SEMANA DE ORAÇÃO J.A. 2016 1 05 19 37 55 DIA 1 | A TRINDADE DIA 3 | A LEI DE DEUS 2 11 28 45 64 DIA 2 | O GRANDE CONFLITO DIA 4 | O SÁBADO DIA 5 | O SANTUÁRIO DIA 6 | A MORTE E O INFERNO DIA 7 | O TEMPO DO FIM DIA 8 | A SEGUNDA VINDA FICHA TÉCNICA | Textos e Revisão: Departamento de Jovens | Capa e design editorial: Augusto Pereira 3 União Portuguesa dos Adventistas do Sétimo dia | Departamento de Jovens | 2016 C hegados a mais uma Semana de Oração de Jovens, só podemos dar graças a Deus por tantas bênçãos que ano após ano bondosamente recebemos da Sua mão. A verdade é que esta semana especial se foi tornando ao longo das décadas um momento muito importante na dinâmica da Juventude Adventista em todo o mundo, e é por isso mesmo um tempo de celebração nas nossas Igrejas. Celebração na Palavra Com temas e mensagens Bíblicas que desafiam os jovens à reflexão e ao compromisso! Celebração no Louvor Com novas músicas que inspiram a Igreja a cantar e a adorar com fervor renovado! Celebração na Oração Com a forte enfâse nas dinâmicas e momentos de oração nos vários encontros! Celebração na Comunhão Com o tempo que nestes dias dedicamos ao convívio fraterno e à partilha entre irmãos e amigos. Celebração no Testemunho Com as desafiantes possibilidades que se abrem ao longo destes dias de convidar amigos especiais e jovens que se afastaram da comunhão da Igreja, para que venham partilhar destes encontros de fé e amizade. Enfim, como se pode ver, não faltam razões para que também em 2016 os jovens espalhados pelas mais de 100 igrejas e grupos Adventistas que temos em Portugal, façam desta semana um tempo de bênção e refrigério espiritual. Os 8 textos que têm neste momento em vossas mãos são de enorme profundidade teológica e alcance espiritual, e merecem por isso ser lidos com tempo e cuidada reflexão. O Pr Ty Gibson guia-nos numa ousada viagem a “terras” (aparentemente) bem conhecidas, partindo de algumas das crenças mais características da doutrina Adventista, e consegue ao mesmo tempo reforçar - e de que maneira - a nossa confiança Bíblica na solidez dessa mensagem e ajudar-nos a encontrar-lhe novas dimensões, todas elas enraizadas num conceito chave: Jesus – a perfeita revelação do amor de Deus. Há muito Evangelho nesta exposição da doutrina. Há muito Cristo nos argumentos expostos. Há muita Esperança revelada nestas reflexões, que se lêem quase como uma narrativa teológica. E assim sendo, o que é que um Adventista do Sétimo Dia pode desejar mais? Oro para que desfrutes, muito, com esta leitura. Departamental de Jovens Pr. Pedro Esteves 4 # DIA 1 A TRINDADE Janelas: Uma Introdução à semana de oração N esta semana de oração vamos explorar oito doutrinas Bíblicas-chave da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Muitos do nosso povo - talvez tu estejas incluído - ficam em ponto morto intelectual, respiram um suspiro de tédio, e esperam uma repetição de factos teológicos secos que ouvimos uma e outra vez: Posso ter um amém? Não? Por que não? Bem, porque todos sentimos que algo está a faltar quando a verdade é reduzida a uma série de factos intelectuais e requisitos comportamentais. Então aqui está um facto que temos de enfrentar: nenhuma dessas doutrinas individualmente, nem todas elas em conjunto, constituem a verdade. Estás a ouvir? Nenhuma delas constitui a verdade até que elas estejam centradas em Cristo, informadas por Cristo e cheias do amor de Cristo. É por isso que o apóstolo Paulo fala da verdade "como a verdade está em Jesus" (Efésios 4:21). • O sétimo dia é o Sábado, não o primeiro dia, e aqui estão um zilhão de versículos da Bíblia para provar isso. • Os 10 Mandamentos não foram abolidos na cruz, pelo que tu ainda tens que os guardar, e aqui estão os versículos para provar isso. • O Juízo Investigativo começou em 1844, e o teu nome poderia aparecer a qualquer momento, e aqui estão os versos e um gráfico de tempo profético para provar isso. Hmmmm. O que significa isso exatamente? • Quando morremos, nós estamos realmente mortos, completamente mortos, mortos como um prego numa porta, por isso, se um membro da família morto ou um amigo alguma vez te aparecer, não são eles, é um demónio, e aqui estão os versículos para provar isso. Talvez te lembres que Jesus disse certa vez: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará", e, em seguida, um pouco mais tarde Ele disse: "EU SOU ... a verdade" (João 8:32; 14: 6). • Jesus vai voltar em breve, e quando Ele fizer isso não será um arrebatamento secreto com alguma segunda oportunidade de salvação depois de uma tribulação de sete anos, então é melhor tu estares pronto agora, e aqui estão os versículos para provar isso. A verdade não é apenas um monte de informações factuais abstratas para memorizar, citar e discutir. A verdade é uma pessoa, e o seu nome é Jesus. Num relacionamento com Jesus há libertação de tudo o que nos amarra, ou seja, de toda a nossa fragilidade relacional e da vergonha que a acompanha. Entendeste, certo? • E além de tudo isto, tu devias tornar-te vegetariano, pagar o dízimo, parar de ver televisão, e ser batizado por imersão. Então, como é a "verdade" quando ela é pregada fora de Jesus? 5 As verdades doutrinais da Escritura podem ser consideradas como uma série de janelas de perceção, através das quais o caráter de Deus pode ser visto de vários ângulos diferentes. Para os nossos objetivos, vamos imaginar a estrutura da verdade como um edifício em forma de octógono. Em cada um dos oito lados da estrutura, existe uma janela. Cada janela representa uma das nossas crenças doutrinárias: Bem, para começar, a verdade separada de Jesus é apenas informação crua sem personalidade e caráter. Ela não tem um rosto, um coração ou um desejo pessoal por ti. Em segundo lugar, a verdade separada de Jesus é emocionalmente brutal porque tudo o que ela pode fazer é impor culpa e despertar medo. Ela não pode salvar, curar, ou transformar o coração humano. Não seria um exagero dizer que é espiritualmente abusivo pregar uma lista de verdades doutrinárias e padrões comportamentais e não pregar Jesus como a Verdade, com “V” maiúsculo. Paulo diz: "A letra mata" (2 Coríntios 3:6), pelo qual ele quer dizer que os fatos nus da verdade, pregados sem Jesus como o vivo, amoroso e compassivo centro, só têm o efeito de matar as pessoas a um nível espiritual, emocional e relacional. "Verdade" que não amplie Jesus só pode conduzir as pessoas para longe de Deus em desespero ou produzir nelas um espírito de farisaísmo condenatório. Por contraste, vemos Jesus num belo equilíbrio entre dois fatores complementares cruciais: João diz que Jesus veio ao nosso mundo "cheio de graça e de verdade" (João 1:14). 1. A Trindade 2. O Grande Conflito 3. A Lei de Deus 4. O Sábado 5. O Santuário 6. Morte e Inferno 7. O Tempo do Fim 8. A Segunda Vinda Viste isso? Graça e verdade! Ao olharmos para dentro do edifício através de cada janela, vemos Jesus, e Jesus, e Jesus, e Jesus, como a verdadeira e precisa revelação do caráter de Deus. Por que é essa combinação tão vital? Oito janelas para uma realidade! Verdade que é nula de graça só pode acumular vergonha sobre os pecadores, ao passo que a graça combinada com a verdade traz a cura. As janelas são projetadas para se olhar através delas, e não para elas. Uma janela serve o seu propósito quando atua como uma passagem visual. Nenhuma doutrina bíblica é um fim em si: nem o sábado, nem o estado dos mortos, nem o julgamento, nem a profecia do tempo do fim. Nenhuma dessas verdades existem para apontar para si mesmas. Em vez disso, o sábado serve como uma passagem visual para o coração de Deus. A doutrina do santuário serve de passagem visual para uma outra dimensão da beleza de Deus e assim por diante com todas as doutrinas bíblicas. É claro, então, que não precisamos apenas de verdade - o esqueleto dos factos doutrinários. Em vez disso, precisamos da verdade como ela é em Jesus, a encarnação viva do amor de Deus. Portanto, vamos então usar uma metáfora simples, mas poderosa, para nos guiar na nossa série de mensagens para esta semana de oração. 6 que professa representá-Lo. E qual é a forma em que existe esta deturpação do caráter de Deus? Doutrinas! Sistemas de crenças! Muitas pessoas no nosso mundo têm medo de Deus, não porque o conhecem como Ele realmente é, mas por causa dos falsos relatos que ouviram sobre Ele, na forma de ensinamentos religiosos. Pensa nisso desta maneira. Como Adventistas do Sétimo Dia, só temos realmente uma crença, uma doutrina: "Deus é amor" (1 João 4:16) É isso. Deus chamou especificamente a Igreja Adventista do Sétimo Dia à existência como um movimento profético, para proclamar uma mensagem ao mundo de que vindica Deus como o Deus bom que Ele realmente é. Se bem entendido, o nosso sistema teológico tem o potencial de oferecer ao nosso mundo uma imagem bonita e convidativa de Deus diferente de tudo o que já conheceram antes. A teologia adventista, quando vista em Cristo, é como uma série de janelas através das quais o caráter de Deus é clarificado e exonerado. Nós não acreditamos em muitas coisas, nós acreditamos numa coisa com muitas dimensões. Podemos sempre expandir uma das coisas, mas estamos sempre a olhar para a mesma coisa, a partir de vários ângulos. Como uma árvore com muitos ramos. Um motor com muitas partes móveis. Um rio com muitos afluentes. As diversas doutrinas que temos servem o seu propósito apenas na medida em que nós as comunicamos de uma tal maneira que ampliem a beleza do amor de Deus. Na verdade, Ellen White afirma explicitamente que este é o caso: Então, vamos começar por olhar através da primeira das nossas oito janelas. “A escuridão do falso conceito acerca de Deus é que está a envolver o mundo. Os homens estão a perder o conhecimento de seu caráter. Este tem sido mal compreendido e mal interpretado. Neste tempo deve ser proclamada uma mensagem de Deus, uma mensagem de influência iluminante e capacidade salvadora. O caráter de Deus deve tornar-se notório. Deve ser difundida nas trevas do mundo a luz de Sua glória, a luz de Sua benignidade, misericórdia e verdade. ... Os últimos raios da luz misericordiosa, a última mensagem de graça a ser dada ao mundo, é uma revelação do caráter do amor divino.” Amor Antigo Faz um exercício simples de pensamento. Tranca-te no teu quarto de banho para o resto da tua vida - é uma experiência de pensamento, por isso, fica no teu lugar e usa a tua imaginação - e faz a ti mesmo uma pergunta simples: Será que eu vou experimentar o amor? A resposta óbvia é não, mesmo que tenhas um espelho de corpo inteiro! E por que é que a resposta é Não? Pela simples razão de que o amor não pode ser experimentado em isolamento. Amor, por definição, é estar centrado noutro, em vez de ser egocêntrico. Para que possa realmente ser amor, este sentimento requer mais do que uma pessoa. Com isto nós percebemos algo profundo e de vital importância para a nossa compreensão de Deus. Vamos descompactá-lo. (Ellen White, Parábolas de Jesus, p. 415). Assombroso, não é? Deus tem sido terrivelmente mal representado no nosso mundo, especialmente pela religião 7 A primeira verdade que encontramos quando abrimos a Bíblia é que Deus é uma unidade social em vez de um ser solitário. Observa a frase de abertura das Escrituras: "No princípio criou Deus os céus e a terra" (Gênesis 1:1). A coisa mais óbvia que vemos aqui é que existem duas categorias básicas que compõem a realidade: tulo esta ideia torna-se ainda mais explícita. Observa os versículos 26 e 27: "E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas" (Génesis 1:2). "E disse Deus [Elohim]: 'Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança' ... E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou." Vemos aqui que o Espírito Santo também estava envolvido ativamente no evento da criação, juntamente com o Pai e o Filho. Incrível! Então, o Deus que encontramos em Génesis 1, com o nome plural Elohim, é composto por Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Dentro dos parâmetros da própria realidade divina de Deus, além de quaisquer seres criados, Deus é um “companheirismo” centrado no outro, uma “amizade” desapegada. À medida que avançamos do Génesis na narrativa bíblica, encontramos o que o povo judeu chama "a shema", que eles consideram até este dia como a mais importante de todas as declarações teológicas: Aqui vemos que Elohim é composto de um "Nós" e "Nossa". Não devemos pensar em Deus como um mero "Eu", mas sim como uma unidade social que envolve mais pessoas do que um único ser solitário. Lembra-te do nosso ponto de abertura: o amor não pode ser experimentado em isolamento. Agora, no contexto desta simples compreensão, podemos ler com entendimento a declaração mais profunda e poderosa na Bíblia: 1. Deus 2. E tudo o resto Deus é o Criador e qualquer outra coisa que exista foi Ele que criou. Isto significa que Deus antecede e transcende todas as coisas que se enquadram na categoria "criado", e que só Deus ocupa a categoria "não criado". O apóstolo João, ao apresentar Jesus, articulou essa visão sublime com estas palavras: "Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez" (João 1:3). Bastante profundo, eu sei, mas espera porque está tudo prestes a tornar-se maravilhosamente claro. anteriormente ele identificou como o próprio Deus, veio ao nosso mundo a partir de um lugar relacional muito específico e especial: do "seio do Pai". Seio é uma palavra poética que evoca a ideia de proximidade; a tradução Philips (no inglês) diz que Jesus vive na "intimidade mais próxima com o Pai". Agora, com tudo isto em mente, volta a Génesis 1: Na mesma passagem, João disse o seguinte: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus" (João 1:1 e 2). No princípio, quem estava com quem? "No princípio… Deus... estava com Deus." Ok, isso é fixe, mas em que sentido estavam estas pessoas igualmente divinas umas "com" as outras? João diz-nos no verso 18: "Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigénito, que está no seio do Pai, esse O revelou." Uau, eu gosto disso! Tão interpessoal! João quer-nos fazer entender que Jesus, a quem 8 "Deus é amor" (1 João 4:8). "Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor" (Deuteronómio 6:4). Deduzimos desta realidade básica que Deus nunca existiu isoladamente. Deus é, e sempre foi, um "Nós" e um "Nosso" - noutras palavras, uma unidade social - porque "Deus é amor." Sem fazer nenhuma injustiça ao texto, poderíamos parafrasear a frase da Bíblia abertura assim: Há uma beleza escondida aqui à vista de todos, que é trazida à luz ao fazer a pergunta: em que sentido é o Senhor nosso Deus um? Encontramos a resposta em Jesus, porque Ele intencionalmente utilizou a linguagem do Shema para descrever a relação que existe entre Ele e o Pai: "Eu e o Pai somos um" (João 10:30). "No princípio criou Deus os céus e a terra." "No princípio AMOR criou os céus e a terra." A palavra hebraica nesta frase que está traduzida para o Português como "Deus" é um nome próprio na língua original. É um nome super importante, completamente cheio de significado. Na verdade, ele é o mais bonito nome que alguma vez vai sair dos teus lábios: Compara isto, mais uma vez, com João 1 e a imagem torna-se ainda mais bonita: Brilhante! Elohim "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez" (João 1:1-3). O que torna este nome tão significativo é que é um substantivo plural. Noutras palavras, o Deus que encontramos no versículo de abertura da Bíblia é em certo sentido um e contudo mais do que um. Mais tarde, no mesmo capí- A partir desta passagem, vemos que tanto Deus Pai como Deus Filho foram agentes ativos juntos no trabalho de criação do nosso mundo. Agora volta para Génesis 1 para uma pincelada adicional na imagem: Mais uma vez, vemos que Deus não é um no sentido de ser um ser solitário, mas Deus é um, no sentido de harmonia relacional. Mais tarde, em João 17, Jesus novamente usou a linguagem da harmonia, e nesta ocasião Ele definiu-a como a dinâmica relacional do amor. Ele orou ao Pai pelos seus discípulos: "… para que sejam um, como nós somos um; eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, a fim de que o mundo 9 conheça que tu me enviaste, e que os amaste a eles, assim como me amaste a mim. Pai, desejo que onde eu esteja, estejam comigo também aqueles que me tens dado, para verem a minha glória, a qual me deste; pois que me amaste antes da fundação do mundo" (versos 22-24). Todos os três, juntos, como uma comunhão social íntima, constituem uma realidade divina. É por isso que usamos a palavra Trindade, ou Tri unidade, para descrever Deus. Em seguida, ele encerrou a sua oração pedindo "que haja neles aquele amor com que Me amaste, e também Eu neles esteja" (versículo 26). Não é uma equação teórica fria. # DIA 2 O GRANDE CONFLITO Amor que conquista Não é um facto doutrinário seco. Não é um conceito filosófico complexo. Não. A doutrina da Trindade é uma janela de transparência cristalina para o caráter extrovertido, centrado no outro, super social de Deus. Aqui está a imagem à nossa frente: O Pai é Deus, mas não tudo o que há de Deus. Jesus Cristo é Deus, mas não tudo o que há de Deus. O que há para não gostar de um Deus como este? O Espírito Santo é Deus, mas não tudo o que há de Deus. Atividades de Grupo: Material Necessário: Várias cores de celofane, cola, tesouras, duas varas com 91 centímetros de comprimento e 1,20 centímetros de diâmetro, cortado em oito pedaços que são de 22 centímetros cada, papel de alumínio forte, um pedaço de esferovite resistente cortado num octógono com aproximadamente 30 centímetros de diâmetro (simples) ou um pedaço de contraplacado cortado num octógono de 1,20 centímetros de espessura, com oito buracos de 1,20 centímetros furados nos cantos (mais forte). PARA DISCUSSÃO Já ouviste falar da "verdade" retratada como uma série de factos, como descritos no início desta lição? Como é que te fez sentir? Como reagiste? Partilhem juntos alguns dos conceitos que te têm ajudado a tentar entender a Trindade. (Aceita que é algo que os humanos não podem compreender totalmente). Como descreverias ou explicarias a um amigo muçulmano ou judeu que pensa que estás a adorar múltiplos deuses? Em grupo, criem um modelo do edifício octogonal, com oito janelas, que estamos a usar como uma imagem para esta semana de oração. Usem uma camada dupla do papel de alumínio para criar um telhado. Como alternativa podem trazer vários materiais como cartolina, etc., e deixar que cada membro tente criar um desenho, pintura ou colagem de um edifício octogonal com oito janelas. Podem adicionar ao modelo cada noite enquanto nós olhamos para cada "janela". O que tem a frase "Deus é amor" que mais te atrai? Como é que este conceito fundamental afetou a tua vida? 10 Neste contexto, a doutrina a que de forma comum nos referimos como O Grande Conflito não é exceção. Então, vamos olhar por esta janela e encontrar a beleza que espera a nossa descoberta. Bem, aqui estamos nós para a segunda parte da nossa série de oito partes. I sto vai ser muito interessante, como fazeres uma caminhada num lugar conhecido, onde já foste muitas vezes, e de repente dares por ti diante de uma visão de tirar o fôlego ao descobrires uma bela cascata que não sabias que estava ali. Guerra no Céu A primeira regra da lógica é que as coisas são geralmente o que parecem ser. O nosso mundo parece uma zona de guerra, porque o nosso mundo é uma zona de guerra. A segunda regra da lógica é que as coisas não são sempre exatamente o que parecem ser. A guerra que acontece no nosso mundo tem características que não são imediatamente evidentes para o observador casual. À primeira vista, vemos apenas seres humanos envolvidos na batalha, mas há mais aqui do que aquilo que os olhos conseguem ver. Segundo a Bíblia, nós homo sapiens não estamos sozinhos no universo. Do Génesis ao Apocalipse encontramos uma ordem de seres chamados anjos. Sabemos pelas Escrituras que esses seres são anteriores à existência de seres humanos (Jó 38:4-7; Apocalipse 1:20), que eles são numerosos (Hebreus 12:22), poderosos e inteligentes (Salmo 103:20; Daniel 4:17), que funcionam dentro de um sistema ordenado de governo (Efésios 3:10; Daniel 7:9-10), que eles ativamente operam dentro do nosso mundo, na maior parte das vezes invisíveis, mas às vezes em forma visível (Hebreus 1:14; 13:2), e que o mal que aflige o nosso mundo se originou com alguns deles (Apocalipse 12:7,12). Estamos a explorar o que para a maioria de nós é território conhecido: oito das doutrinas centrais que formam o sistema de crenças Adventistas. Como dissemos na nossa primeira mensagem, estas doutrinas conhecidas são tratadas com frequência apenas como factos teológicos secos, aborrecidos, para serem recitados de memória. Com certeza muitas vezes os transformamos nisso, mas só porque os diminuímos e despojamos da sua beleza, não significa que não haja beleza a ser descoberta. Lembras-te da nossa metáfora orientadora? As verdades doutrinais da Escritura são como janelas que olham para o caráter atrativo do Deus revelado em Cristo. Nenhuma doutrina é um fim em si mesma. O Sábado não é sobre o Sábado, por si só, é sobre Jesus. A doutrina do estado dos mortos não é apenas para provar que as pessoas estão inconscientes quando morrem, é sobre Jesus. A doutrina do santuário não é sobre uma tenda ou um edifício ou uma cortina ou um procedimento ou uma cerimónia, é sobre Jesus. E assim por diante. Cada doutrina bíblica, quando corretamente entendida, funciona como um tipo de lente em direção ao coração de Deus, à bondade de Deus, e ao amor de Deus. Um dos anjos chamava-se "Lúcifer", que significa portador de luz. Este exaltado ser foi criado para ser um revelador do caráter de Deus para seus companheiros anjos, mas ele escol11 heu uma maneira de agir diferente. A Bíblia diz que Lúcifer era "perfeito nos seus caminhos" (seus padrões de pensamento, sentimento e comportamento), "até que se achou iniquidade" nele (Ezequiel 28:15). Nesse momento, ele tornou-se "Satanás", que significa adversário. A Bíblia também nos diz que a queda de Lúcifer ocorreu porque ele desenvolveu um desejo de autoexaltação, levando à aspiração inebriante para tirar Deus do coração dos seus companheiros anjos e usurpar a sua lealdade (Isaías 14:12-14). Conforme Lúcifer alimentava egocentrismo dentro de si, ele deixou de refletir a luz do caráter de Deus e começou a atribuir a Deus os seus próprios motivos egoístas. A aspiração, "vou exaltar a mim mesmo”, seguida de "eu serei semelhante ao Altíssimo", indica que Lúcifer começou a atribuir a autoexaltação ao caráter de Deus como justificação para a sua própria autoexaltação. Ao negar a bondade fundamental do caráter de Deus, o curso de ação de Satanás foi calculado para minar a confiança para com Deus e incitar rebelião contra Ele. Paulo define a lei de Deus como "amor" (Romanos 13:10). Vemos então que Lúcifer se rebelou contra a lei de Deus, o que realmente significa que ele se rebelou contra o amor de Deus. Ele levantou acusações contra Deus e contra a lei do amor com que Deus governa o universo. Considerando que a Bíblia afirma que "Deus é amor" e que a Sua lei é, portanto, uma lei que governa apenas pelos princípios inerentes no amor (1 João 4:8; Mateus 22:37-40), Satanás decidiu viver sem amor e formar um reino que opera sem amor. Serve o seu propósito, portanto, retratar Deus como egoísta e a Sua lei como uma lista de regras arbitrárias impostas para fins egoístas. Ellen White explica a questão central do grande conflito com uma clareza brilhante: “A abnegação, que é o princípio do reino de Deus, é o princípio que Satanás odeia; ele nega até a existência do mesmo. Desde o início do grande conflito tem-se ele esforçado por provar que os princípios pelos quais Deus age são egoístas, e da mesma maneira ele considera a todos os que servem a Deus. A obra de Cristo e a de todos os que adotam o Seu nome, tem por fim refutar esta pretensão de Satanás” (Educação, p. 154). É neste contexto narrativo que a Bíblia diz: "e houve batalha no céu" (Apocalipse 12:7), ou seja, entre os anjos! A palavra traduzida aqui como "batalha" é polemos no grego original, que está relacionada com palavras como polémica e política. Isto dá-nos uma visão da natureza exata da "batalha". Não foi principalmente uma batalha de envolvimento físico ou de uso da força de armas. Foi uma guerra política, uma campanha de propaganda, um esquema de assassinato de caráter. Satanás travou sua guerra mediante a divulgação de mentiras quanto ao caráter de Deus. Assim, ele é descrito como aquele que "engana todo o mundo" e como "mentiroso, e pai da mentira" (Apocalipse 12:9; João 8:44). Agora que entendemos o problema fundamental envolvido na guerra entre o bem e o mal, estamos preparados para permitir que a Escritura pinte um quadro mais detalhado para nós em sete cenas progressivas. Cena Um: Domínio Vamos começar por comparar duas afirmações bíblicas que juntas criam uma estrutura conceptual para a compreensão do que está a acontecer no nosso mundo: Segue esta lógica bíblica: Ezequiel diz que Lúcifer foi expulso do Céu porque ele "pecou" (Ezequiel 28:16). João define o pecado como "iniquidade" (1 João 3:4). "Deus criou a humanidade à Sua própria imagem" (Génesis 1:27). 