O T R A MUESTRA DE LA " L I T E R A T U R A DEL L O C O " EN EL R E N A C I M I E N T O ESPAÑOL: EL CASO DE CRISTÓBAL DE CASTILLEJO A s o m a r s e a los d o m i n i o s de l a l l a m a d a " l i t e r a t u r a d e l l o c o " s i g n i f i c a a b o r d a r u n c a m p o de t r a b a j o m u c h o más extenso y sugestivo de lo q u e a p r i m e r a v i s t a cabe esperar. L o s trabajos y a clásicos, de W e l s f o r d , S w a i n , K a i s e r , F o u c a u l t , C o l i e , L e f e b v r e y o t r o s , a los que d e b e n añadirse m u c h o s más sobre aspectos c o n cretos d e l t e m a , p r u e b a n c o n creces l a g r a n significación que en l a h i s t o r i a l i t e r a r i a de O c c i d e n t e t i e n e esa l i t e r a t u r a o, más p r e c i s a m e n t e , esa m o d a l i d a d genérica q u e supone u n m o d o p e c u l i a r de e n c a r a r el m u n d o , u n o más e n t r e los v a r i a d o s i n s t r u m e n t o s de p e r s p e c t i v a i n v e n t a d o s p o r el escritor p a r a desentrañar el sent i d o de su r e a l i d a d . N o hace a h o r a a l caso e x p l i c a r u n a vez más los f u n d a m e n t o s y m e c a n i s m o s de u n p r o c e d i m i e n t o l i t e r a r i o p a r a el c u a l l a r e c u r r e n c i a , expresa o tácita, a l a alegoría d e l loco h a sido d u r a n t e siglos — y aún lo es— u n cauce p a r a p r o y e c t a r u n a l e c t u r a dialéctica de l a r e a l i d a d . Sí p u e d e ser p e r t i n e n t e , en c a m b i o , r e c o r d a r algunas de las premisas que sustentan tales m e c a n i s m o s , a fin de encauzar d e b i d a m e n t e las q u e considero a f i n i dades de Cristóbal de C a s t i l l e j o c o n esa " l i t e r a t u r a del l o c o " . E n c u a n t o a esto, c o n v i e n e s u b r a y a r l a a m b i v a l e n c i a c o n q u e históric a m e n t e se p r e s e n t a esa l o c u r a l i t e r a r i a . P o r u n a p a r t e , es e x p r e sión m o r a l de las pasiones q u e a q u e j a n a todos los h u m a n o s y r e s u l t a , p o r t a n t o , m o r a l m e n t e r e p r o b a b l e ; p o r o t r a , se presenta, en sentido c l a r a m e n t e p o s i t i v o , c o m o u n a situación paradójica que p o s i b i l i t a c i e r t a visión lúcida d e l m u n d o d e l h o m b r e . E l p r i m e r v a l o r c o n v i e r t e el m u n d o en u n a i n m e n s a casa de locos en l a que todos estamos i m p l i c a d o s , y p r o y e c t a l a creación l i t e r a r i a p o r el c a m i n o de l a reprensión m o r a l de las pasiones, t a l y c o m o lo exp r e s a n e n a b u n d a n c i a los textos m e d i e v a l e s . E l segundo, más n o - NRFH, XXXIV CRISTÓBAL DE 809 CASTILLEJO v e d o s o p e r o también c o n u n a l a r g a tradición e n c a u z a l a creación l i t e r a r i a h a c i a el r e i n o de l a p a r a d o j a , v e r d a d e r o m é t o d o dialéctico de interpretación de l a r e a l i d a d . Esa dialéctica convierte a l loco e n cuerdo y a éste en v e r d a d e r o loco, y hace que esa l o c u r a l i t e r a r i a sea en último término n o sólo " s o u r c e de r i r e " sino auténtico " i n s t r u m e n t de démiystification", y que la función esenc i a l d e l loco consista " à l a fois à a m u s e r les sages et à l e u r o u v r i r les y e u x , à leur o f f r i r d ' u n e m a i n le r i r e et à l e u r assener de l ' a u t r e la vérité" . 1 2 Esa e n t i d a d paradójica entre razón y l o c u r a es u n p r o d u c t o de l a d u d a y de l a p e r p l e j i d a d del h o m b r e ante su p r o p i a c o n d i c i ó n , y también p u n t o de p a r t i d a de su creencia en l a i n e s t a b i l i d a d de sus p u n t o s de v i s t a y e n el r e l a t i v i s m o de sus convicciones. P o r ello, l a frecuente r e c u r r e n c i a al a l e g o r i s m o del loco supera las m o d a s l i t e r a r i a s , y significa más b i e n u n a f o r t u n a d o h a l l a z g o retórico históricamente válido p a r a a r r o j a r algo de l u z sobre l a p e r p l e j i d a d y el desconcierto d e l h o m b r e . C o m o a f i r m a K l e i n : L'image d u fou, équivoque comme tant de grands symboles et de projections collectives, est en tout état de cause u n instrument d'autocompréhension. Tantôt elle soulève le rire, parce qu'elle présente une sorte de modèle réduit et inoffensif d'une anti-humanité exorcisée; tantôt elle invite à la méditation socratique et s'offre aux plus lucides comme u n m i r o i r de leur vraie nature. Dans les deux cas —et dans d'autres, intermédiaries— cette figure de Vindignitas hominis, obsédante pour les contemporains exacts de ceux q u i avaient fait de la dignitas hominis la pierre angulaire de leur philosophie, illustre et résume toute une anthropologie q u i fut, à la Renaissance, extrêmement actuelle . 3 A u n q u e esa invitación a u t o m e d i t a t i v a de l a l o c u r a es l a más f e c u n d a l i t e r a r i a m e n t e , n o h a y que o l v i d a r q u e c o n v i v e y se e n t r e c r u z a en el t i e m p o c o n l a dimensión m o r a l antes c i t a d a . Es el caso de l a Stultitae laus e r a s m i a n a . O r i e n t a d a p r e f e r e n t e m e n t e h a c i a l a i d e a de l a l o c u r a c o m o fórmula de l e c t u r a paradójica del m u n d o , m a n t i e n e al m i s m o t i e m p o el espíritu represor q u e c o n t e m p l a a l a l o c u r a h u m a n a c o m o exacerbación de las pasiones. E l l i b r o de E r a s m o legitimó u n b u e n n ú m e r o de p r o d u c c i o n e s de Cf. M . F O U C A U L T , Histoire de la folie à l'âge classique, Pion, Paris, 1964. M . BIGEARD, La folie et les fous littéraires en Espagne, 1500-1650, Centre de Recherches Hispaniques, Paris, 1972, p. 9. R . K L E I N , " U n aspect de l'herméneutique à l'âge de l'humanisme classique. Le thème d u fou et l ' i r o n i e h u m a n i s t e " , ArF, 3 (1963), p. 1 1 . 1 2 3 810 ROGELIO REYES NRFH, C A N O XXXIV ese género anteriores a él y dio lugar a toda una floración de textos amparados por su innegable autoridad y prestigio . Y creó, sin duda, u n interesante marco de referencias para ubicar en él ciertas expresiones literarias renacentistas no siempre bien encajadas por la crítica. Si en el resto de la literatura europea el estudio de ese marco de referencias y sus numerosas variedades cuenta con amplia atención, las incursiones críticas en textos españoles, con la salvedad del Quijote, son relativamente escasas y desde luego muy recientes. A l meritorio libro de conjunto de M . Bigeard, que sistematiza la cuestión y ofrece bastantes sugerencias , hay que añadir los trabajos más específicos de M . Bataillon, Márquez Villanueva, D . Pamp y varios coloquios internacionales que inciden sobre el tema . L a trascendencia española del motivo del loco no necesita más pruebas, pues desde Francisco López de Villalobos, Guevara y d o n Francesillo de Zúñiga, hasta Cervantes y los dramaturgos del X V I I , discurre caudalosamente por todo nuestro Siglo de O r o y tuvo ya en los cancioneros del X V cumplida representación . Conviene, sin embargo, seguir rastreando el tema e i r fijando con ponderación su fortuna y límites, en especial en lo que respecta a aquellas obras y autores que pudieran hallarse verosímilmente en la órbita de esa eclosión de la " l i t e r a t u r a del l o c o " que la Moria erasmiana había, sin duda, estimulado. Hay muchas razones, a m i j u i c i o , para sospechar que Cristóbal de Castillejo no fue ajeno a ese mundo literario, pues su biografía y su obra sugieren en ese sentido no pocas pistas. Está más 4 5 6 7 8 Véase R . L . C O L I E , Paradoxa Epidémica. The Renaissance Tradition of Paradox, Princeton, 1966. 4 5 M . B I G E A R D , op. cit. M A R C E L B A T A I L L O N , " U n problème d'influence d'Érasme en Espagne. L'Eloge de la F o l i e " , Actes du Congrès Erasmo ( R o t t e r d a m , 27-29 octobre 1969), A m s t e r d a m - L o n d o n , 1971, p p . 136-147, repr. en Erasmo y el erasmismo, Crítica, 6 Barcelona, 1978, p p . 327-359; F R A N C I S C O M Á R Q U E Z V I L L A N U E V A , " U n as- pect de la littérature du fou en E s p a g n e " , L'Humanisme dans les lettres espagnoles, Paris, 1979, p p . 233-250; " J e w i s h fools o f the Spanish Fifteenth C e n t u r y " , HR, 50 (1982), 385-409. ( E l mismo autor trata también el problema en Personajes y temas del "Quijote", T a u r u s , M a d r i d , 1975, pp. 219-227.) D . P A M P DE AVALLE-ARCE, " I n t r o d u c c i ó n " a F R A N C E S I L L O DE Z Ú Ñ I G A , Crónica burlesca del Emperador Carlos V, Crítica, Barcelona, 1981. Folie et déraison à la Renaissance, Colloque I n t e r n a t i o n a l , Bruxelles, 1976; L'image du monde renversé et ses représentations littéraires et para-littéraires de la fin du xvi siècle au milieu du xvii , Paris, 1979; Visages de la folie (1500-1650). (Domaines hispano-italien), Colloque tenu à la Sorbonne les 8 et 9 m a i 1980, Paris, 1981. Véase F . M Á R Q U E Z V I L L A N U E V A , " J e w i s h fools..." 