Impactos sócio-ambientais da construção da represa de Tucuruí, 20 anos depois : As Lições de uma Quimera Perversa Estudo Sócio-ambiental da Represa de Tucuruí 2006/2007 Equipe Profa Dra Nírvia Ravena de Sousa Profa Dra Voyner Ravena Cañete Cleide Lima de Souza Rômulo Magalhães de Sousa Ana Luísa Moraes Alberto Dias Vilar Mayara Rodrigues Negrão Rafael Arraes Thales Maximiliano Ravena Cañete Objetivos: Estabelecer uma leitura sobre a lógica de reprodução social dos moradores do entorno da represa; Descrever a complexidade que envolve a interação dessa população com os recursos hídricos pertencentes ao reservatório de Tucuruí; Analisar as dimensões político-institucionais presentes na dinâmica que envolve o reservatório, (pacto federativo, interações entre os municípios, o estado e a União) Considerações preliminares •Permanência da cognição do território como área de fronteira •Movimentos intra-regionais de grupos populacionais ora situados em contextos urbanos, ora situados em contextos rurais; •Realidades locais marcadas por instituições que circunscrevem esses grupos à um certo “grau” de cidadania. A mobilidade de populações no interior da região amazônica é intensa e tem desdobramentos políticos, sociais e econômicos que não são desprezíveis. Com grandes dificuldades de acesso à informação mais precisa, essas populações deslocam-se conforme janelas de oportunidade vão se estabelecendo. As concepções de desenvolvimento a partir da matriz energética hidrelétrica têm sido um elemento propulsor de deslocamento populacional na Amazônia O reservatório de Tucuruí e seu entorno encontram-se ambos envoltos por essa dinâmica e desempenham papel significativo no estímulo desses deslocamentos. Atores com menor grau de organização não têm garantias dos direitos referentes ao local onde vivem em função do caráter volátil da propriedade. Conflitos originados por valoração do território par pesca esportiva estimulam a pauperização da população do entorno da represa Os entes federativos interagem com graus de formalidade eficazes no repasse de compensações financeiras pela produção de energia,no entanto os beneficiários finais dessa compensação não são incluídos nas políticas públicas que deveriam ser desenhadas. . . A primeira parte do lago abrange o município de Tucuruí e Breu Branco, (ver ponto 6 da figura). Localizada logo ao início da barragem. A segunda parte do lago (ponto 5) envolve o município de Novo Repartimento. Parte mais ampla do lago e marcada por um alto grau de violência decorrente do isolamento das comunidades. Área de pesca com caráter mais comercial e presença freqüente de grandes navegações equipadas com geleiras e equipamento pesqueiro. A terceira parte (pontos 1, 2, 3 e 4 da figura) envolve os municípios de Goianésia, Ipixuna e Itupiranga, ficando já próximo ao final do lago. Pesca artesanal é mais presente. Os pescadores são mais organizados e normalmente situados nas comunidades de Porto Novo e Santa Rosa. Estas funcionam como pólo pesqueiro onde se compra óleo diesel, gelo, mantimentos, material para pesca, como redes e até mesmo barco. Nessas comunidades os pescadores vendem o peixe e são necessariamente inscritos na Colônia de Pescadores para poder efetivar a venda. OCUPAÇÃO 60 53 50 40 34 30 20 10 7 3 4 7 7 4 1 0 Nº. de famílias Autônomo Aposentado/Pensionista Biscateiro Funcionário público municipal Privado/ sem Carteira Assinada Pesca Pesca e Roça Roça Outros REGIÃO DE ORIGEM 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 183 94 Norte Nordeste No. Famílias 5 3 2 CentroOeste Sul Sudeste NATURALIDADE 400 365 350 300 250 172 200 Nº. de pessoas 150 100 50 13 11 11 7 5 5 11 PI CE GO BA PB TO Outros 0 PA MA MORADIA ANTERIOR AO LAGO Municípios do Entorno do Lago 8% 8% Outros Estados 2% Nativos 23% 59% Outros Baixo Tocantins FAIXA ETÁRIA 8% 1% 8% 0 a 10 anos 29% 11 a 20 anos 21 a 30 anos 11% 31 a 40 anos 41 a 50 anos 51 a 60 anos 15% 28% + 60 anos TEMPO DE MORADIA DAS FAMÍLIAS 2% 3% 7% Menos de 01 ano 13% 01 a 04 anos 25% 05 a 10 anos 11 a 15 anos 18% 16 a 20 anos Mais de 20 anos 32% Nativos ALGUNS APONTAMENTOS: No relato dos moradores há uma reclamação importante a ser observada: os recursos da Eletronorte, relativos à assistência para a sede dos municípios, não chega para quem vive no entorno do lago. Em outras palavras,a população têm a informação incompleta sobre a compensação financeira que do ponto de vista formal não lhe é endereçada. Os moradores não conseguem apontar a fronteira entre os municípios,não tendo a dimensão cognitiva espacial de quais políticas ou serviços de competência da administração pública, são beneficiários A falta de referência espacial relativa aos municípios finda imputando ao lago um papel de localização e organização fundamental na vida das comunidades que ocupam o entorno do lago. Juntamente com a nova biota criada pela formação do lago, os atores sociais que acessam esses recursos se adaptam e novas relações sociais e econômicas se estabelecem, mas ainda sem um padrão de interação com as instituições formais, e com regras de interação que obedecem prioritariamente poderes econômicos. A figura do Estado na área é marcada pela simultaneidade entre a presença e ausência, pois, o alcance das ações oriundas de políticas públicas é quase inexistente. Os atores com menor acesso a informação (população tradicional, migrantes) identificam na Eletronorte a responsabilidade pelo provimento de políticas públicas. Há um horizonte melhor? • Existência de práticas virtuosas em relação a preservção de recursos naturais(pesca) • População Jovem • Empoderamento informacional • Mecanismos de articulação compulsória da compensação financeira à provimento de serviços na área o lago