Seis mil anos de história do céu Cronologia astronômica Gilberto Henrique Buchmann Introdução Esta cronologia apresenta os principais fatos que, desde os primórdios da civilização até nossos dias, fazem a história da astronomia. Com o intuito de evitar repetições enfadonhas e tendo em vista impedir que esta exposição fique demasiado extensa, observa-se sempre o critério do ineditismo, incluindo-se somente os acontecimentos que trazem novidades e contribuem, efetivamente, para a evolução do pensamento humano no que concerne à ciência dos astros. Ficam de fora, por esse critério, os inúmeros objetos celestes (galáxias, estrelas, cometas, asteroides e mesmo exoplanetas) descobertos todos os anos, a não ser que a descoberta signifique algo novo ou, por alguma razão, esteja revestida de importância especial. Estão excluídos, pelo mesmo motivo, os inumeráveis satélites lançados nas últimas décadas, exceção feita àqueles cujo papel é relevante. Ademais, considerando-se que a intenção aqui é ressaltar os fatos, não os cientistas, estão ausentes desta cronologia referências diretas às datas de nascimento ou de morte dos pesquisadores. Contudo, sendo essas informações importantes para uma melhor compreensão e contextualização dos acontecimentos apresentados, elas são colocadas, sempre que possível, entre parênteses. Por fim, informamos que esta cronologia continuará sendo constantemente atualizada e revisada, na intenção de torná-la cada vez mais precisa e confiável. Seu máximo objetivo é divulgar a astronomia entre aqueles que apreciam essa ciência. O Autor Seis mil anos de história do céu Cronologia astronômica Gilberto Henrique Buchmann c. 4200 a.C. – Segundo alguns historiadores, é criado no Egito, ainda no período pré-dinástico, um calendário lunar primitivo com 12 meses: 6 com 29 e 6 com 30 dias, totalizando 354 dias. O mês, em média, tem 29,5 dias, uma boa aproximação para o mês sinódico (de Lua nova a Lua nova). Um 13º mês é acrescentado a cadatrês, às vezes dois anos, a critério dos sacerdotes e astrônomos, para sincronizar esse calendário com o nascer helíaco de Sirius (Sótis para os egípcios), a mais brilhante estrela noturna. Esse evento, denominado Iniciador do Ano, coincide com a chegada da cheia do rio Nilo, em sincronia com as estações anuais. A necessidade de elaborar calendários deve-se à descoberta da agricultura: é preciso ser capaz de estabelecer o tempo certo para o plantio e a colheita. 3761 a.C. (7 de outubro) – Esta é, para os judeus, a data da criação do mundo, sendo o calendário judaico contado a partir de então, embora tenha sido criado e adotado muito tempo depois, tendo a versão definitiva sido estabelecida no século IV d.C. O ano civil judaico tem de 353 a 355 dias, divididos em 12 meses lunares. Para ajustar esse calendário ao ano solar, intercala-se um mês suplementar nos anos 3º, 6º, 8º, 11º, 14º, 17º e 19º ao longo de 19 anos. Há, assim, um total de 383 a 385 dias, no ano da intercalação. c. 3500 a.C. – São construídos, no Egito e na Mesopotâmia, os primeiros relógios de Sol (Gnomon), feitos, basicamente, de uma haste fincada na vertical, em pedra ou madeira. Assim, de acordo com o comprimento da sombra desta haste, é possível ter uma ideia do tempo. c. 3000 a.C. – Os chineses descobrem o Saros: intervalo de 18 anos, 11 dias e 8 horas, após o qual a Terra, o Sol e a Lua retornam, aproximadamente, às mesmas posições relativas. Nesse intervalo ocorrem, em média, 43 eclipses solares e 28 lunares. c. 2900 a.C. – É oficializado no Egito um calendário com 365 dias. Mas o ano propriamente tem apenas 12 meses de 30 dias (360 dias) divididos em três quadrimestres correspondentes às três estações regidas pelo Nilo: Cheia, Plantio e Colheita. No fim do 12º mês, são acrescentados cinco dias suplementares que não entram no cômputo oficial dos dias. Esse é um calendário solar, e o mês nele não mantém sincronia com as fases da Lua. 2636 a.C. (15 de fevereiro) – Data a partir da qual começa a contagem do tempo no calendário chinês. Trata-se de um calendário lunissolar. Cada ano tem doze lunações, num total de 354 dias. Para que não se perca a sincronia com o ciclo solar (de 365,25 dias), a cada oito anos são acrescentados noventa dias (aproximadamente três lunações). Os anos começam sempre em uma lua nova, entre 21 de janeiro e 20 de fevereiro. Considerando um ciclo de doze anos, cada ano é dedicado a um animal: "shu" 鼠 (rato), "neo" (boi), "hu" (tigre), "tu" (coelho), "long" (dragão), "she" (serpente), "ma" (cavalo), "yang" (carneiro), "rou" (macaco), "di" (galo), "gou" (cão), "zhu" (porco). Possivelmente 2608 a.C. – O imperador chinês Houng-Ti constrói um observatório para elaborar um calendário. Possivelmente 2377 a.C. – Sob o império do chinês Yao, o zodíaco (Kyklos zokiakos, do grego, que significa círculo de animais) é dividido em 28 constelações. 2317 a.C. – Primeiro registro conhecido da passagem de um cometa, que se encontra nos anais astronômicos chineses. c. 2000 a.C. – Os chineses descobrem que Júpiter leva cerca de 12 anos para completar uma órbita ao redor do Sol (valor correto: 11,86 anos). Segundo milênio a.C. – A ideia de um Sistema Solar heliocêntrico é possivelmente sugerida pela primeira vez na literatura védica da antiga Índia, que com frequência faz referência ao Sol como o “centro das esferas”. c. 1930 a.C. – Termina a construção de Stonehenge (cuja última fase de edificação tem início por volta de 2280 a.C.), observatório astronômico do período megalítico, localizado no condado de Wiltshire, 13 km ao norte de Salisbury, na Inglaterra, onde são feitas observações do Sol e da Lua. 1800-1400 a.C. – Durante a Dinastia de Hammurabi, os astrônomos babilônios realizam observações das transições de Vênus através do Sol, das fases da Lua e organizam um calendário lunissolar. c. 1400 a.C. – Os egípcios usam relógios de água. Estes são, essencialmente, , recipientes na forma de balde com um pequeno furo na base por onde a água se escoa. Escalas uniformes de tempo são marcadas no interior do balde, uma para cada mês, por causa da variação das noites e, também, devido às estações do ano. 1400-900 a.C. – Sob o Império dos Kassites e dos Assírios, organiza-se uma lista de constelações helíacas (que acompanham o Sol), assim como são elaboradas as primeiras regras aritméticas para o cálculo da duração do dia e da noite. 1361 a.C. – Os anais astronômicos chineses registram a observação de um eclipse solar, o primeiro a ser documentado por qualquer povo de que se tem notícia. c. 1100 a.C. – Os chineses determinam o equinócio da primavera. Século VIII a.C. – Na Babilônia, durante o reinado de Nabonassar (747-733 a.C.), o registro sistemático de fenômenos considerados como mau agouro em diários astronômicos permite que seja descoberto um ciclo repetitivo de eclipses lunares a cada 18 anos. Século VIII a.C. – Na Ilíada e na Odisseia, de Homero (os mais antigos exemplos da literatura grega que se conhecem), são mencionadas as constelações do Cocheiro, de Órion e da Ursa Maior, os aglomerados estelares das Plêiades e das Híades e a estrela Sirius. 780 a.C. (4 de junho) – Primeiro registro confiável de um eclipse total do Sol de que se tem notícia, feito na China. 753 a.C. – Segundo a lenda, Rômulo e Remo (filhos de Rhea Silvia, filha de Numitor, rei de Alba Longa) fundam a cidade de Roma, iniciando-se, então, o calendário Romano. Conforme esse calendário, o ano civil consta de 304 dias divididos em 10 meses, dos quais seis têm 30 dias e quatro, 31. Março é o primeiro mês do ano, seguindo-se Abril, Maio, Junho, quintilis, sextilis, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro. c. 740 a.C. – Acaz, rei da Pérsia, supostamente é o primeiro monarca a possuir um relógio de Sol que funciona com boa precisão. Possivelmente 713 a.C. – Numa Pompílio, o segundo rei de Roma (717-673 a.C.), introduz os meses de Janeiro e Fevereiro no calendário Romano e, desse modo, o ano civil passa a ter 355 dias, começando em Março e terminando em Fevereiro. 700 a.C. – Os chineses já têm registros com anotações precisas sobre meteoritos e cometas. Século VI a.C. – O filósofo grego Tales de Mileto (624-546 a.C.) introduz na Grécia os fundamentos da geometria e da astronomia, trazidos do Egito. Pensa que a Terra é um disco plano em uma vasta extensão de água e flutuando no ar que, para ele, é considerado como substância primordial do Universo. Afirma que a Lua está mais próxima de nós do que o Sol e que não tem luz própria. Século VI a.C. – O filósofo grego Anaximandro de Mileto (610-545 a.C.) concebe os planetas como sendo rodas de fogo girando em torno da Terra, considerada como um cilindro que repousa sobre um eixo orientado no sentido leste-oeste e cuja altura corresponde a um terço de seu diâmetro. Século VI a.C. – O filósofo e matemático grego Pitágoras de Samos (c. 572-c. 497 a.C.) acredita na esfericidade da Terra, da Lua e de outros corpos celestes. Pensa que os planetas, o Sol e a Lua são transportados por esferas separadas daquela que carrega as estrelas. É o primeiro a chamar o céu de cosmos. Parece haver sido o primeiro a reconhecer que a estrela matutina (estrela Dalva) e a estrela vespertina (Vésper ou Hésper) são o mesmo planeta: Vênus. Alguns estudiosos atribuem a ele uma constatação análoga ao determinar que Apolo (corpo celeste visível pela manhã) e Hermes (visível à tarde) são o mesmo astro: Mercúrio. Observa ainda que o Sol, a Lua e os planetas não possuem o mesmo movimento uniforme das estrelas, e que a órbita da Lua não se situa no plano do equador celeste. Os pitagóricos acreditam que os cometas são planetas e afirmam que muitas de suas passagens não podem ser observadas, pois raramente se elevam acima da linha do horizonte. Século VI a.C. – O filósofo grego Anaxímenes de Mileto (570-500 a.C.), discípulo de Anaximandro, concebe os astros celestes como corpos fixos a esferas de revolução, bem como acredita que o Sol é um corpo plano e parece haver feito, pela primeira vez, a distinção entre planeta e estrela. Século VI a.C. – O filósofo grego Xenófanes (571-480 a.C.) considera os cometas resultado do movimento e do choque de nuvens de fogo. Ele também fala da Lua como sendo habitada, com cidades e montanhas. 585 a.C. (28 de maio) – Eclipse do Sol previsto, segundo a tradição, por Tales de Mileto. Trata-se da primeira referência conhecida à previsão de um eclipse solar. Século V a.C. – O filósofo grego Anaxágoras (c. 500-428 a.C.) afirma que os astros são pedras incandescentes, o que lhe vale a acusação de impiedade (ateísmo) e o leva ao exílio em Lâmpsaco, colônia de Mileto, onde morre. Descobre que a Lua recebe luz do Sol e explica os eclipses solares e lunares. Deve-se a Anaxágoras a primeira avaliação das dimensões de um corpo celeste: afirma que “O Sol é pelo menos tão grande quanto o Peloponeso”. Tenta medir a distância da Terra ao Sol, mas chega a um valor muito inferior ao real. Século V a.C. – O filósofo grego Philolaus de Tarento – ou de Crotona – (470-390 a.C.) elabora a hipótese da existência de um fogo central representando o centro de seu Universo esférico. Esse fogo d’Hestia (Hestia era a Deusa da lareira sagrada, nas casas e nos edifícios públicos) é invisível, pois está sempre encoberto pelo Sol. Além do mais, ele é envolvido por dez esferas concêntricas representando, respectivamente: Terra, Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, antiTerra (antichthon – planeta sempre oculto para os terráqueos e situado do outro lado do Sol) e estrelas. Para Philolaus, o Sol (visível) é um reflexo do fogo central (invisível), e cada uma dessas esferas gira de oeste para leste, completando uma revolução no período correspondente ao do astro que ela representa. Século V a.C. – O astrônomo babilônio Nabu-Rimani elabora uma tabela de efemérides contendo o registro das posições da Lua, do Sol e dos planetas em dado momento. Ele também calcula o intervalo do mês sinódico como sendo de 29,530614 dias (valor real: 29,530596 dias) e do ano solar em 365d6h15min41s (valor real: 365d5h48min45,97s). Século V a.C. – O filósofo grego Demócrito (460-370 a.C.) postula que a Via Láctea é composta de estrelas distantes. acredita também haver montanhas elevadas e vales profundos na Lua. Século V a.C. – É compilado, na China, o “Gan Shi Xing Jing”, o mais antigo catálogo estelar que se conhece. 413 A.C. (27 de agosto) – Um eclipse lunar causa pânico em uma frota de Atenas e assim afeta o resultado de uma batalha na Guerra do Peloponeso. Os atenienses estão prontos a mover suas forças de Siracusa quando a Lua é eclipsada. Os soldados e marinheiros ficam assustados por este presságio celeste e relutam em partir. O comandante Nicias consulta o oráculo e adia a partida por 27 dias. Esta demora dá uma vantagem a seus inimigos de Siracusa, que então derrotam toda a frota e o exército ateniense e matam Nicias. Século IV a.C. – O filósofo grego Hicetas de Siracusa (400-335 a.C.) modifica o sistema de Philolaus, postulando um movimento de rotação diurna da Terra em torno de seu eixo. Século IV a.C. – O filósofo grego Ecphantus de Siracusa substitui pela Terra o fogo central defendido por Philolaus. Século IV a.C. – O astrônomo babilônio Kiddinu (nascido c. 340 a.C.) recalcula o mês sinódico e o mês solar. Supõe-se que tenha descoberto a precessão dos equinócios, decorrente de uma ligeira rotação do eixo da Terra. O equinócio representa o ponto de intersecção da eclíptica (trajetória aparente do Sol entre as estrelas) com o equador celeste (círculo na esfera celeste que coincide com o equador terrestre), no qual os dias e as noites têm a mesma duração. Século IV a.C. – O filósofo grego Platão (427-347 a.C.) assenta as bases conceituais sobre as quais se fundamentam os estudos astronômicos durante muitos séculos, sendo as principais: 1. A Terra, que é esférica, é imóvel e está no centro do Universo (geoestatismo e geocentrismo). 2. Todos os movimentos dos astros devem ser circulares e uniformes. 3. Os astros não podem ter outro movimento ou mudança fora desse movimento circular (imutabilidade do céu). Em seus diálogos “Timaeus”, “Phaedo”, “República” e “Epinomis”, argumenta que a Terra, em sua imobilidade absoluta, é envolvida por quatro capas esféricas, sendo a primeira, de espessura igual a dois raios terrestres, composta do elemento água, e a segunda, composta do elemento ar, com a espessura de cinco raios terrestres e constituindo a atmosfera. Em seguida, há uma camada do elemento fogo, de dez raios terrestres, tendo em sua parte superior a quarta capa esférica, na qual se encontram as estrelas. Os sete astros então considerados planetas (Lua, Sol, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) evoluem entre a atmosfera e as estrelas. Século IV a.C. – O astrônomo e matemático grego Eudóxio de Cnido (408-355 a.C.), discípulo de Platão, formula um modelo planetário segundo o qual, basicamente, o movimento dos astros no Universo é consequência de um conjunto de 27 esferas homocêntricas à Terra, seguindo o esquema: quatro para cada um dos planetas (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno), três para o Sol, três para a Lua e uma para as estrelas fixas. Essas esferas são assim distribuídas: o planeta se encontra fixo no equador de uma esfera que gira em torno da Terra. Por sua vez, os polos dessa esfera são deslocados por uma segunda esfera que gira em torno de um eixo normal ao plano da eclíptica. Uma terceira esfera, exterior às duas antecedentes, dá o movimento do planeta em relação ao céu das estrelas fixas. Por fim, uma quarta esfera é necessária (no caso dos planetas propriamente ditos, para explicar o seu movimento retrógrado, isto é, o movimento no qual o planeta, no céu das estrelas fixas, se move num determinado sentido até um “ponto estacionário”; depois, volta no sentido oposto até outro “ponto estacionário”, retornando então ao primeiro sentido, e assim por diante, formando laços (cúspides). É oportuno registrar que Eudóxio inventa a curva hipópede (resultante da intersecção de uma esfera com um cilindro) com o objetivo de explicar esse modelo planetário. Eudóxio é o primeiro a fixar a duração do ano em 365 dias e 6 horas. Século IV a.C. – O astrônomo grego Calipo de Cízico (370-300 a.C.), aluno de Eudóxio, aperfeiçoa o modelo de seu mestre, adicionando mais 8 esferas, com o objetivo de explicar os complicados movimentos de Mercúrio e de Vênus, já que estes têm um afastamento limitado em relação ao Sol. Século IV a.C. – O grego Heráclides de Pontus (388-315 a.C.) propõe que a Terra gira diariamente sobre seu próprio eixo, que Vênus e Mercúrio orbitam o Sol, e a existência de epiciclos, um sistema centrado na Terra em que todos os objetos celestes se movem em círculos perfeitos ao redor do nosso planeta. Século IV a.C. – O filósofo grego Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) apresenta a mais influente de todas as teorias astronômicas gregas, que seria considerada verdadeira por quase dois mil anos. Segundo essa teoria, o Universo está dividido em dois estratos, um sublunar e outro extralunar. Na região abaixo da Lua ocorrem mudanças, estando as coisas e os seres vivos sujeitos à morte e à degeneração. Aí se encontram os cometas, que não passam de fenômenos atmosféricos, visíveis em forma de estrelas cadentes. A outra região estende-se para além da Lua, e nela nada jamais se transforma ou perece. Disso decorre que os planetas e as estrelas fixas pertencentes à região extralunar são regidos por leis distintas das que se aplicam à Terra e aos cometas. Aristóteles formula ainda outros conceitos em astronomia. Sustenta que as fases lunares dependem de quanto da parte da face da Lua iluminada pelo Sol está voltada para a Terra. Explica também os eclipses: um eclipse solar ocorre quando a Lua passa entre a Terra e o Sol; um eclipse lunar ocorre quando a Lua entra na sombra da Terra. Aristóteles argumenta a favor da esfericidade terrestre, já que a sombra da Terra na Lua durante um eclipse lunar é sempre arredondada. Afirma que o Universo é esférico e finito. Aperfeiçoa a teoria das esferas concêntricas de Eudóxio de Cnido, acrescentando-lhe outras esferas homocêntricas, perfazendo um total de 55. Ele admite ainda que além da esfera das estrelas fixas existe o Primum Mobile (Primeiro Móvel), acionado por Deus, o motor primordial e imóvel, e que além dele não há nem movimento, nem tempo e nem lugar. No tomo II do seu livro “De Caelo” (Dos Céus), propõe que “o Universo é finito e esférico, ou não terá centro e não pode se mover”. Século IV a.C. – O grego Hipócrates e seu discípulo Ésquilo defendem, no que concerne aos cometas, posição semelhante à dos pitagóricos. No entanto, para eles, a cabeleira não constitui uma característica estável do astro: ela corresponderia à reflexão dos raios solares sobre os vapores úmidos que o cometa leva consigo. Uma ideia semelhante seria exposta na metade do século XX. 386 a.C. – Eudóxio de Cnido compila um elenco das 47 estrelas mais brilhantes do céu, denominando-as conforme a posição que assumem na respectiva constelação. Por exemplo, ele escreve: “A estrela pequena do lado esquerdo da Águia”, “O joelho esquerdo de Ofiúco”, “A estrela no meio da cintura de Órion” e assim por diante. 364 a.C. – O astrônomo chinês Gan De parece haver observado o satélite Ganímedes (ou Ganimedes) do planeta Júpiter. Século III a.C. – O astrônomo babilônio Berossus constrói um relógio de Sol num bloco cúbico de pedra ou madeira, no qual é cortada uma abertura hemiesférica tendo uma haste no centro, cujo caminho percorrido por sua sombra é, aproximadamente, um arco de círculo. O comprimento e a posição do arco variam com as estações do ano. Século III a.C. – O astrônomo grego Aristarco de Samos (310-230 a.C.) é o primeiro a propor (c. 260 a.C.) que a Terra se move em volta do Sol, antecipando Copérnico em mais de 1.700 anos. No entanto, para defender seu modelo, tem de fazer duas suposições. A primeira delas é no sentido de justificar por que as estrelas parecem fixas, isto é, por que suas posições aparentes não mudam em consequência do movimento da Terra em torno do Sol. Essa imobilidade, afirma Aristarco, decorre da imensa distância em que se encontram as estrelas em relação à Terra. A sua segunda suposição não é original, já que havia sido considerada por Heráclides de Pontos, qual seja, a rotação da Terra em torno de seu eixo. Entre outras coisas, desenvolve um método para determinar as distâncias do Sol e da Lua à Terra e mede os tamanhos relativos da Terra, do Sol e da Lua. Chega à conclusão de que a distância Terra-Sol é de 8 milhões de km (valor correto: 149,6 milhões de km) e que a relação entre os diâmetros da Lua e do Sol é de 1/20 (valor correto: 1/400). Aristarco conclui ainda que as relações entre os diâmetros Lua-Terra e Terra-Sol valem, respectivamente, 1/3 e 1/7 (valores corretos: 1/3,67 e 1/109). Século III a.C. – O inventor grego Ctesíbio de Alexandria (285-247 a.C.) constrói uma clepsidra (do grego: kleptein – roubar; hydor – água). Basicamente, ela contém um mecanismo movido a água que opera um cilindro rotativo, no qual estão dispostas as horas desiguais do dia e da noite. Ele é, também, o precursor do relógio de cuco, pois algumas de suas clepsidras são dotadas de um fluxo constante de água que opera toda espécie de alavancas e peças automáticas, assim como sinos, bonecos movediços e pássaros canoros. Século III a.C. – O grego Eratóstenes de Cirênia (276-194 a.C.), diretor da Biblioteca Alexandrina de 240 a.C. a 194 a.C., é o primeiro a tentar medir o diâmetro da Terra, determinando que a distância entre Alexandria e Siena (hoje Assuã) é de 7° e que, levando em conta que um círculo completo mede 360°, a distância entre essas duas cidades corresponde a aproximadamente 1/50 da circunferência total da Terra, redutível depois ao diâmetro mediante a divisão pelo valor numérico de “pi” (3,141592538...). A circunferência terrestre calculada por Eratóstenes é de 39.425 km (valor correto: 40.075 km). Compila também um catálogo com cerca de setecentas estrelas e calcula a distância Terra-Lua em aproximadamente um terço do valor real. Século III a.C. – O matemático grego Apolônio de Perga (261-190 a.C.) explica o movimento dos planetas no céu das estrelas fixas, usando para isso o sistema epiciclo-deferente, sistema em que o centro de um círculo menor (epiciclo) se desloca ao longo de um círculo maior (deferente). O epiciclo representa o movimento circular do planeta, e o deferente é um círculo em cujo centro situa-se o astro em torno do qual orbita o planeta. 240 a.C. – Anais chineses fornecem detalhada descrição da passagem de um cometa. Não é certo que as observações se refiram ao cometa Halley, mas, segundo cálculos modernos, ele passa pela Terra em maio. 238 a.C. – A adoção do que mais tarde viria a ser chamado de ano bissexto é proposta no Egito, mas os sacerdotes se opõem, e a ideia não é posta em prática. Século II a.C. – O grego Hiparco de Niceia (190-125 a.C.), considerado o maior astrônomo da era pré-cristã, constrói um observatório na ilha de Rodes, onde faz observações durante o período compreendido entre 160 e 127 a.C. Suas observações lhe permitem compilar um catálogo com a posição no céu e a “grandeza” (hoje magnitude) de 850 estrelas, especificando, dessa forma, o seu brilho aparente. As estrelas estão classificadas em seis “grandezas”, correspondendo a 1ª às mais brilhantes e a 6ª àquelas que estão no limite da visibilidade do olho humano. Além disso, deduz corretamente a direção dos polos celestes, e até mesmo a precessão dos equinócios, resultante do movimento cíclico ao longo da eclíptica, na direção oeste, causado pela ação do Sol e da Lua sobre a dilatação equatorial da Terra e que tem um período de 25.772 anos. Hiparco também chega ao valor correto de 8/3 para a razão entre o tamanho da sombra da Terra e o tamanho da Lua e afirma que a Lua está à distância de 59 raios terrestres (o valor correto é 60). Também determina a duração do ano com uma margem de erro de 6 minutos. Inventa ainda o astrolábio (c. 150 a.C.), instrumento astronômico que mede a altura de um astro em relação ao horizonte. 163 a.C. – O cometa Halley deve ter passado pelo periélio (ponto de maior aproximação do Sol) em 5 de outubro, e os astrônomos chineses assinalam um cometa nesse período. Século I a.C. – O filósofo romano Lucrécio (c. 99-55 a.C.), em sua obra “De Rerum Natura” (Sobre a Natureza das Coisas), sustenta a pluralidade dos mundos habitados, fundamentando suas ideias nos escritos do filósofo grego Demócrito (460-370 a.C.) e dos atomistas. 87 a.C. – Observa-se na China um cometa, que parece ser o mesmo a que o naturalista e escritor romano Plínio, o Velho (23-79), faz alusão neste texto: “O cometa é um astro terrível e um sinal de derramamento de sangue. Já tivemos exemplo disso nas desordens civis sob o consulado de Otávio”. Provavelmente, trata-se do cometa Halley, cujo periélio, segundo cálculos modernos, ocorre em agosto. 46 a.C. – Júlio César, com a ajuda do astrônomo grego Sosígenes, decide criar um novo calendário, que fica conhecido como calendário juliano. O ano passa a ter 365 dias e 6 horas, iniciando-se em 1º de janeiro (antes começava em 1º de março). Embora o ano civil continue com 365 dias, o novo calendário institui, a cada 4 anos, o ano bissexto, de 366 dias, para recuperar as 6 horas perdidas todos os anos. Os meses, como os atuais, têm 30 ou 31 dias, menos o mês de fevereiro, com apenas 28 ou 29 dias, quando o ano é bissexto. Para corrigir o atraso acumulado ao longo dos séculos, Sosígenes acrescenta 90 dias ao ano 46 a.C., que teve 15 meses e 445 dias. O calendário Juliano é modificado por duas vezes: na primeira, em 44 a.C., por ordem do General e Cônsul romano Marco Antônio(81-30 a.C.), o mês Quintilis passa a ser chamado de Julius (Julho) em homenagem a Júlio César; na segunda, em 8 a.C., por ordem do Senado romano, o mês Sextilis passa a ser chamado de Augustus (Agosto) em homenagem a Otávio Augusto (63 a.C.-14 d.C.), o primeiro imperador de Roma. No entanto, a fim de que Agosto não tivesse menos dias que Julho (31), é tirado um dia do mês de Fevereiro. 28 a.C. – Primeiras referências conhecidas a observações de manchas solares, feitas por astrônomos chineses, que provavelmente puderam ver os maiores grupos de manchas quando a luz do sol foi filtrada pela poeira deslocada pelo vento nos desertos da Ásia Central. 12 a.C. – A “História de Roma”, de Dion Cassius (155-235), registra: “Antes da morte de Agripa, viu-se um cometa pairando durante muitos dias sobre a cidade de Roma; ele apareceu em seguida transformado em muitas pequenas tochas”. O mesmo cometa é observado na China, de agosto a outubro, e as observações, bem detalhadas, não deixam dúvidas quanto a ser o cometa Halley. A proximidade desta passagem com a época atribuída pela Bíblia ao nascimento de Cristo faz com que o cometa Halley seja identificado, por vezes, com a Estrela de Belém, a qual, segundo o evangelista Mateus (capítulo 2, versículos 1 e 2), guiou os reis magos até Jesus. 4 a.C. (12 de março) – Ocorre um eclipse da Lua e, alguns dias depois, de acordo com o historiador judeu Flávio Josefo (37-100), morre Herodes, o Grande (nascido por volta de 73 a.C. e rei da Judeia desde 37 a.C.). O fato de Herodes estar, segundo a Bíblia, ainda vivo quando Jesus nasceu é um dos principais argumentos utilizados para apontar erros na contagem dos anos da era cristã. Investigadores modernos situam o nascimento de Cristo entre os anos 7 e 4 a.C. Século I d.C. – O filósofo romano Sêneca (4 a.C.-65 d.C.), rejeitando a explicação “atmosférica” dada por Aristóteles acerca dos cometas, propõe uma atitude realmente científica frente ao problema das “estrelas de cabeleira”. Ele salienta a necessidade de se compilar todos os aparecimentos de cometas e chega a levantar a hipótese de que estes possam retornar periodicamente. Século I – O historiador e biógrafo grego Plutarco (46-120) sugere que na Lua existem reentrâncias onde a luz do Sol jamais chega e que as manchas visíveis em sua superfície são resultantes de sombras de rios ou de abismos profundos. Também cogita a possibilidade de o satélite ser habitado. 66 – Em “A Guerra dos Hebreus contra os Romanos”, o historiador judeu Flávio Josefo escreve: “Aquele povo infeliz... fechou os olhos e cobriu os ouvidos para não ver nem ouvir os sinais seguros pelos quais Deus havia predito sua ruína. Citarei alguns desses sinais e dessas predições: um cometa, do tipo chamado Xiphias, porque sua cauda parece representar a lâmina de uma espada, foi visto sobre Jerusalém durante um ano inteiro...” Os judeus se rebelam contra os romanos em 66 e Jerusalém é destruída em 70. Os chineses também observam um cometa entre os meses de fevereiro e março. Segundo cálculos atuais, o Halley passa pelo periélio em 25 de janeiro. Século II – O grego Cláudio Ptolomeu (c. 90- c. 168), último grande astrônomo da Antiguidade, compila (127-151) um volume sobre astronomia, dividido em treze seções denominadas livros (152 páginas numa edição impressa de 1515), conhecido como o “Almagesto” (“grande Tratado”, em árabe), que é a maior fonte de conhecimento astronômico na Grécia. Nessa obra, Ptolomeu inclui um catálogo de estrelas baseado nos trabalhos de Hiparco; lista 48 constelações, cujos nomes prevalecem até hoje; descreve e aperfeiçoa os instrumentos usados pelos astrônomos, tendo, inclusive, no livro quinto do “Almagesto”, demonstrado como se constrói e usa um astrolábio; faz, também, uma descrição matemática detalhada dos movimentos do Sol e da Lua, o que lhe permite calcular com maior precisão as datas dos futuros eclipses solares e lunares. A contribuição mais importante de Ptolomeu é uma representação geométrica do Sistema Solar, geocêntrica, com círculos e epiciclos, que permite predizer o movimento dos planetas com considerável precisão e que é usada até o Renascimento, no século XVI. 123 – O astrônomo chinês Zhang Zeng corrige o calendário lunar vigente em seu país. A duração do ano passa de 354 para 365 dias. 141 – O único registro desta passagem do cometa Halley está nos anais astronômicos chineses. Data do periélio, segundo cálculos modernos: 22 de março. 185 – Primeiro registro conhecido de uma supernova, feito nos Anais Astrológicos chineses do Houhanshu. 218 – Os chineses observam a passagem do cometa Halley a partir de 14 de abril (periélio provável: 17 de maio). Dion Cassius escreve: “Pouco antes da morte do imperador Macrinus, uma estrela, que por muitas noites estendeu sua cauda do Ocidente ao Oriente, causou grande medo”. Macrinus morreu em junho de 218. 295 – O cometa Halley é observado em maio pelos chineses. Data provável do periélio: 20 de abril. 363 (27 de junho) – Ocorre o mais longo eclipse solar já observado, com duração de sete minutos e 24 segundos. 374 – Os chineses registram a presença de um cometa, visível de março a maio. A passagem do Halley pelo periélio foi modernamente calculada em 16 de fevereiro. 451 – Um cometa é observado na China, nas constelações de Leão e de Virgem. No Ocidente, é visto de junho a agosto (periélio: 27 de junho), e muitos autores relacionam seu aparecimento com a vitória do general romano Aécio sobre Átila, ocorrida na Batalha dos Campos Catalaúnicos (21 de junho de 451). Este cometa deve ter sido o Halley. Século VI – O astrônomo hindu Ariabata I (476-550) afirma que "A esfera das estrelas fixas é estacionária e a Terra, realizando uma revolução, produz o nascimento e o ocaso diário das estrelas e dos planetas". c. 525 – O monge Dionisius Exiguus (500-560) reorganiza a contagem dos anos, cujo marco inicial deixa de ser a fundação de Roma. Ele estabelece que o ano 1 é o do nascimento de Jesus Cristo (não existe ano 0), mas comete erros nos cálculos, pois os historiadores modernos acreditam que Jesus nasceu entre os anos 7 e 4 a.C. Ele também introduz, para assinalar o período posterior ao nascimento de Cristo, a expressão A.D., “Anno Domini” (Ano do Senhor). 530 – Esta passagem do cometa Halley é observada na China e em Constantinopla, onde, segundo o astrônomo Alexandre-Gui Pingré, “viu-se do lado do Ocidente, durante 20 dias, um cometa muito grande e assustador estendendo seus raios em direção à parte mais elevada do céu”. Data provável do periélio: 27 de setembro. Séculos VI e VII – o espanhol Isidoro de Sevilha (560-636) e o inglês Beda, o Venerável (673-735), acreditam na esfericidade da Terra, na rotação diurna da abóbada celeste, no movimento dos planetas para leste e no movimento anual do Sol. Alguns historiadores consideram Beda como o introdutor da notação A.D., referente à Era Cristã. 607 – Dois cometas aparecem e são observados na China, um em fevereiro e outro em abril. Á época em que surge o segundo coincide com a de uma passagem calculada do cometa Halley (periélio em 7 de março). 622 (16 de julho) – A fuga de Maomé de Medina (Hégira) constitui o ponto de partida do calendário muçulmano, que é composto de 12 meses lunares (de 29 ou 30 dias), perfazendo um total de 354 ou 355 dias. Possivelmente 628 – o astrônomo e matemático hindu Brahmagupta (598-660) escreve um livro em versos sobre Astronomia, com dois capítulos dedicados à matemática. Nessa obra, há a negação da rotação da Terra. 684 – O historiador chinês Ma-Toan-Lin menciona um cometa observado em setembro e outubro. Anotações japonesas confirmam tais aparecimentos. Passagem do Halley pelo periélio, conforme cálculos modernos: 2 de outubro. 687 – Os chineses fazem o primeiro registro conhecido de um "chuveiro de meteoros". Século VIII – O erudito inglês Alcuíno de York (735-804), ao dirigir em Paris a reforma educacional proposta pelo imperador franco-alemão Carlos Magno (742814), defende a ideia de um modelo geoheliocêntrico para o Sistema Solar, nos moldes do que havia sido proposto por Heráclides de Pontos. 760 – “No vigésimo ano do reinado de Constantino”, escreve Alexandre-Gui Pingré, “um cometa muito brilhante, semelhante a uma barra de ferro incandescente, apareceu durante três dias do lado do Oriente, e em seguida durante 21 dias no Ocidente”. Os registros dos chineses não deixam dúvidas: trata-se do cometa Halley. Periélio provável: 20 de maio. Séculos VIII e IX – O astrônomo árabe Abu-Abdullah Muhammad ibn Jabir alBattani, conhecido como Albatênio (858-929), constrói novos instrumentos astronômicos e melhora os existentes, tais como relógio de sol, esfera armilar e quadrante mural. Com eles, obtém melhores resultados que os de Ptolomeu, estabelecendo a posição correta do afélio terrestre (ponto mais distante do Sol) e obtendo valores mais precisos para o ano solar, para as estações e para a inclinação da eclíptica. Século IX – O califa árabe al-Mamun (786-833) constrói uma série de observatórios planetários. 807 (17 de março) – O monge beneditino Adelmus observa uma grande mancha solar, visível durante oito dias. Ele pensa estar vendo um trânsito de Mercúrio. 837 – A passagem do Halley desse ano é bem próxima do Sol (periélio em 28 de fevereiro) e dela encontramos vários registros (devidos, provavelmente, a seu grande esplendor), tanto nos anais chineses como em numerosos textos ocidentais, que o assinalam entre 11 de abril e 7 de maio. Cálculos modernos indicam que o Halley passa a 5,1 milhões de km da Terra, a menor distância entre todas as passagens observadas. A cauda pode ter-se estendido ao longo de 90° no céu, mas não há registro astronômico desse fato. 871 – Mercúrio chega a 77,3 milhões de km da Terra, a menor distância em aproximadamente 41.000 anos. Século X – O médico e filósofo persa Abu-Ali al-Husain ibn Abdullah Ibn Sina, conhecido como Avicena (980-1037), defende a hipótese de que todos os corpos celestes têm luz própria. 912 – Pingré escreve: “Sob o reinado do imperador Alexandre de Constantinopla, que durou de 11 de maio de 911 a 7 de junho de 912, viu-se por quinze dias um cometa no Ocidente. Chamaram-no de Xiphias, pois tinha a forma de uma espada”. Nesse caso, as observações chinesas e japonesas são contraditórias e por isso é difícil uma clara identificação com o cometa Halley, embora o periélio desta passagem seja calculado como tendo ocorrido em 18 de julho. 964 – O astrônomo árabe Abd Al-Rahman Al-Sufi (903-986) estabelece o “livro das estrelas fixas”, que permite à astronomia moderna úteis comparações para a pesquisa das variações de brilho das estrelas. Os nomes árabes de algumas delas, dados por ele, ainda hoje permanecem: Aldebarã, Altair, Betelgeuse e Rigel. Neste livro, Al-Sufi faz o primeiro registro conhecido da Grande Nuvem de Magalhães. 989 – A passagem do Halley é relatada tanto na Europa quanto na China. Os textos chineses falam de dois cometas. O periélio do Halley, segundo cálculos modernos, ocorre em 5 de setembro. Século XI – O astrônomo árabe Ibn Al-Haytham (965-1039) faz os primeiros estudos sistemáticos sobre a Lua. 1006 (30 de abril) – Primeiro registro de supernova observada na Via Láctea (constelação do Lobo). Os chineses afirmam tê-la avistado durante mais de dois anos. Distante 7.200 anos-luz, chega a atingir a magnitude –7,5, sendo a estrela mais brilhante já observada a olho nu. Um ano-luz é a distância percorrida pela luz no vácuo, durante um ano, à velocidade de 299.792 km/s, ou seja, 9,461 trilhões de km. 1054 (4 de julho) – Os anais astronômicos chineses registram o aparecimento de uma supernova tão brilhante que é visível de dia (durante 23 dias) e permanece no céu noturno por mais de um ano. Essa supernova, localizada na constelação de Touro, dá origem à nebulosa do Caranguejo. 1066 – Em abril, um grande cometa aparece na Europa e é considerado o anúncio e a causa da morte do rei anglo-saxão Haroldo II (ocorrida em 14 de outubro), conforme foi perpetuado na célebre tapeçaria de Bayeux. Nesse trabalho, encontrase a primeira representação gráfica de um cometa, observado com terror por um grupo de pessoas. A passagem do Halley é seguida e registrada com precisão na China, com periélio em 20 de março. Registros da época afirmam ter o cometa atingido magnitude aparente quatro vezes superior à de Vênus. 1074 – O poeta, matemático e astrônomo persa Omar Khayyam (1048-1131) monta um observatório e conduz trabalhos visando a compilar tabelas astronômicas, tendo também contribuído para a reforma do calendário Persa. Ademais, ele calcula a duração do ano como sendo de 365,24219858156 dias, valor preciso até a sexta casa decimal. 1106 (2 de fevereiro) – Um grande cometa (formalmente denominado X/1106 C1) torna-se visível, sendo a passagem registrada na Europa (País de Gales e Inglaterra) e na Ásia (Coreia, Japão e China). É observado até a metade de março. 1129 – O monge e cronista inglês John de Worcester (morto c. 1140) descreve observações de manchas solares. 1145 – As observações chinesas assinalam um cometa visível de abril a junho. Na Europa, o astro é observado por um longo período a partir de maio. Uma passagem do Halley ocorre nesse ano, com periélio em 18 de abril. c. 1150 – O italiano Geraldo de Cremona (1114-1187) traduz o Almagesto, de Ptolomeu, do árabe para o latim, o que leva a Igreja Católica a adotar o livro como um "texto aprovado". 1178 (18 de junho) – Monges ingleses afirmam ter visto uma explosão na Lua, descrita em uma crônica por Gervase de Canterbury (1141-1210). 1222 – A passagem de um cometa é registrada na China e na Europa entre setembro e outubro. As interpretações ocidentais associam-no à morte, em 1223, do rei francês Filipe II. Esse cometa é, possivelmente, o Halley, cujo periélio ocorre em 28 de setembro. c. 1230 – O inglês Johannes de Sacrobosco (c. 1195-c. 1250) escreve “De sphaera mundi” (“Sobre a esfera do mundo”), livro em quatro capítulos que apresenta elementos básicos de astronomia. Inspirado em grande parte no Almagesto, de Ptolomeu, e acrescentando ideias da astronomia árabe, torna-se uma das obras mais influentes na Europa antes de Nicolau Copérnico. 1252 – São publicadas, com o patrocínio do rei de Castela e Leão Afonso X (12211284), as chamadas "Tabuas Afonsinas”, que constituem uma revisão e uma melhoria das tabelas Ptolomaicas, tendo sido as melhores tabelas afins disponíveis durante a Idade Média e não são substituídas durante mais de três séculos. Os dados astronômicos acerca da posição e do movimento dos planetas contidos nessas tábuas são compilados por aproximadamente cinquenta astrônomos, reunidos pelo rei para esse fim. O monarca questiona a complexidade do sistema ptolomaico. 1262 – O filósofo, matemático e astrônomo persa Nasir ad-Din at-Tusi (1201-1274) termina, com a ajuda de astrônomos chineses, um observatório construído em Maragheh. O observatório conta com vários instrumentos, destacando-se um quadrante mural de 4m feito de cobre e um quadrante de azimute inventado por ele mesmo. Usando com precisão os movimentos planetários, ele modifica o modelo do sistema planetário de Ptolomeu, baseado em princípios mecânicos. O observatório e sua biblioteca se tornam um centro para um largo alcance de trabalho em ciência, matemática e filosofia. 1267 – o erudito inglês Roger Bacon (1219-1292) publica o livro intitulado "Opus Majis" (Obra Maior), no qual apresenta a ideia de se usar lentes para olhar para o Sol, a Lua e as estrelas. Século XIV – O erudito Alberto da Saxônia (1316-1390), em seu "Quaestiones Super Quator Liber de Caelo et Mundi", sustenta a tese de que todas as estrelas e planetas recebem sua luz do Sol. 1301 – Vários historiadores relatam a passagem, entre setembro e outubro, de um cometa muito luminoso, que é visto por seis semanas. Provavelmente, essa passagem do cometa Halley (com periélio em 25 de outubro) inspira o pintor Giotto di Bondone (1267-1337) quando retrata o astro em seu afresco Adoração dos Reis Magos, de 1304. 1330 – O matemático e astrônomo judeu francês Levi Bem Gerson (1288-1344) constrói o instrumento denominado "bastão de Jacob", com o objetivo de determinar as distâncias entre astros celestes, usando para isso as suas paralaxes. Paralaxe é a alteração da posição angular de dois pontos estacionários relativos um ao outro como vistos por um observador em movimento. De forma simples, paralaxe é a alteração aparente de um objeto contra um fundo devido ao movimento do observador. 1378 – Embora seguida tanto na Europa quanto na China por seis semanas, essa passagem do cometa Halley não é tão brilhante quanto a anterior. O periélio ocorre em 10 de novembro. 1428 – O astrônomo e matemático mongol Ulugh Beg (1394-1449) inicia a construção de um observatório em Samarkand (no atual Uzbequistão). Em suas observações, ele descobre vários erros nos cômputos de Ptolomeu, cujas figuras ainda estavam sendo usadas. Seu mapa estelar de 994 estrelas é o primeiro desde o trabalho realizado por Hiparco. Ulugh Beg é assassinado por seu filho, e depois disso o observatório cai em ruínas por 500 anos, tendo os seus estudos sido redescobertos apenas em 1908. Escrito em árabe, seu trabalho não é lido pela geração subsequente de astrônomos do mundo. Quando suas tabelas são traduzidas para o latim, em 1665, suas observações telescópicas estão ultrapassadas. 1440 – o astrônomo, matemático e filósofo alemão, Cardeal Nicolau de Cusa (14011464), publica o livro "De Docta Ignorantia" (Sobre A Douta Ignorância), no qual afirma que a Terra gira em torno de seu eixo e em torno do Sol, que o Universo é infinito e que as estrelas são outros sóis com planetas habitados. Há ainda nesse livro uma ideia revolucionária: o princípio cosmológico segundo o qual o observador verá o Universo girar em torno de si em qualquer parte dele em que esteja, isto é, no Sol, na Terra, na Lua, em qualquer planeta ou mesmo estrela. 1456 – O aparecimento do cometa Halley desse ano ocorre em junho (periélio no dia 9), e o cometa se encontra em posição tal que seu esplendor é extraordinário. As observações são numerosas. Alguns afirmam que o papa Calisto III (1378-1458) pediu a todos os cristãos que orassem para afastar o cometa. 1471 – É inaugurado, em Nuremberg, o primeiro observatório astronômico da Europa. O astrônomo e matemático alemão Johannes Müller von Königsberg, ou Regiomontano (1436-1476), responde não apenas por sua construção, mas também pela equipagem do edifício com instrumentos desenhados por ele próprio. 1472 (janeiro) – Regiomontano faz observações de um cometa que 210 anos depois é identificado como o cometa Halley. 1475 – O papa Sixto IV (1414-1484) pede a Regiomontano para efetuar estudos sobre a reforma do calendário, mas o astrônomo alemão morre no ano seguinte, sem realizar a tarefa. 1492 (16 de novembro) – Um meteorito de 140 kg cai em Ensisheim, na Alsácia, e é colocado na igreja local, onde é conservado até hoje. Trata-se do primeiro registro “oficial” da queda de um meteorito. 1500 (1º de maio) – Um integrante da esquadra de Pedro Álvares Cabral, João Meneslau, conhecido como "Mestre João" e que acompanha a frota na condição de "cirurgião e físico", envia ao rei Português D. Manuel I, por intermédio de Gaspar de Lemos, uma carta na qual faz referência a suas atividades astronômicas no novo mundo. Refere-se, na mencionada missiva, à "Cruz", nome pelo qual era conhecido o Cruzeiro do Sul, já observado por Hiparco e por Ptolomeu, que o consideravam parte da constelação do Centauro. Na "Cruz", Mestre João assinala o fato de que suas "Guardas", as estrelas alfa e gama, apontam na direção do polo sul celeste, tal qual as "Guardas" ou "Ponteiros" da Grande Ursa em relação ao polo norte celeste. Talvez por querer comparar em excesso é que Mestre João escreve ter visto uma estrela "pequena" e "muito clara", réplica austral da "Polaris" boreal. Mestre João observ ainda as principais estrelas da constelação do Centauro, do Triângulo ( alfa, beta e delta ) e do Pavão ( beta, gama e delta ). Bastante curioso é que, em sua carta, não tenha aquele cirurgião, suposto astrônomo", feito qualquer menção a objetos já conhecidos de observadores dos céus austrais e que não têm equivalente no hemisfério norte, como as Nuvens de Magalhães, e que nenhuma palavra tenha dedicado ao "Saco de Carvão", nebulosa escura tão nítida no Cruzeiro do Sul. 1514 – O astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) apresenta, pela primeira vez, sua teoria heliocêntrica no livro “Commentariolus” (Pequenos Comentários), que circula apenas entre seus amigos. 1521 – O navegador português Fernão de Magalhães (1480-1521) observa as hoje chamadas Nuvens de Magalhães, duas galáxias-satélites da Via Láctea, durante a sua viagem de circum-navegação da Terra. A Grande Nuvem de Magalhães, localizada nas constelações de Monte Mesa e Dourado, é a quarta maior galáxia do Grupo local, depois de Andrômeda (M31), Via Láctea e Triângulo (M33). Tem massa total equivalente a 10 bilhões de massas solares, está a 157.000 anos-luz da Terra e apresenta magnitude aparente 0,9. A Pequena Nuvem de Magalhães, bem menor, é formada por algumas centenas de milhões de estrelas (A Via Láctea contém entre 200 e 400 bilhões). Localiza-se na constelação de Tucano, dista da Terra cerca de 200.000 anos-luz e apresenta magnitude aparente 2,7. 1531 – Durante esta passagem do cometa Halley, cujo periélio ocorre em 26 de agosto, o astrônomo germânico Peter Apianus (1495-1552) observa que as caudas dos cometas estão sempre voltadas para a direção oposta à do Sol. Os conhecimentos hoje disponíveis permitem explicar esse fenômeno. Quando estão distantes do Sol, os cometas não têm cauda. À medida que se aproximam da estrela, o vento solar, emissão contínua de partículas eletricamente carregadas provenientes da coroa, empurra para trás parte da poeira e dos gases (cabeleira) que envolvem o núcleo cometário, formando a cauda. O processo inverso se dá quando, depois de passarem pelo periélio, os cometas se afastam do Sol: o vento solar empurra na direção dos cometas os gases e poeira que eles arrastam consigo, os quais voltam a se juntar ao núcleo, e então a cauda desaparece. As caudas dos cometas são, portanto, fenômenos cíclicos. 1534 – O italiano Marcellus Stellatus Palingenius (c. 1500-1543) afirma, em seu livro "Zodiacus Vitae", que o Universo é infinito. 1540 – Peter Apianus publica "Astronomicum Caesareum", que dedica ao imperador Carlos V (1500-1558). É uma edição ilustrada da concepção cosmológica de Ptolomeu, constituindo-se num dos trabalhos mais importantes antes do aparecimento da obra de Copérnico. 1543 (24 de maio) – Nicolau Copérnico publica, com a decisiva colaboração do matemático e astrônomo austríaco Georg Joachim von Lauchen, Rheticus (15141576), “De Revolutionibus Orbium Coelestium” (Sobre as Revoluções dos Orbes Celestes), um dos livros mais importantes da história da ciência. Nele, o astrônomo polonês propõe o heliocentrismo, que coloca o Sol no centro do Sistema Solar, contrariando o geocentrismo de Aristóteles e de Ptolomeu, e simplifica a compreensão dos movimentos planetários. A obra inclui cinco postulados que caracterizam o modelo heliocêntrico copernicano: 1. O princípio metafísico básico é o da perfeição do movimento circular; 2. O centro da Terra não é o centro do Universo, mas apenas o centro da esfera lunar; 3. O centro do mundo é Próximo do Sol; 4. É a Terra, e não a esfera das estrelas fixas, que gira em torno de seu eixo a cada 24 horas; 5. A distância Terra-Sol é muito menor do que a distância Solestrelas fixas. As ideias copernicanas abrem o caminho para o início do desenvolvimento da moderna ciência dos astros, contribuindo decisivamente para separar a astronomia da astrologia e da teologia. 1551 – o matemático alemão Erasmus Reinhold (1511-1553) publica, com base no modelo copernicano, novas tabelas astronômicas – as chamadas prutênicas ou prussianas –, superiores às alfonsinas, que haviam sido publicadas em 1252. 1558 – o físico e filósofo italiano Giambattista Della Porta (1535-1615), em sua obra "Magia Naturalis" (Magia Natural), chega a descrever um telescópio. 1561 – O Observatório de Kassel (Alemanha) é erguido por ordem de Guilherme IV e funciona ativamente por mais de trinta anos, durante os quais são acumulados numerosos registros sobre planetas. 1568 – O papa Pio V (1504-1572) manda publicar um novo Breviário tentando ajustar as tabelas lunares e o sistema de anos bissextos, pois havia uma diferença de cerca de dez dias entre os anos trópico e juliano, o que interferia na data da Páscoa. 1570 – O Papa Pio V manda publicar um novo Missal tentando, mais uma vez, ajustar as tabelas lunares e o sistema de anos bissextos. 1572 – É inaugurado o Observatório do Colégio Romano, onde o astrônomo e jesuíta alemão Christopher Clavius (1538-1612) inicia observações regulares, servindo-se de um setor zenital. 1572 (11 de novembro) – O astrônomo dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601) observa uma “estrela nova”. Ele havia descoberto uma supernova, que hoje tem o seu nome, na constelação de Cassiopeia. 1574 – Tycho Brahe publica o livro intitulado "De Stella Nova", (Sobre A Estrela Nova) para registrar a observação por ele feita, dois anos antes, acerca da existência de uma nova estrela nos céus. Em vista desse livro, eventos assim ficam conhecidos como "novas". Ao analisar suas próprias medidas e compará-las com as de outros observadores europeus, como as de Thomas Digges, Tycho Brahe descobre que essa “nova” estrela está muito além da Lua, indicando, portanto, um rompimento com a tradição aristotélica, segundo a qual tal objeto deveria estar na esfera sublunar, já que o céu era imutável. Registre-se que Tycho Brahe recusa o modelo de Copérnico porque ele contradiz a Bíblia e, também, porque não se observam paralaxes anuais das estrelas, uma consequência natural desse modelo. 1576 – O astrônomo inglês Thomas Digges (1546-1595), o Primeiro a romper com a ideia das esferas fixas de Ptolomeu, considerando-os objetos a diferentes distâncias mas uniformemente distribuídos no espaço, decide escrever e anexar um suplemento a uma obra de seu pai, Leonard Digges (1520-1559), intitulada “Prognostication Everlasting”. O suplemento, escrito para divulgar a teoria heliocêntrica de Copérnico, da qual Thomas Digges é um dos mais apaixonados defensores na Inglaterra, intitula-se “A Perfit Description of the Coelestial Orbits” (Uma descrição Completa das Esferas Celestes) e acaba se tornando um dos trabalhos científicos mais populares na Inglaterra da época, a ponto de merecer pelo menos sete edições entre 1586 e 1605. A remoção das esferas fixas, indicando que as estrelas não se acham sempre à mesma distância do Sol, mas se distribuem pelo espaço infinito, constitui uma ruptura radical, que salta de um Universo medieval, finito, para o Cosmo infinito e uniformemente povoado de estrelas. Efetua-se, dessa maneira, decorridos apenas trinta anos da revolução copernicana, outra revolução, que abre caminho às modernas concepções do Universo. 1576 (8 de agosto) – Tycho Brahe começa a construção do mais importante observatório da era pré-telescópica, chamado Uraniborg (Castelo dos Céus), na ilha de Hveen. Oito anos mais tarde, Brahe conclui um segundo edifício com dependências subterrâneas, que visam a proteger os instrumentos contra a ação dos ventos da ilha. 1577 – Tycho Brahe observa um cometa, visível durante vários meses, e usa a paralaxe para provar (por meio da medida da distância à Terra) que os cometas são objetos distantes e não fenômenos atmosféricos, como postulara Aristóteles. Ao atribuir a esses astros uma órbita ovalada, Brahe contraria o pensamento dominante desde a Antiguidade, pois supunha-se até então que as órbitas dos corpos celestes deveriam, necessariamente, ser circulares, pois esta era a forma mais perfeita, e a perfeição caracterizaria a região extralunar. 1582 (24 de fevereiro) – o papa Gregório XIII (1502-1585), assessorado por Christopher Clavius, decreta, por meio da bula “Inter Gravissimas”, a reforma do calendário juliano. Cria assim o calendário gregoriano, que vigora até hoje. O novo calendário suprime 10 dias do ano de 1582, saltando imediatamente do dia 4 de outubro (quinta-feira) para o dia 15 (sexta-feira) do mesmo mês. Ainda segundo as reformas instituídas por Gregório XIII, convenciona-se que só são bissextos os anos divisíveis por 4. Adota-se, no entanto, um critério especial para os anos de final de século: são bissextos apenas aqueles cujas centenas são divisíveis por 4 (1600, 2000). O ano de 1900, por exemplo, não foi bissexto, porque 19 não é divisível por 4; já o ano 2000 foi bissexto, porque 20 é divisível por 4. O calendário gregoriano é proposto num momento de grandes conflitos de ordem religiosa. Assim, de início, é aceito apenas nos países católicos: Itália, Espanha, Portugal, Polônia, França, Bélgica e Luxemburgo. Nos demais países, vai sendo adotado com o tempo. 1583 – Tycho Brahe propõe para o Sistema Solar um modelo híbrido, com características heliocêntricas e geocêntricas. Segundo esse modelo, os planetas então conhecidos (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) giram em torno do Sol, e todos juntos, incluindo o Sol, orbitam a Terra. Sendo Brahe um cientista eminente e tendo convicções religiosas bastante arraigadas, esta é a fórmula que ele encontra para conciliar o geocentrismo bíblico, defendido pela Igreja católica, com o heliocentrismo, cuja realidade se torna cada vez mais evidente à medida que os seus estudos em astronomia progridem. 1584 – A Áustria e partes da Suíça adotam o calendário gregoriano. 1584 – O monge dominicano e filósofo italiano Giordano Bruno (1548-1600), o primeiro a idealizar uma verdadeira construção cosmológica, indo muito além das limitações de Copérnico e lançando as bases da moderna concepção do Universo, em seu diálogo intitulado “De L’Infinito Universo et Mondi” (Do Infinito Universo e Mundos), escreve: “Uno, portanto, é o céu, o espaço imenso, o âmago, o continente universal, a eterna região onde tudo se move. Ali se encontram inumeráveis estrelas, astros, globos, sóis e terras, que, infinitos, argumentam racionalmente entre si. O Universo, imenso e infinito, é o composto resultante de tal espaço e de tantos corpos”. Nessa mesma obra, ao discorrer sobre os sóis e os mundos que povoam o Universo, esforçando-se por não permanecer num nível demasiadamente abstrato, Giordano Bruno se pergunta se tais sóis seriam visíveis de alguma forma. A resposta, um pouco indecisa, demonstra ter ele intuído que os outros sóis não poderiam ser senão estrelas. Esse é um ponto fundamental na história do pensamento científico: pela primeira vez se considera a natureza física das estrelas, vistas como astros semelhantes ao Sol, apenas diferentes entre si em termos de brilho aparente, devido às diferentes distâncias a que se encontram da Terra. 1587 – A Hungria adota o calendário gregoriano. 1596 – No livro intitulado "Precursor dos Tratados Cosmográficos", contendo o Mistério Cósmico das admiráveis proporções entre as órbitas celestes e as verdadeiras e corretas razões dos seus Números, Grandezas e Movimentos Periódicos, conhecido popularmente apenas como Mistério Cosmográfico, o astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630) publica os primeiros resultados de seu modelo planetário. 1596 (13 de agosto) – É descoberta a primeira estrela variável (Omicron Ceti, hoje mais conhecida como Mira Ceti) pelo astrônomo alemão David Fabricius (15641617). Distante cerca de 420 anos-luz, seu brilho varia entre as magnitudes 2,0 e 10,1, completando um ciclo em aproximadamente 332 dias. Uma estrela cujo brilho varia contradiz o dogma aristotélico da imutabilidade e da incorruptibilidade do céu. 1598 – Na obra “Astronomicae INstauratae Mecanica”, Tycho Brahe substitui o cattálogo de estrelas de Ptolomeu, ainda em uso, por um novo catálogo, baseado totalmente em observações independentes. 1600 – O físico inglês William Gilbert (1544-1603) publica "De Magnete", livro em que afirma ser a Terra um imenso ímã e defende a infinitude do Universo. 1600 (17 de fevereiro) – Condenado pela Inquisição, Giordano Bruno é queimado vivo no Campo di Fiori, em Roma. 1603 – William Gilbert compila os primeiros desenhos da superfície lunar feitos a partir de observações a olho nu. 1603 (1º de setembro) – O astrônomo alemão Johann Bayer (1572-1625) publica “Uranometria” e neste trabalho introduz a designação das estrelas pela sua constelação e por letras gregas na ordem aproximada de brilho aparente, como, por exemplo, Alpha Centauri. É importante ressaltar que este texto aparece ainda antes da introdução do telescópio na Astronomia, que só ocorre em 1609. 1604 – O astrônomo e matemático italiano Galileu Galilei (1564-1642) demonstra, no livro “De Moto Acceleratu” (Sobre O Movimento Acelerado), que o movimento de um corpo em queda livre é acelerado, crescendo em relação ao tempo. Ele conclui que a gravidade não produz movimento, somente o altera, uma vez que um corpo, livre da ação da gravidade, desloca-se com trajetória retilínea e velocidade uniforme, argumento que justifica o movimento dos astros. 1604 (9 de outubro) – a supernova de Johannes Kepler é observada na constelação de Ofiúco. Distante cerca de 20 mil anos-luz da Terra, atinge a magnitude –2,5 e permanece visível por dezoito meses. Esta é a última das quatro supernovas observadas na Via Láctea até hoje. 1607 – Johannes Kepler e Christian Longomontanus (1562-1647, um dinamarquês discípulo de Tycho Brahe, observam a passagem do cometa Halley, cujo periélio ocorre em 27 de outubro. 1608 – O fabricante de lentes holandês Hans Lippershey (1570-1619) tenta patentear um telescópio refrator óptico. 1609 – Johannes Kepler, usando as observações de Tycho Brahe, estabelece, no livro “Astronomia Nova”, suas duas primeiras leis empíricas do movimento planetário: 1. Os planetas descrevem órbitas elípticas, com o Sol num dos focos. 2. O raio vetor que liga um planeta ao Sol descreve áreas iguais em tempos iguais. A primeira lei de Kepler desfaz a crença no movimento circular dos planetas, vigente desde a Antiguidade, por estar o círculo relacionado à perfeição. 1609 (maio) – Galileu Galilei constrói o primeiro telescópio refrator óptico astronômico. Trata-se de uma modesta luneta, capaz de aumentar três vezes os objetos focados. No entanto, o progresso é rápido, a ponto de, no ano seguinte, Galileu dispor de um telescópio com capacidade de 33 aumentos. A partir da utilização destes instrumentos ópticos, tem início a astronomia moderna. O olho humano deixa de ser o único meio disponível para observar o céu, passando a receber o auxílio de telescópios cada vez mais potentes. 1609 (26 de julho) – O matemático e astrônomo inglês Thomas Harriot (15601621) é o primeiro a fazer desenhos da Lua com o auxílio de um telescópio, antecipando-se a Galileu Galilei em vários meses. Esses desenhos, contudo, não são publicados. 1609 (agosto) – Utilizando seu telescópio, Galileu Galilei observa que a Lua possui vales, montanhas, "mares" e "oceanos". 1610 – Galileu Galilei vê os anéis de Saturno, mas não reconhece que são anéis. Além disso, ele observa as crateras da Lua, distingue as fases de Vênus e descobre que a Via Láctea é formada por estrelas. Com isso, Galileu dá início ao principal ramo da astronomia atual, a astrofísica. 1610 - Galileu Galilei observa Marte, sugerindo, de forma correta, que o planeta não é perfeitamente esférico, embora não lhe seja possível distinguir detalhes da superfície. 1610 – Num trabalho intitulado “Dissertatio cum Muntio Sidereo”, Johannes Kepler usa o fato de que o céu é escuro à noite como argumento para provar que o Universo é finito, como que encerrado por uma parede cósmica escura, rejeitando com veemência a ideia de um Universo infinito recoberto de estrelas, que nessa época estava ganhando vários adeptos, principalmente depois da comprovação, por Galileu Galilei, de que a Via Láctea é composta de uma miríade de estrelas. É a primeira formulação daquilo que mais tarde será conhecido como paradoxo de Olbers. 1610 – O astrônomo francês Nicholas-Claude Peiresc (1580-1637) descobre a primeira nebulosa gasosa, difusa e brilhante, que é hoje conhecida como nebulosa de Órion (M 42), em torno da estrela Theta Orionis. Situada a aproximadamente 1350 anos-luz da Terra, é visível a olho nu (magnitude 4) e tem diâmetro estimado em 24 anos-luz. Nela se encontra o aglomerado estelar do Trapézio. 1610 –Thomas Harriot apresenta os primeiros diagramas sobre as manchas solares. Ele também sustenta que as leis de Kepler enunciadas em 1609 são válidas para os cometas, defendendo a ideia de que estes astros orbitam o Sol. 1610 (7 de Janeiro) – Galileu Galilei descobre três dos quatro grandes satélites de Júpiter hoje conhecidos como “galileanos”: Calisto, Io e Europa. Calisto – Diâmetro: 4.820 km (segundo maior satélite de Júpiter e terceiro de todo o Sistema Solar); período orbital: 16,689 dias; distância média ao planeta: 1.882.700 km; superfície: 73 milhões de km2; volume: 59 bilhões de km3; massa: 107,5 quintilhões de toneladas; densidade: 1,834g/cm3; gravidade: 0,126 G (a gravidade da Terra é de 1 G); magnitude aparente: 5,65. Io – Diâmetro: 3.660 x 3.637,4 x 3.630,6 km (quarto maior satélite do Sistema Solar ); período orbital: 1,769 dia; distância média ao planeta: 421.700 km; superfície: 41,910 milhões de km2; volume: 25,3 bilhões de km3; massa: 89,319 quintilhões de toneladas; densidade: 3,528g/cm3; gravidade: 0,183 G; magnitude aparente: 5,02. Europa – Diâmetro: 3.138 km (o menor dos “galileanos”); período orbital: 3,551 dias; distância média ao planeta: 670.900 km; superfície: 39 milhões de km2; volume: 15,93 bilhões de km3; massa: 48 quintilhões de toneladas; densidade: 3,01g/cm3; gravidade: 0,134 G; magnitude aparente: 5,29. 1610 (7 de janeiro) – Galileu Galilei redige sua primeira carta descrevendo as observações telescópicas das crateras e superfície da Lua feitas por ele usando sua luneta com 20 aumentos. Ele escreve: “... é visto que a Lua não é evidentemente plana, lisa e de superfície regular, como acredita um grande número de pessoas, mas, pelo contrário, é áspera e desigual. Em resumo, ela está cheia de proeminências e cavidades semelhantes, mas muito maiores, que as montanhas e vales esparramados em cima da superfície da Terra”. 1610 (11 de janeiro) – Galileu Galilei descobre Ganímedes, o quarto satélite “galileano” de Júpiter. É o maior satélite do Sistema Solar, com diâmetro de 5,268 km (superior ao de Mercúrio) e período orbital de 7,154 dias, estando, em média, a 1.070.400 km do planeta. Dados complementares – Superfície: 87 milhões de km2; volume: 76 bilhões de km3; massa: 148,19 quintilhão de toneladas; densidade: 1,936g/cm3; gravidade: 0,146 G; rotação: síncrona: magnitude aparente: 4,61. Ele denomina essas luas jovianas de “Estrelas medicianas”, em homenagem a Cósimo II de Medici (1590-1621), o quarto grão-duque da Toscana. Simon Marius (1573-1624), astrônomo alemão que dá a estes quatro satélites os nomes pelos quais são hoje conhecidos, afirma tê-los observado antes de Galileu, mas a “paternidade” de tal descoberta jamais lhe foi oficialmente atribuída. Trata-se dos primeiros corpos celestes até então observados girando ao redor de outro planeta, o que constitui um grande argumento a favor do heliocentrismo, pois a Terra perde o “status” de único planeta ao redor do qual orbitam satélites. 1610 (março) – Galileu Galilei publica, em Veneza, “Sidereus Nuncius” (Mensageiro Sideral) e comunica ao mundo as sensacionais descobertas que fizera graças à sua pequena luneta. Poucos meses antes, no auge de uma frenética atividade de observação, ele escrevera: “Sou infinitamente grato a Deus, que teve a bondade de fazer de mim o primeiro e o único observador de coisas admiráveis e que por séculos permaneceram ocultas”. 1611 (1º de janeiro) – numa carta dirigida a Giuliano de Médici (1469-1516), Galileu Galilei dá conhecimento de suas observações sobre as fases de Vênus. 1611 (14 de abril) – É empregada pela primeira vez a palavra "telescópio", numa festa oferecida pelo Príncipe italiano Federico Cesi (1585-1630). O termo deriva do grego tele (longe) e skopein (ver). 1611 (13 de junho) – O Astrônomo holandês Johannes Fabricius (1587-1615) é o primeiro cientista a publicar informação sobre observações de manchas solares, em seu “Narração em Manchas Observadas no Sol e a Rotação Aparente delas com o Sol”. 1612 – Galileu Galilei começa a observar Mercúrio, e dos seus escritos deduz-se que ele está convencido de que esse planeta tem fases, embora seu instrumento não lhe permita observá-las diretamente. 1612 – Galileu Galilei registra duas observações de um astro luminoso que, mais de três séculos depois (1980), é identificado por astrônomos norte-americanos como sendo Netuno. 1612 – Simon Marius é o primeiro a observar Andrômeda (M31), distante aproximadamente 2,5 milhões de anos-luz e maior galáxia do Grupo Local, do qual faz parte a Via Láctea.. 1612 (5 de janeiro) – O jesuíta alemão Christopher Scheiner (1573?-1650) publica as Cartas de Apelles, nas quais expõe o resultado das observações que fizera, a partir do ano anterior, de manchas solares, atribuindo-as à sombra projetada no Sol por pequenos corpos opacos que, segundo ele, orbitam a estrela. Portanto, para Scheiner, as tais manchas são apenas uma ilusão de óptica. Este livro dá início a uma violenta polêmica com Galileu Galilei. 1613 (abril) – Galileu Galilei publica o livro “Istoria E Dimostrazione Intorno alle Macchie Solare” (História e Demonstração em Torno das Manchas Solares), no qual observações das manchas solares são utilizadas com o objetivo de provar a existência da rotação do Sol. Ele assume assim, publicamente, o sistema heliocêntrico de Nicolau Copérnico. Trata-se de uma resposta ao livro de Christopher Scheiner, acirrando uma polêmica que durará anos. Uma novidade em relação a esta obra é que ela está escrita em italiano, e não em latim, como era costume na época. Segundo Galileu, ele pretende que o livro possa ser lido pelas pessoas comuns, não estando restrito a letrados que sabem latim. A partir daí, escreverá em italiano todas as suas obras. No final desse mesmo ano, em carta ao discípulo Benedetto Castelli (1578-1643), afirma que o caráter alegórico das Sagradas Escrituras não autoriza conclusões sérias, visto serem destituídas de qualquer teor científico. 1613 (janeiro) – Galileu Galilei observa Netuno, mas pensa tratar-se de uma estrela. 1614 – Simon Marius publica "Mundus Jovalis", descrevendo o planeta Júpiter e suas luas. Na obra, afirma ter descoberto as quatro maiores luas de Júpiter dias antes de Galileu, dando início a uma disputa com o cientista italiano. 