Ribeirão Preto 2006 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO KAREN DE LIMA PRATA Efeito da quimioterapia em altas doses sobre as célulastronco mesenquimais humanas Ribeirão Preto 2006 KAREN DE LIMA PRATA Efeito da quimioterapia em altas doses sobre as célulastronco mesenquimais humanas Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção do titulo de Mestre em Clínica Médica. Área de Concentração: Clínica Médica Orientador: Prof. Dr. Dimas Tadeu Covas Ribeirão Preto AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO OU DE PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. FICHA CATALOGRÁFICA Prata, Karen de Lima Efeito da quimioterapia em altas doses sobre as células-tronco mesenquimais humanas. Ribeirão Preto, 2006. 200 p. : il.; 30cm Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP Área de concentração: Clínica Médica. Orientador: Covas, Dimas Tadeu 1. Células-tronco mesenquimais. 2. Injúria pós-quimioterapia. 3. CFU-F. 4. Expansão celular. 5. Imunofenotipagem. 6.Diferenciação multipotencial. 7. Sustentação da hematopoese. FOLHA DE APROVAÇÃO Kar en de Lima Pr ata Efeito da quimioterapia em altas doses sobre as células-tronco mesenquimais humanas. Dissertação apresentada a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Clínica Médica Aprovado em: Banca examinadora: Prof. Dr. ___________________________________________________________________ Instituição: _________________________________________________________________ Assinatura: _________________________________________________________________ Prof. Dr. ___________________________________________________________________ Instituição: _________________________________________________________________ Assinatura: _________________________________________________________________ Prof. Dr. ___________________________________________________________________ Instituição: _________________________________________________________________ Assinatura: _________________________________________________________________ Dedico est e t r a ba lh o a o m eu qu er ido a vô, o P r ofessor Dr . Weller son Lou r en ço de Lim a , Livre-docen t e de An a t om ia da Un iver sida de F eder a l de Min a s Ger a is. Apesa r de você t er pa r t ido pou co t em po a pós o m eu n a scim en t o, a su a pr esen ça foi u m a con st a n t e n a m in h a vida . Muit os for a m os seu s exem plos e a qu i r essa lt o a lgu n s com o o est udo e a per sever a n ça qu e fizer a m com qu e u m ga r ot o, ór fã o de pa i e de m ã e a os 5 a n os de ida de, se t orn a sse um dos a lu n os m a is br ilha n t es de su a época , n a nossa fa cu lda de. Cit o t a m bém , o seu a m or pela pr ofissã o de m édico e pr ofessor . Você en sin ou a os seu s a lu n os, por m eio de pa la vr a s e exem plos, a cu ida r da s pessoa s, e, a cim a de t u do, a r espeit á -la s com o ser es h u m a n os, est eja m ela s fisica m ent e viva s ou n os ceden do o cor po pa r a est udo, a pós t er em pa r t ido. F or a m m u it os os r ela t os sobr e você, t odos com m u it o ca r inh o e a dm ir a çã o, t a n t o por pa r t e dos n ossos fa m ilia r es qua nt o de m u it os de seu s ex-a lu n os, que, segu in do o seu exem plo, se t or n a r a m m eus pr ofessor es n a F a cu lda de de Medicina . Sei qu e espir it u a lm en t e, você m e a com pa n h ou em t odos os m om en t os dest a jor n a da , m e incen t iva n do e da ndo for ça pa r a qu e eu ven cesse t oda s a s ba r r eir a s. Dedico a você m eu qu er ido a vô Weller son , m eu a m igo, m eu exem plo, m eu espelh o: est a vit ór ia . AGRADECIMENTOS Agr adeço de cor ação a t odos que de alguma f or ma cont r ibuír am com a r ealização dest a pesquisa. Em especial, agr adeço aos pacient es, que de f or ma alt r uíst a, submet er am-se à dor f ísica da punção da medula óssea e pr incipalment e, à dor mor al, da lembr ança da ocasião do diagnóst ico e de t oda a t er apêut ica, com o único obj et ivo de aj udar a ciência a melhor ar o t r at ament o de pessoas com doenças semelhant es à suas. Aos m eu s pa is, Lu iz Ca r los e Bea t r iz, m eu s et er n os am igos e com pa n h eir os, m eus exem plos, por t er em me en sin a do a ser qu em sou e m e a poia do em t odos os m om en t os dest a vida . Aos m eu s ir m ã os, Cyn t h ia , Dia n a , Lídia , P edr o H en r iqu e, Da n iel, Ra ph a el e J oa n a , pela com pr een são, a poio e ca r in h o As m in h a s a vós Cor in a e J a r y e a o m eu a vô Gigi, pelo exem plo de vida . Ao m eu qu er ido a m igo, m a is qu e especia l, pela pr esen ça const a n t e, pela for ça e in cen t ivo du r a n t e t odo est e pr ojet o. Ao m eu or ien t a dor , o P r ofessor Dr . Dim a s Ta deu Cova s, qu e con fiou em m im e m e pr opor cion ou opor t u n ida des qu e m u da r a m a m in h a vida . Agr adeço a todos aqueles que de alguma for ma par ticipar am da elabor ação deste tr abalho. Enumero alguns, aos quais homenageio em nome de todos: Abel Dor iga n Net o P r of. D r Adem ilson E spen cer Soa r es E gea Adr ia n a Dispósit o F er r eir a An a F lá via Gem br e An a Ma r ia An selm e Dor iga n An e Rose Lopes da Silva P r of. D r a Apa r ecida Ma r ia F on t es P r of. D r An t ôn io Dor iva l Ca m pos Br u n o Ma r cos Ver beno Azevedo F a bia n a Roset t o de Mor a is P r of. D r Gil Cu n h a De Sa n t is J a ir o de Sou za P r of. D r J ú lio Césa r Volt a r elli Ka r in a Rosa Sola n o P r of. D r a Kellen Cr ist ina Ribeir o Ma lm egr im de F a r ia s P r of. D r a Lu cia na Cor r êa Oliveir a de Oliveir a Lu cien e Medeir os P r of. D r Lucia n o Neder Lu iz Alber t o Ma r t ins de An dr a de Ma r ia Ber n a det e Gia con i P r of. Ma r ist ela Delga do Or ella n a P r of. D r Ma r co An t on io Za go P a t rícia Via n n a Bon in i P a lm a P r of. D r a Rit a de Cá ssia Viu Ca r r a r a Sa n dr a Na va r r o Br escia n i Sidn ey P or cin cu la P r of. D ra Sim on e Ka sh im a H a dda d Va lér ia Men des Mot t a P r of. D r Va n der son Rocha Agr adeço à Faculdade de Medicina de Ribeir ão Pr eto da Universidade de São Paulo e à Faculdade de Medicina da Univer sidade Feder al de Minas Ger ais, instituições de assistência, ensino e pesquisa, responsáveis pela minha formação profissional, com as quais compartilhei tantos anos da minha vida. Agr adeço aos dir etor es e funcionár ios do Centr o Regional de Hemoter apia do HC-FMRP-USP e do Centr o de Ter apia Celular (CEPID da FAPESP) pela oportunidade, pelo auxílio e apoio no desenvolvimento deste trabalho. Às agencias financiador as FAPESP (Fundação de Ampar o a Pesquisa do Estado de São Paulo), CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e FINEP (Financiador a de Estudos e Pr ojetos) por propiciarem a realização deste trabalho. “Nascer , viver , mor r er , r enascer ainda e pr ogr edir cont inuament e, est a é a lei. ” Allan Kar dec RESUMO PRATA, K. L. Efeito da quimioter apia em altas doses sobr e as células-tronco mesenquimais humanas. 2006. 200f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, SP, 2006 As células-tronco mesenquimais (CTMs) constituem um grupo de células com capacidade de diferenciação multipotencial. São de fácil isolamento e expansão ex vivo e, portanto, atrativas para utilização na terapia celular. A quimioterapia em altas doses (QAD) é comumente utilizada no tratamento de doenças hematológicas e auto-imunes. Entretanto, os possíveis efeitos da QAD nas CTMs ainda são desconhecidos. O objetivo deste trabalho foi avaliar as CTMs isoladas de pacientes previamente submetidos a este tratamento. Foram selecionados para este estudo 12 pacientes portadores de linfoma de Hodgkin (DH) ou não-Hogkin (LNH), sem infiltração medular da doença, com idade entre 18 e 60 anos. Todos os pacientes foram submetidos ao protocolo BEAM (BCNU, etoposide, aracytin, melfalan) como condicionamento para o transplante autólogo. Como controles, foram utilizadas amostras de medula óssea (MO) de 6 doadores normais (DN). Os pacientes foram classificados em subgrupos segundo a idade (< 40 vs ≥ 40 anos), doença de base (DH vs LNH) e tempo após o transplante (< 180 dias vs ≥1280 dias). Células mononucleares da MO foram obtidas por centrifugação em gradiente de Ficoll-Hypaque. As CTMs foram isoladas por aderência ao plástico e expandidas ex vivo, pelo cultivo em garrafas de cultura com meio α-MEM enriquecido com 15% de soro bovino fetal. Quando confluentes, as células foram tripsinizadas e expandidas. Os seguintes parâmetros foram avaliados: a) caracterização morfológica; b) quantificação das unidades formadoras de colônias fibroblastóides (CFU-F); c) tempo necessário para a duplicação celular; d) número de dias que as células permaneceram em cultivo; e) expansão celular; f) tamanho, viabilidade celular, imunofenotipagem e ciclo celular (por citometria de fluxo); g) potencial de diferenciação multipotencial; h) capacidade de sustentação da hematopoese e expansão de células CD34+, isoladas ex vivo do sangue de cordão umbilical e placentário. Os dados obtidos foram utilizados para comparações entre o grupo de DN e o grupo de pacientes e entre os doadores normais e os subgrupos acima descritos. Foram isoladas células com características morfológicas e imunofenotípicas compatíveis com as CTMs de todas as amostras de MO coletadas para este estudo. Dentre as amostras testadas, todas se diferenciaram in vitro em adipócitos, osteócitos e condrócitos, demonstrado pela morfologia, imuno-histoquímica (marcação com anticorpo monoclonal anti-colágeno II) ou expressão dos genes PPARγ e osteopontina por análises de RT-PCR. Os resultados encontrados são heterogêneos e sugerem que as CTMs são qualitativa e quantitativamente lesadas pela quimioterapia em altas doses. A primeira foi evidenciada pela menor expansão em cultura, duração do cultivo, velocidade de duplicação celular entre a 1ª e a 2ª passagem e capacidade de sustentação da hematopoese tardia e segunda, pela redução na freqüência das CFU-F. Entretanto, mais estudos são necessários para definir o quanto esta lesão limitaria a expansão e, conseqüentemente, o sucesso do uso destas células na terapia. Palavr as chave: células-tronco mesenquimais; injúria pós-quimioterapia; CFU-F; expansão celular; imunofenotipagem; diferenciação multipotencial; sustentação da hematopoese. ABSTRACT PRATA, K. L. High dose chemother apy effect on human mesenchymal stem cells. 2006. 200f. Master Dissertation – School of Medicine of Ribeirão Preto, University of São Paulo, SP, 2006 Mesenchymal stem cells (MSCs) constitute a group of cells with multipotencial differentiation capacities. They are easier to isolate and expand ex vivo and attractive for use on cell therapy. The high dose chemotherapy (HDCT) is commonly used to treat hematological and auto-immunes diseases. However, the possible effects of HDCT on MSCs are still unknown. The aim of this study was to evaluate the MSCs isolated from patients after HDCT. Twelve lymphoma’s patients (LP) with Hodgkin disease (HD) or non-Hodgkin lymphoma (NHL), free of disease in bone marrow (BM) and whose age varied between 18 and 60 years old were enrolled in the study. All of them were submitted to the BEAM’s protocol (BCNU, etoposide, aracytin, melfalan) as the conditioning regimen for autologous transplantation. Six normal bone marrow donors (ND) samples were used as controls. The patients were classified on subgroups based on age (< 40 vs ≥ 40 years old), disease (HD versus NHL) and time after transplantation (< 180 days vs ≥1280 days). BM mononuclear cells were obtained by Ficoll-Hypaque gradient centrifugation. The MSCs were isolated by plastic adherence and expanded ex vivo by cultivation in culture flasks with α-MEM culture medium with 15% of fetal bovine serum. At confluence, the MSCs were harvested with trypsin and expanded. The following parameters were evaluated: a) morphologic characterization; b) colony-forming unit-fibroblast (CFU-F) frequency; c) doubling time; d) maximal life span (days); e) cell expansion; f) size, cell viability, phenotypic characteristics and cell cycle status (by flow cytometry); g) multi-lineage differentiation capacity; h) ex vivo hematopoiesis-supportive function and cord blood CD34+ cells expansion. The results were used to compare the ND group with the patients groups and the ND group with the subgroups previously described. There were isolated cells with typical MSC morphology and phenotypical characteristics from all BM samples collected for this study. All the tested samples were capable of differentiating in vitro along the adipogenic, osteogenic and chondrogenic lineages, demonstrated by morphology, imunohistochemistry (staining with antibody specific for type II collagen) or RT-PCR analyses of expression of the PPARγ and osteopontin genes. The results are heterogeneous and indicate that the MSCs are qualitative and quantitatively damage by HDCT. The first one was demonstrated by reduction in cell expansion, maximal life span, doubling time between the 1st and the 2nd passages and capacity to support late hematopoiesis. The second one was shown by the reduction in colony-forming unit-fibroblast (CFU-F) frequency. However, additional studies are needed to determine how much this damage could limit the expansion and consequently, the success of the use of this cell on therapy. Keywor ds: mesenchymal stem cell; post-chemotherapy damage; CFU-F; cellular expansion; flow cytometry analysis; multilineage differentiation; hematopoiesis-supportive function analysis LISTA DE ILUSTRAÇÕES Página Figur a 1: Definição de células-tronco .............................................................................................................................. 29 Figur a 2: Diagrama esquemático representando os possíveis mecanismos e explicações para a “plasticidade” observada nas células-tronco somáticas ....................................................................................... 39 Figur a 3: Processo de maturação e diferenciação das CTMs ........................................................................ 52 Figur a 4: Distribuição das idades (anos) dos doadores normais, pacientes e seus subgrupos ........................................................................................................................................................................................................................... 99 Figur a 5: Caracterização morfológica das CTMs ................................................................................................ 101 Figur a 6: Quantificação das unidades formadoras de colônias fibroblastóides (x10-5 CMN plaqueadas) dos doadores normais, dos pacientes e seus subgrupos ....................................................... 102 Figur a 7: Tempo (horas) necessário à duplicação das CTMs entre a 1ª e a 2ª passagem dos doadores normais, dos pacientes e seus subgrupos .............................................................................................. 104 Figur a 8: Duração (dias) do cultivo das CTMs dos doadores normais, dos pacientes e seus subgrupos .............................................................................................................................................................................................. 106 Figur a 9: Expansão final das CTMs dos doadores normais, dos pacientes e seus subgrupos ........................................................................................................................................................................................................................ 107 Figur a 10: Subpopulações de CTMs .............................................................................................................................. 109 Figur a 11: Porcentagem de CTMs dos doadores normais e dos pacientes em cada uma das subpopulações celulares ............................................................................................................................................................ 109 Figur a 12: Imunofenotipagem das CTMs do paciente 12 em 3ª passagem ...................................... 111 Figur a 13: Expressão antigênica (porcentagem) das proteínas de superfície das CTMs dos doadores normais e dos pacientes....................................................................................................................................... 112 Figur a 14: Viabilidade das CTMs dos doadores normais e dos pacientes ........................................ 113 Figur a 15: Viabilidade das subpopulações de células pequenas, médias e grandes das CTMs do paciente 10 em 3ª passagem ............................................................................................................................................ 114 Figur a 16: Viabilidade celular das diferentes subpopulações de acordo com os parâmetros tamanho e complexidade interna ........................................................................................................................................ 115 Figur a 17: Análise do ciclo celular das CTMs do paciente 8 em 4ª passagem .............................. 116 Figur a 18: Porcentagem de células dos doadores normais e dos pacientes nas fases G0G1, G2M e S do ciclo celular ........................................................................................................................................................... 116 Figur a 19: Exemplos de CTMs diferenciadas ex vivo em adipócitos ................................................... 117 Figur a 20: Exemplos de CTMs diferenciadas ex vivo em osteócitos .................................................... 118 Figur a 21: Avaliação da expressão dos genes PPARγ e osteopontina por RT-PCR durante a diferenciação ex vivo das CTMs em adipócitos e osteócitos ......................................................................... 119 Figur a 22: Exemplos de CTMs diferenciadas ex vivo em condrócitos ................................................ 120 Figur a 23: Fotos ilustrativas do co-cultivo das CTMs com as CTHs e do ensaio clonogênico ........................................................................................................................................................................................................................ 121 Figur a 24: Expansão das CTHs na ausência (CD34+) e presença de citocinas (CD34+ + Cit) após co-cultivo com as CTMs por 7 dias ..................................................................................................................... 122 Figur a 25: Expansão das CTHs na ausência (CD34+) e presença de citocinas (CD34+ + Cit) e após co-cultivo com as CTMs por 28 dias .................................................................................................................. 123 Figur a 26: Expansão das CFU GM e BFU-E após 7 dias de co-cultivo ............................................. 124 Figur a 27: Expansão das CFU GM e BFU-E após 28 dias de co-cultivo .......................................... 125 LISTA DE TABELAS Página Tabela 1: Vantagens e desvantagens das células embrionárias e das células tronco somáticas ........................................................................................................................................................................................................................... 35 Tabela 2: Análise da expressão antigênica das proteínas de superfície das CTMs por imunofenotipagem ............................................................................................................................................................................ 50 Tabela 3: CTMs e a resposta celular imunológica alogênica ......................................................................... 58 Tabela 4: Características dos pacientes estudados ................................................................................................. 73 Tabela 5: Primers utilizados para a análise da expressão dos genes PPARγ e da osteopontina ........................................................................................................................................................................................................................... 91 Tabela 6: Características das amostras de medula óssea dos pacientes avaliados ...................... 100 Tabela A.1: Esquemas de quimioterapia utilizados durante o tratamento dos pacientes ....... 178 Tabela A.2: Sinonímia, distribuição e fisiologia dos antígenos avaliados na imunofenotipagem por citometria de fluxo das CTMs ...................................................................................... 180 Tabela A.3: Hemogramas dos pacientes e doadores normais ..................................................................... 185 Tabela A.4: Quantificação das unidades formadoras de colônias fibroblastóides ...................... 186 Tabela A.5: Quantificação do tempo necessário (horas) à duplicação das CTMs entre a 1ª e a 2ª passagem ......................................................................................................................................................................................... 187 Tabela A.6: Quantificação dos dias em que as CTMs permaneceram em cultivo ...................... 188 Tabela A.7: Quantificação da expansão celular final em cultura das CTMs ................................... 189 Tabela A.8: Porcentagem de células em cada uma das subpopulações celulares ........................ 190 Tabela A.9: Expressão dos antígenos de superfície, por imunofenotipagem, da população de células totais dos pacientes ..................................................................................................................................................... 191 Tabela A.10: Expressão dos antígenos de superfície, por imunofenotipagem, da população de Tabela A.11: Expressão dos antígenos de superfície, por imunofenotipagem, da população de células médias dos pacientes ................................................................................................................................................. 192 Tabela A.12: Expressão dos antígenos de superfície, por imunofenotipagem, da população de células grandes dos pacientes ................................................................................................................................................ 193 Tabela A.13: Expressão dos antígenos de superfície, por imunofenotipagem, da população de células totais dos doadores normais ................................................................................................................................. 194 Tabela A.14: Expressão dos antígenos de superfície, por imunofenotipagem, da população de células pequenas dos doadores normais ........................................................................................................................ 194 Tabela A.15: Expressão dos antígenos de superfície, por imunofenotipagem, da população de células médias dos doadores normais ............................................................................................................................. 195 Tabela A.16: Expressão dos antígenos de superfície, por imunofenotipagem, da população de células grandes dos doadores normais ............................................................................................................................ 195 Tabela A.17: Porcentagem de células viáveis encontrados para a população total e subgrupos classificados pelos parâmetros tamanho e complexidade interna .............................................................. 196 Tabela A.18: Porcentagem de CTMs, dos pacientes e doadores normais, na diferentes fases do ciclo celular ................................................................................................................................................................................. 197 Tabela A.19: Expansão das CTHs após 7 dias de co-cultivo com as CTMs ................................... 198 Tabela A.20: Expansão das CTHs após 28 dias de co-cultivo com as CTMs ................................ 198 Tabela A.21: Expansão das CFU-GM e BFU-E, após o co-cultivo por 7 dias com CTMs de pacientes e doadores normais, na ausência de citocinas ................................................................................... 199 Tabela A.22: Expansão CFU-GM e BFU-E, após o co-cultivo por 7 dias com CTMs de pacientes e doadores normais, na presença de citocinas ................................................................................... 199 Tabela A.23: Expansão das CFU-GM e BFU-E, após o co-cultivo por 28 dias com CTMs de pacientes e doadores normais, na ausência de citocinas ................................................................................... 200 Tabela A.24: Expansão CFU-GM e BFU-E, após o co-cultivo por 28 dias com CTMs de pacientes e doadores normais, na presença de citocinas ................................................................................... 200 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 3´= região carboxi-terminal do ácido nucléico 5´= região amino-terminal do ácido nucléico 5’ NT = ecto -5’- nucleotidase ABVD = adriamicina, bleomicina, vimblastina e dacarbazina. ALCAM = do inglês “activated leukocyte cell adhesion molecule” AMP = do inglês “adenosine monophosphate” BCL-2 = do inglês “B-cell lymphoma 2” BEAM = BCNU, etoposide, citarabina (aracytin) e melfalan bFGF = do inglês “basic fibroblast growth factor” BFU-E = do inglês “burst forming unit- erythroid” BMP-4 = do inglês “bone morphogenetic protein-4” CAP = célula apresentadora de antígeno Cbfa-1 = do inglês “core binding factor alpha1” CD = do inglês “cluster of differentiation” cDNA= do inglês “complementary desoxiribonucleic acid” CE = célula embrionária CFU-F = do inglês “colony forming unit-fibroblast” CFU-GEMM = do inglês “colony forming unit-granulocyte-eritrocyte-monocyte-macrophage” CFU-GM = do inglês “colony forming unit-granulocyte-monocyte” CHCM = concentração da hemoglobina corpuscular média CHOP = ciclofosfamida, adriamicina (hidroxydaunomycin), vincristina (oncovin) e prednisona. CHOP-Bleo = CHOP-bleomicina. CIA = crista ilíaca anterior CIP = crista ilíaca posterior CMN = células mononucleares C-MOPPABV = ciclofosfamida, vincristina (oncovin), procarbazina, prednisona, adriamicina, bleomicina e vimblastina. CT = células-tronco CTHs = células-tronco hematopoéticas CTMs = células-tronco mesenquimais Cy = ciclofosfamida DCs = do inglês “dendritic cells” DECH = doença do enxerto contra o hospedeiro DH = doença de Hodgkin DHAP = dexametasona, citarabina (high dose aracytin) e cisplatina (platinum) DHCM = doença de Hodgkin celularidade mista DHEN = doença de Hodgkin esclerose nodular DHPL = doença de Hodgkin predomínio linfocitário DMEM = do inglês “Dulbecco’s Modified Eagle’s Médium” DMSO = dimetilsulfóxido DN = doador normal DNA = do inglês “desoxiribonucleic acid” dNTP = desoxirribonucleotídeo trifosfato DP = doador paciente DTT = ditiotreitol EDTA = ácido etilenodiaminoteracético EGF = do inglês “epidermal growth factor” EPO = do inglês “erythropoietin” ESHAP = etoposide, metilprednisona (solumedrol), citarabina (high dose aracytin) e cisplatina (platinum) Fab = do inglês “fragment, antigen binding” Fc = do inglês “fragment, crystalizable” FISH = do inglês “fluorescence in situ hybridization” FITC = do inglês “fluorescein isothiocyanate” Flt-3 lig = ligante do Flt-3 FSC = do inglês “forward scatter” GB = glóbulos brancos G-CSF = do inglês “granulocyte colony-stimulating factor” GM-CSF = do inglês “granulocyte macrophage colony-stimulating factor” GP = glicoproteína Gr = granulócitos GV = glóbulos vermelhos Gy = grays Hb = hemoglobina HC-FMRP-USP = Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo HCM = hemoglobina corpuscular média HCRP = Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto HE = hematoxilina e eosina HLA= do inglês “human leucocyte antigen” Ht = hematócrito hTeRT = do inglês “human telomerase reverse transcriptase” HUVEC = do inglês “human umbilical vein endothelial cells” ICAM = do inglês “intercellular adhesion molecule” IgG = imunoglobulina G IgM = imunoglobulina M IL = interleucina INFγ = interferon γ ISCT = do inglês “International Society for Cellular Therapy” J AK = do inglês “Janus kinase” KDR = do inglês “kinase insert domain containing receptor” LFA = do inglês “lymphocyte function-associated” LGCBD = linfoma de grandes células B difuso LGCBM = linfoma de grandes células B primário do mediastino Li = linfócitos LIF = do inglês “leukemia inhibitory factor” LMA = leucemia mielóide aguda LNH = linfoma não-Hodgkin LPL = do inglês “lipoprotein lípase” LPS = lipopolissacáride LTC-IC = do inglês “long-term culture-initiating cell” L-VAP-2 = do inglês “lymphocyte-vascular adhesion protein 2” MAPC = do inglês “multipotent adult progenitor cell” M-CSF = do inglês “macrophage colony-stimulating factor” mCTMs = células mesenquimais grandes e granulares, ativamente engajadas no ciclo celular MIAMI = do inglês, “ marrow-isolated adult multilineage inducible” MIFAP = mitoxantrone, fludarabina, citarabina (aracytin) e cisplatina (platinum) MINE = mesna, ifosfamida, mitoxantrone (novantrone) e etoposide MMP = do inglês “matrix metalloproteinase” MO = medula óssea Mo = monócitos MOPP = mostarda nitrogenada, vincristina (oncovin), procarbazina e prednisona MPC = do inglês “mesodermal progenitor cell” MSC = do inglês “mesenchymal stem cell” NK = do inglês “natural killer” OI = osteogenesis imperfecta OSM = oncostatina M OST = osteopontina P25 = percentil 25 P75 = percentil 75 PBS = do inglês “phosphate buffered saline” PCR = do inglês “polymerase chain reaction” PDGF = do inglês “platelet-derived growth factor” PE = do inglês “phycoeritrin” PECAM = do inglês “platelet-endothelial cell adhesion molecule” Per CP = do inglês “peridinin chlorophyll” PG = população de células grandes PI = do inglês “propidium iodide” Plaq = plaquetas PM = população de células médias PP = população de células pequenas PPARγ2 = do inglês “peroxisome proliferation-activated receptor” PT = população de células totais PTK = do inglês “protein tyrosine kinase” PUVA = psoralenico ultravioleta-A QT = quimioterapia R = receptor R1 = região ou janela 1 (representa a população de células pequenas) R2= região ou janela 2 (representa a população de células médias) R3= região ou janela 3 (representa a população de células grandes) RDW = do inglês “red cell distribution width” REX-1 = do inglês, “reduced expression” RNA = do ingles “ribonucleic acid” RPMI = meio “Roswell Park Memorial Institute” RS = do inglês “recycling stem cell” RT-PCR = do inglês “reverse transcription polymerase chain reaction” Saf O = safranina O SBF = soro bovino fetal SCF = do inglês “stem cell factor” SCID = do inglês “severe combined immunodeficiency” SCUP = sangue de cordão umbilical e placentário SSC = do inglês “side scatter” SSEA-4 = do inglês “stage-specific embrionic antigens-4” STC-IC = do inglês “short-term culture-initiating cell” T25 = garrafas de cultivo com tamanho de 25cm3 T75 = garrafas de cultivo com tamanho de 75cm3 TCR = do inglês “T cell receptor” TGF-β = do inglês “transforming growth factor – β” TM = tricômico de Masson TMO = transplante de medula óssea TNF = do inglês “tumor necrosis factor” TPO = do inglês “thrombopoietin” USSC = do inglês “unrestricted somatic stem cells” VCAM = do inglês “vascular celular adhesion molecule” VCM = volume corpuscular médio VEGF = do inglês “vascular endothelial growth factor” VLA = do inglês “very late activation antigen” vWF = do inglês “von Willebrand factor” α-MEM = do inglês “minimal essential médium-alpha” SUMÁRIO Página 1 Introdução ....................................................................................................................................................................................27 1.1 Definição de célula-tronco e progenitora .............................................................................................. 28 1.2 Classificação ...................................................................................................................................................................... 30 1.2.1 Quanto ao potencial de diferenciação ................................................................................................... 30 1.2.2 Quanto à origem ..................................................................................................................................................... 31 1.2.2.1 As células-tronco embrionárias .................................................................................................... 31 1.2.2.2 As células-tronco somáticas ou do adulto ......................................................................... 31 1.3 Plasticidade .................................................................................................................................................................... 36 1.3.1 Existência de múltiplas células-tronco nos tecidos .................................................................... 36 1.3.2 Fusão celular .............................................................................................................................................................. 37 1.3.3 Trans des-/re-difereciação ou conversão ............................................................................................ 37 1.3.4 Pluripotencialidade ............................................................................................................................................... 38 1.4 Terapia celular ........................................................................................................................................................... 39 1.5 As células-tronco mesenquimais ................................................................................................................. 40 1.5.1 Histórico ........................................................................................................................................................................ 40 1.5.2 Denominações utilizadas ................................................................................................................................. 40 1.5.3 Ontogenia das CTMs .......................................................................................................................................... 41 1.5.4 Fontes ............................................................................................................................................................................... 42 1.5.5 Isolamento e cultivo das CTMs de MO ............................................................................................... 43 1.5.6 Características morfológicas e imunocitoquímicas .................................................................... 44 1.5.7 Quantificação das unidades formadoras de colônias fibroblatóides ............................ 45 1.5.8 Fases evolutivas do cultivo ex vivo das CTMs .............................................................................. 45 1.5.9 Cinética da expansão das CTMs ex vivo ............................................................................................. 46 1.5.10 Cinética da proliferação celular .............................................................................................................. 46 1.5.11 Capacidade de duplicação em cultura ................................................................................................ 47 1.5.12 Fatores que interferem no crescimento e expansão celulares ......................................... 48 1.5.12.1 Concentração de soro bovino fetal ......................................................................................... 48 1.5.12.2 Idade ................................................................................................................................................................ 48 1.5.12.3 Amostra ......................................................................................................................................................... 48 1.5.13 Imunofenotipagem das CTMs .................................................................................................................. 49 1.5.14 Ciclo celular ............................................................................................................................................................ 51 1.5.15 Diferenciação ......................................................................................................................................................... 51 1.5.16 Produção de fatores de crescimento, interleucinas e citocinas ...................................... 54 1.5.17 Importância das CTMs na hematopoese .......................................................................................... 57 1.5.18 Características imunológicas das CTMs .......................................................................................... 57 1.5.19 Lesão estromal pós-quimioterapia ........................................................................................................ 59 1.5.20 Transplantabilidade das CTMs ................................................................................................................ 62 1.5.20.1 Repopulação do microambiente estromal do receptor por células estromais do doador .................................................................................................................................................. 63 1.5.21 Possíveis aplicações clínicas para as CTMs ................................................................................. 64 1.5.21.1 Resultados pré-clínicos .................................................................................................................... 64 1.5.21.2 Resultados clínicos .............................................................................................................................. 65 1.5.21.3 Terapia gênica .......................................................................................................................................... 68 2 Hipóteses ....................................................................................................................................................................................... 70 3 Objetivos ....................................................................................................................................................................................... 70 3.1 Objetivo geral .................................................................................................................................................................. 70 3.2 Objetivos específicos .................................................................................................................................................. 70 4 Material e Métodos ......................................................................................................................................................... 