Subido por João Vitor

Cartografia na Regularização Fundiária Urbana: Prevenção de Litígios

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RESULTADOS
Como os produtos cartográficos evitam a redução de litígios e ações
judiciais dentro da REURB
Precisão e segurança dos dados georreferenciados.
O REUB é um procedimento abrangente que visa regular áreas urbanas
informais sem a necessidade de planejamento e aprovação adequados pelas autoridades
competentes. Estas áreas carecem frequentemente de infraestruturas básicas, serviços
públicos e proteção jurídica, resultando numa série de problemas sociais, ambientais e
urbanos. Este é um processo importante que garante o direito à moradia e a segurança
jurídica a milhares de brasileiros. Neste contexto, os produtos cartográficos como
plantas, mapas e levantamentos topográficos desempenham um papel vital na prevenção
de litígios e ações judiciais, ajudando a aumentar a eficácia e a rapidez do processo de
normalização. (Brasil, 2017)
No complexo cenário da regularização fundiária urbana (RERB), os produtos
cartográficos; plantas, mapas e levantamentos topográficos tornam-se importantes
ferramentas para prevenir litígios e otimizar o processo de regularização . A precisão e
a confiabilidade inerentes a estes instrumentos, especialmente quando ancorados em
dados georreferenciados, transcendem a mera representação do espaço físico, projetandose como alicerces para a segurança jurídica e a pacificação social.
A delimitação precisa dos imóveis, possibilitada pelos produtos cartográficos,
constitui um fator crítico na prevenção de litígios. Ao estabelecer com clareza os limites
das propriedades, evita-se sobreposições e disputas de terras, que amiúde se transformam
em longas e custosas batalhas judiciais. Vale ressaltar, que a identificação de áreas de
risco, apoiada em mapas geotécnicos, permite a tomada de medidas preventivas e, se
necessário, a realocação de moradias, protegendo vidas e evitando futuros desastres.
No contexto do planejamento urbano, os produtos cartográficos provaram ser
ferramentas indispensáveis, ajudam a identificar áreas de risco, áreas verdes e expansão
urbana, ajudando a construir cidades mais organizadas e sustentáveis. Além disso,
plantas e mapas servem como documentos básicos para o registro de imóveis,
proporcionando proteção jurídica ao imóvel e evitando futuras disputas. A precisão e a
confiabilidade dos dados georreferenciados derivados de tecnologias como
geoprocessamento e sensoriamento remoto conferem aos produtos cartográficos uma
forte posição probatória em possíveis litígios . A sua utilização estratégica, em
conformidade com as diretrizes legais e urbanísticas, parece ser imperativa para a
construção de cidades mais justas, ordenadas e sustentáveis.
A efetividade da cartografia na regularização fundiária urbana.
A regularização fundiária urbana (REUB), com a elaboração de mapas
detalhados e atualizados são fundamentais para o processo, ressaltando a utilização de
técnicas como georreferenciamento e fotogrametria para geração de mapas e projetos
vai além de meras representações visuais das áreas a serem regulamentadas. Assim,
conforme preconizada pela Lei nº 13.465/2017, artigo19:
“Nos quais constem suas medidas perimetrais, área total, confrontantes,
coordenadas georreferenciadas dos vértices definidores de seus limites”
(BRASIL, 2017).
Os produtos cartográficos demandam um conhecimento profundo e preciso para
operação dentro de cada núcleo urbano irregular, a criação de mapas detalhados
fornecendo uma base informacional robusta, viabiliza a análise precisa dos limites dos
lotes, das construções existentes, das edificações existentes. Essa representação visual
fidedigna do espaço físico permite identificar possíveis sobreposições, com isso evitando
conflitos de terras e outras problemáticas que podem obstaculizar o processo de
regularização.
A utilização das geotecnologias garante a precisão e a atualização dos mapas, a
delimitação precisa dos imóveis, possibilitada por esses recursos, evita disputas de terras
e contribui para a segurança jurídica da posse. Ademais, a identificação de áreas de risco,
suportada por mapas georreferenciados, permite a adoção de medidas preventivas e a
relocação de moradias quando necessário, salvaguardando vidas e evitando futuros
desastres.
Construção e atualização de banco de dados.
A atualização de bancos de dados, em colaboração com os órgãos competentes,
que assumem um papel de destaque para a efetiva atualização da base cadastral do
município, abrangendo a malha urbana e os bairros. A Lei nº 13.465/2017, estabelecem a
importância da integração de dados e da manutenção de informações atualizadas para o
sucesso dos processos de regularização.
Construir um banco de dados forte e abrangente com informações detalhadas
sobre estruturas urbanas, bairros e propriedades é fundamental para o planejamento e
execução do REURB. A base de dados deve ser abastecida com dados provenientes de
diversas fontes, como levantamentos topográficos, plantas cadastrais, imagens aéreas e
informações fornecidas pelos próprios moradores. A atualização constante desse banco
de dados vai refletir na realidade do município.
Em relação a dinâmica urbana de cada município, que evidencia as
transformações de cada núcleo urbano, com loteamentos irregulares, invasões e uso
inadequado do solo. Faz-se necessário a colaboração dos órgãos municipais, com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgãos estaduais e federais, assim
garantindo a qualidade dos dados para regularização fundiária. Essa colaboração pode
envolver o compartilhamento de informações, a realização de levantamentos conjuntos.
3. Transparência e acesso à informação, para os beneficiários.
Os mapas georreferenciados e outros produtos cartográficos devem ser
disponibilizados de forma transparente para a população e para os órgãos competentes.
Isso permite que os interessados consultem os mapas e verifiquem se seus imóveis estão
corretamente delimitados, evitando conflitos futuros.
A imagem destaca as principais vantagens que a regularização fundiária urbana
pode proporcionar, caso seja implementada de forma eficaz e transparente. O acesso à
informação, é fundamental e para a tomada de decisões. Através de dados precisos e
atualizados, contato com os moradores de áreas, justamente para ter mais conhecimento
dos núcleos urbanos informais e evidenciar os limites de seus lotes.
A prevenção de conflitos é outro ponto crucial, pois ela promove delimitação
precisa dos lotes com isso evitando litígios e ações judiciais assim estabelecendo a
distribuição de terras. A inclusão cidadã, por sua vez, fortalece o tecido social, permitindo
que os moradores se sintam parte integrante da comunidade e que participem ativamente
na construção de um futuro melhor para seus bairros.
