A individualização de torque para os caninos

Anuncio
Caso Clínico
A individualização de torque para os caninos
no aparelho pré-ajustado
Reginaldo César Zanelato*, Ademir Tadeu Grossi**, Sáverio Mandetta***, Marco Antonio Scanavini****
Resumo
A grande maioria das prescrições de braquetes é derivada das oclusões naturais ou da experiência clínica dos
autores, onde a angulação e a inclinação dos dentes são obtidas dos valores médios encontrados nas pesquisas. Estas recomendações de torque são adequadas na grande maioria dos casos, no entanto, esses valores
podem ser influenciados por algumas variáveis, tais como: a forma do arco dentário; a morfologia da face
vestibular; a posição vertical do braquete na face vestibular e a posição de irrupção dentária. O objetivo deste
artigo é discutir a importância do perfeito posicionamento dos caninos no final do tratamento ortodôntico
e identificar os casos onde temos que realizar algumas compensações de torque, quando se utiliza o aparelho
pré-ajustado.
Palavras-chave: Retratamento. Extração de molares. Arco Dupla Chave. Braquetes Tip-Edge.
INTRODUÇÃO
O maior desafio da Ortodontia como especialidade é a relação entre a estética e a função, pois além
das melhoras estéticas que tanto buscam os pacientes,
os ortodontistas têm outra grande meta, que é a obtenção de uma oclusão estável e funcional. De acordo
com os conceitos da oclusão mutuamente protegida,
os caninos desempenham um importante papel nos
movimentos lateroprotrusivos da mandíbula. Esses
dentes são responsáveis pela proteção dos dentes
posteriores durante os movimentos laterais da mandíbula, frente às forças horizontais, que normalmente
causam respostas patológicas. Então, é fundamental
um bom posicionamento vertical e horizontal dos
caninos no final do tratamento, para que eles exerçam
com eficácia a função protetora.
Andrews, em 1972, classificou a inclinação vestíbulo-lingual da coroa dos dentes como uma das seis
chaves para a oclusão normal e recomendou na sua
prescrição de braquetes, que os caninos superiores
tivessem -7º de torque lingual de coroa e os inferiores
*
**
***
****
-11º. Esses valores médios foram obtidos da amostra
de 120 modelos de pacientes com oclusão ideal, a
qual ele utilizou para idealizar o primeiro aparelho
pré-ajustado.
A grande maioria das prescrições de braquetes são
derivadas das oclusões naturais, ou da experiência
clínica dos autores, onde a angulação e o torque dos
dentes são obtidos dos valores médios, encontrados
nas pesquisas. Essas recomendações de torque são
adequadas na grande maioria dos casos; no entanto,
esses valores podem ser influenciados por algumas
variáveis, tais como: a forma do arco dentário; a
morfologia da face vestibular; a posição vertical do
braquete na face vestibular e a posição de irrupção
dental. Então, cabe aos ortodontistas identificarem
essas variações individuais e realizar as compensações de torque necessárias para posicionar os dentes
corretamente.
Nos dias atuais se faz necessário individualizar o
tratamento ortodôntico de acordo com as características faciais dos pacientes e as peculiaridades das más
Aluno do Programa de Pós-Graduação em Odontologia área de Concentração Ortodontia da UMESP.
Aluno do Programa de Pós-Graduação em Odontologia área de Concentração Ortodontia da UMESP.
Professor do Programa de Pós-Graduação em Odontologia área de Concentração Ortodontia da UMESP.
Professor do Programa de Pós-Graduação em Odontologia área de Concentração Ortodontia da UMESP.
R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004 • 3
Alterações dento-esqueléticas na correção da má oclusão de Classe II, subdivisão, com elásticos intermaxilares
oclusões, então o objetivo deste artigo é discutir a importância do perfeito posicionamento dos caninos no
final do tratamento ortodôntico e identificar os casos
onde temos que realizar algumas compensações de
torque, quando se utiliza o aparelho pré-ajustado.
REVISÃO DA LITERATURA
O papel dos caninos na oclusão funcional
Segundo Okeson:
“A primeira descrição da relação oclusal dos dentes
foi feita por Angle (1899), essa descrição baseava-se na
intercuspidação dos primeiros molares permanentes.
O autor definiu por Classe I, ou oclusão ideal, quando
a cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior
se relacionava com o sulco mesial da face vestibular
do primeiro molar inferior. O primeiro conceito
significativo para descrever a oclusão ideal foi chamado de oclusão balanceada. Este conceito defendia
os contatos bilaterais em balanceio nos movimentos
mandibulares de protrusiva e lateralidade. Era aplicado para os pacientes que utilizavam próteses totais
(dentaduras completas), com o raciocínio que esse
tipo de contato bilateral estabilizaria as próteses nos
movimentos mandibulares .Quando a reabilitação
total de toda a dentição se tornou possível, começaram as controvérsias sobre a conveniência da oclusão
balanceada para a oclusão natural. Surgiu então, o
conceito de contato unilateral excêntrico para guiar a
mandíbula durante os movimentos excêntricos. Essa
teoria sugeria que os contatos lateroprotrusivos, ou
contatos de trabalhos e os contatos protrusivos, deveriam ocorrer nos dentes anteriores. Foi nesse mesmo
tempo que o termo gnatologia passou a ser usado,
definindo a ciência exata que estuda os movimentos
mandibulares e a resultante dos contatos oclusais”.
Estudando a oclusão dos índios na Califórnia,
D’Amico (1961) concluiu que a alteração da cultura
primitiva para o modo de vida europeu moderno
eliminou os elementos abrasivos da mastigação, que
causavam grandes desgastes nas superfícies dentárias,
diminuindo a relação vertical da mandíbula. O resultado dessa mudança repentina foi o desenvolvimento
da relação de trespasse dos incisivos e caninos superiores. O autor desenvolveu a idéia de que as oclusões
planas com grandes desgastes, como nos aborígines,
não são normais, pois cúspides íngremes são especificações dos dentes humanos. Os incisivos e caninos
4 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004
superiores fazem contato durante os movimentos
laterais da mandíbula, guiando também o movimento
de fechamento mandibular em oclusão cêntrica. Essa
idéia foi chamada “proteção dos caninos”, tornandose um dos objetivos principais para se obter a oclusão
de mútua proteção.
Ramfjord, Ash (1983) definiram o conceito de
oclusão funcional dinâmica, que não se baseava
numa configuração oclusal específica e sim na saúde
e funcionamento do sistema mastigatório. Segundos
os autores, se as estruturas do sistema estiverem funcionando com eficiência, sem patologias, a configuração oclusal é considerada fisiológica e aceitável, não
importando os contatos dentais específicos.
