Subido por Marco Herreros

sistema de producao de ovinos de corte da fazenda santa lucia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA
AMANDA PEREIRA LEAL
SISTEMA DE PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE DA FAZENDA SANTA LÚCIA
Boa Vista - RR
2013
AMANDA PEREIRA LEAL
SISTEMA DE PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE DA FAZENDA SANTA LÚCIA
Trabalho apresentado como pré-requisito
para conclusão do curso de Bacharelado em
Zootecnia, da Universidade Federal de
Roraima.
Orientadora: Prof. MSc. Juliana Cristina
Nogueira Colodo.
Boa Vista - RR
2013
Dados Internacionais de Catalogação na publicação (CIP)
Biblioteca Central da Universidade Federal de Roraima
L435s Leal, Amanda Pereira.
Sistema de produção de ovinos de corte da Fazenda Santa Lúcia / Amanda
Pereira Leal. – Boa Vista, 2013.
65f. : il.
Orientadora: Profa. MSc. Juliana Cristina Nogueira Colodo.
Monografia (graduação) – Universidade Federal de Roraima, Bacharel
em Zootecnia.
1 – Criadores. 2 - Ganhos.
Recomendações.
I - Título.
Nogueira(Orientadora).
3 - Manejos. 4 - Ovinos. 5 _
II - Colodo, Juliana Cristina
CDU – 636.32/.38
Aos meus pais, Joaquim Pereira Neto,
Janete Maria de Araujo Leal, e minha
irmã Aline Pereira Leal pelo exemplo,
amor e incentivo aos meus sonhos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo dom da vida, sem ela nada sou.
A minha mãe Janete, pela amizade e amor incondicional, que é a base do meu equilíbrio,
razão dos meus sonhos, o meu maior exemplo e a força que tenho para seguir.
Ao meu pai Netinho, meu exemplo, que me apresentou a profissão de Zootecnista de uma
forma encantadora, que é a minha vida e por quem eu busco realizar meus sonhos.
Minha irmã Aline pelo companheirismo e amizade sempre, que é um exemplo de superação e
determinação, obrigada pela paciência e por nunca desistir de mim.
Ao meu sobrinho Rhuan, pelo amor e pela presença na minha vida, me ensinando a cada dia a
ser uma pessoa melhor.
Ao Paulinho, pela parceria, amor, amizade e paciência, por me fazer crescer, e ver a vida de
uma forma mais leve e tranquila.
A toda minha Família, os que estão próximos e ao que estão distantes, e aos que se foram e
que sei que estão ao meu lado nesta conquista.
Aos meus amigos, que mesmo com a minha ausência em muitos momentos, estão do meu
lado sempre me alegrando e fazendo a minha vida mais colorida. Dayanne Lacerda, Isabel
Disarz, Lorena Alcântara, Isabel Diniz, Bruna Rufino, Danielle Almeida, Léia Santiago,
Catarina Araújo, Gabrielle Castro, Vandré Vogel, Rodrigo Guedes, Felipe Albuquerque,
Rairon Aguiar, Andreia Fonseca.
Ao proprietário da fazenda e todos seus colaboradores pela boa vontade de ceder o local para
a realização do estudo sem empecilhos.
A todos os colegas de curso, que me fizeram crescer espiritualmente, aprendendo a conviver
em grupo e respeitar a individualidade de cada um.
Aos meus professores, por todos os ensinamentos, paciência durante esta caminhada e
disponibilidade para me auxiliar durante o trabalho. Em especial a minha orientadora Juliana
Colodo, pelo apoio, incentivo, paciência e compreensão.
RESUMO
As criações de ovinos no Estado de Roraima ainda estão em desenvolvimento, não há muitas
tecnologias e nem grandes investimentos. Os criadores mantêm os rebanhos de forma rústica
com baixos índices zootécnicos, venda de animais velhos e com baixo peso, além de ser muito
irregular a comercialização desses animais. O trabalho foi realizado em uma propriedade no
município de Alto Alegre - RR, com a criação de ovinos Santa Inês. A criação foi
acompanhada durante nove meses, realizando a pesagem de todo o rebanho e do nascimento
ao desmame, quinzenalmente, além da observação dos manejos e recomendações de algumas
modificações na rotina e instalações da criação. Durante este período de acompanhamento foi
possível identificar diversas falhas no sistema de criação, onde várias propostas foram dadas
ao proprietário, mas apenas algumas foram acatadas e implantadas. A criação apresenta
índices produtivos muito baixos, os níveis de fertilidade e ganho de peso dos animais estão
muito abaixo dos considerados padrão para criações de ovinos Santa Inês. Efetivar-se as
recomendações técnicas, com simples modificações nos manejos diários, os animais podem
apresentar melhores ganhos de peso, maiores taxas reprodutivas, possibilitando assim ganhos
para o produtor.
Palavras - Chave: Criadores. Ganhos. Manejos. Ovinos. Recomendações.
ABSTRACT
The farm of sheep on State of Roraima are again in development, there aren’t many
technologies and nor big investment. The creators to maintain the herds in rustic form with
low zootechnicals indexes, old animals for sale and with low weight, beyond to be very
irregular the commercialization these animals. The work was to realize in farm municipality
of Alto Alegre, with farm of sheep Santa Inês. The farm was accompanied during nine
months, realizing the weigthing the all herds and the birth to weaning, fortnightly, beyond of
observation the handlings and recommendations of some modifications in routine and farm
facilities. During this period of accompanying was possible to identify diverse flaws in system
the farm, many proposal were given for proprietor but only some were obeyed and to implant.
The farm to present productives indexes verys low, the levels of fertility and gain of weight
that animals are very down of considerate standard for farm the sheep Santa Inês. Realizeing
the recommendations technique, with simple modifications us daily handling, the animals can
present better gain of weight, more reproductive rate, possibiliteing gain for the producer.
Key – words: Farm. Gain. Handling. Recommendations. Sheep.
.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 -Meios de Identificação. (A) Brincos, (B) Tatuagens. ............................................. 12
Figura 2 - Plaquinhas dos brincos para pequenos ruminantes e aço inoxidável. .................... 24
Figura 3- Balança Utilizada na pesagem dos animais (A), pesagem dos animais suspenso com
corda(B). ................................................................................................................ 25
Figura 4 - Material coletado ................................................................................................. 26
Figura 5- Câmara de Mcmaster. (A) ..................................................................................... 26
Figura 6 - Pesagem das fezes na balança de precisão (A), Dissolução das fezes em solução
saturada(B), Filtragem do material(C). ................................................................... 27
Figura 7 Material filtrado na câmara de Mcmaster(A), ovo visualizado na câmara através do
microscópio(B)....................................................................................................... 27
Figura 8- Colar feito com aço inoxidável e brinco com numeração(A). Borrego já
identificado(B). .................................................................................................................... 29
Figura 9 - Evolução dentaria. ............................................................................................... 34
Figura 10 - Alta densidade de animais dentro do aprisco. ..................................................... 39
Figura 11- Piso ripado com acúmulo excessivo de fezes(A), ripas quebradas(B). ................. 39
Figura 12- Cocho de sal sem proteção (A), comedouro com a proteção (B). ......................... 40
Figura 13- (A) Bebedouro que deveria estar sendo utilizado, (B) Novo bebedouro ............... 41
Figura 14 - Criação de suínos abaixo do aprisco. .................................................................. 43
Figura 15- Ovos encontrados no exame OPG. ...................................................................... 45
Figura 165 - Esquema mais recomendado para vermifugação estratégica. ............................ 46
Figura 17- Cartela do Método Famacha©. ............................................................................ 47
Figura 18- Abscesso da Linfadenite Caseosa. ....................................................................... 48
Figura 19- Animal com Linfadenite Caseosa. ....................................................................... 48
Figura 20- Retirada do abscesso. .......................................................................................... 49
Figura 21- Borrego acometido por ácaros. ............................................................................ 50
Figura 22- Tabela de cores para marcação de carneiros em função do tempo. ....................... 53
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Evolução do Rebanho Durante o Estudo. ..........................................................................38
Tabela 2 - Frequência dos manejos de higienização recomendados na propriedade em estudo. ...........43
Tabela 3- Utilização do Método Famacha© .......................................................................................46
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 10
2
REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................... 11
2.1 Sistemas de Produção ..............................................................................................................11
2.2 Rebanho ..................................................................................................................................12
2.3 Instalações...............................................................................................................................14
2.4 Sanidade .................................................................................................................................15
2.4.1 Higienização ........................................................................................................................15
2.4.2 Casqueamento ......................................................................................................................16
2.4. 3 Vacinas ...............................................................................................................................17
2.4.5 Verminoses ..........................................................................................................................18
2.4.6 Linfadenite Caseosa..............................................................................................................18
2.4.7 Sarna ....................................................................................................................................19
2.5 Manejos ..................................................................................................................................20
2.5.1 Alimentar .............................................................................................................................20
2.5.2 Reprodutivo..........................................................................................................................21
3
OBJETIVO.............................................................................................................................. 23
2.1 Objetivo Geral .........................................................................................................................23
2.2 Objetivos Específicos .............................................................................................................23
4
METODOLOGIA ................................................................................................................... 24
5
SISTEMA DE PRODUÇÃO E RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS ...................................... 28
5.1 Sistema de Criação ..................................................................................................................28
5.2 Rebanho ..................................................................................................................................28
5.3 Pesagem do rebanho ................................................................................................................29
5.4 Idades Dos Animais.................................................................................................................34
5.5 Escriturações Zootécnicas........................................................................................................35
5.6 Instalações...............................................................................................................................38
5.7 Sanidade .................................................................................................................................42
5.7.1 Higienização........................................................................................................................42
5.7.2 Casqueamento ......................................................................................................................43
5.7.4 Verminoses ..........................................................................................................................44
5.7.5 Linfadenite Caseosa..............................................................................................................47
5.7.6 Sarna ....................................................................................................................................49
5.8 Manejos ..................................................................................................................................50
5.8.1 Alimentar ............................................................................................................................50
5.8.2 Manejo Reprodutivo ............................................................................................................51
6
MERCADO ............................................................................................................................. 55
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 57
8
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 58
10
1
INTRODUÇÃO
O Estado de Roraima é composto por dois ecossistemas, savanas ou cerrado e florestas
tropicais. Nesses ecossistemas são realizadas criações de ovinos de corte de forma secundária,
ou seja, é sempre a segunda produção dos criadores, tendo como criação principal
bovinocultura de corte, pisciculturas ou avicultura.
