Juventude por terra e liberdade

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ISSN 0102-0625
Edição Especial – Português – Español
Em defesa da causa indígena
Acampamento Terra Livre – Pernambuco/2013. – Foto: José Cleiton Carbonel
Ano XXXV • N0 356 • Brasília-DF • Jun/Jul 2013 – R$ 5,00
Juventude por terra e liberdade
Quem chega a uma comunidade indígena logo percebe a grande quantidade de jovens. Vivendo situações de
violência, fome e morte, acabam vulneráveis. Casos de suicídios, desnutrição e o assédio das drogas são constantes.
Porém, lutam pelos direitos de suas comunidades e representam a garantia de futuro para os povos indígenas.
Jóvenes por la tierra y la libertad
Quién trata de una comunidad indígena pronto se dan cuenta de la gran cantidad de jóvenes. Vivir situaciones de
violencia, el hambre y la muerte, así vulnerable. Suicidios, la malnutrición y las drogas son un acoso constante. Sin
embargo, luchan por los derechos de sus comunidades y representan una garantía de futuro para los pueblos indígenas.
C
sua nacionalidade própria: Xavante, Tapirapé, Marubo,
Pataxó, Guarani entre centenas de outros povos.
Dentre os desafios que enfrentam as nações indígenas, o maior deles continua sendo a recuperação e garantia dos seus territórios. Esta é a condição básica para
a continuidade de suas vidas física e cultural enquanto
povos singulares.
Os direitos dos povos indígenas estão reconhecidos
nos artigos 231 e 232 da Constituição Federal de 1988 e
em acordos internacionais dos quais o Estado brasileiro
é signatário, caso da Convenção 169 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT). Muitas vezes, a lei não
é cumprida. Prevalece o interesse privado, da mineração,
do latifúndio, da monocultura, do agronegócio da cana,
da soja, das hidroelétricas. Para uma economia agora
com o rótulo “verde”. Na defesa da vida e dos territórios,
os povos indígenas são vítimas da ganância do capital:
lideranças são criminalizadas. Racismos, tortura e assassinatos continuam sendo métodos de dominação. Os
meios de comunicação insistem em transmitir valores
alienantes contra o “bem viver” dos índios.
Esses e outros tipos de violência atingem hoje a juventude indígena, que é empurrada a renegar sua origem
e a “integrar-se” à sociedade dominante, onde perde a
sua cultura. A sociedade nacional, em vez de oferecer
aos povos indígenas as conquistas da modernidade,
como autonomia e autodeterminação, solidariedade e
participação, igualdade e liberdade, legalidade e
reconhecimento de sua alteridade, lhes impõe
consumismo, crescimento produtivo em
detrimento de seu meio ambiente e
exclusão das decisões políticas
que lhes dizem respeito.
Cremos na experiência de luta e libertação dos povos indígenas. A juventude
não pode seguir
deixada à margem.
Nas comunidades,
os jovens seguem
motivados pelos
anciãos; aprendem a
discernir entre um futuro próprio ou o futuro à margem
da sociedade dominante. Ainda há tempo para expulsar
os invasores de seus territórios, de sustentar sua autoestima de povo e nação indígena, de dizer a sua palavra,
no grito e na canção.
Foto: Divulgação
om os povos indígenas acontece hoje algo semelhante ao que a Bíblia descreve no início do livro
Êxodo. A classe dominante do Egito estabeleceu
medidas compulsórias para oprimir e diminuir a população israelita: “Obcecados pelo medo dos israelitas [hoje
diríamos, pelo preconceito e pela ganância], os egípcios
impuseram-lhes uma dura escravidão. Tornaram-lhes a
vida amarga [...]” (Ex 1,13s). Mas, a medida não surtou
efeito. “Quanto mais os oprimiam, tanto mais cresciam
e se multiplicavam” (Ex 1,12). Apesar de todas as “medidas compulsórias” sobre sua terra, cultura e vida, os
povos indígenas estão crescendo em proporção muito
maior do que a população nacional. Os territórios indígenas são territórios de crianças e juventude.
Estima-se que no ano 1500 a população indígena
girava entre 5 e 6 milhões de indivíduos. Hoje restam
aproximadamente 900 mil pessoas, a maioria jovens e
crianças, vivendo em comunidades rurais e/ou urbanas.
Falam 200 línguas diferentes e fazem parte do nosso
país plurinacional. Pertencem aos 305 povos originários do Brasil (IBGE, 2010). Quando aqui nascemos e
somos registrados a informação que consta no Registro
de Nascimento sobre nacionalidade é a brasileira. No
caso dos indígenas o correto seria constar no Registro
À esquerda, grudo de rap Guarani
Kaiowá Brô MC’s, Mato Grosso do Sul.
À direita, menina Guarani, Paraná
Izquierda: grupo rap Guaraní Kaiowá
Brô MC’s, Mato Grosso do Sul.
Derecha: muchacha Guaraní, Paraná
Eju Orendive
Jun/Jul–2013
2
Brô MC’s
Aqui o meu rap não acabou/Aqui o meu rap está apenas
começando/Eu faço por amor/Escute, faz favor/Está na mão
do senhor/Não estou pra matar/Sempre peço a Deus/Que
ilumine o seu caminho e o meu caminho/Não sei o que se
passa na sua cabeça/O grau da sua maldade/Não sei o que
você pensa/Povo contra povo, não pode se matar/Levante sua
cabeça/Se você chorar não é uma vergonha/Jesus também
chorou/Quando ele apanhou/Chego e rimo o rap Guarani
e Kaiowá/Você não consegue me olhar/E se me olha não
consegue me ver/Aqui é rap Guarani que está/Chegando pra
revolucionar/O tempo nos espera e estamos chegando/Por
isso venha com nós/Nós te chamamos pra revolucionar/Por
isso venha com nós nessa levada/Aldeia unida, mostra a cara.
Eju Orendive
Brô MC’s
Aqui mi rap no acabó/aqui mi rap está apenas comenzando/Yo hago
por amor/Escuche, hágame el favor/ Está en la mano del señor/No
estoy para matar/Siempre le pido a Dios/Que ilumine su camino y mi
camino/No se lo que pasa en su cabeza/El grado de su maldad/No
se lo que usted piensa/ Pueblo contra pueblo, no se pueden matar/
Levante su cabeza/ Si usted llora no es verguenza/Jesús también lloró/
Cuando el fue agredido/Llegó el ritmo del rap Guaraní y Kaiowá/Usted
no me consigue ver/ E si me mira no consigue verme/ Aqui es el rap
Guaraní que está/llegando para revolucionar/ El tiempo nos espera y
estamos llegando/ Por eso venga con nosotros/ Nosotros te llamamos
para revolucionar/ El tiempo nos espera y estamos llegando/ Por eso
venga con nosotros/ Nosotros te llamamos para revolucionar/Por eso
venga con nosotros en esa llevada/Aldea unida muestra tu rostro.
Foto: Renato Santana/Cimi
Juventude Indígena em
busca de seu protagonismo
Juventud Indígena en busca
de su protagonismo
S
ucede hoy con los pueblos indígenas algo
semejante a lo que la biblia describe en el
início del Éxodo. La clase dominante de Egipto
estableció medidas obligatórias para oprimir y
disminuir a la población israelita: “obcecados
por el miedo de los israelitas (hoy diríamos, por
el preconcepto y por la ganancia), los egípcios les
impusieron una dura esclavitud. Les amargaron
la vida (...)” (Ex 1,13s). Más la medida no surtió
efecto. “Cuanto más los oprimian, más crecian
y se multiplicaban” (Ex 1,12). A pesar de todas
las “medidas obligatórias” sobre su tierra, cultura
y vida, los pueblos indígenas están creciendo en
mayor proporción que la población nacional.
Los territorios indígenas son territorios de
niños y jóvenes.
Se estima que en el año de
1500 la población estaba en torno
de 5 a 6 millones de personas.
Hoy quedaron aproximadamente
900 mil personas, la mayoría
son jóvenes y niños, viviendo
en comunidades rurales y/o
urbanas. Hablan 240 idiomas
diferentes y hacen parte de
nuestro país. Pertenecen a 305
pueblos originários de Brasil
(IBGE, 2010). Cuando aquí nacemos y somos registrados, la
información que consta en el
Acta de Nacimiento sobre la
nacionalidad es la brasileña.
En el caso de los indígenas,
lo correcto sería constar
en el Acta de Nacimiento
su propria nacionalidad:
Xavante, Tapirapé, Marubo, Pataxó, Guaraní entre
decenas de otros pueblos.
Entre los desafíos que
enfrentan las naciones
indígenas, el mayor de
ellos continúa siendo la
recuperación y garantía de sus territorios. Esta
es la condición básica para la continuidad de su
vida física y cultural como pueblos específicos
y singulares.
Los derechos de los pueblos indígenas están
reconocidos en los artículos 231 y 232 de la
Constitución Federal de 1988 y en acuerdos internacionales, de los cuales el Estado brasileño es
signatario. Muchas veces la ley no es cumplida.
Prevalece el interés de las empresas nacionales
y/o transnacionales de la minería, del latifundio,
del monocultivo, del agronegócio de la caña de
azúcar, de la soya, de las presas hidroeléctricas,
de una economía ahora con el título de “verde”.
En la defensa de la vida y de los territorios, los
pueblos indígenas son víctimas de la ganancia y
del capital: líderes son criminalizados. Racismo,
tortura y asesinatos continuan siendo métodos
de dominación. Los medios de comunicación
insisten en transmitir valores alienantes contra
el “Buen Vivir” de los indígenas.
Esos y otros modos de violencia afectan
hoy a la juventud indígena, que es obligada a
renegar de su origen y a integrarse a la sociedad
dominante donde pierde su cultura. La sociedad
nacional en lugar de ofrecerle a los pueblos indígenas las conquistas de la modernidad, como
autonomia e autodeterminación, solidaridad y
participación, igualdad y libertad, legalidad y
reconocimiento de su alteridad, les imponen
consumismo, crecimiento productivo, en detrimento de su medio ambiente y exclusión de
las decisiones políticas que les corresponden.
Creemos en la experiencia de lucha y liberación de los pueblos indígenas. La juventud no
puede ser dejada al margen. En las comunidades
los jóvenes siguen motivados por los ancianos;
aprenden a discernir entre el propio futuro o el
futuro al margen de la sociedad dominante. Todavía hay tiempo para expulsar a los invasores
de sus territorios, de sostener su autonomia de
pueblo y de nación indígena, de decir su palabra
en el grito y la canción.
À esquerda,
jovens Pataxó
Hã-hã-hãe, sul
do estado da
Bahia.
À direita,
jovens Guarani
Kaiowá,
estado do
Mato Grosso
do Sul
Izquierda,
joven Pataxó
Hã-hã-hãe, al
sur del estado
de Bahía.
Derecha,
joven Guaraní
Kaiowá,
estado de
Mato Grosso
do Sul
3 Jun/Jul–2013
P
Wagner Katamy Krahô Kanela
ara indígenas jovens, velhos, crianças e adultos
a Terra Sem Males é aquela onde vivemos e
podemos praticar nossa cultura: festas tradicionais, cantos, danças e rituais, além de ser o lugar
onde podemos fazer nossas casas, plantar e constituir
nossas famílias.
Sempre protegemos o meio ambiente, pensando
nas futuras gerações, vivemos na terra sem destruir,
sem colocar agrotóxicos, pois consideramos a terra
“mãe e vida”.
