esta es
su etapa nacionalista. Al año siguiente regresa a Teherán donde vuelve a emplearse de
nuevo en el Banco Nacional. Allí sólo trabajaría un año pues en 1938 dimite y comienza
trabajar en la Oficina de Música de Irán. Comienza a colaborar con una revista de
música y en 1940 consigue un empleo de traductor en la Facultad de Bellas Artes. En
1943 comenzó a colaborar con la revista literaria "Sojan". En 1945 viaja a Tashkent,
(Uzbekistán) invitado por la universidad. Por esas fechas también empieza colaborar
con la revista literaria "Payam-e-nur" y se le hace el primer homenaje a su persona, en
Irán y en la URSS. En 1949 es invitado oficialmente al Congreso Mundial de los
Pacifistas, pero no puede asistir por problemas burocráticos. En 1950 va de nuevo a
París. El 7 de abril de 1951 se suicida dejando abierta la llave de gas. Se encuentra
enterrado en París.
Sadeq Hedayat es el verdadero fundador del relato corto en la literatura persa. Estaba
muy influido por Poe, Dostoievski, Chejov, y sobre todo por Kafka (que tradujo al
persa) aunque él mismo negaba aquella influencia, excepto en sus primeras obras, y
decía haber estado influido por el Conde de Gobineau, un diplomático francés que había
sido embajador en Teherán a mediados del siglo XIX, escritor de numerosas obras
literarias y ensayos.
Sadeq Hedayat era un escritor introvertido, crítico de la sociedad tradicional y religiosa
de su país, faceta ésta que le ha valido también muchos detractores entre los iraníes.
Hedayat huía de sociedad, de la gente, nunca se casó y siempre vivió en la casa de su
padre. En realidad su forma de ser se refleja en muchos de los protagonistas de sus
relatos, es más, muchos de ellos acaban suicidándose o simplemente muriendo. Sus
personajes "están ahogados en su soledad y en su ambiente" (Mir Sadeqi). Hedayat
tiende representar muchas de las escenas de sus relatos con imágenes del más allá,
oníricas, y ello hace que muchos de sus narraciones sean surrealistas, como por el
ejemplo el que da título a la recopilación de relatos cortos "Tres gotas de sangre" que
trata de las memorias de un loco que confunde la realidad con la imaginación. Hedayat
es nihilista y pesimista y "en el gran juego de la vida en la que el ser humano no es más
que un títere en las manos de destino la única vía de escape es el suicidio" (Mir Sadeqi).
Hedayat nos habla del vacío y la vanidad de la vida, para él cada día en este mundo es
un esfuerzo supremo que tiene que hacer para pasarlo.
No obstante, también tiene relatos es los que se refleja la problemática social de la
época, de los pobres, de los oprimidos, del régimen corrupto de la época, del ambiente
de opresión que se respiraba, en definitiva, tiene algunas obras pertenecientes a la
literatura comprometida.
Hedayat tiene también una faceta nacionalista en la que se lamentaba de la gloria
perdida de la antigua Persia. De hecho, marchó a la India para aprender pahlevi. Esta
faceta de exaltación de lo iranio y de las tradiciones persas se refleja en algunos relatos,
y además en una introducción que escribió a las cuartetas de Omar Jayyam.
Pero fue su obra maestra, "Buf-e-kur"' (El búho ciego) la que le dio fama, primero a
nivel nacional y después a nivel internacional por cuanto ha sido traducida a muchos
idiomas, entre ellos el español. "El búho ciego", parafraseando al crítico iraní Mir
Sadeqi, es una válvula al mundo interior de la persona, cava en otra dimensión de la
vida interior y oculta, y el relato transcurre en ambos mundos, el aparente y el onírico.
La genialidad de esta obra ha dejado bajo una sombra injusta a las restantes a las que no
se le ha prestado la atención suficiente, y desde luego han sido objeto de menos
traducciones.
Además de El búho ciego, y Las cuartetas de Omar Jayyam por él prologadas, se ha
publicado en español "Tres gotas de sangre". Como dijimos, el primer relato que da
nombre a la obra trata de un loco que confunde la realidad con su imaginación, en
"Vorágine" un hombre celoso sospecha que su mujer le engaña con su mejor amigo, la
hija de ambos muere a consecuencia de sus infundadas sospechas, en "Dash Akol" el
protagonista prefiere portarse como un hombre y no casarse con la muchacha que le ha
confiado el difunto padre de ésta, en "Perdón de Dios" unos peregrinos se confiesan
unos a otros sus horribles pecados, y en "El hombre que mató su ego" cuenta la historia
de un hombre que pierde la fe.
Sus obras más importantes fueron "Zendeh be gur" (Enterrado vivo) (1930), "Seh qatre
jun" (Tres gotas de sangre) (1932), "Sayeh roushan" (Claroscuro) (1933), "Alavieh
Janum" (La señora Alavieh) (1933), "Vagh vagh sahab" (Guau guau amo) (1933), "Buf-
e-kur" (El búho ciego) (1937), "Sag-e-velgard"(El perro vagabundo) (1942), "Tup
morvari"(El cañón de perlas) (1947)...
Sadeq Hedayat ha sido hasta ahora el único escritor contemporáneo iraní cuya obra ha
traspasado las fronteras de Irán. Hedayat nunca se percató del alcance y la importancia
de su obra. Se cuentan muchas cosas acerca de su modestia y él no se consideraba a sí
mismo un escritor superior a los demás, acerca de lo cual en cierta ocasión hizo un
comentario mordaz diciendo, "pobre del país del que yo sea su mejor escritor".
Después de 50 años de su muerte, la obra de Sadeq Hedayat sigue teniendo numerosos
lectores, tanto en Irán como en el extranjero mediante las traducciones.
Sa'dí 1184-1291
Sa'dí nació en Shiraz a finales del siglo XII y murió aproximadamente en el 1291.
Algunos afirman que vivió más de cien años.
Su vida es poco conocida directamente, pero más o menos bien conocida
indirectamente si damos por cierto los datos, al parecer autobiográficos, del Golestán.
Se sabe que Sa'dí quedó huérfano de niño. Siendo un joven continuó sus estudios en
Bagdad, en una de las madrasas Nezamiyeh, llamadas así por haber sido fundadas por el
célebre visir persa selyúcida Nezam al-Molk. Tras terminar sus estudios en Bagdad,
Sa'dí no regresó a Persia, quizás por lo caldeado que estaba el ambiente con los
mongoles arrasando el país, y llevó a partir de entonces una vida errante que duró unos
treinta años, y, si hacemos caso al Golestán, viajó por todo Oriente Medio y Próximo,
llegando a Marruecos y Abisinia. Permaneció varios años en Damasco y fue apresado
en Trípoli por los Cruzados permaneciendo prisionero un tiempo indeterminado. Fue
liberado gracias a un amigo de Alepo que a cambio lo casó con su insoportable hija que
repudió poco más tarde.
Mausoleo de Sa'dí en Shiraz.
Regresó a Shiraz en el 1257 cuando gobernaba la región el atabak Abu Bakr Sa'd ibn
Zangi (1226-1269), de ahí su sobrenombre de Sa'dí. Ese mismo año compuso el Bustán,
y al año siguiente el Golestán, sus dos obras maestras y dos de las obras cumbres de la
literatura persa. Murió en Shiraz en paz allá por el año 1291. Hoy día podemos admirar
su mausoleo en su ciudad natal.
Al regresar a Shiraz ya a edad relativamente madura fue cuando comenzó a escribir.
Redactó el Bustán (El Jardín), completamente escrita en verso y de naturaleza
sapiencial, con cuentos con moraleja, y que trata sobre todo de las virtudes que deben
poseer los buenos musulmanes (justicia, equidad, satisfacción, fe).
En cuanto al Golestán, es la obra cumbre de la literatura sapiencial persa. Escrita en
prosa rimada y en un estilo muy semejante a la macama árabe, Sa'dí entremete en sus
cuentos máximas en persa de cosecha propia, en árabe, aleyas coránicas, múltiples
alusiones al Corán y a las tradiciones proféticas (hadices), todo ello compuesto con una
destreza que le ha hecho merecedor entre los persas del sobrenombre de 'Ostâd-e-Soján
(Maestro de la Palabra). El estilo del Golestán es relativamente sencillo, si tenemos en
cuenta las dificultades propias de un texto que tiene más de siete siglos y está redactado
en un estilo similar a la macama, pero a la vez simple y elegante. El Golestán rebosa de
buen humor, habla tanto del amor sensual como del divino, es realista hasta incluso
mostrarse cínico. Las alegorías, los juegos de palabras, las alusiones a las historias del
Corán, a los reyes persas del pasado, se mezcla todo en una amalgama que no deja de
sorprender al lector. El Golestán sigue haciendo las delicias de persas y no persas, ya
que el extranjero que ha adquirido cierto nivel en este idioma puede saborear una de las
obras cumbres de la Humanidad. De hecho, llamó la atención en Europa muy pronto, y,
en 1634, se realizó la primera traducción a una lengua europea, el francés. Muy pronto
se sucedieron las traducciones al latín 1651, alemán 1654, inglés 1806 y en el siglo XIX
a muchas más lenguas europeas (polaco, ruso etc.) y no europeas (árabe, turco, hindi).
El Golestán influyó en La Fontaine, además de que grandes personajes de la Ilustración
francesa como Diderot y Voltaire se refirieron a la obra de Sa'dí.
Sa'dí es uno de los grandes clásicos de la literatura persa y mundial. Sus dos principales
obras, el Bustán y el Golestán, son dos libros de obligada lectura para los persas y el
alumno de persa, especialmente el Golestán. Sa'dí es en la literatura persa el maestro de
la literatura sapiencial y ha sido el creador de un estilo particular muy imitado a lo largo
de 700 años allí donde el persa tenía influencia cultural. Muchos de los refranes que
podemos oír en Irán tienen su origen en el Bustán o el Golestán. Entre los persas los
dichos y sentencias de Sa'dí tienen una autoridad casi sacra y cualquier frase del poeta
de Shiraz dicha en un momento oportuno puede llegar a dar a fin a una discusión.
Simin Daneshvar
Simin Daneshvar, la primera mujer novelista de Irán y una de los rostros más
importantes del panorama literario del siglo XX. Nació en 1921, en Shiraz, en el seno
de una familia de médicos. Su educación en un colegio de misioneros ingleses hizo que
aprendiera perfectamente inglés y además le permitió un amplio conocimiento de la
cultura occidental.
Estudió en la universidad de Teherán la carrera de lengua y literatura persas. Tras morir
su padre en 1941 tuvo que buscarse un trabajo. Se empleó en la radio, donde, mal
pagada, escribía artículos que serían radiados, pero gracias a su gran dominio del inglés
se podía ganar un dinero extra editando noticias en este idioma. Más tarde, aburrida de
la monotonía de ese trabajo empezó a trabajar como columnista y articulista de un
periódico local. Al año siguiente de la publicación de su primera obra, en 1949, Simin
Daneshvar se doctora en literatura persa. En 1950 se casa con Ŷalal Al Ahmad, el que
sería gran crítico mordaz de la sociopolítica iraní. En 1952 marchan con una beca a la
universidad californiana de Standford. A su regreso a Irán se le dio un puesto como
profesora asociada de arte. Nunca fue nombrada profesora titular debido a la influencia
de la SAVAK (la policía secreta del sha). Tras la muerte de su marido en 1969 ella
siguió como profesora de arte y luego fue nombrada directora del mismo departamento.
En 1979 se jubiló y abandonó su puesto en la universidad. En la actualidad vive en
Teherán.
Simin Daneshvar de joven
Simin Daneshvar publicó su primera recopilación de relatos, "Atash-e-jamush"(Fuego
apagado) en 1948. También ha publicado otras recopilaciones que son "Shahri chun
behesht" (Una ciudad como el paraíso) (1961), "Be ki salam konam?" (¿A quién voy a
saludar?) (1980) y "Az parandeha-ye-mohaŷer bepors" (Pregunta a las aves
migratorias). También ha escrito tres novelas, "Suvashun" que ha sido traducida al
español con el mismo título, "Ŷazire-ye-sargadani" (La isla del vagar) y "Sareban-esargardan" (El camellero errante). Además tradujo obras occidentales al persa, de
autores como Chejov, Shaw, Saroyan etc. En 1981 escribe "Ghorub-e-Ŷalal" (El
atardecer de Ŷalal) donde escribe y describe la personalidad de su marido desde la
perspectiva que le daba el perfecto conocimiento de éste como su esposa que era. Esta
obra es considerada como la mejor fuente para saber las interioridades y la ideología de
este crítico e ideólogo del siglo XX.
Como mujer, Simin Daneshvar se ocupa en casi todas sus novelas de la problemática
femenina y en la mayor parte de sus obras la protagonista es una mujer, algo que
obviamente no tiene precedentes en la novelística persa. En sus obras se pueden ver
mujeres que, o son de alta alcurnia o son obreras y criadas, son pocas las veces que
podemos encontrar mujeres de clase media. Su primera obra, "Atash-e-jamush" no tiene
aún la maestría de las que escribirá más tarde. En "Shahri chun behesht" se ocupa de la
problemática infantil y de las familias numerosas. En "Be ki salam konam?", el relato
que da nombre a la recopilación, trata de las mujeres que a pesar de tener hijos se ven
privados de ellos. Aquí, la protagonista es una madre que no puede ver a su hija porque
su yerno se lo prohíbe. Este relato corto es considerado por muchos críticos uno de los
mejores de esta autora. En un relato corto perteneciente a esta misma recopilación hay
uno titulado "Yek sar-o-yek balin": (Una cabeza y una almohada) que también trata de
los mismo, aunque aquí es una mujer divorciada que su ex marido y su nueva mujer no
le permiten ver a su hijo. Simin Daneshvar se ocupa sobre todo de la problemática
familiar e individual y pocas veces de la política. En este aspecto se diferencia
notablemente de su marido, ella misma nos dice al respecto: "Siempre he sido Simin
Daneshvar. Nunca me he convertido en Simin Al Ahmad. Ni siquiera estoy ni he estado
de acuerdo con la forma de pensar de Ŷalal. No estoy de acuerdo con los altibajos y
nunca me he ocupado de la política." Esto no es siempre así ya que algunas novelas y
relatos cortos de esta autora rozan la política y otros se meten de lleno en ella, aunque
ciertamente no es la tónica general.
Simin Daneshvar en la actualidad
Suvashun, publicada en 1969 merece un epígrafe aparte. Es la obra cumbre de esta
novelista y considerada por muchos una obra maestra. Ha sido traducida a más de una
docena de idiomas, entre ellas el español, y es una de las obras más leídas y vendidas en
Irán. La novela está ambientada en el Irán de la II Guerra Mundial, cuando dicho país
está ocupado por las fuerzas de los Aliados. Las milicias que ocupan el país empiezan a
comprar los cereales para poder alimentar a sus tropas, cosa que acaba con el
acaparamiento del trigo por parte de los ingleses creando compañías comerciales que
harán de intermediarias. La historia está narrada por Zari, una sencilla ama de casa cuyo
marido (Yusof), uno de los terratenientes de la zona, conoce los objetivos de los
ingleses y se niega a colaborar negándose a venderles el grano. Él acaba siendo
asesinado, de ahí el título de la novela, Suvashun, un tipo de luto por la muerte de un
joven, en recuerdo del héroe mítico persa Siavosh.
Sohrab Sepehri 1928-1980
Escritor y pintor contemporáneo. Sohrab Sepehri nació el 6 de octubre de 1929 en
Kashán, en el seno de una familia amante de la poesía, la pintura y el arte en general. Su
niñez y su juventud la pasó estudiando, cazando y tocando música. Sohrab Sepehri
permaneció en su ciudad natal hasta los 15 años de edad. Este período está marcado
tanto en su pintura como en su poesía por la naturaleza y las plantas. Su poema "El
sonido de las pisadas del agua" está inspirado en la aldea de Chenar, situada a medio
camino entre Kashán y Mashad Ardahal. Su célebre poema "Golestaneh" está inspirado
en la aldea del mismo nombre cerca de Kashán.
Como cuenta su hermana, Paridojt Sepehri, Sohrab, hasta los 14 años de edad vivía en
un jardín cuyos árboles eran tan abundantes que contarlos no era una tarea fácil, pero
que un año después marchó a vivir a una casa donde no había ni rastro de árboles.
Según su hermana, en esta época empezó a leer las obras de escritores y poetas como
Lamartine, E. Zola, Goethe, Cheateaubriand y V. Hugo.
Un año después se marchó a Teherán donde se matriculó en una academia para
profesorado. Después de terminar estos estudios regresó a Kashán donde ocupó su
tiempo componiendo poesía y pintando cuadros. Poco después se marcha de nuevo a
Teherán para matricularse en la Facultad de Bellas Artes, en la rama de pintura. Al igual
que los demás pintores, en pintura Sohrab Sepehri estaba influido por la nueva ola y la
pintura moderna, e igualmente se ocupó de la nueva poesía. Publicó su primera obra "La
muerte del color" en 1951. Escribió otras obras como "La vida de los sueños", "Oriente
de la tristeza"', "El sonido de los pasos del agua", "El viajero", "Todo nada, todo
mirada" (traducida al español)... He aquí uno de sus poemas:
No está vacía la vida
existe en ella la amabilidad
hay manzanas
hay fe;
Sí.
Y mientras haya amapolas
la vida hay que vivirla
Sohrab Sepehri murió de leucemia en 1980. Fue enterrado en la ciudad de Mashad
Ardahal. En su lápida escribieron este poema suyo a modo de epitafio:
Si venís a visitarme
Venid lenta y suavemente no vaya a ser que se quiebre
La fina porcelana de mi soledad
Ŷâmí 1414-1492
Nur al-Din Abdul Rahman b. Ahmad b. Mohammad Dashti, más conocido simplemente
como Ŷâmí (Jami en su transcripción al inglés) debido a la devoción que sentía por el
sheij Ahmad Ŷâmí y también por su lugar de nacimiento, Ŷâm, un pequeño pueblo de
Jorasán y que actualmente se encuentra dentro de las fronteras de Afganistán. De niño
aprendió las ciencias de la época y árabe con su padre. Poco después, aún siendo niño,
fue a la escuela en Herat y cuando llegó a la pubertad marchó a Samarcanda, durante el
reinado de Shahroj, donde permaneció varios años estudiando con los mejores y más
afamados maestros de su tiempo. Ŷâmí regresó a Herat donde estudió filosofía y
matemáticas e ingresó en las filas de la cofradía mística de los naqshbandíes, aún hoy en
activo, a manos de su propio fundador, Baha al-Din Naqshband. En 1472 Ŷâmí realizó
su peregrinación a la Meca. Murió en 1492 en Herat.
En lo que se refiere a sus ideas religiosas, las opiniones son encontradas. Hay eruditos
que son de la opinión de que era shií y que los poemas donde se alababan a los Califas
Ortodoxos eran para encubrirse, lo que entre los shiíes es conocido como ketmân. Por
otra parte, hay shiíes que afirman que en realidad era sunní. Hay una tercera opinión que
afirma que era un sufí, un místico al cual todas esas controversias le eran indiferentes.
Sin embargo, de la mayor parte de sus poemas se desprende que era sunní.
Ŷâmí, imagen clásica del poeta con hábito de derviche. Fot. de www.poetryportal.com
Entre sus obras caben destacar, "Nafahat al-Ons" que relata las biografías de varios
santos sufíes; Baharestán, escrito para su hijo de 10 años, es la mejor imitación del
estilo del "Golestán" de Sa'dí realizada hasta ahora; un diván o poemario con más de
8.000 versos; "Haft Owrang" (Siete tronos) más conocido como "Saba'e-ye Ŷâmí" (Los
siete de Ŷâmí), un poemario en el que están incluidas, entre otras, los siguientes
historias escritas en versos pareados (masnavi) muy conocidas entre los persas: Salaman
y Absal (una historia parecida a la de Maŷnun y Leyla), Jerad Name-ye-Eskandar (El
libro de la sabiduría de Alejandro), Maŷnun y Leyla, y Yusof y Zuleija.
Ŷâmí es uno de los grandes talentos literarios de Persia. Ha sido muy propiamente
llamado Jâtam al-Sho'râ (el Último de los Poetas) pues con él se termina la época
dorada de la poesía persa, él es el último genio poético del Irán que versifica a la vieja
usanza del estilo de Jorasán. A partir de Ŷâmí, la literatura persa entra en una etapa de
anquilosamiento y oscuridad que no empezaría a ver de nuevo la luz hasta el siglo XIX.
Con la muerte de Ŷâmí en una fecha tan emblemática para los europeos como 1492,
Persia entra con los Safavíes, paradójicamente, en la escena de la historia como una
superpotencia y a la vez en una decadencia literaria sin precedentes durante su historia
islámica. Los poetas a partir de Ŷâmí son en su mayor parte malos imitadores del estilo
poético del pasado, comienzan las recopilaciones, el remedar a los antiguos, pues se les
tenía a éstos como paradigmas de la perfección.
Mausoleo de Yami en Torbat-e-Yam, este de Irán
Reyes, políticos y líderes
Abu Moslem m. 754
Abu Moslem Jorasani, general y héroe persa que derrocó la dinastía Omeya y ayudó a
los Abbasíes a hacerse con el poder.
Nació, como su nombre indica, en la provincia de Jorasán, aunque algunos creen que
ació en Isfahán y creció en Cufa.
Analizando la documentación existente nos hace suponer que aunque era musulmán
permanecía aún muy vinculado a sus creencias ancestrales. De todas formas, él era un
persa que amaba a su tierra y a sus gentes y no podía seguir tolerando los abusos que
estaban cometiendo los árabes en Persia. Abu Moslem fue el primer gran líder persa del
período islámico. Su arrojo y valor, unido a su saber hacer en la guerra y en la política,
le hizo ser capaz de derrocar una dinastía afianzada como la Omeya y poner en su lugar
a los Abbasíes, descendientes de al-Abbas, tío carnal de Mahoma, cuya hegemonía en la
mayor parte del mundo islámico se prolongaría hasta la caída de Bagdad a manos del
mongol Hulagu en 1258.
La vida de este líder se encuentra aún hoy oculta tras un velo y no conocemos muchos
hechos y detalles, aunque, paradójicamente prácticamente todos los historiadores
musulmanes lo citan. Ibn al-Taqtaqi en su historia "Al-Fajri" dice: "Sobre el linaje de
Abu Moslem hay discrepancias, e indagar en ello es en vano ya que no se llegará a
ninguna conclusión; unos dicen que era de linaje persa, otros que era árabe y otros que
kurdo." Se cuenta también que cuando Abu Moslem se fue haciendo popular, él mismo
decía pertenecer a la familia de los Abbasíes, quizás con ello pretendía abrirse camino al
califato. Según otra versión, Abu Moslem sería hijo de una concubina de algún
miembro de la familia Abbasí. El historiador Ibn Jallikan afirma que era persa e incluso
llega a concretar que su padre, Ibrahim, era oriundo de un pueblo cercano a la ciudad de
Marv. En cuanto al joven Abu Moslem, también la información que ha llegado hasta
nuestros días son más bien suposiciones que hechos, algunos dicen que se dedicaba a
confeccionar sillas para caballos, otros que era un mulero y otros afirman que era un
esclavo. Al parecer era un "mawali" (esclavo liberto).
En fin, sea de ello como fuere, lo cierto que el ambiente de Persia a mediados del siglo
VIII estaba bastante caldeado. El pueblo persa se sentía oprimido por los abusos de los
diferentes gobernadores omeyas y se respiraba un ambiente de descontento, sobre todo
entre la masa del pueblo llano y campesina. Una de las provincias de Persia que más
estaban sometidas a los abusos de los agentes omeyas era Jorasán, provincia que si bien
no se resistía a ser islamizada, sí mezclaba la nueva fe con las creencias ancestrales de
la región. No es de extrañar pues, que cuando Abu Moslem se levantó en rebelión
contra los Omeyas, los jorasaníes hiciesen causa común y los omeyas saliesen huyendo
del país o bien cayesen víctimas de las revueltas.
Por otra parte, estaban los seguidores del imán Ali o shiíes, que consideraban que el
califato debía estar en manos de un miembro de la familia del profeta, y, por otro lado,
se encontraban los jariŷíes que no estaban ni con los shiíes ni con los omeyas ni con los
abbasíes pues consideraban que el poder califal debía poseerlo aquel que fuese más
recto y pío entre los musulmanes, independientemente de su raza o de su pertenencia o
no a la familia del Profeta. Además, había otros grupos minoritarios, cada uno de los
cuales reclamaba su derecho a nombrar un califa en concordancia con sus intereses o
sus ideales. En este ambiente apareció Abu Moslem en Jorasán y allí comenzó a
propagar la causa abbasí en detrimento de los Omeyas.
Los Abbasíes supieron aprovechar la situación de desencanto general que había no sólo
en Persia sino también en otras regiones del mundo islámico, como por ejemplo en Iraq,
la Península Arábiga e incluso Siria, a pesar de ser ésta última la sede del cuartel
general de los Omeyas. Los Abbasíes se presentaban a sí mismos como protectores de
todos los musulmanes y proferían promesas, como la de que disminuirían los impuestos
y evitarían la discriminación étnica o racial, propaganda ésta que hizo que muchos
mawali y no árabes, sobre todo entre los persas, se uniesen a su causa. Los campesinos,
las capas pobres de la población e incluso los terratenientes, hartos de los abusos de los
Omeyas, escuchaban con agrado cualquier manifiesto que fuese subversivo contra el
califato de Damasco. Hubo incluso un tal Jodash que, aprovechando las ideas
comunistas de Mazdak, que aún resonaban en Persia, se puso a propagarlas
consiguiendo bastantes adeptos en los pueblos y aldeas de Jorasán, pues prometía cosas
como la repartición equitativa de las tierras (la tierra para quien la trabaja). Jodash
tuvo un trágico final, fue perseguido por los gobernadores de Jorasán y Transoxiana, y
tras ser detenido le cortaron la lengua, las manos, lo cegaron y lo asesinaron.
Otro defensor de los Abbasíes fue Bakir ibn Mahan que convocó una reunión secreta
con partidarios de la causa abbasí. Fue detenido y encarcelado, y en prisión conoció a
un joven llamado Abu Moslem, y cuando Bakir ibn Mahan fue liberado le contó a
Ibrahim Emam las cualidades de aquel joven, quedando muy interesado en conocerle;
en el año 741 ya nos encontramos a Abu Moslem en las filas de Ibrahim Emam quien le
ordenó matar "a todo aquel del que sospechara, a aquel cuyas acciones le hiciesen dudar
y a aquel que le causara la más mínima preocupación", y que "no dejara a nadie vivo en
Jorasán que hablase árabe." Cuando Abu Moslem hubo recibido aquellas órdenes, se
puso en marcha hacia Jorasán y se atrincheró en el pueblo de Esfidanŷ uniéndose a él
muchos de los lugareños, como los artesanos, terratenientes y campesinos, entre las que
habían zoroastrianos, shiíes y sunníes. Más tarde se dirigió a Mahan y allí estableció su
cuartel general. Abu Moslem no tardó mucho en verse rodeado por los descontentos, los
oprimidos y todos los que se consideraban engañados. El general persa saltó
definitivamente a la palestra, declaró, como hoy diríamos, la guerra al orden establecido
y cuando los Omeyas se dieron cuenta de lo que ocurría en Jorasán se enfrentaron ya a
los hechos consumados. Se cuenta que la adhesión a la causa de Abu Moslem se daba
con tal rapidez que en cierta ocasión en un solo día más de 60 aldeas se proclamaron
pro-abbasíes. Los Siyah Ŷamegan (los que se visten de negro), así llamados, según
Tabari, por la indumentaria negra que llevaban como señal de luto por el martirio del
Imán Ali, eran cada día más. Pronto, las poblaciones de ciudades importantes como
Herat, Marv, Pushang, Taleghan, Neyshabur, Sarajs y Balj se unieron a Abu Moslem.
Abu Moslem ordenó que todos sus seguidores se vistiesen de negro y que portasen
estandartes también negros, y, para difundir aquella orden, envió misivas a las distintas
provincias, ya focos de revuelta antiomeya. Con esta indumentaria negra mostraban su
oposición al régimen omeya cuya indumentaria y estandartes eran verdes.
Los Siyah Ŷamegan no tardaron en imponerse a los árabes de Jorasán, tras lo cual
aquellos marcharon hacia el Iraq y en Cufa derrotaron al ejército del califa Marwan, éste
huyó de Mosul hacia Egipto y allí fue muerto. Cufa fue conquistada, tomada por
Abdullah al-Saffah, (el Sanguinario) así llamado porque durante su mandato tuvo que
aplacar las revueltas a base de eliminar sin piedad a los subversivos. Los defensores de
la causa abbasí marcharon hacia Siria, la sede del califato, la conquistaron y cayó el
último bastión de los omeyas, pasando a manos de los abbasíes. Los Omeyas fueron
invitados a una cena de "reconciliación" donde fueron todos pasados a cuchillo. Sólo
consiguió salvarse uno, Abdul Rahman, que huyó a España y reinstauró la dinastía
Omeya.
Abu Moslem no participó en aquellas batallas pues permaneció en Jorasán donde
alcanzó tal poder que nada ni nadie podía con él rivalizar. En el ejército del general de
Jorasán había dos personajes destacados: Jalid ibn Barmak y Qahtaba ibn Habib. El
primero sería poco más tarde el primer visir de la "dinastía" barmakí. El segundo había
obtenido varias victorias para los Abbasíes derrotando un batallón del ejército omeya
en las cercanías de Tus y poco después le entregó a Abu Moslem la ciudad de
Neyshabur, tras lo cual fueron conquistadas las ciudades de Gorgán (748) y Nahavand
al año siguiente, mientras Abu Moslem se hallaba ocupado en la propagación de la
causa abbasí difundiéndola en ciudades de Asia Central y Sistán. En Marv la
propaganda abbasí de Abu Moslem provocó la huida del gobernador omeya no
presentando esta ciudad impedimento alguno para ser tomada por los Siyah Ŷamegan.
En resumen, los Abbasíes tomaron el califato en el año 750. Pronto los persas y no
persas se percataron de que sus promesas no estaban siendo cumplidas, que los
impuestos no sólo no bajaban sino que además seguían subiendo. Las demandas de los
alíes (partidarios del imán Ali) y shiíes no se veían satisfechas. Este hecho no pasó
desapercibido por la población, que se sublevó, y en el 752 nos encontramos con la
revuelta de los artesanos y mercaderes de Samarcanda, que fue aplastada por Abu
Moslem.
En el año 754 Abu Moslem era el gobernador abbasí de Jorasán. Los Abbasíes le
habían dado aquel cargo porque querían tenerle lejos del centro califal. Al parecer, Abu
Moslem era ahora una molestia para el nuevo califato pues les recordaba a la gente las
promesas hechas por aquellos. Fue entonces cuando es de suponer que él le escribió una
carta al califa en la que le pedía una bajada de los impuestos. Ese mismo año, Abu
Moslem viaja a Iraq donde se encontró con el califa al-Mansur, quien, si hacemos caso
del relato del autor anónimo de la "Historia de Sistán", asesinó a Abu Moslem.
Abu Moslem es recordado en la memoria de los persas como un héroe nacional y de él
aún se cuentan muchas historias y leyendas.
Allameh Tabatabai 1842-1920
Mirza Seyyed Mohammad, más conocido con el sobrenombre de Allameh Tabatabai (el
muy sabio Tabatabai, un título o apelativo muy corriente entre los ulemas shiíes de alto
rango) era hijo de Seyyed Sadeq Tabatabai, uno de los clérigos más influyentes de la
época de Naser al-Din Shah.
Allameh Tabatabai nació en Karbala. A los dos años fue llevado a Hamadán y a los
ocho sus padres marcharon a Teherán donde el niño fue educado e instruido bajo la
supervisión de su padre. Después de concluir sus estudios primarios en ciencias y
literatura árabe comenzó a recibir clases de jurisprudencia islámica y teología de su
propio padre y de otros profesores afamados del momento. En 1881 marchó a las
ciudades santas de Nayaf y Karbala y allí se afincó y conoció al célebre ayatolá Mirza
Shirazi con el que permaneció completando sus estudios. Después de la muerte de su
padre se trasladó a la ciudad iraquí de Samarra donde vivió diez años durante los cuales
alcanzó el rango clerical de moŷtahed.
Por sugerencia de Mirza Shirazi, Allameh Tabatabai regresó a Teherán donde, aunque
permaneció al margen de la política, se implicó en la lucha en pro de la libertad y en
contra de la tiranía y la opresión, mediante discursos y homilías en los que proponía el
establecimiento de un gobierno republicano basado en la legalidad y en la justicia, ideal
éste que consideraba como deber religioso su logro.
En 1905, después del regreso del sha de su tercera gira por Europa, se unió a Behbahani
y manifestó abiertamente su militancia política. Allameh Tabatabai hacía un
llamamiento al pueblo para que no se dejara oprimir ni amilanar. Fue entonces cuando
ocurrió la fuerte subida del precio del azúcar seguida del sometimiento al bastinado de
uno de comerciantes de este producto por orden de Ein al-Douleh, algo que
desencadenó la ira de los comerciantes a los que se unieron posteriormente los ulemas
en un gesto de solidaridad,. Tabatabai y Behbahani, junto a otros clérigos de alto rango
y acompañado por muchos de sus seminaristas, marcharon hacia Shah Abdul Azim
(ciudad-santuario situada al sur de Teherán) y se encerraron allí, y cada día se iban
uniendo más gente al grupo. Los encerrados exigían la destitución de Ein al-Douleh y la
creación de un Juzgado. Mozaffar al-Din Shah quiso dispersar aquel encierro pero no
tuvo éxito ninguno. Después de un mes encerrados en el santuario, decidieron salir de
Shah Abdul Azim ya que el sha les había prometido que colaboraría para la obtención
de sus exigencias. Al llegar a Teherán se la encontraron engalanada y fueron aclamados
por las multitudes. Aparentemente, todo había vuelto a la normalidad. Ein al-Douleh
había sido destituido, pero surgieron por doquier multitud de anjomans (asambleas)
secretas, algunas con objetivos personales del que las creaba y otras con el fin de
obtener objetivos más nobles como el ideal de la libertad.
Más tarde se produjeron revueltas en la mezquita aljama de Teherán que se saldaron
con varios muertos y heridos entre los seminaristas y comerciantes del bazar. Un grupo
de ulemas, entre los que se contaba el propio Seyyed Mohammad Tabatabai, se
marcharon a Qom y algunos comerciantes se refugiaron en la embajada británica con el
permiso de ésta. La marcha de los ulemas a Qom causó una honda preocupación en la
Corte. Ein al-Douleh fue depuesto y Azod al-Douleh fue llamado para que
compareciese en la capital para encargarle que hiciese regresar a los religiosos.
Una vez en Teherán, él y Behbahani participaron activamente en el establecimiento del
I Parlamento en 1906.
Tras ser bombardeado el edificio del Parlamento en 1909 por el ejército del sha,
Allameh Tabatabai fue detenido, abofeteado por los soldados y llevado ante el sha con
la ropa destrozada, junto a Behbahani. El sha le ordenó a Tabatabai abandonar la
capital, lo cual hizo después de varios meses. Se marchó a Mashad donde fue recibido
de una forma inusitada. En aquella ciudad Tabatabai reinició sus actividades políticas
formando un comité regional. Rokn al-Douleh, valí de Jorasán, informó de todo esto a
la capital desde donde Moshir al-Douleh mandó a Tabatabai una amenaza mediante el
telégrafo. Mas el clérigo no se dejó amedrentar por ella y continuó arengando al pueblo
para rebelarse contra la opresión. Cuando Mohammad Ali Shah fue expulsado del trono
en 1909, Tabatabai regresó a Teherán, no sin antes participar en las celebraciones que se
habían hecho en Mashad con ocasión de tal acontecimiento.
A comienzos de la I Guerra Mundial, en 1914, los rusos y los ingleses marcharon hacia
Persia. Tabatabai abandonó Teherán y se dirigió a Bagdad, que tuvo que también
abandonar tras la caída de ésta, dirigiéndose a Estambul y regresando a Teherán en
1916, donde vivió hasta su muerte. Fue enterrado en Hazrat Abdul Azim.
Amir Kabir
Mirza Mohammad Taqi Jan, más conocido como Amir Kabir (Gran Emir). Es
considerado por unanimidad como el mejor político de la Persia del siglo XIX.
Hijo del cocinero del visir Mirza Isa Qa'em Maqam I, creció en la casa de este político
donde aprendía escuchando detrás de la puerta las lecciones de los maestros particulares
de los hijos del visir. De joven fue empleado como secretario por el mismo Qa'em
Maqam I y más tarde pasó a formar parte de la secretaría de Qaem Maqam II donde se
le tomó en gran consideración, de tal guisa que llegó a ser parte de la comitiva que viajó
a Rusia. No es menester consultar fuentes rebuscadas para darse cuenta del talento
político de aquel joven. El propio Qaem Maqam II hablaba en su correspondencia sobre
él en los términos más elogiosos. Aquella embajada a Rusia era debida al asesinato del
embajador ruso en Teherán en 1828, por el cual el gobierno persa quería pedir disculpas
al zar, difícil tarea que debía ser desempeñada ante el zar por Amir Kabir, quien se
desenvolvió con tal maestría que llamó la atención del mismo emperador ruso y de los
cortesanos persas de la comitiva. Durante su viaje a Rusia, Amir Kabir no perdía el
tiempo y se iba fijando en las instituciones culturales, militares y sociales. Llegó a la
conclusión de que el futuro y el desarrollo de Persia dependía de si ésta poseía
universidades y organismos militares y sociales con un orden y una programación
establecida.
La segunda misión que se le encomendó años más tarde al eficiente Amir Kabir fue la
presidencia de la comitiva a Erzerum (en el Imperio Otomano) con el objetivo de
dirimir los problemas fronterizos que tenía Persia con dicho imperio. Durante esta
misión, que se alargó algo más de dos años, Amir Kabir además de conocer de cerca la
problemática política de Oriente y Occidente logró solventar las divergencias fronterizas
con grandes beneficios para Persia, como por ejemplo lograr para su país el que la
ciudad de Mohammareh (actual Joramshahr) y las grandes extensiones de terreno de la
margen izquierda de Shatt al-Arab, que el Imperio Otomano quería para sí.
Al morir Mohammad Shah en 1848, el príncipe heredero Naser al-Din Mirza ni
siquiera tenía dinero para los gastos del viaje para él y su séquito desde Tabriz a
Teherán para ser coronado allí. Amir Kabir pudo conseguir la suma necesaria poniendo
su aval y garantía personales, y de esta manera pudo llevar al príncipe heredero a la
capital. Mas ocurría que tanto los cortesanos como Mahd-e-'Olia, la madre del nuevo
rey, estaban enconados contra Amir Kabir, mientras que Naser al-Din cada día le subía
más de categoría y le encomendaba las tareas más comprometidas, hasta que, el joven
rey de 16 años le nombró visir y obtuvo el sobrenombre de Amir Kabir por el que es
conocido entre los historiadores.
No cabe duda alguna, y todos los historiadores están de acuerdo, en que el visirato de
Amir Kabir fue, con mucha diferencia, el mejor que hubo durante la época Qayar, sobre
todo si lo comparamos con el ministerio ejercido por otros, en especial, con el anterior,
Mirza Aghasi, que llevó al país al borde de la bancarrota y con cuyos expolios y robos
se ganó la inquina del pueblo, del que tuvo que huir a la muerte de su protector real en
1848. Amir Kabir tuvo que emplearse a fondo para arreglar los desmanes de Mirza
Aghasi. Primero se dispuso a afianzar la paz interna aplastando la insurrección de Salar,
apoyada por los extranjeros como los rusos y los ingleses. Tras acabar con Salar,
apaciguó Fars y Baluchistán, y allí donde preponderaba la presencia tribal construyó
acuartelamientos con el objetivo de controlar la región con mano dura militar. Durante
su visirato, los turcomanos del nordeste, que hacían constantes razzias y pillajes en la
zona contra la población persa, detuvieron casi por completo sus actividades bandoleras.
En las cartas que Amir Kabir escribía a los militares y políticos de Rusia y Gran
Bretaña, o en las respuestas que daba, se veía la valentía, la audacia y el patriotismo de
este ministro. Son innumerables las cosas beneficiosas que hizo por el país. Además de
lo anteriormente dicho, organizó el ejército al estilo europeo, donde impuso el uniforme,
levantó fábricas de armamento que llegaban a fabricar hasta 1000 fusiles diarios,
reformó la Justicia, impidió los abusos de muchos gobernadores, se instituyó Correos,
se fundó Dar al-Fonun (el Instituto Politécnico donde se impartía clases al estilo
europeo), ayudó a la difusión de las nuevas ciencias mediante la traducción al persa de
obras occidentales y la contratación de profesores europeos, editó los primeros
periódicos en el país, simplificó la recargada correspondencia oficial quitándole todo
aquel aparato ceremonioso cuyos saludos ocupaban hasta una página, construyó
hospitales, generalizó la vacunación contra la viruela, reformó muchos monumentos
históricos, luchó contra la corrupción en la Administración, reforzó los cimientos de la
economía, difundió la nueva industria y envió artesanos a Rusia para aprender las
nuevas técnicas, explotó nuevas minas, desarrolló el riego y la agricultura, impulsó el
comercio interior y exterior, reformó Hacienda y el Presupuesto estatal.
Ni que decir tiene que la realización de todos estos logros necesitaba la toma de
drásticas medidas que le causó muchos enemigos, ya sea porque se vieran perjudicados
personalmente o simplemente por envidia ya que el nombre de Amir Kabir resonaba en
Persia como benefactor del pueblo y allí donde se hacía o construía algo de interés
público, era atribuido a Amir Kabir, fuese o no él el artífice. El presupuesto del estado,
arruinado por Mirza Aghasi, fue recuperándose y Amir Kabir para ello se atrevió a
tomar medidas tales como la rebaja del sueldo del rey. No permitía que el soberano se
mostrase tan generoso y cuando le llegaba a sus manos una libranza de éste, le escribía
una nota en la que le advertía que el pago de la misma se haría cogiendo el dinero del
presupuesto militar. En definitiva, Amir Kabir consiguió limitar el derroche de la corte
para de esta manera aumentar el tesoro del estado, que invertía en todas las reformas
arriba mencionadas. Para realizar todo esto también tuvo que echar a los corruptos e
ineptos de la Administración y contratar a personal intachable.
Amir Kabir tuvo un trágico final. Sus drásticas y revolucionarias medidas, su enemistad
con la madre del rey, que le provocó la aparición de encarnizados enemigos, muchos de
ellos allegados a la Corte, se confabularon contra él difundiendo calumnias ante Naser
al-Din Shah, éste le destituyó y ordenó que se le diese muerte. Fue muerto en 1851 a
manos de su verdugo, en un baño de Fin, cerca de Kashán, y cuando su esposa, la propia
hermana del rey, se enteró de lo ocurrido, ya no pudo hacer nada por su marido.
El ayatolá Seyyed Ali Jamenei
El actual líder de la República Islámica de Irán, el ayatolá Seyyed Ali Jamenei, hijo del
Hoŷŷat al-Eslam Haŷ Seyyed Ŷavad Huseini Jamenei, nació el 14 de julio de 1939 en la
ciudad de Mashad y era el segundo hijo de la familia. Seyyed Ali Jamenei, al igual que
la mayoría de los seminaristas y religiosos, llevaba una vida muy sencilla. Tanto su
esposa como sus hijos han aprendido de él el significado de la austeridad. El gran líder
de la revolución hablaba en cierta ocasión de los primeros recuerdos de su vida: "Mi
padre era un clérigo muy conocido, pero llevaba una vida ascética y de retiro...
llevábamos una vida muy dura. Recuerdo que hubo noches que no teníamos cena en
casa. Mi madre se tomaba grandes molestias para preparárnosla... y ésta consistía en pan
y pasas."
En cuanto al hogar familiar paterno del ayatolá Seyyed Ali Jamenei, éste hace la
siguiente descripción de él: "La casa de mi padre, en la cual nací y en la que viví hasta
los cuatro o cinco años, tenía entre 60 y 70 metros cuadrados. Estaba ubicada en el
barrio pobre de Mashad, tenía una única habitación y un sótano oscuro y asfixiante.
Cuando mi padre tenía invitados (algo muy habitual debido a que era un clérigo al que
recurrían) todos nosotros teníamos que irnos al sótano hasta que los invitados se
marchaban. Más tarde, unas personas que sentían devoción por mi padre, compraron un
pequeño terreno al lado que agregaron a la casa, y así pudimos tener tres habitaciones."
En este ambiente pobre pero piadoso pasó su infancia y fue educado el ayatolá Seyyed
Ali Jamenei. A los cuatro años ingresó en una madrasa junto a su hermano mayor
Seyyed Mohammad donde aprendería a leer y escribir y recibiría clases del Corán.
Luego, los dos hermanos cursarían sus estudios primarios en la recién fundada madrasa
llamada Dar al-Ta'lim-e-Dianati.
El ayatolá Seyyed Ali Jamenei, tras estudiar el Bachillerato ingresó en un seminario y
estudió con su padre y otros maestros. Sobre lo que le empujó a ingresar en el seminario
y optar por la carrera religiosa, nos dice lo siguiente: "El factor y motivo principal en la
elección de esta senda luminosa y espiritual fue mi padre, mi madre también tenía en
ello mucho interés y me animó mucho."
Durante sus estudios en el seminario, su propio padre supervisaba sus lecciones y la de
sus otros hijos, y también su padre era el maestro de algunas asignaturas, como por
ejemplo "principios básicos e introducción a la jurisprudencia." Durante los cinco años
y medio que estuvo en el seminario llegó a ser un alumno brillante y destacado. Su
padre jugó un importante papel en los grandes progresos de su joven hijo. El ayatolá
Seyyed Ali Jamenei parte en viaje de peregrinación a Najaf en 1957 donde intenta
quedarse a proseguir sus estudios en los seminarios de aquella ciudad santa. Pero su
padre no se lo permitió y tuvo que regresar a Irán.
Entre los años 1958 y 1964, el ayatolá Seyyed Ali Jamenei estuvo estudiando en un
seminario de Qom. Allí completó sus estudios superiores de jurisprudencia islámica y
filosofía, con los más afamados maestros del momento como el ayatolá Borujerdi, el
Imán Jomeini, y los ayatolás Haeri Yazdi y Allameh Tabatabai.
En 1964 se entera de que su padre se ha quedado ciego de un ojo debido a unas
cataratas. El ayatolá Seyyed Ali Jamenei le entristece la noticia y duda en seguir
estudiando en Qom o regresar a Mashad para cuidar de su padre. Finalmente decide
marchar a Mashad. El ayatolá Seyyed Ali Jamenei en esta bifurcación de su vida tomó
el camino correcto. Muchos de sus maestros y compañeros se lamentaban de su marcha
de Qom argumentando de que si permaneciese en la ciudad santa continuando sus
estudios seminaristas llegaría a ser esto o lo otro. Pero el futuro ha demostrado que su
elección fue la correcta ya que la mano del destino divina le tenía preparado un porvenir
diferente, mejor y más sublime que el que los demás esperaban de él. ¿Se le había
ocurrido a alguien pensar en que aquel joven seminarista de 25 años, que ahora se
marchaba a Mashad para ayudar a sus padres, llegaría a ser 25 años más tarde el Gran
Líder de los musulmanes? No obstante, una vez en Mashad el ayatolá Seyyed Ali
Jamenei no dejó de estudiar. Continuó con sus estudios, solamente interrumpido en los
días festivos, o bien cuando se encontraba luchando o en los días en los que estuvo
encarcelado. Así pues, en 1964 de nuevo nos lo encontramos en Mashad donde además
de estudiar se dedicaba a la enseñanza de seminaristas más jóvenes.
Su militancia política
Fue el mártir Seyyed Moŷtaba Navvab Safavi la primera persona que encendió en él la
chispa de la revolución y de la lucha. Cuando aquel fue a Mashad en 1952 a la madrasa
de Soleyman Jan dio un discurso acerca del resurgimiento del Islam, la vigencia de las
leyes divinas y las mentiras del sha y de los ingleses. El ayatolá Jamenei en aquellos
días no era más que un seminarista muy joven pero se quedó muy impresionado al
escuchar aquel discurso, y, según sus propias palabras: "En aquel instante, mediante las
palabras de Navvab, surgieron en mi chispa de la revolución islámica y no tengo la
menor duda de que el primer fuego fue encendido por el difunto Navvab."
En cuanto a la parte de su vida que está relacionada con el Imán Jomeini, decir que
cuando el ayatolá Jamenei se encontraba en 1962 en Qom y aquel estaba
manifestándose y protestando en contra de la política antiislámica del sha y de los
Estados Unidos, fue cuando el ayatolá Jamenei entró en la escena de la lucha política en
la que permaneció 16 años de su vida, a pesar de sus muchos altibajos,
encarcelamientos, torturas y destierros, peligros éstos que nunca le hicieron zozobrar.
La primera vez que lo vemos con el Imán Jomeini fue en 1963, cuando éste le encarga
llevar el programa de propaganda que tenían que seguir los religiosos para el mes de
moharram a los ulemas de Jorasán. Este programa también contenía unas directrices de
lucha en contra de la política americanizadora del sha y para contrarrestar los últimos
acontecimientos de Qom. Tras llevar el mensaje con los programas, él mismo marchó
hacia Birjand para hacer llegar el mensaje del Imán y fue entonces cuando el 1 de junio
de 1963 fue arrestado por vez primera. Durmió una noche en el calabozo y lo liberaron
al día siguiente con la condición de que no fuera a los púlpitos y de que permanecería
vigilado. Después de los sucesos sangrientos del 4 de junio, el ayatolá Jamenei fue
trasladado a Mashad y allí entregado a una prisión militar donde permaneció diez días y
fue sometido a crueles torturas.
En enero de 1964 (mes de ramadán) se puso en marcha a Kermán junto a otros
compañeros donde siguieron un programa muy bien definido. Después de dos o tres
días de permanencia entrevistándose con los ulemas y las autoridades religiosas de la
ciudad y de pronunciar varios sermones en los púlpitos de sus mezquitas, se pusieron en
marcha hacia Zahedán. Allí fueron muy bien recibidos y escuchados sus ardorosos y
denunciadores discursos, especialmente los pronunciados el 25 de enero (aniversario del
fraudulento referéndum del sha). En pleno mes del ayuno y el día que se celebraba el
nacimiento del Imán Hasan, la pasión, la claridad y la valentía derrochada en sus
sermones y homilías revolucionarias en contra del régimen de los Pahlevi llegaron a su
auge, y, llegada la noche, la SAVAK le detuvo y fue trasladado a Teherán en avión. Dos
meses permaneció el líder en confinamiento aislado en la cárcel del Qezel Qal'e, donde
además soportó toda suerte de insultos y torturas.
Tras ser liberado, las clases que impartía en Mashad y Teherán sobre hadices,
pensamiento y exégesis islámicas eran escuchadas con ardor por los jóvenes y
revolucionarios seminaristas. Estas actividades provocaron la ira de la SAVAK y
empezaron a perseguirlo. Es por ello que en 1966 el líder llevaba una vida oculta en
Teherán, aunque ello no impidió que en 1967 fuese detenido y encarcelado por tercera
vez. Más tarde fue de nuevo liberado pero el ayatolá Jamenei siguió con sus actividades
revolucionarias, y en 1970 fue detenido por cuarta vez por la misma SAVAK infernal
de los Pahlavi. De nuevo fue liberado pero no tardó en ser detenido. Sobre esta quinta
detención él mismo cuenta: “Desde 1969 en Irán el terreno para la lucha armada era
palpable. El aparato del régimen anterior tenía pistas de que todo aquello no podía no
estar relacionado con alguien como yo y por ello aumentó su obsesión e intensificaron
sus actividades contra mi. En 1971 fui encarcelado por quinta vez. Las violentas
irrupciones de la SAVAK en la cárcel demostraban a las claras que el régimen tenía
miedo de que aquellas corrientes de lucha armada se unieran a los focos de pensamiento
islámico. Ellos no podían aceptar que mis actividades intelectuales y propagandísticas
en Mashad y Teherán estuviesen al margen y fuese ajenas a aquellas corrientes. Tras la
liberación, las clases generales de exégesis y las clases clandestinas de ideología etc.,
fueron aún más ampliadas.' En fin, estas clases a las que se refería el ayatolá Jamenei
continuaron entre los años 1971 y 1975 en tres mezquitas de Mashad y a ellas asistían
miles de personas, especialmente jóvenes intelectuales y seminaristas revolucionarios
que se iban familiarizando con el pensamiento genuino islámico. Estos jóvenes, que
aprendían de él a cómo luchar y permanecer en la brecha revolucionaria, marchaban a
su vez a otras ciudades del país para difundir e infundir en las mentes aquel mensaje y
aquella luminosa verdad y así preparar el terreno para la gran Revolución Islámica que
se avecinaba. Así, en enero de 1975, la SAVAK volvió a irrumpir en casa del ayatolá
Jamenei en Mashad, lo detuvieron y confiscaron muchos de sus escritos. Esta sexta
detención fue la más dura pues permaneció confinado hasta otoño. Fue encerrado en una
celda en las peores condiciones, y, según sus palabras, aquella situación, "sólo la pueden
entender aquellas personas que la han presenciado." Tras ser liberado regresó a Mashad
y continuó con su mismo programa de actividades revolucionarias que alternaba con sus
estudios e investigaciones, aunque ya no pudo continuar con sus clases clandestinas.
En marzo de 1978 el régimen criminal de los Pahlavi arrestó de nuevo al ayatolá
Jamenei y lo deportó a la lejana ciudad de Iranshahr. En otoño de ese mismo año, a raíz
del alza y la intensificación de los movimientos populares e islámicos en contra del
régimen, fue liberado de su exilio y pudo regresar a Mashad para situarse en primera fila
de los contendientes contra el régimen sangriento de los Pahlavi, y, después de luchar
valientemente durante 15 años en el camino de Dios, de soportar todas aquellas
calamidades y amarguras, pudo por fin saborear el dulce fruto de todas aquellas
penurias, es decir, la gloriosa victoria de la Revolución Islámica y la humillante caída
del vil y cruel régimen de los Pahlavi, y el establecimiento en Irán de un gobierno
regido por los principios del Islam.
En los albores del regreso del Imán Jomeini de París, éste ordenó formar el Comité de
la Revolución Islámica en el que participarían otras personalidades de la época como el
los ayatolás Mottahari, Beheshti, y Hashemi Rafsanyani, y también el Imán nombró
miembro al ayatolá Jamenei.
Tras la victoria de la revolución, el ayatolá Jamenei no dejó de trabajar con fervor en
sus ideales y en el logro de los objetivos de la revolución islámica que estaba en sus
comienzos y que él contribuyó con las siguientes actividades:
Febrero de 1979. Fundación del Partido de la República Islámica, con la colaboración
de otros clérigos como los mártires Beheshti, Bahonar, el expresidente Hashemi
Rafsanyani etc.
1979. Viceministro de Defensa. Jefe de los Guardias de la Revolución (Pasdaran). Imán
del Viernes de Teherán.
1980. Delegado del Imán Jomeini en el Consejo Superior de Defensa. Diputado por
Teherán en el Parlamento. Presencia activa ataviado con uniforme militar en el frente de
guerra contra el régimen de Saddam Huseyn, apoyado por las potencias satánicas de
Estados Unidos y la antigua Unión Soviética.
1981. Sale ileso de un atentado perpetrado contra él en la mezquita de Abuzar de
Teherán. En otoño de este mismo año, tras la muerte en atentado terrorista del
presidente Rajai, es elegido el ayatolá Jamenei presidente del gobierno, con 16 millones
de votos a su favor y el beneplácito del Imán. En 1985 fue reelegido y permaneció como
presidente hasta 1989.
1981. Presidente del Consejo de la Revolución Cultural.
1987. Presidente del Consejo de Conveniencia del Sistema.
1989. Presidente del Consejo de Revisión de la Constitución.
1989. Tras la muerte del Imán Jomeini, es elegido gran Líder de la Revolución Islámica
por la Asamblea de Expertos.
El ayatolá Jamenei es también autor de numerosas obras como por ejemplo,
"Generalidades del pensamiento islámico en el Corán" , "Desde las profundidades de la
oración", "Valiato", "Biografía de los Imanes del shiísmo", "Unidad y partidismo", "El
arte bajo el punto de vista del ayatolá Jamenei", "La religión bien entendida", "El
elemento de lucha en la vida de los Imanes, sobre ellos sea la paz", "El espíritu de la
Unidad, la negación de la adoración excepto a Dios", "La necesidad de volver al
Corán", "El ataque cultural (recopilado de sus propios discursos)".
El ayatolá Mottahari
El ayatolá Mottahari nació el 1 de febrero de 1920 en Farimán, a 75 kms. de Mashad, en
el seno de una familia clerical. A los doce años, después de completar sus estudios
primarios en una madrasa, marchó a Mashad para ingresar en su seminario donde
aprendió los principios del Corán y de la teología islámica. En 1937, a pesar de la
intransigencia de Reza Shah contra los clérigos y de la oposición de sus familiares y
amigos, el ayatolá Mottahari se marcha a Qom para completar sus estudios de teología.
El ayatolá Haeri Yazdi, maestro del Imán Jomeini y director del seminario de Qom,
había muerto recientemente a su llegada aquella ciudad santa. Durante sus quince años
de estancia en Qom, el ayatolá Mottahari, tuvo como maestros a los ayatolás Borujerdi,
Jomeini y Allameh Tabatabai. El Imán Jomeini le dio clases durante doce años de irfan
(mística islámica), ética y filosofía de Mollah Sadra. Con el ayatolá Borujerdi ya
estudiaba antes de la partida de éste a Qom pues el ayatolá Mottahari iba en ocasiones a
Borujerd para recibir allí sus lecciones. Durante su residencia en Qom como estudiante
de teología, además de estudiar los estudios típicos de todo seminarista, estudió también
sociología y política y estaba en contacto con el grupo de los Fidaíes del Islam. En
1952, siendo ya allí un reputado maestro y una de las esperanzas del seminario, marcha
a Teherán donde impartirá clases en una madrasa y comenzará su carrera como prolífico
autor de libros y conferenciante. En 1955 comienza a trabajar como profesor en la
Facultad de Teología y Ciencias Islámicas de la Universidad de Teherán. Durante los
años 1958 y 1959 fue uno de los conferenciantes más importantes de la Sociedad
Islámica de Médicos y entre los años 1961 y 1971 llegó a ser el conferenciante más
importante de dicha sociedad.
Durante el levantamiento del 4 de junio de 1963 desempeñó una gran labor junto al
Imán Jomeini en la coordinación de las manifestaciones. Ese mismo día por la noche,
después de pronunciar un discurso contra el sha, es detenido e ingresa en prisión
preventiva junto a otros clérigos de Teherán. Después de la marcha de los clérigos a
Teherán y debido a la presión popular, es liberado después de 43 días junto a los otros
compañeros de prisión.
Tras la formación del grupo de Coalición Islámica, el ayatolá Mottahari es nombrado
responsable, junto a otros clérigos, para su gestión y organización. Tras la muerte en
atentado de Huseyn Ali Mansur, primer ministro de entonces, la cúpula dirigente de este
grupo fue reconocida y sus miembros detenidos, entre los que se contaba el ayatolá
Mottahari. Sin embargo, debido a que el juez que llevaba el caso había estudiado
durante un tiempo en Qom con el ayatolá Mottahari como maestro, le envió un mensaje
a éste diciéndole que "he cumplido con mi deber como alumno", por lo que el maestro
se vio libre.
Durante todo este tiempo alternaba sus actividades combativas contra el régimen
pahlavi con la redacción de obras de interés social, dando conferencias en las
universidades, sociedades islámicas y sermones y homilías en diversas mezquitas de
Teherán. Se puede decir que el ayatolá Mottahari creía en una lucha islámica, no en
cualquier lucha islámica. Para islamizar los movimientos hizo muchos esfuerzos
ideológicos y se opuso tenazmente a todo lo que consideraba un desvío de los ideales
islámicos. Para ello, fue el principal fundador de la Institución de Orientación
Huseyniyeh. Sin embargo, después de un tiempo dimitió en 1970 debido al
comportamiento individualista de uno de los miembros de la directiva, que no
consultaba nada y que impedía la puesta en marcha de los planes del ayatolá Mottahari.
Un año antes, el ayatolá Mottahari fue detenido junto a otros clérigos por haber emitido
un comunicado conjunto para la recaudación de fondos para los refugiados palestinos,
también anunciado mediante una conferencia pronunciada en la Institución de
Orientación Huseyniyeh. Durante un breve periodo de tiempo fue encarcelado en
régimen de aislamiento. Desde 1970 a 1972 era el encargado de supervisar el programa
de propaganda de la mezquita de Ŷavad y era él mismo el principal orador de la misma,
hasta que la mezquita fue clausurada, al mismo tiempo que la Institución de Orientación
Huseyniyeh, y de nuevo, detenido un tiempo. Tras ser liberado continuó pronunciando
sermones y discursos en las mezquitas de Ŷavid, y Arg, hasta que la primera también
fue clausurada. En 1974 se le prohibió subir a los púlpitos, prohibición que estuvo
vigente hasta la victoria de la Revolución Islámica.
No obstante lo dicho, los servicios más importantes prestados por el ayatolá Mottahari
durante su fructífera vida fue el haber presentado y mostrado una ideología
genuinamente islámica mediante sus clases, sus conferencias y la redacción de obras.
Este hecho cobra mayor importancia por cuanto entre los años 1972 y 1978 surgen en
Irán numerosos grupos izquierdistas, incluidos musulmanes de izquierda, que es cuando
más se hace patente y llega a su auge el fenómeno de la mezcolanza ideológica. Además
del Imán Jomeini, el ayatolá Mottahari fue la primera personalidad que se percató del
peligro que suponía aquella organización llamada los Combatientes del Pueblo
(Moŷahedin-e-Jalq) y previno a los demás de colaborar con ellos. Llegó incluso a
predecir la metamorfosis ideológica que sufriría este grupo poco después.
Por recomendación del Imán Jomeini, el ayatolá Mottahari asistía dos veces a la
semana al seminario de Qom para impartir clases. En 1976, debido a una discusión con
un profesor comunista que tuvo, paradójicamente, en la Facultad de Teología, fue
jubilado antes de tiempo. Durante estos años, el ayatolá Mottahari funda con otros la
Sociedad de Clérigos Combatientes de Teherán, con la esperanza de que los clérigos de
otras ciudades siguiesen sus pasos.
Aunque el ayatolá Mottahari mantenía correspondencia con el Imán Jomeini tras el
exilio de éste, en 1976 decidió hacerle una visita en Nayaf donde pudo departir y
consultar con el Imán algunas cuestiones del levantamiento que se estaba fraguando en
contra del régimen del sha. Después del martirio del hijo del Imán Jomeini, el ayatolá
Seyyed Mostafa Jomeini, en 1977, el ayatolá Mottahari ya empleaba su tiempo
completamente en los levantamientos, en los que jugó un papel crucial en todas sus
etapas. Durante la estancia del Imán Jomeini en París, el ayatolá Mottahari hizo un viaje
a Francia donde habló con el Imán sobre las cuestiones fundamentales de la revolución
y fue durante esta visita cuando el Imán le nombró responsable de la creación del
Consejo de la Revolución Islámica. Durante el regreso del Imán a Irán, se hace
personalmente responsable del Comité de Bienvenida al Imán, y hasta la victoria de la
Revolución y después de ésta permanece junto al Imán Jomeini como su consejero y
hombre de confianza, hasta que el 30 de abril de 1979, a la salida de una reunión y en la
oscuridad de la noche, cayó mártir con una bala en la cabeza disparada por el grupo
ignorante y criminal de Forghan. El pueblo musulmán, que había puesto muchas
esperanzas en aquel gran hombre, se vistió de luto.
Abdullah Behbahani 1844-1910
El padre de Abdullah Behbahani, Seyyed Ismail, era un afamado moŷtahed. Cuando
regresó a Teherán de su peregrinación de Karbala, fue bien recibido por el rey de
entonces Mohammad Shah, el príncipe heredero, Naser al-Din, y por el pueblo. El
primogénito de este clérigo era Abdullah Behbahani, que sería uno de los protagonistas
de la Revolución Constitucional de Persia.
Tras terminar sus estudios elementales de teología, Abdullah Behbahani marchó a
Nayaf donde continuó sus estudios de teología con los más afamados clérigos shiíes del
momento. Tras obtener el rango de eŷtehad en el año 1878, regresó a Teherán, y, al
haber muerto su padre, ocupó el lugar de su progenitor, donde ganó popularidad gracias
a sus dotes en el manejo de la palabra y a su brillante inteligencia.
Ocurrió que en Teherán se formó un tumulto debido a la deportación y ofensa de la que
fueron objeto unos estudiantes de teología, muchos de los cuales fueron detenidos, por
lo que Behbahani le pidió a Ein al-Douleh que los soltara, a lo que éste respondió que él
no tenía derecho a interferir en los asuntos del gobierno, actitud la cual le valió la
enemistad del pueblo y de los ulemas. El tumulto fue debido a que llegó a las manos de
Behbahani una fotografía en la que el belga encargado de la Aduana de Irán estaba
vestido de clérigo, lo cual fue interpretado como una mofa por los seminaristas, que
formaron una revuelta que se saldó con la detención de 13 seminaristas a los que
encadenaron y deportaron a Ardabil.
Tras el regreso de Europa del sha y de Ein al-Douleh, Behbahani y el ayatolá Seyyed
Mohammad Tabatabai mostraron públicamente su oposición al Gobierno y exigió la
formación del Juzgado y la destitución de Ein al-Douleh. Otros oradores como Sheij alRais Qajar y Vaez Isfahani se subieron a los púlpitos para declamar sobre la libertad y la
justicia y encaminar el pensamiento popular hacia la lucha contra el Estado. Muchos de
los opositores al régimen establecido ayudaron económica y moralmente a Behbahani y
a Tabatabai. El gobierno británico, por su parte, en defensa de sus intereses, lo que hacía
era apoyar y ayudar al gobierno persa.
La subida del precio del azúcar seguida del sometimiento al bastinado de uno de
comerciantes de este producto, por orden de Ein al-Douleh, desencadenó la ira de los
comerciantes a los que se unieron posteriormente los ulemas en un gesto de solidaridad.
Behbahani y Tabatabai, junto a otros clérigos de alto rango, acompañado por muchos de
sus seminaristas, marcharon hacia Shah Abdul Azim (ciudad-santuario situada al sur de
Teherán) y se encerraron allí, y cada día se iban uniendo más gente al grupo. Los
encerrados exigían la destitución de Ala al-Douleh, del belga agente de Aduanas que se
había disfrazado de clérigo y la creación de un Juzgado. Mozaffar al-Din Shah quiso
dispersar aquel encierro pero no tuvo éxito ninguno. Después de un mes encerrados en
el santuario, decidieron salir de Shah Abdul Azim ya que el sha les había prometido que
colaboraría para la obtención de sus exigencias. Al llegar a Teherán se la encontraron
engalanada y fueron aclamados por las multitudes. Aparentemente todo había vuelto a
la normalidad. Ala al-Douleh había sido destituido, pero surgieron por doquier multitud
de anjomans (asambleas) secretas, algunas con objetivos personales del que las creaba y
otras con el fin más noble de obtener la libertad.
Tras la elección de los miembros del Parlamento y la formación de este, Abdullah
Behbahani ingresó en el Parlamento y tal fue el poder que llegó a adquirir que muchos
de los asuntos de Estado se dirimían en su propia casa y se le llegó a poner el apelativo
de “Shah Abdullah”. La mayor parte de los diputados del Parlamento estaban bajo su
influencia y la oposición o acuerdo de Behbahani con algún asunto era determinante
para hacerlo llegar a buen puerto o no. Este Parlamento consiguió frenar la deuda
externa, hacer un programa para la Banca Nacional y equilibró el presupuesto del
Estado. Pero, con la oposición del sha al Parlamento y tras el asesinato de uno de los
diputados y las divergencias internas que ya había, agravado por el saqueo que se
produjo en las tiendas de los comerciantes a manos de los soldados y agentes del sha,
hicieron que Tabatabai y Behbahani telegrafiaran al resto de las ciudades del país para
que el pueblo se levantase contra el despotismo.
El Parlamento y las Asambleas se dispusieron a entrenar una Guardia Nacional y a
instruir a los jóvenes en la milicia. Fue entonces cuando Mohammad Ali Shah ordenó
bombardear el edificio del Parlamento. Behbahani y Tabatabai fueron detenidos,
abofeteados y deportados a Kermanshah con las ropas hechas jirones por orden del sha.
En Kermanshah permanecieron ocho meses detenidos bajo custodia militar, tras los
cuales, el Gobierno mandó liberar a Behbahani, que fue aclamado por la gente. Tras
aquello, Abdullah Behbahani marchó a Najaf y Karbalá donde también fue bien
recibido por los ulemas, y, cuando Teherán fue conquistada por los liberales, Behbahani
regresó a la capital donde fue calurosamente acogido por los dirigentes nacionales. En el
II Parlamento, Behbahani se enclaustró en su casa y desde ella realizaba muchas de sus
tareas como diputado. Los miembros moderados le apoyaban pero los radicales estaban
en su contra ya que la influencia de Behbahani impedía que llevasen a cabo muchas
empresas que redundaban en su beneficio, así que planearon asesinarle. Un grupo de
encapuchados entraron en su casa y le dispararon a bocajarro causándole la muerte. Su
cuerpo fue llevado a la ciudad santa de Nayaf donde fue enterrado.
Ciro el Grande
Gran rey de Persia, fundador de la dinastía Aqueménida. Hijo del noble persa Cambises
y de la princesa meda Mandana. Nació aproximadamente en el 590 a.C. Casi todos los
detalles de la vida de este rey han llegado a nuestros días a través de Herodoto, que en
general es la principal fuente para estudiar la historia los Medos y principios de los
Aqueménidas. Herodoto nos cuenta que el abuelo materno de Ciro era el rey medo
Astiages (al que derrotaría años más tarde). Cuenta que éste tuvo un sueño en el que
veía claramente que el hijo que había nacido de su hija Mandana le iba un día a
arrebatar el poder. Interpretándolo como una profecía, decidió curarse en salud y no dar
en matrimonio a su hija a ninguna personalidad influyente entre la tribu de los magos.
Finalmente, decidió desposarla con uno de la tribu persa llamado Cambises, muy
inferior en rango y cuyo vástago no tendría posibilidades de rivalizar en el trono. Pero
ello no impidió que los sueños siguieran hostigando al anciano monarca y éste volvió a
soñar con su hija, de cuyo vientre crecía una parra que cubría y hacía sombra sobre toda
Asia. Los magos interpretaron el sueño advirtiéndole que era una profecía de lo que se
le venía encima. Astiages puso una guardia a su hija, ya en avanzado estado de
gestación, para acabar con aquel retoño en cuanto naciese.
