1 Antifascismo e o ideal de “defesa da cultura” nos Boletins AIAPE

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Anais Eletrônicos do X Encontro Internacional da ANPHLAC
São Paulo – 2012
ISBN 978-85-66056-00-6
Antifascismo e o ideal de “defesa da cultura” nos Boletins AIAPE (Uruguai) e Unidad
(Argentina)
Ângela Meirelles de Oliveira1
“Quando ouço a palavra cultura, saco logo meu revólver.” Esta frase, atribuída aos líderes
nazistas, circulou entre os intelectuais de diversas partes do globo como um símbolo da
política fascista em relação às artes e à cultura. A máxima, erroneamente associada a Herman
Göering, Heinrich Himmler e mesmo a Joseph Goebbels, é na verdade um trecho da peça
Schlageter (1933), do dramaturgo nazista Hanns Johst, cujo tema é uma apologia à vitória de
Adolf Hitler no país. Mesmo que mal-atribuída, a frase entendida como um postulado nazista
indica a dimensão que a ameaça fascista representava para a intelectualidade ocidental: o
prenúncio da vitória da violência sobre o pensamento, das armas sobre a inteligência, da força
sobre o espírito.
Este exemplo pode ilustrar a relevância que a ideia de “defesa da cultura” obteve nas
ações da militância antifascista, sobretudo, para os intelectuais. Os regimes fascistas
declaravam a destruição deliberada do patrimônio cultural do ocidente; a hecatombe
anunciada fez despertar um novo mote na luta intelectual que imprimiu à cultura um valor
central na luta política travada naquele momento. O lema “defesa da cultura” justificou a
urgência da atuação da intelectualidade no mundo.
A ação de escritores, jornalistas e artistas na luta contra o fascismo ganhara impulso
com o ascenso de Adolf Hitler ao poder em 1933. Os apelos da intelectualidade francesa em
direção aos intelectuais de todo o mundo, centradas em Henri Barbusse e Romain Rolland,
auxiliaram na internacionalização desta inquietude, em uma clara retomada da mobilização
dreyfusard de fins do século XIX. Diversas agrupações e comitês foram criados com este
objetivo. Neste trabalho, estarão em foco as AIAPEs (Agrupación de Intelectuales, Artistas,
Periodistas y Escritores) criadas na Argentina e no Uruguai em meados dos anos 30.
Na Argentina, a AIAPE foi fundada em 28 de julho de 1935, na cidade de Buenos
Aires, a partir de uma reunião em que mais de 80 pessoas, entre médicos, psicólogos,
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jornalistas e intelectuais de renome nacional, declararam lutar pela “defesa da cultura” em
contraposição às medidas autoritárias ou fraudulentas dos governos argentinos desde
setembro de 1930.2 Eles protestavam também contra o processo judicial ao qual respondia o
poeta Raul Gonzalez Tuñon, de filiação comunista. 3 Pouco mais de um ano depois, no
Uruguai, foi fundada a AIAPE – Sección Uruguaya, que representou o ápice da mobilização
intelectual desencadeada em reação ao golpe de Estado de Gabriel Terra, em março de 1933.
A frase nazista apontada no início deste trabalho estava presente explícita ou implicitamente
nos manifestos fundadores das AIAPEs nas duas margens do Rio da Prata.
O presente trabalho vai buscar significar o ideal de “defesa da cultura” para estas
agrupações por meio dos inúmeros artigos disseminados pelos periódicos porta-vozes dos
grupos: o Boletim AIAPE, por la defensa de la cultura, no Uruguai; e Unidad, por la defensa
de la cultura, na Argentina. Vale lembrar que palavra impressa – livros, jornais e folhetos –
eram uma importante instância de luta contra o fascismo, à qual as agrupações dedicaram boa
parte de seus esforços.
