Universidade de São Paulo Faculdade de Educação Programa de Pós-Graduação em Educação Disciplina 5804: Tópicos de Epistemologia e Didática 1º semestre de 2018 Primeiro Ensaio (aulas 1, 2, 3 e 4) Aluna: Katya Hochleitner Nº USP 105.201-1 Decidi me matricular na disciplina “Tópicos de Epistemologia e Didática” porque, fazendo doutorado e tendo como objetivo a pesquisa e o ensino, sabia que nada sei sobre o tema didática, exceto pelo fato de ter sido aluna por muitos anos e, portanto, ter sido exposta a diferentes métodos de ensino. Minha única experiência docente foi ser monitora de uma classe na USP Leste, “Fundamentos de Comunicação”, em 2013, auxiliando a Professora Doutora Jane Marques. Comecei minha vida escolar em São Paulo na escola privada Mackenzie, mas depois de apenas um ano minha mãe me transferiu para a melhor escola pública da época no estado de São Paulo: o Instituto Caetano de Campos, na Praça da República, onde hoje está instalada a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Muito depois, no terceiro ano do colegial, estudei numa escola secundária norte-americana de alto nível, no estado de Connecticut, Estados Unidos da América. Mais tarde, cursei o bacharelado em Economia, o mestrado em Estética e História da Arte e, agora, o doutorado em Estética e História da Arte, todos na Universidade de São Paulo. Em geral fui uma boa aluna, mesmo nos Estados Unidos, e, surpreendentemente, entrei em oitavo lugar na Faculdade de Economia da USP, sem fazer o famoso “cursinho”. Por esse histórico, posso dizer que a educação pública que minha geração recebeu pode ser classificada como uma educação de qualidade, pois foi um meio para me colocar na melhor universidade do Brasil. Obviamente existe a questão do conhecimento tácito, advindo da formação que minha família e comunidade me proporcionaram, além de cursos extras nas áreas de artes e línguas. Mas é no quesito diferença de gerações que minhas preocupações se focam, enquanto futura educadora. Existe uma segmentação de indivíduos, aceita amplamente, que classifica os indivíduos por “geração”: Baby Boomers, X, Y e Z. A primeira vez que um destes termos foi utilizado como designador de uma geração ocorreu no diário “The Galveston Daily News”, nos Estados Unidos, em dezembro de 1941, em matéria que se referia ao crescimento da população no período pós Segunda Grande Guerra. Neste ensaio considerarei a classificação disponível em https://www.researchgate.net/post/What_is_Generation_XYZ Como nota, devo citar Frank Kick, que afirma que os limites geracionais não são tão rígidos e a mudança de gerações pode ocorrer ao longo de 3 a 5 anos para mais ou para menos a partir os limites que exponho abaixo. Eu pertenço à geração nascida de pais da geração de Baby Boomers, nascidos entre 1945 e 1960. Sou da geração X, que inclui pessoas nascidas de 1961 até 1980. Tenho um filho de 25 anos que é considerado bastante inteligente, pertencente cronologicamente à geração Y (nascido em 1992), mas que age como pertencente à geração Z. Por causa das crises que a escola pública brasileira enfrentou e continua enfrentando, ele sempre estudou em colégios particulares: Colégio Nossa Senhora do Morumbi, Colégio Miguel de Cervantes, Colégio Rio Branco e FAAP. Ele é impaciente, faz várias atividades ao mesmo tempo, entende tudo de tecnologia, e acha que tudo tem que ter utilidade prática. Por isso não se sentia entusiasmado com a maior parte das aulas e disciplinas que cursou em sua vida escolar, sempre perguntando: “Por que tenho que aprender isto, se não vou usar nunca em minha vida? “ A Geração Y, também conhecida como Echo Boomers ou Milleniuns, nasceu entre 1981 e 1995. Esta geração se beneficiou, assim como a X, do crescimento econômico e do desenvolvimento tecnológico. Entretanto, a geração Y teve acesso a e posse de muito mais elementos lúdicos, brinquedos, eletrodomésticos e produtos tecnológicos do que a geração X. A geração X era mais predisposta à manutenção e menos predisposta ao descarte, o oposto da geração Y. A geração Y ficou caracterizada com a primeira geração a mergulhar na mídia social, ao invés de fazer contatos