ISSN 0102-0625 Edição Especial – Português – Español Em defesa da causa indígena Acampamento Terra Livre – Pernambuco/2013. – Foto: José Cleiton Carbonel Ano XXXV • N0 356 • Brasília-DF • Jun/Jul 2013 – R$ 5,00 Juventude por terra e liberdade Quem chega a uma comunidade indígena logo percebe a grande quantidade de jovens. Vivendo situações de violência, fome e morte, acabam vulneráveis. Casos de suicídios, desnutrição e o assédio das drogas são constantes. Porém, lutam pelos direitos de suas comunidades e representam a garantia de futuro para os povos indígenas. Jóvenes por la tierra y la libertad Quién trata de una comunidad indígena pronto se dan cuenta de la gran cantidad de jóvenes. Vivir situaciones de violencia, el hambre y la muerte, así vulnerable. Suicidios, la malnutrición y las drogas son un acoso constante. Sin embargo, luchan por los derechos de sus comunidades y representan una garantía de futuro para los pueblos indígenas. C sua nacionalidade própria: Xavante, Tapirapé, Marubo, Pataxó, Guarani entre centenas de outros povos. Dentre os desafios que enfrentam as nações indígenas, o maior deles continua sendo a recuperação e garantia dos seus territórios. Esta é a condição básica para a continuidade de suas vidas física e cultural enquanto povos singulares. Os direitos dos povos indígenas estão reconhecidos nos artigos 231 e 232 da Constituição Federal de 1988 e em acordos internacionais dos quais o Estado brasileiro é signatário, caso da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Muitas vezes, a lei não é cumprida. Prevalece o interesse privado, da mineração, do latifúndio, da monocultura, do agronegócio da cana, da soja, das hidroelétricas. Para uma economia agora com o rótulo “verde”. Na defesa da vida e dos territórios, os povos indígenas são vítimas da ganância do capital: lideranças são criminalizadas. Racismos, tortura e assassinatos continuam sendo métodos de dominação. Os meios de comunicação insistem em transmitir valores alienantes contra o “bem viver” dos índios. Esses e outros tipos de violência atingem hoje a juventude indígena, que é empurrada a renegar sua origem e a “integrar-se” à sociedade dominante, onde perde a sua cultura. A sociedade nacional, em vez de oferecer aos povos indígenas as conquistas da modernidade, como autonomia e autodeterminação, solidariedade e participação, igualdade e liberdade, legalidade e reconhecimento de sua alteridade, lhes impõe consumismo, crescimento produtivo em detrimento de seu meio ambiente e exclusão das decisões políticas que lhes dizem respeito. Cremos na experiência de luta e libertação dos povos indígenas. A juventude não pode seguir deixada à margem. Nas comunidades, os jovens seguem motivados pelos anciãos; aprendem a discernir entre um futuro próprio ou o futuro à margem da sociedade dominante. Ainda há tempo para expulsar os invasores de seus territórios, de sustentar sua autoestima de povo e nação indígena, de dizer a sua palavra, no grito e na canção. Foto: Divulgação om os povos indígenas acontece hoje algo semelhante ao que a Bíblia descreve no início do livro Êxodo. A classe dominante do Egito estabeleceu medidas compulsórias para oprimir e diminuir a população israelita: “Obcecados pelo medo dos israelitas [hoje diríamos, pelo preconceito e pela ganância], os egípcios impuseram-lhes uma dura escravidão. Tornaram-lhes a vida amarga [...]” (Ex 1,13s). Mas, a medida não surtou efeito. “Quanto mais os oprimiam, tanto mais cresciam e se multiplicavam” (Ex 1,12). Apesar de todas as “medidas compulsórias” sobre sua terra, cultura e vida, os povos indígenas estão crescendo em proporção muito maior do que a população nacional. Os territórios indígenas são territórios de crianças e juventude. Estima-se que no ano 1500 a população indígena girava entre 5 e 6 milhões de indivíduos. Hoje restam aproximadamente 900 mil pessoas, a maioria jovens e crianças, vivendo em comunidades rurais e/ou urbanas. Falam 200 línguas diferentes e fazem parte do nosso país plurinacional. Pertencem aos 305 povos originários do Brasil (IBGE, 2010). Quando aqui nascemos e somos registrados a informação que consta no Registro de Nascimento sobre nacionalidade é a brasileira. No caso dos indígenas o correto seria constar no Registro À esquerda, grudo de rap Guarani Kaiowá Brô MC’s, Mato Grosso do Sul. À direita, menina Guarani, Paraná Izquierda: grupo rap Guaraní Kaiowá Brô MC’s, Mato Grosso do Sul. Derecha: muchacha Guaraní, Paraná Eju Orendive Jun/Jul–2013 2 Brô MC’s Aqui o meu rap não acabou/Aqui o meu rap está apenas começando/Eu faço por amor/Escute, faz favor/Está na mão do senhor/Não estou pra matar/Sempre peço a Deus/Que ilumine o seu caminho e o meu caminho/Não sei o que se passa na sua cabeça/O grau da sua maldade/Não sei o que você pensa/Povo contra povo, não pode se matar/Levante sua cabeça/Se você chorar não é uma vergonha/Jesus também chorou/Quando ele apanhou/Chego e rimo o rap Guarani e Kaiowá/Você não consegue me olhar/E se me olha não consegue me ver/Aqui é rap Guarani que está/Chegando pra revolucionar/O tempo nos espera e estamos chegando/Por isso venha com nós/Nós te chamamos pra revolucionar/Por isso venha com nós nessa levada/Aldeia unida, mostra a cara. Eju Orendive Brô MC’s Aqui mi rap no acabó/aqui mi rap está apenas comenzando/Yo hago por amor/Escuche, hágame el favor/ Está en la mano del señor/No estoy para matar/Siempre le pido a Dios/Que ilumine su camino y mi camino/No se lo que pasa en su cabeza/El grado de su maldad/No se lo que usted piensa/ Pueblo contra pueblo, no se pueden matar/ Levante su cabeza/ Si usted llora no es verguenza/Jesús también lloró/ Cuando el fue agredido/Llegó el ritmo del rap Guaraní y Kaiowá/Usted no me consigue ver/ E si me mira no consigue verme/ Aqui es el rap Guaraní que está/llegando para revolucionar/ El tiempo nos espera y estamos llegando/ Por eso venga con nosotros/ Nosotros te llamamos para revolucionar/ El tiempo nos espera y estamos llegando/ Por eso venga con nosotros/ Nosotros te llamamos para revolucionar/Por eso venga con nosotros en esa llevada/Aldea unida muestra tu rostro. Foto: Renato Santana/Cimi Juventude Indígena em busca de seu protagonismo Juventud Indígena en busca de su protagonismo S ucede hoy con los pueblos indígenas algo semejante a lo que la biblia describe en el início del Éxodo. La clase dominante de Egipto estableció medidas obligatórias para oprimir y disminuir a la población israelita: “obcecados por el miedo de los israelitas (hoy diríamos, por el preconcepto y por la ganancia), los egípcios les impusieron una dura esclavitud. Les amargaron la vida (...)” (Ex 1,13s). Más la medida no surtió efecto. “Cuanto más los oprimian, más crecian y se multiplicaban” (Ex 1,12). A pesar de todas las “medidas obligatórias” sobre su tierra, cultura y vida, los pueblos indígenas están creciendo en mayor proporción que la población nacional. Los territorios indígenas son territorios de niños y jóvenes. Se estima que en el año de 1500 la población estaba en torno de 5 a 6 millones de personas. Hoy quedaron aproximadamente 900 mil personas, la mayoría son jóvenes y niños, viviendo en comunidades rurales y/o urbanas. Hablan 240 idiomas diferentes y hacen parte de nuestro país. Pertenecen a 305 pueblos originários de Brasil (IBGE, 2010). Cuando aquí nacemos y somos registrados, la información que consta en el Acta de Nacimiento sobre la nacionalidad es la brasileña. En el caso de los indígenas, lo correcto sería constar en el Acta de Nacimiento su propria nacionalidad: Xavante, Tapirapé, Marubo, Pataxó, Guaraní entre decenas de otros pueblos. Entre los desafíos que enfrentan las naciones indígenas, el mayor de ellos continúa siendo la recuperación y garantía de sus territorios. Esta es la condición básica para la continuidad de su vida física y cultural como pueblos específicos y singulares. Los derechos de los pueblos indígenas están reconocidos en los artículos 231 y 232 de la Constitución Federal de 1988 y en acuerdos internacionales, de los cuales el Estado brasileño es signatario. Muchas veces la ley no es cumplida. Prevalece el interés de las empresas nacionales y/o transnacionales de la minería, del latifundio, del monocultivo, del agronegócio de la caña de azúcar, de la soya, de las presas hidroeléctricas, de una economía ahora con el título de “verde”. En la defensa de la vida y de los territorios, los pueblos indígenas son víctimas de la ganancia y del capital: líderes son criminalizados. Racismo, tortura y asesinatos continuan siendo métodos de dominación. Los medios de comunicación insisten en transmitir valores alienantes contra el “Buen Vivir” de los indígenas. Esos y otros modos de violencia afectan hoy a la juventud indígena, que es obligada a renegar de su origen y a integrarse a la sociedad dominante donde pierde su cultura. La sociedad nacional en lugar de ofrecerle a los pueblos indígenas las conquistas de la modernidad, como autonomia e autodeterminación, solidaridad y participación, igualdad y libertad, legalidad y reconocimiento de su alteridad, les imponen consumismo, crecimiento productivo, en detrimento de su medio ambiente y exclusión de las decisiones políticas que les corresponden. Creemos en la experiencia de lucha y liberación de los pueblos indígenas. La juventud no puede ser dejada al margen. En las comunidades los jóvenes siguen motivados por los ancianos; aprenden a discernir entre el propio futuro o el futuro al margen de la sociedad dominante. Todavía hay tiempo para expulsar a los invasores de sus territorios, de sostener su autonomia de pueblo y de nación indígena, de decir su palabra en el grito y la canción. À esquerda, jovens Pataxó Hã-hã-hãe, sul do estado da Bahia. À direita, jovens Guarani Kaiowá, estado do Mato Grosso do Sul Izquierda, joven Pataxó Hã-hã-hãe, al sur del estado de Bahía. Derecha, joven Guaraní Kaiowá, estado de Mato Grosso do Sul 3 Jun/Jul–2013 P Wagner Katamy Krahô Kanela ara indígenas jovens, velhos, crianças e adultos a Terra Sem Males é aquela onde vivemos e podemos praticar nossa cultura: festas tradicionais, cantos, danças e rituais, além de ser o lugar onde podemos fazer nossas casas, plantar e constituir nossas famílias. Sempre protegemos o meio ambiente, pensando nas futuras gerações, vivemos na terra sem destruir, sem colocar agrotóxicos, pois consideramos a terra “mãe e vida”. A Terra Sem Males é a nossa terra tradicional, terra onde nossos antepassados viveram, da qual muitas vezes fomos e somos expulsos. Vivemos em uma luta constante para recuperar e demarcar os nossos territórios. A terra é sagrada, ela é vida, saúde, educação, lazer e espaço de nossos rituais. Sem a terra somos indígenas doentes, sem ter onde sobreviver. Esta é a terra que nós jovens indígenas queremos, uma terra respeitada, onde vivamos em paz com a natureza, sem destruição da terra e dos rios. A educação indígena para os jovens indígenas no Tocantins e no Brasil é desafiadora. Nas nossas aldeias estudamos o ensino fundamental e médio, vamos para a cidade para fazer um curso