A criação de ovinos iniciou no estado com pouca expressividade. No início dos anos
80 o governo distribuiu para os produtores, matrizes das raças Morada Nova e Santa Inês,
oriundas da região nordeste, como forma de incentivo a expansão da criação. Mesmo com
esses incentivos os índices zootécnicos das criações eram muito baixos comparados com as
outras regiões, acredita-se que seja devido à falta de assistência continuada aos produtores.
De acordo com os Censos Agropecuários do IBGE, em 1985 o Estado tinha 19.560
cabeças de ovinos, já em 1995 havia 34.682 cabeças, entretanto as precariedades das criações
não permitiram que as produções se destacassem, apresentando queda acentuada no número
de cabeças de ovinos para 25.598 em 2006.
Grande parte dos produtores ainda criam seus animais de forma extensiva, sem
orientação técnica, o que reflete em baixos índices zootécnicos e econômicos.
Observa-se então a necessidade do estudo das condições atuais dessas criações, para
então sugerir manejos adequados e implementações de baixo custo, condizentes com os níveis
tecnológicos de cada propriedade. Dessa forma espera-se um aumento significativo da
produtividade.
11
2
REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Sistemas de Produção
O sistema de produção é definido de acordo com o tipo de exploração que pretende
realizar e a disponibilidade de recursos (CODEVASF, 2011).
São classificados em três sistemas:
Sistema extensivo – simples, rústicos e de menor custo. Os animais são criados soltos
e alimentação basicamente a pasto, o desenvolvimento depende apenas da qualidade do pasto,
que é influenciado diretamente pelo clima (BRAGA,2009). A lotação das pastagens é
continua sem realizar períodos de descanso para recuperação vegetal e a criação ocupa
grandes áreas. Não há controle dos animais, são criados sem separação de categorias
permanecendo todos juntos. As instalações para esse sistema são mínimas, com baixas
tecnologias e as práticas de manejo sanitário são raramente utilizadas (GOUVEIA; ARAÚJO;
ULHOA, 2007). Neste sistema são produzidos animais com baixa qualidade, abate em idade
avançada e com maior mortalidade.
Sistema semi-intensivo – possui alguma tecnologia comparado ao sistema extensivo,
neste sistema os animais são criados a pasto mas recebem suplementação em cochos, podendo
essa suplementação ser realizada no pasto ou no aprisco. Os animais são recolhidos ao aprisco
no final do dia, e há separação dos animais por categoria. Neste sistema o controle zootécnico
e o manejo sanitário do rebanho podem ocorrer de melhor forma, apresentando assim
melhores índices produtivos (CODEVASF, 2011).
Sistema intensivo – de maiores custos e tecnologias, esse sistema consiste no
confinamento dos animais em determinados períodos (GOUVEIA; ARAÚJO; ULHOA,
2007). A alimentação é fornecida no cocho, com dietas balanceadas e suplementação mineral,
alimentação é diferenciada para cada categoria animal. As pastagens são adubadas, com
manejos adequados e divisão de piquetes (BRAGA, 2009). A produtividade por área é maior,
os animais são abatidos mais jovens, podendo realizar a produção de cordeiros precoce.
A escolha do sistema que será utilizado na propriedade é definida de acordo com o
tipo de exploração que será realizada, produção de carne ou pele, se produzirá animais
12
precoce, semi-precoce ou tardio, além de avaliar a capacidade de investimento, pois alguns
sistemas apresentam custos mais elevados (CODEVASF, 2011).
2.2 Rebanho
Para um melhor controle do rebanho ovino é necessária a identificação dos animais.
Essa identificação pode ser realizada de forma simples. Identificar os animais é importante
para o acompanhamento da vida produtiva e reprodutiva do rebanho (EMBRAPA, 2005).
A identificação individual dos animais deve ser realizada logo após o nascimento, essa
identificação é um requisito básico da escrituração zootécnica. A identificação pode ser feita
com de colares de aço inoxidável e brinco contendo a numeração, brincos ou tatuagens
(MARQUES JÚNIOR et al. 2010)
Figura 1 -Meios de Identificação. (A) Brincos, (B) Tatuagens.
Fonte: http://emjuz.blogspot.com.br e http://www.caprino-ovinocultura.com.br
A escrituração zootécnica é caracterizada como anotações de todas as ocorrências do
rebanho, apresentando dados individuais e coletivos do rebanho, para conhecer a situação
produtiva, reprodutiva, sanitária e financeira da criação (BRAGA, 2009).
A escrituração zootécnica pode ser realizada de diversas formas utilizando software ou
manuscrito. Ela consiste em coletar dados sobre o rebanho que auxiliam a planejar, organizar
e controlar ações dentro do rebanho (CODEVASF, 2011).
O monitoramento sobre reprodução, mortalidade, ganho de peso, uso de produtos,
instalações, condições gerais do rebanho, sanidade, entre outros, permitem a identificação de
problemas que possam estar ocorrendo na criação e ajudam no planejamento de como serão
solucionados (SCHMIDEK; DURÁN; COSTA, 2009).
13
Para Braga (2009) é possível ter registro de informações como cobertura de fêmeas,
nascimentos, parto, doenças, mortes e medidas corporais, como também vendas e aquisições
de animais.
Através da escrituração zootécnica é possível ter informações básicas, como a
evolução de rebanho, número de animais nascidos, fêmeas paridas, e com esses dados é
possível determinar os índices zootécnicos da criação (MARQUES JÚNIOR et al. 2010).
Além da identificação dos animais, é realizada a pesagem dos animais do rebanho,
sendo mais uma fonte de dados importante para produção dos índices produtivos e de
desenvolvimento do rebanho na escrituração zootécnica.
O conhecimento do peso corporal do rebanho abrange vários pontos da criação, não
sendo importante apenas para o manejo nutricional ou reprodutivo, mais também para o
acompanhamento do crescimento, identificação da habilidade materna de algumas fêmeas e
administração adequada de medicamento (GUSMÃO FILHO, et al., 2009).
O peso dos animais jovens deve ser acompanhado, de preferência do nascimento ao
desmame, sendo realizadas pesagens quinzenais, para avaliar o desenvolvimento corporal e a
habilidade da mãe (RIBEIRO, 1997).
As formulas utilizadas para gerar os principais índices zootécnicos para avaliação do
rebanho de acordo com Grazziotin e Germer (2011).
- Peso ao Nascimento (Média) =
- Peso ao Desmame (Média) =
- Ganho de peso diário do nascimento ao desmame = (peso ao desmame – peso ao
nascer)/180
- Taxa de Mortalidade dos Cordeiros (%) =
x100
- Taxa de fertilidade (%) =
x 100
- Taxa de Natalidade (%) =
- Taxa de Prolificidade =
x100
x100
14
- Taxa de Mortalidade dos Cordeiros (%) =
x100
Utilizando os números encontrados com estas formulas é possível avaliar se o manejo
alimentar das fêmeas prenhas, gestantes ou secas esta adequado, verifica os níveis de
fertilidade do rebanho, a habilidade materna das fêmeas, o desempenho do reprodutor, a
capacidade de ganho de peso dos cordeiros entre vários outros. Com esse conhecimento é
possível planejar e organizar o que deve ser feito na criação para melhorar ou manter esses
índices.
2.3 Instalações
Instalações simples e funcionais é o segredo de uma criação. No Estado de Roraima, a
grande maioria das instalações para ovinos, é caracterizada por apriscos suspenso de piso
ripado.
Em criações extensivas, como é a característica das criações de ovinos do Estado de
Roraima, as instalações necessárias são mínimas (aprisco, comedouros, bebedouros,
piquetes), principalmente para criadores de pequeno porte. A modernização e construção de
novas instalações vão sendo realizadas de acordo com a necessidade e evolução da criação
dentro da propriedade.
De acordo com Braga (2009) os produtores do Estado investem muito nas instalações
de abrigo, que são os apriscos.
Para Silva Sobrinho (2006) os apriscos são responsáveis por fornecer proteção aos
animais de predadores, temperaturas altas ou baixas e chuvas, ele também ressalta a
importância de ter comedouros e bebedouros nas instalações.
Os apriscos suspensos de piso ripado, são utilizados para que os animais fiquem
distantes do solo e das fezes, deve ter uma altura de no mínimo 1,5 metros do chão,
facilitando a limpeza, e espaçamento suficiente das ripas para que não ocorra acumulo de
fezes e nem cause danos aos cascos dos animais (CODEVASF, 2011).
15
Em uma das subdivisões da área externa (ou interna) do aprisco deve existir um brete,
um tipo de corredor estreito, essencial para o manejo do rebanho, facilitando as práticas de
vacinação, vermifugação, brincagem e separação de animais (GUIMARÃES FILHO, 2009).
Os cochos devem ser de fácil acesso aos animais, protegidos do sol e da umidade.
Devem ser montados a uma altura maior (0,90 a 1 metro do chão) para facilitar a mão de obra
e evitar que os animais pisem, defequem ou urinem dentro (GUIMARÃES FILHO, 2009).
O bebedouro ideal deve ser de fácil higienização e ser suficiente para o fornecimento
de água a todo o rebanho. Eles podem ser colocados na parte externa dos apriscos e nas áreas
de pastagem. Os bebedouros devem ter sistema de abastecimento de água constante, como
utilização de boias, de preferência, e a higienização realizada diariamente (GOUVEIA;
ARAÚJO; ULHOA, 2007).
Os ovinos consomem em média 3 a 8 litros de água por dia, a qualidade e quantidade
de água são de suma importância para o adequado funcionamento fisiológico doa animais,
como transporte de matérias no sangue e para outros tecidos, regulação da temperatura
corporal, eliminação de resíduos do organismo (GOUVEIA; ARAÚJO; ULHOA, 2007).
O pedilúvio é utilizado para a desinfecção dos cascos, indispensável na prevenção de
pododermatite contagiosa. Deve ser implantada na entrada do aprisco, com profundidade de
10 cm, a largura varia de acordo com a entrada do aprisco e comprimento de 2 metros
(GOUVEIA; ARAÚJO; ULHOA, 2007).
