ALBUQUERQUE SARG~NTO ~,:.,,::-,I EM CAMINHO DA GUE~j' -t _. ,,:i' ~,~" ..~. ~~";~t>j EDITORES S. A. MONITOR I:J'l Avenltl(( MERCANTIL Illo Bl'U1WO! lili 191~ BANCO DE LA REPUBLlC,A 61BUOT!íCA LUIS-ANGEl ARANGO SARGENTO . ~ ,~ .. l \. \- ,,,-1.. , , "'" ALBUQUERQUE ['", '.:,'~( EM CAMINHO " ~ DA GUERRA A CILADA ARGENTINA CONTRA O ElR~SIL s. A. J:DITORI:S MONITOR MERCANTIL. 137, Avenida Rio Branco, HoU '7 137 AOS JOVEN S TEN ENTES no EXERCITO OFFERECE o NACIONAL Este livro é producto do patriotismo clarividente vigilante, e sincero 1 Ncnhum senlimcnto de antipathia, ou mesma de represalia, motivon a publicaçào deste livro: é no sentimento de nacionalidade que dIe tem as suas raizes, e outro nâo vae despertUl' no coraçâo dos brazileiros, decididos a mantel' bem alto o nomc da patria e a honra da bandeira, sejam quaes forcm os nossos inimigos. A insistencia das provocaç6es, das affronlas, dos cscarncos cam que a opiniâo publica cm Buenos Aires, desde as columnas da Lu /Jrensa até ás paginas do reccnte opusculo Nuestra Guerra, lem inutilisado a nosso constante esforço para uma politica de approximaçao e concordia, levo u-nos a folhear a historia da Republica Argentina, a perquirir os actos e as idéas dos seu s homens representativos, a estuoar mclhor os sentimpntos <laquelle -6povo. Sem conceitos preestabelecidos, scm generalisaçôes apressadas, chegamos a obter progressivamente uma certeza historica: desde os albores da independencia sul-americana a este amanhecer do seculo incendiado pela Guerra, vemos formar-se e crescer, de um a outro decennio, o velho anlagonismo luso-caslc1hano t'nlre argentinos e brazilciros. Esse antagonismo é perfeitamente visivc1 na tendencia que manif,estaram sempre os nOSS08 visinhos para a invasao do Brazil: a JUNTA GO\'ERNATlV A DAS PROVINCIASDO PRATA, desejando planeal-a, incllmbiu MAIUANOMORENOdesse encargo, pouco depois de 1810; a campanha movida para annexaçâo da Banda Oriental determinon o encontro das armas rivaes nos campos de Ilu7.aingo; a propria alliança duran le a guerra do Paraguay nâo foi scnào uma opportunidade cm que se patentcaram as nossas definitivas incompatibilidades; a attitude irritante de ZEHALLOS,apÓs o laudo proferido em Washington )lelo grande CLEVELAND,l'steve quasi a prccipi-" lar a guerra, e amargurou os di as luminosos do immortaI BARAODORIO BRANCO;a rf>serva com que se entremostra a politica de IRIGOYEN,sustando a approvaçào do ABC, nào retrihuindo a visita do n05SO ex-ministro LAUROMÜLLERe isolando-se do concerto americano-clIropeu, adoptado cm prol da justiça e da lib('rdadc, é hastante significativa para qlH'm nao se deixa 7 illudir ~om o optimismo c a emphase do Itanlal'aty. l'Ill folheto (lue \Tm agora ci1"l~tllando intensamenle na Rl'JHlhlica Argentina, cam o titulo SI/f'.çlra (il/erra, niio sÓ annuncia, mas ineÍta a guelTa contra a nosso )laiz, que é definido como um hospital sob a governo de Ul1l manicomio. ~ada mais t'acil, conforme a estrategia do autor, que isola os estados hrazileiros do sul, truncando-Ihc as cOIlll1lunicaçocs f'erroviarias, engarrafar na hahia de Guanabara a esquadra nacional. Os argentinos pOSSl1cm yasos dl' gucrra muilo mais efficientes do que os nossos; )lodc!\l !\lohilisa l' 230 ou :~()O.000 homens adestrados pelo se1'\'iço militar ob1"Îgatorio; os s(')"viços de engenharia militar, de aviaç:io, de transporte, de abastecimento siio em tucio' superiores aos elel1lentos que aincia temos :disponiveis. Um gol)l l'de for<,~a(' al)(l:ll~ia, ra)lidanH'nte ocsferido, cerll'iramcnté' vibrado, seria IlllHl catastrophc para os nossos in ll'resses e os lIOSS0S hrios nacionaes. E' tem»o de accordaI', cÏngir as nI'mas, recon]1('('('I" o inimigo que voa sobre as nossas fronll'iras do sul, )lrcparando o ataquc )lOI' meio da cspionagel11. :\Tâo «11(,)"(,1110S, de !\lodo algum, cn'ar phantas1l1as no horisonlC' da nacionalidade, !\las decerto querclllos pór nitidanH'nte, soh os olhos do POYO, a sitllaçiio brazilcira-argentina, evitando qne os 110SS0SmÚos -8governantes continuem a illudil-o cam a utopia de urna fratcrnidadc impossivel. ~ào hesitemos deante dos factos. A Republica Argentina, fremente de sympathias pelos aIlemues e de rancorosa prevençüo contra o povo brazileiro, é hoje a meio propicio a toda sorte de manejos imperialistas, que tenham por objecto o Rio Grande do Sul, o ParanÚ, Santa Catharina, ou qualquer outro dos nossos Estados sub-tropicaes. i\Tuo para a conquista, mas para a rcsist,encia, impoe-se a organisaçào militar deste paiz indcfcso, exposto Ùs injurias de pavos que, nao se havendo multiplicado á face da terra camo nÓs, deveriam prudentemente respeitar a nossa bandeira e a nosso direito. A incredulidade porventura alardeada, perante as conclusoes deste livro, será uma re producçao do que sueeedia cm França e mesmo na Inglaterra, quando se falava da guerra corn a AlIemanha. Os socialistas, os pacifistas, os internacionalistas de toda a casta sorriam, motejando o patriotismo vigilante e clarividente. Assim Oit pseudos estadistas, sem capaeidade para a funcçào heroica de governar um povo livre neste momento da historia, duvidam ineptamente da guerra entre o Rrazil e a Argentina, mas o tempo confirmará os nossos augurios. Decepçoes profundas e amargas estao rcservadas aos pacifistas sul-amcricanos. - n\' ej amos a rcalidade Sl'm exagl'ro, IIIas ill uminada pelo bOnI senso, despindo-sc oe lacios os \'éos, apresC'ntando-se clara (' nÚn atraH'Z ùa Historia, imparcialmcnte resumida nesle livra. Temos Hill grande inillligo na front('ira do sul, o argentino, e () seu poder militar, sempre ameaçador para o Brazil, val' crescendo cm for<,~asnav~H'S e terrestres, soh a dirccçiio de homcns filindos no parlido J':lllical. adversario nosso desde longa dala e cujo velho ranCOI' só aguarda ense.io para nos acomllletter, subjugar. destruir. Lançando as Bossas palavras ao venia, esperamos que ellas germilH'1ll como verdades necessarias no coraçi1o da mocidade brazileira. E assim veremos conjugadas toclus as energias nucionues para defender a gloria de nosso pavilhâo, a segurança da nossa riqueza, a honra do nosso lar. o odio implacavel dos argentinos data desde os tempos de San Martin Il Pan-aml'ricanismo l' confratcrnidade amcricana sÙo phrases absolutam·cnle vasi'as de, senso historico, illusôes que apenas tèm o merito de nos encobrir ou modificar a realidade, por mancira agradavel ao nosso pacifismo continental, mas funesta Ú segurança e ao prestigio do Brazil. Em vez da harmonia son hada pelo BUREAU DA'; HEPL'BUC.\S A~JER/(:.\~,\S, existem nesle hemispherio tres systemas de raça e de nacionalidade q uc surgiram indepcndentes Ulll do outro, sc desenvolveram Ú parte, ampliando-se um deIles, nÙo raro, mediante conflidos e incursÔes no dominio alhcio -- a America saxonia, a America portugucza, a America hespanhola. O cn~scimento da AnH'rica saxonia, ou Eslados (lnidos, sob o ponto de visla da fOl'ma\'¡jo tClTitorial, vcm opcrando-s(' gradual- -12 mente á clIsta da America hespanhola por annexa~~ôes importantes -a Florida, o Texas, a California, Porto Rico, e até mesmo as Philippinas, compradas na Asia Ú Hespanha colonisadora e vencida. E' Ulll facto irrecusav('\ que as derrotas infligidas aos hcspanhÓes e Ú sua prole, certa politica fiscalisadora e expansionisla na America Central, a improvisaçào da RqHlblica do PanamÚ no territorio colomhiano, l' ainda oulros incidenlC's ou circulllslandas produziram contra os Estados l'nidos, na Anll'rica hespanhola, resentimentos e odios lnvellcin'is. DeslC' primeiro antagonismo, ao norte do hC'mispherio, o grande expocnte é o Mi'xieo, e a sua voz mais poderosa é a do colombiano YARGAS YU.A, hradando nos l,alll'eles Rojos: Cllal es Pl peligro de la A117ël'ira Latina? EL PELIGRO YA:-'-!U. Na parte meridional do continente vemos o segundo antagonismo, que (~ o da America hespanh01a e da America portugueza, tanto vale dizer a Republica Argentina contra o Brazil, ZEB.\LLOS contra RIO BR.\l\;CO. Devido ao acaso feliz da nossa evoluçao, por um lado, e ao csforço dos nossos maiorcs desde os tempos coloniaes, por outro, formamos um vasto hInco sempre col1('so, entre as numerosas fracçôes politicas da Hespanha americana. Soubernas guardar no mesmo typo nacional, mÚo grado ludas l' dissC'nçôC's intC'rnas, él unidade -13 da lingua, do idioma, dos costumes, dos scntimentos, dos nossos ideaes de trabalho, justi<,~a e progresso. Queiram ou núo os sociologos ar-' gen tinos, deixalllos assim comprovuda a priIllazia do nosso espirito organisador, systemntisando forças juridicas, aconomicas, hÜelledunes, emquanto a inferioridnde hespanhola se pntenteava na fragmentaç50 de Estados mais ou menas debeis, mais ou menas tUl'bulentos. {Jill dos professores mais illustres da Cniversi<lade nmericana de Harvard, o Sr. ARCHIBALD CARY COOLID<iE, ohserva a esse respcito na slla obra Os Estados Unidos como potencia mundial: "O que prova como os latino-americanos (de origem hespnnhola) suo atrazados cm politien - e ahi descobrimos uma particularidade at:wica do temperamento hespanhol - é que, huyendo entre elles 'tantos pontos communs, ten do elles a mesma lingua, u mesma civilisaçao, os mesmos intercss·cs esscndacs, continuum a mantel' subdivis6cs politicas, oriundas de simples accidentes da sua historia. " E' manifesta a superioriclade historica e politica do Brazil: unido,' eollossal, irreductivel, cam os sellS oito e meio milh6es de kilometros quadrados em superficie, os scus vinte e cinco milhôes de habitantes, a variedade dos seus climas e dos seus productos, a carviio de --- 11 -peùra l' o ferro, elle sc ùestina a occupar !HI America do Sul, dentro de um seeulo, a mesmo logar preponderante (lue aos Estados l'nidos eoube na Amcrica do ~orte. O pesa<lello da RepuJ~ .~'a Argentina, mixto de orgulho .(' de inveja, : -o lem sida outra a partir da Bossa inde¡wndc. oía, tunto mais <{uanto lile fÔra impossive! rea.:lr a BH'Sma obra gigantesca <)(>11tro da America hespanhola, Com effdto, por nÜo havcrelll logrado elltender-se BOLIVAR c S.\:'\' MAHTI:\ na entrevista de Guayaquil, em 1~2;), mallogrou-se para a Colombia e para a Argentina o sonho de lInidade aeariciado pelos dois notavl'Ïs eaudilhos, SA~ ~L\RTI:'\' sonhava a (Teaçào de um imperio, a ,exl'mplo do Brazil, l'om o seu Ilueleo irradiante l'Ill 13tH'nos Aires, mas BOU\'AH, o geBio aventnreiro e amhieioso, por seu tm'no 80nhava a l1lo//o('['(wia, uma idealisaçào de governo republicano-dictatorial, cm ([ut' elle fossc o dictadol', c o pavilhÜo sob·crho da Colombia dominasse os pai7.es Slll-aBH'rieanos, Dahi o fraeasso dl' aspiruçoes com qlle ainda hoje sc cmbala o C'spirÏlo argentino, ('oncrelisan do-as na reconstitniçâo do \'ice-Reinado do Praia; d:)hi o scu odio no Brazil, Ú homogé'l1cidade (' ao 1>od('I' (lue, dl'sl'llvoh'('ndo-sl' l'om o tC'llIpO na AnH'l'ica do Sul, crenriam taln'z Cll1haraços a pr<'ll'nçOl'S do go\'crno de BlI('1l0S Aires sohrl' o Pat'agllay, o {'rugllay (' o P{'rÚ. 15 -i\'luÍlo cedo prindpiou a He}lublíca Argentina, conforme podemos ajuizar das suas tendencias historicas, a incitar a AnwrÏca hespanhola contra a Amcrica portugueza. Se ainda nâo se formou a desejnda liga offensiva contra o 13razil, é preciso recollhccCl' que sc'¡ a Ilossa politica americana de cordialídade C escrupuloso respeito Ú soberanía dos paizes conlinentaes impediu esse facto. Para cstendel' (' aprofundar o antagonismo de que trata1Il0S, separando o Brazil dcsscs pOYOS,n5.o cessam de agir Illachiavelicalllcnte os nossos }¡('/'manos do Prata. E os cxcmplos offereeidos pela historia sào os mais suggesli\'os, desde os primol'(lios da nossa independencia, como jÚ o disscmos. A' simples noticia, l'Ill 182;), dc que o governo brazilciro pretendia occupaI' as provincias bolivianas de Mojas C Chiquitos, mandou o Congrcsso das Provincias Cnidas do Prata UIlJa cOnlllliss,io ao (;(')1('1'al BOLlY.\H,composta do GClll'r,J! C.\I\J.Os l\I.\HI.-\ilE AL\"E.\H e Dr. JOSI:; MIl;t;EL DI.\s YEI.EZ, ([ue, a prdexto de fdidlaçócs pela call1panlw emancipadora, iam realnH'nte sollicitar-Ihc o apoio de fonças numerosas e agul'lTidas para invadir o Brnzil. 1301.1\'.\1\ tinha dito cm :\n.'quipo, segundo B.-\HTOLO\Œt: Ml'rm·;. ao GCI}('ral AJ.\'AH.\oo: "DispOll ho <1e 22.000 hOll1cns, quc nào sei como ('m pl'l'gal', (' quando H Rqlllhlic(I Argelltina S(' julgu(' allH'H- - 16 çada pelo Brazil, que é um poder irresistivel para ella, tenho occasiâo de ser o arbitro da America do Sul. Offereço-Ihe um carpa de 6.000 homens para occupaI' Salta." A 1eviana pro posta de BOLI\',\R, seguraJlH'nte fcita depois de uma das suas copiosas libaçÙ('s, elllbriagou os estadistas argentinos, e a IR de outubro do Illesmo anno, canta BARTOLO:o.1EU l\IITI\E, na sua Historia de San Jlartin (volume \'1, pg. 2HI), foi celebrada em Potosi a pl'Íllleira conf('rencia dos representantes das Provincias l'nidas do Prata com o LmERTADoR. Olddado ou arrcpendido, talvcz, do seu offcrCcillH'nto, BOLIVAR apenas respondeu com evasivas á insistencia dos argentinos para emprcgaI' o poder das armas columbianas, solidariamente, contra o nosso paíz. Que os lcitorcs a\'uliell1 (la tenacidadc no odio, cntào como sempre revelada pdos nossos ínimigos, lcndo as segllintcs passagens da obra de MITRE: "Os enviados dcram-lhe a conhecer (ao General BOLIVAR) o objecto diplomutico da sua missào, que era um accordo com elle para enfrentar o impC'rio do Brazil, que, havendo occupado a Banda Oriental pcrtencente Ús Provincias Vnidas (trata-se aqui do Fruguay), afim de compellir o imperador do Brazil a reconhecer os s('us devrrcs e rcduzil-o aos seus limites. O LIDERT,\DOR, manifestando-se de aecordo eom as vistas gerat's da politien argentina. objectoll -- 17 que a SlUl pUSlçao era singular, elc .... " Ahor~ dada de novo a questao do Brazil, o LIBERTADOR pl'OellrOll llIllll evasiva, que respondia no seu plano de unificaçào continental, cte. "Os plenipotenciarios argentinos, voltando Ú sua quest50 COin o Brazil, insistiram na pro posta de lima liga offensiva das qllatros rl'publkas sulamericanas contra o imperio, quel' para prevcnir a guerra, quel' para levar a gucTra ao scu territorio, se outro mcio nào hOllvcsse para () submettc'r Ú razÜo, e que ta} empreza era digna do libertador da Colomhia e do PerÚ, a quem estava reservada slIa direeç.ao. BOLIV.\R, vivamente imprcssionado, se mostroll disposto a collaborar no plano, mas descohriu os seus tcmôres de que a Inglaterra podesse oppôr-se, havendo nccessidade, pois, de ulIla razào bastante poderosa, que justificassc a intervençi'ío do Perú e da Colomhia na questâo." (MrrIlE, op. cit., vol. \'1, pgs. 218-225). Em SUlIlma, depois de varias sllggestoes e propostas machiavelicas dos argentinos, visando scmprc a guerra l'om o nrazil, terminon Bm.IvAR par offerecer CI sua intcrvençao ... no Paraguay, desde que os argentinos nrío gritassem muilo contI'a usnrpaçoes tprritoriacs. Dcstc modo, accrcscC'ntava, poderia augmentaI' () seu (,XCI'Cito, l' sob qualqucr prctt-xto, que nunca falta, soccorrcr a govcrno das Provincias rnidas, se estivcsSl' em¡wnhado cm gucrra 18 ~on Lra os brazilciros. Amedron Lados com l'ssa rugidora proposta do lcâo, c comprehcndcndo que, depois dcempolgado o Paraguay, nâo tardaria elle a fuzer o mesmo cm relaçào ~\ Argentina, husl'aram outro caminho os nossos 1('Clf'S n miyos do Pra ta: o fornecimcn lo de armas, dinheiro e homens aos revolucionarios da pr()vin~ia cisplalina, (Ill(' se havia incorporado esponlaneanH'ntc ao imperio do Brazil. Como fosselll grandes as nossas difficuldudes no in!l'rior, e estivcssclllos t<io desprevenidos para a lula, que nâo linhalllos se<¡uer uma phalange regular th- cOl1lbatenles, aprov('itaram esta situaçào dolorosa da nacionalidadt" invadindo o Bio Grande do Sul t' ganhando a eslrondosa VÎclol'ia de Iluzaingo, ('Ill <¡tH' as pCl'das de amhos os lados foram eguaes. Impotentes para a L'olllinuaçào da guerra, dcsilludidos relrocedl..'J'am, Illas nào castigados l'xemplarnH'nle, como seriam mais tarde sem du\'itla algumn, se ousaSS('!1l proseguir nos sellS mo\'illH'ntos aggressivos. () hloqucio do Prata, susll-ntado pela esquadJ'a hrazileira, fol't;ou os nossos visinhos Ù l'(']ehraç:io da paz, que afinal vÍeram implorar na c{¡l'le de D. PEDHO1, COIll auxilio do ministro ingIez. ~Üo eSlllOl'eC('l'am na sua animadvcrsâo Lra<lieional os argf'nlinos, l'ullh'ando elll todo UIl! jH'riodo sangrl'nlo d(' eaudilhislllO (' tyrunnia. qllt' dm'ou 1)('1'10 d(' Cilll'l)('lIla allllOS. (J \'('- -- lU - lho odio a .\ll1criea porlllglleza. (;l'l1l'rOSa1l1l'\lll' lhl'~ }lagou o Braz.il, fazcndo alliança com CnQLïz.\, governador da provincia de Entre Hios, para levantar cerco de J\lonlc\"Ídéo, assediado pelas tropas rosistas, e abater o cruel despotismo de Hos.\s, a qlle os argentinos viviam sujeitos como lIm rebanho de cscravos, dia e noilc vergastados nas cidades e nas estancias pl'los feitores do scnhor. O nosso gesto cavalIH'iresco, entretanto, nào consl'gllill (ksse povo ingrato e ambicioso um poueo de 1'('('0nl1l'cimento ou de hÔa vontadc. Ao contrario, logo dcpois da nossa inlcrven<;ào lil)Crtadora de 1~;)1, parece quc até se fez mais profunda cssa inimizade, e os scus historiadores, como VICENTE Lo PEZ, l1¡Îo cessam de alllcsqllinhar o nosso COI1Cu\'so,dizendo meSIllO qlle sc'>pOl' defen'neia l'HQt'IZ.\ k,'ou até Buenos Aires uma insignificante parcella do excrcito hrazileiro. A verdade, po rt'lll, ..:~que o sitio de Montevidéo foi ll'vantado pC'lo nosso l'sforço militar, sem o quai nunca seriam hastante fortes os patriotas é1rgentinos para dClTuhar a mashorca \'0sista. LOI'EZ, 1I11ltyranno inf1cxivcl e dcsnatllrado, :Ill'm de cscnl\'isar e affligi\' o dC'sditoso Paraguay, abalançava-se a invadir o territorio hl'azileiro, como tcncionam fazer os argentinos, Civicamente reagimos na altura da affronla, que nos fôra lançada por elle, decla{J --- 2U rando guerra a essa tyrannia cruenta e abominavel. Sentindo-se ameaçados ou, melhor, tendo soffrido os meslllos ultrajes do tyranno, alliaram-se ao Brazil o Cruguay e a Argentina. Duranle cinco annos supportámos rom heroieidade todo o pèso da campanha, e dessa victoria nào <Juiz o pÔvo brazileiro coll1er o minimo frueLo, nem meSlllo os juros da divida de guerra. Libertador'cs do Paraguay, nenhum rcsentim{'nlo guardamos dos prelios cm que se ddrontaram os nossos heroes, e apenas des{'jamos a independencia, a prosperidade, a cultura e a grandeza dos paI'aguayos, livres de quulqueI' influencia odiosa ou extI'anha. VenccdÔr('s modestos (' generosos, nunca deixamos de' valorisaI', por mero obsequio, o insignificanle, o incxprcssivo concurso economico c marcial dos argentinos, que tanto ('nriqucc('l'am l'om as dcspezas fcitas pelo ('xercito brazilc'iro no seu territorio, avaliadas cm :100. OOf) con tos da nossa moeda. Pois Iwm, sc desejaes conhcc('r atÓ onde val' a insidia dos nossos hravos alliados, os peiores inimigos do Brazil, folheae sem tardar a elassica lli,ç/oria da Rrp"blica .1rgentina, de \'[CE~TE LOPEZ. );'0 proprio manual, destinado aos professorC's, á cducaç¿io da mocidadc 31'gpntina, vCrf'is affirmar-se que a Republica Arw'ntina fez a guerra ao tyranno LOPEZ e nao ao pÔvo paraguayo, como fez o Brazil; que Sc'l a - ~u--Republica Argentina impediu a occupaçâo dfediva do Paraguay pelos brazilciros; lucio isla cam o fÍl'l1l(; proposilo de nos collocar pcrante a America hespanhola coma seus naluraes adversarios. A divulgaçâo dos principios que sempre arientaram a nossa conducta, nas rclaçèies inkrnacionaes com os pavos latino-americanos, constituiriam excellente serviço ao Brazil, dissipando antipathias e suspeitas geradas pelos nossos dcsaffectos do Prata. Jamais ambicionÚmos um palmo de solo cxtrangeiro, e as nossas duvidas sohre limites foram scmprc cordialmente dirimidas pela arbitragcm. Os accordas tcrriloriaes firmados pelo Brazil tivcl'am sempre uma base juridica de permuta, de compcnsaçào, de equidade, bastando recordar a caso do Acre e a condominio da lagÔa J aguarua, cm que a Uruguay poude reconhecel', tangivelmente, a sinceridade da nossa estima, documenlada pelos faclos, nÙo por meros discursos de chanccllaria. Espontaneamcntc, fomos na Conferencia de Haya a campdo dos pcquenos Estados, chegando a incorrer por esse motivo no descontentamcnto dos poderosos, que aliás requestavam a Brazil para o seu lado. A Consliluiçuo Federal brazileira, em summa, é dos estatutos nacionaes a unico qlle prohibe a guerra de conquista. Mas, a despeito de tudo, insistc a Republica Argentina, maliciosa- - ~~ -Illl'nk, cm apl'l'goal' os nossos inluitos hl'!licosos, os IlOSSOSpIanos amcaçadores contra a America hespanhola. A. sua hostilidade dH'gou Illl'smo ao ponto dl' sus tal' a aplH'o\'açào do tratado do A B e )ldo S\'nado (' alt'- hojc nào retribuir, com a descorlt'zia propria de gente rustica e mal cducada, a \'isita do nosso ('xchancdkr SnI'. L.\I'HO :\ln.LEH. Desconficlllos da RC)lubliea Argentina, prcl'H\'idaml'IlÍ<', lH'utralisando as manohras da sua politiea traiçoeira e aggressi\'a na Amcriea hespanhola. A eommissilo que l'm 1~2;) foi ¡>l'dir a BOLl\'.\R, ('om insiskneia l' )lcl'\'l'rsidadl', o upoio dos scus llallP/'os ¡HIl'a a ill\'asilo do Brazil. fnnccÏona aindu cm Buenos Aircs. Os nOIlH'S silo outros, Illas o odio ('. o UH'SIllO implacan'I. rasll'.iando na sombra IHll'a ml'lhor 110S \'ihrar o golpe destruidor. A guerra entre a Argentina e o Brasil virá de um estado d' alma do POyO argentino III Quando [alamos do perigo yank(>(', do perigo allcmiio, do perigo amardlo, implicitamente alludimos a um caso nacional de Sl!per-poplllaçâo ou de sllper-produ,cçào, que só a conquista de novos mercados ou novos dominios territoriaes pode resolver, mantendo o equilihrio Ú vida pldhorica de naçoes cujo logar ao sol nilo tem a ncccssaria amplitude, relacionado cam o seu trabalho ou a sua dcnsidadc humana. Mas para os Estados, como para os individuos, tyrannicamcnte subsiste a lei de imilaçi\o. O asserto possue tanto mais força quanto mais se r('[cre aos ehamados pavos latino-amcricanos, que tudo imitam da Europa ereadÔra Ol! da Amcriea do Norte, desde as eonstÍtuiçocs até Ús modas. Envaidccirlos cam o sC'u prestigio economico e a sua feliz organisaçâo - 24militar e civil depois da queda de ROSAS,nâo lograram escapar os nossos visinhos á scducçáo do imperialismo, que cm razôes biologicas se fundamenta, applicado il potencia, coma a Inglaterra, a Allcmanha, os Estados l'nidos, o Japào, meSI110 a RlIssia anterior á dCJÜocracia, mas nao passa de um gesto improprio e quixotcsco, se apenas decorre de artificio theorieo ou de presupposto diplomatico. Que significado attribuir, depois disso, il expressào internacional -:- pan-argentinismo, circulando entre o pan-slavismo e a pan-germanismo, por exemplo, como se fÔra um disco de cobre, esverdeado, entre as moedas de ouro que ostentnm a legenda cesarea? No entanto, n responsabilidade mental de escriptores e estadistas nûo os immunisou contra a epidemia napoleonica do imperialismo: a despeito das condiçôes geographieas, economicas e Rociaes de seu paiz, ande a mclhor politiea seria organisadora e defensiva, os argentinos de alma zcballista ---- e sao numerosissimos -- cultivnm nas suas idéas ou nos seus actos a vontade de poder ,e reinar sobre a America do Sul, nomeadamente sobre a America portugueza. Nao S(' I'xplica de outro modo que cspidtos como .JosÉ INGEG~(EROS, tüo equilibrados, tào penetrantes, com a sua formaçao positiva revelada cm tra~ balhos IIIulti plos de sciencia e de critica, tollH'm a sl'rio () quadro de uma Argentina t'x- - 25pansionista, sllbmettendo á mesma Ol'hita de gravitaçáo e de cultura os pavos latino-americanos, modelados pelo mesmo typo central. Hem risiveis, pol' certo, e ainda mais do que podem os seus autores imaginar, afiguram-sc aos brazileiros as constrllcçÔes theoricas Oll mesilla os arreganhos militares do imperialismo portenho. Considerada pela raza o, esclarecida pelo hom senso, aberra de todos os principios historicos. de todos os interesses economicos, a tonitruante guerra zcballisla nuestra guerra - ou qualquer outra que tenha por fim perturbar a trabalho, aggredir a soberania dos paizcs sul-americanos, immensos campos de lavoura c de paz, cm que o arado val' abrindo os primeiros suIcos. Mas a razi'io ainda está longe de governar o mundo, e a prevalecer o seu imperio (já a sublinhou com argucia M:\x XORD.\C), os homens nao desorgal1isarium tan tas v,ezes a proprio bem estar e a propria riqueza, despedaçando-se como especies de féras inimigas. Sentimentos obscuros, prejuizos radicados, paixôes tumuItuosas, velhas desconfianças, motivos psychologicos de temor, de ambiçào e de orgulho, antipathias quasi sempre inexplicaveis, mas irresisliveis, em{loIgam as nacionalidades. offuscam-Il1l's o hom 8<'1180. desvairam-Ihes a alma coIledi,·a, lrazendo HOS povos a conflagraçi'io da barbaria dcscnctldcada Cm tormcnta, ti ruina dos bens e - 2ti- das vidas pelo fl'no L' pelo fÓgo. A m ultidÚo argentina está impregnada de taes scntimentos contra o Brazil, e sÙo elles que precipitam as guerras em todas as epocas da Historia, constituindo as forças affeetivas ou mysticas e'nuIlIl'radas pOI' GesT.\VO LE Bo;-.; nos sens ElIsÍlw1l1(,1I/0S Pli!Jcfw/Oflicos da flllP/Ta, () primeiro dl'VIT nacional dl' cons<-'1"\'açào é disccrnil-os, lJal'a nos resgnardarmos de' snrprezas que poderiam sel' fatal's Ú segurança dos BOSSaS lares l' Ú honra da nossa handcira. AIem dl'ssl' poclPr de imitaçâo e <kssas 1'01',,'as anonymas, temerosas por inrlpfinin'is, actuando sobre' a collectividade platina, essenl'Ïalmcnte rude, apaixonada, instindiva e sanguinaI'Ïa, em que o pscudo homel11 civilisado e'scon<!l- a alma harbara do gaÚcho ma/o. nada parece l('v<1r a idéa de gu('rra ao ('spirito a1'gl'ntino, soh a vigencia das leis natura{'s e sociLles. Geographicanwnte, hasta considerar que a Republica Argentina tem uma superficie de (U~()6.000 kilometros para a sua populaçào de sete milhol's de almas. Cinco vezes cahe-Ihe a França <I(-'ntro das fl'onteiras, e como o solo (' quasi todo aproveitavel, dilatando-se infínilanH'nlc-' l'Ill planura, na benignidade do l'lima suh-tropical, po<ll'rÚ um dia alcançar a mesma densidad\' humana "". 