1 universidade federal do paraná mariana bonat trevisan as aias

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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
MARIANA BONAT TREVISAN
AS AIAS INÊS DE CASTRO E MARIA DE PADILHA NAS CRÔNICAS DE PERO
LOPEZ DE AYALA E FERNÃO LOPES (SÉCULOS XIV E XV)
CURITIBA
2009
2
MARIANA BONAT TREVISAN
AS AIAS INÊS DE CASTRO E MARIA DE PADILHA NAS CRÔNICAS DE PERO
LOPEZ DE AYALA E FERNÃO LOPES (SÉCULOS XIV E XV)
Monografia apresentada à disciplina de
Estágio Supervisionado em Pesquisa
Histórica como requisito parcial à
conclusão do Curso de História, Setor de
Ciências Humanas, Letras e Artes,
Universidade Federal do Paraná.
Orientadora: Profa. Dra. Marcella Lopes
Guimarães
CURITIBA
2009
3
AGRADECIMENTOS
À minha mãe Yara, minha grande professora, pelo incondicional apoio desde sempre.
Ao meu pai Nilo, meu grande exemplo e inspiração de homem de saber e ciência.
À minha irmã Cristiane, pelas frutíferas discussões acadêmicas da jornalista versus
historiadora.
Ao meu namorado Luiz Filipe, pelo amor devotado, pelo companheirismo desde o
primeiro ano do curso, pela paciência ao ouvir minhas dificuldades e por sempre apontar um
caminho positivo para todos os problemas.
Ao meu padrinho Pedro e minha madrinha Sílvia, por sempre acreditarem na sua
afilhada.
A todos os meus amigos, que compartilharam comigo as angústias e alegrias da vida
acadêmica. Em especial à Tamyres, Mariana, Tanara, Robson e Philippe.
À Angela, por seu exemplo, por sempre me motivar na pesquisa acadêmica e por toda
a ajuda e conselhos.
À professora Fátima, por me inspirar no estudo do mundo medieval e com a história
de Inês de Castro.
À minha orientadora Marcella, por toda a atenção, dedicação, compreensão e por ter
me fascinado no estudo da Idade Média Ibérica.
À professora Renata, por me iniciar na pesquisa histórica.
4
RESUMO
Neste trabalho, objetivou-se empreender a análise da construção de duas personagens femininas em crônicas
régias do final da Idade Média na Península Ibérica. O mundo das cortes aparentemente se constituía de um
espaço predominantemente masculino, no entanto, a historiografia atenta para a presença feminina neste meio
em um mesmo propósito de estabilidade e proximidades aos reis. Neste sentido, ressaltamos a figura das aias
Inês de Castro (1325-1355) e Maria de Padilha (1335-1361). A primeira se estabelece em Portugal e torna-se
amante do rei Pedro, o Cru (1320-1367); já a segunda, em Castela, envolve-se com o rei Pedro, o Cruel (13341369). Inês e Maria têm suas imagens construídas na Crónica de D. Pedro I, do português Fernão Lopes (13801459), e na Cronica del Rey Don Pedro, do castelhano Pero Lopez de Ayala (1332-1407). As obras destes
cronistas constituem dois dos primeiros relatos oficiais a respeito dessas duas importantes individualidades
femininas ibéricas, as quais acabaram ao longo do tempo se tornando mitos da cultura e artes espanhola e
portuguesa, encontrando também referências no Brasil. A visão expressada por Ayala e Fernão Lopes parte de
um ponto de vista masculino e político, visto que ambos escreveram crônicas para justificar e legitimar dinastias
às quais serviam. Porém, suas obras também contêm a subjetividade inerente a todo discurso. Partindo destes
pressupostos, buscamos realizar nosso trabalho sobre as fontes, perpassando os estudos da História Política e
Cultural, dialogando história e literatura, além de problematizar o domínio da História das Mulheres.
Palavras-chave: Representações femininas. Cortes ibéricas. Crônicas régias.
5
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................6
1. AS MULHERES NO MEDIEVO: OS LUGARES FEMININOS NOS DISCURSOS
LAICOS E CANÔNICOS......................................................................................................13
2. AS MULHERES NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES E PERO LOPEZ DE
AYALA ....................................................................................................................................22
2.1 OS CRONISTAS, SEUS CONTEXTOS E SUAS OBRAS........................................................... 22
2.2 ALGUNS PERFIS FEMININOS NAS CRÔNICAS DE PERO LOPEZ DE AYALA E FERNÃO
LOPES .......................................................................................................................................31
2.2.1 Perfis femininos na Cronica del Rey Don Pedro, de Pero Lopez de Ayala ....................31
2.2.1 Perfis femininos na Crónica de D. Pedro I, de Fernão Lopes .........................................37
3. MARIA DE PADILHA E INÊS DE CASTRO NAS CRÔNICAS DE PERO LOPEZ
DE AYALA E FERNÃO LOPES..........................................................................................41
3.1 A DAMA E OS CRONISTAS: MARIA DE PADILHA NOS RELATOS DE PERO LOPEZ DE
AYALA E FERNÃO LOPES ......................................................................................................41
3.1.1 Maria de Padilha na crônica de Pero Lopez de Ayala: “muger de buen linage, é fermosa,
é pequeña de cuerpo, é de buen entendimiento”......................................................................41
3.1.2 Maria de Padilha na crônica de Fernão Lopes: “tal voontade pos elRei em ella, que já
nom curava de casar com Dona Branca” ................................................................................48
3.2 A DAMA E OS CRONISTAS: INÊS DE CASTRO NOS RELATOS DE PERO LOPEZ DE
AYALA E FERNÃO LOPES ......................................................................................................51
3.2.1 Inês de Castro na crônica de Pero Lopez de Ayala: “é teniala el Infante Don Pedro por
quanto era muy fermosa, é aviale tomado despues que morió la Infanta Doña Costanza” ...51
3.2.2 Inês de Castro na crônica de Fernão Lopes: “elRei Dom Pedro a Dona Enes como se
della namorou, seemdo casado e aimda Iffamte, de guisa que pero dela no começo perdesse
vista e falla” .............................................................................................................................57
CONCLUSÃO.........................................................................................................................68
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................74
APÊNDICES ...........................................................................................................................78
ANEXOS ...............................................................................................................................138
6
INTRODUÇÃO
A Baixa Idade Média e especificamente o período que é considerado o seu final, os
séculos XIV e XV, foi um contexto bastante agitado e conturbado, ainda que não possamos
insistir na visão perpetrada por grande parte da historiografia pós-iluminista que se referia ao
Medievo como a “Idade das Trevas”. Conforme Jacques Le Goff, em seu livro As raízes
Medievais da Europa, os séculos XIV e XV foram marcados por eventos como a Peste Negra
(que criou uma sensibilidade ligada ao medo da morte e uma nova forma de devoção a santos
especializados na cura), crises econômicas, grandes fomes, processos de militarização com o
desenvolvimento de exércitos e armas, revoltas populares, o Cisma da Igreja do Ocidente
(com a disputa entre os Papados de Roma e de Avinhão), entre muitos outros1. Entretanto,
devemos destacar outros processos advindos já do século XIII, como a expansão do comércio
e reflorescimento das cidades, o desenvolvimento das Universidades e da cultura em geral
(como exemplo, o surgimento da arte gótica), que certamente oferecem uma perspectiva
criadora capaz de dissuadir esse tradicional aspecto outonal do período medieval2. . Este
desenvolvimento cultural, provindo já de finais do século XII, tem implicações consideráveis
na produção de saberes e expansão da escrita para além do mundo clerical (o qual
anteriormente detinha este domínio)3. A Europa Ocidental acompanha uma laicização do
saber, uma produção intelectual e literária gerada em meios laicos, essencialmente nas cortes
de reis, espaços em ascensão no Baixo Medievo.
Na Península Ibérica, segundo Antônio Henrique de Oliveira Marques, os aspectos
gerais que fazem parte do contexto europeu do fim do Medievo irão se refletir, mas de uma
forma particular, de acordo com as especificidades ibéricas4. Tanto Portugal quanto a Espanha
passavam pelo processo de Reconquista e a influência islâmica constituía um fato singular,
mas fora isso, o objetivo de expulsão dos muçulmanos da Península provocava também um
fortalecimento da figura dos monarcas na liderança contra o inimigo mouro e certa união dos
1
LE GOFF, J. As Raízes Medievais da Europa. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2007. (Capítulo VI: “Outono da
Idade Média ou primavera dos novos tempos?”). Passim.
2
A expressão referente ao aspecto “outonal” do fim do Medievo foi utilizada por Jacques Le Goff no sexto
capítulo de sua publicação citada acima, em referência aos livros de Philippe Wolff, Outono da Idade Média ou
primavera dos novos tempos, de 1986, e de Johan Huizinga, O outono da Idade Média, de 1919.
3
4
VERGER, J. Homens e Saber na Idade Média. Bauru, SP: EDUSC, 1999. pp. 13, 14.
OLIVEIRA MARQUES, A. H. de. Breve História de Portugal. Lisboa: Editorial Presença, 1995. (Cap. III: O
Estado Feudal). p. 79.
7
nobres perante esta meta. Desta forma, os reis dos territórios ibéricos passaram a buscar
sempre uma maior centralidade e afirmação de seu poder, o que também veio gerar diversas
crises dinásticas e disputas pelas coroas, tanto internamente quanto entre os reinos.
Neste contexto, consoante a historiadora Fátima Regina Fernandes, a nobreza ibérica
circulava entre as cortes régias seguindo um princípio não de nascimento e pertença ao
território de origem, mas sim de condições de estabelecimento mais favoráveis, o que
significava que um nobre iria freqüentar a corte que mais lhe oferecesse oportunidades de
proximidade com o rei e de estabelecimento seguro5. Dentro destas cortes, em meio a esta
circulação de nobres e disputas régias iremos também observar outro importante aspecto da
vida ibérica nos séculos XIV e XV: o desenvolvimento da laicização do saber relacionado à
crônica régia. Este tipo de obra se caracteriza pela intenção de escrever a história dos reinos a
partir do governo de monarcas, utilizando de uma narrativa não só meramente descritiva, mas
crítica, capaz de mobilizar recursos estilísticos, com o intento de atrair o leitor para os
episódios que caracterizaram uma determinada dinastia ou culminaram na ascensão de outra,
visto que a crônica era uma obra encomendada por uma casa real com o objetivo também de
consolidá-la e legitimá-la junto a seus pares.
Neste panorama, temos que destacar dois cronistas que são amplamente reconhecidos
e considerados por muitos pesquisadores como os precursores do estilo tanto em Castela
como em Portugal, respectivamente: Pero Lopez de Ayala (1332-1407) e Fernão Lopes
(1380-1459). Ayala foi cronista de quatro reis a quem serviu exercendo diversos cargos:
Pedro I (1350-1369), Henrique II (1369-1379), Juan I (1379-1390) e Henrique III (13901406), sendo que a crônica deste último ficou incompleta devido à sua morte precoce6. É
preciso enunciar que o cronista começa a exercer a função a partir do governo de Henrique II
(conhecido também como Henrique Trastâmara), o qual assassinou seu irmão Pedro I em
1369 e, após disputas com o rei de Portugal, fundou a dinastia Trastâmara, o que representa,
portanto, a motivação inicial de suas crônicas. Já o cronista português, elabora suas obras no
século XV sob o contexto pós-fundação da dinastia de Avis em Portugal, tendo
provavelmente a partir de 1434 (quando já exercia a função de guardador-mor dos arquivos da
Torre do Tombo) iniciado seus escritos a mando do rei D. Duarte (1433-1438). As crônicas
que se atribuem a Fernão Lopes são referentes aos reis: D. Pedro I (1357-1367), D. Fernando
5
FERNANDES, F. R. A nobreza, o rei e a fronteira no medievo peninsular. In: En la España Medieval, 2005,
n. 28, pp. 155 e 156.
6
ALBORG, J. L.. El Canciller Pero López de Ayala. In: Historia de la literatura espanola. Madrid: Gredos,
1966-67. v. 2. pp. 170 e 171.
8
(1367-1383) e D. João I (1385-1433), a qual foi concluída por Gomes Eanes de Zurara,
sucessor de Lopes no cargo de cronista régio7.
Dentro das crônicas de Pero Lopez de Ayala e Fernão Lopes encontra-se, para além de
descrições dos reinados dos monarcas, outras questões relacionadas à globalidade da
sociedade ibérica do período, das quais destacamos a situação das mulheres nobres nas cortes
régias; pois as personagens femininas mesmo não exercendo cargos também possuem papéis
neste meio político e social. A preocupação com o estudo sobre as mulheres na Idade Média
remonta a trabalhos iniciados pelo eminente medievalista Georges Duby após a década de
1960, ganhando maior força nos anos 80 e 90, seguindo o princípio de que homens e mulheres
fazem a História juntos e por isso não há como estudar um grupo sem relacioná-lo ao outro8.
Neste sentido, a presente pesquisa se propõe a analisar as representações de duas mulheres
ibéricas em particular, presentes nas crônicas de Fernão Lopes e Pero Lopez de Ayala.
O cronista português tem presente em parte de sua obra a personagem Inês de Castro
(1325-1355), uma aia castelhana que foi à corte portuguesa acompanhar a esposa9 do futuro
rei D. Pedro I (o qual ficou conhecido como “O Cru”) e acabou se tornando amante e
preferida deste, vindo posteriormente a morrer tragicamente, assassinada a mando do ainda rei
Afonso IV (1325-1357), pai do ainda infante Pedro. Já a segunda personagem se chamava
Maria de Padilha (1335-1361) e também era uma aia, mas em Castela, onde iria se envolver
da mesma forma com o rei Pedro I (o qual teria ganhado o epíteto de “O Cruel” e era sobrinho
do homônimo português), morrendo jovem assim como Inês, mas não por assassinato como
esta e sim de peste. O que pretendemos em nossa pesquisa é analisar como os cronistas citam
essas mulheres, em que situações, quais as suas atuações nos meios em que elas estavam
inseridas, mas sem desconsiderar a importância da análise das fontes como um discurso
subjetivo dos autores.
Nossa problemática, portanto, encaminha-se no sentido de compreender como as aias
Inês de Castro e Maria de Padilha, através de seus envolvimentos afetivos com os reis de
Portugal e Castela, respectivamente, interferiram na vida política de ambos os reinos. De que
forma pode-se perceber a atuação dessas mulheres e as reverberações de seus atos a partir dos
relatos presentes nas crônicas de Fernão Lopes e Pero Lopez de Ayala. Nosso objetivo,
7
SARAIVA, A. J & LOPES, O. História da Literatura Portuguesa. Porto: Porto Editora-Empresa Literária
Fluminense, s/d.. pp. 119-121.
8
DUBY, G. & PERROT, M. História das mulheres no Ocidente - A Idade Média. Porto: Afrontamento,
1990. v.2 . (Introdução).
9
Dona Constança Manuel (1318-1345), nobre castelhana e neta do rei Fernando III de Leão e Castela (12171252).
9
portanto, é analisar as personagens nas obras dos dois cronistas, buscando compreender quais
papéis estes atribuem a estas mulheres, como elas aparecem nas narrativas dos reinados de
Pedro, o Cru, de Portugal e Pedro, o Cruel, de Castela.
A análise que pretendemos desenvolver a partir da problemática exposta, conduz-nos à
realização de um estudo ligado às dimensões historiográficas da História Política e da História
Cultural. No âmbito do político, consideramos a definição geral que José D’Assunção Barros
elenca em seu livro O Campo da História, de que o trabalho historiográfico dentro da História
Política é naturalmente o enfoque no Poder; este Poder pode ser tanto o estudo do poder
estatal até o estudo dos micropoderes que aparecem na vida cotidiana10. Em nossa pesquisa é
necessário considerar que Inês de Castro e Maria de Padilha representam sujeitos que a partir
de suas ações individuais e presença nas cortes acabaram por influenciar o universo político
ao qual estavam ligadas. Portanto, trabalharemos aqui as relações inter-individuais, e suas
repercussões, que estão conectadas ao domínio do Poder nas cortes medievais ibéricas.
Adentrando no domínio cultural, consideramos as tendências ligadas à Nova História
Cultural, interessada pelos sujeitos produtores e receptores de cultura, o que abarca tanto a
função social dos “intelectuais” produtores de cultura, quanto o público receptor11. Neste
sentido, observamos para nossa pesquisa inclusive, no âmbito referente aos cronistas
medievais, que Fernão Lopes foi receptor das obras de Ayala. Perpassaremos neste vasto
universo historiográfico o estudo de diversas questões. Primeiramente, é preciso considerar
que trabalharemos com uma fonte que ao mesmo tempo pode ser considerada historiográfica e
literária, pois a crônica medieval, e especificamente as crônicas régias dos dois últimos
séculos do período, pretendem ser relatos sobre a história dos reinos durante o governo de
determinados reis. No entanto, embora seja um relato histórico não se pode deixar de
considerar que a crônica medieval constitui uma narrativa específica de seu tempo, não
podendo ser considerada uma obra historiográfica como as de nossos dias, os critérios para
sua análise precisam ser contextualizados.
Levando em consideração estas condições, em nosso trabalho realizar-se-á um estudo
interdisciplinar, no qual será efetuado um diálogo entre a história e a literatura, como vem
sendo desenvolvido por Marcella Lopes Guimarães. Para isso, serão considerados tanto os
textos de estudiosos e críticos da literatura medieval ibérica (dos quais podemos destacar
Antônio José Saraiva e José Gaspar de Oliveira Nascimento) quanto os trabalhos de
10
BARROS, J. D’A. O Campo da História. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2004. pp. 106 e 107.
11
Ibidem. p. 61.
10
historiadores a respeito dos cronistas Fernão Lopes e Pero Lopez de Ayala (tais como Oliveira
Marques e Susani Lemos França). A partir deste estudo, poderemos analisar as crônicas tanto
em seu caráter de narrativa que pretende ser fidedigna do passado, quanto em seu caráter
literário, com linguagem e recursos estilísticos específicos. Neste sentido, entendemos que
nossas fontes precisam, portanto, serem trabalhadas como documentos da cultura letrada e
como representações do real, discursos imbuídos de subjetividade produzidos por sujeitos
ligados à intelectualidade ibérica do período.
Para além deste estudo relacionado com as fontes e seus produtores devemos
considerar que iremos tratar das representações que os cronistas fazem das personagens Inês e
Maria e não procurar conhecer como elas realmente foram ou sua história real. Desta forma,
aplicaremos ao nosso objeto a noção de que as vemos por meio de como dois homens as
enxergam, atribuem-lhes ações específicas e graus determinados de importância no âmbito do
meio político e social ao qual elas estavam ligadas. No entanto, apesar de os relatos serem
subjetivos e estarem amplamente relacionados ao compromisso que os cronistas tinham de
legitimar as casas reais às quais serviam, precisavam ser plausíveis em suas narrativas que
pretendiam ser históricas. Seu comprometimento com o relato do passado direcioná-los-ia
para o âmbito da descrição do que seria provável para mulheres do grupo social ao qual Inês
de Castro e Maria de Padilha pertenciam.
A realização de nosso estudo levou em conta uma seqüência, centrada primeiramente
na compreensão do contexto político de Portugal e Castela no século XIV; seguindo para o
estudo dos cronistas e seus contextos, juntamente com a análise do estilo de texto que
produziam, a crônica régia; adentrando em seguida nos trabalhos referentes à História das
mulheres no Medievo, incluindo nisto o estudo das relações familiares e conjugais entre a
nobreza do período.
Teve-se como etapa paralela e igualmente importante: a realização do recorte e
composição de um corpus para a análise das fontes. Referente à Crónica de D. Pedro I, do
português Fernão Lopes, utilizamos em nosso trabalho a edição portuguesa realizada pela
Livraria Civilização e pertencente à coleção Biblioteca Histórica de Portugal e Brasil - Série
Régia- publicada em 1965. Essa edição possui uma introdução elaborada pelo professor
Damião Peres12 (1899-1976), na qual este faz um panorama da vida e obra de Fernão Lopes,
dedicando atenção especial à análise do texto da crônica em questão. Compõem a obra,
excetuando essa introdução, o prólogo do cronista e os 44 capítulos. A edição conta ainda
12
Damião Peres foi um eminente historiador português, professor da Faculdade de Letras da Universidade do
Porto e fundador da Academia Portuguesa de História.
11
com um índice onomástico, no qual podemos encontrar o nome de Inês de Castro, citado em
diversas páginas.
Com relação à Cronica del Rey Don Pedro, de Pero Lopez de Ayala, utilizamos a
edição realizada pela Real Academia Española, pertencente à coleção Biblioteca de Autores
Españoles- desde la formación del lenguaje hasta nuestros dias- e intitulada: Crônicas de los
reyes de Castilla, desde Don Alfonso El Sábio hasta los Católicos Don Fernando y Doña
Isabel. A coleção foi coordenada pelo escritor Don Cayetano Rosell. A edição que possuímos
refere-se ao Tomo Primeiro e foi publicada em Madrid, no ano de 1953. Especificamente, a
Crônica del Rey Don Pedro, de autoria de Ayala, inicia-se somente na página 392, possuindo
um prólogo elaborado por Gerónimo Zurita (cronista do século XVI), além de correções e
notas de Don Eugenio de Llaguno y Amirola (cavaleiro da ordem de Santiago e escritor da
Real Academia de História no século XVIII). A crônica é dividida pelos anos em que D.
Pedro governou, constando no total 20 anos, possuindo também capítulos internos de número
variável em cada ano. Ao final, consta o Testamento de D. Pedro I.
No trabalho com as fontes realizamos um levantamento de todos os perfis femininos
presentes em cada uma delas. Trabalhando primeiro com a crônica de Fernão Lopes,
elaboramos uma tabela em ordem numérica com os nomes de todas as mulheres que aparecem
na crônica, em quais capítulos e como elas aparecem nestes. Inês de Castro e Maria de
Padilha, receberam sua numeração, mas foram elencadas em separado, visto que elas são as
mulheres mais referenciadas no texto de Fernão Lopes e constituem as mulheres centrais de
nosso estudo. No trabalho com a crônica de Ayala, também criamos uma tabela com todas as
individualidades femininas presentes, numerando e separando igualmente Maria de Padilha, a
mulher mais citada desta crônica, e Inês de Castro, pela centralidade destas em nossa
pesquisa. A produção deste instrumento para a análise das fontes contribuiu em muito para a
concretização de nosso estudo e poderá ser aproveitado também por outros pesquisadores que
se interessam pela presença feminina nas crônicas de Fernão Lopes e Pero Lopez de Ayala,
visto que se encontra integralmente na parte referente aos apêndices da monografia.
Por fim, gostaríamos de ressaltar o porquê da escolha das personagens Inês de Castro e
Maria de Padilha como objetos principais deste trabalho. Tanto Inês quanto Maria acabaram
ao longo do tempo se tornando mitos da cultura portuguesa e espanhola, respectivamente. O
fato de estas duas mulheres permanecerem vivas na memória coletiva das sociedades ibéricas
até o presente, e inclusive da sociedade brasileira13 (no caso de Inês), mostra-nos a
13
Após Fernão Lopes, o grande responsável pela mitificação de Inês foi o grande poeta da epopéia portuguesa
Camões. Em seguida, inúmeras adaptações e readaptações da história da amante de Pedro I surgiram e
12
importância de se realizar um novo estudo sobre o tema. Mas o que se pretende ressaltar sobre
essas aias não se centrará no âmbito da criação do mito, mas essencialmente na dimensão
política de suas atuações, ao serem referenciadas substancialmente nas crônicas de Fernão
Lopes e Pero Lopes Ayala. Parece-nos fundamental voltar às fontes originais da narração de
seus sucessos, insucessos e reverberações políticas, principalmente hoje, em um mundo no
qual não se pode ignorar a efetiva participação e influência feminina no universo do poder.
continuam até hoje, tanto na literatura, como na pintura e no teatro. Percebe-se também pela influência
portuguesa na literatura brasileira, seja por um poema de Olavo Bilac dedicado à Inês ou até mesmo por
mensagens psicografadas pelo médium Chico Xavier:
- “Ao alto esguicham,
Inês e Pedro, com gentil meneio,
Que a um e outro faz arfar o seio,
Meigos cochicham.”.
(In: BILAC, O. Vossa insolência. São Paulo, Companhia das Letras, 1996).
- Quanto às mensagens de Chico Xavier há inclusive um livro publicado pela editora GEEM contendo-as,
intitulado Mensagens de Inês de Castro.
13
1. AS MULHERES NO MEDIEVO: OS LUGARES FEMININOS NOS DISCURSOS
LAICOS E CANÔNICOS
Como etapa introdutória para a análise que faremos a respeito das representações de
Inês de Castro e Maria de Padilha nas duas crônicas régias de finais do medievo, é necessário
proceder a discussão fundamental referente a visões sobre mulheres construídas por homens
neste período, bem como as idealizações que estes faziam dos lugares do feminino em suas
sociedades. A discussão privilegiada aqui está relacionada em sua maior parte às mulheres
dos estratos sociais mais favorecidos, devido ao fato de as fontes disponíveis para estudo em
sua maioria se referirem às mulheres desta camada da sociedade, o que acaba convergindo
com nosso trabalho no sentido de que nossas personagens centrais pertencem à nobreza. No
entanto, no item subseqüente, abordaremos exemplos de mulheres de estratos mais populares,
pois elas existem nas fontes específicas de nosso estudo, especialmente na crônica de Fernão
Lopes.
A preocupação com o estudo sobre as mulheres na Idade Média remonta a trabalhos
iniciados pelo eminente medievalista Georges Duby após a década de 1960, ganhando maior
força nos anos 80 e 9014, seguindo o princípio de que homens e mulheres fazem a História
juntos e por isso não há como estudar um grupo sem relacioná-lo ao outro15. Para o referido
medievalista, citado por Maria Eurydice Ribeiro, é essencial perceber como o discurso
masculino concede espaço importante às mulheres16. Neste sentido, convém destacar que
trabalhos deste tipo, os quais serão discutidos neste capítulo, encontram-se fundamentalmente
relacionados, conforme as distinções historiográficas estabelecidas por José D’Assunção
Barros em sua importante publicação O Campo da História, às dimensões da História
Cultural e da História do Imaginário, além da História Política; já em relação ao domínio, a
História das Mulheres e à abordagem, a História dos Discursos17. Visto que se está tratando
de imagens, visões, representações de uma cultura letrada, construídas por sujeitos de uma
determinada época. Além disso, tais sujeitos estão ligados à esfera do poder nessas
sociedades, seja do poder laico ou do poder clerical, pois elaboraram discursos a partir de uma
14
MEDEIROS, S. K. L. de. A mulher nobre portuguesa e o poder senhorial o século XIV. In: MEGIANI, A. P.
T. & SAMPAIO, J. P. (Orgs.) Inês de Castro: A época e a memória. São Paulo: Alameda, 2008. p. 32.
15
DUBY, G. & PERROT, M. História das mulheres no Ocidente - A Idade Média. Porto: Afrontamento,
1990. v. 2. pp. 7 e 8.
16
DUBY, G. Apud RIBEIRO, M. E. Georges Duby, o prazer da História. In: Revista Signum. São Paulo, n. 4,
2002. pp. 235 e 236.
17
BARROS, J. B D’. Op. Cit. pp. 15-21.
14
demanda destes poderes. Por fim, temos que os objetos analisados dos discursos destes
homens são as representações de mulheres e por isso a ligação com o domínio da História das
Mulheres. Com relação a esta questão, em um dado trecho de sua obra Eva e os Padres –
Damas do século XII, Georges Duby faz uma importante observação quanto ao trabalho de
busca das representações femininas em obras escritas por intelectuais (que no caso de seu
estudo eram do meio clerical):
Não tenho muita ilusão. O que escreveram sobre o cotidiano da existência feminina tampouco
revela a verdade franca. Com efeito, são homens que se exprimem afogados em seus
preconceitos de homem, [...]. Assim, ainda desta vez, não hei de captar senão uma imagem
das damas do século XII. Um reflexo vacilante, deformado. 18
Esta importante constatação do historiador está substancialmente ligada à discussão
que realizaremos em todo este trabalho, pois também trataremos de imagens de mulheres
construídas por homens (ainda que não clérigos e de um contexto posterior aos analisados por
Duby).
Silvana Vecchio, em texto denominado A boa esposa (presente na coletânea História
das Mulheres – A Idade Média), afirma que os intelectuais clérigos no século XIII já olhavam
as mulheres com uma atenção renovada, sendo que as esposas têm um lugar de primeiro
plano. Estas eram as últimas na escala de perfeição, mas teriam um papel essencial na
proposição do modelo conjugal. Clérigos e leigos vinham há dois séculos travando uma
batalha na qual o centro era o controle das estratégias familiares. Era preciso repensar os
esquemas herdados da tradição. A definição da natureza sacramental e da nova doutrina
matrimonial levava em conta agora os valores da escolha conjugal. Ao contrário da política
anti-matrimonial do século XII, que se apoiou em São Jerônimo sobre os problemas da vida
conjugal, a moral conjugal do XIII fazia o elogio do matrimônio, instituído por Deus e no
Paraíso Terrestre preservado do Dilúvio19.
A literatura teológica pastoral reflete sobre modelos para os casais, baseando-se em
todo o repertório das Escrituras e da Patrística. Os textos aristotélicos começam a aparecer
também neste momento, servindo de base para questões como a figura do chefe de família, e
do espaço doméstico como o lugar feminino.Com relação às obrigações dos esposos, a autora
aborda o dever da mulher de amar o marido incondicionalmente. Vecchio expõe sua visão de
que o marido é o elemento central da vida da mulher, e é com relação a ele que girará todo o
18
19
DUBY, G. Eva e os padres. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. pp. 7,8.
VECCHIO, S. A boa esposa. In: DUBY, G. & PERROT, M. História das mulheres no Ocidente - A Idade
Média. Porto: Afrontamento, 1990. v.2. p. 144.
15
sistema de valores que é imposto aos cônjuges. O amor da esposa (dilectio) resume em alguns
casos os deveres da mulher com relação ao esposo. Mas quando se fala de amor conjugal são
previstas distinções20.
Gilberto de Tournai (1209-1284), pregador preocupado com as questões conjugais,
define dois tipos de amor: o amor carnal, alimentado pela luxúria e excesso (assimilável ao
adultério, produzindo os mesmos efeitos nefastos, tal como a loucura); e o verdadeiro amor
conjugal, definido como social, uma vez que estabelece uma relação de paridade. O clérigo
pinta um quadro da vida comum, no qual a reciprocidade do amor garante serenidade,
honestidade e paz ao lar, a fidelidade também é prevista como objetivo comum e que garante
a salvação21.
Homem e mulher devem se amar auxiliando-se para a salvação, no entanto, o amor
perfeito da mulher deve se opor a um amor moderado do homem (discretus). O exagero do
amor da mulher é exatamente o que é proibido ao homem, que deve amar de modo comedido.
Para clérigos como Gil de Roma (1243-1316) e Vicente de Beauvais (1190-1264) o homem
deve amar com parcimônia, sem nunca perder a racionalidade e se deixar arrastar pelo
sentimento. O desequilíbrio afetivo do casal encontra argumento válido na doutrina
aristotélica do matrimônio como uma relação de amizade entre seres desiguais. A amizade
conjugal, notam Alberto Magno (1193 ou 1206-1280) e São Tomás de Aquino (1225-1274),
funda-se na justiça. O homem é mais amado devido à sua maior racionalidade, enquanto a
mulher, menos virtuosa, recebe uma amizade menor, compatível com sua natureza. A mulher,
portanto, deve amar sem medida, mas deve também conseguir ajudar o cônjuge a amar com a
moderação que ela mesma não pode ter22.
A discussão sobre os deveres conjugais tem por fim definir a natureza e os limites da
sexualidade, não só quanto às proibições de lugar e tempo, mas, sobretudo, em relação à
doutrina do casamento, que consente o uso da sexualidade apenas como instrumento para
gerar uma prole que seja educada para evitar a fornicação. O controle da sexualidade tem um
objetivo específico: a castidade conjugal, neste sentido significa manter a atividade sexual
dentro dos limites fixados pela doutrina matrimonial. O dever conjugal implica também em
reciprocidade, bem como a exclusividade da relação e, portanto, a mútua fidelidade, requisito
indispensável ao matrimônio. No entanto, nos sermões se verificam discordâncias, alguns
20
Ibidem, p. 146.
21
Esta paridade é definida pela comparação com o caso de Adão e Eva, no qual a mulher foi criada de sua
costela para lhe servir de companheira (socia) e não serva. (VECCHIO, 1990: 149).
22
VECCHIO, S. Op. Cit. pp. 150 e 151.
16
clérigos reconhecem que a mulher guarda a fidelidade melhor que o marido, pois é controlada
por este, teme a vergonha perante os outros, teme a Deus e às leis terrenas23.
A sensação de que a fidelidade é mais vinculada à mulher torna-se evidente em textos
de inspiração aristotélica e na literatura teológico-moral que debate o adultério. Essa questão é
debatida, por exemplo, por Gil de Roma que coloca o fato de que a relação da mulher com
mais homens subverte a natural subordinação da mulher ao marido e impede a manutenção da
paz familiar, mas, sobretudo, prejudica a prole. Nisto ele inclui que a diversidade de relações
sexuais impede a geração de filhos, ressaltando o caso das prostitutas, que seriam em sua
visão mais estéreis que outras mulheres. Além disso, a promiscuidade sexual perturba a
certeza da paternidade e atrapalha a questão das heranças e do sustento aos filhos. O bem da
descendência é que se coloca no centro do discurso e regula as relações entre marido e
mulher, e a procriação como elemento da legitimação conjugal. A castidade e a fidelidade da
mulher garantem ao marido a paternidade legítima24.
Do mesmo modo, tem-se uma aparente contradição na questão do adultério, pois o
homem, sendo mais virtuoso que a mulher, ao cometer adultério está tendo uma culpa mais
grave. Por outro lado, as conseqüências da infidelidade são graves para ambos,
compreendendo uma gama de pecados que vão da luxúria à traição, do sacrilégio ao furto,
repercutindo em danos para com os filhos (tanto para os legítimos, que ficam sem a herança
pela presença dos bastardos, quanto para os ilegítimos, expostos pela incerteza do nascimento
ao risco do incesto).
Já para o século XV, Silvana Vecchio ressalta que a questão matrimonial agora passa a
interessar também à literatura humanística, que tira sua concepção laica do casamento e da
família diretamente da tradição aristotélica, passando a enxergar a ética do matrimônio fora
do âmbito religioso. As esposas do mundo greco-latino fiéis e pudicas, como Penélope e
Andrômaca, passam a figurar mais que as santas da tradição judaico-cristã. Desta forma, o
marido mantém o lugar central e a obediência feminina segue do mesmo modo25.
A instituição do casamento constitui parte fundamental do estudo sobre as mulheres no
Medievo. Paulette L´Hermitte-Leclerq, no texto A ordem feudal (séculos XI-XIII)- as
mulheres nas estratégias familiares e sociais, afirma que o matrimônio como sacramento foi
tomando forma no século XII. Em comparação com os outros sacramentos, conservava uma
23
VECCHIO, Op. Cit. p. 152.
24
Ibidem, p. 153.
25
Ibidem, p. 174, 175 e 176.
17
dose de mácula, devido à luxúria natural que era exigida para que os homens se
multiplicassem. As exigências para se fazer uma união eram várias, mas havia, sobretudo, que
evitar o incesto. As precauções, portanto, foram levadas mais longe, pois os parentes
espirituais, os parentes consangüíneos e os por afinidade foram excluídos até o sétimo grau.
Outra particularidade do casamento neste tempo é que era uma concepção de laço não bipolar,
mas triangular: Deus, homem, mulher. Além disso, advindo do costume romano, foi
estabelecido para a união indissolúvel o livre consentimento dos esposos, a comparar com a
união não consumada perfeita de Maria e José. A conseqüência do lugar dado ao
consentimento era o fato de não ser o padre quem realizava o casamento. A presença do
padre, conforme afirma L`Hermite-Leclerq, só se torna estritamente necessária para a
validade do vínculo apenas depois de 156326. No caso do casamento declarado por Pedro I de
Portugal com Inês de Castro, já no século XIV, há a citação da presença de um tabelião na
realização da cerimônia e não de um padre, como observaremos adiante.
Com relação à questão matrimonial e a definição de suas normas de controle pela
Igreja, temos também a discussão proposta por Marcelo Pereira Lima (em seu artigo
Probatum per testes: a noção de público nas decretais pontifícias sobre o matrimônio no
início do século XIII), que procura demonstrar como no papado de Inocêncio III (1198-1215)
as instituições pontifícias se esforçaram em deslocar o casamento da esfera privada para a
pública, estabelecendo constantes compromissos com seus interlocutores sócio-culturais e
políticos. O autor discute o papel das testemunhas nos processos jurídicos sobre o matrimônio
direcionados aos tribunais papais do início do século XII, demonstrando as diversas formas de
negociação e compromissos assumidos pelas instituições coercitivas em questão. O destaque
está nas relações entre o ideal matrimonial assumido pelo papado e as práticas legislativas,
acentuando os ajustes que estas últimas suscitaram na política reformadora27. O que nos faz
refletir em como as normas não possuem uma aplicação efetiva na prática, passando sempre
por diferentes interpretações e negociações, tanto da parte da Igreja como dos leigos.
Quanto às práticas matrimoniais, L’Hermitte Leclerq destaca que só se conhece a dos
meios favorecidos, no qual o casamento é uma estratégia28. Nas linhagens cavaleirescas, os
26
L`HERMITE-LECLERQ, P. A ordem feudal (séculos XI-XII). In: DUBY, G. & PERROT, M. História das
mulheres no Ocidente - A Idade Média. Porto: Afrontamento, 1990. Volume II. p. 287.
27
LIMA, M. P.. Probatum per testes: a noção de público nas decretais pontifícias sobre o matrimônio no início
do século XIII. In: Videtur, Porto, n. 31, pp. 1 e 2, 2005.
28
Não que isto não pudesse ser válido para os camponeses ou o povo das cidades. (L`HERMITE-LECLERQ,
1990: p. 287).
18
filhos e, sobretudo as filhas, estavam a serviço do poder e da riqueza. As alianças
endogâmicas e os repúdios – sobretudo se a mulher era pretensamente estéril – criaram,
conforme a autora, uma poligamia sucessiva, calculada no interesse do patrimônio. Para
impor a monogamia pura (que assegurava a proteção do elemento mais fraco do casal, a
mulher) a Igreja teve que lutar durante mais de um século. Mas as armas da aristocracia eram
ainda mais fortes. A interdição dos casamentos incestuosos levava tão longe o imperativo
exogâmico que era tentador fazer valer que havia uma ligação de parentesco com o cônjuge
quando se queria a separação dele. Com o objetivo de evitar isso, as interdições foram
encurtadas até o quarto grau em 1215. Progressivamente, as tensões entre os leigos
importantes e a Igreja foram apaziguando-se. A questão do parentesco e das negociações
estabelecidas entre autoridades laicas e a Igreja estará presente em nossa discussão sobre o
possível casamento de Inês de Castro e Pedro I de Portugal.
L`Hermite-Leclerq, assim como outras autoras de nossa discussão, aborda a questão
do adultério, enfocando o problema do amor em demasia pelo cônjuge que se configura tão
grave quanto a infidelidade e destaca a diferença do sentimento amoroso naquela época e em
nossos dias, ilustrando com a repugnância dos clérigos ao carnal, sendo o essencial para eles
não a manifestação dos esposos na comunhão dos corpos e das almas, e ainda menos a
procura do prazer. Para eles importavam: a progenitura, a fidelidade e o cumprimento do
sacramento. O amor não era uma condição básica para se realizar um casamento, mas sim um
preceito posterior que indica para os já casados amarem-se. O casamento subsiste se o afeto
desapareceu e até mesmo se transformou em ódio29.
Já com relação à vida de família são colocados outros problemas, tais como o fato de
que a vida a dois tem poucas hipóteses de ser longa, porque a esperança de vida permeava os
trinta anos. A diferença de idade entre os cônjuges, além dos riscos de a mulher morrer no
parto explicam também que a viuvez e os re-casamentos fossem freqüentes e que as crianças
eram muitas vezes educadas por outras pessoas que não os pais. Tratando da vida familiar das
mulheres da nobreza, L`Hermite- Leclerq afirma que este segmento social era o mais
delicado, mais favorecido e o mais carregado de mitos. As mais conhecidas dessas damas
adquiriram aura de estrelas, o que dificulta ainda mais o trabalho dos historiadores, na medida
em que é complexo definir o estatuto, o papel, a influência e as atribuições dessas mulheres.
Neste meio se fabricam modelos culturais, visto que precisar a vida dessas mulheres em seus
sentimentos e papéis é difícil. A autora destaca os casos de rainhas que governaram em lugar
29
L`HERMITE-LECLERQ, P. Op. Cit. p. 297.
19
de seus filhos que ainda não estavam em idade para assumir o trono, tinham-se grandes damas
a quem era dado um lugar efetivo ao lado dos homens. No entanto, seu poder político só era
exercido em casos de necessidade. A mulher poderia ser chamada para a administração e
ocupar o lugar de um homem, no entanto, o fato de ser mulher nunca passa como algo
indiferente, ela não teve a mesma educação para esta vida que o homem. E desta forma,
L`Hermite Leclerq conclui, afirmando que a história dessas figuras femininas sempre tende a
reduzi-las a gerar filhos que farão a História, pois esta era considerada sua natureza e
vocação30.
Cláudia Opitiz, em O Cotidiano da mulher no final da Idade Média (1250-1500), ao
abordar a questão do livre consentimento dos noivos no casamento, afirma que numa
sociedade em que o matrimônio era meio de conservação das estruturas de poder e de
propriedade, certamente a mulher não poderia (sobretudo nas camadas sociais mais elevadas)
influenciar os planos de casamentos traçados pelas gerações mais velhas, quanto a si mesma.
E até os rapazes pouco direito tinham a mais do que as moças de decidir seu próprio
matrimônio, principalmente se eram os herdeiros de uma casa31. No caso dos infantes, futuros
reis, esta situação também poderia se dar, observaremos em nosso estudo específico como os
reis D. Pedro I de Castela e D. Pedro I de Portugal tentaram contornar este problema,
anunciando casamentos secretos com suas amantes após a morte destas.
A questão do controle exercido pelo marido é outro ponto ressaltado por Opitz ao
tratar da vida das mulheres no Medievo. Na análise de processos do “tribunal do oficial”32
parisiense dos séculos XIV e XV que tratam de problemas familiares, os casos de queixa mais
freqüente são a respeito da violência do marido, por vezes o requerimento de separação ou até
de divórcio (este entendido como mera separação de corpos e bens), o que para a autora é de
se surpreender, pois prova que as mulheres não se submetiam tão fácil ao jugo do casamento
como previam os teólogos e moralistas laicos. Mais surpreendente do que isso, foi o fato de se
encontrarem citações no tribunal de mulheres que teriam agredido e insultado o marido, o que
reforça a suspeita de que desarmonias conjugais podiam também ser de iniciativa e obstinação
30
HERMITE-LECLERQ, P. Op. Cit. p. 311-315.
31
OPITZ, C. O quotidiano da mulher no final da Idade Média (1250-1500). In: DUBY, G. & PERROT, M.
História das mulheres no Ocidente - A Idade Média. Porto: Afrontamento, 1990. Volume II. p. 362.
32
Conforme Opitz, os bispos criam no século XIII nos tribunais eclesiásticos auxiliares seus mandatários, sendo
um deles o oficial. (OPITZ, 1900, p. 366).
20
das mulheres, que queriam impor respeito pelos seus interesses, nem que fosse pela
violência33.
Com relação à sexualidade, dentro e fora do casamento, a mesma autora enfoca a questão de
ser a infidelidade masculina permitida sem conseqüências, como no dado trecho: “(...)
enquanto as normas jurídicas e a mentalidade pretendiam condenar as mulheres adúlteras
com a pena de morte, os homens casados com o mesmo comportamento escapavam
impunes”34. O que evidenciava também a presença dos bordéis públicos que desde o século
XIV se encontravam em todas as cidades, canalizando as necessidades sexuais masculinas. As
multas para os casados apanhados nesses lugares eram suaves, enquanto clientes judeus
flagrados por autoridades, por exemplo, eram expulsos da cidade para toda a vida.
Com relação à vida conjugal no seio da nobreza, a historiadora destaca que o espaço
de ação das mulheres desse meio era determinado pelo poder econômico, de que elas, mesmo
como mulheres casadas, poderiam dispor. A vida conjugal caracterizava-se pela escassez do
tempo passado em conjunto e de emoções intensas; a intimidade consistia essencialmente no
uso comum do quarto de dormir (o que também não acontecia regularmente). A pouca
convivência poderia ainda ser acentuada quando a mulher morria precocemente em um parto,
vindo o marido então a casar-se novamente para dar uma mãe a seus filhos; ou quando o
contrário acontecia e a mulher poderia muitas vezes desposar um homem mais novo que seu
antigo cônjuge. O casamento neste momento não era algo previsto pra vida toda, mesmo
sendo difícil precisar quanto duravam as uniões, estima-se que um grande número de
matrimônios durassem apenas de 10 a 15 anos35. No sentido oposto, a Igreja procurava impor
a indissolubilidade do casamento, bem como mostrar o “amor conjugal” como um
fundamento da união cristã. No entanto, a busca de definição para esse sentimento mostra
como o amor não pertencia de forma natural ao casamento36.
Demonstramos nesta parte inicial de nosso trabalho lugares e representações para as mulheres
no Medievo, enfatizando o lugar feminino nas estratégias familiares e no matrimônio, bem
como nos casos de adultério. Como encerramento desta discussão, destacamos um exemplo
de grande destaque: de Leonor da Aquitânia (1124-1204). Conforme Georges Duby, em seu
livro Heloísa, Isolda e outras damas no século XII, a dama foi cercada no decorrer da História
33
Ibidem, pp. 367 e 368.
34
Ibidem, p. 369.
35
Ibidem, p. 374.
36
Ibidem, p. 374 e 375.
21
de interpretações mitificadas. Ao tentar reconstruir a história de Leonor, Duby analisa fontes
produzidas por clérigos que a caracterizaram como exemplo feminino negativo. Leonor era
neta de Guilherme IX (1101-1126), herdeira do Ducado da Aquitânia e uma filha sem irmãos;
por estes motivos, um excelente partido. Casou-se primeiramente com Luís VII da França
(1120-1180) que, segundo as fontes de Duby37, acabou se apaixonando por ela. O amor do rei
pela bela mulher38 foi criticado pelo excesso de paixão e falta de temperança; o que condiz
com o imaginário que analisamos anteriormente, no qual o homem teria como meta não
dedicar tanto sentimento à mulher quanto esta lhe deveria. Os ciúmes do marido entre outras
questões teriam levado a dama a pedir o divórcio, alegando ilegitimidade do casamento por
parentesco em quarto grau. Devido ao conselho do Papa, que atentara para os problemas
políticos do divórcio, Luís VII decide não conceder a separação. No entanto, após 15 anos de
união sem o nascimento de um herdeiro para o trono, o rei retoma a questão e se divorcia
devido à pretensa esterilidade da mulher.
Leonor e sua herança voltam a atrair muitos nobres e, desta vez, quem se casa com ela
é Henrique II da Inglaterra (1133-1189). Após conceber filhos que se tornariam herdeiros do
trono inglês, já aos 50 anos, Leonor é esquecida pelo marido e apóia os filhos em uma revolta
contra o pai. Fato que gerou um grande escândalo nas cortes européias, pois as mulheres não
costumavam se posicionar contra os maridos. Sendo a revolta sufocada por Henrique II,
Leonor se refugia justamente com o ex-marido, Luís VII, que a mantém no castelo de Chinon
até a morte do rei inglês39. Observamos através do exemplo de Leonor como o discurso
canônico estabeleceu uma representação desta individualidade feminina medieval, destacando
pontos negativos como o desejo do divórcio e a desobediência ao marido. Além de outras
questões, como a alegação de parentesco no casamento e condenação deste, inclusive pela
Igreja, somente em momentos convenientes politicamente; e o requerimento do marido de
separação da mulher quando esta não conseguia oferecer-lhe um varão para sucedê-lo.
37
Neste caso trata-se do texto de Guilherme de Newburgh, um monge inglês que meio século depois de Leonor
recompôs a seqüência dos acontecimentos do tempo passado. In: DUBY, G. Heloísa, Isolda e outras damas do
século XII. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. (Alienor). p. 14.
38
Com relação à tão elogiada beleza de Leonor, Duby mantém um certo distanciamento: segundo o autor seria
costumeiro, ou até obrigatório, o elogio dos escritores às damas da nobreza, mesmo as menos graciosas. Além
disso, Leonor já era a heroína de uma lenda de sedução que se espalhava pela Europa e seria natural que quem
fosse retratar a dama seria forçado a presumir sua grande beleza e capacidade de seduzir e enfeitiçar os homens.
(DUBY, 1995: p. 14).
39
DUBY, G. Heloísa, Isolda e outras damas do século XII. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. (Alienor).
Passim.
22
2. AS MULHERES NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES E PERO LOPEZ DE
AYALA
2.1 OS CRONISTAS, SEUS CONTEXTOS E SUAS OBRAS
Os séculos XIV e XV representam o que a historiografia tradicional considera o final
dos tempos medievais, um contexto marcado por inúmeras transformações e acontecimentos.
Estes eventos referem-se tanto a casos como a Peste Negra e a Grande Fome, como ao
reflorescimento das cidades, o desenvolvimento das Universidades e da cultura em geral,
como bem demonstrou Jacques Le Goff em seu livro As raízes Medievais da Europa40. Este
desenvolvimento cultural, advindo já dos séculos XII e XIII, tem implicações consideráveis
na produção de saberes e expansão da escrita para além do mundo clerical (o qual
anteriormente detinha este domínio), conforme Jacques Verger41. A Europa Ocidental
acompanha uma laicização do saber, uma produção intelectual e literária gerada em meios
laicos, essencialmente nas cortes de reis, espaços em ascensão no Baixo Medievo.
Com relação à Península Ibérica, observamos como Oliveira Marques a contextualiza
neste período, estabelecendo o que existiu de comum com as demais localidades européias
(como a devastação ocasionada pela Peste Negra e as rebeliões sociais geradas com a Crise do
século XIV) e o que ocorria de específico no mundo ibérico. Destacamos o contato estreito
com os muçulmanos, as trocas culturais advindas desta relação, bem como a luta que envolvia
a cristandade ibérica que ansiava em expulsar aquele que considerava o inimigo infiel. Esta
luta era encabeçada pelos reis que aumentavam cada vez mais a centralidade de seu poder,
reunindo os nobres no combate contra o Islã que estava em sua terra. A busca pelo poder e a
centralidade que os monarcas vinham adquirindo incitaram disputas cada vez maiores pelas
coroas, gerando crises dinásticas que afetaram tanto as relações internas quanto externas dos
reinos42.
Em meio a essas disputas e à centralidade régia, os estratos favorecidos
(essencialmente a alta nobreza) buscavam manter uma boa condição através da obtenção da
privança régia, especificamente ao lado de um monarca ao qual tivessem acesso e garantias de
benefícios. Fátima Fernandes, em artigo citado anteriormente, esclarece como se dava esta
relação entre nobreza e monarcas, abordando o conceito de extraterritorialidade dos nobres
40
LE GOFF, J. Op. Cit. pp. 220, 221
41
VERGER, J. Op. Cit. pp. 13, 14.
42
OLIVEIRA MARQUES, A. G. Breve História de Portugal .... pp. 79, 81, 92, 100 e 101.
23
ibéricos, que não se prendiam necessariamente a uma noção de território de origem e fronteira
física, buscando as oportunidades no reino em que elas melhor se apresentavam. Desta forma,
a fidelidade a um rei e dedicação de serviços a este será de certa forma uma opção de um
nobre, que decidiu se aproximar e tentar obter a privança régia do monarca com o qual
poderia ter maior êxito. Dentro disso, temos ainda uma noção de vassalidade régia, entendida
por Fátima Fernandes como a reguladora das relações entre os estratos privilegiados e o rei43.
É relacionado a este contexto que se encontram as figuras dos cronistas Pero Lopez de Ayala
e Fernão Lopes, produtores das fontes de nossa análise.
Porém, devemos pontuar inicialmente como se dá a construção deste trabalho com os
cronistas. Neste sentido, destacamos a reflexão metodológica realizada pelo reconhecido
estudioso Roland Barthes, em seu texto História ou Literatura?, presente em sua obra sobre
Racine. O autor estabelece uma discussão a respeito dos campos da história e da literatura e
sua comunicação em estudos de história da literatura. Nosso trabalho se relaciona com esta
dimensão na medida em que utilizamos para analisar questões históricas obras de dois
importantes autores, que mesmo escrevendo relatos de registro do passado, encontram-se no
quadro geral dos grandes autores da literatura ibérica.
Uma questão fundamental apontada por Barthes, é a dimensão da literatura como
instituição literária, e neste sentido, é necessário questionar o que era a literatura e a história
no tempo de Pero Lopez de Ayala e Fernão Lopes, qual a função exata que lhe era conferida
no período contemporâneo aos autores. Além disso, adaptando a reflexão sobre o Racine de
Barthes, para os nossos cronistas, investigar qual a condição do homem que escrevia na
Península Ibérica dos séculos XIV e XV. Apontando também para outros problemas
referentes ao meio, como o público a quem a obra era destinada. Outro ponto crucialmente
importante é enxergar as obras desses autores como produtos históricos e não como fins em si
mesmas
44
, pois as crônicas de Ayala e Fernão Lopes são relatos inseridos na mentalidade
coletiva de seu tempo. Devemos, portanto, trabalhar questões plenamente históricas: dirigidas
do presente ao passado.
