O TRABALHO DO PSICÓLOGO COM GRUPOS TERAPÊUTICOS NAS ENFERMARIAS MASCULINA E FEMININA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO/UFJF. Ivalda Dias Ribeiro* Fernanda Buzzinari Ribeiro de Sá ** Maria Julia de Sá Barbosa e Pereira** Juliana Ferraz de Oliveira Borgati*** Natália de Souza e Costa*** Fernanda Campos Sarchis **** Tânia Mara Silva Benfica**** Resumo: Este trabalho consiste em um projeto de grupos terapêuticos, realizado por profissionais e acadêmicos de psicologia, e voltado para os pacientes internados nas enfermarias feminina e masculina do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora. Fundamenta-se em pressupostos da psicoterapia breve e da psicossomática, psicanalíticas, possuindo um cunho mais terapêutico e focal. Palavras-chave: grupo terapêutico; grupo de enfermaria; grupo focal. Abstract: This work consist of a project of therapeutical groups, carried through for professional and academics of psychologist, and come back toward the patient interned in the infirmaries feminine and masculine of the Hospital Universitário of Universidade Federal de Juiz de For a – UFJF. It is based on estimated of the psychosomatic brief psychotherapy and, the psycanalitica ones, possessing a more therapeutical and focal matrix. Word-Keys: Therapeutical group, group of infirmary, focal group * Psicóloga do Hospital Universitário/HU. Residentes de Psicologia Hospitalar e da Saúde do Hospital Universitário/HU. *** Psicólogas Voluntárias do Hospital Universitário/HU. ** **** Estagiárias de Psicologia do Hospital Universitário/HU. INTRODUÇÃO O corpo humano é simbólico, de forma a configurar, segundo Figueira (1975), dimensões biológica, psíquica, social e cultural. Destarte, quando se adoece não é apenas uma estrutura concreta que está insusceptível, mas uma série de atributos, funções, identidades, significações e propriedades representacionais. Independente do diagnóstico, da evolução conhecida da doença, do prognóstico e dos recursos terapêuticos empregados, cada sujeito dá um curso pessoal ao seu processo de adoecer, atribuindo significados à sua enfermidade, ao seu médico, ao tratamento e a toda situação. Logo, algumas pessoas podem sucumbir emocionalmente frente à doença, prendendo-se a sentimentos negativos, o que intensifica ainda mais o processo de regressão. Por isso deve-se levar em conta, no contexto de hospitalização, o significado particular que o indivíduo guarda sobre a doença e a internação. Assim, é mister considerar que o adoecer orgânico pode gerar um adoecer psíquico, o que está intrinsecamente ligado à experiência de estar doente, às forças de equilíbrio dinâmicas, à estrutura emocional e aos recursos adaptativos do sujeito, bem como à realidade externa. É evidente que cada paciente lida de maneira diferenciada com a doença, podendo ou não fazer uma correlação entre seus sintomas físicos e vida psíquica (Volich, 1999). Outro fator considerável é o panorama do ambiente hospitalar, dominado por uma cultura médica embasada em pressupostos organicistas e desubjetivadores, nos quais, segundo Mello Filho (1992), os profissionais colocam-se frente à doença e não frente à pessoa. Em corolário a esta situação, tem-se o corpo invadido, a privacidade eliminada, e o desenvolvimento de uma nova identidade designada pela equipe de saúde, o que faz com que os pacientes passem gradativamente por um processo de perda de sua identidade social, da sua individualidade e autonomia, além da suspensão de desejos, vontades e relações. Ressalva-se que a maneira com que o sujeito irá lidar com a hospitalização bem como a representação que fará da própria doença são diretamente influenciadas por inúmeros aspectos de sua vida particular, tais como o gênero, seu contexto social, econômico e cultural, além dos aspectos psicológicos envolvidos, sua história de vida e expectativas, assim como seu estado de saúde atual e a gravidade da doença que ocasionou a internação. Somados a esses fatores próprios do paciente, tem-se as condições do ambiente que o acolhe, as características da equipe que o atende, assim como a rede de relações que aí se estabelece. No entanto, majoritariamente, a hospitalização representa uma alteração da rotina habitual do paciente, que se vê em um ambiente estranho, afastado de sua família e do trabalho, submetido a constantes mal-estares, quando não