Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente - 2004/2007 Relatório Anual de Acompanhamento (Jan/Dez de 2005) Presidente da República – Luiz Inácio Lula da Silva Vice-Presidente da República – José Alencar Gomes da Silva COMITÊ GESTOR Secretaria Especial dos Direitos Humanos Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão Paulo Vannuchi Paulo Bernardo Silva Titular: Amarildo Baesso Titular: Fábia Oliveira Martins de Souza Suplente: Cristina Maria Silva Albuquerque Suplente: Andréia Rodrigues dos Santos Ministério da Educação Ministério da Integração Nacional Fernando Haddad Pedro Brito do Nascimento Titular: Stela Maris Lagos Oliveira Titular: Arthur Dutra de Moraes Horta Suplente: Ana Paula Dias Medeiros Leitão Suplente: Maria da Graça de Almeida Gomes Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Ministério das Cidades Patrus Ananias de Sousa Titular: José Eduardo Andrade Suplente: Michelli da Costa Martins Ministério da Saúde José Agenor Álvares da Silva Titular: Thereza de Lamare Franco Netto Marcio Fortes de Almeida Titular: Cezar Eduardo Scherer Suplente: Mozart Morais Filho Ministério do Esporte Orlando Silva Titular: Luciana Homrich de Cecco Suplente: Eder Leonardo Cavalcante Borborema Suplente: Ana Cecília Silveira Lins Sucupira Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Ministério do Trabalho e Emprego Presidente: José Henrique Broença Soares Luiz Marinho Titular: Luseni Aquino Titular: Joaquim Travassos Leite Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente Suplente: Luciano Maduro Alves de Lima Ministério da Justiça Márcio Thomaz Bastos Titular: Carlos Eugênio Timo Brito Suplente: Hugo Suarez Sampaio Presidente: José Fernando da Silva Titular: Cláudio Augusto Vieira da SIlva APRESENTAÇÃO A entrega deste terceiro relatório de gestão do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente, abrangendo pela segunda vez o período integral de um ano, tem significado muito positivo. Demonstra a consolidação do Plano e consolida um modelo de relacionamento entre Governo e sociedade civil com vistas ao monitoramento de políticas públicas, que tem como eixos o compromisso republicano e a transparência. Por um lado, o Governo Federal tem envidado todos os esforços para cumprir os compromissos assumidos, não apenas elaborando e tornando público um Plano que visa à garantia dos direitos da criança e do adolescente, mas também apresentando relatórios periódicos e detalhados de sua implementação. Por outro, a sociedade tem demonstrado grande amadurecimento na relação com o governo, cobrando de forma sistemática e firme, mas sempre procurando estabelecer um diálogo voltado para o aprimoramento das políticas públicas. Elaborado sob a coordenação de Amarildo Baesso e Carmen de Oliveira, este relatório traz avanços na forma de apresentação dos resultados obtidos com a implementação das políticas, programas e ações constantes do Plano. Respondendo à justa cobrança feita pelas entidades que integram a Rede de Monitoramento do Plano, buscou-se mais qualificação nas informações prestadas e uma associação maior com os indicadores estabelecidos. Agradecemos o grande esforço de todos os ministérios e órgãos envolvidos nesta tarefa, que incorporou a contribuição de dezenas de técnicos altamente qualificados e longas horas de pesquisa e cotejamento exaustivo de cifras. Caminhamos, dessa forma, para um aperfeiçoamento cada vez maior na elaboração e implementação das políticas públicas voltadas à criança e ao adolescente, e também na avaliação e monitoramento de tais políticas. No exato momento em que este relatório é apresentado oficialmente ao Conanda e à Rede de Monitoramento do Plano, já buscaremos avançar no diálogo e definição de ajustes quanto à relatoria correspondente a 2006, dadas as particularidades legais e as dificuldades políticas que envolvem um ano de eleição presidencial. Com certeza, a nítida elevação de qualidade do presente relatório, em comparação aos anteriores, não o resguardará de agudas observações críticas e propostas de reparo, que serão sempre bem-vindas e valerão como balizamento e guia nas futuras edições. Brasília, maio de 2006 Paulo Vannuchi Ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República Índice Compromisso I - Promovendo ��������������������������� Vidas Saudáveis . ....................................................................................... 05 Desafio 1: Redução da Mortalidade Infantil ......................................................................................... 07 Desafio 2: Redução da Mortalidade Materna e Atenção à Saúde Reprodutiva ..................................... 17 Desafio 3: Segurança Alimentar e Combate à Desnutrição ................................................................... 21 Desafio 4: Atenção à Saúde e ao Desenvolvimento da Criança e do Adolescente ................................ 28 Desafio 5: Ampliação do Acesso ao Saneamento e à Água Potável de Qualidade . .............................. 36 Compromisso II - Provendo Educação de Qualidade ................................................................................ 42 Desafio 1: Expansão e Melhoria da Educação Infantil .......................................................................... 44 Desafio 2: Ampliação da Educação Básica com Qualidade .................................................................. 53 Desafio 3: Promoção da Educação Especial .......................................................................................... 73 Desafio 4: Alfabetização de Jovens e Adultos ....................................................................................... 75 Compromisso III - Proteção contra Abuso, Exploração e Violência .......................................................... 82 Desafio 1: Apoio à Criança e ao Adolescente em Situação de Vulnerabilidade Social ......................... 84 Desafio 2: Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalho do Adolescente ............................... 96 Desafio 3: Combate à Exploração Sexual de Crianças e de Adolescentes ............................................ 109 Desafio 4: Proteção contra a Violação dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes .......................... 117 Compromisso IV - Combatendo HIV / AIDS . ........................................................................................... 126 Desafio 1: Redução da Prevalência do HIV entre Homens e Mulheres Jovens com Idade entre 15 e 24 Anos ................................................................................................................................. 130 Desafio 2: Redução da Prevalência do HIV entre Bebês e Crianças ..................................................... 132 Desafio 3: Apoio aos Órfãos, às Meninas e aos Meninos Infectados pelo HIV/AIDS . ........................ 135 Anexo . ................................................................................................................................................... 136 Compromisso I Promovendo Vidas Saudáveis Melhorar e ampliar os serviços de Objetivo: saúde prestados às crianças e aos adolescentes. � Compromisso I: Promovendo Vidas Saudáveis. Objetivo: Melhorar e ampliar os serviços de saúde prestados às crianças e aos adolescentes. A legislação brasileira, por meio do art. 7º do Estatuto da Criança e do Adolescente, declarou o compromisso pela promoção do bem-estar infanto-juvenil. “A criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência”. E pela prioridade absoluta determinada pela Constituição Federal de 1988, art.227, o Governo Brasileiro assumiu o compromisso nacional da construção de um País mais adequado às necessidades e às possibilidades de suas crianças. Para a viabilização do compromisso firmado, foi proposta uma estratégia, que tem a redução da mortalidade infantil como seu principal objetivo. Assim, foram implementadas políticas públicas visando garantir às crianças e aos adolescentes o acesso a sistemas de saúde igualitários, eficientes e sustentáveis, e a informações e a serviços que promovam um estilo de vida saudável. Este compromisso está dividido em 5 desafios, a saber: (i) Redução da Mortalidade Infantil; (ii) Redução da Mortalidade Materna e Atenção à Saúde Reprodutiva; (iii) Segurança Alimentar e Combate à Desnutrição; (iv) Ampliação do Acesso ao Saneamento e à Água Potável de Qualidade; e (v) Atenção à Saúde e ao Desenvolvimento da Criança e do Adolescente. Compromisso I Desafio 1:Redução da Mortalidade Infantil. Objetivo: Reduzir a taxa de 27 óbitos de crianças menores de um ano para cada grupo de mil crianças nascidas vivas para 24 óbitos por mil nascimentos em 2007. Quadro 01 • Metas. Indicadores ● taxa de mortalidade infantil (para cada 1.000 nascidos vivos)(MS/SVS)1 Situação Inicial 2000 Metas 2007 27,0 24,0 Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. Este desafio tem como objetivo reduzir a taxa de mortalidade infantil - óbitos de crianças menores de um ano para cada grupo de mil crianças nascidas vivas - para 24 óbitos por mil nascimentos até 2007. Dados de Contexto A redução da taxa de mortalidade infantil é um dos desafios que precisa ser superado para promover vidas saudáveis no Brasil. Destaca-se que, entre 2003 e 2004, de acordo com dados do Ministério da Saúde, essa taxa manteve sua trajetória de declínio, passando de 23,6‰ para 22,6‰. Apesar da taxa de mortalidade infantil ter reduzido cerca de 38% durante a última década, os índices são ainda elevados. Os indicadores de saúde demonstram que ainda falta um longo caminho a percorrer para reduzir esse índice, sendo este um importante desafio para o governo, em todas as suas esferas, para a sociedade civil e para as famílias. Ao comparar-se a taxa de mortalidade infantil brasileira com a de outros Países, tem-se o Brasil na 99ª posição no ranking dos Países ou áreas com as mais baixas taxas estimadas pela ONU, atrás de Cuba, Chile, Porto Rico, Costa Rica, Uruguai, Argentina, Venezuela, México, Panamá, Equador, Colômbia, entre outros. Tabela 01 • Taxa de Mortalidade Infantil. Brasil, Regiões e Estados, 2002-2004. Norte 27,0 Nordeste 37,2 Sudeste 15,7 2002 Sul 16,0 Centro-Oeste 19,3 24,3 Norte 26,2 Nordeste 35,4 Sudeste 15,5 2003 Sul 15,8 Centro-Oeste 18,8 23,6 Norte 25,6 Nordeste 33,9 Sudeste 14,9 2004 Sul 15,0 Centro-Oeste 18,8 22,6 Nordeste -8,7 Variação % / 2002 - 2004 Sudeste Sul Centro-Oeste -4,9 -6,7 -2,9 -7,1 Norte -5,3 Brasil Brasil Brasil Brasil Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde – MS. 1 ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Os dados da mortalidade infantil referidos neste Relatório têm por fonte o Ministério da Saúde, que utiliza um método de cálculo misto, combinando dados diretos registrados nos sistemas de mortalidade (SIM) e de nascidos vivos (SINASC) com estimativas demográficas do IBGE, conforme a qualidade da informação disponível em cada Unidade Federada. Conforme pode ser observado pelos dados acima, entre os anos de 2002 e 2004, verificou-se uma queda da taxa de mortalidade infantil em todas as regiões brasileiras, exceto na Região Centro-Oeste, que manteve o mesmo índice de 2003. As regiões que apresentaram maior índice de redução foram a Região Sul, com 6,7%, e a Nordeste, com 8,7%. Ao avaliar-se os fatores associados à mortalidade infantil, observa-se que as principais causas de óbito desse segmento estão relacionadas a fatores endógenos e exógenos. Os primeiros dizem respeito à assistência à gravidez e ao parto e às condições da criança no nascimento. Já os segundos são o produto da atuação de condições ambientais hostis sobre crianças nascidas em boas condições. Enquanto os endógenos são de difícil redução, implicando conhecimentos e técnicas mais sofisticadas, os exógenos são dependentes de melhorias das condições gerais de vida e das intervenções específicas de caráter médicosanitário. De acordo com a tabela seguir, dentre as principais causas da mortalidade entre menores de um ano, as afecções perinatais apresentavam o percentual de 55,45% em 2003; em seguida, com 7,58%, vinham as doenças infecciosas e, com 6,66%, as doenças do aparelho respiratório. Evidenciando a relação entre os principais fatores de óbito dessa população e as condições de vida das famílias, bem como o acesso aos serviços sociais básicos, verifica-se que, na Região Sudeste, 58,04% dos óbitos de menores de um ano teve como causa as afecções perinatais (que dependem de fatores endógenos), ao passo que, no Nordeste, este índice foi de 53,15%. De outra parte, 10,5% dos óbitos registrados no Nordeste decorreram de doenças infecciosas (decorrentes de fatores exógenos), enquanto no Sudeste este índice foi de 5,25%2. Tabela 02 • Mortalidade proporcional, entre menores de um ano, segundo principais grupos de causas. Regiões, Brasil, 1996, 2000 e 2003 (em %). Região/Grupo de Causas Doenças infecciosas Afecções perinatais Mal definidas Aparelho respiratório Região/Grupo de Causas Doenças infecciosas Afecções perinatais Mal definidas Aparelho respiratório Região/Grupo de Causas Doenças infecciosas Afecções perinatais Mal definidas Aparelho respiratório Norte 12,01 51,69 15,93 7,75 Nordeste 15,12 40,56 25,98 6,80 1996 Sudeste Sul 9,16 8,44 55,68 48,76 5,26 6,66 9,97 11,12 Norte 8,24 55,74 14,46 7,02 Nordeste 10,08 48,54 21,82 5,88 2000 Sudeste Sul 5,99 6,24 57,80 53,78 5,73 5,23 7,79 7,50 Centro-Oeste 7,88 55,47 4,11 6,50 Brasil 7,85 53,65 12,30 6,91 Norte 8,59 54,40 12,20 7,66 Nordeste 10,50 53,15 12,76 6,29 2003 Sudeste Sul 5,25 4,49 58,04 55,20 4,31 5,24 6,91 6,55 Centro-Oeste 5,97 57,61 2,54 5,97 Brasil 7,58 55,45 8,39 6,66 Centro-Oeste 10,37 53,89 6,01 8,04 Brasil 11,22 49,71 12,76 8,83 Fonte:SVS/MS. 2� ���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Há que se ressaltar a necessidade de se melhorar a qualidade da captação das informações do Sistema de informações sobre a mortalidade – SIM, visto que as causas mal definidas entre menores de um ano, representaram o percentual de 8.39%. Compromisso I A partir dos dados da próxima tabela, constata-se que a taxa de mortalidade no grupo neonatal – bebês de 0 a 27 dias – é quase o dobro daquela registrada entre o grupo pós-neonatal – bebês de 28 dias a um ano. Dentro do grupo neonatal, o grupo neonatal precoce – que inclui bebês de 0 a 6 dias de nascimento – responde por mais de 75% dos óbitos. Observa-se que, entre 2000 e 2003, o percentual de redução da mortalidade no grupo neonatal foi de aproximadamente 8,7% e no grupo pós-neonatal de 13,3%. Tabela 03 • Taxas de Mortalidade, segundo grupos de idade, por 1.000 Nascidos Vivos. Brasil, 2000 a 2003. 2000 Brasil Neonatal Neonatal Precoce Pós-neonatal Infantil (Total) Quanto às principais causas de óbito no grupo neonatal, tem-se que as afecções perinatais representam mais de ¾ do total, sendo seguidas, em razão muito inferior, pelas malformações congênitas. No Gráfico 1 2001 17,3 13,6 9,8 27,1 2002 17,1 13,4 9,2 26,2 2003 16,4 12,7 8,5 25,1 15,8 12,2 8,5 24,4 grupo neonatal precoce, as afecções perinatais atingiram o percentual de 82,8% em 2003, enquanto as malformações congênitas representaram 13,3% do total. Distribuição percentual dos óbitos de neonatais precoces segundo causas selecionadas. Brasil, 1996, 2000 e 2003. 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 - A f ec ç õ es P er inat ais mal def inidas Do enç as Inf ec c io sas A par elho r espir at ó r io M al f o r maç õ es c o ngênit as 1996 86,2 2,3 0,4 0,3 2000 82,5 4,8 0,3 0,4 10,0 11,1 2003 82,8 2,4 0,4 0,4 13,3 Fonte: SVS/MS. Para o grupo neonatal tardio, afecções perinatais representaram, em 2003, 73,3% do total de óbitos e as malformações congênitas, 15,8%. 10 Distribuição percentual dos óbitos em crianças no período neonatal tardio segundo causas selecionadas. Brasil, 1996, 2000 e 2003. Gráfico 2 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 - A f ec ç õ es P er inat ais Do enç as Inf ec c io sas mal def inidas A par elho r espir at ó r io M al f o r maç õ es c o ngênit as 1996 64,7 10,6 4,3 3,0 13,7 2000 70,4 7,4 2,3 2,1 14,9 2003 73,3 4,0 2,3 2,0 15,8 Fonte: SVS/MS. A taxa de mortalidade pós-neonatal, ou seja, a mortalidade entre 28 dias de nascimento a um ano de idade, experimentou uma redução de 8,4% no Brasil entre 2002 e 2004. Na Região Nordeste a queda foi de 14,2%, e na Região Sul, de 10,5%. O Estado do Ceará apresentou a maior redução deste indicador no período, com 18,9%, e o Piauí apresentou a segunda maior redução, com 17,9%. Tabela 04 • Taxa de mortalidade pós-neonatal. Brasil, Regiões e Estados, 2002-2004. Norte 9,9 Nordeste 13,9 Sudeste 9,4 Nordeste 13,6 Sudeste 9,2 Nordeste 12,0 Sudeste Norte -6,7 Nordeste -14,2 Norte Norte 4,7 4,9 4,6 2002 Sul 2003 Sul 2004 Sul 5,6 5,6 5,0 Centro-Oeste Centro-Oeste Centro-Oeste Variação % - 2002 - 2004 Sudeste Sul Centro-Oeste -0,3 -10,5 6,1 5,8 6,2 2,8 Brasil Brasil Brasil Brasil 8,3 8,2 7,6 -8,4 Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde – MS. As principais causas de óbito do grupo pósneonatal, em 2003, relacionam-se a: doenças infecciosas, com 20,3%; doenças no aparelho respiratório, com 17,7%; malformação congênita, com 13,6%; e afecções perinatais, com 8,3%. Cumpre destacar que aproximadamente 19% das causas da mortalidade do grupo pós-neonatal não foram definidas. Compromisso I Gráfico 3 Distribuição percentual dos óbitos em crianças no período pós-neonatal segundo causas selecionadas. Brasil, 1996, 2000 e 2003. 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 Afecções Perinatais mal definidas Doenças Infecciosas Aparelho respiratório Mal formações congênitas 1996 86,2 2,3 0,4 0,3 10,0 2000 82,5 4,8 0,3 0,4 11,1 2003 82,8 2,4 0,4 0,4 13,3 Fonte:SVS/MS. Ao analisar-se a mortalidade infantil segundo raça ou cor da criança, no período entre 2000 a 2003, observa-se que, tanto entre a população negra3, quanto entre os brancos, as afecções perinatais constituíram o principal grupo de causa de óbito. No entanto, a participação deste tipo de causa aumentou mais entre os negros do que entre os brancos (10,7% Gráfico 4 e 3,3%, respectivamente). A malformação congênita ficou em segundo lugar nos dois grupos, apesar da maior participação deste tipo de causa entre as crianças brancas. Em terceiro lugar aparecem, entre os brancos, as doenças do aparelho respiratório (7,7%) e, entre os negros, as doenças infecciosas e parasitárias (10,4%). Evolução da distribuição percentual dos óbitos da população branca menor de 1 ano por causas definidas selecionadas. Brasil, 2000-2003. Brancos 2000 2001 Doenças infecciosas e parasitárias 2002 Respiratório 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 2003 Perinatais Malformação congênita Outras causas Fonte:MS/SIM. 3�������������������������� São utilizados os termos ���������� “branco”e ������������������������������������������������������������������������������������������������������������� “negro” para representar os resultados referentes às populações de raça/cor branca e negra (pardos e pretos). 11 12 Gráfico 5 Evolução da distribuição percentual dos óbitos da população negra menor de 1 ano por causas definidas selecionadas. Brasil, 2000-2003. Negros 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 2000 2001 Doenças infecciosas e parasitárias 2002 Respiratório Perinatais 2003 Malformação congênita Outras causas Fonte: MS/ SIM. Finalmente, cabe ressaltar a correlação inversamente proporcional entre os anos de estudo das mães e a taxa de mortalidade infantil. Isso se deve ao fato de que novos valores são assegurados ao comportamento reprodutivo e ao cuidado dos filhos devido à ampliação do grau de escolaridade feminino. Tabela 05 •Taxa de mortalidade infantil, por grupos de anos de estudo das mulheres. Brasil, Grandes Regiões, 1991, 2000 e 2004. Grandes Regiões Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Taxas de mortalidade infantil, por grupos de anos de estudo das mulheres (%) Total (1) Até 3 anos 4 a 7 anos 8 anos ou mais 1991 45,1 56,3 33,6 22,2 44,0 49,7 37,9 26,5 71,6 72,5 49,2 29,2 31,8 39,5 27,0 19,3 27,5 36,3 23,5 17,9 32,5 34,8 29,2 19,6 2000 30,1 40,6 26,7 16,9 30,9 37,1 27,9 19,7 45,2 57,3 36,0 23,1 22,2 28,4 22,6 15,5 20,5 27,2 19,0 14,8 23,3 29,9 21,1 16,6 2004 26,6 34,9 24,7 15,1 27,4 32,5 24,3 17,6 39,5 53,5 32,1 21,9 19,5 25,1 21,7 14,4 17,8 24,7 17,9 14,0 20,7 29,4 18,6 16,0 Fontes: IBGE, Censo Demográfico 1991/2000 e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2004. (1) Inclusive sem declaração. Observa-se que a taxa de mortalidade infantil diminui à medida que cresce o nível de escolaridade das mães. A taxa de mortalidade infantil entre crianças cujas mães tinham até 3 anos de estudo, em 1991, era de 56,3%, contra 26,6%, em 2004. Enquan- to a taxa de mortalidade infantil entre crianças cujas mães tinham 8 anos ou mais de estudo, em 1991, era de 22%, contra 15,1%, em 2004. Constata-se também que, em 2004, nas Regiões Sudeste e Sul, as taxas de mortalidade infantil das crianças cujas mães tinham 8 Compromisso I anos ou mais de estudo era da ordem de 14‰, contra 53,5‰ para as crianças nascidas no Nordeste de mães com até 3 anos de estudo. Políticas, Programas e Estratégias A principal iniciativa no que diz respeito à atenção à infância é a Agenda de Compromissos para a Saúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil, que reúne um conjunto de medidas articuladas com o objetivo de garantir a organização da atenção à saúde desse segmento, incluindo a prevenção de agravos, a promoção e a recuperação da saúde e de redução dos índices de mortalidade infantil no Brasil. A Agenda de Compromissos estrutura-se com base nas seguintes estratégias: (i) a vigilância à saúde da criança; (ii) a vigilância da mortalidade materna e infantil; (iii) a educação continuada das equipes de atenção básica à criança e (iv) a organização das linhas de cuidado. Entende-se como vigilância à saúde da criança a postura ativa que o serviço de saúde deve assumir em situações de risco para pessoas com maior vulnerabilidade, desencadeando medidas específicas para minimizar os danos com o adequado acompanhamento de saúde, a condução de visitas domiciliares para captação dos usuários e a realização de busca ativa. Devem ser priorizados os seguintes grupos populacionais: gestantes, puérperas, recém-nascidos, crianças menores de cinco anos, crianças portadoras de deficiência e aquelas egressas de internações. Quanto à vigilância do óbito materno e infantil perinatal, as ações são realizadas pela equipe de atenção básica com o objetivo de levantar os possíveis problemas que envolveram a mortalidade materna e infantil por causa evitável na sua área de responsabilidade - evento sentinela. Isso possibilita a avaliação das medidas necessárias para a prevenção de óbitos pelos serviços de saúde e, conseqüentemente, a redução dos índices de mortalidade. A capacitação das equipes de atenção à criança envolve a capacitação teórico-prático e a supervisão/educação continuada das equipes de Saúde da Família e de Atenção Básica e é de fundamental importância para a plena inserção de todos os profis- sionais no cuidado com a criança. Finalmente, a organização da assistência à saúde em linhas de cuidado coloca-se como uma medida importante para a superação da desarticulação entre os diversos níveis de atenção e a garantia de continuidade no cuidado integral. O objetivo é articular todas as ações, desde a promoção até o tratamento e reabilitação da saúde, e possibilitar um fluxo ágil e oportuno em cada nível de atenção (primária, secundária e terciária), com referência e contra-referência responsável, até a recuperação completa do indivíduo. As principais linhas de cuidado são: (i) a promoção do nascimento saudável; (ii) a acompanhamento do recém-nascido de risco;(iii) o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento e imunização; (iv) a promoção do aleitamento materno e alimentação saudável: atenção aos distúrbios nutricionais e anemias carenciais; e (v) a abordagem das doenças respiratórias e infecciosas. Considerando-se as linhas de cuidado que organizam a assistência à saúde, as principais ações realizadas em 2005 foram: A promoção do nascimento saudável No que tange à promoção do nascimento saudável, foram efetivadas ações como a expansão do Programa de Humanização do Parto e Nascimento - PHPN, estimulando a qualificação da atenção à gestante e ao recém-nascido; a adequação de Hospitais de Pequeno Porte, enfatizando sua capacidade de intervenção e a qualificação do parto e nascimento; a atualização do Protocolo Clínico da Sífilis Congênita, tendo em vista a redução das altas taxas de transmissão vertical de doenças evitáveis; e a elaboração do Manual de Triagem Gestacional e Neonatal. Em 2005, verificou-se uma expansão do PHPN, que promoveu o aumento da cobertura e melhoria da qualidade da atenção ao pré-natal e da assistência ao parto e ao puerpério. Em 2002, haviam 3.983 municípios aderidos ao PHPN. Até março de 2006, o quantitativo de municípios aderidos era de 5.073, dos quais 248 aderidos no ano de 2005. O PHPN estima a realização de, no mínimo, 13 14 seis consultas e todos os exames laboratoriais recomendados no decorrer do pré-natal. Para garantir que a gestante saiba em que maternidade vai dar à luz, o programa institui a vinculação do serviço de saúde que faz o pré-natal com aquele que atende ao parto e cria central de vagas. Houve um aumento progressivo no número de gestantes cadastradas no PHPN e no número de gestantes que concluíram todos os procedimentos preconizados. Em 2002, estavam cadastradas 387.879 gestantes, passando para 698.716 gestantes, em 2005. Também neste período houve um aumento no número de gestantes que concluíram todas as ações preconizadas pelo PHPN, de 26.111 gestantes para 117.817 gestantes, em 2005. Esses resultados contribuem não apenas para o alcance dos objetivos deste desafio, mas seguramente também para os propósitos dos desafios ligados à redução da mortalidade materna e à promoção da atenção à saúde reprodutiva. No processo de promoção do nascimento saudável, salienta-se o Programa Nacional de DST/ AIDS4. Especialistas da Área Técnica da Saúde da Criança realizaram a atualização do Protocolo Clínico da Sífilis Congênita, tendo em vista a redução das altas taxas de transmissão vertical de doenças evitáveis. Outra ação relacionada à promoção do nascimento saudável é a triagem neonatal, que tem a finalidade de aumentar a gama de patologias que podem ser detectadas por meio de seleção. Tendo em vista a possibilidade de se usar a metodologia do “sangue seco” para a realização dos exames, bem como a necessidade de formular programas e políticas que contemplem o binômio mãe-filho, elaborou-se o Manual de Triagem Gestacional e Neonatal. O Manual fornece bases técnicas para a detecção e tratamento precoces de agravos que podem afetar a saúde da gestante e do recém-nascido e para a organização de forma articulada a rede de serviços que atendem a estas duas populações. Há que se destacar, ainda, a adição de ácido fólico às farinhas, cujo objetivo é prevenir os Defeitos de Fechamento do Tubo Neural - DFTN, que, apesar de baixa incidência mundial (1:1000 nascimentos), tem um impacto importante na mortalidade neonatal e infantil e na qualidade de vida das crianças sobreviventes. Acompanhamento do recém-nascido de risco Essa linha estratégica de cuidado engloba ações como a organização de referências para atenção às patologias identificadas no teste do pezinho, a validação do surfactante nacional produzido pelo Instituto Butantã5, e a implantação da política de atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso – Método Mãe Canguru. O Projeto Mãe-Canguru é uma iniciativa que tem promovido uma mudança no atendimento à criança, reduzindo o tempo de internação e a incidência de infecções hospitalares. Esse projeto foi implantado em 270 maternidades de alto-risco. Em 2004 e 2005, foi realizada a primeira pesquisa para avaliação dessa política. No que se refere à validação do surfactante, verifica-se que a grande limitação ao acesso à terapêutica tem sido, entre os serviços que estão aptos a utilizá-la, o alto custo do medicamento. Buscando contribuir para a solução do problema, o Instituto Butantã desenvolveu um novo método de extração e purificação do surfactante natural de origem porcina. Esta iniciativa implica a expansão do acesso ao medicamento, que contribuirá para a redução da mortalidade neonatal em nosso País. O Instituto Butantan e o Laboratório de Pesquisa Experimental da Faculdade de Medicina da USP estruturaram o ensaio clínico para validar o referido medicamento. Tal ensaio é o pré-requisito para o registro do medicamento na ANVISA e sua comercialização. O Ministério da Saúde propôs a ampliação do ensaio para conferir maior agilidade e apoiou esta iniciativa através da compra de 2000 doses de surfactante a serem utilizadas para o estudo e recursos para o apoio operacional necessário ao desenvolvimento 4��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� O Programa Nacional de DST/AIDS tem como um dos seus objetivos reduzir as altas taxas de transmissão vertical de AIDS e DSTs. 5����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� O uso de surfactantes exógenos é fundamental para o tratamento da síndrome do desconforto respiratório em bebês prematuros. Com o objetivo de reduzir a alto investimento financeiro para tratamento desta doença, o Instituto Butantã, desenvolveu um surfactante de origem porcina de baixo custo. Compromisso I da pesquisa e tratamento dos dados. Outra ação relacionada ao acompanhamento do recém-nascido de risco é o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU. Esse serviço inovou em relação aos anteriores, pois incorporou a atenção às urgências psiquiátricas, obstétricas e pediátricas, e não se restringiu ao trauma. No ano de 2004, foram 48 serviços habilitados com incubadoras de transporte, aumentando a chance de sobrevivência dos recémnascidos transportados. Por sua vez, no âmbito da assistência hospitalar, foram cadastrados, nesse mesmo ano, 280 novos leitos de UTI neonatal, ampliando o acesso dos recém-nascidos de risco a este recurso. Com isso, o Brasil contabilizou em 2005 o total de 5.966 leitos de UTI neonatal disponibilizados em todo País. Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento e imunização Essa linha estratégica de cuidado contemplou, em 2005, as ações de lançamento da Caderneta de Saúde da Criança e de ampliação da cobertura vacinal. No que se refere à primeira ação, foram distribuídos 3,5 milhões de exemplares da Caderneta de Saúde da Criança a todas as crianças nascidas em maternidades públicas e privadas do País. Em se tratando da ampliação da cobertura vacinal, registraram-se os seguintes índices médios em 2005: i. cobertura de 106,42% contra BCG, 97,68% contra pólio, 91,19% contra hepatite B, e 95,23% para a vacina tetravalente na vacinação de rotina para crianças menores de 1 ano6; ii. cobertura de 99,58 % com a vacina tríplice viral para crianças menores de 1 ano. Promoção do aleitamento materno e a alimentação saudável: atenção aos distúrbios nutricionais e anemias carenciais No que tange a linha deste cuidado, o Brasil tem desenvolvido um importante conjunto de iniciati- vas para proteção e apoio a essa estratégia. A Constituição Federal garante às puérperas 120 dias de licença maternidade, sem prejuízo do emprego e salário, bem como o direito à nutriz, quando do retorno ao trabalho, a uma pausa de 1 hora por dia, para amamentar seu próprio filho até os 6 meses de idade. Já a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças da Primeira Infância e a Portaria 2051/MS protegem o aleitamento materno das estratégias de marketing usadas pelas indústrias que comercializam produtos que interferem na amamentação. Outra importante estratégia desenvolvida para a promoção, a proteção e o apoio ao aleitamento materno é o Banco de Leite Humano - uma verdadeira “casa de amamentação”. O seu principal propósito é apoiar as mulheres que desejam amamentar seus filhos, muitas das quais, além de conseguirem prolongar a amamentação, descobrem ou aprendem a identificar o excesso de leite e se tornam doadoras. Em 2005, instalaram-se 06 novos Bancos de Leite Humano. Com isso, a Rede de Bancos de Leite do País, que havia passado de 154 unidades, em 2002 para 186, em 2004, totalizou, em 2005, 191 unidades. Também foram credenciados 21 hospitais da Iniciativa Hospital Amigo da Criança - HAC, elevando o total de hospitais credenciados de 257 HAC, em 2002, para 329, em 2005. Em se tratando, ainda, de estratégias sobre a promoção do aleitamento materno, foram disponibilizados o “Guia Prático para o Preparo de Alimentos para Crianças até os 12 Meses que Podem ser Amamentadas” e o “Manual Normativo para Profissionais de Saúde de maternidades-referência para mulheres HIV positivas e outras que não podem amamentar”. Abordagem às doenças respiratórias e infecciosas As doenças respiratórias constituem importante problema de Saúde Pública. São agravos com prevalência elevada, altas taxas de internações e de mortalidade. Para redução destas taxas foi elaborada a 6�������������������������������������������������������������������������������������������� Em relação à vacinação contra o sarampo e a poliomielite, a cobertura foi a mesma de 2004. 15 16 Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Respiratórias. A Política consta de protocolos clínicos e contempla discussões sobre o fortalecimento da atenção integral e resolutiva, a garantia da continuidade do cuidado e a educação permanente dos profissionais envolvidos. Para os protocolos clínicos colaboraram representantes da Área Técnica da Saúde da Criança e do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde e das Sociedades Científicas. A abordagem às doenças respiratórias foi baseada nas patologias mais comuns na população brasileira, tais como Asma/Rinite, Febre Reumática, Pneumonias. O Ministério da Saúde financiará o elenco de medicações necessárias ao tratamento das doenças respiratórias, fornecerá atualização científica para os profissionais da Atenção Básica e subsídios para a organização da rede de atenção. Compromisso I 17 Desafio 2: Redução da mortalidade materna e atenção à saúde reprodutiva. Objetivo: Reduzir a mortalidade materna de 74,5 óbitos por 100 mil nascidos vivos nas capitais brasileiras em 15%, ou seja, para 59,5 óbitos por 100 mil nascimentos em 2007. Quadro 02 • Metas. Situação Inicial 2002 74,5 ● taxa de mortalidade materna nas capitais (para cada 100.000 (74,5/100.000) nascidos vivos) (MS/SIM) Indicadores Metas 2007 55,9 (55,9/100.000) Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. Dados de contexto Assim como a redução da taxa da mortalidade infantil, a redução da mortalidade materna também é um dos desafios que precisam ser enfrentados visando à promoção de um estilo de vida saudável no País. No Brasil, dados oficiais apontam que a razão de óbitos maternos era de 74,5 por 100 mil nascidos vivos nas capitais no ano 2002, enquanto em Gráfico 6 Países desenvolvidos esse número é três vezes menor, oscilando de 6 a 20 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos7. De acordo com o Ministério da Saúde, predominam entre as causas de morte materna as obstétricas diretas, ressaltando-se as doenças hipertensivas e as síndromes hemorrágicas, que se mantêm, há décadas, como as duas principais causas, ora seguidas pelas infecções puerperais e pelo aborto, ora pelas doenças do aparelho cardiovascular complicadas pela gravidez, parto ou puerpério. Os altos índices de óbitos maternos se configuram como uma violação dos Direitos Humanos de Proporção de óbitos maternos segundo grupos de causa. Brasil, 2000-2003. 100 0 0 40 20 0 1 2000 2001 2002 2003 Ideterminado 3,0 3, 3, 2, 3, Aborto , , , ,0 , Obst. Indireta Outras c.obst. Direta 2, 20,1 1,2 23,2 13,3 3,4 , , ,0 3, Fonte: Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, edição 2005. 7��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Cumpre destacar que é sabido o elevado grau de subnotificação, distorção e de classificação inadequadas das mortes maternas no Brasil. 18 Mulheres, Adolescentes e Crianças. Portanto, se faz necessário adotar medidas mais efetivas em relação às condições dos serviços de atenção à saúde prestados às mulheres no período gravídico-puerperal, tais como a qualificação do pré-natal e da atenção ao parto, ao puerpério e ao recém nascido, humanizando estas ações de saúde, tendo como base as evidências científicas; a garantia de acompanhante no pré-parto, parto e puerpério; a implementação do alojamento conjunto nas maternidades públicas e conveniadas; a organiza- ção da atenção humanizada ao abortamento e da rede de serviços de atenção às mulheres e adolescentes em situação de violência e o fortalecimento da vigilância epidemiológica da morte materna; capacitação contínua de recursos humanos, entre outros, evitaria parte dos óbitos maternos. É fato, no entanto, que embora permaneça em patamar elevado, a mortalidade materna vem diminuindo no País, ainda que lentamente, como se pode observar pelos dados da tabela a seguir. Tabela 06 • Razão da mortalidade materna — Brasil e Grandes Regiões, 1999 a 2003 (número de óbitos por causas maternas, por 100 mil nascidos vivos). Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste 1999 57,09 63,11 56,25 54,69 61,87 57,23 2000 51,52 62,26 57,34 46,70 52,99 39,11 2001 50,23 49,77 57,42 43,56 52,17 53,62 2002 53,77 53,12 61,31 45,85 56,63 60,30 2003 51,74 56,85 62,79 41,65 51,32 52,66 Fonte: SIM/Sinasc/SVS/MS. Durante o pré-natal, a gestante deve realizar consultas, exames clínicos e laboratoriais objetivando identificar precocemente riscos gestacionais para que esses possam ser tratados e acompanhados adequadamente, garantindo maiores chances de sobrevivência para a mulher e a criança no parto. A proporção de nascidos vivos de mães sem nenhuma consulta de pré-natal no Brasil foi de 6,23%, em 1998, passando para 4,37%, em 2001, e para 3,14%, em 20038. Políticas, Programas e Estratégias O Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, firmado entre União, Estados, Municípios e representantes da sociedade civil, estabeleceu estratégias que visam reduzir em 15% os atuais índices de mortalidade materna, bem como de bebês com até 28 dias de vida até 2007. No ano de 2005 houve uma expansão do Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal. Realizaram-se seminários em 24 estados que debateram a organização dos seus planos de ação. O Ministério da Saúde garantiu recursos no valor de R$ 31,17 milhões para intensificação de ações de qualificação da atenção à mulher e ao recém-nascido no Pacto. Apresentaram-se projetos com intervenções para redução da mortalidade materna e neonatal por parte de 71 municípios. Para acompanhar a iniciativa foi criada a Comissão Nacional de Monitoramento do Pacto, composta de representantes da sociedade civil organizada e dos órgãos do governo afetos ao tema. No ano de 2005 promoveram-se três reuniões desta Comissão. Os diferentes departamentos e coordenações do Ministério da Saúde, envolvidos com a melhoria da qualidade da atenção obstétrica e ao planejamento familiar, alocaram recursos do orçamento do Governo Federal em apoio à execução de atividades previstas no Pacto. Um grande avanço no sentido de concretizar os compromissos assumidos foi a implementação da ação inédita de lançamento da Política Nacional de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos que estabelece ações voltadas ao planejamento familiar para o período de 2005 a 2007. Seus eixos principais de ação são: a ampliação da oferta de métodos anticoncepcionais reversíveis (não-cirúrgicos) e a ampliação do acesso à esteri- 8� Optou-se ��������������������������������������� por trabalhar com o indicador “proporção ����������������������������������������������������������������������������������������������������������� de nascidos vivos de mães com nenhuma consulta de pré-natal”, a partir da idéia de que o número ideal de consultas no pré-natal pode ser discutível, mas a impossibilidade de qualquer atenção na gravidez é um marcador de uma situação de grande risco e que, portanto, deve ser monitorado. Compromisso I lização cirúrgica voluntária. Dentro dessas diretrizes, em 2005 foram distribuídos métodos anticoncepcionais reversíveis para atender a necessidade de 5.235 municípios, representando um investimento de 27 milhões de reais9. Ultrapassando a meta estabelecida na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, o Ministério da Saúde credenciou 209 novos serviços que realizam laqueadura tubária, totalizando 571 em todo o País. A Política Nacional de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos também contempla ações voltadas para a formação e capacitação, tais como o convênio entre o Ministério da Saúde e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG - para formação de agentes multiplicadores em “Gênero, Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos” e a publicação de materiais educativos. O projeto prevê a incorporação de metodologias que propiciem transversalizar a abordagem de gênero, direitos sexuais e reprodutivos, geração, raça e etnia e a perspectiva de territorialidade nas políticas do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – MSTTR - e na Política de Saúde para a População do Campo. A sua execução, sob a responsabilidade da CONTAG, teve início em abril de 2005 e sua extensão é por três anos. Outra estratégia fundamental para a redução da mortalidade materna é a humanização do parto e do puerpério. Em 2005, destaca-se a regulamentação da lei que garante a presença de acompanhante no pré-parto, parto e puerpério, o que também contribui para a qualificação da atenção obstétrica. Essa regulamentação garante o apoio financeiro para a implementação da proposta em todas as maternidades do País pertencentes ao SUS ou conveniadas. Outra ação desenvolvida para humanizar a atenção ao parto e ao nascimento foi a formação de doulas - mulheres da comunidade que acompanham parturientes realizando atividades de apoio durante o trabalho de parto. Em 2005, foram apoiados projetos para formação de doulas em 9 estados brasileiros. Para qualificar a atenção ao parto domiciliar, o Ministério da Saúde apoiou técnica e financeiramente a realização de 7 capacitações de parteiras tradicionais e profissionais de saúde dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas Xavantes nos Estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco, Pará, Paraíba e Goiás, por meio de convênio com a organização não-governamental Grupo Curumim. Também foi firmado convênio com a Secretaria Estadual de Saúde do Acre para realização de 2 capacitações de profissionais de saúde e parteiras tradicionais em atenção à saúde sexual e reprodutiva de adultos e adolescentes, dos municípios que integram a região do Alto Juruá. Por fim, foram capacitadas 45 parteiras quilombolas, na Comunidade Kalunga, em Goiás, que se somam às 904 treinadas em anos anteriores. Para enfrentar o problema da subnotificação dos óbitos maternos, que prejudica o conhecimento da real dimensão do problema no País, foram criados os Comitês de Mortalidade Materna. Sua função é estudar os óbitos maternos para definir medidas que qualifiquem a atenção obstétrica e evitem novos casos, bem como para melhorar o registro das ocorrências. Em 2005 o Ministério da Saúde realizou 7 convênios com os estados da região Norte para organização da vigilância epidemiológica do óbito materno e revisou o Manual dos Comitês de Morte Materna. No período de 2002 a 2005 foram criados 31 comitês regionais, 361 comitês municipais e 56 hospitalares. De outra parte, houve avanços significativos no que tange à ampliação do número de leitos de UTI na rede do SUS. Em 2005 o Ministério da Saúde ampliou em 2.879 os leitos de UTI, ultrapassando a meta de redução em um terço do déficit que havia nessa área. Lançaram-se, ainda, 92 serviços de atendimento móvel de urgência, que estão sendo preparados inclusive para o atendimento da gestante e parturiente. Outro indicador da atenção à saúde reprodutiva é aquele referente à vacinação de mulheres em idade fértil (15 a 49 anos) com a vacina dupla contra Difteria e Tétano. Em 2005, a cobertura atingiu o patamar de 41,57%, contra os 40,2% registrados em 2004. Cabe mencionar, ainda, as ações implementadas pelo Ministério da Saúde para apoiar a organização da atenção obstétrica e o planejamento familiar por meio da elaboração de diferentes materiais de orientação para divulgação. Neste sentido, em 2005, 9���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� A partir de 2005 o MS não trabalha mais com a lógica de kits, portanto a meta foi mudada para quantidade de municípios atendidos. 19 20 foram elaborados: (i) o manual sobre anticoncepção de emergência; (ii) a cartilha sobre direitos sexuais e reprodutivos; (iii) o manual técnico sobre Atenção ao Pré-natal e Puerpério, e (iv) o manual de triagem obstétrica. Finalmente, outra área de destaque em 2005 foi a atenção à saúde da mulher negra. Várias atividades foram realizadas neste sentido, desde a publicação de material técnico, passando pela promoção de eventos para discussão do tema, levantamento de dados e inclusão do recorte étnico-racial nas ações do Ministério da Saúde. Os principais resultados alcançados neste campo foram: • apoio ao projeto de capacitação de parteiras Kalunga, envolvendo a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás e as prefeituras locais, cujas ações serão monitoradas de forma a promover a multiplicação da experiência para as demais comunidades quilombolas em nível nacional; • realização da Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde da Mulher e da Criança (PNDS), de levantamento, tabulação e análise dos dados, levando em conta o quesito raça/cor. A PNDS tem como objetivo coletar informações que permitam elaborar indicadores demográficos, de saúde e nutrição para mulheres e crianças menores, visando fornecer subsídios ao Ministério da Saúde para as políticas e estratégias de ação do Governo; • lançamento do Programa de Anemia Falciforme e distribuição do folder “Perspectiva de Equidade na Atenção às Diferenças no Pacto de Redução da Mortalidade Materna e Neonatal - Saúde da Mulher Negra”. Seu objetivo é sensibilizar e orientar gestores e profissionais de saúde acerca das especificidades na atenção à saúde da gestante negra; e • introdução da a questão étnico-racial na ficha de notificação de casos de violência e no Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento. Compromisso I 21 Desafio 3 : Segurança Alimentar e Combate à Desnutrição. Objetivo: Promover o direito humano à alimentação e à nutrição adequadas. Quadro 03 • Metas. Situação Inicial 2002 Indicadores Metas 2007 ●taxa de desnutrição entre criança menores de 5 anos (DATASSUS/MS) 5,7 % 3,7 % ●prevalência de baixo peso ao nascer (DATASSUS/MS) 7,7 % 5,7 % Fonte: Plano Presidente Amigo da criança e do Adolescente. Políticas, Programas e Estratégias O desafio de promover a segurança e combater a desnutrição abrange ações dos Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, da Saúde e da Educação. A segurança alimentar e nutricional é um dos princípios que norteiam as atividades da Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (SESAN/MDS) e remete à realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo por base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam econômica, social e ambientalmente sustentáveis. Fundamentadas no Direito Humano à Alimentação adequada e embasadas pela Estratégia Global para Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde da Organização Mundial de Saúde, as ações desenvolvidas pela SESAN estão voltadas para comunicação e mobilização, abordando a valorização de aspectos culturais e regionais da alimentação, além da diminuição do desperdício, em todas as faixas de renda e grupos sociais. Tais medidas buscam estabelecer parcerias com outros setores do poder público, sociedade civil e empresas privadas no alcance dos seus objetivos. A Educação Alimentar e Nutricional – EAN - é uma das estratégias para a garantia do direito de cada cidadão a uma alimentação adequada e saudável, uma vez que a sistematização e difusão dos conhecimentos em alimentação e nutrição facultarão ao cidadão orientações seguras em prol de uma alimentação regular e adequada, em termos de quantidade e de qualidade. Nesse sentido, as ações de EAN configuram-se como um dos objetivos estratégicos da SESAN/MDS, cuja atuação vem se pautando no estímulo à sociedade para adotar hábitos alimentares saudáveis e combater a fome. Tais objetivos, além de serem corroborados pelas diretrizes do Guia Alimentar da População Brasileira-2005, contribuem para a prevenção e combate a vários problemas relacionados a uma alimentação inadequada, como a desnutrição e as doenças crônicas não transmissíveis (obesidade, diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, dentre outras). O MDS, através da Coordenação Geral de Educação Alimentar e Nutricional-CGEAN/SESAN contou, no ano de 2005, com um orçamento de R$ 6 milhões, dos quais cerca de R$ 5,5 milhões foram utilizados para o desenvolvimento de diversos projetos como o “Cozinha Brasil – Alimentação Inteligente”, o “Criança Saudável, Educação Dez” (distribuição de Cartilhas educativas com personagens de Monteiro Lobato e Caderno do Professor, abordando a temática de alimentação saudável) e o “Educação à Mesa”, 22 com a realização de capacitações e distribuição de material educativo. No projeto “Cozinha Brasil – Alimentação Inteligente” foram investidos cerca de R$ 3,4 milhões para ampliação e atendimento a todos os estados brasileiros, com uma unidade móvel de capacitação por estado. O Projeto “Criança Saudável, Educação Dez” contou com investimento de R$ 1,3 milhões para distribuição de Cartilhas Educativas e Caderno do Professor às escolas públicas de 1ª a 4ª séries de todo o Brasil. Finalmente, o projeto “Educação à Mesa” distribuiu 6.000 kits educativos (com material de vídeo, rádio, impresso e outros) e capacitou 80 profissionais, tendo contado com investimento de R$ 827,6 mil em 2005. Outra vertente da atuação do MDS na área de segurança alimentar compete à Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI/MDS), que tem envidado esforços no sentido de conhecer a situação nutricional da população brasileira, em especial das crianças e adolescentes. Neste sentido, realizou-se a “Chamada Nutricional”, cujos resultados sairão no primeiro semestre de 2006. Seu objetivo foi avaliar o perfil nutricional de crianças menores de 5 anos de idade, residentes no semi-árido brasileiro e nos assentamentos localizados no Nordeste, vacinadas em 20 de agosto de 200510, visando estabelecer/reestruturar políticas públicas e estratégias focalizadas para essa população. Uma avaliação dessa natureza permite a um só tempo atualizar e ampliar o quadro descritivo sobre a situação nutricional de crianças, grupo reconhecidamente em situação de maior vulnerabilidade alimentar e nutricional. Além desta Chamada Nutricional, há duas outras iniciativas com propósitos semelhantes que se dedicarão a avaliar a situação nutricional de quilombolas e indígenas. Prevê-se que ambas apresentarão seus resultados finais em 2007. A “Chamada Nutricional Quilombola: Projeto Zanauandê” tem por objetivos específicos estimar a prevalência da desnutrição protéico-energética, de sobrepeso e do baixo peso ao nascer, além de identificar o recebimento de benefícios sociais pelas famílias quilombolas. A pesquisa visa, ainda, levantar informações sobre condições de saúde, saneamento e educação nesse grupo populacional. A amostra é de 60 comunidades quilombolas em 22 estados da federação. Já o Inquérito Nutricio10��������������������������� Dia Nacional de Vacinação. nal entre os Povos Indígenas avaliará a prevalência de desnutrição energético calórica e sobrepeso em aldeias indígenas, além de caracterizar a situação de segurança alimentar e nutricional nestas aldeias. Será um estudo descritivo com aplicação de questionário e avaliação antropométrica em amostra com representatividade nacional. Em adição a estas iniciativas, o MDS também contratou junto ao IBGE um Suplemento sobre Insegurança Alimentar na coleta de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2004. Isto foi realizado para fazer face à escassez de informações sobre a situação de segurança alimentar da população brasileira. O suplemento utilizou como conceito de insegurança alimentar o acesso limitado a uma alimentação de qualidade suficiente e quantidade necessária para o bom desenvolvimento humano por parte de indivíduos em uma população. Para a realização do Suplemento, analisaram-se diversos métodos para medição da insegurança alimentar. Este processo resultou na criação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar - EBIA, que foi utilizada na composição dos quesitos que integram o suplemento. A análise dos microdados terá início logo após a disponibilização dos dados pelo IBGE, com previsão de término para o segundo semestre de 2006. Dentre as ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde no âmbito da promoção da segurança alimentar e do combate à desnutrição, encontram-se os Programas Nacionais de Suplementação de Vitamina A e de Ferro e a Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN, todas contempladas no Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. O Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A destina-se à prevenção e/ou controle dessa deficiência nutricional mediante a suplementação com megadoses de vitamina A em crianças de seis a 59 meses de idade e puérperas no pós–parto imediato, pertencentes à Região Nordeste, ao Vale do Jequitinhonha (MG) e três municípios do Vale do Ribeira (SP) - Nova Odessa, Hortolândia e Sumaré. Em 2005, também foram incorporados os Distritos Sanitários Indígenas Xavante – MT e MS. Para melhorar a cobertura do Programa e a adesão dos gestores municipais, algumas estratégias foram desenvolvidas, tais como: (i) a publicação da Compromisso I Portaria n.º 729/05, instituindo o Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A; (ii) o envio dos materiais de apoio de sensibilização dos gestores e profissionais de saúde; (iii) o aprimoramento do formato da cápsula de vitamina A, de forma a facilitar o manuseio no momento da suplementação; e (iv) as capa- citações em todos os estados partícipes do Programa. Foi também disponibilizada uma home-page com o módulo de gerenciamento do Programa, online, para o gerenciamento das informações em nível local, estadual e federal. Tabela 07 • Evolução do número de cápsulas de vitamina A administradas entre 2001 a 2005 nos municípios. 2001 2002 2003 2004** 2005* Crianças de 6 a 11 359.840 575.201 433.127 606.549 570.716 meses Crianças de 12 a 59 1.782.203 3.004.971 2.955.091 2.497.267 2.735.008 meses Puérperas 112.851 204.772 237.329 Fonte: www.saude.gov.br/nutricao. * Ressalta-se que estas informações ainda são parciais, tendo em vista 263 municípios/estados não terem consolidados suas informações. ** Os dados informados de 2004 tiveram um decréscimo, em virtude da não informação do Estado de Rio Grande do Norte e do Instituto Materno Infantil de Pernambuco – IMIP, por problemas operacionais. No que tange ao Programa Nacional de Suplementação de Ferro, tem-se como estratégia a suplementação medicamentosa de ferro para todas as crianças de 6 a 18 meses de idade, gestantes a partir da 20ª semana e mulheres até o 3º mês pós-parto e pós-aborto. O Programa foi oficialmente instituído por meio da Portaria n.º 730, de 05/05/2005, sendo inicialmente implementado em 9 municípios-piloto, situados nos seguintes estados: Pará, Ceará, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Objetivando viabilizar a adesão ao Programa pelos gestores municipais, estaduais e profissionais de saúde, algumas estratégias foram desenvolvidas. São elas: (i) distribuição dos materiais de apoio de sensibilização (manual operacional, carta para os gestores estaduais e municipais de saúde, cartaz de divulgação, cartazete com a conduta de intervenção, lâmina com informações gerais sobre o Programa e calendário para as famílias); e (ii) capacitações para regionais de saúde de 18 Estados (AC, AL, AM, AP, ES, GO, MA, MS, MT, PA, PB, PE, PI, PR, RN, RO, RS, TO). No entanto, o Programa Nacional de Suplementação de Ferro enfrentou problemas operacionais de produção do xarope de sulfato ferroso, com o que a distribuição dos suplementos somente iniciou-se a partir de dezembro de 2005, direcionada para a Região Nordeste. Foram distribuídos 330 mil suplementos a crianças de 6 a 18 meses, e 220 mil suplementos a gestantes. 