Pensando-se em outro aspecto referente à análise de barthesiana, tem-se a afirmação
em dado momento que na literatura há duas postulações: uma histórica, na medida em que a
literatura é instituição e outra psicológica, na medida em que ela é criação. O primeiro objeto,
43
44
FERNANDES, F. R. Op. Cit. pp. 170 e 171.
BARTHES, R. Racine. Porto Alegre, RS: L&PM Editores, 1987. (Cap. 3: História ou Literatura?). pp. 140 e
141.
24
a instituição literária, segue o método histórico. O segundo objeto é a criação literária, a qual é
subjetiva e seu método é investigação psicológica. Relacionado a isto, tem-se a afirmação
crucial de que a função da literatura na economia geral de nossa sociedade é precisamente
institucionalizar a subjetividade. Para interpretar a relação entre uma obra e um indivíduo,
Barthes considera que é preciso alcançar uma matéria sem prova, que é a subjetividade e para
isso é necessário lançar mão de uma psicologia, mesmo esta sendo a abordagem do homem
mais marcada pelo seu tempo; a questão seria deixar clara a própria subjetividade da análise45.
Desta maneira, ao se analisar Pero Lopez de Ayala e Fernão Lopes, deve-se considerar
que a produção de um conhecimento a respeito destes autores será marcada por uma
subjetividade própria de quem os está interpretando e pela que se julga pertencer aos autores,
enquanto estes possuem a relação específica entre uma obra e um indivíduo.
Como ressalva final, comentaremos um trecho do texto de Roland Barthes postulado
para Racine:
Não exijamos da história mais do que ela pode nos dar: a história não dirá jamais o que se passa num
autor no momento em que ele escreve. Seria mais eficaz inverter o problema e nos perguntarmos o que
uma obra nos dá de seu tempo. 46
Sendo assim, é este objetivo que perseguiremos neste trabalho, pois nunca poderemos
saber o que se passava na mente dos cronistas quando estes escreveram suas obras e seus
relatos sobre mulheres, especificamente Inês de Castro e Maria de Padilha. Mas podemos
tentar entender o que significaria para o meio de Ayala e de Fernão Lopes se referirem em
suas obras às personagens femininas.
Começando com Ayala, temos primeiramente que este viveu aproximadamente de
1332 a 1407 e foi um personagem bastante interessante de seu tempo e contexto. Contando
com uma origem nobre castelhana, vivia o mundo da cultura cavaleiresca. Descendia dos
Haro por parte de pai, e da mãe vinha de Zavallos, grande solar de cavaleiros. Ainda jovem
esteve ao lado de seu pai defendendo o rei D. Pedro I de Castela, chegando a obter grande
privança com o monarca, mas com a crise ocorrida durante o reinado deste e a mudança da
sorte para o lado de Henrique II, o Trastâmara (irmão bastardo de Pedro), acabou se aliando a
este último, que derrotou seu irmão e tornou-se novo monarca de Castela, fundando a Dinastia
Trastâmara47. Neste sentido, percebemos a postura de Ayala, comum a tantos homens de seu
45
BARTHES, R. Op. Cit. p. 149,159.
46
Ibidem, p. 142.
47
GUIMARÃES, M. L. Os Trastâmara de Pero Lopez de Ayala (1332-1407) ou quando os heróis são de
acanhado fulgor. (Aguarda publicação). p. 1.
25
tempo, que optavam por servir e obter a privança do monarca que melhor poderia lhes
garantir um bom estabelecimento em seu meio. E é com o primeiro e os seguintes
Trastâmaras que Ayala optará e seguirá servindo até o fim de sua vida, obtendo todos os
benefícios (como cargos importantes) e agruras que isto poderia lhe causar (como momentos
em que esteve preso). Conforme Jose Maria Diez Borque e Ena Bordonada, Ayala apoiará
fielmente a monarquia, criticando nobres que a questionavam, e mantendo também um grande
espírito aristocrático48. Durante o reinado de Juan I, sucessor de Henrique, foi preso em
Oviedes, devido à derrota do monarca na batalha de Aljubarrota para os portugueses. Já no
reinado de Henrique III, teve importante papel na regência deste monarca enquanto este se
encontrava na menoridade e foi nomeado chanceler maior de Castela quando o rei atingiu a
maioridade. Ayala, como muitos pesquisadores comentam, foi um “homem de ação” - um
cavaleiro, político e diplomático49.
No entanto, sua figura possuía outras faces: era também um homem de saber. Como a
categoria enunciada no livro de Jacques Verger, Ayala fazia parte de um grupo de homens
que havia obtido ensino e cultura, mas ao mesmo tempo também possuía compromissos com
o poder
50
.O nível de cultura obtido ou detido pelo autor castelhano é motivo de inúmeras
discussões por parte dos pesquisadores, alguns consideram que Ayala conhecia o latim e os
autores clássicos, tendo inclusive traduzido a obra Décadas, de Tito Lívio, podendo por esse e
outros motivos ser considerado um humanista. Porém, outros pesquisadores, de linhas
historiográficas mais recentes questionam seu humanismo, considerando-o um anacronismo;
afirmando também que o clássico romano foi traduzido do francês, sendo que o que
influenciou realmente o autor castelhano foi a cultura francesa de sua própria época. No
entanto, a maioria dos historiadores concordam que Ayala provavelmente conhecia a obra de
outras importantes figuras culturais de seu tempo, como Petrarca51. Além disso, seu empenho
em traduzir obras como as dos clássicos (mesmo que provindas já do francês) e de outros
48
DIEZ BORQUE, J. M. y BORDONADA, A. E. La prosa en la época del Canciller Ayala (1351-1407). In:
DIEZ BORQUE, J. M. (Org.) Historia de la literatura española. Madrid: Guadiana, 1974. p. 379.
49
VALBUENA PRAT, A. El Canciller Ayala y el fin del siglo XIV. In: Historia de la literatura española. .
Barcelona: G. Gilli, 1950. v. 2. pp. 188-189.
50
51
VERGER, J. Op. Cit. p. 9.
FERNÁNDEZ, E. M.. Tradición e inovación en la obra cronística del canciller Ayala.In: En la España
Medieval. Madrid, n. 19, pp. 51-75, 1996. pp. 51-57.
26
autores de seu tempo, como teria feito com Boccacio (De casibus illustrium virorum52), nos
diz muito sobre a importância na divulgação do saber em seu reino que Ayala teve, ao
empreender uma ação como esta.
Como homem de saber Ayala também se dedicou à poesia, com a obra Rimado del
Palácio (concluída entre 1398 e 1404), a qual aborda uma variedade de temas, que incluem a
sátira, denotando também um aspecto de ensinamento moral53. Além desta obra, teve uma
produção em prosa denominada Libro de Ceteria o de lãs aves de caza, escrita durante seu
cativeiro em Portugal, em 1386. Para esta, Ayala teria se influenciado muito na obra de Pero
Meniño, que escreveu o Livro de Falcoaria. No entanto sua grande produção se relacionou à
crônica régia.
A crônica entendia-se neste período como o encadeamento de fatos ocorridos em
cronologia (não que esta seqüência estritamente cronológica venha se confirmar por exemplo,
em Fernão Lopes e outras do período), portanto, era um texto que pretendia contar e registrar
dados históricos. No entanto, a obra histórica desta época não pode ser interpretada como uma
de nossos dias, os critérios eram diferentes, bem como a distinção entre fazer histórico e
literário. O texto cronístico empreendido por Ayala, assim como o que veremos de Fernão
Lopes, faz parte de um contexto único dos dois séculos finais do medievo, relacionado
especificamente à crônica régia, que descreve a história dos reinos a partir da administração
de monarcas específicos e com intenções bem definidas, mas ao mesmo tempo contendo certa
crítica. Através de recursos estilísticos visava focar os eventos que marcaram uma
determinada casa dinástica ou que resultaram na ascensão de outra. O projeto cronístico que
Ayala empreendeu teria surgido no reinado de Juan I, após Aljubarrota, com o objetivo de
fixar para a nobreza castelhana (público leitor das crônicas) a “verdade oficial”, como expôs
José-Luis Martin, a respeito de um período muito agitado e conturbado de Castela54. Desta
forma, Ayala começou pela crônica do reinado de Pedro I (1350-1369), seguindo para a de
Henrique II55 (1369-1379), que derrubou o primeiro e fundou a Dinastia Trastâmara, e logo
52
MONTOLIU, M .de. Pedro Lopez de Ayala. In: Manual de la literatura castellana. Barcelona: Cervantes,
1957. p. 141.
53
CONDE, L. El canciller López de Ayala. In: Letras espanolas: histórias ilustrada de la literatura espanola
com adición de fragmentos de diversos ingenuos. Barcelona: Ediciones Hinsa, 1936. p. 176.
54
MARTÍN, J. L. Defensa y justificación de la dinastia Trastámara: lãs Crônicas de Pero López de Ayala.
Espacio, Tiempo y Forma, Madrid, n. 3, p. 157-180, 1990. Disponível em: <espacio.uned.es/fez/view.php?pid=bibliuned:ETFE60BFCF7-B94D-96DD-F495 DEFCC8D6D12E>.p. 160.
55
A qual não estaria separada da de Dom Pedro, devido à simultaneidade de acontecimentos que envolveram a
vida destes dois reis.
27
após para os sucessores Juan I (1379-1391) e Henrique III (1390-1406), este último tendo sua
crônica não concluída pelo autor.
Observamos, portanto, que Ayala escreveu a respeito dos quatro reis a quem serviu,
porém, tendo abandonado a lealdade a Pedro quando a sorte se voltou para Henrique, o
chanceler passou a apoiar a nova dinastia que surgiu com este. Desta forma, nota-se que os
relatos cronísticos dissertam a partir do ponto de vista de um nobre que acompanha os
Trastâmara e sendo assim, a imagem que Ayala vem a construir de Pedro I não poderia ser
nada lisonjeira. Ao contrário do que afirmou Valbuena Prat (ao dizer que o rei Pedro I da
crônica de Ayala é uma figura fria, dura, sombria56), percebemos na leitura desta obra o
quanto há de vivacidade e paixão na figura do monarca castelhano, o que caracteriza a
Cronica del Rey Don Pedro como a mais viva das crônicas ayalinas, segundo a análise de
vários outros pesquisadores. D. Pedro I de Castela é um rei que ficou digno de ser conhecido
como “O cruel”, que teria espalhado morte e desolação em seu reino, ao mesmo tempo em
que aparece como um monarca desesperado, que por medo de perder o controle do reino
optava por matar quem cruzasse seu caminho. Porém, mesmo se tendo a imagem negativa de
Pedro I, não se pode dizer que Ayala se prendeu a elogios o tempo todo com os Trastâmara,
pelo contrário, algumas vezes mostrou imagens nada favoráveis de Henrique II, o que
podemos entender como a subjetividade que também está presente em qualquer discurso e se
relaciona com as convicções do próprio autor, as quais compreendemos que nunca poderemos
entender com clareza.
Percebemos na análise da crônica de Pero Lopez de Ayala que embora haja um
razoável tratamento de conflitos de Castela com Portugal e Aragão, há um predomínio de
temas relacionados à atuação do rei Pedro e sua corte, com direito a um aprofundamento da
personalidade das personagens e elaboração de diálogos que dinamizam os acontecimentos. A
narração dos assuntos internos embasa a construção que o cronista faz do Cruel para legitimar
a usurpação do trono e assassinato deste rei pelo irmão bastardo, Henrique. A crônica ayalina
cobre os 20 anos de reinado de Pedro, pois contempla também acontecimentos que envolvem
seu irmão Henrique. Conforme Marcella Guimarães, em artigo referente aos Trastâmara de
Ayala, o cronista coloca no proêmio de suas obras uma advertência para a memória. Os reis e
príncipes ordenaram a escrita das crônicas para que os que lhes sucedessem pudessem
observar os exemplos narrados e viessem a praticar o bem e evitar o mal. A historiadora ainda
56
VALBUENA PRAT, A. Op. Cit. p. 190.
28
afirma que para Ayala, ações nobres não deveriam ser esquecidas, no entanto, o mal também
não o deveria, pois somente se fosse conhecido é que poderia ser evitado57.
Seguindo para a discussão acerca do cronista português Fernão Lopes colocamos em
evidência um personagem de um período um pouco posterior, mas com características
bastante distintas do castelhano Ayala. Fernão Lopes, que teria vivido aproximadamente entre
1380 e 1459, provinha de uma família que não pertencia à nobreza. Conforme Antônio José
Saraiva, Fernão Lopes estava muito distante do espírito cavalheiresco58, muito presente em
Ayala, e jamais fora homem de armas como este, mantendo-se apenas nas letras. Teria sido
um vilão de origem, pertencente pelas relações familiares à classe dos mesteirais, mas havia
obtido estudo e por isso pertencia ao grupo dos letrados59 e, quando passa a exercer funções
públicas, ao estrato privilegiado dos agentes do governo régio. Fernão Lopes começa sua vida
de homem de saber exercendo o cargo de tabelião geral ou Guardador das Escrituras do
Arquivo da Torre do Tombo em 1418. Esta posição lhe exigia grande responsabilidade (por
guardar os segredos financeiros, diplomáticos e políticos da administração) e lhe conferia a
confiança do rei. Praticamente na mesma época, Fernão Lopes foi nomeado escrivão de
D.João I e de D. Duarte60; foi também, em 1437, nomeado escrivão da puridade junto ao
infante D. Fernando. Ao contrário de Ayala, que sempre foi nobre, o cronista português foi
nobilitado em 1434, tornando-se vassalo do rei; traçando assim, uma trajetória de ascensão na
corte. No mesmo ano, o rei D. Duarte incumbe Fernão Lopes da escrita das crônicas
referentes aos reis de Portugal, sendo que as que são atribuídas como de sua autoria pela
historiografia até o momento são as crônicas referentes a D. Pedro I (1357-1367), D.
Fernando (1367-1383) e a primeira parte da crônica de D. João I (1385-1433)61.
57
GUIMARÃES, M. L. Os Trastâmara de Pero Lopez de Ayala (1332-1407) ou quando os heróis são de
acanhado fulgor. (Aguarda publicação). p. 9.
58
SARAIVA, A. J. Fernão Lopes [excerto]. In: História e Antologia da Literatura Portuguesa, século XV.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1998. p. 57.
59
Assim como ocorre com Ayala, também existem discussões a respeito do grau de estudo de Fernão Lopes,
mas comumente se admite a ele o conhecimento de historiadores latinos, da matéria jurídica e de literaturas
contemporâneas tais como Petrarca, mesmo que não se admita uma formação universitária.
60
Conforme Susani França, o escrivão da puridade gozava da intimidade do monarca, tendo sido em princípio
uma espécie de escriba particular que depois teve ampliado seu campo de atuação para os assuntos de Estado. In:
FRANÇA, S. Os reinos dos cronistas medievais (século XV). São Paulo: Annablume, 2006. p. 40.
61
Há controvérsias, alguns autores supõem que Fernão Lopes tenha escrito outras crônicas antes, pois o cronista
foi nomeado por D. Duarte para “pôr em crônica as histórias dos reis que antigamente em Portugal foram”, mas
os documentos do rei não dizem a partir de que data e reinado tinha dado tal incumbência a seu escrivão.
Conforme Saraiva, a Crônica de Afonso Henriques pode ser atribuída com boas razões a Fernão Lopes, por
exemplo. In: SARAIVA, A. História da cultura em Portugal. Lisboa: Jornal do Foro, 1950. v. 1 p. 458.
29
Assim como Pero Lopez de Ayala, o cronista português tinha comprometimento com uma
determinada dinastia, que no caso era a de Avis, iniciada por D. João após a crise sucessória
do reinado de D. Fernando. Mas diferentemente do castelhano, não tem um histórico de
mudança de posição política, visto que Ayala passou de Borgonha para Trastâmara. Fernão
Lopes esteve presente entre duas graves crises, a de 1383-1385 e a de Alfarrobeira, de 1449.
Além disso, é destacado no trabalho de Marcella Guimarães que dificilmente o cronista
assistiu incólume ao calor dos acontecimentos coevos. Da mesma forma, é observado o elo
que ligava Fernão Lopes à família real, que passava pela amizade com os irmãos D. Duarte e
D. Pedro, sendo que a morte deste marcou inclusive o afastamento do cronista de suas funções
62
.
Tendo estas questões em consideração, o ponto de vista que devia expressar era o
referente ao meio da corte régia, da nobreza, a opinião oficialmente aceita pelo grupo
dirigente. Todavia, Fernão Lopes tinha uma origem social diversa e acabou por imprimir
também esta marca em suas obras, concedendo espaço a diversos assuntos referentes a várias
camadas sociais, que não são comentadas por Ayala, mais restrito ao mundo da corte e de
espírito mais aristocrático.
Com relação à especificidade da crônica portuguesa, Oliveira Marques nos afirma que
este estilo narrativo surgiu em Portugal por influência de modelos produzidos na França, Itália
e, sobretudo, de sua vizinha Castela. O historiador continua, postulando que a crônica
distingue-se de outras formas historiográficas pela maneira como nela se encadeavam os
eventos descritos, a partir de um fio condutor narrativo e não já segundo uma ordem
estritamente cronológica. Dirigiam-se a nobres ou clérigos, sendo também escrita por
membros desses estratos sociais63. No entanto, com Fernão Lopes já observamos uma
modificação neste quesito, pois nosso cronista não provinha da nobreza nem do clero, mas era
sim um indivíduo que conseguiu ascender na corte portuguesa. No século XIV, a crônica
autóctone surge neste ambiente social e sendo já produzida em vernáculo, não mais em latim,
refletia basicamente os interesses da nobreza, os atos políticos dos reis e a legitimação do
reinado destes, sendo que neste âmbito os estratos mais populares não encontravam espaço.
As crônicas de Fernão Lopes são intituladas sim a partir do reinado de monarcas portugueses
e possuem certamente o compromisso de legitimar a dinastia que lhe pagava as tenças, no
entanto, a grande maioria dos estudiosos de suas obras aponta para o importante lugar que o
62
GUIMARÃES, M. L. Estudo das representações de monarca nas crônicas de Fernão Lopes (séculos XIV
e XV): O espelho do rei: “Decifra-me e te devoro”. 275ff. Tese (Doutorado em História) – Setor de Ciências
Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2004. pp. 40 e 41.
63
OLIVEIRA MARQUES, A. H. Ensaios de historiografia portuguesa. Lisboa: Palas, 1988. p. 18.
30
cronista concedeu em sua narrativa à “arraia miúda”, principalmente quanto a sua participação
ativa na fundação da Casa de Avis. Além disso, outra característica interessante é a
personificação que o autor faz da cidade de Lisboa, palco primordial dos acontecimentos que
darão origem a uma nova ordem no reino português.
O cronista Fernão Lopes surge no século XV acompanhando o desenvolvimento deste
tipo de composição em Portugal. Porém, conforme Teresa Amado, a influência de outros
cronistas ibéricos (notadamente a do castelhano Pero Lopez de Ayala- 1332-1407)
principalmente como fontes para a constituição de suas obras é extremamente importante. No
entanto, ao analisar as obras lopeanas a autora afirma que elas não podem ser englobadas
numa categoria geral de crônica dos séculos XIV e XV, pois encontram a especificidade do
contexto português daquele período pós-fundação de Avis64. Desta forma, seus textos
possuem características únicas que, porém, podem encontrar um isolamento menor se
comparadas a crônicas nem sequer ibéricas, mas sim européias. A semelhança se dá,
sobretudo com textos de cronistas ingleses e italianos, pois utilizando o trabalho de GivenWilson - The Writing of History in Medieval England- Teresa Amado constatou que a maioria
dos cronistas ingleses do fim da Idade Média tinham a liberdade de escrever o que
pensavam65. Ressaltando que uma das principais preocupações tanto de Fernão Lopes quanto
dos demais cronistas laicos do período era a de dizer somente a verdade sobre os fatos que
estavam narrando66, observa-se aqui uma contradição de extrema importância para a
compreensão da obra lopeana: o compromisso em dizer sempre a verdade, confrontado com a
constatação de que todo o discurso é parcial por mais que se esforce em ser objetivo, revelanos que o autor vai escrever o que julga ser a verdade; desta forma, temos que seus textos irão
exprimir a verdade do cronista e, por conseguinte, o que ele pensa sobre um determinado
assunto. No entanto, como já vínhamos atentando ao longo do trabalho, não é possível
estabelecer e distinguir o que realmente era o pensamento do cronista e o que era determinado
por seu comprometimento político. A relação que envolve o autor e sua criação, além da
interpretação que se dá quando da interferência do leitor, é muito mais complexa. Desta
forma, preferimos centrar nossa pesquisa na constatação de que através de sua linguagem e de
64
AMADO, T. Os pensamentos do cronista Fernão Lopes. eHumanista, vol. 8, p. 133-142, 2007. Disponível
em: <http://www.ehumanista.ucsb.edu/volumes/volume_08/index.shtml>. p. 136.
65
66
Ibidem, p. 137.
Quanto ao apego de Fernão Lopes em dizer somente a verdade, Susani França comenta que essa busca era o
que dava sentido à história no período, distinguindo-a da fábula. Além disso, no início da Crônica de D. João I,
Fernão Lopes condena os historiadores que se encantam com a novidade, a fremosura e afeitamento das
palavras e se afastam da simprez verdade. (FRANÇA, 2006: p.p 102, 121).
31
seu discurso o cronista produz uma imagem de seu mundo. Suas obras são produtos tanto de
uma tradição literária e historiográfica que o influenciou, como de suas experiências culturais
e sociais, para além das exigências políticas requeridas por seus financiadores. Ou seja, a
pergunta se inverte e passa para o que a obra deste cronista específico nos dá de seu tempo,
principalmente com relação a questões do imaginário.
Passando estas discussões, devemos observar uma diferença fundamental entre Ayala
e Fernão Lopes: o castelhano foi testemunha ocular de todos os reinados que descreve em
suas crônicas, já o português descreveu, em sua maior parte, governos que não viveu. Em
contrapartida, Fernão Lopes pôde fazer uma rigorosa pesquisa de fontes, pois comandava o
Arquivo do reino, além de ter recolhido testemunhos orais. Além disto, uma das fontes mais
usadas pelo autor português foi a obra cronística de Ayala, conforme bem ressaltou Marcella
Lopes Guimarães. Fernão Lopes, segundo a historiadora constrói um perfil monárquico para
D. Pedro I semelhante ao do rei homônimo descrito por Ayala67. Porém, apesar de criar
também um monarca “excêntrico”, não poderia dar a ele a mesma imagem tão negativa do
“Cruel”, afinal, D. Pedro era pai de D. João, que fundou a Dinastia de Avis, a qual o cronista
português servia. Desta forma, tem-se a imagem do “Cru” para D. Pedro, o rei que aplicava a
justiça com as próprias mãos. Obtemos aqui um panorama a respeito dos produtores de nossas
fontes históricas e delas em si, que nos auxiliará a passar para a discussão dos perfis
femininos presentes em suas crônicas.
2.2 ALGUNS PERFIS FEMININOS NAS CRÔNICAS DE PERO LOPEZ DE AYALA E
FERNÃO LOPES
2.2.1 Perfis femininos na Cronica del Rey Don Pedro, de Pero Lopez de Ayala
A crônica elaborada por Ayala a respeito do monarca Pedro I de Castela possui em seu
total 55 referências a mulheres ou grupos de mulheres diferentes (incluindo Maria de Padilha
e Inês de Castro). Sendo que a maioria delas está relacionada ao mundo da corte, às tramas
que envolviam o rei. Muitas delas aparecem como enunciativas em dadas situações da
crueldade do monarca, que tanto o cronista se empenhou em demonstrar. Outras denotam
exemplos das situações sociais comumente conhecidas quando falamos em mulheres no
67
GUIMARÃES, M. L. Estudo das representações.... pp. 107-111.
32
medievo, tal o caso das alianças matrimoniais estabelecidas entre nobres ou entre a realeza,
por exemplo. Analisaremos aqui alguns perfis femininos da crônica ayalina, selecionados por
denotarem diferentes situações vividas e espaços ocupados pelas mulheres na imagem criada
pelo cronista.
Iniciaremos com a primeira mulher citada no texto e diga-se, uma das mais citadas68: a
rainha Leonor de Aragão. Esta mulher era tia de Pedro Cruel, irmã de Afonso XI. Ayala
empreende em sua narrativa a atuação direta desta mulher em vários eventos, como por
exemplo, quando D. Pedro após realizar suas bodas com Branca de Bourbon em Valladolid
abandona-a e vai ao encontro da amante, Maria de Padilha. A rainha Leonor, juntamente com
a mãe do monarca, a rainha Maria, chora e implora ao sobrinho para que não cometa essa
atitude e permaneça com sua mulher legítima. No entanto, o rei acaba enganando-as e parte
logo depois69. Além deste momento, tem-se a descrição em várias passagens da crônica da
atuação dela perante a causa que se fez no reino a favor de D. Branca de Bourbon, pois o rei
pretendia (além de não se estabelecer com a esposa legítima) encarcerá-la. D. Leonor,
juntamente com outras importantes figuras do reino, manda cartas para várias cidades a fim de
que grandes senhores se juntassem a favor da causa de Dona Branca, objetivando fazer o
monarca abandonar a amante Maria de Padilha70. Em um discurso direto atribuído por Ayala à
Leonor, a personagem diz ao rei várias palavras com relação a voltar com D. Branca, sua
mulher legítima, e para se afastar de homens como Juan Ferrandez de Henestrosa (este, tio de
Maria de Padilha)71. Observamos, portanto, a importância e o grau de destaque que esta
mulher detém na corte castelhana, conforme Ayala, a ponto de se dirigir e aconselhar
diretamente o monarca.
Em um momento seguinte, porém, Ayala demonstra em sua crônica a mudança de
posição de Leonor de Aragão na causa de D. Branca. O que nos faz perceber uma questão
discutida anteriormente, de como tanto homens quanto mulheres procuravam obter benefícios
com a privança do monarca. Desta forma, a rainha aragonesa irá se afastar da questão de
68
Ela aparece em vários capítulos da narrativa dos anos: primeiro, quarto, quinto, sexto, nono, e décimo. O que
pode ser conferido em detalhes no apêndice que se encontra ao final do trabalho, referente à tabela das
individualidades femininas em Ayala.
69
AYALA, Pero Lopez de. Crônica Del Rey Don Pedro. In: ROSELL, D. Cayteano. (Org.). Crônicas de los
reyes de Castilla, desde Alfonso el Sábio hasta los catolicos Don Fernando y Doña Isabel. Madrid: Real
Academia Española, 1953. Año Cuarto (1353), Cap. XII, p. 433.
70
Ibidem, Año Quinto (1354), Cap. XXVI, p. 451.
71
Ibidem, Año Quinto (1354), Cap. XXXV, pp. 457 e 458.
33
Branca, após obter benefícios de D. Pedro (o rei dera-lhe a vila de Roa)72. Porém, o destino de
Leonor muda, devido ao conflito que o monarca castelhano inicia com Aragão, em 1358 D.
Pedro manda prendar a rainha e em 1359 dá a ordem para executá-la ao perceber que não
conseguiria a paz com Aragão. Episódio do qual destacamos o seguinte trecho de Ayala com
relação à morte da rainha:
[...]de lo qual ovo muy grand sentimiento en todos aquellos que amaban servicio del rey, ca era la
Reyna Doña Leonor de Aragon muy noble señora, é era su tia, fija del Rey Don Ferrando, hermana del
ReyDon Alfonso su padre”73.
Portanto, percebemos como o cronista utiliza o exemplo desta mulher, tão presente na
vida da corte, para ressaltar ao final a crueldade do monarca, que ao não saber como lidar com
a situação de conflito com Aragão, manda matar sua tia.
Passando agora para a discussão de outras duas importantes personagens da crônica,
observemos a rainha D. Maria e sua oponente, a amante do rei Afonso XI, a D. Leonor de
Guzman. Aqui temos a oposição entre a figura da rainha, personagem central do mundo
feminino da corte de finais do medievo74, e da amante do rei. A rainha Maria era filha de
Afonso IV de Portugal, portanto, irmã de D. Pedro I de Portugal, além de ter se casado com o
monarca Afonso XI de Castela e ser a mãe de D. Pedro I de Castela. D. Maria é, como Leonor
de Aragão, uma mulher muito citada na crônica ayalina, essencialmente por seu papel central
como mãe do Cruel75. Ela possui também atuação direta em vários eventos, como na tentativa
de convencimento do filho de abandonar Maria de Padilha e viver com a mulher legítima
Branca. Mas um momento fundamental é quando Ayala enuncia que ela teria mandado matar
a mulher que fora a amante de seu marido Afonso, Leonor de Guzman76. No entanto,
consideramos que a grande função da rainha Maria na crônica também está relacionada com
as crueldades cometidas pelo filho, Ayala demonstra o quanto esta mulher sofria com as
mortes que D. Pedro provocava e como o temia. Sendo fundamental o episódio em que ela
teria desmaiado ao ver vários cavaleiros serem executados por seu filho na sua frente e por
isso teria pedido para voltar para Portugal e viver no reino de seu pai. Lá Dona Maria irá
72
Ibidem, Año Quinto (1354), Cap. XXXVIII, p. 459.
73
Idem, Año Décimo (1359), Cap. IX, p. 493.
74
GOMES, R. Costa. Os indivíduos e os grupos. Os tempos da Corte. [excertos]. In: História e Antologia da
Literatura Portuguesa, século XV. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1998. pp. 17, e 18.
75
Terceira mulher citada na crônica. Aparece em vários capítulos dos anos: primeiro, segundo, quarto, quinto,
sexto, sétimo, oitavo, nono, décimo, décimo - terceiro e décimo - sétimo. (Ver apêndice, tabela das
individualidades femininas em Ayala).
76
AYALA, P. L. de. Op. Cit. Año Segundo (1351), Cap. III, p. 412.
34
morrer pouco tempo depois e Ayala levanta inclusive a hipótese de que teria sido envenenada
a mando do próprio pai, “(...)por quanto non se pagaba de la fama que oia della.”77.
Já Leonor de Guzman, bastante citada também ao longo da crônica78, aparece como a
amante de Afonso XI, que, antes de sua morte, obtinha uma excelente condição de
estabelecimento no reino, mas que depois sofreu tanto com o filho deste, Pedro I, quanto com
a rainha Maria, mulher legítima do falecido monarca. Episódio fundamental está centrado em
momento próximo de sua morte, do qual citamos o trecho:
E el Maestre de Santiago fué a verla, é Doña Leonor tomo al Maestre su fijo é abrazólo, é bésolo, é
estuvo uma grande hora llorando con el, é el con ella, é ninguna palabra no dixo el uno al outro [...] é
nunca mas vió el Maestre á Doña Leonor su madre despues de aquel dia, nin ella á el. 79
Notamos a carga emocional que Ayala coloca na construção desta cena, neste
momento se aproximava a morte da mãe do futuro monarca Henrique II, a quem o cronista
serviria fielmente.
Passemos agora ao perfil de Branca de Bourbon80, sobrinha do rei da França que teve
seu casamento negociado com Pedro I de Castela. No texto de Ayala ela aparece basicamente
como mais uma vítima das crueldades do monarca, mas diferentemente de Leonor de Aragão
ou da rainha Maria sua voz não está tão presente, ela é mais representada por outros que
dizem defendê-la de Pedro. No entanto, há uma referência fundamental, ao temer ser presa
por D. Pedro, refugia-se na Igreja de Santa Maria, da qual ninguém se atreveu a tirá-la, pois se
tratava de um lugar sagrado. Depois disso, começou a união empreendida pela rainha Maria,
pela rainha Leonor e outros nobres senhores para fazer D. Pedro voltar para Branca e largar a
amante Maria de Padilha. Outro ponto importante é a descrição do cruel fim destinado à
Branca na crônica: a morte em 1361, a qual é narrada desta forma por Ayala:
É Iñigo Ortiz fizolo asi: despues que fué en poder del Ballestero mandola matar. É pesó mucho dello á
todos los del Regno despues que lo sopieron, é vino por ende mucho mal á Castilla. É era esta Reyna
Doña Blanca del linage del Rey de Francia, é una vanda colorada por el escudo: é era en edad de veinte
é cinco años quando morió: é era blanca é ruvia, é de buen donayre, é de buen, é de buen seso: é decia
cada dia sus horas muy devotamente: é paso grand penitencia en las prisiones do estovo, é sufriólo todo
con muy grand paciencia.81
77
Ibidem, Año Séptimo (1356), Cap. II, p. 470 e Año Octavo (1357), Cap. II, pp. 476 e 477.
78
Quarta mulher citada na crônica. Aparece em vários capítulos dos anos: primeiro, segundo, terceiro, quarto,
quinto, sexto, sétimo, décimo e décimo - primeiro. (Ver apêndice, tabela das individualidades femininas em
Ayala).
79
Ibidem, Año Segundo (1351), Cap. III, p. 412.
80
Vigésima – segunda mulher citada na crônica. Aparece em vários capítulos dos anos: segundo, quarto, quinto,
sexto, sétimo, nono, décimo, décimo – segundo, décimo- terceiro, décimo- quarto e décimo - sétimo. (Ver
apêndice, tabela das individualidades femininas em Ayala).
81
Ibidem, Año Doceno (1361), Cap. III, pp. 512 e 513.
35
Percebemos, portanto, o pesar com que o cronista descreve a sua morte, ressaltando
em seu discurso as qualidades de Branca (tanto físicas, quanto psíquicas - como ter bom
senso), sua alta linhagem (desprezada pelo monarca castelhano, ação que rendeu a este
problemas diplomáticos com a França), bem como a juventude com que morreu, finalizando
com a grande penitência que teria sofrido nas mãos de Pedro Cruel.
Outra mulher nobre que gostaríamos de destacar é a rainha Juana de Nápoles82. Ela é
descrita como a mulher que reinava em Nápoles e fora esposa do rei Andrea, irmão do rei da
Hungria. Seu nome é citado no contexto em que Ayala aborda a morte do rei castelhano
Afonso XI, no qual o cronista situa o falecimento do monarca na época, citando quem era o
papa no momento e os governantes dos principais reinos, bem como o imperador do Sacro
Império Romano83. Já num momento quase ao final do reinado de D. Pedro de Castela (no
ano décimo - oitavo), Juana de Nápoles aparece novamente, desposada com D. Jaymes, o que
garantiu a este ser chamado de rei de Nápoles. D. Pedro pediu ajuda ao monarca de Nápoles,
o qual por isto foi a Burgos, tendo Henrique Trastâmara entrado na cidade, aprisiona D.
Jaymes no castelo de Curiel. No entanto, a rainha Juana vem em seu socorro, pagando o
resgate e libertando o marido84. A rainha de Nápoles é, portanto, um exemplo na crônica
ayalina de mulher que exercia o poder, comparada em importância a outros grandes
governantes, como o rei Henrique da Inglaterra e ao Imperador Carlos do Sacro Império
Romano. Sua atuação também é importante, na medida em que consegue decidir o destino de
seu marido, pagando seu resgate e conseguindo libertá-lo.
Analisaremos agora dois perfis femininos que não aparecem tanto na crônica ayalina,
mas que demonstram tanto situações possíveis à vida feminina no medievo, como
representações envoltas pelo imaginário do período. O primeiro caso é o da décima-nona
mulher presente na crônica, D. Margarita, provinda de uma família da alta nobreza castelhana,
filha de Dona Juana de Lara com Dom Fernando de la Cerda. Ayala a cita duas vezes e da
seguinte forma: “(...) morió monja em Caleruega.” e “É estuvo aquel dia de las bodas á las
espaldas de la Reyna Doña Blanca, segun sesuele usar en Castilla, Doña Margarita de Lara,
hermana de Don Juan Nuñez, que era Doncella é nunca casára.” 85. Ao contrário dos outros
perfis trabalhados até o momento, ela não aparece como mais uma vítima do Cruel, o objetivo
82
Segunda mulher citada na crônica. Aparece em dois capítulos presentes nos anos: primeiro, e décimo - oitavo.
(Ver apêndice, tabela das individualidades femininas em Ayala).
83
AYALA, P. L. Op. Cit. Ano Primeiro (1350), Cap. I, p. 404.
84
Ibidem, Año Décimooctavo, Caps. XXXIV e XXXV, pp. 577 e 578.
85
Ibidem, Año Segundo (1351), Caps. X e XI, pp. 417 e 432.
36
de citá-la se insere apenas no fato de ter pertencido a uma grande linhagem e por fazer parte
dos acontecimentos do período, no entanto, podemos perceber nestes trechos outras
informações importantes referentes ao período. Margarita é referenciada pelo cronista como
uma donzela que nunca se casara e havia morrido monja. Tal exemplo pode estar relacionado
a tantos outros no mundo medieval, no qual muitas mulheres não conseguiam encontrar um
bom casamento e como bem atentou Georges Duby, em seu livro Damas do século XII – A
lembrança das ancestrais, acabavam indo para abadias femininas, onde ficavam até o fim de
seus dias86.
Já a outra mulher é denominada por Ayala não como uma “dona” como as outras, mas
simplesmente por como era conhecida: Caba87. Esta mulher é citada da seguinte forma por
Ayala:
[...] el Rey Don Rodrigo le tomará una su fija que se criaba en su palacio, á la qual decian la Caba, é era
fija del Conde [Conde Don Illan, “[...] non de linage Godo, sinó de linage de los Césares, que quiere
decir los romanos”] é de su muger Doña Faldrina, [...].88
E depois, é citada na carta de aconselhamento de um mouro de Granada, tido como
sábio e que era Conselheiro do rei de Granada, quando este critica a fornicação, dizendo que
esta era a pior das vontades. Caba é citada em um mau exemplo: “<E las ocasiones que
acescieron á los Reyes por el fornicio públicas son, é una dellas fué quando el Conde Don
Illan metió los Mores en el Andalucia por lo que el Rey fizo á la su fija>.”.89A fornicação e o
desejo que as mulheres despertam nos homens é visto como algo negativo, na visão do sábio
mouro de Granada, que aconselha D. Pedro através de uma carta, mas este não segue suas
recomendações, indo à ruína pouco tempo depois. D. Pedro fora um homem de muitas
mulheres, que nunca deixou seu desejo de lado. Percebemos aqui o exemplo de Caba usado
para criticar o caráter pervertido de Pedro Cruel, o qual seria (em consonância com o
imaginário medieval) mais um dos motivos de sua derrota final e fracasso no reinado.
Por fim, temos como importante exemplo do feminino na crônica de Pero Lopez de
Ayala não uma mulher específica, mas um conjunto representativo de uma situação
específica: as donas de Córdoba que não queriam ser cativas dos mouros. A presença dos
86
DUBY, G. Damas do século XII - a lembrança das ancestrais. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.p.
134.
87
É a vigésima – quarta mulher apresentada na crônica. Aparece brevemente em um capítulo do ano segundo e
em um capítulo do ano décimo- oitavo.
88
AYALA, P. L. de. Op. Cit. Año Segundo (1351), Cap. XVIII, p. 420.
89
Ibidem, Año Décimoooctavo (1367), Cap. XXII, p. 569.
37
mouros na Península Ibérica envolveu intensas situações de conflito entre cristãos e
muçulmanos. Um exemplo disso foi a invasão de Córdoba por numerosos mouros. Em um
trecho Ayala descreve a situação desta forma [os grifos são nossos]:
E ovo tan grand desmayo en los de la cibdad, que cuidaron que eran entrados: é las Dueñas é Doncellas
que y eran, que era muchas é muy buenas, salieron á andar por las calles todas en cabello, pidiendo
merced á los Señores é Caballeros é Omes de armas que eran en la cibdad, que oviesen duelo dellas, é
non quisiesen que fuesen ellos é ellas en cativerio de los Moros enemigos de la Fé de Jesu-Christo: é
tales lagrimas é palabras é cosas facian é decian, que todos los que lo oian cobraron grand esfuerzo, é
luego aderszaron para las torres é el muro del alcazar viejo que los Moros avian entrado, é pelearon con
ellos muy de recio como bueno, en guisa que mataron pieza dellos, é á los otros ficieronlos salir fuera
de la cibdad [...].90
O cronista descreve aqui o pânico das mulheres de Córdoba que temiam serem
aprisionadas pelos mouros, a grande oposição entre as duas culturas, além da situação de
conflito e invasão do território cristão, é o grande motivo para o apavoramento das donas que
são descritas por Ayala como muitas e “muy buenas”. D. Pedro em aliança com o rei
Mohamed de Granada consegue conter a invasão e evitar o seqüestro das mulheres de
Córdoba. Observamos neste ponto da narrativa, portanto, como as mulheres, que não
guerreavam como os homens, estavam suscetíveis nas situações de conflito, dependendo
destes para serem salvas e não sofrerem as conseqüências das guerras.
2.2.1 Perfis femininos na Crónica de D. Pedro I, de Fernão Lopes
Na crônica de Fernão Lopes sobre Pedro I de Portugal encontramos uma gama da
presença feminina (ao total, foram registradas 25 mulheres, incluindo Inês de Castro e Maria
de Padilha), composta tanto por mulheres da alta nobreza, quanto por mulheres de estratos
mais populares. Relacionado a este fato, temos que as personagens femininas nos ajudam a
compor um painel em si tão pouco generoso, quando nos reportamos à história das mulheres
no Medievo. Sendo que, de nossa análise, percebemos que as mulheres da nobreza,
principalmente as infantas, aparecem a maior parte das vezes relacionadas a acordos
matrimoniais entre os reinos ibéricos, o que representava uma forma de manter a estabilidade
política das casas dinásticas. Uma ilustração deste caso é o de D. Isabel91, citada em dois
90
91
Idem, Año Décimonono (1368), Cap. IV, p. 582.
Filha de D. Pedro de Castela é personagem de um casamento planejado com o Infante Dom Dinis de Portugal,
filho de Pedro, o Cru, e Inês. Os casamentos planejados nesse capítulo demonstram uma forma de assegurar a
paz entre Castela e Portugal. (Ver apêndice, tabela das individualidades femininas em Fernão Lopes). In:
LOPES, F. Crônica de D. Pedro. Porto: Livraria Civilização, 1965. Cap. XV, Pág. 66. Filha de D. Pedro de
Castela é personagem de um casamento planejado com o Infante Dom Dinis de Portugal, filho de Pedro, o Cru, e
38
capítulos da crônica, a qual é referenciada pelo casamento que seu pai, Pedro I de Castela,
planejava com o infante D. Dinis de Portugal, objetivando assegurar a paz entre os dois
reinos.
Com relação ainda às mulheres nobres, gostaríamos de ressaltar mais dois exemplos.
Primeiramente, a presença da rainha D. Maria na crônica lopeana, que aparece em três
capítulos, sendo o motivo do primeiro, que trata do traslado de seu corpo para Castela. No
entanto, sua citação fundamental se encontra no capítulo XVI92, no qual Fernão Lopes afirma
uma conhecida versão do envolvimento da rainha na morte de Leonor de Guzman. Porém,
curiosamente o cronista diz, de modo diferente de Pero Lopez de Ayala, que D. Maria não
teria sido capaz de mandar fazer tal feito sem o consentimento de seu filho93, atribuindo,
portanto, o assassinato de Leonor de Guzman, a Pedro I de Castela e não à rainha Maria,
como havia feito Ayala. Desta forma, Fernão Lopes inocenta a portuguesa, irmã de D. Pedro I
de Portugal.
Outra importante presença na crônica lopeana é a de Leonor dos Leões, que atesta a
importância da matéria de Castela na obra do cronista português, pois Fernão Lopes empenhase na descrição da história relacionada a esta personagem. Leonor era filha do Conde
Henrique Trastâmara, que depois se tornou rei de Castela94. Ela teria sido dada a leões do rei
quando bebê, mas estes não lhe fizeram nada, o rei se comovendo de tal fato poupou-lhe da
morte, mas escondeu-a de seu pai. Na narrativa, Fernão Lopes fala de sua recuperação e
entrega a Dom Henrique, quando esta tinha a idade de 14 anos.
Já as mulheres dos outros estratos sociais aparecem geralmente relacionadas ao caráter
justiceiro de Pedro I de Portugal, que não perdoava delitos de nenhum setor da sociedade,
cometidos tanto por homens quanto por mulheres. Neste sentido, alguns exemplos, o primeiro
é o de uma mulher chamada Ellena, que aparece no capítulo X da obra. Ellena é referida como
uma alcoviteira, que havia feito um feitiço contra uma mulher que dormira com o almirante
Lançarote Peçanho. O rei D. Pedro tendo descoberto tal feito manda que a alcoviteira seja
queimada, e aqui vemos Fernão Lopes afirmar o caráter justiceiro do rei, conforme o trecho:
Inês. Os casamentos planejados nesse capítulo demonstram uma forma de assegurar a paz entre Castela e
Portugal. (Ver apêndice, tabela das individualidades femininas em Fernão Lopes).
92
A crônica lopeana, diferentemente da ayalina, não é dividida pelos anos de reinado, contendo com uma divisão
em 44 capítulos.
93
LOPES, Op. Cit., Cap. XVI, p. 72. (Ver apêndice, tabela das individualidades femininas em Fernão Lopes).
94
Ibidem, Cap. XXXIX, p. 181. (Ver apêndice, tabela das individualidades femininas em Fernão Lopes).
39
“El Rei Dom Pedro queria gram mal a alcouvetas e feitiçeiras , de guisa que por as justiças
que em ellas fazia, mui poucas husavam de taaes offiçios”95. Como podemos observar, esta
figura feminina possui uma representação moral no Baixo Medievo bastante negativa,
servindo como uma boa ilustração para demonstrar a justiça do monarca.
Já o segundo exemplo é o de Caterina Tosse, uma personagem feminina do meio
urbano, casada com o corregedor Lourenço Gonçalvez. Esta mulher, segundo Fernão Lopes,
teria se envolvido com o estimado escudeiro do rei, Affonso Madeira. Tendo D. Pedro, o Cru,
descoberto que Afonso havia dormido com ela, manda capá-lo, mesmo tendo grande apreço
por tal homem; e assim, mais uma vez temos o exemplo da justiça implacável do monarca
português. É interessante observar que Fernão Lopes dedica um capítulo inteiro de sua obra a
esta questão, elencada já no seu título: “Como el Rei mandou capar huum seu escudeiro por
que dormio com huma molher casada”
96
. Além disso, observamos a contradição existente
entre a crueza, a pregação moral do monarca, e sua própria conduta social. Pois observando
a análise de José Gaspar Nascimento da Crónica de Dom Pedro, percebemos que no capítulo
V, Fernão Lopes trata da promulgação de uma lei em que o rei estabelece rigorosas multas em
dinheiro ou castigos corporais a homens que abandonassem suas mulheres e filhos para
ficarem com amantes, ou que mantivessem estas em suas próprias casas97. Desta forma, temos
duas ilustrações da condenação total do adultério pelo monarca, que de maneira contrária,
possuía uma amante (mesmo que não se possa comprovar o envolvimento de Inês com Pedro
ainda em vida de sua mulher, Constança Manuel, ele passara bom tempo vivendo com a
amante sem estar casado).
Outro perfil citado é o da mulher de Afonso André. Sua morte é motivo principal do
capítulo IX, que trata de exemplos de “justiças” que o monarca Pedro mandou fazer: “Como
el Rei mandou queimar a molher Daffonso André e doutras justiças que mandou fazer”. O rei
havia mandado degolar e queimar esta mulher (que não tem seu nome citado por Fernão
Lopes) ao saber que ela “fazia maldade” a seu marido. Afonso André foi se queixar da atitude
do monarca, dizendo-lhe que já havia se vingado da esposa e “do que lhe poinha as cornas”. O
rei teria se precipitado em sua justiça ao interferir desta maneira na vida do casal, pois o
marido também alegara que conhecia a mulher muito mais que o monarca para este cometer
tal atitude. Outro exemplo semelhante e quem vêm logo em seguida na narrativa é o de Maria
95
LOPES, F. Cap. X. p. 45. (Ver apêndice, tabela das individualidades femininas em Fernão Lopes).
96
Ibidem,Cap. VIII. pp. 37-39. (Ver apêndice, tabela das individualidades femininas em Fernão Lopes).
97
NASCIMENTO, J. G. de O. A Língua Portuguesa no século XV: Fernão Lopes. Sorocaba, SP: TCM, 2001.
p. 55.
40
Roussada. O rei queria entender o porquê de a chamarem de “roussada” e descobriu que se
devia ao fato de o marido ter dormido com ela à força antes do casamento. Ignorando o fato
de o casal já viver bem depois disso e ter filhos, D. Pedro manda enforcar o homem, levando
Maria e os filhos aos prantos98. Desta forma, mais uma vez o cronista demonstra a
impulsividade do rei que desejava fazer justiça a qualquer preço. Nestes dois exemplos,
notamos que as ações de D. Pedro poderiam atingir tanto homens quanto mulheres, no
primeiro caso quem sofreu as conseqüências por má conduta moral foi a mulher de Afonso
André, já no segundo, foi o marido de Maria Roussada.
Portanto, observamos a diferença entre os perfis femininos presentes em Fernão
Lopes e os perfis da crônica de Pero Lopez de Ayala. Enquanto o cronista castelhano se detém
em sua maioria em grandes narrativas a respeito de importantes mulheres das corte régias,
analisando-as até psiquicamente, o cronista português cita vários exemplos de mulheres
externas ao contexto da alta nobreza, mas de forma não tão aprofundada quanto Ayala. No
entanto, uma característica há de comum na presença feminina das duas crônicas: a
preocupação em relacioná-las ou ao perfil cru de Pedro de Portugal (no caso do texto lopeano)
ou ao perfil cruel de Pedro de Castela (no caso do texto ayalino).
98
LOPES, F. Cap. IX. pp. 41 e 42. (Ver apêndice, tabela das individualidades femininas em Fernão Lopes).
41
3. MARIA DE PADILHA E INÊS DE CASTRO NAS CRÔNICAS DE PERO LOPEZ
DE AYALA E FERNÃO LOPES
3.1 A DAMA E OS CRONISTAS: MARIA DE PADILHA NOS RELATOS DE PERO
LOPEZ DE AYALA E FERNÃO LOPES
3.1.1 Maria de Padilha na crônica de Pero Lopez de Ayala: “muger de buen linage, é fermosa,
é pequeña de cuerpo, é de buen entendimiento”99
Primeiramente, cabe-nos contextualizar Maria de Padilha em sua época e reino. No
artigo de Fátima Regina Fernandes, intitulado As potencialidades da função de aia, a autora
analisa não somente Maria, mas também Inês de Castro e Leonor Telles enquanto aias das
cortes régias ibéricas. Neste sentido, a historiadora afirma que a criação de mulheres nobres
(geralmente filhas bastardas de um grande senhor do reino) na casa de um importante senhor
garantia uma estabilidade que deveria ser compensada através da execução de tarefas
específicas. Desta forma, estas mulheres exerciam, portanto, a função de aia, a qual
demandava serem acompanhantes das mulheres de seus senhores ou, caso estivessem nas
cortes, acompanhantes de infantes ou rainhas. Além disso, atuariam também como amas dos
filhos dessa nobreza ou da realeza. Outra questão importante nesta função é que o casamento
não era a oportunidade que mais se oferecia, sendo que a maioria das aias acabava se tornando
amante ou barregã de nobres ou reis100, tal o caso de Maria e de Inês, como trabalharemos em
seguida.
Maria de Padilha viveu no período entre 1335 e 1361 e como consta em sua primeira
citação na Cronica de D. Pedro I, de Pero Lopez de Ayala, era uma donzela criada na casa do
nobre João Afonso de Albuquerque. Como aia, ela atuava servindo a mulher deste senhor,
Dona Isabel de Meneses101. Por influência do próprio João Afonso de Albuquerque conhece
99
AYALA, P. L. de. Op. Cit. Año Doceno (1361), Cap. VI, p. 513. (Ver apêndice, tabela das individualidades
femininas em Ayala).
100
FERNANDES, F. R.. As potencialidades de aia na Baixa Idade Média. In: Estudios de Historia de España,
Instituto de Historia de España, Universidad Catolica Argentina, Buenos Aires, VII (2005), pp.77-79.
101
GUIMARÃES, M. L. Os protagonismos do Cruel e do Cru antes dos “favoritos” de Fernão Lopes e Pero
Lopez de Ayala. In: Questões e Debates, Curitiba, n. 41. p. 107-129, 2004. p. 121.
42
D. Pedro I e torna-se amante deste102. Passando à sua presença na crônica, observamos que ao
total ela é citada em quarenta e cinco capítulos que se dividem ao longo da narrativa composta
pela compartimentação de vinte anos103 . Notamos também que ela é a mulher que tem mais
vezes seu nome citado no texto ayalino, estando em segundo lugar Dona Branca de Bourbon
(com citações em trinta e nove capítulos), que fora a primeira mulher com quem D. Pedro I de
Castela se casara, mas que abandonou logo em seguida, prendendo-a e matando-a
posteriormente. Desta forma, já podemos perceber seu destacado papel na narrativa, pois fora
Maria de Padilha a mulher mais importante da vida de D. Pedro, mesmo tendo sido este
monarca um homem de muitas mulheres. Enquanto Maria viveu, ele além de ter se casado
(mesmo que a contragosto) com Branca de Bourbon, tomou por livre e espontânea vontade as
donas Joana de Castro e Aldonza Coronel104, mas veio pouco tempo depois de seu
envolvimento com estas a retornar para os braços de Maria de Padilha.