superior, que é o sonho de muitos. Mas na vida do universitário indígena há muitas dificuldades: distanciamento da terra e da família, carência de amigos, não ter lugar para morar, falta de recursos para chegar até a universidade, alimentação precária, a resistência de alguns companheiros estudantes não indígenas, que não aceita o fato de termos ingressado nas universidades pelo sistema de cotas. Esses e outros fatores, na maioria das vezes, fazem com que o estudante desista da universidade. Hoje em dia nos vimos obrigados a estudar, até mesmo para poder ser agente de formação política dentro das nossas aldeias. Fotos: Laila Menezes/Cimi O jovem indígena e a Terra Sem males Nas fotos acima, na sequência, povos Krahô e Karajá, do estado do Tocantins. En las fotos de arriba, después, y la gente Krahô y Karajá, el estado de Tocantins. Ao lado, Wagner Krahô, jovem liderança indígena Además, Wagner Krahô - liderazgo indígena joven El joven indígena y la Tierra Sin Males Wagner Katamy Krahô Kanela P Jun/Jul–2013 4 ara nosotros pueblos indígenas, jóvenes, ancianos, niños y adultos, la tierra sin males es aquella donde vivimos y podemos practicar nuestra cultura. Como son las fiestas tradicionales, cantos, danzas y rituales, además de ser el lugar donde podemos hacer nuestras casas, plantar y constituir nuestras familias. Siempre protegemos el medio ambiente, pensando en las futuras generaciones, vivimos en la tierra sin destruir, sin colocar agro tóxicos, pues consideramos la tierra como “madre y vida”. La tierra sin males es nuestra tierra tradicional, tierra donde nuestros antepasados vivieron y de la cual muchas veces fueron expulsados. Vivimos en una lucha constante para recuperar y demarcar nuestros territorios. La tierra es sagrada, ella es vida, salud, educación, recreación y espacio de nuestros rituales. Sin la tierra somos indígenas enfermos, sin tener donde poder sobrevivir. Esta es la tierra que nosotros jóvenes quere- mos, una tierra respetada, donde vivamos en paz con la naturaleza, sin destrucción de la tierra y de los ríos. La educación indígena para los jóvenes indígenas en el Estado de Tocantins y en Brasil es desafiadora. En nuestras aldeas estudiamos la enseñanza inicial o primaria y la secundaria, concluidos estos dos niveles, vamos para la ciudad a cursar el nivel superior, que es el sueño de muchos. Mas, en la vida del universitario indígena hay muchas dificultades: distanciamiento de la tierra y de la familia, falta de amigos, no hay lugar para vivir, falta de recursos económicos para transportarse hasta la universidad (vale transporte), alimentación precaria, rechazo e incomprensión de compañeros universitarios que no son indígenas, por el motivo de haber ingresado a la universidad por el sistema de becas especiales para indígenas. Esos y otros factores muchas veces hacen que el estudiante indígena abandone la universidad. Hoy en día nos vemos obligados a estudiar, inclusive para poder ser agentes de formación política dentro de nuestras aldeas. I Assembleia de Juventude de Pernambuco acontece em agosto Alexandre Santos Pankararu* A I Assembleia de Juventude de Pernambuco já tem data: entre os dias 15 e 18 de agosto deste ano. A Comissão de Juventude Indígena de Pernambuco (Cojipe) se reuniu na Terra Indígena Tuxá, em Inajá, Pernambuco, com o objetivo de organizar a realização do encontro, o que serviu para além de planejar a atividade, também discutir a conjuntura vivida pelos povos indígenas e confraternização entre os jovens. A reunião ocorreu na primeira quinzena de junho. Estiveram presentes representantes da Comissão de Professores Indígenas de Pernambuco (Copipe), Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e lideranças de povos de Pernambuco. O tradicional ritual de abertura, com os cânticos culturais de cada povo presente, conduziu os trabalhos. A I Assembleia de Jovens Indígenas de Pernambuco ficou marcada para os dias 16, 17 e 18 de agosto deste ano, com chegada dos participantes para o dia 15. Decidiram-se também os assuntos sobre os quais a Assembleia irá tratar. Além disso, foram definidas várias atividades para serem realizadas pelos jovens que compõem a Cojipe - ações essas que vão desde a comunicação do evento, alimentação e infraestrutura. Conduzida por Guilherme Xukuru e Maurilho Truká, a reunião foi aberta com os relatos da última reunião realizada na Terra Indígena Pipipã. Zé de Santa Xukuru, vice-cacique de seu povo, fez um histórico do movimento social indígena. Também falou da importância dos jovens para a continuação do movimento: “Os jovens serão futuras lideranças, futuros caciques e são fundamentais para a preservação da luta de seus ancestrais”, disse. A atual situação do cenário político também foi lembrada. Zé de Santa ressaltou a PEC 215, que tira do Executivo e leva para o Legislativo a demarcação de terras indígenas, e a Portaria 303 da Advocacia-Geral da União (AGU), que estende para todas as terras indígenas condicionantes não votadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), como grandes ameaças a posse das terras tradicionais. Outros assuntos foram lembrados, como a importância da comunicação para os povos indígenas, mas o que deu mesmo o que falar foi a discussão sobre as cotas nas universidades brasileiras. Essa questão sempre foi e sempre será um assunto polêmico, até porque universidades não dão importância a esse direito indígena. Por isso existe o grande interesse dos jovens pela busca desse direito, garantido por lei. Como as danças e os rituais fazem parte da prática dos jovens indígenas também, os Pankararu e Entre Serras Pankararu apresentaram várias danças tradicionais de seu povo. *Comunicador social indígena e assessor da Apoinme. Izquierda, jóvenes de lo pueblo Xukuru de Ororubá, estado de Pernambuco Foto: Daniela Alarcon Foto: Renato Santana/Cimi I Asamblea de la Juventud de Pernambuco es realizada en Agosto Alexandre Santos Pankararu* L À Esquerda, jovens do povo Xukuru do Ororubá, estado de Pernambuco a I Asamblea de la juventud del estado de Pernambuco ya tiene fecha marcada, será entre los dias 15 a 18 de Agosto de este año. La Comisión de la Juventud Indígena de Pernambuco, con el objetivo de organizar el encuentro, realizó una reunión que, además de eso, sirvió para planear la actividad y discutir la coyuntura vivida por los pueblos indígenas, así como también, para convivencia entre los jóvenes. La reunión fue realizada en la primera quinzena de junio. Estuvieron presentes representante de la Comisión de Profesores Indígenas de Pernambuco (Copipe), Consejo Indigenista Misionero (Cimi) y líderes de pueblos indígenas del estado de Pernambuco. El tradicional ritual de apertura, con los cánticos culturales de cada pueblo presente, condujó los trabajos. La I Asamblea de Jóvenes Indígenas de Pernambuco quedó marcada para los dias 16, 17 y 18 de Agosto, con la llegada de los participantes para el dia 15. Se decidieron también los asuntos sobre los cuales la Asamblea iba a tratar. Además de eso, también fueron definidas varias actividades para ser realizadas por los jóvenes que componen la Cojipe, acciones que van desde la comunicación del evento, hasta la alimentación y la infraestructura. Conduzida por Guilherme Xukuru y Maurilho Truká, la reunión fue abierta con los relatos de la última reunión realizada en la Tierra Indígena Pipipã. Zé de Santa Xukuru, vice-cacique de su pueblo, hizó una memória histórica del movimiento social indígena. Habló también de la importancia de los jóvenes para la continuación del movimiento: “Los jóvenes serán futuros líderes, futuros caciques y ellos son fundamentales para la preservación de la lucha de sus ancestrales”, dijó. La actual situación del escenario político también fue recordada. Zé de Santa resaltó a la PEC (Propuesta de Enmienda Constitucional) 215, que retira del poder ejecutivo y pasa para el poder legislativo la demarcación de las tierras indígenas y el Decreto 303 de la Abogacía General de la Unión (AGU), que extiende para todas las tierras indígenas las 19 condiones que todavía no son votadas por el Supremo Tribunal Federal (STF), sobre la Tierra Indígena Raposa Serra del Sol en el estado de Roraima (RR), y dichas condiciones son grandes amenazas para la posesión definitiva de las tierras tradiconales. Fueron recordados otros asuntos, como por ejemplo la comunicación para los pueblos indígenas, mas el tema que provocó mucha discusión fue el de las cuotas para los estudiantes indígenas en las universidades brasileñas. Ese asunto siempre fue y será um tema polémico, porque en las universidades no le dan la debida importancia a ese direcho de los indígenas que está garantizado por ley. Como las danzas y los rituales hacen parte de la práctica de los indígenas, los jóvenes Pankararú y Entre Sierras Pankararú presentaron varias danzas tradicionales de sus pueblos. *Comunicador social indígena e assessor da Apoinme. Jovem Tupinambá, sul da Bahia Joven Tupinambá, Estado de Bahía 5 Jun/Jul–2013 Foto: Renato Santana/Cimi Crianças Guarani, oeste do estado do Paraná | Guaraní hijos, al oeste de Paraná Jovens indígenas: presente de esperança na conquista da Terra Sem Males A Jun/Jul–2013 6 população indígena no Brasil, de acordo com os dados do último Censo do IBGE, é de 817 mil pessoas, pertencentes a 305 povos, que falam mais de 274 línguas diferentes. É necessário enfatizar que aproximadamente 90 povos indígenas vivem em situação de isolamento na região Amazônica, ou seja, não mantêm contato e nem vínculo com a sociedade envolvente. De acordo com dados do Cimi existem no Brasil 1.044 terras indígenas, sendo que, destas, apenas 361 estão demarcadas; 339 estão com o procedimento demarcatório em andamento ou paralisado. Há, ainda, que se considerar a existência de um grande contingente de famílias indígenas que habitam periferias das cidades ou acampamentos provisórios, à beira de estradas e rodovias. E nestas circunstâncias se registra incidência de agressões e de violências contra os indígenas, além da falta de alimentos, das precárias condições de vida, do desemprego e da falta de assistência. Para as comunidades ou famílias indígenas que são obrigadas a viver nas periferias urbanas não há garantia, por parte do governo brasileiro, de qualquer atenção específica ou diferenciada. Sendo a maioria da população indígena constituída por crianças e jovens, um tema importante a ser discutido é o da juventude, especialmente porque nas aldeias os jovens são inseridos na vida comunitária de diferentes modos e participam ativamente de tudo o que o povo vive, planeja e constrói para o presente e para o futuro. Não existe um único modelo de juventude, ou seja, cada povo indígena entende de maneira diferente o que é ser criança, ser jovem, ser adulto e ser velho. Também são variadas e múltiplas as maneiras de viver a juventude em distintos povos e culturas indígenas. Há comunidades em que esta categoria social não faz nenhum sentido, visto que uma pessoa vive como criança, até ser inserida no mundo adulto. Em outras realidades indígenas, a