Os produtos que podem ser utilizados no pedilúvio são, solução de formol a 10%,
sulfato de cobre a 10% ou a cal virgem, o nível da solução não deve ficar abaixo dos 7 cm,
para que os cascos fiquem totalmente submersos (GUIMARÃES FILHO, 2009).
2.4 Sanidade
2.4.1 Higienização
A implantação do manejo sanitário inicia pelas instalações. É preciso montar um plano
de higienização rotineira na propriedade para que sejam seguidos rigorosamente, diminuindo
odores ruins, insetos, microrganismos patogênicos entre outros.
16
Os apriscos devem ser limpos de forma mecânica e a seco (vasoura retirando as
sujidades) no mínimo a cada três dias, e uma vez ao mês uma limpeza completa com
desinfecção do local, principalmente nas épocas de chuvas, quando o acumulo de fezes e
umidade é maior (SOARES; VIANA; LEMOS, 2007).
A limpeza deve ser feita da seguinte forma, remoção das sujidades (fezes, restos de
alimentos, insetos, teias de aranha, etc.) do aprisco com vasouras, passar lança chamas
(“vasoura de fogo”) em toda a instalação e depois aplicação de cal virgem para desinfecção
(RIBEIRO, 1997).
A limpeza de bebedouros e comedouros (saleiros) deve ser diária, eliminando todos os
resíduos presentes no recipiente (SOARES, VIANA, LEMOS, 2007).
Esta higienização é importante para proporcionar boa saúde ao rebanho. Deve-se
verificar se a mistura mineral esta limpa e se há presença de úmida, se houver deve ser
retirado do o material do saleiro, os bebedouros são limpos com bucha retirando todas as
sujidades (GOUVEIA; ARAÚJO; ULHOA, 2007).
O manejo adequado do esterco é um fator primordial na melhoria da higiene do local.
O esterco deve ser retirado a cada quinze dias e colocado em uma esterqueira ou em uma
distancia mínima de 150 metros das instalações (MARQUES JÚNIOR et al. 2010). A área
externa das instalações também deve ser sempre mantida limpa.
2.4.2 Casqueamento
Segundo Braga (2009) quando o casco do ovinos crescem e esse excesso não é
retirado, ocorre acúmulo de sujeira que pode ser porta de entrada de bactérias e causar
infecção, além dos animais apresentarem problemas de aprumo.
O casqueamento deve ser uma prática rotineira na propriedade, visando evitar
deformidades nos cascos e aprumos, doenças e melhorar a higiene. Deve ser realizados a cada
dois meses, em regiões de maior ocorrência de problemas de casco, e no inicio das chuvas
(CODEVASF, 2011).
17
Além do casqueamento, evitar que os animais permaneçam em locais úmidos, realizar
a prevenção de doenças passando os animais no pedilúvio com formol a 10%
(SOARES;VIANA;LEMOS,2007).
A Pododermatite é causada por bactérias que vive em locais úmidos das pastagens
apresentando como principal sintoma claudicação e feridas no casco (BRAGA, 2009). As
bactérias que causam a pododermatite são Fusobacterium necrophorum, Dichelobcter
nodosus e Actinomyces pyogenes (SILVA SOBRINHO, 2006).
É uma doença contagiosa, sua ação inicial ocorre na junção da pele com o casco, com
o agravo da doença pode atingir a parte sensível do casco e causar laminite e severa
claudicação (CODEVASF, 2011).
Os principais sintomas de acordo com Guimarães Filho (2009) são:
- Aumento de temperatura no espaço entre as unhas (casco);
- Vermelhidão e inchação, podendo ser observado pus e odor fétido;
- Manqueira (claudicação).
O tratamento dessa doença é feito através da limpeza dos cascos, retirando dos os
tecidos necrosados e passagem desses animais no pedilúvio com soluções de utilização para
prevenção, como o formol a 10% (GUIMARÃES FILHO, 2009).
2.4. 3 Vacinas
As vacinas também devem estar no programa de manejo sanitário de propriedade. De
acordo com Paula (2011) a vacinação tem como objetivo proteger os animais de uma doença e
de um grupo, a escolhas das vacinas a serem aplicadas depende da ocorrência das doenças na
região e o risco que apresentam para o rebanho.
Conforme a Instrução Normativa de nº87 do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), não é obrigatória nenhuma vacina em pequenos ruminantes.
18
2.4.5 Verminoses
Quando a mucosa ocular está esbranquiçada e a região abaixo do queixo está inchada
(edema submandibular) é sinal que a verminose já está em estado bem avançado, devendo-se
tratar
imediatamente
com
aplicação
de
vermífugo
e
boa
alimentação
(SOARES;VAIANA;LEMOS, 2007).
De acordo com Cavalcante et al. (2009), o estado fisiológico do rebanho influencia o
grau de contaminação, praticamente todo o rebanho estará contaminado com verminoses,
variando apenas o grau de infestação. São várias as espécies de nematódeos gastrintestinais
que parasitam os ovinos.
O controle da verminose deve ocorre com intuito de reduzir a população parasitaria a
níveis que não prejudique a produção e que não inviabilize a atividade economicamente
(CAVALCANTE et al., 2009).
Segundo Cavalcante et al. (2009) atualmente o simples tratamento com a aplicação
rotineira de anti-helmínticos não é mais suficiente, pois está ocorrendo um serio problema
com resistência anti-helmíntica, o controle então dessas verminoses deve ocorrer com a
combinação de manejo que ajudaram a diminuir a carga parasitaria dos animais.
A pastagem é o local de maior contaminação dos animais, o ciclo biológico dos
parasitas gastrointestinais ocorre, em sua grande maioria, nos microclimas das pastagens que
influenciam o desenvolvimento. Para Cavalcante et al. (2009) a descontaminação das
pastagens utilizando manejos rotacionados e ocupação por outras criações das áreas de
pastagem, podem amenizar a contaminação da área pela quebra no ciclo biológico dos
parasitas presentes.
A prática frequente de exames parasitológicos de fezes como o opg (contagem de ovos
por grama de fezes), ajuda no controle da verminose, pois indica o grau de infestação
do rebanho alimentação (SOARES;VAIANA;LEMOS, 2007).
.
2.4.6 Linfadenite Caseosa
É uma doença causada pela bactéria Corynebcterium pseudotuberculosis, uma
enfermidade crônica contagiosa, caracterizada por lesões nos gânglios linfáticos e pulmões.
19
Presente com maior frequência nos rebanhos de ovinos deslanados (SILVA SOBRINHO,
2006).
A contaminação se dá por ferimentos, arranhões, ou mesmo pela pele intacta, vias
respiratória, digestiva e genital e pelo cordão umbilical. A linfadenite caseosa é considerada
uma zoonose (CODEVASF, 2011).
Os abscessos que aparecem nos gânglios ocorrem com maior frequência na mandíbula,
orelha, próximo à escápula, pernil, úbere e testículos (GUIMARÃES FILHO, 2009).
Nos animais que apresentam está doença, deve realizar a retirada do abscesso, pois
deve-se evitar que o abscesso se rompa sozinho, contaminando todo o ambiente.
Segundo COEVASF (2011) a retirada do abscesso deve ocorrer da seguinte forma:
- Desinfecção do local do abscesso com solução a base de iodo;
- Abrir o abscesso com corte em forma de meia lua na parte inferior para facilitar a
saída do conteúdo purulento;
- Esse conteúdo deve ser retirado e colocado direto dentro de um saco plástico para
que não haja a contaminação do local;
- A região de onde foi retirado o abscesso deve ser limpa com solução de iodo.
Esse procedimento deve ser realizado por profissional capacitado (Médico
Veterinário), e deve ser utilizado proteção individua pois é uma zoonose.
2.4.7 Sarna
As sarnas são ectoparasitose altamente infestante, que causam perda de peso, lesões na
pele, os animais ficam inquietos e procuram coçar-se (SILVA SOBRINHO, 2006).
Nos animais acometidos pela sarna é possível observas crostas na pele, onde estão
alojados os parasitas, irritando a pele e causando diminuição do consumo de alimentos pelos
animais (CAVALCANTE et a. 2009).
Para Cavalcante et al.(2009) essa doença ocorre pela falta de cuidado do produtor com
o manejo sanitário da criação.
De acordo com CODEVASF (2011) há três tipos de sarna de maior ocorrência em
rebanhos ovinos sarcóptica, psoróptica e demodécica.
20
A sarna sarcóptica, também conhecida como escabiosa também atinge o homem, ela é
transmitida pelo contato, provoca coceira, queda dos pelos e formam crostas ou cascas.
Ocorrem com maior frequência na região da cabeça, nas orelhas, narinas e ao redor dos olhos
(CAVALCANTE et al.(2009).
O tratamento é realizado retirando as crostas, onde contem os parasitas, com a
utilização de acaricidas em solução oleosa, na diluição de 1:3 (1 dose de acaricida para 3 de
óleo), repetindo-se o tratamento com intervalo de três dias (CODEVASF, 2009).
Segundo Cavalcante et al(2009) o banho de imersão com sarnicida é recomendado
apenas em casos extremos, pois além de causar problemas ambientes corre o perigo de
intoxicação dos animais.
A sarna psorótica ocorre na região do pavilhão auricular dos ovinos, é possível
identifica com a observação da presença de crostas quebradiças na orelha. O tratamento é
realizado da mesma forma que a sarna sarcóptica (CAVALCANTE et al. 2009).
A sarna demodécica é mais rara, os animais acometidos apresentam nódulos na pele
próximos ao pescoço, peito, flancos e tórax, mas podem alcançar o corpo todo
(CAVALCANTE et al. 2009). O tratamento deve ser realizado por meio de aplicação de
ivermectina (CODEVASF, 2011).
A prevenção da sarna ocorre com a observação dos animais, visualização de sinais
clínicos como crostas, queda de pelo e o comportamento dos animais, com inquietação e
mordidas no próprio pelo, podem ser fortes indicativos da ocorrência de sarna no rebanho
(CAVALCANTE et al.2009).
2.5 Manejos
2.5.1 Alimentar
De acordo com Braga (2009) os sistemas de criação extensivos são caracterizados pela
criação dos animais sendo alimentados principalmente por pastagem, todos os animais
permanecendo juntos, sem haver separação por categoria, baixos níveis de tecnologia e
carcaças de qualidades baixas.