7 e e 8 NRFH, XXXIV CRISTÓBAL DE 811 CASTILLEJO q u e p r o b a d o que c o n o c í a b i e n l a o b r a de E r a s m o y que se dejó i n f l u i r p o r ella en ciertos p u n t o s religiosos y hasta en el ideal estilístico q u e i n f o r m a algunos de sus t e x t o s . V i v i ó de 1525 a 1550, fecha de su m u e r t e , en l a corte vienesa de F e r n a n d o I , h e r m a n o de C a r l o s V ; con aquél mantenía C a s t i l l e j o estrecha relación desde l a m o c e d a d v i v i d a a su l a d o en l a corte de F e r n a n d o el C a t ó l i c o . L a V i e n a de esos años, h a escrito B a t a i l l o n , ofrecía u n a " a t m ó s f e r a e r a s m i a n a " fuera de t o d a d u d a , f a c i l i t a d a p o r el hecho de que el p r o p i o F e r n a n d o se hubiese educado b a j o l a dirección del teólogo holandés. P o r o t r a p a r t e , algunos de los t e m a s l i t e r a r i o s de C a s t i l l e j o (obras de b u r l a s , sátira a n t i c o r t e s a n a , sermon joyeux...) son m u y c o n c o m i t a n t e s con los de l a " l i t e r a t u r a del l o c o " q u e , c o m o h a s u b r a y a d o M á r q u e z V i l l a n u e v a , r e c i be d u r a n t e el r e i n a d o de C a r l o s V u n t r a t a m i e n t o m u y i n t e n s o , especialmente en lo q u e respecta a l a v a r i a n t e genérica del bufón de corte y a su intención satírica c o n t r a l a v i d a áulica. 9 10 1 1 1 2 C o n v i e n e , sin e m b a r g o , hacer l a salvedad de que n o t o d a l a l o c u r a l i t e r a r i a h a de llegarle a n u e s t r o poeta p o r l a vía de Erasm o . C a s t i l l e j o , c o m o otros m u c h o s escritores de l a p r i m e r a m i t a d del siglo X V I , escribe todavía m u y i n m e r s o en el m u n d o l i t e r a r i o i n m e d i a t a m e n t e a n t e r i o r y conecta, c o m o es e v i d e n t e , con el sent i d o m o r a l de l a reprensión de las pasiones, t a l c o m o se ve sobre t o d o en sus obras de amores. Ese concepto m e d i e v a l de l a l o c u r a le llega p o r los cauces del a m o r cortés y d e l a l e g o r i s m o m o r a l i z a n t e de l a l i t e r a t u r a d e l X V . Se t r a t a , p o r el m o m e n t o , n o d e l uso l i t e r a r i o de l a l o c u r a paradójica sino del v i e j o patrón q u e considera c o m o l o c u r a a las pasiones (en especial l a l o c u r a de a m o r ) y e x i ge, p o r c o n s i g u i e n t e , l a reprensión y el castigo. Sus poemas eróticos están llenos de alusiones al loco a m o r y a los locos enamorados; en ellos, a l i g u a l q u e en otros textos de poetas españoles c o n t e m p o r á n e o s , puede rastrearse l a idea del a m o r c o m o fuerza enajenante . E l m i s m o origen tradicional hay que atribuir a va13 Cf. J . S A U G N I E U X , ' ' Le Die s irae pour la nuit de Noël de Cristóbal de Cast i l l e j o " , LNL, 66 (1972), pp. 1-8. Reproducido por el libro del mismo autor L i teratura y espiritualidad españolas, M a d r i d . 1974, p p . 189-199. Véase M . B A T A I L L O N , Erasmo y España, t r a d . A . A l a t o r r e , 2 ed., F . C . E . , M é x i c o , 1966, p p . 5 9 1 , 635, 653 y 666. H Ibid., p. 653. " U n aspect de l a littérature d u fou en E s p a g n e " . Sobre el tema de la locura de amor en la literatura española, véanse M . G E N D E A U - M A S S A L O U X , " L a folie d ' a m o u r , de Garcilaso a Góngora: épanouissement et métamorphoses d ' u n thème m y t h i q u e ' ' , en Visages de la folie..., pp. 101-116; y F. V I C I E R , " L a folie amoureuse dans le roman pastoral espagnol 2 moitié d u x v i siècle", ibid., p p . 117-129. 9 1 0 a 1 2 1 3 e e 812 ROGELIO REYES C A N O NRFH, XXXIV ríos poemas alegóricos de m a y o r extensión ( " D i á l o g o entre m e m o r i a y o l v i d o " , " D i á l o g o e n t r e l a adulación y l a v e r d a d " , etc.) en los q u e salen m a l p a r a d a s las pasiones h u m a n a s . N o es este concepto m o r a l i s t a y represor de l a l o c u r a l i t e r a r i a el q u e a h o r a nos interesa c o n s i d e r a r en l a o b r a de C a s t i l l e j o , e n t r e otros m o t i v o s p o r q u e e n ese t e r r e n o n o h a y n a d a de o r i g i n a l p o r su p a r t e . M á s fecundo puede ser el análisis de ese o t r o enfoq u e de l a l o c u r a q u e , c o m o e n el caso de l a Moria e r a s m i a n a , se o r i e n t a sobre t o d o h a c i a l a intención paradójica y d e s m i t i f i c a d o r a , q u e a u n q u e n o usa de m o d o explícito el personaje del loco, sí a d o p t a , s i n n o m b r a r l o , su p e c u l i a r p u n t o de v i s t a : el que le hace m i r a r l a r e a l i d a d a l a l u z r e v e l a d o r a de l a d e m e n c i a . U s a el térm i n o locura, claro está, en el sentido a m p l i o q u e el p r o p i o E r a s m o le confiere en su l i b r o . A h í n o se acoge expresamente a l a demencia c o m o enfermedad m e n t a l en sentido estricto (el h u m a n i s t a holandés soslaya el término l a t i n o : insania), sino a l a necedad h u m a n a y a sus aspectos más risibles y susceptibles de b u r l a , que c o n s t i t u y e n l a o t r a c a r a d e l m u n d o . Stultitia o n e c e d a d frente a ratio o s a b i d u ría, según el concepto clásico: Es cierto que, a tenor de las definiciones de los estoicos, la sabiduría no es otra cosa que guiarse por la razón y, en cambio, necedad es dejarse llevar por el capricho de las pasiones; sin embargo, para que la vida de los hombres no sea todo tristeza y austeridad, ¿cuánto más no ha puesto en ella Júpiter de pasiones que de razón? ¡Sería como querer comparar el peso de media onza con el de una libra! 14 E r a s m o era m u y consciente de que tras las " e x t r a v a g a n t e s b r o m a s " de l a o b r a latía u n m u y claro propósito de crítica social y d i d a s c a l i a m o r a l , y p o r eso escribió al teólogo de L o v a i n a , M a r tín D o r p , que " e n l a Moria, b a j o el aspecto de b r o m a , no se t r a t a de cosa d i s t i n t a de l a q u e se trató en el Enchiridion. H e querido aconsejar, n o ser m o r d a z ; ser p r o v e c h o s o , n o m o l e s t a r ; velar p o r las b u e n a s c o s t u m b r e s de los h u m a n o s , n o d a ñ a r l a s " . Esto n o i m p i d i ó q u e escribiese l a n u e v a o b r a e n u n estilo burlesco, con a p a r i e n c i a de l i v i a n o divertimento, p o r el c u a l el p r o p i o E r a s m o se c o n s i d e r ó d e u d o r de clásicos precedentes ( L u c i a n o especialment e ) , a u n q u e en lo q u e respecta a l d a t o específico de los locos, se apoyase e n referencias m u c h o más p r ó x i m a s , c o m o l a tantas v e 15 ERASMO, Elogio de la locura, i n t r o d . , t r a d . y notas de O . Nortes V a i l s , Barcelona, 1976, p. 125. 15 Ibid., p p . 60, 59. 1 4 NRFH, XXXIV CRISTÓBAL DE CASTILLEJO 813 ees c i t a d a de E l barco de los locos (1492) del h u m a n i s t a alemán Sebastián B r a n t , o La nave de los locos (1500) de Josse Bade, eco suyo. N o h a y que o l v i d a r t a m p o c o las sugerencias que E r a s m o p u d o recoger de ciertas m u e s t r a s pictóricas sobre l a l o c u r a ( c o m o los c u a d r o s del Bosco), i n c l u s o de los famosos carros y naves de locos d e l c a r n a v a l de su t i e m p o y en general de las llamadas fiestas de locos que se c e l e b r a b a n en t o d a E u r o p a , análogas a n u e s t r a v i e j a Fiesta del Obispillo . 16 D e l a contemplación de l a estulticia h u m a n a , E r a s m o extrae l a idea c e n t r a l de su Moria, l a doble cara de las cosas del m u n d o : E n p r i m e r l u g a r , es b i e n sabido q u e todos los asuntos h u m a n o s , i g u a l q u e los silenos de A l c i b í a d e s , t i e n e n dos aspectos, e n n a d a semejantes e n t r e sí. D e m o d o q u e a q u e l l o q u e a p r i m e r a v i s t a , c o m o se suele d e c i r , es m u e r t e , si l o e x a m i n a s c o n m a y o r p r o f u n d i d a d , aparece c o m o v i d a ; e n c a m b i o , lo q u e parece v i d a es m u e r t e ; lo hermoso, d e f o r m e ; lo o p u l e n t o , paupérrimo; lo i n f a m e , glorioso; l o d o c t o , i n d o c t o ; l o f u e r t e , débil; l o l i n a j u d o , i n n o b l e ; l o alegre, triste; lo favorable, adverso; lo amistoso, hostil; lo saludable, n o c i v o ; e n s u m a , si abres el s i l e n o , de r e p e n t e aparecerá t o d o cambiado . 1 7 U n a vez q u e l a p a r a d o j a del m u n d o al revés q u e d a establecid a c o m o p r i n c i p i o g e n e r a l , el l i b r o de E r a s m o pasa a sus v e r d a deros o b j e t i v o s : l a crítica de personas, g r u p o s sociales, i n s t i t u c i o n e s , c o m p o r t a m i e n t o s , etc. L a Moria supone en ese sent i d o u n paradójico de comptentu mundi a r t i c u l a d o sobre el feliz r e curso d e l a u t o e l o g i o de l a necedad. L a s m u j e r e s , los eclesiásticos, los h o m b r e s doctos, los cortesanos, los vicios y v i r t u d e s m o r a l e s ; t o d o es j u z g a d o en el m i s m o t o n o desenfadado e irónico, p e r o con l a carga de l u c i d e z e i n t e l i g e n c i a peculiares de E r a s m o . Ese es el h i l o q u e puede l l e v a r n o s a C a s t i l l e j o y a otros m u chos escritores del X V I español que p r a c t i c a n en sus obras l a crít i c a social, a m p a r a d o s a d i s t a n c i a en el prestigioso p a r a d i g m a de l a Moria y sujetos a su p e c u l i a r esquema de l e c t u r a de l a r e a l i d a d . N o h a y que afanarse en b u s c a r en ellos l a alegoría d e l loco o l a indicación expresa de ceñirse al j u e g o paradójico. Esa intención está m u y c l a r a sobre t o d o en los textos de t e m a bufonesco, c o m o l a Crónica de Don Francesillo de Zúñiga, pero en general se t r a t a de u n a a c t i t u d implícita que n o es preciso e x p l i c a r a lectores discreVéase H . C o x , Las fiestas de locos-. Ensayo sobre el talante festivo y la fantasía, M a d r i d , 1972. Elogio de la locura, p. 157. 