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O crime de lavagem de dinheiro no Brasil e em diversos países
Texto extraído do Jus Navigandi
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7424
Neydja Maria Dias de Morais
procuradora da Fazenda Nacional, mestranda em Direito pela UFPB
Sumário:1 Introdução. 2 ´Lavagem de Dinheiro´ - Conceito e Origem histórica da
Expressão. 3 A Evolução da Legislação. 4 A Lei Brasileira Contra o Crime de
´Lavagem de Dinheiro´. 5 A Experiência Norte-Americana. 6 Alemanha e Espanha. 7
França, Itália e Suíça. 8 México e Colômbia. 9 União Européia. 10 Portugal. 11
Conclusão. Referências.
1 Introdução
O crime de ´lavagem de dinheiro´ tem caráter transnacional e
movimenta, em escala mundial, a cifra de 500 bilhões a 1,5 trilhão de
dólares. Neste processo, com a finalidade de tornar legítimo o capital
obtido de maneira ilícita, o dinheiro percorre o sistema financeiroeconômico dos países, comprometendo a segurança da ordem
econômico-financeira, servindo até mesmo de estímulo ao cometimento
dos crimes mais graves - tráfico de drogas, terrorismo, extorsão,
seqüestro, tráfico de armas, corrupção, etc.
Na tentativa de prevenir e punir quem se utiliza do processo de
´lavagem´ para ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização,
disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores
provenientes, direta ou indiretamente de crime, diversos países têm
editado normas específicas com a finalidade de incriminar condutas
relacionadas à ´lavagem de dinheiro´.
A princípio, punia-se apenas a ocultação de valores advindos do
tráfico ilícito de entorpecentes. No entanto, as legislações estrangeiras
evoluíram ao ponto de alcançar o dinheiro proveniente de qualquer
atividade ilícita.
Seguindo o direcionamento internacional, no Brasil, foi editada a Lei nº
9.613, de 04 de março de 1998, com a finalidade de implementar um
mecanismo eficaz de repressão e prevenção do crime de "lavagem de
dinheiro".
A presente análise buscará, em um primeiro momento, demonstrar o
conceito e a origem da expressão, abordando, em seguida, como se
desenvolveu a legislação internacional de combate à ´lavagem de
dinheiro´, as chamadas legislações de primeira, segunda e terceira
gerações.
Demonstrar-se-ão, a seguir, os diversos aspectos da lei brasileira, sua
estrutura, dispositivos de direito penal e de direito processual, assim
como as principais críticas levantadas contra ela.
Por último, realizar-se-á uma análise da legislação contra o crime de
´lavagem de dinheiro´ em diversos países: Estados Unidos, Alemanha,
Espanha, França, Itália, Suíça, México, Colômbia, Portugal e, ainda, os
diplomas editados pela União Européia.
Cumpre esclarecer que este rápido estudo não tem a pretensão de
fazer uma análise completa de Direito Comparado relativamente às
legislações estrangeiras, já que, cientificamente, uma análise de Direito
Comparado exige um confronto de sistemas jurídicos distintos, além de
requerer a análise da legislação, da jurisprudência e da doutrina dos
sistemas comparados, sem desconsiderar as fontes desses sistemas,
seus conceitos fundamentais, métodos e processos de desenvolvimento.
Esta pesquisa busca tão somente destacar os dispositivos legais dos
diversos países relativamente ao crime de ´lavagem de dinheiro´ em
relação ao disciplinamento adotado pela legislação brasileira.
2 ´Lavagem de Dinheiro´ - Conceito e Origem Histórica da
Expressão
‘Lavar’ etmologicamente vem do latim lavare, isto é; ‘tornar puro’,
enquanto dinheiro vem do latim vulgar denarius, ou cada dez, que
correspondia a uma moeda romana, e hoje significa ‘moeda corrente’.
Pela definição mais comum, a ‘lavagem de dinheiro’ constitui um
conjunto de operações comerciais ou financeiras que buscam a
incorporação na economia de cada país dos recursos, bens e serviços
que se originam ou estão ligados a atos ilícitos. Em termos mais gerais,
lavar recursos é fazer com que produtos de crime pareçam ter sido
adquiridos legalmente [01].
O binômio "lavagem de dinheiro" é, portanto, a denominação utilizada
para o conjunto de operações mediante as quais os bens ou dinheiro
nascidos de atividades delitivas, o chamado "dinheiro sujo", sejam
ocultados
e
integrados
no
sistema
econômico
ou
financeiro,
transformando-se em "dinheiro limpo ou legítimo".
Em razão de caracterizar a transformação do dinheiro sujo em
dinheiro limpo, geralmente são utilizados termos que pressupõem
limpeza: Portugal utiliza o termo branqueamento de capitais; a Espanha
adota blanqueo de capitales; a França segue a expressão blanchiment
d’argent; os Estados Unidos empregam money laundering; a Argentina
assume a denominação lavado de dinero; a Colômbia denomina del
lavado de ativos; a Alemanha refere-se a geldwache; a Suíça utiliza o
termo blanchimente d´argent; a Itália segue a designação riciclaggio di
denaro; o México, por sua vez, utiliza a expressão encubrimiento y
operaciones con recursos de procedencia ilícita.
Na verdade, a origem da expressão "lavagem de dinheiro" remonta às
organizações mafiosas norte-americanas, que, na década de 1920,
aplicavam em lavanderias e lava-rápidos o capital obtido com atividades
criminosas. Esses negócios movimentavam dinheiro rapidamente, o que
facilitava a mistura do capital legalmente ganho com o advindo de
atividades
ilícitas,
promovendo
a
desvinculação
dos
recursos
provenientes das atividades criminosas.
O Professor Raúl Cervini apresenta o seguinte conceito:
[…]
lavado
los
de
procedimientos
dinero,
es
decir
de
la
conversión de dinero ilegítimo en
activos
monetarios
o
no,
con
apariencia legal, o dicho de forma más
simple: los mecanismos dirigidos a
disfrazar como lícitos fondos derivados
de una actividad ilícita, han estado
asociados desde principios de siglo
con variadas actividades del crimen
organizado, pero la expresión se aplica
comúnmente hoy para designar la
conversión del producto económico del
narcotráfico(Cervini, Oliveira e Gomes,
1998, p. 129).
A Convenção de Viena de 20 de dezembro de 1988 contra o tráfico
ilícito de entorpecentes e de substâncias psicotrópicas traz expressa
referência à ´lavagem de dinheiro´ como conversão, transferência,
ocultação ou encobrimento da natureza, origem, localização, destino,
movimentação ou propriedade verdadeira dos bens decorrentes de
atividades ilícitas.
Nos termos da legislação brasileira (art. 1º da Lei 9.613/98), a
expressão ´lavagem de dinheiro´ é uma forma genérica de referir-se, à
operação financeira ou à transação comercial que objetiva ocultar ou
dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou
propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente de crime.
Entendido o conceito e origem da expressão ´lavagem de dinheiro´, o
capítulo a seguir abordará a evolução da legislação internacional no
combate à ´lavagem de dinheiro´.
3 A Evolução da Legislação
A Convenção de Viena de 1988 editada contra o tráfico de
drogas impulsionou a criação dos primeiros diplomas legais sobre
o delito de ´lavagem de dinheiro´, impulso este correspondente à
chamada
legislação
exclusivamente
entorpecentes
de
como
e
afins.
primeira
crime
geração
antecedente
Gravitavam,
assim,
por
o
na
considerar
tráfico
de
órbita
da
´receptação´ as condutas relativas a bens, direitos e valores
originários de todos os demais ilícitos que não foram as espécies
típicas
ligadas
ao
narcotráfico.
Essa
orientação
era
compreensível, visto que os traficantes eram os navegadores
pioneiros nessas marés da delinqüência transnacional e os frutos
de suas conquistas não poderiam ser considerados como objeto
da receptação convencional [02].
Em seguida, a edição de diplomas alargando o rol de
crimes antecedentes e conexos aos crimes de ´lavagem de
dinheiro´ conduziu a doutrina a denominar essa legislação de
segunda geração, são exemplos as legislações vigentes na
Alemanha, Espanha, Portugal e Brasil.
Outros países como a Bélgica, França, Itália, México,
Suíça e Estados Unidos optaram por conectar a ´lavagem de
dinheiro´ a todo e qualquer ilícito precedente. Essa é a chamada
legislação de terceira geração.
O capítulo a seguir traz uma análise dos principais pontos
da lei brasileira de combate à ´lavagem de dinheiro´.
4 A Lei Brasileira Contra o Crime de ´Lavagem de Dinheiro´
A Lei n. 9.613/98, considerada legislação de segunda
geração, é fruto das pressões internacionais e compromissos
assumidos pelo Brasil. Objetiva proteger a ordem econômicofinanceira (objetividade jurídica). Traz na ementa: dispõe sobre os
crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores; a
prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos
previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades
Financeiras - COAF, e dá outras providências.
Tem, portanto, por escopo: a) estabelecer um novo tipo
penal especial; b) coibir a utilização do sistema financeiro
nacional como instrumento para a ´lavagem´; c) instituir uma
agência nacional de inteligência financeira, o COAF – Conselho
de
Controle
administrativas,
de
Atividades
penais
e
Financeiras;
processuais
d)
criar
específicas
normas
para
a
prevenção e punição dos crimes instituídos.
A Lei compõe-se de nove capítulos distribuídos da
seguinte forma:
CAPÍTULO I – DOS CRIMES DE ´LAVAGEM´ OU
OCULTAÇÃO DE BENS, DIREITOS E VALORES;
CAPÍTULO
II
–
DISPOSIÇÕES
PROCESSUAIS
ESPECIAIS;
CAPÍTULO III – DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO;
CAPÍTULO IV – DOS BENS, DIREITOS OU VALORES
ORIUNDOS DE CRIMES PRATICADOS NO ESTRANGEIRO;
CAPÍTULO V – DAS PESSOAS SUJEITAS A LEI;
CAPÍTULO VI – DA IDENTIFICAÇÃO DOS CLIENTES E
MANUTENÇÃO DE REGISTROS;
CAPÍTULO VII – DA COMUNICAÇÃO DE OPERAÇÕES
FINANCEIRAS;
CAPÍTULO
VIII
–
DA
RESPONSABILIDADE
ADMINISTRATIVA;
CAPÍTULO IX – DO CONSELHO DE CONTROLE DE
ATIVIDADES FINANCEIRAS.
Rodolfo Tigre Maia (1999, p. 53/54) aponta as finalidades
precípuas imediatas e mediatas da lei anti-reciclagem de ativos
ilícitos:
- imediatas: (a) a identificação
da
proveniência
de
determinados
bens, para a descoberta e punição dos
autores de ilícitos que os produziram,
(b) a inviabilização da fruição daqueles
produtos de crime pelos próprios
criminosos ou por terceiros, através de
seu confisco, (c) o fornecimento aos
órgãos
estatais
das
condições
jurídicas necessárias ao alcance de
tais misteres, através da criação do
dever de vigilância (´conheça seu
cliente´) e transparência (disclosure)
para as empresas e indivíduos cujas
áreas
de
atuação
prestam-se
especialmente à prática das condutas
incriminadas;
- mediatas: (a) desestimular a
prática
de
crimes,
(b)
conseqüências
indesejáveis
evitar
as
socialmente
de
sua
prática
e,
eventualmente, (c) restaurar os danos
causados
aos
particulares
e/ou
pessoas jurídicas vítimas daqueles
ilícitos penais.