Una vez nacido el niño, le encargó la tarea a uno de sus fieles ministros, Harpago. Éste
le prometió al rey que así se haría. Mas ocurrió que Harpago, conmovido por aquel
infanticidio que estaba a punto de cometer, decidió echarse atrás y le entregó el bebé a
unos pastores, siervos del mismo rey medo. Harpago mintió al pastor diciéndole que el
rey le encargaba abandonar el niño en un paraje desierto para que allí pereciera.
Harpago amenazó al pobre pastor a quien dijo que debía asegurarse de la muerte del
niño, que si así no lo hacía, él mismo se encargaría de someterlo a los más horribles
suplicios. Uno de los criados de Harpago le informó de la identidad de la criatura, de la
que ya algo sospechaba el pastor debido a la rica indumentaria con la que estaba el niño
cubierto. Al llegar el pastor a su casa, le puso a su mujer al corriente de todo lo
acontecido. Harpago cometió un grave error. Quiso el destino que la mujer del pastor,
llamada Spacos, hubiese parido un niño muerto ese mismo día. La mujer no tardó
mucho en ocurrírsele dar el cambiazo y entregar el cadáver de su hijo como prueba de
haber cumplido su marido aquel terrible cometido. El marido accedió a aquella idea que
además no le pareció nada mala. Colocaron al niño muerto en la canastilla donde se
encontraba Ciro y lo abandonó en medio del monte. A los tres días, los guardias al
mando de Harpago marcharon donde se encontraba el cadáver, por indicación del
propio pastor, y enterraron el infante.
Tumba de Ciro el Grande en Pasargadas, provincia de Fars.
En fin, Ciro fue criado por Spacos mientras su abuelo y Harpago le creían muerto.
Herodoto nos sigue contando que no obstante, a los diez años la identidad del niño fue
descubierta por el rey Astiages, a cuya justicia habían recurrido por haber azotado Ciro
a un niño con el que jugaba a reyes y pajes, donde Ciro hacía las veces de rey. Cuando
Ciro fue llevado ante Astiages, éste se fijó en sus ademanes y en que sus facciones se le
parecían. Sospechando de aquel insólito parecido, mandó llamar a su supuesto padre a
quien interrogó sobre la identidad del niño. El pastor le dijo que era su propio hijo, pero,
cuando el rey amenazó con someterlo al tormento de no decir la verdad, el pastor lo
confesó todo. Astiages no le tuvo en cuenta aquello a él y descargó su ira contra
Harpago a quien hizo llamar. Éste, al ver allí al pastor no dudó en confesarlo todo,
intentando ganarse alguna concesión mediante la confesión de la verdad. El rey mostró
incluso agradecimiento, hizo como que se alegraba que su nieto hubiese sobrevivido y
se hubiese evitado aquel ultraje a su hija, ya que al fin y al cabo aquella orden la había
dado sin pensar en lo que hacía. Harpago salió de palacio muy contento por haber
escapado con tanta suerte de aquel atolladero. La venganza por desobediencia que
tramaba Astiages en contra de Harpago fue terrible. Éste fue invitado aquella misma
noche a un banquete de agradecimiento a los dioses donde se le sirvió la carne de su
propio hijo. Cuando el rey le preguntó si estaba satisfecho del yantar y Harpago
respondió afirmativamente, los criados descubrieron la tapa de una bandeja donde se
habían colocado las manos, los pies y la cabeza de su hijo. Harpago mantuvo la entereza
pese a la escena, dándose cuenta en seguida de que el rey no había sido indiferente a su
desobediencia. Astiages consultó a los mismos magos que le interpretaron 10 años antes
su sueño, sobre las medidas que tenía que tomar ante la nueva situación. Éstos le
contestaron que tenía que dejarlo vivir, y le dijeron que si ya había reinado una vez (en
referencia al juego con los otros muchachos) que quedara tranquilo que ya no podía
volver a reinar pues aquel sueño lo que probablemente profetizaba era que el hijo de
Mandana sería rey, pero rey en el juego.
Herodoto sigue contando que Ciro fue devuelto a sus padres legítimos, Cambises y
Mandana, que no dejaban de abrazarle pues le creían muerto hacía diez años. Los años
pasaron y Ciro llegó a la mayoría de edad. Mientras tanto, Harpago iba tramando planes
para vengarse de la venganza de Astiages, desacreditando al viejo rey e inculcando en la
mente de los cortesanos la conveniencia de deponerlo y nombrar a su nieto Ciro en su
lugar. Harpago le escribió una carta secretamente a Ciro donde le incitaba a la rebelión
contra su fracasado "verdugo" pues si se hallaba con vida ello se debía a la voluntad de
los dioses. A Ciro no le disgustó la idea de hacerse con el trono, la cuestión era cómo
incitar a los persas en contra de los medos. Para ello, se le ocurrió la feliz idea de
convocar a éstos a una junta con una carta falsa donde Astiages le nombraba general de
los persas. Así se hizo del poder, aunque Herodoto nos adorna la historia con numerosos
detalles, y que si bien algunos de ellos son superfluos hace que el relato se pueda leer
como una novela de aventuras.
Resumiendo, Astiages, enterado de lo que estaba haciendo su nieto le advirtió de las
consecuencias por medio de un mensajero. Ciro le respondió que no se preocupase, y
"que pronto le haría una visita". Astiages cerró filas y se preparó para lo que
acertadamente sospechaba. Armó a todos los medos y cometió el grave error de
nombrar general a Harpago, poniendo literalmente en sus manos el cumplimiento de su
venganza. La batalla entre medos y persas fue lo que hoy denominaríamos una
pantomima. Entre los medos, sólo lucharon de verdad aquellos pocos que nada sabían
de las tramas de su general. El resto, o salió huyendo o se unió a los persas. Astiages
estaba conmovido. En un arrebato de ira hizo ejecutar a los magos que interpretaron sus
sueños y reclutó a los jóvenes y viejos que habían quedado para que se enfrentasen a su
nieto. Mas todo fue en vano. Los persas los derrotaron e incluso Astiages cayó
prisionero. Harpago no tardó mucho en ir a regodearse ante el rey caído en desgracia, a
burlarse en su cara y a reprocharle aquel acto inhumano de hacerle comer la carne de su
hijo, además de revelarle que él había sido quien había incitado a Ciro a la rebelión.
Cuenta Herodoto que el viejo rey medo le respondió a Harpago que era el hombre más
tonto y más injusto que había conocido, tonto porque podría haber sido él quien podría
haberse hecho rey en lugar de Ciro, e injusto porque iba a someter a todos los medos al
yugo de los persas para vengarse de una sola persona.
En fin, con la creación del estado aqueménida por Ciro el Grande, Persia aparece en el
escenario de la historia con un papel activo y determinante. Según una inscripción
babilónica, Ciro se llevó el tesoro real de Ecbatana a Anzán dando fin al imperio medo.
Su fulgurante victoria sobre los medos y la inmediata hegemonía que obtuvo sobre su
territorio causó estupor entre los reyes de la región. Ciro, para evitar que la unión que se
estaba formando por Lidia, Babilonia y Egipto se conjuraran contra él, decidió tomar la
iniciativa bélica y comenzar una ofensiva contra ellos antes de verse obligado a tomar la
defensiva. Obtuvo una rápida victoria sobre Creso que lideraba el ejército lidio y que
avanzaba hacia las fronteras de Persia, y, tras su derrota, Sardes, capital de Lidia fue
tomada por Ciro (546 a. C.). Esta victoria significaba la anexión de Asia Menor a los
dominios aqueménidas. Sin embargo, antes de su expedición militar a Mesopotamia
decidió atacar preventivamente a los escitas para que no le ocurriese lo que le ocurrió al
rey medo Ciájares. Finalmente, tras luchar contra los escitas se dirigió al Tigris, lo cruzó
y conquistó Babilonia sin resistencia (538 a.C.) Con la conquista de Babilonia se
anexionó además Siria, Asiria y Palestina, que estaban gobernadas por Nabónides, rey
babilonio.
Lo que al mundo judío concierne, el hecho más conocido de este rey fue la liberación
de pueblo de Israel que estaba cautivo en Babilonia. Este hecho está referido en el
Antiguo Testamento con bastante detalle, en Esdras y Daniel. Allí se presenta al rey de
Persia como un ungido de Dios, como alguien elegido por Yahvé para liberar al pueblo
judío que había sido deportado por Nabucodonosor. La famosa declaración de Ciro que
hoy se conserva y que fue escrita en un cilindro donde se proclamaba la liberación de
los judíos es considerado la primera declaración universal de los derechos humanos.
El "Cilindro Magno de Ciro", la primera declaración de los derechos humanos fue mandada
redactar por Ciro con ocasión de su conquista de Babilonia. Fot. www.thebritishmuseum.ac.uk
Según Herodoto, Ciro murió a manos de los masagetas. Cuenta el historiador griego
que Ciro cruzó el río Araxes (que hoy delimita el Irán actual con Azerbaiyán) para
cargar contra los ejércitos de Tomyris, la reina de los masagetas. Ciro utilizó una
curiosa trampa. Apartó a los más flacos y débiles de su propio ejército y los utilizó
como carne de cañón poniéndoles en primera línea. Los masagetas los mataron a todos
y tras aquello se encontraron unas mesas preparadas por el mismo Ciro donde había
buen vino y buena comida. Allí cayeron en la trampa comiendo y bebiendo hasta quedar
saciados y, con la mente embotada por el alcohol, cayeron presa del sueño. Entonces los
persas se abalanzaron sobre ellos, mataron a muchos y capturaron a otros, entre los que
se encontraba Spargapises, el propio hijo de la reina masageta. Tomyris, al enterarse de
aquello, le escribió un mensaje a Ciro donde le decía que él no había vencido en la
batalla "por la fuerza de su brazo" sino "engañándolo con esa pérfida bebida." Le
advertía que le devolviese a su hijo y que si tal hacía, no tendría en cuenta el haber
acabado con el resto de su ejército, pero que de lo contrario, te juro "decía
textualmente" por el sol, supremo señor de los Masagetas, que por sediento que te halles
de sangre yo te saciaré de ella". Ciro no hizo caso ni de la misiva, ni de las advertencias
que encerraba. Mientras tanto, Spargapises se despertó y, al darse cuenta de lo ocurrido,
pidió que se le quitasen las cadenas y tras verse liberado se quitó la vida. Según
Herodoto, la reina de los Masagetas envió un ejército contra Ciro y hubo entre los dos
bandos una batalla como "nunca había oído entre dos naciones bárbaras". Empezaron
arrojándose flechas, y, cuando aquellas se hubieron acabado lucharon cuerpo a cuerpo.
Los persas fueron derrotados y en la batalla murió Ciro. Tomyris hizo llenar un odre de
sangre humana, cortó la cabeza del cadáver de Ciro y la metió dentro del odre mientras
profería estas palabras: "Perdiste a mi hijo cogiéndole con engaño a pesar de que yo
vivía y de que soy tu vencedora. Pero yo te saciaré de sangre cumpliendo mi palabra."
Herodoto termina diciendo que él sabía varias versiones de la muerte del rey persa, pero
que él se quedaba con aquella, dejando al lector en la duda de la veracidad del relato.
Como conquistador, Ciro tenía una personalidad poco corriente. No imponía ninguna
religión a las poblaciones conquistadas y debía ser muy liberal en materia religiosa ya
que él mismo se convertía en adorador de los dioses de los pueblos conquistados, como
es el caso de Marduk en Babilonia. Los miembros de la Administración eran elegidos
entre la población del pueblo conquistado. Ciro fue el fundador de un imperio que
duraría hasta la llegada de Alejandro Magno.
Hasan Sabbah m. 1124
Célebre líder ismailí que formó en Persia una organización conocida en el medioevo
europeo como la Secta de los Asesinos, con un perfecto organigrama, entre los siglos XI
y XII. El padre de Hasan Sabbah, Ali ibn Mohammad Hamiri, era originario de la
ciudad de Kufa, en Iraq, pero se estableció en Qom y fue allí donde nació Hasan
Sabbah. En su juventud, Hasan Sabbah era shií duodecimano pero pronto se convirtió al
ismailismo o shiísmo septimano a través de las predicaciones de un tal Mo'men de Rei.
En el año 1076 uno de los líderes ismailíes de Persia habiéndose percatado de las dotes
del nuevo converso lo envía al Egipto fatimí, país cuya doctrina oficial era el ismailismo
y era considerado el cuartel general del shiísmo septimano y que había creado durante el
siglo anterior un califato separado del de Bagdad. El califa fatimí al-Mustansir lo envía
a propagar la fe a Persia y Hasan Sabbah marcha primero a Isfahán, luego a Azerbaiyán
y regresa a Egipto a través de Siria. En Egipto permanece un año y medio durante el
cual se produce el cisma que dividiría en dos a los ismailíes. Al-Mustansir tenía dos
hijos, Musta'li y Nizar y uno de ellos debía ser heredero del califato. Hasan Sabbah era
partidario de Nizar, lo que le valió la enemistad de Musta'li y de sus seguidores, que le
impulsó a regresar a Persia. Este es el punto de partida del cisma entre los ismailíes que
de ahí en adelante se dividirían en dos, los partidarios de Musta'li, que de hecho fue
nombrado califa fatimí en el 1094, y los partidarios de Nizar, que se conocerán en la
historia con el nombre de nizaríes, muy abundantes sobre todo en Siria y Persia.
Cara oriental de la fortaleza de Alamut, a más de 2.000 metros de altura, en el noroeste de Irán
A su regreso a Persia, Hasan Sabbah comenzó a expandir la causa nizarí. En poco
tiempo consiguió muchos adeptos en Tabaristán, Damghan, Yazd y Kermán, hasta que
llegaron a poseer fortalezas, como la de Alamut situada cerca del mar Caspio, de la que
hicieron su cuartel general en Persia y permaneció inexpugnable hasta el año 1256 en
que fue conquistada por los mongoles. Después de Alamut, los ismailíes nizaríes
conquistaron otras muchas fortalezas que se encontraban sobre todo diseminadas a lo
largo de toda la línea norte del país. Toda esta actividad subversiva intranquilizaba a los
gobernantes selyúcidas, y el ministro Nezam al-Molk decidió ponerse manos a la obra
para atraparlo. Empezó encargándole al gobernador de Rei la misión de encontrar a
Hasan Sabbah, y éste, al enterarse, no se acercaba a la zona y así evitó su detención.
Hasan Sabbah se dirigió entonces a Alamut (1090), y de ahí en adelante pasaba la
mayor parte de su tiempo allí encerrado y dedicado por completo a sus ejercicios
espirituales, que no le impedían seguir dirigiendo sus milicias a los distintos puntos del
país para apoderarse de nuevas fortalezas y que serían la pesadilla de los Selyúcidas.
Hasan Sabbah, era ahora líder y cabeza de una saga de líderes nizaríes que continúa
hasta nuestros días. Finalmente, Nezam al-Molk cayó bajo la daga de los "asesinos" en
el año 1092 como venganza de los hostigamientos a los que estaban siendo sometidos.
El asesinato de este ministro fue muy sonado y les dio aún más fama a este grupo
rebelde, hasta tal punto que fueron conocidos finalmente por los propios europeos (a
través de los Cruzados), que los llamaron los Hashishun, en referencia al hachís que
decían que fumaban, palabra que luego originó "assasin" o asesinos. Otros afirman que
"asesino" deriva de Hasani (partidarios de Hasan). Este atentado le hizo ganar a Hasan
Sabbah más poder y parecía que estaba inmunizado contra las continuas ofensivas que
tanto él como los suyos se veían sometidos por parte de los gobernantes selyúcidas.
Cuando el poderoso sultán Sanjar llegó al poder, Hasan Sabbah le amenazó de muerte
simplemente dejando clavada una daga en el suelo, cerca de su cama, y enviándole un
mensaje posteriormente que decía, "el que clava un puñal en el suelo duro también lo
puede clavar en el pecho blando del sultán". Tras esta demostración Sanjar dejó de
perseguirle e hizo las paces con los nizaríes, tregua ésta que les sirvió para recobrar
fuerzas y expandirse más todavía por toda Persia. Hasan Sabbah murió en 1124.
Jiabani 1879-1920
Sheij Mohammad Jiabani nació en Jameneh, cerca de Tabriz. Después de terminar sus
estudios primarios marchó a Rusia y allí estuvo un tiempo ayudándole a su padre en sus
tareas de comercio. Al poco tiempo regresó a Tabriz y allí comenzó a estudiar teología,
jurisprudencia islámica, astronomía, aritmética, filosofía, retórica y literatura. Antes de
producirse la Revolución Constitucional en 1905, era imán de una mezquita. Quizás ya
en aquella su juventud tenía ya ideales de justicia y libertad y pensaba en cómo lograr
aquellos objetivos hasta que llegó a la conclusión de que en Persia, primero tenía que
producirse una revolución en el pensamiento y que este cambio ya tendría por añadidura
las exigencias de sus derechos por parte del pueblo llano.
Durante la Revolución Constitucional se incorporó a las filas de aquellos que luchaban
contra el despotismo, y, al poco tiempo, ya era miembro de la Asamblea Provincial de
Azerbaiyán. Cuando el Parlamento fue cañoneado y Mohammad Ali Mirza estrechaba
cada día más el cerco a Tabriz, Jiabani luchó con todas sus fuerzas (septiembre 1908).
Las tropas del sha, encabezadas por el que debería ser el gobernador de Azerbaiyán, Ein
al-Douleh, se encontraban cerca de Tabriz, mas los constitucionalistas no se dejaban
amilanar, "¿Qué miedo podemos tenerle a este ejército? "decían", si en lugar de ser
30.000 soldados fuesen 100.000, nada temeremos y no dejaremos de exigir nuestros
derechos..." Finalmente se decidió enviar a Ein al-Douleh un comunicado que hablase
en nombre del pueblo. El comunicado fue llevado por un delegado británico
acompañado de Jiabani, entre otros clérigos, pero Ein al-Douleh mostró una actitud
arrogante y pretendió engatusar a aquellos constitucionalistas con palabras empalagosas,
ellos se percataron de aquello y regresaron sin resultado alguno y tuvieron que continuar
la lucha contra las huestes del sha a las que derrotaron.
Jiabani fue uno de los grandes héroes de la historia del Irán contemporáneo. A lo largo
de su vida política se mostró incorruptible, no tenía ninguna vinculación con los
extranjeros y se apartaba de las ansias de liderazgo que se veían en otros y que tantos
estragos habían causado y estaban causando al país. Más admirable era el hecho de que
nada material esperaba de Persia y nunca mancilló su vida con las vilezas, egoísmos y
cortedad de miras que tanto se veían en muchos otros.
Durante varios años, Jiabani fue uno de los hombres más influyentes en la política de
Persia. Ya fuese en Teherán, ya en Tabriz, su presencia marcaba el orden del día. Su
gran influencia y poder le permitía obtener todo aquello que hubiese deseado, mas su
austera y espartana vida se asemejaba más bien a la de un pobre.
Cuando Jiabani y los constitucionalistas de Tabriz vencieron al poderoso ejército del
sha, marchó a Teherán, venció también allí a las fuerzas déspotas monárquicas y
derrocó a Mohammad Ali Shah. Fue elegido diputado por el pueblo de Tabriz en el II
Parlamento. Defendió la libertad y los derechos del pueblo ante aquellos que se
oponían, como miembro destacado demócrata que era. Cuando el Parlamento suspendió
sus actividades y se produjo la crisis, permaneció oculto varios años hasta que regresó a
Tabriz donde no dejó verse durante un tiempo.
En octubre de 1917 se produce la Revolución Rusa. Irán se vio rozada por aquellos
acontecimientos, aunque finalmente salió incólume de las garras del despotismo ruso.
Jiabani le dio a los demócratas un nuevo aliento, realizó varias innovaciones en la
institución y editó el diario "Taŷaddod" (Renovación) que era en realidad el boletín
oficial del partido demócrata. Jiabani se opuso firmemente al Tratado de 1919 que firmó
Vosuq al-Douleh en beneficio de Gran Bretaña y en la que Persia salía bastante
perjudicada. Al año siguiente, los demócratas de Tabriz se levantaron en rebelión
liderados por Jiabani, ocuparon las oficinas de la Administración y los edificios de
gobernación y obligaron a los funcionarios que allí trabajaban a abandonar el trabajo y
sus funciones. 6 meses duró el levantamiento popular durante los cuales Jiabani no
dejaba de arengar diariamente al pueblo y de dar discursos en los que dejaba claro los
objetivos de los partidarios de la libertad y del pueblo de Azerbaiyán, y animaba a las
masas a defender la libertad y la independencia de Persia. El levantamiento fue
finalmente aplastado ese mismo año por Mojber al-Saltaneh, enviado por Moshir alDouleh para gobernar Azerbaiyán.
Sin lugar a dudas, Jiabani es una de las personalidades más conocidas de la historia
contemporánea de Irán en la exigencia de la libertad. Sus discursos eran excitantes y
escribía interesantes artículos. Resistió hasta la muerte en su lucha por que los ideales
constitucionalistas se viesen hechos realidad. Estudiando los dos levantamientos que
lideró en Azerbaiyán puede vislumbrarse el desprendimiento y el sacrificio de este gran
líder en su defensa de la libertad y de la Constitución. En el primer levantamiento,
mediante la formación de un Comité Estatal digno de la confianza del pueblo de
Azerbaiyán, tuvo cierto éxito pero este comité también se vio enfrentado a varios
problemas y aún era incapaz de realizar los grandes logros que reclamaba la población
de Persia.
El segundo levantamiento comenzó en marzo de 1920 y fue entonces cuando Jiabani,
aunque fue elegido diputado para el IV Parlamento, fue muerto a tiros por orden de
Mojber al-Douleh y su casa saqueada por el destacamento cosaco. Es menester decir
que el fracaso de esta segunda insurrección es debido en parte a la falta de colaboración
de muchos de los insurrectos.
Jiabani se enfrentó al Gobierno a pesar del ultimátum de los rusos. Se mostró defensor
de la integridad del territorio de Persia en el asunto de la ocupación de Azerbaiyán por
parte del Imperio Otomano y atacó encarnizadamente a aquellos que se querían avenir
con el enemigo.
En su último discurso, Jiabani decía, "Tabriz quiere que el gobierno esté en manos del
pueblo. Ahora mismo toda Persia esta pidiendo esto a gritos. Cuando Teherán se niega a
aceptar esto, nosotros tendremos que reconstruir Persia sobre los cimientos del
radicalismo, nosotros decimos que un gobierno democrático debe regir toda Persia. El
pueblo de las ciudades y provincias debe tener libertad para expresar sus opiniones, y,
en la defensa de sus derechos, la última etapa es la muerte, y preferimos morir en esta
senda que vivir en la ignominia."
Karim Jan Zand (1749-1779).
Karim Jan Zand era uno de los generales de Nader Shah. Karim Jan pertenecía a la
tribu de los zandíes, tribu que había sido trasladada a Jorasán por orden de Nader Shah
y que luego Karim Jan devolvió a su lugar de origen autoproclamándose jefe de la
tribu. Hasta el año 1749, en que las guerras internas de los remanentes de Nader Shah
mostraron su ineptitud en política y en asuntos de estado y que prepararon el terreno
para la llegada de nuevos pretendientes al poder, nada sabemos de Karim Jan Zand.
A tenor de las revueltas que había a la sazón en todo el país, Karim Jan formó un
triángulo formado por él, Ali Mardan Jan y Abul Fath Jan Bajtiari, pero como ninguno
de los tres se consideraba inferior respecto al resto del grupo en rango y autoridad, la
alianza acabó en disputas. Este triángulo mantuvo negociaciones para nombrar rey al
sobrino del safaví Sultán Huseyn (hijo de su hermana) y llamarlo Shah Ismail III,
repartiéndose los tres altos cargos tocándole a Karim Jan ser general del ejército. Mas
como se ha dicho anteriormente, los tres acabaron luchando entre sí. Karim Jan,
después de 16 años de guerras continuas, pudo vencer a Ali Mardan Jan y a todos sus
rivales entre los que se contaban Mohammad Hasan Jan Qajar (un pretendiente al
trono), y apoderarse de las regiones centrales, norteñas, sureñas y occidentales del
país. Mientras tanto, ocurrió que Shah Ismail III pidió refugio a Mohammad Hasan
Qajar. Karim Khan fue derrotado poco después por el jan qajar que le hizo regresar a
Isfahán. Allí, Karim Jan se enfrentó a la alianza de Ali Mardan Jan y Azad Jan
Afghan a la que venció en batalla. Luego, alrededor de 1750 y tras la desaparición de
Mohammad Hasan Qajar, Karim Jan se proclamó, no rey, sino con el nombre más
modesto de vakil al-ra'ya (tutor o regente de los vasallos) de toda Persia, exceptuando
Jorasán que permaneció en manos de Shahroj hasta la muerte de éste.
Karim Jan luchó contra los otomanos en 1775, y de esta manera los persas ya
dominaban además de la meseta de Irán, la cuenca del Shatt al-Arab, Bahrein y las
islas del sur del golfo Pérsico. Karim Jan estableció su capital en Shiraz a la que dotó
de muchos monumentos. Karim Jan murió en 1779 a edad bastante avanzada y de
muerte natural.
Modarres
Uno de los clérigos más importantes que se opusieron a Reza Shah. Seyyed Hasan, más
conocido por Modarres, nació en el pueblo de Sarabeh, provincia de Ardestán. Pasó su
infancia en Qomsheh y tras terminar sus estudios primarios marchó a la ciudad de
Isfahán para continuar sus estudios de teología con tres de los clérigos de más prestigio
del momento. En Isfahán permaneció 13 años tras los cuales marchó a Iraq donde
estuvo completando sus conocimientos 7 años con clérigos de renombre. En el año 1898
regresó a Isfahán y allí se dedicó a la enseñanza de leyes y jurisprudencia islámica. En
1910 ingresa en el II Parlamento de parte del Comité de los Ulemas de Nayaf para
supervisar las leyes del Parlamento (en virtud de un artículo de la Constitución). En el
III Parlamento, es decir en el año 1913, es elegido diputado por Teherán. Dos años
después, durante la I Guerra Mundial, salió de Teherán acompañado de otros personajes
importantes y vivió durante dos años en Siria, Iraq y Turquía constituyendo un gobierno
en el exilio del cual él era ministro de Justicia. A su regreso a Irán fue elegido por el
pueblo diputado del Parlamento durante varios periodos de éste.
En el V Parlamento se opuso al derrocamiento de la dinastía Qayar y la entronización
de Reza Jan. Su oposición patriótica a Reza Jan le valió la enemistad de éste hasta tal
punto que envió a un sicario para que le diese muerte. Era 1926 cuando fue objeto de un
atentado, le dispararon varias balas pero sobrevivió. Reza Shah se lo quitó de encima
ordenando su deportación a Jorasán, cerca de la frontera con Afganistán, donde fue
encarcelado y posteriormente asesinado con un té envenenado que no le hizo mucho
efecto, por lo que los carceleros hicieron uso del propio turbante de Modarres para
estrangularlo (1937).
Frases como "nuestra religión es como nuestra política, nuestra política es como
nuestra religión" y que hoy aparece en los billetes de 100 riales fueron acuñadas por él.
Mohammad Mosaddeq 1879-1967
Mohammad Mosaddeq nació en Teherán en 1879 en el seno de una familia de alta
alcurnia. Su padre, Mirza Hedayat, era ministro en la época de Naser al-Din Shah y su
madre Malek Taŷ Firuz Naŷm al-Saltaneh era nieta del que fuera heredero a la corona
Abbas Mirza (hijo de Fath Ali Shah), muerto en batalla en 1834. A los 17 años de edad
entró en la Administración de Jorasán como funcionario de Hacienda, donde trabajó
durante 10 años, tras los cuales dimitió. En 1902 invertía parte de su tiempo para
adquirir nuevos conocimientos y también estudió en la Escuela de Ciencias Políticas
que hacía poco había sido inaugurada en Teherán. Con el inicio de la Revolución
Constitucional en 1905, comenzó realmente su vida política. Por estas fechas ingresó
como miembro de la Sociedad de la Humanidad, un grupo de corte humanista donde se
congregaban intelectuales defensores de la libertad y de la independencia, grupo del que
dimitió más tarde debido a que consideraba muchas de sus ideas opuestas a sus ideales
políticos. Pero la experiencia en aquella sociedad le valió para crear la suya, a la que
puso un nombre similar, en compañía de otros personajes influyentes del panorama
político e intelectual del momento, que eran cercanos a él.
En el I Parlamento el doctor Mosaddeq fue elegido diputado por Isfahán. Pero no
ingresó en él por ser menor de 30 años. Poco después, alrededor de 1910 y durante el
período que se conoce en la historia de Persia como el de la "pequeña dictadura",
Mosaddeq marchó a París donde estudió política durante dos años. Después regresó a
Persia, pero tuvo que ir a Suiza debido a su estado de salud, y allí se doctoró en
Derecho por la Universidad de Neuchatel. A su regreso fue nombrado director y
profesor en la Escuela de Ciencias Políticas de Teherán. Fue entonces cuando comienza
a escribir, en un principio, libros de texto para sus clases.
Durante las Elecciones al III Parlamento fue invitado a participar en las actividades de
un partido moderado de corte progresista. En 1915 fue elegido por el III Parlamento
miembro del Comité del Ministerio de Hacienda y dos años más tarde, viceministro de
Hacienda y presidente de la Oficina General de Cuentas, puesto en el que permaneció
hasta 1918 y durante el cual instituyó unos tribunales donde juzgó a altos cargos
destituyéndolos después. Durante el mandato del Gabinete de Vosuq al-Douleh se fue a
Europa. En el siguiente Gabinete, gobernado por Moshir al-Douleh, fue nombrado por
éste ministro de Justicia, pero fue inmediatamente apartado de ese puesto y nombrado
gobernador de la provincia de Fars por requerimiento de la propia población. Estuvo en
este cargo hasta su destitución en 1921. Salió entonces de Shiraz y estuvo viviendo en la
provincia de Chahar Mahal va Bajtiari hasta la caída del Gabinete de Seyyed Zial Din.
Durante el siguiente Gabinete, presidido por Qovam al-Saltaneh, fue nombrado
ministro de Hacienda. Durante su ministerio realizó grandes logros como el equilibrio
del presupuesto del estado además de inspeccionar los antecedentes de los altos cargos y
funcionarios y expulsar a los corruptos. Tras la caída de Qovam al-Saltaneh y el
nombramiento de Moshir al-Douleh como primer ministro, fue nombrado gobernador
de Azerbaiyán, puesto en el que se mantuvo hasta agosto de 1923 en que fue nombrado
ministro de Asuntos Exteriores. Después de la caída de Moshir al-Douleh se negó a
aceptar ningún ministerio bajo el mando de Reza Jan, futuro rey de Persia. En las V
Elecciones al Parlamento fue elegido diputado por Teherán. Usando sus propias
palabras, la línea política seguida por Mosaddeq desde sus inicios en el mundo de la
política es, en política interna "el establecimiento de los principios de la Constitución y
de la libertad" y, en política externa, "política de balance negativo".
Mosaddeq estaba totalmente en contra de un cambio de dinastía en el país. Opinaba que
Reza Jan podría servir más a Persia como primer ministro que como rey. Así pues,
durante el V Parlamento profirió muchos discursos a este respecto. Cuando Reza Jan
fue nombrado sha, éste quiso hacer ingresar en su gobierno de alguna manera a todos
aquellos que gozaban del apoyo popular, entre los que se contaban Mosaddeq, a quien el
nuevo rey propuso nombrar primer ministro, a lo que él se negó.
Después de finalizar el VI Parlamento y al tantear Mosaddeq que la situación política
no era muy adecuada, se apartó de ella, y, para no verse afectado por ningún
acontecimiento político se marchó de la capital para irse a vivir a una de las propiedades
que tenía en Ahmad Abad (entre Teherán y Qazvin). Allí permaneció ocupado en
labores agrícolas hasta 1936. En 1940 fue llevado a Birjand, en Jorasán, donde fue
encarcelado. Fue excarcelado al poco tiempo debido a su enfermedad, y fue ordenado
que regresase a Ahmad Abad donde permanecería bajo libertad vigilada. Así estuvo
hasta septiembre de 1941 que se le retiró la vigilancia. No obstante, Mosaddeq pasaba la
mayor parte del tiempo en su villa, hasta que en diciembre de 1943 fue elegido diputado
por Teherán en el XIV Parlamento, ya, con Mohammad Reza en el trono.
En enero de 1946 se opuso tenazmente a la creación de un comité dirigido por tres
países extranjeros (la URSS, Norteamérica y Gran Bretaña) para dirimir el contencioso
de Azerbaiyán y advirtió del peligro que supone la injerencia de otros países en los
asuntos internos. Durante el XV Parlamento Mosaddeq no fue diputado pero había un
grupo minoritario fiel a sus ideas que se opuso a la aprobación del protocolo del
petróleo conocido como tratado de Ghes-Golshayan. En las Elecciones al XVI
Parlamento logró, ayudado por algunos candidatos de Teherán, anular las elecciones, lo
que trajo como consecuencia que la mayor parte de los diputados de Teherán fueran
elegidos entre los miembros del Frente Nacional e ingresar él de nuevo como diputado
nº 1. Durante este período fue cuando Mosaddeq fue elegido, primero, miembro del
Comité del Petróleo y luego presidente, y, con el apoyo de los diputados del Frente
Nacional formó la "Fracción Patriótica"?, y fue llevada a cabo la nacionalización del
petróleo, en primera instancia aprobada por el Comité del Petróleo y luego, con fecha
del 14 de marzo de 1951 aprobada por mayoría parlamentaria y ratificada 5 días después
por el Senado.
El 25 de abril de 1951, el gobierno de 'Ala que subió al poder tras la muerte en atentado
de Razmara, dimite al verse impotente para enfrentarse a la voluntad popular de
nacionalizar el petróleo y a las consecuencia que ello acarrearía ante Gran Bretaña. 6
días después el gabinete de Mosaddeq tiene una reunión a puerta cerrada presidida por
él mismo donde deciden presentarse para componer el Parlamento.
Gran Bretaña hizo un cerco económico contra Irán y le impidió la venta de crudo. Tras
amenazar también con el envío de buques de guerra, llevó el asunto de la
nacionalización del petróleo a los Tribunales de la Haya y al Consejo de Seguridad.
Mosaddeq se presentó en el Consejo y defendió los derechos de Irán. El Consejo no se
pronunció ante la denuncia de Gran Bretaña prefiriendo que fuese el Tribunal de la
Haya quien dirimiese la cuestión. En junio de 1952 Mosaddeq viaja a la Haya donde
pronunció en el Tribunal un discurso y el 20 de julio el Tribunal determina que no tiene
competencia para atender la denuncia de Gran Bretaña. Se llegó a dar el caso de que
uno de los miembros de la Judicatura, que era inglés, llegó a votar a favor de Irán. El
país salió victorioso en la escena internacional gracias al esfuerzo y la habilidad de
Mosaddeq.
En 1951 el doctor Mosaddeq fue elegido hombre del año por la revista norteamericana
Time. El 21 de diciembre de 1951 se
venden al público bonos del estado y éste responde con compras masivas.
Mosaddeq, hombre del año en 1951 según Time.
En febrero de 1952 Mosaddeq hizo cerrar los consulados y los centros culturales
británicos además de dar la orden de expulsión de todos los técnicos británicos del
petróleo, y el 21 de octubre Irán rompe relaciones con dicho país. A mediados de julio
de este mismo año, al no estar de acuerdo el sha con la transferencia del Ministerio de la
Guerra al primer ministro, Mosaddeq presentó su dimisión y fue nombrado primer
ministro Qovam al-Saltaneh. Este hecho desencadenó de inmediato manifestaciones
populares sangrientas y el 21 de julio Qovam al-Saltaneh tuvo que ser depuesto y
restituido Mosaddeq como primer ministro y transferírsele además la cartera del
Ministerio de Guerra. Mosaddeq pidió al Parlamento manos libres para llevar a cabo lo
antes posible aquellos proyectos de ley que él consideraba beneficioso y necesario su
conversión en ley por el Parlamento. El Parlamento le concedió tal potestad, primero
por un período de seis meses, que se le prorrogó luego a un año. A lo largo de todo este
período, el doctor Mosaddeq aprobó unos 80 proyectos de ley de diversa materia,
considerados todos ellos como provechosos para el interés general y que abarcaba
campos como la seguridad, la lucha contra la corrupción, reforma de la Justicia, reforma
de Finanzas y de Hacienda, equilibrio del presupuesto nacional, vivienda, sanidad,
fuerza armadas, asuntos sociales, seguros e instauración de la libertad. El 15 de
diciembre nacionaliza la telefonía a la vez que se opone a renovar el contrato de pesca
que tenía con la URSS y en su lugar la nacionaliza también. En agosto de 1953 convocó
un referéndum para disolver el Parlamento y el pueblo votó sí a dicha disolución. El 15
de agosto se produjo una intentona de golpe de estado por parte de la Corte cuyo fracaso
provocó la huida del país del sha.
El sha y su entonces mujer, Soraya, llegan a Roma en agosto de 1953 tras el fallido golpe de estado contra Mosaddeq.
Pero tres días después se volvió a intentar, esta vez con el dinero y la colaboración de la
CIA norteamericana. El golpe de estado llegó a buen puerto. El sha regresó de su breve
exilio y es hundido el gobierno del doctor Mosaddeq después de 28 meses de
hegemonía en Irán. Mosaddeq y sus colaboradores fueron llevados a los Tribunales
militares, que el doctor no reconocía competentes para juzgarle, mientras no dejaba de
reconocerse a sí mismo como primer ministro legítimo. Finalmente, el veredicto para
Mosaddeq fue de tres años de prisión.
Mosaddeq no reconocía el tribunal que lo juzgaba.
Cuando cumplió su condena, fue exiliado a su villa de Ahmad Abad donde permaneció
confinado, bajo vigilancia y prohibición de visitas, excepto por unos cuantos allegados,
hasta poco antes de su muerte. A mediados de diciembre de 1966 fue trasladado a
Teherán para ser ingresado en un hospital por estar aquejado de cáncer de mandíbula y
boca. Pero la medicación allí suministrada no surtió efecto alguno y el cáncer acabó con
su vida el domingo 4 de febrero de 1967. Su cuerpo fue llevado a Ahmad Abad donde
recibió sepultura en su propia casa.
El doctor Mosaddeq ha sido una de las personalidades más arrolladoras de la política
iraní del siglo XX. Admirado por unos, detestado por otros a cuyos intereses
perjudicaba, Mosaddeq sigue siendo puesto como ejemplo de persona incorruptible e
incomprable. Su sentido de la justicia le impedía que los extranjeros explotaran la
riqueza nacional de su país y su habilidad y firmeza en la política le ha valido que sea
comparado habitualmente con Amir Kabir, el mejor ministro iraní del siglo XIX.
Nader Shah Afshar
Nader Qoli Jan, nombre original de Nader Shah, era el hijo de Emam Qoli, de la tribu
turcomana de los Qerajlu, que era una ramificación de la tribu de los Afshar. Dicha
tribu había sido trasladada a principios de la época safaví a la zona norte de Jorasán
para impedir las incursiones de los uzbecos y de los turcomanos, asentándose en
Abivard y Darreh Gaz. El historiador oficial de la corte de Nader Shah, Mirza Mehdi
Jan, nos dice que Nader Shah nació el sábado 28 de moharram de 1100 de la hégira
(1688) y se contenta luego con darnos una parca descripción de la vida de las tribus sin
decirnos nada acerca de las alcurnias del último conquistador aparecido en Asia.
Lo que sí se puede sacar en claro de todo ello, es que Nader Qoli Jan, antes de la
insurrección de los Galzai afganos en Qandahar y de la caída de la dinastía safaví, era
un personaje anónimo que guarnecía su vida de pastor con algunas sencillas
demostraciones de valor y coraje. La caída de Isfahán en 1722 fue un buen pretexto
para que, por un lado, los agitadores del interior y por otro, los pretendientes del
exterior, salieran todos de sus rincones y sumieran también al país en un largo y
duradero caos. Nader Qoli Jan, que encabezaba un grupo que había sido formado para
la defensa de la integridad de la población de Abivard, se puso en primera instancia a
las órdenes del jan de la zona, y, tras contraer matrimonio dos veces sucesivas con dos
de sus hijas, heredó la pequeña región que aquel regentaba. Fue entonces, en 1726,
cuando Nader Qoli se unió al príncipe errante safaví Tahmasp Mirza, que estaba
buscando amigos y colaboradores abnegados y se dispuso a salvar al país de la quema
de los afganos.
Nader Qoli, salió vencedor en las cuatro batallas consecutivas que mantuvo contra los
afganos en las regiones de Mehmandust (Damghan), Sar Darreh Jar (cerca de
Teherán), Murcheh Jar (Isfahán) y Zargán (Fars). Estaba allanando el terreno para el
reestablecimiento de los Safavíes. Después de aquellas batallas, durante los 20 años
siguientes, mantuvo continuas guerras contra los otomanos en las que siempre Nader
Qoli salía vencedor, y solamente en una ocasión las huestes turcas pudieron derrotarle.
Así pues, Nader Qoli expulsó de nuevo a los turcos de las regiones de la ribera sur del
mar Negro, Armenia y Georgia. Por otra parte, Pedro el Grande, aprovechando los
disturbios internos y siguiendo una política hábil y eficaz, había hecho evacuar los
contingentes rusos de la franja del Caspio, de la línea que va de Bakú y Darband a
Mazandarán. Nader Qoli aprovechó de forma oportuna la debilidad mostrada por Shah
Tahmasp II (1713-1732) para destronarlo y colocar en el trono a su hijo pequeño.
Luego, en 1735, destronó al todavía niño 'Abbas III, para autoproclamarse rey,
designación apoyada en una asamblea celebrada en Dasht Moghan en la que se
hallaban presentes nobles, generales, "barbas blancas" y clero de alto rango. Las
siguientes empresas con las que continuó fue dirigirse a Qandahar donde aplastó las
rebeliones internas y el reestablecimiento de la calma en todo el país. Por otra parte,
debido a que la corte gurkaní de la India había dado refugio a varios fugitivos afganos
y aquellos no atendían a las exigencias de Nader Shah, éste no tuvo otra opción que
dirigir sus milicias hacia la India. El 24 de febrero de 1739 se produjo la batalla
decisiva entre ambos bandos en la región de Karnal, en la India, que se saldó con la
derrota del rey Mohammad Shah Gurkaní. Nader Shah conquistó el norte de la India,
incluida Delhi, y, después de acuñar moneda y anunciar su victoria sobre el rival,
volvió a sentar a Mohammad Shah Gurkaní sobre su trono. A cambio de ello, el rey de
la India devolvió a Persia las zonas de occidentales de Ab Atak y el río Sind.
Al regreso de Nader Shah a Persia, Jodayar Jan 'Abbasí, gobernador de Sind, comenzó
a insubordinarse, lo cual obligó a Nader Shah a ocuparse un año entero en reprimirlo a
él y a los afganos para apaciguar la región. El suceso importante de 1741 fue la
expedición militar de Nader Shah a Transoxiana y la conquista de la región de la ribera
sur del Oxus. Abul Feyz Jan, descendiente de Gengis Jan, sufrió una gran derrota pero
fue nombrado, por el mismo Nader Shah, gobernador de Samarcanda, Bujara, y toda la
ribera norte del Oxus hasta Sogdiana y Ferghana. Ilias Jan (valí de Joresmia), perdió la
vida en su enfrentamiento con ellos.
Así pues, Joresmia recuperó su posición en la historia y fueron de nuevo sometidas las
regiones que se hallaban entre los dos grandes lagos que abarca de este a oeste, el mar
de Aral y al mar Caspio y de norte a sur desde Mazandarán hasta el desierto de
Qipchaq (actual Kazajistán).
Debido a los errores que cometió Nader Shah a la hora de reconocer a sus
conspiradores, se llenó de ira contra su propio hijo, Reza Qolí Mirza, y lo cegó (1741).
Esta calamidad le causó un desequilibrio mental que se fue agravando cada vez más.
Las revueltas internas de los Lazgíes de Daguestán, y las insurrecciones locales de
Fars, Gorgán y otros lugares, unido a la negativa de los otomanos en aceptar el shiísmo
como una quinta escuela del Islam, provocaron que Nader Shah renunciase a atacar
Rusia, Estambul y Transoxiana, y se encerrase en sus luchas internas que lo
hostigaban.
Finalmente, el rey murió en Quchan, en 1747, a manos de un grupo de generales muy
afines a él, que temían por su vida.
Nader Shah fue un dirigente que llevó por última vez las fronteras de Persia a sus
confines naturales. Se hizo de grandes buques navales con el objetivo de hacer
devolver a Persia el derecho histórico que ostentaba en el golfo Pérsico y en el mar
Caspio.
Mausoleo de Nader Shah, en Mashad. En el interior se encuentra también un pequeño museo con objetos de la época. Fot. www.salamiran.org
Qa'em Maqam Farahani
Mirza Abul Qasem Qa'em Maqam Farahani, hijo de Mirza 'Isa Farahani (más conocido
como Mirza Bozorg Qa'em Maqam I) nació en Farahan, en la provincia central de Arak
en 1779. El futuro visir nació en una familia que alta alcurnia cuyos miembros ya
servían a los reyes del momento. Así, el abuelo de Qa'em Maqam, llamado Mirza
Huseyn Vafa se incorporó al servicio de la corte de los Zandíes en 1766, y dos de los
hermanos de éste fueron ministros de la misma dinastía, y, una vez depuestas por Agha
Mohammad Jan Qajar pasaron a ejercer altos cargos en la nueva dinastía. En 1798 sube
al trono el sobrino de Agha Mohammad Jan Qajar, Fath Ali Shah, y éste nombra
inmediatamente heredero al trono a su hijo mayor y preferido, 'Abbas Mirza, a quien
pone al cuidado de Mirza 'Isa Farahani (padre de Qa'em Maqam). Tras este
nombramiento, 'Abbas Mirza y Mirza 'Isa, su visir, son destinados a Azerbaiyán. Mirza
'Isa mostró una gran eficacia y destreza en su cargo y en la educación de 'Abbas Mirza,
entonces un niño de 11 años.
Bajo su visirato auspició reformas en el débil ejército de Persia y puso orden en las
turbulentas ciudades de Jui y Salmas. Las reformas en el ejército fueron ampliadas con
la llegada del general francés Gardanne. Por otra parte, fue bajo el visirato de Mirza 'Isa
cuando se enviaron a Europa los primeros estudiantes persas para estudiar las nuevas
ciencias y tecnología que estaban descollando en Occidente. Mirza 'Isa, ya viejo y
cansado, le pidió al sha que le diese su cargo a su hijo mayor Mirza Hasan. Así se hizo,
pero éste murió al poco tiempo, por lo que el visirato pasó a las manos de su otro hijo,
Mirza Abul Qasem Qa'em Maqam Farahani (1811), que no ejerció hasta la muerte de su
padre en 1821 en que pasó a ser "visir especial del príncipe heredero Abbas Mirza".
Qa'em Maqam, conocido entre los historiadores como Qa’em Maqam II para
diferenciarlo de su padre, demostró durante su cargo su buen hacer en la política, algo
que le valió el ganarse numerosos enemigos que le miraban con envidia.
Por aquel entonces los ingleses habían llegado a su conclusión particular de que 'Abbas
Mirza y su hábil visir estaban al servicio de los rusos. Así que se pusieron manos a la
obra y pusieron en el cargo de Gran visir del sha a "Abdullah Jan Amin al-Douleh,
mediante el cual llevaron a cabo sus oscuros designios, entre los que se contaban
encender de nuevo la mecha de la guerra entre Persia y Rusia. Para impedir a Qa'em
Maqam II llevaron a cabo la política de la calumnia y éste no tuvo más opción que
marcharse de Azerbaiyán y encaminarse hacia Teherán. Mientras tanto, aquellos que
conspiraban contra Qa'em Maqam II no descansaban y enviaron al rey una larga carta
donde se enumeraban los errores en los que había incurrido el visir de 'Abbas Mirza.
Qa'em Maqam II escribe entonces un poema en que se lamenta más por el hecho de
haber sido traicionado por sus propios sirvientes y colaboradores que por la traición en
sí: 'he visto tanta traición de mis compañeros"decía", que de mi propia sombra tengo
miedo." La separación de Qa'em Maqam II de Abbas Mirza durará dos años hasta que
finalmente Fath Ali shah le devuelve el honor y el prestigio perdido y lo envía de nuevo
a Azerbaiyán (1825). El regreso de Qa'em Maqam II a Azerbaiyán coincidió con una
nueva provocación por parte de los ingleses para que Persia y Rusia volviesen a
enfrentarse, algo que tanto Qa'em Maqam II como Abbas Mirza se negaban a continuar.
En 1826 el sha convoca una junta consultiva para preguntar sobre si se debía hacer la
guerra a Rusia y cuando llega a Qa'em Maqam II le pregunta su opinión al respecto,
"Soy un secretario "respondió" y la opinión de los jefes del ejército valen más que la
mía." Fath Ali Shah, que no acepta aquella respuesta, le pide que responda seriamente a
la cuestión y entonces Qa'em Maqam II le pregunta al sha cuánto recauda en concepto
de impuestos. "Tres millones "responde el rey" 'Y cuánto recauda Rusia "pregunta de
nuevo Qa'em Maqam"Trescientos millones "fue la respuesta del sha"Según la aritmética
"dice Qa'em Maqam" alguien que recauda tres millones no se mete en guerras con
alguien que recauda 300 millones."
Pero la guerra se hizo de todas maneras. Los ingleses aprovecharon aquella oposición
que mostró Qa'em Maqam para acusarle de estar en contra de la liberación de los
musulmanes del Cáucaso, y, lo que era peor, de estar aliado y ser amigo de los rusos.
Fue cuando la presencia de Qa'em Maqam en Tabriz no era muy afortunada y se decidió
que fuese deportado a Mashad, tras lo cual su casa de Azerbaiyán fue saqueada por sus
enemigos. Pero el conflicto bélico contra los rusos estaba tomando muy mal cariz. De
nuevo Fath Ali Shah tuvo que recurrir a la inteligencia y habilidad de Qa'em Maqam
para que le ayudase a salir del atolladero. Las consecuencias de la guerra contra Rusia
fueron el Tratado de Torkamanchai, el peor y más humillante tratado nunca jamás
firmado por Persia y que se ha convertido en algo proverbial, que podría haber sido peor
aún. En efecto, los rusos pedían que se estableciese la frontera con Rusia allí donde
hubiera presencia de tropas rusas, es decir, Tabriz, ya que estaba ocupada por las tropas
del zar. Pero Qa'em Maqam no descansó hasta conseguir que al menos la frontera entre
ambos países fuese establecida en el río araxes. Debido a este conflicto, en 1828 cae
asesinado Griboyedov, el embajador de Rusia en Teherán. Qa'em Maqam se pone
manos a la obra para evitar un nuevo conflicto con el gigante ruso y junto a 'Abbas
Mirza escribe una carta de condolencia al zar que sin lugar a dudas contribuyó mucho a
que éste adoptase una posición moderada frente a aquel grave suceso.
Qa'em Maqam seguía al servicio del príncipe heredero 'Abbas Mirza, a quien
acompañó en varias expediciones militares para reprimir insurrecciones en el interior
del país. En una de aquellas guerras, concretamente la llevada a cabo contra el
gobernador insurrecto de Herat, el príncipe heredero pierde la vida. Qa'em Maqam, que
se encontraba luchando también en el frente junto al que sería poco después Mohammad
Shah, tuvo la destreza de pactar un alto el fuego ventajoso para el Gobierno con el
gobernador insurrecto antes de que éste se enterase de la muerte de 'Abbas Mirza,
acuerdo en virtud del cual el gobernador de Herat daría 15.000 tomanes anuales como
tributo, se haría la plegaria en el nombre del sha y acuñaría moneda también con el
nombre del rey. Entonces es nombrado príncipe heredero Mohammad Mirza, hijo
de'Abbas Mirza. Al año siguiente muere Fath Ali Shah. Mohammad Mirza sube al trono
con el nombre de Mohammad Shah en 1834. Una vez en el trono Mohammad Shah,
Qa'em Maqam es nombrado gran visir de la Corte. Cuando Qa'em Maqam es nombrado
visir real, Persia no pasaba sus mejores momentos. Las Arcas estaban vacías, los
pretendientes al trono abundaban por todo el país, el ejército estaba debilitado, Rusia y
Gran Bretaña cada vez se inmiscuían más en los asuntos internos y la falta de seguridad
se había convertido en un grave problema.
En fin, gracias nuevamente a la sagacidad de Qa'em Maqam, que supo mantener en
secreto la muerte del rey durante varios días, Mohammad Shah pudo subir al trono sin
muchos problemas, tras llevar al príncipe heredero de Tabriz a la Teherán. Ello no
quiere decir que poco antes y durante la coronación no hubiese pretendientes. Éstos no
dejaban de surgir por todo el país pero Qa'em Maqam pudo evitar muchos
derramamientos de sangre, bien comprando a unos o bien confinando o cegando a los
que no se dejaban convencer.
A pesar de todos los esfuerzos de Qa'em Maqam en entronizar a Mohammad Shah, este
rey, enfermizo y de débil personalidad, no supo retribuir ni agradecerle el valioso
servicio prestado ya que gracias a él podía ceñir la tiara real. Al año siguiente, en 1835,
lo destituye y ordena su ejecución.
Las causas de esta decisión por parte del rey se podrían resumir en lo siguiente. Tras
aplastar a los pretendientes al trono, Qa'em Maqam se dispuso a trabajar en apaciguar el
país. Lo primero que hizo fue arreglar el sistema de tributario para lo cual tomó las
medidas que él estimó oportunas y no tuvo miramientos con nadie. Era un hecho
conocido lo sensible y meticuloso que era Qa'em Maqam para los asuntos monetarios, y
ahora que tenía más poder que antes, puso todo su empeño en sanear las cuentas del país
recortando gastos por todas partes. Para ello estableció un sueldo fijo para el rey y
recortó el gasto que causaban los cortesanos y la numerosa familia real. Por otra parte,
Qa'em Maqam tenía numerosos detractores, la mayoría de ellos pretendientes al cargo
que él ostentaba, y que ya estaban en su contra desde la muerte de Fath Ali Shah.
Su principal rival y que al final se salió con la suya fue Mirza Aqasi, ayo de
Mohammad Shah desde que éste era pequeño, que fue nombrado visir en cuanto Qa'em
Maqam fue asesinado. Mirza Aqasi, que había subido mucho de posición mediante la
ayuda de Qa'em Maqam, sentía una particular inquina hacia el visir. Siempre intentaba
poner al sha en su contra mediante mentiras, que eran sumadas a las que de él decían
otros allegados a la Corte. Mohammad Shah, que carecía de personalidad y que parecía
que estaba embrujado por su ayo, fue creyendo todo lo que le decía y paulatinamente
fue cambiando la opinión que tenía acerca de su visir. Se da la circunstancia de que el
sha le preguntaba a Mirza Aqasi sobre la veracidad de las calumnias que escuchaba, que
éste no hacía más que corroborar y agrandar. Las difamaciones llegaron al paroxismo
cuando se dejó correr el rumor de que Qa'em Maqam quería destronar a Mohammad
Shah para nombrar rey a otra persona. El tío del sha, Zall al-Sultán, era uno de los
pretendientes al trono tras la muerte de Fath Ali Shah, pero que se mantuvo al margen
tras ser convencido por Qa'em Maqam. Se cuenta que los cortesanos y aduladores
empezaron a decirle a Mohammad Shah que Qa'em Maqam estaba confabulado con Zall
al-Sultán para arrebatarle el trono y dárselo a él. Llegaron a soltar disparates, como que
cuando Qa'em Maqam mandó acuñar moneda con el nombre de Mohammad Shah, con
Mohammad se refería a su hijo, a quien quiere poner en el trono. Los rumores y los
infundios mientras tanto iban creciendo como una bola de nieve. Qa'em Maqam, que no
era ajeno a lo que se estaba cociendo a su alrededor, para impedir que su situación
empeorase, decidió cambiar la guardia real y entregársela a un familiar de su confianza.
Esta decisión no hizo sino encolerizar a sus detractores además de hacer desconfiar al
rey y a su esposa, Mahd-e-Ulia (madre de Naser al-Din) mujer de mucha influencia que
se encontraba en las filas enemigas de Qa'em Maqam.
Por otra parte, el colonialismo de Rusia y Gran Bretaña se puede contar entre los
factores que contribuyeron a la caída y asesinato de Qa'em Maqam. Tras el Tratado de
Torkamanchai se le dio un duro revés a la integridad de la independencia de Persia y la
influencia de Rusia se hizo más patente que nunca además de ir en aumento. Gran
Bretaña, por un lado, se esforzaba en hacer mermar la influencia rusa en Persia, y por
otro, trataba de impedir que la mano del zar llegase a la India, además de que hacía lo
imposible por que los persas le hiciesen a ellos también concesiones como las hechas a
los rusas mediante el tratado de Torkamanchai. Los ingleses intentaron sobornar en
muchas ocasiones a Qa'em Maqam para lograr sus objetivos, pero nunca se dejó, ni
estando bajo las ordenes del príncipe 'Abbas Mirza ni durante su breve período de visir
real. El mismo embajador británico en Teherán decía que"hay una persona en Persia que
no se puede comprar, Qa'em Maqam". Los ingleses insistían mucho en obtener unas
condiciones arancelarias similares a las obtenidas por Rusia mediante el Tratado de
Torkamanchai, pero Qa'em Maqam nunca se dejó convencer y rechazó de plano todas
sus propuestas.
En fin, factores internos y externos se añadieron al carácter indómito y orgulloso de
Qa'em Maqam, fruto quizás del difícil período que le tocó vivir y de la presión del cargo
que ejercía, para acelerar su caída. Una tarde, Mohammad Shah manda llamar a Qa'em
Maqam a través de un sirviente. Cuando entra en Negarestán, como se llamaba el jardín
del palacio, y tras un buen rato de espera, el rey no aparece. Cuando intenta marcharse
le cierran el paso. Qa'em Maqam se percata de que algo raro está sucediendo y se teme
lo peor. Lo encierran en el sótano del palacio durante cinco o seis días tras los cuales
aparece el verdugo para darle muerte por estrangulamiento. Luego es enterrado en el
santuario de Shah "Abdul"Azim, al sur de Teherán, sin ni siquiera lavar su cadáver
primero. El sha había optado por estrangularlo para cumplir la promesa que le hizo a su
padre, "Abbas Mirza, antes de morir de'que no derramaría nunca la sangre de Qa'em
Maqam".
Mientras Qa'em Maqam estaba confinado en aquel sótano, el sha tomó severas medidas
como arrestar y encerrar a sus familiares más relevantes. Muchos de ellos fueron
asesinados, a otros se les confiscaron los bienes y otros lograron salvarse por haberse
refugiado en algún santuario o simplemente por haberse escondido o huido de la ciudad.
Su visirato
Aunque Qa'em Maqam no ejerció el cargo de visir nada más que un año, este corto
período le bastó para ganarse la buena fama y reputación cuando es mencionado por los
historiadores de la dinastía Qajar. Qa'em Maqam había tenido una educación política a
manos de su padre y además había practicado durante muchos años su corto visirato
como visir particular del príncipe heredero en Azerbaiyán. Así que no es de extrañar
que al llegar al poder conociese con detalles cómo desempeñar su trabajo y se supiese
como una lección muy repetida y estudiada todo el panorama político y bélico que
afectaba a la Persia de su tiempo. Conocía el talón o los talones de Aquiles de Persia e
hizo allí hasta donde le era posible remediarlo.
En lo que se refiere a política interior este visir hizo grandes progresos para Persia
como por ejemplo el reforzamiento de las instituciones ante los ataques del exterior y
del mismo interior del país. A este respecto, afianzó la monarquía de Mohammad Shah
frente a los extranjeros y los pretendientes y rivales, y ello lo hizo empleando por un
lado medios diplomáticos o la violencia cuando venía al caso. También hizo reformas
en el ejército y como hemos visto cortó de lleno la influencia de los cortesanos en las
Arcas del Estado y llegó mediante esta maniobra a sanear las cuentas del país. Destituyó
a muchos aduladores y les abrió las puertas a los sirvientes leales.
El trato de Qa'em Maqam con el Clero era templado y deferente. Sentía un profundo
respeto hacia los ulemas, a los que consultaba en asuntos de índole político y jurídico.
El visir tenía una gran confianza en ellos de tal guisa que cuando murió Fath Ali Shah
fue a los ulemas de Tabriz a los que pidió ayuda financiera para llevar a Teherán y
entronizar al nuevo rey.
En lo que a política exterior se refiere, hay que tener presente que Qa'em Maqam pasó
toda su vida al servicio de 'Abbas Mirza y de su hijo Mohammad Shah, ambos apoyados
por la Rusia zarista tras los tratados de Golestán y Torkamanchai. Es por ello que
muchos historiadores han creído que Qa'em Maqam era partidario de la intromisión de
los rusos en Persia, en forjar esta opinión han contribuido mucho los ingleses. La verdad
es que Qa'em Maqam practicaba una política de balance positivo y negativo y acudía a
una de las dos partes, la rusa o la inglesa, cuando más o menos convenía a Persia. La
negativas de Qa'em Maqam a hacer la guerra contra Rusia y su negativa a permitir la
apertura de consulados rusos a lo largo y ancho del país, a pesar de la insistencia de
Rusia y de ser parte del tratado de Torkamanchai, es un ejemplo de política de balance
negativo por él practicada. Por otra parte, su oposición a hacer concesiones aduaneras y
arancelarias a los ingleses, después del tratado de Torkamanchai, es un ejemplo que con
ellos practicaba la misma política cuando era beneficioso para Persia. Qa'em Maqam
tenía como premisa no ceder en nada hasta recibir algo. La petición de Qa'em Maqam a
los delegados ingleses y rusos de ser ayudado y apoyado para la coronación de
Mohammad Shah es un ejemplo de su política de balance positivo.
Qa'em Maqam, hombre culto y de letras y autor de varias obras, abrió las puertas de la
Corte a los literatos y poetas. Como escritor, su estilo era sutil y locuaz, y cuando se
ordenó lo encerrasen en aquel sótano el rey se guardó muy bien de mandar también que
no tuviese pluma y papel a mano. Los cambios e innovaciones que habían surgido en
Persia desde finales de la época de la dinastía Zandí fueron completados por Qa'em
Maqam, que fue el primero que empezó a despojar a la lengua persa de su pesado
aparato de formalismos administrativos y de pesadas e incomprensibles palabras que
sustituía por otras más usuales y normales para el oído de cualquier persa. De esta
manera, echó los cimientos de la moderna prosa persa que se desarrolló a lo largo de
todo el siglo XX.
Sattar Jan 1867-1914
Sattar Jan nació en Qarah Dagh, cerca de la provincia kurda de Mahabad, en 1867.
Cuando su hermano mayor fue asesinado acusado de colaboración con los bandidos, su
padre, Haŷ Hasan, un hombre tranquilo ocupado en sus quehaceres cotidianos, no tuvo
más opción que emigrar a Azerbaiyán (1886). Ocurrió que los muleros de Mozaffar alDin Mirza, que llevaban carbón a Qarah Dagh, una vez hubieron llegado a destino se
vieron envueltos en un altercado con dos personas en el que resultó muerto uno de los
muleros. Los dos lugareños huyeron a Tabriz y una vez allí se refugiaron en casa de
Haŷ Hasan. Al ser ésta pequeña, le dijo a su hijo Sattar que diera cobijo a aquellos dos
hombres en uno de los jardines de alrededor. Los muleros acabaron dando con el
paradero de ellos, rodearon el jardín y empezaron a disparar. Finalmente pudieron
apresar a aquellos dos jóvenes de Qarah Dagh y a Sattar que había sido herido de bala
en una pierna. Sattar fue llevado a una mazmorra donde pasó dos años de su juventud,
pero al final se evadió junto con otro preso, se fue a casa de su padre y éste utilizó la
influencia del Moŷtahed Haŷ Ŷavad Mirza y Sattar fue absuelto.
Después de aquello, Sattar se hizo de un caballo y un fusil, agrupó en torno a sí a un
grupo de adeptos y comenzó a saltear caminos. Parte del botín que conseguía se lo daba
a los pobres y necesitados, pero dio con sus huesos en la cárcel en varias ocasiones,
hasta que, por recomendación del general Reza Qoli Jan se incorporó en la Gendarmería
de Qarah Savaran donde se le encomendó la vigilancia y la seguridad del camino que va
de Jui a Marand. Mostró mucha eficacia en su cometido y pasado un tiempo llegó a ser
uno de los guardias fusileros del príncipe heredero Mozaffar al-Din Mirza; fue entonces
cuando se le dio el sobrenombre de Sattar Jan. Después de un año marchó a Teherán
desde donde partió hacia Mashad para formar parte del grupo de ayuda para aplastar a
los bandoleros turcomanos, empresa en la que no tuvo mucho éxito y en la que
perdieron la vida varios de los hombres que tenía bajo sus órdenes, por lo cual se le
impuso un castigo y él salió huyendo de Mashad hacia Tabriz. Sattar Jan era ya un
rebelde y un proscrito. Huyó a Iraq y allí visitó como peregrino Karbala, Najaf y
Samarra, donde conoció al ayatolá supremo Mirza Shirazi. Ocurrió que Sattar Jan le
disgustaba los malos modos y la forma que tenía la servidumbre de los santuarios de
tratar a los peregrinos, y, junto a otros jóvenes de Azerbaiyán se dispuso a darles su
merecido llegando a pegarles con palos y látigos. Algunos vapuleados fueron
gravemente heridos. El gobierno otomano, que a la sazón gobernaba Iraq, querían
atraparle pero Sattar Jan ya estaba en la frontera de Persia desde la que puso sus pasos
hacia Tabriz (1894), y donde siguió siendo un errante subversivo. En 1901 se arrepintió
de sus actos y marchó de peregrinación a los lugares santos del shiísmo en Iraq. A su
regreso a Persia, fue nombrado en Salmas supervisor de las tierras de Haŷ Mohammad
Taqi, pero al ser Sattar Jan analfabeto, no pudo aclarar bien las cuentas al dueño de las
tierras, por lo que surgieron divergencias y abandonó el trabajo. Regresó a Tabriz de
nuevo donde se asoció con los tratantes de caballos y se hizo con el mercado de la venta
de estos animales y en este oficio se ocupó un tiempo.
A veces, los que eran desvalijados por los bandoleros, desesperados por la ineficacia de
los funcionarios, recurrían a Sattar Jan. Éste, pertrechado con varios caballos, varios
fusiles y un grupo de hombres se dispuso a ayudar a las víctimas de un robo. Tuvo
varias refriegas con los bandoleros a los que consiguió reducir y obligar la devolución a
sus dueños del botín robado. Mediante las retribuciones que de esta manera obtenía
logró reunir un pequeño capital.
Y entonces en Persia comenzaron a escucharse los gritos por la libertad y el clamor de
una revolución en defensa de una Constitución. Sattar Jan, con su espíritu liberal,
sublime y rebelde ante los gobernantes qayar, hacia los que sentía una inquina
particular, al escuchar aquel clamor sintió que en algo podía contribuir y servir. Aunque
nada entendía de la Constitución, se percató de que algo podía realizar para el país en
aquellos momentos. Así pues, se incorporó a la Asamblea de los Constitucionalistas de
Tabriz. Allí fue nombrado policía Sattar Jan junto a Bagher Jan, con diez hombres
armados para cada uno de ellos (1907).
Los revolucionarios de Tabriz, en una fotografía de 1901.
La población de Azerbaiyán en general y la ciudad de Tabriz en particular, tenían un
recuerdo muy amargo del período en el que el príncipe heredero, Mohammad Ali Mirza,
era gobernador de la provincia. Los actos tiránicos de este futuro rey y de sus
gobernantes qayar habían dejado una profunda huella en los azeríes. Es por ello que el
levantamiento a favor de la Constitución se traducía en una afluencia masiva a las
manifestaciones y asambleas populares. Las asambleas de Azerbaiyán estaban en
contacto con los liberales del Cáucaso y de Estambul. Los grupos combatientes del
Cáucaso llegaban a Tabriz y proporcionaban armas a los azeríes liberales. Se formó la
Guardia Nacional, los Combatientes, las Fuerzas Nacionales y los Fidaíes, grupos
heterogéneos armados formados por armenios, caucasianos y voluntarios azeríes.
Cuando Mohammad Ali Shah salió ileso del atentado que hicieron en Teherán contra
él, ocurrió que el cable del telégrafo de Teherán-Tabriz fue cortado, por lo que toda
comunicación con Teherán no era posible para la gente de Tabriz, aunque poco después
pudieron recibir noticias de la capital vía Qasr-e-Shirin. Tras la llegada a Tabriz de un
telegrama procedente de Qazvin, los constitucionalistas reprendieron sus actividades
convocando frecuentes asambleas en las que exigían el destronamiento de Mohammad
Ali Shah. Las asambleas locales y regionales comenzaron a reunir efectivos armados
para enviarlos a Teherán. Entre estos se contaba Sattar Jan, que capitaneaba 50 hombres
armados a caballo, junto a otros dos grupos iguales (1908). Los tres grupos se dirigieron
a Basamanj donde la asamblea de aquel lugar decidió que cuando el grupo creciera
hasta 500 personas marcharía a Teherán. Mas entre tanto ocurrió que el Parlamento de
Teherán fue bombardeado por los cañones del ejército del sha, y la Asamblea
Constitucional de Tabriz hizo llamar a los hombres armados que se encontraban en
Basamanj. Los secuaces del despotismo se pusieron manos a la obra para engañar a
Sattar Jan. Así pues, el cónsul ruso se presentó en la Asamblea de Tabriz con el objetivo
de engañarle y abocar al fracaso la revolución. Sattar Jan. Éste se presentó ante el
cónsul ruso con los pies descalzos, la cara llena de polvo, tres cartucheras semivacías
alrededor de la cintura, un sombrero de fieltro y un fusil en la mano, fue interpelado por
el ruso diciéndole que aquella revuelta causaba muchos perjuicios al comercio de Rusia,
por ser países vecinos. Le dijo que si abandonaba las armas le nombrarían jefe de un
destacamento de caballería, que le darían incluso un estandarte y un sueldo de
trescientos tomanes mensuales (una fortuna en 1908). Sattar Jan se airó ante aquellas
palabras y sin hacerse esperar le respondió que no quería su indigno estandarte, ni su
destacamento de caballería, y que si los persas tenían algo de honor se deberían decantar
por la Constitución. En cuanto profirió aquellas palabras se levantó y se marchó.
