Subido por Alexander Araujo

Lean Manufacture em construção Naval

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XX Copinaval
Aplicação da Mentalidade Enxuta (Lean Thinking) na Indústria
Naval
Christopher Thompson1
Helio Mitio Morishita2
Resumo: A indústria naval é competitiva e os principais estaleiros procuram reduzir os
seus custos de modo a oferecerem preços atraentes aos armadores. A redução de custos
pode ser alcançada através da constante redução de desperdícios aplicando uma filosofia
que é a Mentalidade Enxuta (“Lean Thinking”). Esta filosofia foi iniciada por uma
indústria automotiva (Toyota) e hoje é aplicada em diversas áreas tais como construção
civil, mecânica, aeronáutica, química, elétrica, alimentícia e serviços.
No caso do Brasil há várias indústrias procurando adotar a filosofia enxuta nos seus
processos produtivos. Neste trabalho procura-se explorar o potencial de aplicação desta
filosofia em um estaleiro brasileiro de médio porte. São apresentadas as análises
preliminares para sua implementação que são os cinco princípios da mentalidade enxuta
bem como identificar os desperdícios e classificá-los nas 7 categorias de “Muda”, de
modo a propor oportunidades de redução de custos.
Palavras chaves: Mentalidade Enxuta; Eliminação de Desperdícios; Lean Thinking;
Estaleiro; Construção Naval; Indústria Naval.
Abstract: The shipbuilding industry is very competitive and the major shipyards are
searching ways to reduce their costs in order to offer attractive prices to the shipowners.
Cost reduction can be achieved through the constant reduction of waste applying a
philosophy that is known as Lean Thinking. This philosophy was initiated by an automotive
industry (Toyota) and today is applied in many industries such as civil construction,
mechanics, aeronautics, chemical electric, food and services.
In Brazil many industries are implementing the Lean Thinking philosophy in their
productive processes. In this paper the potential of the application of this philosophy in a
typical Brazilian shipyard is explored. The preliminary analyses for implementation are
presented taking into account the five Lean Thinking principles as well as identifying waste
and classifying them in the 7 categories of “Muda”, in order to determine cost-reduction
opportunities.
Keywords: Lean Thinking; Eliminating Waste; Shipyard; Shipbuilding Industry.
(1)
(2)
Eng. Naval, Mestrando, Lean Institute Brasil, cthompson@lean.org.br
Rua Brás Cubas, 187, CEP 04109-040 São Paulo, SP,Brasil
Prof. Departamento de Eng. Naval e Oceânica, hmmorish@usp.br
Av. Prof. Mello Moraes, 2231, CEP 05508-030, São Paulo, SP,Brasil
1. Introdução
A competitividade da indústria naval mundial tem levado os estaleiros a sofisticarem os
seus processos produtivos procurando reduzir custos e o tempo de construção. Esta tarefa
não é simples pois, em princípio, os pedidos são personalizados com produção por pedido,
(make to order), que exige uma planejamento apurado no projeto e no processo de
construção. Sistemas de produção avançada utilizam conceitos de cadeia de valor para
tentar reduzir os custos e resultados significativos tem sido observados quando se agrega a
filosofia de Mentalidade Enxuta (“Lean Thinking”). Esta filosofia foi iniciada por uma
indústria automotiva (Toyota) e hoje é aplicada em diversas áreas tais como construção
civil, mecânica, aeronáutica, química, elétrica, alimentícia e logística entre outras
O objetivo da Mentalidade Enxuta é de entregar um produto de maior qualidade, menor
custo com o “Lead Time” mais curto através da redução e eliminação de “Muda” (do
japonês - desperdício) presente no processo produtivo. Por definição “Muda” é qualquer
atividade que consome recursos sem agregar valor ao cliente, e é classificado em sete
categorias: Produção em excesso, Espera, Transporte, Processamento, Estoque,
Movimentação e Correção. Para a implementação da Mentalidade Enxuta de modo
sistemático são seguidos cinco princípios, a saber: Valor, Fluxo de Valor, Fluxo Contínuo,
Puxar, Perfeição.