73 habitant.es por kilo1lll'11'O<fuadl'ado, ou sejam 21!l milltiks. "Poùcl'Ú 111\'S1110 attingir Ú dcnsida<k allem¿Î, l'r- -- 27 -gUl'n<lo-st' ao IIÏ\-l'l quasi l'hill('z dt' 3:W milhÙes dl' hahitulltps. ;\<1 n>rligí'1ll <lestes sonhos (k1JI0grnphil'us, l' pnrmillido l'lItrl'y,'r a In'asilciros e argentinos o sl'l'nal'io tlt' l'o!ossaes gut'rras vindouras, quando o nosso territorio, maior quatro n'zcs que o dcHes, l'ontar mais de um bilhào de nwcafjllilo:; por :~:W milhÏ>es de gl'illgos, Atl' IÚ, POl't'IlJ, a geographia e u demographia nÙo pl'estam Ú campanha de ZEHAI.I.OS o apaio dos sells dados, Com a grandeza do sÓlo argenlino, devcmos salientar-Ihe tamlwlll a riqucza, para fortakcel' as nossas indllcç<'íes. ;\ada mais e1oqllenk. nada mais iIlustrativo, do (lile o tcstelllunho (k BLASCO IBA~Ez, apologista 11l'spanhol da RepuhHca Argentina e de todas as suas grandezas materiacs e mora('~, importado para as t't'sta:, do Centenario cm HHO; "Cumpre vlllga\'Ísal' ~IlIe a .RepuLlk:\ Argentina, predilecta IIerd('ira da Natureza, é 11m dos paizes mais aproveitav(·is do planda. (~uanto ao sÚ!o, hem podemos dizer que, apes.'1r da sua grandeza, nÜo telll dispcrdicios. A' p:lrtc algumas salinas no amago do territorio, e certos penhascos situados ao :'\Ol'k t' a Oeste na fralda dos A.lldes, todo o sólo é util uo hOlJ}eI1l! E que fccundidad('! A ten'a parece estar chunwnclo no traLalho l'OIl1 apaixonadas solicitaçÔes de Illulher dUI1lenta (COll apasionado,,- requerimientos de ll(~mhl'(( Cil alo), e apenas receLe a caricia intelligente, - 28 --- dispensada por mào de hOlllem, relriLuc sem usuras na proporçào de mil por um. A' grandeza geogrnphica do t,erritorio argentino é para accrcscentar a condiçÜo de ser todo elle aproveitavel, o que faz avuItar a SlW enormÍdade. Comparada a Argentina sohre () mappa com outras naçocs, afigura-se menor do que estas. Mas a grandeza de um paiz nÜo Sl' <leve regular pela carta gcographica, pois ha-de ser levado cm conta, principalmente, a que esse paiz contém Ú disposiçào do homem para a sua manutcnçào e commodidade." (BL\SCO IB\~Ez, Argentina y SllS grandezas, pgs. :39-40). Economicamcnte, a sua producçÜo agraria e pastoril nào sÓ diversifica da nossa cm grande parte, achando-se muito mais desenvolvida e aperfeiçoada, como tambem nào poderia a nossa amcaçal-a nos mercados mundiaes, in da que eslcndessemos os campos dc trigo e multiplicasscmos os reLanhos do Brazil, t50 certo ¿que a humanidade occidental, crescendo por lIm lado, ínrlustrialisando-sc por outro, cada vez mais nccessita de pào (' <k earl1e. BL\SCO IBA~Ez dirá egualmente o valor agricola e peeuario das suas estancias: ••A producçào de outros paizes sul-americanos talvcz se.ia mais esplendorosamente rica que a da Argentina, mas nao é tao util e imprescindivelmente necessaria. O fumo, o café, a gomma e outros e outros artigos preciosos con~tituem grande -- 29 rJ<llH'Za: l'Ill ullilllo (;aso, porém, SC nào existissem, a humanidade continuuria a subsistir perfeitamente sem elles. Par 'esta circumstanda é que, n5.o senda absolutamente necessarias ávida, soffrem Ús y,ezes graves depreciaçôes e fazelll passar por tremendas crises as naçÔes productoras. A Argentina l' menos vistosa nas suas riquezas. Produz carne, trigo e là para ella e para uma grande parte do mundo. Esses artigos, cam a sua vulgaridadc, nao podem talvez ser cantados por um poeta, mas rcsultam imprescindiveis á vida. O andaluz de que teIIho fa lado, dcrno amesquinhador de puizcs "para cartôcs postaes", costuma terminal' cOIn estas palavras o seu curso originalissimo de geographia: "Nâo me falem vocès dos chamad()s IJroduclos de luxa, que hajr sr vrndem bem, aman/Ul se vrndem mal. O piio, a carne e a là que nos abriga, issa é positivo, o que niZo engana, (', s('gundo me parrer', algum tempo ha-de correr, anles que esses QI·tigos passem de moda." Socialmente, nâo deparamos alli uma casta de tradiçôes guerreiras, deslumbrando a povo com a sua nobl'eza e o seu fulgor, a exemplo dos junlœr prussianos, que fazem guarda de honra ao pan-germanismo e como dragôes soverbos defendem o frudo das victorias allemas. Embora o caurlilhismo scja o passarlo argf'ntino, vemos depois rle ROSAS a naçao - 30 --- orientar-se para o conslitucionalismo, a bôa política immigratoria, o labor sereno ·e estavel, proeurnndo realisar com intensidade o programma de vila nuova, sobre as juridicas bases do fcdcralismo de ALBEHDIe ao influxo das generosas idéas libera es de SAH~IIE:'\TO.Nem ml'SlllO a Repuulica Argeutinaenvcredou pelo industrialismo, que, a despeito das affirmaçocs de SPE:'\CERe outros philosophos, se approxima cspontmH'amentc do militarismo e até mesmo o reforça. Dedicando-se a pastorear o gado e a lavrar a terra, pondo na sua bueolica todo o l'xplendor nacional, mais parecÏa fadado esse povo Ú tranquillidade rustica dos zngáes que Ú vida inquieta e aventurosa dos homens d'arm as. Ao nosso raciocinio, pois, é inacceitavel a expressào -- pan-argpnlinismo, -- sob qualquel' ponto de vista. gl'ographico, economico e social. De uma situaçào politicamente definida, abrnngendo esses tres aspectos, nào poderia surgir o pcrigo da guerra. Mas a guerra entre a Argentina (' a Brazil vid de um estado d'alma do povo argentino, que os nOSS05methodos de analyse dccompôem nos seguintes elementos: a idéa fixa da hegemonia entre os sul-arnericanos, desde os tempos de SAN MARTIN; a arrogancia pessoa) coin que se havia já impressionado o grande BOLIVAR; urna preoccupaçáo quasi doentia de invejas, aggressôes, hostilida- - - :11 des, attribuidas a naçôes visinhas, como o Hrazil, o Chile, o Uruguay, e previstas cm todos os seus planos militares; a sobre vivencia do caudiIhismo afogado em sangue corn os FACUNDO, os ALDAO, os P AES, transform.ando-se agora em bruscas investidas de chancellaria. Dcvcmos a tlldo jsso uccrcscenlar --- serÚ esse talvez o mais perigoso de todos os elementos para lIma conflagraçào, justamente por ser o de fundo muis obscuro, menos racionavel --certa mÚ vontadc que entn~ a massa argentina e a massa hrasikira sempr(' dèixou um residuo amargo de prcvençôes, ilTcductivel ao tratamento pela nossa diplomacia. O especlaeulo da guerra ('lIrOp(~a vem offerecendo aspectos e ministrando ensinamentos que nào podemos desprczar. :\'os lIlIimos livros de (;l:ST\yO LE Box, tan lo mais valiosos quanto mais se arliculam sobre factos, opiniÔes, sentimenlos, episodios, a materia viva da aclualidade gucrreira, muito ha que aprender nesle dominio. E entre as suas maiores licçües uyulta o segllink principio: na gcncse das guerras, antes de tu do, é neccssario ,{'studar a mcntalidadC' e affeclividade dos POyOS que as desencadeam. A guerra actual, segundo LE Box, (~um conflicto de forças psychologicas, e a diffcl'ença ou, melhor, o antagonismo de tacs forças entre o argentino e o brazileiro, segundo pensamos, arraslarÚ os dois paizes, cedo ou tarde, a um primeiro eIlcontro violcnto, esboço das glgan~ leseas luetas vindouras, quando os seculos nos Ll'Ouxcrem o augmento de 11opulaçào, de rique~ zas, de cultura, de causas formidavcis para a nossa vcIha inimizade a!l'ar novos incendios. "Obcdcccn<lo uuicalllcule uas suas invesligaçôcs Ú logiea .'acional - - csclnrecc o illustre socioJogo - quercm vcl-a os sabios conduzir sempre o mundo c rcvoltalll~se quando, ·apparcnklllente, os phenomenos escapam il sua influencia. Elles olvidam 1I1\(" de par l'om as Juzes intcllectuaes, guiando o homcm de sciencia . atravcz das suas pesquizas c o philosopho nas suas doutrinas, cxistcm forças aft'cctivas, mysticas e coIlectivas, sem rcJaçào l'om a intelligencia. Cada quaI possue Ulua logica, distincta d aJogica racional. Esta fUllda a sdencia, mas mio crPll (/ historia." Conforme o pensamento de LE Bo~, e a n'alidade int1'Ínseca das cousas, a Jogica <las forças affectivas, mysticas e colledivas trabalha na cspJH'ra do Inconsciente, prqJarando successos aterradores, catastrophes de que a Intelligencia n<Ío se apercebe e que atravez do t('mpo, infallivelnwnte, se accrcam dos pOYOS com vertiginosa rapidez, Tudo !lOS llIu', nada nos separa. disseaffeetuosamente o patriota SAE~Z PE:\;A, considerando só as causas raeionaes desse phenomeno internacional. A cssa luz já o fizemos sentir, llinguem opinará de outro modo ----(' a contes- - 33 --- taçao intelleelual da phrase de' SAE:-;Z PE~_\seria I)('m difficil no proprio I:-;f;¡~G:-;IEROS. Mas a Ycrdade (' qul' a tl'ndencin internacional dn Re!lublica Arg('ntina, creada pOI' dcsaffciçoes inalteraveis, desconfianças irrcprimivcÍs, antipathias organicas, foi l' ('ontinÚa a ser para o nosso Brazil idéalista e pacifista uma cxpressuo de rancor, visando o nosso desmoronamento. ~ào tcnhall10s illusocs Hesse rcspeito. As guerras suo com frcqueneia cxplosôes de intcrcsscs, mas, observadas nas suas callsns remotas e profundas, quasi scmprc se originam dos estanos d'alma collcctivos. Acautdemonos contra o odio argentino. o plano de conquista do territorio brasileiro org'anizado pela Junta Governativa das Provincias Unidas do Pra ta IV Desde as suas origens nacionaes, constituiusc a Al'gentina espontaneamente, ou, mclhor, isoladal1lente, o grande inimigo a qUl'm nùo devemos perder de vista, sejam qllaes forclll as nossas relaç6es apparentes, a nossa cordialidade mais ou menos fingida pelos mcstres de eerimonias da C.\SA ROSAD.\e do lT.nr.\R\TY. Proclamada como foi a 25 de maio de 1810, em Buenos Aires. a .J l.:~TAGOVEH:-;ATIVA O.\S PnoVI~CL\S (":\'IO ..••S no PR\T.\, qUe se havialll r<'bcllado contra o governo hespanhol, nao tardou o mais illusln' dos sellS mcmbros, DI'. ;\1.\:";OEL BELGIL\:\'O,('m propor nos cOlllpanhl'iros quc sr' organisasse o plano de operaçôt's neccssarias Ù - 36- eonsolidaçâo dessa oLra de liberdade e independencia. Compunha-se de nove artigos o projecto BELGRANO,especificando os pontos que deveriam ser de preferencia cstudados, e assim dizia () urt. 9": "Os mdos que devem adoptar-se, (IUando csteja consolidado e reconheeido pela Inglaterra, Portugal e outras naç(íes principaes da Europa o systema de nossa liLcrdadc; e quai deve .~er o fim de suas TU'(JOciaç(je;;, elltao, nas provincias do Br(Jzil, COll! relaçào â conquista de todo o Rio Grande e (/emais provincias do dito rdno." Aos patriarchas da independencia argentina, portanto, era familiar a idb de conquista do Rio Gran<:' do Sul e demais provincias brazileiras, ainda que tal emprcza se afigure desproporcionada as recursos economicos e até nos recursos humanos de nm paiz sobre o quaI, meio seculo depois, escreveria ALBERDIl'om segurança: primeiro que tudo é necessario povoar o deserto. Gobernar {;.~poblar. Dir-sc-Ú que a politica imperial de CARLOTA JO ..\QPIXA, dando mâo forte Ú Hespanha contra as suas colonias emancipadas e remettcndo forças para Montevidéo, tcria de provocar, nccessariamente, a acçâo defensiva dos argentinos. Mas {¡ defesa, COUlo ternos visto, nào se JilJlita\' a o IWJ)S111lH'J) to de BEr.GRA,"O. Queria l'Ill', no art. !)" de seu projedo, <Ille fossl'm b.nçadas as bases da acçuo conquistadora --- "l'liai - 37- debe ser el {in de sus negociaciones enlonccs en las provincias del Brasil, con relación a lil conquista de todo el Rio Grande y demás provincias de dicho ['eino". A incumbencia de 01'ganisaçâo do referido plano l'aube ao Dr. 1\'1.\RI.\~O MOHE:-;O, preclaro vuIto da historia argentina. Decidiram 'os membros da Junta confiarIhe tal incumbencia, attendendo a que "los vastos ronocimentos y talentos tan conocidos del vocal, el señal' doctor Mariano, Mo['cno, sólo eran ('(Jpw'ps para desempeiillr [aIl lIrduo ('Il('argo". Como se desobrigou de tal encargo o prestigioso advogado e estudista é o que vamos agora vcr, folheando a serie dos seus tr[\balhos, publicados cm HH5 na colIecçuo "L., CUI.TVRA ARGE~TI:>;A, sob o titulo Escritos politicos !J economicos. O plano de operaçijcs, abrangcndo scsscnta p:oginas do volume (301 a 361), concrl'tisa ai:lda hoje os idéaes da politiea argentina, e é inacreditavel qne a pôvo brasileiro nao lhe conheça a parte referente Ú conquista do nosso territorio. Eis o plano da JU:>;T.\ Gon:n:>;ATI\'A de 1810 para esse fim - o llleS\l1o )llano de ZEB.\LLOS e provavelmentc do ESTADo-l\I,\IOn argentino: "Art. 9" - Quanto aos meios que de\'cm adoptur-st·, consolidado e reconheeido pela 1nglat('rra, Portugal e outras naçocs prineipaes da Europa Il systema de nossa libcrdad<" l' quaI elevc sel' (l ,[illl de suas negociaçocs, elltÜu, na!i - 38 -- pro\'incius do Brazil, com rclaçào Ú conquisLa de todo o Rio Grande, e demais provincias do mcsmo reino: "1" - "ldwndo-se todo o Nio Grande em estado de revoluçào, s(>gundo (' conforme foi jâ (,J.'j)resso, e internadas em Sl/as povoaçi'ies as nossas tropas, antecÏpadam('nte devem ser tomadas jJrouidencÏas para que, desde () ('0meça das oprraçÔes, saia de MontevidhJ 11l1llt força naval de dezeseis a vinte T!(luios armados e tripulados, cam todos os competentes utensilios, para que. dirig.indo-se 00 Hio Grande, 0('cupando a .'lila barra, bloqw>iem nao SeJ o porto, impedindo a sahida, mas tambem para obstar qua/quel' soccorro que [Judessp vil' d(~ 0/f/U/lla outra provincia, conduzindo ao mes/Jw tempo, l'om as tropas que se destinem a ('.~.ça empreza, o numero de mil e quinhento.ç 110mens, pouco mais ou menos, para desembarca/-os e operal' de commum accordo, l]uando dll'fluem áquelle de.çtino a/guma.ç de no.ç.ças diUisoes. "2" - Supposto que todas as pO/Hl/aç6es se ]¡ajam declarado !ivrl'S e independl'ntes, sob a f/al'anlia das nossas Iropas, e eslejam armadas. ('m cÏrcumstoncÏas loes que uma parte das nossas tro/ws se w'he l'mpref/ada para fins mais importantes, sendo naluralnwl1!l' aguardados {lurio.'>c}¡oqw's conll'(I aquellf'.ç que se ofJpon/Ulm a t{// systcm(l (os portllgllczcs), mil) (/e- - 39lJf>!7los nossos commandantes de divisoes, in.struidos minuciosamenle de lodas as ordpns que Ihes seri'io trallsmittidas com antecedencia, esqueeer a ma:L'ima de que, nos differentes dlOq/les entre uns e o/llros, agindo com a maior d('slre::a e simulaçfÍo proporcionadas pelas circums/ancias, Ihes rllmpre dei:rar empenlllldo algumas veus na fide, quando nao fôr paigasa a acçr1o, a partido realista dos portug/lezes cam () dos reuolllciorlarios (brazileiros). afim de conseguir por este meio que a dito parlido revolucionario (o parti do brazileiro) se aniquilf' em parte, sÓ empenlzando as nossas tropa." quando haja de ser decidida uma a('çao intpl'Pssante e as circumstancias a requei/'alH, ]Jara q/le as nossas tropas, dest'arte, nao soffram malor derre:;¡rimo, e continue sempre rf'Sppitavel a nossa força. "3° --- Qllando chegarmos assim a compromP.tfer todas as pouoaçÔes do Rio Grande, sublevando-as ('ontra os dirpilos dp seu morwn'ha. daM resultará ron.'ie(luintemente que, pelo {a('[o m(~smo da SIW rcbeldia, t('rao de acceitar ((S !lassas dis posiçÔ('s, curvando-se a todas dla.~, e spr-lhps-á dito que, se a náo fi:erpm, abandonarplllos cm projecto a sua causa, retirando as nossas tropas da fronteira, nao sem anles saquear aldeias e {azf'ndas, e assim os deixaremos expostos de nova ao furor f' â vingança do antigo despotismo; (' l~ entào que, de __ 40 u modo tal comprometlidos, a nada podl'ndo oppor-se, devemos proclamar a liberdade dos escratlOS, sob a promessa, por nào descontentaros ((m os, de satisfactoria iJ1demni.~açào, descontada uma parte dos soldo,~ q/le ten/wm e/les" //(( milicia, garantida a Ol/tra com us tJ¡eSOl/ros na<'Íonaes, bastando armai-os (aos escl'a'"os) e forçaI' al{Jlllls batalhÔes ,~ob o commando dechefes que os instruam p- dirija17l com o dl'vido acr rto . •• -t Hf/ualmente deve /Jrocural'-se qut', estahell'cidos nopos govPl'lws em cidade,~, "illas e aldeias, ndles interven!lam sempre, COJ1l(} /lOS ramos [Jarticulares, indipid/1o.~ ampricano.~ (indigenas), {iliados á /lossa parcialidadp, e 'lut' parll tal {illl irdo COIll o e:cercito .. tambrm S(' observará. o mesmo no commando militar p dos regimenfos, dando-u- a cada q/lal um 011 dois c!lr{es dos llOSSOS, que ten/lam ('xacto ('0/l/¡('cim.ento da sitlla~;ào e do territorio. "5° -- Antes de proceder ti di,~posiç(ío da liht'rdade dos escraLJOS, serlÍ preciso dispor os arlÍmos, fazendo publico, em todw; as circum.o;cripçoes territoriae.~, onde haja trolwS poriuguezas do partido, que. a datar daC/uel/a /Jllblicaçño, M' lhes garante, aos soldados como aos officiaps, o mesmo soldo que pCF/'t'!Jem asnos.WlS, cujos paf/amentos dpu('¡'<1o ser abonados por ('onta dos nossos {lindos, sem df'llwra' alr¡IlJna, fodos os mezes.· 0 --- - 41"ti" --- QWllldo as circumslu¡¡C'Ías ¡¡OSassegl/rem o e:ri/o da emprezu, elevemos proceder de modo que ulUlllllas per¡lIenas elivis¡;es, principulmP/lte de neuros, vcio senelo ('u¡¡úuzidas sob differell/es prele:rl(Js lU/l'a cobrir us fronteirus, e () nzesnw e:recularenws, a seguir, COIn as demais tropas lJUrlllgllezas, dividindo-as cm pequenas forças, pUJ'([ 'I"e as lwssas, em qllalquel' logaJ', se jalll lllaiores, quando se lornar opporluna a declaraçcio da (,Ofl(fllista (para cuando fuese tiempo, Iwce!' la declaratoria de conquista) . "7" f)euelllos tornur ('gllalmente pu Mico, nn fodus as /JU/loaç(}es, qlle a todas as familias pobres, decididas a tral/sferir-se para a Banda Orien/al e !}((ru as froll/eiras, a pO/loar, SI> cllst('(JrtÍ a viag(,lll, dando-se carroças demais bagagells para sell tJ'uns/lOrle e r('gr('s.ço; que a todas ellas. ('omo pO/lOadOrlls do solo, o nosso gOlJernu concederá terrenos á proporçÛo do numeru di' pessôas, componentes de cada familia, ('apozes l' .mfficicntes para formar esfabelecinwntos, plantaçàes de trigo, e demais labores, isto pl'lo prazo de dez al/nos, ('om habit({reio obl'iga/oria, findo {) quai poderâo vendel-os 011 alienai-os como Ihes convier, sem contribuiçtio de qualqllPr na[l/reza p('/o valor das meSillaS ferra .••. "Qlle para esse fim e para a lavollra [orne-ccremas, nos dois primpiros <tl11l0S,('om 1I1!J1I(> -- 42 - o mas quanlidades de varias semenles, algumas jUlltas de bois e vaccas para seu eslabelecimenlo, e do mesmo modo alguma.'i egllas e caval/os, slt[Jprido.'i para construl'çào da sua moradia dll::entos Olt tre:U'lltos peso.'i, conforme ["esolve/' lle,ç/a parle a Superior Governo, l'omo 'ambem as [eJ'ramenta.'i precisas para os seu.'i 'rabalhos, [h-ando iSl'llto do sr!'lJiço das armas, /lO dito P["(lZO dl' d('z annos, qualquer dessas familias, como tambem de outro encargo que pOSS(l j>l'f> jlldical-as, e da mnma f órma. 110 dito pra::o, serào ellas exceptuadas do pagamento do imposto ou direito por qualquer {rudo que vendam ou introduzam, em quaesquer pavos ou provincias, depPlldenles do {,overno Sul-A mericano. "Sn - Sos mesnws lermos e par egllal fórma, sob as mesmas condiroes, drue pro por-.'ie o me.'imo convenio ás familias pobres, da Randa Oriental, de Monlpvidéo p da capital de Buenos Aires, que se disponham a il' pOlJnar os territorios do Rio Grandr, para desta mancira introduzir nos ditos logares o idioma castelhano, usos, costumes e adhcsào ao govcrno, pois já nestas circumstancias delleremo.'i tel' aplalnado todas as difficuldades e, hastcando a nos,<;abandeira naquelles sitio.'i, declaral-os como provincias unidas da Banda Oriental e E.'itado Americano do Sul. "go - Nos ditos lagares do Rio Grande dc- - 43vern abo/il'-sP' jd, nt>stf>C([SO, as esco/as e outras dasses d(> estudos, para meninos de cinco annos cm deanif', no idioma poriufjuez, remettendo-se pro{essores qllP. ensinem o casie/burw e até sacerdoies para os mesmos {in,;. "10° Da mesma {árma, todos os visinhos do R.io (jrande e .<;ellscampos e todus os que expurtarem dessw; puvoaç6es, OH introduzirem por terra e mar, durante u Prazo de cinco allnus, pafjal'iio apt>llas metade dos direitos nacionaes qlle estiverem {i:rados nas demais provincias do (JOVt>rTlOArgentino, re{erindo-se tambem esta disfJosiçilo aos qlle navegarem para laes /of/arf's, nnbora nau residam na sua visinhallça. "11 o -- - Emqllanto nilo se I'O.dicarem lola/mente nn bases {i:ras e eslavp.is os no.<;sosdirt>Ítos .te ('onqllisla naquel/as regÙJes, mïo devemos confiar os primeiros cargos a fJessow; que nao sejam das antigas provincias,. e para nri(J dp.scontenlar as pessoas de talen/o, merito e circumslancias, devemos a/trallil-as e p.mprega/-as nas provincias antigas, até que a lempo nos assegure aquel/es novos estabdel'Ímen/os." Era esse o plano do Governo independcnte de 1810 eom referencia no Brazil, e para ti sua cxecuçÜo :\1ARI.\:-JO MORE:--:O calculava que nÜo cram precisos mais ùe seis a oito annos, d(:sde que se obtivl'sse a alliança da Inglaterra cont!'::! Portugal. Como os intcrcsses portugl1ezes e - 441 \ fi hespanhÚes convergissem para a manulen~ao do systema colonial, nao seria outra senâo aquella, no seu entender, a politiea da Gra-Brelanha, que, desaggregando a America hespanhola e a America lusitana das Illctropoles curopéas, enfrnqueeendo ao mesmo tempo as duas naçiïcs rinlcs, pelo mclhor equilibrio da balança do seu poder, assegurada tinha a cxpansào da propria actividade mercantil com a soherania exclusiva dos marC's. J:\o tocante uo Brazil, portanto, a influeneia lihertadora de que tanto se ufanam os argentinos dissillllllnva um plano de conquista, perfeitamente rcalisavel, segundo MOREl'IO,sC' a coad.iuvaçào da Inglaterra nâo falhassC' aos compat!'Ïotas de SAN MARTIN. Que mais podcriam appctecer os inglezes, argumentava elle, do que a posse de algumas colonias inglezas no Brazil, ahundantes de generos <IC'primeira neeessidade? Que fructo rnelhor poderiam estes tirar das suas <lC's])c7,as,do soccorro prestado :'t elllaneipaçâo da AmC'rica )H'spanhola? Quanto Ú planicie do Rio GrandC' do Sul, parecia "tel-a formado a natureza para sc· fundir na Banda Oriental de MOlltevid(\o, pois, nchnnoo-se a harra fortificaoa COIll algllm pod<'r naval. e fortificadas nchando-se, do I1H'SIllO modo, as passage'lls para () interior. Illllito nos cOllvem <'sta C'mpreza de conquista", dizia ninon :\foRE'>O, para conduir sem v[lcilla<:ôcs: "Por e1l1- - 43 -- quanto, nùo deyo particularisaI' a plano da nossa conquista ainda mais, até que as Bossas idéas se vcrifiquem, surtilldo o projectado e1'feito, sobretudo a alliança da Inglaterra: ac.quiesccndo esta aos nossos planas, convindo na conquista do Brazil, po<lcrelllos cntao desenyolvel-o, por mancira que, operando a um tempo cm diversas paragcns, nos abalançaremos á -conquista de Santa Catharina, Bahia de Todos os Santos e todos os outras partos principacs." Conforme Vl'cm os nossos leitores, a l)('nsamento impel'ialista vcm occupando o espirito do governo da Republiea Argentina desoc 1810, com applicaç:.i.o ao Hrazil. Por inaudito {IIIC SI' afigure, porextrayagante que pareça (' ('Ill outro capitula já fizem05 resaltar a sua loucura .- o sonho do pan-argentinismo canta mais de um s('culo, desvairanclo a intelligencia ·de estadistas como ZEB.\LLOS e correspondencia ~lOs yagos sentimcntos indefiniveis, de hostili~lade l' cuhiça, da multidao argentina l'm face do B"azil. Homens coma os Ors. MANOEL HEJ.1:m.\:'IiO (' MARl.\:'IiO MOREXO, em 1810, haviam delineado HIll plana de occupaç:.i.o do Rio Grande 00 Sul l' desIllembramcnto do 110SS0territorio ('om segurança, limpidez e minucias taes. qllC' <linda hoje nÜo dcixaria de approval-o, nas 'Suas linhas dominantf's, o Estado-Maior allemào. Sol> a l)l'c\'ide11cia organisadora do l'spírito argentino se patenteia o seu machjaYC'lis- -- .1(j -- mo, huscando no poder da Inglaterra, sinuosamente, nâo s<Í um ponto de apoio á obra da independencia, mas a alavanca irresistivel com que lhe fosse dado erguer o mundo tenebroso das Hlllbiçôes politicas e dos odios de raça, Desilludidos de conseguir esse apoio, os nWIllbros da JUNTA Gon:R~:\TIY.\ requestaram ardentemcnte a va¡dade guerrcira de BOLIVAR,queren<lo entregar-nos tí. violencia nomade e bravia dos llanaos da Colombia, já que os inglezes nào se prestuvum a bombardear os nossos. portos ainda hoje tao mal fortificados, O heroe colombiano tergiversan. e porque lhes 1'altusscm allianças poderosas nào vÎ'eralll os argentinos de 1810 ensanguentar o nOS50 territorio, desde o Rio Grande do Sul até á Bahia. conforme os sens planos odientos e ambiciosos, Examinando o bosquejo de operaçoes do Dr. MARIANO MORE:'I:O,podemos acolllpanhar toda nma obra dCll10niaca de intriga. pCl'versidade e ambiçâo, menos para aggredir os portuguezes, do qU(' para obstar no continente suJamericano a formaçao de uma nacionalidade cohesa c pujante, faJando outra lingua, ,,¡vendo para outros idears. De accordo cam as silas instrucçócs. e alliados il Gra-Brctanha, os argentinos saltariam primciro no Hio Grande para levantar as populaçôes contra o dominio portllguez, depois de lhes ter suggerido. no ll1eIlifluo di;¡;cr de BELGR.\XO,"las dulzuras dp: - 47-, la libatad !I derechus de la naturaleza". Pcrfidanll'l1 te, COIll o designio de t'nfraql1cccr, dizimar o clemcnto nacional combativo, ou elemento rcvolucionario, n:1O interviriam as tropas argentinas cm refrégas COIllos portuguezcs, desde que nào fossem decisivas para o exila da cHmpanha. Vencidos afinal os realistas, e extenuado o partido hrazi1C'iro, quando todas as povoaçÔes da provincia estivessem irrcmediavelmenlt' compromeltidas perante a "Metropole, começariam da parte dos nossos amigos as duras exigencias: ou o abandonO ás cruel~ clades do rC'gio poder, aggravadas pelo saque, pelo incendio, pelas devastaçôes que elles praticariam, batendo 'cm retirada, ou a incorporaçùo Ús Provincias Unidas do Prata. Nessa contingencia dolorosa, os hahitantes do Rio Grande do Sul nada mais opporiam, scgundo MOHE~O, Ú intimativa do conquistador. Libertas os negros, mediante indemnisaç.ào, formnriam tropas disscminadas, a empregar eventualmcnte contra quacsf{uer vellcidadcs de autonomia dos brancos ou mestiços. A incorporaçào de argentinos aos consclhos administrath"os das loealidudes, a pontualidade e outras vantagcns do .soldo militar aos brazileiros alistados nas suas milicias, o afastamcnto destes para as frontcims, a rcmessa das familias rio-grandcnses para a Banda Oriental e de familias hispano-amC'ricanas para o Rio Grnn- - 48 d(', a substiluiço do portugucz nasescolas pelo idioma hcspanhol, o regimen de iscnçâo tributaria facilitando o movim('nto cmigratorio da nossa gente para as margens do Prata, a SlI}lcrinkncia argentina dos mais importantes ramos administrativos, todas ('ssas medidas apressarimn a obra da conquista, para a quaI pt'('conisa MARI.\:-;O MOHE~O todo o rigor, todas as intrigas ,e astucias ... "Po/' mis cOllocimentos /'(',wlvo abiertamente qlH' debemos dicidi/'l/OS po/' el rigor. intrigas fi astucias, ql/P .'1011 las <¡Ile nos Iton de poren a Cl/hie/'/o y ('ond/lcirllos ' .. ([ lHles t /'os f zne,ç.,. A politica internacional zehallista contI'a o nosso Rrazil, manobrando um seculo depois, niio é senao um dcsdobramcnto logico c natural dos idéacs que tinham a respcito da America portugllcza os honw!1s ([lH' fundaram a ReplIblica Argentinn. ('m 1810. A incorporaçào da Banda Oriental firmou definiti vamente as nossas incompatibilidades v l'ruguay, Paraguay l' quutl'O 11I'oyineias do Alto Pl'rÚ, formando hoje a Bolivia, foram Sl'IlIIH'C considcl'udus cm Bucnos Aires partes integl'antt's da fcderaçào argentina. Reconstituir o yicp-r<'inado do Prata, de que l'l'a centro l'OlllllWrcial e intellectua I aquella donde, foi ardcntl'\1lcntc o sonho oe BELGHA,,"O, de 1\1011"::\'0, de S.