12 "Deus é amor" (1 João 4:8). corre mal. Tragicamente, os nossos primeiros pais abdicaram da sua posição de autoridade sobre a terra cedendo lealdade a um senhor estrangeiro, ao anjo caído uma vez chamado de Lúcifer, aquele que brilha, que era agora conhecido como Satanás, o adversário. Sim, a queda da humanidade foi uma queda moral e coletiva. Adão e Eva perderam o seu domínio porque eles escolheram dá-lo. Através do exercício do livre-arbítrio humano, Satanás tornouse o "príncipe deste mundo" (João 12:31) e "o deus deste século" (2 Coríntios 4:4). Uma vez que o amor é a essência do caráter de Deus, resulta que a Sua criação seria projetada para o amor. E uma vez que o amor, por definição, é a doação voluntária de si mesmo aos outros, resulta que o livre arbítrio teve que ser incorporado na criação de Deus. Por isso lemos no relato da criação que Deus deu aos seres humanos o "domínio" sobre a terra (Génesis 1:26). Domínio é um conceito bíblico crucial. Como agentes morais livres feitos para o amor, a Adão e Eva foi dado o elevado privilégio do autogoverno. A terra seria o ambiente, o espaço material, em que o seu amor por Deus e um pelo outro poderia florescer. O planeta era deles por delegação divina. Entendendo este acordo, David escreveu estas palavras esclarecedoras: " Os céus são os céus do Senhor; mas a terra a deu aos filhos dos homens." (Salmos 115:16). Não obstante, o poder de Satanás sobre o nosso mundo não constitui uma regra de direito. Ele não é o legítimo senhor da Terra. Seu triunfo sobre a humanidade foi um ato de guerra baseado em enganos. Ele levou os nossos primeiros pais à rebelião negando a existência de amor por eles no coração de Deus, quebrando assim a sua capacidade de confiar em Deus. Portanto, a esperança da humanidade, desde aquele dia até hoje reside na revelação do verdadeiro caráter de amor altruísta de Deus. Isso é linguagem de delegação, de liberdade, de autogoverno. Tendo-os criado com livre arbítrio e dado a terra como seu lar, o palco estava montado para uma eternidade de bem-aventurança relacional. No entanto, a liberdade possui risco inerente. Com todas as suas gloriosas possibilidades, o livre arbítrio também carrega um perigo potencial. O "domínio" da humanidade estava carregado tanto com promessa como com ameaça; cabia a eles decidir o que ia acontecer. Em resposta ao roubo de autoridade de Satanás, Deus imediatamente começou a orquestrar um contra-ataque para recuperar o mundo para a humanidade. Embora Deus e o Seu adversário sejam os dois lados de um conflito, o contra-ataque de Deus não seria implementado pelos mesmos princípios sobre os Cena Dois: Abdicação Desde que Deus deu a terra a Adão e Eva, esta tornou-se deles para fazerem o que quisessem. A intenção do Criador seria que eles usassem o poder do seu livre-arbítrio para serem frutíferos, multiplicarem-se e construírem uma sociedade global de amor abnegado. É aqui que a história 13 quais o reino de Satanás atua, não por engano e força, mas sim através de verdade e amor. asas, toma-os, e os leva sobre as suas asas, Assim só o Senhor o guiou; e não havia com ele deus estranho” (Deuteronómio 32:8-12). Cena Três: O Guerreiro Prometido Os versículos 15 a 17 completam ainda mais a imagem: Quando o conflito cósmico começou, ambos os lados começaram imediatamente a organizar as suas forças e a colocar os seus princípios em movimento. O Criador deu início ao seu plano de ataque ao declarar a guerra e ao fazer uma promessa. Falando a Satanás na audiência de Adão e Eva, Deus disse: " E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar " (Gênesis 3:15). Aqui, Deus anunciou que um Guerreiro viria à Terra para esmagar a cabeça de Satanás, por assim dizer. O Guerreiro também seria ferido pelo inimigo no processo de alcançar a vitória. "(Israel) deixou a Deus, que o fez, e desprezou a Rocha da sua salvação. Com deuses estranhos o provocaram a zelos; com abominações o irritaram. Sacrifícios ofereceram aos demónios, não a Deus; aos deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, aos quais não temeram vossos pais" (Deuteronómio 32:15-17). Aqui vemos que Deus estabeleceu um povo escolhido entre as nações. Israel foi chamado para ser "a porção do Senhor" na terra, e não haveria nenhum "deus estranho" entre eles. É fundamental perceber que Moisés nos informa que os "deuses" das nações pagãs eram apenas "demónios", ou anjos caídos disfarçados de divindades. O Salmo 106, versículos 37 e 38, confirma que houve, de fato, "demónios" por trás dos "ídolos" das tribos pagãs: "Demais disto, sacrificaram seus filhos e suas filhas aos demónios, e derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos e de suas filhas que sacrificaram aos ídolos de Canaã; e a terra foi manchada com sangue" (Salmos 106:37, 38). Aqui Deus também explicou que o Libertador prometido iria entrar na raça humana através de uma linhagem estabelecida de "descendência". Noutras palavras, um grupo específico de pessoas seria selecionado dentre as nações para ser aquele através do qual o Salvador poderia entrar na guerra como um ser humano. O ponto mais importante a entender é que esta promessa profética informou o mundo de antemão que Deus iria conquistar o reino das trevas ao condescender em humildade e amor abnegado. Com Israel Deus demarcou um território no nosso mundo dominado por demónios e assim reivindicou a raça humana. Israel foi escolhido por Deus para ser a "linha" através da qual o prometido Guerreiro-Salvador viria ao mundo para reclamar a humanidade do controle satânico. Ao chamar Israel de entre as nações, Deus manifestou a Sua intenção de tirar o mundo para fora do domínio demoníaco. Cena Quatro: Forças Organizadas Em resposta tática à aquisição hostil de Satanás, Deus fez algo notável, engenhoso e necessário. Moisés explica: “Quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando dividia os filhos de Adão uns dos outros, estabeleceu os termos dos povos conforme o número dos filhos de Israel. Porque a porção do Senhor é o seu povo; Jacó é a parte da sua herança. Achou-o numa terra deserta, e num ermo solitário cheio de uivos; cercou-o, instruiu-o, e guardou-o como a menina do seu olho. Como a águia desperta a sua ninhada, move-se sobre os seus filhos, estende as suas Cena Cinco: O Guerreiro Desarmado O Guerreiro prometido desembarcou em solo terrestre como um bebé de colo, dependente e desamparado. Educado até idade adulta por humildes camponeses israelitas, Ele lançou o 14 seu ataque contra o reino das trevas e começou a esmagar sistematicamente a cabeça do usurpador sem nunca tomar uma arma de violência na mão. Podíamos chamar a Jesus "O Guerreiro Desarmado" porque ele veio para reconquistar o mundo pela verdade e o amor, e não por engano e violência. Satanás reconheceu Jesus por quem Ele era. Eles têm história, afinal de contas. Com uma arrogância autoconfiante desenvolvida por milhares de anos de aparente vitória, Satanás corajosamente reivindicou a terra como seu domínio e ofereceu-a a Jesus em troca de adoração: Nenhuma arma carnal será usada. Nenhum exército violento será comandado. Um só ato vai ter poder suficiente para recuperar a humanidade perdida. Apontando para o sacrifício que Ele está prestes a fazer no Calvário, Jesus enuncia o triunfo que Ele está prestes a alcançar sobre o inimigo: "Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim" (João 12:31,32). Pela Sua humilde encarnação, pela Sua vida perfeita de amor, e pela Sua morte abnegada na cruz, Jesus tomaria de Satanás "toda a sua armadura em que confiava." Todas as mentiras de Satanás sobre Deus foram completamente destituídas do seu poder pela revelação esclarecedora do amor de Deus em Cristo. Paulo explicou-o assim: "e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz" (Colossenses 2:15 NVI). “E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o diabo: dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória; porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero. Portanto, se tu me adorares, tudo será teu" (Lucas 4:5-7). Jesus recusou, claro, sabendo que Satanás não podia ver o que vinha na sua direção. Agora completamente cego para o caráter de Deus, Satanás simplesmente foi incapaz de compreender que Jesus estava prestes a atacar o seu império escuro com uma espécie de poder estranho ao seu entendimento, o poder do amor abnegado. Ao anunciar a Sua identidade de guerreiro e a sua missão, Jesus explicou ao povo o que estava a acontecer em frente aos seus olhos: "Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem; mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a sua armadura em que confiava e reparte os seus despojos" (Lucas 11:21,22). O amor, e não a força, triunfou sobre o mal Em essência, a guerra entre o bem e o mal foi vencida em Cristo, no Seu único ato supremo de amor abnegado. Agora essa vitória deve ser levada a "todas as nações" (Mateus 28:19). A guerra tem de ser ganha dentro do domínio dos corações humanos, pessoa a pessoa, casa a casa, aldeia a aldeia, território a território em todo o mundo, o que nos leva à verdadeira missão da Igreja. Cena Seis: A Igreja Militante / Triunfante Nesta pequena parábola, o "valente guarda" é Satanás. O "mais valente do que ele" é Jesus. Claramente, está a decorrer uma batalha e um confronto final está prestes a acontecer. E ninguém está à espera da jogada que o legítimo Rei do céu e da terra está prestes a fazer. Não é apenas a terra debaixo dos nossos pés que está em disputa no grande conflito entre o bem e o mal. A verdadeira guerra é num pedaço de terreno de 1300 gramas situado nos nossos crânios. Deus não faz segredo sobre o facto de que Ele quer as nossas "frontes" (Apocalipse 14:1). Noutras palavras, Ele quer o território mental, emocional e a vontade dentro de nós. 15 da vontade das almas humanas, Jesus reivindicou o território roubado por Satanás. Nós, como Sua igreja, estamos a fazer o mesmo. Estamos a avançar o reino de Deus. Como? Perdoando, tendo compaixão, proclamando o evangelho, alimentando e vestindo os pobres, libertando os escravos e, sobretudo, amando as pessoas tal como Jesus as amou, somos participantes do avanço do reino de Deus. se encontra dentro dos nossos corações é recuperado pela graça salvadora de Deus. Em seguida, o território da própria Terra é recuperado e feito para sempre novo. "Eis", diz O que está sentado no trono, "faço novas todas as coisas" (Apocalipse 21:5). Quando esse dia chegar, a cidade de Deus, a Nova Jerusalém, será transferida do reino celestial para o nosso próprio mundo. O planeta Terra vai tornar-se a nova capital do universo: Cena Sete: O Primeiro Domínio Restaurado O apóstolo João afirma que é aí, na testa humana, que Deus quer escrever "Seu nome", indicando a Sua presença permanente dentro do reino dos nossos carateres. Os seres humanos são criaturas permeáveis. Influências externas influenciam-nos. Estamos, de facto, projetados para ser habitados, como "morada de Deus em Espírito" (Efésios 2:22). “Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” (2 Coríntios 10:3-5). Cada mente humana é: A guerra que travamos ocorre dentro do reino da mente, onde os pensamentos e sentimentos são formados, onde o conhecimento reside. O inimigo está travando a sua batalha contra nós, formulando "argumentos" que são calculados para bloquear o verdadeiro "conhecimento de Deus". Na medida em que as suas mentiras teológicas ocupam as nossas mentes, ele possui "fortalezas" defensivas dentro de nós. Por outro lado, há medida em que os seus argumentos são efetivamente "destruídos" e substituídos pela verdade, ele é derrotado e a alma humana é libertada. • uma cidadela de entronização real, e Jesus é o legítimo rei; • um recinto da verdade eterna, e Jesus é a verdade; • uma câmara de romance sagrado, e Jesus é o verdadeiro amante das nossas almas. O grande inimigo de Deus e do homem também está à procura de reinar no coração humano. Ele dedica-se a ocupar território mental e emocional dentro das nossas almas. Ele está numa missão louca para encher os nossos corações e mentes com vergonha onde deveria haver inocência, contaminação moral onde deveria haver pureza, hostilidade onde deveria haver amor, e demónios disfarçados de deuses onde deveria haver a habitação do Espírito Santo. A linguagem que Paulo usa para descrever a natureza da nossa guerra é extremamente perspicaz: A missão da Igreja é tornar conhecido o bonito caráter de amor abnegado de Deus como revelado em Jesus Cristo. Nós somos chamados a mobilizar os nossos talentos, as nossas energias e os nossos recursos para a tarefa de recuperar o território de Cristo no íntimo dos corações e casas, dentro de cada nação e aldeia na Terra. Dentro do reino mental, emocional e 16 "Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força" (1 Coríntios 15:24). Paulo quer que entendamos que a história está em última análise, a precipitar-se em direção ao desaparecimento de todos os sistemas de coerção, dominação, opressão e guerra, e para o estabelecimento de um reino baseado em liberdade para sempre, florescendo de amor eterno. O profeta Miqueias previu o futuro: “E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Apocalipse 21:2-4). “Mas nos últimos dias acontecerá que o monte da casa do SENHOR será estabelecido no cume dos montes, e se elevará sobre os outeiros, e a ele afluirão os povos ... e converterão as suas espadas em pás, e as suas lanças em foices; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra ... e o Senhor reinará sobre eles no monte Sião, desde agora e para sempre ... a ti virá o primeiro domínio” (Miqueias 4:1-8). Ellen White descreve a cena bonita: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus. A Terra, o próprio campo que Satanás reclama como seu, será não apenas redimida, mas exaltada. Nosso pequenino mundo, sob a maldição do pecado, a única mancha escura de Sua gloriosa criação, será honrado acima de todos os outros mundos do Universo de Deus. Aqui, onde o Filho de Deus habitou na humanidade; onde o Rei da Glória viveu e sofreu e morreu - aqui, quando Ele houver feito novas todas as coisas, será o tabernáculo de Deus com os homens” (O Desejado de Todas as Nações, p. 26). Que extraordinária imagem! Vemos aqui que Deus é contra a guerra e a favor da paz, contra a força e a favor do amor. É Seu objetivo final trazer um fim completo a todos os regimes coercivos e estabelecer um reino eterno de liberdade. "O primeiro domínio", o que Adão e Eva perderam, será restabelecido. Quando for o tempo, Deus diz: "não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar" (Isaías 11:9). Em primeiro lugar, o território interior que É para aí que a história está a caminhar. Pela graça de Deus, eu pretendo ir com ela, entregue com segurança por Jesus na nova Terra, como um cidadão eterno desse primeiro domínio totalmente restaurado. E tu? 17 # DIA 3 A LEI DE DEUS PARA DISCUSSÃO • Qual é a diferença entre o domínio que Deus deu a Adão e Eva (e, portanto, a nós) e o domínio que o diabo exercita? A lição diz: "Toda a doutrina bíblica, quando corretamente entendida, funciona como uma lente percetiva para o coração de Deus, para a bondade de Deus, o amor de Deus." • Achas que é possível que, por vezes, pessoas boas, até mesmo os líderes da igreja ou professores, ou mesmo tu, sem querer, tentem usar a força em vez do autoridade para fazer avançar o reino de Deus? Discutam. • Discute as maneiras como isto tem sido verdadeiro ou falso na tua educação religiosa e maneira de pensar até agora. • Como é que a rebelião de Lúcifer contra Deus mostra que ele não acreditava que Deus estava a agir por amor? • Várias vezes o autor usou a frase "território mental, emocional e da vontade". Partilha algumas das maneiras como tu vês Deus e o diabo em guerra ao longo destes componentes do teu eu interior. Como podes perceber quem ganha domínio na tua alma? Sê específico. • Como é que a sua linguagem, como registada em Isaías 14, mostram que ele acreditava que Deus era egoísta e arbitrário? AMOR LIBERTADOR C omo Adventistas do Sétimo Dia, os Dez Mandamentos têm uma posição de destaque no nosso sistema doutrinal. Embora grande parte do mundo cristão pregue o que é chamado "antinomianismo" (a ideia de que a lei de Deus foi "abolida" quando Jesus morreu na cruz), nós acreditamos que a lei de Deus é eterna e imutável. Até aqui tudo bem, exceto quando somos confrontados com um problema sério. Quando nos esforçamos para defender a lei de Deus, às vezes temos tendência a reduzir o tema a um argumento contra o antinomianismo, uma formulação revista, calculada para provar aos outros cristãos que eles devem manter a lei. E no processo, criamos um enorme problema teológico e experiencial para nós mesmos. Permitam-me explicar. A Redenção que Existe em Cristo Jesus Em grande grupo, ou divididos em equipas ou pares, encenem cada uma das sete cenas nesta lição: Permitir apenas um minuto por cena. Estas podem ser dramatizações rápidas (cada um deve usar a sua imaginação sobre o que dizer ou fazer), ou a criação de “quadros” que representem cada fase do Grande Conflito. Cena Um: Domínio Cena Dois: Abdicação Cena Três: O Guerreiro Prometido Cena Quatro: Forças Organizadas Em vez de esperar até ao fim da mensagem, a apresentação destes momentos podem acontecer no final de cada uma das 7 cenas. Cena Cinco: O Guerreiro Desarmado Cena Seis: A Igreja militante / Triunfante Cena Sete: O Primeiro Domínio Restaurado 18 Aparentemente, a nossa história com a lei não é toda positiva. Embora tenhamos estado ocupados a defender a lei com sermões "argumentativos" contra aqueles que a ignoram, corrigimos demais a sua, e criamos a nossa própria heresia no processo. Diz ela que "não expusemos às pessoas a justiça de Cristo e a ampla significação de Seu grande plano de redenção. Deixamos de lado a Cristo e Seu incomparável amor." Isto é, no mínimo, forte. E isto não é uma afirmação isolada da parte dela. Uma e outra vez ela advertiu que nós, como grupo, estávamos a manusear incorretamente a lei de Deus. A certa altura ela estava tão cansada de ouvir os nossos pregadores martelar a defesa da lei que ela disse o seguinte: Ellen White tinha muito a dizer sobre a nossa mudança, enquanto grupo, em direção a uma visão errada e ao uso errado da lei de Deus. Repara nesta declaração muito perspicaz e incisiva: "Deixem a lei cuidar de si mesma. Temos estado a trabalhar sobre a lei até ficarmos tão secos como as colinas de Gilboa, sem orvalho ou chuva. Confiemos nos méritos de Jesus Cristo de Nazaré" (Sermons and Talks, Vol. 1, p. 137). “Por um lado, os religiosos em geral divorciam a lei do evangelho, ao passo que nós, por outra parte, quase fizemos o mesmo de outro ponto de vista. Não expusemos às pessoas a justiça de Cristo e a ampla significação de Seu grande plano de redenção. Deixamos de lado a Cristo e Seu incomparável amor, introduzimos teorias e raciocínios, e pregamos sermões argumentativos” (Fé e Obras, pp. 15-16). Aqui vemos que ela não estava apenas cansada de ouvir demasiados sermões a defender a lei. Não era uma questão de falar sobre isso vezes demais, mas sim que estávamos a criar um problema teológico sério para nós mesmos. Estávamos a pregar a lei de tal maneira que estávamos a comprometer a nossa compreensão do evangelho ao perder de vista os méritos de Jesus. Isto devia-nos levar a fazer uma longa pausa. Indo mais ao centro da questão, ela explicou a sua preocupação desta maneira: 19 pela graça recebida pelo homem como pecador, porque ele aceita a Jesus e crê nEle. A salvação é inteiramente um dom gratuito. A justificação pela fé está fora de controvérsia” (Fé e Obras, pp. 19-20). “Reiteradas vezes me tem sido apresentado o perigo de nutrir, como um povo, falsas ideias da justificação pela fé. Durante anos tem-me sido mostrado que Satanás trabalharia de maneira especial para confundir a mente quanto a esse ponto. Tem-se alongado sobre a lei de Deus e ela tem sido apresentada às congregações quase de modo tão destituído do conhecimento de Jesus Cristo e de Sua relação para com a lei como a oferta de Caim” (Fé e Obras, p. 18). Mas a questão é esta: mesmo em face deste tipo de declarações de Ellen White, temos tendido a evitar uma forte ênfase na justificação pela fé na nossa pregação evangelística por medo de que isso enfraqueça o nosso argumento a favor da obediência à lei de Deus. Quando pensamos num quadro legalista, o puro evangelho da graça de Deus é visto como perigoso para a lei. A mente legalista racionaliza, ou pelo menos sente, algo como isto: O quê?! Pregações de Adventistas comparadas à oferta de Caim?!? Noutras palavras, no nosso zelo para defender a lei, corremos o risco de apresentar uma perspetiva teológica legalista. Alarmada com a situação, ela passou a explicar a direção para onde a nossa pregação precisava ir: "Não há um ponto que necessite ser realçado com mais diligência, repetido com mais frequência ou estabelecido com mais firmeza na mente de todos, do que a impossibilidade de o homem caído merecer alguma coisa por suas próprias e melhores boas obras. A salvação é unicamente pela fé em Jesus Cristo" (Fé e Obras, p. 19) Uau! Se a salvação é um dom gratuito da graça de Deus para ser recebido somente pela fé, e se não há absolutamente nenhum mérito em cumprir a lei, então porque o fazemos? Temos medo de que se fizermos as boas novas boas demais, tornando a salvação gratuita demais, as pessoas não vão sentir ou ver qualquer razão para obedecer à lei de Deus. Na verdade, o oposto é o que acontece, mas até entendermos o evangelho, quero dizer realmente entendê-lo, estamos muito mais confortáveis mantendo-o na maior parte das vezes escondido e continuamos a martelar, prova textual a Imagina uma série de sermões evangelísticos deste tipo. Ela continua: prova textual, sobre a necessidade de guardar a lei. A verdade é que a obediência rendida por um sentido de obrigação, com qualquer noção de que ela contribui no menor grau para a nossa salvação, não é, na verdade, obediência. É uma forma dissimulada de rebelião disfarçada de obediência. E não é só isso, é um insulto a Deus, porque humilha a Sua graça por supor que qualquer coisa que possamos fazer poderia ganhar o seu favor. Deus não é uma máquina de venda automática celestial na qual colocamos a moeda certa, a fim de obter o que queremos dEle. Nem Deus é uma divindade pagã cujo favor pode ser conquistado por render-Lhe as nossas boas ações. contribuir para isso. Está tudo lá n’Ele. Pacote total! Negócio fechado! Facto consumado! Na Sua encarnação condescendente, na Sua vida perfeita, na