juventude marca um tempo específico, com claras definições do papel social que desempenham as pessoas de certa faixa etária, identificada com o ser jovem e que inclui, em muitos casos, o tempo em que se é estudante, mas não se expressa unicamente por essa ideia. Assim, não é possível falar de juventude indígena sem usar esse termo no plural – ou seja, juventudes. A proposição feita neste texto é a de se pensar nas formas como os jovens indígenas são também afetados pela falta de perspectivas que se impõem aos povos e comunidades indígenas quando não se asseguram as suas terras, quando não se respeitam os seus direitos, quando suas culturas e as formas de viver são consideradas ultrapassadas e sem futuro. Um modelo desenvolvimentista opressor Na atualidade, os povos indígenas são também oprimidos, e de variadas formas suas liberdades são cerceadas. Muitas vezes são as diferenças indígenas que provocam medo – suas formas de viver, de pensar, sua inegável resistência, sua capacidade de ser feliz, de viver em plenitude, de encantar-se, de conectarem-se com o sagrado, tudo o que não pode ser contido, que deles não pode ser arrancado, provoca medo em quem só sabe viver a partir de um único sistema. Os povos indígenas são desrespeitados porque são vistos como entraves ao que o governo brasileiro apresenta como desenvolvimento econômico. Suas terras tradicionais são cobiçadas, são usurpadas para se converter em latifúndios, ou para abrigar grandes obras, como as hidrelétricas, por exemplo. As políticas do governo para os povos indígenas podem ser consideradas “compulsórias”, porque pretendem, em síntese, restringir o alcance dos direitos conquistados ao longo das últimas décadas, promovendo ações assistenciais que atenuam os efeitos da violência. Promove-se, de certa forma, uma integração compulsória das comunidades ao sistema vigente, retirando-lhes a possibilidade de viver de acordo com suas culturas, costumes, tradições e fundamentalmente negando-lhes o direito à terra. Apesar das “medidas compulsórias” de integração e de dispersão dos povos indígenas, estes estão crescendo em proporção muito maior do que a população nacional. Os territórios indígenas são habitados, em maioria, por crianças e jovens. Dentre os desafios que enfrentam os povos indígenas, o maior deles continua sendo a recuperação e garantia dos seus territórios. Esta é a condição básica para a continuidade de suas vidas física e cultural, enquanto povos singulares. Os direitos dos povos indígenas estão reconhecidos nos artigos 231 e 232 da Constituição Federal de 1988 e em acordos internacionais das quais o Estado brasileiro é signatário. Muitas vezes, a lei não é cumprida. Prevalece o interesse das empresas nacionais e/ou internacionais; da mineração, do latifúndio, da monocultura, do agronegócio da cana, da soja, das hidroelétricas; de uma economia agora com o rótulo “verde”. Na defesa da vida e dos territórios, lideranças são criminalizadas ou assassinadas. Racismo e tortura continuam sendo métodos de dominação. Esses e outros tipos de violência atingem principalmente os jovens indígenas, que em muitas comunidades assumem a frente nas lutas, ocupando funções políticas de chefia. Os dados de violência contra os povos indígenas mostram que os jovens indígenas são alvo de várias agressões: assassinatos, espancamentos, abordagens policiais, prisões ilegais, discriminações étnico-culturais. Duas experiências de esperança Juventude Pataxó Hã-Hã-Hãe no Sul da Bahia N a década de 30 do século passado, a Terra Indígena Caramuru Catarina-Paraguaçu foi demarcada com 54,105 mil hectares. Contudo, em 1960, o governo da Bahia titulou propriedades dentro desta terra. Em 1975, os Pataxó iniciaram sua incansável luta pela recuperação do território, o que levou a uma onda de violências contra as comunidades, culminando no assassinato de um importante líder, Samado Pataxó Hã-Hã-Hãe. É dele a expressão que mobiliza a luta e a resistência deste povo: “Eu sirvo até de adubo para a nossa terra, mas dela não saio”. Nas últimas décadas, mais de 30 lideranças deste povo foram assassinadas, e muitas delas eram jovens. Até o final de 2011, os Pataxó Hã-Hã-Hãe aguardavam a votação do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a nulidade dos títulos de terras emitidos ilegalmente pelo governo baiano. Cansados da longa espera, decidem retomar cada palmo de terra das mãos dos fazendeiros, luta que se inicia em janeiro de 2012. A participação de mais de 450 jovens guerreiros foi decisiva, reatando a esperança no coração do povo à batalha. Foto: Marcy Picanço/Arquivo Cimi De janeiro a fevereiro, Reginaldo Ramos, 24 anos, cacique da aldeia Bahetá, liderou a luta. Nos meses de março a maio o movimento foi liderado por 20 jovens da aldeia Caramuru-Paraguaçu. Neste intenso processo de luta, o povo Pataxó Hã-Hã-Hãe conseguiu retomar toda a terra. Em maio de 2012 o STF julgou a ação pela nulidade dos títulos emitidos pelo governo da Bahia na década de 1960, dando ganho aos indígenas. Os jovens Pataxó Hã-Hã-Hãe participam de todos os espaços sociais e políticos nas comunidades. Eles animam grupos de Toré, ritual religioso, participam em reuniões, em mobilizações e em articulações como a Comissão de Articulação dos Jovens Indígenas das Regiões Leste e Nordeste (Carjilene). Uma importante iniciativa, vinculada ao estilo de vida dos jovens e aos seus conhecimentos, é o uso da internet e da mídia alternativa para divulgar a cultura, as lutas do povo e também para denunciar as agressões e violências sofridas. Um exemplo disso é a produção de filmes para a divulgação da luta dos Pataxó Hã-Hã-Hãe para assegurar a posse de suas terras! Após a vitória dos Pataxó Hã-Hã-Hãe, Fábio Titiá, jovem Pataxó, agradece aos aliados em vídeo por ele produzido e divulgado no Youtube (http://www.youtube. com/watch?v=CNz3-7Ipaks). Os jovens criaram uma nova canção para dançarem o Toré: “Eu vi Bekói (o sol) sair e Ingohó (a luta) nascer, nas aldeias dos Pataxó eu vi os guerreiros vencer”. No interior das comunidades indígenas os jovens são protagonistas e participam em espaços importantes como os rituais, as cerimônias, as atividades produtivas e cotidianas. Eles são a viva alegria, a graça, a esperança de cada aldeia. No cotidiano da vida indígena eles são estimulados a dizer a sua palavra, no grito e na canção. Os jovens também protagonizam lutas pela garantia da vida e nos momentos decisivos para os direitos dos povos indígenas. Observando as mobilizações, as manifestações políticas, as marchas e as ações do movimento indígena se sobressai a presença de jovens de diferentes etnias. Na experiência de luta eles se expressam, aconselhados pelos sábios, pelos pais e avós, pelos espíritos de luz. Integrados a um mundo cultural e a uma coletividade, os jovens são a força e a esperança no futuro. Izquierda, jóvenes Pataxó Hã-hã-hãe, al sur del estado de Bahía Foto: Egon Heck/Cimi Juventude Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul O povo Guarani-Kaiowá do Mato Grosso do Sul é composto por 45 mil indígenas, dos quais, aproximadamente, 60% são jovens. Na primeira metade do século 20 foram confinados pelo Estado brasileiro em oito postos indígenas. Áreas superlotadas, cercadas pelo monocultivo da cana, o trabalho em situações análogas à escravidão no corte da cana e seus agrotóxicos. O território dos Guarani-Kaiowá está invadido, falta espaço, mata e água. Mais de cinco mil Guarani-Kaiowá estão acampadas às margens de rodovias e nas periferias das cidades. São vítimas de assassinatos, envenenamentos, fome, alto índice de mortalidade, alcoolismo, escravidão, falta de perspectiva de vida. Neste contexto de genocídio, são os jovens os mais atingidos. Quando as condições de vida se tornam demasiado precárias, alguns jovens também são levados à prática do suicídio. Entre os anos de 2000 À esquerda, jovens Pataxó Hã-hã-hãe, sul do estado da Bahia e 2011, 555 indígenas Guarani-Kaiowá se suicidaram no estado do Mato Grosso do Sul, sendo que a esmagadora maioria desses suicidas é composta de jovens. Contudo, no cotidiano da vida em comunidade, os jovens Guarani-Kaiowá escutam “ñe’ë marãne’ÿ”, a palavra primordial, nas casas de rezas, oÿguasú, no início de cada noite. Rezam e aprendem princípios e normas do Teko Katú, o Bom Modo de Ser Guarani, e a cada aurora que desponta iniciam um novo dia sob a orientação e proteção de Ñanderú, Nosso Pai. Mesmo tendo que se ajustar ao modo de vida em cidades, e ao trabalho em canaviais, em fábricas e em diferentes ocupações ligadas à produção e ao comércio, os jovens buscam organizar-se a partir de formas tradicionais do povo, mantendo vínculos comunitários e laços parentais. Ao mesmo tempo inovam estas formas com novos modos de atuar na defesa da vida. É o caso da Grande Assembleia - Aty Guasu da Juventude Guarani-Kaiowá e do primeiro grupo de rap indígena, o Grupo Brô MC’s. Em uma de suas canções “Eju Orendive”, mostra sua força: “...meu rap está apenas começando, faço por amor, escute, faz favor. Levante sua cabeça! Se você chorar não é uma vergonha. Jesus também chorou. Venha! nós te chamamos. Aqui tem índios sonhadores. Agora te pergunto, rapaz: por que nós matamos e morremos? Em cima desse fato a gente canta. Índio e índio se matando, os brancos dando risada. Estou aqui pra defender o meu povo. Meu povo, venha com nós! Nós te chamamos pra revolucionar. Aldeia unida mostra a cara”. São muitas as formas de luta e de participação ativa dos jovens na defesa do direito à vida/território, território/vida. Direito este dado por Ñanderú, Nosso Pai. Nas terras reocupadas buscam reviver conforme os ensinamentos dos conselheiros/as, o Teko Katú. Jovens Guarani Kaiowá, estado do Mato Grosso do Sul Jóvenes Guaraní Kaiowá, estado de Mato Grosso do Sul 7 Jun/Jul–2013 Foto: Haroldo Heleno/Cimi Regional Leste-Equipe Itabuna Crianças Tupinambá, do estado da Bahia | Niños Tupinambás, Estado de Bahía Jóvenes indígenas: la esperanza en la conquista de la Tierra Sin Males L Jun/Jul–2013 8 os indígenas en Brasil, de acuerdo con los datos del último censo del IBGE – Instituto Brasileño de Geografía y Estadística, es de 896 mil personas, pertenecientes a 305 pueblos indígenas, que hablan más de 274 idiomas diferentes. Es necesario reafirmar que, aproximadamente 90 pueblos indígenas viven en situación de aislamiento en la región amazónica, o sea, no tienen contacto ni vínculo con la sociedad del entorno. De acuerdo con los datos de CIMI –Consejo Indigenista Misionero- , en Brasil existen 1044 tierras indígenas, de las cuales apenas 361 están demarcadas, 339 están en proceso de legalización o su proceso está paralizado. También hay que considerar la existencia de un grande número de familias indígenas que viven en las grandes periferias de las ciudades, así como también, en campamentos provisorios, o sea como paracaidistas en la orilla de las carreteras vecinales y de las grandes carreteras. En esta situación se registran casos de agresiones y de violencias contra los indígenas, además de la falta de alimentos, de las pésimas