\:\' l\fARTI'\", o Il1CSll10 sonho que, ll'ansft'rido a individuulidades menos decorativas, !llellOS impressionantes, DHSSOll ;¡gora a Sl'I' () de IRIGOYEKe de CARLOSBECt:, Dest'arte, l'Ill 1821, quando foi incorporada ao reino do Brazil a Banda Oriental soh o nome de Provincia Cisplatina, por insinuaçôes 00 General LECOR,harâo da Laguna, e acto do C.\llILDODE .l\Io"n:nDf:o, o governo de Buenos Aires protes- - 30tou contra essa annexaçáo cam vehemencia (' fez sentir qU:3 tudo envidaria para submeUer o mesmo territorio, por seu turno, á soberania das Provincias Cnidas do Prata. "Buenos Aires, que até f>I1tào S~ havia abstido de interf(,l'il', declaro u-se com energia contra esta desnll~mura~:ào ùe territorio, e o seu governo fez. conhecer formalmente a intençào que nutria de restaurar a todo o risco a integridade das. Provincias Unidas da Repuulica." (AR~uL\(iE, Historia do Bradl, 2" ediçâo. pg. 36) . .Jurada a Constituiçào do novo Imperio do Brazil pelo CABILDO,este affirmava cm dezembro de 1824, a D. PEDROl, dcpois de solicitar (lue a religiào, os habilos e costumes da provincia fosscm dcvídamente respeilados: "E' um facto, Senhor, vossa Montevidi'o vos ama, e póde dizer como a esposa: eu sou de nH'U amado, (~ meu amante me pertence." Quem niió amava D. PEDROl, e ainda menos o Brazil, era () partido revolucionario, Oll partido de Buenos Aires, tenazrnentc insuflado pelos argentinos contra a nacionalidade brazileira. Ajudados l'omo foram na campanha, qlle dcpois se travou, pelos murinheiros inglez·cs, levaram elles a meIhor, graças, por um lado. Ú incapaci<fade· e HO impatriotismo dos homeIls (fliC dirigiam as nossas forças, por outro, ao dl'sinteresse ahsoluto da nossa gente pela sorÍ(> das armas nessc rccontro, dada a sua indole avessa a glo- t" - 51Tias militares e a csbulhos lerritoriaes. O de poimento de AIC\I1TA(jE, historiador inglez, nào pÚde sel' mais insuspl'Íto no assumpto: "Eram mais de duzcntos os conspiradores, e entre elles o Coronel FHl;CTl;OSO Rl\"ER,\, natural de Cordova, e officiaI do exercito hrazileiro, commandado pelo General LECOR, que anteriormente se havia distinguido no serviço do Imperio, e rcccbera muitas promessas de adiantamento da Côrte do Rio, as quaes nào haviam sido sufficicntes para assegurar a SIU! fidelidade. TClldo-se [inalmf'11lp determinado a adopta,. as hostilidades, os conspiradon~.ç enuia,.am emissa,.ios a RLH'IlOSAires. O Governador <lesta cidade nào se dL'liberava ainda a prestar auxilio directo aos patriotas cisplatinos; toda'via abriram-sc publicamente subscripçôes cm seu fa VOl', a insurreiçâo cra por toda a parte approvada, l' praparavam-se armas para os revoltosos; observando-se uma conduda clara e imprudente a este respcito: e an~es de se consolidarem os planos dos conspiradores, já o Ar(Jos, .iomal de Buenos Aires, havia temerariamente indicado a Fnn:n;oso RIVERA como Ulll dos se liS associados." Consolidando-se tacs planos, inspirados seCl'etamente pelo governo e fortalecidos pelo enthusiasmo da opiniào publica em Buenos Aires, dahi sahiram LAVALLE.TA e trinta e tres homens, fizcram a travcssia do Rio da Prata e -- 52 deSl'mharl'aram todos cm Arenal Grande, internando-se no pampa uruguayo, onde reunil'am poucos dias apÔs mil e tantos gaÚchos armados. FHl:CTl,OSORIVERA adheriu, e a batalha de Saramli foi o primeiro insuccesso das nossas tropas. afinal concentradas cm Montcvidéo. Quando se referem os historiadores Ú l'oragc'm sobrthumana dos trinta e tres aventureiros de LAYALLE.rA, que sÓsinhos desafiaram o poder imperial do BrazÏl, e dl'ram assim a liberdade ao seu formoso paiz, de que somos, aliás, Sine(TOS amigos e admiradores. esquel'cm apenas uma eirl'umstaneia magna: os trinta e tres heroes fabulosos nao l'l'am spnào emissarios do governo de Buenos Aires e nao iam propriamente lihertar a Banda Oriental, mas combatr!r pela .'lila incor[Joraçào âs Provincias Unidas do Prata. ~em de outro modo teriam l'Hps alcançado o apoio dos argentinos, interesseiros p ambiciosos nl'ste episodio. como nos demais lances da slla historia, em que se apresentam á maneira de eximios prestidigitadores. usurpando a gloria do immenso BOLIVAR para o seu mediano SA); MARTI~. segundo o proprio tcstcmunho do maior dentre os publicistas argentinos, o illustre JUA~ 13AuTIST.\ALHERDl: "SAN MARTINno era genio sino entre mcdioeridades. En vr!inte arios (b' servicio militar en España, 'en una época célebre, apenas alc:mzÓ al grado de tpni('ntr~ coronel." E mais - 53 -- adcante insiste: "Empleó cinco aÙos, sin emhargo, y [uva Ú su servicio los medios de Chile ¡¡ del [->eru, y ni asi conseguiÓ arrebatar Ú los españoles las cuatro provincias argentinas del Alto Peru, qUt; BELGlUJ-;O no pudo libertar. Donde estÚ entonces el genio de SA~ l\hRTI~? En que pasó caÙones il trav(~s de los AIides'? POl' eso seria otro A:-':II\AL'!Comparaciones pueriles. Desde la conquista, los espaÙoles renian dominados Ú los Andes como él carneros. (ALHERm, (¡ralle/es !/ [->eqllcí'ios humbres del Plata, pg. 220). LAVALLE.J.\e os seus trinta e tres hOIlH'ng, dizemos ainda um~) vez, rclornando Ú questao da provÍI:cin Cisplatina, cram apenas mensageiros de Buenos Aires e nao trahalhavam scnao pelos inkresses argentinos. Tanto assim que, logo depois da victoria de Sarandi, os principacs sC' rcuniram na povoaçÜo de Florida, :l 25 de agosto de 1825. dcram a governo a LAVAI.LEJA e participaram :lO Congrcsso Nacional de Buenos Aires que a Banda Oriental, dahi cm deante, se constituia cm provineia argentina para todos os cffcÏtos. Oito mil homens jÚ ('stavam no acampamento de Entre-Rios, qllando () governo de Buenos Aires. approvada pelo Congrcsso a ann('xaçuo, deu noticia <lc>ssef:lelo :10 governo brazileiro. Era incvitavelmcntc a gucrra. St'gui u-se o bloqlleio de Ruenos Aires; seguiu-sC' o infortunio das nossas armas cm Cu- .--. 5·1 macuÚ, Yaeacy, Ombú, Bagé, S. Gabriel, eho(lues sem alta significaçâo historica e marcial, até a derrota de Ituzaingo, em que tivemos mil e duzentos 1110rtos e dez péças de artilheria perdidas. Notaveis foram tambem as perdas do inimigo, mas a victoria lhe coube, e o seu espirito castelhano, tanto vale dizer quixolesco, lransformou-a desde logo l'm façanha eomparavel aos grandes feítos de Chacabueo, de MaipÚ, de Ayacucho, na realidadc pequenos lÍroteios, elevados hoje pela fanfarronice argentina á mesma categoria das batalhas de Iena, de Waterloo, do Marne ou da Gallicia. Seja, porém, como fôr, a verdade é que nào podiam ter sido mais desastrosos os movimenlos e os resultados brazileiros nesta campanha. Tudo nosdeixa explicado um rapido confronlo de valores individuaes, sentimenlos populares, iniciativa e organisaçáo entre os adversarios. Cam effeito, duas individualidadcs eminentes commandavam os argentinos: por terra, o General ALVEAR, heroe' da Independencia, que, Ú frente dos seus regimentos, havia pasto os mais bravos coroneis da guerra contra a Hespanha; por mar, o Almirante BROWN, que, embora ti'veSSCJll0Sa supremacía naval indiseutivel, fez varias sortirlas coroadas de bom exilo e chegou a destroçar a esquadra do Almirante SE:\'X\ PEREIRA ('Ill Juncal. Ao inverso, o commandante <las nossas tropas foi a principio o General LE- -- 55-e l'l'a tal a sua immobilidade, l'om o inimigo :'ls portas de Montevidéo, que os proprios officiaes brazilciros o alcllnhavam, pela sua conduela dilatol'ia - - Fabius s(>cundus. A este SHccedeu o Marquczdc Barbacena, ou FELlS!lEHTOBIUNT, mediocridade cllfaluada que, tendo nascido para cortcziio e diplomata, foi leva<\0 pda nossa mÚ SOI"te ao commanùo do exercito brazilciro no Prata. Depois de nos tl'rem sido tâo funcstas a sua prcsumpçiio e a sua incompetencia, levando-nos Ú dcrrota de Iluzaingo, res(,lveu destituil-o o governo imperial, mas para confiar de novo a marcha das operaçoes ao General LECOR,o homcm predestinado ao sl'({entarismo, il inercia, á moratoria, à estagnuçao. Relativamente Ú nossacsquadra, lÏvemos primciro o Almirante LOBO, commandando inept:lI1JCntc o bloqllCio, a ponto de ser batido o qllc parece incrivcl, segundo AIC\lITA(;Epela insignificancia naval dos argentinos; e cm sl~guida o Almirante RODRIliO PIXTO Gl~EDE8, que valia tanto como o outro. O julgamento da historia a seu respeito é o que vamos cxtrahir da citada ohra de AR:\fITM,E: "Em toda a guerra a incansavcl aclividade de BROWX offereeia grande contraste eom a appaI'ente apathia do Almimnte RODluc;o PINTO GCEDES, que, recluso na cxplendida camara da SUa fragata de linha, raras vezcs l'l'a visto pela marinhagcm (khaixodas suas ordens. Possuindo gran- COR, 56 de reputaçào de pcricia (tal e quai o famigerado lVIal'quez de Barbacena), reputaçâo adquirida durante o governo absoluto, em que tudo • era decidido unicamcntc pela intriga, cra mais apto para concertar planos no gabinete do que. para os pôr cm exccuçào: flcugmatico e calculista, mostrava maior empcnho cm agarrar prezas, das quaes colhcu uma immcnsa fortuna, do que cm atacar c derrotar o inimigo." A guerra com o Brazil despertan~ cm Buenos Aires o mais fervoroso ·ellthusiasmo, como os historiadores o attcstam unanimemente, CIllquanto a indiffcrença dos hrazileiros nao podia ser mais desalentadora. lnutil ('s querer des(Tibir ó expressar el ardor dc gucrra qllc con estos SIlCC.Ç()Sse produjo CTl BUCTloS Ayres, informa YICE~TE LOPEZ. Os caudilhos da provincia logo se aprestaram para formar um exercito de vinte mil homcns; a exaltaçiï.o popular cm Buenos Aires chegava ao delirio; os commerciantes, inflammados pela fcbre da cspeculaç,ào, incitavum a plebe no seu odio ao Brazil; a noticia das victorias successivas alimentava a chamma interior e universal de fanatismo; a casa do Presidente da Republica foi apedrejada, porque mandara ao go\'erno brazilciro o embaixador GARCIA ajustar condiçô('s de paz; trmllou-se num café o assassinio deste e do seu infeliz secretario; as proprias mulheres, como a historia poude registral-o, vicram offe- 57 l'l'cel' as suas joias ao Estado para as despczas da guerra. E/lJ nosso paiz, ao contrario, halo era alhcamento, dL'sattcnçÜo, indiffercnça glacial pelos suceessos que se descnroJavam no Prata. As nossas d,-'sgraças em toda a campanha forum expressÔcs da justiça immanente, que nao pcrdÔa 'aos povos irresolutos ou apathicos a sua ineapacida<1c na luta pela vida. O cxcrcito brazilcirc, entilo, compunha-se totalmente de mercenarios "indos da Austria e de recrutas scm a menor prcparaçao, marchando a eontra-goslo e mal resislindo ao embate' dos fortes causados gaÚchos de LAVALI.E.TA, de ALVEAR,de M.\HTlN RODlWilJES.Par outra lado, <'lllquanto os proprios inglezes llIanifcstavam na ,esquadrilha de BHO\\':-; o enthusiasmo a que os levava a amor proprio, excitado pda facil victoria sobrc forças navaes milito sLlperiorps, os nossos marujas desanimavam, sob a illefficiencia e a desorganisaçÜo de um commando que ém si mesma trazia a causa de todos os revezes, todos os mallogros, lodas -as vergonhas. A lascivia da nossa mcstiçagcm nao concorrcu pouco, seja dita a vcrdade, para as derrotas inaereditavcis que soffrcmos: como depoe o continuador da historia de SOUTHEY, os jovens officines brazilciros - e havia raras excepçôes - muito satisfeitosestavam corn os attractivos de Monte\"idéo, o encanto, a vivacidad e, a graça das - 58 ol'Ïentaes, nào dcsejando trocar de modo algum esses deliciosos instantes pelo aqual·telamento <lo campo. Adma de todos os males, él ausencia <lo espirito de nacionalidade foi o que nos occasicllou tantos dissaLorcs e produziu tantas infclicidades na campanha do Pl'ala. lIa uma pagina daquclk historiador que todos nÓs de"iamos rder e meditar profundamente, de modo que os CITOSpraticados l' os desastres soffl'idos vall'sSl'm ao !llcnos como lie<;~Úopara a segun<la gucrra do Brazil com a Hepublica .\rgl'ntínn. Eil-a: "Seus triumphos (o escriptor allU(k aos gaÚchos) nào eram unicamcntc de"idos Ú superioridadc da sua força physica: outra causa h.wia que mais do que tu do concorria para alean<..~al'ema victoria. El'am voluntarios, e animados pelo espirito de lIaeionalidade, HO llIesmo tempo que as lropas braÛleiras ('l'am pela maior part" ou recrutas, ou cx\J·an.g('iros, os qllal'S, ainda que hnl\'os, nào s)'mpathisavmll com a causa porqll(' pugna"am. :\'ào acont('cÏa l'omo na guclTa da Independencia, cm que todo homem livre cOllsidcraya os seus interess('s e a sua honra empcnhados na sorte da campanha: na gucrra do sul, os soldados olha"am l'om indiffcrença para o rcsultado da contenda, e nada mais cram do que machinas; e por parte dos gaÚchos, La Patria era () grito de reuniâo." A gUl'lTa civil na Argentina enlre unitarios - - 59 e federalistas, impediu, afortunadamente para o Rio Grande do Sul, qm~ o General AIXEAR prOSl'gltÎsse nos seus objectivas militares. Em plena victoria, foi elle obrigado a sustar a avançuda por falta de homens, de viveres, de armas, e fazcr a invernada de Cerro Largo. Dessem-Ihe mais dous mil hOIllens, e occllparia a capital do Rio Grande, conforme os seus calculos e prcvisoes. Com a medinçào do governo britannko, tendo crcscido as nossas difficuldades internas e as de Buenos Aires, foi assignada a paz cm 28 de agosto de 1828. A condiçâo principal do tratado era que a Banda Or'iental constiLuissc uma naçâo indcpendentc, quel' do Brazil, quel' <las Provincias l'nidas do Prata. Foi assim ql[(~se organisou a Republica do Uruguay, tcndo servido a J)ossa <lesistencia, ao menos, para evitar a SUa absorpçao pela RepubUca Argentina, Ù quaI estaria annexada, se prevalcccsse o acto do Congr·esso de Florida, eomo prctcndiarn e ainda hoje prctendem os argentinos, que por outra motivo nao entraram na luta. Ncsse primeiro eneontro violento l'om os nossos inimigos soffremos varios desastres militares e o corso extrangeiro, por elles instigado, trouxc ameaçado constantemente o nosso littoral. Segundo as proprias declaraçoes inequivocas dos historiadores argentinos, a seu fito cra invadir a Rio Grande, occupaI' a La- 60 --guna, desembarcando forças transporladas em lanchas de guerra,desoer até S. Paulo e vil' ao Hio de Janeiro, compellindo o Imperador Dom PEDRO 1 a ceder a Banda Oriental, rectificar fnvoravdmente as fronteiras do sul (' pagar as dcspezas de guerra. Causas irresisliveis sohrevieram, destruindo os planos do machiuvdismo e da ganancia argentina sobre o Uruguay e o Brazil. Mas um dos seus historiographos poude affirmaI' sem jactancia, commentando o final dcssa campanha: "No lemos que culpar sino il nuestros políticos. ~uestros generales, nuestros soldados y nuestros marinos cumplieron bien su deber." Ao fim deste capilulo, nós, brazileiros, fomos forçados a observar corn ldsteza: "Nao tivemos a guerra civil, como tivcram Besse periodo os argentinos. Mas os nossos generaes, os nossos almirantes, os nossos soldados e marujos nào souberam clllllprir () seu dever." Que a temerosa licçào nos aproveite! A acçào de nossos antigos alliados e amigos no Paraguay, depois da guerra, é urna obra insidiosa, visando o nosso desmoronamento VI o despotismo paraguayo de LOPEZ nao sómentc opprimia o scu povo, como tambem ultrajava as naçoes limitrophes, sobre as quaes, de um para outro momcnto, podium cahir as suas hostes de fanatieos, dcstruindo e avassalando. Scm cspirito militar de conquista ou mesmo de simples ddcsa, o segundo imperio nao havia eonduzido as suas armas ao Prata, depois de Ituzaingo, scnâo para abater odiosos tyrannos, cujo govcrno sem leis affrontava a civilisaçâo e a propria humanidade. LOPEZ foi Hm desses monstros do caudilhismo, procreado entre a vida jesuitica e a vida sclvagem do Paraguay, fatidicamentc, a exempla de QUEIROGA ou de ROSAS na Argentina, para ensanguentar e - 62('nnegrecer ainda mais a historia dos POyOSsulamericanos. A sua machina de oppressào, poueo a pouco, montada no interior sobre o fanatismo, a barbaria e o captiveiro, tornou-sc ameaçadora aos nossos destinos, l' a audacia do lTUel didador clwgou até Ù invasilo de uma provincia Ilossa e a ultrajes SUhS(·(jlH'Iltl'S. O Brhzil declaroll-Ihe guerra. ~unea foram mais dignos, mais aIlos, mais ostensivamenk' liberaes e humanitm'ios os fins de UIlla campanha. Desde o rompimcnto d3s hostilidades, annunciando aos paizes cultos a responsahilidade que assumiamos e o esforço a que nos aventuravamos, cam a maior lealdade publicamos os nossos intuitos, confirmados pda soluçao da guerra: quebrar o syskma de militarismo e didadura personifieado cm LOPEZ, abrindo á infeliz naçào paraguaY3 os lllesmos horisontl's pm que se descnvolvera a nossa democracia constitucional, para SOCf'go. da AnH'rica e para victoria do Dircito. Hasteando a nossa bandeira ao clarao solar destc principio, nào tardamos cm VIel-a acompanhada pelas outras naçÜcs que, visinhas do Paraguay e offendidas por LOPEz, a autocrata feroz, tinham cguacs motivos para dcsejar a sua queda e fulminal-o no seu antro. Dest'arte. ~m breve marchavam comnosco as foreas nlliadas do Uruguay e da Republica Argentina, a quaI, transposto o mcdonho periodo dc san- -- 6:~ -gueira e chacina qlll' foi ti dict:odl1ra de ROSAS, evoluira com SARMIDiTO,Mrnm, ALBEP.Dl e outros VIl\tOSrepresentativos do liberalismo continental para a vida juridica, delineada na correspondencia juridica das suas forças e dos seus institutos. Cinco anno:> dur()lI :1 ctlmpanha, sustentada pelas nossas \J'opas com obscura, mas admiravcl dedieaçào, atravez de pantanos, <lesfiladciros, barrancos, e teve nessa emcrgencia o Brazil, clesa\ten to l'omo scm pre Ús suas necessidades militares, dc improvisar um excrcito e umu esquadl'a, vcnccndo as maiores complicaçocs internacÍontH'S, multiplicando os s~us dehcis recursos ccollomicos e finanüeiros. Por sentimenb de cOllservaçào e por dever de honra, nâo vacilIÚmos deanle de Iodos os sacrificios até ver concluida a nossa empreza l'om dignidade heroica. Milhares ~ milhar,es de contos foram dispendidos, scm que até hoje a divida de guerra do Paraguay tivesse alguma significaçào economica, fÔra do seu valor nominal. Cem mil brazileiros tombaram nos charcos do Paraguay, defendendo os brios nacionaes; familias innumeraveis conheceram assim a miseria e o lulo, golpeadas mais de urna vez pelo infortunio sem par. Vencedores, nâo cxerccmos vinganças inuteis, nao praticamos inuteis crueldades, e a 'I1açao paraguaya, na sua immensa desdita, mercceu de todos os brazileiros -- G-1 -sYllIputhia e respeito. E' sobremodo honroso, demonstra a elevaçào dos sentimentüs nacionacs, qlll' apÓs lima guerra implacavel, dÏlal:llldo-se por cinco longos annos de trahalhos " lwlejns, nao haja na littcraturG do BrazÏlum -"Óvislumbre de antipathia ou desde'm pelo inimigo. O que se prova com isso, fundamentalmente, l~a lilllilaçao do nosso objectivo, na referida campanhu, ao ckspotismo de LOPEZ,e nâo será outro o scntimento paraguayo entre os espiritos mais dcsapaixonados ou esclarecidos. ClIstanos dizer, no lentanto, que os nossos ex-af[iados argentinos, cuja solidariedade militar foi a mais insignificante pelo nUIlH'I'Ode tropas 1110hilisadas, sÓ esperaram () termo da gllerra de cinco annos para calumniar o Brazil, emprestando-Ihe nas paginas dos livros dI' historia os seguintcs intuitos: 1" ,guerrear a nacionalidade paraguaya, quando os argentinos combatiam apl'nas o despotismo de LOPEZ;2° pretcnch'r a conquista da capital do paiz, o que só nao fizeram devido Ú opposiçào dos bravos argentinos; 8° - occupaI' o solo paraguayo emquanto nilo lhes fosse paga a divida de guerra, sendo nisso obsta dos, mais urna vez, pelo exer':' cilo do gran pueblo argentino, sempre magna-o nimo e cavalheircsco. Verdadeiramente, nao tiveram elles nessa campanha senao os lucros de um optimo ne<1o:" 65 cio: livrrs ficaram da visinhança perigosissimu de LOPEZ com u minimo esforço, para nao dizer l'om () csforço quasi unico e supremo das nossus armas; nada soffreram no seu territorio, e a passagcm das nossas divisoes repres·:'n tou incalculavel fortuna para os cshl,ncieiros, que as ahasteeiam a preços de usura. O forllccimento de trigo e de gado platino HO exercito brazileiro, durante a campanha, reduzido a cifras exactas, verificamos que sÓ uma naçao sulamericana tin)U lucros enormes da guerra do Paraguay - - a Rrpuhlica Argentina. Depois de l'nriquecida por essa fÓrma com a l:latança d~' brazileiros e paraguayos, CillllCÇOll ella, syskmaticflnH~nte, a persuadir os compatricios de LCPEZ dos nossas intuitos malcficos, neutralisados pela sua mediaçao providencial. Captando-Ihes assim a confiança e a estima, o governo de Buenos Aires deu inicio Ú segunda parte do seu antigo plano --- arg(,lllinisal' l}uanto possivcl o Paraguay, de modo qlle a sua annexaçào cspontanea se torne uma questiío de tempo. Foi esse o motivo por que, todos os dias, capitalistas argentinos faziam alli grandes acquisiçocs territoriaes, dcsenvolvendo o plantio do malle em grande escala. Nao roi outra a raza o que, no desdobranH'nto do systema ferro-vÍario argentino, levou a seu traçado no Paraguay, em linhas cada vez mais rapidas e mais extensas. Cma obra insidiosa, mas -- 6G - persistente, de acçao anti-brazileira nos mcios cultos e nos meios populares afastoll qualquer llossibilidade internacional de concurrencia naquelle paiz. Emfim, ao ver consolidado a a1'gentinismo ('m bases duradouras na sociedadc paraguaya, suscitando mesmo a revanche, um dia, contra o vencedor brazileiro, que tao gcl1eroso foi e de que ella foi alliada, a Hepuhlica Argentina compíetou essa obra mediante a celebraçào de um tratado de comI1H'rcio, cm que a sua posiçao economica, singularmente favorecida, lhe assegura por todos os mcios urna c>sphera de influencia e adividade irrivalisaveIS. N'ào tenhamos illusoes acerca dos projectos afagados pelo zeballísmo, perfeita equivalencia do argentinismo, que, cm 1825, explorando o patriotismo dc~ LAVALLE.JA e dos sc>us trinta e tI'cs companheiros, ousou incorporar solemne111ente a BANDA Onn:NTAL ,\S PnoVINCIAS UNIDAS DO PRATA. Foi 'esta a causa immediata da primeíra guerra contra o Brazil. A annexaçào do Paraguy, se a nossa politica fundada no equilibrio sul-americano lhe oppuzer um vdo, serÚ talvez a causa ostensiva ou mesmo secreta da guerra que se annuncia outra v'ez, quasi cern annos dcpois de Ituzaingoe de aggressóes ao Jittora 1 brazileiro pelo corso italiano, inglez e francc>z operando por conta do valente e gran pueblo argentino. o famoso Cons3lho de Notaveis, celebrado por iniciativa de Z€bal}os, e5teve quasi a precipitar a guerra contra o Brasi~ VII A' vOlltade P'-'l'Il1<.lIH·n!('d<: litigar nào f:!ltUIl1 p¡'ckxtos !lcm occasiùcs, e como se as leguas innlljlHTHVcis de terra dcspovoada fusscll1 aC:i!';Oi¡¡:;ll¡'íïcicntcs no orgulho {' Ó eubiça da Hcpublica .\l'gcntina. voltou-sc panl o nosso territorio {'ssa desmesurada Hlllbiçào. (IlH' ('111 uno. no epilogo do rcgimcn colonial, jÚ se atrevia com BELGR.\~O e :\1olU-:~oa projedar a conquista do Brazil. O tCITilorio das MissÔes foi o ob.iccto da rapacidadc :lr~F:ltina. hastante :mdadosa para nos disputar a posse compl'ovad:l sccularlllcnte p(']o <Iil'cilo e pelo uso. lkncvolos como sell1prc, ou antes. dc modo talquc a bcncvolcnda e a franqueza ni'ío SC' distingucm aos olhos do vi- -68-sinho arrogante, condescendemos em sujcitar o pkito Ú arbitragem, tanto mais C}uanto havia11105tïxado esse recurso juridico em principio constitucional. A força irrcduclivel do nosso dircito coincidia, providencialnH'nte, l'om a mara\'ilhosa capacidade do hOIl1l'l11designad:) para o susten tal' peran te CLE\'ELAXU - - o g/'ande RIO BH\XCO,por ('('rto o maior dos brazileirus nos llltimos vinte fJI1I10Se mll dos maiores enlrc o:, que rcsplendem na Historia, DdenSDl' da causa argrntina era ZEIUI.LOS,Cl)rrespondl'n<lo a injustiça daqueIla ao mal'hiavelismo <leste. Obstinados foram os seus csforços <le raciocinio, argumcntaçâo, dialcctica, mas todos se f}uebraram, impotentes, contra a superiori<lade mental de RIO BR\NCO e a solidez manifesta do nosso dircilo. CLEYELA~D proferiu sabiamente seu laudo cm favor do Brazil, e haslear podemos a bandeira nacional sobre o terri torio das Missôes, como sobre dominio inconteslado, ~~~o se conformou a vaidade mal fcrida de ZE~~AI I.CS nem o exagerado amor proprio dos ~;('ln ,':1<-1 :':, pa tricios l'om o hrilho da nossa victoria, para a clual nâo prel'isÚmos empenhar outras armas senâo as quc forjara atravez do tempo o ,cxercicio de urna propri<.'dadc rigoro5an)('nte inquestionaveI. MalC'volo, de\11onstrando já o intuito de aggravnr difficuldade5 (' antipathias nas rclaçôes l'om o Brazil, intuito - 69 -- esse que tantas vezes palenteara, a govcrno argentino elcvou á pasta dos Negocios Extrangciros () llleslllo ZEBALLOS,hOlllem representativo da corrente brazilophoba que, ora desviada por Illcios diplomaticos, ora encobcrta pelo 'iagaz opportunislllo platino, janwis dcixou de }>"rsistir ¡laS idéas e nos scntimcntos populares. O :!dw'nto officiaI de ZEBALLOSfoi o inicio de contratempos e dissabores maximos para o Brazil, quando este procura\'a, mediante él 11111"moniosa oriC'ntaçào patriotica de HODRIGl'ES AL\'ES e RIO BnA~C(), voltar na politica internacional do continente Ú pr:.'stigiosa situaçào que lhe era assegurada pelas ~mas condiçôcs gcographíeas e economiclls, pela sua natural finalidade e hegcmonia sC1l1pre indiseutida entre os paizes sul-americanos. Desorganisadas, atravez de crises financeiras e hitas cÍ\'is, as forças militares nacÏonacs, dcficicnh's, lilas constitllindo o apparelho defensivo absolutamente necessario ao nosso destino, ou melho;', á nOSSa propria sobrcvivC'neia, tratavamos de recompor o syste:ma prcjudicado por 101lcuras officiacs e desaso colleetivo, mercê de noyas aequisiçócs nos estaleiros inglpzes. Pois hem: a insolencia aggressiva da chanccIlaria nrgC'utina chcgou ao extremo 0.(N,clamaI' do Brazil a equivalencia entre as nossas forças. A audacia dos llOrnens da CASA RoSADAfoi no ponto de emprehender ostensiva- ..