1616 – A repercussão das declarações de Galileu sobre o heliocentrismo é tão violenta, e os ânimos se exaltam a tal ponto que culminam com a inclusão do livro de Copérnico no “Index Librorum Proibitorum” (relação de obras proibidas pela Igreja), criado em 1559 pela Inquisição. Algumas passagens bíblicas são apontadas como "provas" contra o heliocentrismo, estando a mais citada delas em Josué, capítulo 10, versículos 12 e 13: "No dia em que Javé entregou os amorreus aos israelitas, Josué falou a Javé e disse na presença de Israel: "Sol, detenha-se em Gabaon! E você, lua, no vale de Aialon!" E o sol se deteve e a lua ficou parada, até que o povo se vingou dos inimigos. No Livro do Justo está escrito assim: "O sol ficou parado no meio do céu e um dia inteiro ficou sem ocaso". 1616 (25 de fevereiro) – o cardeal Roberto Bellarmino (1542-1621) intima Galileu Galilei a renunciar à sua afirmação de que a Terra gira em torno do Sol. Ele fica proibido de discutir o heliocentrismo. 1616 (5 de maio) – A teoria de Copérnico é condenada oficialmente pela Igreja. A proposição segundo a qual o Sol é o centro imóvel do Universo é declarada falsa, filosoficamente absurda e formalmente herética por uma comissão do Santo Ofício presidida pelo cardeal Bellarmino. 1618 – Ocorre uma polêmica, tendo de um dos lados Galileu Galilei e do outro Johannes Kepler e o jesuíta Orazio Grassi (1583-1654), acerca dos cometas. Enquanto o cientista italiano defende a concepção aristotélica da origem atmosférica, o astrônomo alemão e o religioso sustentam que os cometas são corpos celestes e pertencem à região extralunar. 1618 – Johannes Kepler, em seu tratado “Epitome Astronomiae Copernicae” (Síntese da Astronomia de Copérnico), fornece uma representação do Universo, segundo a visão de Giordano Bruno, por meio de uma ilustração na qual as estrelas se distribuem uniformemente sobre um fundo escuro, e uma letra M, próxima de uma estrela qualquer, indica a posição não-privilegiada do Sol, do nosso mundo (daí a letra M). 1619 – Johannes Kepler publica “Harmonices Mundi (Harmonias do Mundo) e postula um vento solar para explicar a direção das caudas dos cometas. Ele também estabelece a sua terceira lei empírica do movimento planetário: os quadrados dos períodos de revolução são proporcionais aos cubos das distâncias médias do Sol aos planetas. Isso significa que, quanto mais afastado um planeta está da estrela em torno da qual gira, menor é sua velocidade de translação. Ademais, essa lei kepleriana permite, conhecendo-se o período de translação, estabelecer a distância a que um planeta orbita uma estrela. 1621 – O astrônomo e sacerdote francês Pierre Gassendi (1592-1655) descreve as auroras boreais, cunhando também o nome do fenômeno. 1623 – Galileu Galilei publica "Il Saggiatore" (O Ensaiador), obra na qual demonstra que as observações astronômicas estão mais de acordo com o heliocentrismo, afirma que os cometas e as auroras boreais são ilusões ópticas causadas por reflexões em vapores terrestres que atingem o céu além da Lua e enuncia sua famosa frase: "A matemática é a linguagem da natureza". 1624 – Numa carta dirigida a Francesco Ingoli, um estudioso de Ravenna, Galileu Galilei escreve: “As estrelas fixas, senhor Ingoli, brilham por si mesmas, como já provei anteriormente, e, portanto, nada lhes falta para poderem ser chamadas sóis”. Galileu concorda, pois, com as ideias acerca das estrelas defendidas quatro décadas antes por Giordano Bruno. 1627 – Johannes Kepler publica seu último trabalho: "Tabelas Rodolfinas", em homenagem ao Imperador romano-austríaco Rodolfo II (1552-1612) e dedicadas à memória de Tycho Brahe, as quais contêm as observações de Tycho e dele próprio sobre o movimento dos planetas. Em sua confecção, Kepler utiliza um novo método de cálculo matemático (os logaritmos) inventado pelo matemático escocês John Napier (1550-1617), em 1614. 1631 (7 de novembro) – Pierre Gassendi faz a primeira observação do trânsito de um planeta (Mercúrio), o qual havia sido previsto por Kepler. Ocorre um trânsito quando um planeta, visível da Terra, passa entre esta e o Sol, ocultando parte do disco solar. É semelhante a um eclipse, e os três corpos celestes (Terra, planeta e Sol) precisam estar alinhados. Pode haver apenas trânsitos de Mercúrio e de Vênus, os únicos planetas internos à órbita terrestre. 1632 – Galileu Galilei publica “Dialogo sopra I Due Massimi Sistemi del Mondo” (Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo), com clara inclinação pelo heliocentrismo. Na parte final da obra, ele demonstra que a Terra gira em redor do Sol. 1633 (22 de junho) – Diante do Santo Ofício, Galileu, temendo o agravamento da sua situação e para evitar condenação maior – de consequências certamente trágicas –, se vê obrigado a voltar atrás e a negar tudo o que escrevera. É condenado a passar os últimos oito anos de sua vida sob prisão domiciliar. 1634 – É editado, postumamente, o livro "Somnium sive opus postumum de astronomia lunari", de Johannes Kepler, que relata uma viagem à Lua feita pelo adolescente Duracotus, personagem central da narrativa e uma projeção literária do próprio autor. Mescla de autobiografia e de ficção, o livro é considerado precursor e inspirador da futura novela de aventuras siderais. 1637 – É inaugurado o Observatório de Copenhague, sob a direção de Christian Longomontanus. 1639 – O astrônomo e jesuíta italiano Zupus – Giovanni Battista Zupi (1590-1650) – consegue distinguir as fases de Mercúrio, demonstrando conclusivamente que este planeta orbita o Sol. 1639 – Os astrônomos ingleses Jeremiah Horrocks (1618-1641) e William Crabtree (1610-1644) observam pela primeira vez um trânsito de Vênus. 1639 (28 de setembro) – O astrônomo e naturalista alemão George Marcgrave (1601-1644) inaugura, numa das torres do palácio de Friburgo, que Maurício de Nassau (1604-1679) fizera construir na Ilha de Antônio Vaz (Pernambuco), um observatório astronômico, o primeiro do Novo Mundo e do hemisfério austral. Aí são igualmente feitas as primeiras observações astronômicas e meteorológicas sistemáticas do Novo Continente. 1640 (13 de novembro) – Primeiro eclipse da Lua cientificamente acompanhado no novo mundo, registrado por George Marcgrave a partir de suas observações, feitas no Brasil. 1641 – William Gascoigne (1612-1644) inventa os fios de retículo do telescópio. 1641 – O astrônomo alemão de origem polonesa Johann Hevelius (1611-1687) inaugura um observatório (denominado Stellaburgum) em sua própria casa, em Danzig, equipando-o com um quadrante azimutal de 1,5m de raio, além de um sextante de 1,8m. 1643 - O físico e matemático italiano Evangelista Torricelli (1608-1647) inventa o barômetro, instrumento utilizado para medir a pressão atmosférica, que pode ser definida como a força, por unidade de área, exercida pelo ar contra uma superfície. Ao nível do mar, a pressão atmosférica é de aproximadamente 101,325 quilopascais (kPa), o que equivale a uma densidade do ar de 1,25 kg/m3; ela diminui com a altitude, sendo de pouco menos de 0,3 kg/m3 a 8.840m, o que corresponde, aproximadamente, ao pico do Monte Everest, o ponto mais alto da Terra. A variação da pressão atmosférica implica também uma variação proporcional do ponto de fusão e de ebulição dos elementos químicos. A água, por exemplo, que ferve a 100°c ao nível do mar, atinge o ponto de ebulição a 69°c no topo do Everest. 1643 (9 de janeiro) – O jesuíta italiano Giovanni Battista Riccioli (1598-1671) é o primeiro a informar o fenômeno conhecido como Luz Pálida de Vênus. Trata-se de uma luminescência lânguida no lado noturno do planeta, semelhante ao brilho da Terra na Lua, embora não tão luminoso. A Luz pálida é observada quando Vênus está no céu da noite, e a face escura do planeta está voltada para a Terra. Estudos são mais tarde tentados por algumas missões espaciais, inclusive pelas sondas Pioneer e pelas sondas russas Venera 11 e 12. O fenômeno ainda permanece esporádico e a explicação, duvidosa. 1644 – Johann Hevelius confirma as fases de Mercúrio observadas cinco anos antes por Zupus. 1644 – O filósofo e matemático francês René Descartes (1596-1650) aventa a hipótese de que o Sol, os planetas e os satélites originaram-se a partir de uma nebulosa primordial. Ele também apresenta, em seu livro "Princípios de Filosofia", a ideia da infinitude do Universo, por não se poder pensar sobre um limite para a sua extensão. Na mesma obra, ele afirma que o espaço é a extensão do que se move em torno dos corpos, como também rejeita a existência do átomo, já que podemos pensar em dividir a matéria ilimitadamente. Rejeita também a ideia de vácuo, ao considerar o espaço como um "plenum", cheio de matéria da mesma espécie e em movimento, movimento esse dado inicialmente por Deus. Como não admite a ideia de força de atração a distância, e considerando que a interação de sistemas físicos só pode ocorrer por contato, Descartes é levado ao conceito de éter – o seu "plenum" – e, em consequência, formula a teoria dos vórtices para explicar a gravitação. 1645 – o cartógrafo e astrônomo holandês Michael Florent van Langren (1598- 1675) elabora o primeiro mapa da Lua. 1647 – Johann Hevelius publica “Selenographia, sive Lunae descriptio”, obra pela qual é considerado o fundador da topografia lunar ou selenografia. 1650 – Giovanni Battista Riccioli é o primeiro a observar uma estrela dupla: MizarAlcor, na constelação da Ursa Maior. Hoje sabe-se que se trata de um sistema estelar múltiplo, com pelo menos seis componentes. 1651 – É editado postumamente o livro "De Mundo nostro Sublunari Philosophia Nova", de William Gilbert, no qual o cientista defende a rotação da Terra, nega a existência de uma esfera de estrelas fixas e nega, também, a finitude do Universo. 1651 - Giovanni Battista Riccioli publica um mapa da Lua denominado "Almagestum novum", com observações de seu aluno Francesco Maria Grimaldi (1618-1663), em que são dados às montanhas lunares nomes de formações terrestres (Apeninos, Alpes, Cárpatos...), e as crateras mais notáveis recebem nomes de astrônomos famosos anteriores a ele e contemporâneos. Os “mares” recebem denominações meteorológicas ou abstratas (Mar da Serenidade, da Fecundidade, da Tempestade, dos Humores...). Este sistema perdura até hoje e continua servindo de modelo para a nomenclatura da topografia lunar. 1654 – O siciliano Giovanbattista Hodierna (1597-1660) publica o primeiro catálogo de nebulosas, relacionando 41 objetos e tentando dar-lhes classificações em termos de fundamentação estelar. 1654 – O religioso irlandês James Ussher (1581-1656), Arcebispo de Armagh, após o exame de fontes históricas antigas e das Escrituras Sagradas, conclui que o mundo foi criado às 9h da manhã do dia 26 de Outubro de 4004 a.C. 1655 (25 de março) – O astrônomo holandês Christian Huygens (1629-1695) descobre Titã, primeiro satélite conhecido de Saturno. Ele o chama simplesmente de “Saturni Luna” (ou “Luna Saturni”), forma latina de “Lua de Saturno”. O nome Titã é dado apenas em 1847. Titã, segundo maior satélite do Sistema Solar, tem diâmetro de 5.152 km (superior ao de Mercúrio) e orbita Saturno, à distância média de 1.221.870 km, em 15,945 dias. Dados complementares: superfície: 83 milhões de km2; massa: 134,52 quintilhões de toneladas; densidade: 1,88g/cm3; gravidade: 0,14 G; magnitude aparente: 7,9. 1656 – Christian Huygens identifica os anéis A e B de Saturno como sendo anéis e descobre formações estelares na nebulosa de Órion. Ademais, é o primeiro a observar sulcos na superfície de Marte. 1656 – Christian Huygens patenteia o primeiro relógio de pêndulo, que havia desenvolvido para satisfazer a necessidade de uma medida exata de tempo ao longo de suas observações dos céus. 1659 – Christian Huygens observa a mancha escura hoje conhecida como Syrtis Major, o primeiro detalhe da superfície marciana a ser identificado. 1661 – Johann Hevelius publica o catálogo “Sternverzeichnis” (“Índice de Estrelas”). 1663 – O matemático e físico teórico escocês James Gregory (1638-1675) propõe um telescópio refletor óptico. 1664 – O inglês Robert Hooke (1635-1703) descobre a Grande Mancha Vermelha de Júpiter, região anticiclônica (sistema de alta pressão) localizada no hemisfério sul do planeta. 1665 – O astrônomo francês de origem italiana Giovanni Domenico (ou JeanDominique) Cassini (1625-1712) determina as velocidades rotacionais de Júpiter e de Vênus. 1665 – O astrônomo amador alemão Johann Abraham Ihle (1627-1699) descobre o primeiro aglomerado globular, M22, em Sagittário. Aglomerados globulares são grupos estelares com forma aproximadamente esférica, com dimensões médias de cem anos-luz, em cujo interior há grande concentração de estrelas antigas (podem ser até centenas de milhares). Em geral, estão localizados longe do centro da Galáxia, havendo mesmo aglomerados globulares extragalácticos. 1666 – Giovanni Cassini determina o período de rotação de Marte, concluindo que é de 24h40min (valor real: 24h37min22,7s). 1666 – Giovanni Cassini assinala a presença de calotas polares em Marte, supondo serem formadas por neve. 1667 – Entra em atividade o Observatório Nacional de Paris, que se celebriza graças ao trabalho dos astrônomos da família Cassini. 1668 – O físico, matemático e astrônomo inglês Isaac Newton (1642-1727) descobre que, fazendo-se um feixe de luz branca atravessar um prisma de vidro, obtém-se sua decomposição nas sete cores do espectro visível (as mesmas do arco-íris): vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta. O princípio físico em que se baseia a decomposição da luz é a refração: ao atravessar a superfície de separação entre dois meios transparentes, de índices de refração diferentes, o feixe luminoso sofre um desvio proporcional ao comprimento de onda da luz. 1668 – Isaac Newton constrói o primeiro telescópio refletor óptico, baseado parcialmente em um desenho criado, em 1663, por James Gregory. 1668 – O astrônomo italiano Geminiano Montanari (1633-1687) descobre a primeira binária eclipsante: Algol, beta de Perseu. Binárias eclipsantes são duplas de estrelas em que o plano de órbita de ambas se aproxima de tal forma da linha de visão do observador que as componentes passam por eclipses mútuos. São estrelas variáveis, não porque a luz de cada uma varie, mas por causa do movimento eclipsante. 1670 – O astrônomo francês Jean Picard (1620-1682) mede o raio da Terra com uma precisão sem precedentes, obtendo o valor de 6.328,9 km (valor correto do raio polar: 6.356,8 km). Essa medição mais precisa é usada por Newton no aperfeiçoamento da sua lei da gravitação universal. 1671 (25 de outubro) – É descoberto o satélite Jápeto, segundo conhecido de Saturno, por Giovanni Cassini. Diâmetro: 1.494,8 x 1.424,8 km; período orbital: 79,321 dias; distância média ao planeta: 3.560.820 km; massa: 1,805 quintilhão de toneladas; densidade: 1,83g/cm3. 1672 – Jean Richter e Giovanni Cassini medem a unidade astronômica (distância da Terra ao Sol) com o valor de 138.370.000 km, mais de 11.000.000 de km abaixo do valor real (149.600.000 km). 1672 – O padre francês Laurent Cassegrain (1629-1693) desenvolve o modelo de telescópios que leva o seu nome. 1672 (13 de agosto) – Christian Huygens descobre as calotas polares do planeta Marte. 1672 (23 de dezembro) – Giovanni Cassini descobre Reia, terceiro satélite conhecido de Saturno. Diâmetro: 1.535,2 x 1.525 x 1.526,4 km (segundo maior de Saturno); período orbital: 4,518 dias; distância média ao planeta: 527.108 km; massa: 2,307 quintilhão de toneladas; densidade: 2,233g/cm3. 1675 – O astrônomo dinamarquês Ole Römer (1644-1710) usa a mecânica orbital dos satélites de Júpiter para estimar que a velocidade da luz é de cerca de 227.000 km/s (valor real: 299.792,458 km/s). 1675 – Giovanni Cassini verifica que, entre os anéis A e B (mais interno) de Saturno há um vazio, que recebe o nome de “divisão de Cassini”. 1675 (22 de junho) – É fundado o Royal Greenwich Observatory (Observatório Real de Greenwich), com o intuito específico de aperfeiçoar instrumentos e desenvolver novos métodos para a determinação das posições geográficas para a navegação. Projetado por Sir Christopher Wren (1632-1723), sua construção termina no ano seguinte, sendo John Flamsteed (1646-1719) nomeado primeiro astrônomo real. 1678 – O astrônomo inglês Edmond Halley (1656-1742) publica um catálogo de 341 estrelas do hemisfério sul, o primeiro levantamento sistemático do céu desse hemisfério. 1680 (14 de novembro) – O astrônomo alemão Gottfried Kirch (1639-1710) descobre C/1680 V1, um dos mais brilhantes cometas do século XVII (segundo alguns, visível durante o dia) e o primeiro a ser identificado por telescópio. Conhecido também como Grande Cometa de 1680 ou Cometa de Kirch, passa a 60 milhões de km da Terra em 30 de novembro. Alcança o periélio (a apenas 898.000 km) em 18 de dezembro e, onze dias mais tarde, atinge o brilho máximo. A última observação ocorre em 19 de março de 1681. Este cometa é famoso por ter sido utilizado por Isaac Newton para testar e verificar as leis do movimento planetário de Kepler, fundamentais para a elaboração da sua teoria da gravitação universal. 1682 – Edmond Halley observa e calcula a órbita do cometa que mais tarde levará seu nome. O periélio ocorre em 15 de setembro. 1684 (21 de março) – Giovanni Cassini descobre Tétis e Dione, quarto e quinto satélites conhecidos de Saturno. Tétis – Diâmetro: 1.080,8 x 1.062,2 x 1.055 km; período orbital: 1,887 dia; distância média ao planeta: 294.619 km; massa: 617,4 quatrilhões de toneladas; densidade: 0,973g/cm3. Dione – Diâmetro: 1.127,6 x 1.122 x 1.120 km: período orbital: 2,736 dias; distância média ao planeta: 377.396 km; massa: 1,095 quintilhão de toneladas; densidade: 1,476g/cm3. 1687 (5 de julho) – Isaac Newton publica seu livro “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica” (Princípios Matemáticos da Filosofia Natural), em três volumes, esboçando as leis da mecânica e a lei da gravidade (ou da gravitação universal), concebida a partir de 1666, segundo a qual a força de atração entre dois corpos é proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que os separa. As três leis da mecânica de Newton são: 1. princípio da inércia: um corpo que esteja em movimento ou em repouso tende a manter seu estado inicial. 2. Princípio fundamental da mecânica: a resultante das forças que agem num corpo é igual ao produto de sua massa pela aceleração adquirida. 3. lei de ação e reação: Para toda força aplicada existe outra de mesmo módulo, mesma direção e sentido oposto. Newton rompe assim, definitivamente, com a concepção de mundo vigente desde a Antiguidade. A partir daí, as mesmas leis da mecânica passam a reger tanto os fenômenos terrestres como os do céu, e o Cosmo deixa de ser fechado – como acreditavam os gregos – para se estender até o infinito. 1690 – Christian Huygens publica “Traité de la lumière” (“Tratado da Luz”), em que formula a teoria ondulatória da propagação da luz, elaborando o "princípio de Huygens", no qual expõe sua concepção da luz como onda de energia que se propaga no espaço, teoria que é posteriormente desenvolvida pelo físico francês Augustin Fresnel (1788-1827). 1690 – Giovanni Cassini percebe que a rotação da atmosfera superior de Júpiter não é constante em todos os seus pontos. A rotação da região polar da atmosfera do planeta é aproximadamente cinco minutos mais demorada do que a da região equatorial. 1690 - John Flamsteed observa Urano pelo menos seis vezes, mas não reconhece o astro como planeta e o cataloga como sendo a estrela 34 Tauri. 1698 – Edmond Halley calcula as órbitas dos 24 cometas observados entre 1337 e 1698, determinando que são elípticas, como as dos planetas. Intrigado com a semelhança dos parâmetros orbitais dos cometas de 1531, 1607 e 1682, ele apresenta a hipótese de que se trata sempre do mesmo astro e de que ele reapareceria em 1758. 1700 – A Alemanha, a Holanda e a Dinamarca (incluindo a Noruega) adotam o calendário gregoriano. 1702 – É fundado pelos jesuítas o Observatório de Marselha, onde Jean Louis Pons (1761-1831) descobre 37 cometas, inclusive o de 1818, cuja periodicidade é reconhecida por Johann Franz Encke (1791-1865), aluno do matemático alemão Gauss. 1704 – Isaac Newton publica "Opticks", a sua obra mais importante sobre óptica, na qual expõe suas teorias anteriores e suas ideias acerca da natureza corpuscular da luz, apresentando também um estudo detalhado sobre fenômenos como refração, reflexão e dispersão luminosa. 1705 – Edmond Halley publica “A Synopsis of the Astronomy of Comets”, em que descreve 24 cometas. Neste livro, utilizando as leis de Newton, calcula corretamente o período do cometa que mais tarde levará seu nome como sendo de aproximadamente 76 anos. Suas reaparições (1758 e 1835) confirmam os Cálculos do astrônomo. 1715 – Edmond Halleycalcula a trajetória da sombra de um eclipse solar. 1716 – Edmond Halley sugere uma medição de alta precisão da distância Terra-Sol cronometrando o trânsito de Vênus. 1718 – Edmond Halley descobre o “movimento próprio” das estrelas, que se caracteriza como deslocamentos retilíneos com velocidade constante. Ele faz essa descoberta ao notar que algumas estrelas haviam mudado de posição, ao comparar suas localizações recentes com as antigas medidas tomadas por Ptolomeu. 1718 – Todas as obras de Galileu Galilei, com exceção do Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo, são publicadas em Florença, com autorização do Santo Ofício. 1720 – Edmond Halleypropõe uma forma primitiva do paradoxo de Olbers. 1724 – Daniel Gabriel Fahrenheit (1686-1736), físico e químico germânico, inventa uma escala uniforme de leitura da temperatura, utilizada até os dias de hoje nos países anglo-saxões, em que a temperatura de congelamento da água ou fusão do gelo à pressão de uma atmosfera está a 32°F (0°C) e a de ebulição, ponto máximo, a 212°F (100°C). 1725 – É publicada a “Historia Coelestis Britannica”, em três volumes, principal obra de John Flamsteed, terminada por seus assistentes, na qual os dois primeiros volumes contêm os resultados de todas as suas observações, e o terceiro é um catálogo de 3.000 estrelas. 1728 – O astrônomo inglês James Bradley (1693-1762) anuncia a descoberta da aberração da luz estelar, uma leve mudança aparente nas posições das estrelas causada pelo movimento anual da Terra. 1731 – O astrônomo inglês John Bevis (c. 1693-1771) descobre o primeiro resto de supernova, a nebulosa do Caranguejo (M1), originada a partir da supernova de 1054. 1733 – É eliminado o maior defeito dos telescópios refratores, a aberração cromática, quando o britânico Chester Moor Hall (1703-1771) obtém objetivas acromáticas, combinando diversas lentes. 1734 - No livro "Opera Philosophica et Mineralia" ("Obras Filosóficas e Mineralógicas"), o sueco Emanuel Swedenborg (1688-1772) propõe a primeira hipótese de origem nebular para o Sistema Solar, o qual teria se formado com partículas se projetando do sol em espirais e se juntando para formar os planetas. 1736 – Chega ao Brasil (Estado do Pará) uma equipe de cientistas franceses, da qual faz parte Charles Marie de La Condamine (1701-1774), nomeada pela Academia de Ciências de Paris para determinar, no equador terrestre, um arco de meridiano, incumbência que outra comissão equivalente, chefiada por Pierre Louis Maupertuis (1698-1759) e trabalhando a 70° de latitude norte, trata também de fazer para fins comparativos. Estes cientistas conseguem, por tal processo, demonstrar o achatamento polar da Terra. 1737 (28 de maio) – John Bevis registra a única ocultação de Mercúrio por Vênus visível da Terra historicamente observada. O próximo fenômeno semelhante ocorrerá em 2133. 1741 – Cai, no Japão, um meteorito que é venerado por 150 anos. Os japoneses veem nele a bela imagem de uma pedra caída do jardim da deusa Shokuyo, situado às margens do grande rio celeste (a Via Láctea). 1741 – Galileu Galilei é "reabilitado" pelo Papa Bento XIV (1675-1758) mediante a concessão do "Imprimatur", uma declaração oficial da Igreja Católica na qual se afirma que determinada obra literária ou similar não é contrária às doutrinas da Igreja e que constitui uma boa leitura para qualquer pessoa de fé católica. É permitida a publicação de todas as obras científicas de Galileu, incluindo uma versão levemente censurada do Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo. 1742 – Anders Celsius (1701-1744), astrônomo sueco, Idealiza uma escala de termometria na qual o ponto de fusão do gelo marca o 0 e o ponto de ebulição da água o 100. Uma vez marcadas estas duas temperaturas, a distância existente entre ambos os pontos divide-se em 100 partes. Cada uma destas divisões é um grau Celsius (°C) de temperatura. Esta escala recebe o nome de escala centígrada e o grau Celsius (°C) chama-se grau centígrado. 1744 (1º de março) – O Grande Cometa de 1744, oficialmente denominado C/1743 X1, descoberto (29 de novembro de 1743) por Jan de Munck e observado independentemente (09 de dezembro) pelo holandês Dirk Klinkenberg (1709-1799) e (13 de dezembro) pelo suíço Jean-Philippe de Chéseaux (1718-1751), atinge o periélio, à distância de 33.300.000 km do Sol. Visível a olho nu por vários meses, atinge a magnitude aparente -7. Pouco depois do periélio, um “leque” de seis caudas do cometa é observado no céu, o que configura um fenômeno bastante raro. A última observação ocorre em 22 de abril. Charles Messier, então com treze anos, observa o cometa, que causa nele uma profunda impressão. 1744 – O astrônomo suíço Jean-Phillipe de Cheseaux (1718-1751) propõe uma forma primitiva do paradoxo de Olbers. 1744 (31 de dezembro) – James Bradley anuncia a descoberta do movimento de Nutação da Terra. Trata-se de uma pequena oscilação periódica do eixo de rotação terrestre, com ciclo de 18,6 anos, causada pela força gravitacional da Lua. 1745 – O naturalista francês Georges Louis Leclerc Buffon (1707-1788) formula uma teoria segundo a qual um corpo massivo (que Buffon acredita ser um cometa) aproximou-se do Sol, arrancando-lhe o material que depois se condensou nos planetas. 1749 – O astrônomo francês Le Gentil (1725-1792) descobre a primeira galáxia visível apenas com o telescópio, M32. 1750 – O matemático inglês e construtor de instrumentos científicos Thomas Wright (1711-1786) publica um tratado intitulado “An Original Theory on New Hypothesis of the Universe” (Uma Teoria Original sobre Novas Hipóteses do Universo), no qual tenta, pela primeira vez, explicar a presença da Via Láctea em nossa Galáxia, vista como um dos infinitos sistemas que povoam o espaço. Via Láctea, neste caso, é a faixa leitosa que atravessa o céu, formando o plano horizontal do nosso sistema galáctico. Contudo, essse aspecto “lácteo”, de onde vem o nome da Galáxia, é apenas ilusão de óptica, pois desaparece se o céu for observado com um simples binóculo. 1752 (2 de setembro) – A Inglaterra e a Irlanda adotam o calendário gregoriano. Neste mesmo mês, também o Canadá o adota. 1753 – O jesuíta e astrônomo croata Roger Joseph Boscovich (1711-1787) descobre a ausência de atmosfera na Lua. 1753 – A Suécia (incluindo a Finlândia) adota o calendário gregoriano. 1755 – O francês Nicolas de Lacaille (1713-1762) fornece uma lista de nebulosas, compreendendo também objetos do hemisfério sul. 1755 – O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) publica a sua “História Geral da Natureza e Teoria do Céu”, obra na qual imagina as nebulosas como outras viaslácteas, cada uma formada por miríades de estrelas, distribuídas de modo a formar uma estrutura achatada, como um disco. Tais estruturas girariam em torno de um ponto central, do mesmo modo que os planetas giram em torno do Sol. Kant afirma ainda que as manchas elípticas visíveis no céu (as nebulosas) “são mundos iguais ao nosso, a Via Láctea”. A concepção kantiana não se limita à natureza desses sistemas, mas mostra-se muito mais ampla. Abrange mesmo a ordenação de todo o Universo, ao afirmar que as galáxias se agrupam entre si em outros sistemas (hoje dizemos “aglomerados de galáxias”). Esses agrupamentos, por sua vez, formam novos conjuntos (os “superaglomerados de galáxias”, na terminologia atual), e assim por diante. 1758 – A censura à publicação de livros defendendo o heliocentrismo é retirada do ”Index Librorum Proibitorum”, à exceção do Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo, de Galileu, e da obra “De Revolutionibus Orbium Coelestium”, de Copérnico. 1758 – O físico, astrônomo e matemático jesuíta croata Rudjer Josip Boscovich (1711-1787) desenvolve sua teoria de forças, na qual a gravidade pode ser repulsiva a pequenas distâncias. De acordo com ele, estranhos corpos com essas características, similares a "buracos brancos", podem existir, não sendo possível a outros corpos atingir suas superfícies. 1758 (25 de dezembro) – O astrônomo amador alemão Johann Palitzsch (17231788) é o primeiro a observar o retorno do cometa Halley, conforme havia sido previsto pelo astrônomo inglês (o periélio ocorre em 13 de março de 1759). É o primeiro cometa a ter sua periodicidade comprovada. Nicolas de Lacaille sugere dar o nome de Halley ao cometa. 1761 – O trânsito de Vênus observado pelo escritor e cientista russo Mikhail Lomonosov (1711-1765) fornece a primeira evidência de que o planeta possui uma atmosfera. 1764 – O astrônomo francês Charles Messier (1730-1817) descobre a primeira nebulosa planetária, a nebulosa Dumbbell (M27). Nebulosas planetárias são objetos constituidos por um invólucro brilhante de gases e plasma, formados por certos tipos de estrelas no período final do seu ciclo de vida. Não estão de todo relacionadas com planetas; o seu nome é originário de uma suposta similitude de aparência com planetas gigantes gasosos. Têm um período de existência pequeno (dezenas de milhares de anos) quando comparado com o tempo de vida típico das estrelas (vários bilhões de anos). As nebulosas planetárias desempenham um papel importante na evolução química das galáxias, libertando material para o meio interestelar, enriquecendo-o com elementos pesados e outros produtos de nucleossíntese (carbono, nitrogênio, oxigênio e cálcio). A associação desses objetos com planetas (1779) é de autoria do astrônomo francês Antoine Darquier ou D'Arquier de Pellepoix (1718-1802), mas a expressão "nebulosa planetária" é cunhada (1784) por William Herschel. 1764 – O astrônomo francês Joseph Jérôme Lalande (1732-1807) publica o “Traité d’astronomie” (“Tratado de Astronomia”), tabelas das posições planetárias que são consideradas as melhores disponíveis para o resto do século XVIII. 1765 – O físico e químico inglês Henry Cavendish (1731-1810) descobre o hidrogênio e, no ano seguinte, constata que esse gás é mais leve do que o ar. 1766 – O matemático alemão Johann D. Titius (1729-1796) descobre uma curiosa relação matemática entre as distâncias a que os planetas então conhecidos orbitam o Sol. Se se tomar a progressão geométrica 0, 3, 6, 12, 24, 48 e 96, em que cada número, depois do 3, é o dobro do anterior, e se se somar 4 a cada elemento da sucessão, obtém-se 4, 7, 10, etc., até alcançar 100. Esta última sequência numérica, dividida por 10, reproduz com grande precisão a distância relativa, em unidades astronômicas, a que os planetas se encontram do Sol, com Mercúrio à distância 0,4 e Saturno, o planeta mais longínquo que então se conhecia, à distância 10. Outro alemão, Johann Elert Bode (1747-1826), passa a divulgar essa relação numérica, que se torna impropriamente conhecida como “Lei de Titius-Bode” (na verdade, trata-se de uma regra, e não de uma lei). 1766 – O italiano Troili publica uma nota em que apresenta os resultados de seus estudos sobre o meteorito de Alboreto, mas é completamente ignorado pela “ciência oficial” da época. 1767 o Observatório REal de Greenwich começa a publicar O Almanaque Náutico, que estabelece a longitude de Greenwich como a linha-base para cálculos de tempo. 1769 – O padre Bachelay apresenta à Academia Real de Ciências de Paris um pedaço de pedra com incrustações. Bachelay testemunhara, um ano antes, a queda desse objeto no céu de Lucé e enriquece sua descrição com detalhes. A Academia nomeia uma comissão, incumbindo-a de esclarecer todos os casos de pedras que caíam do céu. No entanto, as conclusões obtidas (a crosta de fusão do meteorito de Lucé fora produzida pela vitrificação induzida por um raio) servem apenas para retardar a compreensão do fenômeno. 1771 - Surge a segunda (e definitiva) versão do catálogo de Charles Messier com 103 objetos nebulosos, cuja denominação ainda se encontra em uso, sendo representada por uma letram (de Messier) seguida, sem espaço, por um número (por exemplo, M31, M42). Posteriormente, entre 1921 e 1966, astrônomos identificam outros sete objetos nebulosos observados por Messier e seu assistente Pierre Méchain (1744-1804), mas não catalogados. Estes objetos fazem parte, atualmente, do Catálogo Messier, o que eleva o seu número para 110. 1772 – Johann Bode dá publicidade à regra de Titius-Bode para distâncias planetárias. 1772 – O matemático francês de origem italiana Joseph-Louis de Lagrange (17361813) sugere que existem cinco pontos na órbita da Terra nos quais os efeitos da gravidade do planeta se anulam em relação ao Sol. Dois dos pontos de Lagrange (L4 e L5) são considerados estáveis, uma vez que qualquer material que lá se encontre só pode ser libertado por colisão ou outro tipo de evento catastrófico. 1774 (1º de agosto) – Joseph Priestley (1733-1804), ministro presbiteriano e químico britânico, identifica um gás que ele chama de "dephlogisticated air", posteriormente denominado de oxigênio. 1778 – Charles Messier descobre M54, que hoje é sabido ser o primeiro aglomerado globular extragaláctico identificado. 1779 – Antoine Darquier descobre a nebulosa do Anel (M57) e pela primeira vez compara uma nebulosa planetária com planetas. 1780 – O governo imperial lusitano cria o Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, que passa a funcionar apartir de uma missão científica oficial dirigida pelo cosmógrafo português Bento Sanches d’Orta (1739-1795). 1781 – Charles Messier e Pierre Méchain descobrem o aglomerado de galáxias Virgo, que eles supõem ser um aglomerado de nebulosas. 1781 (13 de março) – O astrônomo inglês de origem alemã William Herschel (17381822) descobre Urano durante um levantamento, feito com telescópio, do céu do hemisfério norte. Herschel pensa tratar-se de uma estrela e dá ao astro o nome de “Georgium Sidus” (Estrela de Jorge), em homenagem a Jorge III, rei da GrãBretanha (1760-1801) e posteriormente do Reino Unido. A confirmação de que é um planeta ocorre em 1783, e o nome Urano é oficialmente adotado a partir de 1850. Com diâmetro de 51.118 x 49.946 km e volume de 68,33 trilhões de km3 (63,086 vezes superior ao terrestre), Urano é o terceiro maior planeta do Sistema Solar. Tem massa de 86,810 sextilhões de toneladas (14,536 massas terrestres), e a área da superfície é de 8,116 bilhões de km2 (15,91 superfícies da Terra). É o sétimo planeta a partir do Sol, que orbita a uma distância média de 2.876.679.082 km (varia entre 2.748.938.461 e 3.004.419.704 km). Leva 30.799,095 dias terrestres (84,323 anos), ou 42.718 dias uranianos, à velocidade média de 24.500 km/h, para girar em torno do Sol, e 17h14min24s para completar uma rotação. A densidade é de 1,27g/cm3, a gravidade equivale a 88,6% da terrestre, e a velocidade de escape é de 21,3 km/s. Os principais componentes da atmosfera são hidrogênio (82%), hélio (15%) e metano (2%). A magnitude aparente varia entre 5,3 e 5,9. O planeta tem 27 satélites conhecidos. Na mitologia, Urano é o deus grego que personifica o Céu, gerado espontaneamente por Gaia (a Terra), com quem tem grande quantidade de filhos: os titãs, os Ciclopes e os Hecatonquiros (seres gigantes de 50 cabeças e 100 braços). 1782 – O astrônomo inglês de origem holandesa John Goodricke (1764-1786) observa que as variações de brilho na estrela Algol são periódicas e propõe que ela é parcialmente eclipsada por um corpo que se move em seu redor. 1782 – Henry Cavendish descobre que a água é constituída por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. 1783 – O geólogo e naturalista inglês John Michell (1724-1793) postula a existência de corpos celestes cuja velocidade de fuga é superior à da luz, o que mais tarde passa a ser conhecido como “buraco negro”. 1783 (31 de janeiro) – William Herschell descobre Eridani B e Eridani C, estrelas situadas a 16,5 anos-luz da Terra. No século XX, Eridani B é identificada como a primeira anã branca conhecida. Anãs brancas são remanescentes estelares, formadas quando estrelas de massa menor que 9 ou 10 vezes a solar esgotam o seu combustível nuclear. É uma etapa evolutiva (posterior à de gigante vermelha) pela qual passarão 97% das estrelas que conhecemos, inclusive o Sol. As anãs brancas são estrelas extremamente densas (densidade estimada entre 1 e 10 toneladas por centímetro cúbico) compostas basicamente por carbono e oxigênio, que são os resíduos da fusão do hélio. 1784 – É encontrado, 35 km a noroeste de Monte Santo, na Bahia, por um garoto chamado Bernardino da Motta Botelho, o Bendengó, meteorito de 5,4t, conservado, desde 1888, no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Na língua dos índios quiriris, da Bahia, Bendengó significa “vindo do céu”. 1784 – O astrônomo inglês Edward Piggot (1753-1825) descobre Eta Aquilae, a primeira estrela variável Cefeida conhecida. 1784 – John Goodricke descobre delta Cephei, protótipo da categoria estelar das variáveis cefeidas. Cefeidas são estrelas gigantes ou supergigantes cujo brilho varia com regularidade e de forma previsível, sendo um importante referencial na medição de distâncias estelares. 1785 – William Herschel elabora um modelo de sistema estelar galáctico no qual o Sol ocupa o centro da Via Láctea. Essa concepção cosmológica é conhecida como “galactocentrismo”. 1786 – É construído o primeiro observatório australiano, perto da atual cidade de Sydney. 1787 – Caroline Herschel (1750-1848), irmã de William Herschel, passa a receber, por determinação do rei inglês Jorge III, um salário anual de 50 libras, sendo nomeada assistente de William, então astrônomo real. É a primeira mulher a exercer a astronomia profissionalmente. 1787 (11 de janeiro) – William Herschel descobre Titânia e Oberon, primeiros satélites conhecidos de Urano. Titânia – Diâmetro: 1.577 km; período orbital: 8,706 dias; distância média ao planeta: 435.910 km; massa: 3,527 quintilhões de toneladas; densidade: 1,711g/cm3. Oberon – Diâmetro: 1.523 km; período orbital: 13,463 dias; distância média ao planeta: 583.520 km; massa: 3,014 quintilhões de toneladas: densidade: 1,63g/cm3. Os nomes das luas de Urano são tirados de personagens das obras dos ingleses William Shakespeare (1564-1616) e Alexander Pope (1688-1744). 1789 – William Herschel constrói um telescópio óptico refletor, o maior que o mundo havia visto até então, com 1,20m de diâmetro, localizado em Slough, Inglaterra. 1789 (28 de agosto) – William Herschel descobre Encélado, sexto satélite conhecido de Saturno. Diâmetro: 513,2 x 502,8 x 496,6 km; período orbital: 1,370 dia; distância ao planeta: 237.948 km; massa: 108 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,61g/cm3. 1789 (17 de setembro) – William Herschel descobre Mimas, sétimo satélite conhecido de Saturno. Diâmetro: 414,8 x 394,4 x 381,4 km; período orbital: 0,942 dia; distância ao planeta: 185.520 km; massa: 37,49 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,148g/cm3. 1790 (17 de dezembro) – É descoberta, na Cidade do México, uma pedra contendo o calendário asteca. Pesando 24t, a "Pedra do Sol" contém símbolos astronômicos esculpidos em uma superfície em formato de disco. Baseada nos movimentos das estrelas, reflete o conhecimento dos astecas de astronomia e matemática. Este calendário é 103 anos mais velho que o calendário gregoriano em uso na maioria das culturas atuais. 1791 – No poema "The Economy of Vegetation", o médico inglês Erasmus Darwin (1731-1802), avô de Charles Darwin, apresenta a primeira descrição conhecida de um Universo que se expande e se contrai ciclicamente. 1792 (22 de setembro) – Entra em vigor o Calendário Revolucionário Francês ou Calendário republicano, instituído pela Convenção Nacional, durante a Revolução Francesa, para simbolizar a ruptura com a ordem antiga. É um calendário solar composto de 12 meses de 30 dias, distribuídos em três semanas de dez dias (decâmeros ou décadas). Os dias de cada década recebem os nomes de primidi, duodi, tridi, quartidi, quintidi, sextidi, septidi, octidi, nonidi e decadi. O dia é dividido em 10 horas de 100 minutos, cada minuto com 100 segundos. Aos 360 dias regulares acrescentam-se, anualmente, cinco dias complementares, e um sexto a cada quadriênio, consagrados à celebração de festas republicanas. O ano começa no equinócio de outono (22 de setembro, no hemisfério norte), data da proclamação da República francesa, e os nomes dos meses são baseados nas condições climáticas e agrícolas das estações na França – outono: Vindimiário, Brumário, Frimário; inverno: Nivoso, Pluvioso, Ventoso; primavera: Germinal, Florial, Pradial; verão: Messidor, Termidor, Frutidor. 1794 – Baseado em ampla documentação, o físico alemão Ernst Florens Friedrich Chladni (1756-1827), de Riga, apresenta um trabalho que faz dele o primeiro a reconhecer com exatidão a proveniência celeste dos meteoritos. Na verdade, a obra de Troili já apresentava o embrião dessa ideia, além de uma meticulosa descrição mineralógica das amostras recuperadas do meteorito de Alboreto. O mérito de Chladni é ter descrito, com extrema precisão e muito senso crítico, tanto as amostras encontradas como as circunstâncias da queda e da descoberta. Sua descrição, muito convincente, facilita a queda do tabu segundo o qual nada de muito sólido poderia cair do céu. 1795 (8 e 10 de maio) – Joseph Lalande observa o planeta Netuno e o cataloga como estrela. 1796 – O matemático e astrônomo francês Pierre Laplace (1749-1827) apresenta sua “hipótese nebular” para a formação do Sistema Solar a partir de uma nebulosa de gás e poeira que encerra um núcleo extremamente massivo a altas temperaturas e está em rotação. 1798 – No livro "Philosofical Translations" (“Traduções Filosóficas”), Henry Cavendish divulga a primeira medição, feita por ele, da constante gravitacional, uma constante física fundamental que aparece na lei de gravitação universal de Newton e na teoria da Relatividade geral de Einstein. Seu valor expressa a atração gravitacional que se produz entre dois objetos pesando 1 kg cada um, separados por 1m de distância. Com isso, torna-se possível calcular a massa e a densidade da Terra. 1800 – Johann Schröter e Karl Hardin comunicam ter observado manchas características sobre a superfície de Mercúrio, fornecendo a primeira base para a cartografia do planeta. Schröter estima, erroneamente, que a rotação de Mercúrio é de cerca de 24 horas (valor correto: 58,646 dias). 1800 – William Herschel capta, com um termômetro, as radiações infravermelhas do Sol, separando-as das radiações visíveis com a ajuda de um prisma. 1800 – Reúne-se, na cidade alemã de Lilienthal, um grupo de seis astrônomos, liderado por Johann Hieronymos Schröter (1745-1816) e autodenominado “polícia celeste”, tendo por objetivo iniciar a procura sistemática de um suposto planeta que, de acordo com a “Lei de Titius-Bode” (aparentemente confirmada com a descoberta de Urano, em 1781), deveria existir entre Marte e Júpiter. 1801 – Johann Elert Bode publica “Uranographia”, uma das primeiras tentativas prósperas de traçar todas as estrelas visíveis a olho nu sem qualquer interpretação artística das figuras das constelações. 1801 (1º de janeiro) – O astrônomo e jesuíta italiano Giuseppe Piazzi (1746-1826), trabalhando no Observatório de Palermo, descobre, na constelação de Touro, um objeto situado entre as órbitas de Marte e de Júpiter, batizado de 1 Ceres, exatamente no local onde a impropriamente chamada “Lei de Titius-Bode” previa a existência de um quinto planeta. Essa descoberta causa euforia no meio científico, pois acredita-se verdadeiramente tratar-se do quinto planeta em ordem de distância do Sol. Mais tarde, quando outros objetos são encontrados nas cercanias, compreende-se que a faixa situada entre as órbitas de Marte e de Júpiter contém uma série de pequenos corpos celestes, a que William Herschel dá o nome de asteroides. Hoje Ceres é classificado como planeta anão. Ceres é o nome latino de Deméter, deusa grega da terra cultivada, das colheitas e das estações do ano. Diâmetro: 974,6 x 909,4 km; período orbital: 1.679,819 dias (4,599 anos); distância média ao Sol: 414.703.838 km (varia entre 381.419.582 e 447.838.164 km); massa: 943 quatrilhões de toneladas; densidade: 2,077g/cm3; período de rotação: 9h4min27s. 1801 (31 de dezembro) – Graças aos cálculos efetuados pelo matemático alemão Karl Friedrich Gauss (1777-1855), que havia inventado um procedimento conhecido como “método dos mínimos quadrados” e que permite combinar observações e, com base nelas, estimar os parâmetros de uma função (neste caso, uma órbita), o barão húngaro Franz Xaver von Zach (1754-1832) consegue reencontrar Ceres, cuja trajetória no espaço se perdera logo depois da descoberta de Piazzi. 1802 – O físico inglês William Hyde Wollaston (1766-1828) faz um feixe de luz branca atravessar um prisma de vidro, colocando à frente do prisma uma placa com uma pequena fenda vertical. Nasce o primeiro espectroscópio rudimentar, que permite a ele observar linhas escuras no espectro do Sol. 1802 – O diâmetro de Ceres é estimado em 260 km (o valor correto gira em torno de 975 km), o que faz os astrônomos compreenderem que não se trata de um planeta, mas sim de uma nova classe de objetos, a que William Herschel dá o nome de asteroides. 1802 (28 de março) – O médico e astrônomo alemão Heinrich Wilhelm Olbers (1758-1840) descobre o asteroide 2 Pallas. Com a inclusão de Ceres entre os planetas anões, Palas passa a ser o maior asteroide do Sistema Solar. Diâmetro: 582 x 556 x 500 km; período orbital: 1.686,044 dias (4,62 anos). Distância média ao Sol: 414.737.000 km. 1803 (26 de abril) – Uma chuva de meteoritos, oriunda do estilhaçamento de um único bólido, cai em L’Aigle, na França. Trata-se de um evento excepcional: são recuperados mais de 2.000 fragmentos. Toda a comunidade científica desperta com o acontecimento. A respeitável Academia de Ciências da França apoiara, até então, os resultados da comissão de 1769 – não obstante os dezoito eventos registrados na Europa, naqueles anos. Forçada pelas novas evidências a reconsiderar a questão, a Academia nomeia nova comissão, chefiada pelo físico francês Jean-Batiste Biot (1774-1862), para investigar as pedras de L’Aigle. Esse evento, esclarecido com a contribuição iluminadora de Biot, não deixa lugar a dúvidas. Em seu relatório à Academia, a comissão conclui que as pedras de L’Aigle, e igualmente todas as recolhidas em condições análogas, têm proveniência cósmica. Nasce então, oficialmente, a ciência dos meteoritos, reconhecendo-se que os pesquisadores estavam lidando com amostras de material não-terrestre. 1804 (2 de setembro) – O alemão Karl Ludwig Harding (1765-1834) descobre o asteroide 3 Juno. Diâmetro: 290 x 240 x 190 km; período orbital: 1.595,4 dias (4,37 anos); distância média ao Sol: 399.155.000 km. 1805 – William Herschel determina o ápice do movimento solar. 1806 (1º de janeiro) – Napoleão Bonaparte (1769-1821) restabelece o calendário gregoriano na França. 1807 (29 de março) – Heinrich Olbers descobre 4 Vesta, único asteroide visível a olho nu. Diâmetro: 578 x 560 x 458 km; período orbital: 1.325,15 dias (3,63 anos); distância média ao Sol: 353.268.000 km. 1809 – O Observatório Astronômico do Rio de Janeiro muda-se para a Academia Real Militar com o propósito de atender a necessidades de navegação e conduzir estudos geográficos, geodésicos e astronômicos. 1810 – É erguido, a mando de Frederico Guilherme III (1770-1840), rei da Prússia, o Observatório de Koennigsberg, que tem como um de seus diretores Friedrich Wilhelm Bessel. 1811 – A Imprensa Régia brasileira imprime sua primeira publicação astronômica: as Efemérides Náuticas, calculadas para o meridiano do Rio de Janeiro. 1811 (setembro) – O chamado Grande Cometa de 1811, descoberto em 25 de março pelo astrônomo francês Honoré Flaugergues (1755-c. 1835), chega ao periélio. O astro, que permanece visível durante 260 dias, atinge seu brilho máximo em outubro, e o escritor russo Léon Tolstói (1828-1910), numa cena de Guerra e Paz, descreve o personagem Pierre observando este cometa. 1814 – O físico alemão Joseph von Fraunhofer (1787-1826) constrói um espectroscópio aperfeiçoado e estuda sistematicamente as linhas escuras no espectro solar. O instrumento apresenta uma fenda de duas lunetas; uma faz com que os raios componentes do feixe luminoso incidam paralelamente sobre o prisma e a outra recolhe os feixes refratados e os focaliza numa tela. Utilizando um feixe de luz solar, ele descobre as primeiras 547 linhas do espectro do Sol, que passam a ser conhecidas como “raias de Fraunhofer” ou “de absorção”. 1815 – Manuel Ferreira de Araujo, professor da Academia Real Militar, que com o tempo se transforma em escola politécnica, publica o primeiro livro de astronomia no Brasil: Elementos de Geodésia. No ano seguinte, surge outra publicação do mesmo autor: Elementos de Astronomia. 1818 – Joseph Fraunhofer é o primeiro a conseguir um bom espectro do Sol e descobre 576 linhas escuras nele. Ele classifica as linhas mais proeminentes com as letras de A a K. 1820 (12 de janeiro) – É criada a Royal Astronomical Society, com sede em Londres. 1821 – O astrônomo francês Alexis Bouvard (1767-1843) detecta irregularidades na órbita de Urano, o que dá início à busca por Netuno.. 1821 – É fundada, pelo astrônomo alemão Heinrich Christian Schumacher (17801850), e com o patrocínio de Cristiano VIII (1786-1848), rei da Dinamarca (18391848), a revista Astronomische Nachrichten (Notas Astronômicas), que afirma ser a mais antiga publicação sobre astronomia ainda editada. Atualmente, é especializada em física solar, astronomia extragaláctica, cosmologia, geofísica, bem como na instrumentação destes campos. 1822 – A Igreja católica admite oficialmente que a Terra gira ao redor do Sol, pondo fim à proibição de ensinar a teoria heliocêntrica de Copérnico. 1824 – O astrônomo e astrofísico alemão Franz von Gruithuisen (1774-1852) explica a formação das crateras lunares como o resultado de impactos de meteoritos. 1825 – Pierre Laplace completa o seu estudo da gravitação, da estabilidade do Sistema Solar, das marés, da precessão dos equinócios, da libração da Lua e dos anéis de Saturno no seu livro “Mécanique Céleste”. 1826 – Heinrich Olbers propõe o paradoxo que leva seu nome. O paradoxo de Olbers pode ser assim resumido: se o Universo é infinito, possuindo um número infinito de estrelas luminosas, uniformemente distribuídas, o céu deveria ser inteiramente luminoso porque haveria estrelas em qualquer direção. 1827 (15 de outubro) – É criado, por decreto do imperador D. Pedro I (1798-1834), o Observatório Astronômico, hoje Observatório Nacional (ON), instalado no torreão da Escola Militar, na cidade do Rio de Janeiro, tendo como primeiro diretor o professor de matemática Pedro de Alcântara Bellegarde. Os objetivos iniciais são orientar os estudos geográficos do território brasileiro e de ensino da navegação. Hoje o Observatório Nacional é responsável pela geração e divulgação da Hora Legal Brasileira e por diversas pesquisas e estudos em Astronomia, Astrofísica e Geofísica, possuindo cursos de pós-graduação com mestrado e doutorado nas duas áreas. 1828 – Caroline Herschel recebe a medalha de ouro da Royal Astronomical Society por seus trabalhos em astronomia. É a primeira mulher a receber essa distinção. A segunda será a norte-americana Vera Rubin, em 1996. 1829 – Os britânicos organizam o Observatório do Cabo da Boa Esperança, em complemento ao de Greenwich. 1830 – É criado o Observatório Naval dos Estados Unidos (EUA), em Washington. 1831 – O astrônomo amador alemão Samuel Heinrich Schwabe (1789-1875) faz o primeiro desenho detalhado conhecido da Grande Mancha de Júpiter. 1831 – Surge o primeiro observatório universitário dos EUA, na Universidade da Carolina do Norte. 1832 – O escocês David Brewster (1781-1868) mostra que gases frios produzem linhas de absorção escuras nos espectros contínuos. 1835 – O Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo e o “De Revolutionibus Orbium Coelestium” são retirados do “Index Librorum Proibitorum”. Com isso, desaparece toda a oposição oficial da Igreja ao heliocentrismo. 1835 – Cientistas iniciam o estudo físico do cometa Halley. Trabalhando no Observatório de Yale, o naturalista Denison Olmsted (1791-1859) e o matemático Elias Loomis (1811-1839) são os primeiros norte-americanos a observá-lo. O periélio ocorre em 16 de novembro. 1835 – O livro “De Revolutionibus Orbium Coelestium”, de Nicolau Copérnico, é retirado do Index (relação das obras proibidas pela Igreja Católica). 1835 – Caroline Herschel e a escritora científica escocesa Mary Somerville (17801872) tornam-se as primeiras mulheres admitidas na Royal Astronomical Society. 1836 – O banqueiro e astrônomo amador alemão Wilhelm Beerd (1797-1850), junto com Johann Heinrich von Mädler (1794-1874), prepara o mapa mais completo da Lua de seu tempo, o “Mappa Selenographica”. Primeiro mapa lunar a ser dividido em quadrantes, contém uma representação detalhada da face da Lua voltada para a Terra. 1836 (15 de maio) – O astrônomo inglês Francis Baily (1774-1844) observa as "Contas de Baily" durante um eclipse solar anular. A vívida descrição dele desperta novo interesse no estudo de eclipses. As Contas de Baily são os pontos luminosos de luz que aparecem na extremidade ao redor da Lua durante um eclipse Solar. As contas são criadas por luz do Sol que atravessa os vales da lua. A última conta é a mais luminosa e se assemelha a um brilhante anel de diamantes. 1837 – Johann Franz Encke descobre, no interior do anel A de Saturno, uma divisão muito tênue, que recebe seu nome. 1838 – O escocês Thomas Henderson (1798-1844), o alemão de origem russa Friedrich Struve (1793-1864) e o alemão Friedrich Bessel (1784-1846) medem as primeiras paralaxes estelares, refutando um dos mais antigos argumentos contrários ao heliocentrismo. A primeira estrela que tem sua distância à terra medida é 61 Cygni, localizada a 11,36 (anos-luz (107 trilhões de km). Hoje sabe-se que 61 Cygni é uma estrela binária (dupla). 1839 – É criado o Observatório de Harvard, graças a uma coleta organizada entre a população local, que soma 3.000 dólares. Seu primeiro diretor, William Cranch Bond, mediante a instalação de instrumentos de sua propriedade, estuda as manchas solares, os planetas, a nebulosa de Órion e a de Andrômeda. 1839 – O escritor norte-americano Edgar Allan Poe (1809-1849) publica o primeiro conto de ficção científica sobre cometas. Em "A Palestra de Eiros e Charmion", do livro “Novas Histórias Extraordinárias”, encontra-se a descrição da destruição da Terra por um cometa, relatada pela alma de uma das vítimas depois de sua chegada ao céu. 1839 – O astrônomo russo de origem alemã Friedrich William Struve (1793-1864) funda o Observatório de Pulkovo, localizado ao sul de São Petersburgo, que se destaca rapidamente e chega a ser um dos melhores do mundo. 1839 (9 de janeiro) – o processo de fotografia de daguerreótipo é anunciado na Academia francesa de Ciências. 1840 – Dominique François Arago (1786-1853), astrônomo francês, descobre a cromosfera solar, camada localizada acima da fotosfera e abaixo da coroa, com aproximadamente 10.000 km de profundidade e composta, essencialmente, de hidrogênio ionizado, hélio e cálcio. 1840 (23 de março) – O químico e botânico norte-americano de origem inglesa John William Draper (1811-1882) inventa a fotografia astronômica e fotografa a Lua. 1842 – O físico alemão Robert von Mayer (1814-1878) formula o princípio da conservação da energia, segundo o qual a energia não pode ser criada do nada nem destruída, mas apenas transformada. 1842 – No livro "Über das farbige Licht der Doppelsterne" (Sobre a Luz Colorida das Estrelas Duplas), o físico, matemático e astrônomo austríaco Christian Johann Doppler (1803-1853) formula as bases do "efeito Doppler", utilizado na acústica e na astronomia: a cor de um corpo luminoso, do mesmo modo que a altura do som de uma fonte sonora, deve mudar em virtude do movimento relativo do corpo e do observador. Esse efeito é utilizado para determinar o afastamento (desvio do espectro para o vermelho) ou a aproximação (desvio para o azul) de um corpo celeste ou de um sistema galáctico relativamente à Terra. É por meio dele que, posteriormente, Edwin Hubble descobre que o Universo continua se expandindo. 1843 – O matemático e astrônomo britânico John Couch Adams (1819-1892) prevê a existência e a localização de Netuno a partir de irregularidades na órbita de Urano. 1843 – Samuel Heinrich Schwabe constata que o número de manchas na fotosfera solar sofre variações periódicas, completando um ciclo em aproximadamente onze anos. 1843 – O astrônomo prussiano Friedrich Argelander (1799-1875) publica "Neue Uranometrie” ("Uranometria Nova"), um atlas de estrelas que podem ser observadas a olho nu. 1843 (5 de fevereiro) – É descoberto um grande cometa (C/1843 D1 ou 1843 I), cujo periélio (27 de fevereiro) é o mais próximo observado até então: menos de 830.000 km. Em março, torna-se extremamente brilhante, atingindo o ponto de maior proximidade com a Terra no dia 6. 1844 – Friedrich Bessel explica os movimentos oscilantes de Sirius e de Procyon, sugerindo que estas estrelas têm companheiras escuras. 1845 – William Parsons, astrônomo irlandês mais conhecido como Lord Rosse (1800-1867) termina o telescópio refletor óptico de 1,83m do Birr Castle, localizado em Parsonstown, Irlanda. Nesse mesmo ano, observa uma “nebulosa” com uma estranha forma espiral. Ele havia descoberto a natureza espiral da galáxia M51. Mais tarde ele nota a mesma forma espiral em M99 e em mais 13 “nebulosas” que passam então a ser conhecidas como “nebulosas espirais” e que hoje sabemos serem galáxias espirais. 1845 – O naturalista alemão Friedrich von Humboldt (1769-1859) introduz a expressão “Universo-ilha”, para designar sistemas estelares análogos ao nosso. À concepção da natureza extragaláctica das nebulosas se opõe outra, segundo a qual o Universo não passa de uma gigantesca Via Láctea, sendo as nebulosas nada mais que objetos pequenos aí contidos. O confronto entre essas duas concepções cosmológicas é conhecido como “Grande Debate”. 1845 – O astrônomo inglês George Biddell Airy (1801-1892) publica "Tides and Waves (Marés e Ondas)", tornando-se uma referência no estudo da influência do sol e da lua sobre as marés. 1845 (2 de abril) – Hippolyte Fizeau e Léon Foucault obtêm a primeira fotografia do Sol. 1846 – Um decreto altera o nome do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro para Imperial Observatório. 1846 – Durante sua aproximação do Sol, o cometa 3D/Biela, registrado pela primeira vez pelo astrônomo francês Jacques Laibats-Montaigne (1716-1788), em 8 de março de 1772, e identificado como periódico pelo militar austríaco Wilhelm Von Biela (1682-1756), em 27 de fevereiro de 1826, desintegra-se em duas partes. Na passagem seguinte (1852), ambos os fragmentos são vistos a 2.400.000 km um do outro, e vestígios do que fora outrora o cometa só voltam a ser observados em 27 de novembro de 1872, sob a forma de chuva de meteoros (3.000 por hora), a que se dá o nome de “Andromedídeos” ou "Bielídeos". 1846 (agosto) - O astrônomo francês Urbain Le Verrier (1811-1877), a exemplo do que fizera John Couch Adams, prevê a existência e a localização de Netuno a partir de irregularidades na órbita de Urano. 1846 (23 de setembro) – Com base nos cálculos orbitais feitos por John Couch Adams e Urbain Le Verrier, os astrônomos alemães Johann Gottfried Galle (18121910) e seu assistente Heinrich Louis D'Arrest (1822-1875), ambos do Observatório de Berlim, localizam o planeta Netuno, na constelação de Aquário. No dia 1º de outubro, o jornal The Times publica a notícia da descoberta. Deve-se a Le Verrier o nome dado ao planeta. Netuno é o mais longínquo dos oito planetas, orbitando o Sol a uma distância que varia entre 4.452.940.833 e 4.553.946.490 km, numa média de 4.503.443.661 km. É o menor dos “planetas gasosos” (os outros são Júpiter, Saturno e Urano), com diâmetro de 49.528 x 48.682 km e área superficial de 7.640.800.000 km2 (equivalente a 14,98 superfícies terrestres). Ocupa um volume de 62,54 trilhões de km3 (57,74 vezes superior ao terrestre) e tem massa de 102,43 sextilhões de toneladas (o que equivale a 17,147 massas da Terra), resultando numa densidade de 1,638g/cm3. A gravidade é 14% superior à terrestre, e a velocidade de escape é de 23,5 km/s. Completa uma órbita em torno do Sol, à velocidade média de 19.550 km/h, em 60.190 dias terrestres (164,79 anos), ou 89.666 dias netunianos, e leva 16h6min36s para girar em torno de si mesmo. Os principais componentes da atmosfera são hidrogênio (79%), hélio (19%) e metano (1,5%). A magnitude aparente varia entre 7,78 e 8,0. Tem treze satélites conhecidos. Netuno é o nome latino de Posídon (ou Poseidon, ou, ainda, Possêidon, deus supremo do mar. 1846 (10 de outubro) – William Lassell (1799-1880), astrônomo amador inglês, descobre Tritão, primeiro satélite conhecido de Netuno. Diâmetro: 2.707 km; período orbital: 5,877 dias; distância média ao planeta: 354.759 km; massa: 20,4 quintilhões de toneladas; densidade: 2,061g/cm3. 1847 – O matemático, astrônomo e fotógrafo inglês John Herschel (1792-1871), filho de William Herschel, publica “Resultados de Observações Astronônicas Feitas no cabo da Boa Esperança”, obra em que dá aos sete satélites de Saturno então conhecidos os seus nomes atuais: Mimas, Encélado, Tétis, Dione, Reia, Titã e Jápeto. 1847 – John William Draper observa que sólidos quentes emitem luz em espectros contínuos enquanto que gases quentes produzem espectros de linha. 1848 – O francês Hippolyte Fizeau (1819-1896) Faz as primeiras experiências com o "efeito Doppler", utilizando as raias de Fraunhofer como linhas de referência para determinar os deslocamentos das estrelas na direção da Terra, com o objetivo de medir suas velocidades radiais. Por isso hoje o fenômeno tem o nome de "efeito Doppler-Fizeau". 1848 – Edgar Allan Poe oferece a primeira solução correta do paradoxo de Olbers em "Eureka: A Prose Põem", ensaio que também sugere a expansão e o colapso do Universo. 1848 - O físico e engenheiro irlandês William Thompson, Lorde Kelvin (18241907), desenvolve uma escala de temperaturas que, diferentemente das escalas de Celsius e de Fahrenheit, não parte do ponto de fusão da água, mas sim do zero absoluto, isto é, a menor temperatura a que se pode chegar, caracterizada pela ausência total de qualquer energia térmica, determinada em laboratório como sendo equivalente a -273,15°c. Para obter o valor de uma temperatura em graus Kelvin (K), basta acrescentar 273 ao seu equivalente em graus Celsius. Por exemplo, nesta escala, o ponto de fusão da água, à pressão atmosférica do nível do mar, é de (0+273) 273 K, e o seu ponto de ebulição é de (100+273) 373 K. 1848 (19 de setembro) – Ocorre a descoberta simultânea do satélite Hipérion, oitavo conhecido de Saturno, por William Bond e William Lassell. Diâmetro: 360 x 280 x 225 km; período orbital: 21,276 dias; distância média ao planeta: 1.481.009 km; massa: 5,584 quatrilhões de toneladas; densidade: 0,567g/cm3. 1850 – O astrônomo inglês Norman Robert Pogson (1829-1891) sugere uma classificação do brilho das estrelas definindo aumentos decimais de magnitude para refinar a escala existente, de apenas magnitudes inteiras. Ele usa uma escala por meio da qual uma estrela de primeira magnitude é cem vezes mais luminosa que uma estrela de sexta magnitude. Nesta escala, o Sol é uma estrela de magnitude -26,74. Assim, quando um objeto é muito luminoso, a magnitude é expressa usando números negativos. Sirius têm magnitude –1,47, e a Estrela de Barnard é de magnitude 9,5. 1850 – William Cranch Bond (1789-1859) e William Rutter Dawes (1799-1868) – trabalhando nos EUA e na Grã-Bretanha, respectivamente, e sem estarem em contato – anunciam, com poucos dias de diferença, a descoberta de um terceiro anel de Saturno, localizado entre os dois já conhecidos. O anel C é tão transparente que se pode ver o perfil de Saturno através dele, sendo por isso conhecido como “anel de crepe”. 1850 – O astrônomo francês Edouard A. Roche (1820-1883) descobre que existe uma distância mínima do centro de Saturno – hoje conhecida como “limite de Roche” – abaixo da qual nenhum satélite fluido pode permanecer inteiro, reforçando com isso a hipótese de os anéis do planeta serem formados por material orbitante desagregado. 1850 – O sétimo planeta em ordem de afastamento do Sol passa a se chamar Urano, nome sugerido, muitos anos antes, por Johann Elert Bode. Mantém-se, dessa forma, a tradição de dar aos planetas nomes derivados da mitologia grecoromana. 1850 (16 de julho) – É obtida no Harvard Observatory (EUA) uma fotografia da estrela Vega (Alpha Lyrae). Esta é a primeira imagem fotográfica de uma estrela, excluindo-se, naturalmente, o Sol. 1850 (16 de dezembro) – Vênus chega a 39.514.827 km da Terra. Outra aproximação semelhante ocorrerá somente em 2101, quando o planeta chegará à distância de 39.541.578 km. 1851 – No livro “Pluralidade dos Mundos”, o filósofo inglês William Whewell (17941866), cético ou no mínimo cauteloso quanto à existência de vida extraterrestre, lembra o conjunto de condições necessárias para o desenvolvimento da vida – luz, temperatura, pressão, água, etc. –, que formam a chamada “zona de habitabilidade”. Muito próximos do Sol, planetas como Vênus e Mercúrio estariam fora dessa zona, acontecendo o mesmo com Saturno, Urano e Netuno, excessivamente distantes. 1851 – O astrônomo norte-americano Stephen Alexander (1806-1883) mostra a existência de um tipo de galáxia sem estrutura em espiral, a qual denomina “elíptica”. 1851 (28 de julho) – O astrônomo e jesuíta italiano Angelo Secchi (1818-1878) Obtém a primeira fotografia de um eclipse total do Sol e descobre a coroa solar, a camada mais externa da atmosfera estelar, caracterizada por baixa densidade de matéria e temperatura elevada, superior a 1 milhão de graus. 1851 (24 de outubro) – São descobertos o terceiro e o quarto satélites de Urano, Ariel e Umbriel, por William Lassell. Ariel – Diâmetro: 1.162,2 x 1.155,8 x 1.155,4 km; período orbital: 2,520 dias; distância média ao planeta: 191.020 km; massa: 1,353 quintilhão de toneladas; densidade: 1,66g/cm3. Umbriel – Diâmetro: 1.169 km; período orbital: 4,144 dias; distância média ao planeta: 266.000 km; massa: 1,172 quintilhão de toneladas: densidade: 1,39g/cm3. 1852 – John Herschel dá aos quatro satélites de Urano então conhecidos (Titânia, Oberon, Ariel e Umbriel) os seus nomes atuais. 1852 (6 de abril) – O físico, astrônomo e explorador irlandês Edward Sabine (17881883) postula que o ciclo de onze anos das manchas solares é “absolutamente idêntico” ao ciclo de onze anos do campo geomagnético. Isso significa que as perturbações ocorridas na superfície do Sol afetam o campo magnético da Terra. 1853 – É criado um observatório na cidade australiana de Williamstown, transferido para Melbourne dez anos mais tarde. 1854 - O médico e físico alemão Hermann Helmholtz (1821-1894) propõe a contração gravitacional como a fonte de energia para o Sol. 1854 (10 de junho) – O matemático alemão Georg Friedrich Bernhard Riemann (1826-1866) propõe que o espaço é curvo. Ele sugere que todas as leis físicas ficam mais simples quando expressas em dimensões mais altas. Einstein, em 1916, usando o trabalho de Rieman em sua teoria da Relatividade Geral, incorpora o tempo como a quarta dimensão. 1855 – O físico escocês James Clerk Maxwell (1831-1879) amplia a teoria da visão em três cores, seguindo o trabalho anterior do físico inglês Thomas Young (17731829). 1856 – É construído o Observatório Nacional de Santiago do Chile. 1858 (28 de setembro) – O cometa Donati, descoberto neste mesmo ano por Giovanni Batista Donati (1826-1873), torna-se o primeiro astro celeste desse tipo a ser fotografado. Trata-se de um cometa luminoso, com uma cauda de pó espetacularmente encurvada e duas caudas magras de gás. Sua imagem é capturada pelo fotógrafo comercial inglês William Usherwood. 