pessoais. São usuários de tablets e smartphones. Ultimamente falamos muito da geração Z, muitas vezes conhecidas como GEN Z, I-Generation, Plurals ou Centennials. São os indivíduos nascidos no período de 1995 até aproximadamente 2010, contemporâneos à criação da World Wide Web, em 1990, por Tim Berners-Lee, e ao “Boom “do desenvolvimento da tecnologia de equipamentos tecnológicos, hardwares e softwares. Cresceram durante uma importante crise econômica mundial, a Grande Recessão. De acordo com pesquisas, temem pelo desemprego e vivem amedrontados pela precariedade das coisas e pelo encolhimento da classe média. Usam meios de comunicação que podem ser carregados na mão, confiam na computação na nuvem e são zapeadores ente tv, internet, vídeo game e smartphones. Como lidar com estas novas gerações, enquanto professora, e manter o ensino da História da Arte interessante e relevante, dentro e fora da sala de aula? Lendo o material que recebemos como bibliografia da disciplina “Tópicos de Epistemologia e Didática” e assistindo às aulas do Prof. Dr. Nilson Machado, compreendi que alguns temas do curso me ajudariam a responder à minha pergunta com relação às diferentes gerações, e como ser uma educadora que possa otimizar a capacidade de aprendizado dos alunos. Estudamos em “Epistemologia e Didática”, de Machado (1995), as ideias que englobam o conceito de conhecimento e inteligência para ajudar a estruturar a forma de organizar os trabalhos escolares, levando em consideração o alinhamento entre as “concepções e ações docentes”. As ações docentes devem ter consistência com o discurso pedagógico, mas quando há momentos de ruptura ou mudança de paradigmas, isto não necessariamente ocorre. Observando as informações acima, sobre gerações X, Y e Z, fica claro estamos num momento de ruptura mundial que está afetando profundamente as novas gerações. Machado pensa em uma maneira de lidar com este momento de ruptura. Para ele, a inteligência é um conjunto de competências ligada ao conhecimento, este definido como uma “rede de significações” ou uma “rede de significados em um espaço de representações”. O conhecimento é o meio que possibilita o desenvolvimento de um projeto, baseado na pessoa e seus valores. Hoje o conhecimento tem sido esquematizado como PUSH: Permanente Ubíquo (universal) Simbiótico (prático e teórico) Híbrido (presencial e à distância) Mesmo adotando a teoria do conhecimento com rede de significados, Machado nos mostra que há diversas outras teorias sobre o conhecimento. A primeira é a do balde, que assume a acumulação ou “aquisição do conhecimento”; a segunda teoria é a da cadeia, ou encadeamento (desenvolvida por Descartes), constituída de elos lineares e ordenados, que vai do mais simples ao mais complexo, contendo a ideia de pré-requisito (que acaba levando a repetições de ano por parte dos alunos). A terceira e mais aceita ideia é de que o conhecimento se constrói. E a quarta noção é de que o conhecimento não se dá por hierarquia, mas sim pela ideia metafórica da rede, uma “rede de significados em um espaço de representações”, com mudança continua na configuração dos nós e das relações, acêntrica e com múltiplos pontos de interesse. O autor defende o uso de metáforas e alegorias como recurso pedagógico, dada a concepção de conhecimento tendo a rede como imagem. A rede é acentral (há vários centros de interesse: os nós da rede) e é aberta a mudanças na configuração dos nós e de suas relações. Além da ideia de rede, Machado propõe elementos para organizar o trabalho escolar: disciplinas, interdisciplinaridade, currículos, planejamento, avaliação educacional e o papel das tecnologias informáticas no processo educacional. A dificuldade é passar da teoria à ação, da natureza epistemológica à natureza didática. Uma possibilidade, para Machado, seria o uso da metáfora, que inspira uma narrativa. Em Ortega Y Gasset (1987) a metáfora é considerada uma “forma de pensamento científico”. “Para Arbib e Hesse, em “A Construção da Realidade”, toda linguagem é metafórica. “O significado é uma rede de relações, sendo representado por um signo, abstrato”. Existem duas dimensões do