A Terra Sem Males é a nossa terra tradicional, terra
onde nossos antepassados viveram, da qual muitas
vezes fomos e somos expulsos. Vivemos em uma luta
constante para recuperar e demarcar os nossos territórios. A terra é sagrada, ela é vida, saúde, educação,
lazer e espaço de nossos rituais. Sem a terra somos
indígenas doentes, sem ter onde sobreviver. Esta é a
terra que nós jovens indígenas queremos, uma terra
respeitada, onde vivamos em paz com a natureza, sem
destruição da terra e dos rios.
A educação indígena para os jovens indígenas no
Tocantins e no Brasil é desafiadora. Nas nossas aldeias
estudamos o ensino fundamental e médio, vamos para
a cidade para fazer um curso superior, que é o sonho de
muitos. Mas na vida do universitário indígena há muitas
dificuldades: distanciamento da terra e da família, carência de amigos, não ter lugar para morar, falta de recursos
para chegar até a universidade, alimentação precária,
a resistência de alguns companheiros estudantes não
indígenas, que não aceita o fato de termos ingressado
nas universidades pelo sistema de cotas. Esses e outros
fatores, na maioria das vezes, fazem com que o estudante
desista da universidade.
Hoje em dia nos vimos obrigados a estudar, até
mesmo para poder ser agente de formação política
dentro das nossas aldeias.
Fotos: Laila Menezes/Cimi
O jovem indígena e
a Terra Sem males
Nas fotos acima, na sequência, povos Krahô
e Karajá, do estado do Tocantins.
En las fotos de arriba, después, y la gente
Krahô y Karajá, el estado de Tocantins.
Ao lado, Wagner Krahô, jovem liderança indígena
Además, Wagner Krahô - liderazgo indígena joven
El joven indígena
y la Tierra Sin Males
Wagner Katamy Krahô Kanela
P
Jun/Jul–2013
4
ara nosotros pueblos indígenas, jóvenes, ancianos,
niños y adultos, la tierra sin males es aquella donde
vivimos y podemos practicar nuestra cultura. Como
son las fiestas tradicionales, cantos, danzas y rituales,
además de ser el lugar donde podemos hacer nuestras
casas, plantar y constituir nuestras familias.
Siempre protegemos el medio ambiente, pensando
en las futuras generaciones, vivimos en la tierra sin
destruir, sin colocar agro tóxicos, pues consideramos
la tierra como “madre y vida”.
La tierra sin males es nuestra tierra tradicional,
tierra donde nuestros antepasados vivieron y de la
cual muchas veces fueron expulsados. Vivimos en una
lucha constante para recuperar y demarcar nuestros
territorios. La tierra es sagrada, ella es vida, salud, educación, recreación y espacio de nuestros rituales. Sin la
tierra somos indígenas enfermos, sin tener donde poder
sobrevivir. Esta es la tierra que nosotros jóvenes quere-
mos, una tierra respetada, donde vivamos en paz con
la naturaleza, sin destrucción de la tierra y de los ríos.
La educación indígena para los jóvenes indígenas
en el Estado de Tocantins y en Brasil es desafiadora. En
nuestras aldeas estudiamos la enseñanza inicial o primaria y la secundaria, concluidos estos dos niveles, vamos
para la ciudad a cursar el nivel superior, que es el sueño
de muchos. Mas, en la vida del universitario indígena
hay muchas dificultades: distanciamiento de la tierra
y de la familia, falta de amigos, no hay lugar para vivir,
falta de recursos económicos para transportarse hasta
la universidad (vale transporte), alimentación precaria,
rechazo e incomprensión de compañeros universitarios
que no son indígenas, por el motivo de haber ingresado
a la universidad por el sistema de becas especiales para
indígenas. Esos y otros factores muchas veces hacen que
el estudiante indígena abandone la universidad.
Hoy en día nos vemos obligados a estudiar, inclusive
para poder ser agentes de formación política dentro de
nuestras aldeas.
I Assembleia de Juventude de Pernambuco acontece em agosto
Alexandre Santos Pankararu*
A
I Assembleia de Juventude de Pernambuco já tem
data: entre os dias 15 e 18 de agosto deste ano.
A Comissão de Juventude Indígena de Pernambuco
(Cojipe) se reuniu na Terra Indígena Tuxá, em Inajá,
Pernambuco, com o objetivo de organizar a realização
do encontro, o que serviu para além de planejar a atividade, também discutir a conjuntura vivida pelos povos
indígenas e confraternização entre os jovens. A reunião
ocorreu na primeira quinzena de junho.
Estiveram presentes representantes da Comissão
de Professores Indígenas de Pernambuco (Copipe),
Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e lideranças
de povos de Pernambuco. O tradicional ritual de abertura, com os cânticos culturais de cada povo presente,
conduziu os trabalhos.
A I Assembleia de Jovens Indígenas de Pernambuco ficou marcada para os dias 16, 17 e 18 de agosto
deste ano, com chegada dos participantes para o dia
15. Decidiram-se também os assuntos sobre os quais
a Assembleia irá tratar. Além disso, foram definidas
várias atividades para serem realizadas pelos jovens
que compõem a Cojipe - ações essas que vão desde a
comunicação do evento, alimentação e infraestrutura.
Conduzida por Guilherme Xukuru e Maurilho
Truká, a reunião foi aberta com os relatos da última
reunião realizada na Terra Indígena Pipipã. Zé de Santa
Xukuru, vice-cacique de seu povo, fez um histórico do
movimento social indígena. Também falou da importância dos jovens para a continuação do movimento:
“Os jovens serão futuras lideranças, futuros caciques
e são fundamentais para a preservação da luta de seus
ancestrais”, disse.
A atual situação do cenário político também foi
lembrada. Zé de Santa ressaltou a PEC 215, que tira do
Executivo e leva para o Legislativo a demarcação de
terras indígenas, e a Portaria 303 da Advocacia-Geral
da União (AGU), que estende para todas as terras indígenas condicionantes não votadas pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) sobre a Terra Indígena Raposa
Serra do Sol (RR), como grandes ameaças a posse das
terras tradicionais.
Outros assuntos foram lembrados, como a importância da comunicação para os povos indígenas, mas
o que deu mesmo o que falar foi a discussão sobre as
cotas nas universidades brasileiras. Essa questão sempre
foi e sempre será um assunto polêmico, até porque universidades não dão importância a esse direito indígena.
Por isso existe o grande interesse dos jovens pela busca
desse direito, garantido por lei.
Como as danças e os rituais fazem parte da prática
dos jovens indígenas também, os Pankararu e Entre Serras Pankararu apresentaram várias danças tradicionais
de seu povo.
*Comunicador social indígena e assessor da Apoinme.
Izquierda,
jóvenes de lo
pueblo Xukuru
de Ororubá,
estado de
Pernambuco
Foto: Daniela Alarcon
Foto: Renato Santana/Cimi
I Asamblea de la Juventud de Pernambuco es realizada en Agosto
Alexandre Santos Pankararu*
L
À Esquerda,
jovens do
povo Xukuru
do Ororubá,
estado de
Pernambuco
a I Asamblea de la juventud del estado de Pernambuco ya tiene fecha marcada, será entre los dias 15 a
18 de Agosto de este año. La Comisión de la Juventud
Indígena de Pernambuco, con el objetivo de organizar
el encuentro, realizó una reunión que, además de eso,
sirvió para planear la actividad y discutir la coyuntura
vivida por los pueblos indígenas, así como también, para
convivencia entre los jóvenes. La reunión fue realizada
en la primera quinzena de junio.
Estuvieron presentes representante de la Comisión
de Profesores Indígenas de Pernambuco (Copipe), Consejo Indigenista Misionero (Cimi) y líderes de pueblos
indígenas del estado de Pernambuco. El tradicional ritual
de apertura, con los cánticos culturales de cada pueblo
presente, condujó los trabajos.
La I Asamblea de Jóvenes Indígenas de Pernambuco
quedó marcada para los dias 16, 17 y 18 de Agosto,
con la llegada de los participantes para el dia 15. Se
decidieron también los asuntos sobre los cuales la
Asamblea iba a tratar. Además de eso, también fueron
definidas varias actividades para ser realizadas por los
jóvenes que componen la Cojipe, acciones que van
desde la comunicación del evento, hasta la alimentación
y la infraestructura.
Conduzida por Guilherme Xukuru y Maurilho Truká,
la reunión fue abierta con los relatos de la última reunión realizada en la Tierra Indígena Pipipã. Zé de Santa
Xukuru, vice-cacique de su pueblo, hizó una memória
histórica del movimiento social indígena. Habló también
de la importancia de los jóvenes para la continuación
del movimiento: “Los jóvenes serán futuros líderes,
futuros caciques y ellos son fundamentales para la
preservación de la lucha de sus ancestrales”, dijó.
La actual situación del escenario político también
fue recordada. Zé de Santa resaltó a la PEC (Propuesta
de Enmienda Constitucional) 215, que retira del poder
ejecutivo y pasa para el poder legislativo la demarcación
de las tierras indígenas y el Decreto 303 de la Abogacía
General de la Unión (AGU), que extiende para todas las
tierras indígenas las 19 condiones que todavía no son
votadas por el Supremo Tribunal Federal (STF), sobre la
Tierra Indígena Raposa Serra del Sol en el estado de Roraima (RR), y dichas condiciones son grandes amenazas
para la posesión definitiva de las tierras tradiconales.
Fueron recordados otros asuntos, como por ejemplo
la comunicación para los pueblos indígenas, mas el
tema que provocó mucha discusión fue el de las cuotas
para los estudiantes indígenas en las universidades
brasileñas. Ese asunto siempre fue y será um tema
polémico, porque en las universidades no le dan la
debida importancia a ese direcho de los indígenas que
está garantizado por ley.
Como las danzas y los rituales hacen parte de la
práctica de los indígenas, los jóvenes Pankararú y Entre
Sierras Pankararú presentaron varias danzas tradicionales de sus pueblos.
*Comunicador social indígena e assessor da Apoinme.
Jovem
Tupinambá,
sul da Bahia
Joven
Tupinambá,
Estado de
Bahía
5 Jun/Jul–2013
Foto: Renato Santana/Cimi
Crianças Guarani, oeste do estado do Paraná | Guaraní hijos, al oeste de Paraná
Jovens indígenas: presente de esperança
na conquista da Terra Sem Males
A
Jun/Jul–2013
6
população indígena no Brasil, de acordo com os
dados do último Censo do IBGE, é de 817 mil
pessoas, pertencentes a 305 povos, que falam
mais de 274 línguas diferentes. É necessário enfatizar
que aproximadamente 90 povos indígenas vivem em
situação de isolamento na região Amazônica, ou seja,
não mantêm contato e nem vínculo com a sociedade
envolvente.
De acordo com dados do Cimi existem no Brasil
1.044 terras indígenas, sendo que, destas, apenas 361
estão demarcadas; 339 estão com o procedimento demarcatório em andamento ou paralisado. Há, ainda, que
se considerar a existência de um grande contingente de
famílias indígenas que habitam periferias das cidades ou
acampamentos provisórios, à beira de estradas e rodovias.
E nestas circunstâncias se registra incidência de
agressões e de violências contra os indígenas, além da
falta de alimentos, das precárias condições de vida, do
desemprego e da falta de assistência. Para as comunidades ou famílias indígenas que são obrigadas a viver
nas periferias urbanas não há garantia, por parte do
governo brasileiro, de qualquer atenção específica ou
diferenciada.
Sendo a maioria da população indígena constituída
por crianças e jovens, um tema importante a ser discutido
é o da juventude, especialmente porque nas aldeias os
jovens são inseridos na vida comunitária de diferentes
modos e participam ativamente de tudo o que o povo
vive, planeja e constrói para o presente e para o futuro.