Dawson, (1993), escreve que as trajetórias laterais
da mandíbula, estabelecidas nos dentes anteriores,
têm grande influência na forma oclusal posterior,
sendo que os caninos ocupam o papel mais importante na determinação de receber e dissipar a carga
anterior, quando comparado com os demais dentes
dessa região. Portanto, os dentes posteriores deverão
ser desviados de qualquer contato lateral pelos dentes
anteriores e deverão também, estar em harmonia com
os côndilos e com os dentes anteriores. O autor relata
ainda que o objetivo final da terapia é a obtenção
de uma guia anterior correta e que ela seja estável e
funcional, pois quando essa situação é obtida, ocorrerá a desoclução imediata dos dentes posteriores,
no momento em que a mandíbula deixa a posição
de relação cêntrica. Enquanto os dentes anteriores
estiverem em posições estáveis, eles servirão como
importante protetor dos dentes posteriores e como
um sinal para a redução da carga muscular, em todas
as posições excêntricas da mandíbula.
Okeson, (2000), relata que quando todos os
dentes anteriores são examinados, torna-se evidente
que os caninos são mais bem ajustados para receber
as forças horizontais, que ocorrem durante os movimentos excêntricos da mandíbula. Eles possuem as
raízes mais compridas e maiores, tendo a melhor proporção coroa/raiz, estando também, envolvidos por
osso denso e compacto, que tolera melhor as forças,
do que o osso medular que se encontra ao redor dos
dentes posteriores. Portanto, quando a mandíbula
movimenta-se numa excursão lateroprotrusiva direita
ou esquerda, os caninos superiores e inferiores são os
dentes apropriados para contatar e dissipar as forças
Alterações dento-esqueléticas na correção da má oclusão de Classe II, subdivisão, com elásticos intermaxilares
horizontais, enquanto desocluem e protegem os
dentes posteriores. Quando essa condição existir em
um paciente, consideramos que o mesmo apresenta
a guia do canino, ou a desoclusão pelos caninos.
Segundo Ayala (2002), um dos objetivos mais
importantes da terapia ortodôntica é a obtenção
da oclusão funcional que siga os conceitos de Lee
(1992). De acordo com esses conceitos, o melhor
esquema oclusal para um tratamento ortodôntico
é a relação interarcos de Classe I, que apresenta em
máxima intercuspidação contatos bilaterais, múltiplos
e simultâneos, com os côndilos assentados em relação
cêntrica (RC). Para os caninos é recomendado que a
ponta da cúspide do canino superior chegue próximo
ao ponto de contato entre o canino e o primeiro prémolar inferior, estabelecendo um trespasse vertical de
4 à 5mm. Paralelamente, deve existir um trespasse
horizontal de 1mm, desde a ponta da cúspide do
canino superior até a face vestibular do canino inferior. Em relação à angulação do canino superior, esse
dente deve estar angulado de maneira que ocorra uma
relação da ponta da cúspide do canino superior com
o terço distal da face vestibular do canino inferior
e não com o ponto de contato entre o canino e o
primeiro pré-molar inferior, pois o autor assegura
que essa relação oclusal permite que se estabeleça
uma adequada guia do canino e conseqüentemente
a proteção dos dentes posteriores.
Mclaughlin, Bennett e Trevisi (2002), comentam
que é necessário um controle de torque eficiente para
os caninos superiores, pois eles são elementos fundamentais em uma oclusão mutuamente protegida.
O objetivo é criar angulação e torque ideais para os
caninos, de forma que eles possam desempenhar nos
movimentos funcionais laterais da mandíbula e, ao
mesmo tempo, manter uma liberdade na máxima
intercuspidação. A ineficiência na liberação de torque dos aparelhos pré-ajustados é evidente quando
se estiver trabalhando com os caninos, pois são os
dentes que possuem as raízes mais longas na dentição
humana. Se a opção correta, entre as três opções de
torque for escolhida, haverá menor necessidade de
inserir dobras de terceira ordem nos arcos retangulares. A filosofia preconizada pelos autores (Filosofia
MBT) utiliza dois tipos de braquetes para os caninos
superiores (-7º, 0º) e inferiores (-6º, 0º), possibilitando três opções de torque. Ao girar o braquete com
5 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004
torque negativo (lingual) de coroa em 180º, ocorrerá
uma inversão no sentido do torque, passando de
negativo a positivo.
O que é fazer Ortodontia? De acordo com Barbosa (2003), fazer Ortodontia é reabilitar o sistema
mastigatório dos indivíduos com os seus próprios
dentes. Essa reabilitação deve seguir os princípios
da oclusão mutuamente protegida, para se tornar
estável. Na reabilitação com Ortodontia, onde utilizamos o próprio dente, os pequenos detalhes terão
que ser executados diretamente na boca, utilizando
os arcos de finalização e pequenos ajustes oclusais.
Então, segundo os princípios da oclusão mutuamente
protegida, é importante seguir os critérios abaixo
relacionados para que os caninos cumpram a sua
função protetora:
•
Angulação individual nos caninos o suficiente para que os mesmos possam estar em função
durante os movimentos de lateralidade. Acreditamos
que a versatilidade na angulação dos caninos é um
dos critérios mais importantes para se conseguir uma
oclusão funcional e estável.
•
A incisal do canino superior deve guardar
uma relação de sobressaliência de aproximadamente
1mm com a face vestibular do canino inferior, dando
uma liberdade funcional durante os movimentos de
lateralidade. Nessas condições, quando os caninos se
tocam, os dentes posteriores devem desocluir.
AS PRESCRIÇÕES DE TORQUE PARA OS CANINOS
Com o conhecimento advindo da experiência e
com o objetivo de alcançar o ideal para o tratamento
ortodôntico, Angle (1928) desenvolveu o braquete
edgewise, mudando a forma dos braquetes existentes
e colocando a ranhura no centro e na horizontal, em
vez de colocá-la na vertical. O arco pré-formado era
mantido na posição, primeiro por uma ligadura de
cobre e depois por uma fina ligadura de aço inoxidável. Esse novo braquete edgewise consistia em uma
caixa retangular, aberta na horizontal, com dimensão 0,022 X 0,028 de polegada. Esse novo desenho
proporcionava mais precisão no posicionamento dos
dentes e também um mecanismo mais eficiente de
torque. O aparelho é um instrumento básico usado
para atingir os objetivos ortodônticos e deve ter certas
características: simplicidade; eficiência; conforto e acima de tudo ter uma grande versatilidade. O aparelho
Alterações dento-esqueléticas na correção da má oclusão de Classe II, subdivisão, com elásticos intermaxilares
Edgewise apresentava uma ranhura neutra, de 0,022
X 0,028 polegada, que possibilitava o uso seqüencial
de arcos retangulares pré-formados, com o objetivo de
ter mais controle de torque durante a movimentação
dentária. As dobras de terceira ordem eram dadas nos
arcos retangulares, para inclinar as coroas dos dentes
para lingual. O único segmento que não necessitava
de torque lingual, era o segmento dos incisivos superiores. Para os caninos, era recomendado torque
lingual de coroa de - 7º para os superiores e - 12º
para os inferiores.