23 24 BOX 01 • Programa do Leite. UF METAS DIÁRIAS DE AQUISIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE LEITE Vaca Cabra Recursos Liberados pelo MDS3 2005 AL 53.500 0 16.963.874,00 BA 100.000 0 13.100.000,00 52.499 1.790 9.678.331,00 46.000 0 0,00 MG 150.000 1.000 46.730.443,00 PB 110.568 9.600 49.692.400,00 PE 78.500 3.500 16.211.332,00 PI 31.000 0 12.407.733,00 RN 47.190 2.500 16.107.394,00 SE 34.300 0 9.782.393,00 703.557 18.390 190.673.900,00 CE MA 2 TOTAL Outra estratégia que corrobora com o combate à desnutrição é o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN, que no ano de 2005 intensificou as ações e linhas de trabalho. Dentre essas ações destacam-se as capacitações macroregionais, o lançamento do Boletim SISVAN, a compra de equipamentos antropométricos e a finalização da distribuição das publicações de apoio técnico. Realizaram-se onze capacitações macroregionais, com abrangência nacional, entre os meses de maio a agosto de 2005. O objetivo dos eventos foi capacitar e acompanhar os profissionais de saúde da atenção básica no desenvolvimento adequado das ações de vigilância alimentar e nutricional. O módulo de gestão do SISVAN está instalado em 3.979 municípios e tem como um de seus propósitos informar os dados de acompanhamento das condicionalidades da saúde do Programa Bolsa Família – PBF. Em 2005, 1,9 milhões de famílias beneficiadas do PBF com “perfil saúde - crianças menores de 7 anos e gestantes” foram acompanhadas no módulo de gestão do SISVAN. No âmbito do acesso à alimentação, um dos maiores desafios firmados entre Ministério da Saúde, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e FUNASA relaciona-se à redução da desnutrição em populações indígenas. Uma das questões a serem saneadas refere-se à falta de informações a respeito da situação alimentar e nutricional destes povos, limitando a tomada de decisões. Nas diversas pesquisas nacionais que subsidiam políticas públicas na área de alimentação e nutrição, os povos indígenas não estavam sendo incluídos. Para mudar essa realidade, a FUNASA priorizou a Implantação da Vigilância Alimentar e Nutricional no modelo de atenção à saúde indígena. Elaborou-se, então, uma Norma Técnica Operacional para implantação desta ação e, em 2005, realizaram-se capacitações para profissionais de 13 Distritos Sanitários Especiais Indígenas - DSEIs, num total de 146 profissionais de nível superior multiplicadores capacitados. Nesta primeira fase de implantação da ação, a média de crianças acompanhadas mensalmente em 2005 foi de 12.403, em 12 DSEIs, cobrindo 44,4% da população infantil menor de cinco anos destas áreas. Em parceria com o Ministério da Saúde, o programa de distribuição de megadoses de vitamina A foi estendido a áreas indígenas com evidência clínica de hipovitaminose. A meta de suplementação era de 9.688 crianças de 6 a 59 meses de idade. No ano de 2005, cobriu-se 95% da meta com a suplementação de 9.162 crianças nesta faixa etária. Compromisso I Outra importante parceria foi firmada com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, na qual a SESAN/MDS fornece cestas de alimentos para populações indígenas, ficando a cargo da FUNASA a distribuição e indicação de famílias a serem atendidas segundo critérios de saúde. Em 2005, a FUNASA distribuiu 60.075 cestas de alimentos no período de outubro a dezembro, atendendo a 20.025 famílias indígenas. No ano de 2005, a execução da Vigilância e Segurança Alimentar e Nutricional dos povos indígenas alcançou 98,73% do programado em diversas atividades que visam ao acompanhamento nutricional de crianças menores de cinco anos em áreas indígenas. Outra vertente da Política de Segurança Alimentar e Nutricional está sob a responsabilidade do Ministério da Educação (MEC) e diz respeito ao Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE. Visto que a infância é um período de grande desenvolvimento físico, marcada por gradual crescimento da altura e do peso da criança - especialmente nos três primeiros anos de vida e nos anos que antecedem a adolescência - e também por um intenso processo de crescimento celular e formação de tecidos, é necessário um fornecimento regular e adequado de nutrientes para esse processo. Mais do que isso, o processo de crescimento envolve o desenvolvimento psicológico da criança, com mudanças no seu comportamento e na sua personalidade, e o seu bom funcionamento também requer atenção à garantia do direito humano à alimentação. No âmbito da escola, o direito à alimentação é atendido pelo PNAE. O Programa, que teve início em 1953 com o objetivo de reduzir a fome e a desnutrição que atingia as crianças brasileiras, gradativamente tornou-se uma política pública. Desde sua instituição, foi inserido na política educacional do País e apresentou-se como estratégia política de socorro à escola: fixou o aluno, melhorando os níveis de freqüência, aprovação e promoção escolar, bem como contribuiu para a redução das taxas de fome e desnutrição. É importante considerar, no entanto, que o PNAE, por si só, não assegura a melhoria do processo de ensino/aprendizagem, tendo em conta o reduzido tempo da jornada escolar, interferências de outros fatores sociais e econômicos e de patologias associadas. Os recursos do programa beneficiavam inicialmente apenas os alunos do Ensino Fundamental, a quem a Constituição Federal de 1988 garantiu o direito à alimentação escolar; posteriormente, foram integrados ao PNAE os alunos da pré-escola e os assistidos por escolas filantrópicas, e a partir de 2003 foi estendido o atendimento a todos os alunos da creche11. Atualmente, por seu caráter universal, o programa atinge as diferentes classes sociais, tornando-o necessário e insubstituível, principalmente para os grupos populacionais inseridos abaixo da linha de pobreza. Assim, o PNAE vem cumprindo um importante papel no contexto social do País ao garantir os recursos financeiros para suprir parte das necessidades nutricionais dos alunos durante o período de permanência na escola. Além disso, é reconhecido como o maior programa de alimentação do mundo, na modalidade – gratuito e universal, pois está presente em cerca de 200 mil escolas públicas e atende, aproximadamente, a 37 milhões de alunos. Visando aprimorar continuamente o programa, realizou-se a capacitação de 12 mil conselheiros de alimentação escolar e de agentes envolvidos no PNAE, tais como nutricionistas, gestores públicos, procuradores e promotores de justiça, sociedade civil, entre outros das Regiões Norte e Nordeste, abordando temas como execução do programa e controle social. Nesse sentido, elaborou-se também um manual de orientações para os conselheiros de alimentação escolar e atores envolvidos no programa. BOX 02 • Evolução do programa. Houve um aumento no número de nutricionistas que atuam no Programa, que passou de 1.040 em 2004 para 2.700 em 2005, ocasionando, assim, um fortalecimento do direito humano à alimentação dentro das escolas. 11����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Até o presente momento, os alunos do Ensino Médio não são abrangidos pelo repasse da União, não se excluindo a participação dos governos estaduais em assegurar-lhes esse direito. 25 26 Se reduzir a fome e a desnutrição entre as crianças e adolescentes que freqüentam as escolas públicas brasileiras é o objetivo primordial do PNAE, de outra parte, a presença de alimentos industrializados, com altos teores de açúcar, sal e gordura na composição dos cardápios apresenta-se como um grave problema na alimentação da população em idade escolar. A alimentação inadequada nos primeiros anos de vida e durante a fase escolar é responsável pelo baixo peso, atraso no crescimento e desenvolvimento físico e mental, além de favorecer o desenvolvimento de doenças, tais como infecções, doenças do coração, obesidade, diabetes, que vão comprometer a vida adulta. Os três inquéritos nacionais que trazem informações sobre consumo alimentar e situação nutricional da população brasileira (Endef, 1974-1975; PNSN, 1989; PNDS, 1996) permitem identificar a prevalência de obesidade em crianças menores de 5 anos com tendência à manutenção em torno de 4,5% (as pesquisas indicam 4,6%, 4,6% e 4,3% respectivamente). As mesmas pesquisas revelam que, nesse intervalo de aproximadamente 20 anos, a prevalência de obesidade triplicou entre as crianças e adolescentes de 6 a 18 anos. Em 1975, era de 4,1% e aumentou para 13,9% em 1997 (TADDEI E TADDEI, 1995). Mais recentemente, comparando-se os dados do Endef com os dados da Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV), realizada em 1996/97, somente nas Regiões Sudeste e Nordeste, verificou-se um aumento na prevalência de sobrepeso e obesidade de 4,1% para 13,9% em crianças e adolescentes de 6 a 18 anos. Estudos realizados em escolas de algumas cidades brasileiras mostram que o sobrepeso e a obesidade já atingem 30% ou mais das crianças e adolescentes, como em Recife, alcançando 35% dos escolares avaliados. Trabalho realizado em Salvador mostrou uma prevalência de 15,8% de obesidade em 387 escolares, sendo que esta foi significativamente maior nas escolas particulares (30%) em relação às públicas (8,2%). Além da alimentação inadequada, as condições ambientais, incluindo as encontradas no meio familiar, são importantes como determinantes da obesi- dade. Estudos demonstram que fatores de risco para o aumento de peso estão fortemente ligados à baixa atividade física, o incremento de hábitos que não geram gasto calórico, como assistir TV, vídeogames, computadores e outros, bem como às características do meio familiar, determinadas por fatores culturais, sociais e econômicos. A violência urbana é um agravante, neste caso, pois, a falta de segurança limita ainda mais o aproveitamento dos espaços públicos para práticas de atividade física entre crianças. A existência de espaços públicos adequados às práticas de atividade física e o incentivo à realização dessas devem ser apoiadas pelos gestores e governos, na perspectiva de combate ao sedentarismo. As cantinas escolares vêm contribuindo de forma sistemática para a adoção de práticas consideradas não saudáveis. A maioria dos lanches vendidos e/ou preparados nas cantinas escolares particulares são de baixo teor de nutrientes e com alto teor de açúcar, gordura e sódio. Estudos realizados em outros Países mostram que 88,5% dos lanches vendidos nas escolas são ricos em gordura (>5g) e ricos em açúcares (>20g). Cerca de 40% das bebidas vendidas são refrigerantes e não há venda de frutas e vegetais. Entre adolescentes, existem outros fatores que influenciam na escolha de sua alimentação: falta de interesse por cuidados com a saúde pessoal; maiores preocupações com escola, família, e amigos do que com alimentação; falso conceito sobre sabor, aroma e aparência indesejáveis da alimentação saudável; falta de tempo; maior conveniência e disponibilidade das alternativas menos saudáveis. Para lidar com essas questões, o MEC também vem atuando no sentido de promover entre a população escolar brasileira a formação de hábitos alimentares saudáveis de acordo com as recomendações da OMS, tais como a redução de alimentos de alta densidade, o aumento de frutas e vegetais, ambientes domiciliares e escolares que promovam a atividade física e a alimentação saudável, a redução de bebidas açucaradas, a restrição de alimentos de alto índice glicêmico e limitar o consumo de sódio. Compromisso I BOX 03 • Experiências exitosas. No ano de 2005, vários projetos foram premiados por meio do Prêmio Gestor Eficiente na Merenda Escolar da organização não governamental Ação Fome Zero, os quais abordaram diversos temas, tais como: educação nutricional, atendimento integral aos escolares, inserção da agricultura familiar no PNAE como proposta de segurança alimentar e hortas escolares. Os municípios premiados foram: Maracás/BA, Goiânia/GO, Pedra do Indaiá/MG, Araxá/MG, Lucas do Rio Verde/MT, Paragominas/PA, Apucarana/PR, Dois Irmão/RS, Porto Alegre/RS, Concórdia/SC, Florianópolis/ SC e Criciúma/SC. O Município de Araxá, um dos contemplados, desenvolveu um projeto, cujo objetivo era de promover a saúde e a educação alimentar de 8.367 crianças, com o fornecimento de alimentação saudável, incentivando o consumo de produtos regionais e o conseqüente incentivo à produção agrícola local. Para tanto, buscou-se orientar o processo de aquisição e de armazenamento dos gêneros alimentícios e a preparação dos alimentos, mediante cursos de capacitação para merendeiras, com ênfase nos aspectos nutrição, higiene e alimentação saudável Outra medida tomada com o propósito de garantir o sucesso dessa ação, foi a realização de visitas freqüentes a todas as Unidades pela nutricionista responsável do projeto. Durante estas visitas eram observadas as condições de higiene, de armazenamento e de preparo. Por meio do contato constante entre a nutricionista e as merendeiras estabeleceu-se uma relação próxima entre elas, o que permitiu grande integração, troca de experiências e sugestões. Nessa relação, as merendeiras são estimuladas a criar novas preparações. São treinadas semestralmente, abordando temas variados. Outro fator importante foi a parceria firmada com a Associação dos Hortigranjeiros de Araxá – Asshorgran. Esta permite a regularidade da entrega de verduras e legumes frescos e facilita a introdução de novos alimentos como acelga, espinafre, chicória etc. Dentre as principais iniciativas implementadas neste âmbito, citam-se: (i) a inserção do tema alimentação e nutrição na capacitação e no manual de orientações dos conselheiros de alimentação escolar; (ii) a implantação de projetos de hortas escolares, em escolas de três municípios, envolvendo cerca de 60 escolas e agentes educacionais, agricultores familiares e gestores públicos; e (iii) o desenvolvimento de projetos conjuntos com o Ministério Público, as Instituições de Ensino Superior e outros ministérios parceiros da estratégia Fome Zero na área de educação alimentar e nutricional saudável e adequada. 27 28 Desafio 4: Atenção à Saúde e ao Desenvolvimento da Criança e do Adolescente. Objetivo: Melhorar a situação de saúde e da qualidade de vida desse segmento populacional. Quadro 04 ● Meta. Situação Inicial 2000 Indicadores Metas 2007 ● % de óbitos por doença infecciosas ou parasitárias ou por infecções respiratórias agudas nos menores de 5 anos (SIM/2000)(3) 14,8 % 12,3 % ● taxa de mortalidade por causas externas em 2000 para população de 10 a 19 anos (para cada 100.000 SIM/IBGE) 46,7 % 41,7 % ● % da população atentida por equipes de Saúde da Família (MPO - PPA 2004-2007) 17,4 % 70,0 % Fonte: Plano Amigo da Criança e do Adolescente. O objetivo desse desafio é melhorar a situação de saúde e a qualidade de vida de crianças e de adolescentes. Visando atingir esse propósito, tem-se buscado garantir o desenvolvimento saudável desse segmento populacional por meio de ações de educação e saúde, bem como no que diz respeito à prevenção de doenças e agravos. A Atenção à Saúde e ao Desenvolvimento da Criança e do Adolescente tem como premissas a vigilância das condições de saúde, crescimento e desenvolvimento e o incremento da qualidade dos serviços prestados. Dados de contexto A redução da taxa de mortalidade na infância -óbitos de crianças menores de cinco anos de ida- de para cada grupo de mil crianças nascidas vivas – é uma questão primordial no que diz respeito à promoção da saúde infantil. De acordo com a tabela a seguir, dentre as principais causas da mortalidade na infância, as doenças infecciosas e parasitárias apresentavam o percentual de 8,1% em 2004; em seguida, com 7,9% vinham as doenças do aparelho respiratório e com 5,8% as infecções respiratórias agudas. Há que se ressaltar, ainda, o percentual de óbitos desse segmento populacional segundo causas externas que atingiu o patamar de 4,7%. Compromisso I 29 Tabela 08 ● óbito em menores de 5 anos por doenças infecciosas e parasitárias (A00-B99), 2004 nº % infecciosas 5157 total 63.651 8,1 100,0 óbito em menores de 5 anos por infecções respiratórias agudas (J00-J22), 2004 nº % respiratórias agudas 3667 total 63.651 5,8 100,0 óbito em menores de 5 anos, segundo causas, 2004 Causa (CID10 CAP) nº I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 5157 II. Neoplasias (tumores) 821 III. Doenças sangue órgãos hemat. e transt. imun. 453 IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 1586 V. Transtornos mentais e comportamentais 5 VI. Doenças do sistema nervoso 1400 VII. Doenças do olho e anexos 2 VIII.Doenças do ouvido e da apófise mastóide 20 IX. Doenças do aparelho circulatório 683 X. Doenças do aparelho respiratório 5027 XI. Doenças do aparelho digestivo 511 XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 55 XIII.Doenças sistema osteomuscular e tec. conjuntivo 24 XIV. Doenças do aparelho geniturinário 193 XV. Gravidez parto e puerpério 0 XVI. Algumas afecções originadas no período perinatal 30949 XVII.Mal formação cong. de formid. e anomalias cromossômicas 8781 XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat 5009 XIX. Lesões env. e algumas outras conseq. causas externas 0 XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 2975 XXI. Contatos com serviços de saúde 0 Total 63651 8,1 1,3 0,7 2,5 0,0 2,2 0,0 0,0 1,1 7,9 0,8 0,1 0,0 0,3 0,0 48,6 13,8 7,9 0,0 4,7 0,0 100,0 % Fonte: Sistema de Informação de Mortalidade/DATSUS. Outro indicador, foco de monitoramento da Atenção à Saúde e ao Desenvolvimento da Criança e do Adolescente, é a taxa de mortalidade por causas externas para a população de 10 a 19 anos por mil habitantes. Os adolescentes e os jovens representam, atualmente, 30,3% da população brasileira, isto é, 52,2 milhões de cidadãos entre os 10 e 24 anos de idade. adolescentes e jovens são decorrentes das “causas externas”, também denominadas de “mortes violentas”. Entre 2000 e 2004, houve um aumento deste índice, que era de 14,9% da mortalidade total e passou para 15,7%. As taxas são consideravelmente mais altas na população de adultos jovens, principalmente do sexo masculino. Tem-se que 84,4% das vítimas são do sexo masculino e 50% na faixa etária de 20 a 39 anos. Consideram-se causas externas aquelas associadas a fatores de risco, tais como: os acidentes de trânsito, os homicídios, os suicídios, entre outras. As principais causas de mortalidade entre Outro agravo à saúde que merece ser analisado é o índice de gravidez na adolescência. Verificase que este índice apresentou um aumento de 25%, entre meninas de 15 a 19 anos, no período de 1991 30 e 2000, segundo pesquisa da Unesco. O número de adolescentes e jovens brasileiras grávidas é hoje 2% maior do que na última década; as meninas de 10 a 20 anos respondem por 25% dos partos feitos no País, segundo levantamento do Ministério da Saúde. Esse quadro ajuda a engrossar o índice de evasão escolar no Brasil, principalmente porque não existem programas que visem apoiar jovens grávidas e mães a seguirem nos estudos. Observa-se, ainda, um panorama preocupante, no que tange a infecção pelo HIV na população juvenil. Levantamentos recentes permitem constatar que a idade da infecção pelo HIV está se tornando cada vez mais precoce, indicando a ocorrência de relações sexuais desprotegidas entre adolescentes. A idade média para início das relações sexuais, no Brasil, é de 14,5 anos para os homens e 15,5 anos para as mulheres. Cumpre destacar que o investimento na saúde e no bem-estar dessa população impacta o desenvolvimento econômico e social e conseqüentemente no futuro de uma nação. Políticas, Programas e Estratégias No âmbito desse desafio, no que tange à atenção básica humanizada e resolutiva, destaca-se a estratégia de Saúde da Família, cujo propósito central é mostrar que oferecer às famílias serviços de saúde preventiva e curativa em suas próprias comunidades resulta em melhorias importantes nas condições de saúde da população. Essa estratégia visa reorganizar a Atenção Básica no País de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde. A estratégia veio como resposta às necessidades de uma atenção integral desenvolvida por equipe multiprofissional, ao indivíduo e à comunidade, com participação da comunidade. Há que se ressaltar que essas equipes são formadas por médicos, enfermeiros, auxiliares (ou técnicos) de enfermagem, agentes comunitários de saúde, cirurgiões-dentistas, auxiliares de consultório dental e técnicos em higiene dental. São atribuições destas equipes: desenvolver ações básicas na lógica da vigilância à saúde, com ações de promoção e proteção da saúde, a prevenção de agravos e a assistência e recuperação da saúde dos indivíduos e da coletividade. Neste contexto, em se tratando da atenção básica à saúde verifica-se a realização de significativos investimentos para a expansão da Estratégia de Saúde da Família, que em 2004 contava com 21.232 equipes e cerca de 200 mil Agentes Comunitários de Saúde. Em 2005 foram implantadas 3.332 novas equipes de Saúde da Família e 15.369 Novos Agentes Comunitários de Saúde passaram a atuar, representando, respectivamente, um crescimento de aproximadamente 15% e 7% em relação ao ano anterior. A expansão citada acima garantiu que em 2005 a Estratégia de Saúde da Família estivesse presente em 89,6% dos municípios brasileiros, propiciando o atendimento de 79 milhões de pessoas (44,4% da população brasileira) em todos os estados. Já os Agentes Comunitários de Saúde atenderam 94,2% dos municípios, alcançando de 103,5 milhões de pessoas, ou seja, 55,5% da população brasileira. Isto representa a maior garantia de oferta de atenção básica da história da saúde coletiva do Brasil. BOX 04 • Princípios Fundamentais da Atenção Básica. I - possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos; II - efetivar a integralidade em seus vários aspectos: integração de ações programáticas e demanda espontânea; III - desenvolver relações de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população adscrita garantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado; IV - valorizar os profissionais de saúde por meio do estímulo e do acompanhamento constante de sua formação e capacitação; V - realizar avaliação e acompanhamento sistemático dos resultados alcançados, como parte do processo de planejamento e programação; e VI - estimular a participação popular e o controle social. PORTARIA N o 648, DE 28 DE MARÇO DE 2006. Compromisso I BOX 05 • Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família - PROESF. O Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família - PROESF – componente 1, é uma iniciativa do Ministério da Saúde apoiada pelo Banco Mundial, voltado para organização e fortalecimento da Atenção Básica no País. Este componente contempla municípios com mais de cem mil habitantes e os recursos são destinados para reforma e aquisição de equipamentos para unidades de saúde. Tem-se que, em 2005, dentre os principais avanços alcançados por meio da implantação de equipes do Saúde da Família, encontra- se a ampliação das equipes de saúde bucal que em 2005 atingiu o quantitativo de 3.652 novas equipes, representando um crescimento de cerca de 29% em relação ao ano de 2004. Foram atendidas 62 milhões de pessoas pelas equipes de Saúde Bucal, isto é, 34,9% da população brasileira. em todos os estados. Cumpre destacar que a ESB está presente em 3.896 (70%) municípios brasileiros. Outro fator que corroborou com a ampliação das ações especializadas de saúde bucal foi a implan- tação dos Centros de Especialidades Odontológicas - CEO. No ano de 2005, foram implantados 236, totalizando 336 CEOs, que ofertam tratamento de canal, atendimento a pacientes especiais, tratamento de doenças da gengiva, cirurgias e diagnóstico bucal com ênfase na detecção do câncer de boca, além de outros procedimentos a serem definidos localmente. Neste mesmo período foram entregues 1.271 equipamentos odontológicos (consultórios odontológicos), sendo 502 para ESB modalidade II, 746 para os CEO e 23 para os municípios da rede integrada de desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno; 135 conjuntos de outros equipamentos para os CEO. BOX 06 • Inventivos financeiros. Na implantação dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) tipo I (3 cadeiras odontológicas) e CEO tipo II (com no mínimo de 4 cadeiras) esses receberam R$40.000,00 (para a aquisição de equipamentos e reforma/ ampliação) R$ 50.000,00 e R$ 6.600,00 e R$ 8.800,00 para custeio mensal , respectivamente. BOX 07 • Experiências exitosas. Considerando as iniqüidades do País, em 2005 houve aumento de 13,3% de equipes de Saúde Bucal para os municípios da Amazônia Legal com porte populacional menor que 50 mil habitantes e com IDH < 0,7 e para as demais regiões do País, municípios com porte populacional menor que 30 mil habitantes e IDH < 0,7. Por outro lado, cumpre destacar, ainda, a implantação de 205 novos sistemas de fluoretação da água de abastecimento público, abrangendo 106 municípios em 6 estados e beneficiando cerca de 2,4 milhões de pessoas. 31 32 Ressalva-se, ainda, que em 2005 todos os municípios brasileiros receberam recursos do PABFixo. O Piso de Atenção Básica – PAB, é composto por uma parte Fixa/per capita e outra Variável, relativa a incentivos para o desenvolvimento de ações estratégicas da Atenção Básica. Esse recurso financeiro é repassado do Fundo Nacional de Saúde para os Fundos Municipais. Essa é outra medida que visa melhorar a situação de saúde e da qualidade de vida da criança e do adolescente. BOX 08 • Avanço do PAB. Em 2005, incluíram-se 353.235 pessoas em 990 municípios da população assentada após o Censo 2000 no cálculo do Piso de Atenção Básica (PAB fixo) a ser repassado aos municípios brasileiros. Bem como, aumentou-se o valor mínimo do PAB fixo de R$ 10,00 para R$ 13,00 habitante/ano. Essa medida representou um primeiro importante reajuste geral no valor do PAB desde a sua criação e beneficiou 4.856 municípios (87,34%). Outro ponto importante são os Programas de Atenção à Saúde de Populações Estratégicas em Situação de Agravos, de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência e à Saúde Mental. Na área da saúde mental de crianças e de adolescentes, a principal orientação do Ministério da Saúde foi ampliar a implantação dos Centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil CAPS e dos serviços de referência para o atendimento dos transtornos relacionados ao consumo de álcool e outras drogas – CAPSad, os quais trabalham de forma integrada com outros setores, tais como: a justiça, a educação, os direitos humanos e a assistência social; buscando articular suas ações às diferentes redes existentes nos seus territórios. Em 2005, foram cadastrados junto ao SUS, 56 CAPSi e 102 CAPSad. Cabe destacar que os outros tipos de Caps, ou seja, os tipos I, II e III, têm por orientação atender toda a demanda populacional, incluindo a população infanto-juvenil, em não existindo serviços específicos para a referida clientela. A rede de serviços tipo CAPS, de base comunitária chegou à meta dos 700 serviços, em dezembro de 2005. É importante frizar que as atribuições dos CAPS ultrapassam o atendimento psicológico e psiquiátrico também prestado nesses serviços. Eles têm a responsabilidade de articular-se à rede de ações em saúde e aos projetos sociais existentes no seu território para potencializar e integrar essas ações, tendo uma importante função de ordenador a rede de atenção em saúde mental no seu território. Em síntese, os CAPS desenvolvem projetos de reabilitação /ressocialização que visam à inclusão social de crianças e adolescentes que, por diversas razões, encontram-se em situação de exclusão. BOX 09 • Fórum Nacional de Saúde Mental. Há que se salientar, ainda, o fortalecimento do Fórum Nacional de Saúde Mental Infanto-Juvenil, importante espaço intersetorial de discussão, que tem por objetivo estabelecer e divulgar importantes diretrizes na atenção infanto-juvenil. Além disso, merecem destaque as iniciativas no campo de estudos e pesquisas, junto às unidades de medida sócioeducativa e sobre a rede ampliada de atenção em saúde mental infanto-juvenil, em andamento. Compromisso I Dentre a população de adolescentes e jovens brasileiros, uma das parcelas mais vulneráveis e excluídas é a de adolescentes privados de liberdade. Seu número gira em torno de doze mil, e eles cumprem medidas sócio-educativas em 201 unidades localizadas em 96 municípios nos 27 estados brasileiros, em 2004. Via de regra, a realidade da assistência à saúde desses adolescentes é muito precária e não corresponde aos princípios e diretrizes do SUS. Entretanto, algumas normativas estão sendo implementadas objetivando mudar esta realidade, como pode ser observado no tópico Políticas, Programas e Estratégias do Compromisso III, Desafio I, deste relatório. No que se refere à Saúde do Escolar, o Governo Federal implementou o Programa Nacional de Saúde do Escolar – PNSE – que visa a atender as necessidades de saúde identificadas na população escolar e está voltado para a orientação de alunos da educação infantil, fundamental e média no que se refere à prevenção de algumas doenças e outras questões relacionadas à saúde de crianças e adolescentes. Segundo dados estatísticos da Organização Mundial de Saúde – OMS, 10% dos alunos da 1ª série do ensino público fundamental, apresentam deficiências visuais, necessitando de medidas corretivas. Pesquisas e estudos relacionados aos problemas de saúde demonstram que dificuldades no processo ensino-aprendizagem, repetência e abandono escolar de alunos, estão relacionados à questão da saúde, das condições psicossociais e econômicas em que grande parte dessas crianças vive. Entre os problemas de saúde mais comuns identificados está a deficiência visual e/ou auditiva. Alunos com deficiência visual, que apresentaram acuidade visual igual ou inferior a 0,7 (da Escala Optométrica/Tabela de Snellen), em pelo menos um dos olhos, e deficiência auditiva (surdez leve, moderada e severa) podem não ter acesso à informação e à educação, caso não sejam devidamente diagnosticados e protetizados. Buscando amenizar o problema, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, por meio do Programa Nacional de Saúde do Escolar – PNSE, busca promover, em parceria com o Ministério da Saúde, a saúde dos alunos do ensino básico, por meio do desenvolvimento de ações educativas, preventivas e curativas, nas áreas de oftalmologia e otorrinolaringologia. O PNSE implementou, no exercício de 2005, a ação de Apoio à Saúde do Escolar, contemplando: • consulta, aquisição e distribuição de óculos para os alunos triados em 2003; • consulta, aquisição e distribuição de óculos para alunos com necessidades educacionais especiais; • consulta médica (Otorrinolaringologia) e fonoaudiologia (Audiometria) para alunos com necessidades educacionais especiais. Estas ações tiveram o objetivo de detectar e solucionar problemas de acuidade visual e auditiva nos alunos das primeiras séries do ensino fundamental público (1ª, 2ª e 3ª série), para garantir-lhes o acesso e a permanência em sala de aula. Em decorrência do contingenciamento orçamentário em 2004, a meta de atendimento foi refeita para 2005 e passou-se a atender um município por estado, selecionando-se aquele que apresentou maior número de alunos triados. Com o objetivo de ampliar o atendimento para beneficiar um maior número de alunos, bem como reduzir os índices de evasão escolar e de repetência, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, em 2005, atendeu, também, alunos com deficiência visual e auditiva da educação especial do Programa de Educação Inclusiva: Direito à Diversidade, da Secretaria de Educação Especial do MEC. Para atender esta ação, o FNDE disponibilizou, financeiramente, o montante de R$ 7.88 milhões, dos quais 99,97% foram executados e atenderam cerca de 112 mil alunos, distribuídos em 197 municípios. Outra estratégia de impacto para melhorar a situação de saúde e da qualidade de vida das crianças e dos adolescentes foi o lançamento, em 2003, pelos Ministérios da Saúde e da Educação, do projeto Saúde e Prevenção nas Escolas. Essa é uma estratégia articulada entre os dois ministérios, ampliadas para os demais níveis da esfera administrativa, levando para o espaço escolar a discussão sobre educação preventiva e promoção à saúde. Foram inseridas também nesse processo a UNESCO e o UNICEF, bem como organizações representativas da sociedade civil, parcerias que têm garantido o avanço no sentido do desenvolvimento de ações integradas entre educação e saúde. 33 34 O projeto piloto começou em agosto de 2003, em 84 escolas de seis municípios brasileiros. A ação foi inicialmente voltada para adolescentes e jovens de escolas públicas, com idade entre 13 e 24 anos. A partir de 2005, a ação foi estendida para estudantes a partir dos 10 anos, com o desenvolvimento de ações educativas e estratégias específicas e adequadas para a faixa etária. Outro ponto importante relacionado ao acompanhamento e avaliação do trabalho neste campo foi o fato de que, pela primeira vez, o Censo Escolar Brasileiro apresenta levantamento de informações sobre ações de prevenção das DST/Aids, realizadas em escolas de educação básica (ensino infantil, fundamental e médio). Do total de escolas que responderam ao ultimo Censo Escolar foi constatado que o tema "drogas" foi o mais abordado, com 71% de escolas realizando trabalhos nessa área. Em seguida, os temas mais abordados foram "DST/Aids" (60,4%), gravidez na adolescência (52%) e "saúde sexual e reprodutiva" (45%). A inserção de questões no Censo Escolar direcionadas para o trabalho, realizado na escola, com foco nos aspectos relacionados à saúde e prevenção as DST/Aids torna possível o acompanhamento e a definição de políticas direcionadas para o aprimoramento da ação docente e para o tratamento do assunto no projeto pedagógico das escolas. Responderam ao questionário sobre ações de prevenção das DST/ Aids e gravidez não planejada 161.679 escolas (78% do total das 207.214 escolas cadastradas no Censo). Dessas, 99% das escolas de ensino médio e 95% das escolas de ensino fundamental afirmaram trabalhar algum tema relacionado à promoção da saúde e educação preventiva. A partir das respostas foi possível conhecer as ações realizadas nas escolas de ensino fundamental e médio relacionadas as DST/Aids (68,3% delas fazem atividades nesse campo), saúde sexual e reprodutiva (50,9%), gravidez na adolescência (59,3%), drogas (80%) e outros temas (63%). Novamente, o tema drogas foi o mais abordado nas escolas. No ensino médio, 96% realizam atividades relacionadas ao tema, enquanto no ensino fundamental esse percentual é de 67,8%. Durante o ano de 2005, a equipe gestora do programa no nível federal pôde finalizar a definição do planejamento de trabalho a ser desenvolvido junto aos estados e municípios. Desta proposição de trabalho, iniciaram-se as reuniões regionais – para formação e planejamento dos grupos gestores estaduais, começando pela região Nordeste. Das reuniões regionais participam as Secretarias de Educação e de Saúde e, em alguns estados, estão envolvidas também as Secretarias de Assistência Social. Participam, ainda, as Universidades, organizações não governamentais e instituições representativas da sociedade, como é o caso da Pastoral da Juventude. Além do planejamento e início dos trabalhos nos estados, no ano de 2005 concluiu-se o Documento Referencial do Programa Saúde e Prevenção nas Escolas, já apresentado aos estados e municípios e em fase de publicação para distribuição junto às Secretarias participantes, escolas e postos de saúde. Também foi elaborado e finalizado o Guia de Formação dirigido a Professores e Profissionais de Saúde, e o Caderno para os Jovens, a ser distribuído nas escolas públicas de ensino fundamental e médio. Por fim, deve-se registrar a realização do 9 º EDUCAIDS – Encontro de Educadores para prevenção das DST/AIDS, promovido pela Associação para Prevenção e Tratamento as DST/Aids - APTA –, com apoio e participação dos Ministérios da Saúde e da Educação, do qual participaram cerca de 1.000 professores e agentes de saúde. Também durante o ano de 2005, foi firmado um acordo entre Brasil e Moçambique visando à cooperação e o intercâmbio de professores dos dois Países, no sentido de oferta de curso de extensão, oferecido pela Universidade de Brasília, para professores de ensino fundamental e médio brasileiros e moçambicanos a serem realizados em Moçambique e no Brasil. O objetivo do curso é a formação de recursos humanos qualificados para o ensino e intervenção no campo da promoção da saúde sexual e reprodutiva e prevenção do HIV/Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, na perspectiva das políticas sociais integradas para Educação e Saúde. A primeira etapa do curso ocorreu em Maputo (Moçambique), em fevereiro de 2006, e sua conclusão acontecerá em novembro deste mesmo ano, em Brasília. A atuação do Ministério de Educação no Programa de Saúde e Prevenção nas Escolas assume particular importância uma vez que o contato direto Compromisso I entre a escola e os jovens torna concreta a criação de uma rede de informações que permite ampliar o conhecimento e a formação de hábitos e valores relacionados às questões que hoje atingem parte significativa da população jovem brasileira, tais como o uso indevido de drogas, a gravidez não planejada e a prevenção às DST/Aids. Por fim, considerando o elevado índice de óbitos de adolescentes e jovens por causas externas, as ações do Programa Atenção à Saúde da População em Situações de Violências e Outras Causas Externas são de fundamental importância para o alcance do desafio de prestar atenção à saúde e ao desenvolvimento da criança e do adolescente. O programa, no âmbito deste desafio, tem como prioridade a estruturação da Rede Nacional de Prevenção da Violência em estados e municípios. Para tanto, no ano de 2005, firmou-se duas importantes parcerias a saber: com a Secretaria Especial de Direitos Humanos, na implementação do Plano de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes – PAIR -, nos municípios de Fortaleza e de Belo Horizonte e com a Área Técnica da Saúde da Mulher, na implementação das redes de atenção às mulheres e adolescentes vítimas de violência em 18 municípios/estados e na realização de 08 seminários de qualificação dos profissionais que atuam nas principais maternidades do País. 35 36 Desafio 5: Ampliação do acesso ao Saneamento e à Água Potável de Qualidade. Objetivo: Modificar a realidade do acesso ao saneamento e à água de qualidade. Quadro 05● Metas. Situação Inicial 2000 Indicadores Metas 2007 ● % de famílias sem acesso à rede de distribuição de água (Ministério das Cidades, IBGE, Censo 2000) 19,1 % 15,0 % ● % de famílias sem acesso à fossa séptica (Ministério das Cidades, IBGE, Censo 2000) 23,3 % 18,0 % ● % de famílias sem acesso a coleta de esgotos (Ministério das Cidades, IBGE, Censo 2000) 36,0 % 31,0 % Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. Com o objetivo de modificar a realidade do acesso ao saneamento e à água de qualidade no País, foi efetivado um conjunto de ações voltadas para ampliar o alcance e melhorar a qualidade desses serviços. Para corrigir as distorções existentes, contemplaram-se, também, ações de saneamento ambiental especialmente voltadas para os municípios de menor porte e para as áreas rurais, assim como para os assentamentos, os quilombos, as reservas extrativistas e as áreas indígenas. Vale ressaltar, ainda, as estratégias que visam a garantir o acesso fácil à água pelas populações do semi-árido. A responsabilidade pela implementação das ações elencadas no Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente no desafio referente à ampliação do acesso ao saneamento e à água potável de qualidade é do Ministério das Cidades, do Ministério da Saúde/Funasa e do Ministério da Integração Nacional. Dados de contexto A política de saneamento implementada no final dos anos 60 e início dos anos 70, no Brasil, alcançou êxitos significativos em relação ao aumento da cobertura dos serviços de água, uma vez que os índices de atendimento elevaram-se a um patamar de aproximadamente 90% da população urbana. Este aumento da cobertura ocorreu em um período de acentuada urbanização do País, o que demonstra o resultado exitoso da política implementada. Entretanto, os resultados em relação aos serviços de esgotamento sanitário foram bem distintos. As informações do Censo 2000 demonstram que os serviços de esgotamento sanitário são fornecidos para apenas 56% da população urbana. A tabela abaixo demonstra a evolução da cobertura dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário desde 1970. Compromisso I 37 Tabela 09 �� ●�Evolução da Cobertura dos Serviços de Água e Esgotos no Brasil (percentual de domicílios urbanos ou rurais). 1970 Indicadores Água - domicílios urbanos - rede de distribuição - domicílios rurais - rede de distribuição Esgoto Sanitário - domicílios urbanos - domicílios urbanos - domicílios rurais - domicílios rurais - - - - rede de coleta fossas sépticas rede de coleta fossas sépticas 1980 1990 2000 60,5 2,6 79,2 5,0 86,3 9,3 89,8 18,1 22,2 25,3 37,0 22,9 1,4 7,2 47,9 20,9 3,7 14,4 56,0 16,0 3,3 9,6 Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1970, 1980, 1990 e 2000. Os aumentos de cobertura na década 19902000 foram nitidamente inferiores àqueles exibidos nos períodos anteriores. Desta forma, naquela época, o Brasil possuía 3,8 milhões de domicílios urbanos que não tinham acesso aos serviços de abastecimen- to de água por rede e 16,4 milhões que não tinham acesso aos serviços de coleta de esgotos sanitários por rede geral ou pluvial. A tabela abaixo mostra o percentual de domicílios que não possuíam acesso aos serviços por região. Tabela 10 ●Quadro das Deficiências de Acesso aos Serviços de Água e Esgotos (por Região e Brasil – 2000). Regiões Percentual de Domicílios sem Rede geral de abastecimento de água urbano Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil rural 37.5 14.5 5.4 6.6 17.6 10.2 Percentual de Domicílios sem esgotos sanitários (rede e fossa) urbano 90.2 81.3 77.8 81.8 89.3 81.9 rural 53.3 49.0 12.2 27.4 54.1 28.0 93.6 94.6 76.1 77.0 94.0 87.1 Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000. Em anos recentes, o volume de recursos mobilizado para a realização de investimentos no setor não tem sido suficiente para resolver as deficiências de cobertura. A tabela abaixo demonstra o volume de recursos mobilizados pelos prestadores de serviços na realização de investimentos em água e esgotos, no período 1996-2000. Constata-se que nos anos de 1999 e 2000 os recursos destinados aos investimentos retrocederam, aproximadamente, ao nível dos investimentos mobilizados no ano de 1996. Tabela 11 ● Evolução dos Investimentos Realizados em Água e Esgotos (pelos Prestadores de Serviços). Ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Investimentos Realizados em R$ milhões correntes Água (1) Esgotos (2) 835,6 1.295,0 1.708,1 907,5 1.003,9 926,0 1.057,3 866,0 1.108,5 Total (1) + (2) 756,1 1.339,6 1.443,6 805,7 972,6 1.153,1 1.160,7 1.228,4 1.416,6 Fonte: SNIS – Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004. 1.591,7 2.634,6 3.151,7 1.713,2 1.976,5 2.079,1 2.218,0 2094,4 2.525,1 38 Em relação a recursos oriundos das fontes tradicionais de investimento do setor, tais como o FGTS e OGU – Orçamento Geral da União, no período de 1995-1998, foram contratados investimentos da ordem de R$ 5,3 bilhões nos principais programas federais de saneamento básico. Do total do investimento, R$ 2,7 bilhões foram financiados com recursos do FGTS, R$ 1,2 bilhão pelo OGU (incluindo empréstimos externos) e R$ 1,4 bilhão proveniente de contrapartida. No biênio 1999-2000, não foram firmados novos contratos de financiamento com entidades públicas com recursos oriundos do FGTS. Políticas, Programas e Estratégias O Art. 21 da Carta Magna estabelece que é competência da União definir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive na área de saneamento básico, devendo legislar sobre: • as diretivas, dentro dos quais deverão ser prestados os serviços, isso é a definição:do que são os serviços e como, em sua essência, devem ser prestados aos usuários; • a instituição de uma Política Nacional de Saneamento Básico, que busca atrair a adesão voluntária dos entes federados, de forma a viabilizar o planejamento integrado e a busca da melhoria e da universalização dos serviços. Cumpre destacar que a União não atua como poder concedente e/ou operador do serviço de saneamento básico, cabendo aos Estados, Distrito Federal e Municípios e suas concessionárias, ou permissionárias e/ou às autorizadas a execução das ações. Com base no que estabelece o texto constitucional, o governo federal elaborou o Projeto de Lei nº 5.296/05, do Saneamento Básico. O PL 5.296/05 institui as diretrizes para os serviços públicos e a Política Nacional de Saneamento Básico, bem como resgata o pacto federativo e incentiva a cooperação, a solidariedade e a colaboração entre os entes federados. Além disso, estabelece diretrizes gerais, aplicáveis a todos os serviços de saneamento básico, diretrizes específicas sobre cada uma de suas modalidades (abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e de águas pluviais urbanas), e estabelece critérios sobre planejamento, regulação e fiscalização, para a complementaridade de serviços e a delegação de aspectos econômico-financeiros (critérios para a definição de tarifas). Também prevê subsídios cruzados de forma transparente, ao mesmo tempo em que resgata os direitos dos usuários e dos cidadãos, com destaque para a fiscalização e permanente informação sobre os serviços. De outra parte, o governo federal apóia as ações de saneamento básico através de seus Programas específicos, que constam do Plano Plurianual e por conseqüência das Leis Orçamentárias Anuais. Evidentemente, cada Programa possui o seu manual, onde estão definidos o que pode ser apoiado, os critérios de habilitação, seleção e hierarquização das propostas e, em alguns casos, são efetuadas Seleções Públicas, com critérios que visam a atender as parcelas mais desfavorecidas de todas as Unidades Federativas. Estes critérios são, por exemplo, IDH, níveis de atendimento dos serviços, indicadores como infestação de aedys e malária e o número da população atendida com renda menor que 3 (três) salários mínimos. O apoio pode ser efetuado com transferências voluntárias (recursos fiscais) da União aos demais entes federados, tendo origem em emendas parlamentares ou na seleção dos diversos projetos com os recursos orçamentários livres de cada Ministério. O apoio também pode ocorrer por meio de recursos onerosos, através dos Fundos Públicos (FGTS e FAT) ou mesmo por Acordos de Empréstimos Internacionais, tomados pela União e repassados aos demais entes federados a “fundo perdido”. No exercício de 2003, a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades empenhou-se em promover a coordenação das iniciativas de saneamento no âmbito do Governo Federal, uma vez que anteriormente essas iniciativas estavam dispersas em 80 ações, de 24 programas, sob a responsabilidade de oito Ministérios e de duas Instituições Financeiras da União. Com a constituição de um Grupo Interministerial para discutir as políticas para o setor saneamento, criaram-se as condições para o estabelecimento de um mecanismo de atuação cooperativo entre os órgãos intervenientes, culminando na execução sob gestão colegiada e centralizada de cinco Programas unificados de saneamento ambiental no PPA 20042007, com execução descentralizada. Este Modelo Compromisso I de Gestão está sendo consolidado e aprimorado de forma a qualificar e potencializar, cada vez mais, os benefícios dos investimentos efetuados com os recursos federais. O Grupo de Trabalho também definiu as regras de atuação e as incumbências de cada Ministério, tendo como foco três eixos principais, a saber: (i) Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário; 39 (ii) Resíduos Sólidos; e (iii) Drenagem Urbana Sustentável. De 2003 a 2005, a União comprometeu e desembolsou os seguintes valores (recursos onerosos e orçamentários) com iniciativas de saneamento: Tabela 12 ● Recursos Federais. 2003 2004 2005 Total Comprometidos 2.188.677.640,81 3.472.049.587,03 2.048.522.415,25 7.709.249.643,09 Desembolsados 739.002.207,01 941.558.631,53 1.359.727.795,25 3.040.288.633,79 Fonte: Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental/MCIDADES. Tabela 13 ● Origem dos Recursos Federais (R$). Comprometidos Desembolsados Financiamento 4.039.597.738,95 987.758.762,83 Orçamentário 3.669.651.904,14 2.052.523.858,96 52,40% 32,49% % 47,60% 67,51% Fonte: Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental/MCIDADES. Esses valores envolvem o orçamento de todos os Ministérios que possuem e executam ações de saneamento ambiental. Eles demonstram que os esforços para retomar as contratações nas ações de sa- neamento são uma realidade, que refletirá benefícios diretos para a população. Segue no quadro abaixo a divisão por Unidade da Federação dos valores disponibilizados pela União no período de 2003 a 2005. Tabela 14 ● Valores disponibilizados pela União no período de 2003 a 2005 (por unidade da federação). UF Acre Amapá Amazonas Pará Rondônia Roraima Tocantins REGIAO NORTE Alagoas Bahia Ceará Maranhão Paraíba Pernambuco Piauí Rio Grande Norte Sergipe REGIAO NORDESTE Espírito Santo Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo Contratação 50.060.723,11 37.701.976,71 145.769.232,80 240.280.094,28 63.936.882,45 22.672.152,90 56.682.455,01 617.103.517,26 136.251.550,55 395.486.546,43 442.688.104,80 319.502.196,66 432.727.190,64 293.592.558,25 226.521.052,18 279.596.758,93 243.224.593,62 2.769.590.552,06 127.614.517,34 898.229.578,27 274.878.385,83 1.212.097.443,46 % 0,65% 0,49% 1,89% 3,12% 0,83% 0,29% 0,74% 8,00% 1,77% 5,13% 5,74% 4,14% 5,61% 3,81% 2,94% 3,63% 3,15% 35,93% 1,66% 11,65% 3,57% 15,72% Desembolso 13.767.266,06 9.207.233,79 29.590.526,59 74.350.660,20 35.111.226,19 17.180.705,47 41.224.146,11 220.431.764,41 73.850.160,22 256.234.325,24 248.811.781,24 67.269.377,20 144.101.496,65 190.834.974,34 159.235.882,79 86.087.875,40 135.651.773,23 1.362.077.646,31 26.080.715,99 318.095.398,68 122.240.483,12 263.007.122,26 % 0,45% 0,30% 0,97% 2,45% 1,15% 0,57% 1,36% 7,25% 2,43% 8,43% 8,18% 2,21% 4,74% 6,28% 5,24% 2,83% 4,46% 44,80% 0,86% 10,46% 4,02% 8,65% 40 REGIAO SUDESTE Paraná Rio Grande Sul Santa Catarina REGIAO SUL Distrito Federal Goiás Mato Grosso Mato Grosso Sul REGIAO CENTRO-OESTE TOTAL GERAL 2.512.819.924,90 565.656.932,27 92.529.117,48 155.339.629,82 813.525.679,57 434.553.308,73 303.753.878,86 142.881.880,25 115.020.901,46 996.209.969,30 7.709.249.643,09 32,59% 7,34% 1,20% 2,01% 10,55% 5,64% 3,94% 1,85% 1,49% 12,92% 100,00% 729.423.720,05 121.751.487,09 26.985.806,97 52.916.115,17 201.653.409,23 289.089.701,26 97.478.648,70 67.986.222,13 72.141.509,70 526.696.081,79 3.040.282.621,79 23,99% 4,00% 0,89% 1,74% 6,63% 9,51% 3,21% 2,24% 2,37% 17,32% 100,00% Fonte: Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental/MCIDADES. É importante ressaltar que nesses valores ainda não estão inclusas as operações habilitadas na 1ª Fase da Seleção Pública do Programa Saneamento Para Todos (FGTS e FAT), concluída em dezembro de 2005 e que estão em fase de contratação, com o orçamento daquele exercício e cujos empréstimos podem ser assim resumidos: Tabela 15 ● Resumo de Empréstimos em Contratação com Recursos do FGTS e FAT – Orçamento 2005. Mutuários Mutuários Privados Públicos 473.007.529,10 0,00 813.218.950,70 259.400.000,00 229.949.026,60 0,00 56.088.422,40 0,00 20.748.739,20 91.885.617,30 1.593.012.668,00 351.285.617,34 Modalidade Abastecimento de Água Esgotamento Sanitário Saneamento Integrado Desenvolvimento Institucional Manejo de Resíduos Sólidos Total Total 473.007.529,10 1.072.618.950,70 229.949.026,60 56.088.422,40 112.634.356,54 1.944298.285,34 Fonte:Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental/MCIDADES. O Ministério das Cidades, em 2005, efetuou contratações para o setor de saneamento com recursos não onerosos no valor de R$ 792.347.335,68 e com financiamentos no valor de R$ 33.905.069,75. Esta última sem contar com os valores citados acima, que ainda estão em fase de contratação. Estudo realizado pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental indica que, para universalizar-se os serviços de abastecimento de água e esgo- tamento sanitário nas áreas urbanas e rurais do Brasil, seria necessário 0,45% do PIB durante 20 anos. O quadro abaixo demonstra que, apesar da União estar investindo significativamente mais do que os dois governos anteriores, este esforço ainda não é suficiente para atingirmos a universalização no prazo de 20 anos. Se continuar os mesmos índices de investimentos, este prazo será muito superior. Tabela 16 ● Investimentos em Saneamento 2003 a 2005. 2.135.804.119 % do PIB 0,14 1.976.600.000 4.112.404.119 2003 Valores em R$ Contratação União Investimento dos Operadores* TOTAL 3.783.109.871 % do PIB 0,24 0,13 1.846.400.000 0,26 5.629.509.871 2004 Valores em R$ 2.033.563.515 % do PIB 0,13 0,12 1.846.400.000 0,12 0,36 3.879.963.515 0,25 2005 Valores em R$ Fonte: Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental/MCIDADES. *Para o ano de 2005 foi repetido o valor de 2004, uma vez que o SNIS 2005 não está disponível. * Não estão consideradas as operações do Programa Saneamento Para Todos – 2005, cujos valores encontram-se na Tabela 7, e cujos contratos estão sendo firmados no exercício de 2006. Compromisso I É obvio que, este esforço não deve ser efetuado apenas pela União, mas por todos os entes federados e também pelas operadoras dos serviços, sejam públicas ou privadas, pois afinal esses serviços possuem valor econômico. 41 e 19.425.903 (43,9%) não possuem rede coletora de esgotos. Observa-se, portanto, que a meta do milênio em relação ao abastecimento de água urbano é facilmente atingível, não importando se for a meta de 1/3 dos que não possuem, em 2010, ou 50% dos que não possuem em 2015. O mesmo não ocorre em relação ao esgotamento sanitário, para o qual são necessários investimentos maciços. Outro fator muito importante a ser levado em conta é a baixa capacidade de endividamento de grande parte dos operadores dos serviços, o que os impede de tomar novos empréstimos, situação que reflete também a baixa eficiência na gestão dos serviços. Na tabela a seguir está demonstrado que, mesmo com todos os percalços, os níveis de cobertura de abastecimento de água e esgotamento sanitário vem aumentando aproximadamente 1% ao ano, desde 1993. Segundo a PNAD 2004, o número de domicílios urbanos não atendidos com canalização interna e rede geral de água totaliza 2.135.099 (4,9%) Tabela 17 ● Evolução do Atendimento PNAD 1993 a 2004 - Brasil. Característica Ano 1993 Valores Abastecimento de Água Esgotamento sanitário Abs TOTAL DE DOMICÍLIOS Rede geral Outra forma Rede coletora Fossa séptica Outro Não tinha m/Se m declaração Características Abastecimento de Água Ano Valores TOTAL DE DOMICÍLIO Outra forma Esgotamento sanitário Rede coletora Fossa séptica Outro Não tinha m/Se m declaração Abs 2002 Rel 2003 Abs Rel Abs Rel 36.957.963 100,00 42.851.326 100,00 47.558.659 100,00 49.142.171 100,00 27.710.268 9.247.695 74,98 25,02 34.187.175 8.664.151 79,78 20,22 38.979.037 8.574.826 82,00 18,00 40.547.797 8.594.374 82,51 17,49 14.381.852 38,91 18.679.655 43,59 22.086.698 46,40 23.565.769 47,95 7.305.679 17,77 9.015.342 21,04 10.304.084 21,70 10.306.541 20,97 10.501.558 28,41 11.518.462 26,88 11.951.390 25,10 12.343.448 25,12 4.768.874 12,90 3.637.867 8,49 3.211.052 6,80 2.926.413 5,95 2004 Abs Rede geral 1999 Rel Rel Incremento Abs Rel 50.956.357 100,00 13.998.394 100,00 42.413.615 83,20 14.703.347 53,06 8.542.742 16,80 -704.953 -7,62 24.849174 48,80 10.467.322 72,78 10.624.333 20,80 3.318.654 45,43 12.741.500 25,00 2.239.942 21,33 2.738.675 5,40 -2.030.199 -42,57 Box 10 • Projeto Água na escola. O Ministério da Saúde, por meio da FUNASA, desenvolveu o Projeto “Água na Escola”, que consta da iniciativa de Saneamento Rural, cujo objetivo é a implantação de abastecimento de água e instalações hidrossanitárias em Escolas Públicas Rurais. Para o exercício de 2005, a meta era atender 360 escolas rurais, com recursos orçamentários na ordem de R$ 9 milhões (para investimento), sendo que foram empenhados 99,9%, com previsão para atendimento de 252 escolas, atingindo 70% da meta, beneficiando cerca de 33 mil alunos do ensino fundamental. 42 Provendo Educação de Qualidade Objetivo: Garantir o acesso à escola de qualidade. Compromisso II Compromisso II: Provendo Educação de Qualidade. Objetivo: Garantir o acesso à escola de qualidade . O relatório da 27ª Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas sobre a Criança afirma que “a educação é um direito humano e um fator fundamental para reduzir a pobreza e o trabalho infantil e promover a democracia, a paz, a tolerância e o desenvolvimento”1. Na mesma perspectiva, o governo federal entende que “o acesso a um ensino de qualidade é um direito de todo cidadão e a base para uma sociedade democrática e igualitária”2. O compromisso II trata deste direito humano que é a educação de qualidade, cobrindo os desafios, a saber:(i) Expansão e melhoria da educação infantil;(ii) Ampliação da educação básica de qualida- de; (iii) Alfabetização de jovens e adultos. O governo federal declarou o ano de 2005 como o Ano da Qualidade da Educação. Estabeleceu uma agenda de ações para melhorar a qualidade da educação básica, envolvendo desde a criação de um Sistema de Formação de Professores até o encaminhamento para votação da proposta do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, o Fundeb. A seguir, cada desafio é exposto com a descrição do que foi feito para se obter avanços nas diferentes áreas. 1� Um mundo para as Crianças. Relatório da Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas sobre a Infância. 2002 Item 38, p. 38. 2� Educação ��������� ��������������������� Básica. 2005: Ano da ������������������������������������� Qualidade da Educação. MEC, 2005, p. �� 3. 43 44 Desafio 1: Expansão e Melhoria da Educação Infantil. Quadro 01• Metas. Indicadores Situação Inicial 2002 (%) ●taxa de freqüência à escola da população de 0 a 6 anos IBGE/Pnad Metas 2007 (%) 35,00 65,00 2,59 5,00 ●razão entre matrícula pública /privada na educação infantil (MEC - INEP - Censo Escolar) Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. A educação infantil é um direito de toda criança de zero a seis anos e uma obrigação do Estado (art. 208, IV da Constituição Federal), além de ser um direito dos pais trabalhadores a utilização desse serviço para seus filhos e/ou dependentes. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), lei nº 9.394 de 1996, ela é considerada a primeira etapa da educação básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Este desafio diz respeito à ampliação da inclusão escolar das crianças de 0 a 6 anos, de forma que a taxa de freqüência à escola passe dos 35% (IBGE/ PNAD) registrados em 2002 para 65% em 2007, juntamente com a melhoria da qualidade do atendimento nas instituições de educação infantil (creches e préescolas). Dados de Contexto A evolução dos indicadores da educação infantil que compõem o Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente deu-se conforme o quadro a seguir: Quadro 02 • Evolução dos Indicadores do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente - Expansão e Melhoria da Educação Infantil. Indicadores Situação Inicial (%) 2002 ● taxa de freqüência à escola da população de 0 a 6 anos (IBGE/Pnad) ● razão entre matrícula pública /privada na educação infantil (MEC - INEP - Censo Escolar ) Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. Situação 2004 (%) 40,2 2,59 2,47 Compromisso II Embora a oferta de vagas na educação infantil venha crescendo no País3, o percentual de atendimento ainda é extremamente baixo. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2004, apenas 40,2% do total de crianças com idade entre 0 a 6 anos de idade4 45 freqüentavam uma instituição de educação infantil ou de ensino fundamental. Quando considerada a população de 4 a 6 anos, a taxa de freqüência à instituição aumenta bastante, chegando a 70,5%. Entretanto, ao considerar apenas a faixa etária de 0 a 3 anos, observa-se que somente 13,4% das crianças nesta faixa freqüentavam creche. Tabela 01 •Taxa de Atendimento (Freqüência à Escola ou Creche) por Grupos de Idade - 2004. 0 a 6 anos 40,2 0 a 3 anos 13,4 4 a 6 anos 70,5 4 e 5 anos 61,5 6 anos 88,5 Fonte: IBGE/PNAD 2004. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE. Embora não seja possível fazer a comparação da taxa de atendimento de 2004 com o ano seguinte, considerando que os dados da PNAD/2005 ainda não estão disponíveis, pode-se observar a ampliação deste atendimento nas taxas de matrícula coletadas no Censo Escolar. Tabela 02 •Educação Infantil - Matrícula por Dependência Administrativa e Razão entre Matrícula Pública/ Privada - Brasil - 2004/2005. Nível de Ensino Ano Total Geral Pública Federal Estadual Total Municipal Privada Pública/ Privada Educação Infantil 2004 2005 6.903.762 7.205.013 4.915.945 5.156.467 2.358 2.561 292.606 266.265 4.620.981 4.887.641 1.987.817 2.048.546 2,5 2,5 Pré-Escola 2004 2005 2004 2005 5.555.525 5.790.670 1.348.237 1.414.343 4.071.879 4.277.350 844.066 879.117 1.637 1.668 721 893 277.613 249.001 14.993 17.264 3.792.629 4.026.681 828.352 860.960 1.483.646 1.513.320 504.171 535.226 2,7 2,8 1,7 1,6 Creche Fonte: MEC/Inep. