Monografía Curso de Capacitación Docente en Neurociencias

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Monografía
Curso de Capacitación Docente
en Neurociencias
Alumno: Giovani Piccinin
www.asociacioneducar.com
Mail: informacion@asociacioneducar.com
Facebook: www.facebook.com/NeurocienciasAsociacionEducar
Introdução
Atualmente a educação é um assunto muito discutido por profissionais e
estudiosos. A metodologia de ensino, já há muito tempo, é causa de polêmicas em
várias instituições de ensino. Métodos de avaliação, tanto em aula, como o
ingresso à universidade, são periodicamente questionados.
Conheça a Neurociencia, entenda como funciona a reação do sistema da
educação diante às argumentações sobre a educação e saiba como chegar aos
ouvidos do sistema educativo.
Neurônios Espelho
Já se sentiram mal em um velório?
Já deram risada da risada do outro?
Ah, o famoso bocejo contagioso!
Entenda porquê.
Nós, seres humanos, contamos com áreas neurais que nos permitem simular as
ações, emoções e sentimentos alheios.
Simular? É isso mesmo!
Cada ser humano possui um sistema nervoso e uma configuração sináptica única,
o que quer dizer que cada pessoa tem uma percepção diferente e única sobre o
mundo, ou seja, cada um experimenta um mundo único. É claro que como somos
todos seres de uma mesma espécie e todos maduramos em condições e
estimulos similares, estamos preparados para processar estímulos visuais,
olfativos, gustativos e táteis similares, o que nos permite viver e trocar ideias em
comunidade e pleno entendimento.
Exemplo:
O verde que eu vejo em um limão não é o mesmo verde que outra pessoa vê, mas os
verdes que vemos provavelmente são muito parecidos.
Então, já que entendemos que cada um tem percepções e
sentimentos únicos, podemos entender o porquê falamos sobre simular
características alheias. Embora não possamos sentir as mesmas coisas que outra
pessoa sente ou ter as mesmas percepções de outra pessoa, podemos simular
essas percepções através dos neurônios espelho. Sendo assim, quando vemos
uma pessoa alegre, os nossos neurônios espelham o sentimento de alegria da
outra pessoa, de maneira que também nos sentimos alegres. Não é o mesmo
sentimento de alegria da outra pessoa, mas é o nosso sentimento de alegria que
foi ativado através da simulação da alegria alheia. Com a ajuda da nossa visão,
vemos expressões faciais e corporais da outra pessoa, essas expressões são
“escaneadas” pelo nosso cérebro, que através do escaner realizado, envia sinais
neurais para que o nosso corpo imite a imagem escaneada. Seria mais ou menos
como se os nossos olhos tirassem uma foto do rosto de alguém, e depois que ela
chega ao nosso cérebro, representamos as expressões da foto no nosso próprio
rosto. Isso explica e da razão para aquelas pessoas que dizem aquela frase que
sempre desconfiamos “eu sei o que você está sentindo”, porque na verdade a
pessoa que a diz (se é o caso de ela já ter vivido algum sentimento parecido) está
sentindo algo muito parecido ao que o relator lhe está dizendo, pois seus
neurônios espelhos provavelmente já fizeram o seu trabalho.
Teoria da Mente
Você algum dia descobriu que outras pessoas também tem sentimentos e
emoções parecidos com os seus, certo?
Agradeça à Teoria da Mente.
A capacidade de entender que outras pessoas tem sentimentos e emoções
parecidos aos nossos, parte da elaboração de uma “Teoria da Mente” que
fazemos de outras pessoas. A Teoria da Mente é a habilidade de inferir sobre os
estados mentais das outras pessoas. Isso é o que explica o porquê tendemos a
fazer o bem por outras pessoas do que feri-las, pois se eu machuco uma pessoa,
automaticamente eu vou inferir que essa pessoa está sentindo dor, e essa dor é
muito similar a dor que eu posso sentir se alguma pessoa me machucar.