A transparência, a verificação de delimitações e a inclusão são elementos
interligados que se auto alimentam. Uma gestão transparente dos processos de
regularização, com acesso público aos dados e informações relevantes, permite que os
beneficiários acompanhem de perto o andamento dos trabalhos e exerçam o controle
social. A verificação precisa das delimitações dos imóveis, por sua vez, garante a
segurança jurídica da posse e evita futuras disputas.
A figura também mostra os desafios e obstáculos que podem dificultar a
implementação da REURB. A desinformação, pode gerar insegurança, desconfiança e
resistência por parte da população. É fundamental, portanto, que os municípios invistam
em comunicação clara e eficaz, utilizando diferentes canais e linguagens para informar
os moradores sobre seus direitos, os benefícios da regularização e as etapas do processo,
um desses artifícios seria por meio das redes sociais, mostrando as informações
pertinentes, seja de cadastro, entrega de título e registro.
Outro aspecto relevante a levar em conta é o custo de manutenção dos projetos de
REUR. É necessário que os municípios disponibilizem recursos financeiros e técnicos
para a execução de estudos, levantamentos, obras de infraestrutura e outras medidas
necessárias para regularizar as áreas. A complexidade técnica dos procedimentos também
requer especialistas competentes e experientes, aptos a enfrentar os desafios particulares
de cada campo.
Frequentemente, os beneficiários em áreas irregulares podem estar preocupados
com possíveis mudanças nas suas comunidades, com medo de perder as suas casas ou
de sofrer algum tipo de dano. A privacidade dos dados é outro ponto sensível, e os
municípios devem implementar medidas de segurança para proteger as informações
pessoais dos residentes e garantir que os dados são utilizados de forma ética e
responsável.
Georreferenciamento auxiliando nos índices urbanísticos e ambientais.
Índices urbanísticos:
“O projeto de regularização fundiária deverá considerar as características da
ocupação e da área ocupada para definir parâmetros urbanísticos e ambientais
específicos, além de identificar os lotes, as vias de circulação e as áreas
destinadas a uso público, quando for o caso”
Portanto, de acordo com o artigo 35 da Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017,
podemos ressaltar a importância de produtos georreferenciados, por meio de mapas de
localização, mapas temáticos e projetos de vetorização, que permitem obter uma visão
abrangente do território, identificando os diferentes tipos de assentamentos informais,
seu tamanho, localização, infraestrutura existente. Vale ressaltar que as imagens de
satélite obtidas por meio de sensores remotos fornecem informações detalhadas sobre
ocupação do solo, edificações, vegetação, cursos de água e outros elementos relevantes
para a identificação de assentamentos informais.
Os produtos georreferenciados, sejam eles topográficos, cadastrais ou temáticos,
podem complementar as informações obtidas por meio de imagens de satélite,
fornecendo dados sobre relevo, hidrologia, infraestrutura existente, zoneamento urbano
e outras informações relevantes para a identificação e delimitação de assentamentos
informais. A análise desses produtos permite identificar padrões de ocupação, como a
concentração de moradias, a irregularidade das ruas, a ausência de planejamento urbano.
O georreferenciamento, técnica de atribuição de coordenadas geográficas
precisas a dados espaciais, desempenha um papel fundamental no mapeamento e
registro de edificações em assentamentos informais. Com a utilização de softwares de
geoprocessamento e equipamentos de coleta de dados, como dispositivos GNSS e
drones, informações precisas sobre a localização, dimensões e características
arquitetônicas de cada edificação podem ser obtidas por meio de pontos
georreferenciados e ortomosaicos . Os mapeamentos de edificações em assentamentos
informais são essenciais para o conhecimento detalhado das características construtivas,
da altura, do número de pavimentos e de outros parâmetros relevantes para atribuir nos
cálculos de área e perímetro de cada construção, fornecendo informações cruciais para o
planejamento de intervenções e a definição de políticas públicas adequadas. Essa ação
possibilita a compreensão da tipologia das edificações, sendo assim o trabalho em
conjunto de técnicos, engenheiros e assistente sociais, apresentando as condições de
moradia e da segurança estrutural dos beneficiários.
Dando seguimento a análise do uso do solo em assentamentos informais em áreas
de difícil acesso, com relevos irregulares os produtos georreferenciados em conjunto com
as equipes sociais identificam as diferentes formas de ocupação do solo, como áreas
ocupadas por moradias, atividades comerciais, industriais ou mistas, bem como áreas de
lazer, espaços públicos e áreas de preservação ambiental, é possível obter um panorama
detalhado da estrutura urbana e social dos assentamentos informais, ou seja a construção
de mapas e projetos para evidenciar dinâmica urbana e social presente nessas áreas,
tornam mais viável a construção de relatórios e projetos urbanísticos.
Cálculos urbanísticos;
Os indicadores que expressam as características estruturais físicas e funcionais
de uma cidade e fornecem informações valiosas para o planejamento urbano. Eles
podem avaliar a densidade de ocupação, utilização, a taxa de permeabilidade e outros
parâmetros relevantes para a compreensão da forma como a cidade se organiza e para a
identificação de áreas que necessitam de intervenção. A Ocupação (TO) de um terreno é
dada em percentagem e é a relação entre a área horizontal projetada de um edifício e a
área total do lote (LIMA, 2018).
Lima (2018)
Normalmente, áreas de projeção de jardineiras, beirais e platibandas não são
contabilizadas para esse cálculo, porém os Planos Diretores de cada município irão
determinar quais extensões vão ser computadas ou não. O coeficiente de aproveitamento
(CA) é dado pelo Plano Diretor para a suas diversas zonas, que ao ser multiplicado pela
área do terreno irá determinar a área total construída possível no lote. Esse (CA) é a
relação entre a área construída e a área do lote:
Lima (2018)
Algumas observações para o cálculo da área total construída devem ser vistas no Plano
Diretor de cada município, porém é tomado como partido o seguinte item área construída
é a soma das áreas dos pisos cobertos do edifício (LIMA, 2018).
Condições ambientais e urbanas
A coexistência da condição urbana precária com a baixa condição ambiental
configura um dos desafios mais complexos e urgentes da contemporaneidade,
especialmente em países em desenvolvimento. Essa problemática se manifesta através da
presença de infraestrutura inadequada ou inexistente, da degradação ambiental, de
problemas sociais multifacetados e da proliferação de edificações precárias e irregulares,
como favelas em áreas de risco ambiental.