A alimentação a pasto ainda é a forma mais econômica de alimentar os ruminantes
(CODEVASF, 2011). Para Silva Sobrinho (2006) a utilização de forrageiras como fonte
21
primaria de energia na dieta dos ovinos é economicamente favorável, entretanto é necessário
vencer o desafio de atender as exigências nutricionais dos animais.
Os ovinos são animais muito seletivos quanto à alimentação, buscam forrageiras de
altura e densidade adequadas aos seus hábitos alimentares ( SILVA SOBRINHO, 2006).
Algumas forrageiras que são indicadas para a criação de ovinos são do gênero,
Cynodon, Panicum, Brachiaria, Digitaria, Chloris, Cenchrus e Andropogon (BRAGA, 2009).
O manejo alimentar comumente feito pelos criadores em Roraima é realizado da
seguinte forma, os animais são soltos no período da manha na pastagem e recolhidos no final
da tarde, na maioria dos casos não há pastagens destinadas exclusivamente a essa categoria
animal (BRAGA, 2009).
2.5.2 Reprodutivo
Os ovinos de modo geral entram na puberdade ao 4 a 6 meses de idade, a idade ao
acasalamento é quando o animal apresenta os dois primeiros dentes incisivos da dentição
permente, para mensurar a idade ao acasalamento a pratica que realizam é considera o animal
pronto quando atinge 70% do peso adulto (SILVA SOBRINHO, 2006).
O cio, também chamado estro, é o período em que a fêmea está preparada para a
fecundação e aceita o macho. A duração média varia de 24 a 36 horas. O ciclo estral é o
período entre o aparecimento de dois cios, a ovelha, entra em média, a cada 17 dias
(GUIMARÃES FILHO, 2009).
Os principais sinais observados segundo Guimarães Filho (2009) são:
• A vulva apresenta-se inchada e avermelhada, com a presença de secreção;
• A fêmea procura o macho;
• Monta e se deixa montar por outras fêmeas ou pelo macho;
• Fica agitada, muito inquieta e berra com muita frequência;
• Abana a cauda repetidamente;
• Diminui o apetite.
De acordo com Braga (2009) há três tipos de monta ou sistema de acasalameto:
22
- Monta Natural – os machos permanecem com as fêmeas, e são cobertas quando
entram no cio, sem controle nem época do ano. A relação macho:fêmeas é de 1 macho para 25
ou 30 fêmeas. Baixo custo, pouca mão de obra.
Para Guimarães Filho (2009) a monta natural apresenta algumas desvantagens como,
ocorrência de cobertura de fêmeas muito jovens, subutilização do reprodutor e
desconhecimento da fertilidade das fêmeas.
- Monta Controlada – as fêmeas são mantidas separadas do reprodutor, neste método
pode ser utilizado o rufião pra identificação de cio nas fêmeas. Quando uma fêmea é
identificada em cio é levada ao reprodutor pra realizar a cobertura, se o cio for identificado
pela manha são cobertas a tarde e se são identificadas a tarde são cobertas na manha seguinte.
Neste sistema é possível ter o conhecimento da fertilidade das fêmeas, melhor aproveitamento
do reprodutor, com relação macho:fêmea de 1 macho pra 50 a 60 fêmeas.
- Inseminação artificial – esses sistemas é utilizado principalmente para melhorar a
genética do rebanho. Consiste em um método artificial de reprodução onde é realizada a
aplicação do sêmen direto no útero da fêmea.
São vantagens da inseminação artificial, dispensa compra e manutenção de
reprodutores na criação, permite utilizar machos de grande valor genético e reduz a
disseminação de doenças sexualmente transmissíveis (GUIMARÃES FILHO, 2009).
23
3
OBJETIVO
2.1 Objetivo Geral
O objetivo com este estudo é realizar o diagnóstico da propriedade e avaliar os
impactos das recomendações técnicas na qualidade do rebanho e nos índices zootécnicos da
propriedade.
2.2 Objetivos Específicos
- Identificar os principais erros na produção
- Propor mudanças
- Mensurar resultados
- Analisar mercado, conhecendo o preço atual da carne ovina, e como é vendido.
24
4
METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado em uma propriedade Santa Lúcia localizada na região
do Município de Alto Alegre no Estado de Roraima, com interação entre produtor, aluno e
orientador. A propriedade foi utilizada como marco para identificação das dificuldades e
possibilidades da criação de ovinos na região através do acompanhamento da rotina de
manejos da criação.
O município de Alto Alegre encontra-se no norte do Estado de Roraima. O clima é
tropical quente, temperatura anual é de 27,5ºC e precipitação pluviométrica de 1.500 a
2.000mm, com área total de 26.109,70 Km² e banhado pelo rio Mucajaí.
Na propriedade, foi estudada a criação de ovinos de corte da raça Santa Inês, durante o
período de 09 de janeiro de 2012 a 10 de outubro de 2012, totalizando 09 meses, com visitas
quinzenais.
Os animais foram identificados utilizando colar de aço inoxidável e brincos para
pequenos ruminantes (Figura 1).
Figura 2 - Plaquinhas dos brincos para pequenos ruminantes e aço inoxidável.
Fonte: Arquivo Pessoal
No início das atividades, foi aferido o peso de todo rebanho de ovinos existentes na
propriedade. Pesou-se animais recém-nascidos com intervalos de 15 dias, até o desmame
25
natural, que ocorria em média aos 6 meses de vida, para se obter a curva de crescimento. Foi
realizada a contagem total do rebanho e os índices produtivos.
O peso dos animais foi medido por meio de uma balança suspensa com capacidade de
100 kg com precisão de 1 kg, no qual os animais eram suspendidos através de cordas (Figura
2). Também foi realizada a identificação da idade de todo o rebanho avaliando a dentição dos
indivíduos.
Figura 3- Balança Utilizada na pesagem dos animais (A), pesagem dos animais suspenso com
corda(B).
Fonte: Arquivo Pessoal
Foi realizado coleta de fezes de 10% do rebanho, no período da seca (janeiro) e no
período das chuvas (abril), para o exame de contagem de ovos por gramas (OPG) e verificar o
nível de contaminação do rebanho por endoparasitas.
As fezes foram coletadas direto da ampola retal dos animais e mantidas separadamente
em sacos plásticos, anteriormente identificados com o número do animal (Figura 3). Em
seguida esse material foi acondicionado em caixas de isopor com gelo e levado ao
Laboratório.
26
Figura 4 - Material coletado
Fonte: Arquivo Pessoal
Os exames foram realizados no Laboratório de Clinica – Veterinária I, da Embrapa –
RR e no Laboratório de Zoologia da Universidade Federal de Roraima. Foi utilizado o
método OPG (contagem de ovos por grama de fezes) com a câmara de contagem Mcmaster
(figuras 4, 5,6) de acordo com Ferreira Neto (1981).
Figura 5- Câmara de Mcmaster. (A)
Fonte: Arquivo Pessoal
27
Figura 6 - Pesagem das fezes na balança de precisão (A), Dissolução das fezes em solução
saturada(B), Filtragem do material(C).
Fonte: Arquivo Pessoal
Figura 7 Material filtrado na câmara de Mcmaster(A), ovo visualizado na câmara através do
microscópio(B).
Fonte: Arquivo Pessoal
Foi implantado o controle da reprodução do rebanho, através da marcação com graxa e
pó xadrez, no peito do reprodutor, para identificar as fêmeas que foram cobertas.
Foram identificados os problemas existentes na criação com a observação constante
para produção do diagnóstico da propriedade e para realização das recomendações necessárias
de manejo.
O comércio na região do Município de Alto Alegre, foi analisado através da consulta
com comerciantes de carne para identificar qual a demanda do mercado local. O mercado da
capital do Estado de Boa Vista também foi analisado através de consulta aos comerciantes.
28
5
SISTEMA DE PRODUÇÃO E RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS
A propriedade utilizada no estudo está localizada no município de Alto Alegre, Estado
de Roraima, localizada a 98 km do município de Boa Vista, capital do Estado.
As produções na propriedade são diversificadas, tendo como produção principal a
piscicultura, sendo a base econômica da fazenda. Além da piscicultura, há criação extensiva
de bovinos de corte, de suínos, aves, caprinos e ovinos.
A propriedade possui 2 mil hectares destinados às criações de bovino, ovino, caprinos,
aves, suíno e peixes. Conta com dois funcionários responsáveis pelas criações de ovinos,
caprinos, suínos, aves e bovinos, e sete funcionários responsáveis pela piscicultura, todos com
carteira assinada.
5.1 Sistema de Criação
A criação de ovinos na propriedade é considerada terciária, os animais que são
produzidos na propriedade são vendidos esporadicamente ou consumidos pelos trabalhadores.
A criação é feita de forma extensiva.
Para Braga (2009) os criadores optam pela criação de ovinos como criações
secundárias ou terciarias pelo baixo consumo da carne e de seus subprodutos, além da falta de
abatedouros legalizados.
No Brasil o consumo de carne ovina é baixo, encontrando - se aproximadamente de
0,6 a 1 kg de carne por habitante por ano, com algumas variações entre as regiões.
5.2 Rebanho
Os ovinos criados são da raça Santa Inês. No inicio do estudo foi possível observar a
falta de identificação dos animais, não se sabia o número de animais, quantos machos e
29
quantas fêmeas havia, o rebanho estava totalmente desorganizado, ou seja, não era realizada a
escrituração técnica do rebanho.
Havia muitos animais velhos e improdutivos, que não tinham mais capacidade de
alimentar-se de forma adequada, além de animais doentes, com problemas nos cascos, que
atingia grande parte do rebanho, até mesmo os mais jovens.
De acordo com a Embrapa (2005) a marcação dos animais pode ser realizada com
brincos, colares e tatuagens. A tatuagem geralmente é usada em animais puros que possuem
registro genealógico e é realizado com um alicate tatuador. A opção pela utilização do colar
com aço inoxidável foi feita a pedido do produtor, para evitar injúrias aos animais com a
aplicação de brincos nas orelhas (figura 13). Os colares são de boa visualização, mas é preciso
atenção aos animais em fase de crescimento para que não sofram estrangulamento.
O ideal para criação de ovinos de corte são os brincos, pois é de fácil aplicação e boa
visualização da numeração.
Figura 8- Colar feito com aço inoxidável e brinco com numeração(A). Borrego já
identificado(B).