1859 – Surge a explicação para o mistério das linhas escuras do espectro solar, quando Robert W. Bundsen (1811-1899), químico e físico alemão, e Gustav R. Kirchhoff (1824-1887), físico alemão, descobrem as bases experimentais para a interpretação dos espectros das substâncias químicas. O método é aplicado, por analogia, aos espectros solares e aos das estrelas. 1859 - James Clerk Maxwell ganha um prêmio instituído pela Universidade de Cambridge ao pesquisador capaz de explicar a estrutura e os movimentos dos anéis de Saturno. Descartando matematicamente a hipótese do anel fluido, ele passa a estudar com maior profundidade a teoria do anel desagregado, formado por pequenos corpos orbitantes e independentes. Maxwell chega à conclusão de que aquilo que existe ao redor de Saturno é um sistema composto por anéis finos e concêntricos, com raios diferentes, cada um com sua velocidade de revolução, sem intercâmbio de partículas. 1859 (setembro) - Na tentativa de justificar características da órbita de Mercúrio que não podem ser explicadas com base nas leis de Newton, Urbain Lê Verrier propõe a existência, entre Mercúrio e o Sol, de um planeta, a que dá o nome de Vulcano. Nos anos seguintes, astrônomos mobilizam-se para encontrá-lo, o que jamais ocorre. 1859 (1º de setembro) – O astrônomo inglês Richard Carrington (1826-1875) descobre os “flares” solares. Flares são erupções de gás súbitas e violentas, com grande liberação de energia, que ocorrem na superfície das estrelas. 1860 – O astrônomo francês Emmanuel Liais (1826-1900) argumenta que as manchas escuras de Marte são o resultado da presença de vegetação. 1860 – É obtida a primeira fotografia da cromosfera solar. 1860 (18 de julho) – Primeiro eclipse solar em que se utiliza a fotografia astronômica. As fotos facilitam a descoberta de que os jatos de gás incandescente conhecidos como proeminências surgem da superfície solar e não externamente a ela, conforme se acreditava na época. 1861 – O astrônomo alemão Friedrich Gustav Spörer (1822-1895) descobre a variação das latitudes das manchas solares durante um ciclo do Sol, fenômeno conhecido como “lei de Spörer”. 1861 – É inaugurado o Observatório de Adelaide, na Austrália. 1861 (13 de maio) – O astrônomo australiano John Debbutt (1834-1916) descobre um grande cometa ( C/1861 J1), visível a olho nu por aproximadamente três meses. Ao longo de dois dias, durante a aproximação máxima com a Terra (19.900.000 km), nosso planeta fica dentro da cauda do cometa, e jatos de matéria convergindo para o núcleo podem ser vistos. Gás e poeira do cometa chegam a obscurecer a luz do sol. 1862 – no sul da França, o observatório de Marselha implanta o primeiro telescópio refletor moderno, com um espelho em vidro metalizado, feito pelo físico Léon Foucault (1819-1868). 1862 – O astrônomo sueco Anders Jonas Angström (1814-1874) descobre a presença de hidrogênio na atmosfera solar. 1862 – Analisando as linhas espectrais do Sol e comparando-as às de outras estrelas, Angelo Secchi determina que o Sol é uma estrela. Estrela amarela, com temperatura superficial de 5.500°c e temperatura central de 15,7 milhões de °C, o Sol é, tecnicamente, de quinta magnitude, com magnitude aparente (como é visto da Terra) -26,74 e magnitude absoluta (que teria se estivesse à distância-padrão de dez parsecs – 308 trilhões de km) 4,83. Situado a aproximadamente 26.000 anos-luz do centro da Via Láctea (cerca de 250 quatrilhões de km), o Sol leva entre 225 e 250 milhões de anos, à velocidade estimada de 250 km/s, para completar uma órbita ao redor da Galáxia. O período de rotação varia entre 25,05 dias (7.189 km/h), no equador, e 34,3 dias, nos polos. Com diâmetro de 1.392.109 km (109 vezes o da Terra) e ocupando um volume de 1,412 quatrilhão de km3 (1.300.000 vezes o volume terrestre), o Sol tem massa de 1,989 octilhão (um octilhão = 1 seguido de 27 zeros) de toneladas, o que equivale a 332.946 vezes a massa da Terra e 99,86% de toda a massa do Sistema Solar. A gravidade solar é 27,94 vezes a terrestre (uma pessoa pesando 80 kg na Terra pesaria, no Sol, 2.235 kg), e a velocidade de escape (velocidade necessária para libertar-se de um campo gravitacional) é de 617,7 km/s, 55 vezes a da Terra. Os principais elementos componentes do Sol são hidrogênio (73,46%), hélio (24,85%) e oxigênio (0.77%). A cada segundo, o Sol transforma cerca de seiscentos milhões de toneladas de hidrogênio em hélio. 1862 (31 de janeiro) – O norte-americano Alvan Clark (1804-1887), astrônomo e fabricante de telescópios, identifica Sirius B, confirmando as previsões de sua existência, feitas em 1844 por Friedrich Bessel. 1863 – Anders Jonas Angstrom publica seu mapa do espectro solar com a identificação das linhas que correspondem aos elementos químicos. 1863 – Richard Carrington descobre a natureza diferencial da rotação solar. O período de rotação do Sol, devido à sua natureza gasosa, varia de acordo com a latitude, indo de 25,05 dias no equador até 34,3 dias nos polos. 1863 – Angelo Secchi propõe a primeira classificação espectral das estrelas, dividindo os espectros em quatro classes, de acordo com a cor: branca, amarela, alaranjada ou vermelha. Acrescenta ainda uma quinta classe, com espectros de estrelas peculiares. 1863 – Friedrich Argelander publica “Bonner Durchmusterung”, último mapa estelar elaborado sem o uso da fotografia. 1863 – É fundada, em Heidelberg, na Alemanha, a Astronomische Gesellschaft (Sociedade Astronômica), segunda organização do gênero no mundo, depois da Royal Astronomical Society. 1864 – John Herschel publica o “General Catalogue” de nebulosas e aglomerados estelares. 1864 – O astrônomo inglês William Huggins (1824-1910) estuda o espectro da nebulosa de Órion e mostra que ela é uma nuvem de gás. Um dos primeiros astrônomos a utilizar o espectroscópio para estudar a natureza física dos astros, Huggins assinala a coexistência de dois tipos de nebulosas: as formadas por estrelas e as constituídas por material difuso. 1864 (5 de agosto) – Giovanni Batista Donati descobre, estudando o cometa Tempel II, que os espectros destes astros contém linhas de emissão, um dos dois tipos de linhas espectrais existentes (o outro são as linhas de absorção). As linhas espectrais são Finas linhas vistas quando a luz de um objeto se divide em seus componentes de comprimento de onda ou espectro e cujo estudo denomina-se espectroscopia. Como são diferentes para cada elemento, o estudo das linhas espectrais permite estabelecer a composição química de um astro ou de material interestelar analisado. 1865 – James Clerk Maxwell formula uma teoria sobre a natureza eletromagnética da luz. Esta constitui-se de campos elétricos e magnéticos oscilantes, que se propagam juntos no espaço, à velocidade aproximada de 300.000 km/s, sob a forma de ondas. A teoria é matematicamente descrita nas quatro equações de Maxwell, as quais expressam, respectivamente, como cargas elétricas produzem campos elétricos (Lei de Gauss), a ausência experimental de cargas magnéticas, como corrente elétrica produz campo magnético (Lei de Ampère), e como variações de campo magnético produzem campos elétricos (Lei da indução, de Faraday). 1865 – O escritor francês Júlio Verne (1828-1905) publica “Da Terra à Lua”, obra de ficção em que um grupo de homens viaja até o satélite natural terrestre num gigantesco canhão. Curioso observar que o canhão é lançado da Flórida, local de onde partem hoje os veículos espaciais norte-americanos. 1866 – Giovanni Schiaparelli compreende que as “chuvas” de meteoros ocorrem quando a Terra passa através da órbita de um cometa que deixou restos ao longo de sua trajetória. 1866 – William Huggins estuda o espectro de uma “nova” e descobre que ela é circundada por uma nuvem de hidrogênio. 1866 – O astrônomo norte-americano Daniel Kirkwood (1814-1895) descobre que, no cinturão de asteroides, há regiões vazias em que estes corpos celestes não conseguem estabelecer órbitas estáveis, conhecidas como “lacunas de Kirkwood”. 1867 – O astrônomo inglês Richard Anthony Proctor (1837-1888) elabora um mapa da superfície de Marte que mostra continentes, mares, baías e outras características geográficas, mas não distingue canais, como faz Schiaparelli mais tarde. 1867 – Anders Jonas Angström é o primeiro a examinar o espectro das auroras boreais. 1867 – Os astrônomos franceses Charles Wolf (1827-1918) e Georges Rayet (18391906) descobrem, espectroscopicamente, uma classe de estrelas denominada WolfRayet. Trata-se de estrelas quentes e massivas (mais de 20 massas solares), que perdem rapidamente sua matéria constituinte em razão de ventos estelares muito fortes. 1868 – Durante um eclipse, é realizada a primeira análise espectroscópica da radiação da cromosfera solar. 1868 – Confirma-se a hipótese de que a coroa solar é um invólucro gasoso, graças ao primeiro estudo espectroscópico de uma protuberância, realizado por Jules Janssen. 1868 – Anders Jonas Angström publica sua extensa pesquisa do espectro solar no trabalho clássico "Recherches sur le espectro solaire" (“Pesquisas sobre O Espectro Solar”), com medidas detalhadas de mais de 1.000 linhas espectrais. 1868 (18 de agosto) – O astrônomo francês Pierre-Jules-César Janssen (1824-1907) e o astrônomo britânico Norman Lockyer (1836-1920) descobrem uma linha amarela não identificada nos espectros das proeminências solares e sugerem que ela é proveniente de um novo elemento, que eles chamam de “hélio”. 1869 (7 de agosto) – Um espectro completo da coroa solar é obtido, durante um eclipse, pelo norte-americano Charles A. Young (1834-1908). 1870 – É criado o Observatório Nacional de Córdoba, o primeiro da Argentina. 1871 – O fotógrafo e físico inglês Richard Leach Maddox (1816-1902) inventa as placas fotográficas secas. Esta invenção é uma importante conquista por tornar possível fotos duráveis. 1871 – o astrônomo e físico alemão Hermann Karl Vogel (1841-1907) aplica o efeito Doppler na determinação da velocidade de rotação do Sol. 1872 – O norte-americano Henry Draper (1837-1882) inventa a fotografia espectral astronômica. Ele obtém o primeiro espectrograma (foto de um espectro) de uma estrela: Vega (Alpha de Lira). 1873 – O Japão adota o calendário gregoriano. 1873 – O astrônomo francês Camille Flammarion (1842-1925) atribui a cor vermelha de Marte a uma possível vegetação. 1873 – Daniel Kirkwood apresenta uma lista, extraída de várias fontes, de antigos acontecimentos envolvendo quedas de meteoritos. 1873 – Richard Anthony Proctor é o primeiro a sugerir que as crateras lunares são o resultado de impactos de meteoritos e não de ação vulcânica, como tinha sido anteriormente pensado. 1875 – O Egito adota o calendário gregoriano. 1876 – William Kingdon Clifford (1845-1879), matemático inglês, escreve a Teoria Espacial da Matéria, cuja ideia tem papel fundamental na Teoria Geral da Relatividade de Einstein. Segundo esse postulado, o movimento da matéria pode dever-se a variações na geometria do espaço. 1877 – Tem início a polêmica acerca dos canais marcianos. O astrônomo italiano Giovanni Virginio Schiaparelli (1835-1910) elabora um minucioso mapa de Marte, propondo nova nomenclatura para as várias regiões caracterizadas por diferentes valores de albedo (relação entre a luz refletida pela superfície de um planeta e a que este recebe do Sol. Nos mapas de Schiaparelli, aparecem numerosas estruturas lineares, que ele denomina “canais” e que, por anos seguidos, provocam muita discussão: uns afirmam serem características naturais, outros defendem a tese de que se trata de estruturas artificiais construídas pelos habitantes de Marte. Por algum tempo, prevalece a segunda hipótese, sobretudo nos países de língua inglesa, uma vez que a palavra “canali” usada por Schiaparelli é traduzida em inglês por “canals”, que significa “canais artificiais”. O desejo comum a toda a humanidade de não se sentir sozinha no Universo sobrepõe-se a esse possível erro de tradução, e cada nova observação “reforça” a existência de marcianos. A hipótese dos canais de Marte só é definitivamente abandonada na segunda década do século XX. 1877 – O astrônomo e matemático norte-americano George William Hill (18381914) é o primeiro a usar infinitos determinantes para analisar o movimento do perigeu da Lua. 1877 (12 e 18 de agosto) – O astrônomo norte-americano Asaph Hall (1829-1907) descobre, respectivamente, Deimos e Fobos, satélites de Marte. Deimos – Diâmetro: 15 x 12,2 x 10,4 km; período orbital: 1,262 dia; distância média ao planeta: 23.460 km; massa: 1,48 trilhão de toneladas; densidade: 1,471g/cm3. Fobos – Diâmetro: 26,8 x 22,4 x 18,8 km; período orbital: 0,319 dia (7h39min); distância média ao planeta: 9.377,2 km (menor distância conhecida entre um planeta do Sistema Solar e um satélite); massa: 10,72 trilhões de toneladas; densidade: 1,887g/cm3. 1878 – O físico holandês Hendrik Antoon Lorentz (1853-1928) publica um trabalho em que relaciona a velocidade da luz em um meio com a sua densidade e composição. 1878 – Camille Flammarion publica um catálogo com 10.000 estrelas duplas. 1878 – O astrônomo inglês George Darwin (1845-1912) formula uma das primeiras teorias para explicar o aparecimento da Lua, baseada num mecanismo de fissão. Essa teoria considera que, no início, a Terra e a Lua constituíam um único corpo celeste. Segundo Darwin, a proto-Terra girava em torno de seu eixo com altíssima velocidade, suficiente para fazer com que seu corpo se alongasse e assumisse a forma de uma pêra. O rompimento e a expulsão do material existente nessa saliência teriam originado a Lua. 1879 – O físico austríaco Josef Stefan (1835-1893) formula a lei de estados da energia radiante de um corpo negro – objeto teórico que absorve toda a radiação que cai sobre ele. Sua lei é um dos primeiros passos importantes para a compreensão da radiação de corpo negro. 1880 – O astrônomo norte-americano Samuel Pierpont Langley (1834-1906) aperfeiçoa um medidor de radiação, que depois passa a ser chamado de “bolômetro”. 1880 (30 de setembro) – Henry Draper obtém a primeira fotografia da Nebulosa de Órion (M42). 1881 – William Huggins (1824-1910) e Henry Draper (1837-1882) introduzem a técnica de análise do espectro da luz emitida pelos cometas, abrindo caminho para a identificação de seus elementos constituintes. 1882 – É inaugurado o segundo observatório da Argentina, em La Plata. 1882 (1º de setembro) – Um grande cometa (C/1882 R1) aparece, sendo já visível a olho nu no momento da descoberta. Em 17 de setembro, atinge o periélio, podendo ser visto durante o dia. 1883 – O físico e filósofo austríaco Ernst Mach (1838-1916) publica um estudo crítico da mecânica Newtoniana. 1884 – O belga Luis Cruls (1848-1908), diretor do Imperial Observatório, representa o Brasil na Conferência de Washington em que se adota o meridiano de Greenwich como meridiano inicial de referência para longitudes e hora internacional (o que ocorre a 13 de outubro). 1885 (19 de agosto) – O astrônomo amador irlandês Isaac Ward descobre S Andromedae (ou SN 1985A), primeira (e até agora única) supernova observada na galáxia de Andrômeda e a primeira supernova localizada fora da Via Láctea. Distante 2,6 milhões de anos-luz e atingindo a magnitude 6, é observada no dia seguinte, independentemente, pelo astrônomo alemão Ernst Hartwig (1851-1923). 1886 – O físico alemão Heinrich Hertz (1857-1894) produz e detecta ondas eletromagnéticas, do tipo que mais tarde seria chamado “rádio”. 1886 – Luis Cruls lança a Revista do Imperial Observatório, de publicação mensal. 1886 (7 de fevereiro) – É fundada a Astronomical Society of the Pacific, nos EUA. 1887 – Camille Flammarion funda a Société Astronomique de France. 1887 – É instituído em Paris o projeto “Carte du Ciel” (Carta do Céu), cujo objetivo é mapear, fotograficamente, todos os objetos celestes visíveis até a 14ª magnitude. 1888 – O astrônomo dinamarquês Johan Ludvig Emil Dreyer (1852-1926). compila o Novo Catálogo Geral de Nebulosas e Agrupamentos de Estrelas, (NGC), inicialmente com 7.840 objetos. 1888 – Isaac Roberts (1829-1904), um amador inglês pioneiro da fotografia astronômica, descobre a estrutura em espiral de Andrômeda e a presença de dois sistemas-satélites. 1888 (1º de junho) – Têm início as atividades do Lick Observatory em Mount Hamilton, Califórnia. 1891 – É fundado, pelo papa Leão XIII (1810-1903), o Observatório do Vaticano, para mostrar que "a Igreja e seus pastores não se opõem à ciência autêntica e sólida, tanto a humana como a divina, mas a abraça, a impulsiona e a promove com a mais completa dedicação". As palavras de Leão XIII vêm após as várias negações da Igreja sobre descobertas científicas, entre elas as astronômicas, como a rotação da Terra ao redor do Sol. 1891 – O físico britânico John Henry Poynting (1852-1914) determina a densidade média da Terra: 5,5g/cm3. 1891 – É inaugurado o Observatório de Perth, na Austrália. 1892 – O astrônomo norte-americano George Ellery Hale (1868-1938) inventa o espectroheliógrafo, um aparelho que permite fotografar o Sol na luz de um elemento apenas, ou seja, na luz de uma única cor espectral. Isso implica analisar somente as linhas mais intensas e características da radiação cromosférica. 1892 – O astrônomo norte-americano William Henry Pickering (1858-1935) afirma ter visto oásis em Marte. 1892 (5 de janeiro) – É tirada a primeira fotografia da aurora boreal. 1892 (9 de setembro) – É descoberto Amalteia, quinto satélite conhecido de Júpiter, pelo astrônomo norte-americano Edward Emerson Barnard (1857-1923). Diâmetro: 250 x 146 x 128 km; período orbital: 0,498 dia (11h57min); distância média ao planeta: 181.365 km; massa: 2,18 quatrilhões de toneladas; densidade: 0,857g/cm3. 1893 – John Henry Poynting faz uma determinação da constante gravitacional, usando precisos equilíbrios de torção. 1894 – O astrônomo amador norte-americano Percival Lowell (1855-1916) funda em Flagstaff, no Arizona, um observatório particular, que leva seu nome, dedicado essencialmente a tentar provar a existência dos canais de Marte e de um planeta para além da órbita de Netuno. 1895 (8 de novembro) – O físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen (1845-1923) descobre os raios X, que décadas mais tarde passam a ter ampla aplicação na astronomia, permitindo o estudo de radiações eletromagnéticas emitidas nos comprimentos de onda que os caracterizam. 1896 – Jules Janssen faz o primeiro registro fotográfico dos “grânulos” da fotosfera solar. Trata-se de zonas de convecção, que de cujo centro é ejetado gás quente, proveniente do interior do Sol, e em cujas bordas este mesmo gás, resfriado pela menor temperatura da fotosfera em relação às zonas internas solares, volta a cair. Os grânulos são fenômenos temporários, que duram minutos, e o gás ejetado atinge alturas de várias centenas de km. 1896 – O físico e químico sueco Svante August Arrhenius (1859-1927) cunha a expressão “efeito estufa”, prevendo que a queima de combustíveis fósseis, como o petróleo, aumentaria a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera e levaria ao aumento das temperaturas em todo o globo terrestre. 1897 – Henry A. Rowland (1848-1901), físico norte-americano, prossegue os estudos de Fraunhofer e completa um atlas das linhas de absorção solar. 1897 – O físico britânico Joseph John Thompson (1856-1940) descobre o elétron, partícula atômica elementar e estável, que circunda o núcleo do átomo e tem carga negativa. 1897 (21 de outubro) – É inaugurado em Williams Bay, Wisconsin, nos EUA, a 58m acima do lago Geneva e a 334m acima do nível do mar, o telescópio refrator de Yerks, cuja objetiva tem 1,01m de diâmetro, o que faz dele o maior do mundo em sua categoria. 1898 – O físico alemão Wilhelm Wien (1864-1928) identifica uma partícula positiva igual em massa à do átomo de hidrogênio. Com este trabalho, ele fundamenta a espectroscopia de massa. 1898 (13 de agosto) – O asteroide 433 Eros é descoberto pelo astrônomo alemão Carl Gustav Witt (1866-1946), do Observatório Urania, em Berlim. Mais de um século depois, torna-se o primeiro asteroide em cuja superfície pousa uma sonda espacial (Near-Shoemaker). Diâmetro: 13 x 13 x 33 km. Período orbital: 643,219 dias (1,76 ano); distância média ao Sol: 218.155.000 km. 1898 (16 de agosto) – William Henry Pickering descobre Febe, nono satélite conhecido de Saturno, a primeira lua de movimento retrógrado descoberta no Sistema Solar. Movimento retrógrado é aquele realizado por um corpo no sentido leste-oeste, oposto ao do movimento normal dos planetas. Febe – Diâmetro: 230 x 220 x 210 km; período orbital: 550,565 dias (1,51 ano); distância média ao planeta: 12.955.759 km; massa: 829 trilhões de toneladas; densidade: 1,634g/cm3. 1899 (6 de setembro) – É fundada a Astronomical and Astrophysical Society of America, hoje denominada American Astronomical Society (AAS), com sede em Washington. 1900 – Max Planck (1858-1947) introduz o conceito fundamental de quantum de luz ou fóton. Segundo esse físico alemão, a luz não é emitida de modo contínuo, mas em "rajadas" descontínuas de fótons. Para Planck, esses são os entes físicos elementares que constituem a luz, e parâmetros tipicamente ondulatórios, como a frequência e o comprimento de onda, os caracterizam. 1900 – O geólogo irlandês Richard Dixon Oldham (1858-1936) consegue identificar as ondas primárias (longitudinais) e secundárias (transversais) num sismograma terrestre. 1900 – Max Planck enuncia a lei que rege a distribuição da energia de um gás: aquecido, ele emite radiações no espectro contínuo. 1900 – Svante Arrhenius formula a teoria da Panspermia, ideia de que a vida pulsa em todo o Universo e é transportada pela pressão de radiação das estrelas como sementes levadas pelo vento para germinar em ambientes apropriados. Segundo essa hipótese, a vida na Terra poderia ter origem extraterrestre, trazida, por exemplo, na cauda de um cometa. 1901 – Wilhelm Conrad Röntgen recebe o Prêmio Nobel de Física pela descoberta dos raios X. 1902 O meteorologista francês Leon-Philippe Teisserenc de Bort (1855-1913) descobre a estratosfera. 1902 – O francês Georges Mélies (1861-1938), um dos pioneiros do cinema, realiza “Voyage dans la Lune” (“Viagem à Lua”), um dos primeiros filmes de ficção científica, que narra uma viagem ao satélite natural da Terra. 1903 – William Henry Pickering afirma ter visto sinais de vida na Lua. 1903 – O físico e astrônomo norte-americano Edward Charles Pickering (18461919) publica o primeiro atlas fotográfico de todo o céu. 1903 – O cientista russo Konstantin Eduardovich Tsiolkovsky (1857-1935) publica "A Exploração do Espaço com Equipamentos Reativos", que descreve como os foguetes espaciais poderiam queimar hidrogênio e oxigênio líquido, um princípio utilizado até hoje. 1904 – O astrônomo inglês Edward Walter Maunde (1851-1928) rrepresenta graficamente o primeiro “diagrama borboleta”, indicando a evolução temporal das manchas solares em latitude. 1904 – Pierre-Jules-César Janssen publica um grande atlas solar, com 6.000 fotografias. 1904 – O astrônomo inglês William Ward constata que somente 35 amostras de meteoritos caídos antes de 1800 são conservadas nas coleções de todo o mundo. 1904 – O astrônomo alemão Johannes Franz Hartmann (1865-1936) descobre a existência, no espaço interestelar, de átomos diferentes daqueles detectáveis nas atmosferas das estrelas. 1904 (3 de dezembro) – O astrônomo norte-americano Charles Dillon Perrine (1867-1951) descobre Himalia, sexto satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 170 km; período orbital: 250,56 dias; distância média ao planeta: 11.460.000 km; massa: 6,7 quatrilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3. 1904 (20 de dezembro) – É fundado o Observatório Solar de Monte Wilson, localizado na Califórnia, onde Edwin Hubble faz suas descobertas sobre a expansão do Universo. 1905 – O físico alemão Albert Einstein (1879-1955) formula a teoria da relatividade Especial (ou restrita). Esta teoria propõe que a velocidade da luz no vácuo é constante, independente da velocidade da fonte, que a massa depende da velocidade, que há dilatação do tempo durante movimento em alta velocidade, que massa e energia são equivalentes e que nenhuma informação ou matéria pode se mover mais rápido do que a luz. A teoria é especial somente porque está restrita ao caso em que os campos gravitacionais são pequenos, ou desprezíveis. É nesta teoria que aparece a famosa equação relacionando massa e energia: E = mc2, onde E representa a energia, m, a massa, e c2, a velocidade da luz ao quadrado. 1905 – O Observatório Lowell dá início a um projeto visando a descobrir o planeta que Percival Lowell acredita existir além de Netuno, o qual ele chama de “Planeta X”. 1905 (2 de fevereiro) – Charles Dillon Perrine descobre Elara, sétimo satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 86 km; período orbital: 259,64 dias; distância média ao planeta: 11.740.000 km; massa: 870 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3. 1906 – O físico e astrônomo alemão Karl Schwarzschild (1873-1916) modela a atmosfera solar a partir da teoria de equilíbrio termodinâmico. Ele também explica o escurecimento do limbo solar. Limbo é o contorno, a parte luminosa do perfil de um astro. 1906 – O astrônomo inglês Arthur Eddington (1882-1944) começa o seu estudo estatístico dos movimentos estelares. 1906 – Com base em observações de Netuno feitas na segunda metade do século XIX, de acordo com as quais perturbações na órbita de Urano indicavam a presença de mais um planeta no Sistema Solar, Percival Lowell dá início a um amplo projeto visando a encontrar este astro, que ele denomina “planeta X”. 1906 (22 de fevereiro) – O astrônomo alemão Max Wolf (1863-1932) descobre o primeiro asteroide troiano, 588 Aquiles. Asteroides troianos são grupos de objetos localizados em pontos de órbita estável previstos por Lagrange, grupos estes que precedem e seguemum planeta (no caso em questão, Júpiter), formando com este planeta e o Sol um triângulo equilátero. Os nomes destes asteroides são todos tirados de personagens da Guerra de Tróia. Aquiles – Diâmetro: 135,5 km; período orbital: 4.320,083 dias (11,83 anos); distância média ao Sol: 776.669.000 km. 1908 – George Ellery Hale descobre a separação Zeeman das linhas espectrais provenientes de manchas solares, mostrando com isso que elas devem ser intensamente magnéticas. 1908 – A astrônoma norte-americana Henrietta Swan Leavitt (1868-1921), estudando a Pequena Nuvem de Magalhães, descobre a relação períodoluminosidade das Cefeidas Como todos os corpos celestes nesta nuvem estão à mesma distância, ela compara o tempo de duração dos ciclos das estrelas variáveis com relação ao seu brilho e chega à conclusão de que as cefeidas variam regularmente e podem fornecer indicações confiáveis acerca da distância a que estão. Mais tarde, Edwin Hubble utiliza os dados de Leavitt para calcular a distância até as galáxias próximas e lança o debate sobre se estas nebulosas espirais são aglomerados de poeira dentro da Via Láctea ou verdadeiras galáxias à parte. 1908 – O astrônomo espanhol Josep Comas y Sola (1868-1937) observa o escurecimento das bordas de Titã e conclui, acertadamente, que o satélite tem atmosfera. O escurecimento das bordas (“limb darkening”, em inglês) de um astro indica que a luz refletida por essas regiões percorre um caminho mais longo do que aquela proveniente de zonas centrais. 1908 (27 de janeiro) – O astrônomo inglês de origem belga Philibert Jacques Melotte (1880-1961) descobre Pasífae, oitavo satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 60 km; período orbital: 764,086 dias (2,092 anos); distância média ao planeta: 24.094.770 km; massa: 300 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3. 1908 (30 de junho) – Um grande bólido, caindo na Sibéria, próximo do rio Tunguska, causa uma tremenda explosão na atmosfera. A onda de choque devasta cerca de 2.000 km2 de floresta fechada, derrubando aproximadamente 80 milhões de árvores. O estrondo é ouvido a milhares de km, e a perturbação atmosférica ligada ao evento se faz sentir em todo o globo. 1909 – O astrônomo inglês John Evershed (1864-1956) descobre o efeito Evershed: o movimento horizontal dos gases externos dos centros de manchas solares. 1909 – Estudando um terremoto com epicentro nos Bálcãs, o astrônomo croata Andrija Mohorovicic (1857-1936) conclui que há descontinuidade em termos de densidade e de composição entre uma camada superficial da Terra, a crosta, e outra inferior, o manto. 1909 (1º de janeiro) – astrônomos de Londres indicam a existência de um planeta para além de Netuno. 1909 (16 de janeiro) – o explorador britânico Ernest Shackleton (1874-1922) encontra o Polo Magnético Sul da Terra. 1910 (12 de janeiro) – Um grande cometa, oficialmente denominado C/1910 A1, é visto por vários observadores de diversos países. A aparição é espetacular e, ao ser registrado pela primeira vez, já é visível a olho nu. O periélio (19.350.000 km) é atingido cinco dias mais tarde e, pouco depois, a luminosidade ultrapassa a de Vênus, fazendo desse astro, observável durante o dia, possivelmente o mais brilhante cometa do século XX. 1910 (20 de abril) - O cometa Halley atinge o periélio, numa passagem exaustivamente estudada, com instrumentos e a olho nu. A superstição gera grande medo do "fim do mundo". Os cientistas seguem o cometa desde o seu aparecimento nas regiões mais internas do Sistema Solar. Com potentes telescópios, é possível estudar o núcleo. Datam dessa ocasião as primeiras fotografias do astro. Em 18 de maio, ocorre a maior aproximação: a Terra passa através da cauda do cometa. A imprensa, apesar de todos os pedidos em contrário dos astrônomos, divulga histórias sensacionalistas segundo as quais cianureto proveniente do Halley envenenaria o planeta. Na realidade, o gás é tão difuso que nenhum efeito maléfico ocorre com a Terra devido à sua passagem pela cauda do cometa. 1910 – É observado o espectro de 40 Eridani B, a primeira anã branca identificada. Anãs brancas são estrelas em estágio final de evolução, de pequena massa e altíssima densidade. 1911 – O neozelandês Ernest Rutherford (1871-1937), utilizando os fenômenos radiativos no estudo da estrutura atômica, descobre que o átomo não é uma esfera maciça, mas sim formada por uma região central, o núcleo, e uma região externa a este, a eletrosfera. No núcleo atômico estão as partículas positivas, os prótons, e na eletrosfera, as partículas negativas, os elétrons. Considerando que os elétrons giram em torno de um centro, assim como os planetas giram ao redor das estrelas, a concepção atômica de Rutherford é por vezes denominada “modelo planetário”. 1912 – A China adota o calendário gregoriano. 1912 – O físico austríaco Victor Franz Hess (1883-1964) descobre que partículas carregadas, principalmente prótons, chamadas de raios cósmicos, altamente energéticas, atingem a Terra vindas do espaço e são produzidas de alguma forma pelos processos mais energéticos no Universo, com energias trilhões de vezes maiores do que se pode obter em nossos laboratórios, e mesmo muito maiores do que as estrelas podem gerar. 1912 – O norte-americano Vesto Melvin Slipher (1875-1969) descobre que as linhas espectrais das estrelas na galáxia M31 mostram um enorme deslocamento para o azul, indicando que esta galáxia está se aproximando do Sol, a uma velocidade de 300 km/s. Slipher inicia então um trabalho sistemático que leva duas décadas, demonstrando que, das 41 galáxias por ele estudadas, a maioria apresenta deslocamento espectral para o vermelho, indicando que as galáxias estão se afastando de nós. Slipher descobre que quanto mais fraca a galáxia, e portanto mais distante, maior é o deslocamento para o vermelho (velocidade de afastamento ou de recessão) de seu espectro. 1912 – Aparecem as primeiras publicações acerca da evolução continental da Terra, elaboradas pelo astrônomo, geofísico e meteorologista alemão Alfred Wegener (1880-1930), o pioneiro da moderna teoria da deriva dos continentes. 1912 (dezembro) – A Albânia adota o calendário gregoriano. 1913 – Aplicando a teoria quântica formulada por Max Planck ao modelo atômico de Rutherford, o físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962) elabora uma nova teoria, na qual Conclui que os elétrons dos átomos não emitem radiações enquanto permanecem numa mesma órbita, mas somente ao se deslocarem de um nível mais energético (órbita mais distante do núcleo) a outro de menor energia (órbita menos distante). A teoria quântica lhe permite formular essa concepção de modo mais preciso: as órbitas não se localizam a quaisquer distâncias do núcleo; ao contrário, apenas algumas órbitas são possíveis, cada uma delas correspondendo a um nível bem definido de energia do elétron. A transição de uma órbita a outra não é gradativa, mas se faz por saltos: ao absorver energia, o elétron salta para uma órbita mais externa; ao emiti-la, passa para outra mais interna. 1913 - O explorador e físico norueguês Kristian Birkeland (1867-1917) é o primeiro a predizer que o espaço não é apenas um plasma, mas que contém matéria não-visível pelos meios tradicionais. Ele escreve: “Parece uma consequência natural, do nosso ponto de vista, supor que o espaço inteiro está cheio de elétrons e de íons de todo tipo. Supomos que cada sistema estelar em evolução lança corpúsculos elétricos ao espaço. Parece, portanto, razoável pensar que a maior parte da massa do Universo se encontra, não em sistemas solares ou nebulosas, mas no espaço “vazio”. 1913 – É usado pela primeira vez o termo "parsec", surgido da contração das palavras "paralax" (paralaxe) e "second" (segundo. Trata-se de uma unidade de medida astronômica, equivalente à distância de um objeto cuja paralaxe anual média vale um segundo de arco, ou seja, 3,26 anos-luz (30,857 trilhões de km). Segundo Frank Watson Dyson, a palavra "parsec" é cunhada pelo astrônomo e sismologista britânico Herbert Hall Turner (1861-1930). 1914 – O astrônomo dinamarquês Ejnar Hertzsprung (1873-1967) e o norteamericano Henry Norris Russell (1877-1957) demonstram esquematicamente que existe uma relação direta entre a luminosidade (magnitude absoluta) e o espectro (cor) das estrelas. Trata-se do “diagrama H-R” ou “diagrama cor-magnitude”. 1914 (21 de julho) – O astrônomo norte-americano Seth Barnes Nicholson (18911963) descobre Sinope, nono satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 38 km; período orbital: 724,1 dias (1,95 ano); distância média ao planeta: 23.540.000 km; massa: 75 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3. 1915 – O astrônomo escocês Robert Thorburn Ayton Innes (1861-1933) descobre Proxima Centauri, situada a uma distância de 4,243 anos-luz (40,16 trilhões de km), o que faz dela a estrela mais próxima da Terra, depois do Sol. 1915 – O astrônomo norte-americano de origem síria Walter Sydney Adams (18761956) vence o obstáculo representado pela intensa luminosidade de Sirius A e consegue registrar o espectro de Sirius B. Trata-se de uma estrela anã, de cor branca. 1915 – O teórico alemão Ludwig Flamm (1885-1964) encontra nas equações de Einstein indicações da existência de "buracos de verme", atalhos entre um ponto e outro do espaço-tempo grandes e estáveis o suficiente para permitir viagens interestelares. Partindo da ideia de que é possível curvar o espaço, o cientista Considera a possibilidade de curvaturas produzidas em distantes regiões se tocarem, criando um atalho. 1915 (19 de março) – O Observatório de Flagstaff obtém duas imagens tênues de Plutão, mas o astro não é reconhecido como sendo o planeta procurado desde 1906. 1916 – Albert Einstein propõe a teoria da relatividade geral que, embora só difira da teoria da gravitação de Isaac Newton em poucas partes em um milhão na Terra, resulta bastante diferente em grandes dimensões e grandes massas, como o Universo. A teoria da relatividade geral é universal no sentido de ser válida mesmo nos casos em que os campos gravitacionais não são negligíveis. Trata-se, na verdade, da teoria da gravitação, descrevendo a gravidade como a ação das massas nas propriedades do espaço e do tempo, que afeta o movimento dos corpos e outras propriedades físicas. Enquanto na teoria de Newton o espaço é rígido, descrito pela geometria Euclidiana, na relatividade geral o espaço-tempo é distorcido pela presença da matéria que ele contém. 1916 – O astrônomo alemão Karl Schwarzschild encontra soluções específicas para as equações einsteinianas do campo gravitacional, dando início à teoria moderna dos buracos negros. Ele evidencia a existência de um limite no espaço e no tempo que impossibilita obter-se do exterior qualquer informação a respeito do que acontece além dele. Esse limite recebe o nome de “horizonte de eventos” e aplica-se às grandes massas quando estas se encontram particularmente comprimidas. 1916 – Edward Emerson Barnard descobre a estrela que leva seu nome, a segunda mais próxima da Terra (5,98 anos-luz). 1916 – Kristian Birkeland é o primeiro a predizer, corretamente, que, “do ponto de vista físico, é muito provável que os raios solares não sejam exclusivamente negativos ou positivos, mas de ambos os tipos”. Isto quer dizer que o vento solar é formado por elétrons negativos e íons positivos. 1917 – A Bulgária adota o calendário gregoriano. 1917 – o telescópio refletor óptico de 2,54m de Monte Wilson entra em operação, localizado em Monte Wilson, Califórnia. 1917 – Albert Einstein publica seu artigo histórico sobre cosmologia, "Kosmologische Betrachtungen Zur Allgemeinen Relativitätstheorie" (Considerações Cosmológicas sobre a Teoria da Relatividade), construindo um modelo esférico do Universo. Como as equações da Relatividade Geral não levam diretamente a um Universo estático de raio finito, mesma dificuldade encontrada com a teoria de Newton, Einstein modifica suas equações, introduzindo a famosa constante cosmológica, para obter um Universo estático, já que ele não tem nenhuma razão para supor que o Universo esteja se expandindo ou contraindo. A constante cosmológica age como uma força repulsiva que previne o colapso do Universo pela atração gravitacional. 1917 - O físico e astrônomo britânico James Jeans (1877-1946) aventa a hipótese de que os planetas do Sistema Solar se formaram a partir de material arrancado, por força de maré, do Sol e de outra estrela, durante uma aproximação entre ambas. Posteriormente, trabalhos do britânico Harold Jeffrey e do americano Henry Norris Russell demonstram a inviabilidade dessa teoria. 1917 (julho) – Astrônomos do Observatório de Monte Wilson descobrem uma “nova” na galáxia espiral NGC 6946; outras “novas” são descobertas por Heber Doust Curtis (1872-1942), da equipe do Observatório de Lick. Recorrendo-se à simples hipótese de que essas estrelas, cujo brilho aumenta substancialmente, possuem a mesma natureza e a mesma luminosidade intrínseca daquelas que aparecem na Via Láctea, é possível perceber que as galáxias espirais devem estar muito distantes e, portanto, atingir enormes dimensões. 1918 – A Rússia adota o calendário gregoriano. 1918 – O alemão Hans Reissner (1874-1967) e o finlandês Gunnar Nordstrøm (1881-1923) resolvem as equações de campo de Einstein-Maxwell para sistemas esfericamente simétricos carregados. As equações de campo de Einstein estão expressas na teoria da relatividade geral e descrevem como a matéria gera gravidade e, inversamente, como a gravidade afeta a matéria. Estas equações são restritas à lei de Newton da gravidade no limite não-relativista, isto é, a velocidades baixas e campos gravitacionais pouco intensos. 1918 – O astrônomo norte-americano Harlow Shapley (1885-1972) demonstra que os aglomerados globulares circundam a nossa galáxia como um halo e não estão centrados em volta da Terra. Ele realiza os primeiros cálculos confiáveis das dimensões da Via Láctea, atribuindo-lhe um diâmetro de 100.000 anos-luz (950 quatrilhões de km), valor ainda hoje aceito. Estabelece ainda que o Sol se encontra a cerca de 30.000 anos luz do centro galáctico (valor atualmente aceito: 26.000 anos-luz), mais próximo, portanto, da borda do que da região central. A Via Láctea, galáxia espiral barrada, apresenta espessura de 1.000 anos-luz (12.000 anos-luz, incluindo o disco de gás que a rodeia). Tem massa total de 580 bilhões de massas solares e contém de 200 a 400 bilhões de estrelas. É a segunda maior galáxia do Grupo Local, depois de Andrômeda. 1918 – Max Planck recebe o Prêmio Nobel de Física pela descoberta da energia quântica. 1919 – É fundada a União Astronômica Internacional (UAI, ou IAU – International Astronomical Union, na sigla em inglês). Essa organização tem como missão promover a ciência da astronomia em todos os seus aspectos através de cooperação internacional. É a autoridade internacionalmente reconhecida com poder para atribuir designações a corpos celestes e a quaisquer aspectos de sua superfície. As atividades educacionais e relativas à ciência da IAU estão organizadas em 11 divisões científicas e, através delas, em 40 comissões mais especializadas, que cobrem todos os aspectos da astronomia. As divisões científicas são: Astronomia Fundamental, Sol e Heliosfera, Ciências Planetárias, Estrelas, Estrelas Variáveis, Matéria Interestelar, Via Láctea, Galáxias e Universo, Espectroscopia, Radioastronomia e Física de Altas Energias e Técnicas Espaciais. A política de longo termo da IAU é definida por uma Assembleia Geral e implementada por um Comitê Executivo. O ponto focal de suas atividades é o IAU Secretariat (permanente), localizado no Institut d’Astrophysique, em Paris, França. 1919 – A Romênia adota o calendário gregoriano. 1919 (29 de maio) – Ocorre um famoso eclipse total do Sol, visível em Sobral (Ceará), cuja observação permite confirmar a previsão da Teoria da Relatividade sobre o desvio dos raios luminosos na presença de campos gravitacionais. Organiza-se uma expedição ao Brasil, coordenada pelo inglês Andrew Claude de la Cherois Crommelin (1865-1939), a qual retorna com 7 fotografias boas. Medindo a distância entre as estrelas à esquerda e à direita do Sol durante o eclipse, quando elas estão visíveis pelo curto espaço de tempo que ele dura, e comparando com medidas das mesmas estrelas obtidas 6 meses antes, quando elas eram visíveis à noite, o chefe internacional deste estudo, o astrônomo inglês Sir Arthur Stanley Eddington (1882-1944), observa que as estrelas parecem mais distantes umas das outras durante o eclipse. Isto implica que os raios de luz destas estrelas são desviados pelo campo gravitacional do Sol, como predito por Einstein. Tais desvios são o que se chama em astronomia de “lentes gravitacionais”. 1920 – É descoberto, nas vizinhanças de Grootfontein, na Namíbia, o maior meteorito conhecido, o Hoba, uma rocha com peso estimado de 59t composta de ferro-níquel. 1920 (26 de abril) – A discussão entre os astrônomos sobre a natureza das nebulosas torna-se tão intensa que a Academia Nacional de Ciências de Washington decide formalizá-la, convidando Harlow Shapley e Heber Curtis – os dois maiores representantes das tendências antagônicas – para um debate, que seria assistido pelos mais ilustres astrônomos da época. Shapley considera as espirais como parte integrante da nossa galáxia; Curtis permanece fiel à ideia dos Universos-ilha. Desse modo, depois de quase um século e meio, encerra-se o Grande Debate, iniciado por William Herschel no final do século XVIII. Sua conclusão evidencia a genialidade das intuições de Wright e de Kant sobre os Universos-ilha, noção “intuitiva” à qual sucessivas gerações de pesquisadores se apegaram. A partir de 1920, entretanto, surgem provas rigorosamente científicas de sua validade. Para muitos astrônomos, a natureza das “nebulosas espiraladas” se apresentava ainda incerta antes daquele ano. Depois do confronto, porém, torna-se clara para todos. 1920 (13 de dezembro) – O astrônomo norte-americano Francis Gladheim Pease (1881-1938) faz a primeira determinação do diâmetro de uma estrela ( Betelgeuse, alfa de Órion, distante 640 anos-luz) com o uso do interferômetro, no Observatório de Monte Wilson. O valor por ele obtido é de 400 milhões de km (valor atualmente aceito: 1,3 bilhão de km). 1922 – Vesto Sliphe rresume suas descobertas sobre os deslocamentos para o vermelho sistemático das nebulosas espirais. 1922 – O matemático russo Alexander Friedmann (1888-1925) encontra uma solução para as equações de campo de Einstein que sugere uma expansão geral do espaço. 1922 – Ocorre em Roma, Itália, a primeira assembleia geral da UAI. 1922 – A UAI adota como oficial o Central Bureau for Astronomical Telegrams (CBAT), fundado pela Astronomische Gesellschaft, em 1882, em Kiel, na Alemanha, e funcionando, desde a segunda metade da década de 1910, no Observatório de Østervold, na Dinamarca, a cargo da Universidade de Copenhague. A instituição passa a ser o organismo internacional responsável pela catalogação e identificação de eventos astronómicos recentemente descobertos. O CBAT reúne e distribui informações sobre cometas, satélites naturais, novas, supernovas e outros eventos astronômicos recentes. Também estabelece a prioridade das descobertas (a quem devem ser creditadas) e atribui designações provisórias e nomes a novos objetos. Ademais, distribui as circulares da UAI, as quais, desde meados da década de 1980, também estão disponíveis em meio eletrônico. 1922 – O astrônomo norte-americano de origem holandesa Willem Luyten (18991994) utiliza pela primeira vez o termo “anã branca” para se referir a estrelas semelhantes a Sirius B. Essa denominação deve-se ao fato de a temperatura de todas as estrelas desse tipo então conhecidas girar em torno de 10.000°C, correspondendo à classe espectral A, constituída por estrelas de cor branca. Hoje, contudo, sabe-se que a temperatura dessas estrelas pode variar entre 3.000°C e 20.000°C, com as cores variando do vermelho ao azul. Isso significa, portanto, que nem todas as anãs brancas são efetivamente brancas. 1922 – Na gestão de Henrique Charles Morize (1860-1930), o antigo Imperial Observatório, atual Observatório Nacional, como passara a denominar-se após a proclamação da República, instala-se no morro de São Januário. 1922 (22 de outubro) – É publicada a primeira Circular da UAI (IAU). 1923 – Todos os países aderem ao calendário gregoriano, pelo menos para regular o ano civil. 1923 – O matemático norte-americano George Birkhoff (1884-1944) prova que a geometria de espaço-tempo de Schwarzschild é a única solução esfericamente simétrica das equações de campo de Einstein no vácuo. 1923 – O físico romeno Hermann oberth (1894-1989) publica “Die Rakete zu den Planetenräumen” (“O Foguete Ao Espaço Planetário”), livro em que descreve como um telescópio poderia ser colocado em órbita terrestre por meio de um foguete. Ele também cunha a expressão "estação espacial" para descrever uma estrutura que serviria como ponto de partida para viagens à Lua e a Marte. 1924 – Arthur Eddington desenvolve a relação massa-luminosidade para as estrelas da sequência principal. 1924 (dezembro) – O astrônomo norte-americano Edwin Powell Hubble (18891953) publica os importantíssimos resultados das medições por ele efetuadas no ano anterior. Ao determinar, com o auxílio de variáveis cefeidas, a distância a que estão da Terra M31 (Andrômeda) e M33 (Triângulo), ele conclui que se trata de sistemas estelares semelhantes à Via Láctea e que estão localizados fora dela. A relutância de Hubble em publicar suas conclusões deve-se ao fato de estarem em franca contradição com as medições tomadas, em 1916, pelo astrônomo holandês Adriaan van Maanen (1884-1946), então tidas em alta conta no meio científico. Com a constatação de que estão corretas as medições efetuadas por Hubble, encerra-se o Grande Debate e fica provada a natureza extragaláctica das nebulosas em espiral. 1925 – O climatologista e geofísico austríaco Victor Conrad (1876-1962) verifica a existência de uma descontinuidade entre a parte superior e a parte inferior da crosta terrestre continental. 1925 – Edwin Hubble propõe um sistema, ainda em uso atualmente, para classificar as galáxias de acordo com sua forma e estrutura. 1925 – A astrônoma anglo-americana Cecília Payne (1900-1979) estabelece que o hidrogênio é o elemento químico mais abundante na composição das estrelas. 1925 (9 de maio) – O físico alemão Albert Einstein visita o Observatório Nacional (Rio de Janeiro). 1926 – O físico inglês Ralph Fowler (1889-1944) usa a estatística de Fermi-Dirac para explicar as estrelas anãs brancas. 1926 – O sismólogo alemão Beno Gutenberg (1889-1960) descobre, no manto terrestre, uma zona de baixa velocidade de ondas sísmicas, a cerca de 150 km de profundidade e com espessura de quase 100 km. Essa camada recebe a denominação de “astenosfera”. 1926 – Arthur Eddington sugere que o calor do Sol provém de um "reator nuclear" interno. 1926 – O físico norte-americano de origem polonesa Albert Michelson (1852-1931) mede com precisão a velocidade da luz, concluindo que ela é de 299.796+-4 km/s. O valor aceito atualmente é de 299.792,458 km/s. De acordo com a definição da UAI, ano-luz é a distância percorrida pela luz, no vácuo, ao longo de um ano juliano (exatamente 365,25 dias, ou 31.557.600 segundos), o que corresponde a 9.460.730.472.580,8 km. 1926 (16 de março) – Primeiro voo de foguete propelido a combustível líquido (gasolina e oxigênio), construído pelo norte-americano Robert Hutchings Goddard (1882-1945) e lançado em Auburn, Massachusetts. 1927 – O astrônomo norte-americano Ira Sprague Bowen (1898-1973) explica as linhas espectrais não identificadas provenientes do espaço como linhas de transição proibidas. 1927 – O padre e cosmólogo belga Georges-Henri Édouard Lemaître (1894-1966) é provavelmente o primeiro a propor um modelo específico para o Big Bang. Ele imagina que toda a matéria esteja concentrada no que ele chama de átomo primordial e que este átomo se partiu em incontáveis pedaços, cada um se fragmentando sempre mais, até formar os átomos presentes no Universo, numa enorme fissão nuclear. Este modelo não obedece às leis da relatividade e à estrutura da matéria (quântica), mas ele inspira os modelos modernos. 1927 – Têm início as atividades do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (USP). 1927 – O astrônomo holandês Jan Hendrik Oort (1900-1992) analisa movimentos de estrelas distantes, encontrando evidências de uma rotação diferencial, e funda a teoria matemática da estrutura galáctica. 1927 – O geólogo inglês Arthur Holmes (1890-1965), pioneiro no uso dos elementos radioativos para datar as rochas, propõe um mecanismo capaz de explicar o movimento dos continentes. Quando decaem, os elementos radioativos existentes no interior da Terra produzem calor e aquecem o manto. Essa camada constitui um meio sólido para a pesquisa sísmica, pois as ondas secundárias propagam-se em seu interior. Num período de milhares de anos, porém, o manto comporta-se como um fluido extremamente viscoso, capaz de transportar por convecção o calor do centro para a superfície. No fenômeno físico da convecção, as porções quentes do fluido ficam ainda mais quentes e tendem a subir, enquanto suas partes frias afundam. Se a diferença de temperatura for suficiente, cria-se uma circulação ordenada, com a formação de células de convecção. Holmes afirma que esse mecanismo é capaz de deslocar os continentes, assim como as correntes marítimas fazem com os “icebergs”. 1929 – Edwin Hubble verifica que a velocidade de afastamento (deslocamento para o vermelho) das galáxias é proporcional à distância entre elas, demonstrando que o Universo está em expansão e criando a “constante de Hubble”. 1929 – O norte-americano George Antonovich Gamow (1904-1968) propõe a fusão do hidrogênio como a fonte de energia das estrelas. 1929 – Henry Norris Russell conduz os primeiros estudos espectroscópicos para determinar a composição química do Sol. 1929 – O astrônomo e fabricante de instrumentos ópticos Bernhard Voldemar Schmidt (1879-1935) inventa um novo sistema de espelho para telescópios refletores que supera os problemas anteriores de aberração da imagem. Tais instrumentos são conhecidos como telescópios Schmidt. Para conseguir isso, ele instala uma lente corretora à frente do espelho de um telescópio refletor e obtém excelentes resultados. Seu sistema combina, portanto, os princípios de refração com os de reflexão, dando origem aos instrumentos mistos. 1929 (abril) – O astrônomo norte-americano Clyde Tombaugh (1906-1997) começa a procurar sistematicamente Plutão. Antes que Tombaugh nascesse, Percival Lowell havia lançado uma busca por Plutão, um nono planeta cuja gravidade explicaria as divergências nas posições de Urano e Netuno. Lowell não consegue encontrar o planeta, e em seu testamento decreta que a caça deve continuar. 1930 – Seth Nicholson mede a temperatura da superfície da Lua. 1930 – O astrônomo norte-americano de origem suíça Robert Trumpler (18861956) descobre e calcula a absorção da luz por poeira interestelar, comparando os tamanhos angulares e brilhos de aglomerados globulares. 1930 – O astrônomo francês Bernard-Ferdinand Lyot (1897-1952) inventa o coronógrafo, um instrumento que permite a observação da coroa solar quando o Sol não está em eclipse. 1930 – O astrônomo francês Eugéne Antoniadi (1870-1944) publica um tratado que se torna clássico na história das pesquisas sobre Marte, em que ele escreve: “Ninguém jamais observou canais de verdade em Marte, e as linhas mais ou menos retilíneas de Schiaparelli não existem nem como canais nem como formas geométricas. O local onde eles teriam sido observados corresponde a uma superfície com estrias irregulares manchadas, zonas de reflexão não-uniformes, terrenos descontínuos ou talvez margens esverdeadas de um lago de morfologia complexa”. Observando os detalhes da superfície marciana com um dos refratores mais aperfeiçoados da época, Antoniadi dá o golpe de misericórdia nos canais. 1930 – A UAI adota a proposta do astrônomo belga Eugène Delporte (1882-1955) e fixa em 88 o número das constelações. São elas: Águia, Altar, Andrômeda, Aquário, Áries (ou Carneiro), Ave do Paraíso, Baleia, Boieiro, Buril (do Escultor), Bússola, Cabeleira de Berenice, Cães de Caça, Camaleão, Câncer (ou Caranguejo), Cão Maior, Cão Menor, Capricórnio, Carena (ou Quilha), Cassiopeia, Cefeu, Centauro, Cisne, Cocheiro, Compasso, Coroa Austral, Coroa Boreal, Corvo, Cruzeiro do Sul, Delfim, Dourado, Dragão, Erídano, Escorpião, Escudo (de Sobieski), Escultor, Fênix, Flecha, Forno Químico, Gêmeos, Girafa, Grou, Hércules, Hidra Fêmea, Hidra Macho, Índio, Lagarto, Leão, Leão Menor, Lebre, Libra (ou Balança), Lince, Lira, Lobo, Máquina Pneumática, Microscópio, Monte Mesa, Mosca, Ofiúco (ou Serpentário), Oitante, Órion, Pavão, Pégaso, Peixe Austral, Peixes, Peixe Voador, Pequena Raposa, Pequeno Cavalo, Perseu, Pintor, Pomba (de Noé), Popa (da nave Argos), Régua, Relógio, Retículo, Sagitário, Serpente (dividida em Cabeça e Cauda), Sextante, Taça, Telescópio, Touro, Triângulo, Triângulo Austral, Tucano, Unicórnio, Ursa Maior, Ursa Menor, Vela e Virgem. 1930 – O físico indiano Subrahmanyan Chandrasekhar (1910-1995) descobre e calcula o limite que leva seu nome, o qual representa a máxima massa possível para uma estrela do tipo anã branca (um dos estágios finais das estrelas que consumiram toda a sua energia) suportada pela pressão da degeneração de elétrons, e é de aproximadamente três octiliões de toneladas, cerca de 1,44 vez a massa do Sol. Acima desse limite, a anã branca entra em colapso, devido ao efeito da gravidade. 1930 (21 de janeiro) – Clyde William Tombaugh fotografa Plutão, mas não o identifica ainda como planeta. Outras fotografias são tiradas nos dias 23 e 29. 1930 (18 de fevereiro) – Clyde William Tombaugh descobre Plutão, então considerado o nono planeta do Sistema Solar, utilizando o telescópio refrator de 33cm do Lowell Observatory, em Flagstaff, no Arizona. Plutão tem diâmetro estimado de 2.390 km e área superficial de 17,95 milhões de km2 ((3,3% da terrestre). Ocupa um volume de 7,15 bilhões de km3 (0,66% do volume da Terra) e tem massa de 13,05 quintilhões de toneladas (0,21% da terrestre), o que resulta numa densidade de 2,03g/ km3. A força de gravidade equivale a 5,9% da terrestre, e a velocidade de escape é de 1,2 km/s. orbita o Sol à distância média de 5.906.376.272 km (varia entre 4.436.824.613 e 7.375.927.931 km), completando uma órbita, à velocidade média de 16.800 km/h, em 90.613,305 dias terrestres (248,09 anos), ou 14.164,4 dias plutonianos. O período de rotação é de 6d9h17min36s. Os principais componentes da atmosfera são nitrogênio e metano. A magnitude aparente é superior a 13,65, sendo a média 15,1. Tem três satélites conhecidos. Plutão é o nome latino de Hades, deus grego do submundo e das riquezas dos mortos. 1930 (24 de março) – Plutão é oficialmente batizado, tendo o nome sido sugerido por Venetia Phair (1918-2009), uma menina de onze anos vivendo em Oxford. Esta decisão é anunciada em 1º de maio. 1930 (10 de maio) – o primeiro planetário é aberto ao público nos EUA, o Planetário de Adler, em Chicago, Illinois. 1931 – O astrônomo alemão Otto Hermann Leopold Hec kmann (1931-1983) afirma que a matéria é, sob alguma circunstância, homogeneamente distribuída ao longo do Universo e é isotrópica, isto é, tem propriedades idênticas em toda direção). 1932 – O físico inglês James Chadwick (1891-1974) descobre o nêutron, partícula atônica com carga elétrica nula, que compõe, juntamente com o próton, o núcleo do átomo. 1932 – Estudando as perturbações e as interferências verificadas durante as transmissões radiofônicas, o físico e engenheiro norte-americano Karl Jansky (1905-1950) descobre que parte dessas perturbações se deve a radiações cósmicas que atingem regularmente a Terra e conclui que a fonte contínua dessas radiações deve estar situada na direção da constelação de Sagitário, a mesma em que se encontra o centro da Via Láctea. Trata-se das ondas de rádio, cujo estudo sistemático dá origem à radioastronomia. 1932 – Ao estudar o destino de uma estrela massiva após o esgotamento de todo o seu combustível nuclear, o físico e matemático azerbaijano Lev Davidovich Landau (1908-1968) chega à conclusão de que, na fase de resíduo estelar, a matéria se encontra num estado de elevada densidade, composta basicamente por nêutrons. Descobre-se, assim, as estrelas de nêutrons. 1932 – Harlow Shapley e Adelaide Ames publicam um levantamento das galáxias com brilho superior à 13ª magnitude, conhecido mais tarde como “Catálogo Shapley-Ames”. 1932 – O astrônomo estoniano Ernst Öpik (1893-1985) postula que os cometas de longo período têm origem numa nuvem localizada nos confins do Sistema Solar. Essa região é hoje conhecida como Nuvem de Oort. 1933 – O astrônomo suíço Fritz Zwicky (1898-1974) postula a existência da matéria escura. Esta é a matéria suplementar necessária para explicar as curvas de rotação das galáxias e as velocidades observadas das galáxias em aglomerados, maiores que as explicáveis através da matéria observada, chamada matéria luminosa. Zwicky, trabalhando nos EUA, observando que as velocidades das galáxias em aglomerados são muito maiores do que o esperado, calcula que a massa do aglomerado deve ser pelo menos dez vezes maior do que a massa da matéria visível no próprio aglomerado, isto é, da massa em estrelas e gás pertencentes às galáxias. 1933 – Fritz Zwicky e Walter Baade propõem a ideia da existência de estrelas de nêutrons e sugerem que as supernovas poderiam ser criadas pelo colapso de estrelas normais para estrelas de nêutrons. Eles também sugerem que tais eventos podem explicar o fundo de raios cósmicos. 1933 – Bernard-Ferdinand Lyot inventa o filtro de Lyot, formado por uma série de lâminas de quartzo separadas por polarizadores e analisadores, a fim de ser possível isolar a luz de um comprimento de onda determinado; permite a observação das protuberâncias e da coroa solar pelo isolamento de uma de suas raias de emissão.. 1933 – A União Soviética (URSS) lança seu primeiro foguete de propelente líquido, com a importante colaboração do engenheiro russo Sergey Pavlovich Korolev (1907-1966). 1933 – O astrônomo norte-americano Donald Menzel (1901-1976) descobre, juntamente com J. C. Boyce, que a coroa solar contém oxigênio. 1933 – O matemático e astrofísico inglês Edward Milne (1896-1950) formaliza o princípio cosmológico, uma das principais hipóteses da cosmologia moderna, baseada em um número crescente de evidências observacionais, as quais afirmam que, Em escalas espaciais suficientemente grandes, o Universo é homogêneo e isótropo. 1933 – É fundada a Meteoritical Society, organização sem fins lucrativos cujo objetivo é promover a pesquisa e a educação em ciência planetária, com ênfase em meteoritos e outros materiais extraterrestres. Além de meteoritos, o interesse da organização abrange poeira cósmica, asteroides, cometas, satélites naturais, planetas, impactos e a origem do Sistema Solar. 1933 (17 de agosto) – É lançado o Gird 9, primeiro foguete soviético, que atinge a altitude de 400m. 1933 (13 de outubro) – É fundada a British Interplanetary Society, organização sem fins lucrativos com sede em Londres. 1934 – Georges-Henri Lemaître interpreta a constante cosmológica como devida a uma energia do “vácuo”, com uma equação de estado incomum de fluido perfeito. 1934 – O físico norte-americano Richard Tolman (1881-1948) mostra que a radiação de corpo negro em um Universo que se expande esfria mas permanece térmica. 1934 – O astrônomo norte-americano de origem alemã Walter Baade (1893-1960) propõe, com Fritz Zwicky, que as supernovas poderiam produzir raios cósmicos e nêutrons. 1934 – Walter Baade e Fritz Zwicky formulam a hipótese (posteriormente confirmada) de que as estrelas de nêutrons são remanescentes da explosão de uma supernova. 1935 – Nicolas Stoyco (1884-1973) confirma a existência de flutuações no movimento de rotação da Terra, causadas pelo movimento lunar. 1935 – James Chadwick recebe o Prêmio Nobel de Física pela descoberta (1932) do nêutron. 1935 (2 de abril) – É concedida ao escocês Robert Watson-Watt (1892-1973) a patente para o RADAR. 1935 (14 de maio) – É inaugurado o Griffith Observatory, em Los Angeles, Califórnia. 1936 – o telescópio refletor óptico Schmidt de 46cm de Palomar entra em operação, localizado em Palomar, Califórnia. 1936 – No livro "The Realm of the Nebulae" (O Reino das Nebulosas), Edwin Hubble apresenta uma classificação morfológica das galáxias, representada num diagrama que se torna conhecido como "forquilha de Hubble". As galáxias estão divididas em espirais, espirais barradas, elípticas, lenticulares e irregulares, com diversas subcategorias. 1936 – Raimond Arthur Lyttleton (1911-1995), matemático e físico teórico inglês, apresenta a hipótese de Plutão ter sido, até um período relativamente recente, um satélite de Netuno. 1936 – A sismóloga dinamarquesa Inge Lehmann (1888-1993) interpreta algumas observações anômalas das ondas primárias como indício da presença, no centro da Terra, de um núcleo provavelmente sólido, envolvido por uma parte líquida. 1936 – Os norte-americanos Victor Franz Hess (1883-1964), de origem austríaca, e Carl David Anderson (1905-1991) recebem o Prêmio Nobel de Física, o primeiro por seus estudos acerca dos raios cósmicos e o segundo pela descoberta (1932) do pósitron, partícula subatômica que tem a mesma carga elétrica de um próton e a mesma massa de um elétron. 1937 – O físico inglês Paul Dirac (1902-1984) apresenta uma teoria cosmológica em que a constante gravitacional diminui lentamente, de modo que a idade do Universo, dividida pelo tempo de cruzamento da luz atômica, sempre é igual à razão da força elétrica para a força gravitacional entre um próton e um elétron. 1937 – Fritz Zwicky sugere o termo "supernova" para nomear as grandes explosões estelares. 1938 – O físico norte-americano de origem alemã Hans Albrecht Bethe (19062005) conclui que as elevadíssimas temperaturas e pressões existentes no centro do Sol podem fazer com que quatro núcleos de hidrogênio (ou seja, quatro prótons) se fundam para formar um único núcleo de hélio. Como a massa total dos quatro prótons equivale a 4,0325 unidades de massa atômica, e a de um núcleo de hélio a 4,0039, a reação libera uma energia correspondente a 0,0286 (ou seja, 0,7% da massa em questão). 1938 – O físico francês Pierre Victor Auger (1899-1993) é o primeiro a observar as faíscas produzidas na atmosfera terrestre pela interação entre a região atmosférica e os raios cósmicos. 1938 (6 de julho) – Seth Barnes Nicholson Descobre Lisiteia, décimo satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 36 km; período orbital: 259,20 dias; distância média ao planeta: 11.720.000 km; massa: 63 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3. 1938 (30 de julho) – Seth Barnes Nicholson descobre Carme, 11º satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 46 km; período orbital: 702,28 dias (2,045 anos); distância média ao planeta: 23.400.000 km; massa: 130 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3. 1938 (30 de outubro) – O cineasta norte-americano Orson Welles (1915-1985) realiza, na rádio CBS (Columbia Broadcasting System), uma dramatização intitulada A Guerra dos Mundos, baseada no livro homônimo publicado, em 1898, por H. G. Welles (1866-1946). A obra descreve uma invasão da Terra por marcianos, e a dramatização causa pânico entre a população norte-americana, pois a crença na existência de vida em Marte faz muitas pessoas acreditarem na veracidade da história transmitida pelo rádio. 1939 – O químico alemão Otto Hahn (1879-1968), a física sueca de origem austríaca Lise Meitner (1878-1968) e o químico alemão Fritz Strassmann (19021980) descobrem a fissão nuclear: quando um núcleo de urânio absorve um nêutron, ele pode ser “sacudido” até o ponto em que ele se divide em dois fragmentos de tamanhos comparáveis, liberando uma grande quantidade de energia. 1939 – O astrônomo norte-americano de origem alemã Rupert Wildt (1905-1976) nota a importância do ion negativo de hidrogênio para a opacidade estelar. 1939 – O físico norte-americano Julius Robert Oppenheimer (1904-1967) e seu discípulo George Michael Volkoff (1914-2000), físico canadense, estabelecem que a dimensão máxima de uma estrela de nêutrons não ultrapassa algumas dezenas de km. 1939 - Robert Oppenheimer e Hartland Snyder calculam o colapso de uma esfera de fluido homogênea livre de pressão e observam que ela interrompe suas próprias comunicações com o resto do Universo. 1939 – Bernard-Ferdinand Lyot faz a primeira imagem em movimento das proeminências solares. 1939 – Estudos realizados pelo radioastrônomo norte-americano Grote Reber (1911-2002) confirmam os resultados obtidos em 1932 por Karl Jansky acerca da proveniência cósmica das ondas de rádio que interferem nas telecomunicações terrestres. 1939 (30 de abril) – É produzida a primeira energia elétrica gerada por raios cósmicos, no Planetário de Hayden, Cidade de Nova Iorque. 1941 – O astrônomo canadense Andrew McKellar (1910-1960) usa a excitação das linhas do dubleto CN para medir que a “temperatura efetiva do espaço” é de cerca de 2,3 K. 1942 – Jan Julius Duyvendak, Nicholas Mayall e Jan Oort deduzem que a Nebulosa do Caranguejo é um resto da supernova 1054, observada pelos astrônomos chineses. 1942 – Southworth, nos EUA, e Hey, na Inglaterra, descobrem que o Sol também é uma fonte de ondas de rádio e são os primeiros a registrá-las. 1943 – O astrônomo norte-americano Carl Keenan Seyfert (1911-1960) identifica 6 galáxias espirais com linhas de emissão incomumente largas, conhecidas como "galáxias Seyfert", as quais têm núcleos ativos em seus centros e fornecem ligação entre as galáxias normais e os quasares. 1944 – O astrônomo holandês Hendrik Christoffer van de Hulst (1918-2000) prevê a linha hiperfina de 21cm do hidrogênio interestelar neutro. 1944 – A teoria da nebulosa primordial formadora do Sol e dos planetas é retomada quando, com base em novos dados sobre a composição solar, o físico alemão Carl Friedrich von Weizsäcker (1912-2007) sugere que a nebulosa teria massa muito maior que a dos planetas e que, submetida a um processo de turbilhonamento interno, promoveria a condensação desses corpos celestes. 