1 6 17 814 R O G E L I O REYES C A N O NRFH, XXXIV tos y f a m i l i a r i z a d o s c o n ese a r t i f i c i o l i t e r a r i o . S i n d u d a , éste era m u y aceptado, en los círculos cortesanos de l a España d e l R e n a c i m i e n t o , c o m o m a r c o genérico h a b i t u a l que n o necesitaba de más explicitaciones y p o r el c u a l discurrían l a sátira y l a b u r l a , en especial las de l a p r o p i a v i d a cortesana. L o esencial del p r o c e d i m i e n t o es l a a d o p c i ó n d e l p u n t o de vista d e l necio (loco, truhán, b u f ó n de c o r t e , etc.) a l a h o r a de j u z g a r el m u n d o ; l a p e r s p e c t i v a satírica, j o c o s a y burlesca c o n q u e se e n c a r a n las situaciones y los p e r sonajes más serios y nobles de a p a r i e n c i a . L a falta del término explícito loco o necio n o i m p l i c a l a ausencia de esa p e r s p e c t i v a , que en último término se resuelve en u n a f o r m a de m i r a r l a r e a l i d a d a l a l u z de l a visión paradójica que m i n i m i z a o d e g r a d a l o elevad o y q u e genera l a b u r l a y el h u m o r . A l fin y al cabo ese j u e g o l i t e r a r i o del m u n d o a l revés, a u n q u e v i n c u l a d o p r e f e r e n t e m e n t e a l a figura del loco, refleja en términos más generales l a c o n c i e n cia lúdica d e l homo Jacetus r e n a c e n t i s t a que C a s t i g l i o n e diseña en su Cortesano, d o n d e se reconoce también q u e " e n cada u n o de n o sotros h a y a l g u n a simiente de l o c u r a , l a c u a l , si se g r a n j e a , puede m u l t i p l i c a r s e casi en i n f i n i t o " . Es necesario atender a n o pocas muestras de l i t e r a t u r a jocosa del X V I español q u e m e r e c e n estudiarse n o c o m o género colateral y m e n o r , sino c o m o expresión m u y consciente de u n concepto de lo l i t e r a r i o q u e e n c u e n t r a en la b u r l a y e n l a i r r a c i o n a l i d a d e x p r e s i v a su razón de ser y su p r o pio c ó d i g o de c o m u n i c a c i ó n . C o m o se h a señalado r e c i e n t e m e n te, h a y e n el R e n a c i m i e n t o u n a valoración de l a i r r a c i o n a l i d a d c o m o f u e r z a c r e a t i v a que c o n t r a s t a c o n l a apreciación que veía al h u m a n i s m o renacentista»sólo c o m o " c u l t u r e d o c t r i n a i r e et spéc u l a t i v e " , pues 1 8 dans les recherches particulières des diverses disciplines, par ailleurs, la critique contemporaine semble exclure toute hypothèse d'une déraison créatice et, a u j o u r d ' h u i encore, on continue à interpréter les C i t o por BALTASAR C A S T I G L I O N E , E l cortesano, ed. A . González Falencia, t r a d . J . Boscán, Espasa-Calpe, M a d r i d , 1942, p p . 34-35. Para establecer los límites del t e m a literario de la locura en España habrá que contar también con los interesantes juicios que sobre la cuestión nos dejó Castiglione en E l cortesano, l i b r o m u y leído en la corte española a p a r t i r de la traducción de Boscán de 1534. E l t e m a de la locura h u m a n a y de la doble condición del m u n d o se propone al comienzo del L i b r o I como u n a de las cuestiones posibles a debatir en el coloquio, y en esa línea intervienen los propios bufones de la corte de U r b i n o ( p p . 34-35). E n ese ámbito áulico los bufones intervienen en la plática a la par que los cortesanos, contando anécdotas, terciando en la conversación con dichos y ocurrencias, alternando, en suma, en el j u e g o dialéctico con u n protagonismo inequívocamente reconocido por el autor. 1 8 NRFH, XXXIV CRISTÓBAL D E CASTILLEJO 815 humanités de la Renaissance en tant que significations et valeurs d'ordre rationnel. Que ce soit pour les disciplines littéraires ou pour les techniques artistiques, i l reste donc à établir une méthodologie de l a recherche sur les composantes i r r a t i o n n e l l e s de l'Humanisme . 19 E n esa línea e n c u e n t r a n fácil a c o m o d o los " d i s p a r a t e s " , " c h i s t e s " y " p e r q u é s " b i e n estudiados, c o n sus n u m e r o s a s v a r i a n t e s , p o r B l a n c a Periñán, q u i e n ve en esas f o r m a s " v i s o s de u n a f o r m a l i t e r a r i a de l a l o c u r a , paralela y n o c o n v e r g e n t e c o n otras realizaciones europeas del t e m a c o m o las tantas naves de los locos, l o c u ras de a m o r , locos s a b i o s " . U n a r i c a v e t a lúdica, de fe en l a i n m a n e n c i a y en l a g r a t u i d a d de l a o b r a l i t e r a r i a , atraviesa nuest r a poesía renacentista y h a l l a en ciertas f o r m a s genéricas m a r g i nales u n cauce adecuado. Tales f o r m a s n o h a n sido hasta a h o r a suficientemente estudiadas, t a l vez p o r l a atención p r i o r i t a r i a o t o r gada, sobre todo, al decir poético amoroso de filiación petrarquista. S i n e m b a r g o , c o n t a m o s c o n esa o t r a poesía r e c r e a t i v a , de i n t e n c i ó n a p a r e n t e m e n t e l i g e r a , pero que supone u n a f o r m a de e n t e n d e r l o l i t e r a r i o m u y encajada en l a m o d e r n i d a d renacentista. 20 L a s conexiones de ese espíritu lúdico c o n l a trascendencia de l a " l i t e r a t u r a del l o c o " se d a n de hecho en m u c h a s m a n i f e s t a c i o nes l i t e r a r i a s . C a s t i l l e j o parece, a este respecto, u n caso m u y clar o , sobre t o d o en el sabroso r e p e r t o r i o de sus " o b r a s de c o n v e r s a c i ó n y p a s a t i e m p o " y en algunas muestras de su sátira a n t i c o r t e s a n a . L a s p r i m e r a s e v i d e n c i a n y a en sus títulos u n a extensa g a m a de referencias jocoso-burlescas que suponen en su conj u n t o u n v e r d a d e r o cancionero de b u r l a s p a r t i c u l a r : haz de lances festivos p r o t a g o n i z a d o s p o r caballos desgraciados, ridículos v i z caínos, l a d r o n e s , jocosos p o r t a d o r e s de c h a m a r r a s , clérigos b u f o nescos, m a l o s poetas, m o n j a s encerradas, bebedores de v i n o , etc. L a galería de t i p o s es a m p l i a y sus c o m p o r t a m i e n t o s t i e n e n casi s i e m p r e u n p u n t o de e x t r a v a g a n c i a y de bufonería. C o n f r e c u e n cia el m i s m o poeta adopta ese papel de j u g l a r disparatado que p r o t a g o n i z a lances ridículos. H a y u n t r a t a m i e n t o poético de lo baladí y lo t r i v i a l , u n a complacencia en los aspectos risibles e i n c o n g r u e n tes de l a r e a l i d a d , c o m o si se m i r a s e n desde l a p e r s p e c t i v a de u n personaje i n f e r i o r y a u t o d e g r a d a d o . M . B O N I C A T T I , " L e concept de la déraison dans la t r a d i t i o n de la culture musicale n o n religieuse à l'époque de l ' H u m a n i s m e " , en Folie et déraison à la Renaissance, p. 1 1 . 20 Poeta ludens. "Disparate", "perqué"y "chiste" en los siglos xviy xvii. Estudio y textos, G i a r d i n i , Pisa, 1979, p. 43. 1 9 816 ROGELIO REYES C A N O NRFH, XXXIV B u e n a parte de esos textos g u a r d a n analogías parciales c o n l a f o r m a l i t e r a r i a del d i s p a r a t e , cada vez m e j o r c o n o c i d a e n el caso español gracias a los trabajos de Foulché-Delbosc, Chevalier y J a m m e s , y B l a n c a P e r i ñ á n . D i s p a r a t e es concepto genérico q u e a d m i t e grados de i n t e n s i d a d y variedades formales y temáticas, p e r o q u e , e n términos a m p l i o s , B . Periñán (ibid., p . 7 5 ) , define p o r " s u carácter de n e g a c i ó n p r o g r a m á t i c a de u n c o n t e n i d o m e d i a n te l a p r o d u c c i ó n de c o n t i n u a s transgresiones semánticas y l a v i o lación de t o d a n o r m a lógico-asociativa b a j o el ostentoso aspecto e x t e r n o de n o r m a l p r o d u c t o l í r i c o " . S u carácter de p r o d u c t o l i t e r a r i o de signo d e l i b e r a d a m e n t e i r r a c i o n a l l o c o n v i e r t e en u n a f o r m a específica de l a l i t e r a t u r a de l o grotesco, de t a n t o p r e d i c a m e n t o e n e l M e d i o e v o , y e n su d e s a r r o l l o histórico ofrece u n a v a r i e d a d q u e iría desde los casos m á s e x t r e m o s de anulaciones d e l sentido ( g r a d o " s a t u r a d o " e n l a t e r m i n o l o g í a que a p l i c a P e r i ñ á n ) , hasta l a s i m p l e p a r o d i a o el feliz r e c u r s o de l a d e s p r o p o r c i ó n e n t r e l a supuesta d i g n i d a d de l o t r a t a d o y l a f o r m a d e g r a d a n t e d e l t r a t a m i e n t o . C a s t i l l e j o n o llega n u n c a a l d i s p a r a t e l i t e r a r i o e n su m á x i m o g r a d o de i r r a c i o n a l i d a d o " s a t u r a c i ó n " , p e r o i n c u r r e c o n f r e c u e n c i a e n fases i n t e r m e d i a s de l a g a m a q u e acabamos de señalar. N o pocas c o m p o s i c i o n e s se ciñen, fielmente o se a p r o x i m a n a los p a r a d i g m a s c o m p o s i t i v o s d e l d i s p a r a t e , y o t r o t a n t o p u e d e decirse de p a r t i c u l a r e s técnicas expresivas de C a s t i l l e j o , q u e h a cen posible l a t e n d e n c i a a l a transgresión semántica y a l alogicism o peculiares d e l género. 