Fonte: Arquivo Pessoal
5.3 Pesagem do rebanho
Junto à identificação dos animais deve ser realizada a aferição do peso. A pesagem dos
animais é realizada para obtenção do desenvolvimento ponderal do rebanho. A aferição pode
30
ser feita com balanças, das mais diversas formas, dependendo muito do que se tem na
propriedade. Todo o rebanho deve ser pesado.
Peso ao Nascimento (Média) =
=
= 3,93 kg
O peso médio dos animais, nascido durante o período, foi de 3,93 kg, superior aos
encontrados por Castro et al. (2012) com 3,69 kg, Costa et al. (2012) com 3,82 kg e Malhado
et al.(2008) com 3,42 kg.
Em todos esses estudos citados, os animais eram mantidos em pastagem de boa
qualidade nutricional e tinha fornecimento de suplemente mineral regularmente, o que não
ocorria com os animais da criação em estudo. Com isto pode-se considerar que os borregos
nasciam com pesos próximos da média considerados normais para a raça Santa Inês, 4,5 kg,
de acordo com artigo da Catálogo Rural (2011).
Peso ao Desmame (Média) =
=
= 15,62 kg
A aferição dos pesos ao desmame, dos animais da criação em estudo, foi realizada aos
6 meses de idade (180 dias), com peso médio dos animais de 15,62 kg. De acordo Costa et al
(2012) o peso médio dos ovinos Santa Inês ao desmame, com 90 dias, foi de 17,09 kg, e
Castro et al.(2012) obteve peso médio de 11,70 kg, com desmame aos 70 dias.
Através destes dados, observa-se o baixo ganho de peso que os animais apresentam,
acarretando baixo peso ao abate, além de prolongar o período de entrada na reprodução das
fêmeas, por não atingirem o peso ideal para a reprodução (70% do peso adulto).
O ganho de peso do nascimento ao desmame expressa o potencial genético para
crescimento e ganho de peso do animal, e reflete no peso final do sistema de produção
(abate).
31
A alimentação é o principal ponto que pode interferir no ganho de peso do nascimento
ao desmame. O escore de condição corporal das fêmeas reflete a possibilidade de produção de
leite e a condição de produzir cordeiros pesados ao desmame. A condição nutricional da mãe
a capacidade de produção de leite e consequentemente na alimentação da cria, com isso
entende-se que é necessário a suplementação alimentar da mãe antes e depois do parto, para
que seja possível a produção de crias pesadas.
A habilidade materna da mãe também é um fator que pode interferir no peso ao
desmame das crias. Essa habilidade abrange todos os cuidados que a mãe deve ter com a cria,
proteção contra predadores, não deitar sobre as crias, fornecer alimento e permitir que a cria
mamem sempre que necessário.
Ganho de peso diário do nascimento ao desmame = (peso ao desmame – peso ao
nascer)/180 = (15,63 -3,93)/180 = 0,065 kg/dia = 65 g/dia
O ganho de peso médio diário dos animais foi de 65 g/dia, com desmame aos 180 dias
de idade, valor muito inferior ao encontrado por Castro et al. (2012), com animais
desmamados aos 70 dias de idade encontraram o valor de 114 g/dias de ganho de peso.
Com o peso ao desmame baixo, o rebanho consequentemente teve ganho de peso
diário inferior ao encontrado em outras criações da mesma raça, e fora do desejável a uma
criação de ovinos.
No gráfico 1, utilizou- se os pesos do nascimento ao desmame, dos animais que
nasceram e desmamaram durante o período de estudo com acompanhamento quinzenal,
comparando com desenvolvimento padrão, definido de acordo com os estudos sobre
desenvolvimento ponderal de cordeiros chegando a uma média de ganho de peso de 100 g/dia.
32
Gráfico 1 - Crescimento do nascimento ao desmame dos animais do rebanho,
comparado ao padrão.
De acordo com o gráfico 1, é possivel constatar que alguns animais oscilaram entre os
valores do crescimento padrão, apresentando em alguns períodos valores iguais, mas todos
tirveram pesos, aos 180 dias, abaixo do padrão.
Alguns animais apresentaram valores acima do padrão nos primeiros 90 dias, seguido
de grandes oscilações e queda acentuada do ganho de peso. Assim como, outros animais
apresentaram crescimento muito abaixo do padrão do nascimento ao desmame.
A maioria dos animais acompanhados apresentaram pesos muito próximos ao padrão
nos 60 dias de idade, oscilando nos dias seguintes, para mais ou para menos. No gráfico 2, é
apresentada a comparação da média do ganho de peso de todos os animais acompanhados
durante o período e comparados ao ganho de peso padrão definido anteriormente.
33
Gráfico 2. Média dos pesos do nascimento ao desmame comparado com o padrão.
Neste gráfico fica claro que o desenvolvimento inicial dos animais apresenta-se dentro
do padrão, apresentando a partir dos 60 dias de idade queda no ganho de peso até o desmame,
mantendo-se abaixo do padrão.
Esta queda no crescimento dos animais é ocasionada pela alimentação precária e
manejo inadequado dos cordeiros.
Na propriedade estudada, as crias são soltas com as mães para o pasto todos os dias,
ocorrendo com isso um desgaste acentuado desses animais, que ainda não apresentam
condições para acompanhá-las, lembrando que a propriedade não possui áreas de pastagem
própria para os ovinos, obrigando esses animais a percorrerem grandes distâncias em busca de
alimento.
Esse desgaste sofrido pelas crias pode resultar em ganho de peso diário baixo, como
encontrado neste estudo, 65 g/dia, pois o gasto energético é alto e o consumo de energia
baixo.
Nos primeiros 60 dias de vida, os animais conseguem manter um ganho de peso
próximo ao padrão devido ao consumo de leite e por este ser o período de pico de lactação das
fêmeas, mas a partir deste período a necessidade por suplementação alimentar é crucial para a
continuidade do ganho de peso, pois a produção de leite pela fêmea decresce e os níveis de
absorção dos nutrientes do leite diminuem para o cordeiro. Acredita-se que este seja o motivo
34
dos animais da criação em estudo, apresentarem queda acentuada no ganho de peso após os
60 dias, pois não possuem suplementação alimentar e alimentam-se de pastagens precárias.
Algumas medidas que podem ser tomadas para evitar a queda no ganho de peso desses
animais são: a atenção a ingestão do colostro pelos cordeiros recém-nascidos, de preferência
que ocorra nas primeiras 6 horas após o nascimento, a alimentação da mãe que deve ser de
qualidade, fornecendo pastagem adequadas e suplementação com concentrado durante a fase
de aleitamento (GOUVEIA; ARAÚJO; ULHOA, 2007).
Os cordeiros devem permanecer no aprisco até atingirem idade e peso adequados para
acompanhar as mães ao pasto, em média com 15 dias de idade esses animais já podem
acompanhar as mães ao pasto.
Fornecer concentrado em cochos privativos, no aprisco e/ou nas pastagens, para os
cordeiros a partir de 15 dias de idade até 9 semanas de nascimento, atendendo as exigências
nutricionais e otimizar o ganho de peso dos cordeiros (GOUVEIA; ARAÚJO; ULHOA,
2007).
5.4 Idades Dos Animais
Avaliação da idade de um animal através da dentição permite uma estimativa
aproximada da idade, podendo haver interferências na avaliação devido aos desgastes dos
dentes (RIBEIRO, 1997).
A observação da dentição para mensurar a idade do animal é realizada através das
mudas e desgastes que ocorrem nos dentes (GUIMARÃES FILHO; ATAÍDE JUNIOR,
2009).
Figura 9 - Evolução dentaria.
Fonte: (GUIMARÃES FILHO; ATAÍDE JUNIOR, 2009).
35
Através da dentição, foi realizada a identificação da idade de todos os animais do
rebanho, no final do período do estudo o rebanho estava com as seguintes médias de idade:
- Idade média do rebanho = 23,93 meses
- Idade média das Fêmeas em reprodução= 26,5 meses
- Idade Média dos machos castrados= 26,95 meses
- Idade do Reprodutor = 32 meses
5.5 Escriturações Zootécnicas
Os índices zootécnicos são vários podendo abranger todas as atividades do rebanho,
traduzindo de forma numérica o desempenho produtivo e reprodutivo da criação (BARROS,
2011).
Na criação estudada, através do acompanhamento e coleta de dados zootécnicos foi
possível gerar dados e calcular os índices zootécnicos do rebanho durante o período de estudo.
Taxa de fertilidade (%) =
x 100
x100= 10,64%
A taxa de fertilidade é o número de ovelhas prênhes dividido pelo total de ovelhas
colocadas em reprodução. Essa porcentagem reflete o nível de fertilidade do rebanho.
Na criação estudada a fertilidade foi de 10,64%, valor muito baixo comparado a
estudos realizados por Pinheiro (2004), onde fêmeas da raça Santa Inês apresentaram taxa de
fertilidade de 85,8% e Albuquerque et al. (2004) com taxa de 98,81% em fêmeas Santa Inês.
A baixa taxa de fertilidade do rebanho ocorre por diversos fatores, a falta de mais
reprodutores no rebanho é um dos fatores, pois a relação macho:fêmea recomendada pela
literatura é de 1:25 e a criação possui uma relação é de 1:96, podendo dessa forma ser uma
das justificas da baixa taxa de fertilidade de 10, 64% do rebanho.
36
O Estado nutricional também pode influenciar a fertilidade do rebanho, os animais não
recebem suplementação, alimentam-se apenas de pastagens nativas e cultivas (Brachiaria
Brizantha), com fornecimento irregular de sal mineral. As fêmeas precisam estar bem nutridas
para que possam ser assegurados níveis de fertilidade normais (GRAZZIOTIN; GERMER,
2011).
Outro fator que pode afetar a fertilidade do rebanho é a presença de fêmeas com
idades avançadas para a reprodução, de todas as fêmeas presentes no rebanho com idade para
reprodução, 16,67% estão com idade acima de 5 anos.
Para CODEVASF (2011) as fêmeas a partir dos 5 anos, começam a diminuir a
produção. A partir desta idade as ovelhas apresentam queda na taxa de parição, a mortalidade
é maior, além da apresentação de problemas dentários que afetam o consumo de alimentos e
agem negativamente sobre a produção (SILVA SOBRINHO, 2006).