condiciones de vida, del desempleo y de la falta de asistencia social. Para las comunidades y familias que son obligadas a vivir en las periferias urbanas, no hay garantías por parte del gobierno brasileño de ninguna atención específica o diferenciada. La mayoría de la población indígena es formada por niños y jóvenes, por eso un tema importante para ser discutido es el de la juventud, especialmente, porque en las aldeas los jóvenes son introducidos en la vida comunitaria de diferentes formas, y participan activamente de todo lo que vive el pueblo, de lo que programa y construye para el presente y futuro. No existe una única forma o modelo de juventud. Cada pueblo indígena entiende de forma diferente lo que significa ser niño, joven, adulto o anciano. También son múltiples las formas de vivir de la juventud en los distintos pueblos y culturas indígenas. Hay comunidades en que esta categoría social no tiene ningún sentido, ya que una persona vive como niño hasta ser introducida en el mundo de los adultos. En otras realidades indígenas, la juventud marca un tiempo específico, con claras definiciones del papel social que desempeñan las personas en las diferentesetapas de la vida, identificadas con el ser joven y que incluye, en muchos casos, el tiempo de ser estudiante, mas no se expresa únicamente por esa idea. Por este motivo, no es posible hablar de juventud indígena sin usar el plural - o sea juventudes. La propuesta de este texto es pensar y reflexionar en las formas de cómo, los indígenas son afectados por la falta de perspectivas que se les imponen.Son afectados gravemente cuando no se les garantizan sus tierras, cuando no se les respetan sus derechos, cuando sus culturas y sus formas de vivir son consideradas ultrapasadas y sin futuro. Un modelo desarrollista opresor Con los indígenas sucede actualmente algo semejante a lo descrito en la Biblia, en el libro del Éxodo. En aquel periodo, “obcecados por el miedo de los israelitas, los egipcios les impusieron una dura esclavitud. Les hicieron la vida amarga (….)”Ex 1,13s). Aunque los gobernantes egipcios impusieran de manera obligatória y cruel la opresión al pueblo de Dios, “cuando más los oprimían, más crecían y se multiplicaban” (Ex 1,12). En la actualidad los pueblos indígenas son también oprimidos y de muchas formas su libertad es mutilada. Muchas veces son las diferencias indígenas que provocan miedo, sus formas de vivir, de pensar, su innegable resistencia, su capacidad de ser feliz, de vivir en plenitud, de encantarse, de comunicarse con lo sagrado, todo lo que no puede ser definido y que de ellos no puede ser arrancado, provoca miedo en quien sólo sabe vivir a partir de un único sistema. La gran mayoría de las veces los pueblos indígenas son desrespetados, porque son vistos como estorbos de lo que el gobierno brasileño presenta como desarrollo económico. Sus tierras tradicionales son codiciadas, son usurpadas para convertirse en grandes latifundios o para albergar grandes obras, como las presas hidroeléctricas, por ejemplo. Las políticas del gobierno para los pueblos indígenas pueden ser consideradas “obligatorias”, o sea por fuerza de la ley, pues pretenden en síntesis, reducir el alcance de los derechos conquistados a lo largo de las últimas décadas, promoviendo sólo acciones paternalistas y asistencialistas que atenúan los efectos de la violencia. De cierta forma, se promueve una integración forzada de las comunidades indígenas al sistema vigente, retirándoles la posibilidad de vivir de acuerdo con sus culturas, costumbres y tradiciones, y fundamentalmente negándoles el derecho a la tierra. A pesar de las “medidas obligatorias” de integración y de dispersión de los pueblos indígenas, estos continúan creciendo en proporción mucho mayor que la población nacional. Los territorios indígenas son habitados en su grande mayoría por niños y jóvenes. Entre los desafíos que enfrentan los pueblos indígenas, el mayor de ellos continúa siendo la recuperación y garantía de sus territorios. Esta es la condición básica para la continuidad de su vida física e cultural como pueblos específicos y singulares. Los derechos de los pueblos indígenas están reconocidos en los artículos 231 y 232 de la Constitución Federal de 1988 y en acuerdos internacionales, de los cuales el Estado brasileño es signatario. Muchas veces la ley no es cumplida. Predomina el interés de las empresas nacionales y/o transnacionales de la minería, del latifundio, del monocultivo, del agronegocio de la caña de azúcar, de la soya, de las presas hidroeléctricas, de una economía ahora con el título de “verde”. Por la defensa de la vida y los territorios indígenas, líderes son criminalizados o asesinados. Racismo y tortura continúan siendo métodos de dominación. Esos y otros tipos de violencia afectan principalmente a los jóvenes indígenas, que en muchas comunidades asumen la responsabilidad de las luchas, ocupando funciones políticas de dirección. Los datos de violencia contra los pueblos indígenas son albo de varias agresiones: asesinatos, agresiones físicas, abordajes policiales, prisiones ilegales y discriminación étnico-cultural. Dos experiencias de esperanza Juventud Paraxó Hã-Hã-Hãe en el Sur del Estado de Bahía E n la década del año 30 del siglo pasado, el área Caramuru-Paraguassu fue demarcada con 54,105 mil hectáreas. A pesar de eso, en 1960 el gobierno del estado de Bahía tituló propiedades dentro de esta tierra. En 1975 los Pataxó iniciaron su incansable lucha por la recuperación de su territorio, lo que levantó una ola de violencias contra las comunidades, culminando en el asesinato de un importante líder, Samado Pataxó Hã-Hã-Hãe. Es de autoría suya la frase que moviliza la lucha y resistencia de este pueblo: “Yo sirvo hasta de abono para nuestra tierra, mas no salgo de ella”. En las últimas décadas, más de 30 líderes de este pueblo fueron asesinados, y muchos de ellos eran jóvenes. Hasta el final de 2011 los indígenas Pataxó Hã-Hã-Hãe esperaban la votación del Supremo Tribunal Federal (STF), sobre la anulación de los títulos de tierras emitidos ilegalmente por el gobierno de Bahía. Cansados de la larga espera, decidieron recuperar cada palmo de su tierra que estaba en las manos de los terratenientes, lucha que se inicia en enero de 2012. La participación de más de 450 jóvenes guerreros es decisiva. De enero a febrero Reginaldo Ramos de 24 años, cacique de la aldea Bahetá, lidera la lucha. En los meses Foto: Arquivo Cimi de marzo a mayo el movimiento es liderado por 20 jóvenes de la aldea Caramurú-Paraguassu. En este intenso proceso de lucha, el pueblo Pataxó Hã-Hã-Hãe consigue recuperar toda la tierra. En mayo de 2012 el STF juzga la Acción de Anulación de los títulos emitidos por el gobierno de Bahía en la década de 1960, otorgando la victoria a los indígenas. Los jóvenes Pataxó Hã-Hã-Hãe participan de todos los espacios sociales y políticos en las comunidades. Ellos animan grupos de Toré, ritual religioso, participan en reuniones, en movilizaciones y en articulaciones como a CAJIRLE – Comisión de Articulación de los Jóvenes Indígenas de la Región Leste. Una importante iniciativa vinculada al estilo de vida de los jóvenes y a sus conocimientos tradicionales, es el uso del internet y los medios de comunicación alternativa para divulgar la cultura, las luchas del pueblo y también para denunciar las agresiones y violencias sufridas. Un ejemplo de esto es la producción de documentarios para la divulgación de la lucha de los indígenas Pataxó Hã-Hã-Hãe para garantir la posesión de sus tierras. Después de la victoria de los Pataxó Hã-Hã-Hãe, Fábio Titiá, jovem Pataxó, agradece a los aliados en un video por el producido y divulgado en el Youtube (http:// www.youtube.com/watch?v=CNz3-7Ipaks). Los jóvenes compusieron una nueva canción para danzar el Toré: “Yo ví Bekói (el sol) salir e Ingohó (la lucha) nacer en las aldeas de los Pataxó, yo vi a los guerreros vencer”. En el interior de las comunidades indígenas los jóvenes son protagonistas y participan en espacios importantes, como los rituales y ceremonias, en las actividades productivas y cotidianas. Ellos son la viva alegría, la gracia, la esperanza de cada aldea. En el cotidiano de la vida indígena ellos son estimulados a decir su palabra en el grito y en la canción. Los jóvenes protagonizan también luchas por la garantía de la vida y actúan en los momentos decisivos para los derechos de los pueblos indígenas. Observando las movilizaciones, las manifestaciones políticas, las marchas, las acciones del movimiento indígena se destacan la presencia de jóvenes de diferentes pueblos indígenas. En la experiencia de lucha, ellos se expresan aconsejados por los sabios, por los padres, por los abuelos y por los espíritus de luz. Integrados a un mundo cultural y a una colectividad, los jóvenes son la fuerza y la esperanza en el futuro. os indígenas Guaraní-Kaiowá en MS son aproximadamente 40 mil personas, de las cuales, 60% son jóvenes. En la primera mitad del siglo XX fueron confinados por el Estado brasileño en ocho puestos indígenas. Son áreas súper pobladas, cercadas de monocultivos de caña de azúcar e de insumos agrícolas. Su territorio está invadido, falta espacio, selva y agua. Más de cinco mil personas Guaraní-Kaiowá están acampadas en las orillas de las carreteras y en las periferias de las ciudades. Son víctimas de asesinatos, de envenenamientos, de hambre, de altos índices de mortalidad, alcoholismo, esclavitud y falta de perspectiva en la vida. En esta situación de genocidio, son los jóvenes los más afectados. Cuando las condiciones de vida se tornan demasiado precarias, algunos jóvenes también son llevados a la práctica del suicidio. Entre los años de 2000 y 2011, 555 indígenas Guaraní-Kaiowá se suicidaron en el estado de Mato Grosso Izquierda, joven Pataxó Hã-hã-hãe, al sur del estado de Bahía. Foto: Ruy Sposati/Cimi Juventud Guaraní-Kaiowá, en el estado de Mato Grosso del Sur L À esquerda, jovens Pataxó Hã-hã-hãe, sul do estado da Bahia. del Sur, muchas de estas personas eran jóvenes. A pesar de todo esto, en lo cotidiano de la vida de la comunidad, los jóvenes Guaraní-Kaiowá escuchan “ñe’ë marãne’ÿ”, la palabra principal, en las casas de la reza, oÿguasú, en el inicio de cada noche. Rezan e aprenden principios y normas de Teko Katú, el Buen Modo de Ser Guaraní, y a cada aurora que despunta, inician un nuevo día bajo la orientación y protección de Ñanderú, nuestro Padre. Aunque tengan que adaptarse al modo de vida de las ciudades, al trabajo en los cañaverales, en las fábricas y en diferentes ocupaciones relacionadas a la producción y al comercio, los jóvenes buscan organizarse a partir de formas tradicionales de su pueblo, manteniendo vínculos comunitarios y lazos familiares. Al mismo tiempo, inventan e recrían estas formas con nuevos modos de actuar en la defensa de la vida. Es el caso de la Grande Asamblea – Aty Guasú de la juventud Guaraní-Kaiowá y del primer grupo de rap indígena, el Grupo Brô MC’s. En una de sus canciones “Eju Orendive”, muestra su fuerza: “mi rap está apenas