A falta de serviços essenciais como saneamento básico, água potável, coleta de
lixo, transporte público de qualidade e moradia digna. A infraestrutura inadequada ou
inexistente compromete a saúde, a segurança e o bem-estar da população, além de limitar
o desenvolvimento social e econômico. Em relação a baixa condição ambiental se
manifesta através da degradação ambiental, que pode incluir poluição do ar, da água e do
solo, desmatamento, erosão, perda de biodiversidade e outros impactos negativos. A
degradação ambiental, além de prejudicar a saúde humana e os ecossistemas, agrava os
problemas sociais, como a pobreza e a violência, e contribui para a proliferação de
edificações precárias e irregulares.
A interação entre a condição urbana precária e a baixa condição ambiental cria um
ciclo vicioso de dificuldades, onde a falta de infraestrutura adequada e a degradação
ambiental se retroalimentam, gerando e aprofundando problemas sociais como a pobreza,
a violência e a falta de saneamento. A presença de favelas em áreas de risco ambiental é
um exemplo emblemático dessa problemática, expondo a população a riscos de
desabamentos, enchentes, deslizamentos e outros desastres.
Índices Ambientais;
“VI - proposta de soluções para questões ambientais, urbanísticas e de
reassentamento dos ocupantes, quando for o caso; VII - estudo técnico para
situação de risco, quando for o caso; VIII - estudo técnico ambiental, para os
fins previstos nesta Lei, quando for o caso” (BRASIL, 2017).
Assim conforme o artigo 35 da lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017 identificação
e delimitação de áreas de preservação permanente (APPs): Através dos dados
georreferenciados evidenciados nos ortomosaicos e projetos, mostrando sua respectiva
área de proteção, atribui-se um buffer para cada lardo, que será delimitador a partir da
largura do rio, vale destacar a proteção para olho d’água e nascentes. Aplicam-se somente
às parcelas dos núcleos urbanos informais situados nas áreas de preservação permanente,
nas unidades de conservação de uso sustentável ou nas áreas de proteção de mananciais
e poderão ser feitos em fases ou etapas, sendo que a parte do núcleo urbano informal não
afetada por esses estudos poderá ter seu projeto aprovado e levado a registro
separadamente.
Nesse contexto, a análise da qualidade ambiental em assentamentos informais,
com base em dados georreferenciados, assume um papel central, fornecendo subsídios
técnicos e científicos para o planejamento e a implementação de políticas públicas
eficazes. A avaliação da qualidade ambiental, conforme preconizado pela Lei da Reurb,
abrange a análise de diversos indicadores inter-relacionados, que refletem as condições
de habitabilidade e sustentabilidade dos assentamentos informais, para garantia de vida
adequado para o beneficiário, com execução dos projetos e relatórios urbanísticos e
ambientais, evidenciando a necessidade de cada área, seja de saneamento, eletricidade,
mobilidade urbana, encanamento, asfalto coleta regular de lixo, assim garantindo a
qualidade de vida.
A coleta e análise de dados georreferenciados, por meio de tecnologias como
Sistemas de Informação Geográfica (SIG), sensoriamento remoto e GPS, permitem a
espacialização desses indicadores ambientais, possibilitando a identificação de áreas de
maior vulnerabilidade e a delimitação de zonas prioritárias para intervenção.
A Lei da Reurb, ao estabelecer a necessidade de estudos técnicos para a
regularização fundiária, incluindo a análise da qualidade ambiental, oferece um
arcabouço legal para a implementação de medidas de mitigação e remediação de impactos
ambientais negativos, bem como para a promoção de ações de educação ambiental e de
melhoria das condições de saneamento básico. A análise da qualidade ambiental em
assentamentos informais, sob a ótica da Lei da Reurb, da prerrogativa aos beneficiários
para elaboração de projetos para garantia de uma vida digna e sustentável, promovendo a
saúde e o bem-estar da população, a preservação dos recursos naturais.
Para auxiliar nessa avaliação e facilitar a tomada de decisões no planejamento
ambiental, o cálculo de índices ambientais a partir de dados georreferenciados se mostra
uma ferramenta valiosa. Os índices ambientais são representações numéricas ou
qualitativas que sintetizam informações sobre o estado do ambiente, permitindo o
acompanhamento de sua evolução ao longo do tempo e a comparação entre diferentes
áreas geográficas. A partir de dados georreferenciados, coletados por meio de tecnologias
como Sistemas de Informação Geográfica (SIG), sensoriamento remoto e GPS, é possível
calcular uma variedade de índices ambientais, cada um com foco em um aspecto
específico do ambiente.
O cálculo de índices ambientais a partir de dados georreferenciados permite uma
análise mais precisa e abrangente do ambiente, mostrando a proporção da área de estudo
ocupada por vegetação, fornecendo informações sobre a saúde dos ecossistemas, pode ser
feito também capacidade de sequestro de carbono e a proteção do solo contra a erosão.
Vale ressaltar, por meio da análise dos produtos cartográficos pode-se destacar a
proporção de árvores em áreas urbanas, refletindo a qualidade do ar, a temperatura
ambiente e o conforto térmico da população.
Agilidade no processo de regularização com o georreferenciamento, em
comparação aos antigos métodos.
Superação das limitações dos métodos tradicionais.
A regularização fundiária, historicamente, tem se deparado com desafios
intrínsecos aos métodos tradicionais empregados, os quais, baseados em levantamentos
topográficos convencionais e na documentação cartográfica em suporte físico,
invariavelmente impuseram limitações substanciais à celeridade e à precisão do processo.
A coleta de dados em campo, de forma meticulosa, frequentemente se mostrava suscetível
a erros e imprecisões, comprometendo a confiabilidade das informações obtidas. A
elaboração de plantas e memoriais descritivos, por sua vez, demandava um trabalho
manual extenso e demorado, caracterizado pela morosidade e pela propensão a falhas
humanas.
Ademais, a ausência de padronização e a dificuldade de integração de dados
provenientes de diferentes fontes frequentemente culminavam em conflitos e
sobreposições
de
informações,
retardando
significativamente
o
processo
de
regularização. A necessidade de conciliar dados cadastrais municipais, registros
imobiliários e informações ambientais, por exemplo, revelava-se um desafio complexo,
agravado pela falta de interoperabilidade entre os sistemas de informação e pela ausência
de um repositório centralizado de dados espaciais.
A morosidade e a imprecisão dos métodos tradicionais não apenas comprometiam
a eficiência do processo de regularização, mas também geravam insegurança jurídica e
incerteza para os proprietários e ocupantes de imóveis. A falta de precisão na definição
dos limites dos imóveis, por exemplo, frequentemente resultava em disputas judiciais e
conflitos fundiários, onerando o sistema judiciário e prejudicando a população.