concreto: o palpável e o significado. A metáfora serve como meio de interação entre dois contextos, do conhecido para o conhecimento em formação. As abstrações são mediações que levam à realidade concreta. E o conhecimento pode ocorrer em estágios, usando a mediação da abstração para alcançar um nível superior de conhecimento. No exemplo do ensino da geometria demonstrado por Machado, seria ideal haver atividades integradoras na classe, que possibilitassem aos alunos transitar da percepção à construção, em seguida à representação e enfim à concepção. O exemplo que dá é o ensino da geometria, uma disciplina que inclui a organização do espaço físico e o “espaço intelectual”. Levy considera que “a capacidade cognitiva humana” se constitui de três características: a percepção, a imaginação e a manipulação (ou a operação), inclusive das representações., envolvendo assim o trabalho manual e o intelectual. A representação seria uma metáfora. Já para Chang Tung-Sun, O conhecimento tem quatro dimensões: estrutura externa; conhecimento sensorial; construções; e interpretações (“manipulação de conceitos e emprego de categorias”). E as dimensões são válidas nos dois sentidos, não existindo a norma de que o primeiro passo é a estrutura externa, que provê a sensação, e o último é a interpretação. Para Jequier e Dedijer, existe uma “pirâmide informacional”. Na base, os dados, Em seguida, as informações (significados, organização), em seguida o conhecimento (compreensão e teorias e, enfim, a inteligência, a “capacidade de administrar conhecimentos para chegar a objetivos planejados, a ideia de projeto”. As imagens do conhecimento, portanto, incluem o balde, a cadeia, a rede, o iceberg e o paralelepípedo. É preciso que a diversidade destas imagens seja usada de acordo com o contexto, sempre alinhando a prática ao discurso. Com Boutinet, entendi que o fim da educação é a ação, ação que deve ser conduzida com as palavras, para gerar consciência nos alunos e ajudá-los a construir, desenvolver e trabalhar por seus próprios projetos. Afinal, aprendemos que quem trabalha para o projeto de outro é ou se considera um escravo. O projeto traz sentido à ação, é formado por metas ou objetivos, e tem uma visão de futuro (com antecipação de ações). O início do projeto representa um risco, e a ação do sujeito deve ocorrer sem a coação de outros. Uma outra maneira de se referir a um projeto de vida é utilizar a expressão propósito. Citando Boutinet, “A cultura tecnológica fala cada vez mais de projeto” e “...abarca as condutas identitárias, criativas e inovadoras, significantes e autônomas.” E, ainda, “Não há projeto senão através da materialização da intenção, que, ao se realizar, deixa de existir como tal.” Tendo Boutinet como guia, soubemos que a pedagogia do projeto deve ser norteada tendo o aluno como protagonista do projeto. Devemos considerar o “Learning by Doing”; as experiências anteriores como origem de aprendizagens; utilizar a pedagogia do projeto (ao invés da pedagogia e avaliação por objetivos) e considerar alguns pressupostos do projeto pedagógico. Tais pressupostos são: limitar o projeto pedagógico ao campo escolar; considerar que alunos e professores têm papéis diferenciados; considerar a administração escolar (exigências e normas); dar meios para a integração e autonomia dos alunos; orientar o projeto para os interesses do aluno, considerando sua história pessoal, o estado psicológico no momento e os “fatores ambientais”; e trazer a “inovação cultural” para mitigar marginalização e retrocesso. A pedagogia do projeto é ferramenta ainda mais importante para a andragogia, a orientação de adultos (Malcon Knowles, 1970). Os passos para a definição da pedagogia do projeto, segundo Boutinet, citando Lamunyel Luis de Sousa, em https://pt.scribd.com/user/13310802/Lamunyel, são: “1. Negociação pedagógica: diagnóstico da situação pedagógica; avaliação dos conhecimentos; exigências dos programas. 2. Articulação de projetos diferentes: interferência e articulação do projeto de ensino e dos projetos individuais no projeto pedagógico. 