1944 – Grote Reber, compilador do primeiro radiomapa do céu, escreve: “A fonte mais intensa está na constelação de Sagitário; outras menores se acham no Cisne, em Cassiopeia, no Cão Maior, na Popa e em Perseu”. Pela primeira vez na história, o homem “vê” o céu através de uma janela diferente da tradicional, tendo a possibilidade de descobrir fatos novos e inesperados. 1944 – O astrônomo norte-americano de origem holandesa Gerard Peter Kuiper (1905-1973) detecta metano no espectro de Titã, evidenciando a presença de uma atmosfera naquele satélite de Saturno. 1945 – É construído o primeiro computador eletrônico, o Electronic Numerical Integrator and Computer (ENIAC), produzido em parceria pelo governo dos EUA e a Universidade da Pensilvânia. Ele consiste de 18.000 válvulas, 70.000 resistores e 5.000 de juntas soldadas. Este computador é tão grande que consome 160 kilowatts de potência elétrica, energia suficiente para enfraquecer as luzes de uma parte inteira da cidade de Filadélfia. Ele é desenvolvido por John Presper Eckert (1919-1995) e John W. Mauchly (1907-1980). O ENIAC, ao contrário de outros equipamentos da época, é um computador de uso geral. 1945 (outubro) – O escritor britânico Arthur C. Clarke (1917-2008) publica, na revista "Wireless World", um artigo científico intitulado "Can Rocket Stations Give Worldwide Radio Coverage?", no qual lança o conceito de satélite geoestacionário como futura ferramenta para desenvolver as telecomunicações. Um satélite é geoestacionário quando está em órbita a uma altitude de 35.786 km (em que as forças centrífuga e centrípeta da Terra se anulam reciprocamente), o que faz com que seu período orbital seja equivalente ao da rotação terrestre, permanecendo o satélite parado sobre um ponto determinado do planeta (na maioria das vezes, o equador), característica que permite o seu emprego nas telecomunicações e para observar regiões específicas da Terra. 1946 – O astrônomo norte-americano Lyman Spitzer (1914-1997) escreve um documento intitulado “Vantagens astronômicas de um observatório extraterrestre”. Ele observa as duas grandes vantagens oferecidas por um observatório espacial relativamente aos telescópios terrestres: em primeiro lugar, a resolução óptica (distância mínima de separação entre objetos na qual eles permaneçam claramente distintos) estaria limitada apenas por difração, em oposição aos efeitos da turbulência da atmosfera, que provocam o cintilamento das estrelas, conhecido entre astrônomos como "visão". A segunda grande vantagem seria a possibilidade de observar luz infravermelha e ultravioleta, em grande parte absorvidas pela atmosfera. 1946 – Com o desenvolvimento da radioastronomia, consolida-se o conceito de “coroa solar muito quente”, com temperatura da ordem de 1 milhão de K. 1946 – É criada a NIVR (Nederlands Instituut voor Vliegtuigontwikkeling en Ruimtevaart), Agência Holandesa para Programas Aeroespaciais. fundada pelo governo holandês, Ela é uma organização semi-governamental que não visa a lucros e cujo objetivo geral é promover as atividades da indústria aeroespacial na Holanda. 1946 (10 de janeiro) – a equipe do U.S. Army Project Diana lança sinais de radar refletidos à superfície da Lua. Uma pulsação de 180 ondas de ciclo com duração de 0,25 segundo é irradiada pelo Army Signal Corps do Evans Signal Laboratories, Belmar, Nova Jersey. O eco é recebido 2.4 segundos depois. O evento prova que as ondas de rádio podem penetrar a atmosfera da Terra. 1947 – O físico britânico Bernard Lovell, juntamente com seu grupo, completa o rádio-telescópio não dirigível de 66,45m em Jodrell Bank. 1947 – Gerard Peter Kuiper identifica anidrido carbônico na atmosfera de Marte. 1947 – É fundado, na Universidade de Cincinnati, o Minor Planet Center, sob a direção de Paul Herget (1908-1981). Posteriormente (1978), transfere-se para o Smithsonian Astrophysical Observatory, onde opera atualmente. É a organização oficialmente responsável por reunir informações acerca de planetas menores (asteroides) e cometas, calculando suas órbitas e publicando os resultados por meio de circulares. 1948 – Os norte-americanos George Antonovich Gamow (1904-1968), físico de origem russa, Ralph Alpher (1921-2007) e Robert Herman (1914-1997) preveem que um Universo com Big Bang terá um fundo de microndas cósmico de corpo negro com temperatura de cerca de 5 graus Kelvin. Eles sugerem para o Big Bang um modelo com início oposto ao de Lemaître – fusão nuclear. 1948 – Ralph Alpher, Hans Bethe e George Gamow examinam a síntese de elementos em um Universo que está rapidamente se expandindo e esfriando e sugerem que os elementos foram produzidos por captura de nêutrons rápida. 1948 – O matemático anglo-austríaco Hermann Bondi (1919-2005), o astrofísico austríaco Thomas Gold (1920-2004) e o matemático e astrônomo inglês Fred Hoyle (1915-2001) propõem cosmologias do estado estacionário baseadas no princípio cosmológico perfeito. 1948 – O rádio-astrônomo australiano de origem inglesa John Gatenby Bolton (1922-1993) sugere que uma fonte de rádio na constelação do Touro nada mais é do que a nebulosa do Caranguejo, um dos objetos mais fascinantes da Galáxia. 1948 (16 de fevereiro) – Gerard Peter Kuiper descobre Miranda, quinto satélite conhecido de Urano. Diâmetro: 480 x 468,4 x 465,8 km; período orbital: 1,413 dia; distância média ao planeta: 129.390 km; massa: 65,9 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,20g/cm3. 1948 (3 de junho) – O telescópio refletor de 5,08m do Observatório Palomar, na Califórnia, recebe o nome de Hale, em homenagem a George Ellery Hale, que o concebeu, projetou e promoveu, mas morreu (1938) antes que fosse completado. O primeiro estudo com esse instrumento ocorre em 1º de fevereiro de 1949, com observações da constelação de Cabeleira de Berenice. 1949 – Dois telescópios entram em operação em Palomar, na Califórnia: o telescópio refletor óptico Schmidt de 1,2m e o telescópio refletor óptico Schmidt de 5,08 m. 1949 – O norte-americano Herbert Friedman (1916-2000) detecta raios X solares. 1949 – J. G. Bolton, G. J. Stanley e O. B. Slee identificam NGC 4486 (M87) e NGC 5128 como rádio-fontes extragalácticas. 1949 – Fred Hoyle usa, pela primeira vez, o nome “Big Bang” para se referir a esta teoria da origem do Universo, que ele contestava. 1949 (9 de fevereiro) – É criado o primeiro Departamento de Medicina Espacial, estabelecido na United States Air Force School of Aviation Medicine, em Randolph Field, Texas. 1949 (1º de maio) – Gerard Peter Kuiper descobre Nereida, segundo satélite conhecido de Netuno. Diâmetro: 340 km; períodoorbital: 360,136 dias; distância média ao planeta: 5.513.787 km; massa: 31 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,5g/cm3. 1949 (10 de maio) – É montado o primeiro planetário norte-americano em uma universidade aberta, Chapel Hill, na Carolina do Norte. 1950 – Jan Hendrik Oort sugere a existência de uma nuvem cometária, mais tarde chamada de “nuvem de Oort”. Trata-se de vasta região que envolve o Sistema Solar, à distância estimada de um ano-luz, na qual há grande quantidade de poeira e bilhões de núcleos cometários. Os astrônomos acreditam que muitos dos cometas que ingressam no Sistema Solar, sobretudo aqueles de longo período, têm origem nesta nuvem, de onde são expulsos por perturbações gravitacionais. 1950 – O astrônomo norte-americano Fred Laurence Whipple (1906-2004) afirma que o núcleo dos cometas não passa de “uma bola de gelo sujo”, ou seja, compõe-se principalmente de gelo misturado com matéria rochosa pulverizada. 1951 – Gerard Peter Kuiper defende a existência de um “reservatório” de cometas, em forma de anel, a uma distância de 40 a 100 unidades astronômicas do Sol (valor atualmente aceito: 30 a 55). Essa região é hoje denominada de “cinturão de Kuiper”. 1951 – H. I. Ewen e Edward Purcell (1912-1997) observam a linha hiperfina de 21cm do hidrogênio interestelar neutro. 1951 – O astrônomo e matemático irlandês William McCrea (1904-1999) mostra que o campo-C do estado estacionário pode ser acomodado dentro da relatividade geral, interpretando-o como uma contribuição ao tensor “energia-momentum” com uma equação de estado incomum. 1951 – o astrônomo norte-americano William Wilson Morgan (1906-1994) apresenta a primeira evidência de que a Via Láctea tem braços espirais. 1951 – O astrônomo norte-americano Harold Delos Babcock (1882-1968), juntamente com seu filho, Horace (1912-2003), inventa o magnetógrafo solar para observação detalhada do campo magnético do Sol. Com seu Babcocks, mede a distribuição dos campos magnéticos em cima da superfície solar com precisão sem precedente e descobre magneticamente estrelas variáveis. 1951 – Tem início uma renovação quase completa dos equipamentos do Observatório Nacional, quando se introduzem aparelhos eletrônicos e o uso da técnica de exposição fotográfica múltipla. 1951 – Levando em conta a descoberta feita pelo astrônomo holandês Hank Van de Hulst de que o hidrogênio é capaz de emitir radiação no comprimento de onda de 21cm, Ewen e Purcell, em Harvard (EUA), e Oort, Van de Hulst e colaboradores, em Leiden (Holanda), descobrem a “linha espectral de radiofrequência” do hidrogênio. 1951 (28 de setembro) – Seth Barnes Nicholson descobre Ananque, 12º satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 28 km; período orbital: 610,45 dias (1,68 ano); distância média ao planeta: 21.280.000 km; massa: 30 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3. 1952 – Durante a assembleia da UAI em Roma, Walter Baade anuncia importantes descobertas feitas em anos anteriores. A constante falta de energia elétrica ao longo da Segunda Guerra Mundial diminui a poluição luminosa nas imediações do Observatório de Monte Wilson, na Califórnia, permitindo-lhe estudar, pela primeira vez, estrelas da galáxia de Andrômeda. Percebe que estrelas azuis, jovens e pobres em elementos pesados (que ele chama de população I), existem no disco da galáxia, mas não no halo, onde predominam estrelas vermelhas, velhas e ricas em elementos pesados (população II). Conclui daí que a formação estelar é muito mais freqüente nas zonas periféricas das galáxias. Ademais, as mesmas observações permitem-lhe identificar dois tipos de cefeidas, estrelas variáveis usadas para determinar distâncias de corpos celestes em relação à Terra. Com base nessa descoberta, determina com mais precisão a distância de Andrômeda e conclui que o tamanho do Universo conhecido é o dobro daquele estabelecido por Hubble em 1929. 1953 – O geoquímico norte-americano Clair Cameron Patterson (1922-1995) faz a primeira medida precisa da idade da Terra: 4,55 bilhões de anos. 1953 – O astrônomo francês Gérard de Vaucouleurs (1918-1995) descobre que as galáxias situadas num raio de aproximadamente 200 milhões de anos-luz do Aglomerado de Virgem estão confinadas no disco de um aglomerado supergigante. 1953 (14 de maio) – O químico e biólogo norte-americano Stanley L. Miller (19202007) consegue simular as condições que seriam as da atmosfera primitiva da Terra, obtendo uma mistura de aminoácidos. Sua descoberta marca o começo do estudo moderno para entender a origem da vida na Terra. 1954 – Walter Baade e Rudolph Minkowski (1895-1976) identificam a contraparte óptica extragaláctica da rádio-fonte Cygnus A. 1955 – Tigran Shmaonov encontra excesso de emissão de microondas com uma temperatura de aproximadamente 3 K. 1955 – Kenneth Linn Franklin (1923-2007) e Bernard F. Burke, astrônomos da Fundação Carnegie em Washington, descobrem que Júpiter emite ondas de rádio, que parecem ser estouros pequenos de estática, semelhantes aos produzidos por temporais em receptores de rádio convencionais. A surpreendente descoberta é feita por completa casualidade enquanto eles estão esquadrinhando o céu para ruídos de galáxias de rádio. É a primeira descoberta desse tipo em planetas do Sistema Solar. 1955 – O Observatório Nacional estabelece 30 estações magnéticas e distribui pelo Brasil uma rede de 3.000 estações gravimétricas, o que o coloca, durante muito tempo, na liderança das pesquisas astronômicas brasileiras. 1956 – Lyman Spitzer prevê gás coronal em torno da Via Láctea. 1956 – Herbert Friedman detecta evidência de raios X extrassolares. 1956 – Os Astrofísicos britânicos Margaret Burbidge e Geoffrey Burbidge (1925- 2010) descobrem, em conjunto com William Fowler (1911-1995) e Fred Hoyle, que há a formação, através de fusão, de elementos mais pesados do que o hidrogênio nas estrelas. Esta afirmação contradiz a teoria anterior de que todos os elementos teriam sido criados durante o Big Bang. 1956 – Clyde Cowan (1919-1974), Frederick Reines (1918-1998), F. B. Harrison, H. W. Kruse e A. D. McGuir comprovam a existência dos neutrinos, partículas subatômicas elementares que viajam a velocidades próximas à da luz, não têm carga elétrica, são capazes de passar através da matéria comum sem sofrer alterações (sendo, por isso, de detecção muito difícil) e possuem massa diminuta (até 1999, pensava-se que não tivessem massa alguma). Os neutrinos haviam sido previstos teoricamente (1930) pelo físico austríaco Wolfgang Pauli (1900-1958). 1956 (23 de abril) – É fundada a Associação Brasileira de Astronomia (Rio de Janeiro). 1956 (8 de outubro) – A China abre seu primeiro centro de pesquisa de mísseis e foguetes, o "Instituto Número 5", subordinado ao Ministério da Defesa e dirigido por Qian Xueshen, um cientista chinês formado nos EUA. 1957 – É criada a Associação de Universidades para Pesquisa em Astronomia (AURA), desenvolvida por um grupo de universidades norte-americanas. Trata-se de um consórcio de universidades e outras instituições educacionais que não visam a lucro e cujo objetivo é operar observatórios astronômicos de alta qualidade. 1957 (21 de agosto) – A URSS lança o primeiro projétil balístico intercontinental. Essa tecnologia é empregada para enviar o Sputnik ao espaço. 1957 (4 de outubro) – é lançado o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik 1, do Cosmódromo de Baikonur (base de lançamento de foguetes da URSS), em Tyuratam, no Cazaquistão. Trata-se de uma esfera revestida de alumínio polido, altamente reflexivo, com 58cm de diâmetro e pesando 83,6 kg, que dá mais de 1.400 voltas em torno da Terra, à razão de pouco menos de 100 minutos por órbita, durante aproximadamente três meses, queimando no momento da reentrada na atmosfera. Sem função específica, é dotado de dois radiotransmissores com antenas flexíveis, transmitindo em frequências que podem ser captadas por radioamadores do mundo inteiro, o que contribui para conferir grande notoriedade à URSS. Sputnik, em russo, significa "companheiro" ou "satélite". Este acontecimento provoca uma corrida pela conquista do espaço entre a URSS e os EUA, que culmina com a chegada do homem à Lua. 1957 (3 de novembro) – é lançado o Primeiro ser vivo no espaço: a cadela Kudriavka (de raça Laika), que viaja a bordo do Sputnik 2 e morre quatro dias depois, devido ao calor, na reentrada. 1958 – Evry Schatzman, Kent Harrison, Masami Wakano e John Wheeler mostram que as anãs brancas são instáveis em relação ao decaimento beta inverso. O decaimento beta é uma das três formas de energia de decaimento ou de desintegração (as outras são alfa e gama), aquela liberada por um decaimento nuclear. Portanto, a energia de decaimento é a diferença de energia existente entre as partículas iniciais e finais de um processo de desintegração nuclear. 1958 – O físico norte-americano Eugene Parker demonstra que a coroa solar, caracterizada por temperaturas acima de 1 milhão de °C, não pode se comportar como um fluido estático. A essa temperatura, o gás que compõe a coroa solar deve se encontrar num estado de contínua e violenta evaporação. Isso implica um fluxo de partículas com densidade próxima de dez átomos por centímetro cúbico e cuja velocidade, nas proximidades da Terra, alcança de 400 a 800 km/s. Trata-se do vento solar. 1958 – Tendo como base a curva de luz, o astrônomo russo Boris Vassilievich Kukarkin (1909-1977) propõe a divisão das estrelas variáveis em três classes principais: pulsantes, eruptivas e eclipsantes. 1958 (31 de janeiro) – É lançado o Explorer 1, primeiro satélite norte-americano. É a reação dos EUA ao envio para o espaço do Sputnik, marcando a entrada do país na corrida espacial. O Explorer 1 permanece 115 minutos em órbita, e suas imagens são decisivas para a descoberta dos cinturões de Van Allen. 1958 (19 de março) – É aberto o primeiro planetário da Inglaterra no mme Tussaud, em Londres. 1958 (1º de maio) – Um grupo de pesquisadores dirigido pelo físico norteamericano James Van Allen (1914-2006) descobre o que hoje se conhece como “cinturão de Van Allen”, formado por duas faixas de partículas atômicas, carregadas e muito energéticas, que permanecem presas ao longo das linhas de força mais internas do campo magnético terrestre. Trata-se de duas regiões, dentro da magnetosfera, onde as partículas que chegam à Terra – trazidas pelo vento solar ou pelas radiações cósmicas em geral – se concentram. Ao atingirem o campo magnético terrestre, seu movimento se altera, e elas entram numa trajetória espiralada. O resultado é a formação de dois verdadeiros escudos protetores, que impedem a radiação de atingir a Terra de maneira direta e frontal, o que seria extremamente perigoso para o ser humano. Atuando como enormes filtros, os cinturões deixam passar apenas uma pequena parcela da energia total que chega ao nosso planeta. 1958 (15 de maio) – É lançada a sonda soviética Sputnik 3, destinada a estudar a atmosfera superior da Terra e a radiação que envolve o planeta. Os instrumentos, contudo, não são capazes de detectar o cinturão de Van Allen. Permanece em órbita até 6 de abril de 1960. 1958 (29 de julho) – O presidente norte-americano Dwight D. Eisenhower (18901969) assina o “National Aeronautics and Space Act”, pelo qual é criada a NASA (National Aeronautics and Space Administration), a agência espacial norte- americana. Ela é responsável pela pesquisa e pelo desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração espacial. 1958 (1º de outubro) – A Nasa começa efetivamente a operar. 1958 (18 de outubro) – É fundada a Liga Latino-Americana de Astronomia (LLADA), em Lima, no Peru, depois transformada na Liga Ibero-Americana de Astronomia (LIADA). 1958 (2 e 3 de novembro) – Nicolas Kozirev observa uma erupção vulcânica na cratera lunar Alphonsus com o auxílio de um espectroscópio adaptado ao telescópio. 1959 – Harold Babcock anuncia que o Sol inverte sua polaridade magnética periodicamente. 1959 – É inaugurado o Centro de Voos Espaciais Goddard, Centro de pesquisas e projetos da NASA, construído na cidade de Greenbelt, Maryland, especializado em tecnologia de satélites. Este Centro desenvolve os satélites Explorer, Landsat e outros satélites de comunicação e meteorológicos. 1959 (2 de janeiro) – É lançada a sonda soviética Luna 1, primeira astronave a deixar a órbita da Terra. Deveria se chocar com a Lua, mas perde-se e entra em órbita solar. 1959 (3 de março) – É lançada a Pioneer 4, que passa a 60.000 km da Lua e se torna a primeira nave norte-americana a ser colocada em órbita solar. 1959 (9 de abril) – A Nasa anuncia a seleção dos primeiros sete astronautas da América para o projeto Mercury: Scott Carpenter, Gordon Cooper, John Glenn, Gus Grissom, Walter (Wally) Schirra, Alan Shepard e Donald Slayton. Eles ficam conhecidos como os "Mercury 7" ou "7 originais". 1959 (28 de maio) – Primeiros primatas no espaço: os macacos Able e Baker completam um voo sub-orbital. 1959 (14 de setembro) – A sonda soviética Luna 2, lançada no dia 12, torna-se o primeiro engenho humano a se chocar com a Lua, na região do Mar da Serenidade, próximo à cratera Aristides. Trata-se do primeiro impacto de um artefato humano contra a superfície de outro corpo celeste. 1959 (4 de outubro) – É lançada a sonda soviética Luna 3, primeiro artefato humano a contornar a Lua e a obter imagens (7 de outubro) do lado oculto do satélite. 1959 (1º de dezembro) – É feita a primeira fotografia colorida da Terra vista do espaço. A imagem é obtida a partir de uma câmera instalada no nariz de um míssil Thor lançado do Cabo Canaveral, Flórida. 1960 – O físico britânico Martin Ryle (1918-1984) testa a síntese de abertura (ou interferometria) usando a rotação da Terra. A interferometria consiste em combinar a luz proveniente de diferentes receptores (telescópios ou antenas de rádio) para obter uma imagem de maior resolução, sendo utilizada sobretudo na radioastronomia. 1960 – O rádio-telescópio com 27m de diâmetro de Owens Valley começa a sua operação, localizado em Big Pine, Califórnia. 1960 – O físico norte-americano John Reynolds (1923-2000) estabelece a idade do Sistema Solar em 4.950.000.000 de anos. 1960 – O geólogo norte-americano Harry Hammond Hess (1906-1969) retoma o modelo de Arthur Holmes e propõe uma teoria segundo a qual a deriva dos continentes resulta da expansão das plataformas oceânicas. 1960 – É inaugurado em Cerro La Silla, norte do Chile, o Observatório Europeu do Sul (ESO – European Southern Observatory, na sigla em inglês). 1960 (11 de março) – É lançada a sonda norte-americana Pioneer 5, cuja missão é realizar a primeira cartografia do campo magnético interplanetário entre a Terra e Vênus. Também efetua o estudo de partículas provenientes de erupções solares e investiga aionização da região interplanetária. Chega a comunicar-se com a Terra à distância de 22,5 milhões de km, um recorde para a época. A última transmissão de dados ocorre em 26 de junho. 1960 (1º de abril) – É lançado do Cabo Kennedy, Flórida, o primeiro satélite de observação do tempo, Tiros I. 1960 (11 de abril)– Tem início a rádio pesquisa por civilizações extraterrestres, levada a efeito pelo astrônomo norte-americano Frank Drake – Projeto Ozma. 1960 (13 de abril) – O primeiro satélite de navegação norte-americano, o Transit1B, é lançado do Cabo Canaveral, Flórida, por um foguete Thor-Ablestar. Permanece operacional até 1996. 1960 (15 de maio) – É lançada a sonda soviética Sputnik 4, a primeira de uma série de espaçonaves utilizadas para investigar a possibilidade de voos espaciais tripulados. Carrega instrumentos científicos, um sistema de televisão e uma cabine de suporte biológico, com o manequim de um homem. Uma falha nos retrofoguetes dirige a sonda para a direção errada, fazendo com que entre numa órbita bem mais alta do que o previsto. A reentrada na atmosfera ocorre de forma não controlada, em 5 de setembro de 1962. 1960 (julho) – A Nasa anuncia sua intenção de colocar astronautas na órbita da Lua, já após o Projeto Mercury. No entanto, o discurso proferido em 1961 pelo presidente Kennedy muda o foco do programa espacial dos EUA para o objetivo de pousar uma nave tripulada na superfície da Lua antes do fim da década de 1960. Ao contrário dos dois projetos anteriores concebidos para manobras na órbita terrestre (o Mercury, com uma nave desenhada para um tripulante, e o Gemini, projetado para dois ocupantes), o Apollo possui uma nave com capacidade para três astronautas, tornando possível atingir órbita lunar e fazer descer um Módulo (designado Módulo Lunar) na superfície da Lua e assegurar o regresso à Terra. Os objetivos do projeto Apollo são: estabelecer a tecnologia para viabilizar os interesses dos EUA no espaço; obter proeminência no espaço para os EUA; Desenvolver um programa de exploração científica da Lua; Desenvolver as capacidades do homem para trabalhar no ambiente lunar. Dos 18 veículos Apollo, 11 são tripulados e 6 pousam na Lua, colocando na superfície do satélite um total de 12 astronautas. 1960 (19 de agosto) – É lançado o Sputnik 5, o último da série, levando os cachorros Belka e Strelka, quarenta camundongos, dois ratos e diversas plantas. A espaçonave retorna à Terra no dia seguinte e, diferentemente do que aconteceu com a cadela Laika, do Sputnik II, todos os animais são recolhidos a salvo. A missão testa a possibilidade de enviar seres vivos ao espaço e fazer com que retornem em segurança. São estudadas as reações dos animais à ausência da gravidade. 1960 (outubro) – O foguete R-16 explode no Centro Espacial Baikonur, no Cazaquistão, deixando 91 mortos. 1960 (dezembro) – Os astrônomos norte-americanos Thomas Mathews e Allan Sandage anunciam a descoberta da fonte de rádio 3C 48, o primeiro quasar (abreviatura da expressão inglesa “quasi stellar objects”, objetos quase estelares, cunhada pelo astrofísico norte-americano de origem chinesa Hong-Yee Chiu). Quasares são objetos de extrema luminosidade encontrados nos confins do Universo conhecido, mais precisamente a partir de 2 bilhões de anos-luz da Terra (a maioria dominante dos quasares, entretanto, está a mais de 10 bilhões de anosluz). 1961 – Harold Babcock propõe a teoria de manchas solares com espiralamento magnético. 1961 – Chushiro Hayashi publica o seu trabalho sobre os “track de Hayashi” de estrelas inteiramente convectivas. 1961 (12 de fevereiro) – É lançada a sonda soviética Venera 1, que se perde antes de chegar a Vênus. 1961 (12 de abril) – O piloto da Força Aérea soviética Yuri Alexeievitch Gagárin (1934-1968) é o primeiro homem no espaço, em um voo orbital de 108 minutos, a bordo da nave Vostok 1. Neste voo ele diz a famosa frase: “A Terra é azul”. A missão é completamente automatizada, sendo o cosmonauta russo pouco mais que um espectador. Considerando que a Vostok não é capaz de pousar suavemente, a uma altura de aproximadamente 7.000m, Gagárin é ejetado da nave, completando a volta à Terra num paraquedas. Ele pousa na pradaria do "koljoz" (fazenda estatal) Caminho de Lênin, a quase 400 km de distância do local onde era esperado pelas brigadas de resgate. A Terra é o maior dos “planetas terrestres “os outros são Mercúrio, Vênus e Marte) e o quinto em ordem de tamanho do Sistema Solar, ocupa um volume de 1 trilhão, 083 bilhões, 207 milhões e trezentos mil km3 e tem um diâmetro equatorial (medido ao longo da linha do equador) de 12.756,274 km e um diâmetro polar (de um polo ao outro) de 12.713,504 km. Ocupa o terceiro lugar em ordem de afastamento do Sol, que orbita à distância média de 149.597.887,5 km (varia entre 147.098.074 e 152.097.701 km. Completa uma órbita em 365d5h48min45,97s, à velocidade média de 107.218 km/h. Tem uma superfície total de 510.072.000 km2, dos quais 148.940.000 (29,2%) são ocupados por terras emersas e 361.132.000 (70,8%) por água. A velocidade de escape é de 11,186 km/s. A Terra tem massa total de cinco sextilhões, 973 quintilhões e seiscentos quatrilhões de km3 e está composta principalmente por ferro (32,1%), oxigênio (30,1%), silício (15,1%), magnésio (13,9%) e enxofre( 2,9%). Os principais componentes da atmosfera, cuja massa total é de 5,148 quatrilhões de toneladas, são nitrogênio (78,08%), oxigênio (20,95%), argônio (0,93%) e dióxido de carbono (0,038%). A idade terrestre estimada é de 4,54 bilhões de anos. Terra é o nome latino de Gaia (ou Geia), segunda divindade grega primordial, nascida depois de Caos. Sozinha, gera Urano, Pontos e as montanhas, sendo cultuada por muitos povos primitivos como “deusa mãe” ou “mãe Terra”. 1961 (5 de maio) – Ocorre a missão da Freedom 7, primeiro voo tripulado do projeto Mercury e de todo o programa espacial dos EUA. O piloto, Alan Shepard (1923-1998), é o primeiro norte-americano a ir ao espaço, numa viagem suborbital de 15 minutos. 1961 (21 de maio) – O Presidente norte-americano John Fitzgerard Kennedy (19171963) lança os EUA em uma jornada para a conquista da Lua. Em seu famoso discurso, proferido na Universidade Rice, ele lança o desafio de “enviar homens à Lua e retorná-los a salvo” antes que a década termine. E Kennedy diz ainda: “Nós decidimos ir à Lua. Nós decidimos ir à Lua nesta década e fazer as outras coisas, não porque elas são fáceis, mas porque elas são difíceis”. 1961 (21 de julho) – Ocorre a missão da sonda Liberty Bell 7, a segunda tripulada do projeto Mercury, pilotada por Virgil Grisson (1926-1967). 1961 (3 de agosto) – O Presidente brasileiro Jânio da Silva Quadros (1908-1992) assina o Decreto Nº 51.133, criando o Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (GOCNAE). 1961 (6 de Agosto) - A Vostok 2 é lançada pela URSS com o cosmonauta Gherman Titov (1935-2000), o terceiro homem no espaço e o primeiro a protagonizar uma missão longa (25 horas e 17 órbitas em torno da Terra). É o primeiro astronauta a sentir enjoo no espaço. 1961 (dezembro) – É criado o CNES (Centre National d’Études Spatiales – Centro Nacional de Estudos Espaciais), a Agência Espacial Francesa. Seu papel é propor ao governo francês diretivas no que diz respeito à política espacial e realizar, com os seus parceiros industriais, estes programas. 1962 – Riccardo Giacconi, Herbert Gursky, Frank Paolini e Bruno Rossi formalmente descobrem o fundo de raios X. 1962 – surge um relatório da Academia Nacional de Ciências (EUA) recomendando o desenvolvimento de um telescópio espacial como parte integrante do programa espacial. 1962 (20 de fevereiro) – ocorre a missão da sonda Friendship 7, a terceira tripulada do projeto Mercury, pilotada por John Glenn. É o primeiro voo orbital norteamericano, com duração de 4h55min e três órbitas completadas. 1962 (7 de março) – A NASA lança o OSO 1 (Orbiting Solar Observatory), primeiro observatório solar colocado em órbita. Mais oito satélites compõe esta série, lançada entre 1962 e 1975. 1962 (24 de maio) – Ocorre a missão da sonda Aurora 7, a quarta tripulada do projeto Mercury, pilotada por Scott Carpenter. 1962 (junho) – Cientistas liderados por Vladimir Kotelnikov (1908-2005), da Academia de Ciências da URSS, são os primeiros a enviar sinais de radar a Mercúrio e recebê-los de volta, dando início à observação por radar do planeta. 1962 (12 de junho) – Um foguete da série Aerobee 150 leva um revelador de raios X a 230 km de altitude. Tendo funcionado perfeitamente durante 350 segundos, esse equipamento revela uma intensa fonte de raios X na constelação de Escorpião, provando, assim, que também essa radiação eletromagnética pode ter proveniência extraterrestre. 1962 (22 de junho) – É lançada a Mariner 1, primeira sonda interplanetária norteamericana, que falha e acaba no fundo do Oceano Atlântico. Essa primeira missão fracassa, mas sete das dez Mariner obtêm sucesso, realizando missões em Mercúrio, Vênus e Marte. 1962 (10 de julho) – Os EUA iniciam a exploração econômica do espaço lançando o Telstar, primeiro satélite para comunicações. 1962 (11 e 12 de agosto) – São lançadas as sondas soviéticas Vostok 3 e Vostok 4, tripuladas, respectivamente, por Andrian Nikolayev (1929-2004) e Pavel Popovich. É o primeiro voo espacial conjunto da História, tendo havido experimentos de comunicação entre ambas as naves. O retorno ocorre no dia 15. 1962 (3 de outubro) – Ocorre a missão da sonda Sigma 7, a quinta tripulada do projeto Mercury, pilotada por Walter Schirra (1923-2007). 1962 (1º de novembro) – Depois de diversos lançamentos fracassados, a URSS consegue fazer com que a sonda Marte 1 deixe a órbita terrestre. Contudo, perde contato com a Terra a 21 de março de 1963, antes de chegar ao ponto de menor distância do planeta vermelho. 1962 (14 de Dezembro) – A Mariner 2, lançada em 26 de agosto, torna-se a primeira sonda a realizar uma viagem interplanetária, conseguindo uma passagem bem sucedida por Vênus, a uma distância de 34.773 km. Transmite informações que ajudam a confirmar que Vênus é um astro muito quente (425°C, atualmente corrigido para 480°C), com uma atmosfera coberta de nuvens compostas basicamente de dióxido de carbono. 1963 – É inaugurado o radiotelescópio de Arecibo, nas montanhas da cidade de mesmo nome, ao norte da ilha caribenha de Porto Rico. Trata-se de uma enorme antena, em forma de prato, de 305m de diâmetro, com um receptor suspenso a 137m de altura em uma plataforma móvel de 900t. A máquina recebe sinais de rádio de corpos celestes, e o receptor as processa e esquadrinha ou faz mapas de partes do Universo inacessíveis aos telescópios ópticos. 1963 – Fred Hoyle e William Fowler (1911-1995) concebem a ideia de estrelas super-massivas. 1963 – Fred Hoyle e Jayant Narlikar mostram que a teoria do estado estacionário pode explicar a isotropia do Universo, porque afastamentos da isotropia e homogeneidade decaem espontaneamente no tempo. 1963 – Os oceanógrafos britânicos Frederick Vine e Drummond Matthews (19311997) sugerem que o magma basáltico é continuamente expulso do centro das cordilheiras meso-oceânicas e que o material em processo de resfriamento magnetiza-se na direção do campo magnético terrestre. As novas rochas são expulsas de modo regular para as duas vertentes das cordilheiras, enquanto o magma novo sobe à superfície, repetindo o ciclo. 1963 (14 de fevereiro) – Os EUA lançam o Syncom-1, primeiro satélite em órbita geoestacionária (cerca de 36.000 km de altitude, o que o faz mirar sempre um mesmo ponto na superfície terrestre). 1963 (15 e 16 de maio) – ocorre a missão da sonda Faith 7, sexta e última tripulada do projeto Mercury, pilotada por Gordon Cooper (1927-2004). É o voo mais longo da série Mercury, com duração de 34h19min e 22 órbitas completadas. 1963 (14 e 16 de junho) – São lançadas as sondas soviéticas Vostok 5 e Vostok 6, tripuladas, respectivamente, por Valery Bykovsky e Valentina Tereshkova, a primeira mulher no espaço.. O voo é conjunto, tendo como objetivo principal comparar os efeitos do ambiente espacial nos organismos de homens e mulheres. As duas naves chegam a 5 km uma da outra, permitindo comunicação via rádio. Valentina Tereshkova permanece no espaço 2d22h50min, completando 48 órbitas. 1964 – Fred Hoyle e Roger Tayler (1929-1997) chamam a atenção para o fato de que a abundância primordial de hélio depende do número de neutrinos. 1964 – Roger Penrose prova que uma estrela que implode necessariamente produzirá uma singularidade logo que ela tenha formado um horizonte de eventos. 1964 – É fundada por dezoito países a INTELSAT – International Telecommunications Satellite Organization (Organização Internacional de Satélites de Telecomunicação). 1964 – Edwin Ernest Salpeter e Yakov Borisovich Zel'dovich (1914-1987) propõem a teoria de que os quasares são na verdade galáxias ativas e não apenas objetos associados a estas galáxias. Embora esta teoria seja a mais aceita, já foram encontrados quasares dispersos, isto é, sem galáxias próximas, sugerindo que a relação entre os quasares e as galáxias não é obrigatória e que não se trata de um único objeto. 1964 (Julho) – A nave norte-americana Ranger 7 envia à Terra as primeiras fotografias detalhadas da Lua. 1964 (19 de julho) – Um foguete transportando ratos albinos é lançado com sucesso em Gangde, na província chinesa de Anhui. 1964 (12 de outubro) – A sonda soviética Voskhod 1 torna-se a primeira nave a ir ao espaço com mais de uma pessoa a bordo. A tripulação é composta pelos cosmonautas Vladimir Komarov (1927-1967) – piloto –, Konstantin Feoktistov – engenheiro – e Boris Yegorov (1937-1994)– médico. Esta missão, que completa 16 órbitas em torno da Terra em 24h17min, é filmada e tem cenas transmitidas pela televisão. Em russo, voskhod significa “amanhecer”. 1964 (5 de novembro) – É lançada a sonda norte-americana Mariner 3. perde-se ao entrar no espaço interplanetário por falha do mecanismo de ejeção de seu escudo protetor. Impossibilitada de alimentar seus painéis com energia solar, a sonda deixa de transmitir quando suas baterias se esgotam. Está agora em órbita do Sol. Sua missão original era voar ao redor de Marte com a Mariner 4. 1965 – Arno Allan Penzias e Robert Anton Wilson, com a colaboração de Bernie Burke, Robert Henry Dicke (1916-1997) e James Peebles descobrem a radiação de fundo de microondas cósmica, que é o sinal eletromagnético remanescente do Big Bang e proveniente das regiões mais distantes do Universo e que havia sido predita em 1948 por Ralph Asher Alpher e Robert Herman, associados de George Gamow, como a radiação remanescente do estado quente em que o Universo se encontrava quando se formou. A radiação cósmica de fundo é um espectro térmico de radiação de corpo negro de 2,725 kelvin que preenche o Universo. Ela tem uma frequência de pico de 160,4GHz, o que corresponde a um comprimento de onda de 1,9 mm. 1965 – O rádio-telescópio de 40m de Owens Valley inicia sua operação, localizado em Big Pine, Califórnia. 1965 – E. T. Byram, H. Friedman e T. ª Chubb descobrem os primeiros raios X cósmicos. 1965 – Martin Rees e Dennis Sciama (1926-1999) analisam dados da contagem de fontes quasar e descobrem que a densidade de quasares aumenta com o deslocamento para o vermelho. 1965 – Edward Harrison propõe a solução atualmente aceita para o paradoxo de Olbers: Como o Universo tem uma idade finita, e a luz tem uma velocidade finita, a luz das estrelas mais distantes ainda não teve tempo de chegar até nós. Portanto, o Universo que enxergamos é limitado no espaço, por ser finito no tempo. A escuridão da noite é uma prova de que o Universo teve um início. 1965 – Lyman Spitzer é indicado como dirigente do comitê para a definição de objetivos científicos para um telescópio espacial de grandes dimensões. 1965 – C. J. Cohen e E. C. Hubbard reconstroem em computador as órbitas dos quatro planetas externos e de Plutão nos últimos 120.000 anos, levando em conta todas as perturbações recíprocas. No que diz respeito a Plutão e a encontros com Netuno, o resultado é que não se verificaram passagens próximas: a distância entre os dois astros jamais esteve abaixo de 18 unidades astronômicas, muito maior do que a aproximação de todos os planetas “contíguos”. 1965 – Os norte-americanos Gordon Pettengill e R. Dyce, utilizando o radiotelescópio do Observatório de Arecibo, em Porto Rico, determinam, de modo conclusivo, que o período de rotação de Mercúrio é de aproximadamente 59 dias terrestres, e não de 88 dias, como se acreditava então. 1965 (17 de fevereiro) – É lançada a sonda norte-americana Ranger 8, programada para colidir com a Lua e obter imagens de alta resolução nos minutos antecedentes ao impacto. 1965 (18 de março) – É lançada ao espaço a Voskhod 2, levando a bordo os cosmonautas Pavel Belyayev (1925-1970) – comandante - e Aleksey Leonov piloto. Na segunda órbita, Leonov deixa a astronave pela entrada de ar. Ele é o primeiro homem a sair de uma nave no espaço. Enquanto executa seu ''passeio extraveicular'', realiza movimentos físicos e de locomoção fora da astronave durante 10 minutos. A Voskhod 2 efetua 17 órbitas a aproximadamente 177 km sobre a Terra. 1965 (23 de março) – Ocorre a missão da Gemini 3, apelidada de “Molly Brown”, primeira sonda tripulada do projeto Gemini. A tripulação é formada por Virgil Grisson (1926-1967) - Comandante - e John Young – Piloto. É a primeira vez que os EUA enviam ao espaço dois astronautas ao mesmo tempo, num voo de 4h52min de duração e três órbitas completadas. O objetivo principal é fazer testes de manobra em ambiente espacial. 1965 (3 a 7 de junho) – Missão da Gemini 4, tripulada por James McDivitt Comandante - e Edward White (1930-1967) – Piloto. Ainda no dia 3, White tornase o primeiro norte-americano a realizar uma atividade extraveicular: faz uma caminhada espacial de 22 minutos. A missão é planejada para permanecer vários dias no espaço, tendo por objetivo avaliar a resistência humana a períodos mais prolongados de ausência de gravidade. A nave completa 62 órbitas em 4d1h56min. 1965 (12 de junho) – A Teoria do Big Bang é apoiada pelo anúncio da descoberta de novos corpos celestes, como as galáxias azuis. 1965 (14 de julho) – A sonda norte-americana Mariner 4, lançada em 28 de novembro de 1964, chega a Marte, sobrevoando o planeta a uma distância de 9.920 km e obtendo as primeiras imagens em close da superfície marciana (22 ao todo). A sonda encontra uma atmosfera muito mais tênue do que se pensava anteriormente e composta sobretudo de anidrido carbônico. Muitos cientistas concluem dessa varredura preliminar que Marte é um mundo “morto”, tanto biológica quanto geologicamente. Tal impressão é revista em missões posteriores. 1965 (21 a 29 de agosto) – Missão da Gemini 5, tripulada por Gordon Cooper (1927-2004) - Comandante - e Charles Conrad (1930-1999) – Piloto. Pela primeira vez, são usadas células combustíveis como energia para as naves Gemini, antes movidas a bateria. Isso permite quase dobrar o tempo de permanência no espaço em relação à missão anterior, atingindo 7d22h55min (120 órbitas), período considerado suficiente, pelos cientistas e técnicos da NASA, para uma viagem de ida e volta à Lua. Centenas de fotografias em alta definição da Terra são tiradas para o Departamento de Defesa dos EUA. Gordon Cooper, que havia sido piloto da Faith 7, última missão do projeto Mercury, torna-se a primeira pessoa a ir pela segunda vez ao espaço. 1965 (1º de outubro) – Fim da missão da Mariner 4, destruída por uma chuva de meteoritos. 1965 (11 de outubro) – É inaugurado o centro de lançamento de foguetes de Barreira do Inferno, no Rio Grande do Norte, primeiro local do Brasil a dispor de infra-estrutura para esse fim. 1965 (18 de outubro) - O cometa Ikeya-Seki, descoberto, em 18 de setembro, pelos astrônomos japoneses Kaoru Ikeya e Tsutomu Seki, atinge a magnitude -10 e aparece como um dos cometas mais brilhantes observados nos últimos mil anos. Visível durante o dia ao lado do Sol, há referências a ele como o Grande Cometa de 1965. 1965 (4 a 18 de dezembro) – Missão da Gemini 7 (lançada antes da Gemini 6-A), tripulada por Frank Borman - Comandante - e James Lovell – Piloto. É a mais longa missão do programa espacial norte-americano até o início do projeto Skylab, na década de 1970, tendo durado 13d18h35min (206 órbitas). 1965 (15 e 16 de dezembro) – Missão da Gemini 6-A, tripulada por Walter Schirra (1923-2007) - Comandante - e Thomas (Tom) Stafford – Piloto. A Gemini 6-A é a substituta da Gemini 6, missão cancelada depois da explosão do foguete Agena com o qual deveria se encontrar no espaço. Durante a 4ª órbita da Gemini 6-A, ela realiza com a Gemini 7 o primeiro encontro de duas naves norte-americanas no espaço, que dura 4h30min, tendo a aproximação máxima sido de 30cm. Esta é a primeira missão cujo pouso é transmitido ao vivo, via satélite, pela televisão. 1966 – Jim Peebles mostra que o Big Bang quente prevê a abundância correta de hélio. 1966 – É identificada a primeira fonte extragaláctica de raios X, localizada na galáxia M87. 1966 (3 de fevereiro) – Três dias depois de sua partida, a sonda soviética nãotripulada Luna 9 pousa com segurança no Oceano das Tempestades, na borda ocidental da Lua. É a primeira descida suave em outro corpo celeste, abrindo caminho para as viagens tripuladas para o satélite natural da Terra, já que a alunissagem mostra que a superfície lunar não é uma areia movediça parda e insegura para pousos. O equipamento fotográfico da Luna 9 permite a tomada de 27 imagens, inclusive visões panorâmicas e visões mais íntimas das rochas próximas, imagens essas enviadas para a Terra até 6 de fevereiro, quando as baterias terminam e o contato com a sonda é perdido. 1966 (3 de fevereiro) – Os EUA lançam seu primeiro satélite meteorológico, o Essa1. 1966 (26 de fevereiro) – o primeiro foguete Saturno 1B é lançado do Cabo Canaveral, Flórida, em um voo de teste sub-orbital não-tripulado no programa lunar Apollo. 1966 (27 de fevereiro) A sonda soviética Venera 2, lançada em 12 de novembro de 1965, sobrevoa Vênus à distância de 24.000 km, mas não consegue transmitir informações científicas. 1966 (1º de março) – A sonda soviética Venera 3, lançada em 16 de novembro de 1965, choca-se contra a superfície venusiana. É o primeiro impacto de uma sonda na superfície de outro planeta. 1966 (15 e 16 de março) – Missão da Gemini 8, tripulada por Neil Armstrong Comandante - e David Scott – Piloto. Esta nave realiza a primeira acoplagem em órbita da História, conectando-se a um foguete Agena. Após a acoplagem, ocorre a avaria de um propulsor, fazendo com que a sonda gire ao redor de si mesma descontroladamente. A Gemini 8 faz então o primeiro pouso de emergência da era espacial, amerissando no Oceano Pacífico (e não no Atlântico, como estava previsto), sendo resgatada por paraquedistas. A missão dura apenas 10h41min (6 órbitas). 1966 (3 de abril) – A sonda soviética Luna 10, lançada em 31 de março, entra em órbita lunar, à distância de 350 km, e se torna o primeiro satélite artificial a orbitar outro corpo celeste que não a Terra. Completa 485 órbitas em dois meses. 1966 (8 de abril) – É lançado o primeiro Observatório Astronómico Orbital (OAO), da NASA, cujas baterias apresentam falhas após três dias, terminando a missão. 1966 (2 de junho) – Pousa no Oceanus Procellarum (Mar das Tormentas)o Surveyor 1, lançado em 30 de maio, primeiro veículo de uma série cujo objetivo consiste em enviar espaçonaves não-tripuladas para a Lua, com alunissagem suave e sem retorno. O projeto Surveyor é preparatório para as missões Apollo, pois testa equipamentos e analisa a superfície lunar. 1966 (3 a 6 de junho) – Missão da Gemini 9, tripulada por Thomas Stafford Comandante - e Eugene Cernan – Piloto. Os objetivos principais são realizar encontros em órbita com um foguete Agena e atividades extraveiculares, feitas por Eugene Cernan, com resultados insatisfatórios. Esta é a primeira missão espacial cuja tripulação é composta de astronautas reservas, já que os tripulantes titulares, Elliot See e Charles Bassett, morreram num acidente de avião três meses antes. 1966 (18 a 21 de julho) – Missão da Gemini 10, tripulada por John Young Comandante - e Michael Collins – Piloto. É a primeira a realizar dois encontros em órbita com foguetes Agena e utilizar-se dos sistemas propulsores deste lançador de espaçonaves para alterar sua órbita. Michael Collins realiza a primeira caminhada espacial entre duas naves diferentes, para recolher um painel coletor de poeira cósmica instalado na lateral do foguete Agena que deveria ter se encontrado com a Gemini 8. Os astronautas também testam novos sistemas de navegação manual através das estrelas. 1966 (23 de agosto) - A sonda não-tripulada norte-americana Lunar Orbiter 1, lançada em 10 de agosto, capta as primeiras imagens da Terra obtidas a partir da órbita da Lua. Elas mostram a Terra emergindo por trás do satélite, bem como detalhes da superfície lunar. 1966 (8 de setembro) – Tem início a série de televisão Jornada nas Estrelas ( Star Trek ) que atrai muitas pessoas para as ciências naturais, em especial para a Astronomia. 1966 (12 a 15 de setembro) – Missão da Gemini 11, tripulada por Charles Conrad (1930-1999) - Comandante - e Richard Gordon – Piloto. É estabelecido o recorde de altitude de uma nave Gemini em órbita: 1189,3 km. A missão Gemini 11 é a primeira a ter uma reentrada controlada completamente por computadores, fazendo com que a cápsula amerisse apenas 4,5 km fora do ponto de descida designado. 1966 (23 de setembro) – A Surveyor 2, lançada no dia 20, choca-se contra a superfície da Lua perto da cratera Copérnico. A missão fracassa, porque não consegue uma alunissagem suave. 1966 (11 a 15 de novembro) – Missão da Gemini 12, última espaçonave desta série, tripulada por James Lovell - Comandante - e Edwin Aldrin – Piloto. Edwin Aldrin passa mais de 5h fora da nave, o período mais prolongado de atividades extraveiculares do projeto Gemini. O programa espacial norte-americano seguinte é o Apollo. 1966 (15 de dezembro) – O astrônomo francês Audouin Dollfus Descobre Jânus, décimo satélite conhecido de Saturno. Diâmetro: 193 x 163 x 137 km; período orbital: 0,695 dia; distância média ao planeta: 151.460 km; massa: 1,912 quatrilhão de toneladas; densidade: 0,64g/cm3. 1967 – O físico norte-americano John Wheeler (1911-2008) utiliza, pela primeira vez, o termo “buraco negro” (“black hole”). 1967 (27 de janeiro) – Um Incêndio destrói, no solo, a nave Apollo 1, matando 3 astronautas em seu interior: Virgil Ivan Grissom, Edward Higgins White II e Roger Bruce Chaffee. A missão passa a se chamar Apollo 1 em homenagem póstuma às vítimas do primeiro grande desastre do programa espacial norte-americano. Como resultado desse acidente, toda a programação do projeto Apollo é atrasada em quase 21 meses. Durante esse período, os engenheiros da NASA modificam completamente a cabine do módulo de comando. Cerca de 1.300 alterações são feitas. 1967 (20 de abril) – A Surveyor 3, lançada no dia 17, pousa no Oceanus Procellarum. É a segunda nave norte-americana a fazer uma alunissagem suave. Envia mais de 6.300 imagens para a Terra. 1967 (24 de abril) – Um acidente com a Soyuz 1 causa a morte do cosmonauta Vladimir Komarov, que atrasa o Projeto Soyuz em 18 meses. Komarov é a primeira vítima fatal soviética da exploração do espaço. As naves Soyuz (“união”, em russo) têm capacidade para transportar três astronautas e são sucessoras das sondas Vostok e Voskhod. São formadas por três compartimentos: módulo de serviço, módulo orbital e cápsula de reentrada. Com o tempo, três versões das naves Soyuz são desenvolvidas: T, TM e TMA. 1967 (30 de junho) – O Major Robert Lawrence (1935-1967) torna-se o primeiro norte-americano negro a entrar no programa espacial dos EUA. 1967 (17 de julho) – A Surveyor 4, lançada no dia 14, impacta próximo ao Sinus Medii. A meta da missão (uma alunissagem suave) não é alcançada. 1967 (11 de setembro) – A Surveyor 5, lançada no dia 3, pousa no Mare Tranquillitatis (Mar da Tranquilidade). 1967 (outubro) - Hans Albrecht Bethe recebe o Prêmio Nobel de Física por ter proposto (1938) que as estrelas utilizam a fusão como fonte de energia. 1967 (18 de outubro) – A Venera 4, lançada em 2 de junho, chega a Vênus e efetua levantamentos das características físicas e químicas das camadas superiores da atmosfera do planeta. É a primeira sonda a estabelecer contato radiofônico com a Terra. 1967 (19 de outubro) – A Mariner 5, lançada em 14 de junho, chega a 4.100 km da superfície de Vênus. 1967 (10 de novembro) – A Surveyor 6, lançada no dia 7, pousa no Sinus Medii. 1967 (28 de novembro) – A estudante Jocelyn Bell descobre o primeiro pulsar. Esta fonte extraterrestre de rádio pulsante é observada no Mullard Radio Astronomy Observatory, Cambridge University, Inglaterra, com o auxílio de um telescópio de rádio especial, large array, de 2.048 antenas que cobrem uma área de 4,4 acres. A descoberta destes objetos fascinantes abre novos horizontes a estudos tão diversos como o quantum, fluidos degenerados, gravidade relativística e campos magnéticos interestelares. 1968 – O astrofísico austríaco Thomas Gold (1920-2004) propõe que os pulsares são estrelas de nêutrons. 1968 – É lançado o OAO 2, o segundo Observatório Astronômico Orbital, da NASA, que permite fazer observações em ultravioleta das estrelas e galáxias até 1972, prazo muito além do tempo de vida planejado, de apenas um ano. As missões OAO comprovam o papel fundamental que as observações baseadas no espaço podem desempenhar na astronomia. 1968 (9 de janeiro) – a sonda Surveyor 7, lançada no dia 6, faz uma alunissagem suave próximo à cratera Tycho e marca o fim da série norte-americana de explorações não-tripuladas na superfície lunar. 1968 (9 de fevereiro) – Antony Hewish publica a notícia da descoberta de um novo tipo de objeto estelar – o “pulsar” (da expressão inglesa “pulsating radio source”, fonte de rádio pulsante). Em junho de 1967, Jocelyn S. Bell, uma astrônoma de sua equipe, começa a observar sinais peculiares nos traços obtidos com o radiotelescópio do Observatório de Mullard, em Cambridge (Grã-Bretanha) – certos impulsos que se repetiam, a curtos intervalos, com surpreendente regularidade. Em novembro, esses sinais são reconhecidos como provenientes de uma nova classe de corpos celestes. O primeiro pulsar é identificado pela sigla CP 1919, substituída posteriormente pela denominação definitiva PSR 1919-21 (os números indicam as coordenadas equatoriais do objeto). Encontra-se na constelação de Flecha, em plena Via Láctea. Seu período – ou seja, o intervalo entre dois impulsos – é de apenas 1,33730115 segundo, mantendo-se constante com extraordinária precisão. 1968 (14 de setembro) – É lançada a sonda soviética Zond 5, a primeira a dar uma volta ao redor da Lua (dia 18) e depois retornar à Terra (dia 21). Durante a órbita lunar, a menor distância atingida é de 1.950 km. São tiradas várias fotografias de boa qualidade da Terra, à distância de 90.000 km. O sucesso da Zond 5 marca um avanço importante da URSS na corrida espacial. 1968 (11 de outubro) – É lançada a Apollo 7, primeira nave tripulada do projeto Apollo. Os três astronautas escalados são Walter M. Schirra, Jr. (1923-2007) – comandante –, Donn F. Eisele (1930-1987) e Walter Cunningham. Com este voo, Walter Schirra torna-se o único astronauta da história a participar de voos dos Projetos Mercury, Gemini e Apollo. A missão consiste em diversas atividades em órbita da Terra para testar o Módulo de Comando e Serviço. O retorno ocorre em 22 de outubro. Estatísticas – Massa: 14.781 kg; órbitas terrestres: 163; duração da missão: 10d20h09min. 1968 (21 de dezembro) – É lançada a Apollo 8, primeira missão do projeto a levar homens à Lua. Os astronautas Frank Borman – comandante -, James A. Lovell, Jr. e William A. Anders não pousam no solo lunar mas, na noite de Natal de 1968, eles se tornam os primeiros homens a circum-navegar a Lua (e a ver a face oculta do satélite), enviando fotos inéditas do solo lunar. Além disso, eles são os primeiros astronautas a abandonar a órbita da Terra. O retorno se dá em 27 de dezembro. Estatísticas – Massa: 28.817 kg; órbitas lunares: 10; tempo em órbita lunar: 20h10min; duração da missão: 6d3h0min. 1969 – Começam as observações no Big Bear Solar Observatory, localizado em Big Bear, Califórnia. 1969 – É fundado o Observatório de Las Campanas, localizado no Chile e operado pela Instituição Carnegie, de Washington. 1969 – David Staelin, E. C. Reifenstein, William Cocke, Mike Disney e Donald Taylor descobrem o pulsar da nebulosa do Caranguejo, conectando, deste modo, supernovas, estrelas de nêutrons e pulsares. 1969 – Observações telescópicas de Júpiter feitas a partir de um jato da Nasa mostram que o planeta irradia uma quantidade de calor maior do que a recebida do Sol, pressupondo a existência de uma fonte interna de energia e reforçando os argumentos daqueles que afirmam ser Júpiter uma “estrela que não deu certo”. 1969 – É descoberto o anel D de Saturno, ainda mais interno e transparente que os três até então conhecidos. 1969 – O biólogo britânico James Lovelock apresenta a "hipótese de Gaia" (nome da deusa grega que representa a Terra), a qual sustenta que o nosso planeta, em sua totalidade, deve ser considerado como um organismo vivo e que os processos biológicos estabilizam o meio ambiente. 1969 – É encontrado, na Lua, o “Bench Crater”, primeiro meteorito descoberto num corpo celeste que não seja a Terra. 1969 (16 de janeiro) – Ocorre o primeiro “docking” (acoplagem), a ancoragem de duas astronaves tripuladas, entre as naves soviéticas Soyuz 4 e Soyuz 5. As astronaves formam a “primeira plataforma espacial” do mundo com uma tripulação de quatro cosmonautas. Elas permanecem ligadas por quatro horas e meia – três órbitas da Terra. Os engenheiros de voo Yevgeny Khrunov (1933-2000) e Aleksei Yeliseyev, lançados ao espaço a bordo da Soyuz 5 (15 de janeiro), voltam para a Terra na Soyuz 4 (17 de janeiro), protagonizando a primeira transferência de tripulantes entre duas astronaves. Os comandantes de cada missão permanecem nas respectivas naves: Vladimir Shatalov, Soyuz 4, e Boris Volynov, Soyuz 5. As manobras de “docking” haviam sido antes treinadas por duas vezes – em 1967 e 1968 – entre naves Soyuz sob controle completamente automático. 1969 (20 de janeiro) – Astrônomos da Universidade de Arizona estabelecem a primeira identificação óptica de um pulsar. 1969 (fevereiro) – A Nasa lança um programa de exploração voltado para os planetas gigantes do Sistema Solar, cujo projeto mínimo contempla os seguintes objetivos: exploração do meio interplanetário além da órbita de Marte; estudo da região da faixa dos asteroides, com a finalidade de estabelecer os possíveis riscos de uma missão para os planetas exteriores a ela; exploração do ambiente jupiteriano, incluindo a região mais interna da magnetosfera do planeta. Desse programa resultam as missões Pioneer 10, Pioneer 11, Voyager 1 e Voyager 2. 1969 (8 de fevereiro) – Um meteorito pesando mais de uma tonelada é recuperado em Chihuahua, México. 1969 (21 de fevereiro) – Um foguete do programa lunar soviético cai, logo após o lançamento, sobre uma zona urbana, matando 350 pessoas. 1969 (3 de março) – É lançada a Apollo 9, que tem como principal objetivo testar o equipamento e, principalmente, o Módulo Lunar (a "Aranha"), em órbita da Terra. A tripulação é formada pelos astronautas James McDivitt – comandante -, David Scott e Russell Schweickart. Esta é a primeira missão do projeto que decola completa, com suas três partes: Módulo de Comando, Módulo de Serviço (cujo conjunto é chamado de Módulo de Comando e Serviço Apollo) e Módulo Lunar. O retorno se dá no dia 13 de março. Estatísticas – Massa: 26.801 kg; órbitas terrestres: 151; duração da missão: 10d1h0min. 1969 (25 de março) – É inaugurado o Observatório de La Silla, situado na montanha de mesmo nome, a 2400m de altitude, na extremidade sul do deserto de Atacama, no Chile. 1969 (16 e 17 de maio) – As sondas soviéticas Venera 5 e Venera 6, lançadas, respectivamente, em 5 e 10 de janeiro, penetram na atmosfera do hemisfério escuro de Vênus. São feitas medições até a altitude de 17 km. 1969 (18 de maio) – É lançada a Apollo 10, planejada para testar o módulo lunar ("Snoopy"), que pela primeira vez é completamente funcional, em órbita ao redor da Lua. Chega a uma distância de 14 km do satélite, sem, entretanto, pousar. A tripulação é composta pelos astronautas Thomas P. Stafford – comandante -, John W. Young e Eugene A. Cernan. O retorno ocorre em 26 de maio. Estatísticas – Massa: 28.830 kg; tempo em órbita lunar: 2d13h37min; duração da missão: 8d0h3min. 1969 (16 de julho) – É lançada, a partir do Cabo Canaveral, a Apollo 11, primeira missão tripulada a pousar na Lua. Compõem a tripulação os astronautas Neil Armstrong – comandante –, Edwin Aldrin – piloto do módulo lunar – e Michael Collins – piloto do módulo de comando. O Módulo de Comando recebe o nome de Columbia, e o Módulo Lunar, de Eagle ("Águia"). Aproximadamente 850 jornalistas, de 55 países e falando 33 línguas, registram o evento. 1969 (20 de julho) – A Apollo 11 pousa na Lua, num local denominado Mar da Tranquilidade, uma grande área plana, formada de lava basáltica solidificada, na linha equatorial da face brilhante do satélite. Às 23h56min (horário de Brasília), Neil Armstrong, de 38 anos, torna-se o primeiro ser humano a pisar na superfície da Lua e pronuncia a frase mais épica da Era Espacial: "Este é um pequeno passo para o Homem... mas um grande salto para a Humanidade". Edwin Aldrin junta-se a Armstrong na superfície 15min depois e, durante as 4h40min seguintes, os astronautas examinam o Módulo Lunar, montam e colocam para funcionar a câmera de TV, hasteiam a bandeira norte-americana e batem continência, instalam instrumentos científicos, dão pulos como cangurus, experimentando a baixa gravidade lunar, tiram cerca de 100 fotografias, coletam mais amostras no solo e falam ao vivo com o Presidente dos EUA, Richard Nixon (1913-1994). Além disso, os astronautas deixam na Lua uma placa, assinada por eles e pelo presidente Nixon, onde se lê: Here Men From Planet Earth First Set Foot Upon The Moon. July 1969 A.D. We Came In Peace For All Mankind. (“Aqui os homens do planeta Terra pisaram pela primeira vez na Lua. Julho de 1969. Viemos em paz, em nome de toda a humanidade.”) Com diâmetro de 3.476,28 x 3.471,94 km, área superficial de 37,93 milhões de km (7,4% da terrestre) e localizada à distância média de 384.403 km (varia entre 363.104 e 405.696 km) da Terra, que orbita à velocidade média de 3.680 km/h, , a Lua é o quinto satélite do Sistema Solar em ordem de tamanho. Como acontece com boa parte dos satélites do nosso sistema planetário, a Lua tem rotação síncrona, isto é, leva exatamente o mesmo tempo para completar uma órbita em torno da Terra e girar ao redor de si mesma: 27d7h43min. Ocupa um volume de 21,95 bilhões de km3 (2% do terrestre) e tem massa de 73,47 quintilhões de toneladas (1,2% da massa da Terra), o que resulta numa densidade de 3,346g/cm3. A gravidade superficial equivale a 16,54% da terrestre (uma pessoa pesando 80 kg na Terra pesaria, na Lua, 13,23 kg), e a velocidade de escape é de 2,38 km/s. A Lua é o objeto mais brilhante do céu noturno: a magnitude aparente varia entre -12,9 e -2,5. 1969 (24 de julho) – A Apollo 11 retorna à Terra. Estatísticas – Massa: 30.320 kg; tempo de atividade extraveicular na superfície da Lua: 2h37min; tempo total de permanência na superfície lunar: 21h31min; massa trazida da Lua: 21,55 kg; órbitas lunares: 30; tempo em órbita lunar: 2d11h30min; duração da missão: 8d3h18min. 1969 (31 de julho) – A Mariner 6, lançada em 24 de fevereiro, chega a Marte, com uma aproximação máxima de 3300 km. Envia imagens, num total de 75, principalmente da região equatorial. Analisa a atmosfera, a superfície e envia fotos de Fobos. 1969 (5 de agosto) – A Mariner 7, lançada em 27 de março, chega a Marte, com uma aproximação máxima de 3518 km. Envia 126 fotos e faz estudos semelhantes aos da Mariner 6. Provavelmente apresenta uma danificação insignificante provocada por um meteoro poucos dias antes da chegada a Marte. 1969 (15 de agosto)- É criada a Indian Space Research Organisation (ISRO), a agência espacial da Índia, com sede em Bangalore. 1969 (14 de novembro) – É lançada a Apollo 12, segunda missão tripulada a descer na Lua e a primeira a fazer um pouso de precisão num ponto pré-determinado da superfície, a fim de resgatar partes de uma sonda não-tripulada enviada dois anos antes, a Surveyor III, e trazer partes dela de volta à Terra, para estudos do efeito da permanência em ambiente lunar sobre o material empregado no artefato. O Módulo de comando chama-se Yankee Clipper e o Módulo lunar, Intrepid. A tripulação é formada por Charles Conrad (1930-1999) – comandante –, Alan Bean – piloto do módulo lunar – e Richard Gordon – piloto do módulo de comando. 1969 (19 de novembro) – A Apollo 12 pousa no Oceano das Tormentas, cerca de 1.500 km a oeste do Mar da Tranquilidade, local da alunissagem anterior. 1969 (24 de novembro) – A Apollo 12 retorna à Terra. Estatísticas – Massa: 28.838 kg; tempo total das duas atividades extraveiculares na superfície da Lua: 7h45min; tempo de permanência na superfície lunar: 31h31min; massa trazida da Lua: 34,35 kg; órbitas lunares: 45; tempo em órbita lunar: 3d16h58min; duração da missão: 10d4h36min. 1970 – Arno Penzias e Robert Wilson encontram monóxido de carbono interestelar. 1970 – George Carruthers observa hidrogênio molecular no espaço. 1970 – o telescópio refletor óptico de 4,01m de Cerro Tololo entra em operação, localizado em Cerro Tololo, Chile. 1970 – o telescópio refletor óptico de 4,01m do Kitt Peak National Observatory começa a operar, localizado próximo de Tucson, Arizona. 1970 – Roger Ulrich, John Leibacher e Robert Stein deduzem, a partir de modelos solares teóricos, que o interior do Sol pode agir como uma cavidade acústica ressonante. 1970 (11 de fevereiro) – É lançado o Osumi 5, o primeiro satélite artificial japonês. 1970 (11 de abril) – É lançada a Apollo 13, terceira missão tripulada do projeto, que não consegue pousar na Lua devido a um acidente durante a viagem de ida. A tripulação é composta por James Lowell – comandante –, Fred Haise – piloto do módulo lunar – e John Swigert (1931-1982) – piloto do módulo de comando. O módulo lunar chama-se Aquarius, e o módulo de comando, Odissey. Na noite de 13 de abril, quando a espaçonave está a 321.860 km da Terra, ocorre uma explosão no módulo de serviço, causada, segundo os resultados de investigações posteriores da Nasa, por uma mudança de voltagem dos suprimentos de energia da Apollo, feita pelos projetistas do tanque da nave, sem o respectivo reforço da ventoinha de resfriamento do motor. Com o módulo de serviço e também o módulo de comando inutilizados, os astronautas são obrigados a se transferir para o módulo lunar, no qual iniciam o retorno à Terra e onde são submetidos a um rigoroso racionamento de eletricidade, de alimentos e de água. Contudo, a viagem de volta é bem-sucedida e, no dia 17 de abril, cansados, molhados, famintos, desidratados e com frio, eles conseguem aterrissar em segurança. Estatísticas – Massa: 28.945 kg; duração da missão: 5d22h55min. 1970 (22 de abril) – É criado o Dia da Terra, comemorado em âmbito nacional nos EUA. 1970 (24 de abril) – A China se torna o quinto país do mundo a lançar um satélite em órbita, o DFH-1, impulsionado por um foguete "Longa Marcha" e destinado à experimentação científica. 1970 (24 de setembro) – A sonda soviética Luna 16, lançada em 12 de setembro (alunissagem em 20 de setembro), retorna à Terra trazendo 101g de basalto lunar, primeira amostra do solo da Lua trazida de volta à Terra por uma espaçonave de forma totalmente automatizada. 1970 – A sonda soviética Luna 17, lançada em 10 de novembro, pousa na Lua transportando o primeiro veículo lunar, o Lunokhod 1. 1970 (12 de dezembro) – É lançado o Uhuru, observatório espacial norteamericano, o primeiro projetado para fazer observações especificamente em raios X. Uhuru significa “liberdade” em suaíle, nome dado em homenagem ao Quênia, país de onde é lançado. 1970 (15 de dezembro) – A sonda soviética Venera 7, lançada em 17 de agosto, é a primeira a pousar em outro planeta (Vênus) É ainda a primeira a medir diretamente a temperatura na superfície daquele mundo (460°C) e também sua pressão atmosférica (equivalente a mais de noventa vezes a terrestre). Sobrevive durante 26 minutos, sendo depois inutilizada pela pressão e pelo calor venusianos. Os radares da Venera 7 registram ventos de mais de 100 km/h. Com diâmetro de 12.103,6 km, Vênus é o planeta do Sistema Solar de dimensões mais parecidas com as da Terra. Ocupa um volume de 938 milhões de km3 (85,7% do terrestre), a área da superfície é de 460 milhões de km2 (90,2% da área da Terra) e tem massa de 4,868 sextilhões de toneladas (81,5% da terrestre). A densidade venusiana é de 5,204g/cm3, a gravidade equivale a 90,4% da terrestre e a velocidade de escape é de 10,46 km/s. O planeta situa-se à distância média do Sol de 108.208.930 km (varia entre 107.476.259 e 108.942.109 km), e é o planeta com menor excentricidade orbital (0,0068), isto é, aquele cuja órbita menos se desvia da distância solar média (a excentricidade da Terra é de 0,0167). Vênus tem a velocidade de rotação mais baixa do Sistema Solar (6,52 km/h) e leva mais tempo para girar em torno de si mesmo (243d0h27min) do que para completar, à velocidade média de 126.000 km/h, uma órbita em torno do Sol (224,701 dias terrestres - 0,615 ano) ou 0,92 dia venusiano. Vênus é o objeto mais brilhante do céu noturno depois da Lua, podendo atingir a magnitude aparente -4,6. Apesar de ser o segundo em distância do Sol, é o mais quente dos planetas (temperaturas superficiais superiores a 460°C), em razão de possuir a atmosfera mais densa do Sistema Solar (a massa total é de 480 quatrilhões de toneladas, e a pressão, 93 vezes superior à da terrestre), composta sobretudo de dióxido de carbono (96,5%), seguindo-se nitrogênio (3%) e dióxido de enxofre (0,015%). O planeta não tem satélites. Vênus é o nome latino de Afrodite, deusa grega do amor e da beleza. 1971 – O britânico Martin Rees propõe que algumas galáxias, como a Via Láctea, têm em seu centro buracos negros supermassivos, ou seja, com massa da ordem de milhões de vezes superior à solar. 1971 (31 de janeiro) – É lançada a Apollo 14, terceira missão da série a pousar na Lua, tendo a delicada tarefa de recomeçar as viagens espaciais tripuladas após o acidente ocorrido com a Apollo 13. A tripulação é composta por Alan Shepard – comandante –, Edgar Mitchell – piloto do módulo lunar – e Stuart Roosa (1933- 1994) – piloto do módulo de comando. O Módulo de Comando chama-se Kitty Hawk e o Módulo Lunar, Antares. 1971 (5 de fevereiro) – A Apollo 14 pousa em Fra Mauro, uma região repleta de crateras e ondulada, o que faz com que o Antares fique inclinado 8° durante sua estada na Lua. O principal objetivo da missão (originalmente atribuída à Apollo 13) é chegar a pé à cratera Cone, localizada numa região elevada em relação ao local do pouso, visando a testar a capacidade de caminhar na superfície lunar em regiões não-planas. O objetivo não é plenamente alcançado: os astronautas param pouco antes de atingir a borda da cratera. Nessa missão, Alan Shepard dá com sucesso uma tacada de golfe. 