- 70 -lI1enh~ a ¿lcçào polilica zcballista, synthetisada por ('sse ohjecto: impedir ou pelo menos condicionar o Ilesenvolvimento das possibiJidades do Bmzil na sua or;qanisaçào defensiva. Por felicidade nossa, a digna n'pulsa da chaneellaria brnzileinl esteve nesse momento precario á altura das BOSSas tradiçÙes, correslwnddl ás {'Ilergias que, nùo ohstantc o p~'ssimisJllo de todos nÙs, for:lI11 manifestadas no periodo colonia!, cm surtos de Iw!'oisl\lo, e pela Regencia mantidas na epoca mais afflidi\'a (' mais o1>scurecida por 1111vcnsde proeella l}1IC' até ho.ie ternos atra\l'ssado. ZEIL\I.LOS nâo Iwrdooll a RIO BRA:'\CO l'ssa attitude viril, l'omo n¡Ïo lhe perdoa\'a o triul1lpho alcançado CHl \\'ashinglon, disputando o \('rritorio das :\Iissoes per'mte a ad>i¡nlge!l1 de CCE\'EL\:'\D. Intrigou, corrOr1peU, '\HcnOu, e o S:'U eplpl'llho no momenlo 'cra pn'cipitar a guerra, l'listasse o que podessc custar, cmquanto as aequisiçoes na\'al's do Brazil nùo o apparelhavam COOl efficieneia para deter O inimigo. ~ada pinta melhor o caracter de ZEIIALLOS e dn sua politiea, nessa emergencia, que a falsifieaçâo do tdegramma n. 9, falsificaçao est:Jl1\pada nos jornacs zchallistas caos governos sul-amerieanos transmittida para documentar as prctenç6es imperialistas do Brazil. () espi¡'i\o que nos animava, tortuoso l' violento. por destruir a invl'juda fortuna e suhlime grandeza -71argentina. Serenamente, evidenciando l'om admiravcl translucidez a perversidade intrinseca de ZEBALLOS,o grande RIO BR\NCO deixou cm plena luz meridiana essa' falsidade tào hahil quanta rcvoItante. A quéda de ZEHALLOS foi estrondosa; mais do que as seculares prevenç6es contra a Brazil, nesse momento, poude a bom senso dos argentinos; e a terrivel adversario de RIO BRA:NCO, deslocado ás subitas do Ministerio, mal conseguiu equilibrar-se, a despeito do seu lwestigio militarista, na deputaçao de Buenos Aires e na cadeira de professor. Houve um instante, porém, logo depois de circular a falsificaçâo do telegl'amma n. H, ou de se ter celebrado a famoso CONSELHODOSNoTAVEIS,cm <lue se I'esolveu a guerra l'om o Brazil. Os chefes uruguayos do partido blanco, affciçoaoos aos argentinos e guardando, talvez, o sentimento anncxionista de L.WALLE,fA, foram chamados l'om urgencia a Buenos Aires. Decidiu-se que, tenoo a apoio militar da Hepublica Argentina, dcporiam elles a goycrno dos eoloNidos, nossos leaes amigos, effecluando-se a alliança das suas armas, empenhadas na inyasao do Rio Gran(l(' do Sul. Tropas de cayullaría estavam a postas, aguardando taes ordens, nas provincias de Corrientes e de Entre-Rios. Começaram a ser feitos os preparativos de mobilisaçiío geral, ~ só por excepcionacs circumslandas, que nao velU a proposito enumerar, -72ficou o territorio brazileiro, desta vez, livre da feroz Ülvas'~;{)argentina. Influencias cordiaes em relaçao ao Brazil. ou pelo menos influencias de equilibrio e pacifismo, tradicionalmente filÏadas na bôa politiea de MITRE,de ROCA, de SAENZPE~A, vuitos. classificados na galeria dos mediocres pelos imperialistas de Buenos Aires, com IX(;E(;~IEROSe rXGO~ESá frente, caraclerisaram por hreves al1nos, depois disto, a nossa visinhança e o nosso commercÎo. Ponco duraram taes influencias, ainda assim, e mesmo nesse periodo nào desfalleceu jamais o espirito de propaganda contra o nosso paiz na Europa. Que a Arg('ntina, por falta de escriptores natos, alugasse a penna de jornalistas extrangeiros para Iouval' o seu clima, a sua historia, o seu trigo, os sells bois, os seus estadistas, bem o cOmprdll'l1(lemos na America do Sul e na America do Xorle, onde os paizes necessÍlUlll de cartazes, á semeIhança das emprezas theatraes. Que o fizpsse, porbn, denegrindo systematicamenle os homens e as causas do Brazil, nao fÙra eoncpbivel dentro de amistosas relaçôes internacionaes, ou mcsmo, dentro das normas de eortesiu elementar entre os povos cultos. Nào foi outra, no entanto, a directriz dos seus reclames. desde os folhetins do Figaro ils brochuras de peso, cnconul1endadas pela sua infatigavcl diplomacia. Por fim, um facto inesperado veiu compli- - 73 cal' extraordinariamente a sÍluaçào brazilciraargentina: él escolha presidencial do SnI". IIIl'POLITO IRlGOYE:\T, 0111 dos chefes do partido radical, sectario este da guerra eom a Brazil. rcflcctindo opiniôes e scntimcntos que assignalam :;. disposiçào do animo das classes armadas, no pai:~ yisinho, l'om referencia :i nossa terra e no nasso povo. Violento e rancoroso, intrigante feito de ambiçao e perverso. e de arrogancia, o homem argentino conserva ainda hoje os caracteres atavicos do "gaucho malo" VIII Entre os arrivi.~las da Civilisaçâo, que Ihe assimilaram só a idéa do progresso material sem a moralidadc e a cultura equivalentes, nenhum representaria melhor do que o argentino, essa variedade humana. Descendente do gaLÍc}¡o malo, cm cujos traços reconhecemos o hcspanhol sanguinario, fanatico e arrogantc cclebrisando-sc pelas Sl'US atrocidades na colonisaçào da Aweril.'u e rctrocede:ndo ávida selvagem no pampa, o argentino conserva esses caracteres atavicos sob a trajo do homem civilisado, e é fundamentalmente um barl>aro coma padern attestal-o quantos se familiarisap p p -76 l'am com os seus habitos, as suas opiniócs, os. seus modos de pensar e agir. Como verdadeiros homens ¡'epresentativos desse povo nao devemos nomear os SAR:\flENTO e os ALBERDI - excepçoes intellectuaes, productos de alta differenciaçào mental, que evoluiram sob o in flux o do pensamento curopeu IC foram semprc inadaptaveis ao regimen politico e social do seu paiz. Os dous argentinos mais illustres viram decorrer no exilio a maior parte da existencia, condemnada ti hostilidades sem fim pela desharmonia cm que as idéas, os sentimentas de ambos estavam cam a meio quasi bravio, onde tinham surgido por acaso intelligencias t50 lucidas e tào generosas. YuItos representativos da nacionalidade arg~lltina sao os FAcr~na QUIROGA,os ALD\S, os CHACHO,e sohretudo ROSAS,D. JUAN l\hNOEL ROSAS,o monstruoso tyranno cujo govcrno foi uma das maiores vergonhas da America do Sul. Por mais de vinte annos reinou em Buenos Aires a dictador que, na sua intolerancia e cruel(hule, exceden as proprias abominaçoes de Roma decadente, narradas por SUETONIO.Os degoJamentos ('m massa, as flagellaçôes, a tortura (' o carcerc para os adversarios, as vilezas da cspionagem 'c os horrores de um fanatismo degradante caracterisarm esse periodo Janga e tenebroso da historia argentina. Ao cnvez do que possam imaginar os leitorcs, -77D. .JC.\:-'; l\h:-,;oELROSAS, ntio foi UI\1casa esporadico nesse 1\10nstro havia, fIagrantee perfcita, a synthese das paixôes, dos vicios, dos impulsos burbaros de todo um pavo uft'cito ao nomadismo e á l'apina, tendo á sua frente os mais perversos caudilhos. Nào deriva de qualqucr juizo preconoehido o que nffil'l\1amos. Levados pelo designio dc uma analyse fria e serena, I1lercê da quaI pudesscmos conhccer minuciosamente o uosso vclho inimigo, deparamos na obra de um estadista e cscriptor do paiz visinho, SAR:\m·;:-';T(), a ùase indestl'uctivel dos nossos conceitos: "A montaría, conforme appareceu nos primeiros dias da Republica sob as ordens de Al\TItiAS, Hpr('Sentou jÚ esse caracter de fcrocidade hrutal e esse espirito lcrroristu que ao immortal bandido, no estancieiro de Buenos AirC's (Ros.\s), cstava reservado transformar num systcma de legislaçao applicado il sociedad e culta, e apresental-o cm nome da America cnvergonhada Ú contemplaçfío da Europa. ~os.-\s nada inv('nloll: o seu talento apenas consistiu cm plagiar os seus antceessorcs, 'c fuzer dos instinctos brutaes das massas ignorantes um systema com frieza meditado e coordenada. A correia de couro tirada ao Coronel MACIEL,e de que ROSASfez a manea disciplinar contra os agentes extrangeiros, tem os seus antecedentes cm ARTIGASe nos dcmais caudilhos barbaros. -78tarta ros. As montarías de AUTIGAS enjalecavam os seus inimigos: istoé, eosiam-nos dentro de um pedaço de couro fresco, e assim os deixavam abandonados nos campos. O leitor supprirÚ todos os horrores desta morte lenta. No anno 36 reproduziu-se o horrivcl castigo, applicandQ-o a um coronel do exercÍto. A execuçao á faca, degolando em v,ez de fusilar, é nm instincto de carniceiro que ROSAS aproveitou para dar fórmas gaúchas á morte, e ao assassina prazeres horrivds; sobrctudo, para mudar as fórmas legaes e admittidas nas sociedades cultas, ,por outras que .elle denomina americanas e em nome das quacs convida a AmeTica a defendel-o, quando os soffrimcntos do Brazil, do Paraguay, do Uruguay invocam a alliança das potencias curopéas, afi.m de que os ajudem 'a livrar-sc desse cannibal, que os invade cam suas hordas sanguirwrias. Nao é possivel mantel' a tranquillidade de espirito necessaria para investigar a verdade historiea, ({uando se tropeça a cada passo corn a idéa de que foi possivel cnganar a America e a Europa tanto tempo eom um systema de assassinatos e crueldades, toleraveis sómcnte cm Asbandy ou Dahomey, no interior da Africa." Sem a alliança das potencias européas, mas ajudando l'RQurzA e outros chefes argentinos que se oppunham á continuaçao da mashorca rosista, conseguimos ver aniquilado - 79 -- tao execra vel systema de vassallagem, revoltante pelo seu fanatismo e pela sua inhumanidade. Entrando num periodo feliz de trabalho e constitucionalismo, soube a Argentina, governada com sensatez, moderaçào e patriotismo, valorisaI' o seu clima no extrangeiro e attrahir massas de emigrantes, 'cm que prcponderam os elementos vasconço e italiano. Do vasconço energico e astuto passaralll qualidades e defeitos ao caracter desse POyO mal definido, susccptiv'Cl de bruscas variaç6es e desordenadas arremessas. O italiano trouxeIhe a sua actividadc febril, e enriquecido pelo trbalho do homem europeu, orgulhoso dos seus progI'lessos materiaes na expansao oe uma cidade que é a mais povoaoa, a mais trepidante, a mais luxuosa da America do Sul, a argentino comcçou a falardos seus ideaes, dos uus principios, da cultura platense, da hegemonia intellectual oe Buenos Aires, etc., com a jactancia propria dos rusticos, que, ineSI)eradamentc, se veem portadores de titulas e condecoraçóes. Se o examinarmos, porém, fóra do scenario em que clIc guarda a SUa attilude theatral, nao enconfraremos senào rudeza e veIhacaria, aquella propria do gaúcho, transmittida esta pelo vasconço, improvisado de riqueza nos pizes onde a moral póde sel' doutrinariamente ensinada, mas nao é ainda uma disciplina pratica nas fle}açóes individuaes e socia es. - 80- Acima da classe rnédia (o que parece incrivel!) esses traços de caracter se revelarn ao primeiro contado. Se o testernunho dos brazileiros que visitararn Buenos Aires é suspeito, poderào attestaI' os europeus como o argentino demonstra a sua impolidez pol' toda parle, como a sua educaçâo incompleta, apressada e artificial torna desagradavcl o seu convivio, aincla mesmo por alguns (lias. Xos proprios moços da sodedade elevada reapparecc a violenta indole sanguinaria do gaucho malo com freqllencia. Ha poucos annos ainda, citavam-se casos de homicidio que elles perpetravam nas ruas e nos cafés pelos motivos mais futeis. El loco lindo era a denominaçao graciosa corn que os jornacs de Buenos Ail'es mimoseavam o typo galante e precoce de taes faccinoras, euja lPmibilidade, em plena civilisaçao demonstrava como florescc ainda a herança criminal de FAcumo -- o tigre do pampa - cntfle os sumptuosos palacios da Avenida de Mayo. A conducta diplomatica, expoente moral de uma sociedade nesse caso, elucida-nos hem quanto il insidia usada nas relaçôcs officiaes ('om o Brazil, desde longa data. Corn a sua claudicante politica de frakrnidadc sul-americana, o Sr. LAURO MÜLLER apenas conseguiu o desastre do ABC, que o Senado argentino, ostensivamente, nao approvou nem approvarÚ, porque acima de todos os films internacionaes - 81- do ltamaraty, sem excluir os do Sr. ~I1.o [>1';t50 verboso na sua ignorancia, 150 Ji/).'iellJ' na SLla incompetencia, continÚa pairando, intangivel, a suprema verdade, enunciada pelo grande B.\R ..\O DO RIO BRA~CO: "A opinii\o publica nào está preparada em Buenos Aires para nllianças l'om o Brazil; é inopportuno cogitar ·de tratados dessa natureza"; pensalnento conformc as idéas do \'IS(;ONDEDE RIO BR-\:-1CO, seu pae, quando, anno1ando a obra de SCH:-1ElDER 'Sobre a guerra do Paraguay, ediçào de 1875, cscreveu: "O projecto favorito de RosAs era o <llIe ainda hoje afagam todos os políticos argcntinos-absorver o Estado Orien1al do Cnlguay e a Republica do Paraguay, recons1ruinc\o n an1igo vice-rpinado hespanhol do Rio da Pra1a", 1endo sido a política internacional do pae e do l'ilho mantel' a independencia dos (IOlIS paiz('s ameaçados pda ambiçao aJ'gcntina. Preparada estÚ indubilavdmentc a opiniÙo publica, na Argen1ina, para a guerra com o nosso paiz, e a esta idéa nos Cllmpre habituar () espirito do povo brazilciro, que até ho.ie se tCI11 deixado embalar pela onda rhetorica do pacifismo e niío vê como o inimigo val' adquirindo força e 'elementos para nos accommetter (le surpreza, quando mais alheios nos encontrc il rcalidadc internacional. Violento e rancorosa, intrigante e perverso, fcito de ambiçao e ç:\~ HA, -82de arrogancia, núo taruarlÍ que dIe aproveite () nOS80 descaso pelos interesses vitaes da nacionalidade, se a tempo núo reunirmos e organisarmos todas as nossas forças para lhe reprimir severamente a ousadia manifestada pOl"' injurias ou aggl'essócs. A significaçao politica do tratado commercial de livre cambio corn a Republica do Paraguay IX A oplluao brazilcira, que devia estar completamente elucidada, nào obstante a nossa rhetorica e o nosso pacifismo, sobre a exacta significaçao da fratcrnidade slll-<americana, thema propicio a qllantos utopistas divagam na espbcra cambiante dos fados internacionaes, tem mais uma prova do machiavelismo argentino no tratado commercial de livre cambio celebrado cm 8 de jlllho de 1916 entre a Argentina e a Praguay. Os termos desse tratado, que foi divulgado e commentado longamcnte pelo Monitor Mercantil cm varias cdiçocs, sao os scguintcs: "O Govel'no da Republica do Paraguay e o da Republica Argentina, tomando em consideraçáo interesses identicos de sua vida economica e conveniencias communs do seu intercambio commercial, resolveram celebrar um - 84- tratado que, estabelecendo l/m regimen de libadades adl/aneiras sobre (( base de reciprocas e equivalentes franquias e excepçôe,~, contribua para fomentar cada vez mais o tJ'(lfeg~ entre ambos os [Jaizcs, fortalecendo. ao 11Ip.smo tempo, as relaç6es de cordial amizade qllP. felizmente, existem entre si. Com este objectivo, desiglwram seWi Pleni[Jot('1u'iarios, a saber: Sua Excpllencia o S('nhor Prnident(> do Paraguay. o Sen/lOI' Don MANl:EL GONDR:\, Jlinistro Secretario de Estado no Departamento das Helaçi'ies E.rteriores e 5;ua Excellencla o Sen/lOI' MARIO RUIZ DE LOS LLANOS. ,'jeu Enviado Extraordinario e llinistr~ Plenipotenciario, /wvendo trocado seus respectivos poderes e achando-se em boa e devida fúrma, cOlwieram nas segllintes estiplllaç6es: ,\ri. 1.0 Todos os artigos de producçáo, culIllra 011 industria fabril Oll manllfaclureira, das Republicas Contratantes (salvo as excepçôes temporarias a 'lile se refere a clausula segunda), 'lile entrarem do territorio de lima para o territorio de outm. estarâo livres de todo o direito de importaçào, e tanto cm transito como cm exportaçào para o olltro paiz, serâo considerados como se fos.'iem de producçâo, cultura ou industria do territorio em que se acharem, e terào, consequentemente, o tratamento fiscal que cm tal caracier l/leS corresponder. - 85Art. 2. Durante os cinco primeiros annos da vigencia deste Tratado ficarâo fóra do regimen estipulado Ila clausula anferior, e. portardu, sujeitos ao pagamento dos respectivos direitos de importaçùo, o assucar, p/wsp/wros, velas. calçados. artigos de correeiro, m01Jcis e roupas (eitas. Vencido aquelle prazo, de facto sem necessidade de gestùo ulterior alguma, todos esses ortigos gozarâo das (ranquias qlll~ o convenio estabelece. Art. :3. Ambas as Republicas se obrigam a permillir a livre transito pelos seus portas e através os seus territorios de artigos de [Jruducçào ou fabricaçâo extraIlgeira. que procedam de mIl terceiro paiz cam destina a uma ou ouf l'a. Este trafego se farú súmente pelos partos em que ¡lOuva postos fiscaes para mercadorias extrangeiras de tmIlsito. e Sllll internaçâo na naçào de destino effectuar-se-ha pelas rl1fandegas habilitadas para esse fim pelos seus respectivos Governos. Art .. 1. Ao proceder-se a troca das rectificaçàes deste convenio, ambos os Governos farào cam que as suas autoridades adllaneiras rPgulamentem, de commum accôrdo, o procedimento que se de verá seguir para a .'HIadevida execuçào, cuidando de prevenir efficazmenle a introdllcçâo clandestina Oll fraudulenta de mercadoriwi que, par Sll({ origem ou proceden0 0 0 - 86cia, mÏo estejam comprelzendidas nestas eslipulaçóes. A dita reglllamentaçâo deverá ajustar-se dentro dos trinta dias seguintes ao da troca das reelificaçÔes. Art. 5." As duas Altas Partes Contra/anles convieram em que todo o favor, privilegio ou imnwnidade rcferen/e ao commercio, nao capitulados neste Tratado, que actualmente qualquer dellas tenlw já concedido ou que mais tarde conceda a outra naçiio, f"icarâo extensivos á outra parte contratante gratuitamente, se a cow'essâo fôr gratuita, e nas mes mas ou equivalent{>s condiçoes se fôr condicional. Art. G." O presente Tratado começará a vigorar immediatamente depois da troca das ratificaç6es, que se fará l'om a maior breuidade possivel nesta cidade de Asslllnpçâo, fiL'ará em vigor durante de zanrws, considerando-se proJ'ogado por igual lempo se algum dos (;overnos siynalaJ'ios wÏo manifestar ao outro, l'om um anllO de antecedencia." Sob o ponlo de visla economico, é esla a situaçiio resultante, no que interessa ao Brazil: o mate paraguayo livre de qualquer tributaçáo no mercado argentino, exactamente onde mais importante é o consumo desse producto, e o nosso mate paranáens·e, aliás de melhor qualidade, impedido assim de concorrer, quando já triumphava, á legitima pref.erencia da dientella - 87mais numerosa, do commercio mais remunerador. Sou o ponto de vista politico, entretanto, al<flli11acausa resta a dizer, ainda mesmo forb «ando as nossas gmndes ilIusôes continentaes ao sacrifieio extremo de serem confl'Ontadas sem adificio cam a rcalidade tal vez dcsagradavd, mas indiseutivel. O accôrdo de 8 de julho, muito mais positivo que o famoso ABC, por<¡llanto nos apparecc ca.lcado em bases mercantis, nao cm vagos principios juridicos, delata o vigor actual de uma corren te expansionista, observada sempre na historia argentina, pl'illll'Íro como aspiraçâo latente, orientando-se para a gloriosa reconsliluiçao do antigo vicereinado do l'rata, depois coma força economica, unro e outra applicadas aos mesmos fins de hegemonia na America do Sul. ZEBALr.OS foi apenas uma recrudescencia aguda e exasperante, um s)'mploma violento desse estado d'alma nacional, a que nâo se illlpropria de lodo a ruhrica posta cm circulaçào por alguns dentre os nossos publicistas - o pan-argentinismo. Fallou-lhe o sentimento da medida opportuno - le sens de la mesure ---, que a maior potencia nao. <leve esqueccr nas suas rcIaç6es, principalmente cam os seus inimigos, segundo a liçâo e a ,espirito da subtil diplomacia franceza, mas foi e continÚa a ser um representativo, o homem a.rgentino, verdadciro typo de convergencia e preponderancia na 88 America hespanhola, fragmentaria, dispersa. nào raro antagonica, procurando fixaI-a tanto quanto possivel e armar-se cada vez mais pela astucia e pela energia, pela cultura e pela riqueza, contra o immenso bloco da America lusitana, o Brazil, cujo interesse ,estÚ cm defender as nacionalidades que o ccrcam, inclusive o Paraguay, dessa ahsorpçiï:o hostil ao seu cngrandecimento e nefasta para os seus destinos. Fiel ao plano de hegemonía, que lhe vemos esboçado nas proprias origens, a Republica Argentina veiu accentuando tal direcçâo politica desde o cOlUeço do seculo no Uruguay com a alliança dos blancos, no Paraguay com o apoio dos elementos adversos ao Brazil, pois o odio faccioso retribuc dest'arte la nossa generosidade cavalheiresca de vencedores que, após campanha de cinco annos, nâo uSllrparam ao vencido um palmo de terra, nem -delle recebcl'am um peso de indemnizaçâo. A partir de 1910, foi o poder conquistado, no Paraguay, violentamente, pelos nossos inimigos de todas as épocas, e o partido annexista á Repuhlica Argentina, fundado cm Assumpçao ao tempo de ZEJ3ALLOS, teve no brasilophobo GONDRAo seu oraeulo mais prestigioso e ardente. Nâo estaremos longe da verdade, se olharmos o tratado de 8 de julho como a preliminar evidentissima, irrecusavel, de uma annexaçàoespontanea, preparada ha muito pelos - 89-argentinos, que passaram das idéas aos faclos e por uma série de acquisiç6es territories no Paraguay que estreitam os vinculas entre as duas naçôes, ao mesmo tempo que insinuam e eultivam nas massas o espirito de vindicta contra o Brazil. Por outra lado prosegue a obra do expansionismo argentino mediante um systema de vias-ferreas, que vue estendendo as suas linhas a todos os paizcs sul-americanos, fundidas as consideraçôes economicas e as considcraçocs estrategicas no mesmo plano adIlliravcl, comquanto 'envolvente e mais que temeroso para nós. Adquirida a maioria das acçoes da E.~·trada de Ferro Central-Paraguay, o governo argentino custeou o seu prolongamcnto a Encarllacíon, nas margens do Alto P.aranÚ, ligando-a por ferry-boat a Posadas, ande vao ter as linhas eorrientinas; alcançou na dirccçao sul o Baixo Paraná, construindo na linlla cntreriana o trecho de Carbó a Hicuhy, donde 5'e vae cgualmente a Zarate por ferry-boat •. e hoje a distancia de 1.500 kilometros de pcrcurso, en{'re Buenos Aires e Assumpçao, é Voeneida cm 50 horas. Já o trunsandino vae de Buenos Aires a Santiago do Chile cm 48 horas; as linhas 1'erl'cas argentinas seri'io unidas brevemente ás do Uruguay, cujo. hitola é a meSIlla, por meio de uma ponte gigantesca entre Salto e Concor- -90dia; projecta-se ainda o cstabclccimcnto de comllHIIÚcaçoes felTo-viarias entre Buenos Aires {' Lima, capital do PerÚ, tocando cm La Paz, capital da Bolivia. Nâo tardará muito que a juncçiío das linhas fl'rreas m'gentinas-uruguayas d('ixc o Río Grande do Sul mlleaçado ('Ill suas fronteiras por duas faces, cahindo o Cl'llguay na csplwra de influencia cOlllIllereial e politica dos arg('ntinos, como já succedeu ao Paraguay. Que a Liga da Ddcsa Nadonal e o Governo do Brazil, se ha um goyerno brazileiro para asSlllll1>tos dessa na turcza, m~ditem na pcrseverança e nacfficacia cam que a chancellaria de Bucnos Aires tem realizado os seus planos. Facto bio-sodaI, inc\'itavcI como os proprios fados de crescín1;cnto c dec1inio na existencia dos POYOS, cedo ou tarde veremos declarar-se a guerra entre as duas maiores naçôes suI-americanas, a despcito de toda a rhctoriea da nossa cmbaixadu padfista. A Republiea Argentina é o grande inimigo do Brazil, contra o quaI subsist'e alli uma in,"L'ncive! disposiçào aggl'essiva, só ,attenuada pela cortezia internacional, que vae adiando o conflkto para melhor opportunidade. Nao <levemos esquecer. porém, que o Sl1ccessor de YICTORIXO DE LA PLAZA é um radical extl'cmado, um nacionalista à olllran('e e um partidario da guerra contra o Brazil, P, o que é mais, um po- - 91litico com um grande prestigio nas dasses armadas. E, neste momcnto, cmc¡uanto a Argentina se encontra desde Illuito preparada militarlllcnk, continuamos a posslIir 1I1ll excrcito e ullla esquadra impotcntes. o arrogante isolamento argentina, da chancellaria no conflicto europeu, evidencia aínda que a Argentina sào irreductiveis e o Brasil á mesma formula internacional x o dumor universal suscitado pela resoluçáo do GoV'crno <le WilheImstrassc, ameaçando e cnvolvendo na campanha submarina o poder, a honra, a propria vida ('conomica dos neutros, foi sem duvida alguma o facto preponderante da guerra que ha tres annos devasta e cnsanguenta a Europa, lhe confIagra e arruina os paizes mais cultos, mais opulentos, mais fortes. O hloqueio submarino, pela sua extensao, pelo seu arbitrio e pela sua defeza, era uma affrontosa declaraçâo ,de guerra aos povos neu tros, que ameaça<los e aggredidos tinham nos mares - 9-1 - o seu direíto de navegar, a sua propriedadc fluduant(', a existencia do seu eonunercÎo, o prestigio da sua bandeira, a segurança de bcns e vidas que todas as lcis, todas as praxes, todos os usos inicl'nadonacs scmpre distanciaram do eonceito da belligerancia ou apenas submdtel'am a um tratalllento de presa marilimn, julgada por trilmnaes competentes, sem atropellos Hl'Ill cxccssos, qllando se apuravam por fórma inequivoca, insophismuvcl, ccrtas e determinadas condiç<",ies.Na vcl'dade, l'l'a o maior desvarío da força que sc precipita, exasperada, nesse drama de sanguc e de fogo, eliminando todas as da lIsulas, todas as convençoes, todas as bases ande as nacionalidades modernas, instituidos e ratificados ccrtos principios, proeuram assegurm' o cquilibdo e a cocxish>ncia. Da barbaria estratifieada no scioda pl'opria humanidadc irrolllpcram desgraçadamcnt(' os maiores ath'ntados contra o dominio da justiça, da liberdadl' e da civilisaçao, A violaçào de principios juridicos e humanos, cm <Juulquel' momento da historia e elll qualqucr ponto <la terra, nao pódc nem (ksc achar indiff('rente a humanidadc civilisada, sc hem qnc o fumo das batalhas escu!'eoe tanto a limpidez original dos factos. Nccessariamentc para ddeza dos principios que rcforçam e tutclam a ordelll social, todas as conquistas jurídicas e morues, de longe cm longe, requcrcm - 95<los POyOS mais avessos ao militarismo, ao orgulho das armas, á crueza das guerras, os mesmos sacrificios heroicos e as mesmas resoluçues inquebrantaveis. ~o seu desencadeamcnto e na sua fatalidade, com vertiginosa sequencia, os ultimos episodios da gucna submarina haviam marcado aos paizcs americanos o seu 10gaI' entre os que offerccem maior perigo e acarl'dam a somma de extraordinarias responsabilidades. O torpedeamento de navios americanos sem aviso prévio e ultimado barbaramentedcvcria ter produzido, como era de suppor, o protesto collectivo das tres Americas. O Brazil, aos pOllCOS,mÚo grado resistencias ou evasivas, dilaçoes ou manohras officia'cs, cedeu Ú lei de attracçào da belligerancia, que para o incandescente Hueleo europeu faz gravitar satellites coloniacs, á maneinl da Australia e da India, astC'roidcs políticos, a excmplo de Cuba C'do Haiti, o opaco e estC'ril mundo chinC'z, systemas de forças inexpugnavcis como o Japào, inexhauriveis como os Esta,dos Unidos. Fixamos o primeiro momento, cm que o verbo de \Vn.so~ lampejou contra o militarismo prussiano, rcaeccndendo a fi> no