En un período en que la gente de Tabriz, grandes y humildes, temían a los rusos y a los
ataques y embestidas de la soldadesca y de los partidarios del gobierno monárquico de
Mohammad Ali Shah, Sattar Jan, a la cabeza de solo 17 hombres, disparaba a las
banderas blancas que ondeaban en lo alto de los tejados de las casas, insuflaba en los
lugareños la esperanza por la libertad y la Constitución y hacía un llamamiento
literalmente a gritos a que "el cuerpo de la libertad fuese despojado del sudario" y a que
"Tabriz fuese liberado del yugo de la represión y la tiranía." Paulatinamente, la
población de Tabriz fue cobrando ánimo y fuerzas, derribaron las banderas blancas, se
echaron a la calle y se fueron añadiendo a las filas de Sattar Jan gritando "Sattar Jan se
ha levantado." El Tabriz que una horas antes se encontraba silencioso como un
cementerio, con sus gentes escondidas en unas casas en las que ondeaban banderas
blancas, se levantaron todos a una en contra del enemigo.
Cuando Sattar Jan se vio rodeado de tantos constitucionalistas y vio cómo la misma
gente estaba arrojando desde los tejados al suelo las banderas blancas, se animó, y
cuando al atardecer llegó al barrio de Nobar y vio que allí estaban haciendo lo mismo,
se apresuró para llegar a Amirjiz, en la capital de Tabriz pues supuso que allí la gente
debería estar en peligro. Allí, Sattar Jan enarboló la bandera de Persia sobre el tejado del
edificio de la Asamblea Provincial y puso a varios hombres para que custodiasen el
edificio. Varios días después Rahim Jan, con un grupo de hombres, se puso en marcha
hacia Tabriz, concretamente hacia la zona de Amirjiz y le encargó al más valiente de
ellos, llamado Huseyn Pasha Jan, la misión de entregarle Sattar Jan vivo o muerto.
Iniciaron el ataque a Tabriz y se dirigieron a la zona donde se encontraba Sattar Jan con
la prioridad de quitarlo de en medio. Los combatientes por la Constitución habían hecho
barricadas en las que se habían atrincherado entre 5 y 12 hombres mientras que el
enemigo disponía para cada una de sus barricadas de más de 100 hombres. Los esbirros
del sha, desde el balcón que formaba el barrio de Sarjab, se pusieron a disparar sobre
Amirjiz. Pasha Jan, aún estando herido avanzaba con el ansia de ser recompensado para
llegar hasta la barricada donde se encontraba Sattar Jan, hasta que ambos se enfrentaron
a tiros. Pasha Jan disparó a Sattar Jan pero la bala le pasó junto a la oreja, mientras que
la bala de Sattar Jan consiguió herir a su perseguidor. La batalla duró hasta el atardecer
y fue un verdadero fracaso para las huestes del sha. Se contaron 30 bajas entre los
combatientes de Tabriz.
La batalla entre tabrizíes y agentes del gobierno continuó al día siguiente. Sattar Jan
instruía a sus hombres en una estrategia para poder enfrentarse a aquel numeroso
ejército. Cada día planeaban una táctica diferente, como por ejemplo hacer salir de una
casa varias mulas supuestamente cargadas de enseres, con las que se hacía creer al
enemigo que se estaban marchando algunos de allí, y, cuando se acercaban a éstas para
quedarse con la carga disparaban hasta que no quedaba ninguno vivo.
Aquella batalla seguía su curso. Sattar Jan unió sus fuerzas a las de Bagher Jan, el otro
insurrecto, y pactaron que si alguno de los dos bandos caía prisionero o se veía en
peligro, el otro tendría que acudir en su ayuda. Los insurrectos dividieron sus hombres
en grupos de 20. Las fuerzas gubernamentales sufrían derrota tras derrota y tenían que
pedir constantemente refuerzos a Mohammad Ali Shah mediante el telégrafo. Entonces,
el sha, además de enviar más efectivos a Tabriz, recurrió al engaño conminándole a
Sattar Jan a hacer las paces, mas este no se dejó engañar. Sattar Jan fue herido, pero él
no dijo nada a los milicianos pues de buena tinta sabía que aquello podría desanimarles.
Al contrario, cada día visitaba las barricadas donde no dejaba de alentar a los
combatientes.
Las fuerzas del sha ya no sabían qué hacer y probaron de nuevo la estratagema del
engaño. Enviaron a un tal Abbas Ali para que le pidiese ayuda a Sattar Jan. Éste cayó en
la trampa porque se apenó de aquel hombre. Pero, cuando ambos llegaron cerca de la
supuesta casa de Abbas Ali, Sattar Jan se dio cuenta de que algo extraño pasaba, y,
aunque pudo huir, una bala le alcanzó el brazo. No queriendo ir en aquel estado junto a
los combatientes, se fue a un huerto donde se colocó varias hojas, limpió la herida y se
ató un pañuelo con ayuda de los dientes y una mano, hasta que cesó de manar sangre, se
ocultó la mano con la manga, luego se fue junto a los suyos, que no se dieron cuenta de
que había sido malherido. Él hacía como si nada tuviese, visitando las barricadas, pero
se encontraba mareado por la pérdida de sangre y se moría de dolor por las punzadas
que le daba el brazo, sufrimiento que se reflejaba en su sudorosa frente. Aquel mismo
día, el cañón del enemigo fue inutilizado por el artillero de los constitucionalistas, y
Sattar Jan acompañó a éstos hasta el atardecer en su lucha, aquejado por aquel intenso
dolor. A la mañana del día siguiente, Sattar Jan se presentó en el campo de batalla
pertrechado de sus cartucheras, con babuchas y una camisa blanca, y todavía no se le
había curado la herida de la mano cuando se dispuso a visitar de nuevo las barricadas y
se reiniciaron las hostilidades contra un enemigo renovado y resistente hasta el final. En
esta terrible batalla se luchó casa por casa y calle por calle. El enemigo usaba grandes
escoplos y picos para derribar los muros divisorios de las casas y de las calles para
abrirse camino. En fin, poco a poco se fueron haciendo de cada una de las barricadas,
hasta que no quedó más que una, la que se encontraba Sattar Jan. Por otro lado, se
pudieron hacer paso hasta que llegaron a acercarse peligrosamente a la Asamblea
Provincial. Mas cuando parecía que el enemigo avanzaba irremediablemente y que se
iban a hacer con la victoria, Sattar Jan y sus liberales consiguieron expulsarlos poco a
poco e incluso capturar algunos prisioneros que se habían escondido en la entrada del
bazar. Cuentan que cuando llegó Sattar Jan, los prisioneros le rogaron que no los
matasen, algo por lo que se ofendió replicándoles "¿vuestra religión y la mía no es acaso
la misma?", "A nosotros nos han dicho "dijeron los prisioneros" que usted no es
musulmán, que quema el Corán", "Os perdono "dijo Sattar Jan" con la condición de que
vayáis a vuestro barrio y allí digáis que somos musulmanes como ustedes."
Ein al-Douleh rodeó Tabriz con un destacamento numeroso. Fue enviado un mensajero
para pedir una entrevista con Sattar Jan y hacer negociaciones para la paz, a lo que éste
dijo que los delegados de Ein al-Douleh se presentasen en la Asamblea Provincial. Así
se hizo, y varios delegados se presentaron allí a dialogar; pronto Sattar Jan se percató de
las mañas de Ein al-Douleh, pero supo cómo responder de forma tajante a sus
pretensiones y además hacerles entender que él, Sattar Jan, sabía que ellos eran
enemigos de la libertad. Los delegados regresaron desesperanzados y Sattar Jan se
dirigió a Bagher Jan para avisarle de la nueva táctica de Ein al-Douleh y también
advertirle de que iban a traer nuevos contingentes provenientes de las ciudades de
Marand, Qarache Dagh, Teherán, Ardabil, Jaljal y Maku. En efecto, no hubo que
esperar muchos días para que llegasen 3000 soldados de Maku cuya llegada supuso
grandes estragos para los amotinados y para Tabriz en general, pues no dejaban de
destruir, matar y saquear. Pero Sattar Jan no sólo supo hacerle frente sino que además se
hizo del polvorín de las tropas de Maku saliendo ésta despavorida. De todas formas, el
sha envió más tropas y Ein al-Douleh dio a la ciudad un ultimátum de que si en 48 horas
no se rendían destrozaría Tabriz. Y así lo hizo, las tropas de Ein al-Douleh se
abalanzaron sobre la ciudad pero fueron repelidas con eficacia por los soldados de
Sattar Jan y Bagher Jan. Fue entonces cuando recurrieron al asedio cortando la entrada
de comida a Tabriz, excepto en la zona partidaria del despotismo. Las mujeres de los
amotinados marchaban al norte de la ciudad para ver si allí conseguían algo de pan, pero
aquellas mujeres fueron apresadas por el enemigo y sometidas a tortura. Entre tanto, ya
había llegado el mes de Ramadán. Sattar Jan se puso manos a la obra para romper el
cerco, y, ayudado por unos cuantos de los suyos, hambrientos y sedientos debido al
ayuno, atacaron el ejército de Eqbal al-Saltaneh causando la huida despavorida de éste
que llegó incluso a dejar las armas y municiones allí. Habían logrado dejar libre el
camino de Julfa para la entrada de alimentos. Todo esto desesperó ya del todo a Ein alDouleh quien telegrafió a Mohammad Ali Shah para presentarle su dimisión. Pero el
sha le ordenó que permaneciera allí hasta la llegada de tropas renovadas. Éstas también
aparecieron, atacaron pero también fueron derrotadas hasta que todos huyeron dejando
la ciudad libre de enemigos mientras Tabriz se regocijaba en su victoria. La victoria de
Tabriz animó a las demás ciudades. Pero el rey era obstinado y no estaba dispuesto a
ceder y envió otro ejército que fue también derrotado. Después de un año y varios
meses, Sattar Jan y los combatientes por la Constitución vencieron y cayó del todo el
gobierno déspota.
La Asamblea Provincial nombró a Sattar Jan general nacional. Mojber al-Saltaneh fue
nombrado gobernador de Azerbaiyán y fue calurosamente recibido por los mandos del
Gobierno Constitucional de Azerbaiyán. Pero el nuevo gobernador no prestó atención a
Sattar Jan y su comportamiento posterior fue causa de disgusto. Mojber al-Saltaneh
envió a Sattar Jan a Ardabil para apresar a Mohammad Huseyn, un rebelde de Gilán.
Tras apresarlo, lo envió a Tabriz y Sattar Jan estuvo un tiempo gobernando Ardabil
hasta que un partidario del sha atacó esta ciudad ayudado por las tribus Shahsavan,
cercó la ciudad y finalmente Sattar Jan tuvo que abandonar Ardabil tras dos meses de
asedio y ataques.
Bagher Khan
Sattar Jan decidió ir a Teherán en respuesta a la invitación que le hizo Naser al-Molk en
la que también estaba invitado Bagher Jan. Pero luego se arrepintió de la decisión pues
se percató de que Mojber al-Saltaneh tenía algo que ver en aquella invitación. De todas
formas, el viaje se realizó. Una multitud se agrupó en torno a la casa de Sattar Jan para
despedirse de él y de Bagher Jan. Ambos, escoltados por 50 jinetes armados cada uno,
se pusieron en marcha hacia Teherán. Sheij Mohammad Jiabani e Ismail Nobari,
diputados del Parlamento, fueron a recibirle a su llegada a Zanjan. Jiabani le pidió a
Sattar Jan que no fuese a la capital a lo que éste le respondió que tras aquella visita
pensaba ir de peregrinación a Karbala. Siguieron su marcha y al llegar a Qazvin fueron
recibidos y aclamados por la gente, lo propio pasó a su llegada a Karaj. Al llegar a
Teherán, se encontraron que sus simpatizantes, judíos y zoroastrianos les habían
levantados varios arcos de triunfo para recibirles. Los diputados de Azerbaiyán fueron
hasta Mehrabad para darles la bienvenida. Ambos fueron hospedados por el Estado en
diferentes lugares de la capital, y muchos personajes importantes fueron a verles. Sattar
Jan y Bagher Jan visitaron también el Parlamento y fueron recibidos en la Sala de la
Comitiva donde se les entregó una placa de oro y plata por sus méritos y se leyó en voz
alta un agradecimiento por parte de Parlamento. Después de un mes de agasajos por
parte del Gobierno, éste le asignó a cada uno un sueldo de mil tomanes mensuales. Pero
cuando llegó la hora de hablar de desarme, Sattar Jan y Bagher Jan no llegaron a ningún
acuerdo con el gobierno, lo que provocó una crisis entre ellos que acabó en un
enfrentamiento armado en el parque cercano a la casa de Sattar Jan (agosto 1910). Para
dirimir este desacuerdo tuvo que intervenir el embajador de Alemania, Baronquadt, y el
embajador otomano, pero fue en vano. Finalmente se impuso el ejército contra los
insurrectos muriendo 30 de ellos en las refriegas y siendo detenidos 300. Cuatro años
después de aquello, murió a causa de las heridas inflingidas en las batallas. Era el 16 de
noviembre de 1914. Fue enterrado en Shah Abdul Azim, a seis km. al sur de Teherán.
Shah 'Abbas I, 1570-1629
Shah 'Abbas I, también conocido como Shah 'Abbas el Grande, nació en Herat, a la
sazón capital de Jorasán en 1570 y fue entronizado en 1587.
Shah Abbas sabía leer y escribir pero no estaba dotado de mucha cultura. En cambio,
poseía una gran inteligencia y sagacidad además de un gusto exquisito en el arte y en las
letras. Durante su juventud era muy dado al vino, del que abusaba, especialmente
después de terminar una batalla. Era amigo de fiestas y convites y de darse a la
diversión, mas ello no obviaba que fuese un hombre valiente hasta llegar a ser temerario
y resistente en el campo de batalla. Era muy diestro montando a caballo, con el sable y
con el arco. Aunque a veces se mostraba indulgente, era un hombre vengativo y cruel en
muchas ocasiones. Su vida cotidiana estaba regida por la sencillez.
Cuando llegó al poder, Shah 'Abbas se percató que la causa de muchos de los
desórdenes de Persia eran debidas al exceso de poder que tenían los Qezelbash cuyo
brazo llegaba a los asuntos internos del Estado y al Ejército. Por tanto, se dispuso a
acabar con su poder, algo que no era nada fácil ya que las fuerzas de las que disponía el
sha era de unos 60.000 caballeros qezelbash que no obedecían a nadie más que a sus
jefes, por lo que Shah 'Abbas sólo podía dar órdenes a estos caballeros mediante estos
jefes. Para acabar con el problema, Shah 'Abbas se atrajo a jefes y responsables de otras
tribus a los que pidió ayuda y así pudo reunir unos efectivos de entre diez y doce mil
soldados de infantería que eran capitaneados por el mismo rey. La llegada de los
hermanos Sherley y la instrucción de éstos a sus infantes en la fabricación y empleo de
la artillería, terminó dejando a punto a la Infantería Real para enfrentarse a sus
enemigos. El ejército del rey, en lugar de tener caballos como antiguamente, lo que
tenían eran cañones con los que podía incluso enfrentarse al temible ejército otomano.
Por otra parte, reunió otra fuerza que pudiera hacerle frente a los qezelbash, haciendo un
llamamiento a los miembros de otras tribus para que de forma libre se inscribieran. De
esta manera el sha pudo prescindir de los qezelbash.
Shah 'Abbas otorgó derechos y privilegios a los cristianos y extranjeros que quisieran
hacer comercio con Persia. Con la toma de estas medidas, que afectaban positivamente
a los europeos, comenzaron las relaciones entre los países europeos y Persia.
Hasta el año 1597, la capital safaví siguió siendo Qazvin. Al año siguiente es trasladada
a Isfahán y Shah 'Abbas convierte esta ciudad en una de las más bellas de Persia.
Tras acabar con los enemigos internos, los qezelbas, Shah 'Abbas se dispuso a
enfrentarse a los externos, que eran los otomanos al oeste y los uzbecos al este, que se
habían apoderado de importantes provincias de Persia como la de Jorasán. Primero
luchó contra éstos, a los que venció. Luego contra los otomanos, pero fue derrotado y
no tuvo más opción que capitular. En el año 1602 pudo finalmente vencer a los
otomanos y recuperar la ciudad de Tabriz tras 18 años de ocupación. Tras este logro, se
puso en marcha hacia Iraván, Georgia, que pudo conquistar después de seis meses de
asedio. En esta época murió el sultán otomano Muhammad III y su hijo se presentó en
Persia con un ejército, pero fue vencido y su derrota no sólo supuso el no poder
recuperar Tabriz sino que además perdió Bagdad, Mosul, el Kurdistán y las ciudades
santas shiíes de Najaf y Karbala. Esta derrota de los otomanos fue la cabeza de la lista
de una serie de derrotas inflingida por los persas. Shah 'Abbas supo mantener a raya a
los Otomanos.
La política de este hábil rey con los países europeos fue de entendimiento. Como
señalamos anteriormente abrió las puertas del país a los comerciantes, viajeros, e
incluso a los misioneros cristianos, que establecieron numerosas órdenes religiosas,
especialmente en Isfahán. Con los cristianos armenios iraníes se comportó de forma
muy tolerante llegando a participar en sus fiestas y ceremonias y financiar parte del
gasto de la construcción de sus iglesias, en fin, una serie de medidas que llamaron la
atención de los europeos. Las buenas relaciones de Persia con los europeos en general y
con Gran Bretaña en particular hicieron correr el rumor de una alianza entre los dos
países para combatir al temible ejército otomano. También mantuvo relaciones con
Alemania y España con los que intercambió embajadores. Renovó las relaciones que
desde antaño tenía con la India. En 1588 envió una embajada a Moscú que portaba una
misiva del sha al zar y cuatro años más tarde estableció relaciones diplomáticas con
Rusia.
Durante el período Safaví, sobre todo durante el reinado de Shah Abbas,el arte de la miniatura llega a su auge.
En cuanto a las obras arquitectónicas y de arte que mandó realizar y con las que
engalanó Isfahán de tal guisa que fue mundialmente conocida, cabe destacar la mezquita
de Lotfullah, el palacio de las Cuarenta Columnas (Chehel Sotun), Ali Qapu, el puente
de las 33 arcadas (Siose Pol), el palacete de los Ocho Paraísos (Hasht Behesht), la
construcción de multitud de caravasares repartidos por toda Persia y que aún hoy se
conservan, mejora y construcción de nuevos caminos, reparación y ampliación del
santuario del Imán Reza en Mashad, fundación de una fábrica de artillería con ayuda de
los ingleses, apoyo del arte y mecenazgo de los artistas y saneamiento de la
Administración.
La plaza del Imán, en Isfahán. Símbolo de la gloria del período Safaví
y broche de oro de los monumentos construidos por Shah Abbas en esta ciudad. Fot. de Henry Stierlin.
Shah Abbas murió en Mazandarán en 1629. Sus restos fueron llevados a hombros hasta
Kashán y enterrado en el santuario de Habib b. Musa.
Vaez Isfahani 1862-1908
Seyyed Ŷamal al-Din era el nombre real de Vaez Isfahani, uno de los clérigos-oradores
protagonistas del período constitucional y padre del celebérrimo escritor Ŷamalzadeh
(1895-1997). Nació en Hamadán. Tras la muerte de su padre, su madre, joven,
analfabeta y sin recursos, emigra con el niño a Teherán. Éste ingresó en la madrasa a los
cinco años de edad donde aprendió a leer y a escribir. Estuvo trabajando fabricando
cadenas hasta los 14 años. Luego vuelve a estudiar y muestra tanta pasión y entusiasmo
por la lectura que le daña la vista y queda ciego de un ojo. A los 21 años comienza sus
estudios en Isfahán donde también da homilías y discursos en las mezquitas, que llaman
la atención del público por su contenido original, lo que le valió el sobrenombre de
Vaez Isfahani (el Orador Isfahani). En Isfahán contacta con otros intelectuales con los
que mejora aún más sus conocimientos y enriquece sus métodos para sus discursos,
hasta que el gobernador de Isfahán, Zall al-Sultán, le prohíbe dar las homilías de los
meses sagrados de moharram y safar. Estos dos meses lo pasa Vaez Isfahani en Shiraz,
Tabriz y Mashad. En estos días publica un tratado titulado "Sueño veraz" donde en 80
páginas habla de la calamidad que supone las actuaciones de personajes corruptos y
tiranos. El tratado fue reimpreso en varias ocasiones años después y su publicación
causó la ira de Zall al-Sultán y sus secuaces que dio una orden de busca y captura para
Vaez Isfahani, al que no pudo detener pues se encontraba en Teherán. Cuando se enteró
Vaez Isfahani de la orden de busca y captura que había contra él en Isfahán, optó por
permanecer en la capital y continuó sus sermones y homilías en la Mezquita Shah de
Teherán predicando contra el despotismo y la tiranía y en defensa de los oprimidos,
tesis éstas con las que se ganó las simpatías del pueblo. Además prestaba ayuda a los
pobres e indigentes y cuando llegaba por la noche a su casa era seguido por un grupo de
mendigos a los que daba de comer y vestir. En sus homilías parecía que más que dar un
discurso hablaba o interrogaba al público.
El insigne sabio británico Edward Browne decía en su obra que trataba sobre la
Revolución Constitucional de Persia que Vaez Isfahani había logrado obtener un gran
apoyo y popularidad entre las capas bajas y desfavorecidas de la población ya que en
sus discursos hablaba en el lenguaje llano del pueblo, haciéndose entender bien. En
1905 Ala al-Douleh, gobernador de Teherán, ordena detener a dos comerciantes de
azúcar y somete a uno de ellos al bastinado. Aquel mismo día por la tarde, Vaez
Isfahani en su homilía se refirió a aquel injusto e injustificado castigo contra los
comerciantes. Luego, los comerciantes que se sentían inseguros, se refugiaron en la
inviolabilidad de la Mezquita Shah y fueron acompañados por Vaez Isfahani y otros
clérigos de renombre como Seyyed Abdullah Behbahani y Seyyed Mohammad
Tabatabai. Ein al-Douleh le pidió al imán del viernes, Mirza Abulqasem (que era yerno
del rey) que hiciese algo para dispersar a los allí encerrados. Él, ayudado por unos
cuantos seguidores y criados, marcharon hacia la mezquita pertrechados de porras,
sables, puñales y pistolas que ocultaron bajo sus atuendos para acceder al templo.
Cuando Vaez Isfahani subió al púlpito y el discurso del clérigo llegó a la parte donde
hacía referencia a la justicia y a la tiranía, el yerno del rey se le abalanzó, le acusó de
impío y de enemigo del rey, y cuando se dio cuenta de que no había obtenido resultado
alguno con aquello, se dejó ayudar por los rufianes que se había traído consigo que
comenzaron a pegar tiros y a armar algarabía. Los encerrados salieron de allí y se
trasladaron a la ciudad-santuario de Shah Abdul Azim, donde continuaron con su
encierro. Sin embargo, Vaez Isfahani, que estaba más en peligro que ninguno, se
refugió, primero en casa de Seyyed Mohammad Tabatabai, aunque tenía que cambiar de
residencia continuamente pues le andaban buscando. Finalmente, el sha se rindió y
rehusó a seguir la lucha. Los ulemas y los allí encerrados salieron y cuando llegaron a
Teherán fueron aclamados por las multitudes que salían a recibirle. Como se estaba
acercando el mes sagrado de moharram, el sha tenía miedo de que Vaez Isfahani
volviera a subir a los púlpitos de las mezquitas, así que le envió una cantidad de dinero
y una calesa real para que se marchara a Qom. Vaez Isfahani en primera instancia cogió
el dinero, pero, tras pensarlo un poco, lo hizo devolver y se marchó a Qom por sus
medios. Después de terminar la ashura, el sha le dio permiso para regresar a la capital.
Allí siguió dando sus homilías y discursos en las mezquitas. Con la llegada al poder de
Amin al-Sultan, gran opositor a la Constitución, y con la entronización de Mohammad
Ali Shah, que conocía muy bien a Vaez Isfahani, hizo llamar a éste a su palacio y quiso
engatusarle para que no hablara en sus discursos sobre la tiranía de los gobernantes.
Algo que no aceptó el clérigo.
Cuando el Parlamento fue cañoneado por orden del Mohammad Ali Shah, Vaez
Isfahani se encontraba en el interior y cuando los esbirros del sha fueron a detener a los
liberales y a los diputados, muchos salieron huyendo, pero él, que no podía correr
debido a su cojera, se arrinconó junto a un muro hasta que una valiente mujer lo
reconoció, lo escondió en su casa y al día siguiente marchó a Hamadán disfrazado. En
dicha ciudad fue recibido y agasajado por su gobernador, Mozaffar al-Molk. Cuando
Vaez Isfahani estaba haciendo los preparativos para ir de peregrinación a Karbala, el sha
se enteró de que su perseguido se encontraba en Hamadán. Envió un telegrama
ordenándole a Hesam al-Molk su detención y encarcelamiento. A las dos semanas es
llevado en mula hasta Borujerd donde es encerrado en una mazmorra y envenenado. Su
mausoleo se encuentra en aquella misma ciudad.
http://www2.irna.ir/occasion/es/index3.htm
O acordo nuclear Brasil-Irã-Turquia
17/5/2010, Stephen Kinzer, The Guardian, UK
http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2010/may/17/iran-nuclear-brazil-turkey-deal
Os acontecimentos e notícias empolgantes que chegam de Teerã, de
acordo afinal firmado, que pode ter evitado crise global em torno do
programa nuclear iraniano é desenvolvimento altamente positivo
para todos – exceto para os que, em Washington e Telavive,
estavam à procura de qualquer pretexto para isolar ou atacar o Irã.
Também marca o nascimento de uma nova força altamente
promissora no cenário mundial: a parceria Brasil-Turquia.
Semana passada, o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan e
o presidente Luis Inácio Lula da Silva do Brasil adotaram, em
conjunto, a abordagem clássica do “um gentil, outro durão”, para
aproximarem-se dos líderes iranianos. Lula anunciou que iria a
Teerã, o que deu aos iranianos esperança de algum acordo. Mas era
indispensável também a presença da Turquia (onde o urânio será
tratado), e Erdogan fez-se de difícil. Na 3ª-feira, Ahmet Davutoglu,
o muito experiente ministro das Relações Estrangeiras da Turquia,
anunciou que Erdogan não iria ao Irã, a menos que os iranianos
manifestassem algum interesse em firmar algum acordo. “Não é
hora para encontros trilaterais sem objetivo preciso”, disse.
“Queremos resultados. Sem perspectiva de resultados, não iremos
ao Irã.”
Na 6ª-feira, Erdogan endureceu ainda mais. Disse que a planejada
viagem a Teerã estava cancelada, porque o Irã “não se manifestara
sobre a questão”.
Poucas horas depois, a secretária Hillary Clinton telefonou ao
Chanceler turco e empenhou-se em desencorajar a iniciativa dos
diplomatas brasileiros e turcos. Porta-voz do Departamento de
Estado dos EUA disse que a sra. Clinton ‘alertou’ o ministro turco
para não confiar nos iranianos, cujo único interesse seria “fazer
qualquer coisa para impedir as sanções pelo Conselho de
Segurança, sem dar qualquer passo para suspender seu programa
nuclear militar.”
Depois do telefonema, um pouco precipitadamente, de fato, a
secretária Hillary previu publicamente que o esforço dos
presidentes Lula e Erdogan fracassaria.
O que se sabe hoje é que a secretária Clinton pode não estar
trabalhando corretamente pela pauta política da Casa Branca.
Enquanto ela falava em Washington, funcionários turcos
anunciavam aos jornalistas em Ankara, off-the-record, que haviam
recebido encorajamento do próprio presidente Obama, para insistir
no trabalho de mediação e continuar pressionando em busca de
algum acordo. Pode ser, é claro, ‘divisão’ planejada das forças nos
EUA, para cobrir todas as posições, o que implica que EUA, sim,
anteviram a possibilidade de serem derrotados no front diplomático:
Clinton faria a parte mais difícil e preservaria a posição do
presidente como ‘mediador’ e interessado mais em acordos que em
confrontos. Seja como for, já sugere alguma fragili dade na posição
da secretária de Estado, ou seu isolamento, no círculo mais alto dos
estrategistas de Obama para as questões mundiais cruciais.
Alguns, em Washington, tentarão ver no acordo apenas um modo
para salvar as aparências e livrar o Iran de confronto direto com
EUA e União Europeia. Seja como for, outros verão de outro modo.
Ali Akbar Salehi, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã,
vê perspectiva mais positiva. Semana passada, já havia anunciado
que o Irã buscava um acordo, contando com a mediação política do
Brasil e da Turquia “para dar aos EUA e outros países ocidentais um
modo de escaparem da situação de impasse que criaram, com
tantas ameaças.”
Em todos os casos, o que se viu foi que negociadores competentes
em negociações bem encaminhadas por dois líderes mundiais,
destruíram a versão, difundida por Washington, de que o Irã não
faria acordos e teria de ser ‘atacado’, por sanções; antes, claro, de
que os EUA considerassem “todas as opções” – inclusive o ataque
militar, para impedir o progresso do programa nuclear do país.
Fato é que Turquia e Brasil, embora em pontos opostos do planeta,
têm muita coisa em comum. São dois países territorialmente
grandes que passaram longos anos sob ditadura, mas conseguiram
alterar essa história e andar pacificamente na direção da plena
democracia. Os dois países têm hoje, na presidência, políticos
dinâmicos e experientes, que comandaram importante processo de
recuperação econômica nos seus respectivos países. Os dois países,
além do mais, já emergiram como potências regionais, mas aspiram
ao nível de potências como Rússia, Índia ou mesmo a China. Nem
Turquia nem Brasil podem sobreviver sozinhos entre esses gigantes.
Mas, juntos, formam uma parceria que tem inúmeras possibilidades
de sucesso.
Brasil e Turquia são os países que mais abriram novas embaixadas
pelo mundo, nos dois últimos anos. Uma vez por ano, os principais
diplomatas turcos voltam a Ancara para ampla reunião de trabalho.
Na reunião de 2010, ocorrida em janeiro, o ministro das Relações
Exteriores do Brasil Celso Amorim foi um dos principais
conferencistas convidados.
Turquia e Brasil foram, por muitos anos, apoiadores ‘automáticos’
de Washington, mas agora começam a assumir o timão e determinar
a própria rota. Preocupados com o que veem como violento
unilateralismo norte-americano, que desestabiliza imensas regiões
em todo o mundo, os dois países têm evitado todos os confrontos
internacionais, ao mesmo tempo em que trabalham
incansavelmente para promover acordos que visem à pacificação.
Por muito feliz coincidência, os dois países são hoje membros nãopermanentes do Conselho de Segurança. A posição deu-lhes os
meios para intervir na questão iraniana; que os negociadores e
presidentes de Turquia e Irã usaram com talento e competência
excepcionais.
Durante a Guerra Fria, o Movimento dos Não-alinhados tentou
converter-se numa “terceira força” na política mundial, mas
fracassou, porque reunia países grandes demais, separados demais
e diferentes demais. Turquia e Brasil emergem agora como a força
global capaz e competente para diálogos e acordos que o
Movimento dos Não-alinhados jamais antes conseguira ser.
Colunistas| 06/05/2011 | Copyleft
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DEBATE ABERTO
As razões do Irã
Construiu-se uma sofisticada imagem negativa do Irã mundialmente, que serve para justificar todas
as sanções aplicadas pela ONU contra o país, sob a manipulação das grandes potências que, com a
Revolução Islâmica de 1979, perderam os privilégios que tinham sobre as riquezas energéticas
iranianas.
Beto Almeida
Acabo de chegar do Irã integrando uma delegação de jornalistas e blogueiros. Uma constatação é
imediata: construiu-se uma sofisticada e complexa imagem negativa do Irã mundialmente, que serve
para justificar todas as sanções aplicadas pela ONU contra o país, sob a evidente manipulação das
grandes potências que, com a Revolução Islâmica de 1979, perderam os privilégios que tinham sobre as
vastas riquezas energéticas iranianas.
Sabemos, o fluxo da informação mundial está sob controle dos conglomerados de mídia dos países
imperiais, que atuam sob coordenação de interesses com a indústria bélica e petroleira. A suposta
“Guerra contra o Terror” já construiu um orçamento de 1,2 trilhão de dólares nos EUA. Bin Laden
cumpriu o seu papel, vivo ou “morto”.
É neste mundo que o Irã se encontra. Tem razões para se defender. É o principal alvo dos interesses
norte-americanos na região. Sobretudo por seu processo de desenvolvimento independente. A
nacionalização do petróleo produziu enormes efeitos a partir do uso de suas receitas para diversificar o
processo produtivo. O Irã, que foi obrigado a enfrentar uma guerra que não declarou contra um Iraque
apoiado pelos EUA, e que sofreu sanções de cunho econômico da ONU, teve que aprender a caminhar
com suas próprias pernas. Hoje possuiu uma indústria de defesa avançada, fabrica seus próprios
submarinos. O Brasil, desarmado, os compra lá fora.
O Irã possui um moderno programa aeroespacial e prepara-se para lançar seu primeiro cosmonauta ao
cosmos em 2012. No Brasil não há previsão para tal, mas há sabotagens dos EUA contra o programa
espacial brasileiro. Lá há uma agricultura bastante avançada, apesar do deserto. Ferrovias cortam o
país. Realizam avançadas pesquisas em biotecnologia e na área de células troncos. Ou seja, é um país
em franco desenvolvimento, que os inimigos querem sabotar e apresentar como um país das trevas.
Falamos de direitos humanos também, claro, num largo diálogo com o vice ministro de Relações
Exteriores, Behrooz Kamalvandi . “Tanto o Irã como o Brasil precisam se corrigir em matéria de direitos
humanos. Mas, quem mais precisa se corrigir são os EUA, os que mais agridem os direitos humanos no
mundo”, disse ele, ao mesmo tempo em que ressaltava a importância de países como Brasil e Irã
estarem juntos nesta conjuntura mundial sombria. Sim, lá todas as mulheres usam os véus. Mas, não
vimos crianças abandonadas nas ruas pedindo esmolas.
Jornalista, Membro da Junta Diretiva da Telesur.
RELAÇÕES INTERNACIONAIS DEZEMBRO : 2007 16 [ pp. 189-192 ]
189
RECENSÃO
Um americano
em Teerão
quarenta dias
que transformaram
o Médio Oriente
José Luís Alves
STEPHEN KINZER
Os Homens do Xá
– O Golpe no Irão
e as Origens
do Terrorismo
no Médio Oriente
Lisboa,
Tinta-da-China,
2007, 352 páginas
O
s Homens do Xá, de Stephen Kinzer,
revela os pormenores da Operação
Ajax, uma das primeiras acções que a
Agência Central de Inteligência dos EUA,
a CIA, organizou no exterior. O livro, no
entanto, não se limita a relatar o golpe que
derrubou o Governo liderado por Mohamed
Mossadegh, procurando retratar os
principais episódios da história iraniana
e encontrar ligações entre os acontecimentos
de 1953, o aparecimento do
terrorismo no Médio Oriente e o seu desenvolvimento
até aos nossos dias.
A história iraniana foi sendo construída
em torno de um conjunto de características
muito próprias, de importância fundamental
para assegurar a individualidade
do Irão na região em que se insere. A sua
evolução tem sido marcada pela tentativa
de assimilar o Islão, introduzido no país
pelos conquistadores árabes, com a herança
e a grandeza da antiga Pérsia, no que Kinzer
considera um «esforço continuado e frequentemente
frustrante». Fortemente
influenciados pela tradição xiita, os iranianos
interiorizaram um sentimento de
martírio colectivo, acompanhado pela
busca de uma liderança justa, factores que
desempenharam um papel fundamental
na sua evolução, em especial em momentos
de crise. Devido à sua estratégica localização,
controlando rotas comerciais e
recursos naturais de considerável importância,
o Irão cedo se transformou num
alvo apetecível. As sucessivas intervenções
de potências externas condicionaram decisivamente
o seu relacionamento com o
exterior, mas, frequentemente, determinaram
também a evolução das relações de
poder no seu interior. Para ilustrar estas
situações, Kinzer traça uma breve retrospectiva
da história iraniana, justificando o
crescimento do nacionalismo com as sucessivas
agressões externas, mas salientando
a total incapacidade do poder instalado em
Teerão, com os governantes mais preocupados
com a sua realização pessoal do que
com a resolução dos problemas colectivos.
UM CONFRONTO INEVITÁVEL?
O interesse das principais potências ganhou
novos contornos com a descoberta de vastos
campos petrolíferos, e, durante a primeira
metade do século XX, a soberania iraniana
foi sendo consideravelmente limitada
pela ingerência externa. Controlando os
recursos petrolíferos iranianos através da
Anglo-Iranian Oil Company, a Grã-Bretanha
arrecadava a quase totalidade dos lucros,
desenvolvendo um relacionamento tipicamente
colonial com o Irão, enquanto proporcionava
condições de vida miseráveis à
população local, vista apenas como mão-de-obra barata. Stephen Kinzer relata as
diversas modalidades que os britânicos utilizaram
para manobrar o poder em Teerão
de acordo com os seus interesses, concluindo
que essa postura, agravada por uma
total intransigência negocial, contribuiu
decisivamente para desenvolver um consenso
nacional em torno da nacionalização
da indústria petrolífera. Defendendo que «o
Irão é a melhor pessoa para governar a sua
casa», Mohamed Mossadegh liderou grande
parte desse processo, transformando-se
num actor fundamental para a expressão
das correntes nacionalistas. Como primeiro-ministro, Mossadegh manteve a inflexibilidade,
continuando a enfrentar os interesses
da Grã-Bretanha, consumando um
choque que conduziu à total paralisação da
exportação do petróleo iraniano.
Inicialmente, a incapacidade das partes
para ultrapassar o impasse preocupava o
Governo norte-americano, mas Harry
Truman procurou evitar a confrontação
directa entre o Irão e o Ocidente, nunca
demonstrando grande interesse em corresponder
aos apelos britânicos para uma
acção mais dura contra Teerão. Segundo
Kintzer, a situação alterou-se com a chegada
de Dwight Eisenhower à Casa
Branca, pois a nova Administração norte-americana, focada na contenção da URSS
e temendo a possibilidade de os comunistas
tomarem o poder no Irão, demonstrou
maior abertura para corresponder
aos desejos de Winston Churchill. Com
todos os homens que iriam assegurar o
poder absoluto ao xá Mohamed Reza nos
seus postos, estavam reunidas as condições
para provocar uma mudança política
em Teerão. Aproveitando a rede de agentes
que anteriormente servia os interesses
da Grã-Bretanha, a CIA trabalhou activamente
para o derrube do Governo,
provocando a desestabilização do país e
organizando as forças que levariam a cabo
o golpe, uma acção que Kinzer descreve
com todos os pormenores. Kermit Roosevelt,
neto do antigo Presidente dos EUA,
preparou e dirigiu as operações no terreno,
e, apesar do fracasso inicial, contrariou
as ordens para abandonar Teerão
e assegurou o afastamento de Mossadegh
numa segunda tentativa. Este sucesso
transformou o Irão num aliado fulcral
para a estratégia norte-americana na
região, mas ligou os EUA ao afastamento
de um governo popular e à sua substituição
por uma ditadura que governaria o
país durante um quarto de século.
SEMENTES DE VIOLÊNCIA
Procurando estabelecer a ligação entre o
golpe organizado pela CIA no Irão e o surgimento
de um sentimento antiamericano
na região, Stephen Kinzer defende que
esta acção esteve na origem do desenvolvimento
do terrorismo no Médio Oriente,
sendo possível traçar «uma linha que vai
da Operação Ajax, passa pelo regime
RELAÇÕES INTERNACIONAIS DEZEMBRO : 2007 16 190
opressivo do xá e pela Revolução Islâmica
e desemboca no fogo que consumiu o
World Trade Center em Nova York». Será,
por certo, uma linha um pouco ténue, que
quase se esbate por completo em certos
pontos, mas que não deixa de merecer um
olhar atento. Na verdade, ao alterar por
completo a evolução dos acontecimentos
em Teerão, a intervenção de 1953 condicionou
o equilíbrio de forças na região e
a formação das alianças durante a Guerra
Fria. A sua influência na história recente
do Irão, quando conjugada com a importância
geoestratégica do país, evidencia
uma série de ligações entre algumas situações
marcantes para a evolução da cena
internacional até aos nossos dias. O golpe,
pondo fim a uma democracia em construção,
possibilitou a instauração de um
regime despótico, que só seria derrubado
pela força, ajudando a criar condições para
o florescimento da Revolução Islâmica.
Esteve presente na ocupação da Embaixada
norte-americana em Teerão, inspirada
pelos receios de que os EUA, repetindo a
manobra de 1953, organizassem um novo
regresso do xá, um episódio decisivo para
congelar o relacionamento entre os dois
países. A mudança de regime em Teerão
alterou profundamente o equilíbrio regional,
influenciando a invasão do Afeganistão
pela URSS e forçando a aproximação entre
os EUA e o Iraque, enquanto a ameaça de
exportação do modelo de Khomeini, consubstanciada
no apoio a alguns dos grupos
mais radicais, passou a condicionar
os desenvolvimentos em todo o Médio
Oriente. Mas, mesmo tendo em conta o
terrorismo de Estado organizado a partir
de Teerão, com a capacidade para alimentar
a escalada da violência que abarca,
o elo final, associando a Operação Ajax e
o 11 de Setembro, não é muito justificado
por Kinzer. Existe, na verdade, uma linha
mais directa e evidente, que liga os atentados
aos mujahidines afegãos, noutro episódio
em que a necessidade de travar a
expansão soviética condicionou as opções
da política externa norte-americana para
a região.
O RENDER DA GUARDA
Mohamed Mossadegh, que se tinha afirmado
como uma voz importante a nível
internacional denunciando um sistema
colonial em declínio, «esperava vir a saber
se os Estados Unidos estavam verdadeiramente
do lado dos oprimidos ou eram
um mero joguete nas mãos dos vis ingleses
», mas o seu afastamento transformou-se num importante marco no processo
de substituição da Grã-Bretanha como
potência dominante na região. Os desenvolvimentos
subsequentes evidenciaram
o papel que os EUA pretendiam desempenhar,
bem como as modalidades a que
estariam dispostos a recorrer para atingir
os seus objectivos, e a imagem dos norteamericanos
na região foi abalada mesmo
antes de ser conhecida a decisiva acção da
CIA na organização e preparação do golpe.
Para grande parte dos iranianos, o afastamento
de Mossadegh despertou um profundo
sentimento de desencanto com os
governantes norte-americanos, consagrado
na fórmula do «Grande Satanás», mas a
propagação do antiamericanismo no
Médio Oriente não pode ser dissociada do
conjunto das políticas dos EUA para a
região na segunda metade do século XX.
Um americano em Teerão: quarenta dias que transformaram o Médio Oriente José Luís Alves 191
O posicionamento face à questão palestiniana
e a aliança com Israel contribuíram
decisivamente para desenvolver esse sentimento,
em especial nos países árabes,
bem como uma postura neocolonialista e
o continuado apoio a regimes repressivos.
Se os britânicos eram «odiados e objecto
de desconfiança quase em toda a parte»,
a crescente importância dos EUA na definição
da política regional só poderia atrair
os mesmos sentimentos, em especial se
baseada em princípios e acções semelhantes.
Stephen Kinzer, no entanto, não
se concentra nessa transição ou nas suas
consequências, preferindo evidenciar os
diferentes rumos que democratas e republicanos
imprimiam à política externa
norte-americana. Não valoriza o acordo
entre os EUA e a Arábia Saudita, repartindo
equitativamente os lucros da exploração
petrolífera, publicitado no momento
em que os britânicos recusavam igual concessão
aos iranianos, e os norte-americanos
parecem empurrados para uma posição
de liderança a que não ambicionavam.
No entanto, o modelo da Operação Ajax,
utilizando todo o tipo de meios ilícitos
para desestabilizar um país e derrubar um
governo em funções, seria repetido em
diversas partes do globo, em especial na
América Latina, e quase sempre justificado
com a mesma necessidade de conter
a expansão soviética. Essas réplicas,
que nem sempre foram bem sucedidas,
estão directamente ligadas ao sucesso
obtido com o golpe no Irão, pelo que os
seus efeitos ultrapassam largamente a
região e a época em que ocorreram.
RELAÇÕES INTERNACIONAIS DEZEMBRO : 2007 16
192RELAÇÕES INTERNACIONAIS DEZEMBRO : 2007 16 [ pp. 189-192 ] 189
RECENSÃO
Guerra dos EUA e Israel contra o Irã já começou, avaliam
especialistas
12/1/2012 13:11, Por Redação, com agências internacionais - de Teerã, Washington, Londres e
Havana
Especialistas militares avaliaram, nesta quinta-feira, que a guerra entre o Irã e os EUA já
começou, a julgar pelo movimento de tropas na região e os últimos acontecimentos no cenário
montado pelas nações ocidentais no Golfo Pérsico. Fontes ouvidas pela agência espanhola de
notícias RicTV atestam que, agora, “é apenas uma questão de horas para o início do conflito
armado”. A morte do cientista iraniano em um atentado foi, segundo analistas, um ponto
decisivo para o agravamento do quadro de confronto entre as forças norte-americanas,
israelenses e do Irã.
A morte de Mostafa Ahmadi Roshan, de 32 anos, engenheiro nuclear iraniano, em um
atentado a bomba, nesta quarta-feira, provocou uma onda de revolta em Teerã contra Israel, o
principal suspeito, e contra os Estados Unidos, que afirmaram não ter qualquer ligação com o
atentado. A edição desta quinta-feira dos principais jornais iranianos pede represálias
imediatas contra ambos os países.
“Sob a lei internacional é legal executar represálias com o assassinato do cientista nuclear”,
afirma o jornal iraniano Keyhan, em um editorial. “A República Islâmica conquistou muita
experiência em 32 anos. Portanto, é possível assassinar autoridades e militares israelenses”,
completa o texto. O assassinato domina o noticiário naquele país e muitos criticaram o que
chamaram de silêncio do Ocidente sobre as mortes. Os jornais mais radicais pedem, inclusive,
uma ação secreta contra Israel.
Ainda prudente em seus pronunciamentos, o governo iraniano disfarça a irritação com o
episódio mas garante que obteve provas de que “interesses estrangeiros” estavam por trás da
morte do cientista Roshan, subdiretor da central de enriquecimento de urânio de Natanz. Ele
morreu quando dois homens, em uma motocicleta, pararam ao lado do automóvel do
cientista, retido em um engarrafamento em Teerã, e colocaram uma bomba magnética na
porta, após o que se ouviu uma forte explosão.
A bomba também matou o motorista e o segurança de Ahmadi Roshan, enquanto um terceiro
ocupante do carro, um modelo Peugeot 405, ficou ferido. O ataque foi similar a outros quatro
que aconteceram em Teerã nos últimos dois anos. Três cientistas, incluindo dois que também
trabalhavam no programa nuclear iraniano, morreram, enquanto outro – que agora dirige a
Agência de Energia Atômica do Irã – escapou por pouco tempo de um atentado.
Capitalismo em declínio
Ao lado do presidente cubano, Raúl Castro, o dirigente iraniano Mahmoud Ahmadinejad passa
em revista às tropas
Pomo da discórdia entre o Irã, Israel e os EUA, a energia nuclear foi o tema central dos
pronunciamentos realizados em Havana, na noite passada, durante a recepção ao presidente
iraniano Mahmoud Ahmadinejad promovida pelo presidente cubano, Raúl Castro. Ambos
defenderam o direito de todos os países ao uso pacífico da energia nuclear, no clímax da
escalada militar em curso na região do Golfo Pérsico.
Os dois governantes “ratificaram o compromisso dos dois países na defesa da paz, do direito
internacional e dos princípios da Carta das Nações Unidas, assim como do direito de todos os
Estados ao uso pacífico da energia nuclear”, afirma um comunicado oficial.
O apoio cubano ao programa nuclear iraniano foi anunciado na mesma semana em que os
presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Nicarágua, Daniel Ortega, fizeram o mesmo. De
acordo com a nota oficial, durante o encontro no Palácio da Revolução de Havana, Raúl Castro
e Ahmadinejad conversaram sobre “o excelente estado das relações bilaterais e temas do
âmbito internacional”.
– Estamos observando que o sistema capitalista está em decadência, em diferentes cenários,
como em um beco sem saída, e é necessária uma nova ordem, uma nova visão, que respeite
todos os seres humanos, um pensamento baseado na justiça. Quando já lhe falta lógica
recorrem às armas para matar e destruir. Hoje em dia a única opção que restou ao sistema
capitalista é matar – disse Ahmadinejad, em uma conferência na Universidade de Havana,
onde recebeu o título Doutor Honoris Causa em Ciências Políticas.
Ahmadinejad reivindicou uma nova ordem mundial baseada na justiça e que respeite todos os
seres humanos e encorajou Cuba e seus universitários a trabalharem ao lado de seu país para
criá-la.
– Temos que estar alertas. Se nós não planejamos a nova ordem no mundo, serão os herdeiros
dos donos de escravos e os capitalistas a controlar e impor o novo sistema – afirmou.
Questão de horas
O USS Nimitz posiciona-se ao largo, na costa do Irã, de onde passa a exercer uma ação
predatória mais eficaz
Enquanto Ahmadinejad se movimenta pela América Latina, em busca de uma sólida aliança
com países socialistas da região, o porta-aviões da classe Nimitz, modernizado e com armas
mais letais se posiciona próximo ao Estreito de Ormuz. Nos últimos dias, os EUA trasladaram
um grupo de militares especializados em desembarque e um batalhão inteiro de marines. A
tropa segue embarcada nos navios anfíbios Makin Island, New Orleans e Pearl Harbor. Somase à força naval uma esquadrilha reforçada de helicópteros e um batalhão de retaguarda. As
informações foram divulgadas, nesta manhã, pela RicTV.
A agência acrescenta que o serviço de comunicações da Armada norte-americana comunicou
que a principal função do novo grupo de combate, encabeçado pelo super porta-aviões é
apoiar o exército em suas operações no Afeganistão e participar de manobras internacionais
na região. Especialistas ouvidos, no entanto, advertem que o aumento no número de
embarcações dos EUA nas costas do Irã é um fator marcante para o aumento da tensão entre
os dois países, com desfecho previsto em questão de horas. Fernando Bazán, um dos analistas
internacionais, em entrevista aos jornalistas, aponta a escalada do poderio armamentista dos
EUA no Mar Arábico.
– De um lado, Washington envia cada vez mais navios de guerra para a região por sua
preocupação com o avanço da produção nuclear iraniana, ainda mais depois que Teerã
confirmou a produção de urânio enriquecido a 20% em uma instalação subterrânea. De outra
parte, o Irã é um dos países mais importantes na política regional e pode influir na maioria dos
processos em curso no Oriente Médio, com apoio aos grupos xiitas – afirmou Bazán.
Além do USS Nimitz, o vespeiro em que se encontra o Estreito de Ormuz contará, nos próximos
dias, com a presença de um grupo de combate da V Frota Marítima, encabeçado pelo portaaviões Carl Vinson, com aeronaves a bordo. Estes equipamentos se somam a um outro grupo
de navios de guerra estacionado na região desde dezembro último. Estas belonaves já haviam
passado pelo Estreito de Ormuz, na divisa entre o Mar de Omán e o Golfo de Áden, por onde
circulam 40% do tráfego mundial de petróleo.
A guerra econômica dos EUA contra o Irã
6/1/2012,
Pepe Escobar,Asia Times Online
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
NEW YORK. Por aqui, a corrida é desenfreada, cada um querendo detonar, mais que o outro, a
economia global.
Uma emenda chave à Lei de Defesa Nacional [orig.National Defense Authorization Act]
assinada pelo presidente dos EUA Barack Obama no último dia de 2011 – quando ninguém
estava prestando atenção – impõe sanções a todos os países ou empresas que comprem
petróleo iraniano e paguem a compra através do banco central iraniano. Entrará em vigência
no próximo verão: quem desobedecer, ficará impedido de comerciar com os EUA.
A emenda – que, para todas as finalidades práticas, é declaração de guerra econômica – é
trazida até vocês sob o alto patrocínio do Comitê EUA-Israel de Relações Públicas
[orig.American Israel Public Affairs Committee (AIPAC)], obedecendo ordens diretas do
governo de Israel comandado pelo primeiro-ministro Benjamin “Bibi” Netanyahu.
Cataratas de artigos e comentários de especialistas tentaram introduzir alguma racionalidade
na ideia: seria um plano B do governo Obama, o qual estaria assim impedindo que os cães de
guerra israelenses atacassem diretamente o Irã (para destruir um suposto programa de armas
nucleares).
A verdade é que a estratégia original de Israel era ainda mais histérica: impedir que todos os
países e empresas do mundo pagassem ao Irã pelo petróleo que importassem, exceto, talvez,
China e Índia. E, como se não bastasse, o pessoal do AIPAC ainda tentava convencer todos de
que essa ideia não resultaria em aumentos insaciáveis nos preços do petróleo.
Outra vez, comprovando capacidade inigualável de atirar no próprio pé calçado em sapato
Ferragamo, governos na União Europeia debatem se compram ou não compram petróleo
iraniano. A dúvida existencial é compram já ou dão um tempo. Inevitavelmente, como a morte
e os impostos, o resultado já é – e o que mais poderia ser? – petróleo mais caro. O cru já oscila
em torno de $114, e a única porta aberta é para cima.
r />
...Me entreguem ao pé do cru, na hora certa![1]
O Irã é o segundo maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP),
exportando até 2,5 milhões de barris de petróleo ao dia. Cerca de 450 mil desses barris vão
para a União Europeia – o segundo maior mercado para o Irã, depois da China.
Gunther Ottinger, burocrata sem rosto como exige a função de Comissário para Energia da
União Europeia, andou espalhando que a União Europeia poderia contar com a Arábia Saudita,
para suprir o que não comprasse do Irã.
Qualquer analista de petróleo que se dê ao respeito sabe que a Arábia Saudita não tem
capacidade ociosa para suprir essa grande demanda extra. Além disso, e mais importante, a
Arábia Saudita tem de vender caro o seu petróleo caro. Afinal de contas, a Casa de Saud
contrarrevolucionária precisa muitíssimo desses fundos para subornar todos que tenha de
subornar para impedir que brote por lá algum tipo de Primavera Árabe local.
E há também a ameaça que Teerã já fez, de bloquear o Estreito de Ormuz, impedindo assim
que 1/6 do petróleo do mundo e 70% das exportações da OPEP cheguem aos mercados
consumidores. Os varejistas estão fazendo o diabo para estocar a maior quantidade de cru que
consigam comprar.
Esqueçam petróleo a preços acessíveis de $50, mesmo $75, o barril. O preço pode subir
depressa, chegar a $120, $150 o barril, no próximo verão, como aconteceu em 2008, no auge
da crise. E a OPEP, por falar nisso, está extraindo mais óleo do que nunca desde o final de
2008.
Assim sendo, o que começou como objeto explosivo improvisado que Israel escondera numa
beira de estrada, já se vai transformando em colete de explosivos para suicídio coletivo, preso
por cadeado a setores inteiros da economia global.
Não surpreende que o presidente da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do
Parlamento Iraniano, Ala'eddin Broujerdi, tenha alertado para a possibilidade de as novas
“sanções” não passarem de “trapalhada estratégica” [orig.strategic blunder] nos países
ocidentais.
Tradução: se a coisa continuar, o nome do jogo para 2012 é recessão global profunda.
Obama joga os dados
Primeiro, Washington fez vazar que sanções contra o banco central do Irã “não estão sobre a
mesa”. Afinal de contas, é claro que o governo Obama sempre soube que ‘'as sanções'’ fariam
o preço do petróleo explodir, e que são passagem só de ida para profunda recessão global. E,
quanto ao Irã, só arrancará ainda mais dinheiro do petróleo exportado.
Pois mesmo assim ocomboBibi-AIPACempurrou a emenda facilmente, goela abaixo do Senado
e do Congresso dos EUA – mesmo depois de Tim Geithner, secretário do Tesouro dos EUA, terse manifestado claramente contra ela.
A emenda que acaba de ser aprovada pode não ter o efeito de “sanções incapacitantes” que o
governo israelense tanto exigia. Teerã sentirá o aperto – mas o aperto não alcançará nível
intolerável. E só aqueles irresponsáveis que povoam o Congresso dos EUA – desprezado por
maioria ampla dos norte-americanos, como informam todas as pesquisas em circulação por
aqui – poderiam ter suposto que conseguiriam tirar do mercado 2,5 milhões de barris do
petróleo que o Irã exporta...sem provocar consequências gravíssimas em toda a economia
global.
A Ásia precisará de cada vez mais petróleo – e continuará a comprar petróleo iraniano. E os
preços do petróleo prosseguirão, rumo à estratosfera.
Tudo isso considerado, por que Obama assinou aquela emenda? Porque agora, para o governo
Obama, só se trata, exclusivamente, de reeleição. Os doidos terminais ativos no circo eleitoral
dos Republicanos – com Ron Paul como honrada exceção – só falam de ataque ao Irã;
prometem que, se eleitos, atacarão o Irã no dia da posse; e muitos eleitores norte-americanos,
sem saber o que pensar ou por quê, estão gostando da ideia.
Ninguém está fazendo nem as contas mais simples, que ajudariam a ver que as economias
europeia e norte-americana absolutamente não precisam de barril de petróleo aproximandose dos $120, se alguém ainda espera obter alguma recuperação econômica, mínima que seja.
Mostre o seu, que eu mostro o meu
Além da gangue OTAN-Euro, que vive crise terminal de autodetonação, praticamente todos,
naqueles arredores, ignorarão a guerra econômica que EUA-Israel declararam contra o Irã:
a Rússia já disse que contornará o bloqueio;
a Índia já usa o banco Halkbank, na Turquia, para pagar o petróleo que compra do Irã;
o Irã e China estão ativamente negociando novos acordos de venda de petróleo. O Irã é o
segundo maior fornecedor de petróleo para a China (só perde para a Arábia Saudita). A China
paga em euros e pode, em breve, passar a pagar em yuans. Em março, já haverá novo acordo
assinado entre Irã e China sobre novos preços;
a Venezuela controla um banco binacional com o Irã, desde 2009; através desse banco, o Irã
recebe todos os pagamentos dos negócios que mantém na América Latina;
a Turquia, tradicional aliada dos EUA, com certeza encontrará meios para isentar a empresa
turca TUPRAS, de importação de petróleo, das novas‘sanções’; e
a Coreia do Sul também encontrará algum meio, para continuar comprando do Irã, em 2012,
os cerca de 200 mil barris/dia de que precisa.
China, Índia, Coreia do Sul, todos mantêm complexos laços comerciais de mão dupla com o Irã
(o comércio China-Irã, por exemplo, é da ordem de $30 bilhões/ano, e está aumentando).
Nada disso será “extinto” só porque o eixo Washington/Telavive ordene. Deve-se esperar, isso
sim, uma onda de novos bancos privados, a serem constituídos em todo o mundo em
desenvolvimento, exclusivamente para continuar comprando petróleo iraniano.
Novidade haveria, só se Washington tivesse cacife para impor sanções aos bancos chineses,
porque negociam com o Irã.
Pelo outro lado, é necessário reconhecer o cacife (ou, não sendo isso, a coragem) de Teerã. O
Irã enfrenta campanha praticamente jamais interrompida, há anos, de assassinatos prédeterminados e sequestros de cientistas iranianos; ataques em território iraniano, na província
do Sistão-Baloquistão; sabotagem de sua infraestrutura, por israelenses; invasões de seu
território pordronesnorte-americanos de espionagem; ameaças incessantes, de Israel e do
Partido Republicano dos EUA, de “choque e pavor” sempre iminentes; e os EUA venderam $60
bilhões de armas à Arábia Saudita. E Teerã não cede.
Teerã acaba de testar – com sucesso – mísseis cruzadores iranianos, e bem ali, exatamente no
Estreito de Ormuz. E quando Teerã reage à agressão repetida, insistente, incessante do
ocidente, ainda é acusada de cometer “atos de provocação”.
6ª-feira, todos os editorialistas doNew York Times estavam em lua de mel com o Pentágono,
todos repetindo as mesmas ameaças contra o Irã e clamando, todos, por “pressão econômica
máxima”.
A conclusão é que os iranianos médios sofrerão – tanto quanto sofrerão os europeus
endividados, devastados pela crise. A economia dos EUA também sofrerá. E, cada vez que
entender que o ocidente está ficando histérico além do suportável, Teerã poderá servir-se do
seu pleno direito de mandar os preços do petróleo às alturas.
O governo de Teerã continuará a vender petróleo, continuará a enriquecer urânio e – o mais
importante – não cairá e continuará a ser governo. Como míssil Hellfire disparado contra festa
de casamento pashtun, as “sanções” ocidentais fracassarão miseravelmente. Não sem, antes,
provocarem vasto dano colateral – no próprio ocidente.
Nota dos tradutores
[1]Orig.Get me to thecrudeon time. Ecoa aí um “Get me to theworldon time” (“Me entreguem
no mundo, na hora certa”), gravação dos The Electric Prunes, dorockpsicodélico dos anos
1960s.
Há quem insista em ouvir aí também ecos de “Get me to the churchon time”(“Me entreguem
na igreja, na hora certa”), do musical “My Fair Lady” (dir. George Cukor), dos mesmos anos
1960s, também gravada por Frank Sinatra, também nos mesmos anos 1960s. Que anos 1960s
foram aqueles!
Seja como for, a grande gravação de “Get me to the churchon time” é de Judy Garland, que
morreu em 1969
É complicado. Cada leitor terá de construir seus percursos de interpretação.
The ancient nation of Iran, historically known to the West as Persia until 1935 (see also
History of Persia, History of Levant). Once a major empire in its own right, it has been
overrun frequently and has had its territory altered throughout the centuries. Invaded by
Arabs, Seljuk Turks, Mongols, and others--and often caught up in the affairs of larger
powers--Iran has always reasserted its national identity and has developed as a distinct
political and cultural entity.
Archeological findings have placed knowledge of Iranian prehistory at middle
paleolithic times (100,000 years ago). The earliest sedentary cultures date from 18,00014,000 years ago. The sixth millennium B.C. saw a fairly sophisticated agricultural
society and proto-urban population centers. Many dynasties have ruled Iran, the first of
which was under the Achaemenians (559-330 B.C.), a dynasty founded by Cyrus the
Great. After the Hellenistic period (300-250 B.C.) came the Parthian (250 B.C.-226
A.D.) and the Sassanian (226-651) dynasties.
The seventh century Arab-Muslim conquest of Iran was followed by conquests by the
Seljuk Turks, the Mongols, and Tamerlane. Iran underwent a revival under the Safavid
dynasty (1502-1736), the most prominent figure of which was Shah Abbas. The
conqueror Nadir Shah and his successors were followed by the Zand dynasty, founded
by Karim Kahn, and later the Qajar (1795-1925) and the Pahlavi dynasties (1925-1979).
Modern Iranian history began with a nationalist uprising against the Shah (who
remained in power) in 1905, the granting of a limited constitution in 1906 (making the
country a constitutional monarchy), and the discovery of oil in 1908. The key to the
region was the British discovery of oil there in 1908 (see British Petroleum). Control
was disputed between Great Britain and Russia, codified in an agreement of 1907
dividing the region into spheres of influence.
During World War I the country was occupied by British and Russian forces but was
essentially neutral. In 1919, Britain attempted to establish a protectorate in Iran, aided
by the Soviet Union's withdrawal in 1921. In that year a military coup established Reza
Khan, an Iranian officer of the Persian Cossack Brigade, as dictator and then herediatry
Shah of the new Pahlavi dynasty (1925). Reza Shah Pahlavi, ruling for almost 16 years
and installing the new Pahlavi dynasty, thwarting the British attempt at control, and
pushing to have the country developed.
Under his reign, Iran began to modernize and to secularize politics, and the central
government reasserted its authority over the tribes and provinces.
During World War II, Iran was a vital link in the Allied supply line for lend-lease
supplies to the Soviet Union. In August, 1941, a combined British and Soviet force
occupied Iran. In September Reza abdicated in favour of his son Muhammad Reza Shah
Pahlavi, who ruled until 1979.
At the Tehran Conference of 1943 the Tehran Declaration guaranteed the post-war
independence and boundaries of Iran. However when the war did end the Soviets
supported a revolt in the north which created the People's Republic of Azerbaijan and
the Kurdish People's Republic in late 1945, both effective Soviet puppet regimes. After
World War II, Soviet troops stationed in northwestern Iran not only refused to withdraw
but backed revolts that established short-lived, pro-Soviet separatist regimes in the
northern regions of Azerbaijan and Kurdistan. These were ended in 1946. The
Azerbaijan revolt crumbled after U.S. and UN pressure forced a Soviet withdrawal and
Iranian forces suppressed the Kurdish revolt.
Soviet troops did not withdraw from Iran proper until May, 1946 after receiving a
promise of oil concessions. The Soviet republics in the north were soon overthrown and
the oil concessions were revoked.
In 1951, Premier Mohammed Mossadeq, a militant nationalist, forced the parliament to
nationalize the British-owned oil industry. Despite British pressure, including a
economic blockade which caused real hardship, the nationalization continued. The
National Front leader, Muhammad Mussadegh, was briefly forced from power in 1952
but quickly returned and forced the Shah to flee. The Shah returned in mid-1953 and
again forced Mussadegh from office in August with U.S. support, Mussadegh was
arrested and a new president was appointed.
In return for the US support the Shah agreed, in 1954, to allow an international
consortium of British, American, French, and Dutch companies to run the Iranian oil
facilities for the next 25 years, with profits shared equally. There was a return to
stability in the late 1950s and the 1960s. In 1957 martial law was ended after 16 years
and Iran became closer to the West, joining the Baghdad Pact and receiving military and
economic aid from the US. The Iranian government began a broad program of reforms
to modernize the country, notably changing the quasi-feudal land system.
However the reforms did not greatly improve economic conditions and the liberal proWestern policies alienated certain Islamic religious and political groups. From the mid1960s the political situation was becoming increasingly unstable. In 1961, Iran initiated
a series of economic, social, and administrative reforms that became known as the
Shah's White Revolution. The core of this program was land reform. Modernization and
economic growth proceeded at an unprecedented rate, fueled by Iran's vast petroleum
reserves, the third-largest in the world.
The Premier Hassan Ali Mansur was assassinated in 1965 and the internal security
service, SAVAK, became more violently active. The Islamic clergy, headed by the
Ayatollah Ruhollah Khomeini (who had been exiled in 1964), were becoming
increasingly vociferous.
Internationally relations with Iraq fell into a steep decline, mainly due to a dispute over
the Shatt-al-Arab waterway which a 1937 agreement gave to Iraq. Following a number
of clashes in April, 1969, Iran abrogated the 1937 accord and demanded a renegotiation.
Iran greatly increased its defense budget and by the early 1970s was the region's
srongest military power. In November, 1971 Iranian forces seized control of three
islands at the mouth of the Persian Gulf, in response Iraq expelling thousands of Iranian
nationals.
In mid-1973, the Shah returned the oil industry to national control. Following the ArabIsraeli War of October, 1973, Iran did not join the Arab oil embargo against the West
and Israel. Instead it used the situation to raise oil prices, using the money gained for
modernization and to increase defense spending.
However the economic improvemnets tended to only benefit a very small group and
succeeded in disaffecting the vast majority of the population, culminating in widespread
religious led protests throughout the late 1970s. There was widespread religious and
political opposition to the Shah's rule and programs--especially SAVAK, the hated
internal security and intelligence service. Martial law was declared in September 1978
for all major cities but the Shah recognized the erosion of his power-base and fled Iran
on January 16, 1979.
On February 1, 1979, Ayatollah Khomeini returned from France (after 15 years in exile
there and in Turkey and Iraq) to direct a revolution resulting in a new, theocratic
republic guided by Islamic principles, overthrowing the shah's government on February
11 and becoming Iran's national religious leader. The new government was extremely
conservative. It nationalized industry and restored Islamic traditions in culture and law.
Western influence were banned and the existing pro-West elite was quick to join the
shah in exile. There were clashes between rival religious factions and brutal repression
quickly became commonplace.
Militant Iranian students seized the US Embassy in Tehran on November 4 1979 and
held it until [[January 20 1981. The Carter administration initiated a economic boycott
and attempted a rescue in April, 1980 that was a pitiful failure. Finally Ronald Reagan
ended the crisis on the day of his inauguration, agreeing to nearly all the Iranian terms.
On September 22, 1980 Iraq invaded Iran, see Iran-Iraq War.
Following Khomeini's death on June 3, 1989, the Assembly of Experts--an elected body
of senior clerics--chose the outgoing president of the republic, Sayid Ali Khamenei, to
be his successor as national religious leader in what proved to be a smooth transition.
In August 1989, Ali Akbar Hashemi-Rafsanjani, the speaker of the National Assembly,
was elected President by an overwhelming majority.
During the Gulf War (1991) the country remained relatively neutral, restricting its
action to the comdemnation of US and allowing Iraqi aircraft and refugees into the
country.
President Rafsanjani was re-elected in 1993 with a more modest majority; some
Western observers attributed the reduced voter turnout to disenchantment with the
deteriorating economy. Rafsanjani was succeeded in 1997 by the moderate Mohammed
Khatami. This led the country into a dangerous rift between a government seeking
reform and moderate liberalization against a clergy still extremely conservative.
Khatami was re-elected in June, 2001 but his efforts have been repeatedly blocked by
the religious Guardian Council.
Fidel fala de seu encontro com presidente
iraniano
– 13 de janeiro de 2012
Para cubano, Ahmadinejad está “tranquilo” e qualquer situação de guerra seria
desencadeada pelo “império ianque”
Por Fidel Castro | Tradução do Vermelho
Ontem tive o prazer de conversar tranquilamente com Mahmoud Ahmadinejad. Não o
via desde setembro de 2006, há mais de cinco anos, quando visitou nossa Pátria para
participar na 14ª Cúpula do Movimiento de Países Não Alinhados que teve lugar em
Havana, onde pela segunda vez Cuba foi eleita como presidente dessa organização pelo
tempo estabelecido de três anos.
Eu tinha ficado gravemente enfermo em 26 de julho de 2006, um mês e meio antes da
mesma, e só podia sentar na cama. Vários dos mais distinguidos líderes que assistiam ao
evento tiveram a amabilidade de visitar-me. Chávez e Evo o fizeram mais de uma vez.
Um meio dia vieram quatro, dos quais sempre recordo: Kofi Annan, secretario-geral da
ONU; um velho amigo, Abdelaziz Buteflika, presidente da Argélia; Mahmoud
Ahmadinejad, presidente do Irã; e um vice-ministro de Relações Exteriores do governo
da China e atual chanceler desse país, Yang Jiechi, representando o líder do Partido
Comunista e presidente da República Popular da China, Hu Jintao. Foi realmente um
momento de importância para mim que com grande esforço reeducava a mão direita que
havia sofrido um sério acidente na queda em Santa Clara.