Em uma análise mais detalhada da grande parte dos capítulos em que ela aparece,
percebemos que a forma como Ayala se refere à dama é lisonjeira. Um dos primeiros
exemplos se encontra no capítulo III do ano quarto (1353), do qual extraímos a seguinte
citação [o grifo é nosso]:
[...] é el Rey amaba muchó á la dicha Doña Maria de Padilla, tanto ya non avia voluntad de casar con la
dicha Doña Blanca de Borbon su esposa, ca sabed que era Doña Maria muy fermosa, é de buen
entendimento, é pequeña de cuerpo..105
Nesta situação, o cronista trata do momento da vinda de Dona Branca de Bourbon para
Castela, onde se casaria com D. Pedro. No entanto, descreve a falta de vontade que o monarca
tinha de largar a amante para se casar com a sobrinha do rei da França (negligenciando a
aliança e benefícios que teria com o reino francês). Além disso, Ayala justifica a atitude e o
amor do rei, exaltando as qualidades pessoais de Maria de Padillha, tanto físicas quanto
psíquicas. É interessante notar o valor que o cronista atribui à descrição física não somente
desta como de várias personagens, principalmente femininas. No entanto, devemos observar,
como no caso de Leonor da Aquitânia na análise de Georges Duby, que era bastante comum
102
AYALA, P. L. de. Op. Cit. Año Tercero (1352), Cap. V, p. 427.
103
Com relação à divisão dos anos, Maria está presente nas narrativas de onze: terceiro (1352), quarto (1353),
quinto (1354), sexto (1355), nono (1358), décimo (1359), décimo – segundo (1361), décimo – terceiro (1362),
décimo – quarto (1363), décimo – sétimo (1366), vigésimo (1369).
104
Vide AYALA, Op. Cit. Año Quinto (1354), Cap. X, p. 444; Cap. XII, p. 444; e Cap. XVII, p. 446. Año
Noveno (1358), Cap. I, pp. 480 e 481.
105
Ibidem, Año Quarto (1353), Cap. III, p. 429.
43
exaltar a beleza das grandes damas (principalmente se fossem rainhas ou infantas) mesmo que
estas talvez não a possuíssem.
Outro conjunto de citações fundamentais que se referem à Maria de Padilha são as
relacionadas com as atitudes tomadas pelo monarca devido à sua ligação com a dama, bem
como às ligações que este estabelece com parentes da amante, dando grande privança a
pessoas como Juan Fernandez de Henestrosa (tio da aia) e Diego Garcia de Padilha (irmão
dela). Este conjunto começa com a atitude de D. Pedro de deixar Dona Branca em Valladolid
logo após seu casamento, realizado por conselho de João Afonso de Albuquerque, para ficar
com Maria de Padilha em Montalvan. Atitude esta que tenta ser impedida pelas rainhas
Leonor de Aragão e Maria (respectivamente, tia e mãe do monarca). D. Pedro as contraria e
vai ao encontro da amante, gerando um grande escândalo no reino. No entanto, após algum
tempo, os próprios parentes de Maria de Padilha aconselharam o monarca a voltar para
Valladolid a fim de que restabelecesse a ordem em Castela106. Já em 1354, temos uma
continuidade dessa questão, com a união de vários grandes senhores, de importantes donas e
até mesmo de cidades inteiras em favor de D. Branca de Bourbon, para que o rei abandonasse
Maria de Padilha e se estabelecesse com sua esposa legítima. O desenrolar desta questão é
longamente abordado na crônica, inclui conflitos e desavenças do rei com vários cavaleiros
(bem como desavenças com a França), assim como falsas promessas do monarca em voltar
para sua mulher legítima107. Nota-se, portanto, como a amante influi indiretamente nos
acontecimentos do período, gerando um conflito entre a nobreza e o monarca, além de uma
situação de potencial problemático do ponto de vista externo.
O interesse de observamos esta questão reside no fato de que D. Pedro não ter aceitado
a condição de se casar com uma importante nobre para garantir a estabilidade de seu reino e
manter separadamente uma amante; ele rompeu este acordo comum da nobreza do período,
abandonando a esposa com quem se casara para se estabelecer e viver com a amante. Seria
comum esperarmos um escândalo no reino, porém, neste sentido temos a interferência de
outra questão crucial na narrativa ayalina: a privança obtida pelos parentes de Maria de
Padilha e o poder que vinham ganhando com isto. Ayala deixa exposto em seu texto, usandose de um pensamento de lamentação atribuído a D. Pedro, que o motivo maior para a união
dos nobres em favor de Dona Branca não seria a pura defesa dela, mas sim por não gostarem
106
Ibidem, Año Cuarto (1353), Caps. XII, XIV, XXI, XXII.
107
Ibidem, Año Quinto (1354), Caps. XXIV, XXVI, XXVII, XXX.
44
da privança que os parentes de Maria de Padilha tinham com ele
108
. É aqui que percebemos
outro ponto fundamental que trabalhamos ao longo deste estudo: muito mais que controverter
os preceitos religiosos do período, as normas canônicas ou convenções morais, D. Pedro ao
optar ficar com a amante, gerou um escândalo permeado por questões políticas. Os parentes
de Maria de Padilha obtiveram muito da confiança do monarca, além de bens, podendo
interferir no destino de outras pessoas, inclusive, ao aconselharem o rei. Pode-se imaginar o
temor que vários grandes senhores tinham de tal situação, visto que muitos homens, como
João Afonso de Albuquerque, que antes detinha grande privança do monarca, poderiam
acabar no lado extremo oposto, vindo a morrer por conselho dos parentes da amante do rei.
Um exemplo seria o próprio caso de Branca, que teria sido encarcerada em Toledo por
influência de parentes de Maria109. Tem-se, portanto, mais uma vez, a questão do
estabelecimento seguro na corte. A aia atua aqui não de maneira direta, mas pelos benefícios
que, por meio dela, seus parentes podem obter.
Voltando à caracterização da dama e sua atuação no reinado de Pedro na crônica
ayalina, temos um outro conjunto de referências. Durante várias situações que ocorreram no
período do reinado do monarca, é possível ler a atuação de Maria em um papel de oposição às
crueldades do amante. O exemplo inicial disso se encontra no ano de 1353, nos capítulos
XXIII e XXIV. No primeiro, Ayala comenta como Gutier Gómez de Toledo foi preso, mas
logo depois ganhou o perdão do rei pela interferência de Maria de Padilha110. Já no segundo, o
cronista aborda a situação desde o título: “Como Doña Maria de Padilla envió apercibir á Don
Alvar Perez de Castro, é á Alvar Gonzalez Moran que non fuesen al Rey.”. Maria, portanto,
avisa Álvaro Peres de Castro (o qual veremos, é irmão de Inês de Castro) e Álvaro Gonzalez
Moran para fugirem do reino, pois estavam sendo perseguidos por D. Pedro, conforme o
trecho:
É llegó á ellos un Escudero antes que entrasen en la villa, é aparto á Don Alvar Perez de Castro é
Alvar Gonzalez Moran, é dixoles que les enviaba decir Doña Maria de Padilla muy secretamente que se
pusiesen en salvo, ca si entrasen en la villa que eran muertos. (...) É esto les envió decir Doña Maria de
Padilla con bondad; ca non le placia de muchas cosas que el Rey facia. É era asi verdad, que si los
dichos Don Alvar Perez de Castro é Alvar Gonzalez Moran llegáran al Rey luego avian de ser
111
muertos.
108
Ibidem, Año Quinto (1354), Cap. XXXII, pp. 454, 455 e 456.
109
Ibidem, Año Quinto (1354), Cap. XXI, p. 448.
110
Ibidem, Año Cuarto (1353), Cap. XXIII, p. 437.
111
Ibidem, Año Cuarto (1353), Cap. XXIV, p. 437.
45
Temos nesta passagem a dama atuando contra a crueldade do monarca inclusive de
maneira secreta, exercendo um papel de defensora, protetora, ao avisar os dois nobres, pois
apesar de ser amante de Pedro não apoiava seus atos extremos. Além destes capítulos, esta
visão de Maria como pessoa boa, correta e de bom senso está presente em outros, como no
que trata de sua morte, o qual trabalharemos mais adiante. Porém, o mais marcante é o que
trata do assassinato de D. Fadrique, Mestre de Santiago, irmão bastardo de Pedro (filho de
Afonso XI com Leonor de Guzman). Neste, é descrito que Fadrique foi ver Maria de Padilha
e suas filhas depois de um encontro com o rei, a dama sabia que a morte do Mestre de
Santiago havia sido planejada e, conforme Ayala, “(...) quando lo vió fizo tan triste cara, que
todos lo podrian entender, ca ella era dueña muy buena, é de buen seso, é non se pagaba de
las cosas que el Rey facia, é pesabale mucho de la muerte que era ordenada de dar al
Maestre”.112. Observa-se a carga emocional que o cronista coloca nesta ocasião, pois lá estava
D. Pedro rumo a uma nova crueldade e desta vez contra o irmão do futuro rei de Castela,
Henrique Trastâmara, a quem Ayala serviria fiel até o fim de sua vida; e por fim, temos nossa
dama novamente atuando como contraponto aos atos maléficos de Pedro. Como ressalva final
desta questão, é interessante perceber como Maria nunca aparece em alguma artimanha
maldosa, nunca interfere contra outras pessoas. O cronista deixou esta função a cargo de seus
parentes, pois estes sim aparecem como cobiçosos de poder e como conselheiros de maldades
a Pedro (como influenciando a prisão de Dona Branca). Até em um momento em que a aia
teria motivos plausíveis para cometer um ato maldoso não o faz, como quando D. Pedro
tomou para si Dona Aldonza Coronel (a qual era mulher de Álvaro Peres de Guzman). O rei
coloca a dita dona na torre do Oro,em Tarazana, deixando alguns cavaleiros para fazerem sua
guarda, pois temia a reação de Maria de Padilha e de seus parentes. No entanto, quem teve
alguma reação explícita com relação a isso não fora Maria, mas sim seu tio, Juan Fernandez
de Henestrosa, que foi preso pelos cavaleiros, mas logo após foi solto a pedido do rei, visto
que era homem de confiança do monarca. Logo em seguida, o cronista desvia o foco dessa
questão e já chama a atenção para o fato de que o rei perdera o interesse por Aldonza e
passara a enviar cartas para Maria de Padilha secretamente, dizendo que abandonaria a
primeira. E assim o monarca fez, arrependendo-se de ter tomado Aldonza e principalmente,
de ter ouvido quem lhe deu tal conselho113. Esta afirmação final pode dar a entender que o rei
tomara outra mulher muito mais pelos conselhos que teve para isso (o que muito bem poderia
112
Ibidem, Año Noveno (1358), Cap. III, pp. 482 e 483.
113
Ibidem, Año Noveno (1358), Cap. I, pp. 480 e 481.
46
estar relacionado ao fato de quem o aconselhou querer afastar os parentes de Maria de Padilha
do monarca), do que por perda de interesse em Maria.
Partiremos agora para outro ponto fundamental da presença de Maria na crônica de
Ayala: a geração dos descendentes que teve com o rei castelhano. A primeira a ser citada é a
filha Constança, em 1354:
[...] nasciera una fija de Doña Maria de Padilla en la villa de Castro Xeriz, que le dixeron Doña
Constanza, la qual casó despues con el Duque de Alencastre, é ovieron fija á la Reyna Doña Catalina,
que es agora muger del Rey Don Enrique.114
Esta é uma citação que pronuncia já as reverberações da influência de Maria e seu caso
com Pedro I. Pois sua filha Constança teve arranjado pelo pai um excelente casamento na
Inglaterra. O fruto deste casamento, Catarina, torna-se bastante tempo depois (à época da
escrita da crônica em questão) rainha de Castela, casando-se com Henrique III, união que
curiosamente junta os descendentes de Henrique Trastâmara e de Pedro Cruel, os quais foram
grandes rivais. Desta forma, Maria de Padilha, mesmo não tendo sido rainha e nem seus filhos
terem chegado à coroa (apesar das tentativas destes), teve uma neta que integrou a realeza
castelhana. Outra citação se refere em 1355 ao nascimento de Dona Isabel, “(...) que casó
despues con Mosen Aymon, fijo del Rey Eduarte de Inglaterra, que fué despues Duque de
Yort.”115. Observamos, portanto, como esta filha de Maria também fará um bom casamento e
viverá bem estabelecida na Inglaterra, longe dos perigos de ser uma filha de rei em meio a
outros que buscam tomar para si e manter a coroa. Além destas duas filhas, a dama ainda teve
com D. Pedro, Dona Beatriz116 (a mais velha, que nasceu em 1353), à qual o monarca dera
muitos senhorios, e D. Afonso117 (o mais novo, nasceu em 1359), o qual o rei pretendia fazer
seu sucessor, não fosse sua precoce morte em 1362118.
Dando continuidade aos temas, temos as referências com relação à morte da dama em
1361 e acontecimentos posteriores relacionados a ela. Sobre seu falecimento há o seguinte
trecho:
En este año morió en Sevilla de su dolencia Doña Maria de Padilla: é fizo el Rey facer alli, é en todos
sus Regnos grandes llantos por ella, é grandes complimientos. É levaronla á enterrar al su Monasterio de
114
Ibidem, Año Quinto (1354), Cap. XIII, p. 445.
115
Ibidem, Año Sexto (1355), Cap. XIV, p. 466.
116
Ibidem, Año Cuarto (1353), Cap. II, p. 429.
117
Ibidem, Año Décimo (1359), Cap. XIX, p. 499.
118
Ibidem, Año Treceno (1352), Cap. XIV, p. 524.
47
Sancta Clara de Estudillo, que ella ficiera é dotara. É fué Doña Maria muger de buen linage, é fermosa,
é pequeña de cuerpo, é de buen entendimiento.119
Notamos a explicitação do motivo de sua morte, por doença, e novamente a descrição
da dama pelo cronista, ressaltando suas qualidades físicas e psíquicas. Muito do que se criou
de mito ao redor de Maria de Padilha ao longo dos anos deve-se provavelmente a essa visão
idealizada da dama criada por Pero Lopez de Ayala.
Por fim, temos o capítulo referente à anunciação de D. Pedro nas cortes de Sevilha, em
1362, de que havia se casado secretamente com Maria de Padilha antes de suas bodas com
Branca de Bourbon e que por isso seu casamento com a dama francesa não teria sido válido.
O rei afirmou também, segundo Ayala, que não anunciara antes seu casamento com Maria de
Padilha por temer a reação de pessoas no reino que não gostavam dos parentes desta. Para
comprovar seu casamento com a aia, possuía testemunhas120, as quais eram Diego Garcia de
Padilla, Mestre de Calatrava e irmão dela, Juan Ferrandez de Henestrosa, tio de Maria, Juan
Alfonso de Mayorga, chanceler de selo e escrivão da puridade, e Juan Perez de Orduña, abade
de Santander e capelão-mor; sendo que tais homens juraram ali perante os santos Evangelhos
que as bodas realmente ocorreram e eles estavam lá. Sendo assim, o monarca declarara
também que teria sido Maria rainha de Castela e Leão e, portanto, seus filhos eram os
herdeiros legítimos da coroa castelhana. O arcebispo de Toledo, Don Gomez Manrique, faz
nesse dia um grande sermão defendendo as razões do rei Dom Pedro, o qual daquele dia em
diante exigia que chamassem Dona Maria de Padilha de Rainha Dona Maria, ao filho Infante
Dom Afonso e às filhas de Infantas. O monarca também mandou que todos ali jurassem e
fizessem procurações para que o Infante Dom Afonso fosse o herdeiro dos reinos de Castela e
Leão, o que não veio a se concretizar devido à morte precoce deste.
É luego ordenó el Rey Perlados, é Caballeros, é Dueñas que fuesen á Estudillo, do yacia Doña Maria de
Padilla enterrada, é traxieron su cuerpo muy honradamente á Sevilla, asi como de Reyna, é soterraronle
en la capilla de los Reyes, que es en la Iglesia de Sancta Maria de la dicha cibdad, fasta que el Rey fizo
facer otra capilla cerca de aquella capilla de los Reyes, muy fermosa, do fué el dicho cuerpo despues
enterrado. É dende adelante, segund avemos dicho, fué llamada la Reyna Doña Maria, é su fijo el
121
Infante Don Alfonso, é sus fijas Infantas.
Percebemos aqui as honrarias que D. Pedro concedeu à amante depois de morta, bem
como a primazia que conferiu aos filhos que teve com ela (visto que não havia tido nenhum
119
Ibidem, Año Doceno (1361), Cap. VI, p. 513.
120
Algumas um tanto suspeitas para tratar do assunto, como o irmão e o tio de Maria de Padilha, que certamente
não negariam as bodas da dama com o rei.
121
Ibidem, Año Treceno (1362), Cap. VII, pp. 519 e 520.
48
filho por casamento legítimo com outra dama); o que confere, portanto, mesmo após sua
morte, reverberações de sua presença na corte castelhana. Esta descrição tem fundamental
importância quando comparada ao caso de Inês de Castro, como veremos a seguir na análise
da crônica de Fernão Lopes.
3.1.2 Maria de Padilha na crônica de Fernão Lopes: “tal voontade pos elRei em ella, que já
nom curava de casar com Dona Branca”122
Maria de Padilha é a segunda mulher mais citada na Crônica de D. Pedro I, de Fernão
Lopes; vindo atrás somente de Inês de Castro, a amante e mulher mais importante da vida do
monarca português Pedro. A amante de Pedro Cruel teve ao total no texto lopeano (composto
por quarenta e quatro capítulos) presença em seis capítulos123. Primeiramente, devemos
destacar, conforme observou Marcella Guimarães, que uma das principais fontes para a
construção do texto do cronista português foram as crônicas de Pero Lopez de Ayala. Além
disso, a mesma historiadora ao analisar a crônica lopeana detectou que dos quarenta e quatro
capítulos da crônica, acrescidos do prólogo, 54% se referem a questões de Castela, de Pedro
Cruel e da guerra que manteve com Aragão. Sendo que do restante da crônica 23% versam
sobre a justiça e aplicação desta pelo monarca português e 14% se referem à relação entre D.
Pedro de Portugal e Inês de Castro124. Observando esta grande presença da matéria de Castela
na crônica portuguesa, as diversas referências à Maria de Padilha não são de se estranhar.
Da mesma forma, percebemos que as descrições da amante de Pedro Cruel presentes
no texto de Fernão Lopes são muito parecidas com as do texto de Ayala. No capítulo XVI
(intitulado “Dalguumas pessoas que elRei Dom Pedro de Castella mandou matar, e como
casou com a Rainha Dona Branca e a leixou”) , ela é citada como a manceba que o rei D.
Pedro de Castela tomou quando ainda se tratava do casamento com Dona Branca de Bourbon.
. Nota-se a semelhança com o relato de Ayala sobre Maria de Padilha sobre Maria:
[...] que amdava por domzella em casa de Dona Izabel de Meneses, filha de Dom Tello de Meneses,
molher de Dom Joham Affonso Dalboquerque, que a criava; e tal vontade pos el Rei em ella, que já
nom curava de casar com Dona Branca [...].125
122
LOPES, Op. Cit., Cap. XVI, p. 73. (Ver apêndice, tabela das individualidades femininas em Fernão Lopes).
123
Maria está presente na crônica lopeana nos capítulos: XVI, XVII, XX, XXV, XXX, XXXVII.
124
GUIMARÃES, M. L. Os protagonismos do Cruel e do Cru.... p. 112.
125
LOPES, F. Op. Cit. Cap. XVI, p. 73.
49
Neste mesmo capítulo, o cronista atribui ao rei castelhano a característica de “mui
luxurioso”, dizendo também que “quaaes quer molheres que lhe bem pareciam, posto que
filhas dalgo e molheres de cavaleiros fossem, e isso mesmo donas dordem ou doutro estado,
que nom guardava mais huumas que outras.”126. O cronista não se exime durante todo este
capítulo de classificar D. Pedro I de Castela como um anti-exemplo. Além disso, insere uma
ilustração da crueldade do monarca, referente ao rei mandar matar Álvaro Peres de Castro
(irmão de Inês de Castro), e Álvaro Gonzalez Moram, os quais, no entanto, são avisados por
Maria de Padilha e por isso escapam da morte127.
Além deste capítulo, temos citações que se referem à Maria nos capítulos XVII e XX
(os quais também tratam exclusivamente de Castela e do rei Pedro Cruel), nos quais o cronista
português aborda, assim como Ayala, o temor dos nobres castelhanos com relação à
influência que os parentes de Maria Padilha vinham tendo sobre o rei e o reino. Citações estas
inseridas na descrição com relação à questão que envolvia a defesa de Branca de Bourbon,
para que o rei abandonasse a amante e fosse se estabelecer com sua esposa legítima128.
Por fim, destacamos a presença de Maria no capítulo XXIX, que trata das razões por
que duvidavam alguns de que Pedro de Portugal havia se casado em segredo com Inês de
Castro. Fernão Lopes cita Maria de Padilha ao abordar o fato de ter D. Pedro de Castela
pronunciado nas cortes de Sevilha que havia se casado com a amante em segredo, antes de seu
casamento com Dona Branca de Bourbon, e por isto teria sido Maria de Padilha rainha de
Castela e seus filhos eram, portanto, infantes; além disso, o cronista atesta a presença de
quatro testemunhas que estavam no ato. O autor então compara o caso do rei castelhano com
o do rei português, que reuniu cortes para falar que havia se casado com Inês de Castro em
segredo e que não havia declarado antes por temer a reação de seu pai, Afonso IV, que era
contra sua relação com a aia. Em dado momento percebemos a utilização que Fernão Lopes
faz desta situação que descreve [o grifo é nosso]:
Mas diziam que este feito queria parecer semelhante a elRei Dom Pedro de Castella, que posto que el
mandasse matar Dona Branca sua molher, em quamto Dona Maria de Padilha foi viva, que elle tiinha
por sua manceba; nunca lhe nenhuum ouviu dizer que ella fosse sua molher. E depois que ella morreo,
em humas cortes que fez em Sevilha, alli declarou peramte todos, que primeiro casara com ella que com
Dona Branca, [...]. 129
126
Ibidem, p. 72.
127
Ibidem, p. 75.
128
Ibidem, Caps. XVII e XX, pp. 83, 95-97.
129
Ibidem, Cap. XXIX, p. 138.
50
O cronista, portanto, faz uso da declaração que havia feito Pedro de Castela, para
afirmar que poderia ser falsa a declaração de Pedro de Portugal de que havia se casado com
Inês, pois teria o monarca português se inspirado no que fizera seu sobrinho castelhano. No
entanto, observamos um problema nesta afirmação, pois D. Pedro de Portugal teria feito a
Declaração de Cantanhede em 1360 (Inês morrera em 1355 e o rei Afonso IV em 1356),
quatro anos após a morte de seu pai. E a declaração de D. Pedro de Castela, segundo a crônica
de Ayala, foi feita em 1362 (um ano após a morte de Maria de Padilha), ou seja, como poderia
o rei português copiar a atitude de seu sobrinho se este a fez dois anos depois? Conforme
Fátima Fernandes, em referência a Arnaut, em 1361 Pedro de Portugal encaminhou ao Papa
um pedido de reconhecimento da validade de seu casamento secreto com Inês de Castro para
o qual recebeu resposta negativa130. 1361 é também o ano da morte de Maria de Padilha,
portanto, temos que Pedro Cru fez a declaração de seu casamento antes do monarca
castelhano e não o contrário, como afirmou Fernão Lopes. Nossa hipótese é a de que o
cronista português, como funcionário da Dinastia de Avis (fundada por D. João Mestre de
Avis, que se tornou rei apesar do apreço de muitos no reino pelos filhos de D. Pedro e Inês de
Castro), teria muitos motivos para afirmar que o casamento de Pedro e Inês poderia muito
bem não ter sido realizado e se tratar de uma invenção do monarca. Haja vista que sua
crônica, como tantas outras no período, tinha como função básica legitimar dinastias que
haviam sido fundadas. Fernão Lopes, apesar de sua pretensão em escrever a verdade dos
fatos, era um homem comprometido com o poder e para justificar Avis não poderia legitimar
os filhos provindos da relação de D. Pedro e Inês de Castro. Tal situação abordaremos
novamente na discussão da presença de Inês de Castro na crônica de Fernão Lopes.
Com relação ainda à citação exposta tanto por Ayala quanto por Fernão Lopes de que
teria o rei castelhano pronunciado seu casamento com Maria de Padilha nas cortes de Sevilha,
podemos depreender como a atitude de D. Pedro de Castela enuncia a vontade do monarca de
legitimar o amor que viveu com esta mulher; visto que as iniciativas da Igreja nos séculos XII
e XIII elevaram a importância do matrimônio na cristandade. Além disso, este sacramento,
principalmente para a nobreza e realeza, significava também benefícios, em grande parte
materiais, como observamos no caso de Leonor da Aquitânia, pois seus maridos obtiveram
como dote o Ducado da Aquitânia, que fora herdado por ela. Já para D. Pedro I de Castela,
pronunciar seu casamento com a aia significava, além de possivelmente eximir sua culpa pelo
abandono de Branca de Bourbon (o casamento não teria sido válido devido ao rei já estar
130
ARNAUT Apud FERNANDES, F. R. As potencialidades de aia.... p. 81.
51
casado com Maria de Padilha), garantir direitos de infantes aos filhos que tivera de seu caso
com a amante, vide que enuncia também a vontade que tinha de ser seu filho Afonso futuro
rei de Castela. Portanto, podemos perceber que mais importante que a discussão da
autenticidade dos casamentos de Pedro de Castela com Maria de Padilha ou de Pedro de
Portugal com Inês de Castro é a iniciativa dos dois monarcas de tentarem legitimar suas
relações com estas duas mulheres e as implicações que estas declarações geraram em suas
sociedades.
Observamos nesta análise da figura de Maria de Padilha na crônica de Fernão Lopes a
diferença que o cronista atribui à personagem com relação à crônica de Ayala. Em Ayala,
Maria é exaltada e citada várias vezes como elemento importante da época, que influenciou o
contexto. Sua figura é elogiada pelo cronista castelhano em diversos momentos, como
exemplo de bondade, formosura e contrário ao perfil de seu amante, Pedro Cruel. Na crônica
de Fernão Lopes, a aia castelhana, apesar das citações semelhantes ao texto ayalino, está
situada basicamente em relação às atitudes de seu amante, o qual está muito presente na
crônica portuguesa devido à importância que Fernão Lopes atribui aos assuntos relacionados a
Castela.
3.2 A DAMA E OS CRONISTAS: INÊS DE CASTRO NOS RELATOS DE PERO LOPEZ
DE AYALA E FERNÃO LOPES
3.2.1 Inês de Castro na crônica de Pero Lopez de Ayala: “é teniala el Infante Don Pedro por
quanto era muy fermosa, é aviale tomado despues que morió la Infanta Doña Costanza” 131
Em uma rápida contextualização da personagem, Inês de Castro viveu de 1325 a 1355
e era filha bastarda de Pero Férnandez de Castro, personagem de grande importância na corte
castelhana durante o reinado de Afonso XI. Assim como Maria de Padilha, atuava como aia
na casa de João Afonso de Albuquerque, no entanto, servindo à mãe deste senhor e não à
mulher dele, como fazia Maria. Inês, de modo diverso à outra aia, não permanecerá em
Castela, seguindo na comitiva que João Afonso de Albuquerque conduziu a Portugal para que
131
AYALA, P. L. de. Op. Cit. Año Onceno (1360), Cap. XIV,
individualidades femininas em Ayala).
p. 506. (Ver apêndice, tabela das
52
a infanta Constança Manuel se casasse com o infante e futuro rei Pedro I. No reino português,
portanto, Inês de Castro atuaria como aia da futura rainha de Portugal132.
A presença de Inês de Castro na Cronica del Rey D. Pedro de Pero Lopez de Ayala se
dá em dois capítulos, o XXVI do quarto ano (1353) e o XIV do décimo - primeiro ano (1360).
Conforme afirmou Antônio Resende de Oliveira, o texto de Ayala será o primeiro relato
verdadeiramente cronístico ainda no século XIV a abordar a personagem e seu caso com o rei
Pedro I de Portugal133. A crônica ayalina seria, conforme Maria do Rosario Ferreira, o relato
que junta pela primeira vez o amor de Pedro e a morte de sua amada, que ocorreu em Santa
Clara de Coimbra, como podemos observar no trecho [o grifo é nosso]:
Don Pedro de Portogal amaba tanto á la dicha Doña Ines de Castro, que decia á algunos de sus privados
que era casado con ella; é por esto el Rey Don Alfonso su padre fizola matar á la dicha Doña Ines en
Sancta Clara de Coimbra do ella posaba:134
Vê-se aqui uma das primeiras vezes em que o verbo amar é conjugado com relação à
D. Pedro e Inês de Castro135. Após Ayala, a presença do grande amor do monarca pela aia se
fortalecerá nas narrativas ao longo dos séculos.
Interessa-nos saber como Inês de Castro tem sua história relatada na pena de Pero
Lopez de Ayala, quais e que tipo de dados aparecem relacionados a ela. Para isso, dividiremos
as citações referentes à personagem nos dois capítulos enunciados em temas específicos. O
primeiro deles tem ligação com a citação inicial da aia na crônica, no capítulo XXVI (do ano
de 1353) que tem como título “Como Don Alvar Perez de Castro se fué para Portogal”. Neste
momento, Ayala descreve como após ser avisado por Maria de Padilha do atentado tramado
contra ele por Pedro I de Castela, Álvaro Peres de Castro vai para Portugal, onde estava sua
irmã, Inês de Castro, amante do infante português Pedro. Álvaro e sua irmã eram filhos
bastardos de Pero Férnandez de Castro. Conforme o cronista castelhano, Álvaro:
[...] fuese para Portogal para el Infante Don Pedro de Portogal, que fué despues Rey, que tenia Doña
Ines de Castro su hermana, la qual este Infante Don Pedro despues que foi Rey de Portogal, dixo que era
casado con ella, [...].136
132
FERNANDES, F. R. As potencialidades de aia... p. 78.
133
OLIVEIRA, A. R. As vidas de D. Pedro e D. Inês de Castro na Historiografia Medieval Portuguesa. In: Atas
do VI Colóquio da Secção Portuguesa da Associação Hispânica de Literatura Medieval, Coimbra, Outubro
de 2006. p. 4. Disponível em: http://www.seminariomedieval.com/vidas de pedro e ines de castro.pdf.
134
AYALA, P. L. de. Op. Cit. Año Onceno (1360), Cap. XIV, p. 506.
135
FERREIRA, M. do R. Onde está Inês posta em sossego? In: Atas do VI Colóquio da Secção Portuguesa da
Associação Hispânica de Literatura Medieval, Coimbra, Outubro de 2006. p. 9. Disponível em:
http://www.seminariomedieval.com/outras_pub_online/FERREIRA INES DE CASTRO. pdf
136
AYALA, P. L. de. Op. Cit. Año Cuarto (1353), Cap. XXVI, p. 438.
53
A descrição de Ayala sobre o ocorrido é breve, mas a informação de que Álvaro Peres
de Castro foi para junto do infante Pedro de Portugal por este ser amante de sua irmã, implica
na já amplamente debatida questão da busca pela privança régia, possibilitada neste caso, pelo
parentesco com uma pessoa próxima do rei. Nesta situação (assim como na de Diego Garcia
de Padilha, irmão de Maria de Padilha), a privança de Álvaro é obtida através de sua irmã,
uma pessoa próxima em demasia do monarca português por ser sua predileta.
A presença do irmão de Inês em Portugal e sua influência sobre o “cunhado”, herdeiro
da coroa portuguesa, assim como no caso dos parentes de Maria de Padilha, também irá gerar
repercussões no reino. No entanto, sua influência não irá se refletir em um conflito entre a
nobreza e o infante Pedro, mas sim em um conflito entre este e seu próprio pai, Afonso IV.
Muitos pesquisadores crêem na hipótese de que uma influência negativa de Álvaro e de seu
meio-irmão Fernando Peres de Castro137 sobre Pedro, incluindo um plano deveras ambicioso
de tomar a coroa de Castela, o que teria gerado a morte de Inês a mando de Afonso IV, como
forma de romper a ligação entre os parentes da aia e Pedro, futuro rei de Portugal138. Além
disso, D. Afonso IV poderia também ter sido influenciado por seus conselheiros Pero Coelho,
Álvaro Gonçalves e Diego Lopes Pacheco, que temeriam a perda de suas influências sobre a
monarquia portuguesa para os Castro.
A partir deste ponto e já partindo para um tema seguinte de análise, temos as
referências relacionadas aos motivos da morte de Inês de Castro. A última hipótese
apresentada acima é somente uma das que podem ser depreendidas da crônica ayalina, visto
que o cronista diz no capítulo XIV (do ano de 1360) que:
é por esto el Rey Don Alfonso su padre fizola matar á la dicha Doña Ines é fueron en consejo con él de
la matar dos Caballeros suyos, uno que decian Diego Lopez Pacheco, é otro Pero Cuello, é otros dos
omes criados del Rey.139
Sem citar diretamente Álvaro Gonçalves, Ayala fala dos outros conselheiros que
teriam tido parte na morte de Inês, não explicando os motivos que teriam levado estes homens
a darem tal conselho ao rei Afonso IV. Porém, em um momento anterior, o cronista afirma
que o monarca português teria tomado tal atitude devido ao fato de lhe terem dito que o
137
Filho legítimo de Pero Férnandez de Castro, que, assim como Álvaro, também se envolveu em uma revolta
nobiliárquica contra D. Pedro de Castela e foi para Portugal tentar se aproximar do infante amante de sua irmã.
138
FERNANDES, F. R. As potencialidades de aia... p. 5.
139
AYALA, P. L. de. Op. Cit. Año Onceno (1360), Cap. XIV, p. 506.
54
infante Pedro queria se casar com a aia e tornar seus filhos com ela legítimos, conforme o
trecho:
“E fizola el Rey Don Alfonso matar, por quanto le decian que el Infante Don Pedro su fijo queria
casarse con ela, é face los dichos fiijos legítimos; é pesabale el Rey Don Alfonso, por quanto la dicha
Doña Ines non era fija de Rey, ca era fija de Don Pedro de Castro que dixeron de la Guerra, un grand
Señor en Galicia, que le oviera en una Dueña; 140
Portanto, talvez tivesse sido esta a advertência dada pelos conselheiros, no entanto,
aqui se centra outra referência à morte de Inês Castro e seu motivo: o fato de ela não ser filha
de reis (ou seja, não ser uma infanta, o que por si só já não era comum de se acontecer, pois o
casamento de um rei envolvia a escolha de uma esposa de alta linhagem, provinda de
membros da realeza) e sim uma filha bastarda de D. Pero Férnandez de Castro. O pai de Inês
era primo e aliado de Afonso Sanches (filho bastardo do rei D. Dinis e preferido deste para o
trono), o qual era irmão de Afonso IV (herdeiro legítimo da Coroa portuguesa). Afonso
Sanches, apoiado por D. Dinis, e Afonso IV (ainda infante) entraram em disputa pela coroa de
Portugal em um conflito durante as décadas de 1310-20141, na qual o primeiro saiu perdendo.
Haveria, portanto, uma razão pessoal do rei Afonso para ser contra o relacionamento do
infante Pedro com a filha de Pero Férnandez de Castro, motivo este superficialmente citado
por Ayala ao afirmar: “ca era fija de Don Pedro de Castro que dixeron de la Guerra, un
grand Señor en Galicia, (...)”.
Neste mesmo trecho, encontramos ainda outro motivo para o assassinato de Inês de
Castro, a informação já relacionada da possibilidade do infante Pedro vir a se casar com ela e
fazer de seus filhos legítimos, o que para um monarca como Afonso IV, que havia tido muitos
problemas com irmãos bastardos para assumir a coroa, não agradaria nem um pouco. Visto
que a provável disputa que se travaria entre seu neto legítimo, Fernando (filho do casamento
de Pedro com Constança Manuel) e os filhos legitimados de Pedro com Inês de Castro, traria
grande instabilidade ao reino. Relacionada à questão dos filhos que o ainda infante teve com a
amante, há referência maior a eles anteriormente, na primeira citação da crônica, no ano
quarto: “É ovo della el dicho Rey Don Pedro fijos al Infante Don Juan, é al Infante Don
Donis, á la Infanta Doña Beatriz, que casó con el Conde Don Sancho hermano del Rey Don
Enrique de Castilla,(...)”. Os filhos são, portanto, nomeados, bem como é dito o destino de
140
141
Idem.
SALES, M. Vínculos políticos luso-castelhanos no século XIV. In: MEGIANI, A. P. T. & SAMPAIO, J. P.
(Orgs.) Inês de Castro: A época e a memória. São Paulo: Alameda, 2008. pp. 19 e 20.
55
Beatriz, o qual se enlaça com os rumos de Castela através do casamento com o irmão do rei
D. Henrique II.
Em seguida destacamos os temas relacionados ao início da relação entre o infante
português e a aia, e à afirmação de Pedro de Portugal de ter se casado com a amante.
Primeiramente, ressaltamos a referência com relação ao início do envolvimento dos amantes
[o grifo é nosso]: “é teniala el Don Pedro por quanto era muy fermosa, é aviale tomado
despues que morió la Infanta Doña Costanza, fija de Don Juan Manuel, con quien el dicho
Infante Don Pedro fuera casado,(...)”142. Sublinhamos aqui que Ayala afirma ter D. Pedro se
envolvido com Inês de Castro após a morte de sua mulher, Constança, o que não
caracterizaria, portanto, adultério. Observaremos no item seguinte, como Fernão Lopes coloca
a questão de outra maneira. Já o motivo para o surgimento da relação, brevemente citado pelo
cronista, teria sido simplesmente a beleza de Inês.
O amor que a aia teria gerado em D. Pedro é colocado por Ayala como a causa para a
declaração deste de ter se casado com Inês de Castro [o grifo é nosso]: “Don Pedro de
Portogal amaba tanto á la dicha Doña Ines de Castro, que decia á algunos de sus privados
que era casado con ella;”143. E é com relação a este casamento que temos outras referências.
Por exemplo, é por ter possivelmente Pedro afirmado a alguns que teria casado com a aia, que
seu pai, ao tomar conhecimento disto, mandou matar Inês, conforme Ayala. O cronista
também comenta brevemente o que teria sido a declaração de Cantanhede em 1360, dizendo
somente que: “Don Pedro despues que foi Rey de Portogal, dixo que era casado con ella, é
llamaronla la Reyna Doña Ines: é yace enterrada con el dicho Rey Don Pedro de Portogal
en el Monasterio de Alcobaza.”144. Em seguida, Ayala diz (em trecho que já citamos) que
teriam os filhos de Inês com Pedro sido chamados de infante D. João, infante D. Dinis e
infanta D. Beatriz. Já no capítulo posterior e mais extenso sobre o caso de Inês e Pedro, o
cronista comenta o fato de ter o monarca português dito que ela fora sua mulher legítima e
que não havia ousado pronunciar seu casamento com a amante antes por medo da reação de
seu pai, Afonso IV145; este medo da parte do infante com relação ao pai se relaciona com a
questão dos rapazes (e não somente as moças) terem pouco poder de decisão sobre o próprio
matrimônio, ponto que discutimos em nosso primeiro capítulo. Observamos como o autor faz,
142
AYALA, P. L. de. Op. Cit. Año Onceno (1360), Cap. XIV, p. 506.
143
Idem.
144
Ibidem, Año Cuarto (1353), Cap. XXVI, p. 438.
145
Ibidem, Año Onceno (1360), Cap. XIV, p. 506.
56
portanto, somente uma descrição dos fatos, não contestando em nenhum momento o que
atribui ser a voz de D. Pedro sobre seu relacionamento com a amante. É importante
ressaltarmos que diferentemente de várias outras mulheres da crônica ayalina, Inês de Castro
não possui voz própria na narrativa, está sempre subordinada aos acontecimentos que
envolvem sua relação com Pedro; ou seja, aos dados de sua morte, à afirmação de Pedro de ter
se casado com ela e por fim, à vingança de seu amante ao matar os conselheiros que teriam
influenciado seu assassinato. Tal diferença com relação a outras mulheres da crônica pode
estar relacionada ao fato de Pero Lopez de Ayala não ter conhecido Inês como as outras
figuras femininas que descreve.
Partindo para o último tema das referências de Inês no texto ayalino, a questão do
assassinato dos conselheiros de Afonso IV que teriam provocado a morte de Inês está presente
desde o título do capítulo XIV do ano de 1360: “Como el Rey Don Pedro de Castilla fizo su
pleyto con el Rey Don Pedro de Portogal, que le entregaria algunos Caballeros de Portogal
que estaban en su Regno, é le diese otros Caballeros de Castilla que estaban en Portogal”.
Como já havíamos dito, os conselheiros nomeados por Ayala são somente Pero Coelho e
Diego Lopes Pacheco, os outros envolvidos, como Álvaro Gonçalves, são citados como:
“otros dos omes criados del Rey146. Em seguida, o cronista afirma que tais cavaleiros fugiram
para Castela por medo de D. Pedro de Portugal, assim como havia cavaleiros de Castela
escondidos em Portugal por medo de D. Pedro de Castela. E, desta forma:
[...] fué tratado entre el Rey Don Pedro de Castilla, é el Rey Don Pedro de Portogal, que cada uno de los
Reyes entregase al otro los Caballeros que eran asi fuidos en el su Regno, para facer dellos lo que
quisiesen. É fué asi fecho, é fueron entregados al Rey de Portogal Pero Cuello é un Escribano, los
quales fueron muertos en Portogal; e Diego Lopez Pacheco fué apercebido, e fuyó de Castilla para el
Regno de Aragon147.
Observamos que foi morto Pero Coelho e um escrivão, o qual certamente seria Álvaro
Gonçalves, como veremos na crônica de Fernão Lopes. Nenhuma referência ao modo como
tais homens são assassinados é feita, a descrição é breve e simples. Há ao final do capítulo, no
entanto, o seguinte comentário: “É los que esto vieron tovieron que los Reyes ficieron lo que
la su merced fué; mas que el tal troque non debiera ser fecho, pues estos Caballeros estaban
sobre seguro em los Regnos”148. Ou seja, há uma desaprovação moral de tal ato, corroborada
146
Idem.
147
Idem.
148
Idem.
57
pela voz dos que presenciaram o acontecimento, o que viria a se juntar a mais um erro
cometido pelo Cruel na visão de Ayala.
Portanto, percebemos como somente em dois capítulos o cronista abordou vários
temas relacionados à vida de Inês de Castro e seu relacionamento com Pedro I de Portugal.
Muitos destes temas terão uma abordagem diferenciada na crônica de Fernão Lopes que,
conforme Antônio Resende de Oliveira, provocou alterações profundas na história da Castro e
do rei justiceiro 149, mesmo bebendo na fonte de Ayala.
3.2.2 Inês de Castro na crônica de Fernão Lopes: “elRei Dom Pedro a Dona Enes como se
della namorou, seemdo casado e aimda Iffamte, de guisa que pero dela no começo perdesse
vista e falla”150
A primeira observação que temos a respeito da presença de Inês de Castro na Crônica
de Dom Pedro I, de Fernão Lopes, relaciona-se à quantidade de citações de seu nome durante
o texto, indo do capítulo I ao último (o XLIV), a aia aparece em oito deles151, sendo também a
mulher mais citada de toda a obra. Outro aspecto importante é a diferença que se tem entre
Inês de Castro no texto lopeano e Maria de Padilha na crônica de Pero Lopez de Ayala, o
cronista castelhano preenche seu relato de citações da amante de Pedro Cruel como mulher
bondosa, formosa e de bom senso, além descrever ações dela, pois a teria conhecido
pessoalmente; já Fernão Lopes não se arrisca a fazer nenhuma descrição pessoal a respeito de
Inês de Castro, mulher que não conheceu. Ao contrário de outros personagens que aparecem
na crônica de Fernão Lopes e que possuem voz ativa, ou até mesmo discursos elaborados pelo
autor (estes somente são figuras masculinas152, o que curiosamente não acontece na crônica
ayalina), Inês não aparece com nenhuma fala ou exercendo uma atuação direta em alguma
questão153. Porém, seu papel nos rumos do reinado de Pedro e logo após este se mostra
149
OLIVEIRA, A. R. Op. Cit. p. 9.
150
LOPES, F. Op. Cit., Cap. XLIV, p. 200. (Ver apêndice, tabela das individualidades femininas em Fernão
Lopes).
151
Tais capítulos são: I, XXVII, XVIII, XXIX, XXX, XXXI, XLIII, XLIV.
152
Pelo menos na Crónica de D. Pedro I, pois isto não ocorre do mesmo modo nas crônicas seguintes do autor.
153
Diferentemente do que se dá com Maria de Padilha, pois como observamos anteriormente, esta aparece em
determinado trecho como a informante que alertou D. Álvaro de Castro e Álvaro Gonçalves contra a uma
armadilha tramada por seu amante contra eles (LOPES, 1965: 75). Tal relato se apresenta de forma muito
semelhante ao presente na crônica de Ayala. (LOPES, 1965: 75).
58
fundamental, conforme o relato do cronista. Sua figura ajuda a compor a representação de
monarca que Fernão Lopes desejava transmitir para D. Pedro I.
Como observado anteriormente, a maioria das mulheres que são nomeadas na crônica
lopeana são ou nobres citadas em trechos relacionados às alianças matrimoniais para manter a
estabilidade dos reinos de Portugal e Castela, ou são mulheres de outros estratos sociais, que
geralmente aparecem vinculadas à aplicação da justiça do monarca e por isso em questões
morais. Já Inês aparece como um caso à parte, relacionada a maioria das vezes às
conseqüências de sua morte, ao suposto casamento secreto com Pedro, à vingança do Cru
contra os seus assassinos, ao seu caso de amor com o monarca e, por fim, o traslado de seu
corpo para o mosteiro de Alcobaça, o qual foi feito a mando do rei como rico e ornamentado
túmulo, construído juntamente com o que seria de D. Pedro.
Dividiremos esta presença da aia na crônica de Fernão Lopes também em conjuntos de
temas. Inicialmente, com relação ao tema do casamento entre Pedro e Inês, há uma citação já
no primeiro capítulo do texto (“Do Reinado del Rei Dom Pedro, oitavo Rei de Portugal e das
comdiçoões que em elle avia”) [o grifo é nosso]:
Este rei nom quis mais casar depois da morte de Dona Enes em seendo Iffamte, nem depois que
reinou lhe prouve receber molher; mas ouve amigas com que dormio, e de nehuuma ouve filhos,
salvo d’huuma dona natural de Galiza que chamaron Dona Tareija, que pario del huum filho que
ouve nome Dom Joham, que foi meestre Davis em Purtugal, e depois Rei [...].154
Neste primeiro momento, o cronista expõe o fato de o rei não querer mais casar depois
da morte de Inês (supondo também o conhecimento dos leitores a respeito de quem fora esta
mulher, pois ao longo da crônica não explica em nenhum momento quem fora a personagem).
Ou seja, a partir da frase pode-se supor que o rei fora casado com Inês. Em seguida, atenta
para o fato de que D. Pedro teria tido amigas com quem dormiu; conforme Georges Duby em
seu livro Damas do século XII- A lembrança das ancestrais, as amigas eram diferentemente
das damas e das esposas, mulheres que dividiam o leito dos monarcas e senhores e denotavam
não a “desavergonhada”, mas sim a aceitação no período de que a maioria dos homens não se
contentava apenas com uma mulher155, ainda mais um homem como D. Pedro, que havia
154
155
LOPES, F. Op. Cit. Cap. I, p. 9.
In: DUBY, G. Damas do século XII - a lembrança das ancestrais. São Paulo: Companhia das Letras,
1997.p. 84. Apesar de a referência de Duby ser para o contexto do século XII, a permanência deste tipo de
relação poligâmica é duradoura e se confirma neste exemplo do século XIV, bem como no de Pedro, O Cruel,
para o contexto castelhano, que dormia com uma D. Isabel, após a morte de Maria de Padilha. Tal dona criara o
filho de Maria, D. Afonso, e teve com o monarca D. Sancho e D. Diego. D. Pedro queria bem a estes filhos e a
esta mulher, por isso em 1363 mandou-os para Carmona. Neste local, já estavam também outros filhos que Dom
Pedro havia tido com outras donas. No entanto, esses filhos são apoderados por Henrique Trastâmara, que os
59
perdido sua grande amada. D. Teresa aqui ocupa este lugar, ela foi apenas uma amiga com
quem D. Pedro dormiu, sua relação com ele não tinha a legitimidade do matrimônio que teve
com Constança e nem a profundidade do amor que nutriu pela dama Inês de Castro, a qual ele
inclusive quis legitimar ao afirmar ter se casado em segredo. No entanto, Teresa foi a
responsável maior do futuro rumo de Portugal ao dar à luz a D. João, filho que D. Pedro
tornou Mestre de Avis e que a despeito de uma maior legitimidade que teriam os filhos de
Inês de Castro com o monarca, foi quem se tornou rei após a morte de D. Fernando e a crise
de 1383-1385.
Inês de Castro só volta a aparecer na crônica lopeana no capítulo XXVII (“Como el
Rei Dom Pedro de Purtugal disse por Dona Enes que fora sua molher reçebida e da maneira
que em ello teve”), após boa presença da matéria de Castela no texto. Voltando à temática do
possível casamento entre Pedro e Inês, é neste capítulo que Fernão Lopes se dedica a relatar a
Declaração de Cantanhede em 1360. No início do texto, o cronista nos diz “Ja teemdes ouvido
compridamente hu fallamos da morte de Don Enes, a razom por que alRei Dom Affonso
matou, e o grande desvairo que amtrelle e este Rei Dom Pedro seemdo estomçe Iffamte ouve
por este azo”156. Esta afirmação indica a possível existência de uma crônica de D. Afonso IV,
escrita por Fernão Lopes, visto que os principais acontecimentos da vida de Inês e inclusive
sua morte ocorreram no reinado do pai de D. Pedro. Desafortunadamente, se esta crônica
existiu, não chegou até nossos dias. Provavelmente, foi nela que o autor descreveu mais
detalhadamente quem foi Inês de Castro, como se deu seu envolvimento com D. Pedro e
também seu assassinato, o qual não possui descrição detalhada a respeito na Crônica de Dom
Pedro I, entendido nesta como já conhecido do público leitor e existindo somente
informações pós-morte da aia157.
Na continuidade do relato, tem-se a descrição da declaração feita por D. Pedro I em
Cantanhede [os grifos são nossos]:
Hora assi he que em quamto Dona Enes foi viva, nem depois da morte della em quamto elRei seu padre
viveo, nem depois que el reinou, ataa este presemte tempo, nunca elRei Dom Pedro a nomeou por sua
molher; ante dizem que muitas vezes lhe emviava elRei Dom Affonsso pregumtar se a reçebera e
homrrallahia como sua molher, e el respomdia sempre que a nom reçebera nem o era. E pousando elRei
em esta sazom no logar de Cantanhede, no mês de Junho, avemdo já huuns quatro annos que reinava,
teendo hordenado de a pubricar por molher, estamdo antelle Dom Joham Affonsso comde de Barcellos
mantêm presos ao longo da vida e ao longo do reinado de D. Juan I. (AYALA, 1953: 590). Portanto, observamos
novamente a dada poligâmica afirmada por Duby.
156
157
LOPES, F. Op. Cit., Cap. XXVII, p. 125.
Esta ausência da Crónica de D. Afonso IV também é enunciada por Maria do Rosário Ferreira em seu artigo já
citado: Onde está Inês posta em sossego? ... p. 9.
60
seu mordomo moor, e Vaasco Martins de Sousa seu chamçeller, e meestre Affonso das leis, (...) e outros
muitos que dizer nom curamos, fez elRei chamar huum tabeliam, e presemte todos jurou aos evangelhos
per el corporalmente tangidos, que seendo Iffante, vivemdo aimda elRei seu padre, que estando el em
Bragamça podia aver huuns sete anos, pouco mais ou meos, nom se acordando do dia e mez, que el
reçebera por sua molher lidema per pallavras de presemte como manda a samta igreja Dona Enes de
Castro, filha que foi de Dom Pero Fernamdez de Castro, e que essa Dona Enes reçebera a elle por seu
marido per semelhavess palavras, (...), a tevera sempre por sua molher ataa o tempo de sua morte,
vivendo ambos de consuum, e fazemdosse maridança qual deviam.158
Fernão Lopes enuncia então como se deu a declaração, quatro anos após a morte de D.
Afonso IV. D. Pedro até o momento nunca havia declarado ter ser casado com D. Inês e
sempre negava quando questionado por seu pai, temendo a reação que este teria. De forma
diversa do relato de Pero Lopez de Ayala (o qual afirmou ter sido um dos motivos da morte
de Inês a chegada aos ouvidos de Afonso IV de que Pedro teria dito a alguns de seus privados
que casara com ela159), Fernão Lopes ressalta apenas o fato de o infante sempre negar que
havia se casado com a aia. Em seguida, o cronista cita os que estavam presentes em
Cantanhede e foram testemunhas do dito casamento, passando para o juramento sobre os
Evangelhos que teria feito Pedro de tal testemunho, bem como o fato de o rei não se lembrar
ao certo da data em que o matrimônio havia sido realizado, e depois a descrição da
concretização do ato em conformidade com as normas da Igreja. D. Pedro, portanto, ao fazer
esta declaração (assim como Pedro I de Castela faria posteriormente com Maria de Padilha),
ansiava colocar sua relação com Inês de Castro dentro da ordem estabelecida no período
(mesmo que de seu modo), vide a importância do imaginário em torno do religioso no
momento e sociedade; além disso, teria o monarca vivido com a aia, como se fossem casados
legitimamente. Outro fator que vem a corroborar esta visão é a existência dos túmulos
ricamente ornamentados de Pedro e Inês, presentes na igreja do Mosteiro de Alcobaça até
hoje, sobre os quais nos deteremos mais adiante.
