Em caminho da guerra - Actividad Cultural del Banco de la República

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ALBUQUERQUE
SARG~NTO
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EM CAMINHO DA GUE~j'
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EDITORES
S. A. MONITOR
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MERCANTIL
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BANCO DE LA REPUBLlC,A
61BUOT!íCA
LUIS-ANGEl
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SARGENTO
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ALBUQUERQUE
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EM CAMINHO
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DA GUERRA
A
CILADA ARGENTINA
CONTRA
O
ElR~SIL
s.
A.
J:DITORI:S
MONITOR
MERCANTIL.
137, Avenida
Rio Branco,
HoU '7
137
AOS
JOVEN S TEN ENTES
no
EXERCITO
OFFERECE
o
NACIONAL
Este livro é producto do patriotismo
clarividente
vigilante,
e sincero
1
Ncnhum senlimcnto de antipathia, ou mesma de represalia, motivon a publicaçào deste
livro: é no sentimento de nacionalidade
que
dIe tem as suas raizes, e outro nâo vae despertUl' no coraçâo dos brazileiros,
decididos a
mantel' bem alto o nomc da patria e a honra
da bandeira, sejam quaes forcm os nossos inimigos.
A insistencia das provocaç6es, das affronlas, dos cscarncos cam que a opiniâo publica
cm Buenos Aires, desde as columnas da Lu
/Jrensa até ás paginas do reccnte opusculo
Nuestra Guerra, lem inutilisado a nosso constante esforço para uma politica de approximaçao e concordia, levo u-nos a folhear a historia da Republica Argentina, a perquirir os
actos e as idéas dos seu s homens representativos, a estuoar mclhor os sentimpntos <laquelle
-6povo. Sem conceitos preestabelecidos,
scm generalisaçôes
apressadas,
chegamos a obter progressivamente
uma certeza historica:
desde os
albores da independencia
sul-americana
a este
amanhecer
do seculo incendiado
pela Guerra,
vemos formar-se e crescer, de um a outro decennio, o velho anlagonismo
luso-caslc1hano
t'nlre argentinos e brazilciros.
Esse antagonismo é perfeitamente
visivc1 na tendencia
que
manif,estaram
sempre os nOSS08 visinhos para
a invasao do Brazil: a JUNTA GO\'ERNATlV
A DAS
PROVINCIASDO PRATA, desejando
planeal-a,
incllmbiu MAIUANOMORENOdesse encargo, pouco
depois de 1810; a campanha
movida para annexaçâo da Banda Oriental determinon
o encontro das armas rivaes nos campos de Ilu7.aingo; a propria alliança duran le a guerra do
Paraguay
nâo foi scnào uma opportunidade
cm que se patentcaram
as nossas definitivas
incompatibilidades;
a attitude irritante
de ZEHALLOS,apÓs o laudo proferido em Washington
)lelo grande CLEVELAND,l'steve quasi a prccipi-"
lar a guerra, e amargurou os di as luminosos do
immortaI BARAODORIO BRANCO;a rf>serva com
que se entremostra
a politica de IRIGOYEN,sustando a approvaçào
do ABC,
nào retrihuindo
a visita do n05SO ex-ministro
LAUROMÜLLERe
isolando-se
do concerto
americano-clIropeu,
adoptado cm prol da justiça e da lib('rdadc, é
hastante significativa
para qlH'm nao se deixa
7
illudir ~om o optimismo c a emphase do Itanlal'aty.
l'Ill folheto (lue \Tm agora ci1"l~tllando intensamenle
na Rl'JHlhlica Argentina, cam o titulo SI/f'.çlra (il/erra,
niio sÓ annuncia,
mas
ineÍta a guelTa contra a nosso )laiz, que é definido como um hospital sob a governo de Ul1l
manicomio.
~ada mais t'acil, conforme a estrategia do autor, que isola os estados hrazileiros
do sul, truncando-Ihc
as cOIlll1lunicaçocs f'erroviarias,
engarrafar
na hahia
de Guanabara
a esquadra
nacional.
Os argentinos
pOSSl1cm
yasos dl' gucrra muilo mais efficientes do que
os nossos; )lodc!\l !\lohilisa l' 230 ou :~()O.000
homens adestrados
pelo se1'\'iço militar ob1"Îgatorio;
os s(')"viços de engenharia
militar,
de aviaç:io, de transporte,
de abastecimento
siio em tucio' superiores
aos elel1lentos
que
aincia temos :disponiveis.
Um gol)l l'de for<,~a(' al)(l:ll~ia, ra)lidanH'nte
ocsferido,
cerll'iramcnté' vibrado, seria IlllHl catastrophc
para
os nossos in ll'resses e os lIOSS0S hrios nacionaes. E' tem»o de accordaI', cÏngir as nI'mas,
recon]1('('('I" o inimigo que voa sobre as nossas
fronll'iras
do sul, )lrcparando
o ataquc
)lOI'
meio da cspionagel11. :\Tâo «11(,)"(,1110S,
de !\lodo
algum, cn'ar phantas1l1as no horisonlC' da nacionalidade,
!\las decerto querclllos
pór nitidanH'nte, soh os olhos do POYO, a sitllaçiio brazilcira-argentina,
evitando qne os 110SS0SmÚos
-8governantes continuem a illudil-o cam a utopia de urna fratcrnidadc
impossivel.
~ào hesitemos deante dos factos. A Republica Argentina, fremente de sympathias pelos
aIlemues e de rancorosa prevençüo contra o
povo brazileiro, é hoje a meio propicio a toda
sorte de manejos imperialistas,
que tenham
por objecto o Rio Grande do Sul, o ParanÚ,
Santa Catharina, ou qualquer outro dos nossos
Estados sub-tropicaes.
i\Tuo para a conquista,
mas para a rcsist,encia, impoe-se a organisaçào
militar deste paiz indcfcso, exposto Ùs injurias
de pavos que, nao se havendo multiplicado á
face da terra camo nÓs, deveriam prudentemente respeitar a nossa bandeira e a nosso
direito.
A incredulidade
porventura alardeada, perante as conclusoes deste livro, será uma re producçao do que sueeedia cm França e mesmo
na Inglaterra, quando se falava da guerra corn
a AlIemanha. Os socialistas, os pacifistas, os
internacionalistas
de toda a casta sorriam, motejando o patriotismo vigilante e clarividente.
Assim Oit pseudos estadistas, sem capaeidade
para a funcçào heroica de governar um povo
livre neste momento da historia, duvidam ineptamente da guerra entre o Rrazil e a Argentina, mas o tempo confirmará os nossos augurios. Decepçoes profundas e amargas estao rcservadas aos pacifistas sul-amcricanos.
- n\' ej amos a rcalidade Sl'm exagl'ro, IIIas ill uminada pelo bOnI senso, despindo-sc oe lacios
os \'éos, apresC'ntando-se clara (' nÚn atraH'Z
ùa Historia,
imparcialmcnte
resumida
nesle
livra. Temos Hill grande inillligo na front('ira
do sul, o argentino, e () seu poder militar, sempre ameaçador
para o Brazil, val' crescendo
cm for<,~asnav~H'S e terrestres, soh a dirccçiio
de homcns filindos no parlido J':lllical. adversario nosso desde longa dala e cujo velho ranCOI' só aguarda
ense.io para nos acomllletter,
subjugar. destruir.
Lançando as Bossas palavras ao venia, esperamos que ellas germilH'1ll
como verdades necessarias no coraçi1o da mocidade brazileira. E assim veremos conjugadas
toclus as energias nucionues para defender a
gloria de nosso pavilhâo, a segurança da nossa
riqueza, a honra do nosso lar.
o
odio implacavel
dos argentinos
data desde
os tempos de San Martin
Il
Pan-aml'ricanismo
l' confratcrnidade
amcricana sÙo phrases absolutam·cnle
vasi'as de,
senso historico, illusôes que apenas tèm o merito de nos encobrir ou modificar a realidade,
por mancira
agradavel
ao nosso pacifismo
continental, mas funesta Ú segurança e ao prestigio do Brazil. Em vez da harmonia son hada
pelo BUREAU DA'; HEPL'BUC.\S A~JER/(:.\~,\S,
existem nesle hemispherio
tres systemas de raça
e de nacionalidade
q uc surgiram indepcndentes Ulll do outro, sc desenvolveram
Ú parte,
ampliando-se
um deIles, nÙo raro, mediante
conflidos e incursÔes no dominio alhcio -- a
America saxonia,
a America portugucza,
a
America hespanhola.
O cn~scimento da AnH'rica saxonia, ou Eslados (lnidos, sob o ponto de visla da fOl'ma\'¡jo tClTitorial,
vcm opcrando-s('
gradual-
-12 mente á clIsta da America hespanhola por annexa~~ôes importantes -a
Florida, o Texas, a
California, Porto Rico, e até mesmo as Philippinas, compradas na Asia Ú Hespanha colonisadora e vencida.
E' Ulll facto irrecusav('\
que as derrotas infligidas aos hcspanhÓes e Ú
sua prole, certa politica fiscalisadora e expansionisla na America Central, a improvisaçào
da RqHlblica do PanamÚ no territorio colomhiano, l' ainda oulros incidenlC's ou circulllslandas produziram contra os Estados l'nidos, na
Anll'rica hespanhola, resentimentos
e odios lnvellcin'is.
DeslC' primeiro
antagonismo,
ao
norte do hC'mispherio, o grande expocnte é o
Mi'xieo, e a sua voz mais poderosa é a do colombiano YARGAS YU.A, hradando nos l,alll'eles
Rojos:
Cllal es Pl peligro de la A117ël'ira Latina? EL PELIGRO YA:-'-!U.
Na parte meridional do continente vemos o
segundo antagonismo,
que (~ o da America
hespanh01a e da America portugueza,
tanto
vale dizer a Republica Argentina contra o Brazil, ZEB.\LLOS contra RIO BR.\l\;CO. Devido ao
acaso feliz da nossa evoluçao, por um lado, e
ao csforço dos nossos maiorcs desde os tempos coloniaes, por outro, formamos um vasto
hInco sempre col1('so, entre as numerosas fracçôes politicas da Hespanha americana.
Soubernas guardar no mesmo typo nacional, mÚo
grado ludas l' dissC'nçôC's intC'rnas, él unidade
-13 da lingua, do idioma, dos costumes, dos scntimentos, dos nossos ideaes de trabalho, justi<,~a
e progresso. Queiram ou núo os sociologos ar-'
gen tinos, deixalllos assim comprovuda a priIllazia do nosso espirito organisador, systemntisando forças juridicas, aconomicas, hÜelledunes, emquanto a inferioridnde
hespanhola
se pntenteava
na fragmentaç50
de Estados
mais ou menas debeis, mais ou menas tUl'bulentos.
{Jill dos professores
mais illustres da Cniversi<lade nmericana de Harvard, o Sr. ARCHIBALD CARY COOLID<iE,
ohserva a esse respcito na
slla obra Os Estados Unidos como potencia
mundial: "O que prova como os latino-americanos (de origem hespnnhola) suo atrazados
cm politien - e ahi descobrimos uma particularidade
at:wica do temperamento
hespanhol - é que, huyendo entre elles 'tantos pontos communs, ten do elles a mesma lingua, u
mesma civilisaçao, os mesmos intercss·cs esscndacs, continuum a mantel' subdivis6cs politicas, oriundas de simples accidentes da sua historia. "
E' manifesta a superioriclade
historica e
politica do Brazil: unido,' eollossal, irreductivel, cam os sellS oito e meio milh6es de kilometros quadrados em superficie, os scus vinte
e cinco milhôes de habitantes, a variedade dos
seus climas e dos seus productos, a carviio de
--- 11 -peùra l' o ferro, elle sc ùestina a occupar !HI
America do Sul, dentro de um seeulo, a mesmo
logar preponderante
(lue aos Estados l'nidos
eoube na Amcrica do ~orte.
O pesa<lello da
RepuJ~ .~'a Argentina,
mixto de orgulho .(' de
inveja, : -o lem sida outra a partir da Bossa
inde¡wndc.
oía, tunto mais <{uanto lile fÔra impossive! rea.:lr
a BH'Sma obra gigantesca <)(>11tro da America hespanhola,
Com effdto, por nÜo havcrelll logrado elltender-se BOLIVAR c S.\:'\' MAHTI:\ na entrevista
de Guayaquil,
em 1~2;), mallogrou-se
para a
Colombia e para a Argentina o sonho de lInidade aeariciado
pelos dois notavl'Ïs eaudilhos,
SA~ ~L\RTI:'\' sonhava
a (Teaçào de um imperio,
a ,exl'mplo do Brazil, l'om o seu Ilueleo irradiante l'Ill 13tH'nos Aires, mas BOU\'AH, o geBio
aventnreiro
e amhieioso,
por seu tm'no 80nhava a l1lo//o('['(wia,
uma idealisaçào
de governo
republicano-dictatorial,
cm ([ut' elle
fossc o dictadol', c o pavilhÜo sob·crho da Colombia
dominasse
os pai7.es Slll-aBH'rieanos,
Dahi o fraeasso dl' aspiruçoes com qlle ainda
hoje sc cmbala o C'spirÏlo argentino,
('oncrelisan do-as na reconstitniçâo
do \'ice-Reinado
do
Praia; d:)hi o scu odio no Brazil, Ú homogé'l1cidade (' ao 1>od('I' (lue, dl'sl'llvoh'('ndo-sl'
l'om o
tC'llIpO na AnH'l'ica do Sul, crenriam taln'z Cll1haraços a pr<'ll'nçOl'S do go\'crno de BlI('1l0S
Aires sohrl' o Pat'agllay, o {'rugllay (' o P{'rÚ.
15 -i\'luÍlo cedo prindpiou
a He}lublíca Argentina, conforme podemos ajuizar das suas tendencias historicas,
a incitar a AnwrÏca hespanhola contra a Amcrica portugueza.
Se ainda
nâo se formou a desejnda liga offensiva contra o 13razil, é preciso recollhccCl' que sc'¡ a
Ilossa politica
americana
de cordialídade
C
escrupuloso
respeito Ú soberanía
dos paizes
conlinentaes
impediu esse facto. Para cstendel' (' aprofundar
o antagonismo
de que trata1Il0S, separando o Brazil dcsscs pOYOS,n5.o cessam de agir Illachiavelicalllcnte
os nossos }¡('/'manos do Prata.
E os cxcmplos offereeidos
pela historia sào os mais suggesli\'os, desde os
primol'(lios da nossa independencia,
como jÚ o
disscmos.
A' simples noticia, l'Ill 182;), dc que o governo brazilciro
pretendia
occupaI' as provincias bolivianas
de Mojas C Chiquitos, mandou
o Congrcsso das Provincias
Cnidas do Prata
UIlJa cOnlllliss,io ao (;(')1('1'al BOLlY.\H,composta
do GClll'r,J! C.\I\J.Os l\I.\HI.-\ilE AL\"E.\H e Dr. JOSI:;
MIl;t;EL DI.\s YEI.EZ, ([ue, a prdexto
de fdidlaçócs pela call1panlw emancipadora,
iam realnH'nte sollicitar-Ihc
o apoio de fonças numerosas e agul'lTidas para invadir o Brnzil. 1301.1\'.\1\
tinha dito cm :\n.'quipo, segundo B.-\HTOLO\Œt:
Ml'rm·;. ao GCI}('ral AJ.\'AH.\oo: "DispOll ho <1e
22.000 hOll1cns, quc nào sei como ('m pl'l'gal', ('
quando H Rqlllhlic(I Argelltina S(' julgu(' allH'H-
-
16
çada pelo Brazil, que é um poder irresistivel
para ella, tenho occasiâo de ser o arbitro da
America do Sul. Offereço-Ihe
um carpa de
6.000 homens para occupaI' Salta."
A 1eviana pro posta de BOLI\',\R, seguraJlH'nte fcita depois de uma das suas copiosas
libaçÙ('s, elllbriagou os estadistas argentinos, e
a IR de outubro do Illesmo anno, canta BARTOLO:o.1EU l\IITI\E,
na sua Historia de San Jlartin
(volume \'1, pg. 2HI), foi celebrada em Potosi
a pl'Íllleira conf('rencia dos representantes
das
Provincias l'nidas do Prata com o LmERTADoR.
Olddado ou arrcpendido,
talvcz, do seu offcrCcillH'nto, BOLIVAR apenas respondeu com evasivas á insistencia dos argentinos para emprcgaI' o poder das armas columbianas, solidariamente, contra o nosso paíz. Que os lcitorcs
a\'uliell1 (la tenacidadc
no odio, cntào como
sempre revelada pdos nossos ínimigos, lcndo
as segllintcs passagens da obra de MITRE:
"Os
enviados
dcram-lhe a conhecer (ao General
BOLIVAR)
o objecto diplomutico da sua missào,
que era um accordo com elle para enfrentar o
impC'rio do Brazil, que, havendo occupado a
Banda Oriental pcrtencente Ús Provincias Vnidas (trata-se aqui do Fruguay), afim de compellir o imperador do Brazil a reconhecer os
s('us devrrcs e rcduzil-o aos seus limites. O LIDERT,\DOR, manifestando-se
de aecordo eom as
vistas gerat's da politien argentina. objectoll
-- 17 que a SlUl pUSlçao era singular,
elc .... " Ahor~
dada de novo a questao do Brazil, o LIBERTADOR
pl'OellrOll
llIllll
evasiva,
que respondia no seu
plano de unificaçào continental, cte. "Os plenipotenciarios argentinos, voltando Ú sua quest50 COin o Brazil, insistiram na pro posta de
lima liga offensiva das qllatros rl'publkas sulamericanas contra o imperio, quel' para prevcnir a guerra, quel' para levar a gucTra ao scu
territorio, se outro mcio nào hOllvcsse para ()
submettc'r Ú razÜo, e que ta} empreza era digna
do libertador da Colomhia e do PerÚ, a quem
estava reservada slIa direeç.ao. BOLIV.\R, vivamente imprcssionado,
se mostroll disposto a
collaborar no plano, mas descohriu os seus tcmôres de que a Inglaterra podesse oppôr-se,
havendo nccessidade, pois, de ulIla razào bastante poderosa, que justificassc a intervençi'ío
do Perú e da Colomhia na questâo." (MrrIlE,
op. cit., vol. \'1, pgs. 218-225).
Em SUlIlma, depois de varias sllggestoes e
propostas
machiavelicas
dos argentinos,
visando scmprc a guerra l'om o nrazil, terminon
Bm.IvAR par offerecer CI sua intcrvençao ... no
Paraguay, desde que os argentinos nrío gritassem muilo
contI'a usnrpaçoes
tprritoriacs.
Dcstc modo, accrcscC'ntava, poderia augmentaI'
() seu (,XCI'Cito, l' sob qualqucr prctt-xto, que
nunca falta, soccorrcr a govcrno das Provincias rnidas, se estivcsSl' em¡wnhado cm gucrra
18 ~on Lra os brazilciros.
Amedron Lados com l'ssa
rugidora proposta do lcâo, c comprehcndcndo
que, depois dcempolgado
o Paraguay, nâo tardaria elle a fuzer o mesmo cm relaçào ~\ Argentina, husl'aram
outro caminho
os nossos
1('Clf'S n miyos do Pra ta: o fornecimcn lo de armas, dinheiro e homens aos revolucionarios
da
pr()vin~ia cisplalina, (Ill(' se havia incorporado
esponlaneanH'ntc
ao imperio do Brazil. Como
fosselll grandes as nossas difficuldudes
no in!l'rior, e estivcssclllos
t<io desprevenidos
para
a lula, que nâo linhalllos se<¡uer uma phalange
regular th- cOl1lbatenles, aprov('itaram
esta situaçào dolorosa
da nacionalidadt"
invadindo
o Bio Grande do Sul t' ganhando a eslrondosa
VÎclol'ia de Iluzaingo, ('Ill <¡tH' as pCl'das de amhos os lados foram eguaes. Impotentes
para a
L'olllinuaçào da guerra, dcsilludidos
relrocedl..'J'am, Illas nào castigados l'xemplarnH'nle,
como
seriam mais tarde sem du\'itla algumn, se ousaSS('!1l proseguir nos sellS mo\'illH'ntos aggressivos.
() hloqucio do Prata, susll-ntado
pela
esquadJ'a hrazileira,
fol't;ou os nossos visinhos
Ù l'(']ehraç:io
da paz, que afinal vÍeram implorar na c{¡l'le de D. PEDHO1, COIll auxilio do ministro ingIez.
~Üo eSlllOl'eC('l'am na sua animadvcrsâo
Lra<lieional os argf'nlinos,
l'ullh'ando
elll todo
UIl! jH'riodo
sangrl'nlo d(' eaudilhislllO (' tyrunnia. qllt' dm'ou 1)('1'10 d(' Cilll'l)('lIla allllOS. (J \'('-
--
lU -
lho odio a .\ll1criea porlllglleza.
(;l'l1l'rOSa1l1l'\lll' lhl'~ }lagou o Braz.il, fazcndo alliança
com CnQLïz.\, governador da provincia de Entre Hios, para levantar
cerco de J\lonlc\"Ídéo,
assediado pelas tropas rosistas, e abater o cruel
despotismo de Hos.\s, a qlle os argentinos viviam sujeitos como lIm rebanho de cscravos,
dia e noilc vergastados nas cidades e nas estancias pl'los feitores do scnhor. O nosso gesto cavalIH'iresco, entretanto,
nào consl'gllill (ksse
povo ingrato e ambicioso um poueo de 1'('('0nl1l'cimento ou de hÔa vontadc. Ao contrario,
logo dcpois da nossa inlcrven<;ào lil)Crtadora
de 1~;)1, parece quc até se fez mais profunda
cssa inimizade, e os scus historiadores,
como
VICENTE
Lo PEZ, l1¡Îo cessam de alllcsqllinhar o
nosso COI1Cu\'so,dizendo meSIllO qlle sc'>pOl' defen'neia l'HQt'IZ.\ k,'ou até Buenos Aires uma
insignificante
parcella do excrcito hrazileiro.
A verdade, po rt'lll, ..:~que o sitio de Montevidéo
foi ll'vantado pC'lo nosso l'sforço militar, sem o
quai nunca seriam hastante fortes os patriotas é1rgentinos para dClTuhar a mashorca \'0sista.
LOI'EZ,
1I11ltyranno inf1cxivcl e dcsnatllrado, :Ill'm de cscnl\'isar e affligi\' o dC'sditoso
Paraguay, abalançava-se
a invadir o territorio
hl'azileiro, como tcncionam fazer os argentinos, Civicamente reagimos na altura da affronla, que nos fôra lançada por elle, decla{J
--- 2U rando guerra a essa tyrannia cruenta e abominavel. Sentindo-se ameaçados ou, melhor, tendo soffrido os meslllos ultrajes do tyranno, alliaram-se ao Brazil o Cruguay e a Argentina.
Duranle cinco annos supportámos rom heroieidade todo o pèso da campanha, e dessa victoria nào <Juiz o pÔvo brazileiro coll1er o minimo frueLo, nem meSlllo os juros da divida de
guerra.
Libertador'cs
do Paraguay, nenhum
rcsentim{'nlo guardamos dos prelios cm que se
ddrontaram
os nossos heroes, e apenas des{'jamos a independencia, a prosperidade, a cultura e a grandeza dos paI'aguayos, livres de
quulqueI' influencia odiosa ou extI'anha. VenccdÔr('s modestos (' generosos, nunca deixamos
de' valorisaI', por mero obsequio, o insignificanle, o incxprcssivo
concurso economico c
marcial dos argentinos, que tanto ('nriqucc('l'am l'om as dcspezas fcitas pelo ('xercito brazilc'iro no seu territorio, avaliadas cm :100. OOf)
con tos da nossa moeda.
Pois Iwm, sc desejaes conhcc('r atÓ onde
val' a insidia dos nossos hravos alliados, os
peiores inimigos do Brazil, folheae sem tardar
a elassica lli,ç/oria da Rrp"blica .1rgentina, de
\'[CE~TE LOPEZ. );'0 proprio
manual, destinado
aos professorC's, á cducaç¿io da mocidadc 31'gpntina, vCrf'is affirmar-se que a Republica Arw'ntina fez a guerra ao tyranno LOPEZ e nao ao
pÔvo paraguayo, como fez o Brazil; que Sc'l a
- ~u--Republica Argentina impediu a occupaçâo dfediva do Paraguay
pelos brazilciros;
lucio
isla cam o fÍl'l1l(; proposilo de nos collocar pcrante a America hespanhola coma seus naluraes adversarios.
A divulgaçâo dos principios
que sempre
arientaram a nossa conducta, nas rclaçèies inkrnacionaes
com os pavos latino-americanos,
constituiriam excellente serviço ao Brazil, dissipando antipathias e suspeitas geradas pelos
nossos dcsaffectos do Prata. Jamais ambicionÚmos um palmo de solo cxtrangeiro, e as nossas duvidas sohre limites foram scmprc cordialmente dirimidas pela arbitragcm.
Os accordas tcrriloriaes firmados pelo Brazil tivcl'am sempre uma base juridica de permuta, de
compcnsaçào, de equidade, bastando recordar
a caso do Acre e a condominio da lagÔa J aguarua, cm que a Uruguay poude reconhecel', tangivelmente, a sinceridade da nossa estima, documenlada pelos faclos, nÙo por meros discursos de chanccllaria.
Espontaneamcntc,
fomos
na Conferencia de Haya a campdo
dos pcquenos Estados, chegando a incorrer por esse
motivo no descontentamcnto
dos poderosos,
que aliás requestavam a Brazil para o seu lado.
A Consliluiçuo Federal brazileira, em summa,
é dos estatutos nacionaes a unico qlle prohibe
a guerra de conquista.
Mas, a despeito de
tudo, insistc a Republica Argentina, maliciosa-
- ~~ -Illl'nk, cm apl'l'goal' os nossos inluitos hl'!licosos, os IlOSSOSpIanos
amcaçadores
contra a
America hespanhola.
A. sua hostilidade
dH'gou
Illl'smo ao ponto dl' sus tal' a aplH'o\'açào do
tratado do A B e )ldo S\'nado (' alt'- hojc nào
retribuir,
com a descorlt'zia
propria de gente
rustica e mal cducada,
a \'isita do nosso ('xchancdkr
SnI'. L.\I'HO :\ln.LEH.
Desconficlllos
da RC)lubliea Argentina, prcl'H\'idaml'IlÍ<', lH'utralisando
as manohras
da
sua politiea traiçoeira e aggressi\'a na Amcriea
hespanhola.
A eommissilo que l'm 1~2;) foi ¡>l'dir a BOLl\'.\R, ('om insiskneia
l' )lcl'\'l'rsidadl',
o upoio dos scus llallP/'os ¡HIl'a a ill\'asilo do
Brazil. fnnccÏona aindu cm Buenos Aircs.
Os
nOIlH'S silo outros, Illas o odio ('. o UH'SIllO
implacan'I.
rasll'.iando na sombra IHll'a ml'lhor
110S \'ihrar
o golpe destruidor.
A guerra entre a Argentina e o Brasil virá de
um estado
d' alma do
POyO
argentino
III
Quando [alamos do perigo yank(>(', do perigo allcmiio, do perigo amardlo,
implicitamente alludimos a um caso nacional de Sl!per-poplllaçâo
ou de sllper-produ,cçào,
que
só a conquista de novos mercados ou novos
dominios territoriaes
pode resolver, mantendo
o equilihrio Ú vida pldhorica
de naçoes cujo
logar ao sol nilo tem a ncccssaria amplitude,
relacionado cam o seu trabalho ou a sua dcnsidadc humana.
Mas para os Estados, como para os individuos, tyrannicamcnte
subsiste a lei de imilaçi\o. O asserto possue tanto mais força quanto
mais se r('[cre aos ehamados pavos latino-amcricanos, que tudo imitam da Europa ereadÔra
Ol! da Amcriea
do Norte, desde as eonstÍtuiçocs até Ús modas. Envaidccirlos
cam o sC'u
prestigio economico e a sua feliz organisaçâo
- 24militar e civil depois da queda de ROSAS,nâo
lograram escapar os nossos visinhos á scducçáo do imperialismo, que cm razôes biologicas se fundamenta, applicado il potencia, coma
a Inglaterra, a Allcmanha, os Estados l'nidos,
o Japào, meSI110 a RlIssia anterior á dCJÜocracia, mas nao passa de um gesto improprio e
quixotcsco, se apenas decorre de artificio theorieo ou de presupposto diplomatico.
Que significado attribuir, depois disso, il
expressào
internacional
-:- pan-argentinismo,
circulando entre o pan-slavismo e a pan-germanismo, por exemplo, como se fÔra um disco
de cobre, esverdeado, entre as moedas de ouro
que ostentnm a legenda cesarea? No entanto,
n responsabilidade
mental de escriptores e estadistas nûo os immunisou contra a epidemia
napoleonica do imperialismo:
a despeito das
condiçôes geographieas, economicas e Rociaes
de seu paiz, ande a mclhor politiea seria organisadora e defensiva, os argentinos de alma
zcballista ---- e sao numerosissimos -- cultivnm
nas suas idéas ou nos seus actos a vontade de
poder ,e reinar sobre a America do Sul, nomeadamente sobre a America portugueza. Nao S('
I'xplica de outro modo que cspidtos como .JosÉ
INGEG~(EROS,
tüo equilibrados, tào penetrantes,
com a sua formaçao positiva revelada cm tra~
balhos IIIulti plos de sciencia e de critica, tollH'm a sl'rio () quadro de uma Argentina t'x-
- 25pansionista, sllbmettendo á mesma Ol'hita de
gravitaçáo e de cultura os pavos latino-americanos, modelados pelo mesmo typo central.
Hem risiveis, pol' certo, e ainda mais do que
podem os seus autores imaginar, afiguram-sc
aos brazileiros as constrllcçÔes theoricas Oll
mesilla os arreganhos militares do imperialismo portenho.
Considerada pela raza o, esclarecida pelo hom senso, aberra de todos os principios historicos. de todos os interesses economicos, a tonitruante
guerra zcballisla nuestra guerra - ou qualquer outra que tenha
por fim perturbar a trabalho, aggredir a soberania dos paizcs sul-americanos,
immensos
campos de lavoura c de paz, cm que o arado
val' abrindo os primeiros suIcos. Mas a razi'io
ainda está longe de governar o mundo, e a prevalecer o seu imperio (já a sublinhou com argucia M:\x XORD.\C), os homens nao desorgal1isarium tan tas v,ezes a proprio bem estar e a
propria riqueza, despedaçando-se
como especies de féras inimigas. Sentimentos obscuros,
prejuizos radicados, paixôes tumuItuosas, velhas desconfianças, motivos psychologicos de
temor, de ambiçào e de orgulho, antipathias
quasi sempre inexplicaveis, mas irresisliveis,
em{loIgam as nacionalidades.
offuscam-Il1l's o
hom 8<'1180. desvairam-Ihes a alma coIledi,·a,
lrazendo HOS povos a conflagraçi'io da barbaria
dcscnctldcada Cm tormcnta, ti ruina dos bens e
-
2ti-
das vidas pelo fl'no L' pelo fÓgo. A m ultidÚo
argentina está impregnada
de taes scntimentos
contra o Brazil, e sÙo elles que precipitam
as
guerras em todas as epocas da Historia, constituindo as forças affeetivas ou mysticas e'nuIlIl'radas pOI' GesT.\VO LE Bo;-.; nos sens ElIsÍlw1l1(,1I/0S
Pli!Jcfw/Oflicos
da flllP/Ta,
() primeiro
dl'VIT nacional dl' cons<-'1"\'açào é disccrnil-os,
lJal'a nos resgnardarmos
de' snrprezas
que poderiam sel' fatal's Ú segurança dos BOSSaS lares
l' Ú honra da nossa handcira.
AIem dl'ssl' poclPr de imitaçâo e <kssas 1'01',,'as anonymas,
temerosas
por inrlpfinin'is,
actuando sobre' a collectividade
platina, essenl'Ïalmcnte rude, apaixonada,
instindiva
e sanguinaI'Ïa, em que o pscudo homel11 civilisado
e'scon<!l- a alma harbara do gaÚcho ma/o. nada
parece l('v<1r a idéa de gu('rra ao ('spirito a1'gl'ntino, soh a vigencia das leis natura{'s e sociLles. Geographicanwnte,
hasta considerar
que
a Republica Argentina
tem uma superficie
de
(U~()6.000 kilometros
para a sua populaçào
de
sete milhol's de almas.
Cinco vezes cahe-Ihe
a França <I(-'ntro das fl'onteiras, e como o solo
(' quasi todo aproveitavel,
dilatando-se
infínilanH'nlc-' l'Ill planura, na benignidade
do l'lima
suh-tropical,
po<ll'rÚ um dia alcançar a mesma
densidad\'
humana "". 73 habitant.es por kilo1lll'11'O<fuadl'ado, ou sejam 21!l milltiks.
"Poùcl'Ú 111\'S1110 attingir
Ú dcnsida<k
allem¿Î, l'r-
-- 27 -gUl'n<lo-st' ao IIÏ\-l'l quasi l'hill('z dt' 3:W milhÙes
dl' hahitulltps.