3. Determinação de objetivos pertinentes e realizáveis: os objetivos não são o centro do dispositivo, mas um elemento regulador da ação empreendida. O projeto tem a função de realizar intenções. 4. Horizonte do projeto e sua avaliação: tempo a ser ordenado para a materialização do projeto.” Com Machado (Jogo e Projeto, 2005), percebi o que tacitamente já conhecia: “...a associação entre a vida e o jogo circula amplamente no universo da cultura popular: Vivendo e aprendendo a jogar, diz a letra de uma conhecida canção (Guilherme Arantes); A vida embaralha as cartas. E nós jogamos. (Schopenhauer) ou O homem é um animal que joga. (Charles Lamb). “ Mas o jogo da vida deve ser jogado com o “fazer consciente”, ligado à palavra, antecipando ações e consequências, se preparando, assumindo a responsabilidade pelos atos e evitando “realização de vontades instintivas”. Na vida há que se ter um projeto, também denominado como propósito. “Quem não tem qualquer meta, quem não está se lançando em busca de algo prefigurado em alguma circunstância vital, em algum contexto, já não mais está vivo.” (Machado, 2005). O projeto tem que ter metas, embutidas em um “cenário de valores”, e um futuro “que depende de nossas ações”. A meta deve ser possível e desafiadora. O projeto pode ser conjunto, mas não podemos ter projetos pelos outros. A vida deve ser vivida por cada um. O papel do educador é entusiasmar os alunos e facilitar os projetos que serão, sempre e apenas, dos alunos. A ideia do jogo e do projeto têm em comum características racionais e emocionais. Como exemplo de uso do conceito de jogo e projeto, Machado deu o exemplo da arte. Para mim, cujo interesse de lecionar está focado na História da Arte, este exemplo foi muito importante: “...a arte assemelha-se ao jogo, à liberdade de criação, à construção de uma realidade paralela, simbólica, que às vezes parece mimetizar, outras vezes, inspirar a realidade humana. Em nenhuma atividade parece haver mais liberdade do que na do artista: o pintor em frente a uma tela virgem, o escritor que mira o papel em branco, o escultor diante da matéria bruta. Ao mesmo tempo, em nenhuma outra atividade parece haver tanta clareza quanto à necessidade, no vestíbulo da ação, do estágio da cópia, do exercício da repetição, da aceitação de regras e do consentimento da autoridade dos mestres. A expectativa de uma simples inspiração, de uma linha direta com as musas, independentemente da dedicação, do esforço pessoal, da humilde submissão que a reprodução representa constitui, quase sempre, o caminho para o desapontamento, a mediocridade ou a arrogância.” (Machado, 2005). Arte, jogo, projeto. Machado, em “Cidadania, Projetos e Valores” (2016), afirma que devem se basear em seis valores: cidadania (responsabilidade, autonomia e solidariedade), profissionalismo (projetos de vida voltado para o bem comum, não corrompidos pelo processo capitalista), tolerância (equidade, aceitação das diferenças individuais), integridade (alinhamento entre discurso e prática), equilíbrio e pessoalidade. Para avaliar o progresso, deve-se entender o conhecimento como uma rede, heterogênea (incluindo ciências diversas) e acêntrica. Para efetuar a avaliação Machado lista: prova escrita, para medir a capacidade de expressão e síntese; prova oral, onde o aluno pode melhor exprimir o conhecimento; trabalhos, que mostram traços de personalidade, possibilitando avaliação de conteúdo e forma; e avaliação contínua, para comentar rotineiramente o rendimento do trabalho escolar. Para criar novos indicadores de desempenho, pode-se exercitar a interdisciplinaridade. Machado traz ainda o conceito de contextualização, a conciliação do conhecimento tácito com o explícito. Com relação à pessoa, Machado nos diz que o indivíduo é aquele que não se divide, a pessoa tem consciência, sentido, significado, complexidade, integridade (valores e ação pertinentes), vocação, autenticidade e tolerância. Deve ser sujeito, que se sujeita a limites, normas, decorrentes da existência do outro. Tem vários papéis, mas não necessariamente pode ser protagonista em todos eles, pode também ser figurante ou coadjuvante, como administrá-los? Somos iguais como cidadãos, mas diferentes