Não existe um único modelo de juventude, ou seja,
cada povo indígena entende de maneira diferente o que
é ser criança, ser jovem, ser adulto e ser velho. Também
são variadas e múltiplas as maneiras de viver a juventude
em distintos povos e culturas indígenas. Há comunidades
em que esta categoria social não faz nenhum sentido,
visto que uma pessoa vive como criança, até ser inserida no mundo adulto. Em outras realidades indígenas,
a juventude marca um tempo específico, com claras
definições do papel social que desempenham as pessoas
de certa faixa etária, identificada com o ser jovem e que
inclui, em muitos casos, o tempo em que se é estudante,
mas não se expressa unicamente por essa ideia.
Assim, não é possível falar de juventude indígena
sem usar esse termo no plural – ou seja, juventudes. A
proposição feita neste texto é a de se pensar nas formas
como os jovens indígenas são também afetados pela falta
de perspectivas que se impõem aos povos e comunidades indígenas quando não se asseguram as suas terras,
quando não se respeitam os seus direitos, quando suas
culturas e as formas de viver são consideradas ultrapassadas e sem futuro.
Um modelo desenvolvimentista opressor
Na atualidade, os povos indígenas são também
oprimidos, e de variadas formas suas liberdades são
cerceadas. Muitas vezes são as diferenças indígenas
que provocam medo – suas formas de viver, de pensar,
sua inegável resistência, sua capacidade de ser feliz, de
viver em plenitude, de encantar-se, de conectarem-se
com o sagrado, tudo o que não pode ser contido, que
deles não pode ser arrancado, provoca medo em quem
só sabe viver a partir de um único sistema.
Os povos indígenas são desrespeitados porque são
vistos como entraves ao que o governo brasileiro apresenta como desenvolvimento econômico. Suas terras tradicionais são cobiçadas, são usurpadas para se converter
em latifúndios, ou para abrigar grandes obras, como as
hidrelétricas, por exemplo. As políticas do governo para
os povos indígenas podem ser consideradas “compulsórias”, porque pretendem, em síntese, restringir o alcance
dos direitos conquistados ao longo das últimas décadas,
promovendo ações assistenciais que atenuam os efeitos
da violência. Promove-se, de certa forma, uma integração compulsória das comunidades ao sistema vigente,
retirando-lhes a possibilidade de viver de acordo com
suas culturas, costumes, tradições e fundamentalmente
negando-lhes o direito à terra.
Apesar das “medidas compulsórias” de integração e
de dispersão dos povos indígenas, estes estão crescendo
em proporção muito maior do que a população nacional.
Os territórios indígenas são habitados, em maioria, por
crianças e jovens.
Dentre os desafios que enfrentam os povos indígenas,
o maior deles continua sendo a recuperação e garantia
dos seus territórios. Esta é a condição básica para a
continuidade de suas vidas física e cultural, enquanto
povos singulares.
Os direitos dos povos indígenas estão reconhecidos
nos artigos 231 e 232 da Constituição Federal de 1988 e
em acordos internacionais das quais o Estado brasileiro é
signatário. Muitas vezes, a lei não é cumprida. Prevalece
o interesse das empresas nacionais e/ou internacionais;
da mineração, do latifúndio, da monocultura, do agronegócio da cana, da soja, das hidroelétricas; de uma
economia agora com o rótulo “verde”.
Na defesa da vida e dos territórios, lideranças são
criminalizadas ou assassinadas. Racismo e tortura continuam sendo métodos de dominação. Esses e outros tipos
de violência atingem principalmente os jovens indígenas,
que em muitas comunidades assumem a frente nas lutas,
ocupando funções políticas de chefia. Os dados de violência contra os povos indígenas mostram que os jovens
indígenas são alvo de várias agressões: assassinatos,
espancamentos, abordagens policiais, prisões ilegais,
discriminações étnico-culturais.
Duas experiências de esperança
Juventude Pataxó Hã-Hã-Hãe no Sul da Bahia
N
a década de 30 do século passado, a Terra Indígena
Caramuru Catarina-Paraguaçu foi demarcada com
54,105 mil hectares. Contudo, em 1960, o governo da
Bahia titulou propriedades dentro desta terra. Em 1975,
os Pataxó iniciaram sua incansável luta pela recuperação do território, o que levou a uma onda de violências
contra as comunidades, culminando no assassinato
de um importante líder, Samado Pataxó Hã-Hã-Hãe.
É dele a expressão que mobiliza a luta e a resistência
deste povo: “Eu sirvo até de adubo para a nossa terra,
mas dela não saio”.
Nas últimas décadas, mais de 30 lideranças
deste povo foram assassinadas, e muitas delas eram
jovens. Até o final de 2011, os Pataxó Hã-Hã-Hãe
aguardavam a votação do Supremo Tribunal Federal
(STF), sobre a nulidade dos títulos de terras emitidos
ilegalmente pelo governo baiano. Cansados da longa
espera, decidem retomar cada palmo de terra das mãos
dos fazendeiros, luta que se inicia em janeiro de 2012.
A participação de mais de 450 jovens guerreiros foi
decisiva, reatando a esperança no coração do povo
à batalha.
Foto: Marcy Picanço/Arquivo Cimi
De janeiro a fevereiro, Reginaldo Ramos, 24
anos, cacique da aldeia Bahetá, liderou a luta. Nos
meses de março a maio o movimento foi liderado
por 20 jovens da aldeia Caramuru-Paraguaçu. Neste
intenso processo de luta, o povo Pataxó Hã-Hã-Hãe
conseguiu retomar toda a terra. Em maio de 2012 o
STF julgou a ação pela nulidade dos títulos emitidos
pelo governo da Bahia na década de 1960, dando
ganho aos indígenas.
Os jovens Pataxó Hã-Hã-Hãe participam de todos
os espaços sociais e políticos nas comunidades. Eles
animam grupos de Toré, ritual religioso, participam
em reuniões, em mobilizações e em articulações como
a Comissão de Articulação dos Jovens Indígenas das
Regiões Leste e Nordeste (Carjilene).
Uma importante iniciativa, vinculada ao estilo de
vida dos jovens e aos seus conhecimentos, é o uso da
internet e da mídia alternativa para divulgar a cultura, as
lutas do povo e também para denunciar as agressões e
violências sofridas. Um exemplo disso é a produção de
filmes para a divulgação da luta dos Pataxó Hã-Hã-Hãe
para assegurar a posse de suas terras!
Após a vitória dos Pataxó Hã-Hã-Hãe, Fábio Titiá,
jovem Pataxó, agradece aos aliados em vídeo por ele
produzido e divulgado no Youtube (http://www.youtube.
com/watch?v=CNz3-7Ipaks). Os jovens criaram uma
nova canção para dançarem o Toré: “Eu vi Bekói (o sol)
sair e Ingohó (a luta) nascer, nas aldeias dos Pataxó eu
vi os guerreiros vencer”.
No interior das comunidades indígenas os jovens
são protagonistas e participam em espaços importantes
como os rituais, as cerimônias, as atividades produtivas
e cotidianas. Eles são a viva alegria, a graça, a esperança
de cada aldeia. No cotidiano da vida indígena eles são
estimulados a dizer a sua palavra, no grito e na canção.
Os jovens também protagonizam lutas pela garantia
da vida e nos momentos decisivos para os direitos dos
povos indígenas. Observando as mobilizações, as manifestações políticas, as marchas e as ações do movimento
indígena se sobressai a presença de jovens de diferentes
etnias. Na experiência de luta eles se expressam, aconselhados pelos sábios, pelos pais e avós, pelos espíritos
de luz. Integrados a um mundo cultural e a uma coletividade, os jovens são a força e a esperança no futuro.
Izquierda,
jóvenes Pataxó
Hã-hã-hãe, al
sur del estado
de Bahía
Foto: Egon Heck/Cimi
Juventude Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul
O
povo Guarani-Kaiowá do Mato Grosso do Sul é
composto por 45 mil indígenas, dos quais, aproximadamente, 60% são jovens. Na primeira metade do
século 20 foram confinados pelo Estado brasileiro em
oito postos indígenas. Áreas superlotadas, cercadas pelo
monocultivo da cana, o trabalho em situações análogas
à escravidão no corte da cana e seus agrotóxicos. O território dos Guarani-Kaiowá está invadido, falta espaço,
mata e água.
Mais de cinco mil Guarani-Kaiowá estão acampadas
às margens de rodovias e nas periferias das cidades. São
vítimas de assassinatos, envenenamentos, fome, alto
índice de mortalidade, alcoolismo, escravidão, falta de
perspectiva de vida. Neste contexto de genocídio, são os
jovens os mais atingidos. Quando as condições de vida
se tornam demasiado precárias, alguns jovens também
são levados à prática do suicídio. Entre os anos de 2000
À esquerda,
jovens Pataxó
Hã-hã-hãe, sul
do estado da
Bahia
e 2011, 555 indígenas Guarani-Kaiowá se suicidaram no
estado do Mato Grosso do Sul, sendo que a esmagadora
maioria desses suicidas é composta de jovens.
Contudo, no cotidiano da vida em comunidade,
os jovens Guarani-Kaiowá escutam “ñe’ë marãne’ÿ”,
a palavra primordial, nas casas de rezas, oÿguasú, no
início de cada noite. Rezam e aprendem princípios e
normas do Teko Katú, o Bom Modo de Ser Guarani, e
a cada aurora que desponta iniciam um novo dia sob a
orientação e proteção de Ñanderú, Nosso Pai.
Mesmo tendo que se ajustar ao modo de vida em
cidades, e ao trabalho em canaviais, em fábricas e em
diferentes ocupações ligadas à produção e ao comércio, os
jovens buscam organizar-se a partir de formas tradicionais
do povo, mantendo vínculos comunitários e laços parentais. Ao mesmo tempo inovam estas formas com novos
modos de atuar na defesa da vida. É o caso da Grande
Assembleia - Aty Guasu da Juventude Guarani-Kaiowá e
do primeiro grupo de rap indígena, o Grupo Brô MC’s. Em
uma de suas canções “Eju Orendive”, mostra sua força:
“...meu rap está apenas começando, faço por amor,
escute, faz favor. Levante sua cabeça! Se você chorar
não é uma vergonha. Jesus também chorou. Venha! nós
te chamamos. Aqui tem índios sonhadores. Agora te
pergunto, rapaz: por que nós matamos e morremos? Em
cima desse fato a gente canta. Índio e índio se matando,
os brancos dando risada. Estou aqui pra defender o meu
povo. Meu povo, venha com nós! Nós te chamamos pra
revolucionar. Aldeia unida mostra a cara”.
São muitas as formas de luta e de participação
ativa dos jovens na defesa do direito à vida/território,
território/vida. Direito este dado por Ñanderú, Nosso
Pai. Nas terras reocupadas buscam reviver conforme os
ensinamentos dos conselheiros/as, o Teko Katú.
Jovens
Guarani
Kaiowá,
estado do
Mato Grosso
do Sul
Jóvenes
Guaraní
Kaiowá,
estado de
Mato Grosso
do Sul
7 Jun/Jul–2013
Foto: Haroldo Heleno/Cimi Regional Leste-Equipe Itabuna
Crianças Tupinambá, do estado da Bahia | Niños Tupinambás, Estado de Bahía
Jóvenes indígenas: la esperanza en la
conquista de la Tierra Sin Males
L
Jun/Jul–2013
8
os indígenas en Brasil, de acuerdo con los datos
del último censo del IBGE – Instituto Brasileño de
Geografía y Estadística, es de 896 mil personas,
pertenecientes a 305 pueblos indígenas, que hablan
más de 274 idiomas diferentes. Es necesario reafirmar
que, aproximadamente 90 pueblos indígenas viven en
situación de aislamiento en la región amazónica, o sea,
no tienen contacto ni vínculo con la sociedad del entorno.
