ISSN: 1989-2446 http://www.revistareid.net/revista/n4/REID4art6.pdf A SOCIEDADE DA IMAGEM E A IMAGEM DA SOCIEDADE: DISCURSOS VISUAIS PRODUZIDOS POR JOVENS EM CONTEXTO ESCOLAR Marcelo Grimm Cabral 1 Francyne Werner Andréa Vieira Zanella Resumo: Neste artigo são analisadas as produções imagéticas elaboradas por jovens de uma escola pública municipal sobre as categorias: eu, a escola, a turma, a sociedade. Consideradas como discurso visual, as imagens foram analisadas com os referenciais vygotskiano e bakhtiniano. Como resultados constatou-se que as produções refletem e refratam indicativos de violência, miséria e desigualdade social, expressas por elementos tais como armas, pessoas em situação de miséria e morte, relacionando-os a dinheiro e construções arquitetônicas luxuosas. Evidenciou-se a importância da linguagem imagética como mediadora na prática psicológica e no conhecimento dos sentidos atribuídos pelos jovens à sociedade em geral e seu entorno, bem como para a compreensão dos lugares sociais em que os discursos visuais são (re)produzidos. Afirma-se a importância de se constituir, em contextos escolares, espaços junto aos jovens para a problematização de situações cotidianas, bem como a promoção de políticas públicas atentas às diversas juventudes. Palavras-chave: Imagem visual. Juventude. Cultura. THE SOCIETY OF THE IMAGE AND THE IMAGE OF THE SOCIETY: VISUAL SPEECHES PRODUCED BY YOUNG IN PERTAINING TO SCHOOL CONTEXT Abstract: In this article are analized the imagetic productions elaborated by young of a municipal public school on the categories: I, the school, the group, the society. Considered as visual speech, the images had been analyzed based in Vygotski and Bakhtin theories. As results, it was evidenced that the productions reflect and refract indicative of violence, misery and social inaquality, weapons, people in misery situation and death, related with wealth. The imagetic language was mediating the knowledge attributed from the young about the society, as well as for the understanding of the social places where the visual speeches are (re)produced. It is possible to affirm the importance of constitution, in pertaining to school contexts, spaces next to the young ones for the problematization of daily situations, as well as the promotion of intent public politics to diverse youths. Key words: Visual image. Youth. Culture. 1 Datos de los autores al final del artículo. Revista Electrónica de Investigación y Docencia (REID), 4, Julio, 2010, 113-130. A sociedade da Imagem e Imagem da Sociedade: Discursos visuais produzidos por jovens em contexto escolar LA SOCIEDAD DE LA IMAGEN Y LA IMAGEN DE LA SOCIEDAD: DISCURSOS VISUALES PRODUCIDOS POR JÓVENES EN EL CONTEXTO DE LA ESCUELA Resumen: En este artículo se analizan las producciones imagéticas elaboradas por estudiantes de una escuela pública municipal sobre las categorías: yo, la escuela, la clase, la sociedad. Consideradas como discurso visual, las imágenes fueron analizadas a partir de la teoría de Vygotski y Bakhtin. Las imágenes analizadas reflejan y refractan indicativos de violencia, miseria y desigualdad social, manifiestas por elementos tales como armas, personas en situación de miseria y muerte, relacionándolas a riqueza. Fue evidenciada la importancia del lenguaje imagético como mediador en la práctica psicológica manifestando los significados atribuidos por los jóvenes a la sociedad en general y su entorno, posibilitando la comprensión de los lugares sociales dónde los discursos visuales son (re)producidos. Se afirma la importancia de construcción en contextos escolares de espacios para problematización y producción de conocimientos, que repercutan en la realidad y promuevan políticas públicas atentas a las diversas juventudes. Palabras clave: Imagen visual. Juventud. Cultura. A complexa realidade urbana contemporânea invade-nos como movimento no tempo e no espaço: deambulações perfazem a memória, e, por meio de imagens que capturam e condensam os sentidos, produzimos sentidos, construímos história. Mas esse cenário e seus múltiplos sentidos não se apresentam imediatamente aos olhares, ouvires e sentires: a realidade psicossocial requer uma urdidura de ferramentas na aventura de tornar um pouco mais compreensível e ético o viver humano. Nessa tessitura é que se inscreve a proposta deste artigo: pretendemos, por meio das reflexões aqui apresentadas, pensar as imagens – bem como lançarmos mão da interpretação imagética para pensar palavras – que se mostram como discursos visuais elaborados por jovens acerca de si e da sociedade. Os autores dos discursos imagéticos são estudantes da última série do ensino fundamental de uma escola pública municipal de Florianópolis-SC. Foi proposto aos jovens um trabalho desenvolvido por meio de “Oficinas Estéticas”, ou seja, de espaços dedicados ao olhar, em busca de estranhamentos promotores de modos de subjetivação