O artigo 1o. traz as figuras típicas principais
[03].
Cuida-se
de ocultar (esconder) ou dissimular (encobrir) a natureza (a
essência, a substância, as características estruturais ou a
matéria), origem (procedência, lugar de onde veio ou processo
através do qual foi obtido), localização (a situação atual, o lugar
onde se encontra), disposição (qualquer forma de utilização,
onerosa ouj gratuita), movimentação (no sentido de aplicação; de
circulação, especialmente financeira ou bancária, ou, também, de
deslocamento físico de bens móveis) ou propriedade (domínio,
poder sobre a coisa, titularidade, qualidade legal ou fática de
dono) de bens, direitos e valores (objetos materiais do crime)
(MAIA, 1999, p. 65).
A pluralidade de condutas típicas descritas no caput do
artigo 1o é complementada pelos incisos I a VIII que trazem os
chamados crimes antecedentes (tráfico ilícito de substâncias
entorpecentes ou drogas afins, terrorismo, contrabando ou tráfico
de armas, munições ou material destinado à sua produção,
extorsão mediante seqüestro, corrupção). Os parágrafos do
referido artigo 1º trazem aspectos de dosimetria da pena.
Na verdade, a Lei n. 9.613 tem sido alvo de inúmeras
críticas. O aspecto mais bombardeado consubstancia-se na
técnica de formular uma lista de crimes antecedentes em
númerus clausus. Alguns dizem que, na verdade, o texto deveria
ter sido sintético. Por outro lado, outros apontam exatamente
como defeito a amplitude do elenco de tipos. Além disso, tem sido
objeto de crítica a ausência dos crimes tributários como crimes
antecedentes já que, na prática, inúmeras investigações apontam
a conexão desses delitos à ´lavagem de dinheiro´.
No aspecto processual penal, a de apuração do crime de
´lavagem´ de capitais, por força do princípio da autonomia ou
independência do processo penal, independe do crime anterior
[04],
isto é, o crime de lavagem é punido, ainda que o anterior seja
praticado no exterior e até mesmo se o autor for desconhecido ou
isento de pena.
A competência federal ou estadual firma-se com a análise
de cada caso concreto. O texto traz expressa a competência da
Justiça Federal
[05]
nos crimes praticados contra o sistema
financeiro e à ordem econômico-financeira, bem como em
detrimento de bens, serviços ou interesses da União, suas
entidades autárquicas e empresas públicas (art. 2o, III), neste
último aspecto, há de se enfatizar a inutilidade da previsão, já que
a Constituição Federal traz expressa a competência da Justiça
Federal para o julgamento das causas relativas a interesses da
União (art. 109).
Merece
destaque
condicional do processo
a
[06],
impossibilidade
de
suspensão
ou seja, a não aplicação do artigo
366 do Código de Processo Penal aos crimes de ´lavagem´ de
capitais (art. 2o., § 2o.), a delação premiada
[07]
(art. 1o., §5o.), a
possibilidade de apreensão e seqüestro dos bens envolvidos por
ordem judicial, de ofício ou a requerimento do Ministério Público,
no inquérito policial ou na ação penal
[08]
(art. 4º); a inversão do
ônus da prova da origem dos bens, direitos e valores apreendidos
ou seqüestrados(art. 4o, §2o.).
Ao mesmo tempo, tem sido objeto de críticas a fixação de
penas elevadas - de três a dez anos (art. 1º) - e a proibição da
concessão de fiança ou liberdade provisória [09] (art. 3o.).
Sujeitam-se à Lei 9.613/98, nos termos do artigo 9º
[10],
não só as instituições financeiras, mas também, entre outras, as
bolsas de valores, seguradoras, operadoras de cartões de crédito,
empresas de arrendamento mercantil (leasing) e de fomento
comercial (factoring). Para estas instituições enumeradas no
artigo 9º, a Lei n. 9.613/98 traz, ainda, a obrigação de identificar
os clientes e de manter registros, assim como a obrigação de
comunicar às autoridades competentes, em 24(vinte e quatro)
horas, operações financeiras e demais transações suspeitas, no
entanto, não traz qualquer conseqüência penal no caso de
descumprimento desses deveres de identificação, registro do
cliente e comunicação de operações suspeitas (arts. 10 e 11).
Por fim, vários autores sustentam a Lei 9.613/98 adotou
um modelo de legislação penal simbólica
aplicação restrita.
[12],
uma vez que terá
Examinados os principais aspectos da lei brasileira, os
capítulos seguintes trazem o tratamento do crime de ´lavagem de
dinheiro´ em diversos países.
5 A Experiência Norte-Americana
Peter Liley (2001, p. 170) destaca que os Estados Unidos
foram um dos primeiros países a agir contra a lavagem de
dinheiro internacional, e impuseram internamente diversas
normas
legislativas
e
regulamentadoras
para
controlar
o
problema. O citado autor americano enumera os seguintes
diplomas adotados naquele País:
$ A Lei de Sigilo Bancário (
Bank Secrecy At) de 1970
$
A
Lavagem
Lei
de
de
Controle
Dinheiro
de
(Money
Laudering Control At) de 1986
$ A Lei Contra o Abuso de
Drogas ( Anti Drug Abuse At) de 1988
$ A Seção 2532 da Lei de
Controle do Crime ( Crime Control At)
de 1990
$ A Seção 206 da Lei Federal
de Aperfeiçoamento Corporativo dos
Seguros em Depósito (Federal Deposit
Insurance Corporation Improvement
At) de 1991
$ O Parágrafo XV da Lei de
Desenvolvimento
Habitacional
e
Comunitário (Housing and Community
Development At) de 1992, chamada de
Lei Annunzio-Wylie Contra a Lavagem
de Dinheiro
No entanto, após os acontecimentos de "11 de setembro
(2001)" o tratamento da ´lavagem de dinheiro´ nos Estados
Unidos tomou outro rumo. O financiamento dos ataques às torres
gêmeas e ao Pentágono teve a participação das redes
internacionais
de
´lavagem
de
dinheiro´.
Diante
desta
constatação, os Estados Unidos trouxe para si a tarefa de reduzir
a ´lavagem de dinheiro´ e o financiamento do terrorismo em todo
o mundo – estas são palavras de Michael Dawson, Vicesecretário Adjunto do Terouro para Proteção da Estrutura Vital e
Políticas de Cumprimento diante da Associação de Bancos para
as Finanças e Comércio, em 15 de julho de 2003, em
Washington.
Em seu pronunciamento, o Vice-secretário americano
ressaltou os progressos alcançados contra a lavagem de dinheiro
previstos na chamada USA PATRIOT AT - Lei de 2001 para a
Supressão
Internacional
da
Lavagem
de
Dinheiro
e
do
Financiamento de Atividades Terroristas -, dentre eles figuram o
corte de laços entre os bancos americanos e bancos fictícios em
outros
países;
o
estabelecimento
de
programas
para
a
identificação formal dos clientes e exigir maior vigilância das
contas de co-responsáveis estrangeiros e das contas bancárias
privadas. A referida lei exige que as instituições financeiras dos
Estados Unidos tomem medidas especiais como terminar uma
relação bancária quando haja suspeita de lavagem de dinheiro.
Na verdade, a lei americana (USA PATRIOT AT) foi
aprovada, em 04 de outubro de 2001, para detectar e punir a
´lavagem de dinheiro´ realizada por indivíduos e instituições
financeiras
estrangeiras
por
intermédio
das
instituições
financeiras americanas. A lei concede mais poderes ao Secretário
do Tesouro e ao Secretário de Justiça para desbaratar a
´lavagem de dinheiro´ e o financiamento de grupos terroristas.
Seguem as palavras do Senador americano Carl Levin, de
Michigan
[13],
em declaração pronunciada, em 04 de outubro de
2001, na solenidade de aprovação da Lei USA PATRIOT:
"El que los terroristas estén
utilizando
instituciones
nuestras
financieras
propias
en
contra
nuestra demuestra la necesidad de
comprender nuestras vulnerabilidades
y
tomar
nuevas
medidas
para
protegernos de abusos similares en el
futuro".
O Senador Levin, co-patrocinador do projeto de lei que
culminou na edição da lei USA PATRIOT AT ao lado do Senador
Chuck Grassley destacou:"Cerrar el canal del dinero es esencial
para acabar con las atividades terroristas".
A própria lei USA PATRIOT AT, no artigo 302 (3), traz a
seguinte explicação para justificar a sua edição: os lavadores de
dinheiro subvertem os mecanismos financeiros e as relações
bancárias legítimas, utilizando–os como um manto para o
movimento de fundos de origem delitiva e para o financiamento
do crime e do terrorismo, e ao fazê-lo, podem restringir a
segurança dos cidadãos americanos e minar a integridade das
entidades financeiras desse país e dos sistemas financeiros e
comerciais globais dos quais dependem a prosperidade e o
crescimento (tradução livre).
As principais disposições de proteção contra à lavagem da
USA PATRIOT AT são:
1) estabelece políticas, procedimentos e controles de
diligência específicos com a finalidade de detectar e informar
casos de lavagem de dinheiro através de contas bancárias cujos
titulares sejam pessoas ou instituições não americanas (art. 312);
2)
proíbe
as
instituições
financeiras
estrangeiras
estabelecer ou administrar contas nos Estados Unidos de bancos
fictícios estrangeiros (banco fictício é aquele que não tem
presença física em nenhum país) (art. 313);
3) delineia a cooperação e intercâmbio de informações
entre as diversas entidades financeiras, agências de inteligência,
autoridades reguladoras e representantes da justiça, sobre
pessoas,
instituições
e
organizações
suspeitas
de
estar
relacionadas com o terrorismo ou com a lavagem de dinheiro (art.
314);
4) amplia os delitos considerados como lavagem de
dinheiro para incluir a corrupção, a importação de armas, a falsa
classificação de bens na exportação (art. 315);
5) prevê o direito de oposição a ser sustentado pelo
proprietário de bens confiscados em virtude da confiscação de
ativos suspeitos de terrorismo internacional (art. 316);
6) permite que as autoridades encarregadas de aplicar a
lei efetuem bloqueio de fundos depositados em conta de um
banco estrangeiro se este tiver uma conta interbancária nos
Estados Unidos em uma instituição financeira regular (art. 319);
7) autoriza as autoridades a vigiar os sistemas bancários
clandestinos ou redes de intermediários que permitem as pessoas
transferir dinheiro efetivamente de um país a destinatários em
outro país sem que os fundos cruzem as fronteiras nem as
transações sejam registradas (art. 359);
8) limita a responsabilidade civil pela revelação voluntária
de atividades suspeitas por parte de uma instituição financeira ou
de pessoa vinculada a uma instituição semelhante (art. 351).