Com os quatro comentei aspectos dos problemas que o mundo enfrentava naqueles
instantes. Estes, certamente, tornavam-se cada vez mais complexos.
No encontro de ontem observei o presidente iraniano absolutamente sossegado e
tranquilo, indiferente por completo às ameaças ianques, confiante na capacidade de seu
povo para enfrentar qualquer agressão e na eficácia das armas, que em grande parte ele
próprios produzem, para ocasionar aos agressores um preço impagável.
Na realidade quase não falou do tema bélico, sua mente se concentrava nas ideias
expostas na conferência que fez no Salão Nobre da Universidade de Havana, centrada
na luta pelo ser humano: “caminhar para chegar e alcançar a paz, a segurança, o respeito
e a dignidade humana como um desejo de todos os seres humanos ao longo da história.”
Estou seguro de que, por parte do Irã, não se deve esperar ações irrefletidas que
contribuam para o desencadeamento de uma guerra. Se esta for inevitavelmente
desatada, será fruto exclusivo do aventureirismo e da irresponsabilidade congênita do
império yanque.
Da minha parte penso que a situação política criada em torno do Irã e os riscos de uma
guerra nuclear que dela emanam e a todos envolve – possuam ou não tais armas -, são
sumamente delicados porque ameaçam a própria existência de nossa espécie. O Oriente
Médio se converteu na região mais conflitiva do mundo, e a área onde são gerados os
recursos energéticos vitais para a economia do planeta.
O poder destrutivo e os sofrimentos massivos que originavam alguns dos meios
utilizados na Segunda Guerra Mundial motivaram uma forte tendência a proibir
algumas armas como os gases asfixiantes e outras empregadas naquela guerra. Contudo,
as lutas de interesses e os enormes lucros dos produtores de armas os levaram à
confecção dos armamentos mais cruéis e destrutivos, até que a tecnologia moderna
aportou o material e os meios cujo emprego em uma guerra mundial conduziria ao
extermínio.
Sustento o critério, sem dúvidas compartilhado por todas as pessoas com um sentido
elementar de responsabilidade, de que nenhum país grande ou pequeno tem o direito a
possuir armas nucleares.
Nunca estas armas deveriam ser usadas para atacar duas cidades indefesas como
Hiroshima e Nagasaki, assassinando e irradiando com horríveis e duradouros efeitos
centenas de milhares de homens, mulheres e crianças, em um país que já estava
militarmente vencido.
Se o fascismo obrigava as potências coligadas contra o nazismo a competir com esse
inimigo da humanidade na fabricação de tal arma, finalizada a guerra e já criada a
Organización das Nações Unidas, o primeiro dever dessa organização era proibir tal
arma sem exceção alguma.
Mas os Estados Unidos, a potência mais poderosa e rica, impôs ao resto do mundo a
linha a seguir. Hoje possui centenas de satélites que espionam e vigiam a partir do
espaço todos os habitantes do planeta. Suas forças navais, aéreas e terrestres estão
equipadas com milhares de armas nucleares, manejam a seu talante, através do Fundo
Monetário Internacional, as finanças e os investimentos do mundo.
Se se analisa a história de cada uma das nações da América Latina, desde o México até
a Patagônia, passando por São Domingo e Haiti, poderá observar-se que todas, sem uma
só exceção, sofreram durante duzentos anos, desde o início do século 19 até hoje, e de
uma ou outra forma estão sofrendo cada vez mais, os piores crimes que o poderio e a
força podem cometer contra o direito dos povos. Escritores brilhantes surgem em
número crescente: um deles, Eduardo Galeano, autor de “As veias abertas da América
Latina”, que fala sobre estes temas, acaba de ser convidado a inaugurar o prestigioso
Prêmio Casa das Américas, como um reconhecimento a sua relevante obra.
Os acontecimentos se sucedem con incrível rapidez; mas a tecnologia os transmite ao
público de forma ainda mais rápida. Um dia qualquer, como o de hoje, notícias
importantes se sucedem com extraordinário ritmo. Um despacho telegráfico datado de
ontem (11), dá textualmente a seguinte notícia: “A presidência dinamarquesa da União
Europeia afirmou na quarta-feira que uma nova série de sanções europeias mais severas
contra o Irã se decidirá em 23 de janeiro em razão de seu programa nuclear, atingindo
não só o setor petrolífero mas também o banco central.
“Iremos mais longe simultaneamente no que se refere às sanções petrolíferas e contra as
estruturas financeiras” disse o chefe da diplomacia dinamarquesa Villy Soevndal,
durante um encontro com a imprensa estrangeira. Pode apreciar-se com clareza que, a
fim de impedir a proliferação nuclear, Israel pode acumular centenas de ogivas
nucleares enquanto o Irã não pode produzir urânio enriquecido a 20%.
Outra noticia sobre o tema, de uma conhecida qualificada agência informativa britânica
noticia que: “A China não deu sinais na quarta-feira de ceder terreno às demandas dos
Estados Unidos de que reduza suas compras de petróleo iraniano e considerou um
excesso as sanções de Washington contra Teerã…”.
Qualquer pessoa se assombraria com a tranquilidade com que os Estados Unidos e a
civilizada Europa promovem esta campanha com uma espantosa e sistemática prática
terrorista. Bastam estas linhas trasmitidas por outra importante agência europeia de
notícias: “O assassinato, na quarta-feira, de um responsável pela usina nuclear de
Natanz, no centro do Irã, conta três precedentes desde janeiro de 2010.”
Em 12 de janeiro daquele ano, “um físico nuclear internacionalmente reconocido,
Masud Alí Mohamadi, professor na universidade de Teerã e que trabalhava para os
Guardiães da Revolução, morreu na explosão de uma moto-bomba diante de seu
domicílio.”
“29 de novembro de 2010: Majid Shahriari, fundador da Sociedade nuclear do Irã e
‘encarregado de um dos grandes projetos da Organização iraniana de energia atômica’
[...] foi morto em Teerã pela explosão de uma bomba magnética fixada em seu
automóvel.
“No mesmo dia, outro físico nuclear, Fereydoun Abasi Davani, foi alvo de um atentado
em condições idênticas quando estacionava seu carro diante da universidade Shahid
Beheshti em Teerã, onde os dois homens eram professores.” – Só ficou ferido.
23 de julho de 2011: O cientista Dariush Rezainejad, que trabalhava em projetos do
ministério da Defesa, foi morto a tiros por desconhecidos que se deslocavam em uma
moto em Teerã.”
“11 de janeiro de 2012: – no mesmo dia em que Ahmadinejad viajava da Nicarágua a
Cuba, para dar sua conferência na Universidade de Havana – O cientista Mustafa
Ahmadi Roshan, que trabalhava na usina de Natanz, da qual era vice-diretor para
assuntos comerciais, morreu na explosão de uma bomba magnética colocada sobre su
automóvel, perto da universidade Allameh Tabatabai, a leste de Teerã”. Como em anos
anteriores, o “Irã acusou novamente os Estados Unidos e Israel.”
Trata-se de uma carnificina seletiva de brilhantes cientistas iranianos sistematicamente
assassinados. Li artigos de conhecidos simpatizantes de Israel que falam de crimes
realizados por seus serviços de inteligência, em cooperação com os dos Estados Unidos
e a Otan, como algo normal.
Ao mesmo tempo, desde Moscou as agências informam que “a Rússia advertiu hoje que
na Síria está amadurecendo um cenário similar ao da Líbia, mas alertou que desta vez o
ataque virá da vizinha Turquia.
“O secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, sustentou que o
Ocidente deseja ‘castigar Damasco não tanto pela repressão à oposição mas por sua
relutância em interromper sua aliança com Teerã’.”
“…em sua opinião, na Síria está amadurecendo um cenário como o da Líbia, mas nesta
oportunidade, as forças de ataque não virão da França, Grã Bretanha e Itália mas da
Turquia’.”
“Inclusive, se atreveu a adiantar que ‘é possível que Washington e Ancara já estejam
definindo várias opções de zonas de exclusão de voos, onde exércitos armados de
rebeldes sírios poderias ser treinados e concentrados’.”
As notícias não só procedem do Irã e do Oriente Médio, mas também de outros pontos
da Ásia Central próximos ao Oriente Médio. As mesmas nos permitem apreciar a
complexidade dos problemas que podem derivar-se dessa perigosa região.
Os Estados Unidos foram levados por sua contraditória e absurda política imperial a
problemas sérios em países como o Paquistão, cujas fronteiras com outro importante
Estado, o Afeganistão, foram traçadas pelos colonialistas sem tomar em conta cultura
nem etnias.
Neste último país, que durante séculos defendeu sua independência frente ao
colonialismo inglês, a produção de drogas se multiplicou desde a invasão yanque, e os
soldados europeus apoiados pelos aviões sem piloto e armamento sofisticado dos
Estados Unidos cometem embaraçosas matanças que incrementam o ódio da população
e afastam as possibilidades de paz. Isso e outras imundícies também se refletem nos
despachos das agências ocidentais de notícias.
“Washington, 12 de janeiro de 2012 – O secretário estadunidense da Defesa, Leon
Panetta, qualificou nesta quinta-feira de ‘absolutamente lamentável’ o comportamento
de quatro homens apresentados como marines norte-americanos urinando sobre
cadáveres no Afeganistão em um vídeo difundido pela internet.
“Vi as imgens e encontro o comportamento (desses homens) absolutamente
lamentável…”
“Este comportamento é totalmente inapropriado da parte de membros do exército
estadunidense e não reflete em nenhum caso os critérios e os valores que nossas forças
armadas juram respeitar…”
Na realidade, nem o afirma nem o nega. Qualquer pessoa pode ficar com a dúvida e
possivelmente o próprio secretário da Defesa.
Mas também é extremamente desumano, que homens, mulheres e crianças, ou um
combatente afegão que luta contra a ocupação estrangeira, seja assassinado pelas
bombas dos aviões sem piloto. Algo também muito grave: dezenas de soldados e
oficiais paquistaneses, que cuidavam das fronteiras do país, têm sido destroçados por
essas bombas.
Em declarações do próprio Karzai, presidente do Afeganistão, este expressou que o
ultraje aos cadáveres era “’simplemente desumano’, e pediu ao governo estadunidense
que ‘aplique o castigo mais severo a quem quer que seja que acabe sendo condenado
por este crime’.”
Porta-vozes dos talibãs declararam que “nos dez últimos anos se deram centenas de atos
similares que não foram revelados…”
Inclusive sente-se lástima por aqueles soldados, separados de familiares e amigos, a
milhares de quilômetros de sua própria pátria, enviados para lutar em países que nem
sequer talvez nem tenham ouvido falar quando estavam nas escolas, onde lhes atribuem
a tarefa de matar ou morrer para enriquecer empresas transnacionais, fabricantes de
armas e políticos inescrupulosos, que dilapidam a cada ano os fundos que são
necessários para a alimentação e a educação dos incontáveis milhões de famintos e
analfabetos no mundo.
Não poucos desses soldados, vítimas dos traumas sofridos, terminam privando-se de sua
própria vida.
Por acaso exagero quando afirmo que a paz mundial pende por um fio?
Leia também:
1. Depois de Fidel, o quê?
http://ponto.outraspalavras.net/2012/01/13/fidel-fala-de-seu-encontro-presidenteiraniano/
The country is a poor econmic state and its associations with both international
terrorism and a potential nuclear capacity are unlikely to aid it. While certain European
countries seek ot normalise relations the US is still hostile.
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Científicos y pensadores
Algacel 1058-1111
Abu Hamed ibn Mohammad al-Gazzali, es más conocido en Europa con su nombre
latinizado, Algacel, y en Irán con el título de Hoyyat ol-Eslam, o su nombre verdadero
de Gazzalí. Nació en Tus, cerca de la actual Mashad. De niño estudió en su ciudad natal
y de joven se fue a Neyshabur hasta que en el año 1087 marchó a Bagdad
permaneciendo allí diez años como director de la escuela Nezamiyeh de aquella ciudad,
por orden del mismo ministro selyúcida Nezam al-Molk. Fue en esta escuela donde su
fama como sabio creció y se difundió por la región, hasta que, en el año 1091, tuvo una
revolución interna y marchó a la Meca de peregrinación dejando a su hermano el puesto
de maestro.
Después de su peregrinación marchó a Siria donde se enclaustró en una mezquita
aljama. Más tarde fue a Jerusalén y de allí a Egipto, desde donde hizo su penúltimo
viaje, ya a su tierra natal, Tus, y allí estableció una orden sufí o tariqa donde también se
dedicó a la enseñanza, a escribir y a la contemplación. Así permaneció 9 años, siendo
también visitado por los eruditos, sabios y ulemas de la época, hasta que en 1105 aceptó
ser director y de nuevo profesor de la escuela Nezamiyeh de Neyshabur. Permaneció allí
4 años y finalmente regresó a Tus para el resto de sus días meditando y en
contemplación y donde no permitió que se le molestase, rechazando la proposición del
sultán selyúcida Sanyar para ser director y maestro en la escuela Nezamiyeh. Allí
murió en el 1111.
Algacel era musulmán sunní, de la escuela shafeí, tenía tendencias al misticismo
ascético en el que dejó una honda impronta que fue luego seguida por sabios del
renombre de Sohravardi y Abdul Qader Gilani.
La obra de Algacel es muy abundante y ha sido calculada en unas 130, otros calculan
70, prácticamente todas sobre filosofía y religión. Aquí mencionaremos las más
destacadas que son: "Ihiya al-Ulum al-Din" que escribió en árabe y luego él mismo
resumió y tradujo al persa con el título de"Kimiya-ye-Sa'dat" (La Alquimia de la
felicidad); Al-Basit, sobre la doctrina shafeí; "Tahafut al-Falasifa" (Destrucción de los
filósofos) en la que ataca encarnizadamente a los filósofos en general y a Avicena en
particular, y obra que fue refutada más tarde línea a línea por Averroes en su obra
"Tahafut al-Tahafut" (Destrucción de la Destrucción); "Mustazhari" donde Algacel
refuta a los esotéricos o batiníes.
Aljuarizmi 783-850
Abu Abdullah Mohammad ibn Musa Aljuarizmi, trascrito siempre como Alkhwarizmi,
es decir, el joresmio, nació en Joresmia, Asia Central y fue uno de los primeros grandes
matemáticos de la temprana época 'abbasí. Muy poca cosa se conoce de su vida. Se sabe
que entró al servicio del califa al-Ma'mun, hijo de Harun al-Rashid, allá por el año 820
en la biblioteca califal de Dar al-Hikma (la Casa de la Sabiduría) en Bagdad. El califa le
encargo una misión científica en la India, y, a su regreso, allá por el año 830, escribe su
famoso tratado de álgebra.
Muchas de sus obras han sido traducidas a lenguas europeas y entre éstas cabe destacar
"Al-mujtasar fi hisab al-jabr wa-l muqabila". El original árabe se ha perdido pero se
conserva su traducción latina. De otros de sus libros sólo se conserva el título. Algunas
de sus obras fueron traducidas en Toledo
Estatua de Aljuarizmi frente a la Facultad de matemáticas en Teherán.
Aljuarizmi es el padre del álgebra y fue el que introdujo el sistema decimal y el cero,
expuesto en su obra que fue traducida al latín como "Algoritmi de numero indorum",
que puede fácilmente deducirse provenía de las matemáticas indias. También descubrió
un método que es hoy en día uno de los más antiguos para solucionar ecuaciones de
segundo grado. Asimismo escribió sobre astronomía y geografía. En astronomía su obra
más conocida fue sus"Tablas astronómicas" basadas en la astronomía india.
Fue el matemático más grande de su tiempo. Nuestras palabras "guarismo" y
"algoritmo"derivan de su nombre y la palabra árabe "álgebra" viene de "al-jabr", palabra
que puede verse en el título de su libro donde expone estas nuevas matemáticas.
Avicena 980-1037
Avicena es el nombre latino del sabio persa Abu Ali Ibn Sina. Nació en Afshaneh, cerca
de Bujara, provincia que se encuentra actualmente en Uzbekistán. Fue un niño prodigio
y a corta edad recitaba de memoria el Corán y las obras de los clásicos. Supo
aprovechar las ventajas que le daba el haber nacido en el seno de una familia
acomodada y cercana a la Administración de los Samaníes pues su padre era valí del
sultán. Primero estudió filosofía, derecho, matemáticas y en particular, la geometría de
Euclides. Antes de los 20 años tenía conocimientos avanzados de medicina, de tal
manera que curó al emir samaní Nuh ibn Mansur que ya estaba desahuciado por
médicos ancianos de reputada fama, y que lo recompensó poniendo a su disposición la
biblioteca de la corte.
Una de las imágenes más conocidas de Avicena
Avicena supo aprovechar la oportunidad y se empapó allí de todo el saber de la época
que tuvo tiempo de estudiar y leer. Mas aquel ambiente propicio samaní estaba
destinado a durar poco tiempo. Los turcos gaznavíes no tardaron en llegar con el sultán
Mahmud de Ghazni a la cabeza, y, en el año 999, la benefactora y mecenas dinastía
samaní es derrocada y suplantada por la gaznaví procedente de Asia Central.
Se cuenta que el sultán Mahmud, enterado de la presencia de sabios e ilustres eruditos
en la corte samaní, no quiso ser menos y quiso también verse rodeado de los más sabios
y doctos de la época. Para ello, mandó llamar a su presencia a Avicena y a su amigo y
compañero Abu Reihan Biruní. Éste último accedió y acudió al nuevo sultán, pero
Avicena salió huyendo no solo de Bujara sino de Asia Central y encaminó sus pasos
hacia la meseta iraní. Aquí llega la parte legendaria de la vida de Avicena ya que poco
se sabe de este periplo del que se cuentan muchas historias y leyendas, y la parte de la
que tenemos seguridad es cuando nos lo encontramos, primero en la corte de un
príncipe buyí de Qazvin, donde no encontró apoyo ninguno, y luego ya como visir de
Hamadán bajo el mandato del príncipe buyí Shams al-Dawla. Pero este cargo político le
trajo más perjuicios que beneficios y tras la muerte del príncipe y protector tuvo que
salir huyendo de los cuantiosos enemigos que se había creado en Hamadán.
Avicena acabó bajo la protección del príncipe buyí 'Ala al-Dawla de Isfahán, y bajo su
mecenazgo vivió y trabajó los últimos 14 años de su vida. Murió relativamente joven,
con 58 años y está enterrado en Hamadán donde podemos visitar su mausoleo.
Mausoleo de Avicena en Hamadán.
Avicena fue uno de los grandes sabios que ha visto nacer la Humanidad. Nos han
llegado de él algo más de cien obras y su saber abarcaba prácticamente todos los
campos de las ciencias y letras de aquella época. A continuación haremos un breve
esbozo de los tres campos en los que más fama mereció.
El Avicena filósofo. El terreno en el que más destacaba, junto al de la medicina, era el
de la filosofía. Este sabio persa tuvo el gran mérito de sistematizar la filosofía
racionalista aristotélica de tal forma que se pudiese adaptar a la fe musulmana, algo que
hizo mezclando dos pensamientos tan dispares como el de Aristóteles y Platón. Su
filosofía y su visión del mundo está impregnada, pues, de aristotelismo, neoplatonismo
y por supuesto del Islam que él profesaba. No obstante, se muestra más aristotélico que
platónico, pero a la vez no sigue ni obedece al estagirita en todo, creando con los
elementos platónicos e islámicos una nueva filosofía a la que él denominó hikmat almashriqi (filosofía oriental) a la que el filósofo alude en el prólogo de su "Kitab alShifa." La filosofía aviceniana gira alrededor de varios ejes como son el conocimiento
de Dios y de la existencia, la discriminación entre ser y esencia, lo posible y lo
obligado, la contingencia del ser, la teoría del conocimiento, la razón, la Resurrección y
el Juicio Final. Es obvio que toda esta temática la retomó Avicena de los griegos, pero
él le otorgó una dimensión islámica, la incorporó en el pensamiento musulmán.
Avicena vivió en un período en que las ideas y la doctrina ismailí estaban en Persia en
auge. Se cuenta incluso que su padre y uno de sus hermanos eran ismailíes. Tanto es así
que hay similitudes fundamentales entre el pensamiento ismailí y el aviceniano, y, si
bien él nunca quiso adherirse a las filas de estos shiíes septimanos, sí parece ser que era
shií duodecimano, hecho que podría estar corroborado por la calurosa acogida y
mecenazgo de los buyíes shiíes de Persia, como muy acertadamente señala Henry
Corbin.
Avicena nos cuenta cómo leyó más de 40 veces la "Metafísica" de Aristóteles sin llegar
a comprenderla, hasta que le compró a un vendedor ambulante un comentario a la
Metafísica escrito por Alfarabi. Fue entonces cuando Avicena vio la luz y pudo
comprender la obra del estagirita, que ya tenía memorizada. De todas formas, aunque en
un principio se puede decir que la filosofía aviceniana estaba muy marcada por el
pensamiento de Alfarabi, pronto lo superó con su obra enciclopédica.
El pensamiento peripatético aviceniano pasó a la Edad Media europea a partir del siglo
XII cuando se tradujeron parte de sus obras al latín e influyó profundamente en
filósofos occidentales como Juan de Escoto y Tomás de Aquino, o lo que es lo mismo,
dejó una honda impronta en la escolástica latina.
Entre las obras filosóficas de Avicena caben destacar "Kitab al-Insaf" (El libro del
juicio imparcial); "Kitab al-Shifa" (El libro de la curación) que fue traducida al latín con
el título de "Sufficientia" y es una especie de pequeña enciclopedia científica que no
trata sobre medicina, aunque su título lo parezca. Es tan extensa que él mismo la
resumió en otro título, "Niyat"(La salvación.); "Daneshname-ye-Alai" (El libro del
saber de Alaí), la primera obra filosófica en persa. Además de estos libros tiene multitud
de tratados sobre lógica, cosmogonía y metafísica.
El Avicena médico. Su rango en la medicina medieval no tiene parangón, es
considerado el padre de la medicina europea y su obra no fue superada en Occidente
hasta el Renacimiento europeo.
Entre sus descubrimientos médicos cabe destacar el carácter contagioso de la
tuberculosis y el peligro que supone las aguas estacadas y putrefactas como agentes
patológicos. Avicena supuso también acertadamente que había un fuerte vínculo o
relación entre muchas enfermedades y la mente, lo que hoy día se expresaría como la
influencia del estado de ánimo en las enfermedades. Fue el primer médico en hacer una
descripción de la meningitis así como de la estructura del ojo, incluyendo el nervio
óptico. Hizo también numerosos descubrimiento en otros campos médicos como el de la
ginecología y la anatomía, descubrimientos estos que fueron incluidos en su "Canon de
Medicina".
Entre sus obras médicas cabe destacar su mencionado "Canon de Medicina" (Qanun fil-Tibb) una obra enciclopédica donde expone todos los conocimientos médicos de su
época y más de 700 tratamientos para diferentes enfermedades. El libro fue traducido al
latín sólo 100 años después de la muerte del sabio persa por Gerardo de Cremona, y fue
libro de texto de medicina en las universidades europeas siendo la gran referencia
médica hasta el siglo XVII.
El Avicena esotérico. La mayor parte de sus obras esotéricas fueron escritas al final de
su vida; Tratado de "Hayy ibn Yaqzan", donde describe un viaje realizado en compañía
de un ángel; "Tratado del pájaro", una obra mística que atrajo la atención de un poeta de
la talla de 'Attar de Neyshabur; "Salaman y Absal''; La "Casida evidente" que es un
tratado sobre el alma. Escribió también varias exégesis coránicas.
Biruni 973-1048
Abu Reihan Biruni, también conocido en Occidente como Albiruni, nació en Jiva
(Joresmia), ciudad situada hoy en Uzbekistán. Debido a su gran talento, desde joven se
incorporó a la corte de los reyes de entonces. Fue durante siete años uno de los sabios
de la corte de Ma'mun Jarezmshah, tributario de los Samaníes, donde se ocupaba de la
diplomacia. Antes de pasar al servicio de los Gaznavíes, Biruni estuvo en la corte del
rey literato Qabus ibn Voshmgir, que reinaba en su pequeño reino de Gorgán, y fue a él
a quien le dedicó su obra de "Athar al-Baqiyah" en 999. Entre los años 1009 y 1016
Biruni regresa a Joresmia, fue entonces cuando se incorporó a la corte de Ma'mun
Jarezmshah, y, poco después, se produjo una revuelta popular, fue el rey asesinado y el
sultán Mahmud conquistó la región con la excusa de quererse vengar del asesinato de
aquel monarca. Biruni, fue testigo directo y presencial de aquellos acontecimientos que,
junto a la caída de los Samaníes cambiaron el rumbo de la historia de Persia. Los relató
con todo lujo de detalles en una obra que tituló "La historia de Joresmia", hoy perdida,
pero de la que quedan varios capítulos que son citados textualmente por el historiador
persa del siglo XI Beihaqi.
Estatua de Biruni en Tashkent, Uzbekistán
De cómo Biruni se incorporó a la corte del sultán Mahmud de Ghazni, varias son las
historias que se han tejido a su alrededor. Una de ellas cuenta que poco antes de que el
sultán Mahmud conquistase Joresmia, enterado de que los reyes persas siempre se
hallaban rodeados de los sabios de la época, no quiso ser menos y mandó a llamar a
Biruni y a su amigo Avicena a través de una misiva dirigida a Ma'mun Jarezmshah en la
que le solicitaba (o sea le exigía) que aquellos sabios se dirigieran a su corte. Ma'mun
Jarezmshah avisó a los sabios entre los que se encontraba Biruni, les comunicó el
contenido de la misiva y les dijo que aquel que se quisiera escapar que lo hiciera antes
de que el mensajero los viese con él para no ser atacado por el sultán Mahmud por
desobediencia. Biruni prefirió irse con el sultán Mahmud donde pasó el resto de sus
días. Otra versión dice que cuando el sultán Mahmud conquistó la región, Biruni y su
maestro fueron detenidos acusados de pertenecer a la secta cármata, su maestro fue
muerto, pero cuando se disponían a ejecutar a Biruni alguien le dijo al sultán que aquel
hombre era el Imán de su tiempo en astrología y que ningún rey podría poner a otra
persona en su lugar, y fue de esta manera cómo se incorporó a la corte gaznavi. Sea de
ello como fuere, se sabe que Biruni marchó a Ghazni con el sultán Mahmud allá por el
año 1017.
Biruni gozó de la estimación tanto del sultán como de su príncipe heredero Mas'ud.
Biruni acompañó al sultán a muchas de las expediciones militares que éste hizo a la
India. Fue mediante estas expediciones cómo entró el Islam en la India y se difundió allí
la lengua y cultura persas. Biruni supo aprovechar la situación que el destino le brindaba
y aprendió sánscrito y se empapó del saber indio sin prejuicios religiosos de ninguna
clase juntándose con los gurus, sacerdotes y filósofos indios. Hay que tener en cuenta la
extremada rareza que supone aprender sánscrito para un musulmán, y más de la Edad
Media, de hecho era muy extraño ver a un musulmán árabe que por ejemplo supiera
persa. Había persas y turcos que sabían árabe porque era la lengua del Corán y además
porque era lingua franca de los musulmanes, pero era extraño encontrar un árabe que
supiera persa o turco, por esta regla de tres, podemos deducir que encontrar un
musulmán que se pusiese, como lo hizo Biruni, a aprender un idioma lejano que nada
tenía que ver con el Islam era algo imposible.
Sello conmemorativo del milenario del nacimiento de Biruni.
Biruni fue una de las personalidades enciclopédicas de la época, era versado en
matemáticas, astronomía-astrología, historia, física, filosofía, y farmacia. Más que
original o innovador en sus planteamientos se puede decir que era un minucioso
observador que seguía un método muy similar a lo que hoy llamamos el método
científico o experimental (observación, medida, comparación). Intentó medir por
ejemplo la velocidad de la luz, y, aunque no lo consiguió, sí pudo afirmar que "es
inmensa si la comparamos a la del sonido". Escribió más de 100 obras sobre diferente
temática, sobre todo científica. El terreno científico en el que más destacó fue el de las
matemáticas entre cuyas aportaciones cabe destacar la regla de tres, las ecuaciones
algebraicas y los números irracionales, amén de aportaciones en el terreno de la
geometría, de la que se valió en gran parte de los conocimientos indios.
Adquiría la ingente información no sólo de las obras que leía sino también a través de
las conversaciones y debates que mantenía con diferentes personas (sabios, ulemas,
maestros...) así, por ejemplo, la información de los calendarios de los sogdianos y de los
zoroastrianos fue escuchada por Biruni mayormente por boca de los lugareños y
zoroastras. Hay que tener presente que en la época de Biruni había aún muchos templos
de fuego zoroastrianos en funcionamiento, sobre todo en los pueblos y aldeas, si bien la
mayoría de la población era ya musulmana.
Entre sus numerosas obras cabe destacar "El Astrolabio", una de las descripciones más
precisas de este instrumento, El "Canon de Mas'ud" (Qanun al-Mas'udi), escrito para el
sultán gaznavi Mas'ud, hijo del sultán Mahmud, que trata sobre astronomía en un
lenguaje muy sencillo y accesible, donde, curiosamente, Biruni plantea la posibilidad de
la rotación terrestre alrededor del sol como explicación plausible del movimiento
errante de los planetas; en ella dice que la tierra es redonda; describió la Vía Láctea a la
que se refirió con el nombre persa de kahkeshan. El sultán Mas'ud quiso recompensarle
por esta obra con un elefante cargado de plata, mas el sabio rehusó diciendo, "esto me
impedirá trabajar y bien saben los sabios que la plata se va mientras que la ciencia
permanece y jamás cambiaré la sabiduría perenne por la efímera."
En humanidades, su obra más conocida es "Tahqiq ma li-l Hind", (Investigación de lo
que hay en la India) la primera descripción de este país hecha por un musulmán y
redactada de forma muy erudita y sistemática. En ella el autor nos describe las
costumbres, las creencias, tradiciones, y supersticiones de los indios valiéndose entre
otras cosas, de sus conocimientos de sánscrito. En ella cita Biruni muchas obras
concretas en griego y sánscrito por lo que tiene la rigurosidad de un historiador
moderno y presta mucha atención al Bhavagad Gita, el célebre capítulo de la epopeya
india del Mahabharata. Hay que tener en cuenta que la India era hasta aquel entonces un
terreno virgen y desconocido para los musulmanes, por lo que el trabajo de Biruni tenía
un doble mérito, dar a conocer la India al mundo islámico y poder meterse de lleno y sin
prejuicios en sus ideas y forma de pensar, tan dispar y diferente del Islam. Biruni hizo
una investigación rigurosa sobre la India, miraba a los indios como gentes con una
cultura y religión diferentes y no como infieles a los que había que convertir o eliminar,
en definitiva, era el polo opuesto de Mahmud que sólo pensaba en destruir templos
indios y budistas y en declararle la guerra a los indios. Mientras así obraba el sultán,
Biruni se hacía amigo de ellos para sacarles información. Biruni decía que todo aquel
que quisiera discutir con los indios sobre ciencia, lógica o religión debía primero
conocer bien su forma de pensar, sus maneras y su filosofía, y que era por ello que
decidió escribir aquella obra. Afirmaba que la había redactado como si fuese un
observador imparcial, agregando a la misma todos los matices que fuesen necesarios.
Esta obra ha sido y es muy estudiada por los estudiosos occidentales de la India, y aún
hoy, cuando ya se han hecho profundas investigaciones, sigue siendo una fuente valiosa
de información de la India del año 1000 y una de las fuentes antiguas más dignas de
crédito. Biruni nos describe una India brahmánica en pugna continua con los budistas,
una India pura poco antes de ser islamizada y de entrar la cultura persa de lleno en ella,
y es ésta otra de las razones por las cuales esta obra tiene mucha importancia. Además
de este libro también tradujo del sánscrito varias obras de la literatura india.
Otra de sus grandes obras fue "Athar al-Baqiya", publicada en 1878 en Londres. En ella
habla de las costumbres de los antiguos joresmios y de los persas, del Nowruz o año
nuevo persa y de los calendarios. También escribió un pequeño diccionario de joremioárabe dejándonos pues la fuente más importante que hoy en día tenemos para el
conocimiento del léxico de esta lengua irania muerta.
El profesor Sachau nos dice que de sus escritos se pueden deducir muchas de las ideas
y creencias de Biruni, así, por ejemplo, nos dice que era por supuesto musulmán, con
tendencias al shiísmo, no era fanático, la verdad tenía para él una posición primordial y
la anteponía ante todo, detestaba a los árabes por haber hecho desaparecer la gloria de
los Sasánidas y amaba profundamente cualquier cosa o persona que de alguna manera
tuviese que ver con lo persa o lo iranio. Biruni ya gozaba de gran fama y reputación
durante su vida. Entre sus amigos se contaba nada menos que el gran Avicena, con el
que mantenía también debates de gran talla científica.
Se dice que Biruni nunca dejaba de estudiar y escribir, y que solamente descansaba en
la fiesta de año nuevo (Nowruz) y del equinoccio de otoño (Mehregan). En su haber se
cuenta poco más de 100 obras, la mayoría perdidas.
Sobre su muerte, hay una historia muy difundida que cuenta que Biruni, en su lecho de
muerte, le preguntó a uno de sus amigos presentes sobre un problema matemático del
que debatieron hacía tiempo. El amigo le respondió que era un momento muy
inoportuno aquel para hacer semejantes cuestiones cuando la vida se estaba acabando, a
lo que el sabio persa replicó: "Mejor es morirse sabiendo la solución que morir
ignorándola." El amigo accedió a resolver aquella ecuación, tras lo cual murió.
Borzuyeh s. VI
Borzuyeh fue un médico que vivió en la época sasánida durante el reinado de Josrov
Anushiravan, quien reinó entre los años 530 hasta su muerte en 579. De su vida no se
sabe mucho y ha sido entretejida con leyendas de todo tipo en la literatura persa de la
era islámica.
Su padre era militar y su madre pertenecía a una familia sacerdotal, por lo que el niño
Borzuyeh pudo tener una educación bastante buena, empezando a estudiar medicina a la
edad de 7 años y llegando a ser el mayor médico de Persia en su momento.
Borzuyeh además de médico era un sabio típico. Tradujo del sánscrito al pahlavi (persa
medio o sasánida) el "Panchatantra", las célebres fábulas del indio Bidpay, junto con
otras muchas obras, y trajo a Persia el ajedrez que luego se difundiría por todo el
mundo. El "Panchatantra" fue titulado en la traducción como "Calila y Dimna". Ibn
Moqaffa', que tradujo la traducción de Borzuyeh al árabe, nos cuenta que Borzuyeh
escribió su propia biografía. Una parte de esta biografía fue incluida en el prólogo de la
traducción de Ibn Moqaffa, ambas obras se han perdido, tanto la pahlavi como su
traducción al árabe, pero se conserva la traducción que se hizo a lenguas romances
posteriormente.
En el siglo X, Zakaria Razi nos dice que Borzuyeh registró por escrito sus
observaciones en una obra que luego fue traducida al árabe.
Hallaj 858-922
Huseyn b. Mansur b. Hallaj, nació en Beida, provincia de Fars. Fue uno de los mayores
místicos del Islam. Al parecer su padre era escardador de lana y de ahí viene su apellido
de "Hallaj". De niño fue a Juzestán con su padre y a la edad de 13 años ya sabía el
Corán de memoria. De joven marchó a Basora, luego a Bagdad y a la Meca para
cumplir con su deber religioso de la peregrinación. Estuvo luego de ciudad en ciudad
hasta que fue apresado por sus ideas religiosas en el año 913, permaneciendo 9 años en
prisión. El visir abbasí Hamid b. Abbas lo condenó a recibir mil latigazos. Se cuenta
que luego le cortaron las manos y los pies, lo quemaron y luego arrojaron las cenizas al
Tigris. También se cuenta que tras su muerte le cortaron la cabeza y la colgaron en uno
de los puentes de Bagdad. No obstante, lo más probable fue que fuese crucificado y
quemado. No dejó de repetir hasta su muerte el clamor de "ana al-Haqq" que quiere
decir "yo soy la Verdad" (o también se puede interpretar como "yo soy Dios"), frase con
la que el místico querría referir su unión con Dios, algo totalmente herético para la
ortodoxia.
Hallaj, fuente de inspiración para la literatura y los iluministas. Fot. de http://www.imagesonline.bl.uk/british library-store
A Hallaj se le atribuyen numerosas obras: "Amr al-Sheytan", "Al-Towhid", "Al-Jawhar
al-akbar", "Tavasin" publicada en París, etc.
Personalidad extraña y polémica, mucho se ha discutido y hablado de este personaje
peculiar que ha sido la fuente de inspiración de numerosos poetas, sufíes y místicos a lo
largo de mil años. Su muerte es puesta como ejemplo del Martirio por antonomasia y en
el sufismo representa el símbolo de la valentía. 'Attar de Neyshabur (siglo XIII) le
dedicó un episodio sobrecogedor en su "Tazkarat al-Ulia" (Biografía de los santos). Hay
quienes le creen un santo, otros dicen que obraba milagros y otros le creen un mentiroso
prestidigitador, un charlatán, o sea, un personaje polémico en toda regla.
Algacel justificaba aquellas sus palabras diciendo que eran proferidas impulsadas por la
gran intensidad del amor verdadero y su gran éxtasis. Otros, al contrario de Algacel, se
basaban en estas mismas palabras de Hallaj para decir de él que era un infiel y que por
ello merecía la cárcel en la que estuvo confinado varios años.
Mollah Sadra
Sadr al-Din Mohammad b. Ibrahim Shirazi, más conocido simplemente como Mollah
Sadra, fue uno de los más insignes filósofos del Islam y el mayor teólogo shií del siglo
XVII. No se conoce mucho de su vida, que ha sido ensombrecida por su colosal obra.
Se sabe que nació en Shiraz aproximadamente en 1574. Su padre era un hombre rico e
influyente que se preocupó mucho por darle una buena educación y enseñanza a su hijo.
Tras la muerte de su padre, marchó a Isfahán para completar sus conocimientos con
Sheij Baha�i. Poco más tarde tuvo como maestro a Mir Damad con quien estudió
filosofía y teología. También fue aleccionado en filosofía por Mir Fendereski, pasando
pues un tiempo en la ciudad de Qom, donde tuvo que permanecer oculto al parecer por
haber sido declarado anatema por algunos ulemas que veían sus opiniones como
herejías y demasiado osadas, como por ejemplo la insistencia de Mollah Sadra en la
unidad de la existencia (wahdat al-wuŷud) de Ibn Arabi, la aceptación del hecho de
amar a la Belleza, su negación de la resurrección corporal, su negación del carácter
eterno del infierno, su división del cielo o paraíso en varias partes etc. ideas éstas que no
son más que un botón de muestra de las opiniones teosóficas que causaron más de un
problema al filósofo de Shiraz.
No está muy claro cuántos años permaneció apartado, probablemente se podría hacer
una estimación de entre 9 y 11 años, período que supone una importancia vital pues
durante el mismo fue cuando sufrió una revolución en su interior y en su pensamiento,
se afianzó en él un espíritu místico que tuvo revelaciones, "me fueron desvelados
misterios 'decía en su "Asfar arba'e" que no se podían desvelar con argumentos." Tras
terminar aquel periodo de reclusión, Shah Abbas II le ordenó regresar a Shiraz donde
trabajó como profesor de filosofía en la madrasa de Allah Verdi Jan. Viajó en seis
ocasiones a la Meca. Murió en Basora, durante su séptimo viaje de peregrinación en el
año 1640.
Mollah Sadra escribió más de 40 obras entre las que cabe destacar, "Asfar arba'a" la
más conocida de todas y de la que se han hecho múltiples comentarios y exégesis.
Según algunos fue escrita en 1616; "Al-mabda wa al-mu'ad" escrita con el mismo estilo
que la anterior; "Al-shawahid al-rububiya" que algunos son de la opinión que es su
última obra.
Mollah Sadra es mayormente conocido en la literatura shií como el desgranador de la
filosofía de la luz de Sohravardí, que conocía con profundidad, en detrimento de la
filosofía peripatética, a la que atacó con diversos argumentos. Mollah Sadra intentaba
hacer cuadrar sus ideas, que en muchas ocasiones rozaba lo que muchos ulemas podrían
considerar como herejía, con los hadices del profeta y la sharia o ley islámica, como por
ejemplo en su obra "Sharh Usul al-Kafi." La filosofía de Mollah Sadra posee varias
dimensiones. Por un lado, sus teorías y aportaciones tienen un matiz sufí e impregnado
de la filosofía de la luz de Sohravardí, y, por otro lado, se acerca a la filosofía
peripatética. Su filosofía gira alrededor de la unidad de la existencia (wahdat al-wuŷud)
y del "movimiento de la esencia". Ello no quiere decir que no haya sido creador de
nuevos planteamientos en la filosofía, lo que quiere decir es que estas dos cuestiones
juegan un papel primordial en su teoría de la filosofía. Al parecer, Mollah Sadra tomó el
planteamiento de la "unidad de la existencia", de la que sufíes y místicos habían hecho
su tema principal, de las obras de Ibn Arabi. Ni que decir tiene que el ambiente sociopolítico safaví no era el más adecuado para la difusión o simplemente la exposición de
semejantes ideas, que podían causar la ira de los más conservadores y ser declarado
apóstata. En su "Asfar arba'a" Mollah Sadra admite la 'unidad de la existencia' y se hace
eco a la vez de la "multiplicidad de la existencia" con la perífrasis de "unidad en la
multiplicidad y multiplicidad en la unidad" lo que es ilustrado diciendo que si se pone
un espejo delante del sol, en una primera mirada veremos muchas luces pero que si
miramos con más detenimiento nos percataremos de que la luz es sólo una. El
pensamiento de Mollah Sadra, que supone un punto y aparte en la filosofía del Islam
shií, tuvo un gran auge tras su muerte creándose lo que se denominó la "Escuela de
Isfahán".
Nasir al-Din Tusí 1200-1273
Nasir al-Din Ŷa�far b. Hasan Tusí nació en Jahrud (o quizás en Tus, cerca de la actual
Mashad), un pueblo cercano a Qom. Estudió con su padre y con su tío materno, de lo
cual se desprende que nació en el seno de una familia culta, todo un lujo en aquel
tiempo. De joven marchó a Tus y allí completó sus conocimientos con los más
afamados sabios de su época, y fue allí donde se hizo célebre, siendo por tanto el
motivo que se le conozca por el gentilicio de Tusí.
Los ismailíes de Qohestán le atrajeron, y, bajo la protección y mecenazgo del
gobernador ismailí Abdul Rahim, Nasir al-Din escribió “Ajlaq-e-Naserí”, una de las
obras clásicas de la literatura persa. Más tarde fue a la fortaleza de Alamut donde se
puso al servicio de Rokn al-Din Joshshah, el último gobernador ismailí. No obstante, el
mecenazgo ismailí no iba a durar mucho pues los mongoles llamaban a las puertas de
Persia, y éstos no tardaron en conquistar la fortaleza de Alamut —el cuartel general de
los ismailíes— pieza clave para una caída en serie del resto de las fortalezas.
Sello conmemorativo de Nasir al-Din Tusi
Aquí comienza una nueva etapa en la vida del sabio persa poniéndose al servicio como
ministro del conquistador mongol Hulagu bajo cuyos auspicios construyó en 1258 el
observatorio de Maraqeh del que hoy no queda más que el recuerdo. En él se elaboraron
las célebres "Tablas iljaníes" (Ziŷ-e-iljâni) así denominadas por la dinastía Iljani para la
cual servía.
Nasir al-Din Tusí escribió numerosas obras de temática diversa; "Tahrir Eqlides" sobre
geometría euclidiana; "Tahrir majesti" sobre astronomía ptolemaica; "Sharh-e-esharat-eEbn-e-Sina" sobre filosofía aviceniana; "Asas al-Eqtebas" sobre lógica; "Me'yar alash'ar" sobre métrica; "Zij-e-iljani"; "Usaf al-Ashraf" sobre sufismo; "Ajlaq-e-naseri";
"Tajrid al-kalam ya tajrid al-e'teqad" una apología del shiísmo septimano o ismailí.
La contribución a la cultura de la Humanidad de Nasir al-Din Tusí no se circunscribe
solamente al hecho de haber redactado una serie de obras de gran valor científico sino
también a otro hecho no menos importante como el de salvar una gran cantidad de
libros de una quema casi segura. En efecto, en el siglo XIII Persia sufrió las peores
devastaciones de su historia a manos de tártaros y mongoles, peores que las que sufriera
15 siglos antes con la conquista de Alejandro Magno. El mismo año que comienza Nasir
al-Din a construir su observatorio, cae Bagdad y el califato abbasí, algo que supuso una
conmoción en el mundo islámico. La capital abbasí es saqueada y muchos libros
destruidos, pero Nasir al-Din salvó muchas obras llevándoselas al observatorio, que
enriqueció, y lo mismo hizo con la biblioteca de los ismailíes cuando Alamut cayó en
manos de los mongoles. Se calcula que llegó a reunir unos 400.000 libros. Por otra
parte, utilizó su gran influencia como ministro para salvar a numerosos sabios que de
otra manera hubiesen perecido a hierro de los tártaros.
Muhammad ibn Zakaria Razi
Mohammad Ibn Zakaria Razi, piedra angular de Avicena y el médico por antonomasia.
Su nombre es un gentilicio de la ciudad de Rei (la Rages del libro de Tobías, en el
Antiguo Testamento), cuyas ruinas pueden verse hoy al sur de Teherán. Es también
conocido en Occidente con el nombre latinizado de Rhazes.
Los datos fiables que de su vida tenemos son bastantes escasos. Sabemos que antes de
ser médico se dedicó a la alquimia. A este respecto, nos cuenta el polígrafo Abu Reihan
Biruni que el joven alquimista se entregó a la alquimia hasta el punto que sus ojos
enfermaron y hubo de recurrir a un médico, quien le curó con un tratamiento por el que
le cobró la friolera de quinientas monedas del noble metal que Razi tanto buscaba por
medios alquímicos. Y dicen que el médico le dijo orgulloso de su ciencia y de los
beneficios que le reportaba: "Esto es alquimia y no lo que tú buscas". Según Biruni, este
dicho causó una honda impresión a Razi y desde entonces abandonó la búsqueda de la
piedra filosofal para dedicarse a la medicina.
Se ignora si la historia que nos cuenta Biruni tiene algo de veraz o si no es más que
otras de las tantas infundadas que se han tejido alrededor de Razi, que siempre han
afectado en mayor o menor medida a los grandes personajes de la historia y que más
que aclarar lo que han hecho es enturbiar aún más la biografía de un personaje del que
sabemos bien poco. Sea como fuere, lo que sí tenemos claro de su vida es que nació en
Rei (al sur de la actual Teherán) allá por el año 865. Vivió hasta su madurez en la
misma ciudad y en ella fue donde aprendió filosofía, matemáticas, astronomía, música,
y seguramente fue en ese mismo período cuando se interesó por la alquimia. Por último,
se dedicó a la medicina a raíz del episodio que nos cuenta Biruni, y sabemos que estudió
en Rei y Bagdad. Dicen que el célebre médico Ali ibn Rabbn al-Tabari fue su profesor
de medicina, sin embargo, ello no es posible ya que éste fue secretario del secesionista
persa Maziar ibn Qaran hasta que le dieron captura y muerte en el año 838. Sabemos
que el supuesto maestro de Razi se marchó a Bagdad tras quedarse sin patrón, pero,
teniendo en cuenta la diferencia de fechas y añadiéndole a esto el hecho de que tanto
Biruni como otros historiadores nos dicen que Razi comenzó en su edad adulta al
estudio de la medicina no resulta congruente creer que Ali Rabbn Al-Tabari fuese
profesor de Razi a los 90 o 100 años.
Sea como fuere, lo cierto es que su fama como médico se difundió siendo él
relativamente joven pues el gobernador samani de Rei, Abu Saleh Mansur ibn Ishaq, le
nombró director del hospital de la misma ciudad, y poco después, parece ser que en el
año 900, se marchó a Bagdad y allí fue durante varios años (no se sabe cuantos
exactamente) regente del hospital de la ciudad califal que a él mismo le fue encargada
su construcción. Cuentan que para saber cuál era la ubicación ideal en cuanto a higiene
hizo colgar unos pedazos de carne en diferentes puntos de Bagdad y construyó el
hospital en aquel lugar donde la carne se había podrido menos.
Seguramente, al ser el mejor médico de la época, fue muy solicitado en la corte del
califa, por gobernadores y pudientes en general, pero se sabe que no estuvo muchos
años en Bagdad ya que regresó a su ciudad natal para volver a ejercer como médico el
resto de su vida. Debido a la manipulación que había hecho durante su vida de las
sustancias químicas, a la vejez se quedó ciego por glaucoma y, poco después, murió,
según Biruni, en el año 925, en su ciudad natal.
Hasta la aparición de Avicena, Razi es indiscutiblemente el mejor médico que ha visto
el mundo islámico, no en vano, se ganó el sobrenombre de Yalinus al-‘arab (el Galeno
árabe). Dentro de la medicina, en lo que más destacó fue en sus estudios sobre la viruela
y el sarampión. Hizo muchos descubrimientos y observaciones originales en medicina.
Por ejemplo, observó que los enfermos que se recuperaban de una enfermedad eran
inmunes a la misma un tiempo largo (principio de inmunidad); se interesó más por la
prevención que por la curación y afirmaba que una buena higiene y una buena
alimentación son las bases de la buena salud, asertos que aunque hoy nos puedan
parecer de lo más corrientes no eran tan evidentes en una época en que se desconocían
las bacterias. Afirmaba que la atención psíquica del enfermo era primordial, algo que es
fundamental en la medicina moderna. Rechazó la idea tan extendida entonces de que se
podía diagnosticar una enfermedad tan solo mirando la orina del enfermo. Instruía a sus
alumnos en la medicina tanto teórica como práctica, haciendo más hincapié en ésta
última y los “licenciaba” después de que aquellos redactaban una tesis sobre un tema
concreto y hacían el Juramento de Hipócrates.
En lo que se refiere a su forma de pensar, era ante todo un racionalista, incluso en una
ciencia como la alquimia que se daba a tantas divagaciones misteriosas y cuyo
vocabulario sólo entendían los iniciados. Razi rechazaba de plano las interpretaciones
esotéricas que de ella se daba y tenía una clara tendencia a tener una visión racionalista
de los fenómenos naturales, y ello se extiende incluso en el plano religioso y filosófico.
Razi fue un autor polifacético. Su carrera y pensamiento puede ser inscrito en, por lo
menos, dos de los grandes movimientos que prevalecen diacrónicamente o a veces
simultáneamente en la medicina islámica. Por un lado, se enmarca como figura tardía en
la época de las grandes traducciones. Si bien no es propiamente Razi un traductor, sí
comparte un espíritu investigador con los principales traductores del siglo IX, e incluso,
su pensamiento participa de la misma aproximación a la filosofía que protagonizan
traductores del momento. Por otro lado, Razi es un médico innovador que ejerce su
profesión de forma manifiesta y comprometida abriendo así la puerta para que sus
discípulos entren correctamente en el ámbito de la aplicación práctica del saber médico.
Este compromiso une a Razi con Avicena.
Según Biruni el número de sus obras sólo de medicina asciende a 56 entre grandes y
pequeñas. La más importante de todas ellas es "Kitab al-Hawi" que fue considerada a
partir del siglo X la obra médica más importante del momento. Está dividida en diez
libros. El primero es de anatomía; el segundo habla de los humores; el tercero es
bastante importante y trata de alimentos y medicamentos; el cuarto y quinto de higiene
y cosmética; el sexto del régimen alimenticio durante el viaje; el séptimo de cirugía; el
octavo de venenos; el noveno de enfermedades en general y el décimo de fiebres. La
obra es definida como un cuerpo de medicina práctica, una condensación de opiniones
de todos los médicos anteriores y contemporáneos a Razi. Éste además utiliza su
experiencia práctica para comentarlas. Como su redacción es póstuma, su análisis
presenta ciertas características. Entre otras, la propia proporción inusitadamente amplia
o una línea de exposición un tanto desbaratada que le confieren una identidad un poco
paradójica. No fue ésta una obra en la que Razi se sentó a escribir de una manera
metódica, sino que fue después de su muerte y por orden del gobernador de Rei, que sus
alumnos reunieron los apuntes en los que su maestro había registrado sistemáticamente
los cuadros clínicos con los que se había encontrado, con su respectivo tratamiento. Por
el volumen de la obra y su índole experimental (en el sentido de recopiladora de
experiencias) es donde radica su importancia y también porque en ella se reúnen todas
las experiencias personales de Razi con sus pacientes, procedimiento que se da en
mucha menor medida en el resto de sus obras.
" Kitab al-Hawi" es una obra enciclopédica cuyo manuscrito árabe, que originalmente
constaba de treinta tomos, no nos ha llegado íntegro a nuestros días. En árabe se
conservan aproximadamente la mitad, aunque, afortunadamente, se conserva la
traducción latina de 25 tomos cuyo título, "Liber Continens" (en realidad una buena
traducción al latín de su titulo original en árabe, es decir, el Libro que Contiene). Esta
traducción data del año 1279 y fue patrocinada por Carlos, rey de Nápoles y Sicilia y
fue realizada por un judío llamado Farach Ben Salim, traductor de otras obras médicas.
Con este mismo título latino se convirtió pronto en un libro de texto clásico y se
reimprimió numerosas veces, sobre todo desde el año 1486 en adelante, hubo incluso
una quinta edición en Venecia en el año 1542.
Otra de su famosas obras médicas es "Kitab al-Mansuri" o "Tibb al-Mansuri", es un
libro que resume brevemente los planteamientos básicos del "Kitab al-Hawi". Fue así
titulada porque se la dedicó al gobernador Samaní de Rei, Mansur ibn Ishaq. Si bien es
mucho más reducida que al-Hawi, sí fue una obra de considerable valor en su época.
"Kitab al-Mansuri" fue redactado en diez partes (yuz') y traducido al latín y publicado
en varias ocasiones durante la Edad Media. Esta obra fue traducida al latín bajo el título
de "Liber ad Almansorem", que, junto al "Canon" de Avicena fueron puestos como
textos en el programa de los universitarios.
Además de estas obras de Razi se publicaron varios tratados suyos también en latín,
muchos de ellos traducidos por el afamado Gerardo de Cremona, el traductor por
antonomasia de las principales obras médicas del momento. La publicación de estas
obras fue cuantiosa, sobre todo después de inventarse la imprenta de tipos móviles.
Entre ellas citaremos las siguientes:
El "Kitab al-Shukuk" (el Libro de las dudas) también hay que clasificarla como una de
sus obras importantes. Es una relación de las objeciones que hace Razi a Galeno, y es
muy representativa porque en ese tipo de obras se ve cómo no siempre la palabra de los
Antiguos eran dogma de fe y que había científicos como Razi que ponían en tela de
juicio los veredictos galénicos en cuestiones médicas y denigraba al sacrosanto
Aristóteles en cuestiones filosóficas.
Otra obra también relevante es "Man la yahzah at-tabib" (Quién no llama al médico),
que era más conocida cómo "Tibb al-fuqara" (La Medicina de los pobres) ya que en ella
se prescribían tratamientos sencillos que no requerían la asistencia de un médico.
"Al-yudari wa-l-hasba"; es una monografía acerca de la viruela y el sarampión. Es una
joya de la literatura médica islámica que parece que fue la primera de su género. En ella
el autor hace el primer estudio clínico de la viruela distinguiéndola del sarampión. No
en vano, fue en estas dos enfermedades donde Razi llegó a tener más autoridad entre los
médicos de la Edad Media. Razi propone que la enfermedad surge en los niños porque
estos no han evacuado la sangre impura de su madre poco después de nacer, dando así
más importancia a cuestiones fisiológicas y alejándose de aspectos relacionados con el
contagio y las epidemias. Por otro lado, esta obra fue traducida al latín y se imprimió
unas cuarenta veces entre 1498 y 1866, y posteriormente fue traducida a varias lenguas
modernas, el inglés entre ellas (1848). Esta obra culminó aún más la fama del autor
hasta reconocerse no sólo como uno de los mayores científicos del Islam sino de la
Cristiandad.
Otras obras médicas de menos relevancia que las arriba citadas fue "Bar' as-Sa'a" donde
se prescribían cortos tratamientos; "Al-fajir fi-l-tibb", "Daf' ul-muzar al-aqzia", "AlMadjal al-Sagir", "Al-Fusul fi-l-tibb", también conocida como "Al-murshid".
En cuanto a las obras de alquimia que Biruni le atribuye a Razi, citaremos las
siguientes: "Al-Madjal at-Ta'limi" "Ilal al-Ma'din"; "Isbat al-Sina'a"; "Kitab al-Hayar";
":Kitab at-Tadbir"; "Kitab al-Iksir"; "Kitab 'araf al-Sina'a"; "Kitab at-Tartib"; "Kitab alawahid"; "Kitab al-Sirr" y "Kitab Sirr al-Hukama". Como alquimista, cabe destacar su
originalidad al decir que no sólo se debería obtener oro de metales innobles como el
plomo o el hierro, sino que también, por la misma regla de tres, se debería poder obtener
diamantes y rubíes de otros cristales más innobles como el cuarzo. Afirmaba que todas
las sustancias eran de origen vegetal animal o mineral. Fue el primero en describir la
forma en que se debía elaborar el alcohol y el ácido sulfúrico. A Razi, sabio de espíritu
práctico, no le interesaba el aspecto misterioso ni esotérico de la alquimia sino su
carácter de ciencia química. Tanto es así que parecía más un químico que un alquimista
pues conocía muy bien productos químicos diversos como la glicerina y la sosa, y de las
descripciones que nos hace se desprende que poseía un laboratorio muy bien
pertrechado. Obviamente, nunca consiguió oro, pero no perdía el tiempo ya que por
serendipidad obtenía diversas sustancias químicas de las cuales hacía una minuciosa
descripción de sus propiedades, algunas de estas sustancias las utilizó luego en
medicina. Razi representa el apogeo de la alquimia islámica.
Terminamos con algunas afirmaciones de Razi sobre medicina: 'Quien vive en la
vecindad de los mares o lagos de agua corrompida, no se libra de tener delicados los
intestinos y la vista. [...] Y que pase por los ojos una varita de oro puro, mojada en agua
de rosas mezclada con algo de nardo indio preparado con zumo de agraz, por la mañana
y por la noche, después de que el paciente haya bañado sus ojos inclinándose sobre
vapor de agua dulce."Si el sabio es capaz de curar sin medicamentos, habrá alcanzado
la felicidad."
Sohravardí 1155-1191
Shahab al-Din Sohravardí nació en Sohravard, un pueblo cerca de Zanyan. Es llamado
también "Sheij al-Ishraq", y "Sheij Maqtul" (sheij asesinado), por haber muerto de esta
manera, ejecutado por Saladino. En su juventud estudió con el célebre ulema Fajr al-Din
Razí. Luego estudió en Maraqeh, Isfahán y Diyarbakir (actualmente en Turquía) para
acabar en Alepo donde fue calurosamente recibido en la corte del príncipe ayubí alMalik al-Zahir, hijo de Saladino. Pero esta cercanía a la corte fue para él fatal. Los
alfaquíes y ulemas comenzaron a desacreditarlo y acabaron declarándole infiel y
anatema. Fue muerto en 1191, en Alepo, a manos del hijo de Saladino y por orden de
éste último.
El pensamiento místico de Sohravardi ha dado la vuelta al mundo y se ha expuesto en muchos idiomas
Su vida era ascética, se mortificaba y no prestaba atención alguna a los placeres del
mundo. A veces vestía harapos, y otras se colocaba una estameña a modo de los sufíes.
Iranólogos e islamólogos de la talla de H. Corbin, Ritter y P. Kraus han escrito sobre su
vida sin lograr esclarecer los detalles más ambiguos. El sabio persa del siglo XII-XIII
Shahrezurí escribió también una biografía, pero sin esclarecer tampoco esos detalles,
que deja tras un velo de incertidumbre.
Sohravardí realizó una obra monumental en el pensamiento islámico que aún no ha
sido suficientemente valorada. Construyó un edificio filosófico que explica en su gran
obra "Hikmat al-Ishraq" (La filosofía de las luces) construido sobre los cimientos de las
antiguas creencias zoroastrianas de Persia. En efecto, esta es la interpretación que da el
sabio francés Henry Corbin quien afirma que Sohravardí era un peripatético que luego
se dio cuenta de las pruebas que le presentaba Dios, para edificar su doctrina de la luz
en base a las antiguas creencias de su nación. La luz, a la que él llamaba "jorreh" (el
khwarnah del Avesta), era la aureola divina que cubría a los reyes sasánidas. A pesar de
la herejía que aquellas ideas iluministas podrían suponer para las mentalidades de la
época, y que de hecho chocaron a los emires ayubíes, no pretendía Sohravardí crear una
doctrina que fuese antiislámica o que violase los preceptos del Islam, lo que con ella
quería era encuadrar las antiguas creencias dentro del molde de las enseñanzas
musulmanas, hacerlas compatibles, en un intento de sacralizar las antiguas doctrinas de
la luz. Afirmaba que Salman al-Farsi (Salman el Persa), el primer persa que se convirtió
al Islam, era el vínculo de unión entre el mazdeísmo y el Islam. El Sohravardí
peripatético que basa sus argumentos en la lógica y la razón humanas pasa a ser el
Sohravardí ishraqí o iluminista que cree que a través de la iluminación, del ishraq, se
puede llegar al conocimiento del mundo más que a través de la vía argumental. Mas ello
no quiere decir que él rechace la vía argumentativa aristotélica, sino que la integra como
una de las etapas que se debe atravesar antes de ser "'iluminado". El mismo Sohravardí
nos dice en el prólogo de su "Hikmat al-Ishraq" que su obra no está escrita para aquellos
que buscan pruebas argumentales. Se desprende y se distingue así Sohravardí de los
filósofos que le precedieron dirigiendo su filosofía hacia unos nuevos derroteros sufíes.
Sohravardí afirma que todas las almas, antes de unirse al cuerpo terrenal, moraban en
cuerpos angélicos y que, una vez, se unían al cuerpo terrenal, el alma o su núcleo
principal se dividía en dos, una mitad se quedaba en el cielo y la otra en el cuerpo, y que
era ésa la razón por la cual todas las almas se encuentran tristes y que recuperan la
alegría y la felicidad cuando se unen con su mitad celestial. Su angeología, que forma el
núcleo de su filosofía, tiene una atracción particular. El conocimiento del Mundo
Celestial, las diferentes etapas o grados existentes entre este mundo de sombras y la Luz
Sublime son temas tocados en su angeología. Aquí, el ángel es guardián del mundo y
también una herramienta y medio de la sapiencia divina a la vez que es algo a lo que el
ser humano quiere llegar durante toda su vida terrena. Es curioso cómo ya en esta parte,
Sohravardí, además de utilizar terminología coránica para referirse a los ángeles emplea
también términos mazdeos del Irán antiguo. Esto no le trajo más que problemas en su
vida personal pues como se ha dicho, los ulemas y alfaquíes pensaron que en realidad él
era un filósofo o sacerdote zoroastriano o que estaba inclinado hacia el mazdeísmo. Pero
bajo el punto de vista de Sohravardí, y esto era algo que dejaba muy en claro, la luz y
las tinieblas no son la luz y las tinieblas de los zoroastrianos, "jamás hay que pensar
decía que cuando utilizamos los términos luz y tinieblas son los mismos de los infieles
magos o los ateos maniqueos." Por otro lado Sohravardí afirma que el número de
ángeles supera la cifra que podamos contar; que al principio de la larga cadena de
rangos se encuentra los ángeles que están junto a Dios, siendo el superior Bahman o
Nur al-A'azam (la Gran Luminaria), usando pues Bahman, uno de los amesha spentas o
arcángeles de la angeología zoroastriana.
El punto de vista de la filosofía de la luz, en lo que se refiere a la muerte y a la
resurrección, es que tras la muerte el alma tendrá una situación directamente relacionada
con la santidad y sabiduría que tuvo o practicó en el mundo terrenal. Según Sohravardi,
hay tres tipos de almas, siendo la superior la de los sufíes y santos, que una vez
separadas del cuerpo llegan tan alto que traspasan la situación en la que se encuentran
los ángeles.
A pesar de su corta vida, Sohravardí nos ha dejado un legado de 49 obras, mayormente
en árabe, aunque también escribía en persa. Aunque no destacó como poeta, escribió
también algo en verso, obviamente, sobre temática filosófico-religiosa. Ni que decir
tiene que la obra de Sohravardí ha sido bien recibida y aplaudida por los shiíes,
especialmente los persas, de quienes tenemos los mejores comentarios y exégesis desde
Shahrezurí (siglo XII-XIII) hasta llegar a la cumbre de las exégesis de Sohravardí con
Mollah Sadra, Mir Damad y su discípulo Sadr al-Din Shirazí (siglo XVII).
Literatos
Ali Shariati 1933-1977
Ali Shariati nació en Mazinan, cerca de Sabzevar. Cursó la escuela primaria en la
ciudad de Mashad, capital de Jorasán. Su padre, Mohammad Taqi Shariati hombre
culto, religioso y exegeta del Corán, le guió y le instruyó en los primeros pasos del
estudio del Islam. A los 18 años de edad empezó a compaginar sus actividades
estudiantiles con la de profesor esporádico. En 1957 se casó y fruto de su matrimonio
son tres hijas y un hijo.
Después de graduarse en literatura persa por la universidad de Mashad en 1960, cursó
estudios en Francia y se doctoró en sociología por la Universidad de la Sorbona. A su
regreso a Irán fue detenido en la frontera acusado de haber participado en actividades
subversivas contra la política del gobierno iraní. Liberado en 1965, comenzó sus
actividades docentes en la Universidad de Mashad. En calidad de sociólogo del Islam,
comenzó a explicar la problemática de las sociedades musulmanas a la luz de los
principios del Islam, asuntos éstos que debatía con sus propios estudiantes. No tardó
mucho en ganar popularidad entre los estudiantes universitarios y entre las diferentes
clases sociales. Es por esta razón que el régimen de los Pahlavi le cesó de sus
actividades y le prohibió que continuase dando clases en la universidad. Tras aquello
fue a Teherán donde el doctor Shariati continuó su carrera como brillante orador. Sus
lecturas y discursos en el Instituto Ershad de Enseñanza Religiosa de Teherán atrajeron
a 6000 estudiantes universitarios durante el verano a los que hay que sumar los varios
miles de personas que acudían a escuchar, procedentes de diferentes estratos sociales.
De la edición de su primera obra se vendieron 60.000 ejemplares, a pesar de la
interferencia de las autoridades gubernamentales. Finalmente, la policía irrumpió en el
Instituto donde impartía sus clases, arrestó a multitud de alumnos y seguidores y dio fin
a sus actividades. Shariati fue recluido en prisión por segunda vez donde permaneció 18
meses, en las peores condiciones penitenciarias. La opinión pública internacional y las
protestas de diversos estamentos obligaron a las autoridades del régimen del sha a
liberarlo el 20 de marzo de 1975. Aunque liberado, fue sometido a un estrecho cerco de
vigilancia por los agentes de Seguridad, que le impedían mantener contacto con sus
estudiantes y por supuesto publicar sus obras. Bajo aquellas condiciones, el doctor
Shariati decide emigrar de Irán en 1977. Marchó a Gran Bretaña donde murió tres
semanas más tarde por causas aún no aclaradas.
A pesar de su corta vida la obra del doctor Shariati es ingente. "Autoedificación
revolucionaria", "Abuzar", "Peregrinación", "Shiísmo"', "Shiísmo alaví y shiísmo
safaví", "Historia de la civilización", "Kavir", "Islamología", "¿Qué se debe hacer?",
"La mujer", "Visión del mundo e ideología", "Ali", "Reconocimiento de la identidad
persa-islámica", "El método del conocimiento del Islam", "Fátima es Fátima"...
Attar 1145-1221
'Attar de Neyshabur, poeta y uno de los grandes místicos que ha visto nacer Persia.
Nació en Neyshabur en 1145. Su seudónimo de 'Attar (vendedor de perfumes y
farmacopea) le viene porque su padre se dedicaba a ese oficio y el poeta siguió en su
juventud los pasos de su padre. Mas a este joven, que estaba destinado para tareas más
importantes, le sobrevino una revolución interna y de su pluma comenzó a manar todos
sus pensamientos e inquietudes místicas en forma de versos.
Sobre cómo decidió entrar en la senda mística, varias son las versiones que se han
contado, todas ellas muy probablemente apócrifas. Una de ellas, muy conocida y
contada por el poeta Ŷâmí, dice que en cierta ocasión 'Attar estaba afanado en su
farmacia atendiendo a sus clientes. Un derviche entró pidiendo limosna insistentemente
y él no le dio nada.
"Eh señor, ¿cómo morirás? " le preguntó el derviche.
"Igual que tú. " respondió 'Attar.
"¿Puedes morir igual que yo? "Y, tras decir esto, se recostó en el suelo, puso su cuenco
de limosnas bajo la cabeza y expiró musitando el nombre de Dios. 'Attar quedó tan
impresionado que lo abandonó todo.
'Attar se puso a viajar para así visitar a los sheij o pir de su época. Viajó desde la Meca
hasta Transoxiana, y durante su periplo conoció a numerosos sabios en "erfân" o mística
islámica. 'Attar nunca fue panegirista de nadie, al contrario de muchos poetas célebres.
A este respecto él mismo decía:
Por siempre el saber será lo único loado en mis versos
Y en el centro de mi alma lo único importante será esto
Murió en 1221, según se cuenta, asesinado por los mongoles. Su mausoleo puede hoy
admirarse en la ciudad de Neyshabur, muy cerca de la tumba de Omar Jayyam.
Tumba de ‘Attar en Neyshabur.
'Attar escribió numerosas obras entre las que cabe destacar: "Tazkarat al-Ulia"
(Biografía de los santos) una obra escrita en una prosa sencilla y muy extensa donde
cuenta la vida de muchos santos del Islam; "Manteq al-Teyr" (El lenguaje de los
pájaros) una de las obras cumbres de la literatura mística y sufí a nivel mundial, escrita
en verso y en donde el autor expone en forma de fábula alegórica los niveles que tiene
que atravesar el místico hasta llegar al conocimiento de sí mismo; "Asrar Nameh" (El
libro de los secretos); "Mosibat Nameh" (El libro de la calamidad); "Elohi Nameh" (El
libro divino)...
Casi toda la obra de 'Attar está escrita en verso. El místico de Neyshabur expresa con
pasión y ardor los más elevados conceptos místicos, escogiendo para ello palabras y
términos sencillos y exentos de todo aparato superfluo ya que para él es más importante
el contenido que la forma.