mais críticos, éticos e criativos. O trabalho proposto, desenvolvido por estagiários de psicologia, caracterizou-se por práticas e discursos objetivadores de um horizonte que escapa ao mero atendimento às demandas “queixosas” e “culpabilizantes” atendidas e ao mesmo tempo criadas pela Psicologia Escolar de heranças remotas. Uma das atividades propostas aos jovens teve como mote a expressão gráfica, por meio do desenho e de colagens, das imagens que os jovens constituíam sobre as REID, 4, pp. 113-130 114 Grimm Cabral, M. y otros categorias: eu, a escola, a turma e a sociedade. As reflexões aqui tecidas terão como foco o discurso visual que os jovens elaboraram sobre o EU e sobre a SOCIEDADE. Os (des)caminhos do trabalho desenvolvido com aqueles jovens possibilitaram compreender um pouco de suas vivências ordinárias, seus sonhos e desejos. Neste sentido, as reflexões advindas do fazer estético em sala de aula e objetivados em imagens variadas configuraram-se como importantes ferramentas para apreender os trânsitos daqueles sujeitos pelos espaços psicossociais e os sentidos atribuídos a si, àquele contexto específico e à sociedade em que vivem e da qual ativamente participam. Interessa-nos analisar essas imagens a partir dos processos de significação que engendram. Não se trata de abordá-las sob um viés lingüístico, ou seja, tomar a imagem da mesma maneira como o lingüista toma o signo lingüístico. Tampouco estudá-la estritamente em seus aspectos formais, com textura, luz, cor, profundidade, verticalidade. A imagem engendra significações, pois sua matéria é semiótica, mas a aproximação destas não pode ser realizada a partir de enfoques que congelam o significado e apagam a historicidade dos sentidos a partir dela produzidos. Desse modo, as imagens dos jovens sobre si e sobre a realidade, em suas significações e condições históricas de produção, consistem no material analisado e aqui apresentado. Juventudes e imagens: multiplicidades “Juventude” é o lugar do transitório, ou talvez do não-lugar, no sentido de que marca, para muitas teorias, um momento de passagem entre a infância e a condição de adulto. Tais categorias sociais já foram mais rígidas e tacitamente (de)marcadas: em uma perspectiva biologicista, a adolescência – terminologia tradicional em desuso por muitos autores por estar culturalmente vinculadas aos aportes a-históricos e sintomatológicos – restringia-se cegamente ao período vital em que o indivíduo consolida o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e culmina na maturidade sexual. Outra perspectiva de se considerar a adolescência é sob viés econômico, de modo que ela se aloca entre a dependência e a independência financeira. Definições, discursos legitimadores de práticas sociais e vice-versa, não escapam às condições de possibilidade e interesses datados, engendrados por processos econômico-políticos específicos. À guisa de exemplo, pensemos no calor da Revolução Industrial no século XVIII, momento no qual a infância viu seu tempo diminuído a fim de angariar mão de obra para a produção fabril: especificar que a infância está apta ao trabalho era uma necessidade e legitimou determinadas práticas sociais. A fim de compreender melhor a complexidade em que a juventude está inscrita e se escreve em atualizações temporais heterogêneas, múltiplas vertentes de análise consideram a complexidade desse momento da vida em que ocorrem importantes mudanças sociais, psicológicas e biológicas (Abramo, 2005). Consideram fundamentalmente que a vivência da juventude é heterogênea em relação à 115 REID, 4, pp. 113-130 A sociedade da Imagem e Imagem da Sociedade: Discursos visuais produzidos por jovens em contexto escolar multiplicidade de histórias de vida e de contextos diferenciados e singulares. São experiências influenciadas por orientações de etnia, sexo, gênero, situação sócioeconômica, regionalidades e tantas outras construções históricas que nos (des)orientam pelo mundo a fora. Considerando que “são os jovens – talvez mais do que qualquer outro grupo populacional – que enfrentam as maiores incertezas e os riscos advindos do processo de globalização” (Castro, Abramovay, Lima, & Pinheiro, 2004, p. 25), algumas teorias procuram falar também em “juventudes, no plural, e não de juventude, no singular, para não esquecer as diferenças e desigualdades que atravessam esta condição” (Abramo, 2005, p. 43). Para a autora, o uso do plural indica o reconhecimento de que a juventude é um movimento existente em variados grupos sociais, mas que pode ser significada distintamente por cada um deles, enfatizando os diferentes modos de vivência de tal momento. Compreender o que é ser jovem hoje, em/com seus (con)textos multirreferenciais, é desprender-se de saberes acabados e atentar para as particularidades e descontinuidades que se objetivam em discursos variados, sendo as imagens que produzem importantes referências para