No caso do Brasil há várias indústrias procurando adotar a filosofia enxuta nos seus
processos produtivos. Neste trabalho procurar-se-á explorar o potencial de aplicação desta
filosofia em um estaleiro brasileiro de médio porte. São apresentadas as análises
preliminares para sua implementação que são os cinco princípios da mentalidade enxuta
bem como identificar os desperdícios e classificá-los nas sete categorias de “Muda”, de
modo a propor oportunidades de redução de custos.
2. Conceituação da Mentalidade Enxuta
O Lean Thinking, também conhecido como Mentalidade Enxuta, tem origem no Sistema
Toyota de Produção (TPS), mas para entender está filosofia é necessário compreender o
desafio da Mentalidade Enxuta versus o desperdício (ROOS, WOMACK, JONES; 1990).
Muda é uma palavra japonesa que significa “desperdício”, especificamente qualquer
atividade humana que absorva recursos, mas não cria valor: erros que exigem retificação,
produção de itens que ninguém deseja, e acúmulo de mercadorias nos estoques, etapas de
processamento que na verdade não são necessárias, movimentação de funcionários e
transporte de mercadorias de um lugar para o outro sem propósito, grupos de pessoas em
uma atividade anterior não foi realizada dentro do prazo, e bens e serviços que não
atendem às necessidades do cliente.
Dentro desta categoria, “Muda”, podemos distinguir entre “Muda tipo 1” que consiste das
atividades que não podem ser eliminadas imediatamente e “Muda tipo 2”, as atividades que
podem ser rapidamente eliminadas por “kaizen” (Vocábulo japonês para “melhoria”).
O trabalho pode então ser dividido basicamente em três categorias:
 Agrega Valor – Movimentos diretamente necessários para a fabricação de um
produto.
 Trabalho Incidental (“Muda tipo 1”) – Movimentos que os operadores têm de
realizar para a fabricação do produto, mas que não agregam valor do ponto de vista
do cliente.
 Desperdício Puro (“Muda tipo 2”) – Ações que não agregam valor e que podem ser
eliminadas imediatamente.
Dentro da Toyota havia uma pessoa que enxergava claramente o que era agregação de
valor e o que era “muda”, esta pessoa era Taiichi Ohno (1912-1990), vice-presidente
executivo da Toyota Motor Company considerado o principal arquiteto do Sistema Toyota
de Produção (TPS), conseguiu fazer as outras pessoas enxergarem a importância e o
porquê do objetivo de eliminação total de desperdícios. (LEAN ENTERPRISE
INSTITUTE; 2003)
A fim de reconhecer o desperdício, precisamos entender sua natureza. O desperdício na
produção, segundo a categorização proposta por Taiichi Ohno, pode ser dividido nas
seguintes categorias:
 Produção em excesso – Produzir além das necessidades do próximo processo ou
cliente. É a pior forma de desperdício, pois contribui para a ocorrência dos outros
seis.
 Espera – Operadores esperando enquanto as máquinas operam, falhas no
equipamento, peças necessárias que não chegam etc.
 Transporte – Movimentação desnecessária de produtos ou peças tais como de uma
etapa de processamento a um almoxarifado e dali a uma outra etapa do processo
quando a segunda etapa poderia estar localizada ao lado da primeira.
 Processamento – Realizar etapas desnecessárias ou incorretas, geralmente devido a
equipamento ou projeto ruim.
 Estoque – Possuir estoques maiores que o mínimo necessário para um sistema
puxado controlado precisamente.
 Movimentação – Operadores realizando movimentações desnecessárias tais como
procurar por equipamento, peças, documentos etc.
 Correção – Inspeção, retrabalho e refugo.
