Subido por Raphael Carmesin

3º Curso Internacional

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3º Curso Internacional, Interinstitucional e Interdisciplinar Mundos Amazônicos:
Biodiversidade, Desenvolvimento e Direitos Humanos – AULA 16/10
NOBRE, Antonio D. O futuro climático da Amazônia: relatório de avaliação científica. São
José dos Campos/SP: ARA: CCST-INPE: INPA, 2014.
Avaliação e síntese do futuro climático da Amazônia dividida em três pontos: potencial
climático da Amazônia (tecnologia da floresta), efeitos do desmatamento/desflorestamento, o
que se pode fazer para frear este processo.
A floresta, sendo um complexo organismo vivo, contribui com as chuvas continente
afora, com a umidificação do ar, a organização de furacões ou outros fenômenos violentos na
atmosfera, gerando estabilidade e conforto climático.
A visão holíticas de Humboldt foi depois substituída por visão reducionista da
Amazônia, que orientou grande parte dos projetos de pesquisa. Mas, recentemente, a visão
holística tem buscado analisar a floreta a partir do ciclo da água (nuvens – floresta – atmosfera),
descobrindo, por exemplo, como a floresta possibilita volumosas precipitações e até a limpeza
atmosférica, além da alimentação de aquíferos.
O desmatamento/desflorestamento e o fogo, fumaça e fuligem pode gerar a modificação
na dinâmica das nuvens e chuvas e o prolongamento da estação seca (desligamento da “bomba
biótica”), chegando, atém mesmo, à aridez da terra, o abastecimento de água nas regiões
andinas, bem como a savanização da Amazônica (com impactos no setor agrícola). A
perspectiva de savanização questiona a política de apenas preservar o que se tem de “floresta
em pé”.
A quantidade de terra desmatada tem que se somar à quantidade de floresta degrada
pelas atividades minerárias e madeireiras, a fim de se ter uma perspectiva mais objetiva do
quando já foi afetado. Outras projeção, a da desertificação, também é uma possibilidade se
levar-se em consideração a teoria da “bomba” biótica.
Mantendo-se o processo de desmatamento, em poucas décadas o clima da Amazônia
poderá ultrapassar o ponto de não retorno. Daí a importância no investimento em ciência para
atuar não somente sobre o desmatamento futuro, mas sobre o desmatamento ocorrido no
passado (popularizar o saber); a iniciativa em zerar o desmatamento; reflorestamento.
3º Curso Internacional, Interinstitucional e Interdisciplinar Mundos Amazônicos:
Biodiversidade, Desenvolvimento e Direitos Humanos – AULA 19/10
IMBIRIBA, N; RUIZ, L; ESTRELA, E; SOTIL, G; FLORES, C. Sin hadas, sin muñecos: uma
sínteses de la situación de la ñinez em la Amazonía. UNICEF/Proyecto Sub-Regional
Amazónico/UNAMAZ, Bogotá, 1993, p. 13-82.
Texto rico em dados econômicos e demográficos, além de reconhecedor de seus limites:
abordar a situação da infância em um território tão multifacetado quanto à Amazônia é uma
empreitada que sempre fica incompleta, tendo em vista a multiplicidade de realidades que se
superpõem economicamente, culturalmente e politicamente em uma mesma região.
Destaca-se, no entanto, os pontos de convergência encontrados através da análise dos
processos de ocupação e exploração da Pan-Amazônia, dentro de cada Estado Nacional (Brasil,
Equador, Colômbia, Peru, etc.).
A autora propõe assim contar a “história dos olvidados”, dentro da história de ocupação,
integração e domínio da Amazônia, isto é, das populações impactadas (campesinos, ribeirinhos,
indígenas, povos extrativistas, etc.) com os problemas oriundos do movimento geral do
capitalismo, que redefiniu a Amazônia como espaço regional e global, dentro de uma divisão
social do trabalho, enquanto, região voltada para a produção e exportação de commodities.
Revela que o discurso do Estado desenvolvimentista não foi somente uma especificidade
brasileira, mas foi uma constante em vários países, como Colômbia e Equador. Esse discurso
se pautou por alguns mitos em torno da Amazônia: o El Dorado, o paraíso tropical, o vazio
demográfico, a homogeneidade ecológica e cultural da região, o paraíso intocado.
Aos olvidados, no entanto, sejam as populações autóctones, sejam os migrantes que vieram
para permanecer na pobreza, muitos dos quais foram parar nas periferias urbanas que cresceram
desordenadamente, sobrou a exclusão, por meio do desemprego, do etnocídio, da violência, da
exploração.