71 4.1 Seleção dos pacientes e dos controles .......................................................................................................... 72 4.1.1 Pacientes ................................................................................................................................................................... 72 4.1.2 Controles .................................................................................................................................................................. 74 4.1.3 Aspectos éticos .................................................................................................................................................... 74 4.2 Coleta e processamento das amostras de sangue periférico ................................................... 75 4.3 Coleta das amostras de medula óssea ......................................................................................................... 75 4.4 Processamento das amostras de medula óssea ................................................................................... 76 4.4.1 Isolamento das células mononucleares .............................................................................................. 76 4.4.2 Contagem celular em câmara de Neubauer .................................................................................... 77 4.4.3 Isolamento e cultivo das CTMs .............................................................................................................. 77 4.4.4 Quantificação das CFU-F ................................................................................................................................ 78 4.4.5 Tripsinização ......................................................................................................................................................... 79 4.4.6 Cultivo e Expansão das CTMs ................................................................................................................ 80 4.4.7 Congelamento e descongelamento ....................................................................................................... 81 4.4.8 Imunofenotipagem das CTMs .................................................................................................................. 81 4.4.8.1 Marcação direta ..................................................................................................................................... 84 4.4.8.2 Marcação indireta ................................................................................................................................. 84 4.4.9 Viabilidade celular ............................................................................................................................................ 85 4.4.10 Avaliação do ciclo celular ........................................................................................................................ 86 4.4.11 Diferenciação das CTMs em adipócitos, osteócitos e condrócitos ........................... 87 4.4.11.1 Adipócitos e osteócitos ................................................................................................................. 87 4.4.11.2 Condrócitos ............................................................................................................................................ 88 4.4.12 Avaliação da morfológica das células ............................................................................................. 89 4.4.13 Análise da expressão gênica para avaliação da diferenciação celular .................... 90 4.4.14 Sustentação da hematopoese .................................................................................................................. 92 4.4.14.1 Isolamento de células CD34+ de SCUP ............................................................................ 92 4.4.14.1.1 Marcação das células ........................................................................................................ 93 4.4.14.1.2 Separação pela coluna imunomagnética ............................................................. 93 4.4.14.2 Co-cultivo das CTMs e CTHs ................................................................................................. 94 4.4.14.3 Ensaio clonogênico .......................................................................................................................... 95 4.5 Análise estatística ......................................................................................................................................................... 96 5 Resultados ................................................................................................................................................................................... 97 5.1 Características dos pacientes estudados .................................................................................................. 98 5.2 Características das amostras de sangue periférico e medula óssea ................................. 99 5.3 Isolamento e cultivo das células-tronco mesenquimais ........................................................... 101 5.3.1 Caracterização morfológica .................................................................................................................... 101 5.3.2 Quantificação das unidades formadoras de colônias fibroblastóides ...................... 102 5.3.3 Quantificação do tempo de duplicação das CTMs ................................................................ 103 5.3.4 Quantificação dos dias que as CTMs permaneceram em cultivo ............................... 105 5.3.5 Expansão celular em cultura ................................................................................................................... 107 5.4 Avaliação do tamanho e complexidade interna das CTMs .................................................. 108 5.5 Imunofenotipagem das CTMs ........................................................................................................................ 110 5.6 Avaliação da viabilidade celular .................................................................................................................. 113 5.7 Avaliação do ciclo celular ................................................................................................................................... 115 5.8 Diferenciação das CTMs em adipócitos, osteócitos e condrócitos ................................. 117 5.9 Sustentação da hematopoese ........................................................................................................................... 120 6 Discussão ................................................................................................................................................................................... 126 6.1 São as mesenquimais células-tronco? ...................................................................................................... 127 6.2 Porque estudar as células-tronco somáticas? ................................................................................... 129 6.3 Características dos pacientes e das amostras estudadas ........................................................ 130 6.4 Isolamento, cultivo e expansão das CTMs .......................................................................................... 132 6.4.1 Isolamento e cultivo ...................................................................................................................................... 132 6.4.2 Cinética da expansão celular .................................................................................................................. 133 6.4.3 Tempo necessário à duplicação celular .......................................................................................... 134 6.4.4 Duração do cultivo e capacidade de expansão ex vivo das CTMs ............................ 135 6.5 Quantificação das CFU-F ................................................................................................................................... 138 6.6 Características das CTMs avaliadas por citometria de fluxo ............................................ 140 6.7 Potencial de diferenciação ................................................................................................................................. 143 6.8 Sustentação da hematopoese ........................................................................................................................... 147 6.9 Lesão estromal pós-quimioterapia ............................................................................................................. 152 6.10 Uso terapêutico das CTMs ............................................................................................................................. 154 7 Conclusões ............................................................................................................................................................................... 156 Referências ................................................................................................................................................................................... 158 Apêndices ....................................................................................................................................................................................... 173 APÊNDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido dos pacientes ......................... 174 APÊNDICE B - Termo de consentimento livre e esclarecido dos doadores normais ..... 176 APÊNDICE C - Esquemas de quimioterapia utilizados ........................................................................ 178 APÊNDICE D - Sinonímia, distribuição e fisiologia dos antígenos de superfície avaliados ............................................................................................................................................................................................................... 180 APÊNDICE E - Resultados dos hemogramas ............................................................................................... 185 APÊNDICE F - Quantificação das CFU-F ...................................................................................................... 186 APÊNDICE G - Tempo necessário à duplicação celular ...................................................................... 187 APÊNDICE H - Dias de cultivo das CTMs .................................................................................................... 188 APÊNDICE I - Expansão celular final das CTMs ..................................................................................... 189 APÊNDICE J - Análise do tamanho e complexidade interna das células ............................... 190 APÊNDICE L - Caracterização imunofenotípica das CTMs dos pacientes ........................... 191 APÊNDICE M - Caracterização imunofenotípica das CTMs dos doadores normais ..... 194 APÊNDICE N - Viabilidade celular .......................................................................................................... 196 APÊNDICE O - Análise do ciclo celular ............................................................................................... 197 APÊNDICE P - Expansão das células-tronco hematopoéticas ......................................................... 198 APÊNDICE Q - Expansão das GM-CSF e BFU-E no ensaio de STC-IC ............................... 199 APÊNDICE R - Expansão das GM-CSF e BFU-E no ensaio de LTC-IC ............................... 200 1 I NTRODUÇÃO Introdução 28 Nos últimos anos, testemunhamos uma explosão de interesse no uso das células-tronco (CT) como ferramenta para terapia celular e gênica. Isto tem sido impulsionado devido a inúmeras descobertas, mas em especial, a de que estas são capazes de se diferenciar em células de diversas linhagens. Presentes nos mais diversos tecidos e responsáveis pela regeneração destes no decorrer da vida, células-tronco como as hematopoéticas, as mesenquimais, as endoteliais, as neurais, dentre muitas outras, das mais diversas origens e com diferentes potenciais de diferenciação e proliferação, vêm sendo amplamente estudadas. Com isto, a medicina regenerativa desponta na atualidade como uma modalidade terapêutica promissora e a terapia celular como possibilidade de tratamento de diversas doenças, até o presente momento, consideradas incuráveis, tais como a doença de Parkinson, o diabetes, a insuficiência cardíaca crônica, a insuficiência hepática, dentre muitas outras. Todas, doenças cuja recuperação da função dos tecidos lesados é necessária. 1.1 Definição de célula-tr onco e pr ogenitor a: Muitas são as especulações a respeito do conceito de célula-tronco. Parker et al. (2004) descreveram a opinião de diversos autores sobre o tema e concluem que o consenso sobre o assunto é pequeno ou mesmo inexistente. Classicamente, as CT são definidas com base em três de suas principais características: a) capacidade de auto-renovação, ou a habilidade de gerar no mínimo uma célula-filha com características similares às da célula mãe; b) capacidade de uma única célula de se diferenciar em múltiplas linhagens celulares; c) capacidade de reconstituir funcionalmente, in vivo, um tecido lesado (VERFAILLIE, 2002). Estas características foram demonstradas nas célulastronco hematopoéticas (CTHs) e nas embrionárias (CE), mas com o avanço da ciência, outras células foram isoladas e conceituadas como células-tronco, mesmo sem compartilhar todas Introdução 29 estas propriedades, como por exemplo as células-tronco mesenquimais (CTMs). A Figura 1 ilustra estes critérios. (a) Auto-renovação Células-tronco (c) Repopulação funcional Leucócitos Proliferação celular Radioterapia (b) Potencial de diferenciação em múltiplas linhagens Figur a 1: Definição de células-tr onco. As células-tronco são definidas como aquelas com: a) capacidade de divisão assimétrica; b) habilidade de uma única célula se diferenciar em diferentes linhagens celulares; c) competência em reconstituir um tecido funcionalmente in vivo (Adaptado de VERFAILLIE, 2002). Outros autores definem as CT como populações de células que se auto-renovam por divisão simétrica ou assimétrica ou que são capazes de se diferenciar em múltiplos tipos de células especializadas, sem serem tão rigorosos quanto aos critérios de auto-renovação ilimitada e substancial contribuição para o tecido em desenvolvimento (CAI; WEISS; RAO, 2004). Fica claro que os conceitos expostos por Verfaillie (2002) e Cai et al. (2004) são distintos e esbarram em um outro conceito importante a ser esclarecido, mesmo que parcialmente: o de célula progenitora ou precursora. Simplificadamente, estas seriam as células comprometidas com uma determinada linhagem celular. Portanto, possuem capacidade de auto-renovação limitada ou ausente e habilidade de se diferenciar apenas em tipos celulares previamente definidos (LAKSHMIPATHY; VERFAILLIE, 2005), ou seja, em células especializadas da linhagem celular em questão. Introdução 30 O ponto de conflito nestas definições está no limite a partir do qual a célula deixa de ser considerada como tronco e passa a ser considerada como progenitora. Este limite está longe de ser definido e, portanto, dependendo do rigor a ser aplicado (mais liberal ou restritivo), a mesma célula pode ser considerada por alguns autores como tronco e por outros, como progenitora. Fato é que a busca pelo entendimento sobre as propriedades destas células, sejam elas relacionadas à sua assinatura molecular ou às suas características biológicas, é uma constante e ainda há muito que se aprender sobre o assunto. 1.2 Classificação: 1.2.1 Quanto ao potencial de difer enciação: As células-tronco podem ser subclassificadas de acordo com o seu potencial de diferenciação e/ou origem. São totipotentes quando, em condições propícias (suporte materno) diferenciam-se nas membranas e tecidos extra-embrionários, no embrião e em todos os tecidos e órgãos fetais, ou seja, originam um novo indivíduo. As plur ipotentes têm a habilidade de originar as células dos três folhetos embrionários (ectoderma, endoderma e mesoderma), ou seja, qualquer célula do organismo, mas são incapazes de gerar um novo indivíduo (VERFAILLIE; PERA; LANSDORP, 2002). Já as multipotentes originam quatro ou mais linhagens celulares (ex.: CTMs e CTHs). Também podem ser tr i, bi ou unipotentes se originarem três, dois ou apenas um tipo celular, respectivamente (YOUNG; BLACK Jr., 2004). Classicamente, as células toti ou pluripotentes são de origem embrionária enquanto as células multi ou unipotentes são encontradas no feto, na criança e no adulto. Introdução 31 1.2.2 Quanto à or igem: 1.2.2.1 Células-tr onco embr ionárias: Considera-se como célula embrionária aquela que constitui a massa interna do blastocisto (embrioblasto) e que pode ser removida e cultivada em laboratório. Esta pode se proliferar indefinidamente, mantendo o seu potencial de diferenciação em todos os tecidos do organismo em desenvolvimento (DALEY; GOODELL; SNYDER, 2003). Atualmente, não há estudos de terapia celular utilizando as CE em humanos. Contudo, estas representam uma fonte extraordinária de células, com aplicação potencial em inúmeras doenças. Três características tornam estas células mais atrativas que as CT do adulto: a) podem crescer indefinidamente em cultura; b) podem ser geneticamente manipuladas mais facilmente, o que permite a correção, pela introdução de transgenes, da perda de genes funcionais; c) podem gerar quase todos os tipos celulares (WOBUS; BOHELER, 2005). Estudos ex vivo e em modelos animais estão sendo realizados buscando entre outros, a regeneração cardíaca e neural, a diferenciação em células β das ilhotas pancreáticas funcionantes e em células endoteliais capazes de originar estruturas vasculares, além da clonagem terapêutica, o que possibilitaria não só a terapia celular mas também a gênica. Estes estudos, porém, se encontram em fases iniciais e dificuldades como a diferenciação ineficiente, a imuno e tumorogenicidade em adição a questões éticas complexas demonstram que ainda há muito que se discutir, estudar e aprender sobre estas células antes de seu uso terapêutico (WOBUS; BOHELER, 2005). 1.2.2.1 Células-tr onco somáticas ou do adulto: Populações de CT somáticas podem ser encontradas na maioria dos tecidos do adulto, e, em geral, o seu potencial de diferenciação reflete a população celular local. Já foram descritas, dentre outras, as CT hematopoéticas (SPANGRUDE; HEIMFELD; WEISSMAN, 1988), as Introdução 32 hepáticas (BRILL et al., 1993), as epidermais (JONES; HARPER; WATT, 1995), as neurais (GAGE; RAY; FISHER, 1995) e as mesenquimais (FRIEDENSTEIN; PIATETZKYSHAPIRO; PETRAKOVA, 1966; CAPLAN, 1991; PITTENGER et al., 1999). O desenvolvimento de um organismo multicelular está acompanhado de uma série de eventos pré-programados pelo genoma. Estes eventos englobam a proliferação celular, o comprometimento, a expressão e inibição de genes relacionados com as linhagens celulares e a regulação da apoptose. A progressão seqüencial por estes eventos resulta na formação das diferentes células, tecidos e órgãos que constituem o indivíduo. Apesar de, a maioria das células seguir esta seqüência durante o desenvolvimento, um pequeno número não o faz, tornando-se assim um reservatório de células indiferenciadas que permanecem no indivíduo adulto e que estão diretamente envolvidas na manutenção da integridade e no reparo dos órgãos e tecidos por toda a vida (YOUNG; BLACK Jr., 2004). Até recentemente, acreditava-se que todas as células-tronco somáticas eram limitadas a originar células de linhagens específicas. Esta limitação seria imposta pela restrição da expressão de genes críticos, porém fundamentais para a manutenção da integridade tecidual durante o turnover normal das células e o reparo tissular (VERFAILLIE; PERA; LANSDORP, 2002). Atualmente, estudos têm demonstrado a presença de duas categorias principais de células-tronco somáticas: as comprometidas e as não-comprometidas com as linhagens celulares. As células-tronco comprometidas podem ser multi, tri, bi ou unipotentes e possuem as seguintes características: a) perfil de expressão das proteínas de superfície, que caracterizam estas células à imunofenotipagem; b) limite de proliferação celular em até 50 a 70 divisões, conforme o limite de Hayflick (1965), antes de a célula ser direcionada para senescência e apoptose; c) falta de resposta a agentes indutores à diferenciação em outras linhagens, distintas daquela com a qual a célula encontrava-se previamente comprometida; d) Introdução 33 resposta aos agentes indutores à proliferação celular, como os fatores de crescimento; e) resposta aos agentes de progressão, isto é, que diminuem o tempo mínimo necessário para a expressão de marcadores fenotípicos de diferenciação; f) quiescência em cultivo em meio sem soro ou sem agentes de progressão, proliferação ou inibitórios. As CTs não-comprometidas, ou seja, as pluripotentes, compartilham com as comprometidas a quiescência nas mesmas condições de cultivo e a resposta aos agentes de proliferação celular. Diferenciam-se na capacidade de auto-renovação sem perda da capacidade pluripotencial ultrapassando, em muito, o limite de Hayflick. Além disso, são telomerase-positivas e não são responsivas aos fatores de progressão (YOUNG; BLACK Jr., 2004). Reyes et al. (2001), isolaram, da medula óssea (MO) de doadores normais voluntários, e expandiram, extensivamente ex vivo, células com potencial de diferenciação individual, não apenas em osteoblastos, condrócitos, adipócitos, estroma de sustentação da hematopoese e mioblastos esqueléticos, mas também em células endoteliais de origem mesodermal. Esta célula foi denominada pelos autores como MPC (do inglês, mesodermal progenitor cell). Posteriormente, este mesmo grupo descreveu a MAPC (do inglês, multipotent adult progenitor cell). Após cultivo em meio indutor específico, a MAPC se diferenciou, ex vivo, em células que expressavam marcadores de origem endo-, meso- ou neuro-ectodermal. Esta capacidade pluripotente também foi observada in vivo quando a MAPC foi injetada em um blastocisto murino ou transplantada em camundongos imunodeficientes irradiados subletalmente. Além disso, esta célula se prolifera extensivamente, duplicando-se mais de 80x sem senescência óbvia e ou perda do potencial de diferenciação (JIANG et al., 2002). A MAPC foi isolada em humanos, ratos e camundongos, na MO, cérebro e tecido muscular. Ela possui algumas características similares às CTMs como, por exemplo, a capacidade de aderir ao plástico, contudo, a correlação entre estas células ainda não está clara. A MAPC pode ser a Introdução 34 precursora da CTM, mas também, pode representar uma população celular gerada artificialmente em laboratório e que, portanto, não possui correspondente celular in vivo (DAZZI et al., 2006). Além disso, o isolamento da MAPC é um desafio para os pesquisadores e ainda necessita de ser reproduzido em outros laboratórios (HORWITZ, 2003). D’Ippolito et al. (2004) isolaram da MO vertebral de homens e mulheres com idade entre 3 e 72 anos de idade, células com potencial de diferenciação em múltiplas linhagens. Os pesquisadores cultivaram as células aderentes e as não-aderentes, sem separação prévia por gradiente de densidade ou imunosseleção, em uma densidade constante de 105 células/cm2, em frascos recobertos por fibronectina, no meio de cultivo DMEM (do inglês, Dulbecco’s Modified Eagle’s Medium) com baixo teor de glicose, enriquecido com 5% de soro bovino fetal (SBF) sem citocinas e em ambiente com baixa tensão de oxigênio (3% O2, 5% CO2 e 2% N2). Estas condições de cultivo selecionaram/expandiram células CD34- e CD45- e que expressavam por RT-PCR (do inglês, reverse transcription polymerase chain reaction), marcadores de células primitivas como o Oct-4 (do inglês, octamer-4), Rex-1 (do inglês, reduced expression), SSEA-4 (do inglês, stage-specific embrionic antigens-4) e o hTeRT (do inglês, human telomerase reverse transcriptase) mesmo após 30 duplicações celulares. Estas células foram também diferenciadas em osteoblastos, condrócitos, adipócitos, células neurais e em colônias de células esféricas, que expressavam genes associados às ilhotas pancreáticas. Além disso, as MIAMIs proliferaram extensivamente sem evidência de senescência ou de perda do potencial de diferenciação. Kogler et al. (2004), descreveram uma população de células pluripotentes do sangue de cordão umbilical e placentário (SCUP) humano, que não expressavam o marcador CD45 (CD45-) as quais foram denominadas USSCs (do inglês, unrestricted somatic stem cells). Esta rara população de células cresce aderente ao plástico e pode ser expandida por inúmeras vezes, sem perda da pluripotencialidade. Elas se diferenciam ex vivo em osteoblastos, Introdução 35 condroblastos, adipócitos, células neurais e hematopoéticas e, in vivo, em células das linhagens mesodérmica e endodérmica, sem a formação de tumores. Um outro grupo isolou e descreveu uma célula-tronco mesenquimal do SCUP humano, obtida por seleção negativa e diluição limitante, que após expansão clonal, apresentou potencial de diferenciação nas linhagens óssea, cartilaginosa, adipocítica, neuroglial e hepática. O imunofenótipo foi consistente com o da CTM isolada da MO (LEE, O. et al., 2004). Como demonstrado pelos diversos autores acima citados, existem no organismo humano adulto e no SCUP, células-tronco somáticas com capacidade irrestrita de diferenciação, representando assim, fontes alternativas às células embrionárias, para o tratamento de doenças crônico-degenerativas e genéticas. A Tabela 1 sumariza as vantagens e desvantagens da utilização das CE e das CT somáticas. Tabela 1: Vantagens e desvantagens das células embr ionár ias e das células-tr onco somáticas: Vantagens CE humana Teoricamente pode originar todos os tecidos; Alguns tecidos são mais fáceis de serem gerados (ex: cardiomiócito); Podem propagar-se indefinidamente; Sensíveis à manipulação genética? Autóloga ou alogênica; CT somática Maioria com diferenciação em humana linhagens pré-definidas; Algumas com grande capacidade de auto-renovação; Muitos tipos e fontes; Não tumorogênica; Passível de manipulação gênica; Métodos potenciais de infusão atrativos; Sem questões éticas complexas. Desvantagens As condições de diferenciação ainda necessitam ser estabelecidas; Alguns tecidos são difíceis de serem gerados (ex: sangue); Somente uso alogênico: pode induzir à rejeição ou a DECH; Formação de teratomas e teratocarcinomas; Questões éticas. Uso autólogo (incomodo e caro); Raras células com capacidade de diferenciação em outras linhagens; Maioria tem capacidade de autorenovação limitada; Introdução 36 1.3 Plasticidade: Vários estudos sugerem que as CT somáticas podem ter a habilidade de atravessar as barreiras das linhagens celulares e adotar um perfil de expressão gênica, função e fenótipo de células de outros tecidos (HERZOG; CHAI; KRAUSE, 2003). Isto ocorreria por um mecanismo conhecido por plasticidade, mas que ainda está longe de ser esclarecido (VERFAILLIE, 2005). A falta de uma definição clara sobre este processo vem acarretando no uso errôneo desta terminologia, principalmente quando utilizado em estudos com células não purificadas. Lakshmipathy e Verfaillie (2005) definiram a plasticidade celular com base nos seguintes critérios: a) uma única célula pode diferenciar-se em múltiplas linhagens celulares; b) as células diferenciadas são funcionais in vivo e ex vivo; c) a enxertia é robusta e persistente. Existem no mínimo quatro teorias possíveis para explicar a “plasticidade” celular (VERFAILLIE, 2002; HORWITZ, 2003; HERZOG; CHAI; KRAUSE, 2003; WAGERS; WEISSMAN, 2004; LAKSHMIPATHY; VERFAILLIE, 2005): 1.3.1 Existência de múltiplas células-tr onco nos tecidos: A teoria de que existem, mesmo em tecidos não relacionados, múltiplas células-tronco comprometidas com diferentes linhagens celulares, foi elegantemente demonstrada pela presença da CTH no músculo esquelético (MCKINNEY-FREEMAN et al., 2002). A coinfusão destas células acarretaria na enxertia de diversos órgãos. Não constitui plasticidade celular verdadeira e pode ser a explicação para estudos baseados na infusão de células não purificadas. Introdução 37 1.3.2 Fusão celular : A fusão celular é um fenômeno biológico já amplamente conhecido. Ocorre in vivo e ex vivo, principalmente nas células cuja poliploidia é comumente vista, incluindo hepatócitos, células musculares esqueléticas, cardíacas e de purkinje. A fusão das células transplantadas com as do hospedeiro acarretaria na transferência do material genético gerando uma célula tetraplóide. Lagasse et al. (2000) demonstraram que a infusão CTHs purificadas da MO em camundongos fumarilacetoacetato hidrolase (-/-), modelo animal da tirosinemia tipo I, não só evitava a morte dos animais, mas também resgatava a função bioquímica do fígado. Este mesmo grupo demonstrou anos depois, que os hepatócitos que repopularam o fígado eram heterozigotos para os alelos do doador da MO, em contraste com as células originais homozigotas. Além disso, estudos de citogenética indicaram que os hepatócitos derivados da MO se originaram da fusão celular e não da diferenciação das CTHs (WANG et al., 2003). Estes dados sugerem que a aparente plasticidade de um determinado tipo de célulatronco pode ser resultante da fusão celular, que, portanto, deve ser cuidadosamente excluída pelos autores, como explicação de seus achados. 1.3.3 Tr ans des-/r e-diferenciação ou conver são: A transdiferenciação ou conversão refere-se à habilidade de uma célula comprometida com uma linhagem celular em alterar a sua expressão gênica para a de uma linhagem celular completamente diferente. Este fenômeno representa a verdadeira plasticidade e ocorre fisiologicamente em plantas e anfíbios. Os supostos mecanismos envolvidos incluem a transdiferenciação indireta e a direta. A primeira requer a des-diferenciação em uma CT mais primitiva, seguida da re-diferenciação em uma via alternativa, enquanto que na segunda há uma transição direta de uma via para a Introdução 38 outra, após a ativação de um programa de diferenciação latente. Assim, as células-tronco, as progenitoras ou quem sabe, as especializadas, quando removidas do seu nicho usual e introduzidas em um outro diferente, poderiam receber uma nova programação, influenciada pelos fatores existentes neste novo microambiente. Contudo, a des-diferenciação das células-tronco somáticas ainda não foi clara e inequivocadamente documentada. Assim, ainda não existem indícios que sustentem a conversão como exemplo de plasticidade in vivo. 1.3.4 Plur ipotencialidade: A teoria da pluripotencialidade baseia-se na existência de células não-comprometidas e, portanto, com capacidade de diferenciação em células derivadas dos três folhetos embrionários, nos diversos tecidos, mesmo no indivíduo adulto. Nestas células, a via preferencial de diferenciação celular seria direcionada por fatores ambientais, pelo genoma e por mecanismos estocásticos. As células pluripotentes são raras e podem ser caracterizadas a nível molecular pela presença dos fatores transcripcionais Oct-4 e Rex-1 e da telomerase, a qual permite que as células dividam-se indefinidamente. Esta idéia tem ganhado apoio após o isolamento de células como a MPC, a MAPC, a USSC, a MIAMI, dentre outras, capazes de, como anteriormente descrito, originar células de múltiplas linhagens. Contudo, ainda é necessário demonstrar que estas células existem in vivo e que o seu grande potencial de diferenciação não é induzido pelo cultivo. A Figur a 2 ilustra estas teorias. Introdução 39 (a) Múltiplas células-tronco (b) Fusão celular (c) Trans des-/re-diferenciação (d) Pluripotencialidade Figur a 2: Diagr ama esquemático r epr esentando os possíveis mecanismos e explicações par a a “plasticidade” obser vada nas células-tr onco somáticas: a) células-tronco de um determinado tecido podem existir em outro órgão; b) as células podem se fundir acarretando na transferência do material genético da célula transplantada para a célula do hospedeiro; c) a plasticidade pode ocorrer via trans des-/re-diferenciação como visto nos anfíbios; d) células com características multipotentes podem permanecer viáveis mesmo no adulto (Adaptado de VERFAILLIE, 2002). 1.4 Ter apia celular : A habilidade de purificar, cultivar e manipular CT somáticas multipotentes fornece aos pesquisadores células de valor inestimável, que podem servir para o estudo e o desenvolvimento do reparo tissular com o objetivo de corrigir lesões provocadas por doenças congênitas ou degenerativas. A terapia celular compreende um conjunto de técnicas ou métodos que visam substituir as células doentes ou disfuncionais por células sadias. Compreende a medicina regenerativa, os transplantes com CTHs, a imunoterapia, a aférese, a criobiologia, a imunoseleção e a terapia gênica. A terapia com células-tronco é um ramo da terapia celular. Introdução 40 Campo emergente da medicina regenerativa, a terapia celular baseia-se na promessa de tratamento de uma variedade de doenças degenerativas ou relacionadas com a idade, para as quais ainda não existe tratamento específico ou efetivo. As células-tronco somáticas, autólogas ou alogênicas, têm vasta aplicabilidade clínica e podem ser utilizadas para tratar tecidos lesados e múltiplas doenças por infusão local ou sistêmica. As células-tronco mesenquimais, devido ao seu fácil isolamento e cultivo, potencial de diferenciação e produção de fatores de crescimento e citocinas, têm se tornado as candidatas ideais para os protocolos da medicina regenerativa (KASSEM; KRISTIANSEN; ABDALLAH, 2004; LE BLANC; PITTENGER, 2005). 1.5 As células-tr onco mesenquimais: 1.5.1 Histór ico: A presença de células precursoras não-hematopoéticas na MO foi inicialmente sugerida por um patologista alemão, Julius Cohnheim em 1867 (revisado por PROCKOP, 1997; FEHRER; LEPPERDINGER, 2005). Contudo, sua existência só foi confirmada na década de 60 por Danis (1960) e Friedenstein (FRIEDENSTEIN; PIATETZKY-SHAPIRO; PETRAKOVA, 1966). Na década seguinte, foi identificada como sendo uma célula fibroblastóide, presente não só na MO, mas também no baço (FRIEDENSTEIN; CHAILAKHJAN; LALYKINA, 1970). Nos últimos anos as CTMs têm despertado grande interesse devido ao seu possível potencial de envolvimento no processo de reparo tissular. 1.5.2 Denominações utilizadas: Desde a sua descrição original, estas células receberam diferentes nomes. Inicialmente foram chamados de unidades formadoras de colônias fibroblastóides (CFU-F, do inglês colony forming unit fibroblast), devido à capacidade de aderir ao plástico das garrafas de Introdução 41 cultivo e formar colônias de células similares aos fibroblastos (OWEN; FRIEDENSTEIN, 1988). Também foram denominadas células-tronco ou progenitoras mesenquimais, pois, diferenciavam-se em uma grande variedade de células não-hematopoéticas (CAPLAN, 1991) e de células estromais da MO, porque pareciam originar-se das estruturas de suporte da MO e podiam ser utilizadas como feeder layer para o crescimento das CTHs em cultura (PROCKOP, 1997). Em 2005, a sociedade internacional para terapia celular (ISCT – do inglês, International Society for Cellular Therapy) propôs uma nova nomenclatura para designar a população de células fibroblastóides que crescem aderentes ao plástico, isoladas dos mais diversos tecidos e com capacidade de diferenciação multipotencial in vitro: células mesenquimais estr omais multipotentes. Esta sociedade propõe ainda, que o termo célulatronco mesenquimal fique reservado para àquelas que indubitavelmente, preencham as características de células-tronco. A ISCT ressalta que estas células-troco provavelmente existem e possivelmente compõem uma subpopulação das células aderentes ao plástico. A sigla CTM (MSC – do inglês, Mesenchymal Stem Cell) pode ser utilizada para estas duas situações, mas deve ser corretamente identificada (HORWITZ et al., 2005). 1.5.3 Ontogenia das CTMs: A ontogenia das CTMs ainda não é bem conhecida. Acredita-se que a CTM multipotente descenda de uma célula pluripotente ou mesmo de uma outra multipotente presente durante a vida fetal em uma freqüência muito maior. São pontos interessantes de serem relatados: a) a presença de uma camada de células estromais que daria sustentação a hematopoese na região aorto-gônoda-mesonéfrica em murinos; b) a observação de que o sangue humano fetal contém, durante as primeiras semanas, grande quantidade de CTHs e de células estromais; c) o encontro de células fetais na circulação e nos tecidos maternos, mesmo décadas após a gravidez, que parecem participar na Introdução 42 reparação tissular. Em combinação, estas observações apóiam a hipótese da existência de uma CT multi- ou pluripotente que existe desde a idade gestacional precoce e que pode persistir por toda a vida do adulto (JAVAZON; BEGGS; FLAKE, 2004). Além disso, a correlação inversa entre a presença de CTMs no cordão umbilical e a idade gestacional, também observada para as CTHs, sugere que as células mesenquimais viagem, precocemente durante o desenvolvimento, dos seus sítios primários para outros tecidos fetais (MINGUELL; ERICES; CONGET, 2001). Contudo, a real identidade desta célula e a sua correlação com as CTMs expandidas in vitro ainda necessitam de ser definidas. 1.5.4 Fontes: No ser humano, a medula óssea é a sua principal fonte. Mas, as CTMs também já foram isoladas de outros órgãos e tecidos, tais como o tecido muscular esquelético e a derme (YOUNG et al., 2001), o tecido adiposo (ZUK et al., 2001), a membrana sinovial (DE BARI et al., 2001), o endotélio e subendotélio da veia umbilical (COVAS et al., 2003) e da veia safena (COVAS et al., 2005), o rim (ALMEIDA-PORADA et al., 2002), o sangue de cordão umbilical e placentário (LEE, M. et al., 2004; LEE, O. et al., 2004; YU et al., 2004), a medula óssea vertebral (AHRENS et al., 2004), a cartilagem articular (ALSALAMEH et al., 2004), a vilosidade coriônica da placenta (IGURA et al., 2004), o ligamento periodontal (SEO et al., 2004), e o pulmão (SABATINI et al., 2005), dentre outros. Se as CTMs circulam ou não no sangue periférico, ainda é uma questão em aberto. Fernandes et al. (1997) foram os primeiros a reportarem a presença de células “estromais” no sangue periférico mobilizado, mas não no sangue não-mobilizado. Já Zvaifler et al. (2000) e Kuznetsov et al. (2001) demonstraram que as CTMs circulam no sangue periférico do adulto, mas que são extremamente raras. Outros autores, em condições semelhantes de cultivo, não Introdução 43 conseguiram isolar estas células no sangue periférico, mobilizado ou não (OJEDA-URIBE et al., 1993; LAZARUS et al., 1997; WEXLER et al., 2003). As desigualdades encontradas entre os estudos podem ser decorrentes dos diferentes métodos de isolamento e cultivo utilizados pelos diversos autores. Achados apóiam a hipótese de que exista uma rara população de células progenitoras mesenquimais circulantes, particularmente após a mobilização das células da medula óssea por citocinas (revisado por ROUFOSSE et al., 2004). Tal achado foi recentemente reforçada por Kassis et al. (2006), que, com o auxílio de microesferas de fibrina, isolaram CTMs de 8 das 11 amostras de sangue periférico mobilizado, coletado por aférese, de doadores normais. 