direito opprimido, reanimando aos legionarios da ordcm civil e democratica a espcrança, reconstituindo os valores moraes invertidos ou dcsprezados pela J{ullllr dos Junker, dos Rifler. dos pan-germani stas insaciavcis, por mais que se a\'olume a -96tDrrente de sangue, desde a Mediterraneo ao Baltico, desde a Somme á GaliÓa. Traçado já estava o nosso caminho, opinamos entao pela nobre altitude juridica dDs Estados Unidos, reivindicando para todos DS povos a liberdade dos mares, para todos os neutrDs, da parte de um belligerante quasi cm desvarío, o imprescindivel respeito ás fórmulas e convençoes do dil'cita internacional publico. A propria logica da vida impunha uma delimitaçao neccssaria ao poder' exeessivo, marcando-Ihe o seu declinio, e cncontrou-a o poder submarino <la AIlemanha na réplica dos Estados Unidos, immediata, viril, decisiva, senao fulminante, como seria descjavcl para os interesses do mundo nao combatent.e - o mundo que se fórma aos poucos nestc hemispherio sem desmarcadas ambiçôes de supremacía mundial, sem prejuizos, sem odios, sem castas; o mundo que se VHe consolidando, atravez das suas deficiencias ou dissenç6es internas, para trabalhar e florescer na paz, emquanto a Europa, de novo barbarÍzada, retrocede á fe reza dos hunos, á pirataria dos normandos, ao elemento igneo das suas origens guerreiras. A réplica dos Estados Unidos, com CffCitD, traçara a caminho a seguir HOS povos inccrtos ou indefesos, que o fragor de tantos bombardeios e o clarao de tantos incendios apavoram. Na perspectiva bellica deste momento nao ha sÓ urna ruinaria fumegante - 97nem ha só uma enchente de sangue, ande se dcspedaçam, raivosas, no seu orgulho e no seu desespero, grandes potencias e frageis naç6cs. Ha urna força que se levanta como sancçao do direito e se antecipa cam justiça realizada il propria justiça da Historia, dando aos pavos que lutam e aos pavos que soffrcm, mcsmo distantes,as consequcncias horrivcis desse flagello internacional, o espectaculo de uma reivindicaçào magestosa, inabalavel nos fundamentos juridicos, indiscutivd nos propositos civilisadores - a força dos Estados Unidos. Pela vez primeira, cam a solemnidade tragica das horas que vivemos, deanteda Europa conflagrada e barbarisda, como ha um seculo o monroismo cm face da Santa Alliança restauradora de thronos carcomidos ao embate das ideas libera es, a pan-amcricanismo teve umasignificaçáo economica neste hemispherio. Nada mais digno, mais nobre, mais justo, e ao m'csmo tempo mais aconsdhado pelos nossos interesses vitaes, que o solidarismo continental, fortalecendo por todos os meios possiveis a acçâo dos Estados Unidos, quando os Estados Unidos rcivindicavam a liberdadc do trafego marítimo, a segurança pessoal dos neutros, o direito firmado pelos usos e pelas convençocs Ínternaciouaes contra um bloqueio illimitado, injuridico, inacceítavel, tao aggressivo para a nossa fortuna e para a nossa existcn- - uscia, imponùo-Iws todos os riscos de um verùadeiro estado dl' guerra, como para os que se bakm nas fileiras inimigas da Allemanhu. Bem haja o Governo brazileiro por huvcr comprehendido a situaçào e. logo depois da grande potencia americana formulado a certeza do seu protesto. Sejam quaes forem as objecçÔes e as criticas dos apaixonados, inquestionavel parece que il attitude officiaI do Brazil nào poderiamos exigir mais sensa tez e efficiencia, mais dignidade ,(' acerto. Antes do estado de guerra, o Go\'erno prolestou contra a desmedidaextensi'ío do bloqucio, pelo quaI vemos clausurados os mares, ((uando a zona internacional daquelle aelo foi semprc reslricta, limitada a portos, bahias, extensoes lilloraof'as que é possive! tornar effl'ctiva e permanentement'c inaccessivcis. O Gov('rno fez sentir ao da ).Jlcmanha a impossibilidade e él iniquidaoe do seu aelo: impossihilidade, por lile escassearelll ao poder naval, accrescido cmhora cIe e1emcntos submarinos, forças que ao meSlllo tempo sejam isoladoras e inexpugnavds, dissociando a Inglaterra, a França e a Italia do mundo transoceanico; iniquidadc, por trazer aos paizes neutros a sua disposiçâo aggressiva (' bellicosa, torpedeando navios sem aviso prévio, condemnando {t morte passageiros e tripulantes que vja.iam sob él prolecçùo de uma bandeira nmiga. Finalmenl<:>, a Gover- no, ao rcsal\'ar na linguagem cortez, no usa de exprcssoes moderadas e protocollarcs, qualquel' impertinencia ou intimativa, dcixou Ú Allcmanha a responsabilidade unilateral de actos superVCIÜentcs, que a pretexto de bloqueio submarino lesassem a propriedadc ou a pessoa de subditos brazileiros. Sem exaggeros c leviandades, porlanto, mas irreprehensivcl na sua decisào, a chanccllaria brazilcira soube corresponder ao appello dos Estados Unidos com presteza e cordialidade, manifestando cm semelhante conjectura a cspirita que pÔde conciliar num ponto de visla americano as tradiçoes e as circumstancias nacionnes. Por certo, os Estados Vnidos nào aguardavam dos paizes contincntaes uma solidariedade politica e moral, que se traduzisse de outra fórma, emquanto o desdobramento de successos posteriores nao tornasse mais incandescente e ameaçadora a situaçâo. Dava o 13ra%il, dest'arte, Ús outras naçôes latino-americanas, um exemplo de orientaçáo nobremente solidaria cam a palavra de Washington, sem affectar o nacionalismo, intangivcl na csphera dos seus ideaes, como das suas exigencias, e, para nós brazileiros, como para os demais pavos neutros, Olltra nào poderia ser a altitude internacional. Nao queremos indagar, deixando a outros cssa tarefa pouco desejavcl e cortez, o grÚa de - 100 - sensibilidade internacional ou de agudeza mercantil das naçóes que soffrem com paciencia christâ, raro descontinuada em algum inexpressivo e amorpho protesto, o aniquilamento dus suas frotas e o desrcspeito, ou mclhor, o ultrage á sua bandeira. O Governo da Republica Argentina, infelizmente, quebrou este possivel accôrdo pan-americano, cm face do attcntado que se desenha contra a n08sa propricdade fluctuante nos mares, o nosso commum direito de nuV'cgar. Foi seu primeiro movimento isolarse de todo no aggregado continental, assoalhando para logo, com inesperada ostentaçáo, a independencia de um criterio alhcio aos Estados Unidos, senao hostil il correntc provocada pela consulta de ashington. Mais do que reserva, transpareceu desde logo nessa discordancia politica de Buenos Aires urna sorte ,de antipathia e suspeiçâo, contJ'astando o cmpenho brazileiro e norte-americano, desde BLAINE, cm associaI' as tres AInericas - saxonia, portugucza e hespanhola num bloco internacional, capaz de restabelecer o equilibrio ao velho mundo, para actualisaI' a phrase de CARNING, sempre que assim o exigisse a composiçáo dos nossos reciprocos interesses ou a permanencia das normas essenciaes, crystallizadas em usos irrevogaveis pelo antigo direitodas gentes. Oeste rumo traçado por generosos pcnsamentos e fratcrnaes desi- "r - 101 - gnios achou mclhor desviar-se a chancellariu de Buenos Aires, declarando cam estrepito a fallencia do pan~~ullericanismo, talvcz cam a intuito seCl'eto de ,se constituir um centro de gravitaçâo para a Aallcrica hespanhola, nao senda outra, aliÜs, a tendencia do espirito argentino, desde ,a pro posta unificadora de SA~ MARTIN, que BOLIVAR tao francamente repelliu, num gesto decisivo da sua heroica individualidade. Se a pan-americanismo falliu, ainda mais a tentativa romanesca do A B e, verificando-se que entre Argentina e Brazil, nomeadamente com a Sr. IRIGOYEl'; no governo, ,só existe uma tendencia analoga a de serem os dous paizes irreductiveis á mesma fórmula internacional. Dcixal-a cam a seu arrogante isolamcnto e a sua idéa fixa de hegemonia na America do Sul ... Aconstellaçâo norte-americana, tornando a irradiar o fulgor ct,erno do direito sobre a tempestade, como na época de MONROE, allumia o roteiro aos povos latino-americanos, que cvoluiram conjunctamente para a liberdade e para a soberania. BANCO DE LA REP JauOTfiCA LUIS- ,UBl/CA Âl'/Gh 4RANGO A harmonía dos interesses argentinos e germanícos na politica do Brasil XI Considerando, por outra laoo, a poslçao internacional da Republica Argentina no conflicto curopeu, tao approximada hoje da Allcmanha que se prestou ao manejo da fracassada conferencia oos neutros slIl-anlerÏcanos CIll Buenos Aires, nao temos ouvida sobre o alcance e a gravidade politica 00 momento, qlle a consciencia nacional precisa encarar, face a face, sem tergivcrsaçôes e sem illusoes. Na slla louca ambiçao, nao vacilla a Argentina em recorrer a expedientes tortuosos e processas eSCllSOS,para consolidar a sua politica aggressiva, ameaçadora, perigosa, e a sua historia, feita de cÏumc e ambiçâo, pontilahad:l. de perfidia e de insidia, diz nao ser -esta a primeira vez que assim procede. Inimiga irn'conciliavcl e ostensiva do TIrail, a rcpublica do pavilh50 ccrule'ü, julga vêr na Allcmanha um - 104 - apolO effedivo contra nós, que pretende obrigaI' il cess6cs de territorios ou a permittir-IhC' a expansào a seu modo de sua influencia economica. Por sua vez, a Allemanha, despeitada l'om a nossa attitude resoluta e digna, v~deu-sc da animosida<k l'om que nos honraIll os nossos visinhos l'om o proposi to de IJiTlgur-sf'. tanto mais que, como é sabido, a aI1lH'xaçào dos territorios do Brazil meridional tinha sido 1'01'mahncnk prevista, no caso de uma guerra victoriosa. Tudo faz l'l'el' na existencia de UIll pacto occuIto de natureza offensiva entre ambos, o que, aliás, nilo nos surprehende, porque, jÚ em 3 de :\ovcmbro de lX27, DOHHEGO. governador da PI'ovincia de Buenos Aires, assignava um tratado secreto com o rl'})l·ps.entanll' das tropas allelllàes, ao serviço do Imperio, para tornarem indPJH'ndente a provincia de Santa Catharina. A I)J'Oposito das relaçÔes ('ntr(' a Argentina e a AIIemanha, nest(' monH'nto C111que o mundo eÏvilisado combate p('10 direito contra a força céga do grande Imll-erio, n~io é demasiado transcrevcr aqui o texto do tratado assignado por DORREGo: "1." . .:ls tropas al/pmas obaIl(/OTlarÛo o scrviço do Bra:::il para Lomar (} da Uf'pllblica .41'fJf'TlLiTw. pm classe f'm ql1P firariio inlr>iramenfp indp¡JpJl(/(>nfes (' liIJrps. com jllrisdicçcio mililor cí }larle e /lm chefe de Sila escolf¡a que os com- mandará entender. 103-- e organi::al'({ da {Ôl'lll<l que lllellln!' 2.° -- Cum ordem préuia do encarregado da direcçâo da gll('/,ra, as troj)(ls allemâps se I'j}()deI'tlrâo e farâo a OCCllf)(lçào da ilha e provincia de Sanla Cat/wrina, abolindo o I'egimen imperial e .mbstituindo-o pdo de repllblic(I indppcndente, cujo I'Pconhecimcl/to o gOI}('rl/u arflCl/lino deverá diriuir. 3." - - No ('aso em que a it1sul'/'eiçâo niío len/HL echo no 13/'azil, o goual!o argenlillo se ('omprolllelle a il/d(,lllnisar aus allemûes d I'a"liu de 300.000 pcsus ouru, pruporcionalmcnte, por cada mil individllos que chegllem á UC/JIlblico, Oll, mc/hor, 1;>0, (lOO pesus e meia ll'Ul/fl de ('ampo a cada individuo, nas mesmas ('ondiçùes, que obtcl//wm a terra publi('a dos {il/lOs do paiz, devcndo corre.çfJOnder em qualql/a dos dois casos, quatro tantos da parle d(~ l/m suldado â dos alteres, oilo â dos lel/entes, dp.::eseis â do.ç ('((pitáes, uinie á dos majores, villte e qwdro á dos tenenles-curoncis c vinie e oilo á dos ('oronei.ç. 4,° -- O gouerno argentino se l'esponsabiliza pUl' todos os yastos da emp]'(~za, {ornae os soldos das tropas, provisi)cs, apr'lrechos, I1wl/içoes e a.ç SOlll/1WS l/I?ces.çaria.ç ás opcl'açiJcs militares. ;¡,o - - U('conhpt'c-se o SI' . .\:-\'1'0:>';10 :\hIlTI;l;'S .JJIY~J comu 'L'Ilcarrl'gado de negocios do ('O/'fJO - 106 - de al/emcles junto ao govreno argenlino e em Sf> referir ao objecto da expediçÛo, e o Sr. BA WER como director immediato ali, c, por seUl vez, agente diplomatico para offerecer a paz aos habitantes de Santa Callwrina." tu do que Dest'arte, é indubílavcl que os allemàes, mestrcs na intriga, como fizeram por toda parle, começam a instigar naqudlc paiz o anlibraz¡¡f'Írismo, tao gen<>ralisado 'cm todas as camadas sociaes, e a primeira consequencia visivel desta perigosa campanha é a publicaçào do folheto Nuestra Guara, em que a ponto de vista dominante se traduz pda harmonia dos interesses allemâes e argentinos na politica do Brazil. "Aas nossos olhos, cscreyc PEDRO DE CORDOBA, se desfazem a Russia e a China: presentimos o desmemhramento do imperio britannieo, a euja solidez esla guerra serÚ ('erlamente fatal; qucm a examinou por dentro, como nós, eonhcce a fraqueza organica desse gigantesco nosso vi.~inJ¡o,que nos pretende submetter il sua tutella,e nuo resolveremos unirnos para a defesa commum ,e tumbem para disputar os fragmentas delle aD robuslo alcovitciro (Estados Unidos) que astutamente mer('adeja com clIc amizadc e proteeçiio, mas que na realidade a ,explora. Aa mesmo lempo que assistimos Ú derrocada dos collossos (Iei a que () Brazil náoescapará), contemplÚmos assombradas o maravilhoso csforço da .Allcmanha e --- lOi -da Austria, eomprimidas 110c(~Illro de 1I111 continente. para constituircl11 a Europa Central, e abrirem ('amill/w pa!'a () mlllldo a[r(l/Je: do lIlU!' immenso, que a Inglaterra dominava e ccrrava a ioda actividade que podesse oppor-sl' ;'¡ sua, Sigamos este exemplo: agrupemo-nos." Tal é a primeira consequencia da acçào gerl1lanica na Republíca Argentina c, quanto Ù segunda, a guerra com todos os seus perigos e todas as suas responsahilidades, nilo estamos l11uito longe della, nC\'l'ndo encarar placidamente a horizonte (' aprestar-nos para o instante da procella que ahí vem. A preparaçâo militar argentina sempre teve por objectivo a guerra corn o Brasil XII o traço caracteristico da politica fillanceira argentina, nestes ullilllos annos, é a augmento sempre crescente, febril e ruinoso das dcspezas relativas Ú prrparaçào militar do paiz, sou ]H'clexto de possiveis aggressoes por parte do Brazil, supportando () pOYO Lados os pesados encargos decorren tes dessa ,,·esania como um sacrificio rH'ccssario. Nào (' a Chile que obriga a Argentina a esse formidavd esforço, no meio de deficil:; pavorosos, no sentido de conquistar a supremacia militar no continenlc sul-americano: a sua bille noir (' o Brazil. Baja vista ([IH" l'Ill H}()2, ([uando a qucshio chilena se aclHlva CIll sua phase mais critica (' a guerra paf'ccia inrvitavcI, o orçamento oa guerra C marinha, conjullctamenLc, nao cxcedia de --- 110 -32.000.000 pe~os papel. Evitado o conflicto armado com o Chile, e reinando a tranquillidade e a paz por toda a parte, os gastos rniIitar~s continuum numa marcha ascendente, :avolumando consideravelmente os seus orçarnentos, pois, cm 1~)()!I,o cx:ercito consumiu 22.500.000 c a murinha HL500.000, ou sejam 39.000.000, (" cm 1!H1, o primcil'o attingc a 2;').196.000 e segundo somma HUlO8.000 ou sejam 44.80,1.000. Ainda cm 1HU, o orçumentoda guerra e marinhu, conjunctamente, somma 60.521.124, Siendo ~m.H87.H)9 para o cxercito e 29.533.955 para a marinha, sem con lar 6.150.000 para acquisiç()es militares no cxtrangciro, 5.000.000 para a constrllcçào de aquarteUamcntos e 10.828.546 para pagamento de pensóes militares e soldos a reformados, o que tudo somma 82.499.670 pesos papel. Em 1!H6, o orçamcnlo da guerra é fixado cm 28.33 t.;,)56 (' o da marinha em 28.98:5.250, ou sejam :52.:H9.800, que, accrescidos de 1.808.940 para acquisiçôes militares e 14.2iiO.OOOpara pensôes e reformas, somma G8.378.740. Afinal, cm 1917, as despczas l'om o exc>rcÎto e a marinha suo fixadas cm 2G.o;)!).327 e 22.121.033, respcctivamente, exduidas as despezas l'om as pensôes a reformados. Ainda esla dcmonstraçao, que por si só v.ale como lIm aviso alerrorisador, nào revela completamente -a realidade. De facto, por enor- ° 111 . mes que scj~m as despezas militares e na"al's consignadas nos orçal11cnlos ordinarios da Argentina, temas as sommas fabulosas dislw.ndidas cam as constrllcçóes militares, aequísiçâo de navíos 'e compra de matcrial hellico no l'Xtrangeiro. No periodo de 188\) a 1BO:~,nos preparativos da guerra com a Chile, l'ssas d('spezas .atUngiram u 65.000.000 pesos ouro e em 1908 a 1916 elevaralll-sc a Hl.3n7.:~~m pesos aura. As despezas extraordinarias votadas no ultimo periodo sâo assim descriminadas l'Ill pesos ouro: Exercito: Acquisiçào de armamentos Construcçoes militares . . 22.2,10. aoo 5 . H<Jï . :H~O . . ;'2 . :300. 000 Marinha: Acquisiçào de navios Porto militar de Bahia Blanca 1O.~0().OflO somma esla que, converlida l'Ill morda brazilcira, ao cambio de 1G d., represcnta ti quan1ia de Rs. 274.192:140$000. A muioria dC'sscs gastos foram ,cffcctuados cm "irlude das leis ns. 6.283, de 17 de dC'zembro de 1008, (' G.19~, -- 112 --de 2\1 de sclembro (k ln09, pdas qua0s o go\'l'rno l'icou autorizado a dispendl'r, l'Ill uilo annuidades, a COl\l'l'çm' ('m 1!)10, {)1.0HS.8;")2 I)('SOS papel. Ao cabo, ('ssas cifras anlItadas, que o Gon'l'no Argentino destino u Ú preparaçào militar do paiz, d:io uma idl'a approximada do perigo <JuC'dcnunciamos. Sabemos, pori'm, que desp('zas ha figurando nos quadl'Os das despezas de oulros ministerios que n:io os da guerra l' da marinha coutras sÙo pagas ("om sobras das reccitas geraes ou mediante llutorisaçocs Sl'lTetas votadas pelo Consdho de Ministl·os (ac/U'l'dos de qabinde). As eonstrucçoes (f(> aquartcllamcnto, por eXl'lllplo, S~\Oparte integrante do Orç311lCnto da faz('nda, alinhando-se l'lttr(' as cifras da divida puhlica, por Sl'rcm cust('udas por titulos (If' !) ~-~ de .Îuros annuacs e amortisaçào de 1 o,{. Tamhem as pensoes, rt'formados, ('te., (' hem assim a acquisiçiïo de material no -l'xtrangeiro formam os capitulos .J e K do ol'çanH'nto geral da naçilo. O <{ue S0 pat(·nleia, todavia, (, que o augmento progr('ssivo das desp('zas militares é um facto positivo na evoluçâo financcira da Argentina, porque se reproduz todos os al1nos com a mesma constancia dos ph-enomenos naturaes. O cxercito argentino. que se l'OIllPÔ(' de hatalhÔes de linha, guarda naeil'nal (' l'eserya territorial, possuC' aelunlmenl-(' 11l11<lorganisaçào effïl'Ïl'lltl'. () effl'l'li\"o foi tïx;l<lo elll Officiaes activos Praças dl' l'l'el Cavallos do Pl' dl' paz, C'111lml, · . . . 1.~üO 2:~ . OO() ~.;)()O IHlO Sl' tl'ndo ('Ill t;onta os funl'l'ionarÍos militares de todas as repartiç(¡es, operarios dos ars('11[I('S,ele. Todo dle, ali'lll da instnH.:çùo let:hníea que rel'ebcu de instruclores allemàl's durank muilos annos, enl'ontra-se hC'm armado. A partir de 1!l12, graças :í Ici n. ~. 120, dl' 1:> de julho de 1!H 1, ohrado Presidente S.\E~Z PEÑA, que dl'tel'minou um novo alistanwnto gel'al de todos os cidadÜos nati\'os (' naturalisados, a situaçào mili lar da Arg('ntina melhol'OU considcravcllllenk. Confol'llw o I'datol'io do Minislro da Guerrn, corrcspol1d('nll' au pcriodo de 1!H1-1!112. o alislanH'nlo gel'al attingiu a 1.025.111 ddadàos no paiz e a 4.·HR nos consulados IlO 'l'xtrangeiro. Em 1\)11, o numero de alislados foi de 1.1 Î:i .000 l'ida(liíos. l'om C'xdusiio dos maiores de ,J5 annos e os de 18 a 20 annos, que nào C'stùo sujeitos ao serviço lllilitaI'. De 1869, dala elll que roi estabekcído o scrviço mililar ohrigalorio, a 18\);3, o nUI1H'rO (feo recrutas instruidos nas fiJ,eiras do exel'cito activo foi consideravel, pois, alistaram-se 801.9H-! cidadàos e foram incol'porados 26ô.ô39, 11 I C', accrescentando-se Ú lista dos instruidos o numero cie 100.000 voluntarios, no mínimo, que l'nlnll';)m nas filciras do exercito nos l!I annos att" U)1;), o numero dos primeiros excederÚ de :\30.000. Heslllnindo, os recursos totaes de homeBs na Hepublica Argentina, sujcitos ao serviço das armas, como affirma o primeiro teBente GE~SEBICO DE YASCO~r.ELLOS, alcançam 11 801.004, dos quaes l'l'l'ca de 350.000 instruidos, sendo qlle o effl'ctivo do quadro activo dos officiacs combatcntes Ó de 1.()81 e o de officiaes de reserva t'~de ;'.000. No dizer do illustre officiaI do nURSOcxcrcito GENSEBICO DE YASCO:-:CELLOS, (Argentina Militar e Naval, pg. 348), o maximo esforço militar de que é capaz a Rcpublica Argentina, cam as :> divisoes activas. :> de sl'gunda linha (' 2 divisoes de cavaJlaria, Ó a organisaçâo de dois Oll tres pequ('nos ('xercÍtos, podendo o erfectivo total ser assim r('prescntado: M,·trn· 1 lLlCHI'noS Exettci lo ln linha EXCl'cito 2" linha Ca\'~\l1()~ ('HIl 'IÙ~)S lhndoras ùe .. de .. 120.000 IOO.nOn -. ---,-.- - -- 220.000 ~a \'crda(h', o valor - m.m;; :í-lO 72 ·1;-).noo ;3(j(l (iO HOO 1:\2 . -- - --.- ~ 112.07;-) dos ex l'rcitos argenti- -- - 11;') -nos talvcz nao consista no numero dl' slIas forças, que, na America do Sul, se aprcscnla coma um poder offcnsivo de primeira orrlem, mas, na sua cffiÓencia technica, devcndo assignalar aqui que, em caso de guerra, ser-lhe-à possivd armar 1.000.000 de homcns, que lhe fornl'eerÚ a serviço militar pcssoal e abriga torio. i\o ponto de vista naval, a Argentina apparece aos al has dos entendidos como tima força tào respdtavcI quanta o seu excrcito, (', portanta, ~apaz de nos infligir perdas incalculaveis, no estado actual do paiz, desapparelhado para a guerra, apesar de nossas forles, nossas minas e nossos submarinos. Depois da guerra da Independencia e a de 18~)5,a marillha argentina quasi havia desapparecido e na campanha contI' a Pamguay, cm que cmpregamos urna poderosa esquadra, possuia apenas um transporte scm valor militar, a Guardia Nacional, mas, no decurso dos annos nào se descuidoll a Argentina de seu problema naval, até dotar a naçüo dl' uma esquadm assaz importante. O Presidente SAR:\IIENTO, em 1874, l'ealisa o primeiro progrannna naval, que consistiu na conslrucçào do arsenal de ZÚrate e na ac([uisiçao de uma pequena frota de monitorcs, bomhardei ros e avisos. O conflicto cam o Chile, cm 1!J02, apl'CSSOll a construcçiio do parla militar de Bahia Blanca e a organisaçào de uma esquadra homogenea composta dl' ,1 cr~lzadores -- 116 couraçados, :~ protegidos, 2 guarda-costas, ·1 destroyers, :~ transportes e 10 torpcdeiras. Por filll, 'l'Ill 1908, a esquadra até cnl<io existente é consideravclmentc augmentada COIll a ac<[uisiç:.io dc :~ dreadnoughts, 17 destl'oy('rs e dinTsos Ilavios auxiliares, ali~m de outros recursos de defesa. ~estl' momento, ao que pal'CCP,o alto commando naval trata de adquirir () subIllcrsivcis dos ultimos mo(lPlos (' IllOdernisa varios navios el11 serviço. A esquadra argentina, presentemente, e rcpresentada pelas scguintes unidades: 2 Couraçados CruzadOl'cs couraçados 2 Cruza dores 2 Guarda-costas ;) .:'\avios-cscolas 2 ;V[onÏtores 1 Cruzador-torpcdeira 1 Caça-torpedcira ï Destroyers K Torpcdeiras (j A. visos 10 Transportes -I ..•. ' . (l'¡Vel·SOS ."anos , !) Rebocadorcs . . . . . . . . . . ) l '. . r j :r,. 880 27. :WO K.:tW 2.110 12 .1:~O :~.OïO 1.070 706 ,1.820 615 3:l.llO0 Rcsumindo, 117 kmos: Cuslo tolal Tonelagcm Ca n)¡ i)cs , Tripl1la~~ào sem offkiaes :L 10.ïïô.71O L,)Ci. ()!lO -l();~ ~.O(iO ~inguclll ignora <¡ue as eslradas de ferro conslÏluelll UIll den1l'nlo imprescindivcl Ú 01'ganisaçào da dl'feza nacional e aimla ¡la guerra actual eslamos w'11(lo o papel proeminen le Ilue represen lam com dccisi va in flucncia ¡la movimcnlaçào de forças ou no abas1('cÏmento dos grandes exercilos. A Argcntina leve a inluiçâo da parle imporlanlissima quc excrecm as l'stradas de ferro na gucna e, ¡)l'l'vista a possibilidade de Il'!' de comlmtcr nas trcs fronteiras, cstabcleccu um systcma felToviario que Ihe pennilte effectuaI' para lIualquel' uma dellas uma rapida lllobi¡isaçao ou unlll conücntraçiío de todas as suas fon:as, tendoo S('U plano sido favorecido pdo seu espantoso desen\'olvilllcnto cconomko e pela natureza excepcional de Sleu solo pOUl'O accidenlado. 'l'udo prcparou l'om eSllltTO, intelligcnda e admiran'l I)}'cvidencia, nCIlhum paiz sulanH'¡'ic:lno estando ml'lhol' appardhado do qlle cIJa nesta materia, J>ois occupa na America do Sul o primciro logr elll extcnsâo de linhas, () I('rcciro cm todo o contincnte alll'l'rÍt:ano (' o sexto do Illundo. --.- 118 A Republica Argentina, corn urna superficie de 2.950.520 kilometros quadrados, em 1915, possuia já 35.500 kilomctros cm liuhas ferro-viarias, scndo 6.000 kilomctros pertenccnles :í empresas nacionaes e 29.500 á companhias extrangeiras, e o valor dessas estradas de ferro representa para as linhas naeionaes a importancia de 11.262:000$000 e 125.763:000$000 para as extrangeiras, cm moedu nacional. Foi l'Ill 18;")-1 que o gov,erno argentino conceden a prinwiru linha ferrea, a partir de Buenos Aires para Oeste, nacxtensao de 24.000 varas, lenùoem 18:)7 sido entregues ao trufego os primeiros 10 kilometros e, depois dessa data, o movimento de construcçao ùc caminhos de fl'n'o lia Argentina desenvoh'eu...sc corn extraordinaria rapidez, a tal ponto que, cm 1914, possuia 3L 4:37 kilomctros cm trafego, sendo este o resultado da exploraçao de 1857 a 1914, segundo dados que nos fornece o livro Argentina Xaval e l/iliiar do nosso patricio tenente GE:-;SEHlCO DE y.\SCO~CELLOS: K;'¡ometro~ 11\:>7 1867 1877 1887 1897 1 !)07 . o ••••••••• '" . o ••••••••••••••••••••• . . 10 573 2.231 6.689 14.7!l5 22. 126 · - uv .1!}OS 1 . 2:~.711 non . 1 Ç)14 . 2l.781 :31.437 A Argentina, cm 31 de dezembro de 1914, possuia 3·• .437 kilometros de estradas de ferro, com a capacidadc de 1.8~)(1.;);)Ç) toneladas e o scguinte matprial rodante: LoconlOtivas YagÔes de passagciros Yagües de baga gens Yag<>es dl' gado e cereaes . oo, •••••• • . . 3.416 :L117 2.751 7.73,1 Todas essas Jinhas fl'n'cas foram construidas conforme um plano de l'onjuncto cxtremamente coherente e apropriado Ú fins estrategicos, él que nào foi estranho o Estado-Maior, e respon<l(Tào rapidamente ao appello gcral que lançaI' o gOVCrIlOpara o cstado de preparaçào indispcnsuvel nÜo sÓ para prover as eventualidades' imminentcs, mas para tudo quanto vl'nIla n SPI' possivel num dado momento. Nesta, coma em varias outras qucst<les cm inlÍma conncxao l'om a preparo da defcza nacional, os nossos visinhos tudo prcvil'am para que no menor espaça de tempo os seus cxercilos possam mover-se S'cm atropellos. De facto, se cxaminarmos a mappa ferroviario da Argentina, notaremos, antes de tudo, 120como foi intelligentemente estahclecida a distriblliç:io de seus tres systemas de caminhos de ferro, permillindo-lhe, l~m ,qualquer de suas fronteiras, I'calisar l'om facilidade u mohilisaçào ou concentraçâo de suas tropas. ~a fronleira do Nordeste, ao longo do l;ruguay, a OpCraçùo far-sc-ha l'om mais rapidez, e pÓde applicar 204 locomolivas, 1Si carros de passagciros, 105 vagiks de hagagens, 4H3 carros de animaes e cargas COOl uma capacidade de Hl, 026 toneladas, que sâo os recursos das linhas das provincias de Corrientes e Entre-Hios (bitola de 1111A;~5), auxiliada ,essa opcraçào pelas duas 'cxc:cJlcntcs l:yias .fluviaes- \do la1>r:.I11:'1 'l' l'rllguay, Tudo indica, pois, como acabamos de ver atrav('z do cscorço historico qu eemprehende1Il0S e da politiea financcira argentina, baseados soh,'e fados positivos, que toda a pl'cparaçâo da Republica Argentina se propÜe a est~ objectiva: e.