Todos los poetas y escritores persas se refieren a Attar como un grande entre los
grandes. Moulavi decía los siguiente sobre él y Sanai Gaznavi: 'Attar era espíritu y
Sanai sus dos ojos // nosotros vamos a la zaga de Attar y Sanai'. O este otro verso con el
que unas cuantas palabras en forma de alegoría nos dice claramente lo que pensaba de
'Attar un gigante como Moulavi: 'Attar deambuló por la siete ciudades del Amor // y
nosotros aun estamos en el rincón de un callejón.
Ali Akbar Dehjoda
El insigne lexicógrafo y escritor Ali Akbar Dehjoda nació en Teherán alrededor del año
1878. Su padre era un terrateniente de Qazvin que se afincó en la capital. Cuando
Dehjoda no tenía más que 10 años de edad su padre murió, y su madre y una persona
llamada Mirza Yusef Jan se hicieron cargo del niño. Pero dos años después su tutor
también muere y los bienes del padre de Dehjoda pasan a ser heredados por los hijos de
Mirza Yusef Jan. Entonces, uno de los antiguos amigos de la familia de su padre y
reputado sabio de la época, Sheij Gholam Huseyn Borujerdi, se hace cargo de la
educación y de la enseñanza de Dehjoda, a quien se le cede una habitáculo para vivir en
la madrasa o seminario de Sheij Hadi, en Teherán. Allí aprendió, entre otras disciplinas,
la lengua árabe y teología. Dehjoda siempre decía que todo lo que sabía se lo debía a
aquel hombre sabio. Cuando se abrió en Teherán la Escuela de Estudios Políticos,
Dehjoda pasó a ser uno de sus primeros alumnos y allí se familiarizó además con las
nuevas ciencias y con el francés. Siendo todavía alumno, sus conocimientos de literatura
persa eran ya tan extensos que el profesor de esta materia le encargaba las clases en su
ausencia. Por otro lado, al estar la casa de Dehjoda junto a la del ayatolá Sheij Hadi
Najm Abadi, sacaba partido a esta vecindad del que aprendía como si de un mayor se
tratase, a pesar de su juventud. Por esta época empezó a aprender francés. Tras terminar
de estudiar en aquella academia llegó a ser funcionario del Ministerio de Asuntos
Exteriores. En 1902, cuando contaba con 24 años de edad, el recién nombrado
embajador de Persia en los Balcanes se llevó consigo a Dehjoda. Allí permaneció dos
años y medio, residiendo en Viena, donde perfeccionó su francés y adquirió nuevos
conocimientos.
Su regreso a Persia coincidió con las primeras insurrecciones que desembocarían poco
después en la denominada Revolución Constitucional. Dehjoda no tardó en ver que el
nuevo movimiento constitucionalista encajaba con sus ideas progresistas y liberales y
veía en él el único camino de progreso para su país. Una vez hubo regresado a Persia, le
dieron un empleo como traductor de francés de un ingeniero belga. Los que conocían a
Dehjoda no tardaron en percatarse de su talento escribiendo, algo que se evidenciaba en
las cartas administrativas que redactaba. En 1907, con la colaboración de otros
intelectuales de la época, edita el periódico Sur-e-Esrafil, que llegó a ser una de las
publicaciones periódicas más importantes de la época constitucional. Con la
incorporación de Dehjoda a esta publicación comenzaba su militancia política.
Sur-e-Esrafil era una publicación semanal y empezó a publicarse 9 meses después de
proclamarse la Constitución. Sur-e-Esrafil constituía el arma intelectual más afilada que
esgrimían los constitucionalistas, con una tirada de 24.000 ejemplares semanales, nada
despreciable para la época. La parte más popular de aquella publicación era la sección
de humor, Charand-o-Parand, que escribía el mismo Dehjoda con el seudónimo de
Dejó, cuyo estilo no tenía precedentes, tanto en el estilo periodístico como literario, y
por ello ha pasado a la historia de la literatura persa. Su estilo cómico y desenfadado
hizo que fuera el primer periódico iraní de masas pues lo leía todo el que sabía leer. El
pueblo, además de pasar un buen rato leyendo en un lenguaje además de cómico
accesible, se enteraba de primera mano de la problemática que estaba viviendo su país
en aquellos días tan turbulentos. En la sección de Charand-o-Parand, Dehjoda criticaba
y censuraba la política más candente caricaturizándola en sus artículos, a la vez que
exaltaba los principios de la Constitución. No en vano, la publicación fue clausurada en
cinco ocasiones, sus oficinas fueron saqueadas una vez, y, tres días después de su cierre
definitivo fue cuando fue cañoneado el edificio del Parlamento por el sha.
Tras este grave acontecimiento, muchos liberales y constitucionalistas, entre los que
además de Dehjoda se encontraban Vaez Isfahani, Taqizadeh y otras personalidades del
momento, salieron del edificio, y, tras ocultarse en una casa que se hallaba cerca, se
dirigieron a la embajada de Gran Bretaña para pedir refugio político, donde
permanecieron casi un mes, hasta que Mohammad Ali Shah les sacó con argucias y los
envió al exilio. Dehjoda se fue a Estambul, donde al poco se marchó a Francia. En
París, uno de sus amigos más allegados era el gran crítico y ensayista Mohammad
Qazvini. Después de su estancia en Francia, marchó a Suiza y allí publicó otros tres
números de Sur-e-Esrafil con ayuda del literato Abul Hasan Jan Pirnia, números que
envió a Persia con muchas dificultades. Después de Suiza se marchó a Estambul en
1910 y allí, en colaboración con otros intelectuales y con la ayuda económica de los
iraníes residentes fundó el periódico en lengua persa "Sorush", que tuvo una vida de 15
números. Después de que los combatientes por la Constitución se apoderasen de
Teherán y fuese depuesto Mohammad Ali Shah, Dehjoda fue elegido diputado del
Parlamento por Teherán y Kermán, por lo que regresó sin demora a Persia a petición de
los altos cargos del nuevo gobierno.
Entre los años 1914 y 1918 Dehjoda permaneció oculto en una aldea de Chahar Mahal
va Bajtiari, y tras terminar la I Guerra Mundial regresó de nuevo a la capital. Sin
embargo, abandonó sus actividades políticas y empezó a dedicarse más al estudio de la
literatura. Ello no obvió que a la vuelta a Teherán se ocupase de varios cargos públicos
políticos, siendo el último de ellos la dirección de la Escuela de Estudios Políticos,
cargo del que fue depuesto cuando Reza Jan da su golpe de estado en 1921 y cae la
dinastía Qajar. A partir de entonces, dedicará el resto de su fecunda vida al estudio, a la
investigación y a la redacción de obras. Murió en 1936 y fue enterrado en Rei al sur de
Teherán.
Su diccionario
La obra más importante de este ilustre personaje fue, sin lugar a dudas, su diccionario
enciclopédico. De hecho, todo el mundo asocia en Irán su nombre a su diccionario,
ensombreciendo el resto de su personalidad y de su obra. Muchos son los que afirman
que el único iraní que ha hecho un servicio similar a la lengua persa ha sido el poeta
épico Ferdousi (Siglo X-XI). Este diccionario se ha convertido en la Autoridad por
antonomasia en la lengua persa y es usado como referente y como una especie de
DRAE en la lengua castellana. En el diccionario, además de las palabras vienen
registrados todas las toponimias de Irán y los nombres de las principales personalidades
del mundo y de Irán. En la entrada de cada palabra viene primero el significado, su uso
pragmático, su pronunciación y numerosos ejemplos en verso y prosa tomados de la
literatura. Dehjoda invirtió 50 años de su vida en redactarlo y según él decía, ni un sólo
día dejó de escribir las fichas del diccionario, a excepción de cuatro días, dos de ellos
por la muerte de su madre y los otros dos porque se encontraba enfermo. En 1935
Dehjoda regaló al Parlamento los millones de fichas que había escrito del diccionario.
Éste aprobó una ley para imprimir aquel valiosísimo legado además de fundar una
institución a la que se le puso su nombre, que gestionaría aquella ingente labor y
continuaría la obra de Dehjoda, institución que todavía existe. Dehjoda pudo completar
durante su vida 4.200 páginas. Ahora el diccionario tiene unas 26.000, que se han
editado en 50 volúmenes. El Instituto Dehjoda, además de la labor de ir añadiendo y
enmendando continuamente el diccionario y de tener el monopolio de su impresión y
edición, ha pasado en fecha reciente toda la obra a un solo CD, pasando de esta forma
esta extensa obra a la Era de la Informática. Este instituto también imparte cursos de
lengua persa a extranjeros.
Las 26.000 páginas del Diccionario de Dehkhoda han sido vertidas a un sólo CD.
Su otra obra
Debido al carácter monumental de su diccionario, el resto de su obra ha quedado en un
discreto segundo plano. Después de su diccionario, su obra más importante es "Amsalo-hekam", que es una recopilación en cuatro volúmenes de todos los dichos, máximas y
refranes existentes en la lengua persa, que pudo recopilar. En ella podemos también
encontrar hadices (tradiciones orales del Profeta), aleyas coránicas y numerosos poemas
que se usan en persa a modo de refrán.
Por otra parte, Dehjoda también tradujo del francés al persa algunas obras, pero
ninguna de ellas ha sido todavía publicada. Tradujo “Grandeza y decadencia de Roma' y
"El espíritu de la Ley", ambas de Montesquieu.
Dehjoda también escribió un diccionario francés-persa, pero tampoco ha sido editado.
También escribió otras obras menores como una biografía de Abu Reihan Biruni y una
edición anotada del Diván de Naser Josrov.
Ferdousi 932-1025
He consolidado con versos un alto palacio
Que no será derribado por lluvias ni tormentas
Mucho me he esforzado en estos treinta años
Pues he revivido el persa con la lengua persa
No moriré pues desde ahora viviré por siempre
Pues he diseminado, de la palabra la simiente
Con este sencillo verso expresa Abul Qasem Ferdousi el esfuerzo que le supuso escribir
su gran obra, el Shahnameh (El Libro de los Reyes), mediante la cual revivió la lengua
persa literaria del país.
Abul Qasem Ferdousi nació entre los años 932 y 941 en Tus, cerca de la actual
Mashad, en el Jorasán. Ferdousi, cuyo nombre es un seudónimo de la palabra
persa"ferdous" (paraíso), era de origen noble pues pertenecía a una familia de
terratenientes (dehqân) cuyas tierras le aportaba buenos ingresos. De la vida de este
poeta es poca cosa lo que se sabe. No obstante, sabemos que casi toda su vida
permaneció en su provincia de origen, Jorasán, que en entonces se llamaba Jorasân-eBozorg' (el Gran Jorasán) y abarcaba todo lo que es hoy la actual provincia oriental de
Irán, Jorasán y que llegaba en su extremo norte a Samarcanda y Bujara (Uzbekistán
actual), parte de Tayikistán y la parte oeste de Afganistán. Así pues, se movió en el
interior de su extensa provincia viajando entre Balj, Ghazni y los territorios situados al
norte del río Oxus.
n la Persia del siglo X, los persas, a pesar de haberse convertido mayoritariamente al
Islam, no habían perdido ni su lengua, ni sus costumbres ancestrales llegando a ser pues,
un caso de excepción particular por cuanto se islamizaron, pero no se arabizaron. Entre
las diferentes capas de la población de aquel entonces la de los "dehqans" era la que más
guardaba las antiguas tradiciones orales. Éstos conservaban los antiguos mitos y
leyendas persas que se había transmitido mediante la literatura de origen real donde se
narraba las historias, hazañas y leyendas de los reyes del pasado. Estos mitos y leyendas
también habían llegado a la posteridad del siglo X de generación en generación, siendo
los "dehqans" unas de las capas de la población que más fiel recuerdo guardaba de ellos.
Ferdousi supo aprovechar esta circunstancia, y saber hacer uso del trabajo de otros
poetas que una generación antes que la suya empezaron a escribir obras épicas que, o se
perdieron o no fueron finalizadas, como es el caso del poeta zoroastriano Daqiqi. De
alguna manera Ferdousi tomaba el relevo de Daqiqi, bardo de la corte samaní, que fue
asesinado por un esclavo turco poco después de empezar su obra épica de la cual
escribió unos 1000 versos, que Ferdousi incorporó en su Shahnameh.
Al desconocerse su vida, muchas son las hipótesis surgidas para justificar el inicio de un
trabajo tan laborioso como poner en verso los antiguos mitos del pasado. Se ha llegado
a decir que lo hizo para conseguir una dote para su única hija cuando la obra fuese
presentada a los reyes samaníes, algo incongruente si tenemos en cuenta que Ferdousi
era terrateniente y no necesitaba de ese dinero, además de los años que iba a tardar en
componerla. Sea como fuere, el trabajo en el que se vio imbuido era de tal magnitud que
descuidó sus quehaceres como terrateniente y finalmente se vio obligado a vender
muchas de sus tierras.
Ferdousi tuvo muy mala suerte. Cuando el Shahnameh, estuvo terminado allá por el
año 1010, la dinastía Samaní había sido derrocada por la Gaznaví, una dinastía ésta que
nada tenía que ver ni en origen ni en lengua con la anterior. En efecto, la samaní era una
dinastía de raigambre persa, orgullosa de su pasado sasánida, de su lengua y cultura
persas, en definitiva, de su "iranidad", defensora de lo persa y mecenas de una pléyade
de sabios y poetas que devolvieron a Persia sus antiguas dotes literarias y su puesto en
la escena de la historia; Ferdousi comenzó su larga obra en este propicio ambiente. Mas
los Gaznavíes eran todo lo contrario; turcos de Asia Central, de habla y cultura turca, y,
cuando Ferdousi apareció en la corte del gran sultán Mahmud de Ghazni, no fue bien
recibido. En efecto, el Shahnameh es una épica persa, y como tal se alaba a los reyes
persas del pasado, y, su héroe persa Rostam (algo parecido a lo que puede ser el Cid
Campeador) es ejemplo de caballerosidad, heroicidad y valor. Se cuenta que el sultán
Mahmud de Ghazni, ofendido por el carácter épico de la obra en la que él no se podía
ver reflejado debido a su humilde origen y distinta procedencia, en la que para más
colmo, los turanios (turcos de Asia Central) quedaban en mal lugar en la obra, le
comentó a Ferdousi que "como Rostam, tengo mil en mi ejército".
Sea de ello como fuere, las fuentes, que son muchas y contradictorias, también relatan
que el sultán le prometió a Ferdousi un dinar (moneda de oro) por cada verso, que, al ser
60.000 quedaría retribuido con creces aquella labor de 30 años. Mas cuando llegó la
hora de pagar, el sultán gaznaví le dio un dirham (moneda de plata) por cada verso, y,
ofendido, salió del palacio y se cuenta que en un acto de desprecio por parte del poeta
de Tus, dio todo el dinero a un vendedor ambulante. Ferdousi no se conformó con ello y
le dedicó al sultán unos versos burlescos en los que se hacía alusión a su origen humilde
(era descendiente de un cocinero de la corte samaní), he aquí una muestra:
Chon andar tabarash bozorgi nabud
nayarast name bozorgan shonud
(Como no había grandeza en su linaje
No soportó oír el nombre de los grandes)
Otra historia, que hace referencia a la diferencia confesional entre Ferdousi y el sultán
Mahmud, relata que Ferdousi era apoyado por el ministro de Mahmud, Ahmad ibn
Hassan Meymandi. Los enemigos de Meymandi propagaron rumores en los que se
“acusaba” a Ferdousi de ser shií, algo que era cierto. Mahmud, musulmán sunní,
corrobora la acusación hecha por los enemigos de su ministro que añaden también que
un "herético shií" no debe cobrar más de 20.000 dirhams. El relato sigue contando que
Ferdousi le dio el dinero a un vendedor ambulante que vendía cerveza en la puerta de un
baño público (hammam).
Se cuenta que Ferdousi, temeroso de la reacción del sultán al enterarse de los versos
satíricos, emprendió la huida y se dirigió a Herat, para partir unos meses después hacia
Tus y de allí a Mazandarán. En ésta última provincia fue donde encontró a un mecenas
para su obra en el rey local de la región, Shariyar, alguien idóneo pues era persa y de
abolengo persa. Aunque este rey, cuando leyó las sátiras que el poeta de Tus le había
dedicado a Mahmud, temeroso de ser atacado y borrado del mapa como hizo con los
Samaníes, le instó a Ferdousi que suprimiera aquellos versos.
En fin, hay otra historia que cuenta que el sultán Mahmud, arrepentido por su
comportamiento con Ferdousi, ordenó que se le pagase la suma prometida al poeta, pero
cuando los agentes del rey llegaron a Tus estaban sacándolo de su casa en un ataúd para
ser enterrado; ya era demasiado tarde.
Se desconoce la fecha exacta en la que murió Ferdousi, aunque se calcula que fue entre
los años 1020 y 1025.
El Libro de los Reyes o Shahnâmeh
Como ya hemos mencionado, el Shahnâmeh es la epopeya nacional de Persia y una de
las obras clásicas de la literatura mundial. El Libro de los Reyes nos narra el pasado
glorioso del Irán antiguo haciendo especial hincapié en la historia de los Sasánidas y
perdiéndose en el pasado llegando a confundirse los reyes legendarios con los
Aqueménidas
Para escribirla, Ferdousi se basó en numerosas fuentes como son por ejemplo los
Jodainâmeh ("Libros de los señores", que los árabes denominaban "Seyr al-muluk") y
las tradiciones y mitos orales. En este sentido, Ferdousi no fue original a la hora de
ocurrírsele aquella idea ya que otros antes que él ya la habían empezado. Así, por
ejemplo, Abu Mansur Abdul Razzâq, gobernador de Tus, escribió a principios del siglo
X una épica en prosa que aunque no se ha conservado, sí existía en la época de
Ferdousi, el cual se sabe que hizo uso de ella. Por otra parte, está el malogrado Daqiqi
que murió cuando ya había escrito unos 1000 versos de su épica, versos que Ferdousi
incluyó en su obra citando su procedencia.
Manuscrito iluminado del Shâhnâmeh, del siglo XVI. Museo Reza Abbasi
Se notaba pues, ya en una época tan temprana como principios del siglo X, que había un
ambiente cultural propicio para la redacción y compilación de una epopeya irania, que
hasta entonces habían sido de alguna manera proscritas por los árabes que las
consideraban poco menos que opuestas al Islam.
Una de las características en la que destaca el Shahnameh es su estilo. La lengua usada
es persa casi puro, con muy pocos préstamos del árabe. Algo que se puede decir, por un
lado, que el poeta persa hizo a propósito, pero, por otra parte también se puede afirmar
que aquel era el estilo usado en el período samaní, como lo demuestran la multitud de
textos y obras conservadas de la época que podemos leer en un persa genuino poco
mezclado con el árabe aún.
Otra particularidad es su extensión. En efecto, el Shâhnâmeh, con sus 60.000 versos, es
la segunda epopeya más larga de la Humanidad después del Mahabharata de la India.
Después del Shahnameh, muchos fueron los que en los siglos siguientes quisieron
emular al poeta de Tus. Surgió en la literatura persa una literatura épica, más bien
"ferdousiana" por cuanto todos intentaban versificar al estilo de Ferdousi, pero ninguno
llegó no sólo a superar el estilo del Shâhnâmeh sino que ni siquiera lo pudo igualar,
aunque en estos intentos sí que surgieron poetas épicos de calidad.
Además de la lengua persa genuina usada, otro de los factores que diferencian la épica
de Ferdousi es la originalidad de su epopeya. Todas las historias del Shâhnâmeh son
historias genuinas tomadas de la historia del Irán antiguo, no hay hazañas ni historias
prestadas de otras epopeyas de pueblos vecinos como pueda verse en otros casos.
El Shâhnâmeh sigue teniendo lectores entre los persas después de mil años, que se
siguen enorgulleciendo de su épica. El libro además se sigue recitando como una
cantinela en los "zurjâneh" o (casas de la fuerza) "especies de gimnasios tradicionales"
al son de un tambor mientras los asistentes hacen gimnasia con movimientos
acompasados. Los persas ven esta obra el símbolo de su identidad nacional y muchos
son los intelectuales que consideran el Libro de los Reyes, la epopeya más valiosa e
importante escrita en la historia de la Humanidad, y un monumento eterno al saber y a
la capacidad creativa del ser humano.
Tumba cenotafio de Ferdousi junto a las ruinas de Tus, cerca de Mashad. Fot. de www.mpifr-bonn.com
Hafez 1325-1389
Jâŷeh Shams al-Din Mohammad Baha al-Din, más conocido simplemente como Hafez,
nació en Shiraz en 1325. De su vida no es mucho lo que se sabe, y lo poco que se ha
llegado a conocer ha sido a través de las alusiones a la misma en su única obra y a algún
que otro relato más o menos cercano a su época. De joven aprendió con afamados
maestros como Qovam al-Din Abdullah los conocimientos de su época. Hafez era muy
devoto y sabía el Corán de memoria, de ahí el sobrenombre de Hafez (memorizador).
Fue panegirista del rey Abu Eshaq Inŷu (de la dinastía Inŷu) y de Shah Shoŷa' (de la
dinastía de los Mozaffaríes).
Hafez, al contrario que célebre predecesor Sa'dí, no viajó nunca debido al parecer al
miedo que le tenía a los mares y caminos. De tal guisa que fue invitado una vez por el
sultán Ahmad Jaŷeh de Bagdad para que le visitase en su corte y él se negó a ir, a pesar
de lo cerca que se encuentra Bagdad de Shiraz. En otra ocasión, otro rey de la India le
invitó a su corte. El poeta de Shiraz emprendió el viaje, pero cuando llegó y vio las
aguas embravecidas del golfo Pérsico volvió sobre sus pasos.
Hafez murió en 1389 en Shiraz, donde se encuentra su tumba, que es lugar más que de
visita, de peregrinación.
Tumba de Hafez en Shiraz. Fot. de http://mikulastik.net/ir/
El poeta de Shiraz solamente tiene una obra, el conocido como"Divân-e-Hâfez" (Diván
de Hafez). Sin embargo, es considerado por muchos el mayor genio poético que ha visto
nacer Persia y su rango literario es como el que pueda tener Homero, Shakespeare,
Cervantes etc. Hafez llevó la poesía en lengua persa a su máxima cumbre, y, aunque
muchos son los que le han querido imitar, nadie lo ha conseguido ni siquiera con éxito
relativo y su poesía permanece ahí, como un reto insuperable que desafía el gran talento
poético de los persas. La temática de su Diván es principalmente mística. En sus
poemas sufíes la belleza del Amado se esconde tras la descripción de la hermosura
femenina, el vino representa el éxtasis del iniciado, la unión o separación de la amada
terrenal no es más que esa Unión o Separación del Amado, de Dios, y la taberna es el
templo donde se adora a Dios. No obstante, no faltan quienes piensan que las
expresiones de Hafez no son para nada alegóricas, que cuando habla de las mujeres se
refiere a las mujeres de carne y hueso, que el vino, tema tan tabú entre los musulmanes,
es vino de uva de verdad, y que la taberna es esa misma en la que se sirve vino y que
nada tiene que ver con la mezquita o cualquier templo religioso. Estas opiniones tan
dispares son debidas a la naturaleza y carácter de muchos de los poemas de Hafez. En
muchos de sus versos, se ve claramente cómo Hafez se refiere sin lugar a dudas a una
amada de carne y hueso, o bien al vino tinto etc., mas en el verso siguiente del mismo
poema, cambia de súbito y esa misma amada es ahora el Amado con mayúsculas, y ese
vino se convierte, milagrosamente, en el símbolo del éxtasis místico. Hafez usaba de
estas artes para criticar también en este mismo Diván a los políticos de la época,
cubriendo sus palabras con el disfraz de la ambigüedad, teniendo de esta manera a veces
su poesía un carácter social y comprometido. Así, se puede decir que Hafez ha
entretejido sus versos de tal manera que todos sus poemas pueden tener el significado
que a cada cual le guste, cada una de sus composiciones es como un cubo con varias
caras, es como una cábala que tiene su interpretación esotérica y exotérica. En palabras
de Jorramshahi, «la poesía de Hafez no es sólo una amalgama de rimas y metros sino
una compleja arquitectura de pensamientos». La perfección de sus poemas llega ser de
índole matemático y las palabras están tan bien dispuestas y escogidas que no se puede
cambiar de lugar y/o suprimir sin que afecte el significado global del poema.
Hafez en otras ocasiones se muestra sin ambages criticando abiertamente a aquellos
que envidian su talento poético y a aquellos derviches o sufíes que no eran más que
parásitos de la sociedad y que enmascaraban de ascetismo su mendicidad. Esta
elasticidad de interpretación de sus versos ha hecho que su Diván guste a todo el
mundo, religiosos y no religiosos, porque cada uno ve lo que quiere ver. Su Diván, que
no falta, junto al Corán, en casa de ningún iraní, es también usado para hacer
bibliomancia, como se hacía con la Eneida y con la Biblia, y acierta casi siempre debido
precisamente esa libre interpretación. Los persas, abren el Diván al azar mientras
susurran entre labios una cancioncilla que dice:
Ey hâfez-e-shirâzi
Oh Hafez de Shiraz
bar man nazar andâzi
échame una mirada
man tâleb-e-yek râzam
to kâshef-e-har fâli
estoy buscando un secreto
y tú lo adivinas todo
qasam be shâje-ye-nabâtat
por tu dulce lengua
qasam be qorâni ke dar sine dâri
por el Corán que has memorizado
in fâl-e-marâ bogshâi
adivíname este mi augurio
Esta costumbre está muy arraigada entre los persas y a lo largo del tiempo ha surgido en
Irán varias modalidades de hacer bibliomancia con los versos de Hafez. Una de las más
curiosas es aquella en la que se usa un canario adiestrado que con su pico saca un
poema de Hafez al azar, práctica usada por muchos mendigos.
Haremos mención a continuación de las características de la poesía, que son la mejor
muestra para conocer su talento poético y su personalidad. Hafez no era humilde y era
consciente de su genialidad:
Nadie como Hafez desveló el rostro del pensamiento
ni los cabellos de la palabra con la pluma peinar
o este otro verso donde deja ver que era envidiado por algunos de sus contemporáneos:
Poeta de fútiles versos,
¿por qué envidias a Hafez?
que es un don de Dios la buena versificación
que seducen los pensamientos
En su poesía también se puede ver a un Hafez enemigo de la hipocresía y del
fariseísmo. Detestaba el puritanismo, o mejor dicho, a aquellos que se las daban de
puritanos sin serlo, él prefería a aquellos que pecaban en público a quienes lo hacían en
privado:
Mantenme apartado de los hipócritas
que de los tesoros del mundo, una gran copa, me basta
El cielo y el paraíso es recompensa de las buenas obras
a mí, pobre e indiferente, un templo mazdeo, me basta
o este otro poema:
Por idolatrar al vino he perdido la reputación
si bien es mejor que tener al ego idolatrado
Con premura nos iremos de esta congregación a la taberna
que desoír un sermón fariseo es de cumplimiento obligado
¡Hafez! No beses sino los labios de la copa y el copero
que besar las manos de los que venden virtud es un grave pecado
aunque beber vino tinto con capa de asceta no está bien
no me recrimines, que es mi forma del fariseísmo rehuir
Colócame una copa en la mano para así
quitarme de encima la estameña de color morado
y aunque gano mala reputación según los sensatos
yo no quiero ni la fama ni el ser bien nombrado
Dame vino, ¿hasta cuando ser jactancioso?
mil desprecios sean para el ego fracasado
Hafez pensaba que hay muchos caminos para llegar a Dios, rasgo común que caracteriza
el pensamiento místico. Dios se encontraba en todas partes y lo mismo podía verlo en
una taberna, en un pireo o en una mezquita, o en los tres a la vez:
Sobrios y borrachos, todos buscan el amor
todas son sus moradas, mezquitas y templos zoroastrianos
o este otro:
No mires la asamblea sufí, no mires la taberna te digo
que Dios es testigo que allá donde Él esté yo le sigo
o este otro:
La luz divina veo en la taberna de los mazdeos
fíjate qué extraño, la luz que veo y dónde la veo
No me vendas devoción tú que a La Meca peregrinas
que tú ves la Morada y yo veo la Morada Divina
Para Hafez Dios es más misericordioso que justiciero, esta es una idea predominante
entre los sufíes y los místicos que cuando se refieren a Dios lo nombran como el
Bienamado (Ŷânân), el Amigo (Dûst). Hafez confía en que a Dios le sobrará
misericordia como para perdonarle los pecados que ha cometido en esta vida repleta de
tentaciones, espera de Dios que actúe según su grandeza y su clemencia:
En la taberna una voz dijo desde el rincón
bebe vino, que los pecados obtienen perdón
Que la bondad divina actúe en consecuencia
que Sorush nos envíe sus mensajes de Clemencia
La Misericordia de Dios es mayor que nuestros pecados
silencio, ¿qué sabes tú lo que se halla al otro lado?
o este:
No temo del Día del Juicio por tener un negro historial
que cien historiales Él me perdona con su desbordante piedad
También hay en algunos poemas de Hafez similitudes con la poesía de Omar Jayyam,
aunque de ninguna manera es un elemento predominante:
Levántate y en una copa de oro vino estimulante vierte
antes que nuestros cráneos sean receptáculos de muerte
Esparce tus gritos de júbilo a este cielo abovedado
que es nuestra última parada el Valle de los Callados
o este otro verso:
busca menos los arcanos, háblame del trovador y del vino
que no hubo quien mediante la filosofía los misterios desvelara
El poeta de Shiraz compuso las más bellas alegorías místicas en lengua persa, en los
versos que compuso de esta guisa podemos ver multitud de alusiones a la estameña o
manto sufí (jerqeh), al anciano o guía zoroastriano (pir-e-moghân) a la taberna que él
llama jarâbât o meykadê, a la asamblea sufí o Jâneqâh, etcétera. Sin embargo, su
misticismo es muy particular y no se asemeja al de ningún poeta o pensador persa
anterior a él. En efecto, muchos después de él copiaron sus imágenes y alegorías, pero
ningún autor antes de él compuso versos donde el sufí despreciase de alguna manera los
propios valores sufíes y cambiase su manto por una copa de vino con el que recuperaba
la cordura:
Anoche a la taberna fue el asceta solitario
blandió una copa y dejó a un lado su rosario
El sufí de la orden, ayer rompedor de copas
con un trago de vino es de nuevo cuerdo y sabio
o este:
¡Hafez!, si el día de tu muerte agarras una copa
de la taberna irás directo al cielo cogido de la mano
o esta:
¡Eh sufí!, ven que las copas son de cristal transparente
para que así puedas ver la nitidez del vino ardiente
Pregúntale los misterios del más allá a los ebrios
que a ellos no acceden el asceta penitente
Hafez es devoto de una copa de vino, ¡oh brisa nocturna!,
díselo al insulso sheij, que del vino soy sirviente
o este otro:
No soy yo un asceta, amigo de arrepentimientos y sermones
dirígete a mi con una copa de vino de dulce amargor
¡Hafez!, adorar al vino es una obra pía
levántate y sé del vino adorador
O estos otros versos donde vemos que cambia su manto por el vino:
Los sufíes pudieron recuperar
las prendas que por el vino empeñaron
pero mi capa en la taberna confiscaron
y no la pude desempeñar
Una estameña mil pecados me cubría
que por mor del vino y del coplista
tuve que empeñar como garantía
dejando mi zonnâr a la vista
“Zonnar” era una prenda que llevaron cristianos, judíos y zoroastrianos para ser
distinguidos de los musulmanes. Eran llevadas en períodos de intolerancia por parte del
gobernador de turno. Nótese la sutileza de Hafez en este verso y todo el significado que
éste encierra.
Hafez se quiere ver libre y no vive a la espera de una recompensa divina:
El cielo y el paraíso es recompensa de las buenas obras
a mí, pobre e indiferente, un templo mazdeo, me basta
La amada está conmigo, ¿qué más quiero?
la riqueza de la compañía de ese alma gemela, me basta
Por tu Munificencia, oh Dios, no me mandes al paraíso
que de todo el universo, tan sólo tus arrabales, me bastan
Para terminar, exponemos uno de los poemas más místicamente platónicos de Hafez y
que puede servir como muestra para ilustrar las ideas del poeta de Shiraz.
Es mi cuerpo polvoriento
un velo para la faz de mi alma
dichoso sea el momento
y el día en que ese velo caiga
No es esta jaula donde se merece vivir
para alguien con este mi canto
que al Rezván quiero partir
que ave soy de esos campos
De mi partida y mi venida
el porqué yo no adivino
qué dolor qué pena la mía
qué ignorante soy de mi destino
Cómo podré dar vueltas
alrededor del Mundo de la Santidad
si mi alma se halla envuelta
en este cuerpo material
No te debes de extrañar
si la sangre de mi corazón
desprende olor de pasión
pues se apiada de las gacelas de Jotán
No te fijes en mi ropa
no te fijes en sus brocados
que dentro ardo como la estopa
y el interior de mi pecho se ha quemado
Ven y haz desaparecer ante mi
la existencia de Hafez
que mientras Tú estés
que «yo soy yo» nadie escuchará de mi
El maravilloso poeta Hafez es capaz después de 600 años de embriagar a cualquiera con
el vino de su palabra. Ha embrujado a lo largo de todos estos siglos, primero a las
generaciones de los persas que lo han leído y aprendido sus versos de memoria, y luego
a los extranjeros que aprendieron la lengua persa. Si Irán sólo tuviese un poeta y éste
fuese Hafez, sólo por él valdría la pena y el esfuerzo de aprender persa.
Joaquín Rodríguez Vargas
Ibn Moqaffa' 721-757
Abu Mohammad Abdullah ibn Moqaffa', nombre musulmán de Ruzbeh, un zoroastriano
convertido al Islam cuyo padre ya trabajaba en la Administración omeya. No se conoce
mucho de su vida. Se sabe que estuvo un tiempo al servicio de Davud b. Yusuf,
gobernador omeya de Iraq, y cuando fue derrocada esta dinastía, pasó a ser funcionario
de administración abbasí al servicio de Isa b. Ali, y luego de Ismail b. Ali. Murió
ejecutado acusado de zandiq (apóstata, hereje).
Ibn Moqaffa' es muy conocido en la literatura árabe y persa por haber sido el primer
traductor del pahlavi (persa medio o sasánida) al árabe. Tradujo muchas obras de las
que sólo nos ha llegado el título, como por ejemplo el "Calila y Dimna", que tradujo
Borzuyeh del sánscrito al pahlavi en el siglo VI. Esta obra se propagó por Europa siglos
más tarde y la primera versión al castellano se redactó en el siglo XIII bajo los auspicios
del entonces infante, Alfonso X el Sabio; "Jodai Nameh" libro de los reyes o señores,
que tradujo al árabe como "Seir al-muluk"; escribió "Al-adab al-kabir"; "Al-Adab alSaqir", donde Ibn Muqaffa' da una nueva dimensión a la palabra árabe "adab"
(literatura, maneras, costumbres, ética) más ampliada; "Mazdak Nameh" (Libro de
Mazdak).
Se le atribuyen también la traducción del pahlavi al árabe del "Organon" de Aristóteles.
Además de traductor fue el creador de una nueva prosa literaria en lengua árabe, algo
con mucho mérito si tenemos en cuenta que no era el árabe su lengua materna
Ŷalal Al Ahmad
Ŷalal Al Ahmad, uno de los grandes escritores y pensadores iraníes del siglo XX, nació
el 22 de noviembre de 1923 en Teherán, en el seno de una familia tradicional y
religiosa. Después de terminar sus estudios de literatura persa trabaja como profesor de
bachillerato de literatura. En 1944 ingresa en las filas del Tudeh, el partido comunista de
Irán, y tres años después se da de baja del mismo. A partir de entonces será detractor del
comunismo. Fue en este periodo del Tudeh cuando publica su primera novela "Did-obaz did" (Visión y revisión). Ŷalal Al Ahmad además de escribir novelas también
escribía artículos y monografías de temática social que tendrían gran repercusión
después en el mundo intelectual, sobre todo en los años 60 y 70. Como articulista
también destacó en temáticas como la etnología. También escribió libros de viajes como
"Jasi dar miqat" y "Karname-ye-seh saleh" (Informe de tres años). Además tradujo al
persa numerosas obras extranjeras. Quizás la faceta mejor conocida de Ŷalal Al Ahmad
sea su estilo al escribir. Su prosa, comprimida, permisiva y a la vez nerviosa y litigante
es una de sus facetas más conocidas por el público iraní. Ŷalal Al Ahmad murió el 8 de
septiembre de 1969.
Ŷalal Al Ahmad es uno de los escritores iraníes contemporáneos que, inspirado por
autores de la talla de Sadeq Hedayat y Sadeq Chubak, fue también artífice de la nueva
prosa persa del siglo XX utilizada por los novelistas. En palabras de Abdul Ali
Dastgheyb, llegó a tal nivel que su prosa es colocada a la altura de la de Sadeq Hedayat
y los escritos clásicos persas. No obstante, su estilo se encuentra justo en el polo
opuesto del de Hedayat, es decir, al contrario que este, que analiza el fuero interno de
los personajes y es una prosa intimista, la de Ŷalal Al Ahmad es un estilo al que se
puede calificar de extrovertido, que ya se puede divisar en otros autores
contemporáneos pero que en Ŷalal Al Ahmad podemos ver su culminación. Es por ello
que el papel del estilo de Ŷalal Al Ahmad en la novela iraní es el más palpable después
del de Sadeq Hedayat.
Ŷalal Al Ahmad acercó en todo lo posible su estilo al habla cotidiana hasta tal punto
que en muchos de sus relatos o ensayos, el lector parece que está escuchando a alguien
que le habla informal y coloquialmente. Entre sus novelas esto es más evidente en
"Modir-e-madreseh", (El director de escuela), para muchos, el mejor de sus relatos, en
el que el autor narra las experiencias del director de una escuela, y utiliza para su relato
palabras cotidianas y un lenguaje desenfadado carente de todo aparato literario
pomposo. Así pues, su prosa está cargada de palabras cotidianas, muchas veces
vulgares, refranes en boga, indirectas, en definitiva, posee todos los elementos del
lenguaje de la calle.
Entre los iraníes, Ŷalal Al Ahmad es una de las figuras más destacadas a partir de los
años sesenta en el panorama intelectual y cultural del país. Junto a su faceta como
literato subyacen, o mejor dicho, conviven otras que giran alrededor de su carácter
como ideólogo que trae a colación la problemática social y política del momento. Otro
pensador contemporáneo suyo, Reza Barahani, considera su prosa mejor aún que la de
Sadeq Hedayat e incluso va más allá pues afirma que es la mejor prosa persa del siglo
XX. Otros, como el profesor Nadushan, son de la opinión que Ŷalal Al Ahmad más que
escritor era un polemicista. Su esposa, Simin Daneshvar, también una de las grandes
escritoras del Irán actual, ha adjetivado su estilo al escribir como prosa telegráfica,
sensible, precisa, ruda, íntima, purificadora... El célebre crítico y novelista Mir Sadeqi
afirma que su forma de escribir era nerviosa, breve, recortada y a la vez elocuente. A
pesar de la disparidad de adjetivos utilizados a la hora de describir su prosa, sin
embargo, todos los críticos están de acuerdo en un punto y es que Ŷalal Al Ahmad tiene
un estilo propio al escribir, una impronta particular que lo distingue del resto, y su estilo
abierto y sin tapujos ha hecho que su fama haya aumentado aún más en la generación
actual de Irán.
En palabras de profesor Nadushan, durante los 25 años de sus andaduras literarias Ŷalal
Al Ahmad ha sido un escritor político y contestatario. Ideológicamente hablando, era
una persona inquieta e inestable. Pasa del materialismo y del comunismo más
exacerbado y critica duramente el Islam, para luego renegar del primero y refugiarse en
el segundo y proclamar que la religión de Mohammad es la única vía de liberación. Es
obvio que todos estos cambios de ideología se reflejaban en sus obras. "Si se exprimen
sus relatos sale el jugo de sus teorías políticas, sociales y religiosas." (Mir Sadeqi).
Todos los escritos de Ŷalal Al Ahmad, desde los artículos hasta las obras, sean largas o
cortas, tienen como objetivo poner en evidencia alguna tara social, criticar algún aspecto
de la sociedad o de la política imperantes en el país o en el mundo. Es este un factor que
le ha marcado pues Ŷalal Al Ahmad anteponía el contenido a la forma y en todas sus
obras y artículos él siempre conserva un mismo tono: el de la protesta y la denuncia.
Todas ellas crean en sus obras un ambiente cargado de ira y rebeldía que como no podía
ser de otra manera ha dejado su impronta en su estilo.
Como hemos dicho, todos los cambios de ideología son palpables en su obra. El lector
avispado pronto se percata a través de la lectura de éstas de que Ŷalal Al Ahmad está
buscando algo, de que no deja de experimentar y probar. Lo más evidente y palpable y
que se nota en una primera lectura es el uso de la primera persona, yo'. Es por ello que
en todas sus obras las ideas del autor son expresadas mediante el uso del yo, o del
narrador del relato y ello hace que los personajes no tengan rasgos y carácter
individuales y todos ellos reflejen su pensamiento, desde el analfabeto hasta el culto o el
intelectual, todos ellos tienen una misma visión de las cosas; la visión del propio autor.
El interior de estos personajes no se exterioriza nunca y esto hace de Ŷalal Al Ahmad
un escritor extrovertido que además no tiene ganas de hacer una descripción ni de los
sentimientos de sus personajes, ni de sus interioridades psíquicas. Así, por ejemplo, el
director de la escuela en "Modir-e-madreseh" "no tiene pasado personal, ni vida
familiar, ni aficiones, ni intereses, ni ilusiones." (Mir Sadeqi). Quizá sea debido al
objetivo de Ŷalal Al Ahmad, la crítica social, el motivo por el cual él no se puede
entretener en hacer descripciones de las psiquis de los héroes y villanos de sus relatos.
Sea de ello como fuere, la prosa y el estilo de Ŷalal Al Ahmad es un salto sin
precedentes cualitativo y cuantitativo en la prosa en lengua persa.
En fin, a pesar de que Ŷalal Al Ahmad ha bebido de las fuentes literarias del intimista e
introvertido Sadeq Hedayat, su estilo es completamente su polo opuesto. Ŷalal Al
Ahmad era de la opinión de que en una sociedad atrasada e inmadura se debe gritar con
más violencia, más rápido y sin tapujos.
Entre sus obras cabe destacar la aludida "Modir-e-madreseh", "Sar gozasht-e-kanduha"
(La aventura de los panales) donde las abejas son una metáfora del pueblo y la miel del
petróleo, "Gharbzadegi" (Occidentalitis) que, como se puede deducir de su título, se
trata una amarga y dura crítica a la occidentalización del país, "Dar jedmat va jianat-eroushanfekran" (Sobre el servicio y la traición de los intelectuales) más dura y crítica
que la anterior, "Nun va al-qalam", "Jasi dar miqat" (Una brizna de paja en la
peregrinación) es su libro de viajes a la peregrinación a la Meca, "Zan-e-ziadi" (Mujer
de más) y "Panŷ dastan" (Cinco relatos).
Omar Jayyam 1044-1123
Matemático, astrónomo, médico y poeta. Nacido en Neyshabur, en el siglo XI, en fecha
incierta, y muerto muy probablemente en el año 1123. De su juventud, poco es lo que se
sabe. Sus contemporáneos lo colocaban al mismo nivel que Avicena en conocimientos
de filosofía y una autoridad en astronomía. Le encargaban arduas tareas como la
construcción de observatorios, recomposición del calendario y cosas por el estilo, que
realizó con gran éxito. Se sabe que viajó a Samarcanda, Balj, Herat, Isfahán y la Meca.
Se cuenta que era de fuerte carácter, muy criticado y rechazado por los estrictos ulemas
y el pueblo llano debido a su postura frente al hecho religioso, pues dudaba de la
Resurrección, del Juicio Final y era de la opinión que había que disfrutar de los placeres
de la vida.
Fitzgerald (1809-1883). Fue el primero en traducir los Robaiyat a una lengua occidental. Fot.de www.todayinliterature.com
No es menester hablar mucho de Omar Jayyam pues de él ha corrido ríos de tinta en
Occidente, y sus versos nihilistas, los Robayyat, han sido traducidos a muchas lenguas
europeas. Curiosamente, en Persia, siempre ha sido conocido más como astrónomo y
matemático, y los persas siempre dicen que es el "poeta persa de los occidentales". Ello
no quiere decir ni mucho menos que en Irán no sea apreciado su genio literario, lo que
ocurre es que su versos nihilistas han causado a lo largo de muchos siglos cierta repulsa
en una sociedad de por sí religiosa. Sea de ello como fuere, hay algunos eruditos persas
(y occidentales) que han querido ver en los versos de Omar Jayyam una obra mística y
que todas esas alusiones al vino, a la buena vida y las mujeres no son más que
simbología o alegoría sufí, como de hecho ya existen en otras obras de reconocida
naturaleza mística. Es cuestión de opiniones. Sea cierto o no, la verdad es que la fama
como poeta persa subió desde que el británico Fitzgerald hiciese la primera versión
inglesa de sus versos a finales del siglo XIX, que fueron de un éxito rotundo, saltando la
fama de Jayyam allende las fronteras de Persia.
El carácter incrédulo de los Robayyat ha hecho que éste haya sido muy falseado ya que
después, a todo aquel que en Persia se le ocurría un verso algo herético, se lo atribuía a
Jayyam para no verse comprometido. Los especialistas han intentado dilucidar con más
o menos éxito qué versos eran realmente del astrónomo de Neyshabur, pero en la
mayoría de los casos, esto ha supuesto una tarea imposible.
La obra casi íntegra de Omar Jayyam es de índole científico, a excepción de su
"Robayyat" y un libro llamado el "Nowruz Nameh" (que trata sobre el origen de la
fiesta persa del año nuevo).
Omar Jayyam murió en Neyshabur más o menos en el año 1123. Su tumba se encuentra
en dicha ciudad, cerca de la de ‘Attar.
Mausoleo de Omar Jayyam en su ciudad natal, Neysahbur, a diez minutos caminando de la del místico ‘Attar. Fot. de
www.aprcwsis05ir
Mahmud Doulatabadi
Mahmud Doulatabadi es uno de los escritores vivos más importantes de Irán. Nació en
Sabzevar en 1940. Su más tierna infancia, pues, la pasó durante la II Guerra Mundial en
la que Irán se vio implicada, además de ocupada por los Aliados. El resultado de todo
esto fueron varias hambrunas y períodos de pobreza y escasez entre la población de los
que no se libró el escritor.
En su juventud Mahmud Doulatabadi ejerce varios oficios, todos ellos humildes.
Trabaja en la tierra, de pastor, de recadero de un zapatero, en un taller ayudando a su
hermano y a su padre, de ayudante de barbero... el mundo de todos los oficios que
ejerció en su juventud se reflejará luego en su obra. Más tarde marchará a Mashad para
poco después irse a Teherán donde trabajará como tipógrafo, acomodador de cine,
reclamador de obras de teatro, delegado de un periódico... A su llegada a la capital
comenzó viviendo en la indigencia teniendo que pernoctar en las calles o allí donde
podía.
En el Teherán de los años sesenta en cuando Mahmud Doulatabadi conoce el teatro, que
estudia durante un año. Se convierte en el primero de la clase. Trabaja como actor en
varias obras teatrales tras lo cual sube de escalón y pasa a formar parte de la directiva de
programación, cuya permanencia es breve pues al joven Mahmud Doulatabadi no le
agrada y se marcha a formar parte del Grupo de Arte Nacional, con lo que comienza una
etapa de su vida muy fructífera.
Trabaja como actor de teatro de numerosas obras durante la década de los sesenta. En
1974 es invitado por un director teatral a interpretar el papel principal en una obra de M.
Gorki, "En las profundidades." Esta es su última obra de teatro ya que después es
detenido por la policía y encarcelado. Desde 1961 hasta 1974 Mahmud Doulatabadi
alternaba el teatro con su labor de escritor. Durante su encarcelamiento deja de escribir.
En 1962 publica su primera obra, "Tah-e-shab" (El fondo de la noche). En 1968 publica
una recopilación de relatos a la que tituló "Layeh haye biabani" (Los sustratos del
desierto). "Safar"(El viaje), su primera novela extensa. "Avsane-ye-Baba Sobhan" (La
historia de Baba Sobhan), trata sobre la humilde vida de una familia de aldeanos,
narración muy basada sobre todo en los diálogos de los personajes, escritos en el
dialecto particular de Jorasán. "Pashiru", muy diferente de la anterior, "Gavareban". En
1974 publica "Mard" (El hombre), que trata sobre un joven que se va convirtiendo en
hombre. Luego publica "Aqil Aqil", "Az jam-e-chanbar", "Didar-e-baluch" que no es
una novela sino un relato de un viaje que hizo a Baluchistán. "Ŷa-ye-jali-e-Saluch" (El
lugar vacío de Saluch), "Ruz ha-ye-separi shode-ye-mardom-e-saljorde" (Los días
pasados de la gente anciana) ambas novelas consideradas como grandes obras por
muchos.
"Kaleydar", la obra más larga de literatura persa del siglo XX. Está escrita en diez
volúmenes (3000 páginas). En esta extensa novela Mahmud Doulatabadi elogia el
trabajo, la vida y la naturaleza. La novela gira alrededor de la lucha que mantienen los
súbditos contra su gobierno despótico y sus agentes. En ella podemos leer cómo unos
funcionarios intentar violan a la mujer de Gol Mohammad, el protagonista, y que éste
para defender su honor los mata. Luego es delatado y encarcelado, pero al poco tiempo
logra huir. Su familia se rebela contra la autoridad del Gobierno, y el mismo fugitivo
también se levanta para apoyar a los desprotegidos y desheredados. El mismo autor
revela que no cree que podrá volver a reunir las fuerzas y el coraje suficientes para
hacer algo más completo que Kaleydar. Invirtió 15 años de su vida en escribirla y en
ella intervienen más de sesenta personajes minuciosamente descritos para poder recrear
la vida rural y sus ancestrales costumbres. Esta obra le consagra definitivamente como
uno de los escritores iraníes más importes del siglo XX. "Soluk" es una de sus últimas
obras y ya se han publicado tres ediciones.
En todas las obras de Mahmud Doulatabadi se reflejan la pobreza, la vida del
vagabundo, y los problemas que acucian a los campesinos. También en ella se le da un
valor especial a los recuerdos que guarda de su padre y una gran devoción por el
escritor, Sadeq Hedayat, que se suicidó en 1951.
En su obra Mahmud Doulatabadi se muestra esperanzado de la vida, aunque ello no
quita que muestre su hastío, derivado de la ruda y dura vida que había llevado en su
niñez y primera juventud. Su realismo hace que se ocupe más bien del exterior de los
personajes que de su interior, a veces esto lo lleva hasta el extremo de parecer que los
personajes de sus narraciones carecen de vida interior. La temática de sus obras gira
alrededor de dos ejes; el campo y la ciudad, o según sus palabras"tienen dos vetas, la
campestre y la ciudadana".
Mahmud Doulatabadi utiliza en sus obras un lenguaje local, de la zona, muchas veces
cotidiano, quizás con la intención de otorgarle más realismo y naturalidad a los diálogos
y escenas. En algunas ocasiones abusa del uso de estos regionalismos y hay que añadirle
a la obra un glosario. Los personajes de sus novelas son casi todos aldeanos que se
afanan por ganarse el pan y que son presentados como héroes y personas valientes que
saben afrentar la dureza de ganarse el sustento. Son presentados como pobres, no como
miserables. Otros escritores antes que Mahmud Doulatabadi ya abarcaron en algunas de
sus obras la problemática de la población rural, pero nunca con la extensión y
profundidad de Mahmud Doulatabadi.
Mehdi Ajavan Sales
Mehdi Ajavan Sales, uno de los más importantes poetas contemporáneos, nació en
Mashad en 1929. Primero se aficionó a la música pero chocó con la oposición de su
padre. Compuso su primer poema a los 17 años. Por estos días un viejo maestro de la
Academia Literaria de Mashad le puso el sobrenombre de Omid (esperanza) que ya
llevó el resto de su vida.
Cursó sus estudios primarios y secundarios en su ciudad natal. En 1947 terminó sus
estudios de formación profesional en la rama de herrería, tras lo cual comenzó a trabajar
en este oficio. Más tarde se marchó a Teherán donde estudió magisterio y comenzó a
ejercer de profesor en las ciudades de alrededor como Varamin y Karim Abad. Estuvo
varias veces en la cárcel y en una ocasión fue deportado a Kashán. Se casó en 1950 con
su prima, Iran Ajavan Sales.
En 1951 publicó "Arganun", su primera recopilación de poemas. Este mismo año es
nombrado director de la página literaria de la revista "Los jóvenes demócratas", de corte
militante político, cargo que le ayudó a conocer a otros talentos literarios de la época.
En 1953, tras el golpe de estado de Mohammad Reza y la caída del doctor Mosaddeq,
fue de nuevo encarcelado acusado de participar en actividades políticas.
Tras ser liberado en 1957 se puso a trabajar en la radio y poco más tarde en la
televisión de Juzestán. En 1974 regresó a Teherán y esta vez ingresó en Radiotelevisión
Nacional.
En 1977 comenzó a impartir clases de poesía del período samaní y moderno en varias
facultades de Teherán, y dos años más tarde, tras la caída de los Pahlavi, trabaja en el
Instituto de Publicaciones y Enseñanza de la Revolución Islámica. En 1981 se retiró de
todos sus cargos estatales. En 1990 salió por primera y última vez al extranjero, invitado
por la Casa Cultural de Alemania para participar en un ciclo de poesía. Durante este
viaje, que duró varios meses, visitó Gran Bretaña, Dinamarca, Suecia, Noruega y
Francia. En septiembre de este mismo año murió en un hospital de Teherán y fue
enterrado en Tus (cerca de Mashad), junto a la tumba de poeta épico Ferdousi.
Tumba de Ajavan Sales, junto al mausoleo del poeta épico Ferdousi.
Mehdi Ajavan Sales es sin duda uno de los grandes autores de la moderna poesía persa,
llamada en Irán poesía nimai por haber sido Nima Yushij su primer exponente. El estilo
poético de Mehdi Ajavan Sales, es, la mayor parte de las veces, épico, vinculado a la
antigua mitología persa e inspirado en el "Libro de los reyes" de Ferdousi.
Desde su primera juventud también escribió versos sobre la situación política del
momento en un lenguaje figurado y metafórico, siendo el mejor ejemplo conocido su
poema "Zemestán" (Invierno) donde metafóricamente alude a la presión y tiranía de los
Pahlavi. Otro poema conocido suyo es "Ajar-e-Shahnameh" (El final del Libro de los
Reyes), publicado en 1959, donde el poeta expresa su desesperanza por la situación
social.
Mehdi Ajavan Sales no solo destacaba como poeta. También ha ejercido como escritor,
traductor y crítico, faceta ésta última en la que destacó como uno de los primeros
críticos que desgranaron la poesía moderna o nimai.
Mohammad Ali Ŷamalzadeh 1895-1997
Ŷamalzadeh, uno de los más grandes escritores iraníes del siglo XX, nació a finales del
siglo XIX en Isfahán, según él mismo, el 24 de enero de 1892, aunque la fecha es
discutida. Su padre fue el reputado clérigo Vaez Isfahani, célebre en la historia del Irán
contemporáneo por su lucha a favor de la Constitución de 1906. Podemos suponer que
Ŷamalzadeh pudo tener una educación muy selecta, que fue luego complementada con
estudios en extranjero. A los 17 años marcha a Beirut y después de un tiempo se va a
París donde estudia Derecho. Después se marcha a Alemania donde permanecerá 15
años. Allí pasa a ser funcionario de la Embajada de Irán en Berlín, se une a un grupo de
nacionalistas persas, mientras también escribía artículos para la revista literaria en persa
Kaveh y es en esta revista donde publica su primer relato, "Farsi shekar ast" (El persa es
azúcar) que luego formará parte de "Yeki bud yeki nabud" (Érase una vez). En 1932 se
marcha a Génova, Suiza, y allí comienza a trabajar en la Oficinal Internacional del
Trabajo. En 1979, tras el regreso del ayatolá Jomeini regresó a Irán y simpatizó con los
cambios del nuevo gobierno islámico. Murió longevo en Suiza con más de cien años.
Su primera obra, que fue además su obra maestra, "Yeki bud yeki nabud" fue publicada
en 1921 y supone un punto y aparte en la historia de la literatura persa. Por este libro
Ŷamalzadeh es considerado el iniciador de la prosa realista persa. Se podría decir que
Ŷamalzadeh hizo en prosa lo que Nima Yushij hizo en poesía; remover los cimientos de
la prosa y el estilo que los persas llevaban escribiendo durante más de mil años.
Como todos los renovadores e innovadores, la publicación de "Yeki bud yeki
nabud"levantó ampollas en el mundo literario iraní y el joven Ŷamalzadeh se ganó
muchos detractores, algo que al parecer le desanimó bastante pues de hecho tardó
mucho en volver a coger la pluma. En palabras del historiador de la literatura persa,
Yahya Arianpoor, "El joven escritor se había atrevido por primera vez, en contra de las
costumbres y de la tradición, a expresarse en la lengua coloquial, la que se usa en las
calles y en los bazares, con su terminología y su fraseología, y describir las situaciones,
los ánimos y los personajes tal como son. Sin embargo, los lectores inteligentes y
entendidos veían que algo nuevo estaba a punto de ocurrir en la literatura de Irán."
Es menester apuntar que Ŷamalzadeh no fue el primero que escribió con este estilo. A
finales del siglo XIX y principios del XX nos podemos encontrar con otras obras como
"El libro de viajes de Ibhahim Ali Big" de Zin al-Abedin Maraghei o "Charand-oparand"(de Dehjoda), escritas en un estilo coloquial e informal. Pero Ŷamalzadeh
perfecciona bastante esta nueva práctica. "Yeki bud yeki nabud" es una colección de
relatos cortos donde el autor expone los problemas de la sociedad de entonces, pero lo
hace a través de unos relatos de naturaleza jocosa y divertida. La obra sigue teniendo
hoy sus lectores pues no ha pasado de moda. El lector se encuentra en esta obra y en las
que escribió el resto de su vida, con un narrador que cuenta las escenas en primera
persona, como un espectador, de una forma cómica y satírica, como si de un recuerdo se
tratase.
El resto de sus obras, que nunca llegaron a alcanzar la fama de la primera, en la que el
mismo Ŷamalzadeh se inspiró, fueron, "Sargozasht-e-Amu Hoseynali" (La vida del tío
Huseyn Ali) (1942), Sar-o-tah-e-yek karbas (La cabeza y el fondo de un saco) (1944),
"Talj-o-shirin" (Amargo y dulce) (1955), "Shahkar" (La obra maestra) (1958), "Gueir az
Joda hichkas nabud" (No había nadie excepto Dios) (1961)
También tradujo al persa obras occidentales como "El avaro", de Moliere, y "Guillermo
Tell", de Schiller, y escribió unos 200 artículos.
Muchos han criticado a Ŷamalzadeh por haber repetido el mismo fondo y las mismas
cuestiones en sus diversos libros, y que éstos sólo sacan a relucir cuestiones del pasado.
Quizás esta crítica no sea en vano habida cuenta de que Ŷamalzadeh se marchó muy
joven del país y ya no volvió a vivir más en él, excepto un período tras el triunfo de la
Revolución Islámica. Es por ello que en ninguna de sus obras se reflejan los problemas
de la sociedad moderna de Irán, por lo menos la relacionada con la II Guerra Mundial
en adelante. Ŷamalzadeh es considerado en Irán el "padre del relato corto"
Rumí
Ŷalal al-Din Mohammad Rumí, también conocido por Moulaví o simplemente Rumí
(Bizantino, en árabe y persa), es, junto a 'Attar el mayor poeta místico nacido en Persia.
Su rango como sufí llegó a tal punto que también es llamado Moulanâ (nuestro señor,
en árabe).
La imagen más conocida de Moulana.
Nació en Balj (actualmente en Afganistán) en 1207. El sobrenombre de Rumí es debido
a que pasó la mayor parte de su vida y murió en la ciudad de Konya (en la actual
Turquía), pero él siempre se consideró a sí mismo un persa jorasaní. Su padre, Baha alDin Valad, era un gran maestro y orador, respetado por el pueblo incluso por el sultán
Mohammad Jarezmshah. Baha al-Din y su familia se marchó de Persia cuando Rumí no
era más que un niño. Permanecieron un tiempo en Samarcanda, tras lo cual se dirigieron
a la Meca de peregrinación. Se cuenta que durante este viaje, al pasar por Neyshabur, el
ya anciano Attar fue a ver a Baha al-Din y le regaló una copia de su "Asrar Nameh"
(Libro de los secretos), y que, cuando vio al entonces niño Moulaví dijo: "Dentro de
poco este muchacho hará arder a los ardientes del mundo." De regreso de la Meca,
pasaron por Siria y acabaron estableciéndose en Asia Menor. Allí se casó Rumí
tomando por esposa a Gouhar Jatun, y, cuatro años después, marcharon padre hijo y
familia a Konya por expreso deseo del sultán selyúcida de Rum. Cuando el sustituto de
su padre murió en el 1240, Rumí lo sustituyó en la cofradía y allí se dedicó a la
instrucción, enseñanza y guía de los fieles hasta que cinco años después aparecía en
Konya Shams Tabrizi. La vida de Rumí cambió de forma radical tras conocer a este
gran y efusivo derviche. Su nombre real era Mohammad b. Ali b. Malekdad y se sabe
que murió en 1247. Como su nombre indica, era natural de Tabriz. Llegó a Konya en
1244 y al año siguiente se marchó a Damasco causándole a Rumí un gran trastorno y
sumiéndose éste en una melancolía por la partida del amigo. Cuando supo Rumí que
Shams Tabrizi se encontraba en Damasco, comenzó a escribirle cartas y poemas y a
enviarle mensajes. Poco más tarde, envió Rumí a Damasco a su propio hijo Sultán
Valad acompañado de varios amigos, para que lo buscasen y le invitasen a regresar a
Konya. Shams Tabrizi aceptó y se presentó en Konya acompañado de Sultán Valad.
Pero esta nueva estancia no duró mucho pues se vio enfrentado a los prejuicios de la
gente teniendo que salir de la ciudad al año siguiente con destino incierto. Rumí hizo
todo lo posible por encontrarlo. Llegó incluso a viajar en dos ocasiones a Damasco, mas
su búsqueda fue en vano. La llama y la pasión por la amistad de Shams Tabrizi y la
melancolía que por él sentía, le inspiró para escribir una de las más maravillosas y
extensas obras místicas de la literatura persa, el "Divan-e-Shams-e-Tabrizi" (el
Poemario de Shams Tabrizi), escrito en versos monorrimos (gazal). Shams Tabrizi, al
que Rumí tenía como ejemplo de hombre perfecto, le hizo desatender sus ocupaciones
en la cofradía sufí, algo a lo que el propio Rumí hace referencia en sus poemas.
Escena del Divan de Shams-e-Tabrizi. Fot. de classes.bnf.fr
Años más tarde, Rumí compuso el Masnavi, su segundo libro y la obra cumbre de su
vida. Rumí murió en 1273. Todos en Konya asistieron a su entierro, grandes y
pequeños, musulmanes, cristianos y judíos. Su mausoleo se encuentra en dicha ciudad y
su cofradía o tariqa sigue hoy en funcionamiento, se trata de la orden de los Derviches
Danzantes que bailan dando vueltas hasta entrar en trance.
Moulana es tenido por los literatos y poetas persas y por los orientalistas como uno de
los grandes poetas de Persia, tiene un rango especial y cada uno lo elogia desde un
punto de vista diferente. Es conocido entre persas y no persas como uno de los místicos
más importantes de la Humanidad, poeta de gran talento, filósofo agudo y elogiado por
cada una de sus cualidades personales. Su posición en el mundo de la poesía es tan alto
que algunos le consideran el mayor poeta del mundo, otros el mayor poeta de Persia, y
otros, uno de los 4 ó 5 poetas persas más grandes. Su tumba en Turquía es un centro de
peregrinación muy importante y a ella acuden religiosos de todo el mundo islámico.
El Masnaví (Dístico), tal como reza su título es una obra escrita en versos pareados. Se
trata de su obra cumbre, de tal manera que se le llama también el "Corán en lengua
persa". Lo que más llama la atención de ella es su variedad temática y la cantidad de
alegorías que utiliza Rumí para expresar su sentir místico. Ello hace que tras el lenguaje
sencillo (a veces casi coloquial) del Masnaví, se esconda una multiplicidad de
acepciones que dan pie a varias interpretaciones, algo muy característico de las obras
sufíes. En el Masnaví nos encontramos con "historia sagrada", aleyas coránicas,
tradiciones o dichos del Profeta, todo ello narrado de tal manera que destila misticismo.
También podemos encontrar historias de naturaleza obscena, algo que sorprende sobre
todo a los occidentales. Algunas de sus historias están tomadas de "Calila y Dimna", y
otras de las obras del poeta Nezami de Ganjeh, Attar e incluso de Avicena.
La otra obra, el "Divan-e-Shams-e-Tabrizi" (el Poemario de Shams Tabrizi), también
llamado "Divan-e-Kabir" (Gran Poemario). Otras obras más pequeñas son Robayyat
(cuartetas) y "Fihi ma fihi", en prosa.
Mausoleo de Rumi en Konya, Turquía.
Naser Josrov 1003-1088
Poeta, filósofo, escritor, Naser Josrov es una de las grandes figuras no sólo en la historia
de la literatura persa sino del pensamiento religioso islámico.
Nació en Qobadian, cerca de Balj (actualmente en Afganistán) cuando la dinastía
gaznaví tenía sólo 4 años de edad. Su nacimiento en una familia acomodada y cuyos
miembros eran altos funcionarios de la Administración, hizo que muy joven aún se
incorporase a trabajar como funcionario al servicio de la Administración gaznaví. Ello
no quitó que desde su primera juventud iniciase sus estudios en todas las ramas del
saber de aquella época y pronto las dominase con maestría. En cuanto a las ciencias, lo
que se estudiaba en aquel entonces era el Almagesto de Ptolomeo, la Geometría de
Euclides, medicina, música, aritmética, astronomía y filosofía. Estudió también
profundamente retórica y teosofía. Todos estos eran conocimientos que se ven
reflejados en su extensa obra y de los cuales incluso Naser Josrov a veces se jacta.
De joven se incorporó a trabajar bajo los auspicios del gobernador de Balj, y pronto
ascendió en la escala hasta llegar a servir al sultán Mahmud y a su hijo Mas'ud, algo que
cuenta él mismo en su Safarnameh (Libro de Viajes). A los 43 años tuvo un sueño
revelador que le hizo abandonarlo todo e iniciar su peregrinación a la Meca llevándose
consigo a su hermano Abu Sa'id y a un sirviente indio. Este viaje duró siete años y
durante el mismo Naser Josrov visitó cuatro veces la Meca. Recorrió casi toda Persia,
Armenia, Asia Menor, Alepo, Trípoli, Siria, Palestina, la península Arábiga, Egipto,
Qayrawan, Nubia y Sudán. Fue en el Egipto de los Fatimíes donde Naser Josrov
permaneció más tiempo, unos tres años. Fue entonces cuando entró al servicio del califa
fatimí al-Mustansir y cuando se convirtió al shiísmo septimano o ismailismo, algo que
marcaría su vida intelectual y religiosa, y que además le inspiró para la redacción de
libros y divanes (poemarios) que serían obras cumbres en la literatura persa en general y
del pensamiento septimano en particular. Se inició en esta doctrina y pasó todos los
grados hasta llegar al rango de Hojjat, convirtiéndose pues, en uno de los doce hojjats
del ismailismo. Debido a que era persa, al-Mustansir le envió a Persia para difundir la
doctrina ismailí en Jorasán y conseguir adeptos a la causa fatimí.
Así hizo y cuando llegó a Balj tuvo una vida ascética a la vez que se dedicaba a
propagar la fe por todo el Gran Jorasán. La predicación de su doctrina y el discutir con
los ulemas sunníes no hizo sino causarle problemas de tal manera que finalmente tuvo
que huir de Balj. Hay que tener en cuenta que el pueblo de Jorasán sentía una aversión
hacia los shiíes en general y a los ismailíes en particular, por lo que cabría pensar que si
Naser Josrov pudo salvar, a pesar de todo, la vida, ello era debido al respeto que por él
sentía la población debido a su sabiduría. Naser Josrov huyó a Mazandarán donde
permaneció un tiempo y luego marchó a Neyshabur. Sin embargo, no pudo soportar
mucho tiempo la presión de los sunníes y se marchó al lejano pueblo de Yamkan, en
Badajshán (una región montañosa situada entre Afganistán y Tayikistán). Allí estableció
el pensador de Balj su cuartel general y reinició su afán de propagar el ismailismo. Si
bien no se sabe la fecha exacta en que llegó a Badajshan, sí se puede desprender de
algunos de sus poemas que permaneció los últimos 15 años de su vida. Curiosamente
allí fue donde tuvo cierto éxito ya que consiguió convertir a bastante gente al shiísmo
septimano y todavía hoy, en Badajshan y la zona adyacente como Juqand y Qaratkin
siguen existiendo ismailíes.
En los poemas que escribió durante su exilio en Badajshan se refleja la pena del poeta
por la lejanía de su tierra natal y lo vemos lleno de melancolía. Durante su vejez en
aquella región oriental, las cosas empeoraron pues se formó una revuelta contra él;
todos lo tenían como su enemigo, desde el califa abbasí hasta el jan turco de Kashgar.
Los alfaquíes sunníes, los agentes abbasíes y el común de las gentes veían en él a un
renegado, un apóstata, un qármata y un mu’tazilí, y no dejaban de maldecirle en lo alto
de los púlpitos. Naser Josrov, que amaba en extremo su tierra natal, Jorasán, deseaba
con todas sus fuerzas regresar, pero allí también se le tenía por un renegado por lo que
tuvo que morir en Yamkan, donde se encuentra hoy su tumba. Su muerte acaeció allá
por el año 1088, aunque hay discrepancias.
Obra
Naser Josrov escribió tanto en prosa como en verso. Entre sus obras en verso cabe
destacar: "Divân-e-Ash'âr" (Poemario) que contiene más de 12.000 casidas además de
otros tipos de versos, y cuya temática es filosófica y religiosa-moral.
ntre sus obras en prosa la más conocida es el "Safarnameh" (Libro de Viajes) traducido
a varias lenguas europeas. En ella el autor narra en un lenguaje muy sencillo todo lo
acontecido durante su viaje de siete años. Otra obra importante en prosa es "Zâd alMosâferin" (La provisión de los viajeros), que contiene sentencias de carácter moral,
religioso y filosófico. En ella el autor pretende demostrar sus ideas ismailíes y él mismo
se jactaba de ellas mencionándolas muy a menudo en sus poemas. "Ŷame' alHekmateyn" (La conjunción de las Dos Sabidurías), traducida al francés por H. Corbin.