9) controle de operações de valor superior a US$10.000
(art. 365).
Assim sendo, os Estados Unidos da América mantém-se
como país de atividade preventiva e repressiva mais atuante no
combate à ´lavagem de dinheiro´.
Não há comparação ao tratamento dado ao crime de
´lavagem de dinheiro´ nos Estados Unidos e o Brasil. Apesar de
pequenas semelhanças quanto às obrigações de comunicação
das instituições financeiras e equiparadas, a legislação brasileira
mostra-se extremamente incipiente em ralação à legislação
americana de combate à lavagem de dinheiro.
6 Alemanha e Espanha
Na Alemanha, o crime de lavagem de dinheiro é colocado
no Código Penal
[14],
Título III, referente aos crimes contra o
Estado Democrático de Direito, na Seção XXI, que trata da
receptação e do favorecimento real. Como legislação de segunda
geração, o código penal alemão aponta expressamente quais são
os delitos antecedentes.
Apesar de não ser muito abrangente, na previsão legal
alemã vê-se referência expressa aos crimes cometidos contra a
ordem tributária, a organização dos mercados, assim como os
crimes cometidos por intermédio de organização criminosa.
Em comparação à lei brasileira, também é possível a
delação premiada e a punição por tentativa. A lei alemã prevê,
ainda, o confisco dos bens envolvidos enquanto a lei brasileira faz
referência à apreensão e seqüestro por ordem judicial (art. 4º).
Outro ponto a ser destacado na previsão legal alemã diz
respeito à cominação da pena privativa de liberdade que é, a
princípio, até cinco anos, podendo chegar a até dez anos em
casos extremamente graves, enquanto a pena brasileira, antes de
qualquer agravamento, pode chegar a dez anos (art. 1º).
Na Espanha, o Código Penal
[15]
traz referência expressa
ao crime de ´lavagem´, no Título XIII, que trata dos delitos contra
o patrimônio e contra a ordem socioeconômica, Capítulo XIV, da
receptação e outras condutas afins.
As condutas incriminadas pela legislação espanhola são
semelhantes
às
enumeradas
pela
lei
brasileira:
adquirir,
converter, transmitir, ocultar, encobrir bens de origem ilícita.
Por
outro
lado,
os
dispositivos
revelam
aspectos
diferenciados em relação ao que dispõe à lei brasileira, destacamse: a possibilidade de agravamento da pena se os bens têm
origem a partir do tráfico de drogas; suspensão de atividades ou
dissolução de empresas envolvidas; inabilitação temporária para
exercício profissional de empresário, trabalhador do setor
financeiro, professor, educador, trabalhador social e funcionário
público, em caso de envolvimento com os crimes de ´lavagem de
dinheiro´.
Na previsão legal espanhola, destaca-se, ainda, a fixação
da pena em até seis anos, sendo possível o agravamento se
houver participação do agente em organização criminosa.
7 França, Itália e Suíça
Exemplo de legislação de terceira geração, a repressão à
´lavagem de dinheiro´ na França, Itália e Suíça tem como crime
antecedente a prática de qualquer delito.
O Código Penal
[16]
francês dispõe um capítulo ao
tratamento do crime de ´lavagem de dinheiro´, é o Capítulo IV, do
Título II, sobre os crimes contra a propriedade.
O Código Penal francês resume-se a apontar condutas
incriminadoras e fixar a pena em até nove anos, podendo chegar
até dez anos se o crime for cometido com habitualidade facilitado
pelo exercício profissional ou quando competido por organização
criminosa.
Na previsão francesa, diferentemente do que diz a
legislação brasileira, há a previsão de penas adicionais para as
pessoas naturais. São exemplos: a proibição de ter escritório
aberto ao público, proibição esta que poderá ser temporária, até
cinco anos, ou até mesmo permanente; suspensão de atividades
profissionais; cancelamento da licença para dirigir veículos;
proibição de sair do País por até cinco anos.
Na Itália, o crime de ´lavagem´ foi incluído no Código
Penal [17] desde 1990, no Título XIII, que traz os delitos contra o
patrimônio, Capítulo II, dos delitos contra o patrimônio mediante
fraude, ao lado da receptação.
Na Itália, as condutas também envolvem adquirir, receber
e ocultar dinheiro e bens provenientes de atividade ilícita,
abrangendo os crimes de extorsão, seqüestro, tráfico de
entorpecentes e afins.
Merece destaque na legislação italiana a fixação de pena
que pode variar de dois a doze anos, acrescida de multa que
pode ser fixada de um a trinta milhões de libras. Há também a
previsão de agravamento da pena em caso de a ´lavagem de
dinheiro´ ter sido realizada a partir de uma atividade profissional.
Na Suíça, o delito de ´lavagem´ alicerça-se no crime de
favorecimento real, como crime contra a administração da justiça
no Código Penal [18].
O Código Penal suíço traz apenas aspectos gerais sobre
o crime porquanto uma lei especial federal traz, com detalhes, o
sistema suíço de combate à ´lavagem de dinheiro´
[19].
Merece
destaque observar que a referida lei suíça alcança e traz amplas
obrigações para todas as instituições que exerçam intermediação
financeira, prevendo, inclusive, o funcionamento do sistema de
colaboração entre as autoridades suíças e estrangeiras.
De qualquer forma, convém ressaltar que o Código Penal
suíço não diz o prazo da pena, refere-se apenas à possibilidade
de detenção ou reclusão e multa, destacando-se o agravamento
da pena para o autor que realizar ´lavagem de dinheiro´ como
membro de uma organização criminosa ou grupo constituído para
exercitar sistematicamente a ´lavagem´e, ainda, se o montante
lavado envolver uma alta quantia.
8 México e Colômbia
No México, incluída em 1996 no Código Penal
[20]
a
capitulação do crime de ´lavagem´, no Título XXIII, que trata do
encobrimento e operações com recursos de procedência ilícita.
No Capítulo II, o Código Penal [21] mexicano traz a tipificação das
operações com recursos de procedência ilícita:
Em um formato bastante individualizado e abrangente, a
legislação mexicana pune com pena de cinco a quinze anos
qualquer agente que, por si mesmo ou por interposta pessoa,
adquira, administre, custodie, intermedie, deposite, dê em
garantia, transporte, transfira, dentro do território mexicano ou no
estrangeiro, recursos, direitos ou bens de qualquer natureza, com
conhecimento de que procedem ou representam o produto de
uma atividade ilícita, com o propósito de ocultar ou pretender
ocultar, encobrir ou impedir o conhecimento da origem,
localização, destino e propriedade destes recursos, direitos ou
bens provenientes de alguma atividade ilícita, ou seja, a previsão
legal mexicana, de terceira geração, pune a ´lavagem de dinheiro´
proveniente de qualquer atividade ilícita.
Outro ponto de relevo, já que ausente na legislação
brasileira, consiste na previsão de responsabilidade penal dos
empregados e funcionários das instituições que integram o
sistema financeiro que dolosamente prestem ajuda ou auxílio
para o cometimento das condutas delineadas acima, sem prejuízo
dos procedimentos e sanções previstas na legislação financeira
vigente. Há, inclusive, a possibilidade de aumento da pena de
½(um meio) se o crime for praticado por servidor público
encarregado de prevenir, denunciar, investigar ou julgar os
delitos, com a inabilitação para desempenhar o emprego ou
função pública. Estes dispositivo, sem dúvida, refletem um grande
avanço no combate à ´lavagem de dinheiro´.
Na Colômbia, a Lei nº 491 de 1999 incluiu no Código
Penal [22] o Capítulo Terceiro relativo aos crimes de ´lavagem de
dinheiro´. Neste país, comete o crime de ´lavagem de dinheiro´
quem adquire, guarda, transporta, custodie, administre, bens que
tenham sua origem em atividades de extorsão, enriquecimento
ilícito, seqüestro, rebelião relacionada com o tráfico de drogas,
entorpecentes ou substâncias psicotrópicas, e, ainda, quem dê
aparência de legalidade ou legalize, oculte, esconda a verdadeira
natureza, origem, destino, ou realize qualquer outro ato para
ocultar e esconder sua origem, mesmo se cometidos total ou
parcialmente no estrangeiro, estando sujeito a pena de prisão de
seis a quinze anos e multa.
O Código Penal colombiano, assim como o mexicano,
também incrimina o empregado ou diretor de instituição financeira
que descumpra os mecanismos de controle contra o crime de
´lavagem de dinheiro´. Além disso, prevê como causa de
agravamento de pena quando a conduta é realizada por pessoa
que pertença a pessoa jurídica, a uma sociedade ou organização
dedicada à ´lavagem de dinheiro´. Há, ainda, a previsão de pena
acessória correspondente à proibição do exercício da profissão
ou oficio por três a cinco anos no caso de o crime ser praticado
por empresário de qualquer indústria, administrador, empregado,
operador financeiro, de bolsa de valores ou seguradora, e à perda
do cargo público em caso de servidor público.
9 União Européia
Em Estrasburgo, 1990, a Comunidade Européia expediu a
Convenção Européia sobre ´Lavagem´, Busca, Apreensão e
Confisco de Produtos do Crime
[23],
com 44(quarenta e quatro)
artigos, destacando-se por ampliar o rol dos crimes considerados
antecedentes à ´lavagem de dinheiro´.
Inspirada no texto da Convenção de Viena de 1988 a
Convenção do Conselho da Europa alargou para fins de
´lavagem´, a noção dos capitais ilícitos, estendidos não só
àqueles provenientes do tráfico de drogas mas aos de outras
atividades delituosas. Previu, ainda, a possibilidade de um tipo
culposo de ´lavagem´, a impossibilidade de invocar o sigilo
bancário para o cumprimento das disposições, além do emprego
de técnicas especiais de investigação (SOUZA NETTO, 2004, p.
52).
Cervini, Oliveira e Gomes (1998, p. 115) apontam a
seguintes diferenças entre a Convenção Européia e a Convenção
de Viena de 1988:
(i) la Convención Del Consejo
de Europa no se acota exclusivamente
a aquellos bienes que proceden de la
comisión de delitos vinculados al
tráfico de drogas sino a los dineros
originados en cualquier tipo de delitos;
(ii) la Convención del Consejo de
Europa a diferencia de lo que sucede
con la Convención de Viena preve
expresamente la posibilidad de tipificar
la comisión imprudente de estos
delitos.
No
Direito
Comunitário,
dois
documentos
destacam-se
editados nos anos de 1991 e 2001,
respectivamente:
1) Council Diretive on prevention of the use of the financial
system for the purpose of money laundering (91/308/EEC)
(Brussels, 10 June 1991);
2) Diretive 2001/97/EC of the European Parliament and of
the Council of 4 December 2001 amending Council Diretivew
91/308/EEC on the prevention of the financial system for the
purpose of money laundering (Brussels, 28 December 2001).