Sua morte abnegada na cruz, na Sua ressurreição e ascensão triunfante para a posição de vitória à direita do Pai, nós contemplamos redenção na sua forma completa. Jesus viveu uma vida de pura inocência e perfeita justiça na nossa humanidade, e quando Ele conseguiu essa façanha espantosa, uma humanidade totalmente nova foi forjada a partir da antiga, em nosso favor. Longe disso! Salvação, plena e livre em Cristo! O facto glorioso é que não há absolutamente nada que possamos fazer para ganhar o favor de Deus, não porque o seu favor seja difícil de ganhar, mas porque já o temos! Deus transborda de graça solícita, amor a todo vapor, e pródiga misericórdia, e não há nada que tenhamos feito ou possamos fazer para merecê-lo. É por isso que Paulo proclamou o que chamou de a "redenção que há em Cristo Jesus" (Romanos 3:24). Deixa o significado desta linguagem registar profundamente no teu coração. A salvação é uma realidade realizada na pessoa e na obra de Cristo, e não há nada que possamos Isso é o evangelho. As boas notícias. As boas novas. A mensagem feliz. E no momento em que tentamos adicionar qualquer coisa à "redenção que há em Cristo Jesus" pela nossa observância da lei, as boas notícias evaporam. Bem, então, e o que acontece com a lei? Fico feliz por teres perguntado. Qualquer Adventista inteligente o faria. “Torne-se distinto e claro o assunto de que não é possível efetuar coisa alguma em nossa posição diante de Deus ou no dom de Deus para nós, por meio do mérito de seres criados. Se a fé e as obras adquirissem o dom da salvação para alguém, o Criador estaria em obrigação para com a criatura. Eis aqui uma oportunidade para a falsidade ser aceita como verdade. Se alguém pode merecer a salvação por alguma coisa que faça, encontra-se, então, na mesma posição que os católicos para fazer penitência por seus pecados. A salvação, nesse caso, consiste em parte numa dívida que pode ser quitada com o pagamento. Se o homem não pode, por qualquer de suas boas obras, merecer a salvação, então ela tem de ser inteiramente A Letra Mata, Mas O Espírito Vivifica Olha para 2 Coríntios 3. Se és Adventista, é provável que nunca tenhas dado muita atenção a esta passagem, porque ela não se encaixa com a maneira como nós geralmente moldamos a nossa visão da lei de Deus. É quase certo que tu nunca ouviste esta passagem pregada numa série evangelística, exceto, talvez, para "responder" com um argumento para explicar a nossa maneira de a contornar. Acreditamos que a nossa igreja é chamada por Deus para pregar a Sua lei. A imutabilidade da lei de Deus é uma das nossas crenças fundamentais. E, 20 21 no entanto, esta passagem é o magnum opus (trabalho mais importante) de Paulo sobre a lei e praticamente nem sequer figura no ensino adventista sobre a lei. Aqui temos Paulo a articular o seu melhor pensamento sobre a lei no evangelho e ainda assim esta passagem raramente, ou nunca, aparece na pregação Adventista. Nós simplesmente não sabemos o que fazer com ela porque nós estamos a tentar dizer uma coisa sobre a lei e Paulo está a tentar dizer algo diferente. Eu corajosamente insisto que o que o apóstolo dos Gentios ensina sobre a lei em 2 Coríntios 3 é uma necessidade vital entre nós, como um povo. "A letra mata." A lei sem o evangelho perturba-nos porque distorce a nossa imagem de Deus. Isso deixanos com uma pesada sensação emocional de obrigação de fazer coisas para Deus, em vez de termos um sentimento de gratidão a Deus pelo que Ele tem feito por nós. "A letra mata." Paulo passa a expor o seu significado no versículo 7, chamando à lei "o ministério da morte" e no versículo 9, “o ministério da condenação". Claramente, então, Paulo está a falar principalmente sobre a morte espiritual, e não a morte física. A lei administra morte impondo um sentido de "condenação" na consciência. Em Romanos 3:20, Paulo di-lo desta maneira: Vamos começar com o versículo seis. Com a luz do evangelho a resplandecer na sua consciência, Paulo declarou claramente qual era a sua missão evangelística, a qual devia ser a nossa. Ele diz que Deus "nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica." Os ministros de Deus, o que nos inclui a todos como crentes em Cristo, devem ser determinados sobre a comunicação do "novo testamento". Essa é a mensagem que Deus nos chamou para proclamar. Noutras palavras, devemos lidar com a lei de Deus com uma orientação de novo testamento intencional. "Pela lei vem o conhecimento do pecado." A lei funciona como um espelho moral para nos mostrar o nosso pecado em contraste com o seu padrão perfeito de amor altruísta. Nós olhamos para a lei, e pensamos: "Oh não, estou afundado! Eu não sou nada assim. Estou completamente confuso e desprovido de bondade moral, se esse é o padrão." E é tudo verdade. Somos culpados, e a lei deixa isso claro. Mas não há vida na revelação da nossa culpa por parte da lei, porque a culpa não é motivação suficiente para uma verdadeira mudança de vida. Se permanecermos no aperto psicológico da nossa culpa e se tentarmos contar com Deus para salvação na premissa das exigências da lei, tudo o que vamos experimentar é a morte espiritual. Por que é isto importante? Porque, como Paulo diz, "a letra mata." Pregar a lei meramente como uma lista de regras morais a ser obedecidas, deixando qualquer grau de impressão de que guardar a lei concede acesso a Deus, ao Seu favor, ao Seu amor, à Sua aceitação, é espiritualmente perigoso. vivem com atitudes de julgamento em relação aqueles que não estão à altura. Paulo vai fundo aqui, mas quando entendemos o que ele está a dizer é realmente muito simples e extremamente libertador. Vamos decompor o texto. 2. Ou vamos tentar e tentar, e tentar obedecer, motivados por um sentimento de medo e condenação, até que finalmente desistimos em desespero. Primeiro de tudo, sabemos que Paulo está a falar sobre a lei moral e não a lei cerimonial porque ele especifica que a lei com que ele está a lidar foi "gravada em pedras". Então, precisamos encarar o fato de que tudo o que Paulo está prestes a dizer tem a ver com os Dez Mandamentos. Com discernimento brilhante, Paulo continua a descrever a lei dada por Moisés no Monte Sinai, dizendo que ele tinha um certo tipo de "glória". Foi revelador. Ele trouxe verdade vital à luz. Sim, a lei tem um domínio de operação legítimo, mas a lei é limitada no que pode revelar e no que ela pode alcançar. Assim, Paulo diz que a sua "glória" era necessariamente "transitória". Teve que dar lugar a outra coisa. "A letra mata." Por outro lado, Paulo, diz: "O Espírito dá vida". O Espírito Santo está especificamente a trabalhar dentro do domínio da pregação da nova aliança, porque é onde a verdadeira vida espiritual nasce e é nutrida. Isto torna-se claro quando Paulo expõe o seu ponto de vista. Observa os versículos 7-11: “E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória, como não será de maior glória o ministério do Espírito? Porque, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça. Porque também o que foi glorificado nesta parte não foi glorificado, por causa desta excelente glória. Porque, se o que era transitório foi para glória, muito mais é em glória o que permanece”. Esta maneira de descrever os Dez Mandamentos não nos agrada muito. Achamos estranho, até mesmo preocupante, encontrar linguagem como esta sobre a lei de Deus ali mesmo na Bíblia. O que estamos inclinados a fazer como Adventistas é manobrar à volta de declarações como esta ou evitá-las completamente. No entanto Paulo é persistente e enfático, não só "A letra mata." Se a lei é pregada de tal forma que nos faz imaginar que podemos realmente guardá-la se simplesmente tentarmos muito, vamos inevitavelmente mover-nos numa de duas direções: "A letra mata." Além de uma proclamação amplamente divulgada, impossível de perder, totalmente clara da graça de Deus, a letra da lei só tem poder para destruir. 1. Ou nos tornamos “fariseus” hipócritas que policiam o comportamento uns dos outros e 22 23 aqui, mas ao longo dos seus escritos, na caracterização da lei como transição para algo superior. Em Romanos 7:4, Paulo diz: "Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo." No versículo 6, ele diz, "Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra." Em Romanos 10:4 diz: "Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê." Em Gálatas 3:24,25, ele diz: "De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio." Deus. Mas se nos esforçarmos para lidar com o que Paulo diz sobre os Dez Mandamentos, evitando o fosso do antinomianismo à esquerda e afastando-nos da vala do legalismo à direita, vamos descobrir perceções poderosas do evangelho que nunca conhecemos antes. Desde a época de Cristo e os apóstolos, que o antinomianismo de um lado e o legalismo do outro, têm sido as únicas opções que foram articuladas de forma destacada para o mundo. Há uma profunda, bela e poderosa genialidade no tratamento da lei por Paulo, que permanece em grande parte desconhecido e sem pregação. Há algum sentido muito importante no qual Cristo é o fim da lei para aqueles que acreditam, um sentido vital em que a lei serve como um tutor para nos conduzir a Cristo, algum sentido crucial no qual o crente se torna morto para a lei através da morte de Cristo, algum sentido experiencial no qual o crente é libertado da lei. Como Adventistas, precisamos processar o que Paulo ensina sobre a lei se quisermos alguma vez realmente proclamar o evangelho com alto clamor, com o poder da chuva serôdia. No geral, as denominações cristãs falharam em ver o que Paulo está realmente a dizer em relação à lei, e como resultado eles têm ido na direção do antinomianismo. Eles simplesmente negam a lei por completo. Depois de nos dizer que a lei tinha um certo tipo de glória, Paulo diz-nos que a glória da lei deve dar lugar a uma glória maior: "Porque, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça. Porque também o que foi glorificado nesta parte não foi glorificado, por causa desta excelente glória. Porque, se o que era transitório foi para glória, muito mais é em glória o que permanece." Paulo é claro: há uma glória trazida ao mundo na pessoa de Cristo, que “sobressai" tão além da lei gravada em tábuas de pedra que a lei "não teve nenhuma glória" por comparação. Quando os anjos viram o recém-nascido Messias, eles clamaram dos céus, "Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens" (Lucas 2:14). Aproximando-se da cruz, Jesus disse: "É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado" (João 12:23). Então vamos voltar para 2 Coríntios 3, agora. Historicamente, o Adventismo apareceu e redescobriu a esquecida lei de Deus. Como povo, temos justamente exaltado os Dez Mandamentos como imutáveis, eternos e invariáveis. No entanto, enquanto nós evitamos o antinomianismo, falhamos também, com frequência, em conseguir entender o que Paulo tem a dizer sobre a lei. Como resultado, o nosso próprio profeta repreendeu-nos repetidamente por pregarmos uma ideia errada sobre a lei de Aqui está a glória que "se destaca": a glória do Monte Sinai é suplantada pela glória do Monte Calvário. Em Cristo algo é dado ao mundo que a lei não pode dar, e Paulo agora diz-nos o que é. 24 Observa as palavras do versículo 9: "Porque, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça." Deus salva pecadores ao ministrar "justiça" em vez de "condenação". O Espírito Santo, operando dentro do quadro da nova aliança e reivindicando as realizações de Cristo, comunica aos nossos corações a sensação de que somos justos aos olhos de Deus. Aqui está a grande verdade da justificação pela fé, que é equivalente ao que Paulo chama "nova aliança". Em Romanos 4:17 Paulo diz assim: Deus "chama as coisas que não são como se já fossem." Deus chama-me justo, embora Ele saiba que eu sou pecador. Ele chama-me inocente, embora ele saiba que eu sou culpado. Isto não é ficção legal. É genialidade relacional! Deus relaciona-se comigo como se eu nunca tivesse pecado, não para desculpar o meu pecado ou para me deixar em cativeiro nele, mas para me libertar dele ao nível da minha identidade mais profunda. Em 2 Coríntios 5:19 Paulo comunica a mesma verdade com linguagem diferente: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados." Ou, como traduzido na Nova Versão Internacional, Deus salva pecadores "não lançando em conta os pecados dos homens". Ele revela-se em Cristo, como já reconciliado a nós. No Seu coração está o perdão pleno e livre. Nós não precisamos de fazer nada para conseguir que Deus esteja lá. Ele já lá está. Ele ama todos os pecadores do mundo, com um amor perfeitamente reconciliada que não pode ser comprado. Tudo o que falta fazer é que cada um de nós o veja, acredite, e se reconcilie com Ele. Dito de outra forma, a realidade objetiva da salvação é um facto já realizado na pessoa e obra de Cristo. Não há nada que possamos fazer para contribuir para isso. A experiência subjetiva deste facto objetivo ocorre quando a abraçamos pela fé, quando dizemos: Sim! Sim ao amor de Deus, ao Seu perdão, à Sua aceitação, tal como é revelada na vida e na morte e ressurreição de Jesus. A fé não cria novos factos, ela simplesmente acred25 ita nos factos como eles são, em Jesus. Volta novamente a 2 Coríntios 3 e aprecia o grande final de Paulo na sua explicação sobre as duas visões da lei. Versículos 12-18: “Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar. E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório. Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido; E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará. Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” Aqui, Paulo descreve uma condição humana em que as pessoas sabem o que é a Bíblia, mas não a conhecem. Eles são textualmente alfabetizados e espiritualmente ignorantes ao mesmo tempo. Eles sabem o que é a palavra, mas eles não conhecem a Palavra. Eles sabem capítulos e versículos e fatos, mas eles não conhecem as realidades relacionais mais profundas para que apontam. "Quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles.” Sim, Paulo refere-se ao povo do antigo Israel. Mas, não, ele não se está a referir apenas a Israel. Ele também se está a referir a quaisquer pessoas modernas que por acaso sabem muita "verdade" e pregam a lei e, por causa de toda a verdade que eles sabem, veem-se como "rico sou, e estou enriquecido (teologicamente), e de nada tenho falta," quando na realidade cada um deles é "um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu" (Apocalipse 3:17). Pregando a verdade sem pregar a verdade! Cegueira, realmente! Mas, querido amigo Ad- ventista, há esclarecimento claro para se ter.… em Cristo! "O véu é retirado em Cristo", Paulo proclama. "Quando alguém se converte ao Senhor, o véu é tirado." "Vendo, como num espelho, a glória do Senhor." Não é um olhar casual, como se Jesus fosse uma doutrina numa série de sermões! Não é um olhar de passagem, como se Jesus fosse mais um tópico entre muitos, digamos, a sexta noite, numa série de 24! Paulo colocou diante de nós duas opções distintas: 1. A experiência da antiga aliança, que nunca foi intenção de Deus, é conduzida por um sentido emocional de condenação como o motivador para a obediência. A experiência da antiga aliança produz uma aparência exterior de obediência, uma obediência fingida, superficial, hipócrita e julgadora. A experiência da antiga aliança é caracterizada por uma sensação de pressão imposta externamente para obedecer à lei, a fim de obter a aceitação de Deus. Não! "Contemplando" é a palavra que Paulo usou. Ele está a dizer-nos para olhar, refletir, e contemplar Cristo como com o olhar paralisado! E dar a Jesus a nossa atenção completa, focada, indivisível, emocional, intelectual e teológica. Ele diz-nos exatamente o que nos vai acontecer, em nós, por nós. Nós vamos ser "transformados de glória em glória na mesma imagem." Ele já havia explicado que há duas glórias à nossa frente, a glória do evento do Sinai e a glória do evento do Calvário; a glória da carta a ministrar condenação e a glória do Espírito ministrando o dom da justiça; a glória da lei que traz a morte e a glória da nova aliança que traz vida. Agora, ele diz-nos que, ao contemplarmos Jesus vamos passar por uma mudança fundamental, essencial, transformadora e final daquela glória para a outra, de nos relacionarmos com Deus através da lei para a salvação até nos relacionarmos com Deus por meio de Cristo para a salvação. 2. A experiência da nova aliança é impulsionada por um profundo sentimento do amor de Deus como o motivador para a obediência. A experiência da nova aliança produz um aumento interno autêntico de obediência à lei de Deus, verdadeira, sincera, livre de toda a condenação. A experiência da nova aliança é caracterizada por uma sensação libertadora de que eu já tenho a aceitação de Deus, antes de eu render um único ato de obediência à lei, que, em seguida, cria em mim um novo poder para obedecer que eu nunca tinha conhecido antes. Paulo não aboliu a lei. Ele definiu de forma simples e necessária os limites do poder da lei e colocou-a dentro da sua legítima esfera de ação. Ele não negou a lei completamente, mas ele negou enfaticamente a lei como meio de salvação. A lei serve um propósito, e a Bíblia diz-nos claramente qual é esse propósito: "a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados" (Gálatas 3:24). Um fariseu dos fariseus, Paulo experimentou a epifania teológica definitiva: A glória da lei é suplantada pela glória do Cristo vivo! Paulo fez a mudança, e ele exorta a que cada um de nós o faça também "de glória em glória", da glória da lei, para a glória do evangelho. Quando fizermos essa mudança, o Adventismo vai finalmente tornar-se na poderosa revolução teológica que Deus quer que ele seja. E nós vamos saber quando estiver a acontecer, porque quando acontecer, "Um interesse vai prevalecer, um assunto vai engolir todos os outros: Cristo nossa justiça" (Ellen White, Review and Herald, 23 de dezembro de 1890). PARA DISCUSSÃO A lição diz que há duas maneiras como os seres humanos se relacionam com a ideias de que devemos obedecer para ganhar a salvação, ou o amor ou o favor de Deus: 1. marchar em "obediência", o que leva ao farisaísmo e ao pensamento crítico, ou 2. tentar e tentar, falhar e desistir em desespero. • Na direção de qual destes extremos se tem inclinado a tua vida a maior parte das vezes? • Quando é que realmente chegaste a compreender o princípio ensinado nesta lição, que a nossa salvação é encontrada somente em Cristo, independentemente da lei, e que a nossa obediência alegre é possível por essa aceitação milagrosa? Se foi no passado, partilha uma história específica de uma mudança que aconteceu na tua vida como resultado. Se estás apenas agora a começar a entender isto, louva a Deus e presta atenção a histórias para partilhar. Isso irá mudar a tua vida! • Paulo diz que não havia glória na lei. Partilha duas maneiras em que os Dez Mandamentos são gloriosos para ti. Ele, então, diz que há muito mais glória em Cristo e no Seu dom de salvação perfeito e livre. Partilha duas maneiras em que a glória deste dom gratuito excede a glória da lei para ti. • Qual achas que é o "véu" que impede os cristãos verdadeiramente bem intencionados de ver esta verdade sobre a graça e a lei? • Partilha três maneiras através das quais podes consciente e continuamente contemplar Cristo na tua vida diária. Compromete-te a praticar essas maneiras de manter o Seu rosto amoroso à tua frente. Atividade de Grupo Dependendo do tamanho do teu grupo, podes querer dividir em equipas ou pares para esta atividade. Reescreve cada mandamento usando uma linguagem positiva. Quando Deus diz "não", o que quer Ele que nós façamos? Escreve-os como promessas. 26 27 # DIA 4 O SÁBADO AMOR REPARADOR N a nossa mensagem anterior, descobrimos ideias vitais sobre a lei de Deus, deixando-nos ser instruídos pelo apóstolo Paulo. Em primeiro lugar, vimos que a única forma legítima de pregar a lei está na forma de uma nova aliança. Qualquer sermão sobre a lei que consista simplesmente em provar que a lei deve ser obedecida, sem uma declaração clara do evangelho da graça, está a mover-nos na direção errada. Em segundo lugar, observamos que a lei funciona como um tutor para nos conduzir a Cristo, afim de sermos justificados pela fé e não pela obediência à lei. Está no âmbito da função da lei o revelar o nosso pecado e, portanto, a nossa necessidade de um Salvador, mas a lei não tem absolutamente nenhum poder salvador. Por fim, aprendemos que a lei possui um certo tipo de glória. Paulo descreve essa glória como o poder revelador para administrar a condenação, ou consciência, do nosso pecado. Mas agora, diz Paulo, a glória da lei é substituída pela maior glória da justiça de Cristo, que o Espírito Santo administra. Sábado. Tendíamos a ver os guardadores do Domingo como "adversários" teológicos que precisavam ser argumentados à obediência da lei, e como resultado, a nossa própria teologia da lei foi na direção errada. Por causa do nosso mau uso da lei, Ellen White observou que nós, como Adventistas do Sétimo Dia, estávamos a ganhar uma reputação infeliz aos olhos dos outros Cristãos. Foi assim que ela articulou a impressão que tínhamos causado: "...os Adventistas do Sétimo Dia falam na lei, na lei, mas não ensinam a Cristo nem nEle crêem" (Ellen White, Testemunhos Para Ministros, pp. 91-92). Vamos voltar a esta declaração daqui a pouco e considerar o seu contexto histórico. Mas agora, vamos sentir o peso da sua avaliação. Se há alguma reputação que a igreja não deve querer trazer sobre si mesma, é esta. Somos, afinal, chamados a pregar o evangelho eterno ao mundo, que é a boa noticia salvação somente pela graça, através da fé, somente em Cristo, e não pelas obras da lei. E, no entanto, aqui estava a nossa própria profetisa, Ellen G. White, dizendo-nos que tínhamos feito precisamente a coisa que não devíamos ter feito: dado a impressão de que Jesus não estava em lugar nenhum no nosso radar. Na etapa inicial da teologia e abordagem evangelística Adventista, nós, como um povo, não percebemos isto. Estávamos muito envolvidos numa postura defensiva de tentar provar ao restante mundo Cristão que a lei de Deus é eterna, e, portanto, todos devem obedecerlhe - toda ela - incluindo o mandamento do enviado dos céus, como só pode ser encontrado na pregação de Jesus Cristo, o Seu amor, o Seu perdão, a Sua graça.” (Materiais de 1888, pp. 842, 844-855). uma grande parte do seu ministério profético, confrontando-nos com o facto de que tínhamos pregado a lei de uma forma errada e não tínhamos conseguido pregar o evangelho com clareza. Ela foi para a sepultura exortando-nos como igreja para mudarmos de rumo, dizendo coisas como estas: Estas declarações, e muitas mais como estas, fluíram diretamente da Sessão da Conferência Geral de 1888, em que Deus tentou trazer o evangelho para a teologia Adventista através de dois jovens chamados Ellet Joseph "EJ" Waggoner e Alonzo T. Jones. Numa das declarações mais abrangentes e ricas que Ellen White alguma vez escreveu, ela avaliou assim o que estes homens pregavam: “Reiteradas vezes me tem sido apresentado o perigo de nutrir, como um povo, falsas ideias da justificação pela fé. Durante anos tem-me sido mostrado que Satanás trabalharia de maneira especial para confundir a mente quanto a esse ponto. Tem-se alongado sobre a lei de Deus e ela tem sido apresentada às congregações quase de modo tão destituído do conhecimento de Jesus Cristo e de Sua relação para com a lei como a oferta de Caim.” (Fé e Obras, p. 18). “Em Sua grande misericórdia, enviou o Senhor preciosa mensagem a Seu povo por intermédio dos Pastores Waggoner e Jones. Esta mensagem devia pôr de maneira mais preeminente diante do mundo o Salvador crucificado, o sacrifício pelos pecados de todo o mundo. Apresentava a justificação pela fé no Fiador; convidava o povo para receber a justiça de