21 E n sus " o b r a s de conversación y p a s a t i e m p o " l l a m a n l a a t e n c i ó n a l menos dos p a r a d i g m a s c o m p o s i t i v o s p r o p i o s de l a l i t e r a t u r a " d i s p a r a t a d a " : l a fiesta ( " L a fiesta de las c h a m a r r a s " ) y e l r o m a n c e glosado ( " P o r l a d o l e n c i a v a el v i e j o " , " T i e m p o es, e l c a b a l l e r o . . . " ) . Pero h a y otros v a r i o s q u e p u e d e n considerarse a f i nes a los t i p o s recogidos e n e l m u e s t r a r i o de Periñán. T o d o s están presentes e n l a r i c a l i t e r a t u r a de b u r l a s q u e d i s c u r r e p o r los c a n c i o n e r o s de los siglos X V y X V I , y ofrecen cauces c o m p o s i t i vos q u e se p r e s t a n a l a intensificación d e l d e c i r jocoso. A b u n d a n e n C a s t i l l e j o auténticas versiones burlescas de modelos serios: l a reprensión ( " R e p r e h e n s i ó n c o n t r a los poetas españoles que escrib e n e n verso i t a l i a n o " ) ; l a q u e r e l l a ( " Q u e r e l l a de u n m a c h o c o n t r a su a m o , que le cargaba demasiado haciendo j o r n a d a en l a corte d e l R e y de R o m a n o s " ) ; el falso recado ( " R e c a d o falso e n n o m - 2 1 tes", Véase F O U L C H É - D E L B O S C , " D e quelques j e u x d'esprit. I . Les DisparaRHi, 33 (1915), 385-445; M . C H E V A L I E R y R . J A M M E S , " S u p p l é m e n t aux Copias de disparates", BHi, 64bis (1962), 358-393; B . PERIÑÁN, op. cit NRFH, XXXIV CRISTÓBAL DE CASTILLEJO 817 b r e de este m i s m o , c o n t r a otros que hacían palacio con él, p o r p a s a t i e m p o ' ' , " R e c a d o falso a C a n s e c o . . . " ) ; el l o o r adoxográfico ( " L o o r del palo de I n d i a s , estando en l a c u r a de é l " ) ; l a c o m paración ( " C o m p a r a c i ó n e n t r e las H u e l g a s de B u r g o s y Belén de V a l l a d o l i d " ) ; l a c o n t r a d i c t o r i a — p r o c e d i m i e n t o c o n s t r u c t i v o que p e r m i t e simultáneamente dos lecturas diferentes del p o e m a , de f o r m a q u e u n a se opone a l a o t r a — ( " C o n t r a d i c t o r i a e n a l a b a n za de u n caballero a m i g o s u y o " , " P r e g u n t a de u n h o n r a d o b a c h i l l e r que p r e g u n t a de sí m i s m o al a u t o r " ) , y otras varias suertes de p r o c e d i m i e n t o s paródicos c o m o el de l a transfiguración o m e t a m o r f o s i s ( " T r a n s f i g u r a c i ó n de u n vizcaíno, g r a n b e b e d o r de vino"). Tales referencias estructuradoras ofrecen en Castillejo u n a m a t e r i a b u r l e s c a t r a t a d a con p r o c e d i m i e n t o s estilísticos que e v i d e n c i a n u n sentido irónico y conscientemente d i s p a r a t a d o , d e n t r o de u n a reconocible t e n d e n c i a a l a desmesura: e x t r e m a d a s hipérboles, inesperados perspectivismos, animalizaciones y cosificaciones, inadecuadas personificaciones de a n i m a l e s , cosas y valores abstractos; referencias escatológicas, inadecuaciones, incoherencias, t e n d e n c i a a l a i r r e v e r e n c i a r e l i g i o s a , t r a t a m i e n t o jocoso de autoridades, etc. L a reiteración de tales p r o c e d i m i e n t o s presupone l a tác i t a aceptación de lectores f a m i l i a r i z a d o s c o n esa clave poética de la desmesura y del d i s p a r a t e , e i d e n t i f i c a d o s c o n el c o n v e n c i o n a l i s m o de ese decir bufonesco d e l a u t o r . Este se c o n v i e r t e d e l i b e r a d a m e n t e en u n a especie de j u g l a r b u r l e s c o , que l a n z a n o pocas pullas y espeta grandes verdades, a u n q u e en m u c h a s ocasiones parezca sólo a n i m a d o p o r u n sentido lúdico y g r a t u i t o de l a creación l i t e r a r i a . V e r e m o s a continuación algunas muestras i n d i c a tivas de u n o u o t r o sentido en el corpus poético de C a s t i l l e j o . " L A FIESTA DE LAS CHAMARRAS" U n a de las composiciones más afines a los p r o c e d i m i e n t o s de la l i t e r a t u r a d e l d i s p a r a t e es, sin d u d a , " l a fiesta de las c h a m a r r a s " , q u e se a p r o x i m a al p a r a d i g m a c o m p o s i t i v o de l a fiesta, " m i m é t i c a representación de máscaras y tarascas. U n fingido y b r e v e p r e t e x t o i n i c i a l crea l a justificación p a r a u n festejo a b i e r t o , 2 2 C. DE CASTILLEJO, Obras, ed. y notas de J . Domínguez Bordona, Espasa-Caipe, M a d r i d , 1957, t . 2, p p . 202-208. E n io sucesivo, todas ias citas de textos de Castillejo se harán siempre por esta m i s m a edición que consta de cuatro volúmenes. 2 2 818 ROGELIO REYES C A N O NRFH, X X X I V p o p u l a r y b u l l i c i o s o , que se v u e l v e i r r e a l al a c u d i r en alegre t r o p e l el m i s m o caos de l a visión-viaje [ o t r o p a r a d i g m a c o m p o s i t i v o d e l d i s p a r a t e ] , c o n su p r e p o n d e r a n c i a de verbos alocados, sus i n d e t e r m i n a c i o n e s adverbiales s u b v e r t i d o r a s , su m e z c l a iconoclast a de concretos y a b s t r a c t o s " . B a j o l a f o r m a de pregón general, las c h a m a r r a s presentes e n l a fiesta son c o n m i n a d a s a salir a l a v e r g ü e n z a pública, pues osan andar sin ella. T o d o el p o e m a se const r u y e sobre l a reiteración de f o r m a s verbales q u e p o s i b i l i t a n u n a v e r d a d e r a puesta en escena p a r ó d i c a ( " s a l g a n " , " s a l i d " , " s a q u e " . . . ) , en l a q u e las v e s t i d u r a s desfilan f e s t i v a m e n t e y se som e t e n a u n a especie de j u i c i o b u r l e s c o ( I I , 2 0 4 ) : 23 Salgan según su vejez, Hagamos honra a la canas, Salid vos, la de M ancanas, Hecha en el año de diez; N o aleguéis por leonada; Que ya, por tener tesón, Habéis perdido el león Y quedastes en la nada E l p r o p i o poeta e n t r a e n el j u e g o satírico a s u m i e n d o , c o m o el resto de los personajes, c i e r t a c o n d i c i ó n bufonesca ( I I , 204): Vos, Castillejo, salid C o n la q u ' e n azul fue novia, Texida dentro en Segovia, Cortada en V a l l a d o l i d ; Por todo el m u n d o traída, Y en su triste senectud Salió de Calatayud De viejo luto teñida A d e m á s de los j u e g o s verbales d e l t i p o león - nada q u e acabam o s de v e r , a b u n d a n t a m b i é n e n el curso d e l p o e m a glosas b u r lescas de textos a n t e r i o r e s , especialmente de romances ( I I , 205, 206, 208): Sin culpa sale n i tacha, A l pregón, la de T o b a r , Pues que m a n t u v o collar De seda cuando mochacha, Mas los ribetes así 23 B . PERIÑÁN, op. cit., p. 64. NRFH, XXXIV CRISTÓBAL D E CASTILLEJO 819 Dicen, mostrando su cuero: Tiempo es, el caballero, Tiempo es de andar de aquí Salid, vos, la de Sarmiento, Vieja, oscura y leonada, Que por mal guarneteada Podéis perder casamiento; Y decid esta canción, Llorando vuestro desastre: Por mi mal os vi yo sastre, Que por vos salgo al pregón La de Mercado, alevosa, Hecha con tanta miseria, Desque revolvió la feria Puso pies en polvorosa; Que viendo qu'estas padecen Sin culpa, por su pecado, Dixo en secreto a Mercado: A los pies, señor, que ofrecen. T a m p o c o f a l t a n las peculiares fórmulas latinas de v i e j o sabor goliardesco ( I I , 2 0 7 ) : Salga acá la de Villoría, Que piensa, por ser ferrete, De quedar con su ribete, In perpetua rei memoria; U n a c u r i o s a galería de personajes ( p r o b a b l e m e n t e cortesanos amigos de C a s t i l l e j o ) son los p o r t a d o r e s de las personificadas zam a r r a s . E l p r o c e d i m i e n t o r e c u e r d a , b i e n q u e en versión b u r l e s ca, l a práctica c a n c i o n e r i l de las divisas, motes, libreas, e t c . , cuyos colores c o m p o r t a n esa p e c u l i a r simbología t a n b i e n a c l a r a d a p o r A l c i a t o e n su e m b l e m a C X V I l y p o r G u t i e r r e de C e t i n a en u n famoso s o n e t o . E l p r o p i o C a s t i l l e j o nos d e j ó algunas muestras 2 4 25 " I n d e x maestitiae est pullus color: u t i m o r o m n e s . . . " ( A L C I A T O , Emblemas, versión de B . Daza Pinciano, M a d r i d , 1975, p p . 243-244 y 335-336). " E s lo blanco castísima p u r e z a . . . " , G . DE C E T I N A , Sonetos y madrigales completos, ed. B . López Bueno, Cátedra, M a d r i d , 1981, p p . 206-207. 2 4 2 5 * 820 ROGELIO REYES C A N O NRFH, X X X I V de ese j u e g o poético en sus composiciones sobre las libreas: " A u n a l i b r e a de verde oscuro y l e o n a d o " ( I I , 128), " C o n o t r a librea verde y a m a r i l l a " ( I I , 129-131), etc. P o r c i e r t o q u e esta última sugiere claras c o n c o m i t a n c i a s con las peculiares v e s t i d u r a s rojas y a m a r i llas d e l loco l i t e r a r i o , a u n q u e lógicamente e x i j a u n a c o n t r a d i c t o r i a l e c t u r a simbólica a m o r o s a ( v e r d e : ' e s p e r a n z a ' ; a m a r i l l o : 'desesperación'): En la mayor esperanga Nació desesperación A mi triste coragón A pesar de esta dimensión simbólica y de q u e l a p a r a d o j a desesperación en la esperanza siga desplegándose a l o l a r g o d e l t e x t o , el r e t r a t o del personaje ofrece u n p a r a l e l i s m o c o n los tonos a b i g a r r a d o s que son propios del loco l i t e r a r i o , desde los bufones de corte m e d i e v a l e s hasta el caballero c e r v a n t i n o d e l V e r d e G a b á n . A b i g a r r a m i e n t o y d e s c o m p o s t u r a que afectan t a n t o a los vestidos com o a los objetos que p o r t a : Saldrá, Dios enhorabuena, El triste cuidado mío Deste monte que se ordena, Vestido de u n atavío, De que le viste m i pena. De seda parda porná, Por do trabajo empiega, Caperuca en la cabeca, C o n u n mote que dirá: Por qué no pueda huíllo De raso pardo será Y de terciopelo verde... De raso verde el capote, De pelo verde aforrado, E l d'encima acuchillado... L a cinta de terciopelo Verde con cabos colgados NRFH, XXXIV CRISTÓBAL DE CASTILLEJO 821 L l e v a t a m b i é n u n puñal c o n cabos de su m a n c i l l a , Verdes con borla amarilla D e l a b a l l e s t a el t a b l e r o D e c o l o r de m i c o n g o x a , L a v e r g a de n e g r o acero, L a c u e r d a de seda f l o x a Verde, c o n q u e desespero. Verde a l j a b a llevará, D e n t r o t i r o s amarillos, E r b o l a d o s los c a s q u i l l o s . . . SÁTIRA L I T E R A