- Taxa de Natalidade (%) =
x100 =
28,72%
A taxa de natalidade é um índice que também avalia a fertilidade do rebanho,
utilizando o número de fêmeas que apresentaram eficiência na gestação. De acordo com
estudo realizado por Pinheiro (2004) o valor encontrado para este índice foi de 85% para
fêmeas da raça Santa Inês, já Silva e Araújo (2000) encontraram o valor de 42% pra fêmeas
mestiças Santa Inês, verificando assim diferença significativa com o resultado de 28, 72% da
taxa do rebanho em estudo.
Com esses resultados é possível, mais uma vez, constatar que a fertilidade do rebanho
encontra-se muito abaixo dos valores encontrados em rebanhos da raça Santa Inês e mestiços.
- Taxa de Prolificidade =
x100 =
x100 = 1,07
A taxa de prolificidade é calculada através do número de cordeiros nascidos dividido
pelo total de ovelhas paridas. A taxa do rebanho foi de 1,07, considerada dentro do normal
37
para raça Santa Inês, comparada com estudos realizados por Silva e Araújo (2000) que
encontraram o valor de 1,19, e Pinheiro (2004) encontrou um valor mais elevado de 1,54 para
a mesma raça.
A prolificidade do rebanho é diretamente relacionada à sobrevivência dos cordeiros
nascidos, como o rebanho apresentou baixa taxa de mortalidade dos cordeiros com 3,45%, a
taxa de prolificidade apresentou-se dentro do normal para a raça.
- Taxa de Mortalidade dos Cordeiros (%) =
x100
x100 =
3,45%
A taxa de mortalidade de cordeiros foi de 3,45%, comparando com estudo realizado
por Costa et al. (2012), onde foi encontrado o valor de 15% para a taxa de mortalidade dos
cordeiros, verificando com isto que a taxa de mortalidade do rebanho foi consideravelmente
satisfatória.
Com as coletas necessárias para confecção da escrituração zootécnica, é possível
identificar animais velhos e alguns doentes. Para Silva Sobrinho (2006) a recomendação
adequada nessas condições é que esses animais sejam analisados e descartados do rebanho.
Além da identificação desses animais velhos ou doentes, é possível visualizar a
presença de animais com características genéticas indesejáveis para o rebanho, como
prognatismo, retrognatismo e falta de habilidade materna, esses animais também devem ser
descartados do rebanho o mais breve ( SILVA SOBRINHO, 2006).
A prognatismo (queixo comprido) e o retrognatismo (queixo curto) são defeitos
genéticas, que quando muito acentuadas interferem na apreensão de alimentos pelos animais,
além de ser altamente herdável (MARQUES JÚNIOR et al.2010).
A habilidade materna é avaliada através dos cuidados que a fêmea tem com a cria, a
capacidade de proteger, não abandonar e produzir leite suficiente para a cria (MARQUES
JÚNIORet al. 2010).
A importância de selecionar animais de qualidade para o rebanho é o ponto chave para
bons resultados e melhores ganhos.
38
A genética do rebanho influi nos ganhos de produção. A simples seleção de fêmeas
regulares na reprodução, apresentando cios contínuos sem falhas de fertilidade, com boa
habilidade materna, reprodutores com boa conformação e bons aprumos geram produtos
finais melhores, refletindo nos ganhos econômicos.
Tabela 1 - Evolução do Rebanho Durante o Estudo.
Fêmeas 0 -3 meses
Mortes de fêmeas de 0-3
meses
Machos 0-3 meses
Fêmeas 4 -6
Machos 4-6
Fêmeas em Reprodução
Mortes de fêmeas em
Reprodução
Machos castrados
Venda
de
machos
Castrados
Reprodutor
Total
Jan
15
Fev
9
Mar
6
Abr
4
Maio Jun
4
5
23
3
5
80
9
9
18
80
7
12
17
79
5
11
20
82
3
14
23
82
1
8
8
9
87
38
1
39
43
43
1
41
57
1
164
2
1
167
1
1
172
1
1
165
1
165
1
164
Jul
10
Ago
9
Set
8
7
6
8
89
6
5
6
91
6
3
3
94
60
62
66
1
176
1
1
177
1
177
Durante o período de estudo ocorreu a morte de uma fêmea de 0-3 meses no mês de
junho, nascido em parto gemelar e não resistiu. Já nos meses de fevereiro e maio tiveram duas
mortes de fêmeas, que já estavam com idade avançada (5 anos) e não foi identificada a causa
das mortes.
Foram vendido 5 machos castrados durantes o período de estudo, para consumidores
do município de Alto Alegre que procuraram a propriedade em buscas dos animais.
5.6 Instalações
O número de ovinos estava acima da capacidade de suporte da instalação existente, o
aprisco, apresentando um desconforto na acomodação dos animais durante o período de
descanso (figura 8).
39
Figura 10 - Alta densidade de animais dentro do aprisco.
Fonte: Arquivo Pessoal
A instalação apresenta algumas inadequações na sua construção. O aprisco de madeira
com elevação de apenas 1metro, o que é insuficiente para limpeza adequada, com piso ripado.
O piso ripado da instalação foi feito com madeira muito espessa com isso as fezes ficam
aderidas nas frestas das ripas, acumulando fezes dentro do aprisco, principalmente nas épocas
de chuvas, quando a umidade é elevada e as fezes demoram a secar, além de não ocorrer
manutenção da instalação apresentando ripas quebradas (figura 9).
Figura 11- Piso ripado com acúmulo excessivo de fezes(A), ripas quebradas(B).
Fonte: Arquivo Pessoal
Em relação ao acúmulo de fezes, a mudança do piso seria o ideal, mas o custo é muito
elevado sendo inviável para o produtor. O recomendado foi intensificar a limpeza da
40
instalação, principalmente nos períodos de maior umidade (chuvas) para evitar problemas
sanitários com a criação.
Outra recomendação feita, quanto ao aprisco, que foi aceita e realizada pelo
proprietário, foi o conserto das ripas do piso que estavam quebradas ou danificadas e
apresentava riscos de fraturas nos animas. As ripas quebradas ou apenas danificadas foram
retiradas e repostas por ripas inteiras.
Dentro do aprisco há um comedouro de 1 metro de comprimento onde é fornecido o
sal mineral, sem proteção, onde os animais deitavam dentro e defecavam (figura 11). No
inicio do estudo não havia bebedouros dentro do aprisco.
O comedouro da instalação, utilizado apenas como saleiro, recomendou-se a instalação
de uma proteção sobre o comedouro para impedir a entrada dos animais.
Uma tábua foi posta sobre o comedouro em uma altura que impediu a entradas dos
animais, porém não interferiu no consumo dos animais.
O comedouro utilizado como saleiro, é pequeno e tem a finalidade de fornecer
suplementação mineral ao rebanho, deve estar 30 a 40 cm de altura acima do piso, 20 cm de
profundidade e 30 cm de largura (GOUVEIA; ARAÚJO; ULHOA, 2007).
Figura 12- Cocho de sal sem proteção (A), comedouro com a proteção (B).
Fonte: Arquivo Pessoal
41
As recomendações quando aos bebedouros, foi para que fosse instalados bebedouros
dentro do aprisco, pois os animais passam longos períodos presos, em alguns momentos
recebendo sal, e não havia água disponível. O novo bebedouro do aprisco foi instalado, com
boia, mas foi instalado em uma altura baixa, possibilitando que os animais defecassem dentro.
Figura 13- (A) Bebedouro que deveria estar sendo utilizado, (B) Novo bebedouro
Fonte: Arquivo Pessoal
No interior do aprisco há um brete, em forma de funil para realização do manejo e
também usado para utilização do pedilúvio. Há também uma área pequena, fechada para
separação de animais recém-nascidos ou muito debilitado.
Um dos entraves da criação em estudo é a presença de apenas um reprodutor no
rebanho, e o fato dele permanecer constantemente junto às fêmeas. Com relação a instalações,
a implantação de baias para permanência de reprodutores, seria uma forma adequada de
melhorar o desempenho reprodutor e índices da criação estudada.
Essas baias são simples, pequenas, podendo ser coletivas ou individuas, como
bebedouro e comedouro (GOUVEIA; ARAÚJO; ULHOA, 2007). Na criação em estudo, foi
recomendada a separação do reprodutor no período de descanso, quando os animais são
recolhidos ao aprisco no final do dia, sendo este momento o ideal para ter uma baia própria
para o reprodutor.
42
5.7 Sanidade
O manejo sanitário do rebanho e das instalações era praticamente inexistente. Não
havia planejamento para limpeza e manutenção das instalações. Os animais não tinham
frequência certa no tratamento de ectoparasitas, endoparasitas e nem casqueamento.
As doenças identificadas no rebanho foram: pododermatite contagiosa (podridão do
casco), sarna (figura 7 – B), linfadenite caseosa (mal do caroço) (figura 7 – B). Além dos
animais apresentarem espirros e secreções constantes nas narinas.
Não era realizada a retirada das fezes que acumulava abaixo do aprisco, pelo fato da
região ser habitada pelos suínos, que são criados soltos ao redor do aprisco.
5.7.1 Higienização
No aprisco da propriedade a primeira
recomendação
foi a higienização das
instalações.Os apriscos deveriam ser limpos de forma mecânica e a seco, retirando todas as
sujidades.
A frequência de higienização do aprisco foi a cada dois dias, pelo fato do piso ripado
ter sido feito de maneira errada, com isso apresentando maior acúmulo de fezes. A
recomendação feita para limpeza dos comedouros e bebedouros foi diária.
O pedilúvio é mais um componente do aprisco, que deve ser mantido sempre limpo. O
pedilúvio auxilia na prevenção de doenças nos cascos, o que é comum nas criações do estado,
principalmente nas épocas de maior umidade (chuvas). Deve ser limpo sempre após a
utilização.
Com relação ao pedilúvio foi recomendada a utilização nas épocas de chuvas, e a
limpeza e renovação dos produtos a cada dois dias. Recomendou-se também a limpeza das
fezes abaixo dos apriscos a cada 15 dias, mas não foi acatado pela permanência da criação de
suínos no local.
43
Figura 14 - Criação de suínos abaixo do aprisco.
Fonte: Arquivo Pessoal
Tabela 2 - Frequência dos manejos de higienização recomendados na propriedade em estudo.