Em 1970, Andrews introduziu a filosofia e o
aparelho Straight-wire, através de uma pesquisa que
envolveu milhares de medidas das coroas dentárias
de 120 modelos. A finalidade do seu estudo foi saber
em qual posição e, de certa maneira, quais as formas
constantes dentro de cada tipo de dente e qual o
tamanho relativo consistente dentro de um arco,
baseado no reconhecimento de que, quando otimamente ocluídos, prevalecem extensas similaridades
na morfologia de tipos de dentes normais e em suas
posições. Um aparelho coloca em funcionamento
essas similaridades perfazendo todo ou quase todo
trabalho de orientação com fios flexionados, mas sem
dobras. Após a pesquisa realizada nos 120 modelos, o
autor lançou a prescrição de braquetes Straight-wire
e sugeriu que os caninos superiores tivessem -7º de
torque lingual de coroa e os inferiores -11º de torque
lingual de coroa.
Segundo Andrews (1972), tão importante quanto
o novo sistema de braquetes, foi a observação de
seis características, presentes nos 120 modelos não
tratados ortodonticamente, que serviram como base
para os seus estudos. Essas características presentes
de maneira consistente foram denominadas de “Seis
Chaves para a Oclusão Normal” e serviram como
base para o desenvolvimento do aparelho StraightWire. São elas: relação molar; angulação da coroa;
inclinação da coroa; rotação; contatos e curva de
Spee. A inclinação da coroa foi classificada como uma
das seis chaves para a oclusão normal, considera-se
a inclinação da coroa como o ângulo formado entre
uma linha perpendicular ao plano oclusal e outra
tangente ao centro da coroa clínica, variando em
grau positivo e negativo de acordo com cada grupo de
dente. A inclinação das coroas dos dentes anteriores
superiores é positiva, ou seja, a porção incisal fica
6 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004
mais vestibular que a porção gengival, para permitir
uma oclusão correta das coroas dos dentes posteriores.
Em dentes superiores posteriores há uma inclinação
lingual das coroas dentárias, a porção oclusal fica
mais lingual que a porção gengival. Essa inclinação é
constante e similar de canino até segundo pré-molar,
e ligeiramente mais pronunciada nos molares. Em
dentes inferiores posteriores a inclinação das coroas
para lingual é maior, aumentando progressivamente
dos caninos até os molares.
Na tentativa de produzir uma prescrição universal, que pudesse ser utilizada em um grande número
de pacientes, Roth (1975) alterou alguns valores da
prescrição de braquetes do sistema Straight-wire original. A prescrição sugerida eliminou a necessidade
de se colocar dobras nos fios finais, para atingir uma
leve sobrecorreção das posições no final da terapia
ortodôntica. A partir dessas posições, levemente sobrecorrigidas, os dentes se acomodarão nas posições
normais, não-ortodônticas, e com alta porcentagem
de regularidade. Em outras palavras, a prescrição foi
idealizada para as posições finais dos dentes, obtidas
no final da terapia de aparelho fixo. Para os caninos
superiores foi recomendada uma diminuição no torque lingual de coroa de -7º para -2º, para os inferiores
foram mantidos os -11º de torque lingual de coroa
da prescrição Straight-wire original.
De acordo com Alexander (1983), idealizador
da disciplina Vari-Simplex, o aparelho deve ser desenhado para produzir tratamentos com excelentes
resultados, de maneira simples e organizada. O autor
relata ainda que tem conseguido resultados clínicos
de alta qualidade, utilizando-se de uma técnica relativamente simples, com a combinação de idéias provenientes dos usuários da sua disciplina. Inicialmente,
a partir de 1968, o autor usava três componentes na
sua prática: seleção de braquete; altura de braquete;
e angulação de braquete. Somente em 1978, mudou
o torque do arco para o braquete. Alguns aparelhos
pré-torqueados determinaram o torque a partir de
medidas obtidas da dentição natural. A sua proposta
foi medir o torque nos arcos retangulares utilizados
em tratamentos ortodônticos bem finalizados. Foram
observados 50 casos clínicos finalizados e bem sucedidos, onde se mediu o torque nos arcos retangulares
de finalização. O autor recomenda a utilização do
arco 017”x.025” , em canaleta .018”, pois, assim,
Alterações dento-esqueléticas na correção da má oclusão de Classe II, subdivisão, com elásticos intermaxilares
existe uma folga de .001” entre o arco e a canaleta,
acarretando uma perda de torque de 4º. Os caninos
superiores apresentam torque lingual de coroa de -3º,
sendo uma medida intermediária quando comparada
com os extremos de +7º a -7º. De acordo com o seu
ponto de vista essa prescrição elimina a necessidade
de compensações de torque nas fases finais do tratamento. Para os caninos inferiores, recomenda -11º
de torque de coroa.
Vigorito (1984), classificou didaticamente os diferentes tipos de torque, considerando o movimento
das coroas dentárias. Portanto, quando falamos em
torque vestibular, por exemplo, estamos nos referindo
à inclinação vestibular da coroa dentária. Na verdade,
simultaneamente haverá torque lingual de raiz, ou
seja, os torques são opostos quando consideramos a
coroa e a raiz. Considerando-se valores normais de
torques para os arcos dentários, o autor recomenda para o arco superior, na região dos incisivos, o
torque anterior contínuo vestibular de 15º a 20º
graus; no segmento dos caninos, o torque neutro e
para os dentes posteriores o torque posterior lingual
progressivo de 15º a 20º graus. Para o arco inferior,
é recomendado na região anterior o torque contínuo
neutro de 0º a -3º graus; no segmento dos caninos, o
torque neutro e para os dentes posteriores, o torque
posterior lingual progressivo de 20º a 25º graus.
Ricketts, idealizador da terapia Bioprogressiva,
relata que antes de 1965, para todas as técnicas Edgewise recomendava-se um braquete com zero grau de
torque para os caninos. Por meio da avaliação de 200
pacientes tratados, onde foram usados braquetes com
zero grau de torque para os caninos, observou-se que
as raízes desses dentes encontravam-se proeminentes
na vestibular, quando comparadas às raízes de pacientes não tratados. Assim, recomendou um torque
vestibular de coroa de 7º para todos os caninos, tanto
superiores, quanto inferiores. Essa recomendação foi
o resultado do pensamento de que os caninos possuem relações recíprocas. Após algum tempo, o autor
fez uma mudança no torque do canino inferior, os 7º
de torque vestibular de coroa foram reduzidos para 2º,
considerando que os caninos inferiores deveriam ficar
numa posição mais vertical. Era evidente também,
que nos casos com extração de pré-molares, as raízes
dos caninos deveriam ser deslocadas para a lingual, a
fim de evitar o contato com a cortical óssea, durante
7 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004
a retração anterior.
Em 1989, Andrews publica o livro “StraightWire- O conceito e aparelho”, onde o autor relata
o desenvolvimento do aparelho pré-ajustado. Nesta
obra, estão divulgados os resultados das medidas dos
120 modelos de oclusão ótima, utilizados em sua
pesquisa. Esses modelos, foram os melhores, selecionados de um universo de 1988, que apresentavam as
seguintes características: nunca foram submetidos
a tratamento ortodôntico; os dentes estavam bem
alinhados e com boa aparência anatômica; apresentavam ter excelente oclusão; e os pacientes não se
beneficiariam com o tratamento ortodôntico. No
capítulo apêndice, o autor mostra os dados sobre a
angulação e a inclinação dos dentes. Sobre a inclinação dos caninos superiores, foi encontrada uma
média de -7,25º, com um valor máximo de +10º e
um valor mínimo de -17º. A inclinação média dos
caninos inferiores foi de -12,73º, com um valor máximo de +2º e um valor mínimo de -26º. Esses dados
revelam a grande variabilidade encontrada entre as
inclinações dos caninos.