Cristo, que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus. Muitos perderam Jesus de vista. Deviam ter tido o olhar fixo em Sua divina pessoa, em Seus méritos e em Seu imutável amor pela família humana. “A pregação de Cristo crucificado tem sido estranhamente negligenciada pelo nosso povo. Muitos dos que alegam crer na verdade não têm conhecimento da fé em Cristo pela experiência... Deve haver um poder vivificante no ministério. A vida deve ser infundida nos missionários em todos os lugares, para que possam sair sem dar à trombeta nenhum som incerto, mas com poder para o despertamento E a censura continua até hoje. Cada evangelista e pastor Adventista tem que lutar contra a acusação de que somos legalistas. A nossa resposta comum à acusação tem sido negar a acusação, fiéis à nossa profundamente enraizada visão Laodiceana de que somos ricos e aumentados com bens doutrinários e não precisamos de nada. Mas Ellen White não o negou. Na verdade, ela passou 28 29 Todo o poder foi entregue em Suas mãos, para que Ele pudesse dar ricos dons aos homens, transmitindo o inestimável dom de Sua justiça ao impotente ser humano. Esta é a mensagem que Deus manda proclamar ao mundo. É a terceira mensagem angélica que deve ser proclamada com alto clamor e regada com o derramamento de Seu Espírito Santo em grande medida” (Testemunhos Para Ministros, p. 91,92). Como povo, temos tido a tendência de reduzir o Sábado a um argumento de “dia certo” contra “dia errado”. Pergunta a uma congregação Adventista normal: "Será que temos a verdade sobre o Sábado?" Vais ter um coro entusiasmado de "Améns!" Depois pergunta: "O que é a verdade do Sábado?" As pessoas vão dar respostas como: "O sétimo dia é o Sábado, não o primeiro dia!" "É Sábado e não domingo!" "A Igreja Católica mudou o Sábado para domingo!" E foi neste contexto que ela disse: "A mensagem do evangelho de Sua graça devia ser dada à igreja em linhas claras e distintas, para que não mais o mundo dissesse que os Adventistas do Sétimo Dia falam na lei, na lei, mas não ensinam a Cristo nem nEle creem" (Testemunhos Para Ministros, p.92). Que esboço surpreendente daquilo em que o Adventismo se podia ter tornado e ainda se pode tornar! Imagina quão evangelisticamente poderoso seria, se a primeira coisa que as pessoas pensassem quando ouvem falar de Adventistas do Sétimo Dia fosse algo como: "Oh, sim, essa é a igreja que não consegue parar de falar sobre o amor de Deus por todos." Tudo isso é verdade e importante, mas não é a verdade que reside dentro do próprio Sábado. Quando nós limitamos o Sábado a um esforço para provar que as pessoas devem obedecer ao quarto mandamento, perdemos o que realmente significa o Sábado. Nesta mensagem vamos explorar o que está em causa sobre o Sábado, e aquilo que estamos prestes a descobrir é realmente incrível. Então, vamos reexaminar o Sábado e ver o maior tesouro de visão evangélica que temos. Descanso incorporado Dentro da História Uau, isso seria incrível, não é? Vamos começar por olhar novamente para a origem do Sábado em Génesis. Mas agora, em vez de apenas citar o capítulo 2:1-3 como uma testemunha isolada para provar que o Sábado foi dado no Éden e, portanto, deve ser guardado por todos os seres humanos e não apenas pelos judeus, vamos fazer uma pausa para ter em conta o contexto narrativo em que o Sábado foi instituído. Ao olhar para a história completa em que o Sábado surge, vamos descobrir a bela verdade que ele exprime. Em Génesis 1 e 2, vemos que Deus prossegue com a Criação num padrão artístico intencional: formação de espaços materiais e, em seguida, preencher os espaços com vida. Nos três primeiros dias o Criador faz espaços dividindo os elementos materiais da Criação. Nos três dias seguintes, Ele preenche esses espaços com seres vivos. As pessoas estariam a inundar as nossas igrejas. O alto clamor e chuva serôdia aconteceriam dispensando os nossos incessantes e constantes esforços para que isso aconteça, porque estaríamos a pregar a própria mensagem que o Espírito Santo iria ansiosamente confirmar com o Seu poder. Na mensagem de hoje, vamos descobrir como uma das nossas doutrinas tem o potencial de nos abrir os olhos e inflamar verdadeiro reavivamento entre nós, com base na única verdade em que o verdadeiro reavivamento pode estar baseado - a grande verdade da justificação pela fé, também conhecida como o Evangelho. A doutrina a que me estou a referir é a verdade bíblica a respeito do Sábado. 30 No dia um Deus forma os céus e a terra e separa a luz das trevas, e, em seguida, no dia quatro Ele preenche esse espaço com o Sol, a Lua e as estrelas. No segundo dia Deus forma os espaços da água e do céu, e, em seguida, no quinto dia Ele preenche esses espaços com peixes e aves. No terceiro dia Deus forma o espaço de terra seca, e, em seguida, no sexto dia Deus enche a terra com animais e humanidade. Em seguida, vem o clímax de todo o processo: Deus cria o Sábado e preenche-o com Ele próprio. O Sétimo Dia é um espaço único, porque não é um espaço material, mas sim um espaço relacional, e não é preenchido com coisas materiais, mas sim com a bênção da presença do companheirismo de Deus. Mas isso não é tudo. A história é mais bonita ainda. Nota que os seres humanos foram criados na segunda metade do sexto dia, depois de todo o "trabalho" da Criação de Deus já estar "acabado". Portanto, eles não participaram na obra da Criação, nem mesmo testemunharam Deus envolvido no ato de criar. Imagina a cena. Adão acorda para a vida, o rosto do seu Criador a poucos centímetros do seu. Eles olhamse. Que momento! Deus diz algo como: «Olá! Bem-vindo à existência! Eu sou o teu Criador e eu fiz toda esta beleza para ti.» Nesse momento, algo é necessário para a relação continuar: fé, convicção, confiança de que o que Deus lhe está a dizer é verdade. Paulo chega a esta conclusão em Hebreus 11:1: "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem." Depois o versículo 3: "Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente." “Assim os céus, a terra e todo o seu exército foram acabados. E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera.” (Génesis 2:1-3). O que está a ser descrito aqui não é o descansar de exaustão física, para a qual é necessário dormir, mas descanso no sentido de satisfação, para o que é necessário gozo. Deus não está cansado, Ele está feliz, contente, satisfeito. Ele tem estado a dar, a dar, a dar, derramando a Sua energia para criar. Agora Ele completou a tarefa e está a receber de volta para Si mesmo o prazer do amor correspondido da Sua Criação. Esse é precisamente o Seu plano para nós, que fôssemos "abençoados" em primeiro lugar, recebendo d'Ele uma posição de descanso e, em seguida, sermos envolvidos para gastar a nossa energia com Deus e com os outros. Então Deus "santificou" o sétimo dia. A palavra significa literalmente único ou distinto. Deus deunos o Sábado como um espaço único no tempo para o gozo da comunhão entre Ele e nós, como uma lembrança recorrente e constante de que a natureza exata do nosso relacionamento com Ele é uma de amor recíproco. Adão não viu Deus criar nada, mas ele encontra em si mesmo uma confiança, uma dependência, um repouso agradável naquele que fala com ele. A fé faz parte da sua natureza. Ele sente que é amado e o amor de Deus cria confiança no seu coração. Depois Deus cria Eva. Mas ele não diz a Adão, «Olha para isto!», e “puff” … ela é criada à vista de Adão. Não. Ele adormece Adão, e de seguida cria Eva. Ela, como Adão, desperta para viver pela fé e Adão abre os olhos pela segunda vez para confiar na palavra do seu Criador de que esta, a mais bela de todas as criaturas que está diante dele, saiu do poder criador de Deus. Lá estavam eles, o homem e a mulher, num belo jardim recebendo pela fé, como um dom gratuito, tudo o que os rodeava. E vê isto: o Sábado foi o seu primeiro dia completo de vida. Eles descansaram primeiro, contemplando a realidade da sua total dependência do Seu Criador, e, em seguida, energizados pelo Seu amor, eles passaram a trabalhar cuidando do jardim no primeiro dia da semana. 31 A história da Criação, posicionando Adão e Eva como beneficiários de uma obra acabada, comunica uma mensagem poderosa: nós, seres humanos, somos criaturas de descanso antes de sermos criaturas de trabalho. Estamos a nível mental, emocional e relacionalmente projetados para receber de Deus antes de sermos capazes de devolver a Ele e aos outros. "Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro" (1 João 4:19). Essa é a natureza da relação Criadorcriatura. o propósito de carregar a imagem de Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança" (Génesis 1:26). Em João 1, Jesus torna-se o novo homem para redimir o fracasso de Adão, e revela a glória e imagem de Deus sem falhas: "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade" (João 1:14). Em Génesis, lemos que Deus "terminou" o trabalho de Criação, "E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito." (Génesis 2:2). Em João, enquanto Jesus chega ao fim de seu ministério de Salvação, Ele emprega a linguagem do sétimo dia de Génesis 2 e diz ao Pai: "Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer" (João 17:4). E pendurado na cruz, Ele exclama: "Está consumado!" (João 19:30). O versículo seguinte informa-nos que Jesus declarou a Sua obra de Salvação "consumada" no " dia da preparação", (sexta-feira), e em seguida, descansou na tumba no dia de Sábado. Vemos então que a Bíblia conta perfeitamente duas histórias indissociavelmente entrelaçadas: a história da Criação e a história da Recreação; e o Sábado é o ponto culminante de resolução em ambas as histórias. Isto é bastante surpreendente e poderoso, na ver- A Continuidade Criação-Salvação Ok, então, a nossa primeira descoberta sobre o Sábado é que ele é um memorial da obra consumada da Criação de Deus, lembrando-nos da nossa posição na Criação como confiantes destinatários do Seu amor. Agora vamos descobrir que o Sábado é também um memorial da Redenção. Uma vez percebida, a conexão é óbvia. Há uma razão super lógica pela qual o Sábado funciona como um memorial tanto da Criação como da Salvação, e é esta: ambas são realizadas pelo poder criativo de Deus. A Salvação é, de fato, um ato de re-Criação da parte de Deus. Dentro do enredo da Escritura há o que poderia ser descrito como uma continuidade entre Criação e Salvação. Vê como ela se desenrola maravilhosamente. O Antigo Testamento começa com as palavras: "No princípio criou Deus o céu e a terra" (Génesis 1:1), e, depois, a história da Criação continua, o "Haja luz", e assim por diante. O Evangelho de João no Novo Testamento começa com: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (João 1:1), e, depois, a história da redenção continua. Em Génesis 1, a primeira declaração do empreendimento criativo é, "Haja luz, e houve luz" (Génesis 1:3). Em João 1, a primeira declaração do empreendimento da redenção é: "Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam"(João 1:4,5). dade, porque quando o Sábado é visto no seu contexto narrativo natural, antecipa o legalismo. Significando não apenas a obra consumada da Criação, mas também a obra concluída de Salvação, o Sábado nega toda a empresa de salvação pelas obras e centra a nossa confiança total em Cristo. É uma pena que tenhamos ignorado esta narração da verdade do Sábado e ficado por meras abordagens de dia certo ou dia errado. Se tivéssemos mantido o Sábado no alto, como o lembrete da graça salvadora de Deus que ele é, o Sábado ter-nos-ia imunizado contra o legalismo e o nosso testemunho para o mundo seria muito mais vencedor. do lado proibitivo, como do lado da misericórdia." (Mensagens Escolhidas, vol 1, p 235). Noutra ocasião, ela escreveu: "Os Dez Mandamentos, 'Farás" e "Não farás", são dez promessas." (Bible Echo, 17 de Junho, 1901). Isto é verdadeiro para o quarto mandamento. O Sábado não é sobre o que não podemos fazer durante um período de 24 horas cada semana. É sobre o que Deus tem feito e fará por nós por Sua graça misericordiosa. Quando entendido dentro do contexto da história bíblica em geral, o Sábado é uma lembrança constante da nossa total dependência de Jesus para a Salvação e, portanto, a própria antítese do legalismo. Os fariseus do tempo de Jesus transformaram o Sábado de Deus numa regra legalista com a qual martelar, julgar e prender as pessoas. Em certo sentido temos repetido a sua história à nossa própria maneira, do nosso próprio ângulo. Há uns anos atrás, ouvi um pastor perguntar a um jovem Adventista, "O que é que o Sábado significa para ti?" O menino pensou por um momento e respondeu: "Senta-te, cala-te e pinta, ou vais ficar com a marca da besta." Enquanto alguns podem achar esta resposta engraçada, para muitos Adventistas ela representa a sua visão geral sobre o Sábado. Ellen White tentou levar-nos a ver a lei à luz do evangelho. Numa ocasião, ela disse: "A lei dos Dez Mandamentos não deve ser considerada tanto Os Ritmos Livres da Graça Não é de todo surpreendente, então, que Jesus tenha definido a Salvação como envolvendo descanso da ansiedade de trabalhar para merecer o favor de Deus: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mateus 11:28-30). O "trabalho" do qual Jesus oferece "descanso" não é o trabalho físico, mas a ansiedade emocional de trabalhar sob uma falsa imagem do caráter de Deus, o que nos leva a crer que a Sua aceitação deve ser conquistada. Sabemos que este é o seu objetivo porque Ele oferece alívio para as nossas "almas", que é psyche no texto original grego. Ele está literalmente a dizer, "eu quero libertar a tua mente do seu fardo." Este é o descanso mais profundo que nós realmente precisamos: o descanso de saber que Deus nos ama e nos salva por Sua graça, não porque fizemos trabalho suficiente para sermos dignos do Seu amor. À medida que entramos no descanso que Ele oferece, descobrimos que Deus não é um capataz duro e exigente. Longe disso. Quando chegamos ao interior do coração de Deus, Em Génesis 1, o primeiro homem foi criado com 32 33 descobrimos que servi-Lo é "fácil" e "leve". Porquê? Porque é assim que o amor funciona. Ele reorganiza completamente a perspetiva de uma pessoa sobre o que é pesado e difícil. Para a pessoa que está no amor, pesado e difícil são conceitos quase estranhos. Ellen White di-lo desta maneira: Estou em repouso. “Não devemos absolutamente confiar em nós mesmos nem em nossas boas obras; mas quando, como seres erradios e pecadores, nos chegamos a Cristo, encontramos descanso em Seu amor. Deus aceitará a cada um dos que se chegam a Ele, confiando inteiramente nos méritos de um Salvador crucificado. Brota o amor no coração. Pode não haver êxtase de sentimentos, mas haverá uma duradoura e pacífica confiança. Todo peso se tornará leve; pois leve é o jugo imposto por Cristo. O dever torna-se um deleite e um prazer o sacrifício.” (Fé e Obras, p. 38) Amor não coercivo é o princípio fundamental que permeia o caráter de Deus e sobre o qual o Seu reino opera. Por meio do profeta Jeremias, Deus declarou tanto o Seu coração em relação a nós como o Seu método de salvar-nos: "Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí." (Jeremias 31:3). Ritmos ... e, contudo, estou em movimento. Da graça ... porque o amor imerecido de Deus poderosamente me move de dentro para fora. Isto é tão incrível. Observa a relação lógica entre como Deus se sente em relação a nós e como Ele se aproxima de nós. Porque Deus nos ama, Ele procura atrair-nos a Ele pela influência atraente da Sua bondade, em vez de nos forçar através do Seu poder superior ou de nos manipular com a Sua sabedoria superior. O único objetivo de Deus é atrair e capacitar-nos. Isso é tudo. E isso é muito. Monumental, na verdade. Nenhuma maior realização é concebível, mesmo para o Deus Todo-Poderoso, porque, por mais surpreendente que possa parecer, tu e eu somos livres para literalmente dizer não a Deus. Então, Ele embarcou na delicada tarefa de nos salvar do pecado, sem prejuízo do nosso livre-arbítrio mas deixando-o intacto e operacional. Uau! Isto é tão bom! Podes imaginar alguma experiência melhor? Claro que não podes! Quando Jesus diz: "Venham a mim todos os que estão cansados e oprimidos e eu vos aliviarei", Ele está a oferecer a vida mais livre que se possa imaginar. Outra versão da Bíblia brilhantemente capta a ideia assim: "Aprendam os ritmos livres da graça" (A Mensagem). ao se relacionar com os pecadores. O génio da graça é que simultaneamente me liberta e me cativa. No momento em que eu perceber que não há absolutamente nada que eu possa fazer para ganhar o favor de Deus, eu sou livre para dizer não à Sua vontade e ainda assim eu digo ansiosamente sim. Mas se eu acreditar, intelectual ou mesmo emocionalmente, em qualquer forma da mentira que é a “salvação pelas obras”, torno-me moralmente aleijado, imobilizado e derrotado. Eu esforço-me para andar em direção a Deus sob sentimentos de culpa, e a culpa enfraquece em vez de fortalecer a minha vontade. Ellen White emite este aviso e encorajamento: descanso vem energia! Descansando apenas em Cristo para a minha salvação, Sua graça desperta-me, dá-me energia e motiva-me com a motivação pura e poderosa do amor como a única verdadeira base para a obediência. Sou impulsionado de dentro para fora pelos ritmos naturais da Sua graça. De repente o Sábado faz mais sentido do que nunca antes. Sentido teológico, com certeza. Mas também sentido emocional. E sentido relacional. Encontro-me cara a cara, coração a coração, com um Deus que já me ama, já me favorece, já me aceita, não porque eu tenha feito algo para merecê-lo, mas simplesmente porque Ele é bom. E, aqui e agora, nesta compreensão, eu descanso. A verdade do Sábado tem tudo a ver com isto. “Não devemos fazer de nós mesmos o centro, nutrindo ansiedade e temor quanto à nossa salvação. Tudo isto desvia a alma da Fonte de nosso poder. Confiai a Deus a preservação de vossa alma, e nEle esperai. Falai e pensai em Jesus. Que o próprio eu se perca nEle. Ponde de parte a dúvida; despedi vossos temores. Dizei com o apóstolo Paulo: "Vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e Se entregou a Si mesmo por mim." (Gálatas 2:20). “Repousai em Deus” (Caminho a Cristo, pp. 71,72). Há uma firme segurança em saber que minha salvação é Sua obra e não minha. Isso é o descanso que Jesus oferece. Mas é mais do que apenas descanso o que Ele oferece, porque com Infelizmente, todos nós conhecemos histórias de Adventistas do Sétimo Dia que agiram sem amor colocando-se no lugar de juízes. Tira algum tempo para partilhar histórias, que tu conheces pessoalmente, de Adventistas que Que Deus! Ellen White engenhosamente observou: "O amor é o meio que Ele usa para expelir o pecado do coração." (O Maior Discurso de Cristo, p. 77). Graça é a forma que o amor de Deus toma Livres... 34 35 # DIA 5 O SANTUÁRIO PARA DISCUSSÃO AMOR MISERECORDIOSO têm demonstrado a glória do amor incondicional de Deus nas suas ações. Q • A mensagem de hoje afirma que Deus criou o Sétimo Dia e encheu-o com Ele. Mas Deus está em todos os dias, certo? • De que maneira(s) é a presença de Deus de alguma forma diferente no Sábado? Como a podes perceber? • Pensas em ti mesmo como alguém que descansa primeiro para depois trabalhar, ou que descansa para "superar" e recuperar dos dias de trabalho? Adicionar alguma coisa ou decorar o teu modelo octagonal se desejares. Divide o grande grupo em três grupos. Atribui ao primeiro grupo a função de argumentar contra o Sábado, ao segundo grupo a função de argumentar a favor do Sábado e ao terceiro grupo a função de descobrir maneiras de usar os princípios desta lição para incentivar o primeiro grupo a experimentar descanso e serenidade e a sentir os "ritmos livres" da graça e do amor eternos de Deus. • O que aconteceria na tua vida se te desses completamente ao primeiro conceito, em vez do segundo? • Qual é a tua reação ao conceito de que a história da Criação e a história de Redenção estão interligadas, e o Sábado é o coração de ambos? Uma maneira de organizar isto, se tiveres tempo: Primeiro, coloca uma pessoa do grupo 1 e uma pessoa do grupo 2 a argumentar entre 30 segundos a um minuto. Pergunta à pessoa 1 se as suas opiniões mudaram. Em seguida, atribui uma pessoa do grupo 3 para incentivar a pessoa do grupo 1 e pergunta novamente. Em alternativa, podes permitir que os grupos trabalhem como um todo na mesma ordem: os grupos 1 e 2 a argumentar, depois o grupo 3 tenta incentivar, a que se dê o presente de um descanso necessário. • Como é que isso te pode mudar? • Como podes começar a relaxar nos "ritmos livres da graça"? Tenta ser específico. 