Entretanto, a ativação dos neurônios espelho e da teoria da mente depende da
relação causal da ação, ou seja, quando a relação da ação e da conseguencia
acontecem de imediato e podem ser percibidas pelas estruturas cerebrais das
pessoas envolvidas. Explicando mais fácilmente, a ativação desses mecanismos
mentais só ocorre quando eu tenho a possibilidade de ter uma relação espaçotemporal próxima, como é o caso de, ver a pessoa que sofreu um câmbio
emocional. Por exemplo, um assassino (se supôe que ele seja neurológicamente e
psicológicamente são) só vai sentir repulsa ou arrependimento se ele ver a pessoa
na qual assassinou, por exemplo, uma pessoa morta a facadas. Agora, se o
mesmo assassino não tiver nenhum vinculo causal próximo da sua vítima, os seus
mecanismos cerebrais nos quais falamos, não vão ser ativados. Por exemplo,
supõe-se que plantaram uma bomba em um edifício e a explosão causou mortos,
nesse caso, o assassino não vai sentir repulsa, pois não viu diretamente as
vítimas da explosão. É provavel que uma pessoa de bem que causa uma morte se
sinta mal, mas não é o caso de sentir repulsa sem que veja a vítima.
Recapitulando
Os neurônios espelho permitem que sintamos dor quando nossos companheiros
sintam dor, ou que sintamos prazer quando nossos companheiros sintam prazer.
Por outro lado, a Teoria da Mente nos permite evidar o dano a um companheiro, a
partir da premissa de que outras pessoas tem emoções e sensações semelhantes
as nossas, e com causas geralmente semelhantes. Os dois mecanismos nos
ajudam a não fazer mal a outra pessoa da mesma espécie.
A mudança vem do alto: “o que vem de argumentos não me
atinge”
Todos falamos em mudar a educação, em melhorar-la, em investir na educação,
mas esse é um assunto que vai bem mais além de nós. A educação, ou melhor
dizendo, o sistema educativo, é um sistema no qual muitas pessoas estão
envolvidas e muitas pessoas trabalham nele, porém nem todas essas pessoas
tem o poder de influir ou de mudança sobre ele. Esse sistema é organizado de
forma hierarquica onde um núcleo planifica, organiza, supervisa e financia os
trabalhos educacionais de cidades, de um estado, ou de maneira geral, de um
país. Um exemplo claro de falta de poder para influir ou mudar imediatamente algo
que parece errado na educação é o do professor, que, muitas vezes, deve seguir
à risca os módulos de ensino repassados pelo estado ou país. Em base à isso,
podemos chegar a conclusão de que se realmente queremos uma mudança na
educação, temos que esperar uma mudança direta do núcleo responsável pelo
sistema de educação estadual ou nacional.
O estrés de uma prova, o tédio de uma aula pouco interessante, a falta de sentido
de um conteúdo desatualizado. Todas essas situações causam um mal estar nos
alunos e esse mal estar pode ser comparado, mesmo que de forma indireta, com
um dano físico realizado de uma pessoa a outra. Esse dano físico ativa os
neurônios espelho causando arrependimento ou aversão, da mesma forma que
ocorrerá no fato de provocar mal estar em um aluno por alguma dessas situações,
dado que o professor veja essas situações como prejudiciais ou veja o sofrimento
do aluno.
É provável que os professores percebam a falta de interesse, a desilusão, o mal
estar dos alunos em sala de aula, mas será que o sistema educacional o percebe?
Recapitulando
A ativação dos neurônios espelho e da teoria da mente depende da relação de
causal de espaço-tempo, ou seja, vítima e vitimário compartem uma situação
presencial atual. Ex.: Professor e aluno.
Fazendo uma análise sobre o que já vimos, podemos perceber que o núcleo
responsável pelo sistema educacional não tem uma relação espaço-temporal
próxima aos alunos atingidos pela má elaboração da educação em sala de aula, o
que imposibilita a ativação dos neurônios espelho e da teoria da mente. Essa nãoativação desses mecanismos, não gera nenhum tipo de arrependimento, aversão
ou mal estar pelo pouco funcionamento da educação, o que impossibilita uma
atitude imediata de mudança no sistema educativo.