De acuerdo con los datos de CIMI –Consejo Indigenista Misionero- , en Brasil existen 1044 tierras indígenas,
de las cuales apenas 361 están demarcadas, 339 están
en proceso de legalización o su proceso está paralizado.
También hay que considerar la existencia de un grande
número de familias indígenas que viven en las grandes
periferias de las ciudades, así como también, en campamentos provisorios, o sea como paracaidistas en la orilla
de las carreteras vecinales y de las grandes carreteras.
En esta situación se registran casos de agresiones
y de violencias contra los indígenas, además de la falta
de alimentos, de las pésimas condiciones de vida, del
desempleo y de la falta de asistencia social. Para las
comunidades y familias que son obligadas a vivir en las
periferias urbanas, no hay garantías por parte del gobierno
brasileño de ninguna atención específica o diferenciada.
La mayoría de la población indígena es formada por
niños y jóvenes, por eso un tema importante para ser
discutido es el de la juventud, especialmente, porque en
las aldeas los jóvenes son introducidos en la vida comunitaria de diferentes formas, y participan activamente de
todo lo que vive el pueblo, de lo que programa y construye
para el presente y futuro.
No existe una única forma o modelo de juventud.
Cada pueblo indígena entiende de forma diferente lo
que significa ser niño, joven, adulto o anciano. También
son múltiples las formas de vivir de la juventud en los
distintos pueblos y culturas indígenas. Hay comunidades
en que esta categoría social no tiene ningún sentido, ya
que una persona vive como niño hasta ser introducida en
el mundo de los adultos. En otras realidades indígenas,
la juventud marca un tiempo específico, con claras definiciones del papel social que desempeñan las personas
en las diferentesetapas de la vida, identificadas con el ser
joven y que incluye, en muchos casos, el tiempo de ser
estudiante, mas no se expresa únicamente por esa idea.
Por este motivo, no es posible hablar de juventud indígena sin usar el plural - o sea juventudes. La propuesta de
este texto es pensar y reflexionar en las formas de cómo,
los indígenas son afectados por la falta de perspectivas
que se les imponen.Son afectados gravemente cuando no
se les garantizan sus tierras, cuando no se les respetan
sus derechos, cuando sus culturas y sus formas de vivir
son consideradas ultrapasadas y sin futuro.
Un modelo desarrollista opresor
Con los indígenas sucede actualmente algo semejante a lo descrito en la Biblia, en el libro del Éxodo. En aquel
periodo, “obcecados por el miedo de los israelitas, los
egipcios les impusieron una dura esclavitud. Les hicieron
la vida amarga (….)”Ex 1,13s). Aunque los gobernantes
egipcios impusieran de manera obligatória y cruel la
opresión al pueblo de Dios, “cuando más los oprimían,
más crecían y se multiplicaban” (Ex 1,12).
En la actualidad los pueblos indígenas son también
oprimidos y de muchas formas su libertad es mutilada.
Muchas veces son las diferencias indígenas que provocan miedo, sus formas de vivir, de pensar, su innegable
resistencia, su capacidad de ser feliz, de vivir en plenitud,
de encantarse, de comunicarse con lo sagrado, todo lo
que no puede ser definido y que de ellos no puede ser
arrancado, provoca miedo en quien sólo sabe vivir a partir
de un único sistema.
La gran mayoría de las veces los pueblos indígenas
son desrespetados, porque son vistos como estorbos
de lo que el gobierno brasileño presenta como desarrollo
económico. Sus tierras tradicionales son codiciadas, son
usurpadas para convertirse en grandes latifundios o para
albergar grandes obras, como las presas hidroeléctricas,
por ejemplo. Las políticas del gobierno para los pueblos
indígenas pueden ser consideradas “obligatorias”, o sea
por fuerza de la ley, pues pretenden en síntesis, reducir
el alcance de los derechos conquistados a lo largo de
las últimas décadas, promoviendo sólo acciones paternalistas y asistencialistas que atenúan los efectos de la
violencia. De cierta forma, se promueve una integración
forzada de las comunidades indígenas al sistema vigente,
retirándoles la posibilidad de vivir de acuerdo con sus
culturas, costumbres y tradiciones, y fundamentalmente
negándoles el derecho a la tierra.
A pesar de las “medidas obligatorias” de integración
y de dispersión de los pueblos indígenas, estos continúan
creciendo en proporción mucho mayor que la población
nacional. Los territorios indígenas son habitados en su
grande mayoría por niños y jóvenes.
Entre los desafíos que enfrentan los pueblos indígenas, el mayor de ellos continúa siendo la recuperación
y garantía de sus territorios. Esta es la condición básica
para la continuidad de su vida física e cultural como
pueblos específicos y singulares.
Los derechos de los pueblos indígenas están reconocidos en los artículos 231 y 232 de la Constitución
Federal de 1988 y en acuerdos internacionales, de los
cuales el Estado brasileño es signatario. Muchas veces
la ley no es cumplida. Predomina el interés de las empresas nacionales y/o transnacionales de la minería, del
latifundio, del monocultivo, del agronegocio de la caña
de azúcar, de la soya, de las presas hidroeléctricas, de
una economía ahora con el título de “verde”.
Por la defensa de la vida y los territorios indígenas,
líderes son criminalizados o asesinados. Racismo y
tortura continúan siendo métodos de dominación. Esos
y otros tipos de violencia afectan principalmente a los
jóvenes indígenas, que en muchas comunidades asumen
la responsabilidad de las luchas, ocupando funciones
políticas de dirección. Los datos de violencia contra los
pueblos indígenas son albo de varias agresiones: asesinatos, agresiones físicas, abordajes policiales, prisiones
ilegales y discriminación étnico-cultural.
Dos experiencias de esperanza
Juventud Paraxó Hã-Hã-Hãe en el Sur del Estado de Bahía
E
n la década del año 30 del siglo pasado, el área
Caramuru-Paraguassu fue demarcada con 54,105
mil hectáreas. A pesar de eso, en 1960 el gobierno
del estado de Bahía tituló propiedades dentro de esta
tierra. En 1975 los Pataxó iniciaron su incansable lucha
por la recuperación de su territorio, lo que levantó una
ola de violencias contra las comunidades, culminando
en el asesinato de un importante líder, Samado Pataxó
Hã-Hã-Hãe. Es de autoría suya la frase que moviliza la
lucha y resistencia de este pueblo: “Yo sirvo hasta de
abono para nuestra tierra, mas no salgo de ella”.
En las últimas décadas, más de 30 líderes de este
pueblo fueron asesinados, y muchos de ellos eran
jóvenes. Hasta el final de 2011 los indígenas Pataxó
Hã-Hã-Hãe esperaban la votación del Supremo Tribunal
Federal (STF), sobre la anulación de los títulos de tierras
emitidos ilegalmente por el gobierno de Bahía. Cansados
de la larga espera, decidieron recuperar cada palmo de
su tierra que estaba en las manos de los terratenientes,
lucha que se inicia en enero de 2012. La participación de
más de 450 jóvenes guerreros es decisiva.
De enero a febrero Reginaldo Ramos de 24 años,
cacique de la aldea Bahetá, lidera la lucha. En los meses
Foto: Arquivo Cimi
de marzo a mayo el movimiento es liderado por 20 jóvenes de la aldea Caramurú-Paraguassu. En este intenso
proceso de lucha, el pueblo Pataxó Hã-Hã-Hãe consigue
recuperar toda la tierra. En mayo de 2012 el STF juzga
la Acción de Anulación de los títulos emitidos por el
gobierno de Bahía en la década de 1960, otorgando la
victoria a los indígenas.
Los jóvenes Pataxó Hã-Hã-Hãe participan de todos
los espacios sociales y políticos en las comunidades.
Ellos animan grupos de Toré, ritual religioso, participan
en reuniones, en movilizaciones y en articulaciones
como a CAJIRLE – Comisión de Articulación de los
Jóvenes Indígenas de la Región Leste.
Una importante iniciativa vinculada al estilo de vida
de los jóvenes y a sus conocimientos tradicionales, es el
uso del internet y los medios de comunicación alternativa
para divulgar la cultura, las luchas del pueblo y también
para denunciar las agresiones y violencias sufridas. Un
ejemplo de esto es la producción de documentarios para
la divulgación de la lucha de los indígenas Pataxó Hã-Hã-Hãe para garantir la posesión de sus tierras.
Después de la victoria de los Pataxó Hã-Hã-Hãe,
Fábio Titiá, jovem Pataxó, agradece a los aliados en un
video por el producido y divulgado en el Youtube (http://
www.youtube.com/watch?v=CNz3-7Ipaks). Los jóvenes compusieron una nueva canción para danzar el Toré:
“Yo ví Bekói (el sol) salir e Ingohó (la lucha) nacer en
las aldeas de los Pataxó, yo vi a los guerreros vencer”.
En el interior de las comunidades indígenas los
jóvenes son protagonistas y participan en espacios
importantes, como los rituales y ceremonias, en las
actividades productivas y cotidianas. Ellos son la viva
alegría, la gracia, la esperanza de cada aldea. En el
cotidiano de la vida indígena ellos son estimulados a
decir su palabra en el grito y en la canción.
Los jóvenes protagonizan también luchas por la
garantía de la vida y actúan en los momentos decisivos
para los derechos de los pueblos indígenas. Observando las movilizaciones, las manifestaciones políticas,
las marchas, las acciones del movimiento indígena
se destacan la presencia de jóvenes de diferentes
pueblos indígenas. En la experiencia de lucha, ellos se
expresan aconsejados por los sabios, por los padres,
por los abuelos y por los espíritus de luz. Integrados
a un mundo cultural y a una colectividad, los jóvenes
son la fuerza y la esperanza en el futuro.
os indígenas Guaraní-Kaiowá en MS son aproximadamente 40 mil personas, de las cuales, 60% son
jóvenes. En la primera mitad del siglo XX fueron confinados por el Estado brasileño en ocho puestos indígenas.
Son áreas súper pobladas, cercadas de monocultivos
de caña de azúcar e de insumos agrícolas. Su territorio
está invadido, falta espacio, selva y agua.
Más de cinco mil personas Guaraní-Kaiowá están
acampadas en las orillas de las carreteras y en las
periferias de las ciudades. Son víctimas de asesinatos,
de envenenamientos, de hambre, de altos índices de
mortalidad, alcoholismo, esclavitud y falta de perspectiva en la vida. En esta situación de genocidio, son los
jóvenes los más afectados. Cuando las condiciones de
vida se tornan demasiado precarias, algunos jóvenes
también son llevados a la práctica del suicidio. Entre
los años de 2000 y 2011, 555 indígenas Guaraní-Kaiowá se suicidaron en el estado de Mato Grosso
Izquierda,
joven Pataxó
Hã-hã-hãe, al
sur del estado
de Bahía.
Foto: Ruy Sposati/Cimi
Juventud Guaraní-Kaiowá, en el estado de Mato Grosso del Sur
L
À esquerda,
jovens Pataxó
Hã-hã-hãe, sul
do estado da
Bahia.
del Sur, muchas de estas personas eran jóvenes.
A pesar de todo esto, en lo cotidiano de la vida de
la comunidad, los jóvenes Guaraní-Kaiowá escuchan
“ñe’ë marãne’ÿ”, la palabra principal, en las casas de
la reza, oÿguasú, en el inicio de cada noche. Rezan e
aprenden principios y normas de Teko Katú, el Buen
Modo de Ser Guaraní, y a cada aurora que despunta,
inician un nuevo día bajo la orientación y protección de
Ñanderú, nuestro Padre.