comenzando, lo hago por amor, escúcheme, hágame el favor. Levante su cabeza! Si usted llora no es vergüenza. Jesús también lloró. Venga! Nosotros te escuchamos. Aquí hay indígenas soñadores. Ahora te pregunto chavo: ¿por qué nos matamos e morimos? En cima de este hecho la gente canta. Indio e indio matándose, los blancos dando carcajadas. Estoy aquí para defender a mi pueblo. Mi pueblo, venga con nosotros. Nosotros te llamamos para revolucionar. Aldea unida muestra tu rostro”. Son muchas las formas de lucha y de participación activa de los jóvenes en la defensa de sus derechos a la vida y al territorio. Derecho dado por Ñanderú, nuestro Dios. Nuestras tierras recuperadas buscan revivir conforme las enseñanzas de los consejeros/as el Teko Katú. Jovens Guarani Kaiowá, estado do Mato Grosso do Sul Jóvenes Guaraní Kaiowá, estado de Mato Grosso do Sul 9 Jun/Jul–2013 P Edcarlos Pereira do Nascimento Pankararu* ediram para falar do desafio que é ser indígena em São Paulo. Como é difícil generalizar, vou trazer um pouco da história dos Pankararu, minha etnia, vivendo na cidade de São Paulo. Devido à seca e à precária situação de nossa aldeia, em Pernambuco, a partir de 1950 vários Pankararu começaram a se deslocar para outros estados, como Bahia, Minas Gerais e, sobretudo, São Paulo. Os indígenas Viajavam como podiam: de caminhão “pau-de-arara”, de ônibus ou de carona. Chegando aqui, começaram a procurar emprego, encontrando vagas na construção civil, como nas obras do Morumbi, estádio do São Paulo F.C, e o Palácio dos Bandeirantes, além de outros prédios mais simples. Dormiam enrolados em sacos de cimento, até receber seu primeiro salário. Com o dinheiro no bolso, foram viver numa pensão que ficava entre os prédios luxuosos do Morumbi. Com o tempo essa pensão foi demolida e os parentes conseguiram construir um barraco num terreno pertencente à Prefeitura de São Paulo, conhecido como Bairro da Mandioca, por ter bastante plantação de mandioca. Como as famílias aumentaram, as mandiocas desapareceram, surgindo mais barracos, tornando-se a Favela do Real Parque, ao lado do rio Pinheiros. Muitos conviveram por longos anos com a miséria da Favela do Real Parque, mas hoje a maioria já está em apartamentos do conjunto habitacional Cingapura, entregue pela prefeitura em meados de 2000. Essa realidade choca as pessoas, pois de um lado do rio está a favela; do outro lado, estão vários edifícios importantes, como a Rede Globo, o Word Trade Center e vários hotéis de 1ª. classe, como o Hotel Meliá. Os índios quando saíam para procurar emprego muitas vezes eram abordados por policiais, e até com violência. Depois de identificados por meio do RG indígena, o policial dava risada e dizia que “lugar de índio é no meio do mato”. Com a falta de segurança e assistência, os Pankararu decidiram montar em 1994 uma associação comunitária, com o nome de Associação S.O.S Comunidade Indígena Pankararu. Foi também criado um grupo de dança ritual para apresentar nossa cultura, conquistando o respeito de alguns que se encan- Jun/Jul–2013 10 tavam com o “diferente”. Essa organização também nos ajudou a ser reconhecidos pela Funai. Apesar de ter ocorrido pouca assistência, crescemos e hoje somos mais de 1.500 pessoas, morando em cerca de 50 bairros de São Paulo e da grande São Paulo. Ainda a maior parte dos homens trabalha na construção civil e as mulheres como domésticas. O grande desafio sempre foi manter na cidade a essência de nossa cultura tradicional. No trabalho, quando muitos conseguiam conquistar a confiança dos patrões, passavam a revelar sua identidade indígena, indicando também outros parentes para serem contratados. Os jovens Pankararu, como os demais jovens da periferia, enfrentam um percurso escolar tenso e cheio de conflitos, com sucessivas repetências e evasão escolar. Muitos só pensam em lazer e alguns até se envolveram em drogas, lícitas, como o álcool, e ilícitas, como o crack. Um momento marcante ocorreu em 2001, quando, a partir de um pedido de um jovem Xavante, foi criado o Programa Pindorama, em que a PUC-SP começou a oferecer 12 bolsas de estudos para indígenas. Entraram como parceiros a Pastoral Indigenista, a Associação S.O.S. Comunidade Indígena Pankararu e o Colégio Santa Cruz. Isso fez com que jovens Pankararu e de outras etnias pudessem concretizar seu sonho de ingressar numa universidade e um dia poder disputar emprego com outros jovens. Depois de 11 anos do Programa Pindorama, já contamos com 53 formados, sendo que três Pankararu estão fazendo medicina: dois em Cuba e um na Universidade Federal de São Carlos. Já podemos notar maior participação de jovens em fóruns, congressos, conferências, seminários e comissões de órgãos federais, onde passam a ter voz e destaque na questão indígena, levando as bandeiras de luta de nossas comunidades. A relação dos Pankararu com os não índios e viceversa depende muito de pessoa para pessoa. Algumas até nos entendem, respeitam nossos costumes e diferenças. Mas há outras que não suportam ouvir falar de índios, por não compreender o “diferente” e nem respeitar os nossos costumes. Notamos que para uma maior inserção nossa como indígenas precisamos vencer muitas barreiras e muitos Foto: Renato Santana/Cimi O desafio de ser jovem indígena e viver em São Paulo desafios, mas sem perder a coragem de lutar. Por isso escrevi um dia: “Com a borracha da negligencia e da corrupção, apagam-se do papel nossos direitos constitucionais. Mas com o lápis da sabedoria e da esperança escrevemos nossa história cada vez mais forte, com a cultura, com a crença, a dignidade e a tradição. Podem ter certeza que tais elementos nunca vão apagar!”. * Assistente social formado pela PUC-SP no Programa Pindorama El desafío de ser joven indígena en San Paulo Edcarlos Pereira do Nascimento Pankararu* M e pidieron que hablara del desafío de ser indígena en San Paulo. Como es difícil generalizar, voy a contar un poco la historia de mi pueblo, los Pankararú. Por motivo de la sequía y la precaria condición de nuestra aldea, en estado de Pernambuco, a partir de 1950, varios indígenas comenzaron a emigrar para otros estados del país, como por ejemplo, Bahía, Minas Gerais y sobre todo San Paulo. Viajaron como pudieron, en camión de carga o de redilas, de autobús o de “aventón”. Cuando llegaron en San Paulo, comenzaron a buscar trabajo y encontraron lugar en la construcción civil de albañiles en el Morumbí, así como también, en grandes construcciones como el estadio de San Paulo F. C. y en el Palacio de los Bandeirantes, además de otras construcciones más pequeñas. Durmieron envueltos en sacos de cemento, hasta recibir su primer pago. Con dinero ya en el bolsillo, se fueron a vivir a una vecindad que estaba entre los edificios lujosos del Morumbí. Ritual indígena Praiá do povo Pankararu, do sertão de Pernambuco Ritual Praiá de los indígenas Pankararu, el interior de Pernambuco Al pasar el tiempo esa vecindad fue demolida y los indígenas consiguieron construir una casucha en un terreno que pertenecía al Ayuntamiento de San Paulo, conocido como El Barrio de la Yuca, por haber bastante yuca plantada en ese lugar. Como las familias fueron aumentando, la plantación de yuca desapareció, y surgieron mas casuchas, transformándose en una grande colonia pobre, conocida como “la Colonia del Real Parque” a un lado del río Pinheiros. Muchos vivieron e convivieron por muchos años con la miseria de la Colonia del Real Parque, mas hoy la grande mayoría está viviendo en departamentos del conjunto habitacional “Singapur”, que fue entregado por el Ayuntamiento a mediados del año 2000. Esa realidad es escandalosa y contradictoria, ya que de un lado del río está la colonia pobre y del otro, varios edificios importantes, como la emisora más grande del país, la Red Globo, el Word Trade Center y varios hoteles de lujo de primera clase, como el Hotel Meliá. Los indígenas cuando salían a buscar empleo, muchas veces eran abordados por los policías y la mayoría de las veces con violencia. En el momento que eran identificados a través de su identificación indígena, el policía se burlaba de ellos diciendo que “el lugar de los indígenas era en el cerro”. Con la falta de seguridad y asistencia social, los indígenas Panakararú formaron una asociación comunitaria llamada “Asociación S.O.S. Comunidad Indígena Pankararú”. También fue creado un grupo de danza ritual, para presentar y mostrar nuestra cultura, que fue conquistando poco a poco el respeto de algunos que se encantaban con lo “diferente”. Esa organización también ayudó para que fuéramos reconocidos por la FUNAI – Fundación Nacional del Indio- (Órgano Gubernamental responsable por los indígenas). A pesar de que tuvimos poca asistencia, crecimos y hoy somos más de 1.500 personas, viviendo aproximadamente en 50 barrios de San Paulo y de la grande San Paulo. Todavía la mayor parte de los hombres trabaja en la construcción civil y las mujeres de empleadas domésticas. El grande reto siempre fue mantener en la ciudad la esencia de nuestra cultura tradicional. En el trabajo muchos indígenas que conseguían conquistar la confianza de los patrones, les revelaban su identidad indígena, buscando así espacio para que otros indígenas fueran contratados. Los jóvenes indígenas Pankararú como los demás jóvenes de las grandes periferias, enfrentan dificultades para estudiar. El proceso escolar siempre es muy tenso e lleno de conflictos, las principales dificultades son las sucesivas repeticiones de año escolar y las evasiones. También muchos sólo piensan en disfrutar y divertirse. Otros se envuelven en drogas, unas lícitas como el alcohol e ilícitas como el crack. Un momento importante ocurrió en 2001, cuando a partir de un pedido de un joven del pueblo indígena Xavante, fue criado el Programa Pindorama, donde la Pontificia Universidad Católica de San Paulo - PUC-SP-, comenzó a ofrecer 12 becas de estudio para indígenas. Entraron como miembros del Programa Pindorama: la Pastoral Indigenista, la Asociación S.O.S Comunidad Pankararú y el Colegio Santa Cruz. Esto hizo que los jóvenes del pueblo indígena Pankararú pudieran concretizar el sueño de ingresar a una Universidad de renombre y un día poder disputar un empleo con otros jóvenes. Después de 11 años del Programa Pindorama contamos ya con 53 indígenas titulados. Tres jóvenes Pankararú están cursando medicina, dos en Cuba y uno en la Universidad Federal de San Carlos. Podemos ya notar mayor participación de los jóvenes en diversos eventos, como foros, congresos, conferencias, seminarios y comisiones de órganos federales, donde han pasado a tener voz y destaque el tema indígena, llevando las banderas de lucha de nuestras comunidades. La relación de los indígenas Pankararú con los no indígenas y viceversa depende mucho de cada persona. Hay algunas que hasta nos entienden y respetan nuestras costumbres y culturas, mas existen otras personas que no soportan ni siquiera oír la palabra “indígena” por no comprender al “diferente” y ni respetar nuestras costumbres. Percibimos que para que exista una mayor inserción