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE. Enquanto em 2004 eram 6,9 milhões de crianças matriculadas em uma instituição de educação infantil, em 2005 este número subiu para 7,2 milhões, o que significa um aumento de 4,4%. Tabela 03 • Variação % da Matrícula da Educação Infantil por Dependência Administrativa – Brasil 2004/2005. Nível de Ensino Variação % 2004/2005 Total Geral Total Federal Estadual Municipal Privada Educação Infantil 4,4 4,9 8,6 -9,0 5,8 3,1 Pré-Escola 4,2 5,0 1,9 -10,3 6,2 2,0 Creche 4,9 4,2 23,9 15,1 3,9 6,2 Fonte: MEC/Inep. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE. Considerando o crescimento médio observado na taxa de freqüência à escola e creche das crianças de 0 a 6 anos de idade, no período de 2002 - 2004, que estava em torno de 7%, pode-se concluir que será difícil alcançar a meta de 65% do Plano até o ano de 2007. Se considerarmos apenas as crianças de 4 a 6 anos, é provável que o atendimento para esta faixa etária alcance aproximadamente 77%. A grande 3����������� Segundo o Censo ���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Escolar, O número de matrículas em creches aumentou de 1.093.347 em 2001 para 1.348.237 em 2004, e em pré-escolas, de 4.421.332 em 2000 para 5.555.525 em 2004. 4����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Segundo a PNAD, a população de 0 a 3 anos somava cerca de 11,5 milhões de crianças, em 2004, e a população de 4 a 6 anos 10,2 milhões. 46 preocupação está no atendimento à faixa etária de 0 a 3 anos, tendo em vista que, permanecendo a tendência atual, a freqüência à creche em 2007 ficará em torno de 20%. Outra meta do Plano com relação à educação infantil refere-se à razão entre a matrícula na rede pública e privada. Conforme os dados apresentados acima, a matrícula na educação infantil é maior na rede pública de ensino, com destaque para a esfera municipal. Isto acontece em decorrência da prioridade constitucional de atuação dos municípios, depois do ensino fundamental, e da pressão da demanda sobre os governos municipais, em função da maior proximidade junto às famílias. Comparando os dados de 2004 com 2005, observa-se que o aumento na matrícula foi maior na rede pública do que na privada, exceto no sistema estadual onde a matrícula diminuiu na pré-escola devido à municipalização desse atendimento. Mesmo assim, a razão entre a matrícula pública e privada não se modificou - mantendo-se em 2,5 -, sendo que na creche é menor do que na pré-escola, o que evidencia que o atendimento para as crianças menores está menos concentrado na rede pública. Este fato deve-se à presença significativa das instituições não governamentais, sem fins lucrativos, neste atendimento. A tabela a seguir, elaborada a partir dos dados da PNAD, confirma a maior concentração do atendimento na rede pública e a baixa cobertura às crianças de 0 a 3 anos. Embora o atendimento em instituições públicas seja maior do que nas privadas, representando 57,1% do total, a cobertura alcançava apenas 7,6% da população de 0 a 3 anos, em 2004. Esse percentual é significativamente menor do que o observado na cobertura pela rede de ensino pública para as crianças de 4 a 6 anos, que abrangia 51,8% do total de crianças nesta faixa etária, no mesmo ano. Tabela 04 •Taxa de atendimento escolar da população de 0 a 6 anos, por rede de ensino – 2004. Pública Particular 0 a 3 anos 7,6 5,8 4 a 6 anos 51,8 18,7 (57,1%) (42,9%) (73,4%) (26,5%) Fonte: IBGE/PNAD 2004. Tabela elaborada pelo IPEA/Disoc. Nota: os percentuais entre parênteses representam a distribuição do atendimento pelas redes pública e privada em relação ao total. Entretanto, mesmo que a cobertura esteja mais concentrada na área pública, o percentual de crianças nesta faixa de idade, que freqüentam um estabelecimento educacional (creche, pré-escola ou ensino fundamental), é bem maior entre as famílias com renda mais alta. Segundo dados da PNAD (IBGE, 2004), na faixa etária de 0 a 3 anos, apenas 8,5% das crianças procedentes de famílias que recebem até ½ salário mínimo estavam freqüentando uma creche, para um percentual de 35,3% das crianças provenientes de famílias com mais de 3 salários mínimos. Na faixa de 4 a 6 anos, embora a situação seja bem me- lhor, a diferença das taxas de escolarização entre as crianças de rendas salariais diferentes continua marcante: até ½ salário mínimo, a taxa de escolarização é de 63,1% e com mais de 3 salários mínimos, sobe para 92,2% (ver quadro abaixo). O baixo nível socioeconômico das famílias com crianças de 0 a 6 anos no País evidencia a necessidade de implementação de políticas públicas voltadas para a melhoria das condições de vida das crianças desta faixa etária. Tabela 05 • Taxa de freqüência à escola por faixas de renda domiciliar per capita - 2004. População de 0 a 3 População de 4 a 6 Até 1 /2sm 8,5 63,1 Fonte: IBGE/PNAD 2004. Tabela Elaborada pelo IPEA/Disoc. De 1/2 a 2sm 15,5 74,6 De 2 a 3sm 25,7 88,5 A partir de 3sm 35,3 92,2 Total 13,4 70,5 Compromisso II No que diz respeito à qualidade do atendimento existente, dados dos últimos Censos Escolares revelam como uma parte expressiva das instituições não conta com as condições mínimas de funcionamento definidas na legislação. Por outro lado, temse ainda uma quantidade indefinida de instituições funcionando à margem dos sistemas educacionais, alheias aos mecanismos de supervisão e sequer identificadas nas estatísticas oficiais. Um quesito importante na questão da qualidade da educação diz respeito à formação dos pro- 47 fessores. A LDB definiu que, para atuar na Educação Infantil, os professores deveriam ter nível superior, mas que, no entanto, a formação mínima poderia ser a oferecida em nível médio, na modalidade normal. Apesar disso, até hoje, estas diretrizes não são cumpridas nacionalmente. As informações do Censo Escolar de 2004 mostram não só que o nível de escolaridade e qualificação desses profissionais está abaixo do patamar exigido na legislação como também que é diferenciado quando se trata de creches ou de préescolas. Tabela 06 • Número de docentes sem habilitação para o magistério na Educação Infantil - 2004 (solicito atenção na formatação dessa tabela, pois ao diminuir o espaço das linhas omitem-se algumas palavras). Fundamental Tipo de Estabelecimento (1º Grau) Incompleto Completo Nível de Escolaridade dos Docentes Médio Superior (2º Grau) (3º Grau) Outra Completo sem Magistério Licenciatura Formação Licenciatura Completo Completa Creches % Pré-escola % Total 1.664 2,21 1.551 0,53 3.215 3.799 5,05 5.426 1,85 9.225 44.119 58,61 171.112 58,26 215.231 7.777 10,33 12.684 4,32 20.461 Completa 14.010 18,61 85.775 29,21 99.785 Total Com Sem Magistério Magistério 3.188 4,24 15.046 5,12 18.234 718 75.275 0,95 20% 2.104 293.698 0,72 80% 2.822 368.973 Fonte: MEC/Inep. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE. Enquanto na pré-escola 2,3% das funções docentes eram ocupadas por professores que possuíam apenas nível fundamental, 62,6% com nível médio e 35% com nível superior, na creche 7,26% das funções eram ocupadas por professores que possuíam apenas ensino fundamental, 68,9% nível médio e 23,8% nível superior. Considerando-se que, dentre essas instituições que funcionam à margem dos sistemas educacionais, há algumas que sequer participam dos dados estatísticos, não respondendo ao Censo Escolar, conclui-se que o contingente de funções preenchidas por pessoal não habilitado é bem maior. Além disso, há variação significativa nesses percentuais entre as regiões e as unidades da federação. Vários fatores contribuem para os baixos índices de atendimento e de qualidade. Um deles diz respeito à inclusão recente deste atendimento na educação. Somente a partir da Constituição Federal de 1988, a educação infantil foi considerada dever do Estado e direito da criança e dos pais para seus filhos e dependentes. Somente em 1996, deu-se início a sua regulamentação por meio da LDB. Embora essa Lei tenha fixado o prazo de três anos, a contar da data de sua publicação, para que as creches e pré-escolas existentes ou a serem criadas fossem integradas aos respectivos sistemas de ensino, isto ainda não aconteceu com todas elas. A integração pressupõe o cumprimento de normas dos sistemas de ensino, os quais têm o papel não só de elaborá-las, como também de orientar e supervisionar as instituições para que essas normas sejam cumpridas. Essas normas dizem respeito tanto à infra-estrutura como aos aspectos pedagógicos e são imprescindíveis para melhorar a qualidade do atendimento. Um outro fator diz respeito à não obrigatoriedade desta etapa educacional. A educação infantil 48 não se caracteriza como um direito subjetivo da criança, como é o ensino fundamental. Acionar o poder público para garantir uma vaga em uma creche ou pré-escola pública pode ou não resultar em uma decisão judicial positiva. Por outro lado, é uma opção das famílias colocar ou não uma criança de zero a cinco anos em uma instituição de educação infantil. Tudo isto diminui o poder de pressão sobre os dirigentes. O outro fator refere-se à influência histórica deste atendimento que assumiu durante muito tempo um caráter assistencialista, principalmente no que diz respeito às crianças de 0 a três anos de idade. A criança foi tradicionalmente vista a partir de suas carências e não a partir de suas possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem. Até pouco tempo atrás, não era encarada como uma cidadã de direitos, um ser social histórico inserido numa cultura. A inversão nesta forma de conceber a criança vem acontecendo graças a estudos realizados pela psicologia, sociologia, antropologia e educação. Vinculada a este aspecto, existe a concepção de que a educação da criança desta faixa etária é uma questão menor. Vários estudos, no entanto, têm mostrado a importância dos primeiros anos de vida no desenvolvimento humano e os impactos positivos do acesso a uma instituição educacional de qualidade nesse período, principalmente para as crianças oriundas de famílias de baixa renda. A menor qualificação dos professores que atuam na creche em relação aos que trabalham na pré-escola é coerente com esse percurso histórico da educação infantil, já que a creche teve início e expandiu-se na área da assistência social, sem exigência de um profissional com uma habilitação específica. Por outro lado, a pré-escola surgiu e desenvolveu-se na área educacional demandando profissionais habilitados para o exercício do magistério. Como conseqüência dos fatores acima, a indefinição, em nível nacional, de uma fonte de recursos para a área contribui sobremaneira para os baixos índices de atendimento e de qualidade. Todo este quadro evidencia a necessidade de que sejam implementadas políticas públicas voltadas para a melhoria das condições de acesso à escola para as crianças de 0 a 6 anos e da qualidade desse atendi- mento. De acordo com os dispositivos constitucionais e com a LDB, cabe aos municípios a responsabilidade prioritária de oferta de Educação Infantil, mas é necessária uma ação conjunta dos governos, nas instâncias federal, estadual e municipal, e a parceria com a sociedade para conseguir mudanças efetivas na área. Políticas, Programas e Estratégias Política Nacional de Educação Infantil Em 2005, foi publicado e amplamente divulgado o documento Política Nacional de Educação Infantil: pelo direito das crianças de zero a seis anos à Educação. Este documento consolida as sugestões resultantes dos vários debates ocorridos nas reuniões, encontros e seminários regionais realizados nos anos de 2003 e 2004, com secretarias e conselhos de educação e entidades representativas da área. Desde então, o documento tem sido utilizado como instrumento para discussão e implementação dessa política. Por outro lado, as diretrizes, objetivos, metas e estratégias que compõem essa Política estão em consonância com o Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. Assim, as iniciativas realizadas no ano de 2005 fazem parte do processo de implementação da Política Nacional para a área e visam atender ao desafio relativo à Expansão e Melhoria da Educação Infantil. As ações realizadas para essa etapa da Educação Básica envolvem os seguintes Programas do Plano Plurianual relativo ao ano de 2005: Desenvolvimento da Educação Infantil (1065), Valorização e Formação de Professores e Trabalhadores da Educação Básica (1072) e Gestão da Política de Educação (1067). O primeiro programa é uma ampliação do Programa Primeira Infância com o objetivo de aglutinar as ações específicas da educação infantil que visam sua expansão e melhoria, sem fragmentálas em creches e pré-escolas. A ampliação do atendimento às crianças de zero até seis anos de idade é uma meta do Plano Nacional de Educação e um dos objetivos da Política para a área. Para que seja atingida, é necessário o envolvimento de todas as esferas administrativas, embora seja uma responsabilidade dos municípios. Para isto, o governo propôs a substituição do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) pelo Compromisso II Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Diferentemente do primeiro, que atende somente o ensino fundamental, o Fundeb inclui a educação infantil e o ensino médio com as especificidades relativas a jovens e adultos, especial, indígena, quilombolas, campo. Espera-se que, com o novo fundo, seja possível melhorar os salários dos professores, aumentar as vagas e manter as escolas equipadas de forma a melhorar a qualidade do atendimento oferecido. Integração das instituições de Educação Infantil ao sistema educacional Outra diretriz da política afirma que “a educação e o cuidado das crianças são de responsabilidade do setor educacional” e uma das metas estabelecidas é “integrar efetivamente, até o final de 2007, todas as instituições de Educação Infantil (públicas e privadas) aos respectivos sistemas de ensino”. Esta integração implica várias ações que dizem respeito não só à União, mas também aos governos estaduais e municipais. No caso da União, a estratégia proposta diz respeito a “contribuir para o fortalecimento da integração das instituições de Educação Infantil no sistema educacional, por meio de parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social, campanhas nos meio de comunicação, publicações e discussões em seminários”. Para atender a esta linha da política, foi criado um grupo de trabalho5, formado por integrantes do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, do Ministério da Educação, e do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Este grupo foi criado com o objetivo de apresentar proposta para a transferência das ações de apoio financeiro ao atendimento às crianças de 0 a 6 anos em creches e pré-escolas atualmente desenvolvidas com recursos do Fundo Nacional de Assistência Social – FNAS, do âmbito do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS para o do Ministério da Educação MEC. O grupo elaborou uma análise comparativa entre os dados referentes às instituições da Rede do Programa de Atenção à Criança – Rede PAC - do MDS, que utiliza recursos do FNAS, com os dados dos estabelecimentos de educação infantil cadastrados no Censo Escolar6. Este trabalho possibilitou ampliar o conhecimento das instituições que eram comuns aos dois sistemas e tomar medidas para a inclusão no Censo Escolar de 2006 das instituições que, efetivamente, são de educação infantil e que faziam parte apenas da rede PAC. Tendo em vista a possibilidade de que o recurso do Programa de Atenção à Criança fosse transferido para outras ações, causando a descontinuidade do atendimento às crianças em creches e pré-escolas, o GT provocou a elaboração, pelo MDS, de portarias determinando aos governos estaduais e municipais que a alteração de modalidade só aconteça quando, e se, o sistema municipal de ensino assumir integralmente o atendimento às crianças da rede de creches e pré-escolas apoiadas pelo FNAS7. Com o objetivo de reafirmar o regime de colaboração entre União, estados e municípios na elaboração e implementação de políticas públicas para as referidas etapas da educação básica, foram realizados os Seminários Regionais: Qualidade Social da Educação. Esses eventos, promovidos pelo MEC, aconteceram em 10 regiões do País e, no caso da educação infantil, a temática desenvolvida foi a integração das creches e pré-escolas aos sistemas de ensino. Essa discussão sobre a transição da gestão das creches e pré-escolas do MDS para o MEC foi abordada nacionalmente no Seminário Nacional: Política de Educação Infantil, realizado em julho, em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Este evento teve como objetivo apresentar a Política Nacional de Educação Infantil e debater estratégias para sua operacionalização em âmbito estadual e municipal. Na ocasião, foi levantada também a importância do cadastramento das instituições de educação infantil no Censo Escolar, não só para uma maior caracterização da situação da educação infantil no País, como também para sua inclusão nas políticas públicas para a área. Também no âmbito da assistência social foram promovidos vários momentos de discussão sobre 5������������������������������������������������������������������������� Esse grupo de trabalho foi instituído pela Portaria Interministerial nº ��������������������������������� 3.219, de 21 de setembro de 2005. 6�������������������������������������������������������������������������������������������������������� O trabalho de pareamento dos dados foi realizado pela equipe do Ministério do Desenvolvimento Social e ���������������� Combate à Fome. 7����������� Portarias �������������������������������������������������������������������� 385/MDS, de 26 de julho de 2005, e 442/MDS, de 29 de agosto de 2005. 49 50 a transição das instituições da educação infantil para a educação. Em abril, foi realizada uma Vídeo-Conferência com a participação de representantes do MEC, do MDS e dos coordenadores estaduais da assistência social. A temática tem sido enfocada também nas reuniões do Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS, considerando que esse órgão é o responsável pelos recursos do FNAS de onde provêm os recursos da Rede. Além disso, fez parte da pauta do Fórum Nacional de Secretários Estaduais de Assistência Social –FONSEAS e do Colegiado Nacional de Gestores Municipais da Assistência Social, entidades que compõem a Comissão Intergestores Tripartite da Assistência Social. Todo o trabalho realizado pelo GT está documentado por meio de um relatório contendo uma análise sobre a situação atual da educação infantil no País, especialmente quanto aos fatores que justificam a transferência das ações do MDS para o MEC. Tendo em vista a complexidade da questão, a necessidade de refinamento nos dados pertinentes e de envolvimento de outros interlocutores relevantes na discussão do processo de transferência, o GT apresentou uma proposta de continuidade dos trabalhos para 2006. Valorização e Formação de Professores da Educação Infantil Tendo em vista a inserção recente do atendimento à criança de 0 a 6 anos na educação, é preciso reafirmar constantemente seu caráter educacional e conseqüentemente o papel socioeducativo das professoras, professores e outros profissionais que atuam nesta etapa da educação básica. Desta forma, a questão da formação de professores se insere em várias diretrizes da Política Nacional para a Educação Infantil. Uma delas afirma que esses profissionais devem ser qualificados especialmente para o desempenho de suas funções com as crianças desta faixa etária. Essa diretriz é complementada por outra que afirma que a formação inicial e continuada é um direito das professoras e dos professores devendo ser assegurado a todos, pelos sistemas de ensino, com a inclusão nos planos de cargos e salários do magistério. Para atender a essa diretriz, definiu-se como uma das metas a formação, em nível médio, modalidade normal, de todos os professores em exercício na Educação Infantil que não possuam a formação mínima exigida por lei. Para contribuir para o atingimento desta meta, foi elaborado o Programa de Formação Inicial para Professores em Exercício em Educação Infantil – Proinfantil.8 O Proinfantil é desenvolvido por meio de uma parceria entre a União, os estados e os municípios interessados. Consiste de um curso de habilitação para o magistério, com duração de 2 anos, perfazendo um total de 3.392 horas, distribuídas em quatro módulos semestrais de 848 horas cada um. Direcionase aos professores de educação infantil que estão em exercício nas creches e pré-escolas das redes públicas – municipal e estadual – e da rede privada sem fins lucrativos – comunitárias, filantrópicas ou confessionais – conveniadas ou não. Sua implementação teve início em 2005, por meio de um projeto piloto, realizado nos estados do CE, RO, SE e GO. O quadro abaixo sintetiza os números do Programa referentes a esse grupo. Tabela 07 • Proinfantil – Grupo piloto - Nº de municípios e professores. UF CE GO RO SE Total Municípios 7 53 12 16 88 Professor Cursista 216 691 157 208 1272 Fonte: MEC/SEB/SEED. 8��������������������������������������������������������������������������� Este Programa faz parte do Sistema de Formação de Professores de Educação Básica ������������������������������������������������� abordado no desafio Ampliação da Educação Básica ����������� com Quali������ dade, onde também é apresentado o Programa Rede Nacional de Formação Continuada de Professores, direcionado a todos os professores em exercício na Educação Básica (ver próximo desafio Compromisso II Box 01 • PROINFANTIL. Durante os encontros presenciais com os professores cursistas foram colhidos depoimentos que evidenciam a importância que o Programa vem tendo para cada um deles: “Antes, quando eu andava na rua e encontrava os pais das crianças e eles me cumprimentavam dizendo: bom dia professora , boa tarde professora, eu ficava muito envergonhada porque eu sabia que não era professora. Agora sim, fazendo o PROINFANTIL eu vou ser uma professora de verdade”. “Há 17 anos, quando iniciei trabalhando em minha casa com algumas crianças da zona rural que não tinham conseguido vaga na rede municipal, eu não imaginava que algum dia seria reconhecida como professora”. “Tenho vontade de beijar este livro que ganhei”. O trabalho desenvolvido, até o momento, aponta também para a necessidade de se pensar futuramente em uma ação formadora que envolva as coordenadoras de creche, uma vez que essas profissionais têm um papel extremamente importante na melhoria do trabalho pedagógico dessas instituições. Ainda em 2005, foi acordado com as secretarias estaduais do AM, AL, BA e PI, além da ampliação nos Estados do CE e RO, a implementação do chamado Grupo I do Programa. A previsão é de atender nessa segunda etapa 2.500 professores. Também na perspectiva de apoiar a formação de professores de educação infantil o MEC tem distribuído vários periódicos que visam não só divulgar conhecimentos e experiências na área como também oferecer suporte teórico à prática pedagógica. Incluem-se aqui, aqueles periódicos de circulação nacional, alguns mais informativos e outros mais especializados, e a Revista Criança, que é produzida pela Coordenação Geral de Educação Infantil, do Ministério. Em 2005 foram produzidos e distribuídos cerca de 600 mil exemplares, abrangendo 3 números da Revista, para professores, diretores e outros profissionais da área. Box 02 • Revista da Criança. Em levantamento realizado visando avaliar a importância da Revista Criança na formação dos professores e sua contribuição para a prática docente, foram colhidos os seguintes depoimentos: “Tive acesso a Revista Criança e fiquei muito impressionada com sua linguagem, as matérias, etc”. (professora de Arapiraca – AL) “Aproveito a oportunidade para parabenizá-los pelo material (da Revista) pois é um ótimo subsídio e contribui para a reflexão da prática”. (Professora de Peruíbe – SP) “Sou professora de EI e me apóio nessas revistas como subsídio para o meu trabalho, pois os assuntos são ótimos e me fazem pensar e refletir sobre a prática docente, uma vez que nossas crianças não são iguais e preciso sempre estar em contato com novos conhecimentos”. 51 52 Parâmetros de Qualidade na Educação Infantil e Parâmetros Básicos de infra-estrutura para as instituições de Educação Infantil Outra diretriz da Política Nacional de Educação Infantil refere-se à necessidade de estabelecer parâmetros para assegurar a qualidade do atendimento nas creches e pré-escolas. Para atender a esta diretriz, foram estabelecidas duas metas. Uma delas diz respeito à divulgação permanente de parâmetros de qualidade dos serviços de educação infantil como referência para a supervisão, o controle e a avaliação e como instrumento para a adoção das medidas de melhoria da qualidade. Para isto, foi elaborado o documento Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (volume I e II), considerando as legislações vigentes, as teorias e as pesquisas. A outra meta diz respeito à divulgação permanente de padrões mínimos de infra-estrutura para o funcionamento adequado das instituições de Educação Infantil públicas e privadas, que, respeitando as diversidades regionais, assegurem o atendimento das características das distintas faixas etárias e das necessidades do processo educativo conforme consta no Plano Nacional de Educação. No intuito de atingir esta meta, foi elaborado o documento Parâmetros Básicos de Infra-estrutura para Instituições de Educação Infantil. Esse documento apresenta alguns parâmetros básicos na perspectiva de subsidiar os sistemas de ensino em adaptações, reformas e construções de espaços para a realização da Educação Infantil, sugerindo aspectos construtivos e ressaltando a importância da existência de espaços que privilegiam as crianças de 0 a 6 anos, seu desenvolvimento integral e o processo de ensino e aprendizagem. A elaboração dos dois documentos foi precedida de um processo de discussão realizado com representantes dos sistemas de ensino e de entidades não governamentais que teve início nos Seminários Regionais Política de Educação Infantil, em debate realizados em 2004. Espera-se que esses dois documentos, juntamente com o documento de Política Nacional de Educação Infantil, bem como a forma como foram produzidos, contribuam para um processo democrático de implementação das políticas públicas para as crianças de 0 até 6 anos de idade, sendo amplamente divulgados e discutidos, servindo efetivamente como referência para a organização e o funcionamento dos sistemas e das unidades de Educação Infantil. Compromisso II 53 Desafio 2: Ampliação da Educação Básica com qualidade9. Quadro 03 • Metas. Situação Inicial 2002 (%) Indicadores ● taxa de escolarização líquida do ensino fundamental (IBGE/Pnad) ● % de crianças de 4 a 14 anos fora da escola (IBGE/ - Pnad) Metas 2007 (%) 93,68 100,00 34,6 (4 a 6 anos) 0,00 3,5 (7a 14 anos) 0,00 ● taxa de escolarização líquida do ensino médio por gênero (IBGE/ Pnad) Total 46,20 Masculino 40,10 69,30 64,16 Feminino 52,50 73,50 Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. Ensino Fundamental O Brasil avançou muito em direção à democratização do acesso e da permanência dos estudantes no ensino fundamental. O governo, ao reafirmar a urgência da construção de uma escola inclusiva, cidadã, solidária e de qualidade social para todas as crianças, adolescentes e jovens brasileiros, assume, cada vez mais, o compromisso com a implementação de políticas indutoras de transformações significativas na estrutura da escola, na reorganização dos tempos e dos espaços escolares, nas formas de ensinar, aprender, avaliar, organizar e desenvolver o currículo, e trabalhar com o conhecimento, respeitando as singularidades do desenvolvimento humano. Dados de Contexto Atualmente, estima-se que 97,1% das crianças de 7 a 14 anos de idade estão na escola. No entanto, avalia-se que a crescente universalização do atendimento no ensino fundamental ocorrida nos últimos anos não provocou melhorias efetivas na qualidade do ensino. Assim, o grande desafio do MEC no que concerne a essa etapa da educação básica é a formulação e a implementação de políticas que não apenas assegurem o ingresso dessas crianças na escola, mas que possam garantir a sua permanência com êxito, com aprendizagem, uma vez que só uma educação de qualidade poderá contribuir para a garantia de justiça social em nosso País. No que se refere especificamente aos indicadores de metas do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente, a sua evolução deu-se conforme o quadro a seguir: 9 Embora ������������������������������������������������������������� a Educação Infantil também seja uma etapa da Educação ��������������������������������������������������������������������������������� Básica, para efeito do PPACA e deste relatório as ações nesta área constam de um desafio específico, apresentado anteriormente, qual seja, aquele referente à Expansão e Melhoria da Educação Infantil. 54 Quadro 04 • Evolução dos Indicadores do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente - Ampliação da Educação Básica de Qualidade. Situação Inicial 2002 (%) Indicadores ● taxa de escolarização líquida do ensino fundamental (IBGE Pnad ) ● % de crianças de 7 a 14 anos fora da escola (IBGE - Pnad ) É importante considerar, contudo, que a inclusão educacional evidenciada pelos dados citados anteriormente, ainda indica a existência de cerca de 3% das crianças e adolescentes em idade escolar obri- Situação 2004 (%) 93,68 93,84 3,5 (7 a 14 anos 2,9 gatória fora da escola, muitas vezes por problemas como trabalho infantil, o que demanda também políticas que atuem de forma articulada com as da área educacional (ver tabela a seguir). Tabela 06 • Freqüência à Escola ou Creche – 2004. Brasil 7 a 14 anos Freqüenta Brasil Não freqüenta 97,1 2,9 Fonte: IBGE/PNAD 2004; Tabela elaborada por Inep/DTDIE. Outros problemas observados dizem respeito à persistência de taxas elevadas de reprovação, evasão e abandono escolar no ensino fundamental, o que faz com que muitos dos que entram na escola não consigam concluir esta etapa educacional. Entre os alunos do ensino fundamental, 12,7% estão repetindo a mesma série, e 54% concluirão essa etapa da Educação Básica em, aproximadamente, 9,9 anos, conforme dados explicitados nas tabelas seguintes. Tabela 07• Ensino Fundamental: Taxas de Reprovação e Abandono– 2004 Brasil, por dependência administrativa. Dependência Administrativa Estadual Federal Municipal Particular Publico Total Taxas de Reprovação no Ensino Fundamental Total ano inicial a 4ª série 12,7 8,4 15 3,4 14,1 13 5ª a 8ª série 10,6 4,7 15,5 2,4 14,2 13,1 13,8 9,8 14 4,7 13,9 13 Taxas de Abandono no Ensino Fundamental ano inicial Total 5ª a 8ª série a 4ª série 8,5 4,8 10,5 1,1 0,4 1,4 9,6 7,8 13,7 0,7 0,8 0,7 9,1 7 11,8 8,3 6,5 10,6 Fonte: MEC/INEP/DTDIE. Tabela 08• Ensino Fundamental – Indicadores – 2003. Brasil Taxa Média Esperada Tempo Médio Esperado de Conclusão para Conclusão Brasil Fonte: MEC/INEP/DTDIE. 54,0 9,9 Tempo Médio Esperado Número Médio de Permanência no Esperado de Séries Sistema Concluídas 8,1 6,4 Compromisso II Além disso, dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica - Saeb - de 2003 apontam que, dos alunos da 4ª série do ensino fundamental, 18,7% não desenvolveram habilidades mínimas de leitura (estando classificados no estágio muito crítico de desempenho); 36,9% lêem de forma pouco condizente com a série (estágio crítico) e 39,7% inferem informações em textos mais longos (estágio intermediário). Isso significa que c����������������������������� erca de 60% das crianças que concluem a 4ª série não são leitores fluentes. E esta é uma média nacional: retiradas da amostra as capitais e alguns dos maiores municípios do País, esse indicador atinge níveis ainda mais inquietantes. Quanto ������� a aos alunos da 8 série, 4,86% encontram-se no estágio muito crítico; 20,08% no estágio crítico e 64,76% no estágio intermediário. 55 Outro aspecto intrinsecamente ligado à qualidade da educação e no qual o MEC vem atuando fortemente diz respeito à formação inicial e continuada dos professores. Verifica-se ainda a existência de um contingente elevado de docentes que atuam no ensino fundamental sem a habilitação mínima para o exercício da função (para os anos iniciais, nível médio na modalidade Normal – para os anos finais, licenciatura plena). Segundo informações do Censo Escolar de 2004, há, no Brasil, cerca de 342 mil funções docentes dos anos/séries iniciais do ensino fundamental e 217 mil funções docentes dos anos/ séries finais ocupadas por profissionais sem a devida formação, conforme tabela a seguir. Tabela 09 • Funções docentes (1) nos anos/séries iniciais e finais do ensino fundamental sem a habilitação mínima por dependência administrativa. Ensino Fundamental - 1ª a 4ª Série - Anos iniciais Dependência Administrativa Fundamental (1º Grau) Total Incompleto Total Completo Ensino Fundamental - 5ª a 8ª Série - Anos finais Médio (2o Grau) Superior (3º Grau) Fundamental (1o Grau) Outra Formaç. Completa Completo Licencia- sem Licentura Comciatura pleta Sem Magistério Médio (2 Grau) Superior Completo sem Licenciatura Total Incompleto Completo Magistério Completo Outra Formaç. Com Ma- Sem Completa gistério Magistério 342.796 2.633 8.841 25.497 301.438 4.387 217054 218 1.372 126.123 38.167 35.817 15.357 433 0 0 2 428 3 79 0 0 1 22 53 3 88.773 579 1.028 4.466 81.988 712 81150 76 448 45.913 16.180 12.153 6.380 Municipal 196.347 1.850 6.799 15.283 170.690 1.725 103146 37 630 72.919 13.853 12.390 3.317 Particular 57243 204 1.014 5.746 48.332 1.947 32679 105 294 7.290 8.112 11.221 5.657 Federal Estadual Fonte: MEC/INEP/DTDIE. Notas: 1) O mesmo docente pode atuar em mais de um nível/modalidade de ensino e em mais de um estabelecimento. Esses dados corroboram a importância de se envidar esforços no sentido de promover a melhoria da qualidade da Educação Básica, em especial do ensino fundamental, como forma de garantir a concretização efetiva do direito de todos à educação mínima obrigatória no País. Políticas, Programas e Estratégias Ampliação do Ensino Fundamental para nove anos Dados do Censo Demográfico (IBGE, 2000) evidenciam que 81,7% das crianças de seis anos estão na escola, sendo que 38,9% freqüentam a educação infantil, 13,6% pertencem às classes de alfabetização e 29,6% estão no ensino fundamental. Esses números reforçam o propósito de incluir a criança dessa faixa etária no ensino fundamental, democratizando a educação a um maior número de crianças. Os setores populares deverão ser os mais beneficiados, uma vez que as crianças de seis anos das classes média e alta já se encontram majoritariamente incorporadas ao sistema de ensino – na pré-escola ou na primeira série do ensino fundamental. Diante disso, o Ministério da Educação vem envidando efetivos esforços na ampliação do ensino fundamental para nove anos de duração, considerando a crescente universalização dessa etapa de ensino 56 e, ainda, a necessidade de o Brasil aumentar o número de anos do ensino obrigatório. Essa relevância é constatada, também, ao se analisar a legislação educacional brasileira: a Lei no 4.024/1961 estabeleceu quatro anos de escolaridade obrigatória; com o Acordo de Punta Del Este e Santiago, de 1970, estendeu-se para seis anos o tempo do ensino obrigatório; a Lei no 5.692/1971 determinou a extensão da obrigatoriedade para oito anos; já a Lei no 9.394/1996 sinalizou para um ensino obrigatório de nove anos de duração, a iniciar-se aos seis anos de idade, o que, por sua vez, tornou-se meta da educação nacional pela Lei no 10.172/2001, que aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE). Outro fator importante para a inclusão das crianças de seis anos de idade no ensino fundamental é o fato de estudos demonstrarem que as crianças que ingressam na instituição escolar antes dos sete anos apresentam, em sua maioria, resultados superiores àquelas que ingressam somente aos sete anos. Como exemplo desses estudos, podemos citar o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), o qual demonstra que crianças com histórico de experiência na pré-escola obtiveram maiores médias de proficiência em leitura: vinte pontos a mais nos resultados dos testes de leitura. Ressalte-se que o ingresso da criança de seis anos nessa etapa da educação básica não pode constituir uma medida meramente administrativa. É necessária - atenção ao processo de desenvolvimento e aprendizagem dessa criança, o que implica conhecimento e respeito às suas características etárias, sociais, psicológicas e cognitivas. A implantação do ensino fundamental de nove anos exige, portanto, formação continuada de professores, gestores e demais profissionais de apoio à docência. Desse modo, visando subsidiar os sistemas de ensino na implantação dessa política, em 2005, o Ministério da Educação deu continuidade à realização de eventos, que foram iniciados no ano anterior com a realização de seminários regionais e um seminário nacional, os quais possibilitaram a discussão e a socialização de experiências sobre essa questão. Reafirmando o regime de colaboração entre a União, estados e municípios, o MEC realizou, em parceria com a Undime, dez seminários regionais, para discutir com secretários estaduais e municipais de educação as políticas nacionais para a educação básica. Nesses eventos, cujo tema foi a Qualidade Social da Educação, foram apresentados o histórico, as bases legais e as orientações pedagógicas relativos à ampliação do ensino fundamental para nove anos. Após a realização desses debates, foi elaborado, publicado e distribuído o documento Ensino Fundamental de Nove Anos - Orientações Gerais – 2004 com o encarte intitulado Ensino Fundamental de Nove Anos – Relatórios 1 e 2 do Programa -, visando orientar e subsidiar os sistemas de ensino na implementação dessa política. Ainda no mesmo ano, foi elaborada uma proposta de formação continuada em DVD denominada LETRA VIVA, que consiste em uma série de 10 programas sobre Alfabetização e Letramento. Também em 2005, o Ministério da Educação, a partir de discussões que vinham ocorrendo, desde 2003, com as Secretarias de Educação juntamente com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), encaminhou à Presidência da República uma proposta de alteração da LDB com o propósito de ampliar a duração mínima do ensino fundamental de oito para nove anos com a inserção das crianças de seis anos de idade nessa etapa de ensino. Com a aprovação dessa alteração, mais crianças serão incluídas no sistema educacional brasileiro e quanto mais cedo lhes for assegurado o acesso à escola, maior probabilidade terão de concluir a escolaridade obrigatória e prosseguir nos estudos. Ainda em 2005, foi iniciada a elaboração de um documento denominado Ensino Fundamental de Nove Anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade cujo objetivo é fortalecer um processo de debate com professores e gestores sobre a infância na educação básica. Esse documento será distribuído aos sistemas de ensino em 2006 e tem como foco o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças de seis anos de idade ingressantes no ensino fundamental de nove anos, sem perder de vista a abrangência da infância de seis a dez anos de idade nessa etapa de ensino. Por fim, os mecanismos de distribuição de recursos do FUNDEF foram adaptados, de um lado, pela fixação de quatro valores mínimos por aluno/ ano, de forma que fossem plenamente observados os critérios delineados na Lei nº 9.424/96, relacionados Compromisso II à distribuição dos recursos do Fundo; de outro, pela definição de uma subdivisão compatível para o ensino fundamental, de maneira que fosse possível atender tanto as situações dos sistemas que ainda não promoveram a ampliação do atendimento para nove anos, quanto daqueles que já se encontram com essa ampliação implantada. Importa destacar que o ensino fundamental de nove anos vem se consolidando progressivamente na realidade brasileira. Em 1996, a LDB no 9. 394 indicou, em seu Art. 87, § 3o, a possibilidade da ampliação do ensino fundamental ao explicitar que Municí- 57 pios, Estados e Distrito Federal poderiam, facultativamente, matricular as crianças de seis anos de idade nessa etapa de ensino. Seguindo a mesma tendência já demonstrada pela LDB, o Plano Nacional de Educação- PNE - Lei no 10.172, de 2001, estabeleceu essa ampliação como uma de suas metas. Sendo assim, ao se analisar o cenário da educação nacional, observa-se que o ensino fundamental de nove anos já constitui uma realidade em muitos sistemas de ensino, como se observa nos dados a seguir. Tabela 10 • Matrículas no Ensino Fundamental de 9 Anos, por Dependência Administrativa, segundo a Unidade da Federação –2004. UF Norte RO AC AM RR PA AM TO Nordeste MA PI CE RN PB PE AL SE BA Sudeste MG ES RJ SP Sul PR SC RS Centro-Oeste MS MT GO DF Fonte: MEC/INEP/DTDIE. Total 126.083 27.938 2.913 28.963 57.163 9.106 1.363.723 75.771 38.392 658.492 272.935 41.071 148.001 2.920 126.141 5.175.919 3.055.451 4.018 2.078.574 37.876 344.966 130.495 85.777 128.694 387.437 240.741 143.203 3.493 Federal 4.279 4.279 85 85 - Estadual 5.049 4.433 616 268.042 8.021 51.112 205.911 352 2.646 2.317.011 1.741.584 575.427 6.081 6.081 174.017 153.918 20.099 - Municipal 120.980 2.913 4.433 24.530 56.493 9.106 1.092.276 75.513 28.279 606.380 67.024 41.071 147.649 274 126.086 2.763.258 1.307.806 3.978 1.415.029 36.445 338.251 130.495 85.524 122.232 206.707 86.823 119.884 - Privada 54 24.530 54 3.405 258 2.092 1.000 55 91.371 6.061 40 83.839 1.431 634 253 381 6.628 3.135 3.493 58 Currículo: atualização e ampliação A questão do currículo mínimo é fundamentada por vários instrumentos legais. O Artigo 210 da Constituição Federal de 1988 determina, como dever do Estado para com a educação, fixar “conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar a formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais”. Por sua vez, a LDB determina no seu artigo 9º, inciso IV, que a União deve “estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum”. O Conselho Nacional de Educação elaborou em 1999 as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Considerando que já foram elaborados, em 1995, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, instrumento que orienta a questão curricular, o MEC tem-se proposto a estimular um debate, em âmbito nacional, sobre a concepção de currículo e seu processo de elaboração. A partir de 2005, iniciaram-se a discussão e a elaboração de um documento que subsidie esse debate nas escolas e nos sistemas de ensino. Esse documento sugere repensar a concepção de currículo a partir de eixos organizadores e constituintes do processo educativo, tais como: Currículo e Desenvolvimento Humano; Os Educandos Interrogam os Currículos; Identidades e Trajetórias dos Educadores e Currículo; Currículo, Conhecimento e Cultura; Currículo e Organização dos Tempos e Espaços Escolares; Currículo e os Processos de Aprendizagem; Currículo e Avaliação. O MEC propõe também uma reflexão sobre “o que”, “por que” e “como” ensinar e aprender, reconhecendo os interesses e as diferenças sociais, a história cultural e pedagógica pelas quais passam nossas escolas. O compromisso é com a construção de um projeto social que não somente ofereça informações, mas que, de fato, construa conhecimentos, elabore conceitos e possibilite a todos o aprender, descaracterizando, finalmente, os lugares perpetuados na educação brasileira de sucessos de uns e fracassos de muitos. Sistema de Formação de Professores da Educação Básica A formação do professor é um dos fatores que mais fortemente incide sobre o desempenho dos alunos. Quando o profissional que está em sala de aula possui formação superior, a média do desempenho dos estudantes no SAEB é de 172 pontos, caindo para 157 quando a formação docente é apenas de nível médio. A diferença na escala de desempenho, nesse aspecto, explicita a importância da formação docente no aprendizado de crianças e de jovens. Com o intuito de impulsionar mudanças efetivas para a melhoria da Educação, o MEC integrou o Sistema Nacional de Formação de Professores no Plano Nacional de Qualidade para a Educação Básica. O sistema em referência compreende o conceito de desenvolvimento profissional dos professores como um processo contínuo de formação, no qual a formação inicial e a continuada apresentam-se como etapas complementares. Compõe o Sistema Nacional de Formação de Professores um conjunto de programas com ações de curto, médio e longo prazos nas áreas de formação inicial e de formação continuada, que guardam independência de execução, mas são complementares. No âmbito da formação de professores em exercício estão incluídos o ProInfantil, o Proformação e o Pró-Licenciatura, para formação inicial de profissionais que estão no exercício do magistério e não têm a diplomação exigida por lei. Em nível de formação continuada, há a Rede Nacional de Formação Continuada de Professores de Educação Básica e o Pró-Letramento. A valorização da escola, do magistério e o investimento no trabalho docente são fatores fundamentais e urgentes para a reestruturação do sistema educacional brasileiro. Atualmente, o desafio central da Educação Básica, depois da quase universalização do Ensino Fundamental, é investir na qualidade de forma a garantir que a escola seja um espaço em que, de fato, se ensine com eficiência e eficácia, onde os alunos aprendam e construam os conhecimentos e as habilidades condizentes com sua faixa etária. Buscando fazer frente a esses desafios, as ações aqui propostas têm como alicerces os seguintes eixos: • a formação consistente e contextualizada do educador nos conteúdos de sua área de atuação; Compromisso II • a formação teórica, sólida e consistente sobre educação e os princípios políticos e éticos pertinentes à profissão docente; • a compreensão do educador como sujeito capaz de propor e efetivar as transformações políticopedagógicas que se impõem à escola; • a compreensão da escola como espaço social, sensível à história e à cultura locais; • a ação afirmativa de inclusão digital, viabilizando a apropriação pelos educadores das tecnologias de comunicação e informação e seus códigos; • o estímulo à construção de redes de educadores para intercâmbio de experiências, comunicação e produção coletiva de conhecimento. A responsabilidade legal de promover o ensino nos níveis Fundamental e Médio no Brasil cabe aos governos municipais e estaduais (LDB, arts. 10 e 11). Em 2004, os governos estaduais eram responsáveis por 53,8% das matrículas nos anos/séries finais do Ensino Fundamental em todo o País, enquanto os governos municipais eram responsáveis por 35,9% dessas matrículas (Inep, Censo Escolar 2004). Já à União cabe “ a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais” (LDB, art. 8o, parágrafo 1o). Proformação – Formação em Serviço e certificação em Nível Médio de Professores Leigos O Proformação é um curso de nível médio em Magistério, na modalidade de ensino a distância, cujo objetivo é formar os professores que não possuem habilitação e atuam nas quatro séries iniciais do ensino fundamental e elevar a qualidade das séries iniciais da educação fundamental mediante a profissionalização dos educadores. Em 2005, deu-se a continuidade da 4ª turma de professores iniciada no ano anterior, com 4.509 alunos. Além disso, 2.720 novos alunos dos estados de AL, BA, MA, MG, PE e SE foram integrados no Programa. Desta forma, durante o ano de 2005, foram atendidos 7.229 professores. Este Programa tornou-se uma referência nacional e internacional em cursos a distância. Devido a esse fato, vários Países de expressão portuguesa fizeram demandas no sentido de estabelecerem uma cooperação técnica com o Brasil, para adequar o programa à sua realidade. Assim, deu-se início a esse processo com o envio de técnicos brasileiros a São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Guiné Bissau. Pró-Licenciatura – Programa de Formação Inicial para Professores dos Ensinos Fundamental e Médio (Fase 2) Trata-se de um programa de formação inicial voltado para professores que atuam nos sistemas públicos de ensino, nos anos/séries finais do Ensino Fundamental, e/ou no Ensino Médio, e não têm habilitação legal para o exercício da função (licenciatura). Em 2005, foi estabelecida parceria entre a Secretaria de Educação Básica -SEB e a Secretaria de Educação a Distância – SEED para operacionalização do Programa junto a Instituições de Ensino Superior – IES públicas, Comunitárias ou Confessionais. Em 2005, o Programa foi apresentado às IES que manifestaram interesse em participar. Após a publicação dos critérios de participação, foram analisados e selecionados os projetos inscritos. Escolheram-se (55) projetos de cursos, envolvendo (70) IES. Em 2006, deverão ser assinados os convênios entre as IES e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação para a implementação do Programa, dando início, assim, aos cursos selecionados. A estimativa de atendimento é de aproximadamente 60 mil professores. Rede Nacional de Formação Continuada de Professores da Educação Básica Este Programa foi instituído com a finalidade de contribuir para a qualidade do ensino e melhorar o aprendizado dos estudantes, por meio de um amplo processo de articulação dos órgãos gestores, dos sistemas de ensino e das instituições de formação, sobretudo, as universidades públicas e comunitárias. A idéia é integrar a formação continuada à pesquisa e à produção acadêmica desenvolvida pelas Universidades. A Rede busca apoiar os sistemas de ensino no que se refere à formação de professores, oferecendo mais uma opção de formação continuada. A meta 59 60 é formar, até julho de 2008, 400 mil professores de 1ª a 4ª série, além de garantir que os diversos centros de excelência atuem de forma articulada na produção de cursos e materiais didáticos, na sua implementação e no intercâmbio de conhecimentos pedagógicos para aprimorar a qualidade do ensino no País. Até o momento, foram formados, pela Rede, 35 mil profissionais. Pró-Letramento O Pró-Letramento - Mobilização pela Qualidade da Educação é um programa de formação continuada para os professores em exercício, nas séries iniciais do ensino fundamental das escolas públicas. Funciona na modalidade à distância e, para isso, utiliza material impresso e vídeos, e conta com atividades presenciais, que são acompanhadas por professores orientadores, também chamados tutores. O Programa teve início em setembro de 2005. Nos dois primeiros meses, ocorreram reuniões de lançamento nos três Estados que foram atendidos inicialmente pelo Programa: RN, CE e MA. No mês de dezembro, iniciaram-se os cursos de formação de tutores, nesses estados, com duração de 40 horas. As Universidades Federais de Pernambuco, Minas Gerais e Universidade de Brasília realizaram cursos na área de Alfabetização e Linguagem e as Universidades Federais do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Pará, e Universidade do Vale dos Rios dos Sinos/RS, na área de Matemática. Até o momento, três Estados aderiram ao Programa, que já conta com a participação de 366 municípios e foram formados 949 professores/tutores. Foram inscritos para participar da formação nesses três estados 47.472 professores da rede pública de ensino. Tabela 11 • Participação dos Estados no Pró-Letramento – 2005. ESTADO Rio Grande do Norte Ceará Maranhão TOTAIS TUTORES 256 354 339 949 CURSISTAS (Inscritos) MUNICÍPIOS 9.880 18.147 19.445 47.472 108 142 116 366 Fonte: MEC/SEB/Copfor. Avanços no Programa Nacional do Livro Didático Em 2004, a Secretaria de Educação Básica do MEC concluiu que a avaliação e distribuição dos dicionários distribuídos aos alunos poderiam sofrer modificações em dois aspectos. O primeiro, relativamente ao número de verbetes: os minidicionários de 3.500 verbetes não eram compatíveis com as necessidades de todos os alunos do Ensino Fundamental, já que estes se enquadram em diferentes fases de aquisição da escrita. O segundo, diz respeito à necessidade de orientação aos professores para a utilização eficaz desse recurso no seu trabalho pedagógico. Visando atender a essas questões, o MEC modificou os critérios de avaliação e de distribuição dos dicionários e projetou a elaboração de um material que sirva de apoio ao docente. Desta forma, a avaliação realizada no ano de 2005, pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, no âmbito do PNLD/2006, selecionou edições voltadas para o uso escolar nos anos iniciais e nos anos finais do Ensino Fundamental. Ao invés de uma única edição de 3.500 verbetes, foram selecionadas edições que seguem propostas pedagógicas e lexicográficas específicas, voltadas para o nível do alunado a que se destinam. Essas edições têm características próprias, diferindo na quantidade e no tipo de palavras que registram, bem como na forma de explicar seus sentidos. Além disso, são de fácil manejo pelo aluno (ou pelo professor, nos casos em que o docente for um guia às consultas do aluno). Além disso, os alunos deixaram de receber dicionários para uso individual, passando esses a fazer parte de acervos na sala de aula, destinados a Compromisso II aparelhar a escola e a constituir seu patrimônio cultural, juntamente com os livros didáticos, os livros da biblioteca ou da sala de leitura, as revistas distribuídas no âmbito do PNLD, entre outros materiais. De acordo com os dados do FNDE, o PNLD/2006 - Dicionários adquiriu 4.672.701 exemplares para atender as salas de aula de 1ª a 4ª séries e 1. 731.058 exemplares de 5ª a 8ª série. E, dessa forma, dotando 519.189 salas das séries iniciais e 245.865 das séries finais, com os acervos selecionados pelo Programa. Formação de leitores Os dados do INAF e do SAEB mencionados anteriormente evidenciam um grave problema relacionado à qualidade da Educação Básica no País: o baixo índice e pouca proficiência na leitura dos alunos das escolas públicas brasileiras. Esses dados contribuíram para a definição de uma Política de Formação de Leitores, cujo objetivo é justamente reverter aqueles resultados. Desde 1997, o Ministério executa o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), cujo objetivo é fornecer às bibliotecas escolares acervos de obras para leitura, consulta e pesquisa. O PNBE/2005, beneficiou todas as 136.934 escolas públicas brasileiras que oferecem as séries iniciais do Ensino Fundamental, 1ª a 4ª série ou 1º ao 5º ano, distribuindo 15 acervos com 20 títulos de acordo com o número de matrículas de cada escola registradas no censo escolar. Foram distribuídos, assim, um total de 3.575.160 livros, beneficiando os 16.369.632 alunos das séries iniciais da rede pública de ensino. Além dos acervos literários, os Programas de formação de leitores também adquirem periódicos como Nova Escola, Ciência Hoje das Crianças, Pátio Pedagógica e Pátio Infantil, voltados para a leitura informativa dos alunos e para subsidiar os professores em suas práticas pedagógicas. O PNBE distribuiu, em 2005, 4.339.552 exemplares, beneficiando 106.867 escolas da rede pública de ensino. Para orientar o desenvolvimento das ações da Política de Formação de Leitores, o MEC, por meio da Associação Latino-Americana de Pesquisa e Ação Cultural – ALPAC, está realizando uma pesquisa que visa à apresentação de um diagnóstico sobre a utilização, pelas escolas, dos acervos já encaminhados pelo PNBE e, com base nesse diagnóstico, a proposição de ações que permitam intervenções futuras com vistas à transformação das práticas de leitura no ambiente escolar. A pesquisa teve início em 2005 e seus resultados serão apresentados em 2006. O transporte escolar na área rural Num País de dimensões continentais como o Brasil, em que a área rural é muito extensa, o acesso dos alunos às escolas, muitas vezes, é inviabilizado pelas grandes distâncias e a falta do transporte. Assim sendo, uma porcentagem da população em idade escolar fica seriamente prejudicada sem condições de ir para a escola. Mesmo diante das características físicas que o País apresenta, o número de matrículas no Ensino Fundamental já alcançou o índice de 97%, entre crianças de 7 a 14 anos. No entanto, esse índice ainda não é satisfatório, considerando que ainda há 2 milhões de crianças nessa faixa etária fora da escola, por razões diversas, como trabalho infantil e falta de transporte escolar. Para amenizar este problema, foi instituído, pela Lei nº 10.880, de 09/06/04, o Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar – PNATE, com o objetivo de garantir o acesso e a permanência dos alunos residentes em área rural, que utilizam transporte escolar, nos estabelecimentos escolares do ensino fundamental público. O MEC, por meio do FNDE, ampliou em 5,3%, no exercício de 2005, os recursos financeiros destinados ao transporte escolar, totalizando um valor de R$ 265 milhões. Esse fato contribuiu para ampliar e melhorar a qualidade do serviço oferecido aos alunos do ensino fundamental. A meta prevista no Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente 20032007, para o exercício de 2005, relativamente ao Apoio ao Transporte Escolar no Ensino Fundamental, era de 1.110 entidades. Porém, com a nova sistemática e o aumento do aporte financeiro, houve um significativo avanço no atendimento, proporcionando que, neste ano, fossem atendidas 5.317 entidades. 61 62 Ensino Médio Dados de Contexto O Ensino Médio Brasileiro vem empreendendo nos últimos anos um questionamento sobre o seu papel, buscando se adaptar à realidade do jovem e tornar a escola mais relevante dentro da sua formação. A inclusão das crianças no Ensino Fundamental e a melhoria no fluxo escolar vêm desembocando num considerável crescimento do Ensino Médio no País, acelerado pelas demandas no mercado de trabalho que estimulam não apenas a continuidade dos estudos por parte dos jovens, mas também o retorno dos adultos à escola. Assim como o Ensino Fundamental foi amplamente beneficiado pelo FUNDEF, esperase que o FUNDEB, agora incluindo o Ensino Médio possa também ser significativo no processo de melhoria deste nível de ensino. Tal como aconteceu no ensino fundamental, a ampliação do atendimento educacional a adolescentes entre 15 e 17 anos – que passou de 66,6%, em 1995 para 82,2%, em 2004, segundo os dados da PNAD, um crescimento considerável, da ordem de 23% – fez-se acompanhar da aproximação de alguns indicadores de freqüência à escola para essa faixa etária. Ainda assim, no entanto, como se pode observar pela tabela abaixo, certas desigualdades são bastante significativas, especialmente aquelas relacionadas ao local de residência em meio urbano ou rural e ao quesito raça/cor desses adolescentes10. Tabela 12 • Proporção de adolescentes entre 15 e 17 anos que freqüentam a escola, segundo a região, a situação do domicílio, o sexo e a cor/raça. Brasil, 1995, 2001 e 2004. (em %). Categorias selecionadas 1995 2001 2004 74,4 63,3 70,5 59,7 66,2 80,1 79,3 83,6 78,9 80,2 81,8 78,9 85,4 81,7 79,9 76,7 68,6 48,7 87,1 81,1 71,1 87,7 82,4 72,2 63,8 69,5 82,1 80,1 81,6 82,8 71,0 62,1 66,6 84,1 78,1 81,1 85,4 79,2 82,2 REGIÃO Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO Urbano metropolitano Urbano não-metropolitano Rural SEXO Masculino Feminino RAÇA/COR Branca Negra BRASIL Fonte: IBGE/PNAD. Tabela elaborada por IPEA/Disoc. 