~m(lg(lr o Brazil, 'e, o que mais é, a Argentina quel' escolher u SlUl propria opportunidade para desfechar o seu golpe feroz (' traiçoeiro. Durante élllnos, durant't' quasi todo o periodo de sua independencia politiea em que tem alimentado lIm odio violento, mal con ti do, pelos nossosdesignios de concordia e os 110SS0Spropositos de progrl'sso, tem mais de lIllla vez nos desafiado e, apoiado hoje no seu systema militar organisado segundo os princi- -- 121 -pios sdl'ntifkos (' as idi'as pl'USSianHs, nâo lwsitará 'cm IIOS atacar. ZEBALLOS ou PEIlI\O m-: COnDOIL\, proclamando quc a guerra contra o Brazil é uma necessidadc historica, l//ll faelo inevifavel. -exprime, na verdalle, com toda a força persuasiva, o penSHnH'nto do po\'o argentino, de seus leaders e de seus dirig·cntes. A fÓrmula do ingenuo SAE1':Z PE~Ado fl/do nos lllW. liada nos separa, repetimos, é o symholo de uma doutrina que nunca cncontrOl! eco no coraçào dos nossos valentes visillhos - - i~uma vii aSJ>iraçào. Indice da potencialidade economica, financeira e commercial da Argentina XIII Além de sua prcparaçào militar e de sua excellen te rède f erro-viaria, é pl'ecÏso nunca esqucecr que os recursos economicos da Argentina, cujo progressa material é resultado de um esforço intelligente 1.' febril, permítlem, fadlitam e ineÏtam a sua polilica de guerl'a contra o Brazil, e, embora rapidamente, podemos fornecer algumas indicaçóes sobre a sua potencialidade cconomica e finanecira, valcndonos dos dadas esta tisticos mais l'l'l'PU tes e authenticos. A Úrea cultivada do territorio argentino, que é de tres milhùes de kilometros quadrados, em 1916, era representada por 24.259" 650 hectares, contra l-t.612.792 cm 190G, assim repa¡"ti oos: 121 - Trigo Linho Milho Alfafa ' Totaes 1901i 1916 . . . . 5.759.987 6.645.000 1.Ü1n.000 . 14.612.7H2 tendo sido () segllintc 1 . :m1 .4()7 2.719.250 4.017.850 .•. G04 .400 1.129.07R 24.27l9.H50 o yalOl' das coIlH'itas, ('Ill pesos ollro: I!JI)(; Trigo Linho Milho . . . 107.595.000 28. 2:l8 .000 100.010.000 A veía . 1.728.000 Totaes 1!) J 6 24:1. 1:~7.000 5:~.750.000 178.251.000 2:3. 05!} . 000 237.571.000198.1 verificando um augmento 2GO. 62G. 000 pesos ouro. !}7 . 000 nesses dl'Z annos de A estatistica do gado existente cm 1917, clIjo valo!' nao <levc apenas ser considerado pela quantidade, mas, principalmente, pela qualidadt·, t' !'epresentada l)l'las segllintes cifras: - -- 125 -Gado Bovinos Ovinos Equinos MlIares Asininos Cu\winos SlIinos . . . . . . . Tola(·s .... existcllte Valor::: m/n :~O.000 .(l00 2.230.000.000 480.000.000 80.000.000 270.000.000 9.000.000 17.:)20.000 ;'84.000 6.900.000 :l45 . 000 4.554.000 n.128.000 :l.200 .000 80.000.000 127,6\)3.000 :L113.548.000 o commcrcio exlerior lem, ncstes ulLimos tempos, adquirido um desenvolvimenlo prodigioso, verificando-se que, sohre o periodo de 1fl07 a HIll, emquanto a imporlaçào diminlliu de 5ü.2íH.405 pesos ouro, a exporlaçao augmcntoll de 581. 9-15. n:{ pesos ouro, sendo esse augmenta de 34 o.~, l'omo se verÚ: Ql1illf]llCllllio dc l!lOi--lt Importaçiio Exporlaçào . . Quill(¡.lICllllio dc 1912-- Hi 1.:ï80.170.8:ïô 1 . 52:~ . Rfll .4:> 1 1. 75(i. 883.831 2.341.829.534 ~o pel'Ïodo de 1907 a 1911, por exemplo, a cstatistica commercial argentina aprescnta os scgllintcs resultados, figurando o seu commcrcio no tcrceiro lugar, depois dos Eslados Cnidos (' do CanndÚ: --- 126 -- ]IOO9AZ .•.•.•.•.••••...•••.•••••.•. :,' 5.541;.106 V<' ".712.489 ]9U9 ••............. :,.A84.~(J5 1910 ...•........•. , 6.0GO.A2:l 1911 .•........... 6.2".¿.<iH¡ HI12 ...•.•...•... 6.67:l.7~1 191:1.•............ 1;.881 :lll 1\J14 ...•.•..••.•.. 7.704 :¡96 ________ L ?85.860.f,8:1! 26~.1l!¡.70:): 302 7:,a.09:>: ;¡:,¡ :;70.6;'1;' :166.810.1)8(,' 384.853.4f,o' 421.::b2.:>42: 3UO.OOU.UUU, i .__ .__ .__ ?%"204.:1'~! :187.\?~.9A3, :19ï.l!13.6AO¡ :l'2.3'~.:l50¡ 4:1:0·\ ••~.,~71 ..:.;_ ..:.l,81.): .' .v 483 :'04.5t7~ :\:,0.000.000, ... _, í + 10.343.61'<> ll\l.:{IO.278 94."37.585 ~O 608.6:14 "2.113.148 :'5.:,:17.;~6 6'1.15'2.('0:, GO.COO.COO -' __ A sua prosperidade crcsce cada dia de modo assombroso, concorrcndo as suas duas principaes fontes de riqueza, que sào a pecuaria e a agricultura, para a sua cxportaçâo. como se segue, no periodo de 1905 a 19B: Pecuaria AlIlIOS 1905 1906 1907 1908 1909 1911 1912 1913 1914 . . . . . . . . '" 141.042.9X6 124 . 136 .1:3!) 123.820.205 115.118.457 153. !H8 . 356 ..\¡¡l'icultura 170.235.235 157.65·1. ()92 164.091.621 241.677 .164 230.503.996 168.394.733 139.7ti4.386 188.215.956 165.800.139 110.000.000 278.186.572 311 .885 ..079 230.000.000 o commercio exterior relativo á ll10cda ouro accnsa tambem um ll1ovimcnto notavel. .-- 127 :\ estes ultimas lrinla guintes resultados: annos aprCSl'l1 ta os sc- 1II1portaçîlO Dcccnoio; 1886/95 1896/05 . . 1906 I1G . Expol'taç:lo 122.479.022 121.510.01:i 293.974.0·13 Totacs 537.963.378 ü5.5ï2.750 21 .993. 291 87.0:m.484 17-t.603.52f> verificando-se, nesses Jlcriodos, UIlI saldo dl' :l63. 357 . 85:l pesos aura. A Argen tina paga ao extrangeiro os seus compromissos nacionaes e particulares com esse saldo, e, desde alguIlI tempo, começou a accllIllular reservas mctallieas, producto da cconomia de seus habitantes, como se verifica pelo movimento da Caixa de Conversâo: Annos Dcpo:;itos 1903 1904 . . 1905 ....•..................... 1906 1907 IgOR ' . . . 1!}()9 1910 1913 1914 . ' " . . . 38.241.1-17 50 . 341. ()38 HO.152.048 102. 7in .01-1 105.113.871 12G.721.723 172.!500.000 185.944.;;85 2:l3. 1!)7. 7Hi 22·1. ;l28 . OO() -- 123 __ o As "('SlTyaS metallicas da Argentina, l'Ill nwio de 1915, por exemplo, fazendo-se um calculo grosso modo, no quaI se reuna ao deposito ouro na Caixa de CO/lyersào o ouro depositado lias LegaçÔes cie Lonclres e de \Vashington, e exduida a mocda da mesilla especie existente nos bancos locues, attingirum a somma sllperior de 300.000.000 de pesos ouro, ou ()().000.000 cie lihras esterlinas. O 1Il0yimcnto bancario, no periodo de 1007 a 101(), revela as seguintes cifras: 1\)l(i 190i Jh·positos Ikscontos Caixa . '" '" . 78:3. 200.000 761. 000. 000 308.000.000 A circula~Ùo fiduciaria 1907 (' cm 1!l16: 1~)07 1916 '.' 1 . (il:>. 000.000 1 . 2GO. H~H . 000 710.000.000 era a seguinte . . cm 532.100.000 1.01-1.000.000 (', o s/od ....de ouro depositado na Caixa de Conversâo em fins de 19W sendo de :~27.840.000, a /"('laçao da garantia da Illoccla fiduciaria é de 7B,S ~.~.. A di\'ida passi\'a consolidada da naçùo, /lO (,ol11e<;odl' Hl1(), na a segllinte, ('1/1 pesos: --- 12!} -Divida DiYida papel . Olll'O . 1GU. 17:L :\1!) W:L 1 iii. ;;(jlJ Olt sl'jam cm moeda papel nacional ,' 1.221.000.000. A divida fluctuante, representada por compromissos resullantes de cmprestimos a curto prazo no valor de :~57.16U);)4 pesos morda nacional e por ;)2.000.000 de ldras do Thesouro emiltidas para pagamento relativo a obras publicas pelo dl'scobcrlo que tem no Bnnco de la :\Cacion, pelos c¡'cditos supplemcntos, ctc., atlÏnge a 409.000.000 dl' pcsos llloeda nacional. O movilllcnto da divida consolidada llcstCS uItilllos anllos tcm sido estl': Emiltido Annos ::; llI/n HlO¡ . HJ08 . 190!) . uno . 1911 1m2 . . lB1:L 1m/L . . 1m:) . 12\1.800.000 ¡.800.000 12H.noo.OOo A 11](>1'( iz.lll " () 111/11 41.()OO.OOO !)2.000.000 14.;'00.000 2:UlOO.OOO 16.000.000 1XUWO.OOll 17.200.000 ;~O.60().OO() 19.:l00.000 :l:U 00.000 23.000.000 2:-UiOO.OOO 2:3.000.000 !),()OO.OOO 2:>.\)00.000 Saldo " III/II \I;)O.~OO.OOO ~)()(U)OO,OOO 1.022.000.000 t .02B.OOO.OOO 1.1 !16.fiOO.000 1.207.mlO.OOO 1.2:~8.000.000 1.2:~8.600.000 1.221.liOO.OOO () Ol'çal11('uto g('ral da At'W'lIlina, TlO pcriodo dc 1!11 1 a 1!117, km sido fixado dC3[(> modo: - 130 moeda Annos 1911 1H12 . . ' 1m:L . 1914. " 1915 1916 1917 . . . . " 425.395.261 436.061.600 420. 995 . :~6~) H9.6·11.f>19 392 . 870 . 7-15 :~92.870.745 360.221.372 ~o exerdcio de 1916, () resultado l'm pesos moeda nacional: Despezas cffectuadas Reecitas arrecadadas . . Pesos nacional foi cstC', 338.321.964,99 240.000.000,-- o ll1ovimento de arrecadaçao da reccila publica nos ultimos annos lem sido este: Allnos mocda lH07 1908 . . 1!)()9 . 1910 1911 1912 . . . Pesos nacional 243. 808 .:~77 254.231.983 275.165.949 :~02. 485 .65·1 ;'31O. 528. (l78 :~36. 366. 48.1 :H9. 299.429 1~)1:~ . 191--1 1915. " . . 250.067.601 . 2·tO. ()OO . 000 191H (ea !culo) ' 230. 257 . 28;") o pa trimollio da IHH;ÜO constituido }lar cstradus d(' ferro, ten'as, arsenaes, navíos, tclcgraplws, obnls hydraulicas, cte., isto é, tudo quanta constitue a propricdade do Estado, l~ do valor de cerca de 1.726.447. 35G, havcndo, entre o passivo composta pda dÎ\'ida publica e a circulaçào fiduciaria, um saldo superior a 2.000.000.000 a favor do activo, sllperavit que suppôc uma situaçáo insupcravel de sancamento no patrimonio e no solvabilidadc da naçào. ACTIVO Peso, Tenis, cte minas, obras , ou ro publicas, . Divida activa da provincia .. Capital invertido no Banco de la :\ acion . Capital liquido no Banco Hypothecario , . Capital do Banco ~acíonal . Deposito c fundo na Caixa de Conversa o . Moveis da administraçào . :\rscnacs e navios . Edificios . Terras (8:3.4!)2.104 hectarcs) .. Portos e tl'rrcnos adjacentes. 1.000.000.000 1~O·.000.000 100.000.000 G7.000.000 2G.OOO.OOO 742.000.000 G5.879.8t~ 186.433.2()7 (i 11 . 1 ;:);) . SR() !)19.;)H7.~8ï ;~!)(j . G3·1. 211 --- 1:l2 -Obras sanitarias . Ferrocurris (5.132 kilol11et¡·os) Tclegraphos . Obras hydraulicas . Obms de ilTigaç<Îo . Titulos e valores . Dinheiro l'Ill caixa e bancos .. :l·B . <l80. --lnO :31n. 808. :304 \-). :30;) . 61 H 28. 101.401 ;n.4H.020 t20. 78!>.61!J :37. ()17.1 OH P.-\SSI\'O Divida publica consolidada .. Divida fluctuante . Circul:l(,~ào fidueÎaria . 1.223.000.000 :3;-);). 000 . 000 1 . ot:~.000.000 % 2.;,)Hl.000.000 <¿uanto Ú ('xploraçâo das estmdas de f('rro argentinas, euja extensâo em fins de 19Hi cra de :38.000 kilomdros, sllpcrior Úilo Brazil l'Ill 1:3.000 kilometros, 18 v('zes a do l'ruguay (' ti vezcs a do Chile, occupundo o oita\'o loga¡' do Illundo pela ldlometragem, cm 1915-H116 aCCllSOU o seguinte resultado: (il'an Sud •••.... Bucnos .\~Te' ao Pacifico .••... Central .-\¡·gentin". ;'3-1.:I!)(i.000 63.í(i(i.;,60 IR.811.1:1', ;>15.6:'0.-t50 ·l7i..filll.-tOO ;'3.218.800 li5.(jOR.-toO 20.282.801 2í.293.0!J.l Oc.~le dl' Buenos Ayres de Buei\I ¡,Ua un ... A~Te~ 1l0S Hios Entre '" . Argeutino NOI'deste Corde Central o ••• ..... d()\"a ,POI'to Hosario a ... Belgrano F. C. de Santa F,;. BlH'Il0S :\yCcntl'al J'es o •••• :JI:l .82:1. ilB :lO. (¡HUi!)O 1 . 4~);). !fill fí.!)(i(i.!l(¡O :1. li!lfj. ~)!Jli ill. 1-!4. :líO i!). ()lili.4 II 162. 1l!1". iSO !ï . OIl . %0 1i. illl, i(i. i~2.000 JliS 2. i 1·1. liOO 106.(J~ï.O')O lJ.:lH.OOO 21.2i2,802 A cxl<-nsao das prindJHll'S rias (~ a seguinte: :1. :152. ;,Oli li(ji.i50 :\. I H!).!llii 1 . 12 i . IIi2 ~).:1:l0. ;,fí(J ;)·1.1,:~O!l .1. 3(;2. fíi2 l. lil!). 25i Jinlias ferro-viuJ, i IOIIll'tl'oS FelTO-C~lITil Cran Sud . Buenos Ayres ao Pacifico Ccntral Argentino . " Oeste de> Buenos Ayres .. Midland de Buenos Ayrl's de Entre-Rios . " ~ordeste ¡\rgcntino . (i. lO:) ;) . ~1()O ;).:321 :3 . 00;> iíI~ 17.17;) 1 .:n 1 Corday:! . I)orto l~('lgran() 1.010 7H.> l~"é . COlllpanhia Ceral de Ferro-carris da Provincia de Buenos Ayrcs . Ferro-carril Central de Buenos Ay,'cs. Linha<; (io Estado . 1 . !)Ol " Central de " l~osario ti " de Santa 1.272 ¡lO;) ô.20(l A potl'ncialidade do cOllllllercio da Hepllblica do Prata. pela {'stalistica publicada rc- - 134 -- centementc pela Direecion de ConH'rdo rlustria, é representada d('ste modo: Xllmcro de cstabclccimcntos Capital invertido . Venda annunl . e In- 51.314 ~ 1. 1m .758. ao.:! $ :~.:~26.587 . 88:~ e, quanto aos estabclecill1entos industriacs, o quadro scguintc dá urna idéa do desenvolvimento notave! de sua industria, ,na actualidnde: ~U1nCr() de cstabelccimcnlos Capital invertido . \' alar annual da producçào. Custoda materia prima emprC'gnda . Força motriz H. P . Operarios . 33.1:35 ~ 1.1mUillUH1 .~ 1. H84 . 359. 94H :'; Sr>H.008.28D lOS. 291 :m~.!19G ~ o fim de 1916, existiam no pa iz ln bancos com () capital de 1.255.5:~3.077 rle pesos, 85 companhias de sC'guros com o capital de 74.056.270 pesos e 71 companhias telcphonicas com o capital de 31. 750.423 pesos. Em rclaçao á sua marinha 111C'rCantc,que se acha muito rcduzida neste mOnH'llto, (' r('presentada por -- 135 -32 \":ljlOres de ferro l'om 112 \"[lpores de aço ('om.. 70 lIavios Ú vela l'om ... lt.1;'6 tonl'ladas 122.87(j 32.070 " " o movimcnlo n~aritimo deseus porlos é considera\"cl, como se poden'! ver no fJuudro abaixo. convindo assignalar que lodo o eolUnH'l"cio l' Ioda u vida eeol1ol\1ica dos nossos visinhos Sí' polarisa na hacia do Prata: Tnllcladas Aunos 1~O;) 1!Wfi . . H8.708 ~) . 5ï'2 32. llOO . 401 :~2. 522 .496 IH07 . 12;).661 36.599.214 1!lflX 19DH HIlO lHl1 . . . . 145.'W7 41.900.947 132.0:-n 43.570.525 , , HH2 . 1~)1~ . 44. mn . n69 130.0nO 43.311.771 144. 69:~ !lO. 1,t3 . 664 56 . 6(H .836 141.7W 140.291 Ainda do seu movimento commercial tamhem uma idéa a massa de liquidaçao chcC(ul'sdos 19 bancos que fazem parle Clr(ll'ing flouse ·de Buenos Aires: Ouro .\lIll0S 19();! 1907 1910 . _ . . dá de da Papel 397.127.804 409.938. 172 2. m>6.555. 922 3.21-1.251. 697 321.663.797 4.322.121.561 - 136 - 1911 . 303.741.924 lH12 . 292.744.741 11 mezcs de 1~H3 370.039.011 4.784.915.352 6.22:~.569.012 15.40"1.736.028 No mundo, como Sé vê, poueas naçÜes realisaram tao rapidos e maravilhosos progressos no dominio economico como a Argentina. A sua situaçào, com ser privilegiada, denota lima vitalidade intensa e semprc progressiva, indice seguro de slIa grandeza futura se sOllbcr assegurar a paz. Em verdade, na America do Sul, é a que mais se approxima do typo de naçào moderna, que tem como ideal os Estados Cnidos. No seu desenvolvimento social, apesar de seu l'aracter eminentemente cosmopolita, predomina o vivo, cuja ambiçâo consiste sobreludo cm enriquecer. Nao vive de idealismos nem de principios theoricos: bU.'>Ílle$S i: a palavra de ordem dos platinos. o espectaculo de nossa desorganisaçao militar, perturbada por factos politicos e difficuldades vigentes, acabrunha o patriotismo brasíleiro XIV Nào km nem nunca tevle o BrazÏl aspiraçôcs politicas fÓra de suas fro'ntciras, tanto assim que cerca de 30 tratados de arbitramento firmámos corn varÎ'as naçôcs, e, por indole e por lradiçao, o nosso pavo, farmacia após laboriosa lucta e educado na amarga escala da experiencia. é absolu~amentc pacifico, generoso, nobre, trabalhador. Somos, porém, uma entidade consciente de noS'so destino e dotada de amor proprio, e, por isto mesmo, a "nassa guerra" vicia affirmaI' a direito que possuimos de viver como até a presente temas vivido, dentro das normas da liber<lade e do respeito á soberania alheia, ou proteger as na- --- 13~ --çoes frul:as do continente sul-americano contra a amLiçào argentina, tantas vczes posta cm evidencia. Sem rancores inveterados e sem intuitos bellicosos, ¡'~nto de ambiçoes, 110m mesmo tC1l10Squerido,até cnlào, l'omo nos cumpria, preservar esta partc do mundo da alllcaça e do poder actual do predominio militar argentino, dando provas da mais cstupida bôa fé em relaçàQ a um paiz que, por varias vczes, planejou secretamente, e plmwja sem duvida, dominar o Brazil. O n05SO dever actual consiste em transformar () nosso amor Ú liLerdade e á paz num grito de alarme para que o continente nào fique á mercè .da acçào furiosa, brutal, inconsciente de um pO\'D que lem cm pouca cOlIta respcito pela soberania dos paizcs amigos. Até aqui estavamos tào convencidos da sinceridade dos proteslos de cordialidadc dos políticos argentinos que nunca cuidamos de indagar da .efficacia de nossa acçào militar ou da possibilidadede nosso f.racasso Gin casa de guerra. Nào é de admirar, por conseguinl<e, se os nOSS08recursos militares ou navaes nào sejam sufficientcs para assegurar .a nossa defesa nacional, tanto mais que o nosso territorio abrange 8.524.770 kilomelros quadrados e as nossas costas sào banhadas pelo Atlantico desde o paraUclo 4°,20 acima do Equador até ao 33°,45 de latitude do hemispherio austral, ° - 139 - orçando por cerca de ·1.000 milhas maritimas de comprimento. O effectivo de Bossas forças <le linha, por exemplo, nunca excedeu de lH.OOO praças de prd e 2.691 officiars, numero este que pÓde ser accrescido pela incorporaçâo de cerca de :~O.OOO homens das forças publicas do Districto Federal e dos Estados, 01'ganisadas e armadas como as unidades do exercito, e a Bossa mariuha de guerra, com unw csc¡uadra representando a tondagrm de cerca de (10.000 de dcslocamcnto e armada dc 349 canhôes, compoe-se de cerca de 9.000 honH'ns, 11:10 incluindo as reservas. Nao corresponde nem um nem outra Ús exigencias defensiv,as do !crritorio e Ús garantias do nosso commercio marítimo, attendendo-sc á nossa exccpcional situaçào geographica, se bem que nao seja para desprcsar como facto efficiente o valor pessoal de nossos soldados -e a heroismo de nossos nwrínhciros, alíÚs nunca desmentidos no curso de nossa historia. A nossa actual efficiencia militar, em numero e cm capacidadc technica, nao é, talv'ez, pesa-nos affirmaI', muito differente da situaçáo em que nos encontravamos qu:mdo da campanha de Canudos, como bem lembrou ha di as, um de nossos hem informados diarios, num m'ligo muito opportuno 'cm que procurou chamar a attençiio do governo para () problema da defesa nacional, mostrando que a - 140 - evoluçào operada no preparo profissional de nosso exercito era quasi nulla: "Se o Sr. \VENCESLAU BIlAZ soubesse, cscrevia O Imparcial, em sua ediçào de 2 de Setembro de Hl17, o que foi a campanha de Canudos, do ponto de vista da arte militar e do serviço medieo emcampanha, estamos certos de que ficaria tào horrorizado, que hoje mesmo mandaria UIll recadinho ao Sr. Marechal FAHIA, pedindo-Ihe que preparasse "já os officiaes e medicos militares para seguircm para a front". E como nós dcsejamos arde.ntemcnle que a Sr. \VE:-:CESL.\U mande esse reeadinho ao Sr. FAHIA, vamos relembrar a S. Ex. alguns dos factos capilaes de Canudos, para que S. Ex. fiquc sabendo o <lue espera o nossa desgraçado exercito, cm caso de mohilisaç50. A eampanha de Canudos, cm que ·cslÏveram mobilisados, ao todo, cerca de 18 mil homcns, e CIll que a nosso exercito t·evc cerca de mil mortos, foi - pondo de parte a proverbial bravura dos nossas soldados e dos nossos offi· ciaes - - uma das maiores vergonhas <k que ha noticia nos annaes da nossa historia militar. Cm officiaI do nosso Estado-Maior (o daquelle tempo ... ) que assistiu ao desenrolar da luta, disse muito pittorcscamentc, que Canudos nao tinha sido uma campanha regular, mas um grande "rôlo". E {. o que foi. De todos os pontos de vista. por que se en- - 141 - care a operaçùo, {) nosso Exercito revelou uma alarmante ignoranda dos mais comezinhos principios da arte militar, e o mais espantoso atrazo na sua organisaçào geral, e no modo como foi conduzida a campanha. lJa parte dos gen~racs que comnwndaflam, paten~(',ou-se a mais absoluta incomprehensao estrategica da campanha e a mais supina ignorancia na COIlducçáo das unidades para o fogo. E tudo isso pago u-se pela mais caro prcço: o sangue de tantos soldados e officiacs; as brigadas marchavam para o inimigo, llluna zona infestada por elles, cm columna de pelotôcs, como se fossell1 para uma parada cm Sào Christovâo, e sem o menor dispositivo de vigilancia e scgurança. () rcsultado era scrcm cruelmente dizimados pelo caminho e perderem, muitas v('zcs, as suas bagagcns (!) e as sllas muni<;.~i'íes (!!). No celebre combate de 18 de junho toda a columna; principal (AI\THt:R OSC:\R),- 'quando abriu 'os olhos pela manhâ, 'cstavH litteralmente cercada pelo inimigo; e dqlOis de supportaI' 11111 fogo infernal de muÎlas horas, que produziu mil (' tluinhcntas baixas, foi, milagrosamente, salva do aniquilamento total pela columna S.\\':\CET, que chegou a proposito. Depois de um longo cerco de mezes, ao arraial insurrecto, foi que se comprehend-eu que Canndos estava cercado apenas pela me- - 142 - tade e que pelo seclor aberto, o inimigo rcccbía víveres e reforços do interior do sertào. E quem comprche.ndeu iss'Ü, nâo foram os generales, mas um officiaI do Estado-Maior (daquelle tempo), que t0ll10U tres batalhoes {' depois de um l)['olongado combate, fl'chou o sector aherto. Ahi, entâo, foi que COIJ1CÇOU a agonia de C~lI1udos. ~a Ciclebre passagem de Cocorobó, o general -- illustre por varios titulas - que commandava a columna, viu-a detida durante horas, sob o fogo tcrrivel dos jagunços, entrincheirados no desfiladeiro, e que Ihe pro.duziram mais de quatroccntas bnixas. E durante todo esse tempo, nada mais se fez do que dessangrar inutilmentc, a sua brigada, cm cargas frontacs, que nâo produziram resultado nenhum. E sÓ <¡uando um capit:îo, com um punhado de homcns, conseguiu levar aos jagunços um 3taq.ue de flanco -- que cstava naturalmente indicado desde o eomcço --- foi que a brigada eonseguiu atravessar ... O serviço de abasteeimentos e das linhas de communicaçào foi de tal ordem que, estando o cx,ercito senhor da sua base de operaçôes, passou quat'Ür~e dias de fome, diante do inimiga. Mas o que attingiu o auge da desordem, mas duma desordem tragic.a e dantesca, foi o serviço sanitario. O que se passou em Canudos com os milharcs e milhares de officiaes e soldados fcridos ultrapass.a toda imaginaçao -- 143 P. tÚea Ús raias do incrivel. Xâo só a ignorancia dlls llledicos militares era completa cm materia de cirurgia de guerra, como o desapparelhaml'nto e a desonlclll do scrviço Ilh.'dieo tinham chegado ao extremo limite. Dl'pois desse~ fados desgraçados, vinte annos exactament<- se passar3n\. E o Sr. Presic!ente da RepuLlica, pÚde crèr que a situaçào do exercito é, hoje, a nH'snw, senào p~jor; os generaes nilo sahelll nada de estrate'gia, ncm de l'Disa nenllllma, ·ndm qucrc'In al)l':'nder mais nada; os officiaes que estudam, sahem tacLica theoric<l, quel'em ir \'er a guelTa e niïo pod,-'m; o serviço m~dico continÚa na mcsllla miseria de semlll'e, porque os medicos nào sabem cirllq~ia, e passam a vida se especiali7.ando em partos, h:ryngoscopia (' (lUtras trapalhadas que lhes dÜo dinheiro na c1iniea civil, dc." A Iranscripçào que ahi fica p<Íde desgostar aos apanigllados do governo, mas, llIUlIa ohra de sincero patriotismo como é esta, escripta cam coragem, sem expressoes amhiguas ou nchulosas, '('ntl'ndelllos que o povo precisa sahel' tudo quanto se rcfcl'l' il nossa s'~'gllrança, á nossa trnnquil1id~)d(' p il nossa vida. Para os s('rvcntuarios da politica sinuosa, debil, incolar do Catlcte e para os emprciteiros da Pnz e Amor. a Argentina é um pova nobrc, generoso e amigo, e a "nuestra guerra" nao passa de li'11l phantasma crenoa pelo "sacripantC'> - 144 - PEDRO DE CORDOBA para amedronlur a consciencia dos brazileiros. Nós preferimos ficar corn os pt~s3imistus, os agibdores, os pobr'~s <liabos (IUL' c-ultival1l a philosophia do l'ollfiand(l, des('ollfiando, mas. dispostos a defender. acima de ludo. a dignidade e os interesses do Brazil, 'lIl1caçados na guerra ou na paz. Niio duvidamos, ncm por sombra. do valor moral dos nossos officiaes dl' terra e mal', mas, devemos dizer, em ultima analyse, que o ~'pisodio n[1rnl(lo é uma illustraçào do nosso momento militar, talvez exagerada, mas !lcm por isto /llenos verdadeira. Seja como fôr, reconhcccndo ~'m ultinw hypothese {lue os processos de guerra no nosso km}>o sc modificaram radicalmente, devemos fJuunto antes arl'cgim.cntar, coorden~lr e sele('cionar as nossas actividades, par·) transformar a nossa machina de gucrra nllllla força superior. "Antes de mais nada, escrevia 1'('ccntcmente um dos jov,ens directores da De{esa Nacional, organise-sc o exercito de tempo de paz <lue tem de servir de nucleo ás forças de campanha, realisando o effedivo de 31.098 homcns votado para 1918. O effectivo orçamentado de 34.098, que é o minimo, e que nunca foi dado, é inadmissivel que nao seja concedido num momento l'm que o Brazil está mais perto da guerra que da paz, e cm que ha tantos politieos cnthusiasmados e intcressados - 145 - pela nossa intervençào militar no conflido l'Uropeu. ~os annos que precedcrmll a guerra do Pumguay, u Assembléa Legislativa do Imperio recuso u o augmento do effeclÏvo orçamcntario do exerÓto. Qucm <;e del' ao trabalho de recorrer aos aBnaeS do t('mpo, cncontrarÚ olltros nomes, lilas a mesma mentalidade reinante, o mesmo divorcio de idt'GS entre os parlamçntares e os cheres militares que naquella l'pocha l'l'am jÚ glo1"Îosos cabos de guerra consagrados nas ludas da independencia e nas campanlws do sul. O resultado foi a dolorosa invasào do Rio Grande e seis annos subs<.'qucnt.es de luda pela ncccssidadc cm que nos vimos de repucliar o plano de cH'1llpanha de C.\XI.\S, qUt' emhora c.ontÏ\1css-e o germen ·de uma acçuo mais decisiva e mais rapida, t01'nara-se inexe([uivel UIlJa vez que o goverllo nao adoptara as medidas Pl'opostas pelo imnlOrtal pacificador do Imperio na sua notavel memoria apresentada em 18H·1 ao Ministro B¡':'-\CIŒP.