a intensas dores, e ainda a uma série de procedimentos e exames que muitas vezes desconhece. Essa experiência pode ser geradora de intensa ansiedade, na medida em que o sujeito se encontra numa situação de suscetibilidade e dependência do meio, sentindo-se freqüentemente ameaçado pela proximidade da morte. Principalmente em virtude do tempo ocioso propiciar muitos momentos de reflexão. Diante das questões acima explanadas, os grupos de enfermaria foram desenvolvidos quão um suporte psicossocial, tendo como objetivo integrar mais a equipe e o paciente, bem como aliviar as ansiedades e o impacto gerado pela doença e internação. Os grupos no contexto hospitalar, segundo Campos (1992), irão permitir o alívio de ansiedades pela catarse e a superação de resistências a partir da identificação entre os membros. Estes terão a oportunidade de expressarem livremente tudo o que os aflige e, à medida que dão vazão a estes conteúdos, abrem a possibilidade de elaboração de pensamentos mais otimistas. Além disso, a troca de informações facilita a obtenção de insights, o incremento de esperanças e de aprendizagens frente à corriqueira falta de informação nos hospitais – o que engendra um clima de incentivo à atividade em detrimento à passividade. Os membros grupais assumem papéis variados baseado em relações transferenciais, o que torna as expressões e interações no grupo mais ricas e facilitadas do que se os atendimentos fossem individualizados. A transferência aqui ocorre em relação a um objeto que cuida, o que dá suporte e gera sentimento de segurança para que os sujeitos possam confiar nos próprios recursos de enfrentamento e adaptação frente às ameaças experimentadas. Em relação aos grupos de enfermaria, Muniz (2000) pondera que estes permitem a expressão do que é peculiar a cada paciente, suscitado no momento vivenciado, além de favorecerem muito a comunicação devido ao afrouxamento das defesas e a ocorrência de transferências múltiplas, o que possibilita a ampliação de seus efeitos terapêuticos aos níveis individual e grupal, facilitados não apenas pelos processos no campo grupal, mas também pela escuta atenta e acolhedora do coordenador. Portanto, ao abrir um espaço para que os pacientes possam expor suas dúvidas, ansiedades e fantasias, os grupos tendem a contribuir significativamente para um prognóstico positivo da doença, assim como implicar os pacientes a refletirem sobre a internação, a significação desta em relação a si mesmos, aos outros e ao mundo que o cerca, de forma a esclarecer quais as repercussões do momento sobre seu universo familiar e de trabalho. METODOLOGIA Os grupos de enfermaria são realizados uma vez por semana, tanto na enfermaria feminina quanto na masculina do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora, com média de quarenta minutos a uma hora de duração e com dupla coordenação para cada sessão. Os coordenadores do grupo ficam encarregados de facilitar a comunicação, clarificar o debate, incitar a reflexão e proporcionar um clima acolhedor para que os pacientes sintam-se à vontade para colocar suas questões subjetivas envolvidas ou decorrentes do processo de adoecimento e hospitalização. A estrutura do grupo é aberta e abarca uma média de 8 integrantes, para garantir que todos possam participar, assegurando um espaço onde as trocas de experiência sejam efetivas. O setting hospitalar gera certas limitações ao funcionamento dos grupos devido ao espaço físico limitado, ao estado orgânico dos pacientes e ao funcionamento do hospital. Desta forma, é admitida a entrada de participantes e eventuais saídas durante os encontros. Não há como colocar limites quanto a interrupções durante o andamento do encontro, pois os pacientes, mesmo estando fora dos leitos, devem estar disponíveis o tempo todo para intervenções provindas da enfermagem e visitas médicas. Inicialmente é feita uma triagem de casos através dos prontuários médicos, para que se tenha um panorama geral das internações. São convidados a participar do grupo todos os pacientes internados, devido a qualquer patologia, seja para tratamento clínico, realização de exames ou preparação para cirurgias. As exceções se fazem quando os pacientes se encontram em isolamento, dormindo ou ainda sendo submetidos alguma intervenção de outros profissionais. Não são incluídos também, pacientes com quadro psiquiátrico