Leve-se em consideração, por exemplo, a produção em excesso. Não é um exagero afirmar
que em um período de baixo crescimento tal desperdício institui um crime contra a
sociedade mais do que uma perda para a empresa. A eliminação de desperdício precisa ser
o objetivo primeiro da empresa.
A forma mais eficaz de enfrentar o desperdício é através da Mentalidade Enxuta, isto é, um
processo de pensamento consistindo de cinco etapas, proposto por Womack e Jones em
1996, a fim de orientar os gerentes em uma transformação lean. A Mentalidade Enxuta é
uma forma de especificar valor (Valor), alinhar na melhor seqüência as ações que criam
valor (Fluxo de Valor), realizar essas atividades sem interrupção (Fluxo Contínuo) toda
vez que alguém as solicita (Puxar) e realizá-las de forma cada vez mais eficaz (Perfeição).
Em resumo, é realizar cada vez mais com cada vez menos (menos esforço humano, menos
equipamento, menos tempo e menos esforço) e sempre se aproximando mais de oferecer
aos clientes exatamente o que eles desejam.
De forma explicita, os princípios da Mentalidade Enxuta são:
1. Valor – Especificar valor do ponto de vista do consumidor final por família de
produtos.
2. Fluxo de Valor – Identificar todas as etapas no fluxo de valor para cada família de
produtos, eliminando, sempre que possível, as etapas que não agregam valor.
3. Fluxo Contínuo – Fazer as etapas agregadoras de valor em uma seqüência rígida de
tal modo que o produto flua suavemente.
4. Puxar – Conforme o fluxo é iniciado, deixar que os clientes puxem o valor da
próxima atividade fluxo acima.
5. Perfeição – Quando o valor tiver sido especificado, os fluxos de valor estiverem
identificados, as etapas que causam desperdício tiverem sido removidas e o fluxo e
a puxada tiverem sido introduzidos, começar o processo novamente, continuando
até que um estado de perfeição seja atingido, estado este em que valor perfeito é
agregado sem que haja desperdício algum.
A eliminação completa desses desperdícios pode aumentar a eficiência de operação por
uma ampla margem. Para fazê-la, a empresa deve apenas produzir a quantidade necessária,
liberando assim a força de trabalho extra. A Mentalidade Enxuta revela claramente o
excesso de trabalhadores. Por causa disso, alguns sindicalistas têm suspeitado de que se
trata de um mecanismo para despedir operários. Mas não é esta a idéia. Uma das principais
conseqüências da Mentalidade Enxuta, e nem sempre compreendido no primeiro momento,
é o fato de tornar o trabalho mais satisfatório, transformando o que hoje é “muda” em valor,
justamente valorizando o trabalho do homem. Quanto menos “muda” e mais agregação de
valor um operador está colocando em um produto, mais sólida será a empresa na qual esta
pessoa trabalha e com isso mais garantido será seu emprego.(MONDEN; 1993)
A responsabilidade da gerencia é identificar o excesso de trabalhadores e utilizá-los
efetivamente. Contratar pessoal quando os negócios vão bem e a produção está em alta só
para depois ter que dispensá-las ou incentivar a aposentadoria antecipada em tempos de
recessão são práticas ruins. Os gerentes devem utilizar a mão-de-obra com cuidado. Por
outro lado, a eliminação de funções que envolvem desperdícios e que não têm sentido,
enfatiza o valor do trabalho para os operadores. (LIKER; 2004)
Como mencionado anteriormente, a implantação da Mentalidade Enxuta começa pela
definição de Valor, passando para o entendimento do Fluxo de Valor. A ferramenta
indispensável nesta etapa de trabalho é o MFV – Mapeamento do Fluxo de Valor. O
Mapeamento do Fluxo de Valor é uma representação visual de cada processo no fluxo de
material e informação que permite o desenho de um Mapa do Estado Atual, bem como um
Mapa do Estado Futuro.