Germane, (1990), salienta que o canino ocupa
um lugar de transição entre a oclusão dos dentes
anteriores e posteriores. A oclusão da borda incisal do
canino demonstra a angulação e o torque do aparelho
que foi utilizado. O torque efetivo do braquete, no
entanto, é influenciado pela morfologia da face vestibular, que pode ser descrita por um ângulo, formado
pela tangente no ponto de instalação do braquete e
o longo eixo da coroa clínica. E ainda, segundo o
autor, a curvatura da face vestibular, relativa ao longo
eixo da coroa, é estatisticamente diferente entre os
caninos superiores e inferiores. Esse fato é verdadeiro
quando comparamos a mesma localização em dentes
diferentes ou localizações diferentes no mesmo dente.
No entanto qualquer braquete que tenha pré-torque
irá posicionar a borda incisal dos caninos em posições
diferentes, resultando em várias relações oclusais, em
razão da variação da morfologia da face vestibular.
O aparelho pré-ajustado oferece ao clínico muita
eficiência durante o tratamento. As propriedades
inerentes ao aparelho devem ser entendidas, a fim
de que determinadas características individuais dos
pacientes possam ser tratadas. Como existe uma grande gama de prescrições disponíveis para os caninos
superiores e inferiores, cabe ao clínico incluir o efeito
Alterações dento-esqueléticas na correção da má oclusão de Classe II, subdivisão, com elásticos intermaxilares
da variação na morfologia da face vestibular, durante a
escolha da prescrição a ser utilizada. A decisão deve ser
baseada, considerando-se a oclusão desejada. Tendo
como base a variação morfológica da face vestibular
dos caninos em vários pacientes, se faz necessário o
ajuste de torque no arco, considerando-se os aparelhos
existentes no mercado.
Em 1995, surgiu a Terapia Bioeficiente desenvolvida por Viazis, propondo ser um sistema menos
agressivo ao paciente e mais acessível ao ortodontista,
desenvolvida para reduzir o tempo consumido na
fase inicial do tratamento. Essa técnica atua mais
rapidamente e de forma individualizada na fase de
acabamento, produzindo resultados evidentes já no
começo do tratamento. O autor propõe a substituição
dos braquetes gêmeos, com aletas duplas, por triangulares, justificada na maior distância inter-braquetes,
que proporciona ao tratamento ortodôntico menor
rigidez do fio, maior ativação, e maior flexibilidade,
comparando-se aos braquetes gêmeos. A inclinação
proposta para os caninos na Terapia Bioeficiente
foi, +5º para os caninos superiores e -5º para os
inferiores.
De acordo com Capelozza Filho em 1999, a
técnica de Straight-Wire faz uso de braquetes programados, ou construídos individualmente para cada
dente, com o objetivo de posicioná-los idealmente ao
final do tratamento. Desde a sua introdução, a proposta original de Andrews previa, além dos braquetes
padrão que se aplicam a grande número de pacientes,
a necessidade do uso de diferentes prescrições que
considerassem o tipo de má oclusão, o tratamento a
ser adotado e o posicionamento desejado ou possível
para os dentes no final do tratamento. Em outras
palavras, a individualização do aparelho. O autor fez
uma revisão criteriosa dos preceitos que solidificam a
técnica Straight-wire e propôs a individualização da
prescrição de braquetes, conforme o envolvimento
do componente esquelético na má oclusão, para que
fossem realizadas as compensações necessárias, em
um tratamento ortodôntico conservador. Foi recomendada a utilização de três prescrições de braquetes:
a prescrição padrão; a prescrição para a Classe II e a
para a Classe III.
Os braquetes recomendados para a prescrição
padrão são basicamente a prescrição padrão de Andrews, para o tratamento da má oclusão de Classe I,
8 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004
padrão I, com algumas diferenças, que serão descritas
e justificadas. Os caninos superiores apresentam diferenças para a angulação e inclinação. A angulação de
11º, sugerida no Straight-Wire original, foi reduzida
para 8º. Essa diminuição na angulação dos caninos
superiores foi justificada na tendência que esses dentes
tinham, de exibir uma angulação excessiva de raiz
para distal, no final do tratamento. A inclinação dos
caninos também parecia exagerada, impedindo uma
relação vertical e transversal mais adequada, estática e
funcional com os caninos inferiores. Por isso a inclinação foi diminuída de -7º para -5º. Para os casos de
Classe II, a recomendação de torque para os caninos
foi semelhante à prescrição padrão, sendo feita uma
ressalva para os casos de Classe II, com agenesia de
incisivos laterais, quando é planejado fechar o espaço
anterior. Nessa situação, os caninos serão levados para
a área anterior do arco dentário superior onde os
dentes, por exigência anatômica, apresentam torque
vestibular de coroa. Assim, nessas condições é aconselhado utilizar o braquete de canino colado de ponta
cabeça, pois de acordo com a prescrição, a angulação
de 8º é mantida e a inclinação é alterada, passará de
-5º (lingual) para +5º (vestibular), condição desejada
para a área que esses dentes ocuparão. Em relação à
prescrição de braquetes para a Classe III, foi sugerida
aos caninos superiores uma inclinação lingual mais
discreta (-2º ao invés de -5º), porque isso parece ser
uma adaptação freqüente na maxila de portadores
de Classe III, para compensar o déficit transversal
criado pela inadequada relação maxilo-mandibular.
Isso também parece favorecer a relação estética entre
os incisivos e os caninos, devido a diminuição da
inclinação lingual dos caninos.
Em relação à estética e à função oclusal, Zachrisson (2000), descreveu que o torque das coroas dos
dentes deve ser individualizado e correlacionado ao
tamanho da base apical. Por exemplo, dentes em
base apical superior estreita devem ter torque reto de
coroa ou até mesmo vestibular nas áreas dos caninos e
pré-molares. Por outro lado, um paciente com maxila
larga pode necessitar de torque lingual nas coroas.
Ainda segundo o autor, há somente necessidade de se
ter braquetes pré-torqueados para os incisivos centrais
superiores, segundos molares e caninos inferiores.