grave por entendermos que não se adaptariam ao funcionamento do grupo. O convite é feito individualmente, com uma apresentação breve da proposta do trabalho bem como dos profissionais que coordenam o grupo. A decisão quanto ao quarto que sediará o encontro tem por base a intenção de participação de pacientes restritos ao leito, ou então é escolhido o quarto em que todos os pacientes ou a maioria deseja participar. Não realizamos encontros em quartos que possuam pacientes entubados, dormindo, ou com outra impossibilidade de participar, visando não incomodar aos mesmos. Os encontros do grupo são iniciados com a explanação pelos coordenadores de seus objetivos, funcionamento e caráter sigiloso. Os pacientes são convidados a se apresentarem e exporem os motivos que os levaram à internação no hospital. A partir de suas colocações busca-se conhecer cada paciente, estimulando a troca de experiências e a pensarem como está sendo a relação com os profissionais, quais são suas expectativas quanto à internação e tratamento aos quais estão sendo submetidos. Os temas a serem trabalhados podem surgir naturalmente de um dos membros do grupo e serem estendidos a todos para reflexão, ou serem levantados pelos coordenadores. São sempre centrados no adoecimento e internação, sendo que não há rigidez quanto aos conteúdos a serem trabalhados. Ao final de cada encontro os coordenadores devolvem ao grupo e a cada participante uma interpretação geral a partir de todo o conteúdo trabalhado além de ser solicitado aos pacientes fazerem uma avaliação do grupo para se ter um retorno preciso sobre o trabalho realizado. Os encontros são documentados em relatório abrangendo os aspectos principais discutidos. RESULTADOS Este ano foram realizados 9 grupos na enfermaria feminina do setor de Clínica de Mulheres, e 12 grupos no setor de Clínica de Homens do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora. Em ambas enfermarias a média de participantes nos grupos foi de 6 pacientes. Estes grupos contaram com a participação de pacientes restritos ao leito e com dificuldade de deambulação. Contudo, pacientes com dores ou mal estar não aceitavam participar. A partir do trabalho realizado no primeiro semestre de 2006, pudemos observar, enquanto presença constante, a concretude dos pacientes, ou seja, as dificuldades para falar sobre suas questões emocionais. Entre os temas emergentes com maior freqüência, surgiam a saudade da família, principalmente para os pacientes que residiam em outras cidades, e a saudade dos filhos pequenos, cuja entrada não é permitida para visitas. A religiosidade mostrou-se um suporte constante frente ao adoecimento. O atendimento recebido no hospital e a equipe de profissionais eram sempre elogiados, e as críticas giravam mais em torno da alimentação, além daquelas relacionadas a internações anteriores em outros hospitais. O fato de a equipe de profissionais e acadêmicos de um hospital universitário ser muito ampla, era visto em geral de modo positivo, no entanto, costumava haver uma certa dificuldade em diferenciar os profissionais, e saber realmente quais eram os responsáveis diretos por seu tratamento. Outro ponto destacável é que uma considerável parte dos pacientes não sabem sobre o seu diagnóstico e nem procuram saber, não se implicando no seu tratamento, de forma a assumir uma posição passiva, assim como, nestes casos, parece haver um posicionamento dos médicos de se absterem de falar com estes pacientes sobre o seu diagnóstico. O desconhecimento do quadro clínico e a espera por resultados de exames apresentaram-se como constantes fontes de ansiedade e angústia. Durante o desenvolvimento dos grupos era marcante a identificação dos pacientes entre si, em torno de características comuns, como por exemplo, as limitações que o adoecimento traz, não poder mais beber, fumar, trabalhar, saindo de suas rotinas, sendo sempre ressaltada por eles a importância da amizade, da união entre os mesmos. O adoecimento e a hospitalização apareciam, desse modo, como possibilidade de reflexão sobre aspectos de suas vidas a serem modificados. A identificação com o grupo podia ser percebida até mesmo nos pacientes que, apesar de se encontrarem no grupo afirmavam preferir ouvir o relato dos demais e não se pronunciar, alegando que isto lhes bastava. As ocasionais interrupções durante o grupo, quando