Com o MFV, pode-se visualizar todo o processo produtivo, mantendo-se a noção de
conjunto ao mesmo tempo em que se verifica cada processo em detalhe. Este procedimento
tem por objetivo não só identificar desperdícios, mas sim tornar suas causas evidentes. Os
desperdícios podem ser tanto na presença de etapas inteiras que não agregam valor sob a
ótica do cliente, quanto nos estoques intermediários, trocas de ferramentais muito
demoradas, falta de padronização do trabalho, entre outros.
Quando se fala em fluxo de produção, tem-se muito claro o fluxo de materiais. No entanto,
para a Mentalidade Enxuta o fluxo de informações tem importância relevante, pois é ele
quem faz a conexão entre as etapas produtivas.
O MFV é muito importante para que se comece a vislumbrar as melhorias possíveis. No
momento em que se representam graficamente os processos produtivos, já se tornam
evidentes algumas melhorias visando à eliminação de desperdícios. É neste momento que,
somado aos objetivos estratégicos do negócio, se começa a desenhar o Mapa do Estado
Futuro em contraponto ao Mapa do Estado Atual.
A aplicação da ferramenta do MFV pode ser feito em toda a cadeia produtiva, abrangendo
fornecedores, distribuidores e pontos de venda, ou pode se ater a uma planta industrial
abrangendo os processos “porta a porta”, ou seja, do recebimento dos insumos e matériasprimas até a expedição do produto acabado.
3. Exemplo de Aplicação
Neste trabalho é apresentada uma análise preliminar de um sistema de produção de uma
indústria naval brasileira. Um estaleiro brasileiro de porto médio foi selecionado para
realizarem-se os levantamentos de dados e procurou-se levantar as oportunidades de
melhorias através da redução dos desperdícios.
A empresa apoiou a iniciativa do trabalho e abriu as portas para o levantamento dos dados
necessários, ao trabalho, inclusive com fotos. Visitas foram realizadas para compreender o
funcionamento do Estaleiro bem como o seu fluxo produtivo através de observações e
entrevistas diretamente com os funcionários da empresa.
3.1 Descrição do Estaleiro
O Estaleiro é utilizado para construção e reparos de embarcações nos segmentos de
rebocagem e offshore. É especializado na construção de rebocadores, PSV, barcos-patrulha,
ferry-boats e outras embarcações de médio porte em aço ou alumínio. Todavia, o Estaleiro
está habilitado a prestar diversos serviços de reparo e manutenção em embarcações de
apoio e recreio, que incluem reparos em sistemas de propulsão, sistemas hidráulicos,
sistemas elétricos, equipamentos mecânicos, reparos estruturais e acabamento.
Os equipamentos utilizados no estaleiro incluem guindastes (com capacidade de até 50
toneladas), empilhadeiras, máquina de corte CNC - Controle Numérico Computadorizado
(para corte de plasma e acetileno), e outros equipamentos operacionais.
3.2 Verificação do processo produtivo
3.2.1 Mapa do Fluxo de Valor
Na figura 1 é apresentado o Mapa do Fluxo de Valor do Estado Atual do Estaleiro
mostrando os fluxos de materiais e informações relativos à construção de uma nova
embarcação. Com isso temos a visão do sistema e de como ele opera.
O Mapa do Fluxo de Valor do Estado Atual apresenta graficamente o fluxo de produção do
Estaleiro, desde o pedido realizado pelo cliente, passando pelo planejamento, fornecedores
de matéria prima (Nacional e estrangeiro), preparação, sub-montagem e montagem de
painéis, montagem de bloco, edificação na carreira, acabamento, testes e por fim a entrega
da embarcação pronta para o cliente. O “Lead Time”, que é o tempo total que o material
leva para atravessar o processo produtivo até se tornar produto acabado, é atualmente de 14
meses, sendo que o Estaleiro entrega três embarcações por ano, logo há sempre mais do
que uma embarcação em processo por vez.