No capítulo seguinte, XVIII - “Do testemunho que alguuns derom no casamento de
Dona Enes, e das razoones que sobrello propôs o comde Dom Joham Affonso”, tem-se o
relato de duas testemunhas (D.Gil, bispo da Guarda e Estevão Lobato, criado do rei) sobre o
casamento, as quais lembram de detalhes da cerimônia, mas não de sua data. Em seguida há o
testemunho do Conde de Barcelos, D. João Afonso, citado em discurso direto por Fernão
Lopes, o qual aborda a questão do parentesco existente entre Pedro e Inês [os grifos são
nossos]:
158
LOPES, F. Op. Cit., Cap. XXVII, pp. 125 e 126.
159
AYALA, P. L. de. Op. Cit. Año Onceno (1360), Cap. XIV, p. 506.
61
<o gram divedo que amtrelles avia, seemdo ella sobrinha delRei nosso senhor, filha de seu primo com
irmaão,; porem me mandou que vos certificasse de todo, e vos mostrasse esta bulla que ouve em
seemdo Iffamte, em que o papa despenssou com elle, que podesse casar com toda molher, posto que lhe
chegada fosse em parentesco, tanto e mais como Dona Enes era a elle>.160
Inês seria, portanto, sobrinha de Afonso IV, na medida em que era filha de um primo
coirmão do monarca. Existiria assim, um impedimento de parentesco definido pela Igreja para
o casamento da aia com o infante Pedro, que poderia ser corroborado por outro fator não
citado por Fernão Lopes: a dama era madrinha de um filho do infante com Constança Manuel,
o que caracterizava parentesco espiritual segundo a norma canônica vigente no período. No
entanto, sabe-se que as normas não implicam necessariamente execução na vida prática,
quanto mais de forma perfeita. Conforme observamos no primeiro capítulo de nosso estudo,
negociações eram estabelecidas entre as autoridades laicas e eclesiásticas. Um exemplo disto
seria a carta que D. Pedro I teria enviado ao Papa de Avinhão, João XXII, para que este
emitisse uma bula autorizando seu casamento com qualquer mulher que lhe prouvesse,
mesmo que esta lhe tivesse parentesco. A dita bula do Papa, apresentada pelo Conde de
Barcelos, continha em dado trecho:
<[...] queremdo condescender a tuas prezes e delRei Dom Affonso teu padre, [...] pera casardes com
qualquer nobre molher, devota a samta egreja de Roma, aimda que [...] sejaaes divedos e paremtes, [...] que a
geeraçom que de vos ambos nascer, seer legitima sem outro impedimento [...]>.161
Observamos, portanto, que a importância do parentesco poderia ser retirada,
prevalecendo somente a condição de ser a mulher escolhida por D. Pedro devota da Santa
Igreja. Esta bula papal teria sido apresentada em Cantanhede como prova da real possibilidade
do casamento entre Pedro e Inês, retirando-lhe um importante impedimento a partir de uma
concessão oficial. No entanto, não será essa visão da concretização do casamento de Pedro e
Inês que Fernão Lopes legará à história, como veremos adiante.
Antes de passarmos ao tema maior da presença de Inês na crônica lopeana, que se
refere à legalidade do casamento de Inês e Pedro por Fernão Lopes e o enfoque maior no
sentimento amoroso em si, abordaremos um tema intermediário: a perseguição e morte dos
conselheiros de Afonso IV que teriam influenciado o assassinato da predileta do infante. O
tema está presente em dois capítulos da crônica, o primeiro é o XXX - “Como os reis de
Purtugal e de Castella fezerom amtre si aveenças que entregassem huum ao outro alguuns,
que amdavom seguros em seus Reinos”. Fernão Lopes aborda com muito mais detalhes o fato
160
LOPES, F. Op. Cit., Cap. XXVII, pp. 132.
161
Ibidem, p. 133.
62
que Pero Lopez de Ayala. O cronista português inicia com um julgamento moral contra a
atitude de D. Pedro I de trocar prisioneiros com D. Pedro I de Castela, pois o rei de Portugal
não se manteve fiel à sua própria verdade, sendo capaz de atitude indigna como esta [os grifos
são nossos]:
ouveram as gentes por mui gram mal huum muito davorreçer escambo, que este ano antre os Reis de
Purtugal e de Castella foi feito; em tanto que posto que escripto achemos delRei de Purtugal que a toda
gente era mantenedor de verdade, nossa teemçom he nom o luvar mais; pois contra seu juramento foi
comsentidor em tam fea cousa como esta.162
O rei no exagero de seu amor por Inês, ao querer vingá-la cometeu excessos muito
graves, o que vem a coincidir quando lembramos de uma noção presente no imaginário
medieval, já trabalhada no início de nosso estudo: o homem não deveria dedicar tanto amor a
uma mulher, o sentimento amoroso masculino em desmedida poderia gerar conseqüências
graves, o homem diferentemente da mulher deveria manter sua racionalidade, a qual
naturalmente já seria superior a de sua companheira. A descrição empreendida no relato de
Fernão Lopes, impregnada da presença de sua própria voz (como no exemplo do julgamento
moral em que decide não louvar mais D. Pedro I), faz também uma ressalva retirando a culpa
de Diego Lopes Pacheco no assassinato de Inês:
Omde assi aveo segumdo dissemos que na morte de Dona Enes que elRei Dom Affonsso, padre delRei
Dom Pedro de Purtugal seemdo entom Iffamte, mandou matar em Coimbra, forom mui culpados pello
Iffamte Diego Lopez Pacheco, e Pero Coelho, e Alvoro Gomçallvez seu meirinho mor, e outros muitos
que el culpou, mas assiinadamente contra estes tres teve o Iffantre mui gramde rancura; e fallando
verdade Alvoro Gomçalvez, e Pero Coelho eram em esto asaz de culpados, mas Diego Lopez nom, por
que muitas vezes mandara perçeber o Iffamte per Gomçallo Vaasquez seu privado, que guardasse
aquella molher da sanha delRei seu padre. Pero depois de todo esto foi elRei dacordo a estes e a outros
em que sospeitava; 163
Teria Diego Lopes Pacheco alertado o infante para que escondesse aquela mulher da
sanha de Afonso IV, informação esta não presente no texto de Ayala, o que pensamos deverse ao fato de à época de Fernão Lopes já ser conhecido o destaque posterior de Diego Lopes
Pacheco em Portugal, que após obter o perdão do rei Pedro no final da vida deste, ainda veio a
servir e exercer influência no reinado de D. João I (fundador da dinastia à qual nosso cronista
servia).
Já no capítulo XXXI, “Como Diego Lopez Pacheco escapou de seer preso, e forom emtregues
os outros, e logo mortos cruellmente”, o cronista afirma como o rei castigou Álvaro
Gonçalves e Pero Coelho: “sanha cruel sem piedade lhos fez per sua maão meter a
162
Ibidem, Cap. XXX, p. 141.
163
Ibidem, p. 142.
63
tromento”164. O monarca teria também, ao não obter confissão dos acusados da morte de Inês,
dado um tapa no rosto de Pero Coelho, que lhe respondeu “em desonestas e feas pallavras,
chamamdolhe treedor, fe perjuro, algoz e carneçeiro dos homeens”165. E logo em seguida, D.
Pedro manda lhe trazerem cebola e vinagre para a carne de coelho que iria comer, mandando
também que matassem os dois conselheiros. A estranheza e crueza da cena descrita por
Fernão Lopes gerou diversas repercussões em temas literários, pois o rei enquanto comia,
mandou matar de forma exageradamente cruel Pero Coelho e Álvaro Gonçalves [os grifos são
nossos]:
A maneira de sua morte, seemdo dita pelo meudo, seria mui estranha e crua de comtar, ca mandou tirar
o coraçom pellos peitos a Pero Coelho, e a Alvoro Gomçallvez pellas espadoas; e quaaes palavras ouve, e aquel
que lho tirava que tal officio avia pouco em costume, seeria bem doorida cousa douvir, emfim mandouhos
queimar; e todo isto feito ante os paaços omde el pousava, de guisa que comendo oolhava quamto mandava
fazer. Muito perdeo elRei de sua boa fama por tal escambo como este [...]166.
Tal descrição, segundo Maria do Rosário Ferreira, diverge em determinado ponto da
versão recolhida na refundição do Livro de Linhagens do Conde D. Pedro de 1383. Nesta,
Pero Coelho ao invés de ofender o rei como disse Fernão Lopes, exibe compostura, dizendo
que perdoava a todos aqueles que lhe sentenciaram e pedia que Deus os perdoasse também167.
Disto, denota-se a diferença que o relato lopeano estabelece ao construir uma nova versão do
assassinato de um dos conselheiros de Afonso IV. Como conclusão deste tema, percebemos
como o cronista português se utiliza de um relato repleto de uma carga emocional negativa de
crueza para destacar um ponto negativo de D. Pedro: a vingança cruel e imoral pelo amor
desmedido à Inês de Castro; pois um mau monarca era aquele que ia contra sua própria
verdade. D. Pedro teria sido injusto ao matar aqueles homens, desprezando a justiça que tanto
prezava.
Passando agora ao tema do questionamento do casamento de Pedro e Inês por Fernão
Lopes e seu enfoque no aspecto amoroso da relação, observamos no capítulo XXIX
(“Razones contra esto dalguns que hi estavom duvidamdo muito em este casamento”) como o
autor constrói seu discurso de modo a colocar em grande dúvida a legitimidade do
matrimônio do casal. Já no início, temos a reflexão que o cronista faz neste sentido [os grifos
são nossos]:
164
Ibidem, Cap. XXXI, p. 148.
165
Idem.
166
Ibidem, p. 149.
167
FERREIRA, M.. do R. Op. Cit., pp. 4 e 5.
64
[...] aquelles que de chaão e simprez emtemder eram, nom escodrinhamdo bem o teçimento de taaes
cousas, ligeiramente lhe derom fé, outorgando seer verdade todo aquello que alli ouvirom. Outros mais
sotiis demtender, leterados e bem discretos, que os termos de tal feito mui delgado investigarom,
buscamdo se aquello que ouviram podia seer verdade, ou per o contrario; nom reçeberom isto em seus
emtendimentos, pareçemdolhe do todo seer uito contra razom. [...] o prudente homem que tal cousa
ouve que sua razom nom quer conceber, logo se maravilha duvidando muito. 168
Percebe-se, portanto, como o autor faz uso bastante pessoal da palavra, classificando
quem acreditava no relato de Cantanhede como pessoa de “simples entender”, enquanto os
que duvidavam de tal declaração como letrados ou prudentes homens, atribuindo por isso
valor a estes últimos. Em seguida, Fernão Lopes questiona de forma ainda mais profunda o
fato de terem as testemunhas do casamento e principalmente o monarca esquecido a data
exata do ato [os grifos são nossos]:
Nom quiserom comsemtir os antiigos, que nenhuum razoado homem, seemdo em sua saúde e emteiro s
iso, se podesse delle tanto assenhorar o esqueeçimento, que toda cousa notável passada, sempre della
nom ouvesse renembramça, allegando aquel claro lume da fillosophia de Aristotilles em huum breve
trautado que disto compos. [...] Porem o da assiinado em que tal cousa aveo, nunca se tira de todo ponto
que depois nom torne a nembrar compridamente, por que tal dia he da essemçia da renembramça, e o
processo do tempo nom. E porem nom he cousa que possa seer, estamdo homem em sua saúde, que lhe
cousa notavel esqueeça, [...]diziam elles, que huum casamento tam notavel como este, e que tamtas
razooens tiinha pera ser nembrado, ouvessem em tam pequeno espaço desqueeçer assi aaquelle que o
fez, como aos que forom presentes [...].169
É neste extrato da fonte que observamos a profunda modificação da história de amor
entre o Justiceiro e a Castro que Fernão Lopes faz, enunciada por Antônio Resende de
Oliveira170. O cronista procura legitimar seu discurso à medida que insere uma discussão
filosófica, citando até mesmo Aristóteles, sobre o esquecimento de D. Pedro de sua própria da
data de casamento, que, segundo o cronista, deveria ser fato da “essência da lembrança”, visto
que não se tratava de um dia qualquer e sim de um dos principais da vida do monarca. Ao
colocar consideravelmente em cheque a legalidade da relação de Pedro e Inês, o cronista
expõe uma nova versão, não presente no relato de Ayala.
Em momento seguinte no capítulo, Fernão Lopes compara a declaração do casamento
de Pedro de Portugal e Inês de Castro, com a declaração de casamento da parte de Pedro de
Castela e Maria de Padilha. Conforme já expusemos, o cronista comete um equívoco (que não
podemos classificar certamente como intencional ou não) ao dizer que o rei português queria
parecer semelhante ao monarca castelhano, pois a declaração de Pedro de Castela ocorre dois
anos depois da de Pedro de Portugal. No entanto, retirar a legalidade do casamento de D.
168
LOPES, F. Op. Cit., Cap. XXIX, p. 135.
169
Ibidem, pp. 136 e 137.
170
OLIVEIRA, A. R. Op. Cit. pp. 9 e 10.
65
Pedro I de Inês de Castro seria fator importante na obra lopeana, que primordialmente se
dirigia aos interesses da Dinastia de Avis. Para legitimar o reinado de D. João e
consequentemente o de seus sucessores, o cronista não poderia focar a legitimidade da relação
de Pedro e Inês, pois desta forma estaria também declarando serem os filhos destes os
sucessores legítimos da coroa portuguesa e não o Mestre de Avis, filho de uma relação do
monarca Pedro com uma amiga e não de um grande amor inserido dentro das normas.
Por fim, Fernão Lopes encerra a questão matrimonial: “Mas nos que nom por
determinar se foi assi ou nom, como elles disserom, mas soomente por ajumtar em breve o
que os antiigos notaram em escripto, posemos aqui parte de seu razoado, leixamdo carrego
ao que isto leer que destas opiniooens escolha qual quiser.”
171
. Após um uso incessante de
artifícios retóricos contrários à existência do casamento do Justiceiro e da Castro, o autor
procura dar um tom de neutralidade no encerramento de seu capítulo, afirmando que deixa a
cargo do leitor escolher a versão que melhor lhe prouver. Desta forma, Fernão Lopes
sutilmente passa à posteridade, conforme Maria do Rosário Ferreira, a negação do
matrimônio172, enfocando, como observaremos, o puro sentimento amoroso, estabelecendo a
comum relação codificada no imaginário medieval do amor como separado do vínculo
matrimonial.
Por fim em nossa análise, chegamos ao ponto crucial da presença de Inês de Castro no
relato lopeano: o tema do amor que o monarca lhe devotou, mote do grande mito criado em
torno da personagem posteriormente. Curiosamente, este tema é escolhido para encerrar a
Crónica de Dom Pedro I, no capítulo final XLIV - “Como foi trelladada Dona Enes pera o
mosteiro Dalcobaça, e da morte del Rei Dom Pedro”. O autor faz uma profunda reflexão
sobre o amor de Inês e Pedro, encaixando-o com o acontecimento da morte de D. Pedro,
também descreve a construção dos túmulos para os dois em Alcobaça, enunciando as provas
de amor que o monarca fez para sua amada desde que dela se enamorou até a morte dele. No
início do capítulo se encontra a descrição bastante conhecida do relato lopeano sobre o
sentimento amoroso do monarca pela aia [os grifos são nossos]:
Por que semelhante amor, qual el Rei Dom Pedro ouve a Dona Enes, raramente he achado em alguuma
pessoa, porem disserom os antiigos que nenhuum he tam verdadeiramente achado, como aquel cuja
morte nom tira da memória o gramde espaço do tempo. E se algum disser que muitos forom já que tanto
e mais que el amarom, assi como Adriana e Dido, e outras que nom nomeamos, segumdo se lee em suas
epistolas, respomdesse que nom fallamos em amores compostos, os quaaes alguuns autores abastados
de eloquemcia, e floreçentes em bem ditar, hordenarom segumdo lhe prougue dizemdo em nome de
171
LOPES, F. Op. Cit., Cap. XXIX, p. 139.
172
FERREIRA, M. do R. Op. Cit.. p. 10.
66
taaes pessoas, razoões que numca nenhuuma dellas cuidou; mas fallemos daquelles amores que se
contam e leem nas estorias, que seu fumdamento tem sobre verdade. Este verdadeiro amor ouve elRei
Dom Pedro a Dona Enes como se della namorou, seemdo casado e aimda Iffamte, de guisa que pero
dela no começo perdesse vista e falla,, seemdo alomgado, como ouvistes, que he o principal aazo de se
perder o amor, numca çessava de lhe enviar recados, como em seu logar teemdes ouvido. Quanto depois
trabalhou polla aver, e o que fez por sua morte, e quaaes justiças naquelles que em ella forom culpados,
himdo contra seu juramento, bem he testimunho do que nos dizemos.173
Neste excerto podemos observar vários aspectos do discurso de Fernão Lopes, o qual,
apesar de colocar a negação do casamento entre Pedro e Inês, demonstra ter sido cativado pela
sorte de Inês174. O amor-paixão de D. Pedro é exaltado pelo cronista, que afirma ser este um
dos únicos amores verdadeiros que considera, pois o rei não teria tirado Inês de sua memória e
este amor fundamentado na verdade. Outro ponto importante deste trecho é a afirmação de
que Pedro “se namorou” de Inês sendo casado e ainda infante. Desta frase, não se pode
compreender ao certo se o envolvimento físico iniciou-se ainda em vida de D. Constança, no
entanto, o contrário também não é confirmado, o que difere do relato ayalino, pois neste o
cronista castelhano, como observamos, afirma que Pedro se envolveu com Inês somente após
a morte de Constança. A mulher que no começo alterava o equilíbrio do monarca, tirando-lhe
até mesmo a fala, foi motivo de ações de D. Pedro que geraram conseqüências no reino
português, como as “justiças” que o monarca mandou fazer aos conselheiros de Afonso IV.
Ao descrever os túmulos que D. Pedro mandou construir em Alcobaça175, o cronista
destaca as honrarias que o monarca português concedeu àquela que desejava como sua rainha
legítima:
[...] mandou fazer huum muimento dalva pedra, todo mui sotillmente obrado, poemdo emlevada sobre a
campãa de çima a imagem della com coroa na cabeça, como se fora Rainha; e este muimento mandou
poer no moesteiro Dalcobaça, nom aa emtrada hu jazem os Reis, mas demtro na egreja ha maão dereita,
açerca da capella mor. E fez trazer seu corpo do mosteiro de Samta Clara de Coimbra, hu jazia, ho mais
homradamente que se fazer pode [...].176
O cronista ainda destaca que este foi o mais honrado traslado visto até aqueles dias em
Portugal, ressaltando ainda mais a importância que o rei concedeu à dama. Em seguida, o
cronista aborda a herança que D. Pedro deixou aos filhos que teve com Inês de Castro e a
morte do rei depois de dez anos de reinado, sendo ao final enterrado junto da amada em
Alcobaça. A crônica é encerrada com a seguinte frase: “E diziam as gentes que taaes dez
173
LOPES, F. Op. Cit., Cap. XLIV, p. 199 e 200.
174
OLIVEIRA, A. R. Op. Cit. p. 9.
175
Cf. Anexos, túmulos de D. Pedro I e Inês.
176
LOPES, F. Op. Cit., Cap. XLIV, p. 200.
67
annos nunca ouve em Purtugal, como estes que reinara elRei Dom Pedro.”177. A impressão
dada por Fernão Lopes ao monarca justiceiro ao final de seu texto acaba por ser positiva,
colocando o reinado em um balanço geral favorável. Mas o que mais se destaca deste final é a
outra característica que o cronista lega a D. Pedro para além de seu caráter justiceiro: a
imagem de um homem verdadeiramente apaixonado por uma mulher, pela qual foi capaz de
inúmeras atitudes.
O amor devotado à Inês na visão exposta por Fernão Lopes era ilegítimo em termos
matrimoniais, no entanto, o autor opta ao final de seu texto por destacar a sinceridade do
sentimento. A mulher que realmente fora legítima de D. Pedro, Constança, é esquecida,
morrera cedo após um parto. Já sua aia, apesar de morrer precocemente também, permanece
tanto na memória do rei quanto no relato de Fernão Lopes como a mulher mais importante do
período de vida do monarca. O encerramento poético da obra lopeana acaba por retirar o foco
de questões políticas que envolveram o governo de D. Pedro e principalmente de questões
sucessórias que envolveriam os filhos de Inês com o monarca (João e Dinis) e D. João, filho
deste com a amiga D. Teresa. Pois quem ganhou a disputa foi o fundador da Casa de Avis, a
despeito da influente comoção que existia em Portugal a respeito da trágica história entre
Pedro e Inês. O eclipsamento dos Castro, conforme apontou Mariana Sales178, ocorre tanto
para o lado dos irmãos de Inês (Álvaro e Fernando) que são omitidos na crônica
(diferentemente do que ocorre com Ayala), quanto para o lado dos filhos desta que apesar de
nomeados, são pouco trabalhados (de forma diversa do que acontece com os filhos de Pedro
de Castela e Maria de Padilha). Como Fernão Lopes era comprometido com Avis, não
poderia chamar a atenção para a questão política de conflito entre os sucessores do rei
justiceiro, D. Pedro I.
177
Ibidem, p. 202.
178
SALES, M. Op. Cit. p. 29.
68
CONCLUSÃO
Ao longo deste trabalho, procuramos analisar as figuras de Maria de Padilha e Inês
de Castro como duas individualidades femininas da nobreza ibérica de finais do Medievo.
Para isso, propusemos uma discussão inicial a respeito das mulheres na Idade Média,
observando condições e papéis destinados à nobreza feminina, abordando brevemente o
contexto dos séculos XII e XIII, e, em seguida, destacando os séculos XIV e XV (que se
referem especificamente a nosso recorte temporal). Nesta discussão, ressaltamos a relação
entre as normas canônicas179 e exemplos que denotam o distanciamento entre a regra e sua
aplicação na vida prática180. Ao mesmo tempo em que ocorriam esforços da Igreja para tentar
regular cada vez mais as alianças matrimoniais e a vida familiar da nobreza, havia também
espaço para a negociação entre o poder laico e o temporal, permeado por interesses políticos.
A mulher, inserida neste contexto, poderia viver diversas situações possíveis, como pudemos
observar através do exemplo de Leonor da Aquitânia, que mesmo tendo parentesco com Luís
VII da França só teve seu casamento rompido por não conseguir gerar um varão para herdar o
trono; isto segundo discursos de clérigos analisados por Georges Duby.
Após esta discussão geral sobre a condição feminina na Idade Média, consideramos as
condições específicas de nosso trabalho, destacando primeiramente o fato de termos como
fontes crônicas régias, relatos elaborados por homens e que diziam respeito essencialmente
aos acontecimentos de reinados de determinados
monarcas. Relatos estes que além de
expressarem uma visão masculina ao citarem mulheres, também possuem ligação com um
projeto de legitimação e consolidação de casas reais e que por isso expressam um ponto de
vista específico, relacionado a esta condição. A Crónica del Rey Don Pedro, de Pero Lopez
de Ayala, e a Crónica de D. Pedro I, de Fernão Lopes, são relatos marcados por seu tempo e
contexto, refletindo interesses das Dinastias de Avis e Trastâmara. No entanto, estes relatos
também são marcados pela subjetividade de cada autor, que possui experiências sociais,
culturais e formação intelectual distintas. Estas diferenças, apesar de não poderem ser
medidas precisamente por nós historiadores e também não serem nosso objetivo de estudo,
evidenciam-se na forma estilística e de estrutura narrativa em que os discursos se apresentam.
179
Através de discursos de clérigos e leis conciliares, que estabelecem, por exemplo, a regra de obediência da
esposa ao marido, ou o fato de que este tem culpa menor em casos de adultério ou o estabelecimento da
proibição de casamentos em vários graus de parentesco.
180
Como no caso de processos judiciais em que havia casos de mulheres que agrediam seus maridos, algo pouco
imaginado por nós quando pensamos no Medievo.
69
Desta forma, pudemos perceber características marcantes do texto de Pero Lopez de
Ayala e Fernão Lopes. O primeiro (nobre de alta linhagem, cavaleiro e letrado) dá ênfase à
descrição detalhada das tramas da corte, dos relacionamentos inter-pessoais que repercutem
em conseqüências para o reino, além das relações entre Castela com os outros reinos. Sendo
assim, o que notamos através do levantamento do feminino na crônica ayalina foi a
predominância das mulheres da corte. As mulheres pertencentes às grandes linhagens
possuem papel destacado, atuando nos rumos do reinado, como no caso da rainha D. Leonor
de Aragão, que tenta convencer o rei D. Pedro, seu sobrinho, a abandonar a amante D. Maria
de Padilha e se estabelecer com sua esposa legítima, Branca de Bourbon, sobrinha do rei da
França. Este destaque de determinadas personagens é exemplificado pelo uso, por Ayala, do
discurso direto para estas, o que lhes confere importância na narrativa. Outro dado relevante
da forma como as mulheres aparecem no texto ayalino é a observação de que a maioria das
figuras femininas acaba sempre, ou pelo menos em algum momento em que é citada, sendo
relacionada ao caráter cruel de Pedro I de Castela. Seja no caso de várias nobres que acabam
sendo executadas pelo monarca ou mesmo no exemplo da personagem Caba, citada numa
carta de um sábio mouro ao rei castelhano, aconselhando este a evitar a fornicação (outro
excesso cometido por D. Pedro).
Já Fernão Lopes, homem letrado, de provável origem vilã, nobilitado depois de
serviços prestados ao rei D. Duarte, estrutura e destaca temas de forma diferente em sua
narrativa. Apesar de ter sido a obra de Ayala fundamental para a construção do texto lopeano,
o cronista português preocupa-se com dados mais gerais do reinado de D. Pedro I de Portugal,
não enfatizando tanto as tramas da corte e a descrição da personalidade de personagens
diversos, mas sim a globalidade do reino, os problemas internos, diplomáticos e as atitudes do
rei, figura central da obra. Para Fernão Lopes, mais do que a descrição pura, é essencial a
apresentação de todas as versões existentes sobre um mesmo acontecimento, bem como o
debate entre essas versões (inclusive utilizando da filosofia). Desta forma, a presença
feminina na crônica também se dá de uma forma bastante diferente da de Ayala, como
pudemos observar pela maior relevância de mulheres externas ao contexto da alta nobreza,
como Maria Roussada e a alcoviteira Ellena. Já as mulheres da nobreza, aparecem a maior
parte das vezes relacionadas brevemente, em referência aos acordos matrimoniais negociados
pela realeza a fim de manter a estabilidade entre os reinos. No entanto, constatamos uma
semelhança entre as mulheres presentes em Fernão Lopes e as mulheres presentes na narrativa
ayalina: ambas aparecem relacionadas a maioria das vezes ao caráter dos reis, seja o cruel de
Pedro I de Castela, seja o cru de Pedro I de Portugal.
70
Seguido do estudo a respeito dos cronistas, de suas obras e da presença feminina
nestas; partimos para nossa análise específica: compreender como as aias Maria de Padilha e
Inês de Castro, através de seus envolvimentos afetivos com os monarcas ibéricos, atuaram nos
reinos de Castela e Portugal, conforme o discurso de Pero Lopez de Ayala e Fernão Lopes.
Para o caso de Maria de Padilha, notamos que a fonte ayalina é a mais importante para sua
compreensão, pois se refere ao mesmo contexto da dama, Castela, e seu autor a conheceu
pessoalmente. Desta forma, nosso maior questionamento com relação a ela pôde ser
respondido a partir desta crônica, visto também que Maria de Padilha é a mulher mais citada
do texto de Ayala. Ao longo da narrativa ayalina observamos as interferências políticas da aia
muito mais que seu amor pelo monarca Pedro I. Ao contrário, é somente da parte deste que
vemos esforços para se encontrar a amante, viver com ela e abandonar a esposa legítima
(Branca de Bourbon), ou tentar anunciar que havia se casado em segredo com a dama. A
presença de Maria se dá indiretamente, quando relacionada a estes atos do rei cometidos pelo
seu apreço a ela, ou quando relacionada a seus parentes, que obtendo a privança régia,
primavam por fazer valer seus interesses acima dos de quaisquer outros nobres no reino. No
entanto, quando aparece atuando de maneira direta no discurso ayalino, a aia sempre está a
agir contra atitudes do próprio amante. O discurso de Pero Lopez de Ayala cria uma Maria
inserida no contexto de instabilidade existente no reinado de Pedro Cruel, atuando de forma a
tentar apaziguar o espírito passional do amante, ou a defender indivíduos dele. A dama não se
conformava com os assassinatos tramados pelo monarca e por isso tentava evitar muitos
deles, seja pedindo ao amante, seja protegendo e ajudando as vítimas a fugirem antes que a
morte viesse a ser executada. Ao espírito cruel de Pedro é oposto o espírito bondoso de Maria,
na narrativa em que o cronista pretendia legitimar o golpe dado pelo irmão deste monarca,
Henrique Trastâmara (golpe que fora apoiado pelo próprio Ayala, figura importante da
época).
Já com relação às citações de Maria de Padilha na crônica de Fernão Lopes,
observamos que sua figura aparece inserida nas várias referências à matéria de Castela que o
cronista faz em sua obra, inspirando-se sobremaneira no texto ayalino181, o que conferiu a
dama a colocação de segunda mulher mais citada no texto lopeano. Desta forma, as
referências à dama na crônica lopeana coincidem em muito com as presentes na narrativa de
Ayala, como em seu papel de protetora de nobres contra a sanha de D. Pedro I de Castela. No
181
Fato constatado por Marcella Lopes Guimarães. In: GUIMARÃES, M. L. Os protagonismos do Cruel e do
Cru... p. 112.
71
entanto, pudemos perceber uma diferença fundamental na representação da personagem entre
uma crônica e outra: o casamento secreto anunciado pelo monarca castelhano em 1362, um
ano após a morte da amada. Em Ayala observamos a apresentação desta informação sem
questionamentos, há a descrição do evento e não há nenhum juízo de valor explícito. Já em
Fernão Lopes, o casamento do rei castelhano com Maria de Padilha é utilizado como mote
para questionar um evento semelhante: o casamento de Pedro I de Portugal com a aia Inês de
Castro. Pois ao contrário do cronista castelhano, Fernão Lopes insere inúmeros
questionamentos, relacionados ao casamento do rei português (protagonista de sua obra),
tendo como um dos pontos-chave de sua argumentação o fato de que ao declarar seu
casamento com Inês de Castro em Cantanhede, Pedro de Portugal queria parecer semelhante a
Pedro de Castela, que também havia anunciado casamento secreto com sua amante. No
entanto, verificamos que o rei português havia feito a sua declaração dois anos antes que o
castelhano e por isso, não havia como o primeiro querer imitar a atitude do segundo. Desta
forma, notamos como a figura de Maria de Padilha que ao longo da narrativa lopeana
coincidia com a ayalina, sofre relevante modificação neste ponto, utilizada por Fernão Lopes
para dar sentido a um questionamento referente ao contexto português introduzido pelo
cronista.
Já no estudo da figura de Inês de Castro, observamos que na narrativa de Ayala ela
aparece em somente dois capítulos. Porém, essas citações já introduzem novos elementos
referentes à história da aia quando comparadas a outras fontes do período do cronista
castelhano que contém referências à dama. Pois observamos que, conforme Antônio Resende
de Oliveira, o texto de Ayala foi o primeiro relato verdadeiramente cronístico ainda no século
XIV a abordar a personagem e seu caso com o rei Pedro I de Portugal182. A crônica ayalina
seria, segundo Maria do Rosario Ferreira, o relato que junta pela primeira vez o amor de
Pedro e a morte de sua amada, que ocorreu em Santa Clara de Coimbra183. Desta forma,
mesmo em um espaço de texto relativamente curto, Ayala abordou vários temas relacionados
à vida da aia e seu relacionamento com o rei, introduzindo pontos como o profundo
sentimento que o monarca sentia pela dama, que fazia este dizer a alguns que era casado com
ela. Da mesma forma, verificamos apenas a presença indireta da dama, sem atuações próprias,
como ocorre com Maria de Padilha. Sua presença é condicionada à ocorrência de seu
assassinato a mando de Afonso IV e às atitudes de Pedro de Portugal cometidas pelo amor
182
OLIVEIRA, A. R. Op. Cit. p. 4.
183
FERREIRA, M. do R. Op. Cit. p. 9.
72
que o monarca lhe tinha, visto que o rei se apaixonara por ela devido à dama ser muito bela,
conforme Ayala. Portanto, no relato ayalino, verificamos para Inês de Castro um tom também
mais descritivo dos acontecimentos relacionados à sua vida, a qual se refere essencialmente a
Portugal, contexto externo ao de Ayala. Muitos destes temas terão uma abordagem
diferenciada na crônica de Fernão Lopes que, segundo Antônio Resende de Oliveira,
provocou alterações profundas na história da Castro e do rei justiceiro184, mesmo bebendo na
fonte de Ayala.
Já com relação à Inês de Castro e a crônica de Fernão Lopes, observamos como a
narrativa se dá de uma forma diferente. A aia é a mulher mais citada da crônica, pois sendo
amante do infante que depois se tornou monarca, exerceu seu papel fundamental nos rumos
do reinado. O grande amor que o monarca lhe tinha gerou conseqüências para o reino, como a
destruição de cidades provocada pelo rei revoltado com a morte da amada. Para o cronista
português o valor está na discussão dos principais acontecimentos do reinado de Pedro, na
confrontação de várias versões do mesmo fato, bem como no balanço daquele governo e da
vida no reino no período. Neste sentido, a figura de Inês de Castro, assim como as outras
figuras femininas da narrativa lopeana, aparece exercendo atuação indireta, não lhe sendo
atribuídas atitudes e discursos específicos, como ocorre com Maria de Padilha na crônica de
Ayala. No entanto, o foco no amor que o Pedro I de Portugal tinha à Inês gera uma poética
exaltação do amor-paixão. Esta exaltação do sentimento erótico-amoroso é oposta à noção do
que determinaria a legitimidade da relação: o matrimônio. Desta forma, no relato lopeano, o
estilo questionador do cronista retira a legitimidade que teria a relação de Pedro e Inês
afirmada na Declaração de Cantanhede em 1360, na qual o monarca teria dito que se casou
em segredo com a dama e por isso esta teria sido sua legítima esposa e seus filhos os
herdeiros oficiais. Porém, quem assume a Coroa tempos depois não são os filhos de Inês com
Pedro, mas sim D. João, Mestre de Avis, filho do monarca com outra dama. É aos herdeiros
de Avis que Fernão Lopes serve. Desta forma, ao enfatizar o sentimento amoroso do monarca
por Inês em detrimento da legitimidade da relação, o cronista ensombra a questão (o que
também é uma postura política sua) de serem os filhos do casamento de Pedro com a aia que
teriam direito ao trono.
Portanto, destacamos que através de sua linguagem e de seu discurso os cronistas
produzem uma imagem destas mulheres, fundamentalmente relacionada com a imagem de
monarca que os autores procuravam transmitir. A construção das figuras de Maria de Padilha
184
OLIVEIRA, A. R. Op. Cit. p. 9.
73
e Inês de Castro na crônica ayalina e lopeana revela-nos não somente as imagens possíveis
para essas mulheres nas cortes régias, como também lugares específicos nos discursos, de
forma a atuarem de determinada maneira na construção do perfil cruel de Pedro I de Castela
ou do perfil cru de Pedro I de Portugal. No entanto, o estilo desses discursos e os aspectos que
destacam na construção dos perfis de Inês de Castro e Maria de Padilha não se relacionam
somente às exigências políticas requeridas por seus financiadores, mas também à tradição
literária e historiográfica que os influenciaram, bem como às suas experiências culturais e
sociais.
74
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78
APÊNDICES
Levantamento da presença feminina na Cronica del Rey Don Pedro, de Pero Lopez de
Ayala.
* Obs.: Mantivemos os nomes de pessoas e da maioria dos lugares do modo como Ayala escreve, de
modo a procurar manter a fidelidade à grafia da fonte. A numeração dos nomes das mulheres
corresponde à ordem em que aparecem na crônica; Maria de Padilha e Inês de Castro também
receberam sua numeração conforme este critério, porém, devido à sua centralidade na pesquisa, são
destacadas na tabela seguinte à das individualidades gerais.
a) Tabela das individualidades femininas na crônica de Ayala:
1. Rainha Dona Leonor de Aragão:
Año Primero, 1350:
- Cap. I: “Como el Rey Don Alfonso fino en el real que tenia en Gibraltar”. Pág. 403: Mulher do rei
Afonso de Aragão, citada como mãe do infante Dom Ferrando e irmã do rei Dom Alfonso de Castela.
- Cap. V: “Como los señores levaron el cuerpo dele y Don Alfonso a Sevilla: é como fué enterradoo em
la Iglesia mayor de Sevilla em la Capilla del los Reyes”. Pág. 406. Citação rápida de seu nome em
referência a seu filho Dom Ferrando, que era sobrinho do falecido rei Alfonso de Castela.
-Cap. XI: “Como ele y puso sus fronteros contra los Moros, e como se fizo la tregua luego”. Pág. 408.
Em referência a seu filho, Dom Ferrando.
- Cap. XIII: “De la dolencia que ovo el Rey Don Pedro el año primero que regnó de la qall llegó a
peligro de muerte: é como trataban quien regnaria”. Pág. 409: novamente relacionada a seu filho, que
poderia vir a ser o herdeiro da Coroa castelhana se caso viesse a morrer o rei Dom Pedro.
Año Cuarto, 1353:
-Cap. IV: “Como Don Juan Alfonso de Albuquerque llegó a Torrigos, é traço consigo Don Juan de la
Cerda”. Pág. 429: Com relação a ela e seus filhos serem até o momento os herdeiros legítimos de
Castela, pois Dom Pedro ainda não tinha os seus herdeiros legítimos.
- Cap. XI: “Como el Rey Don Pedro fizo bodas em Valladolid con la Reyna Doña Blanca de Borbon”.
Pág. 432: Quando das bodas de Dom Pedro com Blanca de Borbon: “é era padrinho del Rey Don Juan
Alfonso, Señor de Albuquerque, é madrinha de la Reyna era la Reyna Doña Leonor de Aragon, que iba
en una mula: é levaba paños de lana blancos con peñas grises. (...)”.
-Cap. XII: “Como el Rey Don Pedro luego que fizo sus bodas partió de Valladolid, é fueses para
Montalvan dó estaba Doña Maria de Padilla.”. Pág. 433: “É estando el Rey á la mesa llegaron á él la
Reyna Doña Maria su madre, é la Reyna Doña Leonor su tia llorando: é el Rey levantóse de la mesa, é
aparte fablaron con él, é dixeronle asi, segund despues él é ellas lo contaban: “Señor, á nos es dicho
que vos queredes luego partir de aqui para ir dó esta Doña Maria de Padilla: é pedimos vos por
merced que no lo querades facer; ca si tal cosa ficiesedes, lo primero fariades en ello muy poco de
vuestra honra en dexar asi vuestra muger luego que casastes, estando aqui con vusco todos los
mayores é mejores de los vuestros Regnos. Otrosi el Rey de Francia se ternia de vos por muy contento,
que por el dicho casamiento nuevamente se ha aliado con vos (...). É eso mesmo, Señor, porniades en
79
vuestros Regnos muy gran escándalo en vos partir asi de aqui”. É el Rey les respondió, que se
maravillaba mucho en ellas creer que é se partiria asi de Valladolid nin de su muger, é que lo non
creyesen”.
-Cap. XIV: “Del consejo que Don Juan Alfonso de Albuquerque, é el Maestre de Calatrava ovieron con
las Reynas Doña Maria madre del Rey, é Doña Blanca de Borbon su muger, despues que el Rey partió
de Valladolid, é do lo que acaesció por esto”. Pág. 434: Quando do alvoroço ocorrido pela ida de Dom
Pedro ao encontro de Maria de Padilla logo após suas bodas com Blanca de Borbon. Dom Juan Alfonso
de Albuquerque, Dom Juan Nuñez de Pradro, Maestre de Calatrava e outros cavaleiros foram ver as
Rainhas Dona Maria, Dona Blanca e Dona Leonor “é fallaronlas muy tristes: é estaban todos los que
alli fincaron muy desmayados é muy cuidosos, teniendo que aquel dia se levantaria mucha guerra é
mal en Castilla, como fué: é ovieron su consejo diciendo que non ficiera el Rey bien en se partir asi de
su muger, é pesabales mucho dello, é ordenaron (...) que partiesen luego para el Rey (...) é que
trabaxasen mucho por facer tornar el Rey á su muger la Reyna Doña Blanca (...)”.
-Cap. XV: “Como Don Juan Alfonso partió de Valladolid, é se iba para el Rey á Toledo: é quales
caballeros iban con él.”. Pág. 434: Citação rápida da instrução dada por ela, pela rainha Dona Maria e
pela rainha Dona Blanca a Dom Juan Alfonso e outros cavaleiros, para irem atrás do rei Dom Pedro
que havia ido ao encontro de Maria de Padilla.
Año Quinto, 1354:
- Cap. XII: “Como fizo el Rey despues que sopo que el Conde, é el Maestre Don Fadrique, é Don Juan
Alfonso eran avenidos todos en uno”. Pág. 445: “É el Rey desque llegó á Castro Xeriz envió por los
Infantes Don Ferrando é Don Juan sus primeos, fijos del Rey de Aragon é de la Reyna Leonor su tia,
que estaban en Toledo, que venian de Portogal de las bodas que el dicho Infante Don Ferrando ficiera,
é vinieronse para él á Castro Xeriz (...)”.
- Cap. XXIV: “Como el Rey estando en Tordehumos se partieron dél los Infantes de Aragon é otros
Caballeros, é como enviaron sus cartas al Rey”. Pág. 450: Os infantes de Aragão após juntarem-se com
o Conde Dom Enrique e Dom Juan Alfonso de Albuquerque na causa de defesa da rainha Dona Blanca,
partiram da Corte de do rei Dom Pedro por não concordarem com a postura deste, levando consigo a
rainha Dona Leonor de Aragão para Montalegre, lugar de Dom Juan Alfonso.
-Cap. XXVI: “Como los Infantes de Aragon se avinieron con el Conde Don Enrique, é con Don Juan
Alfonso”. Pág. 451: Os infantes seus filhos, Dom Ferrando e Dom Juan, além do Conde Dom Enrique,
Dom Juan Alfonso, Dom Ferrnando de Castro e Dom Tello falaram um longo tempo com a Rainha em
Cuenca de Tamariz. Ela e seus filhos ficaram em Cuenca de Tamariz e os outros senhores foram para
outras localidades. Todos enviaram cartas a várias cidades que estavam juntas na empreitada a favor de
Dona Blanca de Borbon, dizendo que estavam todos esses senhores de acordo com tal demanda.
Também enviaram cartas a mensageiros do rei Dom Pedro, pedindo que este deixasse Dona Maria de
Padilla e ficasse com Dona Blanca de Borbon, su mulher legítima. Além disso, enviaram cartas de
apoio à rainha Dona Blanca, que estava em Toledo, dizendo também que com a ajuda de Deus levariam
a causa adiante.
-Cap. XXVII: “Despues que los Señores todos fueron juntos en uno, que fizó el Rey, é lo que acaesció
despues”. Pág. 451: O rei Dom Pedro contava com muito menos apoio em sua decisão de deixar Dona
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Blanca e detê-la em Toledo. Ele vai para Oterdesillas e leva consigo sua mãe, a raina Dona Maria e a
amante Maria de Padilla. A rainha Leonor, junto com outras donas, vai para Oterdesillas e tenta
convencer o rei Dom Pedro a voltar para sua mulher Dona Blanca e que “(...) pusiese en Orden en el
Regno de Francia, ó en el de Aragon á Doña Maria de Padilla. Otrosi que non fuesen sus privados los
parientes de Doña Maria de Padilla; é faciendo él esto, que todos sus vasallos que andaban
arrendrados dél se vernian á la su merced.”
-Cap. XXXIII: “Como los Infantes de Aragon Don Ferrando é Don Juan, é el Conde Don Enrique, é los
otros Señores pasaron delante de la villa de Toro, donde el Rey estaba: é como el Rey partió de Toro, é
la Reyna Doña Maria su madre envió por los Señores, é los acogió de Toro”. Pág. 457: Dona Maria,
que estava em Toro, envia cartas aos senhores que estavam em Conteros, avisando-os que logo que
passaram por Toro, Dom Pedro foi-se embora dali para Urueña, onde estava Maria de Padilla. Tal fato
significava que o rei não cumpriria o que havia sido acordado em Tejadillo. Dona Maria disse-lhes
ainda que os acolheria se quisessem voltar para Toro e quando o rei soubesse que estavam ali com ela,
decidiria voltar para Dona Blanca e colocar em ordem o reino. “(...) é fueron los Señores á ver la
Reyna Doña Maria, é les dieron posadas. É enviaron por la Reyna Doña Leonor de Aragon, madre de
los Infantes, é por la Condessa Doña Juana, muger del Conde Don Enrique, é por Doña Isabel de
Meneses, muger que fuera de Don Juan Alfonso de Albuquerque, que estaba en Montalegre, una villa
del dicho Don Juan Alfonso, que viniesen para Toro(...)”. Após isto, com todos já em Toro, mandam
mensageiros ao rei, pedindo a este que vá para Toro, para que se cumpram as promessas feitas em
Tejadillo.
-Cap. XXXV: “Como el Rey Don Pedro vino á Toro, dó las Reynas é los Señores estaban, é lo que y
acaesció”. Pág. 457 e 458: O rei foi a Toro juntamente com Juan Ferrandez de Henestrosa, indo em
seguida ao palácio onde estava sua mãe Dona Maria e sua tia Dona Leonor de Aragão. O rei abraça
Dona Maria e beija sua mão, a rainha diz estar contente com sua vinda. Já sua tia Leonor, em um
discurso citado por Ayala, diz ao rei várias palavras para este voltar para Dona Blanca, sua mulher
legítima, e para se afastar de homens como Juan Ferrandez de Henestrosa (o qual já era acordado
previamente que seria preso, juntamente com Simuel el Levi, para que fossem substituídos os seus
postos de confiança do rei, que passariam a Dom Fadrique, Mestre de Santiago, e ao infante Dom
Ferrando de Aragon).
-Cap. XXXVII: “Como levaron el cuerpo de Don Juan Alfonso á enterrar al Monasterio del Espina”.
Pág. 459: “É partió la Reyna de Aragon Doña Leonor, é Doña Isabel de Meneses muger de Don Juan
Alfonso, é levaronle á enterrar al Monasterio del Espina, que es de Monges blancos, dó el se mandára
enterrar, é alli le ficieron sus cumplimientos (...). É desque el cuerpo fué enterrado, tornaronse para
Toro (...)”.
-Cap. XXXVIII: “Como el Rey se partió de Toro, é se fué para segovia”. Pág. 459: O rei tratou
secretamente de dar benefícios a sua tia Dona Leonor de Aragão, a seu primo infante Dom Ferrando,
entre outras pessoas, para que ficassem do seu lado. O acordo é firmado entre os envolvidos e o rei
parte de Toro. A rainha Dona Maria, o Conde Dom Enrique, Dom Tello, Mestre Dom Fadrique e Dom
Ferrando de Castro não sabendo de tal acordo ficam muito desgostosos com a partida de Dom Pedro.
No entanto, Dona Leonor, seu filho e os outros envolvidos no acordo com o rei mantiveram-se
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reservados, pois seu tratado com o monarca era secreto até então.
Año Sexto, 1355:
-Cap. I: “Como algunos de los Señores é Caballeros que avemos contado se venian para el Rey, é otros
se iban á otras partes”. Pág. 460: Dona Leonor parte de Toro para a vila de Roa, que o rei havia lhe
dado.
-Cap. VI: “Como el Conde Don Enrique, é el Maestre su hermano vinieron á Toledo, é lo que acaesció”
Pág. 461 e 462: O Conde Dom Enrique e seu irmão Mestre Dom Fadrique souberam que o rei estava
próximo de Toledo e temiam pelo bem de Dona Blanca e por isso iriam à cidade ajudar. Mas os da
cidade de Toledo receavam tal ajuda, visto o que acontecera com Dona Leonor de Aragão e seus filhos,
que obtiveram benefícios do rei e se afastaram da causa; fato que demonstrava que o domínio do rei
sobre a cidade era maior que o de todos os outros.
Año Noveno, 1358:
-Cap. VII: “Como el Rey envió Juan Ferrandez de Henestrosa, á la villa de Roa á prender á la Reyna
de Aragon Doña Leonor, su tia, é á Doña Isabel de Lara, muger del Infante Don Juan”. Pág. 484: O rei
manda Juan Ferrandez de Henestrosa prender Dona Leonor de Aragão e Dona Isabel de Lara,
respectivamente a mãe e a mulher do infante Dom Juan, as quais ainda não sabiam que este havia sido
morto pelo rei.
Año Décimo, 1359:
-Cap. IX: “Como el Rey Don Pedro mando matar a la Reyna de Aragon Doña Leonor su tia, é mando
levar presa á Doña Juana de Lara á Almodóvar del Rio, é á la Reyna Doña Blanca á Xerez de la
Frontera”. Pág. 493: Dom Pedro, quando assume que não haveria modo de conseguir a paz com o reino
de Aragão, manda matar sua tia, a rainha Leonor, que estava presa no castelo de Castro Xeriz. “de lo
qual ovo muy grand sentimiento en todos aquellos que amaban servicio del rey, ca era la Reyna Doña
Leonor de Aragon muy noble señora, é era su tia, fija del Rey Don Ferrando, hermana del ReyDon
Alfonso su padre”.
2. Rainha Dona Juana de Nápoles:
Año Primero, 1350:
- Cap. I, pág. 404: “(...) É en Napol la Reyna Doña Juana, mujer que fué del Rey Andréa, hermano del
Rey de Ungria”.
Año Décimooctavo, 1367:
-Cap. XXXIV: “Como fizo el Rey Don Enrique despues que llegó á la cibdad de Calahorra, e como
enivó saber la voluntad de los de la cibdad de Burgos, si le acogerian en ella”. Págs. 577 e 578: Dom
Enrique fica sabendo que estava no castelo de Burgos o rei de Napol. Este rei era filho do rei
Mallorcas, chamado Dom Jaymes, que era casado com Dona Juana, rainha de Nápoles, e devido ao
título dela era chamado rei de Nápoles. Dom Pedro havia pedido ajuda ao rei de Nápoles, que foi para o
castelo de Burgos por este motivo.
-Cap. XXXV: “Como el Rey Don Enrique entró en Burgos, é ovo por su prisionero al Rey de Napol”.
Pág. 578: Dom Enrique consegue aprisionar o rei de Nápoles no castelo de Curiel. Mas a rainha Juana
de Nápoles paga seu resgate.
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3. Rainha Dona Maria:
Año Primero, 1350:
-Cap. II: “Como despues que el Rey Don Alfonso fino en el real de Gibraltar tomaron por Rey à su fijo
el Infante Don Pedro: é como levaron em el cuerpo del Rey Don Alfonso de Sevilla.”. Pág. 404: Citada
como a mãe do Infante Don Pedro e filha do rei Don Alfonso de Portugal.
- Cap. III “Como el cuerpo del Rey Don Alfonso á Sevilha, entro Doña Leonor de Guzman en Medina
Sidonia, que era suya”. Citada como a mulhr do rei Dom Alfonso de Castela.
- Cap. V: “Como los señores levaron el cuerpo dele y Don Alfonso a Sevilla: é como fué enterradoo em
la Iglesia mayor de Sevilla em la Capilla del los Reyes”. Pág. 406. Citação rápida de seu nome, em
referência como a mãe do rei Dom Pedro que já reinava e mulher do falecido Dom Alfonso.
- Cap. XIII: “De la dolencia que ovo el Rey Don Pedro el año primero que regnó de la qall llegó a
peligro de muerte: é como trataban quien regnaria”. Pág. 409: Tratava-se de um possível casamento
dela com Dom Ferrando de Aragão, filho da rainha Leonor, caso seu filho Dom Pedro viesse a morrer
por estar doente.
Año Segundo, 1351:
Cap. III: “Como el Mestre de Santiago vió Doña Leonor de Guzman su madre em Llerena: é como el
Rey envio presa la dicha Doña Leonor à Talavera, é la mataron alli”. Pág. 412: Citada por quando
levaram Leonor de Guzman à Talavera, “que era villa de la Reyna Doña Maria, madre del Rey”,
envolvimento na morte desta.
-Cap. V: “Como el Rey llegó a um logar que lê dicen Celada, que es cerca de Burgos, é vino y Garcia
Laso: é como el Rey envio a algunos Caballeros que entrasen en la Juderia de Burgos”. Pág. 413:
Estava com seu filho, o rei Dom Pedro, em Burgos.
- Cap. VI: “ Como fué muerto Garci Laso en Burgos, é otros de la cibdad”. Pág. 414: “(...) la Reyna
Doña Maria (...) envió un Escudero á Garci Laso, que le dixese que ella enviaba decir, que por
ninguna manera del mundo otro dia domingo non viniese á palacio: é Garci Laso no lo quiso creer.”.
Ela adverte Garci Laso, temendo sua prisão se fosse ao palácio naquele domingo.
- Cap. XX: “Como se vieron en Cibdade Rodrigo el Rey Don Pedro é el Rey Don Alfonso de Portugal,
su abuelo”. Citação rápida de Dona Maria como a filha do rei Dom Afonso de Portugal e a mãe do rei
Dom Pedro.