1.5.5 Isolamento e cultivo das CTMs da MO: Atualmente existem diversos métodos de isolamento das CTMs da MO. Tradicionalmente, estas células são isoladas utilizando-se o método originalmente descrito por Friedenstein (FRIEDENSTEIN; GORSKAJA; KULAGINA, 1976), que se baseia na capacidade que estas células têm de aderir ao plástico. Este método tem como principal desvantagem a heterogeneidade das CTMs isoladas e a contaminação da cultura por células hematopoéticas, contudo, podem ser consideradas relativamente isentas de CTHs após a 2ª ou 3ª passagem (COLTER et al., 2000). Sumariamente, o aspirado de MO é processado utilizando-se um gradiente de centrifugação como, por exemplo, o ficoll ou o percoll. As células com menor densidade são coletadas e plaqueadas em meio sem desoxi ou ribonucleotideos como o DMEM ou o α-MEM (do inglês, Minimal Essential Médium Alpha), enriquecido com soro fetal bovino ou de cavalo, penicilina, estreptomicina e L-glutamina (COLTER et al., 2000; DEANS; MOSELEY, 2000; BARRY, 2003). Após 24h (DIGIROLAMO et al., 1999) a 72h (PITTENGER et al., 1999; DEANS; MOSELEY, 2000; TONDREAU et al., 2004), todo o Introdução 44 meio de cultivo é trocado com o objetivo de remover as células não-aderentes. As células restantes são cultivadas em câmara úmida, a 37º C com 5% de CO2 e metade do meio de cultivo é trocado a cada 3 a 4 dias até atingir confluência em torno de 70 a 90%, o que ocorre por volta de 14 dias, quando as células são tripsinizadas e expandidas por passagens subseqüentes (PITTENGER et al., 1999). Outros métodos de isolamento das CTMs já foram descritos como a separação por meio do citômetro de fluxo (SIMMONS; TOROK-STORB, 1991; GRONTHOS et al., 2003), a seleção positiva (CAMPIONI et al., 2003; BARRY et al., 1999) ou negativa (ALHADLAQ; MAO, 2004; LEE, O. et al., 2004; TONDREAU et al., 2004) em colunas, dentre outros, mas ainda são pouco utilizados se comparados ao método clássico. 1.5.6 Caracter ísticas mor fológicas e imunocitoquímicas: À microscopia de luz ou em contraste de fase, as CTMs apresentam-se como células fibroblastóides alongadas, fusiformes e pontiagudas, com núcleo eucromático, oval, grande e central e citoplasma abundante. Também podem ser observados, à microscopia eletrônica, cisternas do reticulo endoplasmático rugoso dilatadas, vacúolos lipídicos cheios ou vazios, corpos lisossomais e grande quantidade de poli-ribossomos e ribossomos livres citoplasmáticos, além de filamentos de actina bem organizados em suas extremidades (TAGAMI et al., 2003). Quando senescentes, as CTMs são grandes, largas, achatadas, proliferam lentamente e expressam uma β-galactosidade associada à senescência (FEHRER; LEPPERDINGER, 2005). Células com morfologia intermediária são observadas no decorrer do cultivo (DIGIROLAMO et al., 1999). As CTMs indiferenciadas coram-se pela fosfatase alcalina, sudan-black, colágeno IV, fibronectina e não se coram pela esterase. A matriz que contorna as CTMs contém colágeno do tipo I e laminina da membrana basal. Além disso, um grupo de colônias pode também, Introdução 45 sintetizar um antígeno associado ao fator VIII, o que indicaria uma provável origem endotelial (ALHADLAQ; MAO, 2004). 1.5.7 Quantificação das unidades for mador as de colônias fibr oblastóides: As CTMs originam colônias após cultivo celular em baixa densidade ou sorting de uma única célula (JAVAZON; BEGGS; FLAKE, 2004). Presume-se que estas colônias sejam derivadas de uma única célula precursora (DEANS; MOSELEY, 2000). As colônias com mais de 50 células, quando contadas após 10 a 14 dias de cultivo das células mononucleares (CMN) da MO, são chamadas de CFU-F (TONDREAU et al., 2004). Na literatura, a freqüência das CFU-F descrita nos diversos trabalhos variou entre 3,4 x10-3 a 10-6 CMN da MO plaqueadas (DEANS; MOSELEY, 2000; GUTIERREZ-RODRIGUEZ; REYESMALDONADO; MAYANI, 2000; SHORT et al., 2003; WEXLER et al., 2003; DAZZI et al., 2006). 1.5.8 Fases evolutivas do cultivo ex vivo das CTMs: A vida das CTMs pode ser dividida em 3 fases dependendo da sua idade in vitro: a) fase 1, quando completa menos de 50% da vida celular; b) fase 2, ou de crescimento lento, na qual conclui 50 a 80% da sua existência; c) fase 3, ou de senescência, durante a qual há uma parada na proliferação celular. No campo da biogerontologia, baseado em características morfológicas, bioquímicas e nas características moleculares, as células na fase 1 são consideradas jovens e na fase 3 senescentes (STENDERUP et al., 2003). Após o seu cultivo moderado, as CTMs mantêm seu cariótipo normal e não perdem a atividade da telomerase. Contudo, no cultivo extenso, ou seja, quando a célula é cultivada até próximo ao limite proposto por Hayflick, as funções celulares diminuem, fato evidenciado pelos sinais evidentes de senescência e/ou apoptose (MINGUELL; ERICES; CONGET, 2001; Introdução 46 LE BLANC; RINGDÉN, 2005). A senescência replicativa é um fenômeno característico do cultivo de células comprometidas ex vivo. Há uma parada na proliferação celular o que limita a geração de um grande número de células. Ocorre secundariamente a vários fatores, incluindo o progressivo encurtamento do telômero, secundário à perda progressiva da atividade telomerase (KASSEM; KRISTIANSEN; ABDALLAH, 2004). 1.5.9 Cinética da expansão das CTMs ex vivo: A cinética da expansão em cultura das CTM pode ser dividida em 3 fases: a) inicial, com duração de 3 a 4 dias, ocorre logo após o plaqueamento das CMN da MO e o crescimento celular é muito lento; b) logarítmica, durante as primeiras passagens, apresenta um crescimento acelerado; c) plateau: inicia-se quando a célula atinge a senescência e perde a capacidade de expansão (BRUDER; JAISWAL; HAYNESWORTH, 1997; COLTER et al., 2000). 1.5.10 Cinética da pr olifer ação celular : Colter et al. (2000) classificaram as CTMs isoladas da MO em três subtipos de acordo com o tamanho e a complexidade interna à citometria de fluxo. Todas eram células viáveis e a análise com o antígeno Ki-67, específico do ciclo celular, indicou que as pequenas e agranulares não ciclavam, enquanto que as células granulares, pequenas ou grandes encontravam-se ativamente engajadas no ciclo celular. Denominaram as células pequenas e agranulares de RS-1 (do inglês, recycling stem cell), as pequenas e granulares de RS-2 e as grandes e moderadamente granulares de CTMs maduras (mCTM). Demonstraram que as células RS-2 eram as primeiras a aparecer e expandiam-se na primeira fase do cultivo. Na segunda fase, de crescimento logarítmico, diminuíam em número enquanto que as mCTMs proliferavam rapidamente. Ao final desta fase, as células RS-2 Introdução 47 desapareciam, enquanto que as células RS-1 se expandiam. Sugeriram, então, que havia uma grande correlação entre o número de células RS-1 e RS-2 (progenitoras) e o de colônias de células mesenquimais (COLTER et al., 2000). Esse estudo demonstrou ainda que as CTMs podem ser expandidas por mais de 50 vezes quando plaqueadas em diluições muito baixas como 1,5 células/cm2. Contudo, se expandiam por apenas 15 vezes quando plaqueadas em concentrações de 5000 células/cm2. Os autores concluíram que é possível expandir e obter mais de 1013 CTMs de apenas 20 mL de MO (COLTER et al., 2000). 1.5.11 Capacidade de duplicação em cultur a: Stenderup et al. (2003) avaliaram 2 grupos de doadores normais com idades que variavam entre 18 e 29 e 66 a 81 anos e encontraram uma capacidade de duplicação da população celular significativamente menor (p < 0,05) para as células do grupo mais velho (24 ± 11x, máximo de 36x, após 570 dias de cultivo) comparado com o grupo mais jovem (41 ± 10x, máximo de 56x em 535 dias de cultivo). Concluíram que as CTMs apresentam características típicas do modelo de senescência celular proposto por Hayflick e que as células obtidas dos doadores mais idosos, apesar de manterem a capacidade de diferenciação em adipócitos e osteócitos, exibem uma diminuição do potencial de proliferação, assim como, uma aceleração no processo de senescência, se comparadas às dos doadores jovens. Outros autores encontraram valores de capacidade de duplicação em cultura com variação de 4 a 50x (BRUDER; JAISWAL; HAYNESWORTH, 1997; DIGIROLAMO et al., 1999; PITTENGER et al., 1999; JAVAZON; BEGGS; FLAKE, 2004; LAKSHMIPATHY; VERFAILLIE, 2005). Introdução 48 Quanto às horas necessárias para a duplicação celular durante a fase de crescimento logarítmico, Conget e Minguell (1999) encontraram um valor de 33 horas, enquanto que Stute et al. (2004) de 24 horas. 1.5.12 Fator es que inter fer em no cr escimento e expansão celulares: 1.5.12.1 Concentr ação do sor o bovino fetal: A proliferação das CTMs parece ser mais rápida em altas concentrações de SBF, porém, a velocidade de crescimento diminui com o aumento da confluência (STUTE et al., 2004). 1.5.12.2 Idade: Fehrer e Lepperdinger (2005) revisaram o efeito da idade sobre as CTMs. Relataram que estas, quando isoladas de doadores mais velhos, apresentam um menor número de células RS e de CFU-F, assim como um maior número de células com aparência de senescentes, o que implicaria na diminuição do potencial de proliferação e da capacidade de diferenciação no decorrer do processo de envelhecimento. 1.5.12.3 Amostr a: DiGirolamo et al. (1999) avaliaram o potencial de duplicação das CTMs de doadores normais, com idade de 19 a 49 anos. A variação encontrada não se correlacionava com o sexo ou com a idade. Concluíram que seus achados aparentemente refletiam variações da amostra, já que as do mesmo doador, colhidas na mesma ocasião, porém, de locais diferentes, apresentavam diferenças. Introdução 49 1.5.13 Imunofenotipagem das CTMs: Em contraste com outras células que expressam marcadores celulares específicos como as hematopoéticas (CD14, CD34, CD45) e as endoteliais (CD31, KDR), a identidade fenotípica das CTMs não é única e a mesma compartilha antígenos expressos por múltiplas linhagens celulares (ALHADLAQ; MAO, 2004). Classicamente, as CTMs expressam em níveis variados os marcadores CD73, CD105, CD166 e Stro-1, mas não o fazem para os marcadores de células hematopoéticas ou endoteliais (BARRY; MURPHY, 2004; DAZZI et al., 2006). As diferenças quanto à intensidade de expressão dos diversos antígenos podem ser explicadas devido às variações no método de cultivo e na fase evolutiva em que as células foram avaliadas (KASSEM; KRISTIANSEN; ABDALLAH, 2004; DAZZI et al., 2006). Majumdar et al. (2003) caracterizaram as interações entre as CTMs e CTHs. Analisaram sistematicamente, por citometria de fluxo, a expressão de várias moléculas de adesão das superfamílias de integrinas e imunoglobulinas. Quanto às integrinas, o CD29 foi o que apresentou a maior expressão, seguido do CD49a e do CD49e. Os marcadores CD49b, CD49c, CD49f, CD51, CD61 e CD104 expressaram-se fracamente e não foi detectada expressão antigênica dos CD49d, CD11a e CD18. Em relação à superfamília das imunoglobulinas foi evidenciada a expressão dos CD102, CD106, CD58, mas não do CD50 e do CD54. Contudo, a expressão deste último pode ser induzida. Estes autores também avaliaram as selectinas CD62E, CD62L e CD62P e os antígenos HLA-ABC (do inglês, human leucocyte antigen) e HLA-DR e demonstraram altos níveis de expressão do HLAABC mas não detectaram a expressão do HLA-DR ou das selectinas acima citadas. Pittenger et al. (1999) também avaliaram os antígenos de superfície das CTMs. Seus resultados encontram-se sumarizados na Tabela 2. Introdução 50 Tabela 2: Análise da expr essão antigênica das pr oteínas de super fície das CTMs por imunofenotipagem. (Modificado de PITTENGER et al., 1999). Positivos Integr inas α1 CD49a α2 CD49b α3 CD49c aα CD49e αv CD51 β1 CD29 β3 CD61 β4 CD104 Receptor es de citocinas IL-1R CD121a IL-3Rα CD123 IL-4R CDw124 IL-6R CD126 IL-7R CDw127 Receptor es de Fator es INFγR CDw119 TNFIR CD120a TNFIIR CD120b TGFβIR TGFβIIR bFGFR PDGFR CD140a Transferrina CD71 Receptor es de Matr iz ICAM-1 CD54 ICAM-2 CD102 VCAM-1 CD106 L-Selectina CD62L LFA-3 CD58 ALCAM CD166 Hialuronato Endoglina CD44 CD105 Negativos Integr inas α4 CD49D αL CD11a Cβ2 CD18 Mar cador es Hematopoéticos T4 CD4 Mo2 CD14 CD34 Ag-leucocitário CD45 Receptor es de citocinas IL-2R CD25 Receptor es de Fator es EGFR-3 Outr os Ligante Fas T4 CD4 Receptor es de Matr iz ICAM-3 CD50 E-Selectina CD62E P-Selectina CD62P PECAM-1 CD31 vWF Caderina 5 Lewisx CD15 Outr os CD9 Thy-1 CD90 *CD = do inglês, cluster of differentiation; INFγR = do inglês, interferon γ receptor; TNFR = do inglês, tumor necrosis factor receptor; TGFβIR = do inglês, transforming growth factor – β receptor; bFGFR = do inglês, basic fibroblast growth factor receptor; PDGFR = do inglês, platelet-derived growth factor receptor; ICAM = do inglês, intercellular adhesion molecule; VCAM = do inglês, vascular celular adhesion molecule; LFA = do ingles, lymphocyte function-associated; ALCAM = do inglês activated leukocyte cell adhesion molecule; EGFR = do inglês, epidermal growth factor receptor; PECAM = do inglês, platelet-endothelial cell adhesion molecule; vWF = do inglês, von Willebrand factor Introdução 51 1.5.14 Ciclo celular : Estudos de ciclo celular revelaram que, enquanto uma pequena fração das CTMs está ativamente engajada na proliferação (aproximadamente 10% das células se encontram nas fases S + G2 + M), a maioria das células se encontra na fase G0-G1 do ciclo celular (CONGET; MINGUELL, 1999), o que sugere uma alta competência destas células em se diferenciar (MINGUELL; ERICES; CONGET, 2001). Entretanto, estudos que distinguem as células em crescimento das quiescentes evidenciam que apenas 20% destas encontram-se na fase G0 (não-ciclantes) do ciclo celular (CONGET; MINGUELL, 1999). 1.5.15 Difer enciação: As CTM são capazes de se diferenciar em osteoblastos, adipócitos, condrócitos, tenócitos, células musculares e células do estroma de sustentação da hematopoese se sob condições específicas ex vivo ou in vivo (PITTENGER et al., 1999; CAPLAN; BRUDER, 2001; LE BLANC; PITTENGER, 2005). Outros autores induziram a diferenciação de CTMs na via neuronal e endotelial, assim como em células musculares lisas, pericitos e cardiomiócitos (revisado por BARRY; MURPHY, 2004). Baksh et al. (2004) descreveram um modelo teórico de diferenciação das CTMs no qual as células indiferenciadas passariam por duas fases antes de adquirir um fenótipo específico. Na primeira, a CTM originaria por divisão assimétrica uma população de células menos indiferenciadas e uma outra, de células precursoras com potencial de auto-renovação e diferenciação mais restritos. Os precursores tri- ou bipotentes morfologicamente semelhantes às CTMs, mas, diferentes quanto à expressão gênica, originariam os progenitores unipotentes que continuariam a se dividir simetricamente (segunda fase) passando por vários estágios de maturação até a célula especializada, ou de diferenciação terminal, caracterizada pelo fim da Introdução 52 capacidade proliferativa e pela síntese de marcadores tissulares específicos, incluindo componentes da matriz extracelular. A transição do compartimento de células-tronco para o das comprometidas ocorreria com a divisão simétrica das células progenitoras tri- ou bipotentes, o que originaria os progenitores unipotentes. Este processo é bem controlado e envolve uma alteração no perfil de secreção de citocinas e de fatores de crescimento, assim como, uma alteração na estrutura tridimensional da matriz extracelular, além da ativação e inativação de fatores transcripcionais e a conseqüente expressão de genes relacionados a esta via de diferenciação (BAKSH; SONG; TUAN, 2004). A Figura 3 ilustra esta teoria. Figur a 3: Processo de matur ação e difer enciação das CTMs. A célula-tronco multipotente se divide assimetricamente, originando células com as mesmas características e outras já mais comprometidas com uma determinada linhagem. Este processo ocorre progressivamente até a célula progenitora unipotente, que por divisão simétrica, origina células de apenas uma linhagem. Estas se proliferam em células intermediárias cada vez mais especializadas, com morfologia e expressão antigênica características da linhagem celular em questão, até se tornarem células maduras. Introdução 53 Banfi et al. (2000) avaliaram a cinética de proliferação e o potencial de diferenciação das células estromais da MO. Encontraram a expressão em baixos níveis, por PCR (do inglês, polymerase chain reaction) semiquantitativo, de marcadores específicos como a osteocalcina, o colágeno II e a LPL (do inglês lipoprotein lípase) nas células indiferenciadas, mesmo antes de estimuladas, o que indicaria um possível comprometimento de algumas destas células em se diferenciar nestas três linhagens ainda no estágio de cultura primária. Demonstraram ainda, uma perda do potencial de diferenciação em paralelo com a velocidade de proliferação, o que sugere um progressivo comprometimento das células ou uma inabilidade das condições de cultivo em manter a auto-renovação e a expansão das CT, assim como a sua capacidade de diferenciação pluripotencial. Esta visão linear e convencional da progressão hierárquica das CT vem sofrendo modificações baseadas na plasticidade das mesmas. Os eventos celulares e moleculares associados às vias de diferenciação celular ainda não estão bem entendidos e a análise do nível da expressão gênica por RT-PCR demonstra que as CTMs diferenciam-se in vitro de acordo com o estímulo aplicado, na linhagem à qual foi induzida, mas não em células que expressam múltiplas linhagens (MINGUELL; CONGET; ERICES, 2000). A diferenciação em adipócitos é iniciada por fatores agonistas que incluem a insulina, a isometilbutilxantina, a indometacina e os glicocorticóides. A diferenciação é acompanhada não só por alterações na morfologia celular, mas também pela ativação transcripcional de muitos genes como o LPL e o PPARγ2 (do inglês, peroxisome proliferator activated receptor γ2). Este último é membro da superfamília de receptores de ligantes de fatores transcripcionais ativados e é reconhecido como um receptor nuclear hormonal específico do adipócito. Ele tem um papel chave na regulação do aumento das células gordurosas e a sua expressão é estimulada pela dexametasona (TAGAMI et al., 2003). Introdução 54 A diferenciação em condrócitos ocorre quando as CTMs são cultivadas em condições específicas, que incluem o cultivo em formato tri-dimensional, meio nutritivo sem SBF e a adição de um dos membros da família do TGF-β (do inglês, transforming growth factor – β), sendo que o TGF-β2 e o TGF-β3 são mais efetivos que o TGF-β1 na promoção da condrogênese. Quando cultivadas nestas condições, as células rapidamente perdem a sua morfologia fibroblastóide e começam a expressar os componentes da matriz extracelular, específicos da cartilagem como os glicosaminoglicanos. Durante a diferenciação na presença de TGF-β3, as CTMs sintetizam o agregan, a fibromodulina, a proteína matriz oligomérica da cartilagem, a decorina, o colágeno II e a condroaderina, todos componentes normais da matriz cartilaginosa articular (BARRY; MURPHY, 2004). O ácido ascórbico, a dexametasona, o β-glicerolfosfato e o SBF são necessários para a ativação da diferenciação em osteócitos. Esta via requer a expressão de genes como o Cbfa-1 (do inglês, core binding factor alpha1), fosfatase alcalina, osteopontina (OST), osteocalcina e colágeno I (MINGUELL; CONGET; ERICES, 2000). Quando cultivadas em monocamadas na presença de meio indutor específico, as células adquirem morfologia de osteoblastos, após 14 a 21 dias (LEE, O. et al., 2004), com aumento da atividade da fosfatase alcalina e deposição de uma matriz extracelular rica em cálcio mineralizado (BARRY; MURPHY, 2004) e hidroxihapatita (BARRY, 2003). 1.5.16 Pr odução de fator es de cr escimento, inter leucinas e citocinas: As CTMs produzem um grande número de citocinas, as quais mantêm as CTHs em quiescência ou promovem a sua auto-renovação, em detrimento da diferenciação. Dentre elas, podemos citar o LIF (do inglês, leukemia inhibitory factor), o SCF (do inglês, stem cell factor), SDF-1 (do inglês, stromal derived factor), a oncostatina M (OSM), a BMP-4 (do inglês, bone morphogenetic protein-4), o ligante Flt-3 da tirosina kinase (Flt-3 lig) e o TGFβ. Introdução 55 Também produzem uma grande variedade de interleucinas (IL), como: IL-1, IL-6, IL-7, IL-8, IL-11, IL-12, IL-14 e IL-15. Quando cultivadas na presença da IL-1α, as CTMs produzem citocinas que agem nos progenitores hematopoéticos mais maduros, como a TPO (do inglês, thrombopoietin), o GM-CSF (do inglês, granulocyte macrophage colony-stimulating factor), o G-CSF (do inglês, granulocyte colony-stimulating factor), o M-CSF (do inglês, macrophage colony-stimulating factor) (DEVINE; HOFFMAN, 2000; MINGUELL; ERICES; CONGET, 2001; DAZZI et al., 2006). As CTMs expressam também receptores (R) para diversas citocinas e fatores de crescimento, como: IL-1R, IL-3R, IL-4R, IL-6R, IL-7R, LIF-R, SCF-R, G-CSF-R, INFγ-R (do inglês, interferon γ receptor), TNF1-R e TNF2-R (do inglês, tumor necrosis factor receptor), TGFβ2-R, TGFβ3-R, bFGF-R (do inglês, basic fibroblast growth factor receptor), PDGF-R (do inglês, platelet-derived growth factor receptor) e o EGF-R (do inglês, epidermal growth factor receptor) (DEVINE; HOFFMAN, 2000; MINGUELL; ERICES; CONGET, 2001). Estes dados em conjunto sugerem que as CTMs contribuem para a formação e o funcionamento do microambiente estromal, o qual produz sinais indutores regulatórios não só para as CTMs, mas também para o desenvolvimento dos progenitores hematopoéticos e outras células estromais presentes na MO (DEVINE; HOFFMAN, 2000; MINGUELL; ERICES; CONGET, 2001; DAZZI et al., 2006). 1.5.17 Impor tância das CTMs na hematopoese: A hematopoese requer um microambiente estromal intacto e funcionante. Seu estroma de sustentação é composto por um grupo heterogêneo de células de origem hematopoética (macrófagos), endotelial (células endoteliais) ou mesenquimal (células reticulares, fibroblastos, adipócitos e osteoblastos) e seus respectivos progenitores. Juntas, estas células Introdução 56 regulam a auto-renovação, proliferação, sobrevivência, migração e diferenciação das CTHs por vários mecanismos, incluindo as interações célula-célula e célula-matriz ou a produção da matriz extracelular e dos fatores de crescimento e quimiocinas necessários (GALOTTO et al., 1999; DEANS; MOSELEY, 2000; BACIGALUPO, 2004, DAZZI et al., 2006). Estudos indicam que as CTMs são as principais responsáveis pela promoção deste microambiente (DEVINE; HOFFMAN, 2000; MAJUMDAR et al., 2000; MINGUELL; ERICES; CONGET, 2001; KADEREIT et al., 2002). A noção de que o microambiente estromal pode sustentar a hematopoese foi primeiramente descrita por Dexter (DEXTER; ALLEN; LAJTHA, 1977). Neste sistema, uma cultura de células aderentes derivadas da MO mantêm as CTHs viáveis e capazes de originar colônias de granulócitos – macrófagos e colônias eritróides, por um período de semanas a meses. Tal hipótese foi comprovada em vários trabalhos utilizando CTMs derivadas da MO, SCUP e placenta, os quais demonstram que as CTMs, quando utilizadas como feeder layer, são capazes de manter as células CD34+ viáveis e de expandi-las mesmo na ausência de citocinas suplementares, sendo que, na presença de ambas, este processo é sinérgico (BACIGALUPO, 2004; ZHANG et al., 2004; JANG et al., 2006). Além disso, Kadereit et al. (2002) demonstraram uma maior expressão citoplasmática de proteínas inibitórias do ciclo celular como a p21 (cip1/waf1) e anti-apoptóticas como a BCL-2 (do inglês, B-cell lymphoma 2) nas CTHs cultivadas na presença de CTMs, quando comparadas com as expandidas apenas em citocinas. Estas proteínas são críticas na regulação da sobrevivência e manutenção da capacidade auto-replicativa das CTHs, sugerindo uma manutenção do estado indiferenciado destas, quando expandidas na presença das CTMs. O retardo da diferenciação das células CD34+ CD38low/neg expostas a citocinas, por ação das CTMs, também foi relatado por Bacigalupo (2004). Introdução 57 Juntos, estes dados sugerem que a adição de CTMs como feeder layer pode melhorar as condições de expansão das células CD34+ CD38-, servindo como inibidor de sua diferenciação e diminuindo a apoptose durante a expansão in vitro. 1.5.18 Car acter ísticas imunológicas das CTMs: O conhecimento das propriedades imunológicas das CTMs aumenta o seu potencial terapêutico. Estudos demonstram que as CTMs de humanos expressam antígenos leucocitários, HLA-ABC ou de classe I, mas não o HLA de classe II. Contudo, as CTMs derivadas da MO contêm moléculas intracelulares de HLA de classe II, as quais são translocadas à superfície celular após a exposição ao INF-γ (revisado por MINGUELL; ERICES, 2006). Antígenos tipicamente imunológicos como o B7-1, B7-2, CD40, CD40L, CD80 e CD86 não são expressos pelas CTMs, enquanto outros, que participam das interações com as células T (ex CD106, CD50, CD58) o são. Acredita-se que a reatividade imunológica das CTMs seja regulada pelo microambiente em que se encontra, já que a expressão destas moléculas é modulada pela IL1-α (revisado por MINGUELL; ERICES, 2006). Os mecanismos moleculares envolvidos nas propriedades imunossupressoras das CTMs ainda não foram completamente elucidados. Sabe-se que os efeitos imunológicos destas células são mediados pelas interações com os linfócitos, o que resulta na inibição, tanto da proliferação, quanto da expressão de marcadores de ativação pelos linfócitos ativados. Estas interações também envolvem a diferenciação das células T CD4+ em um fenótipo regulatório e a secreção de citocinas pelas células T efetoras e células NK (do inglês, Natural Killer). Estes efeitos também são mediados por fatores solúveis como o IL-10, o TGF-β, HGF (do inglês, hepatocyte growth factor) e a prostaglandina E2. Em adição, as CTMs inibem fortemente as primeiras etapas da diferenciação dos monócitos em células dendríticas (DCs – Introdução 58 do inglês, dendritic cells) e quando esta ocorre, induzem as DCs a exibir um fenótipo associado à tolerância ou antiinflamatório (revisado por MINGUELL; ERICES, 2006). Além disso, as CTs parecem induzir uma imunossupressão geral e antígeno específica. Tal hipótese é sugerida pela a inibição das células T alorreativas, da diferenciação das DCs induzida por aloantígenos e da ativação preferencial de células T com fenótipo regulatório/supressor. Finalmente, as CTMs também promovem imunossupressão por meio da produção de indoleamina 2,3 dexoxigenase, e pela formação concomitante de um microambiente destituído de triptofano (revisado por MINGUELL; ERICES, 2006). A Tabela 3 sumariza o papel da resposta celular imunológica das CTMs. Tabela 3: CTMs e a r esposta celular imunológica alogênica. (Modificado de MINGUELL; ERICES, 2006). Tipo de r eação Comentár ios sobr e o envolvimento das CTMs Segurança do transplante com CTMs autólogas ou alogênicas As células migram e sobrevivem nos receptores. Sem reações adversas à infusão. Aloreatividade linfocítica Suprimem a proliferação de linfócitos alogênicos e de células B e T aloreativas, pela secreção de fatores solúveis e ativação da apoptose. Funções das CAP Inibem: - a maturação das CAP e das DCs; - a diferenciação e função das DCs derivadas de monócitos; - a diferenciação das DCs induzidas por aloantígenos. Diminuem: - a secreção de citocinas pelas DCs, células T efetoras ou naive e células NK; - a habilidade aloestimulatória das DCs tratadas com CTMs. Induzem: - a formação de células CD34+ T regulatórias e supressoras. Lise pelas células T citotóxicas e NK Inibem a formação de linfócitos citotóxicos; Escapam da lise, mas não interferem com a capacidade lítica dos linfócitos T citotóxicos e células NK. Indução de tolerância em resposta a tecidos alogênicos Prolongam a sobrevivência de enxertos de pele alogênicos DECH após transplantes com CTHs de MO Diminuem a severidade da DECH aguda após o cotransplante com CTHs HLA compatíveis Crescimento tumoral Potenciam a proliferação de células do melanoma * CTMs = células-tronco mesenquimais; CAP = célula apresentadora de antígenos; DCs = células dendríticas; Células NK = células Natural Killer; DECH = doença do enxerto contra o hospedeiro; CTHs = células-tronco Introdução 59 Recentemente, Spaggiari et al. (2006) demonstraram que as células NK, previamente ativadas pela IL-2, lisam de maneira eficiente as CTMs autólogas ou alogênicas. Tal ativação pode ser inibida pela exposição das CTMs ao INF-γ, que resulta em uma maior expressão das moléculas de HLA classe I na superfície das CTMs. Por outro lado, as CTMs podem, por mecanismos ainda não elucidados, inibir a indução de proliferação das células NK latentes e não ativadas. Todavia, este efeito é apenas parcial nas células NK no estágio proliferativo. Em um outro estudo, Corcione et al. (2006) avaliaram o efeito das CTMs sobre as células B e demonstraram que, pela secreção de fatores solúveis inibitórios após sinalização parácrina, as CTMs inibem, in vitro, a proliferação, a quimiotaxia e a diferenciação das células B em células secretoras de anticorpos. Como acima exposto, as CTMs parecem ser efetivas na indução da tolerância. Entretanto, a maioria das análises foi realizada com CTMs cultivadas e não in vivo (JAVAZON; BEGGS; FLAKE, 2004). Todavia, experimentos com modelos animais, também apóiam esta hipótese (revisado por BACIGALUPO, 2004). 1.5.19 Lesão estr omal pós-quimioter apia: Nos últimos anos, o uso de altas doses de quimioterapia (QT) seguido de resgate com células-tronco hematopoéticas autólogas de sangue periférico tem sido utilizado, cada vez mais, para o tratamento de doenças hematológicas ou auto-imunes. Ultimamente, o número de sobreviventes vem aumentando, e, muitos deles, encontram-se curados. Portanto, maior atenção deve ser dada aos efeitos colaterais tardios deste procedimento, como os efeitos da quimioterapia em altas doses sobre o microambiente estromal. Carlo-Stella et al. (1997) avaliaram o efeito da quimioterapia sobre as CTHs e os progenitores estromais da MO de pacientes portadores de leucemia mielóide aguda (LMA), após a indução da remissão (idarrubicina, citarabina e etoposide) e a consolidação Introdução 60 (mitoxantrone e citarabina). Seus experimentos evidenciaram uma lesão estromal qualitativa, demonstrada pela diminuição da capacidade de proliferação, de diferenciação, além da capacidade de sustentar a hematopoese, apesar da contagem normal de CFU-F. Domenech et al. (1998) avaliaram a capacidade das células estromais da MO em sustentar a hematopoese e secretar fatores de crescimento, tais como: G-CSF, GM-CSF, IL-3 e SCF, 90 dias após o transplante de medula óssea (TMO) autólogo em comparação com dados pré-transplante. Seus resultados sugerem que o micro-ambiente permanece qualitativamente lesado após o TMO e envolve uma diminuição da capacidade de secretar o SCF. Schwartz et al. (1998) avaliaram as células estromais de pacientes previamente submetidos a esquemas de quimioterapia e demonstraram que estas células são deficientes em sustentar a hematopoese in vitro. Galotto et al. (1999) analisaram as conseqüências de altas doses de quimioterapia e radioterapia em 61 pacientes com idade entre 2 meses e 63 anos, previamente submetidos ao TMO alogênico entre 1 e 12 anos antes, por diferentes doenças hematológicas. A maioria recebeu irradiação corporal total, em diferentes doses, associada a diferentes esquemas de quimioterapia. Os autores observaram nos doadores normais uma correlação inversa entre a idade e o número de CFU-F. Estas se encontravam em um número significativamente menor nos pacientes (p < 0,05) quando comparados aos doadores normais pareados, e, apesar de seus níveis começarem a aumentar por volta do dia 100, tal redução persistiu por mais de 12 anos. Concluíram que o estroma medular é grave e irreversivelmente lesado após o TMO alogênico em adultos e que o microambiente estromal é incapaz de reparar os sítios de lesão, exceto em crianças muito jovens. Banfi et al. (2001) avaliaram o efeito sobre os osteoprogenitores da MO de altas doses de quimioterapia utilizadas como condicionamento para o auto-TMO em pacientes portadores Introdução 61 de linfoma não-Hodgkin (LNH) e carcinoma de mama. Os autores demonstraram que os dois regimes utilizados levaram a uma redução em 50% no número de CFU-F, e em 10% e 20% nas densidades dos ossos cortical e trabecular, respectivamente. Concluíram que a quimioterapia mesmo sem radioterapia, leva a uma toxicidade dependente da dose nos osteoprogenitores estromais e pode acarretar osteopenia por dano direto ao compartimento osteoblástico. Ben-Ishay e Barak (2001) avaliaram o efeito da citarabina em baixas (400 mg/kg) ou altas doses (1750mg/kg) nas células estromais de camundongos, nos dias 1, 2 e 4 após a quimioterapia e concluíram que as administrações de baixas ou altas doses de citarabina, produzem alterações nas células estromais que consistiram em diminuição das CFU-F e variação nos níveis secretados de IL-6. Novitzky, Makgoka e Mohamed (2001) avaliaram a proliferação de progenitores estromais de pacientes portadores de LMA ou LNH, no mínimo 6 meses após terem sido submetidos ao TMO alogênico. Encontraram uma redução no número de CFU-F (p < 0,01), além de uma menor área dos frascos de cultura coberta por células fibroblastóides (p = 0,000006) quando comparado com os controles normais. Recentemente, Li et al., (2004) avaliaram, em um sistema de cultura in vitro, os efeitos agudos e diretos de quimioterápicos, sobre as CTMs. Demonstraram que as CTMs são relativamente resistentes aos agentes quimioterápicos comumente utilizados no TMO como o bussulfan, a ciclofosfamida e o metotrexate, entretanto, são sensíveis, podendo ser irreversivelmente lesadas, por um painel de agentes citotóxicos que incluem o paclitaxel, a vincristina, o etoposide e a citarabina. Apesar disto, as CTMs mantiveram o potencial de diferenciação em osteócitos e adipócitos in vitro. Introdução 62 Estes estudos sugerem que o microambiente estromal é lesado pela quimioterapia em altas doses e pela exposição à radiação. Contudo, pouco se conhece sobre a extensão desta lesão e a habilidade de auto-renovação do estroma. 1.5.20 Tr ansplantabilidade das CTMs: As CTMs podem ser transplantadas por duas vias: a) infusão ou implante local no órgão lesado; b) infusão sistêmica. No primeiro caso, espera-se que as CTMs aumentem o reparo local e no segundo, que migrem para os tecidos lesados e tenham papel ativo no reparo tissular (MINGUELL; CONGET; ERICES, 2000). A injeção local é bem tolerada e já foram obtidos bons resultados para o tratamento de defeitos ósseos, cartilaginosos, isquemia vascular arterial, dentre outros. Contudo, necessitam de confirmação em estudos duplo-cegos randomizados (BARRY; MURPHY, 2004; KASSEM; KRISTIANSEN; ABDALLAH, 2004). As CTMs infundidas por via endovenosa são capazes de migrar especificamente para o sítio de lesão. Esta habilidade foi demonstrada em estudos com fraturas ósseas, enfarte do miocárdio e isquemia cerebral (BARRY; MURPHY, 2004). Além disso, podem ser úteis para os transplantes em que se espera um atraso na enxertia, como os autólogos para LMA ou em pacientes extensivamente tratados, como nos portadores de linfomas e mielomas. Em teoria também podem ser utilizadas para facilitar a expansão de CTHs autólogas ex vivo, prevenir ou melhorar a DECH (doença do enxerto contra o hospedeiro) e em protocolos de engenharia tissular, após ser combinada com a terapia gênica (BACIGALUPO, 2004; KASSEM; KRISTIANSEN; ABDALLAH, 2004). Todavia, sua capacidade migratória, parece diminuir com o seu cultivo ex vivo, o que poderia influênciar negativamente no preparo destas células para o uso terapêutico (BARRY; MURPHY, 2004). Introdução 63 1.5.20.1 Repopulação do micr oambiente estr omal do r eceptor por células estr omais do doador : A maioria dos estudos reporta que, nos paciente submetidos ao TMO com CTHs alogênicas, as CTMs continuam sendo as do receptor (revisado por BACIGALUPO 2004). Koç et al. (1999) avaliaram 13 pacientes submetidos ao transplante de CTHs alogênicas para tratamento de doenças metabólicas. Todos apresentavam quimerismo completo de CTHs do doador, contudo, estudos de polimorfismos de DNA (do inglês, desoxiribonucleic acid) e ou de determinação dos cromossomos relacionados ao sexo, não detectaram a presença de CTMs em nenhum dos 9 pacientes avaliados. Em adição, as CTMs dos 13 pacientes permaneciam com o defeito na enzima especifica ou na expressão da proteína após o transplante. Estas observações sugerem que o transplante com CTHs da MO, não resulta em quimerismo demonstrável das CTMs. Bacigalupo (2004) revisou o tema e relatou a detecção 2% de osteoblastos do doador em receptores de TMO para osteogenesis imperfecta (OI), sugerindo que as CTMs da MO são capazes de migrar, enxertar, se diferenciar em células ósseas e produzir colágeno I, com melhora parcial do fenótipo de OI. Contudo, também foi demonstrado que as células do doador sobrevivem aos regimes de condicionamento utilizado para o transplante. Estudos em animais, evidenciaram a presença de células derivadas das CTMs dos doadores em vários órgãos como o osso, a cartilagem, o pulmão, o baço, o fígado, o rim, o trato gastrointestinal, o timo e a pele, muitos meses após o transplante. Possíveis explicações para a perda do microquimerismo estromal seriam a rejeição mediada pelo sistema imunológico, a inabilidade de competir efetivamente com os componentes estromais do hospedeiro e a baixa freqüência das CTMs nos aspirados de MO, podendo inclusive estar presente em número insuficiente para enxertia (KOÇ et al., 1999; DEVINE; HOFFMAN, 2000). Contudo, os dados citados nos dois parágrafos anteriores, Introdução 64 sugerem que os osteoblastos podem ser transplantados com sucesso em certas condições e doenças, como por exemplo, crianças com OI, cuja velocidade de duplicação das CTMs é maior do que em pacientes com neoplasias hematológicas. Assim, quando em vantagem competitiva, pode ser possível a detecção de osteoblastos derivados do doador, CTMs ou ambos (BACIGALUPO, 2004). 1.5.21 Possíveis aplicações clínicas par a as CTMs: Vários estudos com as CTMs, estão sendo realizados em modelos animais e em humanos, visando o tratamento de doenças hematológicas, ortopédicas, cardíacas, neurológicas, dentre outras (DEANS; MOSELEY, 2000; BIANCO et al., 2001; BARRY, 2003; FIBBE; NOORT, 2003; BACIGALUPO, 2004; BAKSH; SONG; TUAN, 2004; BARRY; MURPHY, 2004; JAVAZON; BEGGS; FLAKE, 2004; LAZARUS et al., 2005; LE BLANC; PITTENGER, 2005; LE BLANC; RINGDÉN, 2005). Alguns destes trabalhos encontram-se citados abaixo. 