10 Ressalte-se que, embora a tendência de ampliação da inclusão escolar na faixa etária dos 15 aos 17 anos seja inequívoca até 2003, quando se atingiu o patamar de 82,4%, em 2004 registrou-se uma pequena redução na proporção de freqüência à escola, com variação negativa de 0,25% em relação ao ano anterior. Compromisso II No que se refere especificamente aos indicadores de metas do Plano Presidente Amigo da criança 63 e do Adolescente, a sua evolução deu-se conforme o quadro a seguir: Quadro 05 • Evolução dos Indicadores do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente - Ampliação da Educação Básica de Qualidade. Indicadores Situação Inicial (%) Meta 2007 (%) ● taxa de escolarização líquida do ensino médio por gênero (Mec - INEP - Censo Escolar) Total 46,20 69,30 Masculino 40,10 64,16 Feminino 52,50 73,50 Fonte: Plano Amigo da Criança e do Adolescente. Diferentemente do que acontece com o grupo etário de 7 a 14 anos, no entanto, os alunos de 15 a 17 enfrentam um grave problema de adequação entre a idade e o nível de ensino freqüentado. Daqueles que freqüentavam a escola em 2004, apenas 45,1% estavam matriculados no ensino médio, a etapa adequada. Embora essa taxa de escolarização líquida seja consideravelmente superior àquela registrada em 2001 (36,9%), revela um problema persistente de atraso escolar diretamente relacionado aos índices de repetência e evasão registrados no ensino fundamental. É importante observar que esse atraso na trajetória escolar manifesta-se de forma diferenciada conforme o perfil dos alunos, sendo ainda mais dramática a situação daqueles jovens de 15 a 17 anos que são do sexo masculino (40,1%), negros (34,3%), vivem na região Nordeste (27,9%) ou residem no meio rural (23,3%). Também a questão da qualidade é um problema grave do ensino médio. Segundo o SAEB de 2003, 42% ���������������������������������������������� dos concluintes – ou seja, meninos e meninas que freqüentaram a escola por, no mínimo, 11 anos – estavam nos estágios crítico e muito crítico de desenvolvimento de habilidades de leitura, ao passo que menos de 10% apresentaram desempenho adequado a este nível de ensino seja na leitura e interpretação de textos, seja na solução de problemas matemáticos. Políticas, Programas e Estratégias Apoio à Melhoria da Qualidade do Ensino Médio Noturno O Ministério da Educação, por meio do Departamento de Políticas do Ensino Médio, vem acompanhando os sistemas de ensino estaduais com assis- tência técnica, financeira e pedagógica. As principais ações realizadas em 2005 foram: a) orientação de caráter pedagógico aos sistemas de ensino, incluindo a difusão de projetos curriculares adequados às características e necessidades específicas da clientela do ensino noturno; b)apoio financeiro para a melhoria das instalações físicas, como construção e reformas de laboratórios, bibliotecas e outros ambientes de aprendizagem, compra de acervo bibliográfico e equipamentos; c) seleção de 10 projetos, sendo dois por região, com destinação de apoio financeiro a cada um, no valor de R$ 140.000,00, para fortalecimento das ações de sustentabilidade e de ampliação da dimensão de atuação do projeto escolar no turno noturno; d)produção de publicação com as experiências de gestão escolar e de organização didático-pedagógica selecionadas. Apoio à Educação Para a Ciência no Ensino Médio A ação se baseia no assessoramento técnico e financeiro aos sistemas de ensino para adequação de espaços físicos existentes (escolas, centros formadores e outros) ao funcionamento de oficinas de ciência, cultura e arte, constituindo ambientes de ensino-aprendizagem e formação de professores em ciências, com especial atenção para a área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Principais ações: 64 • realização do II Prêmio Ciências no Ensino Médio: seleção de 3 projetos no âmbito nacional e de 27 estaduais e do Distrito Federal, com apoio financeiro às escolas selecionadas, visando qualificálas como Centro de Referência na área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Para as escolas premiadas foram destinados R$ 60.000,00 na categoria nacional e R$ 20.000,00 na categoria estadual, totalizando R$ 720.000,00; • Elaboração e implementação do Programa Nacional de Apoio às Feiras de Ciências - Fenaceb: apoio técnico e financeiro às instituições selecionadas, visando a implementação de espaços multidisciplinares de incentivo ao ensino das ciências da natureza e matemática; •Coleção Explorando o Ensino: produção de material cientifico e pedagógico de apoio ao professor para o ensino das Ciências da Natureza, Matemática e de Geografia. A coleção Explorando o Ensino tem como objetivo apoiar o trabalho científico e pedagógico do professor. As publicações foram organizadas com o apoio das Sociedades Científicas das respectivas áreas do conhecimento; • Programas da TV Escola: apoio aos gestores e professores com elaboração e apresentação de série de programas televisíveis na área de ciências, subsidiando as atividades escolares. Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio/PNLEM Até 2004, os alunos matriculados no Ensino Médio não eram contemplados com a distribuição gratuita de livros didáticos para o desenvolvimento das atividades escolares. Fazia-se mais que necessário e urgente ampliar este tipo de ação para o nível médio, provendo professores e alunos da rede pública de livros didáticos avaliados por especialistas escolhidos pelo MEC, segundo critérios que atendessem as Diretrizes Curriculares Nacionais e os Parâmetros Curriculares Nacionais, visando o compromisso de promover educação de qualidade. Para atender essa demanda, o MEC criou o Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio-PNLEM, via Portaria Ministerial nº 2.922, de 17 de outubro de 2003, com o objetivo de oferecer material de apoio ao processo de ensino-aprendizagem nas escolas públicas de ensino médio. Inicialmente, o programa atendeu, de forma experimental, 1,3 milhão de alunos da primeira série do ensino médio de 5.392 escolas das regiões Norte e Nordeste, que receberam 2,7 milhões de livros das disciplinas português e matemática, em 2005. A execução do PNLEM é muito semelhante à do PNLD, passando pela inscrição dos livros, por parte das editoras, avaliação científico-pedagógica por equipes de especialistas ligadas às Universidades Públicas, distribuição do catálogo das obras recomendadas para escolha pelo professor e, finalmente, pela distribuição dos livros nas escolas. O PNLEM é mantido pelo FNDE com recursos financeiros provenientes do Orçamento Geral da União e do Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio (PROMED). A inexistência de financiamento para ações do Ensino Médio compromete e execução desejável do Programa, tendo ficado aquém do planejado. A aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) poderá sanar essas limitações, levando à universalização almejada do Programa. Em 2006, o PNLEM pretende universalizar a entrega das publicações de Português e Matemática para todas as escolas públicas de nível médio no País. Dando continuidade à universalização progressiva do PNLEM, em 2007, será distribuído o livro de Biologia aos alunos e professores da 1ª série do Ensino Médio de 6.920 escolas das regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste, totalizando 1.8 milhões de livros didáticos. Ainda em 2007, haverá a reposição de livros de Português e Matemática, envolvendo uma distribuição de 1 milhão de livros. Oferta de Idioma Espanhol no Ensino Médio Além disso, o MEC está apoiando os estados na implantação da LEI 11.161/05, que determina o prazo máximo de cinco anos para que a disciplina de espanhol seja oferecida em todas as escolas de ensino médio do País. Em função disso, o MEC está investindo na distribuição de um kit contendo um livro para o professor, uma gramática e dois dicionários: um bilingue (português/espanhol, espanhol/português) e um monolíngue (espanhol/espanhol). Compromisso II Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Com a promulgação do Decreto-Lei 5.154, de julho de 2004, os sistemas de ensino passam a dispor de diferentes modalidades de oferta de cursos e programas de educação profissional, de forma articulada aos níveis da educação nacional, especialmente a educação profissional técnica de nível médio integrada ao ensino médio. Segundo o decreto, a educação profissional técnica de nível médio pode ser desenvolvida de forma integrada, articulada, concomitante ou subseqüente ao ensino médio. Os cursos na forma integrada terão carga horária de 3,2 mil horas de aula e devem durar 4 anos. Quando oferecidos em período integral, o prazo pode ser menor. Em atendimento à nova legislação, cabe ao Ministério da Educação apoiar os sistemas estaduais de ensino no processo de implantação dessa nova modalidade de formação, considerado como um curso único desde a sua concepção plenamente integrada até o seu desenvolvimento final, ou seja, todos os seus componentes devem receber tratamento integrado, nos termos do projeto político pedagógico das instituições de ensino. Da parte dos estados, espera-se o comprometimento com: elaboração de um plano de trabalho para desenvolvimento do projeto; provimento das condições de infra-estrutura, de recursos humanos e de logística para a realização das ações previstas no plano de implantação do referido projeto; disponibilidade de técnicos para compor a equipe técnica interinstitucional do projeto; sistematização das experiências e resultados do projeto como subsídios para a política estadual e nacional de implantação do Ensino Médio Integrado à Educação Profissional de Nível Técnico. O MEC elaborou, em 2005, um cronograma de trabalho cujas ações pretendiam culminar com a implantação do Ensino Médio Integrado na maioria das unidades da federação a partir de 2006. Dentre elas previu-se a realização de seminários estaduais e nacionais sobre Planos de Implantação, consulta preliminar aos estados sobre a previsão de matrículas no Ensino Médio Integrado em 2006, acordos de Cooperação Técnica-científica-pedagógica entre as Secretarias Estaduais de Educação, e/ou Secretarias Estaduais de Ciência e Tecnologia e o Ministério, contratação de consultores, assistência técnica às Secretarias Estaduais de Educação para elaboração do plano de trabalho, organização de proposta curricular, elaboração de programas de formação inicial e continuada e monitoramento das experiências e resultados alcançados. Dentro do cronograma do plano de trabalho traçado, em 2005, o MEC desenvolveu vinte seminários, por ordem de realização, nos Estados de: Pernambuco, Tocantins, Paraíba, Santa Catarina, Piauí, Mato Grosso do Sul, Espírito santo, Ceará, Mato Grosso, Rondônia, Rio Grande do Norte, Maranhão, Paraná, Bahia, Goiás, Roraima e Amapá. Foram realizados ainda dois Seminários Nacionais sobre Planos de Implantação, na sede do MEC. Também foi feita uma consulta preliminar sobre a previsão de matrículas no Ensino Médio Integrado, obtendo resposta de 15 Estados, com um total de aproximadamente 40 mil matrículas nessa modalidade, em cerca de 300 escolas, para 2006, e o comprometimento de mais cinco estados com a implantação para 2007. Foram contratados oito consultores, estando previstas mais cinco contratações, para o acompanhamento técnico-científico-pedagógico aos sistemas de ensino na implantação do Ensino Médio Integrado. O MEC ainda lançou edital, para o Programa de Incentivo à Formação Continuada de Professores do Ensino Médio, por meio do qual convida as instituições de ensino superior públicas e filantrópicas, individualmente ou em consórcios, para participarem de cadastramento para realização de cursos de formação continuada de professores em exercício nas redes públicas de ensino. O recebimento das propostas, a análise e divulgação dos resultados estão previstos para maio de 2006, e os objetivos do cadastramento são: identificar as instituições de ensino superior que possam desenvolver cursos de formação continuada de professores em exercício nas redes estaduais de ensino médio; apoiar as Secretarias de Educação nas ações de melhoria da qualidade do ensino, viabilizando cursos de formação continuada para professores. Também visando ampliar a divulgação do Ensino Médio Integrado, foram programadas duas séries, de cinco programas cada, dentro da grade da TV Escola. A primeira foi ao ar de 29 de agosto a 02 de setembro de 2005, tratando do tema Currículo no En- 65 66 sino Médio: entre o passado e o futuro. Contou com um programa sobre Formação científica e preparação profissional, abordando a necessidade de um currículo que articule trabalho, ciência e tecnologia. A segunda série, prevista para 29 de maio a 02 de junho de 2006, colocará em discussão a modalidade de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional e será debatido o currículo próprio, organicamente estruturado enquanto proposta de totalidade de formação, visando promover diálogo entre gestores públicos, intelectuais, educadores e estudantes. Educação Escolar Indígena A partir do reconhecimento da diversidade brasileira, o Ministério da Educação vem realizando o trabalho de apoio à Educação Escolar Indígena através de ações diversas que passam pela formação de professores, produção de material escolar específico e valorização da cultura indígena. A estratégia de atuação pública está inserida dentro de um processo colaborativo, em que as reivindicações de diferentes comunidades indígenas são contempladas, com vistas à realização de projetos que possam de fato contribuir para a promoção da educação intercultural e bilíngüe ou multilingüe. Box 03 •����������������������������������������������������� A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade - SECAD. Em 2004, o MEC inaugurou, pela primeira vez na história de sua estrutura administrativa, uma secretaria destinada a lidar com a questão da inclusão educacional e os elementos da diversidade étnico, racial, cultural e regional da população brasileira. A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade - SECAD traduz eixos organizadores de ação. Educação Continuada expressa a centralidade da agenda para jovens e adultos, que extravasa os limites da escolarização formal e destaca a de educação para toda a vida, sobretudo para os milhões de brasileiros que ainda não se beneficiaram do ingresso e da permanência na escola. Alfabetização expressa a prioridade política e o foco na cidadania, determinados pelo presidente Lula. Diversidade, enfim, para explicitar uma concepção forte não só de inclusão educacional, mas, sobretudo, de respeito, tratamento e valorização dos múltiplos contornos de nossa diversidade étnico-racial, cultural, de gênero, social, ambiental e regional. Dados de Contexto Os dados do Censo Escolar (MEC/INEP) apurados em 2005 apontam que a oferta de educação escolar indígena cresceu cerca de 40% em apenas três anos. Em 2002, eram 117.171 alunos freqüentando escolas indígenas em 24 unidades da federação. Hoje este número chega a 164.018 estudantes em cursos que vão da educação infantil ao ensino médio. Muitos fatores explicam esta expansão: • a taxa de crescimento populacional da maioria dos povos indígenas no Brasil se aproxima de 4,0% (ao passo que a atual média nacional é de 1,4%); • aumentou, nos últimos anos, a demanda por implantação de educação escolar nas terras indígenas. Entre os setores sociais brasileiros os povos indígenas se destacam na luta pela escola pública de qualidade; • nos últimos dez anos foram formados (ou ainda estão em formação) em cursos especiais de Ma- Compromisso II gistério Indígena cerca de 8.000 professores indígenas em quase todos os estados do Brasil; • programas especiais como o da Merenda Escolar, que no caso das escolas indígenas tem um valor per capita superior ao das escolas não-indígenas, incentivam e favorecem a permanência dos alunos em suas escolas; e • a ação contínua da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – SE- 67 CAD/MEC junto às secretarias estaduais de educação e ao Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação - CONSED, tem buscado insistentemente a expansão da oferta de educação escolar nas comunidades indígenas. Em 2005, os estudantes indígenas estavam assim distribuídos, nos diversos níveis e modalidades de ensino: Tabela 13 • Total de alunos matriculados por nível de ensino. Nível / Modalidade Total de alunos Educação Infantil Ensino Fundamental - 1º segmento Ensino Fundamental - 2º segmento Ensino Médio Educação de Jovens e Adultos Total EPorcentagem sobre o total 18.583 104.573 24.251 4.749 11.862 164.018 11,3 % 63,8 % 14,9 % 2,9 % 7,2 % 100% Fonte: MEC/Inep. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE. De todo modo, é importante ressaltar que a expansão da oferta do segundo segmento do ensino fundamental (da 5a. a 8a. série ou do 5º ao 9º ano), no período de 2003 a 2005, foi mais acentuada que a oferta do primeiro segmento, o que significa, a médio prazo, a garantia de ensino fundamental completo nas terras indígenas. A tabela a seguir registra estes dados: Tabela 14 • Ensino Fundamental – Taxa de matrícula em terras indígenas – Brasil – 2002 e 2005. Ensino Fundamental Nº alunos 2002 Primeiro Segmento (1a. a 4.a) Primeiro Segmento (5a. a 8.a) 82.918 16.148 99.066 5,13 Total Relação (1a. a 4.a) / (5a. a 8.a) Crescimento da Matrícula + 26,1 % + 50,2 % + 30,0 % Nº alunos 2005 104.573 24.251 128.824 4,31 Fonte: MEC/Inep. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE. Os dados do Censo Escolar mostram uma evolução ainda mais significativa no ensino médio oferecido nas terras indígenas: Tabela 15 • Ensino médio - Taxa de atendimento em terras indígenas – Brasil – 2002 e 2005. Nº escolas indígenas com Ensino Médio Nº de estudantes indígenas nestas escolas Fonte: MEC/Inep. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE. 2002 18 escolas 1.187 2005 72 escolas 4.749 Taxa de Expansão + 300 % + 300 % 68 Com relação ao número de estabelecimentos, temos um aumento significativo na quantidade de escolas indígenas nos últimos três anos, que passaram de 1.706, em 2002, para 2.324, em 2005. Em três anos, 618 novas escolas indígenas entraram em funcionamento (ou escolas já existentes passaram a ser reconhecidas como escolas indígenas), o que significa uma expansão de 36,2 %. Sabemos que cada escola indígena abriga em média setenta alunos, quatro pro- fessores e pelo menos mais um funcionário da comunidade. O crescimento no número de escolas indígenas significa, portanto, cerca de 43.000 novos alunos indígenas tendo acesso à formação escolar, cerca de 2.400 novos professores e, pelo menos, 3.000 novos assalariados em terras indígenas. No que tange à manutenção das atuais 2.324 escolas tem-se: Tabela 16 • Percentual de Escolas Indígenas por rede de ensino. Escolas Indígenas Estaduais Municipais Particulares Total Nº de escolas 1.083 1.219 22 2.324 % 46,6 52,5 0,9 100 Fonte: MEC/Inep. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE. É importante observar que, no Censo Escolar de 2004, haviam sido identificadas 1.099 escolas indígenas estaduais e 1.099 escolas indígenas municipais. Isso significa que, entre 2004 e 2005, houve uma redução de 1,5% na quantidade de escolas indígenas estaduais e um expressivo aumento, de 10,9%, no número de escolas indígenas municipais, apontando uma possível tendência de “municipalização” da rede11. Os dados do Censo Escolar/INEP demonstram que foram obtidos avanços, nos últimos três anos, com relação à oferta de Educação Escolar Indígena em nível Básico (modalidade de ensino), mas muito ainda tem que ser feito com relação às seguintes questões: • a relação entre o número de alunos indígenas nos dois segmentos do ensino fundamental12 é de 4,31. Se a oferta de ensino fundamental estivesse, de fato, garantida às comunidades indígenas esta relação seria próxima a 1,00, pois este índice tem um valor médio de 1,23 para todo o País13; • o número de estudantes indígenas em turmas de ensino médio ainda é muito reduzido. Isto significa que centenas de jovens indígenas ainda têm que migrar para as cidades, enfrentando inúmeras si- tuações de graves riscos sociais, em busca do ensino médio; • a maioria das escolas indígenas não conta com estrutura física e equipamentos adequados ao pleno desenvolvimento de suas atividades; • não há uma avaliação adequada da qualidade do ensino ministrado nas aldeias; e • em alguns estados a formação do professor indígena se faz de forma intermitente e com qualidade questionável. Políticas, Programas e Estratégias Um dos principais problemas a serem enfrentados para garantir a ampliação da oferta de vagas na Educação Escolar Indígena Básica diz respeito à falta de oferta de cursos de licenciatura superior para a continuidade da formação dos professores indígenas, a fim de que esses profissionais possam trabalhar nos processos educacionais do 2º segmento do ensino fundamental e médio indígena. Outra questão referese à necessidade de expansão da rede física (prédios, salas de aula, bibliotecas e equipamentos) das Escolas Indígenas. 11 Nos ��������������������������������������������������������������������������������������������� anos anteriores, esteve em curso um processo de “estadualização” de escolas indígenas. O Censo �������������������������������������������������� Escolar deste ano indica uma reversão desta tendência, provavelmente causada pela ocorrência de eleições municipais em fins de 2004. Devemos verificar com precisão se a “municipalização” observada aconteceu prioritariamente a partir de demandas indígenas ou se ocorreu influenciada, predominantemente, por fatores relacionados ao jogo político-partidário não indígena. Outro motivo de crescimento no número de escolas municipais é atuação de novos dirigentes municipais, principalmente no estado do Amazonas, que, acatando reivindicações indígenas, abriram ou reconheceram escolas indígenas. 12������������������������������� Total de alunos em turmas de 1a. a 4a. série dividido por total de alunos em turma de 5a. a 8a. série 13��������������������� Matrícula total de 1a. a 4a. série em 2005 : 18,5 milhões de alunos. Matrícula total de 5a a 8a. série em 2005: 15,1 milhões de alunos (Censo Escolar 2005 – INEP/MEC). Compromisso II Para enfrentar o desafio da ampliação do número vagas para estudantes indígenas em escolas indígenas interculturais específicas e de qualidade, são necessárias várias ações. Primeiramente, é importante garantir a formação, em nível médio (inicial e continuada), de todos os professores indígenas (Magistério Indígena) que estão nas salas de aula. Estima-se hoje a presença de aproximadamente 8.000 professores indígenas atuando nestas escolas, 88% do total estimado de professores. Para tanto, o MEC está oferecendo apoio técnico e financeiro à realização dos cursos de formação inicial ou continuada para estes professores. Em 2005, foram apoiados 30 projetos de Secretarias Estaduais de Educação ou Organizações da Sociedade Civil para formação de professores indígenas. Este apoio, que envolveu recursos da ordem de R$ 2.728,014,16, permitiu que 4.398 professores recebessem cursos de formação inicial ou continuada e aproximadamente 78 mil crianças e jovens indígenas fossem beneficiados. De outra parte, também é necessário garantir a formação superior de, pelo menos, 2.000 professores indígenas, em cursos de licenciatura intercultual. O objetivo principal é garantir educação escolar de qualidade e ampliar a oferta das quatro séries finais do ensino fundamental e implantar o ensino médio em terras indígenas. Para atingir essa meta, o Ministério da Educação instituiu em 2005 o Programa de Apoio a Cursos de Formação Superior e Licenciatura para Indígenas/PROLIND, e selecionou 4 Instituições de Ensino Superior/IES públicas federais e estaduais para viabilizar a execução e implantação de Cursos de Licenciatura Intercultural. A meta em 2006 é atender pelo menos mais 5 IES públicas federais ou estaduais. O MEC também instituiu, em 2005, a Comissão de Apoio à Produção de Material Didático Indígena, dirigida à produção, avaliação e distribuição de materiais didáticos específicos para os povos indígenas, como livros, CD, DVD, programas de rádio e outras formas de midia, elaborados com ênfase na autoria e protagonismo indígena para uso nas suas escolas. Neste primeiro ano, foram investidos cerca de R$ 620,4 mil no financiamento de 18 projetos, o que beneficiou mais de 36 mil alunos. Em 2006, 26 novos projetos serão financiados, com recursos da ordem de R$ 700 mil, beneficiando aproximadamente 52.000 alunos Outra ação a destacar é o apoio financeiro do MEC aos sistemas estaduais e municipais de ensino na construção, reforma e ampliação de escolas, e na aquisição de equipamentos. Para o desenvolvimento dessas e de outras ações foram garantidos recursos específicos para a Educação Escolar Indígena no Orçamento do Governo Federal - PPA 2004/2007. Para 2006, estão assegurados R$2,6 milhões para esta ação. Por meio do FNDE, o MEC repassa recursos para as Secretarias Estaduais ou Municipais de Educação para a compra da alimentação para as escolas indígenas. Em alguns casos, esses recursos são descentralizados para Unidades Gestoras constituídas por associações que representam a comunidade escolar indígena, para a compra direta dos produtos que compõem a cesta de alimentos da merenda. Em 2005, foram descentralizados R$ 11,6 milhões. Em 2006, os investimentos para garantir o fornecimento de alimentação escolar nas terras indígenas irá superar R$12 milhões de reais. Além dos recursos específicos, as escolas indígenas, como todas as escolas públicas, podem receber os benefícios de muitos outros programas federais como, por exemplo, o Programa Nacional do Livro Didático - PNLD, que em 2005 distribuiu, para escolas indígenas, 424.267 exemplares de livros didáticos e dicionários, orçados em R$ 2,1 milhões. Outros programas federais importantes são: Transporte Escolar e Programa Dinheiro Direto na Escola. A participação e controle social dos povos indígenas são fundamentais para o acompanhamento dos recursos previstos na lei que criou o Fundef, para a manutenção e desenvolvimento do ensino nas terras indígenas em cada estado. Neste sentido, o MEC desenvolve, em articulação com a FUNAI, cursos de capacitação para que professores e lideranças indígenas conheçam seus direitos e exerçam o controle social sobre os mecanismos de financiamento da educação pública, bem como sobre a execução das ações e programas em apoio à educação escolar indígena. 69 70 Box 04 • Educação escolar indígena e Educação infantil. Não existem dúvidas quanto ao direito e necessidade de expansão da oferta do segundo segmento do ensino fundamental e médio nas comunidades indígenas. No entanto, quando se discute a educação infantil e povos indígenas, percebe-se o desconhecimento sobre o que venha a ser a infância indígena. A consideração aos processos próprios de aprendizagem (artigo 210 da Constituição Federal) ainda é matéria de poucas pesquisas que aportem subsídios para as práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas indígenas. O princípio central na ressignificação da educação escolar e povos indígenas foi a distinção entre educação indígena e educação escolar, apresentada nos anos 197014. O reconhecimento de que os povos indígenas têm seus próprios mecanismos de socialização e transmissão da tradição e dos conhecimentos balizou as categorias com que se passou a pensar a função e o sentido da escola nas comunidades indígenas. Propor processos educacionais escolarizados na faixa de 0 a 6 anos para crianças indígenas põe em cheque este princípio, tornando imprescindível um diálogo intercultural consistente com as comunidades sobre a oferta desse nível de ensino e sob quais referenciais. Um aspecto relevante a analisar é que propostas de educação infantil em nossa sociedade têm um marco histórico e respondem por certas necessidades sociais de inserção das mulheres no mercado de trabalho, na realidade urbana. Esse contexto deixa de ser problematizado, e passa a ser “natural” que todos os segmentos sociais de uma sociedade plural como a nossa, em qualquer realidade socioambiental, possam demandar a oferta de educação infantil. Essa naturalização pode nos levar a crer que existe uma demanda ampla. No entanto, em muitas realidades trata-se de uma demanda induzida por agentes públicos, por um lado e, por outro, determinada por realidades de riscos, de vulnerabilidade social que enfrentam inúmeras comunidades indígenas quanto à segurança alimentar, degradação ambiental e outras que as fragilizam perante setores públicos que oferecem o que têm à mão como alternativa de atendimento dessas realidades. Educação do Campo Na evolução do sistema de ensino brasileiro, tem sido determinante o fator da localização da população no que se refere à oferta de oportunidades de escolarização, podendo ser considerada muito alta a correlação positiva entre urbanização e oferta de ensino. Em contrapartida, em que pesem todas as transformações ocorridas na ampliação das oportunidades de ensino, sobretudo após os novos marcos legais instituídos pela Constituição e pela LDB, não houve alteração significativa na histórica defasagem do atendimento aos povos do campo, em todos os níveis e modalidades, com exceção, em certa medida, ao primeiro segmento do nível fundamental. Na causa de tão evidente descompasso en- contra-se a compreensão de que o meio rural, do princípio da nossa história até a metade do século XX, se caracterizava pelo latifúndio, pela monocultura e pelo recurso a técnicas de produção muito rudimentares, podendo prescindir da educação e mesmo da alfabetização. A educação só veio a se consolidar como uma demanda dos segmentos populares com a intensificação do processo de industrialização e a transferência da mão-de-obra dos setores tradicionais para o moderno, o que ocorre a partir de 1930. Surgem nessa época os movimentos em defesa da escola pública, gratuita e laica, com as responsabilidades da escolaridade elementar assumidas pelo Estado. Dada a forma como se desenvolveu a pequena agricultura no Brasil, com ausência da provisão de recursos públicos, den- 14 MELIÁ, Bartomeu. Educação Indígena e Alfabetização. São Paulo:Loyola, 1979. Compromisso II tre os quais, a escola, a expansão da demanda escolar só se desenvolveu nas áreas em que mais avançaram as relações de produção capitalistas. 2.377 escolas, 10.690 professores e 282.747 alunos. Para a realização desta ação, empenhou-se o valor de R$ 4,3 milhões. Finalmente, a partir dos anos 90, os povos organizados do campo conseguem agendar na esfera pública a questão da educação do campo como uma questão de interesse nacional ou, pelo menos, se fazem ouvir como sujeitos de direito. E o Ministério da Educação abriu-se à construção de uma política nacional de educação do campo, que vem sendo construída em diálogo com as demais esferas da gestão do Estado e com os movimentos e organizações sociais, por meio da Coordenação-Geral de Educação do Campo, da SECAD/MEC. Educação nas áreas remanescentes de quilombos No intuito de atender às necessidades específicas da população do campo, o MEC desenvolve uma ação de apoio em todos os níveis de escolaridade, segundo as Diretrizes Operacionais da Educação Básica das Escolas do Campo - Resolução CNE/CEB Nº 1 de 03 de abril de 2002 - com destinação de recursos, apoio técnico e outros subsídios dando especial atenção às demandas específicas e diferenças entre as populações campesinas, tais como: ribeirinhos, pescadores, pequenos agricultores familiares, assentados, caiçaras, extrativistas, dentre outros. Dessa forma, os recursos orçamentários correspondentes a essa ação destinam-se à capacitação ou formação continuada de professores e profissionais das escolas do campo, na forma de experiências inovadoras e aquisição, elaboração, produção, reprodução e distribuição de material didático-pedagógico específico para essas escolas. Por meio de resoluções publicadas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, o MEC incentiva a elaboração de material didático-pedagógico e a formação continuada de educadores/as que reflitam uma nova concepção de currículo, o que implica pensar a organização da escola, os valores, os conteúdos, suas intencionalidades e a realidade dos educandos e educadores do campo a partir de suas especificidades e regionalidades. O caráter de “experiência inovadora” persegue o objetivo de maximizar os poucos recursos destinados a esse programa, com vistas a informar os programas de atendimento geral/universal administrados por outros setores do MEC, como o programa de formação continuada e o Programa Nacional de Material Didático. No ano de 2005, foram beneficiados Desde 1988, ano da promulgação da atual Constituição Nacional, vem se ampliando o reconhecimento de direitos sociais e coletivos, somados às liberdades individuais. No que tange às áreas onde vivem populações remanescentes de quilombos, a Constituição Federal definiu, em seu Art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT: “Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos”. No Brasil estão identificadas, hoje, centenas de áreas remanescentes de quilombos localizadas nas diferentes regiões brasileiras. Este fato justificou a criação de um Grupo Interministerial, em 2003, com a função de discutir e redefinir o artigo 68 do ADCT, considerando tanto os questionamentos postos, quanto os pensamentos expressos pelas comunidades quilombolas. Como fruto do trabalho desse Grupo Interministerial foi instituído o Decreto nº 4.887, no dia 20 de novembro de 2003, que transfere a competência de identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação, titulação das áreas remanescentes de quilombos ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, por meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA. Com intuito de consolidar as diretrizes fundamentais para uma ação efetiva do Estado nas áreas de remanescentes de quilombos, além de definir os princípios e as prioridades na execução da política nacional, articulada com os diversos órgãos do governo, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR instituiu um Comitê Gestor com o objetivo de trabalhar as questões específicas das Áreas de Remanescentes de Quilombos, a partir de três eixos básicos de ação: • Regularização Fundiária; • Infra-Estrutura e Serviços; e • Desenvolvimento Econômico e Social. 71 72 O Ministério da Educação participa de forma efetiva, discutindo ações nas áreas de Infra-Estrutura e Serviços, e de Desenvolvimento Econômico e Social, por intermédio da SECAD. Como fruto das discussões, foi elaborado, por 21 Ministérios coordenados pela SEPPIR, o “Programa Brasil Quilombola”, cujo objetivo é implementar diretrizes fundamentais da ação governamental, enquanto política de Estado, para as áreas remanescentes de quilombos. O conjunto das ações está previsto nos recursos constantes na lei orçamentária anual do Plano Plurianual 2004-2007, bem como as responsabilidades de cada órgão e prazos de execução. O MEC, por meio do Programa Cultura Afro-Brasileira, também constante do PPA 2004/2007, apóia técnica e financeiramente as prefeituras que possuem áreas de remanescentes de quilombos, nas seguintes ações: a) ampliação e melhoria da rede física escolar; b) formação continuada de professores e c) aquisição e elaboração de material didático específico para as comunidades remanescentes de quilombos. No ano de 2005, quarenta prefeituras tiveram projetos aprovados para o desenvolvimento das ações. Na ação de formação continuada de professores, foram apoiados 22 municípios, com recursos num total de R$ 725,7 mil atendendo a 1.172 professores, beneficiando 23 mil alunos. Quanto à ação de material didático, o valor repassado aos 16 municípios foi de R$ 441, 3 mil, beneficiando 30 mil alunos. Apoiouse, ainda, a construção de 42 escolas, perfazendo um total de 64 salas de aula, beneficiando 9 mil alunos em 17 municípios, no valor de R$ 3, 8 milhões. Compromisso II Desafio 3: Promoção da Educação Especial. A legislação vigente no Brasil preceitua a igualdade de condições de acesso e permanência na educação e a não discriminação a qualquer título dos cidadãos brasileiros. No entanto, crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais ainda enfrentam muitas barreiras à sua plena participação na escola e na sociedade. Há muito por fazer no sentido de tornar os prédios escolares acessíveis, garantir apoio nas questões de comunicação e sinalização, assegurar informações e metodologias aos professores em formação e em serviço, desenvolver e prover as escolas de materiais didáticos, equipamentos e tecnologias. Hoje, mais de 90% da matrícula de alunos com necessidades educacionais especiais concentrase nos níveis mais elementares de ensino, o que indica que a falta de atendimento educacional especializado pode criar obstáculos à perspectiva de progresso nos estudos a que todo aluno tem direito. Além disso, cerca de 70% dos alunos com necessidades educacionais especiais ainda estudam em escolas especiais ou em classes especiais. Ou seja, é preciso uma ação decisiva do Governo que impulsione as transformações necessárias para que o sistema educacional brasileiro se torne inclusivo: aberto a todos, sem discriminar ninguém, e capaz de atender seus alunos com qualidade, para que estes, independentemente de sua condição ou deficiência, possam dar curso a suas potencialidades. É preciso eliminar as barreiras hoje existentes no campo educacional, dando seqüência à eliminação de barreiras em outras áreas: de integração ao trabalho, à cultura, ao lazer. Dessa forma, compreende-se que é pela educação, que as pessoas com necessidades educacionais especiais, vinculadas a deficiências ou outras condições específicas, se tornarão cidadãs brasileiras. É importante ressaltar que os principais instrumentos do direito internacional de que o Brasil é signatário enfatizam a necessidade de promover políticas para a plena integração social das pessoas com deficiência, e a eliminação de todas as formas de discriminação. O atendimento educacional especializado ação da educação especial - é o instrumento de políticas públicas capaz de tornar esses compromissos uma realidade, como meio de se assegurar uma educação inclusiva de qualidade. Esse desafio não se resolve com ações pontuais, focalizadas. Deve ser enfrentado com um amplo e articulado movimento de mudança para a inclusão educacional e social, que congregue organizações governamentais de Educação, Saúde, Trabalho, Assistência Social, organizações da sociedade civil, o Ministério Público, as pessoas com deficiência, os grupos de direitos humanos, as entidades de trabalhadores e de empresários, e principalmente, as comunidades escolares de todo o Brasil e de todos os níveis e etapas da educação: gestores, professores, funcionários, técnicos, alunos e pais, da educação infantil ao ensino superior. O grande vetor desse movimento é o exercício da função social da escola, compromisso histórico desta gestão: a universalização do ensino de qualidade como base para a cidadania plena. Dados de Contexto Ao analisar-se a matrícula de alunos com necessidades educacionais especiais na Educação Básica (incluindo o ensino regular e a modalidade educação especial), observa-se uma nítida expansão no atendimento no País, visto que, em 2005, o total de matrículas atingiu 640.317de alunos, uma evolução de 13% em relação a 2004, quando este número foi de 566.753. Essa expansão foi acompanhada pelo incremento da participação da rede pública no atendimento a alunos com necessidades educacionais especiais. Tomando-se os dados de 2005, verifica-se que o índice de matrículas atingiu 38,8%, contra 17% registrados no ano anterior. Também o número de municípios com registro de matrículas de alunos com necessidades especiais cresceu consideravelmente: eram, em 2003, 71% (3.952) do total de municípios brasileiros, enquanto em 2005 chegou-se ao patamar de 82,3% (4.852). Embora ainda hoje prevaleça o atendimento desses alunos em escolas ou classes especiais, totalizando 378.074 (59%) das matrículas efetuadas em 2005, é possível perceber que a educação inclusiva vem ganhando espaço. Em 2003, 28,8% do total de alunos matriculados estavam em classes comuns do ensino regular, ao passo que, em 2005, este índice al- 73 74 cançou 41%, indicando um crescimento de aproximadamente 80%. Outro indicador relevante do processo de inclusão dos estudantes com necessidades educacionais especiais no ensino regular é a taxa de prevalência da educação inclusiva nos municípios brasileiros15, que, em 2003, era de 38,6%, enquanto, em 2005, foi de 50%. Também é possível perceber avanços no que tange às condições adequadas de acesso à escola para este segmento da população. A taxa de escolas públicas da educação básica com acessibilidade física em 2003 era de 4,9%, tendo passado pra 10,5%, em 2005. Políticas, Programas e Estratégias As ações da Secretaria de Educação Especial – SEESP/MEC estão voltadas para o acesso à educação por todas as crianças, a despeito de suas características, desvantagens ou dificuldades, e tem como objetivo mobilizar esforços para habilitar todas as escolas para o atendimento dos alunos na sua comunidade. Trata-se, portanto, de apoiar o desenvolvimento de sistemas educacionais inclusivos, com escolas capazes de responder à diversidade de forma efetiva. A inclusão escolar, enquanto opção política, testemunha o compromisso do governo brasileiro com esse segmento populacional que, historicamente, tem ficado à margem da sociedade. A dignidade da pessoa humana, o respeito e valorização da diversidade, o direito à igualdade de oportunidades são condições para o exercício da cidadania. O desafio de fazer com que essa opção ética se realize na sociedade cabe, em grande medida, à educação, fator fundamental na construção do desenvolvimento humano. Nesse processo de transformação, a Educação Especial vem desempenhando um importante papel: desenvolver um conjunto de conhecimentos, recursos humanos, estratégias e materiais que, postos pedagogicamente a serviço do sistema educacional – ao longo de todos os níveis e modalidades de ensino – possam responder de forma eficaz às necessidades educacionais especiais. O Programa Desenvolvimento da Educação Especial, do MEC, tem como objetivo assegurar aos alunos com necessidades educacionais especiais, as condições de acesso e permanência com qualidade na educação brasileira, orientando e apoiando os sistemas de ensino para impulsionar a matrícula desses alunos em classes comuns do ensino regular, e organizar o atendimento educacional especializado. Para que o sistema educacional brasileiro se torne inclusivo, deve ser aberto a todos e capaz de atender aos seus alunos com qualidade, respeitando e valorizando a diversidade como elemento enriquecedor no processo de ensinar e aprender, proporcionando as condições necessárias para que os alunos possam dar curso a suas potencialidades. Dessa forma, esse Programa se estabelece como uma ação decisiva do Governo Federal que tem favorecido os sistemas de ensino na implementação das transformações necessárias para a universalização do ensino de qualidade. Nesta direção, o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Especial, vem contribuindo com ações de sensibilização da sociedade e da comunidade escolar, de disponibilização de tecnologia educacional que contribua para a prática pedagógica e de gestão escolar, de aquisição e distribuição de equipamentos e materiais de apoio ao aluno, de produção e disseminação de conhecimento sobre a Educação Inclusiva, bem como de atendimento educacional complementar ou suplementar, de acordo com a especificidade das necessidades educacionais especiais dos alunos. Box 05 • Programa Desenvolvimento da Educação Especial. A análise dos indicadores que compõem o Programa Desenvolvimento da Educação Especial possibilita verificar os seus impactos. Entre 2003 e 2005, houve um aumento de 25% no índice de Acesso à Educação Básica por parte dos alunos com necessidades educacionais especiais. Ao mesmo tempo, a inclusão destes mesmos alunos em classes comuns do ensino regular também foi acelerada. Se em 2003, apenas 28,8% destes alunos estavam em classes comuns, em 2005 estes já eram 41% de toda a população de alunos com necessidades especiais. 15���������������������������������������������������������������� Essa taxa expressa o total de municípios que registram mais de ��������������������������������������������������������������������������������� 50% do total de matrículas de alunos com necessidades educacionais especiais em classes comuns do ensino regular e o número total de municípios que registram matrículas desses alunos na educação básica. Compromisso II 75 Desafio 4: Alfabetização de Jovens e Adultos. Quadro 06 • Metas. Situação Inicial 2002 (%) Indicadores ● taxa de alfabetização de adultos de 15 anos ou mais (IBGE/ PNAD) Total Masculino Feminino Metas 2007 (%) 87,60 87,60 87,70 90,50 89,00 90,10 Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. O governo brasileiro reconhece que, embora o País tenha conseguido, nas últimas décadas, significativos avanços no campo da educação, muito ainda há por fazer, especialmente no enfrentamento dos diversos tipos de analfabetismos: da educação, da cultura, da política e da cidadania. De 2003 até 2005, as mudanças mais significativas na ação governamental referem-se à adoção de uma concepção política inovadora sobre o direito de todos à educação, reconhecendo-o como um direito humano fundamental que exige, em certos momentos, um atendimento especial para segmentos da população estruturalmente fragilizados. Como o direito é de todos, e a concepção ética e histórica que o embasa entende que assegurar esse direito impõe o reconhecimento da diversidade de realidades e de sujeitos, as políticas para a área exigem o concurso da sociedade e do poder público, buscando redizer o sentido de parceria, desgastado ao longo dos anos. Educação tratada como parte do processo de construção de cidadania consciente e ativa, respeitando a pluralidade e a especificidade dos sujeitos. Para a população jovem e adulta que não teve acesso à escola, não se pretende reservar apenas uma etapa abreviada de alfabetização. A alfabetização passa a ser diretamente articulada com o aumento da escolarização de jovens e adultos. Dados de Contexto Quadro 07 • Evolução dos Indicadores do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente - Alfabetização de Jovens e Adultos. Indicadores Situação 2004 (%) Situação Inicial (%) ● taxa de alfabetização de adultos de 15 anos ou mais IBGE/PNAD 2002 87,60 88,6 Masculino 87,60 88,4 Feminino 87,70 88,8 Total 76 Os números da exclusão educacional são contundentes: 65 milhões de jovens e adultos, com mais de 15 anos de idade, sem o ensino fundamental completo. econômicas, de desemprego e habitacionais. Desses, 33 milhões são analfabetos funcionais que sequer completaram a 4ª série, e 14,6 milhões são analfabetos absolutos (PNAD 2003). Especificamente, entre 15 e 24 anos de idade — uma faixa geracional significativa, jovem, que prenuncia a massa crítica futura do País — 19 milhões não completaram o ensino fundamental e quase três milhões são analfabetos absolutos. Os dados do analfabetismo não são, entretanto, homogêneos. Há diferenças nestas taxas quando se analisa o recorte geográfico, de gênero e de raça/etnia. As maiores taxas de analfabetismo encontram-se na região Nordeste. Na média nacional, o analfabetismo entre os negros (12,9%) é mais de duas vezes superior ao verificado entre os brancos (5,7%). O problema se agrava na região Nordeste, onde se encontra um analfabeto em cada cinco pessoas negras. Com relação ao gênero, não se verificam grandes discrepâncias: do total de analfabetos, 52% são do sexo feminino. Esses números ilustram a necessidade de resgatar a educação como direito de todos, de jovens e adultos excluídos dos sistemas de ensino. No ensino fundamental, de cada 100 alunos que o iniciam, apenas 51 concluem a 8ª série. Cerca de 60% das crianças que concluem a 4ª série não são leitores fluentes. E esta é uma média nacional: se retirarmos da amostra as capitais e alguns dos maiores municípios do País, esse indicador atinge níveis ainda mais inquietantes. Quando se considera o ensino médio, tem-se 42% dos jovens concluintes em estágios crítico e muito crítico de desenvolvimento de habilidades de leitura. Tal realidade está fortemente associada a restrições culturais, Segundo dados do Indicador Nacional de Analfabetismo Funcional (INAF) 8% dos brasileiros entre 15 a 64 anos são considerados analfabetos absolutos; 30% são capazes de localizar informações simples em enunciados com uma só frase (considerados no nível 1 de letramento); 37% conseguem localizar uma informação em textos curtos (considerados em um nível básico de alfabetização -nível 2) e apenas 25% têm domínio pleno das habilidades de leitura (nível 3), ou seja, são capazes de ler textos mais longos, localizar mais de uma informação, comparar a informação contida em diferentes textos e estabelecer relações diversas entre elas. Tabela 17 •Taxa de Alfabetização de Jovens e Adultos de 15 anos ou mais de idade por Gênero - 2004. Brasil Brasil Taxa de Alfabetização Total Feminino Masculino 88,6 88,8 88,4 Fonte: IBGE/PNAD. Tabela Elaborada por Inep/DTDIE. Nesse contexto, a alfabetização constitui-se em uma prioridade política definida pelo presidente Lula, desde o início do governo. Alfabetização como portal de entrada à condição cidadã, que promove o acesso à educação como um direito de todos, em qualquer momento da vida. Políticas, Programas e Estratégias O tratamento de destaque concedido à modalidade de ensino Educação de Jovens e Adultos, contemplando a alfabetização e todo o processo de aprendizagem — formal ou informal —, expressa os contornos de uma agenda orientada pela articulação entre o aumento da qualidade dos sistemas de ensino e a construção das bases para a eqüidade e a inclusão educacional. Brasil Alfabetizado: inclusão e continuidade O Ministério da Educação vem investindo progressivamente em programas, projetos e ações destinados a conferir a jovens e adultos brasileiros a oportunidade de ingressar na escola e concluir a educação básica. Ao Ministério, como representante da União, cabe uma atuação redistributiva16 e articuladora, conforme a LDB. 16�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Entende-se por ação redistributiva da União o suporte financeiro a programas, projetos e ações educacionais, visando minorar as disparidades econômicas, políticas e sociais. Compromisso II Nesse sentido, uma das estratégias do MEC é de apoio e financiamento de ações de alfabetização de jovens e adultos, junto a Secretarias Estaduais de Educação, Prefeituras Municipais, Organizações Não-Governamentais e empresas privadas, entre outras, em todas as unidades da federação brasileira, por meio do Programa Brasil Alfabetizado. Lançado pelo governo federal em 2003, esse Programa tem como objetivo prioritário a inclusão educacional, pela efetiva alfabetização de jovens e adultos com 15 anos ou mais, que não tiveram acesso à leitura e à escrita e às operações básicas da matemática. O desafio que se impõe, a partir daí, é articular a alfabetização com as demais etapas da Educação de Jovens e Adultos - EJA, considerando que essa fase deve ser compreendida como o início de um processo autônomo de aquisição da leitura e da escrita, na perspectiva de contribuir para avançar no campo dos direitos à educação, do conhecimento, da cultura, da memória, da identidade, da formação e do desenvolvimento pleno dos sujeitos jovens e adultos. Partindo, portanto, da compreensão de que os programas de alfabetização não devem ter um fim em si mesmos, o MEC adotou uma concepção de EJA que tem como meta a continuidade, com o objetivo de garantir a crescente ampliação da escolaridade da população brasileira. Nesta perspectiva, em articulação com o Programa Brasil Alfabetizado, o MEC vem desenvolvendo também o Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para Atendimento à Educação de Jovens e Adultos - Programa Fazendo Escola, destinado ao cidadão que não teve a oportunidade de acesso ou permanência no ensino fundamental na idade escolar “própria” (dos sete aos 14 anos), tendo como objetivo contribuir para enfrentar a baixa escolaridade em bolsões de pobreza do País, onde se concentra a maior parte da população de jovens e adultos que não completaram o ensino fundamental. O Programa é oferecido pelo Ministério da Educação em conjunto com os governos estaduais e municipais, por meio da transferência, em caráter suplementar, de recursos referenciados ao número de alunos matriculados no sistema. O MEC é responsável pela formulação das políticas para a melhoria da qualidade da educação de jovens e adultos, pelo estímulo e o acompanhamento da implantação da EJA nos sistemas estaduais e municipais de ensino, e em subsídio às decisões dos executores quanto à utilização dos recursos. Por outro lado, o MEC vem adotando enfoques de alfabetização e de EJA mais amplos, intersetoriais, visando incorporá-las ao sistema nacional de educação. De fato, não se admite mais tratá-las de forma isolada dos sistemas de ensino (formal, governamental), bem como não se considera razoável excluir as formas de educação não-formais, haja vista as inúmeras possibilidades e riqueza que apresentam para esta área da educação. O MEC vem ainda construindo uma nova institucionalidade para a EJA baseada num processo de articulação, consertação, reconhecimento e interlocução com um conjunto de órgãos, entidades e atores sociais que desempenham diversos papéis nesse campo. No plano governamental, desenvolve ações junto com os Ministérios do Trabalho e Emprego (MTE), da Saúde (MS), do Desenvolvimento Social (MDS) e da Justiça (MJ), bem como as Secretarias de Aqüicultura e Pesca, de Igualdade Racial, de Juventude e de Direitos Humanos. No âmbito da sociedade civil, criou, em 2003, a Comissão Nacional de Alfabetização e, posteriormente, ampliou a sua abrangência para incluir a EJA. Do ponto de vista da oferta, um elemento fundante da consolidação da EJA é a necessária orquestração entre a atuação dos governos federal, estaduais e municipais, articulando, entre outros órgãos representativos, o MEC, o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação (Consed) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) como parceiros na construção da política pública de EJA. Esta articulação, contudo, não se restringe aos entes federativos; pelo contrário, busca aliados entre todos aqueles que historicamente já atuam em EJA, tais como representantes de governos, organizações não-governamentais, organismos internacionais, trabalhadores e patrões, sindicalistas e movimentos sociais, que de alguma forma estão fazendo a EJA, na complexa e diversa realidade brasileira. Esses coletivos são representados pelos Fóruns de Educação de Jovens e Adultos, uma experiência rica que tem sido vivida nos movimentos internos do Brasil desde 1996. 