A chamada Diretiva 91/308/CEE relativa à prevenção da
utilização do sistema financeiro para efeitos de ´lavagem de
dinheiro´ constitui um dos principais instrumentos internacionais
de combate à ´lavagem de dinheiro´, no entanto, mereceu ser
atualizada pela Diretiva 2001/97/CE que em seu preâmbulo traz a
seguinte justificativa:
[...] a diretiva deve não só
refletir as melhores práticas à escala
internacional
neste
domínio,
mas
também deve igualmente continuar a
pautar-se
por
elevados
níveis
de
proteção do setor financeiro e de
outras atividades vulneráveis face aos
efeitos
perniciosos
associados
ao
produto de atividades criminosas.
Segundo a Diretiva 91/308/CEE, são enumerados como
´lavagem
de
dinheiro´
os
seguintes
atos
cometidos
intencionalmente:
—
conversão
ou
transferência
de
bens,
com
conhecimento, por parte de quem as efetua, de que esses bens
provêm de uma atividade criminosa ou da participação numa
atividade dessa natureza, com o fim de encobrir ou dissimular a
origem ilícita dos mesmos ou de auxiliar quaisquer pessoas
implicadas nessa atividade a furtar-se às conseqüências jurídicas
dos seus atos,
— dissimulação ou encobrimento da verdadeira natureza,
origem, localização, utilização, circulação ou propriedade de
determinados bens ou de direitos relativos a esses bens, com
conhecimento pelo autor de que tais bens provêm de uma
atividade criminosa ou da participação numa atividade dessa
natureza,
— aquisição, detenção ou utilização de bens, com
conhecimento, aquando da sua recepção, de que provêm de uma
atividade criminosa ou da participação numa atividade dessa
natureza,
— a participação num dos atos referidos nos travessões
anteriores, a associação para praticar o referido ato, as tentativas
de o perpetrar, o fato de ajudar, incitar ou aconselhar alguém a
praticá-lo ou o fato de facilitar a sua execução.
Para assegurar a estabilidade e a integridade dos
sistemas
financeiros
dos
Estados-membros,
a
Diretiva
2001/97/CE tem como pontos principais:
a) o alargamento do rol de atividades a serem
monitoradas para alcançar não só a lavagem de dinheiro do
produto do crime associado ao tráfico de drogas;
b) inclusão das agências de câmbio, das instituições de
transferências de fundos, seguradoras, cassinos e das empresas
de investimento mobiliário no rol de atividades abrangidas pela
Diretiva por serem vulneráveis à ´lavagem de capitais´;
c) apontada a necessidade de ação comum na definição
das infrações para incriminação da ´lavagem de dinheiro´com a
criação de sistemas de notificação de transações suspeitas; de
cooperação internacional; identificação de clientes e manutenção
de
registros;
de
identificação,
detecção,
congelamento,
apreensão e perda de instrumentos e produtos do crime;
d) a necessidade de repressão à criminalidade organizada
(Plano de Ação do Grupo de Alto Nível);
e) inclusão de agentes imobiliários, negociantes de pedras
preciosas, obras de arte, leiloeiros, dos notários e outros
profissionais forenses independentes, inclusive advogados, como
sujeitos ao disposto na diretiva quando participem de transações
financeiras,
consultoria
profissionais
empresariais,
fiscal
serem
pelo
principalmente
risco
utilizados
quando
prestem
acentuado
desses
serviços
de
abusiva
para
forma
o
branqueaento de produto de atividades criminosas;
f) identificação de transações com clientes cujo montante
seja igual ou superior a 15000 euros;
g) envio de informações de quaisquer fatos que possam
constituir indícios de operações de ´lavagem de dinheiro´ às
autoridades responsáveis pela repressão à ´lavagem de dinheiro´.
O controle do sistema financeiro incentivou a utilização de
outras atividades e profissionais na ´lavagem de dinheiro´. Sem
dúvida, a União Européia, sensível aos avanços da tecnologia do
crime, conseguiu delinear e avançar na criação de um sistema
abrangente de prevenção e repressão à ´lavagem de dinheiro´, ao
envolver atividades profissionais e empresariais utilizadas para
dissimular a origem do produto de atividades criminosas.
10 Portugal
O sistema de combate à ´lavagem de dinheiro´, em
Portugal, foi deixado por último justamente por sua legislação ter
sido editada recentemente, já considerando as orientações da
Diretiva 2001/97/CE da União Européia.
Na verdade, em Portugal, no dia 27 de março de 2004, foi
publicada a Lei nº 11
[24]
que traz novo regime de prevenção e
repressão do branqueamento de vantagens de proveniência
ilícita. Este novo regime estabelece medidas de natureza
preventiva e repressiva de combate à ´lavagem de dinheiro´,
transpondo para a legislação nacional a diretiva comunitária de
2001 (2001/97/CE) relativa à prevenção da utilização do sistema
financeiro para efeitos de branqueamento de capitais.
A nova lei portuguesa trouxe, com detalhes, vários
deveres a serem observados pelas instituições financeiras e não
financeiras: dever de exigir a identificação; dever de recusa de
realização de operações; dever de conservação de documentos;
dever de exame; dever de comunicação; dever de abstenção;
dever de colaboração; dever de segredo; dever de criação de
mecanismos de controle e de formação [25].
Com a Lei nº 11/2004 foram incluídos vários artigos, sob a
epígrafe "Branqueamento", no Código Penal [26] português contra
a ´lavagem de dinheiro´. No rol de crimes antecedentes foram
introdizidos, entre outros: a prática, sob qualquer forma de
comparticipação, dos factos ilícitos típicos de lenocínio, abuso
sexual de crianças ou de menores dependentes, tráfico de armas,
tráfico de órgãos ou tecidos humanos, tráfico de espécies
protegidas, tráfico de influência e corrupção.
A legislação portuguesa abrange os mais modernos
aspectos de combate à ´lavagem de dinheiro´, tais como: lista
expressa de deveres para as entidades financeiras e não
financeiras relativamente a identificação de clientes e prestação
de informações; rol abrangente e amplo de crimes antecedentes
alcançando até mesmo ações criminosas praticadas fora do
território nacional português; punição de intermediários que
participem do processo de ´lavagem´; a expressa proteção a
terceiros de boa fé e a responsabilidade da pessoa jurídica.
11 Conclusão
Primeiramente, observa-se que o tratamento penal do
crime de ´lavagem de dinheiro´, sobretudo se for considerando
seu caráter transnacional, varia muito entre os diversos países, o
que, certamente, enfraquece e dificulta sua prevenção e
repressão. Ponto positivo para o crime.
De qualquer forma, a edição da Lei nº 9.613/98, no Brasil,
constitui avanço inegável no combate ao crime. Afinal, atingir o
aspecto financeiro é a forma mais rápida de prevenção e punição
à criminalidade.
Verifica-se, ainda, que as críticas relativas ao prazo da
pena prevista na legislação brasileira são infundadas diante da
gravidade do delito em comento, ademais, vários países ostentam
penas até mesmo mais elevadas, como é o caso do México,
Colômbia e Itália.
No entanto, apesar de ter sido publicada há apenas sete
anos, a lei brasileira merece amplos reparos, considerando os
diversos aspectos ressaltados nas normas dos outros países,
principalmente: Estados Unidos, México, Colômbia e Portugal. A
lei brasileira precisa de ser imediatamente atualizada de forma
que seja incluído(a):
a) a incriminação da ´lavagem de dinheiro´ originária de
qualquer crime antecedente, sem impedimento de que conste um
rol de crimes antecedentes, desde que esse rol seja apenas
exemplificativo e não exaustivo;
b)
a
responsabilidade
funcionários
das
enumeradas
no
instituições
art.
9º
da
penal
dos
financeiras
Lei
empregados
e
9.613/98,
e
equiparadas,
no
caso
de
descumprimento das normas de controle e prevenção do crime de
´lavagem´;
c) a suspensão de atividades ou dissolução de empresas
envolvidas, assim como a inabilitação temporária ou permanente
para exercício profissional das pessoas envolvidas;
d) a definição de um sistema claro e específico de
colaboração entre as autoridades nacionais e estrangeiras que
exerçam a prevenção e punição dos crimes de ´lavagem de
dinheiro´.
Atingir o aspecto financeiro é, sem dúvida, o meio mais
rápido de conter a escalada do crime, daí a importância de que a
discussão relativa aos crimes de ´lavagem de dinheiro´ seja
amplamente considerada no âmbito político, social e acadêmico,
em benefício de toda a comunidade nacional e estrangeira.
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Notas
01
Lavagem de Dinheiro: um problema mundial. Organizado
pelo COAF – Conselho de Controle de Atividades Financeiras.
Brasília: UNDCP, 1999, p. 8.
02
Exposição de Motivos nº 692, de 18 de dezembro de
1996, do projeto de lei que culminou na edição da lei brasileira
combate à ´lavagem de dinheiro´, Lei nº 9.613/98.
03
Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem,
localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens,
direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de
crime:
I - de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou
drogas afins;
II – de terrorismo e seu financiamento; (Redação dada
pela Lei nº 10.701, de 9.7.2003)
III - de contrabando ou tráfico de armas, munições ou
material destinado à sua produção;
IV - de extorsão mediante seqüestro;
V - contra a Administração Pública, inclusive a exigência,
para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de qualquer
vantagem, como condição ou preço para a prática ou omissão de
atos administrativos;
VI - contra o sistema financeiro nacional;
VII - praticado por organização criminosa.
VIII – praticado por particular contra a administração
pública estrangeira (arts. 337-B, 337-C e 337-D do Decreto-Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal). (Inciso
incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)
Pena: reclusão de três a dez anos e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou
dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes
de qualquer dos crimes antecedentes referidos neste artigo:
I - os converte em ativos lícitos;
II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em
garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere;
III
-
importa
ou
exporta
bens
com
valores
não
correspondentes aos verdadeiros.
§ 2º Incorre, ainda, na mesma pena quem:
I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens,
direitos ou valores que sabe serem provenientes de qualquer dos
crimes antecedentes referidos neste artigo;
II - participa de grupo, associação ou escritório tendo
conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é
dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei.
§ 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo único
do art. 14 do Código Penal.
§ 4º A pena será aumentada de um a dois terços, nos
casos previstos nos incisos I a VI do caput deste artigo, se o
crime for cometido de forma habitual ou por intermédio de
organização criminosa.
§ 5º A pena será reduzida de um a dois terços e começará
a ser cumprida em regime aberto, podendo o juiz deixar de aplicála ou substituí-la por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor
ou
partícipe
autoridades,
colaborar
prestando
espontaneamente
esclarecimentos
que
com
conduzam
as
à
apuração das infrações penais e de sua autoria ou à localização
dos bens, direitos ou valores objeto do crime (texto integral no
anexo).
04
Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos
nesta Lei:
(...)
II - independem do processo e julgamento dos crimes
antecedentes referidos no artigo anterior, ainda que praticados
em outro país;
05
Art. 2º (...)