aproximação em relação aos seus universos. O termo imagem, necessário se faz esclarecer, é amplo e utilizado em uma série de contextos com sentidos diferentes (Joly, 1996). Falamos em imagens de si mesmo, imagens mentais, imagens do sonho, imagem de uma pessoa, pensa-se em fotografia, pintura, cinema. Existe também a metáfora, que é imagem construída através da linguagem verbal. Enfim, as imagens aparecem em uma série de contextos os quais remetem a situações diversas. Sejam as pessoas conscientes ou não disso, não se pode negar que as imagens evidenciam, a todo instante, sua importância no interior da vida social 2. O comum entre as diferentes significações do termo é o processo de representação entre um objeto segundo (a imagem) com relação a um outro que ele representa através de regras particulares (Joly, 1996). Considerar a imagem e a produção de sentidos que ela possibilita é remetê-la ao lugar em que a alteridade é campo fértil e fatal. Isso porque, embora ela “nem sempre remeta ao visível, toma alguns traços emprestados do visual e, de qualquer modo, depende da produção de um sujeito: imaginária ou concreta, a imagem passa por alguém que a produz e que a reconhece” (Joly, 1996, p. 13). Interessados nos processos de significação engendrados pelos jovens a respeito de si mesmos e da sociedade, procuramos abordar as imagens por eles produzidas enquanto dispositivos de enunciação, enquanto o que elas possibilitavam aos jovens enunciar. Nesta direção, compreendemos aquelas produções visuais enquanto 2 Ocupamo-nos das generalidades e particularidades da cultura visual na tradição do Ocidente. REID, 4, pp. 113-130 116 Grimm Cabral, M. y otros discursos 3, tendo claro que todo e qualquer discurso não reflete uma situação extraverbal do mesmo modo como um espelho reflete um objeto. Ao contrário, seja na vida, seja na arte, é ativo, é produtivo. Resolve uma situação, leva-a a uma conclusão avaliativa ou estende a ação para o futuro. O discurso não reflete uma situação; ele é uma situação (Clark & Holquist, 1998, p. 225). Sob esta perspectiva, imagem não se confunde com a palavra, mas conflui com ela engendrando processos psicológicos nos quais ambas as formas de mediação estão amalgamadas. Amálgama, porém não homogêneo, posto que apresenta tensões entre a palavra e o visual, entre o discurso e a visibilidade. Tensões a possibilitar uma comunicação com os jovens a partir do movimento entre o verbal e o não verbal, pois “Uma imagem não produz o visível; torna-se visível através do trabalho de interpretação e ao efeito de sentido que se institui entre a imagem e o olhar” (Souza, 2003, p. 09). Uma questão central no trabalho com discursos visuais refere-se, portanto, às práticas do olhar, e, em geral, às formas de sensibilidade na atual conjuntura espaçotemporal em que imagens e aparatos técnicos ganham destaque e expansão. As transformações técnico-científicas engendram psiquismos e modos de subjetivação de peculiaridades contemporâneas. Tomamos como timoneiro a noção de que a profusão imagética, marca da sociedade contemporânea (Jameson, 1996), vai além de tentáculo capitalista a nos tomar de assalto. É movimento histórico e como tal não carrega um valor per se, mas é produto(r) de e na linguagem. Assim, mais importante do que a intensa proliferação visual é a relação que com ela estabelecemos e atualizamos, ou seja, o modo como se inscrevem nos e inscrevem os processos de subjetivação e criação. Parece claro que experiência contemporânea continua a induzir modos de subjetivação/objetivação, de estar no mundo, que engendram vivências na forma de conceber e se relacionar com o real e o imaginário, na transformação quase que permanente da dinâmica tempo-espaço. Neste sentido, e partir de uma perspectiva histórico-cultural, as visualidades, assim como as tecnologias psicológicas envolvidas na produção do visível, têm nas relações sociais e na história sua processualidade evidenciada. Já no final da década de 1960, Guy Debord (1997) delineia a sociedade contemporânea como sociedade do espetáculo. A experiência humana estaria em sua totalidade fadada a espetacularização, sendo o espetáculo entendido como relação social mediada por imagens. A reflexão de Debord é crucial para a consolidação de todo um campo de estudos sobre a emergência de uma cultura visual na sociedade contemporânea. Numa crítica ao processo de produção das mercadorias, apontava para 3 Embora não seja aprofundado neste texto, reconhecemos que a discussão sobre abordagens discursivas da imagem é polêmica (Jay, 1988). 