Segundo Ricardo Pasolini, a preocupação com a “defesa da cultura” estava presente
na luta intelectual desde fins de 1934, mas consolidou-se após o Congresso Internacional de
Escritores pela Defesa da Cultura em Paris, em julho de 1935. Neste encontro, o discurso do
poeta André Gide reafirma os “laços indissolúveis entre o destino da humanidade e da
cultura”, em uma relação de dependência mútua.4
Na primeira edição do Boletim AIAPE, de Montevidéu, o discurso de André
Malraux, pronunciado em uma reunião da Associação Internacional de Escritores pela defesa
da cultura, em Londres, ocupou a primeira página. Nele, o enfoque dado à ideia de “defesa da
cultura” tratou o lema como proteção do patrimônio cultural contra a ameaça fascista. Esta
proteção estava associada a uma garantia de futuro:
Nosotros nos encontramos lejos aún de estar plenamente liberados de esa
visión negativa de una parte de nuestra herencia, y es natural que amarlo
todo equivale a no amar nada. Sabemos, por lo menos, que un arte que no
nos ayuda a vivir ayudará quizá a vivir a otros hombres, y hemos aprendido
a respetar en los museos la presencia adormecida de esas pasiones futuras.5
Defender a cultura, ou seja, o patrimônio cultural da humanidade derivava do
entendimento de que o intelectual era ao mesmo tempo detentor e produtor dessa cultura. Esta
concepção trazia para os integrantes das associações a sensação de dever para com este
patrimônio, ou mesmo, de uma missão inerente à sua qualidade de intelectual. “El fascismo es
3
pues, nuestro enemigo, el enemigo de nuestra razón de ser: el pensamiento, el arte, la ciencia
y la literatura”, predicava a apresentação do periódico argentino Unidad.6
Os debates em torno da “defesa da cultura” deixavam transparecer algumas tensões,
segundo Cane, sobretudo, no que concerne ao embate entre universalismo e as políticas
classistas e ao nacionalismo vs. internacionalismo. Em relação ao primeiro tópico, a ideia da
preservação da cultura universal resolvia-se por um relativo consenso em torno da ideia de
“conservar la matriz ideológica liberal que posibilitara más tarde otros cambios sociales”7. O
artigo do jornalista comunista argentino Cordoba Iturburu, a respeito do Primeiro Salão de
Artes Plásticas promovido pela AIAPE argentina, justifica a defesa das tradições artísticas
pela possibilidade de aprendizado de técnicas pelo artista revolucionário, já que
No es posible exigir desde luego a los artistas, a todos los artistas que están
hoy por la defensa de la cultura y de la civilización frente a la amenaza
fascista, que realicen inmediata y artificialmente un arte revolucionario. Una
línea en un cuadro es la consecuencia de una larga maduración interior.
¡Como no lo será todo un tema y la expresión plástica de este tema!8
Estas preocupações estavam entrecruzadas com as discussões em torno da cultura
revolucionária provenientes do I Congresso de Escritores, de 1934, na URSS, bem como pela
recentíssima mudança na estratégia da Internacional Comunista, que até pouco tempo
afirmava categoricamente seu desprezo pela cultura burguesa no seio da tática da “classe
contra classe”. No entanto, sobretudo no Uruguai, as organizações de intelectuais antifascistas
eram compostas, pelo menos até 1939, por membros de tendências políticas diversas, como o
socialismo, o batllismo e o nacionalismo, proporcionando maior heterogeneirdade ao debate
presente nos periódicos. De qualquer forma, neste momento, outro aspecto era consensual: o
papel da cultura para a transformação do homem e para a libertação da humanidade.
As discussões em torno da “defesa da cultura” estavam posicionadas no
entrecruzamento de um movimento intelectual internacional (com forte relação com os
agrupamentos franceses)9 e o âmbito local, ou seja, eram ideias que circulavam globalmente e
eram ressignificadas nas dimensões políticas e culturais nacionais. Além disso, o embate entre
o nacionalismo e o internacionalismo foi uma característica da cultura comunista do período,
que deveria articular o internacionalismo proletário com as tendências políticas nacionais,
com vias a uma articulação aliancista.10 James Cane aponta ainda a necessária disputa
discursiva em torno do imaginário do nacionalismo entre a esquerda e a direita, sendo que as
AIAPEs do Uruguai e Argentina estiveram envolvidas com a mobilização dos mitos políticos
nacionais, como o de Sarmiento, Artigas e José Batlle y Ordoñez.