III - são da competência da Justiça Federal:
a) quando praticados contra o sistema financeiro e a
ordem econômico-financeira, ou em detrimento de bens, serviços
ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou
empresas públicas;
b) quando o crime antecedente for de competência da
Justiça Federal.
06
Art. 2º (...)
§ 2º No processo por crime previsto nesta Lei, não se
aplica o disposto no art. 366 do Código de Processo Penal.
07
Art. 1º (...)
§ 5º A pena será reduzida de um a dois terços e começará
a ser cumprida em regime aberto, podendo o juiz deixar de aplicála ou substituí-la por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor
ou
autoridades,
partícipe
colaborar
prestando
espontaneamente
esclarecimentos
que
com
conduzam
as
à
apuração das infrações penais e de sua autoria ou à localização
dos bens, direitos ou valores objeto do crime.
08
Art. 4º O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério
Público, ou representação da autoridade policial, ouvido o
Ministério Público em vinte e quatro horas, havendo indícios
suficientes, poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação
penal, a apreensão ou o seqüestro de bens, direitos ou valores do
acusado, ou existentes em seu nome, objeto dos crimes previstos
nesta Lei, procedendo-se na forma dos arts. 125 a 144 do
Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de
Processo Penal.
§ 1º As medidas assecuratórias previstas neste artigo
serão levantadas se a ação penal não for iniciada no prazo de
cento e vinte dias, contados da data em que ficar concluída a
diligência.
§ 2º O juiz determinará a liberação dos bens, direitos e
valores apreendidos ou seqüestrados quando comprovada a
licitude de sua origem.
§ 3º Nenhum pedido de restituição será conhecido sem o
comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz determinar
a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou
valores, nos casos do art. 366 do Código de Processo Penal.
§ 4º A ordem de prisão de pessoas ou da apreensão ou
seqüestro de bens, direitos ou valores, poderá ser suspensa pelo
juiz, ouvido o Ministério Público, quando a sua execução imediata
possa comprometer as investigações.
09
Art. 3º Os crimes disciplinados nesta Lei são insuscetíveis
de fiança e liberdade provisória e, em caso de sentença
condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá
apelar em liberdade.
10
CAPÍTULO V
DAS PESSOAS SUJEITAS À LEI
Art. 9º Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e
11 as pessoas jurídicas que tenham, em caráter permanente ou
eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente
ou não:
I - a captação, intermediação e aplicação de recursos
financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira;
II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como
ativo financeiro ou instrumento cambial;
III
-
a
custódia,
emissão,
distribuição,
liqüidação,
negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores
mobiliários.
Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:
I - as bolsas de valores e bolsas de mercadorias ou
futuros;
II - as seguradoras, as corretoras de seguros e as
entidades de previdência complementar ou de capitalização;
III - as administradoras de cartões de credenciamento ou
cartões de crédito, bem como as administradoras de consórcios
para aquisição de bens ou serviços;
IV - as administradoras ou empresas que se utilizem de
cartão ou qualquer outro meio eletrônico, magnético ou
equivalente, que permita a transferência de fundos;
V - as empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as
de fomento comercial (factoring);
VI - as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou
quaisquer bens móveis, imóveis, mercadorias, serviços, ou,
ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante sorteio
ou método assemelhado;
VII - as filiais ou representações de entes estrangeiros que
exerçam no Brasil qualquer das atividades listadas neste artigo,
ainda que de forma eventual;
VIII - as demais entidades cujo funcionamento dependa de
autorização de órgão regulador dos mercados financeiro, de
câmbio, de capitais e de seguros;
IX - as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou
estrangeiras, que operem no Brasil como agentes, dirigentes,
procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma representem
interesses de ente estrangeiro que exerça qualquer das
atividades referidas neste artigo;
X - as pessoas jurídicas que exerçam atividades de
promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis;
XI - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem
jóias, pedras e metais preciosos, objetos de arte e antigüidades.
XII – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem
bens de luxo ou de alto valor ou exerçam atividades que
envolvam grande volume de recursos em espécie. (Incluído pela
Lei nº 10.701, de 9.7.2003)
Legislação apenas figurativa, para acalmar os ânimos
11
sociais diante de casos específicos.
Disponível
12
http://bogota.usembassy.gov/wwwsml14.shtml.
em:
Acesso
em:
14/11/2004.
§ 261. Lavado de dinero; ocultamiento de bienes mal
13
habidos
(1) Quien oculte una cosa, encubra su origen, o impida o
ponga en peligro la investigación del origen, del descubrimiento,
del comiso, la confiscación, o el aseguramiento de un tal objeto,
que provenga de um hecho antijurídico mencionado en la frase 2,
será castigado con pena privativa de la libertad hasta cinco años
o con multa. Hechos antijurídicos en el sentido de la frase 1 son:
1. crímenes
2. delitos conforme a:
a) § 332 inciso 1, también en conexión con el inciso 3 y el
§ 334
b) § 29 inciso 1 frase 1 numeral 1 de la Ley de
Estuperfacientes (Betäubungsmittelgesetz) y el §
29 inciso 1 numeral 1 de la Ley de Vigilancia de Materias
Básicas
(Grundstoffüberwachungsgesetz),
3. Delitos según el § 373 y cuando el autor atúe
profesionalmente según el § 374 de la Ley general tributaría
(Abgabenordung), también en conexión con el § 12 inciso 1 de la
Ley para la ejecución de las Organizaciones Comunes de
Mercado
(Gesetz
zur
Durchführung
der
Gemeinsamen
Marktorganisationen),
4. Delitos 92
a) según los § 180b, 181a, 242, 246, 253, 258, 263 a 264,
266, 267, 269, 284, 326 inciso 1, 2 y 4 a si como el § 328 inciso 1,
2 y 44,
b) según el § 92 a de la Ley para extranjeros
(Ausländergesetz) y del § 1 84 de la Ley de Procedimientos para
Asilados (Asylverfahrensgesetz), que hayan sido cometidos
profesionalmente o por un miembro de la banda que se ha
asociado para la comisión continuada de tales hechos, y
5. Delitos cometidos por un miembro de una asociación
criminal (§ 129)
En los casos de la frase 2 numeral 3 se aplica también la
frase 1 para un objeto referente al cual se le hayan ocultado
datos.
(2) De la misma manera será castigado quien en relación
con un objeto señalado en el inciso 1
1. lo consiga para sí o para un tercero, o
2. lo guarde o utilice para si o un tercero, cuando haya
conocido la procedencia del objeto en el momento en el cual lo
haya obtenido.
(3) La tentativa es punible.
(4) En casos especialmente graves el castigo es pena
privativa de la libertad de seis meses hasta diez años. Un caso
especialmente grave se presenta por lo general cuando el autor
atúa profesionalmente como miembro de una banda, que se ha
asociado para la continuada comisión de lavado de dinero.
(5) Quien en los casos del inciso 1 o 2, no reconozca por
ligereza que el objeto provenga de alguno de los hechos
antijurídicos descritos en el inciso 1, será castigado con pena
privativa de la libertad hasta dos años o con multa.
(6) El hecho no es punible de acuerdo con el inciso 2,
cuando antes un tercero haya obtenido el objeto, sin haber
cometido por ello un hecho punible.
(7) Objetos, a los que se refiera el hecho, pueden ser
confiscados. Debe aplicarse el § 74 a. Los §§ 43a, 73 deben
aplicarse cuando el autor atúa como miembro de una banda, que
se ha asociado para la continuada comisión del lavado de dinero.
El § 73d también debe aplicarse cuando el autor atúa
profesionalmente.
(8) Los objetos descritos en los incisos 1, 2 y 5, se
equiparan a aquellos que provengan de hechos cometidos en el
extranjero señalados en el inciso 1 cuando el hecho también este
amenazado com castigo en el lugar de los hechos.
(9) Por lavado de dinero no será castigado según los
incisos 1 a 5, quien:
1. voluntariamente denuncie el hecho ante la autoridad
competente, o disponga voluntariamente un tal denuncio, cuando
el hecho en ese momento no estuviese descubierto total o
parcialmente y el autor tuviera conocimiento de esto o luego de
una evaluación objetiva de la situación, tuviera que contar con
esto, y
2. en los casos de los incisos 1 y 2, bajo los presupuestos
descritos en el numeral 1, se efetúe el aseguramiento del objeto,
al cual se refiere el hecho punible.
De conformidad con los incisos 1 a 5 no será castigado
quien es punible a causa de participación en el hecho previo
(10) El tribunal puede en los casos de los incisos 1 a 5,
disminuir el castigo (§ 49, inciso 2) según su discrecionalidad o
prescindir del castigo de acuerdo con ésta norma cuando el autor
por medio de la revelación voluntaria de su conocimiento haya
contribuido esencialmente a que el hecho, más allá de su propia
contribución, o de un hecho antijurídico de otro descrito en el
inciso 11 haya podido ser descubierto.
14
Artículo 301.
1. El que adquiera, convierta o transmita bienes, sabiendo
que éstos tienen su origen en un delito grave, o realice cualquier
otro ato para ocultar o encubrir su origen ilícito, o para ayudar a la
persona que haya participado en la infracción o infracciones a
eludir las consecuencias legales de sus atos, será castigado con
la pena de prisión de seis meses a seis años y multa del tanto al
triplo del valor de los bienes. Las penas se impondrán en su mitad
superior cuando los bienes tengan su origen en alguno de los
delitos
relacionados
con
el
tráfico
de
drogas
tóxicas,
estupefacientes o sustancias psicotrópicas descritos en los
artículos 368 a 372 de este Código.
2. Con las mismas penas se sancionará, según los casos,
la ocultación o encubrimiento de la verdadera naturaleza, origen,
ubicación, destino, movimiento o derechos sobre los bienes o
propiedad de los mismos, a sabiendas de que proceden de
alguno de los delitos expresados en el apartado anterior o de un
ato de participación en ellos.
3. Si los hechos se realizasen por imprudencia grave, la
pena será de prisión de seis meses a dos años y multa del tanto
al triplo.
4. El culpable será igualmente castigado aunque el delito
del que provinieren los bienes, o los atos penados en los
apartados
anteriores
hubiesen
sido
cometidos,
total
o
parcialmente, en el extranjero.
Artículo 302.
En los supuestos previstos en el artículo anterior se
impondrán las penas privativas de libertad en su mitad superior a
las personas que pertenezcan a una organización dedicada a los
fines señalados en los mismos, y la pena superior en grado a los
jefes,
administradores
o
encargados
de
las
referidas
organizaciones. En tales casos, los Jueces o Tribunales
impondrán, además de las penas correspondientes, la de
inhabilitación especial del reo para el ejercicio de su profesión o
industria por tiempo de tres a seis años, y podrán decretar, así
mismo, alguna de las medidas siguientes:
a) Disolución de la organización o clausura definitiva de
sus locales o establecimientos abiertos al público.
b) Suspensión de las atividades de la organización, o
clausura de sus locales o establecimientos abiertos al público por
tiempo no superior a cinco años.
c) Prohibición a las mismas de realizar aquellas
atividades, operaciones mercantiles o negocios, en cuyo ejercicio
se haya facilitado o encubierto el delito, por tiempo no superior a
cinco años.