117 REID, 4, pp. 113-130 A sociedade da Imagem e Imagem da Sociedade: Discursos visuais produzidos por jovens em contexto escolar o espetáculo enquanto fetichismo, vindo a afirmar um poder autônomo para a palavra e a imagem. Autores como Baudrillard (1995), Calvino (1990) e Jameson (1996) analisam as implicações da proliferação de imagens e signos sobre a sensorialidade humana mediante as mudanças na técnica e tecnologia cotidianas. Sob a ótica um tanto pessimista de Baudrillard (1995) também se desvelaria a distorção, a artificialidade e o simulacro, a produção de uma pseudo-história e uma pseudo-cultura, marcadas pela sobre-imposição dos códigos a partir da comunicação de massa. Estas reflexões sobre a transformação da experiência humana a partir do advento da modernidade e seus desdobramentos no século XX, aliadas à renovação dos estudos em história da arte, em estética, aos estudos contemporâneos sobre cinema e fotografia, evidenciaram o que se convencionou chamar de cultura visual. Trata-se de um campo de estudos possibilitado pela convergência de ramificações de diversas disciplinas que vem a consolidar uma problematização do fenômeno do visual na sociedade contemporânea. A saliência de uma cultura visual polemiza com a naturalização da visão, trazendo à tona sua produção histórica e cultural apontando para a produção de regimes de visão, regimes escópicos (Jay, 1988), práticas de olhar, tecnologias e dispositivos de produção da visualidade e de visibilidade. Cabe-nos atenção à produção histórica do olhar humano, aos contornos apresentados pelas subjetivações acerca da materialidade do mundo, assim como às configurações dos sentidos atribuídos ao entorno social e a nós mesmos. Com este foco, entendemos as imagens e as tecnologias que as produzem (câmeras fotográficas e videográficas, e várias maneiras de mídia, por exemplo) como dispositivos que (re)produzem subjetividades (Benjamin, 1989, 1995; Calvino, 1990; Pasolini 1990; Wenders, 1994), e as consideramos, neste sentido, importantes mediadores nas estratégias de intervenção em práticas sociais como as oficinas que engendraram as imagens aqui analisadas. Da imagem como construção à construção do trabalho com imagens O trabalho realizado fundamentou-se nos processos de criação em torno da imagem e nos desdobramentos éticos desta criação, sabendo do poder da imagem nos processos de subjetivação. Procuramos outros rumos que não o da visualidade como dimensão promotora da passividade e intoxicação muitas vezes sugeridas, e por certo possíveis, mas sim o da imagem em seu aspecto semiótico por excelência, artefato promotor de significações. Destacamos o considerável potencial que tal artefato cultural tem nas possibilidades de formação estética humana, em especial na atualidade. Isso porque as relações estéticas e os processos de criação instaurados pelo fazer e interpretar imagens possibilitam ao sujeito descolar-se da realidade vivida, estranhá-la, e imergir em outra, REID, 4, pp. 113-130 118 Grimm Cabral, M. y otros mediada por novas significações 4 que, uma vez apropriadas, podem contribuir para o redimensionamento do próprio lugar ocupado no mundo, bem como para a transformação de contextos sociais específicos (Zanella, 2006). A imagem, dentro desta lógica, funcionaria como o que Bakhtin (2003) chama na criação literária de excedente de visão. O excedente de visão refere-se à posição que o contemplador ocupa no espaço e que propicia uma visão única sobre o mundo, bem como a singularidade do mesmo historicamente produzida. Isto faz com que o excedente de visão só seja possível pela exotopia, pelo estar situado em um lugar que permite olhar de fora para o objeto contemplado. No caso da presente experiência, a possibilidade de olhar de fora para o que se imagina de si próprio e de seu contexto foi o movimento solicitado aos jovens, a partir da leitura das imagens produzidas por meio de bricolagem. Para a produção das imagens foram disponibilizados revistas e jornais de circulação nacional, além de materiais para desenho e colagem. Os jovens foram convidados a dividir uma folha de papel branco em quatro partes e a produzir em cada uma das partes, com os recursos disponíveis, imagens de si, da turma (os colegas de classe), da escola e da sociedade respectivamente. Tratou-se de uma atividade típica do ambiente escolar, nada inovadora, porém apostamos na potencialidade das imagens a serem produzidas e da leitura destas, a ser realizada coletivamente. Sem qualquer pretensão artística, o que se objetivou naquele momento era instituir algum diálogo com os jovens, pois a discussão dos temas que os interessava e que vínhamos trabalhando não era mais possível somente com o recurso verbal, cristalizado na dinâmica escolar de esvaziamento da palavra. Foi este impasse que nos direcionou ao trabalho com o não-verbal. Interessava-nos que estabelecessem contato com imagens veiculadas pela mídia, que tivessem a oportunidade de recriá-las, atribuindo-lhes novos sentidos. Foi a partir da reinterpretação de imagens veiculadas em revistas e jornais que remetiam os jovens para territórios além da escola que renovamos as relações dialógicas com o grupo. A ênfase no material midiático se deu pelo reconhecimento de sua qualidade de produtor