;\<1 n>rligí'1ll <lestes sonhos (k1JI0grnphil'us, l' pnrmillido
l'lItrl'y,'r a In'asilciros e argentinos
o sl'l'nal'io
tlt' l'o!ossaes
gut'rras vindouras,
quando o nosso territorio,
maior quatro n'zcs que o dcHes, l'ontar mais
de um bilhào de nwcafjllilo:;
por :~:W milhÏ>es
de gl'illgos,
Atl' IÚ, POl't'IlJ, a geographia
e u
demographia
nÙo pl'estam Ú campanha
de ZEHAI.I.OS o apaio
dos sells dados,
Com a grandeza do sÓlo argenlino, devcmos
salientar-Ihe
tamlwlll a riqucza, para fortakcel' as nossas indllcç<'íes. ;\ada mais e1oqllenk.
nada mais iIlustrativo,
do (lile o tcstelllunho
(k
BLASCO IBA~Ez,
apologista
11l'spanhol da RepuhHca Argentina
e de todas as suas grandezas
materiacs
e mora('~, importado
para as t't'sta:,
do Centenario
cm HHO; "Cumpre
vlllga\'Ísal'
~IlIe a .RepuLlk:\ Argentina, predilecta IIerd('ira
da Natureza, é 11m dos paizes mais aproveitav(·is do planda.
(~uanto ao sÚ!o, hem podemos
dizer que, apes.'1r da sua grandeza,
nÜo telll
dispcrdicios.
A' p:lrtc algumas salinas no amago do territorio, e certos penhascos situados ao
:'\Ol'k t' a Oeste na fralda dos A.lldes, todo o
sólo é util uo hOlJ}eI1l! E que fccundidad('!
A
ten'a parece estar chunwnclo no traLalho l'OIl1
apaixonadas
solicitaçÔes de Illulher dUI1lenta
(COll apasionado,,- requerimientos
de ll(~mhl'((
Cil alo), e apenas
receLe a caricia intelligente,
-
28 ---
dispensada
por mào de hOlllem, relriLuc sem
usuras na proporçào
de mil por um. A' grandeza geogrnphica
do t,erritorio
argentino
é
para accrcscentar
a condiçÜo de ser todo elle
aproveitavel,
o que faz avuItar a SlW enormÍdade. Comparada
a Argentina sohre () mappa
com outras naçocs, afigura-se
menor do que
estas. Mas a grandeza de um paiz nÜo Sl' <leve
regular pela carta gcographica,
pois ha-de ser
levado cm conta, principalmente,
a que esse
paiz contém Ú disposiçào do homem para a sua
manutcnçào
e commodidade."
(BL\SCO
IB\~Ez,
Argentina y SllS grandezas, pgs. :39-40).
Economicamcnte,
a sua producçÜo agraria
e pastoril nào sÓ diversifica da nossa cm grande parte, achando-se
muito mais desenvolvida
e aperfeiçoada,
como tambem nào poderia a
nossa amcaçal-a nos mercados mundiaes, in da
que eslcndessemos
os campos dc trigo e multiplicasscmos
os reLanhos do Brazil, t50 certo ¿que a humanidade
occidental,
crescendo
por
lIm lado, ínrlustrialisando-sc
por outro, cada
vez mais nccessita de pào (' <k earl1e. BL\SCO
IBA~Ez
dirá egualmente
o valor agricola e peeuario das suas estancias:
••A producçào
de
outros paizes sul-americanos
talvcz se.ia mais
esplendorosamente
rica que a da Argentina,
mas nao é tao util e imprescindivelmente
necessaria. O fumo, o café, a gomma e outros
e outros artigos preciosos
con~tituem
grande
-- 29 rJ<llH'Za: l'Ill ullilllo (;aso, porém, SC nào existissem, a humanidade
continuuria
a subsistir
perfeitamente
sem elles. Par 'esta circumstanda é que, n5.o senda absolutamente necessarias
ávida, soffrem Ús y,ezes graves depreciaçôes e
fazelll passar por tremendas crises as naçÔes
productoras.
A Argentina l' menos vistosa nas
suas riquezas. Produz carne, trigo e là para
ella e para uma grande parte do mundo. Esses
artigos, cam a sua vulgaridadc, nao podem talvez ser cantados por um poeta, mas rcsultam
imprescindiveis
á vida. O andaluz de que teIIho fa lado, dcrno amesquinhador
de puizcs
"para cartôcs postaes", costuma terminal' cOIn
estas palavras o seu curso originalissimo
de
geographia:
"Nâo me falem vocès dos chamad()s IJroduclos de luxa, que hajr sr vrndem
bem, aman/Ul se vrndem mal. O piio, a carne
e a là que nos abriga, issa é positivo, o que niZo
engana, (', s('gundo me parrer', algum tempo
ha-de correr, anles que esses QI·tigos passem
de moda."
Socialmente, nâo deparamos alli uma casta
de tradiçôes guerreiras, deslumbrando
a povo
com a sua nobl'eza e o seu fulgor, a exemplo
dos junlœr prussianos, que fazem guarda de
honra ao pan-germanismo
e como dragôes soverbos defendem o frudo das victorias allemas. Embora o caurlilhismo scja o passarlo
argf'ntino, vemos depois rle ROSAS a naçao
-
30 ---
orientar-se
para o conslitucionalismo,
a bôa
política immigratoria, o labor sereno ·e estavel,
proeurnndo realisar com intensidade
o programma de vila nuova, sobre as juridicas bases do fcdcralismo de ALBEHDIe ao influxo das
generosas idéas libera es de SAH~IIE:'\TO.Nem
ml'SlllO a Repuulica Argeutinaenvcredou
pelo
industrialismo,
que, a despeito das affirmaçocs
de SPE:'\CERe outros philosophos, se approxima
cspontmH'amentc do militarismo e até mesmo
o reforça. Dedicando-se a pastorear o gado e
a lavrar a terra, pondo na sua bueolica todo o
l'xplendor nacional, mais parecÏa fadado esse
povo Ú tranquillidade
rustica dos zngáes que Ú
vida inquieta e aventurosa dos homens d'arm as.
Ao nosso raciocinio, pois, é inacceitavel a
expressào -- pan-argpnlinismo,
-- sob qualquel' ponto de vista. gl'ographico, economico e
social. De uma situaçào politicamente
definida, abrnngendo esses tres aspectos, nào poderia
surgir o pcrigo da guerra. Mas a guerra entre
a Argentina (' a Brazil vid de um estado d'alma do povo argentino, que os nOSS05methodos
de analyse dccompôem nos seguintes elementos: a idéa fixa da hegemonia entre os sul-arnericanos, desde os tempos de SAN MARTIN;
a
arrogancia pessoa) coin que se havia já impressionado o grande BOLIVAR; urna preoccupaçáo
quasi doentia de invejas, aggressôes, hostilida-
- - :11 des, attribuidas a naçôes visinhas, como o Hrazil, o Chile, o Uruguay, e previstas cm todos os
seus planos militares; a sobre vivencia do caudiIhismo afogado em sangue corn os FACUNDO,
os ALDAO, os P AES, transform.ando-se agora
em bruscas investidas de chancellaria.
Dcvcmos a tlldo jsso uccrcscenlar --- serÚ
esse talvez o mais perigoso de todos os elementos para lIma conflagraçào, justamente por ser
o de fundo muis obscuro, menos racionavel --certa mÚ vontadc que entn~ a massa argentina
e a massa hrasikira sempr(' dèixou um residuo
amargo de prcvençôes, ilTcductivel ao tratamento pela nossa diplomacia.
O especlaeulo
da guerra ('lIrOp(~a vem offerecendo aspectos e
ministrando
ensinamentos
que nào podemos
desprczar.
:\'os lIlIimos livros de (;l:ST\yO LE
Box, tan lo mais valiosos quanto mais se arliculam sobre factos, opiniÔes, sentimenlos, episodios, a materia viva da aclualidade gucrreira, muito ha que aprender nesle dominio. E
entre as suas maiores licçües uyulta o segllink
principio:
na gcncse das guerras, antes de
tu do, é neccssario ,{'studar a mcntalidadC' e affeclividade dos POyOS que as desencadeam.
A guerra actual, segundo LE Box, (~um conflicto de forças psychologicas, e a diffcl'ença
ou, melhor, o antagonismo de tacs forças entre
o argentino e o brazileiro, segundo pensamos,
arraslarÚ os dois paizes, cedo ou tarde, a um
primeiro eIlcontro violcnto, esboço das glgan~
leseas luetas vindouras, quando os seculos nos
Ll'Ouxcrem o augmento de 11opulaçào, de rique~
zas, de cultura, de causas formidavcis para a
nossa vcIha inimizade a!l'ar novos incendios.
"Obcdcccn<lo uuicalllcule uas suas invesligaçôcs Ú logiea .'acional - - csclnrecc o illustre socioJogo - quercm vcl-a os sabios conduzir
sempre o mundo c rcvoltalll~se quando, ·apparcnklllente, os phenomenos escapam il sua influencia. Elles olvidam 1I1\(" de par l'om as Juzes intcllectuaes, guiando o homcm de sciencia .
atravcz das suas pesquizas c o philosopho nas
suas doutrinas, cxistcm forças aft'cctivas, mysticas e coIlectivas, sem rcJaçào l'om a intelligencia. Cada quaI possue Ulua logica, distincta
d aJogica racional. Esta fUllda a sdencia, mas
mio crPll (/ historia."
Conforme o pensamento
de LE Bo~, e a n'alidade int1'Ínseca das cousas,
a Jogica <las forças affectivas, mysticas e colledivas trabalha na cspJH'ra do Inconsciente,
prqJarando
successos
aterradores,
catastrophes de que a Intelligencia n<Ío se apercebe e
que atravez do t('mpo, infallivelnwnte,
se accrcam dos pOYOS com vertiginosa rapidez,
Tudo !lOS llIu', nada nos separa. disseaffeetuosamente
o patriota SAE~Z PE:\;A, considerando só as causas raeionaes desse phenomeno
internacional.
A cssa luz já o fizemos sentir,
llinguem opinará de outro modo ----(' a contes-
-
33 ---
taçao intelleelual da phrase de' SAE:-;Z PE~_\seria
I)('m difficil no proprio I:-;f;¡~G:-;IEROS. Mas a Ycrdade (' qul' a tl'ndencin internacional
dn Re!lublica Arg('ntina, creada pOI' dcsaffciçoes inalteraveis,
desconfianças
irrcprimivcÍs,
antipathias organicas, foi l' ('ontinÚa a ser para o
nosso Brazil idéalista e pacifista uma cxpressuo de rancor, visando o nosso desmoronamento. ~ào tcnhall10s illusocs Hesse rcspeito.
As guerras suo com frcqueneia cxplosôes de intcrcsscs, mas, observadas nas suas callsns remotas e profundas, quasi scmprc se originam
dos estanos d'alma collcctivos.
Acautdemonos contra o odio argentino.
o
plano de conquista
do territorio
brasileiro
org'anizado pela Junta
Governativa
das Provincias Unidas
do Pra ta
IV
Desde as suas origens nacionaes, constituiusc a Al'gentina espontaneamente,
ou, mclhor,
isoladal1lente,
o grande inimigo a qUl'm nùo
devemos perder de vista, sejam qllaes forclll
as nossas relaç6es apparentes,
a nossa cordialidade mais ou menos fingida pelos mcstres de
eerimonias da C.\SA ROSAD.\e do lT.nr.\R\TY.
Proclamada
como foi a 25 de maio de 1810,
em Buenos Aires. a .J l.:~TAGOVEH:-;ATIVA
O.\S PnoVI~CL\S (":\'IO ..••S no PR\T.\, qUe se havialll r<'bcllado contra o governo hespanhol, nao tardou o
mais illusln'
dos sellS mcmbros,
DI'. ;\1.\:";OEL
BELGIL\:\'O,('m propor nos cOlllpanhl'iros quc sr'
organisasse o plano de operaçôt's neccssarias Ù
-
36-
eonsolidaçâo dessa oLra de liberdade e independencia.
Compunha-se
de nove artigos o
projecto
BELGRANO,especificando
os pontos
que deveriam ser de preferencia
cstudados, e
assim dizia () urt. 9": "Os mdos que devem
adoptar-se, (IUando csteja consolidado e reconheeido pela Inglaterra, Portugal e outras naç(íes principaes da Europa o systema de nossa
liLcrdadc; e quai deve .~er o fim de suas TU'(JOciaç(je;;, elltao, nas provincias
do Br(Jzil, COll!
relaçào â conquista de todo o Rio Grande e (/emais provincias
do dito rdno."
Aos patriarchas da independencia
argentina,
portanto,
era familiar a idb de conquista do Rio Gran<:'
do Sul e demais provincias brazileiras,
ainda
que tal emprcza se afigure desproporcionada
as recursos economicos e até nos recursos humanos de nm paiz sobre o quaI, meio seculo
depois, escreveria ALBERDIl'om segurança: primeiro que tudo é necessario povoar o deserto.
Gobernar {;.~poblar.
Dir-sc-Ú que a politica imperial de CARLOTA
JO ..\QPIXA, dando mâo forte Ú Hespanha contra
as suas colonias emancipadas
e remettcndo
forças para Montevidéo, tcria de provocar, nccessariamente,
a acçâo defensiva dos argentinos. Mas {¡ defesa, COUlo ternos visto, nào se
JilJlita\' a o IWJ)S111lH'J)
to de BEr.GRA,"O. Queria
l'Ill', no art. !)" de seu projedo, <Ille fossl'm b.nçadas as bases da acçuo conquistadora
--- "l'liai
-
37-
debe ser el {in de sus negociaciones
enlonccs
en las provincias del Brasil, con relación a lil
conquista de todo el Rio Grande y demás provincias de dicho ['eino". A incumbencia de 01'ganisaçâo do referido plano l'aube ao Dr. 1\'1.\RI.\~O MOHE:-;O, preclaro
vuIto da historia argentina. Decidiram 'os membros da Junta confiarIhe tal incumbencia,
attendendo a que "los
vastos ronocimentos
y talentos tan conocidos
del vocal, el señal' doctor Mariano, Mo['cno,
sólo eran ('(Jpw'ps para desempeiillr
[aIl lIrduo
('Il('argo".
Como se desobrigou de tal encargo
o prestigioso advogado e estudista é o que vamos agora vcr, folheando a serie dos seus tr[\balhos, publicados cm HH5 na colIecçuo "L.,
CUI.TVRA ARGE~TI:>;A, sob o titulo Escritos politicos !J economicos.
O plano de operaçijcs,
abrangcndo
scsscnta p:oginas do volume (301
a 361), concrl'tisa ai:lda hoje os idéaes da politiea argentina, e é inacreditavel
qne a pôvo
brasileiro nao lhe conheça a parte referente Ú
conquista do nosso territorio.
Eis o plano da JU:>;T.\ Gon:n:>;ATI\'A de 1810
para esse fim
- o llleS\l1o )llano de ZEB.\LLOS
e provavelmentc
do ESTADo-l\I,\IOn
argentino:
"Art. 9" - Quanto aos meios que de\'cm adoptur-st·, consolidado e reconheeido pela 1nglat('rra, Portugal e outras naçocs prineipaes
da Europa Il systema de nossa libcrdad<" l' quaI
elevc sel' (l ,[illl de suas negociaçocs, elltÜu, na!i
-
38 --
pro\'incius
do Brazil, com rclaçào Ú conquisLa
de todo o Rio Grande, e demais provincias do
mcsmo reino:
"1" - "ldwndo-se
todo o Nio Grande em
estado de revoluçào, s(>gundo (' conforme
foi
jâ (,J.'j)resso, e internadas
em Sl/as povoaçi'ies
as nossas tropas, antecÏpadam('nte
devem ser
tomadas
jJrouidencÏas
para que, desde () ('0meça das oprraçÔes, saia de MontevidhJ
11l1llt
força naval de dezeseis a vinte T!(luios armados
e tripulados, cam todos os competentes
utensilios, para que. dirig.indo-se 00 Hio Grande, 0('cupando a .'lila barra, bloqw>iem nao SeJ o porto, impedindo
a sahida, mas tambem para obstar qua/quel' soccorro que [Judessp vil' d(~ 0/f/U/lla outra provincia,
conduzindo
ao mes/Jw
tempo, l'om as tropas que se destinem a ('.~.ça
empreza, o numero
de mil e quinhento.ç 110mens, pouco mais ou menos, para desembarca/-os e operal' de commum
accordo, l]uando
dll'fluem áquelle de.çtino a/guma.ç de no.ç.ças diUisoes.
"2" - Supposto que todas as pO/Hl/aç6es se
]¡ajam declarado !ivrl'S e independl'ntes,
sob a
f/al'anlia das nossas Iropas, e eslejam armadas.
('m cÏrcumstoncÏas
loes que uma parte das nossas tro/ws se w'he l'mpref/ada para fins mais
importantes,
sendo naluralnwl1!l'
aguardados
{lurio.'>c}¡oqw's conll'(I aquellf'.ç que se ofJpon/Ulm a t{// systcm(l (os portllgllczcs),
mil) (/e-
- 39lJf>!7los nossos commandantes
de divisoes, in.struidos minuciosamenle
de lodas as ordpns
que Ihes seri'io trallsmittidas
com antecedencia,
esqueeer a ma:L'ima de que, nos differentes
dlOq/les entre uns e o/llros, agindo com a maior
d('slre::a e simulaçfÍo proporcionadas
pelas circums/ancias,
Ihes rllmpre
dei:rar empenlllldo
algumas veus na fide, quando nao fôr paigasa a acçr1o, a partido realista dos portug/lezes cam () dos reuolllciorlarios
(brazileiros).
afim de conseguir por este meio que a dito parlido revolucionario
(o parti do brazileiro)
se
aniquilf' em parte, sÓ empenlzando
as nossas
tropa." quando haja de ser decidida uma a('çao
intpl'Pssante e as circumstancias
a requei/'alH,
]Jara q/le as nossas tropas, dest'arte, nao soffram malor derre:;¡rimo, e continue sempre rf'Sppitavel a nossa força.
"3° --- Qllando chegarmos assim a compromP.tfer todas as pouoaçÔes do Rio Grande, sublevando-as ('ontra os dirpilos dp seu morwn'ha.
daM resultará ron.'ie(luintemente
que, pelo {a('[o m(~smo da SIW rcbeldia,
t('rao de acceitar
((S
!lassas dis posiçÔ('s, curvando-se
a todas dla.~, e spr-lhps-á
dito que, se a náo fi:erpm,
abandonarplllos
cm projecto a sua causa, retirando as nossas tropas da fronteira, nao sem
anles saquear aldeias e {azf'ndas, e assim os
deixaremos
expostos de nova ao furor f' â vingança do antigo despotismo;
(' l~ entào que, de
__ 40
u
modo tal comprometlidos,
a nada podl'ndo oppor-se, devemos proclamar a liberdade dos escratlOS, sob a promessa, por nào descontentaros ((m os, de satisfactoria
iJ1demni.~açào, descontada uma parte dos soldo,~ q/le ten/wm e/les"
//(( milicia, garantida a Ol/tra com us tJ¡eSOl/ros
na<'Íonaes, bastando armai-os (aos escl'a'"os) e
forçaI' al{Jlllls batalhÔes ,~ob o commando
dechefes que os instruam p- dirija17l com o dl'vido
acr rto .
•• -t
Hf/ualmente
deve /Jrocural'-se
qut',
estahell'cidos
nopos govPl'lws em cidade,~, "illas e aldeias, ndles interven!lam
sempre, COJ1l(}
/lOS ramos [Jarticulares, indipid/1o.~ ampricano.~
(indigenas),
{iliados á /lossa parcialidadp,
e
'lut' parll tal {illl irdo COIll o e:cercito .. tambrm
S(' observará.
o mesmo no commando
militar p
dos regimenfos,
dando-u- a cada q/lal um 011
dois c!lr{es dos llOSSOS, que ten/lam ('xacto ('0/l/¡('cim.ento da sitlla~;ào e do territorio.
"5° -- Antes de proceder ti di,~posiç(ío da liht'rdade dos escraLJOS, serlÍ preciso dispor os
arlÍmos, fazendo publico, em todw; as circum.o;cripçoes territoriae.~, onde haja trolwS poriuguezas do partido, que. a datar daC/uel/a /Jllblicaçño, M' lhes garante, aos soldados como
aos officiaps, o mesmo soldo que pCF/'t'!Jem asnos.WlS, cujos paf/amentos
dpu('¡'<1o ser abonados por ('onta dos nossos {lindos, sem df'llwra'
alr¡IlJna, fodos os mezes.·
0
---
- 41"ti" --- QWllldo as circumslu¡¡C'Ías ¡¡OSassegl/rem o e:ri/o da emprezu, elevemos proceder de
modo que ulUlllllas per¡lIenas elivis¡;es, principulmP/lte de neuros, vcio senelo ('u¡¡úuzidas sob
differell/es
prele:rl(Js lU/l'a cobrir us fronteirus, e () nzesnw e:recularenws, a seguir, COIn as
demais
tropas lJUrlllgllezas, dividindo-as
cm
pequenas forças, pUJ'([ 'I"e as lwssas, em qllalquel' logaJ', se jalll lllaiores, quando se lornar
opporluna
a declaraçcio
da (,Ofl(fllista (para
cuando fuese tiempo, Iwce!' la declaratoria
de
conquista) .
"7"
f)euelllos tornur ('gllalmente pu Mico,
nn fodus as /JU/loaç(}es, qlle a todas as familias
pobres, decididas a tral/sferir-se
para a Banda
Orien/al e !}((ru as froll/eiras,
a pO/loar, SI>
cllst('(JrtÍ a viag(,lll, dando-se carroças
demais
bagagells para sell tJ'uns/lOrle e r('gr('s.ço; que
a todas ellas. ('omo pO/lOadOrlls do solo, o nosso gOlJernu concederá terrenos á proporçÛo do
numeru di' pessôas, componentes
de cada familia, ('apozes l' .mfficicntes
para formar esfabelecinwntos,
plantaçàes de trigo, e demais labores, isto pl'lo prazo de dez al/nos, ('om habit({reio obl'iga/oria, findo {) quai poderâo vendel-os 011 alienai-os
como Ihes convier,
sem
contribuiçtio
de qualqllPr na[l/reza p('/o valor
das meSillaS ferra .••.
"Qlle para esse fim e para a lavollra [orne-ccremas, nos dois primpiros <tl11l0S,('om 1I1!J1I(>
-- 42 -
o
mas quanlidades de varias semenles, algumas
jUlltas de bois e vaccas para seu eslabelecimenlo, e do mesmo modo alguma.'i egllas e caval/os, slt[Jprido.'i para construl'çào da sua moradia dll::entos Olt tre:U'lltos peso.'i, conforme
["esolve/' lle,ç/a parle a Superior Governo, l'omo
'ambem as [eJ'ramenta.'i precisas para os seu.'i
'rabalhos, [h-ando iSl'llto do sr!'lJiço das armas,
/lO
dito P["(lZO dl' d('z annos, qualquer dessas
familias, como tambem de outro encargo que
pOSS(l
j>l'f>
jlldical-as, e da mnma
f órma. 110
dito pra::o, serào ellas exceptuadas
do pagamento do imposto ou direito por qualquer {rudo que vendam ou introduzam,
em quaesquer
pavos ou provincias, depPlldenles do {,overno
Sul-A mericano.
"Sn - Sos mesnws lermos e par egllal fórma, sob as mesmas condiroes, drue pro por-.'ie
o me.'imo convenio ás familias pobres, da Randa Oriental, de Monlpvidéo p da capital de
Buenos Aires, que se disponham a il' pOlJnar os
territorios do Rio Grandr, para desta mancira
introduzir nos ditos logares o idioma castelhano, usos, costumes e adhcsào ao govcrno, pois
já nestas circumstancias
delleremo.'i tel' aplalnado todas as difficuldades e, hastcando a nos,<;abandeira naquelles sitio.'i, declaral-os como
provincias unidas da Banda Oriental e E.'itado
Americano do Sul.
"go - Nos ditos lagares do Rio Grande dc-
- 43vern abo/il'-sP' jd, nt>stf>C([SO, as esco/as e outras
dasses d(> estudos, para meninos de cinco annos cm deanif', no idioma poriufjuez,
remettendo-se pro{essores qllP. ensinem o casie/burw
e até sacerdoies para os mesmos {in,;.
"10°
Da mesma {árma, todos os visinhos
do R.io (jrande e .<;ellscampos e todus os que
expurtarem
dessw; puvoaç6es, OH introduzirem
por terra e mar, durante u Prazo de cinco allnus, pafjal'iio apt>llas metade dos direitos nacionaes qlle estiverem {i:rados nas demais provincias do (JOVt>rTlOArgentino,
re{erindo-se
tambem esta disfJosiçilo aos qlle navegarem
para
laes /of/arf's, nnbora nau residam na sua visinhallça.
"11 o -- - Emqllanto
nilo se I'O.dicarem lola/mente nn bases {i:ras e eslavp.is os no.<;sosdirt>Ítos .te ('onqllisla naquel/as regÙJes, mïo devemos confiar os primeiros cargos a fJessow; que
nao sejam das antigas provincias,. e para nri(J
dp.scontenlar
as pessoas de talen/o, merito e
circumslancias,
devemos
a/trallil-as
e p.mprega/-as nas provincias antigas, até que a lempo
nos assegure aquel/es novos estabdel'Ímen/os."
Era esse o plano do Governo independcnte
de 1810 eom referencia no Brazil, e para ti sua
cxecuçÜo :\1ARI.\:-JO MORE:--:O calculava
que nÜo
cram precisos mais ùe seis a oito annos, d(:sde
que se obtivl'sse a alliança da Inglaterra cont!'::!
Portugal.
Como os intcrcsses
portugl1ezes e
- 441
\
fi
hespanhÚes convergissem para a manulen~ao
do systema colonial, nao seria outra senâo
aquella, no seu entender, a politiea da Gra-Brelanha, que, desaggregando
a America hespanhola e a America lusitana das Illctropoles curopéas, enfrnqueeendo
ao mesmo tempo as
duas naçiïcs rinlcs, pelo mclhor equilibrio da
balança do seu poder, assegurada tinha a cxpansào da propria actividade mercantil com a
soherania exclusiva dos marC's. J:\o tocante uo
Brazil, portanto, a influeneia lihertadora
de
que tanto se ufanam os argentinos dissillllllnva
um plano de conquista, perfeitamente
rcalisavel, segundo MOREl'IO,sC' a coad.iuvaçào da Inglaterra nâo falhassC' aos compat!'Ïotas de SAN
MARTIN. Que mais podcriam appctecer os inglezes, argumentava
elle, do que a posse de
algumas colonias inglezas no Brazil, ahundantes de generos <IC'primeira neeessidade?
Que
fructo rnelhor poderiam estes tirar das suas
<lC's])c7,as,do soccorro prestado :'t elllaneipaçâo da AmC'rica )H'spanhola? Quanto Ú planicie do Rio GrandC' do Sul, parecia "tel-a formado a natureza
para sc· fundir na Banda
Oriental de MOlltevid(\o, pois, nchnnoo-se a
harra fortificaoa
COIll algllm pod<'r naval. e
fortificadas nchando-se, do I1H'SIllO modo, as
passage'lls para () interior. Illllito nos cOllvem
<'sta C'mpreza de conquista", dizia ninon :\foRE'>O, para conduir
sem v[lcilla<:ôcs: "Por e1l1-
-
43 --
quanto, nùo deyo particularisaI'
a plano da
nossa conquista ainda mais, até que as Bossas
idéas se vcrifiquem, surtilldo o projectado e1'feito, sobretudo a alliança da Inglaterra:
ac.quiesccndo esta aos nossos planas, convindo na
conquista do Brazil, po<lcrelllos cntao desenyolvel-o, por mancira que, operando a um tempo cm diversas paragcns, nos abalançaremos
á
-conquista de Santa Catharina, Bahia de Todos
os Santos e todos os outras partos principacs."
Conforme Vl'cm os nossos leitores, a l)('nsamento impel'ialista vcm occupando o espirito
do governo da Republiea
Argentina
desoc
1810, com applicaç:.i.o ao Hrazil. Por inaudito
{IIIC SI' afigure,
porextrayagante
que pareça (' ('Ill outro capitula já fizem05 resaltar a sua
loucura .- o sonho do pan-argentinismo
canta
mais de um s('culo, desvairanclo a intelligencia
·de estadistas como ZEB.\LLOS e correspondencia
~lOs yagos sentimcntos indefiniveis, de hostili~lade l' cuhiça, da multidao argentina l'm face
do B"azil. Homens coma os Ors. MANOEL HEJ.1:m.\:'IiO (' MARl.\:'IiO MOREXO, em 1810, haviam delineado HIll plana de occupaç:.i.o do Rio Grande
00 Sul l' desIllembramcnto
do 110SS0territorio
('om segurança, limpidez e minucias taes. qllC'
<linda hoje nÜo dcixaria
de approval-o, nas
'Suas linhas dominantf's, o Estado-Maior
allemào. Sol> a l)l'c\'ide11cia organisadora
do l'spírito argentino se patenteia o seu machjaYC'lis-
--
.1(j --
mo, huscando no poder da Inglaterra,
sinuosamente, nâo s<Í um ponto de apoio á obra da independencia,
mas a alavanca
irresistivel
com
que lhe fosse dado erguer o mundo tenebroso
das Hlllbiçôes politicas e dos odios de raça,
Desilludidos
de conseguir esse apoio, os nWIllbros da JUNTA Gon:R~:\TIY.\ requestaram
ardentemcnte a va¡dade guerrcira
de BOLIVAR,queren<lo entregar-nos
tí. violencia nomade e bravia dos llanaos da Colombia, já que os inglezes nào se prestuvum a bombardear
os nossos.
portos ainda hoje tao mal fortificados,
O heroe colombiano
tergiversan.
e porque lhes 1'altusscm allianças poderosas
nào vÎ'eralll os argentinos de 1810 ensanguentar
o nOS50 territorio, desde o Rio Grande do Sul até á Bahia.
conforme os sens planos odientos e ambiciosos,
Examinando
o bosquejo
de operaçoes
do
Dr. MARIANO MORE:'I:O,podemos
acolllpanhar
toda nma obra dCll10niaca de intriga. pCl'versidade e ambiçâo, menos para aggredir os portuguezes, do qU(' para obstar no continente suJamericano
a formaçao
de uma nacionalidade
cohesa c pujante, faJando outra lingua, ,,¡vendo para outros idears. De accordo cam as silas
instrucçócs.
e alliados il Gra-Brctanha,
os argentinos saltariam
primciro
no Hio Grande
para levantar as populaçôes
contra o dominio
portllguez,
depois de lhes ter suggerido.
no
ll1eIlifluo di;¡;cr de BELGR.\XO,"las dulzuras dp:
-
47-,
la libatad
!I derechus de la naturaleza".
Pcrfidanll'l1 te, COIll o designio de t'nfraql1cccr, dizimar o clemcnto nacional combativo, ou elemento rcvolucionario,
n:1O interviriam
as tropas argentinas cm refrégas COIllos portuguezcs,
desde que nào fossem decisivas para o exila
da cHmpanha. Vencidos afinal os realistas, e
extenuado o partido hrazi1C'iro, quando todas
as povoaçÔes da provincia estivessem irrcmediavelmenlt' compromeltidas
perante a "Metropole, começariam da parte dos nossos amigos
as duras exigencias: ou o abandonO ás cruel~
clades do rC'gio poder, aggravadas pelo saque,
pelo incendio, pelas devastaçôes que elles praticariam, batendo 'cm retirada,
ou a incorporaçùo Ús Provincias Unidas do Prata. Nessa contingencia
dolorosa, os hahitantes
do
Rio Grande do Sul nada mais opporiam, scgundo MOHE~O, Ú intimativa do conquistador.
Libertas os negros, mediante
indemnisaç.ào,
formnriam
tropas disscminadas,
a empregar
eventualmcnte
contra quacsf{uer vellcidadcs
de autonomia dos brancos ou mestiços. A incorporaçào
de argentinos aos consclhos administrath"os das loealidudes, a pontualidade
e
outras vantagcns do .soldo militar aos brazileiros alistados nas suas milicias, o afastamcnto
destes para as frontcims, a rcmessa das familias rio-grandcnses para a Banda Oriental e de
familias hispano-amC'ricanas para o Rio Grnn-
- 48 d(', a substiluiço do portugucz nasescolas
pelo
idioma hcspanhol, o regimen de iscnçâo tributaria facilitando o movim('nto cmigratorio da
nossa gente para as margens do Prata, a SlI}lcrinkncia
argentina
dos mais importantes
ramos administrativos,
todas ('ssas medidas
apressarimn
a obra da conquista, para a quaI
pt'('conisa MARI.\:-;O MOHE~O todo o rigor, todas
as intrigas ,e astucias ... "Po/' mis cOllocimentos /'(',wlvo abiertamente
qlH' debemos
dicidi/'l/OS
po/' el rigor. intrigas fi astucias, ql/P .'1011 las
<¡Ile nos Iton de poren a Cl/hie/'/o y ('ond/lcirllos
'
..