Manejos
Períodos
Limpeza a seco das instalações
Diário ou a cada 2 (dois) dias
Limpeza dos bebedouros e comedouros
Diário
Limpeza e desinfecção das instalações
1 (uma) vez ao mês
Limpeza da área externa da instalação
1 (uma) vez ao mês
Limpeza e troca de produtos do Sempre que necessário
pedilúvio
5.7.2 Casqueamento
O casqueamento é uma medida de prevenção de problemas gerais do casco e da
pododermatite contagiosa ou “foot rot”. Os animais devem ser casqueados constantemente,
podendo através deste manejo, identificar problemas de casco no inicio, sendo recomendado
casquear todos os animais do rebanho pelo menos uma vez ao ano, principalmente no inicio
das chuvas.
44
A pododermatite contagiosa é uma das doenças que causam mais prejuízos na criação
de ovinos, ela ocorre principalmente em períodos de maiores oscilações de umidade e calor e
espalha rapidamente, afeta o rebanho, reduzindo o consumo de alimento pelos animais
acometidos, pela dificuldade de locomoção nas pastagens, e interfere na frequência de
coberturas de reprodutores afetados (OLIVEIRA, 1999).
Na criação foi identificada a ocorrência de pododermatite contagiosa pela observação
de animais que apresentam claudicação, um dos sintomas da doença como cita Oliveira
(1999).
Todo o rebanho restante casqueado no inicio das chuvas, e durante este período mais
úmido (chuvas) foi utilizado formol a 10% no pedilúvio, com o intuito de previr a
pododermatite contagiosa e realizar tratamento de casos iniciais.
Os animais acompanhados no estudo, que estavam com pododermatite em estado
avançad foram casqueados e tratados com formol a 10%. A recomendação feita foi realizar o
descarte destes animais do rebanho, mas na foi acatada pelo proprietário, por não haver
comprador para os animais, permanecendo com os animais e casqueados regularmente como
todos os outros.
5.7.4 Verminoses
Na criação de ovinos a verminose, doença causada por endoparasitas, afeta de forma
significativa os rebanhos de ovinos, sendo responsável pelo baixo desempenho dos animais e
em alguns casos levando a morte, resultando em queda da produção e perdas econômicas.
Com o exame de OPG realizado em 10% do rebanho estudado, foi encontrado o
seguinte resultado: no primeiro exame, realizado na época da seca (Janeiro), a quantidade de
ovos por grama de fezes teve uma média de 300 ovos, no segundo exame, realizado na época
das águas (abril), e após aplicação de vermífugo 2 meses antes, a quantidade de ovos por
grama de fezes elevou de forma significativa, com média de 2200 ovos (figura 18).
45
Figura 15- Ovos encontrados no exame OPG.
Fonte: Arquivo Pessoal
As verminoses são mais severas nas épocas de chuvas, onde a proliferação é maior. Os
ovinos são infectados através de pastagens contaminadas com larvas infectantes, debilitando
de forma mais agressiva os animais, e os deixando suscetíveis as ocorrências de outras
doenças (CODEVASF, 2011).
Os sintomas são de fácil visualização como, diarréias, pelos arrepiados e sem brilho,
perda de peso, anemia e palidez das mucosas.
Para o controle da verminose recomenda-se realizar a vermifugação estratégica, com o
intuito de eliminar todas as fases de vida dos endoparasitas.
Os tratamentos estratégicos tem o objetivo de diminuir a carga de vermes nos animais,
nos períodos menos favoráveis à sobrevivência dos estádios de vida livre dos nematódeos, o
que acontece na estação seca, com este tratamento diminui a quantidade de ovos de vermes
liberados nas pastagens (CAVALCANTE et al. 2009) (figura 19).
De acordo com o Manual de criação de Ovinos e Caprinos da CODEVASF de 2011, a
vermifugação estratégica deve ocorrer da seguinte maneira:
46
Figura 165 - Esquema mais recomendado para vermifugação estratégica.
Fonte: (CODEVASF, 2011).
Este tipo de tratamento tem sido questionado pelo fato de estar causando resistências
dos parasitas aos anti-helmínticos, devido à aplicação contínua do medicamento, como é
descrito no apresentado anteriormente (CAVALCANTE et al. 2009).
Com intuito de diminuir a resistência dos parasitas, recomenda-se utilizar métodos
seletivos como, por exemplo, o Método Famacha©, que realiza a seleção dos animais mais
atingidos através do nível de anemia, analisando a mucosa dos olhos (CAVALCANTE et al.
2009).
O Método Famacha© pode ser utilizado para o monitoramento do estado do rebanho
quanto há infestação da verminose e controle do Haemonchus contortus. Utiliza-se a cartela
indicativa do método para avaliar os níveis de coloração da mucosa do olho (figura 20). Esse
método deve ser realizado periodicamente, tanto no período da seca como das chuvas.
Tabela 3- Utilização do Método Famacha©
Período
Utilização
Seca
15 dias aleatório
Chuvas
10 dias aleatório
Fonte: Modificado de CODEVASF, 2011.
47
Figura 17- Cartela do Método Famacha©.
Fonte: Arquivo Pessoal
As principais recomendações para a prática da vermifugação são que os animais
devem ser pesados e a administração do vermífugo ser de acordo com seu peso, apenas
animais com mais de 30 dias devem ser vermifugados e acompanhar a eficiência do
vermífugo (CODEVASF, 2011).
Além do controle de endoparasitas, deve ser realizado o controle de ectoparasitas
(carrapatos, piolhos, ácaros), que também afetam a produtividade do rebanho.
O controle dos ectoparasitas deve ser realizado pelo menos uma vez ao ano, mesmo
que não seja visível a infestação nos animais, é preciso prevenir. Esse controle é realizado
através da aplicação de antiparasitários na forma de banhos por imersão ou borrifando os
animais com o medicamento.
5.7.5 Linfadenite Caseosa
Em alguns animais do rebanho também foi identificado à presença de Linfadenite
Caseosa (“mal do caroço”) (Figura ).
48
Figura 18- Abscesso da Linfadenite Caseosa.
Fonte: Arquivo Pessoal
A Linfadenite Caseosa é causada pelo bactéria Corynebacterium pseudotuberculosis,
age nos gânglios linfáticos, causando abscesso, a forma de infecção é através do solo, água,
alimentos e secreção de abscesso (DOMINGUES, 2006).
A retirada do abscesso deve ser feita com muito cuidado para não contaminar o
ambiente.
Para Alves e Pinheiro (2001) os abscessos se rompem espontaneamente, por isso é
necessário a incisão cirúrgica para evitar a contaminação de todo o rebanho através das
secreções do abscesso.
Figura 19- Animal com Linfadenite Caseosa.
Fonte: (BARROS E FERNANDES, 2011).
49
De acordo com Fernandes e Simionato (2010) a retirado do abscesso deve ser
realizada no momento que ele esteja “macio”, o local deve ser lavado e a incisão realizada na
parte inferior do abscesso em forma de meia lua, facilitando a drenagem e limpeza, sendo o
conteúdo colocado dentro de um saco plástico par evitar a contaminação do embiente (Figura
22).
Esse material de preferência deve ser incinerado, o local onde foi feita a incisão deve
ser devidamente limpo com iodo e aplicado repelente para prevenir futuros problemas.
Figura 20- Retirada do abscesso.
Fonte: (BARROS E FERNANDES, 2011).
Há uma vacina desenvolvida pela Embrapa em 2000, com o vírus Corynebacterium
pseudotuberculosis viva, atenuada, liofilizada. O rebanho que tenha ocorrência desse vírus
deve ser vacinado anualmente e as práticas de higiene devem ser realizadas rigorosamente
(FERNANDES; SIMIONATO, 2010).
5.7.6 Sarna
Outra doença identificada no rebanho estudado foi à sarna, no período das chuvas.
Para Cavalcante (2009) as sarnas são afecções cutâneas, podendo ser causada por diversas
espécies de ácaros, acometendo os animais todas as idades e sexo.
50
A sarna causa prejuízos à criação, os animais apresentam nódulos e crostas onde
abrigam os parasitas e causam irritação, e refletindo na ingestão de alimento que diminui,
causando perda de peso e baixa eficiência produtiva do rebanho (CAVALCANTE, 2009).
Os sinais da presença desta doença são aparentes e podem ser visualizadas durante
manejos diários com os animais, inquietações, mordidas no próprio pêlo, presença de crostas,
escamas ou deformidades no pelo são indicativos que os animais estão com ectoparasitas
(CAVALCANTE, 2009).
Higienização das instalações é um método preventivo para ocorrência dessa
enfermidade, e aplicação de medicamente especifico para o combate de ácaros para o
tratamento dos animais acometidos.
Figura 21- Borrego acometido por ácaros.
Fonte: Arquivo Pessoal
5.8 Manejos
5.8.1 Alimentar
Os horários de pastejo eram inadequados, pois os animais eram soltos, as 11:00 horas
e recolhidos as 16:00 horas, nos horários mais quentes do dia para pastejar. Além de não
haver áreas de piquete com forragem para os ovinos, eles caminham entre os piquetes
destinados a produção de bovinos de corte, percorrendo grandes distâncias em busca de
pastagens de melhor qualidade.
O fornecimento de sal mineral é irregular e na maioria das vezes fornecido sal
51
A a recomendação proposta foi à separação de piquetes, destinada à criação de ovinos.
Outra sugestão foi dada, consertar as cercas dos piquetes já existentes para bovinocultura,
adequa-las para criação de pequenos ruminantes, aumentando o número de fios, e manejar de
forma eficiente os piquetes, podendo ser utilizado o método da medição da altura de entrada e
saída das pastagens, realizando uma rotação entres os piquetes com as criações de ovinos,
caprinos e bovinos. Infelizmente nenhuns das sugestões propostas foram acatadas pelo fato da
criação ser terciária e ele não possuir condições financeiras de realizar o investimento.
O fornecimento de suplemento mineral na propriedade estudada é irregular e em
alguns períodos era fornecido o sal mineral para bovinos. A recomendação feita foi
fornecimento diário e contínuo de sal mineral especifico para pequenos ruminantes, esta
recomendação também não foi implementada, pois o produtor justificou o gasto para realizar
a compra de sal específico pra ovinos é alto e nem sempre é possível ser feito.