de modos de existência e, nesta direção, a intervenção psicossocial por meio do discurso visual permitiu a reflexão sobre o fazer imagético em meio a vivências que contemplaram múltiplas linguagens. Reportamo-nos não somente a práticas de visão, mas a modos de ser em-si-mesmados e organizados cada vez mais narcisicamente, sintomas sociais de um mundo cuja palavra de ordem é o consumo. Assim, o discurso visual foi abordado como produção cultural, veiculador de significados sociais e ao mesmo tempo aberto a novas possibilidades de sentido. Discurso que, ao mesmo tempo é ferramenta de intervenção, possibilita o conhecimento 4 Sobre significações, esclarece Pino (1992, p. 322) que, “constituinte do signo e, portanto, da ordem simbólica – ambas produções sociais – a significação não pertence nem à ordem das coisas nem à das suas representações, mas à ordem da intersubjetividade anônima, em que, ao mesmo tempo que é por ela constituída, é constituinte de toda subjetividade”. 119 REID, 4, pp. 113-130 A sociedade da Imagem e Imagem da Sociedade: Discursos visuais produzidos por jovens em contexto escolar das relações entabuladas e dos significados atribuídos ao viver humano. Também é instrumento para a compreensão dos lugares sociais em que os discursos visuais ou verbais são (re)produzidos. Desvela-se, então, a permanente tensão e comunicação entre o real e o imaginário, a imaginação e a criação. Os jovens: de vivências difíceis às convivências potencializadoras na escola A escola, lócus de nosso trabalho, localiza-se num bairro de periferia da cidade de Florianópolis-SC, mas não se compara às sócio-espacialidades reservadas às favelas da capital do estado de Santa Catarina, quer em situação de pobreza, quer em precariedades psicossociais de variados matizes. Por outro lado, são precárias as condições de acesso aos bens culturais para os jovens que lá residem. Falamos de jovens, estudantes da última série do ensino fundamental da rede pública municipal, em média com quinze anos de idade, divididos entre nascidos na cidade e jovens de famílias que imigraram do interior do estado. Em relação as suas inscrições na gama de oportunidades asseguradas pelo ideário de democracia, cidadania e bem-estar, podem ser considerados como jovens em situação de exclusão social, processo psicossocial marcado pela contraditoridade que o constitui: “a qualidade de conter em si a sua negação e não existir sem ela, isto é, ser idêntico à inclusão (inserção social perversa)” (Sawaia, 1999, p. 8). A inclusão social perversa, marca das políticas públicas paternalistas que são aplicadas, impostas, a despeito da demanda social real, é vivida como necessidade do eu, como sentimentos, significados e ações que são atravessadas por sofrimentos psicossociais, simultaneamente individuais e intersubjetivos (Sawaia, 1999). A escola se insere neste processo de “opor necessariamente, a esse mundo bruto do desejo, um universo de ordem social, um universo de razão (...)” (Guattari & Rolnik, 1986, p. 214). Mas que razão é essa se aos alunos sempre parece que as práticas da escola não têm muito sentido, que tudo o que se passa na sala de aula é muito mais uma obrigação do que o estabelecimento de relações a produzirem conhecimento, a engendrarem processos de ensinar e aprender significativos e atentos às necessidades suas necessidades? Acreditamos que nas escolas são ricas as possibilidades de intervenção que apostam na capacidade dos sujeitos históricos de criar outros processos imaginários, embasadas na necessidade de uma educação ética, estética e política do olhar. Guattari (2004) pontua que cabe a uma revolução política, social e cultural reorientar a produção de bens materiais e imateriais em resposta à crise contemporânea. “Essa revolução deverá concernir, portanto, não só as relações de força visíveis em grande escala, mas também aos domínios moleculares de sensibilidade, de inteligência e de desejo” (Guattari, 2004, p.09). REID, 4, pp. 113-130 120 Grimm Cabral, M. y otros A alegria do encontro com estes jovens e a rica experiência proporcionada, desvelam também suas potencialidades na (re)invenção da realidade e de si mesmos. Em detrimento de uma ótica nostálgica, que teima por se encerrar na perda da organização social juvenil das décadas passadas, lançamos nosso olhar, intervenção e esperança nos mesmos jovens que expressam a presença da violência em seus discursos e que ao mesmo tampo criam de forma capilar e artística manifestações culturais subversivas ao status quo. Produções culturais, como o hip hop, por exemplo, campo de ação e intersubjetividade forte àqueles jovens e que não passam ao largo das manifestações políticas organizadas e historicamente valorizadas (como o “movimento dos caras pintadas”), inscrevem no texto urbano formas possíveis de afetar e ser afetado. Quiçá mais adequadas às nossas vivências contemporâneas, aos nossos olhares