77 78 No reverso, o MEC busca melhorar as competências profissionais da área: pesquisas, avaliações, documentações, comunicação, formação, publicações. Ao mesmo tempo, envida esforços para formar uma nova geração de quadros profissionais em EJA, em níveis federal, estadual e municipal, concorrendo, para isso, com linhas de financiamento que possibilitam a autonomia de desenhos para projetos locais, em atendimento às exigências atuais de formação do professor. Em 2005, consolidou-se a orientação política adotada, que privilegiou o financiamento de projetos desenvolvidos por entes públicos. A novidade foi a garantia de apoio financeiro a todos os estados e municípios brasileiros baseada no Índice de Fragilidade em Educação de Jovens e Adultos – IFEJA17, bastando, para isso, que o estado ou o município manifestasse sua adesão ao programa. Como resultado dessa estratégia, registrou-se um aumento no número de municípios e estados parceiros em 2005, passando de 166, em 2004, para um total de 590 (568 prefeituras e 22 secretarias estaduais de educação), que foram responsáveis pelo atendimento 1,13 milhão de alfabetizandos jovens e adultos. Outros 920.971 foram atendidos por 54 organizações não-governamentais e instituições de ensino superior, totalizando 2,05 milhões de alunos participantes do Brasil Alfabetizado, em 2005. Para o atendimento a estes alfabetizandos, o programa apoiou a formação de 101.410 alfabetizadores. O Ministério da Educação, por intermédio do FNDE, repassou às entidades parceiras recursos para pagamento de bolsas aos alfabetizadores, e para sua formação inicial e continuada, que, em 2005, somaram R$ 209,7 milhões. Desse total, R$ 119,5 milhões foram investidos nos projetos de alfabetização de estados e municípios e R$ 90,1 milhões repassados a organizações não-governamentais e instituições de ensino superior. Por conta do programa Fazendo Escola, o MEC/FNDE repassou a estados e municípios cerca de R$448 milhões para apoiar formação continuada e valorização de professores da modalidade educação de jovens e adultos, elaboração e distribuição de material didático, merenda e material escolar. Além da ampliação de sua cobertura, outra novidade em 2005 foi a definição de nova competência para a Equipe Coordenadora do programa nos estados e municípios, cuja indicação constitui-se em condição indispensável para a participação. Até 2004, a Equipe foi responsável pela comunicação direta entre o Órgão Executor e os demais participantes do Fazendo Escola e pelo assessoramento ao Órgão Executor na gestão financeira, técnica e operacional do programa. Em 2005, essa equipe passou a responder também pela articulação entre as ações de alfabetização do Brasil Alfabetizado e de outros projetos, e o primeiro segmento do ensino fundamental de jovens e adultos. Isso se deu por meio da integração dos atores envolvidos – alfabetizadores, professores, alunos e comunidade escolar – promovendo as condições necessárias para que todos participassem efetivamente de ações de formação capazes de sensibilizar para a continuidade de estudos e promover a matrícula, a permanência e a conclusão desses alunos no ensino fundamental. É importante registrar ainda que, historicamente, verifica-se uma escassez de materiais didáticos e de formação de professores específicos para a EJA, exigindo que o Ministério apóie iniciativas que venham a responder às demandas e atender as necessidades pedagógicas dos educadores que atuam neste campo. Neste sentido, dois novos materiais para a educação de jovens e adultos foram desenvolvidos. O primeiro consiste em um material didático para os 1º e 2º segmentos do ensino fundamental. A elaboração desse material, desenvolvido por meio de convênio entre a Rede Unitrabalho e o MEC/FNDE, concede especial destaque para o tema trabalho e sua centralidade na vida moderna. O segundo é composto por cinco cadernos, organizados por temas, destinados a fornecer subsídios para a formação continuada de professores de educação de jovens e adultos. Não há que se falar em formação sem citar as universidades, já que desempenham um papel fundamental na formação de educadores para os sistemas de educação e na produção, transmissão e divulgação de conhecimento por meio da pesquisa, ensino e extensão. Assim, o MEC desenvolve ações que buscam ampliar o diálogo com essas instituições de forma a potencializar os resultados dos programas de inclusão 17������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ Índice sintético composto da taxa de analfabetismo absoluto, mais a taxa de analfabetismo funcional e a taxa de indivíduos com 25 anos ou mais que não possuem fundamental completo. Compromisso II educacional que estão sob sua responsabilidade. Uma das ações resultantes desta aproximação é o Portal dos Fóruns de EJA, que é composto pelas discussões sobre o Observatório de Inclusão Digital desenvolvido em parceria com a Universidade de Brasília. Com o objetivo de fomentar o acesso a tecnologias modernas e adequadas para a formação de professores e de contribuir para a criação de uma rede de aprendizagem virtual multimídia, o MEC vem construindo um curso de formação continuada de professores a distância, que trabalha temáticas relacionadas a EJA, educação no campo, educação escolar indígena, educação das relações étnico-raciais, educação ambiental e educação para os direitos humanos. Outro projeto que destaca a participação das universidades na política de educação de jovens e adultos realizada pelo MEC é a Casa Brasil, proposta do governo federal cujo objetivo é implantar, junto às comunidades carentes, um espaço destinado à convergência das ações do governo federal nas áreas de inclusão digital, social e cultural, geração de trabalho e renda, ampliação da cidadania, popularização da ciência e da arte. A instalação do Projeto Casa Brasil em Angicos-RN – cidade que abrigou as primeiras turmas de alfabetização de jovens e adultos organizadas por Paulo Freire – envolveu, entre outros parceiros, universidades federais do Nordeste, em especial, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a Universidade Federal da Paraíba e a Universidade Federal de Pernambuco, que têm buscado, com sua atuação no ensino, na pesquisa e na extensão, contribuir efetivamente para a expansão da EJA no País. Uma das diretrizes do Ministério da Educação com relação à política de educação de jovens e adultos aponta para o reconhecimento da importância da formação de leitores críticos e criativos. Assim, tem procurado implementar uma Política de Leitura apta a oferecer alternativas para estimular práticas de leitura entre jovens e adultos recém-alfabetizados, fortalecendo o processo de alfabetização iniciado no programa Brasil Alfabetizado. Em 2005, cabe destacar duas ações no âmbito desta Política de Leitura: a primeira é o financiamento da elaboração, publicação e distribuição de um almanaque, cuja temática central é “A construção da paz na diversidade”. Essa obra, editada pela organiza- ção não governamental SAPÉ, vem conjugar-se plenamente aos propósitos do MEC, na medida em que não só se constitui em material de leitura especificamente voltado a jovens e adultos, como também apresenta conteúdo que reconhece e valoriza a diversidade que compõe o rico tecido social, cultural, étnico-racial, religioso, econômico e territorial brasileiro. A outra ação de destaque é o lançamento, em dezembro de 2005, do concurso literário nacional Literatura para Todos, com o objetivo de selecionar obras inéditas destinadas ao público jovem e adulto. Nesta iniciativa inédita no País, serão selecionados oito títulos de diferentes gêneros literários, com tiragens de 400.000 exemplares, para distribuição a bibliotecas públicas, espaços de leitura e para circulação entre os alunos do Brasil Alfabetizado. Cabe registrar, ainda, a parceria firmada com SESI-FIRJAN que, desde 2004, vem construindo uma agenda que permite a jovens e adultos analfabetos participar de um processo que se inicia com a alfabetização e prossegue nos segmentos do ensino fundamental. Há que se ressaltar, também, os diversos projetos apoiados pelo MEC, em especial, aqueles que trazem ações desenvolvidas a partir do eixo temático “EJA e o mundo do trabalho” e que levam à formulação de processos de formação integrados entre alfabetização e/ou elevação de escolaridade – nível fundamental – e qualificação profissional. Busca-se a articulação efetiva entre os processos de alfabetização, de continuidade de estudos e de elevação de escolaridade com atividades de geração de emprego e renda, voltados para ações de empreendedorismo, de economia solidária, do mercado de trabalho formal e ação comunitária. São projetos desenvolvidos por organizações não-governamentais que recebem recursos do MEC. Ainda no rol dos projetos apoiados em 2005, está o Saberes da Terra: Programa Nacional de Educação de Jovens e Adultos para Agricultores/as Familiares com Qualificação Social e Profissional, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e com o Ministério do Trabalho. Partindo do princípio de que uma política educacional deve reconhecer as necessidades próprias e a realidade diferenciada do campo, o programa se destina a desenvolver 79 80 uma política que fortaleça e amplie o acesso e a permanência de jovens agricultores familiares no sistema formal de ensino oferecendo oportunidades de elevação de escolaridade, qualificação social e profissional e o desenvolvimento da solidariedade e da cidadania. O Programa, desenvolvido em parceria entre os entes federados, conta com a participação efetiva de organizações não-governamentais e movimentos sociais do campo com experiência na integração em Educação de Jovens e Adultos e qualificação social e profissional. Para o primeiro ano, foram repassados R$ 2 milhões para o atendimento a 5.060 alunos de 12 estados brasileiros, e para 2006 já estão destinados R$ 8 milhões. No âmbito das ações articuladas com outras áreas do governo federal, um item que merece destaque em 2005 são as ações desenvolvidas em conjunto pelo MEC e o Ministério da Justiça, por intermédio do Departamento Penitenciário Nacional (MJ/DEPEN), com vistas à elaboração de uma política nacional de educação prisional. As discussões realizadas entre os dois Órgãos, que resultaram na celebração de um Protocolo de Intenções, apontaram na direção do desenvolvimento de metodologias específicas, da produção de material didático, formação de gestores e agentes penitenciários como facilitadores do processo educacional, além de possibilitar que os Estados elaborem um Plano Estadual de Educação para o sistema prisional. Na consecução das ações de educação prisional, concorrem recursos oriundos dos orçamentos dos dois ministérios e, ainda, recursos do Programa de Doações Assistenciais para Projetos Comunitários e de Segurança Humana, no âmbito do Acordo de Cooperação Internacional Brasil-Japão. Em 2005, cabe registrar a realização da Oficina de Educação – As experiências em Educação Prisional, em Brasília, que marcou, de forma concreta, o início do trabalho de construção de uma política pública de inclusão educacional destinada à população prisional. Também nesse ano, foram celebrados convênios com os estados do Ceará, Goiás, Paraíba, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins, que atenderão 46.795 alunos e apoiarão a formação de 1.052 educadores e 2.450 agentes penitenciários. Ainda em atendimento ao preceito da SE- CAD, que reconhece em suas ações as especificidades e necessidades das diversas populações do território brasileiro, registra-se o Projeto Pescando Letras, em parceria com a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, voltado para pescadores profissionais e trabalhadores de aqüiculturas familiares. Dotado de um projeto pedagógico específico, o projeto traz ações de alfabetização e elevação de escolaridade integradas aos propósitos de conduta de pesca responsável e métodos de manejo e gestão que levam em conta a sustentabilidade e o desenvolvimento social. Em 2005, além da realização da Oficina de Educação – As experiências em Comunidades Pesqueiras, com a participação de técnicos dos dois Órgãos federais, de organizações não governamentais e prefeituras que já desenvolvem ações com pescadores, registra-se o projeto piloto do Médio São Francisco, que conta também com o apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional, da Organização dos Estados Iberoamericanos e a participação da Universidade do Estado da Bahia, por meio de convênio firmado com o MEC, que está atendendo a 2.140 alunos pescadores de quatro municípios da Bahia. Vale registrar também que nesse ano, pela primeira vez, foi entregue o Prêmio Paulo Freire, instituído pelo Decreto nº 4.844, de 08/09/2004, conferido a personalidades e instituições que se destacaram nos esforços de alfabetização de jovens e adultos. Ainda no caminho da disseminação de experiências, uma parceria do MEC/SECAD com a Fundação Abrinq e a Natura Cosméticos colocou a Educação de Jovens e Adultos como foco do Programa Crer para Ver, desenvolvido pelas duas entidades com o objetivo de contribuir para a melhoria do sistema público de ensino. O Prêmio Crer para Ver – Inovando a EJA teve como objetivo valorizar e reconhecer as iniciativas bem sucedidas. Além do prêmio, esta parceria trouxe como resultado de uma campanha de mobilização realizada pelas consultoras da Natura, 66.660 novos alunos matriculados em classes de EJA e apoiou financeiramente cinco projetos de formação de professores em 72 municípios de 4 estados brasileiros. Em 2005, o Programa Brasil Alfabetizado atendeu 2,2 milhões de jovens e adultos, em mais de 4.000 municípios, investindo R$ 220 milhões, dos Compromisso II quais 70% para estados e municípios, e 30% para ONGs e Instituições de Ensino Superior. Ao mesmo tempo, o redesenho do Programa Fazendo Escola garantiu o atendimento de todos os 3,34 milhões de alu- nos matriculados em EJA (conforme Censo Escolar INEP/2004), em 4.175 municípios com um investimento de R$ 486 milhões. Box 06 • Monitoramento, Acompanhamento e Avaliação. A fim de verificar diversas questões, como o impacto da política pública, perfil dos beneficiários, dentre outras, o MEC optou pela criação de um plano de avaliação, que permite a visão conjunta das avaliações, com vantagens na redução dos custos. A avaliação em 2005, utilizou-se dos seguintes instrumentos: 1) Mapeamento Nacional de Iniciativas de Alfabetização de Jovens e Adultos Há indicações de que existem cerca de 120 mil turmas, com dois milhões de alfabetizandos no País inteiro (já contabilizados, em parte, os alfabetizandos atendidos pelo Programa Brasil Alfabetizado). 2) Avaliação de gestão Considerou questões relativas ao desenho dos contratos estabelecidos, o sistema para informações, monitoramento e auditoria, além de uma análise sobre os beneficiários efetivamente participantes do programa. A participação das Unidades da Federação e Municípios aumentou sensivelmente, de 44% para 64% no período de um ano. Os dados relativos se concentram no Sistema Brasil Alfabetizado – SBA. 3) Avaliação de demanda Com o intuito de captar informações de pessoas que não são participantes do Brasil Alfabetizado, os questionários do MDS procuram averiguar qual a motivação para o indivíduo se alfabetizar. 4) Avaliação de rendimento dos alfabetizandos Essa avaliação ocorrerá sempre em dois momentos: quando o alfabetizando inicia o seu processo de letramento e quando sai o programa Brasil Alfabetizado. A avaliação de 2005 trouxe resultados importantes que balizaram mudanças do programa em 2006. 81 82 Proteção contra Abuso, Exploração e Violência Objetivo: Tornar mais efetiva a proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes. Compromisso III Compromisso III: Proteção contra Abuso, Exploração e Violência. Objetivo: Tornar mais efetiva a proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes. O compromisso III aborda as situações de abuso moral, físico e sexual, exploração no trabalho e violência. Condições essas que afetam a parcela socialmente mais vulnerável da população infantil, cujos indivíduos não raras vezes integram famílias desestruturadas e são expostos à vida na rua, o que os tornam passíveis de serem cooptados pelo crime. É esta a população infantil que, sem dúvida, necessita de atenção diferenciada por parte do governo e da sociedade civil. Este compromisso está dividido em 4 desafios, a saber: (i) Apoio à Criança e ao Adolescente em Situação de Vulnerabilidade Social; (ii) Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalho do Adolescente; (iii) Combate à Exploração Sexual; e (iv) Proteção contra a Violação dos Direitos das Crianças e Adolescentes. 83 84 Desafio 1: Apoio à Criança e ao Adolescente em Situação de Vulnerabilidade Social. Objetivo: Melhorar as condições de vida das crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social por meio do desenvolvimento de programas voltados à proteção especial de crianças e de adolescentes e da implementação de ações como a transferência direta de renda às famílias, entre outras iniciativas. Quadro 01 • Metas. Indicadores Metas 2004- 2007 Situação Inicial 1- Apoio à Criança e ao Adolescente em Situação de Vulnerabilidade Social • Implementação de ações que visam ao • Número de crianças e adolescentes em abrigos apoiados pelo Governo Federal (MAS 2002) reordenamento dos abrigos, conforme disposto no artigo 92 do ECA; • Incentivo e promoção ao desenvolvimento de ações que visam garantir o direito à 24.000 crianças em abrigos apoiados convivência familiar e comunitária a todas pelo Governo Federal as crianças e adolescentes abrigados, tais como: fortalecimento dos vínculos familiares, implementação de modalidades de abrigamento não institucionais e incentivos à adoção legal. • Incentivo e apoio às medidas socioeducativas • Número de adolescentes em conflito com a lei, cumprindo medida de privação de liberdade (SEDH/ IPEA-2002). • % de unidades socioeducativas com espaço físico inadequado à proposta pedagógica (SEDH/IPEA, 2002) • Número de crianças e adolescentes protegidos • 9.555 jovens privados de liberdade • • 71% unidades socioeducativas inadequadas • • em meio aberto; Ampliação do esforço para que os casos de tortura, violência e abuso de autoridade sejam investigados e punidos; Promoção de esforços para que o Sistema Socioeducativo assuma os preceitos do ECA relativos ao respeito, à liberdade, ao crescimento e ao desenvolvimento do adolescente interno. Desenvolvimento de ações para promoção do reordenamento das unidades socioeducativos de acordo com a proposta pedagógica prevista no ECA; Municipalização das medidas socioeducativas em meio aberto nos municípios com mais de 200mil habitantes; Implantação de plantões interinstitucionais nos municípios com mais de 200 mil habitantes. (indicador sem informação) Em elaboração e implementação de um programa específico para atendimento jurídico e social de crianças e • Cerca de 6.000 crianças e adolescentes adolescentes em risco de ser vítima protegidos; de homicídio ou ameaçados de morte, • Implantação de programas de proteção nas em virtude de envolvimentos com atos capitais brasileiras mais violentas. infracionais, testemunhas, informantes ou conhecedor de prática delituosa ou infracional, ou, ainda, por conta de sua condição pessoal Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. Compromisso III Este desafio responde à necessidade de atuar sobre a realidade das crianças e adolescentes que vivem em extrema vulnerabilidade social, seja em decorrência da pobreza ou por estarem em conflito com a lei, sob ameaça ou risco de morte ou em situação de abandono. Nesse sentido, o Desafio contempla ações voltadas: (i) à melhoria do nível de renda e ao fortalecimento das famílias dessas crianças e adolescentes; (ii) à promoção do protagonismo adolescente; (iii) à humanização das medidas socioeducativas; (iv) à proteção das vidas e (v) à garantia do direito de crianças e de adolescentes à convivência familiar e comunitária. Políticas, Programas e Estratégias As principais iniciativas relacionadas a seguir formam um conjunto de ações implementadas pelo Governo Federal objetivando atender as crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, bem como garantir a convivência familiar e comunitária. São elas: Melhoria do nível de renda das famílias pobres A pobreza tem efeitos particularmente graves sobre a população infanto-adolescente, pois priva-a de muitos de seus direitos, tais como o acesso à alimentação adequada, à moradia em condições dignas, à saúde e educação de qualidade e ao próprio lazer saudável, comprometendo o seu crescimento e desenvolvimento. As estratégias de redução da pobreza priorizam, assim, a garantia dos direitos desse segmento populacional, buscando, de um lado, fortalecer a capacidade das famílias e comunidades de proteger e cuidar de suas crianças e adolescentes e, de outro, interromper os chamados ciclos de reprodução da pobreza, que tendem a submeter meninos e meninas pobres a esta situação até mesmo em sua vida adulta. Embora a pobreza que atinge parcela significativa da população brasileira abaixo dos 18 anos não possa ser compreendida apenas em termos da insuficiência de renda de suas famílias – envolve ainda aspectos como a falta de acesso a serviços públicos, por exemplo – ela reflete, no caso do Brasil, desigualdades socioeconômicas que têm entre as suas principais formas de expressão a desproporção gigantesca entre a renda apropriada pela população pobre e aquela apoderada pelos ricos. Neste contexto, é alentador o fato de que a desigualdade social no País, embora persistente, vem registrando retração nos últimos anos. A comparação dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE) indica que, entre 2001 e 2004, o rendimento per capita médio dos domicílios que compunham o grupo dos 50% mais pobres cresceu 7,3%, com o que os brasileiros nesta condição passaram a apreender 14,1% da massa total de rendimento domiciliar, enquanto que em 2001 esse percentual era de 12,7%. De outra parte, a parcela de renda apropriada pelos ricos diminuiu. Para aqueles que formavam o grupo dos 10% mais ricos houve uma perda de 7,4% no período, tendo a sua parcela da renda nacional passado de 47,2%, no primeiro ano, para 45,0%, no segundo; já os que constituíam o grupo do 1% mais rico tiveram uma perda ainda maior, de 9,8%, passando a se apropriar, em 2004, de 12,8% do rendimento domiciliar total, contra 13,8% em 2001. Mais significativa, no entanto, foi a redução da pobreza e da indigência neste período1. Entre 2001 e 2004, a população submetida à condição de pobreza passou de 33,3% para 30,1%, enquanto os indigentes passaram de 14,3% para 11,3%. O número de pobres caiu de modo substancial nos Estados do Sul e do Centro-Oeste, ao passo que nos Estados do Nordeste e do Norte a redução foi relativamente pequena, evidenciando que a pobreza ainda é uma característica marcante da população dessas regiões. Comparandose a situação dos meios urbano e rural, verifica-se que a taxa de pobreza diminuiu com intensidade parecida em ambas as áreas, embora permaneça como um fenômeno duas vezes mais intenso no campo que na cidade. Dentre os fenômenos que podem explicar essa dinâmica da indigência, da pobreza e da desigualdade entre 2001 e 2004 citam-se a melhora das condições da economia brasileira (especificamente em 2004, quando o PIB cresceu 4,9% - o maior crescimento registrado desde 1994), o aumento real no 1������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ O conceitos de pobre e indigente empregados aqui correspondem, respectivamente, à população com renda domiciliar per capita inferior a ½ salário mínimo e à população com renda domiciliar per capita inferior a ¼ de salário mínimo. 85 86 valor do salário mínimo e, em especial, as transferências de renda associadas ao Programa Bolsa Família. No que diz respeito especificamente à transferência de renda, é importante ressaltar que esta é uma estratégia que possibilita escolhas mais efetivas para a superação sustentável da situação de pobreza. De um modo geral, quanto mais grave a situação de penúria enfrentada, menores são as possibilidades de se abrir mão dos meios disponíveis para atender às carências imediatas, mesmo que estes signifiquem comprometer decisivamente as alternativas futuras das crianças e dos adolescentes – como ocorre nas situações de trabalho infantil. A garantia de acesso a um nível mínimo de renda liberta as famílias da necessidade imediata de sobrevivência a qualquer custo. Quando associada a investimentos em capacidades que lhes trarão melhores oportunidades de inserção social (tais como educação, assistência social e saúde), cria alternativas para a interrupção do perverso ciclo de reprodução da pobreza entre gerações, bem como para a promoção da emancipação dessas famílias. Assim sendo, a transferência do benefício financeiro às famílias em situação de pobreza contribui para a melhoria das condições de vida de suas crianças e adolescentes, principalmente de sua situação alimentar e nutricional, como apontam pesquisas desenvolvidas pelo MDS. Neste sentido, o Bolsa Família tem destaque especial no âmbito do Compromisso III do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. Imple- mentado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e contando com a adesão de 5.559 municípios e do Distrito Federal, o Bolsa-Família é o maior programa de transferência de renda do País, tendo atingido, em dezembro de 2005, 8,7 milhões de famílias em todo o País. Por meio dessa iniciativa,as famílias em situação de extrema pobreza - famílias com renda domiciliar per capita mensal inferior a R$50,00 - podem acumular o benefício básico e o variável, chegando ao máximo de R$ 95,00 mensais (R$ 50,00 do benefício básico mais R$ 45,00, no máximo do benefício variável)2 . Já as famílias em situação de pobreza – famílias com renda domiciliar per capita mensal entre R$ 50,00 e R$ 100,00 - podem receber até R$ 45,00 pelo benefício variável. Ressalta-se que esta transferência é condicionada à freqüência à escola das crianças e adolescentes até 15 anos de idade, bem como à participação das famílias nos programas preventivos de saúde pública. Em 2005, o Programa Bolsa-Família apresentou significativos avanços do ponto de vista da ampliação da cobertura, da complementação de seu arcabouço normativo, do aprimoramento de seus processos de gestão3 e da confiabilidade das informações cadastrais. No que se refere, especificadamente, ao volume de recursos gastos e ao número de famílias beneficiadas por meio dos programas de transferência de renda do Governo Federal, a tabela a seguir permite acompanhar a sua evolução entre os anos de 2002 e 2005. Tabela 01 • Programa/Ação Transferência de Renda: 2002 2003 2004 2005 (Metas) 2,3 bi 3,36 bi 5,72 bi 6,54 bi 0,57 bi 3,56 mi famíl. 2,43 bi 11,4 mi famíl. 3,22 bi 6,5 mi famíl. 1,70 bi 8,4 mi famíl. 5,44 bi 8,7 mi famíl. 1,10 bi 3 mi famíl. - Bolsa-Família 0 Programas remanescentes 2,3 bi 14,6 mi famíl. Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. O acompanhamento das condicionalidades de saúde e educação também merece ser salientado, tanto pelo aumento percentual de crianças e adoles- centes efetivamente acompanhados quanto pela possibilidade de sua identificação, desde maio/2005, dos motivos da freqüência escolar inferior a 85%. Essas 2���������������������������������������������������������������� De R$ 15,00 por criança ou adolescente de até 15 anos de idade. 3������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Em decorrência de uma pactuação com 13 governos estaduais e o Distrito Federal, visando à gestão compartilhada do programa em seus territórios, quatro desses entes federados co-financiam o benefício, o que significa um valor maior transferido para as famílias. Dez municípios, sendo nove capitais, também participam do co-financiamento do benefício, por meio da integração de seus programas próprios de transferência de renda ao Bolsa Família. Compromisso III informações são fundamentais não só para o Bolsa Família, mas para todos que atuam na promoção da qualidade de vida, saúde e educação das crianças e adolescentes brasileiros, que poderão, a partir do diagnóstico destes dados, melhor planejar ações específicas. Atenção integral e fortalecimento das famílias A nova Política Nacional de Assistência Social, PNAS/2004, e a Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social, NOBSUAS/20054, definiram como público-alvo da proteção básica: as famílias em situação de vulnerabilidade social. Consciente de que é indispensável o comprometimento político para o alcance das metas propostas para esse desafio, o Governo Federal lançou o Programa de Atenção Integral à Família - PAIF, pilar da Proteção Social Básica, que visa a contribuir para a efetivação da Assistência Social como política pública garantidora de direitos de cidadania e promotora de desenvolvimento social, na perspectiva da prevenção e superação das desigualdades e da exclusão social, tendo a família como unidade de atenção. Seus principais objetivos são: (i) promover o acompanhamento socioassistencial de famílias em um determinado território; (ii) potencializar a família como unidade de referência, fortalecendo vínculos internos e externos de solidariedade; (iii) contribuir para o processo de autonomia e emancipação social das famílias; (iv) desenvolver ações que envolvam diversos setores, com o objetivo de romper o ciclo de reprodução da pobreza entre gerações; e (v) atuar de forma preventiva, evitando que essas famílias tenham seus direitos violados e recaiam em situações de risco. O PAIF é implementado por meio dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS, também conhecidos como “Casas da Família”5, localizados estrategicamente em áreas de pobreza. O CRAS presta atendimento socioassistencial, buscando articular os serviços disponíveis em cada localidade e potencializando a rede de proteção social básica. Cumpre salientar que segundo a PNAS e a NOB/SUAS, todos os municípios habilitados em gestão básica ou plena do SUAS devem ter, no mínimo, 1 CRAS funcionando e um PAIF implantado, tendo em vista o caráter de universalidade da Proteção Social Básica. A referência para o dimensionamento do público-alvo do PAIF é a renda familiar per capita inferior a ½ salário mínimo. Entretanto, para o correto dimensionamento do público-alvo seria necessário que houvesse a definição da taxa de vulnerabilidade social, considerando-se o conceito de “famílias em situação de vulnerabilidade social”, presente tanto na PNAS quanto na NOB-SUAS. A partir da referência adotada, os serviços de Atenção Integral à Família tinham previsão inicial de atender a 158.566 famílias. Observa-se que a partir do mês de agosto de 2005, no entanto, com a aprovação da NOB-SUAS, houve uma expansão considerável do número de CRAS implantados no País, os quais passaram a referenciar um maior número de famílias, tendo capacidade de atendimento estimada em cerca de 20% das famílias referenciadas6. A definição de uma regra para o financiamento dos serviços – que passou a se dar por meio de um piso básico fixo, de R$1,80/mês por família referenciada – e a organização dos serviços por níveis de proteção repercutiram positivamente na abrangência da ação e, conseqüentemente, em um aumento significativo na meta de atendimento prevista7. Sendo assim, a expansão das ações em 2005 possibilitou que o número de unida- 4������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Visando a consolidação da política de assistência social em nível nacional, inúmeras inovações no seu modelo de gestão vêm sendo implementadas por meio do Sistema Único de Assistência Social – SUAS. Este consiste em um modelo descentralizado que visa a regulação e organização, em todo o território brasileiro, das ações de assistência social, de acordo com a complexidade dos serviços (proteção social básica e especial de média e de alta complexidade). O sistema funda-se nos princípios da centralidade da família, da participação social e da transferência automática de recursos (fundo-afundo), respeitando-se as especificidades territoriais. 5������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� São unidades estatais sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Assistência Social ou congênere, localizados estrategicamente em áreas de pobreza. 6����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Cabe esclarecer que famílias referenciadas são aquelas que podem acessar os serviços ofertados nos CRAS, cuja capacidade média de atendimento é estimada em até 750 famílias/ano. O número de famílias referenciadas por cada CRAS varia de 1666 a 5000, de acordo com o porte do município e sua taxa de vulnerabilidade. 7���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Ressalte-se que a expansão do PAIF foi possibilitada pela aprovação de uma emenda ao Orçamento da União aprovada pela Comissão de Seguridade Social e Familiar no valor de R$7,9 milhões. 87 88 des de atendimento – CRAS, chegasse ao quantitativo de 1.980 (sendo 38 em comunidades quilombolas e 176 em comunidades indígenas), referenciando-se cerca de 7,5 milhões de famílias em 1.355 municípios brasileiros, com capacidade de atendimento de mais de 1 milhão de famílias. No total foram empregados na execução do programa cerca de R$ 101,5 milhões, o que corresponde a 98,25% do orçamento previsto8. Cumpre destacar, no entanto, que o atendimento não é exclusivo para famílias com renda per capita inferior a ½ salário mínimo, mas é preferencialmente destinado a este público. No entanto, existem 3.849 municípios habilitados que ainda não contam com co-financiamento do Governo Federal para implantação da ação Atenção Integral à Família. Desta forma, tem-se um contingente significativo de famílias sem atendimento nesses municípios. Para alcançar a universalização, que deve ocorrer até 2015, segundo deliberação da V Conferência Nacional de Assistência Social, é necessário um aumento de meta física de 450 PAIFS ao ano, considerando a totalidade dos municípios brasileiros. Em outras palavras, os dados disponíveis indicam que a cobertura, ainda, está abaixo do esperado. É necessário, por um lado, apoio dos órgãos de planejamento e pesquisa para a construção de indicadores mais apropriados aos objetivos do Programa, o que permitirá uma adequada avaliação quanto à cobertura do público-alvo. Por outro lado, é necessário aporte de recursos financeiros para a ampliação da cobertura, de forma a garantir a universalização pretendida pela PNAS. Há que se mencionar que a Secretaria Nacional de Assistência Social e a Secretaria Nacional de Renda de Cidadania, órgãos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, estão conjuntamente desenvolvendo um projeto de elaboração de metodologia de trabalho com famílias beneficiárias do Programa Bolsa-Família, que seja adequada às ações pertinentes aos PAIF. Desta forma, pretendese potencializar a ação das equipes do PAIF, promovendo a inserção dos beneficiários em programas e ações desenvolvidas no território de abrangência dos CRAS, e acompanhando parte destas famílias. Box 01 • PAIF. A SAGI/SNAS, em 2006, prevê uma pesquisa de avaliação do PAIF que investigará as percepções das famílias beneficiárias sobre o programa. Dois estudos serão realizados para efetiva avaliação do programa, sendo que um deles adotará uma abordagem quantitativa, ao passo que o segundo será qualitativo. Os resultados estarão disponíveis ao final de 2006, dado que ambos ocorrerão simultaneamente e terão prazo de execução de quatro meses. Os objetivos específicos são: (i) conhecer as experiências de implantação dos Centros de Referência da Assistência Social e do PAIF, em âmbito nacional; (ii) confrontar a implantação efetiva dos serviços com as normativas que regulamentam o PAIF e com o Guia da Proteção Social Básica de 2005; (iii) analisar os fatores que podem influenciar a prestação dos serviços; detectar a percepção dos técnicos e usuários sobre os serviços Por estados; (iv) apresentar subsídios para a melhoria dos serviços e de suas normativas; (v) apresentar subsídios para a construção de indicadores para avaliar a efetividade dos serviços. Esta avaliação combinará métodos quantitativos e qualitativos com a finalidade de se realizar uma investigação ampla e, ao mesmo tempo, dotada de poder explicativo e conhecimento profundo desta política e das atuações dos atores nela envolvidos. 8�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� A execução financeira do programa ficou prejudicada pela não-liberação dos recursos referentes a dezembro de 2005 (limite financeiro) Compromisso III Promoção do protagonismo adolescente No que tange à promoção do acesso à renda e do estímulo ao protagonismo dos adolescentes, o Governo Federal implementa o Programa Agente Jovem, que visa enfrentar o problema do risco pessoal e social de adolescentes entre 15 e 17 anos vivendo em famílias com renda familiar per capita inferior a ½ salário mínimo. Estes adolescentes não apenas por questões econômicas, mas também de ordem sóciopsicológica - ao trabalho irregular, ao ócio ou ao envolvimento com o crime, encontram-se em situação de vulnerabilidade. Por meio desta iniciativa, ofertase capacitação profissional e promove-se a atuação comunitária e a formação para a cidadania desses adolescentes, além de se realizar uma transferência monetária mensal no valor de R$ 65,00 jovem/mês, que possibilita sua permanência no sistema de ensino. Em 2005, a nova Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS2005) avançou na definição de responsabilidades dos três entes federados9, prevendo ainda o Piso Composto, que pressupõe o estudo de custos dos serviços para uma composição mais adequada do financiamento e a melhoria da qualidade do atendimento. Por meio desta medida, houve a possibilidade de expansão dos serviços de 56.963 para 112.528 jovens atendidos no Programa Agente Jovem, em 1.711 municípios. Este patamar de atendimento ainda corresponde a uma parcela bastante pequena dos adolescentes entre 15 e 17 anos em situação de risco pessoal e social. Dados do IBGE/PNAD indicam que, em 2004, havia um total de 10,3 milhões de brasileiros nesta faixa etária, ou seja, 5,9% da população; desses, aproximadamente 3,7 milhões viviam em famílias com renda familiar per capta inferior a ½ salário mínimo e constituíam, portanto, o público-alvo do programa. Entretanto, a partir da NOB/SUAS-2005, além da renda, o conceito mais amplo de “vulnerabilidade social” passou a definir o escopo de ação do Agente Jovem. Hoje, no entanto, ainda não se dispõe de um indicador capaz de quantificar a vulnerabilidade social. De fato, atualmente há uma caracterização precária da situação das crianças e adolescentes brasileiros, com base em indicadores, e das causas dos problemas que afetam estes segmentos populacionais. Considera-se que a definição da taxa de vulnerabilidade social deve levar em conta algumas situações específicas que atinge os adolescentes, tais como: estar fora da escola; ser egresso de programas sociais e deles haver se desvinculado por ter ultrapassado a faixa etária de atendimento; estar sob medida protetiva (Art. 101 do Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA); ser morador de grandes cidades, vivendo em comunidades desassistidas e sem perspectivas de educação e emprego e/ou sujeito à cooptação pelo tráfico de drogas ou por ele ameaçados; ser portador de deficiências; ser vítima de exploração no trabalho; viver em zona rural e/ou em assentamentos rurais ou em comunidades indígenas ou quilombolas; ser mãe precoce; viver em lixões ou como catadores de lixo etc. Box 02 •Jornal Mural do Projeto Agente Jovem – “Galera Antenada”. Em 2005 foi criado e publicado, trimestralmente, o “Jornal Mural do Projeto Agente Jovem – Galera Antenada”, um jornal-informativo, com tiragem de 5 mil cópias, distribuído a todos os núcleos socioeducativos de Projeto Agente Jovem do País. Após uma avaliação e a constituição de grupos focais, verificamos que esse mecanismo de informação e comunicação tem possibilitado a troca de experiências entre os jovens de diferentes regiões do País, possibilitando que educadores e jovens discutam temas relativos à comunicação, seja na comunidade, na escola ou nas relações familiares. A tiragem foi ampliada no final de 2005 para 8 mil cópias, uma vez que houve a ampliação do projeto (hoje são 4501 núcleos atendendo a 112. 536 jovens. 9 ���������������������������������� O dispositivo previsto no art. 6º da ���������������������������������� Portaria 736/04 estabelece que ������������������������������������������������������������������������������������ “o financiamento do projeto é feito com a participação das três esferas de governo, em regime de co-financiamento. O Governo Federal investe R$1.000,00 (mil reais), ano por jovem, sendo distribuídos em cada grupo de 25 jovens: Bolsa Agente Jovem – R$ 65,00 jovem/mês; Ação Socioeducacional (Bolsa do Orientador Social, Capacitação e/ou aquisição de material de consumo) – 4 (quatro) parcelas consecutivas de R$1.375,00 para o atendimento de até 25 jovens.” 89 90 Box 03 • Exposição no Festival de Arte e Cultura. “Vestidos de vermelho, adolescentes e crianças sobem ao palco para representar – por meio da dança – as situações de violência sexual que sofreram, em uma tentativa de quebrar o silêncio sobre um problema freqüente, mas ainda tabu, na sociedade brasileira. Em outra apresentação – a peça de teatro Casa de Farinha –, meninos e meninas revivem seu passado como trabalhadores do campo e o contato com a casa-grande da fazenda. Do sertão da Bahia, surge um menino repentista, a contar as agruras do nordeste, e de Santa Maria (DF), jovens da periferia de Brasília cantam rap com conclamações a Deus. O Festival de Arte e Cultura da Assistência Social, cujos resultados o MDS divulgou nesta sexta-feira (31), traz um panorama completo da cultura brasileira na ponta extrema do espectro social brasileiro: a produção artística de crianças e adolescentes que participam de programas como o Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), o Sentinela (Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual) e o Agente Jovem . Organizado pelo MDS, o festival recebeu 284 trabalhos de municípios de todas as regiões do País, compondo um retrato nítido das diferenças étnicas e de formação cultural (folclore e tradição), bem como do meio em que reside (urbano ou rural) a jovem população pobre do Brasil. Do total de expressões artísticas enviadas ao MDS, 204 são de teatro, dança ou música e 80 são de artes plásticas e literárias.“ (Portal Intranet -MDS) Humanização das medidas socioeducativas A Constituição da República de 1988 assegura aos adolescentes com menos de 18 anos de idade a inimputabilidade penal, o que, longe de incentivar a irresponsabilidade social e jurídica, implica na compatibilização entre a necessidade de segurança da população e os imperativos de promoção dos direitos do adolescente em conflito com a lei. As medidas socioeducativas preconizadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, que regulamenta a Constituição, asseguram sanções efetivas e proporcionais à gravidade do ato infracional, desde aquelas que são cumpridas em meio aberto até a privação de liberdade. Proporcionam a experiência do limite e da ressocialização positiva a pessoas cujo exercício da liberdade responsável encontra-se em processo de amadurecimento. O Governo Federal implementa o Programa de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Conflito com a Lei, que tem como objetivos: (i) a coordenação das políticas para o setor, (ii) o fortalecimento do sistema de atendimento socioeducativo, a partir da ampliação e do aperfeiçoamento dos ser- viços voltados para o cumprimento de medidas não privativas de liberdade, e (iii) a humanização do atendimento nas unidades de internação. A execução das medidas socioeducativas aplicadas aos adolescentes que cometem atos infracionais está sob a responsabilidade dos estados. Recentemente, no entanto, tem-se buscado a municipalização das medidas de meio aberto, em especial da liberdade assistida e da prestação de serviços à comunidade, uma vez que o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente prevê, em seu artigo 88, a municipalização como um dos princípios da política de atendimento. Outros atores fundamentais para a implementação do Programa são as organizações não governamentais, com as quais são firmadas parcerias para o desenvolvimento de determinadas ações, tais como: (i) projetos de execução de medidas em meio aberto, articulados com os governos estaduais e municipais, (ii) capacitações, e (iii) mobilização e defesa técnica dos adolescentes que cometeram atos infracionais. Um fator que impacta fortemente no Programa de Atendimento Socioeducativo ao Adolescen- Compromisso III te em Conflito com a Lei é o elevadíssimo número de sentenças judiciais que decretam a internação dos adolescentes infratores, o que, além de aparentemente ir de encontro ao que estabelece a Constituição Federal da República e o Estatuto da Criança e do Adolescente10, acaba por provocar a superlotação das unidades de internação e, por conseqüência, o aumento da freqüência de rebeliões. Tal situação é agravada pela carência de unidades devidamente aparelhadas para o atendimento dos adolescentes e pela ausência de propostas pedagógicas que se ajustem ao atendimento humanizado do adolescente que cumpre medida socioeducativa. Estima-se em 40 mil o número de adolescentes cumprindo medidas socioeducativas no País, sendo cerca de 10 mil em regime fechado, devido à “cultura de institucionalização” anacrônica referida acima. Com vistas a propor uma política nacional para esta área, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança - Conanda - promoveram um amplo debate que culminou na constituição do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo - Sinase. Muitos estados e alguns municípios que participaram mais ativamente do debate já vêm implementando em suas esferas de atuação as diretrizes aprovadas pelo Conanda. Firmaram-se no ano de 2005, na área de atendimento socioeducativo, 44 convênios, tendo sido repassado por meio deles o montante de R$ 13,9 milhões. Isso permitiu que a ação abrangesse grande parte do território nacional e possibilitasse o atendimento aos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas em várias unidades federativas. Os resultados obtidos pelo Programa de Atendimento Socioeducativo do Adolescente em Conflito com a Lei no ano de 2005 podem ser sintetizados conforme apresentado a seguir: Capacitação de Recursos Humanos dos Sistemas de Segurança, Justiça e Atendimento ao Adolescente em Conflito com a Lei: • Capacitação direta de 2.355 (dois mil, trezentos e cinqüenta e cinco) educadores, técnicos e dirigentes; • Realização programas de capacitação nos Estados de Roraima, Espírito Santo, Piauí, Bahia, Goiás, Pará, Amapá, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Acre, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Maranhão; • Atualização dos juizes, promotores e defensores sobre a temática de aplicação e execução de medidas socioeducativas; • Elaboração dos parâmetros para a formação do pessoal do atendimento socioeducativo. Construção de Unidades de Atendimento para Adolescentes em Conflito Com a Lei: • Foram construídas ou reformadas, com apoio financeiro do Governo Federal, unidades nos Estados de do Sul, Ceará, Pará, Acre, Tocantins, Alagoas, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Distrito Federal, Amazonas, Amapá, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia, possibilitando a criação de 380 novas vagas para atendimento dos adolescentes com medida socioeducativa de internação. Implantação de Serviços de Atendimento a Adolescentes com Medidas Socioeducativas Não Privativas de Liberdade: • Cerca de 5.000 (cinco mil) adolescentes estão sendo atendidos diretamente em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto (liberdade assistida e prestação de serviços à comunidade); • Capacitação de técnicos para o atendimento e a modernização dos serviços; • Foram implantados cerca de 78 (setenta e oito) pólos descentralizados de atendimento socioeducativo em meio aberto, nos Estados do Piauí, Maranhão, Ceará, Pará, Amazonas, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Goiás, Paraíba (Proafe), Amapá, Acre e no Município de Santos, em São Paulo, para a execução das medidas socioeducativas em meio aberto; • Contratou-se a consultoria do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM) para avaliação da gestão municipal das medidas socioeducativas em meio aberto e elaboração uma proposta de modelo de gestão. Modernização do sistema de atendimento socioeducativo: • Foram firmados convênios com instituições dos governos estaduais e municipais e com organizações não-governamentais para a aquisição de equipamentos destinados ao atendimento em unida- 10��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Ambos instrumentos legais consagram o direito de todas as crianças e adolescentes brasileiros à convivência familiar e comunitária, o que é totalmente inviabilizado pela institucionalização. 91 92 des de internação ou naquelas instituições que operam no sistema aberto; • Modernização das delegacias especializadas de atendimento a crianças e aos adolescentes vítimas e os núcleos especializados das defensorias públicas; • Foram desenvolvidos esforços objetivando (i) a remodelação dos projetos apresentados junto às instituições proponentes, (ii) à efetivação do reordenamento institucional dos sistemas estaduais de atendimento ao adolescente em conflito com a lei. Box 04 • A promoção da saúde dos adolescentes cumprindo medidas socioeducativas. Na área de saúde, deu-se o processo de implementação das diretrizes, normas, critérios e fluxos para adesão e operacionalização do serviço de atenção à saúde de adolescentes em conflito com a lei em regime de internação e internação provisória. Isso tem sido feito em parceria da SEDH com o Ministério da Saúde. O processo de implantação das diretrizes tem se concentrado em duas etapas: um momento inicial de sensibilização dos gestores quanto à necessidade de adesão às portarias; e, posteriormente, o acompanhamento do processo de elaboração dos planos operativos estaduais que estavam sendo discutidos pelos entes federados. Como estratégia de sensibilização dos estados e municípios, foram realizadas 13 (treze) oficinas macroregionais que se iniciaram em agosto de 2004 e foram concluídas em abril de 2005, com o objetivo de dar esclarecimento e detalhamento das normas, envolvendo os gestores estaduais e municipais da saúde e do sistema socioeducativo, bem como os conselhos de Saúde e de Direitos da Criança e do Adolescente, de modo a estabelecer um entendimento uniforme sobre seu conteúdo e modo de implementação. Além disso, o Ministério da Saúde realizou um convênio com a Escola de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para a avaliação sistemática deste processo de implementação. São realizadas reuniões bimensais com a presença dos pesquisadores, da área técnica da Saúde do Adolescente e do Jovem/MS, da Secretaria Especial de Direitos Humanos e, em algumas vezes, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. O objetivo desses encontros consistiu em pactuar uma agenda entre os atores, a qual define as atividades necessárias para a habilitação do ente, as responsabilidades de cada um, bem como seu cronograma de implementação. Além do mais, foram enviadas correspondências aos secretários estaduais e municipais de saúde, às coordenações estaduais e municipais da Saúde do Adolescente e do Jovem, reafirmando a importância da adesão às normas e reforçando o compromisso firmado na Comissão Intergestores Tripartite à época de sua aprovação e publicação. Decorrida essa fase de sensibilização, iniciou-se, em cada estado, o processo de implementação da agenda pactuada, tendo como principais tarefas: criação de um Grupo de Trabalho responsável pela condução e acompanhamento da elaboração do Plano Operativo Estadual (POE);, assinatura do Termo de Adesão; e a discussão das ações nos Conselhos de Saúde e de Diretos da Criança e do Adolescente e nas comissões intergestores da saúde. Com base nas informações mais recentes, todos os estados assinaram o Termo de Adesão e possuem um grupo de trabalho responsável pela condução do processo de elaboração do POE, sendo que 16 deles estão em processo de discussão das diretrizes com os municípios, 2 estão em elaboração dos Planos Operativos e 9 já elaboraram versões preliminares. Todo este processo tem sido acompanhado sistematicamente pelos técnicos da área da Saúde do Adolescente e do Jovem/MS e da Secretaria Especial de Direitos Humanos. Percebe-se, no entanto, que em poucos Estados houve o envolvimento dos conselhos de Saúde e de Direitos da Criança e do Adolescente no acompanhamento do processo de elaboração do POE. Outro resultado importante da iniciativa foi à implantação de um projeto piloto de saúde mental no estado do Paraná iniciado em novembro de 2005 e com previsão de término da primeira fase em maio de 2006. Compromisso III Proteção à vida e garantia de segurança e adolescentes ameaçados de morte crianças e adolescentes procuram sua sobrevivência nas ruas ou são encaminhados para abrigos. Tendo em vista o crescimento da violência envolvendo crianças e adolescentes, evidenciada principalmente pelo aumento da mortalidade por causas externas neste segmento populacional, torna-se fundamental a implementação de programas específicos que protejam a vida das pessoas deste segmento de população. Conforme o registro de informações dos conselhos tutelares, por meio do Sistema de Informação para a Infância e a Adolescência (SIPIA), dentre os direitos das crianças e adolescentes aquele referente à convivência familiar e comunitária é comprovadamente o mais violado, do ponto de vista estatístico, correspondendo a aproximadamente 50% de todas as notificações. O Programa de Proteção de Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte está em funcionamento em quatro unidades da federação (Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo) e em processo de implementação no Estado de Pernambuco. A priorização desses estados deveu-se principalmente ao aumento da vitimização de crianças e adolescentes e ao crescimento do número de mortes desses meninos e meninas por causas externas em seus territórios. Estudos estão sendo realizados para a inclusão de novas regiões devido ao envolvimento de adolescentes no tráfico de drogas e à ação de grupos de extermínio. No âmbito da Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, criou-se a Coordenação Geral do Programa de Proteção objetivando facilitar o processo de gerenciamento das ações, bem como das articulações necessárias para a implantação do programa em novos estados. Outra iniciativa relevante na área foi o encaminhamento ao Congresso Nacional do Projeto de Lei que institui a proteção especial e cria o Programa Federal de Proteção11. No ano de 2005, o Programa protegeu 200 crianças e adolescentes e suas famílias, bem como redirecionou o atendimento de outros 100 que procuraram proteção, mas cujas situações relacionavam-se a risco social e não de morte. Promoção da Convivência Familiar e Comunitária Dentre as principais formas de vulnerabilidade a que estão submetidos as crianças e os adolescentes tem-se o enfraquecimento e a ruptura dos vínculos familiares e comunitários, caracterizando, na sua forma mais aguda, o que comumente denominase abandono. Provenientes de famílias sem condições materiais e/ou afetivas para os criarem, milhares de Além da precariedade socioeconômica das famílias, problemas relacionais, como violência doméstica, drogadição dos pais e abuso sexual de crianças e adolescentes, contribuem para o seu afastamento do lar, sem falar nas situações de orfandade, em que se destaca principalmente o problema dos “órfãos da AIDS”. Efetivamente, sabe-se que, em 2003, havia quase 20 mil crianças e adolescentes vivendo nos abrigos que recebiam recursos do Governo Federal12. Considerando que os abrigos que recebem recursos do Governo federal são a minoria absoluta, pode-se estimar que mais de 100 mil crianças e adolescentes vivem hoje em abrigos no Brasil. Alem disso, estimase entre 10 e 15 mil o número de crianças e adolescentes morando nas ruas das grandes cidades brasileiras. Enquanto medida de proteção, de acordo com a lei, o “abrigo em entidade” deveria ser provisório e excepcional, o que não se confirma na realidade. Do total de crianças e adolescentes abrigados nas instituições que recebiam recursos federais em 2003, 52,6% estavam submetidos à medida por mais de 2 anos, o que demonstra a falha do sistema de abrigamento enquanto forma de transição para uma família substituta. O enfrentamento do problema do abandono de crianças e adolescentes, para além da necessária política de transferência de renda que vem sendo implementada pelo Programa Bolsa-Família, passa também pelo diagnóstico precoce das situações de vulnerabilidade e pela atenção psicossocial adequada às famílias vulnerabilizadas, compreendendo, ainda, processos em curso de reordenamento dos abrigos, de fomento de alternativas ao acolhimento institucional e de regulamentação dos procedimentos para a adoção de crianças e adolescentes, bem como mudanças 11������������������������������������������������������������������������� O PL encontra-se em tramitação naquela Casa sob o número 5.243, de 2005. 12������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ Pesquisa encomendada pelo Conanda e pela SEDH ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e publicada em dezembro de 2004 estudou um universo de 589 abrigos que recebiam recursos da área federal (Rede SAC). A pesquisa constatou a presença de 19.373 crianças e adolescentes abrigados, 24,1% deles em razão de carência de recursos materiais da família. 93 94 culturais e atitudinais de todos os atores institucionais envolvidos e da sociedade de forma geral. A coordenação política da área que busca promover o direito à convivência familiar e comunitária para crianças e adolescentes é compartilhada entre o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH) e envolve uma série de ações afetas a vários órgãos, nas três esferas de Governo. Ao longo do ano de 2005 foram desencadeadas medidas que possibilitaram o aprimoramento das ações nessa área, dentre as quais pode-se destacar: (i) a adoção de nova sistemática de repasse de recursos do Governo Federal para estados e municípios por meio de pisos de atenção, no âmbito do Sistema Único de Assistência Social, o que possibilita a destinação adequada de recursos conforme a natureza e complexidade do serviço; (ii) o início da etapa de coleta de dados da Pesquisa de Entidades da Assistência Social, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que propiciará diagnóstico dos serviços desenvolvidos e possibilitará o seu reordenamento; e (iii) a extinção da exigência de apresentação da Certidão Negativa de Débito (CND) por parte dos municípios como requisito para recebimento do recurso federal, o que propiciou a não interrupção do atendimento e evitou a queda na qualidade dos serviços prestados. Houve ainda o desenvolvimento e conclusão dos trabalhos da Comissão Intersetorial para Promoção, Defesa e Garantia do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, coordenada pelo MDS e SEDH, e que contou com a participação dos principais órgãos federais afetos à área, dos órgãos representativos de gestores da Assistência Social nas esferas estadual e municipal, de conselhos, de entidades da sociedade civil, de representantes do Judiciário e do Legislativo e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). A Comissão encerrou suas atividades em abril de 2005, apresentando subsídios ao Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) para a formulação de um Plano Nacional de Promoção, Defesa e Garantia do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (PNCFC), situando a questão dos abrigos no contexto maior do direito à convivência familiar e comunitária. O PNCFC, em discussão nesses dois conselhos, traz uma mudança de paradigma no atendimento a crianças e aos adolescentes em situação de abrigamento, ressaltando a centralidade da família em todos os níveis do atendimento, traduzida em preocupações quanto: à preservação dos vínculos familiares; à inibição da institucionalização indevida, pelo provimento de apoio sociofamiliar adequado, em consonância com a PNAS e com o SUAS; à criação de alternativas à institucionalização, como a proposição de uma política de acolhimento familiar; a excepcionalidade e provisoriedade da medida de abrigo em entidade; à agilidade e empenho na adoção de crianças e adolescentes que comprovadamente perderam qualquer condição de permanência nas famílias naturais, especialmente nas chamadas “adoções difíceis” (de crianças acima de 7 anos, de portadores de deficiência, de negros, de grupos de irmãos, de portadores de HIV, entre outros). Embora sejam identificados avanços substantivos, existem medidas que ainda devem ser implementadas para garantir o aprimoramento dos serviços por estados às crianças e aos adolescentes em situação de abandono. Cita-se, por exemplo, a necessidade de se regular esses serviços e de incrementar os recursos destinados à manutenção e ao reordenamento da rede de abrigos, oferecendo condições institucionais e trabalho profissional especializado para acolher os usuários em padrões de dignidade, até que seja possível sua reintegração familiar ou colocação em família substituta. Em outras palavras, o abrigo deve ser capaz de garantir o atendimento personalizado e em pequenos grupos, o convívio familiar e comunitário e a utilização dos equipamentos e serviços da comunidade. Outra medida importante diz respeito à intensificação do investimento em modalidades de atendimento mais condizentes com a defesa do direito à convivência familiar e comunitária e que prestem atendimento individualizado, tais como Famílias Acolhedoras13 e Casas-Lares14. 13� Modalidade de atendimento que oferece acolhimento na residência de famílias cadastradas, selecionadas, capacitadas e acompanhadas para receber crianças e/ou adolescentes em situação de abandono, sem família ou impossibilitadas de conviver com a mesma. 