([ lHles t /'os f zne,ç.,.
A politica internacional
zehallista contI'a o
nosso Rrazil, manobrando
um seculo depois,
niio é senao um dcsdobramcnto
logico c natural dos idéacs que tinham a respcito da America portugllcza os honw!1s ([lH' fundaram
a
ReplIblica Argentinn. ('m 1810.
A incorporaçào
da Banda
Oriental
firmou
definiti vamente
as nossas incompatibilidades
v
l'ruguay,
Paraguay
l' quutl'O 11I'oyineias do
Alto Pl'rÚ, formando
hoje a Bolivia,
foram
Sl'IlIIH'C considcl'udus
cm Bucnos Aires partes
integl'antt's
da fcderaçào
argentina.
Reconstituir o yicp-r<'inado do Prata, de que l'l'a centro
l'OlllllWrcial e intellectua I aquella donde,
foi
ardcntl'\1lcntc
o sonho oe BELGHA,,"O, de 1\1011"::\'0, de S.\:\'
l\fARTI'\", o Il1CSll10 sonho
que,
ll'ansft'rido
a individuulidades
menos decorativas, !llellOS impressionantes,
DHSSOll ;¡gora a
Sl'I' () de IRIGOYEKe de CARLOSBECt:, Dest'arte,
l'Ill 1821, quando foi incorporada
ao reino do
Brazil a Banda Oriental soh o nome de Provincia Cisplatina,
por insinuaçôes
00 General
LECOR,harâo da Laguna, e acto do C.\llILDODE
.l\Io"n:nDf:o, o governo de Buenos Aires protes-
- 30tou contra essa annexaçáo cam vehemencia ('
fez sentir qU:3 tudo envidaria para submeUer o
mesmo territorio, por seu turno, á soberania
das Provincias Cnidas do Prata. "Buenos Aires, que até f>I1tào S~ havia abstido de interf(,l'il', declaro u-se com energia contra esta desnll~mura~:ào ùe territorio, e o seu governo fez.
conhecer formalmente
a intençào que nutria
de restaurar
a todo o risco a integridade
das.
Provincias
Unidas da Repuulica."
(AR~uL\(iE,
Historia do Bradl, 2" ediçâo. pg. 36) .
.Jurada a Constituiçào do novo Imperio do
Brazil pelo CABILDO,este affirmava cm dezembro de 1824, a D. PEDROl, dcpois de solicitar
(lue a religiào, os habilos e costumes da provincia fosscm dcvídamente
respeilados:
"E' um
facto, Senhor, vossa Montevidi'o vos ama, e
póde dizer como a esposa: eu sou de nH'U amado, (~ meu amante me pertence."
Quem niió
amava D. PEDROl, e ainda menos o Brazil, era
() partido revolucionario,
Oll partido de Buenos
Aires, tenazrnentc
insuflado pelos argentinos
contra a nacionalidade
brazileira.
Ajudados
l'omo foram na campanha, qlle dcpois se travou, pelos murinheiros
inglez·cs, levaram elles
a meIhor, graças, por um lado. Ú incapaci<fade·
e HO impatriotismo
dos homeIls (fliC dirigiam
as nossas forças,
por outro, ao dl'sinteresse
ahsoluto da nossa gente pela sorÍ(> das armas
nessc rccontro, dada a sua indole avessa a glo-
t"
- 51Tias militares e a csbulhos lerritoriaes. O de poimento de AIC\I1TA(jE,
historiador
inglez, nào
pÚde sel' mais insuspl'Íto no assumpto: "Eram
mais de duzcntos os conspiradores, e entre elles o Coronel FHl;CTl;OSO Rl\"ER,\, natural
de
Cordova, e officiaI do exercito hrazileiro, commandado pelo General LECOR, que anteriormente se havia distinguido no serviço do Imperio, e rcccbera muitas promessas de adiantamento da Côrte do Rio, as quaes nào haviam
sido sufficicntes para assegurar a SIU! fidelidade. TClldo-se [inalmf'11lp determinado
a adopta,. as hostilidades,
os conspiradon~.ç enuia,.am emissa,.ios a RLH'IlOSAires. O Governador
<lesta cidade nào se dL'liberava ainda a prestar
auxilio directo aos patriotas cisplatinos; toda'via abriram-sc publicamente
subscripçôes cm
seu fa VOl', a insurreiçâo cra por toda a parte
approvada, l' praparavam-se
armas para os revoltosos; observando-se uma conduda clara e
imprudente a este respcito: e an~es de se consolidarem os planos dos conspiradores,
já o
Ar(Jos, .iomal de Buenos Aires, havia temerariamente indicado a Fnn:n;oso
RIVERA
como
Ulll dos se liS associados."
Consolidando-se
tacs planos, inspirados seCl'etamente pelo governo e fortalecidos
pelo
enthusiasmo da opiniào publica em Buenos Aires, dahi sahiram LAVALLE.TA e trinta e tres homens, fizcram a travcssia do Rio da Prata e
-- 52 deSl'mharl'aram
todos cm Arenal Grande, internando-se no pampa uruguayo, onde reunil'am poucos dias apÔs mil e tantos gaÚchos armados. FHl:CTl,OSORIVERA adheriu, e a batalha
de Saramli foi o primeiro insuccesso das nossas tropas. afinal concentradas
cm Montcvidéo. Quando se referem os historiadores Ú l'oragc'm sobrthumana
dos trinta e tres aventureiros de LAYALLE.rA,
que sÓsinhos desafiaram o
poder imperial do BrazÏl, e dl'ram assim a liberdade ao seu formoso paiz, de que somos,
aliás, Sine(TOS amigos e admiradores.
esquel'cm apenas uma eirl'umstaneia magna: os trinta e tres heroes fabulosos
nao l'l'am spnào
emissarios do governo de Buenos Aires e nao
iam propriamente
lihertar a Banda Oriental,
mas combatr!r pela .'lila incor[Joraçào âs Provincias Unidas do Prata. ~em de outro modo
teriam l'Hps alcançado o apoio dos argentinos,
interesseiros p ambiciosos nl'ste episodio. como
nos demais lances da slla historia, em que se
apresentam á maneira de eximios prestidigitadores. usurpando a gloria do immenso BOLIVAR
para o seu mediano
SA); MARTI~. segundo o
proprio tcstcmunho do maior dentre os publicistas argentinos, o illustre JUA~ 13AuTIST.\ALHERDl: "SAN MARTINno era genio sino entre
mcdioeridades.
En vr!inte arios (b' servicio militar en España, 'en una época célebre, apenas
alc:mzÓ al grado de tpni('ntr~ coronel."
E mais
-
53 --
adcante insiste:
"Empleó cinco aÙos, sin emhargo, y [uva Ú su servicio los medios de Chile
¡¡ del [->eru, y ni asi conseguiÓ arrebatar
Ú los
españoles las cuatro provincias
argentinas
del
Alto Peru, qUt; BELGlUJ-;O no pudo libertar.
Donde estÚ entonces el genio de SA~ l\hRTI~?
En que pasó caÙones il trav(~s de los AIides'?
POl' eso seria otro A:-':II\AL'!Comparaciones
pueriles. Desde la conquista, los espaÙoles renian
dominados
Ú los Andes como él carneros.
(ALHERm, (¡ralle/es
!/ [->eqllcí'ios humbres del Plata,
pg. 220).
LAVALLE.J.\e os seus trinta e tres hOIlH'ng, dizemos ainda um~) vez, rclornando
Ú questao
da
provÍI:cin Cisplatina,
cram apenas mensageiros de Buenos Aires e nao trahalhavam
scnao
pelos inkresses
argentinos.
Tanto assim que,
logo depois da victoria de Sarandi, os principacs sC' rcuniram na povoaçÜo de Florida, :l 25
de agosto de 1825. dcram a governo a LAVAI.LEJA e participaram
:lO Congrcsso
Nacional de
Buenos Aires que a Banda Oriental, dahi cm
deante, se constituia
cm provineia
argentina
para todos os cffcÏtos.
Oito mil homens jÚ ('stavam no acampamento
de Entre-Rios, qllando
() governo de Buenos Aires. approvada
pelo
Congrcsso a ann('xaçuo, deu noticia <lc>ssef:lelo
:10 governo
brazileiro.
Era incvitavelmcntc
a
gucrra. St'gui u-se o bloqlleio de Ruenos Aires;
seguiu-sC' o infortunio das nossas armas cm Cu-
.--. 5·1 macuÚ, Yaeacy, Ombú, Bagé, S. Gabriel, eho(lues sem alta significaçâo historica e marcial,
até a derrota de Ituzaingo, em que tivemos mil
e duzentos 1110rtos e dez péças de artilheria
perdidas.
Notaveis foram tambem as perdas
do inimigo, mas a victoria lhe coube, e o seu
espirito castelhano, tanto vale dizer quixolesco,
lransformou-a
desde logo l'm façanha eomparavel aos grandes feítos de Chacabueo, de MaipÚ, de Ayacucho, na realidadc pequenos lÍroteios, elevados hoje pela fanfarronice
argentina á mesma categoria das batalhas de Iena,
de Waterloo, do Marne ou da Gallicia.
Seja, porém, como fôr, a verdade é que nào
podiam ter sido mais desastrosos os movimenlos e os resultados brazileiros nesta campanha.
Tudo nosdeixa explicado um rapido confronlo
de valores individuaes, sentimenlos populares,
iniciativa e organisaçáo entre os adversarios.
Cam effeito, duas individualidadcs
eminentes
commandavam os argentinos: por terra, o General ALVEAR, heroe' da Independencia,
que, Ú
frente dos seus regimentos, havia pasto os mais
bravos coroneis da guerra contra a Hespanha;
por mar, o Almirante BROWN, que, embora ti'veSSCJll0Sa supremacía naval indiseutivel, fez
varias sortirlas coroadas de bom exilo e chegou
a destroçar a esquadra do Almirante SE:\'X\ PEREIRA ('Ill Juncal.
Ao inverso, o commandante
<las nossas tropas foi a principio o General LE-
-- 55-e l'l'a tal a sua immobilidade,
l'om o inimigo :'ls portas de Montevidéo, que os proprios
officiaes
brazilciros
o alcllnhavam,
pela sua
conduela dilatol'ia - - Fabius s(>cundus. A este
SHccedeu o Marquczdc
Barbacena,
ou FELlS!lEHTOBIUNT, mediocridade
cllfaluada que, tendo nascido para cortcziio e diplomata, foi leva<\0 pda nossa mÚ SOI"te ao commanùo
do exercito brazilciro no Prata. Depois de nos tl'rem
sido tâo funcstas a sua prcsumpçiio e a sua incompetencia,
levando-nos
Ú
dcrrota
de Iluzaingo, res(,lveu destituil-o o governo imperial,
mas para confiar de novo a marcha das operaçoes ao General LECOR,o homcm predestinado
ao sl'({entarismo, il inercia, á moratoria,
à estagnuçao. Relativamente
Ú nossacsquadra,
lÏvemos primciro o Almirante LOBO, commandando
inept:lI1JCntc o bloqllCio, a ponto de ser batido
o qllc parece incrivcl, segundo AIC\lITA(;Epela insignificancia
naval dos argentinos;
e cm
sl~guida o Almirante
RODRIliO PIXTO Gl~EDE8,
que valia tanto como o outro. O julgamento
da historia a seu respeito é o que vamos cxtrahir da citada ohra de AR:\fITM,E: "Em toda a
guerra a incansavcl aclividade de BROWX offereeia grande contraste
eom a appaI'ente
apathia do Almimnte RODluc;o PINTO GCEDES, que,
recluso na cxplendida
camara da SUa fragata
de linha, raras vezcs l'l'a visto pela marinhagcm (khaixodas
suas ordens. Possuindo gran-
COR,
56 de reputaçào de pcricia (tal e quai o famigerado lVIal'quez de Barbacena),
reputaçâo adquirida durante o governo absoluto, em que tudo •
era decidido unicamcntc pela intriga, cra mais
apto para concertar planos no gabinete do que.
para os pôr cm exccuçào: flcugmatico e calculista, mostrava maior empcnho cm agarrar
prezas, das quaes colhcu uma immcnsa fortuna, do que cm atacar c derrotar o inimigo."
A guerra com o Brazil despertan~ cm Buenos Aires o mais fervoroso ·ellthusiasmo, como
os historiadores o attcstam unanimemente, CIllquanto a indiffcrença
dos hrazileiros nao podia ser mais desalentadora.
lnutil ('s querer
des(Tibir ó expressar el ardor dc gucrra qllc
con estos SIlCC.Ç()Sse produjo CTl BUCTloS Ayres,
informa YICE~TE LOPEZ. Os caudilhos da provincia logo se aprestaram
para formar um
exercito de vinte mil homcns; a exaltaçiï.o popular cm Buenos Aires chegava ao delirio; os
commerciantes,
inflammados
pela fcbre da
cspeculaç,ào, incitavum a plebe no seu odio ao
Brazil; a noticia das victorias successivas alimentava a chamma interior e universal de fanatismo; a casa do Presidente da Republica foi
apedrejada, porque mandara ao go\'erno brazilciro o embaixador GARCIA ajustar condiçô('s de
paz; trmllou-se num café o assassinio deste e
do seu infeliz secretario; as proprias mulheres,
como a historia poude registral-o, vicram offe-
57 l'l'cel' as suas joias ao Estado para as despczas
da guerra.
E/lJ nosso paiz, ao contrario, halo era alhcamento, dL'sattcnçÜo, indiffercnça
glacial pelos
suceessos que se descnroJavam
no Prata.
As
nossas d,-'sgraças em toda a campanha forum
expressÔcs da justiça immanente, que nao pcrdÔa 'aos povos irresolutos ou apathicos a sua
ineapacida<1c na luta pela vida. O cxcrcito brazilcirc, entilo, compunha-se totalmente de mercenarios "indos da Austria e de recrutas scm a
menor prcparaçao,
marchando
a eontra-goslo
e mal resislindo ao embate' dos fortes causados
gaÚchos de LAVALI.E.TA, de ALVEAR,de M.\HTlN
RODlWilJES.Par outra lado, <'lllquanto os proprios inglezes llIanifcstavam na ,esquadrilha de
BHO\\':-; o enthusiasmo
a que os levava a amor
proprio, excitado pda facil victoria sobrc forças navaes milito sLlperiorps, os nossos marujas desanimavam,
sob a illefficiencia e a desorganisaçÜo de um commando que ém si mesma trazia a causa de todos os revezes, todos os
mallogros, lodas -as vergonhas.
A lascivia da
nossa mcstiçagcm nao concorrcu pouco, seja
dita a vcrdade, para as derrotas inaereditavcis
que soffrcmos: como depoe o continuador
da
historia de SOUTHEY, os jovens officines brazilciros - e havia raras excepçôes - muito satisfeitosestavam
corn os attractivos de Monte\"idéo, o encanto, a vivacidad e, a graça das
-
58
ol'Ïentaes, nào dcsejando trocar de modo algum
esses deliciosos instantes pelo aqual·telamento
<lo campo. Adma de todos os males, él ausencia <lo espirito de nacionalidade
foi o que nos
occasicllou tantos dissaLorcs e produziu tantas
infclicidades na campanha do Pl'ala. lIa uma
pagina daquclk historiador que todos nÓs de"iamos rder
e meditar
profundamente,
de
modo que os CITOSpraticados l' os desastres
soffl'idos vall'sSl'm ao !llcnos como lie<;~Úopara
a segun<la gucrra do Brazil com a Hepublica
.\rgl'ntínn.
Eil-a: "Seus triumphos
(o escriptor allU(k aos gaÚchos) nào eram unicamcntc
de"idos Ú superioridadc
da sua força physica:
outra causa h.wia que mais do que tu do concorria para alean<..~al'ema victoria. El'am voluntarios, e animados pelo espirito de lIaeionalidade, HO llIesmo tempo que as lropas braÛleiras ('l'am pela maior part" ou recrutas, ou cx\J·an.g('iros, os qllal'S, ainda que hnl\'os, nào
s)'mpathisavmll
com a causa porqll(' pugna"am. :\'ào acont('cÏa l'omo na guclTa da Independencia, cm que todo homem livre cOllsidcraya os seus interess('s e a sua honra empcnhados na sorte da campanha: na gucrra do sul, os
soldados olha"am l'om indiffcrença para o rcsultado da contenda, e nada mais cram do que
machinas; e por parte dos gaÚchos, La Patria
era () grito de reuniâo."
A gUl'lTa civil na Argentina enlre unitarios
- - 59 e federalistas, impediu, afortunadamente
para
o Rio Grande do Sul, qm~ o General AIXEAR
prOSl'gltÎsse nos seus objectivas militares. Em
plena victoria, foi elle obrigado a sustar a
avançuda por falta de homens, de viveres, de
armas, e fazcr a invernada
de Cerro Largo.
Dessem-Ihe mais dous mil hOIllens, e occllparia
a capital do Rio Grande, conforme os seus calculos e prcvisoes. Com a medinçào do governo
britannko,
tendo crcscido as nossas difficuldades internas e as de Buenos Aires, foi assignada a paz cm 28 de agosto de 1828. A condiçâo
principal do tratado era que a Banda Or'iental
constiLuissc uma naçâo indcpendentc, quel' do
Brazil, quel' <las Provincias l'nidas do Prata.
Foi assim ql[(~se organisou a Republica do Uruguay, tcndo servido a J)ossa <lesistencia, ao menos, para evitar a SUa absorpçao pela RepubUca Argentina, Ù quaI estaria annexada, se
prevalcccsse o acto do Congr·esso de Florida,
eomo prctcndiarn e ainda hoje prctendem os
argentinos, que por outra motivo nao entraram
na luta.
Ncsse primeiro eneontro violento l'om os
nossos inimigos soffremos varios desastres militares e o corso extrangeiro, por elles instigado, trouxc ameaçado constantemente
o nosso
littoral.
Segundo as proprias declaraçoes inequivocas dos historiadores
argentinos, a seu
fito cra invadir a Rio Grande, occupaI' a La-
60 --guna, desembarcando forças transporladas
em
lanchas de guerra,desoer
até S. Paulo e vil' ao
Hio de Janeiro, compellindo o Imperador Dom
PEDRO 1 a ceder a Banda Oriental, rectificar fnvoravdmente
as fronteiras do sul (' pagar as
dcspezas de guerra. Causas irresisliveis sohrevieram, destruindo os planos do machiuvdismo e da ganancia argentina sobre o Uruguay
e o Brazil. Mas um dos seus historiographos
poude affirmaI' sem jactancia, commentando o
final dcssa campanha:
"No lemos que culpar
sino il nuestros políticos. ~uestros generales,
nuestros soldados y nuestros marinos cumplieron bien su deber." Ao fim deste capilulo, nós,
brazileiros, fomos forçados a observar corn
ldsteza: "Nao tivemos a guerra civil, como tivcram Besse periodo os argentinos. Mas os nossos generaes, os nossos almirantes, os nossos
soldados e marujos nào souberam clllllprir ()
seu dever."
Que a temerosa licçào nos aproveite!
A acçào de nossos antigos alliados e amigos
no Paraguay,
depois
da guerra, é urna obra insidiosa, visando
o nosso desmoronamento
VI
o despotismo paraguayo de LOPEZ nao sómentc opprimia o scu povo, como tambem ultrajava as naçoes limitrophes, sobre as quaes,
de um para outro momcnto, podium cahir as
suas hostes de fanatieos, dcstruindo e avassalando. Scm cspirito militar de conquista ou
mesmo de simples ddcsa, o segundo imperio
nao havia eonduzido as suas armas ao Prata,
depois de Ituzaingo, scnâo para abater odiosos
tyrannos, cujo govcrno sem leis affrontava a
civilisaçâo e a propria humanidade.
LOPEZ foi
Hm desses monstros do caudilhismo, procreado
entre a vida jesuitica e a vida sclvagem do Paraguay, fatidicamentc, a exempla de QUEIROGA
ou de ROSAS na Argentina, para ensanguentar e
- 62('nnegrecer ainda mais a historia dos POyOSsulamericanos.
A sua machina
de oppressào,
poueo a pouco, montada no interior sobre o
fanatismo, a barbaria e o captiveiro, tornou-sc
ameaçadora aos nossos destinos, l' a audacia
do lTUel didador clwgou até Ù invasilo de uma
provincia Ilossa e a ultrajes SUhS(·(jlH'Iltl'S. O
Brhzil declaroll-Ihe guerra.
~unea foram mais dignos, mais aIlos, mais
ostensivamenk' liberaes e humanitm'ios os fins
de UIlla campanha.
Desde o rompimcnto d3s
hostilidades, annunciando
aos paizes cultos a
responsahilidade
que assumiamos e o esforço
a que nos aventuravamos,
cam a maior lealdade publicamos os nossos intuitos, confirmados pda soluçao da guerra: quebrar o syskma
de militarismo e didadura
personifieado
cm
LOPEZ, abrindo
á infeliz naçào paraguaY3 os
lllesmos horisontl's pm que se descnvolvera a
nossa democracia constitucional,
para SOCf'go.
da AnH'rica e para victoria do Dircito.
Hasteando a nossa bandeira ao clarao solar
destc principio, nào tardamos cm VIel-a acompanhada pelas outras naçÜcs que, visinhas do
Paraguay e offendidas por LOPEz, a autocrata
feroz, tinham cguacs motivos para dcsejar a
sua queda e fulminal-o no seu antro. Dest'arte.
~m breve marchavam comnosco as foreas nlliadas do Uruguay e da Republica Argentina, a
quaI, transposto o mcdonho periodo dc san-
-- 6:~ -gueira e chacina qlll' foi ti dict:odl1ra de ROSAS,
evoluira com SARMIDiTO,Mrnm, ALBEP.Dl e outros VIl\tOSrepresentativos
do liberalismo continental para a vida juridica, delineada na correspondencia
juridica das suas forças e dos
seus institutos.
Cinco anno:> dur()lI :1 ctlmpanha, sustentada
pelas nossas \J'opas com obscura, mas admiravcl dedieaçào, atravez de pantanos, <lesfiladciros, barrancos, e teve nessa emcrgencia o Brazil, clesa\ten to l'omo scm pre Ús suas necessidades militares, dc improvisar um excrcito e umu
esquadl'a, vcnccndo as maiores complicaçocs
internacÍontH'S, multiplicando
os s~us dehcis
recursos ccollomicos e finanüeiros.
Por sentimenb de cOllservaçào e por dever de honra,
nâo vacilIÚmos deanle de Iodos os sacrificios
até ver concluida a nossa empreza l'om dignidade heroica. Milhares ~ milhar,es de contos
foram dispendidos, scm que até hoje a divida
de guerra do Paraguay tivesse alguma significaçào economica, fÔra do seu valor nominal.
Cem mil brazileiros tombaram nos charcos do
Paraguay, defendendo os brios nacionaes; familias innumeraveis
conheceram assim a miseria e o lulo, golpeadas mais de urna vez pelo
infortunio sem par. Vencedores, nâo cxerccmos vinganças inuteis, nao praticamos inuteis
crueldades, e a 'I1açao paraguaya, na sua immensa desdita, mercceu de todos os brazileiros
-- G-1 -sYllIputhia e respeito. E' sobremodo honroso,
demonstra a elevaçào dos sentimentüs nacionacs, qlll' apÓs lima guerra implacavel, dÏlal:llldo-se por cinco longos annos de trahalhos
" lwlejns, nao haja na littcraturG do BrazÏlum
-"Óvislumbre de antipathia ou desde'm pelo inimigo.
O que se prova com isso, fundamentalmente, l~a lilllilaçao do nosso objectivo, na referida
campanhu, ao ckspotismo de LOPEZ,e nâo será
outro o scntimento paraguayo entre os espiritos
mais dcsapaixonados
ou esclarecidos.
ClIstanos dizer, no lentanto, que os nossos ex-af[iados argentinos, cuja solidariedade militar foi a
mais insignificante pelo nUIlH'I'Ode tropas 1110hilisadas, sÓ esperaram () termo da gllerra de
cinco annos para calumniar o Brazil, emprestando-Ihe nas paginas dos livros dI' historia os
seguintcs intuitos: 1"
,guerrear a nacionalidade paraguaya, quando os argentinos combatiam apl'nas o despotismo de LOPEZ;2°
pretcnch'r a conquista da capital do paiz, o que só
nao fizeram devido Ú opposiçào dos bravos argentinos; 8° - occupaI' o solo paraguayo emquanto nilo lhes fosse paga a divida de guerra,
sendo nisso obsta dos, mais urna vez, pelo exer':'
cilo do gran pueblo argentino, sempre magna-o
nimo e cavalheircsco.
Verdadeiramente,
nao tiveram elles nessa
campanha senao os lucros de um optimo ne<1o:"
65 cio: livrrs ficaram da visinhança perigosissimu
de LOPEZ com u minimo esforço, para nao dizer
l'om () csforço quasi unico e supremo das nossus armas; nada soffreram no seu territorio, e a
passagcm das nossas divisoes repres·:'n tou incalculavel fortuna para os cshl,ncieiros, que as
ahasteeiam
a preços de usura. O forllccimento
de trigo e de gado platino HO exercito brazileiro, durante a campanha,
reduzido a cifras
exactas, verificamos
que sÓ uma naçao sulamericana
tin)U lucros enormes da guerra do
Paraguay - - a Rrpuhlica
Argentina.
Depois de l'nriquecida
por essa fÓrma com
a l:latança d~' brazileiros
e paraguayos,
CillllCÇOll ella, syskmaticflnH~nte,
a persuadir os compatricios de LCPEZ dos nossas intuitos malcficos, neutralisados
pela sua mediaçao providencial. Captando-Ihes
assim a confiança e a estima, o governo de Buenos Aires deu inicio Ú segunda parte do seu antigo plano --- arg(,lllinisal' l}uanto possivcl o Paraguay,
de modo qlle
a sua annexaçào cspontanea se torne uma questiío de tempo. Foi esse o motivo por que, todos os dias, capitalistas
argentinos
faziam alli
grandes acquisiçocs
territoriaes,
dcsenvolvendo o plantio do malle em grande escala. Nao
roi outra a raza o que, no desdobranH'nto
do
systema ferro-vÍario
argentino, levou a seu traçado no Paraguay, em linhas cada vez mais rapidas e mais extensas. Cma obra insidiosa, mas
--
6G -
persistente, de acçao anti-brazileira
nos mcios
cultos e nos meios populares afastoll qualquer
llossibilidade
internacional
de concurrencia
naquelle paiz. Emfim, ao ver consolidado a a1'gentinismo ('m bases duradouras na sociedadc
paraguaya, suscitando mesmo a revanche, um
dia, contra o vencedor brazileiro, que tao gcl1eroso foi e de que ella foi alliada, a Hepuhlica
Argentina compíetou essa obra mediante a celebraçào de um tratado de comI1H'rcio, cm que
a sua posiçao economica, singularmente
favorecida, lhe assegura por todos os mcios urna
c>sphera de influencia e adividade
irrivalisaveIS.
N'ào tenhamos illusoes acerca dos projectos
afagados pelo zeballísmo, perfeita equivalencia
do argentinismo, que, cm 1825, explorando o
patriotismo dc~ LAVALLE.JA e dos sc>us trinta e
tI'cs companheiros, ousou incorporar solemne111ente a BANDA Onn:NTAL ,\S PnoVINCIAS UNIDAS
DO PRATA.
Foi 'esta a causa immediata da primeíra guerra contra o Brazil. A annexaçào do
Paraguy, se a nossa politica fundada no equilibrio sul-americano
lhe oppuzer um vdo, serÚ
talvez a causa ostensiva ou mesmo secreta da
guerra que se annuncia outra v'ez, quasi cern
annos dcpois de Ituzaingoe
de aggressóes ao
Jittora 1 brazileiro pelo corso italiano, inglez e
francc>z operando por conta do valente e gran
pueblo argentino.
o
famoso
Cons3lho
de Notaveis,
celebrado
por iniciativa
de Z€bal}os, e5teve quasi a precipitar
a guerra contra o Brasi~
VII
A' vOlltade P'-'l'Il1<.lIH·n!('d<: litigar nào f:!ltUIl1 p¡'ckxtos !lcm occasiùcs, e como se as leguas innlljlHTHVcis de terra dcspovoada fusscll1
aC:i!';Oi¡¡:;ll¡'íïcicntcs no orgulho {' Ó eubiça da
Hcpublica .\l'gcntina. voltou-sc panl o nosso
territorio {'ssa desmesurada
Hlllbiçào. (IlH' ('111
uno. no epilogo do rcgimcn colonial, jÚ se atrevia com BELGR.\~O e :\1olU-:~oa projedar
a conquista do Brazil.
O tCITilorio das MissÔes foi o ob.iccto da rapacidadc :lr~F:ltina. hastante
:mdadosa
para
nos disputar a posse compl'ovad:l sccularlllcnte
p(']o <Iil'cilo e pelo uso. lkncvolos como sell1prc, ou antes. dc modo talquc a bcncvolcnda e
a franqueza ni'ío SC' distingucm aos olhos do vi-
-68-sinho arrogante, condescendemos
em sujcitar
o pkito Ú arbitragem, tanto mais C}uanto havia11105tïxado esse recurso juridico em principio
constitucional.
A força irrcduclivel
do nosso
dircito coincidia,
providencialnH'nte,
l'om a
mara\'ilhosa
capacidade do hOIl1l'l11designad:)
para o susten tal' peran te CLE\'ELAXU
- - o g/'ande RIO BH\XCO,por ('('rto o maior dos brazileirus nos llltimos vinte fJI1I10Se mll dos maiores
enlrc o:, que rcsplendem na Historia, DdenSDl'
da causa argrntina
era ZEIUI.LOS,Cl)rrespondl'n<lo a injustiça daqueIla ao mal'hiavelismo <leste. Obstinados foram os seus csforços
<le raciocinio,
argumcntaçâo,
dialcctica,
mas
todos se f}uebraram, impotentes, contra a superiori<lade mental de RIO BR\NCO e a solidez
manifesta do nosso dircilo. CLEYELA~D
proferiu
sabiamente
seu laudo cm favor do Brazil, e
haslear podemos a bandeira nacional sobre o
terri torio das Missôes, como sobre dominio inconteslado,
~~~o se conformou a vaidade mal fcrida de
ZE~~AI
I.CS nem o exagerado amor proprio dos
~;('ln ,':1<-1 :':, pa tricios
l'om o hrilho da nossa victoria, para a clual nâo prel'isÚmos empenhar
outras armas senâo as quc forjara atravez do
tempo o ,cxercicio de urna propri<.'dadc rigoro5an)('nte inquestionaveI.
MalC'volo, de\11onstrando já o intuito de aggravnr difficuldade5
(' antipathias nas rclaçôes l'om o Brazil, intuito
-
69 --
esse que tantas vezes palenteara,
a govcrno argentino elcvou á pasta dos Negocios Extrangciros () llleslllo ZEBALLOS,hOlllem representativo
da corrente brazilophoba
que, ora desviada por
Illcios diplomaticos,
ora encobcrta
pelo 'iagaz
opportunislllo
platino, janwis dcixou de }>"rsistir ¡laS idéas e nos scntimcntos
populares.
O :!dw'nto officiaI de ZEBALLOSfoi o inicio
de contratempos
e dissabores maximos para o
Brazil, quando este procura\'a,
mediante él 11111"moniosa oriC'ntaçào patriotica
de HODRIGl'ES
AL\'ES e RIO BnA~C(), voltar na politica internacional do continente Ú pr:.'stigiosa situaçào que
lhe era assegurada
pelas ~mas condiçôcs gcographíeas e economiclls, pela sua natural finalidade e hegcmonia
sC1l1pre indiseutida
entre
os paizes sul-americanos.
Desorganisadas,
atravez de crises financeiras e hitas cÍ\'is, as forças militares nacÏonacs,
dcficicnh's,
lilas constitllindo
o apparelho
defensivo absolutamente
necessario ao nosso destino, ou melho;', á nOSSa propria sobrcvivC'neia,
tratavamos
de recompor
o syste:ma prcjudicado por 101lcuras officiacs e desaso colleetivo,
mercê de noyas aequisiçócs nos estaleiros inglpzes. Pois hem: a insolencia
aggressiva
da
chanccIlaria
nrgC'utina chcgou ao extremo 0.(N,clamaI' do Brazil a equivalencia
entre as nossas forças. A audacia dos llOrnens da CASA RoSADAfoi no ponto de emprehender
ostensiva-
..- 70 -lI1enh~ a ¿lcçào polilica zcballista, synthetisada
por ('sse ohjecto: impedir ou pelo menos condicionar o Ilesenvolvimento
das possibiJidades
do Bmzil na sua or;qanisaçào defensiva. Por felicidade nossa, a digna n'pulsa da chaneellaria
brnzileinl
esteve nesse momento
precario á
altura das BOSSas tradiçÙes, correslwnddl
ás
{'Ilergias que, nùo ohstantc o p~'ssimisJllo de todos nÙs, for:lI11 manifestadas
no periodo colonia!, cm surtos de Iw!'oisl\lo, e pela Regencia
mantidas na epoca mais afflidi\'a (' mais o1>scurecida por 1111vcnsde proeella l}1IC' até ho.ie
ternos atra\l'ssado.