Diante desse cenário, a adoção de novas tecnologias e metodologias, como o
georreferenciamento, se mostrou imprescindível para superar as limitações dos métodos
tradicionais e promover uma regularização fundiária mais ágil, precisa e eficiente. A
capacidade de coletar, processar e analisar dados espaciais com alta precisão e rapidez,
aliada à integração de dados de diferentes fontes e à padronização dos procedimentos,
tem permitido acelerar o processo de regularização, reduzir os custos e garantir a
segurança jurídica dos imóveis.
O georreferenciamento como vetor de agilidade e precisão.
A Lei nº 13.465/2017, que instituiu a (Reurb), representou um marco normativo
fundamental para a promoção da justiça social e do direito à moradia digna no Brasil, a
incorporação do georreferenciamento como ferramenta central nos processos de
regularização fundiária tem se revelado um vetor de agilidade e precisão, superando as
limitações dos métodos tradicionais e impulsionando a eficiência do processo, garantindo
agilidade e precisão na entrega de titulação e posteriormente registro dos imóveis.
O georreferenciamento, alicerçado em tecnologias como Sistema de Informações
Geográficas (SIG), possibilita a coleta, o processamento e a análise de dados espaciais
com alta precisão e rapidez. A coleta de dados em campo, outrora morosa e suscetível a
erros, é agilizada pelo uso de equipamentos GPS de alta precisão, que permitem a
obtenção de coordenadas geográficas de pontos de interesse com rapidez e exatidão. A
elaboração de plantas e memoriais descritivos, antes um trabalho manual extenso e
demorado, é automatizada por softwares SIG, que integram dados de diferentes fontes e
geram produtos cartográficos padronizados e precisos.
Vale ressaltar que o tipo de método usado para o processor de
georreferenciamento, torna-se crucial, pois além de demarcar de forma precisa os limites
dos lotes, garante a precisão aceitável das normativas de georreferenciamento de 0.5.
Evidenciando o tipo de método a ser utilizado em campo como o mais convencional,
RTK, ou Real-Time Kinematic (Cinemático em Tempo Real)
O RTK encontra aplicações em diversas áreas que demandam alta precisão no
posicionamento, como topografia, geodésia, agricultura de precisão, construção civil,
navegação autônoma e monitoramento de deformações e principalmente medições de
lotes em âmbito urbano. A capacidade de obter coordenadas precisas em tempo real
possibilita a realização de levantamentos topográficos e geodésicos com alta eficiência.
A precisão e a confiabilidade dos dados georreferenciados reduzem a ocorrência
de erros e conflitos fundiários, enquanto a agilidade do processo diminui o tempo
necessário para a elaboração dos projetos de regularização. A integração de dados de
diferentes fontes, como cadastros municipais, registros imobiliários e dados ambientais,
facilita a análise e a tomada de decisões, e a disponibilização dos dados em plataformas
online promove a transparência e o acesso à informação por parte da população.
A incorporação do georreferenciamento na Reurb tem impactado positivamente a
regularização fundiária, acelerando a titulação de imóveis, reduzindo a insegurança
jurídica e promovendo a inclusão social. A agilidade do processo permite que as famílias
regularizadas tenham acesso a serviços públicos essenciais, como água, esgoto e energia
elétrica, além de oportunidades de crédito e desenvolvimento econômico.
Principais benefícios e desafios do georreferenciamento na Reurb.
Benefícios do georreferenciamento na Reurb
O processo do georreferenciamento representam pilares fundamentais de sua
aplicabilidade, notadamente no contexto da regularização fundiária. Essa tecnologia
possibilita a coleta e o processamento de dados espaciais com um grau de exatidão que
transcende as limitações dos métodos topográficos convencionais. A consequente
redução da margem de erro, assim delimitando de forma coerente as propriedades
urbanas, que historicamente permeava nos levantamentos topográficos, impacta
diretamente na diminuição da ocorrência de conflitos fundiários, um problema de grande
relevância social e econômica.
A precisão do georreferenciamento manifesta-se na capacidade de determinar com
exatidão as coordenadas geográficas de vértices e limites de imóveis, o que se traduz em
plantas e memoriais descritivos que refletem a realidade do terreno com fidelidade. A
confiabilidade, por sua vez, decorre da utilização de equipamentos e softwares calibrados
e da aplicação de metodologias padronizadas, que garantem a rastreabilidade e a dos
dados.
A minimização de erros e a garantia da confiabilidade dos dados espaciais
proporcionadas pelo georreferenciamento contribuem para a segurança jurídica dos
imóveis, uma vez que as informações cadastrais e registrais passam a refletir a realidade
do terreno com precisão.
Além disso, a precisão e a confiabilidade do
georreferenciamento facilitam a integração de dados espaciais de diferentes fontes, como
cadastros municipais, registros imobiliários e dados ambientais. Essa integração de dados
possibilita a realização de análises mais completas e a tomada de decisões mais
informadas no âmbito da regularização fundiária, do planejamento urbano e da gestão
territorial.
Apoio ao planejamento urbano, a capacidade do georreferenciamento de
fornecer informações espaciais precisas e confiáveis representa um recurso inestimável
para o planejamento urbano, permitindo que as autoridades identifiquem áreas prioritárias
para intervenção e desenvolvimento de forma mais eficiente e informada. A tecnologia,
ao possibilitar a coleta, o processamento e a análise de dados georreferenciados, oferece
uma visão abrangente e detalhada do território, revelando padrões e tendências que seriam
difíceis de identificar por meio de métodos convencionais.
A partir dos dados georreferenciados, é possível elaborar mapas temáticos que
representam a distribuição espacial de diversos indicadores urbanos. Esses mapas
fornecem uma base sólida para a tomada de decisões no planejamento urbano, permitindo
que as autoridades identifiquem áreas com maior necessidade de investimentos em
infraestrutura, áreas de risco que exigem intervenções urgentes e áreas com potencial para
desenvolvimento urbano sustentável. Essa integração de dados possibilita a realização de
análises mais completas e a elaboração de planos urbanos mais abrangentes e integrados.
Além disso, o georreferenciamento permite o monitoramento contínuo do
território, possibilitando o acompanhamento da evolução urbana ao longo do tempo e a
avaliação da eficácia das políticas públicas implementadas. Essa capacidade de
monitoramento é fundamental para a gestão urbana adaptativa, que busca ajustar as
políticas públicas às mudanças nas necessidades da população e do território.
Com dados geoespaciais, o processo de regularização se torna mais ágil, pois as
informações sobre a localização e as características das propriedades são facilmente
acessíveis.