Analisando o mapa logo nota-se que há falhas principalmente no fluxo de informação onde,
por exemplo, possuímos uma entrega a cada dois dias, porém o que o caminhão está
trazendo será apenas empilhado junto com um estoque de duas semanas de matéria-prima.
A principal causa está no fato de enviarmos planejamentos de produção para cada processo
de forma independente, isto é, cada processo vai produzir independente da real necessidade
do processo cliente e conseqüentemente empurrar sua produção para frente. Em relação
especificamente a processos podemos observar que a edificação na carreira apresenta o
tempo mais significativo do “Lead Time”, logo seria interessante um estudo mais apurado
desta etapa de produção.
Figura 1 – Mapa do Fluxo de Valor do Estado Atual do Estaleiro
3.2.2 Desperdícios – “Muda”
Utilizando a categorização proposta por Taiichi Ohno, podemos alocar alguns exemplos de
desperdícios observados no Estaleiro que se enquadram em alguma das categorias a seguir,
sendo que foi observado pelo menos um exemplo em cada categoria:
 Produção em excesso – Havia um grande número de sub-montagens já terminadas
e ainda assim continuava-se a produzir, antes da real necessidade enquanto outras
partes que ainda não estavam feitas se encontravam atrasadas.
Figura 2 – Exemplo de “Muda” – Produção em Excesso – Estaleiro
 Espera – Podemos observar muitos operadores esperando enquanto aguardavam
máquinas de solda automática (arco-submerso), falhas no equipamento, peças
necessárias que não estão sendo encontradas e principalmente informação do que
fazer em seguida.
Figura 3 – Exemplo de “Muda” – Espera – Estaleiro
 Transporte – Movimentação desnecessária de produtos ou peças ocorria devido ao
excesso de produção em algumas áreas não era possível continuar trabalhando no
mesmo local, o operador então solicitava auxilio de seus companheiros para
ajudarem neste transporte de material. Isto foi observado um significativo número
de vezes, quando alguém necessitava movimentar algum material, muitos
operadores eram envolvidos e interrompiam suas atividades de trabalho.
Figura 4 – Exemplo de “Muda” – Transporte – Estaleiro
 Processamento – Quando falamos de um projeto de uma embarcação há muitas
operações de ajustagem devido à natureza do produto, muito tempo é despendido
apenas neste tipo de atividade. Mesmo que ainda tivéssemos alguns ajustes a serem
feitos, há alguns exemplos de oportunidades de melhorias ainda na fase de projeto
evitando a adaptação do processo produtivo apenas no momento da produção.
Figura 5 – Exemplo de “Muda” – Processamento – Estaleiro
 Estoque – Um dos problemas observados foi a falta de espaço para produzir o que
era realmente necessário, uma vez que estes espaços, muitas vezes nobres, estavam
ocupados com material que foi feito antes da real necessidade.

Figura 6 – Exemplo de “Muda” – Estoque – Estaleiro

Movimentação – Um estaleiro apresenta dimensões significativamente grandes,
logo quando um operador precisa procurar uma peça ou uma ferramenta muito
tempo é gasto apenas andando. Mesmo dentro dos blocos que estão sendo
edificados, os operadores sobem e descem muitas escadas para chegarem até seu
posto de trabalho ou para procurar algo, inclusive informação do que fazer em
seguida.
Figura 7 – Exemplo de “Muda” – Movimentação – Estaleiro
 Correção – Já apontamos o excesso de produção como sendo o pior de todos os
desperdícios, porém na construção da embarcação observamos que temos um tipo
de desperdício que na realidade se mostrou bastante perigoso, pois ele absorve
outros, isto é, o processamento desnecessário. O processamento desnecessário na
realidade absorveu quase todos os erros de construção e imprecisões, foi observado
que dentre estes vários “ajustes” havia muitas correções de processos não capazes,
ditos como “inerentes do processo”. No caso específico foi observada a correção
das diferenças de alturas dos encaixes entre os blocos.