R I A C a p í t u l o i m p o r t a n t e d e n t r o de l a poesía jocosa de C a s t i l l e j o es el q u e f o r m a n las composiciones dedicadas a l a sátira l i t e r a r i a , e n t r e ellas su citadísima ' ' R e p r e h e n s i ó n c o n t r a los poetas españoles q u e escriben en verso i t a l i a n o " ( I I , 186-196). E n o t r o t r a b a j o he dedicado más atención a ese t e x t o , o b j e t o , a m i e n t e n d e r , de u n a l e c t u r a l i t e r a l y estrecha que n o h a a t e n d i d o lo suficiente a sus claves burlescas, f u e r a de las cuales n o es posible e n t e n d e r c a b a l m e n t e el a n t i i t a l i a n i s m o de C a s t i l l e j o , más m a t i z a d o y r a z o n a b l e de lo que parece a p r i m e r a vista. J u n t o a esta " R e p r e h e n s i ó n " —título q u e y a sugiere, aplicado a los poetas, l a traslación burlesca de u n p a r a d i g m a de más seriedad— h a y que a t e n d e r también a textos c o m o " A u n o que quería que le glosase u n m o t e a cierto e n t e n d i m i e n t o fuera de p r o p ó s i t o " ( I I , 198), " A o t r o , p o r o t r o t a n t o " ( I I , 197), ' R e s p u e s t a a u n caballero que le envió u n a copla m a l t r o v a d a " ( I I , 196-197), etc. E n l a " R e p r e h e n s i ó n " , p o r e j e m p l o , el g r u p o de poetas italianizantes es p r e sentado c o m o u n a " s e c t a " p a r a l a que se r e c l a m a l a presencia d e l v i e j o i n q u i s i d o r L u c e r o ; y las t r o v a s nuevas son " m e l a n c ó l i c a s " , " m u y pesadas de c a d e r a s " y " c o r r e n con pies de p l o m o s " . Alogicismos e inadecuaciones que se v e n también en l a " R e s p u e s t a a u n c a b a l l e r o . . . " , d o n d e l a c o p l a está hecha, según C a s t i l l e j o , " c o n pies de e s t o r n i j a " . Y e n " A u n o que q u e r í a . . . " ( I I , 198) se d i c e , p o r e j e m p l o : 2 6 6 " A l g u n a s precisiones sobre el antiitalianismo de Cristóbal de Castillej o " , en prensa. 2 6 822 ROGELIO REYES C A N O NRFH, X X X I V No sufre glosa ninguna, Porque huyen de rondón La razón y la intención Por su parte cada una. Y de tal entendimiento El mote tan lexos va, Que no lo confesará Sino a fuerca de tormento. C o m o v e m o s , t a m p o c o l a v i d a l i t e r a r i a se l i b r a e n C a s t i l l e j o de u n a consideración d e l i b e r a d a m e n t e b u f a , coherente c o n l a perspectiva truhanesca del m i s m o autor. SOBRE VIZCAÍNOS M u c h o interés t i e n e n también las c u a t r o composiciones de n u e s t r o a u t o r sobre el t a n r e c u r r e n t e m o t i v o satírico d e l vizcaíno: A u n vizcaíno p i d i e n d o a g u i n a l d o " ( I I , 2 1 2 ) , " E l m i s m o " ( I I , 2 1 2 - 2 1 3 ) , " S o b r e u n desastre q u e aconteció a u n c o n f e s o " ( I I , 2 4 0 - 2 4 4 ) , y ' T r a n s f i g u r a c i ó n de u n v i z c a í n o , g r a n b e b e d o r de v i n o " ( I I , 2 5 9 - 2 6 4 ) . A todas h a y que u b i c a r l a s , n a t u r a l m e n t e , en el á m b i t o de l a l i t e r a t u r a c ó m i c a sobre los vizcaínos q u e p r e l u d i a el t r a t a m i e n t o de C e r v a n t e s . E n las dos p r i m e r a s puede v e r se l a dislocación humorística de l a sintaxis y las alteraciones léxicas en b o c a d e l v i z c a í n o , q u e r e c u e r d a n el p r o c e d i m i e n t o d e l episod i o d e l Quijote ( I P a r t e , c a p . 8 ) : Í £ 6 27 a Servido no ge lo tienes, A u n q u ' e n gana le tenía; Mas mire su señoría, Generación, dónde vienes. No mires merecimiento De barbero guipuzquiano, Mas el razón que le cuento; Y Machín vaya contento Con guinaldo de su mano. El N a v i d a d es pasado, Y Reyes otro que sí; P p. 27 F. Y N D U R A I N , " E l tema del vizcaíno en C e r v a n t e s " , ACerv, 1 (1951), 337-343. NRFH, X X X I V CRISTÓBAL DE 823 CASTILLEJO M a s d e l c o p l a q u e le d i Y a le tienes o l v i d a d o . P r o m e t i d o p u e s ' m e había E l a g u i n a l d o , señor, M a n d e v u e s t r a señoría Q u e l a c u m p l a todavía C o n M a c h í n , su s e r v i d o r . A q u í parece c o n f i r m a r Castillejo aquel célebre consejo de Q u e v e d o e n su Libro de todas las cosas y otras muchas más: " S i quieres saber vizcaíno, t r u e c a las p r i m e r a s personas en segundas c o n los v e r b o s , y cátate v i z c a í n o " . N o son m u c h o s los textos l i t e r a r i o s anteriores a 1550 que p r e senten a l vizcaíno c o m o u n t i p o c ó m i c o caracterizado p o r su pec u l i a r f o r m a de h a b l a r . U r q u i j o h a b l a de dos piezas teatrales: l a Tercera parte de la tragicomedia de Celestina (1539) de G a s p a r G ó m e z de T o l e d o y l a Farsa llamada Salamantina de Bartolomé de P a l a u , en t o r n o a 1500. E n la poesía, Y n d u r a i n (art. c i t . , p p . 339-341), recoge sólo u n v i l l a n c i c o a n ó n i m o del Cancionero musical español de los siglos xvy xvi, de hacia 1500. Estos poemas de C a s t i l l e j o r e s u l t a n p o r ello m u y significativos c o m o muestras del t e m a , y a que son desde luego anteriores a 1550, fecha de l a m u e r t e del a u t o r , y hasta es posible que h u b i e s e n sido escritos antes de 1525, año en q u e sale de España r u m b o a V i e n a . 2 8 N a d a se dice sobre l a l e n g u a del vizcaíno en el tercero de los p o e m a s q u e nos o c u p a n , p e r o sí sobre o t r o baldón que a h o r a se le achaca: su m e d r o s i d a d en el t r a n c e e n que se v i o ante u n a m u ía de a l q u i l e r resabiada. A d e m á s de m i e d o s o , el vizcaíno resulta ser u n confeso o j u d í o converso. A l parecer, l a relación de los v i z caínos c o n el t e m a de asnos y muías era f r e c u e n t e , así c o m o su asociación al b u r r o ( c o m o i m a g e n de m e n t e o b t u s a ) . Y en c u a n t o a l a c o n d i c i ó n de converso, puede tratarse de u n a b u r l a del p e c u l i a r escrúpulo de los vascos en lo tocante a su p u r e z a de sangre, o t r o m o t i v o frecuente en l a l i t e r a t u r a del Siglo de O r o . Se t r a t a , en este caso, de u n curioso p o e m a d i a l o g a d o en el que ese vizcaín o confeso p i d e a u n m é d i c o r e m e d i o p a r a su m a l ( I I , 2 4 3 ) : 29 Una Y dice q u e se le h a hecho grande opilación J . DE U R Q U I J O , "Concordancias vizcaínas'', HMP, t . 2 , pp. 9 3 - 9 8 . Véase M . J . G A R C Í A , Estudio crítico acerca del entremés " E l vizcaíno fingido" de Miguel de Cervantes Saavedra, M a d r i d , 1 9 0 5 ; M . H E R R E R O G A R C Í A , Ideas de los españoles en el siglo xvii, Gredos. M a d r i d , 1 9 2 8 , p p . 2 5 1 - 2 7 8 . 28 2 9 824 R O G E L I O REYES C A N O NRFH, XXXIV Encima del corazón, Hacia la parte del pecho. E n l a descripción de l a p e r i p e c i a d e l vizcaíno que h u y e de l a m u í a , n o f a l t a n alusiones religiosas en t o n o de b u r l a ( I I , 242): E l , en vez de socorrer L a mujer, Viendo la haca tan fiera, N o se acordando quién era, Huyó, por se guarecer, Aprisa por la escalera; Y esto visto, Argüido este malquisto De los que huir le vieron, Respondió: También huyeron Los discípulos de Cristo. E l diagnóstico y l a receta d e l m é d i c o e v i d e n c i a n notas de l a l i t e r a t u r a d i s p a r a t a d a , c o n sus salidas hiperbólicas, su i r r e v e r e n te r e c u r r e n c i a a a u t o r i d a d e s médicas ( G a l e n o y A v i c e n a ) y hasta sus alusiones escatológicas ( I I , 243-244): Son dolencias peligrosas Y penosas Las que nacen de temor, Porque llevan el calor A las partes vergonzosas De la parte interior; Y acaece Cuando al hombre se le ofrece Semejante sobresalto, Q u ' e l huelgo deja lo alto, Y la habla se enflaquece. Y así, puede m u y bien ser Y acontecer Que tanto miedo sobrase, Q u ' e l corazón se quedase Sin sangre do se valer, Y q u ' e l hombre peligrase: Y al presente, T o r n a n d o a vuestro doliente, Tiene u n bien este su m a l , Que pienso ser natural, Y no haber sido accidente. NRFH, XXXIV CRISTÓBAL DE CASTILLEJO 825 Y en tal caso G a l i e n o D a por b u e n o Q u e se apliquen drogas vivas, Alegres, confortativas, Y que le h a g a n ajeno D e v i a n d a s purgativas. S o n pasiones Q u e h u y e n las ocasiones; Y A v i c e n a m a n d a y quiere Q u e le h a g a n , si m u r i e r e , L a h u e s a de cagajones. M á s ingenioso resulta el último p o e m a sobre el t e m a de los vizcaínos, " T r a n s f i g u r a c i ó n de u n vizcaíno, g r a n b e b e d o r de v i n o " ( I I , 260). E n él las h u m o r a d a s de sabor goliardesco son más frecuentes. A s í el personaje F u e devoto en demasía, E s p e c i a l de S a n Martín Y de los montes del R i n Y valle de Malvasía. E l término devoto c u e n t a aquí c o n l a c o m p l i c i d a d de los lectores de l a é p o c a de C a s t i l l e j o , pues así — " v i n o d e v o t o " o " v i n o s a n t o " — es c o m o se c o n o c í a , p o r sus excelentes cualidades, al v i n o de San M a r t í n de V a l d e i g l e s i a s , l u g a r de l a a c t u a l p r o v i n cia de M a d r i d d o n d e estuvo precisamente enclavado el m o n a s t e r i o cisterciense e n el q u e C a s t i l l e j o pasó algunos años, antes de p a r t i r a l a corte de V i e n a en 1525. D o m í n g u e z B o r d o n a , en n o t a aclar a t o r i a al p o e m a , piensa, p o r el c o n t r a r i o , que se t r a t a de San M a r t í n de T r e v e j o , " p i n t o r e s c o p u e b l o en l a S i e r r a de G a t a , perteneciente e n lo eclesiástico a l a diócesis de C i u d a d R o d r i g o , p a t r i a de C a s t i l l e j o " ( I I , 2 6 0 ) . L a p r i m e r a adscripción m e parece más p r o b a b l e , t e n i e n d o en c u e n t a el j u e g o v e r b a l sobre devoto y además o t r o d a t o q u e l a a p o y a : C e r v a n t e s , al recoger en E l vizcaíno fingido l a t a c h a de l a b e b i d a c o m o v i c i o f r e c u e n t e m e n t e achacad o a los vascos, hace d e c i r a Solórzano: " S i h a y algún poco de conserva, y algún tragüito del devoto p a r a el señor vizcaíno, yo sé que nos valdrá p o r u n o c i e n t o " ; y más adelante: " D i c e q u e , con l o d u l c e , también bebe v i n o c o m o a g u a : y que este v i n o es de San 30 M . H E R R E R O GARCÍA, La vida española del siglo xvii, t . l : Las bebidas, C r e dos, Madrid, 1933, p. 7. 