Para os primeiros e segundos molares inferiores,
onde a maioria dos sistemas pré-ajustados apresenta
Alterações dento-esqueléticas na correção da má oclusão de Classe II, subdivisão, com elásticos intermaxilares
torque lingual marcante de coroa, recomenda braquetes com torque zero. A razão para essa decisão é
que os braquetes não-torqueados irão agir como um
freio à inclinação lingual dos molares. Também, por
razões funcionais, mencionou que é melhor ter os
pré-molares e molares inferiores verticalizados para
que o risco de indução a interferências de balanceio
seja reduzido. Os caninos inferiores também podem
apresentar uma tendência a lingualização durante o
tratamento, o que levou a experimentar braquetes
com diferentes graus de torque vestibular na coroa
desses dentes. Considerou que os aparelhos pré-ajustados apresentam torque lingual na coroa, definido
para os caninos inferiores, que algumas vezes pode
servir para aumentar a tendência de lingualização
desses dentes.
Após anos de experiência clínica com o aparelho
pré-ajustado, McLaughlin, Bennett e Trevisi (2002),
lançaram o aparelho MBT, propondo grandes modificações na prescrição Straight-Wire original. Eles
salientaram que os 120 modelos de casos normais
não-ortodônticos pesquisados por Andrews eram de
pacientes adultos sem extrações. No entanto, os casos
ortodônticos típicos são bem diferentes. Embora o
torque de -7º nos caninos superiores seja satisfatório
na maioria dos casos, o valor de -11º de torque do
aparelho Straight-Wire original para os caninos inferiores não é adequado, pois há a tendência de deixar
as raízes dos caninos inferiores muito proeminentes
na vestibular em quase todos os casos.
De acordo com os autores, há seis fatores principais que orientam a escolha do torque para os
caninos. São eles:
1. Forma do arco dentário: De maneira geral, recomenda-se escolher braquetes de -7º para os caninos
superiores e -6º para os inferiores, nos casos em que
os pacientes tenham arcos bem desenvolvidos, e que
não seja necessário fazer movimentos substanciais nos
dentes. Para os arcos ovais ou triangulares, os braquetes com torque de 0º são mais adequados, tanto para
os caninos superiores, quanto para os inferiores. Nas
situações em que o paciente tiver um arco triangular
e estreito, braquetes de +7º para os caninos superiores
e +6º para os inferiores são recomendados.
2. Proeminência dos caninos: O torque de -7º
para o canino superior e -6º para o inferior, geralmente não são corretos nos casos em que esses dentes
9 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004
são proeminentes, ou quando apresentam recessão
gengival, no início do tratamento. Nessas situações recomenda-se selecionar braquetes com torque positivo
ou neutro para os caninos superiores e inferiores.
3. Decisão de extração: Os braquetes com torque
zero possuem a tendência de manter a raiz dos caninos
no osso alveolar, facilitando dessa maneira, o controle
da inclinação desses dentes, durante o fechamento
dos espaços das extrações dentárias.
4. Sobremordida: Nos casos de Classe II, divisão
2, ou em outras situações de sobremordida profunda,
há sempre a necessidade de movimentar a coroa dos
caninos inferiores para vestibular e manter as raízes
centralizadas no osso alveolar. Esse procedimento se
torna mais fácil utilizando-se braquetes com 0º ou
+6º de torque para os caninos inferiores.
5. Casos de expansão palatina rápida: Depois da
expansão palatina rápida ocorre uma expansão secundária no arco inferior. Para esses casos recomenda-se a
utilização de torque zero ou positivo para os caninos
inferiores, para auxiliar nesta alteração favorável.
6. Agenesia dos incisivos laterais superiores, quando o diagnóstico é fechar espaço: Na falta de um ou
ambos os incisivos laterais, quando o diagnóstico é
fechar o espaço e mesializar o canino, recomenda-se
rotar em 180º o braquete do canino superior. Este
procedimento muda o torque de -7º para +7º e a
angulação permanece a mesma. Nessas situações o
torque vestibular de coroa é mais adequado, pois os
caninos encontram-se no segmento dos incisivos.
Para obter valores sobre a angulação e inclinação
das coroas dos dentes, Zanelato (2003), fez um estudo
utilizando uma amostra de indivíduos brasileiros, leucodermas com oclusão normal natural. Para a seleção
da amostra foram examinados 6118 indivíduos, dos
quais 60 foram selecionados, portadores de oclusão
normal natural, de acordo com os critérios pré-estabelecidos, com o intuito de obter um grupo mais
homogêneo e criterioso possível. Todos deveriam ser
brasileiros, leucodermas, com faixa etária compreendida entre 12 e 21 anos de idade; apresentar todos
os dentes permanentes na cavidade bucal, exceto os
terceiros molares e nunca terem sido submetidos a
qualquer tipo de intervenção ortodôntica. Para determinar a oclusão normal natural, buscou-se encontrar
oclusões que apresentassem aspectos de normalidade
tanto estáticos, como funcionais, entre eles: a oclusão
Alterações dento-esqueléticas na correção da má oclusão de Classe II, subdivisão, com elásticos intermaxilares
deveria apresentar no mínimo, quatro das Seis Chaves
de Oclusão Ótima definidas por Andrews em 1972,
sendo que a relação interarcos deveria ser obrigatória
em todos os casos; a oclusão foi analisada funcionalmente, checando os movimentos mandibulares de
protrusiva e lateroprotrusiva do lado direito e esquerdo, de forma que não deveria apresentar interferências
oclusais em nenhum dos movimentos funcionais e
sob movimentação mandibular, o fechamento da
mandíbula deveria apresentar contatos posteriores
simultâneos e bilaterais, apresentando também
contatos nos caninos. Não deveria haver diferença
significativa entre a posição de máxima intercuspidação (MIH) e a posição de relação cêntrica (RC).Para
realizar as medições nos modelos, foi desenvolvido
um dispositivo que tem como elemento central um
par de engrenagens parafuso sem-fim. A engrenagem
tem 360 dentes representando, cada dente, uma
unidade de grau. O parafuso sem-fim é responsável
pelo acionamento controlado do sistema. Uma mesa
em L onde o modelo é fixado, une-se rigidamente ao
elemento central por meio de um eixo. Lateralmente à
mesa em L, foi colocada uma haste em forma de cruz,
cujo braço horizontal foi posicionado paralelamente
ao solo. Essa haste é responsável pelas medições das
inclinações das coroas dentárias.
De acordo com a metodologia empregada, o
autor encontrou valores médios da angulação e da
inclinação das coroas dentárias. Os caninos superiores
apresentaram angulação média das coroas de 7,13º
e inclinação média das coroas de -6,70º, com valor
de inclinação máximo de 6º e mínimo de -21º. As
coroas dos caninos inferiores apresentaram angulação
média de 2,43º e inclinação média de -10,13º, com
valor de inclinação máximo de 1º e mínimo de -22º.
Os valores da inclinação das coroas dos caninos encontrados nesta pesquisa, concordam com os valores
de Andrews (1970).
TRESPASSE VERTICAL E HORIZONTAL
DOS CANINOS
A Ortodontia como ciência segue alguns conceitos comuns às demais áreas da Odontologia, então,
quando tratamos um paciente, temos que levar em
conta os determinantes fixos e variáveis da oclusão.
Dentre os determinantes fixos podemos citar: a angulação e curvatura das guias condilares; a distância
10 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004
intercondilar; o eixo giratório da mandíbula e os
movimentos laterais de Bennett. Esses determinantes
nos dão informações para podermos restabelecer a
oclusão, de acordo com as características anatômicas
e funcionais do paciente.