36 uando Ellen White era uma adolescente teve um sonho surpreendente sobre um enorme templo. Ela escreveu: "Sonhei que via um templo em que muitas pessoas se estavam reunindo. Apenas os que se refugiassem naquele templo seriam salvos quando terminasse o tempo." No sonho, ela sentiu a urgência de se refugiar no edifício, mas tinha medo de ser ridicularizada pela multidão em zombaria. Com medo e constrangida, ela caminhou lentamente para o templo. Ao entrar, viu imediatamente que o edifício foi projetado com uma característica arquitetónica incomum e surpreendente: "Entrando no edifício, vi que o vasto templo era apoiado por uma imensa coluna." Interessante! Ali estava um grande edifício, e a coisa toda estava a ser sustentada "por uma imensa coluna." Enquanto ponderava o que isso poderia significar, ela notou algo sobre a coluna: "... a esta [coluna] se achava amarrado um cordeiro todo ferido e ensanguentado. Nós que nos achávamos presentes parecíamos saber que esse cordeiro fora lacerado e ferido por nossa causa." (Primeiros Escritos, pp. 78-79). Ah, agora vemos o objetivo da visão. Aqui, Deus revelou à jovem Ellen White que todo o templo da verdade que Ele estava a revelar ao povo do Advento iria encontrar a sua "imensa coluna" de apoio na cruz de Cristo. Um ponto central cravado na cruz seria crucial para uma compreensão adequada de toda a estrutura teológica. Jesus deve ser mantido claramente à vista como a verdadeira questão, de cada questão da verdade. Fazendo referên37 cia ao símbolo "coluna", Ellen White escreveu mais tarde que a cruz “é a coluna central sobre a qual pende o mais excelente e eterno peso de glória que é para aqueles que aceitam a cruz. Sob e em torno da cruz de Cristo, essa coluna imortal, o pecado nunca vai reviver, nem o erro alcançar o controle." (SDA Bible Commentary, Vol. 7A, p. 457). Numa outra ocasião, com ainda maior clareza, ela escreveu estas palavras: "Há uma grande verdade central a ser conservada sempre em mente ao esquadrinharem-se as Escrituras — Cristo e Ele crucificado. Toda outra verdade é investida de influência e poder correspondentes a suas relações para com esse tema" (A Fé Pela Qual Eu Vivo, p. 45). Ellen White foi específica, clara, e apaixonada sobre ver toda a verdade debaixo dos raios de luz que fluem do Calvário. A cruz de Cristo, sobre a qual Jesus sofreu e morreu com amor perfeito pela humanidade, é a coluna central que suporta toda a estrutura da verdade doutrinária. No momento em que reduzimos a verdade a uma lista de factos a ser discutidos e provados, retiramos da verdade o seu poder para salvar. Mas no momento em que percebemos que toda a doutrina é uma janela para o amor de Deus, é quando a sua verdadeira beleza brilha e o seu poder real é colocado em ação. deserto. Mas não é apenas o edifício que está "entre eles". O Santuário abriga a própria presença de Deus na forma da glória do Shekinah. Vamos voltar a isto já daqui a pouco, mas agora queremos simplesmente observar que Deus quer estar com o Seu povo, e Ele quer tornar possível que eles estejam com Ele, embora de momento, para a sua segurança, Ele só pode habitar com eles por detrás de uma série de véus. À medida que avançamos a partir do acampamento em direção ao edifício, percebemos que o Santuário é cercado por um muro alto de linho branco. O branco simboliza a pureza moral, retidão e inocência. A mensagem do alto muro branco é clara: estamos do outro lado da inocência, do lado de fora da justiça. Somos pecadores separados de Deus pela nossa diferença em relação ao Seu caráter, ou seja, pela nossa falta de amor. Mas então percebemos que Deus providenciou uma porta de esperança, um ponto de acesso, porque no lado Este há uma entrada através do alto muro branco, sob a forma de uma bela cortina tecida de azul, roxo e vermelho, além do branco. À medida que entramos através da cortina, encontramo-nos diante de um grande altar de bronze. Um sacerdote está lá a dirigir uma cerimónia. Vemos um homem de joelhos, com as mãos sobre a cabeça de um cordeirinho, quase esmagando o animal submisso. O homem confessa os seus pecados, transferindo simbolicamente a sua culpa à vítima inocente. Em seguida, o sacerdote coloca uma faca na mão do homem. Com um movimento rápido, a garganta é cortada e o sangue do cordeiro flui de seu corpo, algum do qual é apanhado pelo sacerdote numa taça. O sacrifício sem vida é então colocado sobre o altar e reduzido a cinzas. Avançamos no caminho simbólico e vemos como o sacerdote, ainda no pátio, lava as mãos e os pés na segunda peça de mobiliário de bronze chamada a pia de lavar. O sacerdote, em seguida, prossegue com a taça de sangue para o primeiro quarto do Santuário, chamado o Lugar Santo. De pé, no Lugar Santo, ao olharmos Bem, então, com esta pequena introdução diante de nós, estamos agora preparados para explorar a doutrina a que frequentemente nos referimos como O Santuário. Temos um caminho à nossa frente Quando o rei David olhou para o Santuário, ele viu um caminho. No Salmo 77, versículo 13, ele disse, "O teu caminho, ó Deus, está no Santuário." Esta é uma visão espetacular e poderosa, por isso acompanha com cuidado. A palavra traduzida aqui é derek – que significa um caminho ou uma viagem. A palavra transmite a ideia de viajar para um destino definido, passando de um lugar para outro. A próxima pergunta óbvia é: de onde para onde? Bem, se nós olharmos para a disposição básica do Santuário, claramente, um caminho é de imediato evidente. Vamos dar um passeio rápido para ter uma ideia básica para a viagem, e depois vamos olhar com mais atenção. Em primeiro lugar, há o arraial de Israel. Este é o lugar onde as pessoas vivem em tendas ao redor do Santuário, três tribos de Israel de cada lado, Norte, Sul, Este e Oeste, com o Santuário no meio do acampamento. Deus disse a Moisés: "E me farão um Santuário, e habitarei no meio deles" (Êxodo 25:8). Todos podem ver o Santuário à distância, a partir de seu "quintal", por assim dizer. Está, literalmente, "entre eles", no centro da sua cidade itinerante do 38 para a direita, vemos uma mesa de ouro com duas pilhas de pão fresco sem fermento ali colocadas. À medida que nos viramos e olhamos para a esquerda, vemos um castiçal com sete braços, cada um com uma chama brilhante. À medida que nos viramos e olhamos para a frente no caminho, vemos um altar dourado com incenso a arder em cima dele, enchendo a sala com fragrância. Então percebemos que o sacerdote está a fazer algo que parece muito planeado e intencional: ele está a mergulhar os dedos na taça de sangue e a aspergir o líquido vermelho sobre o véu que paira pouco além do altar do incenso. Ele conta baixinho: um, dois, três... Ele mergulha e asperge exatamente sete vezes. Curiosos para saber o que está além do véu, desviamo-nos para o lado e entramos no segundo quarto do Santuário, chamado Lugar Santíssimo ou o Santo dos Santos. Dentro desta sala, há uma impressionante peça de mobiliário. É uma caixa retangular ornamentada, chamada Arca da Aliança. Dentro da caixa estão as duas tábuas de pedra, sobre as quais o próprio dedo de Deus gravou os Dez Mandamentos. No topo da caixa está uma tampa de ouro maciço, chamada propiciatório. Em cada extremidade da arca há duas figuras angelicais de ouro maciço. Estes são chamados os dois Querubins cobridores. Quando nos viramos e olhamos ao redor, percebe-se que o véu e o teto estão bordados com anjos dourados. O mais impressionante de tudo: acima da Arca, irradiando entre os dois querubins cobridores está uma luz brilhante. Esta é a glória do Shekinah, a presença visível de Deus. Claramente, o caminho traçado no Santuário tem três etapas básicas, ou fases experienciais (que se podem experimentar fisicamente): 1. O pátio; 2. O Lugar Santo; 3. O Lugar Santíssimo. Podemos resumir o que aprendemos até agora 39 desta maneira: O Santuário oferece uma forma, um percurso, e uma viagem experiencial para o povo recuperar uma comunhão imediata e sem véus com Deus. É o plano de Deus para restaurar a intimidade entre Ele e nós! Jesus é a Viagem Quando chegamos ao Novo Testamento, percebemos que cada símbolo do Santuário apontava para Jesus, descrevendo os vários aspetos do seu ministério para salvar os pecadores. Primeiro de tudo, quando abrimos o Evangelho de João, vemos que Jesus é descrito com a linguagem do Santuário. Repara em João 1:14: "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade." A palavra traduzida aqui como "habitou" significa literalmente tabernáculo ou Santuário. Então a Tradução Literal de Young diz: "O Verbo se fez carne, e fez tabernáculo entre nós." Ficando ainda mais pessoal, uma outra versão da Bíblia diz: "A Palavra tornou-se carne e sangue, e veio viver perto de nós." (A Mensagem). E João diz porque razão Jesus veio: para que possamos contemplar a "glória" de Deus. Esta é uma referência óbvia à glória do Shekinah que residia no Lugar Santíssimo do Santuário do Antigo Testamento. Os tradutores da Bíblia Judaica Completa entenderam isso. Repara como eles traduziram o texto: "A Palavra se tornou um ser humano e viveu connosco, e nós vimos a sua Sh'khinah, o Sh'khinah do Filho único do Pai, cheio de graça e de verdade." A intenção de João é clara. Jesus é a realidade para a qual o Santuário simbólico apontou. Como já vimos, Deus disse a Moisés no Antigo Testamento: "E me farão um Santuário, e habitarei no meio deles" (Êxodo 25:8). Agora, este mesmo Deus mostrou-se no mundo, habitando entre nós num tabernáculo feito de carne e sangue. Através dele, os seres humanos estão agora a ser levados para o Santo dos Santos, na presença direta da glória do Shekinah. isto é, pela sua carne." (Hebreus 10:20). Mas as coisas ficam ainda mais claras, e mais incríveis, enquanto avançamos através do Evangelho de João. Em João 2:19-21 lemos: "Jesus respondeu, e disse-lhes: Derribai este templo, e em três dias o levantarei. Disseram, pois, os judeus: em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu o levantarás em três dias? Mas ele falava do templo do seu corpo." Aqui vemos que Jesus explicitamente se identificou como O "templo" para que o antigo templo estava a apontar. Ele veio ao mundo para tornar real tudo o que o Santuário apresentou em símbolos. A principal cerimónia do Santuário era o sacrifício do cordeiro no altar de bronze. Apontando para Jesus como o sacrifício pelos nossos pecados, João Batista proclamou: "Eis O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (João 1:29). › A pia que foi usada para a lavagem cerimonial apontava para Jesus como "a água viva" (João 4:11) e ensina-nos sobre a "lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo" (Tito 3:5). › O pão sobre a mesa no Lugar Santo apontava para Jesus, que disse: "Aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede" (João 6:35). Lembras-te do que lemos no Salmo 77:13? " O teu caminho, ó Deus, está no Santuário." Agora observa o que Jesus disse sobre Si mesmo em João 14:6: "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." › O candelabro de sete braços era mantido aceso para fornecer luz no Santuário. Jesus disse de Si mesmo, o sacrifício pelo nosso pecado, "Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida" (João 8:12). Jesus afirma ser o "caminho" ou o percurso que o Santuário representou. A coisa vital que nós percebemos aqui é que o destino para o qual o percurso do Santuário apontou, e para a qual Jesus nos leva, não é apenas um lugar, mas sim uma pessoa. Jesus diz que Ele é o caminho "ao Pai". O Santuário não transmite factos teológicos secos. Ele apresenta diante de nós uma viagem real, que pode ser experimentada, mais e mais profundamente até ao coração de Deus. E Jesus é essa viagem. Literalmente cada símbolo do Santuário apontou para Ele e para a grande obra de Salvação em que Ele iria embarcar para nos levar de volta à intimidade com Deus do Lugar Santíssimo. › O altar do incenso apontava para um aspeto específico da experiência cristã: "foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos" (Apocalipse 8:3). O incenso perfumado a arder no Santuário simbolizava a nossa oração subindo até Deus através de Jesus. Santíssimo, convidando-nos a segui-Lo no caminho que ele traçou para nós. mudou para o Lugar Santíssimo do Santuário celestial para participar na fase final do seu ministério Sumo Sacerdotal. Então, de que fala o Santuário? No âmbito do ano judaico, havia dois serviços cerimoniais básicos que mostravam toda a história da redenção: o serviço diário e o serviço anual. O Serviço Diário, que está delineado para nós em Levítico 1-4, foi uma série muito simples, mas significativa, de encenações cerimoniais. O processo estava centrado em torno do sacerdote que fazia sacrifícios regulares pelos pecados do povo e transferia simbolicamente os seus pecados para o Santuário aspergindo o sangue sobre o véu antes do Lugar Santíssimo. Isto apontava para o sacrifício perfeito pelo pecado que iria ser feito por Cristo, quando Ele morresse na cruz. Houve uma genialidade esclarecedora neste serviço simbólico diário. Enquanto as nações pagãs circunvizinhas estavam envolvidas na prática abominável do sacrifício humano, motivada por demónios disfarçados de deuses (Deuteronómio 32:16-17; Salmo 106:37), o povo Hebreu estava a aprender através do Santuário que Deus iria dar-se a Si mesmo para sofrer e morrer pela humanidade. É tudo sobre Jesus! É tudo sobre Jesus cumprindo as muitas dimensões do Seu ministério salvador em nosso favor! É tudo sobre Jesus, que nos conduz a um relacionamento completamente restaurado com o Pai! História da Salvação Bem, vamos recuar agora, respirar fundo, e olhar para o Santuário de outro ângulo. O que vimos até agora é que o Santuário representa simbolicamente a jornada pessoal do crente em Cristo. Mas o Santuário também representa a história da salvação como um todo. O pátio, com o seu altar de sacrifício, dirige a nossa atenção a 31 D.C., quando Jesus foi crucificado em nosso nome. Depois da Sua ressurreição, Jesus subiu ao céu, onde assumiu o Seu papel como nosso Sumo Sacerdote celestial no Lugar Santo do "verdadeiro tabernáculo" no céu. Esta fase do Seu ministério começou no ano 31 e continuou até 1844, altura em que Ele se Deus estava a comunicar a incrível verdade de que a nossa salvação não pode ser conquistada por qualquer sacrifício que possamos fazer. › Os Dez Mandamentos, as dez leis do amor de Deus, eram mantidas dentro da Arca da Aliança, simbolizando o desejo de Deus de escrever os princípios do Seu amor nos nossos corações e mentes: "Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos" (Hebreus 10:16). Presta atenção a isto enquanto fazemos as ligações. Descrevendo a viagem de ida e volta que Ele fez do Pai ao nosso mundo e depois de volta, Jesus disse: "Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai" (João 16:28). Jesus veio do Lugar Santíssimo para o nosso pecaminoso e separado acampamento aqui na terra. Ele então pegou nos nossos corações rebeldes e fez a viagem de volta para o Lugar Cada uma das três etapas do Santuário só podia ser acedida através de um véu. Jesus disse de Si mesmo, “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á" (João 10:9). E o apóstolo Paulo disse que através de Jesus temos um "novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, 40 41 Deus não pode ser apaziguado, porque Ele já nos ama. Nós não precisamos de persuadi-lo com os nossos atos para que nos salve, porque Ele já determinou salvar-nos a qualquer custo para Si mesmo. Dia após dia, durante todo o ano, a cerimónia era repetida, reforçando na mente das pessoas que Deus faria todo o sacrifício necessário para a nossa salvação. A cerimónia foi uma declaração emotiva e constante de Deus a dizer: Eu amo-te tanto que eu vou sofrer e morrer para te salvar do pecado e a um julgamento definitivo e irrevogável a favor do povo, a favor da sua salvação, a favor da sua posição perfeita diante de Deus. Então o sumo sacerdote colocava as duas mãos sobre a cabeça do bode expiatório e confessava sobre ele os pecados do povo. No entanto, o bode de Azazel não era morto. Em vez disso, ele era levado para "uma terra desabitada" para perecer sozinho no "deserto". Se o bode expiatório explicitamente não era "bode do Senhor", e uma vez que o seu sangue não era derramado como um sacrifício, Azazel tem de simbolizar uma outra figura que é responsável pela existência do mal e a queda da humanidade. O antigo povo Hebreu entendeu que Azazel representava Satanás, o originador do mal e o tentador da humanidade, e estudiosos judeus mantêm essa visão até aos dias de hoje. Assim, então, vemos que o Dia da Expiação apontava para o dia do julgamento ou juízo final, durante o qual o caso de cada pessoa será selado e Satanás irá assumir a responsabilidade pelo mal como seu autor. A parte que dá a algumas pessoas pesadelos é a ideia de que eles devem enfrentar o julgamento. E, no entanto, é precisamente aqui que encontramos uma das mais belas imagens de Deus que se possa imaginar. da morte. O Serviço Anual é esboçado em Levítico 16. No último dia do ciclo sacrificial anual, o simbolismo do serviço do Santuário chegava à sua conclusão. O evento chamava-se Yom Kippur, o Dia da Expiação. Neste dia de clímax, uma cerimónia especial foi promulgada para simbolizar a resolução final do problema do pecado, expiação completa e a total erradicação do mal. Enquanto todo o Israel se reunia diante do Santuário, dois bodes eram trazidos ao sumo sacerdote. Um deles era designado "pelo Senhor" e outro para "bode expiatório", Azazel em hebraico. O bode do Senhor era morto, apontando novamente para o sacrifício de Cristo na cruz como o único meio de salvação. Mais uma vez, Deus estava a dizer Eu, tu não! Eu vou fazer o sacrifício pela tua salvação, tu não. Um pouco do sangue do bode do Senhor era trazido para o Lugar Santíssimo e aspergido sete vezes no propiciatório, sobre a lei quebrada de Deus, indicando, assim, que a expiação final e completa foi feita por todos os pecados que Israel tinha confessado durante todo o ano no serviço diário. Assim, o Dia da Expiação era equiparado O Julgamento João ajuda-nos a entender o julgamento com uma série de ideias poderosas. Segue o seu excelente raciocínio calibrado pelo evangelho. Em 1 João 3:20, 21, ele diz o seguinte: "Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas. Amados, se o nosso coração não nos condena, temos confiança para com Deus." (1 João 3:20, 21). Primeiro, João quer que saibamos que uma sensação interior de condenação é natural para o problema do pecado. Sim, o nosso coração condena-nos, e com razão. Afinal nós somos pecadores. Carregamos um sentimento de culpa nas nossas consciências pelos erros que cometemos. Mas, a seguir, João diz: "maior é Deus do que o nosso coração." Ou seja, o 42 amor de Deus é mais poderoso do que a condenação que sentimos pelos nossos pecados. Ele sabe tudo sobre mim e sobre ti e Ele ainda nos ama. Quando acreditamos nisto, a condenação no nosso coração afasta-se e nós “temos confiança para com Deus". Então, no capítulo quatro, João desenvolve a ideia: com o propiciatório, e o próprio propiciatório está coberto de sangue. Aqui, no simbolismo, está a grande verdade de "Cristo Nossa Justiça". A lei que aponta o nosso pecado e declara a nossa culpa, é respondida pela misericórdia de Deus. Jesus viveu uma vida de perfeita justiça, e Deus olha para mim como justo nEle. Jesus morreu por mim. O seu sangue foi derramado por mim, revelando que o amor de Deus substitui o meu pecado e culpa. Paulo diz assim: "onde o pecado abundou, superabundou a graça" (Romanos 5:20). “Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele, e ele em Deus. E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele. Nisto é perfeito o amor para connosco, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo. No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor. Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro” (1 João 4:15-19). Esta é a boa notícia de tirar o fôlego! Mas com toda esta luz brilhante sobre a misericórdia de Deus, há um perigo e um aviso. Tiago informa-nos que há uma maneira de contrariar o poder da misericórdia de Deus para connosco no julgamento, que é sermos impiedosos para os outros: "Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo" (Tiago 2:13). Se eu me relaciono com os outros com condenação pelos seus pecados, eu revelo que eu não abracei realmente a misericórdia de Deus para mim, pelos meus pecados. A misericórdia de Deus estará lá para mim no julgamento, mas eu não serei capaz de a ver se a bloquear da minha visão por ser impiedoso com os outros. Por ser duro com as pessoas, montei em mim mesmo paredes mentais e emocionais que fazem com que seja impossível eu perceber o amor de Deus por mim. Condenar os outros por seus erros cria parâmetros psicológicos limitadores na mente de modo que a misericórdia de Deus não pode ser percebida ou recebida. É claro, então, que ter uma atitude de julgamento em relação aos outros é literalmente a coisa mais perigosa que um ser humano pode fazer. Que imagem! Ousadia no Dia do Juízo Final, e não medo! Nem mesmo timidez! Mas ousadia! Como pode ser isso? O que João nos ensina aqui é absolutamente vital para um entendimento saudável do julgamento. Ele quer fazer-nos entender que quando estamos baseados no amor de Deus, quando nós "conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem" vamos "no dia do juízo [ter] confiança." O amor de Deus "lança fora o medo" de nossos corações e ocupa todo o espaço emocional dentro de nós. Eu não entro no juízo com confiança na minha justiça, mas com total dependência na dEle. Este é o glorioso segredo do Santo dos Santos, a verdade maravilhosa do Dia da Expiação. À medida que entramos naquela sala mais interior para o julgamento, vemos que a lei de Deus, que é o padrão de justiça do julgamento, está coberta A verdade do julgamento é um chamado para receber e dar misericórdia. E isso faz com que seja notícias extraordinariamente boas, a não ser é claro, que eu escolha viver para condenar os outros. Mas porquê ir por esse caminho? 43 Há um belo e conciliador caminho estendido diante de cada um de nós em Cristo, através: cente luz da bondade de Deus que emana de Jesus, e para levantarmos orações de gratidão a Deus, misturadas com a fragrância da justiça de Cristo; › da porta do Seu convidativo amor; › do altar do sacrifício, para lá receber o perdão completo por todos os nossos pecados; › e, finalmente, do Lugar Santíssimo para ser julgados por Deus com favor eterno e ter a Sua lei de amor escrita nos nossos corações. › do nosso caminho para a pia afim de sermos lavados de uma consciência culpada; Vamos! Vamos dar o máximo de nós por amor misericordioso de Deus. › do Lugar Santo para nos alimentarmos do pão da vida, para vivermos pela resplande- PARA DISCUSSÃO Se possível, separa seis lugares na sala, talvez com as coisas que simbolizam a primeira cortina, depois o altar e pia, o segundo véu seguido pelo pão, castiçal, e incenso, e o terceiro véu que leva à Arca da Aliança. Em silêncio e oração, caminhem por este caminho juntos. Entrem pela porta do seu convidativo amor, parando no altar do sacrifício, para receber o perdão completo de todos os teus pecados. Façam o vosso caminho até a pia para serem lavados de uma consciência culpada, depois, no Lugar Santo para se alimentarem do pão da vida, para viverem pela resplandecente luz da bondade de Deus que emana de Jesus. Ergam ao céu as vossas orações de gratidão a Deus, misturadas com a fragrância da justiça de Cristo. Finalmente, sigam em frente para o Lugar Santíssimo para serem julgados por Deus com favor eterno e terem a Sua lei de amor escrita em vossos corações. A mensagem diz-nos que ser críticos e condenar os outros é "a coisa mais perigosa que um ser humano pode fazer." E se tu não ages dessa maneira para com os outros, e o fazes contigo mesmo? Será isso melhor? Por quê ou por que não? Partilha histórias da tua vida que exemplificam quando tu: a) vieste ao Pátio do amor de Deus; b) entraste no Lugar Santo de oração e comunhão com Ele; c) entraste no Lugar Santíssimo para ter uma relação completa com o Deus do Universo. A atividade está integrada na mensagem. Criem um Santuário usando papel ou blocos, ou façam um na sala, usando móveis, ou (em último recurso) simplesmente desenhem um. Se escolherem este método, cada pessoa deve desenhar um e levar para casa para usar nas suas meditações pessoais; pede que partilhem as suas ideias mais tarde na semana. # DIA 6 A MORTE E O INFERNO AMOR ALTRUÍSTA N esta Semana de Oração temos andado a circundar o templo da verdade, olhando através de algumas das janelas doutrinais que compõem o sistema de crenças Adventistas do Sétimo Dia. O que descobrimos uma e outra vez é que cada verdade individual da Bíblia aponta para a grande verdade do amor de Deus encarnado em Jesus Cristo. Toda a verdadeira doutrina bíblica funciona como uma lente através da qual o caráter de amor desinteressado e altruísta de Deus é mais claramente revelado. Ellen White resumiu brilhantemente toda a Bíblia como "o livro que revela o caráter de Deus" (Sinais dos Tempos, 3 de Março de 1898). De acordo com esta visão das Escrituras, ela também resumiu a mensagem Adventista como a "revelação do caráter do amor." (Parábolas de Jesus, p. 415). O valor de uma determinada doutrina reside na sua capacidade de comunicar algo sobre o tipo de pessoa que Deus é. Qualquer reivindicação de verdade que contradiz a premissa fundamental de que "Deus é amor" (1 João 4:8) provase falsa em virtude dessa contradição. Repara como Ellen White descreve a razão central do estudo da Bíblia: "Deves pesquisar a Bíblia; pois ela fala de Jesus. Enquanto lês a Bíblia, vais ver os incomparáveis encantos de Jesus. Vais-te apaixonar pelo Homem do Calvário, e a cada passo podes dizer ao mundo: 'Os seus caminhos são caminhos de delícias, e todas as suas veredas de paz'." (Life Sketches, p. 293). Muito bom! Estudar a Bíblia, diz ela. Mas por quê? Porque ela revela os encantos incomparáveis 44 45 de Jesus! E o que vai acontecer contigo enquanto encontras Jesus nas Escrituras? Vais apaixonar-te por Ele! O problema é que, muitas vezes, estudamos e pregamos a Bíblia sem Jesus à vista, ou se Ele está à vista, é como se fosse uma nota de rodapé. Se existe alguma coisa sobre a qual precisamos ser claros, é esta: Jesus não faz parte da nossa mensagem. Jesus é toda a nossa mensagem. Na medida em que Ele não é, não estamos a pregar "a verdade", não importa o quanto nós imaginamos que estamos. A nossa doutrina do estado dos mortos é um exemplo de uma verdade bíblica que tem um enorme potencial para revelar o amor maravilhoso de Deus em Cristo. Infelizmente tem sido muitas vezes reduzida a um mero argumento de texto a texto, com o único objetivo de provar que as pessoas estão inconscientes quando morrem e vencer a argumentação de que ninguém vai direto para o céu ou o inferno. Vamos ser claros: essa parte da “imagem” é fundamental, mas a questão é porque razão é que ela é vital? Simplesmente para provar o facto de que os mortos estão realmente mortos? Não! Pelo contrário, é vital porque a verdade bíblica sobre a morte