1971 (9 de fevereiro) – A Apollo 14 retorna à Terra. Estatísticas – Massa: 29.240 kg; tempo total das duas atividades extraveiculares na superfície da Lua: 9h23min; tempo de permanência na superfície lunar: 1d9h30min; massa trazida da Lua: 42,28 kg; tempo em órbita lunar: 2d18h36min; duração da missão: 9d0h1min. 1971 (2 de abril) – É criado o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), cuja sede está localizada em São José dos Campos, São Paulo. Os objetivos do INPE são promover e executar estudos, pesquisas científicas, desenvolvimento tecnológico e capacitação de recursos humanos, nos campos da Ciência Espacial e da Atmosfera, das Aplicações Espaciais, da Meteorologia e da Engenharia e Tecnologia Espacial, bem como em domínios correlatos, conforme as políticas e diretrizes definidas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. As atividades atualmente desenvolvidas pelo INPE buscam demonstrar que a utilização da ciência e da tecnologia espacial pode influir na qualidade de vida da população brasileira e no desenvolvimento do País. 1971 (19 de abril) – É lançada a Salyut 1, primeira estação orbital soviética e primeira estação espacial construída pelo homem. É formada de três compartimentos pressurizados: o de transferência, onde são acopladas as naves Soyuz, o principal, onde vive a tripulação, e outro contendo os equipamentos de controle e comunicações, a fonte de energia, o sistema de suporte de vida e outros equipamentos auxiliares. Há um quarto compartimento, despressurizado, com as instalações do motor e equipamentos de controle associados. A Salyut tem baterias químicas, suprimentos reservas de água e oxigênio e sistemas de regeneração. A energia é fornecida por dois pares de painéis solares. Em russo, Salyut significa “saudação”. 1971 (30 de junho) – A despressurização de uma nave Soyuz mata os cosmonautas Georgy Dobrovolsky, Vladislav Volkov e Viktor Patsayev, que haviam cumprido uma missão de 24 dias em órbita. Eles protagonizam a primeira ocupação humana de uma estação orbital, a pioneira Salyut 1. 1971 (26 de julho) – É lançada a Apollo 15, quarta missão da série a pousar na Lua e a primeira a utilizar um jipe lunar. A tripulação é formada por David Scott – comandante –, James Irwin (1930-1991) – piloto do módulo lunar – e Alfred Worden – piloto do módulo de comando. O Módulo de Comando denomina-se Endeavour e o Módulo Lunar, Falcon. 1971 (30 de julho) – A Apollo 15 pousa em Hadley Hille, uma área de grande interesse do ponto de vista geológico, localizada na orla do Mare Imbrium (Oceano das Chuvas), num pequeno vale rodeado por altas montanhas. O jipe, um veículo de quatro rodas (todas com tração elétrica), desmontável e pesando 209 kg, dá aos astronautas considerável mobilidade, permitindo-lhes realizar passeios de vários km. Um fato curioso a destacar é o experimento executado por David Scott: para comprovar a teoria da queda dos corpos, de Galileu Galilei, ele deixa cair um martelo e uma pluma, constatando que, na ausência de ar, ambos chegam juntos ao solo. 1971 (7 de agosto) – A Apollo 15 volta à Terra. Durante o voo de retorno, Alfred Worden torna-se o primeiro homem a executar uma atividade extravveicular fora da órbita terrestre. Estatísticas – Massa: 30.370 kg; tempo total das três atividades extraveiculares na superfície da Lua: 18h34min; tempo de permanência na superfície lunar: 2d18h55min; massa trazida da Lua: 77 kg; tempo em órbita lunar: 6d1h13min; órbitas lunares: 74; duração da missão: 12d7h12min. 1971 (11 de outubro) – A Salyut 1 faz uma reentrada controlada na atmosfera terrestre, caindo no Oceano Pacífico. Estatísticas – Massa: 18.425 kg; espaço habitável: 90m3; dias em órbita: 175; dias ocupada: 24; órbitas terrestres: 2.929; distância percorrida: 118.602.524 km. 1971 (14 de novembro) – A sonda norte-americana Mariner 9, lançada em 30 de maio, torna-se o primeiro engenho espacial a operar ao redor de outro planeta: Marte. Durante quase dois anos, transmite mais de 7.300 imagens de Marte, cobrindo a totalidade da superfície e obtendo informações sobre o Planeta Vermelho que nenhuma outra sonda antes havia conseguido, revelando grandes vulcões na superfície marciana (entre os quais o Monte Olimpo, o maior de todo o Sistema Solar, com 27 km de altura), bem como gigantescos canyons, e indícios de que já houve água na superfície do planeta. A sonda também obtém as primeiras imagens em close das duas pequenas luas de Marte, Fobos e Deimos. Marte é, do ponto de vista climático, o planeta mais parecido com a Terra: tem um ciclo de estações e um período de rotação (24h37min22,67s)semelhantes aos terrestres, sendo o alvo mais frequente de missões interplanetárias. A temperatura varia entre -140°C, nas regiões polares, e mais de 20°C, no equador, durante o verão marciano. Com diâmetro de 6.792,4 x 6.752,4 km, é o sétimo planeta em tamanho e o quarto a partir do Sol, que orbita à distância média de 227.939.100 km (varia entre 206.669.000 e 249.209.300 km), demorando 686,971 dias terrestres (1,88 ano), ou 668,599 dias marcianos, para completar uma órbita, à velocidade média de 86.675 km/h. A área da superfície é de 144.798.500 km2 (28,4% da área da Terra), o volume é de 163,18 bilhões de km3 (15,1% do terrestre) e a massa é de 641,85 quintilhões de toneladas (10,7% da massa da Terra). A densidade de Marte é de 3,934g/cm3, a gravidade equivale a 37,6% da terrestre e a velocidade de escape é de 5,027 km/s. A atmosfera marciana é tênue, sendo composta sobretudo por dióxido de carbono (95,72%), nitrogênio (2,7%), argônio (1,6%) e oxigênio (0,2%). A magnitude aparente varia entre –2,9 e 1,8. O planeta tem dois satélites. Marte é o nome latino de Ares, deus grego da guerra e da agricultura. A cor avermelhada do planeta talvez tenha sido a responsável pela sua associação à divindade guerreira (que lembra sangue). 1972 – Jacob Bekenstein sugere que buracos negros têm entropia proporcional à área de suas superfícies devido aos efeitos da perda de informação. Entropia é uma grandeza termodinâmica relativa à desordem, que mede a parte da energia que não pode ser transformada em trabalho. 1972 (27 de novembro) – A sonda soviética Marte 2, lançada em 19 de maio, é inserida na órbita marciana, transmitindo dados, até 22 de agosto de 1972, sobre atmosfera, superfície, magnetosfera, gravidade e temperatura. Fotografa montanhas e detecta a presença de hidrogênio e oxigênio nas partes altas da atmosfera. O aterrissador falha e choca-se contra Marte, sendo o primeiro objeto de fabricação humana a atingir a superfície daquele planeta. 1971 (2 de dezembro) – A sonda soviética Marte 3, lançada em 28 de maio, realiza a primeira descida perfeita em Marte. Falha depois de retransmitir dados durante 20 segundos. Faz medidas de temperatura da superfície, da gravidade e da composição atmosférica. 1972 – Stephen Hawking prova que a área do horizonte de eventos de um buraco negro clássico não pode diminuir. 1972 – James Bardeen, Brandon Carter e Stephen Hawking propõem 4 leis da mecânica de buraco negro em analogia com as leis da termodinâmica. 1972 (2 de março) – É lançada, com destino a Júpiter, a sonda norte-americana Pioneer 10, primeiro artefato humano enviado às regiões exteriores do Sistema Solar. Em sua fase interplanetária (antes e depois da passagem por Júpiter), os objetivos da missão são: Mapear o campo magnético do meio interplanetário; Verificar as alterações do vento solar ao longo das diversas distâncias analisadas; Medir os raios cósmicos originários do Sistema Solar e de fora dele; Estudar as interações entre o campo magnético interplanetário, o vento solar e os raios cósmicos; Estudar a heliosfera; Medir as quantidades de hidrogênio não ionizado no meio interplanetário; Medir as quantidades de partículas; Estudar o cinturão de asteroides. A fase joviana da missão tem por objetivos: Mapear o campo magnético de Júpiter; Mapear as energias dos prótons e dos elétrons ao longo da trajetória da sonda pelo sistema; Verificar a existência de auroras; Obter informação sobre as causas para as ondas de rádio de Júpiter; Mapear a interação entre o campo magnético joviano e o vento solar; Medir a temperatura da atmosfera de Júpiter; Determinar a composição e a estrutura das altas camadas da atmosfera do planeta; Medir a estrutura térmica daquele astro; Obter imagens do sistema; Sondar a atmosfera de Júpiter com ondas de rádio na altura da ocultação e Realizar o mesmo em Io; Investigar as características físicas e químicas dos satélites de Júpiter; Calcular com maior precisão as massas de Júpiter e dos quatro maiores satélites; Fornecer informação mais precisa para o cálculo das efemérides dos principais corpos do sistema. A Pioneer 10, assim como sua gêmea Pioneer 11, está equipada com dois magnetômetros, um analisador de plasma, um detector de radiação capturada, um radiômetro de infravermelhos, um sensor para a detecção de asteroides e uma placa sensora de impactos de meteoritos, um telescópio de raios cósmicos e outros instrumentos para captação de imagens. 1972 (16 de abril) – É lançada a Apollo 16, quinta missão tripulada do projeto a pousar na Lua. A tripulação é formada por John Young – comandante –, Charles Duke Jr. – piloto do módulo lunar – e Thomas Mattingly – piloto do módulo de comando. O Módulo de Comando chama-se Casper e o Módulo Lunar, Orion. 1972 (20 de abril) – A Apollo 16 pousa na Lua, na região de Descartes, uma área puramente montanhosa. 1972 (27 de abril) – Retorno da Apollo 16 à Terra. Estatísticas – Massa: 30.395 kg; tempo total das três atividades extraveiculares na superfície da Lua: 20h14min; tempo de permanência na superfície lunar: 2d23h2min; massa trazida da Lua: 95,71 kg; tempo em órbita lunar: 5d5h50min; órbitas lunares: 64; duração da missão: 11d1h51min. 1972 (15 de julho) – A Pioneer 10 torna-se a primeira nave espacial a atingir o cinturão de asteroides. 1972 (22 de julho) – A sonda soviética Venera 8, lançada em 27 de março, pousa suavemente no hemisfério iluminado de Vênus, sobrevivendo por 50 minutos. 1972 (7 de dezembro) – É lançada a Apollo 17, sexta e última missão tripulada do projeto Apollo para a Lua. A tripulação é formada por Eugene Cernan – comandante –, Harrison Schmitt – piloto do módulo lunar – e Ronald Evans (1933-1990) – piloto do módulo de comando. O Módulo de Comando chama-se America e O Módulo Lunar, Challenger. 1972 (11 de dezembro) – A Apollo 17 pousa na Lua, na região de Taurus-Littrow, um vale cercado de montanhas no limite do Mar da Serenidade. Nessa missão, Schmitt e Cernan andam 34 km de jipe lunar, batendo o recorde de distância percorrida por uma tripulação na superfície do satélite terrestre durante o Projeto Apollo. Schmitt é o primeiro cientista (geólogo) a viajar para a Lua para pesquisar seu solo. Uma das descobertas científicas da Apollo 17 é a existência de solo cor de laranja na Lua. Nesta missão é tirada a famosa foto "A Bolinha Azul", em que aparece o disco azulado da Terra de forma nítida, amplamente divulgada e que tem um impacto muito grande para o aparecimento de uma cultura ecológica nos anos seguintes. Os astronautas deixam na Lua uma placa que diz: Here Man completed his first exploration of the Moon, December 1972 A.D. May the spirit of peace in which we came be reflected in the lives of all mankind. (“Aqui homens completaram sua primeira exploração da Lua, dezembro de 1972. Possa o espírito de paz no qual viemos refletir-se nas vidas de toda a humanidade.”) 1972 (19 de dezembro) – A Apollo 17 retorna à Terra, encerrando o ciclo de missões tripuladas à Lua deste projeto. Estatísticas – Massa: 30.369 kg; tempo total das três atividades extraveiculares na superfície da Lua: 22h4min; tempo de permanência na superfície lunar: 3d3h0min; massa trazida da Lua: 111 kg; tempo em órbita lunar: 6d3h44min; órbitas lunares: 75; duração da missão: 12d13h52min. No total, as seis missões Apollo trazem da Lua 381,7 kg de material: cerca de 2.000 pedras, cem amostras de terreno, milhares de pedregulhos. A fase seguinte do programa espacial norte-americano é a Skylab. 1973 – Jeremiah Ostriker e James Peebles descobrem que a quantidade de matéria visível nos discos das galáxias espirais típicas não é suficiente para a gravitação Newtoniana impedir os discos de se romperem violentamente ou mudarem drasticamente de forma. 1973 – Por meio de medições do campo magnético interplanetário durante três períodos de rotação solar (cada um deles de 27 dias), descobre-se que ele pode orientar-se tanto na direção do Sol quanto na trajetória oposta. Essa característica significa que no espaço interplanetário se formam, no curso de uma rotação solar, de dois a seis setores onde o campo magnético se mostra alternadamente positivo (orientado para o exterior) e negativo (orientado para o Sol). 1973 (fevereiro) – A Pioneer 10 sai da faixa de asteroides sem ter sofrido qualquer dano, comprovando assim a inexistência da temida concentração de poeira cósmica naquela região. 1973 (fevereiro) – A UAI realiza em Varsóvia, Polônia, uma assembleia extraordinária para celebrar os quinhentos anos de nascimento de Nicolau Copérnico. 1973 (5 de abril) – É lançada a sonda norte-americana Pioneer 11, com destino a Júpiter e Saturno. 1973 (14 de maio) – É lançada, pelos EUA, a Estação Espacial Skylab, composta de cinco partes: um telescópio (ATM); um adaptador para acoplagem múltipla (MDA); um módulo selado (AM); uma unidade de instrumentos (IU); e um espaço de trabalho orbital (OWS). 1973 (25 de maio a 22 de junho) – Missão da Skylab 2, que leva os primeiros tripulantes à estação espacial Skylab, sendo eles Charles Conrad - Comandante -, Paul Weitz - Piloto - e Joseph Kerwin - Cientista. A principal tarefa dessa tripulação é reparar a Skylab: a proteção contra meteoritos e raios solares e as placas de captação de energia solar haviam sido destruídas durante a decolagem, e o painel solar principal estava travado. Os astronautas realizam experimentos médicos, além de colher informações sobre o Sol e a Terra. Eles dobram o recorde de permanência no espaço, até então pertencente aos tripulantes da Gemini 7. Duração da missão: 28d0h50min; órbitas terrestres: 404; distância percorrida: 18,5 milhões de km. 1973 (28 de julho a 25 de setembro) – Missão da Skylab 3, que leva à estação homônima a segunda tripulação, composta por Alan Bean – Comandante -, Jack Lousma - Piloto - e Owen Garriott – cientista. São realizadas muitas experiências científicas, destacando-se: estudo da saúde dental, instalação de protetores solares contra micrometeoritos, adaptação psicológica humana ao espaço, estudo de cobaias de laboratório e de características de células do pulmão humano na microgravidade. Duração da missão: 59d11h9min; órbitas terrestres: 858; distância percorrida: 39,4 milhões de km. 1973 (3 de novembro) – É lançada a sonda norte-americana Mariner 10, com destino a Mercúrio. É a primeira espaçonave a visitar dois planetas (Vênus e Mercúrio) e também a primeira a utilizar a força gravitacional de um planeta (Vênus) para ganhar velocidade e se dirigir a outro corpo celeste (Mercúrio). Os objetivos da missão são estudar as características físicas, a atmosfera e o ambiente de Vênus e de Mercúrio, bem como fazer levantamentos acerca do meio interplanetário. 16 de novembro de 1973 a 8 de fevereiro de 1974 – Missão da Skylab 4, que leva à estação homônima a terceira e última tripulação, composta por Gerald Carr Comandante -, William Pogue - Piloto - e Edward Gibson – Cientista. É a primeira missão espacial a fazer (13 de dezembro) observações em órbita de um cometa (Kohoutek). São feitas mais de 75.000 imagens da Terra e do Sol. Duração da missão: 84d1h15min; órbitas terrestres: 1.214; distância percorrida: 55,5 milhões de km. 1973 (26 de novembro) – A uma distância de 6,4 milhões de km de Júpiter, tem início a missão científica propriamente dita da Pioneer 10. No dia seguinte, a sonda penetra na magnetosfera do planeta. 1973 (2 de dezembro) – A Pioneer 10 chega a 130.000 km da atmosfera externa de Júpiter, o ponto de aproximação máxima. Esta sonda é a primeira a fazer imagens de Júpiter. Com diâmetro de 142.984 x 133.708 km, Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar e o quinto a partir do Sol, que orbita a uma distância média de 778.547.200 km (varia entre 740.573.600 e 816.520.800 km). Demora 4.331,572 dias terrestres (11,859 anos), ou 10.475,8 dias jupiterianos, para completar uma órbita, à velocidade média de 47.000 km/h. Tem a velocidade rotacional mais rápida do Sistema Solar: gira em torno de si mesmo a 45.300 km/h (27,05 vezes maior que a da Terra, que é de 1.674,4 km/h) e completa uma rotação em 9h55min, a mais rápida, inclusive, em números absolutos, apesar das dimensões consideravelmente menores dos demais planetas. Júpiter ocupa um volume de 1 quatrilhão, 431 trilhões e 280 bilhões de km3 (1.321,3 volumes terrestres), tem massa de 1 setilhão, 898 sextilhões e seiscentos quintilhões de toneladas, o que equivale a 317,8 massas da Terra ou 71% da massa de todos os planetas somados. A densidade joviana é de 1,326g/cm3, e a área da superfície, de 62 bilhões, 179 milhões e seiscentos mil km2, o que corresponde a 121,9 superfícies terrestres. A força de gravidade é 2,528 vezes superior à terrestre (uma pessoa pesando 80 kg na Terra pesaria, em Júpiter, 202 kg), e a velocidade de escape é de 59,5 km/s (5,32 vezes superior à do nosso planeta. Os principais componentes da atmosfera são hidrogênio (89%) e hélio (10%). A magnitude aparente varia entre –2,9 e –1,6. Tem 63 satélites conhecidos. Júpiter é o nome latino de Zeus, deus grego do Céu e da Terra, o senhor do Olimpo, o deus supremo. 1974 – Robert Wagoner, William Fowler e Fred Hoyle mostram que o Big Bang quente prevê as abundâncias corretas de deutério e lítio. 1974 – O telescópio refletor óptico de 3,9m anglo-australiano entra em operação, localizado em Siding Springs, Austrália. 1974 – Os astrofísicos R. Hulse e J. M. Taylor descobrem o primeiro pulsar duplo. 1974 – O físico teórico inglês Stephen Hawking calcula que buracos negros devem termicamente criar ou emitir partículas subatômicas, conhecidas como "radiação Hawking”. 1974 (5 de fevereiro) – A sonda norte-americana Mariner 10 obtém as primeiras imagens em close da atmosfera de Vênus em ultravioleta, feitas a uma distância de 5.768 km da superfície, revelando detalhes ainda desconhecidos da cobertura de nuvens e mostrando, além disso, que todo o sistema de nuvens faz uma volta completa em torno do planeta a cada quatro dias terrestres. Nesta missão ocorre a primeira assistência gravitacional da história: a Mariner 10 usa a gravidade de Vênus para ganhar velocidade em sua viagem a Mercúrio. 1974 (29 de março) – A Mariner 10 sobrevoa Mercúrio pela primeira vez, à distância de 704 km, e faz as primeiras imagens (poucas) do planeta. Com diâmetro de 4.879,4 km e ocupando um volume de 60,83 bilhões de km3 (5,4% do da Terra), Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol e o menor do Sistema Solar. A área da superfície é de 74,8 milhões de km2 (14,7% da terrestre). Tem massa de 330,22 quintilhões de toneladas (5,5% da massa da Terra) e densidade média de 5,427g/cm3 (segundo mais denso do Sistema Solar, depois da Terra). Gira em torno do Sol, à distância média de 57.909.100 km (varia entre 46.001.200 e 69.816.900 km), em 87,969 dias terrestres (0,241 ano), ou 1,5 dia mercuriano, à velocidade média de 172.300 km/h. Completa uma rotação em 58d15h30min. Tem a gravidade mais fraca de todos os planetas, equivalente a 37% da terrestre, o que faz com que a velocidade de escape também seja a mais baixa: 4,25 km/s. De todos os planetas que orbitam o Sol, Mercúrio é aquele que tem maior amplitude térmica: a temperatura oscila entre –190°C (à noite) e 430°C (durante o dia). A atmosfera mercuriana é muito tênue e está composta sobretudo por oxigênio molecular (42%), sódio (29%), hidrogênio (22%) e hélio (6%). Por estar muito próximo do Sol, Mercúrio pode ser visto apenas ao amanhecer e ao entardecer, e a magnitude aparente varia entre –2,0 e 5,5. O planeta não tem satélites. Mercúrio é o nome latino de Hermes, deus grego dos viajantes e dos comerciantes. Muito veloz, era também mensageiro do Olimpo, sendo esta uma possível razão para o seu nome ter sido dado ao planeta, o mais rápido dentre os astros que orbitam o Sol. 1974 (16 de abril) – É fundada a Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), localizada em São Paulo. Segundo o seu estatuto, suas tarefas são: Congregar os astrônomos do Brasil; Zelar pela liberdade de ensino e pesquisa; Zelar pelos interesses e direitos dos astrônomos; Zelar pelo prestígio da ciência do País; Estimular as pesquisas e o ensino de astronomia no País; Manter contato com institutos e sociedades correlatas no País e no exterior; Promover reuniões científicas, congressos especializados, cursos e conferências. 1974 (19 de abril) – A Pioneer 11 conclui a travessia do cinturão de asteroides. 1974 (21 de setembro) – A Mariner 10 sobrevoa Mercúrio pela segunda vez, à distância de 48.000 km. Nesta passagem, assim como na seguinte, obtém-se um conjunto de imagens detalhadas do planeta, mas que, devido à geometria da órbita, apenas permite a observação de menos de metade da superfície total. 1974 (14 de setembro) – Charles T. Kowal descobre Leda, 13º satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 20 km; período orbital: 240,92 dias (0,654 ano); distância média ao planeta: 11.160.000 km; massa: 11 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3. 1974 (outubro) - O astrofísico britânico Antony Hewish recebe o Prêmio Nobel de Física (o primeiro a ser concedido a um astrônomo observacional) por ter descoberto (1967), juntamente com Jocelyn Bell, os pulsares. 1974 (2 de dezembro) – A Pioneer 11 alcança o ponto máximo de aproximação de Júpiter: 34.000 km. 1975 – investigadores do Instituto de Ciências Planetárias de Tucson e do Instituto Harvard-Smithsonian de Astrofísica propõe a teoria do Big Splash, a qual postula a formação da Lua através do impacto de um planeta desaparecido, conhecido como Theia, com a Terra. 1975 – São feitos os primeiros testes de um protótipo de veículo espacial reutilizável (space shuttle), acoplado a um avião Boeing adaptado a experimentos de voo a grande altitude. O objetivo é testar a aerodinâmica e a dirigibilidade do Ônibus Espacial. 1975 (16 de março) – A Mariner 10 sobrevoa Mercúrio pela terceira e última vez, à distância de 327 km. 1975 (24 de março) – A Mariner 10 perde contato com a Terra, e encerra-se assim a missão e o programa homônimo. A sonda está hoje em órbita solar. 1975 (31 de maio) – É oficialmente criada a Agência Espacial Europeia (ESA – European Space Agency, na sigla em inglês). 1975 (17 de julho) – Primeiro encontro entre russos e norte-americanos no espaço, a bordo das naves espaciais Apollo 18 e Soyuz 19, comandadas por Thomas Stafford e Alexei Leonov. 1975 (9 de agosto) – A ESA (ESA), formada pela Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Holanda, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido, lança seu primeiro satélite, COS-B, que é usado para estudar os raios gama. 1975 (20 de agosto) – É lançada, do Cabo Canaveral, acoplada a um foguete Titã, a sonda norte-americana Viking 1, com destino a Marte. 1975 (9 de setembro) – É lançada a sonda norte-americana Viking 2, com destino a Marte. 1975 (20 de outubro) – A sonda soviética Venera 9 é inserida na órbita de Vênus, sendo a primeira a orbitar aquele planeta. 1975 (22 e 25 de outubro) – As sondas soviéticas Venera 9 e Venera 10, lançadas, respectivamente, em 8 de junho e 14 de maio, efetuam descidas suaves na superfície de Vênus. Elas tiram as primeiras fotografias do solo venusiano. 1975 (26 de novembro) – A China lança seu primeiro satélite recuperável, que volta à Terra três dias depois, e se transforma no terceiro país do mundo a conseguir esta façanha. 1976 – É inaugurado o observatório russo Zelenchukskaya, localizado no monte Pastukhov, ao norte do Cáucaso. depois de anos de "domínio" do grande telescópio norte-americano de monte Palomar, o telescópio de Zelenchukskaya passa a ser o maior do mundo, com um espelho de 6m de diâmetro e 65cm de espessura. 1976 – Sandra Faber e Robert Jackson descobrem a relação Faber-Jackson entre a luminosidade de uma galáxia elíptica e a velocidade de dispersão em seu centro. 1976 (19 de junho) – A Viking 1 entra na órbita de Marte. 1976 (20 de julho) – O aterrissador da Viking 1 desce nas encostas ocidentais de Chryse Planitia. Logo começa sua procura de microorganismos marcianos e envia para a Terra incríveis imagens em cores do cenário à sua volta. É através delas que os cientistas veem que o céu de Marte tem uma cor rosada, e não azul-escura, como eles pensavam anteriormente. (a cor rosa observada é o reflexo da luz solar nas partículas de poeira avermelhadas da atmosfera rarefeita). O lander desce num local de areia vermelha e matacões, que se estende até onde suas câmeras podem alcançar. 1976 (25 de julho) – A Viking 1 fotografa uma formação rochosa na região marciana de Cydonia, na qual muitos julgam ver um rosto humano esculpido artificialmente. Surgem especulações sobre vida em Marte e acerca de segredos descobertos e não revelados pela Nasa. 1976 (7 de agosto) – A Viking 2 entra na órbita de Marte. 1976 (9 a 22 de agosto) – Missão da Luna 24, a última da série, que é a terceira (depois das Lunas 16 e 20) a trazer material da superfície da Lua (170g), retirado do Mar da Crise. É a última sonda lunar lançada pela URSS e também a última nave, de qualquer país, a realizar um pouso suave na Lua. 1976 (3 de setembro) – O orbitador da Viking 2 desce na planície de Utopia. Realiza basicamente as mesmas tarefas da sonda anterior, exceto que desta vez o sismômetro funciona, registrando um tremor de terra no planeta. 1977 – O telescópio refletor óptico-infravermelho Multiple Mirror, com espelho equivalente a 4,47m, começa a operar, localizado em Amado, Arizona. 1977 (fevereiro) – R. Brent Tully e J. Richard Fisher descobrem a relação TullyFischer entre a luminosidade de uma galáxia espiral isolada e a velocidade da parte achatada de sua curva de rotação. 1977 (18 de fevereiro) – O primeiro lançador de nave espacial, o Enterprise, é testado em voo "captive mode" ("modo cativo"), preso ao topo de um gigantesco jato 747. Inicialmente o empreendimento é nomeado Constitution (em comemoração ao Bicentenário da Constituição norte-americana). Porém, os espectadores de televisão fãs de ficção científica da série Star Trek começam uma campanha de assinaturas, enviadas à Casa Branca, para que o veículo seja rebatizado como Enterprise. 1977 (8 de março) – James Elliot descobre os primeiros nove anéis de Urano durante uma experiência de ocultação estelar a bordo do Kuiper Airborne Observatory. 1977 (20 de agosto) – É lançada a sonda norte-americana Voyager 2 (antes da Voyager 1), com destino a Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. 1977 (5 de setembro) – É lançada a sonda norte-americana Voyager 1, que explora Júpiter e Saturno. Assim como sua gêmea, a Voyager 2, a sonda é equipada com um detector de raios cósmicos, um magnetômetro, um detector de ondas de plasma, um detector de partículas de baixa energia, um espectrômetro de ondas ultravioleta e um detector de ventos solares. Para o caso de serem algum dia interceptadas por alienígenas, ambas as naves carregam um disco (e a respectiva agulha) de cobre revestido a ouro, contendo uma apresentação da raça humana, com 115 imagens (entre as quais está a Grande Muralha da China), 35 sons naturais (vento, pássaros, água...), saudações em 55 línguas (incluindo português) e música (Mozart e Beethoven, entre outros). 1977 (29 de setembro) – É lançada a estação espacial soviética Salyut 6, a primeira a permitir o acoplamento de naves Progress de reabastecimento. Ao longo de cinco anos, vários recordes de permanência no espaço são quebrados. Além de russos, a estação hospeda cosmonautas de Hungria, Polônia, Romênia, Cuba, Mongólia, Vietnam e Alemanha Oriental. Doze Progress de carga entregam mais de 20t de equipamento, suprimentos e combustível. 1977 (1º de novembro) – É descoberto o asteroide 2060 Chiron (diâmetro de 233 km), primeiro componente conhecido de um grupo de objetos chamados Centauros, por apresentarem características tanto de cometa como de asteroide. 1978 – A astrônoma norte-americana Sandra Faber publicA um trabalho no qual mostra que a velocidade de rotação de galáxias espirais corresponde a uma concentração de massa maior do que a inferida por observações da luz emitida pela galáxia. Essa discrepância fica conhecida como O problema da massa faltante. 1978 – Vera Rubin, Kent Ford, N. Thonnard e Albert Bosma medem as curvas de rotação de várias galáxias espirais e encontram desvios importantes relativamente ao que é previsto pela gravitação Newtoniana de estrelas visíveis. 1978 (2 a 10 de março) – Vladimír Remek, da Tchecoslováquia, tripulante da Soyuz 28, visita a Salyut 6 e se torna o primeiro homem que não é soviético nem norteamericano a ir ao espaço. Em 2004, com a entrada da República Tcheca na União Europeia, ele passa a ser considerado o primeiro astronauta da Europa. 1978 (22 de junho) – É descoberto Caronte, satélite de Plutão, pelo astrônomo norte-americano James Christy, do Naval Observatory, em Flagstaff, Arizona. Com diâmetro de 1.207 km e orbitando Plutão à distância média de 19.571 km, Caronte tem uma característica única no Sistema Solar: uma rotação duplamente síncrona, ou seja, além de girar em torno de si mesmo e de Plutão exatamente no mesmo espaço de tempo, esse tempo ainda é igual ao da rotação de Plutão: 6d9h17min36s. Disso resulta que Caronte apresenta sempre a mesma face a Plutão, e sempre ao mesmo hemisfério. Um hipotético observador colocado na superfície de Plutão veria Caronte o tempo inteiro (jamais se põe) se estivesse no hemisfério acima do qual o satélite orbita, ou então nunca o veria, caso estivesse no hemisfério oposto. 1978 (outubro) - Arno Penzias e Robert Wilson recebem o prêmio Nobel de Física por terem descoberto (1965) a radiação cósmica de fundo, remanescente do Big Bang. 1978 (outubro) – Stephen M. Larson e John W. Fountain preconizam a existência de Epimeteu, 11º satélite conhecido de Saturno originalmente observado, em 18 de dezembro de 1966, por Richard Walker, mas então confundido com Jânus. A existência de Epimeteu é confirmada em 1980, pela Voyager 1, e os três cientistas passam a compartilhar oficialmente a descoberta. Diâmetro: 135 x 108 x 105 km; período orbital: 0,394 dia; distância média ao planeta: 151.410 km; massa: 530,4 trilhões de toneladas; densidade: 0,69g/cm3. 1978 (4 e 9 de dezembro) – As sondas norte-americanas Pioneer-Venus 1 e 2, lançadas, respectivamente, em 20 de maio e 8 de agosto, começam a operar e fazem o primeiro mapa de alta qualidade da superfície de Vênus. 1978 (21 de dezembro) – A sonda soviética Venera 12, lançada em 14 de setembro, pousa em Vênus e transmite dados durante 110 minutos. São registradas descargas elétricas, possivelmente atribuíveis a um raio. 1978 (25 de dezembro) – A sonda soviética Venera 11, lançada em 9 de setembro, pousa em Vênus e transmite dados durante 95 minutos. Os sistemas de imagem falham. 1979 – Dois telescópios entram em operação em Mauna Kea, no Havaí: o telescópio refletor infravermelho de 3,81m UKIRT e o telescópio refletor óptico de 3,55m Canada-France-Hawaii. 1979 – O norte-americano Brian G. Marsden publica um compêndio em que são relatados os aparecimentos de 1.027 cometas, observados no período compreendido entre os primeiros documentos disponíveis (os anais astronômicos chineses) e o ano de 1978. Essas passagens se referem a 658 cometas diferentes, 113 dos quais têm um período inferior a 200 anos. Destes, 72 foram observados pelo menos duas vezes. Os outros 545 cometas eram de longo período; sua órbita foi calculada com base na única passagem registrada. 285 pareciam mover-se ao longo de uma parábola; 162 descreviam uma elipse; e 98, uma hipérbole. 1979 – Peter Goldreich e Scott Tremaine propõem a ideia de satélites pastores para explicar porque os anéis de Urano são tão estreitos. Trata-se de pequenos satélites que têm sua órbita próxima a anéis planetários e confinam estes anéis através de interações gravitacionais. Um satélite pastor é uma lua de um planeta que está em órbita lado a lado com um anel daquele planeta. A força gravitacional do satélite confina o anel, dando a ele uma borda nítida. 1979 (janeiro) – A Voyager 1 começa a fotografar Júpiter. 1979 (21 de janeiro) – Netuno passa a estar, por vinte anos (até 14 de março de 1999), mais próximo do Sol do que Plutão. Isso ocorre uma vez em cada translação de Plutão (248 anos), pois a órbita deste planeta anão é tão elíptica que o leva a uma distância ao Sol inferior à de Netuno. 1979 (4 de março) – Analisando imagens da Voyager 1, Stephen P. Synnott descobre Métis, 14º satélite conhecido de Júpiter. É a primeira lua do Sistema Solar descoberta a partir de imagens de uma sonda espacial. Diâmetro: 60 x 40 x 34 km; período orbital: 0,295 dia; distância média ao planeta: 128.000 km; massa: 36 trilhões de toneladas: densidade: 0,86g/cm3. 1979 (5 de março) Analisando imagens da Voyager 1, Stephen P. Synnott descobre Tebe, 15º satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 116 x 98 x 84 km; período orbital: 0,675 dia; distância média ao planeta: 221,889 km; massa: 430 trilhões de toneladas; densidade: 0,86g/cm3. 1979 (5 de março) – A Voyager 1 sobrevoa Júpiter, a uma distância de 349.000 km. Durante a missão, obtém 19.000 fotografias, num período que vai até abril. A maior parte das observações acerca das luas, dos anéis, do campo magnético e das condições de radiação é realizada durante as 48 horas de máxima aproximação. Também efetua um detalhado estudo da Grande Mancha Vermelha. 1979 (7 de março) – É anunciada a descoberta, feita três dias antes graças às imagens transmitidas pela Voyager 1, de um tênue anel em torno de Júpiter, o qual faz parte de um sistema de anéis de partículas sólidas que circunda o planeta na região equatorial. 1979 (8 de março) – É descoberta atividade vulcânica em Io, satélite de Júpiter. Io é o primeiro astro do Sistema Solar, com exceção da Terra, onde se descobrem vulcões ativos. Hoje sabe-se que os satélites Encélado (de Saturno) e Tritão (de Netuno) também apresentam atividade vulcânica, chamada pelos astrônomos de criovulcanismo (por se tratar de mundos gelados). No momento de sua passagem, a Voyager 1 consegue observar nove vulcões ativos em Io, mas atualmente conhecemos centenas deles (estimativas giram em torno de quatrocentos). 1979 (8 de julho) – Analisando imagens da Voyager 2, David C. Jewitt e G. Edward Danielson descobrem Adrasteia, 16º satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 20 x 16 x 14 km; período orbital: 0,298 dia; distância média ao planeta: 129.000 km; massa: 2 trilhões de toneladas; densidade: 0,86g/cm3. 1979 (9 de julho) – A Voyager 2 sobrevoa Júpiter à distância de 570.000 km. São fotografados com mais detalhes o sistema de anéis e os vulcões de Io. As câmeras da nave revelam uma atmosfera de hidrogênio e hélio cujas nuvens apresentam uma dinâmica muito mais complexa do que se imaginava, incluindo relâmpagos e auroras. Também é confirmada a hipótese de que Júpiter emite muito mais energia do que recebe, o que poderia justificar uma atividade atmosférica tão intensa que permite a formação de fenômenos como a Grande Mancha Vermelha. Imagens da Voyager 2 revelam que as longas séries de estrias descobertas em Europa pela Voyager 1 são fraturas em uma crosta de gelo que pode abrigar um oceano interior. Ganimedes apresenta dois tipos bem diferentes de terreno, um coberto de crateras e o outro estriado, sugerindo que a crosta gelada do satélite pode ter sofrido fenômenos tectônicos. Calisto mostra uma crosta de gelo antiga, com muitas crateras remanescentes de grandes impactos. 1979 (11 de julho) – ocorre a reentrada controlada da estação espacial Skylab na atmosfera terrestre. Ela cai no Oceano Índico, nas proximidades da cidade australiana de Perth. Estatísticas – Massa: 77.088 kg; espaço habitável: 283,17m3; dias em órbita: 2.249; dias ocupada: 171; órbitas terrestres: 34.981; distância percorrida: 1,43 bilhão de km. 1979 (1º de setembro) – A Pioneer 11 chega às proximidades de Saturno, torna-se a primeira sonda espacial a visitar aquele mundo e tira as primeiras fotografias a curta distância do planeta. Com diâmetro de 120.536 x 108.728 km, Saturno é o segundo planeta em ordem de tamanho e o sexto a partir do Sol, que orbita à distância média de 1.433.449.370 km (varia entre 1.353.572.956 e 1.513.325.783 km), completando uma órbita, à velocidade média de 24.000 km/h, em 10.832,327 dias terrestres (29,657 anos), ou 24.491,07 dias saturnianos. O planeta ocupa um volume de 827,13 trilhões de km3 (763,59 vezes o terrestre) e tem massa de 568,46 sextilhões de toneladas (95,152 vezes a da Terra. A área da superfície é de 42,7 bilhões de km2 (83,7 superfícies terrestres). A gravidade equivale a 91,4% da terrestre, e a velocidade de escape é de 35,5 km/s. Saturno tem o maior achatamento polar entre todos os planetas, igual a 9,8% (o da Terra é de 0,33%), e possui também a menor densidade: 0,687g/cm3 (inferior à da água, o que significa que o planeta flutuaria se pudesse ser colocado sobre um oceano como os terrestres); o planeta mais denso é a Terra (5,515g/cm3. A rotação de Saturno, cujo período atualmente é de 10h39min24s, apresenta um mistério que intriga os cientistas: sua velocidade parece variar rapidamente, visto ter sido considerável a diferença (seis minutos) entre os valores obtidos com as medições efetuadas pelas sondas Voyager e Cassini. Os principais componentes da atmosfera são hidrogênio (96%), hélio (3%) e metano (0,4%). A magnitude aparente varia entre -0,24 e 1,2. Tem 61 satélites confirmados, e há mais de cem pequenos corpos candidatos a satélites. Saturno é o nome latino de Cronos, o mais jovem dos titãs, filho de Urano e de Gaia. Divindade suprema da segunda geração de deuses da mitologia grega, reinava tiranicamente, até ser destronado por seu filho Zeus. 1979 (24 de dezembro) – Ocorre o lançamento inaugural do Ariane, o primeiro foguete espacial europeu. 1980 – Um grupo de pesquisadores norte-americanos descobre uma quantidade anômala de irídio (elemento raro na Terra) nas camadas de sedimentos marinhos e aventa a hipótese de que a extinção dos dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos, tenha sido causada pelo impacto, sobre a Terra, de um enorme meteorito. 1980 – O astrônomo e divulgador científico norte-americano Carl Sagan (19341996) apresenta, em 13 episódios, a série de televisão Cosmos, produzida por ele e filmada, ao longo de 3 anos, em 40 localidades de 12 países. Assistida por mais de 600 milhões de pessoas em todo o mundo, a série Cosmos é um dos maiores êxitos da história da divulgação científica. Ainda no mesmo ano, é publicado o livro homônimo. 1980 (1º de março) – P. Laques e J. Lecacheux descobrem Helena, 12º satélite conhecido de Saturno. Diâmetro: 36 x 32 x 30 km; período orbital: 2,736 dias; distância média ao planeta: 377.396 km. 1980 (13 de março) – Uma equipe liderada por D. Pascu descobre Calipso, 13º satélite conhecido de Saturno. Diâmetro: 30 x 23 x 14 km; período orbital: 1,888 dia; distância média ao planeta: 294.619 km. 1980 (18 de março) – Cinquenta técnicos morrem no centro espacial Plesetsk, Rússia, depois da explosão de um propulsor que estava sendo abastecido. O incidente só é relatado em 1989. 1980 (8 de abril) – Imagens das sondas Voyager possibilitam a descoberta de Telesto, 14º satélite conhecido de Saturno. Com diâmetro de 29 x 23 x 20 km, Telesto orbita Saturno à mesma distância média (294.619 km) e no mesmo período (1,888 dia) que Calipso. 1980 (outubro) – A partir de imagens da Voyager 1, são descobertos, por Richard J. Terrile e Stewart A. Collins, os satélites de Saturno Atlas, Pandora e Prometeu, passando a ser 17 o número de luas conhecidas daquele planeta. Atlas – Diâmetro: 46 x 38 x 19 km; período orbital: 0,602 dia; distância média ao planeta: 137.670 km; massa: 6,6 trilhões de toneladas; densidade: 0,44g/cm3. Pandora – Diâmetro: 103 x 80 x 64 km; período orbital: 0,628 dia; distância média ao planeta: 141.720 km; massa: 135,6 trilhões de toneladas; densidade: 0,49g/cm3. Prometeu – Diâmetro: 119 x 87 x 61 km; período orbital: 0,613 dia; distância média ao planeta: 139.380 km; massa: 156,6 trilhões de toneladas; densidade: 0,47g/cm3. 1980 (10 de outubro) – É inaugurado o Very Large Array (VLA), radiotelescópio localizado na planície de San Augustin, norte de Socorro, Novo México, com uma formação em "Y" na qual são dispostas as diversas antenas de recepção. 1980 (12 de novembro) – A Voyager 1 sobrevoa Saturno a uma distância de 124.000 km. Descobre estruturas complexas no sistema de anéis do planeta e obtém dados acerca da atmosfera e de Titã, tendo passado a menos de 6.500 km do satélite. Também ocorrem passagens por Dione, Mimas e Reia. A fim de estudar mais detidamente a atmosfera de Titã, os controladores da missão decidem realizar outro sobrevôo, o que impede a Voyager 1 de se dirigir a Urano e Netuno. Assim, ela é colocada numa rota que a leva para fora do Sistema Solar.. 1981 - A NASA recupera dados de 1978, que mostram um cometa colidindo com o Sol. 1981 (12 de abril) – Ocorre o voo inaugural do Columbia (STS-1), o primeiro dos cinco ônibus espaciais construídos pelos EUA. A tripulação é composta por John W. Young – comandante – e Robert Crippen – piloto. O retorno ocorre em 14 de abril, tendo a missão durado 2d6h21min e realizado 37 órbitas em torno da Terra, percorrendo uma distância de 1.728.000 km. Os ônibus espaciais são veículos tripulados reutilizáveis, sucessores das naves Apollo, empregadas em viagens que levaram astronautas à Lua. O programa dos ônibus espaciais norte-americanos chama-se oficialmente Space Transportation System, daí as iniciais STS (seguidas de um número) com que são designados os voos. O Columbia recebe este nome em homenagem a um barco que em 1792 passou pelos perigosos bancos de areia na boca de um rio e chegou ao que hoje é a British Columbia, no Canadá, na fronteira de Washington-Oregon, nos EUA. 1981 (24 de maio) – Harold J. Reitsema, William B. Hubbard, Larry A. Lebofsky e David J. Tholen descobrem Larissa, terceiro satélite conhecido de Netuno. Diâmetro: 216 x 204 x 168 km; período orbital: 0,555 dia; distância média ao planeta: 73.548 km; massa: 4,2 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3. 1981 (26 de agosto) – A Voyager 2 sobrevoa Saturno a 38.000 km de distância. As investigações concentram-se sobretudo nas camadas superiores da atmosfera. 1982 (janeiro) Durante uma expedição à Antártida, o montanhista norte-americano John Schutt encontra um meteorito pouco usual. O meteorito é enviado a Washington, onde Brian Harold Mason, geoquímico do Instituto Smithsonian, reconhece tratar-se de objeto diferente de todos até então encontrados, cujo material é muito semelhante a algumas rochas trazidas da Lua pelo Programa Apollo. Batizado de Allan Hills 81005, é considerado o primeiro meteorito de proveniência lunar descoberto. 1982 (1º de março) – A sonda soviética Venera 13, lançada em 30 de outubro de 1981, envia as primeiras fotos coloridas de Vênus e imagens panorâmicas da superfície do planeta. A sonda sobrevive por 127 minutos. 1982 (5 de março) – A sonda soviética Venera 14, lançada em 4 de novembro de 1981, pousa em Vênus e envia imagens panorâmicas do planeta. Também analisa uma amostra do solo venusiano, composta de basalto. 1982 (10 de março) – Ocorre um "syzygy", quando todos os oito planetas e também Plutão se alinham no mesmo lado do Sol. Nesta data os planetas estão esparramados pelo céu a mais de 98°. 1982 (19 de abril) – É lançada a Salyut 7, última estação espacial desse programa soviético. 1982 (13 de Maio) – Os cosmonautas soviéticos Anatoli Berezovoy e Valentin Lebedev chegam à Salyut 7 e tornam-se os primeiros tripulantes dessa estação espacial. Ficam lá por 211 dias (até 10 de dezembro de 1982). 1982 (29 de julho) – Ocorre a reentrada da Salyut 6 na atmosfera terrestre. Estatísticas – Massa: 19.824 kg; espaço habitável: 90m3; dias em órbita: 1.764; dias ocupada: 683; órbitas terrestres: 28.024; distância percorrida: 1.136.861.930 km. 1982 (agosto) – Num manifesto divulgado no final da Conferência Internacional de Astronomia realizada na Grécia, cientistas de renome – como o astrofísico soviético Iosif Shklovsky, o prêmio Nobel de Química Linus Pauling e o astrônomo norteamericano Carl Sagan, autor do livro e da série de televisão Cosmos– aceitam fazer parte de uma comissão dedicada à busca de sinais de vida no espaço cósmico. Pela primeira vez, uma entidade científica – a UAI – apóia a realização de pesquisas para tentar comprovar a existência de seres extraterrestres. 1982 (11 de setembro) – A Viking 1 faz sua última transmissão de dados à Terra. 1983 (25 de janeiro) – É lançado o IRAS (Infrared Astronomical Satellite), missão conjunta dos EUA, Grã-Bretanha e Países Baixos, que inaugura a astronomia espacial no infravermelho, realizando um sensível levantamento do céu nesta região do espectro eletromagnético. Permanece ativo até novembro de 1983, tendo mapeado 250.000 fontes de infravermelho, cobrindo 96% do céu. Os dados do IRAS também revelam a existência de material sólido em torno das estrelas Vega e Fomalhaut. 1983 (4 a 9 de abril) – Primeiro vôo do ônibus espacial Challenger (STS-6), com o objetivo de lançar o primeiro satélite de comunicações da série Tracking and Data Relay Satellite (TDRS). A tripulação é formada por Paul Weitz - Comandante -, Karol Bobko - Piloto -, Donald Peterson e Story Musgrave. 1983 (21 de maio) – Termina oficialmente a missão da Viking 1. 1983 (26 de maio) – Entra em operação o Exosat, primeiro observatório de raios X da ESA, que permanece ativo até 9 de abril de 1986, realizando 1780 observações na banda de raios X de um grupo bastante variado de objetos astronômicos. 1983 (13 de junho) – A nave Pionner 10 torna-se o primeiro engenho humano a deixar o Sistema Solar, cruzando a órbita de Plutão, limite do nosso sistema planetário para a época. A Pionner 10 obtém o primeiro “close up” de Júpiter e revela que a heliosfera possui tamanho muito superior ao que se imaginava. Para o caso de ser algum dia interceptada por uma civilização inteligente, uma série de símbolos indica a data e o local de partida da sonda, além de fornecer imagens estilizadas de um homem (que saúda) e de uma mulher. 1983 (18 de junho) – Sally K. Ride torna-se a primeira mulher norte-americana a ir ao espaço, a bordo do ônibus espacial Challenger (STS-7). Os demais integrantes da tripulação são Robert Crippen - Comandante -, Frederick Hauck - Piloto -, John Fabian e Norman Thagard. 1983 (30 de agosto a 5 de setembro) – Missão do Challenger (STS-8), que marca a primeira decolagem e a primeira aterrissagem noturnas de um ônibus espacial. A tripulação é formada por Richard Truly - Comandante -, Daniel Brandenstein Piloto -, Dale Gardner, Guion Bluford e William Thornton. Bluford é o primeiro afro-americano a ir ao espaço. 1983 (outubro) - O astrônomo indiano Subrahmanyan Chandrasekhar (1910-1995) recebe o Prêmio Nobel de Física pelos seus importantes trabalhos sobre a teoria da evolução das estrelas. 1983 (10 e 14 de outubro) – As sondas soviéticas Venera 15 e Venera 16, lançadas, respectivamente, em 2 e 7 de junho, chegam a Vênus e produzem um mapa do hemisfério norte do planeta. Estas são as últimas missões da série Venera. As sondas Venera conseguem, ao longo de 22 anos (1961-1983), resultados importantes para a história da exploração espacial, destacando-se as seguintes realizações: primeiro artefato humano a pousar suavemente em outro planeta e conseguir transmitir informações durante certo tempo; primeiras máquinas criadas pelo homem a entrar na atmosfera de outro planeta que não a Terra; primeira nave a fotografar e enviar à Terra imagens de outro planeta; primeira sonda a realizar o mapeamento em radar da superfície de um planeta. 1984 (7 de fevereiro) – Primeira “caminhada” no espaço sem o uso de cabos, feita pelo astronauta norte-americano Bruce McCandless, durante uma missão do Challenger (STS-41-B). Os demais integrantes da tripulação são Vance Brand - Comandante -, Robert Gibson - Piloto -, Ronald McNair (1950-1986) e Robert Stewart. De 1984 até a explosão do Challenger, o número das missões não é seqüencial, isto é, não corresponde à ordem dos vôos. A STS-41-B é a décima do programa dos ônibus espaciais, vindo após a STS-9. A seqüência é retomada depois do acidente com o Challenger, a partir da STS-26. Contudo, como o número da missão é atribuído no agendamento, e não no lançamento, a numeração das missões não segue uma ordem rigorosamente cronológica. 1984 (8 de fevereiro) – Chega à Salyut 7, transportada pela Soyuz T-10, a terceira tripulação, formada por Leonid Kizim, Vladimir Solovyev e Oleg Atkov, cujo período de permanência é de 237 dias (até 2 de outubro), o mais longo da estação. 1984 (11 de abril) – Astronautas do Challenger completam o primeiro conserto de satélite no espaço. George Nelson e James Van Hoften recuperam o satélite defeituoso Max Solar. 1984 (25 de julho) – A cosmonauta soviética Svetlana Savitskaya torna-se a primeira mulher a caminhar no espaço em uma experiência de mais de 3h fora da plataforma espacial Salyut Sete. Ela havia sido a segunda mulher a ir ao espaço em 1982, sete meses antes de Sally Ride, a primeira astronauta norte-americana, fazer uma viagem espacial. 1984 (30 de agosto a 5 de setembro) – Primeiro vôo do ônibus espacial Discovery (STS-41-D), durante o qual são lançados três satélites de comunicação. A tripulação é composta por Henry Hartsfield, Jr. - Comandante -, Michael Coats – Piloto-, Judith Resnik (1939-1986), Steven Hawley, Richard Mullane e Charles Walker. O nome é uma homenagem ao RRS Discovery (Royal Research Ship Discovery) último barco de madeira de tres mastros construído no Reino Unido, empregado por Robert Falcon Scott (1868-1912) na primeira de suas duas viagens de exploração à Antártida (1901-1904). 1984 (15 e 21 de dezembro) – São lançadas, respectivamente, as sondas soviéticas Vega 1 e Vega 2, com destino ao cometa Halley. O nome VeGa é decorrente da contração das palavras Venera e Gallei, termos em russo para Vênus e Halley, respectivamente. como instrumentos científicos, são dotadas de câmeras teleobjetiva e grande angular, espectrômetros de três faixas, magnetômetros, sonda para o plasma e uma antena direcional tipo cônica. 1985 – os dois telescópios norte-americanos Keck, construídos no Havaí, utilizam pela primeira vez um espelho composto (10 m), formado por 36 espelhos hexagonais, todos direcionáveis individualmente. 1985 – É inaugurado (Rio de Janeiro) o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), uma instituição pública federal que trabalha com a história científica e tecnológica do Brasil, ao mesmo tempo em que promove e estuda a divulgação e a educação em ciências. 1985 (8 de janeiro) – É lançada a sonda japonesa Sakigake ("pioneiro"), com destino ao cometa Halley. Transporta instrumentos científicos destinados a medir o espectro do plasma, os íons do vento solar e o campo magnético interplanetário. É a primeira espaçonave japonesa a deixar as imediações da Terra. 1985 (junho) – É oficialmente inaugurado o Observatório de Roque de los Muchachos, numa cerimônia que conta com a presença do rei Juan Carlos e da rainha Sofia, da Espanha, além de sete chefes de Estado europeus. Contudo, o Observatório já operava havia seis anos, desde a instalação, em 1979, do telescópio Isaac Newton, vindo da Inglaterra. Localizado no município de Garafía, em La Palma, uma das Ilhas Canárias, na Espanha, Roque de Los Muchachos está situado a 2.396m de altitude e possui a maior concentração de telescópios do Hemisfério Norte. É Administrado pelo Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC), situado na ilha de Tenerife. 1985 (11 e 15 de junho) – As sondas VeGa 1 e Vega 2 chegam a Vênus no seu caminho para o cometa Halley. Cada uma Libera um aterrissador semelhante àqueles das sondas Venera e um balão atmosférico para pesquisar as nuvens de Vênus. O balão flutua na atmosfera durante cerca de 48h a uma altitude de 54 km. 1985 (12 de julho) – É lançada a sonda Giotto, da ESA, levada ao espaço por um foguete Ariane-1, com destino ao cometa Halley. Recebe este nome em homenagem a um pintor da época medieval, Giotto di Bondone (1276-1336). Ele havia observado o cometa em 1301, e este fato o inspirou a incluir o astro na sua pintura sobre a história do Natal, um afresco denominado Adoração dos Reis Magos. Os objetivos da Missão são: Obter fotos coloridas do núcleo do cometa; Determinar os elementos químicos e os componentes isotópicos da cauda do cometa e de suas moléculas formadoras; Caracterizar os componentes físicos e químicos dos processos que ocorrem na atmosfera do cometa e na sua ionosfera; Determinar os elementos e a composição isotópica das partículas de sua Cauda; Medir a produção total do gás, do fluxo e do tamanho das partículas, a relação entre a produção de gás e de partículas; Investigar o fluxo de plasma, sob o ponto de vista macroscópico, resultado da interação entre o cometa e o Sol. A Giotto carrega dez equipamentos: Uma câmera teleobjetiva, três espectrômetros, de massa, de nêutrons e de íons. Vários detectores de partículas, um fotopolimerizador e um conjunto de experimentos para a análise do plasma. 1985 (18 de agosto – É lançada a sonda japonesa Suisei ("cometa"), segunda missão nipônica enviada para pesquisar o cometa Halley, inicialmente batizada de PlanetA. Possui um sistema de processamento de imagem para a radiação ultravioleta e um instrumento científico de medição do vento solar. Tal como a Sakigake, esta sonda é feita para testar as tecnologias japonesas para missões em espaço profundo, incluindo comunicações, controle de altitude e a obtenção de dados científicos. O principal objetivo da missão é a obtenção de imagens em ultravioleta da enorme nuvem de átomos de hidrogênio que envolve o núcleo do cometa e de sua grande cauda de cerca de 20 milhões de km de extensão. Fotos são tiradas nos trinta dias anteriores e trinta dias posteriores à passagem do cometa sobre o plano da eclíptica. São medidos parâmetros do vento solar durante um período muito mais longo de tempo do que aquele obtido pela Sakigake. 1985 (3 a 7 de outubro) – Primeiro vôo do ônibus espacial Atlantis (STS-51-J), que transporta uma carga não revelada para o Departamento de Defesa dos EUA. A tripulação é constituída por Karol Bobko - Comandante -, Ronald Grabe – Piloto-, David Hilmers, Robert Stewart e William Pailes. O nome é uma homenagem ao R/V Atlantis, primeiro navio a realizar pesquisas para o Instituto Oceanográfico de Woods Hole, nos EUA. 1985 (30 de dezembro) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Puck, sexto satélite conhecido de Urano. Diâmetro: 162 km; período orbital: 0,761 dia; distância média ao planeta: 86.004 km; massa: 2,9 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. 1986 (3 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Julieta e Pórcia, sétimo e oitavo satélites conhecidos de Urano. Julieta – Diâmetro: 150 x 74 km; período orbital: 0,493 dia; distância média ao planeta: 64.358 km; massa: 560 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. Pórcia – Diâmetro: 156 x 126 km; período orbital: 0,513 km; distância média ao planeta: 66.097 km; massa: 1,7 quatrilhão de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. 1986 (9 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Créssida, nono satélite conhecido de Urano. Diâmetro: 92 x 74 km; período orbital: 0,464 dia; distância média ao planeta: 61.767 km; massa: 340 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. 1986 (13 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Desdêmona, Rosalinda e Belinda, passando a ser 12 o número de satélites conhecidos de Urano. Desdêmona – Diâmetro: 90 x 54 km; período orbital: 0,474 dia; distância média ao planeta: 62.658 km; massa: 180 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. Rosalinda – Diâmetro: 72 km; período orbital: 0,558 dia; distância média ao planeta: 69.927 km; massa: 250 trilhões de km; densidade: 1,3g/cm3. Belinda – Diâmetro: 128 x 64 km; período orbital: 0,624 dia; distância média ao planeta: 75.256 km; massa: 360 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. 1986 (20 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Richard J. Terrile descobre Cordélia e Ofélia, 13º e 14º satélites conhecidos de Urano. Cordélia – Diâmetro: 50 x 36 km; período orbital: 0,335 dia; distância média ao planeta: 49.752 km; massa: 44 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. Ofélia – Diâmetro: 54 x 38 km; período orbital: 0,376 dia; distância média ao planeta: 53.763 km; massa: 53 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. 1986 (23 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Bradford A. Smith descobre Bianca, 15º satélite conhecido de Urano. Diâmetro: 64 x 46 km; período orbital: 0,435 dia; distância média ao planeta: 59.165 km; massa: 92 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. 1986 (24 de janeiro) – A Voyager 2 sobrevoa Urano a uma distância de 81.593 km. Urano tem uma aparência extremamente monocromática. Curiosamente, verificase que seu campo magnético é completamente oblíquo em relação ao eixo rotacional (que já é extremamente oblíquo), dando ao planeta uma magnetosfera peculiar. Canais gelados são observados em Ariel. Miranda é uma bizarra colcha de retalhos de diferentes terrenos. Outro anel é observado. 1986 (28 de janeiro) – O ônibus espacial Challenger explode 73 segundos depois do lançamento, em sua décima missão (STS-51L), matando os sete astronautas norteamericanos a bordo: Francis R. Scobee – comandante -, Michael J. Smith – piloto -, Judith A. Resnik, Ellison S. Onizuka, Ronald E. McNair, Gregory B. Jarvis e Sharon Christa McAuliffe. A professora Christa McAuliffe é a primeira civil a participar de um voo espacial. A causa da explosão é atribuída à deterioração de um anel de vedação, acarretando um defeito no tanque de combustível. Estatísticas – Tempo em atividade: dois anos, nove meses e 24 dias; Número de missões: 10; tempo no espaço: 62d7h56min22s; órbitas terrestres: 995; distância percorrida: 41.518.538 km; satélites lançados: 10. 1986 (9 de fevereiro) – O cometa Halley atinge o periélio: 88 milhões de km do Sol, entre as órbitas de Mercúrio e de Vênus. O próximo periélio deste cometa ocorrerá em 28 de julho de 2061. 1986 (20 de fevereiro) – Um foguete de carga Proton-K, lançado do cosmódromo de Baikonur, no Casaquistão, coloca em órbita o primeiro módulo da estação espacial Mir (Paz, em russo). Nos anos seguintes, outros módulos vão sendo acrescentados. A Mir é concluída em 1996. 1986 (6 de março) – Ocorre a maior aproximação da Vega 1 com o cometa Halley: 8.889 km. 1986 (8 de março) – A Suisei atinge seu ponto de maior aproximação do cometa Halley: 152.400 km. 1986 (9 de março) – Ocorre a maior aproximação da Vega 2 com o cometa Halley: 8.030 km. 1986 (11 de março) – A sonda Sakigake atinge seu ponto de maior aproximação do cometa Halley: 7 milhões de km. 1986 (13 de março) – A sonda Giotto passa a 596 km do cometa Halley. A nave carrega 10 instrumentos, inclusive uma câmera multicor, e transmite informações até um pouco antes de sua máxima aproximação, quando a transmissão é interrompida temporariamente. A Giotto sofre sérios danos causados por choque com poeira de alta velocidade, durante a passagem pelo cometa, e é colocada em hibernação logo depois. 1986 (15 de março) – A Soyuz T-15, lançada no dia 13, chega à Mir, levando os primeiros tripulantes daquela estação espacial: Leonid Kizim - Comandante - e Vladimir Solovyov - Engenheiro de voo. Em 5 de maio, ambos os cosmonautas partem para a Salyut 7, realizando a primeira transferência de pessoas entre duas estações orbitais da história, numa viagem de 2.500 km e 29 horas. Cinquenta dias mais tarde, em 25 de junho, depois de terem realizado duas atividades extraveiculares, os dois russos iniciam a viagem de volta à Mir, outra vez com duração de 29 horas. A aterrissagem ocorre em 16 de julho, configurando uma missão com duração de 125 dias. 1986 (11 de abril) – o Cometa Halley atinge seu ponto de maior aproximação da Terra nesta passagem: 63 milhões de km. A menor distância alguma vez registrada entre o Halley e a Terra ocorre em 10 de abril de 837: 5,1 milhões de km. O Halley é, inquestionavelmente, o mais famoso e estudado dos cometas, com trinta passagens registradas ao longo de 2.200 anos. Descreve uma órbita fortemente elíptica (em média, a cada 75,3 anos), que o leva desde regiões internas a Vênus (88 milhões de km do Sol) até zonas além de Netuno (5,250 bilhões de km). O núcleo, com diâmetro de 15 x 8 x 8 km, completa uma rotação em 52h. O Halley tem densidade de 0,6g/cm3, e a massa é de 220 bilhões de toneladas (27 bilhões de vezes inferior à da Terra). A cada passagem pelo periélio, parte dessa massa é perdida por evaporação causada pelo calor solar. 1987 (23 de fevereiro) – Ian Shelton descobre a supernova 1987 A na Grande Nuvem de Magalhães (constelação do Dourado). É a supernova mais luminosa descoberta no século XX e a primeira visível a olho nu (magnitude aparente 3) desde 1604. Dista da Terra aproximadamente 168.000 anos-luz. 1987 (22 a 29 de julho) – O sírio Mohamed Faris é o primeiro estrangeiro a visitar a Mir. Ele parte a bordo da Soyuz TM03 e retorna à Terra na Soyuz TM02. 1988 – Martin Duncan, Thomas Quinn e Scott Tremaine sugerem que os cometas de curto período vêm principalmente do cinturão de Kuiper e não da nuvem de Oort. Atualmente, aceita-se que a região de onde provêm esses cometas é o disco de dispersão (descoberto em 1995). 1988 – É fundada a Agência Espacial Italiana (ASI), com a finalidade de promover, gerenciar e administrar programas italianos e de colaboração multilateral com vários outros países no estudo científico do espaço. 1988 – Aproveitando a ocultação de uma estrela por Plutão, cientistas conseguem, pela primeira vez, detectar a atmosfera do planeta anão, composta de nitrogênio, metano e monóxido de carbono, em equilíbrio com nitrogênio sólido e gelos de monóxido de carbono na superfície. 1988 (5 e 12 de julho) – São lançadas as sondas soviéticas Fobos 1 e Fobos 2, com destino à lua marciana homônima. 1988 (2 de setembro) – A Fobos 1 perde contato com a Terra devido a erros na execução da sequência de comandos. 1988 (7 de setembro) – A China lança seu primeiro satélite meteorológico, o FY-1A, da base de lançamento de Taiyuan, norte do país. 1988 (29 de setembro a 3 de outubro) – O Discovery volta ao espaço (STS-26), retomando os voos dos ônibus espaciais (depois de 975 dias), interrompidos após a explosão do Challenger, em janeiro de 1986. A tripulação é formada por Frederick Hauck - Comandante -, Richard Covey - Piloto -, John Lounge, George Nelson e David Hilmers. 1989 – Os astrônomos norte-americanos Margaret Geller e John Huchra descobrem a "Grande Muralha", uma gigantesca estrutura com mais de 500 milhões de anos-luz de extensão, 200 milhões de anos-luz de largura e 15 milhões de anos-luz de espessura, composta por centenas de milhares de galáxias e distante da Terra cerca de 300 milhões de anos-luz. 1989 (31 de janeiro) – A sonda Fobos 2 entra com sucesso na órbita de Marte, chegando a 800 km da lua homônima, mas uma perda súbita de energia provoca o encerramento da missão. 1989 (março) – É fundada a Agência Espacial Canadense, com sede em SaintHubert, Quebec. 1989 (4 de maio) – É lançada, a bordo do Atlantis (STS-30), a sonda Magellan (Magalhães), uma missão conjunta da NASA e da Agência Espacial Francesa, com destino a Vênus, cujos objetivos principais são efetuar um levantamento cartográfico e uma análise gravimétrica do planeta.. O nome é uma homenagem ao navegante português Fernão de Magalhães (1480-1521), o primeiro a circumnavegar a Terra. Magellan é a primeira sonda interplanetária a ser lançada a partir de um ônibus espacial. A tripulação da missão é formada por David Walker - Comandante -, Ronald Grabe - Piloto -, Norman Thagard, Mary Cleave e Mark Lee. 1989 (16 de junho) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Proteu, quarto satélite conhecido de Netuno. Trata-se da última lua de dimensões consideráveis descoberta no Sistema Solar. Todos os satélites encontrados posteriormente são pequenos, com diâmetro de poucos km, tendo grande parte deles sido capturada pela força gravitacional dos planetas em torno dos quais giram. Diâmetro: 440 x 416 x 404 km; período orbital: 1,122 dia; distância média ao planeta: 117.584 km; massa: 50 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. 1989 (julho) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Despina e Galateia, quinto e sexto satélites conhecidos de Netuno. Despina – Diâmetro: 180 x 148 x 128 km; período orbital: 0,334 dia; distância média ao planeta: 52.526 km; massa: 2,1 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3. Galateia – Diâmetro: 204 x 184 x 144 km; período orbital: 0,429 dia; distância média ao planeta: 61.953 km; massa: 2,12 quatrilhões de toneladas: densidade: 0,75g/cm3. 1989 (8 de agosto) – É lançado o Hipparcos (High Precision Parallax Collecting Satellite), primeira missão espacial da ESA com objetivo astrométrico: medir posições, distâncias, movimentos, brilhos e cores de estrelas. Hipparcos mede essas variáveis para mais de 100.000 estrelas, obtendo resultados duzentas vezes superiores àqueles até então disponíveis. A missão permanece ativa até 1993. 1989 (22 de agosto) – É descoberto o primeiro anel completo em torno de Netuno. 1989 (25 de agosto) – A Voyager 2 sobrevoa Netuno a uma distância de 4.850 km. Diferentemente de Urano, verifica-se que a atmosfera de Netuno é bastante ativa, incluindo-se numerosas formações de nuvens. Os arcos anelares observados são nódulos brilhantes em um dos anéis. Dois outros anéis são descobertos. 1989 (1ª quinzena de setembro) – Richard J. Terrile descobre Náiade e Talassa, sétimo e oitavo satélites conhecidos de Netuno. Náiade – Diâmetro: 96 x 60 x 52 km; período orbital: 0,294 dia; distância média ao planeta: 48.227 km; massa: 190 trilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3. Talassa – Diâmetro: 108 x 100 x 52 km; período orbital: 0,311 dia; distância média ao planeta: 50.075 km; massa: 350 trilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3. 1989 (18 de outubro) – É lançada, pelo ônibus espacial Atlantis (STS-34), a sonda norte-americana Galileo, com a finalidade de estudar Júpiter e suas luas. Entre os instrumentos transportados estão: Sistema de detecção de poeira, Detector de partículas energéticas, Espectrômetro ultravioleta, Contador de íons pesados, Magnetômetro, Espectrômetro em infravermelho próximo, Subsistema de plasma, Fotopolarímetro radiométrico e Sistema de medida de plasma. A tripulação desta missão do Atlantis é composta por Donald Williams Comandante -, Michael McCulley - Piloto -, Franklin Chang-Diaz, Shannon Lucid e Ellen Baker. 1989 (18 de novembro) – É lançado o satélite norte-americano COBE ( Cosmic Bac kground Explorer), o primeiro dedicado à cosmologia. Seus objetivos são investigar a radiação cósmica de fundo e fornecer medições capazes de auxiliar na compreensão da estrutura do Universo. O trabalho do COBE contribui para consolidar a teoria do Big Bang. 1990 – As sondas Voyager 1 e Voyager 2 ultrapassam a órbita de Plutão, então considerado o último planeta do Sistema Solar. 1990 (24 de janeiro) - É lançada a sonda Hiten ("anjo voador"), anteriormente denominada Muses A, primeira missão lunar japonesa. Com ela, o Japão torna-se o terceiro país (depois de URSS e EUA) a enviar uma nave à Lua. Em 19 de março, a sonda é inserida numa órbita lunar fortemente elíptica e libera um orbitador menor, Hagoromo, que falha e não transmite dados. Após completar dez órbitas, a Hiten é intencionalmente levada a se chocar contra o solo da Lua (10 de abril de 1993). 1990 (9 de fevereiro) – A sonda Galileo sobrevoa Vênus. 