Aunque tengan que adaptarse al modo de vida
de las ciudades, al trabajo en los cañaverales, en las
fábricas y en diferentes ocupaciones relacionadas a
la producción y al comercio, los jóvenes buscan organizarse a partir de formas tradicionales de su pueblo,
manteniendo vínculos comunitarios y lazos familiares.
Al mismo tiempo, inventan e recrían estas formas con
nuevos modos de actuar en la defensa de la vida. Es
el caso de la Grande Asamblea – Aty Guasú de la
juventud Guaraní-Kaiowá y del primer grupo de rap
indígena, el Grupo Brô MC’s. En una de sus canciones
“Eju Orendive”, muestra su fuerza:
“mi rap está apenas comenzando, lo hago por amor,
escúcheme, hágame el favor. Levante su cabeza! Si
usted llora no es vergüenza. Jesús también lloró. Venga!
Nosotros te escuchamos. Aquí hay indígenas soñadores. Ahora te pregunto chavo: ¿por qué nos matamos e
morimos? En cima de este hecho la gente canta. Indio
e indio matándose, los blancos dando carcajadas.
Estoy aquí para defender a mi pueblo. Mi pueblo, venga
con nosotros. Nosotros te llamamos para revolucionar.
Aldea unida muestra tu rostro”.
Son muchas las formas de lucha y de participación
activa de los jóvenes en la defensa de sus derechos a la
vida y al territorio. Derecho dado por Ñanderú, nuestro
Dios. Nuestras tierras recuperadas buscan revivir conforme las enseñanzas de los consejeros/as el Teko Katú.
Jovens
Guarani
Kaiowá,
estado do
Mato Grosso
do Sul
Jóvenes
Guaraní
Kaiowá,
estado de
Mato Grosso
do Sul
9 Jun/Jul–2013
P
Edcarlos Pereira do Nascimento Pankararu*
ediram para falar do desafio que é ser indígena em
São Paulo. Como é difícil generalizar, vou trazer
um pouco da história dos Pankararu, minha etnia,
vivendo na cidade de São Paulo.
Devido à seca e à precária situação de nossa aldeia,
em Pernambuco, a partir de 1950 vários Pankararu começaram a se deslocar para outros estados, como Bahia,
Minas Gerais e, sobretudo, São Paulo. Os indígenas
Viajavam como podiam: de caminhão “pau-de-arara”,
de ônibus ou de carona. Chegando aqui, começaram a
procurar emprego, encontrando vagas na construção
civil, como nas obras do Morumbi, estádio do São Paulo
F.C, e o Palácio dos Bandeirantes, além de outros prédios
mais simples.
Dormiam enrolados em sacos de cimento, até receber
seu primeiro salário. Com o dinheiro no bolso, foram
viver numa pensão que ficava entre os prédios luxuosos
do Morumbi. Com o tempo essa pensão foi demolida
e os parentes conseguiram construir um barraco num
terreno pertencente à Prefeitura de São Paulo, conhecido
como Bairro da Mandioca, por ter bastante plantação de
mandioca. Como as famílias aumentaram, as mandiocas
desapareceram, surgindo mais barracos, tornando-se a
Favela do Real Parque, ao lado do rio Pinheiros.
Muitos conviveram por longos anos com a miséria
da Favela do Real Parque, mas hoje a maioria já está em
apartamentos do conjunto habitacional Cingapura, entregue pela prefeitura em meados de 2000. Essa realidade
choca as pessoas, pois de um lado do rio está a favela;
do outro lado, estão vários edifícios importantes, como
a Rede Globo, o Word Trade Center e vários hotéis de
1ª. classe, como o Hotel Meliá.
Os índios quando saíam para procurar emprego
muitas vezes eram abordados por policiais, e até com
violência. Depois de identificados por meio do RG
indígena, o policial dava risada e dizia que “lugar de
índio é no meio do mato”. Com a falta de segurança e
assistência, os Pankararu decidiram montar em 1994
uma associação comunitária, com o nome de Associação
S.O.S Comunidade Indígena Pankararu. Foi também
criado um grupo de dança ritual para apresentar nossa
cultura, conquistando o respeito de alguns que se encan-
Jun/Jul–2013
10
tavam com o “diferente”.
Essa organização também nos ajudou a ser reconhecidos pela Funai. Apesar de ter ocorrido pouca assistência, crescemos e hoje somos mais de 1.500 pessoas,
morando em cerca de 50 bairros de São Paulo e da grande
São Paulo. Ainda a maior parte dos homens trabalha
na construção civil e as mulheres como domésticas. O
grande desafio sempre foi manter na cidade a essência
de nossa cultura tradicional.
No trabalho, quando muitos conseguiam conquistar
a confiança dos patrões, passavam a revelar sua identidade indígena, indicando também outros parentes para
serem contratados. Os jovens Pankararu, como os demais jovens da periferia, enfrentam um percurso escolar
tenso e cheio de conflitos, com sucessivas repetências
e evasão escolar. Muitos só pensam em lazer e alguns
até se envolveram em drogas, lícitas, como o álcool, e
ilícitas, como o crack.
Um momento marcante ocorreu em 2001, quando,
a partir de um pedido de um jovem Xavante, foi criado
o Programa Pindorama, em que a PUC-SP começou a
oferecer 12 bolsas de estudos para indígenas. Entraram
como parceiros a Pastoral Indigenista, a Associação
S.O.S. Comunidade Indígena Pankararu e o Colégio
Santa Cruz. Isso fez com que jovens Pankararu e de outras etnias pudessem concretizar seu sonho de ingressar
numa universidade e um dia poder disputar emprego
com outros jovens. Depois de 11 anos do Programa
Pindorama, já contamos com 53 formados, sendo que
três Pankararu estão fazendo medicina: dois em Cuba e
um na Universidade Federal de São Carlos.
Já podemos notar maior participação de jovens em
fóruns, congressos, conferências, seminários e comissões
de órgãos federais, onde passam a ter voz e destaque na
questão indígena, levando as bandeiras de luta de nossas
comunidades.
A relação dos Pankararu com os não índios e viceversa depende muito de pessoa para pessoa. Algumas até
nos entendem, respeitam nossos costumes e diferenças.
Mas há outras que não suportam ouvir falar de índios,
por não compreender o “diferente” e nem respeitar os
nossos costumes.
Notamos que para uma maior inserção nossa como
indígenas precisamos vencer muitas barreiras e muitos
Foto: Renato Santana/Cimi
O desafio de ser jovem indígena
e viver em São Paulo
desafios, mas sem perder a coragem de lutar. Por isso
escrevi um dia: “Com a borracha da negligencia e da
corrupção, apagam-se do papel nossos direitos constitucionais. Mas com o lápis da sabedoria e da esperança
escrevemos nossa história cada vez mais forte, com a
cultura, com a crença, a dignidade e a tradição. Podem
ter certeza que tais elementos nunca vão apagar!”.
* Assistente social formado pela PUC-SP no Programa Pindorama
El desafío de ser joven indígena en San Paulo
Edcarlos Pereira do Nascimento Pankararu*
M
e pidieron que hablara del desafío de ser
indígena en San Paulo. Como es difícil generalizar, voy a contar un poco la historia de mi
pueblo, los Pankararú.
Por motivo de la sequía y la precaria condición
de nuestra aldea, en estado de Pernambuco, a
partir de 1950, varios indígenas comenzaron a
emigrar para otros estados del país, como por
ejemplo, Bahía, Minas Gerais y sobre todo San
Paulo. Viajaron como pudieron, en camión de carga
o de redilas, de autobús o de “aventón”. Cuando
llegaron en San Paulo, comenzaron a buscar trabajo y encontraron lugar en la construcción civil
de albañiles en el Morumbí, así como también, en
grandes construcciones como el estadio de San
Paulo F. C. y en el Palacio de los Bandeirantes,
además de otras construcciones más pequeñas.
Durmieron envueltos en sacos de cemento, hasta
recibir su primer pago. Con dinero ya en el bolsillo,
se fueron a vivir a una vecindad que estaba entre
los edificios lujosos del Morumbí.
Ritual indígena Praiá do povo
Pankararu, do sertão de Pernambuco
Ritual Praiá de los indígenas
Pankararu, el interior de Pernambuco
Al pasar el tiempo esa vecindad fue demolida y
los indígenas consiguieron construir una casucha
en un terreno que pertenecía al Ayuntamiento de
San Paulo, conocido como El Barrio de la Yuca, por
haber bastante yuca plantada en ese lugar. Como
las familias fueron aumentando, la plantación de
yuca desapareció, y surgieron mas casuchas,
transformándose en una grande colonia pobre,
conocida como “la Colonia del Real Parque” a un
lado del río Pinheiros.
Muchos vivieron e convivieron por muchos
años con la miseria de la Colonia del Real Parque,
mas hoy la grande mayoría está viviendo en departamentos del conjunto habitacional “Singapur”,
que fue entregado por el Ayuntamiento a mediados del año 2000. Esa realidad es escandalosa y
contradictoria, ya que de un lado del río está la
colonia pobre y del otro, varios edificios importantes, como la emisora más grande del país, la
Red Globo, el Word Trade Center y varios hoteles
de lujo de primera clase, como el Hotel Meliá.
Los indígenas cuando salían a buscar empleo,
muchas veces eran abordados por los policías y la
mayoría de las veces con violencia. En el momento
que eran identificados a través de su identificación
indígena, el policía se burlaba de ellos diciendo que
“el lugar de los indígenas era en el cerro”.
Con la falta de seguridad y asistencia social,
los indígenas Panakararú formaron una asociación
comunitaria llamada “Asociación S.O.S. Comunidad Indígena Pankararú”. También fue creado un
grupo de danza ritual, para presentar y mostrar
nuestra cultura, que fue conquistando poco a
poco el respeto de algunos que se encantaban
con lo “diferente”.
Esa organización también ayudó para que
fuéramos reconocidos por la FUNAI – Fundación
Nacional del Indio- (Órgano Gubernamental
responsable por los indígenas). A pesar de que
tuvimos poca asistencia, crecimos y hoy somos
más de 1.500 personas, viviendo aproximadamente en 50 barrios de San Paulo y de la grande
San Paulo. Todavía la mayor parte de los hombres
trabaja en la construcción civil y las mujeres de
empleadas domésticas. El grande reto siempre
fue mantener en la ciudad la esencia de nuestra
cultura tradicional.
En el trabajo muchos indígenas que conseguían conquistar la confianza de los patrones, les
revelaban su identidad indígena, buscando así espacio para que otros indígenas fueran contratados.
Los jóvenes indígenas Pankararú como los
demás jóvenes de las grandes periferias, enfrentan dificultades para estudiar. El proceso escolar
siempre es muy tenso e lleno de conflictos, las
principales dificultades son las sucesivas repeticiones de año escolar y las evasiones. También
muchos sólo piensan en disfrutar y divertirse.
Otros se envuelven en drogas, unas lícitas como
el alcohol e ilícitas como el crack.
Un momento importante ocurrió en 2001,
cuando a partir de un pedido de un joven del pueblo
indígena Xavante, fue criado el Programa Pindorama, donde la Pontificia Universidad Católica de San
Paulo - PUC-SP-, comenzó a ofrecer 12 becas de
estudio para indígenas. Entraron como miembros
del Programa Pindorama: la Pastoral Indigenista, la
Asociación S.O.S Comunidad Pankararú y el Colegio Santa Cruz. Esto hizo que los jóvenes del pueblo
indígena Pankararú pudieran concretizar el sueño
de ingresar a una Universidad de renombre y un
día poder disputar un empleo con otros jóvenes.