4
O antifascismo nestes países consolidou-se como um movimento de resistência
política à ascensão de um governo ditatorial, no caso do uruguaio Gabriel Terra, e
conservador, como o de Augustín P. Justo na Argentina. Desta forma, defender a cultura no
âmbito local significava proteger os artistas das investidas da repressão e da censura ao
processo de livre criação literária e intelectual. Lembremos o caso da já citada proibição de
publicação do poema “Brigadas de choque”, de Raúl González Tuñón, que motivou a criação
da AIAPE na Argentina11; do livro Tumulto, de poeta aiapeano José Portogalo, que foi
retirado de circulação em 193612 por representar um atentado à “moral” e à “ordem”; ou a
interdição da peça “En un rincón de Tacuarí”, do intelectual batllista Justino Zavala Muniz,
em 1938. As agrupações organizaram atos de repúdio às perseguições sofridas, consideradas
como “verdadeiros atentados à cultura”13.
A organização uruguaia ainda apresentava um diferencial em relação à argentina. Por
meio de sua publicação, pudemos mapear algumas atividades da AIAPE similares às de um
sindicato dos “obreros del pensamiento”14. Este caráter advinha, possivelmente, da
proximidade com a Confederação dos Trabalhadores Intelectuais do Uruguai (CTIU),
sindicato fundado na ocasião da visita de David Alfaro Siqueiros ao país, em 1933. No relato
de Aníbal Ponce, presidente e motor da agrupação argentina, a CTIU teria se convertido na
AIAPE uruguaia.15
A proteção da atividade artística e dos artistas dava-se por meio de críticas constantes
à política cultural do Ministério da Instrução Pública e da Comissão Nacional de Bellas Artes,
assim como dos concursos artísticos promovidos pelas instituições governamentais,
contestando a escolha dos jurados e a atribuição de premiações. Por outro lado, a aprovação,
pelo mesmo governo, da lei de propriedade artística e intelectual foi ratificada unanimemente
pelos integrantes da agrupação. Defendendo a mudança da ideia de propriedade intelectual
(fruto de uma “derivación patrimonial de la creacción artistica” 16), os aiapeanos acatavam o
conceito de direito moral do autor, já que ele produz a obra, tirando-a seu cérebro, “de su
propia sangre, de lo más intimo de su entraña”17. O escritor Montiel Ballesteros,
contemporiza:
Admitamos que el bien colectivo del tesoro público no se vuelva maná que
alimente nuestra lírica “holgazanería” de cigarras, pero que la ley no sonría
con la sentencia platoniana que nos expulsa de la república… y del banquete
de la vida, aquí donde ni siquiera se corona de rosas a los bardos…18
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O ideal de “defesa da cultura” esteve relacionado também às atividades de promoção
e divulgação cultural realizadas pelos periódicos. As publicações apresentavam contos,
crônicas, poesias, crítica musical, literária e cinematográfica, agenda cultural e todas as
edições traziam gravuras, xilogravuras, fotografias de esculturas, além da divulgação e
críticas de exposições realizadas. A produção artística e literária dos intelectuais das AIAPEs
é vista pelo argentino Ernesto Giudice como o principal dever do intelectual antifascista:
“SER ARTISTA. Y demostrarlo.”