\IlŒ ROIL\N." Os resultados da Ici do sortcio militar e do "olllntariado dependcllI principalmenk dcssa providencia preliminar, qllando todo o nosso excl'cito ('stiver organisado, dotado de effeclivo qlle permitta a incorporaçào de conscriptos, visto como as taes linhas de tiro é um systema que possue todos os defeitos, no ponto de vista militar, e cXPclltado a programma concebido pelo nosso Estado~Maior poderia cm - 146 - pouco tempo o Brazil mobilisaI' 200.000 homens. Ainda mais. O nosso problema militar nao estaria completo com a existencia de um exercito technicamente organisado, com numerosas reservas de combatentes, armas e 1nuniçoes. "Mobilisaçào t' concentraçtÏ.o rapida, escrevia a revista Defesa Naciol/al, no seu ultimo numero, sâo os prinwiros passos para a victoria e qualquer exito ohtido mais tarde, por maior que sda, como foi o dos francezes no Marne, nâo compensa o retardo soffri{lo nos actos iniciaes da guerra. Sem abundantes mC'Îos de transporte l'sem um traçado conw'niente de linhas fl'rreas nào l' possivcl constituir rapidamente us forças de campanha, nem as dirigir a tempo para o theatro da lucta. Os poderes publicos ntio pod('m ficar pOl' mais tempo surdos aos avisos que o Estado-Maior lhe tem dado a proposÎto deste assumpto, e é incrivel que ainda hoje se gastem sommas fabulosas do Thesouro corn cstradinhas de um valor militar muito rcstricto, cm regioes onde simples ('stradas de rodagcm satisfariam as exigencias do ('ommcrcio local, e nào se l'mpregue esse dinheiro ~m augmentaI' a capacidade de trafego das linhas estrategicas existentes e cm construir outras l'om esse fim, l'omo a linha de Rio Xegro á Caxias, utilissima para urna concentt'açâo no Rio Grande ou em Santa Catharina. n_ H7 - e ill<.lispensuyc! no caso cm que o sul sCJa <.le 110YOo thea 11'0 de um lueta armada." A guerra moderna, porém, é antes de tuùo Ul!la qu:'stiio de recursos cconomkos, uma formiùavcl mise-ell-sccne de todas as forças vivas do paiz e, portanto, (luanto mais organisado fûr () nOSSlJ 1mbalho, quanto mais estiver appardhada a nossa industria e quanto mais forle fÔr' o IlOSS:) cOll1l11crcÏo, tan las maiores sào as probahilidades da victoría. ~ào pÓde vingar l1enhum plano de cHlllpanha, advcrlenos nm 11(>nossos jovcns militares, sem o estudo numerico de nossas prohabilidades ('('0nomicas e de nossos recursos financeiros, porque é a C'slatistiea mediante as eOll1paraçÔes e as médias, que revela o factor capacidadc do paiz. Neste sentido, o programma da nossa ckfeza nacional devc, ('om a preparaçào mili lar, ter cm vista a adopçùo de medidas que facilitcmo paiz a tornar-se indcpendenk do exterior cm rclaçào ao fornccimcnto de substancias alimenticias e d~ materias primas, que conservem os recursos naturaes do paiz e animem os industriacs a c~plorar taes recursos, que tornem o paiz emancipndo dos lransportes maritimûs extrangeiros. Agora mesmo o Govcrno inglcz declara que a força de resistencia da Inglaterra dependerá da eeonomia do consumo, da limitaçâo das importaçoes,- do augmenta da pl'oducçuo de generas alimenticios e da rapida - 148 - constru~çáo de navios. Deste modo, mesmo que o nosso poder militar e naval fosse superior ao dos nossos visinhos, nao devemos esquecer que o seu apparelharncnto economico é uma organisaçao moderna e que os sens recursos financ('iros sfio l'normes, factos que nos devem impressionar. A realidade nacional é tao grave que requer, á. semelhança de Cromwell, um salvador xv A aetualidadc nacional é um dos momentos mais decisivos para nós, brazÎleiros, em todo o curso du historia subsequente á nossa independencia. ~ cm as agitaçoes da vida politiea, nem os desastres da vida economica, perturbadas uma e outra por eventualidades e t'l'l'OS incontaveis, cn~arall1 nunca ao Brazil tiio melindrosa situaçiio. Na verdade, ella suscita novos problemas e aggrava difficuldadcs vigentes, pondo cm equaçiio a problema de nosso futuro, e é necessario, pois, acceital-a comencrgia, dcfinÎl-a cam lucidez e l'l'sahel-a cam patriotismo. Nao ha aUcnuaçao possivel á côr negra desta realidaoe. Os instantes precipitam os successos, como se o tempo nos andasse a \11'(1Ïr apressadam()nte, para rnelhor nos experimentar, a complicada trama de que nao po(Je!"it a Brazil descnlear-se corn astucias -- 150de chanccllaria. A attitude que nos cumprc manter, nào é a posiçào vacillante, tibia e condescendente de quem se propoc a negociar ou transigir, mas uma attilude de vigilan-cÏa e repulsa. ~Ós todos, hrazileiros, l'om Hm passado que l~ o meJhor altestado <k nossa pr{)hidad,~ polítka e de nosso hom senso social, <levemos ter a consciencia do perigo e a tranquilla coragem das altÏludes varonis ante esses "amigos" que idealisam o advcnto de sua glo['ia {' de seu poder sobre as nossas ruinas. Atten los os nossos vinculos tradkionaes l'om () passado l' os BOSSOS deveres para l'om o futuro, eUlllpre-nos legar uma patria destemcrosa e impoIluta, sem transigencias imperdouveis, que nào almeja conquistas, mas nao se curva a offensas mesmo dos mais poderosos da terra, onde, muitas vczcs, l'omo no presente, a força expoliadora e aviltante, brutal e crucI, é indigna da victoria que ella só alcança temporariamente, cmquanto nao desperta, rebelIada, a consciencia universal, perante as suas atrocidades e abominaçoes. Nunca a fÓrmula do .<;i vi,<; pacem, para bel/llm sc nos aprrsentou tao soberanamente verdadeira como nesle momento de angustia para o paiz. O amanhií brazileiro nâo reponta cm claridades suaves de paz, antes nos dcixa entl'evcl-o como coberto de l1uvcns temerosas. Por mais que a diplomacia, cautelosamente, evite recrimi- - 151 - llaçùes, desafios, attritos, circumstancias ftlyoraveis ao embate de prejuizos ou resC'ntimentos nucionacs, o destino parece attrahil" e arrojar o Brazil no vortice da guerra. E. de cC'rto, nào escreverÍamos semelhanles palavras, tâo graves sob o ponto de vista humano, quanto mais applicadas il sorte do nosso paiz, se os factos permitlissem outra inducçâo me1108 bellícosa e menos sombria. A' medida que o tempo corre, a realidadc llacional, considerada atravéz das ruinas que nos cercam, mais oppressiva e mais torva se nos aprcsenta. A' parte dois ou tres Estados, se além de S. Paulo ou Rio Grande do Sul ha -outra fórma de progresso esladual nesle paiz, o espectaculo de todas as miserias e desorganisaçôes acabrunha o nOS80 patriotismo. Veillas o povo embrutecido pelo analphabetismo que tudo assoberba, esfomeado sob o flagello dos impostos e das tarifas proteccionistas, ainda lnais tcrrivel que o das seccas do ~ordesk. Vemos a justiça inefficaz, tardia, cara, apropriada pelos chicanistas no dólo dos rapinantes, dos avcntul'ciros, dos charlataes, dos miseraveis de toda n casta, formando quadrilhas anonymas á sombra das Ids cdos tribunacs. VC'mos oCongresso Nacional DOregimen das p1'Orogaçoes e do cynismo, os legisladores nn {'ngorda d.e todo o anno, n rOSSaI'nos archivos, a grunhir na tribul1n. a devorar como javardos BANCO DE LA REPUBLlCA 111l1lOT6CAlUlS·~GEl ARANGO - 152 - ;.lS holotas que O Erario Publico lhes forncce. VCUlOS,para nossa maior tristeza, um exercito e urna esquadra formados sem espirito militar, sem homogencidade, sem força efficiente para qualquer movimento offensivo ou defensivo. Vemos tu do pendendo, oscillando para um final desastroso, semelhante ao da Grecia, occupada militanllente pelos alliados, ou da Belgíca, invadida, destruida e dominada pelos prussianos, Tres decadas republicanas bastaram para desmoralisar um paiz tradiccionalmente honrado, para dissolver as bôas normas administrativas e os bons costumes políticos de uma nacionalid.ade cm que nao havia riqueza, mas havia justiça, decoro, civismo, devaçao moral, virtudes '110 governo, tendencias nobilíhmtes. Xo activo da naçao predominam os frudos pôdres das instituiçóes decadentes, corruptas, agonisantes no vicio e na lama; a fraude cleiten'al, o suborno e o desfalque, a advocacia administrtiva, o escandalo dos contractos e dos monopolios, o esbanjamento nas obras puhlicas. o parasitismo orçamentario, desde os legislado~e'S que nao trabalham aos extr.anumerarios gratificados por folhas clandestinas, a yoraeidade dos inactivos, a preponrlerancia dos l'atoneiros, o desenfreado augmcnto de soldos e ordenados, as oligarchias com o seu nepotismo, as facçoes corn a sua intolerancia, as - - 153 dasses officiaes com a sua ¡Ill [lrobidade e a sua Hvidez. Tudo isto, porém, custeado a poder de emprcstimos, negocia tas, emissôcs, no vertiginoso declinio do amor proprio para a deshonra e da libcroaùe conseÏente para a tutela ùegradante. Nada va}eram os clamores dos patriotas esclarecidos e sinceros contra esS'a politica governmuental fraudulenta, immoral, pcrdularia, inimiga da justiça e da verdade,da competencia e do brio, da sisudez e da ordcm, benevolente para os ladroes, intolel'Unte paTa os dignos, polluida cm toda a sorte de escandalos e barbarisada cm toda a sorte de crueldades que vae arrastando o Brnzil ao maior infortunio e il dcgradaçào. O Congresso Nacional acaba de decrdar e o Pr('sidente da Republica de sanccionar o projccto chamado da Defesa Nacional. mediante o qua} o Governo fica aulorisado a fazer operaçocs de credito, inclusivé fi cmissao de papelmoedu até :mo. 000 :000$000, para a execuçiio de providencias de ordem militar e economica necessarias. Tal projecto, cm conjuncto, i~ uma obra digna scm duvida de nossos applausos, mas, é () caso de pcrguntar: terá o actual governo a screnidade, a clarividencia, a energia, a intelligcncia e a probidade ncccssarias para a execuçào da obra annunciada? Xâo acreditamos que o mustrc Sr. \VENCESLAU BRAZ tcnha a pcrfdtn intuiçâo das medidas exc('- - - 154 pcionaes que, ncste momento da crise mais intensa e mais dramatica da nossa historia, reclama o paiz, agitado ainda de norte a sul pela revolta de paixôcs políticas e sacu{iido pelas reivindicaçôes anarchistas das classes operarias. A naçào, ao mesmo tempo que assiste á explosao de recriminaçôes, desafio s, attrictos e ambiçôes de toda a ordem, está ameaçada {ie ser envolvida pelo torvelinho voraginoso da guerra. Assint, pois, duvidamos muito que se encontre napersonalidade do· Sr. WENCESL,\U RRAZ esse oomplexo de qualidades imprescindiveis aos fins do Estado nessa hora suprema. O programma da Defesa Nacional comprehende problemas de todo o genero, desde o preço da vida, o fomento da nossa producçâo e o transporte maritimo, até ·á defeza do nosSoO solo, e de sua competencia e iniciativa como estadista temos provas bem apagadas. O grande ALBERTO TORRES, philosopho de penetrante visao social e administrativa, na sua obra notavcl O Problema Nacional Brazileira, escreveu: "Nao nos devemos iIludir, quanto á gravidadedcstas crises, que se nos rcvdam gravissimas, justamente no momento em que toda a sociedade humana parece estar scndo submeUida ás mais severas provas de capaddade e de energia; é preciso que encaremos, com reotidao e animo sereno, a feiçao dos nossos problemas. Se a patria é, antes de - 155 - tu<1o, a naçào, isto é, u gcnte, () 1110111ento proprio para defendel-u nâo serÚ aquclle e111que qualqu(;r inimigo, mais audaz que corajoso e sensato, se dispuzer a nos fazcr a conquista material, memu militari, do territorio, mas aquelle t.'111 que a espectaculo da nossa derrota, nos processos da selecçào social e economica, se nos apresenta cam as fórmas flagrantes de uma positiva subordinaçào e de um já sensivel ahatiml'nto cm amplas camadas da populaçào. A' política, que nlio pôde, a principio, e á quaI nlio occor1'eu depois, acudir aos interesses e reclamos da naçâo, cumpre reparar, hoje, o esquecimento e a abandono cm que a deixou. Em face desta situaçlio, nossos cuidados e trabalhos pela organisaçâo e dcfesa militar pa1'ecern - camo, aliás, muitas outras emp1'czas humanas - yerdadei1'os passatempos de c1'ianças barbadas. Urna naçào, venc.ida no diuturno combate da vida, p1'ogressivamente despojada da sua economía e da sua influencia social, onde cada geraçào pódc 1er, na vida dft seus coévos, os documentos do aniquilamento ,da sua estirpe, sÓ entra cm combate para repellir, de armas na mâo e corn risco da vida, o inimigo aggressor, por força da mcsma fataHdade mechanica, ou do mcsmo impulso animal, cam que todos os povos, inclusivé os selvagt:'ns e barbaros, luctam cgualmente pela conscrvaçâo e pelos objectas mais frívolos e - 156 - ridículos. O nosso problema vital é o problema da nossa organisaçâo; e a primeira coragem do que nos cumpre dar provas, (~ a da longa, mascula e paciente tenacidade, necessaria para emprebender e sustentar, corn vigor e inlelligencia, o sforço multiplo c vagaroso da construcçao da nossa socicdade." O desenvolvimcnto das idéas dc ALBERTO TORRES,orientadas por esse critcrio, tê111 o valor de uma liçào inesquecivel, e, cm resumo, é todo ou quasi todo o programma, nao colorido e thealraI, mais efficiente e suggestivo, do. governo que a naçâo roquer anciosamente para volver ás tradiçôes brilhantes do seu vassado. Ao cabo, é historicamente vcrdadciro que as situaçôcs penosas, afflictivas ou mais arruinadas, tratando-se ,de nacionalidades civicas nao cxhauridas nas suas reservas moraes, pro"oeam a revelaçâodo homem adequado ás oircumstancias para dirigir, norlear e esclarecer o rumo aos negocios do Estado. Por consequencia, resta-nos a csperança de que, para reerguer o Brazil do infortunio a que o condemnaram, na.o tanto as dissipaçôes e os desvarios dos governantes, corno os factos políticos e sociaes que perturbam o regimen republicano, surgirá urna personalidade representativa, culminante e capaz, á semelhança de CROMWELL,me-smo porque esta n¡¡o(~ ainda urna patria morta. DOSSIER 1. - A origem das guerras 'l'uùo nos 'mostra <Ille ••a guerra e a paz, bcm como todas as ~ousas, bôas ou rmís, nas I'elaçocs humanas, e, corn ellas, os problemas concernentes :10 'horn ou máo uso nosso da materia prima, que a natuI'eza minislra ÍI!\. noss:!s aeçoes depenùem sell1pre da justiça ou falsidade encerr~ldas nos ideacs dos hornells". Uma das feiçocs caracteristicas da ¡¡U erra aclunl está 110 sentimento, generalisado hoje cntre os PI'olll'ios combatentes. de que "l.>sta guerra é, cssenci:¡lmente, urna ·gucr·ra de idéas". Os povos, cuja fortuna se jo¡;a ,nesses combates furiosos e dcscompassados. acabaram .por ver <¡uc o medonho conflieto, em cujo 'son'edouro se c'ngl)lem llaçôes e territorios como barcos desar\'orados, "tcom, fundamentalmente, por causa as tbcorias, as aspiraçôcs, os devaneios de urna pl'opaganda nutrida por um nucleo de espi¡'itos eu'Hos, mas pervertido-s e -desvaira.dos por um nacionalismo doentio. Graças a csses infIuxos pCl'nieiosos é que se eon\'erteram HOS mais figadaes inimi,gos IIIIS dos outros grandl.'s ¡>O\'OS l.lhristilOs .irmanados ]lela raça, pelas affiuidades de idioma. pelas tradiçôes I'eligiosws, pclos intcresses economi'Cos, ,pe'las ,aIJ.ianças rél(ias, ¡pdMa 'collaibora,üonos campos de batalha, pclas sympathias intl'I1ectual's, pelas indinaçol's p')pu)a'rCJs • ..\5 doutrinas pl'l'ecdem aos actos. Os f~ldos matcriaes cmallam dos fados moraes. Os acolIteciml'ntos rcsultam da ambiclleia de l'n'os ou \'el'dades. A l.'lIena, debaixo cl:f quai se estoree a -Europa mutilada, teve »01' t)ri~em 11111lI1ont¡io 'de thcorias disformes e viru, Icntas que, dur:lIIte lIH'io sl'culo, lias re¡;ióes mais acreditadas pela slIa cuItllr:l,enchcram os livros dosphilosophos, dos ,historiadores, dos publicistas, dos cseri¡)torcs 160 militares. As naçôes ameaçadas pela 1lullulaç:lo ùesses gel'mens ¡>cçonhentos 'niio perceberam os signaes que Ihes manifestavam a tendenda e o objecto. Deixaram que a torrente e¡¡idemiea se .avoIllmasse nas "uas matrizes, .por nao darem a ·importancia de\'ida á reIaçao de causaUdade inevitayel entre cssa~ influencias apparentemente abstractas e o curso dos negocios humanos, os sentimentos dos povos. os actos dl~S governos. os destinos do mundo. Os professores, os jorna'listas. os tribunos s¡¡o, JH)je. os que semeillll1 a paz ou a guerra. As ·boccas tic fo!:o succedem ás boce:!s da paIavra. A penna desbrava o campo 'l espada ... (Rey BAIIBOSA.) 2. - Como Bismarck declarou guerra á França Bi"marck conta em suas memorias como conseguil1 a dec!.araçao dc guerra á França, Jantava elle cm companhia de Moltke e Roon <tua·ndo Ihe chegou um teIegramma do rei da Prussia, dizendo-lhe que Il ~)az na" se .perturbal"ia, depob das ultimas pl'Opostlls d" e.mb,l1xador francez, Bismarcl< odirigiu-se entlío a ~fdltke e ]lcr¡¡untou-Ihe: "O instrumento <Ille precisamos para a guerra, nosso exercito, é realmente táo perfeito qlle nos garanta a victoria?" "Nunca possuimos melhOl' instrumento", respondeu~lhe o -babil capitào, chefe do Clstadomaior do exerdto prussiano. - "Entao eontinuae a comer tranqui·llamente ", disse Bismarcl{; e sentou-se cm uma mesa perto dos dois, onde riseou nQ despacho, eOIll um ¡a,pis, ¡i1gum,1s ,palav.ra.s, deixando a~ outras que deram ao tcIcg¡'amma 'um sontido completamente diverso, "Eu Ii o te1egramma. a ·:lfoJtke e Il ROOIl, com :t redacçiio qUt. Ihe ha"ia da'do e o~ dois excIamaram: isto produzirà o cffeilo desejado!" ••Nós continuamos a comer rolll o melhor apllettíte. Conheeem-se ·as ·C'Onsequencias .. ," As cOIIIscquencias sao cÛ'nhedda~, e foram: a dccJll'l"açáo de guerra il França, a derrota destc pail'., que perdeu Il A1sa cia e a Lorona, .pagou 5billiôes {le francos e assistiu no palacio de Versailles, de seu.s antigos reis, a acdamaçáo do l'ci da Prussia e a imperador <la AIIcma·nha. (.-\:\'TOXIO JOÀo: O problema argentino t' (/ f/llara.·) - 3. - o 161 -- perigo allemao no Brasil Cuidado! A Allcmanha é uma ameaça permanente l)ara as n'Ossas -1in'es instituiçóes e ,para a nossa independencia nacional. Ella procnrará jugular a nosst\ energla e nos reduzirá á cscravidào economÏ<:a. O _plano -pan-gerInauista -devia necessariamcllte estcndcr-se ao I3razil. O governo brazileiro nao o percebeu nunca c s)"stcmatieameute llegon o perigo allcmüo, eoroJlario desse plano. O po,"oamento do tel'l'itorio nacional preoceupa'Va muito a adminístraçao brazileira paTa que ella nao 'procurasse e:vitar a suspeita de ameaça á independencia do paiz, que faria !parar 1\ 'Corrente immigratoria allemÎl. A ùoutrína officIaI foi de <jue o p"'ri/'lo aJlemào cru uma phantasia da imaginaçào de 'rornancistas e -publieistas. ~a verdade, os escriptores que annuneiavum desde alguns annos o pe'!"í-go arIelllào. {) Jaziam sem documentaçiio segura, por simples .illtuiçâo ''do IScntime>nto naciona'l. Préscntiam o ,pcrigo -na .ag¡¡lomeraçâo das massas al'lcmas no territorio do ,paiz, e pcla nào assimilaçâo do elemento gelmanico no e1emcnto hrazilciro, pcla persistencia da lingua a.Ilemâ, Que Olle¡{ara a se infiltrar nns camadas mais" radicalmente brazÏ\eirws e se impuzera até cm iletos de camams municipaes e ode autori-dades administrativas. O governo brazileiro assistia des'Cuidado e indifferC'llte a esse amollecimento da argamassa nacional pela subtil invasao estran¡¡eira. E quando o ~)an-german.jsmo <começava a ser revelado como urna ameaça il liberdade do mundo, o governo -brazileiro tentou entregar 1I~ forças militares Il. disciplina e á organisaçiio da Allemanha. Tal pl'nsamento é a condemnaçâo do que foi a llOssa ,politica. O prescntimento -hrazileiro, advinhando o _peri-go allemâo, obedpcia .a esse mcsmo impulso nati\'ista, providencial e indomavel. que l'cio dcsde a formaçào do paix no periodo colonial, pensamento creador do Br'azil. sua guardll vigilante, inspirador dos movimentos dil independencia, 'lias conjuraçôes, das rl'vollas, das ephemeras repulJIicas, e d'onde naseeu Il nossa poesia ,sinp;ulaJ'mente nacionalista. Essc instíndo llaopodcrill fiear amOl'tecido dcante da invasao allcmâ, salvo se a alma ,brazilcira e:;tivesse marta. A guen-a nos l'cio tambem revelar o perigo allemào, documentando-nos sobrc a l'ontade allema de conqulstat - 162 - o Bl"azil. E a<¡sim licou justificada a apprehcllsào do patrioti~mo esclarecido. Os documentos escriptos do plano alleroao silo os U""'os tlos historiadores, dos .geographos, os relatorios de ~·ia·gens, ~IS obras de fkçao e de poesia. Nao se diga que "¡¡o aspiraç<ies. ehimeras <de escriptores e jamais um plano de governo. ~e~a hora da /luerr¡I, que ~. a guerra do pangermani,slJlo, insistir na innocencia alIemà é cumplicidade na tl'ntativa de 'Crime contra a llacionalidade brnzileira. Oesde 1870 os dirigentes da Allemanha apregoaŒD a prt'tençào do imperio muntlial allemiío. 'Em 18 de janeiro de 1896, num discurso commemorativo dos cinc{} lustros da lundaçào do imperio, Guilherme II affirmava: "O imperio allemâo se tornou um imperio mundial. Po~ toda a parte, cm continentes 10nllin<luos, habitllm milh:lres de noSlSOS compatriotas. As riquezas allemás, a sdellcia allemà, a industria allemil transpuzeram o ocea'll<'. Tendes o grave de\'er de me ajudar a ligar firmemente o nosso imperio el'aqui a l'sse imperio allemào ainda. maior." Mais tarde, cm 1906, o mesmo imperador dizia emphatica e dolosarnente: "Do imperio mundial allema{)· cnjo ·plano eu concebi ... e da hegemonia dos Hohenzollcrn a historia dirá que nào foram fundado.s cm conquistas /luerreiras, mas na confiança mutua ... " Gabolice e mentira á paMe, l'ra a dontrina da grande AlIemanha, a p"lit ¡ca do imperio universal allemào affirmada como theoria de Estado, Tudo o CIlie anteriormente escrevei'am os propagandist:ls do pan-germanismo, t' tudo o que posteriormente desenvotveram pensadores. historiadores e viajantes, recl,bera a investidura de dOlltrina politica do j{overno da AlIemanha. A incorporaçiío ùo Brazil ao impl'I'io universal allemâo, ,fazendo paMe do plano pan-germanista, tinha nrna sancçiio officiaI Ina al}proyaçiio completa dessa organisaçâo do mundo soh a hegemonía allem.l. ~âo f necessario relembrar os tcxto:s dos escriptore" em que a AJ;¡emanha tal,hara a moMalha ,do Br.u.i1. Esse!> autores e os Seus linos estào desyendados á curiosidade indignada dos brazileir<ls. De par 'l'om us paJavras que enunciam o pensamento e osproposÎtos ha os aetos da execlIçiio do criminoso designio. A massa de allemâe! a!(glomerados cm zonas de territorio occupadas exclulSl"amente por elles 'Constitue nm perigo irnmin<,ute, pois a influencia de no\'os irnmigr:mtes, vindos da AHemanha e - 163 - possuidos do espirito pau-¡:(ermanisla, n\~s antigos coJouos é ,uma a'meaça ,permanente 'para a paiz, desal>ercebido de eh·menlO'S de defesa. '\0 lado dessa força latcnle, ha a actividade dos banqueiros, -dos negoeiant~, verdadeiros agentes politkos, qne pelos seus mdhodo~ eommerciaes se applieam infatigaveis ao trahalho da ahsO¡'pçào eco:Iomica do ~~razil pela Allemanha; ha o zelo dos 'eonsules que se ínsinuam no ínteriol' do I>aiz; os professores de lin¡¡ua allemii nas eo'¡onias e nas zonas gel'manieas do territorio hrazileiro; os viajantes e uma Chusma de individuos qne IDO l' toda a pal"h' zumbem, aprClgôam, intri!(am. remcxelll c esgaravalam na afanosa lida 'de preparar o terreno da Allemanha Austral. ,para eolla'borar na cmpreza de cngodo a governo inlperial attrahia a ,serlim pcrsonagens .oa politica br:lzileira, a~ .quaes o impeJ'ador incitava a comprar material bellieo, ás offieinas de !\rup/l: compan'hias de ,vapores offereciam preciosas hospC'dagcns cm seus tr:lI),satlanLÏeos; c 'uma atmos¡)hel'a dc se.dllcçào o prcndia á illusáo allemà. ,E por esse mesmo tempo, para re\"Ïgora¡' o sentimento nacionalista allemào, um Hohenzollern \'Î'sit:l\'a as populaçôes germanieas '<.ioBrazil, vasos de guerra allemàes eram frequentes 110S ,portos hrazilciros e rasa~ -canhoneiras vinham 4ssidu:lJS ás ,plX}ucnas enseadus do sul do Brazil e ,d'ahi traziam J'ccl'utas e reservistas para () sen'¡ço militar da metrol>ole. Ela o aspecto do Bl'azil, colonia allemii ... (GnAçA 4.-As AIIAIŒA.) ambiçoes germanicas na America do Sul l..aNORES, 3 de setcll'libro. O Times, commentando a orientaçiio da política de conquista da Allemanha, escrcve ''lue os vastos re'cursos natllraes da America do Su1 cram desde ha milito cubicados pela Alh·manha. ' r.OIl1 a entrada dos -Estados Unidos '!la ¡:ucrra, renas'ceu a n'lho dchat" s\)hre as ambiçôcs da AlIemauha nessa:s rc~iÔcs, e :t rliscuss{io, pela sua scrl1CCrClllonia, nao póde deixar d~ interess:!!" os republicanos da America muito elllbora se.ia de molde a ferir-Ihcs o scn1iment~ (lolitico. O debate l'l'vela, eom effcito, as tendencias das aspi- 164 -raçÍ>es germanicas, e <leve ser lIcompanhado s('m se p~rder de vista que o militarismo, se pudesse, rea1izaria QS sorvhos dos ,profcssores da 'AIIcm:lnha, convencidos da ne· ccsS'idade de edificar um no\"o hloco economico para a eOJl<¡UiiStaeconomica do mundo depis da guerra, e que serviria 'lie base naval e militar indispensavel para a guerra proxima. As escolas do Mitteleuropa e do Mitlelafriea disputavam entre si renhidamente o terreno, mas eis que a escolo do Mitteleuropa estende suas vi,stas para a Ameriea ('..entrai e MeridionaJ. O entâo sub-secretario Zimmermann "ê nisso um melû de realizar o sonho allemâo de dominaçiío aIlemâ, $eparando a AmcI'ica Latina da Ameriea do NoMe, collocava-se u'ma e outra sob a espada allemií, o que forneceria ao coonmercio eá industria arruinada os inesgota "eis recursos americanos, Por muito fantasticoque pareça, \l projectorevela os fins 'lia AJlemanha, que quel' a todo transe recuperar as co;)OOlias,'nâo por causa do seu valor economico, mas porque ellas lhe pode m garantir uma bôa situaçiío m ilit:lr. Ella quel'eria levantar tropas negras nessas regiôes, o que Ihe permilliria dominar a Afl'iocae ameaçar tooa5 as bases navaes dos aHiados, impedindo, assim, a Inglaterra de concentrar as ,suas forças navaes no Mar do Norte. Por outro lado, a aUiança corn <l America do Sul, prejudica'ndo sériamente os Estados Unidos, ¡wl"mittir-Ihe-ia completar a sonhada dominaçáo, O Times observa que ha em tudo ¡sto nm conflicto de idea es, n¡¡ode raçns, Todos os Estados sul-amcriclllIOS sâo devotados ao seu ideal democratico, e, por isso, a democracia latina e anglo-saxonia se alliam sinceramente na reprovaçí\odo militarismo a,llemâo, dos seus pl"Ïncipios, da.s suas ambiçoes e 'dos seus crimes. (Agencia Havas.) 5. - A espionagem officiaI argentina o major .1rgcntino Eu¡¡enio R:\mil"cz, quc foí altaehl militar da Le¡¡açáo Argentina no Rio de Janeiro, publicon noeomeço de 1917 um Ji.vro intitulado ]l¡l:ESTRAS FIlONTEIIAS: La RepÚblica de los Estados Unidos del Brasil, -- 165 - elija ,primeira edi<¡àu log¡'ou um grande suecessu na vi~inha republiea, pelo interesse do assumptu. ~esse l¡vro, nao ~e eriUea nem se Dlogia informa-se, e llS informa<¡Ôes sao tào completa~ que mais parcec o producto de unÚ prolongada e prodigiosa espionagem, e uma cspiona!lem eXl.rcida por um officiai de alla patente. O lino é acompanhado de duis mappas, um do Bl'azil cm ¡¡eral, corn a indicaçao dos pontos cm 'que se acham eolloeada" as forças do nosso exercito; outro, particular, do Hi" GI'alldc doSul, com as mesmas indieaçoes, e mais a de todas a~ e~tradltls de ferro e de roda·gem corn as respL'eti\"aS kilomctragons. :-\otieiando o trabalho -do major R:unirez, nlll dos nossos jornac>s ,publicou a seguh¡tc nota, bem digna de figurar nessc pequeno dossier: "O major Eugenio Ramirez, do excreito argcntino, aeab:l de publicar um lin'o, euja primeira ediçào logrou um formidavt'! suceesso na Yisinha Republica, pelo interesse do as.sumpto. Esse trahalho intitula-se :\'UBSTII,\S FIIO:\TF.I\AS -1.