Después de 11 años del Programa Pindorama contamos ya con 53 indígenas titulados. Tres jóvenes
Pankararú están cursando medicina, dos en Cuba
y uno en la Universidad Federal de San Carlos.
Podemos ya notar mayor participación de los
jóvenes en diversos eventos, como foros, congresos, conferencias, seminarios y comisiones de
órganos federales, donde han pasado a tener voz
y destaque el tema indígena, llevando las banderas
de lucha de nuestras comunidades.
La relación de los indígenas Pankararú con los
no indígenas y viceversa depende mucho de cada
persona. Hay algunas que hasta nos entienden y
respetan nuestras costumbres y culturas, mas
existen otras personas que no soportan ni siquiera
oír la palabra “indígena” por no comprender al
“diferente” y ni respetar nuestras costumbres.
Percibimos que para que exista una mayor
inserción nuestra como indígenas, necesitamos
vencer muchas barreras, obstáculos y desafíos,
mas sin perder nunca la valentía de luchar. Por eso
escribí un día: “Con la goma de la negligencia y de
la corrupción se borran nuestros derechos constitucionales, mas, con el lápiz de la sabiduría y de
la esperanza escribimos nuestra historia cada vez
más fuerte, con la cultura, con nuestra creencia,
con la dignidad y con la tradición. Pueden estar
seguros que eso nunca lo apagaran”.
* Formado en Trabajo Social en la PUC-SP en el Programa
Pindorama.
Na periferia de São Paulo,
indígenas Pankararu
praticam seus rituais e
tradições lutando por
comunidades que vivem nas
cidades
En las afueras de São
Paulo, indígenas Pankararu
practicar sus rituales y
tradiciones de lucha de las
comunidades que viven en
las ciudades
11 Jun/Jul–2013
Suicídios e mortalidade infantil:
a vida da juventude indígena em perigo
A
Foto: Renato Santana/Cimi
vida de Emerson Galeano, Guarani de 17 anos,
acabou de forma trágica numa noite fria do início do último mês de junho. Numa das árvores
da terra de seus antepassados, o tekoha – lugar onde se
é – Jevy, às margens do rio Paraná, oeste paranaense, o
jovem se enforcou deixando para trás a angústia que o
levou a cometer tal ato. Deixou uma filha com menos
de um mês de nascida.
No Jevy os Guarani vivem desde tempos imemoriais, contabilizados pelos anos escondidos no material
arqueológico que brota do chão. Foram expulsos do
lugar com violência. Há cerca de um ano a comunidade,
espalhada pelo estado, decidiu se reagrupar e voltar para
a aldeia Jevy, de onde foram expulsos no decorrer do
século XX pela colonização. São 52 famílias, que juntas
reúnem 216 crianças.
Emerson cresceu no Mato Grosso do Sul, lugar para
onde os pais foram atrás de uma carteira de identidade
para assim terem emprego no Paraná. O retorno para
o Jevy gerou esperanças em Emerson, que sonhava
estudar, cursar universidade e contribuir para sua comunidade com a profissão que escolhesse. O maior sonho
do jovem era ver uma escola erguida na aldeia.
Para o pai de Emerson, seu Teodoro, e os amigos
mais próximos, como o professor Aláudio Ortiz, o jovem
entrou numa tristeza profunda depois que a prefeitura
de Guaíra, município que abrange o território indígena,
se negou a levar para a aldeia uma escola. “Ele pensava
em como poderia sustentar a própria família, não via
perspectivas. A terra não é demarcada e com isso os
políticos dizem que não podem nos ajudar em nada
aqui”, explica Aláudio.
Na manhã seguinte ao enforcamento, a esposa de
Emerson o encontrou dependurado pelo pescoço na
árvore. Seu Teodoro diz que a imagem não sai da cabeça e lembra que na comunidade outro jovem, Josimar,
de 21 anos, também cometeu suicídio no ano passado.
“Aqui todo mundo fica apertado. De um lado da cerca
é da empresa Mate Laranjeira; do outro da prefeitura.
Jun/Jul–2013
12
Todo mundo nos ameaça. É difícil essa situação”, afirma
seu Teodoro.
as principais razões do alto índice de mortalidade fruto
de problemas de baixa complexidade médica.
Suicídios pelo país
Morte de crianças Xavante
No oeste paranaense, apenas este ano, quatro jovens
cometeram suicídio em aldeias como a de Emerson. A
situação delas, porém, ultrapassa as fronteiras do Paraná
e chega ao Mato Grosso do Sul e vai até ao Amazonas.
São Gabriel da Cachoeira (AM), onde mais de 90%
da população é indígena, tornou-se o município com o
maior índice de suicídios do Brasil. Dados do governo
federal, apresentados pelo Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas 2012, do Conselho Indigenista
Missionário (Cimi), espantam.
Apenas no Mato Grosso do Sul, durante o ano passado, conforme o Distrito Sanitário Especial Indígena
(DSEI), foram 65 suicídios. Entre 2001 e 2011, 555
indígenas induziram a própria morte. Mais da metade
eram jovens com idades entre 15 e 29 anos – alguns
casos são de jovens com menos de 14 anos. “São áreas
superlotadas, pequenas e com grande quantidade de indígenas. Vivem amontoados, sem terra, trabalho, vítimas
de discriminação, submetidos a violências diversas, sem
perspectiva de futuro”, explica o coordenador do Cimi
Regional MS, Flávio Vicente Machado.
Quando não é o suicídio, a desassistência na área
da saúde vitima, sobretudo, crianças e jovens. Entre os
meses de dezembro de 2011 e março de 2012, cerca de
30 crianças Madja e Huni-Kuï, que vivem às margens do
Alto Rio Purus, no Acre, morreram depois de apresentarem os mesmos sintomas: febre, diarreia e vômito. Falta
de saneamento básico e atendimento de saúde estão entre
O povo Xavante da Terra Indígena Marãiwatsédé,
noroeste de Mato Grosso, recebeu com indignação a
declaração feita pelo secretário de Saúde do município
de Alto Boa Vista (MT), desmentindo a informação da
morte de três crianças na comunidade.
Juraci Rezende Alves desafiou, no último dia 25 de
maio, qualquer cidadão a mostrar os corpos dos jovens
Xavante. “As crianças que morreram são, inclusive, netas do cacique Damião Paradzane. Nossas crianças estão
morrendo há anos”, afirma padre Aquilino Xavante.
As declarações do secretário ocorreram durante sessão da Câmara dos Vereadores de Alto Boa Vista. Alves
encaminhou notificação extrajudicial para veículos de
imprensa que noticiaram os óbitos exigindo a retirada
da informação do ‘ar’.
O secretário foi rechaçado publicamente pela enfermeira da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai),
órgão do Ministério da Saúde, Lúcia Oliveira Nunes, que
o convidou a ir ver as covas. Há dois anos a profissional
atua em Marãiwatsédé.
Tais mortes se refletem em problemas antigos.
Conforme Aquilino e Lúcia, os indígenas preferem ser
atendidos pela rede hospitalar de Bom Jesus do Araguaia,
mais distante da aldeia, do que em Alto Boa Vista.
Os sintomas apresentados pelas crianças mortas
são diarreia, vômito e desidratação. Suspeita-se de que
o quadro é motivado pela contaminação de agrotóxicos
na água; dezenas de crianças - entre um e cinco anos apresentam exposição a tais sintomas por conta da falta
de acesso a atendimento adequado de saúde.
“Nos atendem mal e pouco fazem pela nossa saúde.
Muito triste ver tanto sofrimento, as mulheres chorando
durante toda noite. Isso é o que está acontecendo, independente do que pensa o secretário”, disse Aquilino.
A preocupação é que mais mortes ocorram; três outras
crianças estão em estado avançado de desnutrição. Criança indígena Guarani Mbyá na
beira de uma estrada federal no estado
do Rio Grande do Sul
Niño indígena Mbyá Guaraní el borde
de una carretera federal en el estado
de Rio Grande do Sul
Caso a caso; cova a cova
As mortes negadas pelo secretário ocorreram este
ano nos dias 7 de março: Edinalva Xavante, de dois anos;
no dia 17 de março: Leomar Xavante, de 1 ano e dois
meses; e no dia 23 de março: Elza Xavante, de 1 ano e
dois meses. As crianças são netas do cacique Damião,
mas se somam a quase uma centena morta entre 2011 e
este ano. São pequenos e pequenas vítimas de diarreia,
vômito e desnutrição, além de outras moléstias de ordem
infecciosa.
Em 2010, de 200 crianças Xavante nascidas, 60
morreram por falta de assistência à saúde. Nos quatro
primeiros meses de 2011, 35 crianças Xavante morreram
em decorrência de desnutrição, doenças infecciosas e
respiratórias.
O indígena Wanderley Daduwari Xavante declarou
que as lavouras das fazendas existentes em Marãiwatsédé, desintrusadas pelo governo federal entre o final do
ano passado e início deste ano depois de determinação
do STF, eram regadas a agrotóxicos.
“Os adultos sentem dores de cabeça, dores pelo
corpo, ficam doentes. O veneno corre em nossas águas
e está na terra, porque as fazendas eram vizinhas do
lugar que então ocupávamos. Se é ruim para os adultos,
imagina para as crianças”, disse Wanderley.
Foto: Renato Santana/Cimi
Suicidios y
mortalidad infantil:
la vida de la
juventud indígena
en peligro
L
a vida de Emerson Galeano Guaraní de 17 años,
acabó de forma trágica en una noche fria del início
del último mes de Junio. En uno de los árboles de la
tierra de sus antepasados, en el Tekoha –lugar donde se
es- Jevy, en la orilla del río Paraná, oeste paranaense, el
joven se ahorcó, dejando atrás la angustia que lo llevó
a cometer tal acto. Dejando una hijita con menos de
un mes de nacida.
En el Jevy los indígenas Guaraní vivian desde
tiempos inmemoriables, contabilizados por los años
escondidos en el material arqueológico que brota de la
tierra. Fueron expulsados del lugar con violencia. A más
de un año la comunidad dispersa por el estado, decidió
reagruparse y regresar para la aldea Jevy, de donde
fueron expulsados durante el transcurso del siglo XX
por la colonización. Son 52 familias que juntas reunen
cerca de 216 niños.
Emerson creció en el estado de Mato Grosso del
Sur, a donde sus papás se fueron a buscar su acta de
nacimiento, para poder conseguir empleo en el estado
de Paraná. El regreso para el Jevy despertó esperanzas
en Emerson, que soñaba estudiar, hacer la universidad
y contribuir con la comunidad con la profesión que escogiera. El grande sueño del joven era ver una escuela
construída en la aldea.
Para el papá de Emerson, el señor Teodoro y sus
amigos más próximos, como el profesor Aláudio Ortiz, el
joven Emerson entró en una grande tristeza después de
que el Ayuntamiento de Guaíra, município que incluye
el territorio indígena, se negó a poner en la aldea una
escuela. “Él pensaba en como podría mantener a la
propia familia, no había perspectivas. La tierra no es
demarcada y por eso, los políticos dicen que no nos
pueden ayudar en nada aqui”, explica Alaúdio.
En la mañana siguiente de que se ahorcó Emerson,
su esposa lo encontró colgado del cuello en el árbol.
El señor Teodoro dice que la imagen no se le sale de
la cabeza, y recuerda que en la comunidad otro joven
llamado Josimar de 21 años, también se suicidó el año
pasado. “Aqui todo mundo está apachurrado. De un lado
la cerca de la empresa Mate Laranjeira y por el otro lado
el municipio. Todo mundo nos amenaza. Es difícil esa
situación”, afirma el señor Teodoro.