1.5.21.1 Resultados pr é-clínicos: Estudos em modelos animais sugerem que a co-infusão das CTMs com as CTHs facilitam a enxertia das últimas. Esta enxertia não é linhagem específica e parece ser independente da migração das CTMs para a medula, sugerindo que pode ser mediada por um aumento nas citocinas como o SDF-1, GM-CSF, G-CSF, SCF e IL-6 envolvidas na migração, proliferação e diferenciação das CTHs. Este efeito é mais pronunciado após o transplante utilizando-se um número relativamente pequeno de células CD34+, indicando que nestes casos, a co-infusão das CTMs pode acelerar a enxertia (revisado por BACIGALUPO, 2004). Estudos pré-clínicos realizados em modelos animais de enfarte do miocárdio, demonstram que após a infusão intracoronária ou intramiocárdica, as CTMs são capazes de Introdução 65 enxertar e de se diferenciar na via cardiogênica, passando a expressar marcadores de cardiomiócitos. Trabalhos com suínos sugerem que a diferenciação das CTMs em células similares aos cardiomiócitos ocorre duas semanas após a infusão das primeiras e é acompanhada de atenuação significante da disfunção cardíaca. A maioria dos autores demonstrou que a infusão intramiocárdica é segura e possível de ser realizada, sem toxicidade imunológica, arritmias, alterações das enzimas cardíacas, eletrocardiográficas, histológicas ou outras identificáveis (MINGUELL; ERICES, 2006). 1.5.21.2 Resultados clínicos: Lazarus et al. (1995) realizaram um estudo de fase I, envolvendo CTMs de MO de 23 pacientes portadores de neoplasias hematológicas em remissão completa sendo que, destes, 12 haviam sido previamente submetidos ao transplante com CTHs 4 a 52 meses antes do coleta das CTMs. Infusões de até 50 x 106 foram bem toleradas, sem reações adversas. Contudo, não houve alteração na celularidade da MO nem na quantificação das CFU-GM (do inglês, colony forming unit-granulocyte-monocyte), das CFU-GEMM (do inglês, colony forming unitgranulocyte-eritrocyte-monocyte-macrophage), e das BFU-E (do inglês, burst forming uniterythroid), comparadas com o valor basal. Concluíram que as CTMs obtidas de pacientes com câncer podem ser coletadas, expandidas in vitro e administradas de forma segura, sem toxicidade. Koç et al. (2000) realizaram um estudo de fase I-II envolvendo 28 mulheres portadoras de câncer de mama, das quais foram coletados 20 a 25 mL de MO. As CTMs foram cultivadas e expandidas in vitro por 20 a 50 dias e um total de 1,0 a 2,2 x106 CTMs/Kg foram coinfundidas com as CTHs após um regime de condicionamento com altas doses de quimioterapia. As CTMs foram detectadas no sangue periférico destas pacientes por mais de 1 hora após a infusão. Não foram observadas toxicidades relacionadas à infusão e a Introdução 66 reconstituição hematopoética foi mais rápida neste grupo quando comparado a uma coorte de pacientes deste mesmo centro. Estes dados sugerem que a infusão de CTMs após quimioterapia mieloablativa pode ter um impacto positivo na reconstituição da hematopoese. Horwitz et al. (2002) trataram 6 crianças portadoras de OI, previamente submetidas ao protocolo padrão de TMO alogênico para esta doença. Cada criança recebeu duas infusões de CTMs dos mesmos doadores e geneticamente marcadas. Cinco dos seis pacientes, apresentaram enxertia em mais de um sítio incluindo o osso, a pele e o estroma medular e apresentaram uma aceleração na velocidade de crescimento durante os primeiros 6 meses após a infusão. Não foi evidenciada nenhuma toxicidade clínica, exceto em um paciente que apresentou eritema urticariforme logo após a segunda infusão. Koç et al. (2002) avaliaram o efeito da infusão das CTMs no tratamento de 11 pacientes, portadores de leucodistrofia metacromática e síndrome de Huler, previamente submetidos ao TMO alogênico. Foram infundidas, sem toxicidade relacionada, 2-10 x106 CTMs/kg, isoladas e expandidas de aspirados da MO dos doadores. O microquimerismo estromal foi avaliado 2, 30 a 60 dias e 6 a 24 meses após e, em sua maioria, as células estromais eram as originais do hospedeiro. Contudo, em dois pacientes foram demonstrados por FISH (do inglês, fluorescence in situ hybridization) 0,4 e 2% de CTMs do doador, 60 dias após o transplante. Quatro dos 6 pacientes com leucodistrofia metacromática apresentaram melhora significativa na velocidade da condução nervosa. A densidade óssea manteve-se inalterada ou melhorou em todos os pacientes, entretanto, não houve melhora aparente no estado geral, físico ou mental dos pacientes. Lee et al. (2002) descreveram o caso de uma mulher de 20 anos, portadora de LMA, que recebeu CTMs de MO e CTHs de sangue periférico HLA haplo-idênticas de seu pai. A paciente apresentou rápida recuperação da hematopese, sem DECH aguda ou crônica. Introdução 67 Fouillard et al. (2003) relataram o caso de uma outra mulher de 68 anos, portadora de anemia aplástica grave, que recebeu as CTMs do seu filho, expandidas ex vivo. A presença de CTMs do doador na MO do receptor foi detectada por PCR, contudo, o mesmo não foi observado no aspirado de MO da paciente. Isto sugere enxertia, mas indica que as CTMs podem se localizar no endósteo. Houve melhora parcial do estroma de sustentação da hematopoese evidênciada pela redução da necrose do tecido adiposo medular e da diminuição do edema e hemorragia intersticiais, entretanto, não houve recuperação do tecido hematopoético. Le Blanc et al. (2004) descreveram o caso de uma criança de 9 anos portadora de leucemia linfóide aguda que foi transplantada com CTHs de uma doadora não-consangüínea HLA-compatível. O paciente evoluiu com DECH aguda grave que acometia a pele, o intestino e o fígado e que progrediu para grau IV, apesar do tratamento com ciclosporina, prednisolona, metilprednisolona, PUVA (psoralenico ultravioleta-A), fotoaférese, infliximab, daclizumab, micofenolato mofetil e metotrexate. Nesta ocasião, foram infundidas 2 x106 CTMs da MO da mãe, expandidas ex vivo, sem efeitos colaterais relacionados. A criança evoluiu com melhora progressiva da diarréia e da função hepática. A ciclosporina foi descontinuada para permitir máximo efeito do enxerto contra a leucemia, contudo, houve uma recaída da DECH grave, com diarréia e aumento das bilirrubinas, sendo novamente infundidas 1 x106 CTMs maternas com aumento da consistência das fezes e da ingesta oral, o que permitiu alta hospitalar. A criança ficou bem por mais de 1 ano após o transplante, com DECH hepático crônico e sem sinais de recaída da doença. Foi relatado ainda que na experiência dos autores com mais de 1000 pacientes transplantados, apenas 24 evoluíram com DECH grau IV e que dentre eles, este acima citado foi o único que sobreviveu. Todos os outros faleceram com uma mediana de vida de 2 meses após o transplante. Introdução 68 Lazarus et al. (2005) avaliaram a segurança e a exeqüibilidade do co-transplante de CTMs expandidas ex vivo com CTHs do doadores HLA-compatíveis para o tratamento de pacientes com neoplasias hematológicas. Para tal, realizaram um estudo multicêntrico no qual 56 pacientes e seus respectivos doadores foram envolvidos. As CTMs foram expandidas a uma dose maior que 2,5 x106 células/kg do receptor em 51 (91%) dos 56 doadores. Dos 56 pacientes envolvidos, apenas 46 pacientes receberam a infusão das CTMs. As razões pelas quais os outros foram excluídos foram a falha em expandir adequadamente as CTMs (n = 5) ou inelegibilidade devido a progressão da doença, alterações laboratoriais ou recusa em participar do estudo. As CTMs foram infundidas 4 horas antes das CTHs, sem efeitos colaterais relacionados. A mediana de tempo necessário à recuperação dos neutrófilos e de plaquetas foi de 14 e 20 dias, respectivamente. Foram observadas DECH aguda, graus II a IV em 13 (28%) dos 46 pacientes e crônica em 22 (61%) dos 36 pacientes que sobreviveram por no mínimo 90 dias, sendo extenso em 8 deles. Onze (24%) pacientes apresentaram recaída em um tempo mediano de 213,5 dias (variação de 14 a 688 dias). A probabilidade de os pacientes atingirem uma sobrevida livre de doença em 2 anos foi de 53%. O microquimerismo estromal foi avaliado em 18 pacientes com uma mediana de tempo de 8 e 16 meses após o transplante. Este microquimirismo foi evidenciado em 2 pacientes e nas duas ocasiões, sendo 2 e 14% na primeira e 6 e 11% na segunda. Os autores concluíram que a co-infusão de CTMs e CTHs é possível e parece ser segura, sem toxicidade imediata ou tardia relacionada à infusão das CTMs, contudo, as doses adequadas, o seu real papel e efeito ainda devem ser avaliados. 1.5.21.3 Ter apia gênica: As CTMs são facilmente transduzidas por uma variedade de vetores e podem ser consideradas candidatas a veículos celulares para transferência gênica (JAVAZON; BEGGS; FLAKE, 2004) e correção de erros inatos do metabolismo (BACIGALUPO, 2004) ou para Introdução 69 favorecer a expressão de genes suicidas na terapia anticâncer (PEREBOEVA et al. 2003). Podem ser transduzidas eficazmente promovendo uma expressão gênica estável e duradoura. Em vários estudos em modelos animais, CTMs secretaram o fator IX da coagulação e citocinas como a IL-3 e a IL-7, por longos períodos, mantendo o seu fenótipo estável, assim como a sua capacidade de diferenciação multipotencial (BACIGALUPO, 2004; DI IANNI et al., 2004). Baseado na importância clínica das CTMs e da grande possibilidade de seu uso como ferramenta na terapia celular para o tratamento das mais diversas doenças, este trabalho estudou o efeito da quimioterapia em altas doses sobre as CTMs tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo. Introdução 70 2 Hipóteses: • Existe dano qualitativo e quantitativo nas células-tronco mesenquimais isoladas de pacientes previamente submetidos ao tratamento com altas doses de quimioterapia. 3 Objetivos: 3.1 Objetivo ger al: Avaliar as células-tronco mesenquimais de pacientes submetidos a esquemas intensivos de quimioterapia, comparando-as com as células de doadores normais. 3.2 Objetivos específicos: • Isolar CTMs da medula óssea de pacientes previamente submetidos a altas doses de quimioterapia. • Avaliar a influência da idade, da doença de base e do tempo após a quimioterapia sobre os resultados encontrados. • Caracterizar as CTMs quanto à morfologia e ao imunofenótipo. • Quantificar as unidades formadoras de colônias fibroblastóides. • Avaliar o comportamento das CTMs durante o cultivo ex vivo. • Avaliar a sua capacidade de diferenciação em adipócitos, condrócitos e osteócitos. • Avaliar a sua capacidade de sustentação da hematopoese em cultura por curto e longo período de tempo. 4 MATERI AL E MÉTODOS Material e métodos 72 4.1 Seleção dos pacientes e dos controles: 4.1.1 Pacientes: Participaram do estudo 12 pacientes acompanhados no ambulatório de transplante de medula óssea autólogo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HC-FMRP-USP), selecionados a partir da avaliação prévia dos prontuários médicos. Os critérios utilizados foram: a) doença de base (doença de Hodgkin (DH) ou LNH); b) ausência de infiltração medular em qualquer fase da doença; c) utilização do protocolo BEAM como condicionamento para o transplante; d) idade mínima de 18 anos e máxima de 60 anos. Foram colhidas amostras de pacientes portadores de linfoma de grandes células B primário do mediastino (LGCBM), linfoma de grandes células B difuso (LGCBD), doença de Hodgkin esclerose nodular (DHEN), doença de Hodgkin predomínio linfocitário (DHPL) e doença de Hodgkin celularidade mista (DHCM). Foram utilizados como primeira linha esquemas clássicos de quimioterapia para o tratamento do LNH como o CHOP (MCKELVEY et al., 1976) e o CHOP-Bleo (RODRIGUEZ et al., 1977), assim como o MOPP (COOPER et al., 1972), o C-MOPPABV (STRAUS et al., 1983) e o ABVD (BONADONNA et al., 1975) para o tratamento da DH. O DHAP (VELASQUEZ et al., 1988), o ESHAP (VELASQUEZ et al., 1994), e o MINE (CABANILLAS, 1991) foram os esquemas de salvamento utilizados não só como tratamento, mas também para mobilização das células progenitoras hematopoéticas para o sangue periférico. Nos casos em que os pacientes encontravam-se em remissão e, portanto, não tinham necessidade de receber outro ciclo de quimioterapia de salvamento, a ciclofosfamida (Cy) na dose de 2.0 g/m2 associada ao fator de crescimento filgrastima 10µg/Kg/dia foi utilizada para mobilização das células progenitoras hematopoéticas para o sangue periférico. Os protocolos quimioterápicos encontram-se descritos no Apêndice C Material e métodos 73 (Tabela A1). Na Tabela 4, encontram-se sumarizadas algumas características dos pacientes que participaram do estudo. Tabela 4: Características dos pacientes estudados: Idade Sexo Doença D+ TMO QT pré TMO Ciclos Radioterapia prévia DP3 22 M LGCBM 28 CHOP DHAP 8 3 Mediastino DP4 35 F DHEN 662 ABVD ESHAP MINE 6 3 2 Cervical DP5 29 F LGCBM 1551 CHOP Cy 2g/m2 8 1 Mediastino DP6 34 F DHEN 1836 ABVD DHAP MIFAP* 6 2 2 Cervical E Mediastino DP7 42 M DHEN 104 ABVD DHAP 8 3 Mediastino DP8 32 M DHPL 1620 MOPP DHAP Cy 2g/m2 8 2 1 Membro inferior esquerdo DP9 40 M LGCBD 124 CHOP DHAP MINE 8 3 1 Abdominal e pélvica DP10 48 M DHEN 1822 C-MOPPABV DHAP 8 3 Cervical DP11 49 F LGCBD 1305 CHOP-BLEO DHAP 8 3 Não DP12 42 M LGCBD 168 CHOP DHAP MINE 8 3 2 Não DP13 28 M LGCBM 159 CHOP Cy 2g/m2 8 1 Mediastino DP14 47 M DHCM 770 ABVD DHAP 6 3 Supraclavicular e axilar D+TMO = número de dias após o transplante de medula óssea; QT = quimioterapia; DP = doador paciente; LGCBD = linfoma de grandes células B difuso; LGCBM = linfoma de grandes células B primário do mediastino; DHCM = doença de Hodgkin celularidade mista; DHEN = doença de Hodgkin esclerose nodular; DHPL = doença de Hodgkin predomineo linfocitário; * após o transplante, devido à recaída da doença, mas antes da coleta das células para a pesquisa. Material e métodos 74 O doador paciente (DP) 1 não preencheu os critérios estabelecidos. Suas células foram utilizadas apenas durante a padronização de alguns experimentos e, portanto, os resultados obtidos não foram incluídos neste trabalho. A amostra DP2 foi colhida de um paciente portador de linfoma de células do manto mas foi excluída do estudo. A paciente DP6 apresentou recaída da doença após o transplante autólogo. Foi tratada com radioterapia e com um esquema de quimioterapia conhecido como MIFAP (HANEL et al., 2001). No momento da coleta da amostra a paciente encontrava-se em remissão. Todos os pacientes receberam como condicionamento para o transplante autólogo o protocolo BEAM (GASPARD et al., 1988). 4.1.2 Controles: Participaram como controles 6 doadores normais voluntários, com idade mínima de 18 e máxima de 60 anos, recrutados dentre os doadores de medula óssea para transplante de medula alogênico. 4.1.3 Aspectos éticos: O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HC-FMRP-USP e encontra-se registrado sob o processo HCRP no 1783/2004. Os doadores normais (DN) e os pacientes foram orientados verbal e por escrito sobre o projeto de pesquisa, seus objetivos, riscos e justificativa, bem como os benefícios obtidos com a conclusão do estudo. Assinaram e receberam uma cópia do termo de consentimento, foram informados sobre os nomes dos responsáveis pela pesquisa (pesquisadora e orientador) e de como contactá-los em caso de dúvidas. A privacidade dos envolvidos foi preservada em todas as fases da pesquisa. Material e métodos 75 4.2 Coleta e processamento das amostras de sangue periférico: Sob condições adequadas de assepsia, por punção venosa, foram coletados 4 mL de sangue periférico em tubos a vácuo com ácido etilenodiaminoteracético (EDTA) (BD VacutainerTM K2 EDTA (7,2mg) Becton Dickinson, San Jose, CA, EUA). Este material foi utilizado para realização de hemograma, pelo contador automatizado COULTER® AC T diff ™ Analyzer (Beckman Coulter™, Miami, Flórida, EUA). 4.3 Coleta das amostras de medula óssea: Foram colhidos 4 a 5 mL de medula óssea dos pacientes por punção aspirativa da crista ilíaca posterior ou anterior, com material estéril, após anti-sepsia com iodopovidona degermante (Riodeine® Rioquímica, São José do Rio Preto, SP, Brasil) e anestesia local com lidocaína a 2% sem vasoconstritor (Genérico Hipolabor, Sabará, MG, Brasil). Foram realizados esfregaços sanguíneos com material obtido das primeiras gotas da punção. Estes foram avaliados, por microscopia óptica, quanto à celularidade aparente, a morfologia e a distribuição das células nas linhagens leuco e eritrocitárias, após coloração com Leishman. O restante do material coletado foi acondicionado em um tubo com anticoagulante EDTA (BD VacutainerTM K2 EDTA (7,2mg) Becton Dickinson, San Jose, CA) e processado no laboratório de biologia celular. As amostras dos controles foram colhidas no bloco cirúrgico durante o processo de doação de medula. Em geral, as amostras foram processadas em até 6 horas após terem sido coletadas. Durante este intervalo, ficaram acondicionadas na geladeira entre 2 a 6ºC. Os dados foram utilizados para comparações entre o grupo de doadores normais e o de pacientes e a seguir entre os doadores normais e os subgrupos de pacientes classificados por Material e métodos 76 idade (< 40 anos vs ≥ 40 anos), doença (LNH vs DH) e por tempo após o transplante (< 180 e > 1280 dias). 4.4 Processamento das amostras de medula óssea: 4.4.1 Isolamento das células mononucleares: A metodologia utilizada para isolamento das células mononucleares baseia-se na separação por centrifugação em gradiente de Ficoll-Hypaque de densidade 1077 g/mL, descrito originalmente por Boyum (1968), mas com algumas modificações, como descrito a seguir. Nesta técnica, após centrifugação em baixa velocidade, as hemácias e os granulócitos atravessam a fase orgânica (Ficoll) e se sedimentam. As plaquetas e proteínas plasmáticas se localizam na fase aquosa (fase superior) e as células mononucleares na interface entre as duas soluções. Após a identificação dos tubos cônicos de polipropileno de 50 mL, a amostra foi diluída em solução salina tamponada (PBS, do inglês phosphate buffered saline) 1X até completar 30 mL. A seguir, foram lentamente acrescentados no fundo de cada tubo, 13 mL de Ficoll (Ficoll-Paque Plus, Amersham-Pharmacia Biotech, Buckinghamshire, Inglaterra) sem misturar as soluções. As amostras foram centrifugadas por 30 minutos a 900 x g à temperatura ambiente de 22ºC, sem freio. O anel de células mononucleares presentes na interface das soluções foi coletado com o auxílio de uma pipeta Pasteur e transferido para outro tubo. Foi acrescentado PBS 1X até o volume final de 50 mL, centrifugado por 10 minutos a 328 x g, sem freio a 22ºC, desprezado o sobrenadante, homogeneizado o botão celular, e acrescentado PBS 1X até o volume final de 50 mL. Novamente centrifugado por 10 minutos a 328 x g a 22ºC sem uso de freio. Desprezado o sobrenadante, homogeneizado o botão celular contendo as células mononucleares lavadas e acrescentado 1 a 10 mL de PBS 1X (conforme a Material e métodos 77 concentração celular) e separado uma alíquota de 10 a 50 µL da suspensão celular para contagem em câmara de Neubauer. 4.4.2 Contagem celular em câmara de Neubauer: A câmara de Neubauer (hemacitômetro) é um tipo especial de lâmina de microscópio que é dividida em quadrantes de área definida, sobre o qual um determinado volume da suspensão celular é distribuído. Por meio da contagem de células neste volume e aplicando um cálculo apropriado pode ser aferido o número de células por mL da amostra. Uma amostra da suspensão celular foi diluída em um tudo cônico, tipo eppendorf, de 1,5 mL contendo um volume pré-determinado de solução de Turk’s. A seguira amostra foi homogeneizada e foram colocados 10 µL na câmara de Neubauer. As células coradas, presentes nos quatro quadrantes laterais da câmara, foram contadas com o auxílio de um microscópio óptico (Olympus CBA, Tóquio, Japão). O número de células nucleadas por mL foi determinado pela divisão do número total de células contadas por 4, multiplicado por 10.000 (fator de correção) e pelo fator de diluição na solução de Turk’s. 4.4.3 Isolamento e cultivo das CTMs: As CTMs foram isoladas das outras CMN da medula óssea pela sua capacidade de aderência ao plástico e de expansão, sem perda da sua capacidade multipotencial, em meio de cultivo pobre em glicose, com altas concentrações de aminoácidos e proteínas (soro bovino fetal), sem a necessidade de citocinas. As condições de cultivo utilizadas foram: a) meio de cultivo: α-MEM (Gibco-BRL, Gaithersburg, MD, EUA) acrescido de 2mM/L de L-glutamina (L-Glutamine, Gibco-BRL, Gaithersburg, MD, EUA), 100 U/mL de penicilina e 100 µg/mL de estreptomicina (Penicillin – Sterptomycin, Gibco-BRL, Gaithersburg, MD, EUA), 2,4 g/L de Hepes (Gibco-BRL, Material e métodos 78 Gaithersburg, MD, EUA) e 2g/L de bicarbonato de sódio (Merck, São Paulo, SP, Brasil) conforme orientação do fabricante e enriquecido com 15% de soro bovino fetal (Fetal Bovine Serum Standard - HyClone™, Logan, UT, EUA) previamente inativado a 56 ºC por 45 minutos; b) cultivo em estufa úmida a 37 ºC com 5% de CO2. Após a separação e a contagem das CMN totais da medula óssea, alíquotas de 1 a 4 x107 CMN foram diluídas em um tubo cônico de polipropileno de 50 mL contendo 15 mL de αMEM 15% SBF. A seguir, a suspensão celular foi colocada em cultivo em garrafas de 75 cm2 (Greiner Bio-One, Frickenhausen, Alemanha), visualizada com o auxílio de um microscópio de contraste de fase (Olympus IX50, Tóquio, Japão) e incubada em estufa úmida a 37 ºC com 5% de CO2. Após 3 a 7 dias, dependendo do número de células aderidas à garrafa, foi adicionado novo meio de cultivo, após a remoção do antigo e das células não-aderentes. Este meio foi trocado uma a duas vezes a cada 10 dias e a cultura celular mantida até confluência celular de 50 a 100% quando as células foram colhidas por tripsinização. 4.4.4 Quantificação das CFU-F: As CMN separadas pela técnica de Ficoll foram cultivadas em 4 placas quadriculadas de 35 mm2, com as concentrações de 1 e 5 x105 cada (DN) e em 8 placas quadriculadas, na concentração de 5 x105 (DP), em câmara úmida a 37 oC com 5% de CO2, totalizando 8 placas por amostra. Após sete dias, foi adicionado novo meio após a remoção do antigo e das células não-aderentes. A seguir, foram contadas as colônias com mais de 50 células fibroblastóides, com o auxílio de um microscópio de contraste de fase. As placas com as células foram reincubadas e as colônias novamente contadas entre o 12º e o 14º dia de cultivo. O valor considerado para o cálculo da quantificação das CFU-F foi o número total de colônias com mais de 50 células no “14º dia” de cultivo, dividido pelo número total de CMN plaqueadas. Material e métodos 79 Nos casos em que as colônias encontravam-se confluentes no “dia 14”, o que impossibilitava a contagem exata destas, foram utilizados os valores obtidos no dia 7. 4.4.5 Tripsinização: As CTMs, como todas as células que crescem em monocamadas, secretam uma matriz extracelular e proteínas de ligação que permitem adesão das mesmas à superfície de crescimento. Para que sejam coletadas é necessário um tratamento prévio com uma enzima proteolítica, como por exemplo a tripsina, que desfaz as ligações entre as células, as destas com a matriz extracelular e com as proteínas de ligação. Antes, é importante que o SBF, o cálcio e o magnésio do meio sejam removidos, de forma a afrouxar a ligação célula – célula e permitir o acesso da enzima proteolítica às superfícies basal e lateral das células em monocamada. Atenção especial deve ser dada ao tempo e à concentração da tripsina, que não devem ser excedidos, pois resultariam em lise ou perda da viabilidade celular. No caso das CTMs senescentes, é necessária uma tripsinização mais intensiva, já que estas aderem mais intensamente à superfície de crescimento. Neste trabalho foi utilizada solução de tripsina-EDTA 1x (0,05% Tripsin 0,53 mM EDTA, Gibco™ Carlsbad, CA, EUA) por 2 a 4 minutos a 37 ºC e a técnica utilizada encontrase descrita abaixo. O frasco de cultivo foi lavado com 10 mL de PBS 1X por três vezes, após a remoção de todo o meio. A seguir, a tripsina foi acrescentada, no volume de 3 mL para as garrafas de 75 cm2 (T75) ou 1 mL para as de 25 cm2 (T25), com o objetivo de recobrir toda a monocamada de células. Em seguida, a amostra foi incubada a 37ºC por 2 a 3 minutos e após, as células foram visualizadas ao microscópio de contraste de fase. Nos casos em que as células ainda estavam aderidas, os frascos foram reincubadas por mais 1 a 2 minutos. Quando as células estavam soltas, a tripsina era inativada com 5 (T25) ou 10 mL (T75) de RPMI (meio Roswell Material e métodos 80 Park Memorial Institute) 5% SBF e as células coletadas. Estas células foram transferidas para um tubo de polipropileno previamente identificado, centrifugadas por 10 minutos a 500 x g, sem freio, a 22ºC. O sobrenadante foi desprezado, o botão celular homogeneizado e acrescentado 1 a 3 mL de meio de cultivo ou PBS 1X, dependendo do tamanho deste e do experimento desejado. Uma amostra destas células foi separada para contagem em câmara de Neubauer. Após a determinação do número de células coletadas, alíquotas foram separadas e destinadas para uso no experimento previsto. 4.4.6 Cultivo e expansão das CTMs: Após a tripsinização, alíquotas de 2 x105 (T75) ou 5 x104 (T25) CTMs foram diluídas em um tubo de polipropileno contendo 15 (T75) ou 5 mL (T25) de α-MEM 15% SBF. A seguir, a solução de células foi colocada em garrafas de cultivo, visualizada com o auxílio de um microscópio de contraste de fase e incubadas em estufa úmida a 37ºC com 5% de CO2. Até a 3ª ou 4ª passagem foram utilizadas garrafas de 75 cm2 e a partir de então, de 25 cm2. O cultivo celular foi monitorado sob microscopia óptica e o meio trocado 1 a 2 vezes a cada 10 dias, de acordo com a necessidade da cultura. As células foram cultivadas por tantas passagens quanto possíveis e descartadas quando perdiam a capacidade de expansão e apresentavam características morfológicas sugestivas de células senescentes. A capacidade de expansão em cultura foi calculada, em cada repique ou passagem, como descrito por Stenderup et al. (2003), ou seja, extraindo-se o logarítmo de N em base 2, onde N é o número de células contadas por ocasião da confluência do frasco de cultivo dividido pelo número inicial de células plaqueadas. Este procedimento foi repetido até que as células atingissem a expectativa máxima de vida evidenciada pela falha de crescimento adequado e a soma destes, resultou na expansão final de cada amostra. Material e métodos 81 O tempo de duplicação celular foi calculado dividindo-se o número de dias (horas) entre a 1ª e a 2ª passagens, pela expansão das células no referido período. Foi considerado como o número final de dias de cultivo, o correspondente ao dia da realização da última tripsinização. 4.4.7 Congelamento e descongelamento: Alíquotas de 105 a 107 CTMs foram congeladas por segurança e realização de experimentos futuros. Para tal, as amostras foram centrifugadas por 10 minutos a 328 x g sem freio, a 4ºC. O sobrenadante foi desprezado e o botão celular ressuspenso em meio de congelamento (dimetilsulfóxido (DMSO) e 10% de SBF inativado). A suspensão celular foi distribuída em tubos próprios para congelamento de 1,5 mL, congelada a -80ºC por no mínimo 24 horas e em seguida, transferida para o nitrogênio liquido. No dia do experimento previsto, as células foram descongeladas em banho Maria a 37ºC, ressuspensas em RPMI com 5% de SBF e centrifugadas por 10 minutos a 328 x g. A seguir foram lavadas em PBS 1X, ressuspensas em αMEM 15% SBF e destinadas ao experimento previsto após terem sido contadas em câmera de Neubauer. Todo o processo de congelamento e descongelamento foi realizado em banho de gelo e com soluções e centrifuga à temperatura entre 6 e 12ºC. 4.4.8 Imunofenotipagem das CTMs: Na técnica de citometria de fluxo, a suspensão celular passa por um sistema de canais que gera um fluxo laminar de células. Estas interrompem feixes luminosos a laser que incidem diretamente sobre as células frente a frente ou a 90º gerando informações que são captadas pelo software. O raio de luz sofre desvios de acordo com as características físicas das células gerando uma dispersão luminosa que, no primeiro caso, parâmetro FSC (do inglês, Material e métodos 82 forward scatter), informa sobre o tamanho celular, e no segundo, parâmetro SSC (do inglês, side scatter) sobre a granularidade ou complexidade interna da célula. Assim, permite a análise quantitativa e qualitativa de vários parâmetros celulares. Para correta identificação dos antígenos, os anticorpos monoclonais são conjugados com três diferentes fluorocrômos: ficoeritrina (PE, do inglês phycoeritrin), isotiocianato de fluoresceína (FITC, do inglês fluorescein isothiocyanate), PerCP (do inglês peridinin chlorophyll). Estes podem ser empregados isoladamente ou em combinações de dois ou três anticorpos conjugados. Controles positivos e negativos devem ser incluídos para a adequada calibração do aparelho, análise dos resultados e definição da positividade da amostra. O primeiro passo consiste na marcação das células pela técnica direta, na qual são utilizados anticorpos monoclonais previamente conjugados com o fluorocrômo ou pela técnica indireta, onde é necessária uma segunda incubação com um anticorpo previamente marcado com fluorocrômo anti-imunoglobulina de camundongo. Como todas as reações de reconhecimento antígeno-anticorpo, o sucesso da reação dependente da interação específica do domínio Fab (do inglês, fragment, antigen binding) do anticorpo com o antígeno o qual determina a sua especificidade. Para tanto, no caso da marcação celular, torna-se necessário o bloqueio dos receptores Fc (do inglês, fragment, crystalizable) presentes na superfície de diversos tipos de células, os quais podem ser responsáveis por inúmeras ligações inespecíficas. Os reagentes bloqueadores são bastante diversificados como por exemplo, soro AB inativado, soro da mesma espécie utilizada para gerar o anticorpo secundário, ou ainda, anticorpo anti-FcR II e III. Uma vez que a suspensão celular tenha sido marcada pela técnica direta ou indireta, procede-se à aquisição das intensidades de fluorescências no citômetro. As células que expressam o antígeno em questão estarão marcadas com o anticorpo conjugado ao fluorocrômo. Estes são excitados pela incidência do feixe de laser e emitem ondas luminosas Material e métodos 83 de diferentes comprimentos. Estas ondas luminosas são detectadas por detectores fotomultiplicadores após terem sido filtradas por um sistema óptico. A seguir, os dados captados são analisados com o auxílio de um software, de acordo com os parâmetros FSC, SSC e fluorescência e podem ser representados em gráficos de pontos (dot plots), histogramas (fluorescência e número de fluorocrômos empregados), ou de um contorno (counter plots). Sempre que necessário, uma janela de análise pode ser criada com o objetivo de estudar em separado uma subpopulação celular. A imunofenotipagem de células mesenquimais foi realizada com a utilização de anticorpos monoclonais que reconhecem antígenos de superfície da membrana da célula. Para a identificação dessas células foi montado um painel contendo os seguintes marcadores CD105 PE (Serothec, Oxford, Inglaterra), CD73 PE, CD51/61 FITC, HLA-ABC PE (BD PharMingen, San Jose, CA, EUA), CD45 FITC, CD14 PE, CD34 PE, CD54 PE, CD44 FITC, CD49e PE, CD29 PE, HLA-Dr FITC, CD90 PE e CD13 PE (Becton Dickinson, San Jose, CA, EUA), KDR FITC (Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, EUA), Stro-1 (marcação indireta com sobrenadante de cultura de células estromais, IgM, gentilmente doado pela pesquisadora Bervely Torok-Storb do Fred Hutchinson Câncer Research Center – Seattle, WA, EUA), além do controle negativo IgG FITC e IgG2a PE (Becton Dickinson, San Jose, CA, EUA). A distribuição e as funções destes antígenos encontram-se descritos no Apêndice D (Tabela A2). No decorrer do trabalho, foram percebidas três populações distintas de células, divididas conforme os parâmetros tamanho e complexidade interna. Com o objetivo de avaliarmos possíveis diferenças quanto à expressão antigênica nestes 3 grupos celulares, estas células foram separadas em janelas ou regiões seguindo os parâmetros FSC e SSC, descritos a seguir e comparadas entre si e em relação à população total (PT): a) região 1 (R1) - população pequena (PP): FSC e SSC de 0 a 250; b) região 2 (R2) - população média (PM): FSC de 250 a Material e métodos 84 650 e SSC de 250 a 800; c) região 3 (R3) - população grande (PG): FSC de 400 a 1024 e SSC de 800 a 1024. As técnicas de marcação com anticorpo fluorescente utilizadas neste trabalho, para análise por citometria, encontram-se descritas abaixo: 4.4.8.1 Marcação direta: Alíquotas de 100 µL, de suspensão celular diluídas em PBS 1X contendo 105 células, foram colocadas em tubos de poliestireno 12 x 75 (Falcon, EUA) previamente identificados com os diferentes marcadores. Logo após, foram adicionados 5 µL dos anticorpos monoclonais marcados com fluorocrômos e as amostras foram incubadas no escuro, à temperatura ambiente, por 20 minutos. A seguir, após terem sido acrescentados 2 mL de PBS 1X em cada tubo, as amostras foram centrifugadas à 300 x g por 3 minutos. Os sobrenadantes foram desprezados, novamente adicionado 2 mL de PBS 1X em cada tubo e a centrifugação repetida. Cada botão celular foi ressuspenso em 200 µL de PBS 1X. 4.4.8.2 Marcação indireta: Neste caso, o anticorpo primário não é marcado com fluorocrômo sendo necessária uma marcação secundária com um anticorpo fluorescente. Foi realizada como na marcação direta até a primeira centrifugação, quando, a seguir foram adicionados em cada amostra, 5 µL de anticorpos monoclonais IgG de cabra anticamundongo marcado com FITC e então, a amostra foi incubada no escuro por 10 minutos, à temperatura ambiente. Cada suspensão celular foi lavada duas vezes com 2 mL de PBS 1X, centrifugada à 300 x g por 3 minutos e seus respectivos botões celulares foram ressuspensos em 200 µL de PBS 1X. Material e métodos 85 As células foram adquiridas e a intensidade de fluorescência foi captada por citometria de fluxo pelo aparelho FACSort™ (Becton Dickinson, San Jose, CA, EUA). Os dados foram analisados com o software CELLQuest™ (Becton Dickinson, San Jose, CA, EUA). 4.4.9 Viabilidade celular: A viabilidade celular também foi avaliada por citometria de fluxo. Para tal, os ácidos nucléicos das células, que estavam com a membrana citoplasmática lesada, foram marcados pelo corante iodeto de propídeo (PI, do inglês propidium iodide) (Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, EUA). Assim, estas células passaram a emitir fluorescência própria que é captada pelo 3º canal do citômetro, o que possibilita a avaliação da viabilidade celular. Esta pode ser aferida em todo o poll de células ou em uma subpopulação previamente marcada com um fluorocrômo (ex: CD34+). Na técnica utilizada, uma alíquota de 100 µL contendo 105 células foi colocada em um tubo de poliestireno 12 x 75 (Falcon, EUA) previamente identificado. Foram adicionados 400 µL de PBS 1X e 50 µL do corante e em seguida, a amostra foi incubada por 10 minutos no escuro e à temperatura ambiente. Nos casos em que o objetivo foi avaliar a viabilidade de uma subpopulação celular, o primeiro passo foi a marcação direta ou indireta das células, como descrita na técnica de citometria de fluxo, porém, após a segunda centrifugação, o botão celular foi ressuspenso em 400 µL de PBS 1X e a seguir , foi adicionado o PI conforme descrito acima. As células foram adquiridas e a intensidade da fluorescência foi captada por citometria de fluxo pelo aparelho FACSort™ (Becton Dickinson, San Jose, CA, EUA). Os dados foram analisados com o software CELLQuest™ (Becton Dickinson, San Jose, CA, EUA). Material e métodos 86 4.4.10 Avaliação do ciclo celular: Para avaliar se havia ou não diferença entre as diversas fases do ciclo celular das CTMs de doadores normais e de pacientes pós-quimioterapia, foi utilizado o CycleTEST™ PLUS DNA Reagent Kit (Becton Dickinson Immunocytometry Systems, San Jose, CA, EUA), cujo princípio consiste na coloração dos ácidos nucléicos pelo iodeto de propídeo, após a eliminação do citoesqueleto e das proteínas nucleares da célula por digestão enzimática (tripsina) e da digestão do RNA (do inglês, ribonucleic acid) celular seguido da estabilização da cromatina nuclear com a enzima espermina. O PI, dependendo da fase do ciclo celular, emite diferentes intensidades de fluorescência que, por sua vez, são captadas pelos detectores fotomultiplicadores do citômetro de fluxo. Para tal, as CTMs foram colhidas por tripsinização, em 4ª ou 5ª passagem e com confluência entre 50 e 80%. O protocolo foi seguido de acordo com as instruções do fabricante e encontra-se descrito abaixo: A uma alíquota 100 µL contendo 105 CTMs, foram acrescentados 250 µL da solução A, em um tubo de poliestireno 12 x 75 (Falcon, EUA) previamente identificado. A amostra foi incubada por 10 minutos no escuro e a seguir, foram acrescentados 200 µL da solução B. A amostra foi reincubada e finalmente, acrescentados 200 µL da solução C. As células foram captadas pelo citômetro FACSort™ (Becton Dickinson, Franklin Lakes, NJ, EUA), adquiridas com o software CELLQuest™ (Becton Dickinson, Franklin Lakes, NJ, EUA) e analisadas pelo software (Modfit™ Becton Dickinson, Franklin Lakes, NJ, EUA). A porcentagem das células nas diferentes fases do ciclo celular foi quantificada e os dados foram expressos em gráficos de histogramas. Material e métodos 87 4.4.11 Diferenciação das CTMs em adipócitos, osteócitos e condrócitos: As CTMs foram induzidas à diferenciação em adipócitos, osteócitos e condrócitos após terem sido coletadas por tripsinização. 4.4.11.1 Adipócitos e osteócitos: Alíquotas de 1 mL contendo 40.000 células/mL (diferenciação em adipócitos e osteócitos) e 5.000 células/mL (controle) foram cultivadas em placas de 24 poços com lamínulas para a realização de estudos morfológicos ou em placas de 35 mm2 para análise da expressão gênica por técnicas moleculares. A diferenciação foi iniciada no mínimo 24 horas após o início do cultivo, quando à aderência e confluência estavam em torno de 50%. Nesta ocasião, todo o meio de cultura foi removido e, a seguir, foi adicionado 1 mL de meio de indução (adipócitos ou osteócitos) ou somente o meio α-MEM 7,5% SFB como controle. As placas foram reincubadas em estufa úmida a 37ºC com 5% de CO2 e metade do meio foi trocado 2 vezes por semana. O meio utilizado para troca continha o dobro da concentração dos agentes indutores. As amostras foram cultivadas em estufa úmida a 37ºC com 5% de CO2 até a diferenciação celular e monitorizadas sob microscopia invertida. O meio utilizado para a indução da diferenciação em adipócitos foi o α-MEM 15% SBF, suplementado com 10 µM de dexametasona (Decadron injetável, Prodome, Campinas, SP, Brasil), 10 µg/mL de insulina (Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, EUA) e 100 mM de indometacina (Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, EUA) e para os osteócitos o α-MEM 7,5% SBF suplementado com 0,10 µM de dexametasona (Decadron injetável, Prodome, Campinas, SP, Brasil), 100 µM de ácido ascórbico e 10 mM de β glicerolfosfato (Reagem, Rio de Janeiro, RJ, Brasil). Material e métodos 88 4.4.11.2 Condrócitos: Para a diferenciação em condrócitos, uma suspensão celular contendo 106 CTMs indiferenciadas, foi ressuspensa em meio indutor, em um tubo cônico de polipropileno de 15 mL e então centrifugada a 146 x g por 5 minutos. O botão celular foi cultivado no próprio tubo, em estufa úmida, a 37ºC com 5% de CO2 e o meio de cultivo foi trocado 2 vezes por semana. Após 14 dias, a amostra foi lavada com PBS 1X e fixada em formol tamponado a 10% por 2 horas. A seguir, a amostra foi diafanizada em banhos sucessivos de álcool a 50, 70, 90%, seguidos de três banhos a 100% com duração de 10 minutos cada. Na seqüência, recebeu dois banhos de xilol a 100%, com duração de 5 e 10 minutos, respectivamente, e então, foi colocada em banho com paraplast liquido a 60ºC, em estufa seca, por 30 minutos e incluída em paraplast. Foram realizados cortes de 4 a 5 µm e colocados sobre lâminas previamente silanizadas. Estas secaram por 12 horas e então, foram colocadas em estufas secas a 60ºC por mais 12 horas, com o objetivo de escorrer o paraplast e fixar o corte. O meio utilizado para a indução da diferenciação em condrócitos foi o DMEM (Gibco™ Carlsbad, CA, EUA), sem SBF suplementado com 10 ng/mL de TGF β3 (PeproTech, Rocky Hill, NJ, EUA), 100 µM de piruvato de Na (Gibco™ Carlsbad, CA, EUA), 0,1 µM de dexametasona (Decadron injetável, Prodome, Campinas, SP, Brasil), 50 µM de ácido ascórbico, 0,5X insulina-transferrina – selenium A (ITS - Gibco™ Carlsbad, CA, EUA) e 0,2% albumina humana (Aventis Behring, Melbourne, Austrália). 