As várias infâncias da Amazônia passaram a ser marcadas pela exploração de seus corpos,
corpos sujeitos ao trabalho infantil, ao abuso sexual, à marginalização, corpos que criam
estratégias de sobrevivência, seja nas cidades, seja no meio rural e até mesmo nas florestas,
muitas vezes despossuídos de suas próprias memórias afetivas, de suas histórias.
3º Curso Internacional, Interinstitucional e Interdisciplinar Mundos Amazônicos:
Biodiversidade, Desenvolvimento e Direitos Humanos – AULA 23/10
Fitzcarraldo (Fitzcarraldo). Escrito e dirigido por Werner Herzog. Alemanha; Peru: Werner
Herzog Filmproduktion, 1982. 137 min, Som, Cor.
Um filme com ares épicos. Em tudo, revela uma grandeza megalomaníaca, seja nos
planos panorâmicos, que revelam uma natureza hostil e misteriosa ao sujeito europeu, seja no
âmbito psicológico de seu protagonista – Brian Fitzgerald ou Fitzcarraldo, como era chamado
pelos nativos –, com a sua mania de grandeza, uma visão superestimada de si mesmo (“o criador
da borracha”).
Tal qual um jogo de espelhos, o filme retrata um conflito cosmogônico entre o trabalho
humano (civilização, cultura) e o “caos” do que ainda não fora desbravado, ordenado,
civilizado. Neste sentido, os indígenas e nativos que aparecem na película, são quase parte de
um cenário, amorfos, submissos à vontade e ao arbítrio dos personagens esclarecidos.
Fitzcarraldo representa o olhar romântico do europeu que tem uma missão civilizatória:
a de construir, por exemplo, uma ferrovia “transandina”, malograda por crises econômicas, a
qual foi logo substituída pela ideia fixa de edificar um Teatro de Ópera no meio da floresta, em
Iquitos, Peru, a fim de apresentar, aos povos autóctones, o que haveria de mais superior na
cultura europeia.
Em um contexto de grande efervescência econômica da borracha (caucho), no qual
volumosos capitais estrangeiros acorriam aos países amazônicos, junto com artefatos,
construções, ideias e hábitos vindos da Europa (Belle Époque); período em que os ricos barões
da borracha mandavam lavar as suas roupas em Portugal, Fitzcarraldo tornar-se chacota na
região por ter fracassado em todos os seus empreendimentos (“O Conquistador do Inútil”),
revelando uma elite imediatista preocupada apenas com o lucro fácil.
Mas o seu desejo implacável de ser um personagem mítico o levaram a ter uma
verdadeira batalha com as circunstâncias mais temerárias.
Adquirindo um capital financeiro inicial por meio de sua amante, dona de um bordel
(adquirido através dos corpos femininos da região), o protagonista intenta adquirir um barco
para encontrar uma área auspiciosa de produção da borracha, bem como um istmo que aumente
a velocidade de escoamento do produto.
A sua nova empreitada, evidentemente, é apenas uma ponte para a sua “missão” maior:
construir um Teatro de Ópera no meio da floresta. Nada mais representativo e icônico do que a
sequência em que o protagonista “enfrenta” e “vence” os tambores e a música dos Javarí com
o gramofone e a ópera de Caruso, representando o imperialismo e o colonialismo europeu que
se impõem, também esteticamente, sobre os “índios que adoram a linguagem florida”, vencendo
a selva “cheia de miragens, traições e alucinações”.
O ator Klaus Kinski, com o seu olhar vidrado, a sua interpretação sublime, ao
contemplar o fogo forjando a hélice do barco, parecia um deus demiúrgico perante a descoberta
do fogo pela humanidade.
Por fim, é importante ressaltar o episódio em que Fitzcarraldo utiliza-se do mito dos
Javarí para os manipular, encarnando a verdadeira conquista espiritual que fora testemunhada
pelos Astecas. Assim como este povo pré-colombiano foi explorado, dizimado e enganado por
Cortéz e os demais hispânicos (Cortéz é Quetzacóatl), Fitzcarraldo é considerado sobrehumano, o que reforça ainda mais a sua megalomania.