- Cap. XXI: “Como el Rey Don Pedro sopo que Don Alfonso Ferrandez Coronel bastecia sus castillos:
é como el Rey fué al Andalucia”. Pág. 424: Citada pelo plano que foi feito de casá-la com Dom Juan
Nuñez de Lara.
Año Cuarto, 1353:
-Cap. IV: “Como Don Juan Alfonso de Albuquerque llegó a Torrigos, é traço consigo Don Juan de la
Cerda”. Pág. 429: Citação como mãe de Dom Pedro e filha de Dom Alfonso, rei de Portugal.
- Cap. XI: “Como el Rey Don Pedro fizo bodas em Valladolid con la Reyna Doña Blanca de Borbon”.
Pág. 432: Quando das bodas de Dom Pedro quando Blanca de Borbon: “É iba la Reyna Doña Maria
Doña Maria, madre del Rey Don Pedro, en una mula, é levaba paños de xametes blancos con peñas
veras: (...)”.
-Cap. XII: “Como el Rey don Pedro luego que fizo sus bodas partió de Valladolid, é fueses para
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Montalvan dó estaba Doña Maria de Padilla.”. Pág. 433: “É estando el Rey á la mesa llegaron á él la
Reyna Doña Maria su madre, é la Reyna Doña Leonor su tia llorando: é el Rey levantóse de la mesa, é
aparte fablaron con él, é dixeronle asi, segund despues él é ellas lo contaban: “Señor, á nos es dicho
que vos queredes luego partir de aqui para ir dó esta Doña Maria de Padilla: é pedimos vos por
merced que no lo querades facer; ca si tal cosa ficiesedes, lo primero fariades en ello muy poco de
vuestra honra en dexar asi vuestra muger luego que casastes, estando aqui con vusco todos los
mayores é mejores de los vuestros Regnos. Otrosi el Rey de Francia se ternia de vos por muy contento,
que por el dicho casamiento nuevamente se ha aliado con vos (...). É eso mesmo, Señor, porniades en
vuestros Regnos muy gran escándalo en vos partir asi de aqui”. É el Rey les respondió, que se
maravillaba mucho en ellas creer que é se partiria asi de Valladolid nin de su muger, é que lo non
creyesen”.
-Cap. XIV: “Del consejo que Don Juan Alfonso de Albuquerque, é el Maestre de Calatrava ovieron con
las Reynas Doña Maria madre del Rey, é Doña Blanca de Borbon su muger, despues que el Rey partió
de Valladolid, é do lo que acaesció por esto”. Pág. 434: Quando do alvoroço ocorrido pela ida de Dom
Pedro ao encontro de Maria de Padilla logo após suas bodas com Blanca de Borbon. Dom Juan Alfonso
de Albuquerque, Dom Juan Nuñez de Pradro, Maestre de Calatrava e outros cavaleiros foram ver as
Rainhas Dona Maria, Dona Blanca e Dona Leonor “é fallaronlas muy tristes: é estaban todos los que
alli fincaron muy desmayados é muy cuidosos, teniendo que aquel dia se levantaria mucha guerra é
mal en Castilla, como fué: é ovieron su consejo diciendo que non ficiera el Rey bien en se partir asi de
su muger, é pesabales mucho dello, é ordenaron (...) que partiesen luego para el Rey (...) é que
trabaxasen mucho por facer tornar el Rey á su muger la Reyna Doña Blanca (...)”.
-Cap. XV: “Como Don Juan Alfonso partió de Valladolid, é se iba para el Rey á Toledo: é quales
caballeros iban con él.”. Pág. 434: Citação rápida da instrução dada por ela, pela rainha Dona Leonor e
pela rainha Dona Blanca a Dom Juan Alfonso e outros cavaleiros, para irem atrás do rei Dom Pedro
que havia ido ao encontro de Maria de Padilla.
-Cap. XVII: “Como Don Juan Alfonso ovo rescelo de las acucias que el Rey le facia porque fuese á él:
é como se tornó, é envió un su Caballero al Rey á se salvar porque non iba á él.”. Pág. 435: Quando dos
dizeres de Rui Diaz Cabeza de Vaca foi a mando de Dom Juan Alfonso dizer ao rei: “(...) É, Señor, vos
sabedes como Don Juan Alfonso ha grand debdo en la vuestra merced é de mi señora la Reyna doña
Maria vuestra madre, é como siempre despues que vos nascistes fué vuestro Mayordomo mayor, é pasó
a muchos peligros por vos en tiempo del Rey don Alfonso vuestro padre, é de Doña Leonor de Guzman.
É dice que non puede saber qué ela la razon porque vos avedes saña dél (...)”.
-Cap. XIX “Como Don Juan Alfonso, despues que torneó de Almorox, se vió en el logar del Ferradon
con Don Juan Nuñez, Maestre de Calatrava”. Pág. 436: Quando Dom Juan Alfonso tomou o caminho
de Vallladolid, “é alli vió en las Huelgas, que eran estonce fuera de la villa, á la Reyna Doña Maria
madre del Rey Don Pedro, é la Reyna Doña Blanca su muger; pero non entró Don Juan Alfonso en
Valladolid”.
-Cap. XXI: “Como el Rey tornó a Valladolid é la Reyna Doña Blanca su muger, é quanto estovo y con
ella”. Pág. 436: Don Pedro partiu logo de Toledo e concordou em ir para Valladolid, onde estavam a
Rainha Dona Maria, sua mãe, e Dona Blanca, sua mulher. E isto fez para que não houvesse
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escancândalo no reino. Este conselho lhe foi dado por cavaleiros que estavam com ele e pelos parentes
de Dona Maria de Padilha. Assim, Dom Pedro foi ao encontro de Doña Blanca e ficou com ela dois
dias. Mas logo depois partiu de volta e “nunca más vió á la Reyna Doña Blanca su muger”. O
Visconde de Narbona e outros que vieram com a comitiva de Dona Blanca retornaram à França sem se
despedir de Dom Pedro. A Rainha Maria, mãe do rei, levou Dona Blanca consigo para Oterdedesillas.
-Cap. XXIII: “Como Juan Alfonso envió su fijo Don Martin Gil a Rey Don Pedro en arrehenes”. Pág.
436 e 437: Quando os cavaleiros que estavam com João Alfonso de Albuquerque foram à Oterdesillas,
é alli fallaron á las Reynas Doña Maria é Doña Blanca: é segund las nuevas que alli fallaron de la
Corte del Rey, ovieron miedo de ir adelante.
-Cap. XXV: “Como el Rey mandó á Don Juan Alfonso Benavides, Justicia mayor de la su casa, que
fuese á prender á Don Alvar Perez de Castro é a Alvar Gonzalez Moran”. Pág. 437: Com relação aos
cavalos que cedeu para Dom Alvar Perez de Castro e Dom Alvar Gonzalez Moran, para que estes
pudessem fugir da perseguição do rei:“É Don Alvar Perez de Castro, é Alvar Gonzalez Moran,
despues que fueron apercebidos é se tornaron , llegaron á medina del Campo, é fallaron y las Reynas
Doña Maria madre del Rey, é Doña Blanca su muger, que ese dia llegaron y, é contaronles como iban
fuyendo del Rey: é dioles la Reyna madre del Rey sendos caballos; (...)”.
- Cap. XXVIII: “Como casó Don Tello en Segovia con Doña Juaña de Lara: é como mandó el Rey que
á la Reyna Doña Blanca su muger la levasen á Arevalo: é como se mandaron algunos oficios en la casa
del Rey”. Pág. 438 e 439: Com relação ao fato de Dom Pedro ter tirado Dona Blanca de sua presença,
levando-a já como presa para Arevalo, onde a Dona Maria não poderia mais vê-la.
Año Quinto, 1354:
-Cap. V: “Como los mensageros del Rey llegaron al Rey Don Alfonso de Portogal, é lo que él
respondió”. Pág. 412: Quando do discurso de Dom Juan Alfonso para o rei de Portugal contra as
acusações trazidas por mensageiros do rei Dom Pedro de Castela. Citação na fala de Juan Alfonso para
Alfonso IV, conforme Ayala: “(...) otrosi por quanto yo he debdo é linage en la su merced por parte de
mi Señora la Reyba Doña Maria su madre, vuestra fija”.
-Cap. VI: “Como se trató avenencia entre el Conde Don Enrique é el Maestre Don Fadrique, su
hermano, é Don Juan Alfonso de Albuquerque”. Pág. 443: “E el Rey Don Alfonso de Portogal partió
estonce de Estremoz, é tornosé para la cibdad de Evora: é el Infante Don Pedro su fijo fué con la
Reyna Doña Maria su hermana fasta Badajoz, que se tornaba ya para Castilla; é dende volvióse para
Yelves”.
-Cap. VII: “Como Don Juan Alfonso de Albuquerque se vió con el Conde Don Enrique é con el
Maestro Don Fadrique, é se avinieron”. Pág. 443: Dona Maria que teve liçenca de seu filho para ir à
Portugal para ver o rei Alfonso e sua mãe: “ovo recelo que su fijo el Rey pensára que ella avia seido en
los tratos que se ficieron entre Don Juan Alfonso e el Conde é los otros, por quanto Don Juan Alfonso
era su parient, é ella le quisera siempre: é por esta razon tornóse por el camino de Ronches para
Portalegre é estovo alli uns quatro dias acordando como faria.”
- Cap. IX: “Como la Reyna Doña Maria madre del Rey Don Pedro se tema que el Rey su fijo cuydaria
que ella fuera en estas pleytesias de las avenencias del Conde é del Maestre con Don Juan Alfonso, é
como fizo”. Pág. 443: Dona Maria parte de Portalegre e vai para outras cidades junto de seu irmão
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Infante Dom Pedro e de Alvar Perez de Castro: “(...) é levaba Martin Alfonso Tello n este camino á la
Reyna Doña Maria por la rienda, é de alli se levantó la fama que despues ovieron. (...)É la Reyna
vinose para Zamora, é dend á Toro, é con ella Martin Alfonso Tello, é alli fallaron al Rey Don Pedro
su fijo”.
-Cap. XXI: “Como los de la cibdad de Toledo se alzaron con la Reyna Doña Blanca que el Rey queria
prender”. Pág. 448: Em referência à aia que concedeu a Dona Blanca, a qual se chamava Dona Leonor
de Saldaña.
-Cap. XXVII: “Despues que los Señores todos fueron juntos en uno, que fizó el Rey, é lo que acaesció
despues”. Pág. 451: O rei Dom Pedro contava com muito menos apoio em sua decisão de deixar Dona
Blanca e detê-la em Toledo. Ele vai para Oterdesillas e leva consigo sua mãe, a raina Dona Maria e a
amante Maria de Padilla. Após alguns dias, Dona Maria parte, com a licença do filho, para Toro.
-Cap. XXXIII: “Como los Infantes de Aragon Don Ferrando é Don Juan, é el Conde Don Enrique, é los
otros Señores pasaron delante de la villa de Toro, donde el Rey estaba: é como el Rey partió de Toro, é
la Reyna Doña Maria su madre envió por los Señores, é los acogió de Toro”. Pág. 456 e 457: Dona
Maria, que estava em Toro, envia cartas aos senhores que estavam em Conteros, avisando-os que logo
que passaram por Toro, Don Pedro foi-se embora dali para Urueña, onde estava Maria de Padilla. Tal
fato significava que o rei não cumpriria o que havia sido acordado em Tejadillo. Dona Maria disse-lhes
ainda que os acolheria se quisessem voltar para Toro e quando o rei soubesse que estavam ali com ela,
decidiria voltar para Dona Blanca e colocar em ordem o reino. Ela pede aos senhores então que façam o
que ela lhes aconselha, pois estava correndo grande perigo com seu filho, caso este viesse a saber que
ela havia enviado tais cartas. “(...) é fueron los Señores á ver la Reyna Doña Maria, é les dieron
posadas. É enviaron por la Reyna Doña Leonor de Aragon, madre de los Infantes, é por la Condessa
Doña Juana, muger del Conde Don Enrique, é por Doña Isabel de Meneses, muger que fuera de Don
Juan Alfonso de Albuquerque, que estaba en Montalegre, una villa del dicho Don Juan Alfonso, que
viniesen para Toro(...)”. Após isto, com todos já em Toro, mandam mensageiros ao rei, pedindo a este
que vá para Toro, para que se cumpram as promessas feitas em Tejadillo.
-Cap. XXXIV: “Como él Rey acordó de se poner en poder de la Reyna su madre, é de los dichos
Señores: é lo que y acaesció”. Pág. 457: Don Pedro toma conhecimento da ida dos senhores e donas
para Toro, onde estava sua mãe Dona Maria, para que se acertasse a volta dele com Dona Blanca.
Alguns dos homens que estavam com ele receavam que o rei fosse para tal lugar e temiam também por
suas próprias vidas. Gutier Ferrandez de Toledo temia ao Conde Dom Enrique e seus irmãos, por ter
matado sua mãe Dona Lenor de Guzman, a mando da Rainha Dona Maria.
-Cap. XXXV: “Como el Rey Don Pedro vino á Toro, dó las Reynas é los Señores estaban, é lo que y
acaesció”. Pág. 457 e 458: O rei foi a Toro juntamente com Juan Ferrandez de Henestrosa, indo em
seguida ao palácio onde estava sua mãe Dona Maria e sua tia Dona Leonor de Aragão. O rei abraça
Dona Maria e beija sua mão, a rainha diz estar contente com sua vinda.
-Cap. XXXVIII: “Como el Rey se partió de Toro, é se fué para segovia”. Pág. 459: O rei tratou
secretamente de dar benefícios a sua tia Dona Leonor de Aragão, a seu primo infante Dom Ferrando,
entre outras pessoas, para que ficassem do seu lado. O acordo é firmado entre os envolvidos e o rei
parte de Toro. A rainha Dona Maria, o Conde Dom Enrique, Dom Tello, Mestre Dom Fadrique e Dom
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Ferrando de Castro não sabendo de tal acordo ficam muito desgostosos com a partida de Dom Pedro.
No entanto, Dona Leonor, seu filho e os outros envolvidos no acordo com o rei mantiveram-se
reservaods, pois seu tratado com o monarca era secreto até então.
-Cap. XXXIX: “Como el Rey envió demandar á los que estaban em Toro que le enviasen sus sellos á la
Chancellaria que dejara y”. Pág. 459: O rei parte para Segovia e envia cartas pedindo a rainha sua mãe
e outros que estavam em Toro que lhe enviassem “su Chancilleria é sus sellos: é si non, que sopiesen
que él podria bien aver plata é fierro para facer otros sellos”..
Año Sexto, 1355:
-Cap. I: “Como algunos de los Señores é Caballeros que avemos contado se venian para el Rey, é otros
se iban á otras partes”. Pág. 460: Dona Maria permanece em Toro, juntamente com o Conde Dom
Enrique.
-Cap. II: “Como el Rey fizo ayuntamiento en Burgos”. Pág. 460: Don Pedro vai a Burgos e junta alguns
fidalgos, pede-lhes que o ajudem a ter em sua obediência a rainha Dona Maria.
-Cap. III: “Como el Rey fizo matar en Medina del Campo algunos Caballeros, é prender otros”. Pág.
460 e 461: o rei volta para Toro, onde estava sua mãe, e comanda uma batalha.
-Cap. IV: “Como fué suelto Juan Ferrandez de Henestrosa, que estaba preso en Toro”. Pág. 461:
Quando o infante Dom Ferrando de Aragão parte de Toro para receber o benefício concedido por Dom
Pedro, confia o prisioneiro Juan Ferrandez de Henestrosa, que estava em seu poder, à rainha Dona
Maria. O infante ainda diz para Dona Maria que se ela soltasse Dom Juan Ferrandez de Henestrosa
este “(...) yendo para el Rey, que traeria pleytesia que todos estos fechos viniesen á bien. É la Reyna
mandolo soltar de la prision (...)”.
-Cap. XII: “Como el Rey fué para Toro, dó estaban la Reyna Dona Maria su madre, é el Conde Don
Enrique, é el Maestre Don Fadrique su hermano”. Pág. 465: Dona Maria pede a Dom Enrique e ao
Mestre Dom Fadrique que venham socorrê-la em Toro, pois se Dom Pedro chegasse antes que eles na
cidade, ela corria grande perigo. E assim os irmãoes fizeram.
-Cap. XV: “En que manera Don Simuel el Levi, Tesorero mayor del Rey, fizo tesoro para el Rey”. Pág.
466: Referência breve com relação ao rei estar em Morales, perto de Toro, onde estavam Dona Maria, o
Conde Dom Enrique e o Mestre Dom Fadrique.
-Cap. XIX: “Como el Cardenal Don Guilen, Legado del Papa, vino al Rey Don Pedro al Real de Toro”.
Pág. 468: “(...) llegó y el Cardenal Don Guillen, Legado que envió el Papa Innocencio en Castilla, lo
uno por el fecho de la Reyna Doña Blanca su muger del Rey, é lo al por la guerra que era entre él é
los suyos, é por poner en estos fechos algun buen remedio.”. O Cardeal falou com o rei para tratar de
resolver a situação com Dona Blanca, tirando-a da prisão em Siguenza. Além disso, falou também
sobre a situação que envolvia o rei, sua mãe, a rainha Dona Maria, o Conde Dom Enrique e o Mestre
Dom Fadrique, seus irmãos. Mas o rei não quis concordar com o Cardeal.
Año Séptimo, 1356:
-Cap. I: “Como algunos vecinos de Toro traian fabla con el Rey Don Pedro de le dar la villa de Toro, é
como el Maestre Don Fadrique se vinó á la su merced”. Pág. 469 e 470: Dom Pedro fez um acordo
secreto com um homem “vecino de Toro”, para conseguir entrar na vila e retomá-la. O Mestre Dom
Fadrique, quando da entrada do rei em Toro, pede a Juan Ferrandez de Henestrosa para que deixasse a
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Rainha Dona Maria e a Condessa Dona Juanana vila, assim como os cavaleiros que estavam servindo a
rainha. No entanto, seu pedido não foi atendido e assim, Dona Maria e a Condessa Dona Juana foram
para a fortaleza de Toro no intuito de se protegerem.
-Cap. II: “Como el Rey entró en Toro, é mató algunos Caballeros, é priso la Condessa Doña Juana, é lo
que y acaesció”. Pág. 470: Quando o rei entrou em Toro mandou dizer à rainha sua mãe na fortaleza
para que saísse de lá e fosse ao encontro dele. Ela lhe pedia então para que perdoasse os cavaleiros que
estavam com ela. O rei diz para ela sair, pois depois decidiria o que fazer com tais homens. A rainha sai
da fortaleza juntamente com a Condessa Dona Juana, mulher do Conde Dom Enrique, e os homens que
estavam com elas. Dom Pedro manda matar na mesma hora os cavaleiros que saiam com as senhoras e
Dona Maria ao presenciar a cena desmaia e diz depois ao filho que diante daquela cena preferia morrer
a viver, em seguida a rainha pede a Dom Pedro para ir a Portugal encontrar seu pai, o rei Dom Alfonso.
-Cap. III: “Como el Rey Don Pedro cercó la villa de Palenzuela, é lo que se ordenó alli”. Pág. 471 e
472: O rei vai para Palenzuela, que havia sofrido um levanta. A vila havia sido dada primeiramente
pelo rei Dom Alfonso de Castela para Dona Leonor de Guzman, no entanto, após Dom Pedro assumir a
Coroa, deu a cidade à sua mãe, a rainha Dona Maria. Porém, quando da causa e Dona Blanca, a rainha
concedeu a vila ao Conde Dom Enrique, filho de Leonor de Guzman com o rei Alfonso.
Año Octavo, 1357:
- Cap. II: “Como Don Juan de la Cerda, é Don Alvar Perez de Guzman se partieron del Rey”. Pág. 476
e 477: O rei fica sabendo que sua mãe morre no reino de Portugal, “(...) é segund fué la dama, dixeron
que el Rey Don Alfonso de Portogal, su padre della, e ficiera dar hierbas con que moriese, por quanto
non se pagaba de la fama que oia della.”.
Año Noveno, 1358:
-Cap. XI: “Como ele y Don Pedro llegó á Almazan, é entro em Aragon, é ganó algunos castillos, é s
torno para Sevilla”. Pág. 486: Breve citação com relação a seu irmão, Dom Pedro de Portugal, a quem o
sobrinho, Dom Pedro de Castela pediu o envio de galés como ajuda em um conflito.
Año Décimo, 1359:
-Cap. XI: “Como el Rey de Castilla fizo su armada, é que flota levaba, é qu gentes”. Pág. 494: Citação
breve, quando do conflito entre Castela e Aragão, com relação às galés que seu irmão, Dom Pedro de
Portugal havia enviado como ajuda ao sobrinho, Dom Pedro de Castela, filho da rainha Maria.
Año Treceno, 1362:
-Cap. IX: “Como el Rey Don Pedro fizo sus ligas con el Rey de Navarra, é se vió con él, é lo que y
acaesció”. Pág. 521: Quando o rei de Navarra queria fazer aliança com Dom Pedro e por quais motivos.
Breve citação relacionada a seu irmão Dom Pedro de Portugal, que era tio de Dom Pedro de Castela,
seu filho, e a vantagem que o rei de Navarra vê em se aliar ao monarca castelhano.
Año Décimoséptimo, 1366:
- Cap. IX: “De lo que fizo el Rey Don Pedro en Sevilla quando sopo que el Rey Don Enrique cobrára la
cibdad de Toledo”. Págs. 542 e 543: Breve referência com relação a ser irmã do rei Dom Pedro de
Portugal, ao qual Dom Pedro de Castela queria pedir ajuda contra Dom Enrique, que havia se declarado
rei castelhano.
88
4. Dona Leonor de Guzman:
Año Primero, 1350:
- Cap. III: “Como el cuerpo del Rey Don Alfonso á Sevilha, entro Doña Leonor de Guzman en Medina
Sidonia, que era suya”. Pág. 405: O capítulo inteiro praticamente trata dela, é referenciada quando do
traslado do corpo do rei Don Alfonso e sua passagem por Medina Sidonia, cidade dada pelo monarca a
esta que fora sua amante. Aborda o conflito gerado com o novo rei, Pedro, pela ida de Leonor para ver
o corpo do rei falecido. Cita também os filhos que o monarca e ela tiveram.
-Cap. IV: “Como por la entraa de Doña Leonor de Guzman em Medinas partioron sus fijos e parientes
del Rey, e se fueron paa Algecia e otras partes”. Págs. 405 e 406: Trata da saída dos filhos e partentes
de Leonor, que receavam serem presos em Medina Sidonia pelo rei Dom Pedro, filho legítimo de Dom
Alfonso.
- Cap. VII: “Como el Rey envio saber en que manera estaba Algecira, por quanto el Conde Don
Enrique e Don Pero Ponce fueron para allá”. Págs. 406 e 407: Citação rápida com relação aos filhos e
parentes que foram para Algecira.
-Cap. IX: “Como el Conde Don Enrique, e Don Pero Ponce vinieron para Marchena”. Pág. 407: quando
é referenciado seu filho Dom Fernando, Senhor de Ledesma, irmão de Dom Enrique.
Cap. X: “Como Doña Leonor de Guzman foi presa em Sevilla publicamente: é como el Conde Don
Enrique su fijo, e los otros señores fueron en la merced del Rey”. Pág. 408: Leonor tem sua prisão
declarada quando chega à Sevilla, ordenada pelo rei Dom Pedro.
-Cap. XII: “Como el Conde Don Enrique vió á Doña Leonor de Guzman su madre en Sevilla: é como
por su consejo caso con su esposa Doña Juana, é como á poco tiempo se fué el Conde de Sevilla”. Pág.
408 e 409: O capítulo trata de uma possível trama em que Leonor de Guzman interfere para que seu
filho Enrique case com Juana, filha de Juan Manuel, antes que fosse acertado o casamento desta como
rei Dom Pedro. Isto ocorre quando Dom Enrique visita sua mãe na prisão.
Año Segundo, 1351:
-Cap. II: “Como el Rey Don Pedro fue para Castilla, é fu por Llerena: e como vino ay al Maestre de
Santiago, é ficieron los Caballeros de la Orden pleyto por los castillos al Rey”. Pág. 412: Citada como a
mãe de Dom Fadrique , Mestre de Santiago, que Dom Pedro encontrou quando chegou a Llerena.
- Cap. III: “Como el Mestre de Santiago vió Doña Leonor de Guzman su madre em Llerena: é como el
Rey envio presa la dicha Doña Leonor à Talavera, é la mataron alli”. Pág. 412: “E el Maestre de
Santiago fué a verla, é Doña Leonor tomo al Maestre su fijo é abrazólo, é bésolo, é estuvo uma grande
hora llorando con el, é el con ella, é ninguna palabra no dixo el uno al outro (...) é nunca mas vió el
Maestre á Doña Leonor su madre despues de aquel dia, nin ella á el.
-Cap. IV: “Como el Rey envio mandar a Don Juan Garcia Manrique que fuese para Palenzuela dó
estaba Don Tello su hermando, é non se partiese del”. Pág. 413: Referenciada por quando seu filho
Dom Tello soube de sua morte.
-Cap. V: “Como el Rey llegó a um logar que lê dicen Celada, que es cerca de Burgos, é vino y Garcia
Laso: é como el Rey envio a algunos Caballeros que entrasen en la Juderia de Burgos”. Pág. 413:
Citada em referência a seu filho Dom Tello.
Año Tercero, 1352:
89
-Cap. V: “Como el Rey cercó á Gijón en Asturias, é de otras cosas que passaron”. Pág. 426: Citada
como a mãe de Dom Tello e também pelas jóias que havia dado a seu filho Conde Dom Enrique, que
este “daba (...) por sueldo á los que con él andaban”.
Año Cuarto, 1353:
-Cap. I: “Como el Rey Don Pedro tomó la villa de Aguillar, é fezo matar a Don Alfonso Ferrandez
Coronel é á otros Caballeros que y estaban”. Pág. 428: Citação rápida relacionada à sua prisão e a de
outros cavaleiros por Dom Pedro.
-Cap. XVII: “Como Don Juan Alfonso ovo rescelo de las acucias que el Rey le facia porque fuese á él:
é como se tornó, é envió un su Caballero al Rey á se salvar porque non iba á él.”. Pág. 435: Quando dos
dizeres de Rui Diaz Cabeza de Vaca foi a mando de Dom Juan Alfonso dizer ao rei: “(...) É, Señor, vos
sabedes como Don Juan Alfonso ha grand debdo en la vuestra merced é de mi señora la Reyna doña
Maria vuestra madre, é como siempre despues que vos nascistes fué vuestro Mayordomo mayor, é pasó
a muchos peligros por vos en tiempo del Rey don Alfonso vuestro padre, é de Doña Leonor de Guzman.
É dice que non puede saber qué ela la razon porque vos avedes saña dél (...)”.
-Cap. XXVII: “Como el Maestre de Santiago Don Fadrique vino al Rey á Cuellar”. Pág. 438: Citada
com relação a seu filho Dom Fadrique, Mestre de Santiago. Este não via Dom Pedro desde quando
prenderam sua mãe em Talavera.
- Cap. XXIX: “Como el Rey fué al Andalucia é se ordenaron los oficios del Regno”. Pág. 439: Citada
com relação ao fato de Dom Pedro, no começo de seu reinado, ter tirado de Dom Ferrandez Perez
Ponce os domínios da Ordem de Alcántara, por este ser parente de Doña Leonor de Guzman e por tal
razão não ser confiável. No entanto, devolvove-os posteriormente a este Mestre de Alcantára.
Año Quinto, 1354:
-Cap. IV: “Como el Rey lleg[o sobre el castillo é villa de Albuquerque, é leo que ay acaesció”. Pág.
411: Citada rapidamente em relação a seus filhos Conde Dom Enrique e Dom Fadrique, Mestre de
Santiago.
-Cap. V: “Como los mensageros del Rey llegaron al Rey Don Alfonso de Portogal, é lo que él
respondió”. Pág. 412: Quando do discurso de Dom Juan Alfonso para o rei de Portugal contra as
acusações trazidas por mensageiros do rei Dom Pedro de Castela. Dom Juan Alfonso cita com relação à
Dom Pedro de Castela, conforme Ayala: “é esto fice por ser su Mayordomo mayor (...), é lo fui primero
quando él era Infante, é pase por él muchos males é peligros con Doña Leonor de Guzman madre del
Conde Don Enrique é del Maestre Don Fadrique, é de los otros sus fijos que della tenia el Rey Don
Alfonso”.
-Cap. XXXIV: “Como él Rey acordó de se poner en poder de la Reyna su madre, é de los dichos
Señores: é lo que y acaesció”. Pág. 457: Dom Pedro toma conhecimento da ida dos senhores e donas
para Toro, onde estava sua mãe Dona Maria, para que se acertasse a volta dele com Dona Blanca de
Borbon. Alguns dos homens que estavam com ele receavam que o rei fosse para tal lugar e temiam
também por suas próprias vidas. Gutier Ferrandez de Toledo temia ao Conde Dom Enrique e seus
irmãos, por ter matado sua mãe Dona Lenor de Guzman, a mando da Rainha Dona Maria.
Año Sexto, 1355:
-Cap. XI: “Como el Rey fué á la cibdad de Cuenca que estaba alzada, é lo que y fizo”. Pág. 464: Breve
90
referência com relação a seu filho Dom Sancho, que estava em Cuenca quando do levante da cidade
pela causa de Dona Blanca.
Año Séptimo, 1356:
-Cap. II: “Como el Rey entró en Toro, é mató algunos Caballeros, é priso la Condessa Doña Juana, é lo
que y acaesció”. Pág. 470: Breve referência em relação a seu filho, Dom Sancho, que após a tomada de
Toro pelo rei, foi para Aragão, pois não poderia mais permanecer em Castela.
-Cap. III: “Como el Rey Don Pedro cercó la villa de Palenzuela, é lo que se ordenó alli”. Pág. 471 e
472: O rei vai para Palenzuela, que havia sofrido um levanta. A vila havia sido dado primeiramente
pelo rei Dom Alfonso de Castela para Dona Leonor de Guzman, no entanto, após Dom Pedro assumir a
Coroa, deu a cidade à sua mãe, a rainha Dona Maria. Porém, quando da causa e Dona Blanca, a rainha
concedeu a vila ao Conde Dom Enrique, filho de Leonor de Guzman com o rei Alfonso.
Año Décimo, 1359:
-Cap. XXIII: “Como sopo el Rey en Sevilla que Don Ferrando de Castro era vencido, é Juan Ferrandez
de Henestrosa muerto, é Iñigo Lopez de Orozco preso en la batalla de Araviana: é como mandó el Rey
matar á Don Juan é Don Pedro sus hermanos, que tenia presos”. Pág. 500: O rei Dom Pedro manda
matar Dom Juan e Dom Pedro, que eram seus irmãos, mas filhos de seu pai com Leonor de Guzman.
Año Onceno, 1360:
-Cap. XVII: “Como Gutier Ferrandez de Toledo envió una carta al Rey Don Pedro”. Pág. 507:
Referência relacionada à quando o rei mandou matar Gutier Ferrandez de Toledo, o qual antes pediu
para enviar uma carta ao rei e nesta estava presente o trecho: “<É Señor, bien sabe la vuestra merced
como mi madre, é mis hemanos, é yo, fuimos siempre desde el da que vos nasciestes en la vuestra
crianza, e pasamos muchos males, é sufrimos muchos miedos por vuestro servicio en el tiempo que
Doña Leonor de Guzman avia poder en el Regno>”.
-Cap. XXI: “Como el Rey envió mandar á Don Vasco, Arzobispo de Toledo, hermano de Gutier
Ferrandez de Toledo, que saliese del Regno. Pág. 509: Ayala comenta o que Dom Vasco, arcebispo de
Toledo, havia dito ao rei sobre a morte de seu irmão, Gutier Ferrandez de Toledo, argumentando que
ele, seus irmãos e seus parentes sempre serviram bem ao rei, correndo inclusive muitos perigos quando
do tempo do monarca Dom Alfonso e de Dona Leonor de Guzman.
5. Dona Juana, filha de Leonor de Guzman e do rei Alfonso de Castela:
Año Primero, 1350:
- Cap. III, pág. 405: citada como a filha do rei do Alfonso com a amante Leonor de Guzman, casou-se
com Dom Fernando de Castro.
Año Quinto, 1354:
-Cap. XVII: “De las pleytesias que el Conde Don Enrique, é Don Juan Alfonso troxieron con Don
Ferrando de Castro”. Pág. 446: “El Conde Don Enrique, é Don Juan Alfonso de Albuquerque, (...)
enviaron acometer sus pleytesias, á Don Ferrando de Castro, que era en Galicia, que les quisiese
ayudar, é que le casarion con Doña Juana, hermana del dicho Conde, de la qual avia grand tiempo
que el dicho Don Ferrando de Castro andaba enamorado. (...) É Don Ferrando de Castro les
respondió que le placia, (...)”.
-Cap. XXXV: “Como el Rey Don Pedro vino á Toro, dó las Reynas é los Señores estaban, é lo que y
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acaesció”. Pág. 457 e 458: O rei foi a Toro juntamente com Juan Ferrandez de Henestrosa, indo em
seguida ao palácio onde estava sua mãe Dona Maria e sua tia Dona Leonor de Aragão. O rei abraça
Dona Maria e beija sua mão, a rainha diz estar contente com sua vinda. Já sua tia Leonor, em um
discurso citado por Ayala, diz ao rei várias palavras com relação a voltar com Dona Blanca, sua mulher
legítima, e para se afastar de homens como Juan Ferrandez de Henestrosa (o qual já era acordado
previamente que seria preso, juntamente com Simuel el Levi, para que fossem substituídos os seus
postos de confiança do rei, que passariam a Dom Fadrique, Mestre de Santiago, e ao infante Dom
Ferrando de Aragão).
-Cap. XXXVI: “Como los Señores partieron los officio: é como casó Don Ferrando de Castro con Doña
Juana, hermana del Conde Don Enrique”. Pág. 458: É realizado em Toro o casamento de Dom
Ferrando de Castro com Doña Juana, filha do rei Dom Alfonso com Dona Leonor de Guzman e irmã do
Conde Dom Enrique, do Mestre Dom Fadrique e Dom Tello. Dona Juana estava no palácio do rei (onde
se criara) quando foi decidido realizar logo suas bodas.
Año Sexto, 1355:
-Cap. I: “Como algunos de los Señores é Caballeros que avemos contado se venian para el Rey, é otros
se iban á otras partes”. Pág. 460: Dona Juana parte com seu marido Dom Ferrando de Castro para a
Galícia.
Año Quinceno, 1364:
-Cap. I: Como el Rey Don Pedro puo su Real en el Grao, cerca de la cibdad de Valencia”. Pág. 531:
“(...) el Rey Don Pedro ovo nuevas como el Conde Don Enrique matára en Aragon á Pero Carrillo, un
Cabellero de Castilla que siempre anduviera en sus guerras con él, por su mano con una lanza
andando á monte un dia, por que le decian que avia fama con Doña Juana su hermana del Conde,
muge que fuera de Don Ferrando de Castro, la qual estaba con el Conde su hermano en Aragon. E
plogo mucho dello el Rey Don Pedro (...). É despues casó esta Doña Juana con un Rico ome de Aragon
que decian Don Felipe de Castro, de qual dirémos adelante.”.
Año Décimooctavo, 1367:
-Cap. III: “Como el Rey Don Enrique sopo que el Rey Don Pedro é el Principe de Gales avian ya
pasado de los puertos de Roncesvalles, é como se venian para la batalla”. Pág. 551: Citada com relação
a ser casada com Dom Phelipe de Castro, um rico homem de Aragão que obtivera benefícios de Dom
Enrique, irmão de Dona Juana e rei de Castela.
-Cap. XXXIII: “Como el Rey Don Enrique tornó á Castilla, é como el Rey de Aragon le queria
destorvar el camino é la pasada por su Regno si pudiese”. Págs. 576 e 577: Dom Enrique vai para
Estadilla, em Aragão, lugar que era de Dom Felipe de Castro, rico homem casado com Dona Juana,
irmã deste rei. Dom Felipe de Castro estava preso em Burgos, sob o poder de Dom Pedro.
-Cap. XXXV: “Como el Rey Don Enrique entró en Burgos, é ovo por su prisionero al Rey de Napol”.
Pág. 578 e 579: Dom Enrique entra no castelo de Burgos e liberta Dom Felipe de Castro, marido de sua
irmã Dona Juana.
6. Dona Juana, filha de Dom Juan Nuñez de Lara:
Año Primero, 1350:
-Cap. III: “Como el cuerpo del Rey Don Alfonso á Sevilha, entro Doña Leonor de Guzman en Medina
92
Sidonia, que era suya”. Pág 405: Citada como filha de Dom Juan Nuñez, desposada com Dom Tello,
filho de Leonor de Guzman e de Alfonso de Castela. Explica que por este vínculo, Dom Juan Nuñez
queria o bem de Dona Leonor.
Año Segundo, 1351:
- Cap. X: “Como morió Don Nuño de Lara: é como tomo él Rey en su poder á Doña Juana é a Doña
Isabel, hermanas del dicho Don Nuño, é la tierra de Vizcaya, é las otras tierras que eran del dicho Don
Nuño”. Pág. 416: Citada como irmã de Dom Nuño e filha de Dom Juan Nuñez de Lara, que foi trazida
ao poder do rei após a morte do irmão. Citada também quando de sua morte, que ocorreu no mesmo
ano, e referenciada neste momento como mãe de Dom Juan Nuñez e de Dona Teresa, bem como irmã
do Conde Dom Lope, Senhor de Vizcaya. Ela teria sido casada primeiro com o infante Dom Enrique,
filho do rei Don Ferrando, “pero eela era muy moza quando con él caso, é dicen que fincó doncella: é
morió el dicho Infante Don Enrique (...). Casou depois com Dom Ferrando de la Cerda, do qual teve
vários filhos.
Año Cuarto, 1353:
- Cap. XXVIII: “Como casó Don Tello en Segovia con Doña Juaña de Lara: é como mandó el Rey que
á la Reyna Doña Blanca su muger la levasen á Arevalo: é como se mandaron algunos oficios en la casa
del Rey”. Pág. 438 e 439: O rei Dom Pedro foi para Segovia para as bodas de Dom Tello, seu irmão,
com Dona Juana de Lara, “Señora de Vizcaya, fija de Don Juan Nuñez de Lara e de su muger Doña
Maria”. Logo após, Dom Tello vai tomar poder do Senhorio de Vizcaya.
Año Quinto, 1354:
-Cap. XIII: “Como el Rey casó al Infante Don Juan su primo con Doña Isabel de Lara, fija de Don Juan
Nuñez”. Pág. 445: “El Rey estando en Castro Xeriz fizo casamiento del Infante Don Juan de Aragon su
primo con Doña Isabel, fija de Don Juan Nuñez de Lara, é mandole que se llamase Señor de Lara é de
Vizcaya, por quanto el Rey sabia cierto que Don Tello, que era Casado con Doña Juana, la hermana
mayor, trataba con el Conde Don Enrique su hermano, (...)”.
Año Noveno, 1358:
-Cap. III: “Com el Rey fizo matar al Maestre de Santiago Don Fadrique en el Alcazar de Sevilla”. Pág.
481, 482 e 483: Citação indireta. Após a morte de Dom Fadrique, Dom Pedro fala com seu primo, o
infante Dom Juan, para irem à Vizcaya matar Dom Tello, concedendo em seguida o seu domínio ao
infante; visto que este era casado com Dona Isabel, irmã da mulher de Dom Tello, sendo que ambas
eram filhas de Dom Juan Nuñez de Lara, Senhor de Vizcaya, e de Dona Maria, sua mulher.
-Cap. IV: “De como el Rey Don Pedro fué á Vizcaya por matar á Don Tello”. Pág. 483: Dom Pedro
prende Dona Juana, mulher de Dom Tello, pois não conseguiu chegar a este. E isto faz por sua intenção
de matar o irmão, que através de seu casamento com esta mulher herdou o Senhorio de Vizcaya, visto
que ela era filha de Dom Juan Nuñez de Lara, Senhor de Vizcaya, e de Dona Maria, sua mulher.
Año Décimo, 1359:
-Cap. IX: “Como el Rey Don Pedro mando matar a la Reyna de Aragon Doña Leonor su tia, é mando
levar presa á Doña Juana de Lara á Almodóvar del Rio, é á la Reyna Doña Blanca á Xerez de la
Frontera”. Pág. 493: Dom Pedro, quando assume que não haveria modo de conseguir a paz com o reino
de Aragon, manda matar sua tia, a rainha Leonor, e prender em Almodovar Dona Juana de Lara,
93
mulher do Conde Dom Tello, a qual em poucos dias também foi morta.
Año Décimoséptimo, 1366:
- Cap. VII: “Como el Conde Don Enrique regnó é se coronó en Burgos”. Pág. 540 e 541: Com relação
ao fato de ter sido mulher de Dom Tello e por este motivo ele ter herdado o Senhorio de Vizcaya e de
Lara. Mas quando Dom Enrique entrou no reino de Castela, Dona Juana já havia morrrido, pois teria
sido executada a mando de Dom Pedro, o qual também mandou matar sua irmã, Dona Isabel de Lara.
Desta forma, não sobrou nenhum herdeiro a Dom Juan Nuñez de Lara e sua mulher Dona Maria. No
entanto, Dom Enrique ao se tornar rei de Castela, dá Vizcaya a seu irmão Dom Tello.
- Cap. XX: “Como Don Tello, Señor de Vizcaya, tomó por muger una que decia Doña Juana de Lara”.
Pág. 547: Comunicaram ao rei Dom Enrique que havia uma dona presa em Sevilla, a qual diziam ser
Dona Juana de Lara, que fora mulher de Dom Tello e havia sido presa a mando de Dom Pedro. Dom
Tello vai até ela e a assume como sua mulher mesmo sabendo que tal dona não era Juana de Lara, por
medo de perder seus domínios de Vizcaya e Lara. No entanto, alguns dias depois ele tem de negar
publicamente o fato, pois vem à tona que Dom Pedro já havia madando há algum tempo Dona Juana de
Lara.
7. Dona Blanca, mãe de Dom Juan Nuñez:
Año Primero, 1350:
-Cap. V: “Como los señores levaron el cuerpo dele y Don Alfonso a Sevilla: é como fué enterradoo em
la Iglesia mayor de Sevilla em la Capilla del los Reyes”. Pág. 406. Citada rapidamente como a mãe de
Dom Juan Nuñez.
-Cap. XIV: “Como Don Juan Nuñez de Lara se fué a Castilla é lo que allá se trato: e como fueron luego
este año él, é Don Ferrando, senor de Villena su sobrinho: é como de otras cosas que acaescieron en
este tiempo”. Pág. 410: Citada como a irmã de Dom Juan Nuñez e mãe do homônimo Dom Juan
Nuñez.
Año Tercero, 1352:
-Cap. V: “Como el Rey cercó á Gijón en Asturias, é de otras cosas que passaron”. Pág. 426: Citada
como mulher do infante Dom Manuel e irmã de Dom Juan Nuñez de Lara. A cidade onde ela estava foi
cercada pelo rei Dom Pedro.
8. Dona Maria Ponce, filha de Dom Pero Ponce:
Año Primero, 1350:
- Cap. IX: ““Como el Conde Don Enrique, e Don Pero Ponce vinieron para Marchena”. Pág. 407:
Citada como a filha de Dom Pero Ponce, desposada com Dom Fernando, senhor de Ledesma.
9. Dona Juana, filha de Juan Manuel e mulher do Conde Dom Enrique :
Año Primero, 1350:
-Cap. XII: “Como el Conde Don Enrique vió á Doña Leonor de Guzman su madre en Sevilla: é como
por su consejo caso con su esposa Doña Juana, é como á poco tiempo se fué el Conde de Sevilla”. Pág.
408 e 409: Filha de Juan Manuel,tem seu casamento acertado com o Conde Dom Enrique, filho de
Leonor de Guzman e Afonso de Castela.
Año Tercero, 1352:
-Cap. V: “Como el Rey cercó á Gijón en Asturias, é de otras cosas que passaron”. Pág. 426: Citada
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como mulher do Conde Dom Enrique e filha de Dom Juan Manuel.
Año Quinto, 1354:
-Cap. XXXIII: “Como los Infantes de Aragon Don Ferrando é Don Juan, é el Conde Don Enrique, é los
otros Señores pasaron delante de la villa de Toro, donde el Rey estaba: é como el Rey partió de Toro, é
la Reyna Doña Maria su madre envió por los Señores, é los acogió de Toro”. Pág. 457: Dona Maria,
que estava em Toro, envia cartas aos senhores que estavam em Conteros, avisando-os que logo que
passaram por Toro, Don Pedro foi-se embora dali para Urueña, onde estava Maria de Padilla. Tal fato
significava que o rei não cumpriria o que havia sido acordado em Tejadillo. Dona Maria disse-lhes
ainda que os acolheria se quisessem voltar para Toro e quando o rei soubesse que estavam ali com ela,
decidiria voltar para Dona Blanca e colocar em ordem o reino. “(...) é fueron los Señores á ver la
Reyna Doña Maria, é les dieron posadas. É enviaron por la Reyna Doña Leonor de Aragon, madre de
los Infantes, é por la Condessa Doña Juana, muger del Conde Don Enrique, é por Doña Isabel de
Meneses, muger que fuera de Don Juan Alfonso de Albuquerque, que estaba en Montalegre, una villa
del dicho Don Juan Alfonso, que viniesen para Toro(...)”. Após isto, com todos já em Toro, mandam
mensageiros ao rei, pedindo a este que vá para Toro, para que se cumpram as promessas feitas em
Tejadillo.
Año Séptimo, 1356:
-Cap. I: “Como algunos vecinos de Toro traian fabla con el Rey Don Pedro de le dar la villa de Toro, é
como el Maestre Don Fadrique se vinó á la su merced”. Pág. 469 e 470: Dom Pedro fez um acordo
secreto com um homem “vecino de Toro”, para conseguir entrar na vila e retomá-la. O Mestre Dom
Fadrique, quando da entrada do rei em Toro, pede a Juan Ferrandez de Henestrosa para que deixasse a
Rainha Dona Maria e a Condessa Dona Juanana vila, assim como os cavaleiros que estavam servindo a
rainha. No entanto, seu pedido não foi atendido e assim, Dona Maria e a Condessa Dona Juana foram
para a fortaleza de Toro no intuito de se protegerem.
-Cap. II: “Como el Rey entró en Toro, é mató algunos Caballeros, é priso la Condessa Doña Juana, é lo
que y acaesció”. Pág. 470: Quando o rei entrou em Toro mandou dizer à rainha sua mãe na fortaleza
para que saísse de lá e fosse ao encontro dele. Ela lhe pedia então para que perdoasse os cavaleiros que
estavam com ela. O rei diz para ela sair, pois depois decidiria o que fazer com tais homens. A rainha sai
da fortaleza juntamente com a Condessa Dona Juana, mulher do Conde Dom Enrique, e os homens que
estavam com elas. Dom Pedro manda matar na mesma hora os cavaleiros que saiam com as senhoras.
O rei em seguida mandar prender a Condessa Dona Juana.
Año Octavo, 1357:
-Cap. VII: “Como Pero Carrillo vino en Castilla por levar la Condessa Doña Juana, muger del Conde
Don Enrique, é como a levó á Aragon”. Pág. 479: Pero Carrillo vai ao rei Dom Pedro e diz que deixaria
de estar ao lado do Conde Dom Enrique e iria para junto do monarca, o rei por sua vez aceitou. No
entanto, quando Pero Carrilo já estava alguns dias em Castela após sua conversa com o rei, levou a
Condessa Dona Juana, mulher do Conde Dom Enrique que estava presa desde que o rei tomara a vila
de Toro, para Aragon. O rei sabendo de tal acontecimento não se agrada e conclui que Pero Carrilo foi
a ele somente para tirar Dona Juana da prisão.
Año Noveno, 1358:
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-Cap. XI: “Como ele y Don Pedro llegó á Almazan, é entro en Aragon, é ganó algunos castillos, é s
torno para Sevilla”. Pág. 486: “E en este año, viernes veinte é quatro dias del mês de agosto, dia de
Sant Bartolomé, nasció en el Regno de Aragon (...) al Conde Don Enrique um fijo, que dicieron Don
Juan, que después fué Rey de Castilla, fijo de la Condessa Doña Juana su muger, que despues fue
Reyna de Castilla”.
Año Décimoséptimo, 1366:
- Cap. VII: “Como el Conde Don Enrique regnó é se coronó en Burgos”. Pág. 540 e 541: Referência
com relação a uma terra que pertencia a seu irmão Dom Juan e que fora dada pelo novo rei Dom
Enrique a Dom Alfonso, Conde de Denia do reino de Aragão, o qual o novo monarca queria que
chamassem dali em diante Marques de Villena. De Burgos o rei enviou a Aragão sua mulher, a rainha
Dona Juana (neta do infante Dom Manuel) e seus filhos o infante Dom Juan Manuel e a infanta Dona
Leonor, além da infanta Dona Leonor, filha do rei de Aragon, para firmar o casamento desta com seu
filho.
-Cap. X: “Como el Rey Don Pedro pasó por Portogal, é fué para Galicia”. Pág. 543: Dom Pedro de
Castela receava adentrar no reino de Portugal por temer o infante Dom Ferrando, devido ao fato deste
ser filho de Constanza Manuel e por isso sobrinho de Dona Juana, que era mulher do rei Dom Enrique.
Año Décimooctavo, 1367:
-Cap. XV: “Como fizo Don Tello despues que salió de la batalla de Najara: é como la Reyna Doña
Juana é sus fijos los Infantes partieron de Burgos”. Pág. 560: A rainha e seus filhos, Dom Juan e Dona
Leonor, bem como a infanta Dona Leonor, filha do rei de Aragão que estava prometida em casamento à
Dom Juan, saem com pressa de Burgos quando ficam sabendo da derrota de Dom Enrique na batalha de
Najara. Eles vão à Zaragoza, com muito medo durante o percurso, e lá são acolhidos.
-Cap. XVII: “Como el Rey de Aragon tomó su fija la Infanta Doña Leonor: é como trataba su paz con
el Principe de Gales: é de otras cosas que estonce acaescieron”. Págs. 560 e 561: O rei de Aragão
decide tomar de volta sua filha, Dona Leonor, não concendendo-a mais em casamento ao infante Dom
Juan, devido ao rei Dom Enrique não ter cumprido promessas que teria feito ao monarca aragonês. A
rainha Dona Juana e seus filhos permarnecem alguns dias em Zaragoza, pois não sabiam onde estava
Dom Enrique no momento.
-Cap. XXIX: “Como la Reyna Doña Juana, muger del Rey Don Enrique, que estaba en Aragon, ovo su
consejo con aquellos que amaban servicio del Rey Don Enrique, si estaria en Aragon, ó si se iria para
Francia, do estaba su marido”. Págs. 573 e 574: a rainha Juana recea a situação de que em Aragão, onde
estava, havia muitos grandes senhores do reino que não gostavam de Dom Enrique, seu marido. E
obteve o conselho de alguns senhores e cavaleiros, dentre eles o do infante Dom Pedro, tio do rei de
Aragão. Este lhe disse que conhecia muito bem o mundo das cortes régias e lhe aconselhava a ir para a
França, onde não haveria o perigo que existia ali em Aragão. E assim a rainha Juana parte para o reino
francês, onde estava seu marido, ficando em uma vila no Languedoc.
-Cap. XXX: “Como fizo el Rey Don Enrique despues que fué en Francia”. Págs. 574 e 575: O rei da
França concede à Dom Enrique um castelo , chamado Pierapertusa, para estar mais seguro com a rainha
Dona Juana e seus filhos no reino francês. Dom Enrique vai para este castelo com a rainha e os infantes
Dom Juan e Dona Leonor.
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-Cap. XXXII: “Como el Rey Don Enrique se vió con el Duque de Anjeu, hermano del Rey de Francia
en Aguasmuertas, é con el Cardenal de Boloña: é como fizo alli ligas con la Casa de Francia”. Pág.
576: Dom Enrique parte de Aguas-muertas e volta para o castelo de Pierapertusa, onde havia deixado
Dona Juana e seus filhos.
-Cap. XXXIII: “Como el Rey Don Enrique tornó á Castilla, é como el Rey de Aragon le queria
destorvar el camino é la pasada por su Regno si pudiese”. Págs. 576 e 577: O rei Dom Enrique decide
partir para Castela e leva consigo Dona Juana, seu filho Dom Juan e sua filha Dona Leonor, além de
outras donas e donzelas com ela.
-Cap. XXXVI: “Como el Rey Don Enrique ovo nuevas que Cordoba habia tomado su voz”. Pág. 579:
Dom Enrique fica sabendo de várias cidades que estão a seu favor e envia de Burgos para Toledo a
rainha Dona Juana, sua mulher, e seu filho Dom Juan. Depois a rainha e o infante vão para
Guadalfajara, onde ficam alguns dias e vão em seguida para Illescas.
Año Décimonono, 1368:
-Cap. I: “Como el Rey Don Enrique cercó la cibdad de Leon, é la cobró”. Pág. 580: Dom Enrique vai À
Illescas, onde estava a rainha Dona Juana e seu filho Dom Juan.
-Cap. II: “Como el Rey Don Enrique fué para tierra de Toledo, é cercó la cibdad. Págs, 560 e 561:
Quando cercou Toledo mandou a rainha Dona Juana, sua mulher, e seu filho Dom Juan à Burgos, onde
estariam em tranquilidade.