breves, não afetavam o desenvolvimento do tema, entretanto quando demoradas chegavam a interromper o relato ou quebrar o ritmo do grupo. O relacionamento entre os internos foi enfatizado como facilitador do processo de internação, funcionando como uma rede de suporte e estímulo. Devido a esse laço criado entre os internos, alguns pacientes estimulavam os demais a participarem do grupo terapêutico, especialmente se já tivessem participado de alguma reunião anterior. O grupo recebeu avaliações sempre positivas quanto a sua proposta, abrindo caminho para que os participantes pudessem desabafar, conversar e trocar experiências. Apesar de, no geral serem notórias as dificuldades em falar, de maneira não superficial, sobre sentimentos e temores acerca do adoecimento e da hospitalização. DISCUSSÃO/ CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir dos resultados levantados, conseguimos perceber com destaque a dificuldade dos pacientes em abordarem suas questões subjetivas, expressarem seus sentimentos, medos, fantasias e angústias. Assim, questionamos se esta questão ocorre devido ao fato de numa hospitalização ser enfocada principalmente a pessoa, enquanto sua patologia e sua organicidade, não havendo espaço para que o sujeito que está ali possa emergir. Existe também a possibilidade destes pacientes possuírem uma pobre capacidade de representação simbólica, o que dificultaria o aparecimento da subjetividade. Pode ser que estes pacientes apresentem esta reação como um tipo de resistência seja em função de um temor de trazer tais assuntos à tona ou ainda em virtude de uma dificuldade de se abrirem na primeira participação no grupo. Devido à alta rotatividade de pacientes no hospital, cada encontro do grupo terapêutico conta com uma formação diferente e ainda que alguns participem de mais de um encontro, esta formação diferente do grupo tende a modificar sua dinâmica. Um dos temas freqüentes nos encontros, a religiosidade, parece ao mesmo tempo trazer conforto e justificar a alienação quanto ao quadro clínico, visto que os pacientes declaram “deixar na mão de Deus” sua melhora. Muitos internos apesar de não conhecerem ou entenderem bem seu adoecimento não buscam esclarecimentos com a equipe médica, alguns alegando até mesmo que “se o médico descobrir algo importante e acreditar que deve” irá informá-los. Entretanto, uma parte pequena dos pacientes afirmaram preferir estar informados acerca de tudo que diz respeito a seu adoecimento, mostrando-se bastante participativos em seu processo de restabelecimento da saúde. Esse pequeno grupo demonstrava estar mais tranqüilo e menos ansioso que os demais. Segundo os objetivos do grupo terapêutico, sempre buscamos levar os pacientes a refletir sobre qual seria a melhor postura diante da doença. Apesar de concordarem que uma postura mais ativa frente ao adoecimento seja mais adequada, a maior parte dos pacientes não se portava desta maneira. Uma explicação para tal contradição pode ser encontrada na relação médico-paciente em ambientes hospitalares tender a ser muito breve, restrita e algumas vezes até mesmo autoritária. Esta última posição que alguns médicos assumem diante de seus pacientes acaba levando-os a uma inibição no tocante à busca de solução para suas dúvidas quanto a seu adoecimento. Talvez, por esta razão ou em virtude de serem abordados por diversos profissionais, sem a plena compreensão de suas funções, tenha ocorrido a solicitação dos pacientes durante o grupo – especialmente durante o momento do convite para integrarem o grupo – de informações referentes a sua dieta, resultados de exame e maiores esclarecimentos sobre sua doença. Como nosso grupo não apresenta caráter informativo os pacientes foram instruídos e incentivados a esclarecer tais questões com a equipe responsável por seu caso. Acreditamos que tal comportamento possa ser ocasionado pela diferente escuta do psicólogo e postura aberta aos questionamentos. A internação em um hospital universitário foi exposta como uma experiência positiva pelos integrantes dos grupos. Para os pacientes as visitas de diversos profissionais (médicos, enfermeiras, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos) preocupados com seu restabelecimento foram relatadas como reconfortantes tornando o ambiente hospitalar um local em que se sentiam acolhidos e bem-cuidados. A questão