A utilização de dados geoespaciais, proporcionados pelo georreferenciamento são
determinantes para a otimização e aceleração dos processos de regularização fundiária. A
facilitação do processo de regularização, impulsionada pela acessibilidade e precisão
das informações geoespaciais, representa um avanço significativo em relação aos
métodos tradicionais, que se caracterizavam pela morosidade e pela complexidade.
A disponibilidade de dados geoespaciais, que incluem informações sobre a
localização, os limites e as características das propriedades, permite a automatização de
diversas etapas do processo de regularização. A elaboração de plantas e memoriais
descritivos, por exemplo, que antes demandava um trabalho manual extenso e demorado,
pode ser realizada de forma automatizada por meio de softwares de geoprocessamento.
A integração de dados de diferentes fontes, como cadastros municipais, registros
imobiliários e dados ambientais, também é facilitada pelo uso de dados geoespaciais,
permitindo a realização de análises mais completas e a identificação de possíveis conflitos
e sobreposições de informações.
A acessibilidade das informações geoespaciais, que podem ser disponibilizadas
em plataformas online, promove a transparência e a participação da população no
processo de regularização. Os proprietários e ocupantes de imóveis podem acessar
informações sobre a situação de seus imóveis e acompanhar o andamento do processo de
regularização, o que contribui para a construção de uma relação de confiança entre a
administração pública e a população.
A agilidade do processo de regularização, proporcionada pelo uso de dados
geoespaciais, reduz os custos e o tempo necessário para a titulação de imóveis, o que
beneficia tanto a administração pública quanto a população. A regularização fundiária
mais rápida e eficiente contribui para a segurança jurídica dos imóveis, a inclusão social
e o desenvolvimento urbano sustentável.
A capacidade de integração de dados proporcionada pelo georreferenciamento
constitui um dos seus benefícios mais significativos, especialmente no contexto da
regularização fundiária e do planejamento urbano. A tecnologia possibilita a
convergência de informações provenientes de diversas fontes, como cadastros
municipais, registros imobiliários e dados ambientais, em um único sistema de referência
espacial. Essa integração facilita a análise e a tomada de decisões, ao fornecer uma visão
holística e integrada do território.
A sobreposição de dados georreferenciados de diferentes origens permite
identificar padrões e relações que seriam difíceis de detectar por meio de análises
isoladas. A sobreposição de dados cadastrais e ambientais, por exemplo, pode revelar
áreas de risco ambiental que coincidem com áreas de ocupação irregular, possibilitando
a adoção de medidas preventivas e de regularização mais eficazes.
A integração de dados geoespaciais também facilita a comunicação e a
colaboração entre diferentes órgãos e instituições envolvidos na gestão territorial. A
disponibilização de dados em plataformas online, por exemplo, permite que os diferentes
atores acessem e compartilhem informações de forma rápida e eficiente, o que contribui
para a coordenação de ações e a otimização de recursos.
Além disso, a integração de dados geoespaciais facilita a elaboração de planos
urbanos mais abrangentes e integrados, que consideram as dimensões social, econômica
e ambiental do território. A análise integrada de dados cadastrais, ambientais e
socioeconômicos, por exemplo, permite identificar áreas com maior necessidade de
investimentos em infraestrutura, áreas com potencial para desenvolvimento urbano
sustentável e áreas que exigem intervenções prioritárias para a melhoria da qualidade de
vida da população, principalmente delimitar áreas de expansão urbana.
A disponibilização de dados georreferenciados em plataformas online representa
um avanço significativo no que tange à transparência e à acessibilidade das
informações territoriais, promovendo a democratização do acesso à informação por parte
da população. A tecnologia, ao permitir a coleta, o processamento e a análise de dados
espaciais com alta precisão, possibilita a criação de mapas interativos e plataformas online
que facilitam a visualização e a consulta de informações sobre o território.
A transparência, nesse contexto, manifesta-se na disponibilização de dados
cadastrais, ambientais e socioeconômicos de forma aberta e acessível, permitindo que a
população acompanhe as ações da administração pública e participe do processo de
tomada de decisões. A acessibilidade, por sua vez, se traduz na facilidade de acesso às
informações por meio de plataformas online intuitivas e de fácil navegação, que podem
ser acessadas por diferentes dispositivos, como computadores, tablets e smartphones.
Nesse contexto a disponibilidade do material técnico (plantas e memoriais) e
posteriormente o título entregue pelo órgão municipal.
A disponibilização de dados georreferenciados em plataformas online contribui
para a construção de uma relação de confiança entre a administração pública e a
população, ao permitir que os cidadãos acompanhem a evolução do território e verifiquem
a veracidade das informações divulgadas. A transparência e a acessibilidade das
informações territoriais também facilitam o controle social e a fiscalização das ações da
administração pública, o que contribui para a melhoria da gestão territorial.
Além disso, a disponibilização de dados georreferenciados em plataformas online
facilita a comunicação e a colaboração entre diferentes atores sociais, como
pesquisadores, gestores públicos e a sociedade civil. A disponibilização de dados abertos
e acessíveis possibilita a realização de estudos e pesquisas sobre o território, a elaboração
de planos urbanos mais abrangentes e a criação de soluções inovadoras para os desafios
urbanos. A disponibilização de dados georreferenciados em plataformas online representa
um avanço significativo na democratização do acesso à informação e na promoção da
transparência na gestão territorial.
Desafios do georreferenciamento na Reurb.
A implementação de sistemas de georreferenciamento, apesar de seus inegáveis
benefícios, apresenta um custo significativo, no que concerne aos custos envolvidos,
especialmente para municípios com orçamentos limitados. A exigência de investimentos
consideráveis em tecnologia e capacitação pode se configurar como um obstáculo para a
adoção dessa ferramenta, impactando diretamente a eficiência e a abrangência dos
processos de regularização fundiária e planejamento urbano.
A aquisição de equipamentos de alta precisão, como receptores GNSS de dupla
frequência e estações totais, e de softwares especializados em geoprocessamento, que
permitem o processamento e a análise de dados espaciais, sem falar nos programas que
geram peças técnicas, representa um investimento substancial, particularmente para
municípios com recursos financeiros restritos. A necessidade de atualização constante
desses equipamentos e softwares, devido à rápida evolução tecnológica, agrava ainda
mais o ônus financeiro.