La obra fue escrita por petición del emir de Badajshan, como el mismo poeta comenta
en el prólogo. La obra también es una apología del ismailismo.
Naser Josrov escribió otras obras que no se han mencionado en esta breve exposición.
Otras muchas son también las que se le atribuyen y además otras muchas son
mencionadas por otros escritores, de las cuales no hay ni rastro.
Naser Josrov fue un gran poeta y además una de las luminarias del pensamiento shií
ismailí. Su estilo, sin ser enrevesado, no deja de ser genial, y éste se asemeja más al del
periodo de finales de los Samaníes y principios de los Gaznavíes, es decir, tiene un
estilo algo arcaico. Su obra adquiere nuevos matices y una nueva temática tras su
conversión al ismailismo y en ella es latente las intenciones proselitistas de Naser
Josrov. Este hecho le da a Naser Josrov más mérito si cabe por cuanto él fue capaz de
versificar algo tan complejo como lo es la argumentación y la apología religiosa. A este
respecto se puede afirmar que Naser Josrov se aleja de los convencionalismos de otros
poetas que cantaban al amor, a la naturaleza, es decir, al mundo externo, mientras que el
poeta jorasaní escribía y versificaba completamente acerca de una temática, religiosa,
lógica, argumental, en definitiva, una temática de naturaleza racional y apologética.
Nima Yushij
Uno de los poetas más importantes del panorama literario del Irán del siglo XX,
principalmente, por haber sido el fundador de la poesía moderna persa, llamada en Irán
precisamente poesía "nimai" o simplemente "she'r-e-no" (nueva poesía).
Ali Esfandiari, más conocido con su seudónimo de Nima Yushij, nació en la aldea de
Yush, en Mazandarán en 1897 en el seno de una familia de noble abolengo. Aprendió a
leer y a escribir con el mollah de su aldea. En Teherán completó sus estudios superiores
en la Escuela de San Luís. En dicha escuela un profesor le guió en sus primeras
andanzas poéticas. Al principio componía versos siguiendo los patrones de la poesía
clásica, para poco después seguir su propio camino, completamente innovador y sin
precedentes en la poesía persa, pues introdujo la poesía blanca, carente de rima y de
metro. Nima era de la opinión que el metro y la rima no forman parte de la esencia de la
Poesía, postura ésta que no impedía que Nima fuese un acérrimo defensor de la poesía
clásica persa. Nima alternó la composición de poemas modernos con otros al estilo
clásico. En 1921 compone "El cuento descolorido" que es publicado en una revista
literaria en el susodicho estilo moderno cuya ruptura de moldes le valen las críticas,
ataques y burlas de los literatos de la época. No obstante, otros poetas y escritores, la
mayoría jóvenes, aplaudieron la iniciativa del poeta de Mazandarán, entre estos se
encontraban Mehdi Ajavan Sales y Sohrab Sepehri.En 1922 publica "El cuento" y en
1924 "La familia del soldado". Nima murió en 1958 dejando un rastro en la literatura
persa seguido por muchos.
Rudakí 858-941
El olor del arroyo Mulian viene a mí
bu-ye-ŷu-ye Mulian âyad hami
El recuerdo del amigo viene a mí
yâd-e-yâr-e-mehrabân âyad hami
Los guijarros del Amu Daria y su rigidez
rig-e-Amu o doroshtiha-ye-u
Se me antoja como seda bajo mis pies zir-e-pâyam parniân âyad hami
Oh Bujara regocíjate y vive una larga vida
ey bojârâ shâd bâsh o dir zéi
Que el emir de tu vida, invitado viene a ti
mir-e-zei to mihmân âyad hami
[...]
Este fragmento forma parte de uno de los panegíricos más bellos de la temprana poesía
persa del siglo X. Este verso lo compuso Rudakí para persuadir a Nasr II a que
abandonase Herat y regresase a Bujara. Se cuenta que cuando el rey samaní lo escuchó,
se emocionó de tal modo que le regaló 10.000 dinares al poeta, se montó en el caballo
que más a mano tenía y salió galopando hacia Bujara.
Abu Abdullah Ŷa'far b. Mohammad, más conocido como Rudakí, llamado así por
haber nacido en Rudak, una aldea cerca de Samarcanda, es el primer gran poeta de la
literatura persa. Él es el "Berceo" de la literatura persa y como Homero para los griegos,
es el "padre de la poesía persa". Merced a su gran talento poético se mereció ponerse al
servicio de la corte samaní como panegirista del rey Nasr II (914-943). Ciego, muy
probablemente de nacimiento, su habilidad tocando el laúd al que acompañaba con sus
poemas hacía las delicias del serrallo al que podía acceder gracias a su ceguera.
Mausoleo de Rudaki en Tayikistán, donde también es poeta nacional. Téngase en cuenta que Irán, Afganistán y Tayikistán
comparten lengua y literatura.
Se le atribuye la composición de más de 100.000 versos aunque ni siquiera mil han
llegado hasta nuestros días. Además también tradujo del árabe las famosas fábulas de
origen indio "Calila y Dimna" que luego llegarían a la literatura española y que serían la
fuente de inspiración de poetas como Samaniego. Lamentablemente, esta traducción al
persa de "Calila y Dimna" también se ha perdido y de ella quedan sólo unos cuantos
fragmentos dispersos. También se le atribuye la versificación de un libro llamado
"Sandbâd Nâmeh"(El libro de Simbad), que no se ha conservado, y la invención del
verso robâ'í (cuarteta) tan conocido en Occidente por ser el usado por Omar Jayyam.
Su estilo es sencillo, con pocas palabras árabes, sin que ello merme un ápice de su
genialidad. Sus poemas son optimistas y en ellos se canta a la belleza y a la alegría de la
vida, además de loar a los emires y reyes samaníes. Sin embargo, al final de su vida el
tono de sus poemas cambia radicalmente y se vuelve aciago y triste, se lamenta por la
juventud pasada, por la decrepitud y la vejez que se avecina.
Sello conmemorativo de Rudaki de 1964.
Rudaki tuvo una vida dichosa viviendo en la opulencia de la corte samaní. Sin
embargo, de los poemas que se han conservado se desprende que murió en la indigencia
y en la penuria, expulsado de la corte del rey al que había servido tantos años. Murió
allá por el año 941 en un lugar sin determinar de Jorasán.
Sadeq Hedayat 1903-1951
Para muchos, el escritor iraní más importante del siglo XX. Sadeq Hedayat nació en
1903 en Teherán. Su familia pertenecía a la aristocracia y muchos de sus miembros
habían sido destacados políticos e intelectuales del siglo XIX. Así, su padre, Hedayat
Qoli Jan Hedayat (E�tezad al-Molk) era hijo del político Ŷa�far Qoli Jan Hedayat.
También su madre, Azra, era una mujer de alta alcurnia cuyo padre era otro personaje
de la política, Hoseyn Qoli Jan (Mojber al-Douleh). Los padres de Sadeq Hedayat eran
descendientes ambos de Reza Qoli Jan Hedayat, uno de los literatos más importantes
del siglo XIX, que también ejerció algunos cargos públicos.
Sadeq Hedayat ingresó en la escuela primaria en 1908. En 1918 comienza sus estudios
secundarios en el Instituto Politécnico de Teherán, más conocido como Dar al-Fonun,
en su época, símbolo de la modernidad, pero al año siguiente lo abandona para seguir
estudiando en la escuela de San Luís, donde conoce la lengua y literatura francesas. En
1925 termina sus estudios secundarios y al año siguiente marcha a Bélgica con una
beca. Allí comenzó a estudiar en una universidad pero pronto se fue a París por no
adaptarse al clima.
En 1928 hizo su primera tentativa de suicidio en un río de París, intento frustrado por
unos barqueros que lo rescataron. En 1930 regresa a Irán y comienza a trabajar en el
Banco Nacional. Fue en estos días cuando se formó el Grupo de los Cuatro, formado
por Bozorg Alavi, Mas'ud Farzad, Moŷtaba Minovi y Sadeq Hedayat. En 1932 se
marcha a Isfahán, dimite de su empleo en el banco y comienza a trabajar en la Oficina
General de Comercio, empleo del que dimite en 1934 para trabajar en el Ministerio de
Asuntos Exteriores. En 1935 es investigado por las Fuerzas del Orden por algunas cosas
que escribió en su obra "Vagh vagh sahab" (Guau guau amo). En 1936 viaja a la India
donde aprendió pahlavi (persa medio o sasánida) con un sacerdote zoroastriano; esta es
su etapa nacionalista. Al año siguiente regresa a Teherán donde vuelve a emplearse de
nuevo en el Banco Nacional. Allí sólo trabajaría un año pues en 1938 dimite y comienza
trabajar en la Oficina de Música de Irán. Comienza a colaborar con una revista de
música y en 1940 consigue un empleo de traductor en la Facultad de Bellas Artes. En
1943 comenzó a colaborar con la revista literaria "Sojan". En 1945 viaja a Tashkent,
(Uzbekistán) invitado por la universidad. Por esas fechas también empieza colaborar
con la revista literaria "Payam-e-nur" y se le hace el primer homenaje a su persona, en
Irán y en la URSS. En 1949 es invitado oficialmente al Congreso Mundial de los
Pacifistas, pero no puede asistir por problemas burocráticos. En 1950 va de nuevo a
París. El 7 de abril de 1951 se suicida dejando abierta la llave de gas. Se encuentra
enterrado en París.
Sadeq Hedayat es el verdadero fundador del relato corto en la literatura persa. Estaba
muy influido por Poe, Dostoievski, Chejov, y sobre todo por Kafka (que tradujo al
persa) aunque él mismo negaba aquella influencia, excepto en sus primeras obras, y
decía haber estado influido por el Conde de Gobineau, un diplomático francés que había
sido embajador en Teherán a mediados del siglo XIX, escritor de numerosas obras
literarias y ensayos.
Sadeq Hedayat era un escritor introvertido, crítico de la sociedad tradicional y religiosa
de su país, faceta ésta que le ha valido también muchos detractores entre los iraníes.
Hedayat huía de sociedad, de la gente, nunca se casó y siempre vivió en la casa de su
padre. En realidad su forma de ser se refleja en muchos de los protagonistas de sus
relatos, es más, muchos de ellos acaban suicidándose o simplemente muriendo. Sus
personajes "están ahogados en su soledad y en su ambiente" (Mir Sadeqi). Hedayat
tiende representar muchas de las escenas de sus relatos con imágenes del más allá,
oníricas, y ello hace que muchos de sus narraciones sean surrealistas, como por el
ejemplo el que da título a la recopilación de relatos cortos "Tres gotas de sangre" que
trata de las memorias de un loco que confunde la realidad con la imaginación. Hedayat
es nihilista y pesimista y "en el gran juego de la vida en la que el ser humano no es más
que un títere en las manos de destino la única vía de escape es el suicidio" (Mir Sadeqi).
Hedayat nos habla del vacío y la vanidad de la vida, para él cada día en este mundo es
un esfuerzo supremo que tiene que hacer para pasarlo.
No obstante, también tiene relatos es los que se refleja la problemática social de la
época, de los pobres, de los oprimidos, del régimen corrupto de la época, del ambiente
de opresión que se respiraba, en definitiva, tiene algunas obras pertenecientes a la
literatura comprometida.
Hedayat tiene también una faceta nacionalista en la que se lamentaba de la gloria
perdida de la antigua Persia. De hecho, marchó a la India para aprender pahlevi. Esta
faceta de exaltación de lo iranio y de las tradiciones persas se refleja en algunos relatos,
y además en una introducción que escribió a las cuartetas de Omar Jayyam.
Pero fue su obra maestra, "Buf-e-kur"' (El búho ciego) la que le dio fama, primero a
nivel nacional y después a nivel internacional por cuanto ha sido traducida a muchos
idiomas, entre ellos el español. "El búho ciego", parafraseando al crítico iraní Mir
Sadeqi, es una válvula al mundo interior de la persona, cava en otra dimensión de la
vida interior y oculta, y el relato transcurre en ambos mundos, el aparente y el onírico.
La genialidad de esta obra ha dejado bajo una sombra injusta a las restantes a las que no
se le ha prestado la atención suficiente, y desde luego han sido objeto de menos
traducciones.
Además de El búho ciego, y Las cuartetas de Omar Jayyam por él prologadas, se ha
publicado en español "Tres gotas de sangre". Como dijimos, el primer relato que da
nombre a la obra trata de un loco que confunde la realidad con su imaginación, en
"Vorágine" un hombre celoso sospecha que su mujer le engaña con su mejor amigo, la
hija de ambos muere a consecuencia de sus infundadas sospechas, en "Dash Akol" el
protagonista prefiere portarse como un hombre y no casarse con la muchacha que le ha
confiado el difunto padre de ésta, en "Perdón de Dios" unos peregrinos se confiesan
unos a otros sus horribles pecados, y en "El hombre que mató su ego" cuenta la historia
de un hombre que pierde la fe.
Sus obras más importantes fueron "Zendeh be gur" (Enterrado vivo) (1930), "Seh qatre
jun" (Tres gotas de sangre) (1932), "Sayeh roushan" (Claroscuro) (1933), "Alavieh
Janum" (La señora Alavieh) (1933), "Vagh vagh sahab" (Guau guau amo) (1933), "Buf-
e-kur" (El búho ciego) (1937), "Sag-e-velgard"(El perro vagabundo) (1942), "Tup
morvari"(El cañón de perlas) (1947)...
Sadeq Hedayat ha sido hasta ahora el único escritor contemporáneo iraní cuya obra ha
traspasado las fronteras de Irán. Hedayat nunca se percató del alcance y la importancia
de su obra. Se cuentan muchas cosas acerca de su modestia y él no se consideraba a sí
mismo un escritor superior a los demás, acerca de lo cual en cierta ocasión hizo un
comentario mordaz diciendo, "pobre del país del que yo sea su mejor escritor".
Después de 50 años de su muerte, la obra de Sadeq Hedayat sigue teniendo numerosos
lectores, tanto en Irán como en el extranjero mediante las traducciones.
Sa'dí 1184-1291
Sa'dí nació en Shiraz a finales del siglo XII y murió aproximadamente en el 1291.
Algunos afirman que vivió más de cien años.
Su vida es poco conocida directamente, pero más o menos bien conocida
indirectamente si damos por cierto los datos, al parecer autobiográficos, del Golestán.
Se sabe que Sa'dí quedó huérfano de niño. Siendo un joven continuó sus estudios en
Bagdad, en una de las madrasas Nezamiyeh, llamadas así por haber sido fundadas por el
célebre visir persa selyúcida Nezam al-Molk. Tras terminar sus estudios en Bagdad,
Sa'dí no regresó a Persia, quizás por lo caldeado que estaba el ambiente con los
mongoles arrasando el país, y llevó a partir de entonces una vida errante que duró unos
treinta años, y, si hacemos caso al Golestán, viajó por todo Oriente Medio y Próximo,
llegando a Marruecos y Abisinia. Permaneció varios años en Damasco y fue apresado
en Trípoli por los Cruzados permaneciendo prisionero un tiempo indeterminado. Fue
liberado gracias a un amigo de Alepo que a cambio lo casó con su insoportable hija que
repudió poco más tarde.
Mausoleo de Sa'dí en Shiraz.
Regresó a Shiraz en el 1257 cuando gobernaba la región el atabak Abu Bakr Sa'd ibn
Zangi (1226-1269), de ahí su sobrenombre de Sa'dí. Ese mismo año compuso el Bustán,
y al año siguiente el Golestán, sus dos obras maestras y dos de las obras cumbres de la
literatura persa. Murió en Shiraz en paz allá por el año 1291. Hoy día podemos admirar
su mausoleo en su ciudad natal.
Al regresar a Shiraz ya a edad relativamente madura fue cuando comenzó a escribir.
Redactó el Bustán (El Jardín), completamente escrita en verso y de naturaleza
sapiencial, con cuentos con moraleja, y que trata sobre todo de las virtudes que deben
poseer los buenos musulmanes (justicia, equidad, satisfacción, fe).
En cuanto al Golestán, es la obra cumbre de la literatura sapiencial persa. Escrita en
prosa rimada y en un estilo muy semejante a la macama árabe, Sa'dí entremete en sus
cuentos máximas en persa de cosecha propia, en árabe, aleyas coránicas, múltiples
alusiones al Corán y a las tradiciones proféticas (hadices), todo ello compuesto con una
destreza que le ha hecho merecedor entre los persas del sobrenombre de 'Ostâd-e-Soján
(Maestro de la Palabra). El estilo del Golestán es relativamente sencillo, si tenemos en
cuenta las dificultades propias de un texto que tiene más de siete siglos y está redactado
en un estilo similar a la macama, pero a la vez simple y elegante. El Golestán rebosa de
buen humor, habla tanto del amor sensual como del divino, es realista hasta incluso
mostrarse cínico. Las alegorías, los juegos de palabras, las alusiones a las historias del
Corán, a los reyes persas del pasado, se mezcla todo en una amalgama que no deja de
sorprender al lector. El Golestán sigue haciendo las delicias de persas y no persas, ya
que el extranjero que ha adquirido cierto nivel en este idioma puede saborear una de las
obras cumbres de la Humanidad. De hecho, llamó la atención en Europa muy pronto, y,
en 1634, se realizó la primera traducción a una lengua europea, el francés. Muy pronto
se sucedieron las traducciones al latín 1651, alemán 1654, inglés 1806 y en el siglo XIX
a muchas más lenguas europeas (polaco, ruso etc.) y no europeas (árabe, turco, hindi).
El Golestán influyó en La Fontaine, además de que grandes personajes de la Ilustración
francesa como Diderot y Voltaire se refirieron a la obra de Sa'dí.
Sa'dí es uno de los grandes clásicos de la literatura persa y mundial. Sus dos principales
obras, el Bustán y el Golestán, son dos libros de obligada lectura para los persas y el
alumno de persa, especialmente el Golestán. Sa'dí es en la literatura persa el maestro de
la literatura sapiencial y ha sido el creador de un estilo particular muy imitado a lo largo
de 700 años allí donde el persa tenía influencia cultural. Muchos de los refranes que
podemos oír en Irán tienen su origen en el Bustán o el Golestán. Entre los persas los
dichos y sentencias de Sa'dí tienen una autoridad casi sacra y cualquier frase del poeta
de Shiraz dicha en un momento oportuno puede llegar a dar a fin a una discusión.
Simin Daneshvar
Simin Daneshvar, la primera mujer novelista de Irán y una de los rostros más
importantes del panorama literario del siglo XX. Nació en 1921, en Shiraz, en el seno
de una familia de médicos. Su educación en un colegio de misioneros ingleses hizo que
aprendiera perfectamente inglés y además le permitió un amplio conocimiento de la
cultura occidental.
Estudió en la universidad de Teherán la carrera de lengua y literatura persas. Tras morir
su padre en 1941 tuvo que buscarse un trabajo. Se empleó en la radio, donde, mal
pagada, escribía artículos que serían radiados, pero gracias a su gran dominio del inglés
se podía ganar un dinero extra editando noticias en este idioma. Más tarde, aburrida de
la monotonía de ese trabajo empezó a trabajar como columnista y articulista de un
periódico local. Al año siguiente de la publicación de su primera obra, en 1949, Simin
Daneshvar se doctora en literatura persa. En 1950 se casa con Ŷalal Al Ahmad, el que
sería gran crítico mordaz de la sociopolítica iraní. En 1952 marchan con una beca a la
universidad californiana de Standford. A su regreso a Irán se le dio un puesto como
profesora asociada de arte. Nunca fue nombrada profesora titular debido a la influencia
de la SAVAK (la policía secreta del sha). Tras la muerte de su marido en 1969 ella
siguió como profesora de arte y luego fue nombrada directora del mismo departamento.
En 1979 se jubiló y abandonó su puesto en la universidad. En la actualidad vive en
Teherán.
Simin Daneshvar de joven
Simin Daneshvar publicó su primera recopilación de relatos, "Atash-e-jamush"(Fuego
apagado) en 1948. También ha publicado otras recopilaciones que son "Shahri chun
behesht" (Una ciudad como el paraíso) (1961), "Be ki salam konam?" (¿A quién voy a
saludar?) (1980) y "Az parandeha-ye-mohaŷer bepors" (Pregunta a las aves
migratorias). También ha escrito tres novelas, "Suvashun" que ha sido traducida al
español con el mismo título, "Ŷazire-ye-sargadani" (La isla del vagar) y "Sareban-esargardan" (El camellero errante). Además tradujo obras occidentales al persa, de
autores como Chejov, Shaw, Saroyan etc. En 1981 escribe "Ghorub-e-Ŷalal" (El
atardecer de Ŷalal) donde escribe y describe la personalidad de su marido desde la
perspectiva que le daba el perfecto conocimiento de éste como su esposa que era. Esta
obra es considerada como la mejor fuente para saber las interioridades y la ideología de
este crítico e ideólogo del siglo XX.
Como mujer, Simin Daneshvar se ocupa en casi todas sus novelas de la problemática
femenina y en la mayor parte de sus obras la protagonista es una mujer, algo que
obviamente no tiene precedentes en la novelística persa. En sus obras se pueden ver
mujeres que, o son de alta alcurnia o son obreras y criadas, son pocas las veces que
podemos encontrar mujeres de clase media. Su primera obra, "Atash-e-jamush" no tiene
aún la maestría de las que escribirá más tarde. En "Shahri chun behesht" se ocupa de la
problemática infantil y de las familias numerosas. En "Be ki salam konam?", el relato
que da nombre a la recopilación, trata de las mujeres que a pesar de tener hijos se ven
privados de ellos. Aquí, la protagonista es una madre que no puede ver a su hija porque
su yerno se lo prohíbe. Este relato corto es considerado por muchos críticos uno de los
mejores de esta autora. En un relato corto perteneciente a esta misma recopilación hay
uno titulado "Yek sar-o-yek balin": (Una cabeza y una almohada) que también trata de
los mismo, aunque aquí es una mujer divorciada que su ex marido y su nueva mujer no
le permiten ver a su hijo. Simin Daneshvar se ocupa sobre todo de la problemática
familiar e individual y pocas veces de la política. En este aspecto se diferencia
notablemente de su marido, ella misma nos dice al respecto: "Siempre he sido Simin
Daneshvar. Nunca me he convertido en Simin Al Ahmad. Ni siquiera estoy ni he estado
de acuerdo con la forma de pensar de Ŷalal. No estoy de acuerdo con los altibajos y
nunca me he ocupado de la política." Esto no es siempre así ya que algunas novelas y
relatos cortos de esta autora rozan la política y otros se meten de lleno en ella, aunque
ciertamente no es la tónica general.
Simin Daneshvar en la actualidad
Suvashun, publicada en 1969 merece un epígrafe aparte. Es la obra cumbre de esta
novelista y considerada por muchos una obra maestra. Ha sido traducida a más de una
docena de idiomas, entre ellas el español, y es una de las obras más leídas y vendidas en
Irán. La novela está ambientada en el Irán de la II Guerra Mundial, cuando dicho país
está ocupado por las fuerzas de los Aliados. Las milicias que ocupan el país empiezan a
comprar los cereales para poder alimentar a sus tropas, cosa que acaba con el
acaparamiento del trigo por parte de los ingleses creando compañías comerciales que
harán de intermediarias. La historia está narrada por Zari, una sencilla ama de casa cuyo
marido (Yusof), uno de los terratenientes de la zona, conoce los objetivos de los
ingleses y se niega a colaborar negándose a venderles el grano. Él acaba siendo
asesinado, de ahí el título de la novela, Suvashun, un tipo de luto por la muerte de un
joven, en recuerdo del héroe mítico persa Siavosh.
Sohrab Sepehri 1928-1980
Escritor y pintor contemporáneo. Sohrab Sepehri nació el 6 de octubre de 1929 en
Kashán, en el seno de una familia amante de la poesía, la pintura y el arte en general. Su
niñez y su juventud la pasó estudiando, cazando y tocando música. Sohrab Sepehri
permaneció en su ciudad natal hasta los 15 años de edad. Este período está marcado
tanto en su pintura como en su poesía por la naturaleza y las plantas. Su poema "El
sonido de las pisadas del agua" está inspirado en la aldea de Chenar, situada a medio
camino entre Kashán y Mashad Ardahal. Su célebre poema "Golestaneh" está inspirado
en la aldea del mismo nombre cerca de Kashán.
Como cuenta su hermana, Paridojt Sepehri, Sohrab, hasta los 14 años de edad vivía en
un jardín cuyos árboles eran tan abundantes que contarlos no era una tarea fácil, pero
que un año después marchó a vivir a una casa donde no había ni rastro de árboles.
Según su hermana, en esta época empezó a leer las obras de escritores y poetas como
Lamartine, E. Zola, Goethe, Cheateaubriand y V. Hugo.
Un año después se marchó a Teherán donde se matriculó en una academia para
profesorado. Después de terminar estos estudios regresó a Kashán donde ocupó su
tiempo componiendo poesía y pintando cuadros. Poco después se marcha de nuevo a
Teherán para matricularse en la Facultad de Bellas Artes, en la rama de pintura. Al igual
que los demás pintores, en pintura Sohrab Sepehri estaba influido por la nueva ola y la
pintura moderna, e igualmente se ocupó de la nueva poesía. Publicó su primera obra "La
muerte del color" en 1951. Escribió otras obras como "La vida de los sueños", "Oriente
de la tristeza"', "El sonido de los pasos del agua", "El viajero", "Todo nada, todo
mirada" (traducida al español)... He aquí uno de sus poemas:
No está vacía la vida
existe en ella la amabilidad
hay manzanas
hay fe;
Sí.
Y mientras haya amapolas
la vida hay que vivirla
Sohrab Sepehri murió de leucemia en 1980. Fue enterrado en la ciudad de Mashad
Ardahal. En su lápida escribieron este poema suyo a modo de epitafio:
Si venís a visitarme
Venid lenta y suavemente no vaya a ser que se quiebre
La fina porcelana de mi soledad
Ŷâmí 1414-1492
Nur al-Din Abdul Rahman b. Ahmad b. Mohammad Dashti, más conocido simplemente
como Ŷâmí (Jami en su transcripción al inglés) debido a la devoción que sentía por el
sheij Ahmad Ŷâmí y también por su lugar de nacimiento, Ŷâm, un pequeño pueblo de
Jorasán y que actualmente se encuentra dentro de las fronteras de Afganistán. De niño
aprendió las ciencias de la época y árabe con su padre. Poco después, aún siendo niño,
fue a la escuela en Herat y cuando llegó a la pubertad marchó a Samarcanda, durante el
reinado de Shahroj, donde permaneció varios años estudiando con los mejores y más
afamados maestros de su tiempo. Ŷâmí regresó a Herat donde estudió filosofía y
matemáticas e ingresó en las filas de la cofradía mística de los naqshbandíes, aún hoy en
activo, a manos de su propio fundador, Baha al-Din Naqshband. En 1472 Ŷâmí realizó
su peregrinación a la Meca. Murió en 1492 en Herat.
En lo que se refiere a sus ideas religiosas, las opiniones son encontradas. Hay eruditos
que son de la opinión de que era shií y que los poemas donde se alababan a los Califas
Ortodoxos eran para encubrirse, lo que entre los shiíes es conocido como ketmân. Por
otra parte, hay shiíes que afirman que en realidad era sunní. Hay una tercera opinión que
afirma que era un sufí, un místico al cual todas esas controversias le eran indiferentes.
Sin embargo, de la mayor parte de sus poemas se desprende que era sunní.
Ŷâmí, imagen clásica del poeta con hábito de derviche. Fot. de www.poetryportal.com
Entre sus obras caben destacar, "Nafahat al-Ons" que relata las biografías de varios
santos sufíes; Baharestán, escrito para su hijo de 10 años, es la mejor imitación del
estilo del "Golestán" de Sa'dí realizada hasta ahora; un diván o poemario con más de
8.000 versos; "Haft Owrang" (Siete tronos) más conocido como "Saba'e-ye Ŷâmí" (Los
siete de Ŷâmí), un poemario en el que están incluidas, entre otras, los siguientes
historias escritas en versos pareados (masnavi) muy conocidas entre los persas: Salaman
y Absal (una historia parecida a la de Maŷnun y Leyla), Jerad Name-ye-Eskandar (El
libro de la sabiduría de Alejandro), Maŷnun y Leyla, y Yusof y Zuleija.
Ŷâmí es uno de los grandes talentos literarios de Persia. Ha sido muy propiamente
llamado Jâtam al-Sho'râ (el Último de los Poetas) pues con él se termina la época
dorada de la poesía persa, él es el último genio poético del Irán que versifica a la vieja
usanza del estilo de Jorasán. A partir de Ŷâmí, la literatura persa entra en una etapa de
anquilosamiento y oscuridad que no empezaría a ver de nuevo la luz hasta el siglo XIX.
Con la muerte de Ŷâmí en una fecha tan emblemática para los europeos como 1492,
Persia entra con los Safavíes, paradójicamente, en la escena de la historia como una
superpotencia y a la vez en una decadencia literaria sin precedentes durante su historia
islámica. Los poetas a partir de Ŷâmí son en su mayor parte malos imitadores del estilo
poético del pasado, comienzan las recopilaciones, el remedar a los antiguos, pues se les
tenía a éstos como paradigmas de la perfección.
Mausoleo de Yami en Torbat-e-Yam, este de Irán
Reyes, políticos y líderes
Abu Moslem m. 754
Abu Moslem Jorasani, general y héroe persa que derrocó la dinastía Omeya y ayudó a
los Abbasíes a hacerse con el poder.
Nació, como su nombre indica, en la provincia de Jorasán, aunque algunos creen que
ació en Isfahán y creció en Cufa.
Analizando la documentación existente nos hace suponer que aunque era musulmán
permanecía aún muy vinculado a sus creencias ancestrales. De todas formas, él era un
persa que amaba a su tierra y a sus gentes y no podía seguir tolerando los abusos que
estaban cometiendo los árabes en Persia. Abu Moslem fue el primer gran líder persa del
período islámico. Su arrojo y valor, unido a su saber hacer en la guerra y en la política,
le hizo ser capaz de derrocar una dinastía afianzada como la Omeya y poner en su lugar
a los Abbasíes, descendientes de al-Abbas, tío carnal de Mahoma, cuya hegemonía en la
mayor parte del mundo islámico se prolongaría hasta la caída de Bagdad a manos del
mongol Hulagu en 1258.
La vida de este líder se encuentra aún hoy oculta tras un velo y no conocemos muchos
hechos y detalles, aunque, paradójicamente prácticamente todos los historiadores
musulmanes lo citan. Ibn al-Taqtaqi en su historia "Al-Fajri" dice: "Sobre el linaje de
Abu Moslem hay discrepancias, e indagar en ello es en vano ya que no se llegará a
ninguna conclusión; unos dicen que era de linaje persa, otros que era árabe y otros que
kurdo." Se cuenta también que cuando Abu Moslem se fue haciendo popular, él mismo
decía pertenecer a la familia de los Abbasíes, quizás con ello pretendía abrirse camino al
califato. Según otra versión, Abu Moslem sería hijo de una concubina de algún
miembro de la familia Abbasí. El historiador Ibn Jallikan afirma que era persa e incluso
llega a concretar que su padre, Ibrahim, era oriundo de un pueblo cercano a la ciudad de
Marv. En cuanto al joven Abu Moslem, también la información que ha llegado hasta
nuestros días son más bien suposiciones que hechos, algunos dicen que se dedicaba a
confeccionar sillas para caballos, otros que era un mulero y otros afirman que era un
esclavo. Al parecer era un "mawali" (esclavo liberto).
En fin, sea de ello como fuere, lo cierto que el ambiente de Persia a mediados del siglo
VIII estaba bastante caldeado. El pueblo persa se sentía oprimido por los abusos de los
diferentes gobernadores omeyas y se respiraba un ambiente de descontento, sobre todo
entre la masa del pueblo llano y campesina. Una de las provincias de Persia que más
estaban sometidas a los abusos de los agentes omeyas era Jorasán, provincia que si bien
no se resistía a ser islamizada, sí mezclaba la nueva fe con las creencias ancestrales de
la región. No es de extrañar pues, que cuando Abu Moslem se levantó en rebelión
contra los Omeyas, los jorasaníes hiciesen causa común y los omeyas saliesen huyendo
del país o bien cayesen víctimas de las revueltas.
Por otra parte, estaban los seguidores del imán Ali o shiíes, que consideraban que el
califato debía estar en manos de un miembro de la familia del profeta, y, por otro lado,
se encontraban los jariŷíes que no estaban ni con los shiíes ni con los omeyas ni con los
abbasíes pues consideraban que el poder califal debía poseerlo aquel que fuese más
recto y pío entre los musulmanes, independientemente de su raza o de su pertenencia o
no a la familia del Profeta. Además, había otros grupos minoritarios, cada uno de los
cuales reclamaba su derecho a nombrar un califa en concordancia con sus intereses o
sus ideales. En este ambiente apareció Abu Moslem en Jorasán y allí comenzó a
propagar la causa abbasí en detrimento de los Omeyas.
Los Abbasíes supieron aprovechar la situación de desencanto general que había no sólo
en Persia sino también en otras regiones del mundo islámico, como por ejemplo en Iraq,
la Península Arábiga e incluso Siria, a pesar de ser ésta última la sede del cuartel
general de los Omeyas. Los Abbasíes se presentaban a sí mismos como protectores de
todos los musulmanes y proferían promesas, como la de que disminuirían los impuestos
y evitarían la discriminación étnica o racial, propaganda ésta que hizo que muchos
mawali y no árabes, sobre todo entre los persas, se uniesen a su causa. Los campesinos,
las capas pobres de la población e incluso los terratenientes, hartos de los abusos de los
Omeyas, escuchaban con agrado cualquier manifiesto que fuese subversivo contra el
califato de Damasco. Hubo incluso un tal Jodash que, aprovechando las ideas
comunistas de Mazdak, que aún resonaban en Persia, se puso a propagarlas
consiguiendo bastantes adeptos en los pueblos y aldeas de Jorasán, pues prometía cosas
como la repartición equitativa de las tierras (la tierra para quien la trabaja). Jodash
tuvo un trágico final, fue perseguido por los gobernadores de Jorasán y Transoxiana, y
tras ser detenido le cortaron la lengua, las manos, lo cegaron y lo asesinaron.
Otro defensor de los Abbasíes fue Bakir ibn Mahan que convocó una reunión secreta
con partidarios de la causa abbasí. Fue detenido y encarcelado, y en prisión conoció a
un joven llamado Abu Moslem, y cuando Bakir ibn Mahan fue liberado le contó a
Ibrahim Emam las cualidades de aquel joven, quedando muy interesado en conocerle;
en el año 741 ya nos encontramos a Abu Moslem en las filas de Ibrahim Emam quien le
ordenó matar "a todo aquel del que sospechara, a aquel cuyas acciones le hiciesen dudar
y a aquel que le causara la más mínima preocupación", y que "no dejara a nadie vivo en
Jorasán que hablase árabe." Cuando Abu Moslem hubo recibido aquellas órdenes, se
puso en marcha hacia Jorasán y se atrincheró en el pueblo de Esfidanŷ uniéndose a él
muchos de los lugareños, como los artesanos, terratenientes y campesinos, entre las que
habían zoroastrianos, shiíes y sunníes. Más tarde se dirigió a Mahan y allí estableció su
cuartel general. Abu Moslem no tardó mucho en verse rodeado por los descontentos, los
oprimidos y todos los que se consideraban engañados. El general persa saltó
definitivamente a la palestra, declaró, como hoy diríamos, la guerra al orden establecido
y cuando los Omeyas se dieron cuenta de lo que ocurría en Jorasán se enfrentaron ya a
los hechos consumados. Se cuenta que la adhesión a la causa de Abu Moslem se daba
con tal rapidez que en cierta ocasión en un solo día más de 60 aldeas se proclamaron
pro-abbasíes. Los Siyah Ŷamegan (los que se visten de negro), así llamados, según
Tabari, por la indumentaria negra que llevaban como señal de luto por el martirio del
Imán Ali, eran cada día más. Pronto, las poblaciones de ciudades importantes como
Herat, Marv, Pushang, Taleghan, Neyshabur, Sarajs y Balj se unieron a Abu Moslem.
Abu Moslem ordenó que todos sus seguidores se vistiesen de negro y que portasen
estandartes también negros, y, para difundir aquella orden, envió misivas a las distintas
provincias, ya focos de revuelta antiomeya. Con esta indumentaria negra mostraban su
oposición al régimen omeya cuya indumentaria y estandartes eran verdes.
Los Siyah Ŷamegan no tardaron en imponerse a los árabes de Jorasán, tras lo cual
aquellos marcharon hacia el Iraq y en Cufa derrotaron al ejército del califa Marwan, éste
huyó de Mosul hacia Egipto y allí fue muerto. Cufa fue conquistada, tomada por
Abdullah al-Saffah, (el Sanguinario) así llamado porque durante su mandato tuvo que
aplacar las revueltas a base de eliminar sin piedad a los subversivos. Los defensores de
la causa abbasí marcharon hacia Siria, la sede del califato, la conquistaron y cayó el
último bastión de los omeyas, pasando a manos de los abbasíes. Los Omeyas fueron
invitados a una cena de "reconciliación" donde fueron todos pasados a cuchillo. Sólo
consiguió salvarse uno, Abdul Rahman, que huyó a España y reinstauró la dinastía
Omeya.
Abu Moslem no participó en aquellas batallas pues permaneció en Jorasán donde
alcanzó tal poder que nada ni nadie podía con él rivalizar. En el ejército del general de
Jorasán había dos personajes destacados: Jalid ibn Barmak y Qahtaba ibn Habib. El
primero sería poco más tarde el primer visir de la "dinastía" barmakí. El segundo había
obtenido varias victorias para los Abbasíes derrotando un batallón del ejército omeya
en las cercanías de Tus y poco después le entregó a Abu Moslem la ciudad de
Neyshabur, tras lo cual fueron conquistadas las ciudades de Gorgán (748) y Nahavand
al año siguiente, mientras Abu Moslem se hallaba ocupado en la propagación de la
causa abbasí difundiéndola en ciudades de Asia Central y Sistán. En Marv la
propaganda abbasí de Abu Moslem provocó la huida del gobernador omeya no
presentando esta ciudad impedimento alguno para ser tomada por los Siyah Ŷamegan.
En resumen, los Abbasíes tomaron el califato en el año 750. Pronto los persas y no
persas se percataron de que sus promesas no estaban siendo cumplidas, que los
impuestos no sólo no bajaban sino que además seguían subiendo. Las demandas de los
alíes (partidarios del imán Ali) y shiíes no se veían satisfechas. Este hecho no pasó
desapercibido por la población, que se sublevó, y en el 752 nos encontramos con la
revuelta de los artesanos y mercaderes de Samarcanda, que fue aplastada por Abu
Moslem.
En el año 754 Abu Moslem era el gobernador abbasí de Jorasán. Los Abbasíes le
habían dado aquel cargo porque querían tenerle lejos del centro califal. Al parecer, Abu
Moslem era ahora una molestia para el nuevo califato pues les recordaba a la gente las
promesas hechas por aquellos. Fue entonces cuando es de suponer que él le escribió una
carta al califa en la que le pedía una bajada de los impuestos. Ese mismo año, Abu
Moslem viaja a Iraq donde se encontró con el califa al-Mansur, quien, si hacemos caso
del relato del autor anónimo de la "Historia de Sistán", asesinó a Abu Moslem.
Abu Moslem es recordado en la memoria de los persas como un héroe nacional y de él
aún se cuentan muchas historias y leyendas.
Allameh Tabatabai 1842-1920
Mirza Seyyed Mohammad, más conocido con el sobrenombre de Allameh Tabatabai (el
muy sabio Tabatabai, un título o apelativo muy corriente entre los ulemas shiíes de alto
rango) era hijo de Seyyed Sadeq Tabatabai, uno de los clérigos más influyentes de la
época de Naser al-Din Shah.
Allameh Tabatabai nació en Karbala. A los dos años fue llevado a Hamadán y a los
ocho sus padres marcharon a Teherán donde el niño fue educado e instruido bajo la
supervisión de su padre. Después de concluir sus estudios primarios en ciencias y
literatura árabe comenzó a recibir clases de jurisprudencia islámica y teología de su
propio padre y de otros profesores afamados del momento. En 1881 marchó a las
ciudades santas de Nayaf y Karbala y allí se afincó y conoció al célebre ayatolá Mirza
Shirazi con el que permaneció completando sus estudios. Después de la muerte de su
padre se trasladó a la ciudad iraquí de Samarra donde vivió diez años durante los cuales
alcanzó el rango clerical de moŷtahed.
Por sugerencia de Mirza Shirazi, Allameh Tabatabai regresó a Teherán donde, aunque
permaneció al margen de la política, se implicó en la lucha en pro de la libertad y en
contra de la tiranía y la opresión, mediante discursos y homilías en los que proponía el
establecimiento de un gobierno republicano basado en la legalidad y en la justicia, ideal
éste que consideraba como deber religioso su logro.
En 1905, después del regreso del sha de su tercera gira por Europa, se unió a Behbahani
y manifestó abiertamente su militancia política. Allameh Tabatabai hacía un
llamamiento al pueblo para que no se dejara oprimir ni amilanar. Fue entonces cuando
ocurrió la fuerte subida del precio del azúcar seguida del sometimiento al bastinado de
uno de comerciantes de este producto por orden de Ein al-Douleh, algo que
desencadenó la ira de los comerciantes a los que se unieron posteriormente los ulemas
en un gesto de solidaridad,. Tabatabai y Behbahani, junto a otros clérigos de alto rango
y acompañado por muchos de sus seminaristas, marcharon hacia Shah Abdul Azim
(ciudad-santuario situada al sur de Teherán) y se encerraron allí, y cada día se iban
uniendo más gente al grupo. Los encerrados exigían la destitución de Ein al-Douleh y la
creación de un Juzgado. Mozaffar al-Din Shah quiso dispersar aquel encierro pero no
tuvo éxito ninguno. Después de un mes encerrados en el santuario, decidieron salir de
Shah Abdul Azim ya que el sha les había prometido que colaboraría para la obtención
de sus exigencias. Al llegar a Teherán se la encontraron engalanada y fueron aclamados
por las multitudes. Aparentemente, todo había vuelto a la normalidad. Ein al-Douleh
había sido destituido, pero surgieron por doquier multitud de anjomans (asambleas)
secretas, algunas con objetivos personales del que las creaba y otras con el fin de
obtener objetivos más nobles como el ideal de la libertad.
Más tarde se produjeron revueltas en la mezquita aljama de Teherán que se saldaron
con varios muertos y heridos entre los seminaristas y comerciantes del bazar. Un grupo
de ulemas, entre los que se contaba el propio Seyyed Mohammad Tabatabai, se
marcharon a Qom y algunos comerciantes se refugiaron en la embajada británica con el
permiso de ésta. La marcha de los ulemas a Qom causó una honda preocupación en la
Corte. Ein al-Douleh fue depuesto y Azod al-Douleh fue llamado para que
compareciese en la capital para encargarle que hiciese regresar a los religiosos.
Una vez en Teherán, él y Behbahani participaron activamente en el establecimiento del
I Parlamento en 1906.
Tras ser bombardeado el edificio del Parlamento en 1909 por el ejército del sha,
Allameh Tabatabai fue detenido, abofeteado por los soldados y llevado ante el sha con
la ropa destrozada, junto a Behbahani. El sha le ordenó a Tabatabai abandonar la
capital, lo cual hizo después de varios meses. Se marchó a Mashad donde fue recibido
de una forma inusitada. En aquella ciudad Tabatabai reinició sus actividades políticas
formando un comité regional. Rokn al-Douleh, valí de Jorasán, informó de todo esto a
la capital desde donde Moshir al-Douleh mandó a Tabatabai una amenaza mediante el
telégrafo. Mas el clérigo no se dejó amedrentar por ella y continuó arengando al pueblo
para rebelarse contra la opresión. Cuando Mohammad Ali Shah fue expulsado del trono
en 1909, Tabatabai regresó a Teherán, no sin antes participar en las celebraciones que se
habían hecho en Mashad con ocasión de tal acontecimiento.
A comienzos de la I Guerra Mundial, en 1914, los rusos y los ingleses marcharon hacia
Persia. Tabatabai abandonó Teherán y se dirigió a Bagdad, que tuvo que también
abandonar tras la caída de ésta, dirigiéndose a Estambul y regresando a Teherán en
1916, donde vivió hasta su muerte. Fue enterrado en Hazrat Abdul Azim.
Amir Kabir
Mirza Mohammad Taqi Jan, más conocido como Amir Kabir (Gran Emir). Es
considerado por unanimidad como el mejor político de la Persia del siglo XIX.
Hijo del cocinero del visir Mirza Isa Qa'em Maqam I, creció en la casa de este político
donde aprendía escuchando detrás de la puerta las lecciones de los maestros particulares
de los hijos del visir. De joven fue empleado como secretario por el mismo Qa'em
Maqam I y más tarde pasó a formar parte de la secretaría de Qaem Maqam II donde se
le tomó en gran consideración, de tal guisa que llegó a ser parte de la comitiva que viajó
a Rusia. No es menester consultar fuentes rebuscadas para darse cuenta del talento
político de aquel joven. El propio Qaem Maqam II hablaba en su correspondencia sobre
él en los términos más elogiosos. Aquella embajada a Rusia era debida al asesinato del
embajador ruso en Teherán en 1828, por el cual el gobierno persa quería pedir disculpas
al zar, difícil tarea que debía ser desempeñada ante el zar por Amir Kabir, quien se
desenvolvió con tal maestría que llamó la atención del mismo emperador ruso y de los
cortesanos persas de la comitiva. Durante su viaje a Rusia, Amir Kabir no perdía el
tiempo y se iba fijando en las instituciones culturales, militares y sociales. Llegó a la
conclusión de que el futuro y el desarrollo de Persia dependía de si ésta poseía
universidades y organismos militares y sociales con un orden y una programación
establecida.
La segunda misión que se le encomendó años más tarde al eficiente Amir Kabir fue la
presidencia de la comitiva a Erzerum (en el Imperio Otomano) con el objetivo de
dirimir los problemas fronterizos que tenía Persia con dicho imperio. Durante esta
misión, que se alargó algo más de dos años, Amir Kabir además de conocer de cerca la
problemática política de Oriente y Occidente logró solventar las divergencias fronterizas
con grandes beneficios para Persia, como por ejemplo lograr para su país el que la
ciudad de Mohammareh (actual Joramshahr) y las grandes extensiones de terreno de la
margen izquierda de Shatt al-Arab, que el Imperio Otomano quería para sí.
Al morir Mohammad Shah en 1848, el príncipe heredero Naser al-Din Mirza ni
siquiera tenía dinero para los gastos del viaje para él y su séquito desde Tabriz a
Teherán para ser coronado allí. Amir Kabir pudo conseguir la suma necesaria poniendo
su aval y garantía personales, y de esta manera pudo llevar al príncipe heredero a la
capital. Mas ocurría que tanto los cortesanos como Mahd-e-'Olia, la madre del nuevo
rey, estaban enconados contra Amir Kabir, mientras que Naser al-Din cada día le subía
más de categoría y le encomendaba las tareas más comprometidas, hasta que, el joven
rey de 16 años le nombró visir y obtuvo el sobrenombre de Amir Kabir por el que es
conocido entre los historiadores.
No cabe duda alguna, y todos los historiadores están de acuerdo, en que el visirato de
Amir Kabir fue, con mucha diferencia, el mejor que hubo durante la época Qayar, sobre
todo si lo comparamos con el ministerio ejercido por otros, en especial, con el anterior,
Mirza Aghasi, que llevó al país al borde de la bancarrota y con cuyos expolios y robos
se ganó la inquina del pueblo, del que tuvo que huir a la muerte de su protector real en
1848. Amir Kabir tuvo que emplearse a fondo para arreglar los desmanes de Mirza
Aghasi. Primero se dispuso a afianzar la paz interna aplastando la insurrección de Salar,
apoyada por los extranjeros como los rusos y los ingleses. Tras acabar con Salar,
apaciguó Fars y Baluchistán, y allí donde preponderaba la presencia tribal construyó
acuartelamientos con el objetivo de controlar la región con mano dura militar. Durante
su visirato, los turcomanos del nordeste, que hacían constantes razzias y pillajes en la
zona contra la población persa, detuvieron casi por completo sus actividades bandoleras.
En las cartas que Amir Kabir escribía a los militares y políticos de Rusia y Gran
Bretaña, o en las respuestas que daba, se veía la valentía, la audacia y el patriotismo de
este ministro. Son innumerables las cosas beneficiosas que hizo por el país. Además de
lo anteriormente dicho, organizó el ejército al estilo europeo, donde impuso el uniforme,
levantó fábricas de armamento que llegaban a fabricar hasta 1000 fusiles diarios,
reformó la Justicia, impidió los abusos de muchos gobernadores, se instituyó Correos,
se fundó Dar al-Fonun (el Instituto Politécnico donde se impartía clases al estilo
europeo), ayudó a la difusión de las nuevas ciencias mediante la traducción al persa de
obras occidentales y la contratación de profesores europeos, editó los primeros
periódicos en el país, simplificó la recargada correspondencia oficial quitándole todo
aquel aparato ceremonioso cuyos saludos ocupaban hasta una página, construyó
hospitales, generalizó la vacunación contra la viruela, reformó muchos monumentos
históricos, luchó contra la corrupción en la Administración, reforzó los cimientos de la
economía, difundió la nueva industria y envió artesanos a Rusia para aprender las
nuevas técnicas, explotó nuevas minas, desarrolló el riego y la agricultura, impulsó el
comercio interior y exterior, reformó Hacienda y el Presupuesto estatal.
Ni que decir tiene que la realización de todos estos logros necesitaba la toma de
drásticas medidas que le causó muchos enemigos, ya sea porque se vieran perjudicados
personalmente o simplemente por envidia ya que el nombre de Amir Kabir resonaba en
Persia como benefactor del pueblo y allí donde se hacía o construía algo de interés
público, era atribuido a Amir Kabir, fuese o no él el artífice. El presupuesto del estado,
arruinado por Mirza Aghasi, fue recuperándose y Amir Kabir para ello se atrevió a
tomar medidas tales como la rebaja del sueldo del rey. No permitía que el soberano se
mostrase tan generoso y cuando le llegaba a sus manos una libranza de éste, le escribía
una nota en la que le advertía que el pago de la misma se haría cogiendo el dinero del
presupuesto militar. En definitiva, Amir Kabir consiguió limitar el derroche de la corte
para de esta manera aumentar el tesoro del estado, que invertía en todas las reformas
arriba mencionadas. Para realizar todo esto también tuvo que echar a los corruptos e
ineptos de la Administración y contratar a personal intachable.
Amir Kabir tuvo un trágico final. Sus drásticas y revolucionarias medidas, su enemistad
con la madre del rey, que le provocó la aparición de encarnizados enemigos, muchos de
ellos allegados a la Corte, se confabularon contra él difundiendo calumnias ante Naser
al-Din Shah, éste le destituyó y ordenó que se le diese muerte. Fue muerto en 1851 a
manos de su verdugo, en un baño de Fin, cerca de Kashán, y cuando su esposa, la propia
hermana del rey, se enteró de lo ocurrido, ya no pudo hacer nada por su marido.
El ayatolá Seyyed Ali Jamenei
El actual líder de la República Islámica de Irán, el ayatolá Seyyed Ali Jamenei, hijo del
Hoŷŷat al-Eslam Haŷ Seyyed Ŷavad Huseini Jamenei, nació el 14 de julio de 1939 en la
ciudad de Mashad y era el segundo hijo de la familia. Seyyed Ali Jamenei, al igual que
la mayoría de los seminaristas y religiosos, llevaba una vida muy sencilla. Tanto su
esposa como sus hijos han aprendido de él el significado de la austeridad. El gran líder
de la revolución hablaba en cierta ocasión de los primeros recuerdos de su vida: "Mi
padre era un clérigo muy conocido, pero llevaba una vida ascética y de retiro...
llevábamos una vida muy dura. Recuerdo que hubo noches que no teníamos cena en
casa. Mi madre se tomaba grandes molestias para preparárnosla... y ésta consistía en pan
y pasas."
En cuanto al hogar familiar paterno del ayatolá Seyyed Ali Jamenei, éste hace la
siguiente descripción de él: "La casa de mi padre, en la cual nací y en la que viví hasta
los cuatro o cinco años, tenía entre 60 y 70 metros cuadrados. Estaba ubicada en el
barrio pobre de Mashad, tenía una única habitación y un sótano oscuro y asfixiante.
Cuando mi padre tenía invitados (algo muy habitual debido a que era un clérigo al que
recurrían) todos nosotros teníamos que irnos al sótano hasta que los invitados se
marchaban. Más tarde, unas personas que sentían devoción por mi padre, compraron un
pequeño terreno al lado que agregaron a la casa, y así pudimos tener tres habitaciones."
En este ambiente pobre pero piadoso pasó su infancia y fue educado el ayatolá Seyyed
Ali Jamenei. A los cuatro años ingresó en una madrasa junto a su hermano mayor
Seyyed Mohammad donde aprendería a leer y escribir y recibiría clases del Corán.
Luego, los dos hermanos cursarían sus estudios primarios en la recién fundada madrasa
llamada Dar al-Ta'lim-e-Dianati.
El ayatolá Seyyed Ali Jamenei, tras estudiar el Bachillerato ingresó en un seminario y
estudió con su padre y otros maestros. Sobre lo que le empujó a ingresar en el seminario
y optar por la carrera religiosa, nos dice lo siguiente: "El factor y motivo principal en la
elección de esta senda luminosa y espiritual fue mi padre, mi madre también tenía en
ello mucho interés y me animó mucho."
Durante sus estudios en el seminario, su propio padre supervisaba sus lecciones y la de
sus otros hijos, y también su padre era el maestro de algunas asignaturas, como por
ejemplo "principios básicos e introducción a la jurisprudencia." Durante los cinco años
y medio que estuvo en el seminario llegó a ser un alumno brillante y destacado. Su
padre jugó un importante papel en los grandes progresos de su joven hijo. El ayatolá
Seyyed Ali Jamenei parte en viaje de peregrinación a Najaf en 1957 donde intenta
quedarse a proseguir sus estudios en los seminarios de aquella ciudad santa. Pero su
padre no se lo permitió y tuvo que regresar a Irán.
Entre los años 1958 y 1964, el ayatolá Seyyed Ali Jamenei estuvo estudiando en un
seminario de Qom. Allí completó sus estudios superiores de jurisprudencia islámica y
filosofía, con los más afamados maestros del momento como el ayatolá Borujerdi, el
Imán Jomeini, y los ayatolás Haeri Yazdi y Allameh Tabatabai.
En 1964 se entera de que su padre se ha quedado ciego de un ojo debido a unas
cataratas. El ayatolá Seyyed Ali Jamenei le entristece la noticia y duda en seguir
estudiando en Qom o regresar a Mashad para cuidar de su padre. Finalmente decide
marchar a Mashad. El ayatolá Seyyed Ali Jamenei en esta bifurcación de su vida tomó
el camino correcto. Muchos de sus maestros y compañeros se lamentaban de su marcha
de Qom argumentando de que si permaneciese en la ciudad santa continuando sus
estudios seminaristas llegaría a ser esto o lo otro. Pero el futuro ha demostrado que su
elección fue la correcta ya que la mano del destino divina le tenía preparado un porvenir
diferente, mejor y más sublime que el que los demás esperaban de él. ¿Se le había
ocurrido a alguien pensar en que aquel joven seminarista de 25 años, que ahora se
marchaba a Mashad para ayudar a sus padres, llegaría a ser 25 años más tarde el Gran
Líder de los musulmanes? No obstante, una vez en Mashad el ayatolá Seyyed Ali
Jamenei no dejó de estudiar. Continuó con sus estudios, solamente interrumpido en los
días festivos, o bien cuando se encontraba luchando o en los días en los que estuvo
encarcelado. Así pues, en 1964 de nuevo nos lo encontramos en Mashad donde además
de estudiar se dedicaba a la enseñanza de seminaristas más jóvenes.
Su militancia política
Fue el mártir Seyyed Moŷtaba Navvab Safavi la primera persona que encendió en él la
chispa de la revolución y de la lucha. Cuando aquel fue a Mashad en 1952 a la madrasa
de Soleyman Jan dio un discurso acerca del resurgimiento del Islam, la vigencia de las
leyes divinas y las mentiras del sha y de los ingleses. El ayatolá Jamenei en aquellos
días no era más que un seminarista muy joven pero se quedó muy impresionado al
escuchar aquel discurso, y, según sus propias palabras: "En aquel instante, mediante las
palabras de Navvab, surgieron en mi chispa de la revolución islámica y no tengo la
menor duda de que el primer fuego fue encendido por el difunto Navvab."
En cuanto a la parte de su vida que está relacionada con el Imán Jomeini, decir que
cuando el ayatolá Jamenei se encontraba en 1962 en Qom y aquel estaba
manifestándose y protestando en contra de la política antiislámica del sha y de los
Estados Unidos, fue cuando el ayatolá Jamenei entró en la escena de la lucha política en
la que permaneció 16 años de su vida, a pesar de sus muchos altibajos,
encarcelamientos, torturas y destierros, peligros éstos que nunca le hicieron zozobrar.
La primera vez que lo vemos con el Imán Jomeini fue en 1963, cuando éste le encarga
llevar el programa de propaganda que tenían que seguir los religiosos para el mes de
moharram a los ulemas de Jorasán. Este programa también contenía unas directrices de
lucha en contra de la política americanizadora del sha y para contrarrestar los últimos
acontecimientos de Qom. Tras llevar el mensaje con los programas, él mismo marchó
hacia Birjand para hacer llegar el mensaje del Imán y fue entonces cuando el 1 de junio
de 1963 fue arrestado por vez primera. Durmió una noche en el calabozo y lo liberaron
al día siguiente con la condición de que no fuera a los púlpitos y de que permanecería
vigilado. Después de los sucesos sangrientos del 4 de junio, el ayatolá Jamenei fue
trasladado a Mashad y allí entregado a una prisión militar donde permaneció diez días y
fue sometido a crueles torturas.
En enero de 1964 (mes de ramadán) se puso en marcha a Kermán junto a otros
compañeros donde siguieron un programa muy bien definido. Después de dos o tres
días de permanencia entrevistándose con los ulemas y las autoridades religiosas de la
ciudad y de pronunciar varios sermones en los púlpitos de sus mezquitas, se pusieron en
marcha hacia Zahedán. Allí fueron muy bien recibidos y escuchados sus ardorosos y
denunciadores discursos, especialmente los pronunciados el 25 de enero (aniversario del
fraudulento referéndum del sha). En pleno mes del ayuno y el día que se celebraba el
nacimiento del Imán Hasan, la pasión, la claridad y la valentía derrochada en sus
sermones y homilías revolucionarias en contra del régimen de los Pahlevi llegaron a su
auge, y, llegada la noche, la SAVAK le detuvo y fue trasladado a Teherán en avión. Dos
meses permaneció el líder en confinamiento aislado en la cárcel del Qezel Qal'e, donde
además soportó toda suerte de insultos y torturas.
Tras ser liberado, las clases que impartía en Mashad y Teherán sobre hadices,
pensamiento y exégesis islámicas eran escuchadas con ardor por los jóvenes y
revolucionarios seminaristas. Estas actividades provocaron la ira de la SAVAK y
empezaron a perseguirlo. Es por ello que en 1966 el líder llevaba una vida oculta en
Teherán, aunque ello no impidió que en 1967 fuese detenido y encarcelado por tercera
vez. Más tarde fue de nuevo liberado pero el ayatolá Jamenei siguió con sus actividades
revolucionarias, y en 1970 fue detenido por cuarta vez por la misma SAVAK infernal
de los Pahlavi. De nuevo fue liberado pero no tardó en ser detenido. Sobre esta quinta
detención él mismo cuenta: “Desde 1969 en Irán el terreno para la lucha armada era
palpable. El aparato del régimen anterior tenía pistas de que todo aquello no podía no
estar relacionado con alguien como yo y por ello aumentó su obsesión e intensificaron
sus actividades contra mi. En 1971 fui encarcelado por quinta vez. Las violentas
irrupciones de la SAVAK en la cárcel demostraban a las claras que el régimen tenía
miedo de que aquellas corrientes de lucha armada se unieran a los focos de pensamiento
islámico. Ellos no podían aceptar que mis actividades intelectuales y propagandísticas
en Mashad y Teherán estuviesen al margen y fuese ajenas a aquellas corrientes. Tras la
liberación, las clases generales de exégesis y las clases clandestinas de ideología etc.,
fueron aún más ampliadas.' En fin, estas clases a las que se refería el ayatolá Jamenei
continuaron entre los años 1971 y 1975 en tres mezquitas de Mashad y a ellas asistían
miles de personas, especialmente jóvenes intelectuales y seminaristas revolucionarios
que se iban familiarizando con el pensamiento genuino islámico. Estos jóvenes, que
aprendían de él a cómo luchar y permanecer en la brecha revolucionaria, marchaban a
su vez a otras ciudades del país para difundir e infundir en las mentes aquel mensaje y
aquella luminosa verdad y así preparar el terreno para la gran Revolución Islámica que
se avecinaba. Así, en enero de 1975, la SAVAK volvió a irrumpir en casa del ayatolá
Jamenei en Mashad, lo detuvieron y confiscaron muchos de sus escritos. Esta sexta
detención fue la más dura pues permaneció confinado hasta otoño. Fue encerrado en una
celda en las peores condiciones, y, según sus palabras, aquella situación, "sólo la pueden
entender aquellas personas que la han presenciado." Tras ser liberado regresó a Mashad
y continuó con su mismo programa de actividades revolucionarias que alternaba con sus
estudios e investigaciones, aunque ya no pudo continuar con sus clases clandestinas.
En marzo de 1978 el régimen criminal de los Pahlavi arrestó de nuevo al ayatolá
Jamenei y lo deportó a la lejana ciudad de Iranshahr. En otoño de ese mismo año, a raíz
del alza y la intensificación de los movimientos populares e islámicos en contra del
régimen, fue liberado de su exilio y pudo regresar a Mashad para situarse en primera fila
de los contendientes contra el régimen sangriento de los Pahlavi, y, después de luchar
valientemente durante 15 años en el camino de Dios, de soportar todas aquellas
calamidades y amarguras, pudo por fin saborear el dulce fruto de todas aquellas
penurias, es decir, la gloriosa victoria de la Revolución Islámica y la humillante caída
del vil y cruel régimen de los Pahlavi, y el establecimiento en Irán de un gobierno
regido por los principios del Islam.
En los albores del regreso del Imán Jomeini de París, éste ordenó formar el Comité de
la Revolución Islámica en el que participarían otras personalidades de la época como el
los ayatolás Mottahari, Beheshti, y Hashemi Rafsanyani, y también el Imán nombró
miembro al ayatolá Jamenei.
Tras la victoria de la revolución, el ayatolá Jamenei no dejó de trabajar con fervor en
sus ideales y en el logro de los objetivos de la revolución islámica que estaba en sus
comienzos y que él contribuyó con las siguientes actividades:
Febrero de 1979. Fundación del Partido de la República Islámica, con la colaboración
de otros clérigos como los mártires Beheshti, Bahonar, el expresidente Hashemi
Rafsanyani etc.
1979. Viceministro de Defensa. Jefe de los Guardias de la Revolución (Pasdaran). Imán
del Viernes de Teherán.
1980. Delegado del Imán Jomeini en el Consejo Superior de Defensa. Diputado por
Teherán en el Parlamento. Presencia activa ataviado con uniforme militar en el frente de
guerra contra el régimen de Saddam Huseyn, apoyado por las potencias satánicas de
Estados Unidos y la antigua Unión Soviética.
1981. Sale ileso de un atentado perpetrado contra él en la mezquita de Abuzar de
Teherán. En otoño de este mismo año, tras la muerte en atentado terrorista del
presidente Rajai, es elegido el ayatolá Jamenei presidente del gobierno, con 16 millones
de votos a su favor y el beneplácito del Imán. En 1985 fue reelegido y permaneció como
presidente hasta 1989.
1981. Presidente del Consejo de la Revolución Cultural.
1987. Presidente del Consejo de Conveniencia del Sistema.
1989. Presidente del Consejo de Revisión de la Constitución.
1989. Tras la muerte del Imán Jomeini, es elegido gran Líder de la Revolución Islámica
por la Asamblea de Expertos.
El ayatolá Jamenei es también autor de numerosas obras como por ejemplo,
"Generalidades del pensamiento islámico en el Corán" , "Desde las profundidades de la
oración", "Valiato", "Biografía de los Imanes del shiísmo", "Unidad y partidismo", "El
arte bajo el punto de vista del ayatolá Jamenei", "La religión bien entendida", "El
elemento de lucha en la vida de los Imanes, sobre ellos sea la paz", "El espíritu de la
Unidad, la negación de la adoración excepto a Dios", "La necesidad de volver al
Corán", "El ataque cultural (recopilado de sus propios discursos)".
El ayatolá Mottahari
El ayatolá Mottahari nació el 1 de febrero de 1920 en Farimán, a 75 kms. de Mashad, en
el seno de una familia clerical. A los doce años, después de completar sus estudios
primarios en una madrasa, marchó a Mashad para ingresar en su seminario donde
aprendió los principios del Corán y de la teología islámica. En 1937, a pesar de la
intransigencia de Reza Shah contra los clérigos y de la oposición de sus familiares y
amigos, el ayatolá Mottahari se marcha a Qom para completar sus estudios de teología.
El ayatolá Haeri Yazdi, maestro del Imán Jomeini y director del seminario de Qom,
había muerto recientemente a su llegada aquella ciudad santa. Durante sus quince años
de estancia en Qom, el ayatolá Mottahari, tuvo como maestros a los ayatolás Borujerdi,
Jomeini y Allameh Tabatabai. El Imán Jomeini le dio clases durante doce años de irfan
(mística islámica), ética y filosofía de Mollah Sadra. Con el ayatolá Borujerdi ya
estudiaba antes de la partida de éste a Qom pues el ayatolá Mottahari iba en ocasiones a
Borujerd para recibir allí sus lecciones. Durante su residencia en Qom como estudiante
de teología, además de estudiar los estudios típicos de todo seminarista, estudió también
sociología y política y estaba en contacto con el grupo de los Fidaíes del Islam. En
1952, siendo ya allí un reputado maestro y una de las esperanzas del seminario, marcha
a Teherán donde impartirá clases en una madrasa y comenzará su carrera como prolífico
autor de libros y conferenciante. En 1955 comienza a trabajar como profesor en la
Facultad de Teología y Ciencias Islámicas de la Universidad de Teherán. Durante los
años 1958 y 1959 fue uno de los conferenciantes más importantes de la Sociedad
Islámica de Médicos y entre los años 1961 y 1971 llegó a ser el conferenciante más
importante de dicha sociedad.
Durante el levantamiento del 4 de junio de 1963 desempeñó una gran labor junto al
Imán Jomeini en la coordinación de las manifestaciones. Ese mismo día por la noche,
después de pronunciar un discurso contra el sha, es detenido e ingresa en prisión
preventiva junto a otros clérigos de Teherán. Después de la marcha de los clérigos a
Teherán y debido a la presión popular, es liberado después de 43 días junto a los otros
compañeros de prisión.
Tras la formación del grupo de Coalición Islámica, el ayatolá Mottahari es nombrado
responsable, junto a otros clérigos, para su gestión y organización. Tras la muerte en
atentado de Huseyn Ali Mansur, primer ministro de entonces, la cúpula dirigente de este
grupo fue reconocida y sus miembros detenidos, entre los que se contaba el ayatolá
Mottahari. Sin embargo, debido a que el juez que llevaba el caso había estudiado
durante un tiempo en Qom con el ayatolá Mottahari como maestro, le envió un mensaje
a éste diciéndole que "he cumplido con mi deber como alumno", por lo que el maestro
se vio libre.
Durante todo este tiempo alternaba sus actividades combativas contra el régimen
pahlavi con la redacción de obras de interés social, dando conferencias en las
universidades, sociedades islámicas y sermones y homilías en diversas mezquitas de
Teherán. Se puede decir que el ayatolá Mottahari creía en una lucha islámica, no en
cualquier lucha islámica. Para islamizar los movimientos hizo muchos esfuerzos
ideológicos y se opuso tenazmente a todo lo que consideraba un desvío de los ideales
islámicos. Para ello, fue el principal fundador de la Institución de Orientación
Huseyniyeh. Sin embargo, después de un tiempo dimitió en 1970 debido al
comportamiento individualista de uno de los miembros de la directiva, que no
consultaba nada y que impedía la puesta en marcha de los planes del ayatolá Mottahari.
Un año antes, el ayatolá Mottahari fue detenido junto a otros clérigos por haber emitido
un comunicado conjunto para la recaudación de fondos para los refugiados palestinos,
también anunciado mediante una conferencia pronunciada en la Institución de
Orientación Huseyniyeh. Durante un breve periodo de tiempo fue encarcelado en
régimen de aislamiento. Desde 1970 a 1972 era el encargado de supervisar el programa
de propaganda de la mezquita de Ŷavad y era él mismo el principal orador de la misma,
hasta que la mezquita fue clausurada, al mismo tiempo que la Institución de Orientación
Huseyniyeh, y de nuevo, detenido un tiempo. Tras ser liberado continuó pronunciando
sermones y discursos en las mezquitas de Ŷavid, y Arg, hasta que la primera también
fue clausurada. En 1974 se le prohibió subir a los púlpitos, prohibición que estuvo
vigente hasta la victoria de la Revolución Islámica.
No obstante lo dicho, los servicios más importantes prestados por el ayatolá Mottahari
durante su fructífera vida fue el haber presentado y mostrado una ideología
genuinamente islámica mediante sus clases, sus conferencias y la redacción de obras.
Este hecho cobra mayor importancia por cuanto entre los años 1972 y 1978 surgen en
Irán numerosos grupos izquierdistas, incluidos musulmanes de izquierda, que es cuando
más se hace patente y llega a su auge el fenómeno de la mezcolanza ideológica. Además
del Imán Jomeini, el ayatolá Mottahari fue la primera personalidad que se percató del
peligro que suponía aquella organización llamada los Combatientes del Pueblo
(Moŷahedin-e-Jalq) y previno a los demás de colaborar con ellos. Llegó incluso a
predecir la metamorfosis ideológica que sufriría este grupo poco después.
Por recomendación del Imán Jomeini, el ayatolá Mottahari asistía dos veces a la
semana al seminario de Qom para impartir clases. En 1976, debido a una discusión con
un profesor comunista que tuvo, paradójicamente, en la Facultad de Teología, fue
jubilado antes de tiempo. Durante estos años, el ayatolá Mottahari funda con otros la
Sociedad de Clérigos Combatientes de Teherán, con la esperanza de que los clérigos de
otras ciudades siguiesen sus pasos.