3º Curso Internacional, Interinstitucional e Interdisciplinar Mundos Amazônicos:
Biodiversidade, Desenvolvimento e Direitos Humanos – AULA 02/11
MORAES, R. A. DESENVOLVIMENTO E VIVIR BIEN NA BOLÍVIA
PLURINACIONAL: observando o caso TIPNIS. 38º Encontro Anual da ANPOCS. GT31 Projetos de Desenvolvimento e Direitos Territoriais das populações tradicionais: alternativas
de desenvolvimento. Disponível em: <https://anpocs.com/index.php/papers-38> encontro/gt1/gt31-1/9130-desenvolvimento-e-vivir-bien-na-boliviaplurinacional-observando
o-casotipnis/file>. Acesso em 10 setembro de 2017 às 21:0
O texto é a sistematização dos variados discursos em torno da relação dos povos
indígenas boliviano do TIPNIS com a política de desenvolvimento do Estado Plurinacional da
Bolívia.
Parte da fundação deste Estado Plurinacional a partir da aprovação de uma nova
Constituição Política, em 2009 e de um Plano Nacional de Desenvolvimento que se propunha
negar a lógica desenvolvimentista e afirmar como diretriz o princípio do Vivir Bien ou do Buen
Vivir.
O Vivir Bien, inspirado nos modos de produzir e projetar a vida dos povos indígenas,
vai de contra à dicotomia estabelecida no Ocidente entre natureza e a cultura, que fundamenta
a noção de que a natureza é um repertório de bens e recursos a serem explorados e consumidos,
preconizando a continuidade entre a natureza e a cultura, como alternativa política e teórica ao
desenvolvimentismo.
Porém o significado do Vivir Bien tem sido disputado como ideia, nos discursos e
práticas dos movimentos indígenas, do Estado e demais atores inseridos na política de
desenvolvimento boliviana dentro do seu embate com o desenvolvimentismo predatório e
excludente.
Na prática, no entanto, as políticas para infraestrutura ainda obedecem à lógica do
desenvolvimentismo, em detrimento dos direitos e dos modos de viver dos povos indígenas.
Vivir Bien acaba se tornando mais um slogan das políticas públicas do Estado a fim de conseguir
a anuência das comunidades indígenas para a implantação de estradas no interior de suas terras.
Diante das entrevistas realizadas com os comunitários, dirigentes e corregedores do
TIPNIS, foi constatado que a maior preocupação da comunidade indígena é em ser ouvida pelas
autoridades governamentais, através de consultas públicas, por exemplo. Uma das
considerações mais importantes do trabalho é a resistência à projetos e políticas que a população
local não deseja para si, buscando serem sujeitos de seu próprio destino.
3º Curso Internacional, Interinstitucional e Interdisciplinar Mundos Amazônicos:
Biodiversidade, Desenvolvimento e Direitos Humanos – AULA 06/11
SALMAN, J.M. De una a muchas Amazonías: Los discursos. In: Amazonía peruana y
desarrollo Económico. Lima, Peru. Editora: GRADE; IEP, 2014. Páginas 21 a 45. Disponível
em:
< http://repositorio.iep.org.pe/bitstream/IEP/470/1/estudiossobredesigualdad8.pdf >.
Acesso em 26 de outubro de 2017 ás 10:01.
Em linhas gerais, o texto analisa os principais discursos políticos sobre a Amazônia
peruana por parte dos distintos governos desde 1963. Para este fim, o texto, metodologicamente,
se utiliza dos discursos presidenciais e de vasta referência bibliográfica.
Segundo o autor, os discursos em torno da Amazônia peruana giraram em torno de duas
premissas: a ideia de que a Amazônia é um espaço desabitado, celeiro de recursos intermináveis
e um espaço homogêneo, exótico o que gerou duas abordagens por parte do Estado, quais foram,
uma abordagem social, pela criação de uma rede viária que possibilitasse a integração do
território, bem como a sua colonização; e uma abordagem econômica, consubstanciada pelo
estímulos à economia extrativista, principalmente de coca e de petróleo.
Passando por Belaunde (expansão da presença estatal na Amazônia e de abertura ao
capital estrangeiro); pelo governo das Forças Armadas (programa nacionalista de
industrialização e de exploração dos recursos naturais); de Alan García (e a sua política de
integração viária); de Fujimori (abertura ao mercado internacional) até o governo de Ollanta
Humala, o autor tenta repassar os fatos fundamentais que caracterizaram a abordagem de cada
governo com relação ao espaço amazônico.
Conclui que os variados discursos ajudam a desmistificar a ideia de que a Amazônia é
um espaço homogêneo e não múltiplo, complexo, composto por atores os mais variados, o que
gera uma indagação ao final: quem tem influenciado as políticas públicas sobre a Amazônia?