Suicidios por el país
En el oeste paranaense apenas este año, cuatro
jóvenes cometieron suicidio en las aldeas igual al de
Emerson. La situación de estas aldeas, no obstante,
ultrapasa las fronteras del estado de Paraná y llega
hasta al estado de Mato Grosso del Sur y va hasta el
estado de Amazonas. San Gabriel da Cachoeira (AM)
es donde más de 90% de la población es indígena, y
se transformó en el municipio con el mayor índice de
suicidios de Brasil. Datos del gobierno federal, presentados por el Relatório de Violencia Contra los Pueblos
Indígena 2012, del Consejo Indigenista Misionero
(Cimi) asustan.
Sólo en el estado de Mato Grosso del Sur durante
el año pasado, según informaciones del Distrito Sanitario Especial Indígena (DSEI), fueron 65 suicidios.
Entre el año 2001 y 2011, 555 indígenas se induzieron
Famílias Guarani, oeste do estado do Paraná, não podem plantar porque as terras
foram transformadas em uma pedreira pela colonização
Familias de lo pueblo guaraní, al oeste del estado de Paraná, no puede crecer
porque las tierras se convirtieron en una cantera por la colonización
a la propia muerte. Mas de la mitad eran jóvenes con
edades entre 15 y 29 años –algunos casos son de
jóvenes con menos de 14 años. “Son lugares super
poblados, pequeños y con gran cantidad de indígenas.
Viven amontonados, sin tierra, sin trabajo, víctimas
de discriminación, sometidos a diversas violencias,
sin perspectivas de futuro”, explica el coordinador
del CIMI en Mato Grosso del Sur (MS), Flávio Vicente
Machado.
Cuando no es el suicidio, es la falta de asistencia
en el área de la salud que hace víctimas, sobre todo a
los niños y a los jóvenes. Entre los meses de diciembre
de 2011 y marzo de 2012, cerca de 30 niños Madja y
Huni-Kuï, que viven en las orillas del Alto Río Purus,
en el estado de Acre, murieron después de presentar
los mismos síntomas: fiebre, diarrea y vómito. Falta
de drenaje, agua potable y falta de atendimiento de
la salud son los principales motivos del alto índice de
la mortalidad, que es resultado de problemas de baja
complejidad médica.
Muerte de niños del pueblo Xavante
El puenblo indígena Xavante de la Tierra indígena
Marãiwatsédé, en el noroeste del estado de Mato
Grosso, recibió con indignación la declaración hecha
por el secretario de salud del município de Alto Boa
Vista (MT), que desmentía la información de la muerte
de tres niños en la comunidad.
Juraci Rezende Alves desafió, el último día 25
de Mayo, a cualquier ciudadano para mostrarle los
cuerpos de los jóvenes del pueblo Xavante. “Los niños
que murieron son, inclusive nietos del cacique Damián
Paradzane. Nuestos niños están muriendo hace muchos
años”, afirma el padre Aquilo Xavante.
Las declaraciones del secretario ocurrieron durante
la sesión de la Camara de los Legisladores de Alto Boa
Vista. Alves envió comunicación extra judicial para
los medios de comunicación que publicaron la noticia
de la muerte de los niños, exigiendo la retirada de la
información. El secretario fue rechazado publicamente por la
enfermera de la Secretaria Especial de Salud Indígena (Sesai), órgano del Ministerio de la Salud, Lúcia
Olivera Nunes, que lo invitó a ir a las sepulturas.
Esta profesional trabaja desde hace dos años en
Marãiwatsédé.
Estas muertes reflejan y muestran problemas antiguos. Conforme Aquilino y Lúcia, los indígenas prefieren
ser atendidos por la red hospitalar del Buen Jesús del
Araguaia, que está más lejos de la aldea, que por el de
Alto Boa Vista.
Los síntomas presentados por los niños muertos
son diarrea, vómito y deshidratación. Se sospecha que
el cuadro clínico es originado por la contaminación de
insumos agrícolas o agrotóxicos en el agua; decenas
de niños – entre cinco años- presentan exposición a
tales síntomas, por la falta de acceso al atendimiento
adequado de salud.
“Nos atienden muy mal y poco hacen por nuestra
salud. Es muy triste ver tanto sufrimiento y ver a las
mujeres llorando durante toda la noche. Eso es lo que
está sucediendo, independientemente de lo que diga
el secretario”, dice Aquilino. La preocupación es que
mas muertes puedan ocurrir, tres niños están en estado
avanzado de desnutrición.
Caso a caso, sepultura a sepultura Las muertes negadas por el secretario ocurrieron
en este año. El dia 7 de marzo: Edinalva Xavante de dos
años, el día 17 de marzo: Leomar Xavante de 1 año y
dos meses y el día 23 de marzo: Elza Xavante de 1 año
y dos meses. Los niños son nietos del cacique Damián,
mas se suman a la casi centena de muertes entre 2011
y este año. Son pequeños y pequeñas víctimas de diarrea, vómito y desnutrición, además de otras molestias
de orden infecciosa.
En el año de 2010, de 200 niños indígenas Xavante
nacidos, 60 murieron por falta de asistencia de salud. En
los cuatro primeros meses de 2011, 35 niños Xavante
murieron por motivos de desnutrición, enfermedades
infecciosas y respiratórias.
El indígena Wanderley Daduwari Xavante declaró
que las plantaciones de las haciendas existentes en
Marãiwatsédé, desocupadas por el gobierno federal entre
el final del año pasado y el inicio de este año, después de
la determinación del STF, eran regadas con agrotóxicos.
“Los adultos sienten dolores de cabeza, dolores
por todo el cuerpo y quedan enfermos. El veneno
corre en nuestas aguas y está en la tierra, porque las
haciendas eran vecinas del lugar que ocupabamos. Si
es horríble para los adultos, imagine para los niños”,
dice Wanderley. 13 Jun/Jul–2013
acique Babau Tupinambá, da Serra do Padeiro,
Bahia, pontua cada discurso que faz ressaltando
a importância da organização dos jovens indígenas no seio de cada povo. “A juventude não é apenas
nosso futuro, mas também o presente das lutas por terra
e direitos. Entre os Tupinambá a juventude desempenha
um papel central, que estimulamos”, declara o cacique,
também um jovem.
Quem pensa que a fala de Babau Tupinambá é apenas
força de expressão se engana. No final do ano passado,
a Serra do Padeiro sediou o VI Seminário Cultural dos
Jovens Indígenas do Regional Leste. Dezenas de jovens
indígenas, de povos do Nordeste e de outras regiões do
país, se reuniram numa área tradicional Tupinambá retomada, principalmente, pela juventude do povo.
Deste encontro foi elaborada uma carta, que segue na
íntegra, sintetizando o que pensam e pelo que lutam os
jovens indígenas no Brasil: o Bem Biver.
“
Nós, jovens indígenas dos povos Atikum de Rodelas,
Atikum Nova Vida, Camakan, Fulni-ô, Guarani (Espírito
Santo), Kaimbé, Kapinawá, Kayapó/Marajoeiro, Kiriri de
Banzaé, Kiriri de Muquém, Pankararu, Pankararu de Pernambuco, Pankaru, Pataxó do Extremo Sul, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Potiguara, Tapuia, Truká, Truká Tupan, Tumbalalá,
Tupinambá da Serra do Padeiro, Tupinambá de Olivença,
Tupiniquim (Espírito Santo), Tuxá de Banzaê, Tuxá de Rodelas, Xakriabá (Cocos, Bahia), Xakriabá (Minas Gerais) e
Xukuru Kariri; representantes de comunidades quilombolas
e pescadores artesanais; representantes de movimentos sociais; entidades aliadas; parceiros; professores e estudantes
universitários nos reunimos na Aldeia Serra do Padeiro,
Terra Indígena Tupinambá de Olivença, Bahia, de 25 a
28 de outubro de 2012, para a realização do VI Seminário
Cultural dos Jovens Indígenas do Regional Leste.
Sob o tema “Jovens indígenas nas lutas de seus povos
construindo o bem viver”, o seminário ocorreu em uma área
retomada conhecida como Unacau. Nesta área, retomada
pelos Tupinambá em maio de 2012, vivem hoje algumas
famílias indígenas, engajadas na luta de seu povo e na
construção de um projeto de bem viver. Nós, aqui reunidos,
afirmamos o compromisso de transformar este espaço de
morte em um espaço de vida, e desejamos instalar aqui a
primeira universidade indígena do Brasil. Enfatizamos a
Foto: Haroldo Heleno/Cimi Regional Leste
Jovens indígenas nas lutas de seus
povos e construindo o Bem Viver
C
Ritual de jovens indígenas da região nordeste do Brasil durante encontro na Bahia
Ritual de la juventud indígena de nordeste de Brasil, durante una reunión en el Estado de Bahía
necessidade de o Estado avançar na elaboração do projeto
de criação da universidade indígena.
Exigimos do Estado brasileiro agilidade nos processos
de regularização territorial, inclusive a ampliação dos
territórios pequenos. Demandamos que o Estado respeite
e cumpra a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) no que diz respeito ao reconhecimento
e aos direitos dos povos indígenas, bem como à regularização de seus territórios. Preocupados com as crescentes
violações aos direitos dos povos indígenas, e dos povos e
comunidades tradicionais como um todo, praticadas por
particulares e pelo poder público, repudiamos e exigimos
a imediata revogação da Portaria 303 da Advocacia Geral
da União (AGU), do Projeto de Emenda à Constituição
PEC 215, da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin)
quilombola e das diversas reformas de códigos atualmente
em curso (em especial, as alterações do Código de Mineração), que visam retirar direitos conquistados pelos povos
e comunidades tradicionais.
Repudiamos também o projeto de Transposição do
Rio São Francisco, a construção da barragem de Pedra
Branca e Riacho Seco, a construção de uma usina nuclear
em Itacuruba, no território Truká, a construção da usina
hidrelétrica de Belo Monte e outros empreendimentos que
impactam territórios tradicionais. Denunciamos ainda os
graves abusos praticados pelo Estado nas áreas indígenas,
sobretudo por ocasião de ações de reintegração de posse,
e exigimos punição aos agressores. Finalmente, os povos
aqui presentes solidarizam-se com a grave situação sofrida
pelos Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul, e exigimos providências urgentes em relação à regularização de
seu território. Estamos dispostos a lutar até a morte por
nossos direitos.
Os povos aqui presentes decidiram pela ampliação da
Comissão de Articulação dos Jovens Indígenas do Regional
Leste (Cajirle), incorporando outros povos indígenas; com
isso, ela passou a se chamar Comissão de Articulação dos
Jovens Indígenas dos Regionais Leste e Nordeste (Cajirlene). Informamos ainda que apoiamos e referendamos todas
as deliberações tomadas na plenária de saúde, que ocorreu
paralelamente a este seminário, e apontou a grave e caótica
situação em que se encontra a saúde indígena na Bahia.