4.4.12 Avaliação da morfológica das células: As CTMs foram continuamente avaliadas, por microscopia em contraste de fase, durante todo o cultivo. Também foram tiradas fotos, nas diferentes fases, com o objetivo de documentar os experimentos e a evolução natural das células. Material e métodos 89 Além da microscopia em contraste de fase, foram utilizadas colorações histoquímicas e imunohistoquimicas para avaliação morfológica das células, tanto indiferenciadas, quanto diferenciadas. Esta avaliação foi realizada sob microscopia de luz, utilizando o miscroscópio Axioskop 2 plus (Carl Zeis, Alemanha). As imagens foram capturadas com a câmera digital Axiocam (Carl Zeis, Alemanha) e analisadas como auxílio do software AxioVision (Carl Zeis, Alemanha). As células mesenquimais indiferenciadas foram plaqueadas em lamínulas e após 5 a 7 dias de cultivo foram coradas com a coloração de Leishman ou HE (hematoxilina e eosina), diafinizadas e montadas em permout SP 15 (Fisher, Hampton, NH, Inglaterra). As células diferenciadas em adipócitos e os seus controles foram fixados em paraformaldeído (Electron Microscopy Science, Hatfield, PA, EUA) a 4%, por 15 minutos, à temperatura ambiente, e após, lavados em água destilada e incubados em álcool 70% por 2 a 3 minutos. A seguir, foram coradas com a solução de sudan II-escarlate por 2 a 5 minutos, lavadas em álcool 70% em água corrente e contra-coradas com hematoxilina de Harris por 2 minutos. O material foi montado em glicerina. As células diferenciadas em osteócitos e os seus controles foram fixados em paraformaldeído a 4% por 15 minutos à temperatura ambiente, e após, lavados em água destilada e coradas com solução de nitrato de prata a 5%, no escuro por 30 minutos. Em seguida, foram lavadas em água destilada, expostas a lâmpada de 100W por 60 minutos (coloração Von Kossa) e então, lavadas rapidamente com tiossulfato de sódio a 5%, contracoradas com hematoxilina de Harris, submetidas ao processo de diafinização e a seguir, montadas em permout SP 15. No dia da reação, as amostras diferenciadas em condrócitos foram desparafinizadas em banhos de xilol e série decrescente de álcoois. A seguir, foram lavadas em água corrente e após em água destilada. Na seqüência, foram coradas com HE, Safranina O (Saf O) e Material e métodos 90 tricômico de Massom (TM) e realizada imuno-histoquimica com colágeno II (anticorpo policlonal de coelho, Novocastra™, Benton Lane, Newcastle, Inglaterra). 4.4.13 Análise da expressão gênica para avaliação da diferenciação celular: A análise da expressão gênica foi realizada com o objetivo de avaliar a cinética de expressão dos genes envolvidos na diferenciação em adipócitos e osteócitos. Foram utilizadas células cultivadas em placas de 35 mm2, como anteriormente descrito. Foi utilizada a reação em cadeia da polimerase por transcrição reversa (RT-PCR). Para tanto, o RNA total foi extraído pelo método do TrizolTM (Invitrogen, Carlsbad, CA, EUA) a partir das CTMs indiferenciadas (dia zero) e das culturas de diferenciação em adipócitos e osteócitos nos dias 7, 14, 21, 28, 35 e 42. Após remoção do meio de cultivo, foram adicionados às placas de 35mm2 750 µL de TrizolTM. A mistura foi homogeneizada e coletada com o auxílio de uma pipeta e a seguir congelada a - 80ºC até o momento do uso. Após descongelamento em gelo, foram adicionados às amostras, 200 µL de clorofórmio puro e 100 µg glicogênio, e a seguir, foi feita agitação vigorosa por 15 segundos em vórtex. Na seqüência, esta mistura foi incubada à temperatura ambiente por 5 minutos e centrifugada por 11.538 x g por 15 minutos a 4°C. Após a centrifugação, a fase aquosa da mistura foi transferida para um novo tubo. Em uma etapa posterior, foi realizada a precipitação do RNA, usando para cada tubo 500 µL de álcool isopropílico gelado. As amostras foram incubadas a -20°C por 16 horas e, após esse período, centrifugadas por 9.615 x g por 15 minutos a 4°C. O sobrenadante foi desprezado e acrescentado ao pellet, 1 mL de etanol a 75%. As amostras foram homogeneizadas e centrifugadas por 10.000 x g por 15 minutos a 4°C. A síntese do cDNA (do inglês, complementary desoxiribonucleic acid) foi realizada por Material e métodos 91 meio do kit de transcrição reversa SuperScript III (Invitrogen, Carlsbad, CA, EUA). A partir de 2,0 µg de RNA total, foram adicionados 10 mM de desoxirribonucleotídeo trifosfato (dNTP) mix, 0,5 µg/µL de Oligo (dT)12-18 e água tratada com dietilpirocarbonato (DEPC), em uma quantidade suficiente para completar um volume final de 10 µL. Esta mistura foi incubada à temperaturas de 65°C por 5 minutos e 4°C por um minuto. Transcorrido este tempo, foi adicionado ao tubo de reação um segundo mix contendo: 10x RT buffer, 25 mM de cloreto de Magnésio (MgCl2), 0,1 M de ditiotreitol (DTT) e Rnase OUT Recombinant Rnase Inhibitor. Após homogeneização, a amostra foi incubada a 42°C por dois minutos, na seqüência foi adicionado 1 µL (50 unidades) da enzima SuperScriptTM III RT, novamente incubada a 42°C por 50 minutos e em seguida a 70°C por 15 minutos. O armazenamento foi realizado a 4°C. Para a análise da expressão dos genes envolvidos na diferenciação em adipócitos e osteócitos foram selecionados genes específicos envolvidos neste processo: PPARγ e osteopontina, respectivamente. Como controle endógeno foi utilizado o gene da β-actina. As seqüências dos primers utilizados encontram-se na Tabela 5. Tabela 5: Primers utilizados para a análise da expressão dos genes PPARγ e da osteopontina. Primer PPAR89 PPAR429 OST66 OST388 β-actina forward Seqüência 5’-3’ GTTATGGGTGAAACTCTGGGAG GGAGATGCAGGCTCCACTTTG CCATGAGAATTGCAGTGATTTGC GTCGTTCGAGTCAATGGAGTCC GCCCTGAGGCACTCTTCCA β-actina reverse CCAGGGCAGTGATCTCCTTCT Tamanho (pb) 340 387 195 * PPAR = do inglês, peroxisome proliferator activated receptor γ2; Ost = osteopontina As condições de amplificações foram de 28 ciclos a 94ºC por 40 segundos; 55 a 60ºC por 50 segundos, 72ºC por 1 minuto, 2 minutos, seguidos de 72ºC por 10 minutos e Material e métodos 92 refrigeração. O produto de PCR foi visualizado em gel de agarose a 1% contendo brometo de etídeo (0,1µg/mL) por meio de luz ultravioleta. 4.4.14 Sustentação da hematopoese: No final da década de 70, foi descrito (DEXTER; ALLEN; LAJTHA, 1977) um sistema de cultura líquida que permitia a proliferação das CTHs, de precursores granulocíticos e a manutenção da granulopoese em cultura por várias semanas. Em 1994, este mesmo grupo, publicou um artigo, no qual descreveram uma técnica de diluição limitante, que permite a análise e a quantificação de células iniciadoras de cultura por longo tempo, o que possibilita estimar a atividade de CTHs em amostras clínicas (PETTENGELL et al., 1994). Desde então, vários autores vêm utilizando modificações desta técnica, não só, para um melhor entendimento da sobre as CTHs, mas também, para demonstrar a capacidade das CTMs em sustentar a hematopoese (ZHANG et al., 2004). Para avaliação da capacidade das células mesenquimais em sustentar a hematopoese, foram utilizados os ensaios de co-cultivo destas com CTHs por curto (STC-IC, do inglês, short-term culture-initiating cell) e longo (LTC-IC, do inglês, long-term culture-initiating cell) período de tempo, baseados nos estudos anteriormente descritos, nos quais as células foram cultivadas por 7 e 28 dias, respectivamente. Estes ensaios foram divididos em 3 etapas: a) isolamento e congelamento das células CD34+ de sangue de cordão umbilical e placentário; b) co-cultivo das CTMs e CTHs; c) ensaio clonogênico. 4.4.14.1 Isolamento de células CD34+ de SCUP: Para o isolamento por seleção positiva das células CD34+ foi utilizado o kit de marcação imunomagnética, CD34+ Progenitor Cell Isolation Kit (MACS, Bergisch Gladbach, Material e métodos 93 Alemanha), no qual as células que expressam o antígeno CD34 são imunomarcadas com anticorpos monoclonais conjugados a microesferas paramagnéticas, ficam presas ao passarem pelo campo magnético no interior da coluna LS (LS Separation Columns – MACS, Bergisch Gladbach, Alemanha) e são recuperadas quando a coluna é retirada deste campo. As marcações com os anticorpos monoclonais e os tempos de incubação foram realizadas segundo protocolo descrito abaixo. 4.4.14.1.1. Marcação das células: Após a separação das CMN do SCUP por gradiente de Ficoll e contagem em câmara de Neubauer, a suspensão celular foi centrifugada a 500 x g por 10 minutos a 22ºC e o botão celular foi ressuspenso em 300 µL de solução tampão de coluna (PBS 1X, EDTA 2mM e Albumina 0,5%), 100 µL do reagente A1 (bloqueador do receptor de Fc) e 100 µL do reagente A2 (anticorpo anti-CD34), para cada 1 x108 CMN. A suspensão celular foi homogeneizada, incubada por 15 minutos em geladeira, lavada com 40 mL de solução tampão e a seguir, novamente homogeneizada e centrifugada a 500 x g por 10 minutos. O sobrenadante foi removido e o botão celular ressuspenso em 400 µL de solução tampão. A seguir, a suspensão celular foi incubada por 15 minutos em geladeira (6 a 12ºC) após a adição de 100 µL do reagente B (microesferas paramagnéticas conjugadas a anti-imunoglobulina αCD34). As células foram então lavadas com 40 mL de solução tampão, homogeneizadas, centrifugadas a 500 x g por 10 minutos, o sobrenadante foi removido e o botão celular ressuspenso em 20 mL de solução tampão. 4.4.14.1.2.Separação pela coluna imunomagnética: A suspensão celular foi submetida ao campo magnético no interior da coluna LS e em Material e métodos 94 processo, a coluna foi removida do campo magnético e foram acrescentados 5 mL de solução tampão para a eluição das células marcadas. As células eluídas foram coletadas num tubo cônico de poliestireno 15 mL. O procedimento de eluição foi repetido 2x. A seguir, as células eluídas da 1ª coluna foram novamente submetidas ao campo magnético no interior de uma segunda coluna, para aumentar a pureza da amostra. A suspensão celular foi centrifugada a 500 x g por 10 minutos, o botão celular foi ressuspenso em 2 mL de solução tampão e as células foram contadas em câmara de Neubauer. Uma alíquota contendo 105 células foi separada para determinação da pureza e viabilidade por citometria de fluxo. O restante da amostra foi centrifugado a 500 x g por 10 minutos, ressuspenso em solução de congelamento e congelado à -80ºC por no mínimo 24h quando foi transferido para o nitrogênio liquido. 4.4.14.2 Co-cultivo das CTMs e CTHs: Para avaliar a capacidade das CTMs de diferentes doadores e pacientes em sustentar a hematopoese, foi realizado um experimento no qual as CTHs de SCUP foram cultivadas em meios enriquecidos ou não com citocinas, na presença das CTMs como feeder layer. O meio de cultivo utilizado foi o α-MEM 15% de SBF enriquecido ou não com o seguinte coquetel de citocinas: a) 100 ng/mL de SCF (PeproTech, Rocky Hill, NJ, EUA); b) 20 ng/mL de IL-3 (PeproTech, Rocky Hill, NJ, EUA); c) 20 ng/mL de IL-6 (PeproTech, Rocky Hill, NJ, EUA); d) 50 ng/mL de Flt-3 lig (PeproTech, Rocky Hill, NJ, EUA). O meio de troca foi preparado com o dobro da concentração final desejada de citocinas, com o objetivo de repô-las uma vez por semana. Para tanto, 6 alíquotas contendo 40.000 células mesenquimais foram cultivadas por 24 a 96 horas, em placas de 24 poços até atingiram confluência em torno de 90%. A seguir, foram irradiadas com 16 Gy (fonte de cobalto 60 com irradiação gama) e reincubadas em incubadora úmida a 37ºC com 5% de CO2 após a troca de metade do meio. Material e métodos 95 Para cada paciente ou doador, alíquotas contendo 4 x103 CTHs viáveis foram cultivadas em poços com meio enriquecido com citocinas e CTMs, ou apenas na presença de um destes. Como controle do experimento, as CTHs foram cultivadas sem as CTMs, na presença e na ausência de citocinas. Em um outro poço as CTMs foram cultivadas sem as CTHs. Nos dias 7 (STC-IC) e 28 (LTC-IC) de co-cultivo, as células aderentes e as nãoaderentes foram coletadas e colocadas em um tubo de polipropileno de 15 mL. A seguir, foram centrifugadas por 10 minutos a 500 x g em 900 µL de α-MEM 15% SBF e aquelas com tamanho compatível com as células CD34+ foram contadas. A concentração final das células foi ajustada para que não mais de 100 µL fossem adicionados a cada 3 mL de metilcelulose. A viabilidade celular foi determinadas por imunofenotipagem. 4.4.14.3 Ensaio clonogênico: O ensaio clonogênico foi realizado com o objetivo de quantificar as BFU-E e CFU-GM que se encontravam viáveis ao término do co-cultivo. No dia zero de co-cultivo, 500 a 1.000 células CD34+, foram cultivadas em meio semisólido (Methocult™ without cytokines – Stem Cell Technologies inc. Vacouver, Canada) previamente enriquecido com 50 ng/mL de SCF (PeproTech, Rocky Hill, NJ, EUA), 10 ng/mL de IL-3, (PeproTech, Rocky Hill, NJ, EUA), 10 ng/mL de GM-CSF (PeproTech, Rocky Hill, NJ, EUA), 10 ng/mL de G-CSF (Leucin® Dong-A Pharmaceutical, Taegue, Coréia) e 4 U/mL de EPO (do inglês, erythropoietin – Eprex ® VETTER Pharma Fertigung Ravensburg, Alemanha). Após homogeneização cuidadosa em vórtex, o meio com a suspensão celular foi incubado por 1 a 2 minutos à temperatura ambiente e a seguir, 1 mL do produto foi distribuído em uma placa quadriculada de 35 mm2. Todo experimento foi realizado em Material e métodos 96 duplicata. Após 14 dias de cultivo em incubadora extra-úmida a 37ºC com 5% de CO2, as colônias foram contadas com o auxílio de um microscópio de contraste de fase. Nos dias 7 e 28 de co-cultivo, as células foram colhidas e alíquotas de 103 células com morfologia sugestiva de células CD34+ foram cultivadas como no dia zero. Para o cálculo da expansão das células CD34+ co-cultivadas com as CTMs, a média das colônias obtidas foi multiplicada por um fator para correção da diluição aplicada e do número de células plaqueadas. Para o cálculo da expansão das unidades formadoras de colônias, o resultado acima foi dividido pelo número de colônias obtidas no ensaio realizado com as CTHs antes da expansão (dia zero de cultivo). 4.5 Análise estatística: A análise estatística foi realizada com o auxílio do software GraphPad InStat versão 3.0 para Windows, GraphPad Software, San Diego, Califórnia, EUA, www.graphpad.com. Os gráficos foram criados com o auxílio do software GraphPad Prism versão 3.0 para Windows, GraphPad Software, San Diego, Califórnia, EUA, www.graphpad.com. Os dados foram comparados e analisados com o auxilio da estatística descritiva e de testes não-paramétricos escolhidos devido ao pequeno número de amostras avaliadas. Os valores correspondentes aos percentis 25 (P25) e 75 (P75) dos doadores normais, por convenção, foram utilizados como referência para comparações com os pacientes. O teste de Mann-Whitney foi utilizado para a comparação das amostras independentes. O de Kruskal-Wallis e o de Friedman para comparações envolvendo mais de duas amostras independentes e correlacionadas, respectivamente. Na presença de diferença estatisticamente significante entre os grupos, o pós-teste de comparações múltiplas de Dunn foi aplicado para identificar os subgrupos com real diferença estatística. Foram consideradas como estatisticamente significantes as comparações cujo p valor foi menor que 0,05, i.e., p < 0,05. 5 RESULTADOS Resultados 98 5.1 Características dos pacientes estudados: Os resultados obtidos estão baseados em um estudo envolvendo 18 doadores de medula óssea, dos quais 6 constituem o grupo de doadores normais e 12 o grupo de pacientes. Estes últimos foram classificados em subgrupos segundo a idade (anos), a doença de base (LNH e DH) e o tempo (dias) após o transplante. Os dados foram utilizados para comparações entre o grupo de doadores normais e de pacientes e a seguir entre os doadores normais e os subgrupos acima descritos. Dos 12 pacientes avaliados, 4 são do sexo feminino e 8 do masculino. Seis são portadores de doença de Hodgkin e 6 de linfoma não-Hodgkin. A mediana (amplitude) do tempo (em dias) no qual a amostra de MO foi coletada dos pacientes totais, dos subgrupos com < 180 e com > 1280 dias após o transplante foram, respectivamente, 716 (28 a 1836), 124 (28 a 168), 1620 (1305 a 1836). Os principais esquemas de quimioterapia utilizados como primeira linha para tratamento dos portadores de DH e LNH foram o ABVD e o CHOP, respectivamente. O DHAP, seguido pelo MINE foram os esquemas de resgate mais usados em ambos os casos. Dez dos 12 pacientes receberam radioterapia no sítio da doença, em algum momento do tratamento, sendo que 5 pacientes foram irradiados no mediastino e apenas um na região pélvica. Quanto à idade (anos) a mediana (amplitude) dos doadores normais, pacientes totais, < 40 anos e ≥ 40 anos foram, respectivamente, 31,5 (23 a 42), 37,5 (22 a 49), 30,5 (22 a 35), 44,5 (40 a 49). O teste de Mann-Whitney foi aplicado com o objetivo de avaliar a igualdade de comportamento da idade do grupo de pacientes com o de doadores normais e proporcionou p = 0,1740. Para comparar o comportamento dos subgrupos separados por idade com o grupo de doadores normais, foi aplicado o teste de Kruskal-Wallis que evidenciou a existência de diferença estatisticamente significante (p = 0,0059). A seguir, o teste de comparações múltiplas de Dunn detectou diferença comportamental entre o subgrupo ≥ 40 anos e os Resultados 99 doadores normais (p < 0,05) e entre os primeiros e os < 40 anos (p < 0,05). Por outro lado, não houve diferença estatisticamente significante entre a idade dos DN e a dos < 40 anos (p > 0,05). A Tabela 4 (material e métodos) sumariza as características do pacientes estudados e a Figura 4 representa a distribuição das idades (anos) dos doadores normais, dos pacientes e seus subgrupos. 50 Idade (anos) 45 40 35 P75 30 P25 25 20 DN DP <40a >40a DH LNH <180d >1280d Figura 4: Distribuição das idades (anos) dos doadores normais, pacientes e seus subgrupos. ____ mediana; DN = doador normal; DP = doador paciente; DH = doença de Hodgkin; LNH = linfoma não-Hodgkin. 5.2 Características das amostras de sangue periférico e medula óssea: A crista ilíaca posterior (CIP) foi o local escolhido para a punção da MO, contudo, na paciente 5, devido a dificuldades técnicas, a punção foi realizada na crista ilíaca anterior (CIA). A mediana (amplitude) do volume coletado (mL) e a do número total de CMN (x107) Resultados 100 obtidas foi de 4,5 (4,0 a 5,0) e 4,43 (2,05 a 17,5) respectivamente. A Tabela 6 representa algumas das características das amostras de medula óssea coletadas dos pacientes. Tabela 6: Características das amostras de medula óssea dos pacientes avaliados: Amostra Doença DP-3 DP-4 DP-5 DP-6 DP-7 DP-8 DP-9 DP-10 DP-11 DP-12 DP-13 DP-14 LGCBM DHEN LGCBM DHEN DHEN DHPL LGCBD DHEN LGCBD LGCBD LGCBM DHCM D+ TMO 28 662 1551 1836 104 1620 124 1822 1305 168 159 770 Volume aspirado 4,50 4,50 4,00 4,50 4,50 4,50 4,50 4,50 5,00 4,50 4,50 4,50 Local CMN CIP CIP CIA CIP CIP CIP CIP CIP CIP CIP CIP CIP 5,00 x 107 8,75 x 107 3,25 x 107 7,19 x 107 3,56 x 107 7,56 x 107 3,85 x 107 17,50 x 107 2,06 x 107 10,90 x 107 2,45 x 107 2,05 x 107 Celularidade aparente normocelular normocelular normocelular normocelular normocelular normocelular sem fragmento normocelular normocelular normocelular normocelular normocelular Relação L:E 1,5:1 2,7:1 2,8:1 3,0:1 2,3:1 2,3:1 4,8:1 2,0:1 3,4:1 2,2:1 2,4:1 2,9:1 * D+TMO = número de dias após o transplante de medula óssea; CMN = células mononucleares; relação L:E = relação leucócitos:eritrócitos; DP = doador paciente; DHCM = doença de Hodgkin celularidade mista; DHEN = doença de Hodgkin esclerose nodular; DHPL = doença de Hodgkin predomíneo linfocitário; LGCBD = linfoma de grandes células B difuso; LGCBM = linfoma de grandes células B primário do mediastino; CIP = crista ilíaca posterior; CIA = crista ilíaca anterior. A análise dos mielogramas evidenciou medula óssea normocelular com relação leucoeritrocitária (relação L:E) dentro dos limites da normalidade em todas as amostras exceto na do paciente 9, cuja avaliação foi prejudicada pela ausência do fragmento ósseo. Não foram encontradas alterações displásicas significativas exceto por diseritopoese leve, evidenciada principalmente pela presença de pontes e prolongamentos citoplasmáticos, falhas de hemoglobinização e assincronia de maturação núcleo-citoplasmática, presentes em 10 das 12 amostras estudadas. Os hemogramas dos pacientes e doadores normais encontram-se representados no Apêndice E (Tabela A3). Resultados 101 5.3 Isolamento e cultivo das células-tronco mesenquimais: 5.3.1 Caracterização morfológica: As células-tronco mesenquimais foram isoladas de todas as amostras e então cultivadas até a perda de sua capacidade de expansão. A Figura 5 representa as CTMs em duas fases do cultivo. 630x A B 630x 40x C D 40x Figura 5: Caracterização morfológica das CTMs. A e B: CTMs de um doador paciente em 3ª passagem - coloração Leishman (630X); C: CTMs fibroblastóides, de um doador normal em 1ª passagem (40X); D: CTMs senescentes de um doador paciente em 2ª passagem (40X). As células jovens (A, B e C) apresentam-se morfologicamente como células afiladas, fibroblastóides, com núcleo bem delimitado, dois a três nucléolos bem evidentes e citoplasma amplo, com limites imprecisos e borda irregular. As mais velhas (D) apresentam-se com Resultados 102 significativo do tamanho do citoplasma. As células jovens foram, aparentemente, mais freqüentes nas primeiras passagens e nas amostras cultivadas dos doadores normais, quando comparadas às dos pacientes. 5.3.2 Quantificação das unidades formadoras de colônias fibroblastóides: As unidades formadoras de colônias fibroblastóides foram quantificadas entre o 12º e o 14º dia de cultivo e encontram-se representadas na Figura 6 e na Tabela A4 (Apêndice F). CFU-F (x10 -5 CMN) 10 9 4 3 2 P75 P25 1 0 DN DP <40a >40a DH LNH <180d >1280d Figura 6: Quantificação das unidades formadoras de colônias fibroblastóides (x10-5 CMN plaqueadas) dos doadores normais, pacientes e seus subgrupos. ____ mediana; _____ percentil; P75 = percentil 75 dos DN; P25 = percentil 25 dos DN; DN = doador normal; DP = doador paciente; DH = doença de Hodgkin; LNH = linfoma nãoHodgkin. A mediana (amplitude) das CFU-F (x10-5 CMN plaqueadas) dos doadores normais e dos pacientes totais foram, respectivamente, 1,25 (0,13 a 9,25) e 0,94 (0,00 a 3,75), sendo que, Resultados 103 dos 12 pacientes, 7(58%) apresentaram contagem de CFU-F inferior ao valor correspondente ao P25 dos doadores normais (1,16 x10-5 CMN plaqueadas). As medianas (amplitude) das CFU-F (x10-5 CMN plaqueadas) observadas para os valores organizados e avaliados de acordo com a subclassificação dos pacientes foram: a) por idade: 0,80 (0,00 a 3,75) para < 40 anos e 0,96 (0,00 a 3,45) para ≥ 40 anos; b) por doença: 2,78 (0,28 a 3,75) para a DH e 0,23 (0,00 a 1,18) para o LNH; c) tempo após o transplante: 0,73 (0,00 a 1,18) para < 180 dias e 2,52 (0,00 a 3,45) para > 1280 dias. Sendo que, 4/6 (66,6%) pacientes com idade < 40 anos e 3/6 (50%) com idade ≥ 40 anos apresentaram contagem de CFU-F inferior ao valor correspondente ao percentil 25 dos DN. Tal resultado também foi encontrado em 5/6 (83,3%) dos portadores de LNH e em apenas 2/6 (33,3%) dos portadores de DH, assim como em 4/5 (80%) dos que realizaram o transplante há < 180 dias e 2/5 (40%) dos que o fizeram há > 1280 dias. Contudo, o teste de Mann-Whitney não evidenciou diferença estatisticamente significante entre os grupos de doadores normais e pacientes (p = 0,4421), bem como o de Kruskal-Wallis não rejeitou a equivalência de comportamentos entre os doadores normais e os subgrupos classificados por idade (p = 0,6996), por tempo após o transplante (p = 0,2252) ou por doença (p = 0,0506). 5.3.3 Quantificação do tempo de duplicação das CTMs: O tempo (horas) necessário para a duplicação celular das CTMs foi calculado entre a 1ª e a 2ª passagens e encontra-se representado na Figura 7 e na Tabela A.5 (Apêndice G). A mediana (amplitude) dos valores encontrados para os doadores normais e os pacientes foram, respectivamente, 46,30 (36,36 a 270,59) e 80,66 (34,08 a 195,35) horas, sendo que, apenas 2 (16,6%) dos 12 pacientes, apresentaram um valor de tempo (horas) necessário à duplicação celular inferior àquele correspondente ao P75 dos doadores normais (54,22 horas). Resultados 104 280 270 190 Horas 170 150 130 110 90 70 50 P75 P25 30 DN DP <40a >40a DH LNH <180d >1280d Figura 7: Tempo (horas) necessário à duplicação das CTMs entre a 1ª e a 2ª passagem dos doadores normais, pacientes e seus subgrupos. ____ mediana; _____ percentil; P75 = percentil 75 dos DN; P25 = percentil 25 dos DN; DN = doador normal; DP = doador paciente; DH = doença de Hodgkin; LNH = linfoma não-Hodgkin. As medianas (amplitude) do tempo (horas) necessário à duplicação celular entre a 1ª e a 2ª passagens observadas para os valores organizados e avaliados de acordo com a subclassificação dos pacientes foram, respectivamente: a) por idade: 83,15 (34,08 a 185,64) para os < 40 anos e 80,66 (58,90 a 195,35) para os ≥ 40 anos; b) por doença: 64,05 (49,48 a 185,64) para a DH e 99,77 (34,08 a 195,35) para o LNH; c) tempo após o transplante: 68,33 (34,08 a 107,22) para < 180 dias e 69,01 (49,48 a195,35) para > 1280 dias. Sendo que, 2/6 (33,3%) pacientes com idade < 40 anos e 0/6 (0%) com idade ≥ 40 anos apresentaram valores correspondentes ao tempo (horas) necessário à duplicação celular entre a 1ª e a 2ª passagens, superiores ao percentil 75 dos DN. Tal resultado também foi encontrado em 1/6 (16,6%) dos Resultados 105 portadores de DH e LNH e em 1/5 (20%) dos que realizaram o transplante há < 180 dias ou dos que o fizeram há > 1280 dias. Entretanto, o teste de Mann-Whitney não evidenciou diferença estatisticamente significante entre os grupos de doadores normais e pacientes (p = 0,1025) e os comportamentos dos subgrupos classificados por idade (p = 0,1956), por doença (p= 0,2359) ou por tempo após o transplante (p = 0,2507) foram detectados equivalentes pelo procedimento do teste de Kruskal-Wallis. 5.3.4 Quantificação dos dias que as CTMs permaneceram em cultivo: O dia da última passagem foi considerado como o último dia em que as CTMs permaneceram em cultivo. Os valores correspondentes a este dado encontram-se representado na Figura 8 e na Tabela A.6 (Apêndice H). A mediana (amplitude) dos dias que as CTMs dos doadores normais e dos pacientes permaneceram em cultivo foram, respectivamente, 81 (57 a 103) e 71,50 (46 a 88), sendo que, dos 12 pacientes, 7 (58,3%) apresentaram valores inferiores àquele correspondente ao P25 dos doadores normais (73,25 dias). As medianas (amplitude) dos dias que as CTMs permaneceram em cultivo, observadas para os valores organizados e avaliados de acordo com a subclassificação dos pacientes, foram, respectivamente: a) por idade: 71,50 (46 a 88) para os < 40 anos e 69 (53 a 88) dias para os ≥ 40 anos; b) por doença: 63 (46 a 84) para a DH e 79 (58 a 88) dias para o LNH; c) tempo após o transplante: 85 (58 a 88) para < 180 dias e 70 (56 a 74) dias para > 1280 dias. Sendo que, as CTMs isoladas de 4/6 (66,6%) pacientes com idade < 40 anos e 3/6 (50%) com idade ≥ 40 anos permaneceram em cultivo por um número de dias inferior ao percentil 25 dos DN. Tal resultado também foi encontrado em 4/6 (66,6%) dos portadores de DH e em 3/6 Resultados 106 (50%) dos portadores de LNH, assim como em apenas 1/5 (20%) dos que realizaram o transplante há < 180 dias e 4/5 (80%) dos que o fizeram há > 1280 dias. 110 Dias de cultivo 100 90 P75 80 P25 70 60 50 40 DN DP <40a >40a DH LNH <180d >1280d Figura 8: Duração (dias) do cultivo das CTMs dos doadores normais, pacientes e seus subgrupos. O dia da última tripsinização foi considerado como o último dia de cultivo das CTMs. ____ mediana; _____ percentil; P75 = percentil 75 dos DN; P25 = percentil 25 dos DN; DN = doador normal; DP = doador paciente; DH = doença de Hodgkin; LNH = linfoma não-Hodgkin. Todavia, o procedimento correspondente ao teste de Mann-Whitney não evidenciou diferença estatisticamente significante entre os doadores normais e os pacientes (p = 0,1505). Da mesma forma, o teste de Kruskal-Wallis utilizado na comparação de comportamentos entre o grupo de doadores normais e os subgrupos de pacientes classificados por idade (p = 0,3188), por doença (p= 0,1106) e por tempo após o transplante (p = 0,1375), não rejeitou a equivalência de comportamentos relativos à quantificação média/mediana dos dias em que as CTMs permaneceram em cultivo. Resultados 107 5.3.5 Expansão celular em cultura: A capacidade de expansão em cultura das CTMs foi registrada quantitativamente em cada passagem e a soma destes valores foi convencionado como a expansão final. Estes dados encontram-se representados na Figura 9 e na Tabela A.7 (Apêndice I). Expansão celular 30 25 P75 20 15 P25 10 5 0 DN DP <40a >40a DH LNH <180d >1280d Figura 9: Expansão final das CTMs dos doadores normais, pacientes e seus subgrupos. A capacidade de expansão em cultura foi quantificada em cada passagem e a somas destes valores foi convencionado como a expansão final. ____ mediana; _____ percentil; P75 = percentil 75 dos DN; P25 = percentil 25 dos DN; DN = doador normal; DP = doador paciente; DH = doença de Hodgkin; LNH = linfoma não-Hodgkin. A mediana (amplitude) da expansão das CTMs dos doadores normais e dos pacientes foram, respectivamente, 18,11 (11,85 a 27,48) e 8,17 (1,81 a 28,27) vezes, sendo que, 8/12 pacientes (66,6%) apresentaram valores inferiores àquele correspondente ao P25 dos doadores normais (14,21 vezes). As medianas (amplitude) da expansão das CTMs observadas para os valores organizados e avaliados de acordo com a subclassificação dos pacientes foram, Resultados 108 respectivamente: a) por idade: 14,75 (1,81 a 28,27) vezes para < 40 anos e 7,31 (3,32 a 19,61) vezes para ≥ 40 anos; b) por doença: 9,63 (1,81 a 20,48) vezes para DH e 7,77 (3,32 a 28,27) vezes para o LNH; c) tempo após o transplante: 17,95 (6,91 a 28,27) vezes para < 180 dias e 7,71 (3,32 a 20,48) vezes, para os > 1280 dias. Sendo que, 3/6 (50%) pacientes com idade < 40 anos e 5/6 (83,3%) com idade ≥ 40 anos apresentaram um valor de expansão inferior ao correspondente ao percentil 25 dos DN. Tal resultado também foi encontrado em 4/6 (66,6%) dos portadores de DH ou LNH, assim como em 2/5 (40%) dos que realizaram o transplante há < 180 dias e 4/5 (80%) dos que o fizeram há > 1280 dias. Entretanto, o teste de Mann-Whitney, ao comparar a capacidade de expansão das CTMs dos doadores normais e pacientes, não encontrou diferença estatisticamente significante entre os grupos (p = 0,0668). De maneira similar, o teste de Kruskal-Wallis não rejeitou a equivalência de comportamentos entre os doadores normais e os subgrupos classificados por doença (p= 0,1720), tempo após o transplante (p = 0,1424) ou idade (p = 0,0853). 5.4 Avaliação do tamanho e complexidade interna das CTMs: As CTMs foram subdivididas em janelas seguindo os parâmetros FSC e SSC, previamente descritos. A Figura 10 representa as subpopulações celulares. Os valores porcentuais medianos (amplitude) observados, no grupo de doadores normais e de pacientes foram, respectivamente, para as células pequenas 17,90 (5,92 a 23,00) e 26,15 (6,74 a 62,00), para as médias 71,95 (59,13 a 89,32) e 65,44 (25,62 a 89,49) e grandes 6,99 (3,23 a 16,59) e 6,09 (1,76 a 10,45). A distribuição dos valores encontrados para os pacientes foi mais heterogênea que no grupo de doadores normais. O valor correspondente ao P25 dos doadores normais, foi ultrapassado por 9/12 (75%) dos pacientes no caso das células pequenas (P25 - 11,57%) e não foi alcançado em 7/12 (58,3%) para as células médias (P25 - 67,06%). Resultados 109 O teste de Mann-Whitney foi aplicado para comparação entre a porcentagem média/mediana de células em cada subpopulação dos pacientes e doadores normais e não encontrou diferença entre a porcentagem de células pequenas (p = 0,1505), médias (p = 0,2496) e grandes (p = 0,8916). A Figura 11 e a Tabela A.8 (Apêndice J) representam a porcentagem de células encontradas em cada uma das subpopulações de CTMs de pacientes e doadores normais. Figura 10: Subpopulações de CTMs. As CTMs foram avaliadas por citometria de fluxo e subdivididas em grupos celulares de acordo com os parâmetros tamanho e complexidade interna. A região R1 engloba a subpopulação de células pequenas (PP), a R2 a de células médias (PM) e a R3 a de células grandes (PG). Células (%) 100 75 50 25 0 DN-PP DP-PP DN-PM DP-PM DN-PG DP-PG Figura 11: Porcentagem de CTMs dos doadores normais e dos pacientes em cada uma das subpopulações celulares. As CTMs foram separadas em grupos baseados nos parâmetros tamanho e complexidade interna. DP = doador paciente, DN = doador normal; PP = população pequena, PM = população média e PG = população grande. ____ Resultados 110 5.5 Imunofenotipagem das CTMs: A expressão antigênica das proteínas de superfície das CTMs foi avaliada por citometria de fluxo pela técnica de imunofenotipagem. Os resultados encontrados demonstram que as células isoladas possuem características imunofenotípicas compatíveis com as das CTMs, tanto para os doadores normais quanto para os pacientes, isto é, expressão baixa ou ausente dos marcadores de células hematopoéticas (CD34, CD14, CD45), endoteliais (CD51/61, KDR) e HLA-DR, expressão baixa a moderada do Stro-1 e significativa, mas em diferentes níveis de intensidade, dos antígenos CD73, CD105, CD90, CD13, CD29, CD49e, CD54, CD44 e HLA-ABC. A Figura 12 representa esquematicamente o resultado da imunofenotipagem das CTMs de pacientes e doadores normais e mostra, na forma de histograma, a porcentagem de células, dentre as totais, que expressam cada um dos antígenos avaliados. As porcentagens médias/medianas (amplitude) de células dos doadores normais e dos pacientes que expressam os antígenos a seguir foram, respectivamente: a) CD45: 0,06 (0,00 a 0,34) e 0,10 (0,00 a 1,29); b) CD14: 0,02 (0,00 a 0,25) e 0,21 (0,00 a 4,08); c) CD34: 0,76 (0,00 a 1,49) e 0,40 (0,04 a 3,48); d) KDR: 1,31 (0,48 a 7,10) e 0,59 (0,00 a 3,32); e) CD51/61: 1,46 (1,01 a 3,84) e 1,58 (0,10 a 9,61); f) HLA-DR: 0,79 (0,28 a 2,07) e 0,80 (0,00 a 3,86); g) HLA-ABC: 70,41 (7,74 a 89,77) e 73,61: (0,35 a 94,62); h) CD105: 80,61 (56,79 a 82,96) e 51,57 (18,24 a 75,23); i) CD73: 88,30 (46,35 a 95,29) e 82,21 (2,19 a 97,56); j) Stro-1: 13,29 (1,95 a 36,04) e 14,98 (0,76 a 27,46); l) CD90: 98,65 (97,21 a 99,01) e 98,24 (73,13 a 99,53); m) CD29: 87,94 (79,03 a 96,61) e 87,06 (15,47 a 97,12); n) CD13: 97,46 (92,93 a 98,68) e 95,20 (36,82 a 98,74); o) CD49e: 85,56 (57,36 a 95,19) e 83,55 (3,89 a 96,23); p) CD54: 31,36 (8,00 a 50,73) e 35,75 (1,57 a 64,42); q) CD44: 41,31 (2,41 a 93,57) e 63,37 (0,39 a 92,66). Alguns destes valores encontram representados na Figura 13. Resultados 111 Figura 12: Imunofenotipagem das CTMs do paciente 12 em 3ª passagem. A expressão antigênica das glicoproteínas de superfície das CTMs foi avaliada por citometria de fluxo pela técnica de imunofenotipagem e encontra-se expressa na forma de histogramas. Os dados foram analisados e a porcentagem média/mediana de células que expressam os antígenos de superfície da população total e de cada uma de suas subpopulações (células pequenas (PP), médias (PM) e grandes (PG)) foi comparada entre os grupos de pacientes e doadores normais com o teste de Mann-Whitney. Não houve diferença estatisticamente significante em nenhuma das comparações indicando assim comportamentos equivalentes entre os grupos comparados dois a dois. A intensidade de fluorescência dos antígenos analisados para a população total de células e suas subpopulações encontra-se nas Tabelas A.9, A.10, A.11, A.12 (Apêndice L) para os pacientes e nas Tabelas A.13, A.14, A.15, A.16 (Apêndice M) para os doadores normais. Resultados 112 7.5 % Expressão antigênica % Expressão antigênica 5 4 3 2 1 0 CD45 DN A CD45 DP CD14 DN CD14 DP 0.0 % Expresão antigênica % Expressão antigênica CD34 DN CD34 DP KDR DN KDR DP Stro-1 DN Stro-1 DP CD44 DN CD44 DP CD90 DN CD90 DP CD13 DN CD13 DP 100 85 75 65 55 45 35 8 6 4 75 50 25 2 0 0 HLA-I DN C HLA-I DP HLA-DR DN HLA-DR DP D 100 100 85 % Expressão antigênica % Expressão antigênica 2.5 B 95 70 55 40 20 10 0 E 5.0 CD73 DN CD73 DP CD105 DN CD105 DP F 90 80 70 60 40 35 30 Figura 13: Expressão antigênica (porcentagem) das proteínas de superfície das CTMs dos doadores normais e dos pacientes. A expressão antigênica das proteínas de superfície das CTMs foi avaliada por citometria de fluxo pela técnica de imunofenotipagem. Expressão dos antígenos: A: CD45 e CD14; B: CD34 e KDR; C: HLA-ABC e HLA-DR; D: Stro-1 e CD44; E: CD73 e CD105; F: CD90 e CD13. DP = doador paciente, DN = doador normal; CD = do inglês, cluster of differentiation, HLA= do inglês, human leucocyte antigen ____ mediana. 