10. Dona Beatriz, rainha de Portugal e mulher do rei Alfonso:
Año Primero, 1350:
- Cap. XIII: “De la dolencia que ovo el Rey Don Pedro el año primero que regnó de la qall llegó a
peligro de muerte: é como trataban quien regnaria”. Pág. 409: Citada como a mãe da Rainha Dona
Maria de Castela e filha do Rei Dom Sancho de Castela.
Año Quinto, 1354:
-Cap. VI: “Como se trató avenencia entre el Conde Don Enrique é el Maestre Don Fadrique, su
hermano, é Don Juan Alfonso de Albuquerque”. Pág. 442: Após o casamento de sua neta, a Infanta
Maria, sai de Évora junto com seu marido, o rei Alfonso IV e vão para Estremoz. Também é citada
como filha do Rei Sancho de Castela.
-Cap. VIII: “De otra pleytesia que el Conde é el Maestre, é Don Juan Alfonso movieron al Infante Don
Pedro de Portogal”. Pág. 443: Quando do possível plano de tentar tomar a Coroa de Castela para
Portugal, repassado pelo Conde Dom Enrique e seu irmão Dom Fadrique para Dom Alvar Perez de
Castro, que deveria dizer à Dom Pedro de Portugal: “el Infante Don Pedro de Portogal, que pues era
nieto legitimo del Rey Don Sancho de Castilla (ca su madre la Reyna Doña Beatriz, que era esctonce
viva, era fija del Rey Don Sancho de Castilla) que si él quisiese, que ellos tomarian voz con él porque
fuese Rey de Castilla”.
11. Dona Blanca, filha de Dom Ferrando Manuel
Año Primero, 1350:
-Cap. XIV: “Como Don Juan Nuñez de Lara se fué a Castilla é lo que allá se trato: e como fueron
luego este año él, é Don Ferrando, senor de Villena su sobrinho: é como de otras cosas que acaescieron
en este tiempo”. Pág. 410: Citada como filha de Dom Ferrando Manuel, Senhor de Villena, filho de
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Dom Juan Manuel, referenciada quando da morte de seu pai.
Año Octavo, 1357:
-Cap. VI: “Como el Cardenal Don Guillen, Legado del Papa, puso treguas entre los Reyes de Castilla é
Aragon por un año”. Pág. 479: Citada brevemente como “Dona Blanca de Villena” e em relação a seu
mordomo-mor, Iñigo Lopez de Orozco.
Año Onceno, 1360:
-Cap. XXIII: “Como el Rey de Castilla cuidó aver guerra con Granada, é como se assosegó, é fué para
la guerra de Aragon. Pág. 510: “E en este año morió en Sevilla Doña Blanca de Villena, fija de Don
Ferrando Señor de Villena, é de Doña Juana Despina, é fincó toda su tierra en el Rey, que decian la
tierra de Don Juan, é agora és llamada el Marquesado.”.
12. Dona Juana, “Despina”, mulher de Dom Ferrando Manuel
Año Primero, 1350:
- Cap. XIV: “Como Don Juan Nuñez de Lara se fué a Castilla é lo que allá se trato: e como fueron
luego este año él, é Don Ferrando, senor de Villena su sobrinho: é como de otras cosas que acaescieron
en este tiempo”. Pág. 410: Referenciada como a mulher de Dom Ferrando, Senhor de Vilhena,
conhecida como “Despina” e mãe de Dona Blanca.Era também filha do infante de Aragão Dom Remon
Berenguel.
Año Onceno, 1360:
-Cap. XXIII: “Como el Rey de Castilla cuidó aver guerra con Granada, é como se assosegó, é fué para
la guerra de Aragon. Pág. 510: “E en este año morió en Sevilla Doña Blanca de Villena, fija de Don
Ferrando Señor de Villena, é de Doña Juana Despina, é fincó toda su tierra en el Rey, que decian la
tierra de Don Juan, é agora és llamada el Marquesado.”.
13. Dona Elvira Lasa
Año Segundo, 1351:
-Cap. V: “Como el Rey llegó a um logar que lê dicen Celada, que es cerca de Burgos, é vino y Garci
Laso: é como el Rey envio a algunos Caballeros que entrasen en la Juderia de Burgos”. Pág. 413:
Citada como a mulher de Ruy Gonzalez de Castanheda, “um Rico ome”, e irmã de Garci Laso.
14. Dona Urraca Lasa
Año Segundo, 1351:
-Cap. V: “Como el Rey llegó a um logar que lê dicen Celada, que es cerca de Burgos, é vino y Garcia
Laso: é como el Rey envio a algunos Caballeros que entrasen en la Juderia de Burgos”. Pág. 413:
Citada como casada com Pero Ruiz Carrillo e outra irmã de Garci Laso.
15. Dona Leonor de Cornago
Año Segundo, 1351
- Cap. VI: “ Como fué muerto Garci Laso en Burgos, é otros de la cibdad”. Pág. 415: Citada como a
mulher de Garci Laso e que também foi presa após a morte deste.
16. Dona Mencia
Año Segundo, 1351
- Cap. VII: “ Como el Rey sopo que algunos viscaynos leváran á Don Nuño, fijo de Don Juan Nuñez, á
Vizcaya: é como el Rey partió de Burgos por le tomar”. Pág. 415: Mulher que criou Dom Nuño de
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Lara, “(...) una dueña de Vizcaya que criaba á Don Nuño de Lara”. Mulher de uma cavaleiro
vizcayano, Martim Ruiz de Avendaño.
17. Dona Isabel, filha de Dom Juan Nuñez de Lara
Año Segundo, 1351
- Cap. X: “Como morió Don Nuño de Lara: é como tomo él Rey en su poder á Doña Juana é a Doña
Isabel, hermanas del dicho Don Nuño, é la tierra de Vizcaya, é las otras tierras que eran del dicho Don
Nuño”. Pág. 416: Citada como irmã de Dom Nuño e filha de Dom Juan Nuñez de Lara, que foi trazida
ao poder do rei após a morte do irmão.
Año Quinto, 1354:
-Cap. XIII: “Como el Rey casó al Infante Don Juan su primo con Doña Isabel de Lara, fija de Don Juan
Nuñez”. Pág. 445: “El Rey estando en Castro Xeriz fizo casamiento del Infante Don Juan de Aragon su
primo con Doña Isabel, fija de Don Juan Nuñez de Lara, é mandole que se llamase Señor de Lara é de
Vizcaya, por quanto el Rey sabia cierto que Don Tello, que era Casado con Doña Juana, la hermana
mayor, trataba con el Conde Don Enrique su hermano, (...)”.
Año Noveno, 1358:
-Cap. II: “Como el Rey Don Pedro dixo al Infante Don Juan su primo que queria matar al Maestre Don
Fadrique su hermano”. Pág. 481: Das palavras do rei para seu primo, o infante Dom Juan: “<(...) E
luego que él sea muerto, yo entiendo partir de aquí para Vizcaya é matar á Don Tello; é darvos he las
tierras de Vizcaya, é de La.a,pues vos sodes casado con Doña Isabel, fija de Don Juan Nuñez de Lara é
de Doña Maria su muger, é quien las dichas tierras pertescen>.”
-Cap. III: “Com el Rey fizo matar al Maestre de Santiago Don Fadrique en el Alcazar de Sevilla”. Pág.
481, 482 e 483: Após a morte de Dom Fadrique, Dom Pedro fala com seu primo, o infante Dom Juan,
para irem à Vizcaya matar Dom Tello, concedendo em seguida o seu domínio ao infante; visto que este
era casado com Dona Isabel, irmã da mulher de Dom Tello, sendo que ambas eram filhas de Dom Juan
Nuñez de Lara, Senhor de Vizcaya, e de Dona Maria, sua mulher.
-Cap. V: “Como el Infante Don Juan de Aragon demandaba al Rey á Vizcaya segun que lê avia
prometido”. Pág. 483 e 484: Referências com relação ao fato de ser casada com Dom Juan e este, como
dito por Dom Pedro, passar a ser senhor de Vizcaya devido a Dom Tello ter deixado o reino de Castela.
-Cap. VII: “Como el Rey envió Juan Ferrandez de Henestrosa, á la villa de Roa á prender á la Reyna
de Aragon Doña Leonor, su tia, é á Doña Isabel de Lara, muger del Infante Don Juan”. Pág. 484: O rei
manda Juan Ferrandez de Henestrosa prender Dona Leonor de Aragon e Dona Isabel de Lara,
respectivamente a mãe e a mulher do infante Don Juan, as quais ainda não sabiam que este havia sido
morto pelo rei.
Año Décimo, 1359:
-Cap. IX: “Como el Rey Don Pedro mando matar a la Reyna de Aragon Doña Leonor su tia, é mando
levar presa á Doña Juana de Lara á Almodóvar del Rio, é á la Reyna Doña Blanca á Xerez de la
Frontera”. Pág. 493: Dom Pedro, quando assume que não haveria modo de conseguir a paz com o reino
de Aragon, manda matar sua tia, a rainha Leonor, e Juana de Lara, mulher de Dom Tello. Neste mesmo
momento, manda levar a rainha Dona Blanca de Borbon a Xerez de la Frontera, colocando presa
juntamente com ela Dona Isabel de Lara, mulher que fora do infante Dom Juan de Aragon. Depois de
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alguns dias presa naquele local, Dona Isabel vem a falecer, Ayala comenta que tal morte diziam ter sido
encomendada pelo rei, o qual teria mandado envenenar Isabel.
Año Doceno, 1361:
-Cap. III: “Como fué muerta la Reyna Doña Blanca de Borbon, muger del Rey Don Pedro, é Doña
Isabel de Lara”. Págs. 512 e 513: Dom Pedro manda envenenar Dona Isabel de Lara, que fora filha de
Dom Juan Nuñez de Lara e de Dona Maria de Vizcaya; assim como fora mulher do infante Dom Juan
de Aragon, o qual já havia sido morto pelo rei anteriormente.
Año Décimoséptimo, 1366:
- Cap. VII: “Como el Conde Don Enrique regnó é se coronó en Burgos”. Pág. 540 e 541: Com relação
ao fato de ter sido mulher de Dom Tello e por este motivo ele ter herdado o Senhorio de Vizcaya e de
Lara. Mas quando Dom Enrique entrou no reino de Castela, Dona Juana já havia morrrido, pois teria
sido executada a mando de Dom Pedro, o qual também mandou matar sua irmã, Dona Isabel de Lara.
Desta forma, não sobrou nenhum herdeiro a Dom Juan Nuñez de Lara e sua mulher Dona Maria. No
entanto, Dom Enrique ao se tornar rei de Castela, dá Vizcaya a seu irmão Dom Tello.
18. Dona Maria, mulher de Dom Juan Nuñez de Lara
Año Segundo, 1351
- Cap. X: “Como morió Don Nuño de Lara: é como tomo él Rey en su poder á Doña Juana é a Doña
Isabel, hermanas del dicho Don Nuño, é la tierra de Vizcaya, é las otras tierras que eran del dicho Don
Nuño”. Pág. 416: Citada como filha de Dom Juan, “el tuerto”, esposa de Dom Juan Nuñez de Lara e
mãe de Doña Juana, Doña Isabel e de Dom Nuño. Por seu casamento com ela, Dom Juan Nuñez herdou
Vizcaya.
Año Quinto, 1354:
- Cap. XXVIII: “Como casó Dom Tello en Segovia con Doña Juaña de Lara: é como mandó el Rey que
á la Reyna Doña Blanca su muger la levasen á Arevalo: é como se mandaron algunos oficios en la casa
del Rey”. Pág. 438 e 439: Citada como a mãe de Doña Juana, quando do casamento desta com Dom
Tello.
Año Noveno, 1358:
-Cap. II: “Como el Rey Don Pedro dixo al Infante Don Juan su primo que queria matar al Maestre Don
Fadrique su hermano”. Pág. 481: Das palavras do rei para seu primo, o infante Dom Juan: “ <(...) E
luego que él sea muerto, yo entiendo partir de aquí para Vizcaya é matar á Don Tello; é darvos he las
tierras de Vizcaya, é de La.a,pues vos sodes casado con Doña Isabel, fija de Don Juan Nuñez de Lara é
de Doña Maria su muger, é quien las dichas tierras pertescen>.”
-Cap. III: “Com el Rey fizo matar al Maestre de Santiago Don Fadrique en el Alcazar de Sevilla”. Pág.
481, 482 e 483: Após a morte de Dom Fadrique, Dom Pedro fala com seu primo, o infante Dom Juan,
para irem à Vizcaya matar Dom Tello, concedendo em seguida o seu domínio ao infante; visto que este
era casado com Dona Isabel, irmã da mulher de Dom Tello, sendo que ambas eram filhas de Dom Juan
Nuñez de Lara, Senhor de Vizcaya, e de Dona Maria, sua mulher.
-Cap. IV: “De como el Rey Don Pedro fué á Vizcaya por matar á Don Tello”. Pág. 483: Citação breve,
relacionada à sua filha Dona Juana.
Año Décimoséptimo, 1366:
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- Cap. VII: “Como el Conde Don Enrique regnó é se coronó en Burgos”. Pág. 540 e 541: Com relação
ao fato de ter sido mulher de Dom Tello e por este motivo ele ter herdado o Senhorio de Vizcaya e de
Lara. Mas quando Dom Enrique entrou no reino de Castela, Dona Juana já havia morrrido, pois teria
sido executada a mando de Dom Pedro, o qual também mandou matar sua irmã, Dona Isabel de Lara.
Desta forma, não sobrou nenhum herdeiro a Dom Juan Nuñez de Lara e sua mulher Dona Maria. No
entanto, Dom Enrique ao se tornar rei de Castela, dá Vizcaya a seu irmão Dom Tello.
19. Dona Margarita, filha de Dona Juana de Lara
Año Segundo, 1351
- Cap. X: “Como morió Don Nuño de Lara: é como tomo él Rey en su poder á Doña Juana é a Doña
Isabel, hermanas del dicho Don Nuño, é la tierra de Vizcaya, é las otras tierras que eran del dicho Don
Nuño”. Pág. 417: filha de Dona Juana de Lara com Dom Ferrando de la Cerda, “que morió monja en
Caleruega”.
- Cap. XI: “Como el Rey Don Pedro fizo bodas em Valladolid con la Reyna Doña Blanca de Borbon”.
Pág. 432: Quando das bodas de Dom Pedro com Blanca de Borbon: “É estuvo aquel dia de las bodas á
las espaldas de la Reyna Doña Blanca, segun sesuele usar en Castilla, Doña Margarita de Lara,
hermana de Don Juan Nuñez, que era Doncella é nunca casára”.
20. Dona Maria, filha de Dona Juana de Lara
Año Segundo, 1351
- Cap. X: “Como morió Don Nuño de Lara: é como tomo él Rey en su poder á Doña Juana é a Doña
Isabel, hermanas del dicho Don Nuño, é la tierra de Vizcaya, é las otras tierras que eran del dicho Don
Nuño”. Pág. 417: filha de Dona Juana de Lara com Dom Ferrando de la Cerda, casou-se na França com
o Conde de Estampas e depois com o Conde Alanzón, irmão do rei Felipe de França.
21. Dona Isabel, filha de Dom Tello de Meneses e mulher de Juan Alfonso de Albuquerque
Año Segundo, 1351
- Cap. XIII: “Como Don Juan Alfonso de Albuquerque queria que se partiesen las Behetrias”. Pág. 417:
Citada como filha de Do, Tello de Meneses e mulher de João Afonso de Albuquerque .
Año Tercero, 1352
-Cap. V: “Como el Rey cercó á Gijón en Asturias, é de otras cosas que passaron”. Pág. 427: “(...) el Rey
a Gijón, tomó a Doña Maria de Padilha, que era una doncela muy fermosa, é andaba en casa de Doña
Isabel de Meneses, muger de Don Juan Alfonso de Albuquerque, que la criaba, (...)”.
Año Cuarto, 1353
- Cap. V: “Como el Rey partió de Torijos para ir á Valladolid para facer sus boda: é como dexó a Doña
Maria de Padilla en Montalban”. Pág. 430: Breve citação com relação à Dona Maria de Padilla ter sido
criada em sua casa.
Cap. XXII: “Como el Rey partió de Valladolid, é fué á Olmedo, é como vino y Doña Maria de Padilla:
é de las pleytesias que traia Don Juan Alfonso de Albuquerque con el Rey.”. Pág. 436: Citada com
relação ao seu filho Don Martin Gil e citada como filha de Dom Tello de Meneses.
Año Quinto, 1354:
-Cap. XV: “Como el Rey ué sobre Montalegre é otros logares de Don Juan Alfonso”. Pág. 445: Dom
Pedro vai a um lugaar que era de Dom Juan Alfonso de Albuquerque, “é estaba en el dicho logar Doña
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Isabel, muger del dicho Don Juan Alfonso, é con ella Caballeros vassalos de don Juan Alfonso (...).
-Cap. XXXIII: “Como los Infantes de Aragon Don Ferrando é Don Juan, é el Conde Don Enrique, é los
otros Señores pasaron delante de la villa de Toro, donde el Rey estaba: é como el Rey partió de Toro, é
la Reyna Doña Maria su madre envió por los Señores, é los acogió de Toro”. Pág. 457: Dona Maria,
que estava em Toro, envia cartas aos senhores que estavam em Conteros, avisando-os que logo que
passaram por Toro, Dom Pedro foi-se embora dali para Urueña, onde estava Maria de Padilla. Tal fato
significava que o rei não cumpriria o que havia sido acordado em Tejadillo. Dona Maria disse-lhes
ainda que os acolheria se quisessem voltar para Toro e quando o rei soubesse que estavam ali com ela,
decidiria voltar para Dona Blanca e colocar em ordem o reino. “(...) é fueron los Señores á ver la
Reyna Doña Maria, é les dieron posadas. É enviaron por la Reyna Doña Leonor de Aragon, madre de
los Infantes, é por la Condessa Doña Juana, muger del Conde Don Enrique, é por Doña Isabel de
Meneses, muger que fuera de Don Juan Alfonso de Albuquerque, que estaba en Montalegre, una villa
del dicho Don Juan Alfonso, que viniesen para Toro(...)”. Após isto, com todos já em Toro, mandam
mensageiros ao rei, pedindo a este que vá para Toro, para que se cumpram as promessas feitas em
Tejadillo.
-Cap. XXXVII: “Como levaron el cuerpo de Don Juan Alfonso á enterrar al Monasterio del Espina”.
Pág. 459: “É partió la Reyna de Aragon Doña Leonor, é Doña Isabel de Meneses muger de Don Juan
Alfonso, é levaronle á enterrar al Monasterio del Espina, que es de Monges blancos, dó el se mandára
enterrar, é alli le ficieron sus cumplimientos (...). É desque el cuerpo fué enterrado, tornaronse para
Toro (...)”.
Año Décimosexto, 1365:
-Cap. IV: “Como el Conde Don Enrique se aparejaba para entrar en Castilla”. Pág. 536: Morreu neste
ano em Sevilla Dom Martin Gil, Senhor de Albuquerque, o qual era filho de Dom Juan Alfonso e de
Dona Isabel sua mulher, tal morte diziam que havia sido causada por envenenamento.
Año Décimoséptimo, 1366:
- Cap. VII: “Como el Conde Don Enrique regnó é se coronó en Burgos”. Pág. 540 e 541: O novo rei,
Dom Enrique dá a seu irmão Dom Sancho a terras que foram de Dom Juan Alfonso de Albuquerque e
sua mulher, Dona Isabel, que era filha de Dom Tello de Meneses, pois o casal não havia deixado
herdeiros.
22. Dona Blanca de Borbon
Año Segundo, 1351
-Cap. XV: “Como el Rey Don Pedro envió por sus Embajadores á Don Juan Sanchez de las Roelas,
natural de Toledo, Obispo que fué despues de Burgos, é a Don Alvar Garcia de Albornoz á Francia, por
firmar su casamiento con Doña Blanca, fija del Duque de Borbon, sobrina del Rey de Francia”. Pág.
418 e 419: Referenciada quando da ida dos embaixadores de Castela à França para tratar de seu
casamento com o rei Pedro de Castela. É escolhida entre as filhas do Duque de Bourbon para se tornar
rainha de Castela, vai para lá com os embaixadores a pedido do rei.
Año Cuarto, 1353
-Cap. III: “Como el Rey Don Pedro fué ferido en un torneo: é como sopo que venia Doña Blanca de
Borbon sua esposa”. Pág. 429: Referência com relação à sua ida à Castela para se casar com o rei, que
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já estava enamorado de Maria de Padilla.
-Cap. IV: “Como Don Juan Alfonso de Albuquerque llegó a Torrigos, é traço consigo Don Juan de la
Cerda”. Pág. 429: Encontrava-se já em Valladolid, o rei português Dom Alfonso IV aconselha Dom
Pedro de Castela (seu avô) a casar com a sobrinha do rei da França, para ter filhos legítimos com ela e
não enfrentar problemas de sucessão da Coroa castelhana.
- Cap. V: “Como el Rey partió de Torijos para ir á Valladolid para facer sus boda: é como dexó a Doña
Maria de Padilla en Montalban”. Pág. 430: O rei deixa Maria de Padilla no castelo de Montalvan e vai
para Valladolid casar-se com Blanca.
-Cap. IX: “Como Don Juan Alfonso de Albuquerque accuciaba que pelease el Rey con el Conde: é
como el Rey envio sus mensageros al dicho Conde”. Pág. 431: Dom Pedro enviou como mensageiro
para o Conde Dom Enrique Dom Alvar Garcia de Albornoz, copeiro maior da rainha Doña Blanca,
esposa de Dom Pedro.
- Cap. XI: “Como el Rey Don Pedro fizo bodas em Valladolid con la Reyna Doña Blanca de Borbon”.
Pág. 432: “(...) tomóla por su muger,é velose con Ella en Sancta Maria la nueva de Valladolid: é
ficieronse muchas alegrias, é muchas justas e torneos. É iban el Rey Don Pedro é la Reyna Doña
Blanca su muger aquel dia vestidos de unos paños de oro blancos enforrados de armiños, é en caballos
blancos: é era padrinho del Rey Don Juan Alfonso, Señor de Albuquerque, é madrinha de la Reyna era
la Reyna Doña Leonor de Aragon, que iba en una mula (...)”.
-Cap. XIV: “Del consejo que Don Juan Alfonso de Albuquerque, é el Maestre de Calatrava ovieron con
las Reynas Doña Maria madre del Rey, é Doña Blanca de Borbon su muger, despues que el Rey partió
de Valladolid, é do lo que acaesció por esto”. Pág. 434: Quando do alvoroço ocorrido pela ida de Dom
Pedro ao encontro de Maria de Padilla logo após suas bodas com Blanca de Borbon. Dom Juan Alfonso
de Albuquerque, Dom Juan Nuñez de Pradro, Maestre de Calatrava e outros cavaleiros foram ver as
Rainhas Dona Maria, Dona Blanca e Dona Leonor “é fallaronlas muy tristes: é estaban todos los que
alli fincaron muy desmayados é muy cuidosos, teniendo que aquel dia se levantaria mucha guerra é
mal en Castilla, como fué: é ovieron su consejo diciendo que non ficiera el Rey bien en se partir asi de
su muger, é pesabales mucho dello, é ordenaron (...) que partiesen luego para el Rey (...) é que
trabaxasen mucho por facer tornar el Rey á su muger la Reyna Doña Blanca (...)”.
-Cap. XV: “Como Don Juan Alfonso partió de Valladolid, é se iba para el Rey á Toledo: é quales
caballeros iban con él.”. Pág. 434: Citação rápida da instrução dada por ela, pela rainha Dona Maria e
pela rainha Dona Leonor a Dom Juan Alfonso e outros cavaleiros, para irem atrás do rei Dom Pedro
que havia ido ao encontro de Maria de Padilla.
-Cap. XIX: “Como Don Juan Alfonso, despues que torneó de Almorox, se vió en el logar del Ferradon
con Don Juan Nuñez, Maestre de Calatrava”. Pág. 436: Quando Don Juan Alfonso tomou o caminho de
Vallladolid, “é alli vió en las Huelgas, que eran estonce fuera de la villa, á la Reyna Doña Maria
madre del Rey Don Pedro, é la Reyna Doña Blanca su muger; pero non entró Don Juan Alfonso en
Valladolid”.
-Cap. XXI: “Como el Rey tornó a Valladolid é la Reyna Doña Blanca su muger, é quanto estovo y con
ella”. Pág. 436: Dom Pedro partiu logo de Toledo e concordou em ir para Valladolid, onde estavam a
Rainha Dona Maria, sua mãe, e Dona Blanca, sua mulher. E isto fez para que não houvesse
103
escancândalo no reino. E este conselho lhe foi dado por cavaleiros que estavam com ele e pelos
parentes de Doña Maria de Padilha. Assim, Dom Pedro foi ao encontro de Dona Blanca e ficou com ela
dois dias. Mas logo depois partiu de volta e “nunca más vió á la Reyna Doña Blanca su muger”. O
Visconde de Narbona e outros que vieram com a comitiva de Dona Blanca retornaram à França sem se
despedir de Dom Pedro. A Rainha Dona Maria, mãe do rei,l evou Dona Blanca consigo para
Oterdedesillas.
-Cap. XXIII: “Como Juan Alfonso envió su fijo Don Martin Gil a Rey Don Pedro en arrehenes”. Pág.
436 e 437: “Quando os cavaleiros que estavam com João Alfonso de Albuquerque foram à
Oterdesillas, é alli fallaron á las Reynas Doña Maria é Doña Blanca: é segund las nuevas que alli
fallaron de la Corte del Rey, ovieron miedo de ir adelante”.
-Cap. XXV: “Como el Rey mandó á Don Juan Alfonso Benavides, Justicia mayor de la su casa, que
fuese á prender á Don Alvar Perez de Castro é a Alvar Gonzalez Moran”. Pág. 437: “É Don Alvar
Perez de Castro, é Alvar Gonzalez Moran, despues que fueron apercebidos é se tornaron , llegaron á
medina del Campo, é fallaron y las Reynas Doña Maria madre del Rey, é Doña Blanca su muger, que
ese dia llegaron y, é contaronles como iban fuyendo del Rey: é dioles la Reyna madre del Rey sendos
caballos;”.
- Cap. XXVIII: “Como casó Don Tello en Segovia con Doña Juaña de Lara: é como mandó el Rey que
á la Reyna Doña Blanca su muger la levasen á Arevalo: é como se mandaron algunos oficios en la casa
del Rey”. Pág. 438 e 439: Dom Pedro mandou que levassem Dona Blanca para Arevalo e a tirassem da
presença da Rainha Dona Maria, que não poderia mais vê-la, “ca la enviaba ya como en manera de
presa”.
Año Quinto, 1354
Cap. I: “Como fu´Don Juan Nuñez Prado Maestre de Calatrava, é mando el Rey á los Freyres de la
Orden que tomasen por Maestre á Don Diego Garcia de Padilla”. Pág. 410: Rápida citação, retomada
do que havia sido contado anteriormente, quando Dom Pedro deixou Dona Blanca depois de suas bodas
e foi para Toledo se encontrar com Maria.
-Cap. V: “Como los mensageros del Rey llegaron al Rey Don Alfonso de Portogal, é lo que él
respondió”. Pág. 412: Quando do discurso de Dom Juan Alfonso para o rei de Portugal contra as
acusações trazidas por mensageiros do rei Dom Pedro de Castela. Citação indireta da personagem por
Dom Juan Alfonso quando fala do rei castelhano, conforme Ayala: “Otrosi fice mucho por le busca
buen casamiento, ca le allegué é ayunté con la casa de Francia, é con muger del linage del Rey de
Francia é su sobrina”.
-Cap. XIX: “Como el Rey Don Pedro fué a Segura, dó estaba alzado el Maestre Don Fadrique: é como
mandó levar a Toledo la Reyna Doña Blanca su muger, é lo que acaesció”. Pág. 447: Dom Pedro
ordena que Juan Ferrandez de Henestrosa, seu Camareiro Maior, pegue Dona Blanca e leve-a para
Toledo “é la pusiese en el Alcazar de la dicha cibdad. (...) É esto sopieron los Caballeros de Toledo, é
á algunos dellos pesóles mucho, porque tal Señora como ella avia de ser pres, (.....). É quando la
Reyna Doña Blanca de Borbon entró en Toledo dixo luego que queria ir facer oracion é la Iglesia de
Sancta Maria: é fué allá, é desque allá llegó entró non quiso salir de la Iglesia con miedo que avia de
prision, é de muerte (..).É quando Juan Ferrandez de Henestrosa vió que la Reyna non queria ir para
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el Alcazar, non se atrevió á la facer salir de la Iglesia contra su voluntad, (...) ca él bien entendia que á
todos pesaba la prsion de la Reyna. Por tanto, quando esto (...) fuese para el Rey (...) é contole (...) el
Rey dixole, que él vernia por Toledo, é faria lo que cumpliese á su servicio sobre esto”.
-Cap. XXI: “Como los de la cibdad de Toledo se alzaron con la Reyna Doña Blanca que el Rey queria
prender”. Pág. 448: “(...) la Reyna Doña Blanca fabló con muchas grandes dueñas de la cibdad que
eran alli, é la venian ver de cada dia, é dixóles como se temia de muerte, é que avaia sabido que el Rey
queria venir á Toledo por le facer prender, é matar: é por ende que les pedia e rogaba que le pusiesen
algund cobro. É todo esto fecho de la Reyna Doña Blanca, por quanto aun era ella muy moza, ca non
avia mas de diez é ocho años estonce, tratábale una dueña que era su aya, é la tenia por ordenanza de
la Reyna Doña Maria (...), á la qual dueña decian Doña Leonor de Saldaña, que era rica dueña é muy
noble, fija de Don Ferrand Roiz de Saldaña, é muger de Don Alfonso de Haro. (...)É esta Doña Leonor
fablaba en Toledo con las dueñas é con los Caballeros, que catasen alguna manera como la Reyna
Doña Blanca non fuese muerta en aquella cibdad. É las dueñas de Toledo, (...) ovieron muy grand
piedad de la Reyna (...), que era una criatura sin pecado, é de tan grand linage (...)”. Muitos nobres se
comoveram e juntaram-se para proteger Doña Blanca, “É la obra fué muy peligrosa, segund que
adelante paresció.”
-Cap. XXII: “Como los de Toledo enviaron por el Maestre Don Fadrique que viniese á la cibdad: é
como otras cibdades é villa del Regno fueron en este fecho con Toledo”. Pág 449: “Los de Toledo (...),
enviaron por el Maestre de Santiago Don Fadrique (...) que vieniese luego para Toledo (...), é que eso
mesmo enviaron sus cartas al Conde Don Enrique, é a Don Ferrando de Castro, é a Don Juan Alfonso
de Albuquerque, que pues ellos pedian al Rey que tornase á su muger la Reyna Doña Blanca de
Borbon, que ellos eso mesmo pedian, é querian ser con ellos de un corazon este fecho (...)” . Após isto,
Mestre Dom Fadrique foi ver a rainha
Dona Blanca em Toledo para apoiá-la e outras cidades
juntarem-se neste propósito, tais como Cordoba, Talavera, Cuenca, entre outras.
-Cap. XXIII: “Como el Rey ovo nuevas que la cibdad de Toledo era alzada, é que la Reyna Doña
Blanca estaba en el Alcazar: é como algunos Señores, é Caballeros se partieron del Rey”. Pág. 449: O
rei Dom Pedro ficou sabendo do movimento que se criou em defesa de Dona Blanca, fato que não lhe
agradou.
- Cap. XXIV: “Como el Rey estando en Tordehumos se partieron dél los Infantes de Aragon é otros
Caballeros, é como enviaron sus cartas al Rey”. Pág. 450: Os infantes de Aragão juntamente com seus
cavaleiros, “(...) enviaron al Rey sus cartas, faciendole saber como todos ellos querian é amaban su
servicio; pero que se partian de la su Corte, porque él déjára á la Reyna Doña Blanca su muger, lo
qual era contra su honra e servicio; é otrosi por quanto los sus privados, é parientes de Doña Maria
de Padilla non tenian buen regimiento en el Regno, nin en su casa, nin facian honra á los Señores é
Caballeros que y andaban: é demás que se recelaban é temian de sus vidas.”
-Cap. XXVI: “Como los Infantes de Aragon se avinieron con el Conde Don Enrique, é con Don Juan
Alfonso”. Pág. 451: Os infantes de Aragão, Dom Ferrando e Dom Juan, além do Conde Dom Enrique,
Dom Juan Alfonso, Dom Ferrnando de Castro e Dom Tello falaram um longo tempo com a Rainha en
Cuenca de Tamariz. Enviaram cartas a várias cidades que estavam juntas na empreitada a favor de
Dona Blanca de Borbon, dizendo que estavam todos esses senhores de acordo com tal demanda.
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Também enviaram cartas a mensageiros do rei Dom Pedro, pedindo que este deixasse Dona Maria de
Padilla e ficasse com Dona Blanca de Borbon, su mulher legítima. Além disso, enviaram cartas de
apoio à rainha Dona Blanca, que estava em Toledo, dizendo também que com a ajuda de Deus levariam
a causa adiante.
-Cap. XXVII: “Despues que los Señores todos fueron juntos en uno, que fizó el Rey, é lo que acaesció
despues”. Pág. 451: O rei Dom Pedro contava com muito menos apoio em sua decisão de deixar Dona
Blanca e detê-la em Toledo. Ele vai para Oterdesillas e leva consigo sua mãe, a raina Dona Maria e a
amante Maria de Padilla. A rainha Leonor, junto com outras donas, vai para Oterdesillas e tenta
convencer o rei Dom Pedro a voltar para sua mulher Dona Blanca e que “(...) pusiese en Orden en el
Regno de Francia, ó en el de Aragon á Doña Maria de Padilla. Otrosi que non fuesen sus privados los
parientes de Doña Maria de Padilla; é faciendo él esto, que todos sus vasallos que andaban
arrendrados dél se vernian á la su merced.”. Mas o rei não muda sua posição.
-Cap. XXVIII: “Como el Maestre Don Fadrique, que estaba en Toledo, vino para Medina del Campo,
dó estaban los otros Señores”. Pág. 452: Citação com relação aos grandes senhores que estavam
envolvidos com sua defesa perante o rei. “É levaba el Maestre consigo seiscentos de Caballo, é muchos
dineros que avia fallado en Toledo en las casas de Don Simuel el Levi, Tesorero mayor del Rey. É
enviaba la Reyna Doña Blanca, á aquellos Señores que estaban en Medina la mas moneda que avia
podido aver.”
-Cap. XXX: “Como los Caballeros que los Señores enviaron al Rey le dixeron lo que les era mandado”.
Pág. 453: Os cavaleiros vão ao encontro do rei pedir em favor de Dona Blanca, queixando-se também
da interferência dos privados rei no poder, que eram parentes de Maria de Padilla, os quais também não
honravam os grandes senhores do reino.
-Cap. XXXII: “Como el Rey se vió con los Infantes de Aragon, é el Conde Don Enrique, é el Maestre
Don Fadrique, é Don Tello, é Don Ferrando de Castro, é Don Juan de la Cerda, é los otros Caballeros,
segund era tratado”. Pág. 454, 455 e 456: Ayala apresenta os cavaleiros e senhores que estavam a favor
de Dona Blanca e sua causa, os quais foram falar com o rei sobre esta. Mas para o rei, tais homens não
estavam ali somente por Dona Blanca e sim por não estarem contentes com a privança dos parentes de
Dona Maria de Padilla, o que muito lhe pesava. Em sequência, o senhores continuam a pedir:“(...) vos
pedirvos por merced, que la Reyna Doña Blanca vuestra muger sea con vos honrada, como lo fueron
las otras Reynas de Castilla (...)”.
-Cap. XXXIII: “Como los Infantes de Aragon Don Ferrando é Don Juan, é el Conde Don Enrique, é los
otros Señores pasaron delante de la villa de Toro, donde el Rey estaba: é como el Rey partió de Toro, é
la Reyna Doña Maria su madre envió por los Señores, é los acogió de Toro”. Pág. 457: Dona Maria,
que estava em Toro, envia cartas aos senhores que estavam em Conteros, avisando-os que logo que
passaram por Toro, Dom Pedro foi-se embora dali para Urueña, onde estava Maria de Padilla. Tal fato
significava que o rei não cumpriria o que havia sido acordado em Tejadillo. Dona Maria disse-lhes
ainda que os acolheria se quisessem voltar para Toro e quando o rei soubesse que estavam ali com ela,
decidiria voltar para Dona Blanca e colocar em ordem o reino.
Año Sexto, 1355:
-Cap. VI: “Como el Conde Don Enrique, é el Maestre su hermano vinieron á Toledo, é lo que
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acaesció”. Pág. 461 e 462: O Conde Dom Enrique e seu irmão Mestre Dom Fadrique souberam que o
rei estava próximo de Toledo e temiam pelo bem de Dona Blanca e por isso iriam à cidade ajudar. Mas
os da cidade de Toledo receavam tal ajuda, visto o que acontecera com Dona Leonor de Aragão e seus
filhos, que obtiveram benefícios do rei e se afastaram da causa; fato que demonstrava que o domínio do
rei sobre a cidade era maior que o de todos os outros.
-Cap. IX: “Como el Rey quisiera pelear con el Conde é Maestre sus hermanos, é como ovo sobre ello
su Consejo: é como prisó á la Reyna Doña Blanca su muger”. Pág. 463 e 464: O rei entra em Toledo,
mas “(...) non quiso ir al Alcazar, porque estaba ay la Reyna Dona Blanca su muger, nin la quiso ver,
nin la vió nunca despues (...)”. Dom Pedro mandou Dom Juan Ferrrandez de Henestrosa que levasse
Dona Blanca e prendesse-a em Siguenza.
-Cap. X: “Como el Rey fizo matar á algunos en Toledo, é prender á otros”. Pág. 464: Referência breve,
do que o rei mandou fazer depois que mandou prender Dona Blanca.
-Cap. XI: “Como el Rey fué á la cibdad de Cuenca que estaba alzada, é lo que y fizo”. Pág. 464: O rei
foi para Cuenca, que sofreu um levante, e era onde estavam alguns de seus parentes envolvidos na
causa de Dona Blanca.
-Cap. XIX: “Como el Cardenal Don Guilen, Legado del Papa, vino al Rey Don Pedro al Real de Toro”.
Pág. 468: “(...) llegó y el Cardenal Don Guillen, Legado que envió el Papa Innocencio en Castilla, lo
uno por el fecho de la Reyna Doña Blanca su muger del Rey, é lo al por la guerra que era entre él é
los suyos, é por poner en estos fechos algun buen remedio.”. O Cardeal falou com o rei para tratar de
resolver a situação com Dona Blanca, tirando-a da prisão em Siguenza. Além disso, falou também
sobre a situação que envolvia o rei, sua mãe, a rainha Dona Maria, o Conde Dom Enrique e o Mestre
Dom Fadrique, seus irmãos. Mas o rei não quis concordar com o Cardeal.
Año Séptimo, 1356:
-Cap. III: “Como el Rey Don Pedro cercó la villa de Palenzuela, é lo que se ordenó alli”. Pág. 471: O
rei vai para Palenzuela, que havia sofrido um levanta. A vila havia sido dado primeiramente pelo rei
Dom Alfonso de Castela para Dona Leonor de Guzman, no entanto, após Dom Pedro assumir a Coroa,
deu a cidade à sua mãe, a rainha Dona Maria. Porém, quando da causa e Dona Blanca, a rainha
concedeu a vila ao Conde Dom Enrique, filho de Leonor de Guzman com o rei Alfonso.
Año Noveno, 1358:
-Cap. III: “Com el Rey fizo matar al Maestre de Santiago Don Fadrique en el Alcazar de Sevilla”. Pág.
483: Dom Pedro manda executar alguns homens que haviam se envolvido no levante a favor de Dona
Blanca.
Año Décimo, 1359:
-Cap. IX: “Como el Rey Don Pedro mando matar a la Reyna de Aragon Doña Leonor su tia, é mando
levar presa á Doña Juana de Lara á Almodóvar del Rio, é á la Reyna Doña Blanca á Xerez de la
Frontera”. Pág. 493: Dom Pedro, quando assume que não haveria modo de conseguir a paz com o reino
de Aragon, manda matar sua tia, a rainha Leonor, e Juana de Lara, mulher de Dom Tello. Neste mesmo
momento, manda levar a rainha Dona Blanca de Borbon a Xerez de la Frontera, colocando presa
juntamente com ela Dona Isabel de Lara, mulher que fora do infante Dom Juan de Aragão. Depois de
alguns dias presa naquele local, Dona Isabel vem a falecer, Ayala comenta que tal morte diziam ter sido
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encomendada pelo rei, o qual teria mandado envenenar Isabel.
Año Doceno, 1361:
-Cap. III: “Como fué muerta la Reyna Doña Blanca de Borbon, muger del Rey Don Pedro, é Doña
Isabel de Lara”. Págs. 512 e 513: Dona Blanca estava presa em Medina Sidonia quando o rei manda
um homem chamado Alfonso Martinez de Orueña, que era criado de Mestre Pablo de Perosa, físico e
contador-mor do rei, envenená-la. “É el dicho Alfonso Martinez fué á Medina, é fablo por mandado del
Rey con Iñigo Ortiz. É Iñigo Ortiz fuese luego para el Rey, é dixole, que él nunca seria en tal consejo;
mas que el Rey la mandase tirar de su poder, é estonce ficiese lo que su merces fuese: ca ella era su
señora, é en consentir la matar asi, faria en ello traycion. É el Rey fué muy sañudo contra Iñigo Ortiz
por esta razon, é mandole que la entregase á Juan Perez de Rebolledo, vecino de Xeréz, su Ballestero.
É Iñigo Ortiz fizolo asi: despues que fué en poder del Ballestero mandola matar. É pesó mucho dello á
todos los del Regno despues que lo sopieron, é vino por ende mucho mal á Castilla. É era esta Reyna
Doña Blanca del linage del Rey de Francia, é una vanda colorada por el escudo: é era en edad de
veinte é cico años quando morió: é era blanca é ruvia, é de buen donayre, é de buen, é de buen seso: é
decia cada dia sus horas muy devotamente: é paso grand penitencia en las prisiones do estovo, é
sufriólo todo con muy grand paciencia.É acesció que un di, estando ella en la prison dó morió, llegó
un ome que parescia pastor, é fué al Rey Don Pedro dó andaba á caza en aquella comarca de Xerés é
de Media do la Reyna estaba presa, é dixole, que Dios le enviaba decir que fuese cierto que el mal que
le avia de ser muy acaloñado, é que en esto non pusiese dubda; pero si quisiese tornar á ella, é facer
su vida como debia, que avria della fijo que heredase su Regno. É el Rey fué muy espantado, é fizo
prender el ome que esto le dixo, é tovo que la Reyna Doña Blanca le enviaba decir estas palabras: é
luego envió á Martin Lopez de Cordoba, su Camarero, é a Matheos Ferrandez, su Chanciller (...) á
Medina Sidonia dó la Reyna estaba presa, é que ficiesen pesquisa cómo veniera aquel ome, é si le
enviara la Reyna. (...) é fueron luego á do la Reyna yacia en prision en una torre, é fallaronla que
estaba las rodillas en tierra é faciendo oracion; é cuidó que la iban á matar, é lloraba, é acomendóse é
Dios. É elos le dixeron, que el Rey queria saber de un ome que le fuera decir ciertas palabras cómo
fuera, é por cuyo mandado: (...) é ella dixo, que nunca tal ome viera. Otrosi las guardas que estban y,
que la tenian presa, dixeron que non podria ser que la Reyna enviase tal ome, ca nunca dexaban á
ningund ome entrar do ella estaba. E segund esto paresce que fué obra de Dios. (...) É el ome estovo
preso algunos dias, é despues soltaronle (...).
Año Treceno, 1362:
-Cap. IX: “Como el Rey Don Pedro fizo sus ligas con el Rey de Navarra, é se vió con él, é lo que y
acaesció”. Pág. 521: Quando o rei de Navarra queria fazer aliança com Dom Pedro e por quais motivos:
“É el Rey de Navarra vió en ello muy buen dia, ca estonce non estaba bien avenido con el Rey de
Francia, é rescelabasse mucho dél; é tovo que por quanto en Castilla matáran á la Reyna Doña
Blanca de Borbon, que era sobrina del Rey de Francia, que non se querian bien el Rey de Castilla, é
el Rey de Francia; é por quanto ligandose él con el Rey de Castilla, ternia gran ayuda contra el Rey
de Francia.”.
Año Catorceno, 1363:
Cap. I: “Como el Rey Don Pedro fizo sus ligas con el Rey de Inglaterra, é con el Principe de Gales su
108
fijo”. Pág. 525: Dom Pedro envia um cavaleiro para propor aliança com o rei Eduarte da Inglaterra e o
princípe de Gales, filho deste. O rei castelhano procurava com isso se defender do rei de Francia e seus
aliados devido à morte de Dona Blanca de Borbon.
-Cap. VI: “De las pleytesias que se trataban entre los Reyes de Castilla é de Aragon”. Pág. 527 e 528:
Dom Bernal de Cabrera propõe a Dom Pedro que se case com Dona Juana, filha do rei de Aragão, já
que era viúvo de Dona Blanca de Borbon e também era morta Dona Maria de Padilla. O casamento de
Dom Pedro com Dona Juana traria muitos dotes ao monarca castelhano.
Año Décimoséptimo, 1366:
-Cap. XV: “Como el Rey Don Enrique envió algunas Campañas de las que con él vinieron de Francia é
de Inglaterra para sus tierras”. Pags. 545 e 546: Citada com relação ao Conde de la Marcha, que era um
grande Senhor de linhagem na França, e ao Senhor de Beaujeu, os quais eram parentes de Dona Blanca.
Estes senhores mandaram, com a ajuda do rei Dom Enrique, enforcar o homem que havia matado a
antiga rainha, o qual se chamava Juan Perez. Os dois senhores de França, como afirma Ayala, vieram à
Castela somente por serem contra o rei Dom Pedro, devido a este ter matado Dona Blanca.
23. Galiana
Año Segundo, 1351:
-Cap. XVII: “Porque razon dice el Rey tales palabras por Toledo: é porque Toledo no fabla como las
otras cibdades en las cortes salbo de esta guisa”. Pág. 420: Filha do rei Dom Fernand que ganhou
Sevilla, “(...) la qual dicen que levó Carlos Magno en Francia, é la tornó Christiana, é caso con ella,
segund lo escribe Vicencio en las sus Historias”.
24. Caba
Año Segundo, 1351:
-Cap. XVIII: “Como pleytearon los Christianos que vivian en Toledo con los Moros quando se perdió
España”. Pág. 420: “(...) el Rey Don Rodrigo le tomará una su fija que se criaba en su palacio, á la
qual decian la Caba, é era fija del Conde [Conde Don Illan, “(...) non de linage Godo, sinó de linage de
los Césares, que quiere decir los romanos”] é de su muger Doña Faldrina, (...)”.
Año Décimooctavo, 1367:
-Cap. XXII: “Como el Rey Don Pedro envió sus cartas á un Moro de Granada que era un grand sabidor,
de como el avia vencido, é era ya en Castilla: é demandabale consejo de algunas cosas”. Págs. 569:
Citada na carta de aconselhamento de um mouro de Granada, tido como sábio e que era Conselheiro do
rei de Granada, quando este critica a fornicação, dizendo que esta era a pior das vontades. Caba é
citada em um mau exemplo: “<E las ocasiones que acescieron á los Reyes por el fornicio públicas son,
é una dellas fué quando el Conde Don Illan metió los Mores en el Andalucia por lo que elRey fizo á la
su fija.”.
25. Dona Faldrina
Año Segundo, 1351:
-Cap. XVIII: “Como pleytearon los Christianos que vivian en Toledo con los Moros quando se perdió
España”. Pág. 420: “la Caba, é era fija del Conde [Conde Don Illan, “(...) non de linage Godo, sinó de
linage de los Césares, que quiere decir los romanos”] é de su muger Doña Faldrina, que era hermana
del Arzobispo Don Opas, é fija del Rey de Vitiza (...).”
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26. Dona Maria Coronel
Año Segundo, 1351:
- Cap. XXI: “Como el Rey Don Pedro sopo que Don Alfonso Ferrandez Coronel bastecia sus castillos:
é como el Rey fué al Andalucia”. Pág. 424: filha de Alfonso Ferrandez, casada com Dom Juan de la
Cerda, filho de Dom Luis de la Cerda.
Año Octavo, 1357:
- Cap. II: “Como Don Juan de la Cerda, é Don Alvar Perez de Guzman se partieron del Rey”. Pág. 476
e 477: Em referência a sua irmã, Dona Aldonza Coronel, mulher de Dom Alvar Perez de Guzman, a
qual viria a ser tomada pelo rei posteriormente.
-Cap. V: “Como el Rey de Castilla ovo nuevas que Don Juan de la Cerda fuera desbaratado é preso del
Concejo de Sevilla”. Pág. 468: O rei manda matar Dom Juan de la Cerda, marido de Dona Maria
Coronel. Esta vai ao rei em Tarazona e pede a ele que livre seu marido da morte. O rei promete-lhe
enviar mensagem para que seus homens não o matem mais, no entanto ele sabia que antes de tal carta
chegar a eles, Dom Juan de la Cerda já estaria morto, como veio a acontecer.
27. Duquesa de Orleans
Año Segundo, 1351:
-Cap. XXII: “De lo que acaesció este año en el Regno de Francia”. Pág. 424: Citada como filha do rei
Carlos IV de França, casada com o Duque de Orleans, que era filho do rei Felipe de França.
28. Madame Bona:
-Cap. XXII: “De lo que acaesció este año en el Regno de Francia”. Pág. 424 e 425: “(...) Rey de
Bohemia padre de Madame Bona, que era casada estonce con Don Juan primogénito de Francia, que
después fué Rey de Francia, fijo deste Rey Phelipe”.
30. Dona Maria Gonzalez de Henestrosa
Año Tercero, 1352:
-Cap. V: “Como el Rey cercó á Gijón en Asturias, é de otras cosas que passaron”. Pág. 427: Citada
como a mãe de Maria de Padilha, “ (...) Doña Maria de Padilha, que era una doncella muy fermosa
(...),é traxogela á Sant Fagund Juan Ferrandez de Henestrosa su tio, hermano de Doña Maria
Gonzalez su madre. É esto tudo foi por consejo de Don Juan Alfonso de Albuquerque”.
Año Onceno, 1360:
-Cap. XVIII: “De como Martin Lopez de Cordoba prisó en Soria la muger é fijos de Gomez Carrillo,
por quanto sabia ya que él era muerto por mandado del Rey”. Págs. 506 e 507: “É el Rey non queria
bien á Gomez Carrillo; ca el Rey tomára un año antes desto á Doña Maria Gonzalez de Henestrosa,
muger de Garci Laso Carrillo, hermano del dicho Gomez Carrillo, por lo qual el dicho Garci Laso se
fuera para Aragon al Conde Don Enrique; é por esta razon el Rey se rescelava de Gomez Carrillo
(...)”.
-Cap. XIX: “Como el Rey llegado á Almazan, fabló con Don Ferrando de Castro, é con otros Señores é
Caballeros, é les dixo la razon porque mandara matar á Gutier Ferrandez de Toledo, é a Gomez
Carrillo. Págs. 508 e 509: Ayala comentando a morte de Gomez Carrillo, “(...) pero fué grand achaque
de su muerte el fecho de Doña Maria Gonzalez de Henestrosa, muger de su hermano Garci Laso
Carrrillo, que el tomára segund avemos contado”.
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31. Dona Beatriz, filha do rei Dom Pedro com Maria de Padilla
Año Cuarto, 1353:
-Cap. II: “Como el Rey Don Pedro fué para Córdoba é nació y Doña Beatriz su fija”. Pág. 429: O
capítulo trata do nascimento desta filha do rei Dom Pedro com Maria de Padilla. Dom Pedro dá à filha
os castelos de Montalvan, Capilla e Burguillos, e “el logar de Mondejar e Yuncos que fueron de Don
Alfonso Ferrandez Coronel”.
-Cap. IV: “Como Don Juan Alfonso de Albuquerque llegó a Torrigos, é traço consigo Don Juan de la
Cerda”. Pág. 429: Citada como a filha de Dom Pedro com Maria de Padilla, nascida em Córdoba,
repete a referência aos bens que seu pai lhe deu.
Año Doceno, 1361:
-Cap. VI: “Como morió Doña Maria de Padilla en Sevilla”. Pág. 513: Quando da morte de Dona Maria
de Padilla: “E morió en Sevilla en el mes de julio deste dicho año; é dexó fijos que oviera del Rey á
Don Alfonso,, é á Doña Beatriz, é á Doña Constanza, é á Doña Isabel, de los quales dirémos en su
logar.
Año Treceno, 1362:
-Cap. VII: “Como el Rey Don Pedro dixe en Cortes que fizo en Sevilla como fuera casado con Doña
Maria de Padilla, é fizo jurar á su fijo Don Alfonso”. Págs. 519 e 520: Quando da declaração de Dom
Pedro nas Cortes de Sevilla de que teria se casado com Dona Maria de Padilla antes de suas bodas com
Dona Blanca de Borbon e por isso a primeira era então legítima rainha e seus filhos com ela (Dom
Alfonso, Dona Beatriz, Dona Constanza e Dona Isabel) também legítimos, sendo Dom Alfonso o
herdeiro de sua Coroa. “É luego ordenó el Rey Perlados, é Caballeros, é Dueñas que fuesen á
Estudillo, do yacia Doña Maria de Padilla enterrada, é traxieron su cuerpo muy honradamente á
Sevilla, asi como de Reyna, é soterraronle en la capilla de los Reyes, que es en la Iglesia de Sancta
Maria de la dicha cibdad, fasta que el Rey fizo facer otra capilla cerca de aquella capilla de los Reyes,
muy fermosa, do fué el dicho cuerpo despues enterrado. É dende adelante, segund avemos dicho, fué
llamada la Reyna Doña Maria, é su fijo el Infante Don Alfonso, é sus fijas Infantas.”.