3 0 826 ROGELIO REYES C A N O NRFH, X X X I V M a r t í n , y q u e b e b e r á o t r a v e z " . L o s editores de C e r v a n t e s r e l a c i o n a n i n d e f e c t i b l e m e n t e estas alusiones c o n el famoso v i n o de San M a r t í n de V a l d e i g l e s i a s . Esta relación e n t r e el " v i n o devot o " y el vizcaíno c o n v i e r t e a l p o e m a de C a s t i l l e j o e n u n eslabón m u y p r o b a b l e de l a cadena l i t e r a r i a q u e C e r v a n t e s p u d o seguir hasta llegar a su d i v e r t i d o entremés. S i , c o m o m u y j u s t a m e n t e a p u n t a F . Y n d u r a i n e n " E l t e m a d e l vizcaíno e n C e r v a n t e s " ( p . 3 4 3 ) , éste " g u s t a de recrear t i p o s , asuntos y situaciones d e l f o l k l o r e y de l a l i t e r a t u r a sabia o v u l g a r " , m u y b i e n p u d o haberse t o p a d o c o n el t e x t o q u e a h o r a nos o c u p a . S i g u i e n d o c o n él, d i g a m o s q u e ese " d e v o t o de San M a r t í n " n o agota el j u e g o de las jocosas irreverencias, pues el vizcaíno pract i c a u n a fe de bota y es también devoto d e l dios B a c o , a l q u e eleva u n a oración ( I I , 2 6 3 - 2 6 4 ) : 3 1 " ¡ O h dios Baco poderoso, M i r a cuan bien te he servido, Y no m'eches en olvido E n trance tan peligroso! M i r a que muero por t i Y por seguir t u bandera, Y haz siquiera por mí, Si es fuerca m o r i r aquí, Que al menos de sed no m u e r a " . S o n también e x t r e m a d a s las hipérboles e inadecuaciones q u e t a n t o r e c u e r d a n a l género d e l d i s p a r a t e . A s í a l v i z c a í n o , de t a n t o beber ( I I , 261), Hízosele en conclusión Sed perpetua en el pulmón Y callos en el garguero. Por lo cual fue menester, Sin que escusar se pudiese, Que siempre siempre tuviese, Por no m o r i r , que beber; Pero j u n t o al paladar T u v o u n a esponja por vena, Que, acabada de mojar, Se le tornaba a secar Como el agua en el arena. M . DE C E R V A N T E S . Entremeses, ed. E . Asensio, Castalia, M a d r i d , 1971, p. 160. E l m o t i v o del vizcaíno y su afición a l a bebida aparece también en 3 1 F. A S E N C I O , Floresta española (véase M . H E R R E R O G A R C Í A , Las ideas de los espa- ñoles..., p . 277). NRFH, XXXIV CRISTÓBAL DE CASTILLEJO 827 L a d e s m e d i d a afición a beber se resuelve en exageraciones de este o r d e n ( I I , 263): Bebió calcas y jubones, Y en veces ciertas espadas, Camisas de oro labradas, Bolsas, cintas y cordones; Bebió gorras y puñal, Y papahígo y sombrero, Y el sayo, qu'era el caudal, Y el axuar principal, Que fue las botas y cuero. En fin, bebió sus alhajas Hasta no dexar ninguna, Consumidas una a una A l olor de las tinajas. Y demás d'eso, bebió Todo cuanto pudo haber, Hasta el cuero en que paró; Que cosa no le quedó, Sino el alma, que beber. Pero l a salida más humorística y a f o r t u n a d a es, sin d u d a , l a de l a transfiguración d e l vizcaíno q u e , tras l a oración a Baco, se e n c u e n t r a c o n v e r t i d o en u n m o s q u i t o sin a b a n d o n a r p o r ello el v i c i o de l a b e b i d a ( I I , 2 6 4 ) : 32 Acabada esta oración, Sin del lugar menearse, Súbito sintió mudarse En otra composición. El corpezuelo se troca, Aunque antes era bien chico, En otra cosa más poca, Y la cara con la boca Se hicieron u n rostrico, Las piernas se le mudaron En unas canquitas chicas, Los bracos en dos alicas Encima del asomaron; Cobró más el dolorido Dos cornecicos por cejas, Por voz u n cierto sonido Véase G . T O R R E S NEBRERA, Antología lírica renacentista, Madrid, 1983, t . 1, pp. 275-276. 3 2 828 ROGELIO REYES NRFH, XXXIV C A N O A manera de r u i d o , Enojoso a las orejas. E n fin, fue todo mudado Y en otro ser convertido, Pero no mudó el sentido, Solicitud y cuidado. Quedándole entera y sana L a inclinación y apetito, Sin mudársele la gana, M u d ó la figura humana, Y quedó hecho u n mosquito. Ese t r o c a r d e l ' ' c o r p e z u e l o " ; ese u n i r s e de l a boca y l a cara, convirtiéndose e n u n " r o s t r i c o " ; l a conversión de las p i e r n a s en pequeñas zancas y los brazos e n alas; l a aparición de los pequeños cuernos e n l u g a r de las cejas y el z u m b i d o p o r v o z , e v i d e n c i a n u n a a f i n i d a d m u y e x t r e m a d a c o n a l g u n a s de las técnicas peculiares d e l d i s p a r a t e , especialmente c o n su t e n d e n c i a a l a desm e s u r a física ( q u e e n este caso r e c u e r d a las audacias d e l Q u e v e do satírico), y c o n l o q u e B . Periñán l l a m a transgresión de " l a relación de c o h e r e n c i a y p r o p i e d a d e n t r e n a t u r a l e z a d e l sujeto y a t r i b u t o s o f u n c i o n e s a él a s i g n a d o s " . L a e x t r e m a t e n d e n c i a al v i n o a q u e se refiere este p o e m a , se c o r r e s p o n d e c o n l a e x t r e m a aversión a l a g u a e n o t r o t i t u l a d o " A l a g u a , habiéndole m a n d a d o que bebiese v i n o " ( I I , 2 6 8 - 2 7 6 ) , en el q u e el p o e t a , l l e v a d o de su l o c u r a de a m o r h a c i a l a " S e ñ o r a L i n f a " , está a p u n t o de m o r i r e n sus m a n o s . T a m b i é n aquí l a d e s m e s u r a es u n a c o n s t a n t e : 33 E n fin, fue tal el beber, Que m i vientre todo entero Se hinchó como pandero, Hasta que entrar n i caber N o pudo más en el cuero; Pero, según la sed era, Si lo sufrieran las venas, Y o pienso que me bebiera L a fuente con sus arenas Antes que de allí partiera. D e c i d e p o r ello d a r al a g u a " l i b e l o de d i v o r c i o " e inclinarse p o r el v i n o . E l p o e t a c u l m i n a c o n u n a i n v o c a c i ó n a B a c o , u n v e r 3 3 B . PERIÑÁN, op. cit., p. 47. NRFH, XXXIV CRISTÓBAL DE CASTILLEJO 829 d a d e r o " t r i u n f o d e l v i n o " y u n a oración burlesca en l a línea goliardesca tantas veces seguida p o r nuestro a u t o r : Y vos, Pedro, gran doctor, Que tal consejo me distes, C o n que los mis días tristes Y cubiertos de dolor En gloria los convertistes, Viváisme más que Noé, Pues nunca jamás tal hombre, Después del, para mí fue; Que sobre esa piedra y nombre M i iglesia edificaré. Pertenece este p o e m a a u n g r u p o e n el que se c u e n t a n " L o o r d e l palo de I n d i a s , estando e n l a c u r a de é l " ( I I , 265-268), " E s t a n d o en los b a ñ o s " ( I I , 276-279), etc., y que tiene en c o m ú n el hecho de ser supuestamente p r o t a g o n i z a d o p o r el p r o p i o a u t o r . Este fingido a u t o b i o g r a f i s m o , en el c u a l el poeta se presenta com o personaje b u f o , desmesurado y r i s i b l e , no parece buscar t a n t o l a crítica social c u a n t o el simple placer de l a risa. C a s t i l l e j o m u e s t r a a h o r a su i n n e g a b l e capacidad p a r a el h u m o r i n t r a s c e n dente y l i b e r a d o r , resultado de m i r a r las cosas desde u n a óptica d i s p a r a t a d a y j o c o s a , m u y p r ó x i m a al p u n t o de v i s t a d e l loco l i t e r a r i o o b u f ó n cortesano de l a época. E l texto sobre el palo de I n dias — v e g e t a l a m e r i c a n o aplicado en l a c u r a de l a sífilis— es u n v e r d a d e r o loor v e r t i d o a l o burlesco en el que el poeta se describe c ó m i c a m e n t e sujeto a su prescripción ( I I , 268): M i r a que estoy encerrado, En una estufa metido, De amores arrepentido, De los tuyos confiado, Pan y pasas, Seis o siete oncas escasas Es la tasa la más larga, Agua caliente y amarga, Y una cama en que nos asas. L a m a y o r a u d a c i a del p o e m a r a d i c a en l a d i s c o r d a n t e a f i r m a ción de que bastaría el h a l l a z g o del palo de I n d i a s p a r a j u s t i f i c a r y d a r g l o r i a a l a c o n q u i s t a española de A m é r i c a ( I I , 266): A u n q u e no diera más parte De gloria en nuestra nación L a conquista de Colón 830 ROGELIO NRFH, XXXIV REYES C A N O Que ser causa de hallarte, Es tamaña T a n divina, tan estraña Esta, que por ella sola Puede m u y bien la Española Competir con toda España. Semejante desmesura supone u n a falta de respeto al hecho histórico de l a C o n q u i s t a , en n o m b r e de u n a c o m i c i d a d e n t e r a m e n te bufonesca. E L TEMA EQUINO Y LA SÁTIRA ANTICORTESANA H a y q u e c o n t a r t a m b i é n , d e n t r o de las " o b r a s de conversac i ó n y p a s a t i e m p o " de C a s t i l l e j o , c o n u n a serie de poemas que t i e n e n a los a n i m a l e s — c a b a l l o s y m u í a s — c o m o p r o t a g o n i s t a s . E n este m o t i v o , c o m o e n t a n t o s o t r o s , el poeta sigue u n a práctica c a n c i o n e r i l , si b i e n e x t r e m a los aspectos risibles y disparatados del t e m a . A s í en su " Q u e r e l l a de u n m a c h o c o n t r a su a m o , que le cargaba demasiado h a c i e n d o j o r n a d a en l a corte del R e y de R o m a n o s " ( I I , 227-230 y 231-236), tenemos u n claro ejemplo de poem a e n el q u e u n a n i m a l e j e m p l i f i c a alegóricamente el o f i c i o y las quejas de u n a p e r s o n a , e n este caso d e l p r o p i o C a s t i l l e j o , d o l i d o de su situación e n l a corte de d o n F e r n a n d o . D i s c u r r e p o r aquí u n a sátira a n t i c o r t e s a n a q u e n o elige e n esta ocasión l a vía más severa y m o r a l i s t a e n l a tradición de Eneas S i l v i o P i c c o l o m i n i , a l a q u e C a s t i l l e j o , p o r o t r o p a r t e , se ciñe e n su ' A u l a de cortesan o s " y e n algunos otros t e x t o s . P o r el c o n t r a r i o , a h o r a se sigue más b i e n el e x p e d i e n t e a u t o r r i d i c u l i z a d o r , p r o p i o d e l b u f ó n , d e l s e r v i d o r m a l t r a t a d o q u e tras l a b u r l a sugiere las carencias d e l señ o r . Es e l m a c h o e l q u e h a b l a así a su a m o ( I I , 2 2 7 - 2 2 8 ) : 34 6 35 Qu'es esto, noble Señor? ¿Qué crueldad tan indina? • ^üí~v«r irn m n r n t~\ erwr i-r*p ir-Sor* Que con tanto disfavor Tratáis m i carne mezquina? N o bastándoos el sillar, M Á R Q U E Z V I L L A N U E V A recoge como ejemplo de la ' ' l i t e r a t u r a del l o c o " las " C o p l a s a u n macho que le vendió u n a r c i p r e s t e " , de J u a n de M e n a . Véase m i trabajo Medievalismo y renacentismo en la obra poética de Cristóbal de Castillejo, M a d r i d , 1980, p p . 