abre uma janela de compreensão sobre a verdadeira natureza do sofrimento e morte de Cristo no Calvário, que por sua vez revela a verdadeira natureza do amor de Deus com clareza impressionante. ele ou ela não vai imediatamente para o céu ou para o inferno. No entanto, este não é o fim da história, porque quando uma pessoa morre a primeira morte isso não é o seu fim. Da primeira morte, há uma ressurreição, tanto dos salvos como dos perdidos. Jesus declarou isso explicitamente: "Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação" (João 5:28,29). Ok, então as pessoas morrem a primeira morte e, em seguida, são ressuscitadas, mas há uma razão pela qual elas podem ser ressuscitadas. A razão é que quando uma pessoa morre a primeira morte, de alguma forma Deus preserva a personalidade essencial e o caráter desse indivíduo, embora o corpo esteja num estado de inconsciência, completamente sem vida. A Bíblia diz assim: "E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu" (Eclesiastes 12:7). Então, vamos mergulhar neste assunto notável e ver o que descobrimos. Claro que, o "pó" refere-se ao corpo, o qual retorna à terra como matéria orgânica após a primeira morte. O "espírito" que retorna para Deus é o conteúdo total de personalidade, pensamentos, sentimentos, motivos, ou seja, tudo o que define a identidade única e o caráter moral da pessoa. Quando uma pessoa morre a primeira morte, Deus simplesmente a preserva num estado inconsciente e enquanto aguarda a ressurreição, Deus vai reconstituir o corpo físico com o espírito, e nesse momento a vida consciente recomeça. Ellen White explicou assim: Morte de acordo com a Bíblia A primeira coisa que precisamos entender sobre a morte é que na Bíblia aprendemos que existem dois tipos de morte. No livro do Apocalipse, somos informados de que existe algo chamado, "a segunda morte" (Apocalipse 2:11; 20:6, 14; 21:8). Podemos deduzir logicamente a partir desta linguagem que, se houver uma segunda morte então existe forçosamente uma primeira morte. Em Mateus 10:28 Jesus explica a diferença básica entre as duas: "E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo." A primeira morte é apenas a morte do corpo. Esta é a morte comum que todos morrem, com que todos os seres humanos estão familiarizados. Como Adventistas do Sétimo Dia, entendemos que a primeira morte coloca um ser humano num estado inconsciente, como um sono. Quando uma pessoa morre a primeira morte, próprio tempo vai chamar os mortos, dando novamente o fôlego da vida, e ordenando aos ossos secos que vivam" (Céu, p. 40). É como tirar um disco rígido de um computador, que tem o registo de todas as informações únicas que o proprietário do computador tinha colecionado e configurado, e guardar na prateleira algum tempo, e depois, mais tarde, instalar toda essa informação num computador novo. Quando uma pessoa morre a primeira morte, o corpo decompõe-se na terra e Deus preserva a composição específica do indivíduo para a ressurreição. Nesse momento, cada indivíduo enfrenta um de dois destinos: receber o dom da imortalidade ou experimentar a segunda morte. Então, e a segunda morte? O que é isso? Como é que acontece? Vamos voltar a Mateus 10:28, onde Jesus distingue a primeira e a segunda morte: "E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo." A palavra que é aqui traduzida como "alma" é psique no texto grego. Refere-se basicamente à mente em todo o seu conteúdo, a que nós referimos anteriormente como o caráter de uma pessoa, ou o conteúdo total da própria identidade individual. Considerando que a primeira morte envolve meramente a morte do corpo, ou o aspeto biológico de uma pessoa, a segunda morte envolve a erradicação completa do corpo do indivíduo e da alma da existência. Constitui "Nossa identidade pessoal é preservada na ressurreição, embora não as mesmas partículas de matéria ou substância material como entraram no túmulo. As obras maravilhosas de Deus são um mistério para o homem. O espírito, o caráter do homem, é devolvido a Deus, aí para ser preservado. Na ressurreição todo homem terá seu próprio caráter. Deus, no Seu 46 47 o aniquilamento final dos ímpios, "como se nunca tivessem sido." (Obadias 16). A parte crucial a entender é como a segunda morte acontece e o que a causa. Jesus deu-nos uma indicação bastante clara em João 5:29. Os ímpios voltam à vida da primeira morte a que Ele chamou "a ressurreição da condenação". Condenação é um fenómeno psicológico. Acontece no processo mental e emocional, quando uma pessoa enfrenta a realidade da sua culpa pelas violações relacionais que ele ou ela tenha cometido. Quando os ímpios são ressuscitados, eles não serão simplesmente destruídos fisicamente uma segunda vez. Eles terão de enfrentar o registo da sua vida com total clareza, sem filtro, à luz contrastante do abnegado amor de Deus por eles. Apocalipse 20 descreve vividamente a cena: “E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Apocalipse 20:11-15). movimento de dar e receber está além da sua capacidade de se envolver ou mesmo apreciar. O pecado esvaziou os seus corações da própria capacidade de amar. A rebelião arrancou-lhes os impulsos gentis da alma. O egoísmo erradicou a sua humanidade sensível. Esta é uma passagem muito pesada e extremamente triste da Escritura, porque descreve a destruição final dos ímpios, cada um deles um ser humano que Deus amava muito; cada um deles um indivíduo a quem foi dado o dom da vida eterna em Cristo; cada um deles uma pessoa que persistentemente rejeitou o amor de Deus até à sua ruína interna. O que queremos notar nesta passagem é precisamente como os ímpios experimentam a segunda. Existem quatro características básicas exibidas: A segunda morte confronta os ímpios com a triste realidade de uma completa falta de sentido, pois não há sentido para a vida além do Autor da vida. Completa solidão é tudo o que eles podem sentir, pois não há relação satisfatória para além d’Aquele com quem estamos mais estreitamente relacionados. Um Número um A segunda morte é iniciada por uma revelação plena do Deus Todo Poderoso, sentado sobre "um grande trono branco" com sua "face" totalmente exposta ao olhar atónito de todos. Paulo chama este evento "dia da ira e da manifestação do juízo de Deus" (Romanos 2:5). A ira ocorre à luz da revelação. A revelação procede de Deus e assume a forma de autoconhecimento naqueles que a contemplam. sentimento de inutilidade total permeia suas vidas, porque nunca pode haver qualquer sentido real de valor pessoal separado do Deus que criou o nosso valor à Sua imagem. Viver para si acaba por conduzir a ódio de si. O egoísmo é, por sua própria natureza, o isolamento de todos os outros, o roubar a alma das perceções e emoções necessárias para dar e receber amor. Num universo onde o princípio essencial de sustentação da vida é o amor altruísta, "não se encontra nenhum lugar para eles". Afundam desiludidos consigo próprios e com a experiência de um profundo sentimento de abandono. Número dois Enquanto os impios estão diante de Deus, não será encontrado "nenhum lugar para eles". Estas são, sem dúvida, as palavras mais tristes de toda a literatura humana. A segunda morte é a solidão total, um sentimento mais profundo de não pertencer. Os ímpios, em pé diante do trono de Deus e contemplando o Seu rosto, percebem com intensa nitidez que eles estão tão fora de harmonia com o reino de Deus que não há absolutamente "lugar para eles". Aqueles que estão irrevogavelmente inclinados para o egoísmo não se encaixam num universo governado pela regra absoluta do amor altruísta. Eles não podem existir entre ou interagir com uma sociedade de seres que vivem inteiramente uns para os outros. Eles não podem sequer compreender tal sociedade. O belo Número três Enquanto os ímpios estão diante de Deus, "os livros" são "abertos" e são "julgados segundo as suas obras, pelas coisas que estavam escri48 tas nos livros". Noutras palavras, eles enfrentam a plena realidade do seu pecado e toda a culpa que ele implica emerge às suas mentes em perfeita consciência. É a isto que Jesus se estava a referir quando disse que eles são ressuscitados para a "condenação". Todo o ato egoísta das suas vidas passa diante de suas mentes com grande clareza. A segunda morte traz a alma cara a cara com a completa e feia realidade do seu pecado, não temperada por qualquer sentido da misericórdia divina. O pecado, uma vez cometido, é uma realidade existente na mente. Está no registo da consciência e deve ser resolvido quer por perdão, quer pelo sofrimento. O perdão só é possível quando se abraça o amor misericordioso de Deus. O sofrimento é a única alternativa ao perdão, é por isso que Deus só pode perdoar suportando em si mesmo o sofrimento inerente no pecado. O peso da terrível condenação do pecado esmaga todas as forças vitais da alma. Todos os seres humanos são pecadores. Portanto, todos estão sob condenação. Esta condenação acabará, em última instância, por impor uma vergonha insuportável sobre aqueles que se recusam a ver a realidade curadora do amor redentor de Deus. Uma sensação consciente de amor e aceitação de Deus é o único poder com capacidade de neutralizar o poder do pecado e impedi-lo de destruir a alma. Para entenderes o que a Bíblia quer dizer quando afirma: "os livros foram abertos... e os mortos foram julgados", tenta imaginar como seria se tu fosses feito perfeitamente consciente de todos os pecados que já cometeste, todos os pensamentos errados e sentimentos e ações. Consciência perfeita, tudo de uma vez, com todos os detalhes feios a olhar para a tua alma interior sem nenhuma maneira de escapar. Depois, junta a esse quadro horrendo uma ausência absoluta de misericórdia. Nenhum conceito do perdão. Nenhum sentido de aceitação. Nenhuma imagem de um Deus que perdoa livremente e ansiosamente todo o pecado. Como seria esse momento no tempo para ti? 49 Eu sei como seria para mim. Não há palavras suficientes para descrever o calvário que abalaria a mente. A única razão pela qual nós nunca tivemos que enfrentar a plena potência da nossa culpa é porque o plano de Salvação, colocado em movimento por um Criador amoroso, ergueu um véu de piedade na consciência humana para atuar como um filtro que nos pode preservar do pleno efeito do pecado. Numero quatro Então, enquanto os impios enfrentam os registos da sua vida e experimentam o peso total da sua culpa, eles são destruídos pelo fogo. Ao longo da Bíblia, Deus é associado com o fogo. Moisés encontrou Deus numa sarça ardente (Êxodo 3:2). A lei de Deus é chamada "fogo da lei" (Deuteronómio 33:2). A "glória" de Deus é descrita como "fogo" (Êxodo 24:17). O trono de Deus está em chamas com fogo e dele procede um rio de fogo (Daniel 7: 9,10). O amor de Deus é dito ser um fogo ardente (Cantares de Salomão 8:6, NVI). E Paulo simplesmente afirma: "Porque o nosso Deus é um fogo consumidor " (Hebreus 12:29). O ser total de Deus é descrito como um fogo consumidor por uma razão simples: porque a pura realidade do Seu amor altruísta está em claro contraste com tudo o que é contrário ao amor. Sendo quem Deus é, seres egoístas não podem entrar na Sua presença sem experimentar a total desintegração mental e emocional sob o peso esmagador da sua vergonha. Ellen White foi direta ao cerne desta realidade: “As palavras do Senhor a Israel, eram: "E porei contra ti a Minha mão, e purificarei inteiramente as tuas escórias; e tirar-te-ei toda a im- pureza" Isa. 1:25. Para o pecado, onde quer que se encontre, "nosso Deus é um fogo consumidor" Heb. 12:29. O Espírito de Deus consumirá pecado em todos quantos se submeterem a Seu poder. Se os homens, porém, se apegarem ao pecado, ficarão com ele identificados. Então a glória de Deus, que destrói o pecado, tem que os destruir.” (O Desejado de Todas as Nações, p. 107). de Deus. Os que Lhe rejeitavam a misericórdia ceifarão aquilo que semearam. Deus é a fonte da vida; e quando alguém escolhe o serviço do pecado, separa-se de Deus, desligando-se assim da vida. Ele está "separado da vida de Deus" (Efésios. 4:18). Cristo diz: "Todos os que Me aborrecem amam a morte" (Provérbios 8:36). Deus dá-lhes existência por algum tempo, a fim de poderem desenvolver seu caráter e revelar seus princípios. Feito isso, receberão os resultados de sua própria escolha. Por uma vida de rebelião, Satanás e todos quantos a ele se unem colocam-se em tanta desarmonia com Deus, que Sua própria presença lhes é um fogo consumidor. A glória dAquele que é amor os destruirá.” (O Desejado de Todas as Nações, p. 764). Os seres humanos foram criados originalmente num estado de perfeita inocência, capazes de viver na presença imediata de Deus com total paz e prazer (Génesis 1-2). Quando o pecado entrou na nossa constituição psicológica, tudo o que podíamos experimentar na presença de Deus era o tormento da nossa vergonha (Génesis 3: 7-10). Deus explicou a Moisés: "Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá" (Êxodo 33:20). A dinâmica aqui não é “se Me vires, Eu vou-te matar", mas sim, "se tu Me vires, vais morrer do contraste entre a Minha santidade e a tua pecaminosidade." O pecado não pode sobreviver na presença de Deus. No entanto, quando saltamos para o fim da história, a Escritura diz dos redimidos: "E verão o seu rosto, e nas suas testas estará o seu nome" (Apocalipse 22:4). Pelo poder da graça de Deus, ocorreu uma restauração de inocência "nas suas testas", nas suas mentes. Desta forma, os remidos vão viver na presença de Deus sem experimentar nenhuma vergonha. O que acabamos de descobrir é a verdadeira natureza do inferno. O inferno é equivalente à segunda morte. Deus não sujeitará o ímpio à tortura eterna nas chamas de algum submundo ou alguma região remota do Seu universo. Eles serão ressuscitados para enfrentar o registo de suas vidas num acerto de contas final, e em seguida serão eternamente aniquilados "como se nunca tivessem sido" (Obadias 16). Aqui está a coisa mais notável de todas: ninguém precisa experimentar a segunda morte, porque Jesus experimentou-a por todos nós, e conquistou-a. Só Ele provou a segunda morte no lugar de cada pessoa e foi o único que não poderia ser mantido nela, porque só Ele era sem pecado. Não é assim com os ímpios. A Bíblia informanos que todos os seres humanos, tanto o justo como o ímpio, estão destinados à realidade ardente da presença de Deus, mas os dois grupos não vão sentir o fogo da mesma maneira. Enquanto aqueles que são restaurados para a inocência vão finalmente entrar na presença de Deus e estar perfeitamente em casa, para os ímpios, a presença de Deus será um "Fogo consumidor". Descrevendo a destruição final dos ímpios, Ellen White diz o seguinte: Oh, Que amor! Agora, uma vez que entendemos a natureza da segunda morte em contraste com a primeira morte, estamos preparados para compreender o que Jesus sofreu por nós, como Ele agonizou no Getsémani e morreu na cruz. Tanto a primeira como a segunda morte são o resultado do pecado, mas a primeira é temporária e ocorre por meio de causas físicas, como doenças, tragédias ou velhice. A segunda morte, no entanto, não ocorre apenas num nível físico, “Isso não é um ato de poder arbitrário da parte 50 mas no nível psicológico, devido ao poder letal da culpa individual. A primeira morte, em certo sentido, não é realmente a morte. Jesus chamou-a sono. Considera, por exemplo, a menina que Jesus ressuscitou. Quando ele se aproximou da casa da menina, depois de ter sido convidado a vir e curá-la, Jesus disse aos enlutados: "Não choreis; não está morta, mas dorme " (Lucas 8:52). Nota que Jesus não se limitou a dizer que a menina estava a dormir, mas Ele deu um passo adiante. Ela "não está morta," Ele afirmou claramente. Não entendendo o que Ele dizia, "riam-se dele, sabendo que estava morta" (Lucas 08:53), mas Jesus não estava errado no seu diagnóstico. Ele sabia que a menina estava morta no sentido da primeira morte, mas Ele também sabia que ela não estava morta no sentido final da segunda morte. Para demonstrar o que dizia, Jesus simplesmente despertou a menina do seu sono da primeira morte. tão ele só pode salvar-nos da primeira morte e ainda temos que enfrentar nós mesmos, a segunda. No entanto, a gloriosa boa notícia é que Jesus enfrentou a realidade completa, horrível, da segunda morte. Presta atenção enquanto Jesus e seus discípulos entram no Jardim do Getsémani. Algo surpreendente está prestes a acontecer. Não, isso seria um eufemismo. Algo muito mais do que surpreendente está prestes a acontecer. Toda a história está prestes a convergir para um único ponto de destino, para o qual cada dia e cada evento avançaram implacavelmente. Agora mesmo, no curto espaço de tempo que se segue, a revelação auge do amor de Deus vai culminar no sofrimento e morte de Jesus. E o mundo, na verdade o universo, nunca mais será o mesmo. Observa. Quando a Bíblia diz que "o salário do pecado é a morte" (Romanos 6:23), não significa apenas a primeira morte. Quando a Bíblia diz a respeito de Jesus que "Cristo morreu por nossos pecados" (1 Coríntios 15:3) e que Ele foi para a cruz para que Ele "provasse a morte por todos" (Hebreus 2:9), não significa apenas a primeira morte. O salário final do pecado é a segunda morte. Logicamente, Jesus só pode salvar-nos da que Ele sofreu e conquistou para nós. Se Jesus só experimentou a primeira morte, en- Jesus está a cambalear sob o peso de algum peso invisível. Os discípulos podem ver que algo está errado. Jesus explica o que está a acontecer com ele: "A minha alma está cheia de tristeza até a morte" (Mateus 26:38). Aqui Ele abre à nossa compreensão a natureza do Seu sofrimento. Observa que Ele usou a mesma palavra que tinha empregado anteriormente para descrever a segunda morte como distinta da primeira morte: "E não temais os que matam o 51 corpo e não podem matar a alma. Temei antes aquele que é capaz de destruir a alma e o corpo no inferno." Mais uma vez, a palavra aqui traduzida como "alma" é psique no texto grego e é precisamente a palavra que Jesus usa agora para comunicar o que Ele está a passar. No Getsémani, Jesus diz que Ele está a morrer ao nível psicológico do Seu ser. Ele está a morrer de dentro para fora, sob o poder letal do nosso pecado e culpa. levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores." Isto não é nada menos do que surpreendente, porque significa que Jesus entrou no reino obscuro do nosso pecado e vergonha. Ele levou tudo para a Sua própria consciência como se Ele fosse o culpado em vez de nós. A partir de Getsémani, Jesus é levado para a cruz. Sim, pregos foram martelados através de Suas mãos e pés. Sim, o Seu corpo foi torturado. E, no entanto, Ele nunca disse uma palavra sobre a dor física, porque o Seu sofrimento mental era tão intenso que quase eclipsou a Sua dor física. Absorve cada linha desta declaração surpreendente de Ellen White: Ainda nenhum abuso físico foi infligido sobre Ele. No entanto, Jesus está a morrer! Nenhum sangue foi ainda extraído da sua carne pela violência, e no entanto, Ele está a sangrar! Lucas diz-nos: "E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão" (Lucas 22:44). Ele está a sangrar pelos poros devido ao intenso stress interno que a vergonha do nosso pecado lhe está a impor. Isaías 53 oferece uma visão surpreendente sobre o que Jesus sofreu por nós. Observa o versículo 6: "Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos." Então, o versículo 10 diz que a “Sua alma" foi feita "uma expiação do pecado." E, finalmente, olha para o versículo 12: "porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas Ele “Muitos sofreram a morte por torturas lentas; outros a sofreram mediante crucifixão. Em que difere destas, a morte do querido Filho de Deus? É verdade que Ele morreu na cruz morte por demais cruel; todavia outros, por amor dEle, sofreram igualmente no tocante à tortura física. Por que então foi o sofrimento de Cristo mais terrível do que o de outras pessoas que deram a vida por amor dEle? Consistissem os sofrimentos de Cristo apenas em dores físicas e Sua morte não seria mais dolorosa do que a de alguns dos mártires. O sofrimento físico, porém, não foi senão pequena parte da agonia do amado Filho de Deus. Os pecados do mundo achavam-se sobre Ele, bem como o senso da ira de Seu Pai enquanto Ele padecia o castigo da lei transgredida. Estas coisas é que Lhe esmagavam o coração divino. Foi o ocultar-se o semblante do Pai — um senso de que o próprio e amado Pai O havia abandonado — que Lhe trouxe desespero. A separação causada pelo pecado entre Deus e o homem foi plenamente avaliada e vivamente sentida pelo inocente e sofredor Homem do Calvário. Ele foi oprimido pelos poderes das trevas. Não tinha um único raio de luz a aclarar-Lhe o futuro.” (Testemunhos para a Igreja, Vol. 2, p. 214). poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai" (João 10:17,18). E no Getsémani Ele disse a Pedro: “Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?” (Mateus 26:53). Não percas o que tudo isto significa. Jesus enfrentou a perspetiva da morte eterna, e mesmo assim, por amor da tua alma e da minha, Ele não recuou. Ele estava literalmente disposto a morrer para sempre e não mais regressar ao convívio do Seu Pai, para nos salvar. Não admira que Paulo chame ao que aconteceu no Calvário, "o amor de Cristo, que excede todo o entendimento" (Efésios 3:19). Quando Jesus deu a Sua vida na cruz, Ele demonstrou com clareza e beleza surpreendentes que Deus literalmente ama todos os outros mais do que a Sua própria existência. Esta é a verdade incrível que a compreensão Adventista do Sétimo Dia da morte e do inferno abre à vista. Esta é a verdade que as falsas doutrinas da imortalidade natural e do tormento eterno impedem que seja vista. Alguém vai dizer: "Mas Jesus não poderia ter experimentado a segunda morte, porque a segunda morte é a destruição eterna, da qual não há ressurreição." Ah, mas aqui está a gloriosa boa notícia: Jesus não se limitou a experimentar a segunda morte. Ele conquistou-a quando Ele a experimentou. Uau! A dor física era apenas uma pequena parte da agonia do amado Filho de Deus? Ele não tinha um raio de luz para iluminar o futuro? O que significa isto? O que sofreu na verdade Jesus por mim e por ti? Ellen White explode as nossas mentes com esta visão mais profunda: "O Salvador não podia ver para além dos portais do sepulcro. A esperança não Lhe apresentava a Sua saída da sepultura como vencedor, nem Lhe falava da aceitação do sacrifício por parte do Pai. Temia que o pecado fosse tão ofensivo a Deus, que a Sua separação houvesse de ser eterna" (O Desejado de Todas as Nações, p. 753). Pedro declarou: "Ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela" (Atos 2:24). Observa a linguagem aqui: "não era possível" para a morte reter Jesus. Mas porquê? Por uma razão simples e profunda: " Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei" (1 Coríntios 15:56). Mas Jesus nunca pecou. Debaixo das mais ferozes tentações para se salvar a Si mesmo, Ele continuou a amar-nos a todos qualquer que fosse o custo para Si mesmo. Esse amor altruísta, mantido com integridade intacta do Getsémani ao Calvário, constituiu perfeita harmonia com a lei de Deus. Unica- Assombroso! Durante um longo período de tempo, uma vez que a nossa culpa envolveu o Seu coração em escuridão emocional impenetrável, Jesus não poderia ver a vida para si mesmo além do túmulo. Mas aqui está a coisa incrível: Ele não estava preso. As Suas costas não estavam contra uma parede sem saída. Há duas coisas que Jesus disse antes da cruz que indicam que Ele não estava preso: “Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho 52 53 mente por amor, Jesus triunfou sobre a segunda morte. Portanto, era impossível que a segunda morte o fizesse cativo. A Sua ressurreição é a prova da sua vitória sobre o pecado, a nossa culpa e a nossa morte. Como pode Ele amar-me tão profundamente, tão apaixonadamente, tão abnegadamente? Deus é realmente assim? Pode realmente ser que o Deus Todo-Poderoso do Universo seja assim tão incrivelmente bonito? Lágrimas vêm aos meus olhos e adoração brota no meu coração quando o verdadeiro significado do sacrifício do Salvador desponta na minha mente. O calvário responde com um sonoro sim! PARA DISCUSSÃO Qual é a tua reação interna a esta mensagem? É isto o mesmo ou diferente das tuas ideias anteriores da morte e julgamento? Explica. O autor fala de culpados que enfrentam "as violações relacionais que cometeram". O que acha que ele quer dizer com isso? Poderiam esses ser os pecados mais importantes? Por quê ou por que não? Adicionar alguma coisa ou decorar o teu modelo octagonal se desejares. Tu já confessaste realmente a Deus, de coração, os pecados que tu cometeste? Se não, tu ainda podes fazê-lo. Se assim for, já aceitaste de todo o teu coração que Jesus cobriu esses pecados completamente e que o teu perdão é tão completo como se tu nunca tivesses pecado? O que te pode ajudar a aceitar isto completamente? Materiais necessários: 1. Várias pen drives, discos rígidos, DVDROMs, etc. Passa-os de mão em mão e discute como eles são úteis. Será que eles "sabem" alguma coisa? Eles podem fazer alguma coisa? O que seria necessário para torná-los úteis novamente? São estes materiais, ou não, como a morte? Cita algumas maneiras específicas como podes transmitir a outros o dom glorioso do perdão total. 