nuestra como indígenas, necesitamos vencer muchas barreras, obstáculos y desafíos, mas sin perder nunca la valentía de luchar. Por eso escribí un día: “Con la goma de la negligencia y de la corrupción se borran nuestros derechos constitucionales, mas, con el lápiz de la sabiduría y de la esperanza escribimos nuestra historia cada vez más fuerte, con la cultura, con nuestra creencia, con la dignidad y con la tradición. Pueden estar seguros que eso nunca lo apagaran”. * Formado en Trabajo Social en la PUC-SP en el Programa Pindorama. Na periferia de São Paulo, indígenas Pankararu praticam seus rituais e tradições lutando por comunidades que vivem nas cidades En las afueras de São Paulo, indígenas Pankararu practicar sus rituales y tradiciones de lucha de las comunidades que viven en las ciudades 11 Jun/Jul–2013 Suicídios e mortalidade infantil: a vida da juventude indígena em perigo A Foto: Renato Santana/Cimi vida de Emerson Galeano, Guarani de 17 anos, acabou de forma trágica numa noite fria do início do último mês de junho. Numa das árvores da terra de seus antepassados, o tekoha – lugar onde se é – Jevy, às margens do rio Paraná, oeste paranaense, o jovem se enforcou deixando para trás a angústia que o levou a cometer tal ato. Deixou uma filha com menos de um mês de nascida. No Jevy os Guarani vivem desde tempos imemoriais, contabilizados pelos anos escondidos no material arqueológico que brota do chão. Foram expulsos do lugar com violência. Há cerca de um ano a comunidade, espalhada pelo estado, decidiu se reagrupar e voltar para a aldeia Jevy, de onde foram expulsos no decorrer do século XX pela colonização. São 52 famílias, que juntas reúnem 216 crianças. Emerson cresceu no Mato Grosso do Sul, lugar para onde os pais foram atrás de uma carteira de identidade para assim terem emprego no Paraná. O retorno para o Jevy gerou esperanças em Emerson, que sonhava estudar, cursar universidade e contribuir para sua comunidade com a profissão que escolhesse. O maior sonho do jovem era ver uma escola erguida na aldeia. Para o pai de Emerson, seu Teodoro, e os amigos mais próximos, como o professor Aláudio Ortiz, o jovem entrou numa tristeza profunda depois que a prefeitura de Guaíra, município que abrange o território indígena, se negou a levar para a aldeia uma escola. “Ele pensava em como poderia sustentar a própria família, não via perspectivas. A terra não é demarcada e com isso os políticos dizem que não podem nos ajudar em nada aqui”, explica Aláudio. Na manhã seguinte ao enforcamento, a esposa de Emerson o encontrou dependurado pelo pescoço na árvore. Seu Teodoro diz que a imagem não sai da cabeça e lembra que na comunidade outro jovem, Josimar, de 21 anos, também cometeu suicídio no ano passado. “Aqui todo mundo fica apertado. De um lado da cerca é da empresa Mate Laranjeira; do outro da prefeitura. Jun/Jul–2013 12 Todo mundo nos ameaça. É difícil essa situação”, afirma seu Teodoro. as principais razões do alto índice de mortalidade fruto de problemas de baixa complexidade médica. Suicídios pelo país Morte de crianças Xavante No oeste paranaense, apenas este ano, quatro jovens cometeram suicídio em aldeias como a de Emerson. A situação delas, porém, ultrapassa as fronteiras do Paraná e chega ao Mato Grosso do Sul e vai até ao Amazonas. São Gabriel da Cachoeira (AM), onde mais de 90% da população é indígena, tornou-se o município com o maior índice de suicídios do Brasil. Dados do governo federal, apresentados pelo Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas 2012, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), espantam. Apenas no Mato Grosso do Sul, durante o ano passado, conforme o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), foram 65 suicídios. Entre 2001 e 2011, 555 indígenas induziram a própria morte. Mais da metade eram jovens com idades entre 15 e 29 anos – alguns casos são de jovens com menos de 14 anos. “São áreas superlotadas, pequenas e com grande quantidade de indígenas. Vivem amontoados, sem terra, trabalho, vítimas de discriminação, submetidos a violências diversas, sem perspectiva de futuro”, explica o coordenador do Cimi Regional MS, Flávio Vicente Machado. Quando não é o suicídio, a desassistência na área da saúde vitima, sobretudo, crianças e jovens. Entre os meses de dezembro de 2011 e março de 2012, cerca de 30 crianças Madja e Huni-Kuï, que vivem às margens do Alto Rio Purus, no Acre, morreram depois de apresentarem os mesmos sintomas: febre, diarreia e vômito. Falta de saneamento básico e atendimento de saúde estão entre O povo Xavante da Terra Indígena Marãiwatsédé, noroeste de Mato Grosso, recebeu com indignação a declaração feita pelo secretário de Saúde do município de Alto Boa Vista (MT), desmentindo a informação da morte de três crianças na comunidade. Juraci Rezende Alves desafiou, no último dia 25 de maio, qualquer cidadão a mostrar os corpos dos jovens Xavante. “As crianças que morreram são, inclusive, netas do cacique Damião Paradzane. Nossas crianças estão morrendo há anos”, afirma padre Aquilino Xavante. As declarações do secretário ocorreram durante sessão da Câmara dos Vereadores de Alto Boa Vista. Alves encaminhou notificação extrajudicial para veículos de imprensa que noticiaram os óbitos exigindo a retirada da informação do ‘ar’. O secretário foi rechaçado publicamente pela enfermeira da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), órgão do Ministério da Saúde, Lúcia Oliveira Nunes, que o convidou a ir ver as covas. Há dois anos a profissional atua em Marãiwatsédé. Tais mortes se refletem em problemas antigos. Conforme Aquilino e Lúcia, os indígenas preferem ser atendidos pela rede hospitalar de Bom Jesus do Araguaia, mais distante da aldeia, do que em Alto Boa Vista. Os sintomas apresentados pelas crianças mortas são diarreia, vômito e desidratação. Suspeita-se de que o quadro é motivado pela contaminação de agrotóxicos na água; dezenas de crianças - entre um e cinco anos apresentam exposição a tais sintomas por conta da falta de acesso a atendimento adequado de saúde. “Nos atendem mal e pouco fazem pela nossa saúde. Muito triste ver tanto sofrimento, as mulheres chorando durante toda noite. Isso é o que está acontecendo, independente do que pensa o secretário”, disse Aquilino. A preocupação é que mais mortes ocorram; três outras crianças estão em estado avançado de desnutrição. Criança indígena Guarani Mbyá na beira de uma estrada federal no estado do Rio Grande do Sul Niño indígena Mbyá Guaraní el borde de una carretera federal en el estado de Rio Grande do Sul Caso a caso; cova a cova As mortes negadas pelo secretário ocorreram este ano nos dias 7 de março: Edinalva Xavante, de dois anos; no dia 17 de março: Leomar Xavante, de 1 ano e dois meses; e no dia 23 de março: Elza Xavante, de 1 ano e dois meses. As crianças são netas do cacique Damião, mas se somam a quase uma centena morta entre 2011 e este ano. São pequenos e pequenas vítimas de diarreia, vômito e desnutrição, além de outras moléstias de ordem infecciosa. Em 2010, de 200 crianças Xavante nascidas, 60 morreram por falta de assistência à saúde. Nos quatro primeiros meses de 2011, 35 crianças Xavante morreram em decorrência de desnutrição, doenças infecciosas e respiratórias. O indígena Wanderley Daduwari Xavante declarou que as lavouras das fazendas existentes em Marãiwatsédé, desintrusadas pelo governo federal entre o final do ano passado e início deste ano depois de determinação do STF, eram regadas a agrotóxicos. “Os adultos sentem dores de cabeça, dores pelo corpo, ficam doentes. O veneno corre em nossas águas e está na terra, porque as fazendas eram vizinhas do lugar que então ocupávamos. Se é ruim para os adultos, imagina para as crianças”, disse Wanderley. Foto: Renato Santana/Cimi Suicidios y mortalidad infantil: la vida de la juventud indígena en peligro L a vida de Emerson Galeano Guaraní de 17 años, acabó de forma trágica en una noche fria del início del último mes de Junio. En uno de los árboles de la tierra de sus antepasados, en el Tekoha –lugar donde se es- Jevy, en la orilla del río Paraná, oeste paranaense, el joven se ahorcó, dejando atrás la angustia que lo llevó a cometer tal acto. Dejando una hijita con menos de un mes de nacida. En el Jevy los indígenas Guaraní vivian desde tiempos inmemoriables, contabilizados por los años escondidos en el material arqueológico que brota de la tierra. Fueron expulsados del lugar con violencia. A más de un año la comunidad dispersa por el estado, decidió reagruparse y regresar para la aldea Jevy, de donde fueron expulsados durante el transcurso del siglo XX por la colonización. Son 52 familias que juntas reunen cerca de 216 niños. Emerson creció en el estado de Mato Grosso del Sur, a donde sus papás se fueron a buscar su acta de nacimiento, para poder conseguir empleo en el estado de Paraná. El regreso para el Jevy despertó esperanzas en Emerson, que soñaba estudiar, hacer la universidad y contribuir con la comunidad con la profesión que escogiera. El grande sueño del joven era ver una escuela construída en la aldea. Para el papá de Emerson, el señor Teodoro y sus amigos más próximos, como el profesor Aláudio Ortiz, el joven Emerson entró en una grande tristeza después de que el Ayuntamiento de Guaíra, município que incluye el territorio indígena, se negó a poner en la aldea una escuela. “Él pensaba en como podría mantener a la propia familia, no había perspectivas. La tierra no es demarcada y por eso, los políticos dicen que no nos pueden ayudar en nada aqui”, explica Alaúdio. En la mañana siguiente de que se ahorcó Emerson, su esposa lo encontró colgado del cuello en el árbol. El señor Teodoro dice que la imagen no se le sale de la cabeza, y recuerda que en la comunidad otro joven llamado Josimar de 21 años, también se suicidó el año pasado. “Aqui todo mundo está apachurrado. De un lado la cerca de la empresa Mate Laranjeira y por el otro lado el municipio. Todo mundo nos amenaza. Es difícil esa situación”, afirma el señor Teodoro. Suicidios por el país En el oeste paranaense apenas este año, cuatro jóvenes cometieron suicidio en las aldeas igual al de Emerson. La situación de estas aldeas, no obstante, ultrapasa las fronteras del estado de Paraná y llega hasta al estado de Mato Grosso del Sur y va hasta el estado de Amazonas. San Gabriel da Cachoeira (AM) es donde más de 90% de la población es indígena, y se transformó en el municipio con el mayor índice de suicidios de Brasil. Datos del gobierno federal, presentados por el Relatório de Violencia Contra los Pueblos Indígena 2012, del Consejo Indigenista Misionero (Cimi) asustan. Sólo en el estado de Mato Grosso del Sur durante el año pasado, según informaciones del Distrito Sanitario Especial Indígena (DSEI), fueron 65 suicidios. Entre el año 2001 y 2011, 555 indígenas se induzieron Famílias Guarani, oeste do estado do Paraná, não podem plantar porque as terras foram transformadas em uma pedreira pela colonização Familias de lo pueblo guaraní, al oeste del estado de Paraná, no puede crecer porque las tierras