14 Modalidade de atendimento oferece acolhimento em residência para grupos de usuários (crianças e adolescentes, idosos, adultos com deficiência) com pessoal habilitado para auxiliar nas atividades diárias / cuidadores residentes no local, treinados e supervisionados por equipe técnica capacitada. Esse tipo de atendimento visa estimular o desenvolvimento de relações mais próximas do ambiente familiar, promover hábitos e atitudes de autonomia e de interação social com as pessoas da comunidade. Com estrutura de uma residência privada, deve receber supervisão técnica e localizar-se em áreas residenciais da cidade e seguirão o padrão-sócio econômico da comunidade onde estiverem inseridas. Podem estar distribuídas tanto em um terreno comum, quanto inseridas, separadamente, em bairros residenciais. Compromisso III No âmbito da gestão, é necessário estruturar o Sistema Nacional de Informação da Assistência Social, de modo a possibilitar o diagnóstico, o monitoramento e a avaliação da proteção desenvolvida e de sua cobertura, bem como da inclusão social promovida. Finalmente, um aspecto essencial a ser observado refere-se ao incremento da articulação com as demais políticas sociais no desenvolvimento das ações envolvidas no atendimento a crianças e adolescentes em situação de abandono, de natureza eminentemente intersetorial. Box 05 • Atenção às crianças e aos adolescentes privados dos cuidados parentais. A preocupação com o enfrentamento do abandono e com a promoção do direito à convivência familiar e comunitária extrapola as fronteiras do País e é um tema que vem sendo discutido pelo Comitê dos Direitos da Criança da ONU, com tendência à criação de uma normativa internacional específica para a atenção às crianças e aos adolescentes privados dos cuidados parentais. Nesse sentido, a partir de uma articulação com o UNICEF, o Governo brasileiro ofereceu-se, no final do ano de 2005, para sediar no Brasil, em 2006, uma “reunião de especialistas” convidados pelo Comitê, que estão elaborando um conjunto de recomendações, dirigidas aos Países membros da ONU, no sentido da implementação de ações que objetivem minorar o problema. O Programa Segundo Tempo do Ministério do Esporte, ainda, que não tenha sido contemplado dentre as ações de monitoramento do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente, destaca-se como uma iniciativa que, também, contribui para a melhoria de vida das crianças e dos adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Visto que o esporte é uma ferramenta capaz de promover mudanças relacionadas à injustiça, à exclusão e à vulnerabilidade. O Programa Segundo Tempo atende os alunos matriculados no ensino público fundamental e médio, e prioriza aqueles cujas famílias possuem renda per capita de até ½ salário mínimo. Há que se ressaltar que, desde 2003, quando da emissão da Por- taria Conjunta MEC/ME, ampliaram-se as atividades do Programa, que passaram a incluir o contra-turno escolar, de caráter extracurricular, para o desenvolvimento de atividades esportivas monitoradas, acompanhadas de reforço alimentar e de atividades de caráter educativo mais geral, visando a reduzir a exposição de situações de risco social às crianças e aos adolescentes. Seu principal objetivo é: “democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte como instrumento educacional, visando ao desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens, como meio de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida”. Box 06 • Experiências exitosas. A implantação do Programa Segundo Tempo na cidade satélite de Recanto das Emas, em Brasília, provocou uma pequena revolução na vida de 140 jovens carentes. Dos 72 alunos que freqüentam as atividades esportivas oferecidas pelo Programa, 83% foram aprovados nos estudos em 2003. Um total de 60 estudantes foram aprovados com notas satisfatórias, incluindo 18 jovens reprovados em 2002 e que foram atraídos pelo programa do Ministério do Esporte . Um exemplo do resultado positivo do Segundo Tempo é o caso do estudante Valdinei Marques, 15 anos, repetente da 3ª série do Ensino Fundamental por três anos consecutivos. Ele tinha dificuldade de relacionamento com colegas e monitores e as causas de seu baixo rendimento escolar nunca tinham sido detectadas. Nas atividades extra-curriculares oferecidas pelo Programa, a coordenadora do Segundo Tempo, a professora de Educação Física Sofia Borges identificou que o aluno estava na 3ª série mas não sabia ler. Durante as aulas de canto o adolescente apenas mexia os lábios imitando os colegas, fingindo estar lendo o texto com as letras de música. Isso permitiu o encaminhamento do aluno para às aulas de reforço e hoje ele já está alfabetizado e em condições de freqüentar as aulas. Seu comportamento na comunidade melhorou bastante e o menino, que antes tinha um comportamento rebelde, hoje é um dos alunos mais assíduos das aulas de futebol Programa, onde continua recebendo reforço escolar e alimentação. 95 96 Desafio 2: Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalho do Adolescente. Objetivo: Desenvolver ações que visam a dar continuidade à erradicação das formas ilegais de trabalho infantil. Quadro 02 • Metas. Indicadores Situação Inicial Metas 2004 - 2007 2- Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalho do Adolescente • % de crianças 8,52% crianças e adolescentes de 5 a 15 • Combater todas as formas de trabalho e adolescentes anos trabalhando em 2001 infantil como definido na convenção nº na faixa etária (IBGE/PNAD) 182 da OIT, por meio de implementação de 5 a 15 anos de ações de fiscalização para a erradicação que estavam do trabalho infantil; trabalhando em • Promoção de campanhas de 2001 conscientização e de programas de transferência direta de renda às famílias com filhos na faixa etária de 5 a 14 anos submetidos a trabalhos caracterizados como “piores formas de trabalho infantil”, promovendo o retorno dessas crianças e adolescentes à escola; Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. O trabalho infantil é um tipo de violação de direitos humanos de crianças e adolescentes que se constitui em um desafio, tanto para o governo, quanto para a sociedade. Dentre as principais razões que justificam as ações públicas de erradicação do trabalho infantil está a constatação de que este pode comprometer a saúde física e repercutir negativamente sobre o desenvolvimento psicossocial de crianças e adolescentes, na medida em que exige responsabilização e maturidade precoces. A situação de vulnerabilidade social na qual se encontram crianças e adolescentes que têm seus direitos violados pela exploração no trabalho é, ainda, geradora de situações que podem contribuir para elevar o índice de morbidade infantil, principalmente naquelas situações de trabalho insalubre, degradante e perigoso. No cenário sócio-histórico e cultural em que se insere a problemática do trabalho infantil, pode-se enumerar diversos fatores que ensejam a ocorrência desse fenômeno social, tais como: a baixa renda familiar associada a altos índices de desemprego e os elementos que permeiam o imaginário popular, envolvendo questões culturais, dentre as quais a da inserção precoce no trabalho como princípio fundamental para a formação do indivíduo, observada, sobretudo, quando se trata de crianças e de adolescentes situados nas camadas de baixa renda. A despeito da prática social, a Constituição de 1998, após a aprovação da Emenda nº 20, de 15 de dezembro de 1998, determina que é proibido o trabalho a menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, ressalvando-se a condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Vale destacar que, neste ponto, a legislação brasileira diferencia-se da Convenção Internacional nº 138 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a qual permite o trabalho de jovens a partir dos 15 anos de idade, exceto para as atividades especificadas na Convenção nº 182, que trata das chamadas “piores formas do trabalho infantil”, tais como escravidão, prostituição, tráfico de drogas e outras atividades que prejudiquem a saúde, a moral ou a segurança das crianças. Compromisso III Dados de Contexto O principal indicador para as ações de combate ao trabalho infantil é o percentual de crianças e adolescentes na faixa etária de 5 a 15 anos que trabalham. A Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD) apurou que, em 2004, 2 milhões e 565 mil crianças e adolescentes nessa faixa etária estavam ocupados na semana de referência da pesquisa15. Desse contingente, 227 mil indivíduos pertenciam ao grupo de crianças de 5 a 9 anos de idade (8,9% do total de ocupados); 1 milhão e 571 mil (61,3%), ao grupo com idade entre 10 e 14 anos e 766 mil (29,9%) eram adolescentes de 15 anos. Os dados da última edição da PNAD revelam que a percentagem de crianças e adolescentes que trabalhavam decresceu no período de 2001 a 2004. Em 2001, 8,52% das crianças e adolescentes com idade entre 5 e 15 anos trabalhavam. Essa parcela era de 7,5%, no ano de 2003. Em 2004, o percentual foi de 6,9% desse segmento etário. Pela ótica da desocupação, a PNAD registrou que um total de 386 mil crianças e adolescentes com idade entre 5 e 15 anos procuravam trabalho na semana de referência da pesquisa. Desse conjunto, 176 mil estavam na faixa etária de 10 a 14 anos de idade e 209 mil tinham 15 anos. Assim, a população economicamente ativa (ocupados e desocupados) na faixa etária de 5 a 15 anos atingia 2 milhões e 952 mil crianças e adolescentes em 2004. Nesse mesmo ano, a PNAD apurou que a PEA total do País (todas as faixas etárias) era de pouco mais de 91 milhões de pessoas16. O nível da ocupação (parcela dos ocupados na população das respectivas faixas etárias selecionadas) foi de 1,5% no grupo etário de 5 a 9 anos e de 10,1% no de 10 a 14 anos e 22,1% para aqueles com 15 anos. Nesses segmentos etários, a atividade agrícola detinha a maioria dos ocupados. Do grupo de 5 a 9 anos, 75% dos ocupados trabalhavam em atividades agrícolas. Entre os adolescentes de 10 a 14 anos, o percentual era de 59,1% dos ocupados. A PNAD/2004 observou que o número de crianças e adolescentes envolvidas em atividades agrícolas decrescia com o aumento da idade. Outra característica dos ocupados com idade entre 5 a 14 anos é a predominância do trabalho não remunerado em ajuda a empreendimentos de familiares; nas faixas etárias seguintes predomina o assalariamento sem carteira de trabalho assinada. Tabela 02 •Ocupados, segundo faixa etária, Brasil – 2002 a 2004. Faixa Etária Total 2002 Ocupados 2003 2004 Variação 2002-2004 79.241.367 80.374.406 83.044.703 3.803.336 de 5 a 15 anos 3.014.834 2.730.831 2.565.778 -449.056 16 e 17 anos 2.473.761 2.394.624 2.436.166 -37.595 de 18 a 24 anos 14.134.587 14.189.535 14.556.403 421.816 de 25 anos ou mais 59.606.609 61.042.144 63.482.477 3.875.868 Fonte: IBGE/PNAD. Tabela elaborada por CGET/SPPE/DES/TEM. Nota: Exclusive a população rural da região Norte (RO, AC, AM, RR, PA e AP). 15���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Embora em 2004 a PNAD tenha contemplado informações relativas ao trabalho na área rural das unidades da federação da Região Norte, para fins de comparação com os resultados de anos anteriores da pesquisa, a população rural da Região (AC, AM, AP, PA, RO e RR) foi desconsiderada neste documento. 16������������������������������������������������������������������������������������ O número não considera a População Rural da Região Norte (RO, AC, AM, RR, PA e AP). 97 98 Tabela 03 •Desocupados, segundo faixa etária, Brasil - 2002 a 2004. Faixa Etária Total Desocupados 2002 2003 Variação 2004 2002-2004 7.958.482 8.639.964 8.218.253 259.771 de 5 a 15 anos 449.776 393.599 386.524 -63.252 16 e 17 anos 735.383 760.068 778.746 43.363 de 18 a 24 anos 2.887.232 3.123.513 3.006.055 118.823 de 25 anos ou mais 3.886.091 4.361.715 4.046.928 160.837 Fonte: IBGE/PNAD. Tabela elaborada por CGET/SPPE/DES/TEM. Nota: Exclusive a população rural da região Norte (RO, AC, AM, RR, PA e AP). Entre os anos de 2002 e 2004 houve significativo decréscimo da participação de crianças e adolescentes na força de trabalho. A PNAD apurou que, em 2002, 3 milhões e 464 mil crianças e adolescentes com idade entre 5 a 15 anos integravam a população economicamente ativa. Dois anos depois, o total para o mesmo grupo etário era, como já se afirmou anteriormente, de 2 milhões e 952 mil indivíduos , o que significa diminuição de 512 mil pessoas neste grupo etário, que deixam de integrar a força de trabalho em razão, sobretudo, da redução de 449 mil ocupados entre 2002 e 2004, ainda que tenha havido decrésciGráfico 1 mo também entre os desocupados (da ordem de 63 mil)17. Ao se desagregar os dados, é possível perceber que, entre 2002 e 2004, ocorreram diminuições do número de ocupados em todos os grupos etários analisados. No grupo com idade entre 5 e 9 anos, o número de ocupados diminuiu em 54.509 crianças; no de 10 a 14 anos, em 311 mil crianças e adolescentes e, para os que tinham 15 anos, a redução foi da ordem de 83.031 adolescentes. Crianças e Adolescentes Ocupadas, segundo idade Brasil 2002-2004. 2002 2.000.000 1.800.000 1.600.000 1.400.000 1.200.000 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 0 de 5 a 9 anos de 10 a 14 anos 2003 2004 15 anos Fonte: IBGE/PNAD. Gráfico elaborado pelo Observatório do Mercado de Trabalho - OMT/MTE. 17����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� No mesmo período, o total de crianças de 5 a 9 anos residentes aumentou em 354 mil pessoas. No grupo etário de 10 a 15 anos, houve decréscimo no número de residentes, da ordem de pouco mais de 131 mil adolescentes. Compromisso III Para compreender melhor o problema do trabalho infantil, e os desafios que ele apresenta, é preciso ter em perspectiva que a maior parte das crianças e adolescentes entre 5 e 15 anos de idade que trabalhavam em 2004 atuavam em empreendimentos de seus familiares (classificando-se como trabalhador remunerado membro da unidade domiciliar; trabalhador na produção para o próprio consumo e trabalhaGráfico 2 dor na construção para o próprio uso). No segmento de 5 a 9 anos de idade, quase 67% (153 mil crianças) eram trabalhadores não remunerados, membros de uma unidade domiciliar que produz para o mercado. Outros 20% (45 mil) exerciam atividades de produção para o consumo de suas famílias. Observa-se que nessa faixa etária 93,5% das crianças freqüentavam a escola. Crianças de 5 a 9 anos Ocupadas por Posição na Ocupação Brasil 2002-2004. 2002 2003 2004 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 Trabalhador Trabalhador Conta Própria Não na Produção Remunerado para o Próprio Membro da Consumo Unidade domicilar Empregado Outro Trabalhador Não Remunerado Trabalhador Doméstico Trabalhador na Construção para o Próprio Uso Fonte: IBGE/PNAD. Gráfico elaborado pelo Observatório do Mercado de Trabalho - OMT/MTE. Entre as crianças e os adolescentes com idade entre 10 e 14 anos também predominava o trabalho não remunerado de ajuda nos empreendimentos familiares e/ou de produção para consumo próprio. A Gráfico 3 PNAD detectou, no entanto, que 298 mil indivíduos dessa faixa estavam ocupados na condição de assalariados sem vínculo formal, em empreendimentos informais de menor porte, em geral. Posição na Ocupação de Crianças e Adolescentes de 10 a 14 anos Brasil 2002-2004. 2002 2003 2004 1.200.000 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 0 Não remunerado Empregado sem carteira Trabalhador Conta-própria na produção para o próprio consumo Trabalhador Trabalhador doméstico na construção sem carteira para o próprio uso Fonte: IBGE/PNAD. Gráfico elaborado pelo Observatório do Mercado de Trabalho - OMT/MTE. Empregado com carteira 99 100 A elevada percentagem de adolescentes que não freqüentam a escola deve ser levada em consideração na análise das causas do trabalho infantil. No País, 8,9% do contingente de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade não estavam freqüentando a escola em 2004. Enquanto no grupo de 5 a 14 anos de idade esse percentual era de cerca de 7%, entre os adolescentes de 15 anos o percentual chega próximo a 19%. Gráfico 4 Razões que contribuem para explicar a existência do trabalho infantil (como a insuficiência de renda) podem ser pertinentes para esclarecer também o fato de um elevado percentual de adolescentes não freqüentar a escola. Por sua vez, medidas que favoreçam a permanência de crianças e adolescentes no sistema de ensino, de modo que possam completar pelo menos 12 anos de escolaridade, poderão contribuir para diminuir o número de crianças e adolescentes enredados no trabalho infantil. Porcentagem de Crianças e Adolescentes Que Não Freqüentavam a Escola por Faixa Etária. Brasil 2002-2004. 2002 2003 2004 40,0 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 5 a 9 anos 10 a 14 anos 15 anos Fonte: IBGE/PNAD. Gráfico elaborado pelo Observatório do Mercado de Trabalho - OMT/MTE. No que se refere ao trabalho do adolescente, é preciso considerar que nesta categoria estão envolvidos meninos e meninas entre 14 e 17 anos. Os adolescentes de 14 e 15 anos são alvos não apenas das ações de fiscalização que visam à erradicação do trabalho infantil (sempre que seu trabalho não for exercido com o status de aprendiz, fica caracterizado uma situação ilegal de trabalho infantil), mas também das ações de fiscalização das condições de seu trabalho enquanto aprendizes. Nesse último caso, a fiscalização se destina a regularização de sua situação trabalhista e para a identificação de locais e serviços considerados perigosos ou insalubres para menores de 18 anos. Os dados da PNAD indicam que, em 2004, no grupo etário entre 14 e 15 anos havia total de 1,3 milhões de adolescentes trabalhando18. Já no grupo entre 16 e 17 anos, que de acordo com a Constituição, podem trabalhar, a não ser em trabalho noturno, pe- rigoso ou insalubre, este número era de 2,4 milhões. Quanto à desocupação, para a primeira faixa etária os desocupados somavam 309,8 mil adolescentes e para a seguinte este número era de 778,7 mil. Somados os dois números, tem-se que a população economicamente ativa na faixa etária de 14 a 17 anos atingia 4,8 milhões de adolescentes em 2004, o que representava 5,3% da PEA total do País (de cerca de 91 milhões de pessoas). Esses adolescentes estavam majoritariamente ocupados no setor informal da economia (69,2%), muitos deles sem receber remuneração pelo seu trabalho (29,6%) – em grande medida por serem as suas atividades desenvolvidas no âmbito de pequenos negócios familiares. Cerca de 1,3 milhão desses adolescentes (34,3% do total) trabalhavam em atividades agrícolas, enquanto 21,5% atuavam no ramo do comércio e reparação. Os dados indicam ainda que 18��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Para efeito de complementação aos dados apresentados sobre o trabalho infantil, que incluem os anos de 2002 a 2004, foram excluídos da análise do trabalho do adolescente aqui apresentada (referente apenas ao ano de 2004) os meninos e meninas trabalhadores do Norte rural, que não eram contabilizados nas edições anteriores da PNAD. Compromisso III esses adolescentes trabalhadores se distribuíam regionalmente da seguinte forma: 36,5% deles estavam no Sudeste, 32,7% no Nordeste, 17,2% no Sul, 7,7% no Centro-Oeste e 5,9% na região Norte. Seguindo a tendência dos demais grupos etários abaixo dos 18 anos, os adolescentes entre 14 e 17 anos também viram sua participação no mercado de trabalho decrescer entre 2002 e 2004, período em que ocorreram diminuições do número de ocupados em todos os grupos etários analisados. Especificamente no grupo com idade entre 16 e 17 anos, a redução no número de ocupados foi da ordem de 37,5 mil adolescentes. Para o total de 13,8 milhões de adolescentes brasileiros de 14 a 17 anos identificados pela PNAD em 2004, 85% freqüentavam a escola; desses uma parcela significativa (31,2%) estudava e trabalhava ao mesmo tempo. De outra parte, 1,2 milhão de adolescentes trabalhadores não freqüentavam a escola, o que correspondia a 23,8% do total. A situação mais preocupante era a dos cerca de 935 mil adolescentes brasileiros nesta faixa etária (ou seja, 6,75% do total) que não estudavam nem trabalhavam, estando mais expostos ao ócio, à violência e à cooptação pelo crime. Programas, Políticas e Estratégias Combate ao trabalho infantil No âmbito deste desafio, o Governo Federal tem como um de seus objetivos o desenvolvimento de ações que visam dar continuidade ao combate ao trabalho infantil. Para alcançar esse objetivo, o Governo desenvolve o Programa Erradicação do Trabalho Infantil - PETI, intensificando as ações de fiscalização, de promoção de campanhas de conscientização e de ampliação do acesso à escola e às atividades socioeducativas e de convivência. Vale ressaltar que as ações congregadas neste desafio são de caráter intersetorial, sendo sua implementação compartilhada entre o MDS (órgão gestor do PETI), o Ministério do Trabalho e Emprego – MTE e a Secretaria Especial de Direitos Humanos. O PETI destina-se a atender famílias com filhos menores de 16 anos de idade retirados do trabalho infantil. As duas ações principais do PETI são: (i) a concessão da Bolsa Criança Cidadã às famílias, como forma de complementação da renda familiar para a retirada de crianças e adolescentes do trabalho, no valor per capita de R$ 40,00 para a área urbana e de R$ 25,00 para a área rural; e (ii) a inserção e manutenção das crianças nas ações socioeducativas e de convivência (jornada ampliada) no horário extraescolar, mediante o repasse às prefeituras do valor per capita de R$ 10,00 para a área urbana e de R$ 20,00 para a área rural19. As ações socioeducativas objetivam resgatar a auto-estima e cidadania dos seus beneficiários. Para tanto, desenvolvem-se com crianças e adolescentes atividades pedagógicas, culturais, lúdicas e artísticas a partir de uma proposta especificamente formulada para o programa. Em relação às famílias, as atividades têm como objetivo trabalhar a inclusão social, autonomia e emancipação. É inegável o importante papel que o Programa tem tido no enfrentamento do problema no País. Em 2004, o PETI atendeu 930.804 mil crianças e adolescentes de 7 a 15 anos de idade, em 2.788 municípios. Em 2005 este número foi ampliado para 1.010.057 crianças e adolescentes, em 3.312 municípios brasileiros20. Em 2006, a partir da integração com o Programa Bolsa-Família, a previsão é que o PETI atenda 3.200.000 crianças/adolescentes. De fato, uma importante iniciativa no sentido de fortalecer o PETI foi a decisão de integrá-lo ao Programa Bolsa-Família. Os principais objetivos pretendidos com a medida foram: racionalização e aprimoramento dos processos de gestão do Bolsa-Família e do PETI; ampliação da cobertura do PETI e, portanto, do atendimento de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil; extensão das ações socioeducativas e de convivência oferecidas no PETI, com o intuito de atender também crianças e adolescentes do Bolsa-Família em situação de trabalho infantil; e, finalmente, universalização do Bolsa-Família, respeitando os critérios de elegibilidade. Em 2005, realizou-se encontro nacional dos coordenadores estaduais do PETI e do Programa Bolsa-Família, o qual contou também com a participação dos coordenadores do PETI nas capitais, do Ministro Patrus Ananias e representantes do UNICEF, OIT, Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Traba- 19��������������������������������������������������� Estes valores serão unificados em R$20,00 em 2006. 20���������������������������������������������������������������������������� Para efetivar este atendimento foram aplicados um total de R$532,9 milhões. 101 102 lho Infantil, Fundação Abrinque, ANDI - Agência de Notícias da Infância - e Ministério Público do Trabalho. Estas entidades, que participaram da criação do PETI em 1996, têm contribuído com o processo de aperfeiçoamento do Programa. A proposta de integração PETI/Bolsa-Família foi aceita por tais entidades, que destacaram a necessidade de aperfeiçoar o acompanhamento e avaliação das ações. Realizou-se, em 2005, o “Levantamento dos Usuários do PETI”, cujos objetivos foram estabelecer um cadastramento e obter um perfil das crianças e adolescentes beneficiárias do programa junto a todas as prefeituras que o implementam. O Levantamento recebeu e consolidou informações de 2.011 municípios - o que representava 72% do total de 2.788 municípios que participavam do programa em 2005 -, coletando dados referentes a 568.608 crianças, o equivalente a 61% do número total de bolsas disponibilizadas. A partir da análise das informações coletadas, verifica-se, por exemplo, uma concentração de beneficiários cursando a 1ª e a 2ª séries do ensino fundamental ao ingressar no PETI (48%). Já para a série cursada em 2004, os beneficiários se distribuem de forma mais uniforme, concentrando-se entre a 2ª e a 4ª séries do ensino fundamental (51%). Esses dados permitem ressaltar a hipótese de que o programa pode estar causando efeitos positivos no progresso escolar dos beneficiários. As informações relativas ao setor de trabalho das crianças antes de ingressar no programa indicam que 44% dos beneficiários são provenientes da “Agricultura e Serviços relacionados”. Destacam-se também as atividades relacionadas às categorias de “Comércio Ambulante (12%)”, “Serviço Doméstico (7%)” e “Coleta de lixo (6%)”, distribuindo-se o restante por outras variadas atividades de menor incidência. O Levantamento revelou ainda que apenas 22% das famílias entrevistadas recebiam seus recursos de transferência de renda pela Caixa Econômica Federal, ao passo que 78% os recebiam via prefeitura. O problema é que a transferência de recursos entre os Fundos Nacional e Municipal de Assistência Social tende a ocasionar atrasos nos pagamentos, pouca transparência no processo e estrangulamentos na eficiência do programa. O Levantamento explicitou, assim, a premência da inclusão das famílias do PETI no Cadastro Único dos Programas Sociais, o que constitui requisito para que a Bolsa Criança Cidadã possa ser repassada diretamente à família beneficiária, sem a intermediação das prefeituras . Desta forma, a inclusão das famílias beneficiárias do PETI no Cadastro Único tornou-se uma diretriz prioritária do programa. É importante destacar que a Secretaria Nacional de Assistência Social – SNAS/MDS – passou a desenvolver, desde 2005, iniciativas voltadas ao aperfeiçoamento das ações socioeducativas, a partir da compreensão de que as ações para a erradicação do trabalho infantil, para serem efetivas, não podem se restringir à transferência de renda. As ações também devem propiciar às crianças e aos adolescentes a ampliação do universo de informações, o acesso a meios que propiciem o desenvolvimento de suas potencialidades, o desenvolvimento de habilidades pessoais, de formas de expressão e ludicidade, a identificação de situações comuns para a busca de soluções coletivas, e o exercício da cidadania, de sociabilidades, e o sentimento de pertencimento a um grupo social. Para a reconstrução da proposta pedagógica que passará a nortear o desenvolvimento das ações socioeducativas e de convivência, o MDS tem considerado como princípio fundamental o respeito à diversidade e às especificidades das regiões nas quais são desenvolvidas as ações do PETI, nomeadamente as diferenças geográficas, ambientais, demográficas, culturais, históricas e socioeconômicas. Ressalta-se que o Levantamento dos Usuários do PETI apontou diferenças significativas das ações efetivadas nas metrópoles e capitais em relação às desenvolvidas no interior do País. Para fazer face a esta heterogeneidade, o MDS vem realizando encontros nacionais com os coordenadores estaduais do PETI e do Bolsa-Família para a coleta de subsídios para a reformulação da proposta pedagógica. Destaca-se, ainda, em relação às ações socioeducativas, que o MDS, com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, está elaborando uma proposta de capacitação à distância de educadores que atuam nas ações socioeducativas e de convivência. Compromisso III Box 07 •SAGI/MDS. A SAGI/MDS prevê a realização de duas avaliações do PETI. A primeira, de caráter quantitativo e no formato de survey, consiste numa Pesquisa Domiciliar com Famílias de Crianças Beneficiárias do PETI, que deverá investigar os seguintes aspectos: (i) características socioeconômicas das famílias; (ii) valores, atitudes e comportamentos sobre o Trabalho Infantil; (iii) percepções sobre o processo de seleção para o Programa e sobre as ações socioeducativas e de convivência; (iv) percepções dos efeitos do Programa sobre o desenvolvimento das crianças; (vi) progressão escolar das crianças; e (vii) acesso a serviços públicos e a outros programas sociais. O outro elemento deste componente é a caracterização dos recursos humanos e da infraestrutura do PETI. A segunda avaliação, qualitativa, deverá contemplar as ações socioeducativas e de convivência por meio de entrevistas, grupos focais e observação de campo, o que resultará na proposição de “padrões mínimos de qualidade” referentes à execução da chamada “Jornada Ampliada”. Mais uma iniciativa relacionada à avaliação do PETI consiste no financiamento de um Suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2006 do IBGE sobre trabalho infantil, freqüência escolar e acesso a programas sociais. Este suplemento permitirá o conhecimento da situação em que vivem as crianças e adolescentes submetidas ao trabalho infantil no Brasil e a obtenção de subsídios técnicos para ajustar o programa à realidade do problema que pretende enfrentar. O objetivo principal da inserção deste suplemento consiste na atualização dos dados coletados no suplemento anterior, realizado em 2001, para fins de acompanhamento da trajetória do trabalho infantil em âmbito nacional. Estes dados se referem principalmente às características de saúde e segurança no trabalho das crianças e adolescentes de 5 a 17 anos. Serão complementados por informações relativas a educação e acesso à merenda escolar de jovens e crianças. Por fim, o módulo também conterá quesitos relativos à cobertura dos programas de transferência de renda do MDS, em especial, o Bolsa-Família e o PETI. Este suplemento atenderá a demanda do Governo e da sociedade por saber até que ponto as famílias pobres com crianças são atendidas por programas de transferência de renda. 103 104 Box 08 • Interfaces e dificuldades na integração entre o Bolsa-Família e o PETI. As representações da sociedade civil e demais entidades têm demonstrado preocupação em relação à integração dos Programas PETI e Bolsa-Família, o que, entretanto, tem se buscado superar por meio da discussão e pactuação conjunta entre o MDS e as seguintes representações: Fórum Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil, Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil/Conaeti, Conselho Nacional da Criança e do Adolescente/ Conanda,Organização Internacional do Trabalho/OIT, Fórum Nacional dos Gestores Estaduais de Assistência Social/Fonseas e Colegiado dos Gestores Municipais de Assistência Social. Por sua vez, as dificuldades operacionais para a integração têm sido superadas mediante diversas estratégias, tais como a realização de teleconferências sobre a integração dos dois programas; os Encontros Nacionais dos Coordenadores Estaduais do PETI e do Programa Bolsa-Família; a capacitação conjunta SNAS/SENARC/CAIXA, realizada em nível nacional para estados, capitais e municípios; e as visitas aos estados e municípios com o objetivo de orientá-los no processo de integração. Para consolidar esse processo foram, ainda, publicadas a Portaria Nº 666, de 28 de Dezembro de 2005 e a Instrução Operacional Conjunta SENARC/ SNAS MDS, nº 1 de 14 de março de 2006. Box 09 • Festival Nacional de Arte e Cultura da Assistência Social. O MDS promoverá o I Festival Nacional de Arte e Cultura da Assistência Social. Além da premiação, os três trabalhos indicados por cada Estado participante poderão fazer parte de material de comunicação institucional a ser desenvolvido pelo MDS. O processo seletivo contou com a participação dos estados e dos municípios, que enviaram ao MDS cerca de 320 materiais - escritos, em DVD’s e fitas de vídeo e VHS – dentre os quais foram selecionados quatro de expressões musicais e teatrais e quatro de expressões plásticas. Tal material evidencia, ainda, a diversidade de atividades desenvolvidas nas ações socioeducativas, apresentando experiências exitosas nesse sentido. As ações de fiscalização realizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), desempenham um importante papel no combate ao trabalho infantil. A fiscalização foi reforçada com a criação dos Núcleos de Assessoramento a Programas Especiais (NAPE), instalados nas Delegacias Regionais do Trabalho (DRT) com maior contingente de auditores-fiscais do trabalho e formados por auditores com espe- cializações diversas, entre elas, o combate ao trabalho infantil, e dos Núcleos de Apoio e Assessoramento à Fiscalização (NAAF), instalados em todas as DRTs. As ações fiscais de combate ao trabalho infantil foram, em 2005, executadas pelas DRTs, em suas ações fiscais de rotina. Tais ações são desenvolvidas, de acordo com o planejamento operacional das regionais, que segue diretrizes do órgão central, a Se- Compromisso III cretaria de Inspeção do Trabalho (SIT). Entre as diretrizes de observância obrigatória por todas as DRTs consta a de verificar a existência de trabalho infantil em todas as ações de fiscalização realizadas pela regional. Os procedimentos que norteiam as ações fiscais de combate e erradicação do trabalho infantil estão estabelecidos em instrumentos normativos, com vistas a assegurar a sua padronização e a supervisão direta da fiscalização pela SIT. A definição das metas anuais de fiscalização considera os resultados históricos da fiscalização, as demandas apresentadas (denúncias), o Mapa de Indicativos do Trabalho da Criança e do Adolescente e a Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD). Em 2005, a Inspeção do Trabalho fiscalizou um total de 375.097 estabelecimentos, em todo o território nacional, sendo que em 738 destes foi constatada a presença de mão-de-obra infantil. Ressaltase que estes números se referem ao setor formal da economia, pois os números do setor informal não são computados no sistema de informação da fiscalização do trabalho. Duas outras ações federais se destacam no âmbito do combate ao trabalho infantil: o apoio à Escola do Futuro Trabalhador e a atualização do Mapa de Indicativos de Trabalho Infantil. No que diz respeito à primeira delas, em 2005, a Inspeção do Trabalho obteve a participação de 540 escolas, enquanto a meta era de 383 escolas. A ação consiste em conscientizar, a partir de articulação com escolas públicas, crianças e adolescentes sobre noções básicas de cidadania, com ênfase nos direitos sociais e trabalhistas, sensibilizando-os sobre os prejuízos do trabalho precoce e do trabalho em condições de riscos para a saúde e segurança e propiciando conhecimentos básicos e pontuais que possam ser retransmitidos junto à família e à comunidade com vistas a mudar hábitos e culturas que fomentam essas práticas. A inspeção do trabalho tem, assim, contribuído para a redução dos índices de trabalho infantil no País, em acentuado declínio desde o início dos anos 90. Cabe reiterar que na faixa etária de 5 a 15 anos, observa-se que o número de crianças no trabalho caiu de 4,1 milhões em 1992 para 2,5 milhões em 2004, o que representa uma redução de 12,1% para 6,9% dos indivíduos nessa faixa etária que trabalhavam. Quanto ao Mapa de Indicativos de Trabalho Infantil, esse reúne informações sobre a ocorrência de trabalho infantil, segundo os municípios de registro e as atividades econômicas, e apresenta dados estatísticos por corte etário de 5 a 15 anos. A ação constante do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente, a cargo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), consiste na atualização dos dados presentes no Mapa, sua sistematização, análise e publicação. A última edição do Mapa, publicada em 2005, apresenta dados apurados pela Inspeção do Trabalho em 2003 e consolidados em 2004. Proteção do trabalho do adolescente A principal ação por meio da qual o Governo Federal executa sua política de proteção do trabalho de adolescentes é a Fiscalização do Trabalho de Adolescentes, integrante do Programa Nacional de Estímulo ao 1º Primeiro Emprego, sob a coordenação do Ministério do Trabalho e Emprego. A ação se traduz na fiscalização do cumprimento da cota de aprendizagem nas empresas (inserção de aprendizes sob ação fiscal) e na fiscalização da regularidade do contrato de adolescentes em idade legal para o trabalho (a partir de 16 anos de idade). Em 2004, a meta física da ação foi a de alcançar 20 mil adolescentes, tanto promovendo sua inserção no mercado de trabalho na condição de aprendiz, quanto fiscalizando a regularidade do contrato de trabalho (formalização) de adolescentes com mais de 16 anos (em idade legal para o trabalho). A meta foi superada, tendo a ação alcançando 30.335 adolescentes. Em 2005, a meta estipulada se repetiu e também foi superada. Sob a ação fiscal, 29.605 aprendizes foram contratados e 4.101 trabalhadores adolescentes tiveram seus contratos de trabalho regularizados, gerando um total de 33.706 adolescentes beneficiados por esta ação do poder público. O quadro abaixo demonstra a evolução deste indicador desde 2000. 105 106 Tabela 04 • Aprendizes e trabalhadores adolescentes (não aprendizes): 16 a 17 anos completos) registrados sob ação fiscal, 2000 a 2005, Brasil. Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Aprendizes inseridos sob ação fiscal 850 1.919 11.111 18.146 25.215 29.605 Nº. de trabalhadores adolescentes registrados 3.958 6.630 6.178 3.932 5.120 4.101 Fonte: MTE. No dia 1º de dezembro de 2005, o Presidente da República editou o Decreto nº. 5.598, que regulamenta a contratação de aprendizes. O decreto se fez oportuno, sobretudo, por conta da promulgação da Lei 11.118/2005, que alterou a Lei 10.097/00 (Lei da Aprendizagem), ampliando a idade máxima dos aprendizes, de 18 para 24 anos. A Lei 10.097/00 dá nova redação aos artigos da CLT, que tratam da aprendizagem profissional (arts. 428 e seguintes), objetivando adequá-los às novas necessidades do mercado de trabalho. De acordo com a Relação Anual de Indicadores Sociais (RAIS), entre 45 mil e 60 jovens (com idade entre 14 a 17 anos completos21) estavam contratados na condição de aprendizes em 2004, na forma dos artigos 429 e 430 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A edição do Decreto deverá favorecer o aumento da contratação de novos aprendizes neste ano e nos próximos. Iniciativa do Ministério do Trabalho e Emprego na luta contra o trabalho infantil propiciou resultados significativos em 2005. Trata-se da mobili- zação de combate ao trabalho infantil realizada pela Inspeção do Trabalho em duas datas simbólicas para o tema - o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, 12 de junho, e o Dia da Criança, 12 de outubro. As mobilizações envolveram as delegacias regionais do trabalho dos 26 estados da federação, mais o Distrito Federal, e contaram com o engajamento de auditores-fiscais do trabalho. Nas ações, são priorizadas atividades econômicas com fortes indícios da prática de trabalho infantil, tanto do setor formal, quanto do informal. Com a mobilização realizada no dia 12 de junho, a Inspeção do Trabalho identificou 1.637 crianças e adolescentes enredadas em prática de trabalho infantil e as encaminhou à rede de proteção social. Além das ações fiscais, diversas DRTs realizaram seminários sobre o tema. Na mobilização do dia 12 de outubro, os auditores-fiscais do trabalho encontraram 3.781 crianças e adolescentes trabalhando, os quais foram, posteriormente, encaminhadas à rede de proteção social. 21������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Somente a partir de setembro de 2005, com a promulgação da Lei 11.180, a idade máxima de jovens que podem ser contratados como aprendizes passou a ser de 24 anos. Compromisso III Box 10 • Especificidades da fiscalização. Compete aos auditores-fiscais do trabalho identificar crianças e adolescentes que exerçam atividades laborais abaixo da idade mínima para o trabalho (16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos) e encaminhá-las para a rede de proteção social. A Lei 10.593/2002, regulamentada pelo decreto nº. 4.552/ 2002, ampliou o escopo da Inspeção do Trabalho, ao estabelecer que os auditores podem intervir nas relações de trabalho, além das relações de emprego (ou seja, do trabalho subordinado). A mudança se apresenta especialmente positiva para o combate ao trabalho infantil, uma vez que grande parcela de crianças e adolescentes que trabalham abaixo da idade legal exerce atividades em condição diversa a de assalariado. A normativa que ampliou a abrangência da Inspeção do Trabalho, no entanto, não dotou a atividade estatal de novos instrumentos jurídicos para adequá-la à mudança. O principal instrumento de coerção que os AuditoresFiscais do Trabalho contam para o exercício de sua missão é o exercício do poder de polícia administrativo, compreendendo os autos de infração, embargos e interdições. Esses instrumentos estão previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), alcançando tão somente as relações de emprego típicas do regime celetista. A carência de nova regulamentação impede a atuação da Inspeção do Trabalho em atividades laborais fora desse limite legal. A ausência de tais instrumentos jurídicos impacta as ações de combate ao trabalho infantil desenvolvidas pela Inspeção do Trabalho. Como mencionado acima, a maior parcela de crianças e adolescentes na faixa etária de 5 a 14 anos de idade estava ocupada em relações de trabalho sem vínculo de emprego. Para atuar em tais relações faltam à Inspeção instrumentos de coerção (a exemplo da lavratura de auto de infração), que é elemento intrínseco e imprescindível ao exercício da atividade de auditoria e fiscalização. Subsiste ainda outro obstáculo. As relações de trabalho que envolvem o grupo etário de 5-14 anos se desenvolviam, conforme a aponta a PNAD, em sua maioria, na própria unidade domiciliar. Devido ao princípio constitucional da inviolabilidade do domicílio, os auditores-fiscais, assim como as demais autoridades estatais, não podem adentrar nesses locais sem anuência dos moradores. A impossibilidade de acesso aos locais de trabalho e a carência de novos instrumentos jurídicos de coerção constituem obstáculo ao desenvolvimento das ações da Inspeção do Trabalho no combate ao trabalho infantil que ocorre dentro dos empreendimentos familiares22. Para esses casos, as normas de proteção a crianças e adolescentes previstas no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) dotam os conselhos tutelares, o Ministério Público e a autoridade judiciária de instrumentos específicos e eficientes para o cerceamento da violação e a restituição dos direitos violados. Compete aos auditores-fiscais do trabalho identificar crian A Inspeção do Trabalho, por sua vez, orienta-se para a fiscalização em estabelecimentos urbanos e rurais que mantenham crianças e adolescentes laborando em uma relação de emprego. A atividade fiscal típica (imbuída do poder de polícia administrativo), assim, se apresenta plenamente eficaz para combater o trabalho infantil quando esse envolve relações de emprego. Tais relações, consoante a PNAD, são mais freqüentes nos grupos etários formados por adolescentes de 14 e 15 anos de idade. 22 Crianças ��������������������������������������������������������������� e adolescentes com as seguintes posições na ocupação: ����������������������������������������������������������� “Trabalhador não remunerado membro da unidade domiciliar”; ���������������� “Trabalhador na produção para o próprio consumo” e “Trabalhador na Construção para o Próprio Uso”. 107 108 Box 11 • Fortalecimento da Política Nacional de Saúde para a Erradicação do trabalho Infantil e Proteção do Trabalhador Adolescente. Encontra-se em tramitação na Funasa, o processo visando a assinatura de um protocolo de intenções entre a Funasa e Organização Internacional do Trabalho/OIT, objetivando a formação de uma parceria institucional com vistas a contribuir com as ações do Ministério da Saúde no fortalecimento e aperfeiçoamento da Política Nacional de Saúde para a Erradicação do trabalho Infantil e Proteção do Trabalhador Adolescente. Dentre as ações da Funasa, destaca-se: a ampliação da base de conhecimentos no contexto da saúde, em especial das comunidades quilombolas, ribeirinhas, assentadas, indígenas e residentes em reservas extrativistas;a promoção de estudos para a avaliação do impacto da exploração da mão-de-obra infanto-juvenil na saúde da criança e do adolescente nas populações atendidas;orientar as suas unidades administrativas em como intervir nessas comunidades de forma adequadas às questões afetas à criança e ao adolescente;dentre outras. Compromisso III Desafio 3: Combate à Exploração Sexual de Crianças e de Adolescentes. Objetivo: Prestar atendimento psicossocial e jurídico as crianças, aos adolescentes e as famílias vítimas de exploração sexual. Quadro 03 • Metas. Indicadores Metas 2004 - 2007 Situação Inicial 3 - Combate à Exploração Sexual • Número de (Indicadores sem informação) crianças e adolescentes Foi realizado um mapeamento sobre atendidos tráfico de crianças, adolescentes e em centros mulheres para fins de exploração especializados sexual, o qual identificou 242 rotas de tráfico, sendo 131 internacionais, 77 • Número interestaduais e 33 intermunicipais. de agentes capacitados • Implementar ações com o objetivo de combater a exploração sexual: implantação em rede de centros especializados de atendimento às crianças, adolescentes e às famílias em situação de violência sexual, priorizando a sua instalação nas regiões identificadas como rotas de tráfico e fronteiras com outros Países, bem como em outros pontos de exploração sexual e comercial de crianças e de adolescentes; • Realização de campanhas de prevenção ao abuso e à exploração sexual; • Manutenção de serviço de recebimento e encaminhamento de denúncias; • Capacitação de agentes participantes do Sistema de Garantia dos Direitos de Crianças e adolescentes no combate à exploração sexual infantil. Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. A violência sexual contra crianças e adolescentes, na forma do abuso ou da exploração sexual, é uma das piores formas de violação dos direitos humanos, ocorrendo indiscriminadamente em todo o País, sem distinção de classe social. O abuso sexual é um ato em que o adulto submete a criança ou o adolescente, com ou sem consentimento, para estimular-se ou satisfazer-se, impondo-se pela força física, pela ameaça ou pela sedução. Geralmente esse abuso é praticado por pessoas da família ou muito próximas a ela. Já a exploração sexual está vinculada ao mercado do sexo e suas diversificações, que incluíram a criança e o adolescente como um produto especial, para o qual a demanda é crescente e o preço cada vez mais valorizado. Esse “mercado” é articulado com outros negócios, tanto legais (hotéis, agências de turismo, agências de modelo, bares, boates, postos de gasolina) como ilegais (falsificação de documentos, tráfico de seres humanos e de drogas)”, que obtêm ganhos financeiros, diretos ou indiretos, com a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes. Esta prática acontece tanto em cidades grandes como em longínquos e pequenos municípios, ganhando contornos diversos e contando com a ação organizada de redes que reduzem meninas e meninos à condição de mercadoria. Enfrentar estas questões é um grande desafio, pois a violência sexual constitui um fenômeno complexo e multideterminado, cuja manifestação está relacionada a um conjunto significativo de fatores (econômicos, sociais, psicológicos culturais, étnicoraciais, de gênero, intergeracionais, e outros), com ra- 109 110 ízes profundas na forma de organização da sociedade contemporânea e nas relações de poder. O enfrentamento do problema deve, portanto, se dar de forma articulada, com envolvimento crescente das três esferas de governo, da sociedade civil organizada e da população de uma forma geral. Considere-se ainda que, nos casos de violência sexual, observa-se um “pacto de silêncio” freqüente envolvendo as crianças e adolescentes vítimas, seus familiares - por vezes coniventes - , os governos e a sociedade em geral. Portanto, as ações empreendidas para enfrentar a violência sexual, em especial a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes, devem não apenas ter o empenho de todos os setores da sociedade, mas também a consciência de que o impacto será a médio e longo prazos. Programas, Políticas e Estratégias A sociedade civil organizada e os governos começaram, no início da década de 1990, a despertar para o enfrentamento dessa grave violação aos direitos de crianças e adolescentes. A promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, precedido pela Constituição Federal de 1988, representou um marco fundamental com relação ao tema. A partir de então, esta recorrente violação de direitos ganhou maior visibilidade social e a violência sexual passou a ser denunciada com mais freqüência pelo conjunto da sociedade, a ser enfrentada pelos setores organizados da sociedade civil e foi, finalmente, inserida na agenda do governo, sobretudo o federal. Em 2000 foi instituído, em caráter inédito na história brasileira, o Programa Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, sob a coordenação da então Secretaria de Estado de Assistência Social do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS/SEAS)23. Neste mesmo ano, foi aprovado o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil, posteriormente transformado em Resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – Conanda, tornando-se uma referência para as ações na área. Para assegurar ações orgânicas e integradas, o Plano está estruturado em seis eixos estratégicos que se articulam. São eles: (i) a análise de situação, (ii) a mobilização e articulação, (iii) a prevenção, (iv) o atendimento, (v) a defesa e responsabilização e (vi) o protagonismo infanto-juvenil. Visando-se obter uma maior eficiência e eficácia do Plano, estabeleceu-se um conjunto de ações e metas articuladas para assegurar a proteção integral à criança e ao adolescente em situação ou risco de violência sexual. Uma dessas ações é o Sentinela – conjunto de estratégias sociais especializadas e multiprofissionais dirigidas ao segmento populacional envolvido com a violência sexual – cujo principal objetivo é construir, em processo coletivo, a garantia dos direitos desse segmento. Cumpre destacar que o Sentinela é um serviço desenvolvido em parceria com os estados e municípios que atendessem aos critérios de seleção e elegibilidade24. O Sentinela foi implantado inicialmente em 314 municípios e passou a desenvolver nessas localidades procedimentos técnicos especializados para atendimento e proteção imediata às crianças e aos adolescentes abusados ou explorados sexualmente, proporcionando-lhes condições para o fortalecimento da sua auto–estima e o reestabelecimento de seu direito à convivência familiar e comunitária. Em razão do processo de implementação do SUAS, uma das questões que possibilitou a melhoria da gestão do serviço foi sua transformação, por meio do Decreto nº 5.085/04, em ação continuada, podendo ser implantado tanto como serviço regional quanto no âmbito do município. Com isso, garante-se regularidade no repasse de recursos - que passou a ser feito pelo mecanismo de transferência fundo a fundo - e a não interrupção dos serviços - que passaram a atender também os familiares das crianças e adolescentes vitimados pela violência sexual. Na nova dinâmica do SUAS, as ações do Sentinela são executadas no Centro de Referência Es- 23������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ No PPA 2004/2007, as ações de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes estão reunidas sob o mesmo programa, atualmente coordenado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos. 24������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ Esses critérios são: (i) apresentação de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes registrados pelos Conselhos Tutelares; e (ii) localização em regiões que compreendessem as capitais ou o Distrito Federal, grandes regiões metropolitanas, pólos turísticos, zonas portuárias, granes entrepostos comerciais, entroncamentos de rodovias, zonas de garimpo e áreas de fronteira. Compromisso III pecializado de Assistência Social – CREAS, que deve se constituir como pólo de referência, coordenador e articulador da proteção social especial de média complexidade25. Com o propósito de avaliar a eficácia e a eficiência das ações do serviço, bem como realizar ajustes necessários, o MDS desenvolveu um Projeto de Pesquisa e Avaliação do Sentinela, composto de dois componentes complementares. O primeiro, já finalizado, consistiu na construção do Índice de Elegibilidade dos Municípios ao Sentinela (IEMS). O IEMS foi utilizado para classificar a grande maioria dos municípios brasileiros, inclusive os que já possuem o serviço Sentinela, quanto à situação de risco e vulnerabilidade às práticas de abuso e de exploração sexual de crianças e de adolescentes (ESCCA) e disponibilidade de infra-estrutura adequada para implementação do serviço , com vistas a orientar a alocação dos recursos do serviço para as populações mais expostas a tais práticas. Como resultado, obteve-se um instrumento capaz de potencializar a focalização deste serviço, demonstrando quais seriam aqueles municípios brasileiros mais altamente elegíveis a receberem este formato de política social, objetivando otimizar recursos e esforços de implementação e gestão. Os resultados finais desta primeira fase permitiram um mapeamento da demanda existente pelo serviço em todo o País, bem como o conhecimento dos municípios que deveriam ser priorizados no momento de expansão do serviço. Portanto, obteve-se assim uma avaliação do grau de focalização do serviço, cujos resultados nos informaram que o serviço está, em geral, implementado naqueles municípios com maior elegibilidade a ele. Embora o Sentinela esteja bem focalizado, não se dispõe ainda de informação a respeito da diversidade dos seus arranjos de implementação e gestão, nem da correlação entre estes arranjos e os resultados atingidos pelo serviço. O segundo com- ponente do Projeto de Pesquisa e Avaliação do Sentinela é exatamente o de investigar estes temas, por meio de estudos qualitativos26. Ao final, espera-se obter uma avaliação destas duas dimensões do serviço, a saber: implementação e gestão, por um lado, e efeitos e resultados, por outro, além da proposição de “Padrões Mínimos de Qualidade”, que consistirão num modelo de referência para os gestores municipais/estaduais do serviço, com orientações sobre a gestão, à prestação de serviços e outras dimensões do serviço, o qual deverá subsidiar a elaboração de um guia dos gestores do Sentinela. Os resultados finais, permitirão conhecer algumas experiências exitosas de implementação do Sentinela, estarão disponíveis no primeiro semestre de 2006. É importante considerar, ainda, que a partir de 2003, o enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes passou a ser uma das prioridades na agenda do Estado Brasileiro. Como estratégia para garantir a articulação governamental e não-governamental, foi criada neste ano a Comissão Intersetorial de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, que, sob coordenação da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, conta com a participação de 14 ministérios, do Superior Tribunal de Justiça, do Congresso Nacional, de organizações da sociedade civil e de organismos de cooperação internacional (como o Unicef, a OIT e a USAID). Em fevereiro de 2005, a Comissão Intersetorial lançou a Matriz Intersetorial de Enfrentamento à Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes27, levantamento que teve como objetivo subsidiar as políticas públicas para a superação do problema no País. A Matriz identificou cerca de 932 (novecentos e trinta e dois) municípios e localidades brasileiras em que ocorrem casos de exploração sexual comercial contra crianças e adolescentes28. As informações coletadas, pelo estudo, permitiram constatar que esse fenômeno se distribui por 25������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Neste sentido, o Centro deve oferecer orientação e apoio especializados e continuados de assistência social a indivíduos e famílias com seus direitos violados, em situação de risco pessoal e social por ocorrência de negligência, abandono, ameaças, maus tratos, violações físicas e psíquicas, discriminações sociais e infringência aos direitos humanos. O CREAS deve operar, ainda, a referência e a contra-referência com a rede de serviços socioassistenciais de proteção básica e especial, com as demais políticas públicas e instituições que compõem o Sistema de Garantia de Direitos e com os movimentos sociais. 26������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ As diretrizes metodológicas que serão seguidas na condução dos estudos são as seguintes: entrevistas semi-estruturadas com gestores municipais/ estaduais, membros de conselhos tutelares e de conselhos municipais da assistência social/comissões de enfrentamento à violência infanto-juvenil e membros das famílias atendidas pelo serviço. Os estudos também compreenderão a coleta de informações secundárias junto às instituições envolvidas no enfrentamento da exploração sexual e comercial de crianças e adolescentes e abuso sexual no âmbito municipal. 27�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� A Matriz, fruto da parceria entre a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), o Unicef e o Grupo de Pesquisa sobre Violência e Exploração Sexual Comercial de Mulheres, Crianças e Adolescentes (Violes), da Universidade de Brasília. 