ZEIL\I.LOS
nâo Iwrdooll a
RIO BRA:'\CO l'ssa attitude viril, l'omo n¡Ïo lhe
perdoa\'a o triul1lpho alcançado CHl \\'ashinglon, disputando
o \('rritorio das :\Iissoes per'mte a ad>i¡nlge!l1 de CCE\'EL\:'\D.
Intrigou,
corrOr1peU, '\HcnOu, e o S:'U eplpl'llho no momenlo 'cra pn'cipitar
a guerra, l'listasse o que
podessc custar, cmquanto as aequisiçoes na\'al's do Brazil nùo o apparelhavam
COOl efficieneia para deter O inimigo.
~ada pinta melhor o caracter de ZEIIALLOS
e dn sua politiea, nessa emergencia, que a falsifieaçâo do tdegramma
n. 9, falsificaçao est:Jl1\pada nos jornacs zchallistas caos governos
sul-amerieanos
transmittida
para documentar
as prctenç6es imperialistas
do Brazil. () espi¡'i\o que nos animava, tortuoso l' violento. por
destruir a invl'juda fortuna e suhlime grandeza
-71argentina.
Serenamente, evidenciando l'om admiravcl translucidez a perversidade intrinseca
de ZEBALLOS,o grande RIO BR\NCO deixou cm
plena luz meridiana
essa' falsidade tào hahil
quanta rcvoItante. A quéda de ZEHALLOS
foi estrondosa; mais do que as seculares prevenç6es
contra a Brazil, nesse momento, poude a bom
senso dos argentinos; e a terrivel adversario de
RIO BRA:NCO,
deslocado ás subitas do Ministerio,
mal conseguiu equilibrar-se, a despeito do seu
lwestigio militarista, na deputaçao de Buenos
Aires e na cadeira de professor.
Houve um instante, porém, logo depois de
circular a falsificaçâo do telegl'amma n. H, ou
de se ter celebrado a famoso CONSELHODOSNoTAVEIS,cm <lue se I'esolveu a guerra l'om o Brazil. Os chefes uruguayos do partido blanco,
affciçoaoos aos argentinos e guardando, talvez,
o sentimento anncxionista de L.WALLE,fA,
foram
chamados l'om urgencia a Buenos Aires. Decidiu-se que, tenoo a apoio militar da Hepublica
Argentina, dcporiam elles a goycrno dos eoloNidos, nossos leaes amigos, effecluando-se
a
alliança das suas armas, empenhadas na inyasao do Rio Gran(l(' do Sul. Tropas de cayullaría estavam a postas, aguardando taes ordens,
nas provincias de Corrientes e de Entre-Rios.
Começaram a ser feitos os preparativos de mobilisaçiío geral, ~ só por excepcionacs circumslandas, que nao velU a proposito enumerar,
-72ficou o territorio brazileiro, desta vez, livre da
feroz Ülvas'~;{)argentina.
Influencias cordiaes em relaçao ao Brazil.
ou pelo menos influencias de equilibrio e pacifismo, tradicionalmente
filÏadas na bôa politiea de MITRE,de ROCA, de SAENZPE~A, vuitos.
classificados na galeria dos mediocres pelos
imperialistas
de Buenos Aires, com IX(;E(;~IEROSe rXGO~ESá frente, caraclerisaram
por hreves al1nos, depois disto, a nossa visinhança e o
nosso commercÎo. Ponco duraram taes influencias, ainda assim, e mesmo nesse periodo nào
desfalleceu jamais o espirito de propaganda
contra o nosso paiz na Europa. Que a Arg('ntina, por falta de escriptores natos, alugasse a
penna de jornalistas extrangeiros para Iouval'
o seu clima, a sua historia, o seu trigo, os sells
bois, os seus estadistas, bem o cOmprdll'l1(lemos na America do Sul e na America do Xorle,
onde os paizes necessÍlUlll de cartazes, á semeIhança das emprezas theatraes.
Que o fizpsse,
porbn, denegrindo systematicamenle
os homens e as causas do Brazil, nao fÙra eoncpbivel
dentro de amistosas relaçôes internacionaes,
ou mcsmo, dentro das normas de eortesiu elementar entre os povos cultos. Nào foi outra, no
entanto, a directriz dos seus reclames. desde os
folhetins do Figaro ils brochuras de peso, cnconul1endadas pela sua infatigavcl diplomacia.
Por fim, um facto inesperado veiu compli-
-
73
cal' extraordinariamente
a sÍluaçào brazilciraargentina: él escolha presidencial do SnI". IIIl'POLITO IRlGOYE:\T, 0111 dos chefes do partido radical, sectario este da guerra eom a Brazil. rcflcctindo opiniôes e scntimcntos que assignalam :;. disposiçào do animo das classes armadas, no pai:~ yisinho, l'om referencia :i nossa
terra e no nasso povo.
Violento e rancoroso, intrigante
feito de ambiçao
e perverso.
e de arrogancia, o homem argentino
conserva ainda hoje
os caracteres atavicos do "gaucho malo"
VIII
Entre os arrivi.~las da Civilisaçâo, que Ihe
assimilaram só a idéa do progresso material
sem a moralidadc
e a cultura equivalentes,
nenhum representaria
melhor do que o argentino, essa variedade humana. Descendente do
gaLÍc}¡o malo, cm cujos traços reconhecemos
o hcspanhol sanguinario, fanatico e arrogantc
cclebrisando-sc pelas Sl'US atrocidades na colonisaçào da Aweril.'u e rctrocede:ndo ávida selvagem no pampa, o argentino conserva esses
caracteres atavicos sob a trajo do homem civilisado, e é fundamentalmente
um barl>aro
coma padern attestal-o quantos se familiarisap
p
p
-76 l'am com os seus habitos, as suas opiniócs, os.
seus modos de pensar e agir. Como verdadeiros homens ¡'epresentativos desse povo nao devemos nomear os SAR:\flENTO
e os ALBERDI
- excepçoes intellectuaes, productos de alta differenciaçào mental, que evoluiram sob o in flux o
do pensamento
curopeu IC foram semprc inadaptaveis ao regimen politico e social do seu
paiz. Os dous argentinos mais illustres viram
decorrer no exilio a maior parte da existencia,
condemnada ti hostilidades sem fim pela desharmonia cm que as idéas, os sentimentas de
ambos estavam cam a meio quasi bravio, onde
tinham surgido por acaso intelligencias t50 lucidas e tào generosas.
YuItos representativos
da nacionalidade
arg~lltina sao os FAcr~na QUIROGA,os ALD\S, os
CHACHO,e sohretudo ROSAS,D. JUAN l\hNOEL
ROSAS,o monstruoso tyranno cujo govcrno foi
uma das maiores vergonhas da America do Sul.
Por mais de vinte annos reinou em Buenos Aires a dictador que, na sua intolerancia e cruel(hule, exceden as proprias
abominaçoes
de
Roma decadente, narradas por SUETONIO.Os
degoJamentos ('m massa, as flagellaçôes, a tortura (' o carcerc para os adversarios, as vilezas da cspionagem 'c os horrores de um fanatismo degradante
caracterisarm
esse periodo
Janga e tenebroso da historia argentina.
Ao
cnvez do que possam imaginar os leitorcs,
-77D. .JC.\:-'; l\h:-,;oELROSAS, ntio foi UI\1casa esporadico
nesse 1\10nstro havia, fIagrantee
perfcita, a synthese das paixôes, dos vicios, dos
impulsos burbaros de todo um pavo uft'cito ao
nomadismo e á l'apina,
tendo á sua frente
os mais perversos caudilhos.
Nào deriva de qualqucr juizo preconoehido
o que nffil'l\1amos. Levados pelo designio dc
uma analyse fria e serena, I1lercê da quaI pudesscmos conhccer minuciosamente
o uosso vclho inimigo, deparamos na obra de um estadista e cscriptor do paiz visinho, SAR:\m·;:-';T(), a
ùase indestl'uctivel
dos nossos conceitos:
"A
montaría, conforme appareceu nos primeiros
dias da Republica sob as ordens de Al\TItiAS,
Hpr('Sentou jÚ esse caracter de fcrocidade hrutal e esse espirito lcrroristu que ao immortal bandido, no estancieiro
de Buenos AirC's
(Ros.\s), cstava reservado
transformar
num
systcma de legislaçao applicado il sociedad e
culta, e apresental-o cm nome da America cnvergonhada Ú contemplaçfío da Europa. ~os.-\s
nada inv('nloll:
o seu talento apenas consistiu
cm plagiar os seus antceessorcs, 'c fuzer dos
instinctos brutaes das massas ignorantes um
systema com frieza meditado e coordenada.
A
correia de couro tirada ao Coronel MACIEL,e de
que ROSASfez a manea disciplinar contra os
agentes extrangeiros, tem os seus antecedentes
cm ARTIGASe nos dcmais caudilhos barbaros.
-78tarta ros. As montarías de AUTIGAS
enjalecavam
os seus inimigos: istoé, eosiam-nos dentro de
um pedaço de couro fresco, e assim os deixavam abandonados
nos campos. O leitor supprirÚ todos os horrores desta morte lenta.
No anno 36 reproduziu-se
o horrivcl castigo, applicandQ-o a um coronel do exercÍto.
A execuçao á faca, degolando em v,ez de fusilar,
é nm instincto
de carniceiro que
ROSAS aproveitou
para dar fórmas gaúchas á
morte, e ao assassina
prazeres
horrivds;
sobrctudo,
para mudar
as fórmas legaes e
admittidas nas sociedades cultas, ,por outras
que .elle denomina americanas e em nome das
quacs convida a AmeTica a defendel-o, quando
os soffrimcntos do Brazil, do Paraguay,
do
Uruguay invocam a alliança das potencias curopéas, afi.m de que os ajudem 'a livrar-sc desse
cannibal, que os invade cam suas hordas sanguirwrias. Nao é possivel mantel' a tranquillidade de espirito necessaria para investigar a
verdade historiea, ({uando se tropeça a cada
passo corn a idéa de que foi possivel cnganar a
America e a Europa tanto tempo eom um systema de assassinatos e crueldades, toleraveis
sómcnte cm Asbandy ou Dahomey, no interior
da Africa." Sem a alliança das potencias européas, mas ajudando l'RQurzA e outros chefes argentinos que se oppunham á continuaçao da
mashorca rosista, conseguimos ver aniquilado
-
79 --
tao execra vel systema de vassallagem, revoltante pelo seu fanatismo e pela sua inhumanidade. Entrando num periodo feliz de trabalho
e constitucionalismo, soube a Argentina, governada com sensatez, moderaçào e patriotismo,
valorisaI' o seu clima no extrangeiro e attrahir
massas de emigrantes, 'cm que prcponderam os
elementos vasconço e italiano.
Do vasconço energico e astuto passaralll
qualidades e defeitos ao caracter desse POyO
mal definido, susccptiv'Cl de bruscas variaç6es
e desordenadas arremessas.
O italiano trouxeIhe a sua actividadc febril, e enriquecido pelo
trbalho do homem europeu, orgulhoso dos seus
progI'lessos materiaes na expansao oe uma cidade que é a mais povoaoa, a mais trepidante,
a mais luxuosa da America do Sul, a argentino
comcçou a falardos seus ideaes, dos uus principios, da cultura platense, da hegemonia intellectual oe Buenos Aires, etc., com a jactancia
propria dos rusticos, que, ineSI)eradamentc, se
veem portadores de titulas e condecoraçóes. Se
o examinarmos,
porém, fóra do scenario em
que clIc guarda a SUa attilude theatral, nao
enconfraremos
senào
rudeza e veIhacaria,
aquella propria do gaúcho, transmittida
esta
pelo vasconço, improvisado
de riqueza
nos
pizes onde a moral póde sel' doutrinariamente
ensinada, mas nao é ainda uma disciplina pratica nas fle}açóes individuaes e socia es.
-
80-
Acima da classe rnédia (o que parece incrivel!) esses traços de caracter se revelarn ao
primeiro contado. Se o testernunho dos brazileiros que visitararn Buenos Aires é suspeito,
poderào attestaI' os europeus como o argentino
demonstra a sua impolidez pol' toda parle,
como a sua educaçâo incompleta, apressada e
artificial torna desagradavcl o seu convivio,
aincla mesmo por alguns (lias. Xos proprios
moços da sodedade elevada reapparecc a violenta indole sanguinaria do gaucho malo com
freqllencia. Ha poucos annos ainda, citavam-se
casos de homicidio que elles perpetravam nas
ruas e nos cafés pelos motivos mais futeis. El
loco lindo era a denominaçao graciosa corn que
os jornacs de Buenos Ail'es mimoseavam o
typo galante e precoce de taes faccinoras, euja
lPmibilidade, em plena civilisaçao demonstrava como florescc ainda a herança criminal de
FAcumo -- o tigre do pampa - cntfle os sumptuosos palacios da Avenida de Mayo.
A conducta diplomatica, expoente moral de
uma sociedade nesse caso, elucida-nos hem
quanto il insidia usada nas relaçôcs officiaes
('om o Brazil, desde longa data. Corn a sua
claudicante politica de frakrnidadc
sul-americana, o Sr. LAURO MÜLLER apenas conseguiu o
desastre do ABC, que o Senado argentino, ostensivamente, nao approvou nem approvarÚ,
porque acima de todos os films internacionaes
-
81-
do ltamaraty, sem excluir os do Sr. ~I1.o [>1';t50 verboso na sua ignorancia, 150 Ji/).'iellJ' na SLla incompetencia,
continÚa pairando,
intangivel, a suprema verdade, enunciada pelo
grande B.\R ..\O DO RIO BRA~CO:
"A opinii\o publica nào está preparada em Buenos Aires para
nllianças l'om o Brazil; é inopportuno
cogitar
·de tratados dessa natureza";
pensalnento conformc as idéas do \'IS(;ONDEDE RIO BR-\:-1CO,
seu
pae, quando, anno1ando a obra de SCH:-1ElDER
'Sobre a guerra do Paraguay, ediçào de 1875,
cscreveu: "O projecto favorito de RosAs era o
<llIe ainda hoje afagam todos os políticos argcntinos-absorver
o Estado Orien1al do Cnlguay e a Republica do Paraguay, recons1ruinc\o
n an1igo vice-rpinado
hespanhol
do Rio da
Pra1a", 1endo sido a política internacional
do
pae e do l'ilho mantel' a independencia
dos
(IOlIS paiz('s ameaçados
pda ambiçao aJ'gcntina.
Preparada
estÚ indubilavdmentc
a opiniÙo
publica, na Argen1ina, para a guerra com o
nosso paiz, e a esta idéa nos Cllmpre habituar
() espirito do povo brazilciro, que até ho.ie se
tCI11
deixado embalar pela onda rhetorica do
pacifismo e niío vê como o inimigo val' adquirindo força e 'elementos para nos accommetter
(le surpreza, quando mais alheios nos encontrc
il rcalidadc internacional.
Violento e rancorosa, intrigante e perverso, fcito de ambiçao e
ç:\~ HA,
-82de arrogancia, núo taruarlÍ que dIe aproveite ()
nOS80 descaso pelos interesses vitaes da nacionalidade, se a tempo núo reunirmos e organisarmos todas as nossas forças para lhe reprimir severamente a ousadia manifestada
pOl"'
injurias ou aggl'essócs.
A significaçao politica do tratado commercial
de livre cambio
corn a Republica do Paraguay
IX
A oplluao brazilcira, que devia estar completamente
elucidada, nào obstante a nossa
rhetorica e o nosso pacifismo, sobre a exacta
significaçao
da fratcrnidade
slll-<americana,
thema propicio a qllantos utopistas divagam
na espbcra cambiante dos fados internacionaes, tem mais uma prova do machiavelismo
argentino no tratado commercial de livre cambio celebrado cm 8 de jlllho de 1916 entre a
Argentina e a Praguay.
Os termos desse tratado, que foi divulgado
e commentado longamcnte pelo Monitor Mercantil cm varias cdiçocs, sao os scguintcs:
"O Govel'no da Republica do Paraguay e o
da Republica Argentina, tomando em consideraçáo interesses identicos de sua vida economica e conveniencias communs do seu intercambio commercial, resolveram celebrar um
-
84-
tratado que, estabelecendo
l/m regimen de libadades
adl/aneiras sobre (( base de reciprocas e equivalentes
franquias e excepçôe,~, contribua para fomentar
cada vez mais o tJ'(lfeg~
entre ambos os [Jaizcs, fortalecendo.
ao 11Ip.smo
tempo, as relaç6es de cordial amizade qllP. felizmente, existem entre si.
Com este objectivo, desiglwram
seWi Pleni[Jot('1u'iarios, a saber:
Sua Excpllencia o S('nhor Prnident(> do Paraguay. o Sen/lOI' Don MANl:EL GONDR:\, Jlinistro
Secretario de Estado no Departamento
das Helaçi'ies E.rteriores e
5;ua Excellencla
o Sen/lOI' MARIO RUIZ DE LOS
LLANOS.
,'jeu Enviado Extraordinario
e llinistr~
Plenipotenciario,
/wvendo
trocado seus respectivos poderes e achando-se
em boa e devida
fúrma, cOlwieram nas segllintes estiplllaç6es:
,\ri. 1.0 Todos os artigos de producçáo, culIllra 011 industria fabril Oll manllfaclureira,
das
Republicas
Contratantes
(salvo as excepçôes
temporarias
a 'lile se refere a clausula segunda), 'lile entrarem do territorio de lima para o
territorio de outm. estarâo livres de todo o direito de importaçào,
e tanto cm transito como
cm exportaçào para o olltro paiz, serâo considerados como se fos.'iem de producçâo, cultura
ou industria do territorio em que se acharem,
e terào, consequentemente,
o tratamento
fiscal
que cm tal caracier l/leS corresponder.
- 85Art. 2. Durante os cinco primeiros annos
da vigencia deste Tratado ficarâo fóra do regimen estipulado
Ila clausula anferior, e. portardu, sujeitos ao pagamento
dos respectivos
direitos de importaçùo,
o assucar, p/wsp/wros,
velas. calçados. artigos de correeiro, m01Jcis e
roupas (eitas. Vencido aquelle prazo, de facto
sem necessidade de gestùo ulterior alguma, todos esses ortigos gozarâo das (ranquias qlll~ o
convenio estabelece.
Art. :3. Ambas as Republicas se obrigam a
permillir
a livre transito pelos seus portas e
através os seus territorios de artigos de [Jruducçào ou fabricaçâo extraIlgeira. que procedam
de mIl terceiro paiz cam destina a uma ou
ouf l'a.
Este trafego se farú súmente pelos partos
em que ¡lOuva postos fiscaes para mercadorias extrangeiras
de tmIlsito. e Sllll internaçâo
na naçào de destino effectuar-se-ha
pelas rl1fandegas habilitadas
para esse fim pelos seus
respectivos Governos.
Art .. 1. Ao proceder-se a troca das rectificaçàes deste convenio, ambos os Governos farào cam que as suas autoridades
adllaneiras
rPgulamentem,
de commum
accôrdo, o procedimento que se de verá seguir para a .'HIadevida
execuçào, cuidando
de prevenir
efficazmenle
a introdllcçâo
clandestina
Oll fraudulenta
de
mercadoriwi que, par Sll({ origem ou proceden0
0
0
- 86cia, mÏo estejam comprelzendidas
nestas eslipulaçóes.
A dita reglllamentaçâo
deverá ajustar-se
dentro dos trinta dias seguintes ao da troca
das reelificaçÔes.
Art. 5." As duas Altas Partes Contra/anles
convieram
em que todo o favor, privilegio ou
imnwnidade
rcferen/e ao commercio,
nao capitulados neste Tratado, que actualmente
qualquer dellas tenlw já concedido
ou que mais
tarde conceda a outra naçiio, f"icarâo extensivos á outra parte contratante
gratuitamente,
se a cow'essâo fôr gratuita, e nas mes mas ou
equivalent{>s condiçoes se fôr condicional.
Art. G." O presente Tratado começará a vigorar immediatamente
depois da troca das ratificaç6es, que se fará l'om a maior breuidade
possivel nesta cidade de Asslllnpçâo, fiL'ará em
vigor durante de zanrws, considerando-se
proJ'ogado por igual lempo se algum dos (;overnos
siynalaJ'ios wÏo manifestar
ao outro, l'om um
anllO de antecedencia."
Sob o ponlo de visla economico, é esla a situaçiio resultante, no que interessa ao Brazil:
o mate paraguayo livre de qualquer tributaçáo
no mercado argentino, exactamente onde mais
importante é o consumo desse producto, e o
nosso mate paranáens·e, aliás de melhor qualidade, impedido assim de concorrer, quando já
triumphava, á legitima pref.erencia da dientella
- 87mais numerosa, do commercio mais remunerador. Sou o ponto de vista politico, entretanto,
al<flli11acausa
resta a dizer, ainda mesmo forb
«ando as nossas gmndes ilIusôes continentaes
ao sacrifieio extremo de serem confl'Ontadas
sem adificio cam a rcalidade tal vez dcsagradavd, mas indiseutivel.
O accôrdo de 8 de julho,
muito mais positivo que o famoso ABC, por<¡llanto nos apparecc ca.lcado em bases mercantis, nao cm vagos principios juridicos, delata o vigor actual de uma corren te expansionista, observada sempre na historia argentina,
pl'illll'Íro como aspiraçâo latente, orientando-se
para a gloriosa reconsliluiçao
do antigo vicereinado do l'rata, depois coma força economica, unro e outra applicadas aos mesmos fins
de hegemonia na America do Sul.
ZEBALr.OS
foi apenas uma recrudescencia
aguda e exasperante, um s)'mploma violento
desse estado d'alma nacional, a que nâo se illlpropria de lodo a ruhrica posta cm circulaçào
por alguns dentre os nossos publicistas - o
pan-argentinismo.
Fallou-lhe o sentimento da
medida opportuno - le sens de la mesure ---,
que a maior potencia nao. <leve esqueccr nas
suas rcIaç6es, principalmente
cam os seus inimigos, segundo a liçâo e a ,espirito da subtil diplomacia franceza, mas foi e continÚa a ser um
representativo, o homem a.rgentino, verdadciro
typo de convergencia
e preponderancia
na
88 America hespanhola,
fragmentaria,
dispersa.
nào raro antagonica, procurando fixaI-a tanto
quanto possivel e armar-se cada vez mais pela
astucia e pela energia, pela cultura e pela riqueza, contra o immenso bloco da America lusitana, o Brazil, cujo interesse ,estÚ cm defender
as nacionalidades
que o ccrcam, inclusive o
Paraguay, dessa ahsorpçiï:o hostil ao seu cngrandecimento
e nefasta para os seus destinos.
Fiel ao plano de hegemonía, que lhe vemos
esboçado nas proprias origens, a Republica Argentina veiu accentuando tal direcçâo politica
desde o cOlUeço do seculo no Uruguay com a
alliança dos blancos, no Paraguay com o apoio
dos elementos adversos ao Brazil, pois o odio
faccioso retribuc
dest'arte la nossa generosidade cavalheiresca
de vencedores
que, após
campanha de cinco annos, nâo uSllrparam ao
vencido um palmo de terra, nem -delle recebcl'am um peso de indemnizaçâo.
A partir de 1910, foi o poder conquistado,
no Paraguay, violentamente,
pelos nossos inimigos de todas as épocas, e o partido annexista
á Repuhlica Argentina, fundado
cm Assumpçao ao tempo de ZEJ3ALLOS,
teve no brasilophobo GONDRAo seu oraeulo mais prestigioso
e ardente. Nâo estaremos longe da verdade, se
olharmos o tratado de 8 de julho como a preliminar evidentissima, irrecusavel, de uma annexaçàoespontanea,
preparada ha muito pelos
- 89-argentinos, que passaram das idéas aos faclos
e por uma série de acquisiç6es territories no
Paraguay que estreitam os vinculas entre as
duas naçôes, ao mesmo tempo que insinuam
e eultivam nas massas o espirito de vindicta
contra o Brazil.
Por outra lado prosegue a obra do expansionismo argentino mediante um systema de
vias-ferreas, que vue estendendo as suas linhas
a todos os paizcs sul-americanos,
fundidas as
consideraçôes
economicas e as considcraçocs
estrategicas no mesmo plano adIlliravcl, comquanto 'envolvente e mais que temeroso para
nós. Adquirida a maioria das acçoes da E.~·trada de Ferro Central-Paraguay,
o governo
argentino custeou o seu prolongamcnto
a Encarllacíon, nas margens do Alto P.aranÚ, ligando-a por ferry-boat
a Posadas, ande vao ter as
linhas eorrientinas; alcançou na dirccçao sul o
Baixo Paraná, construindo na linlla cntreriana
o trecho de Carbó a Hicuhy, donde 5'e vae
cgualmente a Zarate por ferry-boat •. e hoje a
distancia de 1.500 kilometros de pcrcurso, en{'re Buenos Aires e Assumpçao, é Voeneida cm
50 horas.
Já o trunsandino
vae de Buenos Aires a
Santiago do Chile cm 48 horas; as linhas 1'erl'cas argentinas seri'io unidas brevemente
ás
do Uruguay, cujo. hitola é a meSIlla, por meio
de uma ponte gigantesca entre Salto e Concor-
-90dia; projecta-se
ainda o cstabclccimcnto
de
comllHIIÚcaçoes felTo-viarias entre Buenos Aires {' Lima, capital do PerÚ, tocando cm La
Paz, capital da Bolivia. Nâo tardará muito que
a juncçiío das linhas fl'rreas m'gentinas-uruguayas d('ixc o Río Grande do Sul mlleaçado
('Ill suas fronteiras por duas faces, cahindo o
Cl'llguay na csplwra de influencia cOlllIllereial
e politica dos arg('ntinos, como já succedeu ao
Paraguay.
Que a Liga da Ddcsa Nadonal e o Governo
do Brazil, se ha um goyerno brazileiro para asSlllll1>tos dessa na turcza, m~ditem na pcrseverança e nacfficacia
cam que a chancellaria de
Bucnos Aires tem realizado os seus planos.
Facto bio-sodaI, inc\'itavcI como os proprios
fados de crescín1;cnto c dec1inio na existencia
dos POYOS, cedo ou tarde veremos declarar-se
a guerra entre as duas maiores naçôes suI-americanas, a despcito de toda a rhctoriea da nossa
cmbaixadu padfista.
A Republiea Argentina é o grande inimigo
do Brazil, contra o quaI subsist'e alli uma in,"L'ncive! disposiçào aggl'essiva, só ,attenuada
pela cortezia internacional, que vae adiando o
conflkto para melhor opportunidade.
Nao <levemos esquecer. porém, que o Sl1ccessor de
YICTORIXO
DE LA PLAZA é um radical extl'cmado,
um nacionalista à olllran('e e um partidario da
guerra contra o Brazil, P, o que é mais, um po-
- 91litico com um grande prestigio nas dasses armadas. E, neste momcnto, cmc¡uanto a Argentina se encontra desde Illuito preparada
militarlllcnk,
continuamos
a posslIir 1I1ll excrcito
e ullla esquadra impotcntes.
o
arrogante
isolamento
argentina,
da chancellaria
no
conflicto europeu, evidencia aínda
que a Argentina
sào
irreductiveis
e o Brasil
á mesma
formula
internacional
x
o
dumor universal suscitado pela resoluçáo
do GoV'crno <le WilheImstrassc,
ameaçando e
cnvolvendo na campanha submarina o poder,
a honra, a propria vida ('conomica dos neutros,
foi sem duvida alguma o facto preponderante
da guerra que ha tres annos devasta e cnsanguenta a Europa, lhe confIagra e arruina os
paizes mais cultos, mais opulentos, mais fortes.
O hloqueio submarino, pela sua extensao, pelo
seu arbitrio e pela sua defeza, era uma affrontosa declaraçâo ,de guerra aos povos neu tros,
que ameaça<los e aggredidos tinham nos mares
-
9-1 -
o seu direíto de navegar, a sua propriedadc fluduant(', a existencia do seu eonunercÎo, o prestigio da sua bandeira, a segurança de bcns e
vidas que todas as lcis, todas as praxes, todos
os usos inicl'nadonacs scmpre distanciaram do
eonceito da belligerancia ou apenas submdtel'am a um tratalllento de presa marilimn, julgada por trilmnaes competentes, sem atropellos Hl'Ill cxccssos, qllando se apuravam
por
fórma inequivoca, insophismuvcl, ccrtas e determinadas condiç<",ies.Na vcl'dade, l'l'a o maior
desvarío da força que sc precipita, exasperada,
nesse drama de sanguc e de fogo, eliminando
todas as da lIsulas, todas as convençoes, todas
as bases ande as nacionalidades modernas, instituidos e ratificados ccrtos principios, proeuram assegurm' o cquilibdo e a cocxish>ncia.
Da barbaria estratifieada
no scioda
pl'opria
humanidadc
irrolllpcram
desgraçadamcnt('
os
maiores ath'ntados contra o dominio da justiça, da liberdadl' e da civilisaçao,
A violaçào de principios juridicos e humanos, cm <Juulquel' momento da historia e elll
qualqucr ponto <la terra, nao pódc nem (ksc
achar indiff('rente a humanidadc civilisada, sc
hem qnc o fumo das batalhas escu!'eoe tanto a
limpidez original dos factos. Nccessariamentc
para ddeza dos principios que rcforçam e tutclam a ordelll social, todas as conquistas jurídicas e morues, de longe cm longe, requcrcm
- 95<los POyOS mais avessos ao militarismo, ao orgulho das armas, á crueza das guerras, os mesmos sacrificios heroicos e as mesmas resoluçues inquebrantaveis.
~o seu desencadeamcnto
e na sua fatalidade, com vertiginosa sequencia,
os ultimos episodios da gucna submarina haviam marcado aos paizcs americanos o seu 10gaI' entre os que offerccem maior perigo e acarl'dam a somma de extraordinarias
responsabilidades.
O torpedeamento
de navios americanos sem aviso prévio e ultimado barbaramentedcvcria
ter produzido, como era de suppor, o protesto collectivo das tres Americas.
O Brazil, aos pOllCOS,mÚo grado resistencias ou
evasivas, dilaçoes ou manohras officia'cs, cedeu
Ú lei de attracçào da belligerancia,
que para o
incandescente Hueleo europeu faz gravitar satellites coloniacs, á maneinl da Australia e da
India, astC'roidcs políticos, a excmplo de Cuba
C'do Haiti, o opaco e estC'ril mundo chinC'z, systemas de forças inexpugnavcis como o Japào,
inexhauriveis
como os Esta,dos Unidos. Fixamos o primeiro momento, cm que o verbo de
\Vn.so~ lampejou contra o militarismo
prussiano, rcaeccndendo a fi> no direito opprimido,
reanimando
aos legionarios da ordcm civil e
democratica a espcrança, reconstituindo os valores moraes invertidos ou dcsprezados pela
J{ullllr dos Junker, dos Rifler. dos pan-germani stas insaciavcis, por mais que se a\'olume a
-96tDrrente de sangue, desde a Mediterraneo
ao
Baltico, desde a Somme á GaliÓa. Traçado já
estava o nosso caminho, opinamos entao pela
nobre altitude juridica dDs Estados Unidos, reivindicando para todos DS povos a liberdade dos
mares, para todos os neutrDs, da parte de um
belligerante quasi cm desvarío, o imprescindivel respeito ás fórmulas e convençoes do dil'cita internacional
publico. A propria logica
da vida impunha uma delimitaçao neccssaria
ao poder' exeessivo, marcando-Ihe o seu declinio, e cncontrou-a o poder submarino <la AIlemanha na réplica dos Estados Unidos, immediata, viril, decisiva, senao fulminante,
como
seria descjavcl para os interesses do mundo
nao combatent.e - o mundo que se fórma aos
poucos nestc hemispherio
sem desmarcadas
ambiçôes de supremacía mundial, sem prejuizos, sem odios, sem castas; o mundo que se VHe
consolidando, atravez das suas deficiencias ou
dissenç6es internas, para trabalhar e florescer
na paz, emquanto a Europa, de novo barbarÍzada, retrocede á fe reza dos hunos, á pirataria
dos normandos,
ao elemento igneo das suas
origens guerreiras.
A réplica dos Estados Unidos, com CffCitD, traçara a caminho a seguir
HOS povos inccrtos
ou indefesos, que o fragor
de tantos bombardeios e o clarao de tantos incendios apavoram. Na perspectiva bellica deste
momento nao ha sÓ urna ruinaria fumegante
- 97nem ha só uma enchente de sangue, ande se
dcspedaçam, raivosas, no seu orgulho e no seu
desespero, grandes potencias e frageis naç6cs.
Ha urna força que se levanta como sancçao do
direito e se antecipa cam justiça realizada il
propria justiça da Historia, dando aos pavos
que lutam e aos pavos que soffrcm, mcsmo distantes,as
consequcncias horrivcis desse flagello internacional, o espectaculo de uma reivindicaçào magestosa, inabalavel nos fundamentos juridicos, indiscutivd
nos propositos
civilisadores - a força dos Estados Unidos.