Artículo 303.
Si los hechos previstos en los artículos anteriores fueran
realizados por empresario, intermediario en el setor financiero,
facultativo, funcionario público, trabajador social, docente o
educador, en el ejercicio de su cargo, profesión u oficio, se le
impondrá,
además
de
la
pena
correspondiente,
la
de
inhabilitación especial para empleo o cargo público, profesión u
oficio, industria o comercio, de tres a diez años. Se impondrá la
pena de inhabilitación absoluta de diez a veinte años cuando los
referidos hechos fueren realizados por autoridad o agente de la
misma.
A tal efeto, se entiende que son facultativos los médicos, psicólogos,
las personas en posesión de títulos sanitarios, los veterinarios, los
farmacéuticos y sus dependientes.
15
CHAPTER IV. – MONEY LAUNDERING
SECTION 1. SIMPLE AND AGGRAVATED LAUNDERING
Article 324-1
Money laundering is facilitating by any means the false justification of the
origin of the property or income of the perpetrator of a felony or
misdemeanour which has brought him a direct or indirect benefit.
Money laundering also comprises assistance in investing, concealing
or converting the direct or indirect products of a felony or misdemeanour.
Money laundering is punished by five years’ imprisonment and a fine of
€ 375,000.
ARTICLE 324-2
Money laundering is punished by ten years’ imprisonment
and a fine of € 750,000:
1° where it was committed habitually or by using the
facilities offered by the exercise of a professional activity;
2° where it was committed by an organised gang.
ARTICLE 324-3
The fines referred to under articles 324-1 and 324-2 may be raised to
amount to half the value of the property or funds in respect of which the
money laundering operations were carried out.
ARTICLE 324-4
Where the felony or misdemeanour which produced the property or
funds for which the money-laundering operations were carried out is
punishable by a custodial sentence higher than that incurred under
articles 324-1 or 324-2, the offence of money-laundering is punished by
the penalties applicable to the offence the money-launderer knew about,
and if this offence was accompanied by aggravating circumstances, by
such penalties as relate exclusively to the circumstances of which he
was aware.
ARTICLE 324-5
As regards recidivism, money laundering is assimilated to
the offence for which the money laundering operations were
performed.
ARTICLE 324-6
Attempt to commit the misdemeanours referred to under
the present Section is subject to the same penalties.
SECTION II. - ADDITIONAL PENALTIES APPLICABLE
TO NATURAL PERSONS AND LIABILITY OF LEGAL PERSONS
ARTICLE 324-7
Natural persons convicted of any of the offences provided
for under articles 324-1 and 324-2 also incur the following
additional penalties:
1° prohibition, pursuant to the conditions set out under
article 131-27, to hold public office or to undertake the social or
professional activity in the course of which or on the occasion of
the performance of which the offence was committed, this
prohibition being permanent or temporary in the case referred to
under article 324-2, and limited to five years in the case referred to
under article 324-1.
2° prohibition to hold or carry a weapon subject to
authorisation, for a maximum period of five years;
3° prohibition to draw cheques, except those allowing the
withdrawal of funds by the drawer from the drawee or certified
cheques, and the prohibition to use credit cards, for a maximum
period of five years;
4° suspension of the driving licence for a maximum period
of five years; this suspension may be limited to driving outside
professional activity;
5° cancellation of the driving licence accompanied by a
prohibition, for a maximum period of five years, to apply for the
issue of a new licence;
6° confiscation of one or more vehicles belonging to the
person convicted;
7° confiscation of one or more weapons belonging to the
convicted person or which he has freely available to him;
8° confiscation of the thing which was used or intended for
the commission of the offence, or of the thing which is the product
of it, with the exception of articles subject to restitution;
9° forfeiture of civic, civil and family rights, pursuant to the
conditions set out under article 131-26;
10° area banishment, pursuant to the conditions set out
under article 131-31;
11° prohibition to leave the territory of the Republic for a
maximum period of five years;
12° confiscation of some or all of the property of the
convicted person, of whatever type, movable or immovable,
whether jointly or separately owned.
ARTICLE 324-8
Any alien convicted of any of the offences referred to
under articles 324-1 to 324-2 may be banished from French
territory either permanently or for a maximum period of ten years,
in accordance with the conditions laid down under article 131-10.
ARTICLE 324-9
Legal persons may incur criminal liability for the offences
set out under articles 324-1 and 324-2, pursuant to the conditions
set out under article 121-2.
The penalties incurred by legal persons are:
1° a fine, pursuant to the conditions set out under article
131-38;
2° the penalties referred to under article 131-39.
The prohibition referred to under 2° of article 131-39
applies to the activity in the course of which or on the occasion of
the performance of which the offence was committed.
16Capo
II:
DEI
DELITTI
CONTRO
IL
PATRIMONIO
MEDIANTE FRODE
Art. 648 Ricettazione
Fuori dei casi di concorso nel reato, chi, al fine di procurare a se'' o ad
altri un profitto, acquista, riceve od occulta denaro o cose provenienti da
un qualsiasi delitto, o comunque s''intromette nel farli acquistare, ricevere
od occultare, e'' punito con la reclusione da due a otto anni e con la
multa da lire un milione a lire venti milioni. La pena e'' della reclusione
sino a sei anni e della multa sino a lire un milione, se il fatto e'' di
particolare tenuita''.
Le disposizioni di questo articolo si applicano anche quando l''autore
del delitto, da cui il denaro o lecose provengono, non e'' imputabile o non
e'' punibile.
Art. 648 bis Riciclaggio
Fuori dei casi di concorso nel reato, chiunque sostituisce denaro,
beni o altre utilita'' provenienti daí delitti di rapina aggravata, di
estorsione aggravata, di sequestro di persona a scopo di estorsione o
daí delitti concernenti la produzione o il traffico di sostanze stupefacenti o
psicotrope, con altro denaro, altri beni o altre utilita'', ovvero ostacola
l''identificazione della loro provenienza dai delitti suddetti, e'' punito con
la reclusione da quattro a dodici anni e con la multa da lire due milioni a
lire trenta milioni.
La pena e'' aumentata quando il fatto e'' commesso
nell''esercizio di un''attivita'' professionale.
Si applica l''ultimo comma dell''articolo 648.
Art. 648 ter Impiego di denaro, beni o utilita'' di
provenienza illecita
Chiunque, fuori dei casi di concorso nel reato e dei casi previsti dagli
articoli 648 e 648 bis, impiega in attivita'' economiche o finanziarie
denaro, beni o altre utilita'' provenienti dai delitti di rapina aggravata, di
estorsione aggravata, di sequestro di persona a scopo di estorsione o
dai delitti concernenti la produzione o il traffico di sostanze stupefacenti o
psicotrope, e'' punito con la reclusione da quattro a dodici anni e con la
multa da lire due milioni a lire trenta milioni.
La pena e'' aumentata quando il fatto e'' commesso
nell''esercizio di un''attivita'' professionale.
Si applica l''ultimo comma dell''articolo 648.
17
Libro secondo: Disposizioni speciali
Titolo diciassettesimo: Dei crimini o dei delitti contro
l’amministrazione della giustizia
Art. 305
Favoreggia mento
Chiunque sottrae una persona ad atti di procedimento
penale od alla esecuzione di una pena o di una delle misure
previste negli articoli 42 a 44 e 100bis, è punito con la detenzione.
È parimente punibile chi sottrae ad atti di procedimento
penale esteri od alla esecuzione all’estero di una pena privativa
della libertà o di una misura di sicurezza una persona perseguita o
condannata all’estero per un crimine menzionato nell’articolo 75bis.
Se fra il colpevole e la persona favoreggiata esistono
relazioni così strette da rendere scusabile la sua condotta, il
giudice può prescindere da ogni pena.
Art. 305bis
Riciclaggio di denaro
1. Chiunque compie un atto suscettibile di vanificare
l’accertamento dell’origine, il ritrovamento o la confisca di valori
patrimoniali sapendo o dovendo presumere che provengono da
un crimine, è punito con la detenzione o con la multa.
2. Nei casi gravi, la pena è della reclusione fino a cinque
anni o della detenzione. La pena privativa della libertà è cumulata
con la multa fino a un milione di franchi.
Vi è caso grave segnatamente se l’autore:
a. agisce come membro di un’organizzazione criminale;
b. agisce come membro di una banda costituitasi per
esercitare sistematicamente il riciclaggio;
c. realizza una grossa cifra d’affari o un guadagno
considerevole facendo mestiere del riciclaggio.
3. L’autore è punibile anche se l’atto principale è stato
commesso all’estero, purché costituisca reato anche nel luogo in
cui è stato compiuto.
18
Loi fédérale 955.0 concernant la lutte contre le
blanchiment d’argent dans le secteur financier du 10 octobre
1997.
19
TITULO VIGESIMO TERCERO
Encubrimiento y operaciones con recursos de procedencia
ilícita
CAPÍTULO I
Encubrimiento
ARTICULO 400 - Se aplicará prisión de tres meses a tres años y de
quince a sesenta días multa, al que
I - Con ánimo de lucro, después de la ejecución del delito y sin
haber participado en éste, adquiera, reciba u oculte el produto de aquél
a sabiendas de esta circunstancia. Si el que recibió la cosa en venta,
prenda o bajo cualquier otro concepto, no tuvo conocimiento de la
procedencia ilícita de aquélla, por no haber tomado las precauciones
indispensables para asegurarse de que la persona de quien la recibió
tenía derecho para disponer de ella, la pena se disminuirá hasta en una
mitad;
II - Preste auxilio o cooperación de cualquier especie al autor de un
delito, con conocimiento de esta circunstancia, por acuerdo posterior a la
ejecución del citado delito;
III - Oculte o favorezca el ocultamiento del responsable de un delito,
los efetos, objetos o instrumentos del mismo o impida que se averigüe;
IV - Requerido por las autoridades, no de auxilio para la
investigación de los delitos o para la persecución de los delincuentes; y
V - No procure, por los medios lícitos que tenga a su alcance y sin
riesgo para su persona, impedir la consumación de los delitos que sabe
van a cometerse o se están cometiendo, salvo que tenga obligación de
afrontar el riesgo, en cuyo caso se estará a lo previsto en este artículo o
en otras normas aplicables.
No se aplicará la pena prevista en este artículo en los casos de las
fracciones III, en lo referente al ocultamiento del infrator, y IV, cuando se
trate de:
a) Los ascendientes y descendientes consanguíneos o afines;
b) El cónyuge, la concubina, el concubinario y parientes colaterales por
consanguinidad hasta el cuarto grado, y por afinidad hasta el segundo; y
c) Los que estén ligados con el delincuente por amor, respeto, gratitud
o estrecha amistad derivados de motivos nobles.