5.6 Avaliação da viabilidade celular: A viabilidade celular foi avaliada por citometria de fluxo. A técnica utilizada foi a da Resultados 113 A mediana (amplitude) da viabilidade celular das CTMs dos doadores normais totais e dos pacientes foram 88,66 (86,95 a 94,40) e 86,33 (73,82 a 93,73), respectivamente. Os dados foram analisados pelo teste de Mann-Whitney que não evidenciou diferença estatisticamente significante entre os porcentuais médios/medianos da viabilidade celular dos grupos (p = 0,1877). Estes dados encontram-se representados graficamente na Figura 14. p = 0,1877 % viabilidade 100 90 80 70 Doadores normais Pacientes Figura 14: Viabilidade das CTMs dos doadores normais e dos pacientes. A viabilidade celular foi avaliada por citometria de fluxo após marcação com iodeto de propídeo. mediana. Teste Mann-Whitney (p = 0,1877). ____ A viabilidade celular nas subpopulações de células pequenas, médias e grandes também foi avaliada. A Figura 15 mostra de forma representativa os resultados obtidos tanto para os pacientes quanto para os doadores ilustrando a viabilidade da população total de células e suas subpopulações. A área vermelha representa as células pequenas, a verde as células médias e a rosa as células grandes. Resultados 114 Figura 15: Viabilidade das subpopulações de células pequenas, médias e grandes das CTMs do paciente 10 em 3ª passagem. A viabilidade celular foi avaliada por citometria de fluxo após marcação com iodeto de propídeo. As CTMs foram subdivididas em grupos celulares de acordo com os parâmetros tamanho e complexidade interna. A região em vermelho engloba a população de células pequenas (PP), a verde a de células médias (PM) e a rosa a de células grandes (PG). A porcentagem mediana (amplitude) de células viáveis das subpopulações dos grupos de doadores normais e de pacientes foi, respectivamente: a) células pequenas 89,13 (58,41 a 91,92) e 85,00 (57,00 a 93,38); b) células médias 91,89 (87,31 a 95,56) e 86,72 (65,58 a 96,62); c) células grandes 72,88 (55,65 a 91,03) e 79,33 (44,86 a 90,05). A Figura 16 representa graficamente os valores observados para as populações de células totais e suas subpopulações, tanto para os doadores normais quanto para os pacientes. Estes dados se encontram organizados na Tabela A.17 (Apêndice N). O teste de Mann-Whitney, utilizado para comparar a porcentagem média/mediana da viabilidade celular populacional do grupo de pacientes com o de doadores normais, não evidenciou diferença estatisticamente significante entre as subpopulações de células pequenas (p = 0,9593), médias (p = 0,3827) e grandes (p = 0,7990). O mesmo, também não foi evidenciado pelo teste de Freidman, utilizado para comparar as subpopulações dentro de um mesmo grupo, com p = 0,1738 para o de pacientes e p = 0,0934 para o de doadores normais. Resultados 115 % Viabilidade 100 90 80 70 60 50 DN-PP DP-PP DN-PM DP-PM DN-PG DP-PG Figura 16: Viabilidade celular das diferentes subpopulações de acordo com os parâmetros tamanho e complexidade interna. A viabilidade celular foi avaliada por citometria de fluxo após marcação dos ácidos nucléicos das células com iodeto de propídeo. ____ mediana. DP = doador paciente, DN = doador normal; PP = população pequena, PM = população média e PG = população grande. 5.7 Avaliação do ciclo celular: Para avaliar o comportamento das CTMs do grupo de doadores normais e do de pacientes nas diversas fases do ciclo celular foi utilizado o CycleTEST™ PLUS DNA Reagent Kit, cujo princípio baseia-se na emissão pelo iodeto de propídeo de diferentes intensidades de fluorescência nas diversas fases do ciclo celular. Estas são captadas por um citômetro de fluxo, analisadas e expressas em porcentagem de células em cada fase do ciclo celular por meio de gráficos de histogramas como representado na Figura 17. A porcentagem mediana (amplitude) do número de CTMs dos doadores normais e dos pacientes totais presentes em cada fase do ciclo celular foram: a) GO-G1 82,41 (82,19 a 87,02) e 85,63 (63,19 a 92,17); b) G2-M 6,59 (5,75 a 7,08) e 1,37 (0,00 a 4,62); c) Fase S 10,67 (6,59 a 12,05) e 12,17 (3,33 a 36,81), respectivamente. Resultados 116 Figura 17: Análise do ciclo celular das CTMs do paciente 8 em 4ª passagem. O pico maior, em vermelho, representa a fase G0-G1 (82,1%), o menor, a G2-M (4,42%) e a área entre os canais 50 e 100, tracejada em azul, a fase S (13,48%). Os dados foram avaliados com o auxílio do teste de Mann-Whitney que evidenciou diferença estatisticamente significante, entre as porcentagens médias/medianas de células, dos grupos de pacientes e doadores normais, na fase G2-M (p = 0,004) do ciclo celular, contudo, o mesmo não foi demonstrado para as fases GO-G1 (p = 1,000) e S (p = 0,6828). Os resultados observados encontram-se na Tabela A.18 (Apêndice O) e representados na Figura 18. 100 90 Células (%) 80 70 60 40 30 20 10 0 DN G0G1 DP G0G1 DN G2M DP G2M DN S DP S Figura 18: Porcentagem de células dos doadores normais e dos pacientes nas fases G0G1, G2-M e S do ciclo celular. O teste de Mann-Whitney evidenciou comportamentos equivalentes da porcentagem média/mediana de células dos grupos de pacientes e doadores normais, nas fases G0-G1 (p = 1,000) e S (p = 0,6828) do ciclo celular. Tal equivalência de comportamento, não foi observada na fase G2-M (p = 0,004). ____ Resultados 117 5.8 Diferenciação das CTMs em adipócitos, osteócitos e condrócitos: As CTMs indiferenciadas dos doadores normais e dos pacientes foram induzidas à diferenciação em adipócitos e osteócitos pelo cultivo em meio específico. Esta diferenciação foi nitidamente evidenciada no caso dos adipócitos e osteócitos, a partir do 15º e 30º dia de cultivo, respectivamente, em todas as amostras para as quais o experimento foi concluído. Entretanto, as amostras DP04, DP09, DP11 e DP14 evoluíram para senescência precoce não sendo possível realizar este ensaio já que não havia número suficiente de células. As Figuras 19 e 20 ilustram a diferenciação em adipócitos e osteócitos. A B C D Figura 19: Exemplos de CTMs diferenciadas ex vivo em adipócitos. As CTMs foram cultivadas em α-MEM 15% SBF, suplementado com dexametasona, insulina e indometacina. Coloração sudan II – escarlate e hematoxilina de Harris. A: DP 07 corado no dia 28 de cultivo (100x). B, C e D: DP 13 corado no dia 18 de cultivo, B (630x), C (1000x) e D controle negativo da diferenciação, cultivado em α-MEM 7,5 % SBF sem suplementos (630x). Resultados 118 A B C D Figura 20: Exemplos de CTMs diferenciadas ex vivo em osteócitos. As CTMs foram cultivadas em α-MEM 7,5% SBF, suplementado com dexametasona, ácido ascórbico e β-glicerolfosfato. Coloração Von Kossa e hematoxilina de Harris. A, B e D: DP 05 corado no dia 39 de cultivo; A (100x), B (630x) e D controle negativo da diferenciação, cultivado em α-MEM 7,5% SBF sem suplementos (630x). C: DP 03 corado após 65 dias de cultivo (630x). As CTMs foram cultivadas em α-MEM enriquecido com 7,5% SFB, sem a presença de agentes indutores à diferenciação, com o objetivo de servir como controle da reação. Estas células permaneceram indiferenciadas durante o tempo necessário para a diferenciação em adipócitos (Figura 19D). Contudo, quando mantidas em cultivo por mais tempo como no caso da diferenciação osteogênica dos pacientes, as CTMs se diferenciaram espontaneamente em osteócitos (Figura 20D), porém, em menor intensidade do que as cultivadas em meio indutor específico (Figura 20B). A diferenciação espontânea em osteócitos dos doadores Resultados 119 Três amostras de doadores normais e cinco de pacientes foram induzidas à diferenciação ex vivo em adipócitos e osteócitos e avaliadas quanto à expressão dos genes PPARγ e OST, respectivamente, por RT-PCR. O gene da osteopontina já se encontrava expresso, em diferentes intensidades, nas CTMs indiferenciadas tanto dos pacientes quanto dos doadores normais. O gene PPARγ iniciou uma fraca expressão no 7º dia, sendo que esta expressão foi claramente percebida no 14º dia de cultivo em meio indutor. Ambos os genes continuaram sendo expressos até o dia 42 de cultivo, quando o ensaio foi encerrado. A Figura 21 ilustra a expressão destes genes nas amostras do DP 13 e DN13. Figura 21: Avaliação da expressão dos genes PPARγ e osteopontina por RT-PCR durante a diferenciação ex vivo das CTMs em adipócitos e osteócitos. * indica a amplificação do gene do controle endógeno β-actina Amostras com CTMs indiferenciadas de pacientes e doadores normais foram cultivadas em tubos cônicos de polipropileno com meio indutor específico sem SBF e suplementado com TGFβ3. As células foram incluídas em paraplast entre os dias 13 e 15 de cultivo. A diferenciação foi evidenciada pela perda da morfologia de células fibroblastóides, passando-se a apresentar como células arredondadas e posteriormente pelo aparecimento de regiões muito semelhantes às lacunas condrocitárias e, pela produção de matriz extracelular rica em colágeno comprovada pela coloração tricômico de Masson e pela imuno-histoquimica com anticorpo específico anti-colágeno II. Não foi obtido número suficiente de células para este ensaio das amostras DP04, DP05, DP11 e DP14. A Figura 22 ilustra esta diferenciação. Resultados 120 A B C D Figura 22: Exemplos de CTMs diferenciadas ex vivo em condrócitos. As células foram cultivadas em um tubo cônico de polipropileno, em DMEM sem SBF, suplementado com TGFβ3 piruvato de Na+, ácido ascórbico, albumina humana, dexametasona e insulina-transferrina-selenium. A, C e D: amostra do DP 13, incluída em paraplast no 14º dia de cultivo. A: imunohistoquímica para colágeno II (400x), note células fortemente coradas em marrom (setas azuis) pelo anticorpo específico e a presença de lacunas condrocitárias (setas alaranjadas); C: hematoxilina e eosina (1000x), note a presença de células com característica morfológica sugestiva de condrócito (seta verde); D: tricômico de Masson (1000x) note a matriz de colágeno em torno das células corada em azul (seta vermelha). B: DN12, amostra incluída em paraplast no 14º dia de cultivo, controle negativo da imuno-histoquímica (1000x), note a ausência de células coradas pelo anticorpo. 5.9 Sustentação da Hematopoese: Quatro amostras de CTMs de doadores normais e seis de pacientes foram escolhidas para o ensaio de sustentação da hematopoese. As células foram irradiadas e após, cocultivadas com CTHs por 7 (ensaio de STC-IC) e 28 dias (ensaio de LTC-IC). A seguir, as células foram coletadas, aquelas com morfologia de CTHs foram contadas, plaqueadas em Resultados 121 metilcelulose para realização de ensaio clonogênico e as restantes, foram enviadas para análise de viabilidade celular pela técnica de incorporação do iodeto de propídeo. A Figura 23 ilustra o co-cultivo das CTMs e CTHs na ausência (A) e na presença (B) de citocinas, além de exemplos de BFU-E (C) e CFU-GM (D). 100x 100x A B 100x C D 100x Figura 23: Fotos ilustrativas do co-cultivo das CTMs com as CTHs e do ensaio clonogênico. As CTMs foram co-cultivadas com as CTHs por 7 e 28 dias. A: Cocultivo das CTMs e CTHs na ausência de citocinas (100x). B: Co-cultivo das CTMs e das CTHs na presença de citocinas (100x). C: Ensaio clonogênico, exemplo de duas BFU-E (100x). D: Ensaio clonogênico, exemplo de uma CFU-GM (100x). CTMs = células-tronco mesenquimais; CTHs = células-tronco hematopoéticas; CFU-GM = do inglês, colony forming unit-granulocyte-monocyte; BFU-E = do inglês, burst forming unit- erythroid; A expansão das células CD34+ dos pacientes e doadores normais na ausência e na presença de citocinas, após 7 e 28 dias de co-cultivo com as CTMs, foi calculada após a quantificação das células CD34+ viáveis. Resultados 122 A mediana (amplitude) dos valores encontrados na expansão de células CD34+ após cocultivo com as CTMs de doadores normais e de pacientes por 7 dias foram 3,24 (2,15 a 4,91) e 3,13 (2,42 a 4,29) na ausência e 5,22 (4,81 a 7,26) e 6,33 (5,72 a 7,36) na presença de citocinas, respectivamente. Estes dados encontram-se representados na Figura 24 e sumarizados na Tabela A.19 (Apêndice P). p = 0,9143 4 3 2 1 0 A CTM DN CTM DP Sem CTM p = 0,1714 9 Expansão das Células CD34+ Expansão das Células CD34+ 5 8 7 6 5 4 B CTM/CIT DN CTM/CIT DP CIT Figura 24: Expansão das CTHs (CD34+) na ausência (A) e presença de citocinas (B) após co-cultivo com as CTMs por 7 dias. As CTHs foram co-cultivadas com as CTMs por 7 dias quando as células CD34+ viáveis foram quantificadas e a sua expansão calculada. CTM = células-tronco mesenquimais; DP = doador paciente; DN = doador normal; Sem CTM = controle experimento, as células CD34+ forma cultivadas na ausência das CTM; CIT = citocinas, controle do experimento, células cultivadas apenas com citocinas, na ausência das CTM. ____ mediana. A mediana (amplitude) dos valores encontrados na expansão de células CD34+ após o co-cultivo com as CTMs de doadores normais e de pacientes por 28 dias foram 4,12 (3,84 a 4,68) e 4,46 (3,42 a 5,09) na ausência e 7,49 (6,51 a 8,38) e 7,21 (6,83 a 7,80) na presença de citocinas, respectivamente. Estes dados encontram-se representados na Figura 25 e sumarizados na Tabela A.20 (Apêndice P). O teste de Mann-Whitney não evidenciou diferença de comportamento quanto à expansão de células CD34+ co-cultivadas com as CTMs do grupo de doadores normais e as do grupo de pacientes, na presença (p = 0,1714 e p = 0,1667) ou na ausência (p = 0,9143 e p = 0,4762) de citocinas por 7 e 28 dias, respectivamente. Resultados 123 p = 0,4762 4.5 3.5 2.5 1.5 0.5 A CTM DN CTM DP Sem CTM p = 0,1667 9 Expansão das Células CD34+ Expansão das Células CD34+ 5.5 8 7 6 B CTM/CIT DN CTM/CIT DP CIT Figura 25: Expansão das CTHs (CD34+) na ausência (A) e presença de citocinas (B) após co-cultivo com as CTMs por 28 dias. As CTHs foram co-cultivadas com as CTMs por 28 dias quando as células CD34+ viáveis foram quantificadas e a sua expansão calculada. CTM = células-tronco mesenquimais; DP = doador paciente; DN = doador normal; Sem CTM = controle experimento, as células CD34+ forma cultivadas na ausência das CTM; CIT = citocinas, controle do experimento, células cultivadas apenas com citocinas, na ausência das CTM. ____ mediana. O ensaio clonogênico foi realizado com o objetivo de quantificar as BFU-E e CFU-GM que se encontravam viáveis ao término do co-cultivo com as CTMs de pacientes e doadores normais na presença e na ausência de citocinas. Para tal, células CD34+ foram plaqueadas em meio semi-sólido nos dias zero, 7 e 28 deste ensaio. As colônias CFU-GM e BFU-E foram contadas após o cultivo por 14 dias e a expansão destas foi calculada como previamente descrito. A mediana (amplitude) dos valores encontrados na expansão das células iniciadoras de colônias após co-cultivo das células CD34+ com as CTMs de doadores normais e de pacientes por 7 dias foram, respectivamente: a) CFU-GM: 7,25 (3,52 a 10,75) e 6,40 (4,74 a 10,40) na ausência e 56,36 (41,21 a 271,48) e 258,31 (195,88 a 347,27) na presença de citocinas; b) BFU-E: 1,19 (0,50 a 3,29) e 1,43 (0,38 a 2,80) na ausência e 31,41 (27,27 a 34,27) e 24,58 (6,81 a 38,64) na presença de citocinas. O teste de Mann-Whitney não evidenciou diferença de comportamento quanto à expansão de CFU-GM e das BFU-E após o co-cultivo das células CD34+ com as CTMs, do Resultados 124 na presença (p = 0,0667 e p = 0,4762) de citocinas, respectivamente. Os valores observados encontram-se representados na Figura 26 e nas Tabelas A.21 e A.22 (Apêndice Q). p = 1,000 9 6 3 CTM DN CTM DP 4 Sem CTM 300 200 100 CTM/CIT DN B p = 0,9143 CTM/CIT DP 3 2 1 CIT p = 0,4762 140 Expansão BFU-E Expansão BFU-E 400 0 0 A p = 0,0667 500 Expansão CFU-GM Expansão CFU-GM 12 120 100 80 60 40 20 0 C 0 CTM DN CTM DP Sem CTM D CTM/CIT DN CTM/CIT DP CIT Figura 26: Expansão das CFU-GM e BFU-E após 7 dias de co-cultivo. As células CD34+ foram co-cultivadas com CTMs de pacientes (DP) e doadores normais (DN) por 7 dias na presença e ausência de citocinas. A e B: expansão das CFU-GM na ausência (A) e na presença (B) de citocinas. C e D: expansão das BFU-E na ausência (C) e na presença (D) de citocinas. CFU-GM = do inglês, colony forming unit-granulocyte-monocyte; BFU-E = do inglês, burst forming unit- erythroid; DP = doador paciente; DN = doador normal; Sem CTM = controle experimento, as células CD34+ forma cultivadas na ausência das CTM; CIT = citocinas, controle do experimento, células cultivadas apenas com citocinas, na ausência das CTM. ____ mediana. A mediana (amplitude) dos valores encontrados na expansão das células iniciadoras de colônias após co-cultivo das células CD34+ com as CTMs dos doadores normais e dos pacientes por 28 dias foram, respectivamente: a) CFU-GM 3,91 (0,45 a 8,10) e 0,56 (0,00 a 11,40) na ausência e 799,32 (23,79 a 1039,0) e 49,21 (0,00 a 293,04) na presença de citocinas; b) BFU-E 0,21 (0,00 a 10,82) e 0,00 (0,00 a 0,00) na ausência e 97,43 (6,29 a 134,45) e 10,38 (0,00 a 40,02) na presença de citocinas. Resultados 125 Não foi detectada diferença de comportamento, pelo teste de Mann-Whitney, quanto à expansão das CFU-GM (p = 0,4762) após o co-cultivo sem citocinas, nem para as CFU-GM (p = 0,1714) e BFU-E (p = 0,1143) após o co-cultivo na presença de citocinas. Os valores observados encontram-se representados na Figura 27 e nas Tabelas A.23 e A.24 (Apêndice R). p = 0,4762 9 6 3 950 700 300 200 100 0 0 CTM DN A CTM DP Sem CTM CTM/CIT DN B 11 CTM/CIT DP 10 0.5 0.4 0.3 0.2 CIT p = 0,1143 150 Expansão BFU-E Expansão BFU-E p = 0,1714 1200 Expansão CFU-GM Expansão CFU - GM 12 100 50 0.1 0.0 C CTM DN CTM DP Sem CTM 0 D CTM/CIT DN CTM/CIT DP CIT Figura 27: Expansão das CFU GM e BFU-E após 28 dias de co-cultivo. As células CD34+ foram co-cultivadas com CTMs de pacientes (DP) e doadores normais (DN) por 28 dias na presença e ausência de citocinas. A e B: expansão das CFU-GM na ausência (A) e na presença (B) de citocinas. C e D: expansão das BFU-E na ausência (C) e na presença (D) de citocinas. CFU-GM = do inglês, colony forming unit-granulocyte-monocyte; BFU-E = do inglês, burst forming unit- erythroid; DP = doador paciente; DN = doador normal; Sem CTM = controle experimento, as células CD34+ forma cultivadas na ausência das CTM; CIT = citocinas, controle do experimento, células cultivadas apenas com citocinas, na ausência das CTM. ____ mediana. 6 DI SCUSSÃO Discussão 127 Neste estudo foram avaliadas amostras de CTMs de MO de 6 doadores normais e 12 pacientes, portadores de linfoma de Hodgkin ou não-Hodgkin, submetidos ao transplante autólogo de CTHs no HC-FMRP-USP. Os critérios de inclusão foram: a) ausência, em qualquer momento, de infiltração da MO pela doença; b) idade entre 18 e 65 anos; c) protocolo BEAM como regime de condicionamento para o auto-TMO. Os resultados obtidos foram utilizados para comparações entre os grupos de doadores normais e pacientes e a seguir, entre os doadores normais e os subgrupos classificados de acordo com a idade (anos), a doença de base (LNH e DH) e o tempo (dias), após o transplante. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa do HC-FMRP-USP e a privacidade dos envolvidos foi preservada em todas as fases da pesquisa. 6.1 São as mesenquimais células-tronco? Apesar do crescente interesse clínico e experimental, ainda muito pouco se sabe sobre a biologia destas células. As características das CTMs diferem entre os laboratórios e ainda não há um marcador específico ou uma combinação destes que identifiquem esta célula in vivo ou ex vivo. Assim, as CTM atualmente são definidas por uma combinação de critérios físicos, morfológicos, fenotípicos e propriedades funcionais (JAVAZON; BEGGS; FLAKE, 2004). Embora esta terminologia seja freqüentemente utilizada, a legitimidade de se considerar as células mesenquimais como “tronco” não está provada. Isto ocorre porque até o momento, não foi rigorosamente demonstrado in vivo, ao nível de uma única célula, que a CTM é capaz de regenerar ou manter um compartimento celular, já que ainda não foram transplantadas, isoladas e novamente implantadas em gerações consecutivas de receptores (JAVAZON; BEGGS; FLAKE, 2004; FEHRER; LEPPERDINGER, 2005). Estes experimentos são difíceis Discussão 128 de ser realizados devido à sua vasta distribuição no organismo e à ausência de marcadores específicos para esta célula (FEHRER; LEPPERDINGER, 2005). Se este “atributo” for avaliado no contexto de uma definição menos restrita, como a capacidade de auto-renovação e a habilidade de originar um ou mais tipos de progenitores, com base em experimentos ex vivo, a célula mesenquimal pode ser qualificada como uma célula-tronco. Contudo, esta designação é baseada apenas em estudos in vitro, posto que, até o presente momento, as CTMs de um determinado tecido, ainda não foram isoladas, caracterizadas e as suas propriedades biológicas avaliadas sem manipulação prévia. Sendo assim, mais dados in vivo, demonstrando seu potencial terapêutico e suas características biológicas, são necessários antes destas serem aclamadas como células-tronco verdadeiras (JAVAZON; BEGGS; FLAKE, 2004; LE BLANC; RINGDÉN 2005). Como ainda não existem dados convincentes para sustentar a idéia de que, esta população heterogênea de células, apesar da sua multipotencialidade e da sua capacidade de regenerar tecidos ex vivo, seja de células-tronco legítimas, ISCT propôs que a nomenclatura células mesenquimais estromais multipotentes seja utilizada (HORWITZ et al., 2005). Mais recentemente, com o objetivo de uniformizar a caracterização e facilitar o entendimento entre os diversos pesquisadores, esta mesma sociedade definiu os critérios mínimos para uma célula ser considerada mesenquimal estromal multipotente. São eles: a) capacidade de aderência ao plástico nas condições usuais de cultivo; b) expressão antigênica, aferida por citometria de fluxo, ≥ 95% para os antígenos CD105, CD73 e CD90 e ≤ 2% (ausência de expressão) para os antígenos CD45, CD34, CD14 ou CD11b, CD79α ou CD19 e HLA-Dr; c) diferenciação in vitro em osteoblastos, adipócitos e condrócitos, demonstrado por colorações específicas (DOMINICI et al., 2006). No presente trabalho, o termo células-tronco mesenquimais ou CTMs, por convenção, e, por ser o termo empregado nos diversos trabalhos aqui citados, foi utilizado para denominar Discussão 129 as células mesenquimais estromais multipotentes, isoladas da medula óssea dos pacientes e doadores normais. 6.2 Por que estudar as células-tronco somáticas? Classicamente, as células-tronco somáticas são consideradas como células indiferenciadas, presentes em vários, se não em todos os tecidos, mas com capacidade de auto-renovação e de diferenciação limitada aos tipos celulares da organização tecidual da qual se originam. São reservatórios de células reparativas, prontas para serem mobilizadas e se diferenciar em resposta a vários estímulos ou doenças. Estas células são raras e não se replicam indefinidamente em cultura, mas, in vivo, permanecem por toda a vida (BARRY; MURPHY, 2004). Atualmente já foram descritas células-tronco somáticas com características pluripotenciais, possíveis de serem isoladas e expandidas ex vivo. São elas a MPC (REYES et al., 2001), a MAPC (JIANG et al., 2002), a MIAMI (D’IPPOLITO et al., 2004), a USSC (KOGLER et al., 2004), dentre outras. Isto demonstra que, mesmo no indivíduo adulto, apesar de raras, existem células com ampla capacidade de auto-renovação e expansão, sem perda da sua capacidade de diferenciação pluripotencial. As células embrionárias, apesar de poderem originar todos os órgãos e tecidos e de se propagarem indefinidamente, também originaram espontaneamente, em muitos experimentos, teratomas e teratocarcinomas. Além disso, as CEs sempre serão alogênicas e por isso, os riscos residuais de transmissão de doenças infecciosas, genéticas, metabólicas e de reações imunológicas como a DECH devem ser considerados (DALEY; GOODELL; SNYDER, 2003; ZIPORI, 2004). Sendo assim, tanto pelos aspectos práticos envolvidos, como também por razões ético-religiosas, muitos pesquisadores preferem estudar as CT somáticas às embrionárias (LE BLANC; PITTENGER, 2005). Discussão 130 As CTMs não são tão poderosas ou diversas quanto as CEs podem um dia se tornar. Contudo, são mais freqüentes e de mais fácil isolamento e cultivo ex vivo do que das célulastronco somáticas pluripotentes e, oferecem muitas vantagens na atualidade para o desenvolvimento da terapia celular, como a multipotencialidade, o amplo potencial de expansão, o fenótipo estável por várias passagens, a habilidade de migrar para o sítio de injúria, a possibilidade de infusão local ou sistêmica, do uso autólogo ou alogênico, sem muitas restrições relacionadas às interações com o sistema imunológico, podendo ter, inclusive, um papel imunomodulador. Representam assim, uma alternativa à terapia celular, sendo ainda, considerada por alguns, como as maiores candidatas para curar lesões nos mais diversos tecidos (LE BLANC; PITTENGER, 2005). 6.3 Características dos pacientes e das amostras estudadas: Apesar de serem portadores de doenças com evoluções e tratamento distintos, os pacientes avaliados compõem um grupo relativamente homogêneo, visto que, em nenhum momento da doença apresentaram infiltração medular, apenas um foi irradiado na região pélvica e todos receberam o protocolo BEAM como regime de condicionamento para o autoTMO. Além disso, o esquema DHAP foi empregado como terapia de salvamento em 9 dos 12 pacientes estudados. Ao serem avaliados quanto à idade, foi detectada diferença de comportamento apenas entre os subgrupos separados por idade e os doadores normais (p = 0,0059). Contudo, apesar de estatisticamente os subgrupos classificados pela idade serem passíveis de comparação, os pacientes estudados são relativamente jovens (idade mínima de 22 e máxima de 49 anos) o que pode justificar a ausência de diferença entre estes subgrupos, nos vários testes realizados. Estes dados vão de acordo com o descrito por DiGirolamo et al. (1999) que, ao estudarem CTMs isoladas de indivíduos normais com idade entre 19 e Discussão 131 49 anos, encontraram diferenças relacionadas à amostra e não à idade. Já Stenderup et al. (2003) encontraram diferença de comportamento (p < 0,05) quanto à capacidade de duplicação celular entre as CTMs isoladas de indivíduos com idade inferior a 30 anos com as CTMs de indivíduos com idade superior a 65 anos, ou seja, indivíduos com idade bem superior à dos aqui estudados. A provável influência da doença de base sobre as CTMs foi avaliada por comparações dos subgrupos classificados pela doença em questão com o grupo de doadores normais. Foram selecionados pacientes portadores de linfoma, sem infiltração medular prévia, como forma de excluir um possível efeito da doença de base sobre as CTMs, o que não seria possível nos pacientes portadores de outras doenças hematológicas, como o mieloma múltiplo e as leucemias. E, finalmente, para avaliar a possibilidade de lesão provocada pela quimioterapia, aguda ou crônica, os pacientes foram classificados em subgrupos com até 180 dias (6 meses) ou mais que 1280 dias (3,5 anos) após o transplante, respectivamente. Para esta avaliação, foram excluídos os dados obtidos de dois pacientes, submetidos ao transplante 662 e 770 dias antes da coleta da amostra de MO. Para minimizar a variabilidade secundária à coleta da amostra como, por exemplo, a diluição, o volume médio/mediano aspirado foi de 4,5 mL e o local escolhido para a punção foi a CIP. Contudo, o número de CMN obtidos variou em 10x entre a amostra com menor e a com maior número de células isoladas. A relação leucoeritrocitária foi normal para a idade em todas as amostras, exceto em uma única amostra, que não apresentou fragmento ósseo adequado, o que prejudica a avaliação da celularidade. Não foram observadas alterações displásicas significativas. Apenas 3 pacientes, pertencentes ao subgrupo que havia recebido a quimioterapia a menos de 180 dias, apresentaram níveis de hemoglobina menores que os normais para o sexo e idade, apesar Discussão 132 da diseritopoese leve estar presente em 10 das 12 amostras avaliadas. Estes dados em conjunto, sugerem uma recuperação parcial, contudo significativa, da hematopoese nos pacientes estudados. 6.4 Isolamento, cultivo e expansão das CTMs: 6.4.1 Isolamento e cultivo: As CTMs foram isoladas por uma metodologia similar à originalmente descrita por Friedenstein et al. (1976) e popularizada por Caplan (1991), a qual utiliza a propriedade física de aderência ao plástico. Para diminuir a contaminação das preparações precoces de CTMs de MO por macrófagos, células endoteliais, linfócitos e células de músculo liso, que também podem aderir ao plástico, as CTMs foram expandidas e cultivadas em meio destituído de nutrientes e fatores de crescimento, exceto pelo SBF (JAVAZON; BEGGS; FLAKE, 2004) e utilizadas nos experimentos previstos, em geral, após a 3ª passagem, como sugerido por Colter et al. (2000). As CTMs foram isoladas com sucesso, em todas as amostras de MO, tanto dos pacientes, quanto dos doadores normais. As culturas resultantes se apresentaram em grupos morfologicamente heterogêneos, contendo células que variaram desde células fibroblastóides afiladas e pontiagudas, a células largas e poligonais como descrito por Javazon, Beggs e Flake (2004). Em algumas culturas, já confluentes, também foram observadas células firmemente compactadas, levemente cuboidais. É interessante ressaltar que, nas culturas cujo número de células fibroblastóides e pontiagudas predominou sobre o de largas e poligonais e assim permaneceu por várias passagens, a capacidade de expansão e a velocidade de proliferação foram maiores do que nas culturas em que células senescentes predominaram. Os tipos celulares acima citados, assim Discussão 133 como as suas formas intermediárias, foram encontrados nas amostras isoladas dos dois grupos, contudo, subjetivamente, as células jovens foram mais freqüentes nos grupos de doadores normais. 6.4.2 Cinética da expansão celular: As três fases da cinética de expansão celular foram claramente percebidas durante o cultivo. Durante a fase inicial, que ocorre logo após o plaqueamento das CMN, o crescimento celular foi muito lento e, à microscopia de luz, foram visualizadas poucas células aderidas. Por este motivo, as células não-aderentes foram removidas após 3 a 7 dias de cultivo e não em 24 a 72 horas como descrito na literatura (DIGIROLAMO et al., 1999; PITTENGER et al., 1999; DEANS; MOSELEY, 2000; TONDREAU et al., 2004). Não houve contaminação das culturas por CTHs, como demonstrado pela imunofenotipagem. A fase seguinte, de crescimento logarítmico, esteve presente tanto nos grupos quanto nos subgrupos avaliados, contudo com algumas diferenças quanto à velocidade de crescimento e a capacidade de expansão em cultura que, devido à sua grande importância, serão descritas em itens específicos. A terceira fase, de senescência ou plateau, durante a qual a célula perde a capacidade de expansão celular, iniciou em um paciente na segunda passagem, em três, na terceira, em outros três na quarta, ou seja, iniciou em 58,34% dos pacientes até a quarta passagem, enquanto que nos doadores normais, começou após a sexta passagem em todos os casos (dados não mostrados). Discussão 134 6.4.3 Tempo necessário à duplicação celular: As medianas de tempo, em horas necessárias à duplicação celular entre a 1ª e a 2ª passagem foram de 46,30 horas para os doadores normais e de 80,66 horas para os pacientes. Estes valores sugerem uma possível diferença entre os grupos, principalmente quando são considerados os descritos na literatura de 24 e 33 horas (STUTE et al.; 2004; CONGET; MINGUELL, 1999). Os resultados encontrados para o grupo de doadores normais foram bem homogêneos, exceto por uma amostra, a do DN12 cujo tempo de duplicação celular foi de 270,59 horas. Este dado deve ser avaliado com ressalvas, pois acreditamos que este tempo tão longo foi secundário a dois vieses, sendo um relacionado com a amostra e outro com o cultivo. Em primeiro lugar, este doador é portador de HbAS e foi incluído no estudo devido ao pequeno número de amostras de doadores normais disponíveis, considerando que esta alteração é uma mutação específica da Hb. Além disso, acreditamos que este tempo tão longo para duplicação celular foi secundário ao outro viés, mais significativo do que esta mutação pontual. Em geral, a 2ª passagem foi realizada por volta do 7º dia de cultivo após a 1º passagem, mas nesta amostra foi realizada apenas no 23º dia. Isto ocorreu porque durante este período, estas células cresceram preferencialmente em algumas regiões do frasco de cultivo, a invés de crescerem de maneira uniforme em todo o frasco. Sendo assim, no momento da tripsinização, havia algumas regiões com células muito confluentes, que se soltaram em grumos e outras regiões mais vazias. É também importante considerar que a velocidade de crescimento diminui com o aumento da confluência (STUTE et al., 2004), portanto, as células que estavam nestas regiões mais confluentes, provavelmente estavam se duplicando em uma velocidade menor. Deste modo, e considerando que as CTMs isoladas deste doador se comportaram de maneira Discussão 135 similar às CTMs dos outros DN nos outros experimentos, a confluência e a presença de grumos à tripsinização provavelmente contribuíram de forma mais significativa para este tempo de duplicação tão longo do que o fato do doador ser portador do traço falciforme. Já o comportamento das CTMs isoladas dos pacientes foi muito heterogêneo, sendo que, apenas 2 (16,6%) dos 12 pacientes (DP3 – 22anos, masculino, LGCBM, 28 dias após o TMO e o DP6 – 34 anos, feminino, DHEN, 1836 dias após o TMO) apresentaram um valor de tempo (horas) necessário à duplicação celular inferior àquele correspondente ao P75 dos doadores normais, de 54,22 horas. Este dado indica uma diferença de comportamento entre os grupos, assim como a idade parece ter influência sobre o comportamento das amostras, já que os dois pacientes cujas células se duplicaram de maneira similar às dos doadores normais tinham idade < 40 anos. Contudo, estas diferenças não foram identificadas pelos testes estatísticos utilizados, o que pode ser explicado pelo pequeno número de amostras estudadas. 6.4.4 Duração do cultivo e capacidade de expansão ex vivo das CTMs: A mediana dos dias em que as CTMs dos doadores normais permaneceram em cultivo foi 10 dias maior do que a dos pacientes. De fato, 7/12 (58,3%) pacientes apresentaram valores inferiores àquele correspondente ao P25 dos doadores normais de 73,25 dias. O comportamento dos grupos classificados por idade foi similar, sendo que, 3/6 (50%) das CTMs isoladas dos pacientes com idade ≥ 40 anos e 4/6 (66,6%) dos com idade < 40 anos permaneceram em cultivo por um número de dias inferior ao P25 dos DN, contudo, uma das amostras, a de um paciente com < 40 anos, foi cultivada por 73 dias, valor muito próximo ao valor considerado como referência. Quanto à doença de base, o comportamento das células do subgrupo de portadores de LNH foi mais parecido com o das células dos doadores normais do que as isoladas dos portadores de DH. Este dado fica Discussão 136 mais evidente ao compararmos números absolutos, pois assim, o valor de referência (P25 dos DN) passa a ser de 73 dias e nesta situação, apenas 2/6 (33,3%) das amostras do subgrupo LNH permaneceram em cultivo por um período inferior aos 73 dias, contrastando com 4/6 (66,6%) dos portadores de DH. Este dado poderia indicar uma melhor evolução das células isoladas dos portadores de LNH, todavia, este achado não foi confirmado nos outros experimentos. O comportamento das amostras dos pacientes que realizaram o transplante há < 180 dias foi melhor (4/5 ou 80%) e mais similar ao das amostras dos doadores normais do que as amostras dos pacientes submetidos ao transplante há > 1280 dias (2/5 ou 40%) seguindo o valor de referência de 73 dias. As medianas de expansão final das CTMs foram de 18,11 e 8,17 para os grupos de doadores normais e de pacientes, respectivamente. O comportamento das amostras isoladas dos doadores normais foi similar e superior a 10 vezes em todas as amostras avaliadas, enquanto que o comportamento das amostras dos pacientes foi muito heterogêneo. Destes últimos, 8/12 (66,6%) apresentaram valores inferiores àquele correspondente ao P25 dos doadores normais de 14,21 vezes. Sendo que, 5/6 (83,3%) tinham idade superior a 40 anos, enquanto que, apenas 3/6 (50%) tinham menos de 40 anos, reforçando a provável influência da idade sobre as CTMs, não percebida no ensaio que avaliou a sobrevida das células em cultivo. O comportamento das amostras classificadas pela doença de base foi parecido. Quanto ao tempo após o transplante, das 4 amostras que se comportaram de maneira similar aos doadores normais, 3 (75%) eram de pacientes submetidos ao transplante a menos de 180 dias. Estes achados vão de acordo com os nossos dados referentes aos dias de sobrevida em cultura e, em conjunto, indicam que há uma lesão qualitativa nas CTMs provocada pela quimioterapia, demonstrada pela diminuição da capacidade de proliferação e estão de acordo com o que foi previamente descrito, só que em relação aos progenitores estromais da MO, por Discussão 137 Carlo-Stella et al. (1997). Indicam também que, uma vez que a célula é lesada pela quimioterapia, este dano pode ser irreversível, isto é, não recuperável com o tempo, o que corrobora com o sugerido por Galotto et al. (1999). Apesar destas diferenças, os testes estatísticos utilizados não rejeitaram a equivalência de comportamentos entre os doadores normais, pacientes e os seus subgrupos. Isto reforça a importância de se considerar o tamanho da amostra durante a análise das informações fornecidas por estes testes, assim como a distribuição das amostras, já que dados muito heterogêneos em amostras muito pequenas podem induzir os testes a erros. Vale a pena relembrar que os dados da literatura, para a capacidade de expansão em cultura das CTMs isoladas de doadores normais, são extremamente variáveis (4 a 56 vezes). Esta variabilidade pode em parte ser explicada pelas diferentes condições de cultivo (lote e concentração do SBF, meio de cultivo, dentre outros) dos diversos laboratórios e o momento da tripsinização, que, como já mencionado, está diretamente relacionado ao cálculo da capacidade de expansão já que a velocidade de crescimento celular é inibida pelo contato célula-célula. Seguindo estes valores como referência, apenas 2/12 (16,6%) amostras apresentaram expansão inferior a 4 vezes e portanto, os valores encontrados para os pacientes poderiam ser considerados normais se comparados com a literatura. Todavia, acreditamos que o estudo comparativo com as amostras dos doadores normais, realizadas sob as mesmas condições de cultivo, e que indica uma lesão qualitativa, é mais fidedigna com a realidade. Discussão 138 6.5 Quantificação das CFU-F: No presente estudo, as colônias de células fibroblastóides com mais de 50 células, quantificadas entre o 12º e o 14º dia de cultivo das CMN, foram denominadas CFU-F (TONDREAU et al., 2004). Javazon, Beggs e Flake (2004), descreveram que as colônias derivadas de ensaios de CFU-F são muito heterogêneas na aparência e na capacidade de diferenciação, que existem poucas CTMs com capacidade de diferenciação tripotencial, sendo a maioria bi- ou unipotente, assim como existem poucos clones com grande capacidade de expansão. De fato, foram observadas colônias de células fibroblastóides, pontiagudas e com rápido crescimento; outras, de células achatadas, largas, poligonais de crescimento lento, além daquelas com características intermediárias. Além disso, algumas colônias derivadas de CFU-F das amostras envolvidas neste trabalho foram isoladas, expandidas e induzidas à diferenciação (dados não mostrados) e, como anteriormente citado, se diferenciaram preferencialmente em alguma via, como por exemplo, a adipogênica ou a osteogênica. Estes achados sugerem que as CFU-F, são clones celulares derivados de uma única célula e que muitas vezes, já se encontram comprometidos com determinada via de diferenciação celular. Neste trabalho, a mediana (amplitude) das CFU-F isoladas das amostras dos doadores normais e dos pacientes foram, respectivamente, 1,25 (0,13-9,25) e 0,94 (0,00-3,75) x10-5 CMN plaqueadas. Os valores obtidos para os doadores normais se encontram de acordo com os descritos na literatura (3,4 x10-3 a 10-6 CMN da MO plaqueadas). Neste grupo, das 5 amostras avaliadas, 4 (80%) apresentaram valores de CFU-F maiores que 10-5, sendo que o valor correspondente ao P25 foi 1,16 x10-5 CMN plaqueadas. Quanto aos pacientes, apenas 6/12 (50%) apresentaram valores de CFU-F similares a estes, incluindo nesta análise, o DP3 que apresentou contagem de CFU-F de 1,14 x10-5 CMN plaqueadas, por se tratar de um valor muito próximo ao valor de referência. Estes dados indicam assim, uma lesão quantitativa nas Discussão 139 CTMs pela quimioterapia em altas doses, não identificada estatisticamente (p = 0,4421), provavelmente devido a heterogeneidade e ao pequeno número de amostras estudadas, como anteriormente comentado. Seguindo este mesmo raciocínio, não houve diferença de comportamento quanto à freqüência das CFU-F entre os DN e os subgrupos classificados por idade. Entretanto, dos 6 pacientes que apresentaram contagens similares às dos DN, 4 (66,6%) são portadores de DH, enquanto que, não foram visualizadas CFU-F em 3/6 (50%) das amostras dos portadores de LNH. Tal contagem pode ser secundária à ausência de aderência das CFU-F às placas quadriculadas ou à existência células em uma freqüência inferior às 40 x105 CMN plaqueadas para estes pacientes. Em conjunto, estes dados sugerem uma possível correlação entre a doença de base, os esquemas de quimioterapia utilizados e a recuperação quantitativa das células mesenquimais, após o tratamento quimioterápico, não identificada pelo teste estatístico utilizado (p = 0,0506). Todavia, neste mesmo subgrupo de portadores de DH, dos 6 pacientes avaliados, apenas um foi submetido ao TMO a menos de 180 dias, dois há 662 e 770 dias e os outros três, há mais de 1280 dias. Portanto, a possibilidade de uma lesão quantitativa aguda, com recuperação mesmo que parcial ao longo do tempo, apesar de não ter sido estatisticamente evidenciada (p = 0,2252), não deve ser descartada. A ausência de correlação entre a lesão qualitativa e a quantitativa, aqui encontrada nos pacientes portadores de DH e LNH, foi relatada por Carlo-Stella et al. (1997) em amostras de pacientes com LMA. A lesão quantitativa secundária à quimioterapia encontrada neste trabalho e demonstrada pela redução na freqüência da CFU-F em 50% dos pacientes, vai de acordo com o descrito por Galotto et al. (1999), Banfi et al. (2001), Ben-Ishay e Barak (2001) e Novitzky, Makgoka e Mohamed (2001). Contudo, a influência de outros fatores como as variações relacionadas às amostras (DIGIROLAMO et al., 1999), a idade dos doadores avaliados (FEHRER; Discussão 140 LEPPERDINGER, 2005) e o lote de soro bovino fetal utilizado (STUTE et al., 2004) também devem ser considerados. 