Os determinantes variáveis representam o campo
de atuação dos ortodontistas e, de acordo com Maciel
(1996), quando se reabilita uma oclusão dos dentes
permanentes, deve-se fazer o possível para adaptar
à oclusão as articulações têmporo-mandibulares,
ao invés de esperar que as articulações se adaptem
à oclusão.
O ajuste do trespasse vertical e horizontal dos dentes faz parte dos determinantes variáveis da oclusão,
como mostra a figura abaixo.
O trespasse vertical dos caninos representa a distância em milímetros, no plano vertical, da ponta da
cúspide do canino superior à ponta da cúspide do canino inferior. Essa distância é influenciada pela altura
das cúspides dos dentes posteriores, ou seja, quanto
mais altas forem as cúspides dos dentes posteriores,
maior será o trespasse vertical nos dentes anteriores.
Então, por analogia, podemos afirmar que, no final
do tratamento, os pacientes com padrão vertical de
crescimento necessitarão de mais trespasse vertical nos
dentes anteriores e os pacientes com padrão horizontal necessitarão de menos trespasse para desocluir os
dentes posteriores, evitando interferências oclusais
nos movimentos excêntricos da mandíbula.
O trespasse horizontal é definido como a distância
entre a ponta da cúspide do canino superior à face
vestibular do canino inferior. Essa distância permite
que, durante o movimento de fechamento, não
ocorra contatos desde a posição de repouso (PR) até
FIGURA 1 - Representação do trespasse vertical e horizontal.
Alterações dento-esqueléticas na correção da má oclusão de Classe II, subdivisão, com elásticos intermaxilares
a máxima intercuspidação habitual (MIH). O grupo
dos caninos se caracteriza por apresentar o menor
trespasse horizontal, quando comparados aos demais
dentes, em virtude de atuarem como verdadeiras guias
para centralizar a mandíbula durante o movimento
de fechamento.
A face palatina do canino superior se caracteriza
por ter uma maior área funcional, quando comparada
com a face vestibular do canino inferior. A área funcional é a trajetória que o canino inferior faz, na face
palatina do canino superior, durante o movimento
de lateroprotrusão, ou seja, da distância do contato
cêntrico à ponta da cúspide do canino superior.
Outro ponto de grande relevância na análise funcional é demarcação do contato cêntrico nos caninos,
esse contato ocorre simultaneamente com dentes posteriores durante o fechamento mandibular. Quanto
mais para incisal se encontrar o contato, menor será
o trespasse horizontal e maior será a possibilidade de
termos inferências oclusais no movimento de fechamento . Com o passar do tempo, esse tipo de contato
poderá resultar em resposta patológica e o dente
poderá apresentar mobilidade e recessão gengival.
COMPENSAÇÕES DE TORQUE PARA OS CANINOS
De acordo com alguns autores, vários fatores influenciam na escolha do torque para os caninos, por
essa razão se recomenda a individualização da inclinação desses dentes, no início e na fase de acabamento
do tratamento. Na fase final, quando o paciente
estiver usando arcos retangulares ideais, devemos verificar se a escolha do braquete foi adequada, por meio
da análise funcional da guia do canino. Em alguns
casos, deveremos fazer alguns ajustes na inclinação
desses dentes, utilizando torque individual no arco
retangular ou substituindo o braquete por outro que
contenha a prescrição de torque desejada. Na figura
2 podemos observar a diferença na inclinação dos
caninos superiores, onde o canino superior direito
mostra uma inclinação positiva e o esquerdo inclinação negativa. Nesse caso foram utilizados braquetes
com -7º de torque, posicionados na mesma altura na
face vestibular dos caninos e a resposta da inclinação
foi diferente para cada lado.
Ao verificarmos funcionalmente a desoclusão
por meio da guia do canino, fica claro que o canino
do lado esquerdo encontra-se muito inclinado para
11 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004
FIGURA 2 - Caninos superiores com braquetes com torque
-7º e respostas diferentes.
lingual, fato comprovado pela ausência do trespasse
horizontal, que é a distância entre a ponta da cúspide
do canino superior à face vestibular do canino inferior. De acordo com Ayala, essa distância deve ser de
aproximadamente 1mm. Quando o canino superior
estiver muito inclinado para lingual, o contato cêntrico se deslocará para incisal, aumentando o ângulo de
desoclusão e diminuindo o trespasse horizontal. Esse
contato normalmente representa uma interferência
oclusal no fechamento da mandíbula, que em longo
prazo trará uma resposta patológica, em virtude das
forças oclusais serem mal direcionadas.
Outro fator que influencia na escolha do braquete para o canino é a posição de irrupção dentária.
Muitos pacientes apresentam o canino com irrupção
ectópica, devido à falta de espaço no arco dentário.
Quando isso acontece, o dente irrompe normalmente
por vestibular, apresentando inclinação vestibular da
coroa. Assim, é aconselhado utilizar um braquete que
contenha torque lingual de coroa, com o objetivo
de conseguir uma relação funcional adequada com
o canino inferior. Ainda se faz necessário, em alguns
casos, compensações de torque, por meio de torção no
arco retangular. Esse procedimento é recomendado
quando o canino estiver excessivamente inclinado
para vestibular, devido o torque contido no braquete
não ser suficiente para posicioná-lo corretamente.
Então podemos concluir que é fundamental termos
à disposição braquetes com diferentes prescrições de
torque para os caninos, para que possamos ter várias
opções de escolha, pois em muitos casos teremos que
fazer compensações de inclinação para os caninos.
Seguindo esse pensamento, a técnica MBT preconiza
dois braquetes para os caninos superiores e inferiores
com três prescrições de torque (positivo, neutro e
Alterações dento-esqueléticas na correção da má oclusão de Classe II, subdivisão, com elásticos intermaxilares
negativo), dando um total de nove diferentes combinações de inclinação, com o intuito de oferecer ao
clínico uma maior possibilidade de escolha.
SOBREMORDIDA PROFUNDA
Nos casos que apresentam sobremordida profunda, há a necessidade de movimentar a coroa dos
caninos para vestibular, devido a forte inclinação
lingual, característica dessa má oclusão. Aconselha-se nestes casos utilizar braquetes com torque
vestibular de coroa para os caninos superiores e
braquetes com torque negativo, neutro ou até
vestibular para os caninos inferiores, dependendo
da inclinação dentária inicial. O tratamento foi
realizado com aparelhos fixos, prescrição MBT
(3M Unitek), tendo o objetivo de corrigir a sobremordida profunda por meio do aumento do
perímetro dos arcos dentários. Utilizou-se nesse
FIGURA 3 - Caso clínico inicial.
FIGURA 4 - Fase de finalização do tratamento ortodôntico.
12 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004
paciente, além dos aparelhos fixos, uma placa
de acrílico para levantar a mordida e proteger o
aparelho inferior durante a fase de alinhamento
e nivelamento. Para os caninos superiores foram
utilizados braquetes com +7º de torque de coroa
e para os inferiores -6º de torque.