do atendimento humanizado no hospital foi enfatizada pelos internos como instauradora de um ambiente familiar, auxiliando-os a passar os momentos difíceis da internação. Em contraposição, vários pacientes descreveram experiências negativas de internações anteriores em outros hospitais, seja em Juiz de Fora, ou em suas cidades natais. A maior parte dos pacientes mencionou os laços de amizade criados com outros internos como essenciais para suportarem as adversidades da internação. Com relação a esse relacionamento apontaram a aspectos como cooperação, companhia, brincadeiras, preocupação, solidariedade e empatia como propiciadores de estimulo, suporte e até mesmo de momentos de descontração. Assim como ocorre no dia-a-dia no hospital, a identificação dos pacientes nos grupos proporcionou momentos para desabafos, distração, incentivou a comunicação e exposição de vivências, demonstrando aos participantes do grupo diversas e particulares maneiras de se lidar com este momento difícil e comum de adoecimento e hospitalização. A quebra da rotina de vida e a situação de dependência ocasionadas pela doença e internação tendem a causar manifestações regressivas nos pacientes, gerando comportamentos muito passivos. Torná-los mais ativos frente à própria cura é também um dos objetivos do grupo, abrindo-se um espaço no âmbito hospitalar para que possam estar expressando sentimentos relacionados a internação, fantasias, hipóteses, dúvidas e medos. Elaborando ansiedades acerca da internação, a experiência de estarem doentes e longe de casa. Falarem sobre a relação que estão estabelecendo com os outros pacientes, profissionais e familiares. O ponto mais citado nas reuniões dos grupos foi o forte desejo de retornar ao lar, sendo que algumas pessoas chegaram a afirmar que pretendiam ir pra casa recuperadas ou não. Acreditamos que essa ânsia em retornar ao lar, aliada ao sentimento – também freqüentemente mencionado - de saudades da família possam apontar para um desejo de restabelecimento da saúde, retorno à rotina anterior e necessidade de suporte, especialmente afetivo, neste momento de fragilidade ocasionado pela internação. Momento este agravado nos casos em que o paciente encontra-se em fase diagnóstica, na qual são feitos vários exames, para clarificar ou determinar seu diagnóstico e prognóstico. Esta fase é descrita pelos internos como extremamente difícil, repleta de ansiedade, dúvidas e geradora de fantasias não relatadas que parecem apontar para os temores destes pacientes. Além disso, os pacientes relatam que é difícil para eles saberem que existem coisas acontecendo fora do ambiente hospitalar das quais eles não podem participar, tornando o confinamento uma espécie de isolamento social e destituidor de seu valor subjetivo. De acordo com o que foi exposto entendemos que a proposta do grupo terapêutico, ainda que não tenha efetivado todos os seus objetivos, vem contando com a participação e aprovação dos pacientes. Presumimos que questões como o não aprofundamento em aspectos emocionais referentes à internação e as perguntas incoerentes com nossa profissão encontrem-se relacionadas a um desconhecimento da atuação do psicólogo em hospitais gerais e das particularidades envolvidas no trabalho do psicólogo distinguirem-se bastante da atividade dos demais profissionais do ambiente hospitalar. Logo, a proposta de trabalho terapêutico em grupos de enfermarias configura-se como uma boa oportunidade para esclarecermos o papel do psicólogo em instituições hospitalares. BIBLIOGRAFIA Campos, E. P. (1992) O paciente somático no grupo terapêutico. In: Psicossomática hoje. Mello Filho, J. (Org.), Porto Alegre: Artes Médicas. Figueira, S. A. (1975) Relativização da doença orgânica: diferentes representações sociais. In: Infância e adolescência. Rio de Janeiro, Appia, n°3. Mello Filho, J. (1997) Grupoterapia com pacientes somáticos: 25 anos de experiência. In: Zimerman, D. & Osório, L. C. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul. Marty, P. (1998) Mentalização e psicossomática. São Paulo: Casa do Psicólogo. Muniz, J. R. & Schiller, M. (2000) Grupos de enfermaria no hospital geral. In: Mello Filho, J. Grupo e corpo. Porto Alegre: Artes Médicas. Perestrelo, D. (1998) A medicina da pessoa. São Paulo: Livraria Atheneu Editora. Volich, R. M. 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