1990 (14 de fevereiro) – A Voyager 1 realiza uma fotografia do Sistema Solar inteiro. 1990 (abril) – A sonda Giotto é reativada. Três dos instrumentos funcionam perfeitamente, 4 estão parcialmente danificados, mas em condições de uso; o restante, inclusive a câmera, está inutilizado. 1990 (24 de abril) – É lançado, pelo ônibus espacial Discovery (STS-31), o Telescópio Espacial Hubble, um projeto conjunto da NASA e da ESA. Com massa de 11.110 kg, espelho de 2,4m e colocado em órbita a uma altitude média de 559 km, está concebido para observar o céu em luz visível, ultravioleta e infravermelho. É a primeira missão da NASA pertencente aos Grandes Observatórios Espaciais (Great Observatories Program), consistindo numa família de quatro Observatórios Orbitais, composta também pelos telescópios Compton (raios gama), Chandra (raios X) e Spitzer (infravermelho). Transporta cinco instrumentos científicos: câmera planetária de alcance amplo, espectrógrafo de alta resolução Goddard, fotômetro de alta velocidade, câmera para objetos débeis e espectrógrafo para objetos débeis. O nome é uma homenagem a Edwin Powell Hubble (1889-1953). A tripulação do Discovery é formada por Loren Shriver - Comandante -, Charles Bolden Jr. - Piloto -, Steven Hawley, Bruce McCandless e Kathryn Sullivan. 1990 (20 de maio) – O Telescópio Espacial Hubble envia para a Terra sua primeira fotografia do espaço, uma imagem de uma estrela dupla localizada a 1.260 anos-luz de distância. 1990 (2 de julho) – A Giotto faz uma máxima aproximação com a Terra e é redirecionada para um encontro bem sucedido com o cometa Grigg-Skjellerup, a 10 de julho de 1992. A descoberta deste cometa data de 1902, realizada pelo astrônomo neozelandês John Grigg (1838-1920. Em sua passagem seguinte (1922), é redescoberto pelo australiano John Francis Skjellerup (1875-1952). 1990 (16 de julho) – N. R. Showalter descobre Pã, 18º satélite conhecido de Saturno. Diâmetro: 35 x 32 x 21 km; período orbital: 0,575 dia; distância média ao planeta: 133.584 km; massa: 4,95 trilhões de toneladas; densidade: 0,41g/cm3. 1990 (16 de julho) – A China elabora e testa o foguete lançador "Longa Marcha CZ2E", projetado para transportar naves espaciais tripuladas. 1990 (10 de agosto) – A sonda norte-americana Magellan, lançada em 4 de maio de 1989, chega a Vênus. Sua missão primária é rastrear Vênus por radar, já que a superfície do planeta é obscurecida por nuvens grossas de gás carbônico que a faz invisível para instrumentos ópticos. Mapeia 99% da superfície venusiana em quatro anos. Depois de concluído o mapeamento, a Magellan faz mapas globais do campo de gravidade de Vênus. 1990 (7 de setembro) – Parte do foguete norte-americano Titan cai do guindaste e explode na Base da Força Aérea Edwards, matando pelo menos uma pessoa. 1990 (6 de outubro) – É lançada, a bordo do Discovery (STS-41), a sonda europeia Ulysses, com a missão de realizar explorações do Sol em altas latitudes, ou seja, nas regiões dos polos solares. Entre os instrumentos transportados estão: antena de rádio, antena de plasma, detectores de elétrons, íons, gás neutro, poeira, rayos cósmicos e raios X, bem como dois magnetômetros. O nome Ulysses é a tradução latina de Odisseu, protagonista da Odisseia, de Homero, que também faz, a exemplo desta sonda, uma viagem bastante intrincada. Os tripulantes do Discovery são Richard Richards - Comandante -, Robert Cabana Piloto -, William Shepherd, Bruce Melnicke Thomas Akers. 1991 (7 de fevereiro) – Ocorre a reentrada da Salyut 7 na atmosfera terrestre. Estatísticas – Massa: 19.824 kg; espaço habitável: 90m3; dias em órbita: 3.216; dias ocupada: 816; órbitas terrestrs: 51.917; distância percorrida: 2.106.297.129 km. 1991 (5 de abril) – É lançado, a bordo do Atlantis (STS-37), o observatório espacial de raios gama Compton, batizado inicialmente de Gamma Ray Observatory (GRO). O nome do telescópio é uma homenagem a Arthur Holly Compton (1892-1962), o ganhador, em 1927, do Prêmio Nobel de Física, por seus estudos da dispersão dos fótons de alta energia pelos elétrons, um processo fundamental nas técnicas de detecção dos raios gama. A tripulação do Atlantis é formada por Steven Nagel - Comandante -, Kenneth Cameron - Piloto -, Jerry Ross, Jay Apt e Linda Godwin. 1991 (18 de maio) – Helen Sharman torna-se a primeira britânica a ser lançada ao espaço, com dois cosmonautas, em uma nave Soyuz. 1991 (11 de julho) – Um eclipse total do Sol lança uma faixa escura que se estende por 14.500 km, do Havaí até a América do Sul, e dura quase sete minutos em alguns lugares. Esse fenômeno é denominado "eclipse do século". 1991 (29 de outubro) – A sonda Galileu sobrevoa 951Gaspra à distância de 1.600 km e obtém a primeira imagem detalhada de um asteroide. Descoberto em 30 de julho de 1916 pelo astrônomo russo Grigory Nikolayevich Neujmin (1886-1946), Gaspra tem diâmetro de 18,2 x 10,5 x 8,9 km, período orbital de 1.199,647 dias (3,28 anos) e orbita o Sol à distância média de 330.544.000 km. 1992 – O Governo da China anuncia que os voos tripulados são um de seus principais projetos estatais, e cria o nome "Shenzhou" ("Barco Divino") para os veículos espaciais desse programa específico. 1992 – O satélite Cobe revela flutuações de intensidade da radiação de fundo a 3 K, origem possível da formação das galáxias. 1992 – É criada a Agência Espacial Federal Russa, mais conhecida como Roskosmos, derivada da antiga Agência Espacial e de Aviação Russa, extinta com o fim da URSS e após a dissolução do então programa espacial soviético. A sede fica em Moscou. 1992 (26 de janeiro) – A sonda automática norte-americana Magellan inicia o mapeamento por radar da superfície do planeta Vênus. 1992 (8 de fevereiro) – A sonda Ulysses recebe impulso gravitacional de Júpiter e torna-se a primeira a ser inserida numa órbita polar ao redor do Sol. 1992 (7 a 16 de maio) – Primeiro voo do ônibus espacial Endeavour (STS-49), construído para substituir o Challenger. A tripulação é formada por Daniel Brandenstein - Comandante -, Kevin Chilton - Piloto -, Pierre Thuot, Kathryn Thornton, Richard Hieb, Thomas Akers e Bruce Melnick. Thuot, Hieb e Akers realizam a primeira atividade extraveicular com três astronautas, e também a mais longa até o momento (8h29min). O nome é uma homenagem ao His Majesty’s Bark Endeavour, navio da Marinha Real Britânica comandado por James Cook (1728-1779) na primeira das suas três viagens ao Pacífico sul (1768-1771). 1992 (10 de julho) – A sonda Giotto obtém êxito em seu encontro com o cometa Grigg-Skjellerup, Chegando à máxima aproximação de 200 km. Para esta nova jornada de pesquisa, os equipamentos da sonda são ligados na noite de 9 de Julho, e os operadores da missão ficam surpresos com a boa resposta que obtêm da nave. Desafios e resultados da missão: É a primeira missão de espaço profundo da Europa. É a primeira sonda a encontrar de perto dois cometas. É a primeira missão de espaço profundo que faz uso da assistência gravitacional para mudar seu curso de volta à Terra. Descobre o tamanho e as características morfológicas do núcleo do cometa Halley. Consegue obter dados de um cometa a uma pequena distância (200 km do cometa Grigg-Skjellerup), algo nunca conseguido anteriormente. Descobre uma crosta negra e jatos de gás brilhantes do núcleo do Halley. Mede a dimensão, a composição e a velocidade das partículas de poeira de dois Cometas. Mede a composição do gás produzido por dois cometas. Descobre ondas magnéticas incomuns próximas ao cometa Grigg-Skjellerup. 1992 (30 de agosto) – É descoberto, pelo astrônomo canadense David Jewitt e pela astrônoma vietnamita Jane X. Luu, o primeiro objeto transnetuniano (que orbita além da órbita de Netuno), denominado 1992 QB1 e ainda sem designação definitiva. Com diâmetro de 160 km, este astro orbita o Sol à distância média de 6,542 bilhões de km (varia entre 6,115 e 6,970 bilhões de km), demorando 289,225 anos para completar uma órbita, à velocidade média de 16.200 km/h. Este é também o primeiro corpo celeste encontrado no cinturão de Kuiper, uma região do Sistema Solar que se estende de aproximadamente 30 a 55 unidades astronômicas (4,5 a 8,2 bilhões de km) do Sol, caracterizada, assim como o cinturão de asteroides, pela presença de grande número de pequenos astros, chamados “KBO” (Kuiper Belt Objects), numa referência a Gerard Peter Kuiper, o proponente dessa região. Hoje conhecem-se mais de mil componentes do cinturão de Kuiper, e estimativas sugerem que bem mais de 100.000 objetos (talvez centenas de milhares) devem existir nesta região. 1992 (31 de outubro) – Durante um discurso na Pontifícia Academia das Ciências, por ocasião dos 350 anos da morte de Galileu Galilei, João Paulo II (1920-2005) afirma que foram cometidos erros na forma como o processo contra o cientista foi conduzido e reconhece “oficialmente” que a Terra não está imóvel. Dizendo que a fé não deve entrar nunca em conflito com a razão, o Papa utiliza as palavras que o próprio Galileo empregou em sua defesa: “As Escrituras nunca erram, mas os teólogos podem errar em sua interpretação”. João Paulo II diz também que a Igreja lamenta que o caso de Galileu tenha contribuído para um trágico e mútuo malentendido entre a religião e a ciência. Além disso, qualifica o cientista de “físico genial” e “crente sincero”. 1993 – O telescópio refletor óptico-infravermelho de 10m Keck entra em operação, localizado em Mauna Kea, Havaí. 1993 (22 de abril) – É criada a "China National Space Administration" (CNSA), a agência espacial chinesa, com sede em Pequim. 1993 (30 de abril) – um astronauta recebe uma infusão de teste enquanto em órbita na nave espacial Columbia. O Físico alemão Hans Schlegel tem uma solução salina à temperatura corporal bombeada nele por uma agulha. A experiência fornece os meios para evitar a desidratação e outros problemas espaciais comuns, como face inchada e pernas fracas. 1993 (21 de agosto) – A sonda norte-americana Mars Observer, lançada em 25 de setembro de 1992, perde contato com a Terra pouco antes de entrar na órbita de Marte. 1993 (28 de agosto) – A nave Galileo fotografa Dactyl, satélite do asteroide 243 Ida. É a primeira vez que se observa uma lua orbitando um asteroide. Ida, descoberto em 29 de setembro de 1884 pelo astrônomo austríaco Johann Palisa (1848-1925), tem diâmetro de 53,6 x 24,0 x 15,2 km, com período orbital de 1.767,724 dias (4,84 anos) e dista do Sol, em média, 428.025.000 km (varia entre 408.207.000 e 447.843.000 km. Sua lua, Dactyl, tem diâmetro de 1,4 km e orbita Ida em 1,54 dia, à distância de 108 km. Atualmente, conhecem-se mais de cem satélites de asteroides. 1993 (2 de setembro) – Formalmente, os EUA e a Rússia terminam décadas de competição pela conquista do espaço em um acordo com o objetivo de construir uma plataforma espacial. 1993 (outubro) - Os norte-americanos Russell Alan Hulse e Joseph Hooton Taylor Jr. Recebem o Prêmio Nobel de Física pela descoberta de um novo tipo de pulsar, abrindo novas possibilidades no estudo da gravitação. 1993 (2 de dezembro) – É lançado o ônibus espacial Endeavour (STS-61), com o objetivo de realizar a primeira missão de manutenção do telescópio Hubble, uma das mais sofisticadas da astronáutica norte-americana, na qual são empregados mais de 100 instrumentos especializados. A tripulação é composta por Richard Covey - Comandante -, Kenneth Bowersox - Piloto -, Story Musgrave, Kathryn Thornton, Claude Nicollier, Jeffrey Hoffman e Thomas Akers. 1993 (4 de dezembro) – O suíço Claude Nicollier conduz a manobra de captura do Hubble, a fim de colocá-lo dentro do compartimento de carga do Endeavour. 1993 (5 de dezembro) - É realizada a primeira das cinco caminhadas espaciais previstas. Story Musgrave e Jeffrey Hoffman substituem dois giroscópios, duas unidades de controle elétricas e oito fusíveis. 1993 (6 de dezembro - Thomas Akers e Kathryn Thornton substituem os dois painéis solares do Hubble. 1993 (7 de dezembro) - Story Musgrave e Jeffrey Hoffman substituem a câmera planetária de alcance amplo do Hubble por outra, mais moderna, especialmente na faixa ultravioleta, que inclui seu próprio sistema de correção de aberração esférica. São também trocados os dois magnetômetros, dispositivos que permitem ao telescópio orientar-se relativamente ao campo magnético da Terra. 1993 (8 de dezembro) - Thomas Akers e Kathryn Thornton substituem o fotômetro de alta velocidade do Hubble por um dispositivo denominado Costar )acrônimo para “Corrective Optics Space Telescope Axial Replacement”), desenhado para corrigir um defeito de foco que impedia o telescópio de operar com toda a sua capacidade.. 1993 (10 de dezembro) – A primeira missão de reparos do telescópio Hubble é concluída com sucesso. O Endeavour aterrissa no dia 13. 1994 – A Nasa lança o Programa Discovery, com a finalidade de desenvolver missões espaciais num tempo menor e a um custo mais baixo. Para isso, estimula o desenvolvimento de novas tecnologias e a participação de empresas privadas. As primeiras missões planejadas e executadas pelo Programa Discovery são: NEAR, Mars Pathfinder, Lunar Prospector, Stardust, Gênesis, Contour, Messenger e Deep Impact. 1994 (25 de janeiro) – É lançada a sonda Clementine, uma missão conjunta da Ballistic Missile Defense Organization e da NASA, até uma órbita de 425 km por 2950 km da Lua, para uma missão de mapeamento com duração de 2 meses. A sonda tem como metas a obtenção de várias fotos em diversos comprimentos de onda, que incluem a luz visível, o infravermelho e o ultravioleta, a medição de altimetria a laser e a medição de partículas eletricamente carregadas. Os instrumentos a bordo incluem formadores de imagens, do ultravioleta ao infravermelho médio, inclusive um radar laser infravermelho formador de imagens com capacidade para obter dados altimétricos para as latitudes médias da Lua. 1994 (Fevereiro) – O russo Sergei Krikalev viaja a bordo da Discovery, na primeira missão conjunta de ônibus espacial entre EUA e Rússia. 1994 (20 de fevereiro) – A sonda Clementine é inserida na órbita lunar. 1994 (maio) – O telescópio espacial Hubble fornece algumas evidências de que no núcleo da galáxia M87 poderia estar um buraco negro supermassivo, equivalente a 3 bilhões de massas solares. Essas evidências constituem um passo decisivo rumo à confirmação da existência de buracos negros. 1994 (maio) – A Clementine deveria ter sido enviada para fora da órbita lunar para um encontro com o asteroide Geographos, mas uma falha impede que isso aconteça. Os controladores de terra retomam o controle da nave. 1994 (16 a 22 de julho) – O cometa Shoemaker-Levy 9, Descoberto em 24 de março de 1993 por Eugene e Carolyn Shoemaker e David Levy, dividido em 21 fragmentos, choca-se com Júpiter. É a primeira vez que os cientistas têm a oportunidade de ver, via telescópio, um evento como esse. A sonda Galileo, que se aproxima de Júpiter, faz excelentes imagens do choque. 1995 – Imagens realizadas pelo Hubble mostram que o asteroide 4 Vesta tem uma superfície complexa, com uma geologia semelhante à dos mundos terrestres (como a Terra ou Marte). Trata-se de um mundo surpreendentemente diversificado, com um manto exposto, formado de lava antiga que fluiu de bacias de impacto. 1995 – O cometa 73P/Schwassmann-Wachmann, descoberto, em 2 de maio de 1930, pelos astrônomos alemães Arnold Schwassmann (1870-1964) e Arno Arthur Wachmann (1902-1990), começa a desintegrar-se, dividindo-se em cinco fragmentos. Desde março de 2006, pelo menos oito partes do astro são conhecidas, devendo fragmentar-se por completo, a exemplo do que ocorreu com o cometa Biela no século XIX. 1995 (3 a 11 de fevereiro) – Missão do Discovery (STS-63), preparatória para o primeiro acoplamento com a Mir. Eileen Collins torna-se a primeira mulher a pilotar um ônibus espacial. Os demais integrantes da tripulação são James Wetherbee - Comandante -, Michael Foale, Janice Voss, Bernard Harris e Vladimir Titov. 1995 (16 de março) Norman Thagard torna-se o primeiro norte-americano a visitar a Mir, onde chega a bordo da Soyuz TM-21 (lançada dois dias antes). Retorna À Terra no Atlantis (STS-71), em 7 de julho.. 1995 (22 de março) – O cosmonauta Valeri Poliakov volta à Terra depois de 438 dias a bordo da Mir (desde 8 de janeiro de 1994), recorde de permanência que se mantém até hoje. 1995 )27 de junho a 7 de julho) – Missão do Atlantis (STS-71), a primeira a realizar um acoplamento com a Mir. A tripulação é composta por Robert Gibson Comandante -, Charles Precourt - Piloto -, Ellen Baker, Bonnie Dunbar e Gregory Harbaugh. Ocorre a primeira troca de tripulantes num ônibus espacial: Anatoly Solovyev e Nikolai Budarin são deixados na Mir, enquanto Norman Thagard, Vladimir Dezhurov e Gennady Strekalov, que estavam na estação, são trazidos de volta à Terra. Esta missão também marca o 100º vôo tripulado do programa espacial norte-americano. 1995 (6 de outubro) – Michel Mayor e Didier Queloz, do Observatório de Genebra, descobrem o primeiro planeta extrassolar, ao detectarem um planeta (chamado "Bellerophon") orbitando a estrela 51 Pegasi, a uma distância de 50 anos-luz. 1995 (15 de outubro) - A Astrônoma Arianna E. Gleason, do Projeto Spacewatch (gerenciado pela Universidade do Arizona), descobre 48639 1995 TL8, primeiro objeto identificado como pertencente ao disco disperso, uma região situada nos confins do Sistema Solar povoada por corpos celestes gelados denominados SDOs (abreviatura, em inglês, para "scattered disc objects"). A porção interna do disco disperso penetra nos domínios do cinturão de Kuiper, mas os limites externos prolongam-se para muito além de cem unidades astronômicas. O objeto 1995 TL8 tem diâmetro de 350 x 160 km e orbita o Sol em 137.907 dias (377,57 anos), à distância média de 7,815 bilhões de km (varia entre 5,986 e 9,643 bilhões de km). Possui um satélite, denominado S/2002 (48639) I, com diâmetro estimado de 160 km e, embora a órbita correta não tenha sido determinada, estava a apenas 420 km de 1995 TL8 no momento da descoberta (2002). 1995 (novembro) – São captados, pela última vez, sinais transmitidos pela Pioneer 11. 1995 (15 de novembro) – Os controladores da Sakigake perdem contato com a sonda, encerrando a curta fase de sua missão estendida, que pretendia observar o cometa Honda-Mrkos-Pajdusakova em 3 de Fevereiro de 1996 e o cometa Giacobini-Zinner em 29 de novembro de 1998. 1995 (2 de dezembro) – É lançado o SOHO (Solar and Heliospheric Observatory), missão conjunta da ESA e da NASA projetada para estudar a estrutura interna do Sol, sua extensa atmosfera mais externa e a origem do vento solar. O legado científico do SOHO revela-se importante. Pela primeira vez os cientistas têm uma visão ininterrupta do Sol, vendo as mudanças que ocorrem em sua superfície e presenciando fenômenos jamais observados anteriormente. 1995 (7 de dezembro) – Depois de viajar por 3,7 bilhões de km, durante um período de seis anos, a sonda Galileo chega a Júpiter e se torna o primeiro artefato humano a orbitar aquele planeta. Por um período de 1h15min, uma pequena sonda, que se desprende da Galileo (a primeira a entrar na atmosfera de um planeta gasoso) atravessa as densas e ácidas nuvens do planeta, transmitindo para a Terra dados sobre a composição química, a pressão, a temperatura e a densidade atmosférica. 1996 – Entra em operação, no Havaí, o telescópio Keck II. Ele forma, com o Keck I, um conjunto que se converte no maior telescópio do mundo, arrebatando esse título ao telescópio de Zelenchukskaya. ao invés de um único e gigantesco espelho, os telescópios de Keck possuem 36 espelhos sextavados montados de forma a equivalerem a um espelho de 10m de diâmetro. 1996 – A sonda Clementine encontra sinais de gelo em regiões escuras perto dos polos lunares. 1996 (17 de fevereiro) – É lançada a sonda norte-americana Near Earth Asteroid Rendezvouz-Shoemaker (NEAR-Shoemaker), batizada após a largada em homenagem a Eugene Merle Shoemaker (1928-1997). Os objetivos científicos primários da NEAR são: recolher dados sobre propriedades, composição, mineralogia, morfologia, distribuição interna da massa e campo magnético do asteroide Eros. Os objetivos secundários incluem interações com o vento solar, possível atividade sugerida pela existência de poeira ou gás e o estado da sua rotação. a nave carrega um espectrômetro de raios-X/raios-gamma, um espectrógrafo de infravermelho, uma câmera multi-espectro equipada com um detector de imagem CCD, um laser localizador e um magnetômetro. 1996 (março) – O ônibus espacial Atlantis é lançado e se conecta à estação espacial russa Mir. A astronauta Shannon Lucid fica na estação e bate recordes de permanência no cosmo para uma mulher. 1996 (7 de março) – São feitas as primeiras fotografias da superfície de Plutão, obtidas com o telescópio Hubble. 1996 (1º de maio) - A sonda Ulysses passa, inesperadamente, por dentro da cauda do cometa Hyakutake, descoberto, em janeiro deste mesmo ano, pelo astrônomo amador japonês Yuji Hyakutake (1950-2002). 1996 (6 de agosto) – A Nasa afirma haver fortes evidências da presença de vestígios de microorganismos, sob a forma de pequenos cristais com propriedades magnéticas, no interior do meteorito ALH84001, supostamente proveniente de Marte e encontrado na Antártida em 1984. Isso reacende uma vez mais a polêmica em torno da existência de vida no planeta vermelho, havendo quem defenda entusiasticamente essa possibilidade. 1996 (7 de novembro) – É lançada a sonda norte-americana Mars Global Surveyor, marcando o regresso de missões a Marte após quase duas décadas. A sonda está equipada com seis instrumentos científicos distintos: Uma câmera de alta resolução, um espectrômetro de emissão térmica, um altímetro laser, um magnetômetro-refletômetro de elétrons, um oscilador ultra-estável e um sistema de retransmissão rádio. 1996 (19 de novembro) – É lançada a sonda russa Mars 96. O foguete que carrega a sonda levanta voo com sucesso, mas ao entrar em órbita há uma falha, enviando a sonda para uma queda no Oceano Pacífico, entre a costa do Chile e a Ilha de Páscoa. Afunda com 27g de plutônio radioativo, usado como fonte de energia. 1996 (4 de dezembro) – É lançada a sonda norte-americana Mars Pathfinder, Levando a bordo um pequeno veículo de seis rodas, denominado Sojourner, capaz de se deslocar autonomamente e tendo por objetivo analisar o solo marciano nas redondezas do local de pouso. O Sojourner pesa cerca de 10 kg, tem 62cm de comprimento, 47cm de largura e 32cm de altura. 1996 (4 de dezembro) - O presidente chileno, Eduardo Frei, e o rei sueco, Carlos XVI Gustavo, inauguram, simbolicamente, o Observatório Paranal, operado pelo European Southern Observatory (ESO) e localizado no Cerro Paranal, no deserto de Atacama, norte do Chile, a 130 km de Antofagasta e à altitude de 2.635 m. 1997 (17 de janeiro) – A sonda automática Galileo capta as primeiras imagens da lua Europa de Júpiter. 1997 (11 a 21 de fevereiro) – Segunda missão de manutenção do telescópio Hubble, realizada por astronautas do Discovery (STS-82), cuja tripulação é formada por Kenneth Bowersox - Comandante -, Scott Horowitz - Piloto -, Mark Lee, Steven Hawley, Gregory Harbaugh, Steven Smith e Joseph Tanner. São instalados dois novos instrumentos, um Imageador Espectrográfico e uma Câmera Infravermelha e Espectrômetro para MultiObjetos, os quais aumentam significativamente a gama de comprimentos de onda em que o telescópio é capaz de operar. Além disso, outros equipamentos são trocados ou removidos: Sensor Fino de Orientação, Kit de Reparo do Controle de Óptica Eletrônico, Engrenagens de Controle de Posição e Dispositivo de Movimentação dos Painéis Solares. 1997 (23 de fevereiro) – Ocorre um incêndio a bordo da Mir, com duração de aproximadamente 7 minutos, obrigando os tripulantes a usar máscaras. Os reparos aos danos causados pelo fogo começam em abril, pois é necessário levar ferramentas da Terra. 1997 (1º de abril) – O cometa Hale-Bopp, descoberto em 23 de julho de 1995, independentemente, pelos norte-americanos Alan Hale e Thomas Bopp, chega ao periélio. Este cometa permanece visível a olho nu durante 569 dias (até dezembro de 1997), superando amplamente o Grande Cometa de 1811, observável por 260 dias. 1997 (29 de abril) – O astronauta norte-americano Jerry M. Linenger e o cosmonauta russo Vasily Tsibliyev completam o primeiro passeio russo-americano no espaço, uma excursão de 5h feita a partir da plataforma espacial russa Mir. 1997 (25 de junho) – A estação espacial russa Mir, transportando dois astronautas russos e um norte-americano, colide com uma nave de carga Progress. A tripulação escapa da morte por pouco, já que a nave fica temporariamente sem oxigênio. 1997 (27 de junho) – A sonda Near-Shoemaker sobrevoa, à distância de 1.200 km, o asteróide 253 Mathilde, descoberto em 12 de novembro de 1885 pelo astrônomo austríaco Johann Palisa (1842-1925). São feitas mais de 500 imagens, cobrindo 60% da superfície, e obtidos dados gravitacionais que permitem cálculos sobre a massa e as dimensões do asteroide. Diâmetro: 66 x 48 x 46 km; distância média ao Sol: 395.949.000 km (varia entre 290.564.000 e 501.334.000 km); período orbital: 1572,787 dias (4,31 anos). 1997 (4 de julho) – A sonda Mars Pathfinder pousa na planície de Ares Vallis, no hemisfério norte de Marte. O local exato do pouso é batizado de "Memorial Carl Sagan", em homenagem ao cientista e divulgador científico norte-americano (19341996). O robô explorador Sojourner, que viaja a bordo da espaçonave, passeia pela superfície de Marte, recolhendo informações durante mais de um mês terrestre. No total são obtidas 16.500 fotos a partir do módulo de pouso e 550 imagens do Sojourner. 1997 (6 de setembro) – Usando o telescópio Hale, Philip D. Nicholson, Brett J. Gladsman, Joseph A. Burns e John J. Kavelaars descobrem Caliban e Sicorax, 16º e 17º satélites conhecidos de Urano. Caliban – Diâmetro: 72 km; período orbital: 579,3 dias; distância média ao planeta: 14.462.000 km; massa: 250 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. Sicorax – Diâmetro: 150 km; período orbital: 1.288,28 dias; distância média ao planeta: 24.358.000 km; massa: 2,3 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. 1997 (12 de setembro) – A sonda Mars Global Surveyor é colocada em órbita ao redor de Marte. 1997 (15 de outubro) – É lançada a missão Cassini-Huygens, projeto conjunto da Nasa e da ESA, destinada a Saturno e suas luas. A nave compõe-se de dois elementos: A sonda Cassine, construída pela NASA para orbitar Saturno, e a sonda Huygens, menor, concebida pela ESA para pousar em Titã. Os objetivos da missão são os seguintes: determinar a composição das superfícies e a história geológica dos satélites; determinar a estrutura tridimensional e o comportamento dinâmico dos anéis; determinar a natureza e origem do material escuro do hemisfério dianteiro de Jápeto; medir a estrutura tridimensional e o comportamento dinâmico da magnetosfera; estudar o comportamento dinâmico das nuvens de Saturno; estudar a vulnerabilidade temporal das nuvens e a meteorologia de Titã; caracterizar a superfície de Titã a uma escala regional. A instrumentação da Cassini é formada por um mapeador de RADAR, um sistema de imagem CCD, um espectrômetro de mapeamento visível/infravermelho, um espectrômetro de infravermelhos composto, um analisador de poeira cósmica, uma experiência de ondas de rádio e plasma, um espectrômetro de plasma, um espectrômetro de imagens ultravioleta, um instrumento de imagens de magnetosferas, um magnetômetro, um espectrômetro de massa de íons e Telemetria para a antena de comunicações, assim como outros transmissores especiais. 1997 (novembro) – O ônibus espacial Columbia vai ao espaço com o primeiro astronauta japonês, Takao Doi. 1998 (janeiro) – Durante um congresso da Sociedade norte-Americana de Astronomia, cientistas da Universidade de Harvard e do Instituto Max Planck para Física Extraterrestre, da Alemanha, apresentam um estudo no qual afirmam ter encontrado provas da existência de um buraco negro no centro da Via Láctea. 1998 (9 de janeiro) – Duas equipes de cientistas em colaborações internacionais anunciam a descoberta de que as galáxias estão acelerando e separando-se a velocidades cada vez mais rápidas. Esta observação implica a existência de uma misteriosa propriedade do espaço de auto-repulsão, proposta por Albert Einstein, a qual ele chamou de primeira constante cosmológica. 1998 (11 de janeiro) – A sonda norte-americana Lunar Prospector, lançada a 7 de janeiro, entra em órbita lunar. A missão tem por objetivos mapear a composição da superfície da Lua e possíveis depósitos de gelo nos polos, bem como efetuar medidas dos campos gravitacional e magnético do satélite. 1998 (março) – A sonda Lunar Prospector revela fortes indícios da existência de água congelada nos polos da Lua. 1998 (26 de abril) – Primeira passagem da Cassini pelo planeta Vênus para empurrão gravitacional. 1998 (28 de maio) - O ESO libera as primeiras imagens captadas no Observatório Paranal. Elas mostram a estrela Eta Carinae e são obtidas pelo telescópio Antu, primeiro dos quatro instrumentos do Very Large Telescope (VLT) a entrar em operação 1998 (4 de julho) – É lançada a sonda japonesa Nozomi, com destino a Marte. Uma erupção solar danifica o sistema de comunicação, impedindo a inserção da nave em órbita marciana e acabando com a missão. Nozomi, em japonês, significa “esperança”. 1998 (12 de agosto) – O programa norte-americano de foguetes Titan é suspenso quando um Titan 4 explode pouco depois do lançamento. É um dos desastres mais caros. O custo do foguete e de sua carga de satélite militar é estimado em mais de 1 bilhão de dólares. 1998 (setembro) – Cientistas norte-americanos divulgam a descoberta, feita pela sonda Galileo, de mais um anel (o terceiro conhecido) em torno de Júpiter. 1998 (24 de outubro) – É lançada a sonda norte-americana Deep Space 1. É a primeira de uma série de missões de pesquisa do espaço profundo e de órbita terrestre, sendo parte de um programa da NASA denominado Discovery, que visa a experimentar novas tecnologias no espaço. Seu objetivo principal é o de avaliar 12 novas tecnologias durante a fase primária de sua missão. Tem bastante sucesso em sua empreitada e, na sua fase estendida, encontra-se com o cometa Borrelly e obtém as melhores imagens deste astro até o momento. 1998 (29 de outubro a 7 de novembro) – O astronauta norte-americano John Glenn retorna ao espaço a bordo do Discovery (STS-95) e torna-se o homem mais velho a viajar ao cosmo (77 anos). Nessa segunda viagem, ele completa 134 órbitas em torno da Terra. 1998 (20 de novembro) – Tem início a construção da Estação Espacial Internacional (ISS), uma cooperação sem precedentes entre diversos países, projetada para ser a maior estrutura já construída pelo homem no espaço. Nesta data, ocorre o lançamento do primeiro módulo, Zaria (Alvorada), construído pelos russos e financiado pelos norte-americanos. 1998 (4 a 15 de dezembro) – Missão do Endeavour (STS-88), que dá início à construção da Estação Espacial Internacional (ISS), ao conectar o módulo norteamericano Unity (o primeiro fabricado pelos EUA) ao módulo russo Zarya, lançado por foguetes do Cosmódromo de Baikonur, no Casaquistão, em novembro. A tripulação é formada por Robert Cabana - Comandante -, Frederick Sturckow Piloto -, Nancy Currie, Jerry Ross, James Newman e Sergei Krikalev. 1998 (11 de dezembro) – É lançada a sonda norte-americana Mars Climate Orbiter. 1999 (janeiro) – É inaugurado o telescópio óptico infravermelho Subaru, com um espelho de 8,3m de diâmetro, pré-fabricado no Japão e posteriormente transportado para Mauna Kea. 1999 (3 de janeiro) – É lançada a sonda norte-americana Mars Polar Lander. Deveria pousar no polo sul de Marte e estudar o solo e clima. A sonda chega a Marte sem problemas, mas, ao atingir a superfície, perde contato com a base. A razão disso não é conhecida, mas muito provavelmente tenha sido destruída com o impacto no solo. 1999 (23 de janeiro) – A sonda NEAR obtém a primeira sequência de imagens da rotação terrestre. 1999 (5 de fevereiro) – Um estudo de autoria do astrônomo norte-americano Robert Carlson, publicado na revista Science, afirma que dados enviados pela sonda Galileo revelam a existência, em Calisto, de uma tênue atmosfera, com cerca de 100 km de altitude, composta de gás carbônico. 1999 (9 de fevereiro) – É lançada a sonda norte-americana Stardust (Poeira de Estrelas), com a finalidade de investigar o cometa Wild 2 e o asteroide Annefrank, além de recolher poeira interestelar. É a primeira missão norte-americana dedicada única e exclusivamente a explorar um cometa com o objetivo de retornar material extraterrestre de regiões além da órbita da Lua. 1999 (maio) – O ônibus espacial Discovery torna-se a primeira nave a se conectar com a ISS. 1999 (maio) – Pesquisadores da Nasa e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts divulgam o primeiro conjunto completo de imagens tridimensionais de Marte, feitas a partir de medições da sonda Mars Global Surveyor. O planeta tem vulcões altíssimos, montanhas cobertas de neve, vales profundos, platôs e planícies que lembram o contorno de continentes e oceanos. 1999 (18 de maio) – A partir de imagens da Voyager 2, Erich Karkoschka descobre Perdita, 18º satélite conhecido de Urano. Diâmetro: 30 km; período orbital: 0,638 dia; distância média ao planeta: 152.834 km; massa: 18 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. 1999 (24 de junho) – Segunda passagem da Cassini pelo planeta Vênus para empurrão gravitacional. 1999 (24 de junho) – É lançado o FUSE (Far Ultraviolet Spectroscopic Explorer), tendo por objetivo explorar o Universo usando a técnica de espectroscopia de alta resolução na região espectral do ultravioleta longínquo. É uma missão internacional que envolve EUA, Canadá e França. 1999 (29 de junho) – É inaugurado o telescópio Gemini norte, de 8m, localizado no Havaí. 1999 (9 de julho) – É revelado o texto do discurso fúnebre que Richard Nixon faria caso a missão Apollo 11 falhasse e os astronautas (Neil Armstrong e Edwin Aldrin) tivessem de ser deixados na Lua. 1999 (18 de julho) – John J. Kavelaars, Brett J. Gladsman, Matthew J. Holman, Jean-Marc Petit e Hans Scholl descobrem Stefano, Próspero e Setebos, satélites de Urano, aumentando para 21 o número de luas conhecidas daquele planeta. Stefano – Diâmetro: 32 km; período orbital: 677,37 dias; distância média ao planeta: 16.008.000 km; massa: 22 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. Próspero – Diâmetro: 50 km; período orbital: 1.978,29 dias; distância média ao planeta: 33.012.000 km; massa: 85 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. Setebos – Diâmetro: 48 km; período orbital: 2.225,21 dias; distância média ao planeta: 34.816.000 km; massa: 75 trilhões de km; densidade: 1,3g/cm3. 1999 (23 de julho) – É lançado, a bordo do Columbia (STS-93), o observatório de raios X Chandra. É assim chamado em homenagem ao físico indiano Subrahmanyan Chandrasekhar, um dos fundadores da astrofísica. A palavra "chandra" significa, em sânscrito, "lua" ou "luminoso". 1999 (28 de julho) - A sonda Deep Space 1 aproxima-se do asteroide 9969 Braille, descoberto, em 27 de maio de 1992, por Eleanor F. Helin (1932-2009) e Kenneth J. Lawrence. Durante esta aproximação, à distância de 26 km são obtidas fotos e medidas as suas propriedades físicas básicas: composição mineral, tamanho, morfologia e brilho. A denominação do asteroide é uma homenagem ao professor francês Louis Braille (1809-1852), criador do sistema de escrita para cegos que leva o seu nome. Diâmetro: 2,1 x 1 x 1 km; período orbital: 1.311,047 dias (3,59 anos: distância média ao Sol: 350.705.000 km. 1999 (31 de julho) – A Lunar Prospector é deliberadamente levada a se chocar com a superfície lunar, caindo numa cratera próxima do polo sul, numa tentativa frustrada de detectar a presença de água. 1999 (18 de agosto) – A sonda Cassine sobrevoa a Terra para emppurrão gravitacional. 1999 (23 de setembro) – A Mars Climate Orbiter perde contato com a Terra quando, devido a erros de navegação (causados pela confusão resultante da adoção de diferentes sistemas de medidas), passa muito perto da superfície, sofrendo superaquecimento e destruição na atmosfera. 1999 (6 de outubro) – É Descoberto Caliroe, 17º satélite conhecido de Júpiter. 1999 (20 de novembro) – A China lança a Shenzhou 1, de caráter experimental, que volta com sucesso aos locais desertos da região autônoma da Mongólia Interior, norte do país. 1999 (3 de dezembro) – A sonda Mars Polar Lander perde contato com a Terra. 1999 (10 de dezembro) – É lançado, pela ESA, o telescópio espacial XMM-Newton (X-Ray Multi-Mirror Mission). Programado para realizar observações em ondas milimétricas e em raios X, tem como objetivo estudar o céu inteiro e descobrir grande número de fontes dessa radiação eletromagnética. 1999 (19 a 27 de dezembro) – Terceira missão de manutenção do telescópio Hubble, realizada por astronautas a bordo do Discovery (STS-103), cuja tripulação é composta por Curtis Brown - Comandante -, Scott Kelly - Piloto -, Steven Smith, Michael Foale, John Grunsfeld, Claude Nicollier e Jean-François Clervoy. São substituídos os seis giroscópios e o computador de bordo, trocado por um vinte vezes mais rápido e memória seis vezes maior, além de serem melhoradas a capacidade e a velocidade do sistema de transmissão de dados à Terra. É trocado o isolamento externo, cuja função é proteger o Hubble do ambiente inóspito do espaço. 2000 – Tem início o Sloan Digital Sky Survey (SDSS), o mais ambicioso levantamento astronômico em andamento. quando concluído, fornecerá imagens ópticas cobrindo mais de um quarto do céu e um mapa tridimensional com cerca de um milhão de galáxias e quasares. À medida que o levantamento progride, os dados são liberados para a comunidade científica (e para o público em geral) em incrementos anuais. O nome faz referência à Alfred P. Sloan Foundation, um dos financiadores do projeto. 2000 (3 de janeiro) – Dados da Galileo revelam fortes evidências de que existe um oceano abaixo da superfície gelada do satélite Europa, de Júpiter. 2000 (14 de fevereiro) – A sonda Near-Shoemaker entra em órbita ao redor do asteroide 433 Eros. 2000 (10 de março) – Com base no mapeamento do subsolo de Marte feito pela Mars Global Surveyor, cientistas da NASA afirmam ter descoberto antigos canais soterrados que, há milhões de anos, podem ter transportado água na superfície do planeta. 2000 (abril) - Entra em operação o Kueyen, , segundo dos quatro instrumentos que compõem o VLT, localizado no Observatório Paranal, Chile. 2000 (6 de abril) – Pesquisadores do Colégio Imperial, em Londres, publicam na revista Nature artigo no qual identificam a maior cauda de cometa já vista: pertence ao Hyakutake, um dos maiores cometas a passar perto da Terra No século XX. Tem 570 milhões de km de extensão, superando amplamente o recorde anterior, do Grande Cometa de 1843: 323 milhões de km. 2000 (6 de abril) – Chega à Mir, a bordo da Soyuz TM-30 (lançada no dia 4), a última tripulação da estação espacial, formada pelos cosmonautas Sergei Zalyotin e Alexandr Kaleri. O regresso à Terra ocorre em 16 de junho. 2000 (maio) – O satélite Imager for Magnetosphere to Aurora Global Exploration (IMAGE) realiza as primeiras imagens globais da plasmosfera terrestre. A plasmosfera é uma parte interna da magnetosfera, que fica além da última subdivisão da atmosfera e se estende por alguns milhares de km. É formada basicamente por plasma, um gás altamente ionizado, composto de cargas positivas e negativas em igual número e, portanto, globalmente neutro. 2000(5 de maio) – Ocorre uma conjunção dos cinco planetas luminosos, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Nada pode ser observado da Terra, porque a linha formada pelos planetas está atrás do Sol e escondida em seu brilho. A última conjunção semelhante acontecera em fevereiro de 1962 e não ocorrerá novamente até abril de 2438. 2000 (4 de junho) – O observatório espacial de raios gama Compton é desativado e se desintegra ao ingressar, de forma controlada, na atmosfera. Seus fragmentos caem no Oceano Pacífico. 2000 (julho) – Chega à ISS o módulo de serviço Zvezda (Estrela), segundo fabricado pelos russos e terceiro da Estação. 2000 (7 de julho) – O telescópio Hubble capta imagens da explosão do cometa Linear (descoberto em setembro de 1999), em sua única aproximação do Sol, a 120 milhões de km da Terra. É a primeira vez que a morte de um cometa é registrada com tantos detalhes. 2000 (16 de julho) – Ocorre o mais longo eclipse lunar do século XX, com duração de 1h47min1s. 2000 (22 de agosto) – É inaugurado, no Observatório Nacional de RádioAstronomia dos EUA, em West Virginia, na cidade de Pocahontas, o Green Bank Telescope. Com uma superfície metálica de reflexão de 100 por 110m, o projeto do mecanismo permite ao instrumento captar sinais a partir de uma altura de 5° acima do horizonte. 2000 (outubro) – Imagens da Galileo revelam a existência de nuvens de amônia congelada em Io e também indicam que neva enxofre no satélite. 2000 (16 de outubro) – Têm início as atividades dos telescópios Gemini norte, localizados no Havaí, cada qual com um espelho de 8m de diâmetro. A primeira foto tirada por esses instrumentos é da região central da Via Láctea, na direção da constelação de Sagitário. 2000 (20 de outubro) – Um estudo publicado na revista Science, cuja principal autora é a norte-americana Caitlin Griffith, afirma que são encontrados os primeiros indícios de que em Titã chove metano, principal componente do gás natural. 2000 (2 de novembro) – Chega à ISS a sua primeira tripulação, composta pelo astronauta norte-americano William Shepherd e pelos cosmonautas russos Yuri Gidzenko e Sergei Krikalev. 2000 (20 de novembro) – Temisto, satélite de Júpiter observado, em 30 de setembro de 1975, por Charles Kowal e Elizabeth Roemer, e posteriormente perdido, é redescoberto por Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Yanga R. Fernández e Eugene A. Magnier. O nome é oficialmente atribuído em 2001. É a décima oitava lua joviana conhecida. Diâmetro: 8 km; período orbital: 129,827 dias; distância média ao planeta: 15.782 km; massa: 689 bilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3. 2000 (23 de novembro a 5 de dezembro) – São descobertos, desde o Observatório de Mauna Kea, no Havaí, dez satélites de Júpiter, aumentando para 28 o número de luas jovianas conhecidas. Nove deles têm nomes definitivos: Praxidique, Harpalique, Iocasta, Caldene, Isonoe, Erinome, Taigete, Calique e Megaclite. 2000 (30 de dezembro) – A Cassini passa pelo planeta Júpiter para empurrão gravitacional. A sonda efetua diversas medições científicas e produz o retrato colorido global mais detalhado de Júpiter: as características menores têm aproximadamente 60 km de diâmetro. 2001 (janeiro) – François Spite e Pascale Jablonka, utilizando o telescópio Hubble, são os primeiros a observar estrelas individuais no centro de outra galáxia: Andrômeda. 2001 (10 de janeiro) – A Shenzhou 2 é lançada ao espaço, levando em seu interior projetos científicos experimentais, e aterrissa na Mongólia Interior. 2001 (fevereiro) – Cientistas norte-americanos de diversas instituições afirmam que o impacto de um corpo celeste contra a superfície da Terra foi responsável, há 250 milhões de anos, por uma extinção em massa, eliminando 90% das criaturas marinhas, 70% das espécies vertebradas terrestres e quase todas as formas vegetais. Segundo os pesquisadores, as provas da ocorrência dessa catástrofe, que abriu caminho para o desenvolvimento dos dinossauros, estão nas proporções anormais de isótopos de hélio e de argônio encontradas no interior de rochas sedimentares descobertas no Japão, na China e na Hungria, mais compatíveis com as verificadas nos condritos (comuns em meteoritos e asteroides) do que com aquelas existentes na Terra em qualquer tempo. 2001 (12 de fevereiro) – A sonda Near-Shoemaker pousa no asteroide 433 Eros. É a primeira vez que uma nave espacial chega à superfície desse tipo de corpo celeste. 2001 (28 de fevereiro) – Chega à ISS, transportado pelo Atlantis (STS-98), o Destiny, segundo módulo fabricado pelos norte-americanos e quarto da Estação. 2001 (28 de fevereiro) – A missão Near-Shoemaker é oficialmente encerrada. 2001 (23 de março) – A Mir volta para a Terra, após uma reentrada induzida em nossa atmosfera como uma bola de fogo. Os restos que não se desintegraram repousam no fundo do Oceano Pacífico, a 2.000 km da Austrália, abrigando centenas de organismos marinhos. Construída para durar apenas cinco anos, a Mir permanece 15 anos no espaço, a uma altitude de 400 km, realizando uma órbita a cada 88min9s, completando 86.331 voltas em torno da Terra. Entre 1986 e 2001, São acopladas à Mir 25 missões russas e 30 estrangeiras, tendo sido um exemplo de cooperação internacional, ao acolher astronautas de Eslovênia, Bulgária, Afeganistão, Casaquistão, França, Japão, Reino Unido, Áustria, Alemanha, Canadá, EUA e Síria, sem contar as missões conjuntas com a ESA. Entre cosmonautas russos e de outras nações, um total de 103 pessoas estiveram a bordo da Mir. Segundo a agência espacial russa, o custo da Mir é de 3 bilhões de dólares, e o de seus equipamentos científicos, de 1,8 bilhão de dólares. Com a participação de outros 29 países, a estação abriga 24 programas espaciais internacionais, e seus laboratórios testam diversos materiais e substâncias em experiências impossíveis de ser feitas na Terra. Graças a essas pesquisas, é possível desenvolver equipamentos médicos que tornam viável a sobrevivência humana durante longos períodos sem gravidade. São realizados 14.000 experimentos científicos. São também realizados 66 passeios no espaço, sendo que o mais duradouro leva 7h. O record de permanência em órbita é de 438 dias, do cosmonauta russo Valeri Poliakov. Outro russo, Serguei Avdeyev, acumula, em três voos, 747 dias no cosmos (mais de dois anos). A viagem mais curiosa, no entanto, é a de Serguei Krikaliov, que sai da Terra como cidadão soviético e regressa, após o colapso da URSS, como cidadão russo. Estatísticas adicionais – Massa: 124.340 kg; espaço habitável: 350m3; total de dias em órbita: 5.519; dias ocupada: 4.592; distância percorrida: 3.638.470.307 km. 2001 (7 de abril) – É lançada a sonda norte-americana Mars Odyssey. 2001 (28 de abril) – O milionário norte-americano Dennis Tito, de 60 anos, o primeiro turista espacial, parte para a ISS e diz: "Eu amo o espaço". O retorno ocorre em 6 de maio. 2001 (junho) - Entra em operação o Yepun , terceiro dos quatro instrumentos que compõem o VLT, localizado no Observatório Paranal, Chile. 2001 (30 de junho) – É lançada a sonda norte-americana WMAP (Wilkinson Microwave Anisotropy Probe), cujo objetivo é medir as variações da temperatura da radiação cósmica de fundo, a fim de auxiliar nos testes das teorias acerca da natureza do Universo. O nome desta sonda, sucessora do Cobe, é dado em homenagem a David Wilkinson (1935-2002), um dos pioneiros no estudo da radiação resultante do Big Bang. 2001 (12 de julho) – Uma equipe internacional de astrônomos, utilizando o Observatório Europeu do Sul e o Telescópio Canadá-França-Havaí, divulga a descoberta (feita em 2000) de doze pequenos satélites de Saturno (diâmetros entre 3 e 13 km). São eles: Kiviuq, Ijiraq, Paaliaq, Skathi, Albiorix, Erriapo, Siarnaq, Tarvos, Mundialfari, Suttungr, Thrymr e Ymir. Passam a ser 30 as luas saturninas conhecidas. 2001 (agosto) - Entra em operação o Melipal, último dos quatro instrumentos que compõem o Very Large Telescope (VLT), localizado no Observatório Paranal, Chile. O VLT é um sistema composto por quatro telescópios refletores principais, cada um deles com espelho de 8,2m, e quatro instrumentos auxiliares, com espelho de 1,8m. Cada um desses telescópios é capaz de observar objetos de magnitude 30, ou seja, 4 bilhões de vezes menos brilhantes do que aqueles observáveis a olho nu. Embora passem a maior parte do tempo funcionando de forma independente, os quatro telescópios podem, com a ajuda do Very Large Telescope Interferometer (VLTI), ser combinados interferometricamente, adquirindo um poder de resolução equivalente ao de um telescópio com espelho de 16m, o que faz do VLT o maior telescópio óptico do mundo. 2001 (8 de agosto) – É lançada a missão Gênesis, da Nasa, com o objetivo de coletar partículas do vento solar e trazê-las de volta à Terra. 2001 (13 de agosto) – Matthew J. Holman, John J. Kavelaars, Dan Milisavljevic e Brett J. Gladman descobrem dois satélites de Urano: Trínculo e Fernando. Passa a ser de 23 o número de luas conhecidas do planeta. Trínculo – Diâmetro: 18 km; período orbital: 749,24 dias; distância média ao planeta: 17.008.000 km; massa: 3,9 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. Fernando – Diâmetro: 20 km; período orbital: 2.887,21 dias; distância média ao laneta: 41.802.000 km; massa: 5,4 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. 2001 (16 de agosto) – Os astrônomos norte-americanos Robin Canup e Erik Asphaug publicam na revista Nature um artigo segundo o qual a Lua se originou de um impacto ocorrido há 4,5 bilhões de anos entre a Terra, praticamente formada, e um corpo celeste com dimensões comparáveis às de Marte. 2001 (22 de setembro) – A sonda Deep Space 1 encontra-se com o cometa Borrelly, Descoberto em dezembro de 1904 pelo astrônomo francês Alphonse Louis Borrelly (1842-1926), e envia uma série de dados científicos à Terra, incluindo revelações acerca do núcleo e da cauda. 2001 (24 de outubro) – A Mars Odyssey chega ao seu destino, tendo por objetivos: orbitar Marte por pelo menos três anos para coletar dados sobre quais elementos químicos e minerais predominam na superfície do planeta; obter informações sobre o risco potencial de radiação para futura exploração humana; estudar o clima e ser um possível meio de comunicação com sondas landers. 2001 (30 de novembro) – Um estudo publicado na revista Science e assinado por Vladimir Krasnopolsky e Paul Feldman, da Universidade Católica da América e da Universidade Johns Hopkins, ambas nos EUA, revela a detecção, por parte do satélite norte-americano Fuse, de hidrogênio molecular (H2) na alta atmosfera de Marte, o que pode indicar a presença, no passado, de grandes quantidades de água no planeta. 2001 (7 de dezembro) – Um estudo conduzido por Michael Malin, Michael Caplinger e Scott Davis, da Malin Space Science Systems (EUA), feito a partir de fotos tiradas pela Mars Global Surveyor e publicado na revista Science, afirma que há diminuição da calota polar sul de Marte, indicando aumento da temperatura global do planeta. 2001 (9 a 11 de dezembro) – São descobertos mais onze satélites de Júpiter, aumentando o número das luas jovianas conhecidas para 39. São eles: Euante, Tione, Euporia, Ortósia, Hermipe, Pasite, Cale, Aitne, Euridome, Esponde e Autone. 2001 (28 de dezembro) – A sonda Deep Space 1 é desativada. 2002 – É Descoberto Arque, quadragésimo satélite de Júpiter conhecido. 2002 (18 de janeiro) – É inaugurado em Cerro Pachón, no Chile, o telescópio Gemini Sul. Ele faz parte de um projeto que, como o nome indica, é gêmeo. Compreende um telescópio instalado em Mauna Kea, no Havaí, para observar o hemisfério Norte (em operação desde 1999), e outro no Chile, para as estrelas do Sul. 2002 (1º a 12 de março) – Quarta missão de manutenção do telescópio Hubble, executada pelo Columbia (STS-109), cujos tripulantes são Scott Altman Comandante -, Duane Carey - Piloto -, John Grunsfeld, Nancy Currie, James Newman, Richard Linnehan e Michael Massimino. Os astronautas instalam um novo instrumento científico, a Máquina Fotográfica para Pesquisa (Advanced Camera for Surveys, ACS), novos painéis solares, uma nova Unidade de Controle de Força e um novo Sistema de refrigeração para a Câmera de Multiobjetos Infravermelha e Espectrométrica . O Hubble é desligado (pela primeira vez) durante 4h30min. O procedimento, bem sucedido, aumenta significativamente a potência do telescópio. 2002 (25 de março) – A China lança a Shenzhou 3, que continua não-tripulada, mas consegue orbitar o planeta 108 vezes, e retorna à Mongólia Interior em 1º de abril. 2002 (Abril) – Mark Shuttleworth, um magnata sul-africano, parte para uma viagem à ISS e torna-se o segundo turista no espaço. 2002 (25 de abril) – Os físicos Paul Steinhardt (americano) e Neil Turok (inglês) publicam na revista Science uma teoria segundo a qual o Universo se destrói e se refaz em implosões e explosões separadas por trilhões de anos. Isso significa que o Big Bang não seria um evento único, mas ocorreria ciclicamente. 2002 (maio) – Os astrônomos norte-americanos Edward Scott e David Barber publicam um estudo refutando a presença de vestígios de processos orgânicos no interior de um meteorito proveniente de Marte encontrado na Antártida, como haviam sugerido cientistas da NASA em agosto de 1996. Segundo a dupla de astrônomos, os resultados por eles obtidos "fornecem forte evidência de que a maioria dos grãos de magnetita no ALH 84001, senão todos, são abiogênicos em origem e se formaram pelo calor do choque do meteorito". 2002 (maio) – Cientistas da Nasa e da Universidade do Arizona anunciam a descoberta, feita a partir de imagens da Mars Odyssey, de grandes depósitos de gelo no subsolo dos polos marcianos, alguns deles a apenas 1m da superfície. 2002 (maio) – A câmera infravermelha da Mars Odyssey obtém as primeiras fotos noturnas do solo de Marte. 2002 (23 de maio) – O geólogo norte-americano Paul Schenk publica na revista Nature um estudo afirmando que o satélite Europa tem um oceano sob uma camada de gelo com 19 a 25 km de espessura. Sustenta ainda que Calisto e Ganímedes também possuem oceanos, sob camadas de gelo de cerca de 80 km. 2002 (julho) – Chega a cem o número de exoplanetas descobertos. 2002 (3 de julho) – É lançada a sonda norte-americana Contour (Comet NucleusTour), destinada a explorar dois cometas (Encke e SchwassmannWachmann 3), com a possibilidade de um terceiro (d’Arrest). 2002 (19 de julho) – Os cientistas conseguem, depois de 14 anos, estudar a atmosfera de Plutão, quando o planeta anão oculta a estrela P126A. 2002 (6 de agosto) – A Nasa anuncia, com base em análise de imagens de satélites, que a Terra está mais larga do que o normal na região da linha do Equador e mais achatada nos polos. Tal fenômeno ocorre devido a uma mudança no campo gravitacional. 2002 (13 de agosto) – Matthew J. Holman, John J Kavelaars, T. Grav, W. Fraser e Dan Milisavljevic descobrem Laomedeia e Neso, nono e décimo satélites conhecidos de Netuno. Laomedeia - Diâmetro: 84 km; período orbital: 3.171,33 dias (8,68 anos); distância média ao planeta: 47.134.000 km. Neso - Diâmetro: 60 km; período orbital: 9.740,73 dias (26,67 anos); distância média ao planeta: 49.285.000 km. 2002 (14 de agosto) - Matthew J. Holman, John J Kavelaars, T. Grav, W. Fraser e Dan Milisavljevic descobrem mais dois satélites de Netuno: Halimede e Sao. Passam a ser 12 as luas conhecidas do planeta. Halimede – Diâmetro: 62 km; período orbital: 1.879,08 dias (5,14 anos); distância média ao planeta: 16.611.000 km. Sao – Diâmetro: 44 km; período orbital: 2.912,72 dias (7,97 anos); distância média ao planeta: 22.228.000 km. 2002 (15 de agosto) – A Contour perde, definitivamente, contato com a Nasa, seis semanas após o lançamento. 2002 (10 de setembro) – É divulgada a informação de que o sucessor do telescópio Hubble, com lançamento previsto para 2010 (posteriormente remarcado para 2012), receberá o nome de James Webb (1906-1992), segundo diretor da NASA (1961-1968), em cuja gestão foi desenvolvido o Programa Apollo. 2002 (outubro) - O norte-americano Raymond Davis Jr. (1914-2006) e o japonês Masatoshi Koshiba recebem o Prêmio Nobel de Física pelas contribuições à Astrofísica, em particular pela detecção dos Neutrinos cósmicos. O Prêmio é atribuído também ao físico italiano Riccardo Giacconi, pelas contribuições à Astrofísica que levaram à descoberta dos Raios X cósmicos. 2002 (outubro) – A sonda Cassini obtém a primeira fotografia de Saturno e de Titã, tirada a uma distância de 285 milhões de km. 2002 (17 de outubro) – É lançado o telescópio europeu Integral, que faz parte de um esforço para estudar os fenômenos espaciais de maior energia, normalmente causados por astros como as supernovas, os buracos negros e as estrelas de nêutrons. Os instrumentos a bordo do telescópio são capazes de detectar, simultaneamente, emissões de raios gama, raios X e luz visível. 2002 (novembro) – Astrônomos do Observatório de Genebra conseguem medir o diâmetro da estrela Próxima Centauri, concluindo ser ele sete vezes menor do que o do Sol. A temperatura superficial encontrada equivale à metade da solar. 2002 (2 de novembro) – A sonda Stardust sobrevoa o asteroide 5535 Annefrank, descoberto, em 23 de fevereiro de 1942, pelo astrônomo alemão Karl Reinmuth (1892-1979), à distância de 3.079 km.. O objetivo é praticar as técnicas de sobrevoo a serem utilizadas na passagem pelo cometa Wild 2. O nome do asteroide, cujo diâmetro é de 6,6 x 5,0 x 3,4 km, é uma homenagem a Anne Frank (1929-1945), alemã judia morta no campo de concentração de Bergen-Belsen. 2002 (30 de dezembro) – A Shenzhou 4, com uma tecnologia que, segundo a China, "já é suficiente para enviar um homem ao espaço", é lançada e volta com êxito. 2003 – É descoberto Narvi, trigésimo primeiro satélite conhecido de Saturno. Diâmetro: 6,6 km; período orbital: 1.006,541 dias; distância média ao planeta: 19.371.000 km. 2003 – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt e J. Kleyna descobrem Psámate, 13º satélite conhecido de Netuno. Diâmetro: 38 km; período orbital: 9.074,30 dias (24,84 anos); distância média ao planeta: 48.096.000 km. 2003 (6 de janeiro) – É divulgada a descoberta de um anel de centenas de milhões de estrelas que rodeiam a Via Láctea e poderiam ser restos do passado violento de nosso sistema galáctico. 2003 (16 de janeiro) – O Columbia é lançado, naquela que seria sua última missão (STS-107). O objetivo desse voo do ônibus espacial é fazer diversos experimentos científicos, sobretudo relativos à microgravidade. 2003 (23 de janeiro) – São captados, pela última vez, sinais transmitidos pela Pioneer 10. 2003 (1º de fevereiro) – Explode o ônibus espacial Columbia, sobre o céu do estado norte-americano do Texas, em sua 28ª missão, quando a tripulação retornava para a Terra após uma permanência de 16 dias no espaço. Sua tripulação de sete astronautas morre no acidente. O Controle de missão perde contato com o ônibus espacial aproximadamente 16 minutos antes de sua chegada À Flórida. A tripulação do Columbia é composta pelos astronautas Rick Husband, Willie McCool, Dave Brown, Laurel Clark, Kalpana Chawla, Mike Anderson e Ilan Ramon – primeiro astronauta israelense a ir ao espaço e representante da Agência Espacial de Israel. Estatísticas – Tempo em atividade: 21 anos, oito meses e vinte dias; Número de missões: 28; tripulantes: 160; tempo no espaço: 300d17h40min22s; órbitas terrestres: 4.808; distância percorrida: 201.497.772 km; satélites lançados: 8; acoplagens à Mir: 0; acoplagens à ISS: 0. 2003 (11 de fevereiro) – Com base em dados obtidos pela sonda WMAP, cientistas da NASA estimam a idade do Universo em 13,7 bilhões de anos, com uma margem de erro, segundo eles, de 1%. 2003 (28 de abril) – É lançada a missão norte-americana Galaxy Evolution Explorer (Galex), equipada com lentes ultravioleta para medir a formação de 80% das estrelas surgidas desde o Big Bang. 2003 (8 de maio) – A Mars Global Surveyor mostra, pela primeira vez, imagens da Terra vista de Marte. Trata-se de uma fotografia em que também é possível ver Júpiter (então alinhado com a Terra) e suas grandes luas. 2003 (9 de maio) – É lançada a sonda japonesa Hayabusa ("falcão"), anteriormente chamada de Muses C, com destino ao asteroide 25143 Itokawa, descoberto em 26 de setembro de 1998. Diâmetro (inferior a 1 km): 535 x 294 x 209 m; período orbital: 556,355 dias (1,52 ano); distância média ao Sol: 198.044.000 km.. 2003 (15 de maio) – Scott Sheppard publica na revista Nature a descoberta de 23 satélites de Júpiter (encontrados nos primeiros meses do ano), aumentando para 63 o número de luas jovianas conhecidas. Onze deles têm nomes definitivos: Carpo, Telxinoi, Helique, Mneme, Euquelade, Calicore, Euridome, Hegemone, Cilene, Aoede e Core. 2003 (2 de junho) – É lançada, pela ESA, a sonda Mars Express. 2003 (10 de junho) – É lançado o Spirit, da NASA, veículo de seis rodas capaz de percorrer a superfície de Marte e perfurar rochas à procura de vestígios de água. 2003 (7 de julho) – É lançado para Marte o Opportunity, veículo explorador da NASA semelhante ao Spirit, cuja missão principal é procurar água na superfície marciana. 2003 (13 de agosto) – Matthew J. Holman, John J. Kavelaars, Dan Milisavljevic e Brett J. Gladman descobrem Francisco, vigésimo quarto satélite conhecido de Urano. Diâmetro: 22 km; período orbital: 266,56 dias; distância média ao planeta: 8.552.000 km; massa: 7,2 trilhões de toneladas: densidade: 1,3g/cm3. 2003 (22 de agosto) – Uma explosão destrói o Veículo Lançador de Satélite (VLS1), na base brasileira de Alcântara, no Estado do Maranhão. A causa do acidente de Alcântara, segundo as conclusões de investigações posteriores, é a ignição espontânea de um dos quatro motores do VLS-1, causada por centelha elétrica. A explosão destrói os equipamentos e mata 21 pessoas da equipe do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). 2003 (25 de agosto) – É lançado o telescópio espacial norte-americano Spitzer, inicialmente chamado de Sirtf (Space Infrared Telescope Facility) e projetado para detectar radiações emitidas no infravermelho. O nome atual é uma homenagem a Lyman Spitzer, astrofísico norte-americano, primeiro cientista a sugerir a colocação de um telescópio no espaço. 2003 (25 de agosto) – Mark R. Showalter e Jack J. Lissauer descobrem Cupido e Mab, satélites de Urano, que passa a ter 26 luas conhecidas. Cupido – Diâmetro: 36 km; período orbital: 0,618 dia; distância média ao planeta: 74.392 km; massa: 3,8 trilhões de toneladas; densidade: 1,3 g/cm3. Mab – Diâmetro: 48 km; período orbital: 0,923 dia; distância média ao planeta: 97.736 km; massa: 10 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. 2003 (27 de agosto) – Às 6h51min, horário de Brasília, Marte chega ao ponto mais próximo da Terra em quase 60.000 anos: 55,76 milhões de km de distância. A última vez que havia ocorrido tamanha proximidade entre os planetas vizinhos foi em 12 de setembro de 57617 a.C. Naquela ocasião, Terra e Marte estiveram a 55,72 milhões de km, ou seja, 40,2 mil km mais perto do que em 2003. O fenômeno de aproximação só vai se repetir em 28 de agosto de 2287. 2003 (29 de agosto) – Scott S. Sheppard e David C. Jewitt descobrem Margaret, vigésimo sétimo satélite conhecido de Urano. Diâmetro: 20 km; período orbital: 1.687,01 dias; distância média ao planeta: 28.690.000 km; massa: 5,5 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3. 2003 (21 de setembro) – a missão Galileu é intencionalmente encerrada, quando o orbitador é enviado contra a densa atmosfera de Júpiter a 50 km/s, para garantir que nenhuma lua local seja contaminada com algum microrganismo da Terra. 2003 (27 de setembro) – É lançada a Smart 1, primeira sonda lunar da ESA, cujo objetivo é estudar a formação e a composição mineralógica da Lua, além de verificar a existência ou não de água no satélite. Trata-se de uma nova geração de sondas, e Smart quer dizer "small missions for advanced research and technology" (pequenas missões para pesquisa e tecnologia avançada). A nave traz o lema "mais ciência por menos dinheiro". Pela primeira vez, a ESA utiliza um sistema de propulsão iônica (ou helioelétrica), alimentada por eletricidade gerada a partir de painéis solares e que reduz sensivelmente o uso de combustível e permite melhor dirigibilidade da nave. 2003 (outubro) – É lançada a missão Most, desenvolvida pelo Canadá para estudar a microvariabilidade e as oscilações das estrelas. 2003 (outubro) – Astrônomos trabalhando com o telescópio de Parkes, no sudoeste australiano, localizam o primeiro sistema duplo de pulsares que se conhece, batizado de "PSR J07037-3039A e PSR J0737-3039B", e distante entre 1.600 e 2.200 anos-luz. 2003 (15 de outubro) – A China torna-se o terceiro país a colocar um homem no espaço, depois da URSS e dos EUA. O astronauta (ou "taikonauta") Yang Liwei, 38 anos, ex-piloto da força aérea, completa, a bordo da nave Shenzhou 5, 14 órbitas em 21h e retorna com segurança. 2003 (20 de outubro) – J. Richard Gott III e Mario Juric, da Universidade de Princeton, e colegas, baseados em dados do "Sloan Digital Sky Survey", anunciam a descoberta da "Grande Muralha Sloan" ("Sloan Great Wall"), a maior estrutura já catalogada no Universo, um gigantesco conjunto de galáxias com 1,37 bilhão de anos-luz de extensão, localizado a aproximadamente um bilhão de anos-luz da Terra. 2003 (5 de novembro) – O SOHO registra a maior explosão solar já testemunhada pela ciência. Vive-se o período de maior atividade do Sol desde o início da observação científica do astro. 2003 (25 de dezembro) – A Mars Express, primeira sonda europeia a visitar outro planeta, é colocada com sucesso na órbita de Marte, tendo a missão por objetivos enviar imagens de alta resolução para estudo da topografia e morfologia da superfície, elaborar um mapa mineralógico, estudar a composição da atmosfera e servir como meio de comunicação para as lander de 2003 a 2007. Também carrega consigo a sonda Beagle 2, sendo responsável por enviá-la à superfície de Marte e servir como meio de comunicação entre a Beagle 2 e a Terra. 2004 (janeiro) – Entra em operação o Observatório de raios cósmicos Pierre Auger, situado em Malargüe, província de Mendoza, no oeste da Argentina. Batizado com o nome do físico francês (1899-1993) que, em 1938, foi o primeiro a detectar as faíscas produzidas na atmosfera terrestre por sua interação com os raios cósmicos, o Observatório está equipado com 1.600 detectores de partículas e 24 telescópios, ocupando uma área de 3.000 km2. 2004 (2 de janeiro) – A sonda Stardust chega ao Cometa Wild 2, descoberto em 1978 pelo astrônomo suíço Paul Wild, fotografando o núcleo cometário com excelente resolução de imagem, e colhe amostras de poeira para serem trazidas de volta à Terra. 2004 (4 de janeiro) – O veículo explorador Spirit pousa com sucesso em Marte, numa cratera denominada Gusev. 2004 (6 de janeiro) – Astrônomos da Universidade da Flórida afirmam ter identificado a mais massiva e brilhante estrela localizada até o momento: "LBV1806-20", distante cerca de 45.000 anos-luz, tem massa duzentas vezes superior à do Sol e luminosidade que pode ser até 40 milhões de vezes mais elevada, segundo os cientistas. 2004 (6 de janeiro) – A Nasa divulga uma série de fotos coloridas tiradas pela câmera de alta resolução do Spirit, as mais detalhadas imagens do solo marciano obtidas até esta data. 2004 (23 de janeiro) – A ESA anuncia que imagens feitas pela Mars Express revelam a presença de gelo no polo sul de Marte. 2004 (14 de janeiro) – O presidente norte-americano George W. Bush anuncia uma nova política espacial para os EUA, denominada “Vision for Space Exploration” (Visão para a Exploração do Espaço), conhecida também como programa Constellation. Entre os principais objetivos estão: completar a ISS até 2010; aposentar os ônibus espaciais até 2010; desenvolver a espaçonave Orion até 2008 (não concretizado) e realizar a sua primeira missão tripulada até 2014; explorar a Lua com robôs a partir de 2008 (isso só ocorre no ano seguinte) e com seres humanos em 2020; explorar Marte e outros destinos com missões automáticas e tripuladas. 2004 (24 de janeiro) – O veículo explorador Opportunity pousa em Marte, na zona conhecida como Meridianum Plani, no extremo oposto do ponto do planeta onde se encontra seu módulo gêmeo, o Spirit. 2004 (6 de fevereiro) – A ESA dá como perdido o veículo britânico para exploração da superfície de Marte Beagle 2, enviado a bordo da Mars Express. 2004 (6 de fevereiro) – A Mars Express entra em contato com o Spirit, transmitindo ordens fornecidas a partir da Terra e enviando de volta dados colhidos pelo robô da NASA. É a primeira vez que objetos espaciais da ESA e da Nasa mantêm contato em órbita e que uma rede internacional de comunicações funciona em outro planeta. 