El juez, teniendo en cuenta la naturaleza de la acción, las
circunstancias personales del acusado y lãs demás que señala el
artículo 52, podrá imponer en los casos de encubrimiento a que se
refieren lãs fracciones I, párrafo primero y II a IV de este artículo, en
lugar de las sanciones señaladas, hasta las dos terceras partes de las
que correspondería al autor del delito; debiendo hacer constar en la
sentencia las razones en que se funda para aplicar la sanción que
autoriza este párrafo.
20
CAPÍTULO II
Operaciones con recursos de procedencia ilícita
ARTICULO 400 BIS - Se impondrá de cinco a quince años de prisión y
de mil a cinco mil días multa al que por sí o por interpósita persona
realice cualquiera de las siguientes condutas: adquiera, enajene,
administre, custodie, cambie, deposite, dé en garantía, invierta,
transporte o transfiera, dentro del territorio nacional, de éste hacia el
extranjero o a la inversa, recursos, derechos o bienes de cualquier
naturaleza, con conocimiento de que proceden o representan el produto
de una atividad ilícita, com alguno de los siguientes propósitos: ocultar o
pretender ocultar, encubrir o impedir conocer el origen, localización,
destino o propiedad de dichos recursos, derechos o bienes, o alentar
alguna atividad ilícita.
La misma pena se aplicará a los empleados y funcionarios de las
instituciones que integran el sistema financiero, que dolosamente
presten ayuda o auxilien a otro para la comisión de las condutas
previstas en el párrafo anterior, sin perjuicio de los procedimientos y
sanciones que correspondan conforme a la legislación financiera
vigente.
La pena prevista en el primer párrafo será aumentada en una mitad,
cuando la conduta ilícita se cometa por servidores públicos encargados
de prevenir, denunciar, investigar o juzgar la comisión de delitos. En este
caso, se impondrá a dichos servidores públicos, además, inhabilitación
para desempeñar empleo, cargo o comisión públicos hasta por un
tiempo igual al de la pena de prisión impuesta.
En caso de condutas previstas en este artículo, en las que se utilicen
servicios de instituciones que integran el sistema financiero, para
proceder penalmente se requerirá la denuncia previa de la Secretaría de
Hacienda y Crédito Público.
Cuando dicha Secretaría, en ejercicio de sus facultades de
fiscalización, encuentre elementos que permitan presumir la comisión de
los delitos referidos en el párrafo anterior, deberá ejercer respeto de los
mismos las facultades de comprobación que le confieren las leyes y, en
su caso, denunciar hechos que probablemente puedan constituir dicho
ilícito.
Para efetos de este artículo se entiende que son produto de una
atividad ilícita, los recursos, derechos o bienes de cualquier naturaleza,
cuando existan indicios fundados o certeza de que provienen direta o
indiretamente, o representan las ganancias derivadas de la comisión de
algún delito y no pueda acreditarse su legítima procedencia.
Para los mismos efetos, el sistema financiero se encuentra integrado
por las instituciones de crédito, de seguros y de fianzas, almacenes
generales de depósito, arrendadoras financieras, sociedades de ahorro y
préstamo, sociedades financieras de objeto limitado, uniones de crédito,
empresas de fatoraje financiero, casas de bolsa y otros intermediarios
bursátiles, casas de cambio, administradoras de fondos de retiro y
cualquier otro intermediario financiero o cambiario.
21
Del lavado de ativos
ART. 247A.- Lavado de ativos. El que adquiera, resguarde, invierta,
transporte, transforme, custodie o administre bienes que tengan su
origen mediato o inmediato en atividades de extorsión, enriquecimiento
ilícito, secuestro extorsivo, rebelión o relacionadas con el tráfico de
drogas tóxicas, estupefacientes o sustancias sicotrópicas, le dé a los
bienes provenientes de dichas atividades apariencia de legalidad o los
legalice, oculte o encubra la verdadera naturaleza, origen, ubicación,
destino, movimiento o derechos sobre tales bienes, o realice cualquier
otro ato para ocultar o encubrir su origen ilícito incurrirá, por ese solo
hecho, en pena de prisión de seis (6) a quince (15) años y multa de
quinientos (500) a cincuenta mil (50.000) salarios mínimos legales
mensuales.
La misma pena se aplicará cuando las condutas descritas
en el inciso anterior se realicen sobre bienes que conforme al
parágrafo del artículo 340 del Código de Procedimiento Penal,
hayan sido declaradas de origen ilícito.
PAR. 1º.- El lavado de ativos será punible aun cuando el
delito del que provinieron los bienes, o los atos penados en los
apartados
anteriores
hubiesen
sido
cometidos,
total
o
parcialmente, en el extranjero.
PAR. 2º.- Las penas previstas en el presente artículo se
aumentarán de una tercera parte (1/3) a la mitad (1/2) cuando
para la realización de las condutas se efetuaren operaciones de
cambio o de comercio exterior, o se introdujeren mercancías al
territorio nacional.
PAR. 3º.- El aumento de pena previsto en el parágrafo anterior,
también se aplicará cuando se introdujeren mercancías de contrabando
al territorio nacional.
ART. 247B.- Omisión de control. El empleado o diretivo de una
institución financiera o de una cooperativa de ahorro y crédito que, con
el fin de ocultar o encubrir el origen ilícito del dinero omita el
cumplimiento de alguno o todos los mecanismos de control establecidos
por los artículos 103 y 104 del Decreto 663 de 1993 para las
transacciones en efetivo incurrirá, por ese solo hecho, en pena de
prisión de dos (2) a seis (6) años y multa de cien (100) a diez mil
(10.000) salarios mínimos legales mensuales.
ART. 247C.- Circunstancias específicas de agravación. Las penas
privativas de la libertad previstas en el artículo 247A se aumentarán de
una tercera parte a la mitad cuando la conduta sea desarrollada por
persona que pertenezca a una persona jurídica, una sociedad o una
organización dedicada al lavado de ativos y de la mitad a las tres cuartas
partes cuando sean desarrolladas por los jefes, administradores o
encargados
de
las
referidas
personas
jurídicas,
sociedades
u
organizaciones.
ART. 247D.- Imposición de penas accesorias. Si los hechos
previstos en los artículos 247A y 247B fueren realizados por empresario
de cualquier industria, administrador, empleado, diretivo o intermediario
en el setor financiero, bursátil o asegurador según el caso, servidor
público en el ejercicio de su cargo, se le impondrá, además de la pena
correspondiente, la pérdida del empleo público u oficial o la de
prohibición del ejercicio de su arte, profesión u oficio, industria o
comercio según el caso, por un tiempo no inferior a tres (3) años ni
superior a cinco (5).
22
A Convenção Européia sobre Lavagem, Busca, Apreensão
e Confisco de Produtos do Crime tem a seguinte estrutura:
Preamble
Chapter I – USE OF TERMS
Article 1 – Use of terms
Chapter II – MEASURES TO BE TAKEN AT NATIONAL
LEVEL
Article 2 – Confiscation measures
Article 3 – Investigative and provisional measures
Article 4 – Special investigative powers and techniques
Article 5 – Legal remedies
Article 6 – Laundering offences
Chapter III – INTERNATIONAL CO-OPERATION
Section 1 – Principles of international co-operation
Article
7
–
General
principles
and
measures
for
international co-operation
Section 2 – Investigative assistance
Article 8 – Obligation to assist
Article 9 – Execution of assistance
Article 10 – Spontaneus information
Section 3 – Provisional measures
Article 11 – Obligation to take provisional measures
Article 12 – Execution of provisional measures
Section 4 – Confiscation
Article 13 – Obligation to confiscate
Article 14 – Execution of confiscation
Article 15 – Confiscated property
Article 16 – Right of enforcement and maximum amount of
confiscation
Article 17 – Imprisonment in default
Section 5 – Refusal end postponement of co-operation
Article 18 – Grounds for refusal
Article 19 – Postponement
Article 20 – Partial or conditional granting of a request
Section
6
–
Notification
and
protection
parties´rights
Article 21 – Notification of documents
Article 22 – Recognition of foreing decisions
Section 7 – Procedural end other general rules
Article 23 – Central authority
Article 24 – Direct communication
Article 25 – Form of request and languages
Article 26 – Legalisation
Article 27 – Content of request
Article 28 – Defective requests
Article 29 – Plurality of requests
Article 30 – Obligation to give reasons
Article 31 – Information
Article 32 – Restriction of use
Article 33 – Confidentiality
Article 34 – Costs
Article 35 – Damages
Chapter IV – FINAL PROVISIONS
of
third
Article 36 – signature and entry into force
Article 37 – Accession to the Convention
Article 38 – Territorial application
Article 39 – Relationship to other conventions and
agreements
Article 40 – Reservations
Article 41 – Amendments
Article 42 – Settlemente of disputes
Article 43 – Denunciation
Article 44 – Notifications
23
Eis o preâbulo da Lei nº 11/2004: O branqueamento de capitais é
um problema de amplitude mundial, envolvendo poderosíssimas
organizações criminosas que, com as atividades e dinheiro ilícitos
minam e se interligam com o sistema económico e financeiro e com o
poder económico e político, fomentam a corrupção, põem em causa a
soberania e independência dos Estados e comprometem a própria
democracia.
O branqueamento de capitais tem no tráfico de droga uma das suas
principais fontes. Milhares de milhões de contos, somas geradas pelo
narcotráfico e por outras práticas ilícitas entram no circuito legal dos
negócios e tendem a envolver uma parte importante da economia no
mundo da criminalidade.
O combate ao branqueamento de capitais é uma das formas mais
eficazes de atacar o tráfico de drogas e outras atividades criminosas.
Atinge os seus autores naquilo que mais lhes dói, nos seus lucros e
patrimónios ilícitos, reduzindo e liquidando o poder económico dos
indivíduos e das organizações criminosas.
Isso
mesmo
designadamente,
reconhece
através
hoje
em
dia
do
Programa
a
própria
Mundial
ONU
contra
que,
o
Branduqeamento de Capitais tem preconizado a criação de estruturas
para o estudo, informação, aconselhamento e assistência técnica sobre
branqueamento de capitais e o alargamento e reforço da aplicação de
medidas para o prevenir, aproveitando designadamente as experiências
do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI).
Em Portugal a primeira legislação contra o branqueamento de capitais
tem mais de seis anos e os resultados até agora são mínimos, havendo
no entanto a consciência que defrontamos um grave problema e
existindo a previsão do seu agravamento futuro, com a progressiva
eliminação de fronteiras e a introdução do Euro.
No nosso país o legislador tem vindo a aperfeiçoar os mecanismos
legais mas, tal como concluiu no seu relatório a Comissão para a
Estratégia Nacional de Combate à Droga, "o funcionamento do sistema
está bem longe de ter atingido um grau mínimo de eficácia".
Muitas são aliás as notícias que evidenciam a ineficácia do sistema.
Sejam as reportadas pelos Serviços de Informação de Segurança em
Relatórios de Segurança Interna, sejam os escassos processos e
condenações por branqueamento de capitais referidos pela Polícia
Judiciária, sejam as noticiadas suspeitas de branqueamento de capitais
em conexão com associações criminosas internacionais envolvidas com
importantes atividades comerciais, investimentos e outras operações no
nosso país.