35-46. 3 4 3 5 NRFH, XXXIV CRISTÓBAL DE CASTILLEJO 831 Colgáis de m i flaco cuello L o que, por cierto, u n camello Apenas podrá llevar Sin dar en tierra con ello. Sayos, calcas y jubones, Cabestros, herramental, Botas, capatos, calcones, Colgados de mis arzones, Como si fuese varal. Y o , miserable machuelo, C o n el peso trasijado, Llevo, como veis, forcado, Los hocicos por el suelo Por hacer vuestro mandado. Pero vos, sin compasión De cuanto sufro delante, Asentáisme u n balijón E n mis ancas de cabrón, Que es carga fe u n elefante. L a respuesta d e l a m o ( q u e e n el m a n u s c r i t o seguido p o r D o m í n g u e z B o r d o n a se i d e n t i f i c a c o m o d o n Francisco de S a l a m a n ca, tesorero del R e y de R o m a n o s y responsable, p o r lo t a n t o , de las carencias p e c u n i a r i a s de C a s t i l l e j o ) sigue l a alegoría a n i m a l y está l l e n a de reconvenciones al m a c h o , al que se r e c r i m i n a p o r su deseo de igualarse a otros " m a c h o s " p r i n c i p a l e s de l a corte, q u e son i r r i s o r i a m e n t e e n u m e r a d o s , cada u n o c o n su c o r r e s p o n d i e n t e b a l d ó n . R e p a r e m o s en l a g r a c i a quevedesca, a u n q u e anter i o r a Q u e v e d o , de a l g u n a i m a g e n ( I I , 2 3 3 ) : 36 N o os engañe el papahígo De aljófar y terciopelo, Que ya en tiempo de su agüelo Fue, según dice u n testigo, Capirote de mochuelo. A C a s t i l l e j o se le r e c o m i e n d a a l final u n a irónica resignación ( I I , 236): C o n estos exemplos tales, Y otros que contar podría De personas principales, Tened, macho, en vuestros males Wbid., pp. 8-10. 832 ROGELIO REYES C A N O NRFH, XXXIV S u f r i m i e n t o todavía; Y a u n q u e más más os a t i c e n M a l a s lenguas a q u e x a r , N o las curéis d ' e s c u c h a r ; Q u e aún os q u e d a , c o m o d i c e n , L a cola p o r desollar. Este espíritu anticortesano de función bufonesca abre en el caso de C a s t i l l e j o u n a interesante vía de análisis q u e n o p o d e m o s seg u i r hasta su final, pero que será preciso r e c o r r e r en o t r a ocasión. H a b r í a , e n efecto, que a g o t a r desde esa p e r s p e c t i v a su r i c a y v a r i a d a o b r a sobre l a corte ( ' A u l a de c o r t e s a n o s ' ' , " D i á l o g o s entre el a u t o r y su p l u m a " , " C o n s i l i a t o r i a . . . al r e y su s e ñ o r " , " C o plas de l a c o r t e s í a ' ' , e t c . ) , q u e si p o r u n a p a r t e enlaza c o n l a tópica a n t i c o r t e s a n a de signo m o r a l ( P i c c o l o m i n i , G u e v a r a , V o n H u t t e n , et al. ), p o r o t r a ofrece n o pocos i n d i c i o s de u n desenfado casi bufonesco en l a línea de L ó p e z de V i l l a l o b o s y de las nuevas de cortes de d o n M a r t í n de Salinas ( e m b a j a d o r d e l R e y de R o m a n o s en l a corte española de su h e r m a n o C a r l o s V y a m i g o p e r s o n a l de C a s t i l l e j o , c o n el que m a n t i e n e u n a sabrosa corresp o n d e n c i a de l a q u e m e he o c u p a d o e n o t r o t r a b a j o . F . M á r q u e z V i l l a n u e v a considera que l a o b r a de V i l l a l o b o s y las nuevas de corte de Salinas son dos m u e s t r a s inequívocas, j u n t o a ciertos textos de G u e v a r a y a la Crónica de d o n Francesillo de Zúñiga, de l a l i t e r a t u r a d e l loco o bufón de c o r t e e n l a España d e l siglo X V I . T a n t o V i l l a l o b o s c o m o G u e v a r a escriben sobre l a corte en la corte m i s m a y a s u m e n v o l u n t a r i a m e n t e el p a p e l bufonesco. Sal i n a s , p o r su p a r t e , l l e n a sus cartas al R e y de R o m a n o s y a sus secretarios de sabrosos comentarios y pintorescas informaciones sobre l a v i d a y l a c a r a o c u l t a de l a corte castellana, a d o p t a n d o , sin p r e g o n a r l a , u n a m i r a d a de b u f ó n . Sus ribetes de bufonería parece t e n e r también el p r o p i o C a s t i l l e j o d e n t r o de esa correspond e n c i a , pues en b o c a de algunos cortesanos Salinas nos lo present a c o m o objeto de b u r l a p o r su f a m a de m u j e r i e g o y e n a m o r a d i z o , a pesar de su c o n d i c i ó n c l e r i c a l . Y en n o pocos poemas — e n t r e ellos el q u e acabarnos de c o m e n t a r sobre el m a c h o — n u e s t r o perÉ 37 3 8 3 9 40 41 37 Ibid., p p . 35-46. 38 Ibid., p. 8. 39 " U n aspect de la littérature d u fou en E s p a g n e " . Véase E l emperador Carlos Vy su corte según las cartas de don Martín de Salinas, embajador del infante don Fernando (1522-1539), i n t r o d . , notas e índice de A . Rodríguez V i l a , M a d r i d , 1903. 41 Ibid., p. 682. 4 0 * NRFH, XXXIV CRISTÓBAL DE CASTILLEJO 833 sonaje a r r e m e t e l i b r e m e n t e c o n t r a l a v i d a cortesana c o n ironía y desenfado, asumiendo, sin decirlo expresamente, comportamientos autodegradadores. C o m o G u e v a r a , Castillejo se finge protagonista de acciones i m p r o p i a s del clérigo y más acordes con el proceder d e l truhán, del necio o del gracioso. E l " D i á l o g o entre el a u t o r y su p l u m a " ( I I I , 18-40) le p e r m i t e , p o r e j e m p l o , h a b l a r de su señor d o n F e r n a n d o con cierta irrespetuosa ironía alusiva a su pen u r i a e c o n ó m i c a c o m o cortesano ( 2 8 - 2 9 ) : Q u e las v i r t u d e s s i n p a r D e l señor a q u i e n s e r v i m o s B i e n es d e x a r l a s estar, Pues n i y o n i vos s u b i m o s D o las p o d a m o s l o a r ; M a s y a q u e podáis c o n t a l l a s , C o m o debéis conoscellas, N o debéis aquí m e t e l l a s , Pues son m á s p a r a a d o r a l l a s Q u e n o p a r a c o m e r dellas. N i de sus n u e v o s estados Esperéis n u e v o s consuelos, Pues le p o n e n e n c u i d a d o s C o n q u e vos y v u e s t r o s duelos D e l t o d o estáis o l v i d a d o s . A n t e s le t i e n e n t r o c a d o Q u e y a n o se a c u e r d a , n o , D e Alcalá, donde nasció, N i de q u i e n fue r e g a l a d o N i las tetas q u e m a m ó . D e n t r o de l a extensa o b r a sobre l a corte q u e nos dejó C a s t i l l e j o , t a l vez sea su " A u l a de c o r t e s a n o s " l a de más a l i e n t o y l a que más se ciña al esquema del a n t i c o r t e s a n o m o r a l i s t a de p r o c e d e n cia m e d i e v a l que señalábamos antes. A u n así, esa o b r a posee t a m bién u n a dimensión burlesca i n n e g a b l e , en especial en lo que tiene de captación de u n c o s t u m b r i s m o cortesano que nos ofrece sus aspectos risibles y d e g r a d a n t e s : l a v a r i a d a tipología h u m a n a que en ella m o r a , los lances d e l quehacer d i a r i o de los cortesanos, lo ridículo de m u c h o s de los trabajos áulicos; t o d o u n c u a d r o i n t e r i o r , l a cara más v e r g o n z a n t e de l a c o r t e , hecho p o r q u i e n h a sab i d o p o n e r e n j u e g o u n resorte humorístico q u e r e c u e r d a m u c h a s veces a l b u f ó n . Esta puede ser l a faceta anticortesana de C a s t i l l e j o más p r ó x i m a a las nuevas de corte de su a m i g o y p r o t e c t o r Salinas, c u y o e p i s t o l a r i o de signo bufonesco habría que c o n s i d e r a r más d e t e n i d a m e n t e c o m o auténtico p r o d u c t o l i t e r a r i o , a p a r t e del 834 ROGELIO REYES NRFH, XXXIV C A N O v a l o r que i n d u d a b l e m e n t e posee c o m o fuente histórica p a r a el con o c i m i e n t o de l a c o r t e de C a r l o s V . ANÍIHEROÍSMO Este es o t r o m o t i v o c l a r a m e n t e i n s e r t o e n l a " l i t e r a t u r a d e l l o c o " y r e l a c i o n a d o c o n l a m i s m a a c t i t u d bufonesca que v e n i m o s s e ñ a l a n d o . C a s t i l l e j o r i d i c u l i z a el v a l o r en su " R a z o n a m i e n t o de u n capitán a su g e n t e " ( I I , 2 1 0 - 2 1 1 ) , e n el q u e el personaje del capitán e s t i m u l a a sus soldados, n o a l h e r o í s m o , sino a l a h u i d a , y l o hace c o n espíritu d e r r o t i s t a y desenfadado c i n i s m o : 42 Y caso que d este hecho A l g u n a mengua ganemos, A l menos escusaremos De no m o r i r sin provecho. Cualquier daño y perdición Con la vida se repara; Más vale vergüenga en cara Que mancilla en coracón. Pero diga quien dijere: Que si es honra combatir, No es menos saber h u i r Cuando el tiempo lo requiere. Aperciba, pues, cualquiera Los pies, si queréis salvaros, Porque yo pienso llevaros, Si puedo, la delantera. 