2004 (10 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Icarus, coordenado pelos astrônomos norte-americanos Bruce Fegley e Laura Schaefer, afirma que a "neve metálica" de Vênus, descoberta em 1995 pela sonda Magellan, é composta principalmente de dióxido de enxofre e de sulfeto de chumbo. 2004 (2 de março) – É lançada a sonda Europeia Rosetta, com o objetivo de estudar o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, descoberto, em 20 de setembro de 1969, por Klim Ivanovich Churyamov e Svetlana Ivanovna Gerasimenco, cuja órbita está localizada entre Júpiter e a Terra (a distância ao Sol varia entre 193 milhões e 856 milhões de km) e no qual deverá pousar em novembro de 2014. A nave consiste em duas estruturas. A parte principal, denominada Rosetta, e o módulo de aterrissagem, chamado Philae. O nome da sonda é uma homenagem à Pedra da Rosetta, pedra esta que auxiliou o entendimento dos hieróglifos egípcios. O módulo de aterrissagem recebe o nome de Philae, uma ilha no rio Nilo que contém um obelisco, o qual também contribuiu para decifrar os hieróglifos. Os objetivos da missão são: efetuar a Caracterização global do núcleo do cometa, com a determinação de suas propriedades dinâmicas e de sua composição e morfologia; determinar as características químicas, mineralógicas e isotópicas das composições voláteis e refratárias do núcleo cometário; determinar as propriedades físicas e a inter-relação entre as substâncias voláteis e refratárias do núcleo do cometa; estudar o desenvolvimento da atividade do cometa e os processos que envolvem a sua camada superficial com o interior de sua cauda. (analisar a interação entre a poeira e o gás); estudar as características globais deste cometa, suas propriedades dinâmicas, morfologia e a composição de sua superfície. 2004 (19 de março) – Uma equipe de astrônomos liderada por Ben Bussey, da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, anuncia que há uma região com "picos de luz eterna" na Lua, onde o sol nunca se põe. 2004 (23 de março) – A Mars Odyssey completa 10.000 órbitas ao redor do Planeta Vermelho. 2004 (26 de março) – A equipe de cientistas da Cassini publica a primeira sequência de imagens de Saturno mostrando nuvens a moverem-se a alta velocidade à volta do planeta. Usando um filtro para ver melhor o vapor de água no topo da cobertura de nuvens densas, movimentos nas regiões equatorial e sul são claramente visíveis. 2004 (8 de abril – A primeira observação de longo prazo da dinâmica das nuvens da atmosfera de Saturno é publicada por cientistas da missão Cassini. Um grupo de fotografias mostra duas tempestades, nas latitudes sul, a aglomerarem-se durante o período de 19 a 20 de Março. Ambas as tempestades tinham um diâmetro de cerca de 1.000 km antes de se juntarem. 2004 (20 de abril) – É lançada a sonda norte-americana Gravity Probe-B, criada para verificar a veracidade da teoria da relatividade geral, de Albert Einstein. A nave transporta quatro giroscópios sofisticados que compõem um sistema de referência espaço-temporal quase perfeito. 2004 (maio) – Imagens captadas pelo telescópio espacial Spitzer mostram, pela primeira vez, o processo de nascimento das estrelas, envolvidas por poeira atmosférica, gás e partículas de água congelada. Elas incluem mais de 300 estrelas formadas recentemente na área chamada de RCW 49, distante 13,7 mil anos-luz da Terra, na constelação do Centauro. 2004 (18 de maio) – A Cassini entra no sistema de Saturno. O efeito gravitacional do planeta começa a sobrepor-se à influência do Sol. 2004 (20 de maio) – É liberada a primeira imagem de Titã, com resolução superior à de qualquer fotografia tirada da Terra, feita quinze dias antes a 29,3 milhões de km. 2004 ( 1º de junho) – São descobertos, graças às imagens da Cassini, dois pequenos satélites de Saturno, batizados posteriormente de Methone e Pallene. Passam a ser 33 as luas conhecidas do planeta. Methone – Diâmetro: 3 km; período orbital: 1,001 dia; distância média ao planeta: 194.440 km; massa estimada: 7 bilhões de toneladas; densidade: desconhecida. Pallene – Diâmetro: 4 km; período orbital: 1,754 dia; distância média ao planeta: 212.280 km; massa estimada: 10 bilhões de toneladas: densidade: desconhecida. 2004 (8 de junho) – Ocorre um trânsito de Vênus, fenômeno não observado desde 1882. O próximo ocorrerá em 6 de junho de 2012. 2004 (11 de junho) – A Cassini sobrevoa Febe, a 2068 km de distância. Todos os onze instrumentos a bordo operam como esperado e todos os dados previstos são obtidos. Os cientistas planejam usar os dados para criar mapas globais do satélite coberto de crateras e para determinar sua composição, massa e densidade. Partes das superfícies craterizadas mostram-se muito brilhantes, e crê-se atualmente que existe uma grande quantidade de gelo no estrato imediatamente inferior à superfície. 2004 (21 de junho) – A nave SpaceShipOne realiza com êxito o primeiro voo privado ao espaço. Mike Melvill, de 62 anos, é o primeiro astronauta a bordo de um veículo não-patrocinado com recursos públicos a alcançar os confins da atmosfera (atinge a altura de 100 km). A missão é um projeto da empresa Scaled Composites, dirigida pelo projetista de aeronáutica Burt Rutan e patrocinada pelo multimilionário Paul Allen, co-fundador da Microsoft. 2004 (1º de julho) – A Cassini é inserida com sucesso na órbita de Saturno, numa manobra que dura 96 minutos. É a primeira sonda a orbitar aquele mundo. 2004 (2 de julho) – Primeira passagem da Cassini por Titã, a uma distância de 339.000 km. Fotografias mostram nuvens consideradas como compostas de metano e características interessantes da superfície. 2004 (3 de agosto) – É lançada a sonda norte-americana Messenger, destinada a realizar o primeiro estudo integral de Mercúrio (A Mariner 10, trinta anos antes, havia efetuado um levantamento parcial). A sonda transporta sete instrumentos científicos e seu objetivo é coletar informação acerca da composição e estrutura da crosta de Mercúrio, da sua história geológica, da natureza de sua atmosfera e seus campos magnéticos, de seu núcleo e de seus polos. MESSENGER é um acrônimo para"MErcury Surface, Space ENvironment, GEochemistry and Ranging" ("Superfície, Ambiente Espacial, Geoquímica e Amplitude de Órbita de Mercúrio"). Depois de sobrevoar o planeta três vezes (14 de janeiro e 6 de outubro de 2008, 29 de setembro de 2009), a sonda será inserida na órbita mercuriana, para uma missão de um ano, em 18 de março de 2011. 2004 (16 de agosto) – A Nasa divulga a provável descoberta de Polideuces e Dafne, dois pequenos satélites de Saturno, elevando para 35 o número de luas conhecidas daquele planeta. A existência desses corpos celestes é confirmada, respectivamente, em 24 de outubro de 2004 e 6 de maio de 2005. Polideuces – Diâmetro: 3,5 km; período orbital: 2,737 dias; distância média ao planeta: 377.396 km; massa: entre 10 bilhões e 50 bilhões de toneladas; densidade: desconhecida. Dafne – Diâmetro: 9 x 9 x 6 km; período orbital: 0,594 dia; distância média ao planeta: 273.010 km; massa: 84 bilhões de toneladas; densidade: 0,34g/cm3. 2004 (8 de setembro) – A sonda Gênesis aterrissa violentamente, devido a uma falha no mecanismo de abertura do seu paraquedas. A queda acaba contaminando muitas de suas amostras, mas processos laboratoriais subsequentes são capazes de isolar e recuperar algumas delas. 2004 (26 de outubro) – Segunda passagem da Cassini por Titã. 2004 (11 de novembro) – A ESA divulga imagens detalhadas da superfície de Fobos, feitas com a câmera estereofônica de alta resolução da Mars Express, as quais mostram várias crateras, que em alguns casos possuem materiais escuros perto do solo, em outros têm pó residual e em outros, um dos materiais mais escuros do Sistema Solar. 2004 (15 de novembro) - A sonda Smart 1 entra em órbita lunar. 2004 (20 de novembro) – É lançado o observatório orbital norte-americano Swift, cujo objetivo é estudar as explosões de raios gama, que constituem o fenômeno mais luminoso conhecido do Universo e podem liberar em poucos minutos energia equivalente à emitida pelo Sol em bilhões de anos. O nome do observatório (Swift significa "rápido", em inglês) é uma referência à velocidade necessária para detectar e estudar essas explosões, que são de curta duração (de poucos segundos a algumas horas). 2004 (25 de dezembro) – A sonda Huygens se desprende da Cassini e inicia seu deslocamento até Titã. 2005 (janeiro) – O robô Opportunity encontra, em Marte, o “Heat Shield Rock”, o primeiro meteorito descoberto em outro planeta e o terceiro fora da Terra (dois outros haviam sido encontrados na Lua. Do tamanho de uma bola de basquete e composto de ferro e níquel, o objeto recebe da Meteoritical Society, em outubro, o nome oficial de Meridiani Planum. 2005 (5 de janeiro) – Mike Brown, Chad Trujillo e David Rabinowitz descobrem o objeto 2003 UB313, provisoriamente denominado de "Xena" (hoje Éris), planeta anão que orbita além de Plutão. Ele já havia sido registrado, de forma automática, no dia 21 de outubro de 2003, vindo daí o nome que recebeu, de acordo com os critérios estabelecidos pela UAI. Suas dimensões (mais de 2.500 km) fazem desse objeto candidato a ser considerado o décimo planeta do Sistema Solar e, concomitantemente, acirram a polêmica em torno de Plutão, reabrindo a discussão sobre se esse corpo celeste deve ou não continuar sendo considerado um planeta. Éris – Diâmetro estimado: 2.600 km; período orbital: 203.600 dias (557 anos); distância média ao Sol: 10,123 bilhões de km (varia entre 5,650 e 14,595 bilhões de km. 2005 (10 de janeiro) – Um grupo internacional de astrônomos divulga a descoberta das três maiores estrelas já observadas, todas com diâmetro superior a 1,6 bilhão de km. São elas: KW Sagitarii (a 9,8 mil anos luz de distância), V354 Cephei (a 9 mil anos luz) e KY Cygni (5,2 mil anos luz). 2005 (12 de janeiro) – É lançada a sonda norte-americana Deep Impact (ou Impacto Profundo) com destino ao cometa Tempel 1, Descoberto em 3 de abril de 1867 pelo astrônomo alemão Ernst Wilhelm Leberecht Tempel (1821-1889, que circula entre as órbitas de Marte e de Júpiter. O objetivo da missão é lançar um impactador contra o cometa, observar a explosão e dela analisar os componentes químicos e físicos internos do astro. 2005 (14 de janeiro) – A sonda Huygens pousa com sucesso em Titã, depois de ter atravessado a atmosfera do satélite de Saturno. Logo depois do pouso, envia as primeiras fotos de Titã à Cassini, que as retransmite à Terra. Este é o primeiro pouso de uma astronave num satélite natural que não seja a Lua. 2005 (21 de janeiro) – Imagens da Huygens revelam que em Titã há chuva de metano líquido tão frequente que é capaz de modelar a superfície do satélite com canais e lagos. 2005 (28 de janeiro) – Uma equipe de astrônomos coordenada por Jean-Loup Bertaux, do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS – França), Publica na revista Science Um artigo afirmando que A presença de moléculas de óxido nítrico demonstra que existe luz na noite marciana, segundo registros de instrumentos da sonda europeia Mars-Express. 2005 (fevereiro) – É anunciada a descoberta, pela Mars Express, de evidências de um mar congelado logo abaixo da superfície de Marte, ao norte do equador do planeta, com uma extensão de 900 km. 2005 (2 de março) – A sonda Smart 1 inicia suas observações científicas da Lua. 2005 (4 de março) - A sonda Rosetta sobrevoa a Terra pela primeira vez, a uma altitude de 1.954,7 km. Os campos magnéticos terrestre e lunar são usados para testar e calibrar os instrumentos. 2005 (16 de março) – A Nasa divulga a descoberta de uma atmosfera em Encélado, que se torna a segunda lua de Saturno (depois de Titã) a ter uma atmosfera conhecida. 2005 (abril) – A Mars Global Surveyor obtém, pela primeira vez, imagens de outras sondas em órbita do mesmo planeta, fotografando a Mars Express e mais tarde a Mars Odyssey. 2005 (abril) – A Nasa anuncia que, apesar dos problemas ocorridos na aterrissagem, alguns dos objetivos científicos da missão Genesis são atingidos. 2005 (abril) – Astrônomos britânicos calculam que a "Grande Escuridão" – período de escuridão total que se seguiu à explosão cósmica primordial – terminou depois de 200 a 500 milhões de anos, quando as primeiras estrelas nasceram de nuvens comprimidas de hidrogênio. 2005 (16 de abril) – A Cassini detecta, na atmosfera superior de Titã, hidrocarbonetos complexos, elementos básicos na formação da vida, contendo até sete átomos, bem como hidrocarbonetos em que há nitrogênio. 2005 (4 de maio) – Astrônomos trabalhando no Observatório de Mauna Kea anunciam a descoberta de doze pequenos satélites de Saturno. Oito deles têm nomes definitivos: Bebion, Bergelmir, Hati, Farbaute, Aegir, Fenrir, Bestla e Fornjot. Com isso, passam a ser 47 as luas conhecidas do planeta. 2005 (junho) – Imagens obtidas pelo telescópio Hubble permitem a descoberta de mais dois satélites de Plutão, posteriormente batizados de Nix e Hydra. Esses nomes são escolhidos, em parte, por corresponderem às iniciais da sonda New Horizons, lançada em janeiro de 2006 para Plutão. Nix é a deusa grega da escuridão, e Hydra é a serpente de nove cabeças que guarda o inferno. Nix – Diâmetro: entre 46 e 137 km; período orbital: 24,856 dias; distância média ao planeta: 48.708 km; massa: desconhecida; densidade: desconhecida. Hydra – Diâmetro: entre 60 e 168 km; período orbital: 38,206 dias; distância média ao planeta: 64.709 km; massa: desconhecida; densidade: desconhecida. 2005 (4 de julho) – O impactador da Deep Impact é lançado contra o cometa Tempel 1, colidindo com ele à velocidade de 37.000 km/h. A 700 km de distância, a sonda registra o choque e envia as imagens para a Terra. Instrumentos a bordo da Rosetta também fazem observações do impacto. 2005 (26 de julho) – Dados da Cassini confirmam que há chuva em Titã, composta de metano líquido e, em menores proporções, de nitrogênio. 2005 (9 de agosto) – O ônibus espacial Discovery (STS-114) aterrissa com sucesso na Califórnia (e não na Flórida, como previsto), em meio a tensão e incertezas. Primeira missão de um ônibus espacial depois (907 dias) da explosão do Columbia, em fevereiro de 2003, o Discovery tem problemas desde o lançamento, ocorrido de Cabo Canaveral a 26 de julho, devido a fragmentos de espuma isolante desprendidos da superfície do depósito de combustível externo que alimenta os foguetes propulsores na partida da nave. A tripulação é composta por Eileen Collins – Comandante -, James Kelly - Piloto -, Soichi Noguchi, Stephen Robinson, Andrew Thomas, Wendy Lawrence e Charles Camarda. Apesar do êxito da missão, os voos tripulados da NASA continuam suspensos, até ser encontrada uma solução para o problema da espuma isolante. 2005 (12 de agosto) – Pesquisadores norte-americanos liderados por Mark Thiemens publicam na revista Science um estudo afirmando que O Sol já brilhava há mais de 4,5 bilhões de anos, quando a poeira e o gás ainda não tinham formado os planetas do Sistema Solar. Para eles, trata-se da primeira evidência conclusiva de que o chamado proto-Sol afetou o desenvolvimento do Sistema Solar ao emitir energia ultravioleta suficiente para catalisar a formação de compostos orgânicos, água e outros elementos necessários à evolução da vida na Terra. 2005 (12 de agosto) – É lançada a sonda norte-americana Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), que inclui entre seus objetivos determinar os melhores locais de pouso para futuras missões a Marte e coletar dados geológicos e meteorológicos sobre o planeta. A nave carrega instrumentos para analisar a atmosfera, a superfície e o subsolo, a fim de conhecer a forma como Marte foi mudando ao longo do tempo. Entre os instrumentos estão a câmera telescópica de maior diâmetro já enviada para estudar um planeta, um espectrômetro, projetado para identificar minerais relacionados à água em áreas do tamanho de um campo de futebol, e um radar fornecido pela Agência Espacial Italiana que penetra no solo e permite a detecção de camadas de rocha, gelo e, se houver, água. 2005 (10 de setembro) – É descoberto um satélite de 2003 UB313 (Éris), provisoriamente designado de S/2005 (2003 UB313) 1, tendo recebido a a alcunha de Gabrielle, a companheira de Xena na série televisiva Xena, A Princesa Guerreira. Mais tarde (setembro de 2006), o astro recebe o nome oficial de Disnomia. Diâmetro: entre 50 e 150 km; período orbital: 15,774 dias: distância média de Éris: 37.370 km. 2005 (19 de setembro) – A Nasa anuncia sua intenção de colocar outra vez astronautas na Lua, estando a primeira viagem tripulada desse novo programa prevista para 2018. 2005 (19 de setembro) – Uma colônia de vermes da seda mandada ao espaço pela Agência Espacial da China retorna à Terra após uma viagem de 18 dias. Os animais são enviados para que sejam estudados os processos de transformação da crisálida em verme e a consequente produção de seda. 2005 (12 de outubro) – Segunda missão tripulada da China ao espaço. Os taikonautas Fei Junlong e Nie Haisheng, a bordo da Shenzhou 6, permanecem 115,32h em órbita e retornam à Terra no dia 17. 2005 (9 de novembro) – É lançada a Venus Express, primeira sonda europeia com destino a Vênus, cuja missão principal é estudar o efeito estufa existente naquele planeta. A nave transporta sete instrumentos científicos, entre os quais um espectroscópio de plasma para analisar a atmosfera. 2005 (20 de novembro) – A sonda Hayabusa chega ao asteroide 25143 Itokawa, pousa, permanece por cerca de trinta minutos e estuda a sua morfologia, rotação, topografia, cor, composição, densidade e história. 2005 (26 de novembro) – A sonda Hayabusa consegue recolher duas amostras do solo do asteroide Itokawa, as quais devem ser enviadas à Terra dentro de pequenas cápsulas incorporadas à nave especialmente para esse fim. 2006 (15 de janeiro) – A sonda Stardust libera na atmosfera terrestre uma cápsula (que pousa no deserto de Utah) contendo milhares de grãos de poeira e de partículas, capturados em janeiro de 2004 e provenientes do cometa Wild 2. É a primeira vez que amostras originárias de um corpo celeste que não seja a Lua são trazidas para a Terra. As amostras da Stardust incluem também poeira e partículas interestelares, fato sem precedentes na história da astronomia. 2006 (19 de janeiro) – É lançada a sonda norte-americana New Horizons, com a finalidade principal de caracterizar globalmente a geologia e a morfologia de Plutão e de Caronte, além de mapear as suas superfícies. Objetivos secundários são estudar a atmosfera neutra de Plutão e a sua taxa de fuga; estudar as variações da superfície e da atmosfera de Plutão e de Caronte ao longo do tempo; obter imagens de alta definição em estéreo de determinadas áreas de Plutão e de Caronte, para caracterizar a sua atmosfera superior, a ionosfera; estudar a composição das partículas energéticas do meio ambiente e a sua interação com o vento solar; procurar pela existência de alguma atmosfera em torno de Caronte; caracterizar a ação das partículas energéticas entre Plutão e Caronte; procurar por satélites ainda não descobertos (além de estudar os já conhecidos) e por possíveis anéis que envolvam Plutão e Caronte. A New Horizons carrega sete instrumentos científicos principais, bem como uma pequena quantidade de cinzas de Clyde Tombaugh. A sonda sobrevoará Plutão e Caronte em 14 de julho de 2015. 2006 (3 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Science afirma que o cometa Tempel 1, alvo da sonda Deep Impact em julho de 2005, tem três trechos de gelo em sua superfície. Pela primeira vez, gelo é localizado no núcleo de um cometa. 2006 (21 de fevereiro) – É lançado o satélite japonês Astro-F, desenvolvido em colaboração com a ESA e posteriormente renomeado como "Akari (luz), com o objetivo de fazer um levantamento do céu no infravermelho. 2006 (9 de março) – Cientistas da Nasa afirmam ter encontrado evidências da presença de água líquida em Encélado, satélite de Saturno, vinda do interior e aflorando à superfície em forma de jatos. 2006 (10 de março) – A sonda Mars Reconnaissance Orbiter entra com sucesso numa órbita elíptica em torno de Marte. 2006 (13 de março) – A Nasa divulga resultados preliminares das análises do material proveniente do cometa Wild 2 trazido à Terra pela Stardust. São encontrados vestígios de temperaturas extremas, tanto baixas quanto elevadas. Os cometas revelam-se mais complexos do que se pensava, não estando sua composição limitada a gelo, poeira e gás. Há no Wild 2 elementos cuja formação requer altas temperaturas: cálcio, alumínio, titânio e peridoto (rocha natural comum na areia de algumas praias, com elevada concentração de ferro e de magnésio). 2006 (29 de março) – É lançada a Soyuz TMA-8, às 23h31min18s (horário de Brasília), que leva ao espaço o primeiro astronauta brasileiro, o tenente-coronel da Força Aérea e engenheiro aeronáutico Marcos César Pontes, de 43 anos. Participam também da missão o astronauta norte-americano Jeffrey Williams e o cosmonauta russo Pável Vinográdov. O retorno à Terra ocorre em 8 de abril. 2006 (7 de abril) – São liberadas as primeiras imagens em cores de Marte obtidas pela Mars Reconnaissance Orbiter. As fotos mostram crateras, falésias e dunas formadas pelo vento no hemisfério sul de Marte. Segundo os cientistas da NASA, a diversidade dos acidentes geográficos mostra a importância que a água, o vento e impactos de meteoros tiveram em moldar a superfície do planeta. 2006 (7 de abril) - A New Horizons cruza a órbita de Marte. 2006 (11 de abril) – A Venus Express entra com sucesso na órbita venusiana. No dia seguinte, o espectrômetro Virtis capta as primeiras imagens do polo sul do planeta. A 7 de maio, tendo completado 16 voltas em torno de Vênus, a sonda atinge sua órbita operacional definitiva. 2006 (11 de abril) – É lançado nos EUA um telescópio construído especialmente para capturar possíveis sinais de luz transmitidos à Terra por extraterrestres. Financiado pela Planetary Society, o equipamento é o primeiro a ser desenvolvido apenas para vasculhar o céu à procura de luz emitida por alienígenas. 2006 (30 de abril) – O sistema de radar da Cassini detecta a região de Xanadu, em Titã, descoberta em 1994 pelo telescópio Hubble, e constata que ela tem características geológicas parecidas com as da Terra. No extremo oeste, há dunas escuras que se transformam em um terreno cortado pelo que parecem ser redes fluviais, colinas e vales. Esses canais fluem em direção a áreas mais escuras, que talvez sejam lagos. 2006 (início de maio) - A New Horizons entra no cinturão de asteroides. 2006 (5 de maio) – Um estudo publicado na revista Science afirma que em Titã existem dunas semelhantes às dos desertos da Terra, com até 150m de altura e centenas de km de extensão, não tendo sido possível, ainda, determinar de que material são compostas. 2006 (13 de junho) - A New Horizons passa a 101.867 km do asteroide 132524 APL e o fotografa. Diâmetro: 2,3 km. 2006 (26 de junho) – Astrônomos utilizando o telescópio Subaru anunciam a descoberta de nove satélites de Saturno, cujo número passa para 56. Cinco deles têm nomes definitivos: Skoll, Hyrokkin, Surtur, Cari e Loge. 2006 (22 de julho) – A Mars Express fotografa a formação rochosa da região marciana de Cydonia, onde está localizado o famoso "rosto de Marte". As fotografias mostram uma pequena elevação que sofreu erosão, ficando com um aspecto que lembra um rosto humano. Contudo, a hipótese de se tratar de um rosto artificialmente esculpido perde por completo o sentido. 2006 (15 de agosto) – A Voyager 1 chega a 100 unidades astronômicas (14,96 bilhões de km) do Sol. 2006 (22 de agosto) – Uma resolução da UAI subdivide os então chamados planetas menores em planetas anões e corpos pequenos do Sistema Solar (SMall Solar System Bodies, SSSB, em inglês). Pela resolução, corpos pequenos do Sistema Solar são todos os astros que giram em torno do Sol e que não são planetas, planetas anões ou satélites. Portanto, pertencem a esta categoria asteroides, centauros, troianos, objetos transnetunianos e cometas. Não está claro o status dos meteoroides, (menores corpos macroscópicos em órbita solar) nem dos elementos microscópicos que orbitam o Sol, como poeira interplanetária, partículas do vento solar e partículas de hidrogênio livre. A expressão planetas menores pode continuar sendo usada, mas deve-se dar preferência à nova nomenclatura. 2006 (23 de agosto) – A Nasa anuncia ser Orion o nome da série de veículos de exploração tripulados projetados para substituir os ônibus espaciais e para transportar astronautas em futuras missões à Lua. 2006 (24 de agosto) – A 26ª assembleia da UAI, reunida em Praga, na República Tcheca, aprova pela primeira vez na história da astronomia uma definição para planeta. Segundo essa definição, planeta é um corpo celeste que está na órbita de uma estrela, sem ser ele mesmo uma estrela, que tem massa suficiente para que sua própria gravidade o molde numa forma praticamente esférica e que tenha limpado os arredores de sua órbita. Com isso, Plutão deixa de ser considerado um planeta, passando a ser incluído na categoria de objetos criada na mesma assembleia e denominada de planetas anões. Ceres, até então considerado asteroide, e 2003 UB313 (“Xena”, mais tarde Éris) também passam a ser classificados como planetas anões. 2006 (30 de agosto) – A revista Nature publica quatro artigos nos quais astrônomos afirmam ter acompanhado, pela primeira vez na história, a evolução de uma supernova em todas as suas etapas. A explosão da supernova, batizada de "SN2006aj" e localizada na constelação de Áries, a cerca de 440 milhões de anosluz da Terra, tem início a 18 de fevereiro de 2006. 2006 (setembro) – A sonda Cassini revela a ocorrência, nos polos de Titã, de chuva ou nevascas de etano, substância que na Terra é um componente do gás natural. 2006 (1º de setembro) – A revista Science publica os primeiros dados obtidos pelo impactador da sonda Deep Impact que, a 4 de julho de 2005, atingiu o cometa Tempel 1. Os dados revelam que o cometa está envolvido por poeira, como uma fina camada de neve fresca. De forma inesperada, o Tempel 1 dá sinais de ter tido uma atividade geológica no passado, o que prova que o cometa não é, como havia proposto Fred Whipple em 1950, uma massa de neve suja. 2006 (3 de setembro) – A sonda Smart 1 é levada a chocar-se intencionalmente contra o polo sul da Lua. A poeira resultante do impacto deve fornecer informações acerca dos elementos químicos presentes no satélite. 2006 (9 de setembro) – O satélite chinês Shijian 8 é lançado ao espaço carregando 215 kg de sementes e fungos, que são expostos a nove tipos de radiações cósmicas e à microgravidade. O satélite retorna à Terra no dia 24, e o Ministério da Agricultura da China pretende utilizar os dados obtidos para desenvolver novos cultivos. 2006 (11 de setembro) – O ônibus espacial Atlantis, lançado no dia 9, acopla-se à ISS. Os seis astronautas a bordo retomam a construção da ISS, interrompida desde a explosão do Columbia, em fevereiro de 2003. O retorno ocorre em 21 de setembro. 2006 (12 de setembro) – A Mars Reconnaissance Orbiter entra em órbita circular em torno de Marte, o que lhe permite iniciar seus estudos do planeta. 2006 (13 de setembro) – O Centro de Planetas Menores, organização oficial que coleta dados sobre asteroides e cometas, passa a considerar o planeta anão Plutão como sendo o asteroide 134340. Os satélites de Plutão, Caronte, Nix e Hydra, são considerados parte do mesmo sistema, mas não ganham números próprios: apenas passam a ser identificados como 134340 I, II e III, respectivamente. 2006 (14 de setembro) – A UAI anuncia que o planeta anão 2003 UB313, conhecido popularmente como "Xena", passa a se chamar oficialmente Éris, nome da deusa grega da discórdia e do conflito. Sua lua, apelidada "Gabrielle", passa a ter a denominação oficial de Disnomia, o demônio do caos e da anarquia, que na mitologia é filha de Éris. Éris recebe esse nome porque a sua descoberta lança a discórdia entre os astrônomos quanto à definição de um planeta e causa, indiretamente, a descida de estatuto de Plutão de "planeta" para "planeta-anão". 2006 (14 de setembro) – Astrônomos do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica afirmam ter descoberto um planeta gigante, batizado como HAT-P-1, que é cerca de 30% maior que Júpiter, mas cuja massa corresponde à metade da do maior planeta do Sistema Solar. Gaspar Bakos, um dos cientistas envolvidos na descoberta, diz ter o planeta cerca de 25% da densidade da água, o que faz dele um objeto mais leve do que uma bola de cortiça gigante. A estrela em torno da qual ele gira está localizada a 450 anos-luz da Terra. 2006 (18 de setembro) – A empresária de telecomunicações Anousheh Ansari, de 40 anos, nascida no Irã e naturalizada norte-americana, torna-se a primeira mulher a viajar ao espaço na condição de turista. Ela parte para a ISS na Soyuz TMA-9, ao lado do norte-americano Michael Lopez-Alegria e do russo Mikhail Tyurin, para uma viagem de 11 dias. Ela volta à Terra em 29 de setembro. 2006 (20 de setembro) – A Nasa anuncia a descoberta, feita pela Cassini, de um anel em Saturno. As câmeras da sonda também revelam imagens de material gelado proveniente da lua Encélado. 2006 (22 de setembro) – É lançada a sonda japonesa Hinode (“nascer do sol”), anteriormente denominada Solar-B, cujo objetivo é estudar, a partir de uma órbita terrestre, as enormes explosões que ocorrem na atmosfera do Sol, conhecidas como "chamas solares". Em apenas alguns minutos, essas explosões liberam energia equivalente a milhões de bombas de hidrogênio. A missão pretende obter informações sobre o campo magnético existente na atmosfera solar e entender o mecanismo de ignição das explosões. 2006 (27 de setembro) – Uma equipe de médicos franceses, composta de três cirurgiões e dois anestesistas, chefiada por Domenique Martin, realiza, a bordo de um Airbus A300 G-Zero especialmente adaptado, a primeira cirurgia da história em condições de ausência total de gravidade feita num ser humano. O paciente, Philippe Sanchot, um voluntário de 46 anos anestesiado em terra, tem um cisto sebáceo removido do antebraço. O objetivo da experiência é desenvolver tecnologias que permitam realizar cirurgias em astronautas no espaço, em missões futuras. 2006 (3 de outubro) – Os astrofísicos norte-americanos John C. Mather e George F. Smoot são os ganhadores do Prêmio Nobel de Física por suas pesquisas sobre a radiação de fundo das microondas cósmicas e a origem do Universo. 2006 (3 de outubro) – O cientista russo Oleg Korablev, do Instituto de Pesquisa Espacial da Rússia, estabelece a idade de Marte como sendo de 4,65 bilhões de anos. 2006 (5 de outubro) – Cientistas da NASA e da Itália determinam, com o auxílio do telescópio espacial Swift, que as partículas emitidas em forma de jatos pelos buracos negros (descobertas na década de 1970) são compostas de próttons e de elétrons. 2006 (6 de outubro) – São apresentadas imagens da cratera Victoria, em Marte, feitas pelo robô Opportunity. Essas fotografias representam uma das mais ricas fontes de informação geológica sobre o planeta, por conta das camadas de rocha aparentes na encosta da cratera. 2006 (8 de outubro) – Um pequeno meteorito cai sobre uma casa de campo em Troidorf, norte da Alemanha, causando um incêndio que deixa um idoso de 77 anos ferido no rosto e nas mãos. 2006 (11 de outubro) – Mais dois anéis de Saturno, descobertos pela Cassini, são anunciados pela Nasa. 2006 (19 de outubro) – A revista britânica Nature publica um estudo, realizado por astrônomos norte-americanos, contestando a existência de grandes quantidades de gelo no polo sul da Lua, conforme havia sido deduzido a partir de dados coletados pela sonda Clementine. 2006 (25 de outubro) – A Nasa lança a missão Stereo (Solar Terrestrial Relations Observatories), formada por duas sondas, quase idênticas, cujo objetivo é estudar as radiações produzidas pelas tempestades solares (mais especificamente, a origem, a evolução e as consequências das explosões que ocorrem na coroa). Como as sondas estão programadas para operar em órbitas opostas, pela primeira vez as medidas do Sol e dos ventos solares são tomadas em três dimensões. 2006 (final de outubro) - A New Horizons deixa o cinturão de asteroides. 2006 (5 de novembro) – A Nasa perde contato com a Mars Global Surveyor, dois dias antes do décimo aniversário do lançamento da sonda. Em órbita marciana desde setembro de 1997, a sonda é dada como perdida no dia 21 de setembro. 2006 (9 de novembro) – Um grupo de cientistas, na maioria espanhóis, publica um trabalho na revista Science, no qual sustenta que as estrelas mais evoluídas da Via Láctea são altamente ricas em rubídio, o que confirma uma teoria de 40 anos sobre a existência desses astros, que têm massa de quatro a oito vezes maior que a do Sol. Segundo esse estudo, tais estrelas teriam "contaminado" a nebulosa da qual surgiu o Sistema Solar, o que poderia ajudar a compreender a evolução química da galáxia. 2006 (22 de novembro) – O presidente mexicano Vicente Fox inaugura o Grande Telescópio Milimétrico, GTM (ou LMT, Large Milimeter Telescope, na sigla em inglês), construído a uma altitude de 4.580m, no pico do vulcão inativo Sierra Negra, no Estado de Puebla, centro do México. Sua antena, de 50m – a maior do mundo –, é o resultado de um esforço conjunto do Instituto Nacional de Astrofísica, Óptica e Eletrônica do México (INAOE) e da Universidade de Massachusetts, dos EUA. Fabricado com projeto alemão, o GTM é concebido para ser o radiotelescópio mais preciso do seu tipo quando entrar em plena atividade, a partir de 2008, estando programado para estudar a composição de cometas, as atmosferas dos planetas além do nosso Sistema Solar e as origens do Universo, indo desde a formação das primeiras estrelas e galáxias à radiação cósmica de microondas. 2006 (27 de novembro) – Uma equipe internacional de astrônomos anuncia, em Paris, ter conseguido medir, pela primeira vez, o campo magnético de uma estrela ao redor da qual gravita um dos cerca de 200 exoplanetas conhecidos. Situada a 50 anos-luz da Terra, a estrela Tau Bootis tem um campo magnético de alguns gauss (unidade de medida de indução magnética), apenas um pouco maior que o do sol, apesar de ter uma massa uma vez e meia superior. 2006 (28 de novembro) - São liberadas as primeiras imagens de Plutão feitas pela New Horizons. Devido à grande distância, são pouco nítidas. 2006 (29 de novembro) – São divulgadas as primeiras imagens da superfície de Marte obtidas pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter, cuja missão científica teve início em 7 de novembro. As imagens mostram dunas intermináveis, algumas das quais cruzadas por fendas que possivelmente se formaram durante o processo de descongelamento do dióxido de carbono e da água pelo efeito dos raios solares. Também mostram crateras de impacto, incluindo o "Endurance", percurso feito no início de 2006 pela sonda Opportunity. 2006 (dezembro) – Imagens captadas pelo satélite norte-americano Galex (Galaxy Evolution Explorer) permitem a um grupo internacional de astrônomos assistir, pela primeira vez, "ao vivo" a todas as etapas da agonia de uma estrela sugada por um buraco negro gigante, localizado a 4 bilhões de anos-luz da Terra. 2006 (4 de dezembro) – A Nasa anuncia que a Mars Reconnaissance Orbiter fotografou três sondas na superfície de Marte: a Spirit e as duas Vikings. 2006 (4 de dezembro) – A Nasa anuncia que projeta construir, com cooperação internacional, uma base ocupada de maneira permanente na Lua, provavelmente em um dos polos do satélite. 2006 (6 de dezembro) – A Nasa anuncia a descoberta de evidências de que existe água líquida em Marte na atualidade. Comparações entre imagens feitas pela Mars Global Surveyor ao longo dos últimos anos demonstram a ocorrência de mudanças morfológicas na superfície marciana nesse período, as quais podem ter sido causadas por água fluindo por encostas de crateras. Essa hipótese será contestada em fevereiro de 2008. 2006 (15 de dezembro) – A revista Science publica uma série de artigos, assinados por 183 astrônomos de diversos países, nos quais são colocadas em dúvida as teorias atualmente aceitas acerca da origem do Sistema Solar. As amostras de poeira obtidas durante a passagem da sonda Stardust pelo cometa Wild 2 e trazidas de volta à Terra demonstram, contrariamente ao que se pensava, a existência nos cometas de minerais característicos das regiões internas do Sistema Solar, indicando que, durante o processo de sua formação, deve ter ocorrido interação entre os materiais das regiões interna e externa, o que não está de acordo com as hipóteses formuladas até agora. 2006 (27 de dezembro) – É lançada de Baikonur, no Casaquistão, a missão espacial Corot, desenvolvida sob a liderança da Agência Espacial Francesa (CNES) e envolvendo a participação de mais cinco países (Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil e Espanha) e da ESA. Os objetivos da missão são procurar planetas fora do Sistema Solar (exoplanetas) e fazer a sismologia estelar (estudo da estrutura das estrelas e de sua evolução). Com esse fim, o Corot está programado para medir variações na intensidade da luz desses corpos celestes com uma precisão jamais alcançada que, aliada a longos períodos de medição em cada região do céu, deve levar à detecção, pela primeira vez na história, de outros planetas do tamanho da Terra e capazes de abrigar vida superior. O acrônimo CoRot vem da fusão das palavras "COnveccão, ROtação e Trânsitos". Mas também é homônimo de Jean-Baptiste Camille Corot (1796-1875), pintor parisiense que foi um dos grandes nomes da transição entre o classicismo e o impressionismo nas artes plásticas, um nome adequado para uma missão que pretende pintar um novo quadro na astronomia moderna. 2007 (4 de janeiro) – Cientistas europeus e norte-americanos confirmam, num artigo publicado pela revista britânica Nature e com base em imagens obtidas em 22 de julho de 2006 pela sonda Cassini, a existência de lagos de metano no hemisfério norte de Titã. 2007 (8 de janeiro) – Uma equipe liderada por S. George Djorgovski, do Observatório W.M. Keck, no Havaí, anuncia a descoberta do primeiro quasar triplo. 2007 (10 de janeiro) – Astrônomos norte-americanos divulgam estudo segundo o qual Andrômeda (M31), a maior galáxia do Grupo Local, é cinco vezes maior do que se imaginava, tendo um diâmetro de, pelo menos, um milhão de anos-luz. 2007 (18 de janeiro) – O cometa McNaught, descoberto em 7 de agosto de 2006, na Austrália, por Robert McNaught, após passar pelo periélio em 12 de janeiro, atinge sua luminosidade máxima (magnitude –6) e pode ser visto a olho nu no hemisfério sul. Trata-se do cometa mais brilhante em 41 anos, superado pelo Ikeya-Seki, visível durante o dia em 1965. 2007 (22 de janeiro) – A Índia torna-se o quarto país do mundo (depois de EUA, Rússia e China) a trazer de volta, com sucesso, uma cápsula enviada ao espaço. O satélite, lançado no dia 10 de janeiro, é dirigido, ao reentrar na atmosfera, para a Baía de Bengala, atingindo-a a 36 km/h. 2007 (fevereiro) – O espectrômetro de mapeamento visual e infravermelho a bordo da Cassini obtém imagens de uma nuvem com cerca de 2.400 km de diâmetro sobre o polo norte de Titã. É possível que essa formação esteja diretamente relacionada aos lagos descobertos em janeiro na superfície do satélite. 2007 (3 de fevereiro) – A sonda Ulysses faz uma passagem inesperada por dentro da cauda do cometa McNaught, a 250 milhões de km do núcleo. 2007 (6 de fevereiro) – A sonda Opportunity completa 10 km percorridos sobre o solo de Marte. 2007 (17 de fevereiro) – A Nasa lança os cinco satélites que compõem a missão Themis, cujo objetivo é investigar as auroras boreais. Themis (“Time History of Events and Macroscale Interactions during Substorms”) é a sigla em inglês para "Histórico de Eventos e Interações a Macroescala durante as Subtempestades", mas também o nome da deusa grega da Justiça. 2007 (25 de fevereiro) - A sonda Rosetta chega a 250 km de Marte, estuda o campo magnético do planeta, faz diversas imagens e utiliza a gravidade marciana para modificar sua rota. 2007 (28 de fevereiro) – A New Horizons passa por Júpiter e obtém impulso gravitacional, aumentando sua velocidade de 70.000 para 84.000 km/h. A aproximação máxima é de 2,3 milhões de km, e a sonda aproveita para fazer uma série de imagens do planeta, bem como de suas principais luas. Nesta aproximação, a sonda observa relâmpagos nos polos jovianos, O ciclo de vida das nuvens de amoníaco, aglomerados de rochas viajando através dos fracos anéis que rodeiam o planeta, a estrutura dentro das erupções vulcânicas em Io e a passagem de partículas carregadas, nunca estudadas antes, ao longo da cauda magnética de Júpiter. 2007 (26 de março) – Horst Bredekamp e William R. Shea apresentam em Pádua, Itália, cinco páginas contendo desenhos da Lua feitos por Galileu Galilei, recentemente descobertos e originalmente incluídos numa edição do "Sidereus Nuncius", obra publicada em Veneza, em 1610. 2007 (abril) – São divulgados resultados de observações feitas pelo Akari, destacando-se o estudo da evolução do material do meio interestelar através do ciclo de vida das estrelas, a primeira detecção no infravermelho de um remanescente de supernova na Pequena Nuvem de Magalhães, a confirmação de uma taxa elevada de perda de massa em estrelas gigantes vermelhas jovens, o estudo do material à volta de um buraco negro no centro do núcleo ativo de uma galáxia distante e uma visão da formação de galáxias ao longo da história do Universo. 2007 (10 de abril) – O astrônomo norte-americano Travis Barman anuncia a detecção, pela primeira vez na história, de vestígios de água na atmosfera de um planeta extrassolar, o HD209458b, a cerca de 150 anos-luz da Terra. 2007 (12 de abril) – Um boletim da Nasa comunica a primeira observação, feita pelo Chandra, do eclipse de um grande buraco negro por uma nuvem de gás incandescente. O fenômeno, ocorrido na galáxia NGC 1365, a cerca de 60 milhões de anos-luz da Terra, permite aos astrônomos estudar com maior profundidade os buracos negros super-massivos. 2007 (13 de abril) – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Jan Kleyna e Brian G. Marsden descobrem Tarqeq, 57º satélite conhecido de Saturno. Diâmetro: 7 km; período orbital: 894,86 dias; distãncia média ao planeta: 17,9 milhões de km; massa: desconhecida; densidade: desconhecida. 2007 (23 de abril) – Liberadas as primeiras imagens tridimencionais do Sol, obtidas pelas sondas Stereo. 2007 (24 de abril) – Cientistas suíços, franceses e portugueses, liderados por Stephen Udry, do Observatório de Genebra, divulgam a descoberta do primeiro planeta extrassolar com temperaturas similares às da Terra e capacidade de armazenar água, potencialmente habitável, localizado na constelação de Libra e girando em torno da anã vermelha Gliese 581, a 20,3 anos-luz da Terra. Com 1,5 raio terrestre de diâmetro e massa 5 vezes maior que a da Terra, é o menor exoplaneta descoberto até o momento (recorde quebrado em abril de 2009) e completa uma órbita ao redor de sua estrela em treze dias, tendo recebido o nome de Gliese 581 C. 2007 (1º de maio) – São anunciadas mais duas luas de Saturno, cujo número sobe para 59 As denominações provisórias são S/2007 S 1 e S/2007 S 2.. 2007 (2 de maio) – Cientistas norte-americanos anunciam a descoberta do exoplaneta mais maciço já encontrado, o HAT-P-2b. Distante 440 anos-luz da Terra, o astro é ligeiramente maior que Júpiter, mas tem massa cerca de oito vezes superior à joviana. 2007 (3 de maio) – É anunciada a detecção, feita pelo Spirit, de traços de uma erupção vulcânica nas proximidades da planície Home Plate, em Marte. Segundo a Nasa, é a primeira vez que se identifica naquele planeta, com alto grau de certeza, um depósito de sedimentos provenientes de uma explosão vulcânica. 2007 (3 de maio) – O CNES anuncia a descoberta do primeiro exoplaneta feita pelo Corot. Batizado de CoRoT-Exo-1b, o astro está a mais de 1.500 anos-luz da Terra e orbita uma anã semelhante ao Sol. De temperatura elevada, tem diâmetro entre 200.000 e 250.000 km e massa 1,3 vez superior à de Júpiter. 2007 (7 de maio) – Uma equipe de cientistas liderada pelo norte-americano Nathan Smith informa que 2006gy, descoberta em setembro de 2006 e localizada na galáxia NGC 1260, na constelação de Perseu, a 240 milhões de anos-luz da Terra, é a mais poderosa e brilhante supernova já observada. 2007 (9 de maio) – O JPL informa que, com base em dados fornecidos pelo Spitzer, astrônomos norte-americanos conseguem estabelecer, de forma inédita, o clima reinante em dois exoplanetas: o HD189733b, localizado a 60 anos-luz da Terra, atingido por fortes ventos (9.600 km/h), e o HF149026b, distante 279 anos-luz, o mais quente já encontrado (mais de 2.000°C). 2007 (30 de maio) – Imagens da sonda Cassini permitem a descoberta do sexagésimo satélite de Saturno, chamado informalmente de “Frank”. A notícia é divulgada pela Nasa em 19 de julho. 2007 (5 de junho) – Em sua viagem para Mercúrio, a sonda Messenger sobrevoa Vênus, aproveitando a ocasião para testar instrumentos e efetuar medições das nuvens do planeta. 2007 (7 de junho) – A Messenger e a Venus Express, trabalhando em conjunto, obtêm fotografias com detalhes do relevo e da atmosfera de Vênus jamais vistos anteriormente. 2007 (14 de junho) – Uma equipe de astrônomos norte-americanos, liderada por Mike Brown, anuncia que Éris tem massa 27% superior à de Plutão. Isso faz de Éris o maior objeto encontrado no Sistema Solar desde a descoberta de Netuno, em 1846. 2007 (16 de junho) – A norte-americana Sunita Williams torna-se a mulher com mais tempo de permanência contínua no espaço. Ao iniciar a volta para a Terra a bordo do Atlantis, três dias depois, completa 191 dias na ISS. 2007 (11 de julho) – Um estudo publicado na revista Nature afirma que uma equipe internacional de astrônomos, utilizando imagens do Spitzer, detecta, pela primeira vez, água (na forma de vapor, em grandes quantidades) na atmosfera de um exoplaneta, o HD 189733b, localizado na constelação da Pequena Raposa e distante 63 anos-luz da Terra. 2007 (23 de julho) – Astrônomos norte-americanos anunciam a descoberta de uma gigantesca estrela, com massa 25 vezes superior à do Sol e luminosidade 500.000 vezes maior, rica em oxigênio e em moléculas necessárias para o desenvolvimento de vida como a que conhecemos na Terra. Batizada de VY Canis Majoris, a estrela localiza-se a 5.000 anos-luz de distância, e ao seu redor há carbono, nitrogênio, fósforo e cloreto de sódio. 2007 (2 de agosto) – Astrônomos trabalhando no Observatório Roque de los Muchachos, localizado na ilha de La Palma, calculam o número de estrelas visíveis a olho nu no céu noturno: 8.479. Levando em conta que as estrelas visíveis em cada hemisfério são diferentes, variando também de acordo com a época do ano, um observador situado num ponto específico do planeta pode ver, no máximo, cerca de 2.500 desses astros. 2007 (4 de agosto) – É lançada a sonda norte-americana Phoenix, destinada a pousar no polo norte de Marte. O principal objetivo da missão é procurar por água, supostamente existente naquela região da superfície marciana. A nave possui um braço robótico capaz de escavar até uma profundidade de 50cm, estando programada para extrair amostras do solo e analisá-las a fim de determinar sua composição. A Phoenix carrega um DVD denominado "Visões de Marte", criado pela Sociedade Planetária em Pasadena, Califórnia. Feito de vidro de sílica, para dar durabilidade, o DVD traz os nomes de cerca de 250 mil pessoas de mais de setenta países, bem como exemplos da literatura, arte e música da Terra. 2007 (6 de agosto) – A Nasa anuncia a detecção, feita pelo Spitzer, de uma das maiores colisões cósmicas já registradas. Trata-se da fusão de quatro galáxias de um grupo chamado CL 0958 4702, situado a quase 5 bilhões de anos luz da Terra. O resultado previsto dessa colisão é a formação de uma única galáxia, com massa 10 vezes superior à da Via Láctea. 2007 (7 de agosto) – Uma equipe internacional de astrônomos anuncia a descoberta de TrES-4, o maior exoplaneta já encontrado, com tamanho 70% superior ao de Júpiter. O astro orbita a estrela GSC02620-00648, localizada a 1.435 anos-luz da Terra, na constelação de Hércules. 2007 (15 de agosto) – A Nasa divulga a descoberta, feita pelo Galex, de um longo rastro, de 13 anos-luz de diâmetro, semelhante à cauda de um cometa, deixado pela estrela Mira, da constelação de Cetus. É a primeira vez que se observa um rastro desse tipo vinculado a uma estrela. 2007 (23 de agosto) – Os astrônomos Lawrence Rudnick, Shea Brown e Liliya R. Williams, da Universidade de Minnesota, divulgam estudo no qual afirmam ter encontrado um grande "buraco" no Universo, ou seja, uma região com 1 bilhão de anos-luz de diâmetro, localizada nas proximidades da constelação de Erídano, em que não há qualquer tipo de matéria. Embora as teorias cosmológicas prevejam a existência desses "vazios", todos os modelos elaborados até o momento estabeleciam em 100 milhões de anos-luz o limite de suas dimensões. 2007 (29 de agosto) – A Nasa divulga imagens, feitas pelo Spitzer, que registram o surgimento do sistema estelar NGC 1333-IRAS 4B, localizado na constelação de Perseu e distante 1.000 anos-luz da Terra, onde foi encontrado vapor de água suficiente para encher cinco vezes os oceanos terrestres. Segundo a Agência espacial norte-americana, trata-se da primeira visão direta da forma como a água, elemento crucial na formação de vida, começa a fazer parte dos planetas, inclusive os rochosos como a Terra. 2007 (31 de agosto) – Um grupo de astrônomos norte-americanos liderado por Steven Tomczyk publica na revista Science um artigo no qual informa a detecção, pela primeira vez, de um tipo de onda de plasma na coroa solar que pode atingir temperaturas maiores do que as encontradas na superfície da estrela. Essas ondas, previstas teoricamente pelo físico sueco Hannes Olof Gösta Alfvén (1908-1995) e que levam seu nome, podem explicar, pelo menos parcialmente, a grande diferença de temperatura existente entre a coroa (cerca de 1 milhão de °C) e a superfície do Sol (pouco menos de 6.000°C). Graças a essa previsão teórica, Alfvén recebe o Prêmio Nobel de Física em 1970. 2007 (4 de setembro) – Na data em que a missão da Venus Express completa quinhentos dias, a ESA divulga imagens enviadas pela sonda, as quais permitem concluir que a estrutura da atmosfera venusiana é inconstante e muda com rapidez, de um dia para o outro. Além disso, a meteorologia do planeta é muito variável, e a intensidade das turbulências muda significativamente em curtos períodos. 2007 (14 de setembro) – É lançada a primeira sonda lunar japonesa, denominada Kaguya (ou Selene – Selenological Engineering Explorer, em inglês). O objetivo da missão é recopilar informação sobre a origem e composição da Lua, além de estudar a eventual possibilidade de uma base humana permanente. A nave carrega 14 instrumentos científicos destinados a colher informação sobre a superfície lunar, como composição mineral, estrutura e geografia, além de obter dados sobre o campo gravitacional e os vestígios do campo magnético. Programada para orbitar a Lua a uma altitude de 100 km, a sonda transporta dois pequenos satélites, Relay e VRAD, que têm por finalidade, uma vez separados da nave, observar a superfície lunar de diferentes órbitas elípticas. O nome Kaguya refere-se a uma princesa lunar, personagem de um conto infantil japonês. 2007 (15 de setembro) – Um meteorito cai no povoado de Carancas, na província de Chucuito, cerca de 1.300 km ao sul de Lima, no Peru, abrindo uma cratera de 30m de diâmetro e 6m de profundidade. 2007 (18 de setembro) – O JPL informa a descoberta, feita por um grupo internacional de astrônomos, de que o polo sul de Netuno é a região mais quente do planeta. Devido ao longo período de translação de Netuno (165 anos terrestres), as regiões polares recebem luz solar de modo contínuo durante 82 anos, sendo possível que, dentro de aproximadamente oitenta anos, haja uma inversão térmica, passando o polo norte à condição de zona mais quente. 2007 (21 de setembro) – A Nasa informa a descoberta, feita pela Mars Odyssey, de evidências do que parecem ser sete cavernas, com diâmetros entre 100 e 250m, na encosta do vulcão Arsia Mons, em Marte. Chamadas pelos cientistas de "sete irmãs", essas estruturas constituem as primeiras entradas para regiões interiores de outro corpo celeste encontradas até o momento. 2007 (27 de setembro) – É lançada a sonda norte-americana Dawn (Alvorada), com destino ao asteroide Vesta e ao planeta anão Ceres. O principal objetivo da missão é procurar por indícios acerca da origem do Sistema Solar, bem como comparar os elementos constituintes de Vesta e de Ceres com os formadores dos planetas terrestres. Primeira nave programada para viajar a dois corpos celestes diferentes e orbitá-los, a Dawn usa um novo sistema de propulsão: Em vez de foguetes propulsores que queimam combustíveis químicos, emprega um trio de motores elétricos a energia solar, que ionizam e expelem gás xenônio, o que deixa um rastro azul cintilante e proporciona grande economia de combustível. A Dawn orbitará Vesta de setembro de 2011 a abril de 2012, seguindo então para Ceres, em cuja órbita permanecerá de fevereiro a julho de 2015. 2007 (5 de outubro) – A sonda japonesa Selene entra com sucesso na órbita da Lua. 2007 (10 de outubro) – São inaugurados, no norte da Califórnia, os primeiros 42 (de um total previsto de 350) radiotelescópios do projeto ATA (Allen Telescope Array), cujo objetivo é procurar por vida extraterrestre inteligente. Esse projeto é operado pelo Instituto SETI e pelo laboratório de radioastronomia da Universidade da Califórnia. 2007 (17 de outubro) – Um artigo publicado pela revista Nature informa a descoberta, feita por uma equipe internacional de astrônomos coordenada pelo norte-americano Jerome Orosz, de um buraco negro com 15,7 massas solares, localizado na galáxia do Triângulo (M33), a 3 milhões de anos-luz da Terra. O achado é significativo, pois trata-se do maior buraco negro já observado junto a uma estrela de grande massa e o primeiro conhecido num sistema binário eclipsante. 2007 (18 de outubro) – É desativado, após oito anos de vida útil, o observatório orbital FUSE (Far Ultraviolet Spectroscopic Explorer), lançado em junho de 1999. 2007 (19 de outubro) – A norte-americana Peggy Withson, de 47 anos, torna-se a primeira mulher a assumir o comando da ISS. 2007 (23 e 24 de outubro) – Em apenas 42h, o brilho do cometa 17P/Holmes (descoberto em 6 de novembro de 1892 pelo astrônomo inglês Edwin Holmes – 1842-1919) passa da magnitude 17 para a magnitude 2,8, o que representa um aumento de quase 500.000 vezes. Trata-se do maior aumento de brilho já registrado para um cometa, e os cientistas ainda não têm explicação para o fenômeno. 2007 (24 de outubro) – É lançada a Chang’E 1, primeira sonda lunar da China, que parte da base de Xichang, na província de Sichuan, no sudoeste do país. Os objetivos da missão são analisar a poeira da Lua e a distribuição dos elementos na superfície do satélite, além de tirar fotografias em três dimensões. Este é o primeiro lançamento do programa espacial chinês aberto ao público, sendo presenciado por mais de 2.000 espectadores. Chang’E é, na mitologia chinesa, uma deusa que viajou à Lua e habita nela. 2007 (30 de outubro) – A Nasa divulga a descoberta, feita por uma equipe de astrônomos liderada pela norte-americana Andrea Prestwich, do maior buraco negro já observado, com massa entre 24 e 33 vezes a do Sol, localizado na galáxia IC 10, a cerca de 1,8 milhão de anos-luz da Terra. 2007 (31 de outubro) – Um estudo publicado na revista Nature e dirigido por Antonio Chrysostomou, da Universidade de Hertfordshire (Reino Unido), demonstra que o campo magnético das estrelas que começam a se formar tem uma estrutura helicoidal. 2007 (5 de novembro) – A sonda chinesa Chang’E 1 entra com sucesso na órbita da Lua. 2007 (7 de novembro) – A Nasa anuncia a descoberta de um quinto planeta orbitando a estrela 55 Cancri, o que configura o maior número de planetas extrassolares num único sistema de que se tem notícia. Localizado na constelação de Câncer e distante 41 anos-luz, este planeta tem cerca de 45 vezes amassa da Terra e é o quarto a partir de sua estrela, a qual orbita, à distância de 116,7 milhões de km, em 260 dias. 2007 (8 de novembro) – Um estudo realizado por 370 cientistas de 17 países (entre eles o Brasil) e publicado na revista Science sustenta que os raios cósmicos, partículas com grande concentração de energia e que se deslocam a velocidades próximas à da luz, atingindo a Terra continuamente, são provavelmente originados de buracos negros gigantes situados em galáxias vizinhas à Via Láctea. A origem desses raios é alvo de investigação há décadas, e a compreensão de sua natureza, bem como dos mecanismos que determinam sua aceleração, pode fornecer aos cientistas pistas na busca de explicação para a origem do Universo. 2007 (13 de novembro) - A sonda Rosetta sobrevoa a Terra pela segunda vez. Cinco dias antes, durante a aproximação, é confundida com um asteroide e chega a receber a designação provisória 2007 VN84, cancelada assim que o equívoco é constatado.. 2007 (21 de novembro) – Um estudo coordenado por Patrick Dufour, do departamento de Astronomia da Universidade do Arizona, e publicado na revista Nature, informa a descoberta de várias anãs brancas com atmosfera de carbono, algo nunca antes visto, o que pode implicar a existência de uma nova categoria de estrelas. 2007 (7 de dezembro) – A revista Science publica, numa seção especial, dez artigos contendo os primeiros resultados da missão da sonda japonesa Hinode. Destaca-se a observação das ondas Alfvén, as quais, juntamente com a liberação de energia que ocorre quando as linhas de campos magnéticos se cruzam e se reconectam, fornecem explicação para as elevadas temperaturas da coroa solar relativamente à superfície. Ademais, são observados diversos tipos de jatos de matéria em alta velocidade, provenientes das erupções solares, que estão na origem do vento solar. 2007 (13 de dezembro) – Um estudo realizado por uma equipe internacional de astrônomos liderada por Daniela Carollo, e publicado na revista Nature, conclui que a Via Láctea não é composta por um único halo, mas por dois, que se movimentam em sentidos contrários e têm velocidades, composições e histórias diferentes. 2007 (20 de dezembro) – Acolhendo uma proposição da Itália, a ONU declara 2009 Ano Internacional da Astronomia, em comemoração aos 400 anos do primeiro uso astronômico de um telescópio, por Galileu Galilei. 2008 (3 de janeiro) – De acordo com estudo publicado na revista Nature, uma equipe de astrônomos do Instituto Max Planck de Astronomia, localizado em Heidelberg, Alemanha, observa, pela primeira vez, a formação de um planeta no interior do disco de poeira e de gás que envolve uma estrela jovem. Com massa 10 vezes superior à de Júpiter, o planeta dista 6 milhões de km da sua estrela, TW Hydrae, localizada na constelação de Hidra, ao redor da qual gira em 3,56 dias. Essa descoberta implica a necessidade de revisão das teorias sobre o tempo de formação dos planetas. 2008 (14 de janeiro) – A sonda Messenger sobrevoa Mercúrio pela primeira vez, à distância de 200 km, tornando-se a segunda espaçonave (depois da Mariner 10) a passar por aquele planeta. São feitas as primeiras imagens do hemisfério "oculto" de Mercúrio, ou seja, do lado do planeta não fotografado pela Mariner 10 na década de 1970. As 1.213 imagens obtidas pela Messenger neste primeiro sobrevoo permitem concluir que Mercúrio é menos parecido com a Lua do que se pensava. Entre os acidentes geográficos descobertos, destaca-se uma estrutura batizada de "Aranha", formada por mais de uma centena de saliências com uma cratera de 40 km de diâmetro no núcleo, diferente de qualquer forma de relevo jamais observada em Mercúrio ou Na Lua. As imagens são liberadas pela Nasa em 30 de janeiro. 2008 (4 de fevereiro) – A Nasa transmite ao espaço, como parte das comemorações do seu 50º aniversário, a canção "Across the Universe", dos Beatles, composta por John Lennon (1940-1980) e Paul McCartney. Os sinais, viajando à velocidade da luz, levarão 430 anos para chegar a seu destino, a Estrela Polar. 2008 (11 de fevereiro) – Astronautas a bordo do Atlantis (STS-122) instalam na ISS o laboratório Columbus, primeira base permanente da Europa no espaço. Com isso, a Europa passa a ser membro de pleno direito da ISS, juntamente com EUA e Rússia. A tripulação da missão é constituída por Stephen Frick - Comandante -, Alan Poindexter - Piloto -, Leland Melvin, Rex Walheim, Hans Schlegel, Stanley Love, Léopold Eyharts )que fica na ISS)e Daniel Tani )que volta da ISS). 2008 (13 de fevereiro) – A Nasa informa que observações da Cassini revelam a existência, em Titã, de reservas de hidrocarbonetos superiores a todas as de petróleo e gás natural conhecidas na Terra. Segundo cientistas do Laboratório de Físicas Aplicadas da Universidade de Johns Hopkins, esses hidrocarbonetos caem do céu e formam grandes depósitos em forma de lagos e dunas. A temperatura média em Titã é de –179°C e, em vez de água, sua superfície está coberta por hidrocarbonetos na forma de metano e etano. Além disso, suas dunas contêm um volume de materiais orgânicos centenas de vezes maior que as reservas terrestres de carvão. 2008 (14 de fevereiro) – Astrônomos do Observatório de Arecibo, em Porto Rico, anunciam que o asteroide 2001 SN263 (descoberto em 2001) é, na verdade, um sistema triplo, o mais próximo da Terra já encontrado, distante 11 milhões de km. 2008 (15 de fevereiro) – Uma equipe de 70 cientistas de 11 países, liderada por Scott Gaudi, da Universidade do Estado de Ohio, publica na revista Science a descoberta de um sistema planetário que, em escala reduzida, é semelhante ao nosso. Trata-se de dois planetas parecidos com Júpiter e Saturno, orbitando uma estrela distante cerca de 5.000 anos-luz. Esta é a primeira vez que um planeta com massa similar à de Júpiter é detectado junto com planetas adicionais. 2008 (19 de fevereiro) – A Mars Reconnaissance Orbiter detecta, pela primeira vez, avalanches de pó e gelo no polo norte de Marte. A informação é divulgada pela Nasa em 3 de março. 2008 (21 de fevereiro) – A revista norte-americana Astronomy and Astrophysics publica a informação de que uma equipe internacional composta por 19 astrônomos detecta, graças às imagens do telescópio CFHT (Canadá-FrançaHavaí), a maior estrutura de matéria escura já observada no Universo, com pelo menos 270 milhões de anos-luz, superando amplamente o recorde anterior, de aproximadamente 100 milhões de anos-luz. 2008 (29 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Geology e liderado por Jon Pelletier, da Universidade do Arizona, afirma não estar correta a tese, surgida em 2006 a partir de imagens feitas pela Mars Global Surveyor, de que Marte poderia ter tido água líquida em sua superfície nos últimos dez anos. De acordo com o estudo, novas imagens e simulações computadorizadas indicam fortemente que um deslizamento de areia e cascalho é a explicação mais provável para os depósitos brilhantes em valas, considerados ultimamente como provas da existência de água nesses lugares. 2008 (7 de março) – A revista Science publica fotografias, tiradas em 2005 pela Cassini, nas quais aparece um disco de escombros em torno de Reia, satélite de Saturno, podendo tratar-se de anéis. Se essa hipótese for confirmada, Reia é a primeira lua do Sistema Solar em torno da qual anéis são descobertos. 2008 (9 de março) – A ESA lança o Júlio Verne, primeiro cargueiro espacial europeu, cuja tarefa é abastecer a ISS com alimentos, combustível e outras cargas. Trata-se de um veículo automatizado e descartável: está concebido para, após permanecer por seis meses acoplado à ISS, ser enviado de volta com lixo e carga já inútil para a Estação, queimando em sua reentrada na atmosfera. A acoplagem ocorre em 4 de abril. 2008 (12 de março) – A Cassini passa a 52 km de Encélado, o sobrevoo mais próximo de um satélite já realizado, com o objetivo de estudar os jatos de gás e gelo que saem do polo Sul do astro. 2008 (20 de março) – Um estudo liderado por Mark Swain e publicado na revista Nature anuncia a detecção, feita pelo telescópio Hubble, da primeira molécula orgânica (de metano) na atmosfera de um exoplaneta, o HD189733b, distante 63 anos-luz e situado na constelação da Pequena Raposa. 2008 (15 de abril) – A Nasa anuncia a prorrogação, por mais dois anos, da missão da sonda Cassini, originalmente programada para terminar em 30 de junho de 2008. 2008 (16 de abril) – Peggy Whitson, comandante da ISS, marca um novo recorde de permanência acumulada no espaço para um astronauta americano, com 374 dias. O recorde anterior pertencia a Michael Foale. O retorno à Terra ocorre no dia 19 de abril. 2008 (maio) - A ESA anuncia a descoberta, feita pelo Corot, de um objeto celeste ainda não classificado, que parece ser algo entre uma anã marrom e um planeta. Denominado COROT-Exo-3b, o astro é ligeiramente menor que Júpiter e tem 20 vezes a massa daquele planeta, o que resulta em uma densidade duas vezes superior à da platina. Leva quatro dias e seis horas para orbitar sua estrela, a qual é um pouco maior do que o Sol. Cientistas acreditam que podem ter encontrado, com a detecção do COROT-exo-3b, o elo que faltava entre estrelas e planetas. 2008 (21 de maio) – Um estudo publicado na revista Nature informa que cientistas da Universidade de Princeton liderados por Alicia Soderberg, utilizando o telescópio Swift, captam, pela primeira vez, o momento exato do nascimento de uma supernova, localizada a 90 milhões de anos-luz da Terra, na constelação de Lince. 2008 (25 de maio) – A sonda Phoenix torna-se a primeira a pousar numa região próxima ao polo norte de Marte, após uma viagem de aproximadamente 680 milhões de km. As primeiras 50 imagens são transmitidas duas horas depois do pouso, revelando uma região inexplorada do planeta. 2008 (3 de junho) – Os astronautas Mike Fossum e Ronald Garan, a bordo do Discovery (STS-124), dão início à instalação do o laboratório japonês Kibo (Esperança), o maior da ISS, com 11m de comprimento, 14,5t de peso, duas janelas, um braço robótico e seu próprio compartimento de pressurização. O Kibo conta com 23 plataformas para pesquisas sobre medicina espacial, biologia, observações da Terra, produção de materiais, biotecnologia e comunicações. Os tripulantes da missão são Mark Kelly - Comandante -, Kenneth Ham - Piloto -, Karen Nyberg, Ronald Garan Jr., Michael Fossum, Akihiko Hoshide, Gregory Chamitoff )que fica na ISS) e Garrett Reisman (que volta da ISS). A instalação é concluída pela STS-127, em julho de 2009. 2008 (3 de junho) – Robert Benjamin, astrônomo da Universidade de Wisconsin, afirma em entrevista à imprensa que a Via Láctea tem apenas dois braços espirais, e não quatro, como se pensava. Segundo ele, dados fornecidos pelo Spitzer confirmam a existência de Norma e de Sagitário, ao passo que Scutum-Centauro e Perseu são reclassificados como braços menores ou ramificações. Essa teoria será contestada no início de 2009. 2008 (5 de junho) – Astrônomos britânicos e franceses, coordenados por Carl Murray, publicam na revista Nature um artigo afirmando que colisões em grande escala ocorrem quase que diariamente no anel F de Saturno, fenômeno sem paralelo em todo o Sistema Solar. Ademais, são encontradas evidências de pequenas luas no núcleo do anel. 2008 (8 de junho) - A New Horizons cruza a órbita de Saturno. A órbita de Urano será alcançada em 18 de março de 2011, e a de Netuno, em 1º de agosto de 2014. 2008 (11 de junho) – É lançado pela Nasa o telescópio Glast (do inglês "GammaRay Large Area Space Telescope", ou "grande telescópio espacial de raios gama"), cujo objetivo é buscar indícios que expliquem os mecanismos de aceleração nos pulsares, os vestígios de supernovas e os núcleos ativos das galáxias. O Glast é o sucessor do Observatório de Raios Gama Compton, lançado em 1991 e desativado em 2000. Posteriormente (26 de agosto), este telescópio é renomeado para Fermi, em homenagem ao italiano Enrico Fermi (1901-1954), pioneiro no estudo da física de alta energia. 