6.6 Características das CTMs avaliadas por citometria de fluxo: As CTMs foram subclassificadas em pequenas, médias e grandes, conforme previamente descrito, após avaliação do tamanho e complexidade interna por citometria de fluxo. A porcentagem média/mediana das células, em cada uma destas subpopulações, foi comparada duas a duas e não foi detectada diferença estatisticamente significante, o que sugere igualdade de comportamento entre os grupos. Entretanto, a distribuição dos valores encontrados para os pacientes foi mais heterogênea que no grupo de doadores normais, sendo que o valor correspondente ao P25 dos doadores normais foi ultrapassado, no caso das células pequenas, por 9/12 (75%) dos pacientes (P25 - 11,57%), indicando a existência de uma maior quantidade de restos celulares no grupo de pacientes, fato este reforçado pela menor viabilidade geral, em relação ao P25 dos doadores normais de 86,95%, em 6 (66,6%) destas 9 amostras. Entretanto, este subgrupo, além dos fragmentos e restos celulares, também contém CTMs verdadeiras, fato evidenciado pela viabilidade celular acima de 50% em todas as amostras testadas. Atualmente, muito pouco se sabe sobre as características imunofenotípicas precisas das CTMs primárias da MO, in vivo, já que é conhecido apenas o perfil de expressão das proteínas de superfície das CTMs expandidas em cultura. A baixa freqüência destas células e a ausência de marcadores específicos são as maiores barreiras para este estudo. Assim, a diversidade na intensidade de expressão dos marcadores, referida por alguns autores, pode ser explicada pelas diferenças nas condições de isolamento e cultivo utilizadas. Discussão 141 Caracteristicamente, as CTMs possuem expressão baixa ou ausente dos marcadores de células hematopoéticas (CD34, CD14, CD45), endoteliais (CD51/61, KDR) e do HLA-Dr. Expressam em altos níveis o HLA-ABC, CD90, CD166, CD105, CD73, e CD29 e em proporções variáveis o Stro-1 e diversas moléculas de adesão como o CD44 e o CD49e (JAVAZON; BEGGS; FLAKE, 2004; LE BLANC; RINGDÉN, 2005). Estes antígenos, conforme demonstrado no Apêndice C, também são expressos em outros tipos celulares do organismo, o que dificulta a identificação precisa das CTMs in vivo. Como demonstrado nas Figuras 12 e 13 dos resultados e nos Apêndices L e M, tanto as CTMs isoladas dos pacientes quanto as células dos doadores normais exibem as características imunofenotípicas esperadas, apesar de não apresentarem expressão antigênica superior a 95% para os antígenos CD105, CD73 e CD90 em todas as amostras avaliadas, conforme proposto pela ISCT (DOMINICI et al., 2006). Os dados foram avaliados e não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos de pacientes e doadores normais, nem dos subgrupos, classificados com base no tamanho e complexidade interna das células, quando comparados dois a dois. Contudo, é interessante ressaltar que as células com FSC e SSC entre 0 e 250, aqui denominadas de células pequenas, apresentaram os menores valores quanto à expressão dos antígenos CD90, CD13, CD29, CD49e, CD44 e CD54 (p < 0,05). Tal diferença também foi evidenciada para os marcadores CD73 e HLA-ABC, mas apenas no grupo de pacientes. As prováveis explicações para este fato são: a) menor superfície celular, conseqüentemente, um menor número de antígenos estarão expressos na superfície celular; b) presença de restos celulares. Um outro grupo de células também apresentou menor expressão dos antígenos acima citados, o das células com características morfológicas de células senescentes por ocasião da tripsinização e análise por imunofenotipagem. Este fato foi mais significante nas Discussão 142 células do DP11 e DP14. Entretanto, as células dos DP4 e DP5 foram propositalmente analisadas na 2ª e não na 3ª passagem, pois subjetivamente, apresentavam menor potencial de expansão, fato posteriormente demonstrado pela análise da expansão final destas células. As diferentes fases do ciclo celular foram avaliadas, por citometria de fluxo, durante a fase de crescimento logarítmico das células, na 4ª ou 5ª passagem. Este estudo foi limitado a 8 pacientes, devido a dificuldades na expansão e conseqüente obtenção de número adequado de células. No caso dos doadores normais, os resultados obtidos foram uniformes e por isso, este ensaio foi realizado em 4 das 6 amostras. Os valores encontrados demonstraram que as células estão, em sua maioria, nas fases G0-G1 do ciclo celular, entretanto, com números inferiores aos 90% sugeridos pela literatura (CONGET; MINGUELL, 1999). De fato, no grupo de doadores normais, foram encontrados valores acima de 80% em todas as amostras, enquanto que estes, o foram em apenas 62,5% dos pacientes. Todavia, esta diferença não foi considerada estatisticamente significante pelo teste de Manny-Whitney, ao comparar a porcentagem de células dos grupos, nas fases G0-G1 e fase S, do ciclo celular. 6.7 Potencial de diferenciação: As CTMs já foram induzidas à diferenciação ex vivo, em adipócitos, osteócitos, condrócitos e miócitos, dentre outros. Esta diferenciação decorre do cultivo das CTMs indiferenciadas em meio de cultura específico, enriquecido com agentes indutores por um determinado período de tempo, em geral, por volta de 7 a 21 dias (PITTENGER et al., 1999). Vários estudos têm comprovado que esta diferenciação também pode ocorrer in vivo, como, por exemplo, o que demonstrou que a CTM, quando transplantada intra-útero, pode contribuir para formação do tecido cartilaginoso, ósseo e muscular (MACKENZIE; FLAKE, 2001) e um Discussão 143 outro, que evidenciou a participação na reconstituição de fraturas e defeitos articulares na vida pós-natal (LAKSHMIPATHY; VERFAILLIE, 2005). A heterogeneidade das CTMs, demonstrada por estudos in e ex vivo, relacionada à sua capacidade de auto-renovacão e potencial de diferenciação, pode ser explicada pela noção de que na MO, o conjunto de células mesenquimais engloba não só as célulastronco, mas também as suas subpopulações comprometidas com as diferentes fases da diferenciação celular. Neste modelo, as CTMs da MO constituem uma população de CT primitivas (multipotentes) e de progenitores capazes de auto-renovação extensiva, mas que vão perdendo a capacidade multipotencial durante o cultivo, durante o qual se comprometem com uma linhagem específica (BAKSH; SONG; TUAN, 2004; JAVAZON; BEGGS; FLAKE, 2004). No presente estudo, a habilidade das CTMs em diferenciar-se em adipócitos e osteócitos foi avaliada em amostras de 8 dos 12 pacientes (4 evoluíram para senescência precoce e portanto não foram avaliadas), e nos 6 doadores normais. Todas foram avaliadas morfologicamente e além disso, 5 do primeiro e 4 do último grupo, também foram analisadas quanto à expressão dos genes PPARγ e osteopontina, pela reação de RT-PCR. Em todas as amostras avaliadas, houve mudança gradativa e constante, na morfologia das células. Nas amostras induzidas à diferenciação em adipócitos, os vacúolos lipídicos começaram a aparecer por volta do 10º dia de cultivo em meio indutor, inicialmente em pequeno número, que foi progressivamente maior até ocupar totalmente o citoplasma, chegando, em alguns casos a sobrepor o núcleo (Figura 19 C). Gotículas de gordura se soltaram em permaneceram sobre as outras células indiferenciadas (Figuras 19 B e C) em muitas amostras. Em todas, após o 15º dia de cultivo, foram observadas células morfologicamente diferenciadas em adipócitos intercaladas por células indiferenciadas. A intensidade da diferenciação, assim Discussão 144 como o dia escolhido para a coloração, variou nas diferentes amostras. Subjetivamente, o número de células diferenciadas foi menor e o tempo necessário à diferenciação maior, no grupo de pacientes comparados com o grupo de doadores normais. Tanto as células induzidas à diferenciação quanto as utilizadas como controle, cultivadas apenas em α-MEM com SBF a 7,5%, foram coradas com sudan II – escarlate, que cora as gotículas de gordura em alaranjado escuro, e contra-coradas com hematoxilina de Harris, que colore o núcleo de roxo. Mesmo nas amostras que permaneceram por quase 30 dias em cultivo, não houve diferenciação espontânea em adipócitos. A diferenciação em osteócitos foi inicialmente percebida na periferia das lamínulas, por volta de 21 dias de cultivo. Foi notado em diversas amostras, que as células vão mudando gradativamente a morfologia de fibroblastóide para arredondada e, a seguir, para uma célula com limites irregulares e prolongamentos finos, sempre formando camadas. Com a estimulação repetida e cultivo por um maior período de tempo, o número de células que vão se comprometendo com a diferenciação vai progressivamente aumentando, mas sempre da periferia (células mais diferenciadas) para o centro (células mais jovens ou ainda indiferenciadas), sendo quase impossível delimitar uma célula isolada nas bordas, pois estas células se encontram recobertas por uma matriz extracelular, que se cora fortemente pelo nitrato de prata (coloração Von Kossa), indicando que o cálcio é um de seus principais constituintes. Estas etapas foram nitidamente percebidas nas células cultivadas por longo período. Por este motivo, o tempo médio aproximado de cultivo, em meio indutor de osteócitos, foi de 40 dias, mas chegou a ser tão longo quanto 69 dias. Não houve diferença na intensidade de diferenciação das amostras de pacientes e doadores normais, sendo que em geral, as que permaneceram em cultivo por mais tempo, também foram as que mais se diferenciaram, e que se apresentaram morfologicamente mais características. Discussão 145 Contudo, ao serem coradas após tanto tempo em cultivo, as amostras controles dos pacientes, também evidenciaram células com características morfológicas de osteócitos e matriz extracelular rica em cálcio (Figura 20 D). É interessante ressaltar que, apesar de terem sido cultivadas em lamínulas distribuídas em poços de uma mesma placa de 24 poços, foi tomado um grande cuidado na distribuição destas, de forma que não houve contaminação das amostras controle pelo meio indutor. Alguns autores relatam que a via padrão de diferenciação das CTMs isoladas da MO é a osteogênica, sendo mais fácil as CTMs expandidas produzirem nódulos ósseos ricos em proteoglicanos do que os vacúolos lipídicos da via adipogênica ou os glicosaminoglicanos da condrogênica (BANFI et al., 2000, JAVAZON; BEGGS; FLAKE, 2004; DAZZI et al. 2006). Outros autores, também relataram dados interessantes como: a) baixa expressão de osteopontina e osteocalcina, mesmo em CTMs indiferenciadas (PITTENGER et al., 1999; BANFI et al., 2000), com aumento espontâneo e progressivo, em relação ao basal, nas culturas por longo tempo, mesmo sem estímulo específico (BANFI et al., 2000); b) manutenção da capacidade de diferenciação em osteócitos, mesmo após extensiva proliferação em cultura (BRUDER; JAISWAL; HAYNESWORTH, 1997; CONGET; MINGUELL, 1999); c) potencial de diferenciação espontânea das CTMs em osteócitos (DIGIROLAMO et al., 1999), enquanto que o potencial de diferenciação em adipócitos vai diminuindo durante o cultivo celular, podendo estar ausente nas células senescentes (BANFI et al., 2000; PARK et al., 2005). Portanto, a diferenciação espontânea em osteócitos nas amostras cultivadas por longo tempo encontra-se de acordo com o descrito na literatura e reforça a hipótese de que esta é a via preferencial das CTMs da MO. Isso provavelmente decorre de um comprometimento intrínseco, evidenciado pela presença de osteocalcina e ostepontina, ainda que em baixos níveis, mesmo nas células indiferenciadas ou de forma secundária às Discussão 146 condições de cultivo que representariam um microambiente favorecedor da osteogênese (BANFI et al., 2000). Os resultados encontrados nos ensaios com RT-PCR deste trabalho estão de acordo com esta teoria, já que baixos níveis de osteopontina foram encontrados nas amostras indiferenciadas, antes mesmo de qualquer estímulo à diferenciação, enquanto que o PPARγ, iniciou a sua expressão no 7º dia, claramente percebida apenas no 14º dia de cultivo, como exemplificado na Figura 21. As amostras induzidas à diferenciação em condrócitos foram incluídas em paraplast entre os dias 13 e 15 de cultivo em meio indutor, suplementado com TGF-β3. Esta citocina foi escolhida, por ser mais eficiente na promoção da condrogênese que o TGF-β1 (BARRY; MURPHY, 2004). Em todos os casos, a morfologia das células mudou de fibroblastóide para arredondada (Figura 22 C e D), assim como foram observadas regiões semelhantes às lacunas condrocitárias (Figura 22 A). Além disso, a coloração Tricômico de Masson evidenciou a presença de matriz rica em colágeno, como demonstrado na Figura 22 D. A confirmação de que as CTMs diferenciaram-se em condrócitos foi realizada pela imuno-histoquímica, com anticorpo especifico anti-colágeno II. Tal reação foi positiva em todas as amostras testadas, e encontra-se exemplificada na Figura 22 A. 6.8 Sustentação da hematopoese: O transplante com células-tronco hematopoéticas é uma modalidade terapêutica que vem sendo cada vez mais utilizado para o tratamento de diversas doenças, sejam elas neoplásicas ou não. Porém, o pequeno número de CTHs coletadas do SCUP e dos pacientes “maus mobilizadores”, tem gerado uma limitação no tratamento de alguns pacientes. Discussão 147 Neste sentido, a expansão ex vivo das CTHs surge como uma boa opção. Entretanto, quando realizada pelo cultivo em meio enriquecido com citocinas, apesar do aumento substancial na dose de CD34+, não há diminuição significativa no tempo necessário à enxertia (KADEREIT et al., 2002). Este fato está de acordo com os avanços recentes nos mecanismos celulares e moleculares responsáveis pela diferenciação das CTHs, indicando que o microambiente medular é crucial para a manutenção da capacidade de auto-renovação das CTHs (CARLO-STELLA et al., 1997; CONGET; MINGUELL, 1999; KADEREIT et al., 2002). As CTMs humanas além de promoverem um microambiente rico em citocinas, proteínas da matriz extracelular e moléculas de adesão, produzem e expressam receptores para vários fatores de crescimento, citocinas e interleucinas o que contribui para a formação e o funcionamento do microambiente estromal, o qual produz sinais indutores e regulatórios não só para as CTMs, mas também para o desenvolvimento dos progenitores hematopoéticos e outras células estromais (DEVINE; HOFFMAN, 2000; MINGUELL; ERICES; CONGET, 2001; DAZZI et al., 2006). Com o objetivo de mimetizar o microambiente medular necessário ao desenvolvimento das CTHs, e assim, sustentar a função celular durante a expansão mediada por citocinas in vitro, as CTMs têm sido utilizadas como feeder layer por diversos grupos (KADEREIT et al., 2002; BACIGALUPO, 2004; ZHANG et al., 2004; JANG et al., 2006). Em todos os ensaios, as CTMs são capazes de manter viáveis as células CD34+ e de expandi-las mesmo na ausência de citocinas. Em dois destes, as proporções de progenitores CD34+ CD38- foi significantemente maior após a expansão na presença das CTMs e citocinas, quando comparadas às cultivadas apenas na presença destas últimas, sugerindo um retardo, por ação das CTMs, na diferenciação das células CD34+ CD38- (KADEREIT et al., 2002; BACIGALUPO, 2004). Discussão 148 Para avaliação da capacidade das CTMs dos pacientes e doadores normais em sustentar a hematopoese, foram realizados, em três ocasiões, ensaios de co-cultivo destas células com células CD34+ isoladas por seleção positiva de duas amostras de SCUP e criopreservadas até o momento do uso. Para comparação e cálculo da expansão das células iniciadoras de colônias, alíquotas das amostras originais de SCUP foram cultivas em meio semi-sólido, sem co-cultivo prévio com as CTMs. Em placas de 24 poços foram cultivadas 4 x104 CTMs dos pacientes e doadores normais, por 24 a 96 horas, quando foram irradiadas (14 Gy, 60Co) para prevenir o super- crescimento das CTMs. A seguir, foram adicionadas aos poços destas placas: a) células CD34+ previamente isoladas e então cultivadas em α-MEM 15% SBF enriquecido com citocinas (SCF, IL-3, IL-6, Flt-3 lig); b) células CD34+ isoladas e cultivadas nestas mesmas condições, contudo sobre uma monocamada de CTMs; c) CD34+ cultivadas apenas sobre a monocamada de CTMs, sem a adição de qualquer citocina. Ao final de 7 e 28 dias, as CTMs e as células CD34+ foram colhidas por tripsinização para incluir as células iniciadoras de colônias aderidas às primeiras. Nesta ocasião, as células com características morfológicas de CD34+ foram contadas, separadas em alíquotas de até 100 µL, e a seguir, cultivadas em duplicata, em meio semi-sólido previamente enriquecido SCF, IL-3, GM-CSF, G-CSF, e EPO. As células restantes foram analisadas quanto à viabilidade celular por imunofenotipagem. Após 7 dias de co-cultivo com CTMs de 6 pacientes e 4 doadores normais, as medianas de expansão das células CD34+ foram, respectivamente, 3,13 e 3,24 vezes (p = 0,9143) na ausência e 6,33 e 5,22 vezes (p = 0,1714) na presença de citocinas. Padrões de expansão similar, contudo, mais intensa, foram encontrados após 28 dias de co-cultivo das células CD34+ com CTMs dos mesmos pacientes e doadores normais, com medianas de expansão de 4,46 e 4,12 vezes (p = 0,4762) na ausência e 7,21 e 7,49 vezes (p = 0,1667) Discussão 149 na presença de citocinas. Como controle dos experimentos acima, as células CD34+ foram cultivadas na ausência e na presença de citocinas, com expansão mediana respectiva de 1,32 e 6,60 vezes, nas duas amostras cultivadas por 7 dias e de 1,95 e 7,93 vezes nas 3 cultivadas por 28 dias. Como demonstrado não houve diferença estatisticamente significante na expansão das células CD34+ co-cultivadas com CTMs de pacientes e doadores normais, na ausência ou presença de citocinas, por 7 e 28 dias, indicando igualdade de comportamento entre os grupos. A expansão das CTMs cultivadas apenas em α-MEM enriquecido com 15% SBF deve ser cuidadosamente analisada, já que poucos experimentos foram realizados. Possíveis explicações para esta expansão seriam a presença de fatores de crescimento intrínsecos nos meios utilizados no processo de isolamento, congelamento e cultivo ou, no DMSO utilizado para a criopreservação. Já a possível maior expansão das células CD34+ na presença apenas das citocinas pode ser explicada pelo efeito inibitório exercido pelas CTMs quando utilizadas como feeder layer no crescimento das células CD34+ (KADEREIT et al., 2002). Alíquotas de células CD34+ foram plaqueadas e cultivadas por 14 dias, em meio semisólido, nos dias zero, 7 e 28 do co-cultivo com as CTMs de pacientes e doadores normais, na presença e na ausência de citocinas, com o objetivo de quantificar as unidades iniciadoras de colônias eritróides e das unidades iniciadoras de colônias de granulócitos-monócitos que se encontravam viáveis ao término deste. As colônias CFU-GM e BFU-E foram contadas, e a expansão destas foi calculada como previamente descrito. As CTMs dos pacientes, aparentemente, propiciaram uma maior expansão, das CFUGM que as dos DN, durante o cultivo por 7 dias (Figura 26 B) e que o contrário foi observado após o cultivo por 28 dias (Figura 27 B), ocasião em que também foi observado uma melhor sustentação e expansão das BFU-E por parte das CTMs dos DN (Figura 27 D). Uma possível explicação seria uma maior reatividade das CTMs dos pacientes, Discussão 150 previamente expostas à quimioterapia, o que poderia favorecer a expansão de progenitores hematopoéticos comprometidos com as linhagens celulares e responsáveis pela enxertia precoce. Neste mesmo raciocínio, as CTMs dos pacientes secretariam mais citocinas nos primeiros dias do co-cultivo ex vivo, mas também entrariam em exaustão mais precoce, dificultando a sustentação da hematopoese no co-cultivo por longo período de tempo. As diferenças encontradas entre os grupos de pacientes e doadores normais após o co-cultivo por 7 e 28 dias, devem ser cuidadosamente avaliadas, já que foram utilizadas células CD34+ obtidas de 2 amostras de SCUP, isoladas e criopreservadas em diferentes ocasiões. Isto ocorreu devido a contaminação por fungos das amostras de CTMs de 2 dos 3 doadores normais que estavam sendo avaliadas em paralelo com as dos pacientes. Conseqüentemente, foi necessária a realização de um outro ensaio, realizado com CTMs de 3 doadores normais, em condições de cultivo similares, mas não iguais às dos pacientes. Assim, em um total de 4 experimentos com doadores normais, apenas um, foi realizado em paralelo e com células CD34+ do mesmo SCUP utilizado na avaliação dos pacientes: o doador normal que apresentou os menores valores na expansão das CFU-GM e BFU-E. É também importante ressaltar que o número de células CD34+ plaqueadas na metilcelulose após o co-cultivo por 28 dias variou nos três experimentos, sendo no primeiro 2.000 células/mL, no segundo 4.000 e 8.000 células/mL, para as cultivadas na presença ou ausência de citocinas, respectivamente e, no terceiro 8.000 células/mL. Isto ocorreu devido à ausência de BFU-E em 5/5 amostras avaliadas no primeiro e em 3/4 avaliadas no segundo experimento. Tal atitude foi tomada com base na hipótese de que o baixo número de colônias obtidas poderia ser secundário à diluição da amostra, e, portanto, que os resultados obtidos não correspondiam à realidade e com o aumento progressivo do número de células plaqueadas este viés seria corrigido. Discussão 151 Os testes estatísticos não encontraram diferença significante de comportamento, quanto à expansão das CFU-GM e BFU-E, após co-cultivo de células CD34+, por 7 e 28 dias, com CTMs de doadores normais e de pacientes na ausência e na presença de citocinas. Não foram realizados testes com o objetivo de comparar a expansão das células CD34+ ou das CFU-GM e das BFU-E após co-cultivo com as CTMs do mesmo doador, na presença e na ausência de citocinas, pois as células cultivadas na presença de citocinas expandiram-se indubitavelmente mais que as cultivadas na ausência destas. Além das diferenças quantitativas, morfologicamente, as colônias originadas das células CD34+ expandidas na presença de citocinas eram maiores e mais robustas do que as originadas das células CD34+ expandidas apenas na presença de CTMs. Em conjunto, estes dados demonstram que, assim como as CTMs dos doadores normais, as CTMs dos pacientes também são capazes de promover a expansão das células CD 34+. Além disso, aparentemente são mais reativas, promovendo uma maior expansão das CFU-GM no co-cultivo por curto período de tempo, contudo, entram logo em exaustão e, portanto, são menos eficientes na sustentação hematopoese após o co-cultivo por 28 dias. 6.9 Lesão estromal pós-quimioterapia: Sabe-se que o microambiente estromal é lesado pela quimioterapia em altas doses e pela exposição à radiação, contudo, pouco é conhecido sobre a extensão desta e a habilidade de auto-renovação do estroma, que, por sua vez, se lesado, pode afetar a enxertia e sobrevivência a longo tempo da CTH além da manutenção da hematopoese. Vários autores demonstraram que o estroma de sustentação da hematopoese é qualitativa e/ou quantitativamente lesado pelo tratamento citotóxico por si (CARLOSTELLA et al., 1997; DOMENECH et al., 1998; SCHWARTZ et al., 1998; GALOTTO et al., 1999; BANFI et al., 2001; NOVITZKY; MAKGOKA; MOHAMED, 2001), já que tal Discussão 152 dano, não foi relacionado com a DECH ou com a terapia imunossupressora após o transplante (DOMENECH et al., 1998; GALOTTO et al., 1999). Entretanto, estes trabalhos acima citados referem-se às células estromais como um todo, e não especificamente as CTMs. Assim, no atual trabalho, pela primeira vez, as CTMs de pacientes previamente submetidos à altas doses de quimioterapia, foram isoladas, caracterizadas sobre os pontos de vista morfológico, imunofenotípico e funcional, e avaliadas quanto à influência da idade, da doença de base e dos efeitos da quimioterapia a curto e a longo prazo, sobre as mesmas. O estudo comparativo entre as amostras de CTMs isoladas da MO de pacientes previamente expostos a altas doses de quimioterapia e as amostras isoladas da MO de doadores normais, quando avaliado com o auxilio da estatística descritiva, sugere fortemente que as CTMs qualitativa e quantitativamente lesadas pela quimioterapia. A primeira lesão foi evidenciada pela menor expansão em cultura, duração do cultivo, velocidade de duplicação celular entre a 1ª e a 2ª passagem e capacidade de sustentação da hematopoese após co-cultivo por longo período de tempo. A lesão quantitativa foi evidenciada pela redução na freqüência das CFU-F nas amostras nos pacientes. Entretanto, quando avaliados com o auxilio dos testes não-paramétricos, os resultados encontrados não apresentaram poder estatístico para demonstrar diferença entre o grupo de doadores normais, pacientes e seus subgrupos. Isto pode ser explicado pela grande heterogeneidade de comportamento das amostras dos pacientes nos diversos experimentos associado ao pequeno número de pacientes, sendo portanto, necessário a realização de novos estudos para comprovar a existência desta lesão. Além disso, o quanto na gradualidade deste processo, esta lesão limitaria a expansão e, conseqüentemente, o sucesso do uso destas células na terapia, também necessita ser Discussão 153 melhor definido, já que, em algumas amostras de pacientes, independentemente do tempo após o transplante, idade e doença de base, as CTMs se comportaram nos mais diversos ensaios, igualmente ou melhor do que as dos doadores normais, enquanto que outras não o fizeram. 6.10 Uso terapêutico das CTMs: A medicina regenerativa desponta como uma ferramenta terapêutica promissora no tratamento de uma grande variedade de doenças degenerativas e de desordens relacionadas à idade, para as quais ainda não há, disponível na atualidade, tratamento específico ou efetivo (KASSEM; KRISTIANSEN; ABDALLAH, 2004). As CTMs representam um grupo de células muito atrativo para a terapia celular, pois podem se diferenciar em múltiplas linhagens celulares, são de fácil isolamento, expansão, manipulação e podem ser autólogas (BANFI et al., 2000). O efeito terapêutico promissor das CTMs recai em sua capacidade de enxertar e sobreviver em tecidos-alvo distintos por um longo período (MINGUELL; ERICES, 2006), onde podem proliferar rapidamente e originar células-filhas capazes de substituir as células doentes (BANFI et al., 2000). Seu uso clínico potencial relaciona-se com a facilitação da enxertia das CTHs, com a imunomodulação e com a correção de desordens das CTMs (BACIGALUPO, 2004). Entretanto, alguns problemas biotecnológicos, relacionados às características biológicas destas células, necessitam ser solucionados antes de as CTMs estarem prontas para o uso terapêutico (KASSEM; KRISTIANSEN; ABDALLAH, 2004). Por exemplo, como obter um número terapêutico destas células? É possível cultivá-las em meio sem SBF? É possível direcionar o potencial de diferenciação destas células para uma determinada linhagem necessária ao tratamento de uma doença específica? Até que ponto Discussão 154 as células cultivadas in vitro estão correlacionadas com a população de células mesenquimais in vivo? Risco potencial de transmissão de partículas infecciosas como vírus, bactérias e príons dos animais para os homens, além de reações imunológicas e inflamatórias locais secundárias a contaminação com proteínas bovinas, que nem sempre são excluídas, mesmo após a lavagem exaustiva, podem levar a formação de anticorpos, à falha de enxertia ou à rejeição das células transplantadas, especialmente se as CTMs forem administradas repetidas vezes (STUTE et al., 2004). Já foi relatado que o cultivo das CTMs em meio contendo soro autólogo é possível, sendo que as CTMs podem ser igualmente bem cultivadas em soro humano, sem diferenças significativas na capacidade de proliferação ou no potencial de diferenciação ex vivo ou in vivo, quando comparadas às células cultivadas em soro de cavalo, mesmo sem a adição de fatores de crescimento (KASSEM; KRISTIANSEN; ABDALLAH, 2004; STUTE et al., 2004). Apesar de todas estas dúvidas, as CTMs já foram utilizadas terapeuticamente, e com sucesso, em modelos animais e humanos, em várias ocasiões. Podem facilitar a enxertia das CTHs (DEVINE; HOFFMAN, 2000; KOÇ et al., 2000; FIBBE; NOORT, 2003; LAZARUS et al., 2005; LE BLANC; RINGDEN, 2005), reconstituir o estroma medular (FOUILLARD ET AL., 2003), serem utilizadas no tratamento (LE BLANC et al., 2004) ou na prevenção da DECH (LEE et al., 2002), assim como no tratamento da Osteogenesis Imperfecta (HORWITZ et al., 2002) e de desordens metabólicas como a Leucodistrofia Metacromática e a Síndrome de Huler (KOÇ et al., 2002). Neste estudo descrevemos o isolamento, a expansão e a caracterização morfológica, imunofenotípica e funcional das CTMs da MO de pacientes previamente submetidos a altas doses de quimioterapia e concluímos que estas células provavelmente são qualitativa e Discussão 155 quantitativamente lesadas pela quimioterapia, mas que, em muitos casos, podem ser isoladas e expandidas em níveis suficientes para o uso terapêutico. 7 CONCLUSÕES Conclusões 157 • É possível isolar e cultivar células com características morfológicas e imunofenotípicas de CTMs de pacientes submetidos a altas doses de quimioterapia. • Os dados encontrados indicam uma diminuição da freqüência das CFU-F em 6/12 (50%) amostras dos pacientes, mais significativa nos portadores de LNH (4/6 ou 66,6%), o que sugere uma lesão quantitativa das CTMs previamente expostas à quimioterapia. • Os dados referentes à duração do cultivo e a capacidade de expansão ex vivo das CTMs foram heterogêneos, sendo que, quando comparadas às dos doadores normais, das 12 amostras de pacientes, 7 (58,3%) permaneceram em cultivo por menos tempo e de 8 (66,6%) expandiram-se menos indicando uma lesão qualitativa nas CTMs provocada pela quimioterapia, que não se recupera com o tempo, já que dos 4 resultados considerados como normais quanto à expansão ex vivo, 3 (75%) eram de pacientes submetidos ao transplante há < 180 dias. • Em relação às CTMs dos doadores normais, as CTMs de pacientes comportam-se de maneira similar quanto à capacidade de diferenciação multipotencial e de promover a expansão das células CD 34+. Além disso, aparentemente são mais reativas promovendo uma maior expansão das CFU-GM no co-cultivo por curto período de tempo, contudo, entram em exaustão mais precoce e, portanto, são menos eficientes na sustentação da hematopoese após o co-cultivo por 28 dias. • Os resultados encontrados são heterogêneos e sugerem que as CTMs são qualitativa e quantitativamente lesadas após altas doses de quimioterapia. Entretanto, o quanto esta lesão limitaria a expansão e, conseqüentemente, o sucesso do uso destas células na terapia, ainda necessita ser melhor definido. REFERÊNCI AS Referências 159 REFERÊNCIAS* AHRENS, N.; TORMIN, A.; PAULUS, M.; ROOSTERMAN, D.; SALAMA, A.; KRENN, V. et al. Mesenchymal stem cell content of human vertebral bone marrow. Transplantation, v. 78, n. 6, p. 925-929, Sep. 2004. ALHADLAQ, A.; MAO, J. J. Mesenchymal stem cells: isolation and therapeutics. Stem Cells Dev., v. 13, n. 4, p. 436-448, Aug. 2004. ALMEIDA-PORADA, G.; EL SHABRAWY D.; PORADA, C.; ZANJANI, E. D. 