Ademais, a demanda por profissionais qualificados em georreferenciamento,
como engenheiros agrimensores e técnicos em geoprocessamento, que possuem o
conhecimento e a expertise necessários para operar os equipamentos e softwares, realizar
levantamentos topográficos e processar os dados espaciais, eleva os custos dos serviços,
pois esse trabalho de campo e escritório exige capacitação e experiência, para não ocorrer
erros no processo e com isso indeferir na titulação do beneficiário. Vale ressaltar o
investimento nesses profissionais, justamente para evitar erros grosseiros, na coleta de
pontos e no processamento de dados, para que não ocorro divergência nos cálculos de
área e medição de testada e posteriormente erros nas peças técnicas. A escassez de
profissionais qualificados em algumas regiões do país pode agravar ainda mais o
problema, resultando em custos ainda mais elevados.
Apesar dos desafios financeiros, é importante ressaltar que os benefícios do
georreferenciamento, como a precisão e a confiabilidade dos dados espaciais, a agilidade
do processo de regularização fundiária e a facilitação do planejamento urbano, podem
compensar os custos a longo prazo. A adoção de estratégias como o compartilhamento de
equipamentos e softwares entre municípios, a capacitação de profissionais locais e a busca
por financiamento externo podem auxiliar na superação dos obstáculos financeiros e na
implementação de sistemas de georreferenciamento mais eficientes e acessíveis.
A eficácia do georreferenciamento, embora inquestionável em diversos contextos,
encontra um ponto de vulnerabilidade intrínseco na sua dependência da infraestrutura
tecnológica. A disponibilidade e a qualidade dos equipamentos, softwares e da
conectividade são fatores determinantes para a precisão e a eficiência da coleta e do
processamento de dados geoespaciais. Em áreas com infraestrutura precária, a
implementação do georreferenciamento pode se tornar um desafio significativo,
limitando o potencial de suas aplicações.
A dependência de tecnologia se manifesta em diversas etapas do processo de
georreferenciamento. A coleta de dados em campo, por exemplo, exige a utilização de
receptores GNSS de alta precisão, que dependem da disponibilidade de sinais de satélite
e de uma infraestrutura de comunicação confiável para a transmissão de correções
diferenciais. O processamento e a análise dos dados, por sua vez, demandam softwares
especializados e computadores com alta capacidade de processamento, além de uma
conexão à internet estável para o acesso a bases de dados e a plataformas online.
Em áreas com infraestrutura deficiente, a falta de cobertura de redes de telefonia
celular e de internet banda larga, a instabilidade no fornecimento de energia elétrica e a
ausência de equipamentos e softwares adequados podem comprometer a qualidade e a
continuidade dos trabalhos de georreferenciamento. A falta de acesso a sinais de satélite
em áreas densamente arborizadas ou com relevo acidentado também pode dificultar a
coleta de dados precisos.
A superação desses desafios exige a adoção de estratégias que minimizem a
dependência de infraestrutura tecnológica, como a utilização de equipamentos portáteis e
de baixo consumo de energia, a coleta de dados em horários com maior disponibilidade
de sinais de satélite e o armazenamento de dados em dispositivos locais para evitar a
dependência de conexões à internet. Além disso, a capacitação de profissionais locais
para a operação e a manutenção dos equipamentos e softwares é fundamental para garantir
a sustentabilidade dos projetos de georreferenciamento.
A complexidade inerente à coleta de dados geoespaciais, especialmente em
áreas urbanas densamente povoadas, representa um desafio significativo para a
implementação eficaz do georreferenciamento. A heterogeneidade do tecido urbano,
caracterizada pela diversidade de propriedades, ocupações e infraestruturas, exige um
esforço meticuloso e demorado para a obtenção de informações precisas e confiáveis, por
conta disso torna-se crucial, a coleta dos pontos georreferenciados de forma minuciosa
nos lotes, e com apoio do ortomosaico para vetorização.
A densidade populacional, por sua vez, impõe restrições ao acesso aos imóveis e
à realização de levantamentos topográficos, dificultando a coleta de dados em campo. A
presença de edificações altas, redes de infraestrutura subterrâneas e outras estruturas
urbanas pode interferir na recepção de sinais de satélite e na utilização de equipamentos
de georreferenciamento, comprometendo a precisão dos dados coletados. Com relação a
isso, cada bairro terá sua respectiva adversidade, seja relevo, lotes irregulares ou lotes
próximos a vegetações, impedindo a vetorização de forma eficiente.
A diversidade de propriedades, que inclui desde imóveis residenciais e comerciais
até áreas públicas e terrenos baldios, exige a utilização de diferentes técnicas de coleta de
dados, podendo variar os métodos de levantamento, para se adequar ao ambiente, ou seja
o número de pontos coletados em campo, podem aumentar, aumento ainda mais as
informações no projeto. A falta de padronização e a dificuldade de acesso a esses
equipamentos podem dificultar a integração dos dados e aumentar o tempo necessário
para a coleta de informações completas e precisas.
A complexidade da coleta de dados geoespaciais em áreas urbanas densamente
povoadas exige a adoção de metodologias e tecnologias específicas, como a utilização de
drones e veículos aéreos não tripulados (VANTs) para a coleta de imagens aéreas de alta
resolução, a utilização de scanners a laser para a captura de modelos 3D de edifícios e a
integração de dados de diferentes fontes por meio de sistemas de informação geográfica
(SIG), para execução da vetorização e utilização de plug-ins para otimizar o trabalho. A
capacitação de profissionais especializados em georreferenciamento e a utilização de
softwares de geoprocessamento avançados também são fundamentais para a superação
dos desafios inerentes à coleta de dados em áreas urbanas complexas.
A
dependência
crescente
de
tecnologias
digitais
no
âmbito
do
georreferenciamento, embora traga inegáveis benefícios, suscita uma preocupação
crucial: o risco de exclusão digital. A implementação de processos de regularização
fundiária e gestão territorial baseados em plataformas online e sistemas de informação
geográfica (SIG) pode inadvertidamente marginalizar populações que não dispõem de
acesso a dispositivos eletrônicos ou à internet, dificultando sua participação e o exercício
de seus direitos.
A exclusão digital se manifesta de diversas formas, desde a falta de acesso a
computadores e smartphones até a ausência de habilidades digitais básicas para navegar
em plataformas online e utilizar aplicativos de georreferenciamento. Essa disparidade no
acesso e no uso das tecnologias digitais pode criar barreiras intransponíveis para
populações vulneráveis, como idosos, pessoas de baixa renda, moradores de áreas rurais
remotas e comunidades tradicionais, que podem se sentir excluídas diante de um processo
de regularização fundiária cada vez mais digitalizado.
A falta de acesso à internet e aos dispositivos eletrônicos impede que essas
populações acompanhem o andamento dos processos de regularização, acessem
informações sobre seus direitos e obrigações, participem de consultas públicas e interajam
com os órgãos responsáveis pela gestão territorial. A ausência de habilidades digitais, por
sua vez, dificulta a compreensão das informações disponibilizadas online e a utilização
das ferramentas de georreferenciamento, como mapas interativos e formulários
eletrônicos.