adaptados, em que pese o anonimato e relativo silêncio destas manifestações a espraiarse na urbanidade e afetar nossa sensibilidade mais ordinária. São jovens, criadores de arte e história, que nos mobilizam: “a olhar para uma flor e ver além de sua extraordinária beleza”. As imagens discursos produzidas pelos jovens Os discursos visuais analisados refletem e refratam indicativos de violência, miséria e desigualdade social, pautadas por afetos que sugerem reflexões sobre a potência de ação destes jovens diante das imagens que utilizaram para representar a si mesmos e à sociedade. Nas imagens discursos predominam armas, pessoas em situação de miséria e morte, e as imagens de si veiculam atores sociais reais e fictícios da cena narcotraficante. O que está em jogo nessas imagens discursos são os processos de significação daqueles jovens sobre a sociedade e sobre si mesmos. O que querem dizer quando apresentam imagens de narcotraficantes como Fernandinho Beiramar ou a personagem Zé Pequeno, do filme Cidade de Deus, como imagens de si? Estariam nestes discursos visuais insinuadas certas violências psicossociais que se perfilam como modos de estar no mundo? A experiência que discutimos, aponta para entrada no que Augé (1994) chama de “regime de ficção”, ou tudo aquilo que, na sociedade contemporânea nos leva às fronteiras conflituosas entre o que é real e o que é fictício. Estamos diante de um efeito que não é nem a identificação daquele que vê a imagem com a instância vidente (o olhar do fotógrafo) nem a identificação secundária com os personagens: “o sujeito que vê reconhece então a existência de um Outro (o autor) análogo a ele próprio, análogo ao Eu sujeito da percepção (...) o Outro é um Eu” (Augé, 1994, p.103). Um efeito que se desdobra a partir da criação de uma ficção de si que acontece no mesmo momento em que reconhecemos um outro real que nos constitui. Uma flexibilização da dialética entre real e ficção, onde a violência que atravessa as imagens deixa o plano da ficção e 121 REID, 4, pp. 113-130 A sociedade da Imagem e Imagem da Sociedade: Discursos visuais produzidos por jovens em contexto escolar aparece não só nos discursos visuais, mas nos enunciados daqueles jovens sobre suas produções. Tomamos violência como transgressão ao que alguém ou uma sociedade considera como justo e de direito, ou seja, é um ato de abuso físico e/ou psíquico contra alguém e caracteriza relações definidas pela opressão, intimidação, pelo medo e terror (Chauí, 2003). Estamos aqui lidando com a violência como forma de saída, forma de atuação sócio-histórica, forma de objetivação/subjetivação no mundo. Violência que é processo de um contexto em que há uma relação negativa entre a disponibilidade dos recursos materiais ou simbólicos das pessoas e o acesso à estrutura de oportunidades sociais, econômicas, culturais que são oferecidas pelo Estado, mercado e sociedade (Abramovay, 2004). Apresentaremos três conjuntos de imagens produzidos pelos jovens e que, de forma genérica, representam os discursos do grupo. As imagens apresentam mortes, armas, confrontos, uma sociedade em guerra. Mas ao nos deslocarmos um pouco do sentido dominante, normalmente frisado e veiculado pela mídia, não nos postariam estas imagens diante do que Bourdieu (1995) descreve como “violência simbólica”? Esta, cujos efeitos incidem sobre os sujeitos quando, ao pensarem sobre o mundo e sobre si mesmos, não dispõe de outras formas de pensamento senão aquelas que os mantêm em posições desfavoráveis nas relações sociais? Figura 1: Imagens selecionadas por aluno de escola pública municipal da cidade de Florianópolis/SC sobre os temas “eu” e “sociedade”. Expressões gráficas como as apresentadas na figura 1 nos convidam a dialogar com as polifonias que as enredam. Como um tanque blindado e imponente, as violências desfilam pelas ruas a cortar possibilidades de ir e vir, ou olham ameaçadoramente a quem as procura deter. Imagens discursos que questionam a imputação de autoria pretensamente e exclusivamente reservada aos recônditos de alguns delinqüentes, em especial dos pertencentes à população de baixa renda, historicamente concebida como potencialmente violenta (Coimbra & Nascimento, 2003). REID, 4, pp. 113-130 122 Grimm Cabral, M. y otros Tal como um tanque de guerra, que ninguém sabe ao certo o que tem dentro, os discursos que apontam para a violência como delinqüência gratuita e natural, são ímpares ao escamotear relações sociais, econômicas e políticas historicamente violentas, pois “deixa-se na sombra o vínculo que prende necessariamente violência mundial e economia política mundial” (Chauí, 2003, p. 45). Da mesma forma, os ícones das imagens produzidas dão margens para interpretá-los como símbolos de intervenções armadas salvacionistas, ou mesmo políticas públicas que trazem em seu bojo uma violência matricial e estruturante da organização social e da forma como os sujeitos