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APÊNDI CES Apêndice A 174 APÊNDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido dos pacientes TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Nome da pesquisa: “Análise das características biológicas das células progenitoras mesenquimais de pacientes submetidos a radio e/ou quimioterapia intensiva” Pesquisadores responsáveis: Karen de Lima Prata e Prof Dr Dimas Tadeu Covas Gostaríamos de convidá-lo a participar deste projeto de pesquisa. Este projeto faz parte de uma linha de pesquisa que vem sendo desenvolvida pelo corpo clínico do Hospital das Clínicas da FMRP-USP-RP, em conjunto com os pesquisadores do Centro de Terapia Celular - Centro Regional de Hemoterapia do HC-FMRP-USP, com o objetivo de conhecer melhor as células tronco ou progenitoras, que são as células mãe, isto é, as células que darão origem a outras células do nosso corpo. A sua participação é voluntária. Para participar, é necessário ler atentamente este documento e ouvir nossas explicações em caso de dúvidas. Se estiver interessado em participar, solicitaremos que assine este documento. Porque esta pesquisa esta sendo feita? Atualmente, muitas doenças estão sendo tratadas com quimioterapia. Sabemos do efeito desta medicação no sangue, nos cabelos, na vontade de comer, mas muito pouco se sabe sobre o efeito destas medicações em um tipo de células tronco, as mesenquimais. Estas células moram na medula óssea (tutano do osso) e são muito importantes no processo de produção do sangue. Esta pesquisa tem como objetivo conhecer melhor sobre o efeito da quimioterapia sobre esta célula. Para isto, precisamos estudar as células de pacientes que já receberam altas doses destes medicamentos, ou seja, que já foram submetidos ao transplante de medula e comparálas com as células de pessoas que nunca receberam quimioterapia. Como será feita esta pesquisa? Após ter concordado em participar do estudo e ter assinado este termo de consentimento, será coletado uma amostra de 4mL de sangue de sua veia e outra de sua medula óssea, em um dia em que você precisar vir ao Hospital por qualquer motivo. A coleta de sangue periférico será feita por punção de veia, semelhante à coleta de sangue para realização de exame de sangue. A coleta de sangue da medula óssea será feita por punção aspirativa do osso da bacia, após técnicas de assepsia e anestesia local. Quanto tempo durará a pesquisa? A pesquisa será concluída em 2 anos, mas será coletado amostra de sangue periférico e de medula óssea apenas uma vez de cada paciente ou doador. Apêndice A 175 Quais são os riscos que podem ocorrer? Os riscos que podem ocorrer são os mesmos que você já conhece e que estão previstos na coleta de medula óssea e de sangue para exames de rotina: formação de hematomas no local das punções, sensação dolorosa ao se puncionar o osso da bacia, apesar da anestesia local; reação alérgica à anestesia local, infecção no local da punção. O que acontece se eu não aceitar em participar? Caso não queira participar, o seu seguimento em nosso ambulatório continuará o mesmo, sem prejuízo nenhum para o seu tratamento. Haverá alguma despesa ou benefício com este estudo? Não haverá nenhuma despesa e nenhum ganho em dinheiro. O único benefício será o de auxiliar-nos a entender melhor sobre o efeito da quimioterapia nesta célula e no futuro tentar melhorar o tratamento de pessoas com doença igual a sua. Afirmamos que os dados obtidos serão guardados de maneira sigilosa e que os nomes dos participantes não serão divulgados em nenhum momento. Qualquer dúvida sobre esta pesquisa, entrar em contato com a Dra Karen de Lima Prata pelo telefone 21019300 ramais 9515 ou 9605. Eu, _____________________________________, autorizo a retirada de 4ml do meu sangue através de punção venosa e 4ml de medula óssea, através de punção aspirativa, para a realização de pesquisa sobre os efeitos da quimioterapia nas células tronco mesenquimais. Fui informado (a) sobre o procedimento e que o volume retirado não causará dano a minha saúde. Fui informado (a) também que a finalidade dessa pesquisa é de no futuro melhorar o tratamento dos pacientes que são submetidos a transplante de medula óssea. Ribeirão Preto , _____ de _________________ de 200__ _______________________________________________ Assinatura do paciente – Registro _______________________________________________ Karen de Lima Prata CRM –SP 110065 Pesquisadora responsável Apêndice B 176 APÊNDICE B - Termo de consentimento livre e esclarecido dos doadores normais TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Nome da pesquisa: “Análise das características biológicas das células progenitoras mesenquimais de pacientes submetidos a radio e/ou quimioterapia intensiva” Pesquisadores responsáveis: Karen de Lima Prata e Prof Dr Dimas Tadeu Covas Gostaríamos de convidá-lo a participar deste projeto de pesquisa. Este projeto faz parte de uma linha de pesquisa que vem sendo desenvolvida pelo corpo clínico do Hospital das Clínicas da FMRP-USP-RP, em conjunto com os pesquisadores do Centro de Terapia Celular - Centro Regional de Hemoterapia do HC-FMRP-USP, com o objetivo de conhecer melhor as células tronco ou progenitoras, que são as células mãe, isto é, as células que darão origem a outras células do nosso corpo. A sua participação é voluntária. Para participar, é necessário ler atentamente este documento e ouvir nossas explicações em caso de dúvidas. Se estiver interessado em participar, solicitaremos que assine este documento. Porque esta pesquisa esta sendo feita? Atualmente, muitas doenças estão sendo tratadas com quimioterapia. Sabemos do efeito desta medicação no sangue, nos cabelos, na vontade de comer, mas muito pouco se sabe sobre o efeito destas medicações em um tipo de células tronco, as mesenquimais. Estas células moram na medula óssea (tutano do osso) e são muito importantes no processo de produção do sangue. Esta pesquisa tem como objetivo conhecer melhor sobre o efeito da quimioterapia sobre esta célula. Para isto, precisamos estudar as células de pacientes que já receberam altas doses destes medicamentos, ou seja, que já foram submetidos ao transplante de medula e comparálas com as células de pessoas que nunca receberam quimioterapia. Como será feita esta pesquisa? Após ter concordado em participar do estudo e ter assinado este termo de consentimento, será colhido uma amostra de 4mL de sangue de sua veia e outra de sua medula óssea, pela equipe do transplante, no momento em que você for doar a sua medula óssea para a sua irmã (o), no bloco cirúrgico sob anestesia e condições de assepsia adequadas. Quanto tempo durará a pesquisa? A pesquisa será concluída em 2 anos, mas será coletada amostra de seu sangue periférico e de sua medula óssea apenas uma vez. Apêndice B 177 Quais são os riscos que podem ocorrer? Não haverá acréscimo de risco em relação à doação de medula óssea para a sua irmã (o). Os riscos que podem ocorrer são os mesmos já previstos na doação, isto é: formação de hematomas no local das punções, sensação dolorosa após o término da anestesia; reação alérgica à anestesia, infecção no local da punção. O que acontece se eu não aceitar em participar? Caso não queira participar, não haverá nenhum prejuízo no tratamento de sua irmã (o) em nosso hospital. Haverá alguma despesa ou benefício com este estudo? Não haverá nenhuma despesa e nenhum ganho em dinheiro. O único benefício será o de auxiliar-nos a entender melhor sobre o efeito da quimioterapia nesta célula e no futuro tentar melhorar o tratamento de pessoas com doença semelhantes à da sua irmã (o). Afirmamos que os dados obtidos serão guardados de maneira sigilosa e que os nomes dos participantes não serão divulgados em nenhum momento. Qualquer dúvida sobre esta pesquisa, entrar em contato com a Dra Karen de Lima Prata pelo telefone 21019300 ramais 9515 ou 9605. Eu, _____________________________________, autorizo a retirada de 4ml do meu sangue através de punção venosa e 4ml de medula óssea por técnica aspirativa, para a realização de pesquisa sobre os efeitos da quimioterapia nas células tronco mesenquimais. Fui informado (a) sobre o procedimento e que o volume retirado não causará dano a minha saúde nem prejuízo ao tratamento de minha irmã (o). Fui informado (a) também que a finalidade dessa pesquisa é de no futuro melhorar o tratamento dos pacientes que são submetidos a transplante de medula óssea. Ribeirão Preto , _____ de _________________ de 200__ _______________________________________________ Assinatura do doador – Registro _______________________________________________ Karen de Lima Prata CRM –SP 110065 Pesquisadora responsável Apêndice C 178 APÊNDICE C - Esquemas de quimioterapia utilizados Tabela A.1: Esquemas de quimioterapia utilizados durante o tratamento dos pacientes Esquemas de Quimioterápicos Quimioterapia ABVD (BONADONNA et al., 1975) BEAM (GASPARD et al., 1988) CHOP (MCKELVEY et al., 1976) Adriamicina Dose Via de Dias de administração administração 25mg/m2 EV 1 e 15 2 Bleomicina 10mg/m EV 1 e 15 Vimblastina 6mg/m2 EV 1 e 15 Dacarbazina 375mg/m2 EV 1 e 15 300mg/m 2 EV D-6 100mg/m 2 EV (12/12h) D-5 a D-2 Citarabina (Aracytin) 100mg/m 2 EV (12/12h) D-5 a D-2 Melfalan 140mg/m2 VO D-1 Ciclofosfamida 750mg/m2 EV 1 EV 1 BCNU Etoposide 2 Adriamicina (Hidroxydaunomycin) Vincristina (Oncovin) 50mg/m 1,4mg/m2*1 EV 1 100mg VO 1a5 CHOP-Bleo Prednisona Esquema CHOP (RODRIGUEZ et al., 1977), Bleomicina 5mg/m2 C-MOPPABV (STRAUS et al., 1983) Ciclofosfamida Vincristina (Oncovin) Procarbazina EV 1 2 EV 1 2*1 EV 1 2 650mg/m 1,4mg/m VO 1a7 Prednisona 2 40mg/m VO 1 a 14 Adriamicina 35mg/m2 EV 8 Bleomicina 10mg/m2 EV 8 EV 8 EV 1 Vimblastina 100mg/m 2 6mg/m 2 Cy Ciclofosfamida 2000mg/m DHAP Dexametasona Citarabina (High-dose Aracytin) 40mg VO ou EV 2 2000mg/m EV (12/12h) 1a4 2 Cisplatina (Platinum) 100mg/m2 1 (VELASQUEZ et al., 1988) EV (24h) continua Apêndice C 179 continuação Esquema de Quimioterápicos Quimioterapia Dose Via de Dias de administração administração ESHAP Etoposide 40mg/m2 EV 1a4 (VELASQUEZ et al., 1994) Metilprednisona (Solu-medrol) Citarabina (High-dose Aracytin) 500mg/m2 EV 1a4 2000mg/m2 EV (12/12h) 5 Cisplatina (Platinum) 25mg/m2 EV (24h) 1a4 Mitoxantrone 4mg/m2 MIFAP (HANEL et al., 2001) Fludarabina Citarabina (Aracytin) Cisplatina (Platinum) MINE intensificado (CABANILLAS, 1991) MOPP (COOPER et al., 1972) EV 2a5 2 EV 1a4 2 EV 1a4 EV 1a4 15mg/m 50mg/m 2 25mg/m 2 Mesna 1700mg/m EV 1a3 Ifosfamida 1700mg/m2 EV 1a3 Mitoxantrone (Novantrone) Etoposide 10mg/m2 EV 1 175mg/m2 EV 1a3 Mecloretamina 6mg/m2 Vincristina (Oncovin) Procarbazina Prednisona EV 1e8 2*1 EV 1e8 2 VO 1 a 28 VO 1 a 14 1,4mg/m 100mg/m 2 40mg/m conclusão *EV = endovenoso; VO = via oral *1 Máximo de 2mg; Apêndice D 180 APÊNDICE D – Sinonímia, distr ibuição e fisiologia dos antígenos de super fície avaliados Tabela A.2: Sinonímia, distr ibuição e fisiologia dos antígenos avaliados na imunofenotipagem por citometr ia de fluxo das CTMs. Antígeno: Sinonímia: Distr ibuição: Fisiologia: CD 13 My7, Aminopeptidase N. Células mielóides, endoteliais, do estroma de suporte da hematopoese, cerebrais; fibroblastos, monócitos, osteoclastos e outras. Metaloprotease que se liga ao zinco catalisando a remoção do NH2 terminal de aminoácidos dos peptídeos e reduzindo assim a concentração local de peptídeos hormonais. Regula a morfogênese endotelial e a motilidade celular, ambos críticos na angiogênese e na progressão tumoral. Alta expressão de CD13 permite uma maior sobrevivência da célula pelo bloqueio da apoptose, provavelmente como resultante da inativação da IL-8 (KIPPS, 2001; PARASKEVAS, 2004). CD 14 Receptor de lipopolissacáride, (LPS-R). Monócitos, macrófagos, células dendríticas e fracamente nos granulócitos. Receptor de lipopolissacáride (LPS) que pode transduzir sinais, levando a queima oxidativa e/ou síntese de TNFα. Tem papel importante na ativação induzida pelo LPS, na resposta inflamatória e na imunidade inata (KIPPS, 2001). CD 29 Cadeia β1 integrina, cadeia- β VLA, GPIIa plaquetária. Plaquetas, todos os leucócitos e maioria das outras células. Altos níveis nas células T de memória. Liga-se a cadeias α para formar receptores envolvidos na adesão célulacélula e célula-matriz. Levam à reorganização do citoesqueleto e à expressão de genes que resultam na migração celular, proliferação, diferenciação e sobrevida. Papel importante no desenvolvimento da cartilagem, assim como na organização da matriz de colágeno (KIPPS, 2001; PARASKEVAS, 2004). CD 34 My10, Spg90. 1 a 4% das células da medula óssea, incluindo a CTH e endotelial. Pode ter um papel na transdução de sinais ou interações leucócito-endotélio através da habilidade de interagir com o CD62L, CD62P e o CD62E (moléculas de adesão). O papel na hematopoese ainda é desconhecido, mas possivelmente, media a retenção da CTH na medula óssea, através da sua ligação com o estroma (KIPPS, 2001). CD 44 Glicoproteína fagocítica 1, antígeno de Hermes, receptor matriz extra-celular tipo III. Maioria dos tipos celulares, exceto plaquetas, células testiculares, hepatócitos, epitélio tubular renal, cardiomiócitos. Receptor para o hialuronato, que facilita a ligação do linfócito ao endotélio das vênulas. Variantes do CD44 têm se ligado ao sulfato de condroítina e são capazes de se ligar a fibronectina, laminina e ao colágeno. É também um receptor para citocinas quimiotáxicas para a osteopontina (KIPPS, 2001). continua Apêndice D 181 continuação Antígeno: Sinonímia: Distr ibuição: Fisiologia: CD 45 T200, B220, antígeno comum leucocitário. Todas as células hematopoéticas, exceto eritrócitos. É uma tirosina fosfatase que modula a transdução de sinais pelos receptores dos antígenos de superfície. Tem papel fundamental na ativação linfocitária. Regula positivamente a sinalização TCR e negativamente a PTK nos sítios de adesão pelas integrinas. Suprime as cinases JAK e regula negativamente a produção de citocinas. As diferentes isoformas regulam diferentemente a produção de IL-2. Deficiência de CD45 resultante da mutação do gene do CD45 resulta no fenótipo SCID (KIPPS, 2001; PARASKEVAS, 2004). CD 49e VLA-5 sub unidade α, subunidade α5 da integrina, subunidade Ic do GPIc-IIa. Timócitos, células T, monócitos, plaquetas, células B progenitoras ou ativadas. Liga-se ao CD29 para formar o receptor para a fibronectina e invasina, via de ligação ao sítio (Arginina-Glicina-Aspargina). Após a ligação, ativa a bomba Na+/H+ e pode agir como molécula acessória na ativação da célula T (KIPPS, 2001; PARASKEVAS, 2004). CD 51 αv: subunidade α do receptor da vitronectina, subunidade αv da integrina. Células endoteliais, monócitos, macrófagos, plaquetas, leucócitos ativados, células NK e neutrófilos, alem de células do músculo liso e osteoclastos. Associa-se ao CD61(β3) para formar o receptor para a vitronectina, que se liga também ao fator de Von Wilebrand, trombospontina, osteopontina, laminina, fibrinogênio, colágeno dentre outros. Estes receptores facilitam a agregação plaquetária e/ou adesão das células endoteliais e podem ter um papel na migração do monócito através do subentotélio. Tem papel na angiogênese e a sua inibição induz a apoptose das células angiogênicas. O CD51 também pode se associar com a integrina β5 para formar um receptor alternativo da vitronectina (KIPPS, 2001; PARASKEVAS, 2004). CD 54 Molécula intracelular de adesão1 (ICAM-1). Vasta distribuição entre as células hematopoéticas e não hematopoéticas, sendo moderada nos monócitos, CTH linfócitos B e T. Expresso nas células endoteliais e epiteliais, sendo altamente expresso quando as primeiras encontram-se ativadas. Funciona como ligante para o CD11a/CD18, CD11b/CD18 e CD11c/CD18. O CD54 também é receptor para o fibrinogênio, rinovirus, pode ligar-se ao CD43 e às hemácias infectadas pelo Plasmodium falciparum. É membro de um grupo de moléculas que orquestra a migração trans-endotelial dos leucócitos. Tem papel como molécula de adesão durante a indução, tão bem quanto na função efetora da resposta imunológica como a citotoxidade mediada pela célula T (KIPPS, 2001; PARASKEVAS, 2004). continua Apêndice D 182 continuação Antígeno: Sinonímia: Distr ibuição: Fisiologia: CD 61 GPIIIa, subunidade β3 integrina, receptor da cadeia β da vitronectina. Plaquetas, megacariócitos, monócitos, macrófagos, células endoteliais. Associa-se ao CD41 para formar o GPIIb-IIIa, heterodímero que facilita a agregação plaquetária, ou ao CD51 formando o receptor para o fibrinogênio, vitronectina, vWF, entre outros, tendo assim papel importante na hemostasia (KIPPS, 2001; PARASKEVAS, 2004). CD 73 5’NT, L-VAP-2 Células mesenquimais, endoteliais, epiteliais, neurais e dendríticas; alguns linfócitos B e T. Hidrolisa o nucleosídeo 5’monofosfato (AMP); via de salvamento da purina podendo prover o total de purinas requeridas pelos linfócitos; molécula coestimulatória dos linfócitos T naive; intermedia a adesão dos linfócitos B às células dendríticas e dos linfócitos B e T às células endoteliais; atua na diminuição da permeabilidade vascular no processo inflamatório, assim como a manutenção da integridade vascular durante a migração celular; atua também, no aumento dos neuro-transmissores nas sinapses colinérgicas, na diferenciação das células neuronais ex vivo e provavelmente durante o desenvolvimento neuronal; é responsável pela produção da maioria da adenina na hipóxia e na doença isquêmica do coração (KIPPS, 2001; PARASKEVAS, 2004). CD 90 Thy-1, theta. Pró-timócitos, cérebro e outros tecidos não linfóides. Podem contribuir para a formação dos neurônios de memória e com a regulação do crescimento das CTHs (KIPPS, 2001). CD 105 Endoglina, receptor para o TGFB I e III. Células estromais, endoteliais, monócitos, macrófagos, próeritroblastos, precursores da linhagem B, células dendríticas. Glicoproteína dimérica presente no endotélio vascular e no estroma da MO. É componente do sistema de sinalização TGF-β, agindo como receptor tipo III. Tem alta afinidade de ligação para o TGF-β I e III mas não se liga ao TGFβ II. Media interações entre as CTHs e CTMs. Forma um complexo com os receptores I e II. Está envolvido no processo de formação vascular e na regulação da diferenciação condrogênica. (BARRY, 1999; KIPPS, 2001). continua Apêndice D 183 continuação Antígeno: Sinonímia: Distr ibuição: Fisiologia: HLA Antígenos leucocitários humanos (human leucocyte antigens) As proteínas expressas pelos genes HLA encontram-se contitutivamente distribuídas: Os genes do complexo HLA são caracterizados por alta variabilidade genética. Codificam um elevado número de proteínas que diferem entre si e atuam como potentes antígenos no organismo. São consideradas como o principal fator genético na rejeição ou pega dos tecidos enxertados e por isto, pertencem ao complexo principal de histocompatibilidade. São responsáveis pela apresentação de antígenos, tumorais ou procedentes de agentes infecciosos, ao receptor dos linfócitos T, permitindo assim, o sistema imune diferenciar o próprio do que não é próprio, ou seja, distinguir células normais de células neoplásicas ou infectadas. Estes genes estão agrupados e são divididos em três classes, de acordo com as características funcionais. Classe I: na membrana citoplasmática de praticamente todas as células nucleadas e nas plaquetas. Classe II: nas células apresentadoras de antígenos como os linfócitos B, macrófagos, células dendríticas, células de Langerhans e nas células do epitélio tímico. Na região de classe I estão localizados os genes HLA A, B e C, entre outros. Codificam proteínas HLA que, se ligam a peptídeos resultantes da fragmentação de proteínas endógenas, localizadas no citosol. A seguir, o complexo HLA/peptídeo é transportado para a superfície celular onde será exposto às células T CD8+, o que desencadeia uma série de interações envolvendo moléculas CD8 e demais moléculas de adesão, culminando com a diferenciação e ativação das células T citotóxicas, responsáveis pela detecção e eliminação de células infectadas por vírus e ou outros organismos de parasitismo intracelular. A região HLA-D abrange três sub-regiões, DR, DQ e DP, que contêm genes HLA classe II e vários outros genes envolvidos na resposta imune. As proteínas HLA de classe II apresentam peptídeos derivados de proteínas extracelulares, capturados por endocitose, para o receptor dos linfócitos T auxiliares CD4+. Quando o complexo HLA/peptídeo for imunogênico, uma serie de interações que envolvem, alem do receptor do linfócito T, as moléculas CD4 e outras moléculas de adesão, serão promovidas, acarretando a ativação das células T auxiliares. Estas, uma vez ativadas, promovem a diferenciação e ativação dos linfócitos B e T citotóxicos e efetores. A região de classe III contêm genes envolvidos na resposta imune inata e nos processos inflamatórios. Texto adaptado de Pereira e Pasquini (2001). continua Apêndice D 184 continuação Antígeno: KDR Str o-1 Sinonímia: Distr ibuição: Fisiologia: Flk- 1, VEGFR2 (receptor tipo II do gene da tirosina Kinase). Células endoteliais, células tronco hematopoéticas, HUVECs (do inglês, human umbilical vein endothelial cells). A família de receptores para os fatores de crescimento do endotélio vascular (VEGFs) contem três membros, os quais regulam a formação dos vasos sangüíneos e linfáticos (Shibuya, 2002). O KDR (do inglês, kinase insert domain containing receptor), é um destes e funciona como chave regulatória da angiogenese (Boyer, 2002). É o principal receptor responsável pela atividade da atividade do VEGF, no desenvolvimento vascular fisiológico e patológico (Shinkaruk et al., 2003), media a expressão dos Ets-1, MMP-1, and Flt-1 e também estimula a síntese de DNA e a migração das HUVECs (Sato et al., 2000). É também, um marcador funcional positivo, definidor das CTHs distinguindo-as de seus progenitores (Ziegler et al., 1999) Células estromais da MO, precursores eritróides. Anticorpo denominado STRO-1 devido a sua reatividade com os elementos estromais da MO in e ex vivo. Não reage com as CFU-GM, CFU-GEMM ou BFU-E, mas reage com 10% das CMN da MO, sendo mais de 95% destas, progenitores eritróides. Estes dados sugerem que as CFU-F são STRO1+/glicoforina A-. (SIMMONS; TOROK-STORB, 1991) conclusão * IL = interleucina; LPS = lipopolissacáride; TNFα = do inglês, tumor necrosis factor-alpha; VLA = do inglês, very late activation antigen; GP = glicoproteína; CTH = célula-tronco hematopoética; CD = do inglês, cluster of differentiation; TCR = do inglês, T cell receptor, PTK = do inglês, protein tyrosine kinase; J AK = do inglês, Janus kinase; SCID = do inglês, severe combined immunodeficiency; ICAM = do inglês, intercellular adhesion molecule; vWF = do inglês, von Willebrand factor; 5’NT= ecto -5’- nucleotidase; L-VAP-2 = do inglês, lymphocyte-vascular adhesion protein 2; AMP = do inglês, adenosine monophosphate; TGF-β = do inglês, transforming growth factor – β; MO = medula óssea; CTMs = células-tronco mesenquimais; HLA = do inglês, human leucocyte antigen; KDR = do inglês, kinase insert domain containing receptor; VEGFR = do inglês, vascular endothelial growth factor receptor; HUVEC = do inglês, human umbilical vein endothelial cells; MMP = do inglês, matrix metalloproteinase; Str o-1 = anti – IgM, sobrenadante de cultura de células estromais; CFU-GM = do inglês, colony forming unit-granulocyte-monocyte; CFU-GEMM = do inglês, colony forming unit-granulocyte-eritrocyte-monocyte-macrophag; BFU-E = do inglês, burst forming unit- erythroid; CMN = células mononucleares. Apêndice E 185 APÊNDICE E - Resultados dos Hemogramas Tabela A.3: Hemogramas dos pacientes e doadores normais: DP3 DP4 DP5 DP6 DP7 DP8 DP9 DP10 DP11 DP12 DP13 DP14 DN8 DN9 DN12 DN13 DN14 GB/ (mm3) 3100 11900 7600 6200 5500 6900 6400 7100 5900 6000 4000 6800 10700 7100 6900 8300 8000 Li/ (mm3) 800 6600 1900 1300 2200 1600 2600 3000 2600 1200 1500 1800 1500 1200 1600 2600 1700 Mo/ (mm3) 500 1400 500 200 600 300 500 500 200 500 500 500 500 700 300 700 Gr/ (mm3) 1800 3900 5200 4700 2600 5000 3400 3600 3100 4300 2000 4500 5300 4400 5300 5400 GV/ (mm3) 3,08 4,38 4,23 3,99 3,33 5,36 5,01 4,44 4,26 3,69 4,36 4,52 5.45 5.09 5.56 4.11 5.78 Hb/ (g/dL) 10,1 13,4 12,8 12,9 11,1 17,3 12,8 15,4 14,0 11,5 14,2 14,2 16.2 12.4 15.0 12.7 15.5 Ht (%) 30,3 39,5 40,1 39,3 32,6 50,6 39,7 45,8 42,2 34,6 41,3 39,7 49.7 40.2 46 38.2 50.4 VCM (fl) 98,3 90,2 94,7 98,3 97,9 94,4 79,2 103,2 99,1 93,8 94,7 87,7 79.0 82.8 92.9 87.2 HCM (pg) 32,7 30,5 30,2 32,3 33,4 32,3 25,6 34,7 32,9 31,1 32,5 31,4 24.4 26.9 30.9 26.8 CHCM(%) RDW 33,3 33,8 31,9 32,9 34,1 34,2 32,3 33,7 33,2 33,1 34,3 35,8 30.9 32.5 33.3 30.7 18,6 13,8 14,2 14,2 12,6 14,8 18,7 14,8 15,3 15,3 14,9 13,1 12.7 12.4 14.9 12.9 Plaq (mm3) 201000 247000 284000 177000 311000 180000 180000 216000 253000 56000 146000 159000 149000 298000 208000 199000 245000 * GB = glóbulos brancos; Li = linfócitos; Mo = monócitos; Gr = granulócitos; GV = glóbulos vermelhos; Hb = hemoglobina; Ht = hematócrito; VCM = volume corpuscular médio; HCM = hemoglobina corpuscular média; CHCM = concentração da hemoglobina corpuscular média; RDW = do inglês, red cell distribution width; Plaq = plaquetas. Apêndice F 186 APÊNDICE F - Quantificação das CFU-F Tabela A.4: Quantificação das unidades formadoras de colônias fibroblastóides. As CFU-F foram contadas no 14º dia de cultivo e encontram-se classificadas em subgrupos por idade (anos), doença (DH e LNH) e tempo (dias) após o transplante. DN DP 1.25 1.36 1.16 0.13 9.25 1.14 0.28 0.45 2.52 0.73 3.75 1.18 3.45 0.00 0.00 0.00 3.03 < 40 anos 1.14 0.28 0.45 2.52 3.75 0.00 ≥ 40 anos 0.73 1.18 3.45 0.00 0.00 3.03 DH LNH 0.28 2.52 0.73 3.75 3.45 3.03 1.14 0.45 1.18 0.00 0.00 0.00 < 180 dias 1.14 0.73 1.18 0.00 0.00 > 1280 dias 0.00 0.45 3.75 3.45 2.52 * DN = doador normal; DP = doador paciente ; DH = doença de Hodgkin; LNH = linfoma não Hodgkin Apêndice G 187 APÊNDICE G - Tempo necessário à duplicação celular Tabela A.5: Quantificação do tempo necessário (horas) à duplicação das CTMs entre a 1ª e a 2ª passagem. O tempo (horas) necessário à duplicação celular das CTMS foi calculado entre a 1ª e a 2ª passagem e encontra-se classificado em subgrupos por idade (anos), doença (DH e LNH) e tempo (dias) após o transplante. DN DP 44.86 36.36 37.80 47.73 270.59 56.38 34.08 185.64 167.44 49.48 58.90 59.08 92.31 69.01 195.35 68.33 107.22 126.69 < 40 anos 34.08 185.64 167.44 49.48 59.08 107.22 ≥ 40 anos 58.90 92.31 69.01 195.35 68.33 126.69 DH LNH 185.64 49.48 58.90 59.08 69.01 126.69 34.08 167.44 92.31 195.35 68.33 107.22 < 180 dias 34.08 58.90 92.31 107.22 68.33 > 1280 dias 195.35 167.44 59.08 69.01 49.48 * DN = doador normal; DP = doador paciente ; DH = doença de Hodgkin; LNH = linfoma não Hodgkin Apêndice H 188 APÊNDICE H - Dias de cultivo das CTMs Tabela A.6: Quantificação dos dias em que as CTMs permaneceram em cultivo. O dia da última tripsinização foi considerado como o último dia de cultivo das CTMs e encontra-se classificado em subgrupos por idade (anos), doença (DH e LNH) e tempo (dias) após o transplante. DN DP 73 57 92 103 88 74 85 46 73 70 84 56 58 74 64 88 88 53 < 40 anos 85 46 73 70 56 88 ≥ 40 anos 84 58 74 64 88 53 DH LNH 46 70 84 56 74 53 85 73 58 64 88 88 < 180 dias 85 84 58 88 88 > 1280 dias 64 73 56 74 70 * DN = doador normal; DP = doador paciente ; DH = doença de Hodgkin; LNH = linfoma não Hodgkin Apêndice I 189 APÊNDICE I - Expansão celular final das CTMs Tabela A.7: Quantificação da expansão celular final em cultura das CTMs. A capacidade de expansão em cultura foi quantificada em cada passagem e a somas destes valores, convencionado como a expansão final. Os valores observados encontram-se classificados em subgrupos por idade (anos), doença (DH e LNH) e tempo (dias) após o transplante. DN DP 16.59 19.63 21.95 27.48 11.85 13.42 28.27 1.81 5.53 20.48 19.61 11.55 6.91 7.71 3.32 8.62 17.95 4.87 < 40 anos 28.27 1.81 5.53 20.48 11.55 17.95 ≥ 40 anos 19.61 6.91 7.71 3.32 8.62 4.87 DH LNH 1.81 20.48 19.61 11.55 7.71 4.87 28.27 5.53 6.91 3.32 8.62 17.95 < 180 dias 28.27 19.61 6.91 17.95 8.62 > 1280 dias 3.32 5.53 11.55 7.71 20.48 * DN = doador normal; DP = doador paciente ; DH = doença de Hodgkin; LNH = linfoma não Hodgkin Apêndice J 190 APÊNDICE J - Análise do tamanho e complexidade interna das células Tabela A.8: Porcentagem de células em cada uma das subpopulações celulares. As CTMs foram avaliadas por citometria de fluxo e subdivididas em grupos celulares de acordo com os parâmetros tamanho e complexidade interna em subpopulações de células pequenas, médias e grandes. Doadores Pacientes Doadores Normais Pequenas Médias Grandes Pequenas Médias Grandes 6,74 39,06 50,04 9,60 20,27 7,97 42,93 24,33 62,00 17,40 27,97 49,76 89,49 52,96 46,56 85,00 64,27 83,61 44,91 66,60 25,62 75,13 67,43 38,49 2,76 5,60 1,76 3,92 9,69 6,45 9,97 9,07 10,45 5,73 2,48 9,33 18,78 5,92 17,01 23,00 22,57 15,63 76,36 89,32 66,91 59,13 67,53 78,38 3,23 4,92 9,30 16,59 8,64 5,34 Apêndice L 191 APÊNDICE L – Caracterização imunofenotípica das CTMs dos pacientes Tabela A.9: Expressão dos antígenos de superfície, por imunofenotipagem, da população de células totais dos pacientes Células Totais a DP 3 3 P DP 4 2aP DP 5 2aP DP 6 3aP DP 7 3aP DP 8 3aP DP 9 3aP a DP 10 3 P DP 11 3aP DP 12 3aP DP 13 3aP DP 14 3aP CD45 CD14 CD34 KDR HLAII CD51/61 STRO CD73 0,01 1,24 0,05 0,17 1,29 0,39 0,00 0,00 0,00 0,76 0,03 0,15 0,00 1,24 0,10 3,10 4,08 0,27 0,00 0,03 0,14 1,45 0,12 0,41 0,15 3,48 0,19 0,40 1,07 0,40 0,08 0,04 0,09 0,76 0,44 0,84 0,63 3,32 3,06 0,94 1,69 0,54 0,06 0,24 0,10 0,00 0,32 0,81 0,16 1,99 0,76 3,86 0,87 0,57 0,00 1,39 0,10 1,89 0,56 0,84 1,52 6,44 0,44 9,61 3,62 1,64 1,62 0,37 0,10 2,68 1,54 1,20 19,69 8,36 27,46 17,46 22,38 0,76 16,52 13,43 3,18 17,25 12,45 11,02 97,56 45,77 82,76 94,61 91,79 95,27 81,65 79,73 2,19 88,05 80,78 11,37 CD105 49,25 51,57 52,79 75,23 18,24 CD90 CD13 CD29 CD49e HLAI CD44 CD54 99,47 90,98 98,89 97,95 99,51 99,53 98,39 98,09 73,13 98,08 98,39 85,35 98,65 86,51 93,08 97,71 97,43 98,74 95,02 95,37 36,82 94,85 95,66 63,15 97,12 76,73 76,25 89,73 96,34 95,60 88,41 85,70 15,47 91,56 83,77 41,50 96,23 71,26 83,22 83,54 94,79 95,78 79,00 84,08 3,89 83,56 89,50 16,42 94,62 73,90 36,30 88,82 85,62 78,45 54,88 73,32 0,35 78,67 40,98 3,02 92,66 43,65 57,51 86,86 90,15 47,91 71,05 83,10 0,39 69,23 34,14 4,62 26,22 27,51 26,24 57,37 38,88 55,69 64,42 56,55 1,57 32,62 44,90 3,49 * DP = doador paciente; CD = do inglês, cluster of differentiation; KDR = do inglês, kinase insert domain containing receptor; HLA = do inglês, human leucocyte antigen Apêndice L 192 Tabela A.10: Expressão dos antígenos de superfície, por imunofenotipagem, da população de células pequenas dos pacientes Células Pequenas DP 3 3aP a DP 4 2 P DP 5 2aP DP 6 3aP a DP 7 3 P DP 8 3aP DP 9 3aP DP 10 3aP DP 11 3aP DP 12 3aP a DP 13 3 P a DP 14 3 P CD45 CD14 CD34 KDR HLAII CD51/61 STRO CD73 0,00 0,00 0,02 0,07 0,00 0,00 0,00 0,04 0,00 0,07 0,04 0,00 0,00 0,08 0,08 11,27 0,40 0,00 0,00 0,08 0,00 0,07 0,03 0,00 0,00 0,11 0,21 0,22 0,04 0,16 0,15 0,08 0,03 0,17 0,00 0,15 4,39 1,66 2,69 5,93 1,63 0,00 0,00 0,32 0,03 0,12 0,13 0,00 0,00 0,00 0,00 9,21 0,03 0,33 0,00 0,00 0,03 0,00 0,04 0,02 3,29 0,11 0,24 1,50 0,04 0,18 0,10 0,08 0,03 0,20 0,07 0,06 54,83 5,45 32,92 48,35 28,67 0,11 11,91 14,40 2,42 25,89 22,28 10,93 74,30 2,17 75,50 83,16 54,24 33,38 42,01 16,20 0,15 18,62 31,78 1,03 CD105 3,43 0,51 1,13 1,90 0,41 CD90 CD13 CD29 CD49e HLAI CD44 CD54 92,57 73,56 98,63 95,06 97,35 97,55 96,60 95,64 74,73 93,92 94,89 83,90 86,09 45,32 89,51 92,62 90,24 80,51 84,75 75,15 22,93 64,59 77,22 45,69 72,68 24,20 68,56 84,86 79,24 30,76 58,85 32,75 1,94 33,13 35,54 6,76 60,78 8,10 75,72 67,17 68,33 28,35 31,92 29,69 0,39 12,75 50,56 1,79 52,17 5,59 14,11 66,50 20,13 5,96 4,65 6,32 0,00 4,22 3,81 0,19 44,06 1,55 33,74 61,45 44,59 1,17 13,00 10,51 0,00 6,31 0,76 0,11 6,49 1,13 11,40 50,17 7,45 4,75 21,27 4,43 0,07 1,07 6,82 0,12 Tabela A.11: Expressão dos antígenos de superfície, por imunofenotipagem, da população de células médias dos pacientes Células Médias a DP 3 3 P DP 4 2aP DP 5 2aP DP 6 3aP DP 7 3aP DP 8 3aP DP 9 3aP DP 10 3aP DP 11 3aP a DP 12 3 P DP 13 3aP DP 14 3aP CD45 CD14 CD34 KDR HLAII CD51/61 STRO CD73 0,00 0,56 0,12 0,30 0,31 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,84 0,06 1,89 3,48 0,00 0,00 0,16 0,00 0,00 0,04 0,00 1,85 1,09 0,26 0,47 0,55 0,03 0,00 0,06 0,00 0,00 0,16 0,61 1,02 2,81 12,20 0,92 0,77 0,05 0,15 0,17 0,12 0,00 0,07 0,00 0,00 0,74 2,61 5,35 0,53 0,07 0,00 1,90 0,00 1,43 0,35 0,07 5,92 2,05 1,61 49,79 2,44 0,08 0,42 0,05 0,00 0,08 0,86 0,23 64,56 5,17 44,68 21,16 15,22 0,40 14,89 8,74 4,21 15,41 7,08 13,63 99,68 61,76 98,77 99,08 99,18 99,13 97,09 96,37 3,16 97,40 93,94 15,78 CD105 66,86 57,78 57,63 82,68 25,27 CD90 CD13 CD29 CD49e HLAI CD44 CD54 100,00 98,16 99,73 99,54 99,86 99,89 99,56 99,58 93,95 99,44 99,48 97,44 99,64 97,94 99,29 99,58 99,77 99,77 99,05 99,77 69,98 99,08 99,24 92,36 100,00 96,08 98,09 93,85 99,78 99,55 99,05 99,55 21,30 98,94 95,66 65,38 100,00 92,04 98,84 93,17 99,70 99,71 97,27 99,57 3,43 93,88 97,72 24,43 94,42 92,37 74,88 97,17 96,87 82,35 81,89 94,84 0,04 89,93 48,19 2,21 96,11 62,35 93,38 97,53 97,53 45,67 89,36 97,29 0,00 84,17 40,33 3,69 44,85 36,04 51,80 70,27 42,79 54,49 85,78 70,28 0,36 31,62 53,02 1,66 Apêndice L 193 Tabela A.12: Expressão dos antígenos de superfície, por imunofenotipagem, da população de células grandes dos pacientes Células Grandes a DP 3 3 P a DP 4 2 P a DP 5 2 P DP 6 3aP DP 7 3aP DP 8 3aP DP 9 3aP DP 10 3aP a DP 11 3 P DP 12 3aP DP 13 3aP a DP 14 3 P CD45 CD14 CD34 KDR HLAII CD51/61 STRO CD73 0,06 0,12 0,91 1,61 0,25 0,37 0,00 0,00 0,16 0,33 0,00 0,00 0,02 0,69 0,91 3,83 0,14 0,37 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,15 0,06 4,47 0,00 0,92 0,02 0,41 0,22 0,00 0,00 0,24 0,04 0,42 0,69 0,07 14,94 0,15 0,61 0,39 0,08 0,00 0,00 0,00 0,19 0,13 0,11 2,18 5,71 4,09 0,07 0,11 0,00 0,28 0,00 0,36 0,00 0,00 6,32 3,83 2,48 26,74 0,00 0,23 0,07 0,05 0,08 1,89 0,00 0,00 25,91 6,00 46,51 52,57 6,92 0,99 3,15 2,59 0,08 6,93 2,09 1,92 99,79 45,62 100,00 99,00 96,39 95,57 96,21 81,70 0,00 97,67 64,99 3,23 CD105 54,46 13,25 41,74 71,14 2,63 CD90 CD13 CD29 CD49e HLAI CD44 CD54 99,94 98,13 100,00 98,45 99,80 100,00 100,00 99,31 97,81 99,80 99,00 98,02 99,69 96,37 99,32 98,70 99,80 99,62 99,77 99,51 66,17 99,33 98,24 90,03 99,70 96,41 100,00 92,40 99,80 99,65 99,62 99,49 15,94 99,48 86,52 52,04 99,56 80,83 99,27 96,86 99,70 99,52 98,68 98,26 2,62 94,35 87,01 5,31 96,18 80,25 71,32 96,34 77,34 31,79 55,04 43,63 0,01 82,18 17,15 0,57 97,71 53,60 86,88 98,07 84,21 31,01 63,01 88,91 0,00 86,01 4,58 0,56 35,37 32,59 65,31 76,17 29,44 54,58 82,27 73,92 0,65 35,69 42,47 1,43 * DP = doador paciente; CD = do inglês, cluster of differentiation; KDR = do inglês, kinase insert domain containing receptor; HLA = do inglês, human leucocyte antigen Apêndice M 194 APÊNDICE M – Caracterização imunofenotípica das CTMs dos doadores normais Tabela A.13: Expressão dos antígenos de superfície, por imunofenotipagem, da população de células totais dos doadores normais Células Totais DN 05 4aP DN 08 3aP DN 09 3aP DN 12 3aP DN 13 3aP a DN 14 2 P CD45 CD14 CD34 KDR HLAII CD51/61 STRO 0,34 0,00 0,00 0,06 0,07 0,06 0,25 0,00 0,00 0,04 0,14 0,00 0,76 0,43 0,00 0,75 1,49 0,81 7,10 1,80 2,01 0,48 0,69 0,81 2,07 0,28 0,78 0,77 0,95 0,79 3,84 1,17 1,01 1,18 1,74 1,88 23,60 14,59 36,04 1,95 9,41 11,98 CD73 95,29 93,39 46,35 88,30 86,11 CD105 80,61 56,79 82,96 CD90 CD13 CD29 CD49e HLAI CD44 CD54 98,99 99,01 98,51 97,21 98,43 98,78 97,52 98,68 97,39 92,93 98,03 95,80 79,03 96,61 95,66 81,05 91,02 84,86 69,58 95,19 94,84 57,36 87,38 83,53 82,69 68,97 89,77 7,74 71,85 50,02 54,53 76,31 93,57 2,41 28,08 12,17 32,91 29,80 17,88 8,00 50,73 38,20 * DN = doador normal; CD = do inglês, cluster of differentiation; KDR = do inglês, kinase insert domain containing receptor; HLA = do inglês, human leucocyte antigen Tabela A.14: Expressão dos antígenos de superfície, por imunofenotipagem, da população de células pequenas dos doadores normais Células Pequenas DN 05 4aP DN 08 3aP a DN 09 3 P DN 12 3aP DN 13 3aP DN 14 2aP CD45 CD14 CD34 KDR HLAII CD51/61 STRO CD73 CD105 0,06 0,00 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,51 0,00 0,06 0,00 0,00 0,18 1,47 0,00 0,47 0,14 0,07 12,12 4,68 2,59 0,00 0,12 0,34 0,57 0,99 0,49 0,12 0,00 0,06 0,80 0,00 0,19 0,30 0,00 0,25 34,71 46,62 40,84 3,66 15,08 12,54 88,07 64,55 10,53 29,91 10,69 61,19 0,50 4,17 CD90 CD13 CD29 CD49e HLAI CD44 CD54 95,91 99,15 96,48 88,41 93,61 94,06 88,09 96,38 86,38 70,24 89,05 55,63 34,45 92,40 71,89 12,22 35,01 14,06 27,74 82,61 70,71 2,79 23,68 10,47 17,74 21,32 33,03 1,58 6,93 0,16 35,41 55,47 47,45 0,21 0,06 0,00 10,19 11,78 7,63 0,24 0,83 1,24 * DP = doador paciente; CD = do inglês, cluster of differentiation; KDR = do inglês, kinase insert domain containing receptor; HLA = do inglês, human leucocyte antigen Apêndice M 195 Tabela A.15: Expressão dos antígenos de superfície, por imunofenotipagem, da população de células médias dos doadores normais Células Médias DN 05 4aP DN 08 3aP DN 09 3aP DN 12 3aP a DN 13 3 P DN 14 2aP CD45 CD14 CD34 KDR HLAII CD51/61 STRO CD73 CD105 0,05 0,00 0,00 0,08 0,03 0,19 0,08 0,03 0,00 0,00 0,03 0,00 0,19 0,67 0,00 0,35 0,29 0,06 3,88 2,31 0,36 0,51 0,07 0,63 0,70 0,20 0,06 1,28 0,21 0,56 2,02 1,42 0,02 1,32 0,16 0,65 18,15 20,01 11,65 2,83 3,92 7,98 98,90 97,98 77,06 98,53 95,98 92,85 66,91 97,01 CD90 CD13 CD29 CD49e HLAI CD44 CD54 99,95 99,71 99,50 99,69 99,79 99,35 99,83 99,68 99,47 99,60 99,90 99,27 88,34 99,59 99,08 98,08 99,64 96,44 76,93 99,38 99,28 86,55 98,73 93,03 95,89 88,34 96,20 22,66 86,59 62,84 58,21 89,07 96,36 9,45 30,45 11,68 36,03 40,60 12,78 18,48 56,21 43,10 * DP = doador paciente; CD = do inglês, cluster of differentiation; KDR = do inglês, kinase insert domain containing receptor; HLA = do inglês, human leucocyte antigen Tabela A.16: Expressão dos antígenos de superfície, por imunofenotipagem, da população de células grandes dos doadores normais Células Grandes a DN 05 4 P DN 08 3aP DN 09 3aP a DN 12 3 P DN 13 3aP DN 14 2aP CD45 CD14 CD34 KDR HLAII CD51/61 STRO 1,13 1,11 0,00 0,05 0,90 0,00 1,13 3,50 0,15 0,20 0,37 0,01 1,72 4,77 0,67 0,52 1,17 3,09 14,91 6,81 1,66 0,20 0,38 0,48 3,85 2,53 1,38 0,70 0,17 0,00 7,44 2,72 0,26 1,37 0,49 0,15 30,48 51,05 37,20 1,01 3,96 5,88 CD73 98,23 98,65 30,19 88,28 74,35 CD105 87,51 28,90 84,74 CD90 CD13 CD29 CD49e HLAI CD44 CD54 100,00 99,20 99,25 99,68 99,59 99,82 100,00 99,32 99,25 99,10 99,92 99,19 91,94 99,15 98,94 94,38 98,65 95,74 75,98 98,54 99,25 54,72 95,25 83,64 88,98 71,37 97,58 3,13 38,08 19,19 62,50 85,40 98,77 0,82 8,36 0,34 50,88 62,53 38,16 5,89 48,58 55,68 * DP = doador paciente; CD = do inglês, cluster of differentiation; KDR = do inglês, kinase insert domain containing receptor; HLA = do inglês, human leucocyte antigen Apêndice N 196 APÊNDICE N - Viabilidade celular Tabela A.17: Porcentagem de células viáveis encontrados para a população total e subgrupos classificados pelos parâmetros tamanho e complexidade interna. A viabilidade celular foi avaliada por citometria de fluxo, após marcação dos ácidos nucléicos das células com iodeto de propídeo. Doadores Pacientes Doadores Normais PT PP PM PG PT PP PM PG 93,73 73,82 84,40 83,89 87,07 90,56 86,48 92,79 86,17 91,94 81,10 80,87 67,02 88,54 85,64 57,00 75,92 83,62 92,75 91,29 93,38 84,36 75,05 90,74 96,62 65,58 83,37 88,55 92,07 93,44 80,76 94,25 76,25 93,85 84,88 69,71 85,96 73,82 66,36 89,38 89,95 72,73 86,30 84,83 44,86 90,05 69,36 67,72 94,40 87,21 88,66 86,95 90,28 79,36 58,41 91,92 90,60 89,13 95,56 92,34 90,42 87,31 91,89 69,14 91,03 72,88 55,65 74,95 * PT = população total, PP = população pequena, PM = população média e PG = população grande. Apêndice O 197 APÊNDICE O - Análise do ciclo celular Tabela A.18: Porcentagem de CTMs, dos pacientes e doadores normais, na diferentes fases do ciclo celular. GO-G1 71,79 75,36 89,15 91,56 82,10 63,19 92,17 89,61 Pacientes G2-M FaseS 2,73 25,48 0,00 24,64 0,00 10,85 0,00 8,44 4,42 13,48 0,00 36,81 4,50 3,33 4,62 5,77 Doadores Normais GO-G1 G2-M Fase S 82,49 7,08 10,43 82,19 5,75 12,05 87,02 6,40 6,59 82,32 6,77 10,91 Apêndice P 198 APÊNDICE P - Expansão das células tronco hematopoéticas Tabela A.19: Expansão das CTHs após 7 dias de co-cultivo com as CTMs. CTHs de cordão umbilical foram co-cultivadas com as CTMs de doadores normais e pacientes por 7 dias, na presença ou ausência de citocinas. A seguir, foram enviadas para avaliação da viabilidade celular por citometria de fluxo. Como controle do experimento, duas amostras foram cultivadas, nas mesmas condições, exceto pela ausência das CTMs como feeder. Sem CTM STC-IC + CD34 + CD34 + Cit Pacientes Doadores normais Teste MannWhitney s/CTM s/CTM DP3 DP6 DP7 DP8 DP10 DP13 DN9 DN11 DN13 DN14 p valor 0,97 1,67 2,42 2,46 3,09 3,16 3,22 4,29 2,83 4,91 2,15 3,64 0,9143 8,47 4,73 7,21 7,36 6,54 6,00 5,72 6,12 7,26 5,32 5,12 4,81 0,1714 * CTM = célula-tronco mesenquimal; STC-IC = do inglês, short-term culture-initiating cell; DP = doador paciente; DN = doadores normais Tabela A.20: Expansão das CTHs após 28 dias de co-cultivo com as CTMs. CTHs de cordão umbilical foram co-cultivadas com as CTMs de doadores normais e pacientes por 28 dias, na presença ou ausência de citocinas. A seguir, foram enviadas para avaliação da viabilidade celular por citometria de fluxo. Como controle do experimento, três amostras foram cultivadas, nas mesmas condições, exceto pela ausência das CTMs como feeder. Sem CTM LTC-IC + CD34 + CD34 + Cit Pacientes Doadores normais Teste MannWhitney s/CTM s/CTM s/CTM DP3 DP6 DP7 DP8 DP10 DP13 DN9 DN11 DN13 DN14 p valor 1,95 2,00 1,05 5,07 4,40 5,09 3,42 4,51 3,97 3,88 4,68 3,84 4,35 0,4762 7,93 7,35 8,24 7,21 7,42 7,03 7,21 7,80 6,83 6,51 7,74 8,38 7,24 0,1667 * CTM = célula-tronco mesenquimal; LTC-IC = do inglês, long-term culture-initiating cell; DP = doador paciente; DN = doadores normais Apêndice Q 199 APÊNDICE Q - Expansão das GM-CSF e BFU-E no ensaio de STC-IC Tabela A.21: Expansão das CFU-GM e BFU-E, após o co-cultivo por 7 dias com CTMs de pacientes e doadores normais, na ausência de citocinas. Sem CTM Pacientes Teste de MannWhitney Doadores normais CD34+ s/CTM s/CTM DP3 DP6 DP7 DP8 DP10 DP13 DN9 DN11 DN13 DN14 Exp CFU-GM 1,31 2,23 5,77 4,74 5,31 9,67 7,03 10,40 8,90 10,75 3,52 5,60 p = 1,000 Exp BFU-E 0,18 0,32 2,80 1,77 1,34 0,50 1,51 0,38 0,95 3,29 1,43 0,50 p = 0,9143 * CTM = célula-tronco mesenquimal; DP = doador paciente; DN = doadores normais; CFU-GM = do inglês, colony forming unit-granulocyte-monocyte; BFU-E = do inglês, burst forming unit- erythroid Tabela A.22: Expansão das CFU-GM e BFU-E, após o co-cultivo por 7 dias com CTMs de pacientes e doadores normais, na presença de citocinas. Sem CTM Pacientes Doadores normais Teste de MannWhitney CD34+ + citoc s/CTM s/CTM DP3 DP6 DP7 DP8 DP10 DP13 DN9 DN11 DN13 DN14 Exp CFU-GM 480,32 142,86 293,06 195,88 204,12 291,06 225,56 347,27 271,48 69,51 43,21 41,21 p = 0,0667 Exp BFU-E 135,59 4,20 36,34 38,64 25,91 6,81 15,16 23,25 27,27 33,41 34,27 29,41 p = 0,4762 * CTM = célula-tronco mesenquimal; DP = doador paciente; DN = doadores normais; CFU-GM = do inglês, colony forming unit-granulocyte-monocyte; BFU-E = do inglês, burst forming unit- erythroid Apêndice R 200 APÊNDICE R - Expansão das GM-CSF e BFU-E no ensaio de LTC-IC Tabela A.23: Expansão das CFU-GM e BFU-E, após o co-cultivo por 28 dias com CTMs de pacientes e doadores normais, na ausência de citocinas. Sem CTM Pacientes Doadores normais Teste MannWhitney CD34+ s/CTM s/CTM s/CTM DP3 DP6 DP7 DP8 DP10 DP13 DN9 DN11 DN13 DN14 Exp CFU-GM 0.26 0.55 0.00 0.55 0.00 0.57 11.40 0.00 2.87 0.45 6.71 8.10 1.10 p = 0,4762 Exp BFU-E 0.00 0.11 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 10.82 0.00 0.42 NR * CTM = célula-tronco mesenquimal; DP = doador paciente; DN = doadores normais; CFU-GM = do inglês, colony forming unit-granulocyte-monocyte; BFU-E = do inglês, burst forming unit- erythroid Tabela A.24: Expansão CFU-GM e BFU-E, após o co-cultivo por 28 dias com CTMs de pacientes e doadores normais, na presença de citocinas. Sem CTM Pacientes Doadores normais Teste MannWhitney CD34+ + citoc s/CTM s/CTM s/CTM DP3 DP6 DP7 DP8 DP10 DP13 DN9 DN11 DN13 DN14 Exp CFU-GM 36.82 102.09 1114.07 32.56 44.82 0.00 53.60 293.04 131.87 23.79 873.63 1038.96 725.00 p = 0,1714 Exp BFU-E 14.61 74.82 55.68 12.56 31.62 0.00 8.20 40.02 0.00 6.29 88.24 134.45 106.62 p = 0,1143 * CTM = célula-tronco mesenquimal; DP = doador paciente; DN = doadores normais; CFU-GM = do inglês, colony forming unit-granulocyte-monocyte; BFU-E = do inglês, burst forming unit- erythroid