Figura 8 – Exemplo de “Muda” – Correção – Estaleiro
3.3 Análise preliminar dos resultados
O Mapeamento do Fluxo de Valor, bem como o levantamento dos sete desperdícios aponta
para problemas principalmente no fluxo de informações, acarretando as conseqüências no
fluxo de materiais. O material só se move e pessoas somente realizam trabalho no
momento que recebem uma informação, por isso a importância de possuir um sistema
eficiente neste fluxo de informações.
Ganhos significativos de redução de “Lead Time” podem ser obtidos atuando nestes
desperdícios, permitindo assim a empresa se tornar ainda mais competitiva com os mesmos
recursos utilizados hoje. Muitos destes desperdícios são inerentes ao processo produtivo
atual, porém é fundamental continuar a enxergá-los como sendo desperdícios para orientar
a redução de custos e melhorar a lucratividade da empresa. O primeiro passo é reconhecer
e compreender os desperdícios e suas causas e depois procurar eliminá-los de forma mais
eficaz possível.
4. Conclusões - Geral
A Mentalidade Enxuta tem se mostrado aplicável em todo tipo de indústria em que é
testado, e através desta análise preliminar já podemos observar grandes possibilidades
quanto à aplicabilidade desta filosofia. Por ser um modo de agir e pensar não é necessário
que o processo de produção seja idêntico ao de uma montadora automotiva. A busca por
satisfazer o cliente e a reduzir incessantemente o desperdício é aplicável sim no caso de um
estaleiro.
As observações dos desperdícios categorizados por Taiichi Ohno se mostraram bastantes
animadoras em relação à capacidade de sensibilizar e ajudar as pessoas a enxergarem estes
desperdícios presentes no dia-a-dia. Deixando os desperdícios tão bem identificados
inclusive com utilização de fotos, fica difícil não começar a olhar com outros olhos a
produção de um bem ou serviço.
Os resultados foram muito positivos e satisfizeram a teoria que queríamos demonstrar que
podemos encontrar os sete tipos de desperdícios categorizados por Taiichi Ohno inclusive
em um ambiente característico da indústria naval.
Um estudo mais profundo quanto à aplicação de algumas ferramentas mais específicas
pode ser feita, utilizando mais algum tempo de pesquisa, com grandes possibilidades de
redução dos problemas observados. Projetando um Estado Futuro e então criando um fluxo
contínuo entre os processos e onde não for possível este fluxo contínuo criar uma
sistemática de puxada onde o processo cliente iria puxar do processo fornecedor deve ser
um próximo passo para aprofundar a pesquisa.
O Estaleiro abriu suas portas para a iniciativa do projeto e vem sempre buscando a
excelência, por isso a aplicação da Mentalidade Enxuta se enquadra muito bem nesta
empresa bem como todas as outras que busquem se tornarem sempre melhores.
6. Bibliografia
ROOS, DANIEL; WOMACK, JAMES P.; JONES, DANIEL T. The Machine that
Changed the World. New York: Macmillan, 1990.
WOMACK, JAMES P.; JONES, DANIEL T. A Mentalidade Enxuta nas Empresas.
Campus, 1998.
LIKER, JEFFREY K. O modelo Toyota: 14 princípios de gestão do maior fabricante
do mundo. Bookman, 2004.
MONDEN, YASUHIRO. Toyota Management System. Portland, Oregon: Productivity
Press, 1993.
LEAN ENTERPRISE INSTITUTE. Léxico Lean. Lean Institute Brasil, 2003.
OHNO, TAIICHI. O Sistema Toyota de Produção. Bookman, 1997.
7. Agradecimentos:
Agradecemos ao Estaleiro pela sua acolhida e apoio ao trabalho realizado em suas
instalações.
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