111 112 todas as regiões do País, sem qualquer distinção entre cidades de maior ou menor concentração populacional e que se verifica uma crescente interiorização da exploração sexual no Brasil. Foram pactuados, no âmbito da Comissão Intersetorial, critérios para a priorização de alguns municípios da Matriz Intersetorial, o que possibilitou a seleção de 97 nos quais as ações deverão ser intensificadas. Uma das conseqüências exitosas da utilização da Matriz como instrumento de política pública foi a decisão, tomada em setembro de 2005 na Comissão Intergestora Tripartite da Assistência Social (CIT) e aprovada pelo CNAS, de expandir as ações do Sentinela dos 314 municípios atendidos até então para mais 790, atingindo-se aproximadamente de 1.104 localidades no total. A decisão, que seguiu os critérios definidos na NOB/SUAS, teve como referência os municípios contidos na Matriz e permitiu uma ampliação da meta de atendimento do serviço de 30 mil para cerca de 51,4 mil pessoas, entre crianças e adolescentes e seus familiares. Com isso, foram executados em 2005 R$ 35,6 milhões dos recursos destinados ao Serviço. Outra ação de grande relevância na área é o Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil no Território Brasileiro (PAIR). O PAIR é coordenado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional – USAID29. Esse Programa vem sendo desenvolvido para servir como referência de intervenção em rede integrada de enfrentamento à violência sexual infanto-juvenil. Sua finalidade é a criação e/ou o fortalecimento das redes locais através de ações integradas, possibilitando a articulação dos serviços, associada à participação social. Desde 2003, vêm sendo desenvolvidas atividades de assessoria técnica e capacitação continuada em seis municípios-piloto brasileiros (Pacaraima – RR; Manaus – AM; Rio Branco – AC; Feira de Santana – BA; Campina Grande – PB; Co- rumbá – MS). Essas atividades envolveram cerca de 3.000 profissionais de diversas áreas. No ano de 2005, foi aprovada pelo Conanda a disseminação do PAIR para outros municípios nos estados que já possuem o Programa implantado, além da inclusão dos Estados do Ceará, de Minas Gerais e do Maranhão, este último devido ao Acordo de Solução Amistosa com vistas ao encerramento dos Casos nº 12.426 e nº 12.427 – Meninos Emasculados do Maranhão, em tramitação perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA). No último trimestre de 2005, realizam-se reuniões de articulações políticas, com Governadores, Secretários Estaduais, Procuradores Gerais de Justiça, Presidentes de Tribunais de Justiça, Conselhos Estaduais dos Direitos da Criança e do Adolescente, e Comitês Estaduais de Combate ao Abuso e a Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes para a disseminação em alguns estados Em 2005, lançou-se, em parceria com a OIT e o com o Sindicato Internacional dos Aquaviários, a SPDCA/SEDH/PR, em Corumbá-MS, a Campanha Internacional contra a Exploração Sexual na Hidrovia Paraguai - Paraná, envolvendo cinco Países a saber: Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina, Bolívia. Foram desencadeadas ações de implantação do programa em dois municípios: em Belo Horizonte, foi realizada a articulação política e realizado um seminário do PAIR para a construção do Plano Operativo, envolvendo 200 (duzentas) pessoas de instituições governamentais e não governamentais; e, em Fortaleza, foi realizada uma articulação política, envolvendo a rede de políticas públicas e a sociedade civil do Estado do Ceará e do Município de Fortaleza Outra estratégia que merece destaque como política de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes é o fortalecimento do tema do tráfico de seres humanos. Os dados estatísticos a respeito do fenômeno no País são escassos, mas sabese que estão em operação inúmeras redes e rotas de tráfico de pessoas que abastecem tanto o mercado interno quanto o internacional de exploração sexual 28���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� A composição da Matriz resultou do cruzamento dos dados da Pesquisa Nacional sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial no Brasil (Pestraf), de 20022, e daqueles coletados pela Polícia Rodoviária Federal, pelo Disque Denúncia Nacional e pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito – CPMI – que entre 2003 e 2004 investigou o envolvimento de políticos e lideranças com a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes. 29�������������������������������������������� O Programa conta, ainda, com a parceria do Partners of the Americas, da OIT, dos Ministérios da Saúde, Trabalho, Educação e Justiça, dos governos estaduais, dos gestores estaduais e municipais, do Ministério Público, das Defensorias Públicas, das organizações da sociedade civil e dos conselhos de políticas públicas. Compromisso III comercial de mulheres, de crianças e de adolescentes. Um estudo sobre o tema coordenado pelo Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes –Cecria -, revelou que, entre o período de 1996 e 2002, estiveram em operação no País 241 rotas de tráfico para fins de exploração sexual, sendo 32 intermunicipais, 78 interestaduais e 131 internacionais (Pestraf 2002). Em 2005, foi constituído um grupo de trabalho para a formulação de uma Política Nacional de Combate ao Tráfico de Seres Humanos, que conta com a participação da SEDH, do Ministério da Justiça, do Ministério das Relações Exteriores e da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres. Paralelamente, um grupo formado pela SEDH, pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP/MJ), pela Academia Nacional de Polícia, pela OIT e outros parceiros, realizou oficinas regionais de capacitação para o enfrentamento ao tráfico de seres humanos para policiais civis, militares e federais de todas as unidades da federação. No âmbito dos serviços de atendimento a vítimas da violência sexual, o Disque Denúncia Nacional contra o Abuso e a Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes (Discagem Direta Gratuita de âmbito nacional) acolhe denúncias oriundas das mais diversas regiões do País, buscando interromper ou evitar a situação de violência revelada30. Atualmente, o Disque Denúncia Nacional realiza, em média, 1.050 atendimentos por dia. Desses, 49% fornecem informações sobre telefones dos conselhos tutelares, atendidas automaticamente pela Unidade de Resposta Automática. As denúncias recebidas são encaminhadas aos órgãos de defesa e responsabilização, conforme competência e atribuições específicas. Em 2005, cumprindo sua missão de ser um canal nacional para recebimento de denúncias, o Disque Denúncia passou a integrar, também, a Rede Nacional de Identificação e Localização de Crianças e Adolescentes Desaparecidos (Redesap). Como membro da Redesap, o Disque Denúncia recebe informações acerca do paradeiro de crianças e adolescentes desaparecidos, bem como orienta os usuários em como proceder para denunciar desaparecimentos. Em outra parceria com o Programa de Combate ao Tráfico de Seres Humanos do Ministério da Justiça, o Serviço recebe denúncias desse tipo de crime, independentemente da idade da vítima. Este tipo de denúncia é repassado imediatamente à Divisão de Direitos Humanos da Polícia Federal. O serviço passa a oferecer, em 2006, uma escuta especializada, direcionada prioritariamente a crianças e adolescentes que necessitem de algum tipo de orientação específica sobre suas situações. Também estará operando, em áreas piloto, o sistema informatizado de encaminhamento e acompanhamento eletrônico das denúncias, que permitirá o conhecimento, de forma ágil, das providências dadas pelos órgãos competentes, visando a resolubilidade da situação revelada e o funcionamento exemplar da rede de operadores de direito e de proteção de crianças e adolescentes. Atualmente, o Disque Denúncia Nacional realiza, em média, 1.050 (mil e cinqüenta) atendimentos por dia. De 15 de maio de 2003 a março de 2006, o Disque Denúncia recebeu 15.519 denúncias de todo o País, destas 2.856 (18%) foram de abuso sexual; 1.506 (10%) de exploração sexual; e 11.157 (72%) de outras formas de violência (negligência, violência física, violência psicológica, e desaparecimentos). O Disque Denúncia também foi planejado para ser fonte de informações para subsidiar políticas públicas da área de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. O Serviço procede sistematicamente à análise do banco de dados gerado pelo Sistema Informatizado de Registro de Denúncias, por meio do qual se obtém os mais diversos perfis. Relatórios específicos do serviço informam que 62% das vítimas são do sexo feminino, com predominância das raças branca e parda. Desse universo, 40% são crianças pequenas, até seis anos de idade. Expressivamente, 53% dos suspeitos são os próprios pais das vítimas e o sistema aponta que 40% das denúncias têm como local de ocorrência a própria casa da vítima, relacionando a moradia à situação de vulnerabilidade e violência a que estão expostas crianças e adolescentes. 30����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Inicialmente executado pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia), com o apoio do Ministério da Justiça e da Embratur, em 2003 o Disque Denúncia passou a ser coordenado e executado pela SEDH, em parceria com o Ministério da Saúde, a Petrobrás e o Cecria. De 15 de maio de 2003 a março de 2006, o Disque Denúncia recebeu 15.519 denúncias de todo o País. 113 114 Box 12 • Parcerias. Como desdobramento de um Acordo de Cooperação entre a SEDH e o Ministério das Comunicações, foi realizada, em parceria com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, uma ação piloto no Estado de Minas Gerais por meio da qual foram capacitados multiplicadores para conscientização sobre o tema da violência sexual contra crianças e adolescentes em 92 municípios do estado, priorizados na Matriz Intersetorial. Por meio do Acordo de Cooperação Técnica Motorista Cidadão em Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes Brasileiros, firmado entre a SEDH/PR e a Confederação Nacional dos Transportes (), em maio de 2004 para a sensibilização trabalhadores dos transportes como agentes de proteção, foram capacitados, em 2005, 80 mil trabalhadores do setor, através de oficinas realizadas nas instalações dos SEST/SENAT, bem como distribuídos 500. mil) cartazes, folderes e adesivos para todos os postos do SEST/SENAT do País. No âmbito das ações de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes, a SEDH também assinou Acordos de Cooperação Técnica com o Ministério da Saúde, para o fortalecimento do Serviço Disque Denúncia e com o Ministério do Esporte, para capacitação dos instrutores do Programa Segundo Tempo. Dentro da Estratégia federal de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes, a SEDH atua, ainda, na promoção de campanhas de conscientização e sensibilização, em parceria com outros ministérios, com o Poder Legislativo, com o segmento empresarial, com organismos e organizações internacionais e com entidades da sociedade civil. Neste sentido, e em parceria com o Comitê Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes e com a Frente Parlamentar pelos Direitos da Criança do Congresso Nacional, em 2005 a SEDH coordenou as atividades de mobilização do dia 18 de maio, Dia Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. Essas atividades contemplaram desde a escolha do tema “Direitos Sexuais são Direitos Humanos”, até a elaboração de material para subsidiar as redes locais em suas atividades. A atividade nacional foi realizada em Fortaleza-CE, por ser esta cidade uma referência no enfrentamento do turismo sexual envolvendo crianças e adolescentes. Dentre as atividades, foi inaugurado o Núcleo de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes do Governo do Estado, com financiamento da SEDH. Também em maio de 2005, a Polícia Rodoviária Federal, em parceria com a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), com a Frente Parlamentar em Defesa da Criança e do Adolescente, com a Petrobrás e a SEDH, lançou a campanha “Proteja como se fosse sua filha”. Essa campanha foi voltada à sensibilização dos profissionais do transporte sobre o crime de exploração sexual de crianças e de adolescentes. O resultado, avaliado pelo aumento do número de denúncias no Disque Nacional, foi significativo. Esta ação contou com a distribuição de panfletos informativos e cartazes e teve término em dezembro de 2005. Compromisso III Importante destacar que todas as campanhas têm impacto imediato no aumento de ligações para o Disque Denúncia Nacional e no número de denúncias, fato que reforça a necessidade da realização de Gráfico 5 campanhas permanentes. O gráfico a seguir demonstra esse impacto, considerando as campanhas de maio e agosto de 2005. Evolução das ligações para o Disque Denúncia, Brasil, Jan a Dez/05. A SEDH também atua nesta área por meio do apoio a projetos de estados, municípios e organizações não-governamentais. Em 2005, foram financiados 17 projetos prevendo a realização de seminários, encontros, capacitações e campanhas locais - educativas e informativas - sobre a exploração sexual de crianças e de adolescentes. Atendeu-se cerca de 500 crianças e adolescentes e seus familiares nos projetos que ofereceram cursos profissionalizantes, apoio jurídico, acompanhamento psicológico, atividades educativas de artes, cultura, esporte, lazer e de formação cidadã. Dos cerca de R$2,4 milhões disponibilizados para a SEDH, nesta área, foram executados 100% dos recursos efetivamente liberados. 115 116 Box 13 • Combate à Pornografia Infantil na Internet. Levantamento produzido pela Subsecretaria de Promoção dos Direitos da criança e do Adolescente (SPDCA/SEDH), durante projeto coordenado pelo Instituto Interamericano da Criança e do Adolescente sobre Tráfico de Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual, Pornografia Infantil na Internet e Marcos Normativos na Região do Mercosul, Bolívia e Chile, no ano de 2004, demonstrou que o problema da pornografia infantil na Internet é crescente no Brasil, acompanhando a tendência mundial. O País inscreve-se na lógica desse mercado como um País produtor e fornecedor de material pornográfico, com quadrilhas nacionais e internacionais atuando em todas as regiões. A organização não-governamental italiana Telefono Arcobaleno, que monitora a distribuição de pornografia infantil no mundo, chegou a classificar o Brasil em 4º lugar no ranking dos Países que hospedam pornografia infantil no ano de 2004, posição que se alterou para 13º lugar em 2005. Esses dados devem ser vistos com reserva, dada as dificuldades técnicas inerentes a esse tipo de monitoramento. Embora não da forma ideal, o combate à pornografia infantil na Internet avançou no ano de 2005. No mês de setembro de 2005, lançou-se oficialmente o Hotline/BR, primeiro canal de denúncias online de pornografia infantil da América Latina. Essa iniciativa representou um ganho para o Brasil, que passou a integrar formalmente um esforço mundial de enfrentamento do problema. Fruto das articulações realizadas no ano anterior pela SPDCA, que constituiu um Grupo de Trabalho Intersetorial para discutir o problema e propor ações de enfrentamento, a empresa Microsoft do Brasil Ltda, juntamente com a Real Polícia Montada do Canadá e a Polícia de Toronto, repassaram à Polícia Federal Brasileira um software recentemente desenvolvido para rastreamento de pornografia infantil, que vem sendo utilizado com sucesso naquele País, o Child Exploitation Tracking System (CETS), que permitirá ao Brasil realizar um trabalho pró-ativo de rastreamento de grupos criminosos nessa área, elevando o patamar de resposta do Estado brasileiro. Uma equipe de técnicos canadenses esteve em Brasília, em outubro de 2005, para instalação do Sistema no Departamento de Polícia Federal e capacitação de nossos agentes. Compromisso III Desafio 4:Proteção contra a Violação dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes. Objetivo: Incentivar a implantação de Conselhos de Direitos e Tutelares em todos os municípios Brasileiros e a criação de órgãos especializados nos direitos da criança e do adolescente em todos os estados brasileiros. Quadro 04 • Metas. Indicadores Metas 2004 - 2007 Situação Inicial 4 - Proteção contra a violação dos direitos das crianças e adolescentes • % de entidades que participam do Sistema de Garantia dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes Atualmente registra-se um nº • Fortalecimento do Sistema de Garantia dos insuficiente de entidades que participam Direitos da Criança e do Adolescente nos desse Sistema: 19 delegacias estados e municípios por meio do apoio especializadas; 20 defensorias públicas; técnico e/ ou financeiro aos órgãos executivos 27 centros de defesa e 3.785 conselhos estaduais e municipais, com o poder tutelares. judiciário estadual e com a sociedade civil. Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. O desafio 4 envolve a estruturação de uma rede de informação e de ações concretas que visam à proteção de direitos conforme definidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Reconhecer crianças e adolescentes como sujeitos de direito é um avanço importante, pois significa assegurar a cidadania desde cedo, ensinando à criança que ela pode e deve reclamar quando seus direitos não são atendidos. Políticas, Programas e Estratégias Identificação e Localização de Crianças e de Adolescentes Desaparecidos Embora não se possuam dados consolidados que traduzam a exata dimensão do fenômeno, estima-se que aproximadamente 40 mil ocorrências de desaparecimento de crianças e adolescentes sejam registradas anualmente nas delegacias de polícia de todo o País. Ainda que a grande maioria desses casos seja solucionada rapidamente, existe um percentual significativo, entre 10 e 15%, em que crianças e adolescentes permanecem desaparecidos por longos períodos de tempo e, às vezes, jamais são reencontrados. O fenômeno do desaparecimento de crianças e adolescentes reflete em grande medida situações subjacentes de conflito intrafamiliar, sendo que mais de 70% das ocorrências dizem respeito a fugas do lar motivadas por maus-tratos e violência doméstica. Uma decorrência desse fato é que, além de encontrar os desaparecidos, é preciso prover suporte psicossocial às suas famílias para superar as dificuldades que estão na base da ruptura dos vínculos. De outra parte, um percentual significativo dos casos de desaparecimento caracteriza-se como “subtração de incapaz” , que tem como agente um dos genitores, em processos de separação do casal. Mais uma vez, a atenção à família é essencial para prevenir o fenômeno. Uma série de outras circunstâncias completa a tipologia dos desaparecimentos, que incluem os seqüestros cometidos por estranhos - muitas vezes com a intenção de abuso sexual - a extorsão mediante seqüestro, a subtração de crianças em maternidades e creches, os homicídios e o extermínio, dentre outras causas. No ano de 2005, a implementação da Rede Nacional de Identificação e Localização de Crianças e Adolescentes Desaparecidos – Redesap - avançou consideravelmente, baseada principalmente na parceria SEDH/Conanda/Caixa Econômica Federal, formalizada num Termo de Cooperação Técnica - TCT - firmado em dezembro de 2004, em que os partícipes conjugam esforços para a promoção do direito de crianças e adolescentes à convivência familiar e 117 118 comunitária, inicialmente com ações direcionadas ao enfrentamento do problema das crianças e adolescentes desaparecidos no Brasil. Concomitantemente, a Caixa Econômica Federal realizou uma doação financeira, via renúncia fiscal, ao Fundo Nacional da Criança e do Adolescente - FNCA - no valor de R$ 808,7 mil destinados ao financiamento de ações pactuadas entre os parceiros e que constam do referido Termo de Cooperação, gesto repetido em 2005, desta vez no montante de R$ 580 mil. A partir deste momento, constituíram-se equipes técnicas voltadas à discussão e operacionalização das ações, as quais trabalharam de forma bastante integrada durante todo o ano de 2005, compartilhando informações e decisões, por um lado, e dividindo responsabilidades e tarefas, por outro. Tomando-se por base as “ações priorizadas” no Termo de Cooperação, apresentam-se a seguir, de maneira sucinta, as principais realizações da parceria: • Apoio à implementação do cadastro nacional para a identificação e localização de crianças e de adolescentes desaparecidos Realizaram-se 13 convênios entre a SEDH e órgãos estaduais que mantêm serviços especializados de identificação e localização de crianças e adolescentes desaparecidos (AM, ES, GO, MG, MS, PB, PE, PI, PR, RN, RS, SE e TO), investiu-se-se um total de R$ 313, mil em equipamentos, tecnologia e capacitação de servidores, visando à atualização sistemática do Cadastro Nacional. • Realização do I Encontro da Rede Nacional de Identificação e Localização de Crianças e de Adolescentes Desaparecidos (Redesap) Desde o início do processo de implementação da Redesap, pela primeira vez foi possível reunir presencialmente os titulares e operadores dos serviços especializados que atuam na atenção ao fenômeno, de todos os estados brasileiros, para discutirem o tema, trocarem conhecimentos e experiências e definirem, conjuntamente, estratégias de intervenção e fortalecimento da área. O evento representou um marco na constituição de uma Rede efetiva, para além da proposição retórica, a qual potencializa a ação individu- al dos órgãos na elucidação dos casos de crianças e adolescentes desaparecidos no Brasil, além de contribuir para o alcance de objetivos comuns a todos, como a consolidação do Cadastro Nacional de casos, a adoção de instrumentais e procedimentos padrões, a incorporação e o acesso a novas tecnologias, dentre outros. Foram investidos, na realização do I Encontro da Redesap, um montante de R$ 132 mil. • Lançamento da campanha “Com a sua ajuda esta saudade pode ter fim” Esta iniciativa, trata-se de uma ação de grande visibilidade, em que foram distribuídos pelo País, nas agências da CAIXA e na rede lotérica associada, 10 mil cartazes e 1 milhão de folhetos divulgando fotos de crianças e adolescentes desaparecidos e contatos da rede institucional articulada para a sua localização, além do site do cadastro nacional (www. desaparecidos.mj.gov.br) e um número para ligações gratuitas, o 0800 990500, operacionalizado pela SEDH. O custo de impressão do material da campanha foi de R$ 167 mil. A segunda etapa da campanha prevê a incorporação da publicação de fotos de crianças e adolescentes desaparecidos e a divulgação do site e do Disque Denúncia Contra a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nos bilhetes da Loteria Federal. Além dessas, outras ações e iniciativas implementadas em 2005 com recursos orçamentários da SEDH e de outros órgãos, ou que não exigiram recursos financeiros, contribuíram para a implementação da Redesap, possibilitando o aumento da eficiência e eficácia das ações governamentais de enfrentamento do problema. A divulgação do primeiro relatório da pesquisa sobre as causas do desaparecimento das crianças e adolescentes, realizada a partir de convênio entre a SEDH e a Fundação Faculdade de Medicina da USP, e conduzida pela equipe do Projeto Caminho de Volta, do Centro de Ciências Forenses da Faculdade de Medicina da USP, é um exemplo. O estudo amplia o conhecimento sobre o fenômeno do desaparecimento de crianças e adolescentes no Brasil e revela dados importantes para a elaboração de políticas públicas voltadas à prevenção. Compromisso III No mesmo sentido, pode-se citar a divulgação do relatório parcial de levantamento sobre Delegacias da Criança e do Adolescente, conduzido pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp/ MJ), cujo instrumental de coleta de dados foi elaborado conjuntamente com a SPDCA. O estudo revela as condições de estruturação e funcionamento dessas Delegacias, que são a base institucional da Redesap, e servirá de parâmetro para investimentos do Ministério da Justiça nesta área. A esse respeito cabe acrescentar que o financiamento de novas delegacias de proteção à criança e ao adolescente e o aparelhamento das delegacias existentes, que vinha sendo realizado pela SPDCA, será gradativamente assumido pela SENASP/MJ. Também na linha de ampliação das informações na área e de melhoria de sua qualidade foi de fundamental importância a inclusão de campos relativos ao desaparecimento de crianças e adolescentes no Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal, o que permitirá, a médio prazo, o dimensionamento do fenômeno no País e a construção de séries históricas possibilitando avaliar o impacto das políticas na área. Cabe mencionar a aprovação da Lei 11.259/05, sancionada pelo Presidente da República em 30 de dezembro de 2005, que altera o artigo 208 do Estatuto da Criança e do Adolescente, determinando a obrigatoriedade de registro de ocorrência e providências imediatas de busca das crianças e adolescentes desaparecidos pelas autoridades policiais. A nova determinação deverá contribuir para a superação da cultura policial de esperar 24 ou 48 horas para dar início às buscas. Implementação da Rede Brasileira de Informação sobre Infância, Adolescência e Família (Redinfa) O Brasil não dispõe até o momento também de uma base de dados consolidada que reúna a produção teórico-técnica relativa à área da infância e à da adolescência, ou de um grande cadastro nacional de órgãos e entidades que compõem a rede de atenção às crianças e aos adolescentes e dos projetos por eles desenvolvidos e que possa ser utilizada por pesquisadores, estudiosos, gestores de políticas públicas, profissionais da área e outros atores institucionais. Várias entidades mantêm acervos temáticos, mais ou menos divulgados, mas que não respondem completamente à demanda de informações nessa área. Como parte de suas atribuições, expressas no acordo de cooperação firmado com o Instituto Interamericano da Criança e do Adolescente (IIN), organismo especializado da OEA na área da infância e adolescência, a SEDH realizou, no ano de 2005, a tradução do espanhol para o português do software OPD (Organizações, Projetos e Documentos), compartilhado por 21 Países do Sistema Interamericano, marcando assim a entrada do Brasil na Rede Interamericana de Informação sobre Infância, Adolescência e Família. A SPDCA/SEDH passou a figurar como Centro Focal da rede no Brasil, a partir do qual se constituirá a Rede Brasileira de Informação sobre Infância, Adolescência e Família (Redinfa). Perseguindo esse objetivo, a SPDCA constituiu uma equipe para gestão do Centro Focal e iniciou a alimentação da base de dados OPD, cadastrando organizações, projetos e documentos do âmbito do Governo Federal. A base pré-existente, constituída pelas informações dos demais Países da Rede, foi instalada na SPDCA e possui aproximadamente 80 mil referências documentais cadastradas, sendo 9 mil em texto completo no formato eletrônico, além de 13 organizações e 3 mil projetos da Região das Américas. Ainda no ano de 2005, a SEDH, através da sua Gerência de Cooperação com Organismos Internacionais, firmou contrato com o Centro de Capacitação e Incentivo a Formação (CeCIF) no âmbito de Projeto de Cooperação com o Fundo das Nações Unidas para Atividades Populacionais (UNFPA), para criação de um subcentro focal da Redinfa no estado de São Paulo, que incorporou ao OPD aproximadamente 7 mil referências documentais constantes do acervo do Centro, além do mapeamento de organizações e projetos voltados à criança e ao adolescente no estado. Um outro subcentro focal da Rede foi criado no estado do Ceará, sob responsabilidade da entidade Instituto da Infância (IFAN), que atua na Região do Maciço do Baturité e incorporou à base informações coletadas nesta Região. Contatos institucionais foram estabelecidos para a criação de outros subcentros nos Estados do Pará, Espírito Santo, Piauí, Bahia, Rio de Janeiro e Distrito Federal. A Redinfa integrará e com- 119 120 plementará as informações que vêm sendo produzidas pelo Sistema de Informação Para a Infância e a Adolescência (SIPIA). O sucesso da implementação da Redinfa dependerá, em grande medida, além da capacidade da SPDCA em articular parcerias para a alimentação da base de dados, da capacidade de difusão das informações coletadas, o que irá requerer o desenvolvimento tecnológico da plataforma hoje utilizada pelo IIN no desenvolvimento do OPD, que não possibilita o compartilhamento das informações via Web. Apoio ao Sistema de Garantia dos Direitos de Crianças e Adolescentes Entre 2004 e 2005 houve uma evolução positiva dos indicadores qualitativos relacionados a algumas das instituições centrais do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente. A evolução mais expressiva foi do número de conselhos tutelares que aumentou 21% segundo tabela SIPIA de 12/2005. Para os demais indicadores não se dispõe de números atualizados; porém, levantamento realizado pela SEDH em maio de 2005 já demonstrava evolução em todos eles, especialmente de delegacias especializadas, com aumento de 247%. Tabela 05 • Número de Unidades do Sistema de Garantia de Direitos, Brasil, 2004 e 2005. Unidades do SGD Conselhos Tutelares Delegacias Especializadas Defensorias Públicas Centros de Defesa Linha de base 2004 3.785 19 20 27 Situação atualizada 4.585* 47** 27** 32** Evolução 24% 247% 35% 18% Fonte: SPDCA/SEDH/PR . Apesar dessa evolução positiva, o Sistema de Garantia de Direitos ainda têm muitas dificuldades em proteger crianças e adolescentes , especialmente devido à insuficiência de órgãos e entidades de defesa e proteção, tais como conselhos de direitos e tutelares, delegacias especializadas, promotorias, varas da infância e defensorias públicas. Além disso, outras causas interferem na baixa efetividade do Sistema, mesmo onde este está bem estruturado, quais sejam: pequena capacidade de atendimento; qualificação insuficiente dos operadores; carência de informações; baixa mobilização e controle social; carência de estrutura e equipamentos, entre outras. Para a ampliação da rede de órgãos e entidades de proteção dos direitos da criança e do adolescente, foram reelaborados materiais de orientação para a implementação e funcionamento de conselhos municipais dos direitos da criança e do adolescente e de conselhos tutelares para apoio da atuação do Ministério Público em âmbito nacional, bem como foram efetivados convênios para criação e fortalecimento dos conselhos. Ainda foram realizadas ações para estruturação e ampliação do atendimento de defensorias públicas e núcleos de defesa. Para o fortalecimento da capacidade de atuação do Sistema, foram realizadas ações de capacitação de conselheiros tutelares e de direitos, de magistrados, de promotores, de delegados e de defensores públicos. Também tiveram apoio projetos de sensibilização e qualificação da mídia e atores sociais para a abordagem adequada das questões relativas à proteção dos direitos de crianças e adolescentes, bem como para mobilização e fortalecimento do controle social. Mais uma campanha nacional para destinação incentivada de recursos aos fundos para a infância e a adolescência foi criada e divulgada, assim como foi preparada uma pesquisa nacional para o levantamento do perfil dos conselhos e conselheiros de direitos e tutelares. Para tanto foram realizados 15 convênios com organizações da sociedade civil, governos estaduais e municipais, universidades, defensorias públicas e organismos internacionais, sendo seis de âmbito nacional e nove que atenderam especificamente aos Estados de Alagoas, Goiás, Minas Gerais, Para, Piauí, Rio Grande do Norte e Tocantins. Estes convênios somam aproximadamente R$ 3,5 milhões investidos, principalmente, na capacitação de 3.120 atores do sistema de garantia de di- Compromisso III reitos; na criação de 100 conselhos de direitos e 100 conselhos tutelares; no fortalecimento da capacidade de atendimento de defensorias públicas nos Estados de Minas Gerais, Para, Piauí e Tocantins, possibilitando o atendimento jurídico-social a mais de 12 mil crianças e adolescentes. O processo de implementação de ações nesta área enfrenta um conjunto de dificuldades que implicam em um alto “custo de transação”, especialmente de tempo e dedicação das equipes. A pluralidade de atores públicos e privados envolvidos diferentes poderes em distintas esferas de governo, divergências políticas no interior de conselhos de direitos, conflitos entre conselhos de direitos e administrações municipais e estaduais, entre outros, impõem um grande esforço de articulação, negociações, focalização de objetivos e harmonização de concepções. E, ainda, a quantidade de temas e problemas abordados, somados à diversidade regional, exige de cada projeto, para ser eficiente, adaptação a características específicas e, portanto, que sejam desenvolvidos de forma “artesanal”. Box 14 • O Pró-Conselho Brasil. Uma boa experiência a ser destacada é o programa Próconselho Brasil, lançado em 2004, que reúne um conjunto de ações articuladas e focalizadas para o fortalecimento da base do sistema de garantia de direitos, em especial os conselhos de direitos e tutelares. Este programa reúne projetos de criação de conselhos, de fortalecimento dos fundos dos direitos da criança e do adolescente, de pesquisas para levantamento do perfil de conselhos e conselheiros e de capacitação de conselheiros. Em 2005, o programa produziu e divulgou sua segunda campanha nacional de estímulo à destinação incentivada de recursos aos fundos para a infância e a adolescência; elaborou e distribuiu 5.mil cartilhas de orientação para as ações dos conselhos de direitos quanto à participação na elaboração do orçamento público e à criação e gestão dos fundos para a infância e a adolescência; preparou dois guias para a criação e funcionamento de conselhos de direitos e tutelares; apoiou diretamente a criação de 100 conselhos de direitos e 100 tutelares e a capacitação de 1.170 conselheiros. Nestas ações foram aplicados R$ 900 mil do FNCA, oriundos de destinação incentivada realizada por parceiros do programa, que ainda contribuíram integralmente com a reprodução de 200 mil folders e a criação da campanha nacional. Implantação do Sistema de Informações para a Infância e a Adolescência (Sipia) O Sistema de Informação para a Infância e Adolescência (Sipia) busca suprir lacunas de informação e base diagnóstica complementar para conhecimento de violações de direitos cometidas contra crianças e adolescentes em dimensão nacional. Visa subsidiar o direcionamento de políticas publicas em nível municipal, estadual e nacional, de forma a favorecer o fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos, principalmente a rede de conselhos tutelares, no exercício da defesa e da garantia dos direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente. O Sipia está dividido em quatro módulos, a saber: Módulo I – monitoramento de violações de direitos a partir de Conselhos Tutelares; Módulo II – monitoramento do fluxo de atendimento de adolescentes em conflito com a lei; Módulo III – monitoramento sobre colocação familiar e adoções nacionais e internacionais; Módulo IV – acompanhamento da implementação da rede de conselhos de direitos, tutelares e fundos da infância no Brasil. 121 122 Os resultados obtidos em 2005 na implantação de cada um dos módulos do Sistema foram: Quadro 05 • Módulo I Principais resultados obtidos em 2005 na implantação do Sipia Acréscimo de 665 conselhos tutelares aos 1.400 anteriormente mantidos na rede. São conselhos tutelares de 23 estados. Os Estados da Região Sul possuem 609 conselhos na rede, seguidos pelos Estados da Região Nordeste, que possuem 560, dos da Região Sudeste, com 504, dos da Região Centro Oeste, com 272 e dos da Região Norte, com 120. Módulo II Implementação da versão Web do Sistema em seis Estados: Pará, Pernambuco, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte. Isso possibilitará o acesso dos potenciais usuários de qualquer localização no estado por um banco único.Esta ação envolveu capacitação de técnicos e profissionais de informática das unidades de plantão interinstitucional onde ocorre a centralização do atendimento inicial de adolescentes que cometem atos inflacionais. Futuramente haverá geração de informação para o Portal Sipia, Módulo II – sitio sob a identificação www. mj.gov.br/sipia/ -, o que permitirá acompanhamento nacional dos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas a partir de informações estaduais. Módulo III Implementação deste módulo em oito Estados: Amazonas, Roraima, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Pará, Mato Grosso do Sul. A operacionalização é feita pelas comissões estaduais judiciárias de adoção (Cejas), sediadas junto às corregedorias estaduais nos tribunais de justiça dos estados. Na fase atual, está em implantação a versão web, ainda sem geração de informações para o Portal. Módulo IV Manutenção da armazenagem de dados cadastrais de conselhos e fundos em banco de dados por estados e municípios. Estão cadastrados na base de dados do sistema 27 conselhos estaduais de direitos, 4.900 conselhos municipais de direitos e 4.585 conselhos tutelares. Apesar dos quatro módulos do SIPIA ainda não estarem sendo alimentados adequadamente em todos os estados brasileiros, os indicadores de situação gerados pelo sistema revelam dados importantes sobre a violação de direitos de crianças e adolescentes no País e a rede de proteção existente. Fica evidente, por exemplo, a necessidade de esforços mais concentrados de gestão, nos três níveis de governo (municipal, estadual e federal), no sentido de fortalecer o Sistema de Garantia de Direitos, a partir de ações arti- culadas de entidades e atores que o integram. No que se refere aos indicadores gerados pelo Módulo IV do sistema, tem-se um porcentual significativo de implantação de conselhos, com cerca de 88% dos municípios com conselhos de direitos, 82% de municípios com conselhos tutelares e existência de 27 conselhos estaduais de direitos em funcionamento . Compromisso III Tabela 06 • Número de Conselhos Cadastrados no Brasil. UF Nº DE MUNICÍPIOS AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO TOTAL Percent 22 102 62 16 417 184 1 78 246 217 853 78 141 143 223 184 223 399 93 167 52 15 497 293 75 645 139 5565 100% CONSELHOS CADASTRADOS ESTADUAL 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 27 100% MUNICIPAL 16 91 33 13 253 184 0 78 212 142 769 78 136 135 120 184 175 399 92 144 50 15 449 293 75 645 119 4900 88% TUTELAR 16 82 30 13 163 174 10 86 217 95 712 77 133 123 100 199 148 410 107 112 48 10 448 278 83 619 92 4585 82% Fonte: SIPIA, Módulo IV. No ano de 2005, os destaques regionais foram: na Região Sul, o Paraná, onde houve a adesão de 325 municípios, fruto de ação articulada entre o Conselho Estadual de Direitos, o Instituto de Ação Social e o Ministério Público; no Centro Oeste, Mato Grosso do Sul, que tem a cobertura do SIPIA em todos os municípios; no Nordeste, Ceará, Pernambuco e Sergipe, que cobriram mais de 90% de seus municípios; na Região Sudeste, Minas Gerais, que, mediante ação articulada entre a Secretaria de Desenvolvimento Social e Esportes, o Fórum de Apoio aos Municípios e o Ministério Publico, conseguiu atingir as regiões de maior exclusão social do estado. entre os direitos fundamentais, os que se referem ao direito à convivência familiar e comunitária, à liberdade, ao respeito e à dignidade e à educação, à cultura e ao esporte são os que ostentam os maiores índices de violações. Com a inserção de dados acumulados desde 1999 no Portal Sipia, cerca de 447 mil denúncias de violações estão caracterizadas a partir de um núcleo conceitual denominado Núcleo Básico Brasil (NBB)31. O Portal apresenta, por meio de indicativos estatísticos, a violação cometida, o sujeito violado (criança e ou adolescente por sexo, faixa etária), os agentes violadores e o direito violado, sem identificar, ainda, as medidas de proteção aplicadas. Quanto à coleta de dados acerca de violações de direitos (Módulo I), o Sipia tem revelado que, Abaixo, tem-se a evolução histórica dos principais direitos violados segundo dados do Sipia. 31������������������������������������������������������������������������������������� O NBB caracteriza e define violações do ponto de vista de cada direito fundamental. É �� importante ������������������������������������������������������������� ressaltar, ainda, que a metodologia utilizada no Módulo I envolve a identificação da violação, dos principais violadores (família, estado, sociedade ou o próprio adolescente), do direito violado e da aplicação das medidas de proteção. 123 124 Tabela 07 • Número de ocorrências contra os direitos da criança e do adolescente, registrados no SIPIA, Brasil, 2000 a 2005. Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 TOTAL GERAL Percent. 2593 3037 5032 5304 3416 3850 Liberdade, respeito e dignidade 10340 15368 23354 24134 15715 16564 Convivência familiar e comunitária 23942 32596 54168 53648 30960 31677 23232 105475 226991 80849 11301 5% 23% 51% 18% 3% Vida e saúde Educação Profissionalização cultura e e proteção ao esporte trabalho 8233 888 10643 1494 18041 3489 17814 2966 11883 1271 14235 1193 Total 45996 63138 104084 103866 63245 67519 447848 - FONTE : Portal SIPIA, Módulo I. Observa-se que 51% das violações referemse ao direito à convivência familiar e comunitária, com cometimento de atos atentatórios à vida, à segurança, à saúde física e mental das crianças e dos adolescentes, tais como violência (física, psicológica, abuso sexual intrafamiliar), e insuficiência de condições econômicas para manutenção adequada da família. Em relação ao direito à liberdade, ao respeito e à dignidade, a incidência é de 23% do total. Ressaltam–se nesta forma de violação questões ligadas ao exercício da cidadania, caracterizados por ações ou omissões, prioritariamente de responsabilidade do Estado ou da sociedade, que contrariam os direitos garantidos em lei, como a ausência de registro civil, situações de desaparecimento de crianças, entre outros. Quanto ao direito à educação, ao esporte, à cultura e ao lazer, as violações representam 18% do total. A próxima tabela mostra a evolução histórica das violações por sujeito violado (criança ou adolescente). Tabela 08 • Demonstrativo de Violações por faixa etária, SIPIA, Brasil, 2000 a 2005. ANO CRIANÇAS ADOLESCENTES TOTAL 2000 25144 20848 45992 2001 32017 31116 63133 2002 53809 50271 104080 2003 55263 48603 103866 2004 34990 28259 63249 2005 36267 31252 67519 237490 210349 447839 53% 47% TOTAL GERAL Percentual - Fonte: Portal Sipia, Módulo I. O quadro demonstra que, entre 2000 e 2005, as crianças, considerando a faixa etária de 0 a 12 anos, corresponderam a 53% das vítimas de violações. No contato com os principais usuários, por meio de encontros estaduais e do monitoramento dos convênios, detecta-se a necessidade de esforços concentrados e articulados da rede de atendimento em razão de situações-problema - tais como violência sexual, física, psicológica, trabalho infantil, entre outras - , que, apesar dos esforços governamentais, refletem problemas sociais como a má distribuição da renda, a exclusão social e o desemprego. Compromisso III Várias parcerias foram importantes para a implementação e aprimoramento do Sipia durante o ano de 2005, dentre as quais destacaram-se: •com o UNICEF, para consultoria técnica especializada, visando análise crítica do sistema, em especial o Módulo I, e elaboração de Índice de Violação de Direitos (IDV); •com Furnas Centrais Elétricas e Banco do Brasil, para fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos, em especial a rede de conselhos de direitos e tutelares no tocante à capacitação e apoio a infraestrutura. Ressalte-se, ainda, que uma auditoria operacional do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou as principais falhas do Sistema e fez importantes recomendações para o seu aprimoramento. 125 126 Combatendo HIV/Aids Objetivo: Reduzir os casos de HIV/Aids no Brasil. Compromisso IV Compromisso IV: Combatendo HIV/Aids. Objetivo: Reduzir os caso de HIV/Aids no Brasil De acordo com o Ministério da Saúde, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - Aids, causada pelo vírus da imuno deficiência humana - HIV, foi identificada no Brasil, pela primeira vez, em 1980, e apresentou um crescimento na incidência até 1998. Desde então, houve uma desaceleração nas taxas de incidência de Aids no País e uma mudança no perfil de contágio. Se antes os grupos de risco restringiam-se aos homens que fazem sexo com homens, às profissionais do sexo e aos usuários de drogas in- jetáveis, hoje a epidemia caminha no sentido da feminização, “heterossexualização” e pauperização do paciente, aproximando-o cada vez mais do perfil socioeconômico do brasileiro médio. Nesse sentido, em um contexto em que o HIV é transmitido em todos os estratos e grupos sociais, crianças e adolescentes representam um grupo de especial preocupação em função do contágio do HIV na gestação e nascimento do bebê e também por meio de relações sexuais desprotegidas entre os adolescentes e jovens até 24 anos. Portanto, o Compromisso IV tem como propósito reduzir os caso de HIV/Aids no País, baseando-se em 3 desafios. São eles : (i) Redução da Prevalência do HIV entre homens e mulheres jovens com idade entre 15 e 24 anos; (ii) Redução da Prevalência do HIV entre bebês e crianças; (iii) Apoio aos órfãos e às meninas e aos meninos infectados pelo HIV/Aids. 127 128 Dados de Contexto Aids No Brasil, até junho de 2005, foram notificados cerca de 372 mil casos de casos de Aids no País. As taxas de incidência foram crescentes até metade da década de 90, com elevada tendência de crescimento, alcançando, em 1998, 17,5 casos de Aids por 100 mil habitantes, mantendo-se, desde então, em patamares elevados, basicamente devido à persistência do crescimento da incidência da doença em mulheres. Entretanto, entre os homens, observa-se a redução das taxas nas faixas etárias de 13 a 29 anos e o crescimento principalmente entre 40 e 59 anos, corroborando com os resultados das pesquisas comportamentais nas quais observa-se que os mais jovens estão usando mais e persistentemente o preservativo, principalmente nas relações sexuais com parceiros eventuais. Do total de casos de Aids, mais de 80% estavam concentrados nas Regiões Sudeste e Sul. O Sudeste, a Região mais atingida desde o início da epidemia, apesar da alta taxa de incidência, é a única região que mostra uma tendência consistente, embora lenta, de declínio desde 1998. Para as demais regiões, tem-se verificado um aumento persistente das taxas de incidência de casos, principalmente na Região Norte, que, pelos estudos de acesso ao pré-natal e comportamentais, tem sido considerada de grande vulnerabilidade. Mais recentemente, vem-se observando o aumento proporcional de casos de Aids devido à transmissão heterossexual, principalmente entre as mulheres que, diferentemente dos homens, têm apresentado taxas de incidência crescentes. Utilizando-se a escolaridade como uma variável indicadora da condição socioeconômica do indivíduo, observa-se que a Aids atingiu, inicialmente, os indivíduos com maior escolaridade, com posterior crescimento entre aqueles menos escolarizados. Todavia, isto não ocorre de maneira homogênea, sendo bem mais evidente entre os casos que tiveram como categoria de exposição o uso de drogas injetáveis e, mais recentemente, na categoria de transmissão heterossexual. HIV Estima-se que cerca de 600 mil pessoas vivam com HIV ou Aids no Brasil. Segundo parâmetros da Organização Mundial de Saúde - OMS, o Brasil mantém sua posição entre os Países com epidemia concentrada (quando o número de casos, novos ou antigos, em qualquer população de risco é maior que 5%, mas menor que 5% nas populações que não apresentam condutas de risco), com prevalência da infecção pelo HIV de 0,61% entre a população de 15 a 49 anos, sendo 0,42% entre as mulheres e 0,80% entre os homens. A taxa de prevalência de HIV foi de 0,088% entre jovens do sexo masculino de 17 a 21 anos, em 2002, e de 0,28% em mulheres jovens de 15 a 24 anos, em 2004. A estabilização das taxas de prevalência do HIV certamente está associada às mudanças de comportamento e às práticas e atitudes da população brasileira frente às questões relacionadas à transmissão do HIV. Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis Congênita Do número total de mais de 372.000 casos confirmados de Aids no Brasil, 118.520 são mulheres. Anualmente, 3 milhões de mulheres dão à luz no Brasil. Segundo estudo realizado em 2004, em uma amostra representativa de parturientes de 15 a 49 anos de idade, em todas as regiões do País, a taxa de prevalência de mulheres portadoras do HIV no momento do parto foi de 0,42%, o que corresponde a uma estimativa de cerca de 12.644 mil parturientes infectadas. Desde 2000, a notificação de casos de gestante HIV positivo e crianças expostas é obrigatória a médicos e outros profissionais de saúde no exercício da profissão, bem como aos responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde, em conformidade com a lei e recomendações do Ministério da Saúde (Lei 6259 de 30/10/1975 e Portaria nº 33 de 14 /07/2005 e publicada no D.O.U. de 15/07/2005). Embora a sífilis congênita também seja de notificação compulsória desde 1986, no período de Compromisso IV 1998 a junho de 2005, apenas 29.396 casos foram notificados, demonstrando, assim, o grande sub-registro e subnotificação desse agravo. A incidência (surgimento de novos casos) passou de 1,3 casos por mil nascidos vivos em 2000 para 1,6 casos por mil nascidos vivos em 2004. Entre os casos notificados em 2004, 78,8% das mães realizaram pré-natal. Destas, 57,7% tiveram o diagnóstico de sífilis durante a gravidez e apenas 14,1 % tiveram os seus parceiros tratados - ainda sem considerar o percentual de informações ignoradas. No Brasil, entre 1991 a 1999, o coeficiente de mortalidade por sífilis congênita, em menores de 1 ano, manteve-se estável em cerca de 4 óbitos por 100.000, quando apresentou tendência decrescente, chegando, em 2004, a 1,7 óbitos por 100.000 nascidos vivos. Tais informações refletem a baixa qualidade do pré-natal no País e/ou a pouca importância que os profissionais de saúde, sejam gestores ou diretamente envolvidos no atendimento, têm dado ao diagnóstico e ao tratamento da sífilis, principalmente na gravidez. Com relação à sífilis congênita, em estudo realizado em 2004, em uma amostra representativa de parturientes de 15 a 49 anos de idade, em todas as regiões do País, observou-se uma taxa de prevalência de 1,6% para sífilis ativa (e de 0,42% para HIV), com uma estimativa de cerca de 50 mil parturientes com sífilis ativa e de 12 mil nascidos vivos com sífilis congênita (considerando-se uma taxa de transmissão vertical de 25%). Essa prevalência variou de 1,9% na Região Nordeste a 1,3% na Região Centro-Oeste. Diante dessa situação epidemiológica e da existência de esquema profilático altamente eficaz contra a transmissão materno-infantil do HIV e da Sífilis, torna-se de grande importância o conhecimento, o mais precocemente possível, do estado sorológico das gestantes, a fim de iniciar a terapêutica da doença e/ou profilaxia adequada para a redução da transmissão vertical destes agravos. O investimento realizado na detecção precoce do vírus nas gestantes e na tentativa de impedir sua transmissão para as crianças, evitando o surgimento de futuros casos de Aids infantil, demanda o desencadeamento e o aprimoramento de ações de Vigilância Epidemiológica da infecção pelo HIV entre as gestantes, qualificando as ações e incorporando as medidas já reconhecidas como eficazes para a redução da transmissão vertical, tais como a detecção precoce, o uso de quimio-profilaxia e a disponibilização de fórmula infantil substitutiva para o aleitamento materno. 129 130 Desafio 1: Redução da Prevalência do HIV entre Homens e Mulheres Jovens com Idade entre 15 e 24 Anos. Objetivo: Estagnar os indicadores de incidências de Aids entre jovens brasileiros. Quadro 01• Metas. Indicador Taxa de prevalência do HIV entre homens e mulheres com idade entre 15 e 24 anos Situação Inicial Metas 2007 Homens= 83% Não progressão dos indicadores Mulheres = 47% Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. Observando-se que a transmissão do HIV acontece em grande parte via relação sexual, o uso consistente do preservativo é considerado a ferramenta mais eficiente para impedir a transmissão do HIV pela via sexual. Nesse sentido, destacam-se as estratégias implementadas pelo Governo Federal para a ampliação do acesso aos insumos de prevenção, principalmente do preservativo junto à população sexualmente ativa, em especial os jovens. Estudos realizados entre 1997 e 2002 com jovens de 17 a 21 anos, conscritos do Exército Brasileiro, mostram que o uso de preservativo, com parceiro eventual, vem aumentando nos últimos anos. Ressalta-se, também, o aumento observado no uso de preservativos entre os jovens em sua primeira relação sexual. O Índice de Comportamento Sexual de Risco (ICSR) diminuiu no período entre 1999 e 2002. Esta diminuição é mais expressiva entre homens que fazem sexo com outros homens (HSH) e usuários de drogas injetáveis (UDI). A Tabela 01, a seguir, revela o uso do preservativo no Brasil e Regiões. Tabela 01 • Estimativa de uso do preservativo, Brasil e Grandes Regiões, 2004. Indicador (%) Estimativa – 2004 SE S CO N NE BR Uso de preservativo na última relação sexual Uso de preservativo na última relação sexual com parceiro eventual Uso regular de preservativo (qualquer parceria) 38,3 38,3 38,2 39,6 36,8 38,4 71,5 70,7 61,6 74,4 67,5 67,0 Com parceiro fixo 22,5 20,0 27,0 27,7 26,6 24,9 Com parceiro eventual 47,3 53,0 47,7 60,9 54,8 47,3 Fonte: PCAP-BR. Conforme a Tabela 1, em 2004, estima-se que 67% da população sexualmente ativa usou preservativo na última relação sexual com parceiro eventual. A Região Sul apresenta o maior percentual, 74,4%, seguida da Região Norte, com 71,5%. O uso regular de preservativos com parceiro eventual foi estimado em 47,3%, média Brasil. A Região com o maior percentual neste indicador é a Região Sul, com 60,9%, seguida pela Região CentroOeste, com 54,8% Compromisso IV Baseando-se nesse contexto diversas estratégias estão sendo implementadas, destacando-se o Projeto “Saúde e Prevenção nas Escolas1”, voltado à ampliação das ações de prevenção junto a crianças e adolescentes da rede escolar, por meio de ações educativas, capacitação de professores, formação de alunos multiplicadores de prevenção e distribuição de preservativos. e Prevenção nas Escolas”, uma parceria entre o Ministério da Educação, Ministério da Saúde, UNICEF e UNESCO, contribuiu de forma significativa, uma vez que em 2005, por meio de 47 reuniões e oficinas, possibilitou sensibilizar e estabelecer acordos para implementação deste Projeto junto aos gestores e gerentes de saúde e educação, dos âmbitos estadual e municipal. O compromisso na implementação de ações voltadas aos adolescentes demonstrou, ao longo dos últimos anos, sua importância e necessidade. O último Censo Escolar, finalizado em 2005, mostrou que 99% das escolas da rede pública de ensino médio desenvolveram regularmente ações de orientação sexual (Ministério da Educação, 2005). Este levantamento também apontou que 60,2% das escolas públicas de 1º e 2º graus desenvolvem ações contínuas de prevenção do HIV/Aids e outras DST (Ministério da Educação, 2005). A implementação do projeto “Saúde Em relação à disponibilização de preservativos masculinos para adolescentes, à despeito das dificuldades na aquisição deste insumo em 2005, houve desabastecimento somente em algumas regiões do País. No total foram distribuídos neste ano mais de 251 milhões de unidades. Este quantitativo torna-se importante, uma vez que possibilitou um crescimento ao longo dos últimos anos do seu uso entre os jovens, no início de sua vida sexual, conforme verificamos no quadro a seguir: Tabela 02 • Percentual de jovens que usaram preservativos na 1a relação sexual,por sexo, Brasil, 1998 e 2005. Faixa etária (em anos) 16 – 19 20 – 24 1998 Homens Mulheres 2005 45,1 51,0 44,0 30,0 Homens 68,3 57,5 Mulheres 62,5 52,4 Fonte: Pesquisa sobre Comportamento Sexual e Percepções da População Brasileira sobre HIV/Aids 1998 e 2005 – MS – PNDST/Aids. 1������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� Este projeto é resultante da parceira entre o Ministério da Educação, Ministério da Saúde, UNICEF e UNESCO, cujo objetivo é o fortalecimento de ações integradas a fim de reduzir à infecção pelo vírus HIV/AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis entre a população de 10 e 24 anos. 131 132 Desafio 2: Redução da Prevalência do HIV entre bebês e crianças. Objetivo: Reduzir 45% a taxa de prevalência de HIV em bebês, atingindo o patamar de 2% em 2007. Quadro 02 • Metas. Indicador Taxa de prevalência de HIV em bebês Situação Inicial Metas 2007 3,70 % 2% Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. As principais políticas públicas desenvolvidas no âmbito do Desafio II objetivam reduzir a taxa de prevalência de HIV em bebês, visando alcançar o patamar de 2% ao final de 2007. Assim, elaboraramse ações especialmente voltadas para o público de crianças desassistidas. natal oferecido pelo Sistema Único de Saúde – SUS. Apesar disso, além do pré-natal, é necessária ainda a testagem de HIV e o recebimento do resultado em tempo hábil para iniciar o tratamento, pois os riscos de transmissão aumentam tanto no momento do parto quanto no período de gestação. Apesar da diminuição da taxa de prevalência entre as mulheres grávidas, a despeito do aumento do HIV entre as mulheres, o número de órfãos em decorrência de Aids materna aumenta consideravelmente ao longo do tempo. Se em 1990, no Centro-Oeste, foram registrados apenas 22 órfãos por mortalidade materna em decorrência do HIV, em 1999, este número já havia subido para 560. A taxa de cobertura de testagem de HIV em gestantes no Centro-Oeste – da ordem de 70% – também é relativamente alta se comparada a outras regiões. A única taxa de cobertura maior é a da Região Sul (72%). No caso do Norte e do Nordeste, essa cobertura não ultrapassa 24% e no Sudeste chega a 69%. Este indicador é muito favorável, pois mostra que a maior parte das gestantes tem feito o teste de HIV (Estudo Sentinela-Parturiente, 2002). Apesar da taxa favorável de cobertura do teste, em decorrência do aumento da epidemia em mulheres, é também crescente o número de casos de HIV adquirido por transmissão perinatal2. Com a feminização da epidemia de HIV, aumentaram muito os níveis de transmissão materno-infantil da doença, problema este cada vez mais combatido com o uso da Terapia Anti-Retroviral TAR. A terapia diminui consideravelmente o risco de transmissão do vírus. O diagnóstico da doença deve ser feito no início da gravidez, para que a mãe possa começar o tratamento da Terapia Anti-Retroviral. Esse diagnóstico é normalmente condicionado ao pré- O gráfico 1 a seguir ilustra que a grande maioria das crianças de até 13 anos de idade contraiu o HIV no período perinatal, em todo o Brasil. 2��������������������������������������������������������������������������������������������������������� Período perinatal compreende das 22 semanas completas de gestação (154 dias) ao 7º dia completo de vida. Compromisso IV Número de casos notificados de Aids por categoria de exposição em crianças de até 13 anos de idade, Brasil, 1990-2004. Gráfico 1 . 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 ign/SISCEL Hom ossexual Bissexual Heterossexual UDI Hem ofílico Transfusão Perinatal Fonte: SINAN. Os dados mostram a importância de se diagnosticar o HIV no período inicial da gestação para que o tratamento anti-retroviral previna a transmissão do HIV das mulheres gestantes aos seus filhos. Neste sentido, estão sendo desenvolvidas políticas públicas que associam a saúde reprodutiva ao diagnóstico e o tratamento do HIV, pois a prevenção, neste caso, é a melhor maneira de diminuir o número de crianças infectadas por HIV. BOX 01 • Distribuição de anti-retrovirais. O combate ao HIV no Brasil teve como marco fundamental a Lei 9313/96, que tratou da distribuição gratuita e universal dos antiretrovirais, medicamentos para os soropositivos que atuam impedindo a replicação do HIV nas células e a debilitação do sistema imunológico. Assim, os anti-retrovirais prolongam a vida dos soropositivos e a tornam mais saudável, fazendo com que possam continuar a ser produtivos, economizando muito para o País em termos de internações e tratamentos médicos. 