Pela vez primeira, cam a solemnidade tragica das horas que vivemos, deanteda
Europa
conflagrada e barbarisda, como ha um seculo
o monroismo cm face da Santa Alliança restauradora de thronos carcomidos ao embate
das ideas libera es, a pan-amcricanismo
teve
umasignificaçáo
economica neste hemispherio. Nada mais digno, mais nobre, mais justo, e
ao m'csmo tempo mais aconsdhado pelos nossos interesses vitaes, que o solidarismo continental, fortalecendo por todos os meios possiveis a acçâo dos Estados Unidos, quando os
Estados Unidos rcivindicavam a liberdadc do
trafego marítimo, a segurança pessoal dos neutros, o direito firmado pelos usos e pelas convençocs Ínternaciouaes contra um bloqueio illimitado, injuridico, inacceítavel, tao aggressivo para a nossa fortuna e para a nossa existcn-
- uscia, imponùo-Iws todos os riscos de um verùadeiro estado dl' guerra, como para os que se
bakm nas fileiras inimigas da Allemanhu.
Bem haja o Governo brazileiro por huvcr
comprehendido
a situaçào e. logo depois da
grande potencia americana formulado a certeza do seu protesto. Sejam quaes forem as
objecçÔes e as criticas dos apaixonados, inquestionavel parece que il attitude officiaI do Brazil nào poderiamos exigir mais sensa tez e efficiencia, mais dignidade ,(' acerto. Antes do estado de guerra, o Go\'erno prolestou contra a
desmedidaextensi'ío
do bloqucio, pelo quaI vemos clausurados os mares, ((uando a zona internacional
daquelle aelo foi semprc reslricta, limitada a portos, bahias, extensoes lilloraof'as que é possive! tornar effl'ctiva e
permanentement'c inaccessivcis. O Gov('rno fez
sentir ao da ).Jlcmanha a impossibilidade e él
iniquidaoe do seu aelo: impossihilidade,
por
lile escassearelll ao poder naval, accrescido cmhora cIe e1emcntos submarinos, forças que ao
meSlllo tempo sejam isoladoras e inexpugnavds, dissociando a Inglaterra, a França e a Italia do mundo transoceanico;
iniquidadc, por
trazer aos paizes neutros a sua disposiçâo aggressiva (' bellicosa, torpedeando
navios sem
aviso prévio, condemnando {t morte passageiros e tripulantes que vja.iam sob él prolecçùo
de uma bandeira nmiga. Finalmenl<:>, a Gover-
no, ao rcsal\'ar na linguagem cortez, no usa de
exprcssoes
moderadas
e protocollarcs,
qualquel' impertinencia ou intimativa, dcixou Ú Allcmanha a responsabilidade
unilateral de actos
superVCIÜentcs, que a pretexto de bloqueio submarino lesassem a propriedadc ou a pessoa de
subditos brazileiros.
Sem exaggeros c leviandades, porlanto, mas
irreprehensivcl
na sua decisào, a chanccllaria
brazilcira soube corresponder
ao appello dos
Estados Unidos com presteza e cordialidade,
manifestando
cm semelhante conjectura a cspirita que pÔde conciliar num ponto de visla
americano as tradiçoes e as circumstancias nacionnes.
Por certo, os Estados Vnidos nào
aguardavam dos paizes contincntaes uma solidariedade politica e moral, que se traduzisse de
outra fórma, emquanto o desdobramento
de
successos posteriores nao tornasse mais incandescente e ameaçadora a situaçâo. Dava o 13ra%il, dest'arte, Ús outras naçôes latino-americanas, um exemplo de orientaçáo
nobremente
solidaria cam a palavra de Washington, sem
affectar o nacionalismo, intangivcl na csphera
dos seus ideaes, como das suas exigencias, e,
para nós brazileiros, como para os demais pavos neutros, Olltra nào poderia ser a altitude
internacional.
Nao queremos indagar, deixando a outros
cssa tarefa pouco desejavcl e cortez, o grÚa de
-
100 -
sensibilidade internacional ou de agudeza mercantil das naçóes que soffrem com paciencia
christâ, raro descontinuada em algum inexpressivo e amorpho protesto, o aniquilamento
dus suas frotas e o desrcspeito, ou mclhor, o ultrage á sua bandeira.
O Governo da Republica
Argentina, infelizmente, quebrou este possivel
accôrdo pan-americano, cm face do attcntado
que se desenha contra a n08sa propricdade fluctuante nos mares, o nosso commum direito de
nuV'cgar. Foi seu primeiro movimento isolarse de todo no aggregado continental,
assoalhando para logo, com inesperada ostentaçáo,
a independencia de um criterio alhcio aos Estados Unidos, senao hostil il correntc provocada pela consulta de
ashington.
Mais do que reserva, transpareceu
desde
logo nessa discordancia politica de Buenos Aires urna sorte ,de antipathia e suspeiçâo, contJ'astando o cmpenho brazileiro e norte-americano, desde BLAINE, cm associaI' as tres AInericas - saxonia, portugucza e hespanhola num bloco internacional, capaz de restabelecer
o equilibrio ao velho mundo, para actualisaI' a
phrase de CARNING, sempre que assim o exigisse a composiçáo dos nossos reciprocos interesses ou a permanencia das normas essenciaes, crystallizadas em usos irrevogaveis pelo
antigo direitodas
gentes. Oeste rumo traçado
por generosos pcnsamentos e fratcrnaes desi-
"r
-
101 -
gnios achou mclhor desviar-se a chancellariu
de Buenos Aires, declarando cam estrepito a
fallencia do pan~~ullericanismo, talvcz cam a
intuito seCl'eto de ,se constituir um centro de
gravitaçâo para a Aallcrica hespanhola, nao
senda outra, aliÜs, a tendencia do espirito argentino, desde ,a pro posta unificadora de SA~
MARTIN,
que BOLIVAR tao francamente repelliu,
num gesto decisivo da sua heroica individualidade.
Se a pan-americanismo
falliu, ainda mais a
tentativa romanesca do A B e, verificando-se
que entre Argentina e Brazil, nomeadamente
com a Sr. IRIGOYEl'; no governo, ,só existe uma
tendencia analoga a de serem os dous paizes
irreductiveis á mesma fórmula internacional.
Dcixal-a cam a seu arrogante isolamcnto e a
sua idéa fixa de hegemonia na America do
Sul ...
Aconstellaçâo
norte-americana,
tornando a irradiar o fulgor ct,erno do direito sobre a tempestade, como na época de MONROE,
allumia o roteiro aos povos latino-americanos,
que cvoluiram conjunctamente
para a liberdade e para a soberania.
BANCO DE LA REP
JauOTfiCA
LUIS-
,UBl/CA
Âl'/Gh
4RANGO
A harmonía dos interesses argentinos e germanícos na politica do Brasil
XI
Considerando, por outra laoo, a poslçao internacional da Republica Argentina no conflicto curopeu, tao approximada hoje da Allcmanha que se prestou ao manejo da fracassada
conferencia
oos neutros slIl-anlerÏcanos
CIll
Buenos Aires, nao temos ouvida sobre o alcance e a gravidade politica 00 momento, qlle
a consciencia nacional precisa encarar, face a
face, sem tergivcrsaçôes e sem illusoes.
Na slla louca ambiçao, nao vacilla a Argentina em recorrer a expedientes tortuosos e processas eSCllSOS,para consolidar a sua politica
aggressiva, ameaçadora, perigosa, e a sua historia, feita de cÏumc e ambiçâo, pontilahad:l. de
perfidia e de insidia, diz nao ser -esta a primeira vez que assim procede. Inimiga irn'conciliavcl e ostensiva do TIrail, a rcpublica do pavilh50 ccrule'ü, julga vêr na Allcmanha um
-
104 -
apolO effedivo contra nós, que pretende obrigaI' il cess6cs de territorios ou a permittir-IhC' a
expansào a seu modo de sua influencia economica. Por sua vez, a Allemanha, despeitada
l'om a nossa attitude resoluta e digna, v~deu-sc
da animosida<k l'om que nos honraIll os nossos
visinhos l'om o proposi to de IJiTlgur-sf'. tanto
mais que, como é sabido, a aI1lH'xaçào dos territorios do Brazil meridional
tinha sido 1'01'mahncnk
prevista, no caso de uma guerra victoriosa. Tudo faz l'l'el' na existencia de UIll
pacto occuIto de natureza offensiva entre ambos, o que, aliás, nilo nos surprehende,
porque,
jÚ em 3 de :\ovcmbro de lX27, DOHHEGO. governador da PI'ovincia de Buenos Aires, assignava
um tratado secreto com o rl'})l·ps.entanll' das tropas allelllàes, ao serviço do Imperio, para tornarem indPJH'ndente a provincia de Santa Catharina.
A I)J'Oposito das relaçÔes ('ntr(' a Argentina
e a AIIemanha, nest(' monH'nto C111que o mundo eÏvilisado combate
p('10 direito contra a
força céga do grande Imll-erio, n~io é demasiado transcrevcr aqui o texto do tratado assignado por DORREGo:
"1." . .:ls tropas al/pmas obaIl(/OTlarÛo o scrviço do Bra:::il para Lomar (} da Uf'pllblica
.41'fJf'TlLiTw. pm classe f'm ql1P firariio
inlr>iramenfp
indp¡JpJl(/(>nfes (' liIJrps. com jllrisdicçcio
mililor
cí }larle e /lm chefe de Sila escolf¡a que os com-
mandará
entender.
103--
e organi::al'({ da {Ôl'lll<l que
lllellln!'
2.° -- Cum ordem préuia do encarregado
da
direcçâo da gll('/,ra, as troj)(ls allemâps se I'j}()deI'tlrâo e farâo a OCCllf)(lçào da ilha e provincia de Sanla Cat/wrina, abolindo o I'egimen imperial e .mbstituindo-o
pdo de repllblic(I indppcndente,
cujo I'Pconhecimcl/to
o gOI}('rl/u arflCl/lino deverá diriuir.
3." - - No ('aso em que a it1sul'/'eiçâo niío
len/HL echo no 13/'azil, o goual!o argenlillo se
('omprolllelle
a il/d(,lllnisar aus allemûes d I'a"liu de 300.000 pcsus ouru, pruporcionalmcnte,
por cada mil individllos que chegllem á UC/JIlblico, Oll, mc/hor, 1;>0, (lOO pesus e meia ll'Ul/fl
de ('ampo a cada individuo, nas mesmas ('ondiçùes, que obtcl//wm a terra publi('a dos {il/lOs
do paiz, devcndo corre.çfJOnder em qualql/a
dos dois casos, quatro tantos da parle d(~ l/m
suldado â dos alteres, oilo â dos lel/entes, dp.::eseis â do.ç ('((pitáes, uinie á dos majores, villte
e qwdro á dos tenenles-curoncis
c vinie e oilo
á dos ('oronei.ç.
4,° -- O gouerno argentino se l'esponsabiliza
pUl' todos os yastos da emp]'(~za, {ornae os soldos das tropas, provisi)cs, apr'lrechos, I1wl/içoes
e a.ç SOlll/1WS l/I?ces.çaria.ç ás opcl'açiJcs militares.
;¡,o - - U('conhpt'c-se
o SI' . .\:-\'1'0:>';10 :\hIlTI;l;'S
.JJIY~J comu 'L'Ilcarrl'gado de negocios do ('O/'fJO
-
106 -
de al/emcles junto ao govreno argenlino e em
Sf> referir ao objecto da expediçÛo, e
o Sr. BA WER como director immediato ali, c,
por seUl vez, agente diplomatico para offerecer
a paz aos habitantes de Santa Callwrina."
tu do que
Dest'arte, é indubílavcl
que os allemàes,
mestrcs na intriga, como fizeram por toda parle, começam a instigar naqudlc paiz o anlibraz¡¡f'Írismo, tao gen<>ralisado 'cm todas as camadas sociaes, e a primeira consequencia visivel desta perigosa campanha é a publicaçào do
folheto Nuestra Guara, em que a ponto de
vista dominante se traduz pda harmonia dos
interesses allemâes e argentinos na politica do
Brazil.
"Aas nossos olhos, cscreyc PEDRO DE
CORDOBA, se desfazem a Russia e a China: presentimos o desmemhramento
do imperio britannieo, a euja solidez esla guerra serÚ ('erlamente fatal; qucm a examinou
por dentro,
como nós, eonhcce a fraqueza organica desse
gigantesco nosso vi.~inJ¡o,que nos pretende submetter il sua tutella,e
nuo resolveremos unirnos para a defesa commum ,e tumbem para
disputar os fragmentas delle aD robuslo alcovitciro (Estados Unidos) que astutamente mer('adeja com clIc amizadc e proteeçiio, mas que na
realidade a ,explora. Aa mesmo lempo que assistimos Ú derrocada dos collossos (Iei a que ()
Brazil náoescapará),
contemplÚmos assombradas o maravilhoso csforço da .Allcmanha e
--- lOi -da Austria,
eomprimidas 110c(~Illro de 1I111 continente. para constituircl11 a Europa Central, e
abrirem
('amill/w
pa!'a () mlllldo
a[r(l/Je:
do lIlU!'
immenso, que a Inglaterra dominava e ccrrava
a ioda actividade que podesse oppor-sl' ;'¡ sua,
Sigamos este exemplo: agrupemo-nos."
Tal é a primeira consequencia da acçào gerl1lanica na Republíca Argentina c, quanto Ù segunda, a guerra com todos os seus perigos e todas as suas responsahilidades,
nilo estamos
l11uito longe della, nC\'l'ndo encarar placidamente a horizonte (' aprestar-nos
para o instante da procella que ahí vem.
A preparaçâo
militar
argentina
sempre teve
por objectivo
a guerra
corn o Brasil
XII
o traço caracteristico da politica fillanceira
argentina,
nestes ullilllos annos, é a augmento
sempre crescente, febril e ruinoso das dcspezas relativas Ú prrparaçào
militar do paiz, sou
]H'clexto de possiveis aggressoes por parte do
Brazil, supportando
() pOYO Lados os pesados
encargos decorren tes dessa ,,·esania como um
sacrificio rH'ccssario. Nào (' a Chile que obriga
a Argentina a esse formidavd
esforço, no meio
de deficil:; pavorosos, no sentido de conquistar
a supremacia
militar no continenlc
sul-americano: a sua bille noir (' o Brazil. Baja vista
([IH" l'Ill H}()2, ([uando
a qucshio
chilena
se
aclHlva CIll sua phase mais critica (' a guerra
paf'ccia inrvitavcI,
o orçamento
oa guerra C
marinha,
conjullctamenLc,
nao cxcedia
de
--- 110 -32.000.000 pe~os papel. Evitado o conflicto armado com o Chile, e reinando a tranquillidade
e a paz por toda a parte, os gastos rniIitar~s
continuum numa marcha ascendente, :avolumando consideravelmente
os seus orçarnentos,
pois, cm 1~)()!I,o cx:ercito consumiu 22.500.000
c a murinha HL500.000, ou sejam 39.000.000,
(" cm 1!H1, o primcil'o attingc a 2;').196.000 e
segundo somma HUlO8.000 ou sejam 44.80,1.000.
Ainda cm 1HU, o orçumentoda
guerra e marinhu, conjunctamente,
somma 60.521.124, Siendo ~m.H87.H)9 para o cxercito e 29.533.955 para
a marinha, sem con lar 6.150.000 para acquisiç()es militares no cxtrangciro, 5.000.000 para a
constrllcçào de aquarteUamcntos
e 10.828.546
para pagamento de pensóes militares e soldos
a reformados, o que tudo somma 82.499.670
pesos papel. Em 1!H6, o orçamcnlo da guerra
é fixado cm 28.33 t.;,)56 (' o da marinha em
28.98:5.250, ou sejam :52.:H9.800, que, accrescidos de 1.808.940 para acquisiçôes militares e
14.2iiO.OOOpara pensôes e reformas,
somma
G8.378.740. Afinal, cm 1917, as despczas l'om
o exc>rcÎto e a marinha
suo fixadas
cm
2G.o;)!).327 e 22.121.033, respcctivamente,
exduidas as despezas l'om as pensôes a reformados.
Ainda esla dcmonstraçao, que por si só v.ale
como lIm aviso alerrorisador,
nào revela completamente -a realidade.
De facto, por enor-
°
111 .
mes que scj~m as despezas militares e na"al's
consignadas nos orçal11cnlos ordinarios da Argentina, temas as sommas fabulosas dislw.ndidas cam as constrllcçóes militares, aequísiçâo
de navíos 'e compra de matcrial hellico no l'Xtrangeiro. No periodo de 188\) a 1BO:~,nos preparativos da guerra com a Chile, l'ssas d('spezas .atUngiram u 65.000.000 pesos ouro e em
1908 a 1916 elevaralll-sc a Hl.3n7.:~~m pesos aura. As despezas extraordinarias
votadas no ultimo periodo sâo assim descriminadas l'Ill pesos
ouro:
Exercito:
Acquisiçào de armamentos
Construcçoes militares
.
.
22.2,10. aoo
5 . H<Jï . :H~O
.
.
;'2 . :300. 000
Marinha:
Acquisiçào de navios
Porto militar de Bahia Blanca
1O.~0().OflO
somma esla que, converlida l'Ill morda brazilcira, ao cambio de 1G d., represcnta ti quan1ia
de Rs. 274.192:140$000.
A muioria dC'sscs gastos foram ,cffcctuados cm "irlude
das leis
ns. 6.283, de 17 de dC'zembro de 1008, (' G.19~,
-- 112 --de 2\1 de sclembro
(k ln09, pdas qua0s o go\'l'rno l'icou autorizado
a dispendl'r,
l'Ill uilo
annuidades,
a COl\l'l'çm' ('m 1!)10, {)1.0HS.8;")2
I)('SOS papel.
Ao cabo, ('ssas cifras anlItadas,
que o Gon'l'no Argentino
destino u Ú preparaçào
militar do paiz, d:io uma idl'a approximada
do perigo <JuC'dcnunciamos.
Sabemos, pori'm, que
desp('zas ha figurando nos quadl'Os das despezas de oulros ministerios que n:io os da guerra
l' da marinha
coutras
sÙo pagas ("om sobras
das reccitas geraes ou mediante
llutorisaçocs
Sl'lTetas votadas
pelo Consdho
de Ministl·os
(ac/U'l'dos
de qabinde).
As eonstrucçoes
(f(>
aquartcllamcnto,
por eXl'lllplo, S~\Oparte integrante do Orç311lCnto da faz('nda, alinhando-se
l'lttr(' as cifras da divida puhlica, por Sl'rcm
cust('udas por titulos (If' !) ~-~ de .Îuros annuacs
e amortisaçào
de 1 o,{. Tamhem as pensoes,
rt'formados,
('te., (' hem assim a acquisiçiïo de
material
no -l'xtrangeiro
formam os capitulos
.J e K do ol'çanH'nto geral da naçilo. O <{ue S0
pat(·nleia, todavia, (, que o augmento progr('ssivo das desp('zas militares é um facto positivo
na evoluçâo financcira
da Argentina,
porque
se reproduz todos os al1nos com a mesma constancia dos ph-enomenos naturaes.
O cxercito argentino. que se l'OIllPÔ(' de hatalhÔes de linha, guarda naeil'nal (' l'eserya territorial, possuC' aelunlmenl-(' 11l11<lorganisaçào
effïl'Ïl'lltl'.
() effl'l'li\"o
foi tïx;l<lo elll
Officiaes activos
Praças dl' l'l'el
Cavallos
do Pl' dl' paz, C'111lml,
·
.
.
.
1.~üO
2:~ . OO()
~.;)()O
IHlO Sl' tl'ndo ('Ill t;onta os funl'l'ionarÍos
militares de todas as repartiç(¡es, operarios dos ars('11[I('S,ele. Todo dle, ali'lll da instnH.:çùo let:hníea que rel'ebcu de instruclores
allemàl's durank muilos annos, enl'ontra-se
hC'm armado.
A partir de 1!l12, graças :í Ici n. ~. 120, dl'
1:> de julho de 1!H 1, ohrado
Presidente
S.\E~Z
PEÑA, que dl'tel'minou
um novo alistanwnto
gel'al de todos os cidadÜos nati\'os (' naturalisados, a situaçào mili lar da Arg('ntina melhol'OU considcravcllllenk.
Confol'llw o I'datol'io
do Minislro da Guerrn, corrcspol1d('nll'
au pcriodo de 1!H1-1!112. o alislanH'nlo
gel'al attingiu a 1.025.111 ddadàos no paiz e a 4.·HR nos
consulados
IlO 'l'xtrangeiro.
Em 1\)11, o numero de alislados
foi de 1.1 Î:i .000 l'ida(liíos.
l'om C'xdusiio dos maiores de ,J5 annos e os de
18 a 20 annos, que nào C'stùo sujeitos ao serviço
lllilitaI'. De 1869, dala elll que roi estabekcído
o scrviço mililar ohrigalorio,
a 18\);3, o nUI1H'rO
(feo recrutas
instruidos
nas fiJ,eiras do exel'cito activo foi consideravel,
pois, alistaram-se
801.9H-! cidadàos e foram incol'porados
26ô.ô39,
11 I
C', accrescentando-se
Ú lista dos instruidos o
numero cie 100.000 voluntarios,
no mínimo,
que l'nlnll';)m nas filciras do exercito nos l!I
annos att" U)1;), o numero dos primeiros excederÚ de :\30.000. Heslllnindo, os recursos totaes de homeBs na Hepublica Argentina, sujcitos ao serviço das armas, como affirma o primeiro teBente GE~SEBICO DE YASCO~r.ELLOS,
alcançam 11 801.004, dos quaes l'l'l'ca de 350.000
instruidos, sendo qlle o effl'ctivo do quadro
activo dos officiacs combatcntes Ó de 1.()81 e
o de officiaes de reserva t'~de ;'.000.
No dizer do illustre officiaI do nURSOcxcrcito GENSEBICO
DE YASCO:-:CELLOS,
(Argentina
Militar e Naval, pg. 348), o maximo
esforço
militar de que é capaz a Rcpublica Argentina,
cam as :> divisoes activas. :> de sl'gunda linha ('
2 divisoes de cavaJlaria, Ó a organisaçâo
de
dois Oll tres pequ('nos
('xercÍtos, podendo o
erfectivo total ser assim r('prescntado:
M,·trn·
1 lLlCHI'noS
Exettci lo
ln linha
EXCl'cito
2" linha
Ca\'~\l1()~
('HIl 'IÙ~)S
lhndoras
ùe
..
de
..
120.000
IOO.nOn
-.
---,-.-
- --
220.000
~a \'crda(h',
o valor
-
m.m;;
:í-lO
72
·1;-).noo
;3(j(l
(iO
HOO
1:\2
.
-- - --.- ~
112.07;-)
dos ex l'rcitos
argenti-
-- - 11;') -nos talvcz nao consista no numero dl' slIas forças, que, na America do Sul, se aprcscnla coma
um poder offcnsivo de primeira orrlem, mas,
na sua cffiÓencia technica, devcndo assignalar aqui que, em caso de guerra, ser-lhe-à possivd armar 1.000.000 de homcns, que lhe fornl'eerÚ a serviço militar pcssoal e abriga torio.
i\o ponto de vista naval, a Argentina apparece aos al has dos entendidos como tima força
tào respdtavcI quanta o seu excrcito, (', portanta, ~apaz de nos infligir perdas incalculaveis, no
estado actual do paiz, desapparelhado
para a
guerra, apesar de nossas forles, nossas minas
e nossos submarinos.
Depois da guerra da Independencia e a de 18~)5,a marillha argentina
quasi havia desapparecido e na campanha contI' a Pamguay, cm que cmpregamos urna poderosa esquadra, possuia apenas um transporte scm valor militar, a Guardia Nacional,
mas, no decurso dos annos nào se descuidoll a
Argentina de seu problema naval, até dotar a
naçüo dl' uma esquadm assaz importante.
O
Presidente SAR:\IIENTO,
em 1874, l'ealisa o primeiro progrannna naval, que consistiu na conslrucçào do arsenal de ZÚrate e na ac([uisiçao
de uma pequena frota de monitorcs, bomhardei ros e avisos. O conflicto cam o Chile, cm
1!J02, apl'CSSOll a construcçiio do parla militar
de Bahia Blanca e a organisaçào de uma esquadra homogenea composta dl' ,1 cr~lzadores
-- 116 couraçados,
:~ protegidos,
2 guarda-costas,
·1 destroyers,
:~ transportes
e 10 torpcdeiras.
Por filll, 'l'Ill 1908, a esquadra até cnl<io existente é consideravclmentc
augmentada
COIll a
ac<[uisiç:.io dc :~ dreadnoughts,
17 destl'oy('rs e
dinTsos Ilavios auxiliares, ali~m de outros recursos de defesa. ~estl' momento, ao que pal'CCP,o alto commando naval trata de adquirir
() subIllcrsivcis dos ultimos mo(lPlos (' IllOdernisa varios navios el11 serviço.
A esquadra argentina,
presentemente,
e rcpresentada pelas scguintes unidades:
2 Couraçados
CruzadOl'cs couraçados
2 Cruza dores
2 Guarda-costas
;) .:'\avios-cscolas
2 ;V[onÏtores
1 Cruzador-torpcdeira
1 Caça-torpedcira
ï Destroyers
K Torpcdeiras
(j A. visos
10 Transportes
-I ..•.
' . (l'¡Vel·SOS
."anos
,
!) Rebocadorcs
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
)
l
'.
.
r
j
:r,. 880
27. :WO
K.:tW
2.110
12 .1:~O
:~.OïO
1.070
706
,1.820
615
3:l.llO0
Rcsumindo,
117
kmos:
Cuslo tolal
Tonelagcm
Ca n)¡ i)cs ,
Tripl1la~~ào sem offkiaes
:L 10.ïïô.71O
L,)Ci. ()!lO
-l();~
~.O(iO
~inguclll
ignora <¡ue as eslradas
de ferro
conslÏluelll
UIll den1l'nlo imprescindivcl
Ú 01'ganisaçào
da dl'feza
nacional
e aimla
¡la
guerra actual eslamos w'11(lo o papel proeminen le Ilue represen lam com dccisi va in flucncia ¡la movimcnlaçào
de forças ou no abas1('cÏmento dos grandes exercilos.
A Argcntina
leve a inluiçâo da parle imporlanlissima
quc
excrecm as l'stradas
de ferro na gucna
e,
¡)l'l'vista a possibilidade
de Il'!' de comlmtcr nas
trcs fronteiras,
cstabcleccu
um systcma felToviario que Ihe pennilte
effectuaI' para lIualquel' uma dellas uma rapida lllobi¡isaçao
ou
unlll conücntraçiío
de todas as suas fon:as,
tendoo S('U plano sido favorecido pdo seu espantoso desen\'olvilllcnto
cconomko
e pela natureza excepcional
de Sleu solo pOUl'O accidenlado. 'l'udo prcparou
l'om eSllltTO, intelligcnda e admiran'l
I)}'cvidencia, nCIlhum paiz sulanH'¡'ic:lno estando ml'lhol' appardhado
do qlle
cIJa nesta materia, J>ois occupa na America do
Sul o primciro logr elll extcnsâo de linhas, ()
I('rcciro cm todo o contincnte
alll'l'rÍt:ano (' o
sexto do Illundo.
--.- 118 A Republica Argentina, corn urna superficie
de 2.950.520 kilometros
quadrados,
em 1915,
possuia já 35.500 kilomctros
cm liuhas ferro-viarias,
scndo 6.000 kilomctros
pertenccnles :í empresas nacionaes e 29.500 á companhias
extrangeiras,
e o valor dessas estradas de ferro
representa
para as linhas naeionaes
a importancia
de 11.262:000$000
e 125.763:000$000
para as extrangeiras,
cm moedu nacional.
Foi
l'Ill 18;")-1 que
o gov,erno argentino
conceden a
prinwiru linha ferrea, a partir de Buenos Aires para Oeste, nacxtensao
de 24.000 varas,
lenùoem
18:)7 sido entregues ao trufego os primeiros 10 kilometros
e, depois dessa data, o
movimento
de construcçao
ùc caminhos
de
fl'n'o lia Argentina desenvoh'eu...sc corn extraordinaria
rapidez, a tal ponto que, cm 1914,
possuia 3L 4:37 kilomctros
cm trafego, sendo
este o resultado da exploraçao
de 1857 a 1914,
segundo dados que nos fornece o livro Argentina Xaval e l/iliiar do nosso patricio tenente
GE:-;SEHlCO
DE y.\SCO~CELLOS:
K;'¡ometro~
11\:>7
1867
1877
1887
1897
1 !)07
.
o
•••••••••
'"
.
o
•••••••••••••••••••••
.
.
10
573
2.231
6.689
14.7!l5
22. 126
· - uv .1!}OS
1
.
2:~.711
non
.
1 Ç)14
.
2l.781
:31.437
A Argentina, cm 31 de dezembro de 1914,
possuia 3·• .437 kilometros de estradas de ferro,
com a capacidadc de 1.8~)(1.;);)Ç) toneladas e o
scguinte matprial rodante:
LoconlOtivas
YagÔes de passagciros
Yagües de baga gens
Yag<>es dl' gado e cereaes
.
oo,
••••••
•
.
.
3.416
:L117
2.751
7.73,1
Todas essas Jinhas fl'n'cas foram construidas conforme um plano de l'onjuncto cxtremamente coherente e apropriado
Ú fins estrategicos, él que nào foi estranho o Estado-Maior,
e respon<l(Tào rapidamente
ao appello gcral
que lançaI' o gOVCrIlOpara o cstado de preparaçào indispcnsuvel
nÜo sÓ para prover as
eventualidades'
imminentcs,
mas para tudo
quanto vl'nIla n SPI' possivel num dado momento.
Nesta, coma em varias outras qucst<les cm inlÍma conncxao l'om a preparo da
defcza nacional, os nossos visinhos tudo prcvil'am para que no menor espaça de tempo os
seus cxercilos possam mover-se S'cm atropellos. De facto, se cxaminarmos a mappa ferroviario da Argentina, notaremos, antes de tudo,
120como foi intelligentemente
estahclecida a distriblliç:io de seus tres systemas de caminhos de
ferro, permillindo-lhe,
l~m ,qualquer de suas
fronteiras, I'calisar l'om facilidade u mohilisaçào ou concentraçâo de suas tropas. ~a fronleira do Nordeste, ao longo do l;ruguay, a OpCraçùo far-sc-ha l'om mais rapidez, e pÓde applicar 204 locomolivas, 1Si carros de passagciros, 105 vagiks de hagagens, 4H3 carros de animaes e cargas COOl uma capacidade de Hl, 026
toneladas, que sâo os recursos das linhas das
provincias de Corrientes e Entre-Hios (bitola
de 1111A;~5), auxiliada ,essa opcraçào pelas duas
'cxc:cJlcntcs l:yias .fluviaes- \do la1>r:.I11:'1
'l' l'rllguay,
Tudo indica, pois, como acabamos de ver
atrav('z do cscorço historico qu eemprehende1Il0S e da politiea financcira argentina, baseados soh,'e fados positivos, que toda a pl'cparaçâo da Republica Argentina se propÜe a est~
objectiva: e.~m(lg(lr o Brazil, 'e, o que mais é,
a Argentina quel' escolher u SlUl propria opportunidade
para desfechar o seu golpe feroz
(' traiçoeiro.
Durante
élllnos, durant't' quasi
todo o periodo de sua independencia
politiea
em que tem alimentado lIm odio violento, mal
con ti do, pelos nossosdesignios
de concordia e
os 110SS0Spropositos de progrl'sso, tem mais de
lIllla vez nos desafiado e, apoiado hoje no seu
systema militar organisado segundo os princi-
-- 121 -pios sdl'ntifkos
(' as idi'as pl'USSianHs, nâo lwsitará 'cm IIOS atacar.
ZEBALLOS
ou PEIlI\O m-:
COnDOIL\,
proclamando
quc a guerra contra o
Brazil é uma necessidadc
historica,
l//ll
faelo
inevifavel.
-exprime, na verdalle, com toda a
força persuasiva,
o penSHnH'nto do po\'o argentino, de seus leaders e de seus dirig·cntes.
A fÓrmula do ingenuo SAE1':Z PE~Ado fl/do nos
lllW. liada nos separa, repetimos, é o symholo
de uma doutrina que nunca cncontrOl! eco no
coraçào dos nossos valentes visillhos - - i~uma
vii aSJ>iraçào.
Indice da potencialidade economica, financeira
e commercial da Argentina
XIII
Além de sua prcparaçào
militar e de sua
excellen te rède f erro-viaria,
é pl'ecÏso nunca
esqucecr que os recursos economicos da Argentina, cujo progressa material é resultado de
um esforço intelligente 1.' febril, permítlem, fadlitam e ineÏtam a sua polilica de guerl'a contra o Brazil, e, embora rapidamente,
podemos
fornecer algumas indicaçóes sobre a sua potencialidade cconomica e finanecira, valcndonos dos dadas esta tisticos mais l'l'l'PU tes e authenticos.