2008 (11 de junho) – A UAI anuncia a decisão, tomada por seu Comitê Executivo reunido em Oslo (Noruega) de adotar o nome plutoide para os astros com características semelhantes às de Plutão. Pela definição adotada, plutoides são corpos celestes que orbitam o Sol além de Netuno, têm forma esférica e não varreram objetos menores de suas órbitas. Plutoides são, portanto, planetas anões transnetunianos. Plutão e Éris se encaixam nesta categoria, não acontecendo o mesmo com Ceres. 2008 (20 de junho) – A Nasa anuncia a descoberta de gelo em Marte, feita pela Phoenix. 2008 (24 de junho) – Marcelo Magnasco, chefe do Laboratório de Física Matemática da Universidade Rockefeller, e Constantino Baikouzis, do Observatório Astronômico de La Plata, na Argentina, publicam no site da revista Proceedings of the National Academy of Sciences um estudo estabelecendo em 16 de abril de 1178 a.C. o eclipse total do Sol descrito por Homero na Odisseia ("O Sol pereceu do céu e tudo foi envolvido por uma aura demoníaca"), visto por Ulisses no momento em que chega de volta à ilha de Ítaca, após vinte anos de ausência. 2008 (26 de junho) – Três artigos publicados na Nature anunciam terem sido encontradas evidências de que a grande planície lisa que cobre 40% da superfície de Marte, localizada no hemisfério norte do planeta, é uma grande cratera, formada por um impacto com a força de 10 bilhões de bombas de hidrogênio. Trata-se da maior cratera do Sistema Solar, uma elipse com 10.500 km de comprimento e 8.500 km de largura (maior do que Ásia, Europa e Oceania juntas), formada a partir da colisão de um objeto com diâmetro estimado de 2.000 km. 2008 (julho) – Pequenas quantidades de água são encontradas dentro de rochas lunares de origem vulcânica trazidas pela Apollo 15. 2008 (1º de julho) – É divulgada a informação de que o SOHO (Solar and Heliospheric Observatory) atinge uma marca histórica, com a descoberta de seu cometa de número 1.500, o que representa quase a metade dos 3.300 cometas observados até a presente data. 2008 (3 de julho) – Cientistas norte-americanos da Universidade de Michigan publicam na revista Science um estudo no qual afirmam ter determinado, graças a dados enviados pela Messenger, a composição da atmosfera e da superfície de Mercúrio através da medição das partículas carregadas em seu campo magnético. Segundo os autores do estudo, essa atmosfera contém silicatos, sódio, enxofre e até vapor de água. Acredita-se que o vapor de água tenha sido formado a partir de hidrogênio proveniente do vento solar e de oxigênio oriundo dos minerais da crosta mercuriana. Ainda em julho, é revelada a existência de uma série de vulcões inativos em Mercúrio. 2008 (3 de julho) – Cientistas liderados por René Breton, da Universidade McGill, de Montreal, no Canadá, publicam na revista Science um estudo que confirma, mediante a observação de um pulsar binário distante da Terra 1.700 anos-luz, a existência do efeito cósmico denominado precessão, previsto por Albert Einstein na Teoria da Relatividade Geral, segundo o qual, em um sistema de dois objetos de massas Muito grandes, como esses pulsares observados, a força gravitacional de um, além de seu movimento de rotação, modifica o eixo de rotação do outro. 2008 (3 de julho) – A partir de dados enviados pela Voyager 2, cientistas liderados por Linghua Wang, da Universidade da Califórnia, publicam na revista Nature um artigo em que afirmam não ser a forma do Sistema Solar arredondada, como se pensava, mas sim assimétrica, pois é amassado pelo campo magnético interestelar. A heliosfera, bolha formada pelo vento solar e que se estende além de Plutão, é empurrada de volta em direção ao Sol pelo campo magnético interestelar, o que faz com que se deforme. 2008 (15 de julho) – Makemake torna-se oficialmente o quarto planeta anão do Sistema Solar (depois de Ceres, Plutão e Éris). Descoberto em 31 de março de 2005 e conhecido como 2005 FY9 ou "Coelhinho da Páscoa", esse objeto localiza-se no cinturão de Kuiper e não possui satélites conhecidos. Makemake é o nome do criador mítico da humanidade segundo os rapanui, nativos da ilha de Páscoa. Diâmetro estimado: entre 1.300 e 1.900 km; período orbital: 113.183 dias (309,88 anos); distância média ao Sol: 6,850 bilhões de km (varia entre 5,760 e 7,940 bilhões de km. 2008 (24 de julho) – A Nasa informa ter desvendado, graças a dados fornecidos pela missão Themis, o mecanismo pelo qual se formam as auroras polares (boreais e austrais). Segundo os cientistas da Agência, explosões de energia magnética, que ocorrem a um terço da distância Terra-Lua, são responsáveis por esses fenômenos luminosos, de cores vivas, com predominância do verde, e que se produzem nas regiões próximas aos polos. Um processo de "reconexão" entre as cordas magnéticas gigantes que unem a Terra ao Sol e que armazenam a energia dos ventos solares provoca essas tempestades de luzes polares. "A reconexão magnética permite liberar a energia armazenada nessas cordas, dispersando partículas eletrificadas para a atmosfera terrestre". 2008 (30 de julho) – Cientistas da Nasa confirmam a existência de etano líquido num dos lagos de Titã descobertos pela Cassini. Isso faz de Titã o primeiro corpo do Sistema Solar, excluída a Terra, em que é encontrado líquido na superfície. 2008 (31 de julho) – A Nasa divulga a comprovação da existência de água em Marte, obtida em testes de laboratório realizados pela sonda Phoenix. 2008 (11 de agosto) – O telescópio Hubble completa 100 mil órbitas em torno da Terra. 2008 (11 de agosto) – A sonda Cassini localiza pontos dos quais surgem jatos de gelo na superfície da lua Encélado de Saturno. Os gêiseres emanam de fendas com 300m de profundidade, e em suas encostas há grandes depósitos de um material fino e blocos de gelo que podem ser de vários metros, até do tamanho de uma casa. 2008 (25 de agosto) A ESA anuncia a descoberta, feita pelo observatório astronômico europeu XMM-Newton, do maior grupo de galáxias jamais visto, uma descoberta que pode confirmar a existência da energia negra, supostamente responsável pela aceleração da expansão do Universo. O grupo, batizado de 2XMM J083026+524133, tem massa mil vezes superior à da Via Láctea e localiza-se a 7,7 bilhões de anos-luz da Terra. 2008 (27 de agosto) – Um estudo liderado por Louis Strigari, da Universidade da Califórnia, e publicado na revista Nature, afirma que a massa mínima de uma galáxia equivale a 10 milhões de massas solares. 2008 (5 de setembro) - A sonda Rosetta sobrevoa o asteroide 2867 Steins, descoberto em 4 de novembro de 1969 por Nikolai Chernyk (1931-2004), à distância de 800 km. As imagens transmitidas mostram que o astro, com diâmetro de 2 x 5 km, é de cor cinza e tem conjuntos de até sete crateras. 2008 (10 de setembro) – Entra em funcionamento, para testes, o Grande Colisor de Hádrons (LHC – Large Hadron Collider, na sigla em inglês), o maior acelerador de partículas do mundo, localizado no CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire), na cidade suíça de Meyrin, na fronteira com a França. Com forma circular e perímetro de 27 km, o LHC é o mais poderoso e complexo instrumento científico já construído e tem como objetivo recriar, mediante colisões induzidas de partículas, as condições que existiam no Universo imediatamente após o Big Bang. Espera-se confirmar a existência do bóson de Higgs, única partícula elementar do modelo padrão atualmente aceito pela Física ainda não observada, mas que representa a chave para explicar a origem da massa das demais partículas elementares, prevista (1964) pelo físico teórico britânico Peter Higgs. 2008 (15 de setembro) - Cientistas da Universidade de Toronto anunciam ter fotografado, pela primeira vez, utilizando o telescópio Gemini Norte, um planeta orbitando uma estrela semelhante ao Sol, denominada 1RXS J160929.1-210524 e localizada a 500 anos-luz da Terra. O planeta tem massa oito vezes superior à de Júpiter e está tão distante da estrela (cerca de 50 bilhões de km) que ainda é necessário determinar se ambos os objetos pertencem, efetivamente, ao mesmo sistema. 2008 (18 de setembro) – Haumea, membro do cinturão de Kuiper conhecido como 2003 EL61, torna-se oficialmente o quinto planeta anão do Sistema Solar. Descoberto em dezembro de 2004, o astro tem dois satélites, Hi’iaka e Namaka, e seu nome é uma homenagem à deusa havaiana do nascimento e da fertilidade. Haumea – Diâmetro estimado: 1.960 x 1.518 x 996 km; período orbital: 104.234 dias (285,4 anos); distância média ao Sol: 6,484 bilhões de km (varia entre 5,260 e 7,708 bilhões de km. Hi’iaka – Diâmetro: 310 km; período orbital: 49,12 dias; distância média a Haumea: 49.500 km. Namaka – Diâmetro estimado: 170 km; período orbital: 18 dias: distância média estimada a Haumea: 39.300 km. 2008 (25 de setembro) – É lançada a Shenzhou 7, terceira missão tripulada da China e a primeira com três astronautas a bordo: Zhai Zhigang (comandante), Liu Boming e Jing Haipeng, todos com 42 anos e membros do Partido Comunista. 2008 (27 de setembro) – Zhai Zhigang torna-se o primeiro chinês a realizar uma caminhada espacial. O passeio dura aproximadamente 15 minutos, e a China é o terceiro país (depois de URSS e EUA) a realizar uma atividade extraveicular no espaço. 2008 (28 de setembro) – A Shenzhou 7 pousa na região autônoma da Mongólia Interior, no norte da China, após passar 68h em órbita. 2008 (29 de setembro) – A Nasa divulga a detecção, pela Phoenix, de neve nas nuvens marcianas, a cerca de 4 km de altitude. Entretanto, os flocos evaporam antes de chegar à superfície. 2008 (29 de setembro) - O cargueiro espacial Júlio Verne reingressa na atmosfera terrestre e se desintegra, conforme previsto. O processo de desintegração é completado a 75 km de altitude, e destroços do cargueiro caem no oceano Pacífico. O êxito do Júlio Verne marca o início de uma nova etapa no transporte de carga entre a Terra e a ISS. 2008 (6 de outubro) - A Messenger sobrevoa Mercúrio pela segunda vez, passa a 201 km do equador e fotografa regiões ainda inexploradas do planeta. 2008 (7 de outubro) - Um pequeno asteroide de forma alongada, denominado 2008 TC3, com diâmetro de 2m x 5m e massa estimada de 80t, passa pela alta atmosfera da Terra, acima do Sudão, desintegra-se e provoca uma bola de fogo visível no norte da África. Segundo a NASA, é a primeira vez que um fenômeno assim é previsto e observado. 2008 (15 de outubro) - Em artigo publicado no site científico NewScientist.com, cientistas britânicos e pesquisadores do Instituto Astrofísico das Canárias anunciam a descoberta do planeta mais quente já encontrado. Denominado WASP12b, o astro apresenta temperatura de 2.250°C, quase a metade da temperatura solar, além de ter o período de translação mais curto já identificado: leva um dia para girar em torno de sua estrela. 2008 (19 de outubro) - É lançada a sonda norte-americana Ibex ("Interstellar Boundary Explorer", ou "Explorador da Fronteira Interestelar"), cujo objetivo é realizar, a partir de uma órbita terrestre e durante dois anos, a primeira cartografia dos confins do Sistema Solar, onde começa, a mais de uma dezena de bilhões de km da Terra, o espaço interestelar. Trata-se de uma zona de turbulências e campos magnéticos mesclados, onde as partículas dos ventos solares quentes se chocam com as partículas interestelares de outras estrelas da Via Láctea. 2008 (21 de outubro) - Apesar de estar temporariamente parado devido a uma pane (ocorrida em 19 de setembro), o LHC é oficialmente inaugurado. 2008 (22 de outubro) - É lançada a Chandrayaan 1, primeira missão lunar da Índia, com duração prevista de dois anos. Entre os objetivos da sonda estão: examinar a distribuição mineral e química do satélite natural da Terra e criar um atlas dimensional da superfície; procurar por gelo nos dois polos da Lua; detectar hélio3, bastante raro na Terra e que poderia ser usado como combustível para alimentar reatores de fusão nuclear; mapear a abundância de elementos na crosta lunar para ajudar a responder a questões importantes sobre a origem e a evolução do satélite. Há onze instrumentos a bordo, entre os quais uma sonda de 30 quilos, programada para chegar ao solo e examinar a superfície e a atmosfera lunares. Chandrayaan significa "nave lunar" em sânscrito. 2008 (24 de outubro) - Um grupo internacional de cientistas liderados por Eric Michel publica na Science importantes observações feitas a partir de dados fornecidos pelo Corot. Pela primeira vez são detectados, em estrelas fora do Sistema Solar, fenômenos de oscilação e granulação semelhantes aos que ocorrem no Sol. As oscilações (sismos), produzidas pelo movimento do plasma que constitui o interior estelar, geram e propagam ondas ressonantes, que provocam alterações periódicas de diversas propriedades que caracterizam a estrela e refletem o que se passa além da superfície.. As granulações são reflexos dos movimentos convectivos no interior do plasma, que também fornecem pistas sobre a natureza do campo magnético da estrela e sobre o comportamento de seu interior. A fotosfera solar apresenta grânulos brilhantes rodeados por contornos mais escuros, com cerca de 700 km de diâmetro. As estrelas estudadas pelo Corot são HD49933, HD181420 e HD181906. 2008 (7 de novembro) – Cientistas japoneses, liderados por Makiko Ohtake, publicam na revista Science um artigo no qual sustentam ser a atividade vulcânica na Lua bem mais recente do que se pensava. Baseados em imagens da sonda Selene, eles afirmam haver evidência de vulcões lunares ativos entre 1,5 e 2 milhões de anos atrás, enquanto os modelos selenológicos tradicionais situam o fim de qualquer atividade vulcânica no satélite da Terra há 3 bilhões de anos. 2008 (8 de novembro) – A Chandrayaan 1 é inserida com sucesso na órbita da Lua, a uma altitude aproximada de 100 km. 2008 (10 de novembro) - A NASA dá por encerrada a missão da Phoenix, após oito dias sem comunicação com a nave. 2008 (13 de novembro) - É revelada a informação de que o americano Paul Kalas, da Universidade de Berkeley, Califórnia, consegue captar, com uma câmera do telescópio Hubble, as primeiras (duas) fotografias ópticas de um exoplaneta, denominado Fomalhaut B. Com massa entre 5% e três vezes a de Júpiter, o exoplaneta orbita, à distância de aproximadamente 17 bilhões de km e num período de 821 anos, a estrela Fomalhaut, situada na constelação de Peixe Austral e distante da Terra 25 anos-luz. 2008 (13 de novembro) – Uma equipe internacional de astrônomos, liderada por Christian Marois, do Instituto Herzberg de Astrofísica do Conselho Nacional de Pesquisas do Canadá, anuncia as primeiras imagens diretas (em infravermelho) de um sistema múltiplo de exoplanetas. Trata-se de três planetas orbitando a estrela HR 8799, distante 130 anos-luz e localizada na constelação de Pégaso. 2008 (14 de novembro) - Uma pequena sonda se desprende da Chandrayaan 1 e é propositadamente levada a se chocar contra o polo sul da Lua. A sonda filma a própria descida e envia imagens para a Terra. A Índia é o quarto país (depois de URSS, EUA e Japão) a ter uma nave tocando o solo lunar. 2008 (16 de novembro) - O Endeavour, lançado no dia 14, acopla-se à ISS para dar início a reformas destinadas a permitir, a partir de 2009, que a tripulação do complexo passe de três para seis astronautas. O ônibus espacial transporta mais dois dormitórios, novas instalações para exercícios físicos, a primeira geladeira da estação, um segundo banheiro e um aparelho para reciclar urina e transformá-la em água para consumo geral, inclusive para beber. O aparelho tem capacidade de reciclar 6,8t de água potável por ano. O retorno ocorre em 30 de novembro. 2008 (24 de novembro) – A NASA anuncia o início da preparação da missão Juno, destinada a estudar Júpiter. O lançamento deverá ocorrer em agosto de 2011, e a chegada ao planeta, em 2016. 2008 (dezembro) – A NASA testa com sucesso a primeira rede de comunicação espacial baseada na tecnologia da Internet. Por meio de um sistema chamado de Rede Tolerante a Interrupções (DTN, na sigla em inglês), cientistas conseguem receber imagens da sonda Epóxi (situada a 33 milhões de km da Terra) e enviar arquivos de volta. É o início da Internet interplanetária. 2008 (2 de dezembro - É divulgada a informação de que uma equipe liderada por Giovanna Tinetti, da University College London, no Reino Unido, descobre, pela primeira vez, dióxido de carbono na atmosfera de um exoplaneta, o HD 189733b, em cuja atmosfera já havia sido descoberto (2007) vapor de água em grande quantidade. 2008 (18 de dezembro) – Cientistas liderados por Violette Impellizzeri, do Instituto Max Planck de Radioastronomia, publicam na revista Nature um artigo relatando a descoberta, feita com o auxílio do radiotelescópio Effelsberg, localizado na Alemanha, de água no quasar MG J0414+0534, distante 11,1 bilhões de anos-luz da Terra. Isso significa que já existia água mais de 6 bilhões de anos antes do surgimento do Sistema Solar e 2,6 bilhões de anos depois do Big Bang. 2008 (27 de dezembro) – A China anuncia o início da construção de um dos maiores radiotelescópios do mundo, denominado Fast (sigla em inglês para Telescópio Esférico de 500m de Abertura). A inauguração está prevista para 2013, e espera-se que o instrumento seja capaz de captar entre 7.000 e 10.000 pulsares (os maiores radiotelescópios atuais captam 1.700 dessas estrelas). 2008 (30 de dezembro) – A NASA divulga um relatório (quatrocentas páginas) afirmando que os sete tripulantes do Comumbia souberam que iriam morrer quarenta segundos antes de o ônibus espacial explodir, em fevereiro de 2003. 2009 – Ano Internacional da Astronomia. 2009 (5 de janeiro) - Elizabeth Humphreys, do Centro Smithsonian-Harvard para Astrofísica, anuncia, durante uma reunião da Sociedade Astronômica dos EUA, a descoberta de três proto-estrelas a poucos anos-luz do buraco negro existente no centro da Via Láctea, algo até então considerado impossível em virtude da enorme força gravitacional predominante naquela região, a qual deveria, de acordo com o modelo galáctico atualmente aceito, desagregar as moléculas envolvidas na formação estelar. Segundo a cientista, estas descobertas indicam que o gás molecular no centro da Galáxia deve ser mais denso do que o calculado até agora. 2009 (5 de janeiro) – Uma equipe de pesquisadores do Observatório Nacional de Rádio e Astronomia dos EUA e do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian apresenta na Sociedade Americana de Astronomia um estudo no qual afirma que a Via Láctea tem 50% mais massa do que se pensava e que gira em órbita a 965.600 km/h, quase 161.000 km mais rápido que o valor tido como correto até então. Consequentemente, por ser mais veloz e pesada, a Galáxia tem maior força gravitacional, sendo também maiores as possibilidades de ocorrer a colisão prevista com Andrômeda, além do risco de choque com galáxias menores. A equipe sugere ainda que a Via Láctea tem quatro braços em espiral, e não dois, conforme estabelecido em junho de 2008 por Robert Benjamin. 2009 (15 e 16 de janeiro) – Ocorre em Paris, na sede da UNESCO, a cerimônia de abertura do Ano Internacional da Astronomia, com a presença de aproximadamente novecentos convidados (cientistas e autoridades) de mais de cem países. No Brasil, a cerimônia acontece dia 20, no Planetário do Rio de Janeiro. 2009 (29 de janeiro) – Uma equipe de cientistas liderada por Gregory Laughlin, da Universidade da Califórnia, emsSanta Cruz, publica na revista Nature a primeira observação de mudança climática num planeta fora do Sistema Solar. O HD 80606b, localizado na constelação da Ursa Maior e distante 190 anos-luz, tem massa quatro vezes superior à de Júpiter e gira em torno de sua estrela em 111 dias. Quando atinge o periastro (ponto de maior aproximação da estrela), a temperatura passa, em apenas 6h, de 525°c para 1.225°C, provocando ondas de choque na superfície possíveis de ser detectadas pelos astrônomos. 2009 (3 de fevereiro) – O Irã coloca em órbita o seu primeiro satélite de fabricação própria, denominado Omid (esperança). O evento marca o aniversário da Revolução Islâmica de 1979. 2009 (3 de fevereiro) – A ESA anuncia a descoberta do menor planeta rochoso já encontrado fora do Sistema Solar. O astro, denominado Corot-Exo-7b, tem diâmetro pouco superior a 21.000 km (1,7 Terra) e orbita, em 20h e à distância média de 2,5 milhões de km, uma estrela semelhante ao Sol, localizada na constelação do Unicórnio e distante 390 anos-luz. A temperatura superficial é de 1.000 a 1.500°C. 2009 (10 de fevereiro) – Nove instituições científicas (seis norte-americanas, duas australianas e uma sul-coreana) assinam um acordo para a construção e a operação do Telescópio Gigante Magalhães (GMT, na sigla em inglês), que terá espelho principal de 24,5m (o maior atual, o Gran Telescopio Canarias, tem espelho de 10,4m), será localizado em Las Campanas, nos Andes Chilenos, e poderá fazer observações em luz visível e infravermelho. A inauguração está prevista para 2019. 2009 (11 de fevereiro) – Um satélite da companhia norte-americana Iridium e um satélite militar russo desativado colidem, no primeiro acidente do gênero da era espacial. O choque ocorre 780 km acima da Sibéria e gera centenas de destroços, a maior parte dos quais deve ser queimada pela atmosfera. 2009 (13 de fevereiro) – Uma equipe internacional de pesquisadores, liderada pelo japonês Hiroshi Araki, do Observatório astronômico nacional do Japão, publica na revista Science o mapa lunar mais detalhado já elaborado até hoje, com precisão de 15 km, obtido com o altímetro a laser a bordo da sonda Selene, o primeiro que vai do polo norte ao polo sul do satélite, englobando tanto a face visível quanto o lado o culto da Lua. O ponto mais alto fica a 11.000m de altitude, na bacia de Dririchlet- Jackson, perto do equador, enquanto o ponto mais baixo fica no fundo da cratera Antoniadi, perto do polo sul, a uma profundidade de 9 km. O mapa também revela que a Lua tem pouca água e mostra crateras jamais detectadas nos polos. 2009 (15 de fevereiro) – Ocorre, no Vaticano, uma missa em homenagem a Galileu Galilei, celebrada pelo arcebispo Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura. Com isso, a Santa Sé torna pública a aceitação do legado do cientista dentro da doutrina católica. 2009 (17 de fevereiro) – A sonda Dawn sobrevoa Marte para assistência gravitacional, à distância mínima de 549 km, e fotografa uma região do noroeste do planeta com 55 km de diâmetro, na qual podem ser vstas formações rochosas repletas de crateras e cercadas de névoa. 2009 (17 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Science revela a detecção, feita em 16 de setembro de 2008 pelo telescópio Fermi, da mais poderosa explosão de raios gama jamais observada, com potência equivalente à de 9 mil supernovas explodindo simultaneamente, batizada de GRB 080916C, localizada na constelação de Carina e ocorrida a 12,2 bilhões de anos-luz da Terra. 2009 (março) – Dom Gianfranco Ravasi apresenta o livro Galileu e o Vaticano, que oferece, segundo suas palavras, “um julgamento objetivo por parte dos historiadores” para compreender a relação entre este astrônomo e a Igreja. 2009 (março) – Começa a operar o University of Tokyo Atacama Observatory (TAO) localizado no Cerro Chajnantor, deserto de Atacama, Chile. Situado a uma altitude de 5.640m, é o observatório mais elevado do mundo. 2009 (1º de março) – Termina, dezesseis meses depois da entrada em órbita, a missão da sonda chinesa Chang’e 1, que é intencionalmente levada a se chocar contra a superfície lunar. 2009 (2 de março) – É divulgado um estudo liderado por Emmanuel Lellouch, do Observatório Europeu do Sul, segundo o qual há grandes quantidades de metano na atmosfera de Plutão, fazendo com que esta seja pelo menos 40°C mais quente do que a superfície planetária. Isso significa que, ao contrário do que ocorre na Terra, em Plutão a temperatura sobe com a altitude. 2009 (3 de março) – A astrônoma norte-americana Carolyn Porco anuncia a descoberta do sexagésimo primeiro satélite conhecido de Saturno, localizado no anel G, denominado Aegaeon e com diâmetro estimado de 0,5 km. Orbita o planeta em 0,808 dia, à distância média de 167.500 km. 2009 (4 de março) – Os americanos Todd Boroson e Tod Lauer, do Observatório Nacional de Astronomia dos EUA, divulgam na revista Nature a descoberta de dois buracos negros orbitando um em torno do outro dentro da mesma galáxia, algo que jamais havia sido encontrado. Os buracos negros estão distantes entre si 3 trilhões de km, possuem massa entre vinte e cinquenta vezes superior à do Sol, e o período orbital é de aproximadamente cem anos. 2009 (7 de março) – É lançado o observatório espacial norte-americano Kepler, cujo objetivo principal é procurar por planetas similares à Terra, potencialmente capazes de abrigar vida. Durante a missão, programada para durar três anos e meio, o Kepler deve monitorar mais de 100 mil estrelas das constelações de Lira e do Cisne localizadas entre quinhentos e 3 mil anos-luz da Terra. Inserida numa órbita que segue a terrestre, a sonda jamais apontará na direção em que está o Sol, o que atrapalharia a observação das estrelas. O método de observação é o da transição, ou seja, o estudo da oscilação na luz de uma estrela causada quando um planeta passar entre esta e o Kepler. Depois da detecção, pelo observatório espacial, de planetas semelhantes à Terra localizados na chamada “zona de habitabilidade”, isto é, nem muito próximos nem muito distantes de sua estrela, que não sejam quentes ou frios demais, os telescópios Hubble e Spitzer serão capazes de efetuar observações mais meticulosas desses astros. A missão Kepler é a mais ambiciosa tentativa até o momento de estabelecer, com base em critérios exclusivamente científicos, se existe vida em planetas fora do Sistema Solar. O nome da missão é uma homenagem a Johannes Kepler, astrônomo alemão que, no século XVII, determinou serem elípticas, e não circulares, as órbitas dos planetas. 2009 (15 a 28 de março) – Missão do Discovery (STS-119), com o objetivo de instalar o último conjunto de painéis solares da ISS. A capacidade da estação é ampliada para seis ocupantes. Os tripulantes do Discovery são Lee Archambault Comandante -, Dominic Antonelli - Piloto -, John Phillips, Steven Swanson, Joseph Acaba, Richard Arnold, Koichi Wakata (que fica na ISS) e Sandra Magnus (que volta da ISS). 2009 (26 de março) – Um artigo publicado na revista Nature, cujo principal autor é Peter Jenniskens, do Instituto Seti, na Califórnia, revela a recuperação de 47 fragmentos, do tamanho de punhos ou ainda menores, do 2008 TC3 (com massa total de 4 kg, primeiro asteroide a ser identificado ainda no espaço, antes de se desintegrar na atmosfera. A desintegração ocorreu em 7 de outubro de 2008, 37 km acima do deserto da Núbia, no norte do Sudão. Posteriormente à publicação deste artigo, novos fragmentos são encontrados, chegando-se a recolher 280 deles. 2009 (28 de março) – o americano de origem húngara Charles Simonyi chega à ISS e se torna o primeiro homem a viajar duas vezes ao espaço na condição de turista )a primeira vez havia sido em abril de 2007). 2009 (31 de março) – Seis voluntários, todos homens (quatro russos, um francês e um alemão) dão início à parte prática do projeto Mars 500, da Roskosmos e da ESA, cujo objetivo é trancá-los num contêiner de metal (em Moscou) por 105 dias, numa primeira simulação de viagem a Marte. A experiência pretende analisar as dificuldades psicológicas do isolamento prolongado. Os voluntários vão ficar com sensores eletrônicos atrelados ao corpo todo o tempo, sem comunicação com o mundo exterior e comendo comida de bebê congelada e barras de cereais. Além disso, serão submetidos a simulações de emergências, incluindo o atraso de vinte minutos nas comunicações com o Centro de Controle, conforme aconteceria se estivessem em Marte. Cada um tem direito a levar uma pequena mala com objetos pessoais, livros e DVDs, mas, de forma geral, os aposentos são extremamente funcionais, sem janelas, apertados e pouco ventilados. Os poucos objetos de conforto incluem uma TV, uma chaleira e uma geladeira. Os voluntários podem deixar o experimento a qualquer momento em que desejem, mas vão ser desestimulados a fazê-lo, já que uma desistência pode pôr em risco o projeto. Os voluntários saem do isolamento em 14 de julho. Considerando que uma viagem de ida e volta ao planeta vermelho tem duração prevista de, no mínimo, dois anos, outra experiência similar, com confinamento por 520 dias, está programada para 2010. 2009 (21 de abril) – É anunciada a descoberta do menor exoplaneta já encontrado, batizado de Gliese 581 E, com 1,9 massa terrestre, superfície rochosa, temperatura elevada e aparentemente sem atmosfera. Localizado na constelação de Libra, a 20,3 anos-luz da Terra, orbita a estrela Gliese 581 em 3,15 dias, à distância média de 4,5 milhões de km. A descoberta deve-se à equipe liderada pelo suíço Michel Mayor, tendo sido realizada por meio do instrumento Harps, do Observatório La Silla, localizado no norte do Chile. É o quarto planeta encontrado em torno da estrela Gliese 581. 2009 (27 de abril) – Uma equipe internacional de pesquisadores, liderada por Gerta Keller, da Universidade Princeton, nos EUA, publica no Journal of the Geological Society um artigo contestando a teoria, lançada em 1980, de que a queda do asteroide que causou a cratera de Chicxulub, , no México, com 180 km de diâmetro, tenha sido a responsável pela extinção massiva de animais e plantas, incluindo os dinossauros, ocorrida há 65 milhões de anos. Segundo este artigo, o asteroide teria caído trezentos mil anos antes da extinção, tendo esta sido causada por um grande número de erupções vulcânicas ocorridas na atual Índia, as quais teriam liberado na atmosfera grandes quantidades de gases e poeira, bloqueando a luz solar e causando um forte efeito estufa. 2009 )12 de maio) – Termina a fase de ajustes dos instrumentos do Kepler, e o telescópio dá início à busca por planetas. 2009 (13 de maio) – O ônibus espacial Atlantis (STS-125), lançado no dia 11, aproxima-se do Hubble com o objetivo de dar início à quinta (e última) missão de reparação e modernização do telescópio, para a qual estão previstas cinco caminhadas espaciais. A tripulação é composta pelo comandante Scott Altman, capitão aposentado da Marinha de Guerra americana, o piloto Gregory Johnson e os especialistas Michael Good, John Grunsfeld, Andrew Feustel, Megan McArth e Mike Massimino. O braço mecânico do Atlantis, operado pela astronauta Megan McArth, captura o Hubble e o traz para dentro do ônibus espacial. 2009 (14 de maio) – A ESA lança, a bordo de um foguete Ariane-5 e a partir da base de Kourou, na Guiana francesa, os telescópios espaciais Herschel e Planck, destinados a investigar a origem do Universo. Ambos estão programados para trabalhar numa órbita a 1,5 milhão de km da Terra, zona em que há equilíbrio entre as forças gravitacionais solar e terrestre, onde devem chegar no final de junho. É o primeiro lançamento simultâneo de dois observatórios espaciais. O Herschel é o primeiro telescópio que cobre desde o infravermelho até a faixa submicrométrica do espectro electromagnético e está dotado de um espelho de 3,5m, o maior já fabricado para um observatório espacial, desenvolvido para coletar luz de objetos muito distantes e pouco conhecidos, tais como galáxias recém-nascidas localizadas a centenas de milhões de anos-luz de distância, e jogar esta luz sobre detectores que operam a temperaturas próximas do zero absoluto.. Seus objetivos são: Estudar a formação das galáxias no início do Universo e a sua subsequente evolução; investigar a criação das estrelas e de sua interação com o meio interestelar; observar a composição química da atmosfera e da superfície de cometas, de planetas e de suas luas; examinar a química molecular do Universo. Três instrumentos estão a bordo: PACS, uma câmera de média resolução e um espectrômetro capaz de enxergar os comprimentos de ondas de 60 a 210 micrômetros; SPIRE, uma câmera e um espectrômetro sensível a comprimentos de ondas de 200 a 670 micrômetros; HIFI, Um espectrômetro de alta resolução que combina a leitura de ondas com frequência de 480 a 1250 e de 1410 a 1910GHz (correspondendo ao comprimento de onda de 157 a 625 micrômetros). O nome é uma homenagem a William Herschel (1738-1822), astrônomo britânico que, em 1800, descobriu os raios infravermelhos. A sonda Planck tem por objetivos estudar o nascimento do Universo por meio do exame da radiação cósmica de fundo, constituída de microondas, proveniente do Big Bang. A bordo está um telescópio com espelho de 1,5m, cuja missão é captar radiação a ser examinada por dois instrumentos: O Low Frequency Instrument (LFI), aparelho que consiste em 22 receptores que funcionam a -253 °C e devem trabalhar agrupados em quatro canais de frequências, visando a captar frequências entre 30 e 100GHz, sendo os sinais resultantes amplificados e convertidos em uma voltagem (diferença de potencial), dados a serem enviados a um computador; e O High Frequency Instrument (HFI), aparelho composto de 52 detectores, os quais trabalham convertendo radiação em calor, cuja quantidade é medida por um pequeno termômetro elétrico, e a temperatura anotada é convertida em dado de computador. Ele deve operar a -272,9 °C e ser capaz de registrar variações de temperatura da ordem de um milionésimo de grau. Este instrumento está programado para observar duas vezes a totalidade da abóbada celeste e elaborar um mapa preciso deste raio difuso.. O nome da sonda é uma homenagem a Max Planck (1858-1947), astrônomo alemão que, em 1918, ganhou o Prêmio Nobel de Física pela descoberta dos raios quânticos. 2009 (15 de maio) - John Grunsfeld e Drew Feustel substituem, no Hubble, uma câmera (Wide Field Planetary Camera-2), que tem 16 anos, pela mais moderna Wide Field Camera-3. A nova câmera é desenhada para observar o universo de maneira mais profunda, em busca de sinais dos primeiros sistemas estelares e para estudar os planetas mais próximos. Também trocam o computador científico, que apresenta problemas. 2009 (15 de maio) - Michael Good e Mike Massimino substituem os seis giroscópios do Hubble, equipamentos que coordenam os movimentos do telescópio e fornecem dados que ajudam a apontá-lo de maneira precisa para os alvos escolhidos. Efetuam igualmente a troca do primeiro dos dois módulos de baterias, cada um dos quais pesa 205 kg e contém três baterias que fornecem energia elétrica para as operações do Hubble durante a porção noturna de sua órbita, quando a sombra da Terra impede que a luz do sol chegue a seus painéis solares. 2009 (16 de maio) - John Grunsfeld e Andrew Feustel instalam no Hubble um Espectrógrafo de Origens Cósmicas, desenhado para detectar a luz de quasares distantes. Com o instrumento, os cientistas esperam avançar no conhecimento de como as galáxias se formaram ou como surgem e mudam os elementos químicos. O espectrógrafo substitui o aparelho conhecido como Costar (sigla em inglês para Substituição Axial de Correção Ótica), instalado em 1993 para corrigir um defeito de um dos espelhos do Hubble, que o tornava míope. Também é reparada a Câmera Avançada para a Prospecção, equipamento instalado em 2002, mas que sofreu um curto-circuito em 2004, impedindo o Hubble de observar as galáxias mais distantes. 2009 (17 de maio) - Michael Massimino e Michael Good consertam o Space Telescope Imaging Spectrograph (STIS), instalado em 1997 (e inativo desde 2004), utilizado pelo hubble para obter informações sobre composição química, temperatura, pressão e velocidade de corpos celestes, bem como para identificar buracos negros. 2009 (18 de maio) - John Grunsfeld e Andrew Feustel trocam o segundo módulo de baterias e um dos três sensores rastreadores de estrelas do Hubble, que são usados para fazer o telescópio mirar alvos celestes. Também instalam um novo sistema de orientação FGS (“Fine Guidance System”)e dois escudos metálicos em torno dos instrumentos do telescópio espacial, para ajudar a protegê-lo do ambiente inóspito do espaço. Com isso, fica concluída a quinta (e última) missão de reparo e modernização do Hubble. 2009 (19 de maio) – O Hubble é recolocado em órbita, e os astronautas do Atlantis se preparam para o retorno à Terra. O pouso ocorre no dia 24, na Califórnia. É o último vôo de um ônibus espacial que não está relacionado à montagem da ISS. 2009 (24 de maio) – O presidente norte-americano Barack Obama nomeia o astronauta Charles Frank Bolden, Jr. Como administrador da NASA. A nomeação é ratificada pelo Senado em 15 de julho. É o primeiro negro a ocupar o posto. 2009 (26 a 30 de maio) –É realizado, em Florença, o congresso internacional de estudos “O Caso Galileu. Uma releitura histórica, filosófica e teológica", organizado pelo Instituto Stensen dos Jesuítas. A cerimônia de inauguração é realizada na Basílica da Santa Cruz, onde está o túmulo do cientista, e o evento de encerramento tem lugar em Il Gioiello (A Joia), sua última residência. 2009 (29 de maio) – A tripulação permanente da ISS é duplicada, passando a ser de seis pessoas. O canadense Bob Thirsk, o russo Roman Romanenko e o belga Frank De Winne chegam, a bordo da Soyuz TMA-15, para dividir o espaço com o russo Gennady Padalka, o americano Michael Barratt e o japonês Koichi Wakata, que já ocupavam a base. pela primeira vez, todos os parceiros da ISS (EUA, Rússia, Europa, Japão e Canadá) estão representados simultaneamente na tripulação. 2009 (4 de junho) - Sébastien Rodriguez, da Universidade de Nantes, na França, e colegas publicam na Nature um estudo demonstrando que as nuvens de Titã, resultantes da condensação de etano e de metano, cobrem o satélite seguindo modelos climáticos, como ocorre na Terra. Resultado dos dados obtidos pela Cassini a partir de 39 sobrevoos de titã, ocorridos entre 2004 e 2007, o trabalho é também o primeiro a descrever evidências observacionais de interação entre marés em Saturno e a atmosfera do satélite. 2009 (9 de junho) – Charles Townes , ganhador do Prêmio Nobel de Física em 1964, e colegas apresentam, numa reunião da Sociedade Astronômica Americana, em Pasadena, um estudo segundo o qual a supergigante vermelha Betelgeuse está encolhendo. O trabalho, publicado também no The Astrophysical Journal Letters, afirma que o diâmetro da estrela diminuiu aproximadamente 15% nos últimos quinze anos, embora o brilho não tenha apresentado queda significativa. Até o momento, não há explicação para o fenômeno. 2009 (10 de junho) – A sonda Selene é intencionalmente levada a se chocar contra o polo sul da Lua, encerrando a missão, cuja duração foi de quase 20 meses. 2009 (18 de junho) – São lançadas, a bordo de um foguete Atlas V, as sondas norteamericanas Lunar Reconnaissance Orbiter, LRO (Orbitador de Reconhecimento Lunar), e Lunar Crater Observation and Sensing Satellite, LCROSS (Satélite Sensor e de Observação de Crateras Lunares), que constituem a primeira etapa do programa “Vision for Space Exploration”, a preparação para a volta de astronautas dos EUA à Lua e para missões tripuladas a Marte. A LRO tem como objetivos principais cartografar a superfície lunar com um grau de precisão sem precedentes, detectar possíveis locais de alunissagem (para a volta de astronautas ao satélite), buscar a presença de gelo em crateras que permanecem sempre na escuridão e obter outros dados precisos do solo e das radiações cósmicas. A tarefa da LCROSS é chocar-se com uma cratera que está permanentemente na sombra (sem receber luz do Sol há, pelo menos, 2 bilhões de anos) localizada próximo ao Polo Sul, onde emissões de hidrogênio detectadas previamente podem assinalar a presença de gelo, a partir do qual poderia ser obtida água para uma futura base habitada no satélite. 2009 (18 de junho) – Uma pesquisa liderada por Gaetano Di Achille, da universidade do Colorado, e publicada na revista virtual Geophysical Research Letters, afirma terem sido encontradas as primeiras provas conclusivas da existência, no passado, de um lago em Marte. De acordo com o estudo, o lago existiu há 3,4 bilhões de anos, cobria uma superfície de 200 km2 e tinha profundidade máxima de 450m, tendo a água escavado um cânion de quase 50 km edepositado sedimentos que formaram um extenso delta. 2009 (19 de junho) – O Kepler transmite os primeiros dados científicos à Terra. 2009 (23 de junho) – A sonda Lunar Reconnaissance Orbiter é inserida com sucesso na órbita da Lua. 2009 (24 de junho) - Jürgen Schmidt, da universidade alemã de Potsdam, e Nikolai Brilliantov, da universidade britânica de Leicester, publicam na Nature um estudo afirmando que á, sob a superfície do polo sul de encélado, a grande profundidade, um oceano salgado, cuja concentração de cloreto de sódio pode ser tão elevada quanto a dos oceanos terrestres. Encélado torna-se, assim, o quarto astro do Sistema Solar (depois de Terra, Europa e Marte) em que a existência de água está confirmada. 2009 (30 de junho) – Termina oficialmente a missão da sonda Ulysses, lançada em outubro de 1990. 2009 (julho) – O Vaticano reedita as atas do processo contra Galileu Galilei, num volume intitulado “I ducomenti vaticani del processo di Galileo Galilei” (“Os documentos vaticanos do Processo de Galileu Galilei”). Um dos objetivos dessa reedição é lembrar que o papa Urbano VIII (1568-1644) nunca assinou a sentença de condenação de Galileu pela Inquisição. 2009 (3 de julho) – O observatório espacial Planck é inserido na sua órbita definitiva, e a temperatura dos instrumentos é ajustada para -273,05ºC (um décimo de grau acima do zero absoluto), tornando o telescópio plenamente operacional. 2009 (4 de julho) O site científico Science Daily informa que pesquisadores da Universidade de Michigan, liderados por Chris Ruf, anunciaram ter encontrado a primeira prova direta da existência de descargas elétricas (raios) em Marte. 2009 (9 de julho) – A NASA e a ESA anunciam um acordo para realizar a prospecção conjunta de Marte por meio da inclusão, nas futuras missões àquele planeta, de módulos de aterrissagem e tecnologia para desenvolver “investigações de astrobiologia, geologia e geofísica, com o objetivo de trazer amostras de Marte à Terra em 2020”. 2009 (12 de julho) – A sonda Lunar Reconnaissance Orbiter sobrevoa o Mar da Tranquilidade e faz imagens do módulo de pouso da Apollo 11. 2009 (14 de julho) – A ESA divulga a conclusão do primeiro mapa do hemisfério sul de Vênus, elaborado a partir de mais de mil imagens obtidas pelas câmeras de infravermelho da sonda Venus Express entre maio de 2006 e dezembro de 2007. O mapa indica que, no passado, o planeta teve um oceano e um sistema de placas tectônicas que deu lugar à formação de continentes. Os trabalhos cartográficos foram dirigidos pelo cientista alemão Nils Müller. 2009 (15 a 31 de julho) – Missão do Endeavour, cujo objetivo é finalizar a instalação do módulo japonês Kibo, iniciada durante a STS-124 (junho de 2008). A tripulação é composta por Mark Polansky - Comandante -, Douglas Hurley - Piloto -, Christopher Cassidy, Thomas Marshburn, David Wolf, Julie Payette, Timothy Kopra (que fica na ISS) e Koichi Wakata (que volta da ISS). 2009 (16 de julho) – A NASA apresenta vídeos restaurados da missão Apollo 11, feitos a partir de imagens televisivas da rede CBS. O engenheiro Richard Nafzger admite que as fitas originais foram perdidas, tendo sido apagadas, involuntariamente, para reutilização, por motivos econômicos. Os vídeos estão disponíveis ao público, na Internet, desde setembro. 2009 (21 de julho) – O JPL, da NASA, revela que um corpo celeste, possivelmente um cometa, atingiu a atmosfera de Júpiter, nas proximidades do polo sul do planeta. A descoberta do fenômeno (19 de julho) cabe ao astrônomo amador australiano Anthony Wesley. No dia 23, são divulgadas imagens de alta nitidez do evento, feitas pelo telescópio Hubble. 2009 (21 de julho) – O observatório espacial Herschel entra em sua fase operacional, após haver transmitido dados (tendo os primeiros sido divulgados uma semana antes) com sucesso. 2009 (22 de julho) – Ocorre o mais longo eclipse total do Sol do século XXI, com duração que chega a 6min39s. É visível num corredor de 200 km de largura e 15.000 km de comprimento, atravessando Índia, Nepal, Butão, Bangladesh, Mianmar e China, alcançando também as ilhas meridionais japonesas de Ryukyu. O próximo eclipse com duração semelhante ocorrerá em 2132. 2009 (22 de julho) Cientistas do Southwest Research Institute de San Antonio, nos EUA, publicam na Nature um estudo apresentando novas evidências da existência de água líquida em Encélado. De acordo com eles, existem no satélite de Saturno amoníaco, vários componentes orgânicos e deutério, um isótopo estável do hidrogênio abundante nos oceanos da Terra. 2009 (24 de julho) – É inaugurado, na ilha de La Palma (arquipélago das Canárias, Espanha), o GTC (Gran Telescópio Canarias), cuja lente, formada por 36 espelhos, tem uma superfície de 10,4m (com potência igual à visão de 4 milhões de pupilas), o que faz dele o maior telescópio do mundo. A solenidade conta com a presença do rei Juan Carlos, da rainha Sofia e de cientistas da Europa e dos EUA. 2009 (26 de julho) – Uma equipe de cientistas sob a liderança da astrônoma norteamericana Carolyn Porco descobre o 62º satélite conhecido de Saturno, denominado provisoriamente S/2009 S 1, que orbita o planeta à distância média de 117.000 km. O anúncio da descoberta é feito em 2 de novembro. 2009 (29 de julho) – Cientistas norte-americanos e britânicos calculam o tempo de rotação de Saturno em 10h34min13s, mais de cinco minutos inferior ao oficialmente aceito (10h39min24s). 2009 (29 de julho) – Fotografias divulgadas pelo Observatório de Paris indicam que a estrela Betelgeuse tem uma cauda de gás do tamanho do Sistema Solar, bem como uma gigantesca “bolha” que ferve em sua superfície. 2009 (3 a 14 de agosto) – Ocorre, no Rio de Janeiro, a 27ª assembleia geral da UAI, com a participação de mais de 2.000 astrônomos de oitenta países. É a segunda vez que esta reunião ocorre na América do Sul (a primeira foi em Buenos Ares, em 1991). A próxima assembleia terá lugar em Pequim, em 2012. 2009 (6 de agosto) – Durante uma conferência de imprensa, cientistas da NASA revelam imagens, feitas pelo Kepler, do exoplaneta HAT-P-7b, descoberto em 6 de março de 2008, localizado na constelação do Cisne, a pouco mais de 1.000 anos luz da Terra, com massa 1,8 vez superior à de Júpiter, temperatura de aproximadamente 2.300°C e período orbital de 2,204d. As imagens são de qualidade surpreendente, e, de acordo com a NASA, o Kepler funciona suficientemente bem para detectar planetas parecidos com a Terra. 2009 (11 de agosto) – Cientistas britânicos, da universidade de Keele, anunciam a descoberta de WASP-17b, o primeiro exoplaneta de órbita retrógrada que se conhece (ou seja, gira em sentido contrário ao da estrela-mãe). Localizado na constelação de Escorpião, a cerca de 1.000 anos-luz da terra, orbita a sua estrela em 3,75 dias. Com massa equivalente a menos da metade da de Júpiter (0,49) e raio 1,75 vez superior, é um dos astros de menor densidade que se conhece (em torno de 0,14g/cm3). 2009 (13 de agosto) – O telescópio Planck dá início à sua missão científica propriamente dita e começa a realizar a primeira varredura completa do céu. 2009 (16 de agosto) – É anunciada, numa reunião da Sociedade Norte-Americana de Química, em Washington, a descoberta de que nas amostras de material do cometa Wild 2 coletadas em janeiro de 2004 pela Stardust há glicina, um dos 20 aminoácidos conhecidos que formam proteínas, as moléculas fundamentais da vida. De acordo com Jamie Elsila, do Centro de Voo Espacial Goddard, da Nasa, “É a primeira vez que um aminoácido é encontrado em um cometa. Esta descoberta apoia a teoria de que alguns dos ingredientes básicos da vida se formaram no espaço e chegaram à Terra há muito tempo por meio de impactos de meteoritos ou de cometas”. 2009 (26 de agosto) - Astrônomos da Universidade de Keele, no Reino Unido, publicam na revista Nature um artigo sobre o recentemente descoberto exoplaneta WASP-18b, com massa 10 vezes superior à de Júpiter, localizado na constelação de Fênix, a aproximadamente 325 anos-luz da terra, que está tão próximo de sua estrela (3 milhões de km) que leva menos de um dia (22h35min) para completar uma órbita. Segundo o estudo, o astro sofre tantas deformações gravitacionais que descreve uma espiral para dentro, estando prestes a ser engolido pela estrela-mãe. 2009 (28 de agosto) – Termina, 14 meses antes do previsto, a missão da Chandrayaan 1, depois de a sonda ter perdido o contato com o centro de controle. Nos 312 dias de operação, são completadas cerca de 3.000 órbitas lunares e feitas aproximadamente 70.000 imagens do satélite da terra. Segundo a Agência Espacial Indiana, 95% dos objetivos propostos são atingidos. 2009 (14 de setembro) – Durante um Congresso Europeu de Ciência Planetária, que ocorre em Potsdam, Alemanha, uma equipe dirigida por Katsuhito Ohtsuka apresenta um estudo segundo o qual o cometa 147P/Kushida-Muramatsu foi satélite de Júpiter de 1949 a 1961, tendo completado duas órbitas. David Asher, da mesma equipe, assinala que os resultados desse estudo “sugerem que os impactos sobre Júpiter e a captura de satélites temporários podem acontecer mais assiduamente do que se pensava até agora". 2009 (18 de setembro) – São divulgados dados obtidos pelo “Diviner Lunar Radiometer Experiment”, instrumento a bordo da Lunar Reconnaissance Orbiter que está fazendo um mapeamento térmico da Lua, os quais indicam que regiões onde a luz do Sol jamais chega, localizadas no interior do polo sul do satélite, estão entre os lugares mais frios do Sistema Solar, com temperaturas que chegam a -238°C. 2009 (24 de setembro) – De acordo com um artigo publicado na revista Science, a análise de dados fornecidos por três missões espaciais (Deep Impact, Cassini e Chandrayaan 1) revela a existência de moléculas de água nos polos da Lua. As quantidades são pequenas, não sendo suficientes para formar oceanos, lagos ou mesmo poças. Também são encontradas moléculas de hidroxila, substância formada por um átomo de oxigênio e um átomo de hidrogênio. 2009 (25 de setembro) – O jornal espanhol El País publica a notícia, dada pelo compatriota Josep Maria Bosch, de que o asteroide 2009 ST19, de quase 1 km de diâmetro, descoberto por ele em 16 de setembro, chega a 600.000 km da Terra, a menor distância já registrada para este tipo de corpo celeste, seguindo uma órbita paralela à do nosso planeta.. De acordo com o astrônomo, uma aproximação ainda maior está prevista para 2038. 2009 (29 de setembro) – A agência oficial chinesa Xinhua anuncia a conclusão do mapa de mais alta resolução da Lua, cobrindo toda a superfície do satélite, elaborado com as imagens feitas pela sonda Chang’e 1. . A equipe que elabora o mapa é chefiada por Liu Xianlin. 2009 (29 de setembro) – A sonda Messenger sobrevoa Mercúrio pela terceira e última vez, à distância de 229 km. Em 18 de março de 2011, ela entrará em órbita em torno do planeta. 2009 (6 de outubro) – Cientistas da NASA anunciam a descoberta, feita com a ajuda de uma câmera de infravermelho do telescópio Spitzer, do maior anel de Saturno já encontrado, cuja parte mais densa está a 6 milhões de km do planeta, estendendo-se por outros 12 milhões de km. Muito tênue, é formado por uma fina camada de gelo e por partículas de poeira bastante difusas. O material que compõe o anel colide constantemente com Jápeto, o que pode explicar o fato de um dos hemisférios do satélite ser claro e o outro escuro, fato que sempre intrigou os astrônomos. 2009 (9 de outubro) – Parte de um foguete (Centauro, segundo estágio do Atlas V), pesando 2,2t, é lançada contra a cratera Cabeus A, localizada no pólo sul da Lua, na face oculta do satélite. O interior da cratera jamais recebe luz solar, e a temperatura está próxima dos -240°C. O objetivo do impacto é levantar uma nuvem de poeira e rochas lunares, cuja composição é imediatamente estudada pela sonda Lunar Crater Observation and Sensing Satellite, que entra na nuvem e envia grande quantidade de dados à Terra. Quatro minutos depois do foguete, a sonda também se espatifa contra a superfície lunar. Com esse duplo impacto, a NASA pretende determinar se existe água congelada no interior da cratera Cabeus A. 2009 (11 de outubro) – o belga Frank De Winne torna-se o primeiro europeu a comandar a ISS. Com a volta à Terra do russo Gennady Padalka, no comando desde abril, ele passa a ser o primeiro não russo ou não norte-americano a assumir o posto, liderando a expedição 21 à estação espacial. 2009 (19 de outubro) – A ESO anuncia, durante a Conferência sobre Exoplanetas realizada na cidade do Porto, em Portugal, a descoberta de 32 planetas extrassolares, feita pelo telescópio Harps, situado em La Silla, no Chile. Com isso, passam a ser 403 os exoplanetas conhecidos, 75 dos quais encontrados pelo Harps. 2009 (13 de novembro) – A NASA confirma a existência de água gelada no interior da cratera Cabeus A, localizada no polo sul da Lua. A quantidade de água encontrada é suficiente para encher doze baldes. A descoberta é feita com base nos dados enviados pela LCROS, após o impacto com a superfície lunar ocorrido em 9 de outubro. 2009 (13 de novembro) – A sonda Rosetta passa pela Terra, para assistência gravitacional, em sua viagem rumo ao cometa 67/P Churyumov-Gerasimenko. A distância mínima, 2.481 km, é atingida sobre o Oceano Índico, ao sul da ilha de Java. O empurrão gravitacional da Terra aumenta a velocidade da sonda de 13,3 para 16,8 km/s. 2009 (20 de novembro) – O acelerador de partículas LHC volta a operar, após catorze meses de inatividade. 2009 (22 de novembro) – Ocorrem as primeiras colisões de partículas no Grande Colisor de Hádrons (LHC). 2009 (10 de dezembro) – É inaugurado o telescópio Vista (“Visible and Infrared Survey Telescope for Astronomy”, ou "Telescópio de Pesquisa por Luz Visível e Infravermelha para Astronomia", construído por um consórcio de universidades britânicas e localizado no Observatório Paranal, no deserto de Atacama, Chile. Com espelho de 4,1m de diâmetro, o Vista opera em comprimentos de onda infravermelhos (com possibilidade de trabalhar também em luz visível) e é o maior telescópio do mundo dedicado à cartografia do céu. 2009 (14 de dezembro) – É lançado o telescópio norte-americano Wise (“WideField Infrared Survey Explorer”, ou “Explorador de Levantamento Infravermelho de Campo Amplo”), cujo objetivo é fazer um mapeamento do céu em infravermelho ao longo de dez meses. Colocado numa órbita a 525 km de altitude, espera-se que o Wise identifique asteroides e cometas nunca antes observados. No extremo oposto, deve fotografar aglomerados galácticos distantes bilhões de anos-luz. Outro alvo de estudo são as anãs marrons, objetos maiores e mais pesados do que planetas, mas que não têm massa suficiente para dar início à transformação de hidrogênio em hélio, reação termonuclear responsável pela luminosidade das estrelas nos estágios iniciais da sua existência. 2009 (17 de dezembro) – Cientistas do Instituto de Estudos Planetários de Berlim anunciam a descoberta, em Titã, de um mar de metano líquido cuja superfície pode chegar a 400.000 km2 (superior à do Mar Cáspio, que é de 371.000 km2). Batizado de "Krake Mare", está localizado no pólo norte do satélite, tendo a descoberta sido feita por meio de imagens da sonda Cassini. 2010 (2 de janeiro) – Um estudo coordenado por Junichi Haruyama, da agência espacial japonesa, e publicado na revista Geophysical Research Letters, informa a descoberta, na Lua, de uma “tubulação de lava”, uma estrutura cilíndrica com 80m de profundidade. Trata-se de algo como uma “caverna vertical”, onde poderia ser montada uma base para futuros astronautas. 2010 (4 de janeiro) – São anunciados os cinco primeiros exoplanetas descobertos pelo telescópio Kepler, batizados de Kepler 4b, 5b, 6b, 7b e 8b. Todos estão muito próximos de suas estrelas (períodos orbitais entre 3,2 e 4,9 dias) e são muito quentes (temperaturas entre 1.200 e 1.650°c). Kepler 7b é o mais incomum, apresentando densidade de 0,18g/cm3, parecida com a do isopor. 2010 (5 de janeiro) – O astrônomo americano Jason Rowe anucia a descoberta, feita a partir de dados do telescópio Kepler, de dois objetos que não pertencem a nenhuma classe de corpos celestes já observados. São pequenos demais para serem estrelas (dimensões parecidas com as de Júpiter) e quentes demais para serem planetas (temperaturas da ordem de 14.400°C). Eles são mais quentes do que as estrelas em torno das quais giram, característca jamais observada antes em um objeto astronômico. 2010 (12 de janeiro) – O telescópio Wise descobre seu primeiro asteroide, batizado de 2010 AB78. O astro tem cerca de 1 km de diâmetro e órbita elíptica. Segundo a NASA, apesar de se aproximar do Sol tanto quanto a Terra, o asteroide não oferece risco, pois não há nenhuma aproximação prevista para os próximos séculos. 2010 (15 de janeiro) – Ocorre o mais longo eclipse anular do Sol do terceiro milênio, com duração de 11 minutos e 8 segundos. Evento semelhante só voltará a acontecer em 23 de dezembro de 3043. O fenômeno tem início na República Centro-Africana, passando depois por Camarões, República Democrática do Congo, Uganda e Quênia. A seguir, é visível no Oceano Índico (ponto de máxima escuridão) e então se dirige para as Ilhas Maldivas, Índia e Sri Lanka. Os últimos países onde se pode observar o eclipse são Bangladesh, Myanmar e China. . Eclipse anular é um eclipse parcial em que a Lua, por estar próxima do apogeu (ponto mais distante da Terra), não consegue cobrir todo o disco solar (como acontece num eclipse total), deixando visível um anel nas bordas desse disco. 2010 (1º de fevereiro) – Barack Obama apresenta a proposta de orçamento federal dos EUA para o ano 2011, excluindo todos os fundos necessários ao programa Constellation. Isso implica o cancelamento do programa e o estabelecimento de novas metas para a NASA.. Conforme anúncio feito posteriormente, a cápsula Orion é mantida, embora com modificações em relação à proposta inicial. 2010 (8 a 22 de fevereiro) – Missão do ônibus espacial Endeavour (STS-130), que instala na ISS o Tranquility, módulo europeu fabricado na Itália. O Tranquility conta com um mirante panorâmico, constituído por uma cúpula com seis janelas laterais e uma superior, a qual confere uma visão de 360° da ISS e permite avistar a Terra a qualquer momento. Os tripulantes do Endeavour são George Zamka – comandante -, Terry Virts – piloto -, Nicholas Patrick, Robert Behnken, Stephen Robinson e Kathryn Hire. 2010 (11 de fevereiro) – É lançado o “Solar Dynamics Observatory” (“Observatório da Dinâmica Solar”), missão da NASA programada para observar O Sol, a partir de uma órbita geoestacionária, por um período de, no mínimo, cinco anos e três meses (com possibilidade de extensão para dez anos ou mais). O objetivo do SDO, que carrega três instrumentos, é entender a influência do Sol sobre a Terra e espaço adjacente Por meio do estudo da atmosfera solar, em escalas reduzidas de espaço e de tempo, e em vários comprimentos de onda simultaneamente. A sonda está programada para investigar a origem e a estrutura do campo magnético solar, como a energia magnética é convertida e liberada para a heliosfera e o geoespaço (vento solar) e as variações da radiação do Sol. O SDO é a primeira missão do programa Living With a Star (LWS) (Vivendo com uma Estrela), gerenciado pela Divisão de Heliofísica da NASA, cujo propósito é estudar os aspectos do sistema Sol-Terra que afetam diretamente a vida e a sociedade. 2010 (15 de fevereiro) – É divulgada a notícia de que, utilizando o Colisor Relativístico de Íons Pesados (RHIC), um acelerador de partículas com 3,8 km de comprimento e que está a 4m abaixo do chão em Upton, pertencente ao Laboratório Nacional de Brookhaven, do Departamento de Energia dos EUA, em Nova York, criam a temperatura mais alta já obtida em laboratório: 4 trilhões de graus Celsius. Segundo os pesquisadores, essa temperatura é elevada o suficiente para desintegrar prótons e nêutrons e transformá-los na matéria que existiu milionésimos de segundos depois do nascimento do Universo. Esse estudo pode ter aplicações de ordem tecnológica, como, por exemplo, no campo da "spintrônica", que tem por objetivo desenvolver peças de computador menores, mais rápidas e mais potentes. 2010 (1º de março) – Durante uma conferência sobre ciência planetária realizada no Texas, cientistas da NASA informam a descoberta, feita pelo Mini-Sar, radar norte-americano lançado a bordo da sonda indiana Chandrayaan 1, de depósitos de gelo em mais de 40 crateras do polo norte da Lua. Paul Spudis, do Instituto Lunar e Planetário de Houston, calcula em pelo menos 600 milhões de toneladas a quantidade de gelo existente nessas crateras. 2010 (2 de março) – Uma equipe de cientistas da NASA liderada por Richard Gross anuncia que o terremoto de magnitude 8,8 ocorrido no Chile, no dia 27 de fevereiro, deslocou o eixo da Terra em 8 cm e diminuiu em 1,26 milionésimo de segundo o período de rotação do planeta. 2010 (3 de março) – A Mars Express sobrevoa Fobos a 67 km de distância. O objetivo principal é fazer um mapa gravitacional do satélite e deduzir detalhes da sua estrutura interna, a fim de investigar a hipótese, levantada em 2009, de que partes da lua marciana são ocas. 2010 (17 de março) – São publicadas as primeiras fotografias feitas pelo telescópio Planck, mostrando concentrações de poeira até uma distância de 500 anos-luz do Sol. 2010 (30 de março) – Cientistas responsáveis pelo LHC anunciam ter obtido colisões de prótons cuja energia gerada é de 7 trilhões de eletronvolts (TeV), valor três vezes superior ao máximo obtido antes por qualquer acelerador de partículas. 2010 (5 a 20 de abril) – Missão do Discovery (STS-131), último voo dos ônibus espaciais com sete astronautas a bordo. O objetivo é levar 8t de equipamentos e provisões à ISS, entre os quais estão um congelador adicional para preservar amostras das experiências realizadas em microgravidade, uma reserva de amoníaco para o sistema de refrigeração da estação e um mecanismo de exercícios que permite medir a força muscular. A tripulação é formada por Alan Poindexter - comandante -, James Dutton - piloto -, Richard Mastracchio, Dorothy M. Metcalf-Lindenburger, Stephanie Wilson, Naoko Yamazaki e Clayton Anderson. É a missão mais longa do Discovery e, pela primeira vez, quatro mulheres se encontram no espaço. 2010 (13 de abril) – Durante o Royal Astronomical Society National Astronomy Meeting, realizado na universidade de Glasgow, na Escócia, é anunciada a descoberta, feita por uma equipe internacional de cientistas, de dois exoplanetas cujas órbitas se dão no sentido oposto ao da rotação das estrelas de seus sistemas. Isso contraria a teoria vigente da formação planetária, segundo a qual os planetas se originam em discos de gás e poeira que giram em torno de estrelas jovens. Acreditava-se que os planetas formados nesse disco sempre orbitassem em planos idênticos, girando na mesma direção da rotação da estrela, como acontece no Sistema Solar. 2010 (15 de abril) – Durante uma visita ao Centro Espacial Kennedy, o presidente norte-americano Barack Obama propõe novas metas para a NASA, depois do cancelamento do programa Constellation, anunciado em fevereiro. Entre as propostas estão o desenvolvimento de uma cápsula Orion menor do que a inicialmente projetada, a ser lançada por foguetes de companhias privadas à ISS, e o desenvolvimento de um lançador pesado, destinado a missões tripuladas para além da órbita terrestre, capaz de levar, a partir de 2025, seres humanos a um asteroide (antes de uma missão a Marte). O asteroide a ser visitado ainda não está definido. 2010 (16 de abril) – Uma equipe de cientistas liderada por Suzanne Smrekar, do Laboratório de Propulsão a Jato, na Califórnia, publica na revista Science um artigo sugerindo que pode haver vulcões ativos em Vênus. Essa possibilidade é levantada por dados coletados pelo Virtis, instrumento a bordo da Venus Express que analisa emissões térmicas, segundo os quais há fluxos de lava jovem na superfície, cuja composição é diferente daquela do material do entorno, o que pode ser sinal de atividade vulcânica. 2010 (29 de abril) – Dois estudos publicados na Nature, um deles com participação brasileira, anunciam a detecção de evidências de água e de compostos orgânicos no asteroide 24 Themis, descoberto, em 5 de abril de 1853, pelo astrônomo italiano Annibale de Gasparis (1819-1892). Segundo os cientistas, toda a superfície do asteroide está coberta por uma fina camada de gelo, e o material orgânico encontrado aparenta ser composto de cadeias extensas e complexas de moléculas. De acordo com os pesquisadores, isso fortalece a teoria de que água e compostos orgânicos originários de asteroides podem ter chegado à Terra há bilhões de anos, tendo contribuído para o surgimento da vida no planeta. Themis - Diâmetro: 198 km; período orbital: 2.022,524 dias (5,54 anos); distância média ao Sol: 468.226.000 km. 2010 (14 a 26 de maio) – Última missão do ônibus espacial Atlantis (STS-132), cujo objetivo é instalar na ISS um módulo científico russo, substituir as seis baterias que armazenam a eletricidade gerada pelos painéis solares e transportar alimentos e equipamentos, entre os quais estão uma antena de comunicação e peças para o braço robótico. No dia 18, o módulo russo Rassvet ( Aurora ou Amanhecer) é ligado ao topo do também módulo russo Zarya. No Rassvet há um ponto de acoplamento para as naves Soyuz e Progress, encarregadas de todas as viagens à ISS depois da retirada de circulação dos ônibus espaciais norte-americanos. A tripulação do Atlantis é formada por Kenneth Ham - comandante -, Dominic A. "Tony" Antonelli - piloto -, Garrett Reisman, Michael T. Good, Stephen G. Bowen e Piers Sellers. Estatísticas – tempo em atividade: 24 anos, sete meses e 23 dias; número de missões: 32; tripulantes: 191; tempo no espaço: 293d18h29min37s; número de órbitas: 4.648; distância percorrida: 194.168.813 km; satélites lançados: 14; acoplagens à Mir: 7; acoplagens à ISS: 11. 2010 (20 de maio) – É lançada a sonda japonesa Akatsuki (Amanhecer), ou Planet C, ou ainda Vênus Climate Orbiter (VCO), com destino a Vênus. Trata-se da primeira sonda enviada pelo Japão a esse planeta e está programada para realizar um mapa tridimensional da atmosfera daquele mundo (incluindo um estudo sobre a incidência de raios e outros fenômenos elétricos), além de tentar confirmar a existência de vulcanismo na superfície venusiana. Os dados recolhidos pela Akatsuki deverão complementar os obtidos pela Venus Express, numa missão prevista para durar, no mínimo, dois anos. Fontes de consulta 1. Fontes impressas 1.1. Livros – Astronomia (coleção originalmente publicada em 46 fascículos, depois encadernados em 3 volumes). Rio de Janeiro: Riográfica, 1985-1986. – Conhecer Universal (enciclopédia originalmente publicada em 145 fascículos, depois encadernada em 13 volumes). São Paulo: Abril, 1981-1983. – Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. – La Revolución Científica de los Siglos XVI y XVII, de Antoni Baig e Montserrat Agustench. Madri: Editorial Alhambra, 1987. – Yo, Galileo, de Yves Chéraqui. Madri: Grupo Anaya, 1990. 1.2. Revistas - Astronomy and Astrophysics - Geology - Icarus – Nature – Proceedings of the National Academy of Sciences – Sciense – Superinteressante. – USA Weekend (EUA) – Veja. 2. Fontes virtuais – Acoruja (artigos de José Maria Filardo Bassalo sobre Astronomia na Idade Antiga, na Idade Média e no Renascimento): <http://www.acoruja.haaan.com/scientia>. – Agência Fapesp: <http://www.agencia.fapesp.br/>. – BBC Brasil: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/>. New Scientist: <www.newscientist.com> – Folha Online: <http://www.folha.uol.com.br/>. – Observatório da Universidade Federal de Minas Gerais – Notícias diárias de astronomia: <http://www.observatorio.ufmg.br/noticias_diarias.htm >. – Observatório Nacional: <http://www.on.br>. – Página contendo grande quantidade de datas astronômicas: <rgregio.astrodatabase.net>. – Sociedade Brasileira dos Amigos da Astronomia < http://www.sbaa.com.br/cronologia.htm>. – Supernovas – Boletim brasileiro de astronomia: <http://www.supernovas.cjb.net>. – Terra (espaço) – Notícias sobre ciência das agências Efe, France Press, Associated Press e Reuters, bem como do The New York Times – <http://noticias.terra.com.br/ultimas/0,,EI301,00.html>. – Uranometria Nova: <http://www.uranometrianova.pro.br/>. – Wikipédia, a enciclopédia livre – Portal de astronomia: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Portal:Astronomia>.