2. Qualquer um dos filmes sobre a vida de Jesus na cena do Getsémani. Vejam juntos e em seguida discutam a vossa resposta emocional (não intelectual!). 54 # DIA 7 O TEMPO DO FIM AMOR NÃO COERCIVO C omo Adventistas do Sétimo Dia, somos um povo da profecia bíblica do tempo do fim, ou o que os teólogos chamam de "escatologia". Primeiro, acreditamos que o movimento de que fazemos parte foi predito na profecia bíblica. Em segundo lugar, acreditamos que estamos a viver a fase final da história humana. Estas são grandes reivindicações que têm o potencial tanto de iluminar como de escurecer a mente das pessoas, dependendo de como as comunicamos. Ellen White discerniu que há um perigo potencial que temos de evitar deliberadamente na nossa pregação dos acontecimentos dos últimos dias: heço nem amo a Deus. Estou apenas numa viagem de auto-preservação. Embora possa parecer que eu estou a servir a Deus, eu estou realmente a servir a mim mesmo. Há apenas um motivo legítimo para servir ao Senhor. Nas palavras de Ellen White: "Jesus é atraente." O Seu amor é o motivo de ação que precisamos manter em foco enquanto pregamos a profecia do fim dos tempos. A beleza atraente do Seu caráter, quando a vemos, move-nos de dentro para fora! Ouve o Rei Davi sobre esta matéria: “Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor, todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e inquirir no seu templo. Porque no dia da adversidade me esconderá no seu pavilhão; no oculto do seu tabernáculo me esconderá; pôr-me-á sobre uma rocha.” (Salmo 27:4,5). “A falta de tempo é frequentemente instada como um incentivo para buscar a justiça e fazer de Cristo o nosso amigo. Isso não devia ser o grande motivo connosco porque sabe a egoísmo. É necessário que os terrores do dia de Deus sejam mantidos perante nós, para que possamos ser obrigados a ação correta através do medo? Não deveria ser assim. Jesus é atraente. Ele está cheio de amor, misericórdia e compaixão. Ele propõe-se a ser nosso amigo” (Signs of the Times, março 17, 1887). Observa que o foco de David não está no tempo de angústia, mas sim na beleza do caráter de Deus. No contexto desse foco, ele tem um senso de confiança, e não de medo, em relação ao tempo de angústia. Isso é que é uma perspetiva saudável sobre o tempo de angústia, e todos os eventos do fim dos tempos! Cada um de nós tem de se perguntar se consegue identificar-se com os sentimentos de Davi para com Deus. Estamos cativados pela "beleza" do caráter de Deus? Se não, precisamos fazer disso a nossa maior prioridade afim de obtermos uma visão do amor de Deus tão verdadeira e clara ao ponto de sermos arrebatados pelo amor do nosso incrível Criador. Fora deste contexto vivencial, os eventos dos últimos dias só podem despertar medo nos nossos corações frágeis. Que advertência perspicaz e necessária para um povo chamado a anunciar a profecia do fim dos tempos! Os pregadores não devem apresentar a profecia bíblica de uma forma que desperte medo. O propósito de Deus em revelar os eventos do fim dos tempos não é para nos assustar, mas para nos preparar; não para nos afastar, mas para nos atrair; não para impor ansiedade em cima de nós, mas para gerar esperança e paz dentro de nós. Se eu tentar acertar contas com Deus porque o tempo é curto, eu realmente não con- Ser-nos-á impossível interpretar corretamente os eventos do fim dos tempos, se permitirmos 55 que esses eventos eclipsem Jesus. Fazê-lo, distorce inevitavelmente o quadro escatológico numa mescla desfigurada de especulações baseadas no medo e em falsos alarmes, pensadas com o propósito de levar as pessoas a um estado de euforia acerca de previsões sobre o futuro, em vez de se firmarem em Cristo como a sua segurança. Qual é a dinâmica central que podemos esperar que se revele nos eventos finais da história humana? Jesus dá-nos a resposta em João 16:1-4: “Tenho-vos dito estas coisas para que vos não escandalizeis. Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus. E isto vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a mim. Mas tenho-vos dito isto, a fim de que, quando chegar aquela hora, vos lembreis de que já vo-lo tinha dito”. Uma fixação nos eventos do fim dos tempos, acaba por desenvolver um apetite doentio em expor os “maus da fita”, aumentando a ameaça de perigo, e conduzindo as pessoas para sentimentos de incerteza sobre se vão ou não conseguir sobreviver aos tempos de angústia. A escatologia é uma parte vital da nossa mensagem - isso é uma certeza. Mas, como em todas as nossas doutrinas, ela só serve o seu propósito - estabelecido por Deus - quando permitimos que funcione como uma janela através da qual podemos discernir o amor de Deus. Uau! Não percas o que Jesus nos está a dizer aqui, porque é extremamente significativo. Essencialmente, Ele diz: "Isto é o que vai acontecer no fim do mundo: haverá aqueles que possuem uma imagem de Deus que vai levá-los a matar em nome de Deus. A sua construção teológica vai ditar ações violentas. Eles vão-se envolver numa campanha de perseguição em massa, sempre imaginando que estão a servir a Deus enquanto fazem isso." Mas se eles conhecessem a Deus como Deus realmente é, nunca iriam exercer força em nome Dele. Consegues ver as implicações? Isto significa que a questão mais importante que tu e eu precisamos de abordar é a imagem do caráter de Deus Vamos então abordar os eventos do fim dos tempos a partir dessa perspetiva e ver o que descobrimos. A Dinâmica Central dos Eventos Finais Vamos começar a nossa exploração da escatologia com uma pergunta simples: que temos em nossos corações. Isto também significa que uma revelação exata do caráter de Deus é a mensagem que temos de ser apaixonados por dar ao mundo! gar, e nele queimaram incenso a outros deuses, que nunca conheceram, nem eles nem seus pais, nem os reis de Judá; e encheram este lugar de sangue de inocentes. Porque edificaram os altos de Baal, para queimarem seus filhos no fogo em holocaustos a Baal; o que nunca lhes ordenei, nem falei, nem me veio ao pensamento” (Jeremias 19:4,5). Porquê? Porque, de acordo com Jesus, nós seres humanos estamos sujeitos a interpretar mal o caráter de Deus de uma forma que nos permita justificar exercer coerção em Seu nome. Na verdade, esta é a perspetiva teológica prevalecente que tem dominado a história humana e que levou a muita da violência que tem caracterizado a saga obscura do nosso mundo. Nas formas pagãs antigas, as pessoas acreditavam que Deus exigia que sofressem para aplacar a Sua ira. Às vezes, isso significava fazer certas ações para infligir danos a si mesmo. Outras vezes, isso significava a realização de um conjunto de atos prescritos por líderes religiosos. Podia também significar ir à guerra em nome de Deus e outras vezes até mesmo oferecer um sacrifício humano. Isto é o que podemos chamar de teologia do apaziguamento. Repara na última frase: "nem me veio ao pensamento." A teologia de apaziguamento é completamente estranha à natureza de Deus, mas está profundamente enraizada na psique humana, porque é o produto natural da nossa culpa. O nosso sentimento de vergonha levanos a interpretar as coisas más que nos acontecem como punições arbitrárias de Deus, que por sua vez nos leva a buscar o favor de Deus por meio de sacrifício nas mais variadas formas. Agora pensa nisto com muito cuidado, porque estamos prestes a ter como que uma tremenda revelação sobre a questão mais profunda envolvida no desenrolar dos acontecimentos finais. Na verdade, Jesus foi crucificado por pessoas religiosas que tinham como premissa o conceito de salvação pelas obras e a visão de um Deus que precisa de ser apaziguado. Os líderes religiosos perceberam que estavam a perder o controle do povo para Jesus. Com base numa lógica de apaziguamento, eles tomaram uma decisão calculista e pragmática que surgiu naturalmente a partir da imagem distorcida que tinham de Deus: "Nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação" (João 11:50). A ideia básica é muito simples e terrivelmente sombria: que a postura básica de Deus para com os seres humanos é de condenação e ira, e que Ele nos aflige com juízos destrutivos, a menos e até que ofereçamos algum tipo de sacrifício para aplacar sua ira. A busca de apaziguamento pode assumir a forma de atos individuais de penitência: humilhação emocional, automutilação física, pagar dinheiro a uma igreja, ou realizar um conjunto de atos estabelecidos por um sistema religioso. Eles imaginavam que matar Jesus evitaria o desastre que anteviam vir em sua direção. Da mesma forma, de acordo com Jesus, a campanha final de perseguição da história humana será alimentada por uma imagem distorcida de Deus, que permitirá que os perseguidores racionalizem que estão a servir a Deus por meio de seu sistema político-religioso coercivo. Jesus disse claramente o que se passa quando as pessoas procuram forçar os outros em nome de Deus: "E isto vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a mim." Noutras palavras, conhecer Pode assumir a forma de uma cruzada contra uma qualquer organização que ocupe o lugar de “bode expiatório”, na qual uma pessoa ou um grupo de pessoas ser torna no “sacrifício” que se oferece a Deus. No entanto, o Deus da Bíblia - o único e verdadeiro Deus - disse explicitamente ao antigo Israel que Ele não é um Deus que pede apaziguamento: “Porquanto me deixaram e alienaram este lu56 57 a Deus como Deus realmente é, afasta o uso de coerção em Seu nome. o seu Filho unigénito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16). Incrível! Dar, define totalmente o modo de existência de Deus. Agora entendemos a questão que vai desempenhar um papel central no desenrolar nos eventos finais da história humana. Quando o mundo estiver finalmente dividido entre perseguidores e perseguidos, cada pessoa vai agir de acordo com a imagem que tem de Deus. Na cruz, Deus deu-se a Si mesmo até ao ponto do sofrimento e da morte, a fim de demonstrar o Seu amor por nós, e que o amor é o poder, o verdadeiro e único poder, que Ele exerce para a nossa salvação. A cruz revela que Deus está interessado em atrair os seres humanos a Si unicamente através do poder atrativo do Seu amor. Por outro lado, Ele não está interessado em mudanças exteriores em resultado de qualquer pressão coerciva. Jesus também aplicou o princípio do amor não coercivo nas relações humanas em geral e nas relações da igreja em particular. Olha para Mateus 20:2528: Agora vamos um pouco mais fundo. Um tipo diferente de poder Em Mateus 24 Jesus delineou uma lista do que chamamos "sinais" do fim dos tempos. No versículo 14, Ele nomeou o derradeiro e mais importante de todos: "E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim." Quando Jesus disse estas palavras, Ele estava a usar uma linguagem muito específica e familiar para o povo do Seu tempo. Ao usar a palavra traduzida como "evangelho", que é euaggelion no texto grego, Ele estava a empregar o termo comum no contexto das vitórias militares. Quando um antigo império vencia uma batalha pela força das armas, euaggelion era a palavra usada para anunciar a "boa notícia" da vitória. Jesus decidiu então usar deliberadamente a palavra comum para falar de vitória militar, mudando o seu significado, a fim de sinalizar a chegada de um novo tipo de reino com base num novo tipo de poder. O seu reino não pode ser comparado a nenhum outro. É, na verdade, totalmente oposto às estruturas de poder do nosso mundo. “Então Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal; E, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo; Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos”. Isto é o que Jesus pretendia que Sua igreja fosse, como Ele queria que ela funcionasse. E através da Sua igreja, era assim que Ele queria que o mundo visse o Seu caráter. Jesus é decididamente “pró-liberdade” e “anti-força”. A Sua vida, morte e ensinamentos colocaram em cena um sistema relacional caracterizado por uma dinâmica muito mais de “submissão” do que de “autoridade e domínio” na maneira de nos relacionarmos. O Seu reino é diametralmente oposto à ideia de imposição teológica, emocional ou de coerção sobre os seres humanos, em assuntos relativos à sua relação individual com Deus. Depois de Jesus ter par- Jesus veio ao nosso mundo e fundou a Sua igreja com base no princípio do amor não coercivo. Na linguagem popular do seu tempo, ele chamou à dinâmica relacional do Seu reino, "ágape". Para descrever a forma mais radical de atuação deste princípio, Jesus disse: "Porque Deus amou (ágape) o mundo de tal maneira que deu 58 tido deste mundo, tendo estabelecido a Sua Igreja na premissa do que poderíamos chamar de dinâmica relacional “amor em liberdade”, os Seus discípulos fizeram o Seu reino (tão distinto dos valores envolventes) avançar de duas maneiras: (a) pela pregação do evangelho, ou as boas notícias do amor não-coercivo de Deus como o único fundamento legítimo para o relacionamento humano com Deus e (b) vivendo o seu amor dentro da igreja como uma comunidade da aliança, o que significa que homens e mulheres só se juntavam à igreja na premissa de uma resposta voluntária ao Amor de Deus. zia conforme a sua vontade, e se engrandecia. E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha um chifre insigne entre os olhos. E dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, ao qual eu tinha visto em pé diante do rio, e correu contra ele no ímpeto da sua força. E vi-o chegar perto do carneiro, enfurecido contra ele, e ferindo-o quebrou-lhe os dois chifres, pois não havia força no carneiro para lhe resistir, e o bode o lançou por terra, e o pisou aos pés; não houve quem pudesse livrar o carneiro da sua mão. E o bode se engrandeceu sobremaneira; mas, estando na sua maior força, aquele grande chifre foi quebrado; e no seu lugar subiram outros quatro também insignes, para os quatro ventos do céu. E de um deles saiu um chifre muito pequeno, o qual cresceu muito para o sul, e para o oriente, e para a terra formosa. Não era suposto a igreja ser um sistema civil, impondo as suas crenças por meio de lei, mas sim um sistema com base numa aliança, estabelecendo a atraente beleza do caráter de Deus como um convite ao qual todos eram livres de dizer sim ou não. Assim que entendemos que o amor não-coercivo é o princípio fundamental do evangelho, estamos preparados para discernir, por outro lado, que todo o sistema político e religioso que tenta usar a força em nome de Cristo é, de facto, anti-Cristo. E isto leva-nos até às profecias de Daniel e Apocalipse. Repara no padrão crescente de autoexaltação que Daniel descreve: Daniel e Apocalipse Daniel e Apocalipse contam a história de Jesus conquistando o engano e a força com verdade e amor. Este é o conceito chave que atravessa a profecia bíblica. Se não compreendemos isto, perdemos o sentido da sua existência. • "ótimo" • "muito bom" • "muito grande" E repara também na linguagem de poder e de violência: • "com poder furioso" Vamos por partes. • "confrontar" Daniel mostra-nos uma série de impérios mundiais. Cada um procura reforçar a sua pretensão de superioridade por meio de força bruta, e cada um deles inevitavelmente cai no domínio de outro. Daniel descreve o ciclo autodestrutivo da violência em Daniel 8:4-9: • "movido com raiva" • "atacado" • "lança-o ao chão" • "pisou-o" “Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte e para o sul; e nenhum dos animais lhe podia resistir; nem havia quem pudesse livrar-se da sua mão; e ele fa- Cada reino avança sobre o outro por meio da força. Descrevendo o último reino na linha profética, Daniel diz isto nos versículos 24-25: 59 “E se fortalecerá o seu poder, mas não pela sua própria força; e destruirá maravilhosamente, e prosperará, e fará o que lhe aprouver; e destruirá os poderosos e o povo santo. E pelo seu entendimento também fará prosperar o engano na sua mão; e no seu coração se engrandecerá, e destruirá a muitos que vivem em segurança; e se levantará contra o Príncipe dos príncipes, mas sem mão será quebrado”. fê-lo por todos nós enquanto seres humanos rebeldes e caídos. Permitiu que descarregássemos a nossa raiva sobre Ele, mas continuou a amar-nos. Jesus cumpriu esta profecia entregando-se a Si mesmo, sem resistência, ao poder combinado da igreja e do estado. O sistema religioso judaico e o poder político de Roma, unidos para matar Jesus. Surpreendentemente, Ele foi crucificado por uma aliança Igreja-Estado. O mais surpreendente é que, sendo Deus, Ele tinha na verdade poder sobre eles, mas submeteu-se livremente à sua violência. Em João 10:18, Jesus disse: "Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou". Em Cristo, temos diante de nós o rei do universo a conquistar os reinos do nosso mundo. Mas como é que ele o faz? Sacrificando-se ao nosso ódio e raiva! Tal como acontece com os reinos que o precederam, destruição e engano são os meios pelos quais este reino se exalta a si mesmo. Mas, em seguida, Daniel mostra-nos algo novo, algo totalmente diferente. Este poderoso sistema conquista tudo à sua passagem até que ele sobe "contra o príncipe dos príncipes", que é o Messias. Em Jesus, a autoexaltação encontrou o seu correspondente, mas não da forma como poderíamos pensar. Quando este reino vem de encontro a Jesus, Daniel diz que ele será "quebrado sem mão humana". Noutras palavras, Jesus não conquista na base dos mesmos princípios usados pelas estruturas de poder humanos. Ele opera segundo princípios que são diametralmente opostos aos princípios utilizados pelos reinos deste mundo. Eles usam engano e força. As Suas armas são a verdade em amor. A natureza humana e todos os reinos do nosso mundo operam na premissa de autopreservação a todo custo. Matar ou morrer. Olho por olho. Golpe por golpe. Tu bateste-me, eu vou-te bater também. No capítulo 9, Daniel dá-nos uma descrição mais detalhada do caminho do Messias para a vitória, e é espantosa. Observa o versículo 26: "será cortado o Messias, mas não para si mesmo". E o versículo 27: "E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação". Esta é uma profecia que prediz a morte abnegada de Jesus. O único e verdadeiro rei do mundo voluntariamente daria a sua vida no Calvário "mas não para si mesmo". E quem tem a força bruta superior, ganha. Jesus vem a este sistema de violência cíclica e faz algo completamente oposto à natureza humana: diante do mal, Ele ama. Pedro explica em 1 Pedro 2:23, 24: "O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente; Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados." Só o amor pelos inimigos tem o poder de esmagar a inimizade e de fazer nascer uma nova dinâmica relacional. E isso é precisamente o génio curador da cruz. O que vemos Poderoso! Daniel quer fazer-nos entender que o Rei Jesus opera através de um poder de natureza distinta. Jesus foi à cruz em favor dos Seus inimigos, 60 revelado em Jesus é um amor que não pode ser superado pelo ódio e pela violência. Todas as forças que se opõem ao amor são esmagadas pelo Seu amor! Não importa o que lhe fizermos, Ele nunca vai parar de nos amar. Quando nos confrontamos com o amor de Deus, estamos diante de uma força mais poderosa do que a força bruta. Podemos descarregar a nossa raiva sobre Ele até que se quebre, mas ela não vai quebrá-Lo. Ele tão simplesmente olha com perdão para as nossas mãos ensanguentadas, para a nossa respiração exausta e para os nossos olhos irritados, até que sejam dominados pelo Seu amor ou que fiquem irremediavelmente em conflito com Ele. Esta é a mensagem central das profecias de Daniel. Quando chegamos ao livro do Apocalipse, vemos o desenlace da mesma história: o amor a conquistar o mal. João abre o Apocalipse dizendo-nos que a Estrela do livro salva e governa através do Seu amor abnegado: “Graça e paz seja convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do seu trono; E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogénito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém” (Apocalipse 1:4-6). João quer fazer-nos entender que Jesus é um Rei como nenhum outro. O Seu domínio decorre do facto de que Ele deu a Sua vida por nós. Esta mensagem torna-se mais clara quando João descreve o que está a acontecer na sala do trono do universo. Vamos ler Apocalipse 5:6,7: “E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro animais viventes e entre os anciãos 61 um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete pontas e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda a terra. E veio, e tomou o livro da destra do que estava assentado no trono.” Agora observa os versículos 11-13: “E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares, que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças. E ouvi a toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que estão no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre.” Jesus é o centro da atenção e louvor precisamente porque Ele deu a Sua vida por nós. É contra este pano de fundo de vitória através da abnegação, que o Apocalipse traz à vista olência só serve para perpetuar o ódio e a violência. Força gera força. Enquanto cada ato de violência for respondido com mais violência, o ciclo, literalmente, nunca vai terminar, a não ser pela destruição completa de ambos os lados. Em Apocalipse 13, encontramos a besta que sobe do mar e a besta que sobe da terra, o Catolicismo Romano e a América Protestante. A profecia adverte-nos que estes dois poderes acabarão por se unir para impor ao mundo a "marca da besta". Leis de adoração serão promulgadas que tentarão coagir a consciência em nome de Deus. A liberdade religiosa acabará por ser anulada e a besta como um cordeiro "falará como um dragão." A América protestante vai tornar-se o “motor” político que vai trazer ao mundo uma crise de consciência individual e de caráter. O sistema irá ditar que "ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome." (versículo 17). Noutras palavras, o sistema irá alavancar o seu poder económico contra todos os que resistirem à sua posição dominante. os eventos finais da história. Em contraste com o Único que salva e governa pelo poder do amor não-coercivo, João adverte que "o grande dragão", essa "antiga serpente, chamada o Diabo e Satanás", vai travar uma guerra contra Jesus e Seus seguidores (Apocalipse 12:9). O ponto marcante da história é posto em foco nítido em Apocalipse 12:11: "E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte." A mensagem é clara. O povo de Jesus vai superar a força do sistema de perseguição de Satanás no tempo do fim, respondendo com o amor de Cristo em vez de retaliação. Na história de Jesus, os verdadeiros vencedores vencem ao perder, porque o amor não violento é o princípio “secreto” e profundo da verdadeira conquista. Amor que se recusa a responder ao mal com o mal! Amor que se submete ao abuso em vez de recorrer ao abuso! Amor que preferiria morrer a ter que odiar os inimigos! Existem dois tipos de poder em exibição no Apocalipse: o Poder do Cordeiro contra o Poder Responder ao ódio e à violência com ódio e vi- do Dragão. O poder aplicado por Satanás e os sistemas terrestres que seguem a sua liderança é o da força. Em total contraste, o poder utilizado por Jesus é o amor abnegado. Amor versus força! Esta é, em poucas palavras, a história completa de Daniel e Apocalipse. E se esta é a história, então a questão crucial que vem ao coração de cada um de nós, é simplesmente esta: Tu e eu realmente conhecemos Jesus como a verdadeira revelação do caráter de Deus? Quando os eventos finais da história E é neste contexto que o mundo vai acabar. PARA DISCUSSÃO Partilha algumas histórias de situações em que tenhas sido tentado a usar a coerção, ainda que chamando-lhe amor, ou que tenhas visto outros a fazê-lo. Qual foi o resultado? Qual achas que é a solução? É possível ir longe demais na direção contrária e tornarmo-nos meros “capachos”, ao nos tentarmos "submeter ao abuso” em vez de abusar? Quais poderão ser algumas salvaguardas contra isso? É possível os Adventistas caírem na armadilha de tentar obrigar outros (dentro ou fora da igreja) a acreditar ou agir de determinadas maneiras? Como podemos enfrentar e mudar isso sem usarmos nós mesmos a força? De que formas agiste de acordo com a "tua imagem de Deus" durante o último mês? Adicionar alguma coisa ou decorar o teu modelo octagonal se desejares. Em grupo, encontrem algum exemplo que tenham testemunhado por parte de um grupo ou de um indivíduo, que sendo Adventista considerem ter agido numa lógica de coerção para levar as pessoas a acreditar ou agir de alguma maneira. Percebam que isto é quase sempre feito com a melhor das intenções: quais poderão ser essas intenções? 