No entender do PCP, a situação nacional nesta matéria
carece de uma alteração profunda.
Assim, e para além de todo um conjunto de propostas de alteração e
aditamento a diversos instrumentos jurídicos, o PCP entende que falta
em Portugal uma estrutura com competência de análise e intervenção
integrada à semelhança do Programa Mundial da ONU contra o
Branqueamento de Capitais, e para suprir essa insuficiência propõe a
instituição de um Programa Nacional com o objetivo de prevenir e
combater o branqueamento de capitais, prevenir a criminalização da
economia e a criminalidade organizada e a criação de uma Comissão
Nacional que lhe dê concretização.
Este Programa, enquanto conjunto coerente de medidas, será o auxiliar
indispensável à elaboração da política do Governo nesta matéria e terá
como funções: coordenar as entidades de supervisão e controle com
intervenção na prevenção e combate ao branqueamento, acompanhar a
situação nacional, colaborar na elaboração do relatório anual do
Governo à Assembleia da República, apoiar a formação de pessoal
qualificado, estudar a realidade europeia e internacional e desenvolver
neste âmbito a cooperação respetiva.
A Comissão Nacional será presidida pelo Ministro da Justiça e
integrará representantes da Procuradoria Geral da República, da Polícia
Judiciária, do Banco de Portugal e de outras entidades de supervisão ou
com intervenção nestas matérias e disporá de um Secretário Executivo a
quem competirá assegurar o funcionamento dos respetivos serviços.
24
Dever de Exigir a Identificação
O dever de exigir a identificação consiste na imposição de exigir a
identificação
dos
clientes
e
seus
representantes,
mediante
a
apresentação de documento comprovativo válido com fotografia, do qual
conste o nome, naturalidade e data de nascimento. Sempre que haja o
conhecimento ou a fundada suspeita de que o cliente não atua por conta
própria, é necessário obter do cliente informações sobre a identidade da
pessoa por conta da qual ele efetivamente atua.
Nas transações à distância de montante igual ou superior a 12.500
euros que não decorram de contrato de prestação de serviços, não pode
ser realizada qualquer operação ou iniciada qualquer relação de negócio
sem que a entidade envolvida se assegure da real identidade do cliente
através dos meios definidos pela autoridade de supervisão do respetivo
setor.
Quando as operações, qualquer que seja o seu valor, se revelem
susceptíveis de estar relacionadas com a prática do crime de ´lavagem,
tendo em conta, nomeadamente, a sua natureza, a complexidade, o
caráter inabitual relativamente à atividade do cliente, os valores
envolvidos, a sua frequência, a situação económico-financeira dos
intervenientes ou os meios de pagamento utilizados, as entidades
sujeitas ao dever de identificar têm o especial dever de tomar as
medidas adequadas para identificar os clientes e, se for caso disso, os
representantes ou outras pessoas que atuem por conta daqueles.
Dever de Recusa de Realização de Operações
As entidades sujeitas ao dever de identificar devem recusar a
realização da operação quando o cliente não forneça a respetiva
identificação ou a identificação da pessoa por conta da qual
efetivamente atua.
Dever de conservação de documentos
As cópias ou referências dos documentos comprovativos da
identificação devem ser conservadas por um período de 10 anos a
contar do momento em que a identificação se processa e de 5 anos
após o termo das relações com os respetivos clientes. Devem ainda ser
conservados, durante um período de 10 anos a contar da data de
execução
das
microformas
transações,
com
idêntica
os originais, cópias,
força
probatória
comprovativos e registos dessas operações.
referências
dos
ou
documentos
Dever de Exame
O dever de exame consiste na obrigação de analisar com especial
atenção as operações que, nomeadamente pela sua natureza,
complexidade, caráter inabitual relativamente à atividade do cliente,
valores envolvidos, frequência, situação económico-financeira dos
intervenientes
ou
meios
de
pagamento
utilizados,
se
revelem
susceptíveis de integrar os tipos legais do crime de branqueamento.
No cumprimento do dever de exame, sempre que as operações
envolvam um valor igual ou superior a 12.500 euros, as entidades a ele
sujeitas devem obter informação sobre a origem e o destino dos fundos,
a justificação das operações em causa, bem como sobre a identidade
dos beneficiários, no caso de não se tratar de quem promove a
operação.
Dever de Comunicação
Se do exame da operação, ou por qualquer outro modo resultar a
suspeita ou o conhecimento de determinados fatos que indiciem a
prática do crime de branqueamento, a entidade que detetou essa
situação deve informar de imediato o Procurador-Geral da República. As
informações fornecidas nestes termos apenas podem ser utilizadas em
processo penal, não podendo ser revelada a identidade de quem as
forneceu.
Dever de Abstenção e Poder de Suspensão
Este dever versa sobre a proibição de executar operações de que haja
suspeita estarem relacionadas com a prática do crime de ´lavagem´. A
entidade que suspeitar que determinada operação possa estar
relacionada com a prática do crime de branqueamento deve informar de
imediato o Procurador-Geral da República, podendo este determinar a
suspensão da respetiva execução. A operação pode, todavia, ser
realizada se a ordem de suspensão não for confirmada pelo juiz de
instrução criminal.
No caso de a abstenção referida não ser possível ou, no entender do
Procurador-Geral da República, for susceptível de frustrar ou prejudicar
a atividade preventiva ou probatória da autoridade, as entidades sujeitas
ao dever de abstenção podem executar as operações, devendo fornecer
de imediato àquela autoridade todas as informações a elas relativas.
Dever de Colaboração
O dever de colaboração consiste na imposição de prestar toda a
assistência requerida pela autoridade judiciária responsável pela
condução do processo ou pela autoridade competente para a
fiscalização do cumprimento dos deveres previstos na lei contra à
´lavagem de dinheiro´, fornecendo todas as informações e apresentando
todos os documentos solicitados por aquelas entidades.
Dever de Segredo
As entidades sujeitas à lei portuguesa contra a ´lavaem de dinheiro´,
bem como os membros dos respetivos órgãos, os que nelas exerçam
funções de direção, gerência ou chefia, os seus empregados, os
mandatários e outras pessoas que lhes prestem serviço a título
permanente, temporário ou ocasional não podem revelar ao cliente ou a
terceiros o fato de terem transmitido qualquer informação ou que se
encontra em curso uma investigação criminal.
Dever de Criação de Mecanismos de Controle e de Formação
O dever de criação de mecanismos de controle consiste na obrigação de
dispor, inclusivamente em filiais e sucursais, no estrangeiro, de
processos de controle interno e de comunicação que possibilitem o
cumprimento dos deveres constantes da presente lei e impeçam a
realização de operações relacionadas com o branqueamento de
vantagens de proveniência ilícita.
As entidades sujeitas a este dever devem proporcionar aos seus
dirigentes e empregados a formação adequada ao reconhecimento de
operações que possam estar relacionadas com a prática do crime de
branqueamento, de modo a habilitá-los a atuar de acordo com a lei.
Exclusão de Responsabilidade
As informações prestadas de boa fé no cumprimento dos deveres de
comunicação, de abstenção e de suspensão não constituem violação de
qualquer dever de segredo, nem implicam, para quem as preste,
responsabilidade de qualquer tipo.
Quem, pelo menos por negligência, revelar ou favorecer a descoberta
da identidade de quem forneceu as informações no âmbito do dever de
comunicação, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de
multa.
25
Branqueamento
1 - Para efeitos do disposto nos números seguintes, consideram-se
vantagens os bens provenientes da prática, sob qualquer forma de
comparticipação, dos factos ilícitos típicos de lenocínio, abuso sexual de
crianças
ou
de
menores
dependentes,
extorsão,
tráfico
de
estupefacientes e substâncias psicotrópicas, tráfico de armas, tráfico de
órgãos ou tecidos humanos, tráfico de espécies protegidas, fraude fiscal,
tráfico de influência, corrupção e demais infracções referidas no n.º 1 do
artigo 1.º da Lei n.º 36/94, de 29 de Setembro, e dos factos ilícitos
típicos puníveis com pena de prisão de duração mínima superior a 6
meses ou de duração máxima superior a 5 anos, assim como os bens
que com eles se obtenham.
2 - Quem converter, transferir, auxiliar ou facilitar alguma operação de
conversão ou transferência de vantagens, por si ou por terceiro, directa
ou indirectamente, com o fim de dissimular a sua origem ilícita, ou de
evitar que o autor ou participante dessas infracções seja criminalmente
perseguido ou submetido a uma reacção criminal, é punido com pena de
prisão de 2 a 12 anos.
3 - Na mesma pena incorre quem ocultar ou dissimular a verdadeira
natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou titularidade
das vantagens, ou os direitos a ela relativos.
4 - A punição pelos crimes previstos nos n.os 2 e 3 tem lugar ainda
que os factos que integram a infracção subjacente tenham sido
praticados fora do território nacional, ou ainda que se ignore o local da
prática do facto ou a identidade dos seus autores.
5 - O facto não é punível quando o procedimento criminal relativo aos
factos ilícitos típicos de onde provêm as vantagens depender de queixa
e a queixa não tenha sido tempestivamente apresentada, salvo se as
vantagens forem provenientes dos factos ilícitos típicos previstos nos
artigos 172.º e 173.º
6 - A pena prevista nos n.os 2 e 3 é agravada de um terço se o agente
praticar as condutas de forma habitual.
7 - Quando tiver lugar a reparação integral do dano causado ao
ofendido pelo facto ilícito típico de cuja prática provêm as vantagens,
sem dano ilegítimo de terceiro, até ao início da audiência de julgamento
em 1.ª instância, a pena é especialmente atenuada.
8 - Verificados os requisitos previstos no número anterior, a pena pode
ser especialmente atenuada se a reparação for parcial.
9 - A pena pode ser especialmente atenuada se o agente auxiliar
concretamente na recolha das provas decisivas para a identificação ou a
captura dos responsáveis pela prática dos factos ilícitos típicos de onde
provêm as vantagens.
10 - A pena aplicada nos termos dos números anteriores não pode ser
superior ao limite máximo da pena mais elevada de entre as previstas
para os factos ilícitos típicos de onde provêm as vantagens.
Sobre a autora
Neydja Maria Dias de Morais é ex-coordenadora do curso de pesquisa jurídica na
internet da ESOAB/SP, ex-supervisora de pesquisa e jurisprudência da Justiça
Federal na Paraíba.
E-mail: Entre em contato
Sobre o texto:
Texto inserido no Jus Navigandi nº834 (15.10.2005)
Elaborado em 04.2005.
Informações
bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2000 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico
publicado
em
periódico
eletrônico
deve
ser
citado
da
seguinte
forma:
MORAIS, Neydja Maria Dias de. O crime de lavagem de dinheiro no Brasil e em
diversos países . Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 834, 15 out. 2005. Disponível
em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7424>. Acesso em: 01 set.
2006.
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