A Úrea cultivada
do territorio argentino,
que é de tres milhùes de kilometros quadrados,
em 1916, era representada
por 24.259" 650 hectares, contra l-t.612.792 cm 190G, assim repa¡"ti oos:
121 -
Trigo
Linho
Milho
Alfafa
'
Totaes
1901i
1916
.
.
.
.
5.759.987
6.645.000
1.Ü1n.000
.
14.612.7H2
tendo sido () segllintc
1 . :m1 .4()7
2.719.250
4.017.850
.•. G04 .400
1.129.07R
24.27l9.H50
o yalOl' das coIlH'itas,
('Ill
pesos ollro:
I!JI)(;
Trigo
Linho
Milho
.
.
.
107.595.000
28. 2:l8 .000
100.010.000
A veía
.
1.728.000
Totaes
1!) J 6
24:1. 1:~7.000
5:~.750.000
178.251.000
2:3. 05!} . 000
237.571.000198.1
verificando
um augmento
2GO. 62G. 000 pesos ouro.
!}7 . 000
nesses dl'Z annos
de
A estatistica
do gado existente
cm 1917,
clIjo valo!' nao <levc apenas
ser considerado
pela quantidade,
mas, principalmente,
pela
qualidadt·,
t' !'epresentada
l)l'las segllintes cifras:
- -- 125 -Gado
Bovinos
Ovinos
Equinos
MlIares
Asininos
Cu\winos
SlIinos
.
.
.
.
.
.
.
Tola(·s ....
existcllte
Valor:::
m/n
:~O.000 .(l00 2.230.000.000
480.000.000
80.000.000
270.000.000
9.000.000
17.:)20.000
;'84.000
6.900.000
:l45 . 000
4.554.000
n.128.000
:l.200 .000
80.000.000
127,6\)3.000 :L113.548.000
o commcrcio exlerior lem, ncstes ulLimos
tempos, adquirido um desenvolvimenlo
prodigioso, verificando-se
que, sohre o periodo de
1fl07 a HIll, emquanto a imporlaçào diminlliu
de 5ü.2íH.405
pesos ouro, a exporlaçao augmcntoll de 581. 9-15. n:{ pesos ouro, sendo esse
augmenta de 34 o.~, l'omo se verÚ:
Ql1illf]llCllllio
dc
l!lOi--lt
Importaçiio
Exporlaçào
.
.
Quill(¡.lICllllio
dc
1912-- Hi
1.:ï80.170.8:ïô
1 . 52:~ . Rfll .4:> 1
1. 75(i. 883.831
2.341.829.534
~o pel'Ïodo de 1907 a 1911, por exemplo, a
cstatistica commercial argentina aprescnta os
scgllintcs resultados, figurando o seu commcrcio no tcrceiro lugar, depois dos Eslados Cnidos (' do CanndÚ:
--- 126 --
]IOO9AZ
.•.•.•.•.••••...•••.•••••.•. :,' 5.541;.106
V<'
".712.489
]9U9 ••.............
:,.A84.~(J5
1910 ...•........•.
, 6.0GO.A2:l
1911 .•...........
6.2".¿.<iH¡
HI12 ...•.•...•...
6.67:l.7~1
191:1.•............
1;.881 :lll
1\J14 ...•.•..••.•..
7.704 :¡96
________
L
?85.860.f,8:1!
26~.1l!¡.70:):
302 7:,a.09:>:
;¡:,¡ :;70.6;'1;'
:166.810.1)8(,'
384.853.4f,o'
421.::b2.:>42:
3UO.OOU.UUU,
i
.__ .__ .__
?%"204.:1'~!
:187.\?~.9A3,
:19ï.l!13.6AO¡
:l'2.3'~.:l50¡
4:1:0·\ ••~.,~71
..:.;_
..:.l,81.):
.' .v
483 :'04.5t7~
:\:,0.000.000,
... _, í
+
10.343.61'<>
ll\l.:{IO.278
94."37.585
~O 608.6:14
"2.113.148
:'5.:,:17.;~6
6'1.15'2.('0:,
GO.COO.COO
-' __
A sua prosperidade
crcsce cada dia de
modo assombroso, concorrcndo as suas duas
principaes fontes de riqueza, que sào a pecuaria e a agricultura,
para a sua cxportaçâo.
como se segue, no periodo de 1905 a 19B:
Pecuaria
AlIlIOS
1905
1906
1907
1908
1909
1911
1912
1913
1914
.
.
.
.
.
.
.
.
'"
141.042.9X6
124 . 136 .1:3!)
123.820.205
115.118.457
153. !H8 . 356
..\¡¡l'icultura
170.235.235
157.65·1. ()92
164.091.621
241.677 .164
230.503.996
168.394.733
139.7ti4.386
188.215.956
165.800.139
110.000.000
278.186.572
311 .885 ..079
230.000.000
o commercio exterior relativo á ll10cda
ouro accnsa tambem um ll1ovimcnto notavel.
.-- 127
:\ estes ultimas lrinla
guintes resultados:
annos
aprCSl'l1 ta os sc-
1II1portaçîlO
Dcccnoio;
1886/95
1896/05
.
.
1906 I1G
.
Expol'taç:lo
122.479.022
121.510.01:i
293.974.0·13
Totacs
537.963.378
ü5.5ï2.750
21 .993. 291
87.0:m.484
17-t.603.52f>
verificando-se,
nesses Jlcriodos, UIlI saldo dl'
:l63. 357 . 85:l pesos aura.
A Argen tina paga ao
extrangeiro
os seus compromissos
nacionaes e
particulares
com esse saldo, e, desde alguIlI
tempo, começou a accllIllular reservas mctallieas, producto da cconomia de seus habitantes, como se verifica pelo movimento da Caixa
de Conversâo:
Annos
Dcpo:;itos
1903
1904
.
.
1905 ....•.....................
1906
1907
IgOR
'
.
.
.
1!}()9
1910
1913
1914
.
'
"
.
.
.
38.241.1-17
50 . 341. ()38
HO.152.048
102. 7in .01-1
105.113.871
12G.721.723
172.!500.000
185.944.;;85
2:l3. 1!)7. 7Hi
22·1. ;l28 . OO()
--
123 __
o
As "('SlTyaS metallicas
da Argentina,
l'Ill
nwio de 1915, por exemplo, fazendo-se um calculo grosso modo, no quaI se reuna ao deposito ouro na Caixa de CO/lyersào o ouro depositado lias LegaçÔes cie Lonclres e de \Vashington, e exduida
a mocda da mesilla especie
existente nos bancos locues, attingirum
a somma sllperior de 300.000.000 de pesos ouro, ou
()().000.000 cie lihras esterlinas.
O 1Il0yimcnto bancario, no periodo de 1007
a 101(), revela as seguintes cifras:
1\)l(i
190i
Jh·positos
Ikscontos
Caixa
.
'"
'"
.
78:3. 200.000
761. 000. 000
308.000.000
A circula~Ùo fiduciaria
1907 (' cm 1!l16:
1~)07
1916
'.'
1 . (il:>. 000.000
1 . 2GO. H~H . 000
710.000.000
era a seguinte
.
.
cm
532.100.000
1.01-1.000.000
(', o s/od ....de ouro depositado na Caixa de Conversâo em fins de 19W sendo de :~27.840.000,
a /"('laçao da garantia
da Illoccla fiduciaria
é
de 7B,S ~.~..
A di\'ida passi\'a consolidada
da naçùo, /lO
(,ol11e<;odl' Hl1(), na a segllinte, ('1/1 pesos:
--- 12!} -Divida
DiYida
papel
.
Olll'O
.
1GU. 17:L :\1!)
W:L 1 iii. ;;(jlJ
Olt sl'jam cm moeda papel nacional
,'
1.221.000.000.
A divida fluctuante,
representada por compromissos
resullantes
de cmprestimos a curto prazo no valor de :~57.16U);)4 pesos morda nacional e por ;)2.000.000 de ldras do
Thesouro emiltidas para pagamento
relativo a
obras publicas pelo dl'scobcrlo que tem no Bnnco de la :\Cacion, pelos c¡'cditos supplemcntos,
ctc., atlÏnge a 409.000.000 dl' pcsos llloeda nacional. O movilllcnto
da divida consolidada
llcstCS uItilllos anllos tcm sido estl':
Emiltido
Annos
::; llI/n
HlO¡
.
HJ08
.
190!)
.
uno
.
1911
1m2
.
.
lB1:L
1m/L
.
.
1m:)
.
12\1.800.000
¡.800.000
12H.noo.OOo
A 11](>1'( iz.lll
"
()
111/11
41.()OO.OOO
!)2.000.000
14.;'00.000
2:UlOO.OOO
16.000.000
1XUWO.OOll 17.200.000
;~O.60().OO() 19.:l00.000
:l:U 00.000
23.000.000
2:-UiOO.OOO
2:3.000.000
!),()OO.OOO
2:>.\)00.000
Saldo
"
III/II
\I;)O.~OO.OOO
~)()(U)OO,OOO
1.022.000.000
t .02B.OOO.OOO
1.1 !16.fiOO.000
1.207.mlO.OOO
1.2:~8.000.000
1.2:~8.600.000
1.221.liOO.OOO
() Ol'çal11('uto g('ral da At'W'lIlina, TlO pcriodo dc 1!11 1 a 1!117, km sido fixado dC3[(>
modo:
-
130 moeda
Annos
1911
1H12
.
.
'
1m:L
.
1914. "
1915
1916
1917
.
.
.
.
"
425.395.261
436.061.600
420. 995 . :~6~)
H9.6·11.f>19
392 . 870 . 7-15
:~92.870.745
360.221.372
~o exerdcio de 1916, () resultado
l'm pesos moeda nacional:
Despezas cffectuadas
Reecitas arrecadadas
.
.
Pesos
nacional
foi cstC',
338.321.964,99
240.000.000,--
o
ll1ovimento de arrecadaçao da reccila publica nos ultimos annos lem sido este:
Allnos
mocda
lH07
1908
.
.
1!)()9
.
1910
1911
1912
.
.
.
Pesos
nacional
243. 808 .:~77
254.231.983
275.165.949
:~02. 485 .65·1
;'31O. 528. (l78
:~36. 366. 48.1
:H9. 299.429
1~)1:~
.
191--1
1915. "
.
.
250.067.601
.
2·tO. ()OO . 000
191H (ea !culo)
'
230. 257 . 28;")
o pa trimollio da IHH;ÜO constituido }lar cstradus d(' ferro, ten'as, arsenaes, navíos, tclcgraplws, obnls hydraulicas,
cte., isto é, tudo
quanta constitue a propricdade
do Estado, l~
do valor de cerca de 1.726.447. 35G, havcndo,
entre o passivo composta pda dÎ\'ida publica e
a circulaçào fiduciaria, um saldo superior a
2.000.000.000 a favor do activo, sllperavit que
suppôc uma situaçáo insupcravel de sancamento no patrimonio
e no solvabilidadc
da
naçào.
ACTIVO
Peso,
Tenis,
cte
minas,
obras
,
ou ro
publicas,
.
Divida activa da provincia ..
Capital invertido
no Banco
de la :\ acion
.
Capital liquido no Banco Hypothecario ,
.
Capital do Banco ~acíonal
.
Deposito c fundo na Caixa
de Conversa o
.
Moveis da administraçào
.
:\rscnacs e navios
.
Edificios
.
Terras (8:3.4!)2.104 hectarcs) ..
Portos e tl'rrcnos adjacentes.
1.000.000.000
1~O·.000.000
100.000.000
G7.000.000
2G.OOO.OOO
742.000.000
G5.879.8t~
186.433.2()7
(i 11 . 1 ;:);) . SR()
!)19.;)H7.~8ï
;~!)(j
. G3·1.
211
--- 1:l2 -Obras sanitarias
.
Ferrocurris
(5.132 kilol11et¡·os)
Tclegraphos
.
Obras hydraulicas
.
Obms de ilTigaç<Îo
.
Titulos e valores
.
Dinheiro l'Ill caixa e bancos ..
:l·B . <l80. --lnO
:31n. 808. :304
\-). :30;) . 61 H
28. 101.401
;n.4H.020
t20. 78!>.61!J
:37. ()17.1 OH
P.-\SSI\'O
Divida publica consolidada ..
Divida fluctuante
.
Circul:l(,~ào fidueÎaria
.
1.223.000.000
:3;-);). 000 . 000
1 . ot:~.000.000
% 2.;,)Hl.000.000
<¿uanto Ú ('xploraçâo
das estmdas de f('rro
argentinas,
euja extensâo em fins de 19Hi cra
de :38.000 kilomdros,
sllpcrior Úilo Brazil l'Ill
1:3.000 kilometros,
18 v('zes a do l'ruguay
('
ti vezcs a do Chile, occupundo o oita\'o loga¡'
do Illundo pela ldlometragem,
cm 1915-H116
aCCllSOU o seguinte
resultado:
(il'an Sud •••....
Bucnos
.\~Te' ao
Pacifico
.••...
Central
.-\¡·gentin".
;'3-1.:I!)(i.000
63.í(i(i.;,60
IR.811.1:1',
;>15.6:'0.-t50
·l7i..filll.-tOO
;'3.218.800
li5.(jOR.-toO
20.282.801
2í.293.0!J.l
Oc.~le
dl' Buenos
Ayres
de Buei\I ¡,Ua un
...
A~Te~
1l0S
Hios
Entre
'"
.
Argeutino
NOI'deste
Corde
Central
o
•••
.....
d()\"a
,POI'to
Hosario
a
...
Belgrano
F. C. de Santa F,;.
BlH'Il0S :\yCcntl'al
J'es
o
••••
:JI:l .82:1. ilB
:lO. (¡HUi!)O
1 . 4~);). !fill
fí.!)(i(i.!l(¡O
:1. li!lfj. ~)!Jli
ill. 1-!4. :líO
i!). ()lili.4 II
162. 1l!1". iSO
!ï . OIl . %0
1i. illl,
i(i. i~2.000
JliS
2. i 1·1. liOO
106.(J~ï.O')O lJ.:lH.OOO
21.2i2,802
A cxl<-nsao das prindJHll'S
rias (~ a seguinte:
:1. :152. ;,Oli
li(ji.i50
:\. I H!).!llii
1 . 12 i . IIi2
~).:1:l0. ;,fí(J
;)·1.1,:~O!l
.1. 3(;2. fíi2
l. lil!). 25i
Jinlias ferro-viuJ, i IOIIll'tl'oS
FelTO-C~lITil Cran Sud
.
Buenos Ayres ao Pacifico
Ccntral Argentino
.
"
Oeste de> Buenos Ayres ..
Midland de Buenos Ayrl's
de Entre-Rios
.
"
~ordeste
¡\rgcntino
.
(i. lO:)
;) . ~1()O
;).:321
:3 . 00;>
iíI~
17.17;)
1
.:n 1
Corday:!
.
I)orto l~('lgran()
1.010
7H.>
l~"é
.
COlllpanhia Ceral de Ferro-carris
da
Provincia
de Buenos Ayrcs
.
Ferro-carril
Central de Buenos Ay,'cs.
Linha<; (io Estado
.
1 . !)Ol
"
Central
de
"
l~osario
ti
"
de
Santa
1.272
¡lO;)
ô.20(l
A potl'ncialidade
do cOllllllercio da Hepllblica do Prata. pela {'stalistica publicada
rc-
-
134 --
centementc pela Direecion de ConH'rdo
rlustria, é representada
d('ste modo:
Xllmcro de cstabclccimcntos
Capital invertido
.
Venda annunl
.
e In-
51.314
~ 1. 1m .758. ao.:!
$ :~.:~26.587 . 88:~
e, quanto aos estabclecill1entos industriacs,
o
quadro scguintc dá urna idéa do desenvolvimento notave! de sua industria, ,na actualidnde:
~U1nCr() de cstabelccimcnlos
Capital invertido
.
\' alar annual da producçào.
Custoda
materia prima emprC'gnda
.
Força motriz H. P
.
Operarios
.
33.1:35
~ 1.1mUillUH1
.~ 1. H84 . 359. 94H
:'; Sr>H.008.28D
lOS. 291
:m~.!19G
~ o fim de 1916, existiam no pa iz ln bancos com () capital de 1.255.5:~3.077 rle pesos,
85 companhias
de sC'guros com o capital de
74.056.270 pesos e 71 companhias telcphonicas
com o capital de 31. 750.423 pesos.
Em rclaçao á sua marinha 111C'rCantc,que se
acha muito rcduzida neste mOnH'llto, (' r('presentada por
-- 135 -32 \":ljlOres de ferro l'om
112 \"[lpores de aço ('om..
70 lIavios Ú vela l'om ...
lt.1;'6 tonl'ladas
122.87(j
32.070
"
"
o movimcnlo n~aritimo deseus porlos é
considera\"cl,
como se poden'! ver no fJuudro
abaixo. convindo assignalar
que lodo o eolUnH'l"cio l' Ioda u vida eeol1ol\1ica dos nossos visinhos Sí' polarisa na hacia do Prata:
Tnllcladas
Aunos
1~O;)
1!Wfi
.
.
H8.708
~) . 5ï'2
32. llOO . 401
:~2. 522 .496
IH07
.
12;).661
36.599.214
1!lflX
19DH
HIlO
lHl1
.
.
.
.
145.'W7
41.900.947
132.0:-n
43.570.525
,
,
HH2
.
1~)1~
.
44. mn . n69
130.0nO 43.311.771
144. 69:~ !lO. 1,t3 . 664
56 . 6(H .836
141.7W
140.291
Ainda do seu movimento
commercial
tamhem uma idéa a massa de liquidaçao
chcC(ul'sdos
19 bancos
que fazem parle
Clr(ll'ing flouse ·de Buenos Aires:
Ouro
.\lIll0S
19();!
1907
1910
.
_
.
.
dá
de
da
Papel
397.127.804
409.938. 172
2. m>6.555. 922
3.21-1.251. 697
321.663.797
4.322.121.561
-
136 -
1911
. 303.741.924
lH12
. 292.744.741
11 mezcs de 1~H3 370.039.011
4.784.915.352
6.22:~.569.012
15.40"1.736.028
No mundo, como Sé vê, poueas naçÜes realisaram tao rapidos e maravilhosos progressos
no dominio economico como a Argentina. A
sua situaçào, com ser privilegiada, denota lima
vitalidade intensa e semprc progressiva, indice
seguro de slIa grandeza futura se sOllbcr assegurar a paz. Em verdade, na America do Sul, é
a que mais se approxima
do typo de naçào
moderna, que tem como ideal os Estados Cnidos. No seu desenvolvimento social, apesar de
seu l'aracter eminentemente cosmopolita, predomina o vivo, cuja ambiçâo consiste sobreludo cm enriquecer.
Nao vive de idealismos
nem de principios theoricos: bU.'>Ílle$S i: a palavra de ordem dos platinos.
o
espectaculo de nossa desorganisaçao militar,
perturbada por factos
politicos e difficuldades vigentes, acabrunha o patriotismo brasíleiro
XIV
Nào km nem nunca tevle o BrazÏl aspiraçôcs politicas fÓra de suas fro'ntciras, tanto assim que cerca de 30 tratados de arbitramento
firmámos
corn varÎ'as naçôcs, e, por indole
e por lradiçao, o nosso pavo, farmacia
após
laboriosa lucta e educado na amarga escala
da experiencia. é absolu~amentc pacifico, generoso, nobre, trabalhador.
Somos,
porém,
uma entidade consciente de noS'so destino e
dotada de amor proprio, e, por isto mesmo, a
"nassa guerra" vicia affirmaI' a direito que
possuimos de viver como até a presente temas
vivido, dentro das normas da liber<lade e do
respeito á soberania alheia, ou proteger as na-
--- 13~ --çoes frul:as do continente sul-americano contra a amLiçào argentina, tantas vczes posta cm
evidencia.
Sem rancores inveterados e sem
intuitos bellicosos, ¡'~nto de ambiçoes, 110m
mesmo tC1l10Squerido,até
cnlào, l'omo nos
cumpria, preservar esta partc do mundo da
alllcaça e do poder actual do predominio militar argentino, dando provas da mais cstupida
bôa fé em relaçàQ a um paiz que, por varias vczes, planejou secretamente, e plmwja sem duvida, dominar o Brazil. O n05SO dever actual
consiste em transformar () nosso amor Ú liLerdade e á paz num grito de alarme para que o
continente nào fique á mercè .da acçào furiosa, brutal, inconsciente de um pO\'D que lem
cm pouca cOlIta
respcito pela soberania dos
paizcs amigos.
Até aqui estavamos tào convencidos da sinceridade dos proteslos de cordialidadc dos políticos argentinos que nunca cuidamos de indagar da .efficacia de nossa acçào militar ou da
possibilidadede
nosso f.racasso Gin casa de
guerra.
Nào é de admirar, por conseguinl<e,
se os nOSS08recursos militares ou navaes nào
sejam sufficientcs para assegurar .a nossa defesa nacional, tanto mais que o nosso territorio abrange 8.524.770 kilomelros quadrados e
as nossas costas sào banhadas pelo Atlantico
desde o paraUclo 4°,20 acima do Equador até
ao 33°,45 de latitude do hemispherio austral,
°
-
139 -
orçando por cerca de ·1.000 milhas maritimas
de comprimento.
O effectivo de Bossas forças <le linha, por exemplo, nunca excedeu de
lH.OOO praças de prd e 2.691 officiars,
numero este que pÓde ser accrescido pela incorporaçâo de cerca de :~O.OOO homens das forças
publicas do Districto Federal e dos Estados, 01'ganisadas
e armadas
como as unidades
do
exercito, e a Bossa mariuha
de guerra, com
unw csc¡uadra representando
a tondagrm
de
cerca de (10.000 de dcslocamcnto
e armada dc
349 canhôes, compoe-se de cerca de 9.000 honH'ns, 11:10 incluindo as reservas.
Nao corresponde nem um nem outra Ús exigencias defensiv,as do !crritorio e Ús garantias do nosso commercio marítimo,
attendendo-sc
á nossa exccpcional situaçào geographica,
se bem que nao
seja para desprcsar como facto efficiente o valor pessoal de nossos soldados -e a heroismo de
nossos nwrínhciros,
alíÚs nunca desmentidos
no curso de nossa historia.
A nossa actual efficiencia
militar, em numero e cm capacidadc
technica, nao é, talv'ez,
pesa-nos affirmaI', muito differente
da situaçáo em que nos encontravamos
qu:mdo
da
campanha
de Canudos, como bem lembrou ha
di as, um de nossos hem informados
diarios,
num m'ligo muito opportuno 'cm que procurou
chamar
a attençiio do governo para () problema da defesa nacional,
mostrando
que a
-
140 -
evoluçào operada no preparo profissional de
nosso exercito era quasi nulla:
"Se o Sr. \VENCESLAU BIlAZ soubesse, cscrevia O Imparcial, em sua ediçào de 2 de Setembro de Hl17, o que foi a campanha de Canudos, do ponto de vista da arte militar e do serviço medieo emcampanha,
estamos certos de
que ficaria tào horrorizado, que hoje mesmo
mandaria UIll recadinho ao Sr. Marechal FAHIA,
pedindo-Ihe que preparasse "já os officiaes e
medicos militares para seguircm para a front".
E como nós dcsejamos arde.ntemcnle que a
Sr. \VE:-:CESL.\U
mande esse reeadinho ao Sr.
FAHIA,
vamos relembrar a S. Ex. alguns dos
factos capilaes de Canudos, para que S. Ex.
fiquc sabendo o <lue espera o nossa desgraçado
exercito, cm caso de mohilisaç50.
A eampanha de Canudos, cm que ·cslÏveram
mobilisados, ao todo, cerca de 18 mil homcns,
e CIll que a nosso exercito t·evc cerca de mil
mortos, foi - pondo de parte a proverbial bravura dos nossas soldados e dos nossos offi·
ciaes - - uma das maiores vergonhas <k que
ha noticia nos annaes da nossa historia militar.
Cm officiaI do nosso Estado-Maior (o daquelle
tempo ... ) que assistiu ao desenrolar da luta,
disse muito pittorcscamentc, que Canudos nao
tinha sido uma campanha regular, mas um
grande "rôlo". E {. o que foi.
De todos os pontos de vista. por que se en-
-
141 -
care a operaçùo, {) nosso Exercito revelou uma
alarmante
ignoranda
dos mais comezinhos
principios da arte militar, e o mais espantoso
atrazo na sua organisaçào geral, e no modo
como foi conduzida a campanha. lJa parte dos
gen~racs que comnwndaflam,
paten~(',ou-se a
mais absoluta incomprehensao
estrategica da
campanha e a mais supina ignorancia na COIlducçáo das unidades para o fogo. E tudo isso
pago u-se pela mais caro prcço: o sangue de
tantos soldados e officiacs; as brigadas marchavam para o inimigo, llluna zona infestada
por elles, cm columna de pelotôcs, como se
fossell1 para uma parada cm Sào Christovâo,
e sem o menor dispositivo de vigilancia e scgurança.
() rcsultado era scrcm cruelmente
dizimados pelo caminho e perderem, muitas
v('zcs, as suas bagagcns (!) e as sllas muni<;.~i'íes (!!).
No celebre combate de 18 de junho toda a
columna; principal
(AI\THt:R
OSC:\R),- 'quando
abriu 'os olhos pela manhâ, 'cstavH litteralmente cercada pelo inimigo; e dqlOis de supportaI' 11111
fogo infernal de muÎlas horas, que
produziu mil (' tluinhcntas baixas, foi, milagrosamente,
salva
do aniquilamento
total
pela columna S.\\':\CET, que chegou a proposito. Depois de um longo cerco de mezes, ao
arraial insurrecto,
foi que se comprehend-eu
que Canndos estava cercado apenas pela me-
-
142 -
tade e que pelo seclor aberto, o inimigo rcccbía
víveres e reforços do interior do sertào.
E
quem comprche.ndeu iss'Ü, nâo foram os generales, mas um officiaI do Estado-Maior
(daquelle tempo), que t0ll10U tres batalhoes {' depois de um l)['olongado combate, fl'chou o sector aherto.
Ahi, entâo, foi que COIJ1CÇOU
a
agonia de C~lI1udos. ~a Ciclebre passagem de
Cocorobó, o general -- illustre por varios titulas - que commandava a columna, viu-a detida durante horas, sob o fogo tcrrivel dos jagunços, entrincheirados
no desfiladeiro, e que
Ihe pro.duziram mais de quatroccntas
bnixas.
E durante todo esse tempo, nada mais se fez
do que dessangrar inutilmentc, a sua brigada,
cm cargas frontacs, que nâo produziram resultado nenhum.
E sÓ <¡uando um capit:îo, com
um punhado de homcns, conseguiu levar aos
jagunços um 3taq.ue de flanco -- que cstava
naturalmente
indicado desde o eomcço --- foi
que a brigada eonseguiu atravessar ...
O serviço de abasteeimentos
e das linhas
de communicaçào foi de tal ordem que, estando o cx,ercito senhor da sua base de operaçôes,
passou quat'Ür~e dias de fome, diante do inimiga. Mas o que attingiu o auge da desordem,
mas duma desordem tragic.a e dantesca, foi o
serviço sanitario.
O que se passou em Canudos com os milharcs e milhares de officiaes e
soldados fcridos ultrapass.a toda imaginaçao
-- 143 P. tÚea Ús raias
do incrivel. Xâo só a ignorancia dlls llledicos militares era completa cm materia de cirurgia de guerra, como o desapparelhaml'nto
e a desonlclll do scrviço Ilh.'dieo
tinham chegado ao extremo limite.
Dl'pois
desse~ fados desgraçados, vinte annos exactament<- se passar3n\.
E o Sr. Presic!ente da
RepuLlica, pÚde crèr que a situaçào do exercito é, hoje, a nH'snw, senào p~jor; os generaes nilo sahelll nada de estrate'gia, ncm de
l'Disa nenllllma, ·ndm qucrc'In al)l':'nder mais
nada; os officiaes que estudam, sahem tacLica
theoric<l, quel'em ir \'er a guelTa e niïo pod,-'m;
o serviço m~dico continÚa na mcsllla miseria
de semlll'e, porque os medicos nào sabem cirllq~ia, e passam a vida se especiali7.ando em
partos, h:ryngoscopia (' (lUtras trapalhadas que
lhes dÜo dinheiro na c1iniea civil, dc."
A Iranscripçào que ahi fica p<Íde desgostar
aos apanigllados do governo, mas, llIUlIa ohra
de sincero patriotismo
como é esta, escripta
cam coragem, sem expressoes amhiguas ou nchulosas, '('ntl'ndelllos que o povo precisa sahel'
tudo quanto se rcfcl'l' il nossa s'~'gllrança, á
nossa trnnquil1id~)d(' p il nossa vida. Para os
s('rvcntuarios da politica sinuosa, debil, incolar do Catlcte e para os emprciteiros da Pnz
e Amor. a Argentina é um pova nobrc, generoso e amigo, e a "nuestra guerra" nao passa
de li'11l phantasma
crenoa pelo "sacripantC'>
-
144 -
PEDRO DE CORDOBA para amedronlur
a consciencia dos brazileiros.
Nós preferimos ficar corn
os pt~s3imistus, os agibdores, os pobr'~s <liabos
(IUL' c-ultival1l a philosophia
do l'ollfiand(l, des('ollfiando,
mas. dispostos a defender. acima
de ludo. a dignidade e os interesses do Brazil,
'lIl1caçados na guerra ou na paz. Niio duvidamos, ncm por sombra. do valor moral dos nossos officiaes dl' terra e mal', mas, devemos dizer, em ultima analyse, que o ~'pisodio n[1rnl(lo é uma illustraçào
do nosso momento
militar, talvez exagerada, mas !lcm por isto
/llenos verdadeira.
Seja como fôr, reconhcccndo ~'m ultinw hypothese {lue os processos de guerra no nosso
km}>o sc modificaram
radicalmente,
devemos
fJuunto antes arl'cgim.cntar, coorden~lr e sele('cionar as nossas actividades, par·) transformar a nossa machina de gucrra nllllla força
superior.
"Antes de mais nada, escrevia 1'('ccntcmente um dos jov,ens directores da De{esa Nacional, organise-sc o exercito de tempo
de paz <lue tem de servir de nucleo ás forças
de campanha, realisando o effedivo de 31.098
homcns votado para 1918. O effectivo orçamentado de 34.098, que é o minimo, e que
nunca foi dado, é inadmissivel que nao seja
concedido num momento l'm que o Brazil está
mais perto da guerra que da paz, e cm que ha
tantos politieos cnthusiasmados
e intcressados
-
145 -
pela nossa intervençào militar no conflido l'Uropeu. ~os annos que precedcrmll a guerra do
Pumguay, u Assembléa Legislativa do Imperio
recuso u o augmento do effeclÏvo orçamcntario
do exerÓto.
Qucm <;e del' ao trabalho de recorrer aos aBnaeS do t('mpo, cncontrarÚ olltros
nomes, lilas a mesma mentalidade reinante, o
mesmo divorcio de idt'GS entre os parlamçntares e os cheres militares que naquella l'pocha
l'l'am jÚ glo1"Îosos cabos de guerra consagrados
nas ludas da independencia e nas campanlws
do sul. O resultado foi a dolorosa invasào do
Rio Grande e seis annos subs<.'qucnt.es de luda pela ncccssidadc cm que nos vimos de repucliar o plano de cH'1llpanha de C.\XI.\S, qUt'
emhora c.ontÏ\1css-e o germen ·de uma acçuo
mais decisiva e mais rapida, t01'nara-se inexe([uivel UIlJa vez que o goverllo nao adoptara as
medidas Pl'opostas pelo imnlOrtal pacificador
do Imperio na sua notavel memoria apresentada em 18H·1 ao Ministro B¡':'-\CIŒP.\IlŒ ROIL\N."
Os resultados da Ici do sortcio militar e do
"olllntariado
dependcllI principalmenk
dcssa
providencia preliminar, qllando todo o nosso
excl'cito ('stiver organisado, dotado de effeclivo qlle permitta a incorporaçào de conscriptos, visto como as taes linhas de tiro é um
systema que possue todos os defeitos, no ponto
de vista militar, e cXPclltado a programma concebido pelo nosso Estado~Maior poderia cm
-
146 -
pouco tempo o Brazil mobilisaI' 200.000 homens.
Ainda mais. O nosso problema militar nao
estaria completo com a existencia de um exercito technicamente organisado, com numerosas
reservas de combatentes, armas e 1nuniçoes.