5 SERMÓN JOYEUX O t r o de los géneros t i p i f i c a d o s p o r l a crítica d e n t r o de l a " l i t e r a t u r a d e l l o c o " es el l l a m a d o sermón jocoso* , p r o d u c t o l i t e r a r i o de creación m e d i e v a l representado en España p o r el Sermón de D i e go de S a n P e d r o y l a Galera o Arte de marear de G u e v a r a . T a m b i é n C a s t i l l e j o se s u m a a l género c o n su Sermón de amores^, c u y o v e r d a d e r o c o n t e x t o l i t e r a r i o es el a l e g o r i s m o r e l i g i o s o - p r o f a n o d e l s i glo X V . S u título nos r e m i t e a otros p a r e c i d o s d e n t r o de l a 3 4 2 Véase M . B I G E A R D , op. cit, 4 3 F. M Á R Q U E Z V I L L A N U E V A , 4 4 R. R E Y E S C A N O , op. cit., p. 7 8 . £ ' J e w i s h fools...", pp. 23-25. p. 407. NRFH, X X X I V CRISTÓBAL DE 835 CASTILLEJO l i t e r a t u r a del M e d i o e v o ( c o m o l a c o n o c i d a Misa de amor o el Pater noster trotado y dirigido a las damas de R o d r i g o de Reinosa) y supone y a u n a explícita contradicción entre l a referencia religiosa (Sermón) y l a p r o f a n a (de amores), aunadas aquí con esa i n t e n c i o n a l i d a d alegórica y burlesca al m i s m o t i e m p o , t a n p r o p i a del g o l i a r d i s m o t r a d i c i o n a l . T a n t o R é v a h c o m o O t i s H . G r e e n v e n en el Sermón de amores u n caso de persistencia del sermón joyeux francés en el R e n a c i m i e n t o español. Pero h a y q u e señalar al m i s m o t i e m p o q u e n o se t r a t a de u n a creación a r c a i z a n t e , sino de u n a f o r m a de p a r o d i a q u e estaba m u y v i v a en l a p r i m e r a m i t a d del X V I español y en q u e se r i d i c u l i z a b a l a elocuencia m o r a l i s t a de los sermones serios. D e ahí los chistes y chocarrerías d e l t e x t o , l a a m e n a p r o l i j i d a d c o n que hace el recuento de los placeres amorosos, salpicándolo de anécdotas, de frases gráficas, de graciosos p o p u l a rismos, en u n octosílabo que se desliza ágil y suelto, lleno de fluidez n a r r a t i v a . L a b u r l o n a mezcla de p r o f a n i d a d y religión que encarn a el bufonesco fraile p r o t a g o n i s t a se m a n i f i e s t a sobre t o d o en las máximas y j a c u l a t o r i a s religiosas — f r e c u e n t e m e n t e l a t i n a s — que se i n s e r t a n en el curso de l a narración. E l p r o c e d i m i e n t o , c o m o y a hemos t e n i d o ocasión de v e r , a b u n d a e n otras obras burlescas de nuestro a u t o r . Así en " C o m p a r a c i ó n entre las H u e l g a s de B u r gos y Belén de V a l l a d o l i d " ( I I , 2 1 8 - 2 1 9 ) , d o n d e se i r o n i z a sobre ambos m o n a s t e r i o s , se dice, r e c u r r i e n d o a l a expresión bíblica: " T ú , Belén, t i e r r a de g l o r i a , / Cierto no eres la menor..." E n o t r o l u g a r " S o b r e u n a cierta c o n t i e n d a con o t r o " ( I I , 245-248), se afirm a alegremente: 45 4 6 Si m i r a r v u e s t r o s e m b l a n t e , S e g ú n andáis m e s u r a d o , N o os tendrán p o r i g n o r a n t e ; M a s si p a s a n a d e l a n t e , N e c i o sois d i s i m u l a d o . N o m e d o y , señor u n c u a r t o P o r v u e s t r a espada y b r o q u e l ; D e n e c e d a d estáis h a r t o , Necio sois antes del parto, En el parto y después del. E n el Sermón a b u n d a n las expresiones l a t i n a s de ese c o r t e , i n sertas m u c h a s veces e n u n c o n t e x t o c h o c a r r e r o y procaz que las I . S . R E V A H , Les sermons de Gil Vicente, Lisboa, 1949, p p . 19-21. Véase también J . P . W . C R A W F O R D , Spanish drama befare Lope de Vega, U n i v e r s i t y of Pennsylvania Press, Philadelphia, 1967, p. 64. España y la tradición occidental, Gredos, M a d r i d , 1969, t . 1, p. 66. 4 5 46 836 ROGELIO REYES C A N O NRFH, XXXIV trivializa y desposee de su significación seria. La monja encerrada desde pequeña en el monasterio aprende, sin embargo, a disimular amores ( I , 29-30): ¿Quién le quita Del sueño, e solicita A holgarse de ser amada, E a quedar regocijada Cuando alguno la visita Que desee? ¿Quién la fuerza que se emplee Con mil angustias de muerte En quien la hace de suerte Que lo que canta e que lee Ni lo vea? Domine labia mea Está cantando, e solloza Diciendo: " ¡Guay de la moza Que se vee y se desea!" Los engaños de las mujeres llegan a estos extremos ( I , 5 6 ) : ¡Gran placer Fuera, cierto, ver coser Al gran rey Sardanapalo! Sed libera nos a malo. No nos tiente la mujer Tan adentro; U n pobre doctor cornudo, tras buscar afanosamente a su infiel amante, la encuentra al fin ( I , 4 7 ) : Metida en un bodegón, Descuidada, Dando, de regocijada, Risadas en alta voz, Con un soldado feroz A su placer abrazada Muy de fiesta, No descansando la siesta, Según dice la scritura, Non es vacuum in natura, A lo menos en la de ésta. La condición paródica de la obra afecta no sólo al esquema del sermón sino a ciertos contenidos, comenzando por el código NRFH, X X X I V CRISTÓBAL DE 837 CASTILLEJO l i t e r a r i o d e l a m o r cortés, q u e se t r a s p o n e n a h o r a a u n p l a n o i n t r a s c e n d e n t e y b u r l e s c o . A ello contribuirá el desenfado y hasta el desgarro expresivo: refranes, latiguillos en latín, coloquialismos y cuentos e historietas procaces. E l r e l a t o a m o r o s o se i n c l i n a así h a c i a el h u m o r i s m o . I n t e r e s a a C a s t i l l e j o resaltar, p o r e j e m p l o , el r i d i c u l o del d o c t o r en teología q u e i m p l o r a a su e s q u i v a a m a n t e q u e yace c o n u n soldado, o al a m a n t e sesentón a r r o d i l l a d o y h u m i l l a d o p o r u n a p u t i l l a de trece años, o l a a m p l i a galería de a m a n tes c o r n u d o s que aceptan patéticamente sus apéndices y t r a n s i g e n c o n l a figura d e l competidor. E n el f o n d o se e n c u e n t r a u n a apelación al i r r e s i s t i b l e goce del a m o r c o m o f u e r z a t o d o p o d e r o s a , q u e n o p u e d e desligarse del apetito sexual y q u e supone, c o m o h a señalado L e f f t o f , u n a act i t u d de signo antiidealista que contrasta con el espiritualismo a m o roso d e l p e t r a r q u i s m o . Se t r a t a quizá de u n o de los t e s t i m o n i o s l i t e r a r i o s de C a s t i l l e j o p o r los que d i s c u r r e u n a suerte de a n t i p e t r a r q u i s m o consciente y r a z o n a d o que s i n t o n i z a en a l g u n o s p u n tos c o n l a reacción c o n t r a P e t r a r c a que t u v o l u g a r en l a I t a l i a del X V I y de l a que A r e t i n o — t a n afín, e n tantas cosas, a C a s t i l l e j o — es n o t o r i o r e p r e s e n t a n t e . 47 48 4 9 El fraile que predica t a n peregrino sermón, p o r otra ne m u c h o de deslenguado j u g l a r y de p i n t o r e s c o b u f ó n c i r i r r e s p e t u o s o , c h o c a r r e r o y desenfadado e n e x t r e m o . — e n b o c a del c u r a d e l l u g a r — ofrece desde el p r i n c i p i o cos contrastes y dispares a t r i b u t o s ( I , 3-4): parte tiee n su deS u figura pintores- H u e l g o q u e os hayáis j u n t a d o L o s b u e n o s de este l u g a r , Porque viene a predicar U n m u y famoso letrado De Florencia, Estremado en toda ciencia Y en b i e n hablar sin segundo, Ú n i c o p o r t o d o el m u n d o P a r a casos de c o n c i e n c i a . En Levante Fue m u y notable estudiante, Véase R . LAPESA, "Poesía de cancionero y poesía i t a l i a n i z a n t e " , en De la Edad Media a nuestros días, Gredos, M a d r i d , 1967, p. 14. J . L E F F T O F , Cristóbal de Castillejo: su tiempo, su vida y aspectos de su obra, tesis doctoral inédita, I n d i a n a U n i v e r s i t y , 1976, p. 368. 4 7 4 8 4 9 R. R E Y E S C A N O , op. át., pp. 44-46. 838 ROGELIO REYES NRFH, X X X I V C A N O Del Gran Turco muy bienquisto; Llámanle, según he visto, El maestro Buen Talante Fray Nidel. Hacen mucho caso del Cuantos saben su venida; Es hombre de muygran vida De la Orden del Fristel; Estranjero, Mas no bocal ni grosero En la lengua castellana, Y en su habla palanciana Se muestra ser caballero Bien gracioso. Es cortés e virtuoso, E, notados sus primores, Debiera saber de amores Antes de ser religioso. T a n s i n g u l a r personaje es el cauce p o r el q u e cursa el t a l a n t e festivo y d e s m i t i f i c a d o r que C a s t i l l e j o a d o p t a ante el m u n d o , m u y seguro, sin d u d a , de ser e n t e n d i d o p o r los lectores avisados a q u i e nes d i r i g e su o b r a . Lectores h a b i t u a d o s a q u e se les hable e n u n a clave subvierte c o n v e n c i o n a l m e n t e l a r e a l i d a d a p a r t i r d e l persp e c t i v i s m o del j u g l a r bufonesco, de unos ojos distorsionadores q u e m i r a n , e n s u m a , el m u n d o apoyados e n l a l e g i t i m i d a d l i t e r a r i a q u e le c o n f i e r e n textos d e l p r e s t i g i o de l a Moria de E r a s m o . P r i m e r o e n C a s t i l l a y más t a r d e e n l a V i e n a d e l R e y de R o m a n o s , en estrecho contacto c o n l a m o d e r n i d a d l i t e r a r i a , nuestro poeta supo sacar p a r t i d o a l p r o c e d i m i e n t o y nos dejó u n a g a v i l l a de textos burlescos q u e se c u e n t a n e n t r e los m á s o r i g i n a l e s y frescos de nuestro Renacimiento. ROGELIO REYES CANO U n i v e r s i d a d de Sevilla