se convirtieron en una cantera por la colonización a la propia muerte. Mas de la mitad eran jóvenes con edades entre 15 y 29 años –algunos casos son de jóvenes con menos de 14 años. “Son lugares super poblados, pequeños y con gran cantidad de indígenas. Viven amontonados, sin tierra, sin trabajo, víctimas de discriminación, sometidos a diversas violencias, sin perspectivas de futuro”, explica el coordinador del CIMI en Mato Grosso del Sur (MS), Flávio Vicente Machado. Cuando no es el suicidio, es la falta de asistencia en el área de la salud que hace víctimas, sobre todo a los niños y a los jóvenes. Entre los meses de diciembre de 2011 y marzo de 2012, cerca de 30 niños Madja y Huni-Kuï, que viven en las orillas del Alto Río Purus, en el estado de Acre, murieron después de presentar los mismos síntomas: fiebre, diarrea y vómito. Falta de drenaje, agua potable y falta de atendimiento de la salud son los principales motivos del alto índice de la mortalidad, que es resultado de problemas de baja complejidad médica. Muerte de niños del pueblo Xavante El puenblo indígena Xavante de la Tierra indígena Marãiwatsédé, en el noroeste del estado de Mato Grosso, recibió con indignación la declaración hecha por el secretario de salud del município de Alto Boa Vista (MT), que desmentía la información de la muerte de tres niños en la comunidad. Juraci Rezende Alves desafió, el último día 25 de Mayo, a cualquier ciudadano para mostrarle los cuerpos de los jóvenes del pueblo Xavante. “Los niños que murieron son, inclusive nietos del cacique Damián Paradzane. Nuestos niños están muriendo hace muchos años”, afirma el padre Aquilo Xavante. Las declaraciones del secretario ocurrieron durante la sesión de la Camara de los Legisladores de Alto Boa Vista. Alves envió comunicación extra judicial para los medios de comunicación que publicaron la noticia de la muerte de los niños, exigiendo la retirada de la información. El secretario fue rechazado publicamente por la enfermera de la Secretaria Especial de Salud Indígena (Sesai), órgano del Ministerio de la Salud, Lúcia Olivera Nunes, que lo invitó a ir a las sepulturas. Esta profesional trabaja desde hace dos años en Marãiwatsédé. Estas muertes reflejan y muestran problemas antiguos. Conforme Aquilino y Lúcia, los indígenas prefieren ser atendidos por la red hospitalar del Buen Jesús del Araguaia, que está más lejos de la aldea, que por el de Alto Boa Vista. Los síntomas presentados por los niños muertos son diarrea, vómito y deshidratación. Se sospecha que el cuadro clínico es originado por la contaminación de insumos agrícolas o agrotóxicos en el agua; decenas de niños – entre cinco años- presentan exposición a tales síntomas, por la falta de acceso al atendimiento adequado de salud. “Nos atienden muy mal y poco hacen por nuestra salud. Es muy triste ver tanto sufrimiento y ver a las mujeres llorando durante toda la noche. Eso es lo que está sucediendo, independientemente de lo que diga el secretario”, dice Aquilino. La preocupación es que mas muertes puedan ocurrir, tres niños están en estado avanzado de desnutrición. Caso a caso, sepultura a sepultura Las muertes negadas por el secretario ocurrieron en este año. El dia 7 de marzo: Edinalva Xavante de dos años, el día 17 de marzo: Leomar Xavante de 1 año y dos meses y el día 23 de marzo: Elza Xavante de 1 año y dos meses. Los niños son nietos del cacique Damián, mas se suman a la casi centena de muertes entre 2011 y este año. Son pequeños y pequeñas víctimas de diarrea, vómito y desnutrición, además de otras molestias de orden infecciosa. En el año de 2010, de 200 niños indígenas Xavante nacidos, 60 murieron por falta de asistencia de salud. En los cuatro primeros meses de 2011, 35 niños Xavante murieron por motivos de desnutrición, enfermedades infecciosas y respiratórias. El indígena Wanderley Daduwari Xavante declaró que las plantaciones de las haciendas existentes en Marãiwatsédé, desocupadas por el gobierno federal entre el final del año pasado y el inicio de este año, después de la determinación del STF, eran regadas con agrotóxicos. “Los adultos sienten dolores de cabeza, dolores por todo el cuerpo y quedan enfermos. El veneno corre en nuestas aguas y está en la tierra, porque las haciendas eran vecinas del lugar que ocupabamos. Si es horríble para los adultos, imagine para los niños”, dice Wanderley. 13 Jun/Jul–2013 acique Babau Tupinambá, da Serra do Padeiro, Bahia, pontua cada discurso que faz ressaltando a importância da organização dos jovens indígenas no seio de cada povo. “A juventude não é apenas nosso futuro, mas também o presente das lutas por terra e direitos. Entre os Tupinambá a juventude desempenha um papel central, que estimulamos”, declara o cacique, também um jovem. Quem pensa que a fala de Babau Tupinambá é apenas força de expressão se engana. No final do ano passado, a Serra do Padeiro sediou o VI Seminário Cultural dos Jovens Indígenas do Regional Leste. Dezenas de jovens indígenas, de povos do Nordeste e de outras regiões do país, se reuniram numa área tradicional Tupinambá retomada, principalmente, pela juventude do povo. Deste encontro foi elaborada uma carta, que segue na íntegra, sintetizando o que pensam e pelo que lutam os jovens indígenas no Brasil: o Bem Biver. “ Nós, jovens indígenas dos povos Atikum de Rodelas, Atikum Nova Vida, Camakan, Fulni-ô, Guarani (Espírito Santo), Kaimbé, Kapinawá, Kayapó/Marajoeiro, Kiriri de Banzaé, Kiriri de Muquém, Pankararu, Pankararu de Pernambuco, Pankaru, Pataxó do Extremo Sul, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Potiguara, Tapuia, Truká, Truká Tupan, Tumbalalá, Tupinambá da Serra do Padeiro, Tupinambá de Olivença, Tupiniquim (Espírito Santo), Tuxá de Banzaê, Tuxá de Rodelas, Xakriabá (Cocos, Bahia), Xakriabá (Minas Gerais) e Xukuru Kariri; representantes de comunidades quilombolas e pescadores artesanais; representantes de movimentos sociais; entidades aliadas; parceiros; professores e estudantes universitários nos reunimos na Aldeia Serra do Padeiro, Terra Indígena Tupinambá de Olivença, Bahia, de 25 a 28 de outubro de 2012, para a realização do VI Seminário Cultural dos Jovens Indígenas do Regional Leste. Sob o tema “Jovens indígenas nas lutas de seus povos construindo o bem viver”, o seminário ocorreu em uma área retomada conhecida como Unacau. Nesta área, retomada pelos Tupinambá em maio de 2012, vivem hoje algumas famílias indígenas, engajadas na luta de seu povo e na construção de um projeto de bem viver. Nós, aqui reunidos, afirmamos o compromisso de transformar este espaço de morte em um espaço de vida, e desejamos instalar aqui a primeira universidade indígena do Brasil. Enfatizamos a Foto: Haroldo Heleno/Cimi Regional Leste Jovens indígenas nas lutas de seus povos e construindo o Bem Viver C Ritual de jovens indígenas da região nordeste do Brasil durante encontro na Bahia Ritual de la juventud indígena de nordeste de Brasil, durante una reunión en el Estado de Bahía necessidade de o Estado avançar na elaboração do projeto de criação da universidade indígena. Exigimos do Estado brasileiro agilidade nos processos de regularização territorial, inclusive a ampliação dos territórios pequenos. Demandamos que o Estado respeite e cumpra a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) no que diz respeito ao reconhecimento e aos direitos dos povos indígenas, bem como à regularização de seus territórios. Preocupados com as crescentes violações aos direitos dos povos indígenas, e dos povos e comunidades tradicionais como um todo, praticadas por particulares e pelo poder público, repudiamos e exigimos a imediata revogação da Portaria 303 da Advocacia Geral da União (AGU), do Projeto de Emenda à Constituição PEC 215, da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) quilombola e das diversas reformas de códigos atualmente em curso (em especial, as alterações do Código de Mineração), que visam retirar direitos conquistados pelos povos e comunidades tradicionais. Repudiamos também o projeto de Transposição do Rio São Francisco, a construção da barragem de Pedra Branca e Riacho Seco, a construção de uma usina nuclear em Itacuruba, no território Truká, a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte e outros empreendimentos que impactam territórios tradicionais. Denunciamos ainda os graves abusos praticados pelo Estado nas áreas indígenas, sobretudo por ocasião de ações de reintegração de posse, e exigimos punição aos agressores. Finalmente, os povos aqui presentes solidarizam-se com a grave situação sofrida pelos Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul, e exigimos providências urgentes em relação à regularização de seu território. Estamos dispostos a lutar até a morte por nossos direitos. Os povos aqui presentes decidiram pela ampliação da Comissão de Articulação dos Jovens Indígenas do Regional Leste (Cajirle), incorporando outros povos indígenas; com isso, ela passou a se chamar Comissão de Articulação dos Jovens Indígenas dos Regionais Leste e Nordeste (Cajirlene). Informamos ainda que apoiamos e referendamos todas as deliberações tomadas na plenária de saúde, que ocorreu paralelamente a este seminário, e apontou a grave e caótica situação em que se encontra a saúde indígena na Bahia. Decidimos: u u u u u u Jun/Jul–2013 14 Fortalecer a ação coletiva dos povos indígenas e comunidades tradicionais para o enfrentamento das suas lutas, ampliando sua mobilização e articulação, realizando encontros ampliados, envolvendo também outros segmentos dos movimentos sociais; Estimular a participação dos jovens nas organizações de juventude já existentes e fortalecer o diálogo com as lideranças para o aprofundamento da organização da juventude em face das demandas atuais; Exigir a ampliação da representação indígena em todas as conferências realizadas pelo Estado, em todas as suas etapas, garantindo que os povos indígenas sejam efetivamente ouvidos ao longo de todo o processo; Publicar listas com os nomes dos perseguidores dos povos indígenas, com o objetivo de denunciar suas ações; Criar alternativas de geração de renda no interior das comunidades, com o intuito de fortalecer a autonomia dos jovens indígenas; Exigir a implementação de políticas públicas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, bem como de políticas de cultura, esporte e lazer voltadas para os jovens indígenas; Exigir que o Estado garanta a estrutura necessária para a instituição de creches nas aldeias, respeitando a especificidade de cada povo e criando condições para que as mães continuem desenvolvendo suas atividades de estudo e trabalho, entre outras; u Exigir a viabilização do acesso à internet nas aldeias, como estratégia de ação coletiva dos povos indígenas; u Exigir que o Estado garanta avanços na educação superior indígena, ampliando a reserva de vagas para indígenas nas universidades, bem como o número de bolsas de permanência estudantil; garantindo transporte, hospedagem e alimentação para os indígenas participantes de processos de seleção distantes das aldeias; realizando