Aunque el ayatolá Mottahari mantenía correspondencia con el Imán Jomeini tras el
exilio de éste, en 1976 decidió hacerle una visita en Nayaf donde pudo departir y
consultar con el Imán algunas cuestiones del levantamiento que se estaba fraguando en
contra del régimen del sha. Después del martirio del hijo del Imán Jomeini, el ayatolá
Seyyed Mostafa Jomeini, en 1977, el ayatolá Mottahari ya empleaba su tiempo
completamente en los levantamientos, en los que jugó un papel crucial en todas sus
etapas. Durante la estancia del Imán Jomeini en París, el ayatolá Mottahari hizo un viaje
a Francia donde habló con el Imán sobre las cuestiones fundamentales de la revolución
y fue durante esta visita cuando el Imán le nombró responsable de la creación del
Consejo de la Revolución Islámica. Durante el regreso del Imán a Irán, se hace
personalmente responsable del Comité de Bienvenida al Imán, y hasta la victoria de la
Revolución y después de ésta permanece junto al Imán Jomeini como su consejero y
hombre de confianza, hasta que el 30 de abril de 1979, a la salida de una reunión y en la
oscuridad de la noche, cayó mártir con una bala en la cabeza disparada por el grupo
ignorante y criminal de Forghan. El pueblo musulmán, que había puesto muchas
esperanzas en aquel gran hombre, se vistió de luto.
Abdullah Behbahani 1844-1910
El padre de Abdullah Behbahani, Seyyed Ismail, era un afamado moŷtahed. Cuando
regresó a Teherán de su peregrinación de Karbala, fue bien recibido por el rey de
entonces Mohammad Shah, el príncipe heredero, Naser al-Din, y por el pueblo. El
primogénito de este clérigo era Abdullah Behbahani, que sería uno de los protagonistas
de la Revolución Constitucional de Persia.
Tras terminar sus estudios elementales de teología, Abdullah Behbahani marchó a
Nayaf donde continuó sus estudios de teología con los más afamados clérigos shiíes del
momento. Tras obtener el rango de eŷtehad en el año 1878, regresó a Teherán, y, al
haber muerto su padre, ocupó el lugar de su progenitor, donde ganó popularidad gracias
a sus dotes en el manejo de la palabra y a su brillante inteligencia.
Ocurrió que en Teherán se formó un tumulto debido a la deportación y ofensa de la que
fueron objeto unos estudiantes de teología, muchos de los cuales fueron detenidos, por
lo que Behbahani le pidió a Ein al-Douleh que los soltara, a lo que éste respondió que él
no tenía derecho a interferir en los asuntos del gobierno, actitud la cual le valió la
enemistad del pueblo y de los ulemas. El tumulto fue debido a que llegó a las manos de
Behbahani una fotografía en la que el belga encargado de la Aduana de Irán estaba
vestido de clérigo, lo cual fue interpretado como una mofa por los seminaristas, que
formaron una revuelta que se saldó con la detención de 13 seminaristas a los que
encadenaron y deportaron a Ardabil.
Tras el regreso de Europa del sha y de Ein al-Douleh, Behbahani y el ayatolá Seyyed
Mohammad Tabatabai mostraron públicamente su oposición al Gobierno y exigió la
formación del Juzgado y la destitución de Ein al-Douleh. Otros oradores como Sheij alRais Qajar y Vaez Isfahani se subieron a los púlpitos para declamar sobre la libertad y la
justicia y encaminar el pensamiento popular hacia la lucha contra el Estado. Muchos de
los opositores al régimen establecido ayudaron económica y moralmente a Behbahani y
a Tabatabai. El gobierno británico, por su parte, en defensa de sus intereses, lo que hacía
era apoyar y ayudar al gobierno persa.
La subida del precio del azúcar seguida del sometimiento al bastinado de uno de
comerciantes de este producto, por orden de Ein al-Douleh, desencadenó la ira de los
comerciantes a los que se unieron posteriormente los ulemas en un gesto de solidaridad.
Behbahani y Tabatabai, junto a otros clérigos de alto rango, acompañado por muchos de
sus seminaristas, marcharon hacia Shah Abdul Azim (ciudad-santuario situada al sur de
Teherán) y se encerraron allí, y cada día se iban uniendo más gente al grupo. Los
encerrados exigían la destitución de Ala al-Douleh, del belga agente de Aduanas que se
había disfrazado de clérigo y la creación de un Juzgado. Mozaffar al-Din Shah quiso
dispersar aquel encierro pero no tuvo éxito ninguno. Después de un mes encerrados en
el santuario, decidieron salir de Shah Abdul Azim ya que el sha les había prometido que
colaboraría para la obtención de sus exigencias. Al llegar a Teherán se la encontraron
engalanada y fueron aclamados por las multitudes. Aparentemente todo había vuelto a
la normalidad. Ala al-Douleh había sido destituido, pero surgieron por doquier multitud
de anjomans (asambleas) secretas, algunas con objetivos personales del que las creaba y
otras con el fin más noble de obtener la libertad.
Tras la elección de los miembros del Parlamento y la formación de este, Abdullah
Behbahani ingresó en el Parlamento y tal fue el poder que llegó a adquirir que muchos
de los asuntos de Estado se dirimían en su propia casa y se le llegó a poner el apelativo
de “Shah Abdullah”. La mayor parte de los diputados del Parlamento estaban bajo su
influencia y la oposición o acuerdo de Behbahani con algún asunto era determinante
para hacerlo llegar a buen puerto o no. Este Parlamento consiguió frenar la deuda
externa, hacer un programa para la Banca Nacional y equilibró el presupuesto del
Estado. Pero, con la oposición del sha al Parlamento y tras el asesinato de uno de los
diputados y las divergencias internas que ya había, agravado por el saqueo que se
produjo en las tiendas de los comerciantes a manos de los soldados y agentes del sha,
hicieron que Tabatabai y Behbahani telegrafiaran al resto de las ciudades del país para
que el pueblo se levantase contra el despotismo.
El Parlamento y las Asambleas se dispusieron a entrenar una Guardia Nacional y a
instruir a los jóvenes en la milicia. Fue entonces cuando Mohammad Ali Shah ordenó
bombardear el edificio del Parlamento. Behbahani y Tabatabai fueron detenidos,
abofeteados y deportados a Kermanshah con las ropas hechas jirones por orden del sha.
En Kermanshah permanecieron ocho meses detenidos bajo custodia militar, tras los
cuales, el Gobierno mandó liberar a Behbahani, que fue aclamado por la gente. Tras
aquello, Abdullah Behbahani marchó a Najaf y Karbalá donde también fue bien
recibido por los ulemas, y, cuando Teherán fue conquistada por los liberales, Behbahani
regresó a la capital donde fue calurosamente acogido por los dirigentes nacionales. En el
II Parlamento, Behbahani se enclaustró en su casa y desde ella realizaba muchas de sus
tareas como diputado. Los miembros moderados le apoyaban pero los radicales estaban
en su contra ya que la influencia de Behbahani impedía que llevasen a cabo muchas
empresas que redundaban en su beneficio, así que planearon asesinarle. Un grupo de
encapuchados entraron en su casa y le dispararon a bocajarro causándole la muerte. Su
cuerpo fue llevado a la ciudad santa de Nayaf donde fue enterrado.
Ciro el Grande
Gran rey de Persia, fundador de la dinastía Aqueménida. Hijo del noble persa Cambises
y de la princesa meda Mandana. Nació aproximadamente en el 590 a.C. Casi todos los
detalles de la vida de este rey han llegado a nuestros días a través de Herodoto, que en
general es la principal fuente para estudiar la historia los Medos y principios de los
Aqueménidas. Herodoto nos cuenta que el abuelo materno de Ciro era el rey medo
Astiages (al que derrotaría años más tarde). Cuenta que éste tuvo un sueño en el que
veía claramente que el hijo que había nacido de su hija Mandana le iba un día a
arrebatar el poder. Interpretándolo como una profecía, decidió curarse en salud y no dar
en matrimonio a su hija a ninguna personalidad influyente entre la tribu de los magos.
Finalmente, decidió desposarla con uno de la tribu persa llamado Cambises, muy
inferior en rango y cuyo vástago no tendría posibilidades de rivalizar en el trono. Pero
ello no impidió que los sueños siguieran hostigando al anciano monarca y éste volvió a
soñar con su hija, de cuyo vientre crecía una parra que cubría y hacía sombra sobre toda
Asia. Los magos interpretaron el sueño advirtiéndole que era una profecía de lo que se
le venía encima. Astiages puso una guardia a su hija, ya en avanzado estado de
gestación, para acabar con aquel retoño en cuanto naciese.
Una vez nacido el niño, le encargó la tarea a uno de sus fieles ministros, Harpago. Éste
le prometió al rey que así se haría. Mas ocurrió que Harpago, conmovido por aquel
infanticidio que estaba a punto de cometer, decidió echarse atrás y le entregó el bebé a
unos pastores, siervos del mismo rey medo. Harpago mintió al pastor diciéndole que el
rey le encargaba abandonar el niño en un paraje desierto para que allí pereciera.
Harpago amenazó al pobre pastor a quien dijo que debía asegurarse de la muerte del
niño, que si así no lo hacía, él mismo se encargaría de someterlo a los más horribles
suplicios. Uno de los criados de Harpago le informó de la identidad de la criatura, de la
que ya algo sospechaba el pastor debido a la rica indumentaria con la que estaba el niño
cubierto. Al llegar el pastor a su casa, le puso a su mujer al corriente de todo lo
acontecido. Harpago cometió un grave error. Quiso el destino que la mujer del pastor,
llamada Spacos, hubiese parido un niño muerto ese mismo día. La mujer no tardó
mucho en ocurrírsele dar el cambiazo y entregar el cadáver de su hijo como prueba de
haber cumplido su marido aquel terrible cometido. El marido accedió a aquella idea que
además no le pareció nada mala. Colocaron al niño muerto en la canastilla donde se
encontraba Ciro y lo abandonó en medio del monte. A los tres días, los guardias al
mando de Harpago marcharon donde se encontraba el cadáver, por indicación del
propio pastor, y enterraron el infante.
Tumba de Ciro el Grande en Pasargadas, provincia de Fars.
En fin, Ciro fue criado por Spacos mientras su abuelo y Harpago le creían muerto.
Herodoto nos sigue contando que no obstante, a los diez años la identidad del niño fue
descubierta por el rey Astiages, a cuya justicia habían recurrido por haber azotado Ciro
a un niño con el que jugaba a reyes y pajes, donde Ciro hacía las veces de rey. Cuando
Ciro fue llevado ante Astiages, éste se fijó en sus ademanes y en que sus facciones se le
parecían. Sospechando de aquel insólito parecido, mandó llamar a su supuesto padre a
quien interrogó sobre la identidad del niño. El pastor le dijo que era su propio hijo, pero,
cuando el rey amenazó con someterlo al tormento de no decir la verdad, el pastor lo
confesó todo. Astiages no le tuvo en cuenta aquello a él y descargó su ira contra
Harpago a quien hizo llamar. Éste, al ver allí al pastor no dudó en confesarlo todo,
intentando ganarse alguna concesión mediante la confesión de la verdad. El rey mostró
incluso agradecimiento, hizo como que se alegraba que su nieto hubiese sobrevivido y
se hubiese evitado aquel ultraje a su hija, ya que al fin y al cabo aquella orden la había
dado sin pensar en lo que hacía. Harpago salió de palacio muy contento por haber
escapado con tanta suerte de aquel atolladero. La venganza por desobediencia que
tramaba Astiages en contra de Harpago fue terrible. Éste fue invitado aquella misma
noche a un banquete de agradecimiento a los dioses donde se le sirvió la carne de su
propio hijo. Cuando el rey le preguntó si estaba satisfecho del yantar y Harpago
respondió afirmativamente, los criados descubrieron la tapa de una bandeja donde se
habían colocado las manos, los pies y la cabeza de su hijo. Harpago mantuvo la entereza
pese a la escena, dándose cuenta en seguida de que el rey no había sido indiferente a su
desobediencia. Astiages consultó a los mismos magos que le interpretaron 10 años antes
su sueño, sobre las medidas que tenía que tomar ante la nueva situación. Éstos le
contestaron que tenía que dejarlo vivir, y le dijeron que si ya había reinado una vez (en
referencia al juego con los otros muchachos) que quedara tranquilo que ya no podía
volver a reinar pues aquel sueño lo que probablemente profetizaba era que el hijo de
Mandana sería rey, pero rey en el juego.
Herodoto sigue contando que Ciro fue devuelto a sus padres legítimos, Cambises y
Mandana, que no dejaban de abrazarle pues le creían muerto hacía diez años. Los años
pasaron y Ciro llegó a la mayoría de edad. Mientras tanto, Harpago iba tramando planes
para vengarse de la venganza de Astiages, desacreditando al viejo rey e inculcando en la
mente de los cortesanos la conveniencia de deponerlo y nombrar a su nieto Ciro en su
lugar. Harpago le escribió una carta secretamente a Ciro donde le incitaba a la rebelión
contra su fracasado "verdugo" pues si se hallaba con vida ello se debía a la voluntad de
los dioses. A Ciro no le disgustó la idea de hacerse con el trono, la cuestión era cómo
incitar a los persas en contra de los medos. Para ello, se le ocurrió la feliz idea de
convocar a éstos a una junta con una carta falsa donde Astiages le nombraba general de
los persas. Así se hizo del poder, aunque Herodoto nos adorna la historia con numerosos
detalles, y que si bien algunos de ellos son superfluos hace que el relato se pueda leer
como una novela de aventuras.
Resumiendo, Astiages, enterado de lo que estaba haciendo su nieto le advirtió de las
consecuencias por medio de un mensajero. Ciro le respondió que no se preocupase, y
"que pronto le haría una visita". Astiages cerró filas y se preparó para lo que
acertadamente sospechaba. Armó a todos los medos y cometió el grave error de
nombrar general a Harpago, poniendo literalmente en sus manos el cumplimiento de su
venganza. La batalla entre medos y persas fue lo que hoy denominaríamos una
pantomima. Entre los medos, sólo lucharon de verdad aquellos pocos que nada sabían
de las tramas de su general. El resto, o salió huyendo o se unió a los persas. Astiages
estaba conmovido. En un arrebato de ira hizo ejecutar a los magos que interpretaron sus
sueños y reclutó a los jóvenes y viejos que habían quedado para que se enfrentasen a su
nieto. Mas todo fue en vano. Los persas los derrotaron e incluso Astiages cayó
prisionero. Harpago no tardó mucho en ir a regodearse ante el rey caído en desgracia, a
burlarse en su cara y a reprocharle aquel acto inhumano de hacerle comer la carne de su
hijo, además de revelarle que él había sido quien había incitado a Ciro a la rebelión.
Cuenta Herodoto que el viejo rey medo le respondió a Harpago que era el hombre más
tonto y más injusto que había conocido, tonto porque podría haber sido él quien podría
haberse hecho rey en lugar de Ciro, e injusto porque iba a someter a todos los medos al
yugo de los persas para vengarse de una sola persona.
En fin, con la creación del estado aqueménida por Ciro el Grande, Persia aparece en el
escenario de la historia con un papel activo y determinante. Según una inscripción
babilónica, Ciro se llevó el tesoro real de Ecbatana a Anzán dando fin al imperio medo.
Su fulgurante victoria sobre los medos y la inmediata hegemonía que obtuvo sobre su
territorio causó estupor entre los reyes de la región. Ciro, para evitar que la unión que se
estaba formando por Lidia, Babilonia y Egipto se conjuraran contra él, decidió tomar la
iniciativa bélica y comenzar una ofensiva contra ellos antes de verse obligado a tomar la
defensiva. Obtuvo una rápida victoria sobre Creso que lideraba el ejército lidio y que
avanzaba hacia las fronteras de Persia, y, tras su derrota, Sardes, capital de Lidia fue
tomada por Ciro (546 a. C.). Esta victoria significaba la anexión de Asia Menor a los
dominios aqueménidas. Sin embargo, antes de su expedición militar a Mesopotamia
decidió atacar preventivamente a los escitas para que no le ocurriese lo que le ocurrió al
rey medo Ciájares. Finalmente, tras luchar contra los escitas se dirigió al Tigris, lo cruzó
y conquistó Babilonia sin resistencia (538 a.C.) Con la conquista de Babilonia se
anexionó además Siria, Asiria y Palestina, que estaban gobernadas por Nabónides, rey
babilonio.
Lo que al mundo judío concierne, el hecho más conocido de este rey fue la liberación
de pueblo de Israel que estaba cautivo en Babilonia. Este hecho está referido en el
Antiguo Testamento con bastante detalle, en Esdras y Daniel. Allí se presenta al rey de
Persia como un ungido de Dios, como alguien elegido por Yahvé para liberar al pueblo
judío que había sido deportado por Nabucodonosor. La famosa declaración de Ciro que
hoy se conserva y que fue escrita en un cilindro donde se proclamaba la liberación de
los judíos es considerado la primera declaración universal de los derechos humanos.
El "Cilindro Magno de Ciro", la primera declaración de los derechos humanos fue mandada
redactar por Ciro con ocasión de su conquista de Babilonia. Fot. www.thebritishmuseum.ac.uk
Según Herodoto, Ciro murió a manos de los masagetas. Cuenta el historiador griego
que Ciro cruzó el río Araxes (que hoy delimita el Irán actual con Azerbaiyán) para
cargar contra los ejércitos de Tomyris, la reina de los masagetas. Ciro utilizó una
curiosa trampa. Apartó a los más flacos y débiles de su propio ejército y los utilizó
como carne de cañón poniéndoles en primera línea. Los masagetas los mataron a todos
y tras aquello se encontraron unas mesas preparadas por el mismo Ciro donde había
buen vino y buena comida. Allí cayeron en la trampa comiendo y bebiendo hasta quedar
saciados y, con la mente embotada por el alcohol, cayeron presa del sueño. Entonces los
persas se abalanzaron sobre ellos, mataron a muchos y capturaron a otros, entre los que
se encontraba Spargapises, el propio hijo de la reina masageta. Tomyris, al enterarse de
aquello, le escribió un mensaje a Ciro donde le decía que él no había vencido en la
batalla "por la fuerza de su brazo" sino "engañándolo con esa pérfida bebida." Le
advertía que le devolviese a su hijo y que si tal hacía, no tendría en cuenta el haber
acabado con el resto de su ejército, pero que de lo contrario, te juro "decía
textualmente" por el sol, supremo señor de los Masagetas, que por sediento que te halles
de sangre yo te saciaré de ella". Ciro no hizo caso ni de la misiva, ni de las advertencias
que encerraba. Mientras tanto, Spargapises se despertó y, al darse cuenta de lo ocurrido,
pidió que se le quitasen las cadenas y tras verse liberado se quitó la vida. Según
Herodoto, la reina de los Masagetas envió un ejército contra Ciro y hubo entre los dos
bandos una batalla como "nunca había oído entre dos naciones bárbaras". Empezaron
arrojándose flechas, y, cuando aquellas se hubieron acabado lucharon cuerpo a cuerpo.
Los persas fueron derrotados y en la batalla murió Ciro. Tomyris hizo llenar un odre de
sangre humana, cortó la cabeza del cadáver de Ciro y la metió dentro del odre mientras
profería estas palabras: "Perdiste a mi hijo cogiéndole con engaño a pesar de que yo
vivía y de que soy tu vencedora. Pero yo te saciaré de sangre cumpliendo mi palabra."
Herodoto termina diciendo que él sabía varias versiones de la muerte del rey persa, pero
que él se quedaba con aquella, dejando al lector en la duda de la veracidad del relato.
Como conquistador, Ciro tenía una personalidad poco corriente. No imponía ninguna
religión a las poblaciones conquistadas y debía ser muy liberal en materia religiosa ya
que él mismo se convertía en adorador de los dioses de los pueblos conquistados, como
es el caso de Marduk en Babilonia. Los miembros de la Administración eran elegidos
entre la población del pueblo conquistado. Ciro fue el fundador de un imperio que
duraría hasta la llegada de Alejandro Magno.
Hasan Sabbah m. 1124
Célebre líder ismailí que formó en Persia una organización conocida en el medioevo
europeo como la Secta de los Asesinos, con un perfecto organigrama, entre los siglos XI
y XII. El padre de Hasan Sabbah, Ali ibn Mohammad Hamiri, era originario de la
ciudad de Kufa, en Iraq, pero se estableció en Qom y fue allí donde nació Hasan
Sabbah. En su juventud, Hasan Sabbah era shií duodecimano pero pronto se convirtió al
ismailismo o shiísmo septimano a través de las predicaciones de un tal Mo'men de Rei.
En el año 1076 uno de los líderes ismailíes de Persia habiéndose percatado de las dotes
del nuevo converso lo envía al Egipto fatimí, país cuya doctrina oficial era el ismailismo
y era considerado el cuartel general del shiísmo septimano y que había creado durante el
siglo anterior un califato separado del de Bagdad. El califa fatimí al-Mustansir lo envía
a propagar la fe a Persia y Hasan Sabbah marcha primero a Isfahán, luego a Azerbaiyán
y regresa a Egipto a través de Siria. En Egipto permanece un año y medio durante el
cual se produce el cisma que dividiría en dos a los ismailíes. Al-Mustansir tenía dos
hijos, Musta'li y Nizar y uno de ellos debía ser heredero del califato. Hasan Sabbah era
partidario de Nizar, lo que le valió la enemistad de Musta'li y de sus seguidores, que le
impulsó a regresar a Persia. Este es el punto de partida del cisma entre los ismailíes que
de ahí en adelante se dividirían en dos, los partidarios de Musta'li, que de hecho fue
nombrado califa fatimí en el 1094, y los partidarios de Nizar, que se conocerán en la
historia con el nombre de nizaríes, muy abundantes sobre todo en Siria y Persia.
Cara oriental de la fortaleza de Alamut, a más de 2.000 metros de altura, en el noroeste de Irán
A su regreso a Persia, Hasan Sabbah comenzó a expandir la causa nizarí. En poco
tiempo consiguió muchos adeptos en Tabaristán, Damghan, Yazd y Kermán, hasta que
llegaron a poseer fortalezas, como la de Alamut situada cerca del mar Caspio, de la que
hicieron su cuartel general en Persia y permaneció inexpugnable hasta el año 1256 en
que fue conquistada por los mongoles. Después de Alamut, los ismailíes nizaríes
conquistaron otras muchas fortalezas que se encontraban sobre todo diseminadas a lo
largo de toda la línea norte del país. Toda esta actividad subversiva intranquilizaba a los
gobernantes selyúcidas, y el ministro Nezam al-Molk decidió ponerse manos a la obra
para atraparlo. Empezó encargándole al gobernador de Rei la misión de encontrar a
Hasan Sabbah, y éste, al enterarse, no se acercaba a la zona y así evitó su detención.
Hasan Sabbah se dirigió entonces a Alamut (1090), y de ahí en adelante pasaba la
mayor parte de su tiempo allí encerrado y dedicado por completo a sus ejercicios
espirituales, que no le impedían seguir dirigiendo sus milicias a los distintos puntos del
país para apoderarse de nuevas fortalezas y que serían la pesadilla de los Selyúcidas.
Hasan Sabbah, era ahora líder y cabeza de una saga de líderes nizaríes que continúa
hasta nuestros días. Finalmente, Nezam al-Molk cayó bajo la daga de los "asesinos" en
el año 1092 como venganza de los hostigamientos a los que estaban siendo sometidos.
El asesinato de este ministro fue muy sonado y les dio aún más fama a este grupo
rebelde, hasta tal punto que fueron conocidos finalmente por los propios europeos (a
través de los Cruzados), que los llamaron los Hashishun, en referencia al hachís que
decían que fumaban, palabra que luego originó "assasin" o asesinos. Otros afirman que
"asesino" deriva de Hasani (partidarios de Hasan). Este atentado le hizo ganar a Hasan
Sabbah más poder y parecía que estaba inmunizado contra las continuas ofensivas que
tanto él como los suyos se veían sometidos por parte de los gobernantes selyúcidas.
Cuando el poderoso sultán Sanjar llegó al poder, Hasan Sabbah le amenazó de muerte
simplemente dejando clavada una daga en el suelo, cerca de su cama, y enviándole un
mensaje posteriormente que decía, "el que clava un puñal en el suelo duro también lo
puede clavar en el pecho blando del sultán". Tras esta demostración Sanjar dejó de
perseguirle e hizo las paces con los nizaríes, tregua ésta que les sirvió para recobrar
fuerzas y expandirse más todavía por toda Persia. Hasan Sabbah murió en 1124.
Jiabani 1879-1920
Sheij Mohammad Jiabani nació en Jameneh, cerca de Tabriz. Después de terminar sus
estudios primarios marchó a Rusia y allí estuvo un tiempo ayudándole a su padre en sus
tareas de comercio. Al poco tiempo regresó a Tabriz y allí comenzó a estudiar teología,
jurisprudencia islámica, astronomía, aritmética, filosofía, retórica y literatura. Antes de
producirse la Revolución Constitucional en 1905, era imán de una mezquita. Quizás ya
en aquella su juventud tenía ya ideales de justicia y libertad y pensaba en cómo lograr
aquellos objetivos hasta que llegó a la conclusión de que en Persia, primero tenía que
producirse una revolución en el pensamiento y que este cambio ya tendría por añadidura
las exigencias de sus derechos por parte del pueblo llano.
Durante la Revolución Constitucional se incorporó a las filas de aquellos que luchaban
contra el despotismo, y, al poco tiempo, ya era miembro de la Asamblea Provincial de
Azerbaiyán. Cuando el Parlamento fue cañoneado y Mohammad Ali Mirza estrechaba
cada día más el cerco a Tabriz, Jiabani luchó con todas sus fuerzas (septiembre 1908).
Las tropas del sha, encabezadas por el que debería ser el gobernador de Azerbaiyán, Ein
al-Douleh, se encontraban cerca de Tabriz, mas los constitucionalistas no se dejaban
amilanar, "¿Qué miedo podemos tenerle a este ejército? "decían", si en lugar de ser
30.000 soldados fuesen 100.000, nada temeremos y no dejaremos de exigir nuestros
derechos..." Finalmente se decidió enviar a Ein al-Douleh un comunicado que hablase
en nombre del pueblo. El comunicado fue llevado por un delegado británico
acompañado de Jiabani, entre otros clérigos, pero Ein al-Douleh mostró una actitud
arrogante y pretendió engatusar a aquellos constitucionalistas con palabras empalagosas,
ellos se percataron de aquello y regresaron sin resultado alguno y tuvieron que continuar
la lucha contra las huestes del sha a las que derrotaron.
Jiabani fue uno de los grandes héroes de la historia del Irán contemporáneo. A lo largo
de su vida política se mostró incorruptible, no tenía ninguna vinculación con los
extranjeros y se apartaba de las ansias de liderazgo que se veían en otros y que tantos
estragos habían causado y estaban causando al país. Más admirable era el hecho de que
nada material esperaba de Persia y nunca mancilló su vida con las vilezas, egoísmos y
cortedad de miras que tanto se veían en muchos otros.
Durante varios años, Jiabani fue uno de los hombres más influyentes en la política de
Persia. Ya fuese en Teherán, ya en Tabriz, su presencia marcaba el orden del día. Su
gran influencia y poder le permitía obtener todo aquello que hubiese deseado, mas su
austera y espartana vida se asemejaba más bien a la de un pobre.
Cuando Jiabani y los constitucionalistas de Tabriz vencieron al poderoso ejército del
sha, marchó a Teherán, venció también allí a las fuerzas déspotas monárquicas y
derrocó a Mohammad Ali Shah. Fue elegido diputado por el pueblo de Tabriz en el II
Parlamento. Defendió la libertad y los derechos del pueblo ante aquellos que se
oponían, como miembro destacado demócrata que era. Cuando el Parlamento suspendió
sus actividades y se produjo la crisis, permaneció oculto varios años hasta que regresó a
Tabriz donde no dejó verse durante un tiempo.
En octubre de 1917 se produce la Revolución Rusa. Irán se vio rozada por aquellos
acontecimientos, aunque finalmente salió incólume de las garras del despotismo ruso.
Jiabani le dio a los demócratas un nuevo aliento, realizó varias innovaciones en la
institución y editó el diario "Taŷaddod" (Renovación) que era en realidad el boletín
oficial del partido demócrata. Jiabani se opuso firmemente al Tratado de 1919 que firmó
Vosuq al-Douleh en beneficio de Gran Bretaña y en la que Persia salía bastante
perjudicada. Al año siguiente, los demócratas de Tabriz se levantaron en rebelión
liderados por Jiabani, ocuparon las oficinas de la Administración y los edificios de
gobernación y obligaron a los funcionarios que allí trabajaban a abandonar el trabajo y
sus funciones. 6 meses duró el levantamiento popular durante los cuales Jiabani no
dejaba de arengar diariamente al pueblo y de dar discursos en los que dejaba claro los
objetivos de los partidarios de la libertad y del pueblo de Azerbaiyán, y animaba a las
masas a defender la libertad y la independencia de Persia. El levantamiento fue
finalmente aplastado ese mismo año por Mojber al-Saltaneh, enviado por Moshir alDouleh para gobernar Azerbaiyán.
Sin lugar a dudas, Jiabani es una de las personalidades más conocidas de la historia
contemporánea de Irán en la exigencia de la libertad. Sus discursos eran excitantes y
escribía interesantes artículos. Resistió hasta la muerte en su lucha por que los ideales
constitucionalistas se viesen hechos realidad. Estudiando los dos levantamientos que
lideró en Azerbaiyán puede vislumbrarse el desprendimiento y el sacrificio de este gran
líder en su defensa de la libertad y de la Constitución. En el primer levantamiento,
mediante la formación de un Comité Estatal digno de la confianza del pueblo de
Azerbaiyán, tuvo cierto éxito pero este comité también se vio enfrentado a varios
problemas y aún era incapaz de realizar los grandes logros que reclamaba la población
de Persia.
El segundo levantamiento comenzó en marzo de 1920 y fue entonces cuando Jiabani,
aunque fue elegido diputado para el IV Parlamento, fue muerto a tiros por orden de
Mojber al-Douleh y su casa saqueada por el destacamento cosaco. Es menester decir
que el fracaso de esta segunda insurrección es debido en parte a la falta de colaboración
de muchos de los insurrectos.
Jiabani se enfrentó al Gobierno a pesar del ultimátum de los rusos. Se mostró defensor
de la integridad del territorio de Persia en el asunto de la ocupación de Azerbaiyán por
parte del Imperio Otomano y atacó encarnizadamente a aquellos que se querían avenir
con el enemigo.
En su último discurso, Jiabani decía, "Tabriz quiere que el gobierno esté en manos del
pueblo. Ahora mismo toda Persia esta pidiendo esto a gritos. Cuando Teherán se niega a
aceptar esto, nosotros tendremos que reconstruir Persia sobre los cimientos del
radicalismo, nosotros decimos que un gobierno democrático debe regir toda Persia. El
pueblo de las ciudades y provincias debe tener libertad para expresar sus opiniones, y,
en la defensa de sus derechos, la última etapa es la muerte, y preferimos morir en esta
senda que vivir en la ignominia."
Karim Jan Zand (1749-1779).
Karim Jan Zand era uno de los generales de Nader Shah. Karim Jan pertenecía a la
tribu de los zandíes, tribu que había sido trasladada a Jorasán por orden de Nader Shah
y que luego Karim Jan devolvió a su lugar de origen autoproclamándose jefe de la
tribu. Hasta el año 1749, en que las guerras internas de los remanentes de Nader Shah
mostraron su ineptitud en política y en asuntos de estado y que prepararon el terreno
para la llegada de nuevos pretendientes al poder, nada sabemos de Karim Jan Zand.
A tenor de las revueltas que había a la sazón en todo el país, Karim Jan formó un
triángulo formado por él, Ali Mardan Jan y Abul Fath Jan Bajtiari, pero como ninguno
de los tres se consideraba inferior respecto al resto del grupo en rango y autoridad, la
alianza acabó en disputas. Este triángulo mantuvo negociaciones para nombrar rey al
sobrino del safaví Sultán Huseyn (hijo de su hermana) y llamarlo Shah Ismail III,
repartiéndose los tres altos cargos tocándole a Karim Jan ser general del ejército. Mas
como se ha dicho anteriormente, los tres acabaron luchando entre sí. Karim Jan,
después de 16 años de guerras continuas, pudo vencer a Ali Mardan Jan y a todos sus
rivales entre los que se contaban Mohammad Hasan Jan Qajar (un pretendiente al
trono), y apoderarse de las regiones centrales, norteñas, sureñas y occidentales del
país. Mientras tanto, ocurrió que Shah Ismail III pidió refugio a Mohammad Hasan
Qajar. Karim Khan fue derrotado poco después por el jan qajar que le hizo regresar a
Isfahán. Allí, Karim Jan se enfrentó a la alianza de Ali Mardan Jan y Azad Jan
Afghan a la que venció en batalla. Luego, alrededor de 1750 y tras la desaparición de
Mohammad Hasan Qajar, Karim Jan se proclamó, no rey, sino con el nombre más
modesto de vakil al-ra'ya (tutor o regente de los vasallos) de toda Persia, exceptuando
Jorasán que permaneció en manos de Shahroj hasta la muerte de éste.
Karim Jan luchó contra los otomanos en 1775, y de esta manera los persas ya
dominaban además de la meseta de Irán, la cuenca del Shatt al-Arab, Bahrein y las
islas del sur del golfo Pérsico. Karim Jan estableció su capital en Shiraz a la que dotó
de muchos monumentos. Karim Jan murió en 1779 a edad bastante avanzada y de
muerte natural.
Modarres
Uno de los clérigos más importantes que se opusieron a Reza Shah. Seyyed Hasan, más
conocido por Modarres, nació en el pueblo de Sarabeh, provincia de Ardestán. Pasó su
infancia en Qomsheh y tras terminar sus estudios primarios marchó a la ciudad de
Isfahán para continuar sus estudios de teología con tres de los clérigos de más prestigio
del momento. En Isfahán permaneció 13 años tras los cuales marchó a Iraq donde
estuvo completando sus conocimientos 7 años con clérigos de renombre. En el año 1898
regresó a Isfahán y allí se dedicó a la enseñanza de leyes y jurisprudencia islámica. En
1910 ingresa en el II Parlamento de parte del Comité de los Ulemas de Nayaf para
supervisar las leyes del Parlamento (en virtud de un artículo de la Constitución). En el
III Parlamento, es decir en el año 1913, es elegido diputado por Teherán. Dos años
después, durante la I Guerra Mundial, salió de Teherán acompañado de otros personajes
importantes y vivió durante dos años en Siria, Iraq y Turquía constituyendo un gobierno
en el exilio del cual él era ministro de Justicia. A su regreso a Irán fue elegido por el
pueblo diputado del Parlamento durante varios periodos de éste.
En el V Parlamento se opuso al derrocamiento de la dinastía Qayar y la entronización
de Reza Jan. Su oposición patriótica a Reza Jan le valió la enemistad de éste hasta tal
punto que envió a un sicario para que le diese muerte. Era 1926 cuando fue objeto de un
atentado, le dispararon varias balas pero sobrevivió. Reza Shah se lo quitó de encima
ordenando su deportación a Jorasán, cerca de la frontera con Afganistán, donde fue
encarcelado y posteriormente asesinado con un té envenenado que no le hizo mucho
efecto, por lo que los carceleros hicieron uso del propio turbante de Modarres para
estrangularlo (1937).
Frases como "nuestra religión es como nuestra política, nuestra política es como
nuestra religión" y que hoy aparece en los billetes de 100 riales fueron acuñadas por él.
Mohammad Mosaddeq 1879-1967
Mohammad Mosaddeq nació en Teherán en 1879 en el seno de una familia de alta
alcurnia. Su padre, Mirza Hedayat, era ministro en la época de Naser al-Din Shah y su
madre Malek Taŷ Firuz Naŷm al-Saltaneh era nieta del que fuera heredero a la corona
Abbas Mirza (hijo de Fath Ali Shah), muerto en batalla en 1834. A los 17 años de edad
entró en la Administración de Jorasán como funcionario de Hacienda, donde trabajó
durante 10 años, tras los cuales dimitió. En 1902 invertía parte de su tiempo para
adquirir nuevos conocimientos y también estudió en la Escuela de Ciencias Políticas
que hacía poco había sido inaugurada en Teherán. Con el inicio de la Revolución
Constitucional en 1905, comenzó realmente su vida política. Por estas fechas ingresó
como miembro de la Sociedad de la Humanidad, un grupo de corte humanista donde se
congregaban intelectuales defensores de la libertad y de la independencia, grupo del que
dimitió más tarde debido a que consideraba muchas de sus ideas opuestas a sus ideales
políticos. Pero la experiencia en aquella sociedad le valió para crear la suya, a la que
puso un nombre similar, en compañía de otros personajes influyentes del panorama
político e intelectual del momento, que eran cercanos a él.
En el I Parlamento el doctor Mosaddeq fue elegido diputado por Isfahán. Pero no
ingresó en él por ser menor de 30 años. Poco después, alrededor de 1910 y durante el
período que se conoce en la historia de Persia como el de la "pequeña dictadura",
Mosaddeq marchó a París donde estudió política durante dos años. Después regresó a
Persia, pero tuvo que ir a Suiza debido a su estado de salud, y allí se doctoró en
Derecho por la Universidad de Neuchatel. A su regreso fue nombrado director y
profesor en la Escuela de Ciencias Políticas de Teherán. Fue entonces cuando comienza
a escribir, en un principio, libros de texto para sus clases.
Durante las Elecciones al III Parlamento fue invitado a participar en las actividades de
un partido moderado de corte progresista. En 1915 fue elegido por el III Parlamento
miembro del Comité del Ministerio de Hacienda y dos años más tarde, viceministro de
Hacienda y presidente de la Oficina General de Cuentas, puesto en el que permaneció
hasta 1918 y durante el cual instituyó unos tribunales donde juzgó a altos cargos
destituyéndolos después. Durante el mandato del Gabinete de Vosuq al-Douleh se fue a
Europa. En el siguiente Gabinete, gobernado por Moshir al-Douleh, fue nombrado por
éste ministro de Justicia, pero fue inmediatamente apartado de ese puesto y nombrado
gobernador de la provincia de Fars por requerimiento de la propia población. Estuvo en
este cargo hasta su destitución en 1921. Salió entonces de Shiraz y estuvo viviendo en la
provincia de Chahar Mahal va Bajtiari hasta la caída del Gabinete de Seyyed Zial Din.
Durante el siguiente Gabinete, presidido por Qovam al-Saltaneh, fue nombrado
ministro de Hacienda. Durante su ministerio realizó grandes logros como el equilibrio
del presupuesto del estado además de inspeccionar los antecedentes de los altos cargos y
funcionarios y expulsar a los corruptos. Tras la caída de Qovam al-Saltaneh y el
nombramiento de Moshir al-Douleh como primer ministro, fue nombrado gobernador
de Azerbaiyán, puesto en el que se mantuvo hasta agosto de 1923 en que fue nombrado
ministro de Asuntos Exteriores. Después de la caída de Moshir al-Douleh se negó a
aceptar ningún ministerio bajo el mando de Reza Jan, futuro rey de Persia. En las V
Elecciones al Parlamento fue elegido diputado por Teherán. Usando sus propias
palabras, la línea política seguida por Mosaddeq desde sus inicios en el mundo de la
política es, en política interna "el establecimiento de los principios de la Constitución y
de la libertad" y, en política externa, "política de balance negativo".
Mosaddeq estaba totalmente en contra de un cambio de dinastía en el país. Opinaba que
Reza Jan podría servir más a Persia como primer ministro que como rey. Así pues,
durante el V Parlamento profirió muchos discursos a este respecto. Cuando Reza Jan
fue nombrado sha, éste quiso hacer ingresar en su gobierno de alguna manera a todos
aquellos que gozaban del apoyo popular, entre los que se contaban Mosaddeq, a quien el
nuevo rey propuso nombrar primer ministro, a lo que él se negó.
Después de finalizar el VI Parlamento y al tantear Mosaddeq que la situación política
no era muy adecuada, se apartó de ella, y, para no verse afectado por ningún
acontecimiento político se marchó de la capital para irse a vivir a una de las propiedades
que tenía en Ahmad Abad (entre Teherán y Qazvin). Allí permaneció ocupado en
labores agrícolas hasta 1936. En 1940 fue llevado a Birjand, en Jorasán, donde fue
encarcelado. Fue excarcelado al poco tiempo debido a su enfermedad, y fue ordenado
que regresase a Ahmad Abad donde permanecería bajo libertad vigilada. Así estuvo
hasta septiembre de 1941 que se le retiró la vigilancia. No obstante, Mosaddeq pasaba la
mayor parte del tiempo en su villa, hasta que en diciembre de 1943 fue elegido diputado
por Teherán en el XIV Parlamento, ya, con Mohammad Reza en el trono.
En enero de 1946 se opuso tenazmente a la creación de un comité dirigido por tres
países extranjeros (la URSS, Norteamérica y Gran Bretaña) para dirimir el contencioso
de Azerbaiyán y advirtió del peligro que supone la injerencia de otros países en los
asuntos internos. Durante el XV Parlamento Mosaddeq no fue diputado pero había un
grupo minoritario fiel a sus ideas que se opuso a la aprobación del protocolo del
petróleo conocido como tratado de Ghes-Golshayan. En las Elecciones al XVI
Parlamento logró, ayudado por algunos candidatos de Teherán, anular las elecciones, lo
que trajo como consecuencia que la mayor parte de los diputados de Teherán fueran
elegidos entre los miembros del Frente Nacional e ingresar él de nuevo como diputado
nº 1. Durante este período fue cuando Mosaddeq fue elegido, primero, miembro del
Comité del Petróleo y luego presidente, y, con el apoyo de los diputados del Frente
Nacional formó la "Fracción Patriótica"?, y fue llevada a cabo la nacionalización del
petróleo, en primera instancia aprobada por el Comité del Petróleo y luego, con fecha
del 14 de marzo de 1951 aprobada por mayoría parlamentaria y ratificada 5 días después
por el Senado.
El 25 de abril de 1951, el gobierno de 'Ala que subió al poder tras la muerte en atentado
de Razmara, dimite al verse impotente para enfrentarse a la voluntad popular de
nacionalizar el petróleo y a las consecuencia que ello acarrearía ante Gran Bretaña. 6
días después el gabinete de Mosaddeq tiene una reunión a puerta cerrada presidida por
él mismo donde deciden presentarse para componer el Parlamento.
Gran Bretaña hizo un cerco económico contra Irán y le impidió la venta de crudo. Tras
amenazar también con el envío de buques de guerra, llevó el asunto de la
nacionalización del petróleo a los Tribunales de la Haya y al Consejo de Seguridad.
Mosaddeq se presentó en el Consejo y defendió los derechos de Irán. El Consejo no se
pronunció ante la denuncia de Gran Bretaña prefiriendo que fuese el Tribunal de la
Haya quien dirimiese la cuestión. En junio de 1952 Mosaddeq viaja a la Haya donde
pronunció en el Tribunal un discurso y el 20 de julio el Tribunal determina que no tiene
competencia para atender la denuncia de Gran Bretaña. Se llegó a dar el caso de que
uno de los miembros de la Judicatura, que era inglés, llegó a votar a favor de Irán. El
país salió victorioso en la escena internacional gracias al esfuerzo y la habilidad de
Mosaddeq.
En 1951 el doctor Mosaddeq fue elegido hombre del año por la revista norteamericana
Time. El 21 de diciembre de 1951 se
venden al público bonos del estado y éste responde con compras masivas.
Mosaddeq, hombre del año en 1951 según Time.
En febrero de 1952 Mosaddeq hizo cerrar los consulados y los centros culturales
británicos además de dar la orden de expulsión de todos los técnicos británicos del
petróleo, y el 21 de octubre Irán rompe relaciones con dicho país. A mediados de julio
de este mismo año, al no estar de acuerdo el sha con la transferencia del Ministerio de la
Guerra al primer ministro, Mosaddeq presentó su dimisión y fue nombrado primer
ministro Qovam al-Saltaneh. Este hecho desencadenó de inmediato manifestaciones
populares sangrientas y el 21 de julio Qovam al-Saltaneh tuvo que ser depuesto y
restituido Mosaddeq como primer ministro y transferírsele además la cartera del
Ministerio de Guerra. Mosaddeq pidió al Parlamento manos libres para llevar a cabo lo
antes posible aquellos proyectos de ley que él consideraba beneficioso y necesario su
conversión en ley por el Parlamento. El Parlamento le concedió tal potestad, primero
por un período de seis meses, que se le prorrogó luego a un año. A lo largo de todo este
período, el doctor Mosaddeq aprobó unos 80 proyectos de ley de diversa materia,
considerados todos ellos como provechosos para el interés general y que abarcaba
campos como la seguridad, la lucha contra la corrupción, reforma de la Justicia, reforma
de Finanzas y de Hacienda, equilibrio del presupuesto nacional, vivienda, sanidad,
fuerza armadas, asuntos sociales, seguros e instauración de la libertad. El 15 de
diciembre nacionaliza la telefonía a la vez que se opone a renovar el contrato de pesca
que tenía con la URSS y en su lugar la nacionaliza también. En agosto de 1953 convocó
un referéndum para disolver el Parlamento y el pueblo votó sí a dicha disolución. El 15
de agosto se produjo una intentona de golpe de estado por parte de la Corte cuyo fracaso
provocó la huida del país del sha.
El sha y su entonces mujer, Soraya, llegan a Roma en agosto de 1953 tras el fallido golpe de estado contra Mosaddeq.
Pero tres días después se volvió a intentar, esta vez con el dinero y la colaboración de la
CIA norteamericana. El golpe de estado llegó a buen puerto. El sha regresó de su breve
exilio y es hundido el gobierno del doctor Mosaddeq después de 28 meses de
hegemonía en Irán. Mosaddeq y sus colaboradores fueron llevados a los Tribunales
militares, que el doctor no reconocía competentes para juzgarle, mientras no dejaba de
reconocerse a sí mismo como primer ministro legítimo. Finalmente, el veredicto para
Mosaddeq fue de tres años de prisión.
Mosaddeq no reconocía el tribunal que lo juzgaba.
Cuando cumplió su condena, fue exiliado a su villa de Ahmad Abad donde permaneció
confinado, bajo vigilancia y prohibición de visitas, excepto por unos cuantos allegados,
hasta poco antes de su muerte. A mediados de diciembre de 1966 fue trasladado a
Teherán para ser ingresado en un hospital por estar aquejado de cáncer de mandíbula y
boca. Pero la medicación allí suministrada no surtió efecto alguno y el cáncer acabó con
su vida el domingo 4 de febrero de 1967. Su cuerpo fue llevado a Ahmad Abad donde
recibió sepultura en su propia casa.
El doctor Mosaddeq ha sido una de las personalidades más arrolladoras de la política
iraní del siglo XX. Admirado por unos, detestado por otros a cuyos intereses
perjudicaba, Mosaddeq sigue siendo puesto como ejemplo de persona incorruptible e
incomprable. Su sentido de la justicia le impedía que los extranjeros explotaran la
riqueza nacional de su país y su habilidad y firmeza en la política le ha valido que sea
comparado habitualmente con Amir Kabir, el mejor ministro iraní del siglo XIX.
Nader Shah Afshar
Nader Qoli Jan, nombre original de Nader Shah, era el hijo de Emam Qoli, de la tribu
turcomana de los Qerajlu, que era una ramificación de la tribu de los Afshar. Dicha
tribu había sido trasladada a principios de la época safaví a la zona norte de Jorasán
para impedir las incursiones de los uzbecos y de los turcomanos, asentándose en
Abivard y Darreh Gaz. El historiador oficial de la corte de Nader Shah, Mirza Mehdi
Jan, nos dice que Nader Shah nació el sábado 28 de moharram de 1100 de la hégira
(1688) y se contenta luego con darnos una parca descripción de la vida de las tribus sin
decirnos nada acerca de las alcurnias del último conquistador aparecido en Asia.
Lo que sí se puede sacar en claro de todo ello, es que Nader Qoli Jan, antes de la
insurrección de los Galzai afganos en Qandahar y de la caída de la dinastía safaví, era
un personaje anónimo que guarnecía su vida de pastor con algunas sencillas
demostraciones de valor y coraje. La caída de Isfahán en 1722 fue un buen pretexto
para que, por un lado, los agitadores del interior y por otro, los pretendientes del
exterior, salieran todos de sus rincones y sumieran también al país en un largo y
duradero caos. Nader Qoli Jan, que encabezaba un grupo que había sido formado para
la defensa de la integridad de la población de Abivard, se puso en primera instancia a
las órdenes del jan de la zona, y, tras contraer matrimonio dos veces sucesivas con dos
de sus hijas, heredó la pequeña región que aquel regentaba. Fue entonces, en 1726,
cuando Nader Qoli se unió al príncipe errante safaví Tahmasp Mirza, que estaba
buscando amigos y colaboradores abnegados y se dispuso a salvar al país de la quema
de los afganos.
Nader Qoli, salió vencedor en las cuatro batallas consecutivas que mantuvo contra los
afganos en las regiones de Mehmandust (Damghan), Sar Darreh Jar (cerca de
Teherán), Murcheh Jar (Isfahán) y Zargán (Fars). Estaba allanando el terreno para el
reestablecimiento de los Safavíes. Después de aquellas batallas, durante los 20 años
siguientes, mantuvo continuas guerras contra los otomanos en las que siempre Nader
Qoli salía vencedor, y solamente en una ocasión las huestes turcas pudieron derrotarle.
Así pues, Nader Qoli expulsó de nuevo a los turcos de las regiones de la ribera sur del
mar Negro, Armenia y Georgia. Por otra parte, Pedro el Grande, aprovechando los
disturbios internos y siguiendo una política hábil y eficaz, había hecho evacuar los
contingentes rusos de la franja del Caspio, de la línea que va de Bakú y Darband a
Mazandarán. Nader Qoli aprovechó de forma oportuna la debilidad mostrada por Shah
Tahmasp II (1713-1732) para destronarlo y colocar en el trono a su hijo pequeño.
Luego, en 1735, destronó al todavía niño 'Abbas III, para autoproclamarse rey,
designación apoyada en una asamblea celebrada en Dasht Moghan en la que se
hallaban presentes nobles, generales, "barbas blancas" y clero de alto rango. Las
siguientes empresas con las que continuó fue dirigirse a Qandahar donde aplastó las
rebeliones internas y el reestablecimiento de la calma en todo el país. Por otra parte,
debido a que la corte gurkaní de la India había dado refugio a varios fugitivos afganos
y aquellos no atendían a las exigencias de Nader Shah, éste no tuvo otra opción que
dirigir sus milicias hacia la India. El 24 de febrero de 1739 se produjo la batalla
decisiva entre ambos bandos en la región de Karnal, en la India, que se saldó con la
derrota del rey Mohammad Shah Gurkaní. Nader Shah conquistó el norte de la India,
incluida Delhi, y, después de acuñar moneda y anunciar su victoria sobre el rival,
volvió a sentar a Mohammad Shah Gurkaní sobre su trono. A cambio de ello, el rey de
la India devolvió a Persia las zonas de occidentales de Ab Atak y el río Sind.
Al regreso de Nader Shah a Persia, Jodayar Jan 'Abbasí, gobernador de Sind, comenzó
a insubordinarse, lo cual obligó a Nader Shah a ocuparse un año entero en reprimirlo a
él y a los afganos para apaciguar la región. El suceso importante de 1741 fue la
expedición militar de Nader Shah a Transoxiana y la conquista de la región de la ribera
sur del Oxus. Abul Feyz Jan, descendiente de Gengis Jan, sufrió una gran derrota pero
fue nombrado, por el mismo Nader Shah, gobernador de Samarcanda, Bujara, y toda la
ribera norte del Oxus hasta Sogdiana y Ferghana. Ilias Jan (valí de Joresmia), perdió la
vida en su enfrentamiento con ellos.
Así pues, Joresmia recuperó su posición en la historia y fueron de nuevo sometidas las
regiones que se hallaban entre los dos grandes lagos que abarca de este a oeste, el mar
de Aral y al mar Caspio y de norte a sur desde Mazandarán hasta el desierto de
Qipchaq (actual Kazajistán).
Debido a los errores que cometió Nader Shah a la hora de reconocer a sus
conspiradores, se llenó de ira contra su propio hijo, Reza Qolí Mirza, y lo cegó (1741).
Esta calamidad le causó un desequilibrio mental que se fue agravando cada vez más.
Las revueltas internas de los Lazgíes de Daguestán, y las insurrecciones locales de
Fars, Gorgán y otros lugares, unido a la negativa de los otomanos en aceptar el shiísmo
como una quinta escuela del Islam, provocaron que Nader Shah renunciase a atacar
Rusia, Estambul y Transoxiana, y se encerrase en sus luchas internas que lo
hostigaban.
Finalmente, el rey murió en Quchan, en 1747, a manos de un grupo de generales muy
afines a él, que temían por su vida.
Nader Shah fue un dirigente que llevó por última vez las fronteras de Persia a sus
confines naturales. Se hizo de grandes buques navales con el objetivo de hacer
devolver a Persia el derecho histórico que ostentaba en el golfo Pérsico y en el mar
Caspio.
Mausoleo de Nader Shah, en Mashad. En el interior se encuentra también un pequeño museo con objetos de la época. Fot. www.salamiran.org
Qa'em Maqam Farahani
Mirza Abul Qasem Qa'em Maqam Farahani, hijo de Mirza 'Isa Farahani (más conocido
como Mirza Bozorg Qa'em Maqam I) nació en Farahan, en la provincia central de Arak
en 1779. El futuro visir nació en una familia que alta alcurnia cuyos miembros ya
servían a los reyes del momento. Así, el abuelo de Qa'em Maqam, llamado Mirza
Huseyn Vafa se incorporó al servicio de la corte de los Zandíes en 1766, y dos de los
hermanos de éste fueron ministros de la misma dinastía, y, una vez depuestas por Agha
Mohammad Jan Qajar pasaron a ejercer altos cargos en la nueva dinastía. En 1798 sube
al trono el sobrino de Agha Mohammad Jan Qajar, Fath Ali Shah, y éste nombra
inmediatamente heredero al trono a su hijo mayor y preferido, 'Abbas Mirza, a quien
pone al cuidado de Mirza 'Isa Farahani (padre de Qa'em Maqam). Tras este
nombramiento, 'Abbas Mirza y Mirza 'Isa, su visir, son destinados a Azerbaiyán. Mirza
'Isa mostró una gran eficacia y destreza en su cargo y en la educación de 'Abbas Mirza,
entonces un niño de 11 años.
Bajo su visirato auspició reformas en el débil ejército de Persia y puso orden en las
turbulentas ciudades de Jui y Salmas. Las reformas en el ejército fueron ampliadas con
la llegada del general francés Gardanne. Por otra parte, fue bajo el visirato de Mirza 'Isa
cuando se enviaron a Europa los primeros estudiantes persas para estudiar las nuevas
ciencias y tecnología que estaban descollando en Occidente. Mirza 'Isa, ya viejo y
cansado, le pidió al sha que le diese su cargo a su hijo mayor Mirza Hasan. Así se hizo,
pero éste murió al poco tiempo, por lo que el visirato pasó a las manos de su otro hijo,
Mirza Abul Qasem Qa'em Maqam Farahani (1811), que no ejerció hasta la muerte de su
padre en 1821 en que pasó a ser "visir especial del príncipe heredero Abbas Mirza".
Qa'em Maqam, conocido entre los historiadores como Qa’em Maqam II para
diferenciarlo de su padre, demostró durante su cargo su buen hacer en la política, algo
que le valió el ganarse numerosos enemigos que le miraban con envidia.
Por aquel entonces los ingleses habían llegado a su conclusión particular de que 'Abbas
Mirza y su hábil visir estaban al servicio de los rusos. Así que se pusieron manos a la
obra y pusieron en el cargo de Gran visir del sha a "Abdullah Jan Amin al-Douleh,
mediante el cual llevaron a cabo sus oscuros designios, entre los que se contaban
encender de nuevo la mecha de la guerra entre Persia y Rusia. Para impedir a Qa'em
Maqam II llevaron a cabo la política de la calumnia y éste no tuvo más opción que
marcharse de Azerbaiyán y encaminarse hacia Teherán. Mientras tanto, aquellos que
conspiraban contra Qa'em Maqam II no descansaban y enviaron al rey una larga carta
donde se enumeraban los errores en los que había incurrido el visir de 'Abbas Mirza.
Qa'em Maqam II escribe entonces un poema en que se lamenta más por el hecho de
haber sido traicionado por sus propios sirvientes y colaboradores que por la traición en
sí: 'he visto tanta traición de mis compañeros"decía", que de mi propia sombra tengo
miedo." La separación de Qa'em Maqam II de Abbas Mirza durará dos años hasta que
finalmente Fath Ali shah le devuelve el honor y el prestigio perdido y lo envía de nuevo
a Azerbaiyán (1825). El regreso de Qa'em Maqam II a Azerbaiyán coincidió con una
nueva provocación por parte de los ingleses para que Persia y Rusia volviesen a
enfrentarse, algo que tanto Qa'em Maqam II como Abbas Mirza se negaban a continuar.
En 1826 el sha convoca una junta consultiva para preguntar sobre si se debía hacer la
guerra a Rusia y cuando llega a Qa'em Maqam II le pregunta su opinión al respecto,
"Soy un secretario "respondió" y la opinión de los jefes del ejército valen más que la
mía." Fath Ali Shah, que no acepta aquella respuesta, le pide que responda seriamente a
la cuestión y entonces Qa'em Maqam II le pregunta al sha cuánto recauda en concepto
de impuestos. "Tres millones "responde el rey" 'Y cuánto recauda Rusia "pregunta de
nuevo Qa'em Maqam"Trescientos millones "fue la respuesta del sha"Según la aritmética
"dice Qa'em Maqam" alguien que recauda tres millones no se mete en guerras con
alguien que recauda 300 millones."
Pero la guerra se hizo de todas maneras. Los ingleses aprovecharon aquella oposición
que mostró Qa'em Maqam para acusarle de estar en contra de la liberación de los
musulmanes del Cáucaso, y, lo que era peor, de estar aliado y ser amigo de los rusos.
Fue cuando la presencia de Qa'em Maqam en Tabriz no era muy afortunada y se decidió
que fuese deportado a Mashad, tras lo cual su casa de Azerbaiyán fue saqueada por sus
enemigos. Pero el conflicto bélico contra los rusos estaba tomando muy mal cariz. De
nuevo Fath Ali Shah tuvo que recurrir a la inteligencia y habilidad de Qa'em Maqam
para que le ayudase a salir del atolladero. Las consecuencias de la guerra contra Rusia
fueron el Tratado de Torkamanchai, el peor y más humillante tratado nunca jamás
firmado por Persia y que se ha convertido en algo proverbial, que podría haber sido peor
aún. En efecto, los rusos pedían que se estableciese la frontera con Rusia allí donde
hubiera presencia de tropas rusas, es decir, Tabriz, ya que estaba ocupada por las tropas
del zar. Pero Qa'em Maqam no descansó hasta conseguir que al menos la frontera entre
ambos países fuese establecida en el río araxes. Debido a este conflicto, en 1828 cae
asesinado Griboyedov, el embajador de Rusia en Teherán. Qa'em Maqam se pone
manos a la obra para evitar un nuevo conflicto con el gigante ruso y junto a 'Abbas
Mirza escribe una carta de condolencia al zar que sin lugar a dudas contribuyó mucho a
que éste adoptase una posición moderada frente a aquel grave suceso.
Qa'em Maqam seguía al servicio del príncipe heredero 'Abbas Mirza, a quien
acompañó en varias expediciones militares para reprimir insurrecciones en el interior
del país. En una de aquellas guerras, concretamente la llevada a cabo contra el
gobernador insurrecto de Herat, el príncipe heredero pierde la vida. Qa'em Maqam, que
se encontraba luchando también en el frente junto al que sería poco después Mohammad
Shah, tuvo la destreza de pactar un alto el fuego ventajoso para el Gobierno con el
gobernador insurrecto antes de que éste se enterase de la muerte de 'Abbas Mirza,
acuerdo en virtud del cual el gobernador de Herat daría 15.000 tomanes anuales como
tributo, se haría la plegaria en el nombre del sha y acuñaría moneda también con el
nombre del rey. Entonces es nombrado príncipe heredero Mohammad Mirza, hijo
de'Abbas Mirza. Al año siguiente muere Fath Ali Shah. Mohammad Mirza sube al trono
con el nombre de Mohammad Shah en 1834. Una vez en el trono Mohammad Shah,
Qa'em Maqam es nombrado gran visir de la Corte. Cuando Qa'em Maqam es nombrado
visir real, Persia no pasaba sus mejores momentos. Las Arcas estaban vacías, los
pretendientes al trono abundaban por todo el país, el ejército estaba debilitado, Rusia y
Gran Bretaña cada vez se inmiscuían más en los asuntos internos y la falta de seguridad
se había convertido en un grave problema.
En fin, gracias nuevamente a la sagacidad de Qa'em Maqam, que supo mantener en
secreto la muerte del rey durante varios días, Mohammad Shah pudo subir al trono sin
muchos problemas, tras llevar al príncipe heredero de Tabriz a la Teherán. Ello no
quiere decir que poco antes y durante la coronación no hubiese pretendientes. Éstos no
dejaban de surgir por todo el país pero Qa'em Maqam pudo evitar muchos
derramamientos de sangre, bien comprando a unos o bien confinando o cegando a los
que no se dejaban convencer.
A pesar de todos los esfuerzos de Qa'em Maqam en entronizar a Mohammad Shah, este
rey, enfermizo y de débil personalidad, no supo retribuir ni agradecerle el valioso
servicio prestado ya que gracias a él podía ceñir la tiara real. Al año siguiente, en 1835,
lo destituye y ordena su ejecución.
Las causas de esta decisión por parte del rey se podrían resumir en lo siguiente. Tras
aplastar a los pretendientes al trono, Qa'em Maqam se dispuso a trabajar en apaciguar el
país. Lo primero que hizo fue arreglar el sistema de tributario para lo cual tomó las
medidas que él estimó oportunas y no tuvo miramientos con nadie. Era un hecho
conocido lo sensible y meticuloso que era Qa'em Maqam para los asuntos monetarios, y
ahora que tenía más poder que antes, puso todo su empeño en sanear las cuentas del país
recortando gastos por todas partes. Para ello estableció un sueldo fijo para el rey y
recortó el gasto que causaban los cortesanos y la numerosa familia real. Por otra parte,
Qa'em Maqam tenía numerosos detractores, la mayoría de ellos pretendientes al cargo
que él ostentaba, y que ya estaban en su contra desde la muerte de Fath Ali Shah.
Su principal rival y que al final se salió con la suya fue Mirza Aqasi, ayo de
Mohammad Shah desde que éste era pequeño, que fue nombrado visir en cuanto Qa'em
Maqam fue asesinado. Mirza Aqasi, que había subido mucho de posición mediante la
ayuda de Qa'em Maqam, sentía una particular inquina hacia el visir. Siempre intentaba
poner al sha en su contra mediante mentiras, que eran sumadas a las que de él decían
otros allegados a la Corte. Mohammad Shah, que carecía de personalidad y que parecía
que estaba embrujado por su ayo, fue creyendo todo lo que le decía y paulatinamente
fue cambiando la opinión que tenía acerca de su visir. Se da la circunstancia de que el
sha le preguntaba a Mirza Aqasi sobre la veracidad de las calumnias que escuchaba, que
éste no hacía más que corroborar y agrandar. Las difamaciones llegaron al paroxismo
cuando se dejó correr el rumor de que Qa'em Maqam quería destronar a Mohammad
Shah para nombrar rey a otra persona. El tío del sha, Zall al-Sultán, era uno de los
pretendientes al trono tras la muerte de Fath Ali Shah, pero que se mantuvo al margen
tras ser convencido por Qa'em Maqam. Se cuenta que los cortesanos y aduladores
empezaron a decirle a Mohammad Shah que Qa'em Maqam estaba confabulado con Zall
al-Sultán para arrebatarle el trono y dárselo a él. Llegaron a soltar disparates, como que
cuando Qa'em Maqam mandó acuñar moneda con el nombre de Mohammad Shah, con
Mohammad se refería a su hijo, a quien quiere poner en el trono. Los rumores y los
infundios mientras tanto iban creciendo como una bola de nieve. Qa'em Maqam, que no
era ajeno a lo que se estaba cociendo a su alrededor, para impedir que su situación
empeorase, decidió cambiar la guardia real y entregársela a un familiar de su confianza.
Esta decisión no hizo sino encolerizar a sus detractores además de hacer desconfiar al
rey y a su esposa, Mahd-e-Ulia (madre de Naser al-Din) mujer de mucha influencia que
se encontraba en las filas enemigas de Qa'em Maqam.
Por otra parte, el colonialismo de Rusia y Gran Bretaña se puede contar entre los
factores que contribuyeron a la caída y asesinato de Qa'em Maqam. Tras el Tratado de
Torkamanchai se le dio un duro revés a la integridad de la independencia de Persia y la
influencia de Rusia se hizo más patente que nunca además de ir en aumento. Gran
Bretaña, por un lado, se esforzaba en hacer mermar la influencia rusa en Persia, y por
otro, trataba de impedir que la mano del zar llegase a la India, además de que hacía lo
imposible por que los persas le hiciesen a ellos también concesiones como las hechas a
los rusas mediante el tratado de Torkamanchai. Los ingleses intentaron sobornar en
muchas ocasiones a Qa'em Maqam para lograr sus objetivos, pero nunca se dejó, ni
estando bajo las ordenes del príncipe 'Abbas Mirza ni durante su breve período de visir
real. El mismo embajador británico en Teherán decía que"hay una persona en Persia que
no se puede comprar, Qa'em Maqam". Los ingleses insistían mucho en obtener unas
condiciones arancelarias similares a las obtenidas por Rusia mediante el Tratado de
Torkamanchai, pero Qa'em Maqam nunca se dejó convencer y rechazó de plano todas
sus propuestas.
En fin, factores internos y externos se añadieron al carácter indómito y orgulloso de
Qa'em Maqam, fruto quizás del difícil período que le tocó vivir y de la presión del cargo
que ejercía, para acelerar su caída. Una tarde, Mohammad Shah manda llamar a Qa'em
Maqam a través de un sirviente. Cuando entra en Negarestán, como se llamaba el jardín
del palacio, y tras un buen rato de espera, el rey no aparece. Cuando intenta marcharse
le cierran el paso. Qa'em Maqam se percata de que algo raro está sucediendo y se teme
lo peor. Lo encierran en el sótano del palacio durante cinco o seis días tras los cuales
aparece el verdugo para darle muerte por estrangulamiento. Luego es enterrado en el
santuario de Shah "Abdul"Azim, al sur de Teherán, sin ni siquiera lavar su cadáver
primero. El sha había optado por estrangularlo para cumplir la promesa que le hizo a su
padre, "Abbas Mirza, antes de morir de'que no derramaría nunca la sangre de Qa'em
Maqam".
Mientras Qa'em Maqam estaba confinado en aquel sótano, el sha tomó severas medidas
como arrestar y encerrar a sus familiares más relevantes. Muchos de ellos fueron
asesinados, a otros se les confiscaron los bienes y otros lograron salvarse por haberse
refugiado en algún santuario o simplemente por haberse escondido o huido de la ciudad.
Su visirato
Aunque Qa'em Maqam no ejerció el cargo de visir nada más que un año, este corto
período le bastó para ganarse la buena fama y reputación cuando es mencionado por los
historiadores de la dinastía Qajar. Qa'em Maqam había tenido una educación política a
manos de su padre y además había practicado durante muchos años su corto visirato
como visir particular del príncipe heredero en Azerbaiyán. Así que no es de extrañar
que al llegar al poder conociese con detalles cómo desempeñar su trabajo y se supiese
como una lección muy repetida y estudiada todo el panorama político y bélico que
afectaba a la Persia de su tiempo. Conocía el talón o los talones de Aquiles de Persia e
hizo allí hasta donde le era posible remediarlo.
En lo que se refiere a política interior este visir hizo grandes progresos para Persia
como por ejemplo el reforzamiento de las instituciones ante los ataques del exterior y
del mismo interior del país. A este respecto, afianzó la monarquía de Mohammad Shah
frente a los extranjeros y los pretendientes y rivales, y ello lo hizo empleando por un
lado medios diplomáticos o la violencia cuando venía al caso. También hizo reformas
en el ejército y como hemos visto cortó de lleno la influencia de los cortesanos en las
Arcas del Estado y llegó mediante esta maniobra a sanear las cuentas del país. Destituyó
a muchos aduladores y les abrió las puertas a los sirvientes leales.
El trato de Qa'em Maqam con el Clero era templado y deferente. Sentía un profundo
respeto hacia los ulemas, a los que consultaba en asuntos de índole político y jurídico.
El visir tenía una gran confianza en ellos de tal guisa que cuando murió Fath Ali Shah
fue a los ulemas de Tabriz a los que pidió ayuda financiera para llevar a Teherán y
entronizar al nuevo rey.
En lo que a política exterior se refiere, hay que tener presente que Qa'em Maqam pasó
toda su vida al servicio de 'Abbas Mirza y de su hijo Mohammad Shah, ambos apoyados
por la Rusia zarista tras los tratados de Golestán y Torkamanchai. Es por ello que
muchos historiadores han creído que Qa'em Maqam era partidario de la intromisión de
los rusos en Persia, en forjar esta opinión han contribuido mucho los ingleses. La verdad
es que Qa'em Maqam practicaba una política de balance positivo y negativo y acudía a
una de las dos partes, la rusa o la inglesa, cuando más o menos convenía a Persia. La
negativas de Qa'em Maqam a hacer la guerra contra Rusia y su negativa a permitir la
apertura de consulados rusos a lo largo y ancho del país, a pesar de la insistencia de
Rusia y de ser parte del tratado de Torkamanchai, es un ejemplo de política de balance
negativo por él practicada. Por otra parte, su oposición a hacer concesiones aduaneras y
arancelarias a los ingleses, después del tratado de Torkamanchai, es un ejemplo que con
ellos practicaba la misma política cuando era beneficioso para Persia. Qa'em Maqam
tenía como premisa no ceder en nada hasta recibir algo. La petición de Qa'em Maqam a
los delegados ingleses y rusos de ser ayudado y apoyado para la coronación de
Mohammad Shah es un ejemplo de su política de balance positivo.