62 se desenrolarem sobre o mundo, cada um de nós irá revelar a imagem de Deus que construi. Cada um de nós vai ou não ficar com aqueles que violam o princípio da liberdade religiosa, a fim de se preservarem a si mesmos, ou vai ou não ficar fiel à liberdade de consciência em harmonia com o amor não coercivo de Deus. 63 Agora pensem em pelo menos duas maneiras que esse mesmo grupo ou pessoa poderia ter usado para aplicar a lógica do amor nãocoercivo, e qual pensam seria o resultado dessa abordagem? Reflitam também sobre qual deveria ser a resposta dessa pessoa ou grupo, se aquele(s) a que se dirige optar por não seguir o caminho de Deus. Agora ... como podem usar isto na vossa própria vida? Sejam específicos. # DIA 8 A 2ª VINDA AMOR COM SAUDADE C e o ouve, alegra-se muito com a voz do esposo. Assim, pois, já este meu gozo está cumprido. É necessário que ele cresça e que eu diminua." (João 3:29,30) amores; e estendi sobre ti a aba do meu manto, e cobri a tua nudez; e dei-te juramento, e entrei em aliança contigo, diz o Senhor DEUS, e tu ficaste sendo minha.” Entendeste isto? É simplesmente incrível que o Criador Omnipotente do Universo seja o tipo de Deus capaz de contar uma história como esta! Ele, obviamente, quer fazer-nos entender e sentir alguma coisa. Vamos assimilar a imagem. Então, Deus encontra um bebé abandonado num campo, nu, ensanguentado e sujo. O cordão umbilical está pendurado no seu corpo, como se a criança tivesse sido arrancada do útero sem qualquer compaixão. "Não se apiedou de ti olho algum", diz Deus. Outra versão diz: "Ninguém te amou." Que gráfica e reveladora representação da nossa situação terrível como seres humanos. Percebemos aqui que falta de amor é o que define a nossa condição caída. João chamou Jesus "o esposo", e ele se identificou como "o amigo do esposo", ou aquele que chamamos "o padrinho". omo Adventistas do Sétimo Dia, a verdade bíblica da segunda vinda de Jesus está integrada no nosso nome, o que é muito bom, como estamos prestes a descobrir. A palavra "advento" significa simplesmente "chegada". Quando dizemos que somos Adventistas, estamos a identificarmo-nos como um povo que preza a esperança mais brilhante que se possa imaginar. O nosso nome declara que o mesmo Jesus que veio ao nosso mundo há 2000 anos, nascido de Maria em Belém, crucificado numa cruz romana, que ressuscitou ao terceiro dia e ascendeu ao céu, vai voltar novamente para acabar com todo o mal e dor e inaugurar um novo mundo de harmonia relacional perfeita. Estamos super familiarizados com a ideia de que Jesus veio ao mundo como aquele que nos salva do pecado e da culpa, e louvamos a Deus por isso, mas aqui é-nos dada uma visão adicional. Não só Ele veio para nos salvar do pecado, Ele também veio para nos atrair para o seu amor. O plano de salvação não se limita a tirar-nos de problemas, leva-nos para o coração de Deus. A nossa redenção tem um objetivo, uma meta e um propósito. Somos libertos de uma situação muito má e levados a uma outra realmente boa. Para fora do pecado e para o amor! Deus não tem apenas piedade de nós, Ele quer-nos com a paixão de um amante que anda atrás de nós. Este é o quadro completo. No entanto, se não formos cuidadosos, estamos sujeitos a perder o porquê da Sua vinda enquanto estamos preocupados em provar como Ele virá. Tradicionalmente, temos dedicado a maior parte do nosso foco evangelístico à maneira como será a Sua vinda, em contraste com a doutrina do arrebatamento secreto*. Sim, precisamos proclamar com clareza a verdadeira forma do retorno de nosso Senhor, mas não em detrimento da razão por que Ele está a voltar. O objetivo da pregação da segunda vinda não deve ser meramente provar o que ela não é, mas sim pintar uma bela e convidativa imagem do que ela é de facto. Enganamo-nos a nós mesmos e ao mundo quando reduzimos a nossa pregação sobre a segunda vinda a uma mera tentativa de provar que o arrebatamento secreto é falso. Na nossa doutrina da segunda vinda temos algumas notícias realmente, realmente, mas realmente boas a proclamar. Como todas as verdades bíblicas, a segunda vinda serve como uma janela para o amor de Deus. Então, vamos espreitar pela janela. Em Ezequiel 16 Deus conta-nos uma história muito emotiva. Observa os versículos 4-8: * Isto é especialmente verdade nos países onde a tradição evangélica é muito forte, como os EUA Amante Celestial Quando Jesus veio a primeira vez, Ele foi especificamente identificado por João Batista como o amante Celestial em busca da Sua amada terrena. Quando os seguidores de João manifestaram ciúmes das pessoas que mudaram a sua atenção dele para Jesus, João teve isto a dizer: "Aquele que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que lhe assiste 64 “E, quanto ao teu nascimento, no dia em que nasceste não te foi cortado o umbigo, nem foste lavada com água para te limpar; nem tampouco foste esfregada com sal, nem envolta em faixas. Não se apiedou de ti olho algum, para te fazer alguma coisa disto, compadecendo-se de ti; antes foste lançada em pleno campo, pelo nojo da tua pessoa, no dia em que nasceste. E, passando eu junto de ti, vi-te a revolver-te no teu sangue, e disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive; sim, disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive. Eu te fiz multiplicar como o renovo do campo, e cresceste, e te engrandeceste, e chegaste à grande formosura; avultaram os seios, e cresceu o teu cabelo; mas estavas nua e descoberta. E, passando eu junto de ti, vi-te, e eis que o teu tempo era tempo de 65 Nós... Precisamos... Amor! Isto é o que Deus vê em nós. O que Ele vê no nosso estado de perdição. E Ele sabe que unicamente o Seu amor pode salvar-nos. Então, Ele diz: "Ainda que estejas no teu sangue, vive; sim, disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive." Estávamos a morrer nos nossos pecados, mas Deus veio e levou-nos nos seus braços, o bebé abandonado que ninguém amava, e Ele comunicou-nos a palavra da vida. Ele diz-nos: "Vive." Então, sob a influência do Seu cuidado carinhoso, o bebé desenvolve-se e cresce até ser uma linda mulher. "Eis que o teu tempo era tempo de amores", diz Deus. Outra versão diz: "E vi que já tinha idade suficiente para amar" (NVI). Uau! Não deixes de ver o coração de Deus aqui. Quando Ele olha para nós, Ele está à procura de algo específico e especial. Ele anseia que pos- samos crescer espiritualmente até ao ponto em que nos apaixonemos por Ele em resposta ao Seu amor por nós. Ellen White percebeu isto. Segundo ela, apaixonar-se por Jesus é o que nós devíamos entender da Bíblia. Vê isto: Força e manipulação são contrárias aos caminhos do amor e, portanto, contrárias ao caráter de Deus, já que "Deus é amor" (1 João 4:8). Então, Ele tem um plano diferente. Através do profeta Oséias, Deus descreveu o Sua forma de atuar. Olha para Oséias 2:14: "Portanto, agora vou atraí-la; vou levá-la para o deserto e vou falar-lhe com carinho." Deus o sedutor! Não é a imagem que a maioria das pessoas visualiza quando pensam em Deus! E mesmo assim ela aqui está, clara como o dia. Deus tem a intenção de nos salvar seduzindo-nos. Esta é uma profecia da vinda do Messias, Jesus Cristo, aquele que João Batista chamou o noivo que tinha vindo para a Terra à procura de sua noiva. Não devemos por isso ficar surpreendidos quando Jesus fala da Sua morte na cruz usando linguagem da atração. Repara em João 12:32: "Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim." “Deves pesquisar a Bíblia; porque ela falate de Jesus. Enquanto lês a Bíblia, vais ver os incomparáveis encantos de Jesus. Vais-te apaixonar pelo Homem do Calvário, e a cada passo tu podes dizer ao mundo: “Seus caminhos são caminhos de delícias, e todas as suas veredas são paz." Tens que apresentar Cristo ao mundo. Podes mostrar ao mundo que tens uma grande esperança de imortalidade.” (Life Sketches, p. 293) Agora volta à história em Ezequiel 16. Quando Deus vê que estamos prontos para o amor, Ele diz: "estendi sobre ti a aba do meu manto, e cobri a tua nudez; e dei-te juramento, e entrei em aliança contigo, diz o Senhor DEUS, e tu ficaste sendo minha." Incrível! O que vemos aqui é basicamente Deus a dizer: "Eu amo-te tanto que quero que sejas a Minha esposa." Deus dá-nos a vida - ou a salvação - amando-nos até nos conduzir à felicidade. Depois, Ele compromete-se com os Seus votos matrimoniais na esperança de que digamos "Sim" e que O amemos também. Este é o objetivo real do plano de salvação. O profeta Oséias abre ainda mais a nossa compreensão sobre este ponto. Ele descreve a condição humana caída como promiscuidade sexual em 2:13: "ela se enfeitou com anéis e jóias, e foi atrás dos seus amantes, mas de mim, ela se esqueceu", declara o Senhor." Todo o pecado é adultério espiritual, porque todo o pecado basicamente se resume a uma falta de amor. Todo o pecador é uma prostituta, perseguindo casos de amor ilícitos com as coisas que deslocam Deus do centro dos seus afetos e paixões. Então, o que vai Deus fazer? Como é que Ele nos vai salvar? Vai forçar-nos? Vai manipular-nos? Não. 66 para uma união eterna que jamais será quebrada, o que é no final de contas o verdadeiro propósito da Sua segunda vinda. Para Estar Connosco Vamos voltar agora a João 14:1-3, olha desta vez para esta famosa passagem sobre a segunda vinda: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.” Na cruz, ao dar a Sua vida em abnegação total, Jesus fez a revelação suprema do Seu amor por nós. E esse amor, se lhe dermos atenção, vai exercer um poder de atração sobre nós. Poder que vai gerar atração em nossos corações em relação a Ele e seduzir-nos ao Seu coração. Agora volta a Oséias 2:16: "E naquele dia, diz o SENHOR, tu me chamarás: Meu marido; e não mais me chamarás: Meu senhor." Que Deus incrível! Este é o ser mais poderoso no universo e ainda assim recusa-se a dominar-nos. Ele não quer um relacionamento de mestre e servo connosco, mas sim uma relação de marido e mulher. Noutras palavras, Ele quer que o amor voluntário seja a força motivadora que define o nosso relacionamento com Ele. Agora que vimos o contexto matrimonial no Evangelho de João, e em toda a Escritura, o que Jesus disse aqui sobre a Sua segunda vinda faz todo o sentido. O que podemos ver neste texto é que Jesus predisse a Sua segunda vinda recorrendo a uma linguagem que invocava os costumes de casamento do Seu tempo. Primeiro, havia a fase de cortejo. Se um homem amava uma mulher, ele iria interagir com ela de tal forma a atraí-la para si mesmo. Uma vez atraída por ele, o casal iria entrar na fase de namoro, conhecendo-se um ao outro e fazendo crescer o amor. Então o homem pediaa em casamento. Se a resposta dela fosse sim, o homem então afastava-se da sua futura noiva com a promessa de voltar para ela. O motivo da sua partida era prático. Ele iria embora para que pudesse preparar um lugar para ela na casa de seu pai. Nos versos 19 e 20 Deus compromete-se a ser o nosso fiel marido espiritual: "E desposar-teei comigo para sempre; desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em benignidade, e em misericórdias. E desposar-te-ei comigo em fidelidade, e conhecerás ao Senhor." Jesus veio ao nosso mundo para o cumprimento dessa profecia. De pé diante de nós com a promessa de fidelidade inabalável, Ele se oferece a nós Noutras palavras, Jesus não se limitou a prometer voltar, Ele prometeu voltar para a Sua noiva. Ele vai voltar à Terra por uma razão: porque ele ama-nos profundamente, apaixonadamente, com genuína saudade e quer passar a eternidade em comunhão íntima connosco. Não deixes de ver o fato de que Ele diz: "virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também." 67 Mais tarde, pouco antes de morrer na cruz, Jesus voltou a dar expressão ao Seu coração em João 17:24: "Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo." "Comigo" Isso é o que Ele quer. O que Jesus deseja é que tu e eu possamos estar "com" Ele. Pensa em alguém com quem gostas de estar, alguém cuja presença tu desejas e aprecias, o teu marido ou esposa, mãe ou pai, o teu melhor amigo. A questão é simples e bonita: nós gostamos de estar com aqueles que amamos. É Isso que somos para Jesus. Ele anseia pela nossa presença, pela nossa amizade, pelo gozo do nosso amor. Quando o apóstolo Paulo fala sobre o casamento, ele usa-o como um trampolim simbólico para descrever o amor de Cristo pela sua Igreja. Vamos ler Efésios 5:25-33: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificandoa com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, amase a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digoo, porém, a respeito de Cristo e da igreja. Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido.” A última frase é essencial: "Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja." Paulo está a dizer que o relacionamento conju- gal coloca diante de nós uma profunda e significativa verdade sobre o nosso relacionamento com Jesus, como Sua noiva eterna. Deus tem algo reservado para nós que vai para além dos nossos mais incríveis sonhos. Algumas coisas têm de ser experimentadas para serem compreendidas. É o caso do nosso casamento com Cristo. Está muito para lá de uma mera compreensão intelectual. É por isso que Paulo lhe chama um "mistério", uma verdade profunda e cheia de significado. Ainda assim, quanto mais completamente nós experimentarmos o amor de Jesus, mais chegaremos a entender a incrível revelação de quem realmente somos no plano de Deus, quem realmente somos para o coração de Deus. Neste momento, estamos na fase de namoro deste relacionamento. Ele está a cortejar e a conquistar-nos, revelando à nossa mente a beleza de Seu caráter para que possamos amadurecer em nosso amor por Ele. A plena perceção da nossa identidade como a noiva de Cristo não vai despontar em nós até ao casamento propriamente dito. Chegaremos a um ponto na história da Salvação, em que a igreja estará espiritualmente "pronta" para entrar no casamento com o seu Senhor. O universo inteiro testemunhará o culminar da nossa preparação e fará o anúncio do casamento. Olha para Apocalipse 19:6-8: “E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! pois já o Senhor Deus Todo-Poderoso reina. Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos.” Toda a história bíblica se dirige apressadamente para um derradeiro momento de beleza triunfal: Jesus a voltar à Terra para receber a igreja como Sua noiva eterna. Shalom Eterna O Cântico dos Cânticos, de Salomão, é uma canção de amor profético que nos coloca diante de uma “janela” ímpar de onde se pode ver o amor de Cristo pela Sua Igreja. Nesta mais épica do que todas as canções de amor, temos um intenso vislumbre do amor matrimonial de Deus pelo Seu povo e de até onde ele finalmente vai chegar. Capítulo a capítulo, versículo a versículo, expressões de afeição são trocadas entre o homem e a mulher. Eles descrevem as virtudes um do outro com destreza lírica. Eles elogiamse um ao outro com exuberância. Eles desejam com paixão estar um com o outro. E quando damos por nós a pensar que esta parece ser apenas mais uma das canções de amor tolas do nosso mundo, tentando perceber porque é que isto veio parar à Bíblia, o ponto culminante do poema tem a mulher a dizer algo muito profundo ao seu homem: “Põe-me como selo sobre o teu coração, como 68 selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, com veementes labaredas. As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, certamente o desprezariam.” (Cântico dos Cânticos 8:6,7) De repente, somos levados a perceber que o amor mais profundo conhecido pelos seres humanos, o que existe entre a noiva e seu noivo, conta-nos a história de amor de Deus por Sua igreja, e a Sua esperança de que nós O amemos também. Ao morrer na cruz, Jesus revelou de facto um tipo de amor que é mais forte do que a morte, um amor que não há força no mundo que possa extinguir. Ainda assim, há algo mais a ter em conta. Há um padrão poético na canção. Sob a influência do Espírito Santo, o Rei Salomão cria um quadro de dois amantes que têm - repara nisto - o mesmo nome. O seu nome é Salomão, que é a forma masculina da palavra shalom em hebraico. Ela é identificada como Sulamita, que é a versão feminina de shalom. Agora nota o seguinte - o amor entre Salomão e a Sulamita atinge o seu ponto culminante quando ela tem esta incrível compreensão em 8:10: "então eu era aos seus olhos como aquela que acha paz." (Cântico dos Cânticos 8:10) Com beleza poética e elevado significado espiritual, a canção revela Salomão cortejando o coração da Sulamita até que shalom define a sua união. Habitualmente traduzimos shalom como "paz". Mas em hebraico, a palavra carrega a ideia de preenchimento completo ou satisfação plena, integralidade, uma sensação de bem estar total a partir do qual nada falta. Na canção, a Sulamita encontra um sentido de perfeita plenitude no amor de Salomão. Ele é o que ela deseja e exatamente o que ela precisa. Envolvida pelo seu amor ela está totalmente realizada. Salomão e a Sulamita são a combinação perfeita. Shalom, a mulher, encontra shalom, a experiência, em Shalom, o 69 homem. Nele ela sente-se em casa, pois ele é o companheiro perfeito para o desejo mais profundo do seu coração. A Bíblia como um todo é a história da correspondência perfeita entre o coração humano e o coração Divino, entre Aquele que é a fonte de todo o amor verdadeiro e aqueles que precisam desesperadamente de Seu amor afim de poderem gozar de plenitude e bem estar eternos. Salomão é um “tipo messiânico” de Jesus. A Sulamita é um “tipo” da igreja. A Salvação é o plano através do qual Jesus atrai os nossos corações de volta para Ele e estabelece shalom eterna entre Ele e nós. E a segunda vinda de Jesus é o momento em que O amante das nossas almas volta para nós, para que possamos estar com Ele para sempre. Isto sim, são boas notícias! Nós somos Adventistas do Sétimo Dia e isso significa que aguardamos ansiosamente pelo regresso de Jesus conscientes que Ele olha para nós com amor saudoso. Ele quer estar connosco. É por isso que Ele vai voltar. A questão é... queremos nós estar com Ele? PARA DISCUSSÃO Como é estar "comprometido" com Jesus e esperar que Ele prepare a sua casa e volte para te buscar? Como vais manter e fazer crescer o relacionamento neste tempo de espera? Será que João Batista realmente diminui, abdicando do seu ministério e “fama” em favor de Jesus? Podemos crescer ou diminuir quando nos submetemos inteiramente a Deus? Sê específico. Leiam Cantares de Salomão 8:6,7 em várias versões da Bíblia e discutam as imagens sugeridas pelo poema. Sentes que estás ligado ao braço de Deus como um selo? Os que se sentirem à vontade para o fazer, partilhem algumas histórias pessoais de momentos e maneiras em que - como ilustra a história de Ezequiel 16 - Jesus te viu "a revolver-te no teu sangue " e criou-te, alimentou-te, e ligoute a Ele mesmo. Consegues reconhecer esse amor e “ciúme” por ti, que são mais fortes do que a morte? Como se podem encorajar uns aos outros a crescer na consciência desta verdade? Faz as alterações finais que desejares no teu modelo da primeira noite. Vais precisar dele para a atividade principal de hoje. na forma de uma oração/promessa acerca da(s) área(s) em que se quer comprometer a buscar e aceitar mais profundamente as promessas de Deus Material Necessário: pequenos pedaços de papel ou cartões de arquivo, lápis, uma cesta ou caixa decorativa, velas e isqueiro, música (ao vivo ou gravada). Coloca a caixa ou cesto e as velas na entrada da sala de culto ou mesmo na zona do púlpito. Podem prever uma iluminação especial, música, e preparar um momento em que o pregador faça um apelo e convide cada pessoa a depositar o seu papel na caixa preparada. Pode ser interessante fazer uma oração de consagração do grupo. Usando o modelo que fizeste na primeira noite, tira um minuto para rever as oito janelas para o amor de Deus: A Trindade, O Grande Conflito, A Lei de Deus, O Sábado, O Santuário, A Morte e o Inferno, O Tempo do Fim, e A Segunda Vinda. Distribui papel e lápis. Dá três a cinco minutos de silêncio para que cada pessoa ore silenciosamente e procure identificar qual destas verdades precisam de compromisso mais profundo na sua vida. Cada pessoa deve escrever Seria útil, se possível, que os membros deste grupo se comprometessem a se apoiar uns aos outros nestas decisões. Isso pode acontecer de várias formas: um pequeno grupo ou Unidade de Ação da Escola Sabatina, um grupo de oração, pelo telefone ou o que cada pessoa desejar. 70 71 CALENDÁRIO 20 - 21 FEV | Escola de Formação JA-Nível III / Norte e Centro 27 - 28 FEV | Escola de Formação JA-Nível III / Lisboa e Sul 12 - 19 MAR | Semana de Oração de Jovens 19 MAR | Dia Global da Juventude LOGOS - Acampamento Bíblico | 29 - 31 JUL IMPACTO Madeira | 4 - 14 AGO CAMPOREE Internacional Desbravadores | 21 - 28 AGO 17 SET | Jornada JA 28 - 30 OUT | Escola de Formação JA-Nível IV REGIÃO NORTE 22 MAI - Atividade de Rebentos 17 - 18 SET - Atividade de Tições 10 JUN / 18 SET - Atividade de Desbravadores 1 MAI / 5 OUT - Atividade de Companheiros 24 - 25 ABR - Atividade de Seniores REGIÃO SUL 5 - 7 MAR - Encontro de Famílias 23 - 24 MAI | Desbr./ Comp./Sen. Torneio de Ping-Pong + Canoagem 26 JUN - Jogos de Água | Reb. /Tiç. REGIÃO CENTRO Formação certificada Primeiros Socorros (Aveiro) 1ª PARTE | 13 - 14 FEV 2ª PARTE | 5 - 6 MAR 24 ABR - Caminhada J.A. - Passadiços do Paiva | Comp. 15 MAI - III Aquaventura | Rebentos 15 MAI - VII Jogos de Água | Tições 26 JUN - IV Aventura no Cabril | Desb. 1 - 3 JUL - Descida do Mondego | Comp. REGIÃO LISBOA E VALE DO TEJO 7 MAI - Convívio de Dirigentes 22 MAI - Passeio de BTT 26 JUN - II JOGOS DE ÁGUA | Rebentos/Tições 8 - 10 JUL - Atividade de Montanha 17 - 18 SET - ADVENTure Challenge III 72