Año Catorceno, 1363:
-Cap. III: “Como el Rey Don Pedro fizo jurar sus fijas por herederas del Regno: é como pasó contra
algunos Caballeros de Castilla. Pág. 525 e 526: Após a morte de Dom Alfonso, filho de Dom Pedro
com Dona Maria de Padilla, o rei declara que suas filhas com esta serão as herdeiras dos reinos de
Castela e Leão, seguindo a ordem: Dona Beatriz, Dona Constanza e Dona Isabel, sendo que se a
primeira não tiver um varão legítimo, a herança da Coroa passa para a segunda e se essa não o tiver
também, passa para a terceira. O rei mandou registrar tal declaração em um livro contendo os nomes de
todos os que estavam presentes no ato.
-Cap. VI: “De las pleytesias que se trataban entre los Reyes de Castilla é de Aragon”. Pág. 527 e 528:
Dom Bernal de Cabrera propõe a Dom Pedro que se case com Dona Juana, filha do rei de Aragão, já
que era viúvo de Dona Blanca de Borbon e também era morta Dona Maria de Padilla. O casamento de
Dom Pedro com Dona Juana traria muitos dotes ao monarca castelhano. E se caso houvesse filhos, os
domínios herdados seriam distribuidos de forma determinada. Em contrapartida, era proposto o
casamento da infanta Dona Beatriz, filha de Dom Pedro com Dona Maria de Padilla, com o infante
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Dom Juan, primogênito de Aragon. Sendo que o rei castelhano teria de distribuir os dotes de sua filha
para o infante aragonês, da mesma forma que se eles tivessem filhos, os domínios também deveriam ser
distribuídos de uma determinada forma. O rei Dom Pedro concorda com as propostas. No entanto,
decide depois não cumprir a promessa de casamento de sua filha, pois teria pedido ao rei de Aragão que
matasse o conde Dom Enrique e o infante Dom Ferrando, que eram seus inimigos e estavam em
Aragon, mas o monarca aragonês se nega a executar tal tarefa.
Año Décimoséptimo, 1366:
- Cap. IX: “De lo que fizo el Rey Don Pedro en Sevilla quando sopo que el Rey Don Enrique cobrára la
cibdad de Toledo”. Págs. 542 e 543: Quando Dom Pedro toma conhecimento que Dom Enrique havia
entrado em Toledo, pede ajuda a seu tio, Dom Pedro de Portugal. E para ajudar a concretizar essa
ajuda, Dom Pedro de Castela propõe o casamento deu sua filha Beatriz (a qual tivera de Dona Maria de
Padilla) com o infante Dom Ferrando de Portugal, enviando-a já para o reino português com toda a
quantia de riquezas que traria para as bodas, ressaltando também que a infanta era herdeira dos reinos
de Castela e Leão. Dona Beatriz é enviada a Sevilla, levando muitas jóias que havia herdado de sua
mãe. Porém, Dom Pedro tem a notícia de que Dom Enrique estava chegando a Sevilla e decide ir
embora com suas três filhas (Dona Beatriz, Dona Constanza e Dona Isabel) para Portugal. No entanto,
antes de chegarem ao reino vizinho, recebeu a notícia de que o rei português lhe mandara dizer que seu
filho, Dom Ferrando, não queria se casar com Dona Beatriz e por isso não poderia recebê-los em
Portugal. Dom Pedro tenta em seguida ir para Albuquerque, mas não quiseram o acolher lá.
- Cap. XII: “Como el Rey Don Pedro fu´para Bayona de Inglaterra”. Págs. 544 e 545: O rei partiu de la
Coruña para Bayona, na Inglaterra e levou consigo suas filhas, as infantas, Dona Beatriz, Dona
Constanza e Dona Isabel. Ele levava consigo e suas filhas muitas jóias de ouro e outras riquezas.
-Cap. XXIV: “Como el Rey Don Pedro dió al Principe la tierra de Vizcaya, é la villa de Castro de
Urdiales”. Pág. 549: Quando do acordo de Dom Pedro com o Príncipe de Gales, sendo que o monarca
castelhano daria domínios de seu reino para este, mas em contrapartida propunha que: “(...) que en
tanto fincasen en Bayona por manera de arrehenes las fijas del Rey Don Pedro e Dona Maria de
Padilla, las quales eran Doña Beatriz, é Doña Constanza, é Doña Isabel, que llamaban Infantas. E
fincó todo esto acordado, é el Rey Don Pedro tornóse para Bayona, é el Principe ficó en Anguslema, é
alli estovo esperando las Compañas que con él avian de venir á Castilla”.
Año Décimooctavo, 1367:
-Cap. XX: “Como ficieron el Rey Don Pedro é el Principe de Gales en Burgos desque y llegaron”.
Pág.566: Das riquezas que Dom Pedro devia ao Principe de Gales e como eles negociaram. Da parte do
príncipe: “(...) el Principe sabia bien que él tenia en su cibdad de Bayona tres fijas suyas, las Infantas
Doña Beatriz é Doña Constanza, é Doña Isabel, é que las toviese en arrehenes fasta que él compliese
todo lo que debia á él (...). É desto ficieron luego sus recabdos en esta manera: que el Rey Don pedro
fasta un dia cierto diese al Principe la metad de la paga en dineros; é otrosi que por la metad el
Principe toviese en arrhenes las Infantas, sus hijas, que estaban en Bayona, fasta que fuese pagado.”.
-Cap. XXI: “Como el Rey é el Principe ficieron sus juramentos en Sancta Maria de Burgos”. Págs. 566
e 567: Dom Pedro paga metade do que deve ao Príncipe de Gales e promete em até um ano pagar a
outra metade, enquanto isso: “que el Principe toviese en tanto e prendas é en arrehenes tres fijas
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suyas, que eran Doña Beatriz, é Doña Constanza, é Doña Isabel, que llamaban las Infantas.”.
33. Infanta Dona Maria, neta de Dom Alfonso IV e filha de Dom Pedro I de Portugal
Año Quinto, 1354:
-Cap. V: “Como los mensageros del Rey llegaron al Rey Don Alfonso de Portogal, é lo que él
respondió”. Pág. 411: “Los dichos mensageros que el Rey de Castilla enviaba al Rey de Portogal sobre
el fecho de Don Juan Alfonso, (... )llegaron al Rey Don Alfonso de Portogal á la cibdad de Evora, que
faci estonce bodas á la Infanta Doña Maria su neta con el Infante Don Ferrando de Aragon, Marques
de Tortosa (...)”.
-Cap. VI: “Como se trató avenencia entre el Conde Don Enrique é el Maestre Don Fadrique, su
hermano, é Don Juan Alfonso de Albuquerque”. Pág. 442: A Infanta e Dom Ferrando de Aragon após
suas bodas partem de Portugal.
34. Dona Juana de Castro
Año Quinto, 1354:
- Cap. X: “Como el Rey Don Pedro dixo que casaba con Doña Juana de Castro en Cuellar”. Pág. 444:
Filha de Dom Pedro de Castro, foi mulher de Dom Diego de Haro. “é era esta Doña Juana muger bien
fermosa, é el Rey decia que queria casar con ella (...) É Doña Juana de Castro decia que el Rey era
casado con Doña Blanca de Borbon, é que mostrase primero como se podria partir della (...). É el Rey
envió por los Obispos Don Sancho de Avila é Don Juan de Salamanca, é dixoles, que él non era casado
con la Reyna Doña Blanca por muchas protestaciones que ficiera (...) é mandóles que pronunciasen
que él podia casar con quien le ploguiese. É los dchos Obispos, con muy grand miedo que ovieron,
ficierolo asi. (...) É Doña Juana tóvose á estas razones: é luego ficieron publicamente bodas en la
dicha villa de Cuellar el Rey é Doña Juana, é llamaronla Reyna Doña Juana (...)”.
-Cap. XI: “Como llegaron nuevas al Rey que el Conde Don Enrique, é el Maestre Don Fadrique, é los
que avia dexado por fronteros sobre Albuquerque que eran avenidos con Don Juan Alfonso”. Pág.: 444:
Rápida citação com relação a seu casamento que havia sido feito com Dom Pedro em Cuellar e o que
estava acontecendo no reino ao mesmo tempo.
- Cap. XII: “Como fizo el Rey despues que sopo que el Conde, é el Maestre Don Fadrique, é Don Juan
Alfonso eran avenidos todos en uno”. Pág. 444: Após seu casamento, Dom Pedro foi embora para
Castro Xeriz e nunca mais viu Dona Juana, “mas dióle la villa de Duñas, é alli vivó mucho tiempo, é
llamóse simepre Reyna, magüer non placia al Rey dello”.
-Cap. XVII: “De las pleytesias que el Conde Don Enrique, é Don Juan Alfonso troxieron con Don
Ferrando de Castro”. Pág. 446: Das queixas que Dom Ferrando de Castro tinha contra o rei Dom Pedro
e porque se dispunha então a ajudar o Conde Dom Enrique e Dom Juan Alfonso de Albuquerque: “(...)
otrosi por quanto desonhara á Doña Juana de Castro su hermana, diciendo que casaba con ella é le
ficiera tomar titulo de Reyna, é despues la dejara é la escarnesciera (...)”.
35. Dona Urraca, tia de Dona Juana de Castro, foi casada com Dom Enrique Enriquez
Año Quinto, 1354:
Cap. X: “Como el Rey Don Pedro dixo que casaba con Doña Juana de Castro en Cuellar”. Pág. 444:
Referenciada com relação a ser tia de Dona Juana de Castro e ter sido mulher de Enrique Enriquez.
36. Dona Isabel, mãe de Dona Juana de Castro
113
Año Quinto, 1354:
Cap. X: “Como el Rey Don Pedro dixo que casaba con Doña Juana de Castro en Cuellar”. Pág. 444:
Citada como mãe de Dona Juana de Castro e irmã de Dona Urraca.
37. Dona Constanza, filha de Dom Pedro com Dona Maria de Padilla
Año Quinto, 1354:
-Cap. XIII: “Como el Rey casó al Infante Don Juan su primo con Doña Isabel de Lara, fija de Don Juan
Nuñez”. Pág. 445: “É este año en el mes de julio ovo nuevas el Rey que le nasciera una fija de Doña
Maria de Padilla en la villa de Castro Xeriz, que le dixeron Doña Constanza, la qual casó despues con
el Duque de Alencastre, é ovieron fija á la Reyna Doña Catalina, que es agora muger del Rey Don
Enrique”.
Año Doceno, 1361:
- Cap. VI: “Como morió Doña Maria de Padilla en Sevilla”. Pág. 513: Quando da morte de Dona Maria
de Padilla: “E morió en Sevilla en el mes de julio deste dicho año; é dexó fijos que oviera del Rey á
Don Alfonso,, é á Doña Beatriz, é á Doña Constanza, é á Doña Isabel, de los quales dirémos en su
logar.
Año Treceno, 1362:
-Cap. VII: “Como el Rey Don Pedro dixe en Cortes que fizo en Sevilla como fuera casado con Doña
Maria de Padilla, é fizo jurar á su fijo Don Alfonso”. Págs. 519 e 520: Quando da declaração de Dom
Pedro nas Cortes de Sevilla de que teria se casado com Dona Maria de Padilla antes de suas bodas com
Dona Blanca de Borbon e por isso a primeira era então legítima rainha e seus filhos com ela (Dom
Alfonso, Dona Beatriz, Dona Constanza e Dona Isabel) também legítimos, sendo Dom Alfonso o
hedeiro de sua Coroa. “É luego ordenó el Rey Perlados, é Caballeros, é Dueñas que fuesen á
Estudillo, do yacia Doña Maria de Padilla enterrada, é traxieron su cuerpo muy honradamente á
Sevilla, asi como de Reyna, é soterraronle en la capilla de los Reyes, que es en la Iglesia de Sancta
Maria de la dicha cibdad, fasta que el Rey fizo facer otra capilla cerca de aquella capilla de los Reyes,
muy fermosa, do fué el dicho cuerpo despues enterrado. É dende adelante, segund avemos dicho, fué
llamada la Reyna Doña Maria, é su fijo el Infante Don Alfonso, é sus fijas Infantas.”.
Año Catorceno, 1363:
-Cap. III: “Como el Rey Don Pedro fizo jurar sus fijas por herederas del Regno: é como pasó contra
algunos Caballeros de Castilla. Pág. 525 e 526: Após a morte de Dom Alfonso, filho de Dom Pedro
com Dona Maria de Padilla, o rei declara que suas filhas com esta serão as herdeiras dos reinos de
Castela e Leão, seguindo a ordem: Dona Beatriz, Dona Constanza e Dona Isabel, sendo que se a
primeira não tiver um varão legítimo, a herança da Coroa passa para a segunda e se essa não o tiver
também, passa para a terceira. O rei mandou registrar tal declaração em um livro contendo os nomes de
todos os que estavam presentes no ato.
Año Décimoséptimo, 1366:
- Cap. IX: “De lo que fizo el Rey Don Pedro en Sevilla quando sopo que el Rey Don Enrique cobrára la
cibdad de Toledo”. Págs. 542 e 543: Quando Dom Pedro toma conhecimento que Dom Enrique havia
entrado em Toledo, pede ajuda a seu tio, Dom Pedro de Portugal. E para ajudar a concretizar essa
ajuda, Dom Pedro de Castela propõe o casamento deu sua filha Beatriz (a qual tivera de Dona Maria de
114
Padilla) com o infante Dom Ferrando de Portugal, enviando-a já para o reino português com toda a
quantia de riquezas que traria para as bodas, ressaltando também que a infanta era herdeira dos reinos
de Castela e Leão. Porém, Dom Pedro tem a notícia de que Dom Enrique estava chegando a Sevilla e
decide ir embora com suas três filhas (Dona Beatriz, Dona Constanza e Dona Isabel) para Portugal. No
entanto, antes de chegarem ao reino vizinho, recebeu a notícia de que o rei português lhe mandara dizer
que seu filho, Dom Ferrando, não queria se casar com Dona Beatriz e por isso não poderia recebê-los
em Portugal. Dom Pedro tenta em seguida ir para Albuquerque, mas não quiseram o acolher lá.
- Cap. XII: “Como el Rey Don Pedro fu´para Bayona de Inglaterra”. Págs. 544 e 545: O rei partiu de la
Coruña para Bayona, na Inglaterra e levou consigo suas filhas, as infantas, Dona Beatriz, Dona
Constanza e Dona Isabel. Ele levava consigo e suas filhas muitas jóias de ouro e outras riquezas.
-Cap. XXIV: “Como el Rey Don Pedro dió al Principe la tierra de Vizcaya, é la villa de Castro de
Urdiales”. Pág. 549: Quando do acordo de Dom Pedro com o Príncipe de Gales, sendo que o monarca
castelhano daria domínios de seu reino para este, mas em contrapartida propunha que: “(...) que en
tanto fincasen en Bayona por manera de arrehenes las fijas del Rey Don Pedro e Dona Maria de
Padilla, las quales eran Doña Beatriz, é Doña Constanza, é Doña Isabel, que llamaban Infantas. E
fincó todo esto acordado, é el Rey Don Pedro tornóse para Bayona, é el Principe ficó en Anguslema, é
alli estovo esperando las Compañas que con él avian de venir á Castilla”.
38. Dona Leonor de Saldaña
Año Quinto, 1354:
-Cap. XXI: “Como los de la cibdad de Toledo se alzaron con la Reyna Doña Blanca que el Rey queria
prender”. Pág. 448: : “(...) la Reyna Doña Blanca fabló con muchas grandes dueñas de la cibdad que
eran alli, é la venian ver de cada dia, é dixóles como se temia de muerte, é que avaia sabido que el Rey
queria venir á Toledo por le facer prender, é matar: é por ende que les pedia e rogaba que le pusiesen
algund cobro. É todo esto fecho de la Reyna Doña Blanca, por quanto aun era ella muy moza, ca non
avia mas de diez é ocho años estonce, tratábale una dueña que era su aya, é la tenia por ordenanza de
la Reyna Doña Maria (...), á la qual dueña decian Doña Leonor de Saldaña, que era rica dueña é muy
noble, fija de Don Ferrand Roiz de Saldaña, é muger de Don Alfonso de Haro. (...)É esta Doña Lenor
fablaba en Toledo con las dueñas é con los Caballeros, que catasen alguna manera como la Reyna
Doña Blanca non fuese muerta en aquella cibdad. É las dueñas de Toledo, (...) ovieron muy grand
piedad de la Reyna (...)”.
-Cap. XXIII: “Como el Rey ovo nuevas que la cibdad de Toledo era alzada, é que la Reyna Doña
Blanca estaba en el Alcazar: é como algunos Señores, é Caballeros se partieron del Rey”. Pág. 449:
Com relação a seu filho Dom Juan Alfonso de Haro com Don Alfonso Lopez de Haro, que foi para
Montalegre, lugar de Don Juan Alfonso de Albuquerque.
39. Dona Isabel, filha de Dom Pedro com Maria de Padilla
Año Sexto, 1355:
Cap. XIV: “Como supo el Rey que el Conde Don Enrique era partido de Toro para Galicia: é otras
cosas que acaescieron en este tiempo”. Pág. 466: Neste ano, estando o rei em Morales, perto de Toro,
nasceu em Oterderdesillas uma filha dele com Maria de Padilla, que chamaram Dona Isabel, “(...) que
casó despues con Mosen Aymon, fijo del Rey Eduarte de Inglaterra, que fué despues Duque de Yort”.
115
Año Doceno, 1361:
- Cap. VI: “Como morió Doña Maria de Padilla en Sevilla”. Pág. 513: Quando da morte de Dona Maria
de Padilla: “E morió en Sevilla en el mes de julio deste dicho año; é dexó fijos que oviera del Rey á
Don Alfonso,, é á Doña Beatriz, é á Doña Constanza, é á Doña Isabel, de los quales dirémos en su
logar.
Año Treceno, 1362:
-Cap. VII: “Como el Rey Don Pedro dixe en Cortes que fizo en Sevilla como fuera casado con Doña
Maria de Padilla, é fizo jurar á su fijo Don Alfonso”. Págs. 519 e 520: Quando da declaração de Dom
Pedro nas Cortes de Sevilla de que teria se casado com Dona Maria de Padilla antes de suas bodas com
Dona Blanca de Borbon e por isso a primeira era então legítima rainha e seus filhos com ela (Dom
Alfonso, Dona Beatriz, Dona Constanza e Dona Isabel) também legítimos, sendo Dom Alfonso o
hedeiro de sua Coroa. “É luego ordenó el Rey Perlados, é Caballeros, é Dueñas que fuesen á Estudillo,
do yacia Doña Maria de Padilla enterrada, é traxieron su cuerpo muy honradamente á Sevilla, asi
como de Reyna, é soterraronle en la capilla de los Reyes, que es en la Iglesia de Sancta Maria de la
dicha cibdad, fasta que el Rey fizo facer otra capilla cerca de aquella capilla de los Reyes, muy
fermosa, do fué el dicho cuerpo despues enterrado. É dende adelante, segund avemos dicho, fué
llamada la Reyna Doña Maria, é su fijo el Infante Don Alfonso, é sus fijas Infantas.”.
Año Catorceno, 1363:
-Cap. III: “Como el Rey Don Pedro fizo jurar sus fijas por herederas del Regno: é como pasó contra
algunos Caballeros de Castilla. Pág. 525 e 526: Após a morte de Dom Alfonso, filho de Dom Pedro
com Dona Maria de Padilla, o rei declara que suas filhas com esta serão as herdeiras dos reinos de
Castela e Leão, seguindo a ordem: Dona Beatriz, Dona Constanza e Dona Isabel, sendo que se a
primeira não tiver um varão legítimo, a herança da Coroa passa para a segunda e se essa não o tiver
também, passa para a terceira. O rei mandou registrar tal declaração em um livro contendo os nomes de
todos os que estavam presentes no ato.
Año Décimoséptimo, 1366:
- Cap. IX: “De lo que fizo el Rey Don Pedro en Sevilla quando sopo que el Rey Don Enrique cobrára la
cibdad de Toledo”. Págs. 542 e 543: Quando Dom Pedro toma conhecimento que Dom Enrique havia
entrado em Toledo, pede ajuda a seu tio, Dom Pedro de Portugal. E para ajudar a concretizar essa
ajuda, Dom Pedro de Castela propõe o casamento deu sua filha Beatriz (a qual tivera de Dona Maria de
Padilla) com o infante Dom Ferrando de Portugal, enviando-a já para o reino português com toda a
quantia de riquezas que traria para as bodas, ressaltando também que a infanta era herdeira dos reinos
de Castela e Leão. Porém, Dom Pedro tem a notícia de que Dom Enrique estava chegando a Sevilla e
decide ir embora com suas três filhas (Dona Beatriz, Dona Constanza e Dona Isabel) para Portugal. No
entanto, antes de chegarem ao reino vizinho, recebeu a notícia de que o rei português lhe mandara dizer
que seu filho, Dom Ferrando, não queria se casar com Dona Beatriz e por isso não poderia recebê-los
em Portugal. Dom Pedro tenta em seguida ir para Albuquerque, mas não quiseram o acolher lá.
- Cap. XII: “Como el Rey Don Pedro fu´para Bayona de Inglaterra”. Págs. 544 e 545: O rei partiu de la
Coruña para Bayona, na Inglaterra e levou consigo suas filhas, as infantas, Dona Beatriz, Dona
Constanza e Dona Isabel. Ele levava consigo e suas filhas muitas jóias de ouro e outras riquezas.
116
-Cap. XXIV: “Como el Rey Don Pedro dió al Principe la tierra de Vizcaya, é la villa de Castro de
Urdiales”. Pág. 549: Quando do acordo de Dom Pedro com o Príncipe de Gales, sendo que o monarca
castelhano daria domínios de seu reino para este, mas em contrapartida propunha que: “(...) que en
tanto fincasen en Bayona por manera de arrehenes las fijas del Rey Don Pedro e Dona Maria de
Padilla, las quales eran Doña Beatriz, é Doña Constanza, é Doña Isabel, que llamaban Infantas. E
fincó todo esto acordado, é el Rey Don Pedro tornóse para Bayona, é el Principe ficó en Anguslema, é
alli estovo esperando las Compañas que con él avian de venir á Castilla”.
40. Dona Aldonza Coronel
Año Octavo, 1357:
- Cap. II: “Como Don Juan de la Cerda, é Don Alvar Perez de Guzman se partieron del Rey”. Pág. 476
e 477: Dom Juan de la Cerda e Dom Alvar Perez de Guzman partem de Séron para a Andalucia, pois
receberam informação de que o rei queria tomar a mulher de Dom Alvar Perez, Dona Aldonza Coronel.
Esta era filha de Dom Alfonso Ferrandez Coronel e irmã de Dona Maria Maria Coronel, a qual era
mulher de Dom Juan Alfonso de la Cerda.
Año Noveno, 1358:
-Cap. I: “Como el Rey Don Pedro tomó á Doña Aldonza Coronel: é como prendieron en Sevilla á Juan
Ferrandez de Henestrosa”. Pág. 480 e 481: Em Sevilla, Dom Pedro toma a mulher de Dom Alvar Perez
de Guzman, Dona Aldonza Coronel. Esta havia ido ao rei primeiramente quando da trégua do conflito
entre Castela e Aragão, com o intuito de pedir ao monarca o perdão de seu marido. “É levó el Rey a la
dicha Doña Aldonza Coronel: e magüer que al comienzo á ella non placia quando esto se trataba, pero
despues ella de su voluntad salió del Monasterio, é pusola el Rey en la torre del Oro, que es en
Tarazana, por quanto Doña Maria de Padilla estaba en el Alcazar del Rey (...)”. O rei deixou alguns
cavaleiros fazendo a guarda de Dona Aldonza, pois esta temia a reação de Dona Maria de Padilla e seus
parentes. Juan Ferrandez de Henestrosa, tio de Maria, é preso pelos cavaleiros que guardavam Dona
Aldonza, o rei não se contentando com tal fato, manda soltá-lo. Já não tendo tanto apreço mais por
Aldonza, o rei enviava cartas secretamente para Dona Maria de Padilla, dizendo que abandonaria a
primeira. O que veio a se cumprir e Dom Pedro por fim, se arrepende de ter tomado para si Dona
Aldonza e de ter ouvido quem lhe deu tal conselho.
41. Dona Guillelma, mulher de Dom Garcia de Loriz
Año Octavo, 1357:
-Cap. III: “Como el Rey Don Pedro partió de Deza, é entro en Aragon, é ganó la cibdad de Tarazona.
Pàg. 477: “E las gentes de la cibdad recogieronse á un cinto, que es otra villa pequeña, é está en ella
una posada pequeña como castillo, que dicen el Alzuda, é era de una Dueña honrada, que moraba en
ella, que decian Doña Guillelma, muger de un grand Caballero de Aragon que decian Don Garcia de
Loriz, que era Gobernador de Valencia; pero el Caballero non estaba y.”
42. Dona Violante de Urrea
Año Onceno, 1360:
-Cap. VI: “Como Gonzalo Gonzalez de Lucio dió la cibdad de Tarazona al Rey de Aragon”. Pág. 502 e
503: “E luego que el Rey de Aragon dió al dicho Gonzalo Gonzalez de Lucio los quarenta mil florines
que le avia prometido, é una doncella por muger, muy Fija-dalgo, que avia nombre Doña Violante, que
era fja de un Rico ome de Aragon que dixeran Don Juan Ximenez de Urrea: é Gonzalo Gonzalez de
117
Lucio entregó la dicha cibdad al Rey de Aragon, é fnco en el Regno de Aragon casado con la dicha
Doña Violante de Urrea”.
43. Dona Constanza, mulher de Dom Pedro de Portugal e filha de Dom Juan Manuel
Año Onceno, 1360:
Cap. XIV: “Como el Rey Don Pedro de Castilla fizo su pleyto con el Rey Don Pedro de Portogal, que
le entregaria algunos Caballeros de Portogal que estaban en su Regno, é le diese otros Caballeros de
Castilla que estaban en Portogal”. Pág. 506: “(...) en el Regno de Portogal, quando el Rey Don Alfonso
regnaba (...), fizo matar á Doña Ines de Castro, la qual tenia el Infante Don Pedro su fijo del dicho Rey
Don Alfonso, é ava en ella fijos. E fizola el Rey Don Alfonso matar, por quanto le decian que el Infante
Don Pedro su fijo queria casarse con ela, é face los dichos fiijos legítimos; é pesabale el Rey Don
Alfonso, por quanto la dicha Doña Ines non era fija de Rey, ca era fija de Don Pedro de Castro que
dixeron de la Guerra, un grand Señor en Galicia, que le oviera en una Dueña:, é teniala el Don Pedro
por quanto era muy fermosa, é aviale tomado despues que morió la Infanta Doña Costanza, fija de
Don Juan Manuel, con quien l dicho Infante Don Pedro fuera casado, é oviera de la dicha Doña
Constanza al Infante Don Ferrando que regnó despues, é á la Infanta Doña Maria que casó con el
Infante Don Ferrando de Aragon, Marques de Tortosa.
-Cap. X: “Como el Rey Don Pedro pasó por Portogal, é fué para Galicia”. Pág. 543: Dom Pedro de
Castela receava adentrar no reino de Portugal por temer o infante Dom Ferrando, devido ao fato deste
ser filho de Constanza Manuel e por isso sobrinho de Dona Juana, que era mulher do rei Dom Enrique.
44. Dona Maria, filha de Dom Pedro de Portugal com Dona Constanza
Año Onceno, 1360:
Cap. XIV: “Como el Rey Don Pedro de Castilla fizo su pleyto con el Rey Don Pedro de Portogal, que
le entregaria algunos Caballeros de Portogal que estaban en su Regno, é le diese otros Caballeros de
Castilla que estaban en Portogal”. Pág. 506: “(...) en el Regno de Portogal, quando el Rey Don Alfonso
regnaba (...), fizo matar á Doña Ines de Castro, la qual tenia el Infante Don Pedro su fijo del dicho Rey
Don Alfonso, é ava en ella fijos (...); é pesabale el Rey Don Alfonso, por quanto la dicha Doña Ines
non era fija de Rey, ca era fija de Don Pedro de Castro que dixeron de la Guerra, un grand Señor en
Galicia, que le oviera en una Dueña:, é teniala el Don Pedro por quanto era muy fermosa, é aviale
tomado despues que morió la Infanta Doña Costanza, fija de Don Juan Manuel, con quien l dicho
Infante Don Pedro fuera casado, é oviera de la dicha Doña Costanza al Infante Don Ferrando que
regnó despues, é á la Infanta Doña Maria que casó con el Infante Don Ferrando de Aragon, Marques
de Tortosa.
45. Mulher de Gomez Carrillo
Año Onceno, 1360:
-Cap. XVIII: “De como Martin Lopez de Cordoba prisó en Soria la muger é fijos de Gomez Carrillo,
por quanto sabia ya que él era muerto por mandado del Rey”. Págs. 506 e 507: “É el Rey non queria
bien á Gomez Carrillo; ca el Rey tomára un año antes desto á Doña Maria Gonzalez de Henestrosa,
muger de Garci Laso Carrillo, hermano del dicho Gomez Carrillo, por lo qual el dicho Garci Laso se
fuera para Aragon al Conde Don Enrique; é por esta razon el Rey se rescelava de Gomez Carrillo
(...)”. Ayala comenta como e por que o rei mandou matar Gomez Carrillo, o qual teve sua cabeça
118
cortada e trazida a Dom Pedro, o que segundo o cronista teria dado prazer ao monarca. Em seguida a
este fato é presa a mulher e os filhos deste homem, os quais Ayala não nomeia.
46. Moças sequestradas pelos mouros
Año Doceno, 1361:
-Cap. VIII: “Como fué la pelea de Linuesa do los Moros fueron vencidos”. Pág. 514: “(...) seiscientos
de caballo, é dos mil omes de pie de Moros eran entrados al Adelantamiento de Cazorla, é avian
quemado un logar que dicen Peal de Becerro, é levaban dende gran pieza de Christianos, omes, é
mugeres, é mozas captivas, é muchos ganados.”. No entanto, os mouros foram derrotados e presos.
47. Donas do Monastério de Valencia
Año Catorceno, 1363:
-Cap. V: “Qué logares de Aragon ganó el Rey Don Pedro en esta guerra, é en este ano: é como llegó a
Valencia del Cid: e como el Rey de Aragon vino á la fuente de Almenara por pelear”. Págs. 526 e 527:
“(...) estovo alli Rey ocho dias, é peleaban los suyos cada dia con los de la cibdad: é posaba el Rey en
un Monasterio fuera de la cibdad, que dicen la Zaydia, que es de Dueñas, é ellas estaban en la cibdad,
ca dexaron el Monasterio.”.
48. Dona Juana, filha do rei de Aragão
Año Catorceno, 1363:
-Cap. VI: “De las pleytesias que se trataban entre los Reyes de Castilla é de Aragon”. Pág. 527 e 528:
Dom Bernal de Cabrera propõe a Dom Pedro que se case com Dona Juana, filha do rei de Aragão, já
que era viúvo de Dona Blanca de Borbon e também era morta Dona Maria de Padilla. Esta filha Dona
Juana, o rei de Aragão tivera de uma rainha com quem fora casado, a qual era irmã do rei de Navarra. O
casamento de Dom Pedro com Dona Juana traria muitos dotes ao monarca castelhano. E se caso
houvesse filhos, os domínios herdados seriam distribuidos de forma determinada. Em contrapartida, era
proposto o casamento da infanta Dona Beatriz, filha de Dom Pedro com Dona Maria de Padilla, com o
infante Dom Juan, primogênito de Aragon. Sendo que o rei castelhano teria de distribuir os dotes de sua
filha para o infante aragonês, da mesma forma que se eles tivessem filhos, os domínios também
deveriam ser distribuídos de uma determinada forma. O rei Dom Pedro concorda com as propostas. No
entanto, decide depois não cumprir a promessa de casamento de sua filha, pois teria pedido ao rei de
Aragão que matasse o conde Dom Enrique e o infante Dom Ferrando, que eram seus inimigos e
estavam em Aragão, mas o monarca aragonês se nega a executar tal tarefa. Dom Pedro vai depois
cumprir sua promessa de casar com a filha do rei de Aragon, mas fica sabendo que havia tido um filho
de uma dona chamada Isabel. O rei dá a este filho o nome de Dom Sancho e por querer bem a este e à
sua mãe, decide deixá-lo como seu herdeiro e casar-se com Dona Isabel.
49. Dona Isabel, mulher que tivera filhos com Dom Pedro após a morte de Maria de Padilla
Año Catorceno, 1363:
-Cap. VI: “De las pleytesias que se trataban entre los Reyes de Castilla é de Aragon”. Pág. 527 e 528:
Dom Bernal de Cabrera propõe a Dom Pedro que se case com Dona Juana, filha do rei de Aragão, já
que era viúvo de Dona Blanca de Borbon e também era morta Dona Maria de Padilla. Em
contrapartida, era proposto o casamento da infanta Dona Beatriz, filha de Dom Pedro com Dona Maria
de Padilla, com o infante Dom Juan, primogênito de Aragão. O rei Dom Pedro concorda com as
119
propostas. Dom Pedro vai cumprir sua promessa de casar com a filha do rei de Aragão, mas fica
sabendo que havia tido um filho de uma dona chamada Isabel. O rei dá a este filho o nome de Dom
Sancho e por querer bem a este e à sua mãe, decide deixá-lo como seu herdeiro e casar-se com Dona
Isabel.
Año Vigésimo, 1369:
-Cap. VII: “Como Martin Lopez de Cordoba, que se llamaba Maestre de Calatrava, sopo que el Rey
Don Pedro era vencido, é se tornó para Carmona”. Pág. 590: Dom Pedro, depois da morte de Maria de
Padilla, teve filhos de uma dona (esta se chamava Isabel, a qual Ayala não cita o nome neste capítulo,
mas já havia enunciado no capítulo VI do ano de 1363) que estava em sua casa. Tal dona criara seu
filho Dom Alfonso e tivera outros filhos com o monarca, os quais eram Dom Sancho e Dom Diego.
Dom Pedro queria bem a estes filhos e a esta mulher, por isso mandou-os para Carmona. Neste local, já
estavam também outros filhos que Dom Pedro havia tido com outras mulheres.
50. Dona Leonor, filha do Conde Dom Enrique
Año Décimoséptimo, 1366:
- Cap. VII: “Como el Conde Don Enrique regnó é se coronó en Burgos”. Pág. 540 e 541: De Burgos o
novo rei, Dom Enrique, enviou a Aragon sua mulher, a rainha Dona Juana (neta do infante Dom
Manuel) e seus filhos o infante Dom Juan Manuel e a infanta Dona Leonor, além da infanta Dona
Leonor, filha do rei de Aragon, para firmar o casamento desta com seu filho.
-Cap. X: “Como el Rey Don Pedro pasó por Portogal, é fué para Galicia”. Pág. 543: Dom Pedro de
Portugal envia Dom Alvar Perez de Castro e Dom Juan Alfonso Tello para que fossem com o rei Dom
Pedro de Castela para Galicia. Os dois temiam ir com o rei castelhano pela reação que poderia ter o
infante Dom Ferrando. Dom Pedro dá recompensas para os dois homens, que em Lamego decidem ir
embora e levam consigo Dona Leonor, filha do rei Dom Enrique que estava presa com Dom Pedro há
um tempo, levando-a para Portugal.
Año Décimooctavo, 1367:
-Cap. XV: “Como fizo Don Tello despues que salió de la batalla de Najara: é como la Reyna Doña
Juana é sus fijos los Infantes partieron de Burgos”. Pág. 560: A rainha e seus filhos, Dom Juan e Dona
Leonor, bem como a infanta Dona Leonor, filha do rei de Aragão que estava prometida em casamento à
Dom Juan, saem com pressa de Burgos quando ficam sabendo da derrota de Dom Enrique na batalha de
Najara. Eles vão à Zaragoza, com muito medo durante o percurso, e lá são acolhidos.
-Cap. XXX: “Como fizo el Rey Don Enrique despues que fué en Francia”. Págs. 574 e 575: O rei da
França concede a Dom Enrique um castelo , chamado Pierapertusa, para estar mais seguro com a rainha
Dona Juana e seus filhos no reino francês. Dom Enrique vai para este castelo com a rainha e os infantes
Dom Juan e Dona Leonor.
-Cap. XXXIII: “Como el Rey Don Enrique tornó á Castilla, é como el Rey de Aragon le queria
destorvar el camino é la pasada por su Regno si pudiese”. Págs. 576 e 577: O rei Dom Enrique decide
partir para Castela e leva consigo Dona Juana, seu filho Dom Juan e sua filha Dona Leonor, além de
outras donas e donzelas com ela.
51. Dona Leonor, filha do rei de Aragão
Año Décimoséptimo, 1366:
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- Cap. VII: “Como el Conde Don Enrique regnó é se coronó en Burgos”. Pág. 540 e 541: De Burgos o
novo rei, Dom Enrique, enviou a Aragão sua mulher, a rainha Dona Juana (neta do infante Dom
Manuel) e seus filhos o infante Dom Juan Manuel e a infanta Dona Leonor, além da infanta Dona
Leonor, filha do rei de Aragon, para firmar o casamento desta com seu filho.
Año Décimooctavo, 1367:
-Cap. XV: “Como fizo Don Tello despues que salió de la batalla de Najara: é como la Reyna Doña
Juana é sus fijos los Infantes partieron de Burgos”. Pág. 560: A rainha e seus filhos, Dom Juan e Dona
Leonor, bem como a infanta Dona Leonor, filha do rei de Aragão que estava prometida em casamento à
Dom Juan, saem com pressa de Burgos quando ficam sabendo da derrota de Dom Enrique na batalha de
Najara. Eles vão à Zaragoza, com muito medo durante o percurso, e lá são acolhidos.
-Cap. XVII: “Como el Rey de Aragon tomó su fija la Infanta Doña Leonor: é como trataba su paz con
el Principe de Gales: é de otras cosas que estonce acaescieron”. Págs. 560 e 561: O rei de Aragão
decide tomar de volta sua filha, Dona Leonor, não concendendo-a mais em casamento ao infante Dom
Juan, devido ao rei Dom Enrique não ter cumprido promessas que teria feito ao monarca aragonês. A
rainha Dona Juana e seus filhos permarnecem alguns dias em Zaragoza, pois não sabiam onde estava
Dom Enrique no momento.
52. Princesa, mulher do príncipe de Gales:
Año Décimoséptimo, 1366:
- Cap. XXIII: “Como el Rey Don Pedro llegó á la cibdad de Bayona, é fabló con el Principe de Gales, é
le dixo el Principe que le ayudaria”. Págs. 548 e 549: O rei Dom Pedro vai com o príncipe de Gales à
Angulesma, onde encontram com a mulher deste, a qual Ayala chama somente de “Princesa”. Dom
Pedro dá muitas jóias a esta princesa.
53. Rainha de Aragão, mulher do rei aragonês Dom Pedro
Año Décimooctavo, 1367:
-Cap. XVII: “Como el Rey de Aragon tomó su fija la Infanta Doña Leonor: é como trataba su paz con
el Principe de Gales: é de otras cosas que estonce acaescieron”. Págs. 560 e 561: O rei de Aragão
decide tomar de volta sua filha, Dona Leonor, não concendendo-a mais em casamento ao infante Dom
Juan, devido ao rei Dom Enrique não ter cumprido promessas que teria feito ao monarca aragonês.
Ayala comenta que a rainha de Aragão, a qual não cita o nome, e alguns outros senhores, eram contra o
apoio do rei aragonês ao rei Dom Enrique.
54. Dona Urraca Osório
Año Décimooctavo, 1367:
-Cap. XXVII: “Como el Rey Don Pedro fizo matar en Sevilla á Doña Urraca Osorio, madre de Don
Juan Alfonso de Guzman”. Pág. 573: “E quando el Rey Don Pedro tornó á Sevilla despues de la
batalla vencida, falló y Doña Urraca Osorio, madre del dicho Don Juan Alfonso de Guzman, é con
grand saña que avia de su fijo, fizola prender é matóla muy cruelmente, é mandolé tomar todos sus
bienes que ella é su fijo avian.”.
55. Donas em Córdoba que não queriam ser cativas dos mouros
Año Décimonono, 1368:
-Cap. IV: “Como el Rey Don Pedro traxo consigo al Rey de Granada sobre Córdoba”. Págs. 581 e 582:
121
Quando o rei Dom Pedro e os mouros de Granada foram invadir Córdoba: “E ovo tan grand desmayo
en los de la cibdad, que cuidaron que eran entrados: é las Dueñas é Doncellas que y eran, que era
muchas é muy buenas, salieron á andar por las calles todas en cabello, pidiendo merced á los Señores
é Caballeros é Omes de armas que eran en la cibdad, que oviesen duelo dellas, é non quisiesen que
fuesen ellos é ellas en cativerio de los Moros enemigos de la Fé de Jesu-Christo: é tales lagrimas é
palabras é cosas facian é decian, que todos los que lo oian cobraron grand esfuerzo, é luego
aderszaron para las torres é el muro del alcazar viejo que los Moros avian entrado, é pelearon con
ellos muy de recio como bueno, en guisa que mataron pieza dellos, é á los otros ficieronlos salir fuera
de la cibdad (...)”.
b) Tabela da presença de Maria de Padilla e Inês de Castro na crônica de Ayala:
29. Maria de Padilha
Año Tercero, 1352:
-Cap. V: “Como el Rey cercó á Gijón en Asturias, é de otras cosas que passaron”. Pág. 427: “É en este
tiempo, yendo el Rey a Gijón, tomó a Doña Maria de Padilha, que era una doncela muy fermosa, é
andaba en casa de Doña Isabel de Meneses, muger de Don Juan Alfonso de Albuquerque, que la criaba,
é traxogela á Sant Fagund Juan Ferrandez de Henestrosa su tio, hermano de Doña Maria Gonzalez su
madre. É esto tudo foi por consejo de Don Juan Alfonso de Albuquerque”.
Año Cuarto, 1353:
-Cap. III: “Como el Rey Don Pedro fué ferido en un torneo: é como sopo que venia Doña Blanca de
Borbon sua esposa”. Pág. 429: O rei estava com ela quando lhe foi anunciada a vinda de Dona Blanca
de Borbon para se casar com ele: “(...) é el Rey amaba muchó á la dicha Doña Maria de Padilla, tanto
ya non avia voluntad de casar con la dicha Doña Blanca de Borbon su esposa, ca sabed que era Doña
Maria muy fermosa, é de buen entendimento, é pequeña de cuerpo.“.
-Cap. IV: “Como Don Juan Alfonso de Albuquerque llegó a Torrigos, é traço consigo Don Juan de la
Cerda”. Pág. 430: João Alfonso de Albuquerque aconselha o rei : “empero placiale de le arrendrar de
Doña Maria de Padilla porque parientes suyos eran ya contra el: ca eran ya estonce privados del Rey
Juan Ferrandez de Henestrosa, tio de Doña Maria, (...)é Diego Garcia de Padilla, hermano de la dicha
Maria (...)”.
- Cap. V: “Como el Rey partió de Torijos para ir á Valladolid para facer sus boda: é como dexó a Doña
Maria de Padilla en Montalban”. Pág. 430: “El Re Don Pedro, caso que no de buena voluntad, fizolo
assi segund que Don Juan Alfonso le aconsejaba, é dexó á Doña Maria de Padilla em el Castillo de
Montalvan cerca de Toledo, que es un castillo muy fuerte; é dexó com Ella á un su hermano que decian
Juan Garcia (...), porque estoviesse segura: Ca se rescelaba de Don Juan Alfosno, que Le pesaba
porque lá él tanto amaba; como quier que al comienzo él fué en el consejo que la tomase el Rey, por
quanto la dicha Doña Maria andaba doncella em casa de Doña Isabel (...) e cuidó el dicho Don Juan
Alfonso apoderarse mas del Rey por Ella, pues era de su casa; é non se Le fizo despues asi”. E após este
ocorrido, o rei foi para Valladolid casar-se com Dona Blanca de Borbon.
122
-Cap. VII: “Como fizo el Conde Don Enrique quando sopo em Cigales que venia el Rey.”. Pág. 431: “É
el Rey non avia voluntad de pelear com el Conde Don Enrique, por quanto ya non amaba tanto á Don
Juan Alfonso de Albuquerque como solia (...). Otrosi los parientes de Doña Maria de Padilla, que eran
Juan Ferrandez de Henestrosa, su tio, é Diego Garcia de Padilla, su Hermano, é otros Caballeros que y
eran que los querian bien é los ayuadaban, trataban ya com el Conde, sabiendolo el Rey, contra Don
Juan Alfonso de Albuquerque, é ponian com él sus amistades quanto podian”.
-Cap. XII: “Como el Rey don Pedro luego que fizo sus bodas partió de Valladolid, é fueses para
Montalvan dó estaba Doña Maria de Padilla.”. Pág. 433: A Rainha Dona Leonor de Aragão e a Rainha
Dona Maria vão ao encontro de Dom Pedro, que está comendo, e imploram para ele não ir ao encontro
de Maria de Padilla logo após as sua bodas com Dona Blanca de Borbon. O rei disse para confiarem
nele, mas no outro dia já estava a caminho do Castelo de Montalvan, onde se encontrava Maria de
Padilla. O rei pegou uma mula e foi ao encontro de sua amada e com ele estavam Diego Garcia de
Padilla, irmão de Maria de Padilla, e mais dois outros homens.
-Cap. XIII: “Como los Infantes de Aragon, é el Conde Don Enrique, é Don Tello, é Don Juan de la
Cerda se fueron empos el Rey”. Pág. 434: Citada com relação à ida de amigos de seus parentes que
foram ter com o rei, contra Don Juan Alfonso de Albuquerque.
-Cap. XIV: “Del consejo que Don Juan Alfonso de Albuquerque, é el Maestre de Calatrava ovieron con
las Reynas Doña Maria madre del Rey, é Doña Blanca de Borbon su muger, despues que el Rey partió
de Valladolid, é do lo que acaesció por esto”. Pág. 434: Quando do alvoroço ocorrido pela ida de Dom
Pedro ao encontro de Maria de Padilla logo após suas bodas com Blanca de Borbon, citação rápida de
seu nome.
- Cap. XVI: “Como el Rey envió sos mensageros á Don Juan Alfonso que accusiase su camino para
Toledo á él.”. Pág. 434: Citada com relação a Dom Simuel el Levi, que foi primeiro almoxarife de Dom
Juan Alfonso, era tesoureiro maior do Rei e privado do monarca, “é servia quanto podia á Doña Maria
de Padilla (...)”. E com relação a Dom Juan Tenorio, que era amigo de seus parentes.
-Cap. XX: “Como fizo el Rey Don Pedro despues que partió de Valladolid”. Pág. 436: Dom Pedro havia
mandado que Maria saísse do Castelo e o encontrasse na “Puebla de Montalvan”, e ali ficou com ela o
dia em que chegou e mais um dia, depois partiu para Toledo e levou Dona Maria de Padilla consigo.
-Cap. XXI: “Como el Rey tornó a Valladolid é la Reyna Doña Blanca su muger, é quanto estovo y con
ella”. Pág. 436: Dom Pedro partiu logo de Toledo e concordou em ir para Valladolid, onde estavam a
Rainha Dona Maria, sua mãe, e Dona Blanca, sua mulher. E isto fez para que não houvesse escândalo no
reino. E este conselho lhe foi dado por cavaleiros que estavam com ele e pelos parentes de Dona Maria
de Padilha.
- Cap. XXII: “Como el Rey partió de Valladolid, é fué á Olmedo, é como vino y Doña Maria de Padilla:
é de las pleytesias que traia Don Juan Alfonso de Albuquerque con el Rey.”. Pág. 436: Depois que
abandonou Dona Blanca em Valladolid, Dom Pedro foi à Olmedo e ali também chegou Dona Maria de
Padilla.
-Cap. XXIII: “Como Juan Alfonso envió su fijo Don Martin Gil a Rey Don Pedro en arrehenes”. Pág.
436 e 437: “É Gutier Gomez de Toledo fué preso luego otro dia que se partió de Don Martin Gil en
Oterdesillas, é llevaronle preso al Rey, que estaba en Olmedo, co una cadena echada el cuello; pero
123
Doña Maria de Padilla le ganí perdon del Rey, por ruego de parientes suyos que estaban e la Corte, é
fué luego suelto”.
-Cap. XXIV: “Como Doña Maria de Padilla envió apercibir á Don Alvar Perez de Castro, é á Alvar
Gonzalez Moran que non fuesen al Rey.”. Pág. 437: “É llegó á ellos un Escudero antes que entrasen en
la villa, é aparto á Don Alvar Pereza de Castro é Alvar Gonzalez Moran, é dixoles que les enviaba decir
Doña Maria de Padilla muy secretamente que se pusiesen en salvo, ca si entrasen en la villa que eran
muertos. (...) É esto les envió decir Doña Maria de Padilla con bondad; ca non le placia de muchas
cosas que el Rey facia. É era asi verdad, que si los dichos Don Alvar Perez de Castro é Alvar Gonzalez
Moran llegáran al Rey luego avian de ser muertos”.
-Cap. XXVII: “Como el Maestre de Santiago Don Fadrique vino al Rey á Cuellar”. Pág. 438: Estando
Dom Fadrique, Mestre de Santiago, com Dom Pedro, “(...) tiraron la Encomienda mayor de Castilla á
Don Ruy Chacon, é dieronla á Juana Garcia de Villagera, hermano de Doña Maria de Padilla de
ganancia, por quanto el Maestre Don Fadrique ese camino puso sus amistades con la dicha Doña Maria
de Padilla (...)”.
- Cap. XXVIII: “Como casó Don Tello en Segovia con Doña Juaña de Lara: é como mandó el Rey que á
la Reyna Doña Blanca su muger la levasen á Arevalo: é como se mandaron algunos oficios en la casa del
Rey”. Pág. 438 e 439: Quando do casamento de Dom Tello con Dona Juana, “É esto casamiento
ficieron parientes de Doña Maria de Padilla por cobrar á Don Tello de su parte, é al Conde Don
Enrique (...), que querian mal á Don Juan Alfonso de Albuquerque.
- Cap. XXIX: “Como el Rey fué al Andalucia é se ordenaron los oficios del Regno”. Pág. 439: Os
ofícios do Reino que estavam com homens a quem Dom Juan Alfonso de Albuquerque havia dado foram
passado para parentes de Dona Maria de Padilla, “ca estaban ya muy apoderados en el Regno (...)”.
Também referenciada com relação a ter parentes aliados do Conde Dom Enrique.
Año Quinto, 1354:
-Cap. I: “Como fué Don Juan Nuñez Prado Maestre de Calatrava, é mando el Rey á los Freyres de la
Orden que tomasen por Maestre á Don Diego Garcia de Padilla”. Pág. 410: Rápida citação, retomada do
que havia sido contado anteriormente, quando Dom Pedro deixou Dona Blanca depois de suas bodas e
foi para Toledo se encontrar com Maria.
-Cap. IV: “Como el Rey lleg[o sobre el castillo é villa de Albuquerque, é leo que ay acaesció”. Pág. 411:
Citada em relação a seu irmão, Juan Garcia de Villagera, que era Frei da Ordem de Santiago e
Comendador Maior de Castela.
-Cap. VII: “Como Don Juan Alfonso de Albuquerque se vió con el Conde Don Enrique é con el Maestro
Don Fadrique, é se avinieron”. Pág. 443: Em referência a seu irmão, Mestre Dom Juan Garcia, que era
Comendador Maior de Castela, o qual foi detido por Dom Juan Alfonso, Conde Dom Enrique e Mestre
Dom Fadrique.
-Cap. XI: “Como llegaron nuevas al Rey que el Conde Don Enrique, é el Maestre Don Fadrique, é los
que avia dexado por fronteros sobre Albuquerque que eran avenidos con Don Juan Alfonso”. Pág.: 444:
Em referência a seu irmão Dom Juan Garcia de Villagera, que havia sido preso pelos cavaleiros que
estavam com Dom Juan Alfonso de Alburquerque.
-Cap. XIII: “Como el Rey casó al Infante Don Juan su primo con Doña Isabel de Lara, fija de Don Juan
124
Nuñez”. Pág. 445: “É este año en el mes de julio ovo nuevas el Rey que le nasciera una fija de Doña
Maria de Padilla en la villa de Castro Xeriz, que le dixeron Doña Constanza, la qual casó despues con
el Duque de Alencastre, é ovieron fija á la Reyna Doña Catalina, que es agora muger del Rey Don
Enrique”.
-Cap. XIX: “Como el Rey Don Pedro fué a Segura, dó estaba alzado el Maestre Don Fadrique: é como
mandó levar a Toledo la Reyna Doña Blanca su muger, é lo que acaesció”. Pág. 447: Referência rápida
com relação a seu tio, Juan Ferrandez de Henestrosa, que ordenou para pegar Dona Blanca de Borbon e
levá-la para Toledo, onde seria presa.
-Cap. XXI: “Como los de la cibdad de Toledo se alzaron con la Reyna Doña Blanca que el Rey queria
prender”. Pág. 448: Em referência a Juan Ferrandez de Henestrosa e por ter parentes seus, que eram
conselheiros do rei, os quais teriam induzido o monarca a mandar prender Doña Blanca de Borbon em
Toledo.