"Mobilisaçào t' concentraçtÏ.o rapida, escrevia
a revista Defesa Naciol/al,
no seu ultimo numero, sâo os prinwiros passos para a victoria
e qualquer exito ohtido mais tarde, por maior
que sda, como foi o dos francezes no Marne,
nâo compensa o retardo soffri{lo nos actos
iniciaes da guerra. Sem abundantes mC'Îos de
transporte l'sem um traçado conw'niente de
linhas fl'rreas nào l' possivcl constituir rapidamente us forças de campanha, nem as dirigir a
tempo para o theatro da lucta. Os poderes publicos ntio pod('m ficar pOl' mais tempo surdos
aos avisos que o Estado-Maior lhe tem dado a
proposÎto deste assumpto, e é incrivel que ainda hoje se gastem sommas fabulosas do Thesouro corn cstradinhas
de um valor militar
muito rcstricto, cm regioes onde simples ('stradas de rodagcm satisfariam as exigencias do
('ommcrcio local, e nào se l'mpregue esse dinheiro ~m augmentaI' a capacidade de trafego
das linhas estrategicas existentes e cm construir outras l'om esse fim, l'omo a linha de Rio
Xegro á Caxias, utilissima para urna concentt'açâo no Rio Grande ou em Santa Catharina.
n_
H7 -
e ill<.lispensuyc! no caso cm que o sul sCJa <.le
110YOo thea 11'0 de um lueta armada."
A guerra moderna, porém, é antes de tuùo
Ul!la qu:'stiio de recursos cconomkos, uma formiùavcl mise-ell-sccne
de todas as forças vivas
do paiz e, portanto, (luanto mais organisado
fûr () nOSSlJ 1mbalho, quanto mais estiver appardhada
a nossa industria
e quanto mais
forle fÔr' o IlOSS:) cOll1l11crcÏo, tan las maiores
sào as probahilidades
da victoría. ~ào pÓde
vingar l1enhum plano de cHlllpanha, advcrlenos nm 11(>nossos jovcns militares, sem o estudo numerico de nossas prohabilidades
('('0nomicas e de nossos recursos financeiros, porque é a C'slatistiea mediante as eOll1paraçÔes e
as médias, que revela o factor capacidadc do
paiz. Neste sentido, o programma da nossa ckfeza nacional devc, ('om a preparaçào mili lar,
ter cm vista a adopçùo de medidas que facilitcmo paiz a tornar-se indcpendenk
do exterior
cm rclaçào ao fornccimcnto de substancias alimenticias e d~ materias primas, que conservem
os recursos naturaes do paiz e animem os industriacs a c~plorar taes recursos, que tornem
o paiz emancipndo
dos lransportes
maritimûs extrangeiros.
Agora mesmo o Govcrno
inglcz declara que a força de resistencia da Inglaterra dependerá da eeonomia do consumo,
da limitaçâo das importaçoes,- do augmenta da
pl'oducçuo de generas alimenticios e da rapida
-
148 -
constru~çáo de navios.
Deste modo, mesmo
que o nosso poder militar e naval fosse superior
ao dos nossos visinhos, nao devemos esquecer
que o seu apparelharncnto
economico é uma
organisaçao moderna e que os sens recursos
financ('iros sfio l'normes, factos que nos devem
impressionar.
A realidade nacional é tao grave que requer, á.
semelhança de Cromwell, um salvador
xv
A aetualidadc
nacional é um dos momentos mais decisivos para nós, brazÎleiros, em
todo o curso du historia subsequente á nossa
independencia.
~ cm as agitaçoes da vida politiea, nem os desastres
da vida economica,
perturbadas
uma e outra por eventualidades
e t'l'l'OS incontaveis, cn~arall1 nunca ao Brazil
tiio melindrosa situaçiio. Na verdade, ella suscita novos problemas e aggrava difficuldadcs
vigentes, pondo cm equaçiio a problema de
nosso futuro, e é necessario, pois, acceital-a
comencrgia,
dcfinÎl-a cam lucidez e l'l'sahel-a
cam patriotismo.
Nao ha aUcnuaçao possivel á
côr negra desta realidaoe.
Os instantes precipitam os successos, como se o tempo nos andasse a \11'(1Ïr apressadam()nte,
para rnelhor
nos experimentar,
a complicada trama de que
nao po(Je!"it a Brazil descnlear-se corn astucias
-- 150de chanccllaria.
A attitude que nos cumprc
manter, nào é a posiçào vacillante, tibia e condescendente de quem se propoc a negociar ou
transigir, mas uma attilude de vigilan-cÏa e repulsa. ~Ós todos, hrazileiros, l'om Hm passado
que l~ o meJhor altestado <k nossa pr{)hidad,~
polítka e de nosso hom senso social, <levemos
ter a consciencia do perigo e a tranquilla coragem das altÏludes varonis ante esses "amigos"
que idealisam o advcnto de sua glo['ia {' de seu
poder sobre as nossas ruinas. Atten los os nossos vinculos tradkionaes
l'om () passado l' os
BOSSOS deveres para l'om o futuro, eUlllpre-nos
legar uma patria destemcrosa e impoIluta, sem
transigencias
imperdouveis, que nào almeja
conquistas, mas nao se curva a offensas mesmo
dos mais poderosos da terra, onde, muitas vczcs, l'omo no presente, a força expoliadora
e aviltante, brutal e crucI, é indigna da victoria que ella só alcança temporariamente,
cmquanto nao desperta, rebelIada, a consciencia universal, perante as suas atrocidades e
abominaçoes.
Nunca a fÓrmula do .<;i vi,<;
pacem, para bel/llm sc nos aprrsentou
tao
soberanamente
verdadeira
como nesle momento de angustia para o paiz. O amanhií
brazileiro nâo reponta cm claridades
suaves
de paz, antes nos dcixa entl'evcl-o como coberto de l1uvcns temerosas.
Por mais que
a diplomacia,
cautelosamente,
evite recrimi-
-
151 -
llaçùes, desafios, attritos, circumstancias
ftlyoraveis ao embate de prejuizos ou resC'ntimentos nucionacs, o destino parece attrahil" e
arrojar o Brazil no vortice da guerra. E. de
cC'rto, nào escreverÍamos
semelhanles
palavras, tâo graves sob o ponto de vista humano,
quanto mais applicadas il sorte do nosso paiz,
se os factos permitlissem outra inducçâo me1108 bellícosa e menos sombria.
A' medida que o tempo corre, a realidadc
llacional, considerada atravéz das ruinas que
nos cercam, mais oppressiva e mais torva se
nos aprcsenta.
A' parte dois ou tres Estados,
se além de S. Paulo ou Rio Grande do Sul ha
-outra fórma de progresso esladual nesle paiz,
o espectaculo de todas as miserias e desorganisaçôes acabrunha o nOS80 patriotismo. Veillas
o povo embrutecido pelo analphabetismo
que
tudo assoberba, esfomeado sob o flagello dos
impostos e das tarifas proteccionistas,
ainda
lnais tcrrivel que o das seccas do ~ordesk.
Vemos a justiça inefficaz, tardia, cara, apropriada pelos chicanistas no dólo dos rapinantes,
dos avcntul'ciros, dos charlataes, dos miseraveis de toda n casta, formando quadrilhas anonymas á sombra das Ids cdos tribunacs. VC'mos oCongresso Nacional DOregimen das p1'Orogaçoes e do cynismo, os legisladores nn {'ngorda d.e todo o anno, n rOSSaI'nos archivos, a
grunhir na tribul1n. a devorar como javardos
BANCO DE LA REPUBLlCA
111l1lOT6CAlUlS·~GEl
ARANGO
-
152 -
;.lS holotas
que O Erario Publico lhes forncce.
VCUlOS,para nossa maior tristeza, um exercito
e urna esquadra formados sem espirito militar, sem homogencidade, sem força efficiente
para qualquer movimento offensivo ou defensivo. Vemos tu do pendendo, oscillando para
um final desastroso, semelhante ao da Grecia,
occupada militanllente
pelos alliados, ou da
Belgíca, invadida, destruida e dominada pelos
prussianos,
Tres decadas republicanas bastaram para
desmoralisar um paiz tradiccionalmente
honrado, para dissolver as bôas normas administrativas e os bons costumes políticos de uma
nacionalid.ade cm que nao havia riqueza, mas
havia justiça, decoro, civismo, devaçao moral,
virtudes '110 governo, tendencias nobilíhmtes.
Xo activo da naçao predominam os frudos pôdres das instituiçóes
decadentes,
corruptas,
agonisantes no vicio e na lama; a fraude cleiten'al, o suborno e o desfalque, a advocacia administrtiva, o escandalo dos contractos e dos
monopolios, o esbanjamento nas obras puhlicas. o parasitismo orçamentario, desde os legislado~e'S que nao trabalham aos extr.anumerarios gratificados por folhas clandestinas, a
yoraeidade
dos inactivos, a preponrlerancia
dos l'atoneiros, o desenfreado augmcnto de soldos e ordenados, as oligarchias com o seu nepotismo, as facçoes corn a sua intolerancia, as
- - 153 dasses officiaes com a sua ¡Ill [lrobidade e a
sua Hvidez. Tudo isto, porém, custeado a poder de emprcstimos, negocia tas, emissôcs, no
vertiginoso declinio do amor proprio para a
deshonra e da libcroaùe conseÏente para a tutela ùegradante.
Nada va}eram os clamores
dos patriotas
esclarecidos e sinceros contra
esS'a politica governmuental
fraudulenta,
immoral, pcrdularia, inimiga da justiça e da verdade,da
competencia e do brio, da sisudez e
da ordcm, benevolente para os ladroes, intolel'Unte paTa os dignos, polluida cm toda a
sorte de escandalos e barbarisada
cm toda a
sorte de crueldades que vae arrastando o Brnzil
ao maior infortunio e il dcgradaçào.
O Congresso Nacional acaba de decrdar e
o Pr('sidente da Republica de sanccionar o projccto chamado da Defesa Nacional. mediante o
qua} o Governo fica aulorisado a fazer operaçocs de credito, inclusivé fi cmissao de papelmoedu até :mo. 000 :000$000, para a execuçiio
de providencias de ordem militar e economica
necessarias.
Tal projecto, cm conjuncto, i~
uma obra digna scm duvida de nossos applausos, mas, é () caso de pcrguntar: terá o actual
governo a screnidade, a clarividencia, a energia, a intelligcncia e a probidade ncccssarias
para a execuçào da obra annunciada?
Xâo
acreditamos que o mustrc Sr. \VENCESLAU BRAZ
tcnha a pcrfdtn intuiçâo das medidas exc('-
- - 154 pcionaes que, ncste momento da crise mais intensa e mais dramatica da nossa historia, reclama o paiz, agitado ainda de norte a sul pela
revolta de paixôcs políticas e sacu{iido pelas
reivindicaçôes anarchistas das classes operarias. A naçào, ao mesmo tempo que assiste á
explosao de recriminaçôes, desafio s, attrictos e
ambiçôes de toda a ordem, está ameaçada {ie
ser envolvida pelo torvelinho voraginoso da
guerra.
Assint, pois, duvidamos muito que se
encontre napersonalidade
do· Sr. WENCESL,\U
RRAZ esse oomplexo de qualidades
imprescindiveis aos fins do Estado nessa hora suprema.
O programma da Defesa Nacional comprehende problemas de todo o genero, desde o preço
da vida, o fomento da nossa producçâo e o
transporte maritimo, até ·á defeza do nosSoO
solo, e de sua competencia e iniciativa como
estadista temos provas bem apagadas.
O grande ALBERTO TORRES, philosopho de
penetrante
visao social e administrativa,
na
sua obra notavcl O Problema Nacional Brazileira, escreveu:
"Nao nos devemos iIludir,
quanto á gravidadedcstas
crises, que se nos
rcvdam gravissimas, justamente no momento
em que toda a sociedade humana parece estar
scndo submeUida ás mais severas provas de
capaddade
e de energia; é preciso que encaremos, com reotidao e animo sereno, a feiçao
dos nossos problemas.
Se a patria é, antes de
-
155 -
tu<1o, a naçào, isto é, u gcnte, () 1110111ento
proprio para defendel-u nâo serÚ aquclle e111que
qualqu(;r inimigo, mais audaz que corajoso e
sensato, se dispuzer a nos fazcr a conquista
material, memu militari, do territorio,
mas
aquelle t.'111
que a espectaculo da nossa derrota,
nos processos da selecçào social e economica,
se nos apresenta cam as fórmas flagrantes de
uma positiva subordinaçào e de um já sensivel
ahatiml'nto cm amplas camadas da populaçào.
A' política, que nlio pôde, a principio, e á quaI
nlio occor1'eu depois, acudir aos interesses e reclamos da naçâo, cumpre reparar, hoje, o esquecimento e a abandono cm que a deixou.
Em face desta situaçlio, nossos cuidados e trabalhos pela organisaçâo e dcfesa militar pa1'ecern - camo, aliás, muitas outras emp1'czas
humanas - yerdadei1'os passatempos de c1'ianças barbadas.
Urna naçào, venc.ida no diuturno combate da vida, p1'ogressivamente despojada da sua economía e da sua influencia social, onde cada geraçào pódc 1er, na vida
dft seus coévos, os documentos
do aniquilamento ,da sua estirpe, sÓ entra cm combate
para repellir, de armas na mâo e corn risco da
vida, o inimigo aggressor, por força da mcsma
fataHdade mechanica, ou do mcsmo impulso
animal, cam que todos os povos, inclusivé os
selvagt:'ns e barbaros, luctam cgualmente pela
conscrvaçâo e pelos objectas mais frívolos e
-
156 -
ridículos.
O nosso problema vital é o problema da nossa organisaçâo; e a primeira coragem do que nos cumpre dar provas, (~ a da
longa, mascula e paciente tenacidade, necessaria para emprebender e sustentar, corn vigor e
inlelligencia, o sforço multiplo c vagaroso da
construcçao da nossa socicdade."
O desenvolvimcnto das idéas dc ALBERTO
TORRES,orientadas por esse critcrio, tê111 o valor de uma liçào
inesquecivel, e, cm resumo, é todo ou quasi
todo o programma,
nao colorido e thealraI,
mais efficiente e suggestivo, do. governo que a
naçâo roquer anciosamente
para volver ás
tradiçôes brilhantes do seu vassado.
Ao cabo, é historicamente
vcrdadciro que
as situaçôcs penosas, afflictivas ou mais arruinadas, tratando-se ,de nacionalidades
civicas
nao cxhauridas nas suas reservas moraes, pro"oeam a revelaçâodo
homem adequado ás
oircumstancias para dirigir, norlear e esclarecer o rumo aos negocios do Estado. Por consequencia, resta-nos a csperança de que, para
reerguer o Brazil do infortunio a que o condemnaram, na.o tanto as dissipaçôes e os desvarios dos governantes, corno os factos políticos e sociaes que perturbam o regimen republicano, surgirá
urna personalidade
representativa, culminante e capaz, á semelhança de
CROMWELL,me-smo porque esta n¡¡o(~ ainda
urna patria morta.
DOSSIER
1. - A origem das guerras
'l'uùo nos 'mostra <Ille ••a guerra e a paz, bcm como
todas as ~ousas, bôas ou rmís, nas I'elaçocs humanas,
e,
corn ellas,
os problemas
concernentes
:10 'horn
ou máo
uso nosso da materia
prima, que a natuI'eza
minislra
ÍI!\.
noss:!s aeçoes depenùem
sell1pre da justiça
ou falsidade
encerr~ldas
nos ideacs
dos hornells".
Uma das feiçocs
caracteristicas
da ¡¡U erra aclunl está 110 sentimento,
generalisado
hoje cntre os PI'olll'ios combatentes.
de que "l.>sta
guerra
é, cssenci:¡lmente,
urna ·gucr·ra de idéas".
Os povos, cuja fortuna
se jo¡;a ,nesses combates
furiosos
e dcscompassados.
acabaram
.por ver <¡uc o medonho
conflieto,
em cujo 'son'edouro
se c'ngl)lem llaçôes e territorios
como
barcos desar\'orados,
"tcom, fundamentalmente,
por causa
as tbcorias,
as aspiraçôcs,
os devaneios
de urna pl'opaganda
nutrida
por um nucleo
de espi¡'itos
eu'Hos, mas
pervertido-s
e -desvaira.dos
por um nacionalismo
doentio.
Graças a csses infIuxos
pCl'nieiosos é que se eon\'erteram
HOS mais
figadaes
inimi,gos IIIIS dos outros grandl.'s ¡>O\'OS
l.lhristilOs .irmanados
]lela raça, pelas
affiuidades
de
idioma.
pelas tradiçôes
I'eligiosws,
pclos intcresses
economi'Cos, ,pe'las ,aIJ.ianças
rél(ias, ¡pdMa 'collaibora,üonos
campos
de batalha,
pclas sympathias
intl'I1ectual's,
pelas
indinaçol's
p')pu)a'rCJs • ..\5 doutrinas
pl'l'ecdem aos actos.
Os f~ldos matcriaes
cmallam
dos fados
moraes.
Os acolIteciml'ntos
rcsultam
da ambiclleia
de l'n'os ou \'el'dades.
A l.'lIena, debaixo
cl:f quai se estoree a -Europa mutilada,
teve »01' t)ri~em 11111lI1ont¡io 'de thcorias
disformes
e viru,
Icntas que, dur:lIIte
lIH'io sl'culo, lias re¡;ióes mais acreditadas
pela slIa cuItllr:l,enchcram
os livros dosphilosophos, dos ,historiadores,
dos publicistas,
dos cseri¡)torcs
160 militares.
As naçôes
ameaçadas
pela 1lullulaç:lo
ùesses
gel'mens ¡>cçonhentos 'niio perceberam
os signaes que Ihes
manifestavam
a tendenda
e o objecto.
Deixaram
que a
torrente
e¡¡idemiea
se .avoIllmasse
nas "uas matrizes,
.por
nao darem a ·importancia
de\'ida á reIaçao de causaUdade
inevitayel
entre cssa~ influencias
apparentemente
abstractas e o curso dos negocios humanos,
os sentimentos
dos
povos. os actos dl~S governos.
os destinos
do mundo.
Os
professores,
os jorna'listas.
os tribunos
s¡¡o, JH)je. os que
semeillll1 a paz ou a guerra.
As ·boccas tic fo!:o succedem
ás boce:!s da paIavra.
A penna desbrava
o campo 'l espada ...
(Rey BAIIBOSA.)
2. -
Como Bismarck declarou guerra á França
Bi"marck
conta
em suas memorias
como conseguil1
a dec!.araçao
dc guerra
á França,
Jantava
elle cm companhia
de Moltke e Roon <tua·ndo Ihe chegou
um teIegramma
do rei da Prussia,
dizendo-lhe
que Il ~)az na"
se .perturbal"ia,
depob
das ultimas
pl'Opostlls d" e.mb,l1xador
francez,
Bismarcl<
odirigiu-se
entlío
a ~fdltke
e
]lcr¡¡untou-Ihe:
"O instrumento
<Ille precisamos
para
a
guerra,
nosso exercito,
é realmente
táo perfeito
qlle nos
garanta
a victoria?"
"Nunca
possuimos
melhOl' instrumento",
respondeu~lhe
o -babil capitào,
chefe do Clstadomaior do exerdto
prussiano.
- "Entao
eontinuae
a comer
tranqui·llamente
", disse Bismarcl{;
e sentou-se
cm uma
mesa perto dos dois, onde riseou nQ despacho,
eOIll um
¡a,pis, ¡i1gum,1s ,palav.ra.s, deixando
a~ outras que deram ao
tcIcg¡'amma
'um sontido completamente
diverso, "Eu Ii
o te1egramma.
a ·:lfoJtke e Il ROOIl, com :t redacçiio
qUt.
Ihe ha"ia da'do e o~ dois excIamaram:
isto produzirà
o
cffeilo
desejado!"
••Nós continuamos
a comer rolll o
melhor
apllettíte.
Conheeem-se
·as ·C'Onsequencias .. ,"
As
cOIIIscquencias
sao cÛ'nhedda~,
e foram:
a dccJll'l"açáo de
guerra il França, a derrota
destc pail'., que perdeu Il A1sa
cia e a Lorona, .pagou 5billiôes
{le francos
e assistiu
no
palacio
de Versailles,
de seu.s antigos
reis, a acdamaçáo
do l'ci da Prussia
e a imperador
<la AIIcma·nha.
(.-\:\'TOXIO JOÀo:
O problema
argentino
t'
(/
f/llara.·)
-
3. -
o
161 --
perigo allemao no Brasil
Cuidado!
A Allcmanha
é uma ameaça
permanente
l)ara as n'Ossas -1in'es instituiçóes
e ,para a nossa independencia nacional.
Ella procnrará
jugular
a nosst\ energla
e nos reduzirá
á cscravidào
economÏ<:a.
O _plano -pan-gerInauista -devia necessariamcllte
estcndcr-se
ao I3razil. O governo brazileiro
nao o percebeu
nunca c s)"stcmatieameute
llegon
o perigo
allcmüo,
eoroJlario
desse plano.
O po,"oamento do tel'l'itorio
nacional
preoceupa'Va
muito a adminístraçao
brazileira
paTa que ella nao 'procurasse
e:vitar
a suspeita
de ameaça á independencia
do paiz, que faria
!parar 1\ 'Corrente
immigratoria
allemÎl.
A ùoutrína
officIaI foi de <jue o p"'ri/'lo aJlemào
cru uma phantasia
da
imaginaçào
de 'rornancistas
e -publieistas.
~a verdade,
os
escriptores
que annuneiavum
desde alguns
annos
o pe'!"í-go arIelllào.
{) Jaziam
sem documentaçiio
segura,
por
simples
.illtuiçâo ''do IScntime>nto naciona'l.
Préscntiam
o ,pcrigo -na .ag¡¡lomeraçâo
das massas
al'lcmas
no territorio do ,paiz, e pcla nào assimilaçâo
do elemento
gelmanico
no e1emcnto
hrazilciro,
pcla persistencia
da lingua a.Ilemâ, Que Olle¡{ara a se infiltrar
nns camadas
mais"
radicalmente
brazÏ\eirws
e se impuzera
até cm iletos de
camams
municipaes
e ode autori-dades
administrativas.
O
governo brazileiro
assistia
des'Cuidado e indifferC'llte
a esse
amollecimento
da argamassa
nacional
pela subtil
invasao
estran¡¡eira.
E quando
o ~)an-german.jsmo
<começava a ser
revelado
como urna ameaça il liberdade
do mundo,
o governo
-brazileiro
tentou
entregar
1I~
forças
militares
Il.
disciplina
e á organisaçiio
da Allemanha.
Tal pl'nsamento é a condemnaçâo
do que foi a llOssa ,politica.
O prescntimento
-hrazileiro,
advinhando
o _peri-go allemâo, obedpcia .a esse mcsmo impulso
nati\'ista,
providencial e indomavel.
que l'cio dcsde a formaçào
do paix no
periodo colonial,
pensamento
creador
do Br'azil. sua guardll vigilante,
inspirador
dos movimentos
dil independencia, 'lias conjuraçôes,
das rl'vollas,
das ephemeras
repulJIicas, e d'onde
naseeu Il nossa poesia ,sinp;ulaJ'mente
nacionalista.
Essc instíndo
llaopodcrill
fiear amOl'tecido
dcante da invasao
allcmâ,
salvo se a alma ,brazilcira
e:;tivesse marta.
A guen-a nos l'cio tambem
revelar
o perigo allemào,
documentando-nos
sobrc a l'ontade
allema
de conqulstat
-
162 -
o Bl"azil. E a<¡sim licou justificada
a apprehcllsào
do patrioti~mo
esclarecido.
Os documentos
escriptos
do plano alleroao
silo os U""'os tlos historiadores,
dos .geographos,
os relatorios
de
~·ia·gens, ~IS obras de fkçao e de poesia.
Nao se diga que
"¡¡o aspiraç<ies. ehimeras
<de escriptores
e jamais
um plano
de governo.
~e~a hora da /luerr¡I, que ~. a guerra do pangermani,slJlo,
insistir
na innocencia
alIemà
é cumplicidade na tl'ntativa
de 'Crime contra
a llacionalidade
brnzileira.
Oesde 1870 os dirigentes
da Allemanha
apregoaŒD
a prt'tençào
do imperio
muntlial
allemiío.
'Em 18 de janeiro
de 1896, num discurso
commemorativo
dos cinc{}
lustros
da lundaçào
do imperio,
Guilherme
II affirmava:
"O imperio
allemâo
se tornou
um imperio
mundial.
Po~
toda a parte, cm continentes
10nllin<luos, habitllm
milh:lres de noSlSOS compatriotas.
As riquezas
allemás,
a sdellcia allemà,
a industria
allemil
transpuzeram
o ocea'll<'.
Tendes
o grave de\'er de me ajudar
a ligar
firmemente
o nosso imperio
el'aqui
a l'sse imperio
allemào
ainda.
maior."
Mais tarde, cm 1906, o mesmo imperador
dizia
emphatica
e dolosarnente:
"Do imperio
mundial
allema{)·
cnjo ·plano eu concebi ...
e da hegemonia
dos Hohenzollcrn a historia
dirá que nào foram fundado.s cm conquistas /luerreiras,
mas na confiança
mutua ... "
Gabolice e
mentira
á paMe, l'ra a dontrina
da grande
AlIemanha,
a
p"lit ¡ca do imperio
universal
allemào
affirmada
como
theoria
de Estado,
Tudo o CIlie anteriormente
escrevei'am
os propagandist:ls
do pan-germanismo,
t' tudo o que posteriormente
desenvotveram
pensadores.
historiadores
e
viajantes,
recl,bera
a investidura
de dOlltrina
politica
do
j{overno da AlIemanha.
A incorporaçiío
ùo Brazil ao impl'I'io universal
allemâo,
,fazendo paMe do plano pan-germanista,
tinha
nrna sancçiio officiaI Ina al}proyaçiio
completa dessa organisaçâo
do mundo
soh a hegemonía
allem.l.
~âo f necessario
relembrar
os tcxto:s dos escriptore"
em que a AJ;¡emanha tal,hara a moMalha ,do Br.u.i1. Esse!>
autores
e os Seus linos
estào desyendados
á curiosidade
indignada
dos brazileir<ls.
De par 'l'om us paJavras
que
enunciam
o pensamento
e osproposÎtos
ha os aetos da
execlIçiio do criminoso
designio.
A massa
de allemâe!
a!(glomerados
cm zonas
de territorio
occupadas
exclulSl"amente
por elles 'Constitue nm perigo irnmin<,ute,
pois a
influencia
de no\'os irnmigr:mtes,
vindos da AHemanha
e
-
163 -
possuidos
do espirito
pau-¡:(ermanisla,
n\~s antigos
coJouos é ,uma a'meaça ,permanente
'para a paiz, desal>ercebido de eh·menlO'S de defesa.
'\0 lado dessa
força latcnle,
ha a actividade
dos banqueiros,
-dos negoeiant~,
verdadeiros
agentes
politkos,
qne pelos
seus mdhodo~
eommerciaes
se applieam
infatigaveis
ao trahalho
da ahsO¡'pçào eco:Iomica
do ~~razil pela Allemanha;
ha o zelo
dos 'eonsules que se ínsinuam
no ínteriol' do I>aiz; os professores
de lin¡¡ua allemii
nas eo'¡onias e nas zonas gel'manieas
do territorio
hrazileiro;
os viajantes
e uma
Chusma
de individuos
qne IDO l' toda
a pal"h' zumbem,
aprClgôam, intri!(am.
remcxelll
c esgaravalam
na afanosa
lida 'de preparar
o terreno
da Allemanha
Austral.
,para
eolla'borar
na cmpreza
de cngodo a governo
inlperial
attrahia
a ,serlim
pcrsonagens
.oa politica
br:lzileira,
a~
.quaes o impeJ'ador
incitava
a comprar
material
bellieo,
ás offieinas
de !\rup/l:
compan'hias
de ,vapores offereciam
preciosas
hospC'dagcns
cm seus tr:lI),satlanLÏeos;
c 'uma
atmos¡)hel'a
dc se.dllcçào o prcndia
á illusáo
allemà.
,E
por esse mesmo tempo, para re\"Ïgora¡' o sentimento
nacionalista
allemào,
um Hohenzollern
\'Î'sit:l\'a as populaçôes
germanieas
'<.ioBrazil, vasos de guerra
allemàes
eram frequentes
110S ,portos hrazilciros
e rasa~ -canhoneiras
vinham
4ssidu:lJS ás ,plX}ucnas enseadus
do sul do Brazil e ,d'ahi
traziam
J'ccl'utas e reservistas
para () sen'¡ço
militar
da
metrol>ole.
Ela o aspecto do Bl'azil, colonia allemii ...
(GnAçA
4.-As
AIIAIŒA.)
ambiçoes germanicas na America do Sul
l..aNORES, 3 de setcll'libro. O Times, commentando
a
orientaçiio
da política
de conquista
da Allemanha,
escrcve
''lue os vastos re'cursos natllraes
da America do Su1 cram
desde ha milito cubicados
pela Alh·manha.
'
r.OIl1 a entrada
dos -Estados Unidos '!la ¡:ucrra, renas'ceu a n'lho
dchat" s\)hre as ambiçôcs
da AlIemauha
nessa:s rc~iÔcs, e :t rliscuss{io,
pela sua scrl1CCrClllonia,
nao
póde deixar
d~ interess:!!"
os republicanos
da America
muito
elllbora
se.ia de molde
a ferir-Ihcs
o scn1iment~
(lolitico.
O debate
l'l'vela, eom effcito,
as tendencias
das aspi-
164 -raçÍ>es germanicas, e <leve ser lIcompanhado s('m se p~rder de vista que o militarismo, se pudesse, rea1izaria QS
sorvhos dos ,profcssores da 'AIIcm:lnha, convencidos da ne·
ccsS'idade de edificar um no\"o hloco economico para a
eOJl<¡UiiStaeconomica do mundo depis da guerra, e que
serviria 'lie base naval e militar indispensavel para a
guerra proxima.
As escolas do Mitteleuropa e do Mitlelafriea disputavam entre si renhidamente o terreno, mas eis que a
escolo do Mitteleuropa estende suas vi,stas para a Ameriea
('..entrai e MeridionaJ.
O entâo sub-secretario Zimmermann "ê nisso um melû
de realizar o sonho allemâo de dominaçiío aIlemâ,
$eparando a AmcI'ica Latina da Ameriea do NoMe,
collocava-se u'ma e outra sob a espada allemií, o que forneceria ao coonmercio eá industria arruinada os inesgota "eis recursos americanos,
Por muito fantasticoque
pareça, \l projectorevela
os
fins 'lia AJlemanha, que quel' a todo transe recuperar as
co;)OOlias,'nâo por causa do seu valor economico, mas porque ellas lhe pode m garantir uma bôa situaçiío m ilit:lr.
Ella quel'eria levantar tropas negras nessas regiôes, o
que Ihe permilliria dominar a Afl'iocae ameaçar tooa5 as
bases navaes dos aHiados, impedindo, assim, a Inglaterra
de concentrar as ,suas forças navaes no Mar do Norte.
Por outro lado, a aUiança corn <l America do Sul, prejudica'ndo sériamente os Estados Unidos, ¡wl"mittir-Ihe-ia
completar a sonhada dominaçáo,
O Times observa que ha em tudo ¡sto nm conflicto
de idea es, n¡¡ode raçns, Todos os Estados sul-amcriclllIOS sâo devotados ao seu ideal democratico, e, por isso, a
democracia latina e anglo-saxonia se alliam sinceramente
na reprovaçí\odo
militarismo a,llemâo, dos seus pl"Ïncipios, da.s suas ambiçoes e 'dos seus crimes.
(Agencia
Havas.)
5. - A espionagem officiaI argentina
o major .1rgcntino Eu¡¡enio R:\mil"cz, quc foí altaehl
militar da Le¡¡açáo Argentina no Rio de Janeiro, publicon
noeomeço de 1917 um Ji.vro intitulado ]l¡l:ESTRAS FIlONTEIIAS:
La RepÚblica de los Estados Unidos del Brasil,
--
165 -
elija ,primeira
edi<¡àu log¡'ou um grande
suecessu
na vi~inha republiea,
pelo interesse
do assumptu.
~esse l¡vro,
nao ~e eriUea nem se Dlogia informa-se,
e llS informa<¡Ôes sao tào completa~
que mais parcec o producto
de
unÚ prolongada
e prodigiosa
espionagem,
e uma cspiona!lem eXl.rcida por um officiai
de alla patente.
O lino
é
acompanhado
de duis mappas,
um do Bl'azil cm ¡¡eral,
corn a indicaçao
dos pontos cm 'que se acham eolloeada"
as forças
do nosso exercito;
outro,
particular,
do Hi"
GI'alldc doSul,
com as mesmas
indieaçoes,
e mais a de
todas a~ e~tradltls de ferro e de roda·gem corn as respL'eti\"aS
kilomctragons.
:-\otieiando
o trabalho
-do major
R:unirez,
nlll
dos nossos
jornac>s ,publicou
a seguh¡tc
nota, bem
digna de figurar
nessc pequeno dossier:
"O major Eugenio Ramirez,
do excreito argcntino,
aeab:l de publicar
um
lin'o, euja primeira
ediçào logrou um formidavt'!
suceesso
na Yisinha
Republica,
pelo interesse
do as.sumpto.
Esse
trahalho
intitula-se
:\'UBSTII,\S
FIIO:\TF.I\AS
-1.(/ RepÚblica
de lo"~ Estados
/.'uidos del Brasil, Sil poder militl/r.
Cal~
euJa-se o que seja.