como pessoas. Na vida, a ética pode tentar e conseguir romper a norma (as regras do jogo) para obter uma transformação. Mas as normas têm que existir para que não seja a lei do mais forte a norma que rege a sociedade. Em “Objetividade e Subjetividade na Construção do Conhecimento” (2003), Machado demonstra que o conceito de conhecimento objetivo de Popper é insuficiente para explicar o que é o conhecimento: “Para o objetivismo, o mundo é constituído de objetos que têm propriedades independentes de qualquer pessoa que possa vir a experimentá-Ias.” Conforme Polanyi escreveu em suas duas obras Personal Knowledge, (1969) e The Tacit Dimension (1993), o conhecimento passa também pelo conhecimento pessoal ou tácito. Polanyi evita a palavra “subjetividade” porque a objetividade seria “sinônimo de racionalidade, de argumentação, lógica, coerência”; enquanto a subjetividade significaria “irracionalidade, perda de controle das emoções, arbitrariedade e incerteza “. Polanyi afirma que “As percepções sensoriais são, na verdade, o primeiro passo no processo de construção do conhecimento”. Para mitigar discussões semânticas, ele define o que não é conhecimento objetivo como “conhecimento pessoal”. Mais tarde, passa a utilizar a expressão “conhecimento tácito” e representa este tipo de conhecimento, metaforicamente, como a parte de baixo, a maior, de um iceberg. A parte maior do iceberg seria o conhecimento emergente da tradição cultural de onde a pessoa nasce e cresce. Para Polanyi, “O pensamento pode existir apenas dentro das premissas base que adotamos a serviço de uma realidade à qual nos submetemos.” Como diz Polanyi: “...aproveitar outros espaços e outros tempos devem fazer parte do aprendizado além da aula, para levar em consideração todo o iceberg de experiências pessoais.” Concluindo, agora acredito que o fim da educação é a ação, portanto não deveria haver assuntos que “apenas no futuro o aluno saberá para que serve”. A questão da inteligência ser um conjunto de competências que unidas ao conhecimento permitem que se atinja um objetivo, a meta de um projeto pessoal, está claríssima. A educação por meio de projetos pode ser uma saída para manter o interesse das novas gerações, que não se satisfazem com o antigo método de ensino “eu sei, ensino, e você devolve o que eu te ensinei”. Mas... Como explicar e convencer sobre a necessidade de projetos? Como ajudar, na prática, a evitar a inexistência ou o abandono de projetos e/ou objetivos, ou até mesmo o suicídio? Como incentivar os alunos a criar expectativas, esperanças, conceitos, planos, projetos, com a visão negativa que têm do mundo atual? Como fomentar a ilusão positiva, motor impulsionador de um projeto pessoal? Como educar com valores morais e normas de conduta, se em geral estes são tácitos, vêm da família e da comunidade? Como trabalhar praticamente o conceito de rede, quando o interesse de um aluno pode estar em um nó, enquanto o de outro está em outro nó? Muitas vezes, para as novas gerações, a identidade pessoal parece mais importante que a comunidade. Como, em termos práticos, equilibrar em uma classe “o processo e o produto, o individual e o coletivo, a teoria e a prática, o tempo e o espaço, o êxito e o fracasso, a transformação e a conservação” (Machado, 2005)? Como aproveitar outros espaços e tempos, para utilizar a parte de baixo do iceberg de cada aluno? Se metáforas e narrativas são a resposta para manter alunos interessados em construir conhecimento, quais são as metáforas que conquistam as gerações y e z? Se nas novas gerações o “novo” é um valor muito forte, corre-se o risco de perder a cultura. Como obter o equilíbrio entre a conservação e a transformação na prática? Como explicar e convencer que o conhecimento se constrói a partir do conhecimento e da cultura já existentes? Como fazer a história da arte relevante para um estudante de propaganda que não vai trabalhar na área de criação? Quais as interdisciplinaridades que poderiam ser utilizadas? Acredito que no meu próximo ensaio já serei capaz de responder a algumas destas minhas questões, relacionadas mais à ação/didática, que à epistemologia/concepção.