Luchar contra el fascismo no basta: hay que crear obra que sin necesidad de
llevar el rótulo de “antifascista” – que es una cosa fácil e cómoda – sea
antifascista de verdad, es decir socialmente viva y dinámica, en su misma
naturaleza, en su inconfundible expresión. La forma de demostrar que
nuestra posición de izquierda es fecunda para la ciencia y el arte, es hacer
ciencia y arte en contacto con la realidad social y la vida.19
Neste mesmo artigo, Giudice discorre sobre o problema educacional, outra
preocupação dos aiapeanos argentinos e uruguaios. Considerada uma importante instância de
disseminação da cultura, as políticas educacionais estiveram em foco na Argentina, sobretudo
frente à implantação do ensino religioso obrigatório nas escolas que, segundo Bisso e
Celentano, surgiram na esteira da realização do Congresso Eucarístico.20 No Uruguai, a
preocupação com os sistema educativo passou pela criação das Universidades Populares,
responsáveis, nas palavras da médica feminista Paulina Luisi, por suprir as “necessidades
culturais” do povo.21
Para os aiapeanos, o exemplo de educação popular e de ação em defesa da cultura
estava na Espanha conflagrada. Em diversos artigos dos periódicos, tanto da Argentina quanto
do Uruguai, circulavam as imagens romantizadas dos soldados republicanos sendo
alfabetizados no campo de batalha, dos poetas e pintores atuando como “soldados da cultura”
e do sacrifício enorme do povo espanhol para salvaguardar seus museus e bibliotecas dos
ataques fascistas.22 A solidariedade com a República Espanhola foi um dos principais motes
da luta antifascista no mundo, e nos países do Prata não foi diferente. Raúl González Tuñón e
Cordoba Iturburu participaram do II Congresso de Escritores em Defesa da Cultura, em
Valência, no ano de 1937, representando os intelectuais das duas margens do rio.23 Além
disso, grupos de apoio material à República foram criados com a função de arrecadar dinheiro
e suprimentos, sobretudo para as crianças e os intelectuais.
As imagens romantizadas das ações culturais na Espanha, de uma educação “de
trincheira” com ampla participação popular, parecem não ter influenciado as propostas
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educacionais dos intelectuais aiapeanos. Com respeito às Universidades Populares no
Uruguai, por exemplo, seguia-se na defesa de uma linha educativa marcadamente iluminista,
por meio da qual a cultura era um bem que deveria ser entregue ao povo pelos intelectuais,24
ou, na defesa de Paulina Luisi, um meio de “suministrar a las clases populares ese mínimo de
cultura ‘standart’ a que tiene derecho todo ser humano”25. Uma exceção é a produção teórica
do pedadogo comunista uruguaio Jesualdo Sosa, que buscou por meio de sua prática docente
nas escolas rurais do país inovar as teorias pedagógicas em contato direto com a população.
Ao buscar os sentidos que tomaram o ideal de “defesa da cultura” para as AIAPEs,
da Argentina e do Uruguai, e em quais atuações práticas estes sentidos se concretizaram,
procurou-se formular uma análise positiva da atuação das agrupações, e não somente reativa,
ao qual a ideia de “defesa” está associada. Mesmo Aníbal Ponce, em sua análise feita após um
ano de existência do grupo argentino, pensa a agrupação a partir de identidades em oposição a
algo: “AIAPE no podía tener otra norma de conducta que la que surge de sus propósitos
clarísimos: ni partido político, ni capilla sectaria, ni tertulia de snobs, ni asociación de
revolucionarios...”26.
Desta forma, entende-se que o ideal de “defesa da cultura” manifestado pelas
agrupações intelectuais da Argentina e do Uruguai resultou em uma contribuição para o
debate cultural, tanto via produção artística e teórica, quanto por meio de pressões e
manifestos realizados pelos intelectuais, que buscavam a valorização da atividade artística, a
luta pela liberdade de criação nas sociedades autoritárias e conservadoras em que viviam,
além de aspirarem uma maior igualdade na disseminação da cultura para as classes populares.
Afinal, levando em conta que os intelectuais se identificavam como herdeiros e guardiões da
cultura e da civilização ocidental, visto o fascismo como a anti-inteligência e a anticultura,
lutar contra ele era, para o intelectual, lutar pela própria sobrevivência.
1
Doutoranda pelo Programa de História Social da Universidade de São Paulo, sob a orientação da
Profa. Dra. Maria Helena Rolim Capelato, angelamo@usp.br.
2
CANE, James. Unity for the Defense of Culture - The AIAPE. and the Cultural Politics of Argentine
Antifascism: 1935-1943. In: The Hispanic American Historical Review, v. 77, n. 3, aug. 1997, p. 443.
3
CELENTANO, Adrián. Ideas e intelectuales en la formación de una red sudamericana antifascista.
In: Literatura e Lingüística, n.17, 2006, p. 196.