(/ RepÚblica de lo"~ Estados /.'uidos del Brasil, Sil poder militl/r. Cal~ euJa-se o que seja. O eseriptor, fixando a zona cm que se toearn o ,seu e u nosso paiz, e tendn presente o prnhJl'Jll:1 militar <la Ar~entina, entre as possibílidades, CITIhora remotas, de uma 'j(uerra eom o Brazil, estudou as eondiçoes do 'Estado braÚleiro que mais o interessa\"am. E di está o Hio Grande do Sul, nú e erú, dcsvcndado 'nos seus mais intimos refolhos, ,prineipa;lmcnte o 'lue sc ¡'Cfere fis )lossihilidades de nossa defesa, corn a·s suas estradas estratcgieas, as suas obras militares, o ,seu clima, a sua hydrographia, os seus phal'oes, etc., descri)ltos cm mappas. ~Iai,s parece um plano secreto do nosso estadomaior, reunindo todos os elementos de que podemos dlspôr na eontin~encia de uma lueta, do que o trabalho de um cxtrangeiro, cujo eouhecimento dos menores detalhes de nossa organisaçao, 1>01' estranho e exquisito, nos de ve l'n\"el'j:(onhar. De certo, tudo nos une c nada nos s"par'l da .\r~entiua" '. senan os nossos interesses antagonicos, que pCI'mitta Deus nunca se ex'tl'cmem, superando a oratoria Davalheircsea dos nossos transportes de sobremesa, juJ¡¡ado, eternos. l'odemos aehar mcsrno de bôa fé que uma lueta entre os dois POYOS, que tanto se 'procuram e se amplexam, sob o estellario da pit? continental, é urna tl,vpothese ahsurda. :lIa,s afigur,1-se-lIos tao impatriotieo e estupido es/armos a offerecer ao extrangeiro, argentino ou nao argenl ¡no, o cstudo facil, descansado e deUdo dos nossos -- t6{) recursos de (idesa, prolHlrcionando-lhe ens¡¡iar de pyjama o seu programma de ataque, que acham()s o descaso das nossas autoridades por esses assumptos insolente de mais. {) cxtrangeiro, amigo ou inimigo, amigo hoje e inimign amanhá, conhece tudo o de que d¡spomos para a eventualidade de uma guerra: ,photographias dos nossos fortes, c'lle as eolhe do I',io de ,\ssuear, entre chopps e sandWiches; yae aos navios da esquadra e lá apanha, em plena <-alma, a photographia dos paióes; dizem-11he os ministros que nào temos muniçÔes para duas horas de fogo; e, afinal, ~hamam-n'o par'a fazer as installaç<Ïes elcctricas dos fortes, E nós que sabemos dos outros? E' precho que ~l ¡(oyernn abra os olhos. Is.so é uma ,\'ergonha!" 6. - Conceitos de um official argentino El pueblo ar¡¡eutirtu sabe bien, o por lo menos debl" 1;aherlo, que estamos expuestos a que nos pase tal veT., .algo peor que al PerÚ y Bltlgica, si es que 110 tomamos medidas COll tiempo para evitado; nnestr() pueblo dehe tener el ,yalor moral de rcconocer ahora estas cosas, \lara tomar con tiempo Jas medidas que el caso requiere. No -debemos cometer la cobardia de eng'l/iarnos a 1I0sh-os mismos, negandu el peligro o bien procl'<ler como los niños, que cierran I(>s ojos \)al',1 quel el polvo no les moleste la vista, sin darse cuenta que eso si~nifica desplomllrse en cualquiera de los precipicios lIIás o JIlenos di-simulados que ,se hallan en su ~amino,., * Es por eso, que nuestro pais tiene que prepararse parll hacer frente hacia dos direcciones ,principales a la vez; -contra el lIlÍl:leo Brazil y Uruguay pOI' el este y contra Chile y acaso algún otro por el oeste; nosotros no debemos pensar en relil'ar un solo solda'llo de los que tenemos permanentemente estacionados en nuestras regiones del ::-1orte y CuyO, si es que nos viéranos obligados a }latirnos en el este; de la misma manera, no podremns tocar lin solo reser\"Ïsta de las provincias de Entre nios, Corrientes, 'Santa Fé, )' aÍln del 'norte de Buenos AJ'res, -si es que hacia los Andes fuera la complkación, ., * - 167 - Es perfedamenle pÚblico que no hay un solo pab, entl'e nuestros 'vecinos, {lue de cuando en cuando no ponga manifiesto cn forma clarisima, \Sea por las declaraciones de los 'hombres de cstado que llevan la palabra del gobierno, sea por estadistas de primera fila en el mundo politico, etc., que aqui en .sud América lo mismo que en todas partes del mundo, cada uno cree tener siempre cuenta que cobrarle al vecino o algo pendiente que debe seradarado, - ·más a 'su favor naturRlmente la claridad, o !bien rcclamar la adquisión o reconocimiento de derechos ·nuevos, que han nacido de situaciones nuevas también ... * La Argentina, Brasil y la Repú:blica Oriental, se unieron par.! marchar juntas contra el ·Paraguay y libertar a ese .pueblo amigo del yugo deS'))iadado con que lo oprimia el gobierno despótico del mariscal López. Después de larga lucha, fueron vencidas las tropas paraguaya s y el dictador muerto en los campos de Ccrro-Corá; pero el llrazil une /Vez 'Que 'Vió libertado del tirano al puehlo amigo, se quiso apropiar de la Asunción y todo lo demas del pais que quedaba al norte de la capital. Esto dib motivo, a mu~' serilllS desavencucias entre los ex-aliados y Jmbo aun de originar una guerra con la Argentin:!, que no podia permitir semejante despojo en heneficio del Brasil ... * J'ensemos que los peligros se haccn ma~'orcs a medida que las riquczas de un pais aumentan; que nuestra variada ,producción, cada dia mayor, necesita nue\,()s mercados y nuevas ·garantias; que nuest ros productos haccn la competencia hasta arruinar a 10s de otms nacion,'s, sin querer es cierto, pero en le¡¡iti,ma defensa de sus intel'esses; que por proteger la industria nacional, se deeretlln fuertes impostos de importación y con ello se docreta también la ruina de los vecinos o de los antiguos proveedores; que nosotros tenemos pendientes muehos asuntos de inmensa importancia con varios paises; que de l:lls cinco nadonaes vecinas, hay cuatro COli las cuales los :lsuntos de -limites y los de carácter comercial, tropiezan a cad.! momento con ·nuevos e imprevistos inconvenienles, cte., elc. Acord('mosllos que h:u:e tan sólo nn lH11"de - 168 alÎos, que un talentoso y eelebre estadista brl\lsileiio "c~pcraba terminal' los asuntos de la laguna Merim, (cedida en ¡parte a la República Oriental), para arreglar la cuestión de :Martin Garcia", Qué euestión es esa, ni qué dubas hay sobre la isla argentina de ~fartin Garcia, qut: e~ la llave dc nUClstro comerdo fluvial interior, que vale ho~' casi el doble que el del Paraguay, Bolivia y la Repúhlica Orienta,l juntas? Hasta en las mismas puel"tas de Buenos A~-res, ,hay quicn prctendc poner en duha nuest l'OS dcrcchos tcrritOl'ia lcs !.. " * Las cuestioncs de la defcnsa naeional, son dc cso.' asuntos quc no admiten términos medios; o sc toma en serio y se ,prepam en realidad un pais para a.frontar con decisión y con probabilidades de éxito, una situaci6n quc puede presentarse cnando menos sc la espere, o bien se crec que csa ad,vcrsidad no se pI"odudrá nunea y qne pOI' lo tanto las gucrras son- solamentc crc<lcioncs fantásticas cie los alal'mistl\ls, * En estc pais sc cree sinceramcntc en h -possibilid:1l1 de una guerra, se cree <lue vendl'á y sc hahla, en consecuencia, de prepal":lI'se para afrontarla; pero en cua-nto sc trata de Cmpczar, es decir, dc tranSlformar lall palabras cn hcehos, sc supone siempre por desgracia, que cs!.o peligro es muy remoto, que el ai10 próximo si mejlll"ara la situaci6n financiera, se podri:lIl considerar esos problemas,. euya so]uci6n no tiene por otra parte mnyO! urgencia, dcsde que nadie nos amenaza y ni la más remota mancha cmpaiianuestro hori:r.arltc internacional, etc., cte. Es decir, que con esas vacilaciones, ni está asegurada nuestra defensa naciona,l, eomo exigiria el primcr caso, ni economizamos los veintiocho millonClS de pesos, .que sc inviertcn en nuestro presupuesto de guerra, como serin el caso de las Repúblicas deA.ndorra v Saon ?lf:1rino, • (Tl'ncnte-CoronC'! JAUREGl1l: Aseg/lrar III pa::! ... ) 7. - 169 - "Nuestra guerra" O inimi~o natural dc todas aIs ·naçóes hispano-americanas l' o Brazil. :E' o inimigo nato. Quando a flespanha era a potencia mais poderosa oa terra, por ter COTI· se¡luido realizarafinal sua unidade, in¡¡lezes e francezes ol'ganisamm (:ontra ella a 'mesma eonspiraçâo, que actualmente contra o imperio allemao, e a comhateram corn as lllesmalS calumnias. Nao se delivcram alé anniquilar a 1'1.'cl'lm-constituida unidade. dividindo-a em dous peda,os: Hespanha e Porl1l¡(a'l. A ruptura se reprod·uziu na America e cm lo¡(ar de um hloco hispano-americano, formon-se aqui um ¡(rupo de naçoCls hespanholas cm fnce de uma enorme naçao portu¡(ueza. O l3razil se fez gi¡¡anle á sombra da bandeira hClsp;lI1hola, quI.' alJOlio 1> lralado de Tordesillas ao c()brir corn as suas dohras todo o 'Continente. Corn esse tratado na mâo a Bolivia, o Pen'). a Colomhia e o Para,guay 1loderiam exigir do Brazil a restituiçâo das tres quartas partes de todo o llintaTaml de léSle. 'Portanto. o Brazil lo o producto da política anti-hespanhola da França c da Tnglalc)Ta. Fallanclo ,Iin¡¡ua divcrsa, diversamente oricntado cm cultura c cm politica, inlcnsamenle differenciado. ~)e]a sua mi~tura l'om a ra,a negra. de todos os dema is povos da America do Sul, (1 Brazil fÓrma dentro desta um corpo e~lranho. Por des¡;raça, esse corpo estranho occupa qua:si n melade do continente. comprehende s6 elle mais de um lcrço dapopu)açâo desle, e está persuadido de que estas duas superioridades lhe eonferem urna especie de suprcma'CÏa sobre as denwis naçóes sul-americanas. E islo nao é ainda o 'peior. O peior é que para imllôr esta pretl:nsao procurou scmpre o apoio dos Bstados Unidos. os quaes o deram. o diío e o darao ~om muitissimo praZl'r. por motivos que toclos l)uantos leram as Ila¡¡inas anterioJ'CS ',comprL'hcndcriio ,facilntente .. .0\ .!lolitica romallliea dos rlif\lomatas ¡n¡¡ennos e meramente livrClscos, pÔde exeJanwr conlpmplando. se,m comprehcnder. as posiçóes do Br·;¡zil e da Arl!entina. "Tudo nos unc. nada nos scpara." ..\ politica realista fundada na Geo¡fra,phi:l, na Historir, l' no con'hecim,cnlo dos "crdadciros ¡ntercssesdos poyos flp,'!" muito ao 'contrario, affirmaI': "'Nada nos une, ludo nos separa, .. " * - 170 - Passemos à realidade tao differcllte, muitas vezes, do (/ue os I¡vros e as cstatitsticas nos ensinam. O Brazil nao é naçao forte. Primeiro, por.quc é pobre. Segundo, porque é immenso. Além disso, pON¡ue espiritual e physiologicamcnte é um doente. Nenhum brazileiro admillirá que SUI' lel'l'a é pobre. Nao o pretendo ¡provar a¡¡ora. Basta-me que o Estado o se.ia e sobre isto nao ha duvida. Se.culos de deric;t financeiro o proclamam à face do mundo. nara a minguada constitlliçiio economica do Brazi·I, a enormidade do seu territorio, vazio de homcns, cm grande parte insalubre e corn escassas commllniençoes, é um peso esmagador. Um adversario decidido o póde atacar 1/701' qllalque¡' .parte, certo de que n30 eneontraril resistencia efficaz em llenhuma. Deste mal da dcsproporçiio enlre a immensidade territorial e a exiguidade do:; recursos C!<:onomieos, soffrem cm maior ou menor grao toe1as HS republieas hispano-ameicanas, mas o Brazil mai's intensamente que qua\Jquer dellas. A ,penuria é hereditaria: faz seculos que .portugal vive mendigando. Para sel' forte, n30 cm todos os pontos da sua fronteira, ma·s pelo menos nos Ipontos essenciaes, pI'el'isaria de um orçamento de despezn 40 ou :i0 vezes maior <Iue o actual. E "iif) póde l'om iSlSo!.,. * A crise universa.l nos attingiu a todos, Inas au Brazil mais que a ninguem. ~cstc terreno é ¡¡rnnde a nossa superioridad e e, ao mesmo te>mpo que nos torna temiveis, dá maior valor á nossa amizade e nos facilita os meíos de preparar nossa !lefcsa. Ponhamos miio {¡ ohra da noss:! rceonstrueçáo militar.porl-lJ1, sein pel'da de um din nem de ulna hora. Se a guerra nos sUl'prc.hende no estado em que cstamo<, tremendos perí¡(os nos aguardam. E essa guerra póde rooent:ll' de um momento .pal·a outro. J\dmitlamos <lue o Brazil nos manda um lI1t;m'atllTll, pondo-nos no diJemma de aeompanhal-o ou de comba ter e que o Chile e o l'ruguay secundem sua acçao. Formida\'el eo.nflieto! NÜo querendo slIbmetlcr-nos, e l' claro que n30 nos suhmetleriamos, tcriamos de mohilizar immediatamente todals as nossas forças de .primeira linha, mais toda a guarda naciona·l . .400 todo o meio milh¡io de homens !le que falei atraz. A situaçiío se apresenta desta fÓl'lna: O maior peri'go vem do Chile, mas a parte \'ul- -171 lIe¡'avel da naçào é a que ,póde ser ameaçada pelos no~so~ inillli~os do norte: Bl'azil e UrU!luay, A offcnsiva nas duws ,frentes é impossivel. O lllelhor plano da eall1pallha parece este: \'onter a offen~iva chilena e atacar a flllldo o Brazi! para vencel-o cm pouco tempo. Urna ,vez o Brazi,1 fóra de combate, ll'ccommetter o Chile corn todas as nossas fOI'ça~, até obter delle uma paz honrosa. A victoria so·bre o Brazi! considero-a faei! c rapida, se os E~tados {rnidos pel'maneeerem \'cnladciramell'te neutro~. Ncste caso, o papel principal cabe á nossa csquadra, que, ~em grandes sacrificios, adquirirá o dominio do mar. Nào el'eio que a brazileira, corn o~ seus dois ilre((dllollflht,~ quasi invalidos (estâo corn as caldeiras e as machina,,, cm soffrh'cl estado c apcna~ darào dois terços da mal'cha quc al)rCS('ntaram nas expericncias) e l'om as .suas tripulaçóe~ mal excrcitada~, ~alvo nos motins, se atrcva a disputaI-o. E desde que fosse nos~o o dominio do mar, a vida do Tlrazil, cortada a sua ,priucillal 'll·tcI·ia, que é a na\'e¡¡açào de cahotagem, ficaria paralysada, A outra arteria, 'que é a Estrada de Ferro Centntl, tmhem póde ser cortada. Como e onde llao é eousa qUl' se diga cm leltra de 'fô"ma, Hasta dizcr ¡qne cm poueas hora~, dcpois dahatalha na\'al \'ictoril>~a ou do eng:II'I'afamcnto do esquadra IlI'azileinl na hallia de (;U1lUah:II'a, o Brazil e~taria pal·tido l'III dois. ¡'ednzido à impotencia (' sumido no mais profundo pavOI'". (PRDRO DR COJ\DOIlA: Nuestra Guerra,) 8. - Um novo plano de organisaçào militar na Argentina Rm,:o;os AIRES, 13 de fcvereiro, Xo 11inistnio da Guerra esUi sendo estudado um novo rplano dl' ol'¡(ani:;açào militar 'Para o no~so exel"eito, projecto do General MuJlilla, .que parte do ponto de "i~ta de lSer muito velho o actual systema, isto é, de 1882, (Agcncia Americanu.) - 1729. - Os aeroplanos no sul POHTO Al.EGHE, 1 de setembro, - Tc1c¡(rapham de l'ru¡(uayana que o Jornal da Fron/cira est:llnpou urna re porta¡(em I'elath'a ao apparccimeuto de aeroplanos naquelle municipio; diz o mcsmo jornal que o .facto foi presell{'cado por diversas pessoas, O apparelho al}pareCell ás 2:i 1Ior3ls, no ,Iu¡(ar denominado Iba\'e, 6° districto do municipio. O aeroplano evoluio demoradamente sohrc parte do rio IlbieuJ1y. O fado foi levado ao conhccimento do commandante da .j(ual'niçao local, que o communicou ao comm¡lIHlo da regi¡io. (Jorllal 10. - do C()IIII11Crcio,) Brazilophobia ",\ imprensa desta capital tl'anSCI'e\'e diariamente os insultos gratuitos que a de Buenos Aires esere\'",; a handeira hrasileira, tremulando sobre os navios men'alltes que fazem a nave.gaçao do 'Paraná e do Paraguay, é "'liada des<le as docas de Buenos Aires até passaI' a foz do Pilcomayo; os argentinos {IUC .viajam para a EllI'opa. cneontr¡¡m-sc l'om os hrazileiros que se diri¡¡em 'lO velho continentt' e nao ha uma 1S6 via¡(cm s~m que .surja·m conflictos cntre os .nossos patricios e os platinos, provocados ua totalidacle por estes, Um deputado h¡'azilciro. offidal ,lo cxe¡'cito, tah'ez a mais pel'feita intclle-ctuali<i¡llle das duas l'as¡¡,s do 'Collgrl'sso. eontou-me que as proprias l'rianças a.rgcntinas manifestam estes symptol1las de hrazilophohia, (molestia de que soffre a totalidade do pon) argentiuo), durante a tra\'essia do Attantil'o. r:\'o salao das l'riançals, durante a sua v¡agem, os J)irra1hos J)razileiros soffrem dos ·pir.ralhos argentinos uma guerra feroz, que cxaL'CI,boll ,'1 ta1ponlo os nossos pequenos patricios, quc l'stes, eh~fiados por um menino de dez anno.s. abriram luta, atirando pratos e ta'lhere.s e out ros 'projcelis que encontravam sobre a mesa, contra os seus ¡n¡mi¡;(oso O faeto Jl.Oovol'ou uma rverdadeira revoluçao a bordo; brazilciros e argentinos, empunhando revolveres, ameaçaram~se mutuamente e, si a batal'ha dos ·petizes 'Ilaose t.'ansfol'mou cm urna luta entre os grandes, deve-se il l'nrgia do comman- - 173 - danle do paquele. Nem 'l1IeslUO as senhoras argentinas perdel1l occasíào de manifesl:lr a sua ogeriza ao:S hrazíleil'OS e ás nossas genlis c hcm educadas patricias, Tudn isto prova o odio argentino e a indififerenç:l e o desprezo <[ue volamos aos nossas rabiosos visinhos, de lempel'amento írre<¡uielo e trcfego. Estas l'dueaçiie., da bella educaçào ;\l'gentina, a <¡.uc já nos habituámos, passam muit:ls ·I'ezcs do domi.nio da grosscria vulgar ao ultimo gt'Í\o do comieo e do ridiculo, Toda a genle deve lembrar-se do facto, que annundou a imprensa <lesla capila·l, de um eava];hciro ar¡¡entillo, viclima do delirio febril da hrazi1(1)ho<bia, alirar ao mar as innocenles ca<leiras de v¡agcm dos passagciros brazileiros; e das celebres vaias, cam que aI¡¡ulls argentinos, cm lransilo peloo parlas do Rio de .Janeiro c Bahia, ec)slu'llIam pagar os -donas dos bale s que os transporta,m il ten'a e vice-vel'sa. Niio póde haver mais claras demonslraçiies de odio, de UIlI pavo por ol\lro; 0'5 argenlinos al¡ram-nos a IUI'a; le\'antemol-a eom dignidadc e brio. Eís o dever de lodo 'brazileírCl," (AXTOXIO .10Ao: O problema argentino e a guerra.) 11. - A guerra do Paraguay nao está liquidada "N'a ostá todavia liquidada la guerra del Paraguay, la quai 'fuimos aliados del Brasil y, por eOllsi'!(uiente, somos parte ,solidaria Cil la liquidaciÓn, La HepÚblica del Paraguay ha cOlllraidomna deuda de gue.I'I':l Cil 1'''1'01' de las naciones aliad~s, que, cn la 6poca que vos tll\'O el hollar de desempelÎr .la c"l'lera dc relaciones exleriores, se hacia subir ·á una suma l'Cal en trescientos millones de lil}l'as cstel'línws; :" COli ,la accumulación de intel'esses duranle cuarenta alias, he oido hablar, pero no tengo el d"to oUicial de la li,quidación, que se hace ascendcr á t"ntos mill',llIcs de libras eslerlin:ls que ,pr(}bablL'mellte no podia COhl'll' el 'Paragu:IY cou toda-s SllS riquezas y su,s edificacjoncs. " 011 (7.EllolLLOS, ) o telegramma cifrado n. 9, de 17 de jun~o de 1908, dirigido pelo Governo Brasileiro. ~ Legaçao do Brasil no Chile, que o Sr. Zeballos falsiflCou: o TELEGlIAM:'>IA {) 'I'ELEGHAMMA DECIFRADO FALSIFICADO 1908 i las 6 e a7 N. 9, ((uarta 17, Ponto. 17 Junio 1ï de junho de 1908, fi h,5ï p. m. N. 9, q11êlrta, 17 ponto. mins. Queira decifrar 'com Gama este despacho: Apel1'as haya sido Zehallos, proceda. o Sr. removido Lo-Acabo de ser informado de que, apÓs conferencias entre os Ministros Zeballos e Cruchaga, fora~ mandadas instrucçôes ao Sr. Anadón de accordó corn o pensamento do Sr.Cruchaga. 1. -Hacer comprender al Gobierno conveniencia suspender temporalmente los tratados en tramite con la Argcntina esperállllose para mas adel~nte ,grandes ventajas. 2. -Sobre o projcclo de tratado politico, independente das modifcaeôes e accrescimos que teriamos de 'propor, devo desde já declarar, e con ve m dizel-o a esse Governo, que nâo achamos a opiniào sufficientemente preparada cm Buenos Aires para um accordo com o Brasil e ó consideramos inconveniente e impossivel enH¡Uanto o Sr. Zeba!los ¡fôr .\Iinistro. 2. --lnteresar -al Gobierno para que preste su. at.e~ción á nuestro proyecto JurIdlco sobre -el .Plata, en cambio de las negociaciones que tiene con el l'cru en tramite para la ùefi nili va posesiÓn de la pl'Ovincia . clemollslrlÍlldole ({Ile el Bmsil serà !ln aliado poderoso en el Atlántico, como ,Chile en el Pacifico, asegurando asi la paz en las tlos márgenes y el dominio seguro ('onlro todo o evento. Esto debe ser tratado confidencialmente, sin dar ni anticipar un caraeler officiaI, en la {drma y modo de /lUCS- 0 Os jornaes pOl' elle inspirarIos teem feíto lima ,campanlta de ·falsas noticias C01l1 o fim de desper'tar como teel1l despertado, velhos odios contra o Brasil. :-Iào podemo:¡ figurar como alliados de governo de que faz parte Ulll Mi,nistro que, telllos motivos para saber,é nosso inimigo. O sell propo:;ito, COIllO disse a intilllos, nào era promover a triplice alliança Brasil-Argentina-Chilc mas sim sepal':Ir o Chile do Brasil. :{O---Quando subiu ao Govel'IlO, o Brasil linha ,sido solicitado pelo Paraguay p:!ra j)rOIllDver a soluçào, aQui, da questâo rie ·limites ParaguavBolivia. A llolivia (lcsde 1\103 pedira os noss{)s bons ,officias par nota. Lemhrei ás duas Partes a conveniencia de ser a qucstào suomettida á arhitragel11 de representantes do llrsail, Argentina e Chile. ¡\ i.ntervençào Zehallos prodllZlll-SC 10)40, llLas para ex- cluir o Bl'asil e Chile, e disso se gabou no jornal l,a Prensa. Desde ent:îo ('ontinuou a pro(,l\l"ar indispor-nos cam os visinhos Uruguay e I'al"aguay, allribuindo-nos pel'fidias e planos de ,conquista. O seu discurs na Junta de Notahles é um tecido de invcnçiie.s ('0111 o fim de tomar odioso a Bra,il. 4".-Sempre vi vantagens numa ('erta intelligencia poliliea entre a Brasil, a Chile e a Argentina, c lembrei por vez es a sua conveniencia. :'1;0 appendi('e ao segundo volume da re('ente ohra de Vicente Quesarla Jlel1lorias J)iplornGticas f'ncontrarà ('arIa minha de l!JO:> ao ,:'\Iinistro Gorostiaga sohre issü; ¡r-a, a idéa núo está madur¡¡ na Repuhlica Argentina. HOllVC ati~ alIi Ulll retro('esso, cstando hoje afastados (lo governo e hostiJisados todos o, nossos amigos. 0 0 Ira diplomacia como .~ube hacer; y aparentar ferencia CancHer resaltar V. E. indipor la l'aida del argenlino, haciendo de paso nuestra in- flUl'I1(·b. 3".--Apunt:lr la conveniencia d~ disuadir al Peru y Bolivia que sigan ron la Argentina, en contra de los intere;;C's chi lenos, y procurar de la prensa que empiece il mostrar recelo por los grandes proyectos de al'lnallH nto del Gobierno .\rgentino, casi sin causa aparente. 'PrOI)¡\lar las ¡¡relenciones imJll'rralistas del Gobierno argentino en los <:entro_ polilicos :v sus pre!(<ll.dido, .• a\1an •..('~ d~ dominio sobre llolivi.a, Cruguay y Paraguay y nuestro Bio Grande. .\demás hacer ver 'que intenla requerir tle la Gran llretalía la devolul'Íon de las Islas :'\falvinas, que dice les pertenecen; que el Brasil a titulo de justicia ampara el dehil en defensa de sus intereses; que Washington tambien se conforma COll la rectitud de nuestro proceder llllmanilado. 4."---;Dcmostrar bien el hl'c'ho de que debido al caracll'r voluble ,de los Argentinos, ellos no tienen, en tiempo alguno, estabilidad en lapolitiea interna y externa, y que la ambición de figurar los desmoraliza sacrifieando el mérito,como sucede en la al'tuaIi da(l, con descrédi,to de sus estadistas, sin reparar los perjuicios que il'l'oga la falta de seriedad que tanto los caraeteriza. Es indispensable aprovechar la oJlortunidad de este momento. Densltt (.il.•• ¿Il clt la productlan ,¡gncolt >"t41J cuhurv.l dt la Republique ~lfJutÚ2"1krt~,_AjJD"" ~p~ Sc.IO IIlIUll. E::~ . !7.a So.."'J , 0.1.' Agricola da Argentina tÚ . • _ OV.Q.I . ~ I • Q.¡J [IlJ '«'tnJ Geographia ; D.' ~ • • d~l'o'r.lu) Arg.enu:\1! ,~ lo,': "~--;-.------ ..... - -- ---'---1 ,/1'\ '. / :' ···;~rT .' \1 de laL"3République chemins I/;~;d. : ,J J. Ethell~ ','0000000 ~Antó"io de IO$:Cobres .,.".···T"'R"r.~: •... [ : ~ ~.-s: .k Co • / ",. ""Luy n;¡..,œ ~al a S . 'Tu/a ;.ANnS/, .' DU RlO de re,. Argentllre "t' NEGRO Carta ferro-viaria da Argentina I ~ , As (:\bppn ~xtrahldo <ln ob!'a fronteiras do coronel do B do .¡()corn raE/ " " . c.to C',~I a Ar l' • gentlna arg"t:lnt:-no Ja\.lre~ut. ---' 1?O 'ro ~ ~---".-ESCALA A sscgllrar la paz! ..). oooK. , " r.1I0!'SO BAHIA ~ A... => :f . G () y'.\. Z . ./ .Il IV1810:-;lmlllONAl.y{)l " JH~~GI0j~'\ /_ • .../:"-.,-0- , ~,\l1NICl ORF.S ..-:;;;:;:;;; ... ··_~r ;: 1: l' ! : . fi i ;:.: .:::~ ~"S'1 lo 11° l· . /""" --~~-- "U' RF: E'l!:IU: NC.!A..S --------_.- ••••••• .-- ••••••• •.." .••••••••. . _ Il::: ~:'.: •• ta •••.•.••.• , •.••.•• ;a -__ " 1 ,- •.... lia '-"~_ •.• ~••.•. , •••• ,,...-- ...• ~._ ._~ ~ ••.•.... ~~ ...._ ... ~.-... _ ... dII •• ·.,. (t ••••...•• Mappa militar do Brasil do l!vro Nucs//"OJI Frontet'as (-~ .~ ••.•_4·" .••••_ •.•-. :J (.Extrahldo - ~•....... "+ ; :.~= ..:.::.:::\ \.;r •..••.••••• ~_'•• ¡•••••. :11 •• " .._ ••• ( •• _ .••• do major arKent;no Eugenio Rtmirez), ~ :::::'•.__.,J 4. -- __ •....... ••• _ - •••••••• \ ,.ff~ \ ._.t. Il. ~~'p 1.: 1\ 1. I (' '" "" :..\ \ ,.,, , €.STAOO 111] P lJ B l. 1 e ,\ - -.- DO ...:."~ ;''::::;) '1.•.•..•.• ~.:.-.:./OHIKX'I'AJ. ••••--=:o;p.-- RIO Glli\~E IH;J.I:I1I:f;\',\Y Escala Mappa do Rio Grande do Sul (¡';xtrahido do IIvro Nuestras Pral/tcTas do majo!' arg. ntino TIamil'('z), DO 1:,3.oooooç, SUL Carta ferro-viaria da Argentina l\MBIÇOES l\LLEMAS Nl\ f\MERICf\ DO SUL ~1~~ ~> .. ~ ~ ID·· •• ..' ": .' MAPPA DA AMERIGA DO SUL EM 1950 Extrahido do Iide Il. Tannenherl(, (;ross Deulschland, Lcpzip;. 1911. - T rad u z i ti () cm franccz e publicado por Payot & Cia. HO Terrllorlo Allemao ..• , ••.••.• p~ f17. r"'~'t1~~fln ~ ~ lngloz •••••••••••.•• dos [sladGs·Un;dos •• Segundo o autor. o Rio G:ande do Sul, a A;gentína, o Paraguay. o Uruguay e o Chile devem constituir uma Allemanha Austral e, como compensaçào, os allemàes consentiriam em abandonar á Inglaterra o Brasil, o Peru' e a Bolivia e aos Estados o resto do continente. INDICE INDICE Pags. l. - J":~te livru (, producto do patrioti"n1o vlgilante. c1a•.h·id(,H~e C" sincero 11. O odio ¡mplacavel dos argentinos ao Brasil data ùe~·H.l1' O!-i telnpos de Sa..n ~Jartill 111. A !merra t'ntre a Argentina e o Urasil vlrà de urn estaùo d'alma ùo povo argentino IV. O ].Iano de conquista do territorio brasilciro 01'ganisado pela Junta Governativa das l"'ovindas Unidas do Prata V. A Ineorporaçiio da Banda Oriental firmo u definitivamente aR nossas incompatibilidades YI. A acçao de nossos antigos al liados e amigos no Paraguay. depois da. guerra, é unla obra inHidiosa. visando o nosso desmoronamento VII. (l famo~o Conselho de Notaveis, celebrado por iniciativa de Zcballos, este\'e quasi a preclpitar a guerra contra o Brasil .....................•..... VIlI. Violento e rancoroso, intrigante e perverso, fdto de ambiçáo e de arrogancia, o homem argentino COrIser'va ainda. hojc os caractCl'('H atavicos do •.gaucho malo " IX. A "ignificaçào politica do tratado commercial de livre cambio corn o Paraguay X. O "rrogante isolamento da chanccllaria argentina, no conflicto {'uropeu, evidencia alnda 'lue a Argentina e o Brasil s1i.o Irredudiveis (j, mesma formula internacional. XI. A harmonia dos interesses argentinos e gumanicos na polltica do Brasil.. XII. A prpparaçào militar argentin" sempre teve por objectivo a guprra corn o Bra~il. XIII. Indice da potencialidade cconomlca, financei· l'a <' commercial da Argentina XIV. () espPCtaculo de nog~a desorganisaçao militar, perturbada por factos politicos e difficuldades vi· gentes. acabrunha o patriotismo brasflelro XV. A realidad e nacional ê tào grave que rOfluer. (, semelhança de Cromwell, um salvador Dossier S 11 23 35 49 61 61 75 83 93 103 ]09 123 137 14~ 157 El gaucho