contemporâneos se relacionam consigo e com outros. Marilena Chauí (2003) aponta que o sujeito brasileiro mostra-se cindido em dois: um sujeito como vítima e sofredor passivo de um lado, e de outro, um sujeito piedoso que age para aplacar os sofrimentos identificados. Trata-se de jogo em que cabe aos compassivos e justos trazer a justiça para as vítimas. Assim, para que os nãosofredores possam ser considerados éticos, duas violências se impõem: a necessidade de vítimas, e a consideração dessas vítimas como sofredoras passivas e inertes. Bricola-se, então, um campo dos mais violentos possíveis: a própria destituição do sujeito ético e político, o indivíduo descola-se do lugar de sujeito e identifica-se com o de coisa. Estrutura-se, de tal modo, uma finíssima ferramenta mantenedora do histórico apartheid socioeconômico e cultural, a qual adentra e atropela desejos, sonhos e a potência de ação. O desejo por visibilidade e valorização social, expresso na figura 2, também é fundante de um Eu que se atualiza no brado da alteridade, visibilidade que comumente esvai-se aos que não detêm o poder de consumo, tão requerido no contemporâneo capitalista. Numa formação cultural que apregoa a educação e a profissionalização lucrativa como meios para ser alguém, mas limita o acesso a esses bens ao transformálos em mercadorias, desenham-se formas alternativas de autoria e sociabilidade. Figura 2: Imagem produzida por aluno de escola pública municipal da cidade de Florianópolis/SC sobre os temas “eu” e “sociedade”. 123 REID, 4, pp. 113-130 A sociedade da Imagem e Imagem da Sociedade: Discursos visuais produzidos por jovens em contexto escolar Num mundo cada vez mais midiatizado e telemático é saldo comum a inscrição de processos psicossociais tecidos numa cultura em que há um flanar na comunicação indiscreta entre as dimensões analógicas e digitais, do alto poder de consumo e da miséria. No meio de uma tensão entre imagens, de processos de produção de verdades com a definição de lugares sociais vários, com destaque para o de inimigo, pautados por uma racionalidade competitiva, pela instrumentalização e pela dessensibilização das relações, a violência exercida por meio de homicídios e ameaças, principalmente no âmbito do narcotráfico, é tão recorrente nos discursos visuais dos jovens que se mostra como potência de estar no mundo. Apesar da consciência por parte daqueles jovens do curto tempo de vida proporcionado pelo narcotráfico, este é possibilidade que se coloca como possibilidade real e concreta como meio de emancipação e de sustento. Isto nos faz pensar, por um caminho analítico possível - entre tantos outros, frente à complexidade do tema - na expressão desse tipo de violência como quebra da invisibilidade social, que é uma constante no viver das juventudes de camadas populares. Alardeia-nos, como arma, a ser friamente empunhada, e modo atrativo para exercer o poder e influir nos processos subjetivos, sociais e políticos. Na sociedade brasileira, principalmente em grandes centros, o que também vem se alterando rapidamente, não raro, o crime organizado é mais atuante que o poder público e ações civis responsáveis. Passar de sujeito invisível e emudecido a autor membro de uma facção criminosa reconhecida, a autoridade, real ou fictícia no âmbito influente do narcotráfico – como salientam estas narrativas visuais – é uma alternativa explicitamente atraente. Neste território cercado, onde escapar denota dificuldade e possíveis perdas, a obtenção de visibilidade e renda por meios socialmente ilegais, como o roubo, furto e tráfico de drogas, aparece vinculada ao uso de narcóticos. Talvez como forma de amenizar a percepção da realidade crua, com vistas a se resguardar à vivência do prazer imediato, que almeja, mesmo em sua fugacidade, uma visão de si um pouco mais ativa e potente. Em meio a tais batalhas, outras formas de participação e criação do coletivo e de si são atuadas, como diversas manifestações culturais que conferem potência a imaginação e criatividade juvenis (as práticas do grafitti e do hip-hop, por exemplo), o que soa como música aos nossos ouvidos, num ambiente que, ao invés de usurpar a potência de ação, mostra a arte e a criação como caminhos possíveis. REID, 4, pp. 113-130 124 Grimm Cabral, M. y otros Figura 3: Imagem produzida por aluno de escola pública municipal da cidade de Florianópolis/SC sobre os temas “eu” e “sociedade”. As imagens produzidas pelos jovens são, é possível afirmar, visualidades que evidenciam e denunciam uma violência econômica objetivada em políticas transnacionais, imagens que mostram o “mal como fruto da perversidade humana e da loucura de poucos” (Chauí, 2003). Visualidades que em sua materialidade discursiva e polissêmica são, por outro lado e a um só tempo, resistência, tentativa de habitar lugares com ética, estética e criação, a fim de possibilitar no presente, a construção de novos devires. Em