Ao final do tratamento percebemos que, mesmo
utilizando braquetes para os caninos superiores com
torque vestibular de coroa, esses dentes finalizaram
com uma inclinação mais verticalizada, demonstrando que a resposta a prescrição de torque pelo
dente, depende da posição inicial (pré-tratamento).
Assim, aquele dente que se encontrar com forte
inclinação lingual, ao se utilizar um braquete com
torque vestibular de coroa, ele poderá no final do
tratamento apresentar uma inclinação normal, ou
até necessitar de compensação de torque vestibular
no arco retangular.
Alterações dento-esqueléticas na correção da má oclusão de Classe II, subdivisão, com elásticos intermaxilares
FIGURA 5 - Caso clínico final após a utilização de torque +7º nos caninos superiores e -6º nos caninos inferiores.
EXTRAÇÃO DE PRÉ-MOLARES
Nos casos com extração de pré-molares é aconselhado utilizar braquetes para os caninos com torque
zero (0º), para evitar que as raízes entrem em contato
com o osso cortical. McLaughlin, Bennett e Trevisi
(2002), indicam a utilização de braquetes com zero
grau de torque, pois segundo os autores, facilitam
a mecânica de retração dos caninos. A justificativa
é que esse torque mantém as raízes dos caninos no
osso cortical, facilitando o controle de inclinação e
o fechamento dos espaços das extrações dentárias.
De acordo com a filosofia MBT, proposta pelos
autores, é recomendada a utilização de braquetes
FIGURA 6 - Caso clínico inicial.
13 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004
para os caninos que contenham gancho, cuja função é diferenciá-lo do braquete torqueado e servir
em algumas situações, como apoio de elásticos
intermaxilares.
Nos casos de extração de pré-molares superiores,
recomenda-se a utilização de braquetes com torque
zero para os caninos superiores, a fim de evitar a
resistência da cortical óssea, durante a retração dos
caninos. Um dos pontos críticos desse tratamento
é o controle da ancoragem, tornando importante a
aplicação de boa técnica de retração dos dentes anteriores para evitar perda de ancoragem. A utilização
de braquetes com torque zero para os caninos facilita
Alterações dento-esqueléticas na correção da má oclusão de Classe II, subdivisão, com elásticos intermaxilares
FIGURAS 7 - Fases iniciais do tratamento, utilizando-se braquetes com zero grau para os caninos.
FIGURA 8 - Caso clínico final.
FIGURA 9 - Caso clínico inicial.
14 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004
Alterações dento-esqueléticas na correção da má oclusão de Classe II, subdivisão, com elásticos intermaxilares
FIGURAS 10 - Fases finais do tratamento, utilizando-se braquetes com torque 0º para os caninos superiores e -6º para os inferiores.
FIGURA 11 - Caso finalizado.
o controle de inclinação desses dentes, evitando o
contato da raiz com a cortical óssea, facilitando o
fechamento dos espaços. Para os caninos inferiores
são recomendados braquetes com -6º de torque.
AGENESIAS DE INCISIVOS LATERAIS
Nos casos clínicos com agenesia de incisivo
lateral, quando o planejamento é fechar o espaço,
recomenda-se a utilização de braquetes com torque
positivo para o canino, pois ele estará na região
anterior do arco dentário superior, necessitando
de inclinação vestibular de coroa. Para mesializar o
canino, é necessário colocar a raiz mais para lingual,
evitando assim o contato com as corticais ósseas, que
nessa região são muito compactas, devido ao pilar
15 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004
canino da maxila. De acordo com McLaughlin,
Bennett e Trevisi (2002), nessa situação deve-se
utilizar o braquete de canino girado em 180º, para
transformar o torque negativo em positivo (de -7º
para +7º). O braquete girado se adapta bem às faces
vestibulares do canino, colocando a raiz em uma posição mais lingual. Às vezes, se faz necessário realizar
compensações de torque no arco retangular.
Capelozza Filho (1999), recomenda para os casos
de Classe II, com agenesia de incisivos laterais, a
utilização dos braquetes de caninos colados de ponta
cabeça, pois de acordo com a prescrição, a angulação
é mantida e a inclinação é alterada, passando de -5º
(lingual) para +5º (vestibular), condição desejada
para a área que esses dentes ocuparão.
Alterações dento-esqueléticas na correção da má oclusão de Classe II, subdivisão, com elásticos intermaxilares
FIGURA 12 - Caso clínico inicial.
FIGURA 13 - Caso clínico na fase de finalização, utilizando-se braquete com torque positivo de coroa para o canino superior direito.
FIGURA 14 - Caso clínico final.
16 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004
Alterações dento-esqueléticas na correção da má oclusão de Classe II, subdivisão, com elásticos intermaxilares
COMPENSAÇÕES DE TORQUE
Em virtude das prescrições de torque dos aparelhos pré-ajustados não serem suficientes ou exatas
para todos os casos, é necessário que se tenha conhecimento para perceber em qual caso não respondeu
como o desejado e fazer compensações de torque,
no arco ou trocando o braquete, para atingir a meta
desejada.
No caso clínico abaixo, podemos verificar que
as superfícies funcionais dos caninos do lado direto
se encontravam muito distantes na fase final do tratamento e quando isso ocorre, a desoclusão lateral
acontece em dente posterior. Percebemos também
que o canino superior direito não respondeu bem
ao torque da prescrição em razão de se encontrar
muito inclinado para vestibular. Então, nesse caso,
FIGURA 15A e B - Caso clínico inicial, onde podemos verificar a inclinação vestibular da coroa do canino superior direito.
FIGURA 15C e D - Fase de acabamento, antes de realizar as compensações de torque
necessárias.
FIGURA 16 - Torque lingual de coroa
para o canino superior direito.
FIGURA 17 - Análise dos contatos dentários por meio de carbono.
17 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004
Alterações dento-esqueléticas na correção da má oclusão de Classe II, subdivisão, com elásticos intermaxilares
FIGURA 18 - Restabelecimento da guia do canino, após as compensações de torque.
FIGURA 19 - Caso clínico final.
foi necessário fazer a compensação de torque no arco
retangular superior, para aproximar as superfícies
funcionais e restabelecer a guia do canino.
Após realizarmos as compensações de torque
necessárias, a guia do canino do lado direito foi
restabelecida. Os caninos agora estão corretamente
posicionados para exercerem a função protetora dos
dentes posteriores, durante os movimentos excêntricos da mandíbula.
Em virtude das limitações da técnica ortodôntica e da grande variedade de más oclusões, torna-se
necessário ter persistência na fase de acabamento do
tratamento, para alcançar os objetivos desejados.