A superação do risco de exclusão digital exige a adoção de estratégias inclusivas
que garantam o acesso e a participação de todas as populações no processo de
regularização fundiária e gestão territorial. A disponibilização de canais de comunicação
alternativos, como atendimento presencial em postos de informação e a utilização de
materiais impressos, é fundamental para garantir que as informações cheguem a todos os
públicos
A implementação do georreferenciamento, embora represente um avanço
tecnológico significativo para a gestão territorial, enfrenta obstáculos substanciais no
âmbito legal e normativo. As barreiras legais e normativas, especialmente aquelas
relacionadas à propriedade da terra e aos direitos dos ocupantes, podem dificultar a
aplicação do georreferenciamento e comprometer a eficácia dos processos de
regularização fundiária.
A complexidade das legislações fundiárias, que variam de acordo com a esfera
governamental e o tipo de imóvel, exige um conhecimento jurídico especializado para a
interpretação e a aplicação das normas. A sobreposição de leis e regulamentos, a falta de
clareza em alguns dispositivos legais e a existência de conflitos entre diferentes normas
podem gerar insegurança jurídica e dificultar a implementação do georreferenciamento.
A questão da propriedade da terra, que envolve a definição dos limites dos
imóveis, a identificação dos proprietários e a regularização de posse, é um dos principais
desafios legais e normativos do georreferenciamento. A existência de imóveis com títulos
de propriedade imprecisos ou inexistentes, a ocupação irregular de terras públicas e a
presença de conflitos fundiários podem dificultar a coleta de dados geoespaciais e a
elaboração de plantas e memoriais descritivos precisos.
Os direitos dos ocupantes, que incluem o direito à moradia, o direito à posse e o
direito à regularização fundiária, também representam um desafio legal e normativo para
o georreferenciamento. A necessidade de conciliar os direitos dos ocupantes com os
direitos dos proprietários e com o interesse público exige a adoção de medidas que
garantam a segurança jurídica dos imóveis e a proteção dos direitos das comunidades.
A superação dos desafios legais e normativos do georreferenciamento exige a
adoção de medidas que promovam a clareza e a segurança jurídica das legislações
fundiárias, a simplificação dos procedimentos de regularização fundiária e a proteção dos
direitos dos ocupantes. A capacitação de profissionais especializados em direito fundiário
e a criação de mecanismos de resolução de conflitos fundiários também são fundamentais
para a implementação eficaz do georreferenciamento.
A implementação do georreferenciamento, embora reconhecida como ferramenta
essencial para a modernização da gestão territorial, enfrenta um desafio significativo no
que concerne à aceitação por parte da população. A desconfiança e a falta de informação
sobre os benefícios do georreferenciamento podem gerar resistência e dificultar a
implementação de projetos de regularização fundiária e gestão territorial.
A falta de conhecimento sobre a tecnologia, a preocupação com a perda de terras
e o receio de aumento de impostos são alguns dos principais motivos que levam a
população a resistir à implementação do georreferenciamento. A falta de transparência e
a ausência de comunicação clara sobre os objetivos e os benefícios do
georreferenciamento também podem contribuir para a desconfiança da população.
A falta de informação sobre os benefícios do georreferenciamento, por sua vez,
pode gerar resistência por parte da população e de alguns gestores públicos. A falta de
conhecimento sobre os benefícios do georreferenciamento para a segurança jurídica dos
imóveis, a regularização fundiária, o planejamento urbano e a gestão ambiental podem
levar a população e os gestores públicos a subestimarem a importância da tecnologia e a
resistirem à sua implementação.
Os métodos de levantamento para regularização fundiária urbana.
Real Time Kinematic (RTK)
RTK é uma técnica de levantamento baseada no posicionamento relativo da portadora,
com precisão de poucos centímetros em tempo real. Para a realização de um levantamento
RTK convencional é necessário um receptor instalado em uma estação com coordenadas
conhecidas, denominado de estação de referência ou base RTK, um receptor móvel
(rover), e um rádio de comunicação para enviar os dados da estação de referência RTK
ao receptor móvel. O link de comunicação entre a estação de referência e o receptor
móvel, desempenha um papel fundamental para o sucesso do levantamento RTK, porque
as correções da estação de referência têm que chegar ao receptor móvel em tempo real.
(COSTA et al, 2008)
A primeira etapa para utilização do método de levantamento RTK: a fase de
levantamento geodésico para obter os pontos de controle, para auxiliar no produto
(ortofoto), utilizou-se o equipamento GNSS, esse equipamento vem integrado com a
potência tecnologia de rastreamento, com suporte para sinais de todas as constelações e
sistemas de ampliação existentes e planejados e vale ressaltar que pode se expandindo o
alcance do seu Rover para locais antes inacessíveis.
Importante ressaltar o planejamento de campo, com a distribuição dos pontos de
apoio (com alvos fixos ou moveis) e pontos fotoidentificáveis da área (Pontos que não
precisam de alvos) podem ser delimitados por meio de imagem de satélite utilizando o
software Google Earth Pro, após a distribuição entre os integrantes da equipe dos pontos
a serem rastreados por meio de receptores GNSS.
A segunda etapa para utilização do método RTK;
Um fator que limita a área de abrangência para a realização do RTK é o alcance
da transmissão das ondas de rádio, pois se existirem obstáculos entre a referência e o
receptor móvel a precisão esperada não será alcançada. Além disso, devido ao fato da
separação entre dois canais de rádio ser estreita, o sinal pode receber a interferência de
outros usuários trabalhando na mesma banda de frequência reduzindo a qualidade do
levantamento. (COSTA et al, 2008)
Nesse contexto, a necessidade de uma estação de referência próxima pode
restringir a aplicação do método em áreas remotas ou com infraestrutura precária. A
obstrução do sinal GNSS com o multicaminhamento, (pontos flutuantes, não fixos), por
conta de vegetação densa nas residências ou em áreas próximas a expansão urbana, até
mesmo linhas de transmissões e lotes irregulares muito próximos, no qual o equipamento
fica sem frequência, impossibilitando a coleta de dados ou até mesmo atingindo as
precisões permitidas, indeferindo no trabalho e consequentemente nos produtos
cartográficos gerados.