outras palavras, os mesmos ícones, que no momento da confecção do trabalho somaram-se aos sentimentos de impotência, indignação e angústia, revelaramse eles próprios como artefatos de criação, em suas infinitas possibilidades de ressignificação, como meios de superar essas mesmas emoções, de agenciar relações estéticas necessárias à reinvenção de si e da realidade. Considerações Finais Os jovens participantes das oficinas estéticas produziram, nas imagens de si e da sociedade constituídas com recortes de fotografias publicadas em jornais e revistas, discursos que foram compartilhados, confrontados, questionados. O processo possibilitou aos jovens pensar sobre si e a sociedade através das imagens (re)criadas, o que é fundamental para o movimento de “(...) ampliar nossa concepção de algum campo de fenômenos, levar-nos a ver esse campo com novos olhos, a generalizar e unificar fatos amiúde inteiramente dispersos” (Vygotsky, 2001, p. 342). O grande desafio posto aos jovens é vislumbrar e anunciar possíveis mudanças em suas sensibilidades e poder de afecção, é (re)inventar outros bons encontros que aumentem sua potência de agir sobre a concretude espaço-temporal. Encontros marcados pela alegria espinosiana, afeto que para este autor tem sentido ético, pois, “é assim que a ética realiza sua força construtiva plena, com uma constituição prática do 125 REID, 4, pp. 113-130 A sociedade da Imagem e Imagem da Sociedade: Discursos visuais produzidos por jovens em contexto escolar ser. A alegria é propriamente o momento que cria o por vir” (Hardt, 2003, p.179). Uma ética não moralmente imposta, em que muitos não se reconhecem e rechaçam, mas uma ética substanciada por paixões, na aventura de uma vida digna de ser vivida. Resguardados os diferentes lugares epistemológicos que Vygotsky e o filósofo Espinosa ocupam, há profícuos diálogos possíveis entre ambos, em especial nos estudos sobre relações estéticas e processos criação. Neste sentido, ambos enfatizam a centralidade da afetividade nos processos de todas as esferas da vida psíquica, social, política, econômica e ética. As emoções estéticas, em seu sentido de superação e criação na materialidade sócio-histórica, afetam corpos que deambulam pela soma e tensão euoutro, encontros potencializadores ou não do agir, da afetividade e da imaginação. Em relação à filosofia de Espinosa, Deleuze acrescenta: Quando encontramos um corpo exterior que não convém ao nosso, tudo ocorre como se a potência deste corpo se ocupasse à nossa, operando uma subtração, dizemos neste caso que a nossa potência de agir é diminuída ou impedida, mas ao contrário quando encontramos um corpo que convém à nossa natureza e cuja relação se compõe à nossa diríamos que sua potência se adiciona à nossa: as paixões que nos afetam são de alegria e nossa potência de agir é ampliada e favorecida (Deleuze, 2002, p. 34). Na gama das relações histórico-culturais, (re)cria-se o ser e a cultura. Inscrevemse afecções conflagradas na vasta interação com outros corpos, quer na dimensão do imediato, quer na presença de vozes na memória histórica e biográfica: sussurros que dizem sem cessar de imagens e emoções. Estas que fazem por despontar, no horizonte da existência humana, encontros, relações estéticas e processos de criação que antes nos escapavam. A experiência aqui compartilhada reflete sobre as potencialidades das múltiplas linguagens a serem exploradas como instrumental na produção de conhecimento e de intervenção em práticas psicossociais. As relações dialógicas constituídas nas tensões entre o verbal e o não verbal através da transversalidade pertinente à imagem, foram fecundas na produção de afecções, de imagens e de olhares sobre a realidade contemporânea, sobre si e o contexto social. Fazer uso da imagem, especialmente entre jovens - que desde cedo se mostram implicados numa cultura visual – é afirmar a imaginação, (imagem/ação) como aspecto propulsor de uma ética e estética voltadas a transformar aquilo que subtrai do homem sua potência de agir e de criar solidariedades possíveis. Referências Abramo, H. W. (2005). Condição juvenil no Brasil contemporâneo. In Abramo, H. W., & Branco, P. P. M. (Orgs), Retratos da juventude brasileira: análises de uma pesquisa nacional (pp. 37-72). São Paulo: Fundação Perseu Abramo. REID, 4, pp. 113-130 126 Grimm Cabral, M. y otros Abramovay, M. (2004). Juventude, violência e vulnerabilidade social na América Latina: desafios para políticas públicas. Brasília: UNESCO. Augé, M. (1994). Não-lugares: uma introdução a uma supermodernidade (M. L. Pereira, Trad.). Campinas: Papirus. antropologia da Bakhtin, M. (2003). Estética da criação verbal (4ª ed.) (P. Bezerra, Trad.). São Paulo: Martins Fontes. Baudrillard, J. (1995). 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Fecha de recepción: 25/05/2009 Fecha de revisión: 24/02/2010 Fecha de aceptación: 06/07/2010 REID, 4, pp. 113-130 130