O eseriptor,
fixando
a zona cm que
se toearn o ,seu e u nosso paiz, e tendn presente
o prnhJl'Jll:1 militar
<la Ar~entina,
entre as possibílidades,
CITIhora remotas,
de uma 'j(uerra eom o Brazil,
estudou
as
eondiçoes
do 'Estado braÚleiro
que mais o interessa\"am.
E di está o Hio Grande do Sul, nú e erú, dcsvcndado
'nos
seus mais intimos
refolhos,
,prineipa;lmcnte
o 'lue sc ¡'Cfere fis )lossihilidades
de nossa defesa, corn a·s suas estradas estratcgieas,
as suas obras militares,
o ,seu clima, a
sua hydrographia,
os seus phal'oes,
etc., descri)ltos
cm
mappas.
~Iai,s parece um plano secreto do nosso estadomaior, reunindo
todos os elementos
de que podemos
dlspôr na eontin~encia
de uma lueta, do que o trabalho
de
um cxtrangeiro,
cujo eouhecimento
dos menores
detalhes
de nossa organisaçao,
1>01' estranho
e exquisito,
nos de ve
l'n\"el'j:(onhar. De certo, tudo nos une c nada nos s"par'l da
.\r~entiua"
'. senan os nossos interesses
antagonicos,
que
pCI'mitta Deus nunca se ex'tl'cmem,
superando
a oratoria
Davalheircsea
dos nossos transportes
de sobremesa,
juJ¡¡ado, eternos. l'odemos
aehar mcsrno de bôa fé que uma lueta entre os dois POYOS, que tanto se 'procuram
e se amplexam, sob o estellario
da pit? continental,
é urna tl,vpothese
ahsurda.
:lIa,s afigur,1-se-lIos
tao impatriotieo
e estupido
es/armos
a offerecer
ao extrangeiro,
argentino
ou nao
argenl ¡no, o cstudo facil, descansado
e deUdo dos nossos
-- t6{) recursos
de (idesa,
prolHlrcionando-lhe
ens¡¡iar de pyjama
o seu programma
de ataque, que acham()s o descaso das
nossas autoridades
por esses assumptos
insolente
de mais.
{) cxtrangeiro,
amigo ou inimigo,
amigo hoje e inimign
amanhá,
conhece tudo o de que d¡spomos
para a eventualidade
de uma guerra:
,photographias
dos nossos fortes, c'lle as eolhe do I',io de ,\ssuear, entre chopps e sandWiches; yae aos navios da esquadra
e lá apanha, em plena
<-alma, a photographia
dos paióes; dizem-11he os ministros
que nào temos muniçÔes para duas horas de fogo; e, afinal, ~hamam-n'o
par'a fazer as installaç<Ïes elcctricas
dos
fortes,
E nós que sabemos
dos outros?
E' precho
que
~l ¡(oyernn abra os olhos.
Is.so é uma ,\'ergonha!"
6. -
Conceitos de um official argentino
El pueblo ar¡¡eutirtu
sabe bien, o por lo menos debl"
1;aherlo, que estamos
expuestos
a que nos pase tal veT.,
.algo peor que al PerÚ y Bltlgica, si es que 110 tomamos
medidas
COll tiempo
para evitado;
nnestr() pueblo
dehe
tener el ,yalor moral de rcconocer ahora estas cosas, \lara
tomar con tiempo
Jas medidas
que el caso requiere.
No
-debemos
cometer
la cobardia
de eng'l/iarnos
a 1I0sh-os
mismos,
negandu
el peligro
o bien procl'<ler como los
niños, que cierran I(>s ojos \)al',1 quel el polvo no les moleste la vista, sin darse cuenta que eso si~nifica
desplomllrse en cualquiera
de los precipicios
lIIás o JIlenos di-simulados que ,se hallan en su ~amino,.,
*
Es por eso, que nuestro pais tiene que prepararse
parll
hacer
frente
hacia dos direcciones
,principales
a la vez;
-contra el lIlÍl:leo Brazil y Uruguay
pOI' el este y contra
Chile y acaso algún otro por el oeste;
nosotros
no debemos pensar
en relil'ar
un solo solda'llo de los que tenemos permanentemente
estacionados
en nuestras
regiones del ::-1orte y CuyO, si es que nos viéranos
obligados
a }latirnos en el este; de la misma manera,
no podremns
tocar lin solo reser\"Ïsta
de las provincias
de Entre nios,
Corrientes,
'Santa Fé, )' aÍln del 'norte de Buenos
AJ'res,
-si es que hacia los Andes fuera la complkación,
.,
*
-
167 -
Es perfedamenle
pÚblico que no hay un solo pab,
entl'e nuestros 'vecinos, {lue de cuando en cuando no ponga
manifiesto
cn forma clarisima,
\Sea por las declaraciones
de los 'hombres de cstado que llevan
la palabra
del gobierno,
sea por estadistas
de primera
fila en el mundo
politico,
etc., que aqui en .sud América lo mismo que en
todas
partes
del mundo,
cada uno cree tener
siempre
cuenta que cobrarle
al vecino o algo pendiente
que debe
seradarado,
- ·más a 'su favor naturRlmente
la claridad,
o !bien rcclamar
la adquisión
o reconocimiento
de derechos ·nuevos,
que han nacido
de situaciones
nuevas
también ...
*
La Argentina,
Brasil y la Repú:blica Oriental,
se unieron par.! marchar
juntas
contra el ·Paraguay
y libertar
a
ese .pueblo amigo del yugo deS'))iadado con que lo oprimia
el gobierno
despótico
del mariscal
López.
Después
de
larga lucha,
fueron
vencidas
las tropas
paraguaya s y el
dictador
muerto
en los campos
de Ccrro-Corá;
pero el
llrazil
une /Vez 'Que 'Vió libertado
del tirano
al puehlo
amigo, se quiso apropiar
de la Asunción y todo lo demas
del pais que quedaba
al norte de la capital.
Esto dib
motivo,
a mu~' serilllS desavencucias
entre los ex-aliados
y Jmbo aun de originar
una guerra con la Argentin:!, que
no podia permitir
semejante
despojo
en heneficio
del
Brasil ...
*
J'ensemos
que los peligros
se haccn ma~'orcs a medida que las riquczas
de un pais aumentan;
que nuestra
variada ,producción,
cada dia mayor, necesita nue\,()s mercados y nuevas ·garantias;
que nuest ros productos
haccn
la competencia
hasta arruinar
a 10s de otms nacion,'s, sin
querer
es cierto, pero en le¡¡iti,ma defensa
de sus intel'esses; que por proteger
la industria
nacional,
se deeretlln
fuertes
impostos
de importación
y con ello se docreta
también
la ruina de los vecinos o de los antiguos
proveedores;
que nosotros
tenemos pendientes
muehos asuntos de inmensa
importancia
con varios
paises;
que de
l:lls cinco nadonaes
vecinas, hay cuatro COli las cuales los
:lsuntos de -limites y los de carácter
comercial,
tropiezan
a cad.! momento
con ·nuevos e imprevistos
inconvenienles, cte., elc.
Acord('mosllos
que h:u:e tan sólo nn lH11"de
- 168 alÎos, que un talentoso
y eelebre
estadista
brl\lsileiio "c~pcraba
terminal'
los asuntos
de la laguna
Merim,
(cedida en ¡parte a la República
Oriental),
para arreglar
la
cuestión
de :Martin Garcia",
Qué euestión
es esa, ni qué
dubas hay sobre la isla argentina
de ~fartin Garcia, qut:
e~ la llave dc nUClstro comerdo
fluvial
interior,
que vale
ho~' casi el doble que el del Paraguay,
Bolivia y la Repúhlica Orienta,l
juntas?
Hasta en las mismas
puel"tas de
Buenos
A~-res, ,hay quicn
prctendc
poner en duha nuest l'OS dcrcchos
tcrritOl'ia lcs !.. "
*
Las cuestioncs
de la defcnsa
naeional,
son dc cso.'
asuntos
quc no admiten
términos
medios;
o sc toma en
serio y se ,prepam en realidad
un pais para a.frontar
con
decisión
y con probabilidades
de éxito, una situaci6n
quc
puede presentarse
cnando
menos sc la espere, o bien se
crec que csa ad,vcrsidad
no se pI"odudrá
nunea y qne pOI'
lo tanto las gucrras
son- solamentc
crc<lcioncs fantásticas
cie los alal'mistl\ls,
*
En estc pais sc cree sinceramcntc
en h -possibilid:1l1
de una guerra,
se cree <lue vendl'á y sc hahla,
en consecuencia,
de prepal":lI'se
para afrontarla;
pero en cua-nto
sc trata
de Cmpczar,
es decir, dc tranSlformar
lall palabras
cn hcehos,
sc supone
siempre
por desgracia,
que
cs!.o peligro
es muy remoto,
que el ai10 próximo
si mejlll"ara la situaci6n
financiera,
se podri:lIl considerar
esos
problemas,.
euya so]uci6n
no tiene por otra parte
mnyO!
urgencia,
dcsde que nadie nos amenaza
y ni la más remota
mancha
cmpaiianuestro
hori:r.arltc
internacional,
etc., cte.
Es decir,
que con esas vacilaciones,
ni está
asegurada
nuestra
defensa
naciona,l, eomo exigiria
el primcr caso, ni economizamos
los veintiocho
millonClS de
pesos, .que sc inviertcn
en nuestro
presupuesto
de guerra,
como serin el caso de las Repúblicas
deA.ndorra
v Saon
?lf:1rino,
•
(Tl'ncnte-CoronC'!
JAUREGl1l: Aseg/lrar
III pa::! ...
)
7. -
169 -
"Nuestra guerra"
O inimi~o
natural
dc todas aIs ·naçóes hispano-americanas l' o Brazil.
:E' o inimigo
nato.
Quando
a flespanha era a potencia
mais poderosa oa terra, por ter COTI·
se¡luido realizarafinal
sua unidade,
in¡¡lezes e francezes
ol'ganisamm
(:ontra ella a 'mesma eonspiraçâo,
que actualmente contra o imperio
allemao,
e a comhateram
corn as
lllesmalS calumnias.
Nao se delivcram
alé anniquilar
a 1'1.'cl'lm-constituida
unidade.
dividindo-a
em dous
peda,os:
Hespanha
e Porl1l¡(a'l.
A ruptura
se reprod·uziu
na America
e cm lo¡(ar de um hloco hispano-americano,
formon-se
aqui um ¡(rupo de naçoCls hespanholas
cm
fnce
de uma enorme
naçao
portu¡(ueza.
O l3razil se fez gi¡¡anle á sombra
da bandeira
hClsp;lI1hola, quI.' alJOlio 1>
lralado
de Tordesillas
ao c()brir corn as suas dohras todo
o 'Continente.
Corn esse tratado
na mâo a Bolivia,
o
Pen'). a Colomhia
e o Para,guay
1loderiam
exigir do Brazil a restituiçâo
das tres quartas
partes
de todo o llintaTaml de léSle. 'Portanto.
o Brazil lo o producto
da política
anti-hespanhola
da França
c da Tnglalc)Ta.
Fallanclo ,Iin¡¡ua divcrsa,
diversamente
oricntado
cm cultura
c cm politica,
inlcnsamenle
differenciado.
~)e]a sua mi~tura l'om a ra,a negra. de todos os dema is povos da America do Sul, (1 Brazil
fÓrma dentro
desta um corpo e~lranho.
Por des¡;raça,
esse corpo estranho
occupa qua:si
n melade do continente.
comprehende
s6 elle mais de um
lcrço dapopu)açâo
desle, e está persuadido
de que estas
duas superioridades
lhe eonferem
urna especie de suprcma'CÏa sobre
as denwis
naçóes
sul-americanas.
E islo
nao é ainda o 'peior.
O peior é que para imllôr esta pretl:nsao procurou
scmpre
o apoio dos Bstados
Unidos.
os
quaes o deram. o diío e o darao ~om muitissimo
praZl'r.
por motivos
que toclos l)uantos
leram as Ila¡¡inas anterioJ'CS ',comprL'hcndcriio
,facilntente .. .0\ .!lolitica
romallliea
dos rlif\lomatas
¡n¡¡ennos e meramente
livrClscos, pÔde exeJanwr
conlpmplando.
se,m comprehcnder.
as posiçóes
do
Br·;¡zil e da Arl!entina.
"Tudo nos unc. nada nos scpara."
..\ politica
realista
fundada
na Geo¡fra,phi:l, na Historir,
l'
no con'hecim,cnlo
dos "crdadciros
¡ntercssesdos
poyos
flp,'!" muito
ao 'contrario,
affirmaI':
"'Nada
nos une,
ludo nos separa, .. "
*
-
170 -
Passemos
à realidade
tao differcllte,
muitas
vezes, do
(/ue os I¡vros e as cstatitsticas
nos ensinam.
O Brazil nao
é naçao forte.
Primeiro,
por.quc é pobre.
Segundo,
porque é immenso.
Além disso, pON¡ue espiritual
e physiologicamcnte
é um doente.
Nenhum
brazileiro
admillirá
que SUI' lel'l'a é pobre.
Nao o pretendo
¡provar
a¡¡ora.
Basta-me
que o Estado o se.ia e sobre isto nao ha duvida.
Se.culos de deric;t financeiro
o proclamam
à face do
mundo.
nara
a minguada
constitlliçiio
economica
do
Brazi·I, a enormidade
do seu territorio,
vazio de homcns,
cm grande parte insalubre
e corn escassas commllniençoes,
é um peso esmagador.
Um adversario
decidido
o póde
atacar
1/701' qllalque¡'
.parte, certo de que n30 eneontraril
resistencia
efficaz
em llenhuma.
Deste
mal da dcsproporçiio enlre a immensidade
territorial
e a exiguidade
do:;
recursos
C!<:onomieos, soffrem
cm maior ou menor grao toe1as HS republieas
hispano-ameicanas,
mas o Brazil
mai's
intensamente
que qua\Jquer
dellas.
A ,penuria
é hereditaria:
faz seculos
que .portugal
vive mendigando.
Para
sel' forte,
n30 cm todos os pontos da sua fronteira,
ma·s
pelo menos nos Ipontos essenciaes,
pI'el'isaria
de um orçamento
de despezn
40 ou :i0 vezes
maior
<Iue o actual.
E "iif) póde l'om iSlSo!.,.
*
A crise universa.l
nos attingiu
a todos, Inas au Brazil
mais que a ninguem.
~cstc
terreno
é ¡¡rnnde a nossa
superioridad
e e, ao mesmo
te>mpo que nos torna
temiveis, dá maior
valor
á nossa
amizade
e nos facilita
os
meíos de preparar
nossa !lefcsa.
Ponhamos
miio {¡ ohra
da noss:! rceonstrueçáo
militar.porl-lJ1,
sein pel'da de um
din nem de ulna hora.
Se a guerra
nos sUl'prc.hende
no
estado em que cstamo<,
tremendos
perí¡(os nos aguardam.
E essa guerra
póde rooent:ll'
de um momento
.pal·a outro.
J\dmitlamos
<lue o Brazil
nos manda
um lI1t;m'atllTll,
pondo-nos
no diJemma
de aeompanhal-o
ou de comba ter e
que o Chile e o l'ruguay
secundem
sua acçao.
Formida\'el eo.nflieto!
NÜo querendo
slIbmetlcr-nos,
e l' claro
que n30 nos suhmetleriamos,
tcriamos
de mohilizar
immediatamente
todals as nossas
forças
de .primeira
linha,
mais toda a guarda
naciona·l . .400 todo o meio milh¡io de
homens
!le que falei atraz.
A situaçiío
se apresenta
desta
fÓl'lna: O maior
peri'go vem do Chile, mas a parte
\'ul-
-171
lIe¡'avel da naçào é a que ,póde ser ameaçada
pelos no~so~
inillli~os
do norte:
Bl'azil
e UrU!luay,
A offcnsiva
nas
duws ,frentes
é impossivel.
O lllelhor
plano
da eall1pallha
parece
este:
\'onter
a offen~iva
chilena
e atacar
a flllldo
o Brazi!
para vencel-o
cm pouco tempo.
Urna ,vez o Brazi,1 fóra
de combate,
ll'ccommetter
o Chile
corn todas
as
nossas
fOI'ça~, até obter
delle
uma
paz honrosa.
A victoria
so·bre o Brazi!
considero-a
faei!
c rapida,
se os
E~tados
{rnidos
pel'maneeerem
\'cnladciramell'te
neutro~.
Ncste caso, o papel principal
cabe á nossa csquadra,
que,
~em grandes
sacrificios,
adquirirá
o dominio
do mar.
Nào
el'eio
que a brazileira,
corn o~ seus
dois ilre((dllollflht,~
quasi
invalidos
(estâo
corn as caldeiras
e as machina,,,
cm
soffrh'cl
estado
c apcna~
darào
dois
terços
da mal'cha
quc al)rCS('ntaram
nas expericncias)
e l'om as .suas tripulaçóe~
mal
excrcitada~,
~alvo
nos
motins,
se atrcva
a
disputaI-o.
E desde que fosse nos~o o dominio
do mar, a
vida do Tlrazil, cortada
a sua ,priucillal
'll·tcI·ia,
que é a
na\'e¡¡açào
de cahotagem,
ficaria
paralysada,
A outra
arteria,
'que é a Estrada
de Ferro
Centntl,
tmhem
póde
ser cortada.
Como e onde llao é eousa
qUl' se diga cm
leltra
de 'fô"ma,
Hasta
dizcr
¡qne cm poueas
hora~,
dcpois
dahatalha
na\'al
\'ictoril>~a
ou do eng:II'I'afamcnto
do esquadra
IlI'azileinl
na hallia
de (;U1lUah:II'a,
o Brazil
e~taria
pal·tido
l'III dois. ¡'ednzido
à impotencia
(' sumido
no mais profundo
pavOI'".
(PRDRO
DR COJ\DOIlA:
Nuestra
Guerra,)
8. - Um novo plano de organisaçào militar
na Argentina
Rm,:o;os AIRES,
13 de fcvereiro,
Xo 11inistnio
da
Guerra
esUi sendo estudado
um novo rplano dl' ol'¡(ani:;açào
militar
'Para
o no~so
exel"eito,
projecto
do General
MuJlilla, .que parte
do ponto
de "i~ta
de lSer muito
velho o
actual
systema,
isto é, de 1882,
(Agcncia
Americanu.)
- 1729. -
Os aeroplanos no sul
POHTO Al.EGHE, 1 de setembro,
- Tc1c¡(rapham
de l'ru¡(uayana
que o Jornal da Fron/cira est:llnpou
urna re porta¡(em I'elath'a
ao apparccimeuto
de aeroplanos
naquelle
municipio;
diz o mcsmo jornal
que o .facto foi presell{'cado por diversas
pessoas, O apparelho
al}pareCell ás 2:i
1Ior3ls, no ,Iu¡(ar denominado
Iba\'e,
6° districto
do municipio.
O aeroplano
evoluio demoradamente
sohrc parte
do rio IlbieuJ1y.
O fado
foi levado ao conhccimento
do
commandante
da .j(ual'niçao
local, que o communicou
ao
comm¡lIHlo da regi¡io.
(Jorllal
10. -
do
C()IIII11Crcio,)
Brazilophobia
",\ imprensa
desta capital
tl'anSCI'e\'e diariamente
os
insultos
gratuitos
que a de Buenos Aires esere\'",; a handeira
hrasileira,
tremulando
sobre
os navios
men'alltes
que fazem a nave.gaçao do 'Paraná e do Paraguay,
é "'liada
des<le as docas de Buenos Aires até passaI' a foz do Pilcomayo;
os argentinos
{IUC .viajam
para
a EllI'opa.
cneontr¡¡m-sc
l'om os hrazileiros
que se diri¡¡em
'lO velho
continentt'
e nao ha uma 1S6 via¡(cm s~m que .surja·m conflictos cntre os .nossos patricios
e os platinos,
provocados
ua totalidacle
por estes,
Um deputado
h¡'azilciro.
offidal
,lo cxe¡'cito,
tah'ez
a mais pel'feita
intclle-ctuali<i¡llle
das
duas l'as¡¡,s do 'Collgrl'sso. eontou-me
que as proprias
l'rianças a.rgcntinas
manifestam
estes symptol1las
de hrazilophohia,
(molestia
de que soffre a totalidade
do pon) argentiuo),
durante
a tra\'essia
do Attantil'o.
r:\'o salao das
l'riançals, durante
a sua v¡agem,
os J)irra1hos J)razileiros
soffrem
dos ·pir.ralhos
argentinos
uma guerra
feroz, que
cxaL'CI,boll ,'1 ta1ponlo
os nossos pequenos
patricios,
quc
l'stes, eh~fiados
por um menino
de dez anno.s. abriram
luta, atirando
pratos e ta'lhere.s e out ros 'projcelis
que encontravam
sobre a mesa, contra os seus ¡n¡mi¡;(oso O faeto
Jl.Oovol'ou uma rverdadeira
revoluçao
a bordo;
brazilciros
e
argentinos,
empunhando
revolveres,
ameaçaram~se
mutuamente e, si a batal'ha
dos ·petizes 'Ilaose
t.'ansfol'mou
cm
urna luta entre os grandes,
deve-se il l'nrgia do comman-
-
173 -
danle
do paquele.
Nem 'l1IeslUO as senhoras
argentinas
perdel1l occasíào de manifesl:lr
a sua ogeriza ao:S hrazíleil'OS e ás nossas
genlis c hcm educadas
patricias,
Tudn
isto prova o odio argentino
e a indififerenç:l
e o desprezo
<[ue volamos
aos nossas
rabiosos
visinhos,
de lempel'amento írre<¡uielo e trcfego.
Estas l'dueaçiie., da bella educaçào ;\l'gentina,
a <¡.uc já nos habituámos,
passam muit:ls
·I'ezcs do domi.nio da grosscria
vulgar
ao ultimo
gt'Í\o do
comieo e do ridiculo,
Toda a genle deve lembrar-se
do
facto, que annundou
a imprensa
<lesla capila·l,
de um
eava];hciro
ar¡¡entillo,
viclima
do delirio
febril
da hrazi1(1)ho<bia, alirar
ao mar as innocenles
ca<leiras de v¡agcm
dos passagciros
brazileiros;
e das celebres
vaias, cam que
aI¡¡ulls argentinos,
cm lransilo
peloo parlas do Rio de .Janeiro c Bahia, ec)slu'llIam pagar os -donas dos bale s que os
transporta,m
il ten'a
e vice-vel'sa.
Niio póde haver mais
claras demonslraçiies
de odio, de UIlI pavo por ol\lro;
0'5
argenlinos
al¡ram-nos
a IUI'a; le\'antemol-a
eom dignidadc
e brio.
Eís o dever de lodo 'brazileírCl,"
(AXTOXIO
.10Ao: O problema
argentino
e a guerra.)
11. - A guerra do Paraguay nao está liquidada
"N'a ostá todavia
liquidada
la guerra
del Paraguay,
la quai 'fuimos aliados
del Brasil y, por eOllsi'!(uiente,
somos parte ,solidaria
Cil la liquidaciÓn,
La HepÚblica del
Paraguay
ha cOlllraidomna
deuda de gue.I'I':l Cil 1'''1'01' de
las naciones
aliad~s, que, cn la 6poca que vos tll\'O el hollar de desempelÎr
.la c"l'lera
dc relaciones
exleriores,
se
hacia subir ·á una suma l'Cal en trescientos
millones
de
lil}l'as cstel'línws;
:" COli ,la accumulación
de intel'esses
duranle cuarenta
alias, he oido hablar,
pero no tengo el d"to
oUicial
de la li,quidación,
que se hace ascendcr
á t"ntos
mill',llIcs de libras eslerlin:ls
que ,pr(}bablL'mellte
no podia
COhl'll' el 'Paragu:IY cou toda-s SllS riquezas
y su,s edificacjoncs. "
011
(7.EllolLLOS,
)
o
telegramma cifrado n. 9, de 17 de jun~o de
1908, dirigido pelo Governo Brasileiro. ~ Legaçao do
Brasil no Chile, que o Sr. Zeballos falsiflCou:
o
TELEGlIAM:'>IA
{) 'I'ELEGHAMMA
DECIFRADO
FALSIFICADO
1908 i las 6 e a7
N. 9, ((uarta 17, Ponto.
17 Junio
1ï de junho de 1908, fi h,5ï
p. m. N. 9, q11êlrta, 17 ponto.
mins.
Queira
decifrar
'com
Gama este despacho:
Apel1'as haya sido
Zehallos,
proceda.
o Sr.
removido
Lo-Acabo
de ser informado de que, apÓs conferencias
entre os Ministros
Zeballos
e
Cruchaga,
fora~
mandadas
instrucçôes
ao Sr. Anadón
de
accordó
corn o pensamento
do Sr.Cruchaga.
1. -Hacer
comprender
al
Gobierno
conveniencia
suspender temporalmente
los tratados en tramite con la Argcntina
esperállllose
para
mas
adel~nte ,grandes
ventajas.
2. -Sobre
o projcclo
de
tratado
politico,
independente das modifcaeôes
e accrescimos
que teriamos
de 'propor, devo desde já declarar,
e con ve m dizel-o
a esse Governo,
que nâo
achamos
a
opiniào
sufficientemente
preparada
cm Buenos Aires para
um accordo
com o Brasil e ó
consideramos
inconveniente
e
impossivel
enH¡Uanto
o Sr.
Zeba!los ¡fôr .\Iinistro.
2. --lnteresar
-al Gobierno
para que preste su. at.e~ción á
nuestro
proyecto
JurIdlco
sobre -el .Plata, en cambio de las
negociaciones
que tiene
con
el l'cru en tramite
para la ùefi nili va posesiÓn
de la pl'Ovincia
.
clemollslrlÍlldole
({Ile
el Bmsil
serà !ln aliado poderoso
en el
Atlántico,
como ,Chile en el
Pacifico,
asegurando
asi la paz
en las tlos márgenes
y el dominio
seguro
('onlro
todo o
evento.
Esto debe ser tratado
confidencialmente,
sin dar ni anticipar
un caraeler
officiaI,
en la {drma y modo de /lUCS-
0
Os jornaes
pOl' elle inspirarIos teem feíto
lima ,campanlta de ·falsas noticias
C01l1 o
fim de desper'tar
como teel1l
despertado,
velhos odios contra o Brasil.
:-Iào podemo:¡
figurar
como alliados
de governo
de que faz parte
Ulll
Mi,nistro
que,
telllos motivos
para saber,é
nosso inimigo.
O sell propo:;ito,
COIllO disse
a intilllos,
nào era promover
a triplice
alliança
Brasil-Argentina-Chilc
mas sim sepal':Ir
o Chile do Brasil.
:{O---Quando subiu
ao Govel'IlO, o Brasil linha ,sido solicitado
pelo Paraguay
p:!ra
j)rOIllDver a soluçào,
aQui, da
questâo
rie ·limites ParaguavBolivia. A llolivia
(lcsde 1\103
pedira
os noss{)s bons ,officias
par
nota.
Lemhrei
ás
duas Partes a conveniencia
de
ser a qucstào
suomettida
á
arhitragel11
de representantes
do llrsail,
Argentina
e Chile.
¡\ i.ntervençào
Zehallos
prodllZlll-SC
10)40, llLas
para
ex-
cluir o Bl'asil e Chile, e disso
se gabou no jornal l,a Prensa.
Desde ent:îo ('ontinuou
a pro(,l\l"ar indispor-nos
cam os visinhos
Uruguay
e I'al"aguay,
allribuindo-nos
pel'fidias
e
planos
de ,conquista.
O seu
discurs
na Junta de Notahles
é um tecido de invcnçiie.s ('0111
o fim de tomar
odioso
a
Bra,il.
4".-Sempre
vi vantagens
numa
('erta intelligencia
poliliea entre a Brasil, a Chile
e a Argentina,
c lembrei
por
vez es a sua conveniencia.
:'1;0
appendi('e
ao segundo
volume
da re('ente
ohra
de Vicente
Quesarla
Jlel1lorias
J)iplornGticas f'ncontrarà
('arIa minha
de l!JO:> ao ,:'\Iinistro
Gorostiaga sohre issü; ¡r-a, a idéa
núo está madur¡¡
na Repuhlica
Argentina.
HOllVC
ati~
alIi
Ulll
retro('esso,
cstando
hoje afastados
(lo governo
e
hostiJisados
todos
o, nossos
amigos.
0
0
Ira diplomacia
como
.~ube hacer; y aparentar
ferencia
CancHer
resaltar
V. E.
indipor
la l'aida
del
argenlino,
haciendo
de paso
nuestra
in-
flUl'I1(·b.
3".--Apunt:lr
la conveniencia d~ disuadir
al Peru y Bolivia que sigan ron la Argentina, en contra
de los intere;;C's chi lenos, y procurar
de
la prensa que empiece
il mostrar
recelo
por los grandes
proyectos
de al'lnallH nto del
Gobierno
.\rgentino,
casi sin
causa aparente.
'PrOI)¡\lar las
¡¡relenciones imJll'rralistas del
Gobierno
argentino
en los
<:entro_ polilicos
:v sus pre!(<ll.dido, .• a\1an •..('~ d~ dominio
sobre llolivi.a, Cruguay
y Paraguay y nuestro
Bio Grande.
.\demás
hacer ver 'que intenla requerir
tle la Gran llretalía la devolul'Íon
de las Islas :'\falvinas, que dice les pertenecen;
que el Brasil
a titulo de justicia
ampara
el dehil en defensa
de sus intereses; que Washington
tambien
se conforma
COll la rectitud
de nuestro
proceder llllmanilado.
4."---;Dcmostrar
bien el hl'c'ho de que debido al caracll'r
voluble
,de
los Argentinos,
ellos no tienen, en tiempo alguno, estabilidad
en lapolitiea interna
y externa,
y que la
ambición
de figurar
los desmoraliza
sacrifieando
el mérito,como
sucede en la al'tuaIi da(l, con descrédi,to
de sus
estadistas,
sin
reparar
los
perjuicios
que il'l'oga la falta
de seriedad
que tanto los caraeteriza.
Es
indispensable
aprovechar la oJlortunidad
de este
momento.
Densltt
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MAPPA
DA AMERIGA DO SUL
EM 1950
Extrahido
do Iide Il. Tannenherl(, (;ross
Deulschland, Lcpzip;. 1911.
- T rad u z i ti () cm
franccz
e publicado
por Payot
& Cia.
HO
Terrllorlo
Allemao ..• , ••.••.•
p~ f17. r"'~'t1~~fln ~
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dos
[sladGs·Un;dos ••
Segundo o autor. o Rio G:ande do Sul, a A;gentína,
o Paraguay. o Uruguay
e o Chile devem constituir
uma Allemanha
Austral
e, como
compensaçào,
os allemàes
consentiriam
em
abandonar á Inglaterra
o Brasil, o Peru' e a Bolivia e aos Estados o resto do continente.
INDICE
INDICE
Pags.
l.
-
J":~te livru (, producto
do patrioti"n1o
vlgilante.
c1a•.h·id(,H~e C" sincero
11. O odio ¡mplacavel
dos argentinos
ao Brasil data
ùe~·H.l1' O!-i telnpos
de Sa..n ~Jartill
111. A !merra
t'ntre a Argentina
e o Urasil
vlrà de
urn estaùo d'alma
ùo povo argentino
IV. O ].Iano de conquista
do territorio
brasilciro
01'ganisado
pela
Junta
Governativa
das
l"'ovindas
Unidas
do Prata
V. A Ineorporaçiio
da Banda
Oriental
firmo u definitivamente
aR nossas
incompatibilidades
YI. A acçao de nossos antigos
al liados e amigos no
Paraguay. depois da. guerra, é unla obra inHidiosa.
visando
o nosso
desmoronamento
VII.
(l
famo~o Conselho
de Notaveis,
celebrado
por
iniciativa
de Zcballos,
este\'e
quasi
a preclpitar
a
guerra
contra
o Brasil .....................•.....
VIlI.
Violento
e rancoroso,
intrigante
e perverso,
fdto
de ambiçáo
e de arrogancia,
o homem argentino COrIser'va ainda. hojc os caractCl'('H atavicos do
•.gaucho
malo "
IX.
A "ignificaçào
politica
do tratado
commercial
de livre cambio
corn o Paraguay
X. O "rrogante
isolamento
da chanccllaria
argentina, no conflicto
{'uropeu,
evidencia
alnda
'lue a
Argentina
e o Brasil
s1i.o Irredudiveis
(j,
mesma
formula
internacional.
XI.
A harmonia
dos interesses
argentinos
e gumanicos na polltica
do Brasil..
XII.
A prpparaçào
militar
argentin"
sempre
teve
por objectivo
a guprra
corn o Bra~il.
XIII.
Indice
da potencialidade
cconomlca,
financei·
l'a <' commercial
da Argentina
XIV. () espPCtaculo
de nog~a desorganisaçao
militar,
perturbada
por factos
politicos
e difficuldades
vi·
gentes.
acabrunha
o patriotismo
brasflelro
XV.
A realidad e nacional
ê tào grave
que rOfluer.
(, semelhança
de Cromwell,
um salvador
Dossier
S
11
23
35
49
61
61
75
83
93
103
]09
123
137
14~
157
El
gaucho
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