Fundamentado no Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS), o RTK
utiliza estação de referência para fornecer correções em tempo real, possibilitando a
obtenção de coordenadas com precisão em centímetros. Essa característica torna o RTK
particularmente adequado para levantamentos detalhados em áreas urbanas, onde a
identificação precisa de limites de propriedade é crucial para a segurança jurídica da
posse. Ademais da precisão, o RTK oferece outras vantagens para a regularização
fundiária urbana. A agilidade do método possibilita a coleta de dados em tempo real,
otimizando o processo de levantamento. A portabilidade dos equipamentos RTK facilita
o acesso a áreas urbanas densamente povoadas
A utilização de softwares de processamento de dados GNSS e sistemas de
informação geográfica (SIG) são fundamentais para a análise e interpretação dos
resultados dos levantamentos. A precisão do RTK viabiliza a criação de mapas e plantas
cadastrais minuciosos, que são essenciais para a identificação de sobreposições de áreas,
a delimitação de vias públicas e a definição de áreas de preservação ambiental. Essas
ferramentas permitem a criação de mapas e plantas cadastrais precisos, que são essenciais
para a regularização fundiária.
Justificativa
A efetivação da REURB em áreas marcadas por altos índices de criminalidade e
topografia irregular impõe desafios complexos que demandam uma análise aprofundada
e a proposição de soluções inovadoras. Diante desse cenário, as dificuldades técnicas
inerentes ao georreferenciamento, exigindo a consideração de fatores socioespaciais que
impactam diretamente a execução dos trabalhos. A criminalidade, ao gerar um ambiente
de insegurança, restringe o acesso dos profissionais às áreas a serem mapeadas,
comprometendo a coleta de dados precisos e a segurança das equipes de campo
(ROLNIK, 2015). A topografia irregular, caracterizada por declives acentuados, terrenos
acidentados e densa vegetação, dificulta a utilização de equipamentos de
georreferenciamento convencionais, exigindo a adoção de tecnologias e metodologias
alternativas (FITZ, 2008). A precisão dos dados coletados pode ser comprometida pela
dificuldade de posicionamento dos equipamentos e pela interferência de obstáculos
naturais, demandando um maior rigor no processamento e análise dos dados (CÂMARA
et al., 2001).
A combinação da criminalidade e da topografia irregular cria um cenário de
extrema complexidade, exigindo uma abordagem multidisciplinar que integre
conhecimentos de engenharia, geografia, sociologia e segurança pública (ALFONSIN,
2012). A superação desses desafios demanda o desenvolvimento de estratégias
inovadoras que conciliem a precisão técnica do georreferenciamento com a segurança das
equipes de campo e a viabilidade econômica dos projetos de REURB.
A importância da precisão no processamento e vetorização de dados
georreferenciados para a titulação de imóveis
A titulação de imóveis, processo fundamental para a garantia do direito à
propriedade e para o ordenamento territorial, depende intrinsecamente da precisão e
acurácia no processamento e vetorização de informações georreferenciadas. A
inadequação dessas etapas, seja por falhas metodológicas, erros de interpretação ou uso
de softwares inadequados, pode comprometer significativamente a validade dos dados e,
consequentemente, levar ao indeferimento da titulação, gerando insegurança jurídica e
conflitos.
O processamento de dados georreferenciados, que envolve a organização, análise
e interpretação de informações coletadas por meio de diversas tecnologias, como GPS,
drones e imagens de satélite, exige rigor técnico e conhecimento especializado. A
precisão nesse processo é fundamental para garantir a confiabilidade dos dados e a
representação fiel da realidade, conforme preconizado pelas normas técnicas e legislações
vigentes (INCRA, 2013). Erros no processamento, como a aplicação de filtros
inadequados, a utilização de sistemas de coordenadas incorretos ou a falta de correção de
distorções, podem gerar imprecisões que comprometem a validade dos resultados,
invalidando o processo de titulação.
A vetorização, por sua vez, consiste na conversão de dados raster (imagens) em
dados vetoriais (pontos, linhas e polígonos), permitindo a representação precisa dos
limites e das características dos imóveis. A inadequação nesse processo, como a
digitalização imprecisa de limites, a falta de atenção aos detalhes topográficos ou a
utilização de escalas inadequadas, pode gerar erros que comprometem a precisão dos
dados e a representação fiel da realidade, gerando sobreposição de áreas e conflitos de
limites (FITZ, 2008).
A combinação de erros no processamento de dados e na vetorização pode gerar
imprecisões significativas nos dados georreferenciados, levando ao indeferimento da
titulação. A legislação brasileira, em especial a Lei nº 10.267/2001 e seus decretos
regulamentadores, exige que os dados georreferenciados sejam precisos e confiáveis,
representando fielmente a realidade dos imóveis (BRASIL, 2001). Imprecisões nos dados
podem gerar conflitos de limites, sobreposição de áreas e outros problemas que impedem
a titulação dos imóveis, gerando insegurança jurídica e prejuízos aos proprietários.
Diante desse cenário, esta pesquisa se justifica pela relevância do tema para a
garantia da segurança jurídica e para a efetivação do direito à propriedade. A análise dos
desafios e das melhores práticas no processamento e vetorização de dados
georreferenciados para a titulação de imóveis contribuirá para a produção de
conhecimento científico e para a proposição de soluções que possam auxiliar os
profissionais e os órgãos competentes na regularização fundiária.
Referências
BRASIL. Lei nº 10.267, de 28 de agosto de 2001. Altera dispositivos das Leis nos 4.947,
de 6 de abril de 1966, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 6.015, de 31 de dezembro de
1
1973, 6.739, de 5 de dezembro de 1979, 8.171, de 17 de janeiro de 1991 e 9.393, de 19
2
de dezembro de 1996, relativas ao georreferenciamento de imóveis rurais, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 29 ago. 2001.
FITZ, Paulo Roberto. Geoprocessamento para sensoriamento remoto. São José dos
Campos: Oficina de Textos, 2008.
INCRA. Norma técnica para georreferenciamento de imóveis rurais. 3. ed. Brasília:
INCRA, 2013.
ALFONSIN, Betânia de Moraes. Direito à cidade e regularização fundiária: novos
desafios para o planejamento urbano. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais,
v. 14, n. 1, p. 11-24, 2012.
CÂMARA, Gilberto et al. Introdução à ciência da geoinformação. São José dos Campos:
INPE, 2001.
FITZ, Paulo Roberto. Geoprocessamento para sensoriamento remoto. São José dos
Campos: Oficina de Textos, 2008.
ROLNIK, Raquel. Guerra dos lugares: a colonização da terra e da moradia na era das
finanças. 2015. Tese (Livre Docência) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015. . Acesso
em: 28 fev. 2025.
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