CONCLUSÃO
Após realizar revisão da literatura sobre as prescrições de torque para os caninos podemos concluir
que:
1. Foi encontrada uma grande variabilidade de
indicações de torque para os caninos superiores e
inferiores. As recomendações de torque nos braquetes
encontrados no mercado são derivadas de pesquisas
com oclusão ideais ou da experiência clínica dos
18 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004
autores. Para os caninos superiores foi encontrado
14º de variabilidade de recomendações de torque,
desde -7º (TWEED, ANDREWS, McLAUGHLIN;
BENNETT e TREVISI) até +7º (RICKETTS,
McLAUGHLIN; BENNETT e TREVISI). Para os
caninos inferiores a variabilidade encontrada foi de
18º, desde -12º (TWEED) até +6º (McLAUGHLIN;
BENNETT e TREVISI).
2. A individualização de torque para os caninos
deve ser considerada, em razão da grande variedade
das más oclusões e das diversas inclinações dentárias.
3. A maioria das prescrições são feitas de acordo
com os valores médios encontrados nas pesquisas
sobre angulação e inclinação dentária, contendo
compensações de torque, de acordo com as mecânicas de tratamento. Cabe aos ortodontistas terem
em disponibilidade, braquetes com várias opções
de torque para os caninos (positivo, neutro e negativo), para poder eleger o braquete de acordo com a
necessidade do caso clínico, ou então realizar compensações de torque nos arcos retangulares, quando
for necessário.
Alterações dento-esqueléticas na correção da má oclusão de Classe II, subdivisão, com elásticos intermaxilares
Torque individualization for cuspids
when the preadjusted appliance is used
Abstract
The great majority of bracket prescriptions originate
either from the natural occlusion or the clinical
experience of authors, being the tip and torque of
teeth achieved by means of research studies. Such
torque recommendations are suitable for the great
majority of cases; however, these values can be influenced by some variables as the shape of the arch
wire, the morphology of the buccal face of teeth,
the vertical positioning of brackets and the position
of the eruption of teeth. The goal of this research
study is to discuss the importance of the perfect
positioning of cuspids at the end of the orthodontic
treatment and identify cases in which is necessary
to introduce torque compensations when the preadjusted appliance is used.
Key words: Cuspids. Torque. Preadjusted Appliances.
MBT.
REFERÊNCIAS
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
AYALA, J.; GUTIÉRREZ, A.: Tratamiento de la mal oclusión
tipo Clase II. Revista Chilena Ortodoncia, v. 19, p. 41-61,
2002.
ALEXANDER, R.G. The vari-simplex discipline comcept and
appliance desing, Part 1, J Clin Orthodont, v.17 , n.6 , p.380392, Jun. 1983
ALONSO, A. A.; ALBERTINI, J. S.; BECHELLI, A. H. Oclusión y diagnóstico en rehabilitación oral. Buenos Aires: Editora
Médica Panamericana, 1999. 637p.
ANDREWS, L. F. (1970) Apud. ANDREWS, L. F. StraightWire: the concept and appliance. San Diego: L. A. Well, 1989,
p. 159.
ANDREWS, L. F. The six keys to normal occlusion. Amer. J.
Orthodont., v.62, n.3, p. 296-309, Sept. 1972.
ANDREWS, L. F. Straight-wire – O conceito e o aparelho.
Trad. de Hugo José Trevisi, San Diego: L. A. Wells Co., 1989.
407p.
ANGLE, E. H. Classification of malocclusion. Dental Cosmos ,
v.41, p.248-264, 1899.
ANGLE, E. H. (1928) Apud. VADEN, J. L.; KLONTZ, H.
A. O aparelho tipo edgewise de Tweed-Merrifield: filosofia,
diagnóstico e tratamento. In: GRABER, T. M.; VANARSDAL
Jr., R. L. Ortodontia: princípios e técnicas atuais. 2. ed., Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1996, p.579-635.
BARBOSA, J.A. Entrevista. R Clín Ortodon Dental Press, v. 2,
n. 3, p. 5-11 – jun./jul. 2003
CAPELOZZA FILHO, L. Individualização de braquetes na
técnica straight-wire: revisão de conceitos e sugestões das indicações para o uso. R. Dental Press Ortodon Ortop Facial, v.4, n.4,
p.87-106, jun./ago. 1999.
DAWSON, P.E. Avaliação, diagnóstico e tratamento dos problemas oclusais. 2 ed. São Paulo: Artes Médicas, 1993. p. 303-306.
D’AMICO, A. The canine teeth normal functional relation
of the natural teeth of man. J. South Calif. Dent. Assoc. 26:
6-241. 1958
D’AMICO, A. Functional occlusion of the natural teeth in
man. J. Prosthet Dent 11: 899-915. 1961.
GERMANE, N. et. Al.: The morfology of canines in relation
to preadjusted appliance. The Angle Orthod, n. 60, p. 49-54,
1990.
MACIEL, N. M. Oclusão e ATM - Procedimentos Clínicos. 1.
ed. São Paulo: Livraria Editora Santos, 1996.
LEE, R. Esthetics and its relantionship to function. In: Rufena-
19 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 3, p. 00-00 - jun./jul. 2004
cht, Claude. Fundamentals fo Esthetics. Chap. 5, p. 137-210.
Quintessence Publishing Co, 1983.
17. McLAUGHLIN, R. P.; BENNETT, J. C; TREVISI, H. J.
Mecânica sistematizada de tratamento ortodôntico. São Paulo:
Artes Médicas, 2002. 324p.
18. OKESON, J.P. Tratamento das desordens temporomandibulares
e oclusão.
4.ed. Artes Médicas, 2000. 95 p.
19. RICKETTS, R. M. Diferenças entre as técnicas com arco
contínuo e a filosofia bioprogressiva. Tradução: Centro Mineiro
de Estudos Ortodônticos. Belo Horizonte: Editora Kelps, 1998.
20. RAMFJORD, S.P.; ASH, M.M. Occlusion, 3 ed, Philadelphia,
1983:129, WB Saunders.
21. ROTH, R. H. (1975) Apud. ROTH, R. H. Mecânica do
tratamento para aparelho straight-wire. In: GRABER, T. M.;
VANARSDALL Jr., R. L. Ortodontia: princípios e técnicas
atuais, 2. ed, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996, p. 636660.
22. VIAZIS, A. Bioefficient therapy. J. Clin. Orthodont., v.29, n.9,
p.36-52, Sept.1995.
23. VIGORITO, J. W. Ortodontia: clínica preventiva. São Paulo:
Panamed, 1984, p.255-294.
24. ZACHRISSON, B. Entrevista à R. Dental Pres Ortodon.
Ortop. Facial, v.5, n.2, p.01-06, mar./abr. 2000.
25. ZANELATO, A. C. T. Estudo das angulações e inclinações
dentárias em brasileiros, leucodermas com oclusão natural. São
Bernardo do Campo, 2003, 152 p. Dissertação (Mestrado)
– Universidade Metodista de São Paulo, Faculdade de Odontologia, Curso de Pós-Graduação em Ortodontia.
Endereço para correspondência:
Paulo Eduardo Guedes Carvalho
Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva
Faculdade de Odontologia de Bauru
Alameda Octávio Pinheiro Brisolla, 9-75
Vila Universitária - Bauru - SP
CEP 17043-101 e-mail: pauloegc@uol.com.br
Descargar