Qa'em Maqam, hombre culto y de letras y autor de varias obras, abrió las puertas de la
Corte a los literatos y poetas. Como escritor, su estilo era sutil y locuaz, y cuando se
ordenó lo encerrasen en aquel sótano el rey se guardó muy bien de mandar también que
no tuviese pluma y papel a mano. Los cambios e innovaciones que habían surgido en
Persia desde finales de la época de la dinastía Zandí fueron completados por Qa'em
Maqam, que fue el primero que empezó a despojar a la lengua persa de su pesado
aparato de formalismos administrativos y de pesadas e incomprensibles palabras que
sustituía por otras más usuales y normales para el oído de cualquier persa. De esta
manera, echó los cimientos de la moderna prosa persa que se desarrolló a lo largo de
todo el siglo XX.
Sattar Jan 1867-1914
Sattar Jan nació en Qarah Dagh, cerca de la provincia kurda de Mahabad, en 1867.
Cuando su hermano mayor fue asesinado acusado de colaboración con los bandidos, su
padre, Haŷ Hasan, un hombre tranquilo ocupado en sus quehaceres cotidianos, no tuvo
más opción que emigrar a Azerbaiyán (1886). Ocurrió que los muleros de Mozaffar alDin Mirza, que llevaban carbón a Qarah Dagh, una vez hubieron llegado a destino se
vieron envueltos en un altercado con dos personas en el que resultó muerto uno de los
muleros. Los dos lugareños huyeron a Tabriz y una vez allí se refugiaron en casa de
Haŷ Hasan. Al ser ésta pequeña, le dijo a su hijo Sattar que diera cobijo a aquellos dos
hombres en uno de los jardines de alrededor. Los muleros acabaron dando con el
paradero de ellos, rodearon el jardín y empezaron a disparar. Finalmente pudieron
apresar a aquellos dos jóvenes de Qarah Dagh y a Sattar que había sido herido de bala
en una pierna. Sattar fue llevado a una mazmorra donde pasó dos años de su juventud,
pero al final se evadió junto con otro preso, se fue a casa de su padre y éste utilizó la
influencia del Moŷtahed Haŷ Ŷavad Mirza y Sattar fue absuelto.
Después de aquello, Sattar se hizo de un caballo y un fusil, agrupó en torno a sí a un
grupo de adeptos y comenzó a saltear caminos. Parte del botín que conseguía se lo daba
a los pobres y necesitados, pero dio con sus huesos en la cárcel en varias ocasiones,
hasta que, por recomendación del general Reza Qoli Jan se incorporó en la Gendarmería
de Qarah Savaran donde se le encomendó la vigilancia y la seguridad del camino que va
de Jui a Marand. Mostró mucha eficacia en su cometido y pasado un tiempo llegó a ser
uno de los guardias fusileros del príncipe heredero Mozaffar al-Din Mirza; fue entonces
cuando se le dio el sobrenombre de Sattar Jan. Después de un año marchó a Teherán
desde donde partió hacia Mashad para formar parte del grupo de ayuda para aplastar a
los bandoleros turcomanos, empresa en la que no tuvo mucho éxito y en la que
perdieron la vida varios de los hombres que tenía bajo sus órdenes, por lo cual se le
impuso un castigo y él salió huyendo de Mashad hacia Tabriz. Sattar Jan era ya un
rebelde y un proscrito. Huyó a Iraq y allí visitó como peregrino Karbala, Najaf y
Samarra, donde conoció al ayatolá supremo Mirza Shirazi. Ocurrió que Sattar Jan le
disgustaba los malos modos y la forma que tenía la servidumbre de los santuarios de
tratar a los peregrinos, y, junto a otros jóvenes de Azerbaiyán se dispuso a darles su
merecido llegando a pegarles con palos y látigos. Algunos vapuleados fueron
gravemente heridos. El gobierno otomano, que a la sazón gobernaba Iraq, querían
atraparle pero Sattar Jan ya estaba en la frontera de Persia desde la que puso sus pasos
hacia Tabriz (1894), y donde siguió siendo un errante subversivo. En 1901 se arrepintió
de sus actos y marchó de peregrinación a los lugares santos del shiísmo en Iraq. A su
regreso a Persia, fue nombrado en Salmas supervisor de las tierras de Haŷ Mohammad
Taqi, pero al ser Sattar Jan analfabeto, no pudo aclarar bien las cuentas al dueño de las
tierras, por lo que surgieron divergencias y abandonó el trabajo. Regresó a Tabriz de
nuevo donde se asoció con los tratantes de caballos y se hizo con el mercado de la venta
de estos animales y en este oficio se ocupó un tiempo.
A veces, los que eran desvalijados por los bandoleros, desesperados por la ineficacia de
los funcionarios, recurrían a Sattar Jan. Éste, pertrechado con varios caballos, varios
fusiles y un grupo de hombres se dispuso a ayudar a las víctimas de un robo. Tuvo
varias refriegas con los bandoleros a los que consiguió reducir y obligar la devolución a
sus dueños del botín robado. Mediante las retribuciones que de esta manera obtenía
logró reunir un pequeño capital.
Y entonces en Persia comenzaron a escucharse los gritos por la libertad y el clamor de
una revolución en defensa de una Constitución. Sattar Jan, con su espíritu liberal,
sublime y rebelde ante los gobernantes qayar, hacia los que sentía una inquina
particular, al escuchar aquel clamor sintió que en algo podía contribuir y servir. Aunque
nada entendía de la Constitución, se percató de que algo podía realizar para el país en
aquellos momentos. Así pues, se incorporó a la Asamblea de los Constitucionalistas de
Tabriz. Allí fue nombrado policía Sattar Jan junto a Bagher Jan, con diez hombres
armados para cada uno de ellos (1907).
Los revolucionarios de Tabriz, en una fotografía de 1901.
La población de Azerbaiyán en general y la ciudad de Tabriz en particular, tenían un
recuerdo muy amargo del período en el que el príncipe heredero, Mohammad Ali Mirza,
era gobernador de la provincia. Los actos tiránicos de este futuro rey y de sus
gobernantes qayar habían dejado una profunda huella en los azeríes. Es por ello que el
levantamiento a favor de la Constitución se traducía en una afluencia masiva a las
manifestaciones y asambleas populares. Las asambleas de Azerbaiyán estaban en
contacto con los liberales del Cáucaso y de Estambul. Los grupos combatientes del
Cáucaso llegaban a Tabriz y proporcionaban armas a los azeríes liberales. Se formó la
Guardia Nacional, los Combatientes, las Fuerzas Nacionales y los Fidaíes, grupos
heterogéneos armados formados por armenios, caucasianos y voluntarios azeríes.
Cuando Mohammad Ali Shah salió ileso del atentado que hicieron en Teherán contra
él, ocurrió que el cable del telégrafo de Teherán-Tabriz fue cortado, por lo que toda
comunicación con Teherán no era posible para la gente de Tabriz, aunque poco después
pudieron recibir noticias de la capital vía Qasr-e-Shirin. Tras la llegada a Tabriz de un
telegrama procedente de Qazvin, los constitucionalistas reprendieron sus actividades
convocando frecuentes asambleas en las que exigían el destronamiento de Mohammad
Ali Shah. Las asambleas locales y regionales comenzaron a reunir efectivos armados
para enviarlos a Teherán. Entre estos se contaba Sattar Jan, que capitaneaba 50 hombres
armados a caballo, junto a otros dos grupos iguales (1908). Los tres grupos se dirigieron
a Basamanj donde la asamblea de aquel lugar decidió que cuando el grupo creciera
hasta 500 personas marcharía a Teherán. Mas entre tanto ocurrió que el Parlamento de
Teherán fue bombardeado por los cañones del ejército del sha, y la Asamblea
Constitucional de Tabriz hizo llamar a los hombres armados que se encontraban en
Basamanj. Los secuaces del despotismo se pusieron manos a la obra para engañar a
Sattar Jan. Así pues, el cónsul ruso se presentó en la Asamblea de Tabriz con el objetivo
de engañarle y abocar al fracaso la revolución. Sattar Jan. Éste se presentó ante el
cónsul ruso con los pies descalzos, la cara llena de polvo, tres cartucheras semivacías
alrededor de la cintura, un sombrero de fieltro y un fusil en la mano, fue interpelado por
el ruso diciéndole que aquella revuelta causaba muchos perjuicios al comercio de Rusia,
por ser países vecinos. Le dijo que si abandonaba las armas le nombrarían jefe de un
destacamento de caballería, que le darían incluso un estandarte y un sueldo de
trescientos tomanes mensuales (una fortuna en 1908). Sattar Jan se airó ante aquellas
palabras y sin hacerse esperar le respondió que no quería su indigno estandarte, ni su
destacamento de caballería, y que si los persas tenían algo de honor se deberían decantar
por la Constitución. En cuanto profirió aquellas palabras se levantó y se marchó.
En un período en que la gente de Tabriz, grandes y humildes, temían a los rusos y a los
ataques y embestidas de la soldadesca y de los partidarios del gobierno monárquico de
Mohammad Ali Shah, Sattar Jan, a la cabeza de solo 17 hombres, disparaba a las
banderas blancas que ondeaban en lo alto de los tejados de las casas, insuflaba en los
lugareños la esperanza por la libertad y la Constitución y hacía un llamamiento
literalmente a gritos a que "el cuerpo de la libertad fuese despojado del sudario" y a que
"Tabriz fuese liberado del yugo de la represión y la tiranía." Paulatinamente, la
población de Tabriz fue cobrando ánimo y fuerzas, derribaron las banderas blancas, se
echaron a la calle y se fueron añadiendo a las filas de Sattar Jan gritando "Sattar Jan se
ha levantado." El Tabriz que una horas antes se encontraba silencioso como un
cementerio, con sus gentes escondidas en unas casas en las que ondeaban banderas
blancas, se levantaron todos a una en contra del enemigo.
Cuando Sattar Jan se vio rodeado de tantos constitucionalistas y vio cómo la misma
gente estaba arrojando desde los tejados al suelo las banderas blancas, se animó, y
cuando al atardecer llegó al barrio de Nobar y vio que allí estaban haciendo lo mismo,
se apresuró para llegar a Amirjiz, en la capital de Tabriz pues supuso que allí la gente
debería estar en peligro. Allí, Sattar Jan enarboló la bandera de Persia sobre el tejado del
edificio de la Asamblea Provincial y puso a varios hombres para que custodiasen el
edificio. Varios días después Rahim Jan, con un grupo de hombres, se puso en marcha
hacia Tabriz, concretamente hacia la zona de Amirjiz y le encargó al más valiente de
ellos, llamado Huseyn Pasha Jan, la misión de entregarle Sattar Jan vivo o muerto.
Iniciaron el ataque a Tabriz y se dirigieron a la zona donde se encontraba Sattar Jan con
la prioridad de quitarlo de en medio. Los combatientes por la Constitución habían hecho
barricadas en las que se habían atrincherado entre 5 y 12 hombres mientras que el
enemigo disponía para cada una de sus barricadas de más de 100 hombres. Los esbirros
del sha, desde el balcón que formaba el barrio de Sarjab, se pusieron a disparar sobre
Amirjiz. Pasha Jan, aún estando herido avanzaba con el ansia de ser recompensado para
llegar hasta la barricada donde se encontraba Sattar Jan, hasta que ambos se enfrentaron
a tiros. Pasha Jan disparó a Sattar Jan pero la bala le pasó junto a la oreja, mientras que
la bala de Sattar Jan consiguió herir a su perseguidor. La batalla duró hasta el atardecer
y fue un verdadero fracaso para las huestes del sha. Se contaron 30 bajas entre los
combatientes de Tabriz.
La batalla entre tabrizíes y agentes del gobierno continuó al día siguiente. Sattar Jan
instruía a sus hombres en una estrategia para poder enfrentarse a aquel numeroso
ejército. Cada día planeaban una táctica diferente, como por ejemplo hacer salir de una
casa varias mulas supuestamente cargadas de enseres, con las que se hacía creer al
enemigo que se estaban marchando algunos de allí, y, cuando se acercaban a éstas para
quedarse con la carga disparaban hasta que no quedaba ninguno vivo.
Aquella batalla seguía su curso. Sattar Jan unió sus fuerzas a las de Bagher Jan, el otro
insurrecto, y pactaron que si alguno de los dos bandos caía prisionero o se veía en
peligro, el otro tendría que acudir en su ayuda. Los insurrectos dividieron sus hombres
en grupos de 20. Las fuerzas gubernamentales sufrían derrota tras derrota y tenían que
pedir constantemente refuerzos a Mohammad Ali Shah mediante el telégrafo. Entonces,
el sha, además de enviar más efectivos a Tabriz, recurrió al engaño conminándole a
Sattar Jan a hacer las paces, mas este no se dejó engañar. Sattar Jan fue herido, pero él
no dijo nada a los milicianos pues de buena tinta sabía que aquello podría desanimarles.
Al contrario, cada día visitaba las barricadas donde no dejaba de alentar a los
combatientes.
Las fuerzas del sha ya no sabían qué hacer y probaron de nuevo la estratagema del
engaño. Enviaron a un tal Abbas Ali para que le pidiese ayuda a Sattar Jan. Éste cayó en
la trampa porque se apenó de aquel hombre. Pero, cuando ambos llegaron cerca de la
supuesta casa de Abbas Ali, Sattar Jan se dio cuenta de que algo extraño pasaba, y,
aunque pudo huir, una bala le alcanzó el brazo. No queriendo ir en aquel estado junto a
los combatientes, se fue a un huerto donde se colocó varias hojas, limpió la herida y se
ató un pañuelo con ayuda de los dientes y una mano, hasta que cesó de manar sangre, se
ocultó la mano con la manga, luego se fue junto a los suyos, que no se dieron cuenta de
que había sido malherido. Él hacía como si nada tuviese, visitando las barricadas, pero
se encontraba mareado por la pérdida de sangre y se moría de dolor por las punzadas
que le daba el brazo, sufrimiento que se reflejaba en su sudorosa frente. Aquel mismo
día, el cañón del enemigo fue inutilizado por el artillero de los constitucionalistas, y
Sattar Jan acompañó a éstos hasta el atardecer en su lucha, aquejado por aquel intenso
dolor. A la mañana del día siguiente, Sattar Jan se presentó en el campo de batalla
pertrechado de sus cartucheras, con babuchas y una camisa blanca, y todavía no se le
había curado la herida de la mano cuando se dispuso a visitar de nuevo las barricadas y
se reiniciaron las hostilidades contra un enemigo renovado y resistente hasta el final. En
esta terrible batalla se luchó casa por casa y calle por calle. El enemigo usaba grandes
escoplos y picos para derribar los muros divisorios de las casas y de las calles para
abrirse camino. En fin, poco a poco se fueron haciendo de cada una de las barricadas,
hasta que no quedó más que una, la que se encontraba Sattar Jan. Por otro lado, se
pudieron hacer paso hasta que llegaron a acercarse peligrosamente a la Asamblea
Provincial. Mas cuando parecía que el enemigo avanzaba irremediablemente y que se
iban a hacer con la victoria, Sattar Jan y sus liberales consiguieron expulsarlos poco a
poco e incluso capturar algunos prisioneros que se habían escondido en la entrada del
bazar. Cuentan que cuando llegó Sattar Jan, los prisioneros le rogaron que no los
matasen, algo por lo que se ofendió replicándoles "¿vuestra religión y la mía no es acaso
la misma?", "A nosotros nos han dicho "dijeron los prisioneros" que usted no es
musulmán, que quema el Corán", "Os perdono "dijo Sattar Jan" con la condición de que
vayáis a vuestro barrio y allí digáis que somos musulmanes como ustedes."
Ein al-Douleh rodeó Tabriz con un destacamento numeroso. Fue enviado un mensajero
para pedir una entrevista con Sattar Jan y hacer negociaciones para la paz, a lo que éste
dijo que los delegados de Ein al-Douleh se presentasen en la Asamblea Provincial. Así
se hizo, y varios delegados se presentaron allí a dialogar; pronto Sattar Jan se percató de
las mañas de Ein al-Douleh, pero supo cómo responder de forma tajante a sus
pretensiones y además hacerles entender que él, Sattar Jan, sabía que ellos eran
enemigos de la libertad. Los delegados regresaron desesperanzados y Sattar Jan se
dirigió a Bagher Jan para avisarle de la nueva táctica de Ein al-Douleh y también
advertirle de que iban a traer nuevos contingentes provenientes de las ciudades de
Marand, Qarache Dagh, Teherán, Ardabil, Jaljal y Maku. En efecto, no hubo que
esperar muchos días para que llegasen 3000 soldados de Maku cuya llegada supuso
grandes estragos para los amotinados y para Tabriz en general, pues no dejaban de
destruir, matar y saquear. Pero Sattar Jan no sólo supo hacerle frente sino que además se
hizo del polvorín de las tropas de Maku saliendo ésta despavorida. De todas formas, el
sha envió más tropas y Ein al-Douleh dio a la ciudad un ultimátum de que si en 48 horas
no se rendían destrozaría Tabriz. Y así lo hizo, las tropas de Ein al-Douleh se
abalanzaron sobre la ciudad pero fueron repelidas con eficacia por los soldados de
Sattar Jan y Bagher Jan. Fue entonces cuando recurrieron al asedio cortando la entrada
de comida a Tabriz, excepto en la zona partidaria del despotismo. Las mujeres de los
amotinados marchaban al norte de la ciudad para ver si allí conseguían algo de pan, pero
aquellas mujeres fueron apresadas por el enemigo y sometidas a tortura. Entre tanto, ya
había llegado el mes de Ramadán. Sattar Jan se puso manos a la obra para romper el
cerco, y, ayudado por unos cuantos de los suyos, hambrientos y sedientos debido al
ayuno, atacaron el ejército de Eqbal al-Saltaneh causando la huida despavorida de éste
que llegó incluso a dejar las armas y municiones allí. Habían logrado dejar libre el
camino de Julfa para la entrada de alimentos. Todo esto desesperó ya del todo a Ein alDouleh quien telegrafió a Mohammad Ali Shah para presentarle su dimisión. Pero el
sha le ordenó que permaneciera allí hasta la llegada de tropas renovadas. Éstas también
aparecieron, atacaron pero también fueron derrotadas hasta que todos huyeron dejando
la ciudad libre de enemigos mientras Tabriz se regocijaba en su victoria. La victoria de
Tabriz animó a las demás ciudades. Pero el rey era obstinado y no estaba dispuesto a
ceder y envió otro ejército que fue también derrotado. Después de un año y varios
meses, Sattar Jan y los combatientes por la Constitución vencieron y cayó del todo el
gobierno déspota.
La Asamblea Provincial nombró a Sattar Jan general nacional. Mojber al-Saltaneh fue
nombrado gobernador de Azerbaiyán y fue calurosamente recibido por los mandos del
Gobierno Constitucional de Azerbaiyán. Pero el nuevo gobernador no prestó atención a
Sattar Jan y su comportamiento posterior fue causa de disgusto. Mojber al-Saltaneh
envió a Sattar Jan a Ardabil para apresar a Mohammad Huseyn, un rebelde de Gilán.
Tras apresarlo, lo envió a Tabriz y Sattar Jan estuvo un tiempo gobernando Ardabil
hasta que un partidario del sha atacó esta ciudad ayudado por las tribus Shahsavan,
cercó la ciudad y finalmente Sattar Jan tuvo que abandonar Ardabil tras dos meses de
asedio y ataques.
Bagher Khan
Sattar Jan decidió ir a Teherán en respuesta a la invitación que le hizo Naser al-Molk en
la que también estaba invitado Bagher Jan. Pero luego se arrepintió de la decisión pues
se percató de que Mojber al-Saltaneh tenía algo que ver en aquella invitación. De todas
formas, el viaje se realizó. Una multitud se agrupó en torno a la casa de Sattar Jan para
despedirse de él y de Bagher Jan. Ambos, escoltados por 50 jinetes armados cada uno,
se pusieron en marcha hacia Teherán. Sheij Mohammad Jiabani e Ismail Nobari,
diputados del Parlamento, fueron a recibirle a su llegada a Zanjan. Jiabani le pidió a
Sattar Jan que no fuese a la capital a lo que éste le respondió que tras aquella visita
pensaba ir de peregrinación a Karbala. Siguieron su marcha y al llegar a Qazvin fueron
recibidos y aclamados por la gente, lo propio pasó a su llegada a Karaj. Al llegar a
Teherán, se encontraron que sus simpatizantes, judíos y zoroastrianos les habían
levantados varios arcos de triunfo para recibirles. Los diputados de Azerbaiyán fueron
hasta Mehrabad para darles la bienvenida. Ambos fueron hospedados por el Estado en
diferentes lugares de la capital, y muchos personajes importantes fueron a verles. Sattar
Jan y Bagher Jan visitaron también el Parlamento y fueron recibidos en la Sala de la
Comitiva donde se les entregó una placa de oro y plata por sus méritos y se leyó en voz
alta un agradecimiento por parte de Parlamento. Después de un mes de agasajos por
parte del Gobierno, éste le asignó a cada uno un sueldo de mil tomanes mensuales. Pero
cuando llegó la hora de hablar de desarme, Sattar Jan y Bagher Jan no llegaron a ningún
acuerdo con el gobierno, lo que provocó una crisis entre ellos que acabó en un
enfrentamiento armado en el parque cercano a la casa de Sattar Jan (agosto 1910). Para
dirimir este desacuerdo tuvo que intervenir el embajador de Alemania, Baronquadt, y el
embajador otomano, pero fue en vano. Finalmente se impuso el ejército contra los
insurrectos muriendo 30 de ellos en las refriegas y siendo detenidos 300. Cuatro años
después de aquello, murió a causa de las heridas inflingidas en las batallas. Era el 16 de
noviembre de 1914. Fue enterrado en Shah Abdul Azim, a seis km. al sur de Teherán.
Shah 'Abbas I, 1570-1629
Shah 'Abbas I, también conocido como Shah 'Abbas el Grande, nació en Herat, a la
sazón capital de Jorasán en 1570 y fue entronizado en 1587.
Shah Abbas sabía leer y escribir pero no estaba dotado de mucha cultura. En cambio,
poseía una gran inteligencia y sagacidad además de un gusto exquisito en el arte y en las
letras. Durante su juventud era muy dado al vino, del que abusaba, especialmente
después de terminar una batalla. Era amigo de fiestas y convites y de darse a la
diversión, mas ello no obviaba que fuese un hombre valiente hasta llegar a ser temerario
y resistente en el campo de batalla. Era muy diestro montando a caballo, con el sable y
con el arco. Aunque a veces se mostraba indulgente, era un hombre vengativo y cruel en
muchas ocasiones. Su vida cotidiana estaba regida por la sencillez.
Cuando llegó al poder, Shah 'Abbas se percató que la causa de muchos de los
desórdenes de Persia eran debidas al exceso de poder que tenían los Qezelbash cuyo
brazo llegaba a los asuntos internos del Estado y al Ejército. Por tanto, se dispuso a
acabar con su poder, algo que no era nada fácil ya que las fuerzas de las que disponía el
sha era de unos 60.000 caballeros qezelbash que no obedecían a nadie más que a sus
jefes, por lo que Shah 'Abbas sólo podía dar órdenes a estos caballeros mediante estos
jefes. Para acabar con el problema, Shah 'Abbas se atrajo a jefes y responsables de otras
tribus a los que pidió ayuda y así pudo reunir unos efectivos de entre diez y doce mil
soldados de infantería que eran capitaneados por el mismo rey. La llegada de los
hermanos Sherley y la instrucción de éstos a sus infantes en la fabricación y empleo de
la artillería, terminó dejando a punto a la Infantería Real para enfrentarse a sus
enemigos. El ejército del rey, en lugar de tener caballos como antiguamente, lo que
tenían eran cañones con los que podía incluso enfrentarse al temible ejército otomano.
Por otra parte, reunió otra fuerza que pudiera hacerle frente a los qezelbash, haciendo un
llamamiento a los miembros de otras tribus para que de forma libre se inscribieran. De
esta manera el sha pudo prescindir de los qezelbash.
Shah 'Abbas otorgó derechos y privilegios a los cristianos y extranjeros que quisieran
hacer comercio con Persia. Con la toma de estas medidas, que afectaban positivamente
a los europeos, comenzaron las relaciones entre los países europeos y Persia.
Hasta el año 1597, la capital safaví siguió siendo Qazvin. Al año siguiente es trasladada
a Isfahán y Shah 'Abbas convierte esta ciudad en una de las más bellas de Persia.
Tras acabar con los enemigos internos, los qezelbas, Shah 'Abbas se dispuso a
enfrentarse a los externos, que eran los otomanos al oeste y los uzbecos al este, que se
habían apoderado de importantes provincias de Persia como la de Jorasán. Primero
luchó contra éstos, a los que venció. Luego contra los otomanos, pero fue derrotado y
no tuvo más opción que capitular. En el año 1602 pudo finalmente vencer a los
otomanos y recuperar la ciudad de Tabriz tras 18 años de ocupación. Tras este logro, se
puso en marcha hacia Iraván, Georgia, que pudo conquistar después de seis meses de
asedio. En esta época murió el sultán otomano Muhammad III y su hijo se presentó en
Persia con un ejército, pero fue vencido y su derrota no sólo supuso el no poder
recuperar Tabriz sino que además perdió Bagdad, Mosul, el Kurdistán y las ciudades
santas shiíes de Najaf y Karbala. Esta derrota de los otomanos fue la cabeza de la lista
de una serie de derrotas inflingida por los persas. Shah 'Abbas supo mantener a raya a
los Otomanos.
La política de este hábil rey con los países europeos fue de entendimiento. Como
señalamos anteriormente abrió las puertas del país a los comerciantes, viajeros, e
incluso a los misioneros cristianos, que establecieron numerosas órdenes religiosas,
especialmente en Isfahán. Con los cristianos armenios iraníes se comportó de forma
muy tolerante llegando a participar en sus fiestas y ceremonias y financiar parte del
gasto de la construcción de sus iglesias, en fin, una serie de medidas que llamaron la
atención de los europeos. Las buenas relaciones de Persia con los europeos en general y
con Gran Bretaña en particular hicieron correr el rumor de una alianza entre los dos
países para combatir al temible ejército otomano. También mantuvo relaciones con
Alemania y España con los que intercambió embajadores. Renovó las relaciones que
desde antaño tenía con la India. En 1588 envió una embajada a Moscú que portaba una
misiva del sha al zar y cuatro años más tarde estableció relaciones diplomáticas con
Rusia.
Durante el período Safaví, sobre todo durante el reinado de Shah Abbas,el arte de la miniatura llega a su auge.
En cuanto a las obras arquitectónicas y de arte que mandó realizar y con las que
engalanó Isfahán de tal guisa que fue mundialmente conocida, cabe destacar la mezquita
de Lotfullah, el palacio de las Cuarenta Columnas (Chehel Sotun), Ali Qapu, el puente
de las 33 arcadas (Siose Pol), el palacete de los Ocho Paraísos (Hasht Behesht), la
construcción de multitud de caravasares repartidos por toda Persia y que aún hoy se
conservan, mejora y construcción de nuevos caminos, reparación y ampliación del
santuario del Imán Reza en Mashad, fundación de una fábrica de artillería con ayuda de
los ingleses, apoyo del arte y mecenazgo de los artistas y saneamiento de la
Administración.
La plaza del Imán, en Isfahán. Símbolo de la gloria del período Safaví
y broche de oro de los monumentos construidos por Shah Abbas en esta ciudad. Fot. de Henry Stierlin.
Shah Abbas murió en Mazandarán en 1629. Sus restos fueron llevados a hombros hasta
Kashán y enterrado en el santuario de Habib b. Musa.
Vaez Isfahani 1862-1908
Seyyed Ŷamal al-Din era el nombre real de Vaez Isfahani, uno de los clérigos-oradores
protagonistas del período constitucional y padre del celebérrimo escritor Ŷamalzadeh
(1895-1997). Nació en Hamadán. Tras la muerte de su padre, su madre, joven,
analfabeta y sin recursos, emigra con el niño a Teherán. Éste ingresó en la madrasa a los
cinco años de edad donde aprendió a leer y a escribir. Estuvo trabajando fabricando
cadenas hasta los 14 años. Luego vuelve a estudiar y muestra tanta pasión y entusiasmo
por la lectura que le daña la vista y queda ciego de un ojo. A los 21 años comienza sus
estudios en Isfahán donde también da homilías y discursos en las mezquitas, que llaman
la atención del público por su contenido original, lo que le valió el sobrenombre de
Vaez Isfahani (el Orador Isfahani). En Isfahán contacta con otros intelectuales con los
que mejora aún más sus conocimientos y enriquece sus métodos para sus discursos,
hasta que el gobernador de Isfahán, Zall al-Sultán, le prohíbe dar las homilías de los
meses sagrados de moharram y safar. Estos dos meses lo pasa Vaez Isfahani en Shiraz,
Tabriz y Mashad. En estos días publica un tratado titulado "Sueño veraz" donde en 80
páginas habla de la calamidad que supone las actuaciones de personajes corruptos y
tiranos. El tratado fue reimpreso en varias ocasiones años después y su publicación
causó la ira de Zall al-Sultán y sus secuaces que dio una orden de busca y captura para
Vaez Isfahani, al que no pudo detener pues se encontraba en Teherán. Cuando se enteró
Vaez Isfahani de la orden de busca y captura que había contra él en Isfahán, optó por
permanecer en la capital y continuó sus sermones y homilías en la Mezquita Shah de
Teherán predicando contra el despotismo y la tiranía y en defensa de los oprimidos,
tesis éstas con las que se ganó las simpatías del pueblo. Además prestaba ayuda a los
pobres e indigentes y cuando llegaba por la noche a su casa era seguido por un grupo de
mendigos a los que daba de comer y vestir. En sus homilías parecía que más que dar un
discurso hablaba o interrogaba al público.
El insigne sabio británico Edward Browne decía en su obra que trataba sobre la
Revolución Constitucional de Persia que Vaez Isfahani había logrado obtener un gran
apoyo y popularidad entre las capas bajas y desfavorecidas de la población ya que en
sus discursos hablaba en el lenguaje llano del pueblo, haciéndose entender bien. En
1905 Ala al-Douleh, gobernador de Teherán, ordena detener a dos comerciantes de
azúcar y somete a uno de ellos al bastinado. Aquel mismo día por la tarde, Vaez
Isfahani en su homilía se refirió a aquel injusto e injustificado castigo contra los
comerciantes. Luego, los comerciantes que se sentían inseguros, se refugiaron en la
inviolabilidad de la Mezquita Shah y fueron acompañados por Vaez Isfahani y otros
clérigos de renombre como Seyyed Abdullah Behbahani y Seyyed Mohammad
Tabatabai. Ein al-Douleh le pidió al imán del viernes, Mirza Abulqasem (que era yerno
del rey) que hiciese algo para dispersar a los allí encerrados. Él, ayudado por unos
cuantos seguidores y criados, marcharon hacia la mezquita pertrechados de porras,
sables, puñales y pistolas que ocultaron bajo sus atuendos para acceder al templo.
Cuando Vaez Isfahani subió al púlpito y el discurso del clérigo llegó a la parte donde
hacía referencia a la justicia y a la tiranía, el yerno del rey se le abalanzó, le acusó de
impío y de enemigo del rey, y cuando se dio cuenta de que no había obtenido resultado
alguno con aquello, se dejó ayudar por los rufianes que se había traído consigo que
comenzaron a pegar tiros y a armar algarabía. Los encerrados salieron de allí y se
trasladaron a la ciudad-santuario de Shah Abdul Azim, donde continuaron con su
encierro. Sin embargo, Vaez Isfahani, que estaba más en peligro que ninguno, se
refugió, primero en casa de Seyyed Mohammad Tabatabai, aunque tenía que cambiar de
residencia continuamente pues le andaban buscando. Finalmente, el sha se rindió y
rehusó a seguir la lucha. Los ulemas y los allí encerrados salieron y cuando llegaron a
Teherán fueron aclamados por las multitudes que salían a recibirle. Como se estaba
acercando el mes sagrado de moharram, el sha tenía miedo de que Vaez Isfahani
volviera a subir a los púlpitos de las mezquitas, así que le envió una cantidad de dinero
y una calesa real para que se marchara a Qom. Vaez Isfahani en primera instancia cogió
el dinero, pero, tras pensarlo un poco, lo hizo devolver y se marchó a Qom por sus
medios. Después de terminar la ashura, el sha le dio permiso para regresar a la capital.
Allí siguió dando sus homilías y discursos en las mezquitas. Con la llegada al poder de
Amin al-Sultan, gran opositor a la Constitución, y con la entronización de Mohammad
Ali Shah, que conocía muy bien a Vaez Isfahani, hizo llamar a éste a su palacio y quiso
engatusarle para que no hablara en sus discursos sobre la tiranía de los gobernantes.
Algo que no aceptó el clérigo.
Cuando el Parlamento fue cañoneado por orden del Mohammad Ali Shah, Vaez
Isfahani se encontraba en el interior y cuando los esbirros del sha fueron a detener a los
liberales y a los diputados, muchos salieron huyendo, pero él, que no podía correr
debido a su cojera, se arrinconó junto a un muro hasta que una valiente mujer lo
reconoció, lo escondió en su casa y al día siguiente marchó a Hamadán disfrazado. En
dicha ciudad fue recibido y agasajado por su gobernador, Mozaffar al-Molk. Cuando
Vaez Isfahani estaba haciendo los preparativos para ir de peregrinación a Karbala, el sha
se enteró de que su perseguido se encontraba en Hamadán. Envió un telegrama
ordenándole a Hesam al-Molk su detención y encarcelamiento. A las dos semanas es
llevado en mula hasta Borujerd donde es encerrado en una mazmorra y envenenado. Su
mausoleo se encuentra en aquella misma ciudad.
http://www2.irna.ir/occasion/es/index3.htm
INTERNACIONAL : O ACORDO BRASIL, IRÃ, TURQUIA - Stephen
Kinzer, The Guardian UK
O acordo nuclear Brasil-Irã-Turquia
17/5/2010, Stephen Kinzer, The Guardian, UK
http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2010/may/17/iran-nuclear-brazil-turkey-deal
Os acontecimentos e notícias empolgantes que chegam de Teerã, de
acordo afinal firmado, que pode ter evitado crise global em torno do
programa nuclear iraniano é desenvolvimento altamente positivo
para todos – exceto para os que, em Washington e Telavive,
estavam à procura de qualquer pretexto para isolar ou atacar o Irã.
Também marca o nascimento de uma nova força altamente
promissora no cenário mundial: a parceria Brasil-Turquia.
Semana passada, o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan e
o presidente Luis Inácio Lula da Silva do Brasil adotaram, em
conjunto, a abordagem clássica do “um gentil, outro durão”, para
aproximarem-se dos líderes iranianos. Lula anunciou que iria a
Teerã, o que deu aos iranianos esperança de algum acordo. Mas era
indispensável também a presença da Turquia (onde o urânio será
tratado), e Erdogan fez-se de difícil. Na 3ª-feira, Ahmet Davutoglu,
o muito experiente ministro das Relações Estrangeiras da Turquia,
anunciou que Erdogan não iria ao Irã, a menos que os iranianos
manifestassem algum interesse em firmar algum acordo. “Não é
hora para encontros trilaterais sem objetivo preciso”, disse.
“Queremos resultados. Sem perspectiva de resultados, não iremos
ao Irã.”
Na 6ª-feira, Erdogan endureceu ainda mais. Disse que a planejada
viagem a Teerã estava cancelada, porque o Irã “não se manifestara
sobre a questão”.
Poucas horas depois, a secretária Hillary Clinton telefonou ao
Chanceler turco e empenhou-se em desencorajar a iniciativa dos
diplomatas brasileiros e turcos. Porta-voz do Departamento de
Estado dos EUA disse que a sra. Clinton ‘alertou’ o ministro turco
para não confiar nos iranianos, cujo único interesse seria “fazer
qualquer coisa para impedir as sanções pelo Conselho de
Segurança, sem dar qualquer passo para suspender seu programa
nuclear militar.”
Depois do telefonema, um pouco precipitadamente, de fato, a
secretária Hillary previu publicamente que o esforço dos
presidentes Lula e Erdogan fracassaria.
O que se sabe hoje é que a secretária Clinton pode não estar
trabalhando corretamente pela pauta política da Casa Branca.
Enquanto ela falava em Washington, funcionários turcos
anunciavam aos jornalistas em Ankara, off-the-record, que haviam
recebido encorajamento do próprio presidente Obama, para insistir
no trabalho de mediação e continuar pressionando em busca de
algum acordo. Pode ser, é claro, ‘divisão’ planejada das forças nos
EUA, para cobrir todas as posições, o que implica que EUA, sim,
anteviram a possibilidade de serem derrotados no front diplomático:
Clinton faria a parte mais difícil e preservaria a posição do
presidente como ‘mediador’ e interessado mais em acordos que em
confrontos. Seja como for, já sugere alguma fragili dade na posição
da secretária de Estado, ou seu isolamento, no círculo mais alto dos
estrategistas de Obama para as questões mundiais cruciais.
Alguns, em Washington, tentarão ver no acordo apenas um modo
para salvar as aparências e livrar o Iran de confronto direto com
EUA e União Europeia. Seja como for, outros verão de outro modo.
Ali Akbar Salehi, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã,
vê perspectiva mais positiva. Semana passada, já havia anunciado
que o Irã buscava um acordo, contando com a mediação política do
Brasil e da Turquia “para dar aos EUA e outros países ocidentais um
modo de escaparem da situação de impasse que criaram, com
tantas ameaças.”
Em todos os casos, o que se viu foi que negociadores competentes
em negociações bem encaminhadas por dois líderes mundiais,
destruíram a versão, difundida por Washington, de que o Irã não
faria acordos e teria de ser ‘atacado’, por sanções; antes, claro, de
que os EUA considerassem “todas as opções” – inclusive o ataque
militar, para impedir o progresso do programa nuclear do país.
Fato é que Turquia e Brasil, embora em pontos opostos do planeta,
têm muita coisa em comum. São dois países territorialmente
grandes que passaram longos anos sob ditadura, mas conseguiram
alterar essa história e andar pacificamente na direção da plena
democracia. Os dois países têm hoje, na presidência, políticos
dinâmicos e experientes, que comandaram importante processo de
recuperação econômica nos seus respectivos países. Os dois países,
além do mais, já emergiram como potências regionais, mas aspiram
ao nível de potências como Rússia, Índia ou mesmo a China. Nem
Turquia nem Brasil podem sobreviver sozinhos entre esses gigantes.
Mas, juntos, formam uma parceria que tem inúmeras possibilidades
de sucesso.
Brasil e Turquia são os países que mais abriram novas embaixadas
pelo mundo, nos dois últimos anos. Uma vez por ano, os principais
diplomatas turcos voltam a Ancara para ampla reunião de trabalho.
Na reunião de 2010, ocorrida em janeiro, o ministro das Relações
Exteriores do Brasil Celso Amorim foi um dos principais
conferencistas convidados.
Turquia e Brasil foram, por muitos anos, apoiadores ‘automáticos’
de Washington, mas agora começam a assumir o timão e determinar
a própria rota. Preocupados com o que veem como violento
unilateralismo norte-americano, que desestabiliza imensas regiões
em todo o mundo, os dois países têm evitado todos os confrontos
internacionais, ao mesmo tempo em que trabalham
incansavelmente para promover acordos que visem à pacificação.
Por muito feliz coincidência, os dois países são hoje membros nãopermanentes do Conselho de Segurança. A posição deu-lhes os
meios para intervir na questão iraniana; que os negociadores e
presidentes de Turquia e Irã usaram com talento e competência
excepcionais.
Durante a Guerra Fria, o Movimento dos Não-alinhados tentou
converter-se numa “terceira força” na política mundial, mas
fracassou, porque reunia países grandes demais, separados demais
e diferentes demais. Turquia e Brasil emergem agora como a força
global capaz e competente para diálogos e acordos que o
Movimento dos Não-alinhados jamais antes conseguira ser.
Contra o Irã e os direitos humanos
11/01/2012Posted in: Destaques
Não há provas, mas
cientista iraniano assassinado é vítima quase-certa de Israel. Possível cumplicidade
anglo-americana acirra tensões em região crítica
Por Saeed Kamali Dehghan, do The Guardian | Tradução: Daniela Frabasile e
Antonio Martins
Hoje, mais que nunca, as notícias do Irã estão cercadas de mistério. Seja no assassinato
de um cientista nuclear, na explosão em uma base militar, na propagação de um vírus de
computador ou na queda (ou captura) de um avião não-tripulado (drone) norteamericano, é difícil estabelecer com alguma certeza o que realmente aconteceu.
Mostafa Ahmadi Roshan, uma figura-chave da usina de enriquecimento de urânio no
centro do Irã, morreu no último incidente, na quarta-feira de manhã. Segundo as
informações iniciais, dois homens em motocicletas implantaram bombas magnéticas em
seu carro (na foto), matando o cientista e ferindo outras pessoas. Dois outros cientistas
nucleares, Masoud Ali Mohammadi e Majid Shahriari, foram mortos em ataques
similares, em janeiro e novembro de 2010. Fereydoon Abbasi Davani, o atual chefe das
operações atômicas do Irã, sobreviveu a uma tentativa de assassinato no dia em que seu
colega, Shahriari, foi atingido.
Em julho do ano passado, Darioush Rezaeinejad, um estudioso iraniano, foi baleado por
homens armados em motocicletas. O Irã negou o envolvimento dele em pesquisas
nucleares e circulou a hipótese de que ele teria sido morto por engano, no lugar de um
cientista com nome parecido.
Em novembro, houve uma explosão na cidade de Isfahan, próxima a instalações
nucleares. Outra explosão em uma base militar matou o arquiteto do programa de
mísseis do regime islâmico, junto com 16 de seus guarda-costas, da elite dos “guardas
revolucionários”. Uma explosão similar no ano passado atingiu uma base de mísseis em
Khorramabad, a região do Irã mais próxima a Israel.
O Stuxnet, um vírus de computador provavelmente desenhado para sabotar o
enriquecimento de urânio no Irã atingiu muitas centrífugas do país no ano passado.
Então, houve o caso misterioso do drone dado como desaparecido no Afeganistão, e
depois ressurgido no Irã. É difícil ver todos estes incidentes sem relacioná-los. Tomados
como um todo, sugerem que oponentes do regime iraniano lançaram uma campanha
não-declarada para atingir os programas nuclear e de mísseis do Irã, possivelmente
como alternativa à opção mais custosa de uma guerra aberta.
Ninguém assumiu responsabilidades. Israel é visto como suspeito natural, não apenas
porque se recusou a negar o envolvimento, mas por sua história de operações secretas.
O sequestro de Mordechai Vanunu1, e os assassinatos sistemáticos dos envolvidos no
massacre do Setembro Negro são apenas dois exemplos.
Se Israel está por trás da campanha contra o Irã é um mistério. Um chefe militar
israelense afirmou esta semana, em mensagem cifrada, que o Irã deveria esperar mais
eventos “não-naturais” em 2012. Já o Irã acusou tanto Israel quanto os Estados Unidos.
Ao contrário de Telavive, Washington negou envolvimento no assassinato de cientistas.
Protestos na embaixada britânica em Teerã em novembro último, nos quais
manifestantes portavam retratos de Shahriari, um dos assassinados, demonstraram que o
Irã crê também em envolvimento da Inglaterra.
O Irã tem razão ao manter tais suspeitas. Sir John Sawers, chefe do serviço secreto M16,
já endossou ações secretas contra o país “Precisamos de operações de inteligência para
tornar mais difícil a países como o Irã desenvolver armas nucleares”, disse ele, num
discurso em 2010. O papel do serviço secreto, acrescentou “é descobrir o que estes
estados estão fazendo… e identificar formas de retardar seu acesso a materiais e
tecnologia vitais”.
Os pontos de vista de Sawers foram repetidos tanto por dirigentes de Israel quanto dos
Estados Unidos. “Não estamos satisfeitos ao ver os iranianos avançarem nisso [o
programa nuclear]. Qualquer atraso, seja por intervenção divina ou outro fator, é
benvindo”, afirmou recentemente o ministro da Defesa, Ehud Barak. Em outubro, Jack
Keane, um veterano general estadunidense, reagiu a suspeitas de um compô iraniano
para assassinar o embaixador saudita em Washington afirmando: “Por que não matamos
[os guardas revolucionários]? Precisamos botar a mão em suas gargantas agora”.
Tais comentários não provam que estes países engajaram-se numa guerra secreta contra
o Irã. Mas seja quem for o responsável pelos assassinatos e aparentes sabotagens, algo
precisa ser dito: trata-se de atos inteiramente ilegais, do ponto de vista do direito
internacional.
Seja um assassinato cometido por indivíduos, ou um estado estrangeiro atingindo
nacionais de outros países, ou violando a soberania territorial da república islâmica, as
leis internacionais e convenções de direitos humanos proíbem estas atividades.
Os apoiadores de uma guerra secreta contra o Irã veem-na como alternativa a
bombardeios aéreos ou uma gerra em larga escala. Acreditam que, embora ilegal, é uma
abordagem melhor, já que há menos vítimas civis e evita-se o confronto público com
apoiadores do Irã (como a China e a Rússia).
Mas estas ações ilegais arruinarão todas as chances de diálogo com Teerã. Elas
encorajarão o país a ser menos prudente e tornar-se mais radical sobre suas atividades
nucleares. Ainda mais importantes, incitarão o Irã a reagir de modo similar, com suas
próprias ações secretas. Se não interrompida, a guerra secreta contra Teerã pode fugir de
qualquer controle.
–
1Referência a um técnico nuclear israelense que revelou em 1986, à imprensa britânica,
segredos nucleares de seu país. Ele foi sequestrado em Roma pelo serviço secreto de
Israel (o Mossad) e conduzido a Israel, onde foi condenado a 18 anos de prisão – onze
dos quais cumpridos em solitária (ver Wikipedia)
Leia também:
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Israel não atacará o Irã, não mesmo
Olgária Matos entre Direitos, Desejos e Utopia
A mão (quase) invisível da contra-revolução
O que Egito e Tunísia dizem sobre Irã
Irã: a geração pós-islamista
Pan-Islamismo: Egito, Irã e al-Qaeda
Egito 2011 não é o Irã 1979
8. Revolução: Irã ganha, Israel perde
9. O acordo nuclear Brasil-Irã-Turquia
10. Pós-capitalismo, direitos humanos e liberdade
http://www.outraspalavras.net/2012/01/11/contra-o-ira-e-os-direitos-humanos/
Quem bate os tambores de guerra contra o Irã?
Por Terry Jones - Guardian (INGLATERRA)
http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2011/dec/06/iran-war-drums-terryjones?intcmp=239
No século 14 houve duas pandemias. Uma foi a Peste Negra; a outra foi a
comercialização da guerra. Mercenários sempre houve, mas no reinado de
Eduardo III converteram-se em principal sustentáculo do exército inglês
nos primeiros 20 anos do que seria a Guerra dos 100 Anos. Então, quando
Eduardo assinou o tratado de Brétigny em 1360 e disse aos soldados que
parassem de guerrear e voltassem para casa, muitos deles não tinham casa
para onde voltar. Estavam habituados a guerrear e da guerra tiravam o
próprio sustento. Então, aqueles homens organizaram-se em exércitos
freelance, não por acaso batizados de “livres empresas” [ing. free
companies], e avançaram pela França, pilhando, matando e estuprando.
Um desses exércitos ficou conhecido como A Grande Empresa [ing. The
Great Company]. Conforme estimativas conhecidas, reunia 16 mil soldados,
maior que qualquer dos então existentes exércitos nacionais. Atacou até
o papa, em Avignon, prendeu-o e exigiu resgate. O papa cometeu o erro de
pagar aos mercenários grandes quantidades de dinheiro vivo, o que só os
estimulou e prosseguir nos malfeitos. Também sugeriu que se mudassem
para a Itália, onde seus arquiinimigos, os Visconti, governavam Milão.
Foi o que fizeram, sob a bandeira do Marquês de Monferrato, também
subsidiado pelo papa.
Ali o pesadelo começou. Enormes exércitos privados puseram-se a varrer a
Europa, desastre que só foi menor que a Peste Negra. Foi como se o gênio
houvesse escapado da garrafa e ninguém conseguia metê-lo lá, de volta. A
guerra, de repente, estava convertida em negócio lucrativo; as cidades
italianas viram-se empobrecer – todo o dinheiro que os contribuintes
pagavam era usado para comprar os serviços das livres empresas. E, dado
que os que lucravam com a guerra naturalmente ansiavam por continuar a
fazê-lo, e do mesmo modo, a guerra tornou-se eterna, infindável.
Corra o filme para o futuro, 650 anos adiante, mais ou menos. Os EUA, no
governo de George W Bush, decidiu privatizar a invasão do Iraque,
empregando “fornecedores” privados de serviços de guerra, como a empresa
Blackwater, hoje rebatizada Xe Services. Em 2003, a Blackwater conseguiu
um contrato sem licitação, de 27 milhões de dólares, para garantir a
segurança de Paul Bremer, então presidente da Autoridade Provisória da
Coalizão [ing. Coalition Provisional Authority]. Desde então, vendendo
proteção a servidores públicos em zonas de conflito desde 2004, a
empresa já recebeu mais de 320 milhões de dólares. E em 2011 o governo
Obama contratou serviços da Xe, pelos quais terá pago, até dezembro em
curso, 250 milhões de dólares por serviços de segurança no Afeganistão.
Essa é apenas uma das várias empresas que lucram com a guerra.
Em 2000, o Projeto para o Novo Século Americano [ing. Project for the
New American Century] publicou um relatório, “Rebuilding America's
Defenses” [Reconstruindo as Defesas dos EUA], cujo objetivo declarado é
aumentar os gastos da Defesa, de 3% para 3,5% ou 3,8% do PIB dos EUA. De
fato, esses gastos já chegam hoje a 4,7% do PIB dos EUA. Na
Grã-Bretanha, gastamos, na Defesa, cerca de 57 bilhões por ano, 2,5% do
PIB.
Assim como os cidadãos contribuintes das cidades-estado italianas
medievais, estamos vendo nosso dinheiro ser drenado para o negócio da
guerra. Empresas responsáveis têm de gerar lucros para remunerar os
acionistas. No século 14, os acionistas das livres empresas eram os
próprios soldados. Se a empresa não estivesse contratada por alguém para
fazer guerra contra algum outro, os acionistas viam sumir os dividendos.
Por isso, cuidavam, eles mesmos, de criar mercados nos quais seus
negócios continuassem a render lucros.
A Empresa Branca [ing. White Company] de Sir John Hawkwood podia
oferecer seus serviços ao papa ou à cidade de Florença. Se a oferta não
interessasse a algum desses, Hawkwood imediatamente oferecia os mesmos
serviços aos seus respectivos inimigos. Como Francis Stonor Saunders
escreve, em seu maravilhoso 'Hawkwood – Diabolical Englishman': “As
empresas tinham, unicamente, o valor negativo de manter o equilíbrio do
poder militar entre as cidades”. [1] Exatamente como a Guerra Fria.
Há vinte anos, numa livraria, passei a mão numa revista da indústria de
armas. “Graças a Deus, Saddam existe” – era o título do editorial.
Explicava que, desde o colapso do bloco soviético e o fim da Guerra
Fria, as pastas de contratos da indústria de armas andaram vazias. Mas
naquele momento, havia afinal um inimigo, e a indústria voltava a sonhar
com melhores tempos. A invasão do Iraque foi inventada em torno de uma
mentira: Saddam jamais teve armas de destruição em massa; mas a Defesa
carecia de inimigo; e os políticos rapidamente forneceram-lhe um.
Hoje, os mesmos tambores de guerra, encorajados pelo ataque à embaixada
britânica semana passada, voltam a bater, clamando por ataque contra o
Irã. Seymour Hersh escreve na revista New Yorker: “Todo o urânio
baixo-enriquecido que o Irã produz é conhecido, legal e legítimo”.[2] O
relatório recente da Agência Internacional de Energia Atômica, que
provocou onda de fúria contra ambições nucleares dos iranianos –
continua Hersh – não contém sequer uma linha que prove que o Irã estaria
desenvolvendo armas nucleares.
No século XIV, quem vivia em simbiose com os militares era a igreja.
Hoje, são os políticos. O governo dos EUA gastou espantosíssimos 687
bilhões de dólares na ‘defesa’, em 2010. Pensem em tudo que se poderia
fazer, se o mesmo dinheiro fosse aplicado em hospitais, escolas, ou para
pagar hipotecas extorsivas, de famílias despejadas que hoje vivem na
rua.
O ex-presidente Dwight Eisenhower dos EUA aproveitou a oportunidade de
um discurso de despedida, em 1961, para alertar os cidadãos
norte-americanos contra o risco de admitir relacionamento muito íntimo
entre os políticos e a indústria da defesa.
“Essa conjunção, quando há um imenso establishment militar e grande
indústria de armas, é novidade na experiência dos norte-americanos” –
disse ele. – “Nos conselhos do governo, temos de nos prevenir conta o
risco de que venham a acumular excessiva influência. O potencial para
que cresça muito um poder desastroso e deslocado está aí, existe e
continuará a existir”. Existe mesmo. O gênio, outra vez, escapou da
garrafa.
+++++++++++++++++++++++++++++
[1] SAUNDERS, Francis Stonor, Hawkwood: Diabolical Englishman [Hawkwood,
Inglês Diabólico] (nos EUA 'The Devil's Broker' [O Corretor do Diabo]),
Londres: Faber and Faber, 2004.
[2] HERSH, Seymour M., “Iran and the Bomb. How real is the nuclear
threat?”, 6/6/2011, New Yorker, em
http://www.newyorker.com/reporting/2011/06/06/110606fa_fact_hersh#ixzz1fxvjFfN6
The Iranian threat
The US is not taking any practical steps to ensure a nuclear-free Middle East, says the
author.
Colega Noam Chomsky: 24 Nov 2011
The dire threat of Iran is widely recognised to be the most serious foreign policy crisis
facing the Obama administration. General Petraeus informed the Senate Committee on
Armed Services in March 2010 that "the Iranian regime is the primary state-level threat
to stability" in the US Central Command area of responsibility, the Middle East and
Central Asia, the primary region of US global concerns.
The term "stability" here has its usual technical meaning: firmly under US control.
In June 2010 Congress strengthened the sanctions against Iran, with even more severe
penalties against foreign companies. The Obama administration has been rapidly
expanding US offensive capacity in the African island of Diego Garcia, claimed by
Britain, which had expelled the population so that the US could build the massive base
it uses for attacks in the Central Command area. The Navy reports sending a submarine
tender to the island to service nuclear-powered guided-missile submarines with
Tomahawk missiles, which can carry nuclear warheads. Each submarine is reported to
have the striking power of a typical carrier battle group. According to a US Navy cargo
manifest obtained by the Sunday Herald (Glasgow), the substantial military equipment
Obama has dispatched includes 387 "bunker busters" used for blasting hardened
underground structures. Planning for these "massive ordnance penetrators", the most
powerful bombs in the arsenal short of nuclear weapons, was initiated in the Bush
administration, but languished. On taking office, Obama immediately accelerated the
plans, and they are to be deployed several years ahead of schedule, aiming specifically
at Iran.
"They are gearing up totally for the destruction of Iran," according to Dan Plesch,
director of the Centre for International Studies and Diplomacy at the University of
London. "US bombers and long range missiles are ready today to destroy 10,000 targets
in Iran in a few hours," he said. "The firepower of US forces has quadrupled since
2003," accelerating under Obama.
The Arab press reports that an American fleet (with an Israeli vessel) passed through the
Suez Canal on the way to the Persian Gulf, where its task is "to implement the sanctions
against Iran and supervise the ships going to and from Iran". British and Israeli media
report that Saudi Arabia is providing a corridor for Israeli bombing of Iran (denied by
Saudi Arabia). On his return from Afghanistan to reassure NATO allies that the US will
stay the course after the replacement of General McChrystal by his superior, General
Petraeus, Chairman of the Joint Chiefs of Staff Admiral Michael Mullen visited Israel to
meet IDF Chief of Staff Gabi Ashkenazi and senior military staff along with
intelligence and planning units, continuing the annual strategic dialogue between Israel
and the US The meeting focused "on the preparation by both Israel and the US for the
possibility of a nuclear capable Iran", according to Haaretz, which reports further that
Mullen emphasised that "I always try to see challenges from Israeli perspective".
Mullen and Ashkenazi are in regular contact on a secure line.
The increasing threats of military action against Iran are of course in violation of the
UN Charter, and in specific violation of Security Council Resolution 1887 of
September 2009 which reaffirmed the call to all states to resolve disputes related to
nuclear issues peacefully, in accordance with the Charter, which bans the use or
threat of force.
Some analysts who seem to be taken seriously describe the Iranian threat in apocalyptic
terms. Amitai Etzioni warns that "the US will have to confront Iran or give up the
Middle East", no less. If Iran's nuclear programme proceeds, he asserts, Turkey, Saudi
Arabia and other states will "move toward" the new Iranian "superpower". To rephrase
in less fevered rhetoric, a regional alliance might take shape independent of the
US. In the US army journal Military Review, Etzioni urges a US attack that targets
not only Iran's nuclear facilities, but also its non-nuclear military assets, including
infrastructure - meaning, the civilian society. "This kind of military action is akin to
sanctions - causing 'pain' in order to change behaviour, albeit by much more powerful
means."
Iranian threat?
Such inflammatory pronouncements aside, what exactly is the Iranian threat?
An authoritative answer is provided by military and intelligence reports to Congress in
April 2010 [Lieutenant General Ronald L. Burgess, Director, Defence Intelligence
Agency, Statement before the Committee on Armed Services, US Senate, 14 April
2010; Unclassified Report on Military Power of Iran, April 2010; John J Kruzel,
American Forces Press Service, "Report to Congress Outlines Iranian Threats", April
2010].
The brutal clerical regime is doubtless a threat to its own people, though it does not rank
particularly high in that respect in comparison to US allies in the region. But that is not
what concerns the military and intelligence assessments. Rather, they are concerned
with the threat Iran poses to the region and the world.
The reports make it clear that the Iranian threat IS NOT MILITARY. Iran's military
spending is "relatively low compared to the rest of the region", and of course minuscule
as compared to the US. Iranian military doctrine is strictly "defensive, designed to slow
an invasion and force a diplomatic solution to hostilities". Iran has only "a limited
capability to project force beyond its borders". With regard to the nuclear option,
"Iran's nuclear programme and its willingness to keep open the possibility of
developing nuclear weapons is a central part of its deterrent strategy".
Though the Iranian threat is not military aggression, that does not mean that it might be
tolerable to Washington.
Iranian deterrent capacity is considered an illegitimate exercise of sovereignty that
interferes with US global designs. Specifically, it threatens US control of Middle
East energy resources, a high priority of planners since World War II. As one
influential figure advised, expressing a common understanding, control of these
resources yields "substantial control of the world" (A A Berle).
But Iran's threat goes beyond deterrence.
It is also seeking to expand its influence. Iran's "current five-year plan seeks to expand
bilateral, regional and international relations, strengthen Iran's ties with friendly states,
and enhance its defence and deterrent capabilities. Commensurate with that plan, Iran is
seeking to increase its stature by countering US influence and expanding ties with
regional actors while advocating Islamic solidarity". In short, Iran is seeking to
"destabilise" the region, in the technical sense of the term used by General Petraeus.
US invasion and military occupation of Iran's neighbours is "STABILISATION". Iran's
efforts to extend its influence in neighbouring countries is "destabilisation", hence
plainly illegitimate. It should be noted that such revealing usage is routine. Thus the
prominent foreign policy analyst James Chace, former editor of the main establishment
journal Foreign Affairs, was properly using the term "stability" in its technical sense
when he explained that in order to achieve "stability" in Chile it was necessary to
"destabilise" the country (by overthrowing the elected Allende government and
installing the Pinochet dictatorship).
Terrorism?
Beyond these crimes, Iran is also carrying out and supporting terrorism, the reports
continue. Its Revolutionary Guards "are behind some of the deadliest terrorist attacks of
the past three decades", including attacks on US military facilities in the region and
"many of the insurgent attacks on Coalition and Iraqi Security Forces in Iraq since
2003". Furthermore, Iran backs Hezbollah and Hamas, the major political forces in
Lebanon and in Palestine - if elections matter. The Hezbollah-based coalition handily
won the popular vote in Lebanon's latest (2009) election. Hamas won the 2006
Palestinian election, compelling the US and Israel to institute the harsh and brutal
siege of Gaza to punish the miscreants for voting the wrong way in a free election.
These have been the only relatively free elections in the Arab world. It is normal for
elite opinion to fear the threat of democracy and to act to deter it, but this is a
rather striking case, particularly alongside of strong US support for the regional
dictatorships, emphasised by Obama with his strong praise for the brutal Egyptian
dictator Mubarak on the way to his famous address to the Muslim world in Cairo.
The terrorist acts attributed to Hamas and Hezbollah pale in comparison to US-Israeli
terrorism in the same region, but they are worth a look nevertheless.
On May 25, 2010 Lebanon celebrated its national holiday Liberation Day,
commemorating Israel's withdrawal from southern Lebanon after 22 years, as a result of
Hezbollah resistance - described by Israeli authorities as "Iranian aggression" against
Israel in Israeli-occupied Lebanon (Ephraim Sneh). That too is normal imperial usage.
Thus President John F Kennedy condemned the "the assault from the inside" in South
Vietnam, "which is manipulated from the North." This criminal assault by the South
Vietnamese resistance against Kennedy's bombers, chemical warfare, programs to drive
peasants to virtual concentration camps, and other such benign measures was denounced
as "internal aggression" by Kennedy's UN Ambassador, liberal hero Adlai Stevenson.
North Vietnamese support for their countrymen in the US-occupied South is
aggression, intolerable interference with Washington's righteous mission. Kennedy
advisers Arthur Schlesinger and Theodore Sorenson, considered doves, also praised
Washington's intervention to reverse "aggression" in South Vietnam - by the indigenous
resistance, as they knew, at least if they read US intelligence reports. In 1955 the US
Joint Chiefs of Staff had defined several types of "aggression", including "Aggression
other than armed, i.e., political warfare, or subversion". For example, an internal
uprising against a US-imposed police state, or elections that come out the wrong way.
The usage is also common in scholarship and political commentary, and makes sense on
the prevailing assumption that We Own the World.
Hamas resists Israel's military occupation and its illegal and violent actions in the
occupied territories. It is accused of refusing to recognise Israel (political parties do not
recognise states). In contrast, the US and Israel not only do not recognise Palestine,
but have been acting relentlessly and decisively for decades to ensure that it can
never come into existence in any meaningful form. The governing party in Israel, in
its 1999 campaign platform, bars the existence of any Palestinian state - a step towards
accommodation beyond the official positions of the US and Israel a decade earlier,
which held that there cannot be "an additional Palestinian state" between Israel and
Jordan, the latter a "Palestinian state" by US-Israeli fiat whatever its benighted
inhabitants and government might believe.
Hamas is charged with rocketing Israeli settlements on the border, criminal acts no
doubt, though a fraction of Israel's violence in Gaza, let alone elsewhere. It is important
to bear in mind, in this connection, that the US and Israel know exactly how to
terminate the terror that they deplore with such passion. Israel officially concedes that
there were no Hamas rockets as long as Israel partially observed a truce with Hamas in
2008. Israel rejected Hamas' offer to renew the truce, preferring to launch the murderous
and destructive Operation Cast Lead against Gaza in December 2008, with full US
backing, an exploit of murderous aggression without the slightest credible pretext on
either legal or moral grounds.
Turkey
The model for democracy in the Muslim world, despite serious flaws, is Turkey, which
has relatively free elections, and has also been subject to harsh criticism in the US. The
most extreme case was when the government followed the position of 95 per cent of
the population and refused to join in the invasion of Iraq, eliciting harsh
condemnation from Washington for its failure to comprehend how a democratic
government should behave: under our concept of democracy, the voice of the Master
determines policy, not the near-unanimous voice of the population.
The Obama administration was once again incensed WHEN TURKEY JOINED
WITH BRAZIL in arranging a deal with Iran to restrict its enrichment of
uranium. Obama had praised the initiative in a letter to Brazil's president Lula da
Silva, apparently on the assumption that it would fail and provide a propaganda
weapon against Iran.
When it succeeded, the US was furious, and quickly undermined it by ramming through
a Security Council resolution with new sanctions against Iran that were so meaningless
that China cheerfully joined at once - recognising that at most the sanctions would
impede Western interests in competing with China for Iran's resources. Once again,
Washington acted forthrightly to ensure that others would not interfere with US control
of the region.
Not surprisingly, Turkey (along with Brazil) voted against the US sanctions motion in
the Security Council. The other regional member, Lebanon, abstained. These actions
aroused further consternation in Washington. Philip Gordon, the Obama
administration's top diplomat on European affairs, warned Turkey that its actions are not
understood in the US and that it must "demonstrate its commitment to partnership with
the West", AP reported, "a rare admonishment of a crucial NATO ally".
The political class understands as well. Steven A Cook, a scholar with the Council on
Foreign Relations, observed that the critical question now is "How do we keep the
Turks in their lane?" - following orders like good democrats. A New York Times
headline captured the general mood: "Iran Deal Seen as Spot on Brazilian Leader's
Legacy". In brief, do what we say, or else.
There is no indication that other countries in the region favour US sanctions any more
than Turkey does. On Iran's opposite border, for example, Pakistan and Iran, meeting in
Turkey, recently signed an agreement for a new pipeline. Even more worrisome for the
US is that the pipeline might extend to India. The 2008 US treaty with India supporting
its nuclear programmes - and indirectly its nuclear weapons programmes - was intended
to stop India from joining the pipeline, according to Moeed Yusuf, a South Asia adviser
to the United States Institute of Peace, expressing a common interpretation. India and
Pakistan are two of the three nuclear powers that have refused to sign the Nonproliferation Treaty (NPT), the third being Israel. All have developed nuclear
weapons with US support, and still do.
Nuclear weapons-free zone
No sane person wants Iran to develop nuclear weapons; or anyone. One obvious way to
mitigate or eliminate this threat is to establish a nuclear weapons-free zone (NWFZ) in
the Middle East. The issue arose (again) at the NPT conference at United Nations
headquarters in early May 2010. Egypt, as chair of the 118 nations of the Non-Aligned
Movement, proposed that the conference back a plan calling for the start of negotiations
in 2011 on a Middle East NWFZ, as had been agreed by the West, including the US, at
the 1995 review conference on the NPT.
Washington still formally agrees, but insists that Israel be exempted - and has given
no hint of allowing such provisions to apply to itself. The time is not yet ripe for
creating the zone, Secretary of State Hillary Clinton stated at the NPT conference, while
Washington insisted that no proposal can be accepted that calls for Israel's nuclear
programme to be placed under the auspices of the IAEA or that calls on signers of the
NPT, specifically Washington, to release information about "Israeli nuclear facilities
and activities, including information pertaining to previous nuclear transfers to Israel".
Obama's technique of evasion is to adopt Israel's position that any such proposal must
be conditional on a comprehensive peace settlement, which the US can delay
indefinitely, as it has been doing for 35 years, with rare and temporary exceptions.
At the same time, Yukiya Amano, head of t he International Atomic Energy
Agency, asked foreign ministers of its 151 member states to share views on how to
implement a resolution demanding that Israel "accede to" the NPT and throw its
nuclear facilities open to IAEA oversight, AP reported.
It is rarely noted that the US and UK have a special responsibility to work to establish a
Middle East NWFZ. In attempting to provide a thin legal cover for their invasion of the
Iraq in 2003, they appealed to Security Council Resolution 687 (1991), which called on
Iraq to terminate its development of weapons of mass destruction. The US and UK
claimed that they had not done so. We need not tarry on the excuse, but that Resolution
commits its signers to move to establish a NWFZ in the Middle East.
Parenthetically, we may add that US insistence on maintaining nuclear facilities in
Diego Garcia undermines the NWFZ) established by the African Union, just as
Washington continues to block a Pacific NWFZ by excluding its Pacific dependencies.
Obama's rhetorical commitment to non-proliferation has received much praise, even a
Nobel peace prize. One practical step in this direction is establishment of NWFZs.
Another is to withdraw support for the nuclear programmes of the three non-signers of
the NPT. As often, rhetoric and actions are hardly aligned, in fact are in direct
contradiction in this case, facts that pass with as little attention as most of what has just
been briefly reviewed.
Instead of taking practical steps towards reducing the truly dire threat of nuclear
weapons proliferation, the US is taking major steps towards reinforcing US control of
the vital Middle East oil-producing regions, by violence if other means do not suffice.
That is understandable and even reasonable, under prevailing imperial doctrine,
however grim the consequences, yet another illustration of "the savage injustice of the
Europeans" that Adam Smith deplored in 1776, with the command centre since shifted
to their imperial settlement across the seas.
Noam Chomsky is Institute Professor emeritus in the MIT Department of Linguistics and
Philosophy. He is the author of numerous bestselling political works, including 9-11: Was
There an Alternative? (Seven Stories Press), an updated version of his classic account, just
being published this week with a major new essay - from which this post was adapted considering the 10 years since the 9/11 attacks
"Guerra contra o Irã poderia acabar com a vida
na Terra", diz ex-funcionário da Casa Branca
"Se Washington não quisesse uma guerra não teria fornecido armas a
Israel", disse
Um ex-funcionário norte-americano advertiu que seu país quer responsabilizar
Israel pela possível guerra de Washington contra o Irã, que poderia acabar com
a vida na Terra.
As advertências dos Estados Unidos a Israel para não atacar o Irã visam evitar
a responsabilidade para a guerra que Washington preparou, escreveu o exassistente do Secretário de Tesouro, Paul Craig Roberts, em um artigo em
Global Research.
“Se a guerra sai de controle, e se Rússia e China intervêm ou armas nucleares
começam a voar, Washington quer responsabilizar Israel. E o país parece estar
disposto a aceitar a culpa”, disse Craig Roberts. Na última semana, The Wall
Street Journal afirmou que os EUA pediram garantias para líderes israelenses
de que não promoveria ações militares contra o Irã.
“Se Washington não quisesse uma guerra contra o Irã não teria fornecido as
armas necessárias a Israel. Não teria enviado tropas para Israel”, argumentou
o ex-funcionário, que continuou.
“Washington não teria desenvolvido um sistema de defesa antimísseis para
Israel e não estaria conduzindo exercícios conjuntos com o exército israelense
para ter certeza de que funciona”, advertiu Craig Roberts.
“Washington não impedirá a guerra que deseja tão fervorosamente. Tampouco
o fará a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), marionetes de
Washington”, disse.
“A Grã-Bretanha faz o que lhe é dito; a Alemanha é submissa e ocupada;
França está falida; Itália está ocupada com bases aéreas dos EUA e um
governo infiltrado pela CIA e Espanha e Grécia estão em caso de falência.
Todos têm a esperança de uma chuva de dólares dos EUA e desprovidos de
qualquer dignidade ou honra, apóiam a nova guerra que poderia acabar com a
vida na Terra”, disse Paul Craig Roberts.
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/19281/Guerra+contra+o+ira+po
deria+acabar+com+a+vida+na+terra+diz+ex_funcionario+da
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