Em variados ciclos, viu-se empresas nacionais, estrangeiras, comunidades indígenas e
o próprio Estado em conflito em torno de espaços de interesse, influência e execução de política
para o território amazônico.
3º Curso Internacional, Interinstitucional e Interdisciplinar Mundos Amazônicos:
Biodiversidade, Desenvolvimento e Direitos Humanos – AULA 13/11
PÉCAUT, D. As FARC: uma guerrilha sem fins? São Paulo: Paz e Terra, 2010. p. 31-52.
O texto objetiva uma periodização da história das FARC, desde a sua criação até os dias
atuais. Baseia a sua análise nas mudanças estratégicas tomadas pela organização, de objetivos
e dos meios utilizados para atingi-los, bem como a sua adaptação a contextos políticos e
militares específicos. Para isso divide a história em quatro períodos:
Durante o primeiro período (1966-1980) – fase da marcha lenta – a organização é
composta por representantes da resistência campesina, ainda restritos às atividades de
autodefesa camponesa nas regiões em que tal prática se detinha. Ainda não tinham uma
verdadeira capacidade militar, tendo sido quase extintos pelo Exército. Aumento e se constituiu
em frentes a partido do momento que arregimentava indivíduos que iam colonizar regiões
pouco povoadas, se constituindo nos espaços periféricos da Colômbia.
No segundo período (1980-1990), as FARC resolveram multiplicar as suas frentes em
todo o território, com dificuldades de coordenação com outros movimentos (ELN, EPN e M19).
O objetivo da organização era claro: em oito anos, pôr fim ao regime e constituir um governo
provisório. Neste período, também, juntos com o Partido Comunista, intentaram constituir um
partido legal chamado União Patriótica (UP), o que, para alguns, era apenas um meio
legitimamente político para alcançar os seus maiores objetivos, militarmente. É um período
marcado, ainda, por articulações entre as FARC e os narcotraficantes.
No terceiro período (1990-2002), o fenômeno que marcou realmente a ruptura com o
passado foi, acima de tudo, a inversão da relação entre partido e organização armada, isto é,
renunciaram à representatividade do partido e adotaram a estratégia militar por si só. Nesse
período foi iniciado um “processo de paz”. As FARC, mostraram-se, no entanto, incapazes de
tirar proveito da tribuna de que dispunham para enunciar um projeto político que convencesse
a opinião pública, para a qual, aliás, nunca deram atenção, limitando-se a dizer que ela é
manipulada. Não se preocuparam muito mais com a “sociedade civil” militante na qual, porém,
muitos porta-vozes se abstinham de criticar a luta armada para facilitar uma solução negociada
do conflito. Era como se para elas só o projeto militar contasse; como se, mais uma vez, só
vissem no processo de paz uma oportunidade de granjear novas parcelas de poder e território;
como se estivessem sempre esperando que o desmoronamento das instituições lhes abrisse o
caminho do triunfo total.
No quarto período (2002-2008), no governo de Alváro Uribe, foi a primeira vez em que
um presidente não quis negociar com as FARC. O objetivo prioritário da “segurança
democrática”, slogan da política de Uribe, era o fortalecimento do esforço militar que
redundasse no enfraquecimento decisivo da guerrilha. Se tivesse de haver negociação, que fosse
com a condição preliminar de que as FARC não tivessem outra perspectiva senão a
desmobilização.
3º Curso Internacional, Interinstitucional e Interdisciplinar Mundos Amazônicos:
Biodiversidade, Desenvolvimento e Direitos Humanos – AULA 19/11
SANTOS, B.S. Boaventura de Sousa Santos: en defensa de Venezuela. Disponível em:
http://questiondigital.com/boaventura-de-sousa-santos-en-defensa-de-venezuela/. Acesso em 15 de
novembro de 2018.
O articulista é um eminente sociólogo português que se debruça sobre a situação
político-econômica da Venezuela em 2017. Assim, mesmo em um texto sucinto, de poucas
linhas, o intelectual intenta analisar os processos que levaram a chamada “Revolução
Bolivariana” à sua situação atual.
Parte da premissa – citando dados institucionais sobre o IDH, informes da ONU – que
a Venezuela avançou em muitos aspectos à partir do final da década de 90, momento em que
Hugo Chávez chegou ao poder no país. Critérios como o aumento da renda per capita, aumento
médio do período de escolarização, aumento da expectativa de vida foram levados em conta.