133 134 Apesar dos dados favoráveis e do grande avanço que o País representa no universo dos Países em desenvolvimento, preocupa o fato de que há ainda cobertura desigual da Terapia Anti-Retroviral em função de renda e do nível educacional. Este fato é especialmente notável agora em que a epidemia tende a atingir cada vez as mais camadas menos instruídas e mais pobres da população. BOX 02 •Enfrentamento da Epidemia. Dentre as ações referentes à redução da prevalência do HIV entre homens e mulheres jovens com idade entre 15 e 24 anos destacamse: - A Consolidação do Projeto Nascer, que visa à disponibilização da fórmula Láctea infantil às crianças expostas ao HIV/Aids por meio da transmissão vertical; - A Qualificação do pré-natal na rede básica de saúde; - A Implantação de serviços de referência para as gestantes/ parturientes HIV positivo. Compromisso IV Desafio 3: Apoio aos órfãos, às meninas e aos meninos infectados pelo HIV/Aids. Objetivo: Garantir o suprimento lácteo a 100% do universo de crianças, filhas de mães soropositivas, por um período de seis meses. Quadro 03 •� Metas. Indicador Situação atual Metas 2007 % de crianças filhas de mães soropositivas que recebem fórmula láctea infantil por 6 meses 50% 100% Fonte: Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente. As principais estratégias,inicialmente, tinham como premissas construir uma proposta para o estabelecimento de apoio psicossocial a crianças e adolescentes com HIV/DST, por meio de repasse de recursos às suas famílias (naturais ou substitutas), garantindo sua manutenção em núcleos familiares. Devido às dificuldades inerentes a uma proposta in- tersetorial, não foi possível sua implantação. A fim de garantir uma resposta em 2005, o Ministério da Saúde, por intermédio do Programa Nacional de DST/ Aids repassou R$ 968.349,01 para o financiamento de 27 projetos específicos de fortalecimento de Casas de Apoio à Crianças, que beneficiaram cerca de 795 jovens, 45 jovens a mais do que o anteriormente previsto. 135 136 Anexo PPACA Tabela Geral. Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) Nível de Execução B/A 106,42% 9.317.600,00 9.317.600,00 100% 179.024.600,00 179.024.600,00 100% A) Redução da Mortalidade Infantil 1 2 3 4 5 Prevenção e controle de 4383 doenças imunopreveníveis/ 1186 e Vacinação da Pop. e 6031 Imunobiológicos p/ prevenção e Controle de Doenças Prevenção e controle de 4383 doenças imunopreveníveis/ 1186 e Vacinação da Pop. e 6031 Imunobiológicos p/ prevenção e Controle de Doenças Prevenção e controle de 4383 doenças imunopreveníveis/ 1186 e Vacinação da Pop. e 6031 Imunobiológicos p/ prevenção e Controle de Doenças Prevenção e controle de 4383 doenças imunopreveníveis/ 1186 e Vacinação da Pop. e 6031 Imunobiológicos p/ prevenção e Controle de Doenças Prevenção e controle de 4383 doenças imunopreveníveis/ 1186 e Vacinação da Pop. e 6031 Imunobiológicos p/ prevenção e Controle de Doenças MS Imunização de crianças menores de 1 ano – vacinar contra BCG Crianças menores de 01 ano (90% do total) 3.260.019 MS Imunização de crianças menores de 1 ano – Vacinar contra pólio, hepatite B e tetravalente, 3 doses Crianças menores de 01 ano (95% do total) 3.260.019 MS Imunização de crianças com 1 anovacinar com Tríplice viral Crianças menores de 01 ano (95% do total) 3.238.844 99,58% 154.245.000,00 154.245.000,00 100% MS Teto Financeiro de Vigilância em Saúde (TFVS) - Recursos repassados Fundo a Fundo/ Realizar campanha nacional contra poliomielite em duas etapas Crianças com 05 anos (95% do total) MS Teto Financeiro de Vigilância em Saúde (TFVS) - Recursos repassados Fundo a Fundo 95% da pop. 13.703.579 41,57% 4.200.000,00 1.745.940,00 58,43 7.500.000,00 3.628.089,00 Pólio = 97,68% Hepatite B = 91,19% Tetravalente = 95,23 % B) Redução da Mortalidade Materna e Atenção à Saúde Reprodutiva Prevenção e controle de 4383 doenças imunopreveníveis/ 6** 1186 e Vacinação da Pop. e 6031 Imunobiológicos p/ prevenção e Controle de Doenças 7 7b Atenção Integral a saúde da 6021 6175 mulher/ Atenção à Saúde da Mulher 6021 6175 Atenção Integral a saúde da mulher/ Atenção à Saúde da Mulher MS MS MS Imunização de mulheres em idade fértil (15 a 49 anos) - Vacinar contra difteria e tétano (2 doses) Apoiar técnica e financeiramente a elaboração e execução de planos de ação p/ redução da morte materna em municípios com pop. superior a 100 mil habitantes, priorizando-se as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Apoiar técnica e financeiramente a elaboração e execução de planos de ação p/ redução da morte materna em Mulheres em idade fértil (100% do total) Planos de ação implantados Pesquisa/ estudos publicação Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Órgão resp. municípios com pop. superior a 100 mil habitantes, priorizando-se as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. 8 9 10 11 Atenção Integral a saúde da 6021 6175 mulher/ Atenção à Saúde da Mulher Educação Permanente e Qualificação no Sist. Único de Saúde/ Formação de Profissionais técnicos de Saúde Educação Permanente e Qualificação no Sist. Único de 1311 6200 Saúde/ Promoção dos Princípios da Educação Popular em Saúde 1311 6199 Educação Permanente e Qualificação no Sist. Único de Saúde/ Apoio à capac. de 1311 0847 Formuladores de Políticas em Áreas Técnicas Específicas dos Estados e Municípios. FÍSICA Subação Descritor da Meta Apoio a projetos de implantação de redes de atenção a mulher e adolescente vítimas de violência convênios Convênios/For mação de enfermeiras obstétricas Convênio/Ca pacitação de parteiras Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) 118.000.000,00 104.121.606,00 MS Reativar a comissão Nacional de Mortalidade Materna e implantar comitês de Morte Materna em todos os estados, em municípios com pop. superior a 50 mil habitantes. comitês implantados MS Realizar convênio com instituições de ensino superior p/ formação de 1000 enfermeiras obstétricas p/ a rede SUS Enfermeiras obstétricas formadas MS Apoiar a capac. de parteiras tradicionais e profissionais de saúde p/ melhoria da assistência ao parto domiciliar, nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Pessoas capacitadas 11.153.000 10.000.000 7.242.000,00 6.083.905,00 MS Apoiar o desenvolvimento de projetos de capac. p/ sist.s locais de saúde, priorizando-se os seguintes temas: atenção clínico-ginecológica, atenção à mulher vítima de violência doméstica e sexual, investigação do óbito materno, atenção humanizada ao parto e nascimento, assistência pré-natal, assistência em planejamento familiar, capac. de lideranças dos movimentos de mulheres e capac. de doulas comunitárias p/ acomp. de parturientes em 14 maternidades do Pessoas capacitadas 16.500 12.000 9.692.100,00 7.747.704,00 Nível de Execução B/A Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta MS Repassar incentivos financeiros p/ os municípios aderidos ao Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) p/ ampliação e qualificação das ações de atenção ao pré-natal, ao parto e ao puerpério, e ampliar a adesão ao PHPN p/ 100% dos municípios. Municípios aderidos MS Ampliar a oferta de métodos anticoncepcionais reversíveis, buscando atender até dezembro/2007, 60% da demanda da pop. SUS dependente, em 100% dos municípios que possuam equipes do PSF ou que estejam aderidos ao PHPN ou que possuam equipes do PITS. FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) Nível de Execução B/A 0 0 0 0 Municípios 5.235 *** Ver rodapé - - - N/T Pessoas beneficiadas 7.667.669 52% 6.000.000,00 3.980.349,48 68% MEC/ FNDE N/T Alunos beneficiados 37.135 57.930 1.264.999.999,00 1.225.694.890,00 MDS/ MESA Distribuição de Alimentos a Grupos Populacionais Específicos (Indígenas quilombolas e acampados). Famílias atendidas (igual a cestas distribuídas) 398.000 505.575 46.000.000,00 45.853.547,00 5.000.000,00 5.000.000,00 SUS em capitais. 12 Atenção Hospitalar e Ambulatorial no Sist. Único de Saúde/ Atenção à Saúde da 0906 Pop. (Municípios Habilitados e 1220 e Não Habilitados em Gestão 0907 Plena do Sist. e nos Estados Habilitados e Não-Habilitados em Gestão Plena/Avançada) 13 Atenção Hospitalar e Ambulatorial no Sist. Único de 0906 Saúde/ Promoção da oferta e 1220 e da cobertura dos serviços de 0907 assistência farmacêutica e de insumos estratégicos C) Segurança Alimentar e Combate à Desnutrição Programa alimentação saudável/ prevenção e Controle das Carências Nutricionais por Micronutrientes. 14 1215 4294 15 Transferido p/ o MDS (transferência de renda com condicionalidade) 16 17 18 Brasil Escolarizado/ Apoio à 1061 0513 alimentação escolar na educação básica. Acesso à Alimentação/ Distribuição de Alimentos a 1049 2792 Grupos Populacionais Específicos Acesso à Alimentação/ 1049 4641 Publicidade de Utilidade Pública 19 20 MS MDS/ MESA PUP Essa ação foi transferida p/ o Desafio: E) Ampliação do Acesso ao Saneamento e à Água Potável de Qualidade 1049 2784 Acesso a Alimentação/ MDS/ Educação à Mesa e Cartilhas com os Famílias 6.000.000,00 5.481.324,00 Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Educação Alimentar, Nutricional e p/ o Consumo. Educação p/ Alimentação 21 1048 4641 Saudável/ Publicidade de Utilidade Pública Abast. Agroalimentar/ Aquisição de Alimentos 22 0352 2798 Provenientes da Agricultura Familiar . Identidade Étnica e Patrimônio Cultural dos Povos Indígenas/ 23 0150 6140 Promoção da segurança **1 alimentar e nutricional dos povos indígenas** Órgão resp. MESA personagens do Sitio do Pica-Pau Amarelo MDS/ MESA MDS/ MESA MS/ FUNASA FÍSICA Subação Descritor da Meta atendidas Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) 264.181.713,00 257.657.621,00 Nível de Execução B/A PUP Programa do Leite litros por dia Implantação da Vigilância Alimentar e Nutricional no âmbito dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, sendo o Distrito piloto o do Mato Grosso do Sul, Crianças menores de 05 anos 12.403 44,4% 1.665.709,66 1.644.464,61 73% D) Atenção à Saúde e ao Desenvolvimento da Criança e do Adolescente 24 1312 6176 25 1214 0589 **2 26 1303 0818 **3 27 1312 0838 **4 Atenção à Saúde de Populações Estratégicas e em Situações Especiais de Agravos/ Atenção à saúde da Criança Atenção Básica em Saúde/ Incentivo Financeiro a Municípios Habilitados à Parte Variável do Piso de Atenção Básica - PAB p/ a Saúde da Família** Atenção à Saúde da Pop. em Situações de Violências e Outras Causas Externas / Apoio à Estruturação de Serviços de Atenção às Urgências e Emergências por Violências e Causas Externas** Atenção à Saúde de Populações Estratégicas e em Situações Especiais de Agravos/ Apoio à implantação de Unidades de Reabilitação** MS Apoio a Estados e Municípios com pop. acima de 100.000 habitantes Estados e municípios apoiados 5560 5560 8.000.000,00 7.337.197 83,7 MS N/T Equipes do PSF ampliadas 24.001 ESF e 12.603 ESB 24.564 para ESF e 99,5% para ESB 874.432.348,00 34.150.000 851.053.888,40 24.602.254 97,71% 72,4% MS N/T Serviços estruturados 913 94 80.804.681,84 67.140.277,71 MS Apoio à implantação de Unidades de Reabilitação** S/ Inf. 0 0 0 0 Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Atenção à Saúde de Populações Estratégicas e em 28 1312 6181 Situações Especiais de **5 Agravos/ Atenção à Saúde da pessoa com deficiência. Atenção à Saúde de Populações Estratégicas e em 29 1312 6181 Situações Especiais de Agravos/ Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência. Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta MS Equipes de reabilitação com base comunitária** S/ Inf. MS Promover a participação juvenil no planejamento, implantação e implementação de políticas públicas de saúde voltadas ao adolescente e ao jovem. Convênios realizados Atenção à Saúde de Populações Estratégicas e em 1312 6177 Situações Especiais de Agravos/ Atenção à Saúde do Adolescente e Jovem MS Priorizar ações educativas na atenção básica p/ a prev. de agravos e promoção da saúde de adolescentes e jovens, com envolvimento de suas famílias. % de serviços que implantaram ações educativas Atenção à Saúde de Populações Estratégicas e em 30b 1312 6177 Situações Especiais de Agravos/ Atenção à Saúde do Adolescente e Jovem MS Ações não previstas no PPA Estudos e pesquisas 30 31 Atenção à Saúde de Populações Estratégicas e em 1312 6177 Situações Especiais de Agravos/ Atenção à Saúde do Adolescente e Jovem MS 32 Atenção à Saúde de Populações Estratégicas e em 1312 6177 Situações Especiais de Agravos/ Atenção à Saúde do Adolescente e Jovem MS 33 Atenção à Saúde de Populações Estratégicas e em 1312 6177 Situações Especiais de Agravos/ Atenção à Saúde do Adolescente e Jovem MS Garantir o acompanhamento semestral do crescimento e desenvolvimento de adolescentes de ambos os sexos, na faixa etária de 10 – 14 anos, p/ prev. e detecção precoce de agravo à saúde – capac. de recursos humanos. Garantir o acompanhamento semestral do crescimento e desenvolvimento de adolescentes de ambos os sexos, na faixa etária de 10 – 14 anos, p/ prev. e detecção precoce de agravo à saúde assessoramento técnico aos Estados e municípios p/ elaboração de plano de ação. Garantir a implantação/implementação de serviços de assistência no nível da média complexidade do SUS a adolescentes vítimas de violência – Capac. de Recursos Humanos. Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) 241.920,00 03 100% Profissionais capacitados 300 200 Unidades federadas assessoradas 12 23 Profissionais capacitados 100 0 ver rodapé *** 5.230.000,00 (ver rodapé Liquidado (B) 174.484,52 Nível de Execução B/A Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Órgão resp. 34 Atenção à Saúde de Populações Estratégicas e em 1312 6177 Situações Especiais de Agravos/ Atenção à Saúde do Adolescente e Jovem MS 35 Atenção à Saúde de Populações Estratégicas e em 1312 6177 Situações Especiais de Agravos/ Atenção à Saúde do Adolescente e Jovem MS 36 Atenção à Saúde de Populações Estratégicas e em 1312 6177 Situações Especiais de Agravos/ Atenção à Saúde do Adolescente e Jovem MS 37 Atenção à Saúde de Populações Estratégicas e em 1312 6177 Situações Especiais de Agravos/ Atenção à Saúde do Adolescente e Jovem MS 38 Atenção à Saúde de Populações Estratégicas e em 1312 6177 Situações Especiais de Agravos/ Atenção à Saúde do Adolescente e Jovem MS 39 Atenção à Saúde de Populações Estratégicas e em Situações Especiais de Agravos/ Apoio a Serviços 1312 0844 Extra-Hospitalares p/ Transtornos de Saúde Mental e decorrentes do Uso de Álcool e outras Drogas. (MS-FUNASA) MS FÍSICA Subação Garantir a implantação/implementação de serviços de assistência no nível da média complexidade do SUS a adolescentes vítimas de violência Assessoramento técnico na elaboração de plano de ação. Garantir a implantação/implementação de serviços de assistência no nível da média complexidade do SUS a adolescentes vítimas de violência - Estudo e Pesquisas sobre a saúde de grupos populacionais estratégicos ou em situação especial de agravos. Garantir a implantação/implementação de serviços de assistência no nível da média complexidade do SUS p/ adolescentes autores de violência – Capac. de Recursos Humanos. Garantir a implantação/implementação de serviços de assistência no nível da média complexidade do SUS p/ adolescentes autores de violência Assessoramento técnico na elaboração de plano de ação Garantir a implantação/implementação de serviços de assistência no nível da média complexidade do SUS p/ adolescentes autores de violência - Estudo e Pesquisas sobre a saúde de grupos populacionais estratégicos ou em situação especial de agravos. Prev., Promoção e Tratamento aos usuários de substancias psicoativa, e transtornos mentais através da implantação e expansão de CAPS/AD e CAPS - I FINANCEIRA Descritor da Meta Meta Proposta Meta Realizada Assessorias realizadas 18 18 Pesquisas realizadas 1 1 Profissionais capacitados Ver rodapé Assessorias realizadas 27 27 Pesquisas realizadas 0 0% N. º de CAPS/AD - e CAPSI implantados ou expandidos Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) Nível de Execução B/A 0,00 0,0% Estas ações foram do mesmo recurso de R$ 5.230.000,00 0 R$8.807.000,00 N. º de CAPS/AD - e CAPSi implantar 55 caps implantados ou AD e 30 caps expandidos 43,63%(24) CAPSad 40% (12)CAPSi este valor é para todos os CAPS e não apenas para CAPSad eCAPS i Só de incentivo foram repassados R$1.560.000,00 Custeio repassado mensalmente (MAC) CapsAD pode faturar ate R$31.385,50/ mês Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº 40 Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação 1061 4042 Brasil escolarizado/ Promoção e Desenvolvimento da Saúde do Escolar na Educação Básica. Identidade Étnica e Patrimônio Cultural dos Povos Indígenas/ 41 0150 3869 Estruturação de Unidades de *****1 Saúde p/ Atendimento à Pop. Indígena. (MS-FUNASA)** Identidade Étnica e Patrimônio 42 Cultural dos Povos Indígenas/ 0150 6501 *****2 Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. (MS-FUNASA)** Órgão resp. MEC/ FNDE MS/ FUNASA MS/ FUNASA FÍSICA Subação N/T Estruturação de unidades de saúde p/ atendimento à pop. indígena** Atenção à saúde dos povos indígenas** Descritor da Meta Meta Proposta Alunos beneficiados 825 Construção / Reforma/ Equipamento Indígenas atendidos FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) 80.799 7.880.000,00 7.877.747,00 Foram estruturadas 128 unidades, A meta compreendendo pactuada no 02 ampliações, PPA para 2005 foi 18 reformas e 112 de estruturação construções. de 162 unidades 45 veículos e 600 de saúde computadores foram para unidades de saúde 8.606.000,00 houve anulação de crédito no valor de 860.600,00 restando 4.343.816,64 3.450.442,19 79,32% Aproximadamen te 445.000 indígenas atendidos 170.260.007.00 havendo um crédito suplementar de 20.000.000,00 totalizando 190.260.000,00 189.126.863,46 99,40% 410.653 Nível de Execução B/A Capsi pode faturar até R$27.314,00/ mês Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Identidade Étnica e Patrimônio Cultural dos Povos Indígenas/ 43 0150 6144 Capacitação de Profissionais *****3 p/ Atenção à Saúde da Pop. Indígena. (MS-FUNASA)** Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta MS/ FUNASA Capacitação de profissionais p/ a atenção à saúde da pop. indígena ** Meta Proposta Profissionais capacitados 6.695 FINANCEIRA Lei+Crédito Meta Realizada autorizado (A) Foram capacitados 2.752 progfissionais, sendo: 450 profissionais de nível superior e 582 Agentes A meta para 2005 Indígenas de foi de capacitar Saúde, 6.695 quantitativo 233 profissionais hiper capacitados dimensionado. O em quantitativo metodologia correto está para representado no construção do Plano Operacional Plano Distrital.; do Desai em 1871 170 profissionais profissionais em ações de imunização, 52 conselheiros locais 12 profissionais de saúde em vig. Alimentar e nutricional, dentre outros. Liquidado (B) Nível de Execução B/A Para 2005 o crédito autorizado foi de R$ 5.000.000,00, houve uma anulação de recurso de R$ 500.000,00, restando R$ 2.527.200,00 R$ 2.198.478,15 E) Ampliação do Acesso ao Saneamento e à Água Potável de Qualidade 44 45 Saneamento Ambiental Urbano/ Apoio a Projetos de Ação Social em Saneamento (PASS) Saneamento Ambiental Urbano/ Apoio à Implantação e Ampliação de Sist.s de Abast. 0122 0636 de Água em Municípios com Pop. Superior a 15.000 habitantes. 0122 0586 MCIDADES N/T Projeto 27.049 0 21.402.785,00 3.582.745,00 MCIDADES N/T Famílias Beneficiadas 9.027 0 26.070.920,00 14.447.315,00 Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº 47 48 50 Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Saneamento Ambiental Urbano/ Apoio à Implantação e Ampliação de Sist.s de 0122 0654 Coleta e Tratamento de Esgotos Sanitários em Municípios com Pop. Superior a 15.000 habitantes Saneamento Ambiental Urbano/ Financiamento para a implantação e ampliação de sistemas de Abastecimento de 0122 002L água não se trata de fgts, mas sim do programa de saneamento ambiental em RM’s críticas Saneamento Ambiental Urbano/ Financiamento P/ 0122 9563 Implantação e Ampliação de Sist.s de Coleta e Tratamento de Esgotos Sanitários (FGTS) Saneamento Ambiental Urbano e Rural/51: Implantação, Ampliação ou Melhoria de Sistema Público de Abastecimento de água para a prevenção e Controle de Agravos em Municípios de até 51 e 30.000; 52: Apoio á 0122 52 9932 Implantação e ampliação de Sistemas de Abastecimento de Água em Municípios com População Superior a 20.000 habitantes e 57*: Implantação de Serviços de Abastecimento de Água (Saúde e Saneamento no Piauí).* Saneamento Ambiental 53 e Urbano/ Apoio ao Controle de 0122 0798 54 Qualidade da Água p/ Consumo Humano Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) Nível de Execução B/A MCIDADES N/T Famílias Beneficiadas 11.101 0 75.946.800,00 19.301.580,00 MCIDADES/ FUNASA N/T Famílias Beneficiadas 361.653 37.868 112.523.732,00 96.824.664,00 MCIDADES N/T Famílias Beneficiadas 553.846 0 Ação não orçamentária Ação não orçamentária MSIFUNASA N/T Crianças atendidas de 0 a 14 anos 172.022 58,68% 194.781.632 164.708.672 84,56% Crianças atendidas de 0 a 14 anos 79.892 49,89% 204.285.900,00 193.628.116,00 94,78% MS/ FUNASA N/T Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação 55 Saneamento Ambiental Urbano/ Implantação de 0122 7652 Melhorias Sanitárias Domiciliares p/ prevenção Controle de Agravos 56 1287 3921 Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) Nível de Execução B/A MS/ FUNASA N/T Crianças atendidas de 0 a 14 anos 44.691 67,64% 93.851.279,00 74.554.064,00 79,78% Saneamento Rural/ Implantação de Melhorias Habitacionais p/ Controle da Doença de Chagas MS/ FUNASA N/T Famílias beneficiadas 2.495 51,00 16.220.000,00 16.220,000,00 100,00% 59 Saneamento Rural/ Implantação, Ampliação ou Melhoria do Serviço de 1287 7656 Saneamento em Localidades com Pop. Inferior a 2.500 habitantes e Áreas Rurais. MS/ FUNASA assentamentos, quilombos, reservas extrativistas, etc. Famílias beneficiadas 5.316 55,71% 24.900.000,00 24.421.701,00 98,07% 60 Saneamento Rural/ Ampliação 1287 7684 de Ações de Saneamento Básico em Aldeias Indígenas. MS/ FUNASA Implantação de Saneamento básico em áreas indígena Aldeias beneficiadas 406 91,60% 29.557.000,00 18.549.000,00 62,80% 61 Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Apoio a Projetos de 1047 0582 Saneamento Integrado em Municípios com Pop. de até 20 mil habitantes na Região do Semi-Árido. MCIDADES N/T Famílias Beneficiadas 0 0 8.000.000,00 0 MIN N/T Famílias Beneficiadas 100 0 4.700.000,00 4.700.000,00 MIN N/T Obra executada 40 0 5.411.000,00 5.411.000,00 62 63 Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Recuperação do 1047 5824 Sifão de Umburanas no Estado do Ceará (Proágua SemiÁrido). Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Ampliação do 1047 5676 Abast. de Água do Subsist. da Adutora do Feijão - 3ª Etapa com 232 km no Estado da Bahia (Proágua Semi-Árido). 1 Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Ampliação do Sist. Ibiapaba e Implantação da Adutora Graça-PacujáMucambo. com 192 km no Estado do Ceará (Proágua Semi-Árido) Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Ampliação, Recuperação e Automação dos Sist.s Integrados de Alto Sertão e Sertaneja no Estado de Sergipe (Proágua SemiÁrido) Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Construção da Barragem Arneiróz II no Estado do Ceará (Proágua Semi-Árido) Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido CONVIVER/ Dessalinização de Água - Projeto Água Boa Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Implantação da Adutora de Lavras da Mangabeira com 28 km no Estado do Ceará (Proágua Semi-Árido) Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) Nível de Execução B/A MIN N/T Obra executada 100 0 6.249.000,00 6.249.000,00 1 MIN N/T Obra executada 37 0 18.473.000,00 18.473.000,00 1 MIN N/T Construção de barragem 30 30 5.965.000,00 5.965.000,00 1 MIN N/T Poço dessalinizado 0 0 0 0 0 MIN N/T Obra executada 79 0 4.017.000,00 4.017.000,00 1 Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Implantação de Poços Públicos. MIN N/T Poço implantado 1.118 0 5.787,200,00 4.993.524,05 1,2 Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Implantação do 1047 5782 Sist. de Abast. de Água e Esgoto em Diamantina no Estado de MG (Proágua Semi- MIN N/T Obra executada 77 0 5.757.000,00 5.757.000,00 1 65 1047 5690 66 1047 5896 67 1047 5854 69 1047 1852 70 1047 5804 71 1047 7766 72 Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) Nível de Execução B/A Árido) 73 74 75 76 78 Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Implantação de 1047 5814 Sist. de Abast. de Água em Araçuaí no Estado de Minas Gerais (Proágua Semi-Árido) Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido CONVIVER/ Implantação do 1047 5658 Sist. Integrado de Abast. de Água de Santana com Sist. Adutor de 145 km no Estado da Bahia (Proágua Semi-Árido) Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Implantação de 1047 5808 Sist.s de Abast. de Água em São Francisco e Jequitinhonha no Estado de Minas Gerais (Proágua Semi-Árido) Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Implantação de Sist.s Simplificados de Abast. de 1047 5666 Água de Pequenas Localidades de acordo com o Padrão Central no Estado da Bahia Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Implantação do 1047 5890 Sist. Adutor de Catarina com 20 km no Estado do Ceará (Proágua Semi-Árido) MIN N/T Obra executada 52 0 6.840.000,00 6.840.000,00 1 MIN N/T Obra executada 70 0 10.340.000,00 10.340.000,00 1 MIN N/T Obra executada 1 0 200.000,00 40.000,00 5 MIN N/T Obra executada MIN N/T Obra executada 81 0 3.667.000,00 3.667.000,00 1 Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido CONVIVER/ Implant. do Sist. 1047 5828 Adutor de Catunda com 2 km no Estado do Ceará (Proágua Semi-Árido) Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Implant. do Sist. 1047 5818 Adutor de Pires Ferreira com 18 km no Estado do Ceará (Proágua Semi-Árido) Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Implantação do 1047 5812 Sist. Adutor de Serra do FélixBoqueirão do Cesário com 20 km no Estado do Ceará (Proágua Semi-Árido) Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) Nível de Execução B/A MIN N/T Obra executada 100 0 1.298.000,00 1.298.000,00 1 MIN N/T Obra executada 75 0 1.942.000,00 1.942.000,00 1 MIN N/T Obra executada 44 0 2.460.622,00 1.158.622,00 2,1 82 Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Implantação do 1047 5830 Sist. Adutor do Garrincho com 184 km no Estado do Piauí (Proágua Semi-Árido) MIN N/T Obra executada 100 0 23.947.000,00 23.947.000,00 1 83 Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Implantação do 1047 5928 Sist. Adutor Gavião-Pecém com 55 km no Estado do Ceará (Proágua Semi-Árido) MIN N/T Obra executada 34 0 10.880.800,00 10.880.800,00 1 84 Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido CONVIVER/ Sist. Adutor do 1047 5816 Congo com 163 km no Estado da Paraíba (Proágua SemiÁrido) MIN N/T Obra executada 79 80 81 Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Sist. Adutor Luís Gonzaga c/ 118 km no Estado de Pernambuco (Proágua Semi-Árido) Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Sist. Adutor Serra de Santana - 2ª Etapa – c/ 205 km no Estado do Rio Grande do Norte (Proágua Semi-Árido) Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Sist. Integ. Adutora do Agreste no Estado de Sergipe (Proágua Semi-Árido) Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Sistema Integrado Adutora do Piauitinga no Estado de Sergipe (Proágua Semi-Árido) Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido CONVIVER/ Sist. Integrado. de Abast. de Água de Planalto e Barra do Choça c/ Adutora de 21 km no Estado da Bahia (Proágua Semi-Árido) Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Semi-Árido – CONVIVER/ Sist. Integrado de Saneamento Rural no Estado do Ceará (Proágua Semi-Árido) Proágua Infra-Estrutura/ Ampliação do Açude do Encanto n Rio Grande do Norte 85 1047 5822 86 1047 5878 87 1047 5898 88 1047 5894 89 1047 5892 90 1047 5874 93 0515 3393 94 Proágua Infra-Estrutura/ 0515 3631 Construção da Adutora de Acauã com 55 Km na Paraíba Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) Nível de Execução B/A MIN N/T Obra executada 100 0 20.332.000,00 20.332.000,00 1 MIN N/T Obra executada 21 0 4.335.000,00 4.335.000,00 1 MIN N/T Obra executada 15 0 8.548.000,00 0 0 MIN N/T Obra executada MIN N/T Obra executada 65 0 2.571.000,00 2.571.000,00 1 MIN N/T Obra executada 100 0 850.000,00 714.721,82 1,2 MIN N/T Obra executada MIN N/T Obra executada 11 0 6.494.001,00 6.454.019,40 1 Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta FINANCEIRA Meta Proposta Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) Nível de Execução B/A 95 0515 1672 Proágua Infra-Estrutura/ Construção da Adutora de Santa Cruz com 90 Km no Rio Grande do Norte MIN N/T Obra executada 96 0515 5910 Proágua Infra-Estrutura/ Construção da Adutora de São Francisco com 42,5 Km em Sergipe MIN N/T Obra executada 7 0 26.077.521,00 6.800.001,00 3,8 MIN N/T Obra executada 47 0 31.465.601,00 0 0 MIN N/T Obra executada 4 0 6.754.951,00 6.754.951,00 1 MIN N/T Obra executada 4 4 9.777.001,00 8.585.001,00 1,1 MIN N/T Obra executada 0 0 0 0 MIN N/T Obra executada 7 7 4.250.001,00 4.250.001,00 1 MIN N/T Obra executada 1 1 1.443.000,00 1.442.000,00 1 MIN N/T Obra executada MIN N/T Obra executada 35 0 27.075.000,00 24.575.000,00 1,1 MIN N/T Obra executada 2 0 500.000,00 0 0 MIN N/T Obra executada 25 0 21.358.001,00 21.358.001,00 1 97 98 99 100 101 102 103 Proágua Infra-Estrutura/ 0515 5256 Construção da Adutora de Italuís com 45 Km no Maranhão Proágua Infra-Estrutura/ Construção da Adutora do 0515 1716 Oeste com 721 Km no Pernambuco Proágua Infra-Estrutura/ Construção da Adutora 0515 3647 Jacuzinho com 243 Km no Pernambuco Proágua Infra-Estrutura/ Construção da Adutora São 0515 5143 Bento com 13Km em Santa Catarina Proágua Infra-Estrutura/ 0515 3715 Construção da Barragem Berizal em Minas Gerais Proágua Infra-Estrutura/ 0515 3735 Construção da Barragem de Congonhas em Minas Gerais Proágua Infra-Estrutura/ 0515 3521 Construção da Barragem de São Pedro em Pernambuco Proágua Infra-Estrutura/ 104 0515 3445 Construção da Barragem do Córrego João Leite em Goiás Proágua Infra-Estrutura/ 105 0515 5924 Construção da Barragem do Peão em Minas Gerais Proágua Infra-Estrutura/ 106 0515 1604 Construção da Barragem do Poço Marruá no Piauí Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Proágua Infra-Estrutura/ 107 0515 5308 Construção da Barragem Jequitaí em Minas Gerais Proágua Infra-Estrutura/ 108 0515 1674 Construção da Barragem na Bacia do Rio Poxim em Sergipe Proágua Infra-Estrutura/ 109 0515 3327 Construção da barragem Vacaria em Minas Gerais Proágua Infra-Estrutura/ 110 0515 3517 Construção do Açude Algodão II no Piauí Proágua Infra-Estrutura/ 111 0515 3743 Construção do Açude Estreito no Piauí Proágua Infra-Estrutura/ 112 0515 3601 Construção do complexo Castanhão no Ceará Proágua Infra-Estrutura/ Construção do Sist. Adutor Frei 113 0515 101 K Damião com 435 Km no Pernambuco Proágua Infra-Estrutura/ Construção do Sist. de Abast. 114 0515 5254 de água da Bacia Leiteira com 118 Km em Alagoas Acesso à Alimentação/ Apoio 191 1049 001X à Melhoria das Condições Socioeconômicas das Famílias. Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta Liquidado (B) Nível de Execução B/A N/T Obra executada 15 12,3 4.224.501,00 3.459.468,00 1,2 MIN N/T Obra executada 100 0 15.859.360,00 0 0 MIN N/T Obra executada 1 0 10.000,00 9.930,00 1 MIN N/T Obra executada MIN N/T Obra executada 75 0 6.096.601,00 6.096.601,00 1 MIN N/T Obra executada 2 1,9 11.619.501,00 11.085.862,84 1 MIN N/T Obra executada MIN N/T Obra executada MDS/MESA Construção de Cisternas Cisternas construídas 198 194 19.535.000,00 16.813.895,00 4.456.898.198,14 II - Promovendo Educação de Qualidade A) Expansão e Melhoria da Educação Infantil 1 Transferido do desafio C-Segurança Alimentar e Combate à Desnutrição. Meta Realizada MIN Sub-Total - I Educação na Primeira Infância/ Apoio a projetos 115 1065 0940 municipais p/ a educação de crianças de até 3 anos de idade FINANCEIRA Lei+Crédito autorizado (A) MEC N/T Projeto apoiado 4.060.878.250,48 Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação 116 1065 0941 117 1065 0960 118 1061 0964 119 1065 6351 Educação na Primeira Infância/ Apoio à capac. profissional nas Instituições de Educação Infantil p/ crianças de até 3 anos de idade Educação na Primeira Infância/ Apoio à distribuição de material didático p/ creche Brasil Escolarizado/ Apoio à distribuição de material didático p/ Pré-escola Desenvolvimento da Educação Infantil/ Produção e distribuição de periódicos p/ a educação infantil Valorização e Formação de Professores e Trabalhadores da 120 1072 0973 Educação/ Apoio à capac. de professores da educação infantil (crianças de 0-6) Democratização da Gestão nos Sist.s de Ensino/ Apoio à formação de dirigentes e 121 1070 0942 equipes técnicas e de apoio que atuam na educação infantil (crianças de 0-6) Valorização e Formação de Professores e Trabalhadores da Educação/ Fomento à 122 1072 6331 Pesquisa e Desenvolvimento da Educação Infantil (crianças de 0 a 6) Proteção Social à Infância, Adolescência e Juventude/ 123 0070 2556 Serviços de Proteção Socioassistencial à Infância e à Adolescência B) Ampliação da Educação Básica de Qualidade Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta MEC N/T Profissional capacitado MEC N/T Aluno beneficiado MEC N/T Material distribuído MEC N/T MEC Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) 17.000 0 2.500.000,00 2.500.000,00 Exemplar distribuído 450.000 599.993 1.000.000,00 767.991,00 N/T Professor beneficiado 17.064 17.126 6.000.000,00 5.998.143,00 MEC N/T Profissional beneficiado MEC N/T Pesquisa realizada MDS Atendimento à crianças de 0 a 6 anos em unidades de Jornada Integral ou Parcial, e promoção de ações sócioeducativas de apoio à famílias na perspectiva de assegurar o desenvolvimento integral das crianças em situação de vulnerabilidade social Crianças de 0 a 6 anos 1.742.490 1.677.925 268.710.000,00 264.943.488,00 Nível de Execução B/A Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta FINANCEIRA Meta Proposta Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) 50 2.835 3.499.999,00 2.498.276,42 Liquidado (B) Brasil Escolarizado/ Promoção da inclusão e combate à 124 1061 0470 evasão no Ensino Médio por meio do Programa Poupança Escola MEC N/T Aluno beneficiado Brasil Escolarizado/ Garantia 125 1061 0930 das condições de aprendizagem MEC N/T Aluno beneficiado Brasil Escolarizado/ Apoio a 126 1061 0919 projetos de cursos voltados p/ diversidade social e cultural MEC N/T Projeto apoiado Educação para a Diversidade 127 1377 0946 e Cidadani/ Apoio à Educação do campo MEC N/T Aluno beneficiado MEC/ FNDE N/T Aluno beneficiado MEC/ FNDE N/T Órgão/Entida de Apoiado 3.500.000 0 255.000.000,00 246.931.651,51 MEC N/T Família beneficiada 0 0 0 0 MEC N/T Aluno beneficiado 290.000 6.294 4.000.000,00 3.999.868,78 MEC N/T Aluno beneficiado 26.000 2.034.237 4.000.000,00 3.998.444,08 MEC/ FNDE N/T Exemplar distribuído 77.077 54.987 358.171.825,00 352.796.546,27 MEC N/T Escola beneficiada 0 0 0 0 Brasil Escolarizado/ Distribuição 128 1061 6325 de Uniformes Escolares p/ alunos do Ensino Fundamental Desenvolvimento do Ensino Fundamental/ Apoio ao 129 1376 0969 Transporte Escolar no Ensino Fundamental 130 1061 0925 Brasil Escolarizado/ Apoio ao desenvolvimento de atividades educativas complementares nos municípios Desenvolvimento do Ensino 131 1376 0971 Fundamental/ Apoio à Correção do fluxo escolar Desenvolvimento do Ensino Fundamental/ Apoio à 132 1376 0954 distribuição de materiais didáticos e pedagógicos p/ o ensino fundamental Desenvolvimento do Ensino Fundamental / Distribuição de 133 1376 4046 livros didáticos aos alunos do ensino fundamental Brasil Escolarizado/ 134 1061 3693 Fortalecimento da Escola – Fundescola II Nível de Execução B/A Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Desenvolvimento do Ensino 135 1376 5079 Fundamental / Fortalecimento da Escola – Fundescola III Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) MEC N/T Escola beneficiada 335 4.152 68.900.000,00 67.581.461,99 MEC N/T Aluno atendido 0 0 2.216.000,00 0 MEC N/T Oficina implantada 1.000.000,00 0 MEC N/T Aluno matriculado MEC/ FNDE N/T Escola apoiada MEC N/T Escola beneficiada MEC N/T Brasil Quilombola/ Apoio à capacitação de professores do 142 1336 0974 ensino fundamental p/ atuação nas comunidades remanescentes de quilombos MEC Democratização da Gestão nos Sist.s de Ensino/ Apoio à 143 1070 0938 organização dos sist.s estaduais de avaliação do ensino fundamental MEC 136 1378 0921 137 1378 0922 138 1378 0923 139 1066 0937 140 0172 0951 141 1336 09C G Desenvolvimento do Ensino Médio/ Apoio à melhoria da qualidade do ensino médio noturno Desenvolvimento do Ensino Médio/ Apoio à educação p/ a ciência no Ensino Médio Desenvolvimento do Ensino Médio/ Apoio à implantação do 4º ano vocacional no ensino médio Escola Básica Ideal/ Apoio à reestruturação da rede pública de ensino p/ a Escola Básica Ideal Cultura Afro-Brasileira/ Apoio à reestruturação de estabelecimentos públicos de Educação Fundamental nas comunidades remanescentes de quilombos Brasil Quilombola/ Apoio à distribuição de material didático e paradidático para o ensino fundamental em escolas situadas nas comunidades remanescentes de quilombos 0 0 1.933.394,00 1.930.776,00 Material distribuído 7.000 0 400.000,00 316.406,19 N/T Professor capacitado 790 0 632.000,00 608.832,74 N/T Unidade da Federação apoiada Nível de Execução B/A Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) Identidade Étnica e Patrimônio Cultural dos Povos Indígenas/ Apoio ao ensino fundamental escolar Indígena MEC N/T Aluno beneficiado 27 0 1.645.810,00 1.232.336,00 Identidade Étnica e Patrimônio Cultural dos Povos Indígenas/ 145 0150 0970 Apoio à distribuição de material didático p/ a educação indígena MEC N/T Aluno beneficiado 13.917 0 668.000,00 620.391,00 27.000 39.974 15.000.000,00 12.494.046,00 6375 – 1.440.000 7744 – 18 projetos executados 6372 – 41.171 unidades equipadas 6332 – 7.474.000,00; 6369 – 3.700.000,00; 6372 – 28.650.000,00; 6375 – 4.000.000,00; 6377 – 2.500.000,00 7744 – 5.200.000,00 6332 – 7.282.000,00; 6369 – 2.720.468,00; 6372 – 28.649.998,00; 6375 – 3.033.190,00; 6377 – 2.500.000,00 7744 – 2.788.285,00 144 0150 0948 146 transferido p/ o MDS (transferência de renda com condicionalidade) Valorização e Formação de Professores e Trabalhadores da 147 1072 0966 Educação/ Apoio à capacitação de professores do ensino fundamental MEC N/T Professor beneficiado Valorização e Formação de Professores e Trabalhadores da Educação/ Instituição do 148 1072 6330 exame nacional de certificação de professores da educação infantil e fundamental MEC N/T Professor capacitado 6332, 6369, 6372, L e 149 6375, 1061 6377 e 7744 150 Escola moderna e Valorização e Formação de Professores e Trabalhadores da Educação/ . Ampliação do acesso às oportunidades de ensino, à informação, às inovações tecnológicas promovendo e ampliando a inclusão digital e a cobertura educacional MEC N/T Profissional beneficiado/ Projeto Exec. %/ Unidade Equipada 6375 – 1.800.000 7744 – 1 6372 – 500 Transferido para o Compromisso III-Proteção Contra Abuso, Exploração e Violência.do Desafio C combate à Exploração Sexual 151 0150 6366 Identidade Étnica e Patrimônio Cultural dos Povos Indígenas/ Capacitação de Professores p/ a Educação Fundamental MEC N/T Professor Capacitado Nível de Execução B/A Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta 0 FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) 0 737.803.494,00 737.803.494,00 0959 – 568 escolas atendidas 6310 – 0 0959 – 2.537.136,00; 6310 – 0. 0959 – 2.425.181,30; 6310 – 0. Indígena Valorização e Formação de Professores e Trabalhadores da Educação/ complementação da União ao Fundo de 152 1072 0304 Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) Brasil Escolarizado/ Apoio à Educação Ambiental nas 153 1061 0947 Escolas Públicas de Educação Básica MEC N/T Alunos beneficiados MEC N/T Aluno beneficiado MEC N/T Aluno beneficiado Desenvolvimento da Educação Especial/ Apoio à Adequação 1075 0959 de Prédios Escolares p/ 155 e E Educação Especial. 1374 6310 Distribuição de Equipamentos p/ Educação Especial. MEC Adequação de prédios escolares, aquisição e distribuição de materiais didáticos e equipamentos p/ a educação especial. Distribuição de Equipamentos p/ Educação Especial. E Adequação de prédios escolares, aquisição e distribuição de materiais didáticos e equipamentos p/ a educação especial. Distribuição de Equipamentos p/ Educação Especial. Escola atendida 0959 – 578 escolas atendidas 6310 – 0 Desenvolvimento da Educação Especial/ Capacitação de Professores e Profissionais p/ a Educação Especial. MEC Capacitação de profissionais dos sist.s de ensino, p/ atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais. Profissional capacitado 22.000 27.915 5.000.000,00 4.999.705,22 C) Promoção da Educação Especial Brasil Escolarizado/ Distribuição 154 1061 6113 de material Didático p/ a Educação Especial 156 1374 0977 D) Alfabetização de Jovens e Adultos 157 1060 0965 Brasil Alfabetizado e Educação de Jovens e Adultos/ Apoio a distribuição de material didático e pedagógico p/ EJA MEC N/T Aluno beneficiado 85.330 0 4.095.854,00 3.365.392,00 158 1060 0507 Brasil Alfabetizado e Educação de Jovens e Adultos/ Apoio a MEC N/T Aluno matriculado 584.119 0 6.213.213,00 4.240.659,00 Nível de Execução B/A Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta FINANCEIRA Meta Proposta Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) 0 0 0 0 Liquidado (B) projetos especiais p/ oferta do ensino fundamental p/ EJA 159 1060 6295 160 1060 0929 161 1060 6299 162 1060 0931 163 1060 7756 164 1060 0934 165 1060 6300 166 1060 0081 167 1060 0972 168 1060 0920 Sub-Total - II Brasil Alfabetizado/ Distribuição de obras literárias com linguagem própria p/ o recémalfabetizado Brasil Alfabetizado/ Apoio à Distribuição de Material Didático p/ Alfabetização. Material Didático-Pedagógico p/ Educação de Jovens e Adultos. Brasil Alfabetizado/ Capac. de alfabetizadores de jovens e adultos Brasil Alfabetizado/ Apoio à distribuição de merenda escolar p/ alfabetizandos Brasil Alfabetizado/ Fornecimento de Óculos p/ Alunos Portadores de Deficiência Visual. Brasil Alfabetizado/ Apoio p/ transporte escolar p/ alfabetizandos jovens e adultos Brasil Alfabetizado/ Serviço de Bibliotecas Itinerantes. Brasil Alfabetizado e Educação de Jovens e Adultos/ Apoio à Ampliação da Oferta de Vagas do Ensino Fundamental p/ Jovens e Adultos Brasil Alfabetizado e Educação de Jovens e Adultos / Apoio à Capac. de Professores de Jovens e Adultos Brasil Alfabetizado/ Concessão de Bolsa ao Alfabetizador. MEC N/T Livro distribuído MEC Apoio à distribuição de material didático p/ alfabetizandos. Material didático distribuído MEC N/T Alfabetizador capacitado MEC N/T Aluno beneficiado MEC Fornecimento de óculos, dentro das especificações médicas aos alfabetizados portadores de deficiência visual. Aluno beneficiado MEC N/T Aluno beneficiado MEC N/T Livro ofertado MEC N/T Aluno matriculado 1.560.852 3.342.531 448.213.000,00 448.213.000,00 MEC N/T Professor capacitado 14.500 0 3.961.710,00 2.684.455,90 MEC SEEA N/T Bolsa concedida 105.000 101.410 197.750.000,00 197.748.906,00 2.452.375.435,00 2.417.673.393,40 Nível de Execução B/A Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) 8.700.000 13.993.178 4.376.119.777,00 4.308.508.006,02 III-Proteção Contra Abuso, Exploração e Violência. A) Apoio à Criança e ao Adolescente em Situação de Vulnerabilidade Social ! Transferência de Renda com 17X* 1335 006O Condicionalidades/ Bolsa Família MDS N/T famílias atendidas Atendimento Integral à Família/ Funcionamento dos Núcleos de Atendimento Integral à Família MDS Realização de trabalho com as famílias, por meio do Centro de Referência da Assistência Social, na perspectiva de sua promoção/emancipação/ inclusão social. Famílias atendidas MDS/ MAS N/T jovens de 15 a 17 anos 176 1093 4915 Proteção Social à Infância, Adolescência e Juventude/ 169 0070 005b Concessão de Bolsa p/ jovens de 15 a 17 anos, em situação de vulnerabilidade social. Proteção Social à Infância, Adolescência e Juventude/ 170 0070 005b Capac. de jovens, de 15 a 17 anos, em Saúde, Cidadania e Meio Ambiente. 171 transferido p/ o Desafio b desse compromisso (III-Proteção Contra Abuso, Exploração e Violência) Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente/ Apoio a Serviços 172 0153 0730 de Atend. Jurídico-Social a Crianças e Adolesc. Ameaç. de Morte. SEDH/ PR N/T Crianças e adolescentes atendidos 1.500 1.500 2.450.269,00 2.450.268,00 Atendimento Socioeducativo do Adolescente em Conflito 173 0152 0826 com a Lei/ Apoio a Serviços de Plantão Interinstitucional ou de Atendimento Inicial. SEDH/ PR N/T Pessoas Atendidas 1.000 480 980.357,00 510.000,00 Nível de Execução B/A Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Atendimento Socioeducativo do Adolescente em Conflito com a Lei/ Apoio a Serviços de atendimento de Adolescentes 0880 em Cumprimento de medidas 174 0152 e sócioeducativas e Egressos. 0878 Apoio a Construção , reforma e Ampliação de Unidades de Internação Restritiva e Provisória. Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta N/T Pessoas Atendidas e Vagas criadas MDS Repasse da Bolsa p/ crianças e adolescentes atendidos pelo Programa. Bolsa PETI MDS/MAS Promoção de ações sócio-educativas, complementares à escola, p/ crianças e adolescentes retirados do trabalho perigoso, penoso, insalubre ou degradante, na perspectiva de sua promoção e melhor desenvolvimento. SEDH/ PR E FNCA FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) Nível de Execução B/A 0878 – 181.128 pessoas atendidas 0880 – 4.031 vagas criadas 0878 – 173.751 pessoas atendidas 0880 – 2.995 vagas criadas 0878 – 20.627.101,00; 0880 – 3.840.091,00 0878 – 7.343.256,00 (811.667,50 inscritos em restos a pagar); 0880 – 3.425.073,00 Crianças e adolescentes atendidas 1.000.000 1.000.000 205.853.685 205.078.925 N/T Crianças e adolescentes com situação regularizada 5.000 Crianças e adolescentes com situação regularizada 7.748 750.000,00 432.458,00 57,66% N/T Adolescentes contratados como aprendizes e adolescentes com situação de trabalho regularizada (não aprendizes) 200.000,00 63.783,00 31,89% B) Combate ao trabalho infantil 17XX 0068 ---- Erradicação do Trabalho Infantil/ Bolsa PETI Erradicação do Trabalho Infantil/ Atendimento à 175 0068 2060 Criança e ao Adolescente em Jornada Ampliada Erradicação do Trabalho Infantil/ 178 0068 2688 Fiscalização para Erradicação do Trabalho Infantil Primeiro Emprego/ Fiscalização 171 1329 4729 do Trabalho do Adolescente2 MTE/SIT MTE/SIT 2 Os recursos utilizados nesta ação são oriundos da ação Fiscalização das Obrigações trabalhistas e Arrecadação do FGTS vinculada ao Programa “Rede de Proteção ao Trabalho”. 33.706 20.000 29.605 aprendizes inseridos E 4.101 adolescentes com contrato de trabalho regularizado Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Erradicação do Trabalho Infantil/ Realização de 177 0068 4641 campanha Educativa e de sensibilização p/ a erradicação do trab. infantil Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta MDS/MAS Erradicação do Trabalho 179 0068 4731 Infantil/ Atualização do Mapa de Focos de Trabalho Infantil MTE/SIT Erradicação do Trabalho 180 0068 4734 Infantil/ Apoio Técnico à Escola do Futuro Trabalhador. MTE/SIT Erradicação do Trabalho 181 0068 4641 Infantil/ Publicidade de Utilidade Pública MTE/SIT Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada PUP N/T Publicação anual do Mapa d indicativos do trabalho Infantil 1 N/T Escolas participantes 383 Escolas participantes 1 540 PUP Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) 720.000,00 720.000,00 100.000,00 0 115.000,00 3.703,00 133.737,00 47.493,10 35.414.390,00 35.257.100,00 209.483,00 9.483 200.000,00 0 C) combate à Exploração Sexual Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes/Serviços de 184 0073 2383 proteção socioassistencial às crianças e adolescentes vítimas de violência, abuso e exploração oração sexual 185 0073 4641 Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes/ Publicidade de Utilidade Pública MDS/MAS Atendimento psicossocial e jurídico, multiprofisional de crianças, adolescentes e famílias vítimas de violência sexual. Encaminhamento p/ outros serviços de atendimento nas áreas de saúde, educação, trabalho, etc. SEDH/PR Realização de campanhas de prev. ao abuso e à exploração oração sexual crianças e adolescentes atendidos 23.865 pessoas atendidas PUP 51.460 pessoas atendidas Nível de Execução B/A 3,22% Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças 09C e Adolescentes/ Rede 186 0073 Q Nacional de Informações p/ 2815 prevenção e combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes SEDH/PR Manutenção do serviço de recebimento e encaminhamento de denúncias contra o abuso e a exploração oração sexual de crianças e adolescentes Sist. Mantido 1 1 2815 776.978,00 2815 – 582.189,00 Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes/ Apoio à capac. dos participantes do 187 0073 0744 Sist. de Garantia de Direitos no combate ao abuso, violência e exploração oração sexual infanto-juvenil SEDH/PR N/T Pessoas capacitadas 76 76 173.640,00 113.285,00 Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes/ Apoio a 188 0073 0742 comitês estaduais de combate à exploração oração sexual infanto-juvenil SEDH/PR N/T comitês apoiados 1 0 22.580,00 0 Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes/ Apoio a 189 0073 0746 projetos de prev. do abuso e da exploração oração sexual de crianças e adolescentes SEDH/PR N/T Projetos apoiados 611 12 1.981.870,00 1.681.870 1.687.770,00 1.387.770 combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes/ Apoio 150 0073 001S educacional a crianças e adolescentes em situação de discriminação e vulnerabilidade social. MEC N/T Família beneficiada 1.000 52.320 2.400.000,00 2.371.433,00 D) Proteção contra a Violação dos Direitos das crianças e Adolescentes Nível de Execução B/A Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Gestão da Política na Área da Justiça/ Diagnóstico sobre o tráfico de seres humanos no Brasil Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) MJ/SNJ N/T s/inf. 7 diagnósticos realizados 3 diagnósticos realizados 34.000,00 27.309,00 Combate à Criminalidade/ Capacitação de Profissionais 191 0662 2328 da Rede de Atenção às Vítimas de Tráfico de Seres Humanos MJ/SNJ N/T s/inf. 46 profissionais capacitados 150 profissionais capacitados 86.999,00 86.999,00 Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente/ Apoio a 192 0153 0882 Unidades de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente SEDH/PR e FNCA Apoio a criação e fortalecimento de Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos Fundos Municipais dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes e de Conselhos Tutelares Pessoas atendidas 13.901 8.296 15.075.486,00 6.507.401,00 (20.000 inscritos em restos a pagar) Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do 193 0153 0904 Adolescente/ Apoio a Projetos de prevenção da Violência nas Escolas SEDH/PR e FNCA Apoio a projetos envolvendo a comunidade escolar p/ prev. da violência Escolas/ organizações apoiadas 16 10 2.703.526,00 1.121.210,00 (249.840 inscritos em restos a pagar) SEDH/PR e FNCA Promoção de mobilização nacional em prol da universalização do registro de nascimento PUP 4641 – 148.010,00; 0883 – não consta na base de dados 4641 – 0; 0883 – não consta na base de dados N/T Módulos 0732 – 4 módulos implantados; implantados 0732 – 13 módulos redes 1785 – 20 redes implantados implantadas; e implantadas 1785 – 0 Registro 4966 – 1 registro 4966 – 0 mantido. mantido 0732 – 1.130.107,00 2.130.107; 1785 – 197.016,00; e 4966 – 49.005,00 0732 – 881.080,00 1785 - 0; e 4966 0 190 0698 3930 194 0153 Promoção e Defesa dos 4641 Direitos da Criança e do e Adolescente/ Publicidade de 0883 Utilidade Pública Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente/ Apoio à Implantação de Módulos do Sistema de Informações para a 0732 Infância e a Adolescência 1785; 195 0153 (Sipia); Implantação de rede e de identificação e localização 4966 de crianças e adolescentes desaparecidos; Cadastro Nacional de Crianças Passíveis de Adoção e Famílias Pretendentes SEDH/PR e FNCA Nível de Execução B/A Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Órgão resp. FÍSICA Subação FINANCEIRA Descritor da Meta Meta Proposta Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente/ Capacidade de 196 0153 6247 profissionais p/ promoção e defesa dos direitos das crianças e adolescentes SEDH/PR N/T Pessoas capacitadas 9.108 8.616 3.043.729,00 Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do 4641 Adolescente/ Apoio a serviços 197 0153 e de atendimento a crianças e 0736 adolescentes sob medidas de proteção SEDH/ FNCA N/T Crianças/ adolescentes atendidos 0736 – 30.500 0736 – 9.395 0736 – 13.283.800,00 0736 – 5.227.416,00 SEDH/PR N/T Pessoas capacitadas 756 175 302.696,00 130.332,00 Brasil Escolarizado/ Apoio à distribuição de material 199 1061 0978 didático p/ promoção de uma cultura de paz nas escolas de ensino fundamental MEC N/T Alunos beneficiados Valorização e Formação de Professores e Trabalhadores da Educação/ Apoio à 200 1072 0976 capacitação de educadores p/ a promoção de uma cultura de paz nas escolas de ensino fundamental MEC N/T Profissionais capacitados Proteção da Adoção e combate ao Seqüestro Internacional/ Capacitação. 198 8017 6262 de técnicos em processos de adoção e seqüestro internacional de crianças e adolescentes. Sub-Total - III IV – Combatendo HIV/AIDS 4.690.605.202,00 2.062.580,00 4.586.226.839,12 Nível de Execução B/A Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação • Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) A) Prevenção da transmissão das DST/AIDS Vigilância, prevenção e Atenção em Hiv/aids e Outras Doenças Sexualmente Transmissíveis/Promoção à Saúde e às Práticas Seguras de 201 1306 2721 prevenção e Proteção dos Direitos Humanos das Pessoas Vivendo com HIV-Aids e Outras Doenças Sexualmente Transmissíveis Prevenção da transmissão das DST/AIDS Garantir acesso ao preservativo masculino a adolescentes de 15 a 19 anos preservativos distribuídos 400.000 667.000 61.000.000,00 58.857.601,35 MS Apoio aos órfãos infectados pelo HIV/AIDS Pessoa atendida 235.000 255.000 50.000.000,00 49.964.187,93 MS Garantir o suprimento da fórmula Láctea infantil à crianças filhas de mães soro positivas por 6 meses Continuação anterior Continuação anterior Continuação anterior Continuação anterior MS B) Apoio a crianças e adolescentes infectados pelo HIV/AIDS Vigilância, prevenção e Atenção em Hiv/aids e Outras Doenças Sexualmente 202 1306 4327 Transmissíveis /Atenção à Saúde das Pessoas com HIV-Aids e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis. C) Atenção aos órfãos e filhos de mães soropositivos Vigilância, prevenção e Atenção em Hiv/aids e Outras Doenças Sexualmente 203 1306 4327 Transmissíveis/ Atenção à Saúde das Pessoas com HIV-Aids e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis. Sub-Total - IV Total Fonte: Ministérios setoriais Elaboração: Ipea/DISOC (**) dados apropriados Pessoa atendida 111.000.000,00 108.821.789,28 11.710.878.835,14 11.173.600.272,28 Nível de Execução B/A Quadro Detalhado do Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente Ações e Orçamento METAS Nº Nº Nº Programa/ Ação do PPA Prog Ação Órgão resp. FÍSICA Subação Descritor da Meta Meta Proposta FINANCEIRA Meta Realizada Lei+Crédito autorizado (A) Liquidado (B) Nível de Execução B/A (***) Dados estimados a partir dos convênios celebrados **1 Esta ação teve sua execução financeira apropriada na proporção de 56,16%, correspondente ao percentual de indígenas entre 0 e 18 anos vivendo em aldeias de acordo com informações da FUNAI. A meta física não foi apropriada. **2 Esta ação teve sua execução financeira apropriada na proporção de 33%, correspondente à proporção da população de 0 a 18 incompletos na população brasileira, segundo dados do IBGE/PNAD 2004. A meta física não foi apropriada. **3 Esta ação teve sua execução financeira apropriada na proporção de 31%, correspondente aos gastos com internações hospitalares realizados no Sistema Único de Saúde - SUS - com a população de 0 a 19 anos, conforme dados do Ministério da Saúde. A meta física não foi apropriada. **4 Esta ação teve sua execução financeira apropriada na proporção de 14%, correspondente à participação de crianças e adolescentes com deficiências no total da população portadora de necessidades especiais, segundo dados do IBGE/Censo 2000. A meta física não foi apropriada **5 Esta ação teve sua execução financeira apropriada na proporção de 14%, correspondente à participação de crianças e adolescentes com deficiências no total da população portadora de necessidades especiais, segundo dados do IBGE/Censo 2000. A meta física não foi apropriada. Os dados físicos e financeiros foram pedidos p/ a data de 10 de julho de 2004, porém algumas informações vieram em data diferente. *** a partir de 2005 o MS não trabalha mais com a lógica de kits, portanto a meta foi modificada para municípios atendidos *** As ações de nº 29 a 36 tiveram o valor único de R$ 5. 230.000,00 mil para executar todas as ações . Foram realizados 23 convênios com 12 municípios e 11 estados para a realização destas ações *** A ação de nº 33 foi realizada em conjunto com a área da saúde da mulher *** As ações de nº 36 a 38são referentes a implantação da portaria interministerial nº 1426 e portaria SAS nº 340 para a atenção à saúde integral de adolescentes privados de liberdade *** A ação nº 36 não pode ser realizada pois os estados de PI/SE/DF e AC só concluíram o processo de habilitação nestas portarias no final de 2006. *****1 Esta ação teve sua execução financeira apropriada na proporção de 56,16%, correspondente ao percentual de indígenas entre 0 e 18 anos vivendo em aldeias de acordo com informações da FUNAI. A meta física não foi apropriada *****2 Esta ação teve sua execução financeira apropriada na proporção de 56,16%, correspondente ao percentual de indígenas entre 0 e 18 anos vivendo em aldeias de acordo com informações da FUNAI. A meta física não foi apropriada *****3 Esta ação teve sua execução financeira apropriada na proporção de 56,16%, correspondente ao percentual de indígenas entre 0 e 18 anos vivendo em aldeias de acordo com informações da FUNAI. A meta física não foi apropriada