4
BERGAMIN, José. Introducción. In: GIDE, A. Defensa de la Cultura. Facsímil de la edición de José
Bergamín, de 1936. Madri: Ediciones de la Torre, 1981, p. 11.
5
MALRAUX, André. La herencia cultural. AIAPE, por la defensa de la Cultura, ano 1, n. 1,
Montevidéu, nov. 1936, p. 2.
6
Unidad, por la defensa de la cultura, ano 1, n. 1, Buenos Aires, jan. 1936, p. 1.
7
7
PASOLINI, Ricardo. El nacimiento de una sensibilidad política. Cultura antifascista, comunismo y
nación en la Argentina: entre la AIAPE y el Congreso Argentino de la Cultura, 1935-1055. In:
Desarrollo Económico, v. 45, n. 179, Buenos Aires, oct.-dic. 2005, p. 407.
8
ITURBURU, Córdova. Hacia una plástica revolucionaria. Unidad…, op. cit., p. 13.
9
Apontamos a Association des Écrivains et Artistes Révolutionnaires - AEAR, Comité de Vigilance
des Intellectuels Antifascistes – CVIA e o Mouvement Amsterdam-Pleyel. Estas relações estão
explicitadas na tese, em fase de finalização, MEIRELLES DE OLIVEIRA, Angela. Palavras como
Balas: imprensa e intelectuais antifascistas nos países do Cone Sul. Tese (Doutorado em História) –
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo (em
andamento).
10
CANE, op. cit., p. 445.
11
BISSO, Andrés; CELENTANO, Adrian. La lucha antifascista de la Agrupación de Intelectuales,
Artistas, Periodistas y Escritores (AIAPE) (1935-1943). In: BIAGINI, Hugo; ROIG, Arturo A. (Dir.).
El pensamiento alternativo en la argentina del Siglo XX, tomo 1, Obrerismo, Vanguardia y Justicia
social. Buenos Aires: Editorial Biblos, 2006, p. 235.
12
CANE, op. cit., p. 474.
13
VITUREIRA, Cipriano S. En un rincón de Tacuarí. Unidad, por la defensa de la cultura, ano 3, n.
23. Montevidéu, jan.-fev. 1939, p. 18.
14
LUISI, Luisa. Las universidades populares y la educación cívica. AIAPE…, p. 9.
15
“…en Montevideo, el Centro de Trabajadores Intelectuales – de vida tan intensa como valiente, nos ha anunciado en estos días que se reorganizará como nosotros y adoptará nuestro nombre.” Cf.
PONCE, Aníbal. El primer año de la AIAPE. Dialéctica, ano1, n. 6, ago. 1936, p. 331.
16
COUTURE, Eduardo J. Sobre la ley de propiedad literaria y artística. AIAPE, por la defensa de la
cultura, ano 2. Montevidéu, jul.-ago. 1938, p. 6.
17
PETIT, Víctor Perez. La propiedadartística y literaria. Ibid., p. 8.
18
BALLESTEROS, Montiel. Defensa de la propiedad intelectual. Ibid., p. 7
19
GIUDICE, Ernesto. Hacia el congreso de la cultura nacional. Unidad, por la defensa de la cultura.,
ano 2, n. 3. Buenos Aires, out.-nov. 1937, p. 8-9.
20
BISSO; CELENTANO, op. cit., p. 258.
21
LUISI, op. cit., p. 9.
22
Los intelectuales españoles en la lucha. AIAPE, por la defensa de la cultura, ano 1, n. 4.
Montevidéu, abr. l937, p. 11; Nuestra palabra en la asamblea de Valencia. Unidad, por la defensa de
la cultura, ano 2, n. 2. Buenos Aires, set. 1937, p. 6-7.
23
Aiapeanos en viaje. AIAPE, por la defensa de la cultura, ano 1, n. 3. Montevidéu, mar. 1937, p. 6.
24
ARZARELO, Sofia. Deberes y responsabilidades del intelectual en la lucha por la defensa de la
cultura. AIAPE, por la defensa de la cultura, ano 3, n. 26. Montevidéu, jun. 1939, p. 6.
25
LUISI, op. cit., p. 9.
26
PONCE, op. cit., p. 331.
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