processos seletivos, com provas diferenciadas, nas aldeias ou em polos próximos às comunidades; criando cursos pré-vestibulares para os indígenas, com a atuação de professores indígenas e a utilização de materiais didáticos específicos; criando residências estudantis específicas para indígenas e ampliando as residências nas universidades em que elas já existam; desenvolvendo projetos de extensão e educação popular, para possibilitar o ensino e o aprendizado compartilhados dos saberes indígenas e das culturas dos povos tradicionais; incorporando a temática indígena em todos os cursos universitários; criando um sistema de reserva de vagas para indígenas na pós-graduação, bem como linhas de pesquisa específicas, bem como núcleos de estudantes universitários indígenas, aproximando as lutas dos povos indígenas e a formação acadêmica e profissional dos estudantes universitários. “ u Foto: Haroldo Heleno/Cimi Regional Leste Jóvenes Indígenas en las luchas de sus pueblos y construyendo el Buen Vivir E “ Nosotros, jóvenes indígenas de los pueblos Atikum de Rodelas, Atikum Nova Vida, Camakan, Fulni-ô, Guarani (Espírito Santo), Kaimbé, Kapinawá, Kayapó/Marajoeiro, Kiriri de Banzaé, Kiriri de Muquém, Pankararu, Pankararu de Pernambuco, Pankaru, Pataxó do Extremo Sul, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Potiguara, Tapuia, Truká, Truká Tupan, Tumbalalá, Tupinambá da Sierra do Padeiro, Tupinambá de Olivença, Tupiniquim (Espírito Santo), Tuxá de Banzaê, Tuxá de Rodelas, Xakriabá (Cocos, Bahia), Xakriabá (Minas Gerais) y Xukuru Kariri; representantes de comunidades quilombolas y pescadores artesanales; representantes de movimentos sociales; entidades aliadas; personas aliadas; profesores y estudiantes universitarios nos reunimos en la Aldea Serra do Padeiro, Tierra Indígena Tupinambá de Olivença, Bahia, de 25 a 28 de octubre de 2012, para la realización del VI Seminario Cultural de los Jóvenes Indígenas de la Regional Leste. Bajo el tema: “Jóvenes indígenas en las luchas de sus pueblos construyendo el Buen Vivir”, el seminario ocurrió en un área recuperada, conocida como Unacau. En esta área recuperada por los indígenas Tupinambá en mayo de 2012, viven hoy algunas familias indígenas, comprometidas con la lucha de su pueblo y en la construcción de un proyecto del Buen Vivir. Nosotros aquí reunidos, afirmamos el compromiso de transformar este espacio de muerte en un espacio de vida y deseamos instalar aquí la primera universidad indígena de Brasil. Enfatizamos que el Estado necesita avanzar en la elaboración del proyecto de creación de la universidad indígena. Exigimos del Estado brasileño agilidad en los procesos de regularización territorial, inclusive en la ampliación de los territorios pequeños. Exigimos que el Estado respete y cumpla la Convención 169 de la OIT (Organización Internacional del Trabajo), en lo que corresponde al reconocimiento y a los derechos de los pueblos indígenas, así como también, lo relacionado a la regularización de sus territorios. Preocupados con las crecientes violaciones a los derechos indígenas y de las comunidades tradiconales como un todo, practicadas por particulares y por el poder público, repudiamos y exigimos la inmediata anulación del Decreto 303 de la Abogacía General de la Unión (AGU), del Proyecto de Enmienda a la Constitución (PEC) 215, de la Acción Directa de Insconstitucinalidad (Adin) Quilombola y de diversas reformas de códigos actualmente en curso ( en especial las alteraciones al código de la minería), que tienen como objetivo la retirada de derechos conquistados por los pueblos y comunidades tradicionales. Repudiamos también el proyecto de Transposición del Río San Francisco, la construcción de la presa hidroeléctrica de Piedra Blanca y Riacho Seco, la construcción de una planta nuclear en Itacuruba, en el territorio Truká, la construcción de la presa hidroeléctrica de Belo Monte y otros emprendimientos que afectan e impactan territorios tradicionales. Además, denunciamos los graves abusos practicados por el Estado en las áreas indígenas, sobre todo con ocasión de acciones de reintegración de posesión y exigimos la punición a los agresores. Finalmente, los pueblos aquí presentes nos solidarizamos con la grave situación sufrida por los indígenas Guaraní-Kaiowá del estado de Mato Grosso del Sur, y exigimos soluciones urgentes en relación a la regularización de su territorio. Estamos dispuestos a luchar hasta la muerte por nuestros derechos. Los pueblos aquí presentes decidieron por la ampliación de la Comisión de Articulación de los Jóvenes del Regional Leste (Cajirle), incorporando a otros pueblos indígenas, por tal motivo, pasó a llamarse Comisión de Articulación de los Jóvenes Indígenas de los Pueblos de los Regionales Leste y Nordeste (Cajirlene). Además informamos que apoyamos y confirmamos todas las deliberaciones tomadas en el plenario de salud, que ocurrió paralelamente a este seminario, el cual señaló la grave y caótica situación de la salud indígena en el estado de Bahía. Participantes do VI Seminário Cultural dos Jovens Indígenas do Regional Leste Los participantes del seminario VI Cultural Jóvenes Indígenas del Este del Condado Decidimos: uFortalecer la acción colectiva de los pueblos indígenas y de las comunidades tradicionales, para el enfrentamiento de sus luchas, ampliando su mobilización y articulación, realizando encuentros más amplios y envolviendo también a otros segmentos de los movimientos sociales; uEstimular la participación de los jóvenes en las organizaciones de la juventud ya existentes y fortalecer el diálogo con los líderes para profundizar en la organización de la juventud en sus demandas actuales; u Exigir la ampliación y participación de representantes indígenas en todas las conferencias realizadas por el Estado en todas sus etapas, asegurando que los pueblos indígenas sean efectivamente escuchados a lo largo de todo el proceso; uPublicar listas con los nombres de los perseguidorres de los pueblos indígenas con el objetivo de denunciar sus acciones; u Promover alternativas de generación de empleos en el interior de las comunidades, con la finalidad de fortalecer la autonomía de los jóvenes indígenas; u Exigir la implantación de políticas públicas de prevención de enfermedades sexualmente transmisíbles, así como también, de políticas públicas que fomenten la cultura, el deporte y la recreación direccionadas a los jóvenes indígenas; uExigir que el Estado garantize la estructura necesária para la implantación de jardin de niños en las aldeas, respetando la especificidad de cada pueblo y criando condiciones para que las madres continuen desenvolviendo sus actividades de estudio, trabajo y otras actividades; uExigir la viabilidad del acceso al internet en las aldeas, como estratégia de acción colectiva de los pueblos indígenas; u Exigir que el estado garantize avances en el campo de la educación superior indígena, ampliando la reserva de lugares para indígenas en las universidades, así como también, las becas de permanencia estudiantil, garantizando transporte, vivienda y alimentación para los indígenas participantes de los procesos de selección distantes de sus aldeas o en polos próximos a sus comunidades; criando cursos preparatórios para los indígenas con actuación de profesores indígenas y la utilización de materiales didácticos específicos; construyendo casas de alojamiento estudiantiles específicas para indígenas y ampliando los alojamientos ya existentes en las universidades; desenvolviendo proyectos de extensión universitária y de educación popular y así posibilitar la enseñanza y el aprendizaje, compartiendo los saberes indígenas y de las culturas de los pueblos tradicionales; incorporando la temática indígena en todos los cursos universitários, criando un sistema de reserva de lugares para indígenas en la pos-gradución, así como también líneas de investigación específicas, núcleos de estudiantes universitarios indígenas que sirvan para aproximar las luchas de los pueblos indígenas y la formación académica y profesional de los estudiantes universitarios. “ l Cacique Babau Tupinambá, de la Serra do Padeiro en el estado de Bahía, menciona en cada discurso que hace y resalta a la vez, la importancia de la organización de los jóvenes indígenas en el seno de cada pueblo. “La juventud no es apenas nuestro futuro, mas también el presente de nuestras luchas por la tierra y los derechos. Entre los indígenas Tupinambá la juventud desempeña un papel central que estimulamos” declara el cacique que también es joven. Quien piensa que las palabras de Babau Tupinambá son apenas fuerza de expresión se equivoca. En el final del año pasado, la Serra do Padeiro fue sede del VI Seminario Cultural de los Jóvenes Indígenas de la Región Leste. Decenas de jóvenes indígenas de los pueblos de la región nordeste y de otras regiones del país, se reunieron en un área tradicional Tupinambá, que fue recuperada principalmente por la juventud de este pueblo. En este encuentro fue elaborada una carta, que sigue a continuación en la íntegra, ella sintetiza lo que piensan y por lo que luchan los jóvenes indígenas de Brasil: El Buen Vivir. Quilombolas: Palabra que viene de la lengua quimbundu de África, que pasó con los años a designar en Brasil los territorios donde se refugiaban los esclavos que huían de la explotación en las plantaciones y de las minas. Actualmente hay más de 1000 comunidades quilombolas en Brasil. Igual que los pueblos indígenas están luchando por que sean respetados sus derechos y reconocidos sus territorios ancestrales. 15 Jun/Jul–2013 Suscriba al periódico Souscrire le journal u Assine o Em defesa da causa indígena Há 35 anos levando para o Brasil e para o mundo as lutas dos povos indígenas. Ajude essa causa! Assine o Porantim! 35 años que lleva a Brasil y al mundo de las luchas de los pueblos indígenas. Apoye esta causa! Suscriba al periódico! 35 années menant au Brésil et au monde les luttes des peuples autochtones. Soutenir cette cause! Inscrivez Porantim! ISSN 0102-0625 APOIADORES Partidarios www.cimi.org.br Edição fechada em 15/06/2013 Publicação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Na língua da nação indígena Sateré-Mawé, PORANTIM significa remo, arma, memória. Dom Erwin Kräutler Presidente do Cimi Emília Altini Vice-Presidente do Cimi Tradução: Sara Sanchez (Espanhol) Jun/Jul–2013 16 Cleber César Buzatto Secretário Executivo do Cimi Editores Reportagem: Renato Santana – RP: 57074/SP Patrícia Bonilha – RP: 28339/SP Ruy Sposati (MS) e J. Rosha (AM) Emily Almeida - Estagiária Conselho DE REDAÇÃO Antônio C. Queiroz, Benedito Prezia, Egon D. Heck, Nello Ruffaldi, Paulo Guimarães, Paulo Suess, Marcy Picanço, Saulo Feitosa, Roberto Liebgot, Elizabeth Amarante Rondon e Lúcia Helena Rangel Marline Dassoler Buzatto Administração: Seleção de fotos: Aida Cruz Editoração eletrônica: Licurgo S. Botelho (61) 3034-6279 Gráfica Impressão: AGBR (61) 3386-7084 Redação e Administração: Faça sua assinatura pela internet: SDS - Ed. 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