- Cap. XXIV: “Como el Rey estando en Tordehumos se partieron dél los Infantes de Aragon é otros
Caballeros, é como enviaron sus cartas al Rey”. Pág. 450: Os infantes de Aragão juntamente com seus
cavaleiros: “(...) enviaron al Rey sus cartas, faciendole saber como todos ellos querian é amaban su
servicio; pero que se partian de la su Corte, porque él déjára á la Reyna Doña Blanca su muger, lo qual
era contra su honra e servicio; é otrosi por quanto los sus privados, é parientes de Doña Maria de
Padilla non tenian buen regimiento en el Regno, nin en su casa, nin facian honra á los Señores é
Caballeros que y andaban: é demás que se recelaban é temian de sus vidas.”
-Cap. XXVI: “Como los Infantes de Aragon se avinieron con el Conde Don Enrique, é con Don Juan
Alfonso”. Pág. 451: Os infantes de Aragão, Dom Ferrando e Dom Juan, além do Conde Dom Enrique,
Dom Juan Alfonso, Dom Ferrnando de Castro e Dom Tello falaram um longo tempo com a Rainha en
Cuenca de Tamariz. Enviaram cartas a várias cidades que estavam juntas na empreitada a favor de Dona
Blanca de Borbon, dizendo que estavam todos esses senhores de acordo com tal demanda. Também
enviaram cartas a mensageiros do rei Dom Pedro, pedindo que este deixasse Dona Maria de Padilla e
ficasse com Dona Blanca de Borbon, su mulher legítima. Além disso, enviaram cartas de apoio à rainha
Dona Blanca, que estava em Toledo, dizendo também que com a ajuda de Deus levariam a causa
adiante.
-Cap. XXVII: “Despues que los Señores todos fueron juntos en uno, que fizó el Rey, é lo que acaesció
despues”. Pág. 451: O rei Dom Pedro contava com muito menos apoio em sua decisão de deixar Dona
Blanca e detê-la em Toledo. Ele vai para Oterdesillas e leva consigo sua mãe, a raina Dona Maria e a
amante Maria de Padilla. A rainha Leonor, junto com outras donas, vai para Oterdesillas e tenta
convencer o rei Dom Pedro a voltar para sua mulher Dona Blanca e que “(...) pusiese en Orden en el
Regno de Francia, ó en el de Aragon á Doña Maria de Padilla. Otrosi que non fuesen sus privados los
parientes de Doña Maria de Padilla; é faciendo él esto, que todos sus vasallos que andaban
arrendrados dél se vernian á la su merced.”. Mas o rei não muda sua posição, não queria deixar Dona
Maria de Padilla.
-Cap. XXX: “Como los Caballeros que los Señores enviaron al Rey le dixeron lo que les era mandado”.
Pág. 453: Os cavaleiros vão ao encontro do rei pedir em favor de Dona Blanca, queixando-se também da
interferência dos privados rei no poder, que eram parentes de Maria de Padilla, os quais também não
125
honravam os grandes senhores do reino.
-Cap. XXXII: “Como el Rey se vió con los Infantes de Aragon, é el Conde Don Enrique, é el Maestre
Don Fadrique, é Don Tello, é Don Ferrando de Castro, é Don Juan de la Cerda, é los otros Caballeros,
segund era tratado”. Pág. 454, 455 e 456: Ayala apresenta os cavaleiros e senhores que estavam a favor
de Dona Blanca e sua causa, os quais foram falar com o rei sobre esta. Mas para o rei, tais homens não
estavam ali somente por Dona Blanca e sim por não estarem contentes com a privança dos parentes de
Dona Maria de Padilla, o que muito lhe pesava. Em sequência, o senhores continuam a pedir:“(...) vos
pedirvos por merced, que la Reyna Doña Blanca vuestra muger sea con vos honrada, como lo fueron las
otras Reynas de Castilla (...)”.
-Cap. XXXIII: “Como los Infantes de Aragon Don Ferrando é Don Juan, é el Conde Don Enrique, é los
otros Señores pasaron delante de la villa de Toro, donde el Rey estaba: é como el Rey partió de Toro, é
la Reyna Doña Maria su madre envió por los Señores, é los acogió de Toro”. Pág. 456 e 457: O rei parte
de Toro e vai para Urueña, “una villa é castillo muy fuerte dó estaba Doña Maria de Padilla; ca alli la
avia dexado el Rey, é con ella algunos sus parientes porque la villa es muy fuerte.” A rainha Dona
Maria, que estava em Toro, envia cartas aos senhores que estavam em Conteros, avisando-os que logo
que passaram por Toro, Don Pedro foi-se embora dali para Urueña, onde estava Maria de Padilla. Tal
fato significava que o rei não cumpriria o que havia sido acordado em Tejadillo. Doña Maria disse-lhes
ainda que os acolheria se quisessem voltar para Toro e quando o rei soubesse que estavam ali com ela,
decidiria voltar para Dona Blanca e colocar em ordem o reino.
-Cap. XXXIV: “Como él Rey acordó de se poner en poder de la Reyna su madre, é de los dichos
Señores: é lo que y acaesció”. Pág. 457: Dom Pedro, que estava com Maria de Padilla en Urueña, toma
conhecimento da ida dos senhores e donas para Toro, onde estava sua mãe Dona Maria, para que se
acertasse a volta dele com Dona Blanca. Alguns dos homens que estavam com o monarca receavam que
o rei fosse para tal lugar e temiam também por suas próprias vidas. Contudo, Dom Juan Ferrandez de
Henestrosa, tio de Maria de Padilla, disse que acompanharia o rei, sabendo que havia senhores em Toro
que lhe queriam mal.
Año Sexto, 1355:
-Cap. XIV: “Como supo el Rey que el Conde Don Enrique era partido de Toro para Galicia: é otras
cosas que acaescieron en este tiempo”. Pág. 466: Neste ano, estando o rei em Morales, perto de Toro,
nasceu em Oterderdesillas uma filha dele com Maria de Padilla, que chamaram Dona Isabel, “(...) que
casó despues con Mosen Aymon, fijo del Rey Eduarte de Inglaterra, que fué despues Duque de Yort”.
-Cap. XVI: “Como el Rey mandó á los Freyres de Alcántara que ficieses Maestre á Don Diego Gutierrez
de Zavallos: é como morió Don Juan Rodriguez de Sandoval: é como fué preso luego por mandado del
Rey el dicho Maestre de Alcántara”. Pág. 467: Alguns parentes de Maria de Padilla não queriam bem o
Mestre Diego Gutierrez, “por algunas maneras que eran en el palacio, avianle vuelto con el Rey: é
luego como al Rey llegó, mandóle prender(...)”.
Año Noveno, 1358:
-Cap. I: “Como el Rey Don Pedro tomó á Doña Aldonza Coronel: é como prendieron en Sevilla á Juan
Ferrandez de Henestrosa”. Pág. 480 e 481: Em Sevilla, Dom Pedro toma a mulher de Dom Alvar Perez
de Guzman, Dona Aldonza Coronel. Esta havia ido ao rei primeiramente quando da trégua do conflito
126
entre Castela e Aragon, com o intuito de pedir ao monarca o perdão de seu marido. “É levó el Rey a la
dicha Doña Aldonza Coronel: e magüer que al comienzo á ella non placia quando esto se trataba, pero
despues ella de su voluntad salió del Monasterio, é pusola el Rey en la torre del Oro, que es en
Tarazana, por quanto Doña Maria de Padilla estaba en el Alcazar del Rey (...)”. O rei deixou alguns
cavaleiros fazendo a guarda de Dona Aldonza, pois esta temia a reação de Dona Maria de Padilla e seus
parentes. Juan Ferrandez de Henestrosa, tio de Maria, é preso pelos cavaleiros que guardavam Dona
Aldonza, o rei não se contentando com tal fato, manda soltá-lo. Já não tendo tanto apreço mais por
Aldonza, o rei enviava cartas secretamente para Dona Maria de Padilla, dizendo que abandonaria a
primeira. O que veio a se cumprir e Dom Pedro por fim, se arrepende de ter tomado para si Dona
Aldonza e de ter ouvido quem lhe deu tal conselho.
-Cap. III: “Com el Rey fizo matar al Maestre de Santiago Don Fadrique en el Alcazar de Sevilla”. Pág.
481, 482 e 483: O Mestre Dom Fadrique foi ver Dona Maria de Padilla e suas filhas após se encontrar
com o rei. Maria sabia que a morte do Mestre havia sido planejada por Dom Pedro, “(...) é quando lo vió
fizo tan triste cara, que todos lo podrian entender, ca ella era dueña muy buena, é de buen seso, é non se
pagaba de las cosas que el Rey facia, é pesabale mucho de la muerte que era ordenada de dar al
Maestre.”. Em seguida, o Mestre parte de onde estava Dona Maria de Padilla e vai ao curral do Alcazar,
onde foi supreendido por homens e o rei, que os mandava matar Dom Fadrique. Um escudeiro chamado
Sancho Portin vai ao “palacio del caracol”, onde estavam Maria e suas meninas, e pega a filha Beatriz,
com o intuito de proteger da morte através dela. “(...) é el Rey, asi como le vió, fizole tirar á Doña
Beatriz su fija de los brazos, é el Rey le firió con una broncha que le traia en la cinta(...)”.
Año Décimo, 1359:
-Cap. XVIII: “Como el Almirante de Portogal se partió del Rey Don Pedro en Cartagena: é como el Rey
salió de la mar, é fué para Oterdesilas, é mando ir sus galeas á Sevilla”. Pág. 498: O rei parte de
Cartagena e vai para Oterdesillas, onde estava Dona Maria de Padilla.
-Cap. XIX: “Como el Rey llegó á Oterdesillas dó estaba Doña Maria de Padilla: é como lê nasciera um
fijo della”. Pág. 499: “El Rey Don Pedro partió de Cartagena, á dó dexó su flota sgund dicho avemos: e
llegó á Oterdesillas dó estaba Doña Maria de Padilla, é estovo alli quince dias, é dend se torno para
Sevilla. É á pocos dias le llegaron nuevas como la Doña Maria encaesciera de um fijo, é ovo el Rey muy
grand placer, é llamarone Don Alfonso, del cual dirémos adelante: é tornóse luego para Oterdesillas do
estaba Doña Maria de Padilla”.
-Cap. XXIII: “Como sopo el Rey en Sevilla que Don Ferrando de Castro era vencido, é Juan Ferrandez
de Henestrosa muerto, é Iñigo Lopez de Orozco preso en la batalla de Araviana: é como mandó el Rey
matar á Don Juan é Don Pedro sus hermanos, que tenia presos”. Pág. 500: Dom Pedro se entristece com
a morte de Juan Ferrandez de Henestrosa, que era irmão da mãe de Maria de Padilla. Retornando à
Sevilla, “fizo el Rey Maestre de Santiago á Don Garci Alvarez Toledo, é dióle el Mayor-domazgo de su
fijo Don Alfonso, que estonce le nasciera de Doña Maria de Padilla”.
Año Doceno, 1361:
- Cap. VI: “Como morió Doña Maria de Padilla en Sevilla”. Pág. 513: “En este año morió en Sevilla de
su dolencia Doña Maria de Padilla: é fizo el Rey facer alli, é en todos sus Regnos grandes llantos por
ella, é grandes complimientos. É levaronla á enterrar al su Monasterio de Sancta Clara de Estudillo,
127
que ella ficiera é dotara. É fué Doña Maria muger de buen linage, é fermosa, é pequeña de cuerpo, é de
buen entendimiento. E morió en Sevilla en el mes de julio deste dicho año; é dexó fijos que oviera del
Rey á Don Alfonso,, é á Doña Beatriz, é á Doña Constanza, é á Doña Isabel, de los quales dirémos en su
logar.
Año Treceno, 1362:
-Cap. II: “Como el Rey Bermejo soltó de la prision al Maestre de Calatrava, é le envió al Rey Don
Pedro; é de algunos logares que el Rey Don Pedro ganó de los Moros: é como el Conde de Armiñaque é
Don Pedro de Xérica vinieron á la dicha guerra”. Pág. 516: Breve citação de seu nome, com relação a
libertação de seu irmão, que era Mestre de Calatrava, pelo rei Bermejo, pois o Mestre era tio dos filhos
de Dom Pedro e Bermejo queria agradar ao monarca castelhano, bem como obter ajuda para seu reino.
-Cap. VII: “Como el Rey Don Pedro dixe en Cortes que fizo en Sevilla como fuera casado con Doña
Maria de Padilla, é fizo jurar á su fijo Don Alfonso”. Págs. 519 e 520: No período da guerra com os
mouros, Dom Pedro faz suas Cortes em Sevilla, juntando os grandes senhores do reino. E diz perante
todos que a rainha Blanca de Borbon não fora sua mulher legítima, pois teria desposado antes Dona
Maria de Padilla. Contudo, havendo receio da reação de alguns no reino que não gostavam dos parentes
de Dona Maria, não ousou anunciar na época que tal casamento havia sido feito. E por isso, foi a
Valladolid e fez suas bodas com Dona Blanca de Borbon. Mas para comprovar seu casamento anterior
com Dona Maria de Padilla havia testemunhas, as quais eram Dom Diego Garcia de Padilla, Mestre de
Calatrava e irmão dela, Juan Ferrandez de Henestrosa, tio de Maria, Juan Alfonso de Mayorga, seu
chanceler de selo e escrivão da puridade, e Juan Perez de Orduña, abade de Santander e seu capelão-mor;
sendo que tais homens juraram ali perante os santos Evangelhos que as bodas realmente ocorreram e eles
estavam lá. Dona Maria de Padilla, a qual já era morta, teria sido então mulher legítima do monarca e
por isso rainha de Castela e Leão, bem como os filhos que tivera do rei (Dom Alfonso, Dona Beatriz,
Dona Constanza e Dona Isabel) também seriam legítimos. O arcebispo de Toledo, Don Gomez
Manrique, faz nesse dia um grande sermão demonstrando defendendo as razões do rei Dom Pedro, o
qual daquele dia em diante exigia que chamasse Dona Maria de Padilla de Rainha Dona Maria, ao filho
Infante Dom Alfonso e às filhas de Infantas. O monarca também mandou que todos ali jurassem e
fizessem por procurações que seria, após a sua morte, o Infante Dom Alfonso herdeiro dos reinos de
Castela e Leão. “É luego ordenó el Rey Perlados, é Caballeros, é Dueñas que fuesen á Estudillo, do
yacia Doña Maria de Padilla enterrada, é traxieron su cuerpo muy honradamente á Sevilla, asi como de
Reyna, é soterraronle en la capilla de los Reyes, que es en la Iglesia de Sancta Maria de la dicha
cibdad, fasta que el Rey fizo facer otra capilla cerca de aquella capilla de los Reyes, muy fermosa, do
fué el dicho cuerpo despues enterrado. É dende adelante, segund avemos dicho, fué llamada la Reyna
Doña Maria, é su fijo el Infante Don Alfonso, é sus fijas Infantas.”.
-Cap. XIV: “Como finó Don Alfonso, fijo del Rey Don Pedro, que llamaban el Infante”. Pág. 524:
“(...)dende á pocos dias morió su fijo, que llamaban el Infante Don Alfonso, el que oviera de Doña
Maria de Padilla: é fuera jurado en Sevilla por Infatne heredero (....)E fueron fechos por él muy grandes
llantos en Sevilla, é en todo Regno. (...). E finó martes deciocho dias de octubre deste año.
Año Catorceno, 1363:
-Cap. VI: “De las pleytesias que se trataban entre los Reyes de Castilla é de Aragon”. Pág. 527 e 528:
128
Don Bernal de Cabrera propõe a Dom Pedro que se case com Dona Juana, filha do rei de Aragão, já que
era viúvo de Dona Blanca de Borbon e também era morta Dona Maria de Padilla. O casamento de Dom
Pedro com Dona Juana traria muitos dotes ao monacra castelhano. E se caso houvesse filhos, os
domínios herdados seriam distribuídos de forma determinada. Em contrapartida, era proposto o
casamento da infanta Dona Beatriz, filha de Dom Pedro com Dona Maria de Padilla, com o infante Dom
Juan, primogênito de Aragão. Sendo que o rei castelhano teria de distribuir os dotes de sua filha para o
infante aragonês, da mesma forma que se eles tivessem filhos, os domínios também deveriam ser
distribuídos de uma determinada forma. O rei Dom Pedro concorda com as propostas. No entanto,
decide depois não cumprir a promessa de casamento de sua filha, pois teria pedido ao rei de Aragão que
matasse o conde Dom Enrique e o infante Dom Ferrando, que eram seus inimigos e estavam em Aragon,
mas o monarca aragonês se nega a executar tal tarefa.
Año Décimoséptimo, 1366:
- Cap. IX: “De lo que fizo el Rey Don Pedro en Sevilla quando sopo que el Rey Don Enrique cobrára la
cibdad de Toledo”. Págs. 542 e 543: Quando Dom Pedro toma conhecimento que Dom Enrique havia
entrado em Toledo, pede ajuda a seu tio, Dom Pedro de Portugal. E para ajudar a concretizar essa ajuda,
Dom Pedro de Castela propõe o casamento deu sua filha Beatriz (a qual tivera de Dona Maria de Padilla)
com o infante Dom Ferrando de Portugal, enviando-a já para o reino português com toda a quantia de
riquezas que traria para as bodas, ressaltando também que a infanta era herdeira dos reinos de Castela e
Leão. Dona Beatriz é enviada a Sevilla, levando muitas jóias que havia herdado de sua mãe.
Año Vigésimo, 1369:
-Cap. VII: “Como Martin Lopez de Cordoba, que se llamaba Maestre de Calatrava, sopo que el Rey Don
Pedro era vencido, é se tornó para Carmona”. Pág. 590: Dom Pedro, depois da morte de Maria de
Padilla, teve filhos de uma dona (esta se chamava Dona Isabel, a qual Ayala não cita o nome neste
capítulo, mas já havia enunciado no capítulo VI do ano de 1363) que estava em sua casa. Tal dona criara
seu filho Dom Alfonso e teve outros filhos com o monarca, os quais eram Dom Sancho e Dom Diego.
32. Dona Ines de Castro
Año Cuarto, 1353:
-Cap. XXVI: “Como Don Alvar Perez de Castro se fué para Portogal”. Pag. 438: Quando da fuga de Don
Alvar de Castro para Portugal, “(...) para el Infante Don Pedro de Portogal, que fué despues Rey, que
tenia Doña Ines de Castro su hermana, la qual este Infante Don Pedro despues que foi Rey de Portogal,
dixo que era casado con ella, é llamaronla la Reyna Doña Ines: é yace enterrada con el dicho Rey Don
Pedro de Portogal en el Monasterio de Alcobaza. É ovo della el dicho Rey Don Pedro fijos al Infante
Don Juan, é al Infante Don Donis, á la Infanta Doña Beatriz, que casó con el Conde Don Sancho
hermano del Rey Don Enrique de Castilla, (...)”.
Año Onceno, 1360:
Cap. XIV: “Como el Rey Don Pedro de Castilla fizo su pleyto con el Rey Don Pedro de Portogal, que le
entregaria algunos Caballeros de Portogal que estaban en su Regno, é le diese otros Caballeros de
Castilla que estaban en Portogal”. Pág. 506: “(...) en el Regno de Portogal, quando el Rey Don Alfonso
regnaba (...), fizo matar á Doña Ines de Castro, la qual tenia el Infante Don Pedro su fijo del dicho Rey
Don Alfonso, é ava en ella fijos. E fizola el Rey Don Alfonso matar, por quanto le decian que el Infante
129
Don Pedro su fijo queria casarse con ela, é face los dichos fiijos legítimos; é pesabale el Rey Don
Alfonso, por quanto la dicha Doña Ines non era fija de Rey, ca era fija de Don Pedro de Castro que
dixeron de la Guerra, un grand Señor en Galicia, que le oviera en una Dueña:, é teniala el Don Pedro
por quanto era muy fermosa, é aviale tomado despues que morió la Infanta Doña Costanza, fija de Don
Juan Manuel, con quien l dicho Infante Don Pedro fuera casado, é oviera de la dicha Doña Costanza al
Infante Don Ferrando que regnó despues, é á la Infanta Doña Maria que casó con el Infante Don
Ferrando de Aragon, Marques de Tortosa. É este Infante Don Pedro de Portogal amaba tanto á la dicha
Doña Ines de Castro, que decia á algunos de sus privados que era casado con ella; é por esto el Rey
Don Alfonso su padre fizola matar á la dicha Doña Ines en Sancta Clara de Coimbra do ella posaba: é
fueron en consejo con él de la matar dos Caballeros suyos, uno que decian Diego Lopez Pacheco, é otro
Pero Cuello, é otros dos omes criados del Rey. É despues á poco tiempo finó el Rey Don Alfonso de
Portogal, é regnó el Infante Don Pedro su fijo; e luego quisera matar á los que fueron en el consejo de
la muerte de Doña Ines, la qual decia estonce que fuera su muger legitima, e que él avia casado con
ella, aunque non lo osára decr por miedo del rey su padre; pero los Caballeros que en aquel consejo
fueron fuyeron del Regno de Portogal, é vinieronse para Castilla. Otrosi debedes saber que algunos
Caballeros de Castilla por miedo del Rey estaban fuidos en Portogal (...) é fué tratado entre el Rey Don
Pedro de Castilla, é el Rey Don Pedro de Portogal, que cada uno de los Reyes entregase al otro los
Caballeros que eran asi fuidos en el su Regno, para facer dellos lo que quisiesen. É fué asi fecho, é
fueron entregados al Rey de Portogal Pero Cuello é un Escribano, los quales fueron muertos en
Portogal; e Diego Lopez Pacheco fué apercebido, e fuyó de Castilla para el Regno de Aragon.”
Levantamento da presença feminina na Crónica de D. Pedro I, de Fernão Lopes.
* Obs.: Mantivemos os nomes de pessoas e da maioria dos lugares do modo como Fernão Lopes
escreve, assim como fizemos com Ayala, para também manter fidelidade à grafia da fonte. A
numeração dos nomes das mulheres aqui também corresponde à ordem em que aparecem na crônica;
Maria de Padilha e Inês de Castro, da mesma forma como acima, são destacadas em tabela seguinte à
das individualidades gerais.
c) Tabela das individualidades femininas na crônica de Fernão Lopes:
2. Dona Teresa Lourenço
- Cap. I: “Do Reinado del Rei Dom Pedro, oitavo rei de Portugal, e das condiçoões que em elle avia”. Pág. 9:
Citada como mulher natural da Galiza, com quem D. Pedro, o Cru, dormiu e teve como filho D. João (futuro
Mestre de Avis) após a morte de Inês.
3. Rainha Dona Maria
- Cap. II: “Como el Rei de Castella mandou por o corpo da Rainha Dona Maria sua madre e da carta que enviou
a el Rei seu tio”. Págs. 11, 12 e 13: O capítulo inteiro trata do traslado do corpo da mãe de Pedro, o Cruel, para
Castela, a pedido deste.
- Cap. XVI: “Dalgumas pessoas que elRei Dom Pedro de Castella mandou matar, e como casou com a Rainha
Dona branca e a leixou”.. Pág. 72: O cronista atesta a existência de uma versão de nvolvimento da rainha Maria
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na morte de Leonor de Guzmán, mas sua visão é a de que somente D. Pedro I de Castela teve parte na morte da
amante de Afonso XI..
Pág. 75: Quando da execução de sua nora, Branca de Bourbon à idade de 25 anos. Pág. 76: choque da rainha
quando da execução de vários nobres em sua presença a mando de seu filho; pede para voltar a Portugal e morre
lá pouco tempo depois.
- Cap. XVII: “Como se começou o desvairo antre el Rei Dom Pedro de Castella, e o Comde Dom Hemrrique
seu irmão; e qual foi o aaso por que se o comde foi fora do Reino”. Pág. 79: A rainha indo receber o corpo do
Rei Afonso, seu marido, junto com o filho.
4. Mulher casada que dormia com o bispo do Porto
(Nome não mencionado) – Capítulo VII: “Como el Rei mandou meter huum bispo a tormento por que dormia
com huma molher casada”. Págs. 33 e 34: O capítulo trata da informação que Dom Pedro teve de que a mulher
de um notável cidadão da cidade do Porto dormia com o bispo. O monarca põe o bispo a tormento por isto.
5. Caterina Tosse
- Cap. VIII: “Como el Rei mandou capar huum seu escudeiro por que dormio com huma molher casada”. Pág.
38: Caterina é citada como a mulher do corregedor Lourenço Gonçalvez, Fernão Lopes a define como “briosa
louçaã e muito aposta: de graciosas e bem acostumadas manhas”. Ela se envolveu com o escudeiro do rei
Affonso Madeira, o qual sofreu tormentos do rei, devido a este ter descoberto o envolvimento.
6. Mulher de Affonso André
- Cap. IX: “Como el Rei mandou queimar a molher Daffonso André e doutras justiças que mandou fazer”. Págs.
41, 42 e 43: O rei mandou degolar e queimar esta mulher ao saber que ela “fazia maldade” a seu marido, o qual
se queixou ao rei dizendo que já teria se vingado dela e “do que lhe poinha as cornas”, conforme Fernão Lopes.
7. Maria Roussada
- Cap. IX: “Como el Rei mandou queimar a molher Daffonso André e doutras justiças que mandou fazer”. Pág.
42: Citada como a mulher que o rei soube do apelido “roussada”, relacionado ao fato de seu marido ter dormido
com ela antes do casamento à força. O rei manda enforcar o marido, ignorando o fato de o casal já viver bem
depois disso, conforme Fernão Lopes.
8. Beatriz Diaz
- Cap IX: “Como el Rei mandou queimar a molher Daffonso André e doutras justiças que mandou fazer”. Pág.
41, 42: Manceba do rei que este mandou enforcar, citação rápida.
9. Ellena
- Cap. X: “Como el Rei mandava matar o almirante, e da carta que lhe enviou o duque de Genoa rogando por
elle”. Págs. 45 e 46: Alcoviteira que havia feito um feitço contra uma mulher que havia dormido com o
almirante Lançarote Peçanho, a qual por isso que foi queimada a mando do rei.
10. Violante Vaasquez
- Cap. X: Como el Rei mandava matar o almirante, e da carta que lhe enviou o duque de Genoa rogando por
elle”. Pág. 46: Citada como a mulher que sofreu o feitiço da alcoviteira Ellena.
11. Dona Beatriz
- Cap. XV: “Das aveenças que el Rei de Castella e el Rei Dom Pedro de Purtugal firmaron entre si, e como lhe
el Rei de Purtugal prometeo de fazer ajuda comtra Aragom”. Pág. 66: Filha do rei D. Pedro de Castela, citada
em acordo de casamento com o infante Dom Fernando, filho de D. Pedro de Portugal.
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- Cap. XX: “Como elRei Dom Pedro fez matar o meestre de Samtiago Dom Fradarique seu irmaão no alcaçar
de Sevilla”. Pág. 98: Citada quando da morte de Santiago Dom Fradarique.
- Cap. XXXIV: “Das avenças que elRei de Castella fez com elRei Daragom emtramdo em seu Reino, e como as
depois nom quis guardar” Pág. 161: Citada quando do plano de casamento com infante João de Aragão.
- Cap. XXXVII – “Como el Rei de Castela emviava huma sua filha a Purtugal, e como l partio de Sevilha com
temor que ouve dos da çidade”. Págs. 171 e 172: É enviada para Portugal com plano de casamento com o
infante Dom Fernando, vai para lá antes de suas irmãs e de seu pai.
- Cap. XXXVIII – “Como el Rei de Castella fez saber a seu tio que era em seu Reino, e como se el Rei escusou
de o veer e lhe fazer ajuda”. Pág. 175, 176 e 177: Beatriz é mandada para Portugal, mas D. Fernando se recusa a
casar com ela, o acordo é desfeito entre o rei de Portugal e D. Pedro de Castela.
12. Dona Constança, mulher de D. Pedro de Portugal, mãe de D. Fernando
- Cap. XV: “Das aveenças que el Rei de Castella e el Rei Dom Pedro de Purtugal firmaron entre si, e como lhe
el Rei de Purtugal prometeo de fazer ajuda comtra Aragom”. Pág. 66: Consentida em casamento à D. Pedro de
Portugal pelo rei Afonso de Castela, filha de Juan Manuel.
13. Dona Constança, filha de D. Pedro de Castela
– Cap. XV: “Das aveenças que el Rei de Castella e el Rei Dom Pedro de Purtugal firmaron entre si, e como lhe
el Rei de Purtugal prometeo de fazer ajuda comtra Aragom”. Pág. 66. Infanta, filha de D. Pedro de Castela que
teve seu casamento negociado com o Infante Dom João, filho de Pedro de Portugal.
- Cap. XXXVII: “Como el Rei de Castela emviava huma sua filha a Purtugal, e como partio de Sevilha com
temor que ouve dos da çidade”. Pág. 172: Vai para Portugal junto com seu pai, Pedro de Castela, que iria
estabelecer sua aliança matrimonial.
14. Dona Isabel
- Cap. XV: “Das aveenças que el Rei de Castella e el Rei Dom Pedro de Purtugal firmaron entre si, e como lhe
el Rei de Purtugal prometeo de fazer ajuda comtra Aragom”. Pág. 66. Filha de D. Pedro de Castela. Casamento
planejado com o Infante Dom Dinis, filho de D. Pedro de Portugal. Casamentos planejados aparecem nesse
capítulo como forma de assegurar a paz entre Castela e Portugal, além de D. Pedro I de Castela tentar conseguir
manter a aliança com o reino vizinho por estar já em situação delicada em Castela.
- Cap. XXXVII: “Como el Rei de Castela emviava huma sua filha a Purtugal, e como partio de Sevilha com
temor que ouve dos da çidade”. Pág. 172: Vai para Portugal junto com seu pai e sua irmã Dona Constança, a
fim de estabelecer aliança matrimonial.
15. Dona Branca
- Cap. XVI: “Dalgumas pessoas que o rei de Castela mandou matar, e como casou coma Rainha Dona Branca e
a leixou”. Pág. 73, 74 e 75: Uma das filhas do duque de Bourbon; é concedida em casamento à D. Pedro de
Castela e deixada por este logo depois.
- Cap. XVII: “Como se começou o desvairo antre elRei Dom Pedro de Castella, e o Comde Dom Henrique seu
irmaão; e qual foi o aaso porque se o comde foi fora do Reino”. Pág. 81. Citação rápida, contexto do início do
conflito entre D. Pedro de Castela e seu irmão Henrique Trastâmara. Pág. 82: quando da perseguição do rei a
ela, tentativa de matá-la, seu esconderijo na igreja em Toledo. Pág. 85: senhores que a defenderam em seu
casamento na preservação de sua vida são mortos por D. Pedro.
- Cap. XX – “Como el rei fez matar o meestre de santiago Dom Fradarique seu irmaão no alcaçar de Sevilha”.
132
Pág. 95 e 98: questão da defesa dela pelos irmãos de D. Pedro e alguns senhores.
- Cap. XXXIV – “Das aveenças que el Rei de Castella fez com el Rei Daragom emtrando em seu Reino, e como
as depois nom quis guardar”. Pág. 160: Dom Pedro recessou-se do rei da França, por ter mandado matar sua
sobrinha, Branca de Bourbon, e por isso aproximou-se do o rei da Inglaterra.
16. Dona Leonor Nunez de Guzmán
- Cap. XVI: “Dalgumas pessoas que o rei de Castela mandou matar, e como casou coma Rainha Dona Branca e
a leixou” Pág. 72. Fora manceba do rei Afonso de Castela, era mãe do conde Henrique Trastâmara. Citada
quando de sua morte, a mando de D. Pedro I de Castela, conforme Fernão Lopes.
- Cap. XVII: “Como se começou o desvairo antre el Rei Dom Pedro de Castella, e o Comde Dom Hemrrique
seu irmão;e qual foi o aaso por que se o comde foi fora do Reino”. Pág. 78: quando da morte de Dom Afonso,
Pág. 80. Sua prisão e morte.
18. Dona Joana de Castro
- Cap. XVI: “Dalgumas pessoas que o rei de Castela mandou matar, e como casou coma Rainha Dona Branca e
a leixou”. Págs. 74 e 75: Filha de Dom Pedro de Castro (irmã de Inês, mas legítima), fora mulher de Dom Diego
Dalfaro. D. Pedro de Castela quis se casar com ela, mas logo depois do casamento a abandonou, e ela ficou a se
chamar sempre rainha.
19. Dona Joana, mulher do Conde Henrique
- Cap. XVII: : “Como se começou o desvairo antre el Rei Dom Pedro de Castella, e o Comde Dom Hemrrique
seu irmão;e qual foi o aaso por que se o comde foi fora do Reino”. Pág. 80. Filha de João Manuel, esposa do
conde Henrique, cerco ao lugar onde ela estava. Pág. 84: Prisão dela por D. Pedro de Castela.
- Cap. XIX: “Como el Rei de Castella emtrou per Aragom e, das Cousas que fez este anno”. Pág. 93: É libertada
da prisão a contragosto de D. Pedro.
- Cap. XXXVIII: Como el Rei de Castella fez saber a seu tio que era em seu Reino, e como se el Rei escusou de
o veer e lhe fazer ajuda” Pág. 178. Tia do infante Fernando de Portugal, irmã de Constança Manuel.
20. Rainha Dona Leanor de Aragão
- Cap. XXIII: “Como veo o cardeal de Bollonha pera fazer parte antre el Rei de Castella e el Rei Daragom e os
nom pode poer dacordo”. Pág. 111: Mãe do infante Dom Fernando, morte a mando do sobrinho Pedro de
Castela.
21. Dona Joana de Lara
- Cap. XXIII: Como veo o cardeal de Bollonha pera fazer parte antre el Rei de Castella e el Rei Daragom e os
nom pode poer dacordo” Pág. 111: Mulher de Dom Tello, irmão de D. Pedro de Castela, morta a mando deste
último.
22. Dona Joana, filha do rei de Aragão
- Cap. XXXIV: “Das aveenças que el Rei de Castella fez com el Rei Daragom emtrando em seu Reino, e como
as depois nom quis guardar”. Pág. 161. Citada em um plano de casamento com D. Pedro de Castela para selar
paz entre os reinos.
23. Dona Leonor dos Leões
- Cap. XXXIX: “Como el Rei de Castella partio de Curuche, e se foi de Purtugal; e quaaes emviarom em sua
companha”. Pág. 181: Filha do Conde Henrique, seqüestrada por Pedro, o Cruel. Fora dada à leões do rei
quando bebê, mas estes não lhe fizeram nada, o rei se comovendo de tal fato poupou-lhe da morte, mas
133
escondeu-a de seu pai. Neste capítulo se fala de sua recuperação e entrega a Dom Henrique, quando esta tinha a
idade de 14 anos.
24. Dona Maria, filha de Pedro, o Cru
- Cap. XLI: “Como el Rei Dom Henrrique chegou a Sevilha e da liamça que fez com el Rei de Purtugal”. Pág.
188: filha de Dom Pedro de Portugal, era pedido por este que o rei de Aragão deixasse-a voltar para Portugal ou
viver onde quisesse, após a morte do infante Fernando de Tortosa.
25. Dona Beatriz
Cap. XLIV. Pág. 201. Infanta citada como filha de Dom Pedro de Portugal com Dona Inês.
d) Tabela da presença de Inês de Castro e Maria de Padilla na crônica de Fernão Lopes:
1. Inês de Castro
- Cap. I: “Do Reinado del Rei Dom Pedro, oitavo Rei de Portugal e das comdiçoões que em elle avia”. Pág. 9:
“Este rei nom quis mais casar depois da morte de Dona Enes em seendo Iffamte, nem depois que reinou lhe
prouve receber molher; mas ouve amigas com que dormio, e de nhuuma ouve filhos, salvo d’huuma dona
natural de Galiza que chamaron Dona Tareija, que pario del huum filho que ouve nome Dom Joham, que foi
meestre Davis em Purtugal, e depois Rei (...)”.
- Cap. XXVII – “Como el Rei Dom Pedro de Purtugal disse por Dona Enes eu fora sua molher reçebida e da
maneira que em ello teve”. Págs.125, 126 e 127. O capítulo trata da questão de quando D. Pedro disse em
Cantanhede ter casado com Inês em segredo por medo de seu pai. São apresentadas as testemunhas e seus
relatos do episódio. “[p. 125] Hora assi he que em quamto Dona Enes foi viva, nem depois da morte della em
quamto elRei seu padre viveo, nem depois que el reinou, ataa este presemte tempo, nunca elRei Dom Pedro a
nomeou por sua molher, ante dizem que muitas vezes lhe emviava elRei Dom Affonsso pregumtar se a reçebera
e homrrallahia como sua molher, e el respomdia sempre que a nom reçebera nem o era. E pousando elRei em
esta sazom no logar de Cantanhede, no mês de Junho, avemdo já huuns quatro annos que reinava, teendo
hordenado de a pubricar por molher, estamdo antelle [p. 126] Dom Joham Affonsso comde de Barcellos seu
mordomo moor, e Vaasco Martins de Sousa seu chamçeller, e meestre Affonso das leis, (...) e outros muitos que
dizer nom curamos, fez elRei chamar huum tabeliam, e presemte todos jurou aos evangelhos per el
corporalmente tangidos, que seendo Iffante, vivemdo aimda elRei seu padre, que estando el em Bragamça
podia aver huuns sete anos, pouco mais ou meos, nom se acordando do dia e mez, que el reçebera por sua
molher lidema per pallavras de presemte como manda a samta igreja Dona Enes de Castro, filha que foi de
Dom Pero Fernamdez de Castro, e que essa Dona Enes reçebera a elle por seu marido per semelhavess
palavras, (...), a tevera sempre por sua molher ataa o tempo de sua morte, vivendo ambos de consuum, e
fazemdosse maridança qual deviam.”
- Cap. XXVIII – “Do testemunho que alguuns derom no casamento de Dona Enes, e das razoones que sobrello
propôs o comde Dom Joham Affonso”. Págs. 129 a 134. Têm-se o relato de duas testemunhas. Descrição com
detalhes do casamento, mas a data não é lembrada ao certo por ambas. Pág. 132 e 133: Há a questão envolvida
134
no fato de Inês e Pedro terem grau de parentesco, quanto a isso se tem uma pretensa carta que o papa da época
escreveu para D. Pedro consentindo que ele se casasse com quem quisesse. Da declaração do Conde João
Afonso, Conde de Barcelos (testemunha do casamento), citado em discurso por Fernão Lopes, p. 132: “<o
gram divedo que amtrelles avia, seemdo ella sobrinha delRei nosso senhor, filha de seu primo com irmaão,;
porem me mandou que vos certificasse de todo, e vos mostrasse esta bulla que ouve em seemdo Iffamte, em que
o papa despenssou com elle, que podesse casar com toda molher, posto que lhe chegada fosse em parentesco,
tanto e mais como Dona Enes era a elle>.”. Em seguida há a citação da bula papal confirmando a permissão à
D. Pedro de se casar com qualquer nobre mulher devota da Santa Igreja que lhe prouvesse e que os filhos desta
relação seriam legítimos: “<(...) queremdo condescender a tuas prezes e delRei Dom Affonso teu padre, (...)
pera casardes com qualquer nobre molher, devota a samta egreja de Roma, aimda que (...) sejaaes divedos e
paremtes, (...) que a geeraçom que de vos ambos nascer, seer legitima sem outro impedimento (...)>”p. 133.
- Cap. XXIX – “Razones contra esto dalguns que hi estavom duvidamdo muito em este casamento”. Pág. 135 a
139. Questionamento do autor e de outras pessoas da época quanto à veracidade da realização do casamento de
Inês e Pedro, sendo que o rei não tinha na memória a data certa de tal episódio. pp.135 e 136: “aquelles que de
chaão e simprez emtemder eram, nom escodrinhamdo bem o teçimento de taaes cousas, ligeiramente lhe derom
fé, outorgando seer verdade todo aquello que alli ouvirom. Outros mais sotiis demtender, leterados e bem
discretos, que os termos de tal feito mui delgado investigarom, buscamdo se aquello que ouviram podia seer
verdade, ou per o contrario; nom reçeberom isto em seus emtendimentos, pareçemdolhe do todo seer uito
contra razom. (...) o prudente homem que tal cousa ouve que sua razom nom quer conceber, logo se maravilha
duvidando muito. [p. 136] (...) dizemdo os que tiinham a parte contraira, contra aquelles que deffendiam seer
todo verdade, sua razones em esta maneira. Nom quiserom comsemtir os antiigos, que nenhuum razoado
homem, seemdo em sua saúde e emteiro siso, se podesse delle tanto assenhorar o esqueeçimento, que toda
cousa notável passada, sempre della nom ouvesse renembramça, allegando aquel claro lume da fillosophia de
Aristotilles em huum breve trautado que disto compos.”.
Sobre o esquecimento de D. Pedro da data e mês exato de seu casamento com Inês de Castro, apresentação dos
argumentos de quem duvidava por isso da realização do ato, p. 137: “Porem o da assiinado em que tal cousa
aveo, nunca se tira de todo ponto que depois nom torne a nembrar compridamente, por que tal dia he da
essemçia da renembramça, e o processo do tempo nom. E porem nom he cousa que possa seer, estamdo homem
em sua saúde, que lhe cousa notavel esqueeça, (...)diziam elles, que huum casamento tam notavel como este, e
que tamtas razooens tiinha pera ser nembrado, ouvessem em tam pequeno espaço desqueeçer assi aaquelle que
o fez, como aos que forom presentes (...)”.
Pág. 138: Fernão Lopes compara com o caso de Maria de Padilha e Pedro de Castela, que também disse depois
da morte de sua amada ter se casado com ela, “Mas diziam que este feito queria pareçer semelhane a elRei
Dom Pedro de Castella (...)”. Fernão Lopes deixa ao final do capítulo a cargo do leitor concluir se é verdade
ou não este matrimônio de Pedro, o Cru, com Inês, p. 139: “Mas nos que nom por determinar se foi assi ou
nom, como elles disserom, mas soomente por ajumtar em breve o que os antiigos notaram em escripto, posemos
aqui parte de seu razoado, leixamdo carrego ao que isto leer que destas opiniooens escolha qual quiser.
- Cap. XXX – “Como os reis de Purtugal e de Castella fezerom amtre si aveenças que entregassem huum ao
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outro alguuns, que amdavom seguros em seus Reinos”. Págs. 141 a 143: O capítulo trata da perseguição que D.
Pedro de Portugal faz aos culpados da morte de Inês, trocando presos com o rei de Castela. Fernão Lopes
enuncia que tira as informações do que teria ouvido sobre o caso e expõe opinião contra D. Pedro por isso, p.
141: “ouveram as gentes por mui gram mal huum muito davorreçer escambo, que este ano antre os Reis de
Purtugal e de Castella foi feito; em tanto que posto que escripto achemos delRei de Purtugal que a toda gente
era mantenedor de verdade, nossa teemçom he nom o luvar mais; pois contra seu juramento foi comsentidor
em tam fea cousa como esta.”.
Pág. 142, Fernão Lopes destaca ser inocente Diego Lopez Pacheco na morte de Inês: “Omde assi aveo
segumdo dissemos que na morte de Dona Enes que elRei Dom Affonsso, padre delRei Dom Pedro de Purtugal
seemdo entom Iffamte, mandou matar em Coimbra, fororm mui culpados pello Iffamte Diego Lopez Pacheco, e
Pero Coelho, e Alvoro Gomçallvez seu meirinho mor, e outros muitos que el culpou, mas assiinadamente
contra estes tres teve o Iffantre mui gramde rancura; e fallando verdade Alvoro Gomçalvez, e Pero Coelho
eram em esto asaz de culpados, mas Diego Lopez nom, por que muitas vezes mandara perçeber o Iffamte per
Gomçallo Vaasquez seu privado, que guardasse aquella molher da sanha delRei seu padre. Pero depois de
todo esto foi elRei dacordo a estes e a outros em que sospeitava;”.
- Cap. XXXI – “Como Diego Lopez Pacheco escapou de seer preso, e forom emtregues os outros, e logo mortos
cruellmente”. 145 a 149. Descrição da morte de Pero Coelho e Álvaro Gonçalves de forma “mui estranha e crua
de comtar”, conforme Fernão Lopes. Após a troca de prisioneiros entre Pedro I de Portugal e Pedro I de Castela,
148 e 149: “A Purtugal forom tragidos Alvoro Gomçallvez e Pero Coelho, e chegaram a Samtarem omde elRei
Dom Pedro era; e elRei com pazer de sua viimda, porem mal magoado por Diego Lopez fugira, os sahiu fora
arreçeber, e sanha cruel sem piedade lhos fez per sua maão meter a tromento, queremdo que lhe confessassem
quaaes forom na morte de Dona Enes culpados, e que era o que seu padre trautava contreelle, quamdo
amdavom desaviindos por azo da morte della; e nenhum delles respomdeo a taaes preguntas cousa que a elRei
prouvesse; e elRei com queixume dizem que deu huum açoute no rostro a Pero Coelho, e elle se soltou emtom
comtra elRei em desonestas e feas pallavras, chamamdolhe treedor, fe perjuro, algoz e carneçeiro dos
homeens; e elRei dizemdo que lhe trouxesssem çebola e vinagre pera o coelho emfadousse delles e mandouhos
matar. A maneira de sua morte, seemdo dita pelo meudo, seria mui estranha e crua de comtar, ca mandou tirar
o coraçom pellos peitos a Pero Coelho, e a Alvoro Gomçallvez pellas espadoas; e quaaes palavras ouve, e
aquel que lho tirava que tal officio avia pouco em costume, seeria bem doorida cousa douvir, emfim
mandouhos queimar; e todo isto feito ante os paaços omde el pousava, de guisa que comendo oolhava quamto
mandava fazer. Muito perdeo elRei de sua boa fama por tal escambo como este, o qual foi avudo em Purtugal e
em Castella por mui gramde mal, dizemdo todollos boons que o ouviam, que os Reis erravom mui muito himdo
comtra suas verdades, pois que estes cavalleiros estavom sobre seguramça acoutados em seus reinos.”.
- Cap. XLIII – “Como Dom Joham, filho del Rei Dom Pedro de Purutugal, foi feito meestre Davis”. Pág. 195. É
dito que depois da morte de Inês, D. Pedro não quis mais se casar, mas houve um filho de uma dona, que foi
chamado João.
- Cap. XLIV – “Como foi trelladada Dona Enes pera o mosteiro Dalcobaça, e da morte del Rei Dom Pedro”.
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Fernão Lopes. Págs. 199 a 202: Neste capítulo o autor faz uma profunda reflexão sobre o amor de Inês e Pedro,
escolhendo-o como tema para encerrar sua crônica, encaixando-o com o acontecimento da morte de D. Pedro.
Descreve a construção dos túmulos para os dois em Alcobaça, fala das provas de amor que Pedro fez para Inês
desde que se enamorou dela até a morte dele. “[p. 199] Por que semelhante amor, qual el Rei Dom Pedro ouve
a Dona Enes, raramente he achado em alguuma pessoa, porem disserom os antiigos que nenhuum he tam
verdadeiramente achado, como aquel cuja morte nom tira da memória o gramde espaço do tempo. E se algum
disser que muitos forom já que tanto e mais que el amarom, assi como Adriana e Dido, e outras que nom
nomeamos, segumdo se lee em suas epistolas, respomdesse que nom fallamos em amores compostos, os quaaes
alguuns autores abastados de eloquemcia, e floreçentes em bem ditar, hordenarom segumdo lhe prougue
dizemdo em nome de taaes pessoas, razoões que numca nenhuuma dellas cuidou; mas fallemos daquelles
amores que se contam e leem nas estorias, que seu fumdamento tem sobre verdade. Este verdadeiro amor ouve
[p. 200] elRei Dom Pedro a Dona Enes como se della namorou, seemdo casado e aimda Iffamte, de guisa que
pero dela no começo perdesse vista e falla,, seemdo alomgado, como ouvistes, que he o principal aazo de se
perder o amor, numca çessava de lhe enviar recados, como em seu logar teemdes ouvido. Quanto depois
trabalhou polla aver, e o que fez por sua morte, e quaaes justiças naquelles que em ella forom culpados, himdo
contra seu juramento, bem he testimunho do que nos dizemos. (...), mandou fazer huum muimento dalva pedra,
todo mui sotillmente obrado, poemdo emlevada sobre a campãa de çima a imagem della com coroa na cabeça,
como se fora Rainha; e este muimento mandou poer no moesteiro Dalcobaça, nom aa emtrada hu jazem os
Reis, mas demtro na egreja ha maão dereita, açerca da capella mor. E fez trazer seu corpo do mosteiro de
Samta Clara de Coimbra, hu jazia, ho mais homradamente que se fazer pode, ca ella viinha em huumas andas,
muito bem corregidas pera tal tempo, as quaaes tragiam gramdes cavalleiros, acompanhadas de gramdes
fidalgos, e muita outra gente, e donas, e domzellas, e muita creelezia. [p. 201] e foi esta a mais homrrada
trelladaçom, que ataa aquel tempo em Purtugal fora vista. (suntusosidade do túmulo e do traslado, foi
enterrada como rainha) Semelhavelmente mandou elRei fazer outro tal muimento e tam bem obrado pera si, e
fezeo poer açerca do seu della, per quamdo se aqueeçesse de morrer o deitarem em ele”. Fernão Lopes cita
quando o rei já estava doente e concede o perdão e o reconhecimento de que Diego Lopez Pacheco não estava
envolvido na morte de Inês.
“[p. 201] E leixou elRei Dom Pedro em seu testamento çertos legados, a saber,aa Iffamte Dona Beatriz sua
filha pera casamento cem mil livras; e ao Iffamte Dom Joham seu filho vimte mil livras;[p. 202] e ao Iffamte
Dom Denis outras viinte mil; e assi a outras pessoas. E morreo elRei Dom Pedro huuma segunda feira de
madrugada, dezoito dias de janeiro da era de mil e quatro çemtos e cimquo anos, avemdo dez annos e sete
meses e viimte dias que reinava, e quarenta e sete anos e nove meses e oito dias de sua hidade, e mandousse
levar aaquel moesteiro que dissemos, e lamçar em seu muimento, que esta jumto com o de Dona Enes. E por
quamto o Iffamte Dom Fernamdo seu primogenito filho nom era estomçe hi, foi elRei deteudo e nom levado
logo, ataa que o Iffamte veo, e aa quarta feira foi posto no muimento. E diziam as gentes que taaes dez annos
nunca ouve em Purtugal, como estes que reinara elRei Dom Pedro.”.
17. Maria de Padilha
- Cap. XVI: Dalgumas pessoas que o rei de Castela mandou matar, e como casou coma Rainha Dona Branca e a
leixou”. Pág. 73. Citada como a manceba que o rei D. Pedro de Castela tomou quando ainda tratava do
casamento com Dona Branca. Maria de Padilha “que amdava por domzella em casa de Dona Izabel de
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Meneses, filha de Dom Tello de Meneses, molher de Dom Joham Affonso Dalboquerque, que a criava; e tal
vontade pos el Rei em ella, que já nom curava de casar com Dona Branca (...)”, conforme Fernão Lopes.
Pág. 74: O rei deixa sua mulher e vai a Monte Alvom, onde estava Maria de Padilha.
Pág. 75: Dom Pedro de Castela queria matar D. Álvaro Peres de Castro e Álvaro Gonçalvez Moram, mas Maria
de Padilha lhes avisou e eles puderam fugir.
- Cap. XVII: “Como el Rei Dom Pedro de Purtugal disse por Dona Enes eu fora sua molher reçebida e da
maneira que em ello teve”. Pág. 81. O rei casou com Dona Branca, a deixou e foi se encontrar com Dona Maria
de Padilha. Pág. 83: Temor dos nobres contra a influência que os parentes dela poderiam exercer em Castela.
- Cap. XX: “Como el rei fez matar o meestre de santiago Dom Fradarique seu irmaão no alcaçar de Sevilha”.
Págs. 95, 96, 97: Citada na questão que envolvia a defesa de Dona Branca pelo medo da influência de seus
parentes no reino.
- Cap. XXV. “Como se partio o almirante de Purtugal com as dez galees, e como el Rei Dom Pedro desarmou a
frota, e doutras coisas”. Pág. 118: o rei, em meio ao conflito com Aragão, vai para Outerdesilhas, onde estava
Maria de Padilha, mãe de seus filhos.
- Cap. XXIX: “Razooens contra esto dalguuns que hi estavom duvidando muito em este casamento”. Pág. 138:
citação de seu casamento com D. Pedro de Castela, dito por este após o falecimento de Maria nas cortes de
Sevilha. Comparação de tal dito do Cruel com o que disse D. Pedro de Portugal com relação a seu casamento
com Inês de Castro depois.
- Cap. XXXVII: “Como el Rei de Castela emviava huma sua filha a Purtugal, e como partio de Sevilha com
temor que ouve dos da çidade”. Pág. 172. Citada como mãe da infante Beatriz.
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ANEXOS
a) Túmulo de Inês de Castro (Mosteiro de Alcobaça, Portugal)
(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Túmulo_de_D._Inês_de_Castro.jpg)
b) Túmulo de D. Pedro I de Portugal (Mosteiro de Alcobaça, Portugal)
(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Túmulo_de_D._Pedro_I.jpg)
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c) Palácio de Pedro I de Castela, Alcázar de Sevilla
(Fonte: http://es.wikipedia.org/wiki/Archivo:Sevilla2005Julio_004.jpg)
d) Vista do Pátio de las Doncellas, Alcázar de Sevilla
(Fonte: http://es.wikipedia.org/wiki/Archivo:Patio_de_las_doncellas_001.jpg)
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