O arrependimento sobre alguma prática é o sentimento que
freia essa determinada prática, pois percebemos que algo foi feito mal ou o mau
foi feito a alguém. No caso de que a pessoa X feriu a pessoa Y, o fato de que a
pessoa X se encontre com a pessoa Y gerará automaticamente um sentimento de
arrependimento através da ativação dos neurônios espelho e da teoria da mente,
no qual a pessoa X suspenderá suas práticas maldosas para não ferir mais
ninguém. Isso não é o que acontece com o núcleo do sistema educativo, pois já
que ele comumente não se encontra com a vítima (nesse caso, o aluno), está
isento do sentimento de arrependimento ou aversão, o que não gera nenhum
câmbio de conduta. Por isso, vemos muitas situações na qual alunos e
professores muitas vezes estão insatisfeitos com o sistema educativo, mas este,
longe de uma relação causal próxima, não sente o mal estar destes alunos e
professores de maneira que sinta a necessidade de mudança imediata e
adequada no sistema de ensino atual.
Mesmo assim, se pessoas envolvidas no sistema da educação levam a
argumentação, de que os alunos em geral sofrem com o sistema educacional,
para o núcleo responsável pela planificação e organização da mesma, também
não terão um resultado muito positivo, porque a ativação dos neurônios espelho e
da teoria da mente é automática em relação a sentimentos e emoções e não em
relação a argumentos, análise e reflexões. Isto quer dizer que, nesse caso, é
muito mais eficiente para a persuasão do sistema educacional, que lhe seja
mostrado uma imagem de um aluno sofrendo de estresse do que uma
argumentação de que os alunos em geral sofrem estresse pelo método
educacional.
Conclusão
Por isso, uma das estratégias mais indicadas para a obtenção de sucesso no
processo de mudança da educação seria ativar os neurônios espelho e a teoria da
mente dos responsáveis pela formulação do processo de ensino para que
possam ver o sofrimento de muitos alunos em “pele própria” de maneira que
repensem a forma de educacional atual. Essa ativação deve ser realizada de
modo que os responsáveis pelo sistema educativo possam, literalmente, ver com
os próprios olhos ou escutar com os próprios ouvidos o que o jovem sente durante
o período de aprendizagem em aula.
Uma das maneiras de obter esse
resultado, seria realizando um video durante algumas semanas, ilustrando vários
dos momentos em que vários aluno, em particular, sofrem de alguma maneira seja
ela qual for, por causa do sistema educacional. Imagens retratando alunos
estressados, inconformados, desiludidos e desinteressados com aspéctos
educacionais, teriam uma atenção muito mais especial pelos olhos do sistema do
que velhas argumentações já conhecidas. Outra maneira interessante de
utilização desta técnica, seria trazer, à pedido de alunos, alguns dos responsáveis
pela elaboração do plano de ensino para conviver na sala de aula junto aos
alunos, durante alguns dias, para que possa perceber, sentir e vivenciar aquilo
que muitos estudantes aprendem a sentir diariamente no âmbito da educação.
Nos sentimos bem quando as pessoas ao nosso redor estão bem, e nos sentimos
mal quando as pessoas ao nosso redor estão mal. Estudos de Ramachandran
(2006), identificaram atividade neural de dor próprio, gerado pela percepção de
dor em outra pessoa. O que muitas vezes acontece na escola, quando os alunos
veem a desilusão ou a falta de interesse do colega sobre a aula, gerando ainda
mais desconforto e mal estar no âmbito da educação. Uma coisa que jamais
deveria estar presente quando o assunto é aprendizagem e retenção de
conteúdos. Investigações mostram que a falta de comodidade e de bem estar no
ambiente de aprendizagem são os maiores venenos contra o cérebro na hora de
aprender e reter informações.
Igualmente este é apenas um dos problemas que envolvem a educação, porém no
meu ponto de vista, é o mais difícil de identificar e o mais importante de reparar,
pois de nada adianta resolver os outros problemas se vamos seguir tendo mal
estar e desilusão por parte dos que deveriam ser os maiores beneficiados, os
alunos.
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