Decidimos:
u
u
u
u
u
u
Jun/Jul–2013
14
Fortalecer a ação coletiva dos povos indígenas e comunidades tradicionais
para o enfrentamento das suas lutas, ampliando sua mobilização e articulação,
realizando encontros ampliados, envolvendo também outros segmentos dos
movimentos sociais;
Estimular a participação dos jovens nas organizações de juventude já existentes
e fortalecer o diálogo com as lideranças para o aprofundamento da organização
da juventude em face das demandas atuais;
Exigir a ampliação da representação indígena em todas as conferências realizadas
pelo Estado, em todas as suas etapas, garantindo que os povos indígenas sejam
efetivamente ouvidos ao longo de todo o processo;
Publicar listas com os nomes dos perseguidores dos povos indígenas, com o
objetivo de denunciar suas ações;
Criar alternativas de geração de renda no interior das comunidades, com o intuito
de fortalecer a autonomia dos jovens indígenas;
Exigir a implementação de políticas públicas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, bem como de políticas de cultura, esporte e lazer voltadas
para os jovens indígenas;
Exigir que o Estado garanta a estrutura necessária para a instituição de creches
nas aldeias, respeitando a especificidade de cada povo e criando condições para
que as mães continuem desenvolvendo suas atividades de estudo e trabalho,
entre outras;
u Exigir a viabilização do acesso à internet nas aldeias, como estratégia de ação
coletiva dos povos indígenas;
u Exigir que o Estado garanta avanços na educação superior indígena, ampliando a
reserva de vagas para indígenas nas universidades, bem como o número de bolsas
de permanência estudantil; garantindo transporte, hospedagem e alimentação para
os indígenas participantes de processos de seleção distantes das aldeias; realizando
processos seletivos, com provas diferenciadas, nas aldeias ou em polos próximos
às comunidades; criando cursos pré-vestibulares para os indígenas, com a atuação
de professores indígenas e a utilização de materiais didáticos específicos; criando
residências estudantis específicas para indígenas e ampliando as residências nas
universidades em que elas já existam; desenvolvendo projetos de extensão e educação popular, para possibilitar o ensino e o aprendizado compartilhados dos saberes
indígenas e das culturas dos povos tradicionais; incorporando a temática indígena
em todos os cursos universitários; criando um sistema de reserva de vagas para
indígenas na pós-graduação, bem como linhas de pesquisa específicas, bem como
núcleos de estudantes universitários indígenas, aproximando as lutas dos povos
indígenas e a formação acadêmica e profissional dos estudantes universitários.
“
u
Foto: Haroldo Heleno/Cimi Regional Leste
Jóvenes Indígenas
en las luchas de
sus pueblos y
construyendo el
Buen Vivir
E
“
Nosotros, jóvenes indígenas de los pueblos Atikum
de Rodelas, Atikum Nova Vida, Camakan, Fulni-ô, Guarani
(Espírito Santo), Kaimbé, Kapinawá, Kayapó/Marajoeiro,
Kiriri de Banzaé, Kiriri de Muquém, Pankararu, Pankararu
de Pernambuco, Pankaru, Pataxó do Extremo Sul, Pataxó
Hã-Hã-Hãe, Potiguara, Tapuia, Truká, Truká Tupan, Tumbalalá, Tupinambá da Sierra do Padeiro, Tupinambá de Olivença, Tupiniquim (Espírito Santo), Tuxá de Banzaê, Tuxá
de Rodelas, Xakriabá (Cocos, Bahia), Xakriabá (Minas
Gerais) y Xukuru Kariri; representantes de comunidades
quilombolas y pescadores artesanales; representantes
de movimentos sociales; entidades aliadas; personas
aliadas; profesores y estudiantes universitarios nos
reunimos en la Aldea Serra do Padeiro, Tierra Indígena
Tupinambá de Olivença, Bahia, de 25 a 28 de octubre de
2012, para la realización del VI Seminario Cultural de los
Jóvenes Indígenas de la Regional Leste.
Bajo el tema: “Jóvenes indígenas en las luchas de sus
pueblos construyendo el Buen Vivir”, el seminario ocurrió
en un área recuperada, conocida como Unacau. En esta
área recuperada por los indígenas Tupinambá en mayo
de 2012, viven hoy algunas familias indígenas, comprometidas con la lucha de su pueblo y en la construcción
de un proyecto del Buen Vivir. Nosotros aquí reunidos,
afirmamos el compromiso de transformar este espacio de
muerte en un espacio de vida y deseamos instalar aquí la
primera universidad indígena de Brasil. Enfatizamos que
el Estado necesita avanzar en la elaboración del proyecto
de creación de la universidad indígena.
Exigimos del Estado brasileño agilidad en los
procesos de regularización territorial, inclusive en la
ampliación de los territorios pequeños. Exigimos que
el Estado respete y cumpla la Convención 169 de la
OIT (Organización Internacional del Trabajo), en lo que
corresponde al reconocimiento y a los derechos de los
pueblos indígenas, así como también, lo relacionado a
la regularización de sus territorios. Preocupados con las
crecientes violaciones a los derechos indígenas y de las
comunidades tradiconales como un todo, practicadas
por particulares y por el poder público, repudiamos y
exigimos la inmediata anulación del Decreto 303 de la
Abogacía General de la Unión (AGU), del Proyecto de Enmienda a la Constitución (PEC) 215, de la Acción Directa
de Insconstitucinalidad (Adin) Quilombola y de diversas
reformas de códigos actualmente en curso ( en especial
las alteraciones al código de la minería), que tienen como
objetivo la retirada de derechos conquistados por los
pueblos y comunidades tradicionales.
Repudiamos también el proyecto de Transposición del
Río San Francisco, la construcción de la presa hidroeléctrica de Piedra Blanca y Riacho Seco, la construcción de
una planta nuclear en Itacuruba, en el territorio Truká, la
construcción de la presa hidroeléctrica de Belo Monte y
otros emprendimientos que afectan e impactan territorios
tradicionales. Además, denunciamos los graves abusos
practicados por el Estado en las áreas indígenas, sobre
todo con ocasión de acciones de reintegración de posesión
y exigimos la punición a los agresores. Finalmente, los
pueblos aquí presentes nos solidarizamos con la grave situación sufrida por los indígenas Guaraní-Kaiowá del estado
de Mato Grosso del Sur, y exigimos soluciones urgentes
en relación a la regularización de su territorio. Estamos
dispuestos a luchar hasta la muerte por nuestros derechos.
Los pueblos aquí presentes decidieron por la ampliación de la Comisión de Articulación de los Jóvenes del
Regional Leste (Cajirle), incorporando a otros pueblos
indígenas, por tal motivo, pasó a llamarse Comisión de
Articulación de los Jóvenes Indígenas de los Pueblos
de los Regionales Leste y Nordeste (Cajirlene). Además
informamos que apoyamos y confirmamos todas las deliberaciones tomadas en el plenario de salud, que ocurrió
paralelamente a este seminario, el cual señaló la grave y
caótica situación de la salud indígena en el estado de Bahía.
Participantes
do VI
Seminário
Cultural
dos Jovens
Indígenas do
Regional Leste
Los
participantes
del seminario
VI Cultural
Jóvenes
Indígenas
del Este del
Condado
Decidimos:
uFortalecer la acción colectiva de los pueblos
indígenas y de las comunidades tradicionales, para
el enfrentamiento de sus luchas, ampliando su mobilización y articulación, realizando encuentros más
amplios y envolviendo también a otros segmentos de
los movimientos sociales;
uEstimular la participación de los jóvenes en las
organizaciones de la juventud ya existentes y fortalecer
el diálogo con los líderes para profundizar en la organización de la juventud en sus demandas actuales;
u Exigir la ampliación y participación de representantes indígenas en todas las conferencias realizadas
por el Estado en todas sus etapas, asegurando que los
pueblos indígenas sean efectivamente escuchados a
lo largo de todo el proceso;
uPublicar listas con los nombres de los perseguidorres de los pueblos indígenas con el objetivo de
denunciar sus acciones;
u Promover alternativas de generación de empleos
en el interior de las comunidades, con la finalidad de
fortalecer la autonomía de los jóvenes indígenas;
u Exigir la implantación de políticas públicas de prevención de enfermedades sexualmente transmisíbles,
así como también, de políticas públicas que fomenten
la cultura, el deporte y la recreación direccionadas a
los jóvenes indígenas;
uExigir que el Estado garantize la estructura
necesária para la implantación de jardin de niños en
las aldeas, respetando la especificidad de cada pueblo
y criando condiciones para que las madres continuen
desenvolviendo sus actividades de estudio, trabajo y
otras actividades;
uExigir la viabilidad del acceso al internet en las
aldeas, como estratégia de acción colectiva de los
pueblos indígenas;
u Exigir que el estado garantize avances en el campo
de la educación superior indígena, ampliando la reserva
de lugares para indígenas en las universidades, así
como también, las becas de permanencia estudiantil,
garantizando transporte, vivienda y alimentación para
los indígenas participantes de los procesos de selección
distantes de sus aldeas o en polos próximos a sus comunidades; criando cursos preparatórios para los indígenas
con actuación de profesores indígenas y la utilización de
materiales didácticos específicos; construyendo casas
de alojamiento estudiantiles específicas para indígenas
y ampliando los alojamientos ya existentes en las
universidades; desenvolviendo proyectos de extensión
universitária y de educación popular y así posibilitar la
enseñanza y el aprendizaje, compartiendo los saberes
indígenas y de las culturas de los pueblos tradicionales;
incorporando la temática indígena en todos los cursos
universitários, criando un sistema de reserva de lugares
para indígenas en la pos-gradución, así como también
líneas de investigación específicas, núcleos de estudiantes universitarios indígenas que sirvan para aproximar las
luchas de los pueblos indígenas y la formación académica
y profesional de los estudiantes universitarios.
“
l Cacique Babau Tupinambá, de la Serra do Padeiro en
el estado de Bahía, menciona en cada discurso que
hace y resalta a la vez, la importancia de la organización
de los jóvenes indígenas en el seno de cada pueblo. “La
juventud no es apenas nuestro futuro, mas también el
presente de nuestras luchas por la tierra y los derechos.
Entre los indígenas Tupinambá la juventud desempeña
un papel central que estimulamos” declara el cacique
que también es joven.
Quien piensa que las palabras de Babau Tupinambá
son apenas fuerza de expresión se equivoca. En el final
del año pasado, la Serra do Padeiro fue sede del VI Seminario Cultural de los Jóvenes Indígenas de la Región
Leste. Decenas de jóvenes indígenas de los pueblos de la
región nordeste y de otras regiones del país, se reunieron
en un área tradicional Tupinambá, que fue recuperada
principalmente por la juventud de este pueblo.
En este encuentro fue elaborada una carta, que sigue
a continuación en la íntegra, ella sintetiza lo que piensan
y por lo que luchan los jóvenes indígenas de Brasil: El
Buen Vivir.
Quilombolas: Palabra que viene de la lengua quimbundu de África, que pasó con los años a designar en Brasil los territorios donde se refugiaban los esclavos que huían de la explotación en las plantaciones y
de las minas. Actualmente hay más de 1000 comunidades quilombolas en Brasil. Igual que los pueblos indígenas están luchando por que sean respetados sus derechos y reconocidos sus territorios ancestrales.
15 Jun/Jul–2013
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ISSN 0102-0625
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Edição fechada em 15/06/2013
Publicação do Conselho Indigenista Missionário
(Cimi), organismo vinculado à Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Na língua da nação indígena
Sateré-Mawé, PORANTIM
significa remo, arma,
memória.
Dom Erwin Kräutler
Presidente do Cimi
Emília Altini
Vice-Presidente do Cimi
Tradução:
Sara Sanchez (Espanhol)
Jun/Jul–2013
16
Cleber César Buzatto
Secretário Executivo do Cimi
Editores
Reportagem:
Renato Santana – RP: 57074/SP
Patrícia Bonilha – RP: 28339/SP
Ruy Sposati (MS) e J. Rosha (AM)
Emily Almeida - Estagiária
Conselho DE REDAÇÃO
Antônio C. Queiroz, Benedito
Prezia, Egon D. Heck, Nello
Ruffaldi, Paulo Guimarães,
Paulo Suess, Marcy Picanço,
Saulo Feitosa, Roberto Liebgot,
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