Atribui à morte prematura de Hugo Chávez, à queda do preço internacional do Petróleo,
em 2014, e à falta de uma liderança substituta, o abalo profundo no processo de transformação
social em curso.
Em 2015 a situação se tornou caótica após a primeira derrota, em anos, do chavismo,
nas eleições parlamentares. A oposição conquistou a maioria da Assembleia Nacional, mas o
Tribunal Superior Eleitoral suspendeu o mandato de quatro deputados, por fraude eleitoral. A
Assembleia Nacional descumpriu a ordem judicial. No mesmo período se agrava a economia,
o abastecimento de alimentos. O Presidente Maduro convocava uma Assembleia Nacional
Constituinte. Os conflitos se acirraram nas ruas de Caracas com o saldo de mortos, presos e
feridos.
O autor critica a ingerência norte-americana e defende uma saída não violenta,
democrática, estabelecendo críticas à imprensa europeia, particularmente a português, pela
parcialidade com que abordam o assunto Venezuela, defendendo o estabelecimento de sanções
econômicos e ameaças de intervenção militar.
Defende a legitimidade democrática da eleição de Maduro, inclusive defendendo que
nos últimos 20 anos ocorreram defesas dos resultados eleitorais no país. Critica as medidas
insurrecionais da oposição, a qual quer a imposição de medidas neoliberais no país. Não
focaliza os possíveis desacertos democráticos que o próprio Estado possa ter contribuído.
Insere o conflito em um panorama geopolítico maior, no qual está em jogo as maiores
reservas de petróleo existentes no mundo e o interesse norte-americano no recurso. Por fim,
conclui que sem uma ingerência externa, a Venezuela poderia encontrar uma solução não
violenta e democrática.
3º Curso Internacional, Interinstitucional e Interdisciplinar Mundos Amazônicos:
Biodiversidade, Desenvolvimento e Direitos Humanos – AULA 27/11
MAYOR, T. B. ¿Por Qué Fracasó la Iniciativa Yasuní-ITT? Instituto Universitario de
Desarrollo y Cooperación IUDC-UCM, 2016. p. 27 a 41.
Aborda as características do Parque Nacional Yasuní, área declarada protegida pela
UNESCO, Zona Intangível, local que abarca imensa biodiversidade, bem como povos
tradicionais e indígenas (Waorani, Tagaeri e Taromenane).
Além da riqueza ambiental e cultural, o Parque possui em seu subsolo (Bloco ITT) vasta
reserva petrolífera, que tem chamado a atenção de agentes econômicos dispostos a explorá-la,
o que acarretaria intensa deflorestação, perda irretratável da biodiversidade e aumento nas
emissões de CO2.
Nesse contexto surgiu a iniciativa Yasuní-ITT, cujo objetivo é remunerar o Equador,
em até metade do que lucraria explorando as reservas de petróleo situadas no Parque, pela
preservação e não exploração do espaço. Seria uma forma de compensação que a comunidade
internacional daria ao Equador, para que este não explorasse um recurso a que teria direito, pelo
bem da sociedade. Seria, assim, uma iniciativa inédita de responsabilização preventiva pela
degradação ambiental.
A iniciativa se dividiu em duas fases: desenho e planejamento (2007 a 2010) e a criação
de um Fundo Fideicomisso entre ONU e Equador. Inicialmente, muitos países demonstraram
vontade de participar da iniciativa, porém concretamente, poucos recursos foram devidamente
transferidos a título de compensação.
Equador começou a manifestar desagrado com as condições impostas no Fundo Yasuní:
o PNUD queria determinar onde seriam investidos os recursos do Fundo, 40% do território
equatorianos se tornaria área protegida, entre outras determinações. Mesmo assim, em 2010,
foi assinado o Termo de Fideicomisso, no qual ficou determinado que uma Comissão do
governo do Equador decidiria os setores de investimentos dos recursos compensatórios, se
trocou o termo “doador” para o de contribuinte e se retirou a exigência de Equador se tornar
área protegida em 40% de seu território.
Por mudanças política, a Alemanha se negou a aportar recursos no Fundo, como havia
prometido. Ademais, os 100 milhões de aportes não tinham sido alcançados até 2010, por causa
de uma crise econômica que assolou a economia capitalista na época.
O Governo do Equador pretendia com a capitalização do Fundo Yasuní-ITT financiad
projetos alinhados com os objetivos de sua matriz produtivo, basicmanete projetos hidrelétricos,
eólicos, solares e de biomassa.
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