A utilização de sal mineral para bovinos não é recomendada, pelo fato de possui
quantidades de cobre acima das exigências para ovinos, podendo causar intoxicação no
rebanho e podendo levar os animais a morte, a problemas reprodutivos e metabólicos devido
ao desbalanço mineral (BRAGA, 2009).
5.8.2 Manejo Reprodutivo
Os reprodutores eram mantidos junto às fêmeas, não havia separação por faixas
etárias, as filhas dos reprodutores eram mantidas no rebanho. A castração dos animais muitas
vezes era realizada de forma tardia, quando os cordeiros possivelmente já estavam entrando
na fase de reprodução, ao redor de 6 a 10 meses.
De acordo com Braga (2009) a maioria das criações de ovinos do Estado de Roraima é
realizada de forma extensiva, o manejo reprodutivo muitas vezes é realizado de forma
aleatória, sem o controle de cobertura das fêmeas, e na grande maioria os reprodutores são
mantidos com as fêmeas constantemente, ocorrendo à monta natural.
A adoção de um manejo reprodutivo é vantajosa, pois através dele aperfeiçoa a
produção de novos animais com regularidade, é mais fácil à identificação de fêmeas com
52
baixa fertilidade, identificação de animais com melhores produções e consequentemente uma
seleção dos melhores animais, melhorando assim o rebanho como um todo.
Na criação em estudo, havia apenas um reprodutor Santa Inês no rebanho e é mantido
constantemente com as fêmeas. A relação de macho:fêmea na propriedade era de 1:96.
De acordo com Guimarães Filho e Ataíde Júnior (2009) na monta natural o macho
permanece continuamente, a campo, junto com as fêmeas, cruzando com elas sem controle e
em qualquer época do ano, neste sistema a relação macho:fêmea, fica em torno de 1:25 ou
1:30.
A monta natural apresenta como vantagem o menor custo de mão de obra e melhores
desempenhos reprodutivos comparados com as outras técnicas de acasalamento, ocasionado
pela melhor detecção de cio e maior volume no ejaculado, porém ocorre maior desgaste dos
reprodutores e o desconhecimento da paternidade dos borregos, no caso de haver mais de um
reprodutor (GRAZZIOTIN; GERMER, 2011).
Como a propriedade apresenta uma criação extensiva, não há separação por categoria,
fêmeas jovens e adultas são mantidas juntas com o reprodutor. As fêmeas são cobertas muito
jovens e há muitas fêmeas velhas que não reproduzem mais.
A puberdade em ovinos ocorre de modo geral entre 4 a 6 meses de idade, estando
aptas ao acasalamento quando atingem 70% do seu peso adulto (SILVA SOBRINHO, 2006).
É comum encontrar fêmeas pequenas e de baixo peso nos rebanhos, ocasionado por
coberturas precoces, estando elas ainda muito jovens, prejudicando o desenvolvimento
corporal e toda a vida produtiva (GRAZZIOTIN;GERMER,2011).
Em um rebanho que nunca houve controle da reprodução, como é o caso da
propriedade estudada, o manejo proposto inicialmente foi:
- Separar o reprodutor das fêmeas no momento em que o rebanho é recolhido ao
aprisco no final da tarde, evitando que o reprodutor se desgaste mais e não descanse;
- Passar graxa com pó xadrez no peito do reprodutor a cada dois dias, para identificar
as fêmeas que estão sendo cobertas ou que estão apresentando cio;
- Separar as fêmeas próximas ao parto em abrigo distinto dos demais.
53
A marcação dos reprodutores com graxa é uma forma prática e barata para manter o
controle da reprodução do rebanho. Lembrando que, se houver mais de um reprodutor deve-se
diferenciar a coloração do pó xadrez, para identifica que fêmeas foram cobertas por cada
reprodutor (GRAZZIOTIN; GERMER, 2011).
Com a utilização da marcação, são colocadas cores diferentes a cada 17 dias (seguindo
a ordem de cores ilustradas abaixo na figura 17), sendo possível identificar as fêmeas que
retornaram o cio e o período em que foram cobertas, podendo mensurar o dia do parto
(GRAZZIOTIN; GERMER, 2011).
Figura 22- Tabela de cores para marcação de carneiros em função do tempo.
Fonte: (GRAZZIOTIN; GERMER,2011).
As fêmeas que foram cobertas mais não fertilizadas devem ser analisadas, se ocorrer
mais de uma vez à fêmea deve ser descartada do rebanho, pois apresentada problemas de
infertilidade ou outro problema reprodutivo, com isso permanece o rebanho apenas as fêmeas
produtivas (SILVA SOBRINHO, 2006).
Após o parto é preciso atentar para o borrego, verificando se ele ingeriu o colostro,
que deve ser feito nas primeiras 6 (seis) horas. O colostro é rico em proteínas, minerais,
vitaminas e anticorpos, a ingestão é importante para a fisiologia e defesa do organismo dos
recém-nascidos (SOUSA JÚNIOR; GIRÃO, 2003).
O corte e cura do umbigo devem ser realizados 4 a 6 horas após o nascimento. O corte
deve ser feito dois dedos de distância da pele da barriga do recém-nascido, a cura é realizada
logo em seguida, pois é uma porta de entrada de doenças. Para realizar a cura do umbigo,
deve-se mergulhar o umbigo em um frasco com iodo a 10%, esse manejo deve ser repetido
duas vezes ao dia durante dois dias ( SOUSA JÚNIOR; GIRÃO, 2003).
54
Segundo Sousa Júnior e Girão (2003) o cordeiros devem acompanhar as fêmeas nos
períodos de pastejo a partir do momento que apresentarem condições fisicas, permanecendo
na instalação apenas os animais que nasceram muito fracos ou estão doentes.
Outro ponto importante a ser salientado é a castração dos animais. A castração é
realizada no intuito de anular a capacidade reprodutiva dos machos, e deve ocorrer em torno
dos 4 meses de idade (CODEVASF, 2011).
Os métodos de castração mais conhecidos são, cirúrgico e o burdizzo (equipamento
que promove o esmagamento dos cordões espermáticos). O método cirúrgico é o mais
indicado, por ter a eficiência garantida pelo corte dos cordões espermáticos (CODEVASF,
2011).
A utilização do burdizzo apresenta facilidade no manejo, ele promove o esmagamento
do cordão espermático, a eficiência deste método depende muito o operador. A castração
inicia com a contenção do animal, posicionamento do burdizzo, em seguida pressão do
aparelho durante mais ou menos 60 segundos (SOUSA JÚNIOR; GIRÃO, 2003).
55
6
MERCADO
A comercialização de carne de ovinos no Estado de Roraima é proveniente de abate
clandestino, por não haver abatedouros apropriados para essa categoria. A venda ocorre em
açougues, pequenos mercados e feiras livres (BRAGA, 2009).
O mercado para carne de ovinos no município de alto alegre é pequeno, nos comércios
locais é difícil encontrar carnes de ovinos a venda, os comerciantes afirmam que a procura é
pouca, e os consumidores desta carne buscam diretamente os criadores.
De acordo com informações colhidas com produtores e comerciantes do município de
Alto Alegre, o ovino é vendido a R$ 6,00 por Kg de peso vivo. Nos comércios locais do
município é difícil encontrar este tipo de carne a venda, como citado anteriormente, mas
quando é vendido o preço está em media R$ 17,00 por Kg da carne de ovino.
A venda de ovinos na região de Alto alegre é realizada com animais castrados, mais
com idades avançadas. Na criação estudada a média de peso dos animais que foram vendidos
para o abate foi 42,2 kg de peso vivo, com idade média de 2 anos e 5 meses.
De acordo com estudo realizado por Leal et al.(2011) na capital do Estado de Roraima
identificou grande potencial de consumo sendo apenas necessária a melhoria nos sistemas de
produção para venda de animais de melhores qualidades de carne.
Na capital do Estado de Roraima, Boa Vista, há estabelecimentos comerciais que
vendem carne de ovinos. Esses estabelecimentos compram a carcaça do animal com uma
média de peso de 15 kg, e vende por R$ 17,00 em média o kg da carne, valor muito próximo
ao realizado no município de Alto Alegre.
Em estudo realizado em Boa Vista por Braga (2009) foi encontrado 20 pontos de
comercio de carne de ovinos, entre supermercados, feiras livre e açougues, identificando casas
de carne que compram carcaça de 15 a 20 kg, e o preço de venda varia de R$13,00 a R$15,00
por kg.
Analisando os resultados obtidos por Leal et al. (2011) que identificaram grande
potencial de consumo da carne de ovinos, e a identificação de casa que realizam a venda da
carne identificadas por Braga(2009) e este estudo, entende-se que o necessário é a melhoria
das criações, para produzir animais precoces e com peso exigido pelo mercado local.
56
Aperfeiçoando os manejos da criação, melhorando com isso a qualidade dos animais
produzidos é possível suprir a demanda de consumo de carne exigida pela população.
57
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando as informações coletadas é possível constatar que criações mantidas sem
manejos corretos apresentam baixas produções, com índices produtivos muito abaixo dos
encontrados em outras criações de ovinos Santa Inês com manejos adequados.
Através de recomendações de manejos simples e necessários acredita-se ser possível
manter a criação com sanidade, nutrição e reprodução dentro dos níveis aceitáveis.
A análise do sistema de criação, abrangendo todos os pontos importantes da produção,
possibilita à identificação de problemas que podem ser mudados de formas simples e que
acarretam benefícios a produção.
Esta análise do sistema identifica os pontos chaves que devem ser modificados de
forma emergencial, possibilitando a confecção de recomendações e propostas de modificações
no sistema com intuito de melhorar a produção.
Na propriedade estudada, a criação sofreu poucas modificações, com isso não
apresentou resultados visíveis. Infelizmente das varias propostas e recomendações técnicas
feitas ao proprietário poucas foram acatadas.
As modificações acatadas foram, identificação dos animais, instalação de bebedouro
no aprisco, a mudança nos horários de pastejo, manutenção das instalações que estavam
quebradas, casqueamento periódico, tratamento dos cascos com formol e higiene frequente do
piso ripado dos apriscos evitando o acumulo de fezes.
